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AULA 01- COMO PETICIONAR NA PRÁTICA

Profª SABRINA DOURADO

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Como fazer uma petição inicial é uma dúvida recorrente entre nós advogados, afinal essa é uma peça fundamental
para o processo. É ela que define o que vai acontecer em sequência: narrativa, provas, documentos, etc.

Como fazer uma petição inicial, vamos lá?

O jogo processual inicia muito antes da petição inicial. Ele começa já na elaboração das estratégias. Para montar
as estratégias é preciso que os fatos que deram origem ao litígio estejam bem especificados e nenhum detalhe pode
ser esquecido. Aliás, dê valor aos detalhes. Por vezes, os pequenos fatos é que desencadeiam consequências
maiores.

Ser minucioso e determinado para obter com afinco informações precisas sobre o assunto é a chave para um bom
começo de processo. Para isso, faça o número de reuniões suficientes e solicite todos os documentos que entender
pertinentes.

Com os fatos bem definidos e detalhados é chegada a hora de estudar o caso. Saber o direito material, ler doutrinas
relacionadas ao tema objeto da lide e ver os entendimentos dos Tribunais sobre o assunto são passos básicos de
como fazer uma petição inicial. Uma boa dose de conhecimento sobre o assunto que, aplicado ao problema, facilita
extraordinariamente o trabalho.

Ter domínio dos pontos fortes e fracos do direito de seu cliente é fundamental para poder traçar a estratégia pro-
cessual mais adequada para o êxito da demanda, sobretudo para auxiliar na dedução de alguns argumentos e
passos da parte adversária.

Depois de definida a estratégia, basta redigir a petição inicial.

Esqueça os modelos prontos de como fazer uma petição inicial

Quem tem dúvidas de como fazer uma petição inicial sempre pensa em modelos prontos. Na minha opinião a utili-
zação de um modelo de petição inicial faz com que o seu trabalho e o de uma mala direta sejam praticamente iguais
se comparados os seus efeitos práticos. Ora, se você não consegue se diferenciar de uma mala direta, quem dirá
de seu concorrente.

Costumo mandar um documento em branco quando me pedem um modelo de petição. Além dos motivos das linhas
anteriores, é preciso ter em mente que um caso será diferente de outro. Os modelos prontos nem sempre se encai-
xam perfeitamente no caso de seu cliente. Por mais semelhantes entre si que possam parecer, sempre existirá entre
eles um detalhe ou um fato diferente.

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Por isso, usar modelo pronto exige um zelo superior ao de começar uma petição de uma página em branco, porque
pode ocasionar erros banais se não tiver a devida atenção

Portanto, a utilização de modelos prontos faz com que você se torne obsoleto, não competitivo mercadologicamente
e dá chances ao cometimento de erros. Nada obstante, a estrutura de uma petição é simples e possui quatro ele-
mentos fundamentais: o endereçamento, a qualificação das partes, os argumentos e a conclusão.

Um grande elemento de como fazer uma petição inicial é conhecer os quatro elementos comuns a todas as petições.
Além disso, vale observar os regramentos específicos da petição inicial, contestação, apelação, dentre outras peças.

Isso faz com que você nunca mais precise de um modelo pronto. Portanto, esqueça os modelos prontos!

Ajude na celeridade processual

Um bom advogado evita que haja determinação de emenda ou complementação de sua inicial. Endereçar a petição
ao juízo competente, qualificar as partes de forma correta, valorar a causa, juntar a procuração e cumprir os demais
requisitos definidos pelo Código de Processo Civil são tarefas básicas de como fazer uma petição inicial.

Atente-se à questão do endereço eletrônico das partes e da manifestação de desinteresse na autocomposição, caso
existente, pois são algumas das exigências impostas pelo novo CPC.

Ainda que a determinação da emenda ou complementação da inicial não leve ao fim prematuro do processo, certa-
mente retardará o seu andamento. Nobre leitor, imagine o quão difícil e constrangedor é explicar ao seu cliente que
o processo não andou por um equívoco seu na elaboração da petição inicial.

Por isso, atenção redobrada para os requisitos da petição inicial.

Narre a história do seu cliente

É duro admitir: advogados não sabem escrever. Não estou falando de gramática. O que pretendo dizer é que advo-
gados não possuem o dom da escrita que detinha, por exemplo, Machado de Assis ou Sir Arthur Conan Doyle.

O advogado deve ser inteligível e prender a atenção do juiz. De nada serve o direito de seu cliente ser excelente,
se você não consegue expressá-lo de forma correta e agradável. Uma narrativa confusa, frases mal elaboradas e a
ausência de encadeamento de ideias, tornam difícil a compreensão do direito e, principalmente, dos fatos pelo juízo.

Nesse ponto, sempre dou três dicas que entendo de como fazer uma petição inicial.

Leitura, objetividade e uso da língua portuguesa

A primeira é muita leitura. Esqueça de livros técnicos e parta para a literatura. Além de um ótimo entretenimento,
melhora o vocabulário e ajuda a aprimorar a narrativa dos fatos. Faça um teste, aposto que as suas petições pas-
sarão a ser mais deleitáveis.

A outra dica é inspirada em uma das famosas frases de Thomas Jefferson: “O mais valioso de todos os talentos é
aquele de nunca usar duas palavras quando uma basta”. Seja objetivo. Por que escrever trinta laudas se tudo po-
derá ser dito em apenas dez? Repetir o dito com palavras diferentes não é didático, mas sim enfadonho. Entre uma
petição de dez laudas e outra com trinta, o magistrado certamente preferirá a menor. Então, escreva o necessário
para a compreensão do caso e para a subsunção dos fatos a norma, nada mais, nada menos.

Por fim, olvide o latinismo. Se o latim é uma língua morta, para que ressuscitá-la em cada petição? Nosso direito
privado já possui enorme influência do direito romano, o que basta. Vamos respeitar o Código de Processo Civil que
diz ser obrigatório o uso da língua portuguesa em todos os atos e termos do processo e deixar os mortos em paz.

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PETIÇÃO INICIAL e o CPC/15

Como o juiz não age de ofício, a petição inicial "é universalmente a peça preambular, exordial ou inaugural do
processo civil, independentemente do rito sobre o qual incidirá, tornando-se responsável, por conseguinte, pela
instauração da demanda e da tutela jurisdicional - pública ou privada –“ É o instrumento, escrito, que contém o
pedido do autor, assim como os demais requisitos pertinentes à individualização subjetiva e objetiva da ação.”

Ela é o primeiro ato do processo. A lei exige o preenchimento de requisitos para a sua construção. Tais requisitos
estão dispostos nos arts. 319 e 320 do CPC, senão vejamos:

A petição inicial indicará:

- o juízo a que é dirigida;

Com o inciso I, aponta-se o órgão competente para conhecer da ação, primeira dificuldade com que se defronta o
advogado, pois nem sempre de fácil determinação.

- os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição
no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o do-
micílio e a residência do autor e do réu1;

O inciso é muito mais moderno e completo quando comparado ao CPC/73.

- o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

Determina-se a causa de pedir não apenas com a indicação da relação jurídica de que se trata (propriedade, por
exemplo), mas também com a indicação do respectivo fato gerador (aquisição da propriedade por compra e venda,
por doação, por sucessão mortis causa, etc.). Adotou, assim, o Código, não a teoria da individualização (bastaria à
indicação da relação jurídica correspondente, especialmente nas ações reais – causa de pedir imediata), mas a da
substanciação (os fatos integram a causa de pedir – causa de pedir mediata, fática ou remota). Exige-se a indicação
do fundamento jurídico do pedido (propriedade, por exemplo), não a indicação do dispositivo legal correspondente.

- o pedido com as suas especificações;

É um dos mais importantes requisitos da exordial. Distingue-se o pedido imediato do mediato. O pedido imediato
indica a natureza da providência solicitada: declaração, condenação, constituição, mandamento, execução. Pedido
mediato é o bem da vida pretendido (quantia em dinheiro, bem que se encontra em poder do réu, etc.).

- o valor da causa;

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Em ações de reintegração de posse, em casos como o de invasões de terras por integrantes do “Movimento dos
Sem Terra”, tem-se com razão dispensado a indicação do nome de cada um dos invasores, sendo a ação movida
contra os invasores ou ocupantes, citando-se os líderes do movimento, ou todos, com o uso de megafone. É possí-
vel, ainda em outros casos, que o juiz haja de se contentar com a descrição física do réu e indicação do lugar em
que se encontre.

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O valor da causa, a que se refere o inciso V, pode ser importante para fins de determinação do órgão competente,
do procedimento a ser observado, dos recursos cabíveis e do valor da taxa judiciária, das custas, da condenação
em honorários advocatícios e multas.

O valor da causa é o 'quanto' representativo', precisado e estipulado pelo autor em moeda corrente nacional, ao
tempo da propositura da ação, e atribuído na petição inicial, considerando-se, para sua fixação, regras ditadas na
Lei Instrumental Civil ou fazendo-se sua estipulação criteriosamente, quando assim é facultado.

- as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

Na petição inicial deverá o autor indicar de maneira especificada as provas que pretende demonstrar o fato consti-
tutivo do seu direito alegado, não bastando requerer ou muito menos protestar genericamente pela 'produção de
todos os meios de prova admitidos em direito.

A falta de indicação das provas que pretende produzir pode autorizar o julgamento antecipado da lide, dispensada
a audiência de instrução, desde que preenchidos os demais requisitos legais.

- a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

Eis um requisito novo. O autor terá de indicar se pretende ou não comparecer a audiência de conciliação ou
mediação, a depender do caso.

ATENÇÃO!

Caso não disponha das informações relativas à qualificação das partes, poderá o autor, na petição inicial, requerer
ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações relacionadas à qualificação, for possível
a citação do réu. Ademais, ela não será indeferida pelo não atendimento ao disposto acima se a obtenção de tais
informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

Entendemos como super positivas as disposições acima. O NCPC, como já vimos, adotou o princípio da supremacia
do julgamento de mérito.

petição inicial será, ainda, instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. É cediço que a prova
documental será produzida na fase postulatória.

PEDIDO

O pedido deve ser certo.

Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os


honorários advocatícios. Eis uma novidade que estava consolidada na Jurisprudência. Tias hipóteses são
conhecidas como pedidos implícitos.

O CPC/15 determina que interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da
boa-fé. Tal disposição é substancial e muito importante.

Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas in-
cluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, en-
quanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.

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O pedido deve ser determinado.

É lícito, porém, formular pedido genérico:

- nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;

- quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;

- quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um
modo.

Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação
de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.

É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não
acolher o anterior.

É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.

Vejamos as regras para a cumulação de pedidos, tema muito recorrente em prova e importante para a prática
forense.

É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja
conexão.

São requisitos de admissibilidade da cumulação que:

- os pedidos sejam compatíveis entre si;

- seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

- seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

IMPORTANTE! Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação
se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas
previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompa-
tíveis com as disposições sobre o procedimento comum.

Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo receberá sua parte,
deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.

Alterabilidade da demanda de forma descomplicada

O autor poderá:

- Até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu;

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- Até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegu-
rado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado
o requerimento de prova suplementar.

ESQUELETO MEGA BOM

Endereçamento : arts. 53 a 46 CPC (ver nessa ordem)

(1 linha) – mais seguro pular, para não configurar identificação da peça.

Qualificação: art. 319, II, CPC

I – DOS FATOS

Não perder muito tempo, pois vale 0,1 - 0,2 ;

No máximo 3 parágrafos falando: a relação, a causa e a consequência (tópicos 4, 5 e 6 do Top 10)

II – DO DIREITO

A presente demanda versa sobre...

Copie os principais artigos da tese e parafraseia os demais, mas sempre indicar o dispositivo.

III – TUTELA DE URGÊNCIA

(se houver)

Tutela antecipada (art. 300, CPC)

IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Comparecimento à audiência-
Tutela antecipada –
Procedência do pedido (imediato) + finalidade –
Custas + honorários – art. 85
Citação + defesa
Provas
Endereço do advogado + e-mail
Valor da causa – arts. 291 e seguintes

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