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RESUMO
Este trabalho se dedica a caracterizar os resíduos descarregados no Porto do Rio
de Janeiro no período de julho de 2011 a julho de 2013, oriundos de embarcações
do tipo Supply. Os dados analisados fazem parte do banco de dados gerado a partir
do “Programa de Conformidade do Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes
Líquidos dos Portos Marítimos Brasileiros”, executado pelo IVIG/ COPPE/UFRJ
entre os anos de 2011 e 2016. O Porto do Rio de Janeiro apresentou, neste
período, um universo de 16.770 dados gerais relativos à geração de resíduos
sólidos, nos quais 7.018 são relativos à descarga de embarcações, ou seja, 42%.
Nesse universo, as embarcações da classe Supply representam 20% do total e 49%
dos dados de resíduos de embarcações. Esses dados foram tabulados e analisados
e observou-se, por exemplo, que há certa dificuldade em precisar as quantidades de
resíduos geradas devido ao uso de diferentes terminologias e métricas. Alguns tipos
de resíduo foram mensurados em quilos e m³ como, por exemplo, lâmpada
fluorescente, que no ano de 2013 foi gerada a quantidade de 145 kg e 0,05m³.
Aliado a esse fator, não se tem a padronização na descrição dos resíduos como
ocorre àqueles denominados “heterogêneo compatível para reciclagem (plástico,
papel, papelão, vidro) ”. Os resíduos adequadamente identificados foram
contabilizados no período de estudo em 13 X 106 kg.
INTRODUÇÃO
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Aluna concluinte do Curso de Especialização em Engenharia Ambiental e Saneamento. Modalidade
EAD. Universidade Estácio. E-mail: vania.sanches@gmail.com
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mercado que esteve em expansão, principalmente entre 2010 a 2013, mesmo
período de captação dos dados para o desenvolvimento do trabalho cientifico. E
entre as embarcações que mais se destacaram estão as da classe Supply. Essa
categoria de embarcação tem por finalidade dar apoio logístico às plataformas
fazendo desde o transporte de materiais e suprimentos bem como apoio às
operações de mergulho para a exploração de petróleo. Uma das funções desse tipo
de embarcação também é fazer o transporte dos resíduos sólidos tanto àqueles
gerados nas plataformas quanto os obtidos em embarcações que ficam fundeadas
em outras operações (MATHEDI, 2010).
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METODOLOGIA
Este estudo foi embasado em dados gerados, entre os anos de 2011 a 2013,
dentro do Projeto “Programa de Conformidade do Gerenciamento de Resíduos
Sólidos e Efluentes Líquidos nos Portos Marítimos Brasileiros”
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destinação do resíduo (transportadores e receptores), forma de destinação final do
resíduo (aterro, incineração ou reciclagem).
A primeira etapa foi selecionar o porto que tivesse maior número de dados
disponíveis, conforme demonstra a Figura 2. Configurou-se que este estudo se
concentraria nos dados do Porto do Rio de Janeiro. Em seguida, analisou-se a
totalidade dos dados desse porto, conforme demonstra a Tabela 1, onde se
configurou uma ligeira predominância dos dados relativos às embarcações.
Figura 2: Distribuição de números de dados válidos, por porto estudado, obtidos através
dos manifestos de transporte
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Tabela 1: Distribuição dos dados sobre desembarque de resíduos por fonte geradora no Porto
do Rio de Janeiro
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Figura 3: Número de tipos de embarcação que realizaram desembarques de resíduos no porto
do Rio de Janeiro entre 2011-2013
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Papel/papelão 12.228 371.334 207.510 591.073
Papelão 100 20 120
Pilha/bateria 82 6.376 48 6.506
Plástico 10.561 159.628 124.822 295.012
Resíduos de serviço de saúde/ambulatorial 152 77 64 294
Resíduos não identificados 349 110.034 110.383
Sucata de material elétrico/ eletrônico 6 135 20 161
Taifa 26.861 227 27.088
Tambor/ bombona contaminado 20.704 184.903 273.649 479.256
Tambor/bombona não contaminado 800 405 1.614 2.819
Vidro 6.600 15.918 22.519
Total anual 629.207 1.980.023 10.380.893 12.990.124
RESULTADOS
A Tabela 3 indica os resíduos mais gerados e é possível notar que entre eles
existem categorias que apresentam problemas de identificação tais como lixo
comum, que se referem aos resíduos misturados, heterogêneos compatível para
reciclável. Apesar de indicar que sejam recicláveis, não é possível identificar quais
são esses materiais. E, por fim, resíduos não identificados, ou seja, um valor
significativo que deverá ser desprezado.
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Tambor/ bombona contaminado 20.704 184.903 273649 479.256
Plástico 10.561 159.628 124.822 295.012
Metal 17.897 98.985 172.628 289.510
Lata de alumínio 611 277.740 58 278.409
Resíduos não identificados 349 110.034 110.383
Metais ferrosos 110.015 110.015
Heterogêneo compatível para reciclável 455 407 33.944 34.806
Figura 4: Evolução da retirada dos resíduos de embarcação do tipo Supply entre 2011-2013
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No tocante à disposição verificou-se que existem várias denominações que
não correspondem a uma disposição final, entretanto, configura dessa forma no
preenchimento dos manifestos. Além disso, há outras informações que são
inconclusivas como, por exemplo, “outros”, que representa 14% do total dos
manifestos. Somado a isso ainda existem os manifestos que não apresentam
nenhuma informação, representando 4% do total, como indica a Figura 5.
CONCLUSÃO
A primeira conclusão deste trabalho é a evidente necessidade de se
estabelecer um procedimento para os manifestos de transporte de resíduos, de
modo a uniformizar as informações e, dessa forma, estabelecer um melhor controle
e monitoramento do processo de gerenciamento dos resíduos sólidos, tanto gerados
em navios Supply bem como de qualquer outra fonte geradora portuária.
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legal serem executados, existem muitos gargalos no tocante às informações que os
documentos apresentam. Há documentos que não trazem o quantitativo que foi
retirado e, em alguns casos, nem a discriminação desses resíduos, perfazendo um
total de 2% do total de dados referentes ao banco de dados do Porto do Rio de
Janeiro.
Fica evidenciado que essas são respostas que não poderiam constar como
destinação final e, principalmente, a grande maioria dos processos não é encerrada
com a entrega de um certificado de destinação final, portanto, não há nenhum
indicativo que os resíduos tenham sido dispostos adequadamente. Em se tratando
dos navios Supply, o quadro é mais preocupante porque a maior geração é de
resíduos oleosos líquidos e, portanto, passiveis de contaminação.
Ser “não identificado” não pode ser uma identificação, pois é uma informação
inválida, uma vez que todo resíduo foi gerado dentro de uma embarcação e,
portanto, é passível de ser identificado. Já os heterogêneos, é um trabalho de
dedução entender que em um mesmo fardo foi prensado vários tipos de materiais.
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Contudo, apesar de ser uma prática comum, que visa minimizar custos e logística de
transporte, não auxilia o gerenciamento dos resíduos, porque a destinação não será
a reciclagem e sim o aterro sanitário, sendo disposto como lixo comum. E ainda vale
ressaltar que o volume de resíduos que sai identificado como lixo comum é alto e,
portanto, ainda apresenta um volume considerável de materiais que poderiam ter
outra destinação que não o aterro sanitário.
REFERÊNCIAS
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MATHEDI, J. O. P. Embarcações de apoio à exploração de petróleo e gás. Santos,
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