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ORDE-N A.G OENS
DO

SE·N ,I--IOR REY


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D~- AFFONSO V . .
LIVRO I.

_______________
COIM .B. RÃ.
NA REAL IMPRENSA DA UNIVERSIDADE.
ANNO DE MÚCCLXXXXII.
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Por Refolttçaõ de S. M11.GES'I'ADE de 2 de
Setembro de 1;;86.

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COLLECÇAÕ ·
DA ·

LEGISLAÇA. Ô·
AN'TIGA E .MODERNA
DO

REINO DE PORTUGAL•
PARTE I.
DA L E G IS LAÇA õ ANTIGA~


f

,,
,.

/
·p REFAÇÃO:

A lJ.NIVE-RSIDADE de Coimbra dezejando promover o


adiantamento · de feus Alumnos» e conúde.rando de quanta
'i mportancia leria ·ao~ qu~ fe applicaõ ao eRudo da Juri.fpru-
dencia Patria facilitár-1hes a ' liçaõ .do Codigo do Senhor

-
Rey D. Affonfo V. o publica pela primeira vez impreífo na
· ·, ~ ~ . .~~""raw'~.Jll(d~•~""~ l
fua Officina. · Informar pois o"'""PüõrréQ'<"~á forma e ordem ,
que nii"'Ediçaõ_
'
fe guardou, he o objeéto principal deíl:a Pre-
façaõ ; mas como ' para fe faze~ conceito d~ que ácerca
diífo fe houver de dizer , feja pl'ecifo ter algurri conheci-
mento da obra, parececi conveniente dar della em primeiro
lugar uma .brev~ '~oticia . para. fubúdi.o dos Leitores , que
ainda o n:i5 tiv'er~m: tant'o mais, ·quanto P.o r ter fi.do mui.to
- ' 1' ;

tenípo defconhecida., e a fua aquiú~a<::í di'fp·endioJá , _efl:e co-


nhecin:ento fe naõ ,tem ainda. tanto der.ramado , como cum.-
p1ia ~ parando em pou~os particulares , que aj.untàvaó á cu-
riofida'de de noffas coizas o.s meios de ft fatisfazer·. .
Q_ur A N'DO logo Portu~al fe defmembrou do Reino de
Leaõ "« fe erigio em Monarquia propria , he confiante te-
rem noffos ~,ifaiores, q.ue vierao a éonflituir o novo Itnpe-

* no,
II

rio, continuado a governar-fe pelas leis do Codigo Gothi·


co , que era enta6 a legis laça6 geral de todas as Hefpanhas .
N offos primeiros Principes cheios do projeélo de defapoffar
d~ -p iz os Saracenos, e ocrnpados dos continuos cuidados
da guerra, tinhaõ pouco vagar de fer Legisladores ; masco-
mo , á proporçaó qu e iaó ganhando as terras , achava6 - os
c::ampos devarlados , e· as povoaçoens defpejadas de feus anti-
gos habitantes ·, que, como era natural , as abandonavaó ,_
por efcapar á furia dos vencedores , vinha6 cfles a fer dois,
objeélos , que pela fua irnportancia pediaó efficaz e prnnta,
providencia, a faber ,_Povoaçaó, e Agricultura . Elles a de.
raó pois defde logo·, quanto 5. Povoaçaó, convidando novos
moradores , e attrahindo-os por meio de certos foros , pri-:-
v,ilcgios, e izençoens, que lhes concediaó; e quanto á Agri-
cultura., re ferva ndo para fi das terras conquifl-ad as as rne-
ltiores empolas para feu patrimonio , que ainda lioje chama-
----J!!95 Reguengos , e diíl:ribuindo as mais pelos feus -folda..,.
dos , e pelos novos povoa.dores , prefcrevendo aos cultiva-
dores de um as e- outras os direi tos ,_que em razaó de feu al-
to Sen~orio lhes deviaó pagar , â proporçaó do terreno que1
eultivaffem ,. ou cios fmé1:os qu~ colhefTem. Tudo iíl:o fe.
continha em uma Carta·, 'ltle dava6 a cada Povo , a que
chamaraõ Foral, o!1cle alem diffo fe cleterminava6 certos ou..:
t:ros .direi.tos, q~1e fc cleviaó pagar por occaziaó do feu trato-
e
III

e "comercio , fe eíl:abeleciaó penas , quafi fempre pecunia-


rias, pelos delitos que cometteffem, e fe prefcreviaó alguns
regulamentos a refpeitÕ da fua parqcular policia , e gover-
110 municipal. Mas he bem de entender , e he o que facil-
mente fe convence da liçaó dos antigos Foraes, que fendo
o feu fundo principalmente relativo á economia politica de
cada povo , e ao eíl:abelecimento do patrirnonio , e fazenda
Real , mui poucos regulamentos ahi teriaó lugar a refpeito
da Juíl:iça.
NAs Cortes de ,L amego, celebradas no anno de.Ir 4-3,
alem das leis fobre a fucceffaó da Coroa·, e fobre os modos ;
de ganhar e perder a nobreza , achamos a.lgumas fobre ª"
Juíliça , mas poucas , e todas criminaes. Reíl:avaó certos
Coíl:umes , ou direitos introduzidos na republica , e que he
provavel ao principio fe obfervaffem e guardaffem por nof-
fos Maiores fó pela memoria e ufo, ainda que·muitos fof-
fem depois julgados, tomados em affento , e mandados ef-
crever nos livros da Chancellaria , principalmente no tem-
po do Senhor Rey D. Affonfo III. dos quaes Coíl:umes de-
·rivaraó depois artigos mui íingulares das noffas aéluaes Or-
denaçoens.
Eis AQ!TI pois a Legislaçaó ; por que fe governaraó
no{fos Maiores por mais de um feculo ; athé que o Senhor
Rey D. Affonfo II. nas Cortes congregadas em Coirnlrra
*2 110
lllt

no anno de I2II primeiro d~ feu Reinado publicou as pri.,.


meiras Leis geraes , depois das que fe fizeraõ nas Cortes de 1
Lamego , tambem poucas em numero, mas cheas de hu- 1
·manidade, e fabedoria. Continuaraõ os Senhor.es Reis feus ,
Succeffores athé o Senhor D. Joaõ I. a eíl:abelecer leis, mas
ja taõ varias e tantas , que veio a creícer prodigiofamente
o numero dellas . Alem diffo fendo muito frequente por eí-
fes tempos a celebração de Cortes geraes , haviaõ muitas
Refpoíl:as , e Deciíoens dadas pelos Senhores Reis a arti..,
gos ' que nellas por parte dos povos lhes eraõ requeridos ;
as quaes reípoíl:as, e deciíoens ficavaõ tendo por íi mefmas ,
a força -de Leis geraes , n:aú fendo ainda entaõ ordinaria a
praét:ica , que nos tempos p0íl:eriores fe veio a fixar , de fo
conceberem em forma de Leis , quando nellas cs Senhores
Reis haviaõ por bem deferir aos povos na conformidade de
feus requerimentos·.
ABRANGENDO pois o periodo defde o princ1p10 do
Reinado do Senhor D. Affonío II. athé o do Senhor D.~
Joaõ I. o efpaÇo de q uaíi dois feculos , naõ podia deixar de
ter·· acontecido ·, que muit~s determinaçoens dos antigos Fo.-
raes efüveffe.:.n reformadas, muitos· Coíl:umes mudados , .. e
muitas das primeiras Leis, e Capítulos de Cortes-- , .altera-
das , e dellas inteiramente revogadàs por uovas Leis , e dt'-
cifoens· de Cortes p.oíl:eriores. Vinha.ô p_or tanto a 'for diff'o
uma
V

uma confequencia inevitavel os inconvenientes ponderados


na Introducçaó deíl:a obra, de pela multiplicidade e contra-
riedade de tantas Leis recrefcerem continuadamente duvi-
das e contendas , e fe verem os Julgadores poíl:os em em-
baraço de as dec'i.dir ; o que deu cauza aos repetidos reque-
rimentos, que os povos juntos cm Cortes fizeraõ ao Senhor
D. Joa6 I. que as mandaffe examinar e reformar , e fazer
dellas uma geral Compilaçaó, para que fendo juntas e cer-
tas vieffem a ceífar os males, que de o ailim naó ferem fe

lhes feguiaó.
ESTE magnanimo e generofo Príncipe, ta6 invenç:ivel
na guerra , como iipplicado na paz a promover a felicidade
de feus povos , entendendo quanto era juíl:o femelhante re.:.
querimento , houve por bem deferir-lhe , mandando con-
certar a primeira Com~ilaça6 , que tivemos de noífas Leis.
Da mefma Introducça6 coníl:a ter ella fido encarregada pri-
meiramente pelo dito Senhor D. Joa6 I. a Joaó Mendes ,
C avalleiro , e Corregedor em fua Corte , e depois pelo Se-
nhor D. Duarte feu Filho ao Doutor Ruy Fernandes do
feu Confelho , e ahi fe conta o progrefTo della, athé fer aca-
bad·a no tempo do Senhor D. Affonfo V. de quem veio a
tomar o nome , fendo Regente do Reino na fua minorida-
de o Senhor Infante D. Pedro feu Tio, o qual nomeou
certos Jurifconfultos , tambem ahi refe~idos , para a re\'e-
rem
VI

rem e examinarem , o que elles fizeraó reformando-a em'


algumas partes , athé a darem por perfeita no eftado, em que
agora fe publica.
PARECE que os dois Compiladores fe propuseraó por
modelo do feu C?digo a Collecçaó das Decretaes de Gre-
gorio VIIII. ao menos em grande parte a ella fe confor•
maraõ, tanto na divifaó da obra , como no fyftema e dif-
tribuiçaó das materias. Dividira6-a pois em 5. livros : no
I. fe contém os Regimentos dos Officiaes maiores , e fub.
alternos da J uíl:iça : no II. fe trata de rnaterias relativas
á j urifdiçaó, peffoas , e bens dos Ecclefiaíl:icos , dos Direi-
tos Reaes , e fua arrecadaçaõ, dà jurifdiçaó dos Donata"l
rios, e ultimamente do modo da tolerancia dos J udeos , e
Mouros: no III. li.vro fe trata da Ordem Judiciaria: no
II II. dos Contratos , Succeffoens , e Tutorias : no V. dos
Delito's , e Penas. Jia com tudo pelo corpo da obra alguns
títulos fugitivos , e outros repetidos , e tambem fe lhe achaó
juntas algumas Leis , que parece foraõ feitas depois de ellai
fer acabada : o que tudo ferá notado em lugar mais com ..
petente.
~ ANTO á legislaçaó, que nelle fizeraó entrar , ellal
he de mui varia natureza. O fundo principal faó I. as Leis
promulgadas defde o Reinado do Senhor D. Affonfo II.
athé o do Senhor D. Affonfo V. fem que ahi fe ache d 'an~
tes
• 'VII

tes defia data mais que a notavel Carta de Foro dada pelo
.Senhor Rey D. Affonfo Henriques aos Mouros forros de
Lisboa, Almada, Palmela, e Alcacer, que vem no liv. 2 •.
tit. 99. II. os Capitulas das Cortes celebradas defde o
tempo do Senhor D. Affonfo lllI. por diante. III. o Di-
.reito Romano interpretado pelos Glolfadores antigos , e
adaptado pelos Compiladores em muitos titulas , que fi-
zeraó de novo , para completar o feu fyftema , e fuprir a
falta de legislaçaó propria em materias, a refpeito das quaes
lie provavel a naó houve!fe. Fazem tambem uma p:ute
,conftderavel da obra III I. as Concordatas dos Senhores
Reis D . Diniz, D. Pedrn I. e D. Joaó. I. com os Sum-
mos Pontífices, e Ecclefiafiicos do Reino, das quaes faó for-
mados os primeiros fete titulas do liv. 2. Além deílas·
quatro fontes, que concorreraô com mais cabedal , fubmi-
niíl:raraó tambem materia V . o Direito Canonico igual-
. ]Ilente interpretado pelos Gloíladores. VI. as Leis das Par-
tidas de Hefpanha. VII. os antigos Cofiumes, ou Alfento s
da Chancellaria. Ultímamente encontraô-fe tambem na
€lbra como fontes della VIII. algumas determinaçoens , que
vieraó ahi a ter força de leis geraes , tendo fido particula res
na fua origem: taes faó por exemplo o Efiilo , de que fe
faz mençaó no liv. 3. tit. 7r. §. 36. fobre o purgar das re-
velias na inítancia da appellaçaô: os Coíl:umes da Camara
de
VIII

de Lisboa fobre os alugueres das cazas, de que fe trata no


liv. 4. tit. 73: a Carta · de fretamento dos .Navios da Ca-
mara do Portb, ·que vem no mefmo liv. 4. tit. 5. &c.
PELO que pertence á forma., ern , que conceberaó ale-
i • ':- .
0

gislaçaó , a que preval~ce he efla . .'.i'.\~uelles ti tulos ' cuja


font!'! be l6i ante'rio~ , . capi'tuJo Cie_Cqr.tc$ ,. cofll!me , &e,
começaói por_um~ breve prefaqaó hiUorica, em que fe refe:. -
- '
re b Prh<:i.pe , que fez à Lei , ou convõcou as Cortes, -o
lugar em que f.e ceh;braraõ. ,.&ç. -: ve!11 deppis a fonte nos
proprio·s ·termos , em que foi originariamente concebida.
Se faó mais leis , o.u capítulos , acha6-fe difpoflas por or-
dem chrono!ogica , fazendo -fe na paffagem de umas .para
outras a declaraçaó hiíl:orica ref_petliva. Trarifcripta a fon-
...
te fegue-fe a confirmaçaó abfoluta do ?enhor D. Affon-
fo V. fe fimplesmente fe manda guardar, ou as fuas décla-
raç:oens , reformas , amp\iaçoens , e. limitaçoens , fe em al-
guma coiza fe altera. Os titules porem , em que em n0tne ·
do dito Senhor fe p1:opoem legislaçaó novamente' concebi-
da, qual 'he por exemplo a que os Compiladores adoptara6
do Direito Romano, neffes fe acha e\la em efülo legislato-

.
ri.o na fo rma, em:·que depois paffou para os , Codigos pof-
. ·'

teriorc:s, ainda que muitas vezes venhaó tambem com feus


prologos. l\1as dizernos que eíl:a he· a forma, que preva-
lece, porque he a que ordinariamente fe guarda nos quatro
ul-
VII II

uitimos livros. Naó he porem ailim a do livro. primeiro, o


qualhe quafi. todo concebido em efiilo legislatorio: da qual
differença [ó [e póde affinar a razaó por conjeéluras, fendo
as mais prova veis, ou que os Regimentos, que nelle fe con·
tem , faó de novo dados pelo Senhor D . Affonfo V. , ou
que o primeiro livro he obra de differente mão , acabando
ahi tal vez o trabalho de Joaó Mendes , e começando dahi
em diante o de Ruy Fernandes , mais em forma de Collec-
ção ; o qual methodo ailirn como a elle feria mais facil , af.
fim para .o ufo, que hoje [e póde fazer <la obra, nos vem
a fera nós mais importantt e proveitofo.
PASSANDO agora a conliderar a obfervancia e duraçaó
deíl:e Codigo , aindaque elle depois de fc:r· revi!lo [e deu
por acabado e perfeito , como coníl:a da fua lntroducçaó ,
naÕ tem com tudo faltado quem duvide da fua folemne pu-
blicaçaó por motivos , que na9, deixaó de parecer efpecio-
fos. Mas deixando a decifaó deffa duvida para o tempo, em
que appareçaó monumentos taes , de que [e tirem provas,
que fejaó para iffo baflantes , entre tanto he [em controver-
fia que os povos tivcraó conhecimento, e fizeraó ufo dclle.
A lem de certidoens de varias títulos , que a feu pedimento
coníl:a faraó extrahidas do exemplar , que delle fe achava na
Chancellaria do Senhor D. Affonfo V. dá evidente teíl:emu-
nho diffo vermos como nas Co1 tes do Senhor D. Joaó II.
** co-
começadas em Evora em 14.8r, e acabadas em Viana d'apár1
d' Alvito em I4-82 o cita6 por livros , .e ti tu los. Ahi no ca-
pitulo r r , queixando-fe ao dito Senhor Rey do muito que
padecia ó os que vi viaó ·fugeitos a jurifdi çoens· definembra-
uas da fua Real Coroa , fe referem a inquiri çoens ja fobre
i.ffa tiradas, e requerem que fe tirem onde naó eraõ come-
I
çadas , e que umas e outras fe cumpraó por Sua Alteza fe-
gundo forma e determinaçom ~a lei d'E!Rey D. Fernando. poj-· ·
ta no jegundo livro no Tito/lo rle como devem hufar das jurdi-
fOOens os Fidalgos , confirmada e approvada por B!Rey vo/fo
P adre , que Deos leem, &c. E no capitulo 125 das mefmas1·
Cortes requerendo ao dito Senhor que tiralfe o tributo das
Cizas, e ailinando a origem clellas no temp o do Senhor Rey
D. Joaó I. em teílemunho elo contrario fe refere o dito Se-
I<Jhor ao mefmo Co<ligo , dizendo que-já antes d'E!Rey D.
Joaõ de immortal e glorioja memoria Jeu Bijavà E!Rey D. Af-
jcnjo o Ili!. e EIR ey D. Pe_dro, e E!Rey D. Fernando lan-
·farom , e levaram cizas , aas vezes gee11aees , outras oras em·
certas couzas , para o que lhes cumpria , fegundo mais crara-·
mente Je contem 110 Jegund~ livro das Ordenaçoens no Tito/lo -

dos A-rtigos, que foram requeridos por parte dos Fidalgos o El-
Rey D. Joham, é:fc. os quaes títulos com as materias cor-
refpondentes fe achaó com effeito nefl:e ·Codigo no livro ci--
tado •.
N AÓ foi porem de longa duraçaó a fua obfervancia ,
pois vemos que o Senhor Rey D. Manoel mandou fazer no-
...va Compilaçaó polo achar confufo, que he a razaó, que de
a affim mandar fazer dá o Chronifia Ruy de Pina na Chro-
nica do Senhor D. Duarte cap. 7. E mefmo antes di{fo ha
noticia que o Senhor D. Joaó II. o mandara abreviar pelo
Licenciado Lourenço da Fonf~ca, que fora algum tempo
feu Corregedor da Corte. Mas qt1ando a fua obfervancia fe
ex.tendeffe athé o tempo da publicaçaó do Cocligo do Se-
nhor D. Manoel, dado que a primeira ediça6 defie Codigo

.
foffe do anno .de 1513, pois que na de Joaó Pedro de Bo-
nhomini , que he do anno de 1514, expreífamente fede-·
dara fer a fegunda , coníl:ando do mefmo Codigo do Se-
nhor D. Affonfo V. liv. 5. tit . tr9. §. 3r. que foi acabad() ./4///
- .
no anno de 1446, ve-fe bem que naó Dodia exceder o efpa-
ço de feffenta e fete a1111os. O que talvez concorreria muito
para que, naó obílante fer elle o Çodigo geral da Naçaõ ,
fe propagaífe tuó pouco, e vieffe ta6 facilmente a fer defco-
,nhec ido. Com effcito apenas entre os Interpretes das nolfas
Leis fe acha um ou outro , que delle f~ça mençaó , fendo
t~õ notavel o efquecimento, em que cahio , que os mefmos
Compiladores do Codigo Filippino , de que ufamos , por
ventura nem noticia delle tiveraó : ao menos parece fe pó-
I
de
XII

de affirmar fem temeridade , que nenhum ufo fizeraó delle


para a Compi laçaó , que ordenaraó.
ATHE' que re nafrendo entre os Portuguezes o bom
goílo em toda a forte ele Litteratura , fomentado na regene- .
raçaó dcfi:a Uni\·erfidacle com a Paternal e Auguíl:a Protec-
çaó do Senhor Rcy D. Jozé , cuja memoria ferá immortal
para ella em recon he: imento cios ampliílimos beneficias ,
que de fua Real Mão recebeo , e clerramando-fe tambem
eíl:e gofto pelos efl:udos da Jurifpruclencia P atria , fe veio fa..:
cilmente a conhecer, que os noffos antigos Jurifconfultos ,
m enos por neg;lige nc ia , do que por vic.io de in!lit ui ção , fe
ti nhaó pouco dado a cultivar eíl:a parte a mais importante
da noffa Litt eratura , e os que a trataraó , defacertaraó os
meios de o fazer com proveito, naó conhecendo a neceílida-
de para iífo indifpenfavel de combinar o eílud6' ele lia com o
da noffa hiíl:oria e antiguidades , e eftrei tando-fe dentro dos
curtos lim ites , que lhes prefcrevia a arida efcol a Bartholi-
na, em qhle faraó criados. Defde entaó inculcando-fe nos
novos Eíl:atutos deíl:a U niverfidacle a importancia de feme-
lhante combinaçaó, e referindo-fe entre os monumentos da
i1offa Legislaçaó antiga o Codigo do Senhor D. Affonfo V.
fo i fac il entender quanta utilidade fe poderia tirar de o con-
fulta r, e fe fizeraó as polliveis diligencia~ polo bem conhe-
cm. E RA
XIII

ERA no Real Arquivo da Torre do Tombo onde pri-


meiro devia lembrar que appareceria eíl:e illuíhc monumen-
to. Mas procurando-fe ahi, naô fe acharaú no anno de 1773
m ais que trcs livros, o II. III. e IIII. os quaes com tudo
moílravaú tei feito parte de Collecçaó inteira , fendo todos
da· mefma letra, forma , e enc adernaça6 . Alem deíl:es appa-
receo outro exemplar avulfo do livro II. Fazendo-fe pois
diligencia por inteirar a obra pelos outros Arquivos do Rei-
no , fe deícobriraú na Camara de Santarem os li vros I. II.
IIII. e V. : no Convento de S. Antonio da Merceana o L
e III. : e ultimamente na Camara do Porto o I. II. IIII.
e V. os quaes todos fe mandara6 recolher ao dito Real Ar-
quivo , para 01~de paffara6 os de Santarem em í776, da
Merceana em 1777, e do Porto em 1784. Fora deíl:es exem-
plares antigos naó ha noticia de outro , fe na6 de um do li-
vro II. que fe acha nà Bibllotheca do Mofieiro de Alcoba-
ça.
EXAMINANDO-SE efres exemplares, que apenas he
precifo advertir faó manufcritos , em todos fe deíl:ingueín
caraaeres claros de fua . grande antiguidade , mas em ne-
nhum fc defcobre final de autenticidade . Em todos fe achaó
muitas faltas, e erros de Copiíl:as' ; mas deíl:es defeitos uns
fa6 particulares a cada MS . , outros faó communs a todos :
donde parece poder inferir-fe ·q.ue derivara6 uns e outros do
me(-
:XII

de affirmar fem temerid ade , que nenhum ufo fizeraó delle


para a Compi laçaó , que ordenaraó.
ATHE' que renafcendo en1re os Portuguezes o bom
goíl:o em toda a forte de Litteratura, fomenta do na regene- .
raçaó d fla Uni1·er fidade com a Patern al e Auguíl:a Protec-
çaó do Senhor Rey D. Jozé , cuja memoria ferá immortal
para ella em reconhe~ imento dos ampliffimos benefic ias ,
que de foa Real Mão reccbeo , e derramando-fe tambem
eíl:e gofto pelos eíl:udos da Jurifprudencia Patria, fe veio fa~
cilmente a conhecer, que os noffos antigos J ur~fconfultos ,
menos por neglige nci a , do que por vicio de iníl: itui ção , [e
tinhaó pouco dado a cultivar eíl:a parte a mais importante
da naifa Litteratu ra , e os que a trataraó , defacertaraó os
meios de o fazer com proveito, naó conhecendo a neceílida-
de para ilfo in difpenfavel de combin ar o eftudo della com o
da nolTa hiíl:oria e antiguidades, e eíl:reitando-fe dentro dos.
curtos limites , que lhes prefcrevia a arida efcola Bartholi-
na , em que faraó criados . Defde entaõ i nculcando-fe nos
no vos Eíl:a tutos deíl:a Univeríidade a importancia de feme-
lhante combinaçaó, e referindo- fe entre os monumentos da
noffa Legislaçaó antiga o Codigo do Senhor D. Affonfo V.
foi facil entender quanta utilidade fe pou eria tirar de o con-
fulta r, e fe fizeraó as poffiveis diligencia,r; polo bem conhe-
ce1. ERA
XIII

ERA no Real Arquivo da Torre do Tombo onde pri-

m eiro devia lembrar que apparcceria eíl:e illuíl:rc monumen~

to. Mas procurando-fe ah i, na6 fe ach;.iraó no anno de I 773


mais que tres livros, o II. 111. e IIII. os quaes com tudo
moílravaõ . ter feito parte de Collecçaó intei ra , fendo todos
da mefma letra, forrna , e encadernaça6. Alem deíl:es appa-

r eceo outro exemplar avulfo do livro II. Fazendo-fe pois


diligencia por inteirar a obra pelos outros Arquivos do Rei-
no, [e defcobriraó na Camara de Santarem os livros 1. II.
IIII. e V. : no Convento de S. Antonio da Merceana o T.
e III. : e ultimamente na Camara do Porto o I. II. IIII .
e V. os quaes todos fe mandaraó recolher ao dito Real Ar-
quivo , para onde palfaraó os de Santarem em í776 , da
Merceana em 1777 , e do Porto em 1784. Fora defies exem-
plares antigos naó ha noticia de outro , fe na6 de um do li-
vro II. que fe acha na Bibliotheca do Moíl:eiro de Alcoba-

'fª ·
ExAMINANDO-SE eítes exemplares , que apenas he
precifo advertir faó manufcritos , em todos fe defiinguem
caraéleres claros de fua . grande antiguidade, mas em ne-
nhum fe defcobre final de autenticidade. Em todos fe achao
muitas faltas , e erros de Copifias ' ; mas defies defeitos uns
fa6 particulares a cada MS. , outros faó communs a todos:
donde parece poder in'ferir-fe ·que derivaraó uns e outros do
mef-
"X I!TI

meímo exemplar, provavelmente o original, que fe acha-


va na Chancellaria do Senhor D. Affonfo V. e que he ve-
rofi mil fervilfe aos Compiladores do Codigo do Senhor D.
·Manoel , no qual tempo talvez fe perderia. De todos os
menos defeituofos fe reputaó os do Porto, e Merceana, mas
tambem eíles tem erros e faltas confideraveis. A liçaó, que
fe coníerva em todos' he quafi fempre a meíma 'mas a lin-
goagem he as vezes differente , achando-fe vocabulos mais
·an~igos em uns do que em outros ; o que talvez procederia
de os Copifl:as poíleriores na mefma occaziaô de os traní-
crever irem fubílituinclo os que em feu tempo fe ufavaó á
aquelles, que lhes pareciaô antiquados. Poucas vezes fe en-
contra variante , que traga .mudança de fentido , mas nos
nomes proprios , e numeras muito , e muitas vezes diffe-
rem , pela bem conhecida razaô das abreviaturas , e irregn- .
Jarida<le das notas , de que os antigos para iffo fc cofl:uma-
ra6 fervir. Ainda fe'acha6 em alguns mais títulos elo que
em outros, e ás vezes collocados em differente ordem. Naô
pode ter lugar nefl:a Prefaçaô individuar cada uma deíl:as dif-
fe~eÍ1ças , as quaes fera6 notadas c:;m outro lugar com mais
oportL~nidade.
DE uma com tudo , por qua6 notavel he , naô pode-
mos deixar de fazer mençaó , qual he a ele fe achar no li-
vro I. do MS. do Porto o Regimento da Guerra, e pnn-
Cl-
XV

cipaes Cabos della de mar ,. e terra , com outros tí tulos á


guerra pertencentes , corno tambem os Regimentos <los Of.
fici acs Maiores da Caza Rea l , os quaes fe naó achaó nos
outros dois MSS . do dito livro , a faber, de Santarem , e
da Mcrceana . Mas eíl:a Collccçaó de titulas he provavel naõ
fo!fe obra <los Compiladores do Codigo , para te r ah i lugar
como parte delle. 1. porque fendo a fua incumbencia fazer
um Codigo Civil , he incomprehenfivel como taó fóra de
propofito flzeflem nelle_entrar regulamentos de guerra , e.
outros que naó tem rel~çaó alguma com a adminiíl:r:içi:ó da
juíliça . II. porque a legislaçaõ, que houveffe de entrnr no
Codigo nos termos da fua commiffaó , e para fe veri fica r o
fim propoíl:o, devia fer certa e determinada, e naõ da natu-
reza de muitos deftes títulos , c uj a obfcrvancia fica incer-·
ta , pois no fim do titulo 70 do mefmo livro declara o Se-
nhor D. Affonfo V . que os naõ ha de todo por appro\·:idos.
III. porq~e eíl:es Regimentos coníl-a que andavaõ juntos em
livro cliftinto com o titulo Dos Regimentos d 'E/Rey D. Diniz
para os Ojficiaes de Guerra , e Gaza; e J orge de Cabedo ,
que parece naõ ter tido conhecimento do Codigo Affonfi-
no , fez ufo deíl:e livro na fegunda parte das fuas DecÍ-·
foens , dec. 98 : outro fim he certo que delle fe extrahiraó
copias , qual foi a de que fe fervia D . Antonio Caetano de
Souza , p:ira a fazer imprimir entre a~ Pro vas do liv. 4. da

- fua

/
XVI

fua Hiíl:oria Geneal ogica n. 0 i6r , e outra , que ha noticia


exifl-ir na Bibliotheca do Moíl:eiro de Alcobaça , com o ti-
tulo O Regimento d'E!Rey D. Diniz dos Soldados t Familia-
res de jua Caza.
MAS ainda que os Regimentos , que no dito livro fe
contem , fe diga6 do Senhor D . Diniz , por ahi entrarem
talvez muitos tituios, tirados das Partidas, que coníla o di-
to Senhor mandara trasladar em lingoagem , he com tudo
fem controverfia que fora6 mandados colligir pelo Senhor
D . Affonfo V . como alem ele outros argumentos íe conven-
ce de quantas vezes falla no Senhor Rey D. Joaó I. íeu
Avô, e no Senhor D. Duarte feu Pai. He pois veroúm il ,
que tratando-Íe no livro I. do Codigo de Regimentos , íe
lhe vielfe depois a ajuntar o outro livro , íem outra raza6
mais que a de fer tambem de Regimentos, a fim de que eí-
tiveffem todos j untos , ainclaque depois fe tornalfem a fepa-
rar. E de que algum tempo ailim andaffem juntos ha toda a
probabilicl~de ; porque íuppofl-:o dos tres MSS. antigos,
que exiíl:em do livro I. íó no <lo Porto venha o titulo do
Regimento da Guerra , e os íeguintes, achamos com tudo
no da Merce:ma o meímo titulo começado , ainda que naó
acabado de copiar com a rubrica Do Reginw;ito da Guerra ,
que je faz por terra ; donde parece poder inferir-Íe que o
Copifl-:a do MS . do Porto trasladou tudo o que achou no
ex em-
e:itemplar; o da Merceana começou a trâsladu, mas conhe ..
cendo logo que aquellas materias na6 pertencia6 ao Codi-
go na6 continuou ; o de Santarem ou defde o principio as·
houve por eílranhas , e como taes as deixou , ou tirou a fua
copia quando ainda na6 era6 juntos , ou depois que deixa-
ra6 de o fer. •
APENAS no Real Arquivo fe inteirou a Collecça6 ele
todos os cinco livros deíle Codigo , algumas peífoas parti-
culares fizera6 extrahir fuas copias , pela liça6 das quaes fe
veio a defcobrir, que naõ fó elle foi o modelo dos dois Co-
digos poíleriores , mas que nelle fe encerra o fundo da le-
gislaça6 de um e de outro , fem que os Compiladores fe-
. guintes fizeffem outra coiza mais do que omi ttir a legisla-
.ça6 , que achara6 fora de ufo, alterar apenas em lingoagem
a que confervara6, e accrefcentar nos lugares competentes
as providencias da nova legislaça6. Pela comparaça6 , que
fe faz de todos os tres , fe acha , que affim como os Com-
piladores do Codigo Filippino tranfcrevera6 a legislaça6,
que confervara6 do Codigo do Senhor D. Manoel, aílim
os defl:e Codigo naó fiz era6 out~a coiza mais do que tranf-
crever do Cod igo do Senhor D. Affonfo V . os ti tu los , que
ahi achara6 concebidos em eíl:ilo legislatorio , e dos outros
as declaraçoens, ampliaçoens , e limitaçoens do dito Se-
nhor, que he o que lhes pareceo propriamente legisl aça6,
*** dei-
XVIII

deixando de fora as Leis ; capitulos de Cortes ,e outros ar"


tigos originaes, que eraó como o texto, que o dito Senhori
declarava. Como pois nas Leis, de que prefci~diraó, por1
fe acharem em fua integridade , venha6 ordiuariamente os
feus prologas, nos quaes com toda a boa fé, que convinha
á fimplicidade daquelles ter:!pos, fe expooem as verdadeiras
cauzas , e motivos de fe eíl:abelecere~: da mefma forte nos
capítulos das Cortes fe contenha6 os requerimentos tios po·
\IOS 1 em que alJegaó as razoens de OS fazerem , OS males .,
que tratavaõ de evitar, e os bens , que fe propuphaó confe-
guir pela legislaçaõ , que requeria6, fci facil conhecer-fe
quantas luzes fe podiaõ tirar deíl:e Codigo para illuíl:rar mui-
tos lugares das aéluaes Ordenaçoens , naó havendo ja quem
naó perceba, quanto para a verdadeira i-nteiligencia e ge.o
nuina inteFpretaçaó de uma lei importa faber a ca uza e
motivos della. , e a mente e intençaó do feu Legi slador.
EsTA, e mu itas outras utilidades,. que fe podem tira.ir
da liça ó do Codigo do Senhor D . .Affonfo V. fizeraõ ha
muito dezejar a todos os que procuraó aproveitaíno eíl:ud~
ela Jurifprudencia Patúa q~e ella fe fizelfe vulgar. Ajunta-
v.aõ-fe iguaes dezejos de muitas outras peífoas, que tinha(}
femelhante interelfe , ainda fem ter o e.i lude das Leis de pro-
füfaõ. E com effeito comprehendendo-~e nefle Codigo a ]e.
gislaçaó de mais de dois fecul.os , e eífes dos de que temos
me-
xvmf

menor e menos circuníl:anciada noticia , e naó havendo


meio mais feguro de fa~e r juíl:o conceito da hiíl:oria civil de
um povo, do que examinar a fua legislaçaó, pela contem-
placaõ de tantos e taó ricos monum entos , como nelle fe
contem, naó fó fc facilita o acompanhar os progreífos da
Sabedoria , e Prl!dencia legi slatoria de noílos antigos Reis,
mas ainda a alteraçaó gradual dos coíl:umes Nacionaes, que
fe iaó defeevolvendo , e de dia em dia exigindo as novas
providencias ; vindo por iffo a fer a fua liçaó mui deleitofa
e interelfante a todas as peffoas eíl:J diofas de naifa hiíl:oria
e antiguidades: ath é mefmo aos curiofos da lingoagem, de
que elle he um inefümavel thefoiro.
DEzEJ AND O pois a U niverfidade fatísfazer ao voto uni-
verfal , tendo fobre i!To dirigido as fuas fupplicas á Real
Prezença da R AINHA N os s A SENHORA , e tendo SuA
d'v1AGEST ADE havido por bem continuar-lhe a Sua Real
Benevolencia, com que a coíl:umou fempre honrar , defe-
rindo-lhe na conformidade dellas , e concedendo-lhe gra-' '
'Cioziffimamente liceJlça de publicar uma Collecçaó com-)
pleta da nolfa legislaçaó , naó fó da aél:ual e viva , mas de
<todos os antigos monumentos , que faó havidos por fontes
d ella' pelo que a eíl:es pertence deliberou corneçar pelos in-
'Cditos , e dar entre elles o primeiro luga·r pela fua maior im-
portancia ao C odigo do Senhor D. A ffo nfo V. que fah e pe-

*** :z
la primeira vez á luz publica trezen tos e quarenta e feis an-
nos depo is de fer ordenado .
SERI A para dezeja r que a Ediça6 fe deffe á viíl:a dos
antigos MSS. que <lelle exiftem ; mas na foa fal ta fe procu ...,
rou <lar a poffivel authoridade á obra , follicitando-fe uma
Copia ailinadamente para iflo do R eal Arqu ivo da Torre do
Tombo. Por fe rep~tar o MS . do Pc:_rto o meno s imperfei-
to em comparaçaó dos outros' fe declara ne!la iopi a ter fi~.
do tirada por elle , excepto a do Livro _III. que , por nelle
o naó haver, fe diz tirada pelo MS . do .A rqui vo; mas vie-
raó juntamente apontadas as faltas , e variantes, que nelles
fe achara6 a refp eito dõs outros MSS . Ainda que eíl:as fal-
tas , e .variantes parece naó foraô notadas com tanta exac-
çaó , que algumas na6 efrapaffem , quanto fe pôde obfervau .
pela compa:raçaó da copia com outras tiradas tambem no
mefmo Real Arquivo dos differc ntes MSS. fo ra6 ellas com
tudo de mui grande fubúdio para fe reíl:ituir a liçaó em in-
numeraveis lugares , porque a melhoria do MS. do Porto
em comparaçaó dos outros naõ tira que deixe de fer tam.,
bem elle muito errado e defeimofo.
Eis AQ,_.UI pois a o.rdem' com que pareceg convenien..
te proceder na Ediça6 , e que com effei to fe guardou. Cc--
rno nenlrum deíl:es MSS. feja au te nti co , nem tenha mais
authoridade extrirúeca que qualquer outro, fendo todas co-
pias,
pias, e copias depravada_s , e na6 fe tratando de_publicar o
Codigo do Senhor D. ~ffonfo V. fegundo a liçaõ deíle o~
daquelle MS. mas com a,mais inteira e correéla, que f?íle
poílivel fem offender as regras .da boa criti.ca , pareceo ra;:
zoado que fe confideraffem todos eftes MSS . como fubftdia~
:rios uns dos outros, vifio acontecer felizmente acharem - fe
muitos lugares , faltos e errados em um , inteiros e certos
em outro . Em quanto pois a liç-a6 fegundo a copia do . ~S.
do Porto fe achou corrente , e,{fa ordinariamente fe confer-
yo u ; mas onde era errada e defeituofa , fe fuprio pela de
.q ualquer outro, onde pareci-a certa . . '
Q_UANDO eíles erros qu defeitos era6 communs a to-
dos . os MSS . e na6 havia focorro qu~ efperai· de ne_nhum
delles , fe fe podia6 fuprir por outros monumentos antigos ,
onde os mefmos lugares fe açhafTem tranfcriptos e inteiros ,
na6 houve duv1da de fe fazer, e fc fez . Aíf.m faltando em
.todos os MSS. d_o Livro II. os artigos 17 , e 38 da primei-
.r a Concordata do Senhor D . Diniz dos 40 artigos de Ro-
ma, na6 houve duvida de fe reílituirem pela copia, que
della fe acha no livro das Leis Antigas, e que correfpon-
dem ao exemplar latino , donde a tranfcreveo Gabriel Pe-
reira de Caíl:ro. Pelo mefmo livro fe reíl:ituio a liça6 de
muitas Leis dos Senhores Reis D. Affonfo II. e III. D.
Diniz; e D. Affonfo UII. que nelle fe acha6 colligidas.
Igual-

:xxrr
lgualm:e nte fe reíl:ituio a de muitos lugares dos títulos do
R egimento da Guerra por diante pela copia , que 'fe acha
impreffa entre as Provas da Hiíl:oria Genealogica , de que
ãcima fallamos , porque fuppoíl:o eíl:a copia feja fobre todo
õ encarecimento depravada' por fortuna fe achou certa em

alguns lugares, que no MS. eraó errados e defeituofos. Da'


mefma fón~a fe confultou , quando pareceo neceffario , a
c_o pia das · Concordatas , que v~m em Gabriel Pereira de
Caíl:ro, pois que os exemplares, de que fe elle fervia, quan-
do menbs teriaó taó pouca authoridade extrinfeca , como
I qualquer dos MSS. do Codigo , e affim naó havia razaó
para fe deixar de faze r ufo della , quando a tiveíle intrihfe-
. I

ca nos lugares, em que fe achall~ certa a liçaó, qu p nelles


o na6 era.
MAs eíl:a liberdade. , que fe tomou a refpeito dos tres
monumentos referidos , pareceo fe naó devia tomar indif~
tintamente, nem d_e feito fe tomou, a refpeito dos outros ,
que fe confultaraõ , qu aes foraó as Leis das Partidas , e o
Coê.!igo do Senhor D. MaHocl. Das Partidas he evidente
que grande parte de alguns títulos , principalmente do ReJ
gimento da Guerra por diante, foj inteiramente tirada , corri
a uni ca differénça de fer trasladada en~ lingoagem . E o Co•
digo do Senhor D. Manoel , por ter derivado immediata-
mente deíl:e , e de exemplar fem duvi dà mais inteiro , naó
dei-
xxrn

deixou de fervir para o illuíl:rar em al guns lugares, onde a


legisbçaõ para elle pa ffo u naó em fu bftancia , mas em fua
integri.dade . Deíl:es ultim as fubfidios pois fe fez ufo com a
mais efcrupulofa moderaçaõ , e fó em circunílancias taes ,
que confervando -fe a liçaõ do MS. ou naõ tinha fentido ~
ou o tinha inintelligivel e abfurdo. Afiim pela Part. 2. tit. 9.
lei 4. fe reíl:ituio no liv. I. tit. 2 . pr. a palavra andança , que
nos MSS. do Porto e Merceana fe lê audácia, e no de San-
tarem audaça : afiim no mefmo liv . 1. tit. 63. §. 21. fe in..
t cirou pela Part . 2. tit. 21. lei 14. o período há de einger-
Jhe a ejpadq ]obre , o brial, que tanto no MS. como- nas P ro-
vas fe lê com notavel defeito ha de cinger ]obre o brial. E
por dar-mos tambem um exemplo de emenda feita pelo Co-
cligo. do Senhor D. Manoel, pela li çaó delle no liv. 4. tit.

3i. §. 5, e 6. fe refütuio neíl:e a do liv. 4. tit.. 46. §. 7. on-


de em todos os -MSS. fe lê gajlada em lugar de guoj!ada ,
e no fim do §. ataa que o dito vendedor gafia./fe, em lugar de
comprador guojlaJ!ê-, de que refultava por todo o §. um fen-
tiâo abfurdo , como fe mofirará em lugar competente,
tranfcrevendo-o nos termos, em que fe achava concebido.
MAS fe as emendaste reíl:ituiçoens, de q1·1e athé qui fe
tem foliado , fe fizeraõ com alguma authoridade, importa
informar o Publico que alem deíl:as (e fizeraõ outras fem
mais authoridad·e que a da razaó nos luga1:es, em que ha-

viaó
XXIII1

vi a6 erros manifeíl:os e groífeiros, que com_ ·t udo fe podiaó


remediar com a fimples unia6, feparaça6 , ou troca de al-
gumas letras. Affirn fe emendou muitas vezes de fi pordes i,

irmençom por invençom , affentam por a Jentam , tomar por


tornar , mt;/her por melhor-, jeus por je oJ , mandaffem por
emendaffem , &c. dos quaes erros fe acha6 fem c.onto, quan-

do mi6 nos MSS . antigos , ao menos na copia , que fervia


para a Ediça6 . Da mefma fórma fe procurou dar fentido a

alguns lugares, que o na6 tinhaó , trocando alguma pala-


vra, ·ou accrefcentando-a , para fuprir a falta , que abfolu-
tamente havia della , ou de fernelhante . Affim no li v. 2 .
ti t. 8 r. §. '2, no fim lendo-fc no MS. o livramento e jura-
mento , que o Arraby ha d'aver, fe fubfl:ituio jurdiçom a ju-
rnmento , que era erro , e abfurdo manifeíl:o. Da mefma fór-
ma fe accrefcentou no liv. 1. ti t. ult. §. I. a palavra comar-
ca , onde fó fe lia C?ntadores da dita : no rnefmo tit. §. 3.
a palavra ofirva , onde fó havia, que com melhor diligen cia:
no liv . 5. tit. 118. §. 16. a palavra beem, onde fó fe acha-

va, pelos d?s ditos quereloj?s , &c.


DE um de dois modos fe havia de proceder a refpeito

de erros femelhantes, ou é:onferva!Tdo-os na obra, e notan-


do-os depois com fuas emendas e reíl:ituiçoens, pelo mui -
to que iffu importava ao Publico , ou fazendo logo na Edi-
çaó as emendas , e dando depois conta e raza6 dellas. Con-
fol-
:xxv

fultadas fobre iífo as. peffoas, que por fua intelligencia o dé-
viaõ fer, unjformemente pareceo convir mais, por livrar o
Leito·r de cori!inuos embaraífos , propor a !iça6 correéta ,
quanto fbífe poilivel nos tern:;os .da moderaça6 referida ,
ufando-fe da difcreta liberdade , de que ufara6 os Editores
antigos de obras efcritas em lingoas: mort~s , quanto mais
em uma lingoa viva, e ta6 pouco alterada como a noífa , da
qual liberdade,: vemos eíl:arem aéh1almente ufando de 'um
.modo na6 fó irreprehenfivel?. mas antes .muito louvavel os
fabios .E ditores ·dos antigos monumentos de Hefpanha :. e
,que era de efperar o na6 levaífem a mal os Criticas mais fe··
\•eras, e mais zelofos do refpeito ~ela veneranda antiguida-
de , principalmente a refpei.to de um efc,rito , já copia de
copias , cuja fortuna coíl:uma fer tanto mais fe depravarem:,
• por quanto maior. numero de mãos vaó palfai:ido. Más p.o·r
.~íl:e _ partido, que fe tomou, affim como procuramcs a maior
limpezà da obra, e a maior commodidade dos Leitores, af-
fim nos confiderarnos de al-gurna forte empenha·dos a dar a··
ma-is fiel e ~xaéta conta das alteraçocns , que fizemos , em
notas e obfervaçoens criticas , que fobre a obra parece ain-
·da indifpenfavel fazer á viíl:a dos antigos MSS. as-quaes' fe
publicará6 fendo ac~badas.
Is:ro pelo que, pertence ás faltas, que fe fupriraó ·, o
erros , que fe emendaraó. Mas ha ahi d 'uns e d'outros de
tál
)
'txvt
-tal natureza, que a fua reítituiçaó era impoffiveI, ao menos
'm 4i difficil. A réfpeito' defles naó 'houve outrà coiza que fa-
zer, fenaó deixalos no ~·ermo e!lado. Affim ficou no liv. 3.
o tit . 64. onde entre os §.§. I 7 , e 18 manife!lamétite fe vê,
~ue falta a' ultima par.te _da lei do Senhor D.· Fe;nando fo .J
·bre as provas, que fe devem fazer por efcrituras publicas ,
- e o l?rincipio da declaraçaó do Senhor D. Joaó I. á mefma
lei. Affin:i ficou. no .liv. I . tit. ult. .ó§. 13 , .que por mui
depravado
.
fe 'naó pode re!lÍtuir.
~ .
E affim ficaraó mui top er~
\~

·ros de chronológia , e de outras quantidades determinadas


t -
por nu meros, de que talvez os inefmos MSS. e!leja'ó. cheios:
pela razaó ja referida das notas taó varias e irregulares , de
que os Antigos fe ferviaó para os affinar. Reíl:ituir taes faJ:..
tas era im.poffivel , e emendar taes erros pouco menos, ·de.l
pmdendo uma e outra coiza do exame , comparaçaó , e
combinaçaõ de muitos monumentos' que naõ efiava'õ á mão.
~ois ·entra'r no empenh~ de o fazer fem femelha1Úe foccàr-
ro feria um projeélo quimerico ,'quando ainda havendo-o fó
fe poderia GOnfeguii· algum acerto depois de trabalho s e di .J
ligencias taes , que embargariaó muito' te1npo a publicaçaó1
da obra , o q~e de nenhuma forte c;onvinha·. Como porenl
muito importe para a fua perfeiçaó que fe trabalhe pola ~efJ
' .
1:ituir á fua integridade , far-fe-haó por iífo as diligencias
p.offiveis , · e fe communicará ao .Publico algum . p~·oveito i
que dellas poffa refultar. QyAN-

r XXVI~
_)

'Qu ANTO he ~s lis:oens vadantes ; que ·vier,aó notada~


na co_pia , confervaraõ-fe todas as que pertencem aos notnes
pro,prios ' á chronologia ' e differença de numeras ' como
tambem as que faz~m- algutna mu_dança no fentido , . qu7
faó mui raras. Das que o faõ [ó em, vocabulos , por fere~

llns ·mais antigos que outrps, ficamo notadas algumas ·, on-


. ' .. . ~ ~ .
de pareceo convir i mas ·nas que (e omittiraõ confervou-ft;,
fempre a lirl;goagem mais antig~ , e mais propria da idade ,
etíl que a obra foi feita. As outras porem '· que naó <liffe-
reni em fentido ' nem confideravelmente em lingoage_m •
.
.
ainda _que o primeiro projeélo f9i confervalas todas , ven-
.
d?_-fe depois que naó foraó notadas com exacçaõ , e que
alias [ó apontavaó lugares. errados e d~ feitu6fos dos outros
MSS. que ao P~bliço nada intere"ífa faber , ou .era ó frivobs
. e ·infig11ificante 'como os que por aquelles. qu,e·, ejfa por ello"
e femelhantês " pareceo melhor prefcindir .dellas, do que
encher o texto d~ótas r,emiffivas, que .fó ferviriaõ de d~~
minuir a belleza da obra , interromper fem cauza a ·atten-
.· .
c;aõ do Leitor~~ prev_en~lo __de lugar fofpeito onde:o ~aõ ha-
via :'-,e por algumas , que ainda fe ·confe.rvaraõ nos primei-
ros títulos do livro I. e II. fe poderá bem julgar o· pouco
que fe perdéo n~s que fe omittiraõ.
As n<?tas , por onde fe indicaõ os MSS. onde a liçaó:
he ~: ariante , faõ as letras iniciaes dos. lugares ; OJ./de foraó-

**** 2. acha-
1-

XXVIII
. '

achad~s, a faber; A. do Árquivo


'
,.S. de Santarem,
- '
M. da
Merceana: - no livro II. fe <i,charáó mais algumas ~otadas
tom um T. que faõ ·do MS. avu 0 deíl:e livro, que, como
' '
acima diffemos , fe ac)lou demais na Torre do Tombo. As
gue f~ acharem fem letra , he p9rque concorda~ nos outros
MSS. e f~- differem do do Porto , pelô qual fe tirou a copia
do texto. Nos livros !II. e V. naõ foi precifo nota , por-·
que deíl:e.s lívros naõ ha f~naó - dQ..is exemplares" e affim -no
livro IlI. a liçaó.do texto he .do MS. do Arquivo, 6 ~s va~
ri antes do da Merceana , e no V. a do texto he do do Por-
to, e as vari~ntes do d~ Santarem. Os lugares do texto,- em
que há a vai:jante , faó fechados entre dois aíl:erif.cos com
-. ~ ~

a fna -Ietra ren~i!Tiva , e onde ha falta , he notada fó com a


letra.
ACOLLOC:AÇAÓ dos titulos differe mui pouco em to-
. .
dos os MSS. mas fendo p.recifo a.refpeito deffa mefma pe-
J

quena differenç~ -tomar algum partido 'trrto por conta da


fua numeraçaõ , feguio-fe â ·que pareceo mais· regular. Pé-
...... - . ,
lo '}.ue perte_nce porem á divifaó dos §§. he de advertir que
no MS. em. muitos titulas, e ajnda dos mais extenfos, a,.

.
naõ havia, e·em
. outros naó eíl:avaó
. na deíl:ribuiçaô
. .. que con-
vinha. Sendo po_is eíl:a divifaó arbitraria em obra., que· pela
primeira vez fe publiça ,- e introduzida-para, comm~didade
da li<,:<iÕ , e facilidade d·as .citaçoens, procurou-fe que fof-
fem
~XVJfU.

t~m defl:ri~uidos com omethodo·, qu~ podiaó a_dmittir, fe4


parando-fe as differentes efpe~ies em cadá um , e evitando-
fe quanto foffe poffivel a fadiga d~ Leitor nas divifoens inui-
to extenfas , aindaque para iílo foffe prec~fo deixar algumas
vezes o fentido fem remate' e continuando nos.§§. feguin-
tcs , principalmente ..em alguns prologas múi · difufos das
Leis dos Senhores D. Affonfo !III. D. Fernan;J.? , e D.
Joa6 I. A nµmeraç~ó foi feita com analogiá á·s Ordena•
çoens aél:uaes , confervando-fe porem debaixo de um fó nu-
mero cada . artigo de Cortes com fua refpofi.a , e affim as
duvidas e confultas com fuas decifoens : a qual ordem fó fe
n;ió guardou no liv. 2. tit. 58, e no liv. 4. tit. 29. por pa-
recer tambem ahi conveniente dividi'r as refpofia~- , por quaó
longas faó , ..e pelas differerHes efpecies, que contem.
ULTI_MAMENTE .quanto'-á ortografia, ainda que a do
' .
MS. antigo feja muito differen!e por nelle fe acharem . as
confoantes dobradas no principi9 das palavra~, muito pou-
cas _letras grandes , muitas abreviaturas , nenhuma pontua-
pó, &e. confervou-fe com tudo a da copia, tal e qual
veio , por fe ter-- défde o principio tomado o plano de em
nada ' tocar, ou alterar nella, [e naó quanto fo!fe preeifo
para _fe entender e fazer commo~tla a li çaó. E porque em
c.onfequencia vai chea de irregularidades, fejaó diffo aviza-
dos os Leitores , que o naó jul~uen~· erros de irnp,reílaó , a
ref-

"
~,,

xxx ·.J

refpeito da qual · houve todo' o ·cuidado e attença5 poffivel;


para que -os alü na6 houvefTe, e correfp_onde!Te a correcçaó
' ..
da ~bra ao feu aceio , e elegancia typografica.

,..,

'

TA-
-

·-

J
/
L t V R O I.

N
O TEMPO QYE O MUI ALTO,
e Mui Eixcellente Princepy E!Rey Doin
Jàham . Cla Gloriofa memoria pela graça
de DEOS .regnou em eíl:es Regnos , fci
requerido algumas vezes em Cortes pelos ·Fidalgos ,
-- e Povoas dos ditos Regnos , que por boõ regimento
delles manaaífe proveer as Leyx , e Hordena_çooés
feitas pelos Reyx, que ante elle forom , e acharia_,
que pela .multiplicaçom deJlas fe~ recreciaõ continua-
damente muitas duvidas, e contendas em tal guifa ,
.que os Julgadores dos feitos eraõ poílos em taõ gran-
. de trabalho , que gravemente ., e com gralJl dificul-
dade os podiaõ direitamente defembargar , e que as
rnandaífe reformar·em tal maneira , . que ceífaffem as
ditas duvidas, e contrariadades, e os Defembargado-
res da Juíl:iça pudeífern per ellàs livremente fazer di- _
reito aas partes ; o dito Senhor Rey movido a ello per
. Jeu requerimentQ, e zelo d~ jufüça, confüando prin-
Liv. 1. A · - c1-
cipal~hte ó Serviço de DEOS, e dês i bem de feu~
Regnos, per a vifamento , e acordo dos do feu .C9nfe-
lho, porque achou feu requerimento feer jufto , co-
metteo a reformaçom , e compilaçom dellas a Johã-
ne Meendes Caval1€.iro, e CorrecYedor
o
em a fua Co1;:..
te, e nom forõ acabadas .e m feus dias p~r alguús em-
pachos, que fe feguiromL
r E DESPOI& de feu ~alecimento regnou o Mui
Alto, e Mui Virtuofo Princepy ElRey Dom Eduaite
feu filho de femelhante memoria, 'o qual é'ncomendou
.il dita Obra aq. dito Corregedor, que continuaífe em ·
ella , affi comoJazia em -tempo d' ElRey, feu Padre ,
fentindo-o por ferviço de DEOS , e feu , e pem· de
feus Regnos ;_e porque fe o dito Corregedor logo fi..;
nou a poucos dias , nom as pôde acab,ar , e por tanto.
'odito Senhor Rey as encomendou ao Doutor Ruy Fer-
. _andes do feu Confelho, teendo gram defejo, que em
feus, dia:s. foífem acabadás; e porque a DEOS prou-·
ve regnar po~co, o mui Ei«cellente, e Poderofo Prin~
<:epy, ElRey Dom Affonfo feu filho feendo ao tempo,
que começoiJ de regnar , moço de idade de !ete an-·
nos , o Reigno todo juntamente em Cortes Geraes
enlegeo , e confirmou por feu Tet-0r, e Curador; ReJ.
'gedor , e Defenfor por elle ~m feus Regnos -0 Famo-
fo, e Virtuofo Prinéepy Infante . Dom Pedro Duque
lle Coimbra, e Senhor de Mcm.ttemoor feu muito a-
mado·, e pre.zado Tio, o-qual loge ·e meomeça de feu
Regimento rnaRd,ou, ao dito D,out0 r" que prnfeguiíf~ ·
í\

/
3
'
'-..a dita obra quanto bem ,P0deífe , e nom alçaífe àel-
) a maaõ por nenhuú caf.o , ataa que com a graça de
DEOS a pofeífe em boa perfeiçom, e o dito Doutor
~per (eu "11andado aceptou a ditf!. obra , e a compilou
;em efta forma, que fe-fegue; e defpois que polo dito
.fDout0rfoi compilad;;i ,ordenou (j) dito Senhor Regen-
:te , que .as ditas Hordenaçooés , e C0mpilaçom fof-
d"em rev:ifras·, e examinadas per elle .. dito Doutor, 1e
,.per o Doutor Lopo Vaafques .Corregedor da Cidade
,~de Lixboa, e per Luiz Martins, e Fernaõ Rodrigues ·
1~do Defemba:fgo .do dito Senhor Rey , as .quaees per
elles forom viíl:as, e exa.minadas, e em algumas par-
l1tes reformadas .pelo. rriodo, que fe_fegue.
\: 2 Tooo o pode-rio , e conforvaçoin da Republica
... pmcede princjpalmente .da raiz , .e v:it;tude de duas
,JZoufas , a faber , Armas ., e Leyx ; e per vigor dellas
·~mbas jumÚmente o Imperio Romaano foi nos tem-
. 11pos pafiàdos antre todalas Naçooés triunfante , e ferá
-com a gr.aça de DEOS ao diante fempre antepofto ;
. .-e per<;> que eíl:as coufas ambas jul'l:tamente fejam em :fi
•muit0 virtuofas., e de _grande valor ,, feendo porem
.. ambas apartadas húa da outra , nom podem autoal-
..mente durar per longo te.rnpo, pola grande, e cafi_in-
l dividua afeiçom , que antre ellas he ; a qual per ne-
1~ ceffidade de grande indigencia he taõ .conjunta antre
•. ellas, que neceífariamente faz huma confeguir a c;m-
. , tra , e efto fe vee claramente per evidente efperien-
r:cia : ca º·eíl:ado fy1illitar per bem da jufüça l!e collo-
1: A 2 , ca-
+
eado em boom affeffego, e a jufÜça per defendimen-
to das Armas lie confervada e'1t1 "feu ver:dadeiro feer ,.
é trazida a fim de bpa eixecuçorn : e por tanto confi-
. rando .os Emperadores o grande louvor, qU& o Efta_,
do Real confeg~e per bem da jufüça ,: diíforom: nas:
fuas Irnperiaaés compilaçooês, que norn he achada
antre todalas virtudes alguma taõ louvada, nem de
ta5 grande preço como a jufüça ; poi:que ella foo be
a que tolhe rodo peccado, e-maldade, e ainda con-1
fer-va cada huú em fou verdadeiro feer , dándo-1he ci
que feu he direitamente ; e conhecida coufa ftá , que '
,·ci p~focipal'bem , que fe re.quere pera miniftr~r jufü~
ça, affi he fabedoria, porque (cripto. he 1 que per ellà
regnam os Reyx, e fom Poderofos pera oufadamente
éom louvor, ; é eixalçamento do feu Ri::al Eftado re,7 ·
ger, e mini'íl:rar Juftiçà; e por efto fe diz, que fe po.o
de com juíl:a razorn dher, que bem av.e~turada he a
Terra , onde ha Rey Sabedor , p0rque a Sabedorià
o enfina como fojugue os apetitas mc:_ntaaes, e car-
naaes deíejos a jugo da razom , pera direitamente re-
ger fe;:u Regno , e Senhorio , e manteer feu Povoo em
direito, e jufiiça ;- em a qual Sabedoria fe requere ne-
ceffariamente- pera boo regimento do Regno a ver co-
nhecimento ~as Leyx PolitiCas, e pofitivas, que as
gentes funda~~s em r.azom natural antre fi ftabelece-
rom pera boa, e direita. difpofiç~m dos negocios uma-
nos , e cafos emergentes em cada huú dia·;· e por cdfo
differm:n qs Sabedôre_s·, que as. Leyx certas funda.das
em,
5
em juíl:a rafam enformaõ o Rey, como direitamente
poífa julgar , e comprir geeralmente juftiça ; e quan-
do pela graça do Nofio Senhor DEOS , na Peífoa do
Rey taaes virtudes concorrem , -eUe he feito aquelle
Rey jufto, e virtuofo ,,de que falfarom os Saibas anti-
gos, e differom, que fe. o Rey jufto eftever aífeentado
em feu· Alto Trono- pera fazer. juftiça , nom lhe po·
derá empeceer ne~húa coufa contraira·; e efto fe pro-
va ainda pela difl:inçom, que os Doutores. fezerom á
Ley, a qual nos enfina, que a eHa convem todollos
homeés. obedeecer por muitas defvairadas razoo.és, e
efpecialmente, porque toda a Ley he huma inven-.
çom , e dom de DEOS , he enfinança de todollos fa-
bedores, correiçom de todolos malfeitores volurnpta-
riofos comafpeito, e reguardamento c,ômunal do Reg-
no, ou Cidade, ande he ftabelecida, fegundo a qual.
todos·* aquel1€s (a) *·, que em aquelle *lugar (b) *',
Regno, ou Cidade forri, convem de viver. E pero
que -o Rey tenha principalmente o Regimento da:
e
.M aaõ de DEOS , e affi como feu Vigairo , Logo... .
teen-t e, feja abfolto da obfervancia de toda Ley uma..
na, e efto nõ embargante, por feer creatura ·raciona-
. vel-, e fobjuguada aa r.azom natural, fe one:íl:a , e fo-
mete fob goYernança, , e mandam<mto del:la-, affi CE>-
'mo coufa fanta, qt1e manda-, e hordena as coufas juf-
tas , e defende as coufas contra,irns. Ainda fe prova
efto per atithorida.de de Ley Imperial • bonde fe lee·,.
que·
(R) Falta. M. (ó) ~~ lta M,

....
6
que no começo da povoraçom dos Romaaõs come-
çou o Povoo a fe reger fem nenibtía certa Ley, e def-
pois pér tempo lhe conveeo pera boo regimento da
terr;r, eftabelecerem algúas Leyx ~ as quaes forom ro-
-tas , e quebrantadas quando Rey Turquino foi depof...
to do Regime1~to da Cidade de Roma , e per bem do
falecimentc:>'dellas o Povoo Romaão viveo longo tem-
·Pº fem certa Ley, honcle per grande indigencia della
foi-lhe ncceífaria coufa aver outras de novo, as quaees
·mandou requerer aos Gregos fentindq, que fem ellas.
fe nom podia direitamente reger , ca nom menos p~­
.rece poder bem regido feer ho Povoo fem Ley , que
' º corpo fe~ alma.
3 PoR TANTO Nos Dom Affonfo Rey de Portugal,
.e do Algarve , e Senhor de Cepta confirando , como
.o s vertuofos Reyx , que foram deftes Regnos , de que
.Nos. defcendemos, cujas almas DEOS haja em fua
1fanta Gloria, ftabeleceraõ, e hordenarnm muitas Leyx
1
por boõ -Regimento de feu Povoo , as quaees pare-
.cem _feer .muito defufas , em algúa parte duvidozas ,
-e em outra contrúras húas aas outras; e porque Nof-
.fa teençom , e defejo he com a Graça do Mui Alto
Senhor DEOS, em quanto bem podérmos, tolher
Sempre todallas duvidas, e occaziooes, per que as de-
.mandas nom poífam feer perlodguadas , e ainda ãar
1
certa forma, e doutrina, per que ligeiramente.poífam
feer trazidas a boõ j uiw , e breve terminaçom o mais
fem cufta :das partes , que rafoadamente feer poífa.
A cor-
7
Acordamos per acordo· dos do No:ífo _Confelho fazer
huma geeral compilaçom dellas ' tirando algumas ,.
que nos pareceo fobejas, e fem proveito, e outras de-
clarando , e accrefcentando , e interpretando , fegun-
do per direito , e bôa razom achamos , que o deviao
feer, emmendando, e fazendo outras de novo, fegun-
do nos bem pafeceô' que a uzança da terra' e pratica
das gentes defeja : E porque obra bôa, e bem feita fe
nom .pode fazer fem efpecial Graça do Noífo Senhor
DÉOS, humildofamente pedirnos aa fua Clemencia, _
e Piedade , que nola outorgue , pera trazermos efta.
obra.a devida firri por ferviço íeu , e bôo regimento
de noffos fobditos , e todallas outràs peífoas , que per
Noífa Authoridade hajam de feer julgadas ; e porque
antre todallas creaturas, que DEOS fez, ftremou por
mais nobre, e.digna de bem a peífoa do homem, fa-
zendo-a foomente aa fua fimildoõ , e fobjugando aos
feus pees todalas outras creaturas ; e obras e fuas
rnaãos ; convit1havel coufa nos pareceo , que em co-
meço dê Noífa obra ajamos primeiramente de formar ·
·alguns titulas apropri~dos á fu~ peífoa ,,ef.ee.cialrnea-.
1te daqu.el!es , que primeiramente teem carreguo d~ ·
·reger , e miniRrar jufl:iça em N.oífa Corte , fem as.
quaees as Leyx feitas pouco *·apr.oveitariaõ (a)*, por-
que coufa conhecida he ,. que toda a principal virtu-
de das Leyx eftá na boa.pratica, e eixecuçom çiellas ;;
por tanto acoíl:umarorn íempre os Reyx, e Princepes .
da.
-------~-----....--.
'"{apaprovciçarom lrl. .
8 LIVRO PRIMl!IRO TITULO PRIMEIRO

da. terra fazer feus Officiaaes da Juíl:iça, homeés Le-


terados, Sabedores, e Virtuofos, por tal, que per feu
boõ, e virtuofo entender as poíf<l,m ligeiramente tra-
zer a boa pratica , e real eixecuçom em todo cafo
que lhes feja req11erido. · . __

----------·------------;-----------
TITULO I.

Do Regedor , e Governador da Gafa da Juf-


tiça em a Corte d' E!Rey.

·Q MAIOR, e mais principal Officio da Juíl:iça


em a Noffa Corte he teer o Regimento , e Go..
vernança da Cafa , honde fe ella governa ; e aquel ,
que o dito Officio tever , -antre as outras coufas , lhe
convem efpecialmente faber per continuada enforma-
çom de como os Noffos Officiaaes , que pera aminif-
traçom della fom deputados , vivem, e de fi uzam ,
affi em receberem das partes alguús dinh~iros , como
cm ferem negrigentes, e remiffos em feus defembav-
guos, e quaeefquer outros falecimentos , pêrque Teus
Officios affi ácerca do Noffo Senhor DEOS, como de
.Nós non fejam bem fervidos ; e quando elle for em
conhecimento de tal coufa per enformaçom, que del-
lo aja~ ou per fama, que ouça, Mandamos, que cha ..
me effe Official, de que tal enformaçom ouve, e apar-
tadamente entre íi, e elle o amoefte J que fe guarde
da-
Do RirGEDOR, E "GovERNADoR, ETC. - '

daquelle rnaáo viver, de que affi he enfamado, e con-


fire como per bem de noffo Officio he honrado, e pre-
zado antre os boõs, e aalem de todo ha dG Nos rafo1~
do mantimento continuadam ente , per que mantem
maior ftado, do que elle poderia manteer, avendo de
vi ver per feu· patrimoni-0 , e outras alguãs razooés ;
• que lhe pera efto bem parecerem : e nom fe qµeren-
do caíl:iguar por aquella primeira vez, deve-lho adi-
zer outra vez em prefença dos outros Officiaaes de fe-
melhante Officio, pol'que receba ainda rnaio1=-rerg01~­
ça , e empacho de fuas minguas , e fallecimentos : e
rnntinuando d'hi em diente em feu maao propofito ,-
cntom o d.eve de dizer a Nos , pera com f~u bôo Con-
felho o depoermos do Officio , que defmereceo , por
feu maao viver, e poennos outro em feu loguo , que
melhor ferva por ~os ao diante, ou lhe darmos outra
pena , fegundo· a c~lpa , em que for ; e femelhante
maneira deve teer çàm aquelle, a que fentír que bem
vive, e ufa de feü Officio, louvando-o, e honrando- o J
muito antre os outros a miude , e ainda o deve noti-
ficar a Nós, pera lhe.fazermos femelhante honra, e
-accrefcentamento anfre os outros de feu fiado , e ·p or
tal , que a mercee, e aa vantagem , que affi fi ze rmos
ao boõ por [uas virtudes , e bondades, e desfazimen-
to ao nom bôo por fuas culpas, feja eixem_plo aos ou-
tros pera fe encam inharem a bem viver , e fe quita-
rem de feus rn ~áos coítumes ; e o que affi for Rege--
Liv. l. .. B dor ~
'
~D LrvR.o PRIMEIRO, TrTµto PRIMEIRO '·

do~·, e Govern.ador da c_!ita Cafa ~eparti"rá todollos Def...,'1


en:lba.rgadõ't es , que em ella andaõ, ou ~o dian~e an-
darem em duaJ> Mêfas , as ·quaees mandará poer em·,
·duas .Cafas ; g_ue·elle pera eíl:o ailig1}ar ; a faber , em
.huma mais principa~ del'las eíl:ara elle com os Douto...
Tf S.• e os pefemb.argadores do Paaço, e .o Juiz elos -
noffos Feiws, .e o noffo~ Procurado( , e cites D éfem-'.
b~rgadores todos j~ritos Gefembargua_1:om em cad~ • '·
:hum dia _eer "'- fia gujfa. , a fabé'r, o·Juiz dos noffo.$
.feitos defemôa1:gará" áa fogunda, e ~a terçaj"e áa quar-1
a todõllos Feitós.-, e. Eíl:r~mentos ·, e petiçoens, que a )
feL'! Offic.~o pert,cencê ; e áa quinta .feira defem.barga...i
rom 'os De(c;ml?argadores ,do Paaç? todalas petiçooés ~
que ·a feu D $ cio per.t~enc~, aíl_i .dií-eitas , Como gra:....
çiof~s p~r os' rcioles ,.é .lnqtJiriçooés devaffas, que pe1'
" ··l).Oifas CaftaS~•VÍere~.a~ Co; te fÓbre as mortes, ou Ol:l..,j
tros qifos· ~ . de que alguús omifiàdos pe~ -fupric.a'Ço.m ~
peçam perdoin, .e de(embargo; e aa fef{a feira man""1
sJar~ defembargar em a dita Mêfa , 'em que elle efte.•
ver ·; 0s·. (eit_o.s,-cürne~ ~ que óbrigaõ. a morte, que fom ".
pera co)1da'p~açqi;n· "o~ çt ua~es hordena,mos f eerem_de..
fernbargad_d's.,per tpd_os_;.o~:De(ei;nbargador~s- em a:·dita:
e
M êfa ; ao.fabb; d© def~~11bargamm os dito~-Defr~~
pargad~res todolJos feitos dos .aggravos ., .que a eUes
vierêm do Çorregedor da Cor!(.e ,"ou ·d0s. fob1;_e-jui~es .,. .
ou de quaeetqoer oup:os Officiaaes , qut ' ª' ~lles · ve...: ·
~)1~õ pe~. ia de Su.P,ricaç;oll).,Ou Cõmiífoiri, qué lhes:
:" .
,· . . . ',. ' ·-pex
~- .

,.~
Do RtGEDoR, E ·GovERNADOll, ETC. II

-,per Nos feja feita (.a), ajam de feer trázidos, e defern- •


ba:rgados em RolaÇom; por que feendo ambos em a-
' cordo, devem (eguir as Hordenaçooés·fobre ,~fio fei-
tas, frgundo q~e fe ao diante mofüará.
·I I TE~. Na outrâ Mêfa fe apártarom o Correge:..
dor da Corte,· e os Ouvidores, e algúa ºl!tra peffoa .
d'autoridade' , gue;deputaremÓs p.~ra cmr.n elks eíl.:a-'
rem na dita Mêfa, os quaees todos feis averam de def-
emb~rgar todollos feitos crimes , affi os que perteen-'
'cerem ao Officio da Correiçom , .corno os qtie\ i em • 1

"per àppellaçom aos ditÓs Ouvidores; e ainda ha d'ef-


tar coin elles o Procurador da Júíl:iça aquelles dias •
em que o Juiz dos noffos Feitos (b) ha de
dcfempar.-
,.gar ; · e eftes D<fembarguadores ~raõ ce~tos dias re-
·partidos, em que ca~a huú a:veriCde defe·mbargar to-
. :dallas coufas, qtle a feu·Officio perteencem, a faber.,
'ºCorregedor defembargará todallas coufa~ de feu Of.:.
,ficio, a!Ji feitos crimes, como petiçooês, e eftorm_en-
'

. ·t os áa quarta feira, e áa fefta, e os outros Oúvidores,


e
e Deíembarguador~s aa fegunda, aa terça, e aa quin-
ta , e o que tever carrego de defembarguar os feito.s ·
idos Refidoos , defernba1;gará todollos feitos d~s Reíi-
. .doos, que a 'elle vierem per appellaçom, ou per No(:.
fa Corniffo'kn ao fabbado ; e feitos , Civys nom defern- '
.bargarom em Rolaçom, falvo per Noffo mandado ef-
·peCial, por fe' noi:n tolher aggiavo delles pera os Def-.
1• r ·B 2 em-
(a) quando os feitos forem cm tal diípofiço111;, fegundo a H.ordenaçom jlCl" nó~
i;@re ollo feita S, (b) 11om
• ..

12 Lrvrto Plu~n:.rRo Tnu-Lo PRIMEii,to

• .embargadores, que pera ~llo 'fom deputados._ Os fei:..


tos Crimqs , , que em Rolaçorn '.forem.. de(embargua-·
d(/..s, fe~a.õ relatados , prefente as partes , ou feus Pro-
~curado1:e·s, e leudas t0daÜas inquiriç@o~s, e C~rtas, e
Stormentos , e ?cripturas , que aos feitOSJ)Crteence..
re!n , e per as ditas partes forem allegadas· , e fejarn
leudas todas;· prefent?e os ditos Offieiaae~ · , ; que pera
taaes d,efembargos fom deputados, c'omo.dito he, por
tal que nenhuú dos ditos Defembargadores noin· pof- '
'· fa: defpois ..allegar_ignorancia . á cerc.a do contheud0
1.. rlós ditos procefios ; ..e fe as t~ftemunhas forem mu~­
tas ,, l'eam-fÇ aquellas , que forem neçdfarias perà bô<;\
enforma.çoÍn do. feito. · ,
,, ' .2 E s~ argua ~~s. partes ou ver fufpeiÇom a ~Iguií
d9s Officiaaes· ao, tem'p o 'qt{e f~ os feitos ouverc;n ·de
defemb~rguar na Rolaçom ~ fe fentir aggravo d~ cada
huf:i dell~s, fará deUó ' enfor~~çom .a ~lle , como R~-.
_ gedor Nolfo , e eUe com acordo dos <li.tos .D efe,mbar-
gadores,
- -.
que foin affimidos
... .
p~ra com elle/. eh:a:r, ave--
.
.rá, e defembargará corno achar pei" direito ; e fegun-
do que per elle C?m a rnaior7parte. d~s ditos Def~mbar7
gadores fcir acordei.do) affi o mandará cumprir;. peJJ e
'·' fernelhante modo~fará quando. fe alguú aggÍ-ava.r do.
Çhanceller' d'alguú defúnharguo, que. per fi foo dér ,.
. I . ' ' .
affi fobre fúfpejçpm , como qualquer ou.tro defem-

.
bargo , que per e!le fod forLdefembarguado, e elle· fa-
rá .vir ·em cada huú dia todoll~s ditos Defembargua-
' . ' ..,
çlor~s ~. e Qffici~a_és <1,as M~fas , l?era quG faõ d~put,a-.
\

(los .~.-

/
,J

Do REGEDOR, E GovERNADOR, ETC'. 13

dos, pera a verem de .Jmfar, e continuai feu$ defem~


bargos , fegundo a maneira fufodita. ·
3 E SE os ditos Defembargúadores aili de huúa
Mêfa , como da outra, forem defacordados , ou em
defvairadas Teençooês em os feitos, que fe perante el-
les trautarem ,-aquella Tençom, em que for a maior ..
parte delles na dita Mêfa, feja cumprida ; e fe acon·-
tecer, que fejam tantos d'húa parte,. como da outra·,,
em tal .cafo fará juntar todollos Defembarguadores
das Mêfas ambas, e aquella Teençom, que éiceder a
mitra em vozes, feja cumprida·, e eixecutada, e feen-;..
do as vozes iguaaes , entorn aquella parte , ,1 que fe
acoíl:ar , ou efcolher o Prefidente , prevaleça naquel-
las coufas, e cafos, que com elle fe ós podem fcer
.deíembarguados : e' nos outros cafos, q~e fem nós
nom podem fe~ defembargados, quer fejam as . vozes,
iguaaes, quer excedam húas ás out1:as, o faça faber a:
Nós, para veermos a c ufa, quejanda he , e darmos hi.
defembargo como acharmos, que he direito, e Noífa·
e
mercee for; fe elle vir ·em cada húa das ditas Mêfas..
alguús feitos grandes, e arduus , e graves , * e de gra-
ves (a) *· maleficios, ou fenta .que ha em elles taaes :
duvidas , que lhe pareça, que deve juntar todollos .
Defembarguadores d'ambalas Mêfas , ou parte dei- .
les, (b) que elle enq:nder que fom pera os ditos feitos
mais fem fufpeita, faça'""os juntar, e com elles defem- .

__
b~rgue os ditos feitos ,_e e.íl:Q faça .aili nos_ feitos No1-
fos , .
~- -~-,___...,

(~). ou de grandes S . (ó) ª'luellq S.• .


1.4 Lrvrto PRIME·IRO TquLo PLüMEIRO

fos , tomo nos feitos Crimes,_ou em alguús outros fei..._


t<;>s Ci·vys , que perante elks ândai:ern , ou lhes forem
~cometidos per Nós, que fe livrem•em Relaço.m; e fe
.acontecer , que ªlguús dos- qitos Defem_barguadores
' nom t~nhaõ que defembargar de feu Qfficio a6s dias,
que lhes forn ailinados , fegµndo a hordenança fufo-
dita, ·mandará a cada h~~ qos ditos Officiaaes, e I>ef-
embarguadores,. que defembarguern em feus Officios,
poílo que o dia nom feja feu em t~l guifa,que os'Dcf-
embarguadores , nora fejam vago§ , n,e m ouc10fos -, e .
os ditos defemqargos nom fejam mais perlongados.
·~ ·.E_sE alguú dos Defembargado~es .'.> e Officiaei
principaes for ~rµfente;, ou negociado .em tal guifa ,
que nom vaa Rolaçom , pera qué ~e deputado,
mandará lii pqer em 'reu loguo .huu da .outra Mêfa ,
.que pera cllo 'feja mais autó, ._e perteençente Cffi'tal
gi,aifa , que as Mêfas fejam fempr,e fornecidas , e· per
mingoa dos principaaes Defi;mbarguaélores os defem-
~. ~
bargos nom feJam çletheudos; e acontecendo que dos-
'

principaaes Defembarguadores faleçam tantos, ·q_ue as


,Mêfas a11.1bas ra!oadaiJlente delles naõ po!fam feer
fornecida; , em tal ceifo mandará , que todollos De-
fembarg-a>dores, aífr.d'húa Mefa , como da outra, , fe
juntem co~ elle em hua Mefa pera tódos juntamente .
defembarg~arem., affi com.o antes ~ deíl:a repartiço~
defembarguava!ll ~ f e por~m (a) lhe Manda-m os? que __
faça todo .cJl:o cumprir,; e guardar, como per Nós. hQ
or-
Do CHANCEL:LER Moo~.

ordenado , por quanto affi he No!fa fu@rcee de fe fa-


zer, -poh·entendermos affi por ferviço de DEOS, e.
bém. de Noffa Juíl:iça.

T l TU LO II.

Do Chanceller M oor.

O,- '
CHANCELÍ.ER he o fegundo ~~~io. de Noffa Cà~­
fa daquellcs .,. que teem Officio de Puridade; ca~_
-
serriaíli como o Capellam hé mediàneiro antre DEOS,,
e Nós em feito de No:ffa alma, bem affi ho'he oChan ..._
celler antre Nós-, e os home~s , quanto he em as cou-
ras temporaaes, e efto he -,,porque todalas coufa,s > que-
Nós livramos per cartas. -e m ,qüalque-r maneira, que
aj~m de fer feitas , con.firando elle as deve a veer ante
qú~ as feélle' ,,por guardar que nom fejam dadas con-
tra 9ireito de maneira , ·que· -eHe_receba dapno , nem.
vergonha ; e fe achar J que hi ha alguma J que noin', -
fóffe feita , c0mo de-via , deve-a * derifcar. (a) * com;
pena f que dizeI? em latim canceflare- ,_ e defta pala-.
vra tornou I'tome o Chan!j'. allêr, e efto deve 'ãffi fazer, ,
.quando ·cartas forem 'ãfilgnadas pelos Defernbarga-.
·dores, que quando as. Cartas forem affina.das per Nós,. -
nom as deve grafar , n€ car1cellar, mais deve-as de-
trnzer a Nós- pe~a_- nos dizer as duvidas., ,que em ellas.

__,__ ___s"-
(~) r~acar.
----------~~-.--. --
tem .

r6 LrvRo ParMEIRO TrruLo SEGUNDO

teri11. E Nós devemos catar tal homem pera eíl:e Offi-


cio , que feja·de boa linJ-iagem , e haja bôo fifo natu-
.. ral ' e que íeja bem razoado ' e-de' boõs coíl:umes ' e·
" de. bõa memoria , e·faiba bem iéer-, e·efcrepver tam-
berr'l ·em latim'· como em li11goagê, e f-Obre todo ·efto
[eja homem, que ame a Nós, efaiba conhecer ho er-
ro ' fe .o fezer ' ·'per que merece d 'a ver pena ; ca fe
for cfr boa linhagem -, a vera fempre yergonça de fazer
,; càtifa", qu~ · Ihe eíl:-ê mal, e íe ou ver bôo fifo, faberá
bem guardar as Noffas Puridades, e:;. fofrer bo~ andan-
(a ; e bem razoado ha meíl:er que feja , .ca pois que ha
de feer media1:i.eiro antre Nós. , e a Noífa gente , mui--
- to conveio, que per fua palavra gaanh.e amig9s , mof-
trando-lhes como faibam agradecer 9 bem, que lhes
Nós f~zérmos ; e quando lhes algum:i. Carta der, de·
ve de póer razo}D ·a e jufüça, que lh.es faça entender,
qtle o fazemos com direito, e .de boa maneira ; e ha
rnefter , que fej <J. de boa memoria , por fe acordar das
Cartas , que rever em guarda. Outro-fi das que man-
dar fazer , que noín, fej::p:n huãs contra as outras:, e fe
a ~orde das pa.Ja~ras > que lhe mandarmos dizer aos
'1eirneês, e qas que lhe tornarê a dizer: e de boos cof.
tun1es , e apófl:os deve feer , por {]_Ue faiba bem re-·
ceber os·que vierem pera elle, e honrar aqm•e lugar,
. gtle tem > aili que as ca;tas > que mandar fazer .
jam ditadas, e efcritas bem , e apoftadamente ; e ou-
> fe_ .

tro fi as que nos enviar{':m, que as faiba bem enten-:-


d~r; e amar' clev.,e naturalmente .ª Nós~ e ;i, Noífo Ef-
ta ...
Po CHANCELLER•MooR. 17
ta do , ca fe o affi no~ fizeífe , no!J.l poderia bem fcr..;.
:vir , e aguardar na~ coufas, que ditas fom ; e fe for
tal, a que Nós poífamos dar pena, quando fezer P,Or-
que, guardar-fe-a de fazer coufa, perque haja de -ca-
hir em, ella: e quando Nós ouvermos tal homem ·pe""
ra eíl:e Officio, amaloe-mos muito, e fiarnos-emos em
, elle, e farlhe-emos muitp bem, e honra~ .e quando o
em erro de feu Officio acharmos, dar'."lhe-eí:nos pe1'.1a
fegundo o erro :, que fezér. ,r.
1 O CHANCELL,ER Moor veerá t~dallas Cartas ,
1que ou ver de (eellar , éom boa diligencia, affi as dy
graça , · <:01~0 as direitas ,, e fe achar algÍía de graça ,
·tq ue feja contra Noífos .dir.eitos _, ou contra o·Povoo ;
ou contra a·Çlere~a' ou contra 'a_lgúa peífoa) que lhe
(tolha ,.ou faça perder feu direito, nom a· deve da.f eel- ,
,lar, ataa que faUe corp nofco, ou com aquelles , que
Nós or~ena1~mos pera femelhantes duvidas. cletermi-.
nar, quando form~s aufente; e as Carta•s , perque Nós
..damos do Noífo, nom ~s feelle, , falvo fe primeira-
mente fon~m r€g'iíhulas na Fa'.?enda pelo Efcripvaõ ·,
sue i-ra ello he affinado, e as Nós livrarmos per em-
.menta: e efto nõ fe entenda nas Cartas ~ da.s Moradias
,(a_)*, veftires ~ e mantimentos dos ·Officios , as·quaes
•cnom devem• de. vir ,a emmenta; e nom afieelle as Car-
,tas da Juftiça, falvo fe forem em forma direita, a fa-
ber, prefent€s partes , e ,c()m falva,, ou forem dadas
per füo~ento, qúé fo1Te _to~ado na terra, perante os
Liv. 1. - " ·' , - C · ' Jui~ .
-------~-- ---~·-----
Ã") dos maravedis
I8 LIVRO PRIMtIRO TITULO SEGUNDO-

Juize~, ·de que;. (~ a. pahe diífer aggra vada ,, ~ô foa re-P


· p9fta, fegundo per Nós he ·o'.r denado de fe darem fé-
fnelhànte's Cartas; e fe fàr duvi:da ai:1.tre o Chanceller ;
qs
é DeTembarguadores fobre a'l guma Cartçi. , leve.•a o
Peféinbargador , perque paífou ~ áa Ro1a·ç om , ·onde
éftçverem os Pefembargrnfdóres , e pera:n te •o Ch.an.-.
teller com ·a'Cor'do '. dos peférriba'rga<.1br~s-, 'que ~e:m eífa
Mefa éfteverem , O(J ·a tna'iôr pa·F.te ·d.eÜes ') fettá a-e -
fei;n barguada ; e fe pela vehtili-r-ã. 'e.ffes De'fembar-gua:.1
~ofes fore1l) ein defvairadas 'teehyoei:!s , é tat'l.fos a hu-
.in'\ ·pa;:te ,,como aa otffra , eiuóm fa.Çà o Regedor· (;}~)
Cafa 'juntar toddllos Defémbargliéú'.lol'és a:ffim d'um-a
.Mêfa., coin0. da outra .,:e aqueÜ€>, qtié- peJ~ -ma.!'iÓt pa.r-
t e delles for àcordac~fo , faç~ páffar , 'e a.:ifee11a-r.
2 ás
E TAN"to que Ca'ita:s fo.re.m feelJada·s ,.e pof.-
tas no 'Saco, çarre;-o mu.i b~m , ·e ·aUe~lle, e affi betn
ferra,c;lo ~ e a~eilado levc:-o o Párteiro ao Ef<rripvaÕ·/ é
~ecebedon quand~ fe oúverem de faar ~s âitasü1rtas.'
3 O CHANCELLER Moor cometerá· os feitàs , em'
que os Defe~barguadores, ·e üfficiaàds rfüi. C~fte .fó~
tem. fufpeito.s, quando as füfp~i:çooés a·elle 'v~rem -~
é,_9s elle ou ver fufpeitos , mande 'fazer a càmiífoi:n à
~aaes peífoa~ , que fejam fem fofpeita , 'fabendo 'pri:.·
)neiran:iente das partes' fe ·ham por"fúfpeitos aqlielles,
~ que o.s feitos per e11e tõmetiâas forem , fazehdo-ó,
fempre o mais a prazer das partes, que bem poder
fazer "e eíl:o ~ará aíli ,quando ouvér de fazer comiífom
J!or beqi, ·da. (qf~eiÇ,om' pofilil a~ Défembargador, que ·
' .
l.lQ.
Do CHANCELLER MooR.
1 10 cafo, onde fe houver de fazer a cõmiífom de nÕ-
1vo • nom procedendo a fufpeiçom , •ou onde he pofra
fofpeiçom na Rolaçom do feito prefonte o Prefi.den-
te,, ou Cofregeçlor , deve cometer taaes feitos a quem
rlhe bem parecer, que fofpeito nom feja.
r 4 O CHANCELLER dará eftes defombargos ,e Car-
tas , que fe feguem ; primeiramente as Ca.rtas das ai.. .
prefentaçooes das Igrejas a aquelles, que per Nós a
elias forem aprefontados. .. .
5 l TEM. As Cartas dos Taballiaães afti geeraaes,
ícomo efpecía~es das Cidades, e Villas n·otavees,, a fa>:'
·ber, San~arem, Beja, Elvas-, 'favilla, Leireea, Gui...
rmaraaés, que ou verem . primeir~mente Nofl'a dada,
1que das outras Villas , e terras Chaãs poder~ o Chan...

·celler dar por fi. ·


6 !TEM. As dos Eícripvaães, que fom 'daqos aos
Tab'!.lliaães per mercee que Nós queremos fazer.
/. , 7 1TEM. As dos Efcripvaães aíli na Corte , como
na Cafa do Civil, e de todos os Chancelleres ·, e Ef-
• · " das eorreíçooes
1cnp\laaes .. , e fe alguns taaes ham
,J

'inanti.me11tos Com .os ditos Officios, dar-lhes-haõ m:


Veedores da Fazenda as Cartas do,s mantimentos, e
,· as dos Offiêios lhes dará o ChãceUer.
8 1TEM. As Cartas , perque fe daõ Efcripvaães
;:tos Cha11celleres 1 e Efcripvaães das Correições por
~
· mercees , gue Nós queremos fazer. · .
9 1TEM. Ha de dar todas as. Cartas de Efcripva-
,ni.nhas de todo o Regno, de que Nó~ fazemos mer-
- . . e 2 cee ~
- tivRo PRIMEIRO TITuto SEGUNDO

.çee , COIT) queys Efcripvaãe~ norl-} har:n nofio manti-


mento, ca onde'<Os ~ícripvães harn n1antimento nof-
fq, em_tal "cafo as. Cartas devem paífar 'pelos Veedo~.
,res da Fazenda.
- ' l ~· .

'
· rn
,,
I TEI\f. Os, Tabelliaães , e. Efcripvaães todo~·
' \ .
"
Jrraõ_, de feer examinados pelo Chanceller ; fazendo-os -
·~tcrepver .perante fi ., éfe .vir que .~fcrepven1 berr~ , ~ · ~

Jon1 perteencentes pera os Qfficio~ , ·devern-lhçs dar.


fuàs Carias, ~- éi·~utra guifa. norn. · ' '!'

· ' _ Ir ITEM; . Se alguú: TabaUiaõ renunciar o T~bal­


llado, QU Efcripvaõ Efrripvan.iiiha , com condiçom
.qy·e Nós .q d.emd~. a 9\i_tra certa p~fioa, <;>u eÚe · ní~ef~
lIJº ';fa~fllliaõ , o~ Efcripvaõ. ponha ·feu Offitio em.
certa pe.lfua ,.-nçmt_dará ? Cbanceller Carí:~ em tal' ca,;
··fo. a ~queÚê, em q~e o Officio feja _"poíl:o 'p_rirneiraj .
.~p~nte, ou· requere; que lho dem ; e;.,quando tal 0,ffi;:.
ciá fó! r~·mpresr:n•e reminci~do._ e a Nós aprou~er:.i.',
~ó~ o daremo( á·quém N.9Ifa rnercee JQr, e aify d~rá·
Q Chanç_elle'r dello Ça_ rta. · ' '" · .,
~
12 O C~ANCEí.LER nom darÍ Carta * a nenhui:L
·., ~, • f' ~l ' ' •. ,. )

qe Taballiaclegp (a) *, fal-vo fe eífe, ·a_que de tal Of.,.


. ficiÔ fe'z~-rrnos "m~rcee ; lhe primeiram~pte fe~er é.er-'
to ,-1como 11.e c~fad~_;, e ame que)he a Carta dê., maq_l
,Aa:-lh.~-a . da: rfoffa parte que tragua fempre 1oupas
ff!rpadas, ou de c9ot;és *de (b) ,*. deferéças devifadas ~·
porque ·feendq achados· fem ' taaes roupas, logo per
.. ~ffe me~frpo frito perd~~áõ os Qfncios, qu~_ aíii'teve:
.' ' . ' . ~ .
rem,
(q). nent\uã de Taballia\lo S. (b ) col)l. S,
~ ·~ '
Do CHANCELU:R· MooR. 2I

.rem , e Nós os daremos a outrem , como for Noffa


mercee; péro fe acontecer, que a cada huú delles. fa_
Ieça a molher pér morte, averá d'efpaço pera poder
.cafar huú anno; e nom .cafando atá o dito tempo,
perderá o dito -Officio ; e em durando o dito anno ,
que lhe affi he dado pera poder cafar, poderá tra-z er
quaefquer roupr.s que lhe prouver, fem perder o di-
to Officio : as quaaes couíàs todas fará efpecíficar na
.Çarta do Officio, quando lhe for dado.
13 ITEM. Ha de dar as Cartas pera publicar as
Leteras ,.. que veefll de Corte de Roma, ou de qual-
quer outra parte de fora do Regno , chamando pr.i-
n ieiramente alguús, fe eíl:aõ em poífo dos benefaios,
ou beés ,. fobre que as Car.tas fom gaanhadas, Gu ou-
tras peffoas , contra•que'. as ditas Leteras forem gaa-
phadas , ou emperradas, pera dizerem fe ham em-
bargos a nom ferem as ditas teras pul?licadas ; e
quando a parte he chama<;1a.,.e com ella proceílo or-
denado , embarguando a dita pubricaçom , tal feito
d~ve feer: defemba.rguado em Rolaçom , e o Chan-
celler nom o deve per fi defembargar foo.
I4 ITEM. Ha ' de dar Cartas ~om o trelado dos
Artigos , ou d' outras quaeefquer coufas, que fojam
:r:egiftac;las quando fe pedem fob. fel19 Noffo.
15 ITEM. Dará- Cartas , per: que os Taballiaães
dem ftrome11tos per as Notas ,. prefentes partes , e
<?.o m fal va •.
i6 !TEM. Dará mais Cartas, per que alguús Ef- .
cn-
22 :f.,IVRO c· PiÚMEIRO TITULO SEGUNDO

pipvaães . poffam poer fignaeés- publicos', :e dar ·fe, .


l ,
como., Tabàlliaães , em feu·s üfficios, e e:íl:o faça com · .
N0j.TI.i authorfda;de•, &e.
17 ITEM. Datá Cartas . de, feaurança
b
àos Taba!-
º Jiaães, e. Efcrip:vaães perame fi , qu,ando fom accufa-
dos por r:a; om' de err0s , que faç~·õ e~ (eus Offici~s i..
e d'ot1tra- guifa nom.
· i 8 " ITEM• Dará Cartas· de Encomenda , e guar-

da, que Nós m~ndamos' dar a a.lguãs peífoas hon.ef-..


tas (a) •
, . 19 I TEM. Dará Caitas çl;Officios cle Procuradores
das Aud,i endas N0fias ., e·'d 'ante os Corregedores das '
Cornaroas, e d'ante os Juizes da Terra,. de que per.
Nós for (eita i:nercee prirnéira~1e'nte, fegund<?_ o mo ..
do e ,declaraçom ·per N:ós feit.a nos.-f'aballiaães , os
quaees primdramente per elle fetom 'examinadós ~ fo
fom autos ..rera taaes Officios. ~ ·
20 ITEM. Dará-Cartas, que perteence~ <!O Éíl:u~
do , e aos Lentes·.
2. I. i TEM. Dará Cartas dos -Officios dos Cont~sf9~' '
< '
res das cuftas , e Inquereqores µos Lugáres das Co..:, . ',
marcas, onde per Nós ham ~e foe.r poflos. ,
. . 2. 2 . ITEM. Dará Cai:tas dos' OffiFios dos Porteiros~.
affi da Ç'.hancellaria, como da Rolaçom, como d'ante
o Corregedor da Corte , e Corregedores das .Comar-
- cas , e nom tomará o Ghan.celler, conhe,dn:ieútQ d'ou-'
t ros nenhuús defemparg()s pe.r,aggravo, nem)Ber fim-.
pres
~~--~~
(g ) e' de. bem. S.
.......~~--~--------------
Dos VEÉDORES DA FAZENDA.. 23

pres petiçom, e querendo-fe a1guú aggravar d'aigoús


agg;ravos, que lhe fejam feitos , deve-fe d 'aggravar
aos. Oefembargadores > e Officiaaes , a .que.: de taae,il ,
âggra vos pener.icer o conhec-imem0•

..........----·-------------------~ ·
TITULO JII.

Dos Veedores da Fazenda.

O.. . s.~E'EDOR-ES da ~offa Fazenda devem feer 'bem;


, d1hgençes, e. av1fad0s em ·requer , e arrecad<rr.
!fils 'No'ífos Direitos ,;e rendas do Regno, ·e tirar as Ju-.
'gadas ,.e F.0ros ,"e fazer boõs ·empra<zarnenros , e ar...
itendarnentos ·das Herclades, e Caías , .e Foros'. .que a>
Nós J>~rteencem , mand>an:do recado aos Almoxarifes, .
e Contadores, e autros , que •Noifos -Gfficiaaes·-pera;
•eft0 foro, como ajam de fazer •.
I ÜUTRo s1 Mandamos a eífes Almo::x:arifes ~ e
Contadores, que fafuam -per inquiriçom .cer:tá fe·al- -
guús. dir.eítos , ou herdades Noffas teen1 enalbeadas., .
•ou d\!·que t1os neguem .Noffas faros, ,e ·direitos, e.que ·
.lhes cmy;iem de totlo -ce:r to·recado, . p.era .. o-. elles vee- _.
'r.e m , e fazei:em -0 .q.ue acharem por.Koff.o ferviç9 .; .<!! :
qua·nd'O:.acha.r em coufa.fobnegada, ou maL* empara-.
da (a) * ou corregiàa, fazela-haõ correger., ou .daT .as :
enfo.trrraçooés que deilo ouverem , :ao Noffo Procu- -
-ra.-. .
2.iJ- LIVRO PRIMEIRO TITULO TERCEIRO

rador, e ao Juiz dos Noflos Feitos, pera haverem de


p ro.ceder .em ello , íegundo. emender.e m por Noífo
ferv~ço, ·e acharem po.r direito,.
2 ITEM. Poderão conhecer dos feitos das Noffas ··
Sifas .em todo cazo, ainda que feja antre partes , e fe
.de taaes feitos em alguú tempo ·re poffa feg1:1ir alguú
prejuízo a Nós , ou a Nofios Direitos,; e efio per au-
çaõ nova, onde Nós eftivermos, e onde Nós · nom
.eíl:ivermos, conhecerom ·os Juízes das Sifas, que per
Nós fom deputados nas Villas_, ~Lugares de Noffos
~egnos , pera de taaes feitos conhecerem , e delle1;
Nyram as ap ellaçoões aos Noffos Veedores. ..
3 E AINDA bs.ditos Veedores devem feer 15e1n
piligentes em defembarguar as p.e tiçoões, e.as outras
çoufas , que a feu Officio perteencé , .que elles fem
Nos podem defe.mbargar; e as.outras coufas, que fo.
_r.em de mercee ~ ponhaô-nas em rool , e levem-nas a
Nós , pera as com nofco defembarguar , como for N of...
fa merece.
4 ITE_M. Os ditos ·Veed~res da Fazenda darom
eftas Cartas, .~ defembargos', que fe feguem ; primei-
ramente darom., e livrarorn -tódas as Cartas, per que
Nós Mandamos fazer mercee a alguú de qualquer
coufa, que feja do Noffo a ver, ou a elle for d.e vido,
ou lhe perteencer geeralmente per qualquer guifa
que feja.
5 lnM. Todas as Cartas dos oíljios, que na5_
fom da Juíl:iça, e haõ d'aver mantimento os Noffos
Direitos, ' h !TE~-· '

' '.

Dos VÉEDÓREs DA FAZENDA. 25


6, ITEM. As Cartas pera recadar ,. ou defpender os
frui tos, e rendas do; ·Regueengos, e -Jugadas , e H er-
dades " e Cafas, e todos o~ out:ros Direitos Reaaes.. , e
Rendas ]';J"offas,.
7 lT!lM. · cart~s de repoíl:.~s, e l\ifandados, e qual-
quer arniniíl:raçom de be.és ~ e aver N ~ffo. , . ·~
8 hEM. Cartas pera baftecer L}..lmazees , e baíl:i..
mentas dos N ofi9s Cafl:ellos·.
· 9 ITEM. Cartas ptmi. quitai: Dizimas, e rta.-
gees, ou qualquer outro tribu~o • que peqeença a.o·
a ver Noffo.
IO hE~. Ç~rtas pera fazer obra.s, e l~vores .N'of-
fos-;
I i '1TEM.· Cartas , quê perteençaõ aas rendas , çi
Re!ideiros ·dos ·Noffos Direitos.: .
I 2 'l TEM. Cartas d'efpaço das Noffas divfdas.
. . ~

I 3 1TEM. Cártas de licença aos Mouros, q1:1e que-


r.em ir per~ além :mar. clq.ndo :fiadores·, como he do
coftume.
.. 14 ITEM • .Qe_ erahpente todas as Ca.rtas , qué tan-
ge .a dinheiros , ou à b~és, ou a ·çoufas , que aos beés ·• ·
Noífos pem;encem.
15 ITEM. Cartas • de Aforamentos, e Empraza..
'# ~

m eritos ·cta~ Cafas , e Herdades Nofiàs.

Liv. J. T I....


Liv·Ro PRIMEIRO Tnuto ~ARTO _
liílT
--"'""""------~~-·""'"'_,, __________ ~
.
,.; "'\

- •"' '
;. .T ·I. T U L .O ~III. .·
..
. ,Dof Dejembargadoret do"Paafº· .

M ANbo19s , q~e ,dous Defei::ibarg;adores dé~e1


Officio, que em ·a Noffa Corte andarem , li-,
yrem t.odas as petiçoões ; ·~1íf1 de ·graça , CQl'I)o direi.;'
'~as, o~-'.foitos , -e aggi-avo~, que a elles. ~ierem per
fupi;,ic~ç:om ,.ou. per comiífo1'? efpecial, pera os qu.aees~
I:hes daremos huú terceiro, que os aju.de a liyrar, pe~
ra fe com elles 'êoncqrdar , qua'ndo ambos forem d~f­
acor~ados ; nos quaees feitos, ;e .aggravos daro~ li..;.'.
. v ni m~nto per efta guifa , a faber , fe o feito for fen
tenciad'ü per os fobre-J1úzes da .Cafa do Civel, ou Ou-'
vidores ', .oti Corregedor da Corte ·' ou .per qualquer
oütro Julgador) de que re poffa) ou deva ,aggraVa:r
per:r a Noffa Corte, e de tal fentença aggravarçm p~-~
1;a os da fupácc1ç~m; e íe eítes iÇ!ous DCfembargado-'
res p'rincipaaes da Suprica:çom ._fe ª. ~ordarem ~orrí a
fentença ailin:.i ·p1elos fo?reditos dada, e a,,confirmª-·
·.rem , logo effe feüo aili per eftes dous conc~rdados ;
_ com a fe.n tença ja dàda feja findo , e. determinado ; e
fe eífes dous Deíe bargadores acordarem ambos em;J
1;evogar a fenteriça dos fobre-juizes, ou· Ouvidore~ ,
Corregedor da Co1:te ; o~ cõmiffairo , co010 ':âito he ,,
veja effe feito outro Defembargador, que lhes ferá qa-
Ç\o por. terceiro·, e fe acordai; <;om os outros ·doüs em
) .' \ ~ . . ' '"1\ ·'

". , ·,
,Dos DEsr-MBARGADOREs oo PAA ço. 27
revogar, é loguo todos tres no dito feito final livra-
mento '; e fe éffe terceiro for defvairado dos outros
dous, ·e tever com a tençom dos Ouvidores , ou fo-
bre-juizi:s, ou Corregedor da Çorte outra nova ten-
çom , em tal cafo feja o feito trazi_do aa _Rolaçom pe-
rante o Regedor da Cafa, e outros Defe_mbargadores
pera a Mêfa principal, e fegundo per elles todos, ou
a maior parte delles for acordado , ü:j'a loguo defem-
barguado finalmente. 1
r hEM. Eíl:es dous ve_eraõ os Eíl:romentos d'ag-
gravos , que das Comarcas a elles vierem , que a fei-
tos civis. perteencerem , _e as petiço~es, que forem . da
Juíl:iça, e nom tenhaõ em fi graça, e mercee; e quan-
do forem ambos acordados , daraõ hi defe~barguo
.fegundo feu acordo ; e no cafo , que defacordarem ,
,;yeja eífes aggravos, e petiçoôes effe terceiro, que lhes
ferá dado, e fegundo o terceiro acordar , affi 'pafie o
defembargo cõ aqÜeHe , com que fe acordar ; e fe effe
terce-iro noin acordar com cada hum dos ditos Def-

~mbargadores principaaes , e ti ver outra nova ten-
çom , entaõ levem tal aggra vo , ou _petiçom aa Rola-
.ç om, e comb hi for acordado, affi paffe -0 feu defem-
·barguo. E porque a eíl:es Defembarguadores perteen-
ce defembargar as Cartas dos Perdoões , que fe daó
iaos omifiados - do Regno, veendo pi·imeiramente as
inquiriçoões devaffas., que forom tiradas fobre effes
.maieficios, de qu~ pedem os perdões, citando as par-
tes , a que .taaes accufaçoôes perteencem ; e ainda os
D 2 di- .
· 28 LrvRo PRIMEIRO 'TrTuLo ~AR ro

ditos Defem'bargador~s áéerca deífes defe~árg~s de..


ve:n guardar ·ce.rta fórma, .qu-e per ,Nós fobre ello he
o'rd;nada, f~gundo ,que todas•eíl:as coufas mais co~ ...
pridamente forJti 1contheudas · em duas ·Ordenaçoões ,
{fue fobrn :ello ha ve:.i)os. feitas , maqdàmollas aqui
· poer , p9r tal que eíl:es Defembargad_ores poffam per
€llas feer informados q;Ôin0 os. ditos perdoões, e Ca.r-
tàs, 0U defembargos; ;jitii de dar nos -éafos, em q~e
foreni'requ~riqos ~. em tal gÚi:fa, que norn poffam co~
raiom paffar- Ü · qHe per Nós he ordenado ; das quaaes -·
f> Eheor l:ie ·efl;tl , que- fe fegue·.,. . ~
..r 2> · Nos. Er,.-.R1n M.a1J,da.m9.s_,- ;e Ordenarpos ,_ qu~
~daqu.i: em dia.nte ~m. os. perdoyes das m©rtes d <,.> s. h~-
i:nens fe tenha eíla maneii:a' affi nos qué . fom pedid~s
pelos bmifiadoS. n_9:·r.e mpo das Endoenças , como fóra. ·
dellas J . a faber ,_ que--fe as mortes f0rem feitas dê pro.o
·p.0fi.1:-Q'.': e o,s hon:i_iz'iad.os pedirem perdorµ de t_aaes.
~ortes<el{l. 1Lias infomJ.açoÕes., na~ feendQ únda paT.,.
.fado~.(ete.. aimos dees o tempo , que as ditas mortes"
forem feitas., ~tá g tempo., que pedem. dellas p~rdorn -s
.que: lhes (eja. poíl:o dekm,P.a rgu9. nos r.ooles , e petiT"
çoõ ~s ,, \i-vrern.,Je per. fim direito , ou aguardem. a~áa ,..
.os fete an;11os ferem ·p~ffados , e Fl.('l,m lhes feja;_ dado
outro liv i;ainenJo ,_ n~m fobre tá_àe~. petiçoõ'es., yifta.~
.~.s dev:;.ífC\,s. in_q.uii;içpões., at,áa q~1e. os. fete annos fej.ain
,!lcabados, e· paJfado:;, çomo dho he .. - . _ :
·· ~<3 E s.E. as mprtes;d,os ho·~é'~s Ior,e m feitas em ~ei.,.'
. ; , -~ .... .i J

~.a npy~ ,, a;n t_ egpe; QS tli!os· fet:e an~nps fejam ·p_aífados,,


Çom. . ,'

/ - 1

'""'

. Dos DEsEMBAllG!DOR.ES no PAAç.o. 29

com tanto que feja hufi·anne> paífado do tempo da:


roorte, que em tal cafo façaõ vir as devaífas, e fejam
viíl:as , e provando-fe claramente ferem em reixa no-
va ~ que entom poífam os. omifiados feer perdoados ,
com tanto que vaaõ eíl:ar a ·cepta per pdfoa çinco
~nnos cumpridos continuadamente, fem lhes fee1~ da·- •
da licença pera d'hi fairem pera out.ra parte ; e npm
lhes feja mudado efte degredo p~ra 0utFos Coutos,
nem minguado o dito tempo. em pai:te , nem em to·-
do ; e fe as ditas mortes (a) forem-ao cafo , ou per- ca-
j.om., ou em inan-eira d~ defendimento, que mandem
.trazer as inquirições,, que fobre ello forem ~iradas~ e·
fejqm viíl:as, e examinaea~, e fegundo as provas dd-
,J-as , afü lhes fejam dados perdoõe_s , ou de todo fim..
pnesmente perdoados, e livres , ou com alguúa pena~
fegundo as culpas., em que 0s ditos matadores foren:t. .
achados per as. ditas 1nquiriçoõ&.•.
4 ÜuTRo-s1 fe os ditos omifiados fe ·fizeren;r 'fêm
culpa de todo das ditas mortes-, em tal cafo fejam
. viílas as inquirições, nom emba:guante , que as ditas
m_ortes fejam feitas de prepofito·, !3-ind'a que, os ..fet-e
annos ndm íejarn paífados ; e feêndo achados de t0do.
por fem .culpa, feja-lhes.logo dado livramento., feen ...
do as partes primeiramente citadas , como. dita he; e
fet:ndo achados em manifefta. culpa, em tal cafo nom."
lhes fej f dado livramento nenhum ataá pr-imeiramen-
te ferem. paífãdos . os ditos fete annos , como dito he.,
s E.
~------,-------·
(<tl. '1.~ homen~

30 -LIVRO PRIMEIRO TITULO ~ARW

-5 E PORQyÉ nas ditas .inquir!çoões devaffas , que


,affi fom tiradas fobre as mortes dos homeés , ,aas ve-
:?-es fe nom provã claramente , ante fe moftra per d-
_las , que ha hi alguús i'ndicios , e prefumpçooés fuffi-
ciemes pera ferem mêtidos a tormei1to, fe ·prefos fof-
fem os que affi fom culpados ; e algutls indícios nom
fom fufficientes pera tormentos. ; que em taaes cafos .
poífam os ditos omifiadcis f~e~ perdoad9s com algúas
penas de degredos por certos tempos péra Cepta , ou
pera outros Coutos ,fegundo a calpa, em que fo à:iof~
trarem, com tanto que os que fom ' culpados em.mor-
.tes de prepofito , nom lhes feja dado tal defembar-
guo ~ falvo paífados os fete annos, ou huú .Í:nrio , [e
for morte d~ reixa) e eíl:as inquiriçooés * vierem (a) *,
fe a9 partes lhts. * perdoar~m (b) *., ou todas diffe-
rem, q~ê nom quefem demal}dar, e que remetem o
feito aa Juíl:iça; porq'!!e honde as partes diíferem, que
,os demandariaõ , · fé os viífem pre(os , nom fe vejam
as inquiriço9es ~ nem fe livrem em efta forma, maisi
ajam livramento per Cartas de fegµro em eíl:illo da- .
.das, ou ~a prifom. ·· ·
6 N?s EL-;REI Mandamos , .que efta maneira [e
t~nha em '[e fazerem, e de(embarguarem -os rooles dai _
p.etiçoões' ,, que perteenc.em ,ao Offo::io do PaaçQ. Pri-
meiramente os Efcripvaães , q~e efte~ rooles ouvefem
de fazér, teeraõ eíl:a maneira. Viram as partes a el-
les, e dar-lhes-ham as petiçóoés; ,e como a parte lha'
. ' dff,
·----~--·-----------~-
'") vecrcm S. (b) perdoorom
. Dos DESEJ14BARGADoRES Do PAAÇO. 31

der, o Efcripvaõ a veJ~ loguo ; e fe for de feiro , que


peçaõ perdom, a:faber, de feridas, paancadas, rou-
bos , força de molher, o Efcr~pvaõ pergunte á parte,
que a ha de dar , ·qt!anto hé aas feridas, e paancadas,
fe foram dadas em reixa, fe de propofito , e aífl o de-
clare na petiçom, e o tempo, em que forom dadas ;.
e fe nom •trouver· eftromento de contentamento da·
parte querellofa, em todo cafo diga-Ih~ o Efcripvaõ,
que vaa por elle, e nom ponha a petiçom em rool ataa
que o tragua; e quando o trouver faça-lhe o EfcriRvaõ
pergunta, fedeu já outra tal petiçom , como aque!la,
e quantas vezes. , e que defembargo ouve della cada
\ \
' vez que a deu, e affi <:> ponha no i:ool, e eftas pergun-.
tas fe façam em todollos cafos fofo efcriptos.
- • 7 ITEM. Se for de morte, o Efcripvaõ a veja, e'
fe c:m ella nom for d~claraáo em que tempo foi , e
como, fede propofito, fede reixa, o Eforipvaõ a·
nom filhe, e digua aa parte , que o declare , como~
dito he.
8 ITEM. Se for de furtos, o Efcripvaõ a veja , e

..
fuça declarar os furtos quaees e quantos fom : e fe. a .
parte nom trouver eftromento de contentamento das
partes, a que os furtos foram feitos, nom ponha a pe-
tiçom no rool , e fe o trouver, faça-lhe as perguntas.
fofo ditas. .
9 1TEM. Se for petiçom de fogo , que fizeffe da--
pno a alguem , o Efcripvdm a veja , e faça declarar ,
e lhe fa~a. trazer eíl:romento · de contenta.menta , fa __
zen-:-:-
32 .LIVRO PRIMEIRO TITULO ~ARTO

zendo-lhe as perguntas, qu~ fazem aos (a) fofo <li-


.tos 1 e fe o fogo per cajom fezer alguu mal 1 em tal
çafo. ponha-fe a petiçom no rool) poílo que nom tr.a..
ga efrrornento de contentamento.
ro . 'heM. Se fôr de adulterio 1 ve}a-a 0Efrripvaõ 1
e faça declarar em que ·rempq foi o * mal feito (b) * ·;
e .c?mo 1 e faça pergunta ao qu.e traz a petiçom 1 fe
l_he perçloa o marido 1 e fe diífer·, que fi 1 tragua eíl:ro-
mento ·dello 1 e fe diífer, qu.e nom quer perdoar .o que-
relofd • faça deíl:o mençom , e o Efcripvam·o ponha•
no rnól pera Nós todo veermps direitamente.
1 n I TE.M. ' Se-' for petiçom de :virgindacle , declaro ·
~ em que tempo foi (e)~ ; e .fe nom trm,iv.er efiromen ..
to de perd~m da parte , ou partes , nom à fi.lh~ o Ef...
FÍ_E?vaõ , e fe o tro.uver, faça-lhe as perguntas· (ufo
ditas. ·- ··
l 2 ITEM. Se for d'alguús., a que fugiram prefos ,·
~eclarem quantos eram, e porql-!e male~cio_s cada hú
jazia prefo , e declaré fe fom Carcereiros, ou Meiri-
nhos , ou home.é s, q_ue os levav:a"in Pftª alguús Lu-
gares ,·ou fe os gúardavam per coíl:rangimento, e fa.,.'
' ça-Ihes as perguntas fofo di_tas.
. J 3 ~ ITEM. Se forem outras petiçooés d'alçamen-

J;os <li degredos ',:declare porque malefü::ios foi degra...


<lado) é·quanto h~ que mantem o degredo, fazendo...>
lhe as perguntas, como iufo dito he. ·
1.4 lT,rM . .Se for petiçoll\de manceba de Cleri... -
go, J
~·---
Ia) furtos S. (b) maleficio S. (e) com? foi, em ').úe tempo S,
Dos DESEMBARGADORES no PAAço. 33
g-0, digua de que idade he, e que tempo hà que man-
tem o degredo , fazendo-lhe as perguntas.
·. 15 I T&M. Se forem out~as alguúas, que forn d'ag-
gravos, que alguús feierom nos Lugares, hu vivem,
de que devem fazer requerimento ao Juiz, ou Corre-
gedor, nom feja pofto em rool ataa que tragua eftro-
mento de requerimento çom a repoíl:a .do Juiz, ou
' Corregedor, e quando o trouver, veja todo o Efcrip-
vaõ , e entom o ponha no rool, fe for coufa , que fe
per direito nom livre fem Nos-feendo prefente.
16 ITEM. Os rooles fe façam, e livrem per eila
guifa. O ·Efcripvaõ, que os ouver de fazer, tome huã
dobra de papel, e através della. ponha o dia, e mez,
e era , e lugar, em que fe livra, e defembargua~, e lo-
. go a fundo dous dedos comece de poer as petiç?ões ,
como fofo he declarado, com fuas perguntas , e antre
petiçom , € petiçom Ieixe efpaço de dous dedos pera.
poerem hi defembarguo ao pee.
17 ITEM. Como eftes rooles forem acabados , fe-
jam loguo entregues ao Defembargador, que tiver
carrego de as fazer livrar, e leve-as aa Rolaçom pe-
rante aquelle·, que de Nós tiver carreguo de o defem-
bargar, ao qual Mandamos, que com o Chanceller,
fe hi for , e qous, 04 tres Defembarguadores , os ou-
çam , e ponham ao p~e de cada huma petiçom aquel-
le livramento, que acordarem ; e como os rooles fo-
rein livres , traguã-nos a Nós, e leaõ todas as peti-
.çooés delles , cada huma fob~e fi , pera veerrnos o li~
Liv. !. E v,;~.o
\.

34 LIVRO PRIME~RO TITULO ~ARTO '

'
vramen>to , que ·e m * ~lks (a) * he dado ; e quand01
Noffa mercee for "de relevarmos alguã pena, 9u min-1
guar, da que per elles for ac0rdada, Nós h(') efcrepve-·
r~rnos per Noffa' maão, e quando a r:nandannos acref-1
sentar_, efcrepvelo-ha o que afli aprcfeptar ()s ,rooles·i'
e todos viíl:os, e corregidos per Nós, affinaremos .per1
Noífa Maão em fundo de cada rool ; e d'hi _em dian-
te as partes a veraõ (eu livramento , porque as Ça~1ras1
fe farom per elle~; e quand'o fe ou verem de affinar', o·
Defembarguad.or as. veja, e o Chanceller as aífeelle.\
concert~ndo-a.s.. c::om os. ditos rooles. E qwalque'r Ef-
cripvaõ , que rooles fizer_, e llºm fizer as perguntas)
:(ufo-ditas "e pof.er petiçom fen1 as fazendo,. çm roen-J
do pe.tiçom duas. vezes, fem fazendo mençom do pri...l
meiro livramento, como dito he, por cada huma pe...1
tiçorp. Ma,n.dC1.mos'1 que pag!'.!e cem reaes brancos pe.,.,l
ra os prefos ..
1 8. E; POR quanto muitas vezes por cafo das an ...1
dada?, q'Ós. caminhos., e '.d;outras coufas femelhantes >
dta$ peti<;>ooés naó podem feer defemqargadas per os",
· tooles,, c;omo em eft~ Regin;1ento fofo fcripto he con-.
·tlheuclo "· Mãdamos 1 que fe defernharguem em efl:a ,
guifa ; .ª fabér, ellas fejam entregues a aquel,le , ou a '
a
aquelles, que a cífe tempo tal carrego per Nós for ·
*dado .(b) *, o qual as Veerá,. e defembargará corµ 1
aquelles , que per Nós pera ello forem affinados ; e '
qualquer defembarguo, que ácerca de cada huma pe-..
ti- i
-----~~~~--~~-
(~), ell;is S •.. ''(~) cometi~9 S..
Dos DESEMBARG •.t.nORtS no PAAÇO. 35
,. tiçom ac;ordarem ·, fazelo-ha efcrepver ao peé , ou
nas coftas della , o qual ailinarom todos por fuas
maãos, e aili aili nado, ferá ~moftrado a Nós pera o veer-
mos com aquelle, que o dito carreguo rever, e defem-
bargaremos , como acharmos que he direito , e nos
1bern parecer ; e o..que aili per Nós acordarmos , aili:.
naremos per Noifa Maaõ, pera defpois hi nom cahir
.,outra duvida. ·
19 ÜuTRo-sr nos dias , que fom ailinaàos pera
,averern de defembargar, levar~m aa Rolaçom as in-
quiriçoés dos que pedem perdom, e outras quaaefquer
1coufaii, que teverem .pera defembargar , em que per
li nom poifaõ dar livramento,. fenom em Rolaçom,
fegundo per Nós h~ ordenado de fe fazer; e como em
a dita Rolaçom for acordado, àffi paffarom os defem-
ibargos, fe.endo primeiram.ente per Nós viíl:os, e exa-
1minados aquelles , que fem Nó's nom poderem feer
'defembargados, cqmo dito. he no outro Capitulo.
20 ITEM. Darom geeralmente todallas Cartas de
todas as petiçooés de graças , ou direitas , que nom
fom d'aver Noffo, nem perteencem aa Noifa Fazen-
da , ou a Noífas rendas, ou tributos , nem a feitos cri-
mes, e a obras , e contas dos' Concelhos.
21 1TEM. As Cartas das Confirmaçooés das enJi-
çooés dos Juizes, e .das Alquaidarias dos Mouros, e
dos A.rrabis dos Judeus, e dos Juízes·, que Nós der-
mos a alguús de graça , ou per cõmiífom fobre feito_s
Civy$A
22
36 LIVRO PRIMEIRO TITU.LO QEARTO
.'
22 h&ivf. As Cartas, perque Nós pofei:mos Jui-
zp efpeciaaes em alguús lugares, ou J uizes dos Refi-
doos, ou dos Orfoõs, ou _d'outros quacfquer Juízes,
que Nós dermos ·em feitos Civys ·, que nom perteen...
,cem aa Fazenda No!fa' ,. _ou a Noffos Direüos.
2.3 . !TEM. Cartas de Mancébos pei:a os haver, ~
pera os no~ hayer.
24 !TEM. Cartas de guias aos* Caminheiros (a) ·*-.
2 5 lTEJ\I. Cartas de Pri vilegios, e-liberdades, que
norn fajom , ri.em tangam aqs I)ir.ejtos ~·. e rendas , e
Tr.ibutos Noffos.
de.
i•

26 ITEM. Ca~tas legitiri'ia:çooês._, e confirma.:.


~çooês de· perfilhamentos , e doaçoo~s , ·qu·e alguus :fi-
zerem.. a outros ..
' .
·27 . ITEM, Cartas-de. manteerem em poíle os ap-
pella.ntes , 0 u tornait~m a ella , fe depois da appella-
çom forem e1>bulhados ; e eífo meefmo de quaefquett
·I?offuintes ,. e e.sbulhados , pofto que appellantes na<:»
fejam.,
2 8 ln:M. Dárotn Cartas de reíl:ituiçom de fama,.,
e qualquer outra habilitaçom, e perdom ,, e.mancipa-
~orn , e Sefmarias; e· quaeefquer outras femelhantes ~
·, 29 ITEM. Darom Cart3ls ,. perque .Nós damos por
Juiz o Noffo Corregedor da .Corte a alguúa viuva,
or fom, e miferavel pe!foa .geeralmente em todos feus
feitos, 'que ouveré, afü Autores ,_ como Reeos ; ai
.<1uaees Cartas lhes fel-om dadas .cqm as claufulas, e
.. !i-..
[7l) caminhante• S. ----
'.
Do CORREGEDOR DA CoRT-E. 37

fonitaçoo€s .declaradas no Regiménto, que he dado ·


ao Corregedor, das coufas , que a feu Officio perteen-
tem.

-- TITULO
--
V•.

Do Corregedor da Corte.

M,
ANDAMOS ao Corregedor da noifa Corte , que
tome conheciment() dos feitos, e defembargos "
onde que~ que Nós formos, ou onde a Cafa da Jufti-
ça, que cõnofco anda, eíl:iver, afli e pela guifa ,que
he mandado aos Corregedores ' das Comarcas , que
·ajam de tomar em fuas Cor-.eiçooés, (egundo he con-
theurjo no Regimento de feu.s Officios , que a cada
lhu_ú he dado ,em quanto nom contradiífer ao que em
efte Regimento a elle-.dado efpecialmente for cõtheu-.
do.
I · l'r·EM. Tomará conhecimento nos IUgares, on.:.: .
de _Nós formos , dos feitos da.s viuvas , ~Orfoõs , e
peífoas miferavees, que o efcolherem por Juiz, pai:.:..
que teem privilegio de perante elle demandarem, ou
fe defenderem quando perante elle quizerem letigar ; .
pero quando taaes peífoas miferavees, ou Viuvas, ou-
Orfoõs quizerern demandar alguãs outras peífoas pri- ·
vilegiádas de privilegios femelhantes aos .feus, em tat
.~afo o_s Reeos po~era~· efcolher Eºr Juiz o dito Corre--
ge,.,-
38 LIVRO PRIMEIRO TITULO -~INTO

,,gedor, ou os Juiies Ordinairos aa terra ·, qnde forem1


.moradores , ou os fobre-juizes da. Noffa Cafa do Ci-
vil , fcgundo he contheudo nas Ordenaçooés , fobre
eíl.-o feitas; e nom ferom coíhangidos a refponder fe- · ·
nem perante aquelles , que affi efcolheré por Juiz.
2 ITEM. ~ando as ditas peffoas privilegiadas ,
ou cadn."huã dellas forem demandadas per outras pef-
foas nom privilegiadas, ou privilegiadas fobre feito
de Alrnotacerias, o~ de jornaaes , ou de foldadas , ou
força nova , e guarda, e condeíilho, em tal cafo nom
tomará o Corregedor conhecimento de t,áaes feitos
contra voontade dos Autores , mais letiguarom as
·partes perante os ] uizes da terra , ou perante os Al-
mota::ees, a que o conhecimento de direito perteen-
-ce ;- falvo feendo Nós no ugar, onde ambalas partes
forem.moradores, porque em quanto Nós hi formos,
poderá de taaes feitos tomar conhecimento~ e aa Nof-1
fa-partida leixa-los-ha aos Juízes da Terra , ' cujo fôr1
o conheciméto ; e feendo o dito Correg~dor requeri-
do por parte d'alguã viuva., ou Orfom, ou miferavel
peífoa pera citar alguem fora da Corte , que venha,
perante elle refponder em algú cafo efpecial , poderá
.dar Cartá * efpecial (a) *de citaçom, com tanto que
nom "feja citada outra peffoa privilegiada de feme-
lhante privilegio, e .com tanto que anteque de tal Car-
ta, haja informaçom per fumaria conhecimento, que1
.a peffoa, que tal Carta requerei, he affi viuva , or.,
. foro,
(a) Falta
..
Do CoRREGEDoR DA CoRTE. 39

foro, ou peffoa miferavel , que deve haver t~l privi-


legio, e Orfom nom paífe . de idade de quatorze an-
nos, fe for varom, ou de doze, fc foJJ ~olher ; por--
que efl:es -per direito ham tal pri v:ilegio, e 'os maiores
nom j rnem mandará trazer perante fi nenhús feitos >·
que a cada lfumél das ditas partes privileg iadas ,per-
teençaõ, onde ~ada h~a dellas for demandada por fei-
to d'almota~eria , j?r,naaes , foldadas ; fo1«;:a nàva ,,
g uarda , e condefilho , porque em faaes cafos nom
teem privilegio) como dito he.
3 E SE eíl:a viuva , Orfom,, ou mifrravel p eífoa ,.
por cuja parte tal Carta be requerida , for morador
em* terra d'alguµ (a)* dos Ifantes rneos Tios, e quer:
haver Carta pera citar , e trazer. aa Corte algu~ pef--
foa , ou peífoas per femelhànte moradores em a dita.
terra , o Corregedor lhe nõ dará ta) Carta , mais ella.
pode efcolher, e demandar, ou perante os Juizes Or ·
Clinarios da t~rrá , onde ella he morador, ou,o Ouvi--
dor do Infante, cuja a terra he; ou fe de todo quer ·
à:nte-vir letigar aa Corte , deve de demandar perante·:.
os Defembarguadores, que na Corte andam, que fom ,
Defembarguadores das Terras daquelles Ifantes, on--
de, as ditas * peffoas (b) '* fom moradores, e ellei lhe
.devem mandar da~ taaes Cartas ; e efto 'q uando os .
Reeos nom forem viuvas 1 ou privilegiados d~ feme--
Ihantes :privilegios , ca erttom tal efcÕlha ferá em el-
ks em os cafos, opde deye_a ver privilegio.
4 E.
(jl) terras de cada huLi (q) l'.artes, S ..

' '

...
;.,.·
40 LrvRo PRIMEIRO Tnu.Lo ~·rnTo

4. E SE per ventura outra algúa peífoa privilegia-


da, que rêl1ha privilegio pera trazer (eu Contentor aa .
Corte, quifer c~tar algúa peífoa, ou peífoas morado-
r.es nas ditas terras~ deve-as de demandar perante
aquelles Defembargaqores , que na Corte ár1dam , da-
quelle Ifante, cuja a terra he ; honde os Reeos fom
moradores , e elles lhe devem .mandar dar as ditas
Cartas Citatorias; e efio fe nom entenda nos Defem-
barguadores, Ouvidores .• Juiz,e Procurador dos Nof-
. fos Feitos, que na Corte andam, , ca a eftes Çleve o
Corregedor dar Carta pera citar os feus Contentores
perante elle, ~o·nde quer que fejam moradores, e aíli
fe coíl:umou fempre. . - -
5 OuTRO-sY o Corregedor_ ~ dará .(a)* tal Carta.
aa viuva, Orfom, ou pefüla miferavel, ou outra qual-,
quer peífoa, que femelhante privilegio teYer, poíl:o
que nas terras dos ditos lfantes feja morador, quando
qu.er que demandar outras~ que nom feje.m morado-,
_res nas terra_s dos ditos lfantes , .e .efcolhei:em elle Cor- ,
r~gedor por feu Juiz; e fe alguã Viuva, Orfom, o_u
miferavel peífoa quizer av.er noífa Carta, per que gee-
ralmente poffa demandar, e feer demandado perante_
o Corregedor da noffa Corte, efcolhendo-o por Juiz l '
e pedindo, que lhe feja dado geeralmente por Juiz ,
em todos feus feitos, fe-r-lhe_-~ dada com as claufu-:
las, e limitaçooês no Capitulo fofo efcripto contheu-
das ; e taaes Cartas devem pafiar per os Defembar-
gua-
J.a) dcvedar s.
/

.. ·.
1· .t... ,,
' '
Do CoRREGEDOR DA CoRTE~ 41

guadores do Paaço 1 fegundo o Regimento a .elles da-


do e em [eu Officio he contheudo.
1

6 ITEM. Tomará geeralmente conhecimento nos


lt1gares 1 honde Nós formos , de todos os feitos 1 que
fe logo pofiam defembargar fé delongua , nem outro
nenhuú proceffo 1 e fe taaes nom forem ~ remeta-os
aos Juizes Ordinairos, que os defembarguem com
direito , como na Ordenaçom he contheudo ; pero fe
os ditos feitos forem antre taaes pe1foas, de gue razoa-
damente os Juizes Ordina.iros nom poft• Õ fazer di-
reito , em tal cafo conheça delles em quanto Nós hi
formos, e quand; Nos pàrtir-mos <fo lugar. faça del-
les emmenta a Nós, ou ao dito Regedor por Nós em
Rolaçom, pera Nós, ou elle mandarmos commetter •
e defembargar onde , e a que~ entendermos per di-
reito , e bem das partes ; e per femelhante guifa fará
em quaefquer outros feitos, que lhe per Nos, ou pelo
dito Regedor forem efpecialmente cornmettidos .

7 ÜUTRO SY tornará conhecimento per auçom
nova, e defembargará em a Noffa Corte, .e higar.
onde formos, todos os feitos, e penas, jogos de da- .
dos , e d'outros quaefq4_er j.oguos , e de ufuras , e de
beftas por capar, e rneores de marca , e de efoómun-
gados, que pelos Noífos Meirinhos forem prefos , e
d'outras quaeefquer coufas d,efefas antre quaeefquer
peffoas , que íejarn 1 affi como os que trazem ouro, ou
penas, ou roupas defefas, ou barregueeiros 1 ou d'ar-
mas, que, pelos M~irinhos 1 ou Alcaides da Villa 1 on-
Li·v. I. F de
42 LIVRO PRIMEIRO TnuLO ~INTo

de Nós formos , forem tomadas , porque efto em ef-


pecial perteence ao Officio da Correiçom ; e nom fe
\ devem fazer ácerca dellas outros proceifos, mas bre-
• ve , e fúmariamente ferem defembarguados ; e feme-
lhante deve fazér em quaeefquer outras ·penas, que
per Noff.:1.s Ordcnaçoés, ou pergooés de Juíhça forem
poftos.
8 · ÜuT~o sv toma_rá, e mandará tornar as contas
de todos 9s beês, e rendas d9s Concelhos, e Alber-
gué\rÍas, e Efpritaaes, e Orfoõs , e mandará recadar ,
e faberá,, que rendas ham, e os carregos, que teern ;
~ poerá Conté\dores, e Requerçdores pera ello nos lu-
gares, onde. vir, que.compre; e os que lhes forem de-
.~edores conftrangerá, e ·mandará coíl:ranger per fi, e
:per feus mandados , e Cartas , que paguem o que de..o.
vem ,, e fará eixecuçom em feus beês , e corpos , fe
çumprir, e feg_un_do achar per .direito ; ·e tomará co-
nhecimento dos aggravos, ou petiço.oês fobre as cou-
f-as, que fõ -defefas no * contrauto de paz (a)*, que ·
. 1.
fe nom paffem de huú Regno a, o'utro ; ·e porque na:
Ordenaçom antigua he contheudo , que elle dará as
'- Cartas, que forem de feu defembarguo que perteen-
çaõ a feu Officio , nom declarando as que a feu Óffi-
cio perteence, e fobre efto recrecia6 em cada huú dia
duvidas, quaees eraõ aquellas , qüe a feu Officio p'er-
teenciaõ , acordamos de fazer aqui declaraçom dellas
~m efta forma, que [e fegue. ,
9 ITEM.
~---~------
(a ) trauto de pam S,
-------------

Do CoRREdEDOR DA CóR T~ 43
9 ITEM. Dará ..todas as Cartas, per que prendaô
alguús malfeitores , de que lhe for querelado , ou del-
les tiverem eíl:ados, ou forem achados por culpados
em alguús feitos, de que elle haja certa info:maçom;
e man~ará v1r aa Noífa Corte aquelles, de que lhe
for querelado , ou elle ouver per certa informaçom ,
que na Corte fizeram os maleficios , porque os affi
manda prender, ou forem culpados em treiçom , ou
em moeda falfa , ou em peccado de fodomia , ainda
que na Corte nom fejam commetidos taaes rrialefi-
,c ios; e nos outros cafos *Mandamos (a ) * , que fejam
_defembargados nas terras , e lugares , onde ouverem
,commetidos outros maleficios ; pero. fe elle ouver
*per (b) * informàçom, que os ditos malfeitores fom
taaes peífoas', ou ac<;>ftados a taaes peífoas , que rafoa-
damente os Juizes Ordirt~iros nom pofiam delles fa-
zer cumprimento de direito , e juftiça , em tal cafo
manda-los-há _commeter aos Corregedores das Co-
marcas , que façam delles direito em tal guifa , que
nom pereça jufüça.
1 o ITEM. Dc:rá Cartas, per que damos Officios de
Corregedores ,·é Mdrinhos das Comarcas.
1 Í 1 ÜuTRO sv dará Ca.rtas, per que mandem cor..
reger os beés doii Concelhós, e Orfoõs, e Efpritaaes,
e Albergarias, fe achar , ou fouber, que andam dap-
nificados , como vir , que feja mais feu proveito.
12 ÜuTRO SY: dará Cartas pera os Corregedores
F 2 ·- das
(.,) mandará S •. (b) Falta.
----
44 Lrv Ro PRIMEIR:o T!TuLo OEnNTo
das Comarcas, e J uizes , que vejam os NolTos Ca~el­
l9s como eíl:aõ açaalmados. ,_ e cqrregidos , e o que
fües mingua , pera o dizerem a N0s ..
I.J ÜUTRo SY dará Cart.as de .mandados pera
adúas ,, e per.a fo lançar dinheiros , e pera fe fazerem.
aJguãs' obras, que Nos mandarmos fazer.
14 Ou-rrw SY Cartas , per que enqueiraõ, e co~­
Fegam maleficios , forças., e malfeitqrias ,_que forem
feitas peE pelToas poderofas •.
r 5 OuTRé> SY Cartas de- livramentos em todas as
periÇoões, e aggra-vos., que perteecem a feitos-crimes>
e alguus t;rouxerem aa Corte de fora parte, e (a) co-
nhecerá de quaeefquer aggravos ,. que- a. çlle vierem
dante os Juízes Ordinairns. affim em feitos Civys, co-
mo em Crimes ataa cinco legoas; e os aggravps dos
Ci vys,. qu~ a eUe vierem áe fora da Corte per íl:ro.-
rnentos ,. perteencem aQs Defem:barguadores do Paa~
ç_o , e npm ao Corregedor : e dar.á Cattas de feguran ..
ça, per.·que dê Juízes em feitos crimes •.
- I 6 · ÜuTRO sY dará Cartas, per qne levem os pre..\

fos d1 huíi-Iug31r a: outro,, e-os. mano~rá ouvir., e-def-


~mbargar.:
q · ÜuTR-O·sy-Cartas ,_per que enqueira~. fobre os.
Juízes , e Cor:regedor~s.. ·
I 8 OuTRo sy; Cartas ,. p.e r que fe dem Correge-
~ores ,., e Mefonhos. das Çorreiçooés , · e Mdrinho da
Ca-.
(u}_ 1!~ . C_ortç . S•.
Do ·CoRREGEDOR DA CoRTE~ . 4~

Cadea , e Carcereiros affi cm a Noffa Corte ·,, como


nos outros lugares , ond.e os Nos avemos de poer.
19 ÜuTRo sY Cartas <le quitaçooés aos Procura-
dores dos. Concelhos das Contas, que lhes elle per fi., ·
ou a outré mandar tomar , aífy aos Moordomos dos
Efpritaaes ,. e Albergarias, e Titorias dos. meores •.
20 Ou:TR:O sy Canas de Aggravos , que yeem
d'ante os Corregedores , e Juízes. fobre eíl:as coufas
fofo ditas, que a feu conhecimemo.. per:teencem, e as.
obras, e beés, e Contas. deífes Concelhos_..
z.1 ÜuTRO sY todallas Cartas dos. feitos., que fe
pe11ante elle trautarem., e fobre. as Sentenç~s ,, e eixe...
cuçoões, e·defemba.rgQs, que. pm. eUe forem dados.
22. O CORREGEDOR nom dará Carta, per que ve-.
nham prefos fora da· Corte fem NoífQ mandado ~fpe­
<eia-1, ou acôrdo da Rolaçom, falvo fe for o, makficio,
feito na Corte , ou o . fo, for. duquelles, que ham de·
feer trazidos. aa O:>rte , fegundo. <li.t o he em eíl:e Re!"'-
gimento ,, e per. Nos. he ordenado_
23· Üu'TRO SY nom tomará nenhum querera. em .a~
_N oífa Corte , nem. pr.ender.á p.e r querela fe nom o,
Corregedor .. ou. o·Ouvidor da Rainha nos maleficios:,'.
e peífoas. , que forem da ' fua jurdiçom ; pero.poderá.
cada. huú. dos .Noífos Ouvidores tomai: querella d'al:-
guú conjunto,. ou acoftado. ao Càrr,e gedor em. tal gui~
fa, 'que.-fe pofia delle-aver alguã·rafoada fufpeiçom, e ·
íegundo a dita querella , poderá. mandar prender em
aqpe.11.e:c.afo '" qpe lhe for q_uerelado--;. e Manda~os .,,
q_1.Ht
46 LIVRO PRIMEIRO TITULO ~INTO

.que ôs feitos Civys, que elle defembargar como Cor~


i·egedor, ou lhe per Nos , ou Noffo Regedor forem
.c ometidos, que os poffa defembargar fem Rolaçom ,
e da Sentença definitiva, que elle per fi der, a par-
te , que fe aggravada fentir , poderá aggravar da dita
Sentença , e feja-lhe recebido o aggravo , fe paffar a
quamia de des efcudos d'ouro pera cima; e fe algúa
.am:erluquitorea per elle for dada, e fe a parte fe fen-
tir aggravada., poderá dello fazer inforrnaçom ao Nof-
fo Regedor ;o qual fe vir ,que o aggravo he tanto ur-
,gente , ou prejudicial ,. que fe nom poífa repairar n·o
aggravo da definiti'va, ouça o Corregedor com a dita
parte em Rolaçom , e fegundo,p que em ella for acor-
dado, affi o faça determinar; e fe vir, que o a~gravo
he leve, e de pm,ica fubíl:anciá, nom fe embargue del-
le , ·e leixe o Corregedor profeguit per feu feito em
diante , e fazer direitó aas pa s.
24 OurRo sY Mandamos , que todos os feitoa
Crimes, de que o Corregedor co1.1hecer, e defembar-
guar, quer fejam da Cadea, de que lhe he dado car...
reguo, ou a elle vieré pêr Correiçom , ou Cõmiffom •
·.ou fimpres querella, ou per aggravo , ou per outra
qualquer guifa ~ que os tragua todos aa Rolaçom , e
<l'hi os defembargue com aquelJe , que dermos per
Regedor aa Mêfa , onde elle for deputado , e com os
Nofios Ouvidores, aos quaees mandamos , que em
cada hum dia bem cedo fejuntem em huã Mêfa, que
lhes pera efto feri affinada, onde Nos f~rrnos , pe.ra
' li..
:"·
D.o CoRREGEDOR DA CoRTE.

livrarem efies feitos, e os outros~ que· eífes Ouvidores


'teverem , e prefente todos • faça o Corregedor rola-.
.çom deífes feitos , feendo prefentes as partes, ou feus
'P rocuradores, fe os hi ou ver, e revees nom forem ; e
efio fe faça aili na~ Sentenças definitivas , corno nas
interluquitoreas , falvo fe for alguã anterluquitorea,
que nom traga aa parte prejuízo, e nom haja duvida
fobre a pronunciaçom della , ça tal como efta, pode-
rá per fi fóo defembargar ; e fe alguã parte diífer em
algúu feito Crime, que he aggravada deífe Correge-
dor fobre ~lgíta interluquitorea , o Corregedor nom.
leixe por tanto d'hir pelo feito em diante , e a parte ,,
,q ue fe aggravar, vaa dizer feu aggravo aa Rolaçpm ;
e fe for prefo, vaa hi feu Procurador; e fe o prefo nom
.tiver Procurador , Mandamos ao Efcripvaõ , que ti-
,_yer feu feito , que fob pena do Officio , feendo pel·a
parte requerido, leve o dito feito aa Rolaçom, e diga
aos Defembarguadores deÜa como~: e de que fe ag-
grava o dito prefo; ou parte fufo d~ta , e o Regedor
da Rolaçom com os ditos .DefembarQ"adores faiba do.
Corregedor o feitdomo anda·, e o fundame~to, que-
'ouve a fazer ho de .que fe a dita parte , ou prefo ag~­
grava, e ouvida fua r:afom com o' dito Efcr;pvaõ, fe·
achar , .que a parte he aggrav ada., defaggrave-a.

..
2 5 .E SE algllu malfei.t or de grave feito vier peran- -
'te o Corregedor ·, 1.ile que eHe aja tal enformaçom, per ·
evidentes indicias·, * e (a) * prefumpçooês , perque-
lhe
(~) . ou M ..
----------------
4-8 , LIV'RQ PRIMEIRO TITULO Q:'.INTO

lhe pareça , ql:le deve logo feer metido a tormento ,


porque feendo efpapdo o t<0rmento ', fe poderia per-
ceber o .dito prefo em tal guifa, que ao- defpoi~ a ver.
dad.e nom poderia feer tambem fabida , em tal cafo
fe .o .a tormento quizer meter , falle primeiramente
· çom o dito Noífo Regedor da Rolaçom com dous
principaaes Defembargadores della , e com acordo
dos fobreditos o pCilderá fazer, e d'outra guifa nom.
26 E o Nosso Corregedor tc;rá eíl:a maneira cüif'.,.,
. os Regataa.és , e Regateiras , e Carniceiros , .e ~!t.iv ,
teiras (a ) * , .e .com todollos outros, que cpmpralíl, e
vendem, e entreguarn, e recebem por.pefo, e medi..
dà nas Cidades; e Villas; .e Lugares, por onde Nós
él'.ldarmos. Tanto que chegarmos ao lugar, vaa aa
Camara do Concelho, e falle com os Juizes, e Verea ..
, dores, Almo.tacees , e Hqme~s boós, que fe hi pode-
rem acertár , e r.equeira-.Qs, que façam proveer ~ e af-
finar todollos pefos de todallas coufas , que fe ouv~
rern de medir, ou pefar de guifa , que a terra eftê ein
boo regimento ~ dando-lhes ·pera ello termo de quinze
dias, a que o ai:fi façam cumprir ; o qual termo paf-
fado , fe o dito Corregedor ouver informaçom , .que
fe nom faz como_deve, elle per fi (b) com o Meiri~
nho da Corte poder~ proveer to.dos os pefos , .e me9i ..
,Oas do ditCil fogar, fegundo no Regimento 1 que lhe
he dado de feu Officio; he c:ontheudo; e eíl:o fará pre-
{ente hurn TabelUaõ do dito lugar ,- ou Efcripvaõ d~.
· - · .· ' Cor-
- w).- - - -. ------·-------
paadciras (b) ou
···-Do ·cQ.RREmú'.>oR DA CoRTE. ,49_
Corte , o qoal cfcrepye.rá os erros~ e mingu2s dos di-
a
tós pefos, e medidas) e pena) em que o dito LCor- ".
regedor apenar.o culpado, prefente duas reítemun hasr·
dignas...de fe , p.or tal, que fe ao de[pois ó que affi fi-:'
zer .o dit"o Corregedor l \'.ier em a1guã duvida, poffa. ·
foer, conhecido , .e verdadeiramente fabudo -; fe o ditq_
Corregedor obrou , e faz o que devia ; e a pl".na, ern
que o, dito culpado affi ,for ª.Penado, nom pal.far.í de,·
.. duzcn_tos reis pera -cima, da qual pena·,aterça,. parte; i 1 •
ferá .pera aquel!e' ; que efto ~ccufa~ , e a outra. terça
parte pera o Concdho, e a outra terçíi\ parte ferá per.a '
as obras da Rolaçoi:n; e fentindo..:.fe aggrav'ado alguú
1 '
dos qu~ affi forem apenados pelo ditó Corregedor, re- ,
corra-fe aos Offic.iaaés da -Camara do dito lug~r , os,
·quaees . com· o d.ito Corregedor veeram a razom -do ·
. )

apenado* e: fe acharem q:ue he aggravado, defa&gra-: .


;vem-no affi cor;n o achar é p_e r razom * e (a) ;:· direito i ;
e nom fe acordando os ditos Officiaaes som o dito_,-
Corregedor, vaaõ-fe perante o Reg~dor da.Rolaç9m,
~ com. acordo dos Defembarguadores_~ elle provcérá a.
'dita duvida, c.omÓ-for d.íreit_o. ,' J JJ ··,

' 27 E TA NTo que Nós chegartnos a .alguú lugua r,


, o Corregedor: da No:ffa Corte averá enforrnaçom dos
~fficiaaes, e Aln:~otacees · d? dito lugar-, ,que Regi-_
;i:nento, e Horderíaçooés teem feitas a·~erca das eíler~ -
queiras, e çugidades l~nçadas nas ·ruas pruvicas,e e~:
outros lugares, honde honeílaméte fe nom devem de
• 1
. Liv. I . G - lan-
~~--~~,____~--~~~~~-~
~ ~ '


SQ LíV.tto PRIMZIRO. Tnu1ô · ~INTo_

lançar, e requeira-lhes *perante (a) * huú Táball.iaõ ; 1


ou Efrrip~aó ·<;ow .dua..s tdl:emunhas , que ataa quin.-
z~ d\a.s, pdmeiros feguintes as façam cumprir, affi
acerça dos fazedores das ditas eíl:erqueiras , e çugida ...
des, como dós Re~deirns das Cooimas, fe em a·l gúas
penas devem de encorrer por nom fazerem cumprir
o clít.o R~gi'mento, e HÓrqenaçoões em tal guifa, qu~
ellas íejam em todo cumpridas, e o lugar limpo das
ditas çugidades, kgunçlo a feu boõ. Regimento ,_e ef-
tad_o convem ; o qu;:il termo paffado, o dito A'lmotace
roàndará cumprir, e eixecutar o dito Regiip ento , e.
H~rdenaçooé~ em todos aquelles, que per elfàs em
alguãs penas encorrerem , das quaaes penas a metade
:[erá pera·:aquelles, que tal coufa acufarem , e a outra, ·
meetade pera o_Coµcelho de» dito lugt;ar ;_ e no cafo,
honde _o Corregedor.· e~o ,per fy requerer fem outro·
acufador , fera·-~ meetade pera as dita's obras da Ro-
laçom , _e a outra meetade pera o Concelho , e o dit<>'
Corregeàot em tal cafo.poderá apenar os Almotacees _
. do lugar em cem reis cada huu pai: a negrigencia ~
~m que aili forem çle-nom cumprirem fuas Hordena~
~ooés .
.. 28· K SE no luguar; honde Nós chegarmos, nom1
ouver feito nenlmu provimento per os Officiaaes do
Çoncell~o ácerca das dit~s eíl:er.queiras ,_ e çuiidades >
" em tal .tafo ·o dito Corregedor com os di~os Officiaaes
devem acordar ; _tt logo terminar aquello , que lhes·
bem
.•.
-·: -- - - -- ---------
.. - - -·-. - ·- - -..-·· ---=.?~~

..
' .. .. ~

. ~- .,
e Do CORREGEDOR ·oA CoR TE. 5'r,
- ,
bem parecer por boõ Regimento , e_governança dá
terra fob aquellas penas, que razoada mente fe coftu-.
inaõ poer em femelhanre·caio, dand0 carrego aos Al-
mota~ees do lugar, que o façam logo aili cumprir; os
quaees logo farom todo aili apregoar, fegundo o cof.J
t~me da terra ; e foendo os ditos Almotacees negri-
gentes *em o (a)* aili *fazer (b) .;~ comprir, o ·Cor
regedor deve de tornar a elto comprindo as ditas
Hordena~oões , e apenando os ditÓs Almotacees, fe-
gundo he contheudo no Capitulo fuf9 efcripto; e fe-
melhante maneira deve teer nos poços , e fontes , xa.;.
farizes , e canos.
· 29 'ITEM. Fomos enformado, que os Corregedo.1
res, que ante * Nos, (e)* forom , alguãs vezes leva- ·
vaõ * dinheiros (d) * dos 'Alvaraaes. ,, , que davam·
a:aquelles J que vinhaõ fervir com fuas bêíl:as J leyan-
tlo as carr.egàs ão tempo da partida Noffa, quando fe
tornavaÕ peras füas ca:fa.s·: o que naõ ll'\Temos por bem,
e ·Mand~mos , que fe tenha ácerca ?ello a maneira •
. que antiguamente foi coftumadà, a faber; o Efcripvaõ
· <las Malfeitorias, que tem em feu poder os rooles das
Vintenas dos que forem emprazados, e lhe fqrem da-
dos pelos Vintaneiros, que os empraza~orn, deve 'de
rifcar em cada hum rool aquelles ; que parecerem , e
vierem fervir J e os que forem revees, de've-os de lei-'
xar por rifcar, ailinando.;,os por revees , os quaees o
Corregedor deve de mandar penhorar , fegundo pelo
G 2 rool
[a) ao M. (.b) Falta M. (e) Falta. (d) dinheiro,
; .
'
}'li Lrv,,.,oyy,):MEIRO TITULO ~INTo .
- . '
.roo! dó Efcripvaõ achar pdr revécs, rn~ndãdo recado
.aos V~nr~neiros, q~e · os penhorem · por aquellas pe;-
n.a,s, que pq Nós. he-ordenado. ,'que fe ..ajam de pagar
'cm tal cafp; os cÍua~es mandados ,pera o.s ditos Vin-
"taneii;os deycrn de levar ..os horneés. do Meirinho , e
averem po~ feu trabalho ·º.que. fempre acoftl,!marprµ
d ~a.yer em tal cafQ; e í:\ffi fom efcufaqos os ditos A l-
·V<J.~qaes pcra-aq;1elles, q~e vietem fervi/, pois que fo o-
.mente ham de feer penhqra:dos aquelles , ' que ,forem.
,1
achadqs por revei;s polos roolles do ditq EfctipyaÕ_:~
cóma. çlito'.hç. . ,
· 30 · ÜIJTRO sY' Mandamos, que todos os Lavra-
<;'lorçs do ,T ermo de Lixboa-, , Cintra, /\lf!nqqer, Obi:--
. '
ç!ps, Torres.. Vedr~s , 9antarern , Ton~es Novas, Co.- ·
:i;uçhe , Salvaterra, Benavente ., Monte rnoor o Novo,
.Evora , ~rraiolos , Eftremôs , Evora Monte, o Vi-
mieiço , e. de quaeefqúer. ot:1tro.s luga11es ·~ a que efp~·­
·c;ialm.e nte for rec~do de Noffo Correg.edor, que Nós.
" l}avern~s lá d'hir invernar, façaõ febs palheiros em
cada huú anno continuadarnénte de toda a paJha, que
ou verem , ainda que fe norn entençiaõ d 'aproveitar
d~algúa parte della, em tal guifa,"que indo Nós a ca-
c;fa hu.a das di tas. Comar~as ,, nos poffamos deHa ,fer•
vir, fern grande dapno dos ditos Lavradores; e qu,a l-.
quer Lav;a~or, que a leixar perder, nom a po~ndo;
tGda em palheiro bem guard<ida em ta~ guifa, que fe.
.Q.OlJl perca • pague de pena per çada huú anno que;
Q. affi fezer ,, d uzentos reis ~ dos q.uaees fejam a meeta-
de;.
Do CoRREGF.DOR DA CoRTE. 53
de pera a~uell~ , que g accufar , e a outra meetade
pera a .Arca da Piedade; e eíl:a pena de duzentos _reis
·fe entenda nos Lavradores , que la;vraré com fenhas
Charruas, ou d'hi pera cima, ou com fenhos arados "
ou com dous , fegundo o c~íl:ume d' Alemtejo ; e qs
· outros Lavradores, que lavrarem com trilhoada, ou
com huú finge! de bois , paguem cem reis .
. •JI E MANDAMOS que onde Nós eftevermos nom
féja nenhuã palha tomada , falvo per Alvaraaes do
Corregedor ,'ou do que feu logo tever , o qual nos Al- .)

varaaes, que affi d~r, mandará pagar a ~ada huú la-


vrador por cad,a huã carregua pe palha de befta muar,
ou ca vallar cinco reaes brancos ; e qualquer Azemel,
que for achado com a dita palha fem o dito ~lvará,
ou fem pagar o dito preço de cinco reis , pague da
Cadea cem reis , da qual pena a meetade feja pera.
aquel, · qu~ o ac.cufar, e a outra meetade pera o La-
vrador , a que affi foi tom.ada.
·: 32· ITEM. Ordenamos, q~1e nas Cidades, e Vil-
1as , e quaefquer outros Lugares , onde pefos , e ba-
ooças ?uv,er, q.ue fo 12ffe a carne dos Carniceiros na.
balança do Concelho ,affi como foi antiguam~nte ufa-
do , e coftmpado·; e quando for achada a carne mal
p clda ajam os Carnic,eiros aquella pena, que em ca-
• da huã Cidade, Villa , cu Lugar fur ordenada , ou.
cofiurna~à à 'antigu·a mente ; a qual ufança fe renha .. -
e gu.arde com os. Carniceiros da Corte, eíl:ando con:-
tiouadamente com as ditas balanças huú homem do.
Mei- ·
'

54- . LIVR:O P R IMEIRO TITULO ~Il~·1To .

!l\kiri nho , que requeira , e faça pefar·to.da a càrne , 1


que fahfr 'dos Carni~eiros da .Corte., para fe h~ver de
»
veer .fe he bem pef'l-c.fa, 01:1"'norÍ1 frendo prefeme aó
1pefar da• carne • que fahir do CarniCeiro' da Corte ·,
· h uú out.ro homer;i • ·qoe 'a dita Cidade~ Villa, ~tf Lu-.
gar. pera ello poderá ailinar, pera fe todo fazer direi-
tamente , ·como dçve ; e qua!1do achado for , que o
· Càrniceiro da Co~te mal pefou, aja aquella pena, que
no luguar ~ o nde .eílevermos , for pofta:~ ao Carniceiro
da·Villa, dí1 qual a meetade feja p~rà a ArÇa da Pie-
·0ade , e a outra rneetade pera qU€:m tal acufar; e nos
• •• <!,• •
.Lugares·, onde taaes pefos nom ouver , ponhaõ-fe a-
q uelles, que ordenadp he ., que comf1gmó tragua O'
Ç à,r regedor, e .em t<:>dô cafo o conhecimento dos Car.-,
niceiros q~ Corte ·pertencerá ao'dito Corregedor.
33 OuTRo sY Ord'e~amos, que ca~ez que fe~I
-zermos mudança .de hum lugar pera outro ,.aja·o Cor-
regedo.r huã befta d'albarda·,. paFa tràzer os pefos , ·e'
medidas, que ol'.denadas fom, que .com figa aja de
t razer, a qual* feja (a) * .paguada dos din~túros das ~
penas, que fom (b)"pera Nó~, e fe .peJTa Nós reà-
dam. . ,

34 OurRo SY Ordenam?s, que por.que acerqua


<los pefos , e medidas fo:m achados rrtu.itos-erros n f
d~fvairad;·s maneiras, que quando alguú pefo, ou me-·
<lida nom for marcada da marca do Concelho·, ainda
' . . l
que feja jufta, e conc;ertada com o padrom do Con-·
... -

(d) forã (b) apropriado$ S,

. \
Do. CoRR.EGEDOR . DA CoR'l'E.
\
·t x
celho, pagtre - aquell~, em cujo poder for achada ,ón ...
co~pta !llÍl 'libras d.e pena, afü como fe ataaqui fem.-
pre levou.
35 E sE o pe(o' , ou medida for achado em po9er
· d'alguem fem marca, e nom juíl:a, nem coricordante·
com o padrom, em tal_cafo aquelle ~em: cujo pod.e'r
,, . for achada , -aja a pena, que he ordenado d'aver n0,
Regimento do dito _Corregedor , a faber , duzentos ·
reis , a qgal pague da Cadea ; nom 1ràlheoê10 porem
aalem feer ponido no. ~órpo , fegundo o dj reito , e o.
çafo, e cu:lpa, e.rri que for. .,: requerer ; e efio fe enten-
da affi em í:\quelle pefo, e me~ida, tque for maior qtie·
o padraõ J comóna que for mais pequena', poi·qn~ af.:
fy' fe .pode fal;er er.ro ,. e falfidadc , por fe~r .giaior·~
corno por feer mai~ pequena~ ·
~ 36- _E NOS pefos; e medidas: , que forem achados..
-
com marcas , ,e nom forem juíl:amente concordados.
(

com os padrooés, tenha~fe -efta maneira; que adia,n-


t.e ferá declarada , a faber ;. e:> almude do. vinho , ·em
<iJU~. for achado. ei;ro de' ·c anada ,. pague de pema d~.J..
zehtos reis ' e por erro cte )TI e-ia caqada.~ pagwe cem,
reis , e por erro de quartilho-pague çi.néoént'a reis , e
'd'hi púa fundo norn pague na:d~ ..Ca per bem da Vef'. l ·;
*
tedura ·, que fé faz e~ medir ) 1!1e convem de cair·
(a) * 'hi a!gu·â mingua.. ,
37 !TEM. A' arrova, em que for achad'0 erro d'a:r.,.
e
ratei<' pague _de p~na duzentos reis ) per erro de-
meo
;,

'\
...
Lrv~o PRJMEIRO T1nrI;.o ~TNTo

meo arratel pague cen-to ', e por .erro de quarta pague


cincoentá 'reis , e d'hi para f~ndo nada ) por que per •
b em da ufança continuada neceffariamente convem
qúe a ba_lança defconcerte do feu juíl:o. pefo... '
. 38·. E Q!lAN~o. he aos pefos, e:medidas meúdas,
que forem marçadas das marcas dos Concelhos , que ·
n om forem quebradas, nem * efcadeadas (a)"':• gua.r- .
de-fe a ufança antigwa, e a orçknança da Cidad.e ,.Vi!- '
la, .ou Lugat, onde,N0s formos ·, fem haver hi óu-tra
pena maior, que a que he·pofta ·dos pefos·, e -medidas ,
•'
groffas, pqrque 'parece fee;r dçfignal razom dos pefos, •
' .
e medidas groifas aos pefos , e medidas meúdas ; e nâ: ,
partê dos covodos , e varas, em_.~ue for achadp erro
de ·dous dedos , pague aquelle ·, em cujo poder. for ·
achâdo tal -erro, duzentos reis, e por eírn d'huu d~­
do (b) cera reis1, e por erro de rneo dedo ' (c) cincoen-.
.' . ta reis. ,•
39 E NA parte da prat~, e pt;fo de marco, em que '
for achado erro de mea onça, p~gue por pena quatro ·
c@ntos reis; e por erro de quarto d'qn.ç a· pague du~en..
tos reis, e por erro d'9itavà d'.onça pagúe cem reis. :
40 lTiM. Pefo de qobre, ·em que for, achado ( dl
,.
erro-d'huu grafo, pague cem reis·, e por erro de dous
graaõs pague duzentos (i) , e. aify d',hi pera cima, ~
no. p~fo de dobra, pu coroa, , ou (/)qualquer ?Utra
peça d'ouro, em que for achad<? erro de huú graaõ ,
pa-
,.. ____.:::· C'I

(a) eíca: dadas S. eícadadas M. . (b) pague S. (e) pague .S. (d) peío de
v) reis s. (/J em M. .
Do CORREGEDOR DA CoRu. • 57
pague* cem (a)* reis, e por erro de dous graaõs pa-
gue * çluzentos (b) * , e aili d'hi pera cima , fegundo
for a mingua , e de graão pera fundo nom deve d'a-
.ver pena aili no pefo de nobre , como da dobra , e co'..
roa , &c. porque as balanças de tal pefo fo~ tam fo-
t'.ls, .que fe nom podê tanto afinar, perque fempre
eftem na fieira (e) •

-------------------------------
TITULO VI.
Do Juiz dos Nojfos Feitos.

M tos faça Aud1enc1a?que


ANDAMOS ' . for Juiz ~ueNàffos fei-
, ·e ouça os feitos em
d~s
cad~
hum dia ~ e defpois que forem çonclufos , faça Rola:
çom delles na Mêfa principal, honde eftever o Rege-
dor da Cafa, prefente elle, e os Doutores , e Defem-
barguadores do Paaço, os quaees todos . deputamos
pera a dita Mêfa-, e f~ita a dita rolaçom , dará em el-
e
les Sentepças, defembargos, fegundq_que por todos
os fobre ditos , ou maior part~ delles for acordado,
fem havendo hi outro aggi:avo pera outra nenhuã par-
le ; e * effe (d) * Juiz ·conhecerá de todos -os feitos , e
demandas , que pertencê a Nos , aili per razom de
Regueengos, como de Juguadas , vinhas , e figuei-
raaes , e olivaaes ,.e cafas ,'e todos .os outros direitos,,
que perteêcem a Nos. ,
Liv. I. H 1 ITEM.
-~~
.(a) cjqcoenta .S.. (b) cem reis (e) direi.t• $, (d) .efte .S.

<

..

.. ..,.·.' •" ...


~- ·.,.

'
58 LIVRO PRIMEIRO TÍTULO SEXTO

1 ITEM. Dará Çar-tas de mandados; e repoftas aos


Alrnoxarifes pera veerem enformaçoo_és fobre Inqui-
.riçoGés dos beés , e direit~s Noífos.
'1
.:4 ÜuTRa sY Cartqs , qu.e perteécem aas abertas_.
e valladores ~o ífos , e conhecerá dos feitos , quç: aas
.ditas abertas) e yallas perteéce~.
3 ITEM. _Dará Cartas, que pertdcem aas Nofiàs
\ Jurdiçooés, e conhecerá de quaaefquer feitos, e con-
~eridas , que a elles perteéçam. '
4 !TEM. Conhecerá de todofõs feitos , que Nos
ouvermos cõ algifas-peífoas, _ou ellas com .Nofco fo-
·hre as noífas rendas, e direitos,· falvo fe foí·em (a) de
..flfas, porque e.íl:es a vemos cqn1etido~ aos Noffos Vee-
,dorcs _da Fazenda, fegund,o que em o Regimento de.
·feu Officio he contheudo.
· 5 Ü~TRO sy ço~hecerá de todollos feitos , e de...
.J)1andas NoK.as ,_ aili como de rendas, dizima~, e por"'!'I
~ageés. , e ou~ros quae e~iu~ r direitos Noifos ,.· ai11ç1~1
) - que fejí:J.m aqtre partes _,_ fe ç\ireitamente a eífe tempo,
ou ao defpois qngerem a. Nqffos Direitos , e ~ elle_s
• ]Jaffam trazer algum proveito , ou alguu d <:! pno _ao
c;l1ante ; e pode-fc poer eixemplo,. quarido antre a~.
partes he debate , e contenda fobre coufc+s:-, que lf ef:.,.
iã (b) *em direito, porque 'ern tal cafo , fe~ndo humai '
·vez dada fentença con.tra Noffos Direitos, ainda qu~­
· f.iJff~ dada antre partes , fazer-nos-hia prejuizo a0;:
qiante ; e quando antre as par~es nom foffe contenda,
-) ' (o-
~~~----~~~~--~-, -,, ____...~~J

('!) ftitos S. , (b) eftero..

i :
r- Do Juiz nos Nossos FEITOS.

·ifobre ponto de direito. , mais, fcomente fobre o feito,


fobre o qual Sentença dada, a Nos, ou a Noflos Di ...
reitos nõ po<;leria fazer aJ.guú pr.ejuizo ao diante , em
tal ca(o nom deve pertecncer o conheciniento ao.<lito
Juiz dos NofTos feitos," ma<is devem feer, tra_utados pe"'
rante os Noífos·Juízes Ü(denairos ; e as appellaçoés ,
' .q ué dante elles en1 taaes feitos fahirem , devé d'hir
aos fobre-Juizes., ou Ouvidores da Noífa Corte , fe-
gundo que vaaõ os outros feitos , que fom an_tre par-
'.tes , que a Nos nom perteécem.
6 ÜUTRO SY conhecerá de todollos feitos , poíl:ó
que feji antre partes , que [e ordenarem· per razaõ de
:Óoaçooés per Nos feita~, affi:de beés d'abinteftado;
ou outros quaeefque.r vaguos; ou outras coufas a No~
devolutas per quaeefquer coufas • de que fizeffemos
· , r
rnercee , ou doaçom a alguãs peífoas ; e efio meefm~
·das luitofas, de que fe.z ermos mercee. r
i' E MANDAMOS, qu·e eíle Juiz fe junté bem cedo
cada dià pola manhaã com o dito _Regedor em huã
Mêfa , que lhe p~r el'le ferá affinada , e com elle os
·Outros Defembarguadores. que deputamos pera eíl:a-
rem ~m aquella Mêfa , e faça rolaçom de todos os
feitos , que a eUe perteécem , e co,in feu ~-ccird:o ~s
defr;rnbargue , como dito. he; e affi defembargue l!o-
dallas petiçooés, e foquiriçooés, e enformaçooés, que
tever, e a feu officio perteencer, e nom dará·nenhuú
defembarguo fem acordo d0s fobreditos.
8 ÜUTRO sy o dito Juiz · defem~arguará com os
H 2 fo-

' .
60 LIVRO PRIMEIRO TITULO SEXTO

fobredito's ein a dit~ Mêfa aa fegúnda feira, e aa ter-


ça, e aa quarta , e em ~íl:es dias nom confentirá' o
dito Regedor, que· outro nenhuú Defembarguúlor
defembargue nenhua coufa , porque aos outros fom
outros certos dias aíl_ina:dos, em que hajam de defem-
bargar ; ·e em efpecial Manda~os ao ditô Regedor,
que o faça affi cumprir, e guardar continúada.mente, . .
' ~

porque fomos certo, que d'outra guifa fe feguirá gran~


de .e mpacho aos De1embarg.adore~ .
. 9 . E MANDA!"fOS ) que effe Jul~ nom mande citaF
0

nenhuãs par.tes 'aí;! Corte de, fora pa.rte , ata a·que pr~­
meiran1ente
.
nóm fejam viíl:as·
{ .
em Rolaçom as enfor.., ...
maçooés ,' ou Inquiriçooés , , perqu'e entendam que
devam feer citados , ~e quando afü fór acordado po1Z
todos, ou a maior parte dtjles, entom-dê cartas, per- -
q u~ os citem ) -fegupdo for. ac~:frdado antre elle$.

])os quvido.res~.

M ANDA Mos-, que tres Ouvidores , que em a No[~


- fa Corte andarem , tomem _conhecimen~o. de
to'dolos feitos crimes, que aa dita Noffa .Corte vierem
per appellaçom de todo o Regno •. falvo de Lixboa ,, ,
e feu Termo, por quanto_havemos ordenado '• que as.
ªRl?ell;içooés gos_feitos c;r,imt:s da.dita_Cidade-. e t.e r-. ,
mo.
D0s o lT V I D o R E s.
mo-vaaõ aa Cafa do-Civil, que eíl:.\ em a dita ' Cida-:-
de.
r ÜUTRO sY tomaram conhecimento dos feitos
dos prefos , quê em fua Cadea andarem , e ·~os OU-:-·
tros, que' lhes por Nos , e pelo R~gedor da Rolaçom
fo.rem cometidG!t :. outro ty das appdlaçoO'ês dos fei-
tos civy.s, .que vierem do lugar., donde eftever a Ncf- .
fa Corte , e darredôr cinco J.egoas ; e daalem das di-
tas cinco legoas no111 .tomarom ·conhecimento, falvo ;.. .
por Noífo e_fpecial mãdado, por quanto havemos or".'.
denado as ditas. appellaçooés de feiEos Ci.~ees d~alem
das ditas cinco legoas da Corte ,, hirern todas aa dita
Cafa do Civil. E Mandames , que aíli fe guarde, e
Mandamos, , que eíl:es. tres Ouvidores repartã as Au-
pie.ncias , e cada -~úú 0tJç , _effes feitos per Somanas ~.
. '

a qual. Audiencia_façà~ defpois .que fahir. da Rolaçom.


2 · OuTRO sY os ditos Üúvidores. vejam, os ditos.
feitos por eft.a gyifa ; repartam as Efcripturas , e fa_
çam diíl:ribuiçoin entre fy ,.que tantos feitos veja huú.
per primeirn, como ho outr9 ;_e -defpois que po; h_uú
for vifto,, vaa a outro; ~ effe , que o v,i r por fegundo , .
faça âeífe feito rqla.çom ; .e eíl:o fe entenda ngs feitos .
crimes .;, e nos feitos Civys, que lhe .(a) cometidos, _
ou r.emetidos forem ,, ou lhe per appelaçaõ vierem, ,
veja-os .por primeiro,, e defpois os veja,.o .o utro, e fo .
fe ambos acordarem, dem Jivr.amento corno acharem
por direito ; e. f~ forem em defvairo., veja-os o _o utra,

...,-------------·
(~) . fom S, _
Ou-
' ,6·2 LrvR!o· PRIMEIRO T1ru10 SETrMo

.
.:Ouvidor por terceiro' e com o que acordar .
fe dê· li-
vramento; e fe cada huíi delles for doente, ou occu-'
pado d'outra * ~aneira , e n~dri'dade (a.) *, -honde
·aja *de veer ( b) * o terceiro, veja effe feito, ou· feitos
1
o Noffo Procurador por terceiro.
3 E PORQYE muitas vezes aconteceo andarem os
fe itos de huu Ouvidor em ~utro em tal guifa, que ou
. per rningu.a d'alguú delles , ou dos Efcripvaaés , que
·os davaõ ,íe perdiam os feitos .,e que as partes os ~om
pod1aõ achar, e o Efcripvam fica.va em'-prigoo, e a
parte perdia fel!l direito: ~uti:o fy
fe o Ouvidor, que ·

º via o feito por primeiro , poinha fua tenç9m , e d.ava-


feito a outrem , que o levaffe ao outro Ouvidor , e
effe, que o levava a outro, a que elle d !eitó mOftra-
va , fabia a tençom fua , feguiaõ-fe defto arroidos ,
e inconveníentes ; pqr tirarn:'io~ aazo .de fe eftas cqu:_
fas t:iom fazerem • M;nda~~s_, que o Efcripva~ , que .
'º feito 'tever, defpois que o feitq for conclufo, que o
leve ao. Ouvidor , que ,o .ha de veer por primeiro, e 0 1
n?m entregue a outrem, , fàlvo a· elle ; e quando lho
.entregar, moftre-lhe o Efçripvaõ o feito, [e he em
ell.e feita algíia . antrelinha , ou borradura , ou outro
~lguu vicio, e fe hi for, logo ho efcrepva em huü.li-
- vro, que o Efcripvaõ tenha, e. quantas folhas fom, e•
-.como ho entregua ao Oúvidor , tantos dias do mez ,
e o Ó uvidor affine efte livro; .e norD; ~o querendo af-·
:finar, nom lhe de o feito, e vaa em outro dia aa Ro-, -1

-.Ia-
(R) nece1lidacfe, ou de cajom S~. (q) d'aver
1 . D,o s ·.o u v1 o o R E s.
laçom' >. honde eífe ÜLJvidor ouvér de livr~r q.s feitos, .
·e digua-o pera· o ·~epreen_der~m, e paguar logo' as·cuf- .
tas aas partes , as quaees lhes logo fejam pagadas.
A· E DESPors que o fei_to for viíl:o , cfcrepva efTe
: primeiro fua tençom largameilte no feito , afforcan- .
do-o ,"e decidindo- o fegundo elle entender; e em outí-o ,•
dia elle de fua maaõ o dê ao óutro Quvi.dor, que o-ha
~e veer por fegundo , prefente o Efcripv'aõ, que o ti're-
de fobre elle Jogo d"o livro_ ~ e ponha-o fobre o outro,

1e nom lho eJuVÍe por outrem ,; e pera fe bem fazer ; e·
ferem 'guardados os feitos ·, Mandamos aos ditos Ou-
vidores, que cad<!. huú Ouvidor tragua· feu faco de li-.
:ino , Oll de c~iro , em que tragua ·os dito~ ' f ~itos. Bem·
.e nfinados devem feer os Ouvidoies, feg:undo a regra,.
1qu e l h~s atáa., ora foi dada, como ªJ. ani d(t veer, e af~. ·

fom;ir os fe itos,, pero por fe nom allegwai ignorancia ,_ "


t<:_nhã eíl:a maneira : o prir_i1eiro Ouvidor , qlj.e o feit0· .
~ ir , comece o-feito, e'·dês ,. o ~omeço delle ataa fim ·
nom ,le-i xe delle term,o , nem1c_oufa, 'que norn _veja,., e:
rm -o veendo -, vaa -e©tãdo cada huú ponto:, pera def-. \

pois quand(;> .o aífom4r, ~u, fezer Robç1.m:i ·, podér hii:


!nais de ligeiro ;10 mo:íl:rar, e achar : aíly conw-onde''.
' , foi dada ~ qui,:re.Ila-,. p.oer @m dirnito <lo ce meço del--
Ja querella , e fo for: jllr~da- , poe r em direito detfe lu -..
guar jui'ada·, e fé for.em nomeadas teftemt.1nhas , poer '
1

ern dirdto deI!as teflernunhas-,, e G;m firn poer no cota-~ .


_menta pe;feita. '
5_ E sJt FOR. denunciaç~õ fero j_ur;:t;n:ento .,, -~ fem 1
ttl,.,._

-.
~

" .. ·- ~

fl
.
~ ..., ~~ .....
.1
6+ LIVRO PRIMEIR:O TITULO . SETIMà
' . .
. , teíler:nul1has ~ ou co.m tefl:emunhas , e fé juramen.to;
a:fü·'c> 1po~ha lia cotafalleçe tal coufa, figundo o feito
fo( ;, e d'hi hir 'cotãdo per o IÍbelld , e conclufom, e.
~onteíl:açõm, ~egundo for', e artig_os, fe dados forem,
poendo a cada* hii a nota (af* hum, dous, tru, qua-
tro, '&e. E [e hi ou ver ahigos contrairas, ou de r~pri- .
caçom, affi o' pàer; e fe ~hi ou ver confiífooés, ou d'e-
·poimento da parte , ~ffi o poer , e v eer a tonfiífom ,
.ou d'ep~fiçom c~m o at:tigo; e fobre o que confefiad0 ..
for nom dar aa pârte ericarreguo da prnva , e poello
·d<Z fora quandü' vir o feito , poendo em hui folha de
~papel , tal artiiofe prova pqr· con.fijJom, e fobre -ós que
negados forem \reja a inquiriçom , e em ha veendo,
vaa * ·é otándo ( b) * as tefl:_ern'unhas , a faber, hu°it, duas,
tres, &e. E honde a te:fl:emunha differ, ponha-lhe fi- .
nal , ·.porqtJe .quando fezer Rola.çom, po:íl'a logo hir a
dla ; e ~m .a folha de fora ponha, tal artigo Je prova
'. per tal teflemunha , ,&e. E qu~ndo vir feito, e inqüi.. o
riçom , veja os nomes .das' teíl:emunha·s , que forom
nqmeadas na querella, ou no feito , fe 'º feito he cri..
. :me·; e veja fe fom todas perguntadas., e quantas ~o­
fom nomeadas , e fe algúas minguarem, falle com.h0
outro feu co~panhom, e vejam fe faz~m mingua àa
·prova, e fe mingua fezerem, mandem-nas pergun-:
·tar; ou fe p~r as teftemunhas virem, que forom ·per-
guntadas .como nom devia:õ,. ou eu~ lugar que norn
·d eviam por o feito tal feer, ou antre taaes peífoas ·?
- .
man-
~

,(aJ'\lu \Í na cota S, (b) .contando

..·
' \ . ., ,,-:: ' •..
,.
.,, ·- ,; ~ "~
...; • ? ç ... ~ ~-.... ' :.
Dos o u V I D o R !:: s.
mandem Cartas , que fe ·pergunté outra vez em ou- ,
tro lugar mais convinhavel, honde pofüm dizer a
.verçiade,,E fe 0 feito for no :lugar , honde Nos formos,_
ou atá cinc0 legoas , p~rguntem-nas dles , ou cada.
hum delles ·; e fe ma1s alonguado for te elle's .,e1w~ npe­ ':•
~
l'
• !•

rem, que compre de virem dar feus t<;,íl:en:ninhps aa ' · ·.~ .!. ~\

Co.rte , moíl:rem eíl:o na Rolaçom , e coni'c~{édrdo dos


da Roláçom façã o que enten~erem po.r direito ; e
quando aíli vir as teH:emunhas , e inquiriçom , fe pe~
ella achar, que alguã éoufa prova de feito, yej q. logua ·
fe teó\ 7~ontraditas , e fe procede, ou nom , .ou poffo
que proceda r.~ fe hé provada, e fegundo o qüe achar,
-. <}ffi o ponha na margem , ~ de ' fora na folha, honde·
pooern , 'tctl tejlemunha diz tal coufa em tal artigo, po-
nha, t'em contradita , que p;ocede • e he provada , ou norn •
©U que nôm procede , ou que procede , ,e no·m he provada. '
fegundo for, e affi vaa cotando o proceífo , e affornan.:.
1

do de fora; e fe achar que àteíl:emunha nom diz cou-


fa , que ao frito tangua, p01:th.a no comeÇo della , ni-
pil; .e aca.bado affi o Jeito -~e veer , e ~orado , guarde
a folha , que tem em memorial de fora" e ponha em
foma o feito, e fua teençom no proceífo, e dê feiro o
çorn fua teençom a feu companh.o m; e eíl:a regra te-
:1:1haõ todos os Defembargadores, * e os (a) * que ham
de veer feitos por p6meiro ~ e defpois ho outro por
fegundo' , crimes" ou civys; e defpois que affi fqr vif-
~o por primeiro; e fegundo, o que por fegundo 'vir o
Liv. f. I Íei_:
---~-----------------
." (a) Fµl,ta S,
66 LrvRo Pi"\.IMEI!to TcTuLO SETrn10

feito, leve-o aa Rolaçom , e nenhu feito crime nom


Ji vrarom fem Robçorn , pof1o que ambos os Ouvido.:.
res , ou todos tres f~j am acordados ; e effe, que a Ho.:.
laçom ouver de fazer , faça-a prefente as partes , ou
feus Procuradores , fe os hi ouver , e revees nom fo-
rem; e efto fe faça afii nas Sentenças definitivas como
interluquitoreas, fe (a) forem taaes, que fe nom pof-
fam correger, e repairar na definitiva.
G E SE algúa parte diífer em feito crime, que ne·
aggravada deffes Ouvidores fobre a!gúa antreluqui-
toreá_, os Ouvidores nom leixem d.'hir pelo feito en~
diante , e a part.e , que fe aggrav.ar , ·va dizer efro aa.
·Rofaçom , (h.) como, e de que fe aggrava tal prefo .,
ou parte, ~ os da Rolaçom faibaõ dos Ouvidores (): .
fe
feito, e ouç:aõ fua i;azaõ ; e for acordado qu~ o pre-
fo , ou-pa,rte he aggra vada , defagg1'avem-na. E dai
>- Senten.ça , que pe,r: eUes for dada em feito civil , qué
1.hes for. r,e;ITletido,,, ou cõmetido , ou a elles vier perl
. appelaç,o m, como fofo dito he, fe a parte quizer ag-
gra:val'. ' · e pagar o aggravo, recebam-lho, fe ·for de-
cqmhia. de d~s efcudos douro, como he contheuoo na
Ordenaçom, e ailiriem-lhe tempo a que o íigua, .fe-
gundo per Nós he ~rdenado ; e fe o feito for tal, que1
deva vyr por a Juíl:iça aa 'Rolaçom- , ou antre taaes·
peffoa~, que-per razorri de ·injuria, ou Gorr-egimento >
os Ouvidores devem de conhecer -per appellaçom ~li­
v,rem effe feito da injuria, ou corregimento na Rola.:
çom,
--- --------.-. --·- . - -.-.----.. --.-- -~·-
Do s o u V' I D o R E s.

-:çom, affi como li'~Tarom na parte da Juíl:iça ; e efto


he , porque defpois nom poffa cada húa das partes
aggravar fobre a_injuria, ou coi·regimento, ca fe agk
•.g ravar podeffe, duraria muito effe aggravo ,e as par-
•;tes * embargariaõ ·(a)* os Defembargadores dos ag•
, gravos.
7 E os Ouvidores farom livros , em que ponhaõ
cada hum quando vir os feitos, e Inquiriçooés ,, os
.malfeitores, ·que acharem culpados, e dallos-ham em
. eícripto ao Corregedor da Corte , pera os mandar
, ,.prender, e tr'l,Zé'r , fe taaes peífoas , e feitos for~.m ,
que fe hi ajam de I.ivrar, ou nas terras_, bonde os ma-
)eficios forem feitos ; e * faÇam (b) *. fazer)mm Ii,vr9
,ao Diftribuidor de lodo-los, feitos, que fe per~nte ~lle
trautarein, a:lfy civys, como crimes, e efte livro ferá
bem guardado ' e limpo' . poendo em elle ó dia, em
que fe começar o foi to perante elle , ou -que veeo aa
Corte, e qual he o Efrripvaõ que o tem, pera defpóis·
fe faber quem ho tem , -e 6 tempo que anda por def-
embargar.
8 ITEM. Todolos livramentos , que derem per
,Sentenças· definitivas, affy_-C ivys, como Crimes, ef-
.~ repvam no livro•, em que os livr;:lmentos ham de
efcrepver, e eíl:o façam ante goe faiam da Rolaç.o m ,
,e que o dêíembargo _fcja publicado; e per yíl:a guifa
e_fcrepvaõ os -livramentos da interluq4iwrea , quando
•. ;for acordado que metam alguú a tormento. E Man-
I 2 · da-
--~
" (a) ·empachariom S, (Li) foram S,
1
68 LIVRO· PRIMEIRO T:I-TULO SETIMO

damos, que os ditos Ouvidores todos tres em cada.


huu dia bem ced0 vaaõ aa Rollaçom , e nom fe ef-
cufem, e eíl:em hi com aquelle, que for Prezidente,,
e o Corregedor da Corte ·, ataa que livrem os fejto!l
·tod~s ,, 'que ti Vfrem , · otJ ataa qu~ fejã oras de todos
.fahirem da Rolaçom ; e tenhaõ fuas Audiencias bem
honeftamente ordenadas, e façaõ que fejam bem·ou-
vidas ; e faibam fe os Efcripvães , que ante elles. ef-
crepvem, guardam as Ordenayões -, que lhes fom da;_
das, ou fe qam li vr~mento fem delongua aas partes·,
ou fe lho dam tarde , e com maa-s refp9ftas , ou le..
vam ~ais do que devem, e·fo acharem alguú:; culpa- ..,.
dos , ·proced.aõ contra elles., ou d-iguaõ na Rolaçom a.
para lhes feer dada .pei1a ,,e·efcârrnento, fegundo me~
r.ecerem,

TITULO VIIL
:'.
'" , Do Oúvidor das ierràs da. Rainha•.

·o· .~E for· Ou~idor das· terra-s da Rainha dev~


· d'andar continuadamente na Noífa Corte, e
defernbargar

na
.
Nofía Rôla.çom
•. 11
os feitos
.
Crimes, que
a elle vierem per appellaçõ , affy como cada huu dos
Noffos Ouvidores; e defembargará os feitos Civys per
íi ,,e das féntenças, que elle der nos feitos Civys, po-..
Qç:.r.om_ag_g_ravar as !;>artes,_q~1e fe dellas fentirem ag"." .
gra.- .
D0 OuvrnoR DAS TERRAS ÕA RArnHA • . 69 ~

gravad<J.S ,_ . chegando áquella conthia , d~ q~~ he or..


. denado, que pofiaõ aggravar das fente~ças dad~~ .Pe- · ...
lo Corregedor da Nofü Corte. · . \ .
. 1 l TEM. Fará continuàdamente foi! Audienda aa
fahida da Rollaçom , ou em alguu. ou~ro lugar , hJn- ·
de honeflamente poífaõ os Procuradores das paáes
cHár em tal guifa > que . nom re.cebaõ aggr~ vo.
2 ITEM. Conhecerá de todollos ~gg~avos a(fy Ci- ·' .
.. '
f'

vys, como Crimes .~ que fahirem d'ànte os Juízes das


.terras da.difa Senhora Rainha:, GU dante o . Correge·-: ·.
dor da Com~rca, que per fua authoúd.a de faz ·c orrei- ' '

çom em ellas; pero fé o's.ditos aggravos 'f>erte~ncerem .


a fe.itos Crimes ,. defembarguallos-ha em Rollaçom ·
êorn o Noífo .Corregeçlor da Corte , e com os Noífos
Ouvidores; e osJ"eitos .Civys defernbarguará per fi.,.
tomo dito he.nos feitos ,,,C);~e, vierem a elle .. per. appel:-.
laçõL ' ,, • • ' <'o

3 . 'ITEM~ ~ando íe acertar , que ellê pa~e , ou, ·


atraveffe por. cada huma das terras da. dita Senhora ·, ,
poderá' fazet. correiçom per, auçom riova., ou per ag-
gravo dos ditos Juízes, ou.itl/1
do dito Corregedor, e po- - \
j • 1 •
·
<lerá fazer todalas outras coufas, que pertencer..:m fa!•.
e.er .ªº Corregedo,r da Noífa Corte nas Noífas terras , ,
quando· em ~llas eflá , ou per ellas .paífa., e fegundQ
antíguamente coft.umarom de fazer os Ouvidores das .
.· Rainhas.em eíres Regrios; com tamo'"que. o·dito ü'u-·
·'Vidor nom eíl:é em cada huu l.ugar mais ,d.e.dous dias., .
·e -querendo hi mais eftar ' · nom Eº hi mais fazer at
di""- ·
ti
..
l

70 LivRo PRIMllrna.' TJ'f";io 0.rTA'vo :


1
dir~
, C ~ei-ç(im;1 ,,:ne~ 1:1far do-dit.o; Officio. ~er nenhua
g~ifa . . .. -
. ITEM. Nom paífar.á nenhuú defembarguo pe.r
1\{~ará, fe nom_foomente per Carta feellada com o
,. .Noíf9 feello, ou da dita Senhoroa , e fazendo d'outra
/ guifa, Mandamos aas jl'1fiiças da terra , que nom
/ compraõ , neq:i façam obra per nenhuús feus Alva-
-./ raaes.
5 !TEM. Andando o dito Ouvidor na Corte', dará
. Cartas de fegurança, e paífará quaeefquer defembar-
.gos affi Civys, como Crim~s, que a elle vie1em <las
.rditas terras, que fejam de Jufüça, em que nom hajà
1efpecial gra.ça, ou múcée ,·c aos que forem d'Hpe_cia1
1

graça, ot1 mercee devem paífar pelos Defembargadoll


res do Paço , .a que dello _pertence• conhecimento. l
6 ITEM. O dito ,O uvidor nom tomará conheéi-
mento de nenhúa coufa , que pertença aos dii:eiros
.Reaes , a faber , Port:agem , Sifa , Jugada , ·ou~ gu,~1-
quer .outra coufa, .que pertença ao h:av.er Noífo ,01:1 d_a
dita Senhora Rainha , porque tal conhecimento .per-
teence aos Veedores da Fa~enda, ou a qu~m hg elles
* encomendarem ea) if •
7 !TEM. ~ando acontecei!, que a Rainha eftê
em ~ada huú lugar de fuas ten:as fern<Nós ,_ e o dito
feu Ouvidor eJl:ever com ella ,, p0derá tomar conhe...
cimento per auçom nova, e per aggravo antre quaaef-
quer peffoas, e ebve quaaefquer contendas ,. como·
, , - di- >
-----------------
I

(a) ·quc,em encomendar


Do- Ouvmoa DM .TERRAS DA RAI:NHA. .7~

. l1e ;·e ..,een


.d ito r do N'º)./ I , nom tomara
' ' con hec1men
. . ....
to de nenhuú feito , f orque honde Nós geeralrn ente
eftamos ~ o conhec~91 ento de tod_olos fe_ito: pertenc ~
ao Corregedor da Noffa Corte, qúe pnnc1palmenrn
1
reprefentà a Noífa peífoa; e quando elle he fofpeito •
.o Chançaller daní hi outro Juiz fem fofpeita, que ou ~
ça as pártes, e faça direito, -e Juftiça em Nofio No-
me , ca honde el!e eíl:á ceffàm as outras Juíliças to-.
dás , e Jurdiçooês , que dclle pendein .
.........__ ____________.,.._,...,__...,________ ~

T I T U L O VIIIL

Do Procurador dos. Nojfos Feitos.

M ANDAMOS que o Procurador dos Noffos Feitos.; .


feja Lete1:ado ,. e bem .e ntendido, pera fab er ef-.
pertar, e allegar as coufas , e. razoo és , que a NC>ífos :
.Direitos perte.encem, p~rque muitas vezes acontece.,
que por feu bom avifamento os Noffos Deferl)bar- ..
guadores fom bem enformados, e ainda Noffos Di-.
í·eitos Reaae's acrecentados. Ao qual Mandamos , 'que ·
com grande diligencia, e mui to amiude requeira ao3 .
Veedores da .Fazenda,e Contadores,e Ju1zes que _llÍe ·
dem as enformaçoões, que ouverem dos Noffos Di- .
r ei tos nos .feitos; ,que fe trautarn, ou trau tarem pe- .
i:ante os Noffos Juízes, ou que com pre de fe ardena- ..-
r.em per razorn _de. Noffos beê1> ,.e di reitos ,_fegundo a \ ·
en.,...
72 LrvRo PRIMEIRO TITULO NoNo
enformaço'm, que lhe dada fo . E razoe os feitos, fe ..
gundo melhor entender por Noffo fe.xviço , e nom
~om outra malícia ; e requeir~ os Efcripvaães dos .
Noífos feitos , qué lhe dem em rool todos os feitos":,
\ .
que t~em, e que andam perante o Juiz dos Noífos
f~itos, .aífy fobre Jt:irdiçooês , com0 dos Noífos Re-
guengos, e Juguadas, e de todollos outros Noífos Di-
Feitos. E faber o tempo , em que foram começados.,
e porque nom deram a eiles livramento , e dizêlo a
Nós, ou aos do Noífo Confelho, aa Sefta feira, e ao
Sabado, que * íofn dias ailinados (a)* pera o virem
dizer.
r E SEJA bem dilligente em feu Officio a faier ti-
rar as lnquiriç.ooês, que forem dadas da Noít1. par-
te, a faber, dos Veedores da Fazenda, e dos Conta-
dores , e J uizes ; ~ Alrrioxarifes , e por onde melh~r
poder ~ os nomes das teftemunhas , perque fe poífa
provar o direito, que a Nós per.te.ence; .e affi pera a
contrariedade, ou contraditas, ou _repróvas aas provas
dadas contra nós. E quando alguú· dos Ouvidores for
·occupado per dôor , ou por outra guifa qualquer, ou
for fofpeito ., ou dous Ouvidores em defvairn , e nam
/
o0yer hi outro Ouvídor , que o veja ., Mandamos ,
que o Noffo Procurador o veja como terceiro; falvo
fe for em feito , que elle ajudar , ou vogar por Noífa
parte , ou da Juftiça; que em outros feitos, qu~1 nom
' pertençam a Nós princi.palmente, ou confecutive, ou
a
la) ' lhe hc dia a!Enado
Do PROCURADOR Dos Nossos FEITOS. 7j
a bem da Juftiça, nom deve de prpcurar, porque fe
fe embargua1fe de procurar, .ou vogar os feitos das
partes., nom poderia requerer bem Nofios feitos, nê
fazer as coifas fufo ditas, nem eílo meefmo feria def- .
~

pachado para veer os feitos por ~erceiro por bem da


fofpeiçom, ou dôor, ou ·outra occupaçom dos Ouvi-.
dores. ·,
2 E VEJA , e procure bem todos os feitos da Juf"--.
tiça, e das Viuvas, e.dos Orfuõs, e miferavees pef-
foas·, que aa No1fa Corte vierem , [em levando delles
dinheiro, nem. .outra co1,1fa de folairo, fem yogando,
nem procur~ndo ·outros nenhuús feitos , que a Nos
nom perteéçam fem Nofio. efpecial Mandado , como
dito. he; e porem ·nom lhe enbarguarnos que po1fa
procurar , ou vogar nos·feitos dos Fidalgos , que tra ..
ze_m Noífas terras, rendas, ou.direitos, e doutr~s pef...
foas, que trazem algúas coufas Noft1.s, ou da Coroa
dos Regnos No1fos, ajudando-as contra outras priva-
das peíloas, que queiráÕ ürar, ou embargar, ou me-
nos pagar de Noífos Direitos, ou fazer alguú dãpno,
9u minguamento em el~es ; porque poderia tal feito
em alguú tempo , fe mal-requerido foífe, fazer a Nos
prejuízo , poíl:o _que. eíl::o feja antre taaes pe1foas ; e
nom·dev:e"de procurar, falvo por Noífa parte, e nom
contra Nos, e quando fe ·taaes feitos ouverem de def-
.~mbarg4r em~olaçom, elle feja aa Rolaçam delles: ·
e razoe, e allegue qualquer razorµ , ou direito , que
por parte dos ditos Fidalgos , ou peífoas fob)ieditas
Liv. L K · me..
LrvRo- PRIM~o TITULO NoNo
_ melh?~ entender; e ao tempo que os. Defembargado- ·
res ouverem de dar fuas vozes, fe faia da Rolaçom
fora , e leixe aos Defernbargadores deíembargar taaes
feitos, com~ pe.r direito entenderem·, fem efi:ando el-
le piefente ·, porque iua ·efl:ada a tal te.mpo'f~ria a9s
Defemba:rgadores empachofa; e aos feitos, que Nós
a vemos contra outras peffoas, ou elles contra Nós,
feja o dito Procurador ao' defembargo dos feitos.

T 1 TU LO X.

Do E.fcripvao da Chance/laria.

·M-~NDAMOS ao E'fcripvaõ da Noífa Chapcellaria,


, que faça eíl:as coufas' que perteen~e'm a feu o 'f -
:ficio : primeira~~nte elle dê"as Cartas cada ·dia ; co-
mo forem affeelladas, perante o .Recebédor , e ponha
ein ell~s a pagua per fua m"aaõ; e fe duvidar elle , ou
a parte fe aggravar, livre-:à com o Chanceller em
Rolaçom , e regifl:e toda-las Cartas , que pera regif-
tar forem', em huú livro de bõos purguaminhos, qué 1
p,ara efto tenha nrdenado , em mui boa letp, e bem:
ordenadamente eferi pta; e deve de teer todolos regif-
fos em feu poder , e po~ha em elles bôa guarda de -
guifa , que fe nom faça em elles algua :falfura ; e fe'
algu~m demandar alguu regiíl:o ; e o qnizer bufcar , ·
tej'! bufqdo pçr ellç dito Efcrípvaõ, e per outro ne""<{
· · - · nhuú
Do· EscRrPVAÕ DA CHANCELLARrA. 75
mhuú nom; e quando der trelado d'alguu regiíl:o, nun-
"ca. perca o livro dante fy.
\~ I E NENH~M no.m feja taõ ·oufado , que regiíl:e ,
nem faça regiíl:ar, ne"!1 l<;ixe regiftar algúa Carta a
.outrem , mais todalas Cartas , ·que forem p::i.ra regif-
.tar , regiíl:e-as ~ Efcripvaõ : ou outro feu ~fcrivam .'
que frja conhecido no Officio , e que efcrep\'.a bem,
e nom per as partes , nem per outro nenhuú , como
ataaqui * forom (a) * ; e defque a__ Carta pe,.r elle , ou
per outro Efcrivaõ f~r regiftaoa, concerte-a o ·Efc.ri-
p~aõ da Chancella_ria, e affine a fundo com fua rnaaô
'º regifto de .cada híia Carta, ; e feno· regifto houveJ
1 •
1algúa antrelinha, o,u refpançamento, ou borr.adura ,
faça-o affi efcrepvêr * a fo (b) * eíle regifio , e affln~
per fua maaõ de guifa, que fe ríom poffa com elle fa~
,zer falfura ' e re fe fezer ' (e) logo pareça ; e todalas •
,Cartas , que forem de graça, ponha em húa émenta;.
ç moílre-as câda dia ·a Nos , e ponha em eífa. ·émenta
todalas forças das Cartas, e per quen:i paffam, e com
a émenta kve todalas Cartas,, fe .Nós duvidarmos em
algúas , ·e as quifermos ve.er ..; e as qué Nós mand_ar_;
mos que paífem , ou nom , ·fegundq o defembarguq
for, efcrepva-o aífy no r~ol logo, o qual roGl Nos aÇ- -
.f inaremos, e guarde,- o dle Efcripv.aõ ;· e porque a
ementa he a maior fiança , que no. dit~ Officio ha , fe
o (d) Efcrip\1aÕ for doente , .ou occupado e.a=i outras
(:Qufas; que per fy nom a poder livrar, norn dará, car,,..
l
'K 2 re.-
(R) foy (6) a fob S. (e) que (d) dilo S,
76 LIVRO PRIMEIRO TITULO DECIMO

rego a nenhu íÍ, que a livre, fal ':'º fe for homem à N ás


bem conhecido , e por Noffo mandado ; e aquelle ,
que affi ouver de livrar eífa ·émenta , dê as Cartas, e
ponha a pagua, e outro nenhuú nom.
2 E QYAN'oo acontecer que aa dada das Cartas al-
gfía das artes nom vier requerer fuas Cartas , e fica-
rem por dar, Mandamos a eífe Efcripvaõ, que as que
:ficarem, que as ponha todas em húa arca, de que el-
le tenha a chave, e o Recebedor outra chave; e quan-
do em outro dia ouver de dar as Cartas, que nova-
mente feellarem, entom dê as outras , que ficaram ;. e
as q.ue ficarem por dar, fempre fiquem em fua guar-
da fechadas na dita arca em t(\l guifa , que fe nom
pofla~ furtar, nem fazer em ellas outra maldade.
3 E N;OM dará as Cartas, falvo prefente o Noífo
Recebedor , e quando as affi der , ponha a pagua na
Carta, e* ponha-a (a)* no livro, perque effe Rece-
• bedor ha de dar conto do que receber , e guarde bem
o livro, porque a fora efia recadaçom, fe podem mui-
tos livramentos dar por· elle.
4 E ESSE EfcripvaÕ' ha. de fazer todalas Cartas dos
defembargos, que pertem:em ao Chanceller, e efcrep:..
ver os p~oceífos·, que forem ordenados perante o'.Chaa-
ccller, que a feu Officio perteencerern , fegundo he
contheudo na Ordenaçom do~ d<!femb<J.rgos_,. que hám
de pairar per elle , e a feu Officio perteencem; e faça
em tal guifa, que feja bem dilligente, e mandado nas
cou-
(~) efcrcva S-•.
Do MEIRINHO, QYE ANDA NA CoRTE, ETC. 77
coufas , que a feu Officio perteencem ; e que requeira
ao Chanceller por feus dei embargos , e falle com elle

_
cada vez que coiq.prir fobre as duvidas,_ que teve~, ou
quando as partes fe aggravarem das pagas, como di:-

----
to he.,.

_..._
TITULO XI.

Do Meirinho , que anda na- Corle em loguo Jq,

·o
Meirinho Moor~

~E for Meirinho Moor , per ufança · antigua


., deve poer de fua maa6 hum Meirinho, que an-
d'e continuadamente na Corte para levantar as forças,
e·fem-razooés , que em ella forem feitas , e prender
os malfeitores , e fazer outras 1:oufas , que fom eon-.
theudas no 'Regimento feito das coufas , que a feu oft
ficio perteécem; e eíl:e deve íeer Eicudeiro de bôo li-.·
nhagem, e conhecido por bôo, e poíl:o por N.offa Au""
foridade •. que delle ajamos conhecimento para o a-
provar , que em tal officio aja de fervir; o qual 4verá
~m quanto fervir ~odalas próes , e direitos acuftuma-
dos, que devem de levar de antiguamente os Meiri-
nhos da·Corte, fegundo he contheudo em o dito Re-
gimento a elle dado .das coufas, que lhe perteécem
fazer, e a ver com o.dito OffiCio, o qual.he eft.e , que
fe fegue. ,
r: O>
,•
78 LIVRO PRIMEIRO TITULO ÜNZE· .

I O MEIRINHO Moor, ou aquelle, que na Corte


andar por elle, levará de tod~s os regataaés,. que na
Cor.te andarem , das pefcadas , qu<ltáa Corte trouve-·
Tem a veo.der ataa quatro .carregas , de cada carrega
J-,úa pefca.da; e fe mais carregas.,., forem (a) .* de·pef.i.
cadas , ou d'outro pefcado, por effa vez nom levará
~ rnars.

2 lTEMA Da carregua de congros, e toninhas, e


d'outro pefcado grande ,.affi como evos,e chernas, e
outr femelh ante, leve húa ·poíl:a d0 lombo de huú
palmo; e fe nom for carrega affi como de huú , dous,
ataa tres , nom levará nehúa coufa , e leve feu direito
'd'ourr0 pefcado., fe o cbm elle trouverem ataa quatro
' carregas , como dito he. )
3 ITEM. Da carrega de vefuguos, ou de mugeés ,
,~e d~ outro ,pefcado qualquer meu.do, fe for pequeno,,
·· Je:vará ataa quatro carregas , como dito he ; a fabe;
húa duzia da carrega, e fe for grande, meia duzia.
4 h ú-1. De carregua dos fabees huú , ataa quatro
carregas, como dito he. . .
5 ITEM. Se trouver húa carregua de canegas, e
arraias , e caçõés pequenos; , e grandes , levará q>mo
dos congros , e outro~ pefcados grofios , atáa quatro
carregas , como dito he. '
. 6 !TEM· Se trouverem huú folho, e o venderem
.a poftas, húa poíl:a ; e fe o levarem junto pera Nós,
ou pera outro Senhor, nom leve nehúa coufa; e poft0
que .
(a ) irouvera
--------------
DoMEIRINHO, Q!JE. ANDA NA CORTE, ETC. 79
que traga. mais folhos , nom leve mais de húa pofrai
da carregua ataa quatro, como dito he.
.• 7 ITEM. De linguados, e fermonetes, e peixe e í~
colar, e lampreas, nom leve nenhua coufa~ ·
. 8 ITEM. Da carregua do vinho lev.e húa canada
ataa quatro carreguas , como dit.o he .
. '9 hEM. Da carregua da cevada, levará hiía quar~
ra.
ro l TEM. De fruitas , ou calçados·, ou panos, ou
frigo, ou outros quaefquer mantimentos, que trou ~e:­
rem , nom levará nenhúa coufa.
Ir InM. Dos que vie~·em de fora da Cidade, ou
Villa, ou lugar, '.e termo del~e , donde J\ós formos,
fe per côníl:rangimento vierem, e trouverem cevadc:l,
levará de cada húa ·carregua hfia quarta ataa quatro
carregas , como fofo dito he ; e doutros mantimentos
nom leve nenhua coufa ; e e!fo meefmo nom leve
coufa algúa dos que vierem de fora per fua vontad·e ,
e dos que vierem da Cidc:lde, ou Villa, ou Termo à..
dentro, poíl:o que :y enham per.coíhangimemo nem.
levara nada.
I~ ITEM~ Dos Reguataa.é s, e Cam.iceiros,.que n<1.-'.
·€orte ailda~e~, a· fora 0 , Carni~eiro - Nofro, ou do
.Mante, levará de cada boy huu lombo. · .,
13 ITEM. Da vaca huú lombo.

14 hEM. Do poréo hum lombo dos pequenos ..


15' ITEM; Do carneiro as wberas ..
i:6 !TEM.•. Dos da'. Villa,,.e ter.mo, honde Nós for....
n1os ,,
• 80 LIVRe> PRIMEIRO TITULO ÜNZE

mos, affi de todosos que aa Corte trouxerem de fuas


vontades pam a vender, e vinho , carnes, e pefcados,
e outros quaefquer mantimentos, nom levé delles ne-
nhií.a coufa.
17 I 'i'EM. Em quanto Nós eíl:evermos na Cidade:
de Lixboa, ou em feu termo , o Meirinho nom leva-
á nenhúa -coufa , porque ataa .ora norn o levárom ~
_falvo dos Regataaés da Corte, fe hi quiíerem eíl:ar, e
vender.
1 8 ITEM, O Meirinho da Corte levará as penas
dos·efcumungados, e dos barregueiros, que prender,
e acufar, e as cooimas das befras, que achar em dap-
no. E das n;iuas, e íendeiros meores de marca quan..,
do forem defefos ~ e toaallas outras penas, que ham
de levar , fegundo as Ordenaçoões , em que expreífa-
menre rnandaõ que fejam para o Meirinho , fegundo
for na Ordenaçom contheudo ; e aífy as armas, que o
Meirinho da Corte tomar 'na Corte, e em todo o Reg-
no, por honde andar, as quaees armas , e çooimas , e
muas fufo ditas fe partirom por eíl:a guifa : o Meiri-
nho levará a meetade, e os .feus homeés, que com el"'.
le forem, ou as acharem', a outra meetade.
r 19 ITEM. Prenderá os que achar nos maleficios ,
e arruidos, ou lhe for requerido ; e ante que os leve
aa Cadea , levalos-ha perante o Cor;egedor; e geeral-
rnent,e prenderá todos aquelles , que lhe pelo Corre~
gedor fof mandado , e por .eíl:o fe nom tolha a outro
.Meirinho das Cad€as d~ prender, e ufar, ck feu Offi-
cio ~
,cio, quandq lhe for mandado ; como.fempre ufaraõ
-os que forõ ante delle. .
20 ·. ITEM. Horide quer que Nós formos fejam da-
das, poufadas ao M-eirinho pera, elle ; e pera feus ho-
m.e és, e pera os ditos. Reguâtaaés, e Carniceiros ;que
na Corte andarem , e elle lhes dê as poufadas·, como
vir que compre.
· 21 ITEM. O Mei.dnho he theudo de d'efender os' ·

Reguataaés , e aili todos aquelles , que' á Corte trou ..


verem os mantimentos , que os nom forcem , ·nem
lhes tomem o feu contra fua vormtade; e fe, 0s ,al-'
guem forçar, fazer-lhes alçar a força, e nom o fazeq-
do elle affi , que o pague per feus beés ', falvo fe o que
a·'força fezer for tal peffoa, de que elle no·m poffa al-
çar força, e fe tal' for ,-digua-o ao Corregedor , e faça : ·
o que elle mandar.
22 E J>OREM Mandamos , e defendemos ao ·d ito1
Meirinho , que nom leve mais do que aqui hrcon- ·
theudo , e faça as coufas como lhe he mandado , fob ...·
pena de perder ho Officio.

/'
7
,.
•·

.. ' . ,.
, '~I-
,_- ...
I .T.- V .l; q , ~II.
' ,,.. ~· 1 .. .. •

" , • _· ;> ~·

lJD _Meirinho\das Càdêa<S, e co1efàs, que afeu Offi:.. ,)


cio pertencem. , ,
,; . ~ . .
;. o· MEIRINHO das Cadêas ha d'eíl:ar na Rófaq:omr
· . " áa ~arfa feira • e á Seíli~ :feira, que fo hã deJi-
vrar 0s. fei:tos dos p>i;efos, pera. éne frr: pi;eíles com feui{
1 < • Qfficio,, fe comprir fazer jufÜÇa, e veex 1:;m qcl:le pon....,
·i;e eftom os fei:liQS; e ha de requever ao Co.tliegedm:·da}
Co.t:tç, e OuvidoJes: qua€es ~eitos enti.el.'ld:ell\ q,~ defom- ~
bargar ao,s. d:ia,s. ,, qu~ fóm c\epu,taqos, pera de:fern.bar....J
ga,r QS prefQíl ~ ~ ·í[v. fazei: delks J~füça, pera levai e.f.:. 1
f.e~ p~efos âa ~01aço~1 , e eíl:a;r hi pr~J}es. copn o. offi-.J
cio da Jufüça , e fazer o que lhe for ooa.nda:do , p~hl
€or.11~edop , e .pélos o,u~rQs Officialaes.. •.
· 1 . ITEM. l:-{a'(e~:i c1.údâdo ~'em cad-<thum diai l~\'
var pyi: fi , ou. fe1,1s l;Í..,omeé.s. duas vezes todolos pr,efos.9
<J.ffy da Cadea do Corregedor da Cgrte, cómo dQs O.u"".f>
vidores a folgar, e fazer fua neceilidade aos lugares ,,
que per elle pera ello fore.tn affinados ; e elle, e feus
homeés ham de levar ~s prefo~ ·aas Audiencias do
Correaerlor , e affi perante os Ouvidores , que feze-
º ~ .
r~rn,- Audiencia, ou lhe for por cada huú .delks man-
dado ; e ha de requerer os Carcereiros ) <!JUe ponhâõ
l?oa guarda nos prefos , e fe o fazer nom quiz_erem ,
r:equeira a.o Corregedor,_que os ~.o:(\;rapgua , e ponhà .
. . . ("'11 . i·' -Jht"·.
' . J ~ ·~- ~

·-'

.. .r.: •. '

.,·. ·... ...


,.. .. ·... • . 4


~ ~ ·.~ ·~t •.
...
t ,.
.
: .. f:


Do M -EIRINHQ D:As CADEAS , E couskS, E'I'C. ·8'3
4Í.i tal provifom como.feja_m bem gúardados, e d'ou-
tr~ guifa tornar-nos-emos Nós aaquelles,. por cuja
negrigencia fe feguir alguú dapno aa juíl:iça ; e *de- ·
ve (a)* prender ,quando rhe for mandado, ou acban-
.
do os homeés, ou-mulheres .
no. m'aleficio defefo p! ht
Ordenaçom; e ha de coíl:ranger, e feer Juiz das man-
cebas folteiras , que andam, e dçvem andar 'r \ª Cor-
te, a faber , d'arr9idos , que ajam huãs com as ou-
tras, que foomente fejam de palavra , e levar dellas
,-em cadá. h~u· Sabado dous reàes "Qrancos , porqtie elle
ha de mandar v,arrer . as Audie;-icias do Corregedor ;
. que .ellas aviaõ de varrer,. e e!l:o foi,~afli 1:1fado d'ami-
.:guamente. ..
2 . !TEM. Ha d'aver dos homeês J ,·que ma;ridatp.
ldegolar, <>U enforcar ,ou morrer perJufüça do* µi(m,.
•te (b) * móor .húa carceragem, por cada huú, que affy
~l for juíl:iça:do, e os feos..home~s .da Juftiça: ham d-e le-
"vai.;. todas fu~s roupas ,. e tod~s as 0utras coufas , que
tever na Cadea, quando affi for julguado, e pera, e(-
-to., q'ue fobredito he, elle.ha, d'a:ver l!lantimento pera
1
fy , e p~ra oito homeés ; a Jaber, tres .pera fazer Ju(-
' tiça , e os outros pera com elle andarem , perà ê oi:n-
1.prir todo o que perteepce a feu Officio ; ·~ €4~s Carce- '
ragens ham de fazer dous quinhooés, e o Meirinho
Moor ha de levai') a meetade , e d<i outra meetade ie
· hain de f~zer treze quirih~oés, e o Meirinh~-,das Ça-
L 2 deas
\
,(a) ha de S, (b) morte M.

....
,S.4 .' . LrvRo PRIME,I RO 'l'rTULO TREZE

.. dea.~ ha. dfl levar · d~z, e o Carcereiro hu.ú >. e o Me~~


tinh0. dà Cort.e (a} dous. .
. ' ' ' . __! •
' ,

T I T U L O XIII.

Dos ·ppocurarlores'; ·e ders que nom podem-fazet:·


.,.,_ Procurado.'res ~

·p. que a<>:erca do~ Procqracfbres ?uv~ífa.­


R1MEI:RO·
~ mos hordenad~ , Mandamos perante Nes vir as
• . J
~ or.denaç0oés fobre efro. feitas.pelos.Reyx Dom. Doniz.,
J .
e Dom Affonfo ,. e Uom Pedro meos Vrfavoos ,. ·~
" . ·I>om Joaõ:' m~u A voo.: e d•EJ:Rey •meu Senhor, e·.Pa-
.. dre , rnja alma DEOS aja em a fua Santa. Glori~; e.
1
pero 'que nos parétç<dfem antre fy em algúa. parte di-.
•verfas., e contràir~s. , Ac'bFdámos de as tva:z,er. á boa.
~ Çoncordla· Gle'
"
eu~ta ,. ·e. breve c.onclufo~.
.. érn e:íl:a.fór-
•ma, ·que fe fegue:.. ·
r Mu1-To· prov'<Útof~ c0uf<,l.. no,s .ptirece· _haver: hi;
Procuradores Letrãdos ,, e=·entendi<los·, que procurem
.Gs feitos, que alguils· ouverem affi em a ·Noff~ Corte:;.
·. cqmo ria Noífa. Cafa do Ci'liL,. e nas: Çidades.) ..Yillas., ,
e. Luga·r~s· dos No.ffos Regnos. ; e porém Oiden~!Ilºs. ,.
-e Mandamos, qm~. aquelles,, que ouvçrelll'.de'. feer Pro-.
curadores. em a N<>.ífa Co.i:re · ~ e... Cafa, fejam ,exarni"-- , ·

--------
na-.
((1), levará. M •.

..

' .
Dos. PROCURADORES) . ETC. · s-5
·.Rados pelo Noífo Cbariceller Moor, e os das Cida:..-·
d~s, Villas ,.e Lug~r~s - fejam enlegidos Relos ÇJfficiae;s
,deífes Lugares,, e com eífa. _enl1çom venhaõ ao-Nofic»
Chancellei; Mo0r pera OS' examinar,. e os qµe achar-
1

perteeneeqtes-pera ello·, dê-lhes fuas Çartas. feelladas; .


- rn~. o feello da Noífa Cháncella~ia· , .. fazendo-os hi
j~~.rar , que bem,. e direitamente , e fem rnaficia trau-
_t,em os feitos :; e d'outra· guifa. nen_huú. nom vogue ., ,
nem procure ;. e nom emb~rga-ndo taaes . enliçooés.,.
que os Concelhos· ham . de fazer, fique, luga.r Nós., .
e aos ourrôs Reys, que depois Nós forem, de dar--
..mos taaes-Officios a qpem Noífa.mercee' for-,íem. ou-
./
.. tra nenhuúa enliçom ;· * e nom (à) * fe. entenda efü»

'
.em alguus lugares.,.. a qµe api:ouve nom hav:er hi Pro--
a.urador.es, do-numero
.
, . mais.. q·.uantos-· quizeífe-m
.
(b) -:
~pro~urar, fal_vantç;a,qwelles", qµe foífem achados ,,que-
.nom eram. perte~naentes . ,; e lhes. foíle defezo., que,
nom . podeífem~ procurar , .ou ·teveffem .~aees ·Officios ,:_
que per-a.s Ordenaç.~és lhes fej_a defefo q~1e .n om 2of-
.f11õ procurar.. .
2 , hEM· Mand~_mos - a; eífes Procuradores , que fe '.
trabalhem de veerem .as-pofturai;; ,. e Leys , , e _O rdena-·
' '}90és, e as guardem ,. e ufem bem da 'vogari~, e nom:
fCJ.çom -perlonguas nos .preitos ,.nem os tr.autem ,,e per.- .
fonguem ·maleciofamente.. .
3 fa.EM .. Mandamos aos ..ditos Procuradores , .quci-:
nom tomem..carrego· pe,ra. P.rocurar , nem vogar (e ).l
ataa1

~ ..

.. ''
·..
,8'6 - Lrv'·RO PR1MEIRO ' Tr'l'ULO TREZE

-.ataa· qúe lhe dem (a) en.formaçom de todo feito per


feri pro, affinada per füa maãõ , e guarde-a bem ; e
defpois·que ·o ·féito for acabado , moftre-a ao Juiz do
. '.feir-o , fe para eUo for requerido, pera ha veer fe fé:>i
~m CHlf>a de allegar,. oo-rn0fhar o Jirúto, que a .par-
te por fy havia ; e f.e-.o acharem em algúa culpa. clc-
·vem de fazer ·todo aa parte emmendar , e correger
per feus beés ' e lhe da.r pena qual em tal feiço cou-
ber. E fe trautar, ou mover pre.ito contra as pofturns1,
e Or.naçooês , façaõ-lhe pagar _as oufras per feus
beés.
4 ITEM. ~ando tomarem eífas iAformaçooés, fe-
. jam ·avifados de·as averem compridamente, aífy fo-
bre o principal , corno fobre ·todalas outras excep:
,çooés, e razoões, que fe no-feito requerem, e nomes
·de teíl:emunhas, perqw~ fe pode_provar, porque 'per~
·cfro nom fe lhe dará tempo pera fe aoonfel.har coni. ·a.
·parte , f e aufente for , nem <deliberar fobve as dita!S
razooés : e per eft-o nom t-0lhem s , nem rev.oguamos
ao eíl:illo, e coíl:ume, que fe traz nos feitos; a faber •
·que fe .o Proc4rador trauta o feiti:> no luguar, onde a
parte nom he, e OH Ver de dar aJguas Jnquiriçooés ~ C
nomear teíl:emunhas, que o _Procurador poífa nomear
"<luas , ou tres , e que a parte nomee as outras .nâ terra
do dia, que fe ou ver de começar a lnquiriyom a dous
dias , e nom as nomearido , que e.ntom lhas nom re-
'cebaõ mais, e Mandamos que aífy fe guarde.
5 ITEM.
~---------------1-----------------------
(a) tod.a s.

··..:
Dos FROCURAE>ORES: , ETC{> · a'Z
f 5 ITEM. M-anqamos, qúe re.dous Pro<:;u_rad9.res,
roª;i:s ª'\ªlílteJé\dQ% fP.rre.m e.IJi) a; N~ffa Cqne ,• e-peroJ
qu_e 04tr0s,m .eor;eS:-.hi-feja.r.n-, í:e_húa da-s pa;rt~s~ fül].fl-t:·
~inbos ; q.u~ L}l~ nqrp. frj<1- coof.~*(do , ·~}a:is efç9ll}a;·
hu!ií-ddles q.tJal <H\lle q-qizer, e o~çu_i;r:o)eix.~ <!.l (<;,~~:ver-,
fai.ro, E àq.ueíh> , (az-~mos, geeraJ-IJle-nte· ef"1, tqdoll-os'.
fo. llos , a.ífy gra.nd.es, .como ptqp~nos por,ca_dq, hua.
da_s. parte.s no!J'.l• pér~ler feu çljr~i~o ,, ~or, dcdigualanç~
dos Proc::uradores. -
·. 6 ... bE.M •. Mandamos , q.ue ~ procuraçom, perq~1ei;
alg.uú faz Procurador, feja- feita per Taballiaõ, Q.U pe!j>
Carta fedlada · de ta.li, feeHo , que faça fé , e q'outra·
gl:J-í·fa na0: V!lll?a · Feio íie for fcri.pta , e aJfinada. per,
roaõ de Cava.llei110., ou D0u.tor ~ Ma.ndam.os, que.fa-
ça fé., c0mo ·fo fàffe feita per Tabalfü>m; e efto fo-
Mnlt ~ntenqa ·nas procur.aço~s " que fom. :feitas apu._d,:
afta., poiq.ue liaaes·' como; dta~- ' fie p,@dern faz~r pdo{
fcripvàõ que no feito fcrep.vei;.
· 7· hEM:•. S-era.õ a.v:ifados..çíles, ]jlrocuracloreS:; que-
n.0IQ defempare.m 'os preitos. , IU.em> fo vaaõ. da Corte ;,
eu d9:; out.i;os.. lu.garc€&., onde os llrautarem , fem li~'
t:ença. d@. B'reftclente , ou. dp J;ui'Zt, que. do. foto. CQB he-1
Ge·r ; e fazendo o, c:ontrairo.,,paguem as. cuíl'as aaquel--
i~s, cujos preitos teye_i;em, ;. e fo as Ra1:tes tomarem,
~utro_ f.!iocui;adou, ou VqguadG> por dinheil:o peir.cu!,...
pa ddlos, paguem-lh~s quanw dei;em aQS Voguados,.
~ Pl'om.~·rador.es ,_que aífy' füharem ;. e fe os l?r.ocura--
· ~ór:~s .,, q_ue fe. (orem ,,~:aceberem alguús. dínheiros. da-
q~el,....

..
...
• 1 S.8 LrvRo PRIME.mo TIT:ULO TR'E'ZB
.quelles , cujos pre'itos. leix~rem , que lhos torn~m em
ô obro.. E fe per .
mingua
. ' .
deífe Procurador derem Seri-
tie~1Ça definitiva, .ou outra qualquer contra . a parte.,
per ql.le fe lhe ·figa perda .~ eu dapno , ~ ·p;oc~rador ;
que o feito havia de demándar, ou 'defender, lhe .cor,.
i:Cgua todo de fua cafa ·; e fe nom -Quver per que cor-
regua os dapnos, .e pe-rdas, e 'cuftas, correga-as pelo
cqrpo .; ~ -efto fe nom entenda em alguú cafo de n-e- ".
-ceffidade .taõ grande , e taõ manife.fta., per que elle
.deva fe~r :rel_evado i;ie:fla pe.oa, poíl:o que em ella en-
.•coi:ra.~•
.8 'l TEM.. ·se a parte nom v.em aa Corte por fy , e·
-~~nda' :Proc;urador, contra o qual .he, p0fto alguú em.:. ,
barguo, que ·tolha a dita Prncuraçom aa-ve'r efeito~ per
.qualquer guifa, que feja , 1:oufa , ·que o .P rocurador_
· faça , ou digua no feit<;>., :~1om valha, ataá que feja jul- . -
guaçiq .por Erocurador, ·Ou a parte ,retefique expecifi-
. ,cadamente o que aili for feito.
· ·9 l:rEM. ·Se ~ pa-rte., que -cita, vem pet PrQ_cura..-
e
~or, -a -OUt·ra par~~ peoem contra aa. procu.raçaõ , OU '
,cqnfra a peífoa do. Procúrador, @~ outra rafom, p'er-
.que wlha a procurnçc:>m, o Juiz abfolva o ·citado,. e
fe o elle :mais citar , pague -a·s cuílas ante que refpon-
(la ªª feguada dtaç0m ; ·e 'affy per ó. contrair~"' fe o'
citado vem por Prócurador ~ e ó autor tolhe a procu-
r açoflil, julgua-lo-aõ ·por re".el _, ~ á fua r.evelia proce....
.deraõ no feito , como. fofo. (Í!ífemos no córrieço défte
tnuitado ·, e·efip fe nom· en~endá fé -~ Julgad.or dara..i ·
· ·.men...

..
Dos PROCURADORES , ETC.

mente conhece, que-a inabilidade do Procurador fe-


ja tal , que ndm podia fer conhecida aa parte, que o
confütuhia por feu Procurador. ·'
10 . ITEM. Se ambas as partes veem per Procura-

doi:es, e fom fofficientes, hiraõ pelo feito em diant-e-;'.


e feguilo-haõ.
1r ITEM. Se a párte appellaN.te, ou appellada
.'

mandar procuráçom aa Çorte tal, que faça fé., e con_.


tra ella feja poíl:a alguma eixeiçom, p~rque fe digua
feer infufficiente , ou o Proc1:1rador inabil , ou outro.
qualq_uer embargo, nom Ieixe por tanto , tÚ'l .d' Al-
çada d'hir pelo feito em diante, e affine ao dito Pro-
curador termo .rafoado a que o faça faber.aa pai'te pe-
ra ·proveer a ello; e nom proveendo a ello' como. de-
' ve, fe achado for, que a dita exei.çom he fuffic~ente
pera embarguar a dita .procuraçom, nom feja ·mais
:i:ecebido o dito.. Proctl.I"?dor, e procedaõ pelo feito em
diante , como for achado per direito.
· I 2 . · ITEM. Todo o homem pode feer Procurador,
e. procurar por outro em a Noffa Corte, e Ca(a do
Civil , e perante outros quaefquer Juízes , co!ll tanto
que tenhaõ poder qas partes , e Noífas Cartas .pera
procurar' falvo aos que he d~fefo ; e aos qµ~ ' he
defefo aífy por direito , como per coíl:ume , forri ef-
tes. ~ .//
IJ ITEM. Todo homem,que ha mantimento, ou
raçom nofia , nom pode-feer Procurador em henhuú
feito , fal vo fe o for por outro , que haja mantimen-
Liv. 1. M to,
90 .. , LIVRQ •. PRIMEIRO TITULO TREZE

·to,_ ou raçom c'orrio·dle, e fe ó que ha raço~ for ef...


- · . tia.bdec!do pox Procur:ador ames que lhe feja pofta
exeiçom, pode foíl:etuíi: outro, q~1e feja tal , que O J
poffa. íee~, e valerá.
14 • ·ITEM. Todo o homem ,. que feja meor (a) de ~ ·
quatorze annos. ,
•1' 1.5 . IT~M. Mouro, ou Jude~ em .feito de Ch.rif-

~taõ.
16 !TEM. Homem, que feja dado por fiel antre1
,partes , que déve de dar teftemunho por huúa parte,.
~ por oul!'t aífy como he o CorreEor ; e eflo em a-
quelle feito , em que deve feer fiel.
~ 17 h :ÊM:. O Tabeliom fe fez proc~raçom per'. fua:i
rnaaõ, nom ferá Procurador em nenhum lugar.
' 1 s· ITEM. o
TabaHiom no lug~ar) honde he Ta~
àaUiom, n9m f~rá Procurador.
19 ~TEM •. t{om~m, que for condapnado per Sen.J
1 ,, '

~en~a em falfidade:. . · ' .'


20 ITEM. Nen~uij Proçurador·, que tenhajá·fol·
laíro ,ou pa-~t.e d.elle ·a·aJguú pera têer feu preito, ~omi
·'pode feer Voguado pbr a outra parte, falvo fe eíl:e ;
oe 'que elle. tem o follairo , ou parte delle , tem outro\
-Vog uado , e a outra pane nom pode haver Vogliado ,. ·
que tenha feu preito, ca entom como quer que faiba
·os fegredos da caufa, e follairo·delle recebeffe , con-.
,v.'eí·á , que .o det~ ,por Voguado ·aa outra parte , q~e
:nom pode a ver Vogado,_ fe nom fe eíl:e, de que elle.
,. re-
..(~j 'de . idade S,
De>s PRocuRA DORES , RTC.

tecebco o fallairo, ou parte delle , quer ante ficar com


eíl:e Voauado
º , e Ieixar aa outra parte. o outro, que te-
nha com ella pera. ajuda de feu * feito (a) * ; ca em
fua efcolheita he .deíle que dous Vog~ados tem, ou
mais , de filhar qual antes qniz.er·~ e o outro Ieixar ~
feu contentor ; e .fe aquelle V..oguado , que .elle Ieixar
a feu averfairo , ou ver· .o follairo delle recebido, 0µ
parte delle, deve-lho de tornar, pqis por Vo,gw:ldo dt
.Outra parte fica.
21 ITEM. O meor d'hidade, falvo fe for per fel.i
·T otor.
22 ITEM. O acufado de fei:to crime rniquelk fei-
rto, de que he acufoio , fe hi cabe pen<t âalém çle de-
·gredo tempor.al , nom pode fazer Procurador, rnai..~
•litigar p.er fi, falvo (e for pr.efo.
_23 ITEM. O que acufa, nom -IJl.Od.e'acufar ,per pro;-
<urador, mais per peifoa.
24 ITEM. ;Q qae :he citado~ q.ue peffoalmente pa,.
'1:'eça, nom deve fazer Procur:ador.
2 5 ITEM. He cofiume em Noffa Cafa , que def-
'F©is que a'1guú ha idade de quatorz:e ·~mnos , pode fa-
zer Procurador., havendo pera dÍo Noífa ,author-idl\i-
r«ie, e d'cmtra guifa nom. .
26 1TEM. Se ;ilguú faz f>i:ocurador em f~ito , de-
.'Ve-o fazer ,efpecial fobre aquelk artigo , porque he
<citado ~ e faça ,affy mençom na procuraçom , e aalem
<laquelle artigo , pód.e fazc::r .pr.o curaçom ge.eral , (e
quizer. M 2 27 ITEM.
~---

\
LrvRo PiuMEIRO Tnuto TREZE

2/ ITEM. Cada hu ú pode fazer feu Procurador no


fei to per-d 'ante o Ju iz, nom feendo prefente feu·a ver•
fai ro , com tanto que o faça pera1:ite o Efcripvaõ, qi.ie
o efc repva affy na Carla do feito , que nom diga o
~ uiz que fe nom acorda. , t
28 !TEM. Nenhuu Scripvàó d' Audiencia aorp (e-
ja Hronirador, nem Vogado· , falvo fe for o feito (eu ·
'prop~io:, ou per Noff9 mandado. '
29 ITEM. Porque achaõ os Procuradür.es ein mui-
tas bu.l ras, e fazem perda aas gentes, Mandamos que
1 fe for provad~, que fazem al'g uiia perda aas partes , a

que ouverem de procurar o.*' feito '(a) *_, que ll~o fa-
' ·çaó todo córreger) e pagar pelo~ corpos • e a veres; e
·fe appellar , ou fopricar contra as Ordenações , a fa-
ber, que declarem hi noi::p. caber appellaçom, paguem .
. ·as C;ufias aa. pai:te' <;if Sua çafa.. . ..
'I
30 ITE M.-. M_andamos que n.om faça nenhuú Pro_,..-
€urador·a-vee nça com a·parte, que ~ja certa coufa ven-
cendo-lhe a demanda ; e aquelle que o contraira fe::--
zer, feja privado de procurar por huu anno, e pague
1a1s duzentos reaes pera a Arca da Pi_e dade , e n.un~ '
ca lhe fejam qu.ites. ' ./
3 r ITEM. Mandamos que o follairo , que haó·de
' levar dús fe'itos, fej'a a ~uarentena da conthia., que
_' for âemandada ; e eíl:o fe entenda em qtiant0 a dita
quarentena nem. chegar ataa v~nt_e libras de moeda
''1ntigua, q.ue fom p~r ·a Orden·açorp ora novamente..
fei-
Íf) preit?
---...,...--.-. --- - --
' '.
Dos PRocuRADORES, ETC. 93
feita fobre a.s moedas com acrefcentamento ., quatro-
centos reaes, e fe mais montar, nor:n leve mais ; e nos
feitos crimes· de morte poffaõ levai: ataa a dita con-
thia de vinte. libras de moeda antigua ; e nos ot.JtI:os
feitos, onde caiba emmenda , e cai-regimento, levem
am corno nos outros feiras' ao* meos (a) *) haven-
do refpeito ao que he demandado por emmenda , e
corregimento ; e os. ditos Procuradores naõ. façam
companhia antre fy fobre o faltairn,. e fe a fderem ' ·
fejam privados d.os Offic.io~.
32 A Nós he dito, que na Noffa terra, e em os
i1oílos Regnos fe faúaõ muitas * perlongas , e 01ui:"'
.tas (b) * malícias·nos feitos. , porque os Procuradores
levaõ das partes muitâs do·as , e grandes ferviços de
pam, e vinho, e carnes,, e d'omras coufas, e que nom
Jeixaõ porém de. leva,r todos feus follairos ;, e veendo
.Nós, ·e confirando p.er razom das coufas, que affy re-
.cebiaõ , que era muito mais do que nos feus follairos ,
montava, e faziaõ as ditas perlonguas por razom de.
ferem. affy fervidos, e querendo Nós efqúivar todas .
eíl:as ma·licias , e perlonguas , e çàtando Nós como.
taes coufas nom. fezeffem, e que os feitos foffem cedo
defembarguados . com direito , e como dev.iaõ , e que .·
as gentes fe nom andaffem ílragando, e veendo co-.
mo efto já fora defefo por E! Rey Dom Dcniz per hua
Ley, que fobre eíl:õ fez. Teerno~ por bem, e ·Man-
damos~ e poemas por Ley pera fempre, que nenhuú·
Pro-
(~ l. ll!Cnos M ! (b ) I'.crlong.adas s ..
' i

'
94- LrvR© PRrMEiRo , T1ruLO TREZt:-

i.f'roct:rt.\dor'. nom tome paõ", nem \1 inbo, nem car-.


hes, .nem outras coufas.
·daquêllés; cujos feitos teve..;
~

tem, de q_ue ham d'avú feu follairo, em qúanto e[~


fes feitos durarem. Outro fy que _os follairos, q.ue ou.:.
verem d'aver defies feitos , que teve.rern , ·ajam per
~fta guifu , a faber ; o ter90 do folia iro. no começo do
feito, e o outro ,terço, abertas, e pobricadas as Inqui-
tiçoões, e outro terço, acabado . o feito; e os Procura;..
t<c:!ores, que con_tra eíl::o for:e m , . Mandamos que por
çada huúa vez, que affy recebe-rem , 'e lhes for pro-
.vado, pola pr'imelra vez fejaõ fofpenfos d001ificib 'pór
dous mezes; e por a fegunda vez ·quatro rnezes; e pot:
'ªterceira pereaõ 'O Officio;-e e!lo ie entenda [e aquel:..
lo , que aífy . receberem , · paífar valia de cem _reae&
íbrancos..; e fe os ditos P~~JC1uadores recebererµ da-
''G_ue'lles, contra . que os feiv0s'. tevererrí, algúas doas_,
'o u quaee'fquer outras c-oufas em qualquer cc:>r.i.thi.ã
'que feja, que 1oguo ~rcaõ ·OS Offi,cios , e àalem del-.
lo , ajam a.qu('.lla pená corporal , que fegundo direito
merecerem -em; tal cafo , e que os poffa acufar -qua-l-.
quer do Povoo ; ·é~and~mos ao Corregéclor da Noffa.
Corte;, 'e aos j ui'l:es dos Regnos (eb pena da "Noffa
--rnercé'e , que fe -lhes for certificado , qu~ algw·i'ls Pro~
·.curadores taaes coufas fazem, que preFldaõ aqueHes,
• ·que as fazem', e façaõ em el[es juíl:iya , ...c0n10 dwo
he ; e efio fe ent:enda aífy nds .Prncuradores da Noífa
Corte, como-em todO::los dos Noffos Regnos. ·
.33 ÜuTRO sy Màndamos, que os fobre Juízes ,
- ;e

·~
Dos PROCURADORES , ETC. 95.
tt: ÜLJvidores, e Corrégedores , e-quaefquer outl.ios_De-
fembargad<?res, Juiz_e s, .e .Contádo·r es, Thewureiros >
Ve~~.d.ores, Almuxarifes ~ Sacadores., Enque11edores,
q'ue filharem pam , vinho , carne, ou out.lfas qúaeef-.
quer coufas daqueUes, qü-e perante ~lles, 9u veffem fei-
tos, ou que ou veffem de fazer em feú~ Officios algu- -
m as coufas, qu~ ajam a pena .pofta ein_eíl:a Ley con-i
tra os. Procuradores , ou- na. primeira parte; a faber ,.
. por a primeira vez fufpenf6 por_dous mezes, e pela
fegm1da quatro, e pola terc~irà perca6 o Officio, e
rtunca o mats aja6 em alguú temp_o :·e eíl:a pena Man..,,
damos, que ajam os T~l;>alliaf!s, e ~é:ripvaaiés. , que :fi....
1-h..arem as ditas çoufas daquelle~ , cujo~ feitos tevé-
~e-rn , ou daquelles , que com elles ouv'Úem de fazer
·algúas coufas em feus Offi.cios; e ~íl:o fe entenda taro ..._
bem nos E fcripvaães das Audiencias, como. nos E_f-..
CJ: ripvaães dos Noffos Offie íos, quaefquer que fejaõ, e.:.
· outro fy nos Efcripvaães dos Co~cel~os. ·

T I T U L O XIIII..
Do Sc,ripvttô dos ·Feitos . d' El R~y.

1M
~
ANDAMOS ao Efcripvaõ dos Noffos feitos,, que~
ponha: bõa diligencia em guardar os ·F eitos;
Noífos, ~ pera eíl:o tra gua Mia·arca fechada, em que:
t.i:agua os feitos,_e faç_a delks rôol ,_e dalõ-ha ao N of....
ío, '
96 LIVRO PRIMEIRO TITULO ~ATORZE

fo Procurador; e [e vir que o Juiz, ou Procurador


nom fom lbern diligentes aos defembargar , .e reque-·
r.e.r, faça outro tal l.'ool delló, poendo o .dia, em que
f-orerr;. começados, fe per appellaçom vierem, e o dia,
· que aa Corte chegarem , e dê dfe rool a Nós , ou -ao
(-a ) Regedor da Noífa Rollaçom pera o veer, e fa~er .
defernbargar aquelles, que entender que compre? e
i:epreheader aquelles, per .cuja (b) negrigencia fom
cletheudos.. ·
r E coMo .o feito for .defembargado por Senten:..
~a definitiva, e a fentença for dada, e feita , e affina-
da, e affelhida , fo a ~entença for dada por Nós, , feja
logo fresladada .em huú livro de pergaminho em bôa
letra , !.'. defpois qu.e for fresladada, e cÓncertada,
dê-a ao Noffo Requeredor, ou aos Noffos Veedores
dá,, Fazenda .. aos quaaes Nós mandamos que faç;irq
1 ' '
fazer . eixecuçom , e defpois que for feita , toroe-a a
.effe Efcripvaõ, que ~ guarde oem na dita Arca; e pe... 1
:ra fe m~lhor guardarem effas Efcripturas, e Feitos, e
Sentenças , Mandamos a eífe Efcripvaõ , que defpois
.que os feitos forem d.efembarguado:S per Sentenças, e
as Sentenças eixecutadas, que ás guarde bem, e quan-
do for em Lixboa. dê-às aaquelle, que te.ver a chave
da Tone, em que jazem as Noffas Efcripturas , ao
\
qual Mandamos , que lhe tome os ditos feitos, e Sen-
tenças , e as ponha em huú almario apartado pera ef-
to; e defpois que o livro, em que as Sentenças forem
re-
(a) noffil (b) culpa, e
· ~

Do ScRIPVAÕ DOS FEITOS n'ELREY, 9·7


regiíl:adas , como _dito he , for acabado, ponha-o na:
dita Torre no dito almario; e as Sentenças, que def-
pois forem dadas ~ treladeÔ1-nas em outro livfo de ,., '1

pergaminho feito em ~al marca, como o ou_tro, e def-:-


pois que for ·a cabado, façaõ-no encadsrnar, 'e juntar·
e::om o outro , e ponhaõ-no na Torre ; e aífy fe faça
(empre cada vez que o livro, que trouxer o Efcripvaõ
deífes Regiíl:os, for acabado; o qual livro, e Se~ten-
_ças em elle contheudas , Mandamos que faça fé , e
Mandamos ao dito Efc!ipvaô, que feja bem deligen-
te em eíl:as coufas em tal guifa ; que por f ua culpa fé
nom perca.ô nenhuús feitos, ou Efcriptµras, e que fe-:-

______ ______
jaõ regiftos em ell'es feitos , e guarda em elles poíl:a, ~
eomo dito be , fob pena do-Officio , .e de. lho Nós ef-
tranhar-m.os gravemente ,-Como for Noífa mercê.
_.;.....

' .

TITULO XV• .

\,
Do Efiripvaõ das Malfeitorias.

A O EscRIPVAÕ das_'M~lfêitorias perteepce·fcrep-·


v~r todalas malfe1tonas da Corte, e o Correge-
dor ha de-ordenar como fej am pagadas d' Arca das
malfeitorias , e defpois que forem pagadas entom o
Efcripvar~ as ha de' tirar em. roo! , o qual ha de "daf
ao Porteiro dante o Corregedor, que vaa fazer as eix-
Liv. L N , ecu.:. ·'

.
\, '
:
... • ''f'

9,3', ,LIVRO ,P RIMEIRO 'fl:Túto' · ~{NZE '

' ecuçoé:s . per mándado do ditb Corregedor nos bee$:!


daqu~lleS , que .as ~ilfeitorias fezerem : . : ' - '
1 ÍrEM. O Efcripva5 dàS'rnalfeilorias ha de fcrep ....
:Ver ,./ e pb~l e'rn recadaçqrn ciraçooés; .e recadaçooés ,_
pregboês·, e procuraçooés, e,,. requifiçooés (a)*, e
dizimafi d'i\l vara:ies , :q'l1e fe. pç:railte ·o Corregedor
paílam ,' pera Nós havermos boa re,eadaçom do Noífo.
, . 2 · · ITEM. Ha d'efcrepver, e poer em recada'çaõ
~odollos dinheiros , que fom julgados pera a ·arca da
fiedade; · " ·• •·
. • . 3° ·iITÉ'M. · I-ia de fcrepv:er ,todalas penas d"s ;r~
mas , qµ~ "na Corte Ie ti~arerri cÓn.t ra alguús , ~ tirar
·íobre eHo'~ as -·Inquiriçoo~s poli Nofl'a ~ parte fem di-
~h,eiro, po)· bem do maritirnento, q~e por todQ efto, •
na. ·. ú

~ 4 , l1'ÉM. Ha· de traz~r todoios Regataães ·, e as


t.P~ncebas: do µ::rundo ~ortezaã~ e~n huú livro, ·e·1aos
~egat~aés ha de.fazer fe~s pri vilegios) ~ili como f ~ni-
pre foí. ·. ·· r · ·" :
·.
5 hF;._M. Toçh'las. Inquiriçoões, e Capitulas, o
,. (OLÍfas de .rnalfeifoi:ias ~ que do Regno vem aa C0rte ,_
!Pdas :h·~ de· fer da~as aà Efcripvaõ das malfeitorias,
'' ··e eÜé as ha d.e teer, ~~-faz~r *· R.~l~o(bJ . ;' os tivrai~en..,.
., t9~., que p. Ç_orreged0r
" ~ .. * dlo
(ób-re .. (~) ,* dq~ .. . .. ·
., 6 IT'EM,. ·Se na Çorte f~m .'p.refos barreguei.ros~ ou
barr~gueiras , Nó~ lehmos déÜe!; ,'c:ert.as p€pfo.és , hs
q~àees o Efcr.ipv.aõ ·~as_ m:fllfeitori~~ té~rá .çanego'·a~. ·_
' as ''
~ ' • ' . J •

. · ·' 1

. ' ..
!l>.

r. f
r. Do' EscR,tP.VAÕ' nÀs MAL.FEITORIAS•. 99
ás poer em recadaçom ; e pera efio o·que fobrn ello
prdenar o Corregedor, ho Efc,ripvam ~as malfeito-
~ias o efçrepva.
1 .7 ITEM~ Todalas Inquiriçooes devaffas de 'mortes;
ql!e os Juizes devem mandar a:a Corte ', fegundo He
ordenado, haõ d'hir ao Efcr'ipvaõ das malfeitoriaSi, e
elle as ha· de trazer , e outro Efcripvaõ as bom d~ve
tomar; pero fetal_lnquir~çom vém aa Corte per:,cat'ta
pera alguús -0mizi:ados aver~m livram.ento per via de"
perdõ , deve ·v.!r aos Defembargadores , e os Efcrip~
vaaés do Defembargo devem fcrep:ver os l.ivtamen- '
tos , que fe em elles deretn.

- T i 'l' U L O x:vi.
' • ·I

, Dos E}cripvaaés diinte os Dejernbargut,zdore.r 40 J>aÇo,/ -


· ,dos /J.ggravos , e do Cortegedor da Cor_té, e. dos ou-
~ . · ,fros Dyembarguadores da Roll~çom. • · .,.

E
~ •
,. r ,

ScRIPVA'Õ tant~ guer dize: ·~omo hom~m, que :.


he fabedor ·de frrepver , e de notar , e a pr~t ~·
que delles nafce : he mui_g_rande, e proveitofit, q~an_,
do fazem feu Officio, . éomo devem , iealmente_;-ca
. per dle-s fe ac:abaõ ', -e yem a perfeiçom .is c~ufâs ; e
negocios , que fe no :Regno trauta~, _e. fiça i·enem-:.
brança dos que_§Jll· pafféldbs .em longa mem.oria , e
quafi pera fernpre. Leaae~. ~ e ·entendi~os devem.·feer
N 2 · PS

.. :
roo LrvRó fRIMEIRO · TrTuLo DEZAsE1s

os Efcripvaaés da Nàífa Corte, que. faibam ~em ef..


crnpver., e notar, de maneira que ~s .cartas , e autos ,
que elles fezerem; que da Noífa Corte faaem , .mof..;.
tr~m que as fazem homeés de boo fifo, e de boo en-
t~ndimçnto.
;i: • PoER Efcripvaõ a Nós pertence affignadamen-.

te, e he huú dos !'amos do Noffo Senhorio , porque


em elle he poíl:a guarda , e grande lealdade das Car...
tas, e ~utos, que fe fazem na Noífa Corte. E poré~
o lugar de t.a m grande guarda, e lealdade, como efta
Noífa no_m he aguifado, que nenhuú aja puderio pera
o outorguar, fé nom Nós, ou outro finadamente , ~ •
qu€ Nós outorgarmos de o poder fazer.
2 E ESTES Efcripvaaés devem de jurar na Ch.an-
çellaria·, que fai;:am feu Officio lealmente, e fem per-
lo~gua , e nom catem hi amôr , nem defamor , nem
medo, nem vergonça , nem .roguo, nem dom, q~e
lhe~ prometaõ, nem dem, e fobre todb que guardem
- bem a Noffa puridade, e todalas outras coufas , que
. a Nó~ perteencem, fegundo aquello ,'que elles hã de-
fazer em feus Officios.
j . Os Efcripvaaés· da Co"rte devem feer examina...
dos pdb Chanceller Moor, ta,nto -que ouver. Noífa
mandado , perque lhes fazemos mercee .dos Officios,
ante q't.ie ajam as Cartas delles, fe íàbem efcrepver,. e
' ditar em tal maneira , que fejam pera os ditos, Offi-
çios perteencentes; ou fe fom infarúadõs de tal infà-
m~a, ou, fof,I?eiç_om,. que honeíl:ai:nente nom caibam
- <:m
Dos EscRIPV. ,DANT~ os DESEMBARG., Etc. 101

em elles ; e fegundo o que achar pelo exame , alfy


lhés deve mandar fazer as Cartas dos Officios, ou no-
tificar a Nós feos defeétos, e desfalecimento pqa hi
fazermos como Nolfa merc'ee for.
_4 ITEM. Deve cada huú Scripvaõ feer .bem avifa-
d0>, que foomente fcrepva as coufas , que a feu Offi-
cio perteencem ,_ e nom uíurpe o Officio ·alheo per
nenhúa guifa, falvo feendo-lhe efpecíalmente man-
dado, pelo Defembargador principal ,- a que o defem-
bargo perteença , -e conheça do-feito aa mingua, e au-
fencia, do Efcripva6, cujo principalmente for o dito 1(
Officio, e em outra guifa-nom lho devem mandar fa -
zer-; e quando elle e_m outra guifa fezer, o Prefideate
da' Rolbçom , ou Çhanceller proveerâ. hi com direi-
to, e j {1íliça ; é fa~endo alguú Scripvaõ o contrairo do
que dito he, pola primeira vez pague aaquelle , cujo
officio uíurpar~ em dobro -todo aaquello, que aífy ou-
ver , ·e pola fegunda vez pague o tresdobro , e pola:
terceira vez feja fofpenfo do Officio por hum annoª
5. ITEM. Todo-los Efcripvaaés da Corte affy dan-
te os Defembargadores do Paço , e Aggrav.os , 'c omo
dant:e o Corregedor, e Juizes dos Noifos·feit?s , ~
Ouvidores devem fazer~ e efcolher antre fy cada huií
em feu <:::abo hu Efüebu.idor, que aja de deíl:rebuir
todolos feitos , Cartas , e defembargos ~ que faiam
dante os Defembargadmes, e Officiaaes, ante que ef-
. crepve1•em_ em tal guifa , que todos fejam igualados
nas- Efcripturas, que fezerem ·, e dl:~ deílribuiçorn •
fo--
.•
..

' .I.02 LIVRO PRIMEIRO· TITULO DEZASEtS.

ffja .feita per .tal manêira >qlrle ~nde per giro ·ei:n ·cada1
. huu mei antre·etles; e nom frrá oufado nenhum Scrip-
..hõ ·de' :Íllhâ:r ~~guú feiro, ou fazer Ca.rta, ou qual-
quer outro defembargo·, falvo.quando, e como lhe
fo_r'dito, e c:;ncam.inlpdo pélo d.ito Deftribuidor' ; e
faiendo alg'uú 'delles a· contrairo, pagu~ pala primei ..
.tà v·ez duzemos rea-es bral1rns ,., e pola fegunda feja
. fofpenfo d~· Officio por fe\.s mezes ; e poia terceira fe-
os
\ ja pri vadô do Officio ~ e dinhe~ros :fejaõ ·pera .~ Ar-
ca da Piedade. .. . ' · .
6 ÜuTR? sr Mandamás, qu~ todolos fobr~ditos
.Scripvaaés ponhaõ as pagas per fuas maaõs,, affy nas
- 1

Cart'a s, como r10s,.'proceífos , ·e renembranças, .e Al-


varaaes, , e em todala~ outras E'fctipt~ras , .de qUe de-
'Vem de levar rlinheirü'; e ·nas Cartas de-q,ue nom de-
~ vem de levar .dinh~iro , ou pb'ífo que o ajam de_le-,
var , o n9m levarem , ponhaõ nihil ; e ·na Carta nom
p'onha~ ·pagµ·a d~ pubricaçom, nem de proceífo, mais '
.t'arn falamente o que levarem pnla feitura da Carta; e
fe o contrairo·d.ello fezerem , nonpoerido. pagua, co-·
tno fufq d!t~ he, ou.levando inais do que fofo he de...
' vi fado J 'que pala primeira vez '
torne todq' o que levar
)

aa .parte,, e pague para os prefos õ dóbro, e pola fe-.


· gunda~vez aja a dfoa: peníl-, e feja fofpenfo do óffi'cio.)
·e punido de falfo. , . , , ··
7 ITEM. Mandamos, qu~ . as Cartas, . que aquel...
'.te's , cujo h~ ~ defembargo, mandarem fazer -a eífes
•Efr.:rip:v..aaés , que as, façam lqgo t;m ,~ffe.- dia ·:,ou ataã
.' ·- .ma-.
Dos EscRIPV. DANT.E os DESEMBARG., nc. 103··
manhaã, fe as nom _poderem fazer em effe~ia' e effo
mefmo o continuamento dos proceffos , efcrepver os
trelados, ·q ue ouy~rem d'aver as pâ'rtes; pero fe ~­
quelle ,. cujo o defembargo he, vir que fe nom pode, .. •
fazer no fobreditô tempo, affine·o tempo a que o e;ffe
Scripvaõ poífa fazer fem maliCia; . e fe o nom fezer,
faça paguar à.as partes as, cuftas daquelles dias do que'.
affy forem detheudos por a dita razom , e demais pro_.
ceda contra elle como aquel~e , que nom guar'da Nof..,;
fo mandado, nem juramento, que ha f~ito, fegunda
alvidro daquelle, cujo for o defembargq;
8 .!TEM. · Mandamos , que os Efcripvães , que ,
fcrepverem os termos dos feit?s , ou publ~ca.ções pa~
Sentenças, a:ffi" definitivas, como ánterluquiroreis ·,_
qu~ ·as façam eíle dia <l:ffinar aaquelle, cujo he o def-1;
e~batgd, e perante quem paílou ; e nom ó fazendo,
aífy , qualquer perda e dapno , que fe feguir aas par-
tes per mingua da dita pobricaçom, ou termó ;que o,,,
paguem aas ditas partes .,, ~ · demais fejam fofpenfos ; ' .
. dos Officios por hum mez. · ·
9 ÜuTRo sx .Mandamos ' , e defendemos aos [o.:..,
breditos ScripV,aã,,es fob. p~na ·aos Ófficios ,,'qµ:e f10_m .
peçam aas partes papel , nem , pergami~ho, ; nem lhor, ",.
. façam p3guar em'. nenhifa. guifa , , ca êla. Chance-Iiari'a_
/
hã d'aver papel'· e"pergaminho ,pera as Cartas ,qtie
l?er ella paffam; e quanto he .a9 papel pera.'os procef-
e
fos ' de~'e.01-no ,clles à comprar' nom as partes ; ei·
.,
'
fe o contraira fe~~rem , , fejam fofi2cnfos elos Officios .
eor huú.anno_. . l "O Q.u.- .

\
""
. J.G:>.j. LivR,o PRIMEIRO TITULO Dtz:Asns

" .ro Ou~R.o sy Mandamos, ·e defendemos· a effes


Efnipvaaés, que nom façam Cartas nenhuas fem
mandado daquelks, çujo he o defembargo, falvo a-
qúellas , que forem de curfo, riem ponhâ.õ em emen-
ta nenhúa côufa, fe nà ~ o que lhes for mandado per
eífes , cujo he o defembarguo.
~: II ÜuTRo SY Mandamos , que nom vôg uem , . -
. nem -procurem nenhu'us (eitos, falvo fe for 'per N oífo
. mandado; . e Mandam~s "que a~m aas partes aere·m-
bargo beninamente fem·· nenhua dcteença, e nom 0s
L .
doeftem, nem os vil tem,, ·.nem lhes dem maa refp.of-
' ta; e fe o contrai ro .fezerem , e for provado foomeflte
per húa teftemt,rnha fem fofpeita , que· fejam fof pen- -
_ .fós dos Officios por "huú mez_, ou mais, fegundo o
exceffo for nas pal~vras; e que feja làgqfeito corrigi-
mento fem outra fegura de Juiz~ aàquelles, que ·affy
doeftarem , ou viltarein , ºli derem maa refpq.fta, c;m
d9bro do que feria corregido, fe lho outra peffoa-dif..'.
feffe ; e fe o a parte non íluizer , que ó ajamos Nós ;
e fe hi' ou ver àcufador, aja ·a te150 ; e ajamos ~ós as ' •
duas ,partes.
· I 2 · ÜuTRo s"1 Mandamos, que nenhuú Efcripvaõ
noin fe 'parta da <:;orte fem -m~ndado daquelles ;-pe-
rante. que efcrepv~rem, e aquelle, que fe d'hi partir,
feja fofpenfo do .Officio por huíi anno, e o que fe d'hi
partir per man.dado qos (a) Defembargacdores, ou
ou ver neceilldade , -que leixe feus feitos todos- a cada

--------------
hum
_Vt) fobre ditoi S,
Dos1EscRIPV. DANTE os DEsEMBARG.,, ETC. io5
hum . dos· outros Scrípvaaés ;·, e enforrnaçom em .tal
guifa ,-que nom fejam as partes detheudas por efta ra-
~om; e fe o aífy nom fezerem, que paguem aas par-
çes todas ~s cuftas, e perdá:s; e dapnos ,:e rnafcabos,
qüe pela dita razom fézerem. ·
i3 E POR nom feer .duvida no numero dos Ef.,.
cripvaaés qúantos devem feer, Mandamos que no .O f-
\ ficio do Paaço dos Aggravos , que aa Noífa Corte vie-
i:em da Cafa do Cível, que nom aja hi mais qu~ huú, .
Efcripvaõ ; e os outros aggravos, que vier~m d'ante
o Corregedor da Corte, e Noífos Ouvidores; e o da.
Rainha ,'que i:aaes aggravos fejam deftribuidos pdos·
~fcripvaaés do Officio do Paaço; e que ho Officio dor
Paaço nom aja hi mais de cinquo Efcripvaaés , con-.
tando hí aquelle Scripv~õ ', que ha de fcrepvér osig-
gravos , 9.ue .veem d 'ante os Sobre- Juizes , como di~ ,
to he..
14 ITEM. No Officio do. Juiz dos Noífos feitos , '.
que' aja hi dous Scripvaaés, e. que em Officio do . Cor~
regedor da ·cone nom aja mais de.quatro' Scripvdaés. .,...:
15 ITEM. ~e no. Officio d':a~te o Ouvidor da'. ·
Rainha nom aja hi mais·de huú .
.16 ITEM. ~e no Officio dos Noífos Ouvidores
f.iom aja hi mais de tres Efcripvaa~s. , : ,
· i7 ITEM. ~e em todalas correiçooés de .Purtu-
gual ; e do »AJg1rve nom aja hy mai's em, cada hii.a .
correíçom de quatro _Efcripvaaés.
:{ 8 OuTRo SY Mandamos·, que nenhrt dos ditos
d
·"-
Liv. L Scri ... ·

. :
·Jo6 ·LrY_Ro P~rMEIRO TrruLô D!lZAsEr~

Scripvaa.és nom levem mais das Efcriptura,s, que·


frrepverem, daquello , _que for t_aufado nas Ordena-
çooé~, e fazendo o contraira, pola primeira vez per..
ça a cleftr"iibuiçom. de huú mez ,'e pola fegunda feja: .
prefo Ol!tro mez, e por a terceira feja privado do Of;1
ficio , é mmca * o ' rriais aja (a) * .
· 19 Tonows Scripvaaés da Corte ·de cada huú.1
Officío devem feer * pr~fentes (b) * , e deligentes em-
cada hum dia aas Audiencias dos Defembarguado-
res , e Officiaes , perante quem -fcrepverem em tat
guifa , que nom errem as ditas . Audiencias ; _e non 0 1
fazendo ·affy os ditos Defembarguadores, e Officia~e~
(l;01°lleta:õ feus feitos, e defef!!bargos , em que aífy [o.:
.r em negrigen~es a algu,ú outro Efcripv~õ dos que pe-1
. rante elles fcrepverem i e aquelles , que aífy forem)
i1egrige_ntes, nom ajam mais proveito. daquelle feito , 1
ou Deíembarguo , em que affy cometerem a dita ne-.J
grigencia , como dito he. 1.
. 20 ITEM. :Nlandamos que todolos Ekripvaa·é-s-da,
Corte fejam bem diJigentes pera. efcr~pverem conti-.1
J.11.uadamente pei: fy meefmos perante aquelles Defom-
ba~·gadores, e Officiaés, a que fom ordenados, e nom\
peilam por fy poer outros Efcripvaaés em feu logu'o
por alguú cafo; .e [e Nós fezermos graça a alguú Ef-·1
cripvaõ , que po!Ia pér outrem fervir feu Officio "de-
ve o dito Elcripvaõ poeF em feu loguo tal, que o fai- '
' ba , e poífa fervir bem , a.ífy co'"mo elle meefmo ; p ·'
qual
~------·
{".) m~i's , a el reíl:itu.ido S. (bj ~reftes.·S._ .
Dos EscRIPV. DANTE os DEsF.MBARG., ETC. rn7 -.
qual forrogado deve íer viíl:o ' e examinado polo dito
Defemba~gador, e Official perante quem fcrepver, e
feendo per elle aprovado., poderá bem Jervir em lo-
guo do di.to Efcripvaõ aquelle tempo, pera.qwe ou..o
ver a dÍta licença e graça , como dito he , e d'outi:a

------------------
guifa nom. ·

_________
,

T .I T U L O X VII.

(o
Do-Porteiro da Chancellària •
. 1:

PoR TEJRO da Chané:ellària hirá em cada huú


dia á Caía do Chancel r pela manhaã , ou a<t
tarde, fegundo lhe for per ell avifado, que quér feel-
lar , e prefente elle , feellará as Cartas , o qual Chan-
celler finará per 'eíl:a g1iifa; a faber, na Carta do feel..J
lo redondo em fundo, honde ha de feer o dito fecllo ;·
~ nas Cart~s do feêllo pendente em cima da fita , em
que hade pende_r o dito feello; e corno for~m feellà-
aas ,' mete-las-há em. hú faco ç~rrado , e aff~eHado, e ,
leva-las-ha a caía do Efcri'pvaõ da Chancellaria ferrt'
* de~vairando (a) * pera outra parte ; e affy as teerá
fem abrindo 'O dito faco ataá que o dito Scripvaõ , e
Recebedor da Chancellaria fe afieentem pera as dar ~
e * perante (b) * ellês abrirá o faco , e tirará huúa, e
huúa Carta, entregando-a ao Efcripvaõ ; e depois
O2 qui
(a) de~;.iaodo S, (b)prefe.;-~--~-~--

•'
' ro3 ' LIVRO rRIMEIRÕ . TITULO DEZASETE

que lhe pofer a pagua·, e o Recebedor for entregue,


a
dalla-ha a·párte) que' perteencer; ç tire outra) e af-·
fy todalas ou'tras , teendo o faca fem tpmando outrem
. Cartas, e feendo em ello bem diligente , _chamando ·
as p~rtes , que lhe o Efcripv~_õ diífer ; e defpois que
as Cartas do faco forem todas dadas , o dito Porteiro
ponha ante fy as Cartas velhas da At:ca da Chancella-
ria ~ que ficar~m por dar dos·outros dias, e as dê ao
dito. Scripvaõ .pela .guifa fofo dita , e as que ficatem
.
1. •
torne-as . aa dita Arca. · .
r E EM duranqo as ditas Çartas, fe alguem qui-
z~r atteftar alguúa, poífa-o fazer, e pague o direito aa
Chancellariá-, e o Efcripvaõ entregue tal Carta: com
ºf embargos , que pala parte do embargante forem
' ~ados a nom paffar, . :Porteiro, que a - lev~ a~quel­
le, que a affinou, pera a defpacha~ . em Rollaçom, fe ·
tal Defembarguo fqr clado em Ro~laçom, e ao Portei-
ro feja paguado .feu trabalho de tal ~ida. ' . \,

2 .E AALEM deíl:o , ferá theudo de fazer qt,ta-lquer


coufa , que lhe for rpandado pe.lo Chanceller , e Of-
:(ic~aae_s da Chàncellari~ por ferviço Noifo, que aa d~~
t'!.. Ç}iap.~ellaria i:i~rteenç.a.
.__________________,......................_.....,
Do PoRTEJRO DA RoLLAÇoM: I09'

T 1 T U L O XVIII.
Do Porteiro da Rollarom.

O PoR TEIRo da Rollaçom haverá cuidado cada·


vez que a Cafa da Juíl:iça -chegar novamente a
alguú lugar, de a ver logo de bufcar duas Mêfas com
feus bancõs, em que ajaõ de feer os Defembarguado-
res cla Juftiça, e defembargar fcus feitos, e quando
as nom podér aver , requeira fobre ello ó Veedor da
Noífa Cafa, e mandar-lhas-ha fazer ; e deve feer bem
diligente , * e {a) * em cada huú dia bem cedo pola
nianhaã vaa correger as ditas Mefas ,.e bancos de feus
bancaaes, e campainha, e buceta de poo, e.tinta _.;
como he de coíl:ume , em tal guifa , -que. ql:lando o~
ditos Defembarguadores chegarem , fe p.oífam logó
~ífeentar a defembarguar ,, e nom ajam rafo~ de f<;
-deteerem por ·mingua dello ..
1 E TEERA' cuidado de guardar os pãn0s d'ar-
rnar, e bancaaes , e c'.lmpainha, e boceta de Pº? em
·tal guifa , que de todo dê boo conto , quànêlo lh~ for,
requerido ; e todo eíl:o lhe feerá entregue per manda~
do do Prefidente., e"efcripto pelo ·Efcripvaó dos Nof.,..
.fos feitos, pera defpóis Vlr á boa recadaçom •.
2. E GUARDARA' a Porta da RoHaçom continua--
damente em cada huu dia, fem partindo d'hi em.
quan- ·
'l IO ' LIVRO PR!MEIRo" TITULO DEZANOVE
'.
qu~hto. a Rollaço~ durar, nom hindo a outra nenhú~
parte fem manpado do Preíidente i e nom leixará en-
trar nenhuú na Rollaçom fem feu mandado ·, falvo fe
for do Confelho , ou do Defembarguo ; e fazendo o
·Contr~iro, que o Prefidente o caftigue como vir que
he bem~

---------------------------------
T I T . U L O · XVIIII.

Do Porteiro* d' ante o (a)* Cor~egedor da_Corte.

A O OffiCio do Porteiro * d'ante o (h) * Correge..1


dor da Corte perteence feer bem diligente , e.
~m cada huú dia pela manhaã deve hir a cafa do Cor-
regedor, ante que 'fe elle parta pera a Rollaçom ; e os1
feitos, que o dito Co~Úgedor tever viftos , deve-os. dei
]evar aa Rollaçom dentro em huú 'faco, que elle pe-
ra eíl:o deve tecr ordenado ; e 'fe hir com o ditá Cor-'.
._ -regédor, e eíl:ar ·aa Porta da Rollaçom affy pera gua~­
dar a porta da cafa ~, honde eftever o Corregedor com
.os Ouvidores, e Defembarguadores defembargu_ando
-OS feitos crimes, como pera fe O ouverem mefter, p_ e-
,ra 0 · mandar a alguã parte , que o. a~hem preítes ; e
norn fe deve par.rir pera nenhuã parte em quanto afTy
~íl:everem em Rollaçom , fem IÍ~ença do Prefidente
naquella Mêfa : e per femelhante modo 'deve fazet
de-
-----
- - · - - --
· - - - . . - - -..............---r-
.(~) do (h) d~
Do. PORTEIRO D'.ANTE o CoR.REGEDOR, ETC. 11 r

,depois de comer nos dias,que o Corregedor ha de fa_


~er A1,1diencia, e lhe levar os feit9s, que hi deve pu;..
.
blicar, e levará1
o pano pera a feeda , e deve hy feer
prefente pera citar os qve 1~1e o Corregedor mandar
e.irar , e fazer outra qualquer coufa >.que lhe o Corre~
. gedor mandé por bem de Jufl:iça.
1 . ITEM. Citará aquelles, que o Corregedor man,...
dar citar, e outros nom , falvo . fe alguns eíl:evÚem
pera fe partir , que feria perigo requererem o Corre-
gedor , poffa c~tar per fy ; e fe alguma P':!·te quizer
citar per palha , e nom per Porteiro , deve requer.e r
ao Corregedor, e elle lhe dará palha pera citar (a) •
2 ITEM. Se o dito Porteiro citar na Audiencia
huúa peffoa , levará huú foldo; pero Te citar n,o dito .
loguo marido com mulher, ou Prio1 e Convento, que
-. fom reputados por huú corpo , levará huú foldo ; e fé·
citar no dito loguo h erdeiros, e te:íl;arnenteiros , levá-'
rá dous foldos ; e fe eíl:es forem apregoados no dito. ' '
)oguo, o Porteir? leve do pregam huii foldo, come;>>
da citaçõ ; e fe eíl:as peffoas forem citadas na Villa'.
fora da Audiencia , leve o Porteiro de. cada peffoa·
dous foldos ~ falvo fe forem herdeiros , e teftamentei- .
ros, que levará quatro , por.qi1e fom ·duas peffoas ; e· .
fe o Porteiro for a alguü lugar citar alguãs peífoas aa
petiçom dalguem, per mandado do que he Juiz, ou
Corregedor, fora da Villa, e for no Termo, leve de
cada legoa quatro .;; reaes, (b). ~pala hida, e dous por.
\I ' ' a
----------------__,_...,..___--
. (a.J atee aquel ti:rmo , que. hoi>qenado he que. p,offa citar Jl?r palha. S •. (b.) foldc•.
.
-y ,r 2 LrvRo -PRIMEIRO TITULO DEZANOVE

a vinda, .e dous foi dos por a citaçom de ~ada peffoa;


tirando fe for marido e mulhe.r , e Priol e Convento, -
-e herdeiros , e teftamenteiros ; .que paguarom da hi~
da ., e via.d a, como dito he ; e dos hereeos , e tefta-
~enteiro~ levará quatro foÍd~s. , porque fom duas pef~
foas, e áffy do mais, fe mais forem, que .dous, e nom
rnorarel'rl em huma cafa , qua fe todos morarem em
huuã cafa , nom levará mais que dous.
3 ITEM. Todalas Sentença$, que forem dadas pe-
lo Corregedor. de pequena contia, a faber, de trezen..
' ..: -
tos reaes a fundo, devem logo feer feitas as eixecu-
'

Çooés per o dito Porteiro ; e fe forem de maior con-·


,tia:, devem Ceer feitas Cartas feelladas , e per Alvará,
ne~ Portaria nom aeve fazer eixecuçom ; e quando .
• <

affy for fazer as ditas eixecuçooés , deve levar Scrip-


yaõ, e devem de recadar a dizima, e qualquer outro
direito, que a Nós perteença daver; e fe affy norn re-
cadar:em, o . Porteiro , e Séripvaõ paguem ·a dizima
po.la primeira vez em tresdobro, e pola fegunda anp~
V:eada , e pola ter~eira percaõ os Officios.. ·

TI..,
Do PREGoirno DA CoR TE. II 3

-------------------.-------....~·
'

TI TV LO XX.

Do Pregoeiro da Corte.
/
O PREGOEIRO da Çorte per Direito , e per cuftu- .
me ha d'eftar nas A,udiencias preftes pera apre-
goar qualquer , que mandarem * degradar com pre-
gém~; e fazer (a)* outras to_ufas, que lhe forem man-
dadas pelo Corregedor fobre alguuã eixecuçom , qu~.
,.J eja neceífaria ,.ou compridoura per~ bem de Jufiiça; e ·
.elle ha d'eftar fempre preíl:es pera chamar os outros
Pregoeiros. <;ada vez qu·e fe ou ver de fazér júíl::iça~ ef-:
tando aa porta da 'Rollaçor~ continuadamente .aa
quarta, e aa feft~ feira , que fom dias efpecial~erite
depút ados · pera fe fazer juftiça, por ta-1 que a~ fua
-mingua.a juftiça nom feja retardada.
r " ITEM. Hade fazer todalas remataçooês d~s dx- .
<Çcuçooés das f~ntenças do Correged~r da Corte., e
"_}\

:dos Ou:vidoi·es , e quaeefquer ~utras, que lhe fejà rr{


encomendadas p€r cada· huú dos Defembarguadon:s
da . C~rte; e fe nom. fezer feu Officio.
como deve; , o
. '-·
Corregedor ha delle .de fazer Dereito, e Juíl:içà; ou
l() Regedor da Caía por Nós. '

____
. 2 !TEM· Há d'aver de feu Officio palas eixecu-
çooês, que fezer , fegundo ht: contheudo no1titulb das

·-
Liv. I. P cou- ___,.
•. .{a) apr~~oar per degre<ló , e pera S. ;'
. \iINTE E ' DOUS '
couíàs···, que f>erteecem ao OfE.óo êlo Co~bdor . das-
cuíl:as. ,_
.:
" ' r

~
· T 1 ,T U O . XXI. ·
' 11 ' ' ' . • ., . ..

·D~ Port~i1'0 * dant.~ o:s. (a)* Owvídores No.J!o·s , e â~ ~ "·


p;;;te~·r~ * àante_ ho ( /j) * bwvidàr da Rainha.·

A.
. .
O _OFFiêIO qos Porteiro~ d:Os. Ouvidores.., aff~
. Noffos , como o da Rarnha ,_ perteence _. fazer·
· ~q-ü~llas coufas perànt~ ·c.»s-ditos.Ouvidores·, e _foas Sen-
t'enç~~ , que"perteence fazer a9 -~or.tdrQ do Correge_. 1

dor .perante Ôpito Corregedor , e fuas SeFttenç~s , fo,.


gu_ndo he ·_contheudo·no ÜtLllo de feu .üffic.fo. 1'

....----.............._..__________.......
:;)'

' ' ~·~- --

"

.~ T Í TU .LO XXlI..
') ·- .
])ó .qzt.e·pf_!teence aos Carcereiros da ·Càdêa ;- do Córregedól
. • . dq,;Nqjf-a Çor:te , e dà. C{ldê.a dóS Ou'iJt'dores. »

O.CAR~~REIRo·
' :" I ' '

do Cbr.~·egedor ha d.e t~az~r quatr<:>I


home€S, e o Carcereiro dos Ouvidores 00119- ho... ~
meês ;. e efto per:,i encadear, e defencadear os p.r.~f0s _,,,)
€ guai·da'l" as. Çadêas. E o Carcereiro do Corregedor

ha de dar huúa Cadêa de monte, e dous hom~és, que;

1
r
\~ ·
_Do··QYE PER1'tNÇE AOS CAReEREIROS, ~Te. : ·~ r9.1
·r
a ndem pelos caminhos; per bonde quer que:Nó~' an-
darmos, pera os que prendetem, e com elles ha d'hit
"buú homem do Meirinho das Cadêas.
I T ITEM. H a de guardar mui bem fuas prifoões. ,
e os prefos\ e aprifoa-los, e requerer cada pia duas
:vezes os p;efos das prifoões pera veer fe foro '.Prefos ,
. e.recadados J e fe tem feita algu~a maneia per~ fe ~.a ..
verem de faltar; e qüando achar alg... QltÍc1. mal fei- ·
·t~ , -noÚficala-a )og1,10 a gram prdfa .a orregedor, e
ao l\1~irinho das ~ádêa~ ., para.hi·tornarem, e pfovee-
. rem com JufüÇa; e levalos-hain ~·~verternugua o Car- .
ceré~r-0. , ' e o M.eiri.nhà com feus homeés duas V z'es· .
"' . ' - ..
no, dia', .S, hã de fazei: toda-las coufas ,, que ~ lhes·ho
Meirinho das Cadêas ·mandar ·fazer por -Noífo Ser-
viço.
2 · E - QYANDo· os prefos \n.clare~ camiohQ, ham_
.de feer entregues aos Cóneelhos , honde cheglfarem ,
~ affy de E:oncelho em Concelho; e o C~rcqeirõ nom
lia de_teer outro carrego delles , quando andarem ca-
minho ., falvo aprifoa-los ªª noute h.onc!~ que.r que
c hegârnm'> ataa ferem ehtregues honde·a Çadea. ou ~er
de (é~r· él'afeífego"; e nom ha de confentir-;'.. que ne-
nhuú· prêfo tragua ferros_de beíl:a, que fe feichem ~ e
·quê fe desfeichef!l com c~_ave ; ~ qualquer," a 'lue os
. ·t nàndar trazer, ou confentir , que Ós tragua ., ham de
:fe~r · do Meirínlfo das ·c;_~deas, que ihos t 1a:loguo cfo"
mandãr fi.lhar (a) -• - ...
- =--=--- ..:;. .- - ~-------
(aj os dito> fe rros , fe os mais t~v~r S.
I 16 · :LrvRo Pf{uniTRo TrruLo VürrÉ E TRES
., • .. ,. • • 1 ••• • \ ~ " ti ·'

31 O lVhrn.I:NHÇ> das Cadeas' n 0 m h_a· de partir do


fogar ; . h~n~e a Caâê'a ·efre~el' .afeieg{;ada:, a:taa .que
1

nom parta,m as Çadê.a8' a prirüeii;a<jornada ;- e efto .


q uando fe á.b alarem d_e lrnú lugar pe.rà outro ; e quan~
<lo o ~arcereiro vj ~~ que alguú .prçfo ~1.efobervo ·, d'e r-
onefto, e voJte.~rn.e.m ~a}. guifa,, que por feú .acrfo a Cá-
-dêa receI?a: alguú perigo ,· tle~e-o de no~ificar ao ditó
"Meiriliho!\la · adêas; ~ ou a·ó,Côrtegêdor. peFa lhe:fe.:;
rem iançadas grande'$ pti.foes ·em tal gu,i(a ; . que pór
. qelle _k naõ poffa fegÚir
cau,fa ' . ou.tro .dapno' a ellá. ~


! '

·[)04· Corregedores· das Cor1arcas, e cbefás , qu~ afeiú: ~


~ O/Kcfo_sper_teenl·ern~: - .: ...!• "

'E ?To ?e o q''-le deve fazer o Çorregedõf da


.. 'JJ'.~ ,', ;#' •.;- ' • . " . ·."!'il.""·
,,.. . • ' ., l

~om:r~
. ca· em · aquella·terra; em qmi ha, de con:eger,-j _ '
~ tambem no feito da Jufüça, com~. Í,lÓ * úfan;~nto ·(d) -~'
~ da terra. Primeiramente
,( .
desq~e for·efi! .fua. ó:>rreÍçom ;' '

'dev~ mandár 11os, :fnbalEa~e~ doJüguar ,~ per1ónde en...


"tender d'fiir, , .- qiJe lhe .env.ieil\ o; Stados , ...:·e .que lhos.
·e nviem P~F ,~al guifa i ·q u'e ~p~.1· eUes poff<1. {e'eti·;certo·
'tàmbem dos ma~ós ,feit~s , que fe._ hi Je~ere,i,n ;·'CÇlIµQ
cio v.e1:eamento da 1.erra~ E ·éfie·Corregedpr veja log~c>
cffes St.ados, e fe a2har, que alguús, rrí~reçem d~ fe_e-1;
pre ....~
' ... .

/ '
.,
\

• .1 .....

·Dos CoRREGEDOREs DAs ~CoMARcAs ,. ETC. r. r 'i/

· pr-efos , ~· mand~ ~guo fua '.Ca~ta çarpda ao l\_kai.de·,


ou·aa.s Jufiiças deffe lugar; de ·que lhe foro!ll dado~
;ps St~dos , e mande--Ihes , que os prendaõ d~ guifa ..,
, ' que o~ ache prefos qµando por hi for. E diga a çífes. ·
::r:aballiães, que façam o~ Stados , pc;r, eí}a gu·ifa ; que
fcrepvaõ ~ todas ;as querei.las, qu~ forem dadas tam-
:bem a' eÜes ·~ coroo àós J.uizes '> onde elles prefentes
no~ e.f;teverem ~,. _fiando, hi fempre .teílemunhas cha~
.madas pera: e'fro, que, ouçaõ em çomo 'lhes."darl a q u~-
. rellajur:ada, e t~ltemúnhas nomeadas._; . .
~ 1 · E :pÊvE mandar ~ Corregedor a~s Juizes ; q~e .
.fe lhes alg.úa quéreÜa.,pe crime for dada honde nom ·''
eíl:'iver· Taballiom ,, e,o p:Oderem. logllo haYer , q~e
~andendogo por e-Ik, antes .que ·fe délles parta o
.q~e1;éf<,>fo, .e faÇa?_..,i'he .forepve~· a q~_er,eUa aíry cornor,
;fl' parte a. der ;.e fe p9la vent1:1r.a,ao J.µiz for, daçla que 7
_,rella< em ·tal 14gar ,_ que IJOID .poffa by. logo a ver .'tà'f'·.
· ·· 1balliaõ-, '" que.. a fcrepy~;~ ,faça-a depois efcrepve,r. ·a<>
Tàballiam , ,aífy ,como lhe for dada.', e.o TabfiÚiâ'.rn
fcr:epv~·' -a ao dito, do' Jwiz.,. e chame '
hy tefternurlhas
'
~,
..
-,péni affy.como fe; lha'. ddfe a-pàrte... ,· ·.' ' , ~ ·
\

._ ·2 , R 'a-_À.MBEM os..Taballiáaés.. , cÓrno".os '}úii;es .>,


1

'.quando)hes:'. qµer~ílás _fo~erri dada;s, f~ç?-Õ logud j,~r;~r,


.o 'querellofo .; quê nóm daJnalid0famentc:; a. tp.l etell~,...
.zyi~is porque .h,Ç Y·er'CJa.de ·~ ,e que .a!fy. q .entend~"a pro~ ·
· var, ~ façaõ fcrcepv.er_.os ~1on;es. d.ellas .·~le.juraJl, llOQ::t
qui~er >..• nom lhe r~_cebaõ a que.r.ella ;,, e eff; n1efm~ ,
&çf\tn -1 . fe. pom q:iizer ~9mea~ ,as,Úite,mµnh~s '.:~, :f.al yo ,
' '" .;'. '.• ••• 1 fQ, - ~

.
! ~' ,. •• •

-.... :.~
'
.
,\
' "" r J
.ot~.

. , " fr~dl.ff'e~·P.er j.úrameµto ·, ·qu~. Jhe n~fro lembra quaees-


'. 7•.' >·~' T · lii eíl:âvaõ.~ oq ~s nêi"rries1 clellas. E quandi:>'aífyjurar ~
" ~: t . '· ponh~Õ~lhe •témp'o à que venha dizer ·QS nornes del..;
; · las, .·e tnto~ ~fcrepvaõ; e digaõ .; q4.e le'lõ húa vez.
'' ''>11a:·Cioni~a
..1 ,.
iiós Jtii~es
,,
as querellas,,
' .
que. tev"eFem efcrip- >

.tas, e.digaõ-.Ihes fe ente.ndem , .que fórn fem fofpei':'


·:~ ··ia"~ ~ que ,ás fa~a.m com;gér ; e e'itlmendar ~ 'e às .clÇ!f-
e
:- > •

·' ·. ' .' e'mo~rgue'fu. 'lom direito ;' juftiça:~ e' de çonio. os_
~ 'l; ' • - ~

i~u-~zes ·o~fez1r.em, ftregvaõ-ho~os Ta.ball,i~aês no _ fta.:..


ao.', ' e de_m-n@_;~o · Çç rreged9r ;: e .fe "ent€nderem qu~ .
-6.\s~ jb1~es
,,
foro
' .
fof •,
p«~ltos' -;.e{nyiem:no
... > ,,
·afzel'. ao Com~- ~-,._

gedor~.
; ou·a Nos.~ 1, ~
. . · .... , :16~ . .~ ., .
~; 3, · .E sE º ·G_or~"<tgedor ~c;:,hár-. , ·que . nom ~ pr~ndem
- ·"' - '
1

. ~ ~l'''''?i: !t'. :i: ... '·.


:alguú . màlfe~for ~ ou nqn) defembq.rgam-..• eífes ··füros
, . 1.. '( 'f

'.p~r .fqcv c:~{pa ,·,ou, per füa. negr.ig.e~cia , :«~u por'.:~iltra


.·'-fl'.lÚ: í:ria";?;eir~. , ~ de-llié§ pena 6.C?s~.Ç<Jrpos ,, · p u , b;aver.,i
. L.qual o'feito demanda,t ,í~ ~faça~lh,~s~'t::orreger pelos-} ui.;;;>.
que
.Z~l?. , p~i~ '.~om fa~ ·~er~mbárg;u;~ do11 por fua_ .c'u1~1 •
pa ," t, dampno, .. ·e per4a;i que f~ .'.llié~ feguif - po-r a ..dfra . '

razom ;:e fe achar, que:Qs ..Tab.all.ia~€s fotpm em éul-


. pa" .é~1:qm{. nôm mpíl:~aroin" às ' qú~_rella.s aos'Juizes, ' ··~
ou os Juizes ~- porque oú ióin prend~rom· ,'ft'rahhJ!.1h!;) ~
como n0 feito .coubet,; e ouça. eíles feii:Qs deffes pre..
cfos, cp~ô porNq~ he, rn~ndado ; e·ord~óad<Ú19 d~ci~·
tm9 ' -
artigo do!! geraaes .... . ·, que .
fezetom, .
;. e. rr( J;,i:x:boif
, .em ..
â:quello , que fe aqui·adiaqt:e fegue. , .
~ ~ ~

;. 4 ·l nM. :r>efp9is ).qu~ for .etn alguú lug;u âe .fiii '~ ~


1 ' .. • .. • < • \ - -.

deve
. rnànàar·apregdar
~ ... )... que,.,.venhaõ. .,. 2ei( }

. rante
.. Dos·Con.REGEi?ORES DAS CoM ~\RCAS ~ ETC. r r9
.Fante elle . todos aquelles ; qqe ou verem qµerellas de
Alquaides , e de J1.üzes, ou Taballiaaê.s , ou de pode-
e
:wfos ',ou d'ou~i:os quaeefqtier, que 1has ·fará corre-
ger; e qu~ ·outro fy.venhaõ peranté eli_e todos os q~1e
ouverem demandas ,_,e qi:ie lhas fai;á d,efemhargar; e
•(:) pr'~go'm aíty aàâ'o ; devtt chamar os, Juízes daqué)le
lugar~ e poe-los a par de fy, e - ~azer-lhcs ·pergunt~,
~uando veerem as partes , que feitos teern perante os
.Juiús; porque os'-n~1~J defpachám, mandando-Íhes, .
que Ieguo defombarguem feo.s feitos.. _
5 E nu ne>~ deye tomã·r em fy p1~eito c.rimil}al·;
nem civil, falvo 'd;Àlquaide : ou de Juiz , ou dos que
forem .Viogàdos, ·ou Procuradores ,, ou Tàrbal.li~aés: ,
eÚ''qúUllroS· quaeefquer pqdernfos ., ,, e ©S preitÔs de:ftes
poderofos fi.l:he'tiFl. em fy :quarrd_e os Juizes. diif.e<I"em.,,
que Í1:_om podem por á1gúa ~·ire-ita: razo-m f~zer direi-
to,. aern jufü9a d:dles. ~ oa for.em fofp~ i.tos , ~ . entorní
maça €fl'.~s feitos €m qil!lanto hi ·e.ftever) e deífémbar--
gue-QS, fe ~©filter; efe ~S 'h i HO.O~" 'pode.r defembairgar t•
cortreta .elfes. fekos aos Juízes ,. que f©.r.:om. a:nt;,e-ell:es·~.
1 '
1
que :for~m. fer.n fo.fipeÍ>l!a, ©Ü a algu.ú homem no@deff.ai.
ViUa , fe "'e·fI'Cl's1@urrµos. Jui:zds for.e·mi. ,ffO,flpeitm;: ,.. c©!~o.·
por :JN'.ós 'he r.:i.anda.ão ;' e 1i.0do... I:os outros feÚo~ faitai ou-1-
vir, e de:femba.rg·a r pelos Ju•i"ões ,.tambem em quaH•lío:.
hy for , €:Qmo a·efpoi-s ; ·e, .te -~kCpo.~s quantà'o- hi. tor--\
RÚ, ~.çhar que al:g:l!lús.'daq1!1€l1l·es feitos noFW fom ~h~f..:.
ftm0a.rga<lo31 per culpa· Qaquelles. }u·i.zes·,, ou por 0u-.
tra maneira, 'como qito. ~e ,. <leve.-lho.d'eíl:r.anhar , ,
~

. a.íf*.

1 ·~ •
I.20 LrvRo PR·IMEIRO TrTuto VINTE E TRES-

aIT:v com0 vir,, que .compre., fegimdo n@ feito c0u-.


ber. .
6 E NOM deve o ·Corregedor tomar éonnecimen- .
·_ to per appellaçom , nem · per fimpres querella , dQs
feitos das injurias , ne'm dos mancebos das foldadàs ,
em qu~ defendemos_, que ni)m recebam <i:ppelbçom ~
~1em aggravo; nem receb~m Eftromento de Tabal-
liarn de aggravo dos ditos feitos, , que lhes fobre efto
·feja moíl:rado , mas brite-o logo , e eftranhe-o com
pena ao Taba11iaõ, que effe Eftromento_fezer; e faça
de guifa, que.Te guarde o que per ElRey Dom Pedro
foi ordenàdo ~ e outorguado nos Artigos. Geraes das
merceês., que fez aos Concelhos de fua terra nas .Cor...
, tes , quê fez em Elvas ~ ~fpicialmente nos vinte e
dous ,.e vinte e tres artig0s ., que faliam em eíl:a rafam.
7 ÜuTRo SY 0 Corregedor nom conhecerá de
nenhuus feitos,, que a elle, ou perante elle venhaõ per
maneira à'aggravo de quaeefquer·fentenças definiti-
.. vas, que pelos Juizes das terras forem dadas, como
he dito, que conhecem, nom a"vendo poder pera efto;
nem dê .Sentenças , nem faça nenhuú defembarguo
fobre effesaggravosantre as partes; nem receba Eíl:or-
menros , nem Scripturas, que lhe fobre eílo fejam
moíl:radas , mais envie-os logo , e digua aas· partes ,
que as levem perante os befembargadores, ou Sobre..
Juizes , a que he dado poder pera conhecer delles ; .e
·f.eja certo, que fe efto pairar, ou* tras (a) ~ ello for 2
.<. que , .
.(~contra S,
Dos Col,lREGEDORE,S . DAS .COMARCAS, ETC. I 2r

que :Nó; lho' ftranharemos ço~o aaquelle ~ qué"def-·


, preza Noífo ~andado. Pe~Ô o Corregedo( d~eve filhar
em "fy:•, e li VJiaf ·com direjw os. fe_itos dos ;F\dalgos , e
dos Abades , .e ·Priores .dç fuaCorreiçom, ~ que antre
{y ouve.r e:m, ' ou eÜes derµapdarem' a outras qqae;ç:f- .
quer. peífoas\ ou etfas peffoas.a elles , poíl:o que lhe os. ·
Juizes diguã, que farom _d ireito delles ; e·'.efto ri:~s· ca~.
. zos_, que a J u~~ifdiçorn perte~ce à'.;Nós. , · . :•·... ,·
' ·~ - ·~~' ' . -
-·.. 8 _ AQ11E11Es, que ·~menger ; qüe de_vei:n fsef '. pre-,. ·
fos per Stados >qut; lhe-derem , deye-os.. eUe-'de m,a n-...
da~ prender aquelles, que podérem ac_ha'r:·~ e· to.?9s
aq~ellés , qu.e fo~em._ prefos·· , deve,os dai; :;i?s Juízes ~·
·~ CÇ>m as qúerellas , denunci:aÇooés , e·eh.forIT:taçooés, e
diga-lhes , que os defembarge~·com.feu .d.ireito Jai-'.·
' '. .. ;z .. \. • • . .
vb fe forem das peífoas fobred~tas , de.. que hã d 1-a'.V.er· .
. conhecimento , como ·ditá h ~ f ..~4ê:..ibqs 'per fr~ipro _
q_uantos , e quaees fom , e porg.11,e.raio~ , 'per;i faod
como os defe~ bargam , e pera vee.r-j~·. ~s -J ~izes forr,; :
Ç1ligentes; e ·os out~os ;que ..nq~ pr_end~r, em . q~ai;i-
• ' ' ).• t:• •'

to hi for , deve-os de· dcrr ;em. fc ~iptp ·a9s Juízes ,da-. ·


queUe lugar pe~~nte hum ,,. ou ,dq}ls' TuhaUiaaés, ,'_ e ·
maride-I.hes, que os prendam, e ~uçam. , ,e defem.bar-..·
guem com feu qireito; e 'mande. ~os ·::r,~l:>alliaaés · ;.,qu!!
·fe o~ Juizes defpois· os nom quizere~ .prendei-.., ou:
nom ;ij_uiz~rem trabalhai: pera os colhei,'. aa rpa~5, fa~ ·.
hendo bonde fm:n , que o fc~epvàÕ: em feus Ji~í:op q~·~ •'
guifa, que per elles feja _dle ,;you Nó~ , ,~1;1ando ,pe_r
hy chega.i:mos, cátos 9a.:ob~~, ·qu~ o~ Juizes .f'?bre;._ , ·.
1.jv. L ". · ·' ',Q._ .el-
" !:,_
1'i'i ,t.1vRo P1nMtrno TtTuLo V:rN'.rE E TREs

ello •fezerQn'l ) pér.a füo ftranh~.rmos ) aífy como en- 1

tendermos que cumpre.


· 9 1TEM. Deve mandar ap·regO'ar em ada huú lu-
gai- de fa Coma,rc~ , qu~ nen'.lrnã nom encobra , nem
colha degmdado , nem ladrom ,. nem outro malfd-
~r, ne=ti:i receba farto nt:nhuú em füa Cafa , ca aquel-
le, que o fezer , dar-lhe-am -pena , fe.gwndo mereoer
aquelle malfeitor; e defpois que o aífy em cada hutí
lugar 1apregoar .fezier, faça-'O guardar, como for tli-
reitó.
· 10 ITEM..' Mandamos aos Juizes das terras, que

fe adguú howre:rn matarem , ou for feiro .arJ1g uú gramcd,e


fürto, o1il :i·0ubo, ou outro mano ficito frir.amho na ViiJ-
la > 0u •NO telimo , que loguo vaõ enq:ue111eir com huú
Taballiaú fen:i. fofpeita , e que a lmm mandem fi.lbar
áos TabaU.ia:ães , m.:iaiis per .fy a filhe.m , ou cada .huú
per fy .a fühe; e fe ambos forem em'bargados , que a 1

riom po-ffam fill'la.r .per doença , ou por outra: raJZ.om1


frerne~havel., fcolham th.u:ii l:wmem b©'e ddfa V;i,!!la fom
fof'.PeÜa, 1C!J.Ue a fi1Fh.e com. hutí Ta:baniaiõ ; ·e támo quei
á focpüriçO'm for <tirnda; env'Í'ern a N6s o lt·relade çar:..1
ra1d·o , e. feelllad0 ·cl0s :seellos -cl0s 'Conc-el!Jlilos , e •cofl.'l fi-
nal de Tabafüa0 ; -e ·os .fLü~es lhes certilfiEJ.uem ; que
1 1

fe ·o ralfy nom feq;et-el'l'l .., que q1averli -a pena , que <em.


efte .Ca20 lhé 0rd'e-111aâa cl ~al\"ereJI'lh
· i I E AJA cada huú C-0ncelh{} háa APca , 1em 1que
fejam poflas e!Fas Ínquiriçoeés , e aja <!luas chaves, e
l~uúa tenha J1uu ,dos Juizes, e a out'.fa }mú Taballiaõ ,>
~ ~d
Dos COR.REGEDORES DAS CoMARcÁs , ETé4 r 2 31
qual o Corregedor entender , que he mais convinha-.
vel pera ello,; ·e mandem logo os nomes deftes, quo;
achaõ que culpados fo.m, ao Corregedor, perâ o Cor-
J,"egedor faber ·quem fom , ca'pela ventura pola Cà- 1
marca , por onde andar, poderá achar, e poer ertl re-
cado ..
u . ITEM. De.ve mandar aos Juízes, que faibaõ,
íe.os Taballiaaés guardaó os.artigos., e taufaçom, quei
juraraó na ChanceÚaria , e fe achar que os nom guar-
dam , que lhes dem a pena , gue lhes fobrn efto he
poíl:a ; e fe os Juizes em fabendo deíl:o parte forem•
negrigentes , ·o Corregedor o eíl:ranhe aos Juizes ., e
dê-lhes por effo pena (tt) qual vir, que co~pre~ Ou.:..
tro fy dê aos Taballiaaés a pena, em que cahirern. E
por haverem razom os Juízes de faberem o que he
contheudo ·em effes artigos ., e taufaçom , que façam
leer effes artigos , e taufaçom perante os Taballiaaês, .
ç.ao Pove: cada fegunda feira primeira de cada mez
no lugar, onde fazem o Co.ncelho , pera fabere'm to-
qo , q que. etn elles for contheudo.
, ;r3 hJ>~· Deve de faber fe ha hi bandos em cada'
huú daqudles lugares, em que ha de correger' · e
. quaees fom os principaaes delles • e fe fe íeguem de[-
fes bandos peleja~ , ou voltas., ou mortes , ou outro
mal , ou da pno ; e fe os em eífes lugares ou ver , fe- .
gundo achar, que fom dapnofqs aa t~rra, affy o deve
d'eíl:ra!lh~r aos qÚe achar, que hy forn culpados , ·a

------.....--.---
.
(·a) em que cahirem
Q_2
Jj!
. fa- ·
z4 . LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE E TRE~
1 faber , a deHes pei;~ palavra ,. e ·a delles per obra , ou a
todÓs por ofüa ; e fe fe nom quizerem cáfüguar , ·de-
grade-os da terra , fe vir que compre, ou dando-lhes
outra pena , fegurrdo o feito. demandar ; · e fe achar ,
que o Alcaide, ou· Jtúzes ; que -entom forem, ou ou~
· tros guaefquer, ,que. ajam de fazer direito, e Ju!l:iça,
l'!am parte em. eífes bandos , e que por effo léixarom
~ de fazer direito e Jufl;iça, e aqueUo que devem, de-
·. v.em-.lqei dar muito maior 'pena, que a cada huú dos
outro~ , ca_quanto eU~f' foro .maiores em_honra, e em
eftaqo , quántà -maiori p><:;µa merecei:n ' confentit:1do ,
e ha~endo pane· n'os maaos feitos •; , e defafefeguo da
tcrr~-~h·u elles honra_, e. ftado t~verem. '
e '14 ITEM. Deve a faber fe os dagtielle lugar, em
que ha de .c<'n:reger, i:ecepem ággra·v~mentos dos Al-.
.·mox_é).rif~s: e S_c'ripvaa~s-, -~ ou dos Porteiros , e Saca-
dor~s ~ou' d '.o_utros qu~efqu~r Officiaaes, que,ajam ae'
,tirar, e. próc~1:ar rn~ífos· din:;itos : . aggravando o Povo
.c:omo nom ~~_vem ~ e fe for_ per razom. de feu Officio'
deffes O{ficiaa~s , diga-lhes , que· o nom façam ; e fo
o fazer nom .quizererp, faça-lho correger , e de como
o fezer correger, faça- o faber a Nós ; e efio fe enten-
da quanpo no)ugar . onde, eíl'o aco11tecer , •nom fór.
Vee~01: ·aa Fazenda ~ _ ou ~ontad?r , _a que efto per-
teemc_e correger, ca: fe hi ou ver , deye;;-lhe de notificar
· efto '· qu.e ·fe affy faz, que proveja~ ~ ello ., comQ.
feja ernr:n~_ndádo. ·, -,-
. 1..5 OuTi)o sy; 9.eve de ,falJer·fe alguus poderozos,
,.. ~ ~ - 1
>'·

pos CoRREGEDORES DAS CoMARCÀ's ,. ETC. _ 1'2'5


oU mapciofos emb.argam os Noífos direitos, oÚ os re-
tee.IIl feULrazom, e fazer loguo , que os cobremos ,, e
ajamos.
16 1TEM. Trabalhe por todos os lugares de fa
Correiçom, que as herdades fejam lavradas, e as vi- .
nhas adubadas , como ·achar, que he prol.' da terra,
fazendo teer boys aaquelles ,, que os devere~, e po-
clérem teer , e quê morem c'om amos aquelles ,. que .
fÓm pera fe1;v!r , e que nom teem tanto de_feu , que
dev"m feer deHo efcufados . . E para os f.ervidores ave-
rem rfl,zom .de fervfr.., e o~ beé·s de cada hµú lug~.r fe-.
rem aproveitados , e.os morádores deíI~s· lugares nom
~ri'darem - com elle3 em demandas dapnàndo . o que .
h~õ, ma~de aos Juizés que dem ' iguálinente ·<;>s man-
é:e.Po.s , como .per N(>s he. mapdado; e de çomo os de~.
r
,· ,,:e~ , .e coftrangerem , e d.as pei:as .. que. lh~s pe.r a ello .
Ç!erem , fe n,om fer:virero , e.orno 9eyem , aífy o façam
efçrepver por Taballiaõ err:i .huú 'livro ft,remado pera.'
efto, _pera quando N&.s•, ou.·N:oífo _Corregedor hi che-
garm9s , veçi:mos como comprirom., o_que dito he,
Q.U fç em _ ello fezer_om O. que, D,Q!lLdeyÍaT;l'l , . pera Uies .
feer efiran'Flado , e correg~l.·· aas partes o. dapn.o , ·, qu\~·
por.eno re.ceberom. '•.
w 17 lTEM·, Peve de f.:'l'ber em cada ..huu -lugar da.s..· .
terra~; per onae andar' dos feus Julguados' porque'
íe qefpovoram ; e per que gl!ifa fe milhar podem po~
varar . ~ e fazello afry fazer ; _e fe for terra Naifa.~ JaU~­
com
eJfo . o Nofl:o Almoxaüfe. , , e. Scripyaõ deffa Cã,,.
rp.a·~ -
r 26 LrvRo PRrMEIRO TrTuLo VrnTE E TRES

:mara , e fe poderem acordar fobre ello , façaõ-no aífy,


:fazer, fe nom façaõ-no faber a Nós , pera fazermos ·
.fobre ello o que for mais Noífo ferviço.
r 8 ITEM. Deve fab.e r quaees fom Reguataês , que
compraõ o pam , e as outras coufas , per que a terra
fe ha de manteer, e deve de mandar, que aaqueftes
façam primeiramente vender o paro, e as outras C?U-
fas , que aífy cornpraõ, quando meíl:er fezer de fe
venderem ; e faça-o poer aguifadamente , fegundo o
pam , que for, dando-lhes -gaanho ; e deve-lhes de
leixar do pam , e das outtas coufas aguifadamente pa-
ra feu mantimento ; e efto fe deve fazer tambem aos
'.F idalgos, e Clerigos, como a outros quaeefquer; que
o aífy comprarem.
19 E SE alguús Concelhos ham demandas, ou l
contendas entre fy , deve trabalhar quanto poder de 1

os partir, e de .os avir; e fe o fazer nom poder, faça-o r


faber a Nós, e envie-nos contar o feito todo como •
he , e a rafom donde nafce,. e o dapno , que.
em efto•
fe pode recrecer, e aquello que entender, que he bem
.de fazermos , e a razom, ou razooês, que o movem a
eífo entender.
20 1TEM. Deve d'entrar em os Caíl:ellos , que
ttee!Il os Alquaides , e veer como fiam ·bafücidos ,
tambem d'armas, como d'outras couza:;, que lhes fe-
.. .zerem mefter a effas Torres , ou aos andaimas , e fe .
haõ meíl:er de fe corregerem , e adubarem ; e de co...
.mo todo eíl:o achar , affy o de\<e fazer fa~er a .Nós ; e )
eífo
Dos CoRREGEDOR"ES DAS CoM A Rc.as, nc. r2 7

eílo meefmo deve faber das cercas clas Vinas , ·e fa-


ça-o Joguo correger ; e efto devé fazer faber, como
dito he , taro bem dos Caíl:eHos das Ordeés, como dos
Noílos Caftellos.
21 }TEM. Deve manda,r, cada vez que for no lu-
gar~ aos TabaHiaães , e Juízes, que lhe moíhem as
Inquit:içooés devaffas ' que hi ouv:er ' e deve-as de
veer logo , e fe aiguús 1cfaquelles ., q1Jie hi forem con-
thel!ldos nas foquiriçooés , forem i·i vres ·peão ] uiz d@·
lugar , dev-e faber •como hos defembargou ; e fe
achar, que ·t oram-livres per ioonluyo, ou per algúa ou-
tra guifa como n.om dev.iaõ ., deve-o logo fazer corre-
ger de guifa , que fie faça loguo direito , e q~e noni
clefpereça Jufüça .; e fe acha'!·, que os Ju.ize·s , ou ou-
tros alguús f.om culpados em efte conluio, perque af-
fy a Sente.nÇa foi d!ada por algo , ou por 0111tra g.uifa
a fabendas , deve-o d'efl:r:anhar a cada hu.ú , c0rno
toube:r no feit o. E diga a0s J.uizes , g>l!1e quando os
feitos forem graves , qu'e ainda que algrta ·das partes
nwn appel'le , que elles appe'Hem pola Jufüça pera ·a
l':'Toffa. Cone naCJ.tl'dles fe.itos, e c:afos, em qtie l:bes per
Nós he ma1ndado ,iqu~ appeI:le~:i. pola Jw:ftiça; e am G»f:.
W~m-lih es a N oífa He>rdena•çom que he ~feita em eit.a.
raZ'<iln.11 .
22 Deve faber as prifoo'ês ee cada huú .lnJ
ITEM.
gar .em qu e gtrardam os prezas, 'fe forn ·* quaees (a )* ·
1

wmpre de g u:ifa , ·q ue -os prefo~ p0ílàm hy fe er bem .


gua_r- .1
-------------------·
(q) t aaes como
r 2 3 ~ LIVRO PRIMEIRO TITU.LO V~NTE E TREs'

e;uar.dados.; e fe taes n0in,


. ' forem. ) deve-as .d'e mandar
.
fazer a aqudles ,' que ~s :houverem de. fazer, tambem
aos, Noífos
• •
~ ,
{)fficiaaes
/<:
) c'bino ;i· <;>Utros. quaefquer. E .
devem fazei- ,'que os homeês, que ot.werern de guar-
dai- as . pri[o.o~s' , qu~ fej '!m ~~5s ~' e .de boa fama ., e
árreiga~os na terra _/ e de .boõs .·cuftumes , _e ·:dev;e-os
caíl:ig a·r que guardem ' mui b~n~ · os prefos , que· llies .
derem , e. que fejarri cÇr~os , que fe lhes fogirem, que
Jhes da-rom por ·ello grave p.e na; e 0S que O affi IlOffi
'... !

fizere_m ; d~ r.n..:Ihes a pena, que .e ~ireito ·mánda •


.2 3 'E~ s_E ·alguús quizerem citar o Juiz :fobre feu1
, . 0 .fficio .,)c'it"eQ.1-no perante o Corregedor, o qual Cor-··
· ieged9r l~o~ ouçà quando hi for -0u·perto d 'hi ; ·e aff/
nÓm feraõ ~s. Juizes em barguados .de fazer feu Offi- '
cio per malic;ia 'q aquelles) que .os mandarem citar. .
. ' 24 ·Ou'fRO"&Y d~ve· foer p~rcebido º~ Corregedor
_de ·veei: os·foros de é:ada huú fugar, para ver fe filhaõ -·
à Nos' alguú direito, que a N:os Virteença d'aver pev
elles, ou fe lhes himos Nós contra.feu foro. Outro fy
deve faber."o' qüe rios ~lha~ dos Noffos ,direitos, que
1
-Nos havemos d'aver tambem das Cidades, como ·das
··JurdÍçooés , ·.e correger o que per .fy podér correger,
e o al, que correger nom,, pode-r., envie..:no-lo dizer;
e effo rneefmo faça ,. fe lhes Nos filhar-mos alguma •
..coufa do .fe.Ú fem razom.
' 2 5. 'OuT~o sY deye d~r. o Corregedor a aquelles i
que lhe pedirem, todas as <::arta~ de fegurança; faJ.vo
~em feitos 'ae m~rtes tl'homeês , ou de molh~res , ou
·• d'a:lH-
Dos CoRREGEDGRES DAS CoMARcAs, ·l!:'Tc. 129
•.
d 'alei ve, ou treiçom , fodomia, moeda falça.; ou ere-.
fia. Pero deve dar .as fegurãnças de guifa , que nom
nafça dellas efcandalo; e fe for feiro · de feridas> ou · ,
paancadas, nom as dê , falvo paífados os trinta .dias ;
' e mande ouvir os feitos delles .aos Juízes das terras ,
falvo das peíToas 'fufo ditas~ de que ha de tomar co-
nhecimento eíTe corregedor ' . ca entom as deve dle
1

'ouvir, e nom os Juízes. E pera faber fe eíTes Juízes


defembarguam eíTes feitos das' feguranças c01~0. de..:
vem, deve cada hum Correg~dor a ver huú livro, em
que ponha todas as feguranças que der, pera os Jui-
7-es de cada h~u lugar ; e o dia que ham ·de parecer
perapte eíTes Juizes os que as fegüranças gáaphara?
~o dia , que lhes foi p~íl:o ; e que obra fizerõ eíTes
Juízes em eíTes feitos. "
( 26 ÜuTRO sY deve faber os Taballiaaés , que eJn
,cad~ Mia Villa, ou Cidade ha, e em · cada Julgado ,-e
fe achar~ que alguus nom fabem feu Officio, ou noq
fom d.e boa fama, entom deve de faber fé,ha hi 1 taa_5!S) ' ' Íf:.
que fejam pera ello p_erteencentes , e enviar log40 ~
Nos aqú_elles, que ent~nder ,.,.que hi fom compridou7
iºOS ,,e Nos daremos os que hi corbprir.em, e ou verem
mefter em eífes lugàres ; e e;íto· fe faça tambem nas
NoíTas
. terras, como nas das Hoi;deés , e d'outros:.'
~

que ham Taballiados, · e Jurd~ oões ; e · digua ~ ou


mande dizer a eíTes Meehres, e a~ s outros~ que taee~

.
Jurdiçooés ·teverem, que ham d'aprefentar os Tabal- •
liaães a Nós, Nos confirma-los; que e nlegarn taaes·,
. R
,

Lt'v. I. qué
-'!....._

(Jo n.&n 9 ·P.R1ME1R:ô. :trru10 yrnT-E E TREs ·

:cfl'Je feja.õ pera e!fes Offic!os, e q11~ Nos ,os ·confirma~


rtnTOS. . .
• . ;. o ,.

27• ÜuTilo sY 0 C-0n;egedor nom dev:e poeí· dull


1

vidor nenhuú. °erh fott log-uo fem .fü~çacfa neoeffidade',


"e fe ~ n~ceflidade for "tal, p0ffa~o po.er per c'fpãço -ataél
'huú mez ; e feja peffda perteen_<:t~rrte pera ello ; e fe.
por.mais for, nom o ponhá'fen~ ·autoridade Noí.fa. ·
. 2 8: ~ !TEM. Nos -~vemos por-l:lem , que. 0s Noífos\
'Corregedores , e Meirinhos nom 'levem. Chancellaria
per.a fy , 'nem Poxra·ria , nem Ç~rceragem ; e poHa.
. "p rimeira ·vez , qi.1e a Ievai.:em ; . pagu:Ç 'O ti:efdobro , e..
l á fcgmnda an~v~ado , e ,~a t:el"c~ir~. ajaõ aquell,a p~:4
1
- na ·,.que Noíla me-rcê for •. ·· , . .
-··, 29 ·'·h'EM'" ·Or Corregedor nas Villas., e Lugares ;
honde chegua-r, deve fabei dos. Frades, e Cõmenda-
·' d'ore~ -como for:n gu-ifados ,,· e que v:ivenda fazem., e-..
*
'(:0mó rec:;m 'à.s * fúas.- cazas ·(a 2 ,,vin,hás ,:e herdades ·i
1~· moinhos, -e-afonhas:, e-· 0upra~ <cçmfas apoíl:aclas ; J.
e
fa ça de guifa; que ·fe;cómpra, gua'fde 'áquello' qu~
·pe'r Nos he·ordenado no-prime-iro ; e fegund:o arfigó_;
._ aÕs attigo:i. g~raaes, -q~e foram fuifos nas Cortes,,q~ê
Íe fezeroin em E:l~a·s.. . - .\
.~ . 30 .. E PAR~ o Corregedor fazer compri ~ todas efJ.
•t as coufas >-e as outras ,,que perteécen~ ~- feu Officío-, -
e'p ara ouEro fy faber fe ·os Jui~es ,. e os outros da 'ter~
·:r:a comprem, e guardam aqueÚo,, qu~ lhes*~ he ·rµan~
dàdo·(b) *: pri~eilam ~mé deV,e, a an4ar per, cada 'huú:

- -.----------',
('.zf as c9µ.f~ fuas ~~l
- ., . ~---------........
elle. maµ_:i9u_S~
-
Íu-
Dos CORREGEDORES. DAS COMARCAS J ETC.. Ij'l

Jugar de·feu Julgado duas, e tres vezes n.o anno, 0~1


'huã ao menos ; e nom deve fazer morada grande nas.
Villas boas ; nem morar hi , falvo fe acontecer hi * al-
guma ·(a)* coufa, que -compra de chegar hi, e ~fiar
hi-algum tanto temp© ; aale.m do que he hordenàdo •'
fegundo fe a j ufo declarará , e per N offo efpecial man-
dado .
. JI ITEM. Deve fazer fcrepver a algum Tabal- ,,
liaõ , ou Efcripvaõ todallas Se nças que, der,. e to-,
dallas outras coufas , que. man ar fazer, també do
f~ito da Juíliça, como do veriamento da tena ,, pera:
dar a Nós recado do que fez , e de como o fez,, ou
a.aquelles, que Nós hi mand<NJmos; ao qual Taballião.
ou Efcripva0, que com eÍ1e andar , Mandamos que
o efcrepva, e que outro fy efcrepva quando entrar em .
cada hurna Villa, o.u Lugar, e quantos dias hi eíl:e-
ver, e quantos feitos hi· clefembarguar.
32 ÜuTJ.W sY deve requerer- o que fezerom os1•
Vereadores * em·(b) * cada hum lugar, e aquello,
que hã de fazer , e fe achar, que nom fezerom o que
deviaõ, íl:ranhe-lho, como no feito couber; e fi~ achar,
que em-alguú luguar nom forom p0ft0St Vereadores ~
faça-os poer quaees ~ e quantos entender que com-
pre. - '
. J3 OuTRo SY devem os Corregedores feer bem
diUigentes , e proveer como nas ·Villas, e Lugares ,d e
(ua Correiçaõ os Juizes, Vereadores , e Almotacee·s ,
R2 e
s,
--~~~-~~----~--~~
(a) _tal ( ~) ~"

'.
'.
.
.;; ,.,..... ,
i:-

·. !l''.J2 L(vRq ·PiíM-E!Ro T-ÍTQLO VINTE E TIUs ..

e outrns., qu~éefqu~r Offid~à'es:· do~ Concelhos\ com.:: ·.


prem, e' g~uárdarn" . e dam -~ eixecuçom .º qlie a cada . .
hum pertee-i:ice · de.~. faiJ~T, ·· fégi:ndo he.conth_eudó p.e · ",; · "'
artigo. d~ Jeus Ófficios ; e fe o -àffy:. nom ' fàereJri ~ ..
dem-lht';S pen~ fegunclo Ó" C~fo nequerer~ ; e pera eíl:o,
bem provee,r:, Manc1amós que qu<J.npo pCorreg-edor .
f~r pelâ CorreiÇ9m, leve ·'e;; trdado do que ha·m 'de fa...;
'z~r o; Veteidores, Juizes, e Alm1ota~ees dqs Con-
·celhos. · ';. . , . ·• .. · ·
·..r.4' ·OuTRb sY
deve vee( 'fe a Hordenaç01n per
Nos. feita em rafom 'dos Lavradores, e m~neebos fer:.. ' ·
viçaaes : '.e out~as coufas... pera. veiiia rri.eh.to "'d a terra:~
. . ' • • . . ' l . •
fom guardad ~, na Coina·rc_a 1 honde dev~m. feer guar.-.. .
dadé!.s', e te.~s riom,forerri", ,faça-as ' guardar::' e'ítra..:
' . . ~. 'IL·
nhar a aqu~lles, que ... as nom -~ gv~rd.a·rom , ou ,nom
gúardarem) · c~mo. no. feitó coúb~r ~e. guifa ) ·que fo
. . . '·' ' .. ' '
~· cqmpra, e guarde aquello , que per Now he mandado ~s
' .
'Ga qual. Hordenaço~ _deve Ievàr o t,t elado quando for
pera a Corre:içom , · à quaÍ he fcripta: np.quart? Livro.
. defl:a&·,, que ,ora Mandamos compillar..:~ em tal Titu- .
" ' ,,, . ' _,,
1o.. ·'
',· J5 · Ounw deve :ve~r f~ c;s'J1:1izes, ·que foin
sY .fi
pO.ftos pelos Concelhds, ·e. confinnados. per Nos, ou- '
vem os feitos dvys , e crimes, ·e os defembarga·õ fem .
' J •• ' ......... • -,.~ ' - ~ ' !:;J • -.

deteença, como pe,r· Nos.. he ma.fiçfado.; e c.o_mo os ou:..


~i~·om, e defemba'rgrtrorp «,>s Juizes : qué íper Nos fo- ·
rom p'.oL1:os em eff~s Vill~s- ? e Lugares ; .e. fe.~cha1:?:
q\J.e .frotn fom dillig,~rítes , , 'f tranhe-o a''effes Juizes ', e ·
·. ·. ·' ;:,.. . ' . ~ \ ~. .: .·:·. ~11 (1~.... .,,
I'

...,
'" .
Dos- CoRREGEDORES DAS CoMARCAS, ETC. r33

d-i gua-lhes , e moftre todo c'0mo façam ·de ,guif~; que


fe faça: como deve. "
, 36 ÜUTRO s~ faiba o Corregedor em qual con-
thia leixarom dfe~ Juízes, que pei' N~s forõ poíl:ós,
as re~das dos Concelhos, e. quanto vald bra ;
e [e-va-
lem *meios (a) *, faiba qual he a razom; e fe achar'
)

que os J uizes , ou Vereadores fom em culpa , ftra- '


nhe-lhd , como no feito. couber.
· ·37 Ou:rR.á fr deve trazer .o torregedor"raaes ho...
meés -~ _que .- nom façam dapno:, . nem ·* efpéitamen-
to· (b) ;':·_na terra·" e fe fouber que taaes fo~, de.ite-GS· ·
de fa companhi~, e eíl:ranhe-lhes, fe m.al.f~zerem •
. ' 38 ' OuTRO Y Mandamos, que os. Corregedores: ,
em cada huú Julguado de fa Comarca vejã a. Horde~..>
0

naÇom , .que feze~os em razom dos Bee fteiros do-


Conto, e faibã fe fe guarda cómo em ella he.;contheu-·
do .; e fe a~harem, que ·{e nom guarda,_, façàõ.""na guar- ·
· dar, e ílranhé-no a aquelles, por cuja culpa nom he:•
guardada, como entenderem ) que o devem fazer de
direito. . .. ,_
39 ÜUTRO sY os' Corregedores 'dev~rri faber fe.os:l
·apoufentados per 4idade, ou per doença ., ou .per al...::
leijom fe fom feitos fem. mallici~, e fem engUflUO pela.
guifa , que he mandado na Hordenaçom ora 1-lova-
mente feita. e fe achare~, que nom fom,feit:os , co-
\•

mo devem' façaõ-no logo correger>-'. como no .feitQ-;. ,.. .,


couber.
•. 40 Ou-- ·
r---=:--:-~-.::..-- -----·--.~~
,(nY Bleos S. (b) defp.eitamento S •.

"
.,
13 4 L,nmo .-P1uMEIR-0 TITULO VrNT·E · E ~TRES '

-40. ÜUT"RO SY vejam. 0S foros de cadai .huÚ luguat.'•l


pera veérem. , que honra·devem d'ayer os que forem.,
, . .poufad0s, e feg1mdo em o_foro for contheud<>, affy o
façã guardar de guifa, qu.e fofaça ei.n todo Nofio fer.-.'
_viço com.o deve. ·
. 41 ÜlJT,RO sy porqué fornos c~rto, que Clerigos:,
d'.Oordeês Meores, e alguiís d'Oordeés -Sagras pot
esforço , que haõ em eíl:as Hordeês. , fazem alguíis,
maaos fritos, furtando', e fazendo.outros m~1ws · fei-
·- tos, ·e feendo cónfentidores em elles ~ e ,encobridor~s _
delles , · e que lhes nom he eíl:ranh'!do Rer feu.s maio-
res, a faber, A,rcebifpo, e Bifpo , e feus Vigairos , c;o-,,
· mo o direito. quer, e como he vontadel!dos Santos Pa-
dres, fpicialment; do Pipa Crémente o quinto ., CO-.;)
ipo he 'cemtheudo em huma fua Degratal Cremen,cía i\
que he &P. titul?. d0 Officio do Juiz. BoJdenµiro nd)
Çapitulo primeiro , pala qual razom recrece grande) ·
t!fcandalo ..
42. MANDAMOS aos Corregedores, qu.e frontell1 ªº'·
Arcebifpo. e Bifpos, e a feus Vigai_ros, que cafüguem.
- . . -
~ffes C!erigós, e lhes dem as.penas contheudas no di..
_ i:eito , e que os met~õ a tormento., quando ouveremi"
p.refu~çom contra eJies , ou fama , ou outro algu U:.
aminicufo., a,ífy como o direito. manda , áffy q1:1e fai- 1.
lilFtõ ~elles a verdade pera haver.em de feer íl:ranhadoS>1
Qfl maaos feitos' e os outros filharem etuemplo 'f e 1
0

.que ·outro fy amoeílem os cier~gos ,. q~e trag~õ as2


co.roas ab.ertas , e. Tonfuras ., como de~em.; .e'·que'ufé
., dm>J
D~s CoRRE~EDORES DAS Co.MARCAS, ETC. ,I3'5
1 dos ,Officios, qt.Je perteencem -ao~ Clerigos con:io o di-
·1eito ·qus:~ , porque nom o fazendo afiy , os outros ·
,Cletlg0s forn por-ello menos prezados , e grande dáp-
1110 fe fegue ao Pov00 ;·e Mandamos ,que fejam amoef- ·
etacl©s per nes arn0eftaçooés, e .fe defp0is dello forem
•achados nos ditos maleficios, 1que as Juíl:iças Sagraaes
façaõ delles direito; e que fejam cerco~, que fe o eUes
oaffy nom fiurem, que Nos, e Nofias. J1;1fliças faremos
fobre .ello o que entendermos, que he mais ferviço de
DEOS , e affeffeguo da terra ; e da frnnta , que lhe's
- fezerem , e da r~:fp;íl:a , que el~es hi derem > affy fi:_
lhem eíl:orment:ós ; e fe eífes Cor:rngedores em effa's
<:Cefreiçooés acharê algús Clerigos. rnalfeitores, e eife's
mallefrcios'lhes naõ forem íl:ranhados) como o direit.
t!to quer , feitas as ditas frnntas a feus m~iores , en-
<tviem-110s dizer toda . a ·verdade· ·do feito , pera l.hes'
' ~anda·rmos ·como façam. ""·
43 ÜuTRo SY Mandamos' ,. que çomo os Correl....
lgedores cheguarem a ·c ada 'h uu lugar , faça5 chamar ,
,~a · Oamarn , ou aa Cafa do Concelho os Juize~ ,, Ve-
;.J.9dores,;-'.Procm~ador ; ·e .ffoomees boeís do 'luguar , e:
~c:lles juntos c0m {tCordo deM~s , fe acharé ~ · que faz
lmeíl:er, tÓmarom .feis homeês boàs do·foguar, e elles. ·
juntos, com acordo ~élles farnm apartar dous a cada:.
' .h uma·parte , e mandê-l:hes , que füe ·d em cada hu.u:
\:{leffes ·d0rus homeés em efcrípto -a-partado fobre fy _
1quaees lhes. * parecem {a}*,. que fo~ perteencemes,
pera

\_
' . .
i3.6 L Mr:Rd .
P.RIM.I!rno'
1
TITuio YINTE • E ' TRES. .
· .pei-a Jiui 1.eis -, ' affim ,Fiàalgos ~ como Cid<l;daa5s ; e_em
., ' . i '
:Gutro titw1o dei-m ·quaees fo.m pertreecentes pe:ra,Ve- _
xeador~s .; e e:rij1>utrn titu'l'o lhe d~~ 'quaees , fom pçr.;; '7'

._.teencentres 'pe-ra ferem Procuradores•; é em butrQ (a)


-lhe dem os Tabaiiaaés t6dos, e ós Hoóme'és hoG\s to-
:.d.os deffe Lugar. , que forem perteééentes ·pera- fe.re:m
, Efcripv~aés da Carnara, beês·deffes Lugares, e a'ífy e
dos Hoi-foõs ;'' e <:iffy etn outro titulo ·lhé demos que
.fbm pertéetentes pe~a .Juiz_e~· d.'Efpritaaes 11os ·Luga:..
"
,~e~ , horide fe acof:hu:na, que o nó fo>m os Juizes ~or:..
,

.denairos , e he ·~uirz ,apartad~ *'per (b) * fy ; ~ eftes


rooles, farom. , e· fe ap\lrtarom fl . f~zer -caçla _dqus Ho-
.m~és boõs deffes. Jeis em· tal guifa , que fejain . tre's
.1:ooles. , . ' · · · · ·
• ' ' ' • ' .... ·'" 1 \

' 1
, . 44 LoGuõ tanto·que o jur~_mento fot rl<1:do_, re19
'

,.fa_lanào ~ais huús com os outro_s , (alyo os dou,s , _qoe


' foréil;l àpartàdos húu ~Offi' ~O- ot.ttro , nom alçarÓ~
,.delle_s _maa.Õ , nem fe partirÓÍn, G,l:hi ataa q:ue fejam
·.acabados ; e como forem ~cabadds , . derri-nos a elle ·
:dito . Correge.dor, e .como lhe fote~ ~ntregue~, ve-
j a-p~, e concerte huús com·os outrps ~ prefente bs Of~.
.ficiaaes', que ·or.a fom , e que -fique bem decl~radq
.q uaaes ficaõ, e fom perteécentes pe.ra Jüize~, e quaees
r . . . h~

·pera Vereadores ;, e quaeé pera Procura:~ores; e elles


_affy apa-rtados·farom efcrepver em liuu )ivro do ,Con-
celho .ailinado per. fua ·maão, 'e outrp fique en~ elle
dito Corregedor , poendo em 'e~e livro e.ada_hufi em ·
· frus -
(b) fobrc· s,
l ~--
.'(
(a)" t;!tulo S,
)
Dos CoRREGEDORES DAS CoMARCAS, ETC. 137
feus ti tu los pera qual Officio fom; e defpois que aca-
bar todollos lugares, envie a Nós effe livro para rro~
ficar. /

45 E FEIT~ tal repartimento, e inliçom aífy con-


cordada, farom pelouros per efta guifa pera Juízes.
Se de foro, .ou de coftume do lugar he que huú \ dos
Juizes feja Fidalgo, e outro Cidadaaõ, arartará eíles·
Fidalgos, que forem perteencentes pera ferem Juízes-
!" em outros pelouros , e em outro (a) * faca apartado
fobre fy; e os Cidadaaõs, que forem perteécentes pc--
ra ferem Juizes em outros pelouros , e' em outro·faco
apartado fobre fy; _e nos lugares huu tal coíl:ume, ou ·
foro nom ou.ver., affy os Fidal&os, corno os C.i:dadaaõs 1

todollo's que pera Juizcs forem perteencehtes , e ef- ·


colheitas , fejam lançados em huú faco ; e outro fy os
que forem perteencentes pera Vereadores , íejam pof-
tos êm outros pelouros , e em ·outro faca apartado ; e
affy os Procuradores em outro faco ; e em cada huú:
faca de fora poeratl}. huu efcripto, que digua pera que·
fom os pelouros , que dentro jazem ; e eftes facas to-·
dos farom poer dentro em huma arca bem fechada
de duas fechaduras , e de duas chaves, e huma das
ehaves teerá hum dos Juizes , e a outra· teera hum
dos Vereadores. E com eftes facas, e Officiaaes, e.
pelouros, que dentro jouverem, nom bullam, nem,_
mudem em-elles huús por outros os Officiaaes, que
pelo tempo forem.
,__________
Liv. I. S 46 E
(;i) cada hum cm fe u pelouro , e lan ~allo-ham em hum S.

'··
138 LIVRO -PRIMEIRO TITlJLO VI:NTE E TR·ES

46 E AO tempo que ouverem de fazer os Offi-


. ciaaes , fegundo feu f<_:>ro , ou coíl:ume , rnandarom
' apregoar o Concelho, e prefente todos, meterá_ huú
rnoço de idade ataa fete annos a I?ªªõ, revolvendo.
bem effes pelouros em cada faco, e d'hi t!rará de ca-
da hlJÚ os pelouros, que cumprir pera os Offic;iaaes ;
e aquell'es , que aífy fairem nos pelouros, fejam Offi-
oiaaes eífe anno, e outros nom.
47 E os Juize s mandaram reqtlerer as Cartas pe-
' . :ra ufarem do Officio do julguado ao Corregedor , ou
~0 Senhoria., que lhas ouver de dar, e ataa qu.e hajam
as ditas Cártas, nom ufarom do dito O fl~ cio : e os que
o comrairo fezerern , ha verom por ello aquella pena , 1
que N<;>ffa rnercee for de lhes dar. ·
48 E A ESYES Juízes' que foro' ou ora entrarem
p'er os ditos pelouros , mandem os ditos Corregedo-.:
res , que tirem logo·Inquiriço1:n fobre os Juízes, que.
f.airom (a) o anno paff~do, e comecem logo de tirar·
q Inquiriçom , e acabem-na do dia, que elles entra-
1:em no dito Officio ataa huu rnez ; e eaviem-na a
Nós do dia· , que for acabada ataa quinze dias farra~
da , e aífeellada com. o feelo ~effe Conéel'ho , honde
tirada for ; e eíl:o fob pena de pagarem os das Villas
cercadas ·mil reis càda. huú, e os das terras Chaãs tre-
i entos cada huu.
49 E Aos Juízes'· e Coudees , que ora fom , e fo..,
r cm daqui em diante, e affi aos Meirinhos, e Alquai-
des
(q) for~õ. S .
Dos CoRREGEDORES DAS CoMARCA§, ETC. r39
des defend~rom da Noífa pai::té, que norn levem pei ..
tas , nem ~rviços , nem teenças de nenhuãs -peffoas
que fej~m, pofto que naõ hajá5 feitos perante elies ;
nem hajam conthia:s pera terem cayallos, e Armas ,
ou_ 1J1ereçaõ fer prefos , por alguús erros , fal~o fe for
_de feus Padres , e Madi"es, ou afcendentes , ou filhos•
ou íeus defcendentes , ou fe1:JS lrmaaõs , dos quaees
poífam tOmar quaeefquer eoufas, que lhes. dere.m , ou
de feus Senhores, com que viverem: outro .fy pofiàm
tomar íérviços de fe.us parentes aaquem do quá1tç)
graaó, e de feus Cafeeiros, ·e fâmilliares , ,c om tanto
que o ferviço nom paífe de húa marraã, ou d'huum
carneiro, e mais nom ; e fe lhe.s algúa peíloa qqízer
;fazer doaçom, de beés , ou d' outro ferviço qualquér ,
enviem-no-lo dizer, pera Nós _veermos, fe he bem
de lhes darmos pera dlo licmça. E eíl:as coufas. fofo
clitas e;uardarom em fy os Corregedores , e farom
guardar aos outros ; e fe o contraira fizerem , e vier
aa Noífa * Vedoría_{a) *, dar-lhes-emos por ello gra...
ve peria·.
·- .50 E J>6RCWE por Nós hé hordenado que hi nom
haja Alquaides pequenos, fal,vo de tres .e m t_rés an:"· ,
t~os , nos lugares , . honde he foro , ou coftume , que
os À.lqua,ides maiores ponhaõ os Alquaides peq~enos,
defenderam os Corregedores a feus Alquaides peque-
nos; que ora. (oru, . que nom u.zem ma:js dos Officios,
"l:Ue os dttos tres àrmos, falvo•fe te verem os di-tós Of-
S2 fi-
{a) fabedoria .S,

...
l 40 .fulVRO fRIMEiltO ,TITULO' VINTE E T'RES

ficios pei'>Nolfa Cárta Hpecial ; e_os que tal graça nom


tevcrem,. os tres .annos ac abados , requei.-aõ aos A~­
qua ides m aiores, · que a ·aprazimento d~s Horneés
boõs dos luga rn~ ponhaõ Alq uaide pequeoo; e como
for poíl:o, feja lpgu~ efcripto no-livro do Concelho> e
~:kn) -lh'e j urarneflto.fobre os E vangelhos, que bem, e
çl ireitamen.tc u,fe do dito O fficio: e:nos lugares, honde
çs .Nós a vemos de fazer, vejam elfes Homeés boõs al'"-
guú, que.pera clló feja pert'éceni:e fem outro-roguo, to

I;Jem àfeiçom, e ·emvi em-no a Nós. com foa· Carta,


pera o eonfir~armos, ou p2 ermos outro, qual ·virm0s ,
/ que compre ; e nos lug~ res , honde fe de foro , ou cof-
tume fe'11pi'e ,pôs per os Concdhos, ufém de feu fo_,
:r;o, ou coftume. ~tanto que e:ífes. Alquaid_es .fahirem;
e os. outros forem pófios. , ·tirem logo os Juízes fobre
elles Inquiriçom ; e (ej à * tirada (a) ·=~ atàa huú mez, e
.-:: enveada ·a Nos ·ataa ·quinze dias , como fufo dito hei
JiOS outros officiaaes.

51 ·:E f ST t s ' Alquaides em durando o_tempo de


feus Officios , nom fejam rendeiros de nenhúas ren.:.
das, nem * tenhaõ (b) * c9mpanhia eom os rendei,..
v l:_OS J foo pena de. ferem privados <los Officios .

. 52 ÜuTRQ_ s \'. porque os Alquaides nom querem


!?render as. barrégai &. dos Clerigos > e po: fua ee) ne-
g rige.ncia eíl:aõ com elles em effe peccado , Manda-·.
m os a elfes Corregedores, que (eac:hare~ .~ q~e eÜas
aífy viv.~ m, e nom fóm prefas, que compram aHor...
de-
(~) a.cabad_a (b) tomem S, k) min~ua , e ~·
Dos CoRREGEDOI\ES ri.As CoMARCAS, ETC. J,4 ,t

denaçom nos ditos Alguaides , e levem de.lles as pe-


nas contheudas na dita Hordenaçom ; e ÍlQm fa- o
zendo affim , fejam certos , que lhas faremos' paguat
' em trefdobro pera a NoíÍa Chancelld.ria. •,
, . 53 ~ P_ORQ!J E , poíl:o que pelos ,Rey'x , que ante
Nós foram, foífe defefo, que nom trouxeffem armas,
fe nom certas peífoas, avemos por .certa informa-
çom· :(. que f~ nom guardava , nem guarda ag01:a em
aquelles, a que defendemos, qu~ .as nom tragúam, e.
eíl:o por aa~o ·dos Alquaides maiores, que manda vaõ
a todos os f~ us, , que as,'trouxeífem , e davam licença
a outros , que ·as trouxeífem , e o AJquaide pequem> ·
~Óm as tomava, nem cou~ava a aquelles, que as tra-
e
ziaõ , po.r efto norri lhes era da.do efcarmento ; nem ,;
pofta pena a eífes Alquaid~s .; e porque- e!les faze~
mui mal defpenfarem com a Ley, e fazem todo con....
tra Noffo mandado, nom a vendo tãl poqer; com a·cor~
do dos do Noífo-C0nfelh0' poemos por Ley, 'e Man-
damos , que ntmhui1 Alquaide maior nom ·dê licença,
nem maFlde tra'.8er ·armas-nenhüãs a nenhuús , que
com eHe vivaõ, nem- a outras henht:1ãs peífoàs da- , -,
qu'ellas , a que per Nós he , ou for defefo. ' ,, , · '
54 ÜuTRo sv o Alquaide p<fqumo quando quer
q1:1e as vir.•trazer a alguús, fe nom ·forcem das pefioas .; .
que as per Leyi" ·o.u- por Noífas Cartas onverem . de
trazer , ql!e as tome ; e coute ,. como l·he he manda-
do ;-e rlow o fazendo elle affy, e fazendo o c':ontra·i roi,'
Mandamos a _dfe Alquaide moor por qualquer , que-
.' '

.ma~

)
i 1p Lrv1w " PRrMErno · Trru~o-. VrnTE E TRlis

mandar trazer arma, - ou cder licença, que a tragmtl


contra Noífa defefa, que F':igue dous mil reis bran-
t:C:S; ~o Alquaide pequeno~ que .nom tomar, ou cou-
tar arma , ou c01i'fentir a a'l guú, que a tragua , paguei
mil reis por cada huma vez pera. a Koífa Chance!- ·
~aria. . .
55 E PORQyE em vaaõ fom ·poíl:as _as Leyx , fo
~ \1.0m ouve!' g11err. acuf~ os que as* britaõ (a)*, e
:ilverem (b) *. eixecutor, .e mante~dor ·dellas , Manda:-
m'os a ·todollo~ Tabaliaa:és ~que fcrepvaõ em fcus Ef- r
tados todal,las peífoas , que virem, e fouberem , que
traZiem armas. contra Noffa. defeza per mand~do, e
c_onfrntimento deífes Alq1.,iai~es, que as veem , e lhas
mom querem tomar·, ~ co1:1tar ,; e os dem em efcripto
ao Corregedor· quando a dfe luguaF, -e' .Ç omarca vier,.
pera os penhorarem por eífa~ penas • e os dinheiros
çlellas . mand.arem entregar ao Recebedor ·da . N oílai
Cb.ancdlari_a., fob pena de as' pagar o Corregedo~ em .
_dobi::o ; e fe effes Taballiaés efto. aífy nom fezerem , e
Lhes for provado. que o fabem , 'Mandamos que· fe,...
jam por ello prefos • e paguem a pená anoveada da.
Cadêa. -
I' · 56 OuTRO sY, Mandamos,, e defendemos que os " ,
Carcer!'!iros ·nom levem peitas, nell'!: fe.rviços. âos pre-i
fos, que teverem em..fuas ·cadêas, n,e~ doutrem por
elles ~ fob pen<;t de * as pagarem ano·v.e"das (e) * da
Cadêa ,'. e av.erem p.ena nos corp(}s, qual No.ífa~ mercê
. · for. -
-!a)------------------
-. britarem ·S. (b) aver (e) pagarem anoveado S.
Dos CoRREGEDORrs DAS ·COMARCAS, ETC. 143

for. Porém l\fandamos aos Corregedores, e aos Jui..


zes , cada huú emJua Comarca , que faibam em ca-
da huú rnez fobre efto a verdade per Inquiriçom , af-
f y per os prefos , como per outros , fe as levaõ ; e fe
acharem alguús culpados, façarn.:nos prender, e fa-.
zer delles direito.
57 ÜuTRO sy porque alguús malfeitores, que fom
fi: ulpados notoriamente em muitos graves excdfos >
~ndaõ per partes do Regno, e porque forh chegados. ·
a alguús poderofos, as Juftiças os nom podem pren-
der , pera fe delles fazer cumprimento de direito ,.
Mandamos, que os ditos Corregedores feja0 bem di-
1,igentes pera taaes malfeitores haverem de feer pre-
I"
:(os ; e fe acharem pelas Inqu.iriçoões ,. qHe fobre el-
1

les , ou cada huú delles forem tiradas ,. que fom c:ul-


pados em gra vés maleficios ,, e eiceffos > a1fy corno.
_ferem treedores , e aleiv.ofos 1 e.reges,. e fod·c:>mitas »
falfairos de moedas , teedor:es de €'a minhos , ou rou-
badores d." efiradas, ou fadroões publicas, ou forçado-
1:es de mulheres , ~ou matadores de hom.eés fem por-
que-, ou fcalladoFes de cafas , . ou o.urros caf©s feme-
lbantes , e por taes fejam avlildos, e defamados ~em,
-e1fa Co1ttar.ca , bonde affy fezerem os maleficios , fa..
çam elles, e os.Juízes per tá! guifa , que os pre·ndaõ.
58 E SE alguús Fidalgos , ou Bifpos '· ou Meef-
1'.res, ou Abbades, ou·outras pe1foas poderofas os trou-
:iterem comfigo, e forem os Corrngederes-ce'rtos per
teftemLJnhas, q.ue os,. trazem co~figo , ou os teern ém
· fuas,

.•
144 L1vRo PRIMEIRO T1Tuto VINTE E TRES

fuas cafas, requeiraõ-nos , que os entreguem , ou lan-


cem fóra ; e nom os querendo eptregar , ou lançar
. fóra , provando-fe , que ps trazem com figo , ou os
* confentem (a)* ,. depois que o negarem, e fóra de
f.ua cafa , e companhia nom fançarem , que pareçam
per peffoa perante Nos a certo tempo a fe efcuzar
del!o.
59 E SE pela ventura os malefi.cios , em que os
malfeitores fom culpados, forem le.ves , em que nom-
averiaõ de morrer, poíl:o que lhes provado foffe , e
defpois que lhes affy for requerido, os nom deitarem
fora, como dito he, paguem por cada vez que os
nom entregarem , óu lançarem fora, cem coroas pera· '
a Noffa Chancellaria ; e teeraõ avifamento; que lhes
fuç~m os requerimentos tantas vezes' , _que a elles con..o
venha de -0s entreguar , -0u lançar fora; e levarom.
comfigo Tabaliaães , ou Taba1iaõ , fe hi mais d'huú
nom ouver, ao qual farom efcrepvér os req~erimen­
t.os, que lhes affy fezerem, e effo medês aos Efcrip--
vaaés, que perante elles fcrepverem; e nos enviarom
todo o auto , que affy fezerem. pera o veermos , e .
com foa defobediencia , pera em feus be~s , · ou ren- .
das Mandarmos fazer logo eixecuçom pola dita pe-
na; e aalem dello, procederemos contra elle_s, fegun-
do per direito acharmos. E para feermbs certo quaes
effes malfeitores fom, Mandamos aos ditos Corr'ege-
<lores , que nos enviem todallas querelas, e denuncia..
çoões,
~ 'ª ) àlfy te.e m S,
....
·Dos :ÇoRREGEDOREs
. nAs CoMARcAs, ETc. r+5·
. ( '

Ço5es > eíl:ados, e informaçoões, que,'.~o~ ditos. malfd-


tores) e cada hum _del1es í:evetern ) piora as veermos ..,
e procedermos .contra elles ;-e
os * banirem~s (a) * . 1
- " 60 E _CONTRA eíl:es ) que aífy acharem culpados
nos gra~es plaleficios , .farom poer Edicl:os nas Pra:-
ça~ . dos lugares , onde faõ .morador~s , - e teem feus
beés , e parentes, que do_dia, que for po0:o o dito ·
Ediel:o a dous mezes', fe venh<J.õ livrar, e moílrar por
ferg culpa:'dos ditos exceffos, em que fotn culpados··, ..
,, .
. perante-Nós ; · do qual termo, corno foi~ poíl:o a cada
huú, nos enviarom fazer certo por Efcriptura publi'I"
ca, porqu~; nom viindo , nem parecendó ao tef!lpo. ;

que lhes aífy for ·affinadó , procederemos aa fua reve-
Â

,ria çont-ra elle, e faberemos a, verdade ; ;e fe o achar.-


mos çulpad~, daremos ~ Sentença contra çlle, e con- '
da.pnaremo-lo 4' morte ; e Manda mos aos ' Corregedo-.
res, Jui~es, e Jufüças, que os hajam por panidos, e
que .apelidem fobre elles toda a terra-, pera os have- ·
rem de prender , e como fornm prefos ; que fejàrn .
,.
logo enforcádos , e mortos fem mais ~Içada , feendq
certas as Juíliças , que aqu.elle, que a:fiy for prefo,
h.e aqu~lla peffoa ,, que aífy for banid'a ~ e n'?m <;>utra.
_ . 61 ÜuTRO sy· qualquer·, que o matar, o ppffa.
matar fem pena; e fe for fabudo·, que ·algúa peffoa ·,
de qualqúer eíl:ado -e 'condiçom que fejá, o encubrio.,
ou tro.ux~ em fua cafa, ou trnuver coinffgo , e. nomi
ó qiffer ,aas Juíl:iças d_efpois q~e; àfiy for jJllgado, fc; -•
Liv. I. · T for
;.,--------
· -·---·~---
{a] bannirmos M. punirmoi s~
...

, >

';
J

for Fidalgo- t ou Va!faHo -"'ºu .peífoa honra.d a, ·porca-


da-vez 'pague·c:;em Coroas d'ouró para a N~ífa Chan-
-f " cellari'a ;' e (e for de ·mais pequena c©ndiçom , feja·
(i!Çoutado publicamepte~ pola Villa,,e íej~ degradado
_ ataa Nqffa mercée; e em effes pr~cedam os Correge-
dores , e .eífes J uizes aífy contra el\e§ , julgando-os
por Sentença , e dem appellaçom pera Nós, teen-{
do-os em tanto bem prefos ,. · pera fe e·m elles poder
çumprir direito , e Juftiça ; e 1e as fob1:editas peffoils
fabendo honde eílavaõ llaaes malfeitotés · aíly julgá-
dos os nom defcobrirem aas Juftiças ,, · pofto que os
pom encoüriífem ern fuas cafas , ou com figo trou.)!:ef-
fem , paguem .cinql!oenta Coroas.
~ 62 E Esro , que fofo dito he na primeira·parte ,
a fab_e r' do que encobria' ou tfou~e com:íigo' nõm
{e entenda - nos parentes dõ banido~ atáa o qúarto
. . w •
graao, porque eftes Mandamos, que nom .*paguem
t_a) * mais de trinta Comas ; e fe os nom culpa·r em 1

.
ém outra coufa, fãlvo em o nom. noteficarem áasl'
juíl:iÇ:as , fabendo onde eíl:avaõ , qu,e nóm ajam
. -
por
~llo pen~ algúa; . ·
" 63 Ou:_rRo sY eíl:eJ., qu.e fufo dito he, de pagu~r1
a-dita pena, haja lugar em aquellas·,peífoas , que en-
t:obrirom, ou ·com figo trnuxer~m, e já ~om teem fa-
euld~de de o entregarªª~ Juíl:iças; ca [e o ainda te-
v:eífem e-m fua cafa ; ou com:íig0 trnuxdfem , . foendo •
·r equeridos, e o nom ootregando, Mandamos que af-l
1 fy
~~) dem s ... ~· -J • -
Dos CorrnEGEDORES DAS CoMARc'A s, ETÇ. 147

(y dentro em fuas ~aras J como for~ per qual.quer ~ia 1


e modo, qtie o poffam prender, e haver .aa Q1ªâo, que
o prendaõ'. E fe taaes peffoas , ou Senhores forem , ~s , '.
que os afty ocultarem ) -Ou comfigo tróuxerem ) que
poi fua grande pótencia' ··os n~m poffam .prençler q$
ditos málfeitores, que tanto qU<~ os requere'rem , que
os en.treguem ; e norr:i os querendo entregai;-.; que ~
elJlpra.zêm. que venha per peffóa perant:ê_Nós .refp01
· der •por ello ; .e fe fe nom efcufar de tal culpâ ,· ·iejí1-
fufpenfo de fua jurdiçom, aº'qual tornem; e tenha9
em N offo' nome; ataa gu~ fobre ell<~ .vejaõ N oífo ma~1~
,çlado .
.64 - ou;RO SY Mand_a-mos ~ que·:faibaõ nos ~uga,;-º
res ', Oirlde' ha peífo~s, que ufem de hir a ,Moeftéi.ros:
ou forn enfarnados com alguãs Donas del1es, ·e··def't"
fend,aõ a elles , que riam vaaõ mais a effes Moefteiros
de noute, nerrí de .dia; e os que acharem que a ellcs
mai:s vaaõ àepois da-dita defefa , fejafu logo degrar
dados deífa Corr~iç'!iõ ataa Nó'ífa rnetcee ·; e Je forerti
outrns de ~ais ps4ueíia ~ondiçom , prendaõ-nos , e
1 ~nviem-nos· a..dêfef~, que lhes fezerom, e as Inquir~­

'ifosé~__,...--qüe. reverem; .c ontra dles , : pera llles,dar..,rno;>


pena-;. qual No{\a merceê·for: e tal ~cado leixetn ·ao~
Juízes do~ lugares, ·que aJ,fy o façani.
t 65 ÜuTRO SY Mandamo~, que,requeiraq aos-Bi(-
..
~ . ..
pos de·fas Correições., qtl' , lhe.13 envi~m huú homé
boõ de poa fama ,,e com effe homem tirem foqu~d:-
1çmn, ~ faibam ern·cada huú lugar,_ aili por teftetnu-
, T 2 , · .nhas,,

''
1(48 LIVRO PRrMEIRO TrTu10 VrN·TE E TREI?

,phas, como por efcriptura , coqio o melhor poderem


íaber, cujo he o Padroado das Igrejas deífes lugares,
e fe os Bifpos , ou outrem aífy da Herdem , como
Fidalgos ·, e Leigos (e chamarem Padroeiros defiàs ·
igrejas, qu de cada huma dellas, requeiraõ-nos, que
... fües deem as provas, e os façam ~ello' certos por ef-
cripturas, ?U per teftemunhas, e tirem fobre * todo
ia) * -Inquiriçoões, e acabem-nas fem dçlongua, e .
émviem-nas logo a Nó!> ; e quando affy ouve_rem de
'tirar eífas Inquiriçoões, logo requeiraõ a eífes , que
fom .Padroeiros, ·q ue lhes rhoíl:rem pe~· efc.ripturas ,
ou provem per teftemunhas ataa tempo e::erto como a
'.Padroado a e.lles perteence , pera todo mandarem a
•N ós ; e 'que fejàm certos , que fe o affy: nom rhoíl:ra-
~em :·au, pxovarem, eiue n'am ferom mais ouvidos.
.. ' 66 E PORg,JJ E ·OS Concelhos feaggravaõ.dos.Cor-
\t·egedores, e dos Officiaaes, que com elles andaõ, que
·os çoil::ranguam, que lhes tragaõ os mantime11tos aos
1Iµgare~ > bonde ftam ) e lhos fazem vender a menos

pre\;:ó : Outro. fy lhes tomaõ palha, e '.l enha, que tem


·cm fuas cafas fem dinheiros, o,que' Nós avemos por
·m al fe ito: Porém Mandamos, e defendemos , que 'da.,.
·qui em diante o nom conftrangarn· que lhes le.ve.ll).
d'huú h1gar a out1:0, mantimentos nenhuú.s , _vem lhos _
·tomem , nem mande!Tl tomaç por menos preço,, do

__ ___
que vallem, nem lhes feja tQ{llada : palha ; nem Je...

.. rnha 9e fuas cafas contra foas voontades , e o que ou ..


._,........
~~
.;._
,...
ve-'.
._.......~ - -

',(a) el~o s,

..
.
,.
Dos "CORREGEDORES DAS t.:oMARCAS,
2

vere'm meíl:er, compre~-lhe ,per o~ feus.dinh.eiros·


,WJJc. ,149

ª" · .
fua voontade. "'
67 E ASSY Mandamos, e defendemos, que fiom
.t omem beftas d'alb.~m;Ia pera·fuàs, carregas ·' nem :def-
fes. Officiaes , nen)' pera outras nenhuãs pefioas ; - ~ ~ .., 1:
que as meíl:er ouy.erem ) bufquem-nas . aas vontade·~ .
de f~os don~s porfeu aluguer. , •
,. 68 . E FAÇAM pobricar eíl:as· Hordênaçooés emas
Çidad~s, e Vtpas , e Lugu~res mai~res , bonde Jot~f9. ~
Càrregeaores ; e o Efcripvaõ, qu'e for ·da Camara JilOS .
Lugares, honde aífy po~rica~em; tfelade-âs no tivro
d_o Co1)celho , e lea-:as cada~ ~ez aos Jt.ti,zes, e yerea..,. _
dores na Camara, e quando ~íl:ev.erem na Audiencia,
fob '.Pena abpagar por cada vez que as nom poblicar,
m_il reis 'pera as obras do Concdho; e eftas Hordena..:
çooés afiy pobliéadas ponhaõ-n~s na Arca da Cli.an~
·cellaria
.. de cada húa CorreiçomL. .
~· '( \.

69 . Ou.TRO SY tanto que o Corregedor novamen-


te chegará fua Correiçom, tir.uá 'rn:qµiriçom fobre o
f=~rregedor , que ante elle foi ," em ca'da hÚú lug~'r,

p·erguhtando fegundo modo, e -fórma contheudé:J. no'
~ • 4 ~ j, •

- ~imlo feguinte' ~é per outra peffoa notn for .I~Ümt;irá.-


roente tirad_a.,per 'Noífo fpecial mandado • .
. . 70. E T AN.TO •. começar ã. ufar do Officio , . e

· tirar Inquiriçom, da Noífa parte ao que·ante el~


.k fqi -.Correg~dor .d à f9r na Comarea., quél .fe
' yaa,loguo.d'.hi , e · e, nem entre:; hi mais ataa :
q~e , as .Jnql_li1:içooés fejam "acabadas , . e e~viadas a-;
- ., Nós,,
... /
\.
. •,

. ,''\
...
..' J ·...
..
r 5<Y LIVRO PRIMEIRO T-iTui:.o VINTE E TRES

Nós ·, como dito he, falvo fe forem moradores .na di ~


ta Corrêi'çom ; e a efte dírom , que norn entre no lu.
gar _,_onde íe' tirar a lnquiriçorn. ~.
,, 71 - ÜUTRO S'Y . Mandamo~,, que anderp per ~od<11
, a: Cor.reiçam, e l;lfc::rn do Officio, ·como lhes ·he man-
' . - . .
'dado, e façarp em tal gmfa ,. que. horn ftem nos'luga:"
.

res gran9es, ·e cercados mai~ d.e quinze dias, e ~os·,


lug_ares ·cfol.5'.os ataa oito dias ', folvo fe pera ello ouve ..
rem Noffo ~fpecial mandado; e fazeRdo o cohtrairo;
-"1ejam certos , qúe' lho eftranháremçi; gravemente, é
os perraternos ; fegundo_for Noífa mercee , e virmos
queTo qfo* requere (a)~ e •/

..
T I T .u L o ,x;xnn.
' '
Em que mpdo hao de enquererfobre o Corregedor da lo-
.- marca, quando aca~ar ~o tempo dejeu Ojjicio.
.
"E <STE he q Regimento,
) ..
qué (b) Mandamos, que ·
tenhaaes_ em tirardes Inquir~çom fobre o Corre. ·
g~dor ae- tal Comarca, pera,f~rm9s em ·conhecimen-
to -de como úf~ etn feu·Offieio , per'a. lhe gualardoar..:\"
mós feu s boõs ~1ericimen~os , q 'h e darmos pena; fe
o mal fez per~ todos havere · 'xemplo. Primeira_...
. mente COf!leçareis no prim . ado da dita Cbr...'
reiçam, -,qu·e pafiar de cem o pera riba, 'e tantd
que_

.
~~--~~~~--~-,__....
(a), o requeira· (b) vos S, :NÓ~ ./V.(,
(.

-.
/
'.

El>! Q.yE MODÓ HAÕ DE ENQ11ER·ER ' ETC. . r 5r

-que hi fordés, chamaree~ o~ Jui~es, e Officiaaes, que


e
forom o anno paífado, e os Taballiaaês, quarro , .ou ..
1
cinquo dos mais principaaes homeês do dito lugar ,.e
pergúntalos:ees per tl:ftes Capitulas a:jufu efcrip.tos ,
declarandp a cada.·huú .delles, que ofdito~·Corregedor
' • nóm ha d~ tornar aà. dit~ Correiçom ;'e d'hi~ vos hire~s
. çontinuando 'voffo caminho per todollos Julgados da
dita correiçom, que p~ffarem dos ditos cem fogos pe.
ra riba, ataa· onde fteverem os Officiaaes da ·dita. Cor-
reiçom , e aef
pois que no dito lugar fordes ' perglJn-
tarees aos dito.s Officiaaes polas coofas em eftes·Capi-
tulas a.jufo efcriptos conthel!-das , e o que fobre ell9
diíferem,affy * do ,maL, como do bem (a)*, efcrep-
·velo..1ees per.a de todo a.vérmos certidom • .
- '· 1 PRIMEIRAMENTE fe enquerer~ fe em cada huú
anno fazia Correiçom por todollos .Lugares, que aa
dita fua Corrtiçom perteence; e fe_ -em algu us; ou em
' ' '

alguu dos ditos Lugares leixava d'entrar pera ufar de


(eu Officio por rogo , ou temor dos SenbÕ1:es dos-Lu-
gares, honde alli efcufava d'hir; e.fe efteve màis tern-
po em caçla huú ·dos ditos Luga.r~s _do que .Íhe ~a 1
Hordenaçom hé mandado ; e fe tevé maneira ·, ·que_a~
jurdiçom Noífa foffe., bem gúardad'l, ou fe per:reu.
.querer leixava aa Clerezia, ou a alguús. outros Senha- _
res obrar em perjuizo da No:fti jurdiçom. ·
.
~ · 2 · ITEM. Se tomou ,,..aa Clerezia ~ ou â Fidalgos , ,
ou a Conq:lhos das Jurdiçooês, que a. elles petteen-
,_ ce ,· ··
-- -. ---------..-..-,,__.-~~ -
qe bem , como do contraira ..
'('!')

.,
J 52 . LIVRO. PRIMEIRO TITULO VINTE E QYATRO

ce , conhfrenào das coi.ifas, de que riom devia de C0'-


nhecer,. ·
" 3 · ITEM: ~e fazia Audiencia a<t>s partes aos tem ..
pos, que hérdenadamente lhas devia fazer, e fe def-
CIJlbargava feus ·feitos defpac~adalT!ente ., guardando
a cada huú feu direitô, <J.fiy como devia.
4 ITEM. · Se recebia peitas· d'algu.ús de fua Co-
marca, e quejan·das eram, e fe recebia dadivas d'al-
guús Senhores , oú Fidalgos por lhes feer ·favorav.el
. em alguúsfc'us fei11os, ou dalguús feus,. . ·
. 5 ·. ITEM. Se por poder de feu 'óffiçio tomava al-
guús -mant~mentos fem pagu"<l.r por elles dinheiró, ou
poflnenos .preço do que·valliam , ou fe fe fazia fervir
por alguús homeés da dita fua Comarca por feus có_r.. ;;
eu
pos ;·ou ccarros ,, bêftas ;ou outras ferventias 'nom
lhe 1pagando aquello, que lhe direitamente he horde-
.' nado de pagar , ou fazia a ·alguas peffoas out:ras fem •.
. ..,
i;azooes.
6 b;EM-. Se fa trabalhava de faber parte em a çlit<\
fJa Comarca i fe havia· hi alguús malfeitores ; e fa-
bendo-o os nom prendia, ou fazia prender pera fe._
de'Ü~s faz'êr ~umprimento de Juftiça; e fe aos. 111alfei...
tores , de que certidom:m ouve , deu favor de anda ..
rem na dita fua Comarca , prefente elle , ou per ella 1
./ _ou lhes deu luguar, que a feu falvo f~ foífem.
7 ITEM. Se fez paguar algumas mal_feitorias, ou.
êomadias , · que em a ,dita füa Comarca · fej Í m feitaS'
l?er alguús ~idalgo~, e Abbades, ou outr~s peffoas
. po-
' ..,.
EM QyE MO Dó HAO DE EN QUERER J ETC. I 53
poáerofas, ou ctlguús -~~u~os ,que alguús hotn~és dof \ ·•....

fobreditos e0:-oimefmo feze.lfern .em ~lia de guifa, q,u& . ,•


os querelofos foífem contentes , e fatisfeitos ~ •
~

t ; 8 I-r.~ M. Se p-elos Luga~~s *de (a) *fua:' Comar1.


ca ~ , per ond,e andava , faz1_a torreger os m'UrQs das
Villas , que claprüficados foífem ,.,e ªª
pontes ~ . ·foi;t; ·e
e
tis ·,' e caminhos,. proveer as prizooés d.as Cadêas·;
fegundo .em o Regimento, que teern', lhes he man-
dàdo.
~ ..1

9 I nr..-. Se fazia ·'aos Taballiaaés , e Scripva,a~.~ - . "'


d·a <li.ta fua Comarca guardar~ e manteer os A.rfigos ,,·

que jurarom na Noífa. Chancellaria , e defpachar
'V \ • l.t.- •
as
Efcripturas aas panes , e lhes nom levàrem por eílas
fuáior 'preç-0 do goe lqes. he tatifado d'averem. , . '

,JO ITEM. Se acho. .,_ u , que em a dita fua Comarc~


eraõ algc1ús bandos ani:re. alguus Fidalgos , ou àlgutis' •
Concelhos c'o m outros,. e Je trabalhou _de os 4itoo ban-:
dos tirar, e arredar de g1-1ifa ·' que foífem todos erri'
bÕa conco.rdia~ '"'·
_, II · ltEM. Se ·achou, que alguús Lugares, ou Vil ~ ..
la§ da dita fua ComaFca eraõ defpovçirado& ~ e fe t~a-·
.bã'lhou faber a ·,cawfa, porqu..e defpovoraçmn fe faziá ,'
,t ,.., .
e encaminhando como •Ie tornaífem a·povorar, e as
' - • 1 \

.herdades, e vinhas aproveitar.


1 2 , ITEM. Se confentia aos feos Efc; ipvaaés, ,que
Ievaffem das Efáipturas , que fizeífem mais do que
lhes he taufado_, e fe davam as ditas· Efcripturas per
· -L i"v. I.
- - " - - - -·-
(a) da <lita
- - --·- -.- ---
V
--.
. bo.9
J ~4 LIVR-0 PRIMEIRO TITULO VL~TE .E Q.lJATRO-

boõ * defe~barguo (a) * ~as partes·, e fe ,confemia a


alguús , que eom .elle andáfferp, fí.\zer· alguús ma:llefi:-
cios, ou dapnos na t.erra.
13 !TEM. Se executou o dito Corregedor em tem-
po as Hordenaçoões çlo Regno em as mancebas dos.
Clerigos '· ou fe Hies lc:;vou a~ penas d'ellas , leixan-
do-as eftar. no dito peccado, por cobiÇa dos ditos,di.~
nheiros.
14 ÍTEM. Perguntaróm aas ditas teftemunhas, fe
fabem -ellas outras algumas couf'!s:, aalem deftas' que
aqui fom contheudas .j eque as diguam per o jura~
.. rnenro, que affi ham feito, e fe aífeente pelo Enque-
redor, e Efcripvaq. ·
I 5 !TEM. Se diíferom a1guãs deftas coufas, que,
fejam perguntadas , como o fabiam , e pe;f quem, e
quaees eraõ as peífoas culpadas em ello com o di~o.
Çorregedor, ou que dello fabem parte , e aíl)r' fejam
Qecla·radas , e fegundo a declaraçom , que fezerem ,._
referendo-fe a alguãs outras peífoas , aífy fejâm logo
perguntadas aquellas, a que fe áífy * refer"eren1.(l1) *
as ditas teíl:emurihas em tal guifa, que a verdade feja.
compridamente fabuda.

-(aJ defpacho s; defempacho M, (bJ referem S,


TI-
.. [ · .
T 1 TU LO XXV.
. .
Da mane(ra , que hatii de teer ~s Juízes, que. E!Rt'J .
1

..manda a alguãs Vi/las per jeu flf~ÍfO '· e do poder.,


que. ham delevar. ·

E
~

LREY Dom Joham Meu Avô fez húa * Hor,..


· · denaçom (a) :* ácerca do ~odo ; e regimento ,
que ha viaõ de teer os Juizes, que por elle ·e ram man~ ' '.
'd ados . a algúas Comarcas ; e pofro que .q uando ora
·ma.n damos alguús )ui'zes por Nós a alguãs Cidades , .
ou Vjllas , ou per requeriment!o dos morador~s del-
Jas , ou por en:tendermos affy por ferviço de DEOS, ·
e Noffo, e pml da terra ", os Juízes Hordenairos cef-
fa.m.' e nom deve hi·aver outro J falvo aq~elle' que -.
por Nós he enviado·, e eUe deve tomar conhecimerr-
to de ·todallas coufas , e feitos , de que tomavam co-
nheci'mento 'o.s' hordenairos ; pero por fervir ·a dita ~ ~ '

Hordenaçom e~ alguús cafos quando ornrrerem, a ·


Mandamos pocr aq~i . : a qu~l ~e efta.' ,que fc adian~e
fegue. . ' .,;
.
'. · ,. .,..
· 1 D?M JoHAM péla graça ~e~E.{)~ Réy de Por-
'
. .
'fugal_, e do Algarve. A quantos efta ~rta virem fa-
. z·emos faber, que por fatis°fazermos (b) ao que (e) fo-
. mos theudo pe1o eíl:ado, qÚe nos * DEOS (d) * deu, _.
de* regermos (e)* em eíl:es·Regrios ., ppl~s ._coufas, , ..
V 2 que -
--~~~~~~~~~~·~~-------.~-'-~--,--.-,..
(a) ' Ley S; ' (b) a o.:os S. {<) lhe s.. (d) ~àlta S. (<) rcgnar\Uos s. ,, .

.
. ·"
"' · .'l
156 LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE E CINCO

que ~os forom ditas , que fe fazia!~ nas Correiçooés


da Beira êomo nom deviam , e per fabermos os rnal-
leflcios, qµe nos eram diél:os; q;e na·diél:a terra fa-
ziaõ, e poinham em obra como a Nós era denuncia-
do, e fama (a) fahia grande pola terra ; e pera poer-_
mos f~arrnento aaquelles , que acharmos culpados de
guifa, que foífe eixernplo aos outros, que taaes coufas
nom cometeífem ; outro f y p,era p9ermos afeféguo na
dita Comarca, e darmos regra aos noffos fobjeitos co-.
mo daqui endiante viveífem em paz, e em verdadei-
1:a Juftiça; porque por vezes Mandámos aa dita Co-
marca Corregedores , e outros Noffos Offidaes , que
pugniífem os malfeitores, e fizeffem correger , e guar-
dar as. malfeitorias , que fe hi fa'.?iàm, e perque por
~lle8 nem fe .corregeo, como cumpria a. Nofio fervi-
ço , e a bem do cõm,um ; por tanto nos movemos hir"c
aa d.ita Comarca correger, e emmendar as d:itas cpu-
fas per Nós , e pera reformar a dita Comarca, e tor-
l}ar ao e~ado, ,que eíl:ava em tempo de Noífo Avoo , ;
t; de ~o(fo Padre, cujas almas DEOS-perdoe. E por-:
que achámo~, que na dita Comarca .fe faziam mui-:.
tos malleficiôs , e :r:nalfcitàrias pelos Cavalleiro.s , ~:
Efr4deiros, e Homeés d'Armas ~e . pelos fr;us, e qu-
trcrfy pelos ~abaliaaés , e po~ o~tros (b) Saiooés > e:
porque Nos demos as terras aos Cavalleiros., e Efcu-
deiros, e·aos outros grandes da dita Comarca com:·
foas Jurdi~ooés, e em eífa~ terras no~ fe fazia direi- ·
to ,
·~~'-'."'"~~..-~~~-~------
• '4) defto S, (6) muitos S, · __,

. '
0 •' '
ÚA M•AN·EIRA, Q!JE H.AtÓ·DltTEER OS }UIZES 1ETC : J57 -

t~. , neII). Jufüça , como devia, e effe:S , a que Nos de::


mos a·s ~erras , e, 9s· feus J u~zes' 1 e Meirinfios , e Ou-
·v iqo.r;e~ çpnfentiarµ em eífa,s tern,ls 1 CJ.l~e fe fezefiem
as malfeitorias , . e mall.efki~s ; ·e qu~req?o Nós com.
.a ajüda, de DEOS poer· rernedio a·e~o , qual compre
a ·Noffo ferviço, e aa prol cúmunal da' terra, Acor-
damos; ~om., os do ,Noffo Confelh~ -por ferviço de .
. ' ., .
·DEO,S ,.e Noífo., que pozeffemos Juizes por .Nós em.
)'

Laníego·, 'e emVizeu, ..


e em . nà Guarda·, ~em - Tran- ' ·
cofo , e em Pinhêl, e em *.·Çoirribra (a) * , e em Cá["."
~elbranco ; e '!alem dos termos defl'as Cidades ; e Vil-
~f!S , lhes deqio~ J u~diçpm nos outros Julguado~ d_as
terras Chãâs , e Villas caíl:elladas da dita Comarca_;
·i:ep;:irtindp eífes J ulguaçlos a eífes J uizes , fegtimfo ·he
contheudo ~as. 'cartas, que lhes demos deffes Officios.;:
~ . p~ra. elles fabererri_pAtie .ha111 de fazer.nos ditos Jul-
guados das outras :t erras , quelh.es reparümos , lhes_
. f~zen:10s huni~,"Hoi·d~naçom, q_1;1e fe adiante fegue,
pera os dit~s Jui~es:. tomarem ~onhecimento de to-
qollos maÍeficios, ql:le fo·hl. fozerem , ou te verem fei-
tp~ él•ante ps Fidalgos, e.'os ·feus, e prendelos , e pu-·.
:t:ilos., fe commete;Óm., :0~1 cometerem taaes rnalefi; ·
çiq;s nos ditos Julg~ados; perque mereçaõ fe~r pre.::
fos, ou a verem pena de j'uftÍÇa; e effes Jl!l·izês devem
<}'ouvir ós ditos Fidalgos, e os feus., e d~r livramént~.
:qw ditos feitos crimes, recebendo appellaçooés ~ ç '
aggravos. nos' cafos ; .que peI" direito , ou ·Hords:n<\-. -.
çooés ·

f'

.

...
..
.,. ' '/\

.
'
·-
.
'
I sS LIVRO PRIMEIRO TITU.LO Vr~TE E 'crnco

çooés do Regno as devem de receb,er ; e p~íl:o que. as·


,~_/·
""'l,,,,,
partes ·nom . queiraõ appellar , appellem eífes Juizes
.,pola Juíl:iça ,nps cafos; em que 'devem d'apellar;fç-"
gundo as Hordenaçooés dos Regnos : . ··
·2 OuTRO sY tomem .conhecimento ' de toda'llas
forças,' e injurias, e t'oubos, que os dit9s Fidalgos fe-
zerom , ou fezerem nos .ditos Julguados, e ouçam' os
ditos feitos das ditas injurias, e forças, e roubos, pof-
to que fejam civelmente deJTiandados ;<e ·de'm em el-
les livramento, como dito .he dos erimes: 'e efto · f~
entenda quando lhes for denunciado, e as partes que-
rem demandar eífes Fidalgos , ou os feus perante el-
les, e d'.oufra guifa nom. '
· 3 OuTRO ·sy tomem conhecimento de todalla$ ,
malfeitorias ~ que os Fidalgos , e os feus fezerom , OLt
fezerem nos ditos Julgados , -e o .faÇam cqrreger , e ,
pagar poi feus bens quando pera "dl:o forem requeri- .
dos , fegundo he contheudo nas HotdenaÇoóês'_Nof-.
fas , e dos No!fos Anteceífores. · ·
4 . ÜUTRO sY t;omem conhecimento de todollos·
aggravos , e dapi:ios , que os lavra~ores receberam , ~
.ou receberem deífe~ Fidalgos, e dos feus fobre as pa-
lhas , e lenhas , e hervas , e prados, ê pacigoos , e la-
voiras, e tapageés; e fe lhes levam maiores fóros , oÚ
renda~ , ou direitos , ou direic1úras , ou. r~ndas dos ·'
C~faes , e her_d ades, ~doutras .coufas q~e aquello , .
que lhes per direito , ou foro , ou coftume antigo de- ·
vem de levar: e efroJe entenda quando fe lhes aggra-
va-

...
". •.
/

D ~\ MANEI Rã, QYE HAÕ DE' TEER"os Ju.1zEs, nc. 1 59

varem ·os la,vradores .dos ditos Fidalgos, e ·dos feús das


coufas fobreditas. E fe fe defto nom aggravarem os
lavradores, n·çim ·t omem de;íl:o copheçirnento os ditos
Juizes, e leixem eífes feitos aos Juiies das t<;rras, em
quanto os lavradores * alló (a-) * quiferem demandar
effes Fidalgos-; e n?s ~ontrautos, que effes lavrado-
:i;es de feus tallentes fezerem. com effes Fidalgos. fo-
bre ~oufas movees, efTes Jui~es 1iom tomem conhe-
cimento; e livrem-fe perante os J uizes * deffes luga-
re.s (b) * , ou perante o Corregedor da Çomaréa, quan-
~o per effes Julgados for.
5 ÜuTRo sy em todos os. ditos feitos '; de que os
d.itos Juizes h<_lm de tomar conhecimento deis Fidal-
gos , e dos feus , ajam poder de coftranger as ·partes,.
que venhaõ perante elles , e outro fy as outras teíl:e-
munhas ,. e Po~teiros, Tabelliaaés, e Jurados, e Vin-
taneiros, que façaõ o que lhes effes Juizes mandarem
..
no que perteencer aos ditos feitos. , fem os quaaes ef-
fe s feitos ·nop-l póderiaõ-fer findos.
; 6- (e) ÜuTRO sY ajam poder de coftra.n ger os JÚi- .
zes dos ditos Julguados , e os Meirinhos , q~1e com-
-praõ as Sentenças ~ que elles derem nos ditos feüos ,. ·
de qµe lhes he. dado conheciment~ , e façam per feus
i.nanda~os remataçooés dos beés movecs , e raízes ,
que per fuas fentenças forem tomados ., andando em
pregom os. tempos , ·que
as Hotdenaçooés do RegnG
mandaõ. · ' 7 ÜlJ-
,;QS:
~~~~~~~

(a) a ello (h) de feus J ulgados S 1 ddfes Julg_ados M. (e) l.'alta eíl:c ~-
Codigos de Santarem , e Men;eana.
1 60 LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE! C!NCO

7 O~tRo sY Mand.amos a effes Juízes ·, que foi~


*
bam fe efies Fidalgos per fy , ou pe~ ·outrem { a) ~,
fazem novamente tomadas, ou marladias , ou come~
.. dôrias • .o u outras honras ' ou tornàm jurdiçooés em
'todos ' effes J ulo-ados , ou coutaõ rios , e fe eíl:endem
o -
mais os coutos antigos do ·que foyam d'avtr nó tem~
po de Noffo A voo , e faibaõ bem a verdade de como·
fe faz, e no-lo envié dizer todo pelo meudo efpecif:l-
cadamente, e Nós mand:\lremos [obre ello faze_r-aqueJ..;
lo , que Noffa mercee for.
8 ÜuTRo SY Mandamos aos Juízes, Meirinhos ; _
Jurados, e Vintaneiros dos ditos Julgua~os t, a·que ht::
dado" p encarrego fofo ef<;:ripto aos Jui.zes, que :po.r
Nós fom póftos nos ditos Julgados , que fe virem,
que eni effes Julguados fe fazem alguú~, ?1ªlefitios •.
ou dãpnos, ou malfeitoria.S per .effes Fidalgos ,, ou por
feus homeés , que ós prendaõ ~ fe os poderem pren.::
der nos cafos , que·de direito , ou Hordenaçom do·
Regno devem fe~r prefos , ou penhorai; nos cafos , ·
,e.m que devem feer penhorados; e que loguo ehviem
· effes prefos , e penhores aos ditos J uizes , e enviem _;:
lhes toda a verdade ~ e enformaçom , e quérellas def-~
fes., que affi prenderem ; ou penhorarem. E fe taaes'
forem , que os nom pofiam prende~, . ou penhorar 1
. mandem loguo ªª preífa a eífe.s Juízes os nomes·del:..•
les, oµ os finaaes, e os dãpnos ~ que fe~erom, e quan~ '
tos fom , e per que terra vaaô, pera e;fres Juízes fabe~t
rem ·
(PJ e os Meirinhos que compnun
DA MANEIRA., QYE HAÕ DE TEER os J ur.zE'S, ETC. r.6,r
r
rem corno os podem prender ' ou' penhorar: e [e o af-
f y horn. fezerern -, · e:ffes Noíf.os_ Juízes h<;> t;füanhe.rn. '·
gravemente a e:ffes Juízes da terra:~ e -M~irinhos, eu.
· Jurados, e Vintaneiros . pera effes Juízes , e M~iri­
nhos, e Vintaneiros ., e Jurados poderem penhorar .ef-
fes _, qut; o dãpno fezeiom.
9 E MAND~9S a todos os. Moradores de:ffes J ul-
- ',.
,guados::, que fayam cw,m efies.Juizes, ~eÍrinhos, Ju-
rados, e Vintaµeiros com fuas ~rmas '; e lhes ajudem ,
· a prender , ou penhorar çífes , que os rnafoficios Se:-.:
zerem; e aq.ueHes, que ro nom fezerem aguçofarnen-
te., paguem o ·d~pno . , .que forteitÔ nos ·ditos. Ju'Jga.;. • '.
~o~ ., .e dernai~ _fcjarn prefos, e enviados aos (cz) Noífos
Juízes: e M.andamos que' lhes dem efcarmento , qual
elles com direito dev~m ha v,er, ., ~ * fejam em (b) *
0

conhecimento de taa~~ fei.tos, pofto que·fejam la vi.a-


dores os que neífa .cul.pa cahirem .
. · ro." ÜUTRO sY Ôs dites Juízes .como ouverem re .• · . "
cado dos outros J uizes das·terras, ~ ·J\1eirinhos , e J u-
rados ., .e Vintaneirns _, logo_aguçofa'rpente vaaõ com
cornpanJias de feus Jui gados apôs ~ífes, que o d_ãpn~
fezerom, ·é o~ prendaõ , ou penhor~m fe me~ecerem
feer prefos, ()U penhorados; e ·façam deJles co~pri-
• mento .de direito; e fe ·os nom podÚem percalçar nos
. Julgados, .,em que ham jurdiçom; mandem reêado
aos Jui~es dos outros Julgados , que os prendaõ, 04
penhorem , e os enviem prefos aos J ulgcidos , hu fe.,.
Liv. I. X .ze'7
,.....___ -------~
· -j(a) d,itos S. (b) ajam S,


162 LíV:R:O PRIMEIRO TITULO VINTE' E CINCO

zerom os rnaleficios ,.ou en.viem os p~nhores, pera fe


pagarem per elles os dãpnos' e malfeitorias J que,aífy
fezerem.
. 1r E srr o Juiz. a cfto nom for diligente, e perJua
ctilpa alguú noni for 'prefo nos caías, em que o de·ve
feer J ou penhorado nos cafos ' ein que penhorado de-
ve !eer, Mandamàs que elles per feus beés correga6,
e pagttem eíles dipnos, e malfeitorias , e de mais lhes
:fieja eft:ran:bado nos corpos , como. em tal feito cm~-
ser. -
. 12 E MANDAMOS aos Corn~gcdores d~s Cornar-
. cas, que quando per eífes-julgados vierem , que fai-
bam conio effes Juizes obraror:n em .eíl:o, e fe os acha-
rem em nrlpa; faça& delles cumprimento âe direiro.
E por eft:o , que per aqui em diante Mandamos fazer·
aos ditos Juizes, nom tiramos aos ditos Corregedores
das Cornarcàs a jurdiçom, q~e- ham, e de direito, e
Hordenaç0oês de Noífos Regnos .devem d'a~er fobre.. ·
os ditos Juizes, e Manaamos que hajam em elle~ , e ·
febre elles a dita jurdiçom, e poder, como a ham fo- . _
bre os outros Juizes das Comarcas , . que riam fom . ..
pó.íl:os per Nós. .
r3 . E OUTRO sY nom tiramos aos·ditos Correge- .
dores o poder, que ha6, e dev~m d 'a ver fobre os di- •
tos Fidalgos, e fobre os·feus
( .
, ante-. Mandamps que o ,
~

hajam , e conheçâm de feus feitos , como he contheu-. ·


do na dita Hordenaçorn , que fobre eíl:o tragem. Pe-_
~p _Mandamos, que fe os ditos Juizes primeiro toma- _
1
rçm : ·
DA MA~EIRA, QYiE HAÕ DE TEER OS )uIZES, ETé. ~63 ,
rem c:onh~cÍ~nento dps feito$ dos Fidalgos, e dos feus,
.nos çafos ·fofo efcri;pfos , qu~ os ditos Corr~gedores
lhes nom tomem os ·c onhecimentos qelles~ e que lhes '
J.e:ix.em livrar ·os 'dites feitos, como per Nós he rpan-
dado"; e "f~·itbaõ [e o fazem mino devem , e fe o affy
no"'in fezerem , que Jho~.dílranhem , rnmo com dii;ei'~p
o devem fazer, e he·contheudo na Hordenaçom qo
Regno.
14 E PORQYE poderia vir çm duvida a eífes' , . a
que foram dada~ ·.rs terr~s da dita, Comarca per N§s ,
e por Noífo lrm<iàÕ, -a que DEOS perdoe; e outro fy
a aquelles , que .na dita Comarca ·te~m Cout-0s , e
Honras , e J urdiçooés' , que ouverom de fuas heràn-
·ç.as > ou comp~·as , · ou Doaçooés, .ou ,Efcaimbos, ou·
-putros ~lguiis contr.autos, que eífes Juízes nem po-
dia:m '.ou :norn ·deviam ufa~ da· dita J~11diçom ' nem
fe cum r efta Noífa Horclenaçom em effas terras,
Coutos., é Homras ; por-remov~r.,.'mos t.edallas d11-vi-
das, ~e cileíl:o :podiaõ recreoer , Mandamos q_u~ ·os
ditos No:ffos Juizes,.ufrm da dita Jurdis;om erri toda":-·
ri as, tr~ras~ e Coutos·, e Honras , qliê bhes fom ·re_p ar-
''
tid-as nas ·.tenrc<1s 1q~e de N@s l.eyàll1,' fegurrdo fe c.on-
,.t;em •em efra Noffa. H~n:.de.ma-çoi:n .no's ·caJos erm ella
- cemt>ln.eudÔS .;e em .as peff@as em efra•l;J:orclenaçom
1 ex7
preff..1.s: nõ embargante quaefquer privilegios , lib.er.,.
-:dades ., ·e,doaçoo€!s ,: -qwvos Senhores ddfas ;terras _, e
.1C nutos _, e :Honras ·tenha~ , :e fhes ,f~jam 'da.das •t~ci+
·-tas, ou exp}'efias ,p9r ~©'S ~ ow jD©r_Noífos AIJ.liecefl~- ·
X 2 · res,

' .
64 LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE E CIN€0

res , as qucies ora avemos..por revogadas, quanto tan-


ge á dita Noífa Hordenaçom, em quanto os ditos Jui-
zes dt.Ú-arem em feus , Offidos nas ditas Cidades , e
Villas por Noífo mandado : e por eíl:q nom entende-
mos de fazer. pe1juizo pera o diante aos ditos Senho-
res deífes Coutos , e Honras ·em fuas jurdiçoõ_es , pri-.1
•.
viJegios , e liberdades , que em elles ham .

.......-~-,------·--

T I T U L O XXVI.

Dos Juiz.es Hordenairos, e coefas , que afaus ·


. Officios perte'écem.

O
S JurzEs devem . feer cuidofos, e trabalhar~
que na Cidade ;ou Villa, bonde for Juiz, e. em
feos-term~s fe nom façam mal~eficios, nem alfeit9"'1
~ Fias, e fe forem feitas, ou outr9s alguús dãpnos ~ tor... ·
.n arem aos que . os fazem com grande dilige1'Cia , e
fem tardança.
'· 1 E POREM ,Mandamos aos Juízes , que fÕm , e
pelo tempo forem, que em cada huú· anno húa yez
vaa hüú delles por os termos da Cidade, ou Villa fa..,
·b er, e enquerer , e fazer geeral Gorreiçom fobre ef_.·
tas coufas.
2 - ITEM. ·Se acentencerem hi mortes d'homeés ;
qu de molheres, ou furtos , ou rnubos , ou forças de
tµolheres cafadas , ou virgeés' , fol.t eiras, . ou viuvas• .
e-.:
(.
/

:Dos· JuizEs HORDEN.Arnos ; ETa. . 16 §


e-fe cada húa deftas coufas acharem, faber quem as.
fe'.?, e em que tempo' , e como , ou porque , enque-
rendo fobre cada huú em geeral , e decendendo ~ ao
efpicial , honde vir~m que co'inpre. '
· 3~ ITEM. Saber fe ·ha ,hi taffuue~ , e homeê; que_"
v.ivaõ mal. ·~ r
4 ITEM. Se ha hi .adevinhos , ou feiticeiros , ou:
alcovetas. . .
5: ITEM~, Se .ha hi aiguãs molheres, que feja~
barregãa~ d~ homeé~ ·.cafados , ou de Clerigos , ou .
Fr~des, ou d'outros Relligiofos.
, 6 ·. ITEM. Se. ha hi alguús , ciue fejam dãpninhos·
com feos guados , e b.eíl:as , e os lancem aífabendas de.
dia) ou de noúte nos agrqs dos paaés) vinhas·, e,hor-.•
tq.S , -e pumares, e nos outros lugares, qµe dalfl fruito.'
7 ITEM. Se ha hi alguiÍs, que furtem, ou cortem
as ~;rvores , e olivaaes alheos , qu~ -dem fruit0:.
·8, ITEM. Se, ha hi alguús ., ·que. tomem_, ot:í for-
Gem, e per algúa guifa embarguem .as j1:1rdiçoo~s do
.t.

Concelho , e lhe vaã conttta feus foros , e privilegio~~


· 9· lTEM. " ~e ha 'hi algúús, que tomem, ou em-
<; <: barguem os bens , e póffifloões .; e re:ilios, e caminhos~ .
e.-fervidóoês d<» Gmcelho. .-'- - . ·,
· IQ ITEM. Se ha hi.fontes, ou ch.afarlz'es, ou ca-.
minhos,. e calçadas d0 Concelh<?, que fejam rr{al *a-.
poftadas (a) • _
I:J · ITEM.. Se o J\kaide maior, o~ meor poem Al... .
••r •
· qual-:- .·
. , , . . _ _ __ , , , ,_ _ _ _ _ _ ,~__,__~__.......... _

(~J..P?ftas 1!'f•:.
:i:6'61 Lrv.Ro .P1~1ME[R'0' TnuL'0 1
.VrN'TE ·i 1sErs
...~ . . .
,~uaidé de,.fob fua 'maaó •em algµús lúgareã , .honde .
·f e nom d.eve de poer. · ·.
' 1 2 · I Ti~. Se~fazem. pedidas.de pàm , .e vl.~hç> , e
guados, e d'outras c!Oufas. ' '
. I3 hEM. Se prendem, ou foltam alguiÚs fem
mapÇado da juftiça, ou' fe os f~ixam de pr:ender por
peitas, que recehám.
. 14. ITEM. Se allugam geiras ·, ou ferviços.
I 5 f TIE:.M. ~e OS Juizies dn rumo paifado t1farom
./,. ~ feuis Offi~ios c~mo deviaõ ,, ou·fe fezerom .aggra--
, \ros algµiís. ..
· 16 I TE.fyr.' Se leixarom ~kfazer.·dfreito , . e JufüÇa
pe~r medo,·ou t!emor , ou por peita , ou por amoc ~ oui
. . . . . ~

p0r · negngen~1a.
17(' ITEM. Se levarom ·fervi.ç os, otrg~iras 1. e dei
qu~m.

18 · ITEM. Se ha hii'.alguús Sa1ooes_, óu alguãs p~f...:i


·foas p>mderofas , que façam fobervas , ou CGíl:raHgi-
·1'1.i·entos na lterra·, ·ou que endu~ai:m os h<'H'ae.és a .atH-,
darem em ·arroidos , e ·cOintenda:s , * •e (·a,) * em feüos_~J
, 19 ;E pAs rnufas , qué aé·mat; que eUe per .fy 10go
pode correge~ , pr.encla, ,e C0rrega. dando a ppeUaçom' 1 .
e aggravo 1Íos ca:,f.os; que
deve; ·e fe taaes ooufas fo"",
i:em , ·que . per íy' nom poder correger , ,faça-o f~ber
_aaquélles ., .q que per~een_ce ; ·a faber ; ·dQs crimes, et./
malfeitorias a Nós , e ào Corregedor ,·-'-e ·aa.s >01:ltr'as ..1
que
· {a) Falta •
.'
" . Dos. J!:t!ZES ' ~OR.DENAIROS, ET'C". . rl ~~ -

que ao Concelho perteécem ~' aos Regedores,, e Of-


.ficáaaes do Conéel.ho. .
1; 20·· E óuT.RA tal Inquiriçom: dev.e tirar deptro _na .•
,~idade; ou Vil1a per as Fregueúa~, e faze.r fôbre ,_to.:;. _
dó-gu;aFda.r ·as; Leyjc, e Hord.enaçooês do R@gno, e ~s · ·
. pôfttwas , e..~orde.maçoo:és dq Conce1ho.
, · '.2.I • hEM. Em todos os feitos de mortes d'h.o-
m~és, e molheres, e força;, e nlubos deve totn~:r per·
fy as Inqwirrçoês, nom as cor.neten"é:l'o a outro n~nhuú'. ,
e como forem acabadas, * @nviar nos (a) * feitos das -.
·1~ortes (b) ho çrell~do a. Nós, «~*outro. ficrnr (e) * n_a
Are~ do, Concelho. .· .
·. ' 22 . ITEM· Trabalhem-fede faber~parte dos mal-
feito!·es, e' os prenq,; r ; -e-fe na''terra nom Jol'ern: fa-. .
herám honde fom ~,,e enviar r~cado áos Jui;es ) ~ Juf...:
tiç~s, que os•.prend~m; é lh o~· envíem. · ·
0
. '
1 ;3 ITEM. Faúr. fuars Audien'êias be_ m ou:vinties) e -.
aíl"effegadas, e * ou vindo (d) * as partes bem , leixan-•·
do-lhes di~ei de feu fü~·eito o que quifrtelí11, flom lhes, :~·
t -
'jo_ . " .
dizendo inaas paJ.lav1:as , nom os doefta.(ido , nem fa~
zendo outro mal por referrarem G feu din'úto.
f 24 lTE-M. Trabalhem-fe , que 'faç"am amb9s as :
Audiências aos t~IT?P9S ,_que devem ; e qua~do.aigum.
.
xe , nem ponha por fy Ouvidor ; e faça-o faber aosi
~ .
delles for doente ,.ou aµfente de j,ufta <rau(.a ,.. ~om lei-.. '

:Vereadores, e Reg.edores, .e eÜes ~ar~m cárreg~ a .,


al..,.
\ .. - -: 1 <

(a) .enviar-nos os S. '(b) ,a faber S . . (e) e outre .íicará s, (d/ ouvir.-S. ,


.
168 LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE :E SEIS
... . . \ .
àlguú qos Vere.adores, qual. virem, que mais perteen-
cente for, que o dito carrego tenha.,_
2 5 !TEM. 'Saib.am f~ os Aln1otacees tlfaf!l de.·feus .
Officüos ; como devem , e fe o contrair:~ fizerem d0 ·
que lhes he mandado , ou .forem negrigentes ,' tor-
hem-fe a elles, e coftrangã.-nos ,p~ra ello, ·~ffy por os <
<::~·rpos, como pelo.s beês , _fegu·ndo he eonth~udo nas
co_ufas ; que dev~m fazer fob as p'enas hi contheudas.
· .26 I T~M • . Nom' lhes cor~fentirom q.ue dos feitos
à' Am,otaceria ufem de hordena'r proceffos, nem gran-
des Efcripturas, e b~evement~ · os. livrem ; . e afiy li~ •
:vrem os Juizes os aggravos, e appellaçoões, quepe.:. ,
rante elles vierem, fazéndo-lh~s logo o'Alinotace por .
palafra rollaçom ' ataa conthia de de~ mil libras' e'
rl,'hi pera cima liúem-nos .com·osVereadores ·na Rol~
··,laçam: ·. ·
~ 27 ITEM. Os Juizes façaõ em tal gui:fa, que nos ·
feitos das injurias os Veteadores ,ponhaõ aguÇa em ·
ferem conduzos~, e -como ho forem a pri:rrÍeira quar,.J'
ta feira qepois d~ conclufom os levem logo aa Rolla-
çom , e os defembarg,uem com os Veread~res ,-f<: fof-
peitos non;i forem .; e fe alguu•for' tomem--Oes outros
home~s, boõs da Cidade, ou Villa, que fofpeitos nom
fo;em ; em feu logt,10 .; e a Rollaçom fej~ .peránte as
par~e~ , ou aa ·Lua_·re_yellia ; fe pera ello forem chama-
das ao di~ aíliryado; e o liv.ramento, que .d~rem, fa-·
çam-nó cumprir' e dará enxecuçom" e nom 'recebaô
,âpellaç<:>in , nem aggra vo , fal vo fe effes feitos forem·
·ae

\
Dos JurzEs HORD~NAIRos, ETC.

de Fidalgos , ou Vaífallos , ou aconthiados em ca val-


lo , e armas , porque em eftes deífas pdfoas as devem
dar.
28 ITEM. Feitos de furtos ataa comhia de cinquo
livras da moeda antigua ·; ou cinquo (a) deíl:a , ou
bonde o ladram nom for enfamado d 'ante , ou en-
tom , ou eII1 outros furtos , livrem-no com os Verea-
dores fem appellaçom, falvo fe for feito em Igreja.
ou em feira , ou em caminho publico.
29 ITiM. Porque os Juízes hordenairos com os
homeés boõs teem o regimento da Cidade, ou Villa,
elles ambos quando poderem, ao menos huú , hiraõ
aa guart{t feira, e ao fabado ~empre aa Rellaçom d~ ·
Camara , pera com os outros hordenarem o que en:.
tenderem por prol cúrnunal ;. e por direito ., e juftiça;
30 ITEM. Sem delonga farom cada dia Audien-
cia aos feitos dos prefo~, e lhes darom livramento.
3 I l.TEM. Coíl:rangerom o Alqqaide , e feus ho-
meés , que os tragam a Audiencia, e prendaõ os que
lhes elles mandarem , e foltarom per feu mandado .
.. 32 'ITEM. Coíl:rangerom o Alquaide, que fer.v a,
e guarde a Cidade , ou Villa de noite , e de dia com
os homeés jurados, que lhe forem dados na Carnara,
fegundo que lhe he hordenado em cada huma Cida-
de; e façam: lhe pagar o que ham d'aver por o Alguai-
de , e nom os pagando , tomem-lhe tanto' das fuas
r endas, porque os paguem do que ·affy ham d'aver.
L iv. 1. -y 33
--------..--~-----
lJ.G LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE E SEIS

33 ITEM. Porque os beés dos horfoõs andam em


maa recadaçom; t~abalhem-fe os Juizes., a que dello
he dado carreguo em efpecial , ou os hordenairos 1
honde Juízes efpeciaaes deíl:o nom ouver , de Jabe-
rem logo todos os meores , e horfoõs, que ha na Ci-
dade , e termos ; e aos que retores nom fom dados ,
• que lhos dem logo ; e façam fazer part.içooés de .feos
_beés , e os entregar aos tetores per conto , e recado , e
Inventairo feito per Efcripvaõ de feu Officio : e pera '
[e nom poderem feos beés enalhear , façam logo huú
livro, e ponha-fenos almarios na* Arca (a )* da Ci-
dade, ou Villa, em que efcrepvaõ o tetor, que he
dado ao meor, ii- e quando he treladado (:li)*~, o In ...
ventairo de todollos beés , que aos meores +:· ·a:ccmte-
cem (e)*.
34 . I TEl'v~· Saibaõ logo como os beês deffes meo ..
res fom aproveitados , e ie o nom forem , façaõ-nos-
logo aproveitar ; e os que dapniftcados forem _faibaô
loguo por cuja culpa o fom , e por feus bens lhos fa.;.
çom logo correger , e pagar , e wrnar a feu eftado
com os fruitos, e rendas , que delles poderaô a ver,
.* [e aproveitados foram (d) * .
35 ITEM. Os que forem pera arrendar façaõ-nos
meter em pregom ·, e rematem-fe como entenderem
por fua prol ; e os que forem pera adubar, mandar,
e coftranger feos Tutores que os adubem, e aprovei-
tem;.
(a) Camara S. (6) que treladem S. [e] acontecerem S: aconteceifcm M • .
(,a'.] feendo âp!Ôveita<!os S,
Dos JUIZ'ES HORDENAIROS , "ETC. í 7 T1

'tem ; e os frúitos·, e rendas recebam por conto, e re-1


ceado, e fe efcrepvaõ per o·dito Efcripvaõ.. 'f
36 ITEM. ;.;. Farom (a)* logo tomar, e tome .
·conta, e affi cada huú a.nno- aos Tetores, e Curado-
• • ,1 -

res-, e aqueHo, _porque fic arem em conta , coíl:rangã-


nos , que o entreg uem logo ; e os que acharem fofpei-
tos , removaõ-nos de tai éura ., e lhe dem. loguo ou ..
ti-os ; e a eíl:o nom ponhaõ delongua , nem fejaõ ne ...
g rigentes, em tal guifa ., que feos corpos ,..e feos beês
fejam b_e m * requeridos (b) *, e aproveitados , e ve-
.nha todo a boa recadaçom , cqmo compre , fob pena.
.<le pagare'm effes Juizes todo por feos beés • .
. 37 ITEM. Vejam bei_n quae<:>s fom os horfoõs , e
·de que condiçom , e fegundo forem , aífy os façam
" ·guardar., e criai:·, poendo-os a leer, ou a mefteres, ou J

-a foldadas, fegundo feos linhag.ees , e foftancias de


feos be~s devem a ver, e vida, que ao diante devetn
·fazer.
j 8 ITEM.• M'at1cfamos ao Efcri.pvaõ , que do dia· ·~
que o Inventario dos beés, e partiçom for feita . ~ e
. 'acabada ataa o dito dia a mais tardar, ponhaõ o trel +
'ladO' "10 dito Inventairo i:io dito livro , e Armario d©
°Concelho., com. o. nome do.Teto;, e Cu_;:.ador affinade>
per fua maa.õ fob pena do Officiõ, e pei' feos. beés lhe
.p agar a perda·,' quê lhe _por .ello vier, ' e dq Oflicio fe
faça ~que Nós Ma!1darmos.
39 E EsTo, que fofo dito he, dos rneores, e feos .,
Y 2 be~s ,
(a ) Façam (b) recadadoi M~
-------·- '
1' !t

"1:72 Lrv.Ro ~ P1ur;JEIRP · T1Tu16 VINTE E SEIS


'"
'beés , , aja lugar nas· oufras peífoas , que per v~lhice ,.
bu por doores, @u per ,mingu,a' de 'fifo devem d'avel.<
Curadores. • - ,
40 iTEM. Como· os· Juízes fairem,,, e entrarem>
' 'i : ' . -
outros, eífes, que entrarem., Saibam logo per Inqui-:
riç~m como .µforam 'de feos 9fficios * os que f~,rÓm
. ante (a) i; ,,e fe comprirom' e fizerom as coufas' fufo"
ditas, e cada húa dellas·,. e fe iizerom em feos .Offi-
. -'
cios, · ou com poderio delles O que n_o m deviam ;. e
6íl:a Inquiriçom enviem log~ a Nós do dia que com~­
çarem a·obrar. dos Officios ataa tréz mezes. ·
41 E coM todas eíl:a~ coufas feja~ 'avifados, que
nom coníentarn a Bifpo , nem a Arçebifpo ,. ne,m a
feus Vigairos:. que tornem Noffa jurdiçom, nem vaa5
contra Noffos direitos , fazendo ··os leigos perante fi ·•
refpoadeí· nos cafos , que nom devem ; qué confen-.
tindo o contraira, e nom No..:lo fazendp faber, Nós.
' .
r{os tornaremos a elles, e lho íl:r~nharemos gravemen-
te 'nos corpos , e beés.
4 2 !TEM· Se alguús. viere1n perante elles á Au"'
, d'iencia, que feja~1 Cavalleiros, ou Efcudeiros, óu.
~utras p~ffoas podero~as , ouçam' logo feo~·feitos , e
·os enviem logo d'ante fy, e nom lhes·confentam que
' hi rríais ftem , e fe quizerem ' levantar palá:vras, d~.,.. ·
· fendã-lhe ·, que non venha5 hi mais.. ·

TI-
.{a). a faber os 'lue ufarom d 'an~e ·Sf .
' .
Dos V EREAPORES DAS CrnADES, E V ILLAS, ET~ •. I 73

·... . .
J,'
T. 1 T . U LO XXVII . . \ · ··
. '
r_ Dos Vereadores das Cidades, 'e Vi/las, e coufa.s., que
. ajeu Qffecio perteencem.
. " .
.Q S VEREADORES ham de feer feitos, fegundo he
colitheudo no titulo dos Corregedores das Co-
marcas. .. ·:::.,,
r ITEM. Os Vei'eadQres' ham de veer, e faber, e
requerer todollos beés do Concelho, , affy propriedá-
des , e h€rdades , caz;;is , foros , (e Jgm aproveitad<;>s,;
corno devem , e os que acharem mal -aproveitados ;
* fazellos (a) * adubar , e çorreger. . -·
2 - ITEM. Fazer meter todallas rendas do Concelho
en::i pr~gom, - e as que virem , que he bem de fere-
~a~arem , f~~ellas remata'r , e fazer ·os contrautos
com os Rendeiros , e receber as·fianças ; e as qJ.Je vi-
rem, que nom he prol do Cortcelhd de fe rematarem ~
mandall~s correger, e colher para o Concelho , e poer .
em ellas boõs requeredores~ e recadadores , e fazellas
vi.ir a boa arrecadaçaõ.
3 ITEM. Saber fê algúas poffeffooés ,. ou cami-
nhos , ou reilios, ?U fervidooés do Concelho andaõ
enalheadas , e tirarlas pera o Concelho.
· 4 ITEM .·. $aber fe tomam , ou trazem algúas jur-~
di- .
.(çt façaõ-no3
r.
\

· •1 74 LI:VRO PRIMEIRà Tr.'Í'uLo Vrnn: E SETE

L diçqé~ do Concelho, o,u as embargam como nompe-


ivem , oü as -forÇ,am ,1ou querem forçar.
5 1TEM • .~)aber fe o~ N:offos Off_iciaes , -e. Alquai-
• des , .e os outros , que per';.Foral , ou cu.íl:urne , ou ou-
t~·o · direito hmi;i q'avcr alguús f9ros, e .d ireitos, os ti-
raõ, como devem, e fdhe 'fazem de. novo o que nom
devem; e nom o ·confentir 'requerend~-os, que o nom
faÇam , e fe o fezereÍ:n, der:n~ndallos.
6 ÚEM. Saber como os caminhos , fontes, e cha'..
fariús , pontes, e calçadas, -e muros~· e barrei as foIT\J
.repairados ; e ~s que(cumprir .de fe fazer, e aduba n., é
·corre'a er, mandallas fazer , e repaírnr ~ e ab~ir os ca.:.;l
..
b . ' '
·minhas ,.e te_ftadas em,tál g1:iifa, que pciffam bem fer-i
·vÚ· pet elles ,. per que Nós .toin~mos encarrego das1
obras dos muros, e barreiras: e quanto á defpeza dos'
rneíl:eiraaes honde virem ., que compre adubio, ou :re-
pairamentb , façaõ-no-lo faber pera mandarmos co-l
mofe faça.
7 ITEM. Proveer as Hordenaçooés, e vereaçooés ,1 ...-- - -

'. e c;uftumes da Cida<le; ou Villa antigas , e as que vj-;


~·em .que nom fom boas fegundo· o tempo, façaõ-nas,
correger·, e outras faze.r de novo ., fe cumpri~ á prnl , ,
' J~ a boõ regimento da terra. '
8 ITEM. Confirandq em todalas coufas , * que
.c umprem (a) * ãa prol cúmunal , e defpois que affy 1
confirar~m, ante que façaq as ·poíl:uras ,.e vereaçooés ,1

___
.e as outras coufas , cha.m em os homeés. boõs , que
pe-
---------·---~-·--_,..
(a) o que fº"lpre S , .
.
/. L r
>!'.
' .
iJosl'.VE~EADOREs o~s tIDÁD'ES, E VILLA:s, E'ic. 17;,.
pera a Rolaçom, e Regimento da Cidade fom apar;...
t~dos, ·é digam...,lb.es aquello , que virom , e. confira:'·
.niõ, e o que com e'lles acordarem , .fe coufa leve, e ·
boa for ., façam-~a log~ poer em efcripto, e' guardar;
e em n.as cmufas gra.ndç:s,1
e graves, defpois que per
todos for acordado, ou per a maior parte del'les , fa-
çam chamar o Concelho, e diguam-lhe as coufas ·
quaees fom , e o proveito, ou dãpno, que fe lhes po- ''
de recrecer, affy como fe ouveffem demanda fobre
fua j urdiçom , O\:l fe lhes filham, ou lhes vaaõ .c ontra .
foc;is foros, ·e cuíl:umes de g~ifa, que ª~ nom poffaõ ,ef-
cufar; e o que"por todos , O\:l a maiór parte delles _for
,acordado , affy o façam logo poer ·em efcriptà no li•
• vro da vereaçom, e dem 'feu acôrdo á execuçom. E as
poíl:uras , _e vereaçooés , que affy fore.m feitas , e ou-
torguadas, o Corregedor da Çornarca nom lhas ,p offa
revog~r, ante as faça comprir, .e guaFdar: , ·e faber fo ..
,.
dam a boa eixecuçom quando polla Cidade ·"ºu Villa_,
' .
•rvier.'
9 ITEM. Corno entrairem) tomaram a conta aos
riPron1radores., e Thefoureiros do Co~celho , que fo..
róm o anno pafiado, e affy dos outros ann0s, fe lhes.
,tomadas nom forem.
10 ITEM. Poerom * vereaçooés (a)* fobre os mef-. ·
iteiraaes , e jornaleiros, e mancebos, e m~ncebas de·
foldadas ) e fobre todalas outras coufas) - que. fe com ....
.,
praõ , e v:ndetn ; e eíl:o nos l~gares, hçmde ~e borde-:·
na-
(qJ. vereaçaõ
T76_ LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE E SETB

n~do, que aja hi Almotaçaria a _ fora pam, e vinho~ e


guaad0s, que os lavradoreg ham de fua colheita , e
criança, qu_e cada hum pode vehdér aa fua voõtade_; e
em·fellas , e frêos, e armas , e çapatos es~rolados ,_ o~ .
•de ponq1s, é em .tapetes, eembrolamerlt!JS, e vidr_o_s.
11 ITEM. Faro"m recadar todalas dividas que fo-
rem devidas ao Concelho.
12 ITEM. Saberam fe ha hi armas de corpos d'ho-
m eés, ou* trooés, ou (a) * engenhos, e * fullame (b) *
delles, e façaõ-nos todos correger, e guardar, e poer
em boa recadaçom fobre ·o Procurador; e fe acharem ,
•que fe alguús perderam per cuÍpa dos Officiaes , ·que
ataa ora foram ; .façaõ-nos logo ç:lemaúdar por e~lo ,v ·.·
e coíl:ranger.
IJ ITE M. Effes Vereadores tom osJuiusjl!_lgu ~-·
ram todollos feitos das injurias verbaaes ~· que norn fo ...
rem ·antre Vaffallos , ·e Fidalg9s , ou homeés de .con-
thia de cavãllo ; e do livramento, que derem , nom
· darom pera Nós appellaçom, nem aggravo: e affy li-
vraram todollos feitos dos furtos , que a-lguús fezerem
ataa corithia .de cinquo libras de moeda antigua , ou
de cinquó ( e) deíl:a, que ora corre; falvo fe for nos
cafos e xceptuad~ na ordenaçom_fobre eíl:o feita : e li-
vraram com os Juizes os feitos da Almotaceria , que ·
p er apellaçom vierem , como chegarem a conthia de
dez mil libra:s , e os outros , onde for mais pequena
..
os
conthia • livraram Juizes per fy ~
I~

(a } outro' S. (h) falleme S, (e) mil S,


Dos VEREADORES DAS CIDADES, E VIL.L AS, ETC. 177

14 ITEM. Seraõ avifados de faber, e enquerer fe

a terra , e fruitos della fom guardados , como com.,.


pre, e fe fe guardam as-Hordenaçooés , e Poíluras,
e
e Vereaçoões do Concelho ; fe acharem que fe·nom
guardam , Goíl:rangam os Rendeiros , e os Jurados , ~
os outros , ·que dello teverem encarrego , qu-e as fa,..
çam guardar fegundo lhe foro poílas, fob pena de as
pagarem elles per feos beés : e per eílo nom fejam
efcufados pagar o dãpno , que fe deílo' recrecer.
I 5 I n:M~ Seram bem avifados dar aos Rendei-t
ros, ou ao Procurador , em .quanto as repdas - ~om
forem arrendadas , jurados, que avondem , que bem
guardem a ~erra" e fe nom façaõ em ella nenhuús
pãpnos, fob a pena contheuda na Hordenaço~.
. 16 ITEM. Nom confentirom a nenhúa peffoa, por
.poderofa que feja , que C0_!1ti-a as Hordenaçooés , e
Pofturas faça nenhúa coufa ~ e fe o fizer logo requei-
raõ aos Juizes, que tornem hi; e fe o fàz-er nom qui-
ferem , ou nom poderem_., façaõ-no faber ao Corre-
.gedor, ou a Nos pera o corregermos;
- 17 ITEM. Os Vereadores vira5 rodo~ tres a'a Rel-
\laço~ aa quarta feira, e ao fabado , e nom fe e.fcufa-
rom por nenhúa coufa ; e o que hi nom vier ,:pague
pera as obras do Concelho por dia cem reis brancos,
,os quaees loguo o Efcripvam fcrepva em recepta fo-
bre o Procurador , fob pena de os p~gar anoveados :
pero fe for doente , ou ouver tal negocio , que nom
Liv. 1. Z pof-
l78 LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE E SETE

poífa vir, feja efcufado, fazendo-o* fabente ·(ti) i< an-


te a feus parceiros.
18 ITEM. Os Vereadores fe virem, que o Noffo
Coudel faz alguãs coufas , que nom deve , em dãpno
da Cidade, e moradores , e feos termos contra Noffo
fervíço, mandem-no logo chamar , e digam-lhe o
que faz , e que fe corregua, e fe o fazer norn quizer ,·
façaó-no-lo ;;- fabente (b) * -
1 9 ITEM: O s Vereadores teern carreguo de todO'
o regimento da terra , e das obras do Concelho , e ·
qualquer coufa, que poderei:i faber, e en~ender, por-
que a terra , e moradores della poflàm bem viver, e
em eil:o ham de traba-lhar ; e fe fouberem, que fe fa~
zern nà. te;ua malfeitorias , ou_que nom he guardadà
per jufüça ,._ como deve, regueiraõ os Juízes que tor-
nem hi-, e [e o fazer nom ·q uizerem, * fazello (e)*· fa-1
ber a,o Corregedor da Comarca, e a Nós.
20 ITEM. Carta nenhúa nom deve feer feelláda
do feello do Concélho, ou Julguado, e os que o feel ... ·
lo teverem , nom as affeellem ~taa. que fejam ailina~
das pelos Vereadores ~ e Procurador , e aquelles Offi-
ciaaes , _que fe cufiuma de fempre affynarem , falvo
fe forem Cartas em feit.o de apellaçom, ou outras de-
f"nanâas, que as nom leixem d'affeellar, pera nom fe .. ·.-
rem as ditas apellaçoóes , e ou_tras femelhantes de-
theudas, nem as demandas perlongadas.

~---,~~~~~~~--------
(a) illber S_._ (b) faber M, (e) laça6-no S.
Dos VEREADORES DAS CIDADES, E VcLLAS, ETC. 179.
•' 21 ITEM. Qs Vereadores haõ de fazer aveenças
polos jornaaes·, e empreitadas com os que fezerem a~
obras , e as outras coufas, que comprem ao Conce-
lho, e talhar foldadas com os Porteiros , e com os ou-
~ros, que ham 'de fervir o Col 1celho, e por frus man-
pad~s ham de feer pagados, e ·d'outra guifa nom.
2I !TEM. Ham . de dar Carniceiros , e *-paatei-
}"as (a) ·* , e Almocreves , quedem os mantimentos
~ mandar talhar aos Carniceiros •. e amaffar aas paa-
teiras, e lhes dar, e talhar guaanhos aguifaçlos, e cof-
,tranger, que fervaõ , e ufem de feus meíl:eres, e aífy
ps outros me~eiraaes.
22 . !TEM. Ham de dar os homeês ao Anadel pe-
ta Beíl:dros do Conto, fazendo-os primeirarpente vii!'.'
_pe1'ante fy) ouvindo fuas efcufaçooés i [e a's teverem •
.fegundo he conte_udo' na Hordenaçom • .

- . . . : - - - - - - - - - - - - - - - .. 1

('
T I T U L O XX.VIII.

Dos AJmótacees , e coefas , que a jeus Ojfiâos
perteencem.

irl TEM.Os Almotacees fe façam logo no com.eço do·


. anno por e~a guifa : a faber , o primeiro mez _ham
~e feer Almotacees os Juizes do a1mo paifado.
1 ITEM. O fegundo inez dous Vereadores , e o

"- - -·-
( a ) paadeiras -
.,
fl.2
·, . .ter-~·

1
!_ _ __ ' .
Í 80 LIVRO PRIMEIRO TITULO VINTE É OITO!

terceiro hum Ver~ador, e o Procurador do anno par.:.


fado', t e!les fairom per pelo~rôs como ouverem~ vem.::,
tura defer. ·
2 I~EM. Pera os nove rnezes, que .ficaõ_ho .AI~
tJ_uaide , honde cde forQ ' · ott coíl:.ume o .Alquaide ha ·
' de feer ao fazer dos ,Atmotacees,
' . - e os Officiaae.s doS'
Concelhos enlegerom nove pares d'homeés boõs, que
fejam peneéterti:es pera o ferem , e ferom em pellou.:
ros , e como fore~ feitos , os tiraram perante 0 Al-
q uàide , e-fcrip,t o no livro da vereaçom cada mez
tlous, como fairem, fem ·outra afeiçom; e tanto que o
mez vier' coftrangã-nos',que venhaõ jurar' como ef-' ' .
teve~·em fcriptos t e quando lhes ouverem de-d.ar jq•.
"ram~Hto , feja chamad~· <'> Alqüaide, que venha, ou
•e nvie aJgt1u '· pera Veer como juram; e fe viir, OU en.:.
viar nom ·quizer, dem-thes juramento na Camara.. E
por efta guifa fe faça quando o~verer;p. d'enleger ,·e
efcÕlher os Alrnotacees; a faber, ch4mem ho ATcqliai-
de que venha , ou envie pera com os Officia~es do·_
Concelho os enleger, e fe viir, ou enviar n~m quizer·
cnleja_-os o Concelho, e eftes .o fejam, e d'!mll:ra gui-
fa nom os façarl) fem elle;. e fe alguú deftes ) que en-
ligidos forem , fallec~r per morte, ou pe~ outra ra-
izom, que nom pólfa fervir feu mez, o Concelho, e··b "
Alquaide enleja111 outrq , que' b feja em .feu loguõ~
Pe;o fe . filho d'álgutl boõ -0afar novam~nte', ou outro
ma Cidade, que feja honracl9, ·e tal, que deva d.'aver
·os Officios do Concelho,_ 1 fte feja Almotacee com.
. . '·.'- hlüt _
"'

.,.
'Dos A1 MOT ACEES
- J E COUSAS J ETC., I 81,
-
huu dos outros, que fom fu-ip_!os ; e fe algu,fí quife~
' '
leixar de f ua vontade per lhe fazer honra, em feu lo..,
guo entre o, que aífy novamente cafar , e f~ o lei.xar
norn quifer J ento~ lancem antrãbos forte J . qual fica-,
rá, e com dle o feja. ·
3 !TEM. Os Almotacees fej.am -bem av!fados.:
- que o primeiro ataa o fegundo ,dia, como entrarem ,
a mais tardar , mandem logo ·apregoar , q_ue os car..,
piceiros , e paateiras, e regateiras , e almocreves , al ..
fayates, e çapateiros ,·e outros Meileiraaés tod_os ufem
cáda huú de feus meíl:eres , e dem os mantimentos a: j

a"vo~do, guardando as vereaçoóes ;e.pofiuras do Con,;..


cdho~
4 OuTRO · SY todollos qu6': teern me.di.d·as de'.
pam " e de vinho J e d'azeite J que as moftrem pctrn.
as veerem fe fom direitas , fob a pena·, que lhes ke ·
·pci'íl:a na .poílu.ra do Concelho •
.5 ITEM. Dado efte preg0m, enquererom, e fa-
berom aff y elles. , como o. E[crip'7aÕ , fé effes Meft~.,, :
:riaaes , e Officiaae.s guardam as poíl:uras do Concelho >
-e fe as norn guarda.m , fe as demandam o Rendeiro·, ·
' .e Jurados ; e. fe as nom dernanda.m, aigam-no ao _Pro~' ' _
curadoi· do 'concelho que as demande par~ o Conce-
lho , e elles julguem as c'oimas ào Co1Jcelho, pagan-
do-as os que·acharem em culpa ,. e o. Rendeiro outro·
' "
ta mo.. ,·
6 lTE.M. Trabal-hem-fe de faber cad:a huú~ em
fe~ mez , fe eífes Rendeiros fa'zem aveenç_as COOi as.

' ...
,par:~ .

-. ..
' ·
r81 LrvRo".PRIMEIRO . TFuLo VINTE E OITO
partes , e com os dapnadores. _; e (e achare~ que as
fau~, prendam-nos-logo pera fe delles fazer direito.
7 ITEM· Como .entrarem , dem * pefa aas paatei-
ras (a) , * e aas candieiras, e depois faibam fe ven-
dem per* effa pefa (b) *,que lhes foi *_dada (e)*, e
fe acharem menos , pola primeira vez pague · trinta
reis , e pola fegunda cincoenta , e pofa terceirà frjft
poíl:a na picota ; e eíl:a nl.eefma pena aja a candieira,
fe menos fezer as candeas do pefo, que lhe for dado;
e o carniceiro' fe pefar mal a carne, e a regateira, que
nom guardar a Almotaçaria , q.ue lhe. for
poíl:a , e os
,que mal pefarem, ·ou ~edi.rem. E fe o carniceiro pe-
f<1:r per falfo pêfo, ou a medideira , ou medidor me ..
,d ir por fa![a med_ida, fejarn prefos, e. faça~fe delles
direito , e juíl:iça, e aalem dello ajam as penas ,. que ·
[Qm contheudas no titulo de Corregedor da Corte :
8 . ÜuTRO sY os çapateiros" alfayates, e ferreiros,
e ferrado.res , e todoll~s outros Meíl:eiraaes, a que he
poíl:a taixa fobre feus lavores , e obras ,-fe as poíl:uras
J lQm guardarem , pola primeira vez paguem_ trinta
reis brancos, e pola fegunda cincoenta J e pola tercei-
. ra cento; e fe mais -forem achados em .culpa, feja-
lhes defefo-, que nom ufe mais defre meíler, e. fe mais
ufar, feja prefo , e norri feja folto ·aiàa Noíla mercee.
9 l TEM. Os Almotacees fejam bem avifados ~ e
áiligei:ites em fe.us Officios , e os dias, qu_e o pefcádo
:vier, cheguem logo aà praça_, e pónhaõ em elle AI-
mo- ,
'"') pefo aas paadeiras S. [q) eífe pefo
·---·-"-----·-
S. · S,
(e) dado
. '

Dos ALMOTACEES, E COUSAS, ETC. I 83

motaçaria, fegi.mdo feú coílume , poendo o maior , e


_meaão , e mais pequeno, fegundo fua valia , poendo
as moílras em luguar, hÓnde as vejam os que .com ...
prarêm : e fe o pefcado for poucb , eíl:em hi amqos,
e
ou huú ddles' qúe o reparta pelos maiores ) meno-:
r~s , cadà hum como ·O merecer, e fegundo o pefcado
for , em tal gu{fa; que os ricos, e os proves ajam to..1 '
dos ri1antimentos, e nom fe parta d'hi ataa que todo
fejá dado , e repartido ~ c<?mo ditq he ; e nam vindo
hy., ou fe partindo anfe d'hy, pague pera as obras da
Cidade, ou Villa_cem brancós por cada vez, e o Ef~
cripvaõ da Ãln\otaçaria fcrepva.:o logo, e dê o fcripto '
ào EfcripvaÕ da Camara ~ ql!le o .po11h~ em rec.epta-
fobre ~ Procurador fçb pena dos. Officios, e d~ os pa..i'
garem em ·dol:iro : e fe o pefcado for muito, depois· ·
que almotaçado for~ e poíl:as fuas moíl:ras, no,m feja
theu'do·d'hi mais ftar. : .
I Q ITEM. Farom , e coílrangerom os carpicei~·os J
quedem carneiros, e vac.a; e porco,,e as.outtas car >
nes·) e aífy as enxerqueiras 'fegundo lhes he manda-
d0 ria vereaçom do .Concelho : e 'efia;rom como for
manhaã no. açougue ataa or._a a·e terça ' ,nom fe par- ,
tindo d'hi, e.fazendo dar as carnes , e repartirpe!os·
rirns, e pobres a avorído ·'como o merecerem ; e fa-::
zendo o contrairo que pagl)e o' gentar :<láq,ue.lle, que
fem (jflrne ficar , e norn vindo , ou fe pàrtirido a.nte•
defre tempo, pàguerrí as penas fofo djtas , e os. Ef..;
cripvaaês as efcrepvam fob as penas fofq ditas. .i
_,
II

.·~ --
-18+ LIVRO PRIMEIRO TIT-ULO V+NTE E OITO

11 ITEM· Pera faberem fe os carniceiros pefarn


bem a carne, ponha-fe a balança, e pefos do Conce-
Jho, em que fe pefe, _e veja fe he bem pefada., e os
pefos direitos ,·e o pefador frê hi femp.re reíidente fob
·pena de vinte reis brancos cada dia, que nom ílever.
12 ITEM. Para os Almotacees ~aberem fe as paa-
teiras ·dam o pam por pefo., e -as candieiras as can ...
deas, .elles per fy o façam algúas vezes ; e quando ti-
rem , que compre pefar, pefem-lho; e fe lho acharem
~minguado do· pefo coílrangam-nas que lpaguem a
pena ao Concdl}.o , .e l_a ncem maaõ pollo Rendeiro ,
•e faíbam porque lho confente; e.fe b aeharem em cul-
·Pª, 01J1-·que 'o ouvio , e o leixou affy paffar por mali-
, eia , o~ por aveença, que, tenha feita: com ellas ,. por-
que ern tal êafo deve .aver pena corporal dlaÇoutes ,
remetan1-no aos Juízes que _o comd~pnem, dando
apellaçom , &e.- ·' e fe for por negregencia , pague a .
· cooima em dobro pera o Concelho, e o Efcripva.ô
efcrepva-o logo fób a pena fofo dita •.
·I 3 ITEM. Os Almotac<:::es . quando nom teverem ,
.c_arniceiros , e paateiras , e regateiras :. e eixerq\.Jeiras ,
e candieiras, e moftardeiras, e almocreves que. ajam
de fervir .o Concelho, requeiraõ aos Vereadores, 'que
i.hos def!l: ·e affy requeiraõ , que lhes dem jnrados
quando virem , que os hi nom ha • ou que haõ .reca-
do~ que fe a terra dãpna per mi\lgua de guarda
14 ITEM. Requeiram, que aridem pela Cidade.,
ou Yilla em tal guifa , que fe nom faÇa em ella íl:er-
1"1 ~ ••

que1-
Dos ALMOTACEES, E couS.As , ETC.

queira , nem lancem a redor de muro fterco , nem


outr~ lix.o , nem fe ·atupam os canc;is da Cidade,; ·ou
Villa , nem as fervidooés das augas.
JI 5 .ITEM. Cada mez ff!rom alimpar à Cidade ,
.. cada htiú ante a fua porta da rua ., dos -efiercos, e
.rnaaos cheiros; e farom em cada Freiguezia -tirar ca-
' da mez húa eíl:erqueira , e lançar fora · o efterco nos
lugares, honde fe fia de lançar.
,1-6 ITEM. Nom confentirorn que lancem beftas ;
nem caães, nem outras coufas .çujas, .e fedcgofas na
Cidade, .ou ViUa ; e os qu.e as lançarerú , façam-lhas ·
. tirar, poendo-lhes penas fe as nom tiràrem; e aos ne-
: grigentes dallas logo aa eixecuço~. . ·
. q ITi M. Mandaram apregoa.r em-cad.a huú met.,
que, alimpem cada huú fuas teftadas de fuas vfnhas .,
e herdades fob ceita pena , e os que as noin alirnpa-
rem , fe as. os Rendeiros norrl tirarem , façaõ-nas re-
cadar,. e·poer fobre o Procurador. . .
. ' -
I 8 ITEM. Farom ,Audiencia nos dias , que he de
,cofturne de fe fazerem , e na Audiencia poíl:umeira
d~ feu mez farom ante dar 'p regam , que fodollos
que.tem Jeitas coimas., ou fom penhorados, que vaaõ
livrnr feus penhores , e f~itos em aquelle dia ·, e os
que alla nom forem, aa fua reveriajulguemas .cooi-
Jnas, e dem Jiyrainento a todo. '
I 9 ITEM. Todollos feitàs livraram bem~ e direi-
:tamente, e br'i~ver~1ente fem proceífos , e grandes ef- .
e
cripturas ; de qualquer livramentp , que derem ·• fe
Lip. J. Aa· ;a
'.

'.
.. :r.8·6 LIVRO PRJMEIRO TITULO VINTE ' E OITO
-
a parte apellar·, ou agravar , elles lhe dem apellaçom,
e agravo pera 'os Juizes , fazendo-lhe rolaçom do fei-
to por palavra ; ~ logo hi feja por elles viíl:a a apella..:
çom , e agravo, e julguado, í.egundo entenderem por
d1re.ito , que forem ataa contli.ia de dez mil -libras ; e
de hi acima defembarg'u,em os J.uizes effes aggra\\os ,
e apellaçooés 'com os Ve~eadores da Camara. ·
20 ITEM. Se os Almotaceês forem negrígentes , ci _
nom fezerêm as c~ufas f ufoditas , e cada huã dellas ,
"_ per cada huma vez paguem as coimas, e penas, que
.. pagarfam os que !-s ham de fazer, . e as nom fazem ;
e os Juizes ,coftrangam-nos pelos beés ,- e pelos co,r-
pos, quando, é cada vez que virem, que compre ; e
fê os juizes.a ello nom *.forem bem deligentes (a ) *,
o
pàgu~m-nas. el~es : e Efcrípvaõ da Almotaçaría ef-·
crepva todo,. e o dê ao Efçripvaô da Camara, que as
efcrepva .fobre o.Pro.curador, fob as penas fµfo ditas.
· . 21 !TEM._N o feito da Almotaçarià os carniceiros,
e paateira~ defpois., qµe fe obrigarem ao Concelho pe- ,
.ra fazer feu ,Offi cio ; . aquelle., que fe delle quizer fa-
hír , e nom fervir ataa huú anno, que o coíl:ranguan'i
pelo corpo , e pelo haver.;, q~e o faça ataa que eífe..
anno feja comprido.-
22 hEM ; O Efcrlp-vaõ da Alrnotaçaria efcrepve-- ~

iá rodallas cooirnas .aêl).adas. >:· aífy de ··gaados , e bef:..


tas, como dos Meíl:eiraaes., e carniceiros, , e paatei--
ras , e regateiras , .e enxerqueiras, qtre ,eelqs'Jurados,
' fo- "
,( J) tornarem s_

·,
e Dos ALMOTACEES, E
.
cotJsAs., ETC.

forem acooimad()s , e os que elle poder fabér , que


·vaaõ contra as pofüiras ,.' e cad~ rnez as moftre aos
Almotaçee~ ; e fe os Almotacees nom torna~en:i a ef7 .
to ., móílfr-a·s aos Juízes, e aos. ho.meés boõs .da·Ca-
-i:nara ·, para faberem quaes forn os dapninhos, e-fazer
em elles cumprir as poíl:úras, e Hordenaçooés..-
. - . 2J 1TEM. Se trabalhe. quanto po<J.er de faber fe os
Rendeiros, ou Jurados. no!TI coíl:ra,ngem os _Cooimei.-
. ; ros ',; fe tee'm cwm elles aveença feita, ou fe a fazem .
,<iefpois das $entenças , .ou porque razaõ n9rn levam·
as cooimas ,.e aífy ó digua na Camara ; _e fazendo o
' . ··~ onttario, feja logo pri'vado deífe Officio , e dem-no
" ~-~ outro, q4e .~aç~ verdade, e ame a prol túmunal._

....
:~-- ---·-----------·--~
xxvnn.
TITULO
' .
Do Procurador do Concelho , e coefas. , que. a ftu_ ·
1
<:. · - · ' • Ojficio pfrteencem: .

,. J- TEM. Tanto q~e o Pro_cu'rador entrar no Officia


em aquelles luguares ~ honde o Procurador rec~be , _
te defpende , ·fará o Ef~rlpv~m hutl livro da rernpta
1-em titulo apartado fobre fy, poendo , ~~ entitulançlo
cada huã renda fobre fy ,' eca quem he arrendada; e
tpor ·quanto·preço-., e os tempos , a que lhe ha de feer
"pagadã , e quaees forri fiadores , e aify em outros til
..
'

.·tulos as rendas outras.


I
, :

r '
' "
1'88 LIVRO' P~IMEIRO TITULO VJNT.E E . NOVE

I ITEM. Em outra .par'te em effe livro fará feu ti-·


. tulo das defpezàs, que feze.r, as qtiaees fará ·por efta ·
guifa. _ _
2 ITEM. Todallas deípeza~, _ que ouver de fi~zer
':por mandado dos Juizes·, e Vereador~s , a ver feu man-
dado efcripto no livro. ém eífe titulo affinado por. d-
.}es, e d'outra guifa nom pagará, porque os Alvaraaes
-de fóra fe perdem, e nóm podem tambem vir em ar-
~=ecadaçom. '
3 !TEM. Todallas defpez~s rneudâ~, que -fe feze-
rem, faça-_as perante o Efcfipvaõ da Gu.mara, poen-
1.do as defpezas como fe fazem, e porque, e per cujo .. ·
m11ndado; e•ao -dia: da vereaçom fejam moftraqas ~os
Vereadores, e as que virem que fom boas ,.e neceffa-
rias , e :verdadeiras affinem-as em effe livro_per foas
maaõs: e o Efcripvaõ teerá tal h9rdem em fc'n;pver
as defpezas_ ~· que féinpre as fcrepvâ em tal guifa ,que
poifaõ. em fim do ·tempo . b~m veer, e entender.quan-:'
to he o que defpende em _cada húa coufa, affy como .
as foltjadás poerá todas ~m huú titulo, e as obras, ca- .
, da obra , e a defpeza , q1:1e fobre . ello Jezer em feu fr.. -
tu lo.
4 !TEM.. .Todolàs Mãndados , é Acôrdos, perque -
fe ajam de.fazer <.tlg.uas coufas, fcrepva no livro d~ .
,V~reaçom affinado per aquylies, que o àcordarern . . ;•
5 !TE~· Seja bem avifàdo o dit0, Procurador;que
nom receba, nem dcfp~nda nenhúa cou(a; falvo pe- .
rante o Efcripvaõ, .q9e o logq fcrepva - em.(>. dito li... -
, vro "'"
• ' .
Do PROCURADOR . DO CoNCELHO, ETC: #I 8'9 ·
vro., e fazendo o contrair~, nom lhe.fej!l reêebido·em·
defpeza (a) • '·
6 ITEM; Efte Procurador eín quanto as rendas ·.
nom forem arrendadas , recade-as em tal guifa , que
fe nom percaõ , fob pena de as pagar com o dãpno ,
que .o Concelho receber, p!Jr feos beés.
7 ITEM. Defpois que ·arrr::ndadas forem , faberá ' "
d? Ef~ripwõ da Almotaçaria , e ~fiy ~os outros Offi-
ci§laes , e Mefteiraaes fé cairom alguús em cooimas,
ou penas , ·e demandallas-ha. pera o Concelho , como
lhe em cada huú titulo forem poíl:as , fob pena de as
pagarem de feos beés .
. 8 I 1:EM. Requererá bem ;todollos ae:fobiÇ>s , quo
_ .comprir, nas cafas , e bens do Concelho , e feus fei'"'
tos em tal guifa , q1ie fe nom percaõ per fua mingua ; .
e o que mal apoftado for, requeiraõ-aos Vereadores ;
e o Efcri_pvaõ ho efcrepva aífy pera fe veer quem foy
em culpa, e o paguar.
, _ 9 ITEM. ~ar.ido acabar feu Officio perante o .
,,Efrripvaõ entregará toa~ilas coufas , e aífy as obras ,
l·e beés , é efie ~fcripvam efcrepva co~o as entregua,
'e aífy erri cada huú anno.
f.
·
IO !TEM. Nas Cidades , e Villas, honde ~a The-
foureiro per fy apartado-, e Procurador do.,Concelho,,
_p orque ao ThefoL!reiro perteence fazer a mdor parte
deftas coufas , o.Procurador tenha efpicial cauegu o
Jle.réquerer ; . e procu.rar todos os feitos , e coufas da
, \( Ci-
·---·----
. '

1~9&_ LrvRa PRIMEIRO T1TtiLo TRINTA -

1Cidade, ~ Villa , honde aífy"he Procurador , e eíl:ár


cada dia· prefte~ , e diligente na Camara ,. -Ou lugua ..
r es•' bonde_fe fozer vereaçom ' pera .fazer > ~e requerer
v todallas coufas, que lh_e for ma.ndaÇlo pelos Vereado~
'1eS da Cidade. ' .

T I- T U L 0 XXX.

Do Alquaide Pequeno das Ci'dades, e Vil/as, e coufilS , :.


•que ajeu Officio pertee1lcem~ . "

:I.. 'f~M.~ P~rque achaPnos·, q~enos te.~po's palfados


'fe fazia muito mal aífy de noite > como de dia' e
·muito~ furtos , e mbrtes d'homees per aafo de as Ci-
dades ' e Villas dos Noífos Regnos nom ferem bem
guardadas,per o Alquaid ,_e feus ·homeés, Mandal
rrios ao Alquaide , que faça em tal guifa ~ que aíl'y d.e
·- noute, forno de dia guardem_bem as Cidades, e Vil..
las ·cbm os horneês jurados, que lhes ferom dados pe-
los Offieiàaes ·dos Concelhos naturaes , õu mor_ad0res ~
,e reiguado~ rta terr~ ; e quando de noute andarem ~
tragani fernpre huú Tabdliaõ, honde nom ouver
fc ripvam .deputado pera e.íl:o, o qúal d~rá fe, e tefte:i
ÍDunho das coúfas, que os Alquaides fezerem, e acha-
rem ·em tal guif~ , que po.r fua mingua, ·ou negrigenl
eia fe Q.om faça mal , nem furto , nem roubo nas Ci...
dade~ , e Villas, ca fazendo-fe. o contr~iro, pagualo7
ham ·por feus beés. , 1 E
Do ALQYAIDE PE<l.YENO DAS CIDADE~, ETC.
J
191

1 E ESPÊcrÚMEN·TE em cada }:iúa noite fejam to-


dos juntos , quand9 tangerem aa Õ;aço~ , em ca(a do
:Alquãide pequel)O' e efl:e Alquaide .'e Efcripvaõ lhes
enfiné como ham de _gúardar ~ di_ta Cidade. . , ou Vil-
' Ia ; e eífo medês os noífos home e~ guardem bem a
dita Cidade , f~gundo for -acor_dado p.elo Alquaide
pequ~no'", e Efcripvaõ ; e. nom fe apartem os noíios
homeés a. andar de noite • ataa que cheg;uém a cafa .
do dito Alquaide , , e .que lhes per elre, e per o ditq
Efcripvaõ feja devifado pela guifa que ajam de fazer ;
.e os prêfos· , que prenderem , digaõ ao Porteiro poi·-
. '
.(q ue cada huú he .
prezo , pera o guardar ........
o dit9 Por-
1teiro, e faber a querri ho ha d'enviar pera p }ivi:ar. E

'
o
,Mandamos , que que cada húa das fobreditas cou ... -
•·: -
fas nom fezer , e for negrigente por_a primeira vez
perca o mantimento de oito .dias,€ por a 'fegunda de
q~inze dias' e pôr ~ terceira d; huú mez' e pola qu~r,,.
<ta fêja prezo , e nom feja falto fem Noifo ma·nc,fado ;
1fal ~o mo_íhando tal i-azom, ·porque a efto liam fej.a"

theudõ, da -qual deve cooliecér. o dito • Alq~ ~üde, e


Scripvaõ~ _ .
• 2: KMANDAMos.,.que ~ dito Alquaide, e os NDf-
<f.o,s homeés ajam fuas armas_, péra gúardr;m~m a Vil- .
•la, de dous ~~n dous annos no ~~m~ze~ Nc»fio da d i ~ , .
ta .Cii a<le ' á fabe~ , fênhos'. * canbafes (a) ~ e frn hos ' ,
rbacinetes , e ·as outras velhas _e ntreguem-_na ell-es no .

____________
,dito ·a tmazem; e qutro fy ~jci· armas·o. dit~ Efcripvaõ , ·
' ' fe e
.....,_ ......___~~-_;.,,- -.

1
(~l) . co;pps de. f~lhas S. .
- .
·1 '92 LIVRO .PRI.MEIRO Tr.Tu;Lo -TRINTA

fe quizer pera o àguardar com ell~s alguú feu homem:


'e efto fe entenda quando fe a Alquaidaria correr por
Nós ; e fe for rendada , dem os Rendeiros as ditas ar;.
mas à<'>S fobreditos, fal V~ fe O enbarguarem as Condi,..
. çooês da -renda. .'. .
3 ITEM. A eftes homees darâ, e pagará bAlquai,..
de Moor feos . mantimentos nos lugares , honde he
hordenado que os Alquaides Mooi:es os devam pa.-
. gar ; .:e .norp. o·.fazendo affy; QS JUÍZCS tomem. tantas
.. de fuas rendas, per que logo fejam paguados.
- 4 !TEM. Os Alquaides r:om poeraõ em eífes Offi,..
cios, nem frazerom outros homeês com figo, falvo
· eftes, que jurados forem, efcriptos no livro do Con.--r ·
celha ; e fe outros trouxerem , por fo delles fervirem, ·
1
-ou ajudarem ao .dito Officio-~ trabalhem-fe que nom
façam •mal, n~m dãpno, :e fe o fezerem , elles fejam
theudos a pagar por elles , oÚ os entreguar .a J uíl:iça.
, '5 ITEM. Todo Alquaide fei-á deligente per fy, e
.per feus homeés guardar as -Audiencia~, e trazer os '
prezas perante os Juízes; quando lhe mandarem ; e. ,
prenderá per feu mandad0, e d'outra guifa nom ; fal,..
vo em aquelles cafos, que deve; e os que elle per fy
prender, leve-os perante o Juiz., ~hte que vaaõ a·o
' Caftello : pero fe for de -nol!lte, ou ~ taaes oras ," que
nom p0ffa achar Juiz , ou naõ for na Cidade, ou for
tal peffcl o prefo, que feria coufa prigoía de o trazer
pota Villa , leve:..o aa prifom, que tiver em fua cafa,
ou a alguma outra, que pera ello feja finada pelo Al.,.
_quai.-' ·

' ..
·'
·.

~ .. Do AtQIJAIDE :;l'Eq_yEN0 DÚ ÇrnÀDEs, RTc. 193


quaide Móor; e vc:;nha togo pola rria9baã ao J~iz, fe
o ªª e
noite pr~.nqer; fe mereçer feer prefo ) feja-~ ~ ·e ·lt..

fe o nom mereçer) foltc'm-rio fem carçeragem. ·.


. 6 ~:rEM. Seja.. ~in..da bem ·d~l!ge,nte .tem guardar os.

Almotace~ , ·e açoug~1es, e praças em tal guifa , q~e·
' , nom entrem nC!s açougues , ~1 ~n:l tomem a.carne , e
pefcado ,_ e as outras '.coufas., que. aa pnwa vierem ..,. .. •
per forç:.a, e fem 4inhei'r o; fob p e'ifa de as p~gar a feus
dono~· , e, noin a: ver o .quef del les h• Çe leva.r por ,o.
foral ·da Cid~de. ·i: • • . ·
-7 hEM. O Alquaide nom .deve fazer...pedida per
~.

·fy, .nem per Qutrnm,. de pam , nem <;;évada, nem'..


' . .
· d'outras ' coufas na· Cidade , e feu.,<f·-termo . , honde-
· lre
/
·,.f\lqYaide , e fe O fezer., e'aJgúa COUfa levár :, ·torne-.o·
-~

em dobro aaq,uclles_, a que o levar .. ·.~ ·


.. ..
" - .
& ITEM. Nom prendera por·.adíaque 1_ nem .por
9utra Çóufa apofta a ·nen.huu ~· nern ·lev~ J:i>Or,ello delle
n.enhuiía cot.ifa _, e fe q levar, torne-o em dob.ro • .
' 9 '-"hE.M. o Alquaide no~, .penhore ) nem: cof-
.Jran~~a nenhutí per nenhlÍa .d f~ida_ ; · ~em pór oútra -
·Coufa ) fatyo fe lhe for n1andado .per Juízes , OÚ por
.fi.lmoxarif~s ·; 0~ .por" alguú outro, que .pera'e'llo ~ja
Noffa authoridade. . .
'' _ , 10 I;rp4. O Alquaide ·nom falte prefo fem man-
. i~ • -dadp dos J ujze§' "e _f~ o falta.~, e '"fe perde-~juíl:i-ça, ou
..... "l'

1
. COfregir:nento atguÚ. O A-Jqua·ide .~· O~! ~qHelle que O
'.·

.faltar., ·feja th e~dó p~·r ello ~e lho"faê;:am log9 'os Jui-


1
1
·

~-•...ze;_e!!Jmehdar" .; correger ) fe for feitó' de ~~or-r_Çgi~


Li:v . L · Bb . • men- . ·,,
,. ·t
' -< .•

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-w.·••

.,, ..
• r. •
<

·. 194 LIVRO P1u~ErRo TI±uLo. TRI.NTA

' mento; e fe for. feito de crime, e nom for o Ajca1âe


dQ Çaíl:ello, prendaõ-no logo, e façam logo delle di- .
rei to ·, e jufüç~ - ; _e !e for o Alquaide do ·ca-fiello norri
o prendaõ , e envier~. :-no-lo dizer pera Mandarmos ~
que. for Nofia mercee:
' 1..-1.
. .
hEM. s~ o Alquaide nom trouxe;r os prefos .á
Audiencia pex:artte os Jui'?d , _ou os nom foltar per-íeu
mand;ido 1 ,_os J uizes lhe façam todo pagar , e corre:-
. ger peJos beés ~ífe Alguaide. · · ·
12 ITEM. O Alquaide Moor, ou _pequeno ·n_o m · ·
pberá, pÓr fy ot.itrn Alquáide n~ Cidade, ou Villa ,, ·e
feu term~:, fem ·Nofra aut:horidade; e oAlquaide pe-
queno-; q~e o·cbntrairo fezer : · por" eífe feito perca.- lo-
go ho Officio 1 e nom refpondam a eífes, que aífy po-
zer com nenhúa ceufa, nerp façam por eHes, nem os'. .. ... .
ajam P?r Alqua_ides ; e k algúa ~oufa levarem 1 tor- .
nem-o em dob~o aaquelles , de qut; -0 levaram.; e·fe Q
Alquaide do Caíl:ello o pôfer, façam'-no faber a Nós,,
pera lho ftranharmos como Noíla .môrcé for. Pero fe
: o Alquaide pequeno tever neceílidade de infümida....
de , ou outra .-femelhante,
. que
.
ppr' fy nom poíla fer-
. ......
vir , o note-fique , ou mande rioteficar aos .J uizes , ~
~

Vereadores , e Qfficiaaes daquella Cidade , ou Villa ,


'ou Lugar·, honde for , e corri feu acordo, e prazimen-
to ponha outro pera ello perteécente , ·que feu lugar.
tenha •.ataa que fora feja dà. dita neceílidade, .e {Ilais .
nom. ..-...-
I.J, lT'EM •. Os horri~ês, q4e forem dados ·ª º AI.:.'.
qµat, .

.. .·

.
. '
, '

. -
qüaide, f~jam aprefenta~os per~nte os Jqizes ·, e 'O f- 1
ficiaes, ,e dem.,lhes j uramep.to na Camai:a , e fcriptos· .

no livro da Vereaçom ·peraJerem .conhecido~.. ; e:,os N,
1

temerem çomb .b.orneés de Juíl:i.ça. ". • ·


. )4 ITEM· O Alquaide ·norn- leixe trazer armàs.: a·
ne~huii no tempo, que forem defefas, e as tome,~ as
equte aos que as trouxerem , falvo fe forem C~vallei- ·
ro~; 'ê ç +âadaaõs honràdos de Lisb~a ,.e h·orneés , que
vaaõ); o~ v-enham ,de caminho, ou que vaaõ veef ru'as
herdades, ou aqueÜes ;~ que Nós mandarmos, que
• as tragam per No!t1s Cart,as ., .ou·Al varaàes; nêm derrt ·
licença, nem lugar ra nenhuú, pofto que do j\lquaide
Moor feja, e vivi;t' com elle; ' nem faça corn~lguú
• ' 1 ..

·avença por as cooimas ., e penµs que hã d'aver daquel-


les, ·a que fom defefas, antes da S@tltença; e fe def-
P,Ois da Sentença as. quitarem a alguú~, poffam-no fa.,
zer. hua vez, e mais poro; e fe a mais quitarem aaquel- )1
. 1á p ~ffoa, paguem a pena em dobro1 ; ,êfe o contrair~
fezer; fe for Alquaide Moor, pague dous mif branco(>
~era a'àrca' das rrialfeitorias, ~ fe for Alquaide peque-
no, "pague mil brancos por ·cada huú. . · .,
t: 5 E MANpÀMos aos~ T~hálliaaé,s fob pena d~
Officios, e. de ferem dados aos que os accufa~em. , fe
Ltaaes•forem, que os rr:ereçam, que frrepvam,e dem
lem enado aos Juízes qua·ees forfl. os que as affy tra-
' zem por fua fi'cença, ou a fabendas deffe Alquaide i, ·
ou ás el!e~vio·, e' a~ nom quiz coutar, .e to~ar.-; e effes•
. )uize._s fc1çam-lhe log9 pagar a pena fufo dita .foo pe~
"' . ,,
· · .i . Bb 2
~
· ·na

\.
·.
\ '

.. . . ,,
IJJ6 LIVRO PRIMillRO TITULO TRINTA .

na de a_pagarem por feos beês: e da obra, que . .os· Jui->


zes fezerem, affy o dein ao Corregedor da Comarca ·, .
pe~a veer como. [e deu ªª ,eixecuçom. , óu a fazer elk
cixecutar fob pena de a·pagai· em dpbro. E éíl:o tod<>
. fe 'e_:itenda no tti mpo, em que as armas forem defe-
.f.as ; e acontecen,do , que a.defefa das .armas·fej a; le... .
vantada , como he ao prefente, entom as nom filhe ai
ninguem , falvo trazendo-as de noute aa_s deshoras,
ou de dia , fazendo com ellas Ô que nom devei;n, ca'
entom . as perderam , e ferorn demandadas fobr,f as.
penas, e cltl ufulas íufo ditas. . ~
16 ITEM· Se o Alquaide for requerido , que po-
nha fegurança antre al_guús , que andarem em 'alguú
arioido, ou lhe for mandado pelo Juiz', logo fem ta'.-
dança a ponha·, e nom leve . por ell? , ne_m pcça.coufa
algúa, .e nom ponha outra delongua, que logo * allo
( a) ~ nom v.aa·, ou envie tal -, que a ponha; e fe -o ~ffy
nom fezer, e fe por.ello feguir .rnorte, ou outro mal>
foja -por ello ho Alquaide theudo . .
17 ITEM. O Alquaide nem feus homeés ºnom vaaõ ·
de noite , nem . de dia a ··cafa d 'homé boõ , nem de ·
boa molher , por dizerem ; que lh.é bufcam hi gar- _
çooés, e molheres, tle que ajam d'h ver prol , nem lhe
britem fuas cafas , !_!em entrem em ellas ; ca nom he
de creer, que os boõ~, nem as boas em fuas cafas- taaes
coufas aj~m de confentir ; e fe o contraira fezerem. ,
.. carregam·o mal , e dãpno, e defa.mamento aaquelle.,
a
---,.----...-:---~------- ·-
(a)_ a _ello S , ~.
Do ALQYALDE PEQYENO' oAS· CID'ADES, frc. tcyp.
à que a deshonra fezerem ; e fe nom tiverem per qi.re·
o 'c arregam, prendam-n~s, . e..eftranhem-lho, comat
; o feito demandar (a) • • •.
. ' 1 8 E EsTo fe nom en,tenda nàs barregu'eiros ca:. .
fados, e nos Clerigos ,J??rqüe fabendo., e frendo cer-
to ó Alquaide per p~ova cert,a , que e.lle~ teem · (u~s;
. barregãas em fuas cafas,, podem entrar em ellas , ~·
as prender , e (~ as hi nom acharem , entom provan-
do , que ellas eram dentro, que fogiroin , ou às pofe-
rom per outra parte ·e.rrifalvo, no.m feja o Alquaide
por ello theud • . \. .
. ..
19· hrr~, Se trabalhe o Alq.uaide, eJeos ho-
n~eés')«i1u.
' li":
.!<+
~ 'os barregueiros cafados, e f11as bárrega:ãs,
• • .... '

e as_bau,regaãs dos Clérigos ,_e Frades, e Religiofos f~- .


jam prefas" fée1~do. achadas, e fe as acfiar nom pode- '
rem ~que. as2êiterp , e d~mande_m , e façam . coni prir .
as J'IJoíias HÕr~enaç_oões fobi:e eíl:o feitas. · . ·
20 lTE ~!.-'· Faça ·em _tal guifa._ o Alq.uaide ,' que os
direitos , que ham d'a ver dos Carniceiros , e d·outras;
peífoas ._ qve os requeirn cada d~a, e nom_ó fazendo
,~íly, que os nom poífa defpois demaúdar, e fe os de-
n:íanda~, que os Juize.s o nom re_cebam ;ª'tal demanda.
2 .1 lT E!'vi. Q Alquaide , e Carcereiros n'o m lévern
rnaior carceragem , que a q.!;!e ham de levar ~ 'frgundo ·
he contheudo na Hordenaçom fobre '.ello 'feita, e'o ·
:q~1e mais levar aj~ â -pena", que he c.ontheudo'no titu:.
lo a·a&, carcerage~s :_e Óutrn f y nom levein· carcerageés ~· •.

~-. ~~-~~------------------~-----... -
. ,. dos .
(~ l • no.. feito· couber S,
Lr_vR:o •PJúMErRO TIT~to TRINTA

dos que forem folt~s , ant~ que ~aaõ aa 'prifom , ou


que lev~rem aà cadêa fom. n::iandado dos Ju~zes , ante
que os levem J?eran~e eJles, fe os JÜ.izes os manda-
rem foftar , por nom merecerem de fer prefos.
• 22 lrEM.· O Alquaide, e feos homé~s nom fej~ô
oufados de levar dinheiros ·, n'em .olJltra coufa d'alguú
'- . · prefo p.olo levar honde o hã d'ouvír'; e qualquer, que
o contr~iro fezer ' pola primeira vez rague-Q em
t~esdobro , e pola frgunda anoveado, e., pola terceira
feJa logo m;:outado pela: Vill.a , fe for homé do Alqúai-
.de, e .fe for Aiquaide , perca o Officio.
23 . ITEM· 00 Alq~aide Moor , e pequeno compre
· .p ouco tràz~r wm figo h0meés daphinhos. ·É porque·
h$ dito , qÚe feus homeés foltaménte fe vaaÕ por OS' .
pumares ' e vinhas , e ortas ' e toma5 as fruitas , e

'
e
uvas ' as tmzein contra voontaq~ de"'feus donos·,.
-
Mandamos abs;Juizes /que fe trabalhem ~qpe íaibam1
.parte quaeês eíl:o fazem , e mandem logo requerer o
Alquaide, qu.e corregua o dãpno; e ·pagt..ie a ç_oÓi°ma'
~· .em dobro por qs feos homees , ou lhos CI].tíeguem ; ~
fe l·hos entregarem, faça~ delles direito ; e no~ lhos
entregando: pelos beés deffe Alquaide façam logo pa..::,
·gar -..o dãpno aa parte , e. a .<:coima ao Concelho , cm
·H endeíro em dóbro, fob p~na de a pagarem por feos
•1 bees. ~ , ,.;,. .

24 Porque alguús ,A.1!3.uaides Moores, fe-


!TEM.
gundo he provado",- rnandaõ cortar lenpa das olivei-
. J:as verdes
.
~
, ou fecas' equando ·mes defto nom. praz; '.
.• man-
..'
.• 1

.,, ., .
rnapda~ ·a-os olivaae.s - alh~os . pbr os ~ip~s.. J . qu~ )ir
. 't·." . . . "

eíl:ã, e dizem'que no_m fom já pe.r a ·preftar, Manda,..


"
mos ao, ditô Alquaid~ ~ · que _tal coufa-'nom ~ánde fa-
• ' ,. ... • # • ~ ..

zer ; e fazen.do .o\:q,ntrairo , · Mandam~s aos''Juizés ·,


·...
../.·-· • • ;f,
qüe pór/eos.beés lhe 'façam correger ..o dnpno ·a feu·
.. ·~.. - .
dono , e pena dos dinheiros pera-·o Concel_h o , fçgun--
do he contheudo na Hordenaçom · do que:: .t alha, ou
· t-raz fo~ha . d'oli veira. · _ ". .: , · . , . - •·
•e. 2·5· lTEM~ 'Todall'as cooirni~' ~ ou p~nas
..,. .T 1f
,:qíi'e'~
••,
Al-. · , ~ 1
~
·l
.
quajdç .o uyer d'aver daquelles ; que. açhàr em-t:ooima,
affy como..os <qÚe. trazem arma,s ) oOU faÚm fqrças., ou. . -.
lanÇã de. n.09te aÚgas ~ - º~' outras ferr,i.elhatttes -coufas,
demandem-nas do dia,, qwe n-scoutar~m ~· e fo'uberem .
·a :fres dias , e nom as -d~·mand'ando ·ataa eJfe tei;npo ~
q1,1e as nom poffáõ mais demandar-. :-_. :.. :
·. '

-~--:i. lr.-
i.y .~
.. " .T I T ; u ::.L . o ;.txxL -:"t··
ti' \'- : Das A1~mas· ~om~ Je ham. de'ji.lhar~· - ~ .
l~ ,,
. > . < 4 .

"N. Os achamos ,r qu:e ::ElRey · 1)0.m JÔham. JVfê1!1


i
(· ;Á VOQ ·dáfpois qtie..;' êmye. aífdfegados efh~};;; fü:;g-.
inos , ~ _ceffou a guerra a~.tre elle ', e EIRey pe Ca.íl:el--
e
fa. , ftabeUeceo., p~fe pen<Lei geeral e~ri. t:odos os di_:
tos ~egni:>s ,_que nom troúx~.ffe n~nnli1u á.~flilas alg·uã's .o\ ·
ifafvo1fe foife CavalliifO' d.'Êf de.ua;ad~ ,, ow Cid a-. po\ai
.. · · da6 de Lisboa. ;, e qua1q~er ,,que o co~frairo ~ez~ífe,,
. .P~.t:- .
,,._. -.. ... • • ili .:. .... •

...f' ...... ·-..~ .. ?.


'•
..-"
! ; _;.
.
'.:·.
'. ~. ·... ' •"'
'---~---·_.·:__.~~~~-~~·· ~~ · ~~~
-~--.·______...;,i;.;;....;____:___...__..:..;...~~..:...:t:.t...:.:..__..............;.;;....L.óó.i.::o..;~
100. LIVRO.. PRIMEIRO
. TITUI:O TRINTA E HUM
~

.Perd:e!fe-a armCJ,,. qué _trouxeífe ,- e mais pagaífe ·quí-


nhentas líhra:s: f~gundo mais cü.mpridamente he con~
theu ~q na dita·Hordenaço1?·, e _Artigos fõbre .ello,fei-
tos. ~

•• . I E DE'SP~JS que com a graça· de DEOS viemos .


.. ao Efi'ado-Real , 'fentindo por Noífo 'fe~~iço, o Infa_µ,-·
·te .Dom..Pedro Noffo muito amado, e prezado Tio.,
e_P dre, Noffo Tetor, Cu Fá.dor, Rege0or, e _Defenfor
por. Nos ·em· Noífos RegFÍos , - (a-} acordou com os do
Noífo. ·Co~celho de levantar
'
a dita defefa, 'e mandou,
.., . _e-·p6fe por. Ley: qqe qu~lquer Nofio n~tural, de qual-
'q·uer condiÇ.om 'q ue _foffe, nom feendo Cleiigo d'Oor-
. d~~s Sagras, 0u Behefici<ido., ou judeu ,. ou-Mouro,
podeffe. em Noífos Regnos trazer livremente· quaeef-
q uet armas offe!1fivas,, que lhe prouveífe fem . pe!1'ª
algiia, ·com tanto, 'q~e _as norn. trouxeffem de n~ute
aas aesoras , ou de dia ) fazendo com ellas o que nom
deve,ífe~ , e em. _catla huu deftes cafos ·as deveffem
perder.
2 ,. P1rno·aquelle , que foífe d'Oordàs Sagras ; ou
Beneficiado , as podeífe livremente tr~zer quando
foífe aas ·Matinas , ou· viefie .d-~ll~s pera fua qfa di-
re.itaill'ente ; e tambe~ nps'outros cafos, em que as
·. cada hu'ú p9deriâ trazer no tempo) . em
que as armas
erom defefas) em os quaee~ ·cafos as ' po~erã trazei- os
ditos· Mou.ros , e Judeos , ' e Eíl:rangeiros ;' fem pena.
E dfo * fe nom_entenda (b) * quanto ~os'_ ~füangei-

~~
,[a) c.Se11b.orio S,
~~~~--~~~~~,,__...----
(b) 11oip. entenlleinoi .•
ros, , "


y/ •.

..
..
DAs ARMAS coMoSE ,HAM ;DE
. . Flir-..........
riR. 2ot
ros, .que trouverem facas àefpon~adas, ';porque taais .
fa~as podera~ em tódo o tempo livr~m~nte trazeli
fem algúa pena. : " • •
3 ·A Q!JAL Ley affy feita pelo dito lfante, Man- .
damos que fe guarde eÓ1 quanto Noífa me:Cee for , .
aíly como pó~ e!le em Nolfo .Nome;. foi horde~ado; E '
porque P<?derá acontecer, que defpois "q_~e;- com a' gra- .
ça de DEQS viermos a tal hidad:e, que bem poffamos
a ver o Regimento qe Nóífos R~gnos, acordemos por
Noífo Ser~iç~- de confirma; a dita Hordenaçom feita
per o dit~ Rey Noffo A voo, i~~ndamola e'ncqrporar·
-·~· em ·efta 90.va ref~mnaçom .da-s Hói'denaçooés por tal,
.
'

qu~ a -todo o tempó fe poífâ veer, . e ~ver fem •out'ta _


defeculdade-f da qual o theor he eíl::e, que fe adiante
fegue. · · ..
4 Nos ElRey pom Joham achámos,. que EIRey
Dom Fer~ando e~i .feu t empo' fez. h~ma * Hóréknà-,, .
· çom ( a)1 ácerca .das á'rmás Gomo bi de f.eer filha-,
das, e reéadadás em. eíl:a forma'. , que fe. fe'gue . . ~ ·'T ' •• ';
1 ' .
5 As a.rmas. devem fer filhadas aífv nas Cidades,
·1é . Villas ~ co~o nos termos dellas pelos. AJqüaides~ ou
pelos Noífos hotneés, ou p0r cada.,h~1m ·eelles ,:.ou
por alguú outro., qtte aja poder de ás 1omar, éomo
as de d\reito devem tom'ar.
6: TANTO que as tomarem nas ditas é 'idades, ou·

· Villas, logo vaaõ· bufcar ho Eíq:fpvaõ da Alquaida-


ria , ..aquellé", que a tornar, e aqueile ., "a que.a toma- ,
Liv. 1. ,. . .Cc rem,
----~~~~---------
(.a) Ley S, · ~~--~~·~~~

.'
2'D2 LIVRO PRIMEIRO ' TITULO TRINTA E HUM \

i em , fe alio qui[er hir, e for tempo ; e fefôr tarde,


'Gue nom .poífam hii: ht.J elle for , façã-lbÇ> faber em
outro di~,; e fe e!Ie, a que a tomarem, moftrar titulo
.ta_!, porque. a de-va -.trazer, eífe Efcripvaõ regifte em
feu livro o titulo, porque a.ha de trazer aac.uíla do
·li ,Senhor da arma, ,.. e fatisfaça-lhe com dous foldos o
. Çito regífi.o ", e ao Noífo homem huú foldo, e ~ntre­
gue-lhe log~ a arma·. E fe d'hi en diantdhe for toma-
da , nom pague nehúa das ditas couzas , e feja-lhe lo-
• .
go entregue, nom avendo 'oucra razom-algúa ., porque ·
a * tomar (a) * _; e nom entregando lo{ro-o dito Noílo
' .. o , \ ...
J:_omem a dita arma aa ditá parte, a que a to(mou, fe-
gundo for j\1lgado per aquelle, que o pode ouvir, ve-
j a eífe Efcripvaõ a val~a da dita efpa_da, e p~gue-a . ho •
Nuífo hômem ·a feu dpn_o em dõbro, *e a Nos (b) *
·pàgue outro tanto, como valer a dita efpada, (alvo fe
fOfei boa razom conhecida , porque fc moíl:re , q':1e
giotn he em culpa da detee-nça da dita arma: e eílo
/ medes fe entenda n;s outras penh9ras, que cada huú -
;Noífo.homé fezer.
7 E SE alio a dita paire nom quifér hir, o dito(
Noffo homé lhe deve affinar , que logo em outFo diá
feguinte, que feja d' Audielicia, vaa perante o Juiz
a defe~barga r a dita, arma, e·efto lhe affine prefente

__
~
tcdremunhas. · ··
_S: · E o_ Dl TO Noflõ homem vaa logo , e/orno. dito
be, com a dita arma,_ que tomar, bufcar o -dito Ef-.
, . ' ~- ,

,__,,........,.,,...
en-
e mais
DAS ARMAS COMO SE . HAM DE FILUAR. 203
)

cripvaõ, e lhe digua como tornou a dita arma, e o qo-


me.daquelle, a que a tomou, ~ outro fyo nome da:-
quelle, corn-qué vive _, e o lugú, bonde a tomou, e
à que oras., e O'din ... aes deff'!- arma.~ e _allieftrepva
' .
em feu livro o EfcÍipva.õ. as ditas_coufas. E fe a dita:
arma for toma:da em fua preiens:à', a dita arma feja
loguo defombargada: per Sentença ao dia fegu5n.te da
tomada per o Juiz Hordena.iro., ou·feu loguo feentei fe
-0 logo fazer . poder o Jui.z, fe D:Õ ,no ~ais breve tem-

po , que· poder , pera fe as armas· nom ·d~pnarem , e


· as pa1:tes nõ· ferem cletheudas; e feendo ho ~fcrípvaõ
prefente, que fcrepva corno o feito pafür em ~u liyro.
-- 9 E ' o ESCRIPVAÕ ,va ;reconta,r ào juiz _da .* Al:t;a-·• ·
da (a)* a Sentença, ·que o Juiz.Hordenairo d~r· em
nzom ' das dita arma$ cõ toda a: tazom da dita Sen-
tença, e* prova .(b.) * della. E Mand<rtnos qu€". o fei-
to feja.trautado perante cadà hutj dos fobreditos, pre-
1
fente -o Noifo Procur~dor , por ·dizer hi pola l'{offa~
p.arte o que pertee[!Ce · aô Noíf.o direito, c'orren~o-f~.
a Alquaidaria por Nos.
: 10 . E MA DAMos ., que tanto que a dita arma- [@.i,•.

julguada a Nos, que log~ feja . ent'.Pegue pelo Nolfo



homem, ·qu• a tornar, ao Por~éiro do , Cafl:eÜo cleífa
Cidade , pera dar della r_e cado éoP1 as outras coufas ,,
que, a feu Officio perteehcé;e effe Porteiro dê áo di-
t<;> hom(Noffo huu foldo, porque- a tomou, e feja-
~he efcripto. em defpeza pelo dito frripvaõ; fegundo
J1e de cufiurµé. Cc 2 Ir
-------------------·-----
'{a) Alcaidaria (b) pen.1

r
204•. LIVRO PRIMEIRO TrTU·LO TRINTA E HUM

II E SE o dito homé Noífo mais detever em fy a·


• dita arma, pague por ella ' o dobro do gue valler, e fe-
ja prefo ataa Noffa mercee, falvo fe moftrar algúa ..
razorn lidima.., ·porq~e.fe moft[e, q~e nom he· culpa
delle. E .e.íl:o fe entend~..afiy c~rrendo-fe ·a· Alquaida- . •
.ria por Nos , cori10 feendo arrendada, e feendo a dita
arma defembargada na primeira Audiel)Cia: .e· fe nô
for em e.1fa Audiencia defernbarguada, que o Nofio
·]1ornem ha entregue ao dito Porteiro, prefent~ o. di-
to E(crjpvaõ , ·-aHy que o 'dito Noífo homem a nom
tenpa mais em feu.podér, que a primeira Audiencia,
fob a dita pena. E Mandamos, ·q.ue o dito Efcripvaô
efcrepva em feu livro como o ditq Noífo .homem en..
tregou a dita arma o dito Ponejio;
I'2 h :EM. MandaIT?os, que as d. as armas fejam
todas vendidas de mez ·em mez, perante o dito Ef-
cripvaõ , e Porteiro do CafteÜo , o qual Porteiro de-
ve receber os ditos dinheiros, porque forem vendi..;
das, e o dito Efcripv~õ as eícrepva em feu livrq quan-
tas íom, e porque foram vendidas, e : o dia em. que
as receber o c!~to P,oneiro : e eíl:o baja luguar; ven-
~endo-as em almoêda , - e nas feiras per pregom , ou
per alguus dias ao tempo que o dito Po11teiro ,1 e Scri-
pv~õ virem que fe milhor podeyaü vender, e avendo'
ant~ fobre ello acordo co·m o Veedor da Noífa Fa--
·z€11.da, ou cõ-os Noffos .Contadores .
.• I J E I>ESPOIS defto hordenou ElRey D0m Joham
"'
Meu A voo. de GloriQfa Memória áq:rca da tomàda
das
0

DAS ARMAS COMO SE_IIAM DE FILHAR.

das armas, que no~ feja nephuú taõ oufado de q11al- '
.quer eftado, e condiçom que feja, que tragua _armá
'a lgúa ·grande, ou pequena ; falvo fe forem ~av.ü_lej­
~os , e Cidadaãos honrados ·da Cidad~ de Lisbo~; e o
que· o-ontrairo fe?-tt ,, perca as·armas, .qu~ trouver,
e feja"'m'' pera o Alquaide da .f üdade, ou }'illa, onde
·~fio acontecer, ·ou 'feHs homeés , que lhas coutarem , •..
oll tomarem1·0~1 os Noffos Meirinhos, ou da_s Corr~i­
çooés ) porque àquel!as armas, que cada huú' delles
cqutar , ou tomar , ferom fuas ; pero eíl:o fe ii'om e1t.
tenda ern aquelles ·, que àndarem cam111ho, quando•
per elle forem , nem aqu~l-le~, que forem ve.er _fuas
lavras , e~herdades , p9rq ue faaes , como eftes, a& po- . .
deraõ le\rar, e trazer livremente, em quanto pera el-.
las. forem, e dellas vieré.
_14 1TEM.-:1-lorde11ou !Dais, que todo aqueUe, que
for _a chado traz_e ndo arma, perca a di·ta arma, e mais
p~gue quinhentas liq_ras da ·Cadea, fe for piam , e fe
for Vafü~llo; ou àconthiado em ·Ca "Vallo ,. ou Meeftre
- 4~ Nªªº ... ou de femelhante condiçorn-, a tal,. corno
çíl:e, feja-lhe coutada ã·dita arma·,. e pague a dita _pe-,
1
~a fem indo por eUo aa Cadea ;. a q_ual. arma; ,. ~ p,~na;
'· .(erá dos Álquaides, ou Meirinhos , ou feos honteés ;. ·
que lha CO.Uta~em , _QU tomarem ,. COlTIO fofo. d.jto he ;.
ç fe lha outrem cÓütar, que nom feja dos fobreàito~,:
"
y
• are, que a aff coutar, averá ·ª meetaâe da. dita arma::-.
. .
f pena,. e a õt1tt:a méetade ferã do Alquaide da
.
q~a-
de); ou ViUa ,. honde efto acoütece}'.~

206 LIVRO PRIMEIRO TITULO TRINTA E HUM


- ' .
I 5 . 1-i'EM. Hordenoti mais ElRey Meu Senhor, e1
J>adre de fernelhame memoria, que todollos natu..i
raaes, e moradores deíl:es Regqós poffaõ livremente,
traze.. facas, ou punhaaes, com tanto que nom fejam
maiores em ferro , . q~e huú palmo, e fejam ~pon­
tadas em tal guifa, que cõ ellas nO'tn poffam Prir de
ponta per nebuúa guifa.
I 6 As quaees Í-fordenaçooés Mandamos , qu~ fe
guardem , e cumpra? em todallas Cidades, e Viilas
dos-Noffos Regnos no teIT?Pº , que as armas por Nos '
forem defefas.

T I T U L O XXXII.
Dos Carc;reiros da Corte : e do que a Jeus Officios
perteence•
.p R .IMEIRAMENTE' oCarcereir-0 da Corte'h~ de teer. 1
- -

quatro homeés. · ·/
ITEM. O Carcereiro dos Ouvidores dous home~s '
1
I
pera encadear , e defencadear os·.prefos , . e os guar-·~
dar; e o Carcereiro d9 Corregedor ha de dar huã ca-
. dea de monte, e dous homees * pera (a) * os cami-
- nhos, per honde- quer que Nos andarmos, pera os
que prenderem, e 'com elles ha d'hir huú horI).em do
11éirinho das Cadêas.
2 heM. Haõ de g~ardar mui bem íuas p~ifooés •.
e '
(d) que -------~--~--
andem per S.
·Dos Cú:cEREI"ROS ·nA 'toRTE, nc. 'lOT ·

e os prefos, e aprifoallos -fegundo os ·malleficios, em


que o prefo h;e culpado, e a qualidade das pelfoas : e
requereraõ caàa dia duas vezes os prefos das prifooé.3 ·
pera veer fe fom bem prefos, e recadados, e .fe te m
feita algua malicia_pera fe,_ haverem de foltar; e quan-
do achar alaua
o coufa mal . fei ta , notificallo -'1 logo a
grarn preífa ao Corregedor, e . ao .Meirinho das Ca-
deas·, pera hi logo tornarem , e l?roveerem com jufti-
ça : e '!evallos-haõ a vert:_,er augua o Carcereiro , e o
lVIeirinho com os feus homeés duas ve.zes no dia.
3 hEM. * Ha (a) *de fazer todalas cóufas , que
lhe o Meirinho das Cadêas mandar fazer por Noífo
ferviço. · .
4 ITEM. ~ando os prefos andarem caminho,- 1- aõ. -'
de feçl· entregues ao~ Concelhos , honde ch~garc rn , e·
affy de Concelho_em . Concelho;
. 5 lTEi\1. O Carcereiro nom ha d~ teer outro carre..
guo delles, quando (orem per caminho, falvo a~ri­
~oallos aa noute hu quer que cheguaré, e teer ca.rre-
guà , e guarda delles em c'a da hua noite com os l'fo-:
mees do Con~elho, que eis *levem (b) *, a que fur .: ~· .
·e ncomendados, ataa ferem entregues bonde a cadea-
ouver çl' dl:ar d' affeffeguo.
6 ITEM~ Nom lia de confte nti11 , . qµe nenhuú pr<-
fo tragua ferros de beíl:a, que fe feichem *e ( ()'* def-
fechem .com chave; e fe os elle mandar a· alguem t ra-
zer, ou confcntir qµe os tragua,.ham de feer _do Me:-
i:inho . ·
------------------------
Ham. (b) levam ,(aj nem
~aj
· -~

,.
LIV!t~ PRIMEIRO TITULO TRÍNTA E ....DdIS
. "···1 -· .... -

. ri'nhp das Cadeas,, que lhos ha Iog9 d.e n;i.a\19ar filhar.


·':i ·ITEM. O t\·fo'~inh9 das qape~s n9m ha de par-
. tir dp."h:!gar , hqpde a Cadeâ ftt<ver ·aífeffeguad~ -, ata a
". que no..m parrarrn as . Cade~s a primei1;ajorna:d;:r; e • eíl:o\,
..
~ . •/j •

qü'andó fe ~ball~rem 'd• fiu(i. Iug.q_ar .p&rà outro. .


. ' 8 .)TE.t-.r. ~and.o. o'Carcer.eiro vir que algut:f pre-
fo"he fo.berbo, e deshoneíl:o, ou '* volteiro (a) * em tal
guifa: que pcif fe~ ,aazo ~ Cadea eceba··alguú peri-
goo, devê-o de•notifical;'i,ao dito Mcirinlro da~ Çadeas,
ouao 1
Corregedor, pera lhe ferem la1J.çaâas grándes
Cade~s ; e prifoo~ · em tal guifa ,. que por càufa del!e ·
, (e p om poffa içgqir.outro dãpn? a ello. "
'· 9 _ ITEM. Nom c.onfentirom os ditos Carcereiros,
aos .ditos prefo~-, que ..cometãõ em a. dita. prifom. aí:..
guus malefici-os ,' affy. como juguartclados ~ ou-c~rtas a.
dinheiro, .ou arrenegar .: ·_Í1em_cÓ.nfentir. elfo .Íneeft~o,
q.ue 0$ d_i~os ' ptef9s, nem roufros -alguús hon;e~s de fo-
r~ dorma~ em a dita prifom com as moiheres hi pi:e-
fas ; e .dormindo O·.dito .Carcereiro ·c om alguã mother,
qut! afry r:ever pref~, -ou coníentindo a. alguú outro , ·
qu~. com ell~ dorma; Mandamos 'que mo'ira· por ello~·
. ...\\~ · ·JTEM. O .dito ç·arceiêi~o ·nom !evanÍ•· peita'
d'alg~n; prefq po; -Ih~ deitar men;Í. prifom, da que ·o
íeu d~lido mere'Cer -; porqu·e eíl:o he caufa ·ae os ~itos
prefos áve. r~01 l~guar de fugir: e fazendo o ·contrai- ·
. ro., pdca ho Qfficio 1 e ~ai's' feja punido (egt3ndo ·a·
peita, que. l~var, a qual pena-·fique e"r~1 alvidro do
Julgador. I I,

(;l) volunta.rio
Dos CARCEREIROS DA CoR TE, ETC. 109

I 1 ÜuTR~sY feendo achado~ alguus arteficios >


ou armas em a dita prifom, pera romper as diras Ca-
deas, e faltar os ditos prefos, Mandamos que as per-
cam feos donos, e fejam dos-Carcereiros , ficando o-
briguados os que taaes arteficios, ou armas trouverem
a lhes demandarmos , fe forem, ou poderem feer pre-
fos, _as penas) que entendermos que merecerem.

T I T U L O XXXIII.
Das carcerageens da Corte , e como fe haõ de leuar.

T Ooo homem, que for prefo na cadeado Cor.;,


rege~or da Corte, ou dos ou".idores , pague a'ç
carc.e ragem trinta reaes brancos, e dous reaes de mal
entrada, pera aquelle, que o desferrar quando o ouve.;.
rem de foltar : e po~ eítes-'dous reaes de mal entrada
ha o prefo d' a ver candeas, com que * fe veja (a)* de
noite, e mais augua pera beber de dia; pero fe o-pre..:
fo quifer paaço, ou andar em ferros pela caía da pri-
fom, que antigamente fe *chamou (h) *andar em
paaço, fem jazer aprifoado na cadea , e o feito, por'
que el for prêfo, for tal , que o Carcereiro razoada~
mente lho_deva , e poíla aff y fazer, tal, como eíl:e •
pagará da carceragem tres libus da moeda ant1gua -,
que fqm feífenta reaes brancos.
,/

1 ITEM. Nom leve carceragem de nenhuú, que

Liv. I. _Dd for .


-.--~~ -~~--~~--~~--~~--~~----..,---]
(~} º' prefos fe veja1u (ó) acho11
.2-I0 LI.VRO PRIM'E IRO TITULO TRINTA E' TRES

,for folto, ante que feja aprifoadô, ainda.que chegue


·aa cafa da prifom .por prefo , fe o mandarem foltar.
' aprifoado: nem teve
ante que feja '
carceragem do que
for prefo fem mandado do Corregedor, ·ou Juiz , fe
elle ~~har qu~ he mal prefo, e o mandar foltar, por
achar que foi mal prefo , e fem [eu mandado , ou
d'outra algua Juíl:iça.
2 ITEM. Todo prefo, que for levado pera outra
prifom , pague a meetade de toda carceragem , que
pagaria , fe de todo foífe livre.
3 ITEM. Em todolos f\lva;aaes , per que os prefos
fej ~m foltos, fejam [criptas as pagas das carcerageés
per rnaaÕ do Efcripvam , que tever o feito do dito,
prefo, pera vi irem todos a boa recadáçom ; e 'o dito
/ Efcripvam leve por fazer o dito Alvará quatro reaes,
Lprancos, e mais nom.
4 ITEM. Da~ carcerageés fe ham de fazer dous
quinhoões , e o Meirinho Moor ha de levar a meeta-
de, e da outra meetade fe ham de fazer treze quinhoo-
és,-dos quaaes o Meirinho das cadeas ha de levar dez
quinhooés , e o Meirinho da Corte dous , é o Carce-
reiro huú, fegundo he contheudo no titulo em cima
pofio do Regimento, que perteence ao Meirinho das
cadeas. .
5 hEM. Mandamos , que fe p_er fugida d'alguús
prefos ficarem em a prifom algúas roupas, ou outras
quaaesquer coufas , nom as levem , nem ajam os Al-
q\J.aides ,, nem Meirinhos,_ nem Carcereiros, nem ho-
meés.
/,
D.As e ARCERAGEE.NS J?A CoR TE. , KTC. 2II' '

rneés feus' mais paguem-fe •.e corregan.:fe per as di-


tãs coufas as prifooês, e ferros' e ql!aae~quer outros
dãpnos ; que os ditos preCos fezerem, n~ dita priiõ , .
fe ell~s todo. efto p~r fy , eu pe1: outrem aom paga~
:rem.'

•• J

1.. T I T U L O XXXIIII.
Das carcerageens das Cidades, e Vil!as, .e corno fe ham
de re.cadar.

I ·TEM. Todo homem, que for. prefo por feito, E}Ue·


1:i.om feja ·crim,t , pague de carceragem cinquo fol-
rlos da ·moeda antigua •..e dous fo!dos de mal entrada;
e eíl:es dous foldos * pagará (a) *, , pofto que na ca .. ·
dea nom eíl:f mais que húa ora; e ainda que jaça m1;1i-
to tempo_ .rí~ prifo~ , nom pagará mais que os ditos·
cingoofoldos; e eíl:es. dous.foldos de mal entrada fom,
.. rlôs cárcereiros, e guardadores dos prefos.
1 1 ' ITEM. Porque acerca deíl:as carcerageês. fe re-;

<;reciam muitas duvidas, espicialmente qual fe deve


~ntencler prefo por f~ito crime~ e qual por .feito civil.r
a qual duvida declai:amos em eíl:a guifa. 'se for que-,
:rellado d'alguern per querelia perfeita, e jurada, e tef-
t emunhas nomeadas , fegundo a forma da Horden~-·
çom , e elle por a dita querella for prefo, ta1 , como
·eíl:e, fe entenda feer prefo por feito crime. E bem.
Dd 2 . affy
(<Z)' ·pague
·,
zr 2 L1v1rn PRIMET_Ro TrTu10 TtuNTA EJQp A Tlto
'
aífy dizemos , que fe pelas ·inquii·içooés geraaes, que
fe tit·am em cada huum anno pelas Cid~des ,-e Villas,
pei:a for.em pm:ii.dos os inalfeitor..es, forem achados.
alg,u ús culpados ·, .e alg~ús prefos, e bem aífy feendo
alguurn achado em alguum malefici~, e-.por ello pre-.
fç>', ou em outro qualquer cafo feqieihar.lte, taaes, to-
e
mo eíl:es ~· entendam-f ferem 'p,refos ' por feito ' cri~e.
2 ITEM~ Nóm le".erFI carceragem dos que forem
· faltos ante que va'.~Õ aa prifom , ou fe prenderem al-
guem por, averem tal enforrnaçorn, que merece feet
pre~o, q1l, como eíl:e ~ levem-no pera!ilte o Juiz' ou
_perante·o Corregedor, é fe o mandãrem foltar, por
entéderem, que ' nom merece feer prefo, nom leve
delle·careeragem-.. . .
3 ITEM. Outrofy fe o prefo for aconthiado em
cavallo, ou Vaífalle, ou Meeftre de Naao de Caíl:ello-
..
d',avante , .OU barc~a, que feja de carregua de 9iteen~
ta tonees , ou outro homem de iemelhante íl:àdo, ou.
condiçom, e ,quifeer paaço, que fé' ag_ora chan1a Cafa,
da. adova-, fem jazer.mais apri.foadq na cadea, e o feu
- feito for taõ leve; que raz.oadamente o deva· d'aver;
e for livre per fentença fem pena, pague de carcera-
gem tres libras • .
4 lTEM. :Mandamos, que todolos Alvaraaes, per..
que os prefos fejam foltos, fe:jam efcriptos pelo Efcri-
.pvàm da Alcaidaria, e leve-por fazer cada huú Alva.
rá quatro reis, e mais nom; e em fim de cada huum
delles ponha a pagua; que p prefo ou ver. de paguar
· ·de '
DAS CARCERACEENS DAS CIDADES ' ETC. 2I3
-
de carceragem, por tal, que pela dita pagua venham ·
as ditas carcerageés a boa recadaçom.
5 J TEM. O dito Efrripvam da Alquaidaria fará
. huum livro apartado' em que ronha todalas carce-
rageés, que os ditos prefos pagarem, fegundo aspa-
gas, que elle pofer nos ditos Alvaraaes, per que os
prefàs forem faltos ' ; e concertará efie livro cada fo-
:rtiana hua vez com ho outro, que rever o Carcereiro,
en: que fom contheudos os ditos Alvaraaes com as
ditas paguas, porque per efie livro ferá tomada con-
~a das ditas carcerageés a aquel, que as receber.
. 6 !TEM. Mandamos que quando alguií for prefo
pe~o Alquaide, ou per cada huum <l€: feus homeés de
noite a taaes-oras, que o nom pofiàm levar ao Caftel-
,} o" ou aà ptifom , levem-no a cafa do Alquaide p~­
queno , ou a algíia outra cafa, que pera ello feja hor- ·
denada , e dorma hi e:ff.à noite, feendo bem guardado
em tal gui(a ' que em outro dia dê delle boo recado
~o Juiz o dito Alquaide, o~ aquel, queJcve.r car.re-
go , ou cuidado da cafa, em que aífy jouver; e fe for
de dia , levem-no ao Caíl:ello, ou aa prifom.
7 ITEM •. Mandamos' que aqnelle' que aífy for
prefo-de noite, feja levado em outro dia pela manbaã .
perante o Juiz, e fe o feito for de tal qualidade , que
deva feer folto, foltem-no fem hir ao Cáíl:ello , ou aa
prifom , e pague por carceragem cinquo foldos da
moeda antigua; e hindo ao Caftello, ou aa pri.fom,.
pague de carceragem, fegundo a condíçom, de que
for ..
i214 Lr,vilo PRI'."1EIRO 'f1Tu10 T~I~TA E QjtÀTRO·
for, e a qualidade de feu feito , ·como dito he ...
. ·g . ITEM'. _ Mandamo~ .' que (e per fugida d'alguÚ31
prefos ficarem ·na priío.m algúas rpupas , ou ,quaaef-
.. "
que i;. 0~1tras ooufas nom as tome0 os Alquaides, Mei-'
rinhos, ou Cai:cerei'ros, nem homeés feus , i:nais pa•
· guem-fe, e corregam.,,fe pelas di~as coµfas as prif90~
~s· , e, ferros , que os ditos prefos , queb_!"antarem , e,
quaaesq,uer outro~ · dãpnos , que fezerom na dit~ pri-
fom ; f~ elle~ per fy, , ou pe.F ou trem todo nom co,rre-
1

gerem. ' · ' .


. 9 ITEM. Todo prefo , tanto que for na prifom-•'
paguará ç.ious reaes de mal entrad;( pek>s quaaes ha
d'aver..candea de noit~, 9~m que gecralmente o: p:e-
fos fe "'" veem ( á) *, e m ~ 1s augua pera beber de Çha , ·
e mais pagará quando ~ faltarem ·dous reaes para
aqu.eUe , que o desferrar. \
IO lnM. Nom leve ca'lx:eragem de nenhum pre...\
.... f
fo, que for falto , ante que entre na cafa da prifom j 1
e fe o Carcereiro dê ppr- entr~gue deHe ; nem qo que'
for prefo ~ fem mandado dq Co.pregedor, ou Juiz, fej
o éI mandar faltar , achando que he mal prefo, e f~m)
Jeu mandado, ou d'outra alguã Juíl:iça.
' II E MANDA.Mos-, que npm feja nenhuú: C~rce~: _·
ieiro oofado de mais levar de cada huíf prefo, qu'e 91·
'1lue fufo dito , e declarado he; e fe o contra iro fezer, .
per effe meef~o feito perca o Offiêio , e feja prcfo a-1
taa·Noffa mercee.
,- . T Í- J
' _,_
(a.) vejam------------"------·
. ---------·----~·---:-~

,.
, Dos TABALIAAENS, E EscRIPVAAENS El:c. 2I.5;

-----------------------------·
TITULO xxxv.
Dos Cf'abaliaaés, te E]<:ripvaaés, do que ham de levar
dejeu Jolairo.
.
P
R1MEIRAM~NTE em todalas Efcripturas , que fe
ham de contar per regras, affy como inquiriçoo-
~s , apellaçooés , trelados , termos de proceffos , em
eftes aja defferença antre o Taballiam , e Efcripvam;.
a fabcr ; que o Taballiam leve de nove regras huum
real branco, e o Eícripvam leve de dez regras huu .'

b1:anco ; e efta maioria aj.!l o J'aballiam do Efcripvam


1

'
)
per bem da pen[om, que pagua a Nós em cada huú:
anno.
1 E POSTO que alguú Efcripvam feja pruvico em
alguús luguares , que poffa fazer Efcriprura pruvica;.
como Taballiam, tal, como efte, fe nom pagar a Nos.
penfom, como pruvico Taballiarn, nõ leve, falvo de
dez reg ras huú (a} branco, como outro Efcripvam.
Pero fe alguú Taballiaõ for. privilegiado per Nos, qué
nom pague penfom , nom leixe porem de levar de
nove regras huú branco , porque fem razmn feria:
feu privilegio fazer a elle l?rejuizo~ E em todolos ou-
tros autos , que ao- Officio d' Efcripvam ,, ou. Taballi-
am perteence , nom aja outra algifa d~ferença ..
2 ITEM ~ D"húa cõmiffom fc~·ipta. no proceffo .,
per que Nos, ou aquel ,.que noffo lugar tever, come-
ta·
(a ) ml
\
a16 LrvRo PRIMEIRO T1Tu10 TRtNTA ! crnco
'

ta Q feito a alguú Juiz ; ou alguú J ulguador, q'ue pe-


ra ello·aja luguar , ho cometa a outro Juiz, que co-

nheça de tal- foto; de tal cõmiffom kvará o T~balli-
. ar{) , o~ Efcripvam dous brancos da parte, em cu-
jo fa~vor a cõmiffom he feita; e fe for a prazimentó
.d'amb;s
. , ou em. feu favqr, de . cada huu levará feu .
real branco, e mais nom.
3 · I TE1ví. Das procuraçooés feit_as em proceffo
apud aéla l'evará ho Efcripvam, ou Taballiam da par.;.
te , por que fezer efià p'rocuraçom , dous brancos ; e~
alfy por cada húa prôcuraç<?m, ?-inda que faça mui-
tos Procuradore.s.: e fe na procuraçom forem duas ~
ou mais peífoas, que façam effe Procurador, ou Pro-
curadores, de cada húa peffoa levará dous. ~eaes bran-
cos, falvo fe forem _molher, e marido , ou lrmaãoS>
çm hua herança, ou Cabidoo, ou Univerfidade, ou -
, Conc.elh9 , que nom pagarom, fenoin- d'húa peffoa. ·
4 hEJ\1. Da querella, ou fi~doria, ou aveença ,
ou outro qualquer termo femelhante, que: o Taballi-
am, ~u Efcripv~~ éfc-repver perante alguú Julgadorr
ou per feu mandado for fazer em alguum l~gar den,..
t.1;0 na Villa , ou arra vai de , donde o Julgador íl:ever;
levará .elfe Taballiam , ou Efcripvam deffa querella,
o'u fiadoria , ou aveénça quatro ?rancos·, affy~ como·
*levará(a)*de húa affeentada de teíl:emunhas, e mais;
aja quanto montar.em effa efcriptur.a, que* fezer ( b), *
eontando-a aas regra.s , com.o fufo dito he. ·
5
. ('1) lmu: (b) fez.
\
•:
i
:2r7
.
. t}os TAB·ALrAAENS, E EscRIPVAAENS ETc. J
'
5 . ITEM~ De quaÍq uer terrrio,, ·-em que for efcript;i
~évcllia, e feze,r meençóm de como a part~ foi apre-
goada, levará o Taballiam, ou Efcripvaõ deffe; er- -
.mo dá par.t e, em.cujo favor he o termo, dous (u:án-.
cos; , '
.... ,.. .,..i. ,

6 E DAS poblicaçoões das Sentenças, a faber, dai


· definitiv~s ,. lev:írá eífe 'faballian: , ou 'E fcripvam ·:
- quatro'bráncos ·, e das -ínterluquitor,ias dous lfran~.'
cla parte } erri cujo 'favor 'he a fe-riçerur~: e fe a fenten-
.ça frzer per-ambalas partes , .pagarór;n de· per meo ~ '
o~ c"ada _h~um,' feg~ndo .qu~ a fentenÇa for em. fru fa- · ~
vor. -;

· .7 E DA § conclufoões cfos · feito~ , affy como d~ :


~IJ.clufom. íobre o Übello, ou fobre artigos, ou fobre .
o'utra qualquer. coufa ,\ u fobre a definitiva, de. cada
hfía 'conclllfom levará effe Taballiam , ou -Efcripvam
huum branquo d'arnbálâs partes, a .faber ~ meo brãc_~ _.
·e
de ca~a húa parte : fe tal conçlufom for ªª ' revelia
d'húa das partes le:vará a !evelia , e a tonclufom da
parte, erri cujo avor h~ tal.conclufom, e revéFa. Pe- •.
ro fe for conclufom ante ó-Juiz da -appellaçom; e for.
fob;-e a ,defi;iütiva, e fe etré Efcripv~m nom ~uve deffe
feito vi.fla, ~li outrÕ prove,itô a"efcripturas, falvo a ar. - :
t<{{;onclufom~, córp.o muitas vezes acontece , aífy em
f.eitos crimes, cpmo civis, levará. o Efcripvam de tal,
r - conclufom dez br~ncos, co~o fe ufou gra~ tempô ·

·!).a, ,d'ambalas pirtes ;.,a faber; cinquo brancos de ca.. < ·

.da part~ ; e fe ~1orrí parecer ,- fenom húa p~"rte· , .e for ; , '


Li'll·"· ~ -' ~ Ee COI\-
.
_.. ,.,?(;
·~i: 8 ~rvRo PRIMEIRO TrTuLo TR1 NTA .É crN-t ·o
'.
conelufo ªªrevelia da ôutra) lev~rá cinquo reaés. bran- .
eos 'delt• parte, que .parecer, e mais a ~evelia d~quel,
em cujo favor h'e. • .
·; 8 l:rEM., Dos m<t~dados, qu~o ~Julgador ·manda;
affy como quando affina 0 termo a al~úi das pàrtes i
a que venha razoar, ou venha com àlgúa efcriptura ,
ou Íhe manda da-r o tratado d'algtlas razoês, ou o lan-..
Ça da prova, OU ·ra'l.oado, OU a•outra.coufa ~ ~U d'OU-"
tl(OS ta'aes fem«dtianres mandados·, !e.vará o Ta.balli~
~~,ou Efcripvam da' parte, em cujo favo~ - for tal
mandado,.- huum real br~:U.co~ ~
9 ITEM. Nas inquiriçoões , que tomar'o Efcri".f
pvaõ, ou Taballiaõ·-aalem d~q~~llo, que the á . elk
:lTI?rttaír <le fua ekríptura contada aas' r~gras , levará,
as aífeentada~ das ·teftemunhas per efl.a guifa; a faber>
de cada aífeenta,da quatro brancos, é .do dito das tef-
·~ temunhas ~om le'Ve algúa·coufa, fatv0 foa efcriptu-
xa '· c~mo Já dito he; ·e _eftas aífeentadas fejam taaes >1
que. em cada húa ~ja ' tres ditos de teftem:un}las , e fo
menos forem, nom lhe contem a!feen ada, fal vo huum
rea1 branco de dito da teíl:emunha, e .fua: e[criptura.
:w E o ÉscRrPv ÀÕ, ou ·Tabã!lia:rn fará duas af~
kentadas no dia; a faber ~ húa des .oras de terçá ataa · ~
ll;1eyo dia, e a Óil~ra depqis de _comer ataa Jaida da.
\lefpera, e eíl:ará diligente a receber.quantas teíl:~mu-
• . .. . ~

1lha:s poder em o dito tempo em cada a1feen.t ada.


1 I . E . PORQ!!Ê aêontece aas vezes que em húa af-
f.e.emada 0: Tab~ii~.l-ou Efcripvam to.ma quatro,~~
: Clllro

.-
r Dos·TABÀLÜAENS; ·E EscRIPVA.A,E-N'S ·ETC. '.iI-9'

~inquo teft:emunhas, e em outra nom mais de duas ,


ou 'húa , e eíl:o he - m1 per as _r.~ftemunhas dizer~~ ·
mu-i rp, ou poi_JCo, ou por a parte por entom nol_!l po-
der dar, m;i.is_, e ena· nom he em culpa do Taballiam,
ou Efcripvam, em eíl:e cafo refaçam-fe as tefiemâ-
nhas d'h~a - àffeentaq_a pela outra, e affy que leve de
·,c ada ttes -tceftemunhas per húa affeentada : t:l eíl:o fe_
entenda quat?-to he_aas ~efl:-emunhas,~1e,o Taballiam,
ou Efcripvaõ perguntar em lugar a~ufiumado. .
'i 2 • E SE _acon-t_e~u, que ~aaõ pela Villa perguntar-:
alguas tefl:emunhas .e m fuas cafas, .porque fom peffo-
_as ,!ionradas das quê- hi merecem feer perguntadas, pu
ãh dar tirando alguàs inquiriçoões devaífas pelas Frel.-
gLiífia1 , -levem de caaa tres -teíl;emunhas por hua 'a r-
- reerítada ·, 'affy com© fe as pergqntaffem em luguar. a~-
.,cuíhimado ; porque tam grar.ide trabalho_ he anda-t' '
p érguntando as te{temunh<;!s pelàs cafas, como eftaui"":'
·;em lugar acuftumad.o :refidente c.ert'as efpaços.
-. <:.. __ 13 · !TEM: Das penhoras~'.que fezerem effe Taba!.+

liam; ou Efcripva.~, quando for com o Porteiro, le-


·:y ará o dinheiro. que lhe .montar na Efcript~rà, que
hi <efcre~ver · centadà aas ;egr~s, C©~<? ja. dito' hé -, e'
mais a verá da bida , -que * foi ·(a) *·a .effa peu·hora 1 ·
quatro brancos; e -outrd tant0 l!ve quando eíl:ever-aâ
,v enda dos penhores tada vez, que hi ~íle~~r; .a faber, .'"':,,
çada dia duás veze~, hüa ataa o gentar, e a outra ge-
pois de com~r ataa ve(pera ·; . fe tanto durarem 1eífe11
pérahores, que·fe venderem. Ee 2 .• 14 ·
(a) for .

.'
t .'~

.-~ . ' ~

~L1vR:o. PRrM.Erno:'f.rTuLJ:»-TRINTA E Sns.


_.)

i 20.
·.
,, 14 , E sz ~ parte penhorad~ quifer ·pag;:ir, e lhe fo-
·~ein tor~ado~ e!fes p~nhores , le·var~ '! Taballiam , ou·
"Efcr.ipvam a efcriptura, q~e ~obre eUo efcrepver,-CTin-;o
"' rada aas regras ) e m~~s de{fa entregua · quatrn reaes
·pranco~; e efto fe entenda quando a penhor; for "fei~
(
' ta na Villa, Qu .arravàlde do.. Lugar, h\;m & 9 Tab<!.J.li- ·,.
· ~in ftev~.r, .porque, fe .p ais 19nge f?r,'}ev;irá m.a~or fo~ · ·~
1.
Jairo , cor~o fe adi~?te di.r4.~ .

. .,.~ . ·~,

,.
"

., . X I T U L Q XXXVI.
' , .. . \ .
· Do que ham de lévar os 'l'aballiaães, e ~crip'f!aães ~as ·
.. _., . . ..,._
· ·. Cartas , e das Sentenças, e Alvar:aa_es, quef~z~(m. -

E.
,.. , .
' ')

SE effe Taballiam, 19Ú Efcripvam. ~ezfr Cart~


·. .de Sentença tirada de proceffo , que feja taõ
' . F;i~nde , que l~ve tod<J.·hú.a, 'p~lle dç. car~1eifô' i:;he.a de
boa efcriptu~a, fem malicia éfcripra; levará della cin..,
~uoenta bra,ncbs; e de rnea .. pflle vinte• çinC'~ ; erdo e
quarto d~ pelle quinze br.a ncos. //
- ; 'I PÊRo fe ta-1 Carta for tefiernunha,vei, 'QU' for.

ª''
.Eíl:roinento, q~e fe faz per tre.Ja,do .d'ol.}ttas efcri'ptn~
f ªs, nom leve de tal pelle eh.d feilom quar~rita '(
. branco~ , e de 'f rea pelle .vinte bra.ncc;)s , ~ de quárt.o
. ' ~e pelle dez brancos:·e efto com.ta~to) que eftas pel:..;: .
-les, qu meas J?ell~s,, ou quartos fojam ~nteiros, .e bem
efcriptos. de todo, que~lhes norn tirém, fenbm os cer.. ,.
~· ·~ · · · .: "· · \ .,. " ·cillws :- _·
~~ .- ·--------~~i-r---~~-
~ ~~). ICil~I M, ' :. : ' . ('
. \

Do QYE HAM nE LEVAR os T~l'IALLIAA:ts ET~. 221

dll; os : e aq uella maioria (a) levem da Se~te,nça , ·ou


Carta tirada de proceífo, porque be·de maior traba~
lhd, que aquel, qu~ trelada huã coufa por outra.
, 2 E SE a .Carta, ou Eíl:o;·mento, for taõ pequena, /
'que nom leve quarto de pelle·; leve della per eife ref-
peiro , fegundo fua quantidade.
1
' 3 .E DA. Carta ., ou, Eftormen'to,Jque fezerern em
papel , fe for tÍrad~ ..de proceífo, ou d: Efi~1-mento·
.9 ·agravo, e for tod.a 11- folha do papel chea hem efcri-
pta, levarom de-Ua dezefeis brancos, e da meetade d<!
fol~1a qito,. e affy per eífe refpeito, fegundo fua qw~n­
Jidade; e .fê. for Ç~r~a teíl:emunhavel;; ou
Carta.direi.,..
·ta, . afiy co~no Carta de fegurança, ou de pofie, ou de'_,
~i;niizade ·, ou Ca;ta feit.a _eer petiçom , 'quG·J10m fom.
de tra~alh@, Ieve.m ·da folha be~ efcripta doz~ bran"'
cos, e:: cda. mea folha feis branc9~, e. aífy fua-qmp1t_idi1;;-- . , '·,
-~e per.eífe respéito. ... • ~· ~ - ' . ··
~ . 4 E PORQYE a1guús Eftripvaães, e ' Tabálliaã~ ' ......
quando ·fa ze1n. algúas apellaçoões , qu outras Ca;ta~, :.. '
teftemunhavees grandes , e Efiprrner~,tos •d ·~gnwo ~ .! : "
-, ,p or levarem mais dinheiro das ·partes,. do qul lFa:...
/
riam , ·fe foífem fcriptas em procdfo 7 fa~ern-n·as, ~
' ef~q::pvem-nas em folhas e11tefrás• de longo~~ riom em
·proceífo,·, e cofem huãs folhas com owtras. em 'foUo·', .
f:) que he dampno do povoo> pbr refre'a r efte enganO) ~' · .<.::.:'\.
,Mandamos, que qua~do alguú Séripvam ~ ou Taba]- !. < :-. ':• .' .:, •· . ,
Jiam fezer algú<i_r (b) Cárta' teflernunha:vd ~ro papel·; . ' .} ::1-·· ,•_· •
. .~ ... " ,. . ;
' ó.U. J -·
---·---·---·-----------,.__, 1~ ~
,{,,l · ~lam • e S.. (b) . Ef~riptura , gu ~. "
',
L1vllo PRrM,úrw ifÍ'I'u.r.6 TilINTA E sEIS
1

~bl Efforme~to. , d 'agra \'.O , ·ou outra ,qunlquer Carta ~


;que 1:iofio feel.lo levar, poífa fa.zer tal efcr.iptura em
papel, ata~ tres folhas de lcmgo em r~jl_o, e at,aa as d~ ..
_,tàs tres folhas de lo!'lgo lhé fejam contadas , e mais
JlOr.ri•.; e fe paífar das d_ itas tres fol~as, faç~m ·as. d-i--
tas Cartas , e Storrrient9s em prbce:{fo; e fé as d'outr!
gqifa fezerem , nom lhe 'fejàrn· C0ntádas ,. fenom aas
. - ~ "·
\fegras ) como efcr·ipt_u ra·de prnceífo.- ,
• 5 E ·Qy A-N-To he aas _apellaçooés ~ façam.;.nas todas'
em pràce:ífo, e nom em Eíl:orm·ent:os d~' longo, a,in- ,
da que fejam tam pequenas, qúe !1ºm ,pa-fiern -húa fo_;,
Jha; -e -fazendo: o .e~ ~ml'tra~gu·if~ , feja-1hes c91ú:ada à
•dita efcri.ptura aas .regras, çmnq-em prnceífo, e .o.mais
dinheiro ~.que for ·achado , que levou cla· parte , fãÇã~
ljio tornar em dobro: e eíl:a pena ajam p©fa primeira _
~~z , que e!l:o fezer"em , e. por a fegunda , e por a terJ 1
, Óúra vez tornem os dinheiros, que àílí~)evan::rn , aas '·
partes ern,tresdobro, fem os ditos Taballíaães, e St-ri:
pvaães levarem algúa -coufa g·as ~i'tas efcripturas •._
. 6 E -QU.A N DO taaes efcripturns vierem aa noífa.
Corte, ou á Cafa tlo Civil, feja con~a~o~ aquello ~ q_ue
.montar dellas ,, aos TabaHiaães , e Scripvaã~s , q u~- a!t' '.
fezeF0r.n_, aífy•corno tlil!o 1h~ -; e'aqcrello, que for acha....:1
~o , que' mais levarom, façã-Iho toin.ar aas partes em;
dobro, ou ·em tresdobrq como fofo he declarado, é1
erri. e!la guifa ; a_ faber, fe forem hi moradores' , o-· 1
,Contador das cuíl:as es faça .l@go chamar., e faça.:lhes1
logo todo paguar realmente com effeito; e f e-forem

-'

Dct QY-E RAM DE. L~Alt ds. TllB,A;I.IAA~NS ETC. 223J

moradore; ·Eim out·F<l:- J'>éHte, , faça 1og0 dle Ca-I'ta, e


pafie pelos DeiempargadQres, gne do feito ~onhece­
rem, porque todo affy feja realmente ei:ceclltádo. -
.. .f/. l TEM. Alvar'àaes . peq~enps , que nórp enchem .
v•
'-

meia folha de .pàpçl, aífy corno Alvar~aes perá pren-


' . - .
der, e pera foltar __prefos, GU pc;:rn citar teftemunhas,
ou d:'outros femeÍbántes, leven{eífés Efcripvaa~s, ou
·T:~balliaaês qua~ro· reaês br~neos de cada huJh perd
fé o Alvarâ ·fortaõgrande, qu~e encha méa f9lha 'dé
papel, levem delle 'fe.is brancos '; e fe maior ~for, le~
' ... ~
v'em per eífe respeitó. .
'- s,· '·E MA-ND-1-M~s;, qw\e to'qolos Taballia'lês, e Scri-
- pvaaés ponham as pagas per fuas' maão-ê ~ - affy na .
Cartas , comp nos proêeífós, e_rer{erpbtflças , e.,AI ...
varàa~s , e; em todalas·. outras , efcripturas, que feze-_
re~.n, de que <levem ·de levar dínheiros; e das . Ca~·ta:s;
~e q~- e no~ deve~ d'~lev~r dinll:efrbs , ou: pofto gue'1
@s ajam âe levar, nom os levarem '· pórilíia:õ nihil : e
todãs-aquelles, que o contrai~·o fezerem, ajam* a (a}.*- •
p~na: ,::t.iue
/ ""l ~ per Nós he ordenada
~ , fe;
b tÍndo he cortthe'tl-

cdo no ·titulb .dos Efcripva,a és·do. Defembargao~ e Cov-


l'egé.dor dá .Üi>.rte ,.. e Ouvidores. .- ~

.-

• l

',.
' .
~24 L_iv.ao PRrMEIRo 'FrTuLo TRINTA E SETI

--- r- - : - - -.

. · T I T U ·L O XXXVII.
. ~

Do que ham de levar o~ Tabàlliaaes do .Paaço das


' ·Ejcr~pturas , qu'e fezerem.
1~ 7- I' ,;. -

1
)

TEM. Os Tab.alliaaês do Paaço, que *fazem (a) _* ·


. às Eforipturas pruvicas .nota'da's,em feus,l~vros, le-
varom da Efcriptura, que e(c;.repv.e rem·notada em·
:(eus Hvros·., .e-dos E~ormentos, e Cartas~ que, efcre.,.
pverem pelas notas, -e das bufcas ~fto , que fe. fegue.
· r . : I TE'M. Se fi~~erem - tal ·efcriptura tirada de11ota,
que encha todá htía pelle de peFguaminho bem: efcri-.
pta fem malicia, levarom de tal çfir.·d p,tura quarent~·
reaes , e ·da nqta deli a, _que He pofia em feu livro, le-
~arorn feffetita brancos, que 'he?mais a terça parte; e.
dl:a maioria ajam' porque le~am maior . trabalho na
nota, que na efcriptura', que fe per ella tira, que nom
'teerri de fázer, fenom treladar. E fe for eícriptura ~ .
.· ·. qµe nom encha ,.f~lyo mea pelle,. levem vinte. ceaes
Qrancos, e da fua nota trinti; e fe nomr le-var mais
que quarto de pelle, levem çloze reaes , e·d.a fua no ...'
ta. dezefeis reaes, e af.fy d'hi a·jufo-per eífe refpeito,
E eíl:o fe entenda quando o Taballiam nom for fora
do Paaço fazer tal efcript':1ra , porque fe for fora do
Paaço fazer tal eícriptura, que (eja na Villa, ou-arra-
valde , honde elle eftever, · lev!lrá o que dito he das
.ditas
- (;<) fúerem S,
r'

: ' i)q.,cuf·E 1-iÀM. Dl;l LEV ÂR o~ TABA·LLTAAENS~;c • .-225


.. .,, ~ , ~'
7 • :.. • ... •

.
pitas efcripturas, e mais qtJafro branços da hida. ·
'2··. • I T -E·M. ·o~s ~fcr,fptur.as~ 'que effe~ 'Tilballiaaês d~ ·.
P~taçÓ fezére~ ~m ~ p~per ," Íe for rnl efcriptura ., qu.~ ·
1
'.*encha (a) *·hiia foljia d papel ; le;varom dtllFt doze
t ' "1!'. ~ . ' (~
1 .
brancos , e de fua nota dezefeis r~aes, ·que he mais í1 -
. .. . . . . . ~ ' - ·~
terça parte ; e da mea fo~ha leyarom fe1s reae~ ·, e âa ·
-

.,.·
fua ·nota oito reaes, e d,.hi a jufo ·per eíf~ refpeit0: e
fa for fora. d~ Piíaço· faz~r 0
.tal ~fcript~1ra, leve ; hidi

..
\"
como dito he. .- . .
.
,· ·3 · E SE os Taba'lliaa~s fezere;m outras 'efcripturas; _
• 1 "" "'
.affy como inventairos, ou outros autos femelha_nt'€ s,
· --~ ferorn,-lhe _(b~. f con~a~s .aa~ regras; á faber, novy . ..... .
.r~gi;as por h,úum bra,nco, affy cÇ)mo levam õs outros
'Si .. . -~ - -· 1 . ~

Taballiaaés êros proceffos ·,-como dit0·he, 'e mais da, ·


n!dil
. ..quatro . reaes, fe for na Villa; e artavalde • . . \ ,.·

--..-----------------·----------
, +·
..'· , :r J
p _,; -
T U L_O '
XXX.VUI.
~ . . . "{ "" .... . "
; ~ JJo qu-e kam (i.d Úvar os 1 d~~zÍ!içz(ies , e EfcriJ!vaaés
·· . das-· vijia,s dos feitos~ '.-

.J"TE~~ qoT~b~lli~i:O
. ·.t.

'
»~

Ó ·,_,ou"Ef~ripv~~·. ~ue efcrepv~/


o feito. corneççi, eíl:e tal leYftra da v1fta deffe fer.-
""' ~ . ~ . '· ~

o
·.tO ,terço de qµanto . .'hontar _qa efcrip~ura da, .inquid:-
·çom deffe feito , atee hon'de a ~vifta foi pedid~ , con~

_
'taodo-a tod~ aas-regras , affY e.orno dito he ; e pofto --
"que a yifta feja pedida i;nuitas vez.e ;, 'n~m ·ieve efre -...

.- -(R) • tenha
Liv. ~L '1. f F~f Ta- .'
__._,:__
.
---
----~___:.._

.
',, (bJ ~ fejam-lhe , . • ••
'

-
~·26 CrvRo PRIMErR~ TITULo.TRlNTA E o-ITÓ - ~
ra·balliàm , ou Efcripv.am vifta., fenom huã vez. Pe.!
'o f~ defp.ois- que ª.· v.ifta foi~ p.edida huã ve_z , o fei~~
~recer mais per inquiriçom, oµ per. efcl'i ptura qual~
quer ; fej~-Ihc Conbda -~t viíl:a do que' mais · ê receo,
~al e t}.1 _donde a ouua vifta foi pedida; e eíl:o'_ com tan,..
to que ·the nom c9ntem vifta donde lhe contarem 0
'trelado.
I · ITEM'. Perante o Jniz da apellaçom levará o
Efc_ripvam da vifta deffa apellaço~ hum branco de
cada folha~ e ~fto porque antiguamente levárom o
,q uinto do qu ~ montava em .a ·dita ap'ellaçom. -E por.li
'que a ·maior parte de toclolos feitos em _cada }úa. fo:,.
e
Aha ·mczata d'efcriptui·a1quatro ·:re_aes, e quatró meid,
.ie 'c inqub reaes' ) ·e dellas fei~ reaes ) ç * tomando (a} *
~ defto o meyo , que eram ciQquo 'reae.s, porem levem
de cada folha huú real , que he o quinto, coino dito
e
' he, como ha gr.ande temp~ que leva~. _ Ert~perp fç·_
&!:Contecer , que o -Juiz .da apellaçorn- mande tira~ al-
~uãs l;:nquiriçooens .em effe feito, defpois que peran- ·.
te elle p·e nder, ora fe ;ti ; em na Corte , ou em outra
parte, e foi dellas pedida a vifra »leve hà Efcri_i)vam
~a vifia.
.
dçl!as .o ~erç'O, affy como fe o~ féito'. fofre: co-
:\
·meçado perante effé Juiz- da apellaçom; como fufQ
__ -dito -he no .Capitulo proxiino. , ·
:2 ITEM. Seacontecer, que huú feito feja livré per:
-Sente1w1, e deípoi~ for per aiguma parte dado em
àjud~ íua em outro feito , ~ fur del pedida a vifta pe.r
algúa .
~--
(:z>) coiltan~
Do QY'E. HAM BE LEVArt os TÃBALLlAAENS ETC. 22.1

a}guao parte, qe .tal feito nó. leve o Ta~xllliam, ou Ef-


cripvam -':iíla, ,fah:G a meetade do que levaria huú
Eícripvam :perante o Juiz da appellaçom ·: e eíl:o he t
porque já do dito feito findo effe Efcr:ip~am, qpe o !' .
tinha, levou_Fl. viíla. Pero fe a,inda clelle norn ouve, ail'lt.
gúa vifta, falvo -.q ue entom foi~ primeira vez .pedida,
<;ntom le.ve fua vifht ~oda em cheo deffe feitê> ., ·affy
como da. ap~llaçom pela guifa, qué íufo "dito, he; e
deita conthi; deíla vifta leve .a meetade o Tabaliíam,
ou Efcripvam, ·que t~nha o feito, que he dado em
pro.va, e a outra rne_e tade leve ~ffe Efcripva~; ou ~a­
balliam , que tem o feito, em que o dam em ·prova ;,-·
por:q ue fempre foi tal o ~wíl:ume ançigo da Corte. ·
. '

T 1 Tu Lo· xxxvnn.
Do que ham de· le_var dá~ hufcas ·dos fei~os , ·e. âas·
' . {fcrijturas. , , < ""'

1 ·TEl\t. 'f.odo Efcripva~, ou :ral:;ni:lliam_· .que fei-


t&> tever, em feu poder, desp01~ que fodimdo per
fentença , ou ânt_e qué Q feja, fe retardado he , e a el ' .
n~m fall~m per çulpa das partes, qua:ndo lhe for re-
quirido pe~ algúa das partes; que o tragua a·Juizo pe-
ra fallãr a elle, 9u_pe-a--ürar dêlle fentença , ou outra .
eícriptur.a, ou pera o dar em ajuda ·de fua·prova em
out ~o feito, ou pera aver per elle alg1,1u~ out~o' pro:.
veito; e favoreza, levara effe Efcripvam, ou Taballi-
Ff 2

/·.
.,·

'·•
~2 8 LrvRo PR..rMEIRÔ TrT'u to TRINi'A E Nón :
a·m da -bufCa de·ral feíto(a) de c~dn_ mez . cinquo bran-
cos ; e eftq ataa o primeirõ anno~ mprido , aífy qu~
fom por a'nno.fe!fenta ' re'aes brancos : ·e fe for mais
temp9, que .paífe o anno, levúá' no fegurido anno
cada mez dous·brancos e ·ffieio, affy que ºIeram t;io fe-

,.
e:
gundo annb trint; reaes : fe paffar dé dous·an_:.iQ.(~ .",
leve ·pelo terceiro ànno dez brancos : e fe ·paffar ae .
,,
tres annos , ·d'hi en dfante no.rri le~e da bufca ·âeffe
feito nehhuã coura, (alvo, dos ditos !:i:es aúnos, em que
lhe montam cem reaes. E «~fia' bufca l'ne feja dada a
eíf~ ÍabaUiam, ou· Efcripvam, · nom tar).1 foomentc
polo fral;>alho» que leva em bukar .o feito, mais por;..
que .he theudo de.'o guar~ar· ataa ~inte annõs Ôs _cri-:
• 1 •

mes,. e .os civiis ataá tri!lta annos, como fe 'contem


·nas Hordenaç9oês antiiguas. ·
I h.EM-. Talbufca, como efta 'nõ aja lug~r 'nas-
~fc:ripturas , que.a parte de~ em Juízo I1era :provar ·
fua \e~,nçom, .que fejam taaes, que em fim do feí.to·. ·
fe devam de tornar aa parte ~ como fempre acontece.
2 PER o fe aquecdfe , ~ue defpois que o feito fqi
fündo, a parte nIDm requerer fuas efcripturas ao... Ta-
baiiiarn, que lhas de ,- e a's ·leixaY fiar em cafa deífe .
Taballiam , ou EfcripvamJevem. dellas. -~ ·b~fca' , affi
como d'ÓÚtro feito, ou ·efcríptmas\ que e~e T~balli­
am, OJ,1 Efcripvam tem em foa guái:da pela guifa, que /
dito,he ; falvÓ fe eíf.:-1 p~rte ~óm foi· .na terra pera o
requer~r. E efi:a bufca ~ja lugar em' todolos p·wceffos, ·
..... ~ ' ~

e
./
Do Q.YE HAM DE LEVAR DA.S BUSCAS !TC. 2:29

•e inquiriçoó'és, e efcripturas, que effe Taballiarn, q.11


Efcripvam tever em fua gul!rda, comó dito he. Pe~o
fe effe Taballiam , ou E1cripvam fqi; requerido, que;
!tS de, .e ma]idofa:nente po~· levar a bufca rerever effa
efcriptura, nom aja della. bu(ca, ante pague aa parte
o~tro tanto _, quanrn _demãda de bu(ca deíf~ efc;riptu-~
ra.
3 E QyAN;o h~ aos Tabalfiaaé.s do Pàaço, que
" ha_m de bufqtr as notas per. feus livros, .o u qualquçr
outro Efcripvam, ci.u~ per li'vro hufcar tal_~fcriptu:~ª· __,,
ou nota , óu bufcar_que1:élla, ou, denun-citiçom , que
tenha efcripta em ~u livro, tal como- efte nom leve -

vo a meetade ªº
bufca d~, ta·l efcriptura, quepe bufcada em iivro, ~al­
que lev~ria dos pr~ceffos: e das ?U-
tras _efcriptu~as·rure ditas, avendo respeito) corno fu-
fo dito he : e outrà•,ranto le~e o dito_Taballiam p~r
J:>úfcar ·o eft~rmentô, que tirou da 1~ofa, e nom foi
.reg4eripo pela p~rte ., a que perteenciâ d~ ·o
dar. ~ e .
affy )1óm efteve per clle. . . .
, 4 E l;'ORQyE os Efcripvaaés ·aos·
Horfoõs forn the-
udos .çie-fal.er enventairos
.... .,., i. " ~
dos -beé~ , ·que ' ficam pei:
• . • •

;morte d'àlguãs peífças, que filhos , ~ ou filhas teem,


per~ os ditos Horfoõs averem à fua d·ireiia pa_i:te dos
Cili~os beés , que por moí·te de feus padr@s, e madres
..... a:íly ficam, por lhe nom ferem fonegados·, e eina-
lhiados ·em ou trai <l)gúás peífoas, quãd~ os fobredi.tos
< F:fcripvaaés
-
dos
. .
Horfo6s fez-erem 0S dit~s enventai-
ros, Mandan;?s . e lhe íejâ contada a cfcriptura de~-
les
·;;, :
1230 LrvRo PRIMEIRO TITuw·TRIN'.1,'A &Nov.E

ies aas regras , affy, e pela guifa , qu~ fe· contaõ aos~
outros E(cripvaaés., que* fazem (a)* efcripturas"' em
prócetfo; a fabei , ~ nove . regra~ por huú real. ·-
5 ·E ESI' o rn ecfmo lhe f~jam_ Cém~adas ~s bidas 1 A

que forem a a"lguús lugare; fa~er,~s dito~ ~~ventaitos;


e. ou"tr~ Cy alguús d:~rmentos, que fezerem das. par-
tiçooés dos ditos beés, fegur~do a forma da noffa I-Jor...
dena.Çom ;'que fob~e el!o he féita. , do ·que os Taballi-
a:
aaes , . e Efcripv~aés ..h~m ,de levar, e outra guiCa
nom. _' e,;_
6 E PàRQ!!E a todqlos.dit0 s Horfoõs, e Horfaãs
f~~ dadç>s Tetores : e Cu~adores , que lhes feus b.eés
. ~jam · de, reger, _e .minifhar, e.por cer~QS aimos·, ataa
que e!Ies fejam ç:m hi~ade de fer_em mancipados, pera
lhes feus beés averem d.e feer entregues, porque taaes
. ha lü, que per morte de feus padres, e madres ficam
em taõ peque~1as hidades, que araa quinze , e vinte
ànrÍos lh,e nom fom enti:egues·os ditos beés, e fem-
pre ten1 Tetores ;_e porq.ue os ditos Tetores fom' ~brl­
guàdo~ ·de _con~inuad~m~nte. requ~rer os Efcripvaaés .
dos ditos Horfi;?s, pera lhe a verem d~efcr~RVer as re.l
ceptas das-defpézas~ que fe fazem em adubios de beés,

como em-outras cou(as·, que aos ditos.k lorfoõs per-


teenccm, per bem das contas, qu.e ham â~e dar, e ·nõ .
feria juíl:a razom
. de os ditos Eferipvaaés '
por cada·
húa vez , que ouveffem d'efcrepver' em os enventai.-

. .
rosas ditas despezas, e .receptas ·a? s, ditos Tetores, .
/ ave- ..-·
'IP J- fezerem.
Do 'Q'yE ·HAM DE .LiVAR. DAS Busc.Ás n _c'. ·2j:r-

uv'erem de levar b1:1fca dos ditos ehvent,a itos; porque


achamos_, que feria grande perda dos·ditos Horfo<?.s'; .
'.
f e lh~; àlfy continuadamerite óuve:ítem. de levar .a di .. .
t~ bufca, e .em pouc.o tempo a,s rendas dos beés dos .' · r
Horfoõs feriam em poder dos.. ditos Efc'ripvaaés, por-
que muitos beés dos I-1orfoõs ba hi, que nom_,re~dem
. .t:aflto ern cada, huú anno, ' quãto. montaria ~fl dita
bufca, fe~ lha o~veffem de paga·r: e. querendo ~Nos · eíl:o
corr.cger em boa' e razoada maneirà' viíl:o cómo os ' ,'

ditos . cripv~aés dos Horfoõs ja'Jevarom·,os dinhei-


ros da efcríptura ~que lhe montava dos ditos enven- .,
·t~íros~. e do~ eftorméntos c:las partiçooés, e.'hídas,.que ·" .'
. • . . • J
-alá forõm '; e eUe~ ditos Efcripvfiaés fom the'u dos de I ,.
l

·~uardarem' os ditos enventaíros ataa que os dír~s Hor-


fo?~ frjam e:m· tal hidade, que, lhe fejam entregues
A todos fel.is·beés-; e 'dadq_ boo conto, e rêcado pe1os. di.- ·
tos enventai~os de toda las ·coufas, qt e. os. di.tós Teto-
res r;or elles receberom, e defpenderom. - . , •' .·!
' '. 7 ·. PoREM Mandamos, que o.s ditos Efcripvaaés ·
·-Gos_Hc;>rfoõs nom .levem outr.a nenh~a (a) bufq dos
. ·-OitÕs-.enventairos ' rat-vo viflte reàes J;francos polo~ an~ .
·no, e e0:o ataa tres anr:ios Cü~prido~,r .e d'hÍ em. dian-
-~e nom levem mais bufoá nenhúa: e afnd:~ que os.d'il
t.tos Tetores'_pof•. parte_ do ann0 vaaó , efcrepvér as, ditas I
·t'eceptas, _e dcfpezas.,, os ditos Efcripv'a:aé~dhes· nom
lev.em de bufi::a d€ cada hi.n1m ; enyc!'ita;i-1'0· por. 'rnclíi ·
.

'.
)

'nuum anno,. mais que 0s ditoS' vinte: reaes branc'os·,. <.

qu~
(a) coufa de: '
''
J ~ ,
.,
z3.2
;.
_Liv1rn ·FRI~~m~..T1:r.t;L-O TUNTÁ EJ~on
que fom pór_. tr~s ~nilod:e~~enta fe..aes br"~n~~~-. e.. le:.
·-.; vei;i *; da ~faiptúra, tjµe ~cier~:n · tpn!ada (a) *.;..~aa~
.•f,~g~~·S·,; Fº~no 9it~- l1e:-~" ~ Ô' :ue ~ con:,ra~i-~ ~e.Ze~·-P.,~!' ... ?: ~. ·~
Cacfa (b) vez, que ma1~l evarHpêgue -os~ dgihe!fOS, que , ·
. -·~aífy .rnais levar an~vea'dos 'aa parte, :e"'f~ja. ffiJl=>enfo': do
offi.cio at~~· Noífa me·~cee''~ ·e fe mais deÚe·'q fàr, du- ·..
. . ""k ' ,'
:i- i;ant:e ~a dita fofpenfo rn..: pt:rcá-o de todo··, e nuµca o

rnai:s aja... ,· ' , . --· • . .


, -
-~ _,
·~ \

8 lTRM. Em todos efl:es cafos fufoditos de buf.


cas ,.. nom fe contem bufcas dos pri~eiros feis ··1ezes,,
falv.o dalli e~ dia~te ' porque fegun,do'',hó . º" lo da
·.' Cor~e· , defpois .que paffa~ d!' fi;is mezes·, nom podê
âa1l~rl ao feito' ataa q.ue -apárte feja nov~~ente éita~
. .pa. ~ . J • ~
,.
'.: ~ .·1 ~

,. ,, ... • ... •
xxxx·. _,·.. _fo(' ' .. ~ \,... ...1;.
f {. ,,,,~{ • • .... •
f º ~e ham de !êvar polos. carretos do~/eitos. ·
V ' ' ! '~

. . · -

I .~ T~ripva
4
.;"( ..._ . - ' 1 1~

Ef,f :ibs Câl-r~tos dos- feifoSb.pe.rtéehc~m ·a:os Ef-


1 és ~dante o ~.Con;egedor; c;la Corte; e DefeW,-
, ~a~g'Íiadores , e dos Correged~res âar Comarcas , e
.dos ~uvi~ores dós Jfantés, e d~s Me'eftres., .·e a"@s Ef-
• .. .,,J r . /. - "' . -

.. ,fJfVaaes -dos Contadores .das· Comarcas ·, ·por quantq·


"'eíl:.és::·i:aaes -fe aoallam d'hutl lÚga.s p~ra ~utro ; ·e p0-
reri). q.Uanâo, aç9nti:cze, q4e taaei E(cripV'aaés_fe .abal-.
:!am"cÓm o Julg~ador ~ . ·oú fem elle, pera ,feguir feu ....
1 • 1, -7;; • ~ '-"".~• ~. ~- ~ offi- ~·~
"' : ... · .• · •• • -''

(Rl as efcript<im contadas M • .I. (6Í hui, ./ ''-" -


'
·.. -
,.

r,

,-·- J

·'
Do Q!!E HAM DE LEVAR PELOS CAltRETOS ETC . 2JJ

offióo d'huum lugar pera outro, que feja tamallho


efpa~o, que paífe de dez legoas, levará effe Efcripvam
de carreto qe cada huum feito quatro reaes brancos
de cada parte; e [e nom for maior efpaço d'huum lu ..
gar pera outro, que de dez legoas pera jufo, nor;n le-
ve eífe Efcrípvam de cada feito de carreto, falvo dous
reaes de cada parte; pero fe o efpaço for taõ peque-
BO, que nom paffe de cinquo legoas acima, nom leve
-0 Efcripvam mais de carreto do feito, que huum real

de ·e.ada parte.

T 1 T U L O XXXXI.
Do que bam de levar os Enquereáores.

O S ENQyEREDOREs devem feer bem difcretos, e


diligentes cm feus officios em 111odo, que com
boa difcripçom faibam perguntar, e enqucrer as tef-
temunhas, pera que fom aduzid·as , perguntando-as
polo cufl:ume, e cou(as a ello perteencentes, e fazen..,
Go-lhe tod~las perguntas , que virem , que fõ com-
pridoiras; e 'e fguardar bem diligentemête com que af-
peito , e com que conftancia as teftemunha.s faliam,
e fe vaciilam , ou variam, ou enrubecem em tal gui-
fa, que a elles pareça , que fom falsas : e quando tal
coufa virem, ou fentirem, devem-'o noteficar ao Jul-
g.uador·, pera fobre ello proveer, e enquerer, como ·o
cafo requerer.
Liv; 1. Gg · · '-r
234 LIVRO PRIMEIRO TITULO 0EARENTA E HUM -/

' 1 Os Enqueredores l~varorn as-affeentadas


· ITEM.
clas tefternunhas affy , e pela guifa, que fom contadas
aos Efcripvaaês; a faber, de çada húa affe_entada c(Lla-
tro brancos, e mais levaram de cada dito de te!lem u-
nha dous brancos, fegundo cuíl:umc , e Horde nança
anriigua; pero fe eíla teílemunha differ tam pouco·-
~m . feu dito, que nom chegue a viinte regras, nom
lbcs contem mais de huú real branc? ; e fe paffar _de
-;viinte regras, entorn lhes comem dous reaes.
-'

------=-=~ ~----·
TI TU LO XX:XXII.
Do que levm·om os 'l'é!bal!iaaes, e E/mpvaaes, e Err-
q!terédores por fett ti-abalho, quando forem fora do,
Lugarfaier alg;úa efcripttmr. ,

Q.
'
U AN oo alguú_Efcripvaô , ou Taballiarn, ou
Enqueredor for fora tirar inquiriçoiil, ou fazer
1 ' .
outro auto , fe levar befta_fua, e moço ,.levará pera fy/ ·
e pera mantiime nto da befta, e moço quarenta bran-
cos por huú dia, e aífy d'hi em diante,. fe mais dias
em ello and::rr fora de: fua ca-fa:.
I
1 E AVERA' mais effe Ta-balliam, ou Efcripvam
de fua efcriptura , e aífeentad::l·S de tefremunhas ,. ou ·
penhora , fe a fezer.
· 2 - E o ENQ!J E REDOR fev.ará as affeentadas do dite>:

das teftemunhas,.como dito he; e fe em-tal auto nom


anda·· > fenom a meet.."-Cle d'huú dia>- lev·ará a meeta-J
~ A ~>
Do QYE LEVARoM os TABALLIAAI!Ns, ETC. ~23'5

de, e affy mais, ou menos, fegundo o efpaço do dia,


,que allo eílever .
.3 Prno íe a parte der bcfta fua a effe Taballiam,
ou Efcripvam, ou Enqt,Ierecl'or, nom leve fenom vin-
te branc~s pera fy , e pera mantiimento do moço.
4 E NOM coma· em Taballiam' ou Efcripvam ;t
pu Enqueredor com a parte, ca por aazo do comer,
ç afeiçom poderá foer torvado en:i feu officío, falvo fe
no lugar, bonde for fazer tal auto, nom achar-a ven.:.
der outro mantíime·nto , -falvo o que lhe a parte der;
e fe C-Orner aa c=-ufia da parte ell~, e o moço, e a befl.:a,.
nõ leve, íàlvo vinte .reaes, e fe nom levar beíl:a , leve .
foomente vinte e cinco reaes , e coyma delles ; e f e
comer com a parte, nom levando beíl:a> nom *aja (a)*

-
fal vo ,quinze r.eacs. _

T I .T- U L O XXXXIII.
Do que ham de levar os Porteiros , t ·_ Pregoeiros das
penhr!ras, e remataçooes, e citaçooes . .

I
r_

TEM. ·Os Porteiros quando fezerern as penhoras


no Luguar, ou no arravalde , hoJ1de forem mora-
dores , levem de:íla penhora cinquo brancos; e quan-
do ví·e r arremataçom, fe os rematarem , levem de •
qu_anto montar em efia venda dos ditos penhores , fe
fom beés rnoviis, a faber, de cinquoenta reaes huú, ·
, Gg 2 e
(R) leve ~--------·~-~ -----·--·
236 LIVRO PRIMEIRO TITULO ~ARENTA E 'FRES

e de cinquoenta libras húa: e dlo íeve ataa que poffa


aver de feu folairo cem brancos, e mais nom -leve ,
aind a que a conthia feJa grànde da remataçom , e
muito dure.
1 E sE effes penhores nom forem rematados , e a
parte logo pagar de feu grado, leve eife Porteiro da
entregua- dos penhores cinquo reaes brancos, quand© -
os entregar aa parte, e outro tanto leve o Taballittm,
ou Efcripvam, que efcrepver eífa entre.gua deifa pe-
nhora, como ja dito he: pero fe os trowvercm em pre-
gorri o tempo conthcudo na Hordenaçom ,. ou alguu
pouco menos , *,e (a),;" os nom rematarem., levem a
meetade do que levariam·, fe rematados foífem , e o
T.aballiam, ou Eícripvarn leve outro tanto " quanto
levar e'ffe Porteiro.
~ . E SE a penhora for feita pelo Porteiro , e elle
nom vender os penhores, falvo o Pregoeiro, entom
leve o Porteiro a penhora , e o Pi:egoeiro iua rem ata-
çom da venda, como fufo he ( b) dirclarado. E fe a
penhora for feita em beés de raiz, teve 9e fua penhora
cinquo rea-es, e da remataç9m de ~cincoenta reaes
buum,. ataa que chegue a duzentos hrancos ,_ e mais
nom , pero que os beés mais valham.
3 ITEM. Mandamos.,-que a taixa, e a Hordenan.:.
ça que os Porteiros, e Pregoeiros ham de teer naquel-
lo , que ham de levar dos. ditos beés de raiz , e mn-
viis, que affy rematarem , e dos que trou verem em
pre..
....---
lo) í~ (b) dito, e ll'f.
, Do Q.UtE HAM DE. LEVAR os PoRTEII~os, ETC. '237

pregam o tempo contheudo na Hordenaçom ., e os


nom rematarem , _que eífa meefma tenhél;m os Saca-
dores, e p~r effa guifa levem .o feu fcllayro, e aífy lhe
fej a contado ,. e d'ou!ra_ guifa nom; e per eíl:a guifa
l evaram as Adeellas dos penhores, e coufas , que lhes
dam a vender ; e qualquer Porteiro, ou Pregoeiro, -
ou Sacador , ou Adeella , que mais levar da parte, do
que he contheudo em eíhi. Hordenaçom, torne aa
parte , de que q aífy levar, em dobro, o que mais le-
vou.
4 ITEM. Aquello, que dito he , dos foilayros dos
Porteiros , e Pregoeiros , Ma ndam os que aja lu gar
* quando venderem (a). * al.g u lís beês per mand,ado
dos Herdeiros, e Teftam éteiros, Tetores, e Curadores,
e Aminifl:radores, ou d'ou tras quaaefc1uer peífoas,. que
os aífy mandarem vender.
5 E Q9ANDO eífes Porteiros for~m fora do Luguar_
fazer effas penhoras·) levaram de cada dia * po r feu
~rabalbo( b) *, e pera rnantiimenrn quinze brancos,
a[ora aquello, que lh es montar de fua penhora, QU
entregua> e fe rnai& dias andar fora (·e) ,.cada dia le-v.a-
rá quinze reaes brancos; e fe for tam pe'rto do Luguar,
que nom dure bida ·i e vinda, fenom meyo dia, leva-
rá por meyo dia fere brancos e mey0, e aífy fegundo
o tempo per dfe rdpeito. E eíl:e meefmo folra yro aja
quand0 for citar algí.fa peffoa fora do Lu g ua1' ; e fe
citar algua peífoa _no Luguar, aja por feu. trabalho a-
qu.ello, _
V.-J no que vender (b) de fcu foll a)l"O [e) da Cid•de :s.

; .
~38 LrvRo P1uMEIRO Trru10 ~ARENTA \QJJATR.o

quello, que- he hordenado no titulo do Porteiro do


Corregedor da Corte.

T I T U L O XXXXIIlI.
Do Contador das cu.fias, e de como as ha de contar.

l :l RrMEIRAMENTE; na conta das cuf.l:as, quando fe

ou verem de contar, veja-fe fe a parte vencedor


he Cavalleiro, ou Vaílàllo, ou aconthiado em caval- '
lo , ou Bee:{l:eiro do conto, ou de ca vallo , ou Clerigo
de Miífa, ou Beneficiado; a taaes como eftes averam
cuíl:as de fua peífoa, a faber, oyto reaes por dia, @
efto daquelles dias, que parecerem per fuas pcífoas
em Juizo, ou derem inquiriçom per fua parte, ou fo-
rem veer como juram as teíl:emunhas, que contra el-
les derem : e eíl:o com tanto, que eíl:es Vaffallos, e
aconthiados, e peffoas fufo ditas tenham em durando
efie preito, beíl:as fuas de fella , e venham em ellas aa
Corte, e as tenham hi continuadamente em qu~nto o
feito durar; e fe as hi nom teverem, nom averã cuf-
tas, fenom de piam.
I E os Beeíl:eiros tragam á audiencia vira na
rnaaõ ,-ou cinto_cingido, fcgundo antiiguamente fem-
pre foi de coíl:.ume.
2 E EST As meefmas cÜíl:as contaram aas mo-
lheres de cada huú deffes Vaffa\10s , e aconthiados ,
quando em ellas forem veencedores, e per fy trau-
ta-
f Do CoNTADOR DAS cusTAS, ETC.' 2 39

tarem os preitos, e fe beíl:as trouverem , e as teverem


na Tarte, como dito he em os maridos ; e femelhan-
. tes cuíl:as fe contarem aas molheres dos fobreditos
Vaffallos, e aconthiados ,- que viuvas forem, e eíl:e-
verem em fuas (a) honras, .e beíl:as trouverem á Cor-
te , e teverem corno dito he; pero quanto he aos Vaí-
fallos, pofto que cavallos nom tenham , em quanto
lhes nom pagarem conthías, contem-lhe as cuíl:as •
afi)r como 1e os tevdfem, e per femelhante aas mo-
lheres .
. . 3 ITEM. s~ alguús dos fobreditos forem apou-
fei1tados per hídade· com feus pri vilegios , ou forem
aleijados, 01.1 tolheitos que nom poifam ca:valguar em.
beíl:as de fella, e venham d'albarda , quando taaes
como eíl:es forem veen"cedores em cuíl:as' contê-lheS:
cuíl:as de Vaífallos; a faber , oito reaes por dia, co-
mo dito he~ traiendo, e teendo as befüis na Corte
Continuadamente, como he contheudo no Capitulo
fufo dito. '
4 _lTEM~ · se a parte vencedor em cuíl:a·s for mer:..
( ' '
cador, e fezer certo·,. que dizimou eife anno, que o
preito veenceo, pano em algúà das Al:fandegas ; ou
(e.for Moedeím, contem-lhe cufta:s de Vafürllo; a ía-
ber. oyto reaes por dia: e eftas mefmas-c;uftas conta-
rbm aas molheres de cada hnú dos fobre ditos, fe pet~
fy trautarem os feitos em vida dos maridos, com tan_-
tO que eílas peífcras em efl:é capitulo contheud as. te.-
nham ,.en durando: 9-s preitos, beílas fuas de fel la, ou
cl'al-
·' (a) catas ,, e· s..
Hº Lr;Ro PRIMEIRO TrTuLO~ARENTA E QYATRo

d'albarda, e venham em ellas aa Corte, e as-tenham


l)( continuadamente, em ·quanto os feitos durarem; e
fe as hi nom reverem, nom averarn cuíl:as, fcnom de
piam.
5 ITEM. Se alguú, poíl:o que nô feja Vaffallo, for
Efcudeiro bem criado , ou qdadaõ honrado , ou
femelhante peffoa, e vier aa . Corte em beíl:a de fel-
la fua, e fezer certo como a t.ro~ve aa Corte , e a te- ·
ver hi continuadamente, em quanto o preito durar ,
a taaes como eíl:es contar-lhe-am cuíl:as de Vaffallo;
<: f~ d' outra guif~ vier, nom a verá cuíl:as, fal vo de
piam.
6 ITEM. Ao piam, fe for veencedor .em cuíl::as,
contar-lhe-am quatro reaes por dia, a faber, o dia,
que parecer emJuizo, ou der 'i·nquiriçom, ou for veer
como juram as teíl::emunhas, que contra elle derem; e
~ftas meefmas cuíl:as contarorri aa molher do piam ,
quando per fy trautar o feito. e em ellas for veence-
dor.
7 >-! TEM. Se a parte veencedor for morador no lu-
gar, ou termo , honde fe trautar o feito, . taaes como
eíl:es, conten-lhes foomente os dias, que parecerem
nas audiencias, ou derem inquiriçom, ou forem veer
como j uraõ as teíl:emunhas, que contra elles derem ;
a faber, quantos dias fe m;íl::rarem pelos termos do
proceífo, fegundo for a pefioa, como dito he.
8 ITEM. Porque aalem dos dias, que fe pelo pro-
ceffo moíl:ram, que as partes parecerom em Juízo.,
ou em tirar as ·inquiriçooés aas partes, vaaõ outros
muitos
·.
!>o CoNTADOR DAS cusTAS, ETC, 2f I

· muitos dias feguir feus feitos em eíl:ando conclufos


~m· poder ~o Julguador, aguardando as audiencias '
.quando effes feitos ham de fair, os quaaes dias fe
-nom ·efcrepvem; e porque taaes dias forn incertos ,
_o Contador dê juramento aa part~ , quantos fom ef-
!fes, que fe affy nõ inoíl:ram pel~s termos; e effes dias,
que jurar, fe vir que ·podem caber no tempo , que
effe proceffo durou ' effes dias lhe contem' com .,,t ãn-
to que por muito tempÓ que elle jure ,_nom ihe. con..o .
tem mais que ataa vinte dias em cada huú anno nó
tempo , que o feito durar, e fallarem a elle , porque
eíl:à fe ' coíl:umou affy fempre antiigamente, e cha-
mam-fe dias de cufiume; os quaes dias-de cufiume
foomente averam lugar naquelle, que for morador nó
J~guar, hon.de fe trautar a demanda; e naquelle, que
hi nom for morador no luguar, honde fe trautat a
demanda , deve-fe guardar o que he contheudo no
. capitulo
. feauinte.
o
9 ITEM. Se a parte veencedor nõ for do luguar ,
e termo J honde fe trauta a demandà 'e feito' e vier a
.effe feito d'<?utro Julguado , a tal cor:rio eíl:e fe conta-
ram todolos dias, que hi for dÚheudo per effe feito, .
.e os dias da viinda , e hida ataa que chegue a fua ca.-
fa, contando oyto legoas por dia, e menos nom, e
mais tres dias pera fe fazer, e tirar a Sentença: e ef-
to fe entenda, fe elle hi nom veeo por outra coufa; e
fe por recadar outra coufa veeo mais , que por feguir
o feito' entom nõ a verá cu fias ; fenom dos dias~. quer
. Liv. L Hh . pa~

. '
. -~
,4~ L1vRo p~·1MEffio!J'.fruw~*F,i~T:A°1: Q.:gATRo
' , ~ . ~. ! l ' • '

.par~cer em ~ui-zo ·,--ou.· der .Í~<i):uir\~q_m ., .ou .vir :ii.m~r


rà$ ·te.fl~rnunhas. , .GOFIH>', füto>he, C OS d°ias. qe cuftum~
_\Càmo ;[~ Jl10rad~i,foffe ne 'l•ngUar:,e d 7 outm.~. guiía,no.Jll,:
, e eíl:e <:::Of?-hecimê'n td perteença •ao Ççintador., e [e á~ .
-cerca . âe1Io * aco~~ecer (a) * -aigúa duvida.~· falle-:o
.fcop1 o Cha~~éller ;·.ou na Rolaçõ.. ,
~ • -'.;g© -. J;i: ~POR«l.YE 'aeontei:ce rnui:tªs ·-vezes-·, .que efta:s
·; parÍ:~s ·; que. weem 'ªª'corte d~outros Julguados, foín
. ' · "' AJf~ yâtes , ~Çapateiros, [e >Carpinteiros, e ·d.:m,1tros
1Mefteêes.,-. dos"'q_liaaes. ufain :c!i)ri.tinuadàmei:ite em ,ef... .
~fes• IJgare~, ,.
hontle a ·Córte, ·eítaa, e foom'~nte vaa-õ .aas .•

..a,utifonda.s-.. eífes...Üié!s , ~que. as fazernL;~~ :a~ aüdioocias


. ., · ~cabádas :
, fe •tornám ... -:io('.)'o ·a féus traba'lhos; e. fo à-e.
.\ ~

. • '(t,aae'S ' Mefteres fl.Om •ufaífeÍn, poepiam ·maior agu9a.


i crr ·requerer feus feito$, .e aye~iam-rnaÍs toíl:e livFa.:0
~anento .: Porerp a _taaes 1 como ~eftes ,"que achado"for ~
(<gµe. affy ·Nfam ·dorvditos :Mefterçs .conünuadamente - ~
e de1les ham provÇito, nom lhes contem ; (falv-O"o!} ·
(: ....... : -.cl~as, que fe ~Õfrrárem~ qüe parecerom em Juizo, ou
·iderem ·iiiquirir;om, ~u"vir~m jurar"às 'téftemúnhas ',.·ê'
.es días~dd, c~füi.me,. •c omo:dito he : e •efta me·clês Re'l
. 1tgra te.Iih~tn nas partes., qNe ·aa Gorte vierem .d'·0utr0
1

-J:ulguaclo ;· e~'€m duran<fo: °':prêit:o vive.rem pmPtordaJ.


«~das ;:Ou àndanh'n a j0maaesocontfouadamente.
:.. ~I 1 ~ rITE·M. ifyf;ü·i~as vezes~ a~on~iece algüãs ~pa_rtel
v.iirem;aa G:<me. a foguirem ·feus preitos,. ~· íe cheg1:1an1
"'ia' aJgu'íís~·Fidtrlgos -,eu!. Clffic.iaaes de ·_ no.tra C~fa ;.'<i>µ ã
l~ . '..' . . '. . . .. fe-- .~

,
~ 1 --ir-
'" (ir)b lhe rcçrcccr .S.
- · 1• • ·' '
.....----....--:-
. .....
.. ·.
'
...
r •

( Do C0NT'.ADOR: DAS CUS.TAS., ETC.

ferndhav'ees °}:leÍfoas. par


di'.vido, ou ci:ia~qrn, o~ ami-·
zade' ' quç'com elle& ham 'e o~ aco~p.anham ;~·e for~
veni .:e l~s dam de.come-r-, e gafalhado dé p_o'ufada,
e.can:ia·,. e.por eíl:e guafálhado, que. afi~ har~i~ ,' ndr:n f~:_,.
• ... í . •

... · ~ àpricarn (a)'*. ~l!Jiin0 d ~ requere~em fe,us feito~ P:ºt' _·


enfadarem ..ª P.art~, e 0 fazere~. ~~afiar; e ·por'!uc '
foqmente os djas :da. pefloa fow1 dados aa p.art~ •põla:
mantiimento neceffario: Parem .. taaes como. eftes , fe
;veencedores forem ·em cuftas , contem-lhes foomen.,
te os dias, que parecerom em Juizo , que fe ·moft.ra~(
rem pelos. termos do proceífo, e os. dÍás do !iarp.inbo.,
• • ... 4

acfaber, da hida ; e ·viinda , e os do cufturpe,. com~ .. .;


~

,pito he. . · ·
(( 12 I TE.M. Se alguú Vaífallo ~ ou aconthiado for- ' •
peífoa honra~a, que tragua c.omfigo parc;eíro de bef.,.
ta, ou de pee, que com elle viva continuadamente,
a tal como efte ·aja cuftas pera fy, e pera o parceiro;
a:faber, o da befta leve cuftas, como de befta, e o de .'
p~e ~ como piam ; e cfias medês cuftas lev~m as mo,. ..
&eres de cada huú dos fobreditos, fe com figo trou ..
,yerem .os femelhall'(es parê.eiros ,'e ·companhe_iros, ou
companheiras : e efto fe 'entenda , que eftes compa ..
aheiros, que _aífytrouverem, fejam de hidadé de dez-
oitó annos. à cimà·; · e nom~ lhe cohtem, falvo·huú ".
companheiro, ou càmpanheira, pofto que mais tra..
gua, falv:o .fe for Fiaalgo, oú. Cavalleiro, feglindo a..
diante mais compridamente ferá declarado • .
Hh 2 . 13
.C") aprelfa(j . · .V
·'-'4.4 LivRo P.arMErno TrT'u:wQEAREN.TA ~ ,QYATRo
! ' . .

. 13 , I~tM. Porque muitas v~zes a~Ónte~e, que a


parte, principal nom yem per ' fy .fegui,r o prei.t() ,'e
ma~_âa a.lguu feu, que êom ~He ~ive :;· ou -·0~tr<? alg1.1lí-
.feu _pal'ente , ou chegua:do" Ou arriigo ~ .quandà tal
.,parte c9mo efta for ven,Cedor . em cufta~, _feja o .Con-·
· ;·t:aâor av.ifadc;>; tjue fe a parte principal _for p iam, que .
.nom conte mais c.iifta~ ao Soljci:tador , q,ué·aquell9 ,
. >j: \ ' •• '

; que çontariam ~0 Senti.o! d~ preito, . [e ' ª elle per fua .


·... · )Je~oa _ãiid~ífe, poíl:o que .o~ Solicitador feja Vaífallo ;
·,. -óu aconthiaqo , ou das peífàas , que' per e'íl~a Horde-
n~çom de.vã d~aver , cuftas de Vaífallc».- E fe a parte' ·•
•prin.~ipal :for .\!àífallo, .;l!-.aconthiad.9., e ~nanda:r * So-
' licitador ao (a)'* preito ·, q.ue·. fçj à :fem~lhav~l a ellé , 1
a t~l· como efte. co~tem taaes'' cuftas peíf0aaes, c9riio
contavi; m ª? Se·n hor do preito , fe' prefente foífo'; e
,~oftq qu,e o Solicitador .fejá maior, e de ma,ior confü..;
çóm~ que· ~ Senhor.do p~eit.o, no~ lhe contem maio..;
-r és Cl!lftas da,' pefioa, que aqudlo ) que a' parte princÍ..;
p ai podé~ia levar, fé per fy prefente fofi'e; e fe o Vaf-
faUo, c;iú aconthiado, ou Clerigo ,, Ql1 Viuva manda..: ·
Fem piàm ao preito por Solicitador, riom lhe contem,
lfalvo cuftas. de piam. , · · · · ., ·
• I'4 ITEM. -~ando àchardes, qu~ bua pa~·i:e, tra~
;-.. 1'
1•

·'ô ous , ·.ou tres fei'tos ~a Corte , mais , ou menos polo


. cmfo. ; como, fe mui.tas .vezes ' acontece, quando tal

p.ar_te,, como efta, for veencedor em n1ftas, teer.:fe-
/
1

á_ eftá'. i:naneira em a~ contar. Se eftés feitos fore~.


~\. . . ' º hor-
·r~ ~ - --._,..;'' - - - - - - - - - - - - - - - - , . . . ;........- ..,,
-' ~ (<1J - foliü tar no,S~ .
..

._ ... Do CoNTADOR DAs · cusT.A,s·, ETC •

.Jiordenad os com hua parte, ,e juntamente forem def-

..
embai-gados , fará pergunta a dfa parte veerl:cedor,
que efcolha de qual defies feitos quer levar as cuftas
de fua peíf~a, e deífe feito, que efcolher, defie Ih~
fej~µi contadas.' E fe eífes feitos forem com defvail:a-
1da~ partes, e em huú tempo forem defembargl:Jados,
. fejaõ a eífa patt~ vencedor repartidos eífes dias da
pefioa, fe alguu tempo vierom; e fe nom vierom jun-
tamente, do prime.iro lhas contetn em cheo, fe julga-
~ai; forem, ataa qu~ os outros feit~s viérom, ou cada
~uúm ~elles, e d' hi endiante os repartir como dito
he; por .quanto poderia acontecer muitasJ vezes que
_ç~da huú levaria ..cuíl:as de peífoa ~nteiramente feen-
do aífy defenbargados per partes, e aífy levaria as cuf-
~as peífoaaes multiplicadas , o que nom feria coufa
rafoada : e o Contador n~m feria avifado fe lhe con-
tara já outras cuíl:as, fe nom, por o trefpaífamento
dos tempos, ou por eífe Contador hir a alguma parte,
.~ elle requerer eífes feitos juntamente em húa audi-
~ncia, e levar de cada huú os dias da peífoa em cheo.
.
I 5 ITEM. Muitas vezes acontece molheres, que
-
nom fom de Vaífallos, 'nem da& peífoas , que cuftas
de Vaífa!Jos devem de levar, e eífo rneefmo homées
'velhos , mancos , e doentes, que norn podem viir de
>pee, e trazem beíl:as allugadas, em que veem; quando
taaes pefioas forem veencedores em cuftas-., contartt
lhe-am os alugueres., que fez eré certo, que derom a
Fífas be!las,. em que aífy vieram aa Corte: e. e~a pro;-
va
'
·'·' ~ .; k

- '. ., . . ~ ~~ :~· .~~:~?~~!


~
· · -· ~. . . . . . # •••

<;.·. : .:\.. . ~
.~4<6 LrvRo'P"R:t~l!t<J, T.cit:r~'~'AR.R~'D~ ~~ ~Ra ~ .~~<.
1vá dem ·per teitemü'n:hag;, "~. ~~F efeript~ ~;· : : ~ :fe-Qi:r.;i ~ .: .~";~~·
f{l'rem, que rtom tee)h reftemunhas, fique ~µ:k feu jú.::.· .: .. :t .·:
ranientõ, ~0m ta11~o:~~e efro, qué aJfr J.9~rarem i; n~Iilw, ~~·:;,, _
~affe de' ce·m , reaes a: cimã. - . \. . ,,_ ' ~-.! •• ~ ~

..
• t.
16 ITEM:. Todo o horn~fu, ou plófher ; que foi: '

prefo', e veencedor for


da.s cuft~s; coritea-lhe todolt;)s·1
.
dias , que· achado- for, que f~~- prefo, e•!Iláis huú - .,. ~
fer- .,
víâór por íirnpres peffoà.; ·q'l'i~: fe)à.-; a .(aber, fo fot ''..: ~ .. • ~~
elfe prefo fal peffo~, que ~ja d'av:ei;; cuftas de.Vaif.aHo .... , '
é:onten-lhe-'as ~uífas de fua pdfoa, como cle V-àífal.lo; .• . . ..
•a faber, oyto re~es· por ·?ia, -~. o .feividór como de pi- ·.·· : ~-
1ôm, a faber qiaatto reaes por d.i~; e fe'_ effe prefo fon·.
·piar-ri~ conten-lhe de fua peífoa quatro reaç;s, q~a~' e
/
t{à ao fervi:dàr; e fe effe w2fó fcir ~oor peffoa, quê1
cada huú dos fob~editos Va:ífallos , ou aconthiados ~'
~c-onte'n-lhe ~ais' fervidores, fe os. te ver , fegundo foi 1
'f eU: eftadó. .
17 ltEM: Se O· feitÓ fe trautar na·corte, e a part~·
· /
veen'cedor for Defe~bargador, Jlu 'J;>rocura,dor., 9~ Ef~..
·cripvam, óu tal Official, que per belJl de feu Officid . ,
deve efl:ar cada dia nas audiendas' , QU fe trauta pe.:. . e

rante o Juiz~ e a parte he T.a,balliam, bu PFocura._.;;J ·


' dor , o~ Portei'to .; a tal parte , como eft~ , n0m :[e'· ·
1c ontem ~ias de peífoa, nem de cuftume , pórque.· ·
ainda que tal feito norn óuvefre, avia d'hi'r á áupien-~
t ia per bem de feu officiQ.
I'8 ITEM. Porque·a,lgúas vezes forri julga~as aJ ·
»cultas aas· partes como vên,cem, e fom veencidos·;
' cm

..
:~m·,ra:J *.donta't(~).* ~e'-1Q~~ :ha i;nefter i<d"ifcripÇ,óm'
pcirqqe . pouco~ . éb'ntadçll;eir a~ fabem confar~- dir.ei,,.
it-àr-bern.te. ·iE.~rem * cleelara.ndo Nos (,b ) * ..o mQ®,
..: ·~- ·-:~qµe ·düyem . :tc::~r :ero :as contâ:r, por as partes ~i~
. :_: '"· - ~e'it~r'J<'l:Jilte .ga:d~ JhJia:.av~r fou .giróto; p_i::imeii:.~~~n,.
-. ·:.._' .r:e ·.'~!'to'Iítader · d.~;v~ .ve.~r a ,au'y_~m po 'a1ft9r qQa.n"l"
po. h~'º ~ 51u~ d<;~o.da, ; e. entq~jl' :v~j~ ;à_çóp,thia ~ .em,
H'lt~·. 'C~nd~RQ:~Õ : o..F.~~o ·, <;)u .Jl[c:>J\,l~·t;l1~ e·· egi ·ªque\-:-
lo' .en} ,qu~ ~ reeo for condãphado ' '~çni ;ta11io ,qe 9
flll;th?~·:V·~-~~9c::d~r ;-e::.em ,aqudlp,, <;.rri ..q~e o re~o. for
;tbfplto·,_:e.m ·tf!,hfo :h@·o reeo -veçQçec;i9r; ~ .vift_o -toçio,
fará du~·s .iÇ'~~~í\s · ~-e Çuff<!s ., ~ffoJD~~-as ,as ~Gufiª~ 99
,êutor .á, fqa '~l\>flf~e,;.=~;.i~ ~á.o ;ee.o _à, fua i·e. .des ~qlJe .fq:-
1J~m fo~~d~~ / p_ro~ej;a:qµàntas pa·r~d N~e-né~ç :o a;µ,.
· tor .daquâlo , 'q-1;!.~_:he: ~<i>-~,..tb~~çlp. ti~ fµa ,aµc;,qro ; ~e
1 '
,g.u(\nto no1m .V.<f~f}G'e.P , i·~e ~:~ q.4!PWlS RªJfte~ aQP,jr ~
g4e oVcten~egJ(_t~itf!.~: P,a.1:~és, lh~: de,m Q.!lfü Ç-~flas da;i(IJ~
fçqia do ~mto~ ,,--e-:a,'s ·"mais ·CUÜ~S la_oce *~a ( l') * f9~a;
0

porque nom . d€ve; ~~er 'ql~i~, cqft~s. da fua (~\TIª,. (al..


. 1 - •

YP.q4a-nto ,;ija pal'te ;;,.que. 'Cenc.eo daquello·,. que ,p.edio.


,p a:.auçom ;.,e ,dey-fiJ:i.;tpeÜt'l}~ 'gui(a, '[ã_çá Jpi:na·<l<J's,·cJ.lf..
. .~<J.s., do-,r~eo ,~ <J:e~ 'g_µe" ~íliõ-fey,~; ·~ ~eja q~a:P}0-:rfi9a ê
cada , J-i4,ú ~qir,ehamente · de··«-qftas . da foa foma·,.. e fa.;i
tS'.~ «de.fco.mpenfaçofn :de , hiíà~ . ·cuf!as ...pelas .õuu;as , e
'êíry o .declare. no 1fim.da .
c~nti. · ·'* ... . . . ·
.,. .,.1r_9 .~ hf.M -~~and:O~for .aol~aclo 1.na S~'ntenç_a >"- que
'ª s cuftas fom julga.da~ a;i ·p.'!rt.e ,y.el)cÇ~_or .foo_irFP.Ç~·
" . . (1-
..,
1
• ~ :..~ < r·, .,. .,. 1 ....; ·'· · ce ~1.aS

.'i"fa)' \-1inta s. (h) dççlaramos (e) Falta S,


~!}8 L1vR0·PR'.1MEil\o·Tr't:'C!J'LO ~ARENTA~B QyAT~o

cuftas do proceffo, conte todalas cuftas, que a ·partê


fezer no prôceffo , e mais norri.
20 !TEM. ~ando acharem , que as!ol'flas fom
julgadas em dobro, o~ em tresdobro, todalas cuíl:as',
que fe rnoftrarerr{, que a parte fez, fe contem · em
dobro , ou em tresdobro, fal vo o falairo do Procura-
.dor, e a fentença: e feello, e a 'conta do Contador, e o
pendente , qu·e leva o Chanceller : e eflo' fégundo o
cu.ftume antigo.
2r ·1;EM. Contarôm aas partes vencedores erri
cuftas todalas barcas, que paffarê ao través em vi in-
do ao preito, e em tornando {!'era fua ªª ra, quantas
·vézes as ·paffar. ; é nom lhe contem barcas·.. de longo
do rio, p0íl:o que o alleguem ;. foomente os dias dá
peffoa, porque. aify- fe cuftumou d'antigúa~ente.
22 ITEM. Em efta maneira averam de cuntª-r as
cuftas aos Prelados, e Fidalgos, quando em ellas fo-
rem vencedores em 'feus feitos., fe por effes feitos a.a .
Corte vierem , e por al hi nom andarem.
23 !TEM. A C:ondes. e a Arcebispos vinte ho-
mées de beflas a cada huú, e d'hi a fundo quantos
trouver, que fejam feus proprios, e alheos nom : e fe
mais trouverem que vinte, nom lhes contem mais.
24 !TEM. Bifpos, Meíl:res , Priol qo Efpital, e
Rico~ homés doze beftas, e d'hi a fundo, como dito
he, e feus proprios, e alheos nom :. e fe mais trouve-
rem que doze, nom contem mais.
25 I n:M. Ao Abade d' Alcobaça, e ao Priol de
Santa
Do CoNTADOR DAS cusTAs, ETC. ~49

'
Santa Cruz contaram nove hom€es de befias°, e d'hi
a fundo, fegundo de feito t.rouverem, e ainda que
'"' mais ,tragam, nom lhes contaram mais: e per feme-
lhante cóntarom aos .outros Abades Beentos quatro.
e d'hi perá furido, e mais nom. ,
. I~·
26 ITEM. A Ifailçoões, Comendador Moor, Fi-
claJguo, ·ou Cavalleiro de grande eH:ado, fern~lhaa­
ve.es ao dito Commendad'~·r, e de femelhante fiado,
·ou' maior, fete de beftas, e d'hi a fundo os que ,trou- '
, verem feus proprios , e éJ.lhéos nom ; e fe mais trou-
verem J que os ditos fete J nom lhos contem.
27 . ITEM. A <_mtros Cavalleiros, e Efcudeiros
mais fomenos quatrf de beíl:as, e d'hi a fundo, co-
. mo dito he; e fe i;nais trouyerern, nom lhes contem
mais.
28 ITEM. Aas molher'es dé cad·a huú dos fobre-
ditos outros tantos hornées, e rnolheres por todos,
como aos maridos , fe os trouverem frus , e alheos· ·
lJOm: e efl:o (e entenda tambem em as molhei·es def-
tes fobreditos', fe Viuvas forem; e fe mais trou:verem,
nom lhes contem mais.
29 ITE~~ Em todos eftes capitulas, que fallam
das encavalgaduras, que ham de feer contadas aos
Cond~s , e Arcebispos , B[spos , Meefhes, Priol do
"'
Spital, Abade d' Alcobaça , ç ao Pdol de Santa Cruz,
e Comendador Moor &c. nom fe entendã aas ' fuas
pefioas principaaes, p~,rque aallem das ditas caval"'.'
guaduras , lhes. contaram as fuas peífoas.
Liv. I li T J...
2JO' LrvRoPRIMEIRO TITuLO~ARENTA E CINCO

T 1T u L o xxxxv.~

. De como fe ha de contqr o jotairo aos Procuradores.

A os Procuradores do numero contarom o folairo


· , . dos feitos civis a quorentena do que veence-.
i;en;t' ou defenderem, ataa ·conthia de vinte libras da
moeda antiigua, que lhes eram taufadas nas Horde-
naçoés ante feitas do maior folairo, que fõ agora qua-
trocentos reaes , fegundo a declaraçom novamente
feita na Hordenaçom, que fe fez açerc~ da vallia das
moedas antiiguas : e porquanto em efte~ folairos ha
algúas. duvidas, declarando acerca dello , teer-fe-á
efta maneira quando fe ouver de conti.r.
I hEM. Poi:que muitas vezes aconte.ce horde-
I)ar-fe huú feito de grande conthia fobre efcriptura
pruvica 1 e pôfto que a parte, contra que fe dá tal
~fcriptun peça o trelado, e venha com enbargos , e
J).Om lhe he delles conhecido, mais o Juiz fem en-
bargo delles procede pelo feito, dando em elle final
terminaçaõ, em tal cafo averá o Procurador o terço
do dito folairo.
2 ITEM. Se effa auçom affi pofta per efcriptura

pruvica he julguada, que procede, e a parte pede o


nrelado della, allegando algf:ía razom, de que lhe he
eonhicido, e dá em prova outra efcriptura, e fe ra-
7.oa febre ello, e o feito he fobre taaes efcripturas-
logo
p, DR COl\I·O SE HA DE CONTAR O SOLA IRO ETC. 25·r·
Jocro determinado, fem outra prova de tdtemunhas ,
b 1 •
entom aja effe Procurador as duas partes do di.to f@-
. ..
,

.lairo.
3 ITEM. Se effa parte de tal efcriptura p,ede o .,
·t relado, e vem a ella · com enbargos, e os enbargos .
fom ' taaes, que procedem, e for fobre ello filbada
prova de teíl:emunhas : e fobre eifa prova for dada
Sentença, entom aja o Procurador, que vem:er, OJ.I
.defender, o folairo enteiro, fe chegar.effe vencimen-
.to á conthia, p erque o deva de levar, fegundo adi-
ante ferá declarado.
4 · ITEM. Effo rpeefrno aqueece per vezes h0rde-
1mar-fe hlJÚ feito fobre muito pequena oonthia, a!fy
'fobre herança, como fobre coufa movel, e dura per
longo tempo, e o Procurador leva em · elle grand.e
.trabalho aas vezes , per fer em ponto de direito, e
ilhe convem fiudar fobre ello,, ou vor ferem muitas
'..efcripturas, que haja de proveer, ·e fe ~queece de tal
..feito ·nom montar a eífe Pro_s:urador de quarentena
..de feu folairo de dez ataa vinte reaes, fem razom
:feria nom aver gualardom de feu trabalho. :Porerri
iquando fcme.lhames feitos contarem, teerorh a regra
J upra pro_xima, ai vidrando-lhe die folairo, que lhe
parecer, que razoadamente .me-;ecé, com tanto, que
.nom chegue ao folairo enteiro : e fe duvidarem, fal-
Jem-no com o Chanceller, como dito he·: e eíl:es fo-
.lairos fe entendam nos feitos , que eHes Procurado-
·i-es novamente criam, e procuram ataa difinitiva.
li 2 - 5
252 LIVRO PRIMEIRO TITULO ~.HENTA E CINCO

5 ITEM. Nos feitos civiis , que veem per apella-


çom, ou per agravo aos fobre Juizes, ou Ouvidores,
affy cla _C orte, como dos Ifantes, ou outros Defem-
barguadores; de taaes feitos , corno dtes contarom
aos Procuradore's a quarentena do que venceren,:i , ou
defe0:?erem, como dito he, ataa conthia de duzen-
tos reaes..., e mais nom, por quanto nom levam tanto
trabalho, corno aquelle , que cria o feito de novo.
6 E :roRQgE muitas vezes aqueece de hirem fei-
tos aa Corte per apel!açom, ou agravo foomente fo-
bre o libello, e ficam logo na Corre, e defpois crecem
-tanto em leiél:ura, que leva o Procurador em elles
grande trabalho; em tal c~fo como efre contaram ao
·Procurador de folairo trezentos reaes, que forn as
tres partes da maior quarentena, fe for de conthia,
de que o deva levar ; e nos o~tros feitos, em que ja
veem tiradas as inquiriçõoes , e defpois crecem na
Corte per efcripturas; que em elles dam, ou por in- ·
terluquitoreas , de que recrecem inquiriçoões , ou-
tro tanto, como aquello, que vem da terra, ou pou-
co mc:.is' ou menos ; em taaes' como eíl:es con.tarom
a effe _Procurador a quoreútena do que vencer, oa
defender ataa conthia de duzentos feífenta e feis reis,
que he as duas partes da maior quarentena.
7 ITEM. Nos feitos das inquiriçoões verbaaes,
em que nom cabe pena de jufüça, contarom aos Pro-
curadores a quorentena do que vencerem, ou defen-
derem, aífy corno nos feitos. civiis, pois que a pa:rte
no1n
DE COMO SE HA DE CONTAR O SOLAIRO ETC. 253
nom leva gualardom, foomente pena de dinheiro, e
terem em ello a regra, fegundo fe contem em efta
Hordenaçom.
8 ITEM. Per muitas vezes fe aqueece v1irem aa
Corte eílormentos d'agravos ;e eftormentos, e Gar-
tas teft~munhavees do dia do aparecer , e as partes
fazem em elles Procuradores ; ou fem procuraçom
.lhos dam as partes que razoem, que os trazem aber_-
tos , e foomente pooem nas cofias huú. razoado, e o
levam aífy ao Julgador, e fe. he dia d'aparecer, fa_:
zero apregoar a parte, e ficam logo conclufos·, fem
em elles mai s efcrepver: em tal cafo como efle nom
. contarem aos Procuradores qua~·entena deífo, que a
parte veI).cer, foomente lhe contarem dez , ou vinte
reis , fegundo f'?r o trabalho, e crecim_ento deífe ef-
tormento, e~ que afiy razoou.
r , 9 !TEM. Se a parte maneta da terra alguú Procu-

J·ador, que folicite, e procure feu feito, e efta parte


per fy razoou fem tomando Procurador; fe tal parte
com9 efta for veenccdor em cuíl::is , farom pergunta
a eífe Procurador~ fe quer ant~ levar a quarentena do
que veenceo, ou defendeo, aífy como he tauffado aos
Procuradores do numero, fe ante os dias da peífoa ,
fegundo a declaraçom feita em efl:a Hordenaçom ; e
qual deftas efcolher, eífa lhe contem de tal bcru ifa ,_
1 .

que honde levar dia da peffoa, nom leve fol airo; e


fe levar fo b iro, nom leve dias da peffoa, fal vo os di;-
as, que pofer no caminho da hida, e viinda.
10
I!nv·ilo PRIMEIRO Tnu'LO ~!'\llENTA E cr:Nco

10 ITEM. Se effa parte principal, ou -folícitador,


ou reG 1ueredor nom. quer torpar P:ocurndor ; nem
e.lle per fi nom *o fabe procurar,, e bufcar (a)* fora
alguu Leterado, que lhe' faç~ as raz:oões, fem yeendo
· 0 · frito) e eífa p~rte aprefer1ta as razõoes nas àudien:..

ci as. ; quando tal p: rte forno eíl:a for veencedor em


cuíl:as, dar-lhe-am juram ~ nto quanto deo a eífe Le-
·terkl.do por effas razoões, qtie lhe fez, e tanto lhe con-
tem , fe virem que fom fe~tas per· Leterado ; co m
·tanto,' que . effo, que c~ntarém' nóm pafie de cem_
. reis, fe ta.aes razoados f~rµ errf'que [e ~e1~eçam, pof-
1

to que ; _cpnthia do que vencer feja grande ; porque


· de razom fe . moíl:ra·
. . iaom a:vev . em el'lo oarande traba-
.
-lho e11e Letera~o, pois faz ra,w ões à~ dÍto ·da parte,
..e nom vee o proceffo.
I I \ lTe ~ . S~raÕ · avif~das, que nõ contem fola'iro-
.ao :Procurador do num'ero, fe Ih.e procuraço.~n rróin
1acharem feita 9.0 proceffo , porque affy fe ·aouíl:ú-
'Iíloi:i fempre -d'antiiguamente ·; e fe lho contarem,
'pag~em-no de foa c_ a,fa <tª parte con:dapnada; falvQ
'nos·feitos criníes dos proceffos, que per .cuftur-r_le an-·
•tiigo os Procurad~res podem ,P;ocurar poHos prefos,
.c ome ajudaàores, poíl:o que nom tenham procura-
çoões ~ cm efte cafo Lhe contaram frus fqlairos , fe-
·guüdo fc ,adiante declarará. ' '
I2 1TEM. Por fe, milhor declarar , e entender co-
"mO fe ham de c~ntar efl::es folairos, quanto perte~nce -
;.to J
( (a) uía de Procurador , e bufca S.
DE COMO SE .HA DE CONTAR O SOLAIRO ll:TC. 255
ao vcencer , e defender, averaõ de veer aquello, que
ao a~tor he julgado dó principal da fentenÇa, fem.
efguardar aquello, que he pedido; e deffo, que for
julgado , contarom a feu Procurador a quorentena
ataa dita conthia, como dito he; e ao defender vee-
rarn o que pedio no libello, e aquello, de_ que o-ree<J
.vai abíoluto, contaram ao feu Procurador a quaren-
tena ataa conthiade q rocentós reis, como he con-
theudo, e declarado no primeiro capitulo; e fe .todo
o que o autor pedio em feu libello , 11].e for julgado,
de todo eífe feu Procurador ha d'aver a quarentena; e
fe o reco for abfolto de todo o que contra elle he pe-
dido, de todo eífo, que he abfolto, contarõ a feu ·
Procurador a quarentena ataa a dita éonthia,, como
he declarado.
I,.,
j ITEM. Nos feitos crimes de grandes malefici-
os , aífy como de morte d'homé, ou treiçom, ou
aleive, ou ladroice, ou moeda fal[a, ou outro male-
ficio feinelhante, o qual /feendo provado contra õ
acufado, que mor~ria porem; em taaes crimes co-
mo eíl:e.s contaram ao Procurador, que vencer, e de-
fender, quinhentos reaes brancos: e efio f e entenda,
fe o Procurador começar eífe feito, e o feguir, e pro-
curar ataa difinitiva:
14 hEM. Se for feito cri e, em que nom caiba
pena de morte, po.fio que lhe oyado foffe o malefi-
cio , e deva feer degradado ,
pado de maaõ, ou pee ,
em
256 LIVRO PRIMEIRO TITULO 0EARENTA E CINCO

tm tal cafo como efi:e .contarom ao Procurador_, que


:vencer, ou · defender, trezentos reaes . brancos , fe. o
feito começar de novo, e 6 trautar ataa difinitiva,
co~)o dito he no capitulo fuf~ dito. . ,
, I 5 ITEM. ~ando taaes crimes grayes contheu:..
~ dos nç fegungo capitulo mais cheguado vierem per
ap~llaçom aa Corte, ou aps Quviidores dos Ifantes>
contaram a; Proctírador, q rencer, oh defender ;
duzentos e ci1frõenta reaes brancos, e mais nom; e
porque aas veZfS acl'mtece crece!'em no cafo da apel-
. laçom outro ·tanto,. e mais , _que aquello, que_ vem da
terra, quando tal feit9 for .per elles vifto ~ contarom
a effe Procurador 'trezentos reaes brancos, fe virem
.que o feito he ta.l) .q!1e' com juíl:~ razom ~ê merece.
I 6 'ITEM. Nos outros crimes mais pequen9s, que
vierem per apellaçom, con~arom ao Procuraaor, .que ·
vencer, ou defender, cent0 e cincoenta reaes bran·-'·
cos, fe vi1:em, que o feito he tal, que 'com j~íl:á ra- ·
;z,om ~s. deva d_e levar. . i " ..

17 ITEM. Porqu~ acontece f*r vezes, qt1e eíles


' ~ '

feitos, que affy veem per apellaçoin, fom tam peque-


nos, e de tam pequenq_volume , pofto que fejam de
gr~ndes maleficios, que o Procurador nom pooern' em
os veer foomente húa 9ra, e fe he com a juíl:iça n.o m
faz em elle fenom huú 1foo razoado, e fen1 razom fe:-
ria levar tarn grande f~lairo, como nos outros feitos
grandes, em que traoalham mais tempo: Porem
. \
quando taa~s feitos contarem a erre Procurador, que
1 veer>-

--------"--... __\~
DE COMO SE HA DE CONTAR o SOLA IRO ETC. 2 51

veenc'er ,-ou d~fender aquello, que co~ concienci~,


e juíl:amente merecer, fem nenhúa afeiçom, e fe du-
vidarem"' fali em-no ao Chanceller. _
I8 ITEM. Seraô avifados no contar ·dos feitos,
qué faibam das partes per jurament;o quanto he o ·
que lhes eífes Procuradores , e Taballiaaês., e Efcri-
e
, pvaães, Porteiros levaram; e fe acharem , que mais·
leya.rom, .que aquello, que per eíl:a taixa lhe per Nos
he taufado, que faça logo tornar a eífa parte eífo .j
que mais levou, fegundo que a feu offi~io pertee~ce.
e fe c;l'antiiguame1ite cuíl:umou; e eíl:e carrego Man:- •
damos' que feja fou' e per feu mandado feja feita a
execuçom.
I 9 1TEM. Os folairos dos Procuradores hã d~ feer
r-epartidos em eíl:a guifa: a terça parte ham d•haver
quando o libeUo for julgado, que procede ; e outra
·parte quande as inquiriçoões for~ abertas; e. pobli-
cadas; e a outra terça quando o feito .for fiindo per,
fentença difinitiya; ca per eíl:a gu"if~ fom &rarti-.
dos na Hordenaçom d'ElRei Dom Pedro . .
..
20 E _MANDAMOS, que a dita quarentenà, qu9.
o dito Procurador affy ha de levar de feu foláiro, fe
entenda de toda a dita condapnaçom, ou auífoluçom,
de que o reeo feja ·condapnado, 0 u abfolto, afiy do
principal .. como de qualquer aceíforio , aífy de pe-
nas, como de intereffes, fruitos, ou dapnificarnentos,
ou qualsuer outra coufa femelhante em tal guifa, que
a dita quarentena nom feja contada per refpeitd foo-
Liv, L Kk níen-

''
5s LIVRO PRLlyfEIRO TITULO ~AREN-TA E CINCO

_µiente da condapnaçorn princ~pal , mais de toda a


dita condapna:Ç0m., aíry principal, como aceíforio >
corno dito he; e fe. em to~a a dita quarentena rnon-:-
tar mais-que as ditas vinte libras da moeda antiigua,
qu~ ' fom quatrocentos reaes brancos deíl::a rnoeda ora
c.:orrente, nom ferá,mais contado ao Procurador, qu~
<i>s ditos quatrocentos reaes, ·nem leva,rá mais como
rufo he declarado.
21> PERO mandamos, que fe nom entenda em~
dita qua:rentena a condapnaçom das cuftas, porque as.
cm.fias fe julguam tanto, e mais per alvidro do Jul-
guador, que per rigor de jufüça; e por tanto nom he,.
razom., qu~ per refpeito dell~s fe conte a dita quaren~
ten.a d0 Procurador,. falvo fe as ditas cuftas forem jul-
gludas per virtude d'a:lgúa obrigaçom , em q,ue al-
guem prom~ta,. que nom_co~pri~do o principal, ql.le
pague t0dalas cufta~ , que fobre ello forem feitas- ; ca
em tal c_afo ferá ·contada a quarentena ao·dito Procu ...
rador, afiy per refpeito das cuftas , como do princi ...
pal, fegundo em cima dito he da: condapnaçom ac- *
*
éeíforia (a) dos fruitos ,_e penas. ·

TI"'!

(4 } e aceíforio
...
Do _OJJE HA DE LEVAR o Co,NTADOll ETC. 259
,,

T I T U L O XXXXVI•
. Do.qt# ha_de levar o Omtador das cujlas_ polas contar.

M ANDAMOS, que os Cont~~ores das cuíl:as_ da


Corte , e da Cafa do C1 vil , honde os fe1~os
'\Teem per apellaçom , levem por contar as cuftas em
cada huú fei~o, que _dante os Juízes vierem, em que
- a húa pJtrte foo fejam julguadas as . cuíl:as na Corte ,
Õe~ reae$'J.:>rancos. E fe em os .ditos feitos, que aífy
vierem d;nte o~ ditos Juízes, foremjulguadas as cuf-
. fas na Corte a amballas partes., como-veencem , e fõ
vencidos , porque íe em cad~ huú feito hã de fázcr
duas contas de cuíl:as , a faber , ao autor húa, e ao
reeo out~a , deftas contas leva;á o dita Contador de
feu tr~balho dez reis de cada húa parte, que foro vin-
te reaes brancos d'ambalas ditas contas; e per efta
guifa levaroni os. Contadores das cuft~-s das Cidades,
e Villas do Regno de contarem as' ditas -cuftas dos
origiµaaes dos feitos , qt~e ficam na terra > e nos f~i­
tos, que fazem fim perant~ os diços Juízes, e nom ,
veem per apellaçom.. ,
I ITEM. Se os feitos , que aífy veem per apella-
çom aa Cafa, e Corte vierem dante alguús Correge-
dores , ou fe começarem na Cafa, ou Corte per.nova
auçom, porque de taaes feitos , como eftes , fe con-
.tam todalas cuftas delles na. Cafa, e Çorte, porque fe
~ Kk2 pá-

.. ,
1
260 L1vRo PR1MErno T1ruLo QuARENTA E. sE1s
~.:.. .. '

' pagua. dêl.les"tlizim;t; e nom Te cbntà ria terra' dellas


" nenhua _colifa j qnando t.aaes cuftas forem julguadas
na Corte; ou Gafa, qe taaes feitos .levará' 0 ·Contador
de c'o ntar as düas cuíl:as' 'il -húa pártirfoo·em .,.c ada hi.iú
feito vinte reaes brancos;, porq1,1~ .no contar das -cuf-
• ' -.. • j'
~as dos feitos d'ante os Corregedore_s,, e nos feitos 1,
e:: " - ' _.: '
quei forn começadqsJ
na Corte,-
he o t:rabalho dobraçlo:
.-
_
.. 2 " E-sE em osJeiros, ·que affy veem per ·apellaçõ
di;l-nté 0S ditos Con:egedores , forem juiguadas as cuf-
. tas na Corte, ou Cafa a 4ffibas as dítas partes , ~om~
.1 . veericem, 'e fom -ve~ncidas , . porque fe ha~ d~ f~zer
.. • , ' . l - ••. 1 •

a cada hfÍa .das 'p artes ·eÍn cada huum frito duas con.::
r<\s de ·cuíl:as , hui ·.das·. cuíta& cl_i!. Corte,__e outra da~.
·çuftas da~te o Çorregedor a, cad_a. h\i~ das;partes [obre
.fy ?' que'. fom affy qúatte<Ó~t·as a amba's-as partes ém
bda h_u.u feito, a faq.e r) duas dó autor) e ·~ufr~s 'du~.
do' reeo, de taaes cuftas, como eftas , porque he tra.:
' b alho de proveer bem todo o feito , l~vará o dito
'·Contador de a~ contar de cada hua das partes ein ca-
da, huum feito, que affy viet dahte o Corregedor, vin'.:.
:te r'eaes br~·~ cos, gue monta a amb~lâs ditàs partes
autor, e reeo ~ quarynta reaes brancóS em cada huú
d9s ditos feitos: qué _he. tamanho trabalho como tirar
·h ua fentença d"huú proceffo , que leve · búa pelle de
_ L • w

: perguaminho , e ·he affy e~ . !gual ·ftimaç?m, p'otque


.:como quer que CJ;lguús ,feitos fejam grandes, e·tomaõ
·g rande -trabalho em eU~s , ·outros O· nom foro t;\fntQ ,
em quG fe-pode compe11far }rnú. trál?alho ·pelo outro~
l
,-
,
Do QY'E P-E RTEENCE AO OFFICIO nos TAB. ETC. '.161

· 3 E PORQ!JE müitas vezes acon~ece, que qu~ndo


fe ham <le c~ntar as ditas cuftas aas partes ambas ,
affy como':vencem, e fom venc.idas', as ditas partes
nom .~fom ambas de prefrnte pera a verem de p<;lgar ao J
Contador feu trabalho, quando tal coufa for , ponha... ··
fe a pa'gua, das
.
ditas contas foore a p;i.rte, que for pre.\-
fente , .e ellê as pague ; e na compenfaçõ, e cabeça
das cufias carregue o Contador na foma aa outra par-
te o que l~e montar de pagar da meetade das ditas
;antas , e da guifa que as pagou , ho leve erri a dita
__foa f?ma, pera lhe ave:r de pagar a par.te, que nom foi
de prefente á dita conta ) como dito he.

TI T p·LO XXXXVIÍ.
.. Do que perteence ao Officio dos Taballiaaés, e artigos, .
que ham de levar com as cartas dos Ojficios.

p-
ÜRQYE achamos, que os Taballiaé).és dos noffos
Regnos quando de Nos ham os ditos officios
· fom acerca delles muito ignorantes,, do que fe a Nos '
*
·podia feguir, e Úgueria (a) * defferviço , e aó po-
voo dampno, e perda, fe nom prÓve,effemos a ello em
. algúa m·aneira: por-e m · confiramos de lhe.s fazer Re-
gimento, e Hordenança, per que fe ajaõ de reger em
,tal guifa, que querendo elles feer bem diligentes e~
feus. officios, ligeiramente .os poffam bem fervir fem
· feu
262 LIVRO PRIMEIRO TITUJ'..Ó ~ARENTA E SllTE '

nom
~ '

(eu prigoo·, e dampno do pov:~o: e por elles al-


fogareµl ignorancia defte noífo Regimento , Manda-
·mps ao , noffo Chançal-le~ que nas cartas de feus offi-
c,i0s mande a cada huum cfcrepver coqio elle .. le;va o
, ~ito Regimento ·dá noífa Chançallaria, e que as nof-
fas Juh:iças lho faç~õ poólicar em Concelho na pri-
q
meirá domaã de~caq~ huum me-z : qual Regimento
he éfte, que fe adiante fegue.
1 PR_IMEIRAMENTE, que os ditos Taoalliaaês ef-
crepvam tpdal<!~~ inotas dos con,trautos em livro ~e
portacolk>, e como forem efcriptas J que logo as leam
·*perante (a) *as partes, e tdh:munhas; e fe ·as píiir....
• , tes as outroguarem , logo fo-affinem de (eus nom7s as
'notas; e fe àffü1ar nom fouberem, affine por elles hu-
1 . ma 'das ditas tefterriunhas, ou alguú Taballiaã, e nom

o que a nota fezer, ·fazendo mençom como fob-.a~­


na pola parte, ou partes, por quanto ellas nom fabem
affinar: e fe em leendo a dita notá ,~em ella for adi-
do; ou ·m'inguado per antre linha,ou ;~ rifcadura, ( b) *
9 dito Taballiam faça de tudo mençom na fim da di-
ta nota ante da affináçom das_d.ira; partes, e teftemu-
nhas em guifa, que ao defpois p.om poífa fobre ello
vir duvida algúa.
2 ITEM. fylandamos, e defendemos aos ditos Ta-

balliaaês, qne quando·quer que forem requeridos de


fazer alguãs efcripturas de fermidom > que as no~
efc~epvam em·canhenhos· ,.nem em ta voas, nem per
e-
(a) prefente ( b ). refgadura M. ·
Q_o 9-YE PERTEE-NCE AO OFFICTO DOS TAB. ~TC. 263,

ementas, mais que as notem logo em eífes livros de


por~collo pela guifa que dito he; e fe .os ditos li-vros
hi nom reverem, que vaaõ por elles, ou fiquem de as
efcrepver, e notar em feus livros em fuas ~afas onde;
os t~em ; ·e ellas notadas, que as nom dem fob íeu fi-.
nal ataa ferem prefente as partes leudas, e affinadas,
como dito
'
he.
.
·
3 ITEM. Se acontecer que os Taballiaaés nom
conheçam algua das partes , que os ditos contrautos.
g.uerem firmar , elles nora farom taaes efcripturas ,
falvo fe as ditas partes trouverem algua teftemunha ,
que digua, que as conhece; e em fim da nota os Ta-
balliaaés façam mençom como a dita te{l:emunha, ou
teíl.emunhas c~mhecem a dita parte , ou partes,.
. 4 · hEM. Os ditos Tabailiaaés nas ditas efc~iptu­
ras, que affy fezerem , ponhaõ fempre o dia, e mez>
~ era, e a Cidade , ou Villa , ou Lt;guar , honde·as
houverem de fazer. .- '
5 ITEM. Os ditos Taballiaaés darom as efcriptu-
:ras, que houverem de fazer, a feus donos do dia, que
as notarem ataa tres dias ~ e fe lhas elles no_m pedi-
rem, nom fejam culpados ; e quanto he aas efcriptu-
ras grandes, -porque as nom poderem em tam peque-
no efpaço dar, que as·i:lem do dia, que lhas as par-
tes pedirem ataa .oito dias. _
6 1TEM. Se alguem pedir eftromento ao Taballi-
aam por algua razom perante o Juiz , que lhe·nom
quer fazer comprimento de direioo , fe o Juiz díífer,
daai-
264 Lrvn.o PRIMEIRO TrTuLo - ~ARENTA E SETE

daai·lho
. .
com minha repojla, digua logo o Juiz a tepof..;;
ta, e fe a logo nom der, o Taballiam nom leixe de dar
o efüomento ao que lho pedir : e deíl:a guifa o façii
antre as outras partes, que pedirem eílormento, e lhe
algtía das outras partes ~om quiíer dar logo a repof-
ta, ca he certo que fe o Juiz , ou parte , com que ha
à contenda, noip da a repofta, e lha de!Óngua, que o
.mom fazem , fai vo por lhe perlonguarem fuâ deman.?.
da, e por nom * percalçar (a) * direito.
7 · ' ITEM:. Os Taballiaaés levarbm das efc,ripturas,
que notarem , a- m~etade do dinheiro, que em ellàs
montar, aos vizm~.os dõ lugtiar, })onde morarem ~
tanto que notadas forem, e -a outra meetade lhe pa-
garam, feitas as efcripturas; e fo as partes hi nom fo-
rem ínoradorés , que lhe paguem logo todo o que em
ellas montar, ou lhes dem penhor por ellas: e os Ta-
baliiaaés dem as ditas efcripturas ao tempo fofo dito,
fegundo lhes he devifado.
8 ITEM. Os ditos Tabaliiaaés feram mui dilltgen-
tes, e a vífados de bem -guardar os ditos livros de por_.
tacollo, e.m guifa que quando forem requiridos pera
moíl:rar as -notas, que as mofireih faãs, e limpas: e
por fe'u trabalho de bufcar, haveram aquello,que lhes
per Nos he taixado fem pedindo, nem levando por
ello outras peitas ; e fejam certos, que fe as ditas no-
tas nom moftrarem boas , e -faãs fem duvida algúa ,
/'
que todo dampno, óu phda , que fe aas µartes dello
' - fe-
r
])o Q!!E PERTÉENCE AO órFICIO DOS
' .
T AB. ETC • . 26 5
fegulr, elles ferem theudos de a pagar por feus beés:
e norn tolhendo porem de elles haverem as outras pe.:
nas, que per direito , .e Leix do noífo Regno em tal
cafo devem d'haver.
9 hEM. Mandamos aos ditos 'Taballiaaés, que
alguas efcripturas, ou appellaçooés, Off trellad~s, que
houverem de dar, que primeiramente_as concertem,
prefe~te as partes, em guifa que a~ d~fpois nom pof-
fam dizer, onde taaes efctipturas mofirarem; que fom
minguadas, ou enadidas.
Io 1TEM. Os Taballiaaés das audiencias nom ef-
crepverôm algúas efcripturas, que perteencem aos
· Taballiaaés do Pàaço, e bem a:ffy os Taball_iaaés do
Paaço nom efcrepverôm alguas efcripturas '·que per- ·
teençam aos Taballiaaés das audiençias: e quem quer
que o coritrairo fezer, haja àquella pena, que per
Nos h.e hordenada no título da repartiçom dos Ta-
balliaaés. -
1I ITEM. Todolos Taballiê-aés, que fezerem -
efcripturas per cedullas ~ que lhes dem as pa~tes, fe-
jam avifados que tanto que as ditas cedullas forem
notadas , que perante as ditas partes féjam leu das,
pera fe loguo veer fe_ fom concertadas com as ditas
cedull~s, ç .em outra guifa nom, qem os eftormentos
'1ªs partes per nenhua maneira.
12 ITEM. Tanto que em cada húa Villa ,.ou Lu-
. guar .os Taballiaaés do Paaço forem dous , ou dhi
Liv. L LI pera
· ~266 brv Ro PRIME.IRO Trruto ~AR~NH E sETE. ,
( - '
pera 'cin1á, façam em guifa corno:·frr:npre' "( t7) fiem)
em cafa apart~da , que lhe pera ello for -hordenada
JD~lo Concejho _, por t~l -que as partes , que os meíl:er
houverem, pera fazer algúas.efci:ipturas, 0s poífam1
. 1igo,i~aínente ac11a1' erh
a: ·dica: caf~) que ·lhes. aífy for
affinada. :-";
13 1TEM. ~anclo'. notarern algúas eÇcriJ?turas ,.
que perteençam, e.devam fc;.er dadas a. ambalas par-
~es, fe ~a,dà Mia dellas pedirfua efcr-ipt~.ira , feja:lhe
9ada , ainda ql}e a outra, Pª!·te hom peça a: fua. ,
" 14 · ITEM. ~e nom fcjam Juizes ~m nenhuum
tempo,
. '
que foren~ Tab~lliaaês
. .
,.hem voauem
o
em Jui~·)
_z0 por fllgúa peíf0a, falvo por fe~s. feitos, ou daquel-
fos, que vivem com elles continuadamente e:m fuas ·
cafas . .
. ' I5 ITEM·. ~e nom arre1;d~m os moordomàdos ,. '
ne~ ·Outras · aJgúas .Fenda~ do Çoncelho. , de que ha-'
jain de fàhir coritendas, que devam feer defembar-J
guadas pelos Juiies, perante que elles efcrepverem.
r6 I T~M.' ~e fejam bem diHige-nt.es cadé\·V€Z 1
que f-0rem éhatnados ,pera hirem fazer alguús. cqri-_
tra.u•t0s, ou * eítormenfos (b) *a aiguas peffoas hon...:', ·
,radas, ou enfer mas ~ q~e arrazoá:damente no~ pof-
fam, ou devam vSr , ao dito Paaço, que vaaõ logo a·
fuas . cafas, ou moradas daquelles , a ~uj0 requeri-J
J;ne.mo forem chamados.. ' .
·J 7 ·IT EM. Seja~ · avifadüs , q~ando hot1~erem de)
:fazer
( >$.) conti1rnad;imente. (,b) teftamel)tos. S••
IDo QYE PERTEENc:E Ao 'oFFICIO Dos TAB. ETÇ. 267 ·

fazer alguum c0ntrauto anfre ChriitaaO., e Judeu ,


·que primeiramente vaaõ-'perante o Juiz dos Orfoõ,s ,.
~u perante o Juiz Ordenairo, e per fua authoridade;
onde nom houver Juiz dos Orfoõs apartado, e per o ' "
1dito Juiz feja dado juramento ao Chri{taõ , e ~o Jul..

·deo e~ fua L~y, polo qual digua_m verdad·eira~en~e


fe antre eHes em o dito contrauto ,r que fazer querem,
' ha algúa ·e fpecia d'onzena, ou conlu yo, ou alguum
•'Outro .:engano, aify ac:e.r ca dos noh:os, como U.e ente-
Teffe de cada búa das partes; e fe jurar.em que ta'l COU--
fa hi noin lia antre eÜes, nem.-efp.era d.e feer, ente~
façam o coi:i.trauto: E efto haja lugar em-tGdolos lü.-
1rguar~s do 1:ioífo Regno, fal vo na Oidáde de Lixbo'a, -
"·p0rque tcernos dado privilegio aa Ciurnuna clella", qi:re
'fe poíf.am fazer contra utos ant{~ Ch.riíl:.aaõ, e Judeu
if em outra auth0ridacle de Juíliça, .feendo foomente
!rda<lo jurameAEo aas partes per ihµurn 'ifaballiaam d9 '
l' Paaço, fegunâo máis comprida-mente he conthel!lde
·na 'c àrta étê'feu pr-ivi.legio : o qual contrauto fe fa_
'rá comollito +1e, moíl:rando primeirameme Judeu o
'noffa carta, per qU'e poffa rnntra,u tat, fegú.ndo he
"contheuélo em a rio'ffa ·Horde~ac;:br~. , ,
, 18· ITEM. N0m ·devem 'l evar hl:!fca, .Jllem outra
nenhU,a peita das partes por lhe catai-e ~ as efdiptu-
0

ras, que lhe~ h aõ de dar feitas, falvqfoomente aq~ el­


~o, que per Nos' he horde~1ado no fitu lo do que ham
.o,
de levar das . bufe as &e. ; e o que e ontráirõ fezer,
·haverá a pena fofo declarãda. ·
L12 . -.

·'
. . '
··~ 68 LivRoPÍlÍMEIRO TITULO ~AR~NTA E SE.TE-!
I 9· ITEM •. Mandamos, que em ·todolos contt'au-
, - ".
\ ' .
.tos d'obrigaçooés; e. .affora~ent0s ,. e ·arrendameni:.
tos ,e compras , e· ven,d as; e apenhárnentos', ;.o:e ou-
~

tros quaeesqucr femelhaotes, em que algúa parte fe


1 ;

obrigue ªª oµtra á fazer) ou da'r algú~ coufa ' def.;.


pois que'o Taballiaaõ der htla vez h-o eíhoment0 _pe,.
la nota ~a parte, ~ que pert~ence, nom,_lhe dará mais
outro eftot'mento alguum por nenhú~ coufa , ou ra-
zom, que pera ello allegue, falvo havendo primeira'"
~ente noífa oarta pera ello' p'erque lhe feja dada; ª·
qual carta lhe * rnand<i.r.emos (a) * dar, prefen.(e pat;:-.
~ tes, e com fá-lva', feg1mdo a. forma acufh.imada-.
. ':' j ' ' ,,,

20 !TEM. Mahdamos a todolos Tàballiaa.és dos·


moffos , B.,egnos, que compram, e gu .ard~m , todos e(-.
tes artigos", e cada .,rnir.n
de~les, ,coµ10.' em elles h~
·contheudo , os quaees i~varom da nof~\ ~hµ.u.cellari~
por feu avifai;nento,. quando novam~nte how yererµ.a§l .
· cartas~ dos 0fficios: e todo aquelk, ·quç 0 . contrairo.
.fezer, per eífe meefmo fei~o perc a ho Offic:io, ,e nunr
· ca p ~ais haja; e à.alem defto per feus beés p_agu~ ­
toda perda. , e dampno ,_que algúa parte por ello ·re~.
cooer; e fe beés uom ·rever pera ello abaíl:ante~' h~,..
J~ pena. d.e fa!faü:~ ~ ou qual en,1 o fei.to couper •..

.. ~
......
-....----~~-.,..,..,,. -~~-
~

'.
)DA I)ECI;ARAÇOiI FEITA ANTRE OS 'fA~. ETC.

T I T li L O XXXXVIfI. -
D_a declaraçoin feita a;itrt;. os Cf'abá!liaaes do ..Eaaço ,.
e os Tabal!t'aaés fias audiencias Johre as efcriptu_-
ras, que a cada kuuin deites perteence fazer.o.

N
,.
Osso h.-voo ElRey Dom Jopám, cuj'a Alma:
DEOS haja, .fez. húa Horden~çom das efcri-
pturas , que d_evem de fazer os Taballiaaés do Paaço,..
_e as ~ciue devem de fazer o,s Taballiaaés das . audien:-
çias, a qual Nos hfivemos por boa,, e Mandámos que
Je g,uarde : e pore·m a fazemos. efcreJ?y.er~ em efte li-
vro' a qual he efta' que fe adiante fégt.Je.. :. - ~
I DoM Jo_h am pela gi:aça de DEóS Rey de-Pur.,.
tugual >:e . do Alg?-rve ... A v~s Fulan0 Correged~r por
,, Nos-em .tal Luguar ~e a ou:tros quaeefqu.er ~que -de~"'.
pois --vos vierem por Corregedores, e efto houverem
de veer, faude. Sabede., que os ·noífos. Taballiaaés dos
'noffos Regn?S ' que foro pofr0s) e ;pat~ados nos .Paa-
_Ços' pera f~zerem a~fcripturas publicas, fegundo fé
eontem,em a noffa Horsi11_na.Çom ,, que- {obre efto h~
feita,, nos en,vi~ro~, djz~r, que antré os ..outros Tabal- -
.l:iaaés, que e_fcrepvem perante os Juiz~s na·s, audiên-
<::ia!) --'·e Efcripvaaé1> dos, h.q.r.foõs, ha ~ia , e era. &riga, e
' contend~ fobre .a)gúas ekr:iptura~, que cada hutls deI~
,l-es dizem que pei"teencem a elle.s de as hav.erem de
aífy
'f.'!.zel'.: e .eola-,brig;.a_,_ e co.nt~nda , q~e - he antre:,
dleS; '
270 LIVROPRIMÊÍRdTITULb 0EARÊN'I'A E OITO

dles tfüàs Taballiaat!s , que ftaõ puftos , e aparta- ,


dos nos Paaços, pera fazerem aq d'itas efcripturas pu- - ·
blicas , nos efcrepverom fobre ello certos capitulas ,
e IJ©S enviarotn pedir por mercee, que lhes declaraf-
femos as éfcriptui;as" contheudas em os ditos capitu-
las , que cada huús houveffem de fazer,., pera antre
ellés nom hàver iobre ellas brigua , nem conter,1da , ,
ê pera ás partes fàberem os Taballiaaés, e Efctipvaa:-
~s, que lhas hajam de fazer. Os quaees capitulqs vif-
tós per Nos, demos ao pee de cada huum noíf.'1 re-
poíla com acordo dos do noífo Defembarguo •: fegun- ,
dó adiante he efcripto: dos quaees capitulas com a
repoíl:a, que a elles demos, o 't heor he qu'e fe adian-
te fegu e . .
2 PRIMEIRAMENTE n0s enviaram di'zer, que os
d itos Taballiaaés, que_efcrepvem nas a udicncias pe-
'
rante os Juizes, fazem os eftorrnentos, e codidllos,
que quaaefquer homeés, ou molherns mandam fazer:.
é pediram-nos por rnercee , que lhes declaraílernos.
quaqes Taballiaaés os hou've!fem de fazer. E Nos :,
viílo teu dizer , e pedir, acord ; Ífios-qt1e os ditos Ta.!.
balliaaés do- Paaço -façam todolo~ *tdl:am entos (a)*,
e codicillo~, e qttaeefquer aut:ras poftumeiras voon-
ta-des , que quaaçfquer peffoas 'má(n anrem fazer, de-
=cl.a'rando fuãs voontades do que ma·ndam fazer <lef..
pois- de fuas mortes.
3 ·ÜUTRO sy -nos enviaram dizer~ que os -ditds '
T'abal-

',
DA Ii>ECLAl\.AÇO~ _ .FEFA ANTRE os TAB. ETC. 27~

d'aballiaaés fazem os inventairos dos ditos finados 'i


que feus teíl:amenteirns, e he1'deiros , e ·outras peffoas
req~erem aos~Juizes, que lhes dem Taballia:.i.és, que
~hos efcrepvam , e ponha,m em ~nventairos por feos ·. ..
beés . nom feerem obrjguaqos em maior conthia ,
que o que receberam, e polos 'nom enalhearern, e os
Juizes mandam a qualq~er Tabal'liaaõ das audie,ncíasJ
que vai per dant~ elles, que -lhe vaa~. fazer os djtos
inventairos, fem havendo hi outro Juizo: e pedirom-
nos que ll3e declaraffemos quaees ' Taballiaaés os ho_u- '•
ve:ffem .dç fazer. E Nos , viíl:o feu dizer,,. e pedir, ~­
~ardamos que os Taballiaaé·s do Paaço façam todo-
los inventairos_ , qu~ os ·herdéiros, e teíl:amenteiros.
\ dos finados, e mitras quaeefquer pe:ffoas mandem fa
zer per ql)alque;r gu·ifa , fa'iv.o os en vent,airos-, que os:
Juízes de feu officio mandam fazer d'alguãs peffoas ,,
q.ue f9m , ou forem aufentes ·~o~ mprrerem fe·m her-
deiros, ~u per qualquer guifa , que feja per officio de:
dire~t~ , que perteel•1,ça mandarem fazer ·inventairos:
fem requerirnent_o de panes: e dtes, taaes ·façam_oSJ.
TaBallfa~é.s
. (
das audiencias, . que perante elles efcre-.
. .
pverem L ·· ·'
' 4 ÜuTRQ sy nos enviaram dizer, que eis ditos T~-­
balliaaés das audi-encias fazem eftormenios 'd e , poífes
de herdades, e- a~~)Utras poffiffooés, q'uando as algúas·:
peíI:oas qu erem tomar per poder das vendas , e eO
caimbos ; afforameiitos, e e~ptazame!'Jtos ; e per noffas;
{e.nten<;,a~,, quando lhé fo~ julguadas herdades, e ou-.
ttaS,;
• 0

27;,.::- LrvttôPR-I'MEtRoTnurnQe:ARENTA -E orTo

trás ,poillifooés', fern i~â~ perant~ . os •Jui_zes ~ n~m fe


i . . "(. (< •

faz: n~~>, Q~trn J~izo_ ai'1tre:' _pa~tes :"pedira_m-nos.que ,


1
1

· ltie' ~eclàn,1ffemos os T~balhaaes , que . os houveffem


. de fazer. E Nos,, v,i.fto í~u ,d ifor; e pedir., acordamos .
· ,que·os ditos TabaÜiaaés ·der Paaço façam tod6los ef-~
to-rmentos de poffês, ·que --forem·dada's, ou tomadas _ \

, per poq,er, e virtude da·s 'efotiptupas ., :e contrautos fu-


f.o1ditos~_ -e qüanto 'ke na parte'. das poffes~ que f~ to-
.mar~~ ' per ferit_eoças, e _m~ndados ·dos J lf'Ízes; façam-
;ª~· ~s Tab~lliaaés·~Idas áudiendas. , -q~e efcrepvem
l.Í ' , ) ·~~
t \
pc,. • ,

··· · - · ' · '. •• < . ·~ · ~ . . ·'


1

rnnte
, \j
elles. 1. ;{
1
,1 ••. .,., ·' ' 1 •

, 1 . 5 . .'Üir;T RQ s~;nos enyiai~om: diz.er,',que os ~-!tos Ta:O


1

'·· ballfaaés das · awdi~ncias fazem ·eftorrnentos de ven_.


'a as, e ~9rtJ_pfas , e affo~âm·e~tÇ}S' e empra~a men,tOS ~I·:
' e obriguaçooés h'ú
, e 'arrdnpame~tos, 'e. ouq·ós ·muitos '
• ' "


contrautos '. d.e firmidqoem' an,ti-e 'Chriíl:aa"õs, e Ju-
',J - ••

dehls ,: quando fe os Chriftaaõs obrigàm aos, Judeus;,


e eíl:o fa:ze~ po; qwanto os Ch.r:iftaaõs, e JuLdeus 'v4aÕ
pe~ante' os J tiiz{s pera lhes darem j uramepto ? fe ha .
:Q.i ai;itre elles onzena~ ou outro algmnn c.onluyo, Óu
) ! "' • f ~ . }' .

engano : pedir6i;n-nos que, lhe Qeélaraffel(los quem -


houveífe d~ fazer· os ditos,cçmtrautos. E Nos; :víf];o
fe~ dizer. e R~dir, M,~~d~mos qué os qit~s · TabaUi_;, ·
aaés do Paaço, faça,~ 3pdok>s di~os ,cpn_trnutos, pofto: ,:
que Y!laÕ perame o~ ' Juizes , por quanto ell:o 'tlQm ef-.
crepvem., falxo i:or ferem, o~ clirosic contrautos fem .
onzena' e fem . outra rnalkia.
., . -- ,,. . ~

' 6" . OuTRO. sY rtos .enviarom :diz.e r; qq.e os ditos


~

Taba!-.-
' L • •
· _DA .DE~LARAçc:M 'FEITA. .ANTRE o:S TAB. F.'t~. 273 '
Taballi~a·és das audierkias efcrep~em· as receptas ,\e
de(pefas., e .fazem a& cartas. das vendas, ·e remataçoo:..
és dos beés.dos finados ,, que [e fazem pe.r n,iand,ado
dos .feus tefrai:nent~iros , pera bs ·darem'"'-e· difüibui-
i:ém ppr fo~s· ~lmas ;~ 'fq~tmdo ·pelos ·te·fraêiores h~
mandado ; · e efro fazem , p9rque o·s tefiamenteiros
vaaõ aos Juízes, que U1ies de:m pe~a eÍies Taballiaà-
·és, que lhes efro. façarri :.e pediro;.n-nos , que lhes d~-.
claraífemos qyem .lhes .efto h~uyeífe de fazer; E 'Nos.,
vifto feu dizer, ~ pedir, aç-0,rdarr:ios que os ditos Ta-: ·
ba'lliaaés
.
do i>aaço efcrepv»~
. •
as d.itas reteptas
1
.: e' def:. ·.
l .

pefas hqnde nos tefiame.ntos polos finadôs nom forer:n


dados certos Efcripvaftés a feus teftamenteiros ': e ha-
vendo hi 'Efcrlpvaaés, faça~ '.as _ditas l'e~eptas·, e ôef-
. • e y •
pe~as; e façam tfs ditas cartas das vendas, e t emata-.
çoo~s, . que.. dos,.ditos 'beés forem feitas, . .·os ditos Tâ• · ..
balliaaés do ,Paaço. · · .' • ·
... 7 OuTRo sY.. nós enviaram dizer, .que os -ditos .
Taballia.aé$ faze.m outraii: cartas de vendas-, e éom-
. pras, e * rem4taç~oés (aj ;(·' e obriguaçooés' e outros
rn~itos cõntrautos de firmidorn , ~ífy . co · uando ,: 1 '

alguãs peífoas. jazem ·prefas ~ e q~erçm ve. e,E» ?U


enalh~ar, ou a1rendar parte de feos beés per 'rnándad.~ ·.
dos Juizes , pera · f~guimertto de feos.feitos, e mari-
tihlento de feos cofpos, fem .lia~en_do hi outro Juízo~ ·
quedam ós Juizes pera ello f~~ a~t~rioatle': pedindó-
..
nos, q~e lhes decla~aífemos . quem houveÍf( de fazei:
. Liv: 1. , · ., .1\1.JTI · ,, ~ · as· , '( '·'
-------~-.---!-~.
· ,(a) arrendamentos S, ' • ,J ~
-
..

..
-
' ' .-
~
74 LrvKp_PilrMEI~o T1Tu10 ~A.RENTA E _or'io

as. ditas ca~t~s , e ;contrautos. E N9s, viíl:o fru dizer~


e•peâir, acordamos q\le fe as h~mv-~r_e:n de fazer ~er
razom de co ~1h!c i mento dos Juizes' fe os _prefos ven':" .
.
derorn, ou enalhearom, e os mandados, que os Jui,.
' '
zes fob1~e elles-~derem ., que taaes efcripturas faç·arn os
U'.ãballiaaés ; ·que nas audiencias e(Grepveré perante
c11es·; e que as cartas das vendas," e a1:rendamentos , .
é obriguaçooés, e outros con~rautos f~~am os dites
J'aballiaa.és do Paaço, que pêlos ditos préfüs a algúas
peffoas fo~·em feitas , m~füando-lhe as autoridades
. dos Juizes. ·· !- ,. - . _

~ -
. 8 OuTRo·sy nõs enviaram dizer, que os Taballi-
.· ·•·
aaes . fazem emprazamentos, e arrendãmentos, e o- ·
briguaç~oés' e ~lugueres de cafa~, e -outros rnuiÍ:os
contr;utàs de vinhas, e herdades, é de dinheiros ~e
·mercadores,. ed'outras muitas couf~s' que' alg úas pef-
foas fazem a outras .' e fe.itos os dito$.'coút1'aÚto; antre
as part~s de feos prazeres, e voontades, vaaõ perahte
os·Juizes, e lhes dizem," que lhes julguem .per fenten~
ça os·ditos contr~utos pela guifa, que foro feitos, e os
ditos] s, vifio feu dizer ,;e -pedir, aífy lh~j~Jgam ··
per fontençàJem havendô hí outro Juízo: e pedirom-
.hos, que lhes declaraffemos quem-as houveífe de fa- ,
zer. E Nos, vifto feu dizer, e pedir, ~cord,<!,mos que
· todolos ditos contrautos façam os ditos Taballiaaês
do Paaço per fua deftribi.:içom, por q~anto as fen-
tença~, que em ell.es fom poftas ~ nom ~ fom, falvo de
prazímento de partes, e por os co~trauto~ haverem
j}l_í!.ior _ilutor:~dade, e fir:meú •., : 9
,' . .. . ~-
l' DA !>ECLA"llAÇO}.°I FRITA ANTRE, OS TÃB. ETC. 275
. ·_g. ÜuTRo~ sv nos enviaram d:ize_r~ que os .Efcrít
pvaaés dos- Horfoõs fazem .cartas de ~endas, e com-
pras,, e fcaímbos, e eíl:or-mentos d'arrendamentos. e
d'afforamentos, e d'obriguaçooés dos béês dos ditos_
· ho~·foõs, ·e out~os muitos coi1t1:autos, .e efcriptura~
· publicas. de frn;tlídom ~ pedindo-nos que lhes decla ..
..!aífemos ·quem as houveífe d~ fazei~. E Nos , viíl:o f ea
pizer, e pedir, acordamos que na ·par~e dos eftormen..
tos dos conhicimentós, que alguús tetàres dos ditos
1horfoõs derem a ·outr_os, ou áqüelles, que os beés dÔs
ditos orphoõs trouverem arr~ndados, que os faç~~ os .
. " )

Efcripvaaés·dos horfoõs, porque os ham de poer enl


feus livros; que pe,ra ello ham de teer feit0s, em Tet
.cep~a fobre ~s tetores ,Óu curadores dos ditos horfoõs :;
.e em á partê dos contraL1tos das cartas d'as vendas , ~
corüpras, e efcaimbos., e d'outras_eforiptur~s ·publí .. - .
cas, 'que as façam os Taballi~ais d_a" Pa?ço, qu~ perá
ello fom ..apartados.
I~ ÜUTRO SY nos envíarom,.dii er, que os Tabal.l.
1liaaés das aµdiencias
~ . fazem
.
e·íl:ormentos dô frontas~
.
e ~

·proteílaçooés, que algúas peífoas. fãzem a oµtras, que.


ilhes frontam' e requen::::m' qve to1nem , e .receba-rri
alguas coufc•:s, ou ·que lhes paguem algl!l·ú~ dinheiros-',
ou façam outras couras' no1n fo . fazendo taaes frofl.l.
tas, e proteflaçoo~,s e~ J~zo pe.r~nte os Juiz~s : pé-
.d indo-nos ;q1;e Jhe declara-ífemos quem houveífe de
fazer os dir_os eft~nnentos. E Nos, vi.fio feu dizei·, ê ·

•" · · · · Mm·
ptd~r, e porque poderia_acontecer , qu_e qu_a ndo al-
2 · --, · · :g·4âs-
, -
2'J-6 LIVRO ~RIMEI~O TITULO ~ARENTÀ ifOI~O

gúas partes quiferem fazer taaes frontas , e proteft-a-


·çooés a jiigúas peíloas, er:n vindó- hufcar os 'tabaUi:....
aaés ao Paaço, pera a ello darem _eíl:o;ment"?s, ~por
nom poderem* a ( 4) *_ello tam_aginha hif (b) ·, -hiai:n~
fe, as partes, a que q.uitero_m fazer taaes _frontas, e 1p°!
--aazo '
dellc{ -petde"rom _feu 'direito, Acordamos qu·e ·
/
quaaefque~ Taballiaaés, qu~. as partes mais preíl:es a;;.
\
_cha-rem, poffam fàzer os ditos , e~onnentos de ~aaes
front~s, (e )-e proteíl:aç0oés. ..
II ÜUTRO SY nos enviawrwdizer_, que OS ditos
' . \faba1Iiail-és fázern eftormentos de citaçõoés per _per-
der das n~ffas car:,tas, e das noífa_sJuUiças, e d_'qutra~
peífoas·, ~ as, cartas vaaõ a q~alqúer Tàbaliiaaõ, _que
,as vir, qu,e. as ·-tmpra~e, e que ·b ~nvie di~er per' 'ef- ·
cr'ipturàs p,.ublicas : e pedirorn~n~s que lhe d~clãra-fie:­
mos quem houvefi~ de fazer' os-ditos-. eftormentos. -E
Nos; '.vifto feu dizer, e pedir, acordamos--que qua~-.
_efqu_er TabaÍliaaés, que primefro pala parte forem
· requiridos, poffam faz_er os ditos ~!tormentos.
· , • -12 - . .ÜuTR:o sy; nos ~!Ni~rom di~-er, que os ditas
' ~àball~aà.és (a) fa:~em efrormentos,.aífy como qüando
, ~Igu~s homeés' trazem . alg~Ús prnfos, ou. revam ck
~oncelho em Concelho; e 9s· entreguam _a-Alquai-
,cles , !:; aa{}udles,, a· que os. deveTIJ d•entregu_1, , e el~
les fe dam por <mtregues- 4_ell~s._E _o utro fy faz~m ou-
tros efl:ormentos,. afiy -cÓmo. quando as hoffits Jufti~as.,
é o_µtras. peífoas. mandam là-nçar aiguãs empreft.idos

-·--- - _ peE
l"-1 l'era_;s, (_ó.)_ iilfmar s: (e) o. req~er.il!lentos. S. (d.) do .Paat,o.S,. ' - -
' 1

"
. '•
-.
DA DECLARAÇOM FEITA ANTRE OS TAB. ETé. 277
.per nóífas ~artas, e al varaaes, e- máÍ1dado, ou os m~n­
daõ lançar ás J t,Jfliy~s per razom d 'alguãs coufas, que
mandam fazer: Outro fy fazem outros eftormentos ,
·aífy como q~ando os Bifpos , e·feos Vigarios rr:iandam
poer-ca_rtas, ou <r!varaaes nas portas prinêipaaes.das
<Igrejas, e~ que· mai:idã.m, que vaaõ acufar, e deman-
dar alguús Clerigos ~ que fom prefos em .fuas prifoo- ~·
·é~ por eiceifos, e .maleficios, em que fa_m culpados :
· pedindo-nos, que füe d~ê:laraífemos quem houveffe ,
de fazer os ditos ~íl:ormentos.
.
E Nos, vifto feu ,
diúi,
r
. e pedir., acor~amos que quaaefquer TCJ.balliaaés, que
. as par~~S· mais pre_Hes acharem, aífy ~:hPaaçÓ. , com0
das .audiêhcias , poffatn fazer raaes eílbi:ment.os,-,.
13 OutRo:sy nos envia.rorn dizer, .que os d!t0_s
Taballiaaés fazem eftormentosqtrnndo algúas peffoà-s
vaaõ perante os Jtiizes.,. ·e t~em noffas cárt.as, e alguús
ou·
1 • . • '.)

. ·efiormcntos de.teftament0s' doutras coµfa.s' e di-'


zem aos Juizes, que fe 'teme·~ c;le as perder per al-
, gúa guifa, ou per fogo,.ou per 11lgúa manei.ra; ~ ,.qu~
l'orem ihes pedem ,. que lhe mandem dar o trelado
delló .em publi.c<eforrna : e pedir~m-nos, Gf ue lhe de'"
. \. .
dataffemos qµem <l;S houveffe·àe fazev • .E Nos, v·iíto
feu dizer,. e pedir,. acqrdamo~. que taaes efcriptu.ra.s.'
façam os TabaHiaaés , que ef~Jepverem riacS aud.ien- <
"ias perante eHes, quando lhe '.fotern demandadas e~
Juizo 'p.er:antct 0s. ditos Juizes~ · _
14 ÜU'I'RO SY nos'·enviarom di'z~r, .que' OS Tabal ..
lii.aa.é,s fobreditos,fazem·cftohnent.os,, aífY. coi-no g?an-
.. -.d·Q , ',
'.
,_ .

. .
''
LT~·Ro PR.rMEIRd.
-,
Tnu~o ·- ~AREN~A E·oI'fo
. ' ;

.,do aiguús Clerigos fiam .em poffe de feus Benefid;;;.. .


' . ·os, ;e fe temem , de os- forçarem delles 'llgúas peílóas ~
contra direito, e .fazem •fqbre ·eHo-cédullas, e pYbli~
' . ·~ ' ' '

càrr}-n:à·s- ao " Bifp0s; ou· a feus Vigarios ~ ,e pedem.•


lliés.o_s Apoíloios-, e ,api.1ella~ . Pera Roma, e d~ c_o~ · ,,,
.m g efto"T:i.zem, pedem eíl:ormetit.os' pyblic~s dé como_
'appe.llam , e pedem foas appellàçoq~s : e p,edirom..,
nos, que lhe .declaratfemos quem hot.iv:etfe @e fazer
. os ·ditos·eíl:orrnentos: E N'os, viílo·feu -di:z er, e,pe;i.
• • .. • ·~ • t ~ ...

di·r) acordámos q~e façam os ditos eíl:orment9s os


os
:fab°c~lli~à~; .d"ante Juize~~. por quanto as. appellà~
,Çooês°' ham de. feer intimad.~s· a cada huum daquell<~s,,
~nte cl'~e forn al1trnpo(fas, e pedidas às "i-epoftas a ~1~
,:i .• .

'' las· >. ~ per eUes harn de feer dadas as repóíl:as dando .
;. • •• 1 \, .

:Apoíl:olos-xefütatórios, ou re~erenciã'aes~ . .,
1 5 Ôtn:~o· sy ~os errvi~rom dizer, que faz~m car~
tas a~ vendas, (a), e de t~ma'taçàoés çie .l;)iés:. atfy ffio..;;
·~eis, como ·de raiz; affy e 0 mo qüan~?~~Jgúas pdfo'is-.
pur:n demanda Gom outras, -~ venc;e l~µÍ:na, d'a;s ·p~rtes;
~ kva fobr:e ello ~offas frntenças de.Jinitivas, ~ por'
·poder ,dellas, efcrepveqi, e r~ínata~ 'os ditós .beés: .~
. peclirotn-iios: ~que lhe decI,arairem~s quem a:~ ho_uvef-
:fÇ de faZ:tlr. ·E ' Nos;: vifto feu dizet, arntdamos que
ps· Tab~lliaaês ~ que efrl:~pvern nas- audierrcia$ p~.:.
'rante os:. Juizes, façàm as ditas cartas de venâas ,.'e
~ ~ ' '

rernafaçóo_é~- ; que .'foreD1 fGitas p<Ú- fua aútoridade , e


,V:írtudé das_ fontenças per· e-lles dadas , e>u dadas per .
;
- N@s-:.:
' S:.r-) e arrendamentos ..S,
,-

·. ' '
1::. DA D~CLA!C~Ç.OM ll'EITA ,ANTRE~OS TAB~ ETC~ 21<!J ,,
Nos·,€ todalas outras ca-rtas d~ venda, e rema-taço~~s.
que per feu mandado forem feitas per virrndc·de f uàs
fentenças~· como .dito he, ou per outras qú\eefquer
• ... ~ ç

Ju iças; ··
16 · E P,ORQYE~ noffa t~ençom foi, e he ôe a dita
no1Ta Hordenaçom, que fobre e.f t; he feita , foe_r bem
to~ prida'' ~ .guardada;-• . é as deciaraçoóés aqui em
efta nofia carta ora per Nos novamente feitas: T-eemós
por bem, e ·Mandamos-vos, qué ·em "e:ffa Cidade-, Qú
:Villa , n~m em leus térmos ~on1 confentaaes a nen.:.
·h~1um do,s &tos Taballiaaés das .audie,ncias ~ , ~em d<;>
_Paaço, n~m Efcripvaaés dos horfoõs que façam · ne..: · '
nhuãs efcripturas,~ falvo ague!las, que_Ih•es a cada huúS'
na npífa Bordet:ia_çom,-e em e:íla noffâ declaraçom he
o
rnal)d~do . qu~ faÇa ~- e fazenào alguum ddks con-
trai ró, vós -deferídée.,.lhe dà noífa parte,que ·nom -ufem
mais 9os ofhcios;, -~as efcripturas, que affy ·feze1:errt
_.con~ra noífa: defef<.l; e :Mandado, q~e feja~ nenhÚéJ.S;
e. mais ' m~n<l,arnQs' qu~ ~agu~m ·ias parte~ . tcdolos
darnrn?s, e p~rdas ,-.e intereífes; que fe lhe, pêr ra-
zom dos ditüs coritrautos affy feitos nom valer~m •.
rec~ce~em' ou vierem j- e rriais fej~m prefos. e nom'
fol~os ataí;J. .noífa inerc~e: -he al n~m façad,es.
~-·

r:.· )
)

T
_._
.• \ ' .
Lry~o PRIMEI~<!> TrTuto Q'.:AREN-TA' E_1'.'civ~

~~~-....---~-~~--~~
'
.
' I • . '
TITULO
1 '

- . XXXXVIUI. \ (

Das roupas , que ham de trazer âs 'l'aballiaaf!s, perr


' .~ ·ferem da·jui'.fli'çom d' :Elf(ey. · ,
.
·E. ·DwarteHoi:denaçom
STA ., que fe fegtJe • fei ElRey·
meu. Senhor, e Padre .d e· louvada me-
•'

. 1 . - ,

moria, fobre as roupas, que ham dé trazer os Taba1~


liaaé~, a .qual aprovamos., e havemos por boa,~ Man-
damos . que 'fe guarde ., co.ino' em ella ~contheuqe>• he
..I · M~woo,~ E!Rey crp. fe_ enclo Ifante com aco~do '
, pos Ifarites Dom Anrique, e D'om Fe.tnando.feus I.r-
·:maaõs, e d?s Coriçies de Arra,iol~$, e de Viana, e dp~
outros dofeu ,Confelho, que todolos Taballiaaés d~- ·
·qui en diante .e.m todqs feas Regnos fe dem com eílas
\' ..
·daüfulà:s, que fe adiat:e feg~uem. - · · ·
,.,,
~ ·r .::e.RIMEIRAMENTE, 'q ue ó dam gór Taballiam
em todolos autoo affy ·c ivis, cõmo crin;i.es.; que fe ern
'·aquelle julguadoJ honqe o dam por· T<!-l;>alliàam; trauj
te~ per qualquer g~ifa que feja , e que tanto que a-
prefentar ·a ca~t.a do officio em 'iJuizo,.comece logo
d'c~crepv.e:r nos feitos crirn~s .pe,rante os Juízes do cri-
~e' e ufe çontinuadamente ·a efcrepve~ ~os ditos fei-
. tos cri-me_s , ao me~os pot efpaço..qe-hum m_e z, e d'hi. .
en di~nte ufe, feg1.rndo que ufava aquelle-, em c_ujo
1uguar elle focecleo, o dito officfo, ôu foi ao ·defpois
xepartidó"por mándad.o do ~iit~ Senhor, ou daq~elle ,
q.ve feu loguo te:v.er. .3
, i . .
.
DAS ROUPAS ~·e HAM DE TRAZE~
.
"'.os TA.s.. E~c. 28 r

, 3 ITEM. ~e elle tragua continuadameqte ·rcítipas. '


. :farpadas, e devi fadas de e ofores defvairadas cdm de'"'.'
.ferenÇas partidas be~ devifadas, [em nunca trazen-
do em nenhum tempo coroa -~berta grande , . netn, ' .
. pequena; e _nom càmprindo elle ditq Táballiam to-
dalas coufas , e -cada hiia d~las petfeitament.e em to-:
do tempo, qúe logo per effe eefmo · feito perca d~ ·
todo o-_di~o_ TabaHiado·, fem feerido pera ello mais
citado, nein chamado: <: nom~feja efcufado de perder,
0 díto offiCio , . pofto qu é algúas das dÍta-s cl~ufullas

_compra ~ fe.as perfeitame_nte nom ~omprir _, como ru.:.


fo dito he. . ~ . ~
. . 4 1 TEM. Q!.anto tange aos' Taball~aaes :, que ja
agora fom, o"dito Senh'or hordenou~· que aqudks;que
nom ufarom d'efcr~pv~r em feitos C:rünes ,, que vaac>
logo efcrepver, e ufa:r. continuadamente ein os ditos
,·e
. feitos crimes, cofuo dito he d ihi. em cliánte torne~ -
a fervir, affy €orno antes eíl:av.am, trazendo fempr..ê as·
ditas roupas kig~aes, e farp'!thui, e de colÔre~ devifadas •
~. feP1 tn,i.zendo nunca .coroa, ~orno. dito he, foh ag,uel-
;
'

la pena·, .que pofta he aos· que novamente veii'!!' por


he
Taballiaaês, affy como em, cima _ declarado. Foi
,,

.:publicada em ~irrtra a. vinte e .tres dias· de Jttfho Era I -


'io:
de m~l quatrocentos e trinta e tr-es annos~ _
í
. 5 ITEM. Declarou .O· dito Sénhor acerca da dita
·Hordénaçom, que acoi;tecendo que alguum Tabal-
liaam queira trazer· doo pàr aJgmim feu parenre, ou
fenhor , -ou pôr outra qualquer peffoa·, que ·tragua·,
' Liv. L Nn ou
~st ~1vi:o PRIMErno. TrTuio OEARENTA. E NOVE

ou feja theudo a tré!.zer eífas roupas~ que aíf de·doo y


tro1:1ver,' farpadas, como dito he, ou tragua-em ci-
ma das roupas, .que ante do dit()! doo trazia , fitá de
1 -

burel, ou de linhas ;pu de laã de femelha,nte mánei-


ra.em tal guifa, q~e fe.rnpre ande ein avitos ieigaaes·;
e em todo feculare~, poi-"iue tal he a teençom do di-
to Senhor ..
. 6 !TEM. · necl~rou mais_o dito Senhor, que aífy
os Taballíaaés ,· que ja, fom feitos, como .aquelles.,
que daqui eil díant~ .forem'· hajam hl!lum mez d'ef-
pàço pera comprirerh .efta condiçom; o qual termo
fe conte aos 9ue ja -fom feitos- do dia, que for pu-
blicada nà correiçóm, honde fo~em mor.ado~es, ~aos
q.ue ainda noJTI fom feitos ,:d~ dia, que 01- for.em .a
huuffimez , -que fom trinta clias compridos.

T l'.T U L O L. ·

citaçooes , pergoüé~~ procu'Yctf;ooés , e inqurr.içüoés >.


de qu_e a .E./ Re;1p.:~1eence ha·ver direi"to.

N Os ElRey Mandam!>sao~ noífos Defçrnbar~ua,..


dores,, e Efcripvaaés da noífa Corte 11 que daqui
en · di~nte tenhaõ eíl:e Regi~ento, que fe adia~te· fe-
..gue.
I PRIM_E IRAMENTE mandamos ao Efcr~pyam doi;
.noífos Feitos,, e .da,s Malfeitorias, quç efcrepvam to-
qala~,

..

• DAS . .CITAÇOOENS, PER.GOOENSJ ETC • . : · 283
da.las citaçooés, p~gooés, procuraçooés·, e inquiri- ·
• çooés ' de que ha:vemos d: aver os- noítos direitos' fa_
zendo defto livro em· cada huum anno, e façám com~ ·
·pridamente efto reéeber aos Porteiros , que ftam pe"'.'
rante os noffos Juízes dos ditos feitos, e pera,nte· o
Corregedor_ da n~ffa Corte, que de Nos ham· manti-
méto, aos . quaees ·Porteiros défenderpos, que nom
i:ecebam couza algúa dos ditos noffos direitos'· f~lvo
· perante os diws Efcripvaaés.
2 'ÜuTRo sY Mandamos, qu.e efta tneeima~ regra
· fe tenha perante os do noífo Defembarguo, e 01,1v i- _
dores , e efcrepvendo t~d efto aql!elks Efcripvaaés »
·a que dermos carreguo·; e andamos, e defendemos
· a todolos . outros Efcripvaaés, que fiihjlrein ,fnquiri-
çooés_, que ·ante que as levem aos Defembarguadores
façam poer as pagu~s em ellas pelos ditos 1101f9s Ef...
criP.vaaés, que defto teverem carreguo, daquello, .q ue
'ª Nos perteence .d'aver _de cada dito de tefte~unfia·;
ç os ditos Pott:eiros, prefente elles; recebam os ditos
direitos, e os Efcripvaa~s, que o contraíro defto fe.,.
zerem, hajam a pena adiante efcripta,.
3 OurRo sy d~fendeh'los aos dit9s Defernbárgua-
dor~s , que feendo-l~e levadas taaês inquiriçooés ferri_
pagas, que nom derri em ellàs liv.ramento átaa lhes
mandàrem poer ·as ditas pagúas·. .
4 E PORQJ!E mu.itas '{ezes aconte<!t, que os Def- . -
embarguadores , efpecialmente o dito Corregedor ,
,manda penhórar algúas peffoas p~r feos alvaraaes, de
...~. ·"' Nn 2. que
' ..
LrvR.l'> PRIMEIRO TrTuLo CrNCOENTA .
-
.que- a nõffa Cliancellaria levaria a dizima, fe per car..:
ta .patfaífem, a qual dizjma fe nom arrecada por aífy
paífar -per alváraa : Porem Mandamos , e· defende~
mos, q~e os elitas Defen~barguadores, e Corregedor
nom paíferrí. taaes al varaaes, fal vo em aquelles cafos,
e em aqudla conth~a ' que he horqcnado: que em tat
cafo os Efçripvaaés, qu,e taaes alvaraaes efcrepver'e.tri,:
que os norn entreguem aa parte, a que pertencer ,
nem ao Porteiro', .n em a outra algúa pe:ffoa, que per
e_ ~s haja de faúr a eixecuçorn , que primeiramente ~"
os nom moftrem aos ditos noífos Efcripvaaés, que
defto teven;m carregüo, efente os ditos Porteiros >
pera fe delles recadar , e var todo noífo direito .: e
es Efcripvaaés , que o cQntr~iro d~fto fezerem , e nof- ·\
fo mand.ado nom comprirem, fejam fofpe.nfos dos of-
ficios ataa noífa mercee; honde al nomJaçades. Fei-
ta em a Cidade de Coimbra p.uftumeiro. dia d~ .Se-
.tembro: per autoridad.e do Senhor lfante Dom Pedro
!fetor, e Curador dQ dito Senhor Rey :e- Rege.doF, e
COIµ a ·ajuda de DEOS Defenfor por elle de feus Re-
gnos, e Senhorio. Diego Alvares a fez anno do Naf- .
cim~n!ó: de no!l'o S~nhor Jizus. CHRISTO .de mi.l. e.
q.uatroce.J1.tos e q_uàrenta e dous ~nl)os •.
-~· '~

\ .
....
Do REGIMENTO o':A QuERRA~
·,
-----~--·---·---·-----
!JI .

.:T f ~ U L O ·LI.
... Do. R egimmto da Guerra. '

·G U!!RRA he coufa, que lfa ·em fy ~uas qtJalida-



, des·, a húa de .mal,. e a ouü~ de bem; 'como e
quer que cada hua deftas feja partida em fy , fegundo
feus feitos , pero quanto he ao nome', e a maneira de -1 ..
corAo fe faier'n, tanto he como húa coufa; ca' o guer- .
rear, nom eml:?arguante, que·haja em fy mane.ira d~
· deíl:ruir e mat~r, pero~com todo efto quando he fei- ·
ta como deve, àduz defpois p~;l , , de que vem affeífe- ~ ;
· gamento , e fulgura·, e amizade. · "' ·
. 1 E os Saibos difierom,, que guerra he' guiarnen-
to d'amizade ,. e rnovi~rept~ de paz,'e.ernbai-guaroen7 .·
to das r.oufas por fazer, ·e he e-0ufa:. de que fe lévan--•
·- - l '
.~a,.
mort.e ,. e cativeiro,
.
e aos-.homens perda~ .e qarri- I

pno, e ddlrtimento, e .he mo·v iment0 )


das couf~s.quç-
.
das, e d~ftruiçom das cornpofias.
2 htM. Som tres maneiras de guerra. A ~primei­
ra he charn1àda em latimjufla , , que quer dizer direi-.
ta , e dla he .quando home~ faz por cob.rar Ó feu .dos_ •
in1!1igos, 0u por. em parar ~ fy meefmo delles, e füas.
coufas. A fegunda chamam· injufl.-1, que quçr dize~
tanto .corno guerra, que fe move com :foberva, e co-
·biça ., e fern dii:eito ..:, A te.r cdra c:harnarn civi!is, que ·· ·
k l.~.vao.ta ~ntre. os. moradore; do l~gar cm Jtianeir.a.
(

F
iM L1vRo 1>RIMEIRO TrruLo Srncoil'J·TA 'E HUM ...
de ban~os, ou em o Regno por defacordô, que ha a .·
gente anfre fy.
3 Ij-EM. M@ver guerra be coufa, que devem pa-
, ··raf muito mentes ·os .q~e a quiferem fazer, ante·q11e
a comecem,,
• t> e: •
que a façam com razom, e com direito.;
ca d~íl:o veem , ·e procedem grandes t.res be~s : o pri-
:me~ro, que ajuda DEOS mais os que a aífy fazem: o
fegundo_, porq~e'- elles fe esforçam mais em fy meef-
.. mos por feus feitos profperarein polo direito que tem:~
o terceiro., p~rque aquelles, que os Óuvirem', os aju-
dem d~ melhor voçmtade ,- e os inmigos os recéarem
mais, e os ·teme'rem. . .
4 ITEM. Qya!ldo Nós., ou ~utro alguum Capitam
do ·noffó Regno com a ·graça de DEOS co~1eçarmos ·
algúa guerra, pera ryoífa tençom, e propofito vir a boa
fim, antre tàdalas outras coufirs ; que lhe-cornpre de
fazer, pera boa Regiq'lento, e gov~rnalfça della, afI:v·
he que primeiramente· deve~os d'encomendar-n9s,
€ noífos feitos a DEOS, e des y poer ef~ança em el,

e
porque' f~m fua graça' ajuda nom fe pode coufa
boa·fazer:.e des y, ante.que abalemos com noífa hoíl:e
pera algua parte , devemos de falla-F com noífo con-,
-feífor, e co~ aqueiles--, que teverem carrego das Aí...
mas de·confeffar, que faT~em com todo os cavallei-
. · ros, e fidalgos, qu_e façam ,metilfeftar toda a0íl_'a gen-
te; e fo foub'erem alguús , que 1e nom -fallam, e eftam
-em 'oGlio, fazellos recohcifü\r, e ·p1'eftar,, •e perdoar ; e
·re alguús for-em negi:igentes-, <le ·poer ·aqueUa pena:,
de
' . ' .
de , que· ciâa. htturn for rrierecedo - ~ CJ;taa feer. feito ;i :~
comprido . todo nofià mandapp.
5 . -E TANIO que Nós revermos junta·toda noír~
gente, Õu a maior parte âell~, com que'!:>erl! poffa"I'
. mos aoallar noíf<). hoíte) devemos. 9 ·..Óii\ .da ., partida
mand~r d\.z~r hüma Milfa·f~kpniz~da em: lugar cer- ~
ro pe r,~ós aíllnaâo ,.e maridaremos hí levar 119Ífa ban,,.
deira metida na fünd;:l , ç recolh~re.rnos, hi naifa gen~ ·r
te.,: e :~abada a dita Miífa, e rç.colhida a ·gentt::', par-
tiremos tor:n a graça de DEOS, .
. . , 6 'ITEM. Dev,emo~ d'encomendar noífo corpo
·efpeciaÍmente a vinte ca valleiros, ou e.(cudeiros ,' qne
f~jam bem fieeis / e.' da çriaÇoqi. nÓífa, os quaees te-
~am efpecial guaraa ·do noíÍo c(')rpo güardándo-o.
feguindo-o fempre conti1:madameri.te aífy .de noite ,
r

-corpo de dia, fem teeiido outro a'lguum cuidaâ&,. fe-


nom efte, em tal guifa, que eorno Nós abal~rmoJ>
d'huum ca:b0 pera outro , .elJes ,nos Íiguam: fempre ~·
e andem armados tje cotas', ·e bàrretas·, e br~_çaaes ,. e ·
lanças~ e efpada~, pera p'oderem bem pr~ver em ro:
do tempo a qualquer cafo, que aGon~eç.a; ê ferá <;la:- ··
rlà a· goveniança_ del.tes ;i h 1.mci. fidàlguo, ou ;_cava]:.;
• . . ' - r •
,. 1eira q'autoridade, em. qu\? tenhamos efpecial fiança_,·
pera lhei ho.rdenar o dito .agtlardàmento per giros,,
em ·-ral' guifa que N,Qs fejarnos fempte be:m aguar- ·
~

~ado.
• . . ' .. )-.. •.
- ·r • •

7 . ITEM. Mandar.e mos ·eh.amar aa ·n.oíf9- tenda ~


•Conde-cíl:~bre ,..e o Marichal, e o Ouvidor ,.e Meiit-
. nho
2-SS LIVRO P.R.IMEIR.0 TITULO erncoÉN TA E HUti

nho' aà. .hofte, e f~emos hi v1r 'todolos fidalaos


b
J e

cavalleiros, e Cápitaaés, e encomendar-lh'émos per


mandam,ento piuito:fingularinente que ~lles, e todos
os que _ço~~ elles forem,·e de que carreguo tevérem,
que obedeçam em -t?do o, çafo ao Conde~eftabre , e
Marichal, e ao dito Ouvid@r, e -Meirinho, p ; ome- · 1..
te~1qo grande efcarrri~nto aos que o contraira frze-
rem: e nom>fe trabalhe nenhul!m de fazer uniam, ·
nem defenfar ,àJguum. que mereça. haver efcá]tJ:ientO•
per juftiça, nem o colhà em fua tenda; e tanto que
' 1 •

lhe for . requerido que ô entregue , el per fy o cate


éom boa diligencia, e o entfegue. làg~; e aquelle ~ 1
~.
. o contrair.d fezer, ferá efcarmentadó affy no cor-
• ' l
4 l ·,
J como na honra. . ,
' ' ~ 1 . • (" \
I
.

~ 1TEM. Devemos de hordenar bem nofla a van-


guarda,-e reguarqa ,_e allas, e poer na avangua~·da,
e nas allas taaes homeês, e fidalgos , que dellas te."
n)ia~ governa:nça ,_quaees Nós vi~mos, q~e ho: foro
meés d'autoridade pera tal feit9 reger; e governar: e
-efto fem~ affeiçom, 'qüe c-0m ~1le~ tenhamos, danclo~
lhe, e repartindo taa:es ) e tantas gentes ; como en-
) ,'

tendermos, que lhe fom neceflarias, e fegundo a gen-


te, que houv~r em todà a hofte, :e ar:raial. • ·
9 ITEM. Devemos de p~Çr · na regqarda com
11ofco toda a outra gente, porque toda he noffa; afl'y,,,
da avanguarél~, como da r~guarda. · •
1
ro ITEM~ Devemos encarreguar· ao Conde-fta.,.·
~re , e Marichal, e feus Meirinhos que andem con-
ti-

.
~. Do REGIMENTO DA GuERRA.
tinuadamente polo arraiaLcom certos .homeés , q4e
. lhe pera. elló feram dados, e que ·a cudam aos arruidos,
e voltas, ·que fe fezerem, e levantar.em em elle ~ e a
qua.aefquer outras coufas, em qu · eja"meíl:er provi- ;

mento de jufüç~. e p"rove~rcm · logo ·~aquellas, que


bem poderem per fy eÓm boa aguÇa, e·diligepi.cia; e
as outras, a qlle per fy- nom. p0derem provéçr ~ no-
.
tificallás com . grande triguança ao Conde: eíl:ábre ,"
~ ou ao Marichal, (egundo o ·cafo for, pera fe a todos
proveer·com juíl:i<;;a .
. II ITEM. Pevembs nós. ou o capitam da g0erra.,
faber que gente levámos' em no!fá hoíl:e, affy' de ca-
:valleiros, como de hom"eés. dJ.arma"s , como dé beef-
teirps , e affy. .dos homeês de pee ; e faber o cwnto
certo de todos, p~ra hos podermos deiles bem fervir
ao te mpo que for mefl:er; porque os cavaqeiros, e
' homeés d'armas toma~ ,os beefteiros , e homees de ·
~.

.t·
pee, e [e fervem delles", e quando os havemos meíl:er
pe'r a alguús feitos, nom os achamos tam aginha .co-
rno he compr.idsiro.
· · ' .r.2 hEM. Devemos de levar meeíl:eiraaes de to-
dolos mefieres, e dar carrego clelles a algúa peíl~ai
f}el , qqe os haj.~ , de requerer , e e11camirihar, 'perai
quando os houverem meíl:er por ferviç<? da hçíl:e, que
poffam haver ligeirame~te, e mandar fazer as coufas
neceífc'lrias.
" 13 ITEM. Devemos de"'-encomendar noffos artifi-
.,
cios a homeés de n;Ífa cafa, que tenham encarreguà
. Liv. l Oo de

Jt.

. .
·~90 LIVR0 PRIMEIRO TITULO CINCOENTA E HUM

<le os guardar, e dar delles )Jco. conto, e recado cá•


'da vez que requeridos forem:
14 ITEM. O arraial deve feer affeentado em lu-
guar forte, e de :favel., como fe dirá ao diante ·, e
o affentame1;to delle ~~ve feer encomendado a algúa
· peffo~ de bem, que pera ello feja perteencente; o qual ··
tomará, e affinará o luguar , onde haja de feer affen-
.tado, ~m cada huma jo"rnada ; e levará comfigo ataa
oito, eu dez pendooés pequenos, ·pera com elles ba-
.. lizar, e devifar o luguar, onde houv~r de feer affeen-
tado o arra!al, fegundo lhe for mandado pelo Conde-
eftabre ,· cujo principalmente deve feer o carregue; e
nom ferá ou fado alguuin de poufar~ nem de poer ten-
da algúa aalem dos ditos pendooés, fob aquella pe-
·na, que lhe ferá pofta.
15 JÚM. Porque na hofte fempr.e andam peça
tl'efcudeiros, e d ' horneés d'annas;qt1e nom tem ca-
·pitaaés, que andam per fy, devemos d'efcolher pe-:
:r;a taaes, corno dres,_ huum capitam, a que feja da:
do carreguo delfes; o qual os repartirá per coudees ,
a faber, antíe trinta huum, que terá cuidado delles :
e efio pera q1:1ando·os pedir o C~nde-eílabre ao. dito
capita?'· e coud~e.s pera fervirem na guarda da her-
va) ou do arraial) ou d'outra qualquer neccilidade,
havern1n razom de tódcs fervirem; e nenhuum fe ef.,t
cufar.
16 ITEM.· Aquelle_,. á que for dado carreauo b
de
:fioar i . e·affeentar o arxaial_,. trabalhará fempre comO'
feja
·.

..

..
~

, Do.REGIMENTO DA .GUERltA. z9t'


feja affeent~do em a
lugar forte' e eerca da auga ~ e
' de maliltÍmentos das beíl:as, e no mais fraco lugar da
arraial devemos ficar com a maior parle da gen~e, e
.
poer hi nbífas guardas- em i1oífa tenda , pera 'de m>i,.,
te feer· bem guardado-., e bem affy tod'ª-' a hoíl:e; eni·
.aquella- gu;i fa, ' e maneira, que he mais neceílàrío, . e
compridoiro pera boa guarda, é defenfom della. . -
.17 ITEM. No arraial deve d'aver guias; que da.' ·,
·1terxa hajam corihe~imento, as quae~·s devem feer en-
tregues a homeês fie'e s, que · d~m dellas boõ conto,
e recado em cada huu~ dia; e eífes fiees devem de
chamar as guias em ~cada hú~ noité, e fallar com et ..:.
las fecretall)ente o l.ú guar, p~ra on~tevermos pro..,.
pofito. d'hir; e eric~mendar-lh~s que encaminhem a . ·
hofre pera ·tal terra, e ta m·inho, onde poífam melhor'
.achar paíl:os, e auguas pera as beftas : e deve feer hi
charnadoaquelie, que ho~ver carreguod'affinar 6 ar.,,
1 •

'-faia!., e o aífe.~ntar com os ·peendooé$, como dito he )


pera .havei: de fabe,r a que parte o poerá. ,
(. r 8 ' I EM~ Tanto que o arraial for aífeentado, em
oda· hú.a n@ite devem continuadamente feêr poíl:as
cefcutàs de ·cada parte d0 arraiâ:t, aífy ao lenge come>
.a'O perto, pelas quaees poffamós .feer em conheci-
mento dos inmigos; a-s quaees deve~ de en~omcn ..
<lar a homem fiel, gu.e as ,haja d'encaminhar em c~­
da, J1U~rtl dia, e ell'\ ·cac;Ia húa -noite, e da'r delfas bo::>1
conto\ ' ·e recado. em tal g uifa, que µer fua rningu<\
uom n!,ceba: o arraial alguurri perigoo. _•
002 19
,,
.·~
..
>
\

.· '
i:z92 L1vRo Pu.MEIRO T1T&to _CrntoENi'A E ~.u"'M
19 ITEM. Deve'mos no tempo da guerra , fecr
a~1fado dç qual palite do arraial pode ~azoada~nente -
. recrecer gente de inmigos, por tal que da outra p~,r­
te faça poer a carriagem, por eH:ar mais fegura , • e
Nós ficarmos-na partemais prigofa, e p·oerhi as gen-
tes d'ai:mas, que pera ello compre, as quaees poffam·
defpachadaménte pelejar fern torva da carriagem , ~e
t:al caufo avier.
20 I TE111: ~ando abal'lar à hofte no~ de~e :- -
,. . avanguarda li.ir mais ~afaftada da reguarda, que huur1:l
I "

tiro .de beefta, em .tal guifa, que fempre feja hua em


vifta da _oufra, e fe pofiam ambas ajudar, e .confer-·
var em lodo o fo que 'ac.onteça. '
2.I !TEM.'Os que forem na ~vanguarda, e bem
affy na reguarda por coufa que veja_m , nem oqçam ,
1 noni fahirom a escaramuçar, nem fura do Regimen-
to, e govetnança que levarem per nenhua guifa do ·
1mu~do; 'nem.·-c orrerom a ·cervp' Tiem. a rapofu' nep~
á lebre, nem. a _cO'(:dho; nem a outrà ~oúfa ~erabri,en~
te, porque_mmtas. vezes aconteceo Jª per aa·zo deíl:o
a hoíl:e receber grande pe1·igoo : e dev~mos \ cJe levar
aalem da gent e ho1:denàda na avanguarda, e .regtl~Fdt,t·,
outra gent~ de fora r pera escaram.uçar- re quaeefqué:F
outras coufas ~el.hantei:;, que acQntecer poffam.
22 I TE.M •. As bafideiras dos. fidalgosaify na avan~
guard4'.~ com.e na reguarda, nom devem feer -tir;adas
das fündas,. faJ.vo quando for · tirad:i ,. e eftendida a
-noffa ~ e efta nom deve feer tirada.,,. e. fterulida.., fal.vo
~ ~ a.o.
lot-

...

~
Do RECIMENTO DA GuERRA. 29_3
ao tempo.. de pelei)ar: e qu~n.to aos balt6oes, eíks po...:
dem fempre hir eítcnaidos, porque tal foi fempre a ~
ufança da guerra:
~3 ITEM. Nom fe deve tanger tromb~ta no arrai-
al, falvo quando a nós mandarmos tanger, p'q rque <1 -
foom .d a trombeta figaifica novidade , e l_ogo traz.
· comfigo alvoroço no arraial. - ,.
..: -24 ITEM. Devem feer defefos no ai;raial dados. , e
fl.pelidos, e mólheres pera carna» . p;rqtle fom Ci:oufas
que trazem comfigo geer4lrnente a'rrbidos,. e revoltas.,
· e grandes perigoos em todo ajuntamento- de gentes';
e jara\i'onteceo muitas vezes poraazo· das ditas cou_-
fa.§.~ e cada húa dellas ,º . arraial recebei: grande peti-
goo, e darnpno -, e fe nom podia defpois remediar
, fern grande trabalho.
.. 25 ITEM. ~ando houve.rmós d'á:ballar ·co~ ~of.-.
0

fo á~raial d '_.lrnú lugar pera outro, devemos de.. man-


dar;. que dem aas trombetas: cedo alta ~anhaâ por tal,
.qt1e as gentes. hajam iazom de fe levaniá.rein cedo, e
tenham tem p~ pera abater füa:s t~ndas, e carregar fua.
frasca ;e hir com tempo· 'ào lugua~ ,.' onde o arraial ..
bom ver de feer .aífeentada.
2-6 ,hE.M~ Todolos fidalgos , que fo~e~ horde1;~
dos pera: eftarem ná reguarda comnosco , 11omafe ·hi-
r~m a outra parte fem noíf~ efpecÍal mamdaclo:~ fal vo
onde vire~ eíl:ar a noffa bandeira ; ·e ,hind9-.fe a· outra·
p4rte) norn lhe deve feer cõntado por bem; e aalem
defto devem haver efcarmento, feglJ;IJclo .a q_ualida<le
-· · ' · ele -

.•·
,..
1 .

,, ..i
294 LrvRoPRIMEIRO Til'l1LcrCrncoENTK E F-luM:

de fua. peffoa :_ e efta mcdês regra devem tcer os que


forem hordenados d'eílarem· na ~vanguarda , porque
devem de íl:ar honde eíl:ever ·a bandeira daquel , que
/or. governad?r della.
i7 ln:~r. Nenhuú fidalguo1 cavalleiro, ou efcu..-
deiro ,·nem 'homem d'armas ,- que feja enfermo, nom.
deve d'hir na cau-iagem, . mai~ deve hir atras da: re-'
. guarda, que he lugar mais feguro, onde mais honef-
tamrnte pode hir todo homem; porque muitas vezeS'
· acõntece alguús fe fazerem enferrí-Íos nom por fra-'
queza de feos coraçooés, mais por alfeíçom que harn
a algúa.~ couíãs, que levam, e .por effe aazo fe lançam
na carriagem ~ polas guardarem melhor: o que lhes·
nom deve feér confei1tido .
. 28 ' 1J'rEM. Deve (eer dado carr~gO-~o tempo da·
gue~[a'GI, alguuín fidalguo, ou cavalleiro pera ello per-
teencenté, que tenha em cada huum .dia preftes ataa:
vinte efcudeiros bem encavalguados, que 'lhe ferom'
l1ordenados pera ello, os quaees em çada huum dia
alta mjtnhaã tenham cuidado de hirem a descobrir ,
terra) affy valles.·, como outeiros, ante que o arraial
aballe; e fe v:irem muita gente, deve Ioguo .huum del-
l~s yir correndo a grande preífa por fignal de muita
gcnt~ e fe pouca gente virem , como acontece per
.muitas vezes alguus lançarem cilladas, e outros por
:veere~, e devi.farem o arraial, em tal é~fo deve vir>,
o efcudeiro feu pafio por íignal de pouca gente: e .
efio fe ·acuíl:umou de fazer afiy por boo ·ávifamentCJ>
do -arraial. ·~ 9
t
Do REGIMENTO :bA- QuERRA.. 2·95

i9 ITEM. Devemos-nos ,de ,enformar fe ha no a·t ·,


raial alguús fidalgos, ou cavalleiros, ou alguãs. outras
pe!foas de fernelhante eíl:ado, que fe · aggravem de
Nós, por lhe nom darmos tam compridam;nte foccr-
ro ·a fu às neceilidades·, _ou lhe hav_e r f\'.'.ita algúa outra
fem~razom; ·e quando tal coufa foubermos 1 o deve-
mos chamar , ou lho mandar dizer per alg~a peífo~
d'autoridade, fegundo 'for ó querellozo, e, teer com
e11e algúa rnane~ra hone.íl:a como faya de queixume
aa milhor parte , que bem poder, em tal guifa, que
.abrande. os 1coraçooés dos querel.!ofos com doces pala-
.v~as, ou real f~tisfaÇom, fegundo ,o cafo for.
30 .I ~M. Acuíl:umarom fempre -9s Reix, e Prín- r .:
cipes das hofl:es faber fe andam em ellas alguús' que,.
,POr hi andarem contra fuas voontades, diguam algúas-
cou-fas deshoneíl:as, que fejam coi:itra febl ferviÇo, ou-
abati-me~to de feos Eftados, por quebrantarem os co-
raçooés dos boõs , qu.e os ouvir~m, e fazer-lhes per- ·
der vontade de bem fervir; e quando de taaes l:lomeés
ham
,
enformaçom , chamam-nos
.
, ou iho enviam '
di-
r7er. per outrem, fegundo a quàlidade dos maldizen- ,.
tes ,_e docemente, e com palavras honeíl:as os-conten-
tam: e ainda acoíl:umarom de lhes. fazer mercees .. -.
poíl:o que dello non;i fejam merecedores, , ~ efto por·
fhes quebran,tar fuas maas .tençooés , e os trazer a boq·
·prôpofito.
31 · ITEM. No tempo ~a guerra devemos. de teer:
rs naneua como fej_amos fempre. geeralrnente· aguafa-. ..
Lha- '

'.
. '

296 LIVRO PRIMEIRO TrTuto CrncoENTA E HUM

Ihador dos bo5s, ]llOíl:rando-lhefempre ,íembranie le-


do, ~ voontade graci_ofa po_r tal, que honde n~m po-
dermos com mercees· abranger a fatisfaçom dp feu
ferviç9, ao menos fejam alguú tanto contentes de
noifo bom gafalhado, e µ1oftranÇa de boa voontade:
1 --
nem devemos de feer cobiçofo , fenom de honra , e
a!nda' leixar a rniude os naffos direítos, fegundo o
mei:edmento das peffoas, ca fe todo noífo direito le-
vannos, nom fera contado por bem.
32 . 1TE~. Por novas, que hajarnos no arraial, que
vem muita gente de inmigos, nom devemos por tan~
to feer trifie, nem fazer moíl;rança de torvaçom per
fenbrante ) ou palavra) ante devemos m'o~a1: de f~er
por eílo muito ledo c<;>m grande esforço, e leda voon-
_tade, porque fegundo o fenbrante , que moflrarmos,
.-taaes coraçooés faremos aas noífas gentes.
. 33 1TEM. Devemos no tempo da guer-ra mandai
apregoar, que nom feja nenhuum tam oufado de
qualquer efla~o , e condiçom que feja , que durante
algúa peleja, roube, n~m fe aparte da hordenança , ~
em que for poíl:o no começo da p_eleja) mais fempre
continuadamente peleje com a graça de DEOS, ataa
gue a peleja de todo.faça fim ;· pqrque. muitas ve_zes
aconteceo, que durando a peleja, alguús por fentirerrí
ia vantagem da fua parte, fe lançavam a roubar, e

por aazo deíl:o receberam gra·nde dampiio, porque de


-veencedores tornavam a fee;r veécidos.
34 1TEM. ~an,d,o houvermos de poer cerco fobre
al-
Do REGIMEN'fo DA GuER:RA; . 297_
algúa Viila, ou Caíl:ello, devemos teer eíl:a maneira,
que fe adi~nte fegue ; a faber, devemos chegar em
batalha hordenada á cerca do luguar , que cercarmos
o mais perto delle, que bem podermos; porque quan-
to mais. perto do lugar o cerco ftá, qlianto maior co-
raçom faz aos combatentes, e enfraquecem os que
fom ;cercados: e a carriagem da hoíl:e deve ef!ar que-
da em lug.uar ~ que fie fegu11a:
35 ITEM. Ante que fe a dita: ViU:i, ou Caíl:ello
-cerque, Nós hiremDS fobre elle em batalha hordena-
·da, comp dito he ~ e çlevemos primeiramente liir veer
-a dita Villa , ou Cafiello dá redor, e catar lugar mais
. forte, que tever da redor , e alli devemq.'.l affeentar
noíf~ arraial.; e devemos efguardar o Iugua.r, porque
Nós fentamos que mais ligeiram,ente poífa feer dado
foccorrn aa dita Villa, ou Caíl:ello pelos inn1igos , e
· fa4ermol10 ocupar, e afortelezar com gentes d'armas,
e artelharias per tal guifa~ que nom lhep.oífa íeer da-
do o dito focorro4
. 36 ITEM. Se a ViUa for tamanha, que "fe nom
poffa razoadamente poer o arraial .todo em redor ;
ponha-.fe junto , ~ nom fe ponha todo em redo;, fai-
vo o dia do cor1!bate ; e. eíto por aaz-0 de fe a gente
nom espalh~r em defcumunallez.a : 1e o dia que fe a
Villa, ou Caíl:ell9 houver de combater ;ferá pofia to- -
da a gente a redor do luguar em partes; e dl:o polos
do l~gar acudirem a tpdalas. partes , e fe espalharem:
e no lúguar !Pais fraco, per-o,nlie fe houver de entrar,
Liv: I. Pp all~
::.19-8 L1vRo .P .RtM:mo TrTtrLO Çrncof:NTA E HUM·

a.Ili eftará a força da gçnté) e combaterá mais riga.;)


mente que cóm a ajuda de DEOS podér.
37 l:rEM. S~rá logo feita a redor do- arraial por
fogurança delle gr:ande cova a redo; con1 feus taipaa..:,
es, e no lugar in;iis fraco ferá. feita mais forte, e mais
alta> e no mais forte defenfavd tv.tzoadamente , e os .
portaae~ ..:d o arraial fej:im no ~ais f~ite ·lugut,Lr delle :
e ·q uando o arraial for affeentado, e forem mefter ar-'
tencios: -faremos , pOer os arteficios logo em aquelle
lugar.\· onde houverem de feer armados . .Eil:es art;efi-
cios. f~ja:m bem guardados do fogo, · e dos outros ca.:..
joo€s, ele que fe lhes pocile feguir dampno. ·
· 3 8 I Tf:M. Faremo$ tra,zer a todo hdmem fua co-
ta,. e' braçaaes, e efpada cqnti!_luadamente, e. de noite.
dormiram veíl:idos, e calçados pôr muitas CO'ffas ~
qu~ fe de noite feguem : e efto nom ·h:.ijam por tra-
,balhq) porque defto (e fegue prol~ e honra. >pois qu~.
efto vaaõ b.uf.car, prol pera as almas, e honr.a p~ra 0$,
corpos. ,
39 · !TEM. Por qu;u1to -.no·arraiàl cortam carhes, e
morrem beftas , e as baridounas das carnes , e ? fedor
das befia.s trazem 'ferriprç grande av~rric~mento, ~
nojo, e ainda fe caufa por ello- peftelencia, e outras,
coufas de cajooês, mandaremos hordenar huú par de
carretas com tenhas tinas em cima,. que levem toda
, efta çugidade fora .do arraial mui longe :. e ainda de fe
foterrarem ferá mui berp hordenado . .
40 !TEM. Nom ferá alguum -tam oufado de rou.-;
· ba.:
,Do RtGIMfilTO DA GvERRA. 299
' .
bar Igreja, nem deftroir nenhuúm Religiofo, nei:n
· deHa de~tro tomar pref.O: fe elle .nom trouver armas,
nem de forçar nenhuúa ' moiher , nem róub~üla, fob
pena de morrer porem. -·
4-1 · - !TEM. Q!e nom f~ja alguum . tam oufado de
hir diante, falvo em fua batalha ; com o pendom de
ieu fenhor, ou capitam , falvo os pofentapores dos ca- ·
pitaaés ,_fenhores, e fidalgos, os_i10mes dos quaes fe-
ràm dados per feus fenhotes; e~. capitaaés ag Conde.:.
eíl;abr_e , e ao Marichal, fob pena de perderem feus
.cavallos.
, 42 ITEM. Cada huum feja obediente ~o feu capi ... ~
tam de fazer vela, e guarda, e foriagc::m, e toda cou ... .
fa, que perteence de faz"er a foldadeito, fob pena, de
perder o cavallo, e armas, e Q corpo embarguado por
·parte do Conde-eíl:abre, ou Marichal ; ataa. que haja
feita a voontade de feu fenhor, feguqdo a hprdenan-
ça do arraial:
43 ITEM. Q!ê nom feja alguu~n tam oufado de
ioubar, nem filha.r bitalhas, nem outras coufas, que_
1
primeiro per outrem forem filhadas, fob pena.de -lhe
cortarem a cabeça ; nem outro fy nenhúas outras
mercadarias, ou couíàs quaeefq_uer que yenham pe-
ra refrescamento da hcfte, fob a pena fufo dita : e
1aquelle 1 qtte ·ó fezer faber ao Conde-eftabre , ou ao
·Marichal de ~aaes roubadores,; ou filhadorés, haverá
rm il reis por fo:u trabalho.
1• ++ ·hEM. Por nenhúa contenda de alojamentos•
1~ ~ Pp 2 -nem
LrvRo PRIMEIRO Tnu~ t::nfcoENTA E HU.M

nem de n'e nhua outra quàlq'uer cauf<( nom faça ne..:


1

nh,u ú volta, ,nem arr<t'.ª-º º'!- hofte, nem ajuntamen-


to de gente ; e efto tambem dos principaaes, corno
dos meores, fob pena de perder feos cavallos, e ar-
- . )
mas, e o corpo. ;ia noffa inercee ; e fe for page , ou
outro moço, perderá a orelhfl efquerda ~; e ' ante que
fe em elle faça eixecuçom poderá moftrar feu agravo
ao Conçle-~ftab~re, ou ao Marichal, e feer-lhe ha fei-
to comprirr;ento de direito. _
45 h~. QQe nom feja,nenhuú tam oufado de
fazer volta, ou arruido em na hoíl:e por malqueren-
ça de ·tempo pairado; e fe alguú for morto por . tal
conte~da , ou em' occaz;iom della forem , moáerom .
por en.d e : e fe aconte_çeífe que alguú bra,adaífe o no-
me de' fi meefmo, ou de feu fenhor ~ ou capitam por
faier levan,t ar. as gent.e s, porque' o arruido _poífa _feer
na hoíl:e; aqueh que o fezer, moira pór.em.
" 46 ITEM. ~e nom feja alguum tam oufa~·o d~
braadar, ou apcllidar por,alguií 'fénhor, ou capitam,
falv.o foomente aaqui d' ElRey,' fob pena de lhe ,c orta-
rem a cabeça; e aquelles, que forem tomeçad~res dos
~itos bi:aados, haveram·a dfra pena , e mais o corpo
enforcado pelos braços , fe taaes peífoas forem.
1

47 ITEM; Que nenbuú nom braade armas' armas


em rta ho,íl:e , por o grande priguo, que poderá acon-
tecer, o que DEOS defenda; e eíl:o fob pena de pe_r-.
der o melhor cavallo, que tever ; fe for homem d'ar....
:ma.s :t. ou beeftçiro de; cavallo; -~ fe for b<:;e{teiro ": pee,,
Ql.l

, .
Do REGIMENTO DA GurnRA. 301

ou page perderá a orelha direita ; e fe for :fidalgo, ou


cavalleiró, feja ~fcarmentado fegundo o cafo for, e
a calidade de feu eíl:ado.
48 ITEM. Se alguú feito d'armas fe fezer, no
qual d.lguú inmigo feja derribado em terra, e aquel ;
que o de~-ribar , for' adiante no alcance , e outro vier
de tras, e o tomar por prifoneiro , efre, que o affi to-
mar, haverá a meet_ade delle, e aquel, que o houve~
derribado , a outra meetade : mas o que o tomou ,
haverá a guarda delle fazendo fegurança a feu . par- ·
ceiro.
49 ITEM. Se alguú tomar prifoneiPo, e outro vi-
er fobre elle demandando parte, ameaçando-o que
fe lhe parte nom der, matará o prifçmeiro , ainda
que parte lhe fejá prometida, elle nom a haverá; e
fe lha nom prometer, e elle matar o pr·ifoneiro, ha·-
verá por pena feer prefo ataa que contente a parte ;
e mais perderá feus cavallos, e armas pera o Conde-
eftabre.
50 ITEM. Qie nenhuú nom faça cavalguada de
dia , nem de noite , fenom per licença naifa, ou do
Conde-eíl abr~, ou Marichal por tal ,.que elles faibaõ
parte dhu for, pera lhes dãr foc~orro, e ajuda fe mef-
ter feze r, fob pena de púderem os cavallos, e:armas
pera o Conde-eíl:abre.
5I hEM. Qge pernenhÜas. novas, nem arruidos,
. que a eíl:o poderem vfr, nenhuú nom fe mova fora
das batalhas , frendo a cavallo l ou em feus aloja ..
·vien-
302 Lrv'RoPRIMlIRO 'TITULO CrNCOENTA E HUM

mentos-, fenom per affinament0s dos capitaaé!s das


batàlhas, fob pena de perderem os cavallos., e armas
pera o Cond~-eíl:abre. ·
52 !TEM. Cada huú pag!Je o terço a feu Senhor,
ou ao Capi~'lm de toda maneira de guaanho d'armas,
e tambem aquelles, que nom fom a .foldo, mas tam
~ ' fdamente fom cheguados, e apufe~tados d.e fo a 9an-
. deira, ou pendom d'alguum Cpitam. ·
53 ITEM. ~e n.om feja nenhuií tam oufado de
levanta!' bandeira, ou pendo~ de Sam Jorge, nem-
outro alguu pera tirar as gentes fora da hofte ~ pera
hir·a nenlmtTHt parte que feja, fob pena de morrer ;
e ao Capitam , que o fezer, e a todos aguelles, que
o feguirem, lhes cortarem as cabeças, e todos feus
pe€s, e herdades perdidas ferem perà Nós.
. 54 ITEM. Cadfl huú ç{e qualquer eftado, e condi....
5om, ou naçom que feja, que da noffa parte for;
tragua huum fignal d'armas qe Sam Jorge largo.,
hum diante, e outro de tras; e fe per ·-mingua dello
for ferido> _ou môrto ; aquelle' que o ferir' ou ma-
tar nom havera porem pena; e que nenhuú inmiguo
nom tragua o dito fignal de Sa~n Jorge, ai_nda que
feja prifoneiro, ou doutrá maneira em na hofte, fob
pena de feer morto.
55 ITEM ••~e fe alguú tomar prifoneiro, que,
como for vindo aa hoíl:e, que o tragua a feu Senhor,
ou Capitam, fob pena de perder fua parte pera o di ..
to feu Senhor, ou Capitam ; e o Capitam o tragua
a
Do REGIMENTO-DA GuERRA. 303

a Nós, ou ao Conde-eftabre, ou ao Marichal, ·a quem


mais aginha o podér levar, [em o levar a outra par-
te, honde o pode lfrm exa1_11inar das novas dos inmi-
g0s , fob pena de perder o [eu terço pera aquelle, que
p rimeiramente o fezer faber ao Conde-eílabre, ou ao
Ma richal.
1 • 56 ITEM. ~e cada huú guarde, ou faça guãr-
par feu prifoneiro , que nom cavalgue ao larguo,
nem vaa longament~ Jem haver guarda fobre ·elle ,
por nom enculcar, e avifar os fegredos da hoJle a~s
inmigos ; fob pena de perder o dito prifoneiro, re-.
fervando ao dito fe4 fenhor, ou capitam a terçíl par-
. te delle, falvo fe o dito capitam, ou fenhor for cul-
paçlq na fugida do dito prifoneiro , e a outra parte
haverá aquelle , que o primeiramente, e a outra pai.-,,.
te o Conde-eílabre; e o dito capitam do dit<J prifo-
peiro haverá mais de peila feer embarguado aa naifa
uiercee.
57 ITEM. ~e nom leixe ninguem hir o feu .pri-
foneiro fora da cafa ror fua rendiçom , ne_m por ne-
nhúa outra coufa fem licença nàffa-, ou do Cond~-ef­
tabre, ou do Marichal ., ou do capitam , em cuja
companhia for; e aquelle, que o contraira foz.er, fe-
ja embaiguado ataa noffa, mercee, e haja mais ef-
carmento, fegundo o cafo for. -
58 l'l'EM. Cada huú faça bem, e cornpridàn1ente
fua vela na hoíl:e, com ho numero das _gentes d'ar-
mas, e .beefteiros , e outra gente, que lhe for affiml-
da
304 LIVRO ·PRIMEIRO TI'fULO CINCOENTA E HUM

da , e hi efta~ a termo hordenado, fem fé movér PG- '


ra Í1e1~húa parte fenom per· mandado, e licença da-
quel, cujo.for o principal carreguo da vela, fob pe-
na de lhe cortarem a cabeça.
, $9 ITEM. ~e nenhuii nom dê falvo-conduto a ·
prifoneiro alguú, nem outro fy licença a nenhuú in-
migo de v!r aa hoíl:e fob noifa pena, e [perder, feos_
PG~s pera Nós, e feu ~orpo eíl:ar aa noífa meréee ·,,
falvo Nós, ou Conde-eíl:abre, ou o Marichal; e que
nom feja nenhú tam oufado de quebrantar o noffo
-falYo-conduto, fob pena de morrer porem , e feos ,
-beés , •e herdades . fere,rn perdidos pera Nós ; nem
dfo rneefmo os fal vos-condutos do Conde-e:ftabr~ ·'
nem os do Marichal, fob pena' de lhe cortarem .a ca-
beça .
· 60 hEM. Se alguú_tom.a r prifoneiro, deve-lhe de
tomar fua fé , e o bacinete ,. ou o gu.a nte direito em
guaje, e em final que he feu prifoneiro , ou o dev_t
leixar em gt~arda a alguú feu; e fe ante que ·efto haja
feito, alguú outro yier de fras, e o tomar a,pte das ce- .
rirnonias paífadas , elle o haverá a:ífy como fe de pri-
meiro tomara fua fé ..
61 · ITE M . ~e nom feja alguum tam .oufado de
.receber fervidor d'outrem, que haja prometido feguir
. a menagem, a:ífy como homem d'armas, como beef-
teiro, ou outro qualquer homem d~ fo1do, ou page,
ou outro moço , despois que for .afiuzado com fou
amo,; fob pena de feer feu corpo enbarguado ata_a que
· · haja
Do
'
REGIMRNTO DA ·GUERRA. (Jo~

ha]'a feita reíl:etuiçom aa parte quere!lante pola Hot~


denác;:om da Corte, e feus ca vallos, ê armas íerem
pera o Conde-eíl:abre. ,
·'62 ITEM. OE!e nom feja alguum tam oufado d'hir
em forragem diãte dos fenhàres , ou doutros quaeef-
quer ; que houverem ho encarrego principal da forra-
gem , ··fob pen_,a de perder, fe for homem ~·~arma~ ,
fros ca vallos , e armas pera o Conde-efta_b re , e feu
·c orpo feer embarguado polo Marichal ; 'é fe for beef_ ~
t eiro, ou barleire, ou ho~ein de pee~ bu page, tortar-
> lhe-ham a orelha direita~ .
63 I T~M; ~e nom fej~ a1guum tam bufado de
·fe alojar falvo per affinatnento dos apoufentado'res, ns ·
quaees ferom affinados per o Conde-eíl:abre pera dar
as poufadas, fob pena _de lhe cortarem a orelha direi.;.
~a, fe for vaclet~, OY pag~; e fe for homem d'armas
'd e..perder feos cavallos ·, e armas pera o Conde-efta.-
bre; e ,defpois que o. dito alojai-nento for defembar:- ·
guado, ººrn feja nenhuú tam oufado de fe mover S""
rtein alonguar por coufa , ·que pa.fia vfr',, fob a pena.
. fl;1o dit~. ·'
· 64 ITEM~ ~e qualquer fenhor , que feja, dê_o
nome do feu apoufe1\tadoi ao_J;qnde-eíl:abre,
.., l. ..
~ •
e ao
1Marichal,' fob pena que fe alguú for àdiant~, e to":

mar poufada, e O feu nome nom for ·dado.?..O Çonde:..


' '
_eíl:ahre, e ao Marichal, qualquer que feja; pe_rca feos
·caval!os, e armas. · !J

6 5 No,M enbargarite que.. em efte Regimento de


. Liv. E Qq guerra
.. .1

,10'6 LrvRo Pi<I'trni-n.o T1-<ru10 CrncoENTA E no1s.


ii:f' '· - .

!;guerra em muitos. luguares J e por muitas soufa~ pd...


rfihamos p~i:1as de morte., e de talhamento de nenbros,,
' eftas penà~ rezGrvarno~ pera Nós, per~ as mandarmo.s
1 • . • . ,, . ' •
·,compnr, ou rr:imgt:Jar, ou· acrecentar Gomo virmos
que os tempos· requerem, e os erros forem. .·
' ~·

'.··-.T I T U L O LII.-

Dõ Conde-t]lahre ,. e do que pertéece a fau ojjido~

.o .
• ' ., 1,

' '

·GoNDE-ESTABRR he o maior pfficio ,,€',de maÍOit"


· ·eftado, e honra, que ha na hofte, tirando ~
:fora àquel ,. qµe he fen.hor deU:a ,, porq.ue f~gundo· ge-
i al. "e audgua ufan'ça da-·g11erra: a elle pertee1:i:ce hir
'· '1la avanguarda ,,_ e tee17 o .Regimento. della " 'fe .outro'
' fenhor de maior eftaoo-hi n6m for ;. e ainda a eUe per.,.
\ 1 "

. .ree~ce a go:vemança: nas màior~s ,. e- .mais,:ailina<lall'


~oufas· , que na· hofre hajam. de foer -feitas.. · 1
1 ITE~- ElRey ,. ou qpa-lq1,rni; ?utro fenhor da bof.,.
r!te' dev.e ~ continuadarnen.te :reer confelh.0 em cada húa;
· · noite· _c0in 'o Cond"e--éftabrê .,. e com o Ma.i>ichal ,. e·
~ €om os .oui:ros de feu Confrlho,, e com elles·hordenar-·
as ec;mfas pezadas', qcie· fe·em outro dfa. houverem de· -
fazer •. as, qp-aee.s devem feer cmcomenàadas·ao Conde--
. eftabre·t e elle·deve,..d'encarregar 'º : Maricnal claque!~.
rlãs,,_,qu.e per fy fazer. nom podfr.;. e qµando taaf!s·c.ou..-
•- '[às,
Zl/.J \ / ,..,
Dq CoNDE-"ESTABRE, ETC. 307
fas forem, que fejam de pequena fuíl:ancia., poc}e-as
encomendar ao feu Ouvidor ·: e ao Conde-eíl:abre fica
fempre cuidad0 pera ·demandar a -cada bufi conto ,o~
recado daquello, que .lhe m:rnda'r fazer~ '
2 1TEM. O Conde-eíl:abre terá principalmente
tuidado d 'ordenar _, .e encaminhat· em cada- hL;Ú dia
com confelho do Maricba1 todalas outras ·coufas , qu~
:a elle perteencer de fazer , fegundo he contheudo no
titulo da governança, e R,egimento da guerra.
j I TIM. O Conde-eíl:abre .1w começo da guerra
:deve fazer Coudees aquelles, que dle entender, qu<!
fom pera ello pert~encentes, que tenham ·encarreg<3
dos beefteiros., e homeés de pee ~ a faber, antre trin 7
.t a , huum coudel.; e efte terá ·carrego de os aguafa-
lhar, e apc>L1fenta:r ~ e .requerer feu foldo; pera quan-
(!o o Conde-eftabre .hauver meíl:er alguús delles pera.
Jervir ., ou hir .a a_lgúa parte, aos ditos coudees os de-
ve de reque-rer, e elles devem teer cuidado pera lhos
logo dar : e eílo fe 'C'oíl:u:mou de fazer fempre aífy •
porque tod0s hajam razom de fervir igualmente.
4 tTEM. O Conde-eftabre com acordo d 1 EIRey •
()U do íenhor da_hofte -ba d'afünar cert(;JS qüadrilhei..:.

roi;. que fejiim pera ello pert~encentes, que·ao ven.-


cimento d'algua batalha, ou entramento -.de Villit re-
partam toclo o esbulho, que hi for achado, antre todo-
Ios fenbores, e capitaaés da hofte, fegundo fua fenho,..
ria, e capitania, pera elles outro fy repartirem aqueI...
lo, que lhes acontecer qntre aquelles , .que-forem de
Q.s. 2 fua
.. ·-

8º8 LIVRO PRIMEIRO TrTu10 Crnq>ENTA E no1s


fua capitania, e fenhoria ; porque dando-fe luguar
ao esbulho, feguir-fya e11de grande prigoó aa hoíl:e ,
porque, como ja diifernos no titulo do Regimento da
guerra, por aazo do dito esbulho feer permitido re-.
ceberiam a,s haíl:es grandes perigoos. ·
5" ITEM. A elle perteence cada vez que o arraial
partir d'huú lugar pera outrn , mandar certas gentes
diante , que pera ello ferom affinados , pera descobrir a
terra dos inmigos por feg~uança da hofte ; aos quaees
dará huú capitam, que pera ello feja perteencente, e
.mandará com elles alguús almoc~deés de cavallo,
que faibam bem a terra, pera os haverem d'encami-
•n har a ferviço d'EIRey~
·6 · ITEM. A elle pertee_nce ordenar as guias , que
haveram d'hir na avanguarda pera encaminhar, fe:-
gundo he c;ontheudo no titulo da Hordenança da
guerra, e bem aify em quaeefquer. cavalguadas, que
houverem de fazer.
7 ITEM. A elle perteence dar carreguo a huma
peífoa de bem , que pera ello feja perteencente , pera
itffinar o lugua.r, onde o arraial houver de feer aífeen-
tado, o qual levará certos pendooens pera balifar ,. e _
<levizar .o dito lugar ; e despois. q~e for affinado, o
Marichal daFá apoufentador, que haja d'~lojar ?S fe:..
nhores , e fidalgos, e os capitaaés da; hoíl:e , fegund~
no titulo do Marichal mais compridam~nte he con-
theudo.
& _ hui~ A elle perteence hordenar as gua.rdas, e.
efc;ui~
Do CoNDE-ESTABRE, ETc." 309
efcuitas , que hajam de. guardar o arraial despois que
for aífeentado, íegundo elle entender por noffo fcrvi-
ço, e fegurança da hofte, e mais ·compridµ.mente he
contheúdo no titulo do Regimento da guerra : e nom
feja nenhuum tam ou fado, que fem feu mandado ef-
pecial fa ya fora do arraial , fegundo for balifado ; e
aquel, que o contraira fezer , feja prezo, e·efcarmen,..
tado , fegundo juizo do Conde-eíl:abre.
9 ITEM. Acontece~do, que feja neceífario de poer
palanqt!e no arraial em qualquer tempo por guarda:,
e defenfom delle , 210 Conde-eftabre pcrtee nce de o
m andar eixecutar:
10 _ITEM. ~ando vier cafo, que o a:rraial feja á
vifta d'algúa Villa com propofito de feer cerca·da ,
aquel, que da parte do Conde-eíl:abre fooe d~hir di-
ante veer os lugares, onde o arraial ha de feer aífen-
tado, eífe meefmo va,a entom tam a cerca do arraial:~
que ligeiramente poffa haver focorro delle, · em tal
guifa, que nom receba prigo, e tenha tal maneira,
que poífa devifar a terra em lugar, onde o arraial feja
melhor aífeenta:do: e venha-o fallar com o Conde-
·efl:abre, e _recontar-Ihé-ha <J. difpofiçom dos l.uguares,
que vio, e achou, pera elle com noffo acordo horde-
nar, e afl1nar o lugar , onde ho a.rra-iaJ. haja de feer
iaffeentado. ·
II hEM!.Ao Conde-eíbbre perteençe, quando o
·-ar.raia! abalar de huum luga·r pera outro, àar carre-
go a alguii fidalguo,. ou ca valleiro pera ello perteen..
~ente~
ro LrvRo PllIMErno TrTuLo CrncoÊNTA E oors

cente, que tenha em cada huú dia prefies ataa vinte


~fcadeiros bem encavalgados, com os quaees em ca-
lda huú d.ia alta manhaâ hirá defcobrir a terra, ante
que o dito ·arraial aballe, por fegura.nça delle, fegun.
<lo mais cpmpridamente he contheudo no titulo do
Regimento da guerra; e bem affy fará de;fpois qtle o
for
,arraial
I
aífeentado em feu lugar.
'" 1
./
12 1TEM. Ao Conde-e.ftabre perteence haver con""
'to das gentes ·d'armas, e beefteiros,_ e homeés de pee,
-e bem affy das batalhas , e companhias, qu~ houver
(~ffi toda a hoíl:e, pera fe dellas poder fervir igualmen-
te ao tempo do meíl:er: e ell.e hord.eaará a maneira,
~ne hàveram de teer aquelles, que houverem deve-
lar : e e1le per fy as roldar·á , ou mandará rold-ar per
peffoa fiel, e ll;ies dará o nome, que hajam de teer _..
'e qualquer outra coufa, que hajam de fazer : e eTI:o
fará em tod0 o arraial , affy 9a Villa, e Caíl:ello? co ...1
.mo do c.a~po. ·
. IJ IT~M. Ao Conde-eftabre perteence ho maior;
,e mais p~incipal ~arrego , da: jtJfüÇa >1 efpecialmente·
1nos feitos pefados de grandes peffoas; e por tanto lhe
,convem de levar com.figo huú Leterado bem enten..
.d.ido por feu Ül)vidor, e outro homem de bem por
Meirinho; e elle deve a levar -cadea, e carcereiro, e ho.,.
meés pera fazer juíl:iça, em tal guifa qpoífa feer bem
.com;prida, e cúxecutada pelos ditos officiaaes della.
14 ITEM. O Ouvidor do Conde-eíhbre poderi
.tomar conh.ecim_ento de qqaa,~squer feitos , ~y cr~~.
mes

.)
Do CoNDE-ESTABRE, nc •. 3If
.roes como civis, que a elle vierem , principalment~
per auçom nova , ou per appellaçom , ou aggravo
.<lante o Marichal, ou fcu Ouvidor; e qualquer def-
ernbarguo, que o Conde-eíl:abre, ou fen Ouvidor com
authoridade delle der em alguú feito, logo · poderá
mandar compridamente eixecutar; pero fe elle ví'.r
que alguu feito he tam pefado per razom da peffoa ,.
ou pú bem da coufa feer em -fy muito grave , deve
fallar cornnofco , e com noífo acordo dar em elle de-
terminaçorn, como for achado per direito : e deve fi-
'Car em fua difcripçom á cerca do feito foei: leve~ ou
pefado, como dito he.
15 ITEM. Se o Marichat per. fy ,,ou per feu Ou--
' vidor defembarg1:1ar alguú feito crime,. em que haj:a-
pena de fangu-e, nom mandará eixecutal' feu defem-
' bargo a menos de _fallar com o Conde-eílabre; falvo-
fe o defembarguo-for. defembarguado-com acor.do, c-
1._autoridade d() Conde-eíl:abre~
r~ InM .. Todolos füitos- civis,.que ao Conde.-
'eíl:abre, ou <f feu Ouvidor. vierem per auçom novas
ou appellaçom , ou aggra-v0-, ou· qualquer outra·_ma-
neira,. e per elle ,. eu per feu Ouvidor. eom: fua auto~
ridad~ forem defembarguados ,-farnm e~ elle: fim em~
ii:al guifa , qpe de feu clef'embarguo nom haverá hi
appella-çom ,.nem aggra~-o ,.nem fu pricaçom pera ou-
_tra nenhúa ·parte.
q fTu1. Todos aquell'es·, que· quiferem move~
aJ~uãs. dema~as em todo cafo civil,, ou crime, po;-
'~ deram
'3º LIVRO ·P RIMEIRO TITULO CINCO:&NTA E DOIS

derom efcolher por feu Juiz ho Ouvidor do Conde.o..


eftabre, ou o Ouvidor do Marichal, e qualquer del-
les, que primeiramente tomar conhecimento da cou-
fa, per qualquer guifa que começar d'ouvir as partes,
.elle proceder4 em ella ataa fim.
I 8 !TEM. O Conde-eftabre haverá de cada mer-
cador , ou regatam , que vender, ou comprar na hof-
te cada fomana do2le reaes brancos , e de cada huú
feu fervidor tres reaes brancos ; e haverá de cada huã
rnolher folteira da mancebia em cada fomana doze
'r eaes brancos ; e haverá mais as penas do dinheiro, ou
beés, ou qualquer outra coufa , em que alguú feja
condapnado na hofte por coufa, qu~ faça como nom
deva; e haverá mais todas as carcerageés daquelles,
que forem pre!os na prifom do feu Ouvidor; e bem
aífy as armas, que lhe forem achadas, fe com ellas
fez o que nom devia.
19 ITEM. Ql!.ando fezerem algúas cavalguadas ;
devem os capitaaés dellas requerer ao Conde-eíl:abre,
que lhes dê huú cavalleiro, ou cfcudeiro, qüe em feu
nome lhes affine o luguar, onde hajam d'a!feentar fua
g ente em cada huíi dia ,.fegundo pelos ditos capitaa..;
tés ferá hordenado.
. 20 ·!TEM. ~ando o Conde-eftabre ,../e Marichal .
tavalg ua 5'm, das prefas, que forem tomadas pe; e_l-
les , haverá o Conde-eíl:abre todas as beíl:as fem cor-
nos , a faber, cavallos, e eguoas, mullos, e mullas,
a fnos, e afnas , que andarem pelo campo em mana-
das ~
Do CoNoE.:tsT ABRE ETC. 3 13
, das, O\l' per óutra guifa desferraçfas , e os porcos. E
o Maric,hal
. ,,.
haverá todas as beíl:;:s
.
maielladas ,. e ca.- '
.)

padas dé pouco valor . .E todas. as beíl:as ferradas fom


_daquelles, que a"s gaança1:em. E quanto he a~s bois, e
vacas, carneiros, e ovelhas, cabrooens, e cabrás, e as
pdrc~s -, todas eíl::as animalias ha~ de_feer ;epartidas
per todos aquelks" que forem na càvalgua~a; a qual.
·repartiçom; farom p C-0nde-eftabre , e. o Mar.i_chal ~
ambos juntame~te , ou quem ,elles pera ~llo.' em feu~ , ~,;
nomes fina~em. E aiÍ1da que os ditos Cond~-e'ftabre, '
e Mariclial nom forem na· éavalguada , fe elles ell:e-
verem nó arraial) haveram fu<;i pl\lrte das fobreditas ·
cou,fas, que ham d!haver, em folíqo J afiy como rena
cavalguada foffem; pois que ficam Il'o arraiàl pdr fer,- .
viço d'ElRey ., e por f.ua h~denança haõ de feer fei-
tas ·as ça valguádas. , r

. ; 2 I " ITEM;, ?·e huú prifoneiro for prefo em .tetppo


d~ guerra, e eUe efcapa.r da 'gua'rda ·daquelle, que Q
· fil~ou,, e (or. iepiefo pola .guarda pá v.t l_a , ;(leve fe~r
levado ao Marichal; e fe achar q~e-0 dito~prifoneiro.
fogio ante de (eer acabada ~ huma noite-., e huú dia.
que o únha>aquelle que o prendeo; em tal cafo deve- ·
lho de mandar tornar, fem por ello haver alguã a van-
tagem; e aêlhando que havia II)ais de r:io!te, e dia, que
o fenhor <lo ·prifoneiro ho tinha em fe~ poder, quan-
.do lhe' fogio., em tal cafo ferá o _prffoneiFo ~daquelle
- que o achar, e haverá o Mar~chal por avantagem a ,,
di,zima .delle.
, )Liv. I. Rr 22
314 L1vRoPRIMUROTITULO Çr~coENTA E nors

,· '.l2 !TEM. Se' alguú prifoheiro fogir do: arraiaÍ·, e


paífar as guardas d9 arraial , e ante q~1e ehegue aos
inrnigos deífe arra.ial) feja tomado per ·o.u tra gente do
arraial ,.' eJe affy andar fogindo a11te qu.e tomado' feja,
per huú dia, e noite, ferá daquelles, que o tornarem,
,e o Ma-r-ichal haverá fua a vantagem,. e fe per ventura
for tornado ~nte que paífe dia , e noite·, ferá tornado
a.'feu qono p~r juizo da Marichal fem ou'rra avanta- ·
gern : e êíl:o '[e entendai quando a·'noífa hoíl:e for em
terra de noJfos iivnigos.
23 !TEM~ Se :alguãs couf~s forem levadas pelos ,
inmigos do arraial, e os di:~os inrn.igos as teyerem fob
feü pode~ di~ ; e nbite ,- ante que com ellas ch~guem
e~· falvo ,á fua terra~ e ·forem re.cpbradas pelas gcnt~s- 1
do arraial, fejam claquelles. ~ que as tomarçm; e fe an-
te do dia, ~ noite f01:em ·recobradas , ·fejanúornadas
aos primeiros fenhor:es ; ·e fe per 'ventu'.t'a as :ditas c.ou-
f.as ja eram poíl:as ~m f~lv.o pelos inrnjgos ,. e defpois1 1

foro'rn recQbradas~ em todo r.afo feram daquelks,. .qúe:


as novamente cobrar~m.

.."

r
'
Do MAIHCHAL, E cousAs, !Te. 3I 5

T I T U L O LIIT.

Do M arichal, e coefas, ·que aftu qfficio pertee1tcem.

-n ·EsPois do Conde-eíl:abre, o maior, e mais h0n~


rado officio da hoíl:e parece feer o do Mcrichal ,
1
.porque a elle pe ence ·fazer muitas coufas, que tan,..
gem aa governança da juíl:iça; porque todo querello:-
, [o fe pode querellar a elle em feito de juftiça > aify
ICO!IlO ao C-0npe-eíl:abre, e elle lhe poderá dar, ou ,
Jnandar a feu Ouvidor que lhe dê provimento _com
direito, fegundo ao diante ferá declarado.
~ I .J TEM. A elle perteence· repartir os afojamen-
0tos da hofte em todo lugar , onde g ouver de fee~- af-
.featado 0 arraial·, ca defpois que pelo Conde-eíl:abre,
·e ·pello feu deputadó for ailinado _onde o arr~ial haja ' .
.de feer aífeenrado, deve feer repartido o alojamento
.pelo Marichal, ou feu apoufentador , que elle ·pera
ello hordenar, aos fenhores, e fidalgàs, e capitaa!!s da
hofte, fegundo a cémdiçom, e qualidade de.cada li.uú,
e gentes que 'tever.
2 · I nM. Ao Marichal perteence de concertar ~s
, _velas , e teer .a guarda de~as aa ora d ~ comer , aífy
, gentar, como cea ; e em todo õutro tempo deve teer
_ra guarda dellas q Conde-eftabre, fegundo no titulo
-do feu officio he contheudo.
Rri ·3
3u~ LrvRo PRIMEIRO Tr,TuLo 'CrncoENi'At TREs

3 1TEM. T .odalas prefas, que forem tomadas pe-


los da hoíl:e, ,o Marichal haverá todas as beíl:as ma-
zeladas, e capadas, e de pouco valor. E mais haverá
em cada [emana doze ·reaes brancos de todo aquelle,
que tever loja, ol'1 tenda armada pera vender algúa
coufa de 'qualquer condiçoin, e qualidade que feja. E
haverá mais todos os amerceamentos da hofte', a fa-
ber, todo aquello, que Nós per via, e graça, e merce~
rnandarmás paguar a alguú por . que ha-ja feito,
perdoandb:-lhe.a pena, que principalmente rhere<!Üa.
E m'!is-haverá todas as carcerage«~s ' daquelles, que fo;. ~.
rem prefos na prifom do feij Ouvidor ; e bem affy as
armas,·que lhes forem achadas, fe com ellas fezcrom
p que nom deviam.
. + ITEM. o M<!ri:chal haverá ae cada .mercaâor >·
·que. fegui~ a hoRe, e armeiro; e çácalador; e 'barbeiro,,
,e reguatoin; e de cada húa molher da mancebia ca-
• da iabbado doze reaes brancos ; e outro tanto. haverá .
de cadâ l}uú dos fobreditos, que fe moverem da hoÇ...
te pera outra parte, defpois que h@u_vei:em 'eftad0 ·eqi
ella per efpaço ·de tres dias~. , '
·, 5 , ITEM. ~ando fe. fazem alguãs cavalgua:das·,...
"'devem os capitaães dellas requerer ao Marichal, que·
• 1
·lhes dê huií-. ca.valleiro ,. ou efcudeiro pena_ello. per-
teenc~nte, que ..em feu log0. os.-haja d.'alojar erp.cada .
huú luguar, que fe houiverem, d'<!ffeentan.. . , " ·
6 ITEM. Se huú·prifoneiro for prnío ·per. alguú. da.
hofle,_e elle efcapar daq_uelle, que o tornou, e for. def.;..
;· ·Eº1:S·
. Do M.A.Rici:IAL, E cousAs;ETc. 317

pois prefo pela guarda da véla ·, deve-o de levar ao


Jvlarichal, e o Marichal haverá a vantagem rle fua
ren:diçom, porque he a.ífy como eftranho. ,
7 ITEM. O Marichal deve a levar comfigo hu.ú
.Leterado na hoíl:e. perteencente pera ello, que feja feu
Ouvidor , pera conhecer de todolos feitos crimes, e
civis, que perante elle vierem; e bem aífy huú Mei-
rinho pera haver de prender aquelles , que pelo dito
Marichal, ou feu Ouvidor for mandado, _ou que elle ·-
achar no arraial fazendo o que nom devem; ç em efte
cafo deve logo d'hir ao dito Ouvidor, e recontar-lhe
a razom, porque prendeo o dito prefo, e fazer o que
'lhe per el for mandado; e bem aífy deve de levar ca- ' r

deas pera aprifoar os malfeitores, e Carcereiros , que


os hajam d'aprifoar, e guardar, e algozes par~ fazer
juH:iça qu~ndo mefter fezer.
8 . !TEM. O Ouvidor. do Marichal poderá tomar
•conhicimento de todolos feitos- aífy civis_, como cri.-
roes, que perante elle forem, e nós feitos civis dará
appe'Uaçom aaqú-elles, que da fua fentença appellâ:..
rem, fe a íua condapnaçom pairar a conthia, ou va-
lia de tres mii' reaês bra.ncos; e d 'hi pera fundo nom.
receberá appellaçom algua, fe a foa fentença for f:iada
per acordo do Marichal, mas Jogo man<Jará por ella
fazer eixecuçom > fem lhe receber outra appellaçom ,
nem aggra vo.
9 ITEM. Nos feitos crimes, que o clito- Ouvjdor
defembarg_uar _,, ainda que feja per acordo do Mari-
~. chal,,
1...
~r~ L1vruo PRJMEIRO T1:ru10 CrncoEN .T A E TREs

•chal, em qu@ haja pena de fangue, ou açoutes , nom


firá eixecuçom ·per tal fentença, falvo recebendo' pr~ ·
.. meiràmentc ·appellaçom aa -J?arte aggravada p_era o
Conde-eíl:abre, ou feu Ouvidor. - ·
10 E NOM appellando a parte aggra_y~da da/ua
~fentença, appdle o -dito Ouvidor-pala parte da ju.fti-
Ç<J.'; e fe na ditai fentença nom houver pena de fangue ,
~u açoutes, ~ foi- dada per acordo do Maricqal, logo
a poderá· mandar eixecutar, fem tnais ·lhe receber ap-·
e pellaçom ou aggravo.
r 1 ITEM. ·~e todcls a·s eixecuçooés da juíliça-,
· deve.m 'feer encomendadas ao Marichal , e a -feus of'-
ficiaaes, e por tanto fe âcoftumou fempre, que os pre:..:
· goo~s ~a jufüça fejam dados em nome do .Conde-.!![..
'tabre, e Maricbal juntarné~te : porem nom tolhem~s
per aqui ao Conde-eftabre, ·que .em ~lguús _cafos de
trigança ,_onde a tardança· trageria prígo, que poífa
fazer eixecuçom per feus officiaaes, quando lhe bem
parecer"'

j
<

T 1-
Do ALMIRA_NTE, E DO Q.UE PER TEE N CE ET C. 3 r 9,,.

T 1T U L O L1III.

Do Almirante, e do que perteence a Jeu officio.

M ARAVILHOMS coufas fom os feitos d.o mar., e


affinad1inente aquelles , que fazem os homeês; ·
em maneira d'andar fobre el per meeíl:ria e arte, affy
como nas n:!aos , e gallees, e em todolos· outros na-·
vios mais pequenos. E porem . antiguamente os Em-
peradores, e os Reyi, que haviam g~erra per o mar,
qltando armavam náaos pera guerrearem feos inmi-
gos, poinham Cabdelles fobre ellas, a que chamam
em efte tempo Almirante , o qual he affy .c hamado,.
porql.\e elle he, e deve feer Cabedel, ou guiador de to-
dos aquelles, que vaaõ em guallees, ou navios por fa:-
r-ere m g uerra fobre mar , e pam ,Jam grande poder
em na frota , como fe ElRey hi de préfente foffe.
1 E TO Dos aquelles, que fob feu poderio forem ,.
devem-fe trabalhar de quatro coufas : a primeira, que
fej am fabedores de conhecer o mar, e os ventos : e a
fçgunda, gue tenham navios tantos, e taaes , e aíly
guifados, e encaminhados d' homeés, e armas , e ou-
tras coufas, que houverem_mefler , fegundo convem
ao feito, que querem fazer: a terceir~ he, que fe nom
. dem a tardança , nem a priguiça aas coufas , que de- ·
vem; ca bem affy como o. mar nom he v.aguarofo em
feos
j20 LrvRoPRIMEIRo TrTuLo CrntoENTA E o..yATRo

íeos feitos, mas faze-os aginha, e depreífa, bem aífy


os que em elle quererri andar devem feer aguçofos, e
ªpreíl:ados na,s . ~oufas, que houverem de fazer por
tal, que em quanto . o tempo houverem, nom o per-
cam, mais ajudem-fe delle em feu proveito: a quar-
ta he, que féjam muito bem mandados aaquelles, que
teverem c~rrego de 'os mandar( ca fe os da terra erri
fua hoíl:e aífy o devem a fazer, que bem podem vir'
per feos pees, ou em fuas beíl:as a qual pa~te lhes a_
prouver, e quando quiferem, quanto mais o devem
aífy fazer os do mar, cujo hír ou eíl:ar nom he em feu
poder, ou querer, como aqueiles , que teem por ca- ·
valguáduras os navios, que forn. de madeira, e os ven-·
tos por freos , os quaees nom · podem mandar, nem
teer cada vez que q~iferem ,·poíl:o que fejam em pri-
goo de morte. E por todas eíl:as razooés deve de feer
o aguiamento do Almirante, e feu avif<).mento em tal
maneira., que cada huú daqueles, que com elle forem,
u faiba o que ~a de fa~er aq tempo do mefter, e nom
efper<;, que iho hajam de dizer; ou requ,erer pe~ mui-
tas vezes.
2 ITEM. O Almirante deve feer em eíl:es Regnos ·
do linhagem decendente de' Mice Manuel, que em
elles foi primeiro Àlmirante, fegundo a forma da doa-'
f .

çom a elle feita per E!Rey Dom Donis; e-nom feen-


do achado hi tal do feu linhagem, que fegundo direi-
to,·e forma da dita doaçom deva feer Almirante, en-
tom deve elle feer per nos efcolheito t.a l, que haja em
f y eíl:as co~fas, que fe feguern'. 3
1,: · Do ALMIRANTE, E DO <uJll PERTEENCE ETC. 321

3 PRIMEIRAMENTf:, que feja1 de bm;n linhagem


, ..
·pera haver vergonça de fazer o que nom deve~ des y,
que feja fabedo! dos feitos do mar, ~ da terra em tal ...
guifa, q~e faiba o que houver de faze..r em . cada húa
parte: e ainda lhe convem , que f cja de grande esfor:..
ço, ca eíl:a coufa lhe ,he muito neceífa~ia pe~a comet-
i'

ter os feitos de grande.pefo, e fazer dampno .a feus in-


m1gos, e apoderar-fe da gente, que trouver ; porque
'
ainda qué os que forem cpm elle fejam boo~,- ~empre
haverám mefter correiçom : outro fy deve fer- muitg
o
graado, e liberal, porq·ue f<1;iba bem partir que hou-
ver com aquelles, que o houverem d'ajudar, e fervir;
e fobre todalas 'outras coufas lhe co~vem principal-
mente feer leal de gu~fa, que faib~ _guardar noífoYer:-'
. viço, e fy meefmo de nom fazer coufa, que lhe·mál
efte.
4 E QYANDO élle P.er Nós for efrnlheito pera feer
1
Almirapte, deve de teer vigillia na Igreja , bem co-
mo fe houveife de feer cav.alleiro; e em outro dia de-
1 '
ve de vír a Nós veíl:ido de ritos panos, ;e em prefeNça·
de boõs, e principaes da naifa Corte, lhe devemos
poer hutí anel na maão direi~a por fi;al de honra? que
lhe fazemos, e outro-fy húa efpada nu~ em a djta·"
e
maão por o po?er, qqe lhe damos ; em a maão feef-
tr'a hum eíl:endarte das noifas armas em fignal de f~~
. caudilhamento. E eftando elle aify em noíla prefen-
ça, deve-nos promêtter com.juramento, que nom te~
roer~ morte por em parar a fé, e creença, e naifa hon..
Liv. L Ss n\ , .
,,,,.. 322 LIVROPRIMErROTITULOÇit'fCOENTA E QyATRO

ra, e frrviço, e bem aífy por prol cumunal da noffa


terra, e que guardará, e fará bem fiel~ leal, e verda-
deiramente todas as coufas, que houver de fazer por
feer Almirante. E todo efto acabado d'hi em diante
ha poder de feer Almirante , e fazer todas as ~oufas ~
que .a feu officio perteencer . .
5 E o srn officio deíl:e he 'mui.grande, ca el ha de
feer Caudilho de todos os navios, que fom pera guer-1
sear., tambem quando fom muitos ajuntados em huú ,,
a que chamam Frota, como, quando faõ mais poucos,;
a que dizem Armada: e elle há pod~rio na Frota, des l
-que mover ataa que torne ao lugar~ donde moveo; e-
ha de ouvir as alçadas dos Juizes, que os Alquaides7
houveffem dados , e fazer juíl:iça daquelles, que a.J
merecerem , fegundo adiante ferá declarado: ' ~
6 OurRo sY a.'feu officio perteence de fazer re- 1
cadar todalas coufas., que gaanharem per mar, ou
per terra, e fazello. efcrepver, eftando diante todolos~
Alquaides, ou a maior parte deÜ~s, porque lhas nom >
·poffa 1ienhuú furtar, nem encobrir , e nos. poílà dan
conta, e recado dellas de maneira, que hajamos nof- ,
fo direito; e cada huum dos outros o íeu.
7 E A feu officio perteenc.e ainda ql;lando a frota
tornar, qúe faça dar- por efcripr~_. ao noffo Alrnuxari-
fe todalas armas da fahida das naaos, que_hol}veffem ,
levadas, a fora fe aconteceffe, que houveffe perdida..
~lgua coufa dellas em lidándo com os inmigos , ou,
p~r t.orm.e.ma no mar;_e deve ~andar a cada .huú dos 1
AL-
~ Do AiMIRANTE·~ E DO·QyE PERTEENCE ETC. 323,
,AJqúaides das gallees que tenham cuidado dellas t
·des que forem na Ribeira do porto, e ~s façam gu~r- -
·dar de maneira' que fe nom percarn ·nem dapncm
per fua culpa.
8 OuTRo s.ir elle ha poder, que em todol~ per..
,tos façam por el , e obedeeçam a feu mandado em as
,coufas , 'que perteençam a feito do mar , a1Ty com_o
tfariam por o naifa corpo. _ .
9 ÜuTRo sv devem obedecer a feu "'rnandad~ os
1Alquaides, e todos os ·õutros , que forem com el na

· frota, ou na arr:nada , e caudelarem-fe per elle affy


1como fariam . por Nós , fe prefente fo1Temos. On ,
. ,pois qtie o officio do Almirante-he tam poderqzo , e
tam honrrado, ha mêfter que h~a elle em fy tod~s
~aquellas bÔnc\ades; gue a0 homê-poíl:o .em femelhan-
'" ·convem d'aver em tal manei ...
1te efüi.do, e dignidade
,ra, que Nós hajamos razom , de fiar delle , e fazer-
Jhe grande honra , e mercee ; e quando efio nom fe-
1zeífe, deve feer efcarmentado per Nós, fegundo a
culpa, em ;que for. E ainda perteence !mais ao offi:i:.
~ 1cio do Almirantado em · efl:es Regnos todo o que fe_
r diante fegu_e, per bem da conveei:ça ~e::ita antre El-
Rey Dom Donis da gloriofa memoria, e Mice Ma-
nuel Peçanha, que foi primeiro Almirante em eíl:es -
Regnos.
10. _EsTE Almirante deve feer,, como dito he,,
da linha direita lidima de Mice Manuel ·Peçanha_,
que foi pnme1ro Almira~te em eíl:es Reg~os , . com
Ss 2 tan-
( .

'
324 L.rvR~PRIME.IRo T1Tu10· CrncoENTA J> Q!!ATRo

·t aato .que feja.leigo, e tal que nos poffa fervir, fegun ...
do mais compridamente lie conthe'udo na doaçom ,
e conveença feita antre o dito Rey Dom Donis., e o
dito Mice Manuel; o qual deve jurar quand_o lhe fo.r·
oul'.o'rguado o Almirantado per Nóft, que nos ferva
,bem , e lealmente per mar ~ ou nas noftas guallees :~
quando comprir a noífo ferviço, que nom fejam me.:i
.nos de tres guaÚees; e que ferva contr~ todoios ho1rieés
do mundo de qualquer. eíl:ado, e condiçom· que fe,,.
jam, affy Chriftaaõs como Mouros; e que aguarde,,e
chego.e fempre no!fo fe!viço, e prol, e honra nofià, e
lb nqfro Senhorio per i:odolos lugares, que elle po•
qer, e .fÓüber; e que defvie todo noffo dampno, e;._
defférviço em ·todo tempo. a t0do feu leal--, 'e verda-
deiro po~er; e que nos dê hoo confelho cada vez que
.lho demandar-mos , e guarde noffos fegredos, ·que
lhe _differmos, ou mandarmos dizer; e que no~ ~eja
fempre em todalas coufas leal, e verdàcdeii:o va!fatloi>.
e be1:i affy .a todolos no!fos fot:effores ; que defpoi
nós vi.erem ..
I i l'nM-.' Se Nós, ou noffos foc~ffotes, que des ..1
·pos nós vierem., formos em hofte per terra:, aguei ~ ._j
que for Almirante em efl:es R~gnos, nos hade fervir
1
em eÍJa, affy como homé de feH eíl:ado, .fe Ü1e Nós
mandarmos , e doutra guifa nom deve de fervir a
. Nós per terra; e fo pela ventura o que for Almirante
~doecer, ou-houver alguu outro embargo lidiino ta~ ..
q_ue IW~ n.om i:o!fa' fervir per feu corpo, em tal caf<>.
· . · · efü:..:
''· Do A:LMI'RANTE E DO cuJE PERTEENCE :ETC, · 3'.l.5

1clle deve
. f~r
__,
efcufado
. '
do dit~
,.
fer-yiço ~ nem perderá
'
po· r e!lo nada: do que lhe havemos: dado. .
Ge- :
1

1. • . 12 ITEM. Deve teer fempre vinte homeés de


:noa: fabedores do' mar taaes, que fejam convi~h~\lees .
pera Alquaides de guallees, e pera arraezes, quê ' fa~;-: /
1bam bem fervir per· _mar ém as noífas g,uallees:, ~e
~ejam .pt~ftes pera nos fervir quand6 meft~ for; ' e· ' }
q Lrnndo tióm houv~rmos Il)efier ho ferviç9 aqs ditos
'homeés, que eUe 'dito Alrnirnnte fe pQífa feryi,r pel-
iles em fuas ' merchahdias, e .enviallos a Fran,_de;s, ou .
a Ge.noa· , ou a. alguas outms partes com eJlas; e fa
·1f)er ventura aconteceífe , que mandando o, düo AI-:
·mirante a. alguma parte, em tanto compriífe ho noffo
ferviço delles, qlle logo o dito ·Almirante envie por
~lles_ hu quer que fej_am, -que venham pera nos férvi-
.rnm....
FJ ITEM. ~and;o~: forem em · noíf~Jerv:JÇ..o -, lh,e
. havemos de dai: de íol'êlada ao Alquairle doze libras:
por
'e .m.:_ia. polo ~nei , e
' governo pani ,_ e bifcoito';. 't ,
àuga, como derem aos outros; e ao que for arraes de '
~ 'guailee oito lí,bras por ~1e.z de foldada, e effo meesmo
fj )am ,, e 'bifcoito, e augua ,' como ~ito he. · . .'
14 E SE acor1tecer, qu~. alg~ú:; ft.,1girem , -~ fê
amoorarem , que· o dtto Almirante feja' ,theu'do de
mandará' f~a"CLiíl:a· por outros .homeé:s fabedores do
mar , que nós fervam ~m guif.:~, que fempre féjam
'<mmpr·i mento dos vinte homeés, como díto he; e·haja
<tf.I?.aç,o O: djto Almirante pera, enviar por aquelles ·~.
qµe.:
32~ LIVRO PRIMEIRO TITULO Cr~cOENTA EQJJATRO
fque minguarern , __ e pera os trazer aos noífos Regno'S)1
de Purtuguaf oit~ mezes : pero fe alguu dos ~füos ho-
_meés adoece.r , ou envelhecer erp noffo ferviço, que
nom poffa fervir" que o dito Alrnirant~ nom lfeja' .
theuào de mandar por outros em lugaF delles, em1
guanto efles horneés forem vivos, e nom poderem-fer.i,
vir; e o ito Almirante pera fernpre deve de manteer
os ditos vinte homeés de Genoa pera noffo ferviço .
. I 5 ITEM. I-ia d'haver o A !mirante de todalas.
coufas , que 'gaanhar, ~e filhar per rna.r nas · guallees:
dos inmigos da fo, ou dos inmigos dos noffos Regnos1
-a quint~ parte: e efio Je nom êntenda nos cafcos das1
guallees , ném doutros navios," nem d'arma~ , nem
aparelhos dellas, n.e m de Mouro de mercee, porqueJ
eftas f~breditas c'oufas fom livremente noffas: per~
quando o Mouro de rnercee Nós quifermos tomar 1
devemollo tomar polo cufto, que he ufado no ry.offo
fenhorio, que forrt eem libras de J?ortuguezes ; e dq
preço, que Nós dermos polo ditÓ':l\'Iouro, haverá q
Almirante a quinta parte. . i
16 hEM. O Almirante tem jurdiçom, e poder
fobre todolos homeés, que .com elle forem nas nof- ,
fas ..guallees tambem em f~·ota , como em armada
em todolos lugares , per hu andar per mar ; ·e nos.
portos da terra, onde fairem fora , lhe ham de feei;
obedientes , e bem mandados, com0 a feu Almiran1
te , e aili como fariam polo noffo corpo meefmo , fs
hi prefente foffemos ; e os que lhe nom forem be~
./
man-
Do ALMIRANTE, E oo QgE PERTEENCE ETC. 327
mandados ,. íl:ranhe-lho nos corpos com dir~ito , e
jufiiça, fegundo o merecerem, afii como Nós , fe hi
prefente foifeinos. ·
_i 7 ITEM. ~e todolos que em efü.s guallees fo-
rem, fejâm bem obedientes, e rnanda~os aos Alquai-
des, que pelo Almirante fore oíl:çs em todalas
coufas, como ã feus Alquaides, afiy como fernpre
foi ufo, e cuíl:ume ; e eHo fe entenda do dia , ·que as
guallees forem armadas, ou navios ataa poíl:umeiro
dia,' que forem defarmadas. E os n~os Efcripvaaés,
que forem nas dita_s guallees, jurem a Nós, que bem,
e direitamente efcrepvam em feus livros as coufas,.
que no mar gaanharem, pera Nó~ compridamente,
havermos noíf~ · direito, e cada hµú o feu.
- I 8 • I T'EM. Se per falicimento de cada nuú dos Al-
mirantes, que forem em efles Regnos, e o dito Al-
mirantad9 herdarem, acontecer n6m ficar delle filho·
barom Iidi!J1o , é leigo , que dece1Í:da do dito Mice
Manuel per linha direita lidimamente nado, entom
o dito Almi.rantado com todalas coufas , e direiç~s a\1
elle anexados.., deve feer tornado livremente aa Coroa:
Ç~s rioffos Regnos· fem outra nenhlí a contenda.
I 9 ITEM. Ao feu officio perteence de teer cadea,.
e Ouvidores , e Al.quaides, e Meirinhos, Porteiros,,
e Efcripvaaés , e feus 'Officiaaes em todolos lugares
. dos noifos Regnos_, onde houver homees de Vi~tenas
do mar, que os Ouvidores, e Alquaides do dito Al-
mirante ouç;am ,_e livrem todos os feitos dos fobr~di­
tos~
3281 LrVRO PRIMETROLITULO CINCOENTA EQllATRO
,.
tos , e· que as alçadas venharp ao dito Almirante , e
do dito Alfiürante a Nós : e fe os Ouvidores, ou AI-·
quaides do dito Almirante, o~ feus offÍciaaes houve-'/
re~ alguus .feitos, que n9m tome delles nenhuú co-
nhidmento ,· mais fejim remetidos · ao Almirante ,
que os defembar com direito &c. fegundo em a
carta da me~~ee do dito Rey Do'm Donis, e conveen-
1• ça feita antre elle, .e Mice Manuel , he contheudo.

20 E ESTE capitulo mandamos , que fe guarde


em aquella manwra, que fe guardou em vida d;El...
Rey Dom Joham meu A voo,~ cuja Alma QEOS ha-
j.a ,e que por feer aqui efcripto, nom acrecente mais
· ~o direito do Alr:nirante, '

e'
TITULO LV. .•

Do Capitam M~or do mar.

p ERA
' •.
Nos feermos em verdádeiro cémhecimen~o
do poderio , que antigtrnmente foi dado per os
Rcyx noffos anteceffores aos Capitaaés Màiores do
mar :,m eftes Regnos, mandamos, perante Nós vir a
carta do officio da Capitania, que per ElRey Dorn
Joham meu Avoo foi dada a Alvaro Vaasques d'Al-
madaa, Rico-homem ·, e Cio noífo Confelho, que ago-
. ra he em os ditos Regnos noífo , Capitam Moor , e
bem affy a ·carta da confirmaçom de ElRey m~u Se-• ·
" nhor,


D<> CAPITAM MoÔR no MAR. 329
·R.hor, e Padre , cujas Almas DEOS haja, das quaees
e:> theor, fe adiante .fegue.
r DoMEduarte per graça de DEOS Rey dé Pur-
tugual, e do A.lgarve, e Senhor de Cepta .. A quan-
tos efta carta virem fa'zemos faber, que AlvarQ Vaaf-
ques d" Almadaa n0 Capitam · Moor , e do noffo
Confelho nos moftrou húa carta do muito virtuofo , .
e de grandes virtudes ~lRey Dom Joham meu Se-
nhor, ·e Padre da mui gloriofa merporia , cuja Alma
_QEOS haja , da qual o t·heor·tal he. . ' .
2 DoM Joham pe1a graça de DEOS Rey de Pur-
tugu a}"", e do Alg arve ; Senhor de Cepta. A quantos
eíl:a carta virem fazem os faber, que N ós querendo fa_
~er graça, e mercee a Alvaro Vaafques d' Alrnadaa.
Càvalleiro nbífo Vaífallo por ferviço, que del recebe~
n10s, e entendemos ae receber a:o diante , teemos
por bem, e clamollb por hoífo Capitam Moor da nof..:.. -
fa Fr~t:a pela guifa, que o era Gonçalo Tenreiro etn .
tempo d;E!Rey Dom Fernando 'noífo Irmaaõ, a que '"
o
--neos perdoe, e per a .guifà> que foi Affon(o Furta..:
do em noífo tempo.
3 E POREM mandamos ·aos patrooés, alqualdes , e
irraez~s , e petintaes, e comitres, beefteiros, gualli..,.
ates, ~mareantes ,-e marinheiros, e -a todolos outros ;
a que efta carta for moftrada, que o hajam.por noífo
Capitam Moor, c~mo ·dito he, e lhe, ob~deeçam , e
façam todalas coufas, que lhes elle mandar fazer por
noff-0 ferviço, affy como fariaõ a Nós ,fe Nós. per peí-'
l iv. J. , Tt .fo:i.
. \
<.
. '
~ 3 o; L1vR.o P!lIMqRo'T1'fuLo C1NéOENTA E crnco

foa: préferite. eftiveífemos. Outro fy lh.é damos . ~~m..1


erid,o~ podÚ) que prenda ) e pQífa prel)der, todos a ..
quelles ) gue lhe mal mandados forem • e' nom quife:-
'rem.fazer_· o que lh~s mandar por ·t1.oífo _fe;yiço:, fe .. .
gundo a feu officio perteence, e que ,paira ·em: el!es-
·. fazer j,~ffiça, qu em :cad;i hu-Ú detles ,··affy ,com_o ·N?s
fariam.os , fe outrd fy prefente íl:ive:ffemcis.
;t
. 4 E MANDAMos -a toda.las noffas juíl:i~as, que
1 f • ~ .... :~ '

compram füas car,tas, e mà~dados, e lhe ajudem a


fazer,' e compri.r:._direito, e jul.hça em todalas cbufas ..
que lhe ~ffy ~iífe.r , e mãd~r da 1.ioffa :parte~- qµ,anto
1Pe,rtéenc~ a feu o"fficio ; f~pom fejam certo& quaeef-.
- .
qu-er, que o c~ntrairo defto feze.r"em, que-Nós füo ef...
~

tra1{haremos gravemente .n.os: ç~rpos, e haveres~ co~


mO" a quelles, que nom comprem mai:idado de feu ,
Réy, e Senhor; E em teíl:emun_ho defto lhe mand~mos.
, dar eíl:a' noífa ca;ta. Oante._em S~n~ra,. vi;µte·~ tres dias." ·
de Julho. ElRey o mandou. Martim Vaafqucs a fez.
Era_ do Nac~mento ' de ·noífci Senhor JEsus CHRlSTO
,de mil quatrocentos v~nte e tres annos. ·
· 5 ~ E; .PEDl.o-Nos pPJm.ercee o tj_ito Alvaro Vaaf._
ques, _qu~ · lhe' confümaílernos . a dita c,a::ta. ~ ~ií1:o:·
• ,. ' . ~ _:J
per ~os féu requerimento, e ra'4om de feus boas me--
. recimentos~.querendo-1hé
,, . ...
fazer graça e mercee,, c"'ón~. '
fi:rma~bs~-lhe a dita, qrtã com todalas ,'. clau(ull.as »e.
c~ndiçooés' aífy , e pda,~guifa , que em ~.tla fom c_o n-
, ~heudas •.; E p~~em mandamos a todalas juíl:iÇas ' " e ai.
.QUtr.os qua:eefqqer., a que dl:ó pertee1;1cer , ,.qpe lh<l'.
eom- -
f• . "' .
_, ! - ·
.,
Do CAPITAM MooR,_DO MAR ; 331
compram , e guar.dem, e façam comprir, e guardar ,
fegundo em ella faz meençom ; e lhe - nom vades ,
n em confentades .hir· contra ella , ante lha compríe,
,-
.e guardaae , como dito he : unde al norri façades.
I?ant~ em Almefrim a cinquo dias dé Julho. ~lRey
'O mand'ou . 'Rui. Galvam a fez. Era do Nacimento''ao

náffo Senhor JEsus CHRCsTo de mil e quatroceütos·


t.rinta e quatro annos. E [e vos nom moftrar efta ca~­
ta affeellada, vós n.o m ·Jha guardees, nem compraaes.
6 A Q!!AL carta d'E!Rey meu Senhor, e Padre)
e bem affy de ElRey meu Av.oo mapdamos' que lhe
íejam con1pridas , ·e guardadas , como ei:n elJas he
c0ntheudo. e per Nos forá declarado ao diante.
7 E PORQy E·pàderia feer duvida fe o poder dado
ia:o dito AI varo _Yaafques na dita carta, e bem aífy aos
·outros Capitaaés ,-que pelos tempos ao diante forem,
-deve ·feer entendido affy no t~mpo que o dito. Capi._
t am eftever daífétego na terra , como no tempo q!le
.andar em Frota, ou Armada fobre o mal! ; por to-
lher a dita duvida declararnos_, e dizemos que ·p di-
t 0 poder deve -feer entendido no tempo , qúe el por
fioffo fer_yiço andar em Frota , ou Armada fobre o
·mar, porque achamos, que os· Capitaaés,' que '.ataa ora
forom em eíl:es Regnos , eíl:ãdo na.terra ·daffeceguo,
ufavam do 'dito .poderio em algumas. partes , quãdo
compria _mafldar fazer .algumas coufas p-or noffo fer-
viço aos ditos marinheiros; o que· n_os_pareç:e ~, qué
devia· feer declarádo '~ e limitado,-no dito tempo daf-
f-ct;ego. T~ 2 _. 8

..,
3{32 LIVRO PRIMEIR,O TITULO CJNCOENTA E CINCO

8 PoREM mandamos, que eftançlo elle affy na


terra daÍfeceguo, fe for meíl:er que algl;!ÚS navios ,,.
caravella~, barcas; ou bqtees, ou _geeralmente ql!qeef-
. quer na,víos , aíly grapdes , c_o mo p_equenos. , hajam
- ·de ir a alg uma pa;te por noffo ferviço , elle.. os p~ffa
~ conftranger pera ello, e bem ãffy ·quaeefqu.er mare-
.antes, de qualquer eíl:ad~, e condiÇom que f~jã, pera
irem, virem, eíl:arem em os dit-os navios, caravellas,
barcas ', batees , _e fazer o que lhes po'r noffo fetviço ·
mandar; e fç alguns forem revees , ou negrigentes a
fazerem fe~ mandado., como dito he, mandamos; ·
-que elle os .poffa mandar p;endér ; .e apenar~ feguµdo
a culpa, e defobediencia ," que cada . huú delles co-
.metter. .. ' '
· 9 PERO fe elle apenar algui(ein pena de carpe
pala dita razom, nom faça ei~-Cuçom per fua fenten-
ça, ou mandado, fem dando áppellaçom _,e aggravo
pera Nós; pero fe o el apenar em pena de dinheiro,
' :em tal cafo poderá eixecutar feus mandados , . e fen-
tenças fem outra·appeilaçom ataa conthia de dez co-
·Í'. oas d'ouro, e d'hi pera cima dará appellaçom 'e ag-
. gravo a_a pa;te, que delle quifer apP,ellar_, .ou aggra...
:var ·: e em outra guifa nom far4 eixecuçom • f
por_
.
fµa~
'

(~nten'ç_as, e ma)ld~dos._
Do ALFERES MooR ·n'ÊLRn-:.

T .I T U L O L VI.'
-. . , •' , '• I •
Do Alferes
t
Moor d'
.
E!Rey..

O S GREGos; e Rornaaõs foram horneês, ufa.-


.muito de g~_er~ear, e(em g~ani:o o faze~
r9m
qu~

ram com fi(o) e entendimento ) .venceram) e aca-


bar_o~ . o que quiferoi;n ; e elles foram os primeiros ,
que fezerom em cerno foffem c:onhiCidos os grandes
fenhores nas .Cortes, d0s, Principes, e nas . batalh~s •. e
:nos outros fei~os de grand~ façanh4. . '
. . I E
. . CONS IR~~ DO élles como em femdhante,s fei- .
. "
tos .. as .gentes , e povoas 'fe cabâe1laff.em bem > por
guardai:em pri~éipalme~te o ferviço dos fc~s fenho-
res. , te}:odo o 'muito por honra affinada ,~chamar"1_m .'
s que traziam as finas principaaes dos Emperad~res.,
'
e dos Reyx Signi/er, que quer tant~ dizei-' corno Of- '

ficial, qudevâ a' primeira figna do principaJ fenhor


<da hoíl:e.. · · l ·
r :'!'' ·r
;; ·2 ITEM .. Chamaram· ·a inda .Pr-epofito, qu~ guer
·tanto.dizer como A.d ia~tado fobre as. ~utras campa,...
.nhas da hoíl:e., _e eíl:o. porque em aquel.. tempo elle_
julgava os grandes feitos , que acontecikm érn ella.
EJl:es nom~s ·uf_aroú1 em Efpanha , ata a que. fe per.-
·a
deo a terra. ; e gnaanharom os I'v:louros , _e defpai$
que a percalçaram os Chriftaaõs , .cha~arom a eíl:e
9fficio Alferes ,, e affy h~ hoje nome. ' 3,
334 -LrvRo PR~MEIRO TtTULO CrncoEN'rA E SEIS

3 ITEM. Antiguamente havia elle de mandar


jufü~ar na h'gfi:e os hor:neês per ,noífo ma~dado, ~quao.­
do fezdfem po!que, o que aguora perteence fazer ao
. Co11de-eíl:abre , e Marichal ; fegµndo havemos faÍ1a-
·<lo nos titulos que a feus offiç-it;is peheencem ~ -
4 ITEM. Ao Alferes npífo pert.eence levar a noífa
principal figna , quando formos-em hofte, e nom a
deve d'eíl:ehder, falvo per. noífo mandado efpecial,
· quando formos em viíl:a de 'noffos inmigos efperando
"' a~
de pe1eijar com elles. E tanto que a figna for tendid
todalas outras dos fenhores, e capitaaés fe devem logo
tender, e tódalás gentes· da lÍoíl:e devem d'aguardar_a
nofia figna p~ r onde quer que .eUa- for, ~e amparalla, e
defefldella, que no~ receba alguú prigoó ; porque
abatimento da figna principal da hofte fignifiq1, e de-'
moíl:ra , que a batalha por fua parte he vencida , e
desbaratada, e todàlas gentes d-ella logo perdem co-
'.raçooés , e vontades de mais pelejarem. .
5 E POR tanto aquel, que Alferes houver de feec,
convem em todas as guifas que feja homé de nobre
linhagem, porque haja vergon·c;:a- de fazer coufas, que
l~e màl' ~em) e ·as gentes da hofte hajam razom ' de
o teerem em grande conta ; e de".~ feer leal , porque
ame a ' noffa prol, e a do Regno ; e ainda ha meíl:er,
que feja de boo fi[o, e muito esforçado pot tal, que
por feu bdo fifo, e grande esforço poffa , e faiba fof-
frer, e governar a ~ita figna a ferviÇo nqífo, e a pro~
da hofte. ·
..J.

Do MooRDQMO MqoR. Nosso~ · . 335.


,,
6 E o Alferes tal- for, Nós o devêmo,s
QyANDO

muito d'amar, e teet' eçn elle grande Fianç.a~de leal-


.dade , e fazer-lhe muito bêm, e me.rcee, e ainda
! lionraHo antre todolos outros de femelhante eíl:ado.,, ,
' ' ' r • "

..- e condiçom , po~que ~ a~ ge1:1t~s da hofie ho teohaõ


~or elio em grande ~íf~m~) e. reputaçom.. . ..

'.
T I ,T U L O L VIL ;Y·

·- Do .1Vfoordomo' Moo~ nrjfo.


,,
. "
"M ' .~
: J;

OoR ooi10 Moor no.1To quer .tanto- dizer ~orno


..

maior h-Omé da...Cafa d'EiRey / pera hordenar,


quanto h·e em féu mantim«~nto : e em . algú~s. terras
lhe e hainaõ Senefcal, que q uêr tanto .dizer como Qf-
_fic ial, frm o .qual fe nom deve .fazer defpefa em ·Cafa ' .
<l'ElRey: e ainda o«::hamarom o beclqres {antigos ·
aífy como Senex ,. qúe quer -tanto dii~r em lati~ co- ~­
,mo velho ,por-. razom que - ~em , o.fficio hoqrado·: .e Ca!-:
,culu~; qa~ Íignlfica pedr.a~ co~ qu,e o~ .a~tigos fàziaé
fo.as contas , e porende tant.o fe moílra ·por eíl~ no.• ·
me co~o Offitial -honr~do fobre as º contas ; ca ao
Moqrdorno Moor perteence de tomar conta de todos"
os Officiaaes _d a 11oílà · Corte , e todos geerãlme~te
lhe. devem feer obedicnre·s , e fazer-lhe feu mandado,
e feendo-lhe alguú defobediente; d~ve-o efrarrnen,.. .
,
'•'

tar
' ' '
3j6 L1vli.0 PRI:t11Ern:o·Tâu10 CrneoENTA E SEU

tar' fegundo (ua cu Jpa , e mereéii;nento': pero feendo


p~Jloa d '.c:;ftado, deve-o fallar com 1~ofco, € co.rn nof- ·
fo' a~ordo, e autoddade efca-rtn'cmtalto' fegundo o ca-
fo for~ , . . -'
i . , hEM.'Todolos Officiaaes· da ·nbíTa €'orte, e •'
moradores d~vem feet" pàgu.ad~·s de . fuas moradias
per feus Alva.raaes ; :e q\:}ando elle for au~e.nte ·da. nof-
Ja <L:orte, deve~ paÍ''l~ Õs alvaraaes' pelo -Véecfor de
noffa Cafa , e cozinha ;-·que em .feu logo tever Regi-
mento ·della. · , ' _.. ·'
. 2_ o' lTE,~1.• B~ve_ teer ~aneira co_ rrio' quandó alguús ' '
Officiaáes de noífa Corte, ou .moradores forem au-
zentes della , ·no~ ih~ ma_ndar pagar feu ma~1ti.merr-:;
to, ou m?_radias,, falve> per n~ífo efpecial mand.~do,
ainda· que párta da noífa Corte per noífa iicença ,
falvo fe Nós rnanda~·rqoi»a ~lgúa parte.per _n~fro-fer- :
v1ço. ' '

3 E PÓR:Q!1.E feu officio he .grande, e tange a n_1ui-


tas' coufas, ha Her que, feja , pe boa: -línhagém, o ..
aguçofo, 'e fabedor, e leal ; ca f~ ·fer de boa linl-Ía'-
.g em, guardai-fe-ha de fazer coufa, qu'e Hkíl:ê mal,
per que re,c eba pei:dà d) nem os qüe d el vierem : ou:..
tro f y àguçofo' deve .feé1'. , porque el ha de faber tp-
das as defpefas, que em no[a C:i.fa hóuverêm de feer
feitas, e teer acerca &lias ~ai ' man~ira .. que fe fa Çam
como devem , e nom fe mafcabem : e ' fabedor con..:.
vem que feja ) pera faber to~ar as contas· beÍn., e
certamente, e pera: dar .outro fy recado dellas de ma~·
ne1ra,
•<,,).
D9 MooRDOMO MooR Nosso. 337
neira, que faib~ guardar noÜ'o ferviÇo, e a boa an-
. . dança de fi meef~o : e fobre todo convem quç feja
leal em maneira, que .arpe noffa prol, e faiba guarihar
.os horneés por amigos, e defveallos de feu darnpno; e
eíl:o pode fazer milhor q~1e outro Official .alguú , por-
que todo o haver paffa per fua maaõ, que he coufa,
que move muito os coraçooês dos home~s ~e feendo
·.ela todo eíl:o leal , conhecerá o bem, que lhe fezer-
,-rnos, e fabello.-ha guardar, e fervir. E quando o nof-
fo Moordorno tal for, Nós o devemos ,.d'amar gran-
demente, e. fiar delle muito, e fazer-lhe '
muito bem,
.e- mercee por tal, que el1e tenha razom pera nos fem-
.pre lealmente fervir em o dito officio ; e quando
<foutra guifa fez-er , deve baver tal pena como aquel,
.que erra a feu fenhor fiando-fe em él, teendo tam
honrado t>fficio, como de .fofo dito he; e a pena def-
te deve feer fegundo o erro, que fezer contra Nós.
(

----
T 1 T U L O L VIII. .

Do Camareiro Moor.

e AMAllEIRO !'1oor noíf~ . fignifica maioria fo~re


todolos outros Camareiros , que fom hordena-
.d.os pera fervir na noífa Camara, pero que todo~ ·d e-
\'em feer a feu mandamento; e aquel que :a feu man-
Liv. 1. Uu dado

'.
"g38 L1vRo PRarnrno'TrTu10 CrncoEN~TA E. orTo

caào ·n?m fezefie na Camara o que lhe bem nom·ef-


..f!evcffe , deveria per 7e1Je feer caíl:igad.Q per pal'a vra >
'OU per outro cafhgo de tnaaõ , :Cegu.ndo o erro , em
<ju'e cahiífc, com tan'to que nom ' foífe , pena de fan-
gue; porque tal pena perteence fomente a Nós.
r E,:Ao Camareiro Moor: perteence veíl:ir, e cal-
.çar, e descal.çar continuadame~te , e fei;vir-nos c6m
.t oda b9a dilligen:cia efl1 todalas coufus. , que a-ferví-
ço da Camarn pert·ecmcer, e efpecialmente naquel.las,.
' que conveem aa deitada, e l~vantada .do leito; -e por
tant0.- a [eu officio .perteence dbrmi:r fempre na Cama-
,r.a, onde nós- dormii-mos ,. ou .junto com a:, porta da
.Camara, :. onde ;lÓS dormirmos da -parte de fora , [e.:.
,gumfo o cafo requerer em taf n-1aneira, qt1e ca·da ve?·
·1q.ue o _Nós de.mand~rmos •. o a.chen1os preftes a noJfü
ferviço.
, 2.. I 'L'!l>M-~ O C:::amareiro·Moor noffo «deve ttl'er ieeJ..
ta'ln1ente em todo o ca:fo ' rnda h0~·gena.nça da naifa,
'Üimara., .e gwa,i;cfa e.f.pecial -do no fio -cot po <:ontinuada.
mente .despois que Nós ao feraaõ der.mos. boas noites,.
e m~ndar ~· g ue todos leixertl él' Carnara·.ataa outro dia,.
que nos ac~bemos de v:eílir ';. e_durando o dita tem-
po, norh entrará alguu na . C~1ara , aind~- que feja:
,de grande eftado, fem noilo efpecial rnanda-do,.ou do,
''.Iioílo Camareiro ·M oo'r ,, ou daquel, que feu logo te:
ver ;. e paífado- o dito tempo, deve feer a gov.ernança.
'()a Cama ra do·noífo C~ mareiro Moor.
3 !TEM. O nofíà -Camateiro Ívioor: deve áffinar-
. _,, húa
r>o CAMAREIRO MooR. 339
húa peffoa , qu íeja homem de ·be1:1, que com au-
thoridade noffà te·nha carrego da noíL-i guarda -roí:1pa;
e efte_guardará bení , e fielmente todas as nofias vef-
tiduras, .e jo~as, e quaeesquer outras coufas, que aa
guard.a -roupa forem •Levadas~ e nom fará dellas algúa
coufa fem efgicial mandado noífo, ou do noffo Ca-
roar~iro Màor; e efie ~ q11e tever ·carrego da guarda-
roupa, como dito he, deve fempre teer lugar do Ca-
marei.ro Moor em todo. tempo que eUe for aufente da
Camara.
'4 E i>oRQyE continuadameríte vaa.5 em -cada huú
dia aa nõífa guarda-roupa , e ~aahem della per n.o!fo
rnãdado muitas coL!fas .. que fom de grãde valü\, man-
damos, que de feis em íeis mezes feja feito.enventai-
ro de todalas coufas, que na guúda-roúpa eíl:everem,
per maaõ de htmm. Efc;:ri~vam .., que n.ós pera ello af..;. .
finármos , o qual efcrepverá fielméte todalas coufas,
que em ella fo;em achadas, e bem aífy. as que falece-
rem ' do enventúro ante feito , dédarando em cada
húa ·razom ' porqüe as ditas coufas falecidas aífy fa- '
lecerom por tal, que todo venha a boa- reca~açom.
5 hur. O . ·camareiro Moor deve .
feer de lioa li,_;
_nhagem , e de boo fifo por tal, que nós hajamos. ra.::
·zum de o amarmos, e prezarmos muito ; e ta.l deve
ainda feer, que nos tenha feg~edos , que lhe. faltar-
mos, ca pois qtJe com<elle havemos de converfar ao~
tempos folitarios, convinhavel coufa,. parece feer que
algumas vezes lhe descobriremos ) e fallaremos noífoio
Uu 2 fegrc-

'
-340 LrvRo Í'RIME;IRO TITULo .CrNcoE.NTÃ E orTo

fegredos, em que penfarmos ao- tem o,, que foo fte~


vermos , os quae~s lhe fallaremos , e descobriremos
mais ou fadamente quandçi _elle for de boo linhagem,,.
~ de boo fifo. . ..
6 E .Q!!AND_o nós acharmos, que elle affy he fiel,
.e leal a Nós, e a noffo ferviç.o , dev.emollo d'ama1i
,n~uits>, e avantejaUo antre os outros _de femelhani:e .
• fiado , ·e condiçom com graças,. e merêees , por tal
que as mercees; _que lhe aífy fezermos , lhe façam
~recer a vontade dê bem fervfr em melhor ) e ainda
os outros hajam m·ais razom de o por eUo honrar , e
teer em maior. repiitaçom , e feja ainda mais temido
daquelles, -que houy.erem _de fazer feu man~ado I?ºr
~offo ferviço; • - -
' .

T I T U L O LY.IIII'..

Dos Cõefelhtiros, de· E!Reyr.


' .
E M CoRnov-..... houve huu grana·~ Phylofopho-
chamado Seneca , o qual fallou de todalas cou:.
fas mui. bem, e com ra.zom, e moftrou como os ho...
meés ham de feeft percebidos nas- coufas, que lpm de
fazer, acordando.:.fe , e a vifandn-fe fobre ellas ~ntes
que as façam , e diífe afiy: que huú dos fifos, que o
P,omem.deve..de.. haver ;_he.confelhar-fe fobre tQdolo~
fei,....
-
Dos CoNSELHEIRos DE ELREY. 341.

feitos , que~quifer fazer, e obrar ante que os comece;


e eíl:e confelho deve tomar com homeés , qu_e fejaõ
feus àmigos, e que fejam ·de boo fifo >. e de boa eh-
t~ndimento , ca fe taaes nom foífem, poder-lhia ende
vir prigoo , ca os que os defamam nom os podem
bem confelhar, e lealmente. ·
1 E POREM diífe ElH.ey Sala,mom, que no mun-
do nom ha maior defavent ura, que ha_ver homem feu
inmigo por, confelheiro, ou privado, ca fe o Confe-
lheiro fo~e muitô feu anügo, fe nom houveffe em. fi
boo fifq, _9u boa ~ntendimento, n-om poderia bem
. confelhar,. nem teer puridade das coufas, que lhe dif-
,. .
feirem ;. e porem todo homem fe deve de trabalhar.
de haver. taa~ Confelheiros; fe os hav.er poder: muito.
mais os deverr.os Nós d'hav~r ,. porque do confelho:,.
que a elle dam, fe he boo, vem ende prol, e graJ1de
encaminhamento aa fua terra, e fe he maao, ven-lhe
grande eíl.orvo, e ;i feu l)egno grande dampno.
· 2 E POREM diífe Ar.iíl:oteles a Alei:irn-ndre tomd:·
€m maneira de caíl:igo, qu~ fe confelhaífe com ho..;
mem , que amaífe foa boa andança ' e que foífe en-
tendido de boo íifo: natur-al ; e e paz fomelhança em
eíl:o aos olhos qua.ndo oolham por tr.es razoens: A
primeira, porque os olhos veem de longe as coufas -,.
~ fe as ante nom catam, nem esguardam bem, nom·
' · as- conhecem ::A fegunda, qu·e choram com os pefa~
res ,e_r'im cwm os prazere,s :. A terceira, que fe çar-..
· rom quand0 ·algúa coufa fe quer chegar a elles. , . p~ra
tru:ger. o_que eftá ~entro. . . . 3i
·,
342 LIVR.Ó PRIMEIRO TITULO CINCOENTA E NOVE

· 3 A TAÁES devem feer os Confelheiros d'ElRey,


que de mui longe faíbam· catar' e examinar as cou-
fas, e c~nh ecellas ante que dem confelho: e outro fy
devem feer multo nàffos amigos de guifa , que lh<tS·
praza muito com noífa boa andança, e pr:ofperidade,
e que fejam ende alegrés, e fe doam outro fy de Nós,
e
e de noífo dámpno' averfidade' e hajaõ ende pe-
far: e quando alguns fe quiferem acoíl:ar a elles por
faberem as puridad~s no.fias, que as faibaõ mui bem
cnçai-rar, e guardar, que as naõ descubram, nem re-
velem, ca o que descobre a puridade d'outré, he cwu-
fa ; que nom_ deve algou fa~er , e merece pena por
duas razooés , a húa por íi meefmo , porque fe de-
moílra por de maao fifo , e por falso ; a outra p~lo
dampno, que fe ende pode feguir.
+ E 1\1UITO mais cabe eíl:o nos n0ífos Confelhei-
ros, que nos ham de confelhar em nos grandes feitos,
e coufas, de que poderia vir grande dampno a:a ngf, .
fa terra~- e fenos mal confelhaífem, ou descobrirem
noífas puridades , em tal cafo mereceriam pena de
morte ; onde em todas guifas ha meíl:er", que haja-
mos boos Confelheiros, que fejaó de· boo fifo, e bem
noífos amigos , e que nos tenham grãde puridade ; e
lealdade.
5 ITEM. Diífernm os Sabedores antigos, que os
Confelheiros do Rey ham de haver muitas virtudes ,
e boos coíl:11Il)es : e primeiramente. lhes convem que
tenham membros autos, e perfeitos, que convenham
;,ias. ·l
Dos CoNSELHEIROS DE E1REY. 343
.raas obrasf e feitos, a que prefentes forem, aos quaees
fom escolheitos, e pera dlo efüemados.
6 ITEM. Lhesconvem haverem boa capacidade, e
ligeiro entendimento per.a en~ender todo o que fe no
confelho differ: e que fejam de boa men:i-qriã, e bem
lembrados daquello, que affy filharem J e ouvirem: e
,
fejam bem callados quando efteverem na prefença do ., .
.Rey: e. que faibam com boo avifamento todo reteer; >
que lhes nom efqueeça nada do que aíly ouvirem.
7 !Tui. ~e confirem , e entendáõ o mal , e a
graveza , que do ·confelho fe pode feguir: e ~am de
feer cortezes,. e bem fallantes , e doces de fuas pala-
:.vra·s per tal maneira , que a língua . con~·ésponda ao
coraçom , e ao penfamento , .e effo meefmo qüe fua
falla feja graciofa, e clara fem outro alguú enípedi-
mento. _·
8 ITEM. ~e fejam fotis~ e penetrativos erri toda:
mõralidade, e fciencia affy Civel ,. como Canonica, e
em Aresmetica, qliie_he arte verdadeira demoftrat~­
c:va, pofa qual fe conhecem muitas coufas : e ham de
feer verdadeiros em fuas palavras~ e amar a verdade,.
-e arredar-fe da· falfidade ..
9· ITEM.: Ham de feer bem acufiumaclos ,. e de
boa com preixom ~-ª- faber, manf~s , e de boa con ~.er­
façom , e effo meéfmo ,. que .pofla m os homeês com
elles bem ·trautar fem outi;a: afpereza affy de palavra,
como de obra: e que fejam fem mago'"a de mu ito co:..
mer,. e de muito beber ,,e fem repr.eenfom de forni-·
1:10 J
'.
i44 LIVRO PRI_M-EIRO TITULO CíNCOENTA E NOVE

·zio, e arreda·dos dos jogos , e dcleitaçooês ,·que nom


tnizem prov.eito, nem b.onra.
10 ITEM. Ham ae feer de grande corà90.m _em
,feu propofito ~e amadores da honra do Réy: e que o
-. ouro, e_prata , e tod~las outr~s . coufos feme_l_~1antes
~defte mundo fejaõ .desprezavees acerca delles : e que
,os feus propo_fitos , e entençoÔê,t? nom fejam fenom
, ,ern aquellas coufas, qµe conveem aa fuà. dignidade ., ,
e regimento, perà que fom ·enleitos, e deputados.
r 1 1TEM. -~e amem os de que.nora tem conhi-
cimento como os feus chegados.: e ·que amem os juf-
tos, e a juíl:iça enteJanão h_o odio, e culpa , dando a
.cada hu~ º· que feu he, focorrendo aos primeiros, e
.aos que padecem injl!lria fem merecimento, tirando
toda a injuíl:iça, e cou.fas nom bem feitas, nom fa-
zendo deferença entre humas peffoas, e outras, nem
efguardar ferem huús·de maior ~ffeàao, e -honra que
~utros, 9s quaees Deos·creou iguaaes. ·
, , r 2 . ITEM. Ham de feer fortes, e perfeveraf?.tes em
Jeu propofito boo , e em áquellas coufas , que lhes
..parecerem boas·, e honefta,s pera fazer: e fejam ou-
fados fem tempr ; e fem fraqueza de coraçorr(, pe ...
:.ra no noífo confelho dizerem todas aquellas coufas ,
. .que fentirem por ferviço de .Deos, e _noffa honra, e
pem, e proveito do Regno: ~ ham de faber ~qdalas
;rendas, e defpefas , e nom fe lhes efconda o provei- · "'
,to, que perteence a feu regin:iento , e da: Repruvica •
.r.3 I TE~M. Nom ha~ de feer verbofos, nerri de
muita
.1 / '

Dos CoNSELHE1;ws D'E .f'.LREY. J!:Jl:5 .-


muita...-palavra,
r
nem muito -rideií:"os
~ •.
, ca .a temperan-
- '
ça he virtud,e, e mui.to aplaz em todas as ·coufas : e
trauçarem beniname)1'te· to& ·o que de ·faÚr houve-
, rem c'orn ,. reguardo do ferviço -do Rey 'c~i,n honefto
aff~ffego, e te~pefamento· , 'que pareça- a ,toâos os
que o~) virem·, queteem. cuidado, e ·fentimelito ·de
- lbern. obrarem , affy açerea dos feitos Q.o R~y , como ·
;d;a- Repr~vica.: ' ' · ·, · ' ·.
\·';'\" ~ . ,
. ·14 E PORQy:E ao Cenfelhetrp de ElRey perteen-
)

-ce ·principa'l'meflt~ .haver .bôo. iifo, necefü~riamente


lhe convem que ~aja ipade rnmpf ida ~ · po/~u~ quán- .
to homern falece da >idide, taúto ihe·J alece o com-
primento do fifo ; · ~:: p~r ·tanto ·'eíl:abeJecerom os Di-
"' t eitos' que thirànte o dito. tempo , 'nóm fo regeffe al..,
· gúú per fy, mais foffe regidc>'p'er·outrern, ·1\lem podef-
fe haver dignidade ·de P:reladia, ' a.menos d'ha ver"ida- ·
·· d~ ~om prida de ·tri9_ta an:n~s; ·~ ;porqu~ feer _Confe- .
1heiro d'ElRey he reputadg por grãde. dignidade ,
que trefpaífa, ·e. de'fcendé' ~ toda fua g eeraçorn , hell!,
. ,; parece fe_er co1:1fa: razo ªªª ,,'que pera ~llo nom feja '
a
a1gu·~m eféolheito i;nerros .de haver a Çita idade, ca .
ém ~utra. gu~(a per mingua de boo fifo., Hgeiram ~n'."
t e pc:lderia di.r tal confelho a .'El~ey, de que fe ·The
feguiria grãnd e defferviÇo~ e dam'pno ao Reino;, ,p e- ·
n> feendo. algu~ muito conjuntd ,a EIRey em faQgue,
aip.da que' nom ' fofi~ da dita idade ~- honefiarnente o
poderia. fflzer do (eu ·confelho , por lhe ·' fazer ·honra
ma!s, q1:1e por 'fe'er ~co~felhado per,el. · ' '
Lh;. L Xx: " T I-

;
LrvRo PRIMEIRO Tr:r'uilo SESSENTA ,

'T I ·T u- I:. O, LX.

Do Meirinho Moor•.

. il\ ' ;[·ErnINHO. Mooi:- he antigo nome , que · querc-


1 V.l dize/ tanto, cÕmo home.m ~que ha maiorí~
pera fazer jufüça: É -efte he em duas maneiras: hú fe '
chama quando·o ElRey pooem 'de foa maão em .al1
gúa terr.á, 1 ou Villa , ºl:l Lugar ~o~ . peder de fazer
. juíliÇa·; ·fegundo a forma do ·poderio,_que lhe per q_,
·dito S6nhor .Rey he dedarad~- ;,e tal ~orne eíl:e cha.
h maõ em Caftella: ~diaütad.o, ~- algumas vez_es fe_acof.,:
,t umarom ,de fa~er em, effes. Regnos alg~Ú§ em feme ..
Lhante maneira por .feus . éande·s .fer'.viço~ ·,- e merec-i-..
·mentos : outro he quando-. EIRex fai M ~irinho Ma<'>~;
em .todo .feu Regno., _e_tal , como -· eíl:e , ha de fee.tr
h?mem pod~rofo,. que poffa fazú razoadamente as,.
c:oufas nofavees ,. e de.grande. pefo (
.~ quando lhe peló)
. ' .
dito Senhor. f,or.e m. en.cQrnendaqas ..
- - '
· r ·· E ESP.E.cr:A.1MEN1'E'perte.ence a feu Qfficio pren=.c
âer alg ús fidalgos-~. e homeés qe grande eílªdo, ou a,.J
h:va!ltar. forças , e' defaguifados feitos per homeés de't
fetndhante maneira, quando -lhe --i::elo dito Senhor, ,
ou feu Con felho efpecia!mentl'! he 'Ir. andado, o~ · for>. ~
1requáido per alguú .official de jufüça no's c'afos, on-
'k eJ l?~r fy nom ·fo'f I?Cíde_rofo p e.ra ·o faze,r :.e ainda \
;,, -a. fe.u ~

1 -

•• .l;
Do MEIRINHO MooR.
1
347
a feu officio perteence mandar prender quaeefquer '
pe!foas, que aos ·oUtros :Meirinhos , e Alquaides pe:...
quenos co 'em de .fazei:, fegundo em·as Hordena-
çooés do. . Regno he·contheudo. .,. · . ' ··
.2 . !TEM. O ,q ue for Meirinho Moor perufança, an-
tigua:deve de poer de Ü.iá ma~õ huú Meirinho_, que:
. 1ande continuadain.ente na Corte pera levantar" ~s for-
'ças, e fem razooé~·, gue'em eUa forem feitas, e.pren-
der os malfeitores., e fizh as outras coufas ; que fom
cbntheudas e~ o Regi.1:pe~to feito da~ coufas, que a
feu officio perteencém. E efte tal deve de feer ~fcu­
deiro.de boo Ürihagem,, e co~he·cido por boo' e põf-
ít@ por authofidade .nóífa, que hajamos ·ddl~ ccinhicL
rnento, pera o aprovar por perteencent~ perw íervir
no dito officio; o qual haverá em quanto o feryir to-·
~alas proees, e direitos acuftumados de levar aptigâ-
menté o Meirinho .d.a ~orte, fegundo he cont~_eudo ·
• 1nõ titulo do feu officio.,
t•

.1. Xx 2

r °;!·
348' LrvRo'PRTMiEIR.O T.l'TULO SEss.E NTA E HUM.

'f. I T U L O LXI.

Do Apoujentador ÀÍoor•.

p OusEN;ADOR he chamado aquelle,.que dá as po~~


fadas as noffas· campanhas ,.'O qual deve parm:
do lugar, donde eftevermo! ante por efpaço d'huú
dia , ou mais , fegundo a cliíl:ancia: do· lugar , pera
cmde ·houvermos d?ir, for, pera os hqmeés faberem ..
<". féi:em certos da:quelle lu.gu~r ,. onde havemos-de ef-
tar~ E antre' as bondades' , "que ha d 'haver , ·aífy be
q~e feja bem entendido, e de boo fifo, e difcripço~1,
porque faiba. ,conhecer os. que ha de apoufentar, <;
dar-lhe as poufadas a cada huú. , fogundo. for, . e~
l'ugar,, que á..cerca: de Nós te ver;. "'
I -E ESTE Póufentador de'l~ ·dar 'as poufadas com,
o Procur;dor dp. Concelho nos lugares n~tavees , em.
que_per Nós he ordenado., que ·com el haja d'apou- .
· fentar ,,pera:lhe de.dar.ar ,, e affi~ poufadas dos
1
privilegiados, e honrados dó luguar ,. de que razoa-
damente eve d'haver conhicimento :. e deve a dar as
' ' '
. poufadas per- tal guifa, que !1ºm recebam dampno >
nem grande aggravo·aquelles,. ct1jas· forem: e a·elle
'•
perteence de partir, as contendas , que forem fõbre a
poufadia , e terminar as ditas contendas ,:, como lhe-
bem. parecer...

..
,_
Do. A.PousENT.ADOR: MooR •. 3-49
2· hrnM~. Nom darpm. as poufadas dos Vaffallos ,.
rpem das viuvas , que fo~om .x:nolheres dos Vaífallos ·,,
que fiam em fuas honrai) , nem outro f y daquelles ,,
que rnoíl:rarem privilegios n'.offos ; e fe o lugar he
ta..rrr pequeno,. que guardando-fe 91> ditos privilegios,
Nós com a noffa. companha n~m pofiamos feer bem
apoufentado, em çal cazo façanollo faber o dito Apou-
fentador, pera fobre· ello pr.oveermos como for noífa_.
mercee ; e eífo. im:dês faça ,' pofio qµe o luguar feja:
grande, [e aigente for tanta. por cafo alguú que acor--
ra·-, que con.ve!1ha. de. p.oufar. com. ~lguús privilegia-
dos~ '
3 I 7:,EM. Nom daram pouíadas d'adeguas de vi..:
nhos , nem. d'az.eites , nem dç celleiros de pam , e·
nem de lojas de pannos , . nem doutras· mercadorias ,,
nem Efpritaaes ,. nem albarguarias, que fejam mo-·
radas·, e povoradas.: nem. tirarom o Senhor da cafa.
da Íl,la camara', erri que dormir.,.falvo feendo-lhe .da ...
do por hofpede alguú Prelado, ou Cavãlleiró de gràn-
de eíl:adef:: ou qualquer outro de femelhante condi--
~om ,. e nom houver e1J1 eífas cafas outra camara ,
em que razoadamente poífa feer apoufentado, ca por ·
taaes peifoas , como. as fobreditás, hohefiamente po-
derá o Senhor da -cafa leixar fua camara, e alojàr-fe·
em cada húa das outras cafas, onde lhe mais aprou-
ver: e todo eíl:o deve fempre ficar em alvidro do Pou-
fentador ,,que fegundo as cafas forem, e a condiçom
eo:Senhor dellas ,_e bem aífy do qÚe ·lhe for. dado.
pon·
~5Ó' :L1viu» ·PRr~~rn0Tr.TuLO, SES$,ENTA E nors
'·1 ,.

' ).il9r hofpede ,' confüa1_1d.0 toi;lo. cc:ún bõó e.fgu<!r.do, ~dê , ,
aquella- determinaçom, .que mais ~ fer:n ~gravamento
das partes ·b.é m podér. ' _· , ·
•• t .

4. ITEM. · O .noffo morador now roubará, nem1


tomará ~lgua coufa a.o hofpe9e, .com que p9ufa~, con..., ,
·l!~a fua ~~o~tade ~ . e. fa~eµdo' ho ..contraira, o :Corre-.
gedor dà noffa -Cort~ 'deye proveer trigtt1ofàm~nte- fo..1
lóre el!Ü e~n tal, gui(a ' ·quf lhe nom feja feito. def'l:gui..:
fado:. e fe for contenda antre o nçiffo moràdór ; .e_rn
- ,... :r J '

. laofpede fobr~_ a potlfada, ou eo.l!fas, que:'a d~o per-


- teencem, defto Rert~epc~rá ho conhidmento áo ·Pou-
. ' f i' ·- ~

feQ:~.ador, pera O determinar, CQffi~ melhor ehtend~Jil'


à ~off'~ fe rv ~Ço. ' -• · , · · '. - , ,, ,
, '5 · IT.~·M.,l)efpois q~e a: poufada for dada per, _et~
le ; nom ~deve tirai a aquelle·~ a qué a deo, pol~ da.i
• ~ .. iJÍI ~

a' outrem por .


rogo,
.
nem .peita ,, nem f
por .
oufro offe-,
,.. · ' · ritimento, ou.por outra" algúa .razom, falvo haven..1 •
~ i ;;.. • - ... -
K . ccl;0 per~ ello no!fo efpec1al mandado.
' • j ...... •

. T l ·T u :L O ..LXII. ' 1

Dos Âlqu~ides Moores dos· Caflellos.'_ ~


~ r "',,.
·,

T:·
• -Y ·• • •

EER Caftello de .Senhor feg~ndo foro antige-J


. ~ d~Efpanha, he çouf11 em que j-ª'z mui grande ·pri"'
" goo , ca p_ois ha de cahír em pena de tre~çom o que
" L.e".'eífe ,· fe o p'erde!fe per fua cul.pa, muito deveill,\
to-

".
~

.~
1 Dos AL.Q11AIDES MooREs oos CASTELLOS. 351

todos os que o teverem feer perc~bido~ de os guardar


de maneira, que nom caiaõ em ella. E pera efta guar-
da feá feita compridamente , devem fee~ efguarda-
1das cinquo coufas : a primeira, que féjarn os Alquai-
des taaes, como convem pera guardarem os-Caíl:el-
Jos : a fegunda,. que os Alquaides meefmos façam o.
•que devem : a terceira, que _tenham hi COJ!lprimen-
1:to de hom~ês: a uar~a> de mantimenço: ~. a.quinta,,
.d'armas.
1 E POREM tod-o Alq~aide, que·tever Ca~ello de·
.Senhor" deve fe<~r. de boa linhagem de padre, e ma-.
·dre, ca fe .o for Sempre have;á vergonça de fazer
.. coufa, que lhe fte mal, nem· per que feja doefiadp ~··
nem os que delle defcenderem. Outro fY- deve feer.·
~
leal ;porque ElRey, nem .o. Reigno, . nom fejam .de-
ferdados do Cafrello ,. que elle tever ..
2 ITEM. Ainda.na mefter. que feja esforçado, por-
que nom duvide de ·foportar os prigoos , que ao Caf-.
!. <tello vierem; e fabedor con vem que feja , porque fai-
1ba fazer, e aguifar ·as coufas., que· conveern aa guar-

<da, e defendimen(6 delle .. Outro fy -nom deve feer -


(;m~ito escaífo;·porque hãjam fabor 'os hoq1eés de fi:-
1cârem com elle de meÜ1:0r mente ; ..ca aífy-feria mal'
.feer. muito ·guaftador das c:ouías ,, que foífem mefter -
pera a guarda do Caftello, outro fy _deve féér difcrei..
to pera faber partir o que tever com os homeés, quan-
or • .Qo lhe mefl:er foífç.

J> h.EM._Nom deve fe.e r m uito pol> e , porque:


DO.II\ :
352,, Lrv<R0 PRIMErno TrnuLO S&ss·ENTÁ E I!'>o:us

nom haja cob~ça de.enrique~er ·aaquello ;que lhe de-


1·~m pera teença'·do Ca,ítello. E muito aguçofo âev:e
feer eni guardai· bem ·o Caíl:e:llo, que teve~ ,_ e nom
fe partir 5ielle no :tempo''clo prigoo ,; -e fe aqueeceffe.
que lho cercaffeIT)., e o erµbarguaífem, deve-o d'.em~
parar ataa morlie :; .e .pm ve.e~ :atormentàr , ou ferir, .
·ou
. matar os filho·s ~ :cm ínolher ., .ou -outros
~ .
'bomeés
:ê1uaeefque , -que amaífe, nem por eer élle prefg., ou
·atormentado,, QU feridó de morte, ou .ameaçado de ·
·11\)atar, 'nem por outra ra~om' que feer poqeífe de
-mal,_ou de bem , q4.e lhe fezefferp. ; ou ptômeuefiern
de faze-r , nom deV.e- dar o Caftello ., nem mandar
-
0

"'
-gue o deJTl~ -ca ' fe Ql fezeffe .cahiriá em ,cafo de .trei-
~om-, cerno aque11e que traa~·caíl:ello de feu Senhór.
· 4. lTEM. Efou-Ía1~ n~m pode o Alqu~ide, que nom
vaa .a)guãs vezes ·do Caftello ,1 q~e tiem ~ .a_ outra par~
t e por ·coufas , que thç: aqueeceífem ; perp eflo nom
' d~ve fazer em tempo , _que entendeífe , que p Caftel ..
1o fe poderia perder-per fua hida. Mas quando deft~
·guifa, que di~0 he, '-hou~eífe d'hír .·a algll'Ú Jligar, d:e~ ·
· .ve fegurido foro d'Efpanh~ , .J.eixar hi-.outro ei;n feu
lugàr por Alquai_d~, que feja fi,dalgo direitàmente de
-' padre , ·e mad~e; e que ·nórri haja feita treiçom, nem
·aleive, nem venha d'ho!l"leé~, que a-houveífem feita,
e que fej~ ho~éln , com- qtte haja divido ' de ,p ai k,Q.-·
t efco, e d,e amor grande de guifa,. .que haja razom de
fiar del o Caíl:ello , a:ffy éomo de 'fy meéfmo. E -tal ,
como efre, deve de le.i,:iç_ar ~m feu lugar ,:' e dar~lhe as
- cha_.

. . ' .


-
Dos ALQgAIDES MuoRE:S nos CASTnLLos. - 353
'chaves do Caíl:eUo, e fazer que lhe façam menagem
quantos hi forem, affy como a elle meefmo haviam
feita pera guar?ar. o Caíl:ello bem , e lealmente .em
todalas coufas ataa que elle venha.
5. ITEM. Eílando- o Alquaide no Caftello, fe a-
q~eeceífe, que morreífe fem. faUa, de guifa que .nom
podeífe leix~r outro âe fua maaõ , deve de ficar o
mais propinco parente, que t.ever, em o Caíl:ello, fe ·
for de idade , e tal homem , que feja pera eíl:o ; ·e fc
tal homem hi nom ach~rem, devem fazer os que hi ,
eíl:ev.erem no Caíl:ello Alquaide o melhor homem ,
que no Caíl:ello for. ; pera o teer; e devem logo d'ef-
crepver a ElRey fobre ·~llo, que proveja d' Alquaide
como for fua mercee: pero toda via devem ~atar mui
leal, e amigo do Senhor do Caílello. E tal Alquaide,
como eíl:e ,_he theudo de fazer, e guardar·, e comprir
todalas coufas ém guarda do C_aílello , aífy como di-
·. tas fom de fufo • e fe erraífe em alguã de~las , cahiria
no afo fobredito.
6 E ESTE . Alqua_ide ha de fazer dtJas coufas nos
Caíl:ell'os; a huma dêfendellos com ardimento, e com
esforço, e a outra com fabedorià, e cordura. E .a que
,.
· ha de feer com ardimento , e com esforço , h~ , qüe
devem defender o Caftello mui ardidamente ferindo,
e matando os inmigos, e o mais ~e rijo que poder de
maneira , que os nom leixe .chegar a ell~, ca em eíl:o
nom deve poupar padre., nem filho, 1;em Senhor •·
que ante houveffe, nem outr:o homem alguii do mun-
1:
Liv. Yy do, .
j
3 5( l.tvRd-PiUivIEIRO 'frTuio'. S·ESSE_NT.í\ Epous"'
~ -
<fo, que doutr.a ,parte foffe ,; que~ Caíl:dlo lhe'.quifef- :'
· f~m ·fazer .perde11, porque muito í:eüa coufà fe~ ra-
ziom, e 'c:.-e11tr:ií: direito de _guard~ home·m àqudles ,,
que ~ quifeffem fai·er treeclor•. '
r •
· 1•'.'7 ~Ô um.o 's'Y -devem h'!ver grande esforço em fof-
frer· todo medo, e todb· tr.abalho ; qi.:e lhes venha
·tambem em v.dar, ê~mo em .fofti·~ndo fede , e fome ,.
e frio, e todq óutrçJ trabalho, que hi pr~nder; ca pois
nor9
que ó Caíl ello, harn de da'r, Íenom ~ feu Senhor, .
mc(ler ha que tomem ~sforço ' em f:y ,. pá que o pof-
fam fazer ,: e nom ~ayam per foa culpa em erro de
.
::-' treiçom ~E porem morte,.nem .perigoo ,. que he páffa-,
elo; nom no d~vem tanto temer , .como a maa fama.,:
que he coufa, ,q~e ficàrá' pera·fehipre a elles, e a_feU:
linh~gerri,. frn0m feze'í lêm o que dev:effem em guar.;...
. da -dó dite €aHello ..
. 8 E ACHAMOS " pe.r ·H ordenaçooês amiguas , que:
aos' Alquaides Maiores. perteence haver eíl:es direitos,,
€ · coufas, que fe ~d iante fegucm: Primeirament~. di-
zemos, que ao, Al:quàide Moor perteence haver toda-
·. las .cârcer.a geés dos prefos , e t0çlalas arm·as ,. que fo_
rem julguadas aa dita Alquaidaria\ e as penas dellas ,,
cque fom cinq1~0 mil libras deíl:a moeda; da pena das
· quaees cinquêi' m il libra-s a meerade he pera ·o Alquai-.
de Moor, e. a outra· meetade pera quem as acufar ..
9 h ffM ... Ha d'a"\ler o· Alqtia:id€ Moor pera fi to-"
, ' <;falas _p enas·dos barregueiros cafados, e das foas bªr-:
reg_aãs ,_as q~a1es . penas fom por cada. quarenta, mii~
li,....
Dos ALQ1TA1DES MooRES oos CASTEu,os. 35 S
libras , que tever~ pague mil lib~as, e a düa fua ' bar- _
regaã pague a meetade de quanto a el montar de pa- .
gar~ e haja a b.1~rega:ã aquella pena;no,.o.rpo, que. a
naifa Borcienaçom manda. .
, 10 ITEM. O Alquaid(': Moor, ha d'aver as duas ·
partes das ,penas'·, que ham de pág-ar as bai-regaãs dos
· <2lerigos , e·'Frades , e Religiofos ·, que fom -cinquo
mil libras deíl:a moedà; gue ora corre, por a .primei"...
rn vez; e outro tanto pola fegµnda '; e a terça par,te
ha d' aver qu~lquer .do povoo, que as accuiàr ~ _é ellas
hajam nos :corp<;s aquella~ penas ·, que a I-:i:ordena- _
-·.ç:om manda. <

( -1 ..1 ' ITEM·~- <?"'-AlquaisJ@ ha a·.à-ver pera fy .a terça


par.te da pena, qye: ham de 'p agar quaeefquer, que ,
forem escõmungados-, os quaees ham de fee_r prefos,
e ham de pagar da c:idea; e he de pena por cada no-
ve dias feffentá foldos da moeda antigua' e affy polo
témpo que em a dita escõmunhom encorrerem , atee·-
qüe fejam faltos: é deíl:es dinl:l ros,, que_eíl:es êscô-:
'mungados affy pagarem~ a táça parte feja._pera a fa-.
:l!Jrica da Igreja, e a terçp. par.te pera o Efpital dos me-,
i,·J:inus , e 'a outra ter_ça. parte Rera o Aiqtiaide 'Moor,
íegundo he comhé1:1do na Hordenaçom. ..
- 12 ITEM. Mais ha d'aver o Alquaidê toêàlas for-
. ças , que julguadas forem, e ha d'aver por cada hu ...
ma forç')- fefienta fo!dos da moeda antigua , fegundo,
manda a nofia Hordenaçom : e mais _h~ d'aver totlo,1
QUro )·ou _pràta; que for achado no joguo dps"t<i.fUL)es, ·
Yy 4 . • e
.
356 · LrvRo PiuMEIRO
'
Trnno S!!sSENT'A: E Dous·
.
1
1e ·mais àS cooimas das tavernas-, que fot:etn achadas
,.. \ abertas d~fp<;>is do fino, de coll)er. ataa· manhaã clara-.
13 ITEM. jla d'ave.r todalas' cooymas, que ha·de·
pagar todo Judeu , ou M.ouro, que für achad_o fora da:
Jadaí-ia, ou Mouraria d~sp.ois. do fino d"-Ooraçom , ·
q~1e fe ·tange , aeabadas ~s ti:cs badaladas , a .qual pe;..
na he dez libras da moeda antigua por cada vez que
fo'r achad0 : e haverá mais o dito Alquaide todalas,
cooimas, que os h©meés· da: AJqua-idaria-. poferem aas..
molheres , que fom ufeiras de braadar. , € he de pena,
Por cada vez, q~e a aífy ppferem,_. tres. libras da moe- .
da antigua.
1>4 ITEM·. Ha d'aver mais o Aiquai:de Moor as~
coo.imas ' que fom poíl:as aas barcas ,. e batees , . qu<?; '\
fom achados tom}ndo augua·, ou· lafh~ em temp<Hlll..
g;-uarda.da ViUa de nóiti:: defpois clo fino. de co1;rer. ,,qu.e:,
he o derr.adeir0 fi~o, que fe tang~espois dó fino da. .
Ooraçom , que fom por cada vez,. que- affy forem:
achados, tr.es libras dA:ioeda.antigl'.la;::e mais.que per1 .
ca toda a louça, que tr-ouver, por tomar a dita augua ::
'e· ha. d 'aver mais todalas. armas·, que · forem achadas,
levando-as alguú Mouro· e.m a·l guú na'V io, qµe vaai
pera aalem mar·, a fora huma-, que·levar~ pera defen--
fom de f éu corpo; e fe obr.igue aa tornar a dita ar-
ma, e de a. ello fiadores ; e nom tornando a dita ar-
ma, que aífy levar.,- que pague· por dla tres· armas ~
~u tre~ vezes aquello:, que valer.
I.S, bEM. O Alq_uaide ha daver todo o p.efcádo,.,.
que:
Dos .AiQYAIDEs MooRES Dos C:A.sTR'L. ios, 357
'\
que fe matar aos Domingos:, e feíl:as de J EZUS C1-m rs-
To, e ?e Santa MÂR.TA, e dos- Apbítolos, e nas -nói-
nes dos ditos dia~ ;-a fabcr, as noites antre· as vefpe:.. • l

ras, e os dias.dos fobreditos Santos..


16 ln:M. ~e tooo Mouro forro-, que 'fe livrar
- 1
pe1:a hir fora da terra , e pagar a dizi.m a na Alfande-
gu~, que· pague a- redizima aa dita Alqua~daria,. e ha-
ja-a o dito Alquaide Mooi:.
17 !TEM. Ha d•aver de tqdo Judeu, ou· Mouro,,
'que bebe-r na taverna de Chriíl:aaõs ,_vinte cinco li,.
bras da moeda a-nügua.
18 · ITEM-. Ha d'aver de todolos navios ~ que fo..:
rem carreguados pera aa-lem df> mar:' por { cada húa-
tenelada doos. foldos da moeda antigua; e mais qual-
uer navio; que for achado aas oras da guarda da Ci-
ade , filhãdo carreg_a , ou descarregua , ou metend0:
homeés., ou molhei;es , ou pefcado , ou outra qual:..
quer coufa ,- por cada.vez, que aífy. for achado ,_que:
pague tres libras da moeda· antigua._
i9. hEM •. O Alquaide Moor poderá peer huú
bom efcudeir9 ,. que «pntinuadamente ande com o .
.Alquai-de pequeno afiy de noite,. corno de dia, qµan-
do houver.em d'andar; e que o efcucleiro requeira ao
dito .Ak],uaide pequeno ,. que feja bem deligente em
r.eq'uer.er todolos. direitos ,.que perteencem aa-dita Al-
quaidaria , e que fe alguf'ls dirnitos fe perderem per
fua mingoa,. ou negrigencia , que elle feja theudo, e
€lbriguadb._ao pagar p_er feus· beé_s ao dito Alquaide.
Moor;..

- ,,

V
_ 3Ç~ ~JV'JtO ?.RIMEIRO TITULO- SESSENTA E DOUS
~

Moor : e que o dito Alquaide Moor poffa por doos


. ,Elc:ripvaaés per fuas cartas, huú ·na Alquaidaria da
Villp., e~outro na A lquaidaria dos montes, que andem
continuadamente cóm os ditos Alquaides da Vil.la, e
Jrn;mtes : e mais que o dito Alquaide Moor , -que ""for
na Cidade de Lixboa, pofra poer huu homem dos
da dita Alquaidaria., que com -0~tros tres , ou quatro -
homeés da dita Alquaidatia poffa guardar a parte da
e
Alfama : mais que fe o dito Alquaide Moor achar, .
que os homeés da dita Alquaidaria, ou cada huú. del-
les nom fom taaes quaees compre pera fervir a dita ,
Alquaidaí-i11~ que elle ós pofia tirar, e poer hi Ôutros,
:que fejam perteencentes ·pera ello , feendo os ditôs1
homeés prefen.tados pelos Officiaaes da Cidade , ou. ·
Vi!Ia , fegundo he de cuíl:ume. .
20 • !TEM~ Nom ferá confentido a nenhuiil, q ·,
vogue , nem procure contra a dita Alquaidaria , fe-_
nom tever autoridade noffa pera procurar em juízo,.
.e proéuraçom da parte, · a que perteencer ; e qual-
quer, que o contraira fêzer, pague cincoenta libras
da moeda antigua pera a dita Alquaidaria.
'21 ITEM. CJAlquaide Mooc ha de mandar apre-
goar da noffa parte , que todol0s meeíl:res dos navios,
que vierem de fora dos noffos Regnos ao lugar, onde,
for Alquaide, como chegarem requeiram o Alquaide
pequeno, e o Eícripvam do officiõ, que vejam toda-
las armas d~fenfa vees, que trouverem , e elles mof...,
trem-lhas pera as haverem log-0. d'efcr~pve~; e bem
... ·afiy
Dos AL<!l.YAIDES 1\1ooRES nos CASTELIO~. 359·
aífy as -efcrepvam outra vez ao tempo da fua partida 1

pera [e veer fe l_evam mais das que trouveram,. o que "'


lhes nom deve feer confentüfo.
22 ÜUTRO SY quaeefquer, que IlOUVerem eepar-
ti-f pera for<! do Regno novaméte, ante· que pàrtarfl:
dante o porto do dito lugar, moíl:rem as armas,_que-
aífy levarem , pera quando t~rnarem veerem fe as trn-
gem ; e: aqueftes ., que e'fl::o ·nom fe_zerem , p.e réam as
·armas , que lhes forem-achadas , e fejam petà o Al:..
quaicte Moor. ·
· 23 ITEM. O Alquaide Moor levará ~ meetade das
armas, que forem tomadas , ou coutadas pela Hor- r'

. denaçom pelos Meirinhos da ~oífa Corte _, e d~s Co-


marcas, e per os feus homeês, quando Nos nom for-
mos no lugar , onde as ·aífy filharem , e bem aífy das,
penas , q1:1,e fe houverem de pagar: -com as ditas ar--
mas ; e a outra meetade das ditàs arn1as' e penas, fe-
r.á dos ditos M1.úrinhos , e feus homeês , que aífy as.:
filharem : e fe os Mei.rinhos da noífa•Corte , ou defüt.
Comarca, onde Nos. formos ,. fil·harem alguãs armas,.
eu coutarem, como -devem, em noífa Corte ,·as ar-
mas, é as penas devem fe.»r deífes Meirinhos, ou h.o-
meés, que as filharem. · ~- ~
24 E MANDA Mos , que todo eíl:o , que he con-·
th~udo em eíle titulo d©s AlgHaides Maiores, fe cum-
pra, e guarde daqui en . diante, affy <:OIJJO em efl:es. •.
e;!pirulos fufo dito& he declarado; _falvo fc per ~lguãs
~arta~, ou pri vileg~os dos. Reix '·q_ue. ante nos foram ,_
(;U
,J60 LrvRo PRIMEIRO TnuLb SESSENTA E TREs

ou noffos , ie, moftrar o contrairo feer ~utorgado, ç>u


per a~tigua ufariça feer acuíl:umado; porque manda-
mos que fe guardei;n ás óitas Ca·rtas , ou privilegios, ,,.

..
:ou uüw1ça ;iqtiguamente ern contrairo acuJtumada. ·

T I T ..U L O LXIII.:

Y "Dos Ca'7..:alteiros , como , e per quem deve':;nfaer feitos ,


e .desfeitos~

D EF:ENSORES fom huús .dos tres eílados , ~ue


DEOS quis , per que [e manteveffe-o Mundo,
e.a bem aify como .os que rogam polo povoo chamam
.o radores, .e os que lavram a terra, per que os ho-·
meês ham .de viver, .e fe ·manteern. fom dit©s man-
.teedores , e os que ham .d.e d,efender fÓm chamados
dcfenfores.
.1 PoREM -0s homeés, .que tal obra ha:m de fazer,
- teverom por bem os antiguos , que foffem efcolhei-
. ,tos , e dlo foi porque .o defender fta em tr.es cou-
fas , â. faber, esforfo , hÓnra , e poderio. E .porque
a.quelles, a .que mais principalmente perteence a .de-
fenfom , fom -os Cavalleiros, a que os an~igos cha~ . . . .
;naro:n defenfores por algúas razoo~s , a faber ~ por- !\
que fom honrados , e p~rque fom affinadanúmte ef-
. tabelicidos, .e hordenados , pera defender a terra, e
acctef-
..

Dos ·CAVALLEIROS, COMO, E PER Q.irEM ETC. 361


accrefcentalla ; por~m queremos aqui fallar delles,
e moíl:rar porque fom aífy chamoidos , e como de-
vem de .feer feitos, e quqg:.es devem feer, e perque
maneira fe devem de m~nteer , e quaees coufas fom
·theudos de guardar , e que he o que devem faz.à, e
como devçm feer honrados defpois que foro Cava1-
1eiros, e por quaees razooés podem perder a Caval-·
laria, e honra, que reem. ..
2 CAvALLARIA foi chamada antiguarnente com-
panhia de nobres homeés, que forom . hordenados
pera defender as terras; e por effo lhe poferom nome
Milícia, que quer .dizer, companhia de homeés du-
ros , e fortes , e ·efcolheitos péra foffrer grandes me-
dos , e trabalhos, e lazeiras por prol de bem cõmuú; •,
e por tanto houv.e eíl:e norrie Milicia, que quer di-
zer conto de mil, ca de mil homeês efcolhiam huú.
'
·pera fazer <;a valleiio. Mais em Efpanha chamam-Ih.e
Cavallaria nom por·razom, que andem cavalguados
em cavallos, mais _bem affy como elles em cavallo
vaaõ mais h,pnradameate, que em outra befta, aíiy
os que foro efcolheitos pera Cavalleiros fom mais
honrados > que todolos outros defenfores ; onde affy-
como o nor:1e de ca vallaria foi tomado do nome da
·companhia. dos horrieés efcolheitos pe'ra defender,
aífy foi tomado o nome de Cavalleiro da cavc_tllaria.
3 MIL he o mais honrado conto , que p,ode feer,
· ca bem ·aífy como dez he 9 mais honrado ~onto _dês
q.ue fe começa em huú, affy antre os centanairos he
Liv. L Zz o
·.

.'
. 362 LIVRO PrtIMITTRO TITULO SESSENTA E TRllS

~ mais honrado mil, porque todolos outros fe ençar-


, rom em elle, e dalli em diante r:iom po.d e -haver ou..
''tro conto afün.a do per fy, e por eíl:a razom efcolhi-
am antiguamente d~ mil homeés huú pera fazello
·Cavalleirq. E em efcofhendo, catavam homeé·s , que ·
'' houveffem em fy rres coufas: _a primeira, que fof-
fem ufados a trabalho pera faber foffrer a fome , e
grande lazeira, que nas guerras, e nas,' lides lhes avi-
. eiiem : a fegunda , que foffem ufados em armas pera
( ferir; porque foubeffem melhor, e mais aginha ma-
ttar feus -inmigos, e que nom cançaffern ligeiramente.: ..
.a terceira, que fofiem crueeis pera nom haverem
-piedade de roubar os' inrnigoos, nem de ferir , nem
rna.tar, nerri outro _fy , que nom defmaiaífem afrnha.
por golpes, que dles recebeffern, nem deffem a ou-
·tros.
4 E POR eíl:as razooés antiguamente t~nham poE
;b em .de fazerem Cavalleiros dos monteiros, qu~ fom
thmneés , que foffrem lazeira, e.carpinteiros, e fer•
reiros, e pedreiros , porque ufam muito de ferir, e
ifom fortes de maaõs. Outro fy dos carniceiros, por-
que wfam a matar as coufas vivas , e efparger o fan..;
- <gue dellas; e ainda tomavam homێs, .que foffem
~ompridos de nembros pera ferem fort~s- , e ligei~
ros. J
5 E ESTA ma.neira d'efcolhe~ ufarom os antigos
mui gram tempo ; mais porque eíl:es taaes vier<,>Il)
,defpois muitas vezes a erro ,_nom havendo_vergonça,
,_,, · · ef-
..
Dos CAVALLEIROS, COMO, .E 1'ER: Q.YEM ETC. 363
efqueecendo todas eftas coufas fobreditas, e em lugar
de veencer feus inmigoos , vcnciam-fe elles, teverom1
por bem os Sabedores deftas coufas, qu.e cataífem
horneês, qué_, em fy naturalmente houveffeni.· ver-
gonça. E fobre efto diffe huú fabedor antiguoo , que
fallou da Hordem da Cavallaria, que a ".ergonha ,
que defende ao Cavalleirofog~r da batalha, o faz feer
yeencedor J ca muitos .teverom que era homem fra ...
co, e nom foffredor o que he forte, e ligeiro pera..
fugir.
6 E POR e!lo cataram os antigos, que pera Ca-
;valleiros foífem efcolheitos horneés de bo.a linhagem;. . •,

q1~e fe guardaífe~ de fazer coufa , perque podefferru


cair em vergonça, e que eftes fo1}:'em efcolheitos de:· ·
, boos lugares, e algo , que quer tanto dizer, fégundo
linguagem d'Efpanha , cómo homem de bêm, e pOl"
efto os chamaram filhos-dalgo, que quer tanto dizer-
1 •

como filhos de bem,·e em alguus outros lugares lhes


chamaõ gentys , 'e ~orna efte nome de gentileza, que ..
rnoftra tanto como nobreza, e bondade ., porque os ·.
gentys forom hom~és_ nobres ,. e boos ' ·e viverom ,
mais honradamente , que as outras gentes.
7 E ESTA gen_tileza vem ·em t.res maneiras: a húa.
per linhagem : a feg1:1rida per faber : ·a terceira per _
bondade, e cuftumes , e manhas ·; e corno quer que
eftes, que a ganham per fabedoria, ou bdndade, fom
per direito chamados nobres , e gentys , muito mais.
·ho fam aquelles, que' a hârn per llnbagern aJltigit,
Zz 2 mente,

•'
'
3G4 LIVRO PRIMEIRO- TrTu10 SESSENTA E TRES. •

mente , e fazem boa vida , porque lhes vem de lon-


ge , _affy como per he rança , e por ende fom mais
. theudós de faz~r bem , e guardar-fe de erro , e de '
maa eft~nça ; ca nom fo'omente quando recebem
cl_arppno, e vergonça elles rne~fmos foro enfamados,
m.ais ainda aquelles, donde elles veem, e decende;m.
'. 8 E POREM os filhos-dalgo devem fe,er efcolhei-'
'tos que venham de direita linha de padre, e de ma- ' ..
dre, e d'avoo ataa quarto graao, a que chamam vi-
•, favoos: e eíl:o teverom por. bem os antigos, porque
daguelle tempo endiante nom fe podem ~cordar as
gentes; pero quanto dhi en diãte mais.de longe veem,
tanto ~c:recentam mais em füa honra, e em fu~ fi- .
dalguia; ,
. 9 FEITOS nom podem feer os .Ca.valleiros per·
maaõ d'homem, que nom, feja·Cavalleiro, caos Sai-·
. bos antigos ,,·que todalas coufas hordenarom com raJ"
zom, nom .reverom que ·e ra direitÓ, nem -coufa agui:..
fad~, que podetTe fer dai:_ ,huú ao outro, o que nom
houveffe ; e bem affy as 'Hordees dos Ora-dores nora·'
as pode alguu dar feno'Il} o qµe as ha , e affy nom,
pode alguú fazer CavalTeiro; ~e o el nom. he. Perc>'
aJguús hi ,houve, que teverom, que E!Rey, ou feu
- filho herdeirÓ, pero que Cavalleiros nom foffem ,'que. ·.
o poderiam bem f~zer per razom do Regno> que hã,
·por que elles fom cabeÇas da Ca vallaria, e tüdo Ó ;. • .í /IS

poder della· fe ençarra em-o fe~ mandamento.~ é ,pon


c:ffo o uzarom em alguas terras. Mais fogundo mzom 1'
ver.-
Dos CAVALLEIRO·s, coMÓ, E J>ER Q!JEM ETC. 365
"' .
':erdacl'eira ,~e qirreifa nen·h uu pode feer Cavalleiro da
maaõ do que o nom foffe. . • ·
· IO E TANTO encarecero111 os antigos a Ho:rdem
, da CavaBaria ~ que teyei;om; que__os E.mperadores ,.
. nem os Reix nom devem feer confagrados ', nem
coroado~' ataa que Cavalleiros riam fejam; e ainda
differom mais , que nenhuu riom pode fazer Ca val-
leiro a fy meefmo Fºr honra que houveffe, ca digni-
dade, nem honrã, ~em regra nom, pode ~o~em to- '
mar· per fi, fom outr_em lha dar .
. • II E ; oREM a Cavallaria ha mefrer qüe haja dua:s·
peffoas , â fabe.r, o que a dá, e o que a recebe ; ;: pe•
ro foffem Ernperadores per enliçom, ou Reix per he- .
ránça ,: nom fe poderiam fazer Cavalleir?s ,per foas>.
rnaaõs, como quer .que mandar poderiam a algüús·
tavalleiros do feu fel).h~rio· , que os. 'fezcffem.. 'Pero·
a ufança· geeral de Eoda a terra guardá, que os Em- .
peradores tanto que fom enlei_tos, e bem affy ~s R.eix
·., tant0. qlJe fom levantados em feu Real Eftado, per-
fy meefmos -, ~em outros Cavalleiros ~ fem receben..: '
·ao outra ordem de cavallaria ~ ept(}nâendo que a Im~~
pe'rial, ou ·Real dignidade he tarn excel~nte, e. nori-
fada, que·per bem, e virtude de foa preheminen~:
'tia. énclude em fy naturalment·e â: honra' e hordem·'
da Cavallaria: e affy tanto que he. feito Emperador,.
Otll Rey, logo he fe!to Cavalleiro, e per co~feguinte·
tem poderio fera fazer Cavalleiro;,'c::a pois pode fa ..:'.'1-
zer Duqu~, e Conde, e Mç;eftre da- Cav~llaria, muit:o-

' . mais,
' .

36~ TurVR<'> P-!UM·E<IRõ Tr-Ttr.to ·$&ss·E NTA E TREJ1

mais' l1g~iram~nte poderá fazer Cavalleiro, ' que he.


máis pequeno _graao. de dignidade.. ;,i
! J".?,• .' E Ji'.STO qu~ âito. he no Rey dizemos haver Jü-
. .' ~ '
gar no feu 'filho primógtmito, e herdeiro em feus Re-;
...

gnos: e efta ufança foi fempre ·ufada em toda Efp~-.


mha ·e fpecialrnente em eft~s R~gnos. , "'
.~ l 3 ;E: DI~SERO M que ho~iet~ J que fofie deffl!e""J·
moi:iado J nem o que foffe meor de idade de quator-.
ze annos, que fiam deve. alguú delles eíl<? fazer; por•,
que a"Cavàllaria he,. tam nobre , e tam hoi1rada, ·que 1
?eve entender 9 que a dá, que he o que faz ~m _dal-
~ fà,; o que _eÀ:es ·nom p~deri.am. fazer, _p~rque feri~(
mui tem razom de tremeter.'.fe de feito de cavallàrill:_ 1

~quelles, que.nom houver~m , nem ham pod~r- de~


· -~eter~y as maaõ_s pera. obi;r della. Bern affy ~omerni;·
~ à'_ Oordem , e Religiom · nom de:ve fazer· CavalleirUJ
p.;r a razóm fufô dita. ·
14 PERO fe algÚú foffe Cavalleiro prfmeiramen_:_
te , e désp9is Jhe aqu~eceffe , . que houveffe_de feer ,
Meeíl:re da H-0r~eJÜ da ,Cavalla~ia. -, que m~nte.veífe:. ·
f~iço d'armas, nom foi á tal como efte defendido d~,,
- .çs fazer. E teverom outro fy p1x bem , que nenhuü · ,
homem nom fezeffo Cavalleiros aquelles, que per
qi,reito, ~em per razom o nom podem > nefi.1.deve.fll_,
feer; fegundo ao diante .fe moftra~á. .< ;) ,, '

_ 15 · -FAHCIMEN.To p~ra nom p0der fazer le~aes,; "


c,ou~as he ~m _çluas ma~~ir~s; a hum<1; p·er feito; a ou-·
1tt0;t pe-r qírei'to. E a dé ~ejto. he quando ~s homens;(
nom

, ·~·

', .
Do-s-: CA vA LLEIROS, co~
l:.ncm1 ham'~ comprimento de fei~o pera fazellas ; e a
outra, <fue vem per direito, he quãdo.noiu ham ra-
•zoin, porque as devam fazer. E como quer que efto
..
avenha: em todas coufas, affinadàmente caae muito -
-em feito de Ca vallaria. Porem bem affy_a razom to-
~lhe, que Dona nom pôde fazer Cavalleiro, nem ho-
·rnem de Religiõm, porque nom h;:t de m~ter a-s maaõs
-·em naS'-lides ·; nem o~ tro fy ..o que he louco, nem o
.•ferii hidade , porque nom ham comprimento de fiJo
pera entender o que fezerem: outro.fy tolhe ' que
"-norn feja Cavalleiro homem mui pobre., fe lhe nora
rder primeiramente o que o faz perque poffa bem vi- _
..ver; carn.;Jm teverom os antigos ,"que er~ coufa di .i.:
reita, nem aguifada, que a honra da CavaJlari:i ~ que
he eíl:abelecid_a pera dar, e fazer.. bem,_foffe pofta em ...
homem , que houvefie de pedir com ella, nem ía:feli
vida desh_o nrada; nem outro fy que hoi!veífe de fur-
it"ar., _nem fazer coufa, perque mereceife a receber pe~
1na,, que he pofta contra os vilaaõs malfeitores. Oú..,
«tro (y nom deve feer Cavalleiro o que for minguad
ide foa p~ffoa, ou de. feus ne111bros ,. que fe nom po. .
1
1peffe ein guerra ajuçlar de fuas maõs.
~ J 6 . E AINDA dizemos ' que nom pode 'reer ca~·
éWall_eiro homem , que pe1~ .fua peífoa andaffe fa'.z endo1 ...
merchandjas. E nom deve outro fy feer- Cavalleiro p;
que foífe conhi~idamente,treédor,'bu aleiv-ofo, ou da-
.d o em Juízo por tal; ~em o que foífe julgado a·penaJ
ide morte por en:o ,. q_ue houve1!'e feito ,,fe primeira-J
. .
,lTULO SissENTA E TRES

mente Íhe riom. foffe 'perdoado nom tam ·foomente a·


peria ~ mais ainda a culpa. . . · \.
17 ITEM. Nom deve faer ·Cavalleiro o 41.,1e húa
·Vez ,ho~veífe rec,ebid~ Cavallaria .dotitro ·For ~fcar-
~ .
nho. E e:ílo poderia feér ·em ~res maneiras:. a primei-
tà ,·q.ua,ndéf o que o fezeffe Cavall~iro no~ houveffe.
o
poderio de ci.fazer : a fegunda, quando que a rece-
. beffe nom foffe pera ella por algtiãs razoo€s, que dif-
femos :. a. tercerra, qua;1do alguií, que houveffe direi-
~º de feer Cavalleiro, recebe~e. affahendas a Cavalla-

.
ria por efcarnho ; ca pero aquelle , .que
)
lha deffe ,
houveffe poder de p fazer, nom o poderia feer o que
a.affy receb~ffe, porque a receberia como nb,m de-
v.1a.
·. 1 8 E POREM foi efta.belecido da.'ntiguamente per
- direito, que o que quifeffe efcarnecer tam nobre cou-
fa 'corpo a Câvallaria , ql!le ficaffe efcarnido -della de
manefra, que nunca a podeífe ·haver; E poferom~· q~e
nenhuú nom recebeffe' I;Iorde:n rd·e Cavallaria po11
preço d'haver, nem de coufa, que deffe por ella, que
foffe rnmo maneira de €0Íllpra; ca bem affy como_a
finl:iagem fe nom pode comprar., outro fy a honra,'
' qtje veem per nobreza, nom a podeª-peffóa haver)
fe ella nom for . tsi.l, que a mereça por
" \ .
linhagem, ou
por fifo, ou bondade algua, que haja em fy:. . ·.
, 19 Lu1:PEZA faz bem parécer as coufas a_os que
as veem , beµi affy como a p.oíl:ura as faz feer ãpof- ·
~ada~ente cada h~~ª ) ~ fe$1:lndo _foa razom·. E porern ·
. ;:) . teve..

.'
Dos C A V ALLEIROS ,
~ •
COMO, E JiER QgEM ETC.
1
36_9
teverom por bem-os ãntigos , que os Cavà.lleiros fof-
fem feitos lirp.pamente ; ca Çem atfy cômo limpi-
dooem d~vem haver em fy meefmos, e em fuas ·voo~ "
tades, e em fe~s cuftumes ·em ~aneira , que have-
m0~ dito, bem affy a deve!_? d'haver de fora ' ~m fuas -· '
veíl:iduras, e em âs armas, que trouverem_; ca pero. o
- feu -mef!er-he ·forte ~ ·e crd-u ,.-affy · como de ferit ~ e
matar , coµi -toâo efto ãs fuàs voontades
.• .
·nom podem
-
/

efqueecer , que norfr fe pagu~m naturalmente dâs


- coufas :fre;mpfas , e ~poíl:adas , glaiorn1ente quando as
- · ,elles twu:verem, porque d'húa parte lhe dam alegri~;
e confoi;.to , e.da outra lhes fazem :cometter oufad<!-
mente' feitos 'd'arm~s, porque fabem qt1e porem fe-
rar.n mais conhicidos , •e que lhes. teram todos mais-
inentes, ao- que fezerem. : onde por efta razôm noin
., lhe~ embargu~ a limpiâooem, é a pofturà, a fortale-
za , nem a crueldade) que devem haver. . . t
· - 20 • E- _POREM mandaal.'om os antigos , qué"Et€_u-
deiro, que foffe~ dê nobre linhagem; huú dia ante qlle
rec.ebefie Cavàllarfa, deve teer vi gil ia_; e em eJT~ diá, ·
que a . tev_e~, des o meo' dia en diante ham-no os ~f-
~ .. cudeiros de banhar , e lavàr com fuas maaõs, e dei-
tallo no ma,is apoft6 leito que poderçrn haver ; e. ~lli .
o bàm~de ' V'eftir os CavaJ·leiros dos .melhores panos,_
que tevererp, e calçar. ~ des que e~e alimpamentq
houverem foto ao C0rpó , ham-ihe de fazer outro
~ tanto a Alma ~ levando-·o aa Igrej-a _, em que ha .
começar-a re::eber.trabalh.o,·de voo~tade , pedíndo a
~ Liv. J.
.. Aaa "' DÉ-

·•
..,,·..,
•.

370 LIVRO PRil\IEIRO TITULÓ'SESSENTA E T~ES

DEOS ~ercee, que lhe_perdoe .feus 'p eccados, e: que·


o-guie , perque,,faça 9 melhar em aquella Hordem,.
. (j_[Ue quer receber em mttneir<l;., ~· que poffa def~ndef'
fua- Ley , e fazer as outras coufas ; fegundo lhe con-
, vemr;'. e que el lhe feja·'guaTdad.or e defepfor aof pe- .•-
rigoos ,·e aos embargos, e~ aas. outras coufas , q "!e lhe
f~riarh confraira's. E di;:ve-lhe fe\ripré vir em menJe
q;e~como. GJ.Uer que DEOS -he poderofo fobré todalas.
côufas:,, e p~de mofüa; feu poder ern ellas qciand~', e
cçnno qu.ifer, que ailinadamente ho he ..'em feitos d'ar-
mas, ca em fua· ~aão he a vida, e a morte pera dal-
' la, e tolhella:, e .fazer que oJraco. feja forte ·,, e o forte
feja_ fraco. E em quanto ~fra' Orn,çom fezer, ha d'ef-
tar ém giolhos 'fic.a9os. ,' e.todo af em p.ee em 'm entré·
- o foffr.er poger i ca a vigilia dos Cavalleii·os novós
~om foi eíl:ab.elecida pera jogos. , nem . pera o~rr~s; ·
.. , e
coufas ,' fenom pera rogar a. DEOS, os outros ,.que.
·,. hi furem , que os enderecem conw horr;i;eés,. que en-
• ~. I '
tra'm 'ém carreira dé- morte.. ·
2 r A EsTo·ha d~ feer feito. em ~àf maneira , quel
paffaélá a· vigília , . tant; . q~ e foi:. dia de~é primeira-
,•
• ' m~nte ouvi.r Miífa. ,. e rogar·a DEOS, q11e o guie e~11
feus feif:os pera? ~eµ faBto fpviçó : e . d~sp~is ha de·
v1r o que o ha d.e fazer Cavaille~ro ;:e perguntar-lhe fe
quer receber ~Hordem de Ça:vallária ;, e fe. differ que
fim ; ha-o de perguntar f e i mantêrá a.ili como deve·
(

anteer; ·e defpois que lho Qutorguar , deve-lhe de:


: caJ.~ar,, e poer as efpoí-as J. ou. mandar à.alg,u~: Cavai-
·• ,leiro,,
1.

1'
,,.
'
•.
Dos CAVAL~EJ Ros, coMo, 'E ·PER QYEM ETC. -37r
~ . ~ .
leiro, que lhas' ca:lce' .: e e.fto ha ~ fec:'.,~ fegurtdo qual : ;·
homem. for, çm o lugar, que te.ver. E fazem-no dêlta
gujfa .p·o·r r:nollrar, que affy ~como ao cavallo po0em.
as efporas de dà~rô' e de feeíl:ro per~ fazello correr ..
direito ·, que affy .o' deve el!~ faz~r em feus feitos en--' .-.
<lerençadamente•
em.
guifa •
,.;que n~~
f
torça 'a nenhija· .
parté ·:.. e des i ha ' de cinge~:..füe . a efpada ·~ob~e ·o ,
brial, que veftir, affy que a cinta· nom feja muitô fu:.
..J'•i -•• • • • \?
,xa , 'filas que fe cheg.1:1e ao co,~po. ·- ·- , ~
. ~-2· PErtO antiguamente êftabelecerom que. os "no-
·bres homeês os fezeffem· Cavalleiros fe~odo armados
de rodas Juas armas, bem affy ·rnmo quando bouvef.i.:,
fem de lidar' mas as'cabeças nom teverom por bem\
·que flS teveffem cubertas ; porque os que as affy tra-.
zeni. , fazem-no por algúa: de duàs.. razoens: a •prir:oei-
. (ra , por ~ob;ir algua coufa'., qué em ell~s houveffe ,
que· lhes. pareceffe mal, e·:por ph_coufa bem as.p9- .
1
<lem cohrir: a outra razorn ·,·1,,orque ·cobrem a cabe-~" '" ·,,
'"'Ça , e quando homem faz algum~ eoufa .defaguif<~-
1'Cla , de que hâ vergonÇGI; , e efio. DOII)°' tOllVem em. .
menhuma maneira ·aos no.~~eS , _éà"pôis ~ue elles Ham-
·de receber tam nobre , e ·tam honrada COUfa:, C0,IDO
a Cavallar!a , nom· he direito. que ~ ~nt~e~ ém' ella
1
Córn maa. vergonça ) nem com medo. .T, V ·' ...
23 . E DES q1:1e lhe a efpada houver cingida, deve--
'!. lha de facar .d a bainha·, e meter-lha na 't;naqÕ deeíl:ra,. ' .
e faz~r..::lhe J1:1ra,r e-ftas tre~ c0uías : a pri~e'lra ~ qu~
nom i'ecee .tporte por foa Ley , _fcfl.eíler for : a fe-
.,
\. Aaa 2.
.. · ~ gun:~

. ~.: ''
..
,

.:J7'!.2 LrvRo_ PRIMEll~·ot'!TuLCJSEs~\NTA Ê tRE~


't - ~,_.... • ...

gimda~, p0r o feu; ~hoi .riaturaJ7 '!- t~1:ceira, p@r f ua


terra.-E -quando effo hbuver ju ~ado, deve.dhe dar hu-
rna pesGoç.ada ',porque eftas coufas fobrc:dit<Js lhe've- ' . . .
• .nham e'm -menteS:.,,_dize11do ·qu~ DE0Sho guiê a feu .
- ' ' l . . • . . -.
Santo fervi~o, e lhe·l:e1xe cornpnr o que am prom~t-
teo. t:.defp<?is_ deíl:~· _ º hade be\f~r é:m"'~g_n ~l de fe, e
·~ cle paz ,
e~ ipnandade, que de~e feer guardada an-
t1le 0s Cavalleiros ·: e ·~fl0 !De·efmo ham de faze'r todo-
los outros Cavalleiros ;•que forem eô1 a·qLíelle lüguar 1 •
' '( ,.. .. ' . ~'

.. riom tam -foomente em . aquella fazom _: ·rnais à.inda ·


'

"~' -"-.. • , cà n tod ~ aqu ell'e rume füJ. quer qué elle. v.enha nova-
" .. "''· ~- ... • ...... • lo.,.

~ mente; e .por eíl:a 'razom I~om. fo-hatri de bufcar mal


O$. Cavalleiros Iluús aos outros' a·m.enos- de deitar ein _
terlia. a fê ,."qúe'. a ef prometeram< e defaffiando-fc pr.i-
~ '

' • ' ~.:i-. '

meiramente.:
24 - DEcfNGER a efpada he a pri'meira cõufa, que
de_v.e:m a' fázer_ despoi~ ·que 0 °Cavalleiro novel for fei-
tó-~ e. potem ha de feer m~j ê:atad© qual he o que lha
· ha ·ae defcinger~ ·J;'.fto nom. deve feer feito feno per
· maaõ d'homem; qü · haja ~alguma ds:.fras.duas cotÍfas;
- ou que feja feu ~atura.}, , que Ih~ façà pol9. divido.,
A. • . ~
· que •ham de fuutn ;. ou que f~J.a homem m'u ito·Iwn,..
' . ' l ,

·~~do, qtÍe
o;. fàça·:p er fua bondade.· E a efte , que Ih.e
' decinge a efpada· , chamam.)he padrinho , 'ca bem
á.ífy CQmo _os padrinhos ao bauüzado ajudam .ª c~n- ·
:6rm~r. feu a.fi.~hàdo ~ c0mo (eja- cliú)lam , btf~ aify o
que he.:pad.rÍnho' do Cavalleiro desci'ngind9-lh~ a -ef""
~ . p~da confirma,, e outorgua a .Cavallaci~ ,_ qµé ha r.e-
• C.eli>ida,, .~
- T 2t
;J_

-1
:b~s CAvAL,Í.ElRos,.co·Mo,.E_PER QlJEM ~Te-.- .173
. ?-5· ·AssrnAnÃs coufas fi.zerrdt! os .Saibàs:_~n~ig_?s,
. q~é guardaífew os Ca~ãlleiros de ma_neira, q!Je aom
·e;raífem em ellas ') em . as -que dita~ hàv~môs , nem
qúe deverp j ur_aii .quan.M.o recebe!_P ~ordem de Caval-
laria; <_!fry c~mo..nom fe efcufa'r d.<i: .temª·r. tnor5e p·oi:
· • -fa r.ey , fe mefter f~r ·, nem feer em · co1~felno per
·.• · ·nenhu~ maneira em _!fl1.nguailla ·' mas íi!CCrefcer,i.~alla Çl
,.:· _o' ' maL s que poder-: _o,utro;Jj quê nom du':!·darom ' mor-
·-.rer por feu ·fenhor _nat~hl, J)em~ tam ioornent~ dez.<;-
j.ando feu mal,, ou feu ·aampno, mais ·accrefc<:ntando.
fui
..
terra, e f ~a: honra quãto
~ e.
mais

poderem",
- .
-~ fo~be- .~

• rem ,: e effo meefoio farom. por i;rol éúmúnal de f:i


'"if .,,.. ' l

tei:r a, · ' -~. · : · .' -.


.. • .. ... ..... ofo ' ·" '

26 . J;; ,POR'Qll'E .elfes 'fofie.m th~udos qe gua'rdar ef7


. to r e ·~cm errar hi ep:i nénhúa maneÍr.a / faziam-lhe
• 4 f.
. ,., - · - . .
ant1guamete dl:l'às cou(as; a uma~ ,que 'os ffinavam
• 'f. /li

em ·o braço deefrro co~ .. ferró q1:1eente~ de :tignal, qu'e


nenhufi ou~ro home.mn<:Jm na~·ia de trazer feB0~ él-
·~es ; e a 9utra ·, qu~ €fcri~iam. feu.s no'mes, e~ linha~
ge111, ·d<?nde v-inlfam , -e os. l~guar.es· , clomle eh1~ ~ ~·
em no Livro ,. em que , eftav~m· todo~ os nàrnes 'Çlàs
~ ."outros Cavallei~·os: e fazíam; n~ áífy ,, p.orqui q~-~~~fo ,,
~. . 'erra,ífem e~ efü~s éótdàs fohrecl-1 tas., foffe~· coiliecJ-••. ·
"" . ... '
~ · qu e q,1ereceffem, fegundo o erro, que houve.ife_m fei.. ,
"' .
dos, ·e · nom fe podi.::ffem ,., efcu"far de _retêper . a pena.,
.

to : e ' deíl fe ha.;iam, de guardar erh ta}' ·ma.11e1ra,


s ue nom. fofi'e~ éo_n tra el em dito , Ue}TI ein- pàlavr~,
. que diífefi'em , nel}l ém con(e!ho J. q_üe qe.ife~ ~a ou,. .· ·
........ "' .
~rem~ ·~ · ?-7, · .'.
' ' (
37 "•' LIVRO P1UMEIRO'TITULO 'SESSENTA E TRtS
'
27 0lf~~o sv ac~ftumarom . Ínuito de ,·gua;clar · , .
. ' . {. . " ...
preito , 01~ . l:llenagem ; que fezefiem, ou palavra fü:-'
mada ' q~e pofeíleín com outrem de. guifa' que 'n:om .
mentilfem~ nem foílelJ1 ~ontratlla.J:;:gua~davam ai~­
qa al, que Cavaileiro.., Ôu Dona ·, que viífe'n~ ·e,m coy- -
tâ de prnv~za , ou 'de tort~ , qu,e~ hoi1.veffem' reeeb; ... .
do, de que n.om podêfiem·haver direito ,que ·pugilaf-
fem a t;do feu: poder ém
ajud~qo~ , que fahiífem cfa-
quella coyta .; e •po; eíl:a r.azo!Il lida\iarn rnuÍtas vezes
por defender direito . d~ftes. E iúàis haviam à~ guar- ,
. dar -.todas aque1las ..coufas, que direitamente Íhes eram
dadas• e enco1nendadas ~ aífy como O' feu. -
, 28 E. AALEM de todo. d~o gua;dava~ , que 'ca- ' ~
·valias··, nem .armas , , qve fom cou(as ·; que+convcm '·
" v .
m uito aos Ca~~l!:iros d~· _as trazer: fe~pr~ _comfigo ·,
qu e as n~m apenl:iafrem, ·n ~ml as mal metteffem fom
mandado de feus fenhores. por ,grande coyta que hou-
ve lfem, ainda que , nenhú .óuÚ9 acorro nom pod.ef-
- '('

fem have~; ~ ai.nd<! q~e ·as . n"bm jugúaífem per nçnhúa


· maneira. E'tinham ainda-que<levi~i'm fee1: guarda~·os
, . de fazer.e m per fy furtos~rnem -enganos , nem ·canfen-
tir a OU,tFem , q_ue .O fezeífe ; e ~ntre topolos outros
furtos , ailinadaínente .que no~ fo r~aífem ~~~ vallo_s
-. .nem armas d.e Juas co.rnpanh'as, , .quando ·efteveífem
·em ofte. ·
. '29 · P t RJ?ER podei:.n. o.s Gavalleiros. ~er fua culpl\
honra de. Ca~Uaria·, que he a maior viltança, que po-
dem receber •...,.Pem, fegundo os antig~s acharam. -per _
~ d~

·~
Dos CAV~LLEI&os, COMO, E PER Q!J E?-I ETC, .375 ·
direito' efio poder~a aco1~tecer ~em~ duas maneiras; .~ . '
huma ~ quan'do. lhes tolh~em '.E:-Iord~m ·de Ci vnllaria ·
t-am fala.mente, e nom· lhes dam outra pena-eJ;i: ô.S
, ,corp...~s ; e a oüÚc.i, quando fazem' t~aes erros ,~ jJel'qué'.
. me'l'ecem mo~te' ca
entGm ame lhes hám de tolher · ~
. Horde~n·,da Cav~Úaria, que os matem. ' · . :
/ o, r>
.
30 .E .As razooés, c:rque lh.es' tolher podem"a Ca-
• <I ' ...
vallaria fçm 'e íl:as: aífy como quando o. CavaUeiro ef- ·
teveífe per mandado de feu fenli§'r em hofie , . ou em ·
frontaria , e· vend~.ffe, ou mal meteífe ~ ~a-vallo, ou <t> ··
. as ar~as , ou.,as perdeífoà~s d~dos .,:.ou~ as. deffe aa~ '
m áa·s rrfolh;res., ou as ape'i~.l'laffe ·~as · tavernas , ou fur-
taífe, õu fezeífe fof tar a (~us c~mpanl1eir'os ~s foãs; ·~
· ·ou fe aC'ínte fe.ztÚte'; Cavalleiro ,h9rn~1n , ( ,que... o nom
dev~ífe feer -;. ou íe d Íe uzaffe pubfic;men.te de,.mer-
,chandia, ou obraffe de alguu vil meíl:er de ma·a:.õs p~.:..
ra gaanhar di·nhei.ros., nom fe\:ndp cati v.b ·~ •


i(

31· . E .AS ·oufras razqoés, por q~ê ham qe perdêr .
,.1-

a honra~ da Caval@ria aate que os. matem, foro eflas:


quando.ô Cava:llei;o foge da batalha •r~ Çlll defc'Inpara
íeu fenhoJ' , ou Ca:íl"elló ~ ou. ~utr~ algu'u; '.l ugar , qué
v
. t eveífe' per fep . ma1~,dado ;'i. ou h~ . i:(fe .P.:e.r:~~f , ou
. m atar , e·.no·m 1he acorré:ff\:; 'ou norn lhe deífc ca- r.o
v; uo ;:fe lhy·, o feu maqfiern ; ou nom o f~~a,n.Qo d'\ .
. ~ . . ~ .
pri(om, podendo-o faze1:,.por quantas manefras poâef-
, ', f e: .c a pero a juftiçá hd prende.ffe' por. eftas 1:azooês,
. ' . "' . . \

ou po'r outras quaeefquer ·qu e foffem ·aiáve, ou tréi-


~ ,. • •' ' ·t •
.çom ., porqu_e o houydfern de. mattar , pc.r o ante q de-
r

. vem desfa~er de· c~~~lei.m;, q 1:1e o mate'm . . ' J 2


.t

1 '

''
- 3j8 .. J,ivRo P.RIM'ÚÍlo .T1Tu10 SÉssE~TA n TRÉs
'• .... .
,• ~ . ~ ~

• . 32 . E; A,maneira ae ~CQffi~- 'lhe devem tolher a Ca.:..


-yalla r,ia he e.,Qa ·=que deye~os p~ndar a J\ um efcu-
, déi-ro) que lhe àlce as efporàs )
_.e lhe cipgúa ·ha ,ef-

';
' :_-,. . ( .
. -1>aaa·, e lhe .corte com hu·u cuitéHo as ·cint~s de.!la _da
.
ar.te da~# efpadoas, ; e outrR fy que )he .co~te ª: correa
.. . ._

.
·~ " _' as efparas V~J derras- teendoãs
~ . .
elle' calçada§; ' e de(:. · _
.· pois ê1ue· lh~ eíl:Ô hóuverem' fe" , 1'1-0m deve fee1• cha-
- • ,• • "1, .Jr> • •• • •
· mado Cavalle1.rn '., e perde ª '!1.ópi:a: da Cavallana , e
-_ -os privilegi~s~ e d'e r~ais norri :de~.e . f~er recebido em . -
ne5huú offiçio 'noflo~, ri~~ cdo .-Co~fe,Íh_o , _ ~em p6t:le" · "'.
• ,,.. f, a,~cufar ; nem fc:::.er. fece~l.üo feú tefl:e'mun11<;>'.. · ·, *
· '-'.33 ~, PERo qu~ pelo que fofo dito_he pare<fa.., _que
. '~~-ú ' Ca~aJ.kiro 'p;deri f~zer~ outr~: e.íl:o .e·1~tendeJ.?~s
:__ - ~fa ve-l-.- li.1gar no tempo . da g.µerra) ~ faber ,' em_tçmpo- •\ •..
qç ba~allia. , ou d' 'efç.ãramuça,_;~ou . ~erco. d-algrta :v\L _ ·
~ ' .
,' ta, -ou Caíl:el1lo ~ ..oLt""quaJquer oútro aLito d_e guerra,
.. oi;d~ Nós "ou ·rioír0~·filho- pri,mogerr;·ço he~déiio ~º~
J ::a ·:fe~nqo _Nós
· 'noifos
.... . . . n6m "foífe~o1
Regnos pr.ç fentes· . ':---,;_
. · .ou elle -preferite, a Nós, -ou a ·elle tam foómente per-
- -'re~eeri:à de füzer Cavalleiro, pu a-quem .Nós pera el-
f
.J.o _deífeJ,Uos: .J.loít1. '-a.uthoridâde pit1at :_:e n~ tempo de
/'>,. paz i;ióm .poc:lerá_outrpn fazer Cav.alleiro errí alguú '~
. _"'.$!:<;tfÓ, falvo Nó.s;. ou o .ditp rnoffó filho p1·i'.11ôg~1üto, _ou
~quem parà ~llo tever:'. de 1'!-ós efpi<::iaLau.thorid_ade. E _ ...:
-feen'do ãlguu feito;C~\c~llerro Ci!-l ~U,t•ra maneira ·dá CO-
. _._ mo fofo ài~o he~ i::.prr\ havér* ho;1ra, ne:m pi<ivikgio de.
, Cav~ll!'liro; p0rq~e a~hamos, que àfry foi ·ant~u~men-
J:i: hordc:::1Jado, 'e .ufado 'âtaa, ~ prefoR!te. ~ - · •
-• T I-. ~"
Dos RETOS, E E~ Q1TE CASOS DEVEM SUR ETÇ. 377

TI T U L -0 LXIIII.

r Dos Retos , e em que cefos devem jeer outorguados.

RETO
I

he hutí açufamento, que fazem os filhos-


dalguo, e Cavalleiros .huú ao outro per c<?rte
a.cufando-o de treiçom, que fe~ contra ElRey, ou
contra feu Real Efla<lo. E tomou efte nome de Re-
to d'huma palavra d-0 latim, que dizem referre, que
quer tanto dizer como recontar a coufa outra vez di~
zendo a maneira como a fez. E eíl:e reto tem prol a
aqueUes , que o faiem, porque he carreira para fr
alcançar direito da maldade comettida contra a noff<i:
peífoa , ou noífo ~eal ~fiado ; e ainda fraz prol aos
matros , que o virem, ou delle ouvirem fama, pera fe
guardarem de fazer femelhante erro, perque fejam.·
affrontados ·de tal affronta.
_r E DIZEMOS, que fe alguú quer retar outro
por treiçom , ou maldade , que haja feita contr~
Nós, ou noífo Real Eftado, deve-o fazer ~m ,efta ma- . '
neira; a faber , ·E' atando primeiramente, fe aquella
razom, porque o quer retar, he tal , que haja erro de
tal treiçom, porque poffa feer retado: outro fy deve
feer certo fe aquelle, com que quer entrar em reto ..
he verdadeiramente culpado em o dito erro , e mal-
dade.
Liv. . J. . Bbb 2-.
3;1!. g. .LrvRo PRIMEIRoTÍnrr.o SESSE.N.''rA E nu-Ã:-rR6
'<.l

2E DESPOIS que ell~ for certo deftas duas. coufas,


deve fallar comnosco fecretamente, e dizemos em
~fia guifa: Senhor, tal C~valleiro, ~u fi~algo fez, ou
trautou tal erro., ou inal'dade cçntra' vós; e porque a mim
. . pertee~ce de · o aco6imar por jeer vef[o va.J!a!lo nãturaZ. ,.
peço-'}!bS por merree, que me outroguees -,: que O 'pofla re-
tã~ pola .'dita- razom pe.rahte à Vef!a Senhr;ria. E entom
Nos o devemos aconfelhar, qHe efguarde bem aquel-
lh cótifa , que com~er quer, [e he tal , que a poífa..
bem levar ao diante ; e pi;ro que el refponda , e con-·
!firme ,- que·tal be , devemos-lho outra vez a dizer ,,.
que 'confire bem a. dita coufa,, pois que aíry parecei
feer muito pefada , dando-lhe prazo de tres dias pe•·
. - ' 4
ra enr ellb penfar , e haver bom confefho ; e [e em ()l
· - flito tempo fe ~cordar de em ..toda guifa levar. feu
propofito·en dlante, entóm :com i1óffa authoridade·
ho deve d•enprazar que a certo dia convinhavel, p(i:-1''
Nós aífynado pera ello ~·' pareça per peffoa perantei
Nós. - .
3 E parecendo o. retado ;. p,0de-a retaro~
EN TOM
retador perante N@s p11blicamerite, eftando hi dian...
te aô menos doze Cavàlleiros , oi:l fidalgos de linha- ·
gem, . dizendo em ~fta maneira. Se~hor ,fulano Ca-
v alleiro ,; oufidalguo, que aqui fia ante a Vojfa Merrée.,
f ez, ou trau·tou tal maldaâe, ou treiçom contra a vojfq Pef-
j oa·, ou vqffo Real Eflado, ·dize.11do ~ e dedaráHdo log9.
)w erro , qu maldade qual foi, e ·como a fez , e porem,
.·digO' contrq elle que he treedor;. efa o negar,, eu lho quei..
·· ~ :,. i ·'
Dos RETOS, E EM QYE ·CAZos D·EVEM SEER ETC. 379
•ro provar perante a Vof!a Mercee ; e fe lhe mais pror~·
ver lidar comigo Jobre. e/lo em campo, eu lho farei conhe- -
cer, e ;dizer em elle, ou a- matart!i, ou o lançarei fora
delle por vtncido : e o' retado deve responder ao reta-
dor cada vez que: lhe chamar treedor, que mente,
·ca pois o doeíl:a de pior, e ~ais feo nome do mundo,
maiormente perante Nós, hancíliamente, e com agui·
fada razom lhe pode, e de~e refponder cada vez que
.mente.
4 E ATEE efl:e tempo poderá o retado efcolher o
juiw da Corte, ou a lide do campo, ca elle nom de-
ve ataa eíl:e tempo feer coHrangido pera lidar. E-·
pe~a refponder ao dito retamento deve haver tre.s
, d.ias; em que haverá Ç'efcolher cada húa daquella,s
coufas , que lhe mais prouver ; e fe mai:s tempo de-
mandar, podemos-lho dar ata~ no\le dias, contados
.}ü os primeiros tres dias; e paífado o ~it-0 tempo de
tres dias, ou nove dias, como dito, he ,_ deve o ,reta-
, r_·do hir perante Nós, e noífa Corte C-Offi() dito he, e
~feendo .o utro fy prefente ho retador; e [e lhe prouve{r
''.:mais de lidar, que eíl:ar ajuizo da Corte, dçve di.1.
· zer. Senh.ar, ful,zho Cavalleiro,, qU:e prifente fia., !"lff hçi
culpado prefente a Vqffa Mercee de treedor, retando:mt
- por dlo, que mo faria conhaer na lide &c.; e põrque em
•.todo. o que contra mim difle .mentio ,. porem eu lhe digo e'
( rifpondo , que em todo nzentio, e mente falfamente; ..~
porque em taJ ceu:fa noin fam culpado, prazeme d'e li.dar
com .elfe, e defender minha fama, e lealdade ;. q/fine . a
\.· Bbb 2 .VOJ!a

,1,
38ó LrvRo PrUMEIRO·TITULO SssSENTA E Q1JATRO

. Yajfa Me1~cee o lugar , e·q dia , bonde , .e· qu.mdo hajã de


eu
Jeer.', ca prejlesfom pera o campo. -.
5 E SE per-ventura ao retado prouver mais dc-
fender-.f.e- per juifo dá' Corte, po.den~- dizer , que o
retad6r mentia falfamdt€ em. todo aquello, que com-
.itra· ~lle diíf~; e pero, :que elle em todo Ieja fem cuL-
pa ·ae tal maldade, por<fJe mui_ta:s vezes acoriteceo QS
~·nnoc.entes , e fem cuJpa perecerem na lide injufüt-
rnente ~ fegundo qUe a todos ,he clar;;i.mente conheci-
1do·; pornm bom quer tentar a DEüS. que por el. ha-
ja .d'~brar em efte feito mi.rácolofamente, pra_z e-lhe
·d'eíta1· 'por. eila razom em NÇ>ífa ·Corte a direito, e
fazer deI comprimenta-de juftiça ;- offer_eeendo-fe loi... -
go·a· f~z-er menagem pera efbr a· qmi.lquer jui~o ~que·
à Cohe fob~~ ello de.r:, fem incl~ pern ~l'.ltra alguma.
parte em feus ·pees, nem·cm alheos, fob pena de feet"
:1.1a vudo por treedo1; ; e em efte cafo o devemos man-
dar ouvír per noffa Corte , fegundo fo;ma·, e ftillo
della ' e fazei:-lhe comprlmento de jr:ftiçfl.: e porque
he feito , que tange ~a \peffo;, : e fiado· noífo, deve
elle ·efiar peífoalrnente ao defembarguo finai, porque· -
'per fua prefrf.lça nom fejaa juftiça fal-ecida e~ algU.a
maneira·.
6 E NO cafo, onde o retadb efcolher a lide do
campo , devemos-lhe per acordo do·noífo Confelho
aífinar o Jugai: , onde haja de feer , e o dia, pe!j elh
convinhavel, fegundo as peffoas forem ;. e o cafo, de~
que cada huú honeftamente requererL
. Dos RET©S, E EM QY~ CASOS DEVEM SEER: ETC. 38·1

7 Eo QYE norr9pareceífe peífoalmente ao dia


per Nós ailinádo, nem mandaífe par fi efcufador, que
aqegaffe por elle o e.mbarguo, e neceilidade, que hou-
ve a nom v1r , d~vemo-lo mandar empi:azar outra
vez ·perante Nós, recontando-lhe na carta do em-
prazamemo todi a: c'ouía como fe paífou ; e nom vin-
do o ret'fdo ao pra~o, que lhe for affinado , devemcs
dar contra d fentença.á fua .revelia em. efta form~.
'
8 BEM Jabees, que fulano Cavalleiro foi citado pe-
rante nós por treedor, e foi-lhe per nos ciffi.nado tewpo ·fi' " 1

que houveife de lidar no Campo; e ao tempo que lhe per nos


aj/i foi afjinac{o, tam gnmde foi a jua maa 'ventura, qu-e
·nom curou de vir, nem mandar para· ello efcufador, po;.. .,,
re:.n q_ue o 1Úm podera Jazer-, nom avendo dello vergonha..
deJj meefmo, nem de Jud linhagem , nem da dejhon.ra da ~ .

Jua terra: E nós- .piir maior avondamenü1 mandamo-lo outra


vez empraz-ar, que .a certo tempo vidfe per ante nos a Je
efcrifar da dita m_aldade, e menos- curou de/lo, -que da pri-
meir·a: E nom embafgando que nos dello peze grandemen-
·te, por havermos de dar contra elle Jentenr;a em tm;z !trai..
ve cafo , por fler nat1J.ral;da neffa terra , pero pelo lugar,.
que teemos p la graça de DEOS pera cumprir ju.ftiça em
todo cqfo por tal, que os- homeés .fe recei:m de Jazer taô
grande eirro , e maldade , como·e.fia: Porem -damo-lo por
ireedor, e ·1i1andamos que daqui en· diante hu quer;._ que.
achado for lhe dem morte de· treedor.-, pois que a tal me-
rece pela maldade) e treiçom ) que fez.
9' . PERO vin~o defEois em alguú tempo pe-
' ....
ran

.
.382 LiiVRO PRIMEIItO TITULO SESSENTA E QYATRO

rante Nós; e allegando por algúa efcuía tal, que


pareça razoada , e offerecendo-fe a lidar, devemos-
lhe de conhecer de fua razom_, e fazer-lhe direito
com acordo da nolfa Corte.
10 E TOPO efio, que dito havemos em efte ca-
pitulo, mandamos, que haja tamanho lugar no re-
tador, que fe auíentar, e nom -vier aos ditos termos,,
falvo que nom haja nome de treedor, mas além def-
to per feus beés feer fatisfeito ao r.etado de toda in-
juria, e infamia, que !fie foi pofta. '
u E vrnno a cada huú dos ditos t.ermos . alguú
efcufador, que por parte do retado allcgue alguã ra-
zom d'efcuza, porque nom. veeo ao prazo, que lhe
per Nós foi affinado, e moíl:randó feu poder com~ri- .
do pera tal coufa dizer , ou íeendo feu parente certo
pera com razom tal efc~fa por elle allegar, devemos
·tambem efguardar, e com acoi·do de nolfa Corte , .
{e he. tal a·dita efcufa, que releve o dito retado. E
.achando que l)e. tal , devemos-lo de relevar da vin-
da , que nom veeo , e ailinar-lhe outro termo çonv~­
_nha vel , feg1mdo a qualidade da . efc:ufa , e difümcia
• -do lugar , G>n~ê for, e mandar ao efcufalior , que lho
. faça affy fabente em tal guifa, que áe todo feja com-
·pridamente enformado. E nom ·vindo·ao dito term<;>, .
nem feendo Nós em certo conhecimento, ql:le ore-
tado he em. tal difpofiçõm que vir nom pode, deve.-
mos-lo fguardar mais trinta dias, .e affi defpoͧ dez
em ta! guiza, que fejan1 por todos quarenta. E nom
vm-
Dos REros, E EM QyE CASOS ·.D.EVEM SEU ETC. ' 3Sj ·
./
"'indo a nenhuu dos ·ditos tertnos ' nem rnofi.r.ando .
por fua parte efcufaçotn certa, e fo:fficiente per feu
procurador ; 'OU parente ·, COIDO fofo ·d ito he , ·entom
o devemos julgar .por ti-eedor ~ aífy corno dito he no
:outro capitulo. ' ·
12 .E DIZEMOS, que nom ferá netihuú tam·oufado
de qualquer eft~do , e c~ndiçom que feja, que rete
outro fem noífo mandado ·efpecial, ou de quem pera ·
ello haja nofü efpecial authô!'idade : ·e ~que!, que o
contrairo fez~r, perca todos os feus béés pera,a Coroà
do Regno per effo meefmo, fem havendo mefter ou-1
tra fentença ..
lJ NEM deve feer outoFg~ado per Nós a alguú,.
que poífa retar outro , fe'nóm em ·cafo d~ treiçom ,.
que foomente ieja cometida contra a noffa peífoa, ou ·
de cada htru noífb decendente , ou l!.Cendente per.li-'
nha d-ireita ; ôu contra: noífo lrmaaõ , ou Irmaaõ de
hoífo Padre, ou Madre, ou noífo Primo Com Irma:aÕJ. -.
,tm noílo Sobririho Filho de noífo Irmaaõ, maginan.:. .
·do ; ou trãutando da màrte d_e cada hul't delles, ou
'Contra noífo Real Eftado, ·e 1dignidade ; e feendo ain-
da Nos enformado primeiramente per húa- teí\emu-
nh~ digna de fé , ou per ·confiífom do retado, pro-~
..vada per duas . teftemun·has d·e fé ,. ou per carta,.
e
quê fe àffitrne ·, proveJeita' e fir~ada ·d@- fua' maaõ .
,per teílemunhas, ou per cornparaÇom douq-a foa le-·
tera ; em que-nom haja algúa duvida : e nom feencd6
Nós primeiramente informado da dita treiçom , co-
mo. 1
.,

. ''
384 - LIVROPRIMEIRO TITULO SESSENTA E .ClYATRO

mo dito he, nom devemos em nenhua ·guifo outor-


gar o reto, caem outra guifa ligeiramente fe pode-
ria pi fazer muitas artes, e enganos em ·grande pre-
juízo, e dampno de muitos boõs, o que nom feria
ferviço de DEÓS , nem noífo , nctn bem de noifosi
Regnos. _
r4 N E~ ferá -0ufado alguú de qualquer fiado, e
preh_eminencia que feja ,'que de lugar a alguu perai
retar 9utro, nem que faça per dante elle reto , falvo. _
Nós fooment~, ou aquelle, a que Nós dermos pera•
ello noífa efpec;ial ª1:1thorid_ade ; e o que fezer o con-·
~rairo, deve perder quanto de Nós teVer, porque jul~
guar algliem por treedor a Nós pertence foomente,
e nom a out,ro alguú em noffo Regno .
. 15 NEM d_eve feer outorguado a ~lguu pera retar
outro, falvo feendo Cavalleiro d'efpora,.dourada., ou,
fidalgo de linhagem , ou de cota d'armas , e por tai
conhecido per Nós, e noífa Corte: e retando el alguú
.vilaaõ, nom .fera o retado
.
theudo a dar ·por fy outro,
que feja Cavalleiro, ou fidalgo, mais deve o Caval-
o
leiro, ou fidalgo de lidar com villaaô , pois_que o
i·etou., fabendo que tal era.
16 InM. Nom dev:e alguú retado feer c;ofüan-
gido pera lidar ante que acepte a lide, porque ao tem-
po que for rctado deve haver tres dias pera haver feu
.confelho,_ fe lidará , ou fiará ao juízo da Corte, como
~a dito he; e defpois que hú~ vez efcolhe~ a lide,
nom fe poqerá ja mais mudar pera dizer, que quer
t:.flar a direito, 17

' .
'Dos RETOS J E EM QlTE CASOS DEVEM SEER ETC. 3 8)'.
17 · ITEM. Se o retador nom for igual 'ao retadó
em eíl:ado, e dignidade', podC'.-fe pqer eixemplo :_fe
/
o ret~do foffe Conde, ou Meefl:re, de·Caval.laria, ou
de fangue Re~l aaquem do quarto graao per linha
traveífa, ou defigual a el em força per grande defigua-·
lança : em cada hu'ú defies cafos poderá-o retado dar
por fi outro de feu li.nhagem, ou criaçom, que feja i-
gual ao retador per julguamento noffo, aify em ef-
tru:!o, como em iinhagem_, e força; e féendolhe tal ..
aify dado' nom o poderá reçufar o retador. '
• 1 8 . ITEM. Se foffe o retado alguú velho, que paf-

fe feffenta annos, ou moço~ que nom chegue a vin-·


te cinc~ annos, ou alguú CJerigo Beneficiado, ou
d' Oordeés- Sagras, o retado efcolhendo ante lidar,
que eíl:ar a j uizo da Corte, poder~.ª em tal cafo elle ·
dar por fy outro de fua linhagem, ou criaçom igual
ao reta,d ór, como dito he no outro capitulo ante def~
te.
I 9 . E SEENDO aJguÚ enfermo retado de tal enfer-
a
tr}idade ,' que lidar eífe tempo norn poffa razoada.-
mente per julgamento nofto, querendo elle logo an-
te lidar, que íl:ar a j uizo da Coite, poderia dar . por
fi outro de fua criafom , ou linhagem igual ao -re-
tador', corno dito he em outro capitulo, 'ou efpe-
r,ará o retador ataa que o retado · feja em _tal pon..;
to de faude, que razoadamente pofia lidar no cam- ·
·po, &e. ·
20 E DIZEMOS, que fo O reta.do rnorreffe durante)
Liv. J. Cco o·
~8'6 LIVRO PRIMEIRO TITULO SESSENTA E QyATRÓ

o 'prazo, que lhe foife dado .per Nós pera entrar na ·


lide, fica toda fua fama livre, e quit,e de ~oda a trei...
CfOm, que lhe foi pofta, e bem aili toda fua linhagem"
aify com~ íe lhe nunca aJgµa coufa foife poíla ; ca
pois elle preíles era .pera liàar, o cafo da morte, que
-l he despois aveeo, nom deve d'en'peecer a fua fama;
ou linhagem. E bem affy dizemos em -qualquer ou-
tro cafo de neceffidade, que lhe avieffe fem fua cul-
pa, per que foffe de tal guifa embarguado, que per·
nenhuma maneira lidar podeife razoadamente.
21 E ACbNTECENDO que alguú retaífe outro cha-
:i;naHdo-lhe treedor, e o retado o defmentiffe per àn-J
te Nós por ello, e defpois foffe ·achado, que o feito, ,•
fobre que era retado , nom era, tal em que cahiífe_)
! -
~quella treiçom, fobre que hordenambs, que devai
outorguar o reto, em tal cafo nom deve d'hir pelo:,
_preitó em . diante, e Nós- devemos manda,r ao reta- i
dor, que peça perdom ao retado, e lhe' faça emmen..,,
da da irüuria, que lhe fez em lhe chamar treedor.
22 E DIZEMOS, que nom deve feer alguú recebi- 1
do a retar outro, aquel que ja foffe _julguado por tree.. 1
clor; ou defdito em Corte d'alguú reto, que houvef--1
fe ·cometido, e defpois fe houveffe por decido delle ,~
c.onhe'cendo que.o havia feito como nom devia; nem 1
aaquel, que houvéife primeiramente retado alguíÍi»J
;;i.me q!Je ·deífe' cabo a.effe p~imeiro reto •.

.
·~AEES DEVEM SE!R OS ADAYS, E COMO ETC. ·3871

TI T U L _O LXV.

~taees de'oemjeer os Aday, e .como devem Jeer efcs~


theitos , e per quem.

Q DATRO coufas diflúom os antigos, que de.;


vem haver em fy os Adays: a primeira, faoe-
doria : a fegunda, esforço : a terceira, fifo natural : a
quarta, lealdade. -.
r E SABEDORES devem fe~r pera guardar as hot-
. tes dos maaos paífos, e perigoos: e outro fy ham de
! feer fabedores de guiar as hoíl:es , e _as cavalguadas
tambem as que . forem efcondidas , co~o as que fe-
, zerem abertamente , chegando a taaes lugares que
achem e~va, e augua , e lenha , 'que poífam todos
,paífar de fuú. .
2 OuTRo sY devem de faber os lugares, hu fom
•·boos pera ' deitar ciladas tarnbcm piooes, como de
e 1'CavaUo, e como devem eíl:ar em elles callados , Ol\l·

\'pera fahir delles quando fezer meíl:er.


3 OuTRo sY lhes convem que ,fai:bam .mui bem
à terra, que ham de correr, e onde ham d'enviar as
efcuitas, e eíl:o porque poffam mais aginha, e melhor
. ,fahir em falvo com o que roubarem. ·
_4 OuTRO SY como faibam poer attallaias , e ef-
~uitas tambem as rnanifeíl:as, -como as .outras , quf;
Ccc 2 cha.-
3 88 L J.VRQ PRI MELRO Tr.Tu LO· SESSEN1' A E crnco-
chamam efcond!das ,. e traze.llas contra feus inmi-
gos pera haverem fen1pre fab edoria delles ; e q uand°"
deíl:a guifa o 1;iorn podefiem faber , devem-fe de tra-
balhar como faibam tomar alg uús daq.uelle lug uar,..
fl. que querem fazer guerra , porque por elles ho po-
dem faber certamente, e como íl:a~ feus inmigos >-e·
em que maneira os devem guerrear.
5 E au~IA das coufa~- , que m1:1ito-clevem de ca-:..
tar , he que faibam, que vianda ham de levar os que
forem !tm a-s hoíl:es, e em as cavaJguadas , e per quan-
tos dias , e que a faibam fazer alongar , fo mefrer for •.
E porende os antigos que eram muito fabeclores de:
guerra , tam grànde era 0 íabor, qJJe haviam de fa-
zer guerra a feus inm igos , q1:1e levavam fuas viandas
entrciuxadas em argaãs , e em taleig uas-, e nom que-
ú aõ levar ot1tra.s beíl:as : e efro faziam per hir~m
mais aginha·, e encube.i:tamente; e qHanto mais hon--
rados eram; tanto fe mais prezavam , e fo tinhaõ Pº!'
melhores e.m faber foffrer afan , e paífar c::om pouco:
em tempo- de guerra : e eflo. por V{l'. encer feus inmi.-
gos , femel,hando-lhes que p reço·, nem fabor deíle-
r;nundo nom era melhor que eíle ;- e porque fua vial'l\"'"
da levavam. aífy. , como dito he ,. chamarom~a fem-
pre defpois tal e.iguas~ 1

6 O twE em todas eífas coufas, que em eíl:a Ley


d iífemos , devem.. feer mui fabed ores. os Adays,pera
fabellas elles moíl:rar aós outros, corno as faibam . E .
p orq_ue em aquello ,_qµe a elles convem de fazer:, .
I de.--
. »QEAEES DEVEM SEER OS ADA YS, E COMO Ú'c. 3 ~
devem feer bem creudos tambem per Emper;Jdores ~.
como per Reíx, e todolos outros, . que ·nas .guerras
forem , e per elles ' fe houverem de guia-r ; e porende -
o feu enca.minhamento he mui graflde, e os que
.nom quiferem feer ,mandados, dei•iam haver tal pe-
na , qual, nos achaffemos , que mereceHem , fegundo
o dampno) que ·recebeffem os da cavalguapa ,. por
non;;. comprir o que lhes mandavam. ·-:.
7 E ESFORÇADOS, .e de boõ coraçpm há mefter
,que fejaõ de maneira , que fe nom ~fparjam , nem
,defmanchem polos p~rigos·,. quando lhes_a:queecerem;
•affy com6 por errar 0 lugtiar, hu cuidavam hii·, e fa_
hir :em outw mais·perigofo ,. ou como quando lhes
!faltaõ com grande poder de. inrnigos de fobrevença·,
. e elles teveffem pou<:a gente comfigo, ou quancfo
Jhes aqaeeceífe outras coufas femelhantes deftas; an:... · '
;~e devem havér bõos . C0raçooés , e fortes. pera esfor.:.
;Çarem , e Ct'>nfortarem a fy meefmos , ~- aos outros-,
e meter hi: as maaõs , . e ajuda'r bem os. Cava.Heit0s:, .
.flUando lhes meíl:er for; .ca nom hê·direito, que elles
pm1pem ieus. corpos,. po.is .1 que os Ctvalleiros.aven-..
,:tura_:m os feus ~_nd0 em feu·guiamento. E nom tam
falamente devem · haver esforço. de coraçom ,. mas•
àinda de patav.liá de- nfa-neira· ,. qtt~ ·fe faipam OS OU~­
;tros esforçar , e confortar é:om elles ; 01: pafavra h~
,.verdadeira- dos antigos,. q_u.e. muita_&vezes vence o ef-
'Í orç.o a maa andança.
K. S E Boo: íií<? ~atur:al _deve haver per.que faiba
obrai:
'l'.:1-V-Ro PRIMEIR~ TrTtrLo SESSENTA E eIN~Cf,
obra' deíl:as coufas todas, que difTemos tambem da.
fabedoria, com.o do esforço , cµda huú em fey · lu-
guar: e que faiba avfr os homeés quando eíl:iverem.
deíàvinà9s, e honrar, e fervir os homeeês boõs, que
efüverem nas b.oftes, ou nas cayalguadas ~ que elles
• guiaíiem.
9 MAs fobre as outras couías convem que fejam
leaaes de maneira, que íaibam amar feu linhagem,
e feu fenhor natural , e' a companha , que guiã ; e
que por amor , nem por· malquerença, nem cobi.i.
Ça nom os mova a fazer coufa , que_contra.eíl:o fe-
ja , ca peis elles fe fiam da fua leald~de , e por, emf)
meef~o fe metem em poder de feas inmigos ) e' em
lugares) onde nunqua entraram) fe elles leaaes nom
1foífem, maior feria fua treiçom, e mais dapnofa, que
doutro homem, porque todo mal, que quifeífem fal.
.zer , poderiam fazer em elles: e porem antiguamen .
te foram catadas todas dias quatro coufas, que $
houveffe em fy ·cada Aday-1, e por eífo ôs chamam
Adays , que quer tanto dizer, como guiadores 1~
que devem haver todas eíl:as coufas fobreditas , pera.
faber bem guiar as hoftes , e as ca valguadas em temj
po de guerra.
10 ANTIGUAMENTE poferom os Sabedores dà<

guerra certa maneira como foffem foitos os Adays, e


em que guifa os honraffem os fei1hores, ·e fobre que·
coufas lhes deffem poder; e Nós queremo-lho moftrar
em,efl:as Leix,, porque-1.;e coufa , que convem muito
) a
~ARES DEYEM SEER, OS ADA YS', E COMO ETC. 39l,
a fri~o de guerra. Onde dizemos, que quando Nós
quifermos fazer Adayl, devemos mandar, que fe ar-
mem doze Adays os- mais fabed~s, que poderem
acha.!'; e eftes jurem, que d iram a yerdade, fe aquel-
le , que querem alçar Adail , ha em fi as quatro
coufas, que diífemos em o capitulo ante deíle ; e (e
elles fobre juramento differem , que f y, devemo-lo
fazer Aàayl; e fe tantos Adays nom poderem achar,r
que digam eHe teílemunho, devemos tornar os que
minguarem dos doze, dos outros homeés, q·ue fejam
fabedores de guerra , e da .fazenda delle ; e eíl:es tef-
temunhos·com os outros valem tanto como fe foífem·
Adays.
11 E DESTA guiía devem feer feitos, e nom dou-.
tra; nem el npm fe pode . fazer per fy meefmo , co-.
:ipo quer que foífe pera ello perteencente: ~outro al-
guu de qualquer efiado , e condiçom q-ge feja, nom,
Q deve a fazer ; e fazendo alguu o contraira·, deve·
:uiorrer por ello, ·e tambem aquel~e, que afI:v foífe
frito, ou fe fezeífe, e chamando-fe Adayl, non rn
{eendo , pois fe atrevera ao que lhe nom compria ,,
nem convinha: e fe per ventura nom poderem feer
~chados pera lhes feer dada a dita pena , devein de '
perder todo o que teverem pera Nós_
I2 ALÇAR querendo Nós alguú como Aday I,
devemo-lo fazer, e honrar per eíta guifa :. havemos .. .
lhe de dar que viíl:a, e húa efpada·,. e cavallo, e ar-
mas de fuíl:e,.e de. ferro,, fegu.ndo.o c.Oftume. da terr~,
e


· 392 LrvRo PRIMEIRO TrTOLo SESSENTA E c1Nco

e devemos mandar ·a huu rico homem fenhor de ca-


val leiros, ou a outra algúa honràda peífoa, que lhe
cingu ~ a efpada, pero pefcoçada non lha deve de dar;
e defpois que lha "houver cinta, ham de poer huú éf-
.c udo em terra chaaõ _, o que he da_parte de dentro
contra cima , e deve poer os pees em .cima delle o
que houver de feer Adayl; e devemos-lhe de tirar a
efpada .da bainha~ e poer lha nua na maaõ} e d'evem
entom alçar o efc udo ho mais que poç!erem os doze
que derem o teílemunho por elle, Q.U quaeesquer ou-
tros, que Nós pera ello hordenarmos; e tendo-o elles.
a!fy alçado, 'devem-no de tornar de roíl:o contra ho
Oriente, e ha de fazer com a efpada duas maneiras·
de ·talhar alçando o braço a riba , e tirando contra
fundo : e a outra_de traveffo em maneira de cruz,'
dizendo a!fy, Eu fulano dejafio em nome de D EOS• os'
, inmigos da F{, e de meufenhor E!Re)'• e dejua terr.i; e
tdfo meefmÓ deve fazer, e dizer tornando-fe aas ou..i.'
-tras tres partes do mundo; e defpois deíl:o h.a de me . .f
ter elle meefmo a efpada na bainha: e Nos lhe poere-:
mos bua figna na maao, e entom lhe diremos: Outor• :
guamos-te que· jejas Adayl daqui em diante; e fe ou- ·
~rem o fezer em noífo nome , a que pera ello der- ·
mos poder, deve-lhe poer a figna na maaõ, e dizer.
lhe a!fy ; Eu te outorgo em noine d' ElRey que jejas Ada...
yl. E ~hi em diante pode teer armas, e cavallo, e fi- ·
gna; e a!feentar... fe com os cavalleiros a comer quan-
do aqueecer; e quem o desh~nrar ~a d:haver pena.
ÇO"'.!
"QUAES bEVEM ~EER OS ADAYS E CóMO ETC. 393
oo~o aquel, qt;e deshonra ca~alleirb. delRey, E def-·
pois que for feitó Adayl honradamente, fegundo dito
he, hª" poder de acaudelar os l\.!mocatl'eés ,'e Almo,.l.
guavares, e quaeesquer Ôutros àfry de ·cavaUo, com?
de pee, ·que lhe forem a!_Iinados pera'? f~gui·r, e fa_
zer feu mandado .: e -aqudles , que feu manda.do nom
os
comprirem,;ellez. pode çonftranger_,/~~undo a cul-
pa, ein que c'ada huú for, ou o cafo reque1:er.
I-3 EsT_ABEi:.ECEROÚ 'os antigos ,··que foífem feitos
Adays honradamente, fegtJndo em o capitulo ante ·
deíl:e dilfeinos, e ~íl:o fezerom por mui.tas razoo'és :· a
htrma .pólos grandes feilJ.~ ') q'ue . faziam os cavall'ei-
'rCis .; a outra po!Ós·grandes pedgoos , .a que fe me-
tem; outro fy-polo poderio, que ham em júlgar mui-
tas cotifas , o que butros homeés nom poderiam fa;_ ·
zer, ca elles julguam os das cavalgu<+das fobre as cou-
fa:s, gue ~queecein em ellas; e harn de í~er antre 'a"'.'
_quelles , qué partirem ho esbulho~dellas; e elles ham ·
poder de fazer os. Almocad.eés, e os _Almoguav~res, .
fegundo diz na Ley , que faila fobre eíl:a raZ0m. E , •
porem devem feer e~tendidos, e de boa·fifo pera ef-
colherem. qÚaees liomeés conveem pera todas eíl::as
' ~óufas fobredii:as ; e fe deíl:a guifa o nom feúífem ,
devem receber pena nos corpos, e nos h51veres fegun--
~o o mal, que hi vier, P?lo erro, que houveífem fei- .'
< .•

. tü. Pero fr eUes efcolhefiem pera ello .taaeS' peífoas,


1 .
· que razoadàmente parecefi.'em perteencentes- , e el!,ts.
cle~pois fàefü;m o que nom deviam, e~ lhes bem nom)
Liv ..L Ddd éíle-
''

..
1

~94 LtVRO PRIMEIRO TITULO SESSENTA E SEIS .

.eíl:eveffe, em tal cafo a culpa , e a pena do que bem .


feito nom fofie , perteenceria aos•ditos Alrnocadeés ' ·
e Almoguavares, e nom aos A_days.

T I T U L O LXVI..

Dos Almocadeés , como kam de jtti"ar quando forem


fçitos.

A..
LM:oCADENS chan:iam agora aos que foyam ena-.
m~r antiguamente Coudees das -pi_oadas, e eftes.
fom mui proveitofos nas guerras, ca em lugar podem
ent:rar os pi<la~s, e coufas cometter , que as nom po~
deram fazer os de.cavallo.
1 E PORENDE ·quando-alguum piam quer feer Al-
mocadem, ha de fazei· deíl:a·guifa._Ha de vir primei-.
i;amente aos. Adays ., e moftrar-lhes. quaees razooé$
~eem, perque o mer.eç.a de feer, e eftonce devem cha-.
mar doze Almocadeés , e fazellos jurar , que digam
a verdade;fe aquel, que quer feer Alrriocadem, he
homem, que haja .em fy eíl:as quatro coufas : a-pri-.
rpeira, que :Ceja·fabedor de guerra , ·e de guiar os que ·
- com ellç forem : a feg~nda , que feja esforçãdo pera
<;ometer os feitos, e esforçar os feus : a terceira_, que
feja ligeiro., ca eíl:a ·coufa convem muito ao piam pe-
ra.J?:.oder alcançar o que_de tomar houveife, .e outro ,
fy ·
. 1
Dos ALMOCADENS' cOMO HAM DE JUR:AR ETC. 39 5 .
fy pera íaber guarecer qu~ndo foífe mefter : a quar•
frer
. ta he, que .deve amigo de feu fenhor, e das com-
panhas, que com ~elle;andarem; ca efto convem, que
.haja em todas guifas .o .que for coude~ de piooés. E
danc:lo elles tcíl:etnunho , que ha em fy eftas quatro -
· cm1fas , deverri-no de levar a Nós., ou ao outro capi-
fam , que for na-hofle , ou na cavalguada, dizendó
como he boo pera feer Al.mocadern ; e des que ou-o
troguarem, hqm:..Jhe de dar que viíl:a de novo fegun- '.
dó coíl:ume. da terra , e hã-lhe d~ dár hiía lança com
pendÓm pequeri.o : ·e. eíl:e pendam ha .de feer daquel
:fignal, que elle quifer, porque feja per el conhicido,
<e melhor aguardado. de feus com_panhooés : outro 'fy
pera faberem -quando faz bem_, ou mal. _
' 2- J URAbo havendo os doze Almocadeés , quan-·
do houverem de fazer alguú Almócadem, aífy como
fe contem na - Ley ·ante defta, bm elles rrieéf~os
de tomar quas lanças, e fazello fobir em ellas .de pee
fobre as,aíles, tomando-as de maneira, que feno~
· quebrem , ne.m c·aya e1, e alçaló quatro vezes alto da
terra .aas quatro partes do mundo, e ha de dizer a i
_cada húa dellas aquellas palavras. fofo ditas·, que çle-
?/e dizer o Aq~yl ; e em rnentre que as diífer, ha de ·
teer fua lança com feu pendom na maaõ fempre , e
enderençando o ferrõ della contra a parte, donde te ..
:ver o roftro~ E pero alguú foífe tal , que rnereceffe
feer Adayl , nom o deve feer em nenhuu tempo , fe
1pri~1eiro nom fÓr Ãlmoguavare de cavallo , ca fe..·
Ddd '.2 . gundG
396 · . LIVRO PRIMEIRO Ti::ruLo SESSENTA E SEIS

gundo diílerom _os antigoos , as coufas , que ham de


.)ür a bem, _íempre ham de fubir d'huú graao a bu-
_tro melho~, aíly como fazem d~ boo piam boõ ~t\1-
- mocadem ,. e de boÕ Almocadem boõ Almoguavare
de cav~Ilo, e daquelle, boõ Adàyl.
3 _ ~ DE.STA maneira deve: feer· feit? o Almoca-
dem, e quem dçmtra maneira o_fezer, deve perder o
luguar, que tever foomente por atrever-fe a fazello ;
. \
e aalem defto ha outra pena , que fe alguú dampno
vieífe per cufpa daquel Almo_cadem mal feito , q1:1e
deve haver pe!1a o que o fezer, fegundo que fofle o
dampno. E _fe for feito em a maneira , que fofo dito
he, ·em que fe devem a fazer, nom haverá culpa,
tj.enhúa 01que o fezefle Almocadem , ..ainda que erro
fezeífe, mas e1 meefr~o deve !azarar por ello· fegundo
feu feito. E efi'o mee~o dizemos qúe .[e fe lhe de-1.
J iencaminfiaífcm fuas campanhas, que devem haver
pena, fegundo o dampno, que lhe yieffe p9lo feu def-
e~carninhamento, fe eíl:e 1\lmocadeu'.i lho nom po-
deífe vedar; ca el poden_d o-o ve~ar, a culpa, e a pe-
na fua ·dev:e feer. .
- 4 - A FRONTARIA: d'Efpanha he de tal maneira),
que he queente., e as cou!as, que na:cern em ella, fom
mais groífas) e de mais forte co'mpreixom' que as da
terra velha ; e poren.de os piaaés~ que,andam com os
Adays , e com os Almocadeés em feito de guerra,
ham mefter que íejam feitos , e acoíl:umados , e gui-
I
i,àdo.s ao ar,. e aos trabalhos da terra ; e fe. taaes nom
fof'!!-

'J ·,. .
' -
'.
/
. DP$ ALMOCADENS' CO,M9 ·HÚI IDE)URAR ETc:_. 397
·foifem ', norrí poderiam longo tempo viver,faaõs, pe-
ro foffem ~rdidos , e v~lentes. E porem os Adays, e
os Almocadeês devem muito catar, qu'e levem com-
figo piaaens ·nas cful.guadas , ·e em outros feitos de
guerrá taaes, que fejam qfados da terra~ e deíl:as cou-
fas que fufo dito havemos ; e mais que fejam I.i gei- ,')
ros , -e ardidos ' ·e bem feitos de feus nernbros 'pera
foffrer a··affo_n: da 'guerra; e que andem ·fempre be_m .
guifados de boas lanças , ·-e dardos, e cuitell0s ~ e·pu-
. .nha~es; e outro fy devem comfigo trazer piaaés, q.ue .
faibam bem tirar com beeíl:as , e que tragam os gu_i,..
. :famentos ; que p~rteençem a fefro de beeftaiia, ca ef- ·
'tes homeés iaaes comprem muito a feito de guerra.
E ·quando taaes forem, devem~nos muito os Adays,
e
e Almocadeés de amar, e honrar de dito, de feito,
partindo bem com _elles as gaanças , que fezerem de
conruú , affy como fe ao diante . moíl:rará. E fe pda
_ventura taaes piaaes , cõm0 dito he ., nom poderem
·h aver, ante elles devem e~trat .e m term dos inmigos .
'com pou.cos piaaés boô§, que com muitos , e maaos •.

1 1

...

. (
.398 Lr_vRo P1HMEIRQ ·T1Tu10 SESSENTA E SETE

- TITULO LXVII.

Do !Vfonteiro Moor, e coefds, 1ue aftu ojficio


. . perteencem.

E LREY meu Senhor ," ·e Padre de louvada memo-


ria ~m feu tempo fez certas Hordenaçooés acer-
ca do Monteiro Moor , e do que a .feu officio per:-
. t~encé , fegundo fe contem em certos Alvaraaes fir-
mados per elle ) e per huú depoimento feito per reu
mandado per Vicente Efteves, a eífe tempo Monteiro
M oor da montaria de San tarem, o qual foi efpecial-
mente ~perguntado fobre os foros, que ha d'aver ~
l\1onteiro.Moor , e QS Monteiros de c~vallo, e os mo-
. ços do monte ' e os noífos efcudeiros ) que reverem
caaés, e fobre a c"Óutada velha , per onde partia : os
quaees Alvaraaes., e depol.rQ ~nto affy feito per o dito
Vicente Efteves, fom ef!es, que fe adiante fegúem. 1
1 Nos ElRey fazemos faber aos que efte Alvara
virem, que Nós achamos desvairo nas cartas., que
eram dadas aos noffos Monteiros no tempo do mui
virtuofo , e-de gi:_andes virtudes EIRey i:neu Senhor, .
e Pndre , cuja Alma DEOS haja , por quanto em as
m~is antiguas era contheudo , que os que mataífem
porcos, e bacoros nas coutadas, ou pofeífem fogo nas
matas, ou a redor dellas·, ou lançaífem armadilhas
t
al-
Do MoNTEIR_o MooR~, nc. 399
alguãs-pera as ditas veaçooés , que pagaffem vinte
Cinco libras da moeda a1~tigua, e'foffe m pera os mon-
teiros ; e nas rriais novas faz mecnçom , que pag uem
quinhéntas libras -d<! dita moeda , e que fej ain pera
Nó.s, as quaees leva Lopo Vaafques M Qnte-iro Moor
noffo.
2 E QyERENDO Nós temperar eftas penas, por as
matas ferem razoadamente guardada; ' e os que ca-
hirem na dita _cooima nom receberem tam ~grande
dampno , mandamos que quaees quer; que cahire_m .
nos lugares coutados em cadél: huu dos falirnentos fu-
,fo ditos, .que paguem por cada hí.fa. cooima doos mil
reis deíl:a moeda corrente, dos quaees. fejam mil pe-
ra o dito. Lopo Vaafques, e quinhentos pera o Mon-
teiro Moor da montaria, e-os outros quinhentos pera
1os monteiros da terra, dando por doos aaquelle, que ·
os defcobrir.
3 E AO dito monteiro d(\ montaria fique carrego
.de dernandar as ditas ·cooimas perante o Alrrioxarife ·
daquella Comarca, ao qual Nós mandamos, que lhe
faça comprimemo de direito; e fe o cafo for d'appel-
laçom, o .dito Monteiro Moor ·da. dita montaria a .
mande aa noffa Corte perante os ~offos Veedores da
Fazenda , onde fique carreguo ao noffo Monteín:i
Moor , ou a quem·feu loguo tever, de demandar, e :
feguir <!.demanda atga finalmente a defembargar.
4 h EM. Se forem em alguma montaria os cervos-
couiados , ..paguem P.ºr cada cervo , eu c~rva.to , que ·
ma,-
, :ttºº LrvRo PrnMEIRo TrruLo SF.SSEN,TA E SETE

nr~t::irem) a meetade ·aen:a pena) ~_qual f'eja ·répartiJ


da per a guifa..fofo fcripta.
'5 •P o.&Q..y-E em as' ditas matas de c·outamento he ·
defefo, que n~rn cortê madeira, nem lenha, nem ef-'
cafque1'n ) e nom fe ~eclara a pei1a ) que manda dâr .
/ aqs que em ello cahirem, 1'J'bs ma·11damo~ que de ca-
da êarrada , ou outra alguma màdeira gro{fa, que fe
a jorro tire -con1 'ba"is , paguem q~atrncentos reis , ·e
<por carregua de Ie~ha de cafa paguem duzentos reis;
•os quáees mandamos~ que fej.am repartidos pela gui-
.' fa fufo eforipta. · ·. .
6 · I·iE~r. .Por .quanto ac·h amo·s : que as cartas no-
- ~

vás vàaõ em out.ro ftillo desvairado do que as an~igas


foya~ de feer' mandamos, que 'a,c; que fe fizerem da-
qui em diante • .fejam feitas em aqueHe füllo, que fe
'.·.faziam ataá Era de· Ce(ar de quatrocentos e .quarenta··.
. '
annos; e as outras , .que feitas fom -, fc gúardem per a\ ·
)

mà'neira da:s que eraõ feitas ata aq.uelle tempo :Jalvo


no tragimento das armas , que õra novamente man-
damos dar~ lugar a aquelles tnonteiros, que no.:1as re-
querer~ , aos quaees màndamos , que lhe guardem'
fuas cartas, fe &Üo expreífam.ent~ fezer ineençom . E
mandamo~, q11e eíle noffo Alvará fej~ regiftado em
a noffa Ch~ncellaria. Fe.ito em Sintra a doos dias de
Setembro. Joharie Efteve's o fez Era do Nacimento
de noffo Senhor JEsu~ CJ;IRISTO de mil ~ quatrocen'.'°
tos e trinta e cinco annos. Nós mandamos dar eft.e
A lvará ao noffo M onteiro Moor da montaria de San~·
tarem. 7.
.
...
.

.. ..--·
''
Do MoNTEI.R:o' MooR , ETC. 4-or
, i Nós ElRey fazemos faber a vós Vicente Efl:e_...
:ves noffo Monteiro Moor das matas noff.as do termo
da Villa de 'San"tarem, que fobre o que nos efcrepvef-
tes, que Nós declar~lfemos a maneira , que ha_viees
de teer em guarda dellas, por qua'nt~ agora deramas
/

ti.o Concelho da dita Villa hoffo Alvará , porque lhe


rlevaffamos algúas matas pera Jenha , e effo meefmo 1

algúas veaçooés nos paaés, e v,inhas, noffa meroee he


que todas as noffas matas da aquem .Tejo fejam defo-
fas ,.e,coutadas per a guifa, que o foram ataa ora; e
da parte aalem a do Freixeal foomente; e das putras
logrem, como he ·contheudo no nofio Alvará, que ao
dito Çoncel~o temos dado: do qual vós requeree aos ·
homeés boõs ' que vos dem o trelado ' e per elle vos
fegerees do qu~ 'em ellas haverees de guardar , e de.:.
~nder por _o noffo ferviço; e, per efte Alvará lhe rnan-
damqs ,que vos d~rn ~ e façam.,dar o dito trelado fem
9utro emfiargo neµhuú. Feit em A vix deza~eis dias
de Junho. Ruy Peres Godinho a fez. Anno do Nad-
mento de noífo Senhor }Ezus CHRJ:STo de mil e qua-
trocentos e trinta e oito annos. ,
EsT'E he o d~pôimento , que Vicente Eíl:e~~s fez
per mandado d'ElRey Dom Eduarte , q~e faz men-
çom em cima no começo deíl:e titulo .
. 8, ITEM. O Monteiro Moor, e os moços do mon.:.
te, e os Monteiros de Cavallo, e os J;:fcudeiros d'El-
Rey ; e os lV.Toyos da Camara do dito ~enhor, que te-
yeffem caaés do 1dito Senhor, houyeffem fempre dos '
L i'IJ, 1. Eee .Mou-
'.t:!2 · L1_vRo-Ptu1iEIRÕ T1Tt:J'10 SÊsÉsN'iA E SETR

-Mourós de Lixboa eífa 'louça, que fe fegue; a ·faoêr,


huum pote çom huum cobertor, e .huum pucaro, e
Jmm alguidar', que Íeve huum pote d'augua , e húa
p~nella com fou tefto, e.htía ti~ella ·com huum cpber-
·tor; e hua . enfufa cofu húa alinàtalia
·' ·: . ,. e hüii candiei'-
ro ~ 'daoo ao Monteiro Moor toéto-efto dobrado , e ::?.
)

c;:~da· huum dos f~breditos fingello : e efto cada vez


que ElRey fofie aa Cidade, teendo elle Vicente Efte-
.ves carrego de lhe eílo fazer dar como fempre ouye..i
<J:Q~, e efto em tempo d'ElRey Dom Joham , cuja
.Alma. DEOS aja. .
9 l)EsP01sque ElRey Dom Duarte, a que DEOS1
' de o feu fant0 Paraifo , n:gnou , mandou ,. que pofto·,
gue foffe aa d~ta Cidade quatrn ,·ou çinqu.p vezes no\
~nn~,. ou mais ,. que norrt deffem a dita louça mais:
que húa ~ez ;. e I).Õrn hi?4.o aa dita Cídade , , em 'huú,
. inno, que nom deífem nenhifa. das ditas coufas.
I o ·ITEM. ~e o Monteiro Moor dá as montariã,s
"
das Coma.rcas per-_foa carta a:ffinada per elle, e paffa:..i
da ·per ementa d~ElRey , e feellada do feello do dito1
' Senhor, avendo o dito Monteiro Moor de cada húÚ!
'
dos .ditos Mov.teiros. que a.ffi fa~ía , huú marco de.
' ' .
prat'!. '
I I . E SI) alg,uú:Monteiro 'd as Comarcas era velho,.,

e em. hidade de fettema annos, ·o Monteir:o .


Moor ho.
apoufrntav~, e lhe dav.a húa fobre carta, perque lh~
guardãífem fuas honras contheudas em feu privile...
;;
·gio ; e defto no:m !?~ava, fe.nqm Cha?çdJaria ap di.~i
t~ .Sthbor.:. J;;..~T·4:.
1
,Do MoNTE;~o Moon. nc. -~03
'
EsTA he a divifom d~ ·coutada velha fegundo o
depoimento de Vicente Eíl:eves.t ,.
12 h~M. A foz de Marateca pol.a ribeira acima
ataa Cabrella ·; e aes y pelo tern;i-0 de Mo~·te-moor
ãtaa r~beira de <:;anha; e des y ataa P?~t'e. d'ê Lavar;
,e dhi a Amora; e da Amora a Monte-argil góla au-
gu~ do Soor; e dhi a:as becouç~s ;. ~ dhi áo . ~al.d' AÍ...
colula ; e dhi 'a Abrantes , refalvãdo o Ta~argual,
1que he actri'ia da eftràda , qúe he coutada,, e per R.~º
1de moinhos pola eftrada como fe .vai direito aa foz
· ;da ribeira de Tornar , qu.e entra noJZezer ;. é dhi a.
Tomar liindo pala eíl:rada coimbraã atee o Po·rto: E
deftas divifo~~s fufo ditas contra o n;iar todo ·h~ cou-
, t·acio de porco~, e. porcas, e bacoros, e bacoras mon-
:tefe:s, .e tinha ae .pena.quem quer que ·O IDC!-tafie., que
pagaffe' por çacla cabeça quinhentas Jibras - de boa
moeda ·: e efto ·em témpo.,..d 'ElRey .Dom Joham.
- 13 ITEM. Mais a mata de Botam-, que he ,acima
~ a eíl:rada , que lie coutada.
1 14. !TEM . .Toc;lo. o ·termo de Monte ):noor ó No-
. vo, que .he.todo Çout~clo, o qual co\..ltbu ElRey Dorv-.
,Duar-te em. feendo Ifante, ·a faber , de porcos·
. ,, e . por.:.)

1cas. , bacorós , e"bacoras.


. . ·
~" ~
. • ·
IS ITEM. Antre Ev·óra_, e Monfaras, ·~ o Redon..
r,do, e Pqrtel eíl:as matas, ·que fe feguem. 'Primeira •
.mente dés o peego do lobo·aa mouta de per,,, ichalvo
~ - ~ . )
e .des y aa ribeira do allemo; e dhi aa cabeça das fas -
quias ; e dhi ao paaço da pe~ra alçada ; e dhi hind@
. · - Eee 2 per.


,.
"- ~o#; LIVRC>.~RIMÚRo T1'TuLO SE~sÉNTA E-SETE ' '

1p~r a rib; ira da aroeira aa iibeir~· do freix.io , e·_pela


ribeira de bem cafadi aa mouta da cegua; e. des y aà
peegQ do lobo. Todos efte:; montes deite couto a
dentro fom coutados 'de porcos , ·e porcas, bacoros ,
. ie· bacoras monteies , ,·e d·e fogos ~ ~- armadilhas ·; e
'qu.alquer, que çrr.affe em cada hfí.a de:(tas coufas, que '
pagaífe quinhentas libras da moeâa antigua ~ e eíl:o
eÍn tempo d'ElRey Dom Johain. _
· < 16 ITEM. Diífe mais o dito Vicente Eíl:eves, que
o Montei.ro Moor _ninha jurdtiç0m\ como tem , fobro
os Monte~ros da Camar.a ,' e Mti>nteiros de Cavallo ;
e os M.oços do monte, :que erraífern em. feus officios,
0u fezeirem :o .que nom de,v fam, de bs privar dos of-
ficios, e poer outros em ·foos·loguos, e mandallos aa
éadea, e· dar-lhes pería ', qual entendeífe·que mereci-
am com din~íto• , fegundo . efl:o mais cômpridamente
. fe c0ntem em nüa carta ,, que o, dito Lopo V:aafque~
dello tem;- e eífo meefmo manda.va per feos Al vara;_
es aas jufiiças , que lhes defie,rn a pena , que elle:
ma~dava, e os qile pí:efos era·m , per feo:; . Alv.µaaes -
os· folta vam.
· q , 1TEM. ~alq~€r, q~1e mataffe uffo per todo o
Regno fem mandado d'ElRey, ·paga:va mil 'libras do
boa mpeda.
1 8 "As quaees-Hordenaçooês afii feitas. per o di::o
meu Senhor , e Padre ? e· depoimento a.ffi f~ito pe.10
feu mandado, e viíl:as per Nós , e examinadas , man-
da:r:nos ,_ <i_ue fe·gt:iardem por· Ley daqui en diante ii.
por.-.
·Ç'. , Do
1 • ,
ANADAt
'
MooR, nç. ··· 4051t
.p.ol'que·acharn,os ,. que ~ntiguamente· foi ~ffi, ufado em
eftés ReO-nos..
b .
'

-·--.,- -
T, I T l.J_L O
~
LXVIII.

·. !Do Anadal M~or , e coefas, que aftu officio pertéenc~iJ.

N A CHÀN'CELLARIA d'ElRey Dom Johám rncm


A voo de gloriofa memoria foram achadas cer7" ·
-tas Cartas , e Alvaraaes t e HordenaçQloés. fuas acerra
~a apuraÇ;om dos beefteitos, e gNaliotes, qm: '.p erteen-'
cem ao officio da A:na<laria Mo,or j das quaees o theol!
he efte ; que .fe ad>i,a nte f'egwe.. .: · · ·
I
.
.Nos ElRey' mandamos ' a vós Peclre Anes Ef-.
cr:ipvam da noífa Chancellaria ,_ou a outro qlialque(;
qüe voffo k>gud.te ver, que regiftees nos-livros da nof~
:fa~ Chancellaria· duas Horden'açooés, que ora Rer Nós
foram feitas , e· ailirradas .a fabet, hlía dos bi eftei_ros ~·
. . do conto , e outra- dos .homeés da, vihtená do .mar·, as
quaees vos moíl:rará J0ham de
Bafto ; e', coino as re-
giíl:ardes, ent1;eguade'-as' l~go ao dito joham 'd~ Baf-
to: unde a.I nom façàdes. Feito em Aldea guallegua
a vinte,feis dias. de Novembro ..EIRey-o mandou Era
de rniÍ e quatrocentos quare'nra e tres anhos.
2 DoM Joham per graça de DEàS Rey. ~e Pur-
~wgu al., e ào Algarve. A todolos Corregedores_,, Jui-
zes

.. /
. ~06, LIVR<? PR:l'MEIR'O TITULO SESSENTA. E ?ITO
- .
z.t:s. e JuffiÇas ~ e peffoas ?e t0dâl,as, Cidades , e Vil~ ·
las. e lugúa-res , ejulguados , e honra~,· e terra:s de.
rneos filhos , e doConde-fl:abre , e das Hordeés , e
Meeíhes , e de todalà:s outras jurdiçooés , _e terras
chaãs ·d.os 1:ioffos Regnos, e a ·outros quaeesquer., que
eíl:o ·ou verem ~e :veei." per qualqÚer 'gµifÇJ.' que feja , a
que e{la Garta for moftrada, faude. Sabede que ·Nós
entendemos pôr noífo ferviço e bem da noíf~ terra
darmos encarreg~ a VafCÓ Fernandes de Tavoranof- ,
fo vã'.fiallõ ,.; e fobrin.l10 d'Affonfo Furtado noffo Ca.: '
pitam, e Anadel ~oor, e a Joham ·de Baffo feu Ef.. i
cripvam , e dos nofi'os·conto~, e lhe~ mandarn~s, que
.elles vejam', e apurem 'tOdoios 'beei):eiros do·conto d~
todo noffo fenhorio ·, com~ fl:am ·apoíl:ados, e ?:de-.
rençados, e façai:n Ol!tros de ;J1ovo; . e efi'o meefrno ve-
jam, e apurem todolos horheés das vintenas do mar,
e ponham em ellas de no~o homàs, que fejam pe~,
,teentef.ltes pe1:a eUo : e façàm vintaneiros ; e offi_ci ...
aae& , fegundo virem·que compre a nofio ferviço ; ~
façam -todalas outr_as coufas, que perteençam ao dito
officip d'apuraço'rrL, ·e eoufas ' füfo ditas , fegundo fe
~ontem em duas Hordenaçooés n~B:'as, que pera dlo
le.vam finadas ;ei· noÍfa rnaaõ, a fàber, húa dos beef-
tdros ,:e outra dos gualliotes, e homeés do mar.
3 E PORE~ Nós .mandamos, que lhe 1eixees affi
fa~er, e os ajades por Apurador ~ ~ Efçripv~m dos
beelteiros do conto; e homeê~ do mar, e coufas; que
a ello~ p~rÍ:êencem , e o~ aj udees a ello, e cÚmprade}i
. fo-

. ' -'
• _. Do AN ÀDAL ·MooR 1 ne.
~ '
· fobrn ello todalas· Cartas , e AI v'araa,ees finados -·per
eUes, e fe~llados do feello do nofio Capitam, e Anadal
Moor por rtoífo ferviço fem outro nenh.~ú embar-
güo ; e que veendo fobre .ello feos recad~s, façadeii'
vir .perante elles todolos homeé~ ceeirns de· meíkres ,.
qu~ ouverem eífes luguares , ·e em cada huú delles ,
e
pera elles delles fazerém' escolhétem os que ' acha~
retn que fom perteencentes pera os fazerem- noífos .
béefteiros clo coritd pera noílo ferviço; e eífo rneefmo'
façades vir perante elles todolos vintaneiros dos ho-
ineés do,mar .c om todolos home·és de fuas vintenas~
e 'toçlolos outros , que em ellas. devem feer poftos,
pera os elles ve_er_e m, e ' apurarem , e poerem em vin.:;.
tenas de novo , fegundo nà~ ditas noífas H~dena­
çooés he contheudo : e feede a efto bem dilligentes ,
e mandados , ca he coufa , que perteence muito a:
noíl'o ferviço.
- 4 0uTRo SY mandamos , que o ~ito noffo Capi.ij
t-aõ, e· Anadal Moor aja, e leve·do dito officio toda-
las :proees , e direitos ; outr'o fy toda.las' beeíla~ das
luitofàs ·dQs beefteiros do conto , que fe rnorrerom ,.
_ou morrer.em , <: de todalas outras coufas , que ao di-
to officio perteencem , afry , e pela guifa, que o elle
fempré levou , e levarom os Anadees Moores, que
ante dle for9m : e nom lhe ponhades fobr~ elio ou-'
tro .nenhuum embarguo em nenh"\fa guifa ; e ,fazee
dar e entreguar as ditas beeflas "ªº dito nofip Capi-
- ~ªm. , e A.nadal Moo.r . , ou a quem vos elle .mandar ,
·íem.
í4º~ LrvRo PRIMEIRO TrTuto . SEs'SENTA E 01To

( [-em outra nenhúa duvida , nem embarguo , que lhe


fobre ello feja ·poH:o : onde al nom fa.çades. Dada em,
Aldea guallegua o.i to dias de Novembro. ElRey o
mandou. Diogo Gil a fez. ~ra de mil e quatroeen-
, ) .
, , ~os e quarenta e oito annos. ·
~ VAAS"QYO Fernan,_des , e.Joham de Baíl:o. Nós.~
ElRey vos fazemos faber, que eíl:a he a maneira, que
de
ftvees teer em aver d'apurar , e efcolher , e fazer
a·e novo os beeíl:eiros do contoem todalas Cidades ,
/ e Villas, julguados, e coutos , e honras , e- terras dasi
,Bordeés, e terras chaãs, e em t~dolos outros lugares
do noífo fenhorio , em qi.re vos ora mandamos apu-·
rar os dítos ~e,eíl:eiros , e fazer de; novo. ,,
. 6 PRIMEIRAMENTE cheguarees aas Cidades , e '
Villa·s , e luguares ", e ,quando cheguardes ao lugar ,
uioib;a,re~es- o poder noífo , que ·1evaqes-'aos ·noífos
] uizés , e Vereadores , Procurador , e homeés boos,
e faberedes certa, e verdadeira enformaçom do Ana-
dal., e .beeíl:eiros do conto em todalas Cidades, e Yil-
la$ mais antigos , que h! ouver; e per outros qúaeef-
quer, que o ·m ilhor poderdes faber, quantos beeltei-
ros do conto foya, d'aver rio dito lugar no tempo dos
Reix, que ante Nós forom. 1
7 E SABEREDES os beeíl:eiros do conto) que ora
hi ha feitos~ e faieqe-os vir perante vós com fuas
beefias, e delles efcolhede os milhores , e mais per-
teencen,tes ' que virdes que comprem pera noífo fer-.
viço, e poende-os errí titulo apartado em voífo livro>
que
Do A.NADAL MooR, ETC,

que pera ello faredes , declaranqo feus nomes , e-ai


meíl:eres, que ou verem .

8 E SE algu!ls beefteiros do conto vierem a vás
requerer, que os façades poufados, faberedes quando
forom beeíl:eiros do .conto , e quando aífy foron1 beef-
.,. teiros , fe eram . Q_e g~·andes hidades_ , 'affy . coi:no de
cincoenta annos, e_elles despois que aífy foram beef-
teiros nom fervirom em _nenhúa armada, nem em
nenhúa guerra, e dtes a taaes, que virdes , que nom
podem fervir no _dito ·officiu da beeftaria , tirade-o;; ·
della , e leixade-os au Concelho , e o Coné'elh~ faça
delles .como dos outros feos vizinhos , e demandaae
outros em feu luguar. .,
9 E sE acontecer, .que alguus dê!l:es beefteiros
vos demandem cartas. de poufados' ; e acharde~, que
des. fua m~1,1cebia ataa ora que provarem fettenta' an-
nos, fempre eíl:everom poftos por beéíl:eiros, á eftes
dade-lhes ·fuas cartas de pouf~dos , perque Íhes guar..
dem feos privillegios ~ e nom fervam o Concelho e-m
uenhua coufa , que fc::ja de fervir do corpo , e entom
dernandaae ao Concelho , que vos dê outros em feu
loguo.
· 10 ITEM : Se alguú~ beeftcifos forem taae; ,~'que
per fua nec~ilidaae, ante que ajam hidade de fetten-
ta annos, por algúas dootes ,,,ou feridas , ou negad -
os, que _ouveífem , .fom taaes, que nom podem a Nós
fervir por beeíl:eiros do conto , e vos pedirem cartas
d.e poufados, certifjcando-vos bem de fuas nece!Iida-
L~. L ffl ~'
..

,, "
.
r,_,

_.p°' LrvRo P~IMEIR~ .T rr:uw SESSENTA ·; ono


liles ,' e fe f~mber~es 1 ÇJ_u~, elles fo~om .feridos e~ algu~
·coufa ~que foífe nolfo feryiço; eptom dade-lhes ~ar­
ta~ de pou faâos. , e fazede-H1es· guaraàr feos privill~-
. · gios, affy" c<?frio,,aaquelles ; que fe.rppre fervirêm{, e
chegaram a hidade de fette~ta ãnnos. ' .·. ·
· i 1 • Ê sE achar_çles, qué ·affy' alguns forom feridos~.
ou q~e ouverom c~j'ooés em feos c·orpos, e nunca fer-
virom~ efl:es taaes .tlraae de beefteiros do cóntb~ e lei-.
xãd~..:'°n~" ao ·CÕn~dho per a guifa, qué .d.í to h:e, ·e· vós.
.pédidt:·oÜtrós' em: fe~s. ldgqs.. deÜ?s ·"ao Concelh~ , e·· ·-.· ~ .. '
poende ... o~ por 'beeílê.iros. . · ·' ·_'_. · .. -.
: • 1 í- ·E A·QY,ELLES., .que acha"°;des , que nom fom
• "'<.

p~~a ~po1:fe"1.,1ta·r t,_. e ~ qÚe nom fom peraJervi~ -~ e que


· fom·.a.~egoci.~dos , ou V<t'~lhos , ou ádooradà~ , .0u. tam
proves·~ ôu ·Í:àm pequenos~ de 'éo1:pos ~ que t).Om cp·m-
prem pera fer,vir por beefteiros do s onto ,'· vós leixa-
e
de-os _:ao Conceiho"; que o.dito Concelho faça _del-
les.·, co~o dito ·~e ;' e vos <lê· oütrôs em fe~ logU.o ;
j

que fejãrh perteehcent~s pera ell;.-


13 · E - v1sTos affy. todos eftes , fe achardd que·
mingüam ainda· alguús _beefteiros do çonto , . aalem
ddS gue ja · fü teendeS escolhei to? dos q·ue ante avia
fio -dito luga·r ,_-pera (j comprimento do numero ' que
achai:des·; que hi foya- d'aver nos· tempos antigos.,
norri~GoiÍtando 'iü ?s an~dees, e porteiros, e vintanei-
ros,, e officiaaes , que os qa,m ·? e reger , que fo .nom
devem contar ·n·o. conto do dito nume;r,o,porqu~ man-.
dam.os '· que norn fejan:i hi contados ;. _que o. ·numere>
• f
dos,
Do ANADAL Moo.R, ETC;·

dos beeíl:ei_ros feja certo ,- e comprido em cada huú


luguar, e aalem dos ditos ana.dees , e ·porteirC?s , e of~
ficiaaes que os ham de.reger. . _,
14 E REQYEREREDES aos Juízes; e vereadores 1 e
Offici~aes defie higali, que vos c:lem eífes, qu:e}1char.. l
des que àffy falecem, dos homeés mànce~o~_; e rrlt!f-
teiraaes ceeiros , que ouverem no dito. luguar, e em
'feu termo,. que fejam. bo9s, e .perteencentes, e marÍ-
theudos, que poffam mante~r as beeíl:à~ , e nos fer:::
,.vir com ellas , o comprimento· do dito numero_., ·que
h~ fo):'a d'aver pera '· nÕífo- ferviço, e os faÇaae~ Jog@
vír .ante vós pera _os vós. veerc;les·, e delles ·-efcolher~
des o_s que mais perteencentes. forem pera _beeíl:eiros,
.-nom nos efcufando ~ nem fonegando nenhuús dos di- ·
tos meíl:eiraâes , que no di!o lóguõ ouver , e per-
teencentes for:em perGj., Iíoflo ferviço.
15 ITEM • ..Paredes os ditos beefteiros ·do conto
dos homeês do~ mefter, _â faber çapateiros, alfayates,
ferreiros~- carpinteiros , almocreves, tonoeiros , rega...
~
taaes, e outros, quaeesg_uer meQ:em1aes , _que .achar-
.,,J ... : • • •• ' '<f' ' "

des , éom tanl9 que fejam cafados, e nom fejam_la-


' vradores , i qu~ .c ontinuadamentç lavrem com junta
· cle bois, nom em~ai-guando ~que a!guús deftes alle-
guem, que fom criados d'alguús noífos capitaaé.S ,'e
vafià.llos , ou íerviroln com elles !1ª guerra f e fe fo-
rem mefteiraaes , que _n om tenham tenda per fy, e
lavrem com outrem ,-e viverem per fy em fuas cafas
rde morada, feendo cafados, nc~m os efcufedes porem .
Fff 2 de
+ni L1v.Ro Pn.1.MEIR<? TrTuLo SEss.ENT.A ·E 01To

de ferem noífos bceíl:eiros do conto, fe v."irdes: quepe- .


ra dlo fom .perteencentes, íeendo-vos dados por beef- ..
teiros pelos J uizes, Vereadores, e Officfa:i.es do Con-
ce.Jho de cada huú lugar; pero que como fom cafa-
dos, e viverem per IY
e m fuas «~afas de morada, lo-
gcr fom theudos de nos fervircm naquello, que lhes
p er Nós for mandado. -
16 E SE ja alguús deíl:a condiçom forem, e fom
beeíl:eiros do conto J e virdes J q1.2e foro pera ello per-
teencentes, vós ·a vede-os por beeíl:eiros do conto, e os
nom tiredes de beefteiros.
17 E Q!! AND"O pela ventura. v~rdes, ou fouberdes:.
que os Juizes, e Officiaaes do lugqar vos nom dam
·em eícripto aquelles , que perteence.ntes fom pera
noffo ferviço' , ou que vo-los foneguam , ou· vo-los
nom querem dar, vós a vede enforrnaçom per o no(-
fo coudel, que ouver no luguar , e pelo anadal dos
beeíl:d~os, e dizede-lhes , que ,yos dem em efcrip~
os rneíl:e~raaes, e homeés de meíl:er, que em elle fou-
berem, que vos os dit~s Juízes , e Officiaaes nom
darn , e que elles en.tend_e m, que fom perteencentes
pera beeíl:eiros do czo.nto; aos quaaes Nós mandamos,
que volos dem em efcápto, e vos ajudem a ello, fe-
gundo lhes per vóS da noífa parte for requerido;. 'e
mtom diredes a0s ditos Juízes, e Officiaaes, que vos
dem aquelles, que vos aífy forom dados em fcripto
pelo coudel , e anadal do luguar por beeíl:eiros do
conto, e os façam logo v1r ant(~ós pera vG.s delles,
......,_
e

/.
'#
IP'

\
•/
'
1
J
-
'
Do ANADAL MooR ETC. ..pj
e dos outros, que vos ja dei:om, efcolherdes aquelles,
qué conprem pera comprimento do dito numero, e
dos beefteiros do conto, que vós achardes, que em
efie 'luguar devia d'aver.
18 E Qy AN no' virdes: que os Juizes, e Offici.aaes
o fazeIP1 mali,ciofament~ , .e os nom quiferem dar ,
ou i:om fazem aquello, qtre lhis per vós da naifa
parte for reguir.ido; e mandado, e achardes ·, que
fom a eli0 negrigentes, e mal mandados, e vos que-.
. rem deteer, e poer pedongua ·a os nom dar, r.ecorree
vós a huú Tabeliaõ da noífa: pàrte 1 que _os cit<;, que
do dia, que· citados forem tt dia ,certo convinhavel
pareçam per peffoa·perante Nós a dizer qual,he a ra~
zom, porque vos nom dam l~go compdme~1t_o d.os
ditos beefl:eiro~ ,,e aquelles, que milhares, ~ e -ma1s .·
pe~teencentés fom 'pera noffo ferviço. É ,. mandamos . ..
aos no~9s Taballiaaés, e a cada huú delles, a . que o
vós req\l·e·rerdes, e '·!hes 11.9ífa.Hordenaçom for mof-
. tfadà, que citem os ditos Juízes, e Officiaaes do Con-
e
celho, feendo-lhe per vós requerido) vos dem , ef-
torinentos do dia. do p_a req:r fem dihh~iro, e e~via7
·de-.o a Nós pera .o Nós veerrnos, e vos mahdarmos
como fobre ello façades ; e em tanto' hiredes i ou-
/'

tros lugarés , e t,ornar~des per hi quando virdes nof-


fo recado. ··
, 19 E ESTA maneira avees ,affy de teer em?. Ci-
dade de L ixboa, e Coinbra, e d' Evora, e na Villa de
Santarem , e na Cidade do Porto ·~ e nos outros lu-
ga- .
,.
}
... . -
LIVRO PRIMEIRO TITULO. .S.ESSENTA 1' OI To'

gares que· acna"J.1aes, que os 'Concelh.o s, que a Nós


fom obriguados a darem cert,os bee~eiros d? conto,,
como em todalas ou.tras Cidades, Villas-, e luguare·~,
que a Nós fom obriguados a. darem .'. certos 'beefi.ei ...
r~s ; e o noffo. A.nada! Moor ho ha de fáz"er , porque
o ent~ndemos affy por noffo ferviçg.
-20 . E ' TEENDO afiy feitos, e apurados os ditos
beefteiros do conto em cada huú lugai: ) e feito) e
c9_mp'rido ~ numero dos que_ <_!Chardes ",. que hi foya
' d'aver, affy dos que feitos eram, como dos que de
y
. novo f~zer-des , e yos àff foi·o·m .dados pelo~ dito"s
Juiies , e Officiaaes., moíl:ralloedes ao poffo Almu ... .
xarife, e .Efcripvam dos luguares ,' honde os ouver,
pei'.a elles veerern ~e . forom feitos alguús beeíl:eiros,
que a Nós ajam de pagar jugada, e oitavo , perá <:>
·logo refr~tarem. : e eíl:o .fe :én\enda nos luguares. ~ e
. terras, e. Coma1:cas, ·em que a Nos pagu'\m jugua9a,
e oitavo.
• 1 " "'

21 E sE vos atlegarem, que hi' vaa poíl:o algiiu,.


.' que a Nós feja the.udo de pagar a edita juguada, e
rordes dello certo; tirade-os de beeíl:úros nas Cidade.s,
e Viijas, e lugares, honde achardes, que pelos Foraaes
antigos, ou privilegias noffos, ou dos Reix, qut: an-
te Nós forqm , os. beeíl:eiros do conto devem feer e(-
ç ufados de pagarem juguada; e log9 os ditos Juizes,
e Officiaaes vos dem outros em feu lcguo boõ~ e per-
teencentes, como dito he: e nos outros luguares, hon-
de·achardes, que polos ditos For~aes, e privilegi os ~
nom
Do ANADAL Moo!\ ETC. 415·
nóm fom efcqf::i.dos de paga.t'jugu~da , ,vos"nom 'lei-
xedes por tanto d~ os poer p~r b.eeíl:eiros ·; e..fe os
achardes poíl:os lei'Xad'e,.os am: eíl:ar ' ne)TI fej_~õ por
tánto efcufados de p·agar juguada.
22 E VENHAM affinados os ditos beeíl:eiros, que
aífy forem per vó.s feitos , e ~fcolheitos , ~ apurados ,
e .vos aífy fo~em dados polos ditos Juízes,, e Verea- .
dores, e Procurador, e Officiaaes de càda buú lug<;ii-:-;
e poede-os vós em .o dito hvro > que "pera dlo fare-·
des, peJ.'.~ defpois ncim ferem tirados, nem ~uçlados
por rogos· de · ~enhúas · peífoas·, nem por outrn cou~
:fa, qué feja., porque noífa mercee he ~ae fe mai~ no~
tirare~, nem !11,udare!ll ; a_~ndo-lhes ,logo fuas cartas
de ,como,.os fazedés ' noífos· beeftei'ros ·do contq ·, e
dardellos ~fr:i nuru'ero , e e~ rool ao (~u · ariadal de
ca9,a: !~uú· lug~r, e H9rdenaçom , perque ?s ajam Je
veer, e reger como fe fenpre acuíl:\..imou de fazer .
• 2;3 ITEM. Mandamos, q-ue os ditos beeft.eiros áo
c-0nto , aífy os que feitos fom ,:·como. qs que·de novo -
fezerdes ~ tenhaõ boas beeft"as- retebondas , e fortes~
que nom. poffam armar ao cinto, faJvo com folgua",_
e· com pollee, aff y corno ora mandamos ufar ; e vós.
ailinade-lhe tempo .convinhavel a q~e pare-ça~ com
o
ellas perantç fe1:1 a·nadal ~ a faber araa feis foma nas
logo feguintes _, fç;gundo' que virdes 1 qLre be a peffo~ ~
e a pode te.e r. E mandamos ao anadal, que os cof-
trangua, que as tenham, e ·qu°e noi:n pare ceÜdo com ·
ella.s ao dito termb perante feu ana~fal ·~ mandamos
.- a.o
.p 6 LIVRO -PRIMEIItO TITULO SESSENTÀ E.OITO

· aó dito anàdal, que cón~e as ditas beeíl:as pelos bees


~ daquelles, que as nom t~verem , nem com ellas pa- .
recer-em ao tempo , que lhes àffy foi affinado, e lhas
façam teer: e nom o fazendo._aíly o dito anadal, man ..
a._m0s., que feja privado do dito officio ' ~ façades
vós ·conprar as ditas beeffas aa cuíl:a dos ditos ana,..
~ 1 . • . -
dees, e as dees a os ditos ~eeíl:eiros, por _quantb noffa
mercee h.e de os ditos beeíl:eiros do conto do noffo
fenhorio teerem mui boas beeíl:as fortes, .e quefe nom
~rmem, 'fenom com folgua , e com pollee pera com
dias , armárem maior beeíl:a, e mais folguàdamente.
24 E MANDAMOS, qÚeüs ditos beefteiros do con-
to nom fejam thc:mdos de parecerem em.allardo mm
,,· as ditas beeíl:as perante nenhú toudel J falvo perante
feus -anadees, ou perante·feu Anadal Moor , ou da-
guel , que noífo poder, e feu ou ver ,· porque aífy fe
cuíl:urnou fempre. · _
25 hEM; Mandamos; qti~ aquelles, que achaf-
, des -q_ue tem conthia pera teerem . cavallos, 9u beef-
tas de .guafrucha -coin armas, fegundo per Nós he
mandado , e dado em regimento aos -couciees , t<laes
1 .
como efles .norri ·façaaes beefteiros ·d o conto ;_-'e das
ditas conthias pera fundo vos fazede-os, feendo-vos
dados pelos officiaaes do Concelho, como·dito he.
26 lTEM: yaredes em cada huú luguar os ditos
beeíl:eiros do conto-, gue hi fenipre ouve nos tempos ·
dos Reis, que ante N6s forom, e mais no~; e que
"erk~ fejarri bér~ mancebçis , e perfeencentes, e os '
, ..
m1-
"

;_;Y,.,·
. '
Do ÀNAl:>AL MooR ETC.

" milhor ~antheud~, que ·_hi ou~er, que t'aaes 'vo-'Ios


dem os ditos officiaaes pera noffo ferviço, fem efcu-
.fahdo elles nerri. vóS bs que mais perÚencente~ ·forém
\ ~- ' ' • ·.y '
:pera.eU9. . • , · . · ·l,7. · ...
27 In:i:ir ..' Nos llf!guares •. em qu"é vos forem mof-
trada~ a.lgu~s noffq,s ·cai:e:is , petg.ue mandamos, qu·e
no~ haja ·hi mais ·que cert9s beehéirbs do c;onto,
pofto que erri 'o.~tro ~erppo hi rbi:Jv_eífe '.IF)àis -.~anda­
IDQS-VOS ; que faça·~~s hi tintos-beefteÜ·~s çlo ê:ont.9 , .
.qu;ntos hi· G ô'a~er"nos tempos antigos , r10~:- e~­
barga~do a·s ditas :eart~s.· , qu~ âífy de; ~ós à~v~rp'.1:
Cóm,l:ánto qüe ache.a~s. hi'tantas gerrt:es, p~t. quefe , ·
. . (\.' ' ' ' .~

poífa~ fazer boõ,s, · ~ m~ncebos., e-perte~nc~nre.s pera .


- . \ ! ~

·"' ello ataa .o ' numero ailtig.uo :; "e non:r achiuído hitan-
.t-Os ~ fazeâe aqdelle; , que
maiS' po1~tde9 .farú:'r. :
.2 8 E. <rir/\~ ~o aco~1. tecer, que em ~lgµÚs · 1,ug~a­
res nom . achardes tantos meftei~aa;<';s ~ ou íer':i-çaa.es
pera -faierdes comprimento dos beeí'l'eiros, q~e ou.:.
Ver d·aver no ' lugu,F ) e, ª.ch~rdes algu.\Ís .outro_s ho-
• rrl.~és m~ncebos : que üfern de tirar com beeitas / ºl:l
' ' q ·ye fom perteencen.tes _pe.ra: fereryi n0ílo~ be.efte!ros
' l ' ' • ' . ' ·~.
'• . . '' .... . ' ·, '

. do .coJ;lto,; ·po.fl;o :<;lLl~ ' qo~ ªJ~ln , mefter_(·~âzeg'e-os


beefteirôs d.e guifa , qu~ em -cada l;nHi lugar: fà.~âdes
coti-lprimento dos <lirós beeíl:eiros do ' m.ime~·o:· 'fe-·;~·hi
- po~er a ver, e mais _ríom: ~om ~an.to que- tenh'a~ ca-
fas mantheuda~ êom~fuas molherés, e rnancébanheq-
das, e. nom fejám I àv;~dores, ne~n homeés , 'qúe nos
, ajam di p~'lguà,rjugui~a,, nem oitavo, como dito .he.
Lh,;~ 1. Ggg " .. .29
·;.
f(,
·~
l . ..

.
.J<;
. _,_ .

4 1r8 · LrvR0
.
PRIMEIRO T1Tu10 SissENTA E 01To

29 hEM. Aquelles, qué achardes, que\ erà:m


beefleiros do conto, e ora fom aconthiados em con-
th~as de cavallos; e fezerem certo -per Alvaraaes dos
· noífos.coudces, qu~ tem cà.vallos, ou os ham de teer,
man'â:;i:mos-~os, q6e os tirees de beeíl:eiros, e os nom
ajade~· por bedl:eiros do conto , e poende outros em ·
feu loguo.
· 30 E QY ANTO perteence aos que forem a·éonthía-
dç; ' e!11 b ee{ra de guarrucha, _e achardes, que .ante_s
eram -beefteiros do co1,to , vos avede-"1! por. beeíl:ei-
ros do co,nto, fe l?ertee_I)Centes pera_ ello forem, nom
e~bargando, que ajam conthia; e nom fejam cof-

.trangidos pera teerem outras beeftas , nem outras


' -
an;nas; falv0 aqueltas-, que tevererti em feendo be.ef-
teiros do conto, pofto qúe ajam conthia pera ello:
.c om t,mto . que' .tenham a~ ditas beeílas recebondas,
~ que fe 1101:'1 armem,_ fenom c01p .fo1gua, e pollee,
corno dito he.
· 31 ITEM. Vos mandamos, que fe alguús beef-
teiros de conto dos que ataa ora fom feitos, .a llegua-
rem que folJl lavradores, e lavrarem _com junta de
bois ?~ pofto que fejam mefte.iraaes' oú ajam meíl:er,
ou lavram ., e moram em noífos reguecnguos, e ·fom
i:eg uenguéiros, e· fil:zem certo que mais ufarn _d a la-
voiriv, que do mefter que oúverem , vos tirade-os de
beefteiros, pofto qu_e fejam meíl:eiraaes, e leixade-os
aos Concelhos, e poende out1:os . .
32 E Esso-meeimo nom os faredes de novo beef.,..
tei~
Do ANADAL MooR ETC. 4r9

teiros, fe vos alleguarem que fom.Iavradores, ou que


moram, e lavram em -nos ditos regueengos, pofto
que ajam mefter ; e feendo achado > qué -ufam mais
por o mefter, que pela lavoira, que lavram, vós fa-
zede-os beefteiros , como fe nom foffem lavradõ:es !
porque fomos .certo, que fe fazem lavradores de pou-
ca lavoira, por ~om ferem beefteiros do conto, ufan-
do mais do mefter que ouyerem, que da la.voira.
33 ITEM. Vos manda"mos-, que façaaes os ditos
beefteiros do con~o em todalas Cidades, e Villas, e
lugares, julguados, e terras de meos filhos, e- d_o
Conde-eftabre, Meeítres, e Hordeés, e em toqalas .
outras jurdiçooés, e coutos "'e honras·, e terras.ohaãs,
e em tod~los outros Iuguares de noffo fenhorio, affi
nos luguares, em .que ja forem feitos, ·como em quaa-
.e squer outros luguares, em que aindª nom fofiem fei-
tos, fegundo vós entenderdes, que compre poe noffo
ferviço, nom emb<Jrgando quaeefquer enbargos, que
vos fobre ello ponham, porque noffa mercee be de os
haver em cada hum Íugar, nom fazendo mais defe-
rença nas terras das Hordeés, que nos .out'ros luguares.
34 !TEM. Tomarees 'p or beefte.iros do conto

quae_eíquer homeés mancebos, que fe _de feu tallan-


t:e fezerem noffos beeíl:ciros do conto , fe forem ca-
fados ataa comprimento dos beei:l:eiros, que ha d'a-
ver no luguar, honde moram : com tanto que nom
f~jam Ia vradcJres ,'nem acontiàdos em ·ca vallos, nem
guarrucha, nem que já foffem poftos em vintenas do
mar por guaUiotes. Ggg 2 . 35

' .
4 20 L 'rvRaPRrMEIRO TrTuLo 'SESSEN TA E oI To

-35 ITEM . ~:indo . acontecer, que fe algu ~s beef...


teiros do conto mudar~m dos lugares, donde moram,
e eram já beeíteii·os , e_fe forem ~orar a Óutras par-
tes' . mandamos ' que nos luguares' que affi forem
morar, fejam coíl:rangidos, e avudos por beeíl:eiros,
e poíl:os. em o numero aaletl! do conto, ·e numero dos
que hi ha d'aver , poíl:o que o numero feja éompri-
do; -e nos luguares , honde ª!1te ~oravam, faredes
outros em feu ·1og uo, pera comprim~nto dos que hi
ha d'aver no luguar, bonde aify moravam.
36 ITEM. Porque a Nós r~ e qito, que alguús da-
qu e l~es, que Nós mandamos fazer beeíleiros do con-
to, por nom ferem beeíleiros , fe vaaõ obriguar nos
livros das Camara s dos Concerhos das 11offas Cida-
. des, Villas, ~ h1gua~es , e dizem qu.e que r.em . tee.r ar-
nezes' e pooem- fe por homeés d'armas' nom ha ven-
do pera ello conthia, nem as teem, nem as mo_íl:ram
aos i:.erbpos que' lhes pellosiConcelhos he mandado,
. faz endo e.íl:o ma)iciofamente ... por fe efcufarern de
nom 'fer.em poíl:os por noífos beeíl:eiros do conto :
I,nandamos-vos que o nom confentaaes a nenhuús. que
r
fe \açam qomeé..s d'armas,, porque fe efcufam de nom
ferem noífos beéíl:ciros. do conto: falvo na Cidade de
Lixboa, e na Cidade do Porto , a qt.:e mandamos,
que efta coufa fe fezeífe >dando-nos. as ditas Ci'rlades
o comprimento dos. beeíl:eiros do co .1to, qu~ a Nós
fom theudos , e obriguados aos darem preíl:es, e boõs,
1
e mancebos ,. e perteencentes. ,. e mantheudos pera
nofio ferv1ço. , J1
·. ..,, . ~

-
Do ÁNADAL MooR ETC.

37 ÜuTR,O ·.SY•'m~ndamos aos .ditos b'eefteiro.s ·ao


' conto, que.aífy.f?rem feit~s, e de novcffezerdes , fe-
jam aguardados, e c,o mpridos bem, e compódamen-
te feos privilegi<'JS , ·que. lhes per Nós fom dados per
a·guifá , gue .em ellt? he .contheuqo: com . tanto que /

_elles, e cana huu d_el!es dem~ as" maaõs· das ag~ias em


cadâ J?.uú al).no aQ noffo Almuxarife, ou aas i10ffas
J uftiças, tomo per Nós he mandado; ~ í;iquelles, que .
as nom'. derem,. qu~ -lhe· nom feja:'m gtrard'a.dos feú.s .
. pri vüegios ' e qu·é' f~jam. pore~n ·avudos ,·e cbftrangi:-
. dos, e fervam por bedleirÓs do conto, poíl:ó' que
lhes o dito privilegio ' nom aguardem' ca noffa mer-
cee he de man'teeren'i as d.i t,as agwias ~ ~ ás dareni ca-
da hufí anno, COrl)O di,ro .he . . · . ' · •·
3 8- ITEM. Vos ·ri.Iandamos, gt1e aqneUes, que
achardes > que foram -poíl:os pçir noífos beeíl:eiros do
.
foro
'
éonto, e ora achardes, qwe efcufados per noffa.s,,
cartas, e do· noífo Á,.nadal Moor , .que pera ·ello rern'
• , . ' ?. . '
noífo poder.'> que os ponhaaes ern titulo, apartado, e
os·luga-res., honde fom moradores, e a razom, porque
·os efc~1fam, i·egiílando.as forças das cartas. em~ voffo
livro' guan~~ndo"-lqes porem as ditas cartas par~ as.
Nós. veerm_o s) e fàbermos a-r<lZOih >·porque foron;i 'ef-
cufªdos; e narµ os coíl:ranguades. ,. que frjam beeíl:ei-
ros do conto, ficar1do aos Concelhos. Dante em Al-
. dêa Guallegua 1pritneiro di::t,..de Novembro. ElRey o
mandou. Era de mil e quatro.centos e qu~ren:t~ e o'i -
·;
to a1mos •.
, T J...
' ,.
'i;q.~'2 LIVRO PRIMEIRO TITULO SESSENTA E NOVE

T I T U L O LXVIIII.

Das duvidas, que -Vafco Fernandes, e Joham de BajifJ


moveram a E!Rey_Dom J oham fobre a apuraçom
dos beéjleiros, ·e gualliotes.

S ENHOR. Vafco Fernand~s, e Joham de Bafto,


, -_ que per voffo mandado andamçs apurando os
beeíl:eiros do contei, e-gualliotes dos voffos Regnos,
fazemos faber aa Voffa Mercee, que em as ditas apu-
raçooês, que vós affy mandaíl:es fazer, achamos -al-
g uas duvid as conthe_udas em efte caderno, as quaees
por voffo - fer~ iço compre ferem declaradas , por fa-
bermos a maneira, que em dlo av~os de téer: fe-
ja ~ offa mercee de no-lo declarárdes. As quaees du~
vidas fom eftas, que fe feguem.
I , hEM. Alguus eram poftos por gualliotes
nas v.intenas, e defpois fe forom fazer beefteiros de _
ca vallo, e em as ditas cartas de pri villegios, nom faz
. mençom que os tirem da vintena: he aNós duvida
fe ham de fi car po·; - gualliotes ; ~ por l;>eefteiros de
cavallo. -Seja voffa rnercee de o declarardes.
Drz ElRey , que porque no privillegio nom faz
mençom , que os tirem da vintena do mar,_fe_em
clla fom poíl:os, que manda, que fiquem poftos em a
dita vimena , fe em ella primeiro ~foram efcriptos ,:
1 que ou'veffem õs ditos priv.illegios. 2
1 J
. .
· 1DAs ouvrnAs, -@E V Asco F~RNA!'TDES, ETC. '4'23)·
2. 1TEM. "l'\lguús çram outro fy poíl:QS por gual-
!rliotes na vintena do mar, e fezéram-fe defpois ,m on-
- .teiros e homeés da adiça ' e moedeiras ' e vallado-
j

res, e paífareiros. Compre por voífo ferviço de man-


dardes , fç: taaes como efl:es . feram Ú;ados· da dita
vintena.
D rz E!Rey, que os nom ·tirem da vi~teria, nom
enba rg~ndo bs meftercs, e officios que. aífy tomaram,
pois primeiro for9m poíl:os .
. 3 hEl\1 .. Alguus moíl.ram voífas cartas, ·p er que ·
allegam feos negocios, e os provam per teíl:emunhas,
e m andacles , q'ue [os tirem das vintenas , e ponham
outros em feu l9go ,; e porque oqt;os em feu lqguo hi
nom' ha, que fejam p~ftos 'duvidamos de os tirái:. . .
Drz EIRey ~ que os tirem, ainda que outros hi
nom·haja ' que ponham em .feu logüo. , ,
4 ITE !VI. Em alguús luguares da coíl:a do n)ar, e dos
rios, gualliotes fom coíl:rangidos pelos Concelhos pe-'
ra correrem ,os lobos cada fabado ' norn enbargando;
que fom efcufados dos encarreguos do Concelho•
.Mandade fe í~ro~ dello efcufados. . ~
1 D1z ElRey, que fejam ·eféufados de correr os
.i~bos , fal vo fe te ver.e~ guaad<;>s ,_que entam os ·yaaõ ·
correr com os outros.
' 5. ITEM. Alguús eram poíl:os A.a vintena .do mar .t
e alleg'!-m , que por teerem doos arneífes per con-
thia, que lhes foi achada' que devem: feer tirados da:.
vintena, como fe teveffem. ~avallos·. · ·
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41~ .· Li'v.~o..1P1Hl\iIEt_RO ::t;'rTuLo SEs·sENTA E _N0vi!
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.. · I)rn . EJRe.Y'~. qúe os tirém ·.da viilfen~. .·


~ 6 ·,,.,_Jir.iM. Algu~s -v:in,t aneiros '. por malquerença ",. e. -:
.. • :ir-. '.. ~ - '.. - •

·.rti~a.· ~nf~rrp~çom n,f>riie:lm •; ~ Eii m em efo:t·ipt'o àl~


, , guu~ .}lome:é~.,;ê,~ os po9em na.:s 'Vint~rias·dó- mª-f ;,nom
" :-; ' J -,. • : . ..... • ..{-;_ . .. ' • ··} ...

•.ufandoAe; m,ar~ p.erp de ~-io, n em fow daquelbs peJ-~


11 :fóa$ ·~ · qµ'e ..á vq_Ífa. Hçirdenaçórri ~anda ,p6er r:as viri~­
' ,... J t e11is? os qúae~~ 'f~· agravam~
~ f~- ... ,
· que forri poflos
l
inafüçi,..: ~' ~~'

. ,: ·"·.~.... ·,çfam~nt~. ·Mand.aq.e.'_fe_.ave-rarr. por etlo efoar:mento: _ ,.


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,' :~· ,· : Drz·ElRey, qu~ ? gu.e ·,_pofer.ho1~·ein .i\a'. vinté- ·


[}"i •. '
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zj~ ·maJ!ic.iofdmem~; q~e,ija,, dcarm~bt0, fàbenÔ.9_ 7 fe·
t ; " a -~~r~a~e· corp o foi;..p~fto· ;·«i:~J~?e!:»~.q u~ 1 0 ~1to :yfn~~..: :,_ -.
·' • .. ' 1 '< ... l í: . - • ~ . ~".e~ • f . "'' i". ~
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'. .~· ··· . ·nei,ro _feja ".J>ofto)?1~ . g,~ilLliote': na dita:siht~~a ·;,e yó~ -' :·
· ,:t,zede.: P,tit_r~~V.i11t~D;eü:9 erp feu loguo; ./, -'; ....: ·· " ~ ./
·· 2. L'., i1;fi,'.;:;·4fg:6fí~ ·:fu>}n poftó~, e . norb~a:~~f,p,~los
. vin~àri~ifo&'.'na: . ~in.~ena d9 ~nar; :, dize,ndo'' g\1.~. ': ~f~qi.,,:
d~s ·cóµ:fq~ . coi:itp·e'údas em a voffa Mon:len?:~9~) e. eÍh·;
partf .'~e~fas. ; . ·~ · ~}l\~Jó~.o ~fe ·f~~tt;_~.;'_ poftç>)·, ' agr~~ .
:,vánft({· p,eta·rrre ª~ voíf.ás. j.Ufüç~s. , :s·v.eem:fe ªº~ 1pà: •
.yoff~ f)~f~ rúbargo ·, ie ·.!J1~s rnntamàs coufas ', de qüe -,
elíes . nbni ·llfàm. ;"' e l~ i:xam. ~q_uellas, ' porque forom
poíl:os., e lh~s dam, câry~s:,ft'ajfy. . he', 'pe~'\ as jwfüÇ.a s; ·
que os tirem
~ e ponham 'o utros· em feu logu9 ·, 'npm •
feemfo_ a efho ,ychamad0s os--vintan~il'o!i ' péra - ~Hega-'
·.'·r.e~· .a ra~~m , ré'qu~ ~~ poferom·;·~~-·a$ d,i_t~s vi'nt_~- .. -
' }lf\S• Cin1.r~~ ~ úe. :ma11dedes , que q9}mdo alg u'.tís eíl:o .
alleguúi m; q11-e ·~s vintaneiros· eíl:e{h '.p refantes p~ra · -
:. dare~'. f~.;. d"'e fefa, .e ,g~~ , ÓAnadaI· 1\fo~r._: aj'_i_1 deíl:~ .
".·· coi'lhi~i~entp' . e ' en:.!o'f.ma,çpr\l à' 'pàíl:os: ' t com forom.
,. 1 ~ . MA~

·,

"
DAs DUVIDAS, OJJE V Asco FERNANDES, ETC. 425
MANDA EIRey, que nenhuu do feu Defembar-
guo nom dê carta a nenhuú deftes taaes J perque aja
deíl:o conhecimento nenhuú Corregedor , nem Juiz,
nem Jufüça da terra , mas que lhas dem pera o Ca-
pitam , e que elle os ouça , e livre com feu direito.,
fegundo as Hordenaçooés, que fobre efto foro feitas.
8 ITEM. Alguús forn poftos 'nas vintenas do mar,
e allegam, que fervirom na guerra em campanha de
Johaõ Guallego, e forom regataaês da Corte, e por-
que ufarom do mar, e rio a pefcar, foram. poftos pe-:
los vintaneiros nas vintenas, e elles moftram voffas
cartas, per que os a vedes por efcufados dos encarre-.
~uos dos Concelhos, e agravan-fe ~e ferem poftos
por gualliotes. Mandade como fobre ello façamos.
Drz E!Rey, que os nom tirem da vintena, e os
leixem fiar affy quedas.
9 hEM. Alguús vintancitos dos homees do mar
~e Lixb9a, ·~ de Setuval , e dos outros luguares da
coíl:a ·do mar dantes feitos fezerom fuas vintenas de
vinte , fegundo em a voffa Hordenaçom he con-
theudo ; e porque dcíl:es homeés parte delles fom
mortos , e fogidos da t~rra , as vintenas ficam -min- -
guadfls, Seja voffa merct e de mandar-des fe o refa-
rom de vinte homeés , húas palas outras, [e os vin-
taneiros cada huú per fy nom p~der fazer c-0nprida
de vinte homeés conhecidos.
Drz EIRei, que nom .aja hi vintaneiros, falvo
de vinte homeés, e nom menos., e fe menos tever,
Liv. L Hhh nom
+2'6' LIVRO PRIMEIRO TITULO SES~ENTA E NOVE '

nom feja vintaneiro.; 'r egundo em naifa Hordena,çom


he contheudo.
IO ITEM. Alguús beefieiros d© conto moftram
as beeílas, que nom fom fuas; e outros moftram as
beeítas, que nom fom de receber, e com perfia norri
querem hir ao ' te~reiro, nem querem jugar, nem ti-
ràr com as beeíl:as; e outros teem beeíl:as taro forres,
que as nom podem armar ; e outros as pom podem
aver com-pobreza'. Seja voffa mercee , que mandees ; ·
em todo eífo como for voífa mercee.
Diz EI'R<;y ~ que o Anadal Moor faça fobre ef-
tas coufas como entender por mais feu ferviço, e que
a elles requeirades fobre ello. ," ·
i I ITEM .. Alguús beefieiros feitos , e affinado&:
per m.aaõ dos Concelhos fe veem agravar ~os do vof-
{fo Defembarguo, nom lhe iecontando a verdade , e
levam carta,,fa ajfyhe, peraasjuftiçasdos ·l.u gares,
d.o nde fom moradore.s , pera tirarem inquiriçooés ,.
fem feendo as di~as ·cartas moftradas ao Anadal, nem ·'
fend~ chamados· pera a inquiriçom os Anadees dos.
ditos lugares, donde fom moradores, pera poerem·
confra ellas ha raion1,. porque forom poíl:os por beef-
teiros; pera ferem poftos outros em feu lÜgll_?~ ,Se-
ja voffa mercee mandardes como fe faça ~
MANDA ElRey, que nenhuú do feu Defembar-
guo nom dê carta á nenhuú deíl:es , perque aja deflo;
_çonhicimento nenhum Corregedor, nem Juiz,. r:_em
ju.ftiça da terra,. mas que lhas. dem! pera o Anadal
Moor
'
~AS
..
DUVIDAS, Q.YE VÀsco
..._
f.ER.NAN·D!S, ETC. 427
Moor, que dle os ouça, e livre com feu direiro, fe..
gundo as Hordenaçooés, que fobre eíl:o,fom feitas.
/
~ 12 ITEM. Alguús fom gualliotes, e poftos eJ:l1

vintenas , _e por averem aazo de faire_m das vintenas,


fe fazeftl grumetes, e marinheiros, e provam' por te!-
temunhas que o fom. · .
Drz EIRey, que lhe guardem feu coíl::ume , e os
;ijam por marinheiros, fe forem feitos marinheiros .
·como devem , fegundo he contheudo nas Hordena...
çooês per elle feitas. .
13 I nM • . Alguús marinheiros defpois que affy:
f.om tirados das vintenas, fe lançaõ a pefcar, e nolil
.paffam o mar em cada huum anno_, fegundo ante fa-
ziaõ, quando ·eram gualliotes. ~e (nandaffemos ·fe
taaes, como eíl:es , fe os tornariam aas vintenas, por..,
que nom \Jfam a paffar o mar.
' \
Drz EIRey, que os ajam por mçi.rinheiros.
14 . VAASQ!!O Fernandes, e Joham de Baíl:o. Nós
ElRey yos mandamos muito faudar. Fazemos-vós .,
!aber, que vimos as cartas, que nos enviaíl:es per ra- ·
zom d'alguãs duvidas, que fe vos recrecerom, affy:
em feito d,os Beeíl:e.íros do conto , cqmo dos guallio-
tes, e homeés d'armas J que per noffo mand;ido an-
dades apurando na Comarca de Antre Tejo e Odia-
1na, e no Regno do Algarve, em· qu~ ~os pedis po1·
merce~, que vós rrlandaffemos a _ maneira .._que fobre
ello teveffces, e entendemos bem t<'>do.
15 E Ao que nos envia-fies dizer que alguus eram1 _
Hhh '.2 beef-

)
.p8 LIVRO PRIMEl~O TITULO SESSENTA E NOVE

beefteiros do conto, e eram pera éllo perteencentes,


e fom ora acon.thiados em beeftas de guarrucha; !;
que em a noffa,Hordenaçom he contheudo, que pof-
to que alguús beefteiros do como fej am beefteiros de
guarruéha, e ajam pera ello conthia, que fcjam to-
davia bcefteiros do conto , e nom fejam coíl:ran-
gidos pa~a ferem be.efieiros de g~arrucha; e que al-
guús deíl:es taaes allegam , que lhes feja guardada a
dita. Hordenaçom, ca elles querem ante feer beeítei-
ros do conto, que da guarrucha ; e que vós .teendes
eíl:a maneira quando achades hq conto e numero an-
tiguo per outros, que nom fejam de conthia de beef-'
ta de guarrucha, que deites taaes cornprides o nu-
·mero. E ·que por quanto fe elles agravam defio, que
'Nós mandaífernos como fariades.
A ESTQ mandamos, que fe defpois que efies forem
poílos por beel'l:eiros do conto, fervirom como .beef-
teiros, e lhes defpois foi achada conthia pera _teerem
beeíl:as de guarrucha, nom feJam coíl:rangidos pera
·ferem beeíl:eiros de guarrucha, poíl:o que · para eito
ajam conthia, · e fiquem por beeíleiros do conto, e
fervam como beeíl:eiros do conto; e pôíl:o que vo~
faleçam alguús beeíl:eiios do conto pera encher o nu-
mero antiguo, . vós nom tomedes em nenh ua g uifa
cios beefteiros de guarrucha, mas a vede-os doutros,
<jUe ficarem em cada huú lugar, e feu term0. _
I6 E AO que dizedes, que em alguus luguai:es
alguús homeés fom dados por beefteiros do conto ·pe-
los
DAS .DUVIDAS> Q!.JE V :ASCO FERNANDES >ETC. 429
1
fos Concelhos, e pel0s -coudees em frendo piooés; e
que defpois que a!fy fom beeíl:eiros, allegam que fom
pebres, e trabalham-fe ferem dello efrufados; e qüan-
do veem que d nom podem feer_, alleguam que que-
rem teer beefta de _guarrucha, e delles . cavallo fem _
armas,, nom havendo conthias; e que muitos deíl:es
taaes nom teem caval!os, nem beeíl:as .d e guarfucha·,
e ficam efcufados de todo.
' E Qy ANTO he àos que fe affy fezerom oeefteírcs d'e
guarrutha feendo ·beeíl:e~ros do conto, Nós ja no ca-
pitulo ante defte o declaramos como avedes de fazer;
e quanto he dos que 'vos nova~ente fom dados por
beeíl:eiros, que quer.em- antes· teer per foa,s vont~des
·beeíl:as de guarrucha, ou cavaUos frm armas, poft0
que nom ajam pera ello conthias, vós (azede como vos
j.untedes_com o Coudel, e Efcripvam do luguar,hon.:..

de efto foi> prefente elles digam fe querem teer de
. fuas voontades as ditas .beeílas de guan'u€ha, ·ou. ca.i..
vallos, pofto que npm ájam pera ello as cohthias ; e
.fe di!ferem, que fy, efcrepvam-no a!fy no livro da
c9udellaria pera os coíl:rangere.m·, que as tenham dhi
en diante; e efto rr-eefmo ho efcrepvede vós. em vof-
fo livro, e.affyne-o o dito Coudel , e efcripvàm pe-
ra no-lo vós moílrardes, e Nós pcidermos .defpÓis fa,.
ber fe eíl:es taaes. teem as ditas beeftas de guarrucha-
eom fuas arma~, ou.cavallos fem armas, a:ffy e.orno
fe obriguarom ;' e feendo achado , que teem a dita.
beeíl:à de. g~arrucha com armas, ou cavallos fem ar-
m.as ~
' ~3º LIVRO PRIM'f;IItç.>TITULO SESSENTA l!. NOYJI!

mas , vós nom os coíl:ranguades por beeil:eiros do1


, - -
conto.
17 ITEM. Ao que dizç:es que em effa _Comarca
'd' Ântre T,ej9 e Odíana, e no Alguarve norn fo~ a-
- chados lavradores ,-fa~vo_ os que lflvram continuada-
mente com duas , e tres, e quatro juntas de_bois , e
nom ufam em outra coufa; e que os que fom, lavra.;
dores de uma jup ta -de bois .nom lavram continuada-
mente ; e que em a1guús luguares , porque nom po-
de feer co~prido- o numero dos beeíl:eíros, que hi ha
d'a ver, d'hom'eés femJa:vra 'que por eíl:o' e porq~e
os Concelhos davam por 'beeíl:eiros taaes como eíl:es,.
aa míngua doutros, que và~ os poendes por beeftei-
ros, porqu~ nom lavram continuadamente, nem fom
avudos por lavradores; e que elles fe agravam defto,
e dizem , que porque fom lavradores , . e. teeI? bois,
que os devees de ·tirar do . livro. E ,que por quant_?
eíta c_oufa a vó.s era duvídofa , que vos mandaffemos
como faríades.
N ós A taaes ,_ como eíl:es. , que affy teverem hú~
junta de bois_, e ·ra~rarem com elles, todos os a vemos.
:por lavradores ; e porem vos manda-rn os, que os nom
ponhaaes por beeíl;eiros ; e os 'qué ja poftos fom, que
os tirees, e·_ ponhaaes outros .em f~u loguo, que fej arn
l ..

·perteencentes, fe os no lugar ouver. ·


18 E AO que nos diz er enviafteg, que alguús eram
beeíl-eiros do conto , e que ora porque :Com velhos-, e
mancos, e cegos , e -alleijadas, a taaes~ que i10m_fom
per-

r
UÀs DVVIDAS, Q!TE VAsco FERNANDES, ET e. "131

perteencentes pera' be'eíleiros~ e que per quanto nom


ham a hidade de fetenta annos ·, ficam aos Conce-
lhos; e que elles fe agravam . defto muito, é dizem ,.
que ante· querem feer beefteiros de fuas vcontades >
que ficarem aos Concelhos', pois nom bam ·guallar-
dom do tempo, que ferVirom por beefteifos. E que
ID<J ncbífemos a ~aneira; qúe fe teria em ta~es C0111~
eíl:es.
Nós MANDAMO~,. que faibaaes certamente fe fer-
virom por feos corfos em guerra , ou em armada a:
. Nós, ou aos Reix •. que ante Nós forom ; e fe per ra-
zom de fervirem em as ditas guérras, ou armadas ou-
verom os ditos al!e1jament:os_,.gue ham, que a ·caquel:- ·
les, que em taaes·coufás fervirom, e ouverom os .di- ·
tos alleijamentos,. ou cajo?és fem outra Ç-uvida fejam-
guardados feos pri villeg.ios ,._e aos. outros nom ,. e ·fi-.
quem aos Co;ncelhos.
. 19 ITEM. Ao que dizees ,. qu~ arguús ditos beef-
teiros .do conto dam as maaõs clas agúia.s .aos AlmÚ-
:xarifes, e aas juftiças cm cada· huú anno ,. e que por
qua~to as nom darr:i no mez de Mayo ~ ou por Sam
Joham , nem aos terppos,. q,ue ·p er Nó"S' he mandado_.
que asjufl:iças., e os noffos Almuxarifes lhas. nom
querem tomar; e qúe por efto Lhes nom qt1erem guar-
dar, neil,I fom guardados feos privillegi0s,. e. fervem
com os Conc.elhos aquelle aimo, e que os ditos beef-
teiro~ nos pediam por mercee ,. que lhes ouveifemo,$,
fobre ello remedia.
E.

/
E Nos mandamos , que .e m qualquer t~mpo do
.an,no, que eHes'" derem as ditas maaõs_d'aguias , ·que
lhes .fejam recebidas , e .lhes feja·m g·li.a.Fdados féos
pri.vi.llegios, poíl:o que as nom dem aaqueU.es tem-
pos, qlle pçr n&? fom ailinados : e out.Fo fy manda-
.rn~s, .qu,~às becfte.iros, que forerri feitos novámente,
que ao dia, que affy forem poftos por beeíl:eiros ,ataa
huú anno deru as ditas :maaõs d'aguias , e que ante ,
· d'hull anno nom fejc;i~ pôr ellas conftrangidos. .
20 E AO q,ue nos ·dizer enviaí'tes, que Õs ditos
bee..f1:eiros-fe ' agravam contra PS Concelhos' porque
<.]uando vaõ fervir cpm prefos , ou com dinhei~os,
lhes nom querem dar por feu mantimento por dia a
cada huú ma1s de trinta foldos, que 'íorn cpntheudos
em feos privillegios, qudh.es forom <l~_ados na era de
mil e quatrocentos-e trinta e cinco arrnos, da moe-
da, que entom .corria. E que forre noffa mercee, que
déclaraffemos quanto agor;,l 4viam d'aver .
. ,, Nós M~NDA::-1os, e declaramos que clles ªJªm
cada huú dez libni.s por dia.
2I ITEM. Aó .que .d izees , que os ditos beefieiros
fe agravam , porque os Conce1_b.os m~ndam· ·co~ os
c:linheiros, ou com os prefus tr;es, ou quatro delles .,
e -outros tar;tos de piooês ,_e que defta guifa eram ef-
cufaçlo_s os ,piaaês, 'e ferviam,, elles. E que nos pediam
por mercee, que declaraffemos a quantos :piaa~s ferá

'. da90 huú beefteiro, qua,nd~ a,fiy ouveffem de fervir.


·Nós MANDA Mos .que a tres pi~aés dem hútí beef-
teiro, e afiy multiplic_ando. 22

r ,
\ .

DAS ?UVII>AS, QyE V _ASCO FERNANDES, 'ETC. 433


.2 2 ITEM-. Ao que dizees, que em eífas Comarcas
·forom feitos alguus beefteiros do conto em tempo ,
que nom eram lavradores, e qu~ ora porque fom ja
fav·r adores, e lavram continuadamente com duas, ·e
tres, e qui:ltro juntas de bois ; e allegam qu,e devem
feer efcufados de beefteiros; e que os Concelhos, por-
que nom acham outros mais perteencentes, que nora
lavrem, e vós outro :(i nom achad~s outros pera com:.. -
prir o numern antigo, ·duvidades_de os efcufar. E
que' porem no-lo faziades -a faber pera-Nós manaar- .
mos como fobre ello fariades..
Nós MANDA Mos-vos, que aquelles ,'que affy forem ,
lavradores , que os ti redes de beefteiros; e ponhades
outros em feu loguo, que fejam perteencentes, fe ·QS
hi ou ver; e ~n:i cafo que nom, vós toda via tirade do
Livro os que forem lavradores, como dito he.
23 ·E AO que nos efcrepveíl:es, qt:ie alguus la-
vradores , po~que fabern tirar com beefüis , e as tem
de feu , ·querem feer beefteiros do conto pçr fuas _
v-0ontades, e outros, que o ja eram, vos requerem
que ós nom tiredes.
Nós 'MANDAMos-vos que taaes, como eíl:es, que
affy forem lavradores, e q~iferem feer beefteiros de
fuas V?ntades -, que os tomedes, e ponhades em vof-
fos livros ; e os que ja fororn poftos , que~ os .nom ti-
redes; e poende nos livro~ .como e,lles de fuas vonta ... .
des o quererri feer", e affynem-no per fuás ma_aõs por
clefpois ho nom poderem contradizer. Outro fy fezef..,
Lt'v. L Iii · ·tes-
~í4-3+ ,-Lr~'l~O PllIMEÍRO T!Tl:1LO SE$SENTA E N.OVEr
res b~m por nos .enviardes os beefteiros do conto, e
os home~s ·d'ai:mas, que a~hafies em eífa Comarca
d' Anfre Tejo e Qdiana, ·e do Regno do j\.lgarve. Dan•.
·te ein Santare~ dézé!feis <li.as d' Abril. ElRe.y o map-
dou. Joh,am_A.ífonfo a· fe.z. ' .
· 24_ E Ao que nos mandaftes dizer '· que em al-
guús Julguados, e Comarcas forom feitos beefteiros
na-1~:ra de quatrocentos e trinta e feis annos-, e que
.defies forórr,i. 'Cira por vós efcolhefros .alguús , po.r que .
achaíl:es 1 que eram rnefteiraaes·, e·eram pera ello per-
teencentes ) como quer que lavram com junta de
bois; e que de novo norn achaftes nenhuús; que po-
.deffedes .fazer beefteiros em loguo dos que tiraíl:es '
l"ºr velhos, e nom perteecentes, 'porque fom todos ·
lavradores, e nom ufam de rneft_e r; ·e poíl:Ó que dos
mefteres úfam, que -logo provam , que ufam' In.a'is
1 -

' da lavoira; que dos rnefter.en e que ·por efto-nom .


fezeftes nos ditos J ulguados , e Comarcas beefteiros
de novo ; e que a·quelles , qtie aífy ·ficam, vos reque-1
rem que -os tirees; dizendo' q.·Je fom lavradores; e
que por os dit~s Julguados nom ficarem fem beef-.
t eiros, que duvidades de o .fazer. E que foífe noífa
rnercee de ~os mandarmos como fobre. ello f~redes .;
Vós F lj:ZESTES _b em em leixar no livro eífes, qué
achafres que erarn ;perteenêentes pera beefteiros ) ·~
· m andamos.:vos, que aquelles beeíl:eiros , ,que falleçe-
rem em cada h uu J ulg uado, ou lug ua·r do numei;:0;
antig uo ,_ que...o faça:çies da.q_uelles " q_ue for:exn mais,.
:per...
: )
DAS DUVIDAS )Q!JE VASCO FERNANDES, ETC. 43:5
'
perteencentes , e opverern inefteres , pofto que ufem
da lavoira ; -e efta meefma maneira teende vÕs nos
outros Julguados, e fuguares, éa nom ferá ~oífo fer ..
yiço ficarem fem beefteiros nenhuús. Dante em Lix-
boa a vinte dous dias de D~zembro. ~lRey o man-
dou. Rodrigo Affonço a fez. "
25 -Os QYAAES Alvaraaes, e Cartas, e Hordena- ..
tÇOoés·per Nós vifras, achamos, que eraõ bem hor-
denadas, e por tanto mandamos que fe compram, e
guarde~ , aífy e.orno em dlas he conthéudo. :
26 , Nos o IFANTE fazemos faber a vós Juizes ',
·vereadores, e Procurador, e homeés boas de todas as
.Cidades Villas , .e luguares do Regno d'ElRey meu
·Senhor, que Nós a vemos per certa enformaçom, que
e.m muitos deftes lugúares d@s beefteiros· do conto,
que em cada huú delles ha d'aver, fegtind9 ~ nume-
ro antiguo, nom fom dados, nem compridos por min- . "
gua dos officiaaes ., que foram, e ora foro, e quando
lhos requerem , fe f~'zem em ello muita~ fayorias , e
putras coufas deshordenadas, de que fe o povooA mui:..
.t o agrava, do que a Nós.nom .praz. E veendo, e con-
.Jirarido eíl:as coufas· por os· povoas· ferem relçvados
1de~e encarreguo, e o mtlhor poderem foportar, com
·acordo ~·EIRey me11 Senhor, e fe.u mandado horde~
namos de fazer ora novamente huú numero de todos
os beeíl:eiros, qúe ha daver em cada húa Cidade, Vil-
fa , e lugar dos ditos Regn0s.
2 7. E PARA eíl:o. fe milhar poder fazer mandamos
Iii 2 perJ

~36 LrvRo PRIMEIRO TITu·LO .SESSENTA E Novi

per ante Nós vir Vaafco "Fernandes de Tavora , que


gra _tem c-arreguo defta coufa por- Aftonfo Furtado
·A~adal Moo:, e Armom Botim Escripvam do dito
officio , e vimos ·~ e proveemos com elles os l.ivros ,
- em que fom eferiptos , e cont_heudos todos os beef-
teiros do contà dos Regnos , e em alg_úas Cidades, e
Villas achamos ·os numeras antigos dos beeíl:eiros,,
que aviam-de dar , minguados grande parte delles;
. efcufando-fe defto o dito Vaafco Fernandes , e Ar-
mom BotifI!, que leixavaõ de feer os ditos numero~
conpridos per mingua dos officiaaes, que entom e-
ram, a que os elles reque.riam, e nom lhos davam; e
q.ue eíl:o entencliã porem, que era mais polos na ter-
ra. nom aver, que por lhes. os ditos officiaaes. ferem
n.egrigentes., e lhas nom darem, fe os hi o~vem~.
. '.2 8. E Nos veendo, e coníirando todas eftas cou-
~
fas, poft() que o numero d'ElRey meu Senhor, e
• d'ElRey_Dom Fernando meu Tyo, e d'ElRey Dom
Pedro meu Avoo, cujas Almas DEOS aja, muito
maior.fej a em algúas Cidades , e Villas, e luguares ·;
mandamos, que daqui en _diante hi nom aja mais
beefteiros, nem fejam aífeentados de novo, que aquel-
les , que forn contheudos, e aífe~ntados nos livros ·'
que traz o dito Vaafco Fernand~, é Armom -Botim,
que lhe forom dados por officiaaes , que, forom, e or;i
fom; e que·eíl:es ,. que aífy íom dados, ajaaes anrre
vós cada huús em feus luguares per numero, feglln-
do. ao diante v.aaom declarados q_uantos fom. em cada,
huii.
DAS DUVIDAS' Q}/É VASCO FERNANDES ETC: 43-7

·líuú h1guar ,• feitos fegundo forom dados pelos ditos


officiaa~s , e affinados per elles. ·
29 ·E SHN.DE a~ifados vós _ditos officiaaes ;'ou ou-
tros.quaeesquer, que efio ouvérem de v.eer ·, que co-
mo ,alguú deíl:és beeíl:eiros fallecer, que logo lhes çlees
~utro, gue ponha em feu nome, e feja daquellas pef-
foas, que fe devem de dar ; a fàber, d'homeés man-
ceb~s, e de meíle{·es, affy como çapateirós , alfaya-
tes , carpinteiros, pedrei~os, almocreves> e reguataa.-
ês , e tonoeiros, e d_e quaeefquer outros meíl:eres , ê
fejam cafa-dos, e per (y cafas rnanteverem , pofio que
caíàdos nom fejam, e tom tanto que nom fejam la•
• vradores , que confinuàdamente. lav.rem com huma
junta de bois : em tal guifa, que fenpre continuada.;. ·
.n1ente em cada h_ua das ditas Cidades , Villas , e lu-
guares. qja os beeíl:eiros , e os nu meros delles nom de-
fallecendo, ante fejam bem preíl:es, e aparelhados pe:.
ra ferviço d'ElRey meu Senhor-,. e pera defenfom de
feus· -Regnos. ~

_ .JO · E PERA fe concordarem , e aprovarem os di-

tos ·!J.ú'mero~, mandamos ao dito Vaafco Fernandes, ,


e Armom Botim, que fe vaão per todas as Comar-
cas , pera faze_rem cnm prir os que minguarerrf, fe-
gundo fom ~fcriptos em feus livros , e pera fazerem
tirar alguús , quê per velhice ; ou neceffida.des nom
poderem fervi.r., e lhes dardes outros em feus nomes,.
fegundo ' éfto mais . compridamente he contheudo em
outro Regimento, que levam. E o numero.dós beef.;.
tei ....
. (

- ~3s_·__- LIVROP:RIMEIROTITULO SESSENTA E N?v··,;i

·teiros, qu~ em cada huúa das ditas Cidades, Villas, e


l~guar~s ha-d'aver, fom eíl:es, qu~ fe feguern.

·· · Ejles fom os, 'f_,uguares da Comarca d'An:re Cfijo t .


- . ·Odiana, em que ha d' aver ejles bêefleiros'do conto,
Jegundo .
hé hor.denado.
. ·

g//.._7 ..
'

-
ITEM. Setuval ha, Verde 12
d'aver...... " 65 ITEM.
. En
- Alvallade. 12
' ///J hEM. Alcacer. ·. . . . 30
!TEM.' Santiago de ,
ITEM. Em Aljuftre . . · I o
.. ITEM. Em Guar . .- . 18
l!?Jí ' .
' Cacem.. . . . 20 ITEM. En Almodaver. l I
31Z . ,b EM. Sines. , . . . . 10 ITEM. Beja de numero 80 •
ÚdS- ·ITEM. Odomira.. ~ . 12 ITEM. Serpa • .. . . 3 ~
ITEM. Aljazur. ... . . ro !TEM. Em Moura 1o'
·{J;TE·M. Lagos : .... 25 ITEM. Mourom. · . ·. 10
' 1 .
;];·TEM. Silves ...... 30 ITEM. Olivença . ·. : 4©
ITEM. A Albofeira • '. 10 ITEM. ~m Elvas . . 80
Í T.EM. Em Loul~ '. 20 !TEM. Campo Maior 20
_ .l uM. Em Faairom . 30 ITEM'. Em Ougella . ·. 2
'' ,h ÉM. Tavira . .: .. 30 ITEM. Em Arronches 2 s
ITEM. Clafto ·M arim. l 6 · hEM. En Allegrete .. 8
ITEM. Alcoutim . ; 20 ITEM. Em Portalegre J~
!TEM. Mertollà . ,i . 40 ITEM. Em Marvom . 25
ITEM. Em Ourique . l 8 ·ITEM. Caíl:el da Vlde 20
]TEM. Em Meífajana .I 2 ITEM. Em Nifa .•• 2$
hEM. Em Ferrára . 12 ITEM.NaVimieira • 6
l TEM. Em Crníto hEM. No Crato .. ~ ·20
Alo ·
.. ~
.,._
DAS DUVIDAS ' Q!!E- V ASCO FERNANDES ETC • . 439 .
hEM.,Alter do Chaaõ. 8 ITEM. As Alcaçovas • 10
lrEM. Em Avis . . • 30 ITEM. Viana de- par
lrEM. O Cano, •. ·• • I 2 d'Evora . . •
12
ITEM. Soufel . . . . 25 ITEM, Arrayolos. : · 15
h ,E M. Em Fronteira. ·20 !TEM. O Torram . . 1 g·
ITEM. Cabeça daVide. 1 8 h .H1. Alvito . . . . l 2.
ITEM. Monforte . . 25 1TEM. A Cidade de
!TEM. Em Vieiras . ,:_ 16 Evora . . . lOO.
hEfyf._Villa Viçozà • 30_ !TEM. Monte Moor 30
!TEM. No Landro~l . 1 2 !TEM. Almadaã 60
hur. Borba . . . • 20 ITEM. Zezimbra . . 20
!TEM. Eíl:remoz .· • 40 ITEM. Palmella •.• 25
!;'EM. :o Vimieiro . · l 5 h ,EM. Couna . . . • 13
}TEM. Evora Monte ._ 24. ITEM. O Lavradio . . 2 8
ITEM. O Redondo •. l 2. ITEM. Alhos Vedras __ 16

I T~M. M oníàraz : ·.. 30 ITEM:. Aldea Guale..:


ITEM. E m Portel . . 2 5 gua •. .· . .. 12 ·~
h .EM. Na Vidigueira. lO ITEM. P}. Povoa à~
ITEM. VjJla Rui và • • S Montigo . . • 8
I l'EM: Villa NÓva . . I2 -1TEM. Alcouchete .: •. 26

ITEM. Lixboa .• . . 300 ITEM .. A Arru da~ 26


}TEM, Cafcaaes 20 !TEM •. Vi lia Franca
}TÉM. Sintra . 20 e Caíl:inheira
l_TEM.Cqllares • .. IO · eP~voos .• 15 ,.
h .E .\ll, Chilheiros. 7 lTEM • • A Aza!:hbuja. 10.
-~-r-7-
,;~.
· hE:t.{._
- .f/ ·-
440 LIVRO PRIMEIRO Tr,TuLo SESSENTA E NOVE

ITEM. AllanqLLer . . 25 lTEM. Parcos . . • . I


!TEM • .AldêaGualle-· ITEM. AI vaiazer . . 5
ltç~~ gua de Mar- ITEM. O Julguac;io de
JtJ 3 ciana . . ·· . r 5 Maçaãs . 3
//ift ITEM. Torres Vedras 50 hui. O Anel . I
f"/ hEM. A Lourinhaã. 10 ITEM. A Regoa

27::
J:/1-1
I TE ivr. A Atougui~
hEM. Obidos . . . 23
15 lTEM•Penella .

!TEM. 0 Rabaçal .
ITEM. O Cadaval . . 7' ITEM. Miranda do
ITEM, O Couto d'Ai- numero • . • 8
cobaça . . . ·. 28 ITEM. Podentes . . 2
hEM. Porto -de Moos 15 lTE M. Pena Cova: . • .7
·ITEM. Leirea . . • 40 lrEJ.YI. Coimbra . . 100
ITEM. Villa Nova !TEM. Monte Mqor
d'anços . 2 o Velho . • 39 .
·'
ITEM. Soure . 20 ITEM. Buarcos • . 5
·ITEM. A Egua 4 ITEM. A Aveiro . 13 _
ITEM. A Radinha . • 5 ITEM. Çantanhede . IO
!TEM. Pombal de · ITEM'.. Avellaãs de
numero . . • 12 . Caminha . • · 11>
I'l'EM. Torres Vedras ITEM. Agueda, e

numero .. • • 30 ·Vo~gua . . • . 2
ITEM.' Alcanede_. e ITEM. A Arrifana de
Pernes . . . . I 5 Santa Maria . r J
ITEM. Santarem •. ·roo ITEM.' Villa Nova de
ITEM. Abrantes e ·. Gaya de nu- _.
Punhete ~ •· . 30 mero 15

<" .
.~

. _,!
DAS DUVIDAS J QYE VASCO FERNAN:OES ETC. 44!

Dos lmfleiros. d' A11tre Doiro e Minho. .

ITEM. A Cidade do Ponte de Li-


"
!TEM.

Porto . .. '. . 40 ma . .. .•. . . 30


h.EM. o Julguado de ITEM. O Julguado de 21/
Bouças . , . , I 2 Nouregua,, e
/5(c
hEM. O Julgua~o de Ponte da Barca . .9
-· Zurara . . . . . 5 ~TEM. Mon~om .. . ~ 14
6 g'_,
',. )/
l;EM. O Julguado da Í'rEM. Melguaço. _3 . ~
·1.Maya .._.·· . 7 !TEM. Vallença de ;~9 o
!TEM. D Ju!.guado de . numero . . 16
Ráfoyos .• ~ 2 !TEM. O Julguado. de ·
!TEM. O Julgúado Villa Nova , e •
d'Aguía, e de de Cerveira . . 6
.· Soufa ~· . • . 9· . ITEM. Caminha . 9
ITEM. O Julguado de ITEM. Viana . . 8
· ' Periafiel . ~ . ' 24 ITEM. Baréellos . • 19
!TEM. Ga·imarciâés . 100__ ITEM. Penafiel de
1

ITEM. A Loufada . 1i4 . Bâíl'.o . _• . . .. ' 5-


-: ITEM.' Montekmgo . 6 !TEM. O Julgúad·o de
!TEM. Lanhofo .• ~ . 3 NGiva'.' . . " . 1
!TEM. Vieira ' : . . . 4 hy:M. O JulgLiado de
ITEM. O Julguado_, de Faria e Rates ·• 33
Soajo. . . . . 3 hEM. O Julguado de
ITEM~ A Cidàde de Vermoim e Vil-
Bragaa. 50 la No~/a de Fa- :
!TEM. O Julguado do millicom .• . 21
Porto. 12 hEM. O Jt!lguado de
Dv.I. ·_]?/ Kkk Bar~

., /80

';'
. ' ' "
'.
•·
, ,.,
442 LIVRO, PRIMEIRO ,TITULO SESSENT,A E NOVE: !
, . I •, ~ i .··' f ~' ..., •· ··.\. ,' • ,_ 1 ' _,- --; ~
· Bai:remqe ,.. ~ ·· . - 6 · hEM. O Julguado de
• 4 " ' • . . •• ' •
ITEM'. Villa de Conde · · Sanfa Cfuz • · • 4
é a 'Po.vóa ·~ • l r '. I<r~ ~~ Cíthavefes .. ·~ ·19'·.
l:Í'!' M. Amarante ;· . . Ir.Ji.. i;E ·~~ Ce~ollico
' .~ '( ' '
de . l .
·.
hEM. Porto Caç-reirt>' 15 Bafto. . ; -; . ..~ 17:
'l ·h~ .:j\ J-J,:90,ra 1
" _Jr~!IÍ. Cabeceiras de
d "Unhom ; • ,. •' 8 '· :J '- •, Bail o ' •., ••• ·,. u ,.
lTE~r'. Felgut;iraS, -~ ~ . I'j.".'. ., .... :.: - .: · "~· fj
, " ·"< • . _-:- 6S . . . ~.
Dqs. beeflâros ·d0: Conto· da . Co1narca de .'rra!la'$,
• \• ;s

•. . . Montes. · •. < 1 .~" ~


. ~· ' ,_. ·/· .. '~· ~
lrua., O Co.uto de , , ~.. · L0or-deíl,0 ·.• • 3i
Çqüe~ . . ... '· ;,.4 · 'I~:E 'M. O Cm,ifo d;ç Pa-
{.rE:~ · Q ,j'ulgH~do· cl.é . ,.: .. • - rada. ~ Pi~h{. 2
. S.ufüaaés ..•. • 4~ lTE:M. O Julgtiado de ·
.. .h:EM, O Ju'lgl!~do de . · · ',
' .·Favayos. ·• . • 5 ~
< • " GO~ v.ea -. . • 5- · ·I TE;: +iÍ!~ Real • ·. . 10·.
.. hE.M.• O Julguado do - ~TEM/ Q Ju.lg1J:'!:,d0: de .. •· .
Pefo, • . ·. . . 6 n · . Pena·
1 - '
•5. >·: . '. . ·
lT'EM. CaneHas ,. •• . 7 1TEM •. O Jlilguado _ de
lJ;'EM. O JH!gu'.a do de Grãde l?e.11:<1; • i3
· Geeíl'acfo • ·. • '.3 · I n .M. Mónté' .~J~gre,
ITEM. O .Julgu.ado da ./'.. ·,,,__e Bi.rrofo • • 20
-\ Teixeira • . 2 ·lTJ'~f. Terra de .
b~M. Mqndim . . . , 4 ·- C'hav:es ·•· •. J 30
ITEM. ·Pena G~àiã 12 . lrEu. Monforte e Rio · ·
ITEM~ q Co.uto de- livre .• . . . r o
' ~
. - ... ... //S
.•: ' • 'I: ~

DA,s nuvm:As, Q11E V A~co. FE.RN ANDES •


nc,.
• ,l
443

ITEM. O Julg'uado de bo6 pofto . . ,' 2 .


.MurÇa . . : . ú~ TtE M f reixo <l'Efpa-
ITEM. Lamas d' OrÍ- d~cinta .... . -. 10
lhom . . • . 2 . .
!TE~r. Ca_fiel de Mooê:s 2
r ITEM. Mirandella . A-Torre de
7 ITEM.
!TEM,~ O Couto .d e . .• l\1ç:·@cõrv~ ~ • 2.o
Breuro . .. . : 2 !TEM. O Julg.u ado de
lTEM. O Julguaçio de Chacim . ~ . . r
.\ Sefulfe · · . · . 3 ITEM. ·o Julgua.çio do
(
!T~M. O Julg,
uado de . l\:1ogyad0iro . 2 5
Val de Paços 3 ITEM.•O Julguado da
ITEM. A'Terra de A)fandega . ·. ·ío
.Lo.b~ ... : : .. . 4 !TEM. :V:,1!la frol _. .. . , 20. .,
1:1'EM~ O Julguado ·de · ··, ~TEM. O .Julguado de ,_'..
. Val.Paaços·_ : . .'J Villarinho
<'
. . ·. 20
!TEM. Bragança .de ITEM. O Julg1iado·dé
numtt.ro . . . 30 ·" Fi;eixinal e
JTBM. Ü . julgu~do de' ~ '. Vi!la bóa de
11

t. Caftel Vi- nµmero ·.• ·. 2


nhaaes . . . . .2·5 ITEM. O Julguado .

·- .
!TEM. '
De·Muniofo .. 4 d'.Anciaaés .. 2 5
, ITEM • .O Julguaclo de
•\

-'l~tJ-
])os hee.fieiros do conto da Comarca da Beira. '

ITEM.· O Julg uad.o de ITEM. O Julguado. da


Nomon de nu- ,., PQvoa. 4
mero ; I2
Kkk 2 ITEM.
··,

ITEM. O Julguado de ITEM. O Julguado de


Paredes: . . I TranquofÓ. ·. ·1 8
J
lTE M. · O u_lguado de ITEM. O Julguado de
Cadtiy . . · . . 2 · MoreÍra·. . .
!TEM.· O Julguado dé ITEM . . Ennacho, e do
Panade de nu- . Guarguai. . . ' I 3 ~
mero. 3 . ITEM. O Cout9 de·Leo-
ITEM. Ri0 d'Adaaés. 3 myl com feus
ITEM. O Julguado de Jlilguados. . 4Ó
Travaços .. ·. 4 !TEM. O Couto çle . .;
InM. Sam Joham da . Lônçares ... - 8
· Pefqueira . . : IS !TEM. O Julguado
lTE--M. Ranhades ... •· 3 "· d' Aguiar da.
- ITEM ~ MariaAal'vcJ.. 14 'e- Beira. I 5'
1.TEM: Naclofo . . . · 3 ITEM. O JL!lguado d~
lT.EM •. Ç> ·Julguado da- Figueiró . . . 3,
· M.éda. . . . IO - ITEM. O Julgu~do de
!TE~. O Julguado de Fornos da c~bo
:. Md:egatá. ·. 10 d'Algozes . .
I TEM. O_Julgua~o de !TEM. 0 Julguado
Lagovino:· . 3 d' Algozes. _. 4
ITEM. Caíl:el Rodrigo ITEM. ·o Julguado de
'de numero. . 20 Caíl:el de Li-
Caíl:el Melhor, nháaes nu- ·
e Almedra . . 8 mero. . . . 30
ITEM. o Julguado de r ITEM. A Cidade da -

-
Pinhel •• ·• • 30 Guarda .• _.

'~- -
DAS, DUVTDAS; Q!J'E VASCO FERNA_NDES ET C. 4 45:
.
!TEM. O Julguadó de ITEM. O Julguadà do
Belmonte. Ladaairo . . . z
ITEM. O Julguado de I TE·M. Ó Julguado d e
Vallelhas. .·3 9 Merool. . . .
ITEM. Penna Maior. 32 !TEM. · O Julguado de
ITEM. O Sabugual. 25 Felgofinh~~ . 3
ITEM. O Julguado !TEM~ · Taavares .. ~ 3
d' AJfayates.. 4 ITEM. Rio de .Moi- '
ITEM. Covilhaã de nu- nhos . . • . . 3
. mero. . .. . 30 ITEM. O Julguado de
ITEM. O J ulguado de · Çatom . • . . 4
~1anteiguas . . '6 !TEM. Gulfar. . . 5-
·ITEM. O Julguado de , I TE-M. A HonrCJ. _, do
Santa Cru~ .. I Silvaaõ . . . .
ITEM. Mortaaugua. l) l ,TEM. O Julguacfo de
ITEM. O·Cou.to de Carapito ..• . ,- r
· Guardom .. , 4 ITEM. O )ulguado de
" ITEM. Terra de Beef- .F erreira. . . r o
teiros . . . . 10 !TEM. LafoO"és. . . 30.
_ JTEM. A Cidade de ÍTEM. O Julguado
VifeÜ de nu- d'Ulveira .. 7
m~ro. 30' lTEM. O Julguado de
ITEM,. O JulgHado de Canes de
Raiahados. . r 7 Vifco. . . . 3'
ITEM. Sa~ta Oyaya. 3 ITEM. O J~lguado da
1TEM. Povga de. . . 3 Gurra. . . . I
ITEM. · Zurara. . . . IO . lpM. O Jülguado de
ITEM. Penalva de nu:. ' fürriaõ. . . • 3
:mero.~ . . • . 10 d ' ITEM

' '· }4f: .


. \,

446 LIVRO PRIMEIRO TITuLO·Si;;ssENTA E N-ov~ .


./ .
ITEM. Crafto-dairo. · 6 .. ITEM. O Julguad-0 de
~TEM. A Cidade de ,Sam Fyz. . . ·S
, Lumego. . • 26 !TEM. O Julgu•tdo de
ITEM., l\1ondin,i. . . .· 8 . Tavorà. . . .
h 'Ervi. Tarouca. . . · ·16 . l:rEM .. O Couto do
!TEM. O Couto de .Mofteiro de
Sande. . •.·'. . 4· Cerzeda. '. . 5'
1TE lv1. Val.d,i gem. ·.. 4 1TEM. · O Mofteiro 1.
de
l1'EM. Fontallo. . • 4 Sam Pedro çfas
ITEM. Teonomar. . 10 Aguias. . . . 2
hEM. ViJla Seca. . 2 I TE cyr. Q Julguado . de
ITEM. O Julguado de Paradella. . 1
Nengds: . .' 12 hnr. d Julgúado. de
· lnM. O Jülgúado de . Cuia. . . . 12
Cantaaés.. . 4 ITEM. O Julguado de
lpM., O Julguado_de Fonte Arca-
Ferreiros .. : .· ' 4 da; . • . . I2
1TE M. A Honra de In,M. 0 Julguado «!e
1 Voças~ . . . 2 Meedello. ·• 3
hÉM. o Couro file ITEM. O . Mofteiro

)'
Reefende ... 4 d 1A:rouca.· • I I
ITEM-. O Julguado de l TEM. Ü JuJt5U<\d'? d~
Cinfaaês . . . 4 Bargo. · . .
~TEM; Q Ju!guad·o de l::PEM, A Loufàã. .
S:u n . Martinho faEM: A PavÍft,
. ./
de Mouros., 3 e Sobrado. 6
hE.M. O Julguado
.
l TEM. F~gue1ro. ·'- 10
-d'Alvaren..
gua. • . • ~ -~. ; r

·--rr
·JTEM.
\

pAs DUVIDAS, Q!!E V Asco FERNANDES ETC. 447 /J~A/


flj,
ITEM. O Pedrogom. d'Oleiro .•• 4
de numero •• 16
~t
!TEM. O J ulguado da
ITEM. Breteande. . 5 SartaL. . IO
//J
..
2' .t;r
~tJ
ITEM. Arguanil. 9 ITEM· As Cerze-
ITEM. Cirpins. . . 4 das. ; . . . , IG
ITEM. Poonbciro. . 2 -ITEM. Caftel-br~nco. 30 /!1
/bi-
}TEM. Pampillofa .• · 6 ITEM. Sam Vicente
,---
ln::r..i. O JulgLJado
d' Aveiro .•• 6 ITEM.
da Beira .. .. 18
Cazal novo .• 10
1 6,,t
ITEM. O Julguado lnM • .A Cortiçada. 10 -
12
31 NosJ o IFANTE fazemos faber a vós Vaafco
Fernandes de Tavora., _que ora teendes carreguo .da
Anadaría Moor por Affonfo Furtado Anadel Moor,
·e Armom Botim Efcripvam,do dito officio, ql!e Nos
a vemos por certa enformaçom , que os beefteiros ,
que nos fom dados pelos Officiaaes das Cidades , e
Villas, e Lugµares, que alguús delles fom mortos, e
outros fogidos , e outros ,adoorados de taaes neceffi-
dades, que nom poélei:am fervir quãdo fore.m requi-
·ridos , polas quaaes razooés muitos dos que vos fom
dados, e efcriptos em voífos livros , foro fallecidos ,
e os. nom .ha hi : e veendo Nós , e confirando efla '-
coufa, hordenamos que fe corregeífe, e enmendaffe
em outra guifa , como compre a fcrviço d'EIRey
meu Senhor; e por bem, e defenfom ne fcus Regnos
acoràamos de ves manàarmos per todo feu Senhor·o
aos Luguares, honde beeíl::ciros de conto ha , e Ana-
da- '

\
'
448 LIVRO PRIMEIRO TITULO SESSENTA E NOVB

. darias,- pera às pr~vee1:des toda$ corno fiam com à~


Officiaa€s dos Concelhos, e fazer acrecentar os que
mingü<J.rern) e t~rar os que rertce,l icentes nom forem J
e poei: outros em feu lugar , fegundo ao diant.e etn
eíl:e ·Regimento vos ferá dedarndo mais comprida-·
mente. Porem vos mãdamos, qué ao tempo, que vos
per Nós he aífynado, vós trabalhaae, que partaaes lo-
go, ç, vaades fazer , e conprir o que per eíl:c Regi-
. '\
mento mandamos, que.fe fap _fem outro embargo,
que fobre ello ponhaaes. .
32 Col\10 cheguardes a cada húa das Cidades, e
Nillas , e Luguares , -ante que faça~es .req uirime:nto
aos Jt!iies, averees e1:1formaçom corn.prida pelo Ana-
,da'l) que for na a ·i ta Cidade J Villa, d.U Luguar J em
. que ponto tem fua Anadaria; e fe a tem comprida
pos beeíl:eiros, que deve a ver em ella; e fe alguus fal.
lecem, íe he por mortes, ou-por fogirem , _o.H por fe-
. rem adoora<'los , e averen;i tantas neceffidades, per
que devam de feer fóra de taaes encarregas, e póftos
outros em feu nome': e eífo meefmo faberedes delle,
que a fóra eítes, que lhe aíl} fallecem ,- os mais, que
·lhe fiquem como e.ftaõ preftes ,-e corrigidos pera fer-
viço d'ElRey meu Senhor. E avuda compridam~nte
efh enformaçom, logo em effe dia , ou €m outro fe_
guinte faree _s faber ao_11 J uizes , e Ô~ciaaes corno
fooes hi cheguados per noílo mandado pera lhes di-
zerdes, e requererdes algúas coufas por ferviço do di-
to Senhor , e nolfo ;. e por bem , e defenfom deíf.'l.
- Ci-
.DAS DUVIDAS, QYE V .ASCO FERNANDES ETC. 4{9 J
Cida·de, Villa ·, cm Luguar ; · e que lhes praza çle fe
ajuntarem na Camara do Concelho deífa .Cidade ,
Villa, ou Luguar, hu lhes ajaaes de dizer eftas, cou-
fas, e fazer os ditos. requjrimentos ·: e ~iles ditbs Of-
fkiaaes aífy juntos , e o EforipYaõ da Anadaria com
0

elles, e-0utro nenhum nom ' entom lhes direes o que


fe fegur.. · . .
33 . HoMENS boo'S-J o ffente nef!o Senhor avendo enfor:..
mà9Ôm, e noticzácerta: qu( muito'S dos .beefleiros ; que_ em
e.fia Cidade , Villa , o,u Lug~:i.i- ha,_, e qJfy per todas as
outrás Comarcas dejles_Regnos , fom fallidos, e minguados
dos que vós, e o's outros Concelhos teem q~dos , declaran-
do-lhes mais compr:idamente as razooés .fq(o efcri--
ptas, porque affy fallêcem, e entendendo-o por j&rviç~
d' ElRey feu Padre, ·f: por bem* e deferifom de .feus Regnot,
acordou de ferem per·vijlas todas as A nadarias d~ · Reg~o
como _de novo~ e _nos mandou aaquelle lugu.ar, e af!y geeral:.
.mente a todol~s outro'S, pera preveer-des, e faberdes. os dt- .
tos beéjfei;os, -q~e minguam dos que.·vos ·teem dados: e fa .
alguns fallecerem por qualquer gl.tifa que jeja, pera em je11,
nome pqerdes outros tanfos, ante que dhi partaaes, e vos com-
prirem' aquelle numero dos que vos te~m dados, e mais nom.
34 D1cTAS eíl:as razooês, entom ll~e darees a en-
formaçom ,_que teendes do A~adal do dito luguar,
d_efpois que chegaíl:es , de quantos forn mortos ., e
quaees fçgidos , e os outros , que teem algúa neceffi-
dade pera os a-verem de. t--i.rar. Potem qu~ vófi avees de
fazer allardo com elle~ todos , por mais verdadeira-
L_iv. L . Lll . men-

'.
Lrvio
- .PRIMEIRO T1T.ULO' SESSENTA E,;;: Novi

mente.faberdes fe fre affy, como .v.os he ·dito pelo A-


nadal ; é. des y por faberdes como fom prefl:es, e cor-
regidos de fuas beeftas, e cimos, ·e po'llees: e por elles
faberem ·fe J'i.e affy com~ vo~ he clit? mais verdadei-
ramemé, lhe. requeree da noffa parte, que elles ditos
, · Officfaaes íl:em de~pr~fe~te ao~ allardos, oo qual al-
- lard,à affinaai .o dia razoado, a que fe, poffam juntar os
-iJceíl:eiros.
3 5 -E Q!!ANDO alfardo fezerdés, em elle fr faça lo-
go per vó~ huú roo!, ~pelos Officiaae~ outro daqu~l­
les) que fallecem) deçlarando. os mortos: e os fogidos,
e os.que. teem nec;:czffidades, perque devam feer e,fcu-
fados de tal encarreguo., e poer outros em fêu nome:
e acabadd eíl:o, 'vqs affinerri diá cedo, á que vo.s ha-
jam de dà-r., e moíl:rar_, os . ql!_e vos affy em nome dos
l 1eefü:;jros, ·que tiiarom, e minguaram hail) de dar:. e
efte.efpaço, que v;s poferem, ~ .que maior for feja
ataa tres dias-; e .efto feja nos luguares princi paaes , e
J;!.Os outros, que mai~ pequenos .forem,'·ataa hum dia
0

vu d0us dias. .
36 !TEM. No d~to·allardo verees logo os beeíl:ei~
rns, que ficam.,.czomo forp preíl:es, e Gorregidos ;_e
fe acha'r;des, que alguiis delles nom te~m taa.es l;>eef-
"'-- tas~ que fejam de .receber, faberees d~ feu Anadal fe.
0

lho requereo, e lhe affinou termo a. que vieffem ~~m


ellas; ~ fe lhe, deu terrr1o de íeis fomanas , qµe .elles
ham d'aver-pera as- bufcar~m, e parecerem com ' el-
hs em allardo i é elle he já paffado) e mqito mais) e
.nom
-,

. "
nom ·ouve ~beefta nem a quiz tee'r, mandade logo aa
dito feu Anad~L qne prefente vós , tome fQg0 tam:os.
de feus beês, ·e os venda, perque fe ·poffa ~ver húa
beeíla, que fej;i bda, ra~oada , e recehondã , fegundo .
, ;... I ,;

a·,~elle deve teer·, e.lha_lançaae em càfa. '


37 ITEM. Se ouverdes .enfórmâçom. que o dito.
Anadal :(abia que alguús .dos· ?itoi beefteiros oom ti-
nhaõ as ditas beeftas, e cintos , -~ pofees .; e os nom
coftrangiam) nem requeriam que, as b~f~affem, e te- . .
veffem, e po-r rogos, oµ pe.iras, ou am,iz:;tdes lhe eram .
favoravees, ·e os leixavam affy eftar, mandamo~vos, /
que tal Anadal como efie tirees logo, e o_privees do
dJ to Officio, e que per feus beês fe comprem beeílas.
que feJam boas , e· recebondas, e Je dem aaquelles
beeíl:eiros , que as per fuas favorezas nom tinham, e
·Ieixav:am de "teer ~os tempos, que deyiam. _
3 8 lnM. ~apdo fordes aa Cam~ra· ::i.o tempo,
. ' -.
que ·vos·for affinado pelos Officiaaes, a que vos a viam '
)

Çe dar os beefteiros pol0s mortos , e fogidos , e QS ou-


tros,: que fe devam de tirar por fua~ n~"ceffidades, fe-
rees avifados ,-de os · fazer vi.r perante vós , e ve_erdes;
fe~s corpos; e hid_ades ; e fe vos taaes parecerem , e_; >
que fom perteencentes aquelles,. que vos a1Ty derem_.
tomallos-edes ~ com tanto que fejam çapatejros , e
ferreiros, alfaya.tes., e pedreiros, e car:pinteiros, e_ou-
tros qúaefquer 'mefteiraaes, que fejam cafados ; e fe
deftes
.
nom poderem . ' aver, dem-vollos·. de hfaceiros
...
.que .fejam cafados, e arreiguados; e quand_o .deftes
Lll' 2 taaes ·
/
4S2 ÉIVRÓ PRIMEI,RO TITULO SESSENTA E NOVE

taaes nôrnachar.des ·, e hi 'ouveralguusmancebos -na


t'err~ , que faibam tirar com beeíl:a , ou geitofbs pera
ell<>, poíl:o que nom ajam mdler, requeree aos Juizes
que vo-los dem J com tanto que nom feja lavrador J
que contírruadatnente lavre com junta de bois·, e a
EIRey meu Senhor pagua juguada, ou oitavo: 'e e[-
tes, que vos affy derem, e·àprefentarem os ditos Of-
, ficiaaes , far~es a.fieentar em o voí19 livro novo, que
fa.-rees em cada hum luguar:
39 !TEM. Direcs aos ditos Officiaaes que aquellas ..
peffoas, que vós perà eíl:o derem, fejam boos, ido-
m~os, e perteencentes, e taaes, que quando os EIRey-
ltleu S~nh9r ouve: mefte~ pe;a·feu ferviço, que fejam
·pr'effes; e fe naõ movaõ a dar ot1tras pe1foas, que taa-
ds nom fi;jàm por mal queren_ça, e maa voontade , _
- qüe Jhes . tenhài;n J e -por lhes fazer em ello. erro J e\
maas obras ; e qu-e fejam certos., que quando o a:ffy
fezerem, e· lhes pr:ovado·for, que lpo paguarom per
·feus beés em tal g'u ifa, que elles o fentam bem em
fuas fàzeridas .
. "1º E E~TEs iequerimeqt-ps farees em · todalas Ci-
dades, Vi'llas ~ e L~guares do Senhorio d'E lRey-rneu-
Senh<?r, e nas terras dos Ifantes , e _Conde Dorn Af.:..
fanfo meus ' Irrr:iaãos, e Conde-eíl:abre', e affy geeral•
mente em todas as outras; e fe-pe.r-avia_rnento em al-
guús Lug uares fe nom poder comprir o nume_ro. da-
~uell es, qu ~ vos agora teem ~fados, demandar-lhos-~es
ql!~Ildo noífo recado ou verdes ~- em nas , terras da$
' Hor.·•
.
'

. '
' DAS DUVIDAS, QYE ' VA'sco FERNANDES :BT,C.
' 453
Hordeés,, e primeiro nos farees faber · c;1ua~t.os fom os
'que .minguam em cada h~um I:ug~iar.
_. 41 '- I TEJ',1: Dire.es 'aos Offic;i.aaes da nõ,!fa part~,
- que os que elles mandarem ch'~mir aas Camàras pe-
ra vo..: los moftrarem , e darem por ·beefteiros-, e: elles
nom quiferem v}r .ao tempo, q!:le lh~s for _affinado, e
fe fazerem :r,evees, que elles vo~los p~dem ;dar- por
beefl:eiros, fe os elles antre fy ham por taaes , que fom
pera elÍo i-doneos, e perteenceQtes; e fe vÓ-los derem,
ailinen;i-vo~lo afiy- p~r. (uas ·maaõs em off9~ Üvres, e
elles, nem vós ttom os tirees por retados-, qúé vejaa-
es d'f-!Rey meu Senha~, ou rloffo, falvo fe vos log'?._
.c om eHes .fezer meêçom, que os tire'e s, poftó _que fof-
fem revees qu~ndó forom ~ha,piàd9s. -, . .
42 ÜuTRO sY porq4e avemos per certa .ihforrpa..: -
Çom, qu~ qú~do ~sJuizes,· e Officiá~es ~~m de apu.
rar,erles beefteir_os·,·e os.dar,, que os Ca valleiros, e Ef-
c·udeirós·, e outràs podei-ofos ·fe. ~-a~ô pera: ~l~es pera
os ràrvar , e fazer.efcufar aquelles; ~~que elles teem
carreguo, fazend9-lhes poer o,utr?s" -que .nom devern
feer poílos, por efcufarem os feus, o ' que a ,Nós nom . ,
- praz _,.e o a vemos-por mál feito i p0rem mandàrnos ,
que da.q ui en di<inte quªndo fe ,ou verem. de dá~· os
diétos ·beefl:eiros, e.: fazer de novo, q;1e nom ftem, <t
ello prefentes,. fal vo .os <lidos Officiaaes , a qll~ eíl:o
perteence, e vós Vaafquo Fernandes , e Armam Bo:;
- tim, : e_fe alguús dos fobreditàs ;y1erem :, e quifer~~
B:.af hi ~ requeirarn~lh~ os Juiie~ -dei .poifi parte, qv~
. . -. . - • . . . . fe. -
'. . . '
....... • • .. J

454 LrvRo PRIMEnioTITuLOSEssENTA NO~E


.
E
,,
fe fay.a.m fora '; e fé Q fazer nom quiferem·, vos peraIJ-
, te. ~lles nom façades nada , e le~xaay de poer em ello
, por êntom maaõ' como 'dito he; e os qitos Jüize> ·.
mandem pe!lhorar aqu_elle, per cujo aazo cíl:o leixam
de faz·e r, e lhe ·t omem tantos de ·feus be~~, é os fa-
çam vender, e rematar, perque· fr ajam logo feiscen-
tos 'brancos, e os dem, e entreguem ao dito Vaafquo
Fernandes, e A'rmom Bbtim pei·a ajuda de fuas ·deL
pez::q , pois qu~ elles per feu aaw fom retlie.u dos, e
torvada&. de fazer aginha ·o que lh'es per Nós be rnan-
". dado. "Jl ~ • . . ' 1, '
43 · OuTRo sv .vos .mandamos, que fe ael1arde3·
alguus beeíl:eiros do conto, dos·que vós trazees affeen-·
tados 'em voífos ·l_ivros, que fe cmudarom de beeíl:ei-·
ros do conto em .bcefleiros de' cavallo deipois da to-
mada de Cepta pera aca, nom embarg~àndo, que
elles privpegios tenh~õ. de' cómo fom ·!avudos por
beeíl:eiros de cava;llo, nom lhes conheça,_aes dello', an-
te os coíl:rangee que fervaõ como beeíl:eiros do con-
to, pÔíl:d que em feus privi!egi.os·,faça e}Ç.preífa men-
çom .. que eram beeíl:eiros do corrto; porque a tençom
d'ElRe,y meu Senhor nom foi,- nem era que os beef-
teiros d~ contó fe. ouv.e ífem de fazer beefteiros de ca-
vallo.
44 - ~ POR- ·quanto ta:,ies como efte·s· pagu'arom
a Alváre Annes alguas coufas de feus direitos, n?íl:•
m erece he feer tornado, pois nom gouvem dos pri-
r '
- 'vi1egios·, e l:ib~rdades, que lhes forom dados : porem
. . ' )
rnan-
' ·DAS DUVIDA,S' QY! VASCO FER~ANDES ETC. 4H
mandamos a VOS Vaafquo Fernandes' e Arm9m Bo-
que
t~m, ponhàaes em hu_ii caderno todos .t::ftes-, :gue
Te 'fezere.m beeíl:eiros de ·;ca vallo, d~claran~·o-lhe os
nomes, ~ as alcunhas de . cada huu delles, e os ·1ugua-
r es do!1de: fom .mpradores , "e o que cada huu pagou,' -
páa ao defpois . todo ve_ermos, e mandarmos ao clito
Alvare Annes, que o ' torne a feus donos . .
45- lnM. MancÚmõs a y.os Vaafquo Fern~nde~,
~ Armom Botim, e a todolos Juizes, e Officiaaes das
Cida&s, Vi1las, e L~guares, honde chegu~rdes, qu_e
cada huurn pela fua parte vos trabalhees de c'om:.. '.
prirdes, 'efazerdes comprir as coufa_s contheudas em
<:11e Reg1n;1ento o 1~-ilhor, e'mais . tofte que o fa'?-eí.-
poderdes, por quant,o affy compre a ferviço de ElRey
n íeu Senhor, fem out_ro nenh~u ernbarguo, que huús,
e outros a ello ponhaaes. - · ,_.
46 E - MANDAMOS a vós, ditos Juízes idas C1çla-
_d es , ou Vil las , e Luguares, hon,de cheguárem os
c itos Vaafquo Fernandes' e J\rmom Bot-im, qué lhes,
,dees', e façaaes dar-pou(adas, e camas pera elles, e
··-pera os feus, em quánt'o .hi efteverem·, .rem dinheiros,
e os· mantimentos:" q~e ouyerem ~eíl.er, por 'reus di-
nheiros : -€ teende tal maneira em ~s ~efembarguar ·,
que os nom detenhaaes hi m:ªis do que devees aalem
do ordenadb ; , fenom
, . . feede certos qÜe quando '
o affy ,
fozerdes, e vos nom efcufard~~ dello com lidima ra-
29~, q~e os qias, qµe mais e:íl:evere~ aalem do que-
for 'razoa.do, que per voífos béés l.h:es rn.andees pa-.
.guaras defpezas _, que em 'elles faerern. 47

1 -
LIVRO PRIME-IRO TIT.ULQ SESSENTA E NOV~

47 ÜUITRO sY inandamos a vós Vaafqu0 Fernafi..;. .


des , e Armàm Botim, que .c omo' cad~ húa deffas
). ' -
Comarc~s t~verdes acabad,a , e feita' apuraçom em
ella , que logp nos enviees .o .cad~rno dos 15ee:íl:eiros ~'
que ficarom fritos em cadà .Comarca, cl_eclarando-_ .
nos polo miudb Ós ~ornes) e-.ds 'i,akunhas clelles) e as .
idades , fegundo que vos rawad'a inente parecer; e fe
alguús delles fervirom em Cepta , . ou fóm amos
a cofiados ·a alguús grandes, affy o dedaraae no dito
cád.erno aopé âe cada huú: e huús , e outros al nom
façades. Feito em E;ora a tres dias de Fevereiro~
- Affonfo Per·es o fez. Era de mil e quatrocentos~e cin- .
- ,k ' • .
coéta e nove annos•. - · ~.
48_ 'cjo.TRo sY nos -~·e dito ,' qlle :quando vós' dito
Vaafquo Fernandes, e Armom BotimJ>affaaes polas
Com~rcas ·, e fallecem alguns bee:íl:el.rq.s dos que vos
ça~a_hur:n C_ o ncelho ha de. dar,.que leixaaes. enca-rreguo .
aos Anadees, que os requeiram ·aos Juizes, e Officiaa-
es; e que p.ofio·que lhes per elles íeja .requerido, que
lhos nom dam~ e lhes, pooerp er;i elles embarguo,
'por a qual razom os ·ditC?s· J;:i_ee:íl:eíros nom fom corn-
. pridamcnte feitos. ·
49 E PORQ!!E efto he ~al feito, ·e n~;i deve affy
de paffar,; e ao diante fe fazer ·' 11?.elhor; mandamos-
. vos , que vós trabalhees de f~ber p~rte dos ditos
Anadees, [e ·requererom por algúas vezes aos· ditos ...
.Juize:s ,' e _Officiaes, que lhos ouyeffem de d~r-~ e ·o ..,
~mbarguo, qu'e poinhãm a lhos nom darem., ·ou que
.· · · · · ref-,,

.... é-
:DAs nuvrnAs , Q.171!: V Asco Fn~A.NDE' ETC. 457

refpofta lhes Clava~, e fe teem aify eftormentgs; e fe


eftormentos teem,' f~zer-nollos-ees mandar pera os
veerrnos , e ·torn<i;rmos a ello como for noifa rrterceiy.,
em .tal gtiifa que1os que pairam · rnándado de
·m eu Senhor ajam efcarmento, e aos .outros feja eix~ '
emplo de nom cairérn em outr~ tal.
50 . ITEM. Mandamos, qHe_fe algufjs heefteiros dó ·
conte;> dos que a vós forem dados, e t;'a~ees affeenta-
dos .em voffoo livros ,. fe quiferem ob~_iguar a teer ca:
vallos, e os tevereni, e teem 1 e fom efcriptos nos li-
vro.s ·dos Coudees, de taaes .co.rr10 e!tes nom curees, ·e
leixay~s com o Coudel, e ,demalidaay outros aos Jui-
zes, e Officiaaes, que em fou nome fejam poftos, corri
, t.anto que eftes ·beefteiros tenham taaes beés., perque
pdífam Ínanteer às ditQs ·ca vall~s.
5 r 'VAAsQyo Femande.s, e Armom Botim. Nós
o Ifante vos fazemo& f~be:r que a Nós foram mofü:a-
das algúas duvidas em feito dos i>eefkiros do conto,-
de que teendes 'c arreguo, as qua~es compriam aver
declaraçom. As quaaes viftas per Nós, démos a ellas,
determinaçom allerp dá hordenança, que vos teemos
dada : porerri vos mand:amos 'sue a ' cómpraaes póla
guifà, que fe ao diante. vai declaranqo~ . ·
' \ '
•. 52 , PRIMEIRAMENTE porque Nó~ ·ayemos enfor-
maçom., que alguús · b~dleiros, que dante eram fei- _
tos, querem teer cavallos por fuas. yoontades, por fe
efcufarem de nom forvirem por beeftejros do con:to,
fé vaaom aos . Cqudees, e aos Officiaaes dos c;once-
" · Liv. L · Mmm lhos,

·' '
''4-58 L1v~o PRIMEiltO TITULO SESSENTA x NOU

lhos, e dizem que querem teer cavallos pot a conthia~


gue em cada húa Comarca he hordenado, que os te-
nham ; e os Coudees , e Officiaaes dos Luguares lhe
. am, que lhe dem cm efcripto os beês, que ham;
Õs quaee.s lhos dam affy alguus, que elles ham, e com
~llesjuntam os be~s de'feus padres, e madres, affy
beés de raiz~ como'. movii_s, e ouro, e prata, e dizem
que fom feus, nom lhe feendo porem dados , fal vo
fazendo eíl:o por conluyo, e ajuntamenro,de empref-
tidoo por tal, que lhe fcja achada a dita conthia; e
ps ditos Coudees, .e Officiaaes quando eíl:o veem, dei-
taõ"contà aos beés, e fem feendo avaliados pelos ava-
. liadores, nem fabendo ·fe fom feus , lhes dam Alva.;.
raaes como os ja teem affeentados no liv-ro por caval-
leiros; e per eíl:a guifa faaem, nom a vendo pera ell()
conthia; e o que peor he,.defpois que os coíl:rangem
polos ca vallos, dizem que nom reem a conthia, e que
os avaliem , em tal€uifa que nom fervem por beef.,.
teiros; nem por cavalleiros: o que 'Nós nom havemos.
por bem feito.
' 53 E POR fe tirar a maiicia ,, Jllandamos a vós , e
aos Juiz'e s, e Officiaaes dos Concelhos das Cidades~·
Villas, e Luguares do Regno, que qt!lando taaes co-
mo eftes quiferem reéi- os ditos êavallos per as con- .
tias da hordenaçom da dita .Comarca, que fe faça per
eíl:a guifa; a faber, que o Coudel do luguar, e os Juí-
zes, e Officiaaes com -os Vereadores prefente vós apu-
r~or, e o Efcripvam da .Anadaria , ,. ou Anadal dos
· beef-
.-
· ·DAS . DUVIDA~, Q.yi V Asco FnrnANMS, ETC, 459
beeíl:eiros do conto de cada huú .Jaguar, honde o di-
to apurador~ e Efcr,i vam nom eíl:everem, f,ejam viftos
. os beés, que . lhe~ forem dados em efcriptó, ·que elles
t
teve.remante do avaliamento, que fejam feus prop~i-
os, fem juntando outros d'outrem nenhuum com el.-
les; .e viftos afiy, lhe façam· pergunta fe fom feus; e
fe difierem, q~e fy, entom lhe Jejam avaliados ; o
achando-lhe por .elles a conthia, que per ElRey rrieu
Senhor, e Nos he mandado, entom fejam dello ef.,.
cufados, e tirados de beefteirns, e doutra guifa nom.
54 E SEENDo fabudo , que .élles juntârom .outro~ .
beés alheos' e differem ) que erao feus por fazererrt
,malícia., mandamos, que aquelles beés, que affy jun-
~arem mais, fejam pera Nó_s; e o Efcripvam da Ana-
daria-, ou outro, que o de(cobrir, aja a terça parte del-
les ; e dlo por feer efcarmento, e caminho de fe ti-
rarem as malícias: e efta maneira terees em os que
de 'novo vos forem dados por beefteiros. ~
.:. 55 E MANDAMOS aos ditos Cqudees) e Officiaaes'
e aos: Vereadores, e An~dal dos beefteiros, que eíl:o
façam fem outra embarguo , e malícia ;· nem afei-
çom, nem ·amizade , ca fejam certos, que fe b con-
. trairo fezerem , que lhes ferá ' bem eftranhado ; e o
Anadal , que em cafo, que os outros o queirám fazer,
. que nom feja em ello confentidor, ante no-lo digua i
ou envie dizer: e porem vos mandamos, que affy o fa-
waes fem outro embarguo, -porque noífu mercee he
de fe affy fazer, .por [e tir~rem as rnalicias: e fa'n::es
Mrnm 2 · poer
+60 Lrvio-PRIMEnto TITULO SESSENTA' E NOVE

p~er outros em fous Ioguos pera comprimento do nu-


mero de qda huú luguar, e conto que hi _ha d'aver.
56 Ir.EM. ·Porqtie na Hordenaçotn, que vos per
Nó~ he dada, vos_mandamos,. que os .. beefteiros do
çonto, que .fe feze_rom beefreiros de cavallo ·des da to-
mada de Cepta pera cá, poílo que privilegias· tevef:.
fem, que lhos nom guardaffedes; e po.rque . defpois
que o dito Senhor acordou, e determinou que lhe fof-
fem guardados, e de que tempo, a faber, os que fo-
rom feitos beefteiros de cavallo ataa Janeiro de qua-
trocentos_ cincoenta· e outo annos , que lhes fejam
guardados aos ·que teem privilegios affignados, e àf-
feellados per o dito Senhor; e porem vos mandamos,
qu~ os que achardes, que teem os -ditos pri..vilegios,
e foram dados ante~ do,tlità tempo, que lhes guar-
dees, e: os que defpois fo1:om da~os_ pera cá, pofto que
pri vilegios tenharrr , _nom lhos guardees', ante os ave-
de ppr beefteiros. do conto, e nom de cavallo; e efio
rneefmo aos que nom teyerem os ditos privilegias, ca
affy he mercee do dito Senhqr, e noífa, de fe affi fa_
zer, e lhes f~rem guardados os ditos privilegias , que
affy i:everem affinados pelo dito Senhor, que for~m
dados ante do mez de Janeiro da fobredita Era de
1 ~
quatrocentos e cincoenta e ouio annos; e .aos outros,
como gito he.
57 hEM, Porque Nós fomos certo, que alguús
ouveram, e ham, e teem d'E!Rey meu Senhor, e nof-
:fqs Cartas, e Alvaraaes affy de graças., e mercees ,. que
· lhes
DAS DUVIDAS' QYE V ASCO F _ERNANDJ!S' ETC. 461 .
lhes foro feitas por .alguus taaes, e outros per privile-
gias, e outros per cavallos, e outroJ per beefteiros
de ca.vallo ; :aguardando-lhe Jeu privilegio, e outros
per negocios·1 e neéeffidades, ,e ;direitas razooés, que
foc forom cC>1~hecidas, e per 'outr~s coufas, pelas quaa-
·es mandàmos, que fejam efcufados de beefteiros de
conto, e. fejam poftos outros em feu loguo·; e elles
defpois que afiy teem as ditas Cartas, e Alvaraaes,
-nom ~uram de as moftrar, nem fe vaaon:1 tirar do li-
vro d'ElRey, que tem o Anadal Moor, .nem querem
que ponham outros em feús luguares, nem querem',.
obedeeer ao Anadal d9 luguar, e quando os requere o
dit() Anadal; diz.e m, que fo.i;n efcufados polo que di- ·
to he.. ..,
s8 E PORQ!J E. Nós fabernos, que elles faze~ efto
coµi ma li eia' a faber ,_em qüanto eftam na terra·,.
,. g0t1vem ·do privilegio ' affy como . beefteiros do con-
to, e fom privilegiados, e -atlégam, que nom fom fo-
ra ·de ·beefteiros; e qllando os cofüangem pera alguã-s
fervidooés aífy pera Cepta, como pera algífas Arma-
das, a.llegam, que nom ham porque fervir, que fom
efcufados, e moftram logo ás Cartas-, e Alvaraaes-,
q).le teem, e ·n om fe moftra pelo livro, ·que fejam del-
le tirados , nem outros poftos em feu luguar ~ ·affy que
eítes fom privileg-iados, e mais das fervidooés fom
efcufados, e 'nom outros poftos · por elles ,_e quando
os a vemos meíl:er, nom fom achados polo qüe dito
he, e.fom min{uádos ;_a. quaf coufa he muito noffo
deíferví,ço. 5.2-
.+62 LIVRO PRIMEIRO TITULO SFssrnTA E NOV!

59 E POREM vos mandamos; que todas as Car-


tas, e Alvaraaes, que vos moíl:rarem., e per ellas '
_achardes, que do dia, que _forom dadas, a tres mezes
vos nom forom moíl:radas, e o tempo he ja paífado ,
e os teverom fempre, e outros nom forom poíl:os per
.elles, i1em fe quiferom hir livrar, nem tiqtr ·90 livro,
vós nom lhas guardedes , ante os havede, e coíl:ran-
gede por b~eíl:eiros do con~o fem embarguo das di-
tas Cartas, e Alvaraaes, que aífy teem, fem outro ne-
.. nhuú embarguo; que noífa .mercee he de fe aífy fa _
_zer, por fe aífy tirar a malícia, e elles averem eíl:o
. por efcarmento, e pena do que fazem.
60 h .EM. Porque' Nós a vemos per enformaçom,
que aífy paífam outras Cartas, e Alva~·aaes,.per que ·
alguús ajam de feer efcufados aífy f1. roguo d'alguús,
.como por _razooés, qúe alleguarom , como por Nós
v.eermos alguús eftromentos, ou cartas teíl:emunhà-
vees com a refpofta dos homeés boõs, e Officiaaes
~as .Cidades, Villas·, ~ Luguares; pelos quaaes man-
_damos , que· fejam efcufados de beeíl:eiros os quaaes
fom pera ello livres: e porquantQ os que os a Nós pe-
dem , nos dam enformaçom contraira, e os Offici-
aaes , que os <lam por beefteiros, e os aífynam , def-
pois que os dados teem, por amizades, e affeiçooés,,
e d~lles por medo dam aos ditos eftormeritos, e car-
tas taaes refpoíl:as, que fom em contrairo do que he
-efcripto no Livro d'ElRey~ que tem o Anadal Moór
~ ffignado per clles Officiaaes , vós Apurador, e Efcri-
pvam;
DAS DUVIDAS, Q.yE VASCO FERNANDES' J!;TC. 463
pvam; as quaaes Cartas, e Alvaraaes lhes vós guar-
dades por nom hirdes contra noífo mandado, porque
rios podiamas por ello aqueixar.· ~-
-61 J;oREM mandamos a vós Vaafcwo Fernan-
des, e Ai:mom Botim, que nom embargando noffas
Cartas, e Alvara~es, e mandados, que vejades dados
aos que per razom nom devam feer efcufados, vós
nom lhos guardedes, I}.em (açades guardar quando o
entenderdes por ferviço d'ElRey meu Senhor, e noífo,
·pofto que fejam per Nós afiinados, porque Nós m,an-
damos-vos, que o façaacs afiy; ca Nós Ç> avemos por
beem feito ·per vós Officiaaes fabermos a verdade do
contrair<;> . do ~ue nos os ou tios dizer:n , e da refpofüi
dos OflÍciaa·c s, que as aífy darn, em defvairo do que
ante fez~rom.
62 ÜuTR.o fy por quanto ElRey .meu Senhor, e
Nós mandámos apurar certos beefieiros do conto de
· ceJ-tos luguares, pera hirem fervir a Cepta, e pera al-
gúas Armadas, que mandá.mos fazer, os quaaes beef-
teiros fom chamados, e requeridos que ·venham_··aas
ditas fervidoeés; os qua.aes (e fazem revees, e no~
querem parecer; e outros, que parecem fom reparti-
dos como cada hl,liÍ aja d'hir, e em quaaes navios, e
affy lhe he dito; ~quando os veem veer aos ii.avios, e
fazer o cerco corri ell~s per o Efcripvarp da apuraçom,
fegundo cuftume, nom fqm achados, aíiy cerno fom
repartidos ; e m_inguam em tal guifa que os navios
vaam delles minguados.; os quaaes tornam pera fuas
caías , e fom ufeiros a efto fazer ; e por deílo nom
ave-
. 464 '
LIYRO PRIMEIRO -TITULO SÉSSENTA E NOVE

a verem pena, fom os outros oufados de efl:o·fazer ; ~


ain41. q.ow ,fom igualados a faz~r as fervidooés '._
63 E PORQyE Nós nom queremos,_que efio afiy
paffe.: maI1f1arnos, que tàtl.os ·os beefieir~, ·que . fo-
-róm apurados pera Cepta, . OtJ . pera Armadas, qu~
'revees forom pela guifa .que dito he·, ajam- por pe-
na o que avia de fervir e.iú' Cepta.fhuú anno, ·que
vaa allo f.ervir dous·; e.o que avia de [ervir na Arma-
da feis mezes, vaa alla fervir huú anno; e affy o tem-
po i que,a viam de fervir, v"aaom fervir á dita Cidade
dobrado; e por· logo no prefente aja pe1.1a .de revel,
que pagu.e duzentos reaes 'brancos, os qupaes rnapda-
' .
mos fejam pera Armom' Botim Efcripvam do dito.
Officio, ou p~ra outro, que o acufar~ e mandamos
qúe lhe fejam levados, poi~ forom revees a nom vi-
rem parecer, nem fervir.
o
64 E ESTO feja efcripto per dit~ Efcr~pvam, e.
fejam os 'ditos beefieiros per fianças, e ·o tempo, ·qt:e
·ham de fervir, e poítos em recadaçom , e de quaaes
lugl)ares , que ao tempo, que l]le foi afl,1.gnado, per
·fy, ou per os fiadóres fejam ,preítes a hir fervir, e fe-
rem julguados ao ferviço do dÍto Senhor.: e aíl y fa-
rees daq~i endiani:e em todalas apuraçooêes, e fi.rma-
das, que fe .fezerem , como dito he, teendo eíl:a me-
des maneirá com ·os fiadores. dos que tomarom as de-
mafias , fe elles nom forem achados, feendo por el-
lo prefos, e penho~·ados. . < -·
. ~
65 l;rEM. Porque Nos foi dito 1 que alg~us beef-
teiros

' -·

r '
DA~ DUVIDAS' Q1TE V ASCO FERN."iNDES, ETC. 4'65
teiros do conto, que dante fom feitos , e outros, que
vos foram dados pelos Concelhos , veem receber o
foldo, e pãno, que ElRey meu Senhor manda dar a
aquelles, que o ajam de fervir por remeiros; e que
Gonçalo Affonfo, que per mandado do dito Senhor
pagua o dito foi do, nom embargando que aify beef-
teiros fejam, lhes dá o dito foldo; e quando os vós·
coíl:rang.cdes, que vaaom fervir a alguus luguares ,
vos alleguam, qtJ-..e tem o foldo de rerneiros, e que
per efta guifa fallecem do conto' que mandarnõs á
Armada; e por quanto os beefteiros do conto, que
aify fo~n dados, e ailinados no livro do dito, Senhor,
forn obriguados a fervir corno beefteiros,. e pois obri-
, guados ~om , nom pe razom de fe mais obriguarerri
<:tn outro cabo: porem vós requerede da naifa parte
ao dito Gonçalo Affonfo, que elle a ne'nhuú beeftei-
ro, que feja aífeentado no livro do dito Senhor, nom
dê foldo nem huú, nem panno, ca aify he ·mercée
do dito Senhor , é aííy foi já defefo ao dito Gonçalo
Affonfo; e por tanto vos mandamos, que lho requei-
raaes; e fe alguús dós ditos beeíl:eiros allegarem, que
teem o dito foldo, e forerjl coílrangidos pera alguúa
fervidooem , vós nom lhes conheçades dello , ante os
coíl:rangede como beefieiros.
66 ITEM. Porque nos foi dito, que os homeés -
boos, e Officiaaes- vos dam alguús por beefteiros do
conto daquelles, que gualiotes eram, e andavá,rn 11as
-vintenas, porque delles pagavam o quinto, e delles
Li-v. 1. · Nnn nom ,
466 LIVRO PRIMEIR<>'T1TULO SESSENTA E NOVE

norn, e que os nom toma vades ataa veerdes n9ífo re.:..


cado; porem vos mandamos , ·que os tomedes por
beefteiros, fe voi> pelos do Concelho forem dados , fe
pera ello perte~ncentes forem; Efcripto em Obidos
ltloze dias d' Agofto. O Ifante ho mandou. Armam:
Botim o fez. Era de, mil e quatrocentos e feífenta
nnnos.

T I T U L O LXX.·

Do que perteence á apuraçom dos gualiotes.


AAsQyo Fen{andes, e Joham de Bafto_- Nós _El.J
~ Rey vos fazemos faber, que efta he a maneira>
que ha vedes de teer em veer, e apurar, e poer de no-
vo-n;is vintenas do mar todo~· os homeés, que a ellas-
. perteencer, e em ellas devem feer p~fios nas Cida-
des , e Villas, e Cofta do mar~ e do rio_, e em todo-
los outros luguares, em que os ouver ·, e fempre a-
. cuftumarom de poer em vintenas, honde vos Nós:
ora mandamos apurar os ditos bee'fteiros.
1 PRIMEIRAMENTE cheuuaree;, e faber~des po-
los vintaneiros dos homeés ºdo mar, que hi ou ver,,
quantas vintenas hi eram fe_itas; e veredes os· homeés,
que em ellas andam poíl:os per peífoa; e efcrepvede os
mancebos pQr mancébos, e os que forem de mea hi-
dade p9r mean.tes., e os velhos por velhos, e os mo-
ços
-.

Do QyE PER'l'EENCE A APURAÇOM tlOS GUAL. 467


- ços por moços, de guifa que cada huús ílem apar-
tados fobre fy ·em voffos livros, que pera ello farédes,
pero fte cada húa vintena junta.
2 !TEM. Vos _ma11damos, que ponhaaes nas ditas ..
vintenas todolos homeés do mar, e do rio, e todolo~
outros, que andarem em barcas de car.reto _, e de paf-
-fogem, e a,ndarem na enxavegua, e aa fardinheira·, e
fempre acuftumarom de poer'em vintena em tempo
dos outros Reix que ante Nós fororn; fazendo a dita
declaraçom aaquelles , que de novo poferdes, e o
dia, <; era em que fe poferem na vintena do vintanei-
. ro, que o pooem : e mandamos aos outros que os po-
ferem, que os conheçaõ bem, e honde moram, e e~
qµe luguar, pera ·quande> comprirem pera noífo fer-
viço, os. teerem preftes, e bem conhecidos; aos quáes
vintaneiros Nos mandamos , que vo-los dem , e no~
meern, e os ponha~ em vintenas bem, e <lireitam'en-
te_f~m nenhuum engano, que antre elles aja_, fenom,
fe achado for, que os nom dam, e efcufam alguú
pera nom feer pofto _e m vintena, que lho eftranhare-
mos, como ·noffa mercee fór.
3 ITEM. Vo-s mandamos que façaaes as ditas apu ... _ ..,
raçoões e_m todas as _Cidades, Villas, e. Luguares, e1
Portos do mar, e rios, e-em todolos outros!luguares
do noffo Senhorio, em que os- ouver d'aver; .nom
embargando embargos, nem privilegias, nem cartas
que vos fobre ello moíhem; porque noífa mercee he
de fe aífy fazer, e ferem poíl:os em ~ntenas aquel:i.
-- . N~n 2 l~;,

-~
,
1

468 LIVRO P.R:IMEfRO TITULO SET~NTA'.


Jes, que, de fempre cuftumarom de poer em' ellas por
gualiotes. · ' ·
4 :J TEM. Vos ·mandamos, quedes que os ditos,
homeés aífy forem poíl:os , e nomeados-nas <liras vin-
tenas pelos ditos , vintaneiros deHas, a qú~ mánda-'
•. mos que fejám theudos de poer em ellas, que os"
nom tiredes dellas, poíl:o que alleguem dores, nem \
hidades, nem que fe forom morár, a terra feca, e fa-
zer lavradores, nem outros nenhuús negocios , que
por fy alleguein, nem poft1m allegar perante vós ;
porque noífa mercee he de nom ferem della·s tirados~
nem efcufados , feendÓ' aífy poílos na vintena ataa
qui, ou daqui em diante, ca achái:,nos, que era em
€uíl:uil)e dos Reix antiguos, que qua~efquer homeés,
que eram poftos em vintenas, nÔm eram mais dellas·
tirados, nem mudados.
· 5 , ITEM. Mandamos, que fe alguus beeíl:eiros do'
cohtà anda tem ' ao mar a pefcar, ou em barcas de·
càrreto, 'ou dspaífagem,, e fezerem certo, que, ante
que do dito meíl:er 4fa!fem; eram beeíl:eiros do con-,
to , e fervirom a Nós po.r beefteiros; que·fe nom' po-
Bham nas vintehas, pofio que dello ufem ~ e OS tire-
des dellas, fe poíl:ps forem, fe vos eíl:o aliegarem, e·
provarem' que ante eram beeíl:eiros do conto, que'
fe meteífem aÓ i;n'efl:er do mar, ou do rio.
6 ITEM. Vos manda~os) que fe 1alguus !11ari-
nheiros, que ufam a pefcar o mar, que forem pajes,
e grumetes > e marinheiros armados per mq.amn de·'
"· meel-
Do QYE" PERTEENCE A J\P\'.lRAÇO~ DOS GU.AL - 4-69.1
meeíl:re, e paffa·m' o mar d'Efpanha, que os n om po-·
nhades novamente em vintenas; e fe ja póftos forem ,
1
e eílo alleguarem \ e o provarem per tcíl:emunhas,
tirade-os delbis , e poe11de-os por ma_rinheiros em ti-
tulo apartado em voífo livro; e poeredes ouqos em
fru Iuguar nas vintenas.
, 7 E ESTo' fe ·nom entenda nos moradores de Le-
ça, e de Matofinhos , e dos outros lugu_ares do re-
dor, que fazem marinheiros .quando vaaom com·
feus pefcados a Aragom, que vos mandamos , que
os riam tiredes dellas, pofio que alleguem , que fo_
rom , ou fom marinheiros; porque fomos certo, que
jo_uvero~ em vimenas do · mar, e fe hom tiraram_
deflas. ·nos tempos antiguos, e nóm fom armados por
marinheiros,
.
aiiy como fom aquelles,1
que as horde;.
i1açoões antiguas efcuíam. ·
8 ITEM. Mandamos, que nom ponhaae~ em vin-
tenas aquelles, que achardes, que fervirom na guer- ·
ra por n<:>ffos vaífallos, e ho.meés d'armas_, e ora fom ·
apoufentados per noffas -Cartas , poíl:o que ·alguuns
ufem o mar, ou em. barcas , ou teverem b~rcas ou·
redes; e.fe já alguuns eram -poíl:os em ellas, vós ti-
rade-os, fazendo elles certo. todo o que dito he.
9 ' hEM: Pprque a Nós he dito,· que alguús que·
fom poílos em as . ditas vintenas, allegam que fervi-
rom com nofco na guerra , ou col:n alguuns noífos
<!:apitaaés, e vaífall o~ como q1:1er que ufafiem do mar;
ou do rio, e·teem noífos privilegias, ou Cartas', que·
rrom
.!<.'
LIVRO PRIMEIRO TITULO SETENTit.

" nom fejam poftos em dias , mandamos-vos que os:


nom tiredes delfas J fazend?-lhe_s declaraçom ~ vof-:
fo livro.
IO ITEM·. Se alguuns deíl:a condiçom nom fom
ataa ora poíl:o;; nas vintenas, e ufarem no mar, ou em
barcas de càrreto ' e de paffagem' e do rio a pefcar ' ·
€·vos allegarem', que ferNirom na guerra com nofco,
ou com os fobreditos , e que teem de Nós · as ditas
Cartas~ nom os ponhades nas ditas vintenas nova-
~ente, e fazede numero deHes apartado em v:oífo
li vso, declarando.feus nomes, e as Cartas ; e--pnvile-
gios, que de Nós ouverom, perque os affy efcufa- .
mos , e com que m. fervirom na guerra,., pera o Nós
veermos ' e mandarm0s como fobre ello façaaes.
11 ITEM. Vos .ma.D.damos., que aquelles" qué
achardes, que foram aconthiados em conthia pera.
~~erem ca vallos .' e eram poíl:os em vintenas , e fe-
zerom certo per Alvaraaes dos noífos Coudees, como.
h~rri. de teer ca vallos ~ tirade-os de gualiotes , e nom.
·os ponhades ein vintenas <cttaa qui , nem daqui em
diante, poíl:o que ufe~ ' ao mar ;ou do ·rio a pefcar • .
~. 12 ITEM. Vos mandamos, que ponhades· em
vintelias todos os rboços.?e hidade de doze annos pe-.
ra cima, feendo .filhos de pefcadores, ou viverem
com elles por foldadas ' e ufarem do mar ,. ou do rio.\
t:m barcas de carreto , e de pefcar, pera crecerem , e.
nos fervirem quando forem perteencente~ péra noffo,
ferviço: e. maIJ,~am?s .aos vintaneiros , "ql:le os po~, ·
- · nham, .

;;
"-

,, ·~

. ~t,
-Do Q!!E PE~RTEE.NCE A APURAÇOM nos GUAL. 471

nham, e vo-los dem f~m efcufa~1do nenhuum que·


feja , que 'pera ello perteenfª·
13 JTEM . Vos mandamos, que ponhaaés em vint.e - .
n~s todolos marinheiros, e apartem-nos dos hon:.eés do
~ar, que fom , ou forem pela Comarcà da cofl:a·ao
mar, porque !llªndam~s , que nom aja hi taaes mà-
rinheiros . , fal~o os Alquaidés
,, ,,.
certos pera às notfas
- .
gualees. . _
14 ITEM. Vos mandamos, qce ponhaaes em "..,in--
tenas todolos rnariantes d' Aav~iro·: é dos outros 1~ 7 .-
- .
guares de riba mar, e do rio, 'que ahdaõ )erú bar-
, cas a a~arretar pera as marinhas ~ . ~ pera , fy area- ;~~e ·_
junco, e vaam, e veem em barcas, poíl:o que algu~ ·
· mas vezes ufam de lavrar; . porque fomos s eI;to, q,ue r
fe-mpre fe acuftu~arom de"poer em vintitl~;.'. ..' - ~-. -
15- E Esso meefmà os moradore~ de: Va~gos, e
de Ilhavo; e de Villa 4t; Minho, e d'~utrosluguches.
de riba de Douro:, qtie ufam .a andar em barc~s ,'_lan-
çar. covoús a pee , e matar fibas, e .o utro pefcado >
poíl:o que algumas vezes lavram fou .ftjq.m lavrad'o -"
~es ; pôrque fe acuíl:umarom fempre a poer em. v1n-
te'nas , como ·dito he. -
16 ITEM. Yos mandamos, q.u~ ponhades nas
e
vintenas todolos gualeguos, ~íl:rangeiros, poíl:o que
I'lom fejam nat'braa~s do luguar ~ e andarem ao mar,
e ao rio a pefcar, e em barcas de carreto, e de paf-
Tar, poíl:.o que nom fejam arreiguados , declarando
logo em vo.ffas livros como foom- vaadios : e mandéJ.~,
mos
4 72.
. ..,
LIVRO PRIMEIRO ·TITtJLO SET!iNTA.

mos aos ditos vintaneiros, que os ponham em fuas


vi11tenas pera os a verem _p.>era noffo ferviço, quando
os mefter ouv·e rmos, fe _os achar poderem ao dito
tempo ; e quando fe achar nom poderem, manda-
mos que· os ditos vintaneiros nom fejam por elles
theudos, declarando elles logo como nom eram àr-
i:eiguados , .e eram vaadios.
17 ITEM. Vos mandamos, que ~quel!es gualiotes,
que fezerem certo, que fom .noffos gualiotes, e an-
dam , e fom fcriptos em vintenas dos homeés do
mar, e ferviro"m a Nós, ou outrem por elles, e íl:am
preíl:es pera nos fervir , ·que nom fejam coíl:rangidos
pera fervir per terra em n~nhuuns encarre·gos dos
Concelhos, nem fejam poíl:os em vintenas da terra, J

nem fejam ' theudos a fervir com prefos, nem com


dinheiros, nem em outros ferviços dos Concelho~,
fenom per mar, como fo~ theudos ~ nos fervir.
Dante em Lixboa dous dias de Novembro. EIRey Ç>
mandou. Diego Gil a fez. Era de mil e quatrocentos
e quarenta e tres annos.

Os REGIMENTOS, que em eík Livro fo.m efcri-


ptos da Guerra, do Conde-íl:abre, e do Marechal.,
. e do Almirante , e do Capitam da Frota, e do Alfe-
res , e do Moordomo Moor , e dos ~~nfelheiros , e
do Meirinho, e do Apoufentador l\1oor, e dos Ca-
valleiros, e dos Retos,' Nós, por aqui ferem fcriptos,
nom a vemos de tõ'do por aprovados, .nem lhe damos
por


. Dos CouDJrns, E REGIMENTÓS,
-
nc. - 473
por ello maior autoridade daquello , que; teem per
Cartas 'dos Reix; que ·a nte Nós foram, ou por cuf-
tumes, que continuada_mente ata ora ufaífem : e pra-
zendo a DEOS Nos entendemos -ainda mandar poer .-
os ditos Regimentos na for_ma, que devem feer. '

) .
TI 1 U _-L O LXXI.

IJos Coudees, _e Regimentos, que aJeus Ojficios perteencem.


r

E Srn ,Regimento dos Coudees feito e~ nome


. d'ElRey meu Senhor, e meu Padre ,·cuja Alma
DEOS aja, mandamos que fe guarde em noffos Re-
~m. -
GRANDE cuidado·teverom os virtuofos Reix que
forom de Purtugal "e do Algarve , ~orno defenderi-
á m .os ditos·regnos de feus fortes a veríairos , e como
poderiam empeeceer a feus inimigos quando foífe
compridoii-o; e para efto fezerom muitos, e grandes
perc~bimenros, aíf)'. .pelo mar, ~orno pela terra. E'an-
tre os outros foi huií geeral, e muito proveitofo dos
cavaHos, é das armas, que mandaram teer per todos
feus Regnos; e p.era faberem ~orno fe ajàm de la"nçar
1 os ditos cavallos, e armas, fezerom dello Regimentos~

'e Hordenaçoões. E por quanto forom muitos defvai-


rados ataa o noffo tempo, Nos Dom Eduarte pela·
Liv. L Ooo graça.
- .
-474 Ln' Ro PRIMEIRO TITULO SETENTA E' HUM

graça de DEOS Rey de Purtugual, e d9 Algarve, e,


Senhor de Cepta, mandamo~ fazer efte Regimento•
' em~ qual juntamos alguas coufas dos outros a1,1tigua-
rnente feitos, que nos bem parecerom, e acrecenta-
mos outros, que entendemos, que eram· compridoi.,
ros.
CAPITULO I.

Dçis conthias, perque hanz de .feer lançados 'cavalos, e


.armas em todos no.lfos R egnos.

N A Cidade de Lixboa, ~ em toda a Éftremadura


os que teverem beés, qué valham quarenta rnar..;•
cos de prata avaliados íegundo Nós mandamos, oi.}:
mandarmos que valha, teerom cavallos recebondos ~
e eftas. armas, que fe feguem, a faber , qacinete de
carnal, ou de ba veira, e cota~ e loudel , ou pratas, ou
fÓlhas} e avambraços, e fe teverem loude-1, feja da-
quelle panno, e inchimento, que prouver a feo dono:
e pofto que lhe do dito avaliamento falleça huíi mar-
co de prata _de guifa, que nom fejam mais de trinta
e nôve, nom lhes leixem de ~ançar o dito cavallo, e .
armas.
r _E os QyE reverem valor de ú·inta e dous mar-
eos àe prara, teeram cavallos, e norp arma&, e pofio,
que lhes falleça meio marco . da dita conthia, nom
leixem de lho lançar. ·
' .
1 2 E os o..y E. reverem vinte e. quatro marcos de.
pra_-

./
Dos CouDEEs ,"E REG.tMENTos ~ETC. 4-75'
prata, teeram beefl:a de guarrucha eom fua gpàrtu- ·
·c ha , e folhas , e bacinete de carnal , ou de b;ivéira ,
qual ante quifer , e hum cento de viratooés : e p0íl:o
que deíl:a conthia lhe falleçam duas. onças , 'nom lei-
xarom de·lhe lançár as ditas armas. E fe aquel , que
afly for aconthi.iâo em beefta de guarrucha', diífer ,
que quer, antes teer hum cavallo rafo, que a dita
beefta, e armas, nom lho façam'. .
3 E o QllE ouver conthia de dezafeis marcos de·
prata , coftrang.uan,l~rto , que tenha be,eíl:a de pollee
.com füa poÜec, e ~~0~ cincoenta viratooés , feµ1 o~­
tras armas.
"' 4 E os QYE forem de mais pequeQa conthia def-
,"e
to manteverem per'fy caía ·, feram coníl:ran.gidos •.
_que tenham lança, e dardo .
. r: "5 - E No Regno do Algarve, e ·A.ntre Tejo, e Odi-
. ana teeram cavallo , e armas da meetade das con~ ..
thias , ·de q~e he éícripto, que í~ tenha na Eftrema-
dura : affy bonde declara , que na Eíl:remadura te-;
nham cavallos; e 'armas de valor de quarenta marcos
de pra ta ,. e teellos-ham _1~as ditas Comarcas de vin-
,. te; e aífy' n9s outros avaliamentos. E eíl:o m'andamós
..,.
affy, por quanto as ·- ditas terras' ftam mais ácerca do
ftrcmo , e he compridoi,rn ferem us gentes mil}lor
percebidas d;arrrias, e cayallos. _
· 6 E NA Comarca da Beira fe teerá ·efta maneira
d~ Algarve, e- A~,fre Tejo, e Odiana: falvo em La-
mego ,, e em todo Íeu termo, em que ham de lançar
Ooo 2 ca-
~p6 LIVRO PRJMEIRO TITULO SETENTA E HUM

· cayallo"s-i e armas de conthias de vinte fette marcos


,d e prat~ ; .e os que ouverem conthia de vinte. dous
marcos, -tenham cavallos fem armas; e os que oúve-
rem conthia de d~zafette marcos ' teeram beeíl:a de
guarrucha, e armas·; e os que teverem cloze marcos;
teeram ,becíla de pollee ; e os que tev~rem menos
defl:o, teeram lança ·, e dardo.
7 E NA Comarca de Trallos Montes teram a ma-
neira da Strcmadura.
8 E NA Comarca d' Antre Doiro, e Minho te-
ram a maneira, que fe tem na Stremad_u ra: íalvo ne>-
Porto, que nam feram c0íl:rangidos pera tcere:m ca-.
valias, mais têfãm cada huum en1 feu -logu~ dous ar-
ne~es compridos.
9 E POSTO que eíla noffa Hordenaçom aíly feja-
geeral, fe per ventura algumas Cidades, ou Villas dos
no.ffos Regnos teverem alguús privilegias noffoc; , 6u .
dos Reix, que forom ante Nós, confirmados per N ós,
porque em outra maneira devam !eer avaliados, a
Nós praz, que lhe fejam guardados os ditos privile-.
g1os. . ,
io E POSTO que a a:Jg uús em as ditas Comarcas
- feja ·a chada maior conthia per feus beés, do que aqui
declaramos, de que tenham ca v~Uos , e armás, nom
fejam por mais coílrangidos do ql:!e dito he.
I 1 E SE a1guús homeés velhos forem de hidade
de fetenta annos, ou mais, poíl:o queJejam poufados.
p.€r noílas Cartas,_ou ver.em· as comhias dobradas '·dQ
qu.e.

'
Dos CouDEES, ~ REGIMENTOS, ETC :~ 47.7

que em cima faz mençom, quê. tenham cavalos, nom


.
fejarri decidas delles , p.o fto que a dita hiâade ajam.
.

e A p 1 T
'
u L 'o II.

Das pejfoas, que h.im de feer aconthiadas.

O S MORADOREs .dos noífos Regnos, que pe.r fy man-


tevere~ ç_afa, aífy os cafados, como os folteiros ,
ou clerigos de Ordees Meores , a fora clerigos· bene-
ficiados, de Ordeés Sagras , ou relligiofos , cavallei-
ros , escudeiros noffos vaífallos, ou outros escudei:..
ros, que pofto que nom f<;':jam vaffallos , Jejam ho.:..
meés fidalgos de padre, e madre, q,ue per noífas Car-
tas íejam avudos por fidalgos> taaes 'co~o eíl:es rnan-
d~mos que oom fejam avaliados. .
1 E MANDAMOS que no1n fcjam feitos beeíl:eiro~
_de_cavallo os que teverem beés, per qu·e poífam .teer
beeíl:as·de guarrucha, nem dalli. pera. riba: e os .beéf- .
teiros do conto, que tambem nom fejam feitos das
ditas conthias: e fe alguús beefteiros de cavallo teem
ja feus privilegias , poílo que ajam as ditas quantias,
m!lndamos que lhos guardem ; mas fo. os ouverem
daqui em diante ) teendo as "ditas cambias primei-
ro que os ouveífem ) nom queremos que "lhe fejam
g uardados. . '
2 E SE os Coudees acharem que em fu as•.coude-
larias ha alg uús beefteiros do conto , q.ue teem b eés,.
p er-

..
.f 7':8 Lrvno PRIMEIRO TITULO SE;EN'.l'A ·~ H~-~
perque mereçam de teer beeftas de guarrucha, e dalH
pera diante, reqúeira~ aos Juizes que ponham out'r~s
/ .
beeíl:eiros do cont~ em feu loguo, e eítes conítra111ge;
rom, que tenham beeíl:as de guatruchà, ou o que per
feus beés merecerem de teer. ·
3 E AAHM defto , os ,petcadures ,' e mareantes ,
que nom teverem conthias pera teerem' beeftas de.
guarrucha: nom fejam cóftrangidos pera teerem o.u-?
tras armas ;-nem pareçam em_alardo ; e os qué teve- .
rem conthias pera teerem ~s .ditas .beeíl:as, ou caval-'
los fingellos, coftrangellos-ham que tenham beeíl:as
-de guarrucha com foa s armas; e os que teverem con..:
'i:hi~s pera teerem ca vali os , e armas, coft:rangam-nos,
que tenham do.us arnefes compridos : pero fe eítes1
pefcadores, ou mareàn~es teverem beés de raiz, que
fej a'm de tam grande·conthia, que mereçam de terem1
.· cavallos, coíl:tangam-nos' que os tenham. .
4 E Tooows õutro·s , que aífy manteverem cafas,
teram cavallos, e armas per as conthias, qu'e fom de-
clarad.as no capitulo ante·deíl:e ; e deíl:o no~ feram
efcufados os noífos Contadores , nem Efcripvaaés,
nem moradores , nem outros officia~es , nem peífoas
a fora o que em co~eço defte'capitulo faz mençom:i
fal vo fe teverem alguús privilegio~ geeraaes, OH efpi...
ciaaes noffos, ou dos Reix, que,ante•Nós forom ,'e
confirm:dos per Nós, porq~e os a vemos por efcufa-
dos. Pero quando ouverem de fazer alardos r
aos
,
nof-.
fos Moedeiros , fazello-am faber ~o Thefoureiró, e
AI-
, Dos Couous , E RtGIMENTos, "ETé. 4 79:

Alquaide da moeda, que fejam de prefente, e faz_er-


lhe-am o dito alardo apartadamente, e nom meíl;u-
rados com outr~ gente.

e A p r T u L o nr.
Como harn de fler .flremados os avaliadores, que ham
d' avaliar os bees aaquelles, que ouverem deJeer
aconthiados.

Q UA~Do novamente ch~gar aa Cidade, ou Villa ·' .


ou Comarca o que for Coudel della,. fabera fe ha
hi avaliadores,, que fejam boos, e ufem bem de feu
officio; e fe os hi taaes ou ver nom os tirem dos offi-
cios; e fe os hi nom ou ver ,~u aquelles, que h_i achar>
que nom ufem bem dé fy , fazendo em feus ava·Iia-,
me~tos agravo aos do povoo ,. ou lhe feeµdo favora-.
-vees aalem da razom , ~ contra nofios Reg~rpentos ,. .
poei-am hi a ~aliadores , os quaaes ferom dous poftos.
pelo Coudel, e hum pelo Conçelho : e trabalhem-fe
\}e bufcar, que fejam entendidos , e de boas concien- ·
·cias.
I E' Q.YANDO lhes OUVerem de dar O dito Carrego>
dar-lhes-am jura_m ento na Audiencia , preienre o _
Coudel, e os Juízes,. e Officiaaes do Concelho , que
~em , e verdadeirarpente façaõ os avaliamentos , que
lhe mandarem fazer, nom apreça1~do as coufas mais,.
nem menos do que v.:alerem,. fegundo feu 'emender.
2
480 LIVRO PRIMEIRO TiTULO SETENTA l HUM

· 2 E os oous avaliadores , que ham de feer pofros


por :parte do Coudel , nom fejam feus parentes, nem
cunl}ados, nem outros homeés de íua liança , por hi
nom aver fospeita, que elles avaliem, fegundo .o que
lhes elle ouver ordenado.
3 E Q!l A.Npo alguú dos avaliadores fe for dos que
fom. poftàs per o Coudel, o Coud~l lhe dará outrõ,
dando-lhe primei.ramente juramento, como dito he:·
e fe for . o que he poíl:o por parte do Concelho , o
Concelho lhe dará outro.
4 E SE :Irnií homem for Coudel de muitos Jul-
_guâdos, naquelles,em·que ouver.feífenta homeés, ou
dalli pera cima, em cada huií averá eíl:es tres avalia-
dorés pela guifa , que ja he declarado : e nos que. fo-
. rem de mais pouca gente ,. fe forem huiís. acerca dos
outros por espa-ço ·de hiía legoa, juntará dous~ ou tres
delles , e poerá hi os, tres avaliadores, fegundo fom
hordenados: e.,_poílo que o Julguado feja pequeno, fe
for arredado ~os outros mais de hiía legoa, logo 'lhe
poerá feus avaliadores. _
5 ·E ESTES avaliadores., por-bem que ufem de feus
officios, nom duraram em elles mais que huú anno)
nem tornaram a·elles _.êtaa que paffi:m tres annos~

C A.;
.(

I
Dos CouDEES, E REGIMENTO~, ETC.

e A p 1 T u L o nn.
·Das a~Ujas, que bam defeer avaHcr.das .aos que pa111
de teá cav;,llos j e armas. : '
. "
'J~ Ooós os beê$ affy moyys, como de raiz, que te-
yerem' aquelles, que forem pefioas 1 ; a qu_\: per,..
teença de teerem cavallos_',ou '191T1as; Ih~ ferarn ava-
.
liados affim os- que te verem nos lubauares , bonde yi-
: vem, ou em quaaefquer oufras partes dÓ Regno, ou
_, "

ainda fo1~a delle, tirando os' que adiante fe~am d~cla- ~
rados.
' ' ' . l ,.
I SE alguús t1:ouv.er~m vinhas, ou cifas , ou ou-
. . tros loeéfl afforados, Qll emprazados d'algúas ou_tras ~
· peífoas, ou per outra guifa ~ de qi.ie aja · pera fy ho . (

ufo fruito , feja vifio, e ava!Íado quanto lhe darom de


_.,
compra. por eífes beés ) pa-ªuados os encarregas ; que
por elles ham de pagar , e quanto lhe affy for acha~
do , -lhe feja ·Contado e~ f~u a vafümerito.
2 E os MESTEIRA~Es, e officiaa~s, que forem pef-
foas, a que devam feer lançados cavallos , e armas~
1- •
farlhe ha efüma(lo o gaanço , que' podem aver per
feus ~eíteres
" .
;. .e. ferá
.
po:íl::o
-
em .feu avalia~ento. E
em eíl:a eftirnaçom fcja:·esguardado o luguar, ém qu~
o mefteiral viver) e a maneira- J em que ufa de feu
' offic~o, porque grande deferença ha no _gaanço d'huús
luguar~s a o~t.rõs , e dos fab~res d 'bulis homeés a ·
outros em 0fficios, de que ufem. Pero por mui ren-
Ltv~ ·i. Ppp da:-
41h_ Lr.vRo -PRn~rnri.ioTáuLOSETENTÀ E HUM

davel, ·que-o officio, ou mefrer feja, no~ lho ' poe-


ram em maior valia que oito marcos de pr_ata na Stre-
rna.du_ra, e nas outras Co~narcas, em que lançam ca-
vallos, e arfI1as de quarenta marcos; e bonde lançam
cavallos de .vinte marcos , poerom os officios ,. ou
~eíl:eres da maior renda em preço de q1:1atro inarcos;
e do mais fomenos em mais pequenç> preço, fegundo
entendi':1:e1n que he razom.
3. E SE algu(is ouverem fruito d'~lguús heés, de .
que tenham feità' do~çom a algu:ís peffoas, fejam-lhe
av·aliados , affy com_o fe a dita_d~à_çom nom teveffem
feii:a.
- 4 E PORQYE alguús homeés trazem feus·. cabe-
daac:s tam efcondidos , que os Coudees nom podem
faber quanta he a foma dclles, mandamos aos· Cou-
dees, q·ue h~vendo deíl:o enformaçom per os vizi-
nhc_s , honde viverem, 9u .per quaaefquer outras peÍ-
foas, que faibam parte de fua~ riquezas, e do que·cada
huú pode teer, que vii_l:o ·o feu ~efternunho, e a fazerr- ·
da, que rnantem, e effo meefino a maneira, que teem
em [~as vidas, que_ fegundo aqúello, que ·achar, que
bem.podem aver, façam o avaliamento~ pero 'por que
a fama daquelles , que algua .I'iqueza- tcem , femp1:e
fpa mais do qüe he -,. nos avaliamentos, que lhes oú-
verem de fazer, feram av_ifados de fe teerem ante ao
menos, que ao 1~ais daquello , qu'e a fama .for,. e: as.
teíl:emunhas differem. .
. 5 E ESTES avaliamentos. dos cabedaaes ,_ nom fe .
fa- -

' ,
Dos CouoEEs, E REGIMENTOS, ETC. 483

façam , fenom por a\'erem de_teer cava!l~s , ca por


tal teíl:emunho; como aqueílé., nom nos praz, que
lhes fej.am lani;:adas outras armas .
. 6 SE alguús filhos cafados viverem cóm feus pa- -
dres, ou madres , ou irmaa_õs . juntam·e~te antre fy,
veerom os beés , ·que todos poffoiam , e faberam ca-
manha parte vem~ cada hum; e-feguqdo áquella pa~­
te, que a cada hum púteencer, lhe lançaram os ca-
' val1os, ou armas_,-fe.pe·r f.eus J;:,e_és merecúem de .as
· teer : e nom encarr-t guarom os beês Elos padres aos
~dos. filhos , nem _âs ,do.s--filhos .áo~ dos padres , ou de
hum irmaaõ a outro. .-
'
.
, 7 -' É QyAND; l_p.~ aífy for.em avaliados íeUs beés,
nom fe~aín a~aliadas fllas caías de morada, de -que
nom ouverem renda, falvo fe as c:afas forem de val'ia
·de vinte e quatrÓ r?ar.cos_~e. prata ·na . Eíl:re~adura ,
e nas Comarcas , em que (e l~nçaó c'avallos de con~
thia de quarenta rparcos , e elles ouvereni outr.os
beés, que valham outros . vinte e quatro m~rcos' de
prat~ em tal guifa, que fobegem _oito marcos da con-
thia , de que he ordenado teerem cavallos , que os
'coníl:rangúam que os tenham ;.é fallecendo-lhe alg~1-
ma parte de nom avere'm per (eus beés, aalem - da~ ~
cafas, os ditos 'vinte e qu~tro Tll.Clrcos de-pra.t a, nom
fejam coíl:rangidos pera teerem _Qs ditos cayallos;
ne_m- as dit~s cafas r:iorb lhe§ fejam pofl;as em ava-
liamento pe~a averem de teer beeflas, ou outras ar-
mas.
Ppp 2 . 8
. ~

· 8 NAs Comarcas, honddançam cav ~llos de con-


thia de ·Virite 'marcos, 1'10111 avaliaro~ as cafas , fal·VG'
fe fo~em de .valia de 'do.ze !llarcos, e que os aconth~..,
ados·tenham beês' que fe:jam pera avaliar' de valor
doutro~ doze marcos : nem ll~e fdom avaliadas as
rnupas de veíl:ir füas , nem de',fua molher , ríem fe-
nhas. camas de. roi.1pa , que fejam arrazoãdas pera a
,peffoa , a que for feito o .dito avaliamemo.
9 SE .alguús mouros forem aconthiofos pera tee- ·
irem cavallos, ou beeíl:as .de guarrucha, e tcvere.IT) al~
. gúas roupas ae feda ' como elles àcuftum.a m trazer'
:aos -de cavallo nom , nvalfarom duas~ roupas .dé feda
fuas, e duas de fuas molheres; e aó's de beeíl:as de
· ,guarrud~a· fcnhas pera elles, e fénhas parà as mulhe.;.
res; e [e mais teverem, fejam-lhe' avaliadas ; e, as~ou.;. _
tras roupas de pânno de laã, ou de linho, nom lhe fe.:;,
;.f. ' .
i'àm avaliadas., _ ·
· e A p 1 T u L º V/
1
, ?. .

-.
~ J;)a maneira, qutje ha. de !eer no avaliar dos beés.

·Q
1 •

DANDO o Cm1del novarn.e nte v i er _ ~ fcu officio,


• ." faberá' parte de toclo-los horneés , que ha rfos rfu_,
~gu-ares de fu a coud~lariâ , que, ainda nom fejam a-
<eonthiaclos, e effo meefmo d'al g uus, que o ja forem,
:e cobraram mais 'b e~s , perque mereçim de lhes feer
lançada maior conthia; e chega rá com ho Efcripvam
de feu offi~io _, e com os a~aliaélores todos tres ·aaqu~l­
,/' les~ ·que ouve"rem enformaçom, que teem be'és, per-
l1 ' ~ue
' 1

\
. Dós Coun~Es j E RwifyIEN'fOS, 'Eirc . .

'.que mereçam de teer cavallos ., ou bee0:_as , e reque-


< •rer-Ihe-á , que lhe me>ftre~ todos ·os 'beês , que tem
dentro ' em fua cafa.; e·des que os aífy- moíl:rar, fcjam
efcriptos pelo Efc1:ipvam. ,. . ' l
··· ·1 E REQ.YE·IR~M áquelle, que aífy aconthiam, fe
tem alguus ·beés de raiz , oü movis mais dos que .
, ,rnoíl:ra , que os digua fob pena de os perder pe:a .
Nós, fe lhe despois forem achados : e mcrndâmos aos
.noffos Almuxarifes do lugu.ar ! ou da Comarca , que
f~ acharem ' que os foneguam' que os recebam pera
Nós. 1

' 2 E Q.Y·ANDO affy fezerem o dito avaliamento ,' e'


alguús lhe differeIT}, que fem ferem mais avali~sr[e
'querem avc:-r por aconthiados em cavallos, e armas ,
façarn-no affy etc;epvet·,. e a~ífeentar 110 Jivr~ da COU-
delaria _, e nom fe.embarguem de lhe v_eer niais feus-
beé~: e_poíl:o que diguam, que 'fe ham -por aconth i~
ados em cav~•Hos rafos, ou em beeftas de gqarrucha,
ou de po!lee , inom fé enpachem del!o, e avaliem-lhe
feus beês-, ,e aqueHo, que per, elles for achad9,. que
rner.ecem de.·teer, lhe-s .lancem.
3 SE algucís diíferem, que te.e m alguús beês fom
da- Comarca , honde viverem , ou poíl::o que o. norn
- digam , _e os. Coudees h~ fouberem , efcrepva~ ao
•Coudel , ou Coudees·.das Comarcas., honde o.s t.e ve-
rem, que lhos enviem eícriptos quantos , qúejan- e
dos fom, e .o que pock.r::i.m valer -, perá vêer fe con-
1·Certa a foa efcri.ptura com_-a informaç,o m -~ que fe us
· do-

. ,
486 Lrv~o PRIMEIRO T .I TULO SETllNTA E Hu~ -
1 ~ - • '· • •

-donos derom ; -e fe ~orn concertar com ella' faberam


o
dello certo; e fe em alguma coufa fallcceo de di-
. zer. verdade, íe muito f@r, aja a pena _, que atras he
efcripta. . .
4 E PERA fe eíl:o milhor fazer' e mais fem tar-.
dança , niandal)los aos Coudees, ql\e. forem Comar-
. caaõs atua dez le'goas, que poílo q_!-1e· lhes n'om feja
feito a tal requeriniento, (e elles foubere~n, que nas
.ê omarcas _de fuas Coudelarias ha beés d'alguus, que
della fora ,fejam moradores ~ que o faÇam faber aos
Coudees da Comarca, hondc os (obreditos viverem,
quaaes ',, e quejandos os beés forrt , e o que poderam
valer.
5 E. ESTA· mim.
.'
eira , que efc1:epvemos, que -os;
.Çoudees aja·m ge teer quando primeiro vierem a feus
officios, eífa meefma teeram com aquellcs, que foll"'.
berem que d'espois 9uverom beés per her~nça , o~
d'algúa outra maneirà Ol;!verom officios ,: ou aprtnde-
rom inçíl:eres , perque feus be~ fejarri acrecentados
cm valia ; e eífo. ~eef1t1Ô com Olltros q~aaesquer ,
qu·~ . novamente cafarem , dandolh~s ,efpaço d'hui;í
.1 anno:. erh o qual tempo nom quei:emos , que fejam
aconthiados , por teerem .aazo de em o dito tempo
poderem cor-reger fuas fazendas , ç faberem parte qe
o
feus beés ; e acahado dito anno, fe .tenha c·om elles
a maneira , que devifamõs, que o .Coudel aja de teer
quando -primeiramente vier a fcu officio~
1
6 E QYAAESQY'ER" que aífy fore_m aconthiados ~
·que
Dos CouDEES, E REGIMENTOS, ETC. 487

.que tenham cavallos, e armas;fe.jam conftrangiqos,


que do dia, que lhe .os ditos aconthiament~s fezcfem,
a quatro mezes t_enHaõ o que lhe for manda~o .
7, E SE alguús diíferem, que foro,m ·m al ayal ia dos
pelos Coudees, que ante foroni, ou per aquelles, que
novamente vierem' e rnoftrarem taaes razooês > que
fejam de receber, e ainda fezerem certo, que no tem-
po, que lhes foi feito o aváliamento, elles aggrava-
rom dello; e' nom lhes foí conhecido do aggravo >a
taaes ' como eftes' avariem novamente feus beês; e fe
- achare·m, que o avaliamento foi feito mal, corrcgam-
•.
lho; e fe acharem, que foram bem avaliados , pelo '
trabalho , qu e deram ao Coudel, e âos ·avaliadores ,
paguem .duas dobras d'ourn ao Coudel; e- aos a va,lia-
dores fenhas.
s. E ESSES ' que requererem ) que lhes tornem a
. fazer av~1iamento; ca nunca forem avaliados , foo-:
mente .6s éoudees lhes lançarom cavall~s , e armas ..
nom t onfentindo elles em ello) mandámos " que poC-'
to qu~ pelos avafü.unento& lhe achem a conthià , per:..
que mere-çam teer o que for lançado , qtie. lhe nom
levem as penas comheudas na Hm:denaçom; p0rque·
noífa mercee he -a nenhuús contra .fy~ vontade nom
ferem lançados 'cavallo.s ) e armas> a rner.ios de ferem
primeiramente avaliad0s.
9 E QYANDO os Coudees. ,. eEfc.ripvaaês forem
a·oo ava liamentos fora dos'.lua-uares
o ,-. honde viverem
tam aloµgados, que' compra eftarem alá deus ·dias-,.
ou
"4,-81! LIVRO PRIM'EIRO TITULO S·f?TEN-TA E HUM
'
QU tres, nom levar-Om por ello dinheiro dos Co!1e.e-
l).10s , ner!l daquelles, que aconthiarem, mas defperi-
. derom dos dinheiro~ das revefüis : _e fe os ditos lugua-
res forem taa,es , qt~e n0m· aja em elles, ou á c.erca
delles avaÜadorês , e· lhes feja neé:effarió lev~Uos . da
Comarcá arredada , dar-ll-ies-am os Coudees gouver- ·
nanp dos dinheiros das revelias . , e averá o '-.C oudel
por dia . vinte reaes, e o Efcripvam quinze , e cada .
huil dos avaliadores" fe forem hgmeés pera hirem de

. . ' (
a
befl:a quiriz~ , e fe: forem de pee dez bra11COS Cáda
;.,
h uu.
C A P I . T U L O _\l_I.

Do efpaç() , que ham de dar .ao!. acdn!hiadospera


teerem ca:vallos, e armas:.
=
. ' .
·QUANDO os Coudees, e os avaliadores fezerem a-
- . conthiamentos . a alg1as peffoas , o_Efcripvam
do dito offici0 feri prefente, e efcrcpverá os ditos a_.
conthiamentos, e o .dia, em que fe fezerem; ·e os a- -
co:1thiados feram confrrangidos per. o Coudel , qµ2 :
defie dia a quatro rnc;zes tenha,m, e pa_reçam com os
c~vallos , e arma~ , fegundo o queJhes for lançado
per feus ·beés.
1 E AQYEUES, a que forem lançados cavallos,
tenham licen.ça, despois que os teverem, pera os -ven-
. der, fe lhe ·aprouver :.e feer-lhes-ha dado efpaço d'ou-
tros quatro mezes a·que ajam de teer outros.
2

,_
·nos CounEES , E REGIMENT.OS, ETc: 489
2 E SElhe -morrerelil feus cavallos , ou lh_e en-
manquecerem de tal manqu_eira , ou doar , que nom
fejam pera fervir, n~m acharem por elles preço., ain-
da· que os queiram vender , taaes como eíl:es a_,.v_e-
ram espaço d'huum anno .
pera comprarçm outros. ç
3 E sE forem mancos de ~al manqueira , ou doar, •
que os ,Coudees lhe · mandem , que tenham outros ,
pero fe os venderem , e acharem por elles preço , fai-
bam 'os Coudees, po:que preço affy_forerri vendidos, ,
e fegm:ido que o preço for , affy lhe encurtem do ef-
paço do anno,. que lhes ·he ~ordenado ~ affy como, fe
em a Comarcà valerem os cavaílos recebondos a tres
marcos de prata, e o aconthfado vender o feu caval-
lo manco por huú marco , encurtar-lhe-aro çlo dito
anno quatro mezes, e os oito lhe dem d'espaço a que
aja de comprar outro : e affy de mais ,.e menos, fe-
gundo .que o vender.
. 4. E SE a alguús aconthíados forem filhados feus
cavallos, ou armas, e aquelles , a que os filharern »
moíl:rarem -Alvaraaes noffos, per que lhes damos ef-
paÇo , guardar-lhe-ham o· Alvará, ou Alva.raaes em
forma, em que forem feitos; e acabado o efp~ço -em
elles contheudo ,'coíl:ranguam-nos, que pareçam com
os cavallós, ' .
" 5 E SE ·aquelles , que os filharem , nom .teverem
noffa authoridade, os Cou~ees coftrangu.arn os acon-
thiados ~ que tenham ca~allos , e elles demand.e m ,
aquelles , que . lhes fi.lharom perant~ os .Couqees : e
. Liv. 1. Qqq man-
I
490 LIVRO PRIMEIRO TITULO' SETENTA ~ --HUM
. .. ' ....
mandamos , que qualquer quê lhos· aífy ,,filhar··a e
qualqu~r condiç;Ôm, e _eftado que reja, qu~_ venha ref-
ponder. per fy ' ·oµ-per feu pro~urador pera~te os fo ...
br~ditos •
. 6 . E MANDAMOS ao :çnrregedor da noJfa Cpne, e"
aos Corregedores das Comarcas - ~ e a toda~-as o"utras
.. :p.offas·juíhças ., que c0mpram as féntenças -, que os
Ccmdées derem em eíl:-es _feitos , e que ·nas fent_ença:s
nnm aja appdlaçom, , ner:µ alça:da , falvo fe ailguús
' - quife~~ril ~~lles agg;<Ji~~r- , que aggra vem' péra, Nós:
e eftes -agg~av.o.s figu,am' a forma acuftumadá, que fe
. tem; nos outros aggra vos.
7_ E SE ~- Coudei vir. , qué o aconthiadp pooem
. ·boa dilicreni
b '_,,
1à)·em ·. d'emari"dar o dito· tavallo, ou ar.:.
mas, qu,e rn~·:aífy. .(oreiFÍ filhadas , em quanto andar
.e m.,de:n)lamda, e·n.om,.0uver. comprime""llto de jullíça,
· norn o coHrang~A · que tenha cavallo, ~t1 armas,-que,
ilhe. forom tbai:a das, ataa aver livramento ; ·e f~ vir,
qlJe-fe leqrn dar a vagar , por nom teer enca~reguo de
cavaÜo·: ou acrmas, c9fhangua·- o ,_que .toda '-yia o t.e...
nha, e em :efte ·ca f~ foo~<;nte tenham os· Co~dees au-
1toridade ~de J·wlguar: -.
. \ '
8 .: E .'Aos que .nevam.ente lanÇarem armas , -ou
beeftas; ~ lanças , e dardos , ou efc;udos , dar- lhes-
a
.ham efpa-ço de quatro rnezes que os_ajam & ·t eer, e
.parecer com relles·;. e fe deÍpÓis que ªs teverein., as
..: perderem. fe~ fua: ·~ulpa, dar-lh~-ham efpaço de huú,
·anno ·p era :a verem de comprar ~utras;-e .noin averallli'
" a tito-
Dos Counns, E REGIMENTOS, ET<'.'. ,..

autoridade pera poderem dar, nem vender as armas,


-que lhes for mandado que tenhaõ , falvo .fe nom fo-.
rem boas , e_quiferem comprar gutras milhares, fa- -·
çam-no com~ authoridade, e licença do Coude1, o qual
)he pode dar licença_pera as vender, e efpaço de doui
.
mezes a-que
-
. teaham
~
oytr~s. ~
- . '

.el º vir.
~· ~,

p r T u L

Dos cavallos , e armás , que ham de recebér aos


aconthiádos, e quaaes nom • . -

Q UANDo os Coudees Jlnçarem_cavallos, ou armas


. · a alguús , a q_ue acharem beés , per que os me-:
reçam de teer , e os acomhiados parecerem primei-
. ramente perante elles com os ditos cavallos, oü ar-
mas, efguardarom-bem quejandas fom; e fe o caval-
lo for, que paífe de tres_annos, nom lho' r~cebam ,
,falvo fe f<?r de dous covados ;e quarta de medir pa-
no em alto; ·e fe for potro de dous annos, feja de
razoáda altura:· e par.em bem ment.es -aífy âós caval-
los , como aos ·potros, .quç fejam bem faaõs de toda
door , e manqueira, ca fe fore~ ~ancas, ou doen-
tes , n~m os receberam , poíl:o que fejam da dita
altura: e nom receber~ potro que feja ~enos:de do~s
annos.
1 MÃrs.despois que o cavallo -novamente for re-
cebi.do erri aquella hidade, que dita a vemos, d'hi en-
, Qqq 2 di-
.+'9'z.· L'rvRu 'PRr-MEIRo TÍTuL0 SEtE~TÂ i HUM
• I .;· ·.

diante , . p;fto que venha a feer muito velho' e em


difpofiçom p~ra p~der . frrvir ' f~mpre o receba em .
~!ardo; e .pofto que alguús tenham a·conthia çlobra-
( aà, ou· muito· mais, nom fejaõ c~firangidos ,'que te- ·
· Íiham maio; çavallo 'daquelk , que he hotdenadb,
que geeralmente tenham.
· -:~.· ·E AS 'arm-as lhe teceberá ~q; aquella màn,eira ',
q)>l ~/om devifadas no primeiro c~pitulo; ~que feja~
limpas, e' no~as ,_qu pof-l:à qu$i!~npvas porn fejam, ql!l,b··-
. naõ fejàm tam velhas, que ..pj,r;,leihice percam i~·a.
forteleza, e fremufora ; .e as b_e-ellás d.e guúrucha fe_
janÍ de til forteleza, feg undo fe requere pera fe armar'
com gµarrucha ; e os virâtooés fejam de .boàs aftas, e
d~_t boas pennas , e os ferros foldados; e as beeftàs :de
pollee da fort.aleza , que req_uere a pollee ; .e te nham
c0m ellas fuas guarruchas, e pollees, fegundo forem _
compi-idbiras. · _ \
3 E _SEJAM bem' avifad os os_Coudees, que' quan_.
do receberem os ditos c_a vallos' 9u armas ' que os
recebam taa,es' como aqui he devifado ·; porqtie def- .
pois que o!3 húa vez recebe~·em , mandamos que q'hi
endiante fempre- ihos' recebam : fal vo f~ defpois ,que
os tavfoós forem recebidos, Íhes 'viçr dQ.Or, ou -rnan-
queira tal , que nom feji f>e'~. á. fervir, QU fe. as arma~
per maa guarda, ou per alguú ~utro cajom re_c ebe-
• l
rem tal dampno, que 11om fejam pera prefl:ar•.
4 ' E ~E N~s acharmos' qqe os Coudees nom ~eerrÍ.
'bÓQ C\Vifamento em o .recebimento deftes cavallos , e
ar-
Dos Coun:irns, E REGIMENTOS, ETc •. 493 ·-
armas, fejam ·bem certos, que lh~s ·daremos por el-
lo tal efcarmento, ' qual merecem aquelles que nom
fervem bem os officios , que' lhes fom encarregados.
5 ,E si. o aconthiado tever mâl penfado feu cá-
vallo , ou lhe adoecer de alguma do9r, delhe ó Cou- ·
' del tempo razoado~ que o poffa-pe'nfar da·door que
tever; e fe aaquelle tempo nom for pe!1fado e.orno
deve' ou guarido' d 'hi endiante lho nom recebam,
e coffràngam-:-n.o , q~1e te~ha outl-o_, dando-lhe ~fpa-
ço , feg_m:idd' atras he declarado. ·
6 E.sE alguum te:ver cavallq_ de cayallagem, que
- -'~
feja fremofo' e bem -penfado, e feu dono fezer cer-
tó, que ern eada huum anno cavalgua., .e.fegura vin-
te eguas, tal como eífe, poílo que feja manco, ma.Q-
, damos que lh çebam em alard~.
l7 E ESTA Hor_d enaçom, que agora affy fazemos
das armas, e dos cav~llos, e _d a maneira, que ham
de' feer -recebidos, nom.fe eJitenda :em os que já foill:
- lançados· pelos Coudees, mais em os que lançarem
povamente.
' ·.
. '>
'-

·,
,.... .
494 · Lt~Ro PRIMEIRO ';rrTULO SETENTA 1 HUM

.e: A_ p I T u :c·p VIII. '


,'

Da· '1i1aneira J> que Je .h~ de Úer com~ alguüs acon- .


thiados , que ·vaa9 viver fora da Comdrcã ~ 'hondt
moram, e 'cô~ a!guus outt os, .que gaálçarn:Çaj,.~ -
- tas ·~ _ou .Álvaraa!'!.. ~e_ poefâd9s com~ ' nom
de'ldem.

_ \• ,;, ·.' p OR quanto alguús aconthiad0s , a que forn lança:".' _


.: ·"' • _· dos-~cavallos, e armas·, [e partem da terra, don=-
"' _. r . /

\.
'·" de viverri, e fe v~orn pera 04tra parçe, por aazo de
··nor~ ter.em o que lhe _foi Iançido, fobre taaes c9mo
efte11,. mandamos; que .fe ten~a efl:a maneira.
. . ., r · .Qy ANDO os Cou_dees das Comarcas, donde os
fobreditos viverem,. fouberem_; -qu m pariidós P<:>r
eíl:a razom ;_fa berom parte honde · e foram ~i ver , .~
. . . .

efcrepverom 'ªº Coudel da terraJ, ·comq fe alguum,


ou alguús'partirom por , ue aazo a viverem em aquel-


fa Çomarca, de que elle teem . carregue de Coudel ;_
e que pore~ . elle lhe faça aliá teer 9 cayallÓ, ou ar:..
m•as /que lhe foram lançadas honde- primeiramente.
'vive:o, pera"noffo fervi~.o.- - ., - ·- . "
2 E sE álguús _gaançá~~m-·Cartâs, "ou Alv<l,raaes
noff~s, ou daqueHe, que tever p~r.a eíl:o ~ofia auto-
ridadé' .per que fejam efcufados·de te_e~errl' cavallos·,
ou armas, ou _bee:íb., ou -outras armás, por allegarem
que fÕm de.' !üdade de ·fettenta annos, ~u perque ~s
avq.Jiem outra vez, ou por 'dizerem 'que nom teem
»,:, · \ · be~s , -

r: •
,•

. '
... ' ';T'

D.os CouoeEs, ~ ·Rw1MÉNTos ', ~Te:~ .4~J'5


b~·és. porque eíl:o · po~;rh 'fopcirta·r ; .mandamos 1~0~
Coudeés-, ·eiue·'. n9vamente vierem .a feu Qffi<_'.io ; que
. . "
faibaqi pat~e. 'âos:qáe affy forem · eftufados ; ' e aqué ...
f
·les, que àéhare~i, que dir~itam.entle guaançarom fua
Cait~ por ferem . de hidade-, 'e i{óm ave/em á ~onthiá
doqrada·if~gti-ndo he contl!eudo em nQífa - H~rden'a- ·
çom, por-n:o:m teerei;n beés, ·.tom efcufado~; taaes _c o- .
- · .mo e-íl:es'~õfu coíl:ranguam , e os ajam por çfcufados;
. >êos~que acha·rem, quéSorom ~fcufados; é@mo ~om
deviài;n, .c0íl:rangam-nos, que·'ten:hàmaquello, em que
eram é!,Conthi,ados an~e Ôa excufaçom: e'.fejam OS dí.• .
. tos Coudees bem avrfado~ , que nh~ : faç~m mudan- , ·
. ç_a c~t~ eftes, ·qa~ affy ;forog-i efcufaçlos ante:.de fuas~·
:vindas aos officios, fal vo avendo primei.Fo muitó'. cla-
o
ra raz~rn, perque d!!.va~:fazer. , 1

e'

 'i'l"T ·li't7 ~
> ".

º v1ür. .
. _;,r. . . - '
- Corrio os aco11thiad~S,~hám de ·'fe~r penf.adÓs/eus cava/los.
. ... \. '.~- . ) ,

Q s ACON.THunos em ~ c:ivaJlq fe tr~baiharorri fe~-


pre de os)eerem 'fe~pre bem penfad0s ·; .e no~ os _
lançaram ã pàcér, fa}vo_. em eíl:és mezes çlp a-n~o, ll.
fa?er', Março. A bd-1,,. ~ai~, e.Junho; ç tbdo o 'Ou-
tro tempo os terom ::ri:~' eftada de dia', e de ~oite.' "
-r.- ·E :·s'.~ ~m, dl.Je
·iemp0 , _qu~-.- affy ,defe~demo~'
º ('jUe os, hô)JÍ · Iari~e~ 'a· pacer , ~- ~lgud. ':'\~i: a .~doetef­
feu qvalfo·em·:ratmaneir:a, que 13er n~'Ç~ilidade lhe
cem-
l
..
. ..

t.
496 L1vRo -PRIMEíR.o 'trn,rL~ SET_ENTA Ê HUM

.convenha lançallo fora a pa.cet.; -mandamos que aja


'P'era ello lug.uar' ataa que feja ,_ faàq ,; ·e dlo meefmo .
· q".;ando for veer fuas vinhas , e hefüades,
- . ' ' .. \
que
,de dia·
.
,o póffa tra'?.e.r a pacer, e de ncfüe o p:onha na eft'ada,
'

çÓmb .fPtp he'. . ·


2 · . E , s~
a,l guú. lançar (ª pac~r feu ·Cé\vallo no -ten:Í:.. •
po, em qu~ o· aíl'y defenç:!_emos , cada vez que paffar
Jloffa defeza >.. pague trinta reaes · d~íl:a ·noffa\ rnoeda
dê trinta e cinquo . libi:as o real, que oi:a corre, ou _a
fua valia direita; e deíl:as penas as duas partes fejjlm _
per3: o Cpµdd, e húa pera o Efcripvà~ da coudeb.-
ria, e-,fejam dema-ndados perant'e·ós") uizes. da terra;
.e rpf\'l.; danios aos ditos Juizes, que li~rem' e'íl:o, fe del-
lo Óuvei:em certa noticia, fem fe paffar . outra eícri"'." '
pt u'ra. "·
e A p I Tu :i. o x. · .
Das razooes, p1Jrque os aconthiados devem.Jeer e/rufados
", ·dt:._fua_s ronthias:

-A ._ QyELi.i>s, .que forem hú~ vez ac_~rifuiad~s u nom.


, · fer6m decidas daqu<;llo, que lhes for 'lan~çado,
falVo fe for per no{fa; ·Cartas, e Alvarcraes, ou por ea--.
da húa da~ .razoais, que fe adian~e fegut:m • .'.
r SE' forem de hida_d e de fettenta annos~ pôíl:o
que fejam faaõs ·, e rigos, man.daµ10s que nom frjam
coíl:ra~gidos pera tee.rerri cavállo1, nem aparecerem
em~ alardos, falv~ fe reverem as çonthias dobradas , ·
rnan-
l 1

f: .
:Cos Coun:rns, E REGIMÉNTos, ETC. 497

imandatnos, que tenham dous arnefes, e os enviem


per feus homeés, ou moços ao alardo quando fe fe-
zer: e poíl:o que affy fejam def!:a hidaee, fe fore;m
acontiados em beefl:as, ou em outras armas , nom fr-
jam decidas dellas, mais fejam coílrangidos, que as
tenham bem limpas, e beín guardaàas, como fc nom
fo!fem ·da dita hidade, em quanto reverem conthias
pe/feus béés ,. pera: as a verem de i:eer.
2 E PERO nom fejam coíl:rangidos pera ,parece-
rem erp alardo com as ditas al"l1]aS ,,fe teverem ho-
mds, ou moços, per .que as eriviem; e e os nom -te-
verem , fejam-·Jhe vifl:as em fuas cafas; e fe ouv~n:m
por cufl:o, ou trabalhô de teer as ditas.. armas .• e as
quiferem leixar aos Concélhos, receb~--as o Procu;a-
dor do Concelho, e fejam affeentadas eni. recepta fÕ- -
bre elles :. e mandamos aos .Vereadores, que as f~çam
.guardar, e alimpar quando lhe for coÍnpridoiro.
3 ,E s·E alguús forei:n cegos, ou alejados, ou do-
entes de taaes·doores, que nom pofiam pC<'r fy minif-
trar.feus b ~és, ou forem guafos de guafem, que fejam
lançados fora da converfaçom dos homeés faãos, taaes-
como eíles nom fejam cqfl:rangidos pera teerem c:a-
vallos, ne_m armas, poíl:o que pera ello tenham con-
thia, :6ngella, ou dobrada_; e pofl:Õ que as a~te tevef-
fem, fe .vierem ·a a ver eíl:es ca'jooés, fejarp dellas deci-
das: e o que aqui dizemos de doares, ou aleijooés, fe
~ntenda, que fejam taaes, de que rfom poffi_ tm guare-
cer aquelles, que as t~verem ~- ca poQ:o que foffen~
. Liv. L Rrr ded-
-_498 LIVRO PR'I ,ME"tRO TITULO SETEN.;A "t HUM

decidas dos cavallos, ou armas por aazo das ditas


-coufas, fe defpois tornarem a guarecer, mandamos
que .as tenham, aífy como ante, fe lhe ficarem beés
p.era as teer.
4 SE _a alguús ac~nthiados de conthias fingellas
morrere~ fuas molheres , e lhe partirem feus beés ,
·f ejam-lhe· ava:-liados ,.aquelles, que lhe ficarem,'e cof~
tranguam-n?s que. per ell'es tenham o que merece:-
rem: e· eíl:a mefma manei1:a teram com os que cafa-
·r em filhos, ou filhas, e lbes derem parté de _feus beés;
de que os filhos, ou filhas ajam ufa fruito-;, ou fe per-
derem em rendas ; ou carregarem ,. e perd.erem na
_çarr.\ gaçom; ou os que reverem fuas riquefas . em
guaados, ou em beftas, e lhe mórrerem a maior parrn
dellas; qüaaefquer deftes, que requerere_rn'.aos Cou-
dees, que por cada húa deftas razobés lhe t~rnem a
avaliar feus beês, e os Coudei s fouberem por certa ,
e verdadeira ei;1forrnaçom, que fuas r.azooês fom ver-
dadéiras, conhecer-lhe-am dellas , e avaliar-lhe-aro
feus beés; e o que merecerem' , eífo lhes lançerri.
5 . E QYANDO os fobreditos quiferem foer efcufa-
<los .dos ala~dos per hidade,, ou per_ doença , ou pe1·
aleijam, requeiram a Nós, ou a aqudle ~ que per nof-
~ ' ' .
fo mandado tever carrego .de defembarguar os feitos
.das çoudel~rias, e averá Al~ará, p'er que os dit~s
Goudees com os Juizes , e Procurador do Concelho
' -
_ tirem inquiriçom fobre fua hidade, ou doores, e a
-enviem a Nós, ou a .aquelle, :queJ:leíl:Ô noífo carreguo
te-

' '
' .
Dos CouoEES, E REGIMENtfOS, ETC. 499

tever, pera em ella .d anpos determinaç~m, fegundo


~ntendermos, que he razpm.
6 · E'sE alguús requererem, que os deçam das
conthfas, porque .fezerom doaço~ -de feus be.é s, os
~ol!de~s "'vee~am as efcripturas, que dello fom .fritas,.
e fe teem nolfas confirmaçooés ; ,e faberam.,'fe aquel~
les; a que fo~ feitas a·s doaço6és, fe íl:aJ:? em ,po:lfe:
do ufo fr.uito; e fe acharem, que he affi, tràbalhar-
fe-a~ de faber, [e ha em ell~ conluio, a1fy co~~- ef­
fes, a que fezer<in1 .as d,itas doaçooés., ·~yerem algúa
· coufa dos beés ;' e o mais ·darem aa parte; e quandq
de ta·l conluyo forem certos per boas teíl:emunhfts, €!
dignas de c_reer; farorn fecreíl:ar effes beés pera.Nós,
e farnollo-am faber pera lhe manda~mos .ª ~aneira ,
que cotn ceÜes tenham. : e a_s outras do~çoo és, em
que n~m ou ver conluyo, ou epgano , guardem-.nas~ .
\ ~ ... • ."!'

CA p I Tu Lo "XI. .·.'

~ • Das liber.dade-s., que ham d'aver ós ·que ferem·


aconthiados em. cavatlos.
..... _,
Q
-,··

UAAESQYER que forem aconthiados em ~avallos,,,


e os teverem , mandamos , que nom ·feJa,m ··c of-
trangidos · pe!·aAduas ·,. _nem . fér-ventias, _qu~ Nós
n1andamos fazer, pero·faTviror;µ 'nas oÇras.do .Conce-
. lho, a:lfy como pontes-;: .fontes.,_ ·c;ami.p.hos, muros,. ..,..
hir com prefos, e c9m dinheiros, e IJÓS éncarregos ,_ •.
·que a os ditos Concelhos perteencerem. . .
1\ ..... 1

. -Ri:r"2" . . ~·

\
500 LrvRo PRIMEIRO TITULO SÊTENTA E HUM r

r E MANDAMOS~ que lhe~ ~çim feja filhada ,pa-·


lha, que t~verem empalheirada pera :feus cavallos ,
J?Oíl:o que Nós, ou noífos filhos, ou irmaaõs fejamos
nas ditas Comarcas, onde elles ·viverem; nem lhes
feja·m. dadas fuas cafo.s de morada' nem cavallariças,
nefl}·fi1hadas fuas roupas q.e c~ma, falvo quando Nos,
ou noffos filhos, e j._rmaaõs formos nos fugares, hon-:'
de ell~s viverem, ou quando per hi vier alguú outro
Senhor-, ou Senhores , e fida~gq_s.., que nom acharem
outr~s poufadas , honde poufar ;' e tambem defen-
• I'" •
. ' demos, que lhes nom filhem fuas -cevadas, nem:
galinhas, nem cabritos , nem outra_s coufas do feu
contra fuas vontades , fal vo per ~oífo mandado ef-
picial.
eA p r 'i: u L o XII.

Da maneira que ham de teer com os vajfallos poiifados.

M ·ANDA.Mos aos .noffos Coudees; que os vaffallos,


l que houver em fuas coudelarias, que forem pou:
[.,~ dos ·per hidade, que os nom coíl:rangtiam pera te~­
rem cavallos, ou beeftas, nem · -oi1tras. armas, e os'
ajam dello por efcufados; e fe forem poufados gra-
ciofamente, nom a vendo hidade- pera o feer, manda-
mos que tenhatn fenhos arnefes compridos, e fe os
nom qu iferem teer- mandamos que lhes nom feja·
guardado o_privilegio; e_os que teverem os dit9s âr-·
nefes ao tempo, que fe fezerem os alardos, façain
ter-
Dos CouDE'ES, E REGIMENTOS, ETC. 5or
~erto aos Coude~s como os teem; e' 1_1om pareçam
com-elles.
e A i>~ r · T u L º XIII.

Da nttmeira, que ham de te.er os Coudees quando


fezerem jeus alardos.

S E os Coudees novamente ·vi~rem á poffe dos -offi..;


cios do mez de Março por dianite atee o Penti-
cofte, nom· façam alardo, [e nom ern oitâvàs,-qelle,
porque em aquelle tempo temos hordenado, q~e fe
faça per todo o Regno. E entre tanto prevejam os li-
vros-· da coudetaria ·, e faibam te ha hi alguús ' qµe
tenham 'maiores contias daquello) que he pofto nos
livros, ou fe em teI?Pº dos óutros Coudees foram
decidas alguús das conthias, erri que eram' poíTos, co-
rno nom deveífern ~ é o que aífy ·acharem per verda-
deira enformaçom, que anda mal corregido, façam-
no enmendar, fegun.do noífo Regimento' manda. E
fe os ditos Coudees víerein a feus officios defpois do
Penticofte, pero feja a cerca delle, nom façam alàr- .
do a menos de fres, ou quatro mezes depois da dita
feíl:a., por nom darem tanta fadigua aos homeés. '
I ~ E os DITOS Coudees fejam avifados, que o .:tlar-
do, que .aífy fezerem, feja em tempo, que a gente
feja mais fora da ocupaçom ·ae
feus tral~alhos. E no
primeiro alardo, que fezerem, teeram a maneira, que
he devifada 'no Capitulo feguinte, que geeralmentc
ªJªffi

5.02: LIVRO PRIMEIRO Trrpr,o SETENTA E IIUM

zijam dê'teer em todolos (llardos; e da gente, que for)


achada em foas coudelarias naquelle primeiro alardo ,,1
e de como foi: corregida farom os Bfcripvaaés das
· coudelarias cada huú dous cadernos, e huum envia-
rom a Nós ;~· outro ,ficará a elles; - e Ceram o~ cader-
nos 'feitos pellas Qiftinçooés ~diante declaradas·.

e A p 1 T u L º x1n1.
.
Da maneira , que os aconthiados em e.aval/os ,. e armaJ· }
h'!m de aparecer.nos alardos, e .da maneir4, que o
Coudel ha de fazer os· ditos alardos• ..
f

e ;DA ' ~

hu·u Coud~l pr~v~rá quantos homeés ha em1


fua. cóudelaria:, ·~ pen:fará com quai1tos homeés
pode fazer. a~ardo em huú dia, e repartirá os homeês
de fua poudelaria- per certos . dias ; affy como fe na.
coudelaiia ouver novecentos .home~s ,. elle pode fa;
zer alardo com trezentos.
( 1 E Rf;PARTIRA' feu alardo per certos. d~ás ,.'e fe-
fq_r Villa,, e termo, n primeiro dia viram os da Villé\, , --
.e no ·fegundo os que forem do termq ~is acerca, é-
no terceiro os mais alonguáclos: e fe for alguú Coudel
da: Comarca, e Julguados defvairados, affine a ca-
o
da huÚ: Julguado- dia, em q,ue elle ha de-fazer alar-
d o. ·
2 E os ALARDOS 'geraaes fe faró'm húa vez no an..
no,_e mais nom ). falvo fi! ou verem noifo ~andado.
em
Dos Couous, & REGIMENTo's , ' ETC.

. m contrairo, e ferom feitos per .todo o Regno nas


'e
oitavas de Penticofte: e os Coudees farom faber ás
peffoas a qual di"a' dàs oitavas ham. de vir .
. 3 E QYANDO forem ós alárdos, aquelles; ~q~efo ..
. rem aconthiados ·em cavallos ,.e os .teverem, venpam
e m cima del!es armados de fuas armas'; e ·OS que fo-
,rem aconthiados em <:avalias ràfõs ~ vel)ham em elles
l!fem armas ; 'e os que forem arnefados, ou,, beefteíros
..<le guarrucha, femelhantes venham com fuas armas
/
vefüdas ; e,os que ou v~rem: de teer dous arnezes, ve.;,,
.nham armados em fenhqs) e bufquem 'q uem lhes·tra~
,,gua os outros: pero fe eftes · aconthiados forem tam
ivelhos, 9tÍ tam groffos ,'ou doentes, que nom poíram..
dür em cima dé feus cavallos, ou armados, poderam. . '
.en~iar por fy outros h;meés COI~ fuas àrmas, e ca-
vallos. ', ""' ... '
4. E Tonow~~'Cfas'.~cQ.Údelârf.Ís parecerem aos~ di"'
"
as, que lhes·forem ailignados . fer:i . poerell?- a ello ef~ .
1c u(a' porque > pqis norn' ham de fazer alardo mais ,
no
·~'híía 'vez apno > todalasº'outras neceilidades 'devem
de efcufar, por pa.recere'm com feus _cava_llos, e ar-
. ,m as a àquel t~mp~;;. : .e -éff:o meef~·o farom os que fo-
rem theudos de "paTecêr~m com lanças·, e d~rdos_, ou
,c0m efcudo~ ~ e Ian'ças; pero.. fe ouve,~em a:lguas·ne-
·ceili'<lades tam forçofas_, que pe!r , nenhu_ã guifa nom
poffam parecer, manâçm outros, que pareça~ c6m
fuas armas, e cavallQs, e enviem dizei: aos Coüdees
a razom , ou a,s razooé~, por que -affy norn podem
parecer. 5


'' 504 LIVRO PRIM~lRO TI.TULO SETEN-T.A E HUM!i

5 NEM. os aconthiados ~ que forem,poufados peI11


. . .. '
hid~d~ , ou per necelfi.dade, pero. ªJªm de teer armas,
nom pareçfl.m- per fy com dlas , fenom quiforem ,
mús mandallas-hai:n per outrei;n ' [e lhe mais aprou-
ver ; e fe nom teverer'n, nem poderem aver qúem
lhas tragua, fejam-lhe yiitas em fuas ca:fas.
- 6 E os QYE teverern p~tros, que ainda nom fe-
-· ~am ca valguad.os , traguam.:.rros feus donos , · ou os
mandem trazer per redeas, ou cabreftos pera os Coú-
dees poderem veer como fiam penfados.
7 E QY ANDO os Coudees ou verem de fazer alar-
do, faça~ poer a algúa . parte os que teverem ca~
vallos arnefado.s , e..:, os que teve.rem ca vallos fingellos
á OL!'tra , e-os de beeH~ de guarrU{:ha a outra, e os de
:p ollee per a dita maneira'· ~._os horneés. de pe~ '-lan-
ceiro~ a huma parte; e)7e hi Ôuvef' alguuns, que te...
nham feudos, a outrn; e· aífy façar11 os .ditos Coudee&
-.c om. elles feus alardos·. - · · '\
8 E l'AROM os Coud;ees em feus, livros todalas
cnnovà'çooés, que.achare.m em os dh9s alardos, quan-
do QS fczei:-e)n aíly d :alguuns;, que tenham ·cavallo'.s,
e armas , e os nom trouverem , . como .d'alguuns '·
que os n6m tinham, e os vierem a teer,,. e d'alguuns
ouúos, que novame_nfe forem aífeentados nos livros
das coudelafias , ou d'algüuns outros·, que f;llecerem
<lell?; e eíl:as ennovaçooés, cada. hyu.m Coõdd envi~­
rá em efcripto em caqa· hu!Jm· armo a aquellc-, que
l ever carreguq por Nós. de lhrar os feit~s da coude-
lariai .

. .
Dos CouDEES , E REGIMRNTOS, ETC. 505
l-ilria : e reeram maneira , que o dito roo1 lhe feja en-
viado deffe dia, .que o alardo for feítb ataa trinta di-
as.
9 E A ALEM deíl:e alardo geeral, que mandàrnos,
que fe faç:i em ·cada huum anno hu~a vez per ~odo
o Regno, os Coudees das coudelarias, honde ou ver t

aconthiados em cavallos , farnm tres alardos com a-


quelles, que forem aconthlofos em cavallos, affy que
com efte fejam quatro , por v.eerem como os acon-
thiofos teem penfa<los feus cavallos; e efl:es tres alar-
dos feram , huum defpoís de Santa Maria de Setem-
bro, e o ro nas oitavas de Natal, e outro por Santa
Maria de Março, fe aquella füfta nom cair na domaa
maior , e fe cait na domaa maior, façam-no nas oi-
tavas da Pafcoa ; e fe os Coudees em cada houm
deíl:es alardos ~irem que os aconthiados reem os ca-
vallos mal penfado~, ponham-lhes pena, fegm!do v~-
1:em que he raz;m.
ro E EM eftes alardos efpeciaaes os arnnthiofos
nom trazerom armas, nei:n os efc~epverom, co~9
parecem , falvo alguuns, que venham nóvamente, e
ainda nom fejam .efcriptos , ou outros, que venderem
ca vallos, ou lhes morrerem , e reverem efpaços ~ q!Je.
lhes ajam em cada huum dos ditos alardos, e efcre-
pverom fe parecen com elles, e quejandos forri, ou fe
fom revees.

Liv. 1: Sss
506 LIVRO PRIMEIRO TITULO SüENTA 'E HUM
'

eAp I T u L~o X V.

Da maneiYa , em que ham de feerfeitos os cadernos,


de que atr.a.s he feita meençom.

J TEM. F. he· conthiado em huum cavallo de tal fo- .

dade, e calor, e tem-no boo, e recebendo com


taaes armas; e eíl:e F. he de tàl hidade, e difpofi-
çom: e efto ferá efcripto _de todos geeralmente.
1 l'i'EM. F. tem huum potro de tantos annos,
que he de boa leva, com . ~rmas, ou ferri armas.
2 ITEM. F. he aconthiado em cavallo ora no-
vamente, e daqui a tantos mezes ha de te'er cavallo'
- fingello, ou com armas. -
3_ ITEM. F. he aconthiado em- cavallo, ·e ha tan-
to. tempo que o . vénden, e'ha tal tempo ho ha de
teer.
. '
4 ITEM. F. tem cavallo, e he. matico, e foi-lhe.
dado efpaço tanto que guarece!fe , e fe nom guare-
ceffe, coftrangell0-ham por outro.
5 ITEM • .F. foya de feer aconthiado em cavallo
-· ha tanto tempo, e íayo:-fe delle por cafar filhos, ou.
netos, ou lhe morrer a molher.
6 !TEM. F. foya de feer acontiaào em cavallo, e .
ha tanto tempo que o nom tem, porque fez doaçom
de fe us beés a F., que ha o ufo fruito, e efte F. he
va!fallo, sue o nom poffo coíl:ranger polos beês, que
QUYe i e fe va1fallo nom for,_dizer, que .o coíl:rangef-
tes.
Dos Couous, t REGIMENTOS, ETC. 507

tes aquel, que os beés ouve pera a ral tempo ceer o


dito ca vali o.
7 ' I T_EM. F. ha tanto tempo qlle nom tem caval-
lo, e he fora por hidade, privilegio, e nom tem çon-
~hia dobrada.
8 !TEM. F. ha tanto tempo, que nom tinha ca-:
vallo , e agora o cofrrangem , que o teJiha, por lhe
~charem conluyo de doaçom.
9 I ;EM . F. ha tanto tempo que nom tinha-caval-
lo, e agora lho tornei com tantas armas, nom em-
bargante, qu~ feja· apoufentado, porque lhe achei
conthia dobrada. -
' ro ITEM: F. -ha tanto tempo que fe efcuf<?u de
teer cavallo , e eu lho tornei fem embarguo da carta
da hidade , que tinha, porque fui certo per fua vifta ,
e tefiemunhas , que a levara enganofamente, e nom
ha os fateenta annos.
II I TE r.i . F. tem beeíl:a de gua~rncha com tan-
tas armas boas, ou cumunaaes. ·
12 ITE M . F. he acontiado em tal couía,, e tero-
na boa, ou cumunal.
lJ ITEM. F. ha tanto tempo que he efctifado per
Carta d'ÊlRev, que ou".'e por tal ferviço, que fez.
14 ITEM. F. ha tanto tempo que he efcufado per
Carta d'E!Rey a roguo àe F.
15 ITEM. F. ha efpaço de tanto tempo para ven- .
der o ca ·aUo per Alvará. .
I6 hEM. F. ·ha efpaço de tanto tempo, por.lhe
mprrer o cavallo em tal tempo. Sss 2 17
,508 LIVRO ~RIMEIRO TITu.r:o SETENTA E HUM

17 E ASSY poeram geeralmente tpdolos outros


~ aconthiados•em armas, e cavallos em tal guifà, que
poífamos bem faber os cavallos, e a~mas, e becítas ~
~ue ha em cada huum luguar, e c.oudelarias decÍa~
radameqte,; e quando vier ao outro anno, affy· poe-
rnm: F. pareceo com ta} cavallo, que era efpaçado,
' qcie. teveffe taaes armas , e affy os que forem tirados , ·
ou minguados das armas, ou cavallos, porque razom;
e tambem os que acrecen~arem per ql,lalquer guifa
que feja.
e A p ,r T u L o xvr.
Das pe11as, que ham d' q,ver aquei!es, que forem reveeJ
a norli virem aos alardos, ou nom teverem o que lhes
for mandado. nem pare~erem nos alardos ,Jegundi>
be contheudo em noffa Hordenaçom.

T ooos·os que forem theudos de v1r aos _alardos, A

· viram a elles aos tempos, que lhes for mandado


per os. Coudees, fegundo em noíf0 Regimento he
conth'eudo; e os que n.om vierem 1 fe hom . teverem
grapd~, e certa necefüdade , per que o leixem de fa-
zer., os que forem aconthiados em cav'allos, e armas·
paguem de revelia _cem reaes~r· e os .dos ca vali os frn-
gellos paguem fetenta; e os de' beeíla d~ guarrucha
· ' paguem _cincoenta ;. e os de beefta de poilee paguem
trinta; e os de lança e dardo). ou de fança e efcudo
~... dez.
J

2 " •

.. ,r;

,.
Dos CouoErs-, E REGIMENTOS, ETC. 509

1 E SE aqti~lles, que vierem aos ºa lardos, e forem


aconthiados em cavallos , nom vierem ~armados em
cima de feus cavallos, fegundo no capitulo que def-
to falla he contheudo, e os aconthiados em ca vallos,
e' a~mas paguem fettenta reaes ;.e o~ de ~avallos fin-
geqos paguem cincoenta; e os de beefta de guarru-
cha quarenta: e efio nom-fe entenda em aquelle, que
per hidade, ou doença , ou grofÍura ho nom poçier
fazer.
2 E SE alguuns parecerem hos alardÕs, e nom
teverem os cavallos, ou armas, que lhes he manda~
do que _tenhám; mandamos, que paguem aquellas
meefmas penas, que ham de paguar os que fom re-..1
vees, e nom veem aos ditos alardo~, fegundo lhes he
mandado.
3 E Tooo1os dinheiros fobreditos feram entre-
gues a huum dos avaliadores fobreclitos, o qual os
tenha pera fazer delles o que Nós i:nandarmos ; e o
E(cripvam da coudelaria ·aífeente em huum livro a
recepta, e defpefa delles: e mandamos aos Coudees ,
que ·quando ·nos mandarem em cada huum anrio o 4

caderno dás alardos, que nos efcrepvam quantos di-


nheiros aquelle ;rnno hi ha de revelias. . '· J

. 4 .
E o..y ANDO os Coudees mandarem aos acon-
'
thiados, que tenham armas, ou cavallos pelos .pri-
meiros avaliamentos de feus beés, ou por perderem,
ou vender~~ os que dantes tinham, lhe darom os
Coudees os efpaços, que fom eontheudos em efte nof-
.· fo

1
LIVRO PRIMEIRO TITULO SETENTA E 'HUM

fo Regimento; e os que paífarem , mandamos, que


os_ degradem da Villa, e do termo, atee que tenham
_os ditos cavallos, e armas; ~ fe paífarem os noífos
oegredos, mandamos, que fejam _prefos.honde que~
e
·que forem achados, nom_fejam foltos ataa veerem
noífo efpecial mandado.
5 E POS·TO que tenham o dito degredo, fe perfio-
fan;ente fe leixarem andar em elle p~r eípaço 'de tres
mezes , e notIJ reverem ·o qu~ ljles · he ho'rdenado ,
mandamos que os Coudees c'.oni' Ós Jüi~es, e Efcri-
pvam da coudelaria cheguem a fua Gafa do que aíly
for perfrofo) e [e acharem em ella ouro) prata, 01:1 di- ~-
nheir~.s, tomem deUo quaQ.to ab.aíl:ar pera çomprar
as armas, ou cavallos, q_ue aífy ouverem de teer, .e
comprem-no; e fe em fua caíà eíl:ever quem delle
-poífa teer cuida~o, façam-lh'Q 'entregar; e fe hi nom
dl:ev~r quem tal cuidado poífa toma~ , e for cavallo,
ou potro o-que ·aífy o Coudel. c~tnprar, entreguem-
no a alg.tJum homem da Villa, que dell~ poífa teer
cuidado, e. aja em cada huum dia _âos beés daquelle
aconthiofo doze rea.e s, ataa que elle t0me carrego de
feu . c~~allo; e fe forem armas as que aífy _çomprar~m, ·, .
enttegueril-nas ao Procurador do Concelho , qµ,.e. a:. ~
tenha, e as entregue ao çonthiofo quanrjo vier.
6 E os cA VALLOS, que aífy ouverem dé comprar, ,
_, fe forem aconthiofos em cav.allos , e armas, nom paf-
fem de quatro marcos; e· [e forem d'apm tiofos em
c_av~llo razo, nom paffem de tres mar~os; e as armas
- do
G. Dos Cour>EES , - E REGrMENTos, ETC. SII
do conthiofo ·e.m eavallo, ·e as do _?eeíleiro de guar-
rucha com (ua guarrucha, e viratooé-S:- , e beefia de
pollee tó'm fua poliee ~ · e viratooés , e.a l~nça, e dardo
feja todo boõ, e daqtrella maneira, que as cuíluma-
rem a 1~ecebér os Coudees, que berp íervir&n feús
officios:
7 E POSTO que .qs cavallos) e armas montem em
- ',..
tam grande valia, que por.eftes preços aqui efcriptos
norri poífam feer achad~s , os Coudêes nom façom
em ello mudamento fem averem· noff~ mandado ef-
..
pecial. . .
8 · E sE norn acharem em cafa dos fobrediro11 ou-
. ro, nem prata, ou ·ainhêiros, per que poffam , com-
prar o dito cavallo·, e "armãs; mandamos, que' lhe to-
mem dos beés movees; e fe ps movees nom avonda-
rem) tomem os de .raiz t.res rnezes: e eftes beés fe-
jam dos que mais pouéo l).Ojo frzei;:em aos ditos acon-
thiádos; e as vendas, que afiy foreip feitas, manda-
mos que fejam firmes, e eftavees •

e
... ~··
• .:r

su LIVRO PRIMEIRO TITULO SETENTA E HU?-1

eA p 1 T ·u L o .. xvn.
·Das penas, que ham d' aver os Coudees, e Efm'pvaa'és.
fi levarem_peit as, ou ftrviços por aa:?:,o de jeits ' (

,i , ·,
ojficios. "

Q s couoEEs, e Efcripvaa~s nom levaram peitas>


. neró ferviços·, nem ajudas de corpos, nem d'ou-

tras coufas dos da fua coudelar.ia, fe nom dos que fo-
rem íeus parentes, ou parentas aaquem do quarto
·graao, ou de feus cunhados aaquem do terceiro graao,
ou de feus criad~s; que com eÍles viverem per efpaço
de cinquo annos_, ou que elles cafaffei:n de fua cafa,
ou de feus aibos~· e colaços, que fom peffoas que lhes
tal ajuda fariam, poíl:o que eUes nom tevefte~ o di-
• .
to carreguo. · .
1 E SE levárem algúa ajuda, ou ferviço de cor-
po-; ou- de bois, o.u de b~íl:as , fe. lhe for1 fabido , pa-
gará anoveado o qu_ç tal ferviço valer na terra: affy
como fe leva_r ferviços de cavar dos homeés, que an-
darem em aquella terra a dinheiro feco a doze réaes,
QU a quinze, 'mais, ou menos,'. Paguerrr· nove vezes
tanto, qm;nto aquelJo foc; e effo i:neefmo fe a geii:a
dos bois valer em aquella terra trinta, ou quarenta
reaes, paguem nove vezes dobrado; e effo meefmo
fe . levarem peitas de dinheiro, ·ou prata, ou viandas,
ou qualquer outra coufa que feja grande; ou peque-
na, paguem ano veada.
~ ~ 2
Dos CouoEEs , t: REG I MENTOS , ET C. 5r 3
2 E ES TES dinheiros , que affi ou verem de pagar,
fijam repartidos , íl meetade pera o qu_ê o démandar,
a
e a Olltr'!; meetade pera arca do Concelho : e da-
m os au toridade a qualque·r pe{foa de qualquer eftado,
e condiçom , ou Leix que fejam , que poffam por el-
lo demandar os ditos Coudees; e os J uízes das Co-
marcas, honde forem- Coudees , que dem em ello li.:
- vramento , feg undo acharem, que he direito, fem
outra alçada , falvante o aggravo pera Nós, fe algua
d as partes quifer aggravar , e feguir-fe- ha em ello a
maneira , que fe tem nos outros aggravos . .
3 E M AND AMOS aos Juízes, q~e logo _façam faze r
a eix~cuçom per fuas fentenç.:1.s; e a pa-rte ,, que ou ver
.de ficar pera o Concelho, faç~ logo affenta r fobre o '
Procurador do d ito Concelh,o, que .tenha cu idado de
a recadar; e·fe os Juizes forem negrigentes em efto
comprir , mandamos que lhes paguem de fua cafa , e
que os Corregedores quando vier~ro pelas Comarcas
façam dello eixecuçom.
4 E POSTO que aqui tenhamos efcripto , que os
que demandarem eftes dinhe"iro~ aos Coudees , aja m
a meetade , e a outra meetade percr a arc a _do Cons.:e-
lho ; fe aquelles meéfinos , que derem os fer_viços :,
e peitas, os quiferem d emandar ,- mandamos : que
- aj am as duas partes: affr como fe deffem coufa, que
valleffe dez reaes , qu e aj am per ella f~ ffenta , e os ou-
tros trinta fejam pera arca do Concel ho . .
5 E _P OR quanto Nós teemos mandado aos -Cou-
IJiv. L T tt dees ,
5r41 L1vRo · PRIMEIRO Tquw SET&i."ITA E i-'IuM

dees, que como em cada ·huú· lugar acabarem "de


• fa_zer os alardos, logo enviem os .rooles a quem por
,Nós tever carrego .da coude1aria', e fe ~he nom envia-
~em os ditos rooles, tanto que ·o dito alardo for aca-
, - .bado ·ataa trinta dias, Nós dalli endiante, a vemos o ·
Co~del por prfvado do .officio, e lhe mandamos, que
nom úfe mais delle: falvo fe defpois per nofTa Carta
lhe fezerm,9~--tlelle merc~e. ~

• 1 e ,A. i> 1 T u L o x vnr. .


wDos que hain Aluaraaes, él.'efpaço pera alguú tempo>
' "
e defpois pedem
t•
outro , ,e ca,llam
'
o .. que'ja ouverom.

p o~QYE , mui_tos ~conthiados e~ cavallos, ham ef...


paços a rogo d'alguús, qúe no-lo por elles
{} . 'pedem,. ~

·de hoú anno , e defpois ·outro , e outro , cáHando •


0 primeiro, e fegundo, e terceiro, e a'íiy ha hi a!g'uí:is , ,
··que fe faz muitos annos, que nom teem cavallàs, ·
) .
mandamos, que todo aque'lle, qué ou ver Alvará d'ef- ·
· paço , e ja. ouve out~o,. e nom fezer delle· mençom>
do efpaçó, ou efpâ'ços, que primeiram~nte ouve.mm,
que iho nom guardem: os Coude~s.
e.. ' ,

• J Ç A- ·
Dos CouDEES, E REGIMF.NTos, ETC, 515,
eA r 1 -r u L o ·xvnn.
Da maneira, que ham de teer com alguüs., que.forem
beeflems .do conto, e qu.fferent' ."t!er cavallos mfos.

S E aiguú, ou alguús b~ee(teiros do co~to, requerer


1 que o ponham por cavalleiro rafa, mandamos ao
Coudd, queonom ponha, falvo que lhe avaliem pri-
meíramente feus b~~s; e .fe tever·a conthia, perque fe
lança~ as beefias de gu~.rrucha com fuas· armas, ên-
tom ó faça affeentar por cavalleíro , e doutra guifa
nom; 'e d'hi endiante ~oftrangua-o·, que t~nha tam
boo ca vallo recebondo' com<;> os qúe teem <:av~llo, e
armas per conthia. .
r E QYANDO tal, como efte, o dito Coudel affy
avaliar, e fezer affecntar no livro da coudelaria, man-
dar-lhá dar huu . efüomento puvrico para o Anadal
Moor de como lhe avaliou ·feus : be·és '.com o Efcri-
pvam de feu officio, e com os avaliadores, poendo-os
er nome, e que lhe achou ·a con.t hia pera teer c_aval-
,Jo fem armas' e o tecm alfeentado no liv;o pera pa-
recer nos alardos, atry cõmo os outros, e de feiro a(.
f y o faça, q1:1e lhe nom dê maior ~[paço, nem lhe [e... .
ja mais favoravel pefa o Anadal nom mandar mais
·coíl:range r!
~ _E SE per ven_tura os Coudees forem r{c.grigen-
tes a mandar teer os cavallos a eíl:es, que affy forem
beefteiros do conto, por a!gúas affeiçooés, e pafüi.r o
Ttt 2 tem-
.§'I6 ' LIVRO PRH.IEI~O TITULO SETENTA E HUM

te~o, a que mamlamos, que - os tenham em eíl:a


noffa I'"""l ordenaççnn; manqatnC?_s 'aos Anadees, que os
'":'-. .
\

tornem !ogo a, p~ ú por beeíl:eiros do conto , corno


·antes.eia ; e~ p-0Úo qúe ao derpóis venham a el regue-
. ' . 'I .. .
-rer) e ferihan);:oomhias -pera teerem caval!os ,_nunca:
mais fejam tirados. de be~fteiros 'dq C?.nto; e manda-
mos. aos ditos Anádees_, ·g_ue-'Ofâçâ.ffi1:faber a .Nós,
flera -darmos aosr dit9's . éoude~s- ;~lfilJa: '·pená, que .
_no.fiá mercee for, pó; q_om corr:prlrem n.õfi'Q ~anda-
do. • ... .. ·
e AI> -1 -r u í, ·d ·_ X}(~
·:,
- '/ ,\- • 1 •

Dos
11
dfnheiros
\
, .que ham • ,,.4,e. levàr os Ejm:pvaaês .
das coudellp.rias. -

_J ~J'M. Daquell_~~' qHe fe q)-lerem ap_oufentar per hi- -


: da,de;_, 'Clo tir~t dás " inqu.!riçocês levará o que me-
r'ecer, feglli;ido a taxá i<.los Tabalf~aaês.'
_i' 1;'frÊM. Dos eíl:ormentos, qu·cartas tefremunha .. ·
1Vees pella dita guifa.
2 l'rÚf. . De regdhr hui\ noífo Alvará d'efpã~o
d 'huií-<!-ru;io, levará. cinquo reaes, ~- de feis mezes tres ·
·reaes', e aífy do mais, ,e d . ~fu.enos . .
"'
i, 3 frEl'IL. bas reveJias, de: que levarmos Cem reaes~
' Ie.ve o Efcrinvàm tres; e da que levarmos trinta "ou
'_dez, leve huí'í-;.-e aífy o Porteiro da pinhora; e dos
que trazem os cavalJ9s a paêer, que manda ~ Hor- o
demçom. ·
,· 4
Dos CouDEEs , E REGIMENTOS ,- ETC . 5I '1
4 N6s ELREY mandamos a v<)s que tenhaa-
- es eíta maneira; que fe fegue com os Coudees deites
luguares aq~i c,ó ntheudos > a que vos rnandàmos' por
.noffo ferviço. - _
· 5 PtUMEI'RAMEN_TE' tanto que chegtfardes a -cada
hu{im- luguàr ;~.r~q"l.ieree -ao Coudel; qué a.c hardes em
p offe d o Ófficíô:~. ~ ·âize'e-1-he que vbs dê em e[cripto
- _ ...... :'< ..... • •

....
todolós aeonThiiêlbs'
"• r
, que tem. · errt feu
.
livro
..
' affy de
- cavai lo, e. armas , co_mo de· cavallo fem armas , e 'ar-
1

mas fem cavallo; e tambem de bçeíleiros de como,


como d'homeé·s de pee; e fe o dito Coudel _no;;n te-
, ver- os ·ditos livros, requerede-os ao Coudel, que an-
te elle foi, ou ao Eferipvam; e tanto que vo-lo der,
concordayo com o caderrto, que. levaaes deffe l~guar,
qu_e yos foi enviàdo per o dito Cou.del, ou per outro~
·que ante foi dos ditos ·achonthíados.
6 E SE achardes, que os livros fom em defvai ro,
e minguam, ou crecem, perguntàde as razooés, por-
que; eífo he, ·e as razooés, que vos der cada huu do
o
minguamento, o_u crecença, aJiy efcrepvee ·em tal
guifa' que de todo nos traguaaes_largua enformaçom,
e nos f0.ibaaes bem d ize r as coufas como as achaaes .
7 Ou m o sY perguntaae pelos ditos atÔnthíados
como fiam·encavalguados, e armados, e ainda fe en-
tenderdes, que he ~em , aalem da enfor.maçom, que
ouverdes, que fe faça alardo perante vós, pera veer-
des ·com.o fom preftes , e corregiàos do que devem
de teer , fuzeeo aífy fazer1 feendo a ello preíente a di-
to Coude1. · 8
r' ' ~ '•

l ._, . .\. r _, ·• . ,

8 E AQYELJ.ES.., , que achardes ~ que nçm teem


'1:aaes ca-va,llos, que lhe devam de reÇeber, e·otit.ro~ f ,,
· .'que dev.i~m· de tecr os ditos tavaJlos ,_e os nórn t(\'.e~, -
· nem .parecem cq~11 elles·, .pergut!taree_s ao -ai.to.,_;~Õb- "'· ·
- ' ael c'o rno' lei~'a.vá i:lífY pairar as _d i,t<\s coutas, 9 que : e
vos· tefpender por cada htiU. ,-aíf~, : ó fazéd.e efc1'epver
Í'
. pera o veermos. , .. ,. ·~ . '..... , . ·,· . .
! '. • ' '. ("' • 1

' 1 J~ ''..r . '


.9 ' PoREM vós em fua prefençâ'a~ ·· ~eiüeUes ·, ·gue
M > -·.;

• l - ·~ • - ' .... ( - '

·maas beíl:a's te'vdem) e n:omJoi'em dé''frceber' coma ...


dit~ he, dizede~lhes, que daquellas façam feu "pro- ·.
veit<lJ, e .affinaa~~lhes tempo, corno he c'ontheUdo nai
Hordenaço1n ,-á··q!le pareçam 'com outras boas, e re~
cebondas.. · ~ - . . '· ' - · · · ' , ..
10 E os ARNESA.nos i, e beefh;iros do conto : e
piaaés, fe ·lhes tambem nom aclfardés fuas 1irmas '· e
beeíl:as corJ.'!pridas ,'-como Ü1es he ' man9ado que te1 _
-.n ham,' ou as alguús &Íks úom teem, feende com el-
les a rrianeíra fobredità, que v'i;,s ·~a~~damõs ,.que te~
·nhaaes cpm' os de .cavallo, faze.ndo-ps coH:range1: , e
. I • "'-= ,-;
lhes affinar tempo a que cada huú·t<i;n,ha o 'que deve ,
,,.· pera p;í·ecer. em .<;tlardo com 'todo preftes; quando
.., ' forem requerídos; pela_guifa ditª. . - ruÇo ,
r r ÜuTR"o sy fe achardes, que 'vos d ~m. novas,
'que alguús deíl:es ' Coudt';es de(tes lug~iard, perqi.\e
1
av(.es c\andar, efcufarom algúas peífoas por hmifade,
- •ou peitas ·~ que ' ::iom ' te~effem: cavallos; ne~ ainda
ieen.do-os affeentaâos er:n feu livro, feendo elles aton-
thiados ~ e-abonaqps pera· teér os ditos ca v;a.Ílos, per-"
gu.n-.'

')
- · Dos CounEEs, E REGIMENTOS, J>Tc. 5r9

guntaree~ fobre ello ós dftos Coudees, porque ~ fa- -·


·ziam, e a razom, que a ello derem, fareys efLrepver,.
como dito he.
. -
12 PoREM eífes, que vós per certa enformaçom
achardes, que fom abonados , e ricos p'era tecr os di-
tos ca.vallos ,- fazee -os afrcentar no livro do Coudel.
e eílo medes no voífo ,_pera podermos faber os, que
em cada huu luguar mais crecem ; e aífynaai-lhes
termo certo, fegundo a dita Hordenaçom m~·nda, a
que os _tenhafn, e pareçam com dl~s.
r3 E SOBRE efie cafo·vós nom .tirees inquiriçom
nenhrta ) fal vo quando fe- acerraífe que por mal que- .
rença, que alguu quifeffe ao ·coudel d~ luguar, vos.
defie ~elle a dita enformaçom, ou doutra algua gui-
fa o podeffeis faber per acert9-mento) entom obraae
em ello, fegundo vos aqui he d~vifaclo: e todo eíl:o
fazee perante os Efcripvaaês da:;' coudelarias, ou' pre-
íente alguú Ta balliaaõ de cada luguar, ou Comarca,.
[e entenderdes, que- ó milhar podeis fazer com el-
le, e !Ilais_fem f~fpeita.
: 14 E MANDAMOS à ditos Coudees 'que efta·S:
coufas , que, aqui . man~ar.nos , ,tàçam , e ·compram ·
quando qs fobre ell~ da noífa .P'!r~e requer.erd~s , co.-
mo he aqui contheudo, e d~vif~do, fem outr~ ne--
nhuú embarguo, que huús, e outros a ello pónhaa-
es.
, 15 OuTRO· sY. 'rnanda.mos aas noffas jJ..1íl:içàs dos·
ditos luguares,. que tôdo aqu~llo; qué lhes per vós di-
tos ·
' '

\ '
. .
Lr.vi:rn P1uMirttoT1Tuto SETENTA E HUM

tos for requerido da_-!_mffa parte pera fr e.fhs cou-


~iãs fazérém, 'e êómpritem, corno per. .. Nós he man-
dado'
.
que elies
• r.
'ª~ façam., .' e ~ompram
-
' e. fe-jam a
elhbem diI:gêRtes em tal guifa, ql:lé· per fua mingua
noífo ferv_iço nom feja embarguàdo ~ nem retel.lclo .-
fem outro embarguo que huús, e ~utros a ello po-
nhades. ··
I 6 E TAN.TO que ·toda-s efhs coufas reverdes aca~
. b'ldas, faze~- nos todo enviar larg~1à.me;1té per efcri-
1• pto de cada ·fü~um luguar fobre fy, deêlarandQ-nos',
. bem to;:laJas GO~fas cói_n~ as acl~aa~S, e as Crécenças,
'q ue fe mais feze,ren1 ·per voílo b.om-- prõvin;iento; e
efl:as côÚfas ~fazee ~om a maior aguça, e dilligencia,
que· o bém .fazer poderdes, .erp tal -guifà., que fejam
cedo acabadas. . ' .
q · E ;ER efte R~gimen~Õ m'anda!!1os aos J~1izês _, ~
e Offiéiaaes ;dos luguares ,, per." que ~ffy andardes·,.que,
e
vos fq.çam· em elles·dài:'poufacfa~, camas·fem dinhCi:.
" tos;_·e IJ1~ntim.enms~ por - vofibs'· dif1~<.ü~os ;·<: al "uorn
: . ' facádes.
{ . eito..em S:intra vinte e huú
. dias ele Novem- - .
mro. ElRey o·'mançlou:. A.fo,if9 Peres.o fez. Era dé m.il
e 'quâti:o~entOS e_c.~JiqL;oenta C feÍS- arwos~ ~· . · "',

rr·D...

"" ..
Do REGI~ENTO no CHANCELLER, ETC. 521

T 1 T U L O LXXII.

Do Regimento do Chance/ler, Meirinho, e Porteiro


das Correiçooés das Comarcas.

N
,
Os ELREY fazemos faber a quantos efte Regi-
mento virem , que per alguus noífos officiaaes
nos foi notificado, que as noJfas Chancellarias das
Comarcas dos noílos Regnos nom rendiam aquello,
que de direito devíamos daver, por algúas razooês
aqui declaradas; e nos moveram fobre as coufas, que
perteécem aa dita Chancellaria, algúas duvidas, as
quaaes Nós mandamos aos Defembarguadores da
naifa Rolaçom que as viífem , e acordaílem o que fe
per Dir~i to, e Hordenaçooês , e boas coftumes fe de-
via fobre ello fazer; os quaaes as viram, e efcrepve-
·rom , e determinaram , fegundo ao diante he efcri- ·
pto. A qual determinaçom Nós . mandamos que fe
guarde e compra pela guifa que fe fegue.
I 1TEM. Os Taballiaaês das Villas, e Luguares,
e Efcripvaaês , que efcrepvem perante as juíl:iças,
afsy Juizes como Almuxarifes , e Contadores da
dita correiçom,
1
e ainda• Efcripvaaés dante o Cor-
regedor, que nom querem dar em rool ao Chancel-
ler da dita ;correiçom as penas , e fentenças , que fe
rlam, e pobem pera a Chancellaria, norn embar-
Liv. 1. Uuu guan-
5n LrvR(!} PIUMEl'RO Tnu.to SET:&N'JA E no1s
/

gua.ncto que lhes he mandado o noifo Direi-to, o que


fe 1~om faria , fe tal pena lhes for poíla 1 que elles a
fentam bem; e defiemos pera ello- poder e mandado,
per que fe eixecutafle.
A .l';STO. i:.nandamos , que fe eixecute a noífa Hor..
denaçorn nos, .Eú;i:i pvaaé's , que a nom comprem , e
mais perrnm a diftribuiçom por huú mez ; e eífo
IJ!\eefmo osTaballiaaes, que n.o rn derem as penas em
rool ,_que fe perante elles paífar, ou fomberem, que
pag4ern a Nós o que o Chancelkr provar que ~lles
:(abiam >e encubria~ • e fe ei:Ornprir em elles a noífa
BordeHa.çom.
'
2 hEM. ~e as Sentenças, EJ.He fe dam pelo Cor-
te:gedor, e pero algqrpas jNfiiças , tanta. que as dam
ao Forteito clacor:reiçom, faz per-dias obra., e receb~
o dinhdro, e aas vezes, as nom, quer eixecut:ar ,_nem
as partes nom po.d era a ver fe.u dire1to,. ~polo maa0-
eixemplo que veem, nom harn \!Ontame de vfr guaa..
:nhar fent.ença• perante o dito Corregedor, porque
diz.ero q-ue nom bam pera que pagai: Chancellai:ia·;.
e nom averem o.feu.
A. EiSTO mandamos , que faça comprjr o Corre~
gedor a Hordenaçom no Porteiro, que" ta-1 fezer-,
.fazendo logo paiguar per os be.és clel~e aa parte te..
do o contbeudO' em a fent:ença ; e nom eendo beés ~
que feja .prefo; e fe o CorregqdoJJ ho afs nom quife.r
faz_qrr., , que o Efcri pvarn da Çhancellar ·a o ekrepva
a{sy, e o dê a9 düo Chanc.eller..pera o e viar a. Nós-..
3
-
3 ITEM. O Porteiro norn 'qiuer eftar c-0ntinuada-
~1nentre a fervir feu officio ; nem quer ir demandar o.s
dinheiros dalgumas pemas, e nomes das teftemunhas,
que fedam nos feitos, de que Nós ayemos dave.r ci-
r
.taçorn de C:ada huma; nem os dinheiros dalguúa-s fell-
tenças , que lhe dam. pera recadar o noffo; nem quet
.i r citar algumas partes, que encorrerom em as dita$
,penas, poíl:o que lhas o Chanceller, e Efcripvam da
,,Chancellaria ·dem em . rool; nem quer eíl:ar pas Au-
.diencias pera f~zer callar. a gente , e leixa alguús em
feu nome per:a recebe.r em, os quaaes npm querem ir
.for.a. e ainda o pior que he , alguíis dinheiros das di-
, tas penas , que afsy recebe ~ _nom os quer tornar aa
.1Chancellaria, e os quer ~oma_r pera fy fem_vl'.r a boa
recadaçorn ~ _
, , A ES'!O mandamos, que o Porteir:o feja bem diI-
,J~gente a fervir feu officio, afsy por ferviço noffo, cof"'
.mo do povoo, porque .elle deve recadar os dinhei1'"
.ros dos prego~és , e .procuraçooés , e das teíl:emu..
Jlpas, que fe filhem nos feit~s '·que pendem perant~
1: 0 Corregedor , por que todo eíl:o fe faz , e recada na

,Audiencia .: e o Efcúpvaõ da Chancellaria faça defto


Livro, em que ponha os ditos dinheiros em ·recepta
:fobre o dito Porteirn ; o qual feja theude de dez em
dez dias dar conta com entregua .ao Chanceller do
iqué aili i:ecebeo :pelo dito livro ; . e fe logo nom pa-
,guar , o dito Çhanceller lh0 defconte em feu rnanti-
·.ment-© ~m -guifa ., que .a dita r.e.cepta _lhe fique lo.g1;1D
Uuu 2 em
:524 Lf\rRÓ PRIM!lIRO TITULO SETJ'1NTA E DOIS

·em defpeía ; ·e per o dito Efcripvam feja logo poíl:a


·em recepta no livro das pagas das Cartas ao dito
,Chanceller ; e fe o dito Porteiro citar nom quifer
aquellas peífoas , que o dito Chanceller os mande ci-
·tar aa cuíl:a do dito Porteiro, e no-lo envie dizer pe...
ra darmos o dito officio a outro' que com rnell].or
"dilligencia o firva ; e [e aconteceífe, que per alguma
·guifa elle recebe!fe tanta conthh1, a qual logo no~
· ·entregaífc: aO' Chanceller , nem per feu mantimento
ha nom podeífe log~ pagar, que a pague da cadêa-.
4 ITEM . Todas. as penas, e coufas que fede-
mandam~per o Chanceller em no!fo nome, -
fe as Pº'-
·'de o julgtiàdor relevar, po:íl:o que dern razom por fy,
a menos de nom feer ouvido o dito Chanceller por a
noífa parte ?
A EST~ ínandamos, que fe o Meirinho nom te-
·cadar as penas, que perteencem a feu officio, ataa·
:oit0 dias, que o Chancéller lhas conte em r~anti-·
·mento ~m feu mantimento, e o Efcripvam da Chan-
·cellaria fcrepva-o affy pera vír a boa recadaçom; e
fe mais rn'ontar nas penas, que no mantimento, e-
veíl:ir que ha d'aver, feja por ello prefo e nom falto.,
ataa que as recade aa fua cuíl:a .
.· 5 ITEM. ~e o Corregedor toma conhicimento
rde pn)Veer o livro da Chancellaria, o que nunca foi,
foornente 0 Contador da Comarca ; e faz hir, e dar
ao Ef~ripvam o dito 'iivro, pera :veer o que dito h~,
em perjuizo do Recebedor; e faz _ao dito Chanc.el-
le.r
/

Do REGIMENTO oo CH.ANCELLER, ETC. 52 5


ler dar al.guús dínheiros pera algúas coufas , e di-z
'ilue fe efcrepva no livro da Chancellaria como os
1-ilanda dar: fe os dará per aquelle fcrepver, ou nom,
f em naifa Carta ?
A ESTO mandamos, que o Corregedor nom to-
·me tal conhicimento, fal vo o Contador : e quanto
.Jie aos dinheiros, que manda tomar, nom os dê o
Chanceller fem lhe moíl:rar noifo mandado, ou dos
Veedores da noífa Fazen~a ; e moíl:rando-o, feja ef-
cripto no livro da Chancellaria.
6 !TEM. ~e na correiçom foi fempre cuíl:ume
de levarem de cada citaçom tres reaes brancos , de
cada legoa, que foífem citados, tres reaes; e des que
veeo a Hordenaçom de fette centas por huma, le-
vam quatro reaes por legoa; e ora diz o Cor!q!;edor
da nolfa Corte, que pois fe nom levam na Corte das
legoas, que o nom levaífem. '-
A ESTO mandamos, que .fe ·vejam as . Hordena-
çooés dos Reix que ante Nós foram; que fobre eíl:o
faliam, e que fe compram fegundo em ellas he con-
•!Jheudo_; e fe hi nom ha ,Hordenaçooés, que fe com ...
pra o co!tume da noífa Corte.
7 ITEM. ~e dá hiias penas encubertas " que al-
gúas nom querem defcobrir , fe lhes nom dam par-
te algúa: fe lhe dará o Chanceller pane a1gua, fe-
gundo he cuíl:ume? o que parece razom, poi.: def-
cobrirem mais aginha: e fe poderá faur aveença
com algúas partes., que elle demanda , por proveito
da.
(

52:6 I..nna 1PRtMURO T1'r1:l'L0 Se"I'EN':l'A ~ t!>Glis

·aa. Chantdlaria ? porque pola maior parte hindo


·pela d·etnanda fempre catam 'Cam-i nho pera -es abfoli..
1

'verem, como . de feito abfolvem, affy tomo .cá na


noffa Corte.
A ESTO mandam.Os , qlde .fe notn lev-,e tlo nofio
povo0 filvo· -o ndff<:> dif-eito ; .e ·trom .o do-vidofo .; e
'porque da:r parte ao ql'le a pena defcobr.iífe, ou fa,..
'Z·er aveença feria huã grande fargl!lie;za; porem o
n61fo GhanceHer requeira e -demande aq~eHo, que
com direito deve _e pode fem outras emnov.açoof!s. ·
8 ITEM. Se poderá o dito Chanceller totnar
Jui.z , qual quifer, pera cada 'húa das ditas penas ou
·demandas , quando vi'r que o Julguador he fufpeito
em <e1lo? e fe o mandat-:-mos ;e o julguador ·o nern
'quifer fazer, fe daremos ao -Chanceller poder, que
'elle ·p(')Jia p0er aq-ud , que vir que .nct>m he fafpeito
pera feer Juiz, pera o feed
' A ·ESTO mandamos, qllle o Chancel'ler demande
'todo -efto perante ·o Correged<:>r; e fe entender qUe
faz agravo, que o mande dizer ao Juiz dos noffos
"feitos, ou a0s Veedores da nofill F azeada , ·pera 'o
correger como for dire'ito.
9 1TEM• -Das barregaãs dos Clerig0s, que ftam
-praceiramente, as quaaes o Chanceller dá em rool
-ao Meirinho que ·a:s ·prenda, e Jas nom prender, fe
-lho conta:rom no feu mantimento ,'e nom receba as
'portarias ·tanto tempo, quanto lhe amontar na pena,
que affy avia <le paguar-a ditamanceba do Clerigo -a
Nós
Da REGIMEN'IO F>fil CN<A.N~E.LilER , , 1:in:. 127

Nós,. e a m.e.m p.agua, por n0m í.eer citadai?. ou,fe


poderá o Chanceller demandar a pena del!as ao Juiz.
l10od.e. tl:am ef.FJ. feus- jl!llgua<l0.s. pubticamente- fem as
Ú.!(íecutarem 0s Juiz.es ?
A ESTO mandamos , que. fe o Chanceller reque~
rer ao Meirinho , que cl.e mande as mancebas dos,
Clerig0s, affinando-lhas loguo , e as nom çiuifar de ...
mandar ataa tres dias,. que o dito Chanceller as pof-
fa demandar perante o G::c1m:ttgedor, e. a ver, e reca-
dar pera Nós_ todarlas pernas, fem àver cle!las, 0 Mei..,
rinho coufa algúa: e o Porteiro as cite fem delon-,
gua, fob pena de-11om a ver mantimente eífe meZ;.
10 ITEM. ~e quando algúa peífoa caae em al-
guma pena per algúa. Irl@rd.enaçom, a qual Ho:rde..
naçom limita, que ajamos Nós as duas partes,, e o
Meirinho húa ,. fe. demandará o Chanceller a pena
toda· , e ella julguacla , aver o Meirinho feu. qui...
nhom , ou fe o leixará demandar ao <li.to Meiri-
nho, que tem a ma,is peque11a parte~ ou e.orno man-
damos·,. q4e f e fobre eíl:o faça ?
A ESTO mandamos-, que por quanto as Hor-
tlenaçooés dam luguar, que os Meirinhos poffam
Elemandar as ditas penas, e Nós a vermos a nofia di-
reita parte dellas, que aífy o fas;am: nom tolhendo
porem ao· noífo Chanceller., que fe entender, que fe
em tal feito trauta algúa maneira nom jufta, per que
o Meirinho feja fatisfeito, e nos. _percamos o noífq
direito, q,ue o. Çito Chanc.eller proveja fobte ello.,, e .
de-
528 . LIVRO PRIME)RO TITULO SETENTA E DOIS

demande como por noífa parte com direito pode , e


deve.
r r ITEM. Ha hi Hordenaçom, per que manda-
mos que o Julguãdor nom ponha penas, fenom -pera
a Chancellaria, e o Corregedor pooem della~ pera
os prefos pobr~s, e feitos da jufüça, e as faz levar,
e nom veem á arca da Chancellaria, nem fe fabe
pelo Efcripvam da Chancellaria, nem pelo Chan-
celler em que [e defpendem , nem veem á recada-
çom : que [e farlí fobre .efto, pois a Hor_!ienaçom he
em contrairo ?
A ESTO mémdamos que compra o Corregedor a
Hordenaçom fobre ello feita, e doutra guifa nom; a
faber, qúe as penas fejam pera a Chancellaria da
fua corréiçam, e norn pera outra coufa .
. 12 ITEM. ~e foi, e he cufrume de o Correge-
clor, e Chanceller darem palha a qualquer que lha
pedir , por render mais a Chancellaria: [e fe dará,
como fiam de poífe ? porem que mais proveito fe-
ria noffo, fe tanto que a- parte pediífe palha, logo
pagaffe cítaçorn prefente o Efcripvam , porque fe
a veem a maior parte; tanto que fe veem citados, e
nom a vemos Nós dello coufa; e que vifiemos o que
fe poderia fazer pera v1r á recadaçom.
A EsTo mandamos, que na parte de darem pa-
lha fe compra o cufiume , e em o rool nom fe fàça
outra emnovaçom.
I3 ITEM. ~anto darom por dia aos carros das
pn-
Do REGIMENTO Do CHANCELI.ER, . ETC. 529
prifooes , e Chancellária, ou por Íeguoa ? porem que
melhor feria declarado quanto fe pagará por leguoa,
porque aas vezes mais, e per aqui feria determina-
. do, e effo meefmo abaíl:a, porque aa noífa cuíl:a fc
pagam eftes cuíl:os.
A ESTO mandamos, que fe pague por dia ao car_-
ro ataa oito legoas quinze reaes, e fe paífar dellas
vinte reaes, e a beíl:a por dia quinze reaes.
14 ITEM. ~e por todas eftas coufas o Chancel-
ler he theudo a demandar todas as penas , que po-
der faber, e lhe o Efcripvam da Chancellaria der
em rool que demande, ca doutra guifa nom he theu-
do, nem o pode fazer, fe lhe o dito .Efcripvam nom
der cm rool em cada luguar, bonde efteverern.
A ESTo mamlamos, que afTy o Chanceller, como
o Efcripvam da Chancellaria, pois feu mantimen-
to ham , que cada huú cnqueiram fobre os rooles, e
penas , e coufas , que aa dita Chancellaria perteen-.
cem, os quaaes o dito Chanceller demande ao dito
Efcripvarn, em guifa que todo venha em boa reca.,...
daçom. ·
15 ITEM. ~e he cuíl:ume que o Porteiro ha'
de bufc:u a tinta pera a Chancellaria, e vir a ella
cada dia a mafchar a cera pera o feello, o que .fazer
nom quer : que lhe pofeífemos tal pena de dinheiro ,
que ·o faça , fenom que pague per feu mantimento
em o dia; que- a nom vier mafchar, certa cônthfa pe-
ra o q);le o fezer, e aífy o fará.
~iv. I. Xxx A
\

6'39 :LrV'R.o PRIMEIRO TrTuL'Ô Sg'I'ENT.Ã> E ·

·A ESTO mandamos que o ChélJlceller corregua~ ."


,cera, e aífeelle com ella, porque mais he feu o.fficio
,..,, ·de Recébedor, que de Chanceller; que a elle nom
he grafar e.artas,. nem ufar dos autos perteencentes
ao noífo Chanceller Moor, que pera feu officio telll;
Porteiro, que aífeelle-cada ·dia, o qual Porteiro nom
tem outro. carrego, e deite nom pode feer efctúado ;.
mais o Porteiro dante o Corregedor tem outras mui . .
tas occupaçoo.ens ·perante o Corregedor,. affy como
comprir .. e eíxecutar todos feus mandados dentro
nas Cidades, e Villas, e fora deHas ; e fe em quanto.
.em. eíl:o andafre, o Chancelle-r ceffaffe d'aífeellar, eí-
cufando-fe com os trabalhos do Porteiro que nom
vinha,, feria grande deteença com perda do povoo,:.
' e fe outro Porteiro por fy pofeffc , mal -fc poderia el-
le manteer com tres reaes de mantimento.
·; 16 FEITO na noffa mui nobre, e mui leat Cida-.
,. de de Lixboa a tres. dias de Março per authoridade-
do Senhor lfante Dom Pedro Tetor,, e Curador d®,
, !<lito Senhor Rei, Regedor,. e com a ajuda de Deos ~
Defenfor por el de feus Reg-nos ,, e Senhorio. Affonfo

J .i~ Í//{,tn ~ /._,,


Vaafques o. fez. An-no do Nacimento de noifo Se-
nhor }Ezu Cmus:ro de mil equatroe.entds é q~rnrenta_
//! 1111- e tres a-nnos .

Q1.JUM
LAUS TIBI SIT ' · CHRISTE ,,
) LIBER EXPLICIT ISTE. ETC..

A Deos grafJS pertr Jempre:.


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•. ' ."~~ i" ::~- ... . ' \:
P :R 1 M ló: I R O L 1 y l} p. '.

'f·
fl'.. 1rÚ10 r. ·I)~ Reg.:ed~~-, .e GovernadÓr ' d~
' . ., . .
·
em a Corfe d'ElRey.-
.· .... Caía da
. . ...., "
Juíli~a
'
. Trr. ·•H. Do Chancelle'r Moor. ·
'r • 1'
1' '\

.' TrT. ~ III.·· Dos Véedores·da· Fazenda.


:' ?.'r'T~ ,:)n1.'" pos úe.fembarg~.dores do Pàaça.~
TlT. :' V. po' Corrégedor da Corte. ,. · ··'
... TIT. VI. Do 'jui~ dos nof1Ôs .Feitos. · · -
' i1T. " vu~ · .o~~ O~vidóres. . ... " ...
TIT. v'ni: Do Oú~iaor das t~'rras d.a Rainha.
• • .: ~ r
'1- .t, • r,.. ' · ,·.. '

_TÍT. · VlJII. Do Procurador <


dos ~.nofios Fel- ·
· • ·"".,.
!,:;:
tos.
,. • ,t
~"·'

. .,
' ...~
71 • '""'"'~ ••

· :TIT.· X : , po-i Efc'tipváõ d'a Chªncellaria. · ":' 74


Tá.. Xi. D9 ,fleírinho_, que anda. 1,1~ Cot~e ·:.~
... em 'l9guô,• ~-
·do Méirinho Mbo:r.
~· . -~~.
:· 77
-T·IT. XI_!. "ºº. Meir'ínho das .Çadêas, e coufas
;:q~e a feu Offic}o p~rtencem~ : ,. . ~ si-.
.• TIT. ''XIII. Dos Procuràdores, dos que nom e
pódem .fazer·Procuradores.
ol>j ri' ' ' .. \·' .." .. -.(•.. '.: "" ~ ' •' j

., · " .8_4 ·
· -.,TrT. '{{IIÍI.. Do··Scr;ipvaã dofF~itos d 1E!Rey • .95
.Tiy. x:y_.;; .Dq E.rt. ~i ~v~õ das MalfeitorÍas 97 1• • •

TIT • .- XVJ. ,·Dos Efcripvàaés dante os Defün- · '


. .,. ~ / -
·~. ~ ;1.~

- ·~ ba.rgad'ores do 'Raçô, e dos ·Aggrav9~,


: . . e do cç:rr:g~cl6r ~.d ~ C~r~e , e"dos <_>U·· - ~
,tr9.s· J?~ ~e.~l:!aig~~gr~s da Rollá7om;--" ,;. g~ ..
_ T1T• . _ X\~ I ~ .Do: porté! ro ,(fa G:hancellaria. . 'I,07
T ilt, X Y;I,.I I. D~ Portêfro da. RoUa~om.:". · ·• l'~
Hv.
.. -~:: '
:t ."• . • .·' ·· " TI r ,.'
i,1 I
'·' • ' • ;! •. .. · ' •

. Tn. X,VI1ll. Do; P01t~~r9 d'ánte o Cforrége~


da Coite. ,
~dor · · · · if(t<t
. ( '
TlT. , XX., J?o Pregoeiro da Corte.. ·' - 1-1-3
:
.TIT. . .XXI
f.~·'
•. Do. Porteiro dante !OS Ouvidores
·'-~ :. ~ l - • -v "·
'{ .. •
' , noffos, (;do Porteiro dante h'o Ouvi.:. -
dor da Rainha. . II 4
XXII. Do que perteence aos Carc~réi.:.
ros. da C~dê;· do C9rreg~doi: da ~oífa .
. .Corte ~ e '(Ja. Cadê a ,dos Ou vidóres. . i 14
"TIT.; XXIIL Dos Co.~regedores cla.s C~rriar'.'"'
'>. { ' : e.as!.~ çouf~~ ·. qu~ aJeus Ç)ffi.cio~)P~t-_ · ,,
teencem. ·.·.~. · . •••. · . __,.?
IT6
XXIHL 'Em. qi.fe·modo haõ-d.e enque- i;" .'

. · r~1« fobre ó.Corregcd.õr da C~márc~{, ·· ·.


qt:i.ando~~é~bar ho terripo de feu Of~ ··
. fiCio. · · · :.-. · "'. · ., '·-l 5·0
Tu: ·~xy. ri~ .m aneira, que ham pe .teer '
- . ~~ Juizes, que ·ElRey m~nda a .~!gu­

>· · ·-
mas Villas per feu ..ferviçô, e.do podei:
{

que.· ~am de le~ar . . 1


·~: · .. 155
,TJT. xxv~. Dos Juizes HôrqeHairos, ~ cou,- . : ' .
' ~

fc1s 'que fl feus Officios p~rte~ncerri. · I 64


., TiT. XXVII: Dos Vereadores _das jÇidades, '
~ Villas ,·.e ,c~u·fas ,êJ.u{ ~.:fe~ Officip
perteencem. ,. · . l73
;., . ,• ... .
.íTIT. XXVllL Dos Ahnotacees, e c9ufas._gue· .'
.

, a·feus OR~~iós perteen,c ~n:1J . ' _' · . I / '9


fTIT. XX VHII. Do Procurador. do Concelho,
·''1 ~ -·.·· :r.• •..,... ..,~ ... ···;.~:·· ~. ·ç·..: . l ..
;;· e
.. f . .
• ili '
, ,...
.;
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,, T · A
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V . o ; A• .
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·, ,~ · e ~coufas que a ·feú Officio perteen~


cem. '181
·T1T. XXX. Do Alq~aid~'. Pequeno dâs ~Ci- -
·· dades, e Villas ," e ·co~fas que a ·feu . ·
" ~ i . r'

í . Officio perteencerp. 190 . , ;e. •


TIT. XXXI. ·,Das Armas como fe harrí de'· fi- • ~-,
l,har. . , ·- 199 ••ti:<;.

XXXlI:· J:?os Carcereiros dã Co.rte,° e .do ,


, que a feus Offici<?s pert~cnce.• 206- .
·T IT. XXXJII. Das s:arceragcens da Corte,
.. · e como fe haõ de levar. 2.01.
TrT. XXXÍIII. ·Das cf rc e;1:ageen& das«Ci~~- ' ·' ··
· · des, e'Villas, ; corpo fi: hàm.dê·re-_
- .• " ... " ...
. . cada'r. : · · , . .. , . . . ·.. 2 I i
TI.T. '< XXXV. Dos 'fabaÜia~e'iis, e .Efcripva~.- ·:
0

· ens > do que ham "ê1e' }eV,~r .. cle fou fo-


~ lairo:- ,..,;i ~.. 215

Tr'T. XXXVI. Do que ham ck ie·v~l: ó.s Ta- ·"


4

halliaaens, e Scí-i1;vai~·~ s .' aas .Cart~s >


e· a~s Sentenç~s, e Alvaraaes t
/ qúe
~, •
fc:- \
zer~m._ . ~ · .. 220
~ ·r1:r. XXXVII. Do que ham de leva r os Ta.- .
ba1Iüi.ae1~s do 'Paaço das Eicriptut~·s · ,..
que fezerem. . · ·- . 2 24
TIT .. XXXVIII. Do qu·e ham de Íevaros T~ ­
ballia:aens, e Efcripvâaens ·das viíl:as
- dos feitos. - ' 225
.,.·TJT •. ' .•XXXVIIII. Do
qúe harii de
leva~· ' das
*
. 2.º buf-

\ . ·. ,.,./
•.
· bu(cas dos· feitos', ,e das. éfcripturas.. 227
'f,fr. XXXX: Do que)~a~ de ~evar polos
'• caFretos dos feitos: " .232
TrT. '.XXX. XL 'Qo que ham de . lçv~r . os En-
.. 1
. : queredores. . · , 233
·1.)T • .·. iocxxn. ·Do que levarom qs Taballi:.. -
. aaêns, e Efcripvaaens,, e Enqueredo-
~ ·res ' por feu trabalho , q~a,~1do forem
fora· do Lugar faze{~lguina :efcript~-
i.. .. .... - ·~

ra. .234
.xxxxin. Do que harr de levar os
Pôr_tei.ros, e Pregoeiros: ,das penhora.s ,
J...

__, ... • • • j

. 6 rel/'lata.çooens , e c1taçooen~. . · 23 5
.~ T. 1T~ " XXXXIIII . .Do Contador das cuíl:as, e · ' .
. -.. :~ ~ ' ; • {'! ·•. . ..._ I - .

, , . , ....'.·qe éomo á~ ·ha de con~àr. . · . 238


' tIT. ' · XXX:X V.'" ~De como .fe ha de contar o
' _'.' ·fola~r~ ~os Proturadorés.
XXXXV·I. : D9 que ha de levar o Con-
tador das cuíl:as 'polas contar. 259
'!ÍYr. ·XXXXVU. Do que perteenceaoOfficio
' ''í.:dos Tqball~~aens, e·airtigos , .que harr'i
''r d.e le ~ àr '.coi:i~as Cartas dos Officios. 26r
Ti'T. i:X1XXX'VU,I. Da declaràçpm fei~a antre
· os -Taballiaaens do PàÇo, e os Tabal-
Iiaae~s das audienciàs fobi;e as eícri-;.
,: ptura·s , que a cada huUm dé·ttes per- ·
,, . t~ence fazer: ; · ·269
TIT. · ~XXXVUII. Das'i·oupas, que ham de
.tra- ..,
T . A- V o Ãoi y

:tr>ãzer os Taballiaaens, pera ferem da ' '·


· jurdiçom d'ElRey. . _• 280
T1T. L. Das citaçooens, pergooens, procu- . . ..
raçooens ' e irtquiriçooens) de que a
' . 'j

. ElRey perteence haver direito. 2 81


T1T. LI. Do ~egirnento da Guerra. , 285
TIT. L!l. Do Conde-efiabre, e do que per-
teencc a feu officio. 306
TrT. L~II. Do Marichal, e éoufas que ã-feu
officio perteencem. ,, 3 JS
T1T. LIIII. Do Almirante, e do que perteen-
, ce a feu officio. ' 31 9
TrT. LV. Do Capitam Moor do mar. 328
TIT. LVI. Do Alferes Moor d.'ElRey: '333
TrT. · LVIJ. Do Moordomo Moor n~fio. 33.5
TrT. LVIIJ. Do Camareiro Moor. 337
TIT. . LVIIII. Dos Confelheiros de EIRey. 340
TIT. LX. ·Do Meirinho Moor. 346
TIT. LXI. Do Apoufentador Moor~ 348
J:rT. LXII. Dos Alquaid<:ls Moores dos Caf.
tellos. 350
TIT. LXIII. Do~ Cavalleiros, co.mo, e per
quem devem feer feitos, e desfeitos. 360
TrT. LXIIII. Dos Retos, e e~ que cafos de- (
vem feer outorguados. · 377
TIT. LXV. Q!aees devem feer os Adays, .e , .
corno devem feer efcolheitos , e per
quem. 387
TIT •

/
"V ·À: V O A'
,, "';.
1

T1T. ' LXY!. Do·s Alm0cadeens, cômo·i ham


't, de j'urar quando forem fettos: 394
TrT :~ LXVU .. Do Monteiro Moor ., e .cou.fas .,
· que a feu officio perteencem. 39&.
'f'.IT. LXVJJI. Do _Anadal Moor, e coufas ··
que~ feu 0'fficio perteencem. . . _40S~
'I'rT.·.,. LXVlIII..
Das duvidas,'
'
q1Je Vafco Fer-
. ~iandes ,· e J oha~. ~e Baíl:o rnoverom
.. · a E!Rcy Dom J0ham fobte a apui:a-
.\

çorn dos beefteiros, e goaUiotes.


'TIT . . LX"X;_. Do qu:e pertee.nce á apuraçõm
dos gualíiotes-. - 466,
·T1T. LXXJ. Dos. Coüdecs, e Regimentos ·
- que .a feus Ôffi'cios perteencem._ 473:·
TrT. 'LXXII. Dp Regimento elo Chanceller;
.TV1eirinho, e Porteiro das Corre_içpo-
ens das Comarcas.

..
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W. 7
·"'
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