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MODULO I:

DOMÍNIO PRÁTICO-DISCURSIVO DA LÍNGUA


PORTUGUESA

CONTRIBUTOS AO CURSO DE ORATÓRIA

JEREMIAS PESSELA
1
Aprofundar os conhecimentos da Língua Portuguesa, da sua gramática e dos
seus usos social e pragmaticamente condicionados.
Objectivos

Propiciar o desenvolvimento das competências metalinguística e

2 metadiscursiva dos participantes, condição indispensável para a


construção de prácticas comunicacionais consistentes e solidamente
fundamentadas no domínio do funcionamento da língua

3 Propiciar o desenvolvimento de habilidades de estruturação discursiva,


mormente do discurso académico, discurso político e o discurso religioso.
ÍNDICE
DESCRITIVO
1. Aspetos históricos sobre a implementação do Português em Angola
2. Generalidades sobre a Língua Portuguesa.
3. Como funciona a Língua Portuguesa?
4. Crase do “a”;
5. Pronominalização;
6. Algumas Expressões latinas frequentes no discurso persuasivo angolano;
7. Semântica nominal;
8. Semântica frásica (tempo vs. Aspectos verbal);
9. Exercícios.
ÍNDICE DESCRITIVO PA o
1º Dia
1. O que é a Língua e Como funciona ?
2. Aspectos históricos sobre a implementação do Português em Angola
3. Generalidades sobre a Língua Portuguesa.
4. Como funciona a Língua Portuguesa?
5. Discurso (Linguística do texto e do Discurso)
5.1 O que é um discurso ?
5.2. Texto e discurso
5.3. Discurso político
6. A exposição oral
7. Constituintes básicos da gramática.
8. Pragmática breve noção (Pessoas gramaticais; Formas de tratamento, Pronomes de tratamento)
9. Exercícios (Formas de tratamento)
O que é a Língua
e como funciona?

Língua

(Cf. Saussurre, 1929)


Aspectos históricos sobre a implementação
do Português em Angola

• aliança entre os reinos de


1765 • A difusão do português
estava condicionada à
Portugal e do Congo • D. Francisco Inocêncio de criação de escolas
Sousa Coutinho,
propusera o ensino do
português nos mesmos
moldes que se adotavam,
na altura, no Brasil.

1482 1960-70
Generalidades sobre a Língua Portuguesa
 O mosaico linguístico angolano é constituído pela língua portuguesa e por línguas de origem bantu. O
povo angolano é plurilingue; alguns falantes têm o português como L1 (30 %) e outros como L2 (70%). No
seu quotidiano, a maioria dos angolanos utiliza mais de uma língua para a sua comunicação. No Cuito-Bié,,
para além do português (52,4%) predomina a língua Umbundu (68,7%).

(Hermenegildo & Pessela, 2021)

 As línguas faladas no Cuito-Bié são na sua maioria bantu, primordialmente o umbundo (68%), português,
como língua oficial, (52%), nganguela (10,4%) tchókwe (5,5%) nhaneka (2,6%), kimbundu (1,6), fiote (1,2),
kikongo (1,2), luvale (0,9), kwanhama (0,9).
(INE, 2014)
FUNCIONAMENTO
I Pragmática
Plano:
1. Constituintes básicos da gramática.
2.Pragmática breve noção
3.Pessoas gramaticais
4.Formas de tratamento
3.1. Uma abordagem comparada
3.2. Pronomes de tratamento
3. Exercícios
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Plano Fonético-fonológico: Plano sintáctico:
Plano morfológico:
1.Língua acentual 1. Língua flexional
1.Língua de sujeito nulo
2.Língua silábica 2.Língua com infinitivo
flexionado e infinitivo não
flexionado

Ordem de palavras mais frequente:

SINTAGAMA + VERBO+ OBJECTO


Constituintes básicos da gramática normativa

Léxico

Morfologia

Fonologia Sintaxe Semântica Pragmática


Pragmática
O que é pragmática?

Trata-se do ramo da linguística que analisa o uso concreto da linguagem pelos


falantes da língua em seus variados contextos. A pragmática extrapola a significação
dado às palavras pela semântica e pela sintaxe, observando o contexto
extralinguístico em que estão inscritas, ou seja, ocupa-se da observação dos atos de
fala e suas implicações culturais e sociais.
Formas de tratamento
NO PORTUGUÊS EUROPEU:
NO PORTUGUÊS EUROPEU:
Ao passo que o idioma se espalhou pelo
Assim como muitas outras línguas europeias, como o mundo, no entanto, ele começou a mudar
espanhol ou o francês, o português tem dois dentro de cada região. No Brasil, por
pronomes diferentes para a segunda pessoa do exemplo, tu caiu em desuso na maior parte
singular: você(formal) e tu (informal). do país, e você se tornou a norma.

NO PORTUGUÊS ANGOLANO: TU = informal

Coexistem as duas formas, mas com tendências para a


cristalização da formalidade: você(formal)
e tu (informal). Você = formal
PESSOAS GRAMATICAIS

1ª pessoa

2ª pessoa
3ª pessoa

As chamadas pessoas do discurso se definem pelo seu posicionamento frente ao ato comunicativo, ou seja:
primeira, representando aquela que fala (eu/nós); segunda, representando aquela com quem se fala
(tu/vós/você, o senhor); e a terceira, demarcada por aquela de quem se fala (ele/eles/ela/elas).
Formas de tratamento

Trata-se de um código social que, Analisemos os seguintes exemplos:


quando se transgride, pode causar
prejuízo no relacionamento entre os a) Quer que lhe sirva alguma coisa?
interlocutores. Por formas de
tratamento designamos tanto os b) Queres que te sirva alguma coisa?
termos que se referem ao par c) O senhor quer que lhe sirva alguma coisa?
falante/ouvinte, como os vocativos
usados para chamar a atenção do d) Vossa Exa. quer que lhe sirva alguma coisa?
destinatário.
Formas de tratamento
Quando falamos com uma pessoa, tratamo-la por TU, por VOCÊ ou por SENHOR (a). A forma de tratamento
escolhida segundo critérios socio-afetivos deve ser mantida, fazendo-se as devidas concordâncias com as
formas pronominais e verbais correspondentes a cada pessoa gramatical.

Desculpe, eu não queria incomodá-lo, mas queria pedir-lhe desculpa.

Desculpa, eu não queria incomodá-lo, mas queria pedir-lhe desculpa.


Inventário linguístico das formas de
tratamento
Formas próprias da
intimidade: tu;

Formas usadas no Formas de referência e delicadeza com


tratamento de igual diversas gradações quanto a distâncias de
para igual ou de natureza diversa entre os interlocutores: vossa
superior para inferior e excelência, o(a) senhor(a), o(a) senhor(a) dr.
que não implicam (a), o António, a Maria, o senhor António, a
intimidade: você̂; senhora Maria, a dona Maria, etc.

Formas de
tratamento
(Cintra,
1986)
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques

Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais

Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos

Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais

Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades

Vossa Majestade V. M. reis e rainhas

Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores

Vossa Santidade V. S. Papa

Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso

Vossa Onipotência V. O. Deus


Formas de tratamento

1. Reescreve as seguintes frases no modo de tratamento informal e formal, consoante o caso em que
cada uma se encontre.
FUNCIONAMENTO
I SEMÂNTICA
Plano:
1.Significado, pensamento e realidade
2.O lugar da Semântica na Linguística
3.Semântica nominal
4.Semântica frásica (TEMPO e ASPECTO)
A Semântica é uma componente da gramática
porque os falantes conhecem o significado dos
morfemas e das palavras e sabem como
construir o das frases e o dos discursos da sua
língua.

A significância informacional da linguagem e o seu


O Lugar da Semântica numa papel relevante na comunicação é uma das motivações
Teoria Linguística para adotar uma abordagem referencial do significado.
Como uma parte muito importante da comunicação é
a transmissão de informação (tenha ela a forma que
tiver), então tal constitui também um argumento em
favor da semântica como parte de uma teoria
linguística.
Léxico estruturado para relações e
propriedades (por exemplo:
sinonímia, antonímia, hiperonímia Articulação Sintaxe-
mas também estrutura argumental Semântica
dos predicados, entre outras).

Condições
Semânticas

Diversos mecanismos de
inferência
Questões de tempo
Plano
-Tempos verbais e sua função
- Pontos de referência
- Os tempos gramaticais e as suas leituras
Ordenação linear
orientada do passado  Ponto de fala (F) – coincide com o
para o futuro momento da enunciação.

 Ponto de evento (E) - Diz respeito ao


Tempos verbais tempo do acontecimento descrito pela
frase.
Envolve
localização  Ponto de referência (R) – Ponto de
intermédio a partir do qual se pode situar
o evento (estado) descrito pela frase.

(Reinchback, 1947)
Questões de tempo
1. A Joana vive no Lubango. Estado – o PF + PE + PR - Coincidem

2. O Pedro saiu. Evento – o PF # PE + PR – Não coincidem

3. O Pedro tinha saído quando a Maria


telefonou. Evento – o # PE + PR – é o ponto PF coincidem
Os tempos gramaticais e as suas leituras
O presente do indicativo só em certos casos dá informação temporal de
presente com estados.

O presente do indicativo com eventos apresenta tipicamente um valor


O presente aspectual de habitualidade.

O presente do indicativo com eventos apresenta tipicamente um valor


aspectual de habitualidade.
Os tempos gramaticais e as suas leituras
O presente do indicativo com estados faseáveis a aceitação é geralmente duvidosa,
necessitando de um contexto maior para a sua leitura e com estados não faseáveis é
muito rara, ou até agramatical.

(1) – Dentro de uma semana a Maria está em casa*


(2) Dentro de uma semana a maria está a viver em Paris

O presente O presente pode ainda apresentar-se como uma projecção do passado (presente
Histórico), desde que o contexto contenha alguma referência a um tempo passado e se
admita uma certa sequência de situações.

(1) – Nesse dia longínquo, os nacionalistas proclamam a independência.


(2) (?) Em 1940 a cantora vive em Paris.*

O presente do indicativo também é usado com valor modal deôntico.

(1) Sais do aeroporto e, à direita, está a paragem de autocarros. Apanhas o


autocarro 203.
Os tempos gramaticais e as suas leituras
• É tempo gramatical com informação de passado, mas que em muitas construções não
apresenta características temporais. Pode ser um tempo alargado, pode alterar o tipo
de evento, havendo uma sobreposição parcial ou total com um tempo do passado, ou
ainda uma relação de inclusão.

(1) – A maria lia o jornal quando a Joana chegou.


(2) – Ontem a Maria estava doente.
(3) – A Maria estava doente às 5 horas da tarde.
Pretérito • Pode ainda operar alterações aspectuais.
imperfeito
(1) – O Rui frequentava a escola secundária.
(2) – A Maria almoçava com o namorado ao domingo.

• Mas nem sempre o Imperfeito apresenta características de tempo do passado.

(1) Eu, neste momento bebia um cafezinho.


(2) Amanha ia falar consigo ao escritório, está bem ?
Os tempos gramaticais e as suas leituras
• O futuro simples, raramente expressa tempo posterior ao tempo da enunciação.
Tendencialmente, está mais próximo de um modo (epistémico ou deôntico) do que de
um tempo verbal.
 Em português (Europeu) a posterioridade é dada pelo presente do indicativo com o
contributo de adverbiais de tempo de projecção futura ou então pela construção IR +
INFINITIVO:

(1) – A Maria casar-se-á daqui a duas semanas (se tudo correr bem)
O futuro (2) – A Maria casa-se daqui a duas semanas.
(3) – A Maria vai casar-se daqui a duas semanas.
(4) Neste momento o governador provincial estará a ser recebido pelo presidente.
Os tempos gramaticais e as suas leituras

• Este tempo verbal comporta-se como “tempo” desde que o ponto de perspectiva
temporal seja passado. Se esse ponto for um tempo futuro, então adquire um valor
modal.

(1) – Ontem o Rui encontrou a Maria e esta convidá-lo-ia para presidir posteriormente ao
O futuro do encerramento da sessão. (PR = PASSADO) “Tempo”
passado
(2) – O Rui e a Maria têm um encontro dentro de dias e esta convidá-lo-ia, se não
soubesse já que ele recusava. (PR = PROJECTADO PARA O FUTURO) “Modo”
Questões de aspecto verbal
Plano
-Introdução
-Classes aspectuais de predicados
-Aspecto na frase: factores que desencadeiam
- a mudança aspetual

Os tempos verbais podem também ser portadores de informação


aspectual.

Aspecto
Fornece informações sobre a forma como é perspectivada ou
focalizada a estrutura temporal interna de uma situação descrita
pela frase, e, particular, pela predicação.

(Reinchback, 1947)
Classes aspectuais de predicados

(Moens, 1987 )
EVENTOS São situações dinâmicas

Predicações
básicas

ESTADO São situações não dinâmicas

TESTES:

Os eventos podem ocorrer no imperativo e na construção progressiva.

1. Come sopa!/ o Rui está a comer a sopa.

Os estados não podem:


2. *Sê alto/o Rui está a ser alto.
Processos culminados e culminações - Distinguem-se
entre si por atribuirmos duração razoavelmente longa aos
primeiros e muito breve (ou nenhuma) os segundos).

Os eventos
Télicos
TESTES:
Os processos culminados ocorrem com adverbiais do tipo “X tempo”; as
culminações ocorrem com adverbiais de localização precisa.

1. O João comeu a maçã em 2 minutos. (PC)


2. O João chegou às 2h:30. (C)
Os eventos atélicos são Processos

Os eventos
atélicos TESTES:
Os processos ocorrem com adverbiais de tipo “durante X tempo”
1. A Maria nadou durante 20 minutos.(P)
2. A Maria Trabalhou. (P)

Os pontos são eventos temporalmente indivisíveis e que se distinguem das


culminações por não admitirem um estado resultante.

TESTES:
Os pontos têm a leitura de “iteratividade” na construção progressiva
1. A Alice está a tossir. (Ponto)
2. A Ana Garcia espirrou. (Ponto)
Núcleo aspectual básico

PROCESSO PREPARATÓRIO ESTADO CONSEQUENTE

CULMINAÇÃO
Ambos são atélicos, não delimitados e homogéneos

Estados TESTES:
& Os processos ocorrem com adverbiais de tipo “durante X tempo”
processos 1. A Maria trabalha na Mediateca.(Estado)
2. A Maria Trabalhou. (Processo)
O pedro é simpático.
Os estados distinguem-se O Pedro está a ser simpático
Estados faseáveis
dos processos por não serem
dinâmicos.

🖝 Testes :

Construções progressivas.
A Ana é alta.
ESTAR A + INFINITIVO Estados não faseáveis *A Ana está a ser alta
O presente do indicativo só é tempo gramatical com estados, sobreposto ao momento da
enunciação.
Com eventos observam-se alterações aspectuais.

(1) – A Maria fuma. (Estado habitual)


(2) – A Carla Corre. (Estado habitual)

Com os processos culminados, o presente é raramente utilizado sem adverbiais de


O presente quantificação (todas as semanas/muitas vezes) ou de duração do evento (em x tempo).

(1) – *? O Manuel lê o livro.


(2) – O Manuel lê o livro todos os dias. (têm o habito de ler)

Com culminações, as formas de presente são pouco usuais, são restringidas


a relatos directos, quando adquire iteratividade (frequência).

(1) Neste momento, o José Saiovo corta a meta!


(2) O Rui ganha a corrida sempre/todos os anos.
O pretérito perfeito não altera necessariamente o valor aspectual da predicação, dando
uma ideia de informação de terminado (para além do passado), e, nalguns casos, de
inferência de estado consequente.

(1) – O Rui leu o livro. (o livro está lido)


Pretérito Perfeito e o

(2) – O Rui morreu. (o Rui morreu)


(3) O Rui espirrou.
imperfeito

O imperfeito, sendo um tempo do passado, tem também associados efeitos aspectuais


consideráveis. Transforma eventos Télicos em predicados atélicos, não delimitados, havendo
até a possibilidade de os transformar em estados habituais de predicados Télicos.

(1) – O Rui trabalhava enquanto a Maria estava/esteve no hospital. (evento = estado)


(2) – O Rui jogava a bola, quando a Mãe chegou . (evento = estado)
FUNCIONAMENTO
II SINTAXE
Plano:
1. A problemática da crase.
2. Sintaxe dos pronomes de OI e de OD.
2.1. Ênclise, próclise e mesóclise
3. O modo imperativo
3.1. Formas canónicas de tratamento.
4. Uso prático de algumas expressões construções
sintáticas.
Plano:
1. A problemática da crase.
2. Sintaxe dos pronomes de OI e de OD. Pronominalização
2.1. Ênclise, próclise e mesóclise Pronominalização
3. 4. Uso prático de algumas construções sintáticas.
4. Exercícios.
Crase
Atente:

a. Jogar a bola/ Jogar à bola

b. Cumprimentar a Mwangolê/cumprimentar à Mwangolé


A EXISTÊNCIA OU A SUA AUSÊNCIA PODE MUDAR O SIGNIFICADO

CRASE = Contração

Como acontece: ** Ocorre apenas diante nomes masculinos

a + a = à a + a qual = à qual a + aquele/as/s =


àquele/a/s qual

Preposição artigo (+def., Preposição artigo (+def., +fm)


+fm) Preposição pronome demonstrativo
PRONOMINALIZAÇÃO

Directo – argumento interno


É substituir um argumento que segue o verbo O QUÊ ?
interno

Escreve (O QUÊ ? )
Uma carta
Faz (O QUÊ ? ) Um jantar delicioso

o, a, os, as Pronomes de substituição de complementos directos.

Vamos levar o jantar à mãe ao hospital Vamos levá-lo à mãe ao hospital.


Os pronomes o, a, os, as

Com verbos terminados em “- r”, “-s”, Com verbos terminados em “-


“-z” suprem-se as termições e mudam am”, “-em”, “-õe”, “-ão” mudam
para “lo, la, los, las” para “no, na, nos, nas”

Visitar a Joana = Visitá-la Entreguem os livros = entreguem-nos

Preparar o lanche = prepará-lo Eles dão carinho = eles dão-nos

Passear os cães = passeá-los


PRONOMINALIZAÇÃO

indirecto – argumento interno


É substituir um argumento A quê ?
que segue o verbo (destinatário)
A quem ?
externo

Telefonar (A QUEM ? ) À namorada


ENTREGAR (A QUEM? ) Ao professor

lhe, lhes Pronomes de substituição de complementos indirectos.

Vamos levar o jantar à mãe ao hospital Vamos leva-lho ao hospital.


SINTAXE DE COLOCAÇÃO DO PRONOME
Cf. folheto p. 339
Crase

NOTA IMPORTANTE: Não há crase

a + um/a/s + Nome. Ex. dá isso a um amigo.


a + este/a/s + Nome. Ex. Vai a esta clínica.
a + Nome masculino. Ex Dai graças a Deus.
a + Nome plural. Ex. Não a crianças.
a + Verbo no infinitivo. Ex. Estou a solicitar.
a + indefinidos. Ex. não entregues a ninguém.
a – entre duas palavras iguais. Ex. lado a lado, lés a lés.
a + Nome de disciplina. Ex. tive doze valores a Hebráico.
Crase
NOTA IMPORTANTE: Não há crase

1. A crase do “a” só ocorre antes de nomes femininos.


Ex. Vou à faculdade vs. Vou ao campo.
2. Com horas há sempre crase.
Ex. Terei reunião às 4h da tarde.
3. Com datas nunca há crase.
Ex. O casamento da maria realizar-se-á a 30 de Dezembro.
EMBORA

EMBORA QUE EU NÃO QUEIRA

EMBORA EU NÃO QUEIRA

NOTA IMPORTANTE:

1. A CONJUNÇÃO “EMBORA” NUNCA DEVE SER PRECEDIDA DE “QUE”, INTRODUZINDO UMA ORAÇÃO.

2. O VERBO DEVE ESTAR SEMPRE CONJGADO NO CONJUNTIVO.


TER & HAVER

Nesta sala tem muitos participantes.

Nesta sala há muitos participantes.

NOTA IMPORTANTE:

1. TER CORRESPONDE A POSSUIR.

2. HAVER CORRESPONDE A EXISTIR.


HÁ & À

TRABALHO NESTA INSTITUIÇÃO À DOZE ANOS.

TRABALHO NESTA INSTITUIÇÃO HÁ DOZE ANOS

NOTA IMPORTANTE:

AO APRESENTAR REFERÊNCIAS TEMPORÁIS PASSADAS, ATÉ AO MOMENTO DA ENUNCIAÇÃO, USA-SE O VERBO


HAVER.
ATRÁS DE MIM & A MINHA TRÁS/ À MINHA FRENTE

ELE ESTÁ À MINHA TRÁS

ELE ESTÁ ATRÁS DE MIM

ELE ESTÁ À MINHAFRENTE

NOTA IMPORTANTE:

À MINHA TRÁS é de uma construção que não é aceite pela norma, muito provavelmente porque em "à minha
trás" ocorre uma forma que não é substantivo e não pode, por isso, ser determinada por um possessivo. Por
outras palavras, diz-se «à minha frente», tal como se diz «à minha retaguarda», «à minha direita», «à minha
esquerda», expressões que incluem os substantivos frente, retaguarda, direita e esquerda; trás é uma preposição
(faz parte de locuções adverbiais e prepositivas), e não pode, por conseguinte, fazer parte deste tipo de
construção.'
DÊS & DEIAM

SENHORES, DEIAM-ME A VOSSA ATENÇÃO.

SENHORES, DÊEM-ME A VOSSA ATENÇÃO.

NOTA IMPORTANTE:

DEVEMOS PRESTAR ATENÇÃO À CONJUGAÇÃO VERBAL NO CONJUNTIVO


ACEITE & ACEITADO

O ANTÓNIO TINHA ACEITE O CONVITE.

O ANTÓNIO TINHA ACEITADO O CONVITE.

NOTA IMPORTANTE:

PARTICÍPIO REGULAR DEVE COMBINAR COM O VERBO “TER”.

PARTICÍPIO IRREGULAR DEVE COMBINAR COM O VERBO “SER”.


MIM, TI & EU, TU

ENTRE TUE EU NÃO HÁ NADA DE REALCE.

ENTRE TI E MIMNÃO HÁ NADA DE REALCE.

NOTA IMPORTANTE:

A forma correta é entre mim e ti. Entre tu e eu está errado. Sempre que se utiliza a preposição entre,
devem ser usados pronomes pessoais do caso oblíquo. Assim, mim e ti estão corretos porque são
pronomes pessoais oblíquos tônicos e eu e tu estão errados porque são pronomes pessoais retos.
Desculpa vs. Desculpe

DESCULPA-ME, CHEFE, FI-LO SEM QUERER.

DESCULPE-ME, CHEFE, FI-LO SEM QUERER.

NOTA IMPORTANTE:

Desculpa usa-se quando se trata o interlocutor por (TU). (Tratamento informal)

Desculpe usa-se quando se trata o interlocutor por (VOCÊ). (Tratamento formal)


Ir vs. Vir

- Antónia, ainda estás em casa ?.


- Não, estou na Mediateca, mas venho aí.

- Antónia, ainda estás em casa ?.


- Não, estou na Mediateca, mas vou já para aí.
NOTA IMPORTANTE:

Vir = voltar, regressar.

Ir = dirigir-se
Por cento (%) vs. Porcentos (%)

Vinte por centos dos jornalistas da praça local.

Vinte por cento dos jornalistas da praça local.


NOTA IMPORTANTE:

Por cento significa em cada 100 (cem), é inflexionável em número plural..


Haver vs. ver

Este facto nada tem haver com o anterior.

Este facto nada tem a ver com o anterior.

NOTA IMPORTANTE:

Haver = existência

A ver = relacionado
Nascer vs. Fui nascido

Fui nascido no Cuito em 1989.

Nasci no Cuito em 1989.

NOTA IMPORTANTE:

O verbo nascer é intransitivo, e portanto, não pode ser apassivado.


Mas vs. Mais

Não trouxe o dinheiro, mais o trarei amanhã.

Não trouxe o dinheiro, mas o trarei amanhã.

NOTA IMPORTANTE:

Mas = porém, contudo, todavia (conju. adversativa).

Mais = advérbio de quantidade. (Quantificador).


A princípio vs. Em princípio
Em princípio os jornalistas queriam registar o momento do presidente na
COP 2021.
A princípio os jornalistas queriam registar o momento do presidente na
COP 2021.

E princípio os jornalistas querem registar o momento do presidente na


COP 2021.

A princípio os jornalistas querem registar o momento do presidente na


COP 2021.
NOTA IMPORTANTE:

A princípio = em tese, teoricamente, supostamente (probabilidade).

A princípio = no começo, inicialmente.


Por que, porque, porque que, porquê

Porque não paras de lamentar ?


Por que não paras de lamentar ?

NOTA IMPORTANTE:

Porque/ porque é que = usa-se:


1. Porque –se, quando é uma conjunção causal = pois, já que, uma vez que, como, ect.
Ex. Não podemos sair porque está a chover. (Miguel e Alves, 2006)

2. Por que é que usa-se nas interrogativas directas e indirectas.


EX. Por que é que ainda não te casaste ?

** Porque é que pode, em muitos casos, ser substituído por por que.
Ex. Os tios querem saber por que ainda não te casaste.
Onde vs. Aonde
Aonde estás ?

Onde estás ?

NOTA IMPORTANTE:

Onde (+ estático, - Dinâmico)- Lugar fixo.

aonde (- estático, + Dinâmico)- Lugar não fixo.


EXERCÍCIOS
Referências
CRUSE, A., 2000, Meaning in Language. An Introduction to Semantics and Pragmatics. Oxford:
Oxford University Press. Em especial: parte 2.

LYONS, J. 1977, Semantics. Cambridge: Cambridge University Press. Vol. 1: cap.6: pp.141-2; cap 8
e 9: pp. 250-335.

MATEUS, M. H., et al, 2003 Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho, série Linguística,
5ª edição. Em especial: cap. 6, cap. 7, cap.8 e cap. 10

OLIVEIRA, F., 1996, “Semântica” in Faria, I.H., E. Pedro, I. Duarte e C. Gouveia (orgs.) Introdução
à
Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa: Caminho, série Linguística, pp. 333-377. Em especial: pp.
333-337 e 368-376.

SAEED, J. I., 1997/2000, Semantics. Oxford: Blackwell. Em especial: cap. 3.

DIK, S. The theory of functional grammar. Parte I. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 1997.

NICHOLS, J. Functional theories of grammar. Annual Reviews Anthropol, v. 13, p. 97-117, 1984.

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