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Organizadores
Sérgio Campos
Teresa Cristina Tarlé Pissarra
Marcelo Campos
GEOTECNOLOGIA APLICADA NO
PLANEJAMENTO AMBIENTAL DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS
1a Edição
TUPÃ/ SP
ANAP
2015
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 1
Organizadores
Sérgio Campos
Teresa Cristina Tarlé Pissarra
Marcelo Campos
GEOTECNOLOGIA APLICADA NO
PLANEJAMENTO AMBIENTAL DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS
1a Edição
TUPÃ/SP
ANAP
2015
2 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Organizadores do Livro
Sérgio Campos
Possui graduação em Agronomia em 1977 pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu –
FCMBB, atualmente Universidade Estadual Paulista – UNESP, Especialização em 1980 pela Universidade
Estadual Paulista/UNESP, mestrado e doutorado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agronômicas –
UNESP – Botucatu, respectivamente em 1985 e 1995, Livre-Docência em 1997 pela Faculdade de Ciências
Agronômicas – UNESP – Botucatu. Atualmente é Professor Titular da Faculdade de Ciências Agronômicas
– UNESP – Botucatu, desde 2010.
Cursou Pós Doutorado na Universidade da Flórida, EUA (2011), Doutorado (2002) e Mestrado (1998) em
Agronomia - Programa Produção Vegetal na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
UNESP/FCAV/Câmpus de Jaboticabal. Formação em Agronomia (1994) na Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, FEIS/Ilha Solteira. Atualmente é Professor Adjunto I UNESP/FCAV, atuando com
ensino, pesquisa e extensão, e orientação à pesquisa na área de Ciências Agrárias, com ênfase em
geoprocessamento no manejo e conservação do solo e da água em agroecossistemas e sistemas florestais.
Marcelo Campos
Possui graduação em Licenciatura Plena e Bacharelado em Física, respectivamente em 2006 e 2007 pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde também concluiu o Mestrado em Física e Doutorado
em Ciências, ambos na área de Física da Matéria Condensada em 2009 e 2013, respectivamente. Realizou
Pós-Doutorado na Embrapa Instrumentação, São Carlos-SP em 2014 e atualmente é Professor Doutor na
Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de Tupã, desde
janeiro de 2015.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 3
Editora
Diretoria da ANAP
Presidente: Sandra Medina Benini
Vice-Presidente: Allan Leon Casemiro da Silva
1ª Tesoureira: Maria Aparecida Alves Harada
2ª Tesoureira: Jefferson Moreira da Silva
1ª Secretária: Rosangela Parilha Casemiro
2ª Secretária: Elisângela Medina Benini
Suporte Jurídico
Adv. Elisângela Medina Benini
Adv. Allaine Casemiro
Revisão Ortográfica
Smirna Cavalheiro
ISBN 978-85-68242-21-6
CDD: 900
CDU: 911/47
Sumário
Apresentação 08
I PARTE
Uso e ocupação do solo para o planejamento de bacias hidrográficas
II PARTE
Fisiografia de bacias hidrográficas
III PARTE
Caracterização de Áreas de Preservação Permanente – APP
IV PARTE
Imagens de satélite no planejamento de bacias hidrográficas
V PARTE
Aptidão agrícola de bacias hidrográficas
Apresentação
I PARTE
Resumo
O trabalho visou a determinação do uso do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano – Botucatu/SP, em
imagens de satélite. A base cartográfica foi elaborada na carta planialtimétrica em formato digital do IBGE, utilizada
para o georreferenciamento, e na imagem de satélite. O Sistema de Informação Geográfica (SIG) - Idrisi Selva foi
utilizado para realizar o georreferenciamento da imagem e o mapa temático final. No software CAD - CartaLinx foi
realizada a delimitação da área em estudo e o levantamento dos elementos (limite, rede de drenagem e áreas de uso e
cobertura da terra). O uso da terra da bacia mostrou que a pastagem foi a classe de maior predominância, ocupando
34,51% (1.117,94 ha) da área total, sendo o restante ocupado por área urbana (692,19 ha), mata (809,79 ha), culturas
(599,96 ha) e uma parte bem pequena de reflorestamento (19,53 ha). A utilização de técnicas de sensoriamento remoto e
de geoprocessamento foi muito satisfatória na realização do presente trabalho. Tecnologias devem ser cada vez mais
utilizadas em trabalhos agrícolas e ambientais, como o Sistema de Informação Geográfica (SIG), por apresentarem
rapidez, eficácia e resultados confiáveis, ajudando no aumento da sustentabilidade.
The study aimed to obtain the land use of the watershed Stream São Caetano - Botucatu/SP, through the satellite image.
The cartographic databases used were the planialtimetric map in a digital format obtained at the IBGE, used to
georeferenced, and the satellite image. Geographic Information Systems (GIS) - Idrisi Selva was use to perform the
image georeferencing and to do the final thematic map. In the software CAD - CartaLinx, it was performed the
delimitation of the area under study (boundary, drainage network and areas of land uses). The land use of the
watershed showed that pasture was the class which occupied most of the area, with 34.51% (1117.94 ha), the remainder
of the area was urban (692.19 ha), forests (809.79 ha), cultures (599.96 ha) and a very small part of reforestation
(19.53 ha). The use of remote sensing and geoprocessing were very satisfactory in the present work. Technologies must
be increasingly used in agricultural and environmental studies, such as Geographic Information System (GIS), present
speed, efficiency, reliable results, helping in increasing sustainability.
INTRODUÇÃO
A degradação desenfreada dos recursos naturais nos dias de hoje é um processo que deve ser
analisado com eficiência e rapidez. Os solos, por exemplo, vêm sofrendo uma constante e crescente
degradação, em função do uso inadequado (BUCENE, 2002).
A substituição da cobertura original do solo por culturas agrícolas, aliada às práticas de
manejo inadequadas, altera, entre outras coisas, as relações entre o escoamento superficial e a
infiltração da água das chuvas, resultando em erosão do solo e carreamento de quantidades acima
do normal de sedimentos aos canais de drenagem. Esse fenômeno é responsável pela aceleração do
processo de assoreamento dos canais, além de alterar as características físicas e químicas da água
pela presença dos sedimentos, material orgânico, nutrientes e outros elementos e compostos
químicos, provenientes principalmente de defensivos agrícolas e fertilizantes, encarecendo os
processos de captação e tratamento da água para consumo humano (VETTORAZZI, 2006).
A opção por uma bacia hidrográfica como local de estudo deve-se ao fato de ser esta uma
unidade onde se tem diferentes características, desde regiões altas, onde normalmente estão
localizadas as nascentes dos riachos e córregos, áreas de encostas, onde as águas correm com maior
velocidade, e finalmente, as áreas de baixadas, nas quais normalmente são observadas as
consequências do manejo inadequado feito em altitudes mais elevadas.
O sensoriamento remoto é a ciência e a arte de se obter informações sobre um objeto, área ou
fenômeno, na análise de dados coletados por aparelhos denominados sensores (NOVO, 2008).
Para Garcia (1982), o sensoriamento remoto pode ser definido como a detecção da natureza
de um objeto sem que haja contato físico, em que aviões e satélites são as plataformas mais comuns.
O termo sensoriamento remoto é restrito aos métodos que utilizam a energia eletromagnética na
detecção e medida das características de objetos, incluindo-se aqui as energias relativas à luz, calor
e ondas de rádio.
Rocha (2007) afirmou que a principal contribuição do sensoriamento remoto surgiu com as
primeiras imagens orbitais do planeta Terra. Desde então, o homem tem verificado uma grande
degradação do meio ambiente terrestre, provocado por uma visão consumidora e descartável dos
recursos naturais, como se fossem inesgotáveis, poluindo o solo, a água e o ar, deixando uma
perspectiva negativa para as gerações futuras. Esta visão holística contribui muito para a mudança
do paradigma conhecido como desenvolvimento sustentável.
A identificação e classificação do uso do solo são fundamentais no conhecimento do
ambiente, assim como no desenvolvimento de técnicas voltadas para a obtenção e manutenção
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 13
MATERIAIS E MÉTODOS
Após o georreferenciamento, foi feito o corte, extraindo-se apenas a área da bacia. Para o
georreferenciamento, também foi utilizado o sistema de coordenadas planas, projeção UTM, datum
Córrego Alegre. Porém, foi utilizado dois arquivos de pontos de controle, sendo o primeiro da
imagem de satélite e o outro, da carta topográfica de Botucatu, que já estava georreferenciada pela
etapa anterior. Desta forma, foram determinadas as coordenadas de cada ponto, e com estes dados
foi feito um arquivo de correspondência.
Após o georreferenciamento, foi realizado o recorte da imagem na opção Reformat/Window,
extraindo apenas a área da bacia (Figura 2).
Para elaborar a vetorização de cada polígono de uso e cobertura, criou-se uma tabela, no menu
Tables/Add Fields, e em cada polígono foi inserido o número correspondente aos elementos (ex:
Mata = 1, Área Urbana = 2, e assim sucessivamente).
Depois os arquivos criados foram exportados para o Idrisi. A tabela de uso e ocupação
também foi exportada e transformada para raster. No comando Area do menu Database Query,
pertencente ao módulo Analysis, foram determinadas as áreas e as porcentagens de cada uso.
RESULTADOS
Na na bacia hidrográfica do córrego São Caetano foram identificadas 5 classes de uso, que
compreendem mata, pastagem, cultura, reflorestamento e área urbana (Figura 3).
Os valores obtidos da área do mapa de cada classe de uso do solo e vegetação natural (Figura
3), em relação à área total da bacia podem ser observados na Tabela 1.
Tabela 1. Áreas totais em hectares e porcentagens relativas às classes de uso na bacia hidrográfica
do córrego São Caetano - Botucatu/SP.
Os resultados obtidos (Figura 3 e Tabela 1) mostram que a bacia hidrográfica vem sendo
ocupada por 809,79 ha de mata; 1.117,94 ha de pastagens; 599,96 ha por culturas; 19,53 ha de
reflorestamento e 692,19 ha de área urbana.
A partir dos resultados, pode-se afirmar que a área em estudo da bacia hidrográfica do córrego
São Caetano – Botucatu/SP encontra-se preservada, uma vez que, do total da área, 25% (809,79 ha)
correspondem á mata (vegetação natural), e o estabelecido por lei é de 20% do total.
Vale enfatizar que o uso racional do solo deve ser baseado em atividades produtivas que
considerem o potencial de terras para diferentes formas de uso, fundamentado no conhecimento das
potencialidades e fragilidades dos ambientes, de forma a garantir a produção e reduzir os processos
geradores de desequilíbrio ambiental, com base em tecnologias ambientalmente apropriadas
(GEBLER; PALHARES, 2007).
Segundo Nardini (2009), o levantamento do uso do solo, em determinada região torna-se um
aspecto de interesse fundamental para a compreensão dos padrões de organização do espaço, já que,
o conhecimento das alterações ambientais, provocadas pela ação antrópica, possibilita uma visão
dos problemas existentes e produz subsídios para a gestão dos recursos naturais. É a condição
primordial para se programar uma política de uso racional do solo e de respeito à suscetibilidade e
capacidade de suporte do meio ambiente aos impactos antrópicos, possibilitando o desenvolvimento
socioeconômico sustentável.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 19
CONCLUSÃO
A bacia hidrográfica do córrego São Caetano, Botucatu/SP, é ocupada por mata, pastagem,
cultura, reflorestamento e área urbana.
As técnicas de sensoriamento remoto e de geoprocessamento são satisfatórias para a
vetorização da base cartográfica, à elaboração de banco de dados, à interpretação em imagens de
satélite, à realização do cruzamento das informações e para a produção do mapa final do uso do
solo.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, L. F. F.; BATISTA, G.T; CATELANI, C. S. Sensoriamento remoto aplicado ao estudo de ocupação
de solo de mata ciliar do rio Paraíba do Sul no município de Caçapava. In: I Seminário de Sensoriamento Remoto e
Geoprocessamento do Vale do Paraíba – GEOVAP; 2006. Anais... Taubaté, Brasil. UNITAU; 2006. p. 89-99.
GEBLER, L.; PALHARES, J. C. P. (Eds.) Gestão ambiental na agropecuária. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica. 2007. 310p.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Carta topográfica: folha de Botucatu - S SF-
22-R-IV-3. Serviço gráfico do IBGE, 1969. Escala 1:50.000.
PIRES, E. V. R.; SILVA, R. A.; IZIPPATO, F. J. et al. Geprocessamento Aplicado a Análise do Uso e Ocupação da
Terra para Fins de Planejamento Ambiental na Bacia Hidrográfica do Córrego Prata – Três Lagoas (MS). Revista
Geonorte, Edição Especial, v. 2, n. 4, p. 1528 – 1538, 2012.
SOUZA. I. F. de. Avaliação da Qualidade da Água do Córrego São Caetano na Área Urbana do Município de
Botucatu- SP. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP, 2012.
Gabriel Rondina Pupo da Silveira, Sérgio Campos, Laura de Toledo Leme Ferreira
Resumo
A crescente expansão das atividades agropecuárias, sem considerar as potencialidades e limitações dos solos, constitui
uma fonte potencial de degradação do meio ambiente. O presente trabalho avaliou o uso e ocupação do solo em 49
anos, entre os cenários de 1962 e 2011 da bacia hidrográfica do córrego São Caetano – Botucatu/SP. As técnicas de
geoprocessamento foram utilizadas para obter informações sobre o uso do solo. No software de Sistema de Informações
Geográficas (SIG) _ Idrisi foram integradas informações oriundas de cartas digitais do IBGE, escala 1:50.000, além de
fotografias aéreas (1962) e imagens de satélite LANDSAT - 5 (2011). O avanço da área urbana ocorreu temporalmente.
Em 1962 não estava presente na bacia hidrográfica e em 2011 ocupava 21,37 % da área. Mesmo ocorrendo esse avanço,
no período de 49 anos, houve um acréscimo na área de vegetação natural, que outrora ocupava apenas 12,33% da área
(1962), e em 2011 passou a representar 25 % da área total da bacia hidrográfica, mostrando um aumento na
conscientização da importância em preservar a natureza. Desta forma, pode-se concluir que as ferramentas de análise
baseadas em SIGs possibilitaram analisar as variações no espaço e no tempo além de propor alternativas para o uso
adequado do solo.
The increasing expansion of the agricultural activities, without considering the potential and limitations of soils is a
potential source of environmental degradation. Thus, the present study assessed the variation of land uses in 49 years,
between 1962 and 2011 at the córrego São Caetano, Botucatu/SP. Geoprocessing techniques were used in this study. In
a Geographic Information System (GIS) - Idrisi – it was integrated the information from IBGE digital maps, scale
1:50000, plus aerial photographs (1962) and satellite images Landsat - 5 (2011). In the study area, we can view the
progress of the urban area, which in 1962 was not present in the watershed. In 2011, the urban area occupied 21.37%
of the total area. Even with this breakthrough occurring in the period of 49 years, there was an increase in the area of
natural vegetation, which once occupied only 12.33% of the area (1962), and in 2011 represents 25% of the total area
of the watershed, showing an increase in awareness on the importance of preserving nature. Thus, we can conclude that
the analysis tools based on GIS enabled us to analyze variations in space and time and to propose alternatives to the
correct land uses.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 21
INTRODUÇÃO
Na gestão ambiental, uma das principais dificuldades é a falta de uma fonte de dados com
informações básicas da paisagem. Tais informações são extremamente necessárias em projetos
ambientais, especialmente para realizar a recomposição de áreas degradadas, servindo de auxílio ao
manejo e à conservação do solo e da água, nas bacias hidrográficas.
O conhecimento das áreas de uso de uma determinada região, além de possibilitar o
direcionamento adequado do tipo de manejo, permite identificar possíveis problemas acarretados
pelo efeito das ações antrópicas sobre essas regiões, tendo relação direta com a conservação e a
exploração sustentável dos recursos naturais. Ao mesmo tempo, o planejamento adequado da terra
deve ser realizado constantemente para que a degradação não ocorra ou, ao menos, seja diminuída
ao longo dessas áreas, principalmente nas áreas de preservação permanente (APPs).
O mapeamento de uma bacia hidrográfica permite estudos e planejamentos de atividades
urbanas e rurais, com determinação do uso e ocupação do solo, indicação de áreas propícias à
exploração agrícola, pecuária ou florestal, previsão de safras e planejamento urbano (CAMPOS et
al. 2009).
O uso de tecnologias computacionais na gestão dos recursos naturais e na gestão e
monitoramento do território vem se tornando cada vez mais importantes, recebendo mais atenção
por parte de pesquisadores, universidades, empresas e gestores públicos.
As geotecnologias, representadas em especial pelo Sistema de Informação Geográfica (SIG),
Sensoriamento Remoto e Sistema de Posicionamento Global (GPS), apresentam uma série de
facilidades na geração e produção de dados e informações para o estudo de fenômenos geográficos,
como por exemplo, os desastres naturais (COPPOCK, 1995). Tais tecnologias são muito utilizadas
na realização de trabalhos na área de geoprocessamento, servindo também para estudar diversas
áreas da Ciências Agrárias.
A respeito do SIG, uma importante ferramenta para a produção e manuseio de mapas, Moura
(2005) caracterizou esse sistema como um sistema de informação que compreende a aquisição,
armazenamento, manipulação, analise e apresentação de dados georreferenciados, ou seja, um
sistema de processamento de informação espacial.
A aplicação da tecnologia de SIG facilita a maneira de como o uso do solo pode ser
monitorado, pois técnicas relativamente simples podem fornecer informações que permitem a
22 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
avaliação pontual e temporal, reparação e readequação dos usos a um custo aceitável. Uma questão
importante na adoção das técnicas de SIG para o planejamento do uso do solo é a atividade agrícola
(PELEGRIN, 2001).
O uso de geotecnologias, observação em campo para a classificação do uso da terra,
monitoramento de bacias hidrográficas e dos impactos nos recursos hídricos e na vegetação nativa
são procedimentos indispensáveis para a análise do meio e estão sendo muito utilizados nos últimos
anos (SANTOS et al., 2000).
O acompanhamento da dinâmica do uso do solo nos municípios apresenta grande importância
no intuito de refletir sobre as mudanças de aspectos socioeconômicos de determinadas regiões, e até
mesmo, de permitir o seu monitoramento ambiental.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo utilizar geotecnologias no mapeamento,
discriminação e quantificação da área de uso do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano
_ Botucatu/SP, por meio de fotografias aéreas de 1962 e imagem de satélite de 2011.
O acompanhamento do uso e ocupação do solo na bacia no decorrer de 49 anos, possibilitará
o estudo e um monitoramento sobre as mudanças ocorridas na área.
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do córrego São Caetano no Estado de São Paulo/SP.
O contorno da área da bacia hidrográfica do córrego São Caetano – Botucatu/SP foi realizado
por meio da carta planialtimétrica editada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística _
(IBGE, 1969), folha de Botucatu (SF-22-R-IV-3), escala 1:50000, segundo os pontos mais elevados
em torno da drenagem, tendo-se como base a definição de Rocha (1991) para a unidade de bacia
hidrográfica.
Primeiramente, foi importado para o Idrisi em formato vetorial, o arquivo TIFF que contêm a
carta planialtimétrica. A carta foi georreferenciada, sendo posteriormente, com o auxílio do
software CartaLinx feito a delimitação da área de estudo.
Depois, foi elaborada uma composição colorida com a combinação das bandas 3, 4 e 5, obtida
a partir da imagem de satélite digital, do sensor Thematic Mapper do Landsat _ 5, da órbita 220,
ponto 76, quadrante A, passagem de 2011, escala 1:50.000. Esta imagem apresenta uma boa
discriminação visual dos alvos, possibilitando a identificação dos padrões de uso da terra. Esta
composição apresenta os corpos d’água em tons azulados, as florestas e outras formas de vegetação
em tons esverdeados e os solos expostos em tons avermelhados.
O processo de composição da imagem RGB (Red/Green/Blue) foi realizado utilizando a
função Composite do menu Display do SIG-Idrisi.
Para a realização do georeferenciamento da composição, utilizou-se a função
Reformat/Resample do SIG _ Idrisi, sendo os pontos de controle obtido nas cartas planialtimétricas
do IBGE, referentes ao município de Botucatu/SP. Após o georreferenciamento, foi feito o corte,
por meio da ferramenta overlay do SIG- Idrisi, extraindo-se apenas a área da bacia.
Para o georreferenciamento, também foi utilizado o sistema de coordenadas planas, projeção
UTM, datum córrego Alegre. Porém, foram utilizados dois arquivos de pontos de controle, sendo o
primeiro da imagem de satélite e o outro, da carta topográfica a qual, já estava georreferenciada pela
etapa anterior. Desta forma, foram determinadas as coordenadas de cada ponto e com estes dados
foi elaborado um arquivo de correspondência. Após o georreferenciamento, recortou-se a imagem
utilizando-se a opção Reformat/Window, extraindo a área da bacia como apresentado na Figura 2.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 25
RESULTADOS
Para o mapeamento do uso e ocupação do solo em 1962 foram encontrados quatro (4)
classes de uso sendo: mata (vegetação natural), pastagem, culturas (anuais e perenes) e cerrado,
como pode-se observar na Figura 3.
Figura 3. Uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano – Botucatu/SP,
obtido por fotografias aéreas de 1962.
A interpretação dessas informações retiradas do mapa foi feita de forma detalhada ao analisar
a Tabela 1, que contém os valores em hectares e porcentagens de cada classe de uso do solo e
vegetação natural, em relação à área total da bacia.
28 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Tabela 1. Classes de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano –
Botucatu/SP, obtidas por fotografias aéreas de 1962.
Classes de uso da Terra Área
ha %
Mata 399,58 12,33
Pastagem 1399,18 43,19
Culturas 859,32 26,53
Cerrado 581,33 17,95
Total 3239,41 100
Figura 4. Uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano – Botucatu/SP,
obtido por imagens de satélite de 2011.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 29
Os resultados obtidos (Figura 4 e Tabela 2) mostram que a bacia vem sendo ocupada por
809,79 ha de mata; 1117,94 ha de pastagens; 599,96 ha por culturas perenes e anuais; 19,53 ha de
reflorestamento e 692,19 ha de área urbana.
Tabela 2. Uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano – Botucatu/SP,
obtido por imagens de satélite de 2011.
Com base na análise comparativa dos resultados obtidos nas Figuras (3 e 4) e Tabelas (1 e 2),
pode-se constatar a expansão urbana durante o período de 49 anos. A área urbana presente na bacia,
nos dias atuais, ocupa áreas que em 1962 apresentavam pastagens e culturas, fato este que
comprova a diminuição de 1.399,18 ha de pastagem em 1962 para 1.117,94 ha em 2011, ou seja,
uma diminuição de 20% (281,24 ha). No caso das culturas, que também tiveram suas áreas
reduzidas, a diminuição foi de 859,32 ha (1962) para 599,96 ha em 2011, representando uma queda
de 30% (259,36 ha), comparando com a presente em 1962. Esses fatos mostram que durante o
período houve um aumento significativo da área urbana, e que o campo destinou espaço para a
expansão urbana.
Outro fato que merece destaque, é o aumento significativo das áreas de matas, que no caso
são representadas pela vegetação natural (matas, reservas legais e matas ciliares). A área de mata
teve nesse período de 49 anos, um aumento de 410,21 ha, sendo que, em 1962 a área de matas era
de 399,58 ha, e em 2011 de 809,79 ha.
Com base nesses dados, pode-se destacar o aumento da conscientização do produtor no
quesito preservação da natureza. A preservação é de fundamental importância, já que o carreamento
de grande quantidade de solo, matéria orgânica e insumos agrícolas, decorrentes dos outros usos,
contribui de forma negativa para o assoreamento dos rios, aumento da concentração de sólidos e
30 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
CONCLUSÃO
Na área de uso do solo da bacia hidrográfica do córrego São Caetano _ BotucatuSP, pode-se
constatar uma expansão urbana durante o período de 49 anos.
As áreas de matas aumentaram, que no caso são representadas pela vegetação natural (matas,
reservas legais e matas ciliares). A área de mata teve nesse período de 49 anos, um aumento de
410,21 ha, sendo que, em 1962 a área de matas era de 399,58 ha, e em 2011 de 809,79 ha.
REFERÊNCIAS
ARGENTO, M. S. F.; CRUZ, C. B. M. Mapeamento geomorfológico. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org.)
Geomorfologia: exercícios, técnicas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. Cap. 9, p.264-82.
CAMPOS, S. et al. Evolução do Uso das Terras da Microbacia do Alto Capivara _ Botucatu (SP). In: Anais...II
Simpósio de Engenharia Rural. Bandeirantes, Paraná. 2009.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 31
COPPOCK, J. T. GIS and natural hazards: an overview form a GIS perspective. In: CARRARA, A.; GUZZETTI, E.
Geographical Information systems in assessing natural hazards. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers. 1995.
Cap 2, p. 21-34.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Carta topográfica: Botucatu (SF-22-R-IV-3). Serviço gráfico do
IBGE, 1969. Escala 1:50.000.
ROCHA, J. S. M. Manual de manejo integrado de bacias hidrográficas. Santa Maria:ed. UFSM, 1991. 181p.
SANTOS, C.A.G.; SUZUKI, K.; WATANABE, M. et al. Influência do tipo da cobertura vegetal sobre a erosão no
semi-árido paraibano. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 4, n. 1, p. 92–96,
2000.
SOUZA. I. F. de. Avaliação da Qualidade da Água do Córrego São Caetano na Área Urbana do Município de
Botucatu- SP. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista (UNESP). Botucatu, SP, 2012
32 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
II PARTE
The morphometric characterization of a watershed is very important in the diagnosis of susceptibility to environmental
degradation because the results will guide the planning, management and implementation of mitigation measures for
conservation of water resources. This study aimed to morphometric characterization of the watershed of the river
Tablet - Piquete / SP in Geographic Information System (GIS) and using geoprocessing techniques. The cartographic
databases used were the planialtimetrics letters of the cities of Lorena / SP and Delfim Moreira / MG, published by the
IBGE (1970), in 1: 50.000, to the hierarchy of the drainage network and the morphometric analysis. The evaluated
variables were dimensional, the drainage pattern and relief with the use of the computer program ArcGIS 9.3. The
results showed that the watershed of the river tablet showed high risk of susceptibility to erosion and environmental
degradation, it is essential to maintain vegetation cover and riparian areas for conservation of environmental services.
The shape factor (0.61) and drainage density (2.61) allowed to infer that the substrate has low permeability with less
leakage and improved draining of water. The steep slopes of the slopes (53.42%) indicates that if the catchment is not
conserved there may be changes in regulation of the hydrological system. The computer program ArcGIS 9.3 was
suitable for scanning and data analysis.
34 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
A microbacia do ribeirão Tabuleta (Figura 1), uma das principais abastecedoras e afastadoras
de águas usadas na área urbana do município de Piquete/SP, encontra-se localizada entre as
coordenadas UTM, longitudes 473110 m a 478670 m W e 7500120 m a 7500235 m S, na porção
noroeste do médio vale do rio Paraíba do Sul. Possui cerca de 40% de sua área dentro da Área de
Proteção Ambiental (APA) da Mantiqueira, a qual foi criada pelo Decreto no 91.304 de 03/06/1985.
Possui 23% de área com vegetação natural composta de remanescentes da Floresta Atlântica,
concentrados principalmente a noroeste do município, estando também situado em uma área de
proteção e recuperação de mananciais do rio Paraíba do Sul; local estratégico em função dos
recursos hídricos, com áreas propensas para servir de corredor ecológico da região da Mantiqueira
(Silva, 2003).
A área desta microbacia está caracterizada pelo relevo montanhoso, com terrenos íngremes e
a ocorrência de processos erosivos em certos locais. As características do relevo e o tipo de solo
dessa área fazem com que estes ambientes, associados aos índices pluviométricos acentuados e
declives fortes, tornem-se vulneráveis. Estas características, devido à utilização inadequada de
certos trechos com reflorestamento de espécies exóticas e a ação antrópica, ocasionam um
desequilíbrio ambiental (Silva, 2003).
A rede de drenagem da microbacia do ribeirão Tabuleta foi obtida segundo o sistema de
Strahler (1957), que modificou o sistema de classificação de rios de Horton (1945), introduzindo o
conceito de segmento de rio, onde a junção de dois segmentos de mesma ordem origina um
segmento de ordem superior e a união de dois canais de ordens diferentes permanecerá o de ordem
maior.
36 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Variáveis dimensionais
representa a área drenada pelo conjunto do sistema fluvial, projetado no plano horizontal, é expressa
em quilômetros quadrados (HORTON, 1945); Perímetro (P): compreende a linha limítrofe da
microbacia que é representada pela linha do divisor topográfico que circunda a microbacia,
expresso em quilômetros (SMITH, 1950); Maior Comprimento (C): representa a medida do
comprimento da linha que une a foz até o ponto extremo da microbacia, localizado sobre a linha do
divisor topográfico, que segue a direção do vale principal, sendo expressa em quilômetros
(SCHUMM, 1956); Maior Largura (L): é a maior dimensão linear que a microbacia apresenta num
eixo transversal ao vale por ela formado, sendo medida transversalmente ao maior comprimento,
expressa em quilômetros (STRAHLER, 1958) e Comprimento Total da Rede (Cr): corresponde à
soma do comprimento de todos os segmentos de rios que formam a rede de drenagem da
microbacia hidrográfica, sendo mensurada em quilômetros (HORTON,1945).
A rede de drenagem foi decalcada das fotografias aéreas (LUEDER, 1959; STRAHLER,
1957), considerando-se os cursos d'água permanentes ou temporários, estes quando estabilizados.
Para a avaliação da morfometria das redes fluviais foram utilizados os seguintes parâmetros:
Número de Segmentos de Rios (N): o número de segmentos de rios em cada ordem e o número total
de segmentos de rios da microbacia, sendo identificados, respectivamente, por Nw1, Nw2 e Nt, de
acordo com HORTON (1945), STRAHLER (1957) e FRANÇA (1968); Comprimento Total de
Segmentos de Rios em cada Ordem (Ctw): representa o comprimento total dos segmentos de rios
em cada ordem sendo identificados respectivamente por Ctw1 e Ctw2, sendo expressos em
quilômetro (km) (França, 1968); Comprimento Médio de Rios em cada Ordem (Cmw): é a relação
entre o comprimento total de segmentos de rios e número de segmentos de rios determinados para
cada ordem, sendo identificada por Cmw1 e Cmw2. Este índice é obtido pela expressão Cm =
Cr/Nt (FRANÇA, 1968); Razão de Ramificação ou Bifurcação (Rb): expressa a relação entre o
número de segmentos de rios de uma determinada ordem e o número de segmentos da ordem
imediatamente superior (HORTON, 1945; STRAHLER, 1957), sendo determinada pela expressão
Rb = Nw1/Nw2; Razão de Comprimentos Totais (Rlw): é a relação entre a soma dos comprimentos
de segmentos de rios de uma dada ordem e soma dos segmentos da ordem imediatamente superior
(STRAHLER, 1957), sendo obtida pela expressão Rlw = Ctw1 / Ctw2; Razão de Comprimentos
Médios (Rlm): é a relação entre o comprimento médio de segmentos de rios de uma dada ordem e o
comprimento médio dos segmentos da ordem imediatamente inferior, de acordo com HORTON
(1945), sendo calculada pela expressão: Rlm = Cmw2 / Cmw1 e Relação entre a Razão de
Comprimentos Médios e a Razão de Ramificação (Rlb): expressa a relação entre a razão de
comprimentos médio (Rlm) e a razão de ramificação (Rb), STRAHLER (1958), sendo calculada
pela expressão: Rlb = Rlm / Rb.
As variáveis do padrão de relevo estudadas foram a declividade média (D), calculada pela
equação: D% = (∑Cn x EV)/A, ou seja é a relação entre a somatória do comprimento das curvas de
nível (∑Cn) multiplicada pela eqüidistância entre as curvas de níveis (EV) e a área (A) da
microbacia. A altitude média da microbacia (Hm) foi obtida da média aritmética entre os valores de
maior altitude (AM) observada na cabeceira e a menor altitude (Am) na foz ou desembocadura em
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 39
(m). A amplitude altimétrica (H) é a diferença entre a maior e a menor altitude da microbacia,
expressa em metros (STRAHLER, 1957). O fator de forma (Ff), segundo HORTON (1945) foi
obtido segundo a equação: Ff = A/C2 , onde A é a área em km2 e C o comprimento em km. O
coeficiente de rugosidade (RF) foi calculado da fórmula: RF = Dd x D, onde Dd é a densidade de
drenagem e D a declividade média em porcentagem, conforme ROCHA e SILVA (2001). A Razão
de Relevo (Rr): é a relação entre a amplitude altimétrica e o maior comprimento da microbacia,
sendo calculada pela expressão Rr = H/C (SCUMM,1956); Razão de Relevo Relativo (Rrl): é a
relação entre a amplitude altimétrica e o perímetro da microbacia, sendo calculada pela expressão
Rrl = H/P; Índice de Rugosidade (HD): é obtido pelo produto da expressão amplitude altimétrica
(H) x densidade de drenagem (Dd), Strahler (1958) e Declividade Média da Encosta (DME): é
obtida em função do índice de rugosidade por meio da expressão DME = tg , sendo tg = 2HD. O
valor em percentual é obtido pela transformação do valor de DME em graus para declive em m/100
m (STRAHLER, 1958). O índice de circularidade é dado pela relação entre a área total da
microbacia (km2) e a área do circula (Ac) de perímetro igual ao da área total da microbacia
(MULLERr, 1953; SCHUMM, 1956; CHRISTOFOLETTI, 1980); ou seja é dado pela equação: Ic
= 12,57 (A/Ac2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ramificação ou Bifurcação (Rb); Razão de Comprimentos Totais (Rlw); Razão de Comprimentos Médios (Rlm) e
Razão de Comprimentos Médios e a Razão de Ramificação (Rlb)
A razão de textura (T) de 1,98 indica um relevo com poucos recortes, com uma textura
topográfica grosseira menor que 2,5. A frequência de rios deste ambiente hidrográfico foi
considerada baixa (Fr = 3,12) e a declividade encontrada de 53,2% permitiu classificá-la como
muito alta e o relevo como “Montanhoso” de acordo com as classes de declividades e tipos de
relevo do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999). A alta declividade tem
relação direta e importante com os processos erosivos devido a maior velocidade da água do
escoamento superficial e menor infiltração da água das chuvas, resultando em alteração na
regulação do sistema hidrológico e conseqüentemente na produção de água da microbacia
(MOREIRA; RODRIGUES, 2010).
O padrão de drenagem é o resultado do trabalho das águas que atingem, penetram e se escoam
pela superfície do solo (SILVA, 2003).
As microbacias, normalmente se apresentam no formato de pêra, mas podem ter outras formas
que dependem da interação clima, geologia entre outras. A superfície da microbacia é sempre
côncava, a qual determina a direção do fluxo de água (LIMA, 1986).
As microbacias de formatos circulares, ovais ou quadradas apresentam um maior perigo de
enchentes, por apresentarem maiores probabilidades de chuvas intensas ocorram simultaneamente
em toda a sua extensão superficial, concentrando grande volume de água no tributário principal. No
entanto, sabe-se que o perigo de enchentes depende também da permeabilidade do solo e da
cobertura vegetal (CAMPOS, 1993).
O valor de 0,68 (Tabela 4) para o índice de forma da microbacia analisada é considerado alto,
indicando que a microbacia apresenta maior susceptibilidade à degradação, pois quanto mais
próximo de 1 for o fator de forma, mais próxima do formato circular será a microbacia e,
consequentemente menor será o tempo de concentração (Tc) _ das águas das chuvas, pois as
enxurradas provocam inundações, que possivelmente causarão erosões do solo e degradação da
zona ripária da microbacia. O índice de circularidade de 0,61 (Tabela 4) mostra que quanto mais
42 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
próximo de 1, mais a microbacia estará próxima do formato circular e quanto maior for este valor,
maior será o perigo de enchentes.
Os serviços ambientais da floresta na microbacia hidrográfica, tais como: produção de água,
manutenção da biodiversidade, sequestro de carbono e beleza cênica da paisagem, são de
fundamental importância na preservação da biosfera. A morfometria é uma ferramenta de grande
importância como diagnóstico de suscetibilidade a degradação ambiental, delimitação da zona
ripária, planejamento e manejo da microbacia.
A acentuada declividade das encostas (53,42%) de acordo com as classes de declividade foi
classificada como montanhoso, indicando que se não for conservada pode haver alteração na
regulação do sistema hidrológico e consequentemente na produção de água.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Resumo
O presente trabalho teve como objetivo realizar a caracterização morfométrica da microbacia hidrográfica do córrego do
Petiço, Botucatu/SP, por meio de técnicas de Geoprocessamento no SIG Idrisi Selva e na carta planialtimétrica de
Botucatu (SF-22-Z-B-VI-3), editada pelo IBGE (1969), em escala 1:50000, para a hierarquização da rede de drenagem
e análise morfométrica. As variáveis avaliadas foram as dimensionais, do padrão de relevo, do padrão da rede de
drenagem e de forma. Os resultados relacionados à forma mostraram que a microbacia possui um formato oblongo, com
interpretação ambiental com baixa tendência à enchentes e erosões. O índice de sinuosidade de 1,22 mostra que os
canais da microbacia tendem a ser pouco sinuosos, o que permite inferir que o solo é permeável, com boa infiltração de
águas. Com base nos resultados das variáveis morfométricas, foi constatado que microbacia encontra-se em boas
condições de conservação ambiental, entretanto, apresenta determinados riscos de susceptibilidade à erosão, e com
degradação ambiental em alguns pontos, sendo fundamental a manutenção da cobertura vegetal, tendo em vista o
coeficiente de rugosidade (RN). Desta forma, a avaliação das características morfométricas no estudo das bacias
hidrográficas constitui-se em uma importante ferramenta, que em conjunto com o uso do Geoprocessamento e os
Sistemas de Informação Geográfica torna possível o planejamento e gerenciamento dos recursos naturais, visando à sua
conservação.
This study aims to analise the morphometric characterization of the watershed stream Petiço, Botucatu/SP, through
techniques of GIS by Idrisi Selva and planialtimetric Botucatu map (SF-22-ZB-VI-3), edited by IBGE (1969), scale 1:
50000. The variables analyzed were the dimensions, the relief pattern, pattern of the drainage network and the shape
variables. The results show that, related to how the watershed has an oblong shape, the environmental interpretation
shows low tendency to flooding and erosion. The sinuosity index of 1.22 shows that the channels tend to be sinuous,
which allows to infer that is a permeable soil with good water infiltration. Based on the results of the morphometric
variables was found that the watershed is in good condition of conservation, however, presents certain risks of
susceptibility to erosion, and environmental degradation in some points, being fundamental the maintenance of
vegetation cover, in view of the roughness coefficient (RN). Thus, the evaluation of morphometric characteristics in the
study watershed constitutes an important tool to understand better the envioronment. The Geographic Information
Systems is software that contribuited to the planning and management of natural resources aimed to their conservation.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
D%
Cn H x100 (1)
A
Onde:
D = declividade média (%),
ΣCn = somatória do comprimento das cotas (km),
H = equidistância entre as cotas (km),
A = área da bacia (km²).
A razão de relevo (Rr) segundo Schumm (1956) apud RODRIGUES et al. (2011), é obtida da
relação entre a amplitude altimétrica (H) e o seu maior comprimento (C), que corresponde à direção
do vale principal, entre a foz e o ponto extremo da bacia, sobre a linha do divisor de águas. É
calculada conforme a Fórmula 2:
H
Rr (2)
C
Onde:
Rr = razão de relevo, H = amplitude altimétrica (m), C = maior comprimento (m).
Rn Dd D% (3)
Onde:
Rn = coeficiente de rugosidade,
Dd = densidade de drenagem (km/km²),
D% = declividade média (%).
Esse coeficiente é um parâmetro que direciona o uso potencial das terras rurais em bacias
hidrográficas, determinando o potencial de uso do solo para as atividades de agricultura, pecuária,
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 49
Variáveis da forma
A
Ff (4)
C2
Onde
Ff = fator de forma,
A = área da bacia (km²),
C = maior comprimento (km).
Quanto mais próximo de 1,0, mais próxima da forma circular será a bacia hidrográfica, com
maior tendência a enchentes e diminui à medida que a forma se torna alongada, com tendência à
conservação (LIMA, 2008; SIQUEIRA et al., 2012; RODRIGUES et al., 2013).
A
Ic 12,57 (5)
P2
Onde:
Ic = índice de circularidade,
A = área da microbacia (km²),
P = perímetro do divisor topográfico (km).
P
Kc 0,28 (6)
A
Onde:
Kc = coeficiente de compacidade,
P = perímetro do divisor topográfico (km),
A = área da microbacia (km²).
Tabela 3. Valores, formato e interpretação do fator de forma (Ff), índice de circularidade (Ic) e
coeficiente de compacidade (Kc).
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 51
Rb
Nwn Nwn 1 Nwn 1 Nwn 2
(7)
2
Onde:
Rb = razão de bifurcação,
Nwn = número de segmentos de rio de uma dada ordem.
Segundo CHRISTOFOLETTI (1980), a razão de bifurcação nunca pode ser inferior a 2,0,
uma vez que os valores padrão variam entre 3,0 a 5,0. Assim, é considerado um canal normal.
A frequência de rios (F) correlaciona a relação entre o número de canais de primeira ordem
1
(Nw ) com a área da microbacia (A). Foi calculada segundo a descrição realizada por HORTON
(1945), pela Fórmula 8:
Nw1
F ((8)
A
Onde:
F = frequência de rios,
52 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
A razão de textura (T), segundo SMITH (1950) e modificada por FRANÇA (1968), é a razão
entre o número de canais de primeira ordem (Nw1) com o perímetro do divisor topográfico (P),
obtida pela Fórmula 9. Esses autores classificam a razão de textura em: grosseira (T < 2,5); média
(T entre 2,5 a 6,2); e fina (T > 6,2).
T = Nw1/P ((9)
Onde:
T = razão de textura,
Nw1 = número de segmentos de rio de 1ª ordem,
P = perímetro do divisor topográfico (km).
Cr
Dd ((10)
A
Onde:
Dd = densidade de drenagem (km/km²),
Cr = comprimento da drenagem (km),
A = área da bacia (km²).
De acordo com CARDOSO et al. (2006) o estudo da densidade de drenagem indica maior
ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica, esse índice indica o grau de
desenvolvimento do sistema de drenagem, ou seja, fornece indicação da eficiência da drenagem da
bacia.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 53
FRANÇA (1968) classificou a densidade de drenagem em: baixa (< 1,5 km/km²), média (1,5
a 2,5 km/km²), alta (2,5 a 3,0 km/km²) e super alta (> 3,0 km/km²), de acordo com a Tabela 4.
1
Cm 100 ((11)
Dd
Onde:
Cm = coeficiente de manutenção (km/km²),
Dd = densidade de drenagem (km/km²).
LANA et al. (2001) constataram que quanto menor for o resultado obtido para o coeficiente
de manutenção, de uma maneira geral, maior é a riqueza da microbacia em cursos d’água.
A extensão do percurso superficial da água de enxurrada (Eps), determinada pela Fórmula
12, representa a distância média percorrida pelas enxurradas antes de encontrar um canal
permanente (CHRISTOFOLETTI, 1969; RODRIGUES et al., 2013).
Cm 1 2 Dd 1000 ((12)
Onde:
Eps = extensão do percurso superficial (m),
54 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Ccp
Is ((13)
dv
Onde:
Is = índice de sinuosidade,
Ccp = comprimento do canal principal (km),
dv = distância vetorial do canal principal (km).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 59
Fernanda Leite Ribeiro, Sérgio Campos, Willian Renam Piva dos Santos
Resumo
Este trabalho objetivou a aplicação de geoprocessamento na caracterização morfométrica da microbacia do Ribeirão
Coqueiro – município de Jataizinho, Estado do PR, no software de Sistema de Informação Geográfica – Idrisi Selva,
visando à preservação, racionalização do seu uso e recuperação ambiental. A microbacia apresenta uma área de
1.171,07 ha e está localizada entre as coordenadas UTM, longitudes 503037 m a 510757 m W e latitudes 7426813 m a
7429722 m S. A base cartográfica utilizada foram as cartas planialtimétricas de Assaí e Uraí/PR, em escala 1:50.000
(IBGE, 1991) na extração das curvas de nível, da hidrografia e da topografia, em ambiente de Sistema de Informações
Geográficas - Idrisi Selva, para a determinação dos índices morfométricos. Os resultados mostraram que os baixos
valores da densidade de drenagem, associados à presença de rochas permeáveis, facilitam a infiltração da água no solo,
diminuindo o escoamento superficial e o risco de erosão e da degradação ambiental, bem como o baixo valor do fator de
forma amparado pelo índice de circularidade indica que a microbacia tende a ser mais alongada com menor
susceptibilidade à ocorrência de enchentes mais acentuadas. O parâmetro ambiental, coeficiente de rugosidade, permitiu
classificar a microbacia para floresta e reflorestamento.
This study applies geoprocessing in morphometric characterization of the Riobeirão Coqueiro – Jataizinho/PR State,
through a Geographic Information System software - Idrisi Selva, aiming to the preservation, rationalization of its use
and environmental restoration. The watershed has an area of 1171.07 ha and is located between the UTM coordinates,
longitudes 503037 m to 510757 m W and latitudes 7426813 m to 7429722 m S. The base map used was the
cartographic maps of AssaÍ and Uraí/PR, scale 1: 50000 (IBGE, 1991) in the extraction of contours, hydrography and
topography in a Geographic Information System environment - Idrisi Selva, for determination of morphometric indices.
The results showed that low values of drainage density associated with the presence of permeable rock, facilitate the
infiltration of ground water, surface run-off and reducing the risk of erosion and environmental degradation, as well as
the low value of shape factor supported by the circularity index indicates that the watershed tends to be more elongated
with less susceptibility to flooding more pronounced. The environmental parameter roughness coefficient allowed to
classify the watershed for vocation with forest and reforestation.
INTRODUÇÃO
O uso adequado dos recursos naturais exige estudos aprofundados para que sejam
compreendidos os possíveis impactos provocados pela ação antrópica (QUEIRÓZ, 2008). A
caracterização fisiográfica da microbacia do Ribeirão Coqueiro – Jataizinho/PR é essencial para a
elaboração e implementação de futuros projetos agroambientais regionais, pois os resultados
auxiliarão na compreensão do escoamento superficial da microbacia.
A caracterização morfométrica de uma bacia hidrográfica é uma ferramenta fundamental no
diagnóstico de susceptibilidade à degradação ambiental, delimitação da zona ripária, planejamento e
manejo de microbacias (MOREIRA; RODRIGUES, 2010), pois a sua caracterização permite
descrever a formação geomorfológica da paisagem em sua variação topográfica
(CHRISTOFOLETTI, 1969), bem como possui um papel significativo no condicionamento de
respostas ligadas à erosão hídrica, gerado após eventos pluviométricos relevantes (ARRAES et al.,
2010).
O monitoramento contínuo dos recursos hídricos é um instrumento essencial para a avaliação
dos fenômenos hidrológicos críticos, envolvendo tanto as secas quanto inundações. Com a
adequada avaliação dos recursos hídricos, utilizando o monitoramento dos dados relativos a uma
microbacia, por exemplo, pode-se propor uma adequação da ocupação do solo em relação ao seu
potencial e de suas limitações, tornando possível um manejo racional e equilibrado com a natureza,
conquistando assim a sustentabilidade.
A implantação de uma política agrícola adequada e séria necessita de embasamento técnico e
científico, com informações confiáveis e atualizadas sobre o grau de uso e utilização das terras e
principalmente com o intuito de racionalizar e viabilizar o planejamento agrícola de determinada
região, em face de grande extensão territorial do país e da diversidade de uso, relevo, clima e tipos
de solos encontrados nas diversas regiões.
O presente trabalho teve como objetivo a caracterização morfométrica da microbacia do
Ribeirão Coqueiro – Jataizinho/PR, em ambiente do Sistema de Informações Geográficas Idrisi
Selva, visando ao planejamento e ao manejo integrado dos recursos hídricos da área.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 61
MATERIAIS E MÉTODOS
TC=12,57 A / P2
Onde:
K - Índice de circularidade;
P - Perímetro da bacia em km;
A - Área da bacia em km2.
relevo é a relação entre a diferença de altitude dos pontos extremos da bacia e seu comprimento
(SCHUMM, 1956).
Para CARVALHO (1981), a Razão de Relevo demonstra que, quanto maiores os valores,
mais acidentado será o relevo na região. Quanto maior a razão de relevo, maior será a declividade
geral da bacia, portanto maior será a velocidade da água a escoar no sentido de seu maior
comprimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos resultados obtidos para a microbacia do ribeirão Coqueiro (Tabela 3) mostrou
que a área é de 1.171,07 ha, o perímetro de 18,9 km e o fluxo de água se dá na direção SW-NE da
microbacia, com um comprimento de 10,02 km. O comprimento total da rede de drenagem é de
32,48 km, e a microbacia apresenta-se com poucos canais de drenagem. O formato desta é
caracterizado fisicamente por parâmetros que relacionam com formas geométricas conhecidas,
como o fator de forma que relaciona a um retângulo e o coeficiente de compacidade que relaciona a
um círculo (RODRIGUES et al., 2011).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
68 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
ARRAES, C. L. Morfometria dos compartimentos hidrológicos do Município de Jaboticabal, SP. Unopar. Londrina, v.
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70 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
III PARTE
Sérgio Campos, Ana Paola Salas Gomes Duarte Di Toro, Mariana de Campos
Resumo
O trabalho visou obter o uso do solo da microbacia do ribeirão das Agulhas – Botucatu/SP, na imagem de satélite, para
a determinação das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e dos conflitos de uso existentes na área. As bases
cartográficas foram: a carta planialtimétrica em formato digital do IBGE de 1969 e a imagem de satélite de 2011. A
maior extensão de uso do solo corresponde à pastagem, sendo que representa 675,34 ha do total da área. Nas APPs não
pode ter uso do solo. Entretanto, o que se observa é um conflito de seus usos, que na área corresponde a 99,78 ha e
desses, 93,33 ha estão sendo usados por pastagem e com áreas não muito significativas, tem-se campo sujo e solo
exposto com 3,75 ha e 2,7 ha, respectivamente. Desta forma, o diagnóstico dessas áreas da microbacia indica a
necessidade de uma intervenção vinculada ao plano de proteção ambiental para a recuperação das áreas degradadas e
consequentemente permitir uma regeneração da cobertura natural, já que as APPs estão sendo utilizadas de forma que
desrespeita a legislação ambiental brasileira. Vale ressaltar a importância das ferramentas de geotecnologias para obter
diagnóstico das áreas de uso e ocupação e de conflito em APPs.
The study aimed to obtain the land use of the Ribeirão Agulhas watershed – Botucatu/SP, through satellite imagery to
determine the Permanent Preservation Areas (PPA) and the land use conflicts. The cartographic databases were:
planialtimetric map in a digital format from IBGE (1969) and in a satellite image, year 2011. The main land use is
pasture in a 675,34 ha, that represents the total area. Due to many land uses at the PPA, the land use conflict was
determined, and the main conflic were 99,78ha, and from that area, 93,33 ha is pasture, 3.75 ha grass field with shrubs
and 2,7ha exposed soil. The diagnosis of these areas of the watershed indicates the need of an environmental protection
plan, to recovery the degraded areas and to intervene to allow natural regeneration of coverage, since the APP are
being used in a way that disrespects the Brazilian environmental legislation . It is worth mentioning the importance of
geo tools for diagnosis of areas to understand better the land uses and the conflict of land uses in APP.
Key-words: Geographic Information System, use and occupacion of soil and environmental preservation.
72 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
A microbacia ribeirão das Agulhas, situada no município de Botucatu, possui uma área de
1236,85 ha. Sua situação geográfica é definida pelas coordenadas: latitude 22º 47’ 05” a 22º 51’
55” S e longitudes 48º 28’ 10” a 48º 30’ 04” W Gr.
O clima predominante do município, classificado segundo o sistema Köppen é do tipo Cwa -
Clima Mesotérmico de Inverno Seco em que a temperatura do mês mais frio é inferior a 18 ºC e do
mês mais quente ultrapassa os 22 ºC.
A delimitação de uma bacia hidrográfica é dada pelas linhas divisoras de água que
demarcam seu contorno. Estas linhas são definidas pela conformação das curvas de nível existentes
nas cartas planialtimétricas e ligam os pontos mais elevados da região em torno da drenagem
(ARGENTO e CRUZ, 1996).
O contorno da área da microbacia ribeirão das Agulhas – Botucatu/SP foi realizado na carta
planialtimétrica editada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1969), folha de
Botucatu (SF-22-R-IV-3), escala 1:50.000, segundo os pontos mais elevados em torno da drenagem,
tendo-se como base a definição de ROCHA (1991) para a bacia hidrográfica.
Primeiramente foi importado para o Idrisi em formato vetorial, o arquivo TIFF que contêm a
carta planialtimétrica. Esse arquivo foi georreferenciado, sendo posteriormente, com o auxílio do
software CartaLinx feito a delimitação da área de estudo.
Inicialmente, foi elaborada uma composição colorida com a combinação das bandas 3, 4 e 5,
obtida a partir da imagem de satélite digital, bandas 3, 4 e 5 do sensor Thematic Mapper do Landsat
– 5, da órbita 220, ponto 76, quadrante A, passagem de 2011, escala 1:50.000, pois esta apresenta
uma boa discriminação visual dos alvos, possibilitando a identificação dos padrões de uso da terra
de maneira lógica. Esta composição apresenta os corpos d’água em tons azulados, as florestas e
outras formas de vegetações em tons esverdeados e os solos expostos em tons avermelhados.
Para a composição, foi realizado o processo de composição da imagem RGB
(Red/Green/Blue), utilizando-se da função Composite do menu Display do Idrisi.
A seguir, foi realizado o georreferenciamento da composição, utilizando-se para isso do
módulo Reformat/Resample do SIG – Idrisi, sendo os pontos de controle obtidos nas cartas
planialtimétricas do IBGE, referentes ao município de Botucatu. Após o georreferenciamento foi
feito o corte, extraindo-se apenas a área da microbacia. Para o georreferenciamento, também foi
utilizado o sistema de coordenadas planas, projeção UTM, datum córrego Alegre. Porém, foram
utilizados dois arquivos de pontos de controle, sendo o primeiro da imagem de satélite, e o outro da
carta topográfica de Botucatu, a qual já estava georreferenciada pela etapa anterior. Desta forma,
foram determinadas as coordenadas de cada ponto e com estes dados foi feito um arquivo de
correspondência. Após o georreferenciamento foi feito o recorte da imagem na opção
Reformat/Window extraindo assim apenas a área da bacia.
No software CartaLinx, no comando File/ Image Conversion, o arquivo georreferenciado foi
importado e salvado na base de dados. Em seguida, em File/New Coverage/Coverage Based Upon
Bitmap, o mesmo arquivo foi aberto para começar o processo de delimitação dos elementos (limite,
da rede de drenagem e das áreas de uso e cobertura). Para o limite e as áreas de uso e cobertura
foram criados polígonos enquanto para a rede de drenagem, linhas. Para a vetorização dos
polígonos de uso e cobertura, criou-se uma tabela, no menu Tables/Add Fields e em cada polígono
colocou-se o número correspondente aos elementos (ex: Mata = 1, Área Urbana = 2, e assim
sucessivamente).
Depois, esses arquivos foram exportados para o Idrisi. A tabela de uso e ocupação também
foi exportada e transformada para raster. No comando Area do menu Database Query, pertencente
ao módulo Analysis foram determinadas as áreas e as porcentagens de cada uso.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 75
Figura 2. Fluxograma metodológico para delimitação das áreas de conflitos de uso nas APPs.
76 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na bacia hidrográfica foram observadas cinco classes de uso: mata, pastagem, solo exposto,
campo sujo e reflorestamento (Figura 3 e Tabela 1).
Nota-se que a microbacia vem sendo ocupada com 675,34 ha por pastagem, 450,24 ha por
mata, 51,71 ha por solo exposto, 30,63 ha por campo sujo e 28,93 ha por reflorestamento. A área de
pastagem é a mais significativa, representando 54,64% da microbacia, sendo que este uso está
distribuído em grandes fragmentos na área de estudo. Em uma pequena área observa-se também o
reflorestamento, que corresponde a apenas 2%. Esta última atividade deveria ter maior ocupação da
área visto que, segundo FONSECA et al. (2003), além da contribuição para o seqüestro do carbono
atmosférico, nas iniciativas de reflorestamento devem ser considerados os valores agregados às
atividades socioeconômicas, desenvolvidas pelas comunidades humanas que habitam o entorno das
áreas dos projetos.
A porcentagem de mata, ou seja, vegetação preservada, é bastante expressiva representando
36,43% do total da área. Essas áreas encontram-se por toda extensão da microbacia, fragmentadas e
intercaladas com a área de pastagem.
Um pequena parte do uso da microbacia é de solo exposto (4,18%). Esses fragmentos não
apresentam nenhum tipo de vegetação ou cobertura, isso possivelmente devido à ação antrópica.
Vale ressaltar que as áreas de solo exposto são mais suscetíveis à erosão que áreas que possuem
cobertura.
A área de campo sujo também não é muito expressiva visto que representa apenas 2,41% da
área total. Essa área pode ser resultado do abandono de pastagens e observa-se a presença de
vegetação irregular e espaçada.
As APPs são consideradas espaços físicos legalmente protegidos, estando devidamente
definidas no Código Florestal Brasileiro. Estas áreas, em geral, são cobertas por vegetação nativa, e
têm a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas. É de suma importância a preservação destes espaços, pois eles prestam
serviços aos ecossistemas que eles estão inseridos (NOWATZKI et. al. 2010).
A Figura 6 apresenta as APPs da microbacia ribeirão das Agulhas. A figura 7 é resultado do
overlay do mapa de uso e ocupação do solo com o das Áreas de Preservação Permanente. Assim, o
mapa de conflito de uso em APPs auxilia na identificação das áreas de uso inadequado na bacia, já
que estas áreas não podem ser usadas, deixando apenas a presença de mata.
78 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Figura 7. Mapa de conflito de uso em APPs na microbacia do ribeirão das Agulhas – Botucatu/SP.
De acordo com NARDINI (2009), os conflitos de uso são determinados pelas ocupações
inadequadas do solo dentro de Áreas de Preservação Permanente. Os usos caracterizados por
pastagens, reflorestamento e solo exposto são considerados conflitos dentro de Áreas de
Preservação Permanente, sendo as matas e várzeas consideradas parte natural dentro das APPs.
Na parte de levantamento de dados, o mapa de uso e ocupação do solo é indispensável, pois
serve para auxiliar uma melhor interpretação da realidade da região estudada e consequentemente
propor soluções para o uso adequado dessas áreas.
Na Figura 7, pode-se verificar que a maior parte dos conflitos estão relacionados com área
de pastagem. Para uma melhor visualização dos valores a que essas áreas de conflitos representam,
na Tabela 2 constam os valores de área em hectares quanto em porcentagens.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 79
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e
11.428, de 22 de dezembro de 2006; e revoga as Leis n os 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de
1989, a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, o item 22 do inciso II do art. 167 da Lei n o 6.015, de
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Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 81
Resumo
O uso inadequado do solo pelo homem causa sérios problemas ao meio ambiente, resultando desequilíbrio ecológico e
desgaste dos recursos naturais, especialmente quando se refere às áreas de preservação permanente, que têm
importância fundamental nos ecossistemas e na preservação dos recursos hídricos. Os conflitos de uso do solo são uma
das principais causas de assoreamentos de rios e corpos d’água, com perdas significativas de solo e deterioração dos
recursos naturais, tanto em quantidade como em qualidade. Neste cenário, o planejamento torna-se fator imprescindível
para o controle dos impactos ambientais ocasionados no meio. Este estudo teve como objetivo avaliar os conflitos de
uso do solo em áreas de preservação permanente (APPs) na microbacia hidrográfica do Alto Água Fria, Bofete/SP,
utilizando imagens de satélite do Landsat – 5 de 2010, em escala 1:50.000 e Sistema de Informação Geográfica. Os
resultados mostraram que, 51,16% das áreas de preservação permanente da microbacia são conflitantes, sobretudo por
pastagem (88,94%) e reflorestamento com eucalipto (11,06%). O SIG Idrisi Selva e Cartalinx em técnicas de
geoprocessamento demonstraram agilidade e eficiência na identificação, quantificação e edição de mapas de uso do solo
e de conflitos nas áreas de preservação permanente.
EVALUATION OF THE LAND USE CONFLICT IN APP OF THE ALTO ÁGUA FRIA
WATERSHED, BOFETE/SP
Improper land use by humans causes serious problems to the environment, resulting in ecological imbalance and
depletion of natural resources, especially when referring to the areas of permanent preservation, which are
fundamental to ecosystems and to preserve water resources. The land use conflicts are a major cause of silting of rivers
and bodies of water, with significant losses of soil and deterioration of natural resources, both in quantity and in
quality. In this scenario, planning becomes essential factor to control the environmental impacts caused. This study
aimed to evaluate the land use conflicts in permanent preservation areas (APPs) at Alto Água Fria Watershed, in
Bofete-SP, using satellite imagery from Landsat - 5, 2010, in scale 1: 50000 and a System Geographic Information. The
results showed that 51.16% of the areas of permanent preservation of the watershed are conflicting, especially by
pasture (88.94%) and reforestation with eucalyptus (11.06%). The SIG Idrisi Selva and CartaLinx in geoprocessing
techniques demonstrated agility and efficiency in identifying, measuring, and editing of land use maps and conflicts in
the areas of permanent preservation.
INTRODUÇÃO
A água é um elemento valioso e essencial à vida, considerada como um recurso natural, cujo
preço é cada vez mais elevado. A piora da qualidade e a pouca eficiência na sua utilização,
principalmente no setor agroindustrial, têm exercido uma grande pressão sobre o meio, o que
diminui a sua disponibilidade para grande parte população mundial (FERREIRA et al., 2007).
As bacias hidrográficas, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais, sofrem grandes
alterações, especialmente, pela impermeabilização excessiva do solo, que gera mudanças na vazão
dos cursos de água, redução das áreas de infiltração das águas pluviais, escoamento superficial mais
rápido, aumento na frequência de enchentes, que acabam por sua vez, prejudicando a quantidade e
qualidade dos recursos hídricos e, consequentemente, as condições de vida da população
(OLIVEIRA; RODRIGUES, 2009).
O planejamento do uso do solo nas microbacias é de suma importância, pois trata-se de
compreender e estipular metas em áreas de recarga do recurso natural água, essencial a vida dos res
vivos. O uso inadequado do solo gera perdas significativas ao meio ambiente e maiores extensões
em áreas conflitivas. Assim, um bom manejo nas vertentes das bacias implica na conservação das
áreas de preservação permanente (APPs) em torno das redes de drenagem.
As APPs foram criadas para protegerem o ambiente natural. Devem estar sempre cobertas
com a vegetação original, pois a cobertura vegetal atenua os efeitos erosivos e a lixiviação dos
solos, além de contribuir para a regularização do fluxo hídrico, redução do assoreamento dos cursos
d’água e reservatórios, trazendo benefícios diretos para a fauna (Costa et al., 1996).
Um dos grandes desafios do homem para a conservação ambiental é concentrar esforços e
recursos para a preservação e recuperação de áreas naturais, consideradas estratégicas, das quais
vários ecossistemas são dependentes. Dentre essas, destacam-se as APPs, que têm papel vital dentro
de uma microbacia, por serem responsáveis pela manutenção e conservação dos ecossistemas ali
existentes (MAGALHÃES; FERREIRA, 2000). Dentre os problemas mais relevantes observados
nas APPs, destaca-se o histórico e contínuo desrespeito aos ecossistemas que as compõem,
negligenciando-se a adoção de critérios técnico- científicos, passando ao largo da legislação
pertinente e menosprezando o saber popular.
Segundo Amato e Sugamosto (2000), o planejamento do uso do solo de acordo com as
exigências vigentes na legislação é um processo essencial, que visa à conservação dos recursos
naturais. Esta afirmação tem mostrado ser válida em diferentes níveis de entendimento do
problema, desde o município até a unidade de produção rural. Neste sentido, a demarcação
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 83
geográfica das APPs destacadas pela lei, e a confrontação desses locais com o seu uso atual,
estabelece as medidas a serem adotadas com o objetivo de contribuir com o uso racional das terras.
O estudo de uso e ocupação das terras constitui-se em um importante componente na
pesquisa para o planejamento da utilização racional dos recursos naturais, contribuindo na geração
de informações para avaliação da sustentabilidade ambiental. Ressalta-se, no entanto, que o
monitoramento das modificações de uso e ocupação das terras, também deve ser realizado,
acompanhado de avaliações técnicas que subsidiem a interpretação da sustentabilidade ambiental,
principalmente em áreas com uso predominantemente agrícola (Ferreira et al., 2009).
Segundo Dainese (2001), a exploração da terra para produzir alimentos para o sustento do
homem, quase sempre, foi de forma desordenada e sem planejamento. Como conseqüência desta
forma predatória de exploração do solo, na literatura, são citados inúmeros casos de
empobrecimento do solo por erosão intensa, assoreamento de cursos d’água, desertificação, entre
outros.
Neste panorama, Bucene (2002) relatou que o geoprocessamento se coloca como um
importante conjunto de tecnologias de apoio ao desenvolvimento da agricultura, porque permite
analisar grandes quantidades de dados georreferenciados, independentemente de serem estatísticos,
dinâmicos, atuando de maneira isolada ou em conjunto. Mais que isto, o geoprocessamento permite
o tratamento desses dados, gerando informações e possibilitando soluções na modelagem e
simulações de cenários.
Segundo Vestena e Thomaz (2006), o geoprocessamento pode fornecer a identificação das
condições das matas ciliares, preservadas ou não preservadas, com informações que fundamentam a
tomada de decisões no que se refere à reposição e recuperação das mesmas, além de subsidiar ações
por parte dos órgãos ambientalistas fiscalizadores, constituir ferramenta imprescindível e essencial
para o levantamento e monitoramento dos aspectos ambientais, auxiliando no gerenciamento dos
estudos de dinâmica da paisagem, em ações fiscalizadoras, e mesmo de sensibilização ambiental.
Estudos de morfometria na bacia hidrográfica do ribeirão Água da Lúcia, Botucatu/SP
(Pollo et al., 2012) concluíram que a manutenção da cobertura vegetal e das matas ciliares são
fundamentais na conservação dos serviços ambientais.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivos determinar as atividades antrópicas na
microbacia do Alto Água Fria, utilizando técnicas de geoprocessamento no mapeamento de uso e
cobertura do solo, de áreas de preservação permanente (APPs) e de conflitos, e obter dados que
auxiliem, futuramente, os administradores públicos da região, na viabilização das irregularidades da
84 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
área, em função da legislação ambiental, de acordo com a Lei Florestal n° 12.651, de 25 de maio de
2012.
MATERIAIS E MÉTODOS
A microbacia do alto Água Fria está situada no município de Bofete, região centro sul do
estado de São Paulo (Figura 1). A situação geográfica é definida pelas coordenadas: 7449000 m a
7458000 m N e 773000 m a 788000 m E, com uma área de 3.810,87 ha.
digitalizados os pontos mais elevados em torno da drenagem, tendo-se como base a definição de
Rocha (1991), para a bacia hidrográfica. A digitalização da rede de drenagem foi realizada
seguindo-se os rios e corpos d'água existentes na microbacia.
No SIG Idrisi Selva foi elaborada uma composição colorida com a combinação das bandas
3, 4 e 5, obtida a partir da imagem de satélite digital, bandas 3, 4 e 5 do sensor Thematic Mapper do
Landsat – 5, da órbita 220, ponto 76, quadrante A, passagem de 2010, escala 1:50.000. Esta imagem
apresenta uma boa discriminação visual dos alvos, possibilitando a identificação dos padrões de uso
da terra, com corpos d’água em tons azulados, as florestas e outras formas de vegetações em tons
esverdeados e os solos expostos em tons avermelhados. O georreferenciamento da composição foi
realizado no módulo Reformat/Resample do SIG – Idrisi Selva, sendo os pontos de controle obtidos
nas cartas planialtimétricas, no sistema de coordenadas planas, projeção UTM, datum córrego
Alegre, bem como em dois arquivos de pontos de controle, sendo o primeiro da imagem digital e o
outro das cartas. Foram determinadas as coordenadas de cada ponto e com estes dados, foi feito um
arquivo de correspondência, no comando Edit do menu Database Query, presente no módulo
Analysis.
Após o georreferenciamento, foi feito o corte, extraindo-se apenas a área de estudo da
microbacia. Em seguida a imagem foi exportada para o software Cartalinx, onde foi realizada uma
classificação em tela, demarcando-se os polígonos referentes a cada classe de uso do solo,
utilizando-se para a digitalização as ferramentas begin arc e finish arc.
Essas áreas foram demarcadas sobre grande número de locais, contendo as variações de cada
ocupação do solo e receberam atributos numéricos na criação de códigos pelo ícone Tables-Add
Field do software Cartalinx. Os códigos (atributos numéricos) foram exportados juntamente com os
polígonos já digitalizados para o software SIG – Idrisi Selva, para a edição final do mapa de uso. No
comando Database Query, a imagem foi transformada de vetor para raster e, em seguida, foram
indicados os nomes para cada classe de uso do solo, associados aos seus respectivos identificadores.
Após a elaboração do mapa de uso do solo, as áreas foram determinadas com o auxílio do
software SIG – IDRISI Selva, utilizando-se do comando Area do menu Database Query,
pertencente ao módulo Analysis, sendo posteriormente determinadas as porcentagens de cada
classe.
A coleta de amostras de treinamento foi efetuada mediante as visitas realizadas in loco, para
sanar eventuais dúvidas de classes de uso, visando a constatar as informações adquiridas a partir da
imagem de satélite. Tais visitas foram efetuadas em data próxima à de aquisição de cada uma das
imagens, uma vez que o comportamento da vegetação e o uso do solo variam ao longo do ano.
86 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
As áreas de preservação permanente foram definidas ao longo dos cursos d’água e ao redor
das nascentes, onde foi utilizada a operação Buffer do SIG – Idrisi Selva, que proporcionou a
criação de um buffer de 50m de raio nas áreas das nascentes e um buffer de 30m de cada lado da
drenagem ao longo do leito do ribeirão, com isso resultando no mapa de APP fundamentado na Lei
Florestal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, Capítulo II, Art. 4º, o qual institui “Área de
Preservação Permanente a área situada em faixa marginal de qualquer curso d`água natural perene e
intermitente, excluídos os efêmeros, medida a partir da borda da calha do curso regular, em
projeção horizontal, com largura mínima de trinta metros para o curso d’água com menos de 10
metros de largura”, e “áreas no entorno das nascentes e dos olhos d`água perenes, qualquer que seja
sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros”. Ainda segundo a Lei Florestal
nº 12.651, Capítulo I, Art. 3º, as APP têm por definição: “áreas cobertas ou não por vegetação
nativa com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas”.
Foram consideradas sob uso conflitante todas as áreas que não eram de vegetação nativa
presentes nas APP’s das nascentes, cursos d´água e encostas.
Para quantificar os tipos de uso conflitante utilizou-se a álgebra de mapas (mapa de uso do
solo x áreas de vegetação nativa), na sobreposição dos mapas. Os procedimentos foram executados
no SIG – Idrisi Selva utilizando-se a ferramenta overlay. Após a sobreposição desses mapas, as
áreas de ocorrência dos conflitos de acordo com as classes de uso foram identificadas e
devidamente mensuradas, executando as funções de cálculo de área, na ferramenta Area do menu
Database Query, pertencente ao módulo Analysis do SIG-Idrisi Selva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A classificação em tela da microbacia do Alto Água Fria permitiu discriminar quatro classes
de uso representadas por: floresta, reflorestamento, pastagem, barragem artificial (água).
A análise do uso do solo (Figura 2 e Tabela 1) mostra que a pastagem é a cultura que ocupa
a maior parte da área, representando (42,84%), ou seja, 1719,06ha, mostrando a predominância da
pecuária regional (Campos, 1993). O restante da área vem sendo ocupada, em sua maioria, por
florestas (36,40%), com 1460,25ha, reflorestamentos (20,75%), com 832,41ha.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 87
Figura 3. Áreas de preservação permanente ao longo dos cursos d’água e ao redor das nascentes da
microbacia do alto Água Fria Bofete/SP.
88 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Os conflitos de uso do solo nas APPs da microbacia (Figura 4 e o Tabela 2) mostram que
51,16% das áreas de preservação permanente, 267,48 dos 522,81ha, estão sendo usado para outros
fins, destacando-se as pastagens com 88,94% e o reflorestamento por eucalipto com 11,06%. As
florestas em APP’s representam 255,33ha, com 48,84% dessas áreas.
Figura 4. Conflitos de uso do solo em APP’s na microbacia do Alto Água Fria – Bofete/SP.
Tabela 2. Conflitos de uso do solo em APP’s na microbacia do Alto Água Fria – Bofete/SP.
Áreas de Preservação Permanente Conflitos em APP’s
Classes de uso ha % ha %
Floresta 255,33 48,84 - -
Reflorestamento 29,61 5,66 29,61 11,06
Pastagem 237,87 45,50 237,87 88,94
Total 522,81 100,00 267,48 100,00
CONCLUSÃO
A cobertura vegetal representa 48,84% da área, suprindo o mínimo exigido pela legislação
do Código Florestal Brasileiro vigente, que é de 20%. O índice de ocupação do solo por pastagens
de 42,84%, reflete a predominância da atividade pecuária regional; contudo, destaca-se o
crescimento de áreas ocupadas por reflorestamento 832,41ha, 20,75% da área, atividade que vem
sendo implementada em substituição da pecuária pelo maior retorno ao proprietário rural.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Florestal 12.651 de 25 de maio de 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ Ato2011-
2014/2012/Lei/L12651.htm>. Acesso em: 11-nov-2012.
CAMPOS, S. Fotointerpretação da ocupação do solo e suas influências sobre a rede de drenagem da bacia do rio
Capivara - Botucatu (SP), no período de 1962 a 1977. 164p. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na Agricultura,
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP,1993.
COSTA, T. C. C.; SOUZA, M. G.; BRITES, R. S. Delimitação e caracterização de áreas de preservação permanente,
por meio de um sistema de informações geográficas. In SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO. Anais... Salvador, INPE, 8, 1996. p.121-127.
FERREIRA, D.S.; RIBEIRO, C.A.D.; XAVIER, A.C.; CECÍLIO, R.A.; CASTRO, F.S. Utilização de dados de
sensoriamento remoto para obtenção das características físicas da Bacia Hidrográfica do Córrego João Pedro em
Linhares – Espírito Santo. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, XIII. Anais...
Florianópolis, 2007, p. 3343-3348.
FERREIRA, C. S.; LACERDA, M. P. C. Adequação agrícola do uso e ocupação das terras na Bacia do Rio São
Bartolomeu, Distrito Federal. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, XIV, 2009, Natal.
Anais... Natal: 2009. p.183-189.
OLIVEIRA, P.C.A.; RODRIGUES, S. C. Utilização de cenários ambientais como alternativa para o zoneamento de
bacias hidrográficas: estudo da bacia hidrográfica do Córrego Guaribas, Uberlândia MG. Revista Sociedade &
Natureza (online), Uberlândia, v. 21, n. 3, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sn/v21n3/a06v21n3.pdf>.
Acesso em: 16 març. 2013.
90 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
POLLO, R. A. et al. Caracterização morfométrica da microbacia do Ribeirão Água da Lucia, Botucatu - SP. Revista
Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências Agrárias, Guarapuava, v. 5, n. 1, p. 163-174, 2012.
VESTENA, R. L.; THOMAZ, E. L. Avaliação de conflitos entre áreas de preservação permanente associadas aos cursos
fluviais e uso da terra na bacia do Rio das Pedras, Guarapuava – PR. Revista Ambiência, Guarapuava, v. 2, n. 1, p. 73-
75, 2006.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 91
Resumo
O trabalho visou a espacialização do conflito de uso da terra em áreas de preservação permanentes na bacia do rio
Capivara – Botucatu/SP. As bases cartográficas foram: a carta planialtimétrica de Botucatu utilizada no
georreferenciamento e a imagem de satélite de 2010. O SIG-Idrisi foi utilizado para conversão da informação analógica
para digital e determinação das áreas. O uso da terra mostrou que as pastagens ocupam a maior parte da área (31,56%),
mostrando com isso o predomínio da agropecuária regional. A imagem de satélite auxilia no mapeamento do uso da
terra de maneira confiável, bem como serve para futuros planejamentos regionais. A área vem sendo ambientalmente
conservada, visto que se apresenta-se coberta com mais de 20% de florestas (30,62%), mínimo exigido pelo Código
Florestal Brasileiro vigente. A delimitação da rede de drenagem, das APP’s e de conflito de uso em APPs mostraram
que, apenas 29,2% estão sendo ocupadas adequadamente por florestas, sendo 59,98% por pastagens e 29,68% por
reflorestamentos.
The study aimed to study the land use conflicts in permanent preservation areas in Rio Capivara Watershed –
Botucatu/SP. The cartographic databases were: planialtimetric map of Botucatu, used in georeferencing, and a satellite
image from 2010. The SIG-Idrisi was used for conversion of analog information to digital and to calculate the areas.
Land use has shown that pastures occupy most of the area (31.56%), showing h the dominance of regional agriculture.
The satellite image mapping serves to future regional planning. The area has been environmentally preserved, since it
presents itself covered with more than 20% of forests (30.62%), minimum required by the Brazilian Forest Code.
Delimitation of the drainage system, of the areas of preserved vegetations and the conflict showed that only 29.2% are
occupied by forests properly, being 59.98% by pastures and 29.68% for reforestation.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
A microbacia do rio Capivara (Figura 1), está situada no município de Botucatu/SP entre os
paralelos 22o 39' a 22o 57' de latitude S e os meridianos 48o 17' a 48o 29' de longitude W Gr., com
uma área de 21.912,13ha e um clima predominante do tipo Cfa.
Os solos ocorrentes na área foram classificados como: latossolos-vermelhos-amarelos
(LVA); latosssolos vermelhos (LV); neossolos litólicos (RL) e neossolos quartzarêncio argissólico e
litólico (RQ) , segundo Piroli (2002).
As unidades neossolos quartzarêncio argissólico e litólico (RQ), conforme Piroli (2002) são
solos profundos, de textura muito leve, acentuadamente drenados, de cor geralmente vermelho
amarelado, com sequência de horizontes A, B e C, originados a partir de arenitos, de fertilidade
baixa, ácidos e muito suscetíveis à erosão, sendo o material de origem arenito.
94 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
O conteúdo de argila é baixo, sendo menor de 15%, variando de 7,8 a 15% nos horizontes A
e B, enquanto que o conteúdo de silte no horizonte B varia de 0,2 a 2,3%.
O relevo predominante é o suavemente ondulado a ondulado. Quando suavemente ondulado,
as colinas apresentam declives suaves e formam vales em V abertos e, quando ondulados, as colinas
ou morros são mais declivosos e os vales em V mais fechados.
A altitude varia de 420 a 740 metros, sendo nas partes altas de 600 a 740 metros e nas baixas
de 420 a 600 metros.
Os Neossolos Litólicos (RL), segundo Piroli (2002), são solos poucos desenvolvidos com
espessura em torno de 35 cm, constituído pelo horizonte A e a camada D. Granulometricamente,
apresentam o conteúdo de argila em torno de 46,7%, sendo a fração silte muito baixa, em torno de
2,1%.
Estes solos ocupam os topos das elevações, distribuídos em pequenas manchas esparsas,
sendo o relevo forte ondulado de topos arredondados, vertentes convexas, vales em V com declive
em torno de 40% e a altitude em torno de 700 metros.
O material original é o basalto, meláfiro e provavelmente diabásio (eruptivas básicas).
A vegetação nativa predominante nesses solos é a floresta latifoliada tropical.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 95
As áreas mapeadas por Piroli (2002) como pertencentes à unidade de solo latossolos
vermelhos-amarelos (LVA) se caracterizam por serem solos profundos, de textura leve, bem
drenados, de coloração vermelho amarelo, formados a partir de arenito, ácidos, de baixa fertilidade,
de pequenas variações nas características, fazendo com que os vários sub-horizontes se apresentem
pouco individualizados, com transição variando de gradual a difusa.
A composição granulométrica deste solo apresenta o conteúdo de argila entre 15 a 30%, nos
horizontes A e B, sendo geralmente o teor de argila no horizonte C menor que no B.
Estes solos localizam-se na região do alto planalto, onde formam manchas contínuas
entrecortadas por solos de outras unidades. Geralmente encontram-se nas superfícies dos espigões,
que podem ser estreitas ou muito largas, apresentando uma topografia suavemente ondulada com
pendentes de centenas de metros, ou completamente plana e, muito raramente, ondulada e mesmo
assim de pendentes alongadas.
A altitude varia de 500 a 1.000 metros, estando a sua maior parte entre 600 a 900 m.
A cobertura vegetal é variável, apresentando nas partes altas campo limpo, campo cerrado e
cerrado, nas partes baixas é mais fina e de arbustos tortuosos, predominando campo cerrado e nas
transições apresenta capoeira e cerradão quando a unidade vizinha é latossolos vermelhos; contudo,
os arbustos do cerrado são mais eretos e vigorosos.
O índice pluviométrico varia de 1.100 a 1.700 mm.
O material de origem desses solos é constituído por arenito de Botucatu, arenito de Furnas e
possivelmente sedimentos do terciário.
As unidades de solos, gleissolos háplicos (GX) são constituídas por solos de várzeas,
normalmente com relevo plano, pouco profundas com características associadas com
encharcamento redundando em acumulação de matéria orgânica na primeira camada ou fenômeno
de redução das camadas adjacentes. São solos com seqüência de horizontes A, C, G ou A, G
podendo também apresentar Bg ou BG. O horizonte G ou horizonte gleizado é, geralmente,
mosqueado de cinzento e bruno. Corresponde a 2,2% da área do Estado, espalhadas nas diferentes
regiões fisiográficas.
São solos que possuem relevo plano a suavemente ondulado, sendo a sua formação
estreitamente relacionada com a topografia.
Esses solos desenvolvem-se de sedimentos aluviais provenientes da decomposição de
rochas, transportados e depositados ao longo dos cursos dos rios, sendo geralmente de origem
fluvial.
96 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Os solos mapeados como latossolos vermelhos (LV) são muito profundos, argilosos, bem
drenados e de coloração arroxeada, formados a partir de rochas eruptivas básicas.
A altitude varia de 450 m a 900 m, estando uma grande parte entre 500 e 700 m. A
vegetação praticamente é inexistente, sendo as áreas aproveitadas em sua maior parte com
explorações agrícolas ou pastoris.
A cobertura vegetal primária é a floresta latifoliada tropical, além da vegetação tipo cerrado
e cerradão, nos solos com fertilidade baixa. São solos originários de rochas provenientes do magma
diabásico, ou seja, eruptivas básicas, onde o magma possui alta porcentagem de óxidos de ferro e de
titânio.
O mapeamento e a identificação das unidades de solo RQ, LVA, LV, RL e GX (Tabela 4)
ocorrentes na bacia foram obtidos a partir da Carta de Solos de Botucatu, em escala 1:50.000,
editada por Piroli (2002).
Os solos ocorrentes na área foram classificados como: latossolos vermelhos-amarelos
(LVA); latossolos vermelhos (LV); neossolos litólicos (RL) e neossolos quartzarênico argissólico e
litólico (RQ) , segundo Piroli (2002).
As unidades neossolos quartzarêncio argissólico e litólico (RQ), conforme Piroli (2002) são
solos profundos, de textura muito leve, acentuadamente drenados, de cor geralmente vermelho
amarelado, com sequência de horizontes A, B e C, originados a partir de arenitos, de fertilidade
baixa, ácidos e muito suscetíveis à erosão, sendo o material de origem arenito.
O conteúdo de argila é baixo, sendo menor de 15%, variando de 7,8 a 15% nos horizontes A
e B, enquanto o conteúdo de silte no horizonte B varia de 0,2 a 2,3%.
O relevo predominante é o suavemente ondulado a ondulado. Quando suavemente ondulado,
as colinas apresentam declives suaves e formam vales em V abertos e, quando ondulados, as colinas
ou morros são mais declivosos e os vales em V mais fechados.
A altitude varia de 420 a 740 metros, sendo nas partes altas de 600 a 740 metros e nas baixas
de 420 a 600 metros.
Os neossolos litólicos (RL), segundo Piroli (2002), são solos poucos desenvolvidos com
espessura em torno de 35 cm, constituído pelo horizonte A e a camada D. Granulometricamente,
apresentam o conteúdo de argila em torno de 46,7%, sendo a fração silte muito baixa, em torno de
2,1%.
Estes solos ocupam os topos das elevações, distribuídos em pequenas manchas esparsas,
sendo o relevo forte ondulado de topos arredondados, vertentes convexas, vales em V com declive
em torno de 40% e a altitude em torno de 700 metros.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 97
Tabela 1. Características das três principais unidades de solo ocorrentes na bacia do rio Capivara –
Botucatu/SP, segundo Piroli (2002).
Características LVA RL RQ
Localização Município de Município de Município de Botucatu
Botucatu Botucatu
Rocha Arenito Basaltito Arenito
Formação geológica Grupo Bauru Serra geral Pirambóia
Textura Média Argilosa Arenosa
Clima Cfa Cfa Cfa
Relevo Suavemente Forte ondulado Suave ondulado
ondulado.
Profundidade Muito profundo Baixa profundidade Muito profundo
Drenagem int. Fortemente drenado Moderadamente Excessivamente
drenado drenado
Textura horizonte A Média Argilosa Arenosa
Textura horizonte B Média - Arenosa
Estrutura horizonte B Maciça porosa - Maciça
Retenção de água Média a baixa Alta Baixa a média
Erodibilidade Baixa Muito susceptível Baixa
Fertilidade Baixa a muito baixa Alta Muito baixa a baixa
100 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
a) Latossolos
Os Latossolos compreendem solos constituídos por material mineral, com horizonte B
latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial,
exceto H hístico, dentro de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A
apresenta mais de 150 cm de espessura.
São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado das
transformações no material que o constitui. Os solos são destituídos de minerais primários ou
secundários, e têm capacidade de troca de cátions baixa inferior a 17 cmolc kg-1 de argila sem
correção para carbono, comportando variações desde solos predominantemente cauliníticos.
Estes solos variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram variedades que têm cores
pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenada, transicionais para
condições de maior grau de gleização.
São solos normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum raramente inferior a
um metro. Estes solos têm seqüência de horizontes A, B, C, com pouca diferenciação de horizontes,
e transições usualmente difusas ou graduais. Como diferenciação das cores mais escuras do A, o
horizonte B tem aparência mais viva, as cores variando desde amarelas ou mesmo bruno-
acinzentadas até vermelho-escuro-acinzentadas, nos matizes 2,5 YR a 10 YR, dependendo da
natureza, forma e quantidade dos materiais que o constituem - mormente dos óxidos e hidróxidos de
ferro. No horizonte C a expressão cromática é bem variável, mesmo heterogênea, dada à natureza
mais saprolítica. O incremento de argila do A para o B é pouco expressivo, e a relação textural B/A
não satisfaz os requisitos para B textural. De um modo geral, os teores da fração argila no solum
aumentam gradativamente com a profundidade, ou permanecem constantes ao longo do perfil.
São solos em geral, fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou álicos.
Estes solos são típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas
subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou
terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave ondulado, embora possam ocorrer
em áreas mais acidentadas, inclusive em relevo montanhoso. São originados a partir das mais
diversas espécies de rochas, sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.
A classe de latossolos, no geral, apresenta baixa fertilidade representada por reduzidos teores
de bases trocáveis, de micronutrientes e de fósforo e ainda na alta concentração de alumínio, nos
álicos, sua principal limitação ao uso. Nas áreas de relevo acidentado, há também limitação pela
forte declividade e riscos de erosão. Os solos muito intemperizados têm caráter ácrico, sendo a
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 101
retenção de cátions extremamente baixa, podendo as cargas positivas superar as negativas. Nessa
situação, o solo retém muito pouco o cálcio, o magnésio, o potássio e, em contrapartida, adsorve os
nitratos e os fósforos.
O latossolo encontrado na área de estudo foi classificado como latossolo vermelho
eutroférrico câmbico (LVef1).
b) Nitossolos
Os nitossolos são solos minerais profundos e com sequência de horizontes A, B e C, com
horizonte B nítico (de textura argilosa ou muito argilosa; sem incremento de argila de A para B; ou
com pequeno incremento não suficiente para caracterizar um B textural; com argila de atividade alta
ou baixa; com cerosidade moderada ou forte e com transição gradual ou difusa entre os
suborizontes do horizonte B).
Os solos dessa classe têm aparência muito similar aos latossolos, uma vez que possuem
pequeno incremento de argila com a profundidade e transição gradual ou difusa entre os horizontes
tornando o perfil muito homogêneo. O que distingue os nitossolos dos latossolos é que os primeiros
apresentam um horizonte B com estrutura mais desenvolvida (blocos angulares e/ou subangulares) e
cerosidade.
Os nitossolos são geralmente ácidos e com baixa CTC, por apresentarem predomínio de
caulinita e óxidos de ferro na sua constituição.
Considerando as suas propriedades físicas e por serem solos profundos, bem drenados e bem
estruturados e em condições de relevo favorável, esses possuem geralmente boa aptidão agrícola,
desde que corrigida suas fertilidade química. Esses solos podem ser utilizados com culturas anuais
desde que utilizadas práticas conservacionistas.
Os nitossolos encontrados na área de estudo são: nitossolo vermelho eutroférrico típico e
latossólico (NVef1); nitossolo vermelho eutroférrico câmbico (NVef2) e associação nitossolo
vermelho eutroférrico câmbico + cambissolo háplico eutroférrico típico (NVef3).
c) Cambissolos
Os cambissolos são solos não hidromórficos, com horizonte B incipiente. Variam de
medianamente profundos a rasos com seqüência de horizontes A, B e C, com pequenas
diferenciações entre si. O horizonte A normalmente é do tipo moderado, podendo, raramente,
aparecer A fraco. São permeáveis podendo variar de bem a moderadamente drenados. Quanto às
suas características químicas, têm reações praticamente neutras a levemente alcalinas, não
102 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
apresentam saturação por alumínio e têm altos teores de soma e saturação por bases. Em função do
seu baixo grau de desenvolvimento, apresentam grande percentual de materiais primários de fácil
intemperização. Os Cambissolos podem se apresentar com argila de atividade alta (Ta) como de
atividade baixa (Tb).
São solos quimicamente ricos, ficando sua limitação para uso em função das condições
climáticas da região e das condições de relevo em que ocorrem, pois tanto podem ocorrer em áreas
de relevo plano como até em forte ondulado, fator esse que é determinante nas situações de
potencialização do seu grau de erosão.
Na área da bacia em estudo ocorrem os seguintes cambissolos: cambissolo háplico
eutroférrico raso (CXef1), cambissolo háplico eutroférrico típico (CXef2), associação cambissolo
háplico eutroférrico típico + cambissolo háplico eutroférrico raso (CXef3):
d) Neossolos
Na área de estudo ocorrem os neossolo flúvico eutrófico típico (RUe1) e neossolo litólico
eutrófico gleico (RLe1).
Os neossolos flúvicos formam-se a partir de sedimentos fluviais não consolidados e
apresenta seqüência de horizonte A sobre C, constituindo-se de camadas estratificadas, de
granulometria variada e sem relação pedogenética entre si. Estes solos apresentam-se imperfeita ou
moderadamente drenados. Seu caráter eutrófico advém de sua alta soma e saturação de bases, o que
lhe confere alta fertilidade natural e grande potencial agrícola, pois, além de serem eutróficos,
apresentam grandes percentuais de minerais primários de fácil intemperização. Os neossolos
flúvicos possuem grandes variações de pH, desde moderadamente ácido a moderadamente
alcalinos. Nos locais onde há acúmulo de água durante os períodos de chuvas, eles podem
apresentar características de gleização. Eles aparecem associados a relevos planos e normalmente
em várzeas de rios. As limitações desse solo ao uso agrícola são em função do risco de inundação
(das várzeas) nos períodos de chuva.
Já os Neossolos Litólicos são solos minerais pouco desenvolvidos, variando de rasos a muito
rasos, com sequência de horizontes A-C-R ou A-R, podendo em alguns casos, ocorrer o início da
formação de um horizonte B incipiente. Na região ocorrem solos litólicos eutróficos com saturação
de bases superior a 50%, possuem reação moderadamente ácida ou próxima de neutra, com
drenagem variando de moderados a acentuadamente drenados. Em função de sua pouca espessura,
são muito suscetíveis à erosão com presença de pedregosidade em superfície. Normalmente, o
horizonte A é do tipo moderado ou fraco. Sua textura varia de argilosa, siltosa, média e arenosa e
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 103
pode ocorrer em diferentes classes de relevo. Os solos dessa unidade, mesmo com boas
características químicas, têm restrições ao uso agrícola em função da pouca profundidade e das
condições de relevo.
Os pontos de controle (coordenadas) para o georreferenciamento e os pontos de máxima
altitude para digitalização do limite da microbacia tiveram como base a Carta Planialtimétrica
editada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1969), folha de Botucatu (SF-22-
R-IV-3), em escala 1:50.000.
As áreas das coberturas vegetais foram obtidas da imagem de satélite digital, bandas 3, 4 e 5
do sensor Thematic Mapper do Landsat – 5, da órbita 220, ponto 76, quadrante A, passagem de
2010, escala 1:50000.
A conversão dos dados vetoriais em imagem raster e o seu processamento foram realizados
com auxílio do Sistema de Informações Geográficas – Idrisi Selva, bem como a determinação do
uso das terras da microbacia do rio Capivara.
A delimitação de uma bacia hidrográfica é dada pelas linhas divisoras de água que
demarcam seu contorno. Estas linhas são definidas pela conformação das curvas de nível existentes
nas cartas planialtimétricas e ligam os pontos mais elevados da região em torno da drenagem,
Argento e Cruz (1996).
O contorno da área da microbacia do Rio Capivara – Botucatu/SP foi realizado
manualmente na Carta Planialtimétrica editada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 1969), folha de Botucatu (SF-22-R-IV-3), escala 1:50.000, segundo os pontos mais
elevados em torno da drenagem, tendo-se como base a definição de Rocha (1991) para bacia
hidrográfica. Posteriormente, foi escaneado e importado para o Sistema de Informações Geográfica
– Idrisi Andes no formato .BMP, salvo no formato .IMG pelo módulo File/ Import.
A seguir foi realizado o georreferenciamento, sendo utilizados dois arquivos de pontos de
controle, o primeiro da imagem digital e o outro, da carta topográfica de Botucatu (SF-22-R-IV-3),
editada em 1969 pelo IBGE. Foram determinadas as coordenadas de cada ponto e com esses dados
foi feito um arquivo de correspondência, através do comando Edit do menu Database Query,
presente no módulo Analysis.
Após o georreferenciamento, a digitalização do limite foi realizada via tela do computador
no módulo de digitalização (digitalize).
No levantamento do uso da terra foi utilizado um recorte de cena da imagem Landsat 5
correspondentes à órbita 220 e ponto 76 de 2010, georreferenciada no sistema UTM – córrego
Alegre.
104 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
sobre a composição RGB (543) da imagem Landsat - 7 ETM+. Porém, cabe salientar, que no SIG,
no algoritmo de processamento de imagem, seleciona-se os pixels correspondentes às amostras em
cada banda espectral (3, 4 e 5), isso devido ao fato de que as classes amostradas apresentam
respostas espectrais distintas em cada banda, pois se referem aos diferentes tipos de uso do solo.
Assim, o os pixels referentes à amostra da imagem são localizados, ou seja, a informação sobre cada
uso da terra é obtida nas bandas, e a composição colorida é utilizada somente para definir as áreas
de interesse visualmente (Figura 3).
Figura 3. Imagem Landsat TM 5, órbita 220, ponto 76, composição RGB – 543.
As APPs foram definidas ao longo dos cursos d’água (Figura 4) do rio Capivara, onde foi
utilizada a operação Buffer Selected Features do software ArcView 3.2, que proporcionou a criação
de um buffer de 50 m de raio nas áreas das nascentes e um buffer de 30 m de cada lado da drenagem
ao longo do leito do córrego, com isso resultando no mapa de APPs fundamentado na resolução
CONAMA n° 303/2002, Art. 3°: “constitui Área de Preservação Permanente a área situada em faixa
marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima de trinta
metros, para o curso d’água com menos de 10 m de largura”, e no Código Florestal (Lei no.
106 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
4.771/1965), que considera essas áreas, cobertas ou não por vegetação nativa “com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade,
o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.
Usando-se álgebra de mapas (mapa de uso da terra x APP’s) foi realizada uma sobreposição
ou overlay do mapa de uso e cobertura da terra com o mapa das APP’s para identificação das áreas
de conflito de uso nas APP’s. Os procedimentos foram executados no ambiente Raster Calculator
no módulo Spatial Analyst do ArcGIS.
Esse procedimento permitiu a delimitação das áreas de classes de uso da terra, qualificando
e quantificando as áreas que estavam contidas nos limites das APPs, conforme procedimento
metodológico (Figura 5).
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 107
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As áreas de conflito (Figura 8 e Tabela 3) dessa bacia, indicam que, parte das áreas de
preservação permanentes (39,07%) estão sendo usadas para outros fins, como: 0,49% em ocupação
urbana; 33,33% em pastagens; 2,59% em reflorestamentos e 2,66% em área de várzea. No restante,
cerca de 60,93%, mantêm-se preservadas as matas ciliares, nas proporções adequadas.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 111
Figura 8. Conflitos de uso do solo em áreas de APPs da bacia do rio Capivara – Botucatu/SP.
Tabela 3. Conflito de uso do solo em áreas de APPs na bacia do Rio Capivara – Botucatu, SP.
Uso do Solo Conflitos
ha %
Área Urbana 5,11 0,26
Citrus 203,40 10,33
Pastagem 1004,14 50,98
Reflorestamento 584,65 29,68
Cana-de-açúcar 171,58 8,71
Barragem 0,70 0,04
Total 1969,58 100,00
112 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Brasil. Lei n° 4.771, de 15 de Setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal.
CALIJURI, M. L.; ROHM, S. A. Sistemas de Informações Geográficas. Viçosa: CCET/DEC - Universidade Federal
de Viçosa. 1994. 34p.
CAMPOS, S. Diagnóstico físico conservacionista da bacia do rio Lavapés - Botucatu (SP). Botucatu: UNESP,
140p. Tese (Livre-Docência), Faculdade de Ciências Agrônomicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu,
SP, 1997.
CAMPOS, S. Fotointerpretação da ocupação do solo e suas influências sobre a rede de drenagem da bacia do rio
Capivara - Botucatu (SP), no período de 1962 a 1977. 1993. 164p. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na
Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Botucatu, SP, 1993.
EASTMAN, J. R. Idrisi for windows – Manual do Usuário: Introdução e Exercícios Tutoriais. Editores da versão em
português, Heinrich Hasenack e Eliseu Weber. Porto Alegre, UFRGS Centro de Recursos do Idrisi, 1998. 240 p.
NOVO, E. M. L. de M. Sensoriamento Remoto. Princípios e aplicações. 2. ed. São Paulo: Edgar Blücher Ltda, 1992. .
ROSA, R. Levantamento do meio físico do município de Araguari - MG. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
SENSORIAMENTO REMOTO, 7, 1993, São José dos Campos. Anais...São José dos Campos: INPE, 1993.p. 239-47.
IV PARTE
Resumo
Atrelado ao desenvolvimento econômico vem o consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de
desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais, dos quais a humanidade
depende. Nos últimos anos vem crescendo a procura de meios para harmonizar o desenvolvimento econômico com a
conservação ambiental. Baseado nesses paradigmas, este trabalho tem como objetivo elaborar o diagnóstico de
potencialidade da bacia hidrográfica do rio Capivara, Município de Botucatu/SP, para obter uma interpretação da
situação atual do sistema tendo em vista sua trajetória histórica e evolução previsível com o auxilio do SIG Ilwis 3.4 e
imagens orbitais CBERS 2B, nas bandas pancromáticas, obtidas no dia 12/07/2008. O diagnóstico de potencialidade foi
obtido na modelagem do meio físico e desdobramento agropecuário presentes no ambiente de estudo e aponta possíveis
linhas de ação para minimizar os impactos e alcançar o desenvolvimento sustentável da região. A bacia do rio Capivara
apresenta mais de 70% da sua área ocupada por desdobramentos antrópicos, com um predomínio da pecuária extensiva,
plantação florestal, laranja e cana-de-açúcar. Na análise do diagnóstico de potencialidade percebe-se que a bacia tem
uma boa qualidade para o desdobramento de atividades agropecuárias, excetuando a região compreendida pela Cuesta
de Botucatu e as áreas de várzea. A bacia ainda possui uma boa qualidade ambiental e esse diagnóstico deve servir de
ponto de partida para a realização do ordenamento territorial, o mais urgente possível, para que as condições
encontradas ainda sejam as mesmas, garantindo sua capacidade de recuperação.
Linked to economic development is the increasing consumption of energy and natural resources. This type of
development tends to be unsustainable as it leads to the depletion of natural resources on which humanity depends. In
recent years, has increased the demand for means to harmonize economic development with environmental
conservation. Based on these paradigms, this work aims to prepare the potential of land uses of a river basin in
Botucatu Municipality/SP, for an interpretation of the current state of the system view of its historical trajectory and
likely trends with the help of GIS ILWIS 3.4 and CBERS 2B satellite images in the panchromatic band, obtained on
07/12/2008. The diagnostic capability was obtained in modeling the physical environment and agricultural unfolding,
present in the study environment and suggests possible courses of action to minimize the impacts and achieve
sustainable development of the region. The basin of the Capivara river presents more than 70% of its area occupied by
man-made developments, with a predominance of extensive cattle ranching, forest plantation, orange and sugarcane. In
the analysis of potential diagnostic, one realizes that the basin has a good quality for the deployment of agricultural
activities, except the region covered by the Botucatu Cuesta and floodplains. The basin also has a good environmental
116 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
quality and this diagnosis should serve as a starting point for the realization of regional planning, the more urgent as
possible so that the conditions still found to be the same, ensuring their recoverability.
Key-words: Spatial Planning, Use and occupation of the soil, Diagnostic Capability Agriculture.
INTRODUÇÂO
MATERIAIS E MÉTODOS
No Ilwis importam-se imagens gravadas, por exemplo, em arquivos .tif. Essas imagens
apresentam uma estrutura raster. Cada célula ou pixel de uma imagem de satélite possui uma
localização definida por linha e coluna, sendo o atributo de cada pixel denominado de DN ou digital
number. O denominado número digital varia de 0 (preto) a 255 (branco), apresentando as bandas
espectrais da imagem em diferentes níveis de cinza.
Para a obtenção do mapa de uso do solo e vegetação natural foram utilizadas imagens orbitais
do satélite CBERS 2B obtidas por download gratuito no site do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), catalogo de imagens CBERS (http://www.dgi.inpe.br/CDSR/) produzidas no dia
30 de julho de 2008 sendo elas CB2B_HRC156_C/126_1 – 2008/07/30 e CB2B_HRC156_C/125_5
– 2008/07/30.
Com as imagens importadas e corrigidas geometricamente, criou-se um mosaico abrangendo
a área de estudo, usando a operação Glue Raster Maps para criar uma só imagem com as duas
importadas. Usando a ferramenta o mosaico foi personalizado para o tamanho desejado, já que a
área de estudo é apenas uma parte da imagem. Ainda foi efetuada a alteração das coordenadas da
118 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
imagem através da função Transformation Coordinates para que o mosaico ficasse de acordo com o
banco de dados da bacia.
O mapa de uso e vegetação natural foi derivado desse mosaico no ambiente do Ilwis 3.4
criando-se um mesmo sistema de coordenadas (projeção UTM, datum córrego Alegre). Os limites
dos polígonos foram vetorizados, correspondentes as classes de uso do solo e vegetação natural, em
relação às diferenças apresentadas na imagem, que mesmo no formato pancromático mostrou-se
eficiente por possuir uma resolução espacial ótima.
Nessa fase, a checagem de campo foi fundamental para melhor definir o tamanho dos
polígonos e também uma atualização dos mesmos, já que o uso encontra-se em constante alteração.
O receptor GPS auxiliou na determinação de pontos no entorno de algumas manchas de uso, o que
facilitou a transferência dessas informações para o SIG.
Com os limites dos polígonos correspondentes ao uso do solo e vegetação natural vetorizados,
o nome de cada classe de uso do solo e vegetação natural foi gerado no domínio de categoria classe
de um mapa de pontos, em que os pontos foram digitalizados dentro dos limites de cada polígono.
Com o plano que contém os limites dos polígonos das diferentes classes do uso do solo e
vegetação natural em modo de edição, acessou-se o arquivo em que estavam os alfanuméricos
referentes às classes de uso. Após rodar o módulo, gerou-se então o plano vetorial com os polígonos
cheios, correspondentes ao uso do solo e vegetação natural.
A criação do modelo digital do terreno foi realizada a partir dos planos vetoriais de segmentos
contendo as curvas de nível e de pontos contendo os topos de morro, extraídos dos levantamentos
realizados por Carrega (2006), na operação de interpolação de contorno. O processo realizado
apresenta duas etapas: Conversão do mapa de segmentos para raster - onde foram definidos o
tamanho do píxel, o número de linhas e colunas e as coordenadas X - Y mínimas e máximas do
mapa. O mapa de pontos contendo os valores de altitude dos topos de morro é também convertido
para raster, sendo então combinado com os dados contidos no mapa raster das isolinhas sendo
gerado um único mapa que foi usado como base para o procedimento de interpolação e Interpolação
de contorno – uma interpolação linear foi feita entre os píxels que apresentam valores de altitude,
para obter as elevações dos valores indefinidos entre as isolinhas que foram rasterizadas. Na saída
da operação de interpolação de contorno, foi gerado um mapa raster em que cada píxel tem um
valor. Na operação foi calculada, para cada píxel de valor indefinido entre os segmentos, a menor
distância em relação as duas isolinhas mais próximas.
As classes de declividade da área de estudo também foram geradas no Ilwis, sendo a
declividade em percentagem calculada para cada píxel em formato raster.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 119
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O levantamento da rede de transportes da região foi importante, tanto para determinar o tipo
de estradas e a quantidade constante na bacia, como para calcular a acessibilidade das unidades
ambientais para os mercados potenciais consumidores e/ou suas redes de escoamento de produtos
gerados.
A bacia é cortada ao sul por estradas pavimentadas, uma é a Rodovia João Hipólito Martins
(SP-209) – vulgo “Rodovia Castelinho” que dá acesso à Rodovia Presidente Castelo Branco (SP-
280) é a principal ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o oeste paulista e a Rodovia
Marechal Cândido Rondon (SP 300), e a outra a Rodovia Gastão Dal Farra que também serve de
ligação a Rodovia Marechal Cândido Rondon (Figura 2).
122 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Na parte ocidental a bacia, é em parte limitada pela Rodovia Domingos Sartori (SP 254) que
liga a Rodovia Manuel Castro Neves (SP 147) outra rede de escoamento importante para a região de
Botucatu.
A bacia também é cortada pela rede ferroviária, com uma estação dentro do município de
Botucatu, que pode ser usada como alternativa ao escoamento de produtos.
As ligações internas da bacia são feitas principalmente por estradas não pavimentadas, mas
que na maior parte dos trechos suportam veículos pesados. Muitas dessas estradas não
pavimentadas foram usadas nos levantamentos de campo.
A rede de transportes é completada por um sistema de trilhas que em alguns casos podem ser
trafegadas por veículos pequenos ou leves, que são os carros e as motos.
Sendo assim, o escoamento de produtos não é problema na bacia de modo geral, mas essa
análise será mais bem detalhada quando analisada no diagnóstico de potencialidade.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 123
Segundo a proposta desse trabalho de realizar um resumo da situação atual da bacia do rio
Capivara, foi preciso fazer uma descrição do meio físico e a modelagem do terreno foi um ponto
importante dessa etapa descritiva.
Com o auxilio do SIG Ilwis 3.4 e com as cartas do IBGE digitalizadas por Carrega (2006)
como base de trabalho, decidiu-se dividir a modelagem do terreno em duas fases: 1 - Em primeiro
lugar foi gerado o modelo digital de elevação a fim de perceber a estrutura do relevo, que na região
apresenta-se de maneira peculiar, pela presença da Cuesta e 2 - Em segundo classificou-se as
classes de declividade de duas maneiras diferentes.
As cartas do IBGE digitalizadas representam respectivamente as curvas de nível em uma
equidistância de 20 em 20m, extraídas do levantamento topográfico do IBGE de 1969, e os topos de
morro existentes na bacia ambos com suas respectivas cotas em metros de altitude.
No módulo de interpolação do Ilwis, com relação às curvas de nível e topos de morro foi
calculado para cada pixel do mapa um valor de altitude.
O modelo digital de elevação já caracteriza de forma clara a diferença de altitudes e as três
formas fisiográficas do relevo, principalmente o reverso da Cuesta ou Planalto Ocidental, marcado
pelos tons avermelhados no mapa.
Com o modelo digital pronto, passa-se para a segunda fase da modelagem do relevo para
determinar as diferenças de declividades da bacia. Elas foram geradas nas grades triangulares, onde
foi calculada a diferença de altura entre dois pontos do terreno, sendo em seguida cortadas por uma
plano horizontal para a elaboração dos mapas subsequentes.
O primeiro resultado da classificação das declividades é o mapa de classes de declive (Figura
3) com os intervalos determinados de 0 a 2%; 2 a 12%; 12 a 30%; 30 a 100% e ≥ 100%, que
transmitem as informações sobre a inclinação predominante média do terreno.
124 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Na análise conjunta dos dois mapas percebe-se a rede de drenagem, que é mais bem
caracterizada no de classes de relevo, assim como as regiões mais montanhosas e escarpadas da
bacia.
Na análise conjunta dos dois mapas percebe-se a rede de drenagem, é mais bem caracterizada
no de classes de relevo, assim como as regiões mais montanhosas e escarpadas da bacia.
Já a linha de ruptura da Cuesta de Botucatu aparece mais bem definida no Mapa de
Declividade, portanto a proposta do trabalho em dividir em duas classificações mostrou-se de
grande utilidade na confecção geral do trabalho.
As informações sobre a rede de drenagem que compõem a bacia do rio Capivara foram
digitalizadas na sua totalidade, sendo, portanto, apresentados os cursos de água perenes e os
intermitentes, para garantir uma visão real da área de trabalho, fundamental para elaboração do
diagnóstico de potencialidade (Figura 5).
126 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Uma parte fundamental da fase de levantamento dos dados é o do uso e ocupação do solo,
pois serve de subsídio à interpretação da realidade da região, estudada à luz de sua evolução
histórica e sua tendência para um futuro próximo.
A bacia do rio Capivara apresentava 18 classes de uso do solo e vegetação natural até
dezembro de 2009, quando foi realizada a última checagem de campo (Figura 6).
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 127
O maior uso da região é o de pastagem que se estende por toda a bacia, em muitos casos essas
áreas de pastagens encontram-se subutilizadas e o predomínio na região é do gado criado de
maneira extensiva.
A vegetação natural está dividida em mata ciliar, cerrado, cerradão e floresta estacional
semidecidual, como predomínio das áreas de cerradão na parte oriental e de floresta estacional na
parte ocidental da bacia, respectivamente.
A interpretação dessas informações retiradas do mapa é feita de forma mais detalhada ao
analisar a Tabela 2, que contém os valores em hectares e porcentagens de cada classe de uso do solo
e vegetação natural, em relação à área total da bacia.
Tabela 2. Uso do solo e vegetação natural da bacia do Rio Capivara – Botucatu (SP).
Uso do solo e vegetação natural Área
ha %
Cerrado 21,06 0,09
Cerradão 2.734,83 12,31
Chácaras 179,91 0,81
Cultura anual 464,58 2,09
Cultura perene – café 15,30 0,07
Cultura perene – laranja 1.817,37 8,18
Floresta estacional semidecidual 1.557,27 7,01
Granja 17,19 0,08
Mata ciliar 1.046,07 4,71
Pastagem 8.033,22 36,15
Plantação florestal 5.197,23 23,39
Piscicultura 2,07 0,01
Pedreira desativada 2,79 0,01
Projeto de arroz irrigado em várzea 81,18 0,37
Transição floresta estacional – cerradão 268,92 1,21
Unidade de CESP 10,98 0,05
Várzea 540,90 2,43
Área de expansão urbana 230,40 1,04
Pode-se confirmar que área de maior porcentagem na bacia é a de pastagem com 36,15% de
sua área total, distribuída ao longo de toda a região.
A segunda classe de uso de maior percentual é a plantação florestal com 23,39% chegando as
beiras da área urbana da bacia. O crescimento desse uso se deve a incorporação de pequenas
propriedades, seja pelo arrendamento e pela compra por parte das empresas de produtos
agroflorestais instaladas na região. Essa situação também ocorreu nas áreas ocupadas pela laranja
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 129
que é a segunda maior cultura da bacia com 8,18% da área total, em raros casos temos a migração
do próprio proprietário para esses novos cultivos.
A cultura anual aparece com 2,10 % da área e está limitada ao cultivo de cana-de-açúcar que é
outra atividade crescente na região, principalmente impulsionada pela proximidade de usinas de
beneficiamento em cidades vizinhas.
Em termos de vegetação natural o cerradão é a área mais expressiva da bacia, que somado as
áreas de cerrado chegam a 12,40 % do total. Essas áreas apresentam-se fragmentadas por quase toda
a extensão da bacia com predominância na área oriental e sul. É uma vegetação de grande riqueza
que foi ao longo dos anos sofrendo a maior taxa de devastação no Brasil, principalmente devido a
expansão das atividades agropastoris, e na evolução histórica da nossa região não foi diferente.
A floresta estacional semidecidual representa 7,01% da bacia e concentra-se na parte
ocidental, em grande parte na região que sofre a influência da Cuesta de Botucatu, com destaque
para mancha de floresta situada na Fazenda Experimental Edgardia, de propriedade da UNESP, que
até então apresenta a maior parcela contínua de vegetação natural do município.
Algumas áreas foram classificadas como Transição de Floresta estacional - cerradão em
função da dificuldade de classificá-las em apenas um domínio, pois apresentam indivíduos
florestais de ambos as formações citadas anteriormente, essas áreas correspondem a 1,21% da bacia.
Outra vegetação natural apresentada na região, são as áreas de mata ciliar com 4,71% da área
total da bacia. Esse valor quando analisado separadamente das APPs da bacia dá uma falsa
impressão de conservação das áreas próximas aos cursos de água e nascentes. Na realidade, muitas
dessas manchas começam nas adjacências das áreas úmidas e estendem-se para o interior da bacia
em muitas regiões com uma metragem maior que determinada pela legislação. Essa afirmação será
mais bem tratada ao analisarmos as áreas de APP com relação ao mapa de uso do solo e vegetação
natural.
A várzea representa 2,43% da bacia e a determinação de sua área também será significativo
no levantamento dos problemas ambientais encontrados na bacia.
A área de expansão urbana apresenta mais de 1% total e também merece atenção por estar
próximo a APP da linha de ruptura da Cuesta de Botucatu, que pela fragilidade de seus solos deve
ser destinada à conservação do ambiente.
As áreas de chácaras são menores que 1% e estão concentradas em condomínios próximos ao
parque da Cascata da Marta e na Demétria, ambos estão em regiões de grande importância por
apresentarem fragmentos de vegetação natural bem conservados.
130 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
As classes ocupadas pelas culturas de café, granja, piscicultura e Unidade da CESP, foram
mapeadas por estarem visíveis na escala escolhida para esse trabalho, mas não adicionaram
informações relevantes aos diagnósticos de problemas e potencialidade.
O projeto de arroz irrigado em várzea e as pedreiras desativadas serão discutidos na próxima
fase do trabalho onde serão abordados os problemas ambientais da bacia.
Durante a elaboração do mapa de uso do solo e vegetação natural, no Ilwis 3.4, com a imagem
de plano de fundo, destacou-se na bacia a existência de processos erosivos visíveis nessa resolução
espacial, a fim de atestar sua veracidade esses pontos foram checados em campo (Figura 7).
natural. Para melhor visualização dessa potencialidade a análise também foi feita por unidade, já
que os recursos territoriais de uma unidade são diferentes da outra e por isso seu desdobramento
também pode variar.
Outro fator relevante é que bacia encontra-se povoada por diferentes desdobramentos
antrópicos, sendo assim, em vez de sugerir a instalação de possíveis atividades econômicas a análise
da potencialidade foi feita frente as atividades já instaladas na região.
Pela análise integrada das unidades, pode-se inferir que, a bacia tem uma boa qualidade para o
desdobramento de atividades agropecuárias, excetuando a região compreendida pela Cuesta de
Botucatu e os Fundos de vale (Tabela 3).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARREGA, E. F. B. Delimitação de unidades ambietais na bacia do rio Capivara, Botucatu (SP). 2006. 98 f.
Dissertação (Mestrado), Agronomia/Energia na Agricultura, Faculdade de Ciências Agronomicas, Universidade
Estadual Paulista, Botucatu, SP, 2006.
CARREGA, E. F. B.; CAMPOS, S.; JORGE, L. A. B. Análise de unidades ambientais em relação ao uso do solo e da
vegetação natural da bacia do Rio Capivara - Botucatu/SP. Revista Saúde e Ambiente (UNIVILLE). v. 10, p. 36 - 44,
2009.
PLA, M. T. B.; VILAS, J. R. Metodología general de los estúdios de paisage. In: BOLÓS, M. (org.). Manual de
ciência del paisaje: teoria, métodos y aplicaciones. Barcelona: Masson, 1992. cap. 10, p. 123-134.
134 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Resumo
Para a gestão agropecuária em bacias hidrográficas, o primeiro passo é o estudo da caracterização do meio. Assim, os
instrumentos tradicionais de planejamento rural estão sendo estudados e substituídos por novas técnicas para
caracterizar, monitorar e avaliar o meio, que irão contribuir para o planejamento e gestão da ocupação do solo,
demonstrando as possibilidades de melhor organizar a expansão territorial das zonas rurais, observados os critérios
ambientais. Para este trabalho, foi selecionada a microbacia do córrego Comur, situada no município de Botucatu/SP,
com uma área de 1.719,6ha. Na caracterização do meio, foram elaborados os mapas da rede de drenagem, de solos e
declividade, utilizando técnicas de geoprocessamento e análises estatísticas. As classes de declive de 0 a 3% (áreas
planas) e de 3 a 6% (áreas suavemente onduladas) ocorrentes na microbacia representam mais de 65% da área total.
Essas terras são indicadas para o cultivo de culturas anuais com uso de práticas simples de conservação do solo. A
unidade de solo latossolo vermelho distroférrico ocorreu em mais de 45% da área. O sistema de informação geográfica
mostrou-se uma excelente ferramenta na determinação dos mapas, demonstrando que a utilização do geoprocessamento
facilita e agiliza a obtenção dos dados, além de permitir o armazenamento, o que poderá ser utilizado para outras
análises em futuros planejamentos rurais.
For agricultural management in river basins, the first step is to study the characterization of the natural land. Thus, the
traditional instruments of rural planning are being studied and changed for new techniques to characterize, monitor
and evaluate the environment, which will contribute to planning the land use management, demonstrating the
possibilities to better organize the territorial expansion of rural areas, subject to environmental criteria. For this work,
it was selected the watershed Comur, located in Botucatu/SP, with an area of 1719.6 ha. The maps of the drainage
system, soil and slope were developed, using geoprocessing and statistical analysis. The slope classes from 0 to 3% (flat
areas) and from 3 to 6% (gently ondulating areas) occur in more than 65% of the total area. These lands are suitable
for the cultivation of annual crops, using simple soil conservation practices. The Hapludox soil unit occurred in over
45% of the area. The geographic information system proved to be an excellent tool in determining the maps,
demonstrating that the use of GIS facilitates and expedites data collection, and allows the storage, which can be used
for further analysis in future rural planning.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Hidrografia do córrego Comur obtida a partir da carta digital (IBGE, 1969).
138 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Os resultados demonstram que a utilização dessas técnicas é eficaz para o levantamento dos
recursos naturais e das atividades humanas, desenvolvimento de banco de dados dos recursos
naturais – água e solo georreferenciado, monitoramento das transformações ambientais e
planejamento do uso e ocupação territorial.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
CÂMARA, G.; FREITAS, U. M.; SOUZA, R. C. M. et al. SPRING: Integrating remote sensing and GIS by object –
oriented data modelling. Computers and Graphics, v. 15, n. 6, July 1996.
142 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
LEPSCH, I. F.; BELLINAZZI Jr., R.; BERTOLINI, D. et al. Manual para levantamento utilitário do meio físico e
classficação de terras no sistema de capacidade de uso. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1991. 175
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MOREIRA, K. F.; CAMPOS, S.; CAVASINI, R. et al. Adequabilidade das áreas de vegetação riparia da microbacia do
córrego Comur – Botucatu/SP em função da legislação ambiental. In: XXII Congresso de Iniciação Científica da
UNESP, 2010, Botucatu/SP. Anais.. Botucatu: UNESP, 2010.
PISSARRA, T. C. T., RODRIGUES, F. M., POLITANO, W. et al. Morfometria de microbacias do Córrego Rico,
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ROCHA, J. S. M. Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas. 2. ed. SANTA MARIA-RS: Imprensa Universitária-
UFSM-RS, 1991. 181p .
VALLE JUNIOR, R.; VARANDAS, S. G. P; FERNANDES, L. S. et al. Environmental land use conflicts: a threat to
soil conservation, Land Use Policy, v. 41, p. 172-185, 2014.
VALLE JUNIOR, R. F., VARANDAS, S. G., PACHECO, F. A. et al. Impacts of land use conflicts on riverine
ecosystems. Land Use Policy, v. 43, p. 48-62, 2015.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 143
Resumo
O conhecimento da ocupação do solo é de grande valia para a programação de atividades que visam ao
desenvolvimento agrícola, econômico e social da região. Pode-se obter informações quanto à natureza do uso do solo,
da localização, da forma de ocorrência e das mudanças ocorridas em determinados períodos. Este trabalho objetivou
identificar e quantificar a ocupação de solo da microbacia do córrego Petiço – Botucatu/SP, no Sistema de Informações
Geográficas Idrisi e dados do sensor Landsat 5 TM de 09/06/97 e 23/08/2013. A cultura de eucalipto, devido a
existência de grandes empresas reflorestadoras na microbacia, juntamente com as florestas são os usos predominantes
na área de estudo. Em segundo, a área é ocupada por pastagens e solo preparado para o plantio de culturas agrícolas.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
acordo com Martins (1989), a temperatura média anual na região é de 20,2 ºC, sendo as
temperaturas médias dos meses mais quentes de 23,2 ºC e dos meses mais frios de 16,9 ºC.
A precipitação média anual é de 1.447 mm, ocorrendo uma precipitação média nos meses
mais chuvosos de 223,4 mm e no mês mais seco de 37,8 mm. As temperaturas máximas absolutas
não assumem valores excessivamente altos, privilegiando a região com verão ameno.
Os solos do município (Piroli, 2002) são derivados do arenito e do basalto, com o predomínio
dos arenitos. Os principais são:
- Neossolos quartzarênicos (RQ): são solos de baixa fertilidade com baixa capacidade de
retenção de água, são derivados do arenito Botucatu, são muito susceptíveis à erosão e localizam-se
ao norte do município. A sua ocupação atual tem predominância de pastagens e de reflorestamento
com eucalipto. Nessas áreas a ocorrência de voçorocas é frequente.
- Latossolos vermelho-amarelos (LVA): são solos profundos de textura leve, bem drenados,
com fertilidade baixa e alta suscetibilidade à erosão. No município aparecem em ampla faixa ao sul,
pequena faixa ao norte da parte frontal da Cuesta; ocorrem em áreas de relevo suave a ondulado e a
cobertura vegetal tem predominância de campo e cerrado. A ocupação atual é composta
predominantemente por eucaliptos, pastagens e frutíferas diversas.
- Neossolos litólicos (RL): apresentam textura argilosa, ocorrem em relevo montanhoso, são
solos pouco desenvolvidos e, no município, aparecem em toda a extensão da Cuesta. A
profundidade é mínima, com vertentes dos vales muito íngremes e de forma convexa. A vegetação
nativa tem predominância da fisionomia latifoliada tropical. São solos com abundantes
afloramentos de rochas e pouco adequados para agricultura.
- Latossolos vermelhos (LV): com textura argilosa, são solos profundos, bem drenados,
formados a partir de rochas basálticas. No município, aparecem ao longo da bacia do rio Pardo e rio
Lavapés. A vegetação original é de Mata Atlântica, da qual restam pequenos fragmentos. São solos
adequados para a cultura do café e culturas anuais (feijão, milho, olerícolas e pastagens).
Como fonte de dados foi utilizada a imagem de satélite nas bandas 3, 4 e 5, correspondentes
às regiões do espectro visível, do infravermelho próximo e médio do Sensor TM, do LANDSAT 5,
órbita 220, ponto 76, quadrante A, passagem de 9 de junho de 1997 e 23 de outubro de 2006, para
elaboração da carta de uso da terra. O Sistema de Informações Geográficas - Idrisi Selva foi usado
para as análises, sendo a coleta e a confirmação das coordenadas dos pontos de controle a campo
realizada por um GPS de Navegação Garmin XL 45.
Inicialmente, uma composição falsa cor foi elaborada com a combinação das bandas 3, 4 e 5,
nas cores azul, verde e vermelho, respectivamente, pois esta apresenta uma boa discriminação
146 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
visual dos alvos, possibilitando a identificação dos padrões de uso da terra. Esta composição
apresenta os corpos d’água em tons azulados, as florestas e outras formas de vegetações em tons
esverdeados e os solos expostos em tons avermelhados.
O georreferenciamento da composição falsa cor foi realizado no módulo Reformat/Resample
do SIG – Idrisi. Os pontos de controle para o georreferenciamento foram obtidos nas cartas
topográficas e confirmados in loco no campo com o receptor GPS. Após o georreferenciamento, foi
feito o recorte da área e demarcadas as áreas de treinamento sobre a imagem com o cursor em
vários locais, procurando-se abranger as variações de cada ocupação do solo.
Para o georreferenciamento das imagens digitais, utilizaram-se dois arquivos de pontos de
controle. O primeiro foi criado usando a imagem digital e o outro, a carta topográfica. Os pontos de
controle foram escolhidos de forma que cada um deles fosse facilmente identificado, tanto na
imagem digital como na carta topográfica. Foram determinadas as coordenadas de cada ponto e
com estes dados foi feito um arquivo de correspondência, sendo colocado inicialmente as antigas
coordenadas (carta topográfica) e em seguida, as novas coordenadas (imagem) para cada ponto
escolhido, no comando Edit do menu Database Query, presente no módulo Analysis. Para escolher
a equação de melhor ajuste entre os dois sistemas de referência foi utilizado o menu Resample do
módulo Reformat, o qual faz a reamostragem e a correção geométrica dos pontos de controle.
Em seguida, foram criadas as assinaturas pelo módulo Makesig e depois, a classificação
supervisionada no método de Máxima Verossimilhança, no módulo Maxlike.
Na classificação supervisionada, as classes de uso da terra foram identificadas e diferenciadas
em quatro classes representadas por eucalipto, floresta nativa, pastagem e solo exposto. Nesta fase
usaram-se seus padrões de resposta espectral. As áreas de treinamento foram delimitadas por
polígonos desenhados sobre cada classe de uso da terra na imagem. Em seguida, foram indicadas as
assinaturas espectrais para cada classe de uso da terra, criando-se um arquivo de assinaturas para
todas as categorias. A imagem foi classificada com base nesses dados e as amostras de usos das
terras duvidosas foram confirmadas em campo com uso de receptores GPS.
A verificação do resultado da classificação foi avaliada estatisticamente no índice Kappa. O
procedimento sugerido por Eastmann (1999) e por Simões (2001), consistiu na geração de pontos
aleatoriamente estratificados. O uso da terra no píxel referente a cada ponto foi identificado, sendo
criado a seguir um arquivo de valores relacionado aos pontos amostrais da verdade terrestre. Estes
dois arquivos foram associados e em seguida rasterizados, gerando uma imagem raster com a
verdade terrestre. A seguir, no módulo Ermat analisou-se estatisticamente a classificação
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 147
supervisionada confrontando-a com a imagem relativa à verdade terrestre com a do uso da terra. O
resultado desta confrontação é uma matriz de erros, o índice Kappa geral e por categoria.
As áreas dos usos das terras foram determinadas utilizando o comando Area do menu
Database Query, pertencente ao módulo Analysis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As florestas ocorrentes na área de estudo são, em sua grande maioria, representadas por matas
ciliares. Isto permite inferir que não houve intervenção humana nestes locais devido à proteção dada
pela Legislação Florestal vigente, pois o Código Florestal, que define essas áreas situadas às
margens de cursos d'água, rios e ao redor de nascentes como áreas de preservação permanente.
148 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
das menores distâncias percorridas entre a floresta e a empresa, bem como pelas por vias de acesso
em boas condições de tráfego, reduzindo assim os custos com manutenção de veículos e, tornando a
região atrativa a novos investimentos.
A cobertura vegetal vem sofrendo modificação constante com a ação do ser humano, sendo
mais intensa essa dinâmica nos solos com melhor fertilidade e de condições ecológicas mais
propícias para a exploração agrícola. Contudo, com o aumento da densidade demográfica e o
aperfeiçoamento das técnicas agronômicas, os solos mais pobres também vêm sendo utilizados para
atividades agropecuárias.
Este fato já está ocorrendo na região de Botucatu, onde áreas ocupadas, em épocas remotas
com matas, foram ocupadas por pastagens e reflorestamentos, de rápido retorno econômico para o
produtor rural, como é o caso da cana-de-açúcar e mais recentemente por citros.
A ocupação do solo no período permitiu inferir que as pastagens que ocupavam quase 16%
em 1997, sofreram uma ampliação, passando a ocupar quase 25%, em 2013, mostrando a
importância da pecuária na região. Essa ampliação vem acontecendo por causa da redução dos
reflorestamentos. As pastagens, mesmo sendo mal conduzidas, é uma área significativa na região,
pois a pecuária bovina de leite tem uma certa predominância.
De maneira geral, a pecuária na região é desenvolvida de forma extensiva com pastagens de
baixa produtividade, pois os produtores não costumam efetuar correções de pH e adubação de
manutenção nessa cobertura vegetal, para melhorar a qualidade do alimento animal. Como a
conservação do solo é uma prática agronômica mal utilizada pelos pecuaristas, os solos que por
natureza, são pobres, acabam sofrendo com a ação das intempéries, acarretando assoreamentos do
alto rio Pardo – Botucatu/SP, a diminuição da capacidade de suporte da vegetação para o gado, e a
consequente queda da produção leiteira.
150 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Assad, E. D.; Sano, E. E. - Sistema de Informações Geográficas aplicações na agricultura - Brasília/DF - Embrapa,
SPI/ Embrapa - CPAC, 1998. 434p.
BARROS, Z.X. de Caracterização de bacias hidrográficas no mapeamento de solos mediante o uso de análise
multivariada. 1988. 113p. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP, 1988.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 151
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Capivara - Botucatu (SP), no período de 1962 a 1977. 1993. 164p. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na
Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP, 1993.
CARDOSO, L.G. Comportamento das redes de drenagem em solos com cana-de-açúcar e com eucalipto. 1988.
139p. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade
Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP, 1988.
EASTMAN, J. R. Guide to GIS and image processing. Massachusettes, Clark University. v. 2, 1999. 169p.
LANDIS, J.R.; KOCH, G.G. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics, v. 33, n. 1, p.
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ROCHA, J.S. M. da., Manual de manejo integrado de bacias hidrográficas. Santa Maria: ed. UFSM, 1991. 181p.
SIMÕES, L.B. Integração entre um modelo de simulação hidrológica e Sistema de Informação Geográfica na
delimitação de zonas tampão ripárias. 2001.171p. Tese (Doutorado), Agronomia/Energia na Agricultura, Faculdade
de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP, 2001.
VIEIRA, N.M. Estudo geomorfológico das voçorocas de Franca, SP. 1978. 255p. Tese (Doutorado), Instituto de
História e Serviço Social, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Franca, SP, 1978.
152 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
V PARTE
Sérgio Campos
Resumo
O uso de sistemas de informação geográfica (SIG) e a técnica de análise de multicritérios possibilitam a padronização e
a integração de dados, que normalmente são provenientes de diversas fontes. Nesta avaliação conjunta obtém-se mais
eficiência e confiabilidade no processo de tomada de decisão para promover a adequação de uso das terras. Este estudo
objetivou analisar a adequação de uso agrícola das terras da microbacia do rio Capivara, Botucatu/SP, por meio do
método de Combinação Linear Ponderada, visando a conservação dos recursos hídricos. Os resultados mostram que o
Sistema de Informação Geográfica Idrisi Selva, aliado a técnica de análise de multicritérios e ao método de combinação
linear ponderada, mostrou ser uma ferramenta eficiente na combinação dos diferentes critérios, permitindo a
determinação da adequação do uso agrícola das terras de forma menos subjetiva. Os critérios ambientais mostraram-se
adequados permitindo a elaboração do mapa final contendo as classes de adequação de uso agrícola, podendo ser útil
futuramente para planejamento regional. Este trabalho serve de base nas tomadas de decisões pelos órgãos públicos e
agentes ambientais, pois o método leva em consideração o uso da terra racional e permitindo a conservação dos recursos
hídricos.
The use of geographic information systems (GIS) and advanced analysis of standardization technique enable data
integration, which are usually from different sources. This evaluation is of great efficiency and reliability in the
decision-making process to promote the adequacy of land use. This study aimed to analyze the suitability of agricultural
land use of the rio Capivara watershed, Botucatu/SP, through Linear Combination of Weighted method, to promote the
conservation of water resources. The results show that the Geographic Information System Idrisi Selva, combined with
advanced analysis technique and the weighted linear combination method, proved to be an effective tool in the
combination of different criteria, allowing the determination of the adequacy of agricultural land use, in order less
subjective. Environmental criteria were shown to be suitable enabling preparation of the final map containing the
classes of suitability for agricultural use and could be useful for future regional planning. This work is the basis for
decision making by public bodies and environmental agents because the method takes into account the rational use of
land and allowing the conservation of water resources.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
A microbacia do rio Capivara (Figura 1), está situada no município de Botucatu/SP entre os
paralelos 22o 39' a 22o 57' de latitude S e os meridianos 48o 17' a 48o 29' de longitude W Gr., com
uma área de 21.912,13ha e um clima predominante do tipo Cfa.
O mapa da rede de drenagem (Figura 3), rede viária (Figura 4) e planialtimétrico (Figura 5)
obtidos a partir da carta planialtimétrica de Botucatu (IBGE, 1969), em escala 1:50000, com curvas
de nível (10 em 10 m) e os pontos cotados, em formato de arquivo vetorial, foram importados para
o SIG para a elaboração do modelo de elevação digital.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 157
Figura 6. Imagem Landsat TM 5, órbita 220, ponto 76, composição RGB – 543.
Após a seleção das bandas espectrais foi realizada uma composição colorida RGB,
adicionando as cores vermelha, verde e azul às bandas 5, 4 e 3, respectivamente. A razão pela qual
foi escolhido este tipo de composição é porque proporciona uma boa caracterização e diferenciação
dos usos e coberturas da terra e facilita a análise visual sobre a imagem para a extração de
informações.
Na análise visual, foram considerados os aspectos referentes às características da área de
estudo e a resolução espacial da imagem Landsat TM 5 (30 m), sendo definida nove classes de uso
da terra: florestas, várzea, reflorestamento, culturas anuais, pastagem, barragem, área urbana, cana-
de-açúcar, citrus e hidrografia.
160 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
RAMALHO FILHO e BEEK (1995) consideram que, as áreas com declividades inferiores a
20% são consideradas as mais aptas para utilização agrícola, visto que, a suscetibilidade à erosão e
o impedimento à mecanização (considerando as condições de solo) apresentam graus de limitação
que variam de nulo, ligeiro, moderado e forte. Para declives superiores a 20% a restrição de uso
aumenta consideravelmente, sendo que áreas com declives entre 20% a 45%, quando cultivadas,
apresentam alta suscetibilidade à erosão e, consequentemente, o controle da mesma se torna muito
dispendioso. Para declives maiores que 45% as terras são consideradas inaptas para o uso agrícola.
O processo de análise de multicritérios teve por objetivo avaliar a adequação de uso agrícola
com base em determinados critérios ambientais (legais e técnicos), ou seja, declividade, uso da
terra, capacidade de uso da terra, áreas de preservação permentes (APPs), rede de drenagem e
estradas, identificados para este estudo em dois grupos de critérios: os que conferem uma restrição à
exploração agrícola das terras (restrições) e aquele que possuem graus de aptidão para o mesmo fim
(fatores).
Os critérios que restringem as áreas da microbacia em adequadas e inadequadas para fins de
exploração agrícola, independente do uso ou manejo do solo, para tanto foi utilizado no
desenvolvimento dos mapas de restrições uma escala Booleana, atribuindo-se o valor zero (0) para
os locais inadequados e um (1) para os demais.
Os critérios referentes às APPs foram estabelecidos com base na Resolução nº 303
(CONAMA, 2002) e na Lei Federal nº 4.771 (BRASIL, 1965). De acordo com a lei, as APPs são
definidas como: “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
162 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas”. Portanto,
são áreas que devem ser preservadas de ação antrópica, isto é, livres de exploração econômica.
De acordo com a Resolução nº 303 do CONAMA (2002) constituirá área de preservação
permanente a área situada em faixa marginal medida a partir do nível mais alto, em projeção
horizontal, com largura mínima de 30 m, para o curso de água com menos de 10 m de largura.
A zona de proteção ciliar de 30 m foi estabelecida com a finalidade de atribuir maior proteção
aos recursos hídricos, visto que as APPs amenizam a entrada de poluentes e sedimentos,
absorvendo, retardando e filtrando o escoamento superficial, antes de atingir os cursos de água.
Além disso, estas previnem a erosão do solo nas margens dos rios, por meio da trama de raízes que
se formam, dando maior estabilidade aos taludes e propiciam um meio favorável à conservação da
biodiversidade da fauna e da flora.
O primeiro passo para a elaboração do mapa de APPs foi determinar a zona de proteção de 30
m, em torno da rede de drenagem, por meio do operador de distância disponível no módulo Buffer
do SIG, utilizando-se o arquivo vetorial obtido a partir da carta planialtimétrica de Botucatu (IBGE,
1969), originando, dessa forma, uma imagem Booleana (0 e 1). O segundo passo foi inverter os
valores de atributo da imagem resultante, atribuindo o valor zero (0) para a zona de proteção e um
(1) para o restante da imagem, condição necessária para este estudo.
Os corpos de água (açudes e rede de drenagem) foram obtidos a partir do mapa de uso da terra
e da carta planialtimétrica de Botucatu (IBGE, 1969). No mapa de uso da terra foi feita uma
reclassificação para isolar a classe de água, atribuindo-se o valor um (1) para a mesma e zero (0)
para os demais usos da terra.
Desta forma, foram obtidas duas imagens Booleanas referentes aos corpos de água, que foram
unidas utilizando-se o módulo Overlay do SIG. A imagem resultante foi reclassificada atribuindo-se
o valor zero (0) para os corpos de água e 1 (um) para o restante da imagem.
O mapa final de restrição de água foi obtido por sobreposição das imagens Booleanas
referentes às APPs e aos corpos de água, por meio do módulo Overlay.
As áreas de estradas consideradas inaptas para qualquer outra utilização foram extraídas da
carta planialtimétrica de Botucatu (IBGE, 1969). As restrições de água e estradas foram
transformadas em imagens Booleanas, onde o valor zero (0) corresponde às áreas que não devem
ser exploradas com agricultura e um (1) para as demais, com objetivo de excluí-las no processo de
análise de adequação de uso das terras. Esses procedimentos serão realizados por meio dos módulos
Edit e Assign do SIG.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 163
Os fatores envolvem os critérios que conferem graus de adequação de uso para a área da
microbacia. Ao contrário dos mapas de restrições, que apresentam limites rígidos definidos
(adequado ou inadequado), os mapas de fatores determinam superfícies contínuas, que representam
a variação gradual da adequação de uso das terras. Em outras palavras, os fatores informam o
quanto às áreas são adequadas para a exploração agrícola, com base numa escala crescente de
valores que variam de 0 (menos adequado) a 255 (mais adequado).
Para isso, o primeiro procedimento foi transformar os valores das classes contidas em cada
mapa (capacidade de uso das terras, uso das terras e declividade) em um intervalo entre zero (0) e
255, tendo por por objetivo padronizar os diferentes mapas para serem combinados no final do
processo de análise de multicritérios.
O SIG Idrisi efetuou o armazenamento e o processamento das imagens digitais em 8 bits, isto
equivale a 28 que corresponde a 256 níveis de cinza (variando de 0 a 255 bytes). Em termos
análogos, neste estudo, foi utilizada esta escala para representar a hierarquia de cada píxel na
imagem em relação à variável indicadora do processo de avaliação da adequação de uso agrícola
das terras.
Os procedimentos metodológicos efetuados para a elaboração dos mapas de fatores
consistiram em:
Para o fator uso da terra utilizou-se como critério de avaliação o grau de proteção contra a
erosão que cada tipo de cobertura vegetal (uso atual) proporciona ao solo (BERTONI; LOMBARDI
NETO, 1990), sendo estabelecidas quatro classes de adequação de uso, que variam em função da
maior ou menor proteção atribuída às terras em função do tipo cobertura vegetal.
Na imagem resultante da classificação supervisionada foram determinadas nove classes de
uso das terras: florestas, várzeas, reflorestamento, citrus, cana-de-açúcar, culturas anuais, pastagem,
área urbana e barragem (água), para elaboração do mapa de fator uso da terra. Para isso, as classes
foram padronizadas para uma escala entre zero (0) a 255 bytes, usando uma ordem hierárquica
arbitrária que varia dos usos menos adequados (0) aos mais adequados (255), sendo definidas as
seguintes classes de adequação: alta, média, baixa e restrita.
A declividade do terreno indica que, quanto mais íngreme for a área, mais crítica ela se torna
para a exploração agrícola em função da suscetibilidade à erosão e do impedimento a mecanização.
Na padronização dos dados de declividade foram utilizadas como referências seis classes de declive
(RAMALHO FILHO; BEEK, 1995). Esses critérios permitem inferir que as declividades abaixo de
20% são as mais adequadas para a utilização agrícola, de 20% a 45% conferem uma baixa
adequação por apresentarem dificuldades com preparo do solo e mecanização, e as declividades
164 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
maiores que 45% são inadequadas para essa atividade, devendo ser destinadas para outros usos,
como: culturas permanentes, silvicultura e áreas de preservação. Esses critérios permitiram
estabelecer quatro classes de adequação de uso, que são: alta, média, baixa e restrita.
O mapa de fator declividade foi elaborado a partir do mapa de declividade, onde as classes de
declive foram agrupadas e padronizadas para o intervalo numérico contínuo entre zero (0) e 255,
seguindo uma ordem hierárquica arbitrária da mais baixa para a mais alta adequação.
Os mapas de capacidade de uso das terras, de uso da terra e de declividade depois de
padronizados para a escala de zero (0) a 255 bytes, passaram a constituir novos mapas, contendo as
classes de adequação de uso (alta, média, baixa e restrita), sendo os critérios adotados para cada um
deles, realizado por meio dos módulos Edit e Assign do SIG.
Na determinação do fator capacidade de uso das terras utilizou-se como critério de avaliação o
grau de aptidão das terras para a exploração agrícola, com uma ordem hierárquica arbitrária,
segundo a escala de valores entre zero (0) a 255 bytes que representam a adequação de uso em
função capacidade de uso das terras para uso agrícola, estabelecido em quatro classes de adequação
de uso: alta, média, baixa e restrita.
Na definição dos diferentes critérios para análise de multicritérios foi necessário definir a
importância relativa de cada um no processo de decisão, sendo atribuido um determinado peso a
cada critério interveniente (SILVA et al., 2004) e a influência de cada um para o processo de
avaliação da adequação de uso das terras, utilizando-se o método de comparação pareada. Esse
método fundamenta-se em uma matriz quadrada (n x n) de comparação entre os n critérios (fatores),
onde as linhas e as colunas da matriz correspondem aos critérios avaliados (na mesma ordem ao
longo das linhas e das colunas). Cada célula da matriz (aij) representa a importância relativa do
critério da linha i com relação ao critério da coluna j. Essa matriz é recíproca (Equação 3), sendo
necessário preencher somente a metade triangular inferior esquerda, já que a outra metade deriva
desta, e a diagonal principal assume valores unitários (Silva et al., 2004; Eastman, 2003). Em outras
palavras, cada célula da matriz é preenchida com um valor de julgamento que expressa a
importância relativa entre pares de critérios.
1
a ii
1 e a ij
(3)
a ji
Assim, foi construída uma matriz de comparação pareada, por meio do módulo Weight do
SIG, onde os fatores foram comparados, dois a dois, utilizando como base uma escala contínua de
nove pontos que traduz a importância relativa entre eles, sendo posteriormente calculados os pesos
de ponderação para cada mapa de fator por meio do método AHP (Analytical Hierarchy Process -
Processo de Análise Hierárquica), por meio do módulo Weight, o qual apresenta uma estrutura
similar ao método de Saaty (1980) e permite calcular a razão de consistência da matriz de
comparação que, segundo Saaty e Vargas (1991) deve ser menor que 0,1, pois esta indica a
probabilidade que as avaliações da matriz foram geradas aleatoriamente.
Na avaliação multicriterial utilizou-se o método de combinação linear ponderada, que
consistiu na multiplicação de cada mapa de fator (xi) padronizado (dentro do intervalo de 0 a 255)
pelo seu peso ponderado (wi), de acordo com o seu grau de importância determinado a partir da
matriz de comparação pareada e, somando-se em seguida os resultados da multiplicação (Equação
1), por meio do módulo MCE (Multicriteria Evaluation - Avaliação de Multicritérios) do SIG Idrisi
Selva.
Tendo sido efetuada a soma dos mapas de fatores ponderados, a etapa final do processo
consistiu na multiplicação desse resultado pelas restrições de modo a excluir as áreas que não
podem ser utilizadas para a exploração agrícola, segundo os critérios adotados.
O mapa final de adequação de uso agrícola foi classificado em quatro classes (restrita, baixa,
média, e alta) por meio do módulo Reclass do SIG - Idrisi Selva, para melhor análise das áreas da
microbacia que estarão sendo utilizadas de maneira adequada ou não, considerando os critérios
utilizados neste estudo.
Para o fator uso da terra (Tabela 2) utilizou-se como critério de avaliação o grau de proteção
contra a erosão que cada tipo de cobertura vegetal (uso atual) proporciona ao solo (BERTONI;
LOMBARDI NETO, 1990; GALETI, 1973; LEPSCH, 2002), sendo estabelecidas quatro classes de
adequação de uso, que variam em função da maior ou menor proteção atribuída às terras em função
do tipo cobertura vegetal.
A classificação supervisionada permitiu distinguir cinco classes de uso das terras (vegetação
nativa, cultivo anual, pastagem, água e solo exposto). Para determinar o mapa de fator uso da terra,
os usos foram padronizados para uma escala entre zero (0) a 255 bytes, numa ordem hierárquica
arbitrária, que varia dos usos menos adequados (0) aos mais adequados (255), ou seja, os seguintes
valores: 255, 170, 85 e 85, respectivamente. O cultivo anual e o solo exposto foram agrupados
numa única classe e receberam o mesmo valor (85) porque, apesar de aparecerem em diferentes
respostas espectrais na imagem classificada, essas áreas são destinadas para o mesmo fim (cultivo
anual). Para as classes de água e estradas atribuiu-se o valor zero (0), por serem consideradas como
restrições.
Esses valores permitiram a definição das classes de adequação (Tabela 3): alta, média, baixa
e restrita.
Com relação à declividade do terreno, é possível inferir que quanto mais íngreme for a área,
mais crítica ela se torna para a exploração agrícola em função da suscetibilidade à erosão e do
impedimento à mecanização.
numérico contínuo entre zero (0) e 255, seguindo uma ordem hierárquica arbitrária da mais baixa
para a mais alta adequação.
No julgamento dos fatores foi estabelecido para o fator declividade um grau de importância 3
(pouco mais importante) quando comparado ao uso da terra, uma vez que esse é um fator limitante
para a exploração agrícola das terras em função do grau de limitação por suscetibilidade à erosão e
do impedimento à mecanização. Quanto ao fator capacidade de uso da terra, foi determinado um
168 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
grau de importância igual a 7 (fortemente mais importante), quando comparado com o uso da terra,
pois define o melhor uso dado a terra.
Por fim, determinou-se um grau de importância 3 (pouco mais importante) para a aptidão
agrícola, quando comparada à declividade. Embora a declividade seja considerada na avaliação da
aptidão agrícola das terras, ela atua como um fator de limitação em relação ao tipo de manejo dado
ao solo.
Depois de comparar os fatores, dois a dois, foram calculados os pesos de ponderação para
cada mapa de fator por meio do método AHP (Analytical Hierarchy Process - Processo de Análise
Hierárquica). Esse procedimento foi realizado por meio do módulo Weight, o qual apresenta uma
estrutura similar ao método de Saaty (1980). Além dos pesos, o programa permite calcular a razão
de consistência da matriz de comparação que, segundo Saaty e Vargas (1991) deve ser menor que
0,1. A razão de consistência (RC) indica a probabilidade que as avaliações da matriz foram geradas
aleatoriamente.
A última etapa do trabalho consistiu na avaliação dos multicritérios utilizando-se o método de
combinação linear ponderada. Este método consiste na multiplicação de cada mapa de fator (xi)
padronizado (dentro do intervalo de 0 a 255) pelo seu peso ponderado (wi), de acordo com o seu
grau de importância determinado a partir da matriz de comparação pareada e, somando-se em
seguida todos os resultados da multiplicação (Equação 1). Esse processo é feito por meio do módulo
MCE (Multicriteria Evaluation - Avaliação de Multicritérios) do SIG.
Tendo sido efetuada a soma dos mapas de fatores ponderados, a etapa final do processo
consistiu na multiplicação desse resultado pelas restrições, de modo a excluir as áreas que não
podem ser utilizadas para a exploração agrícola, segundo os critérios adotados.
O mapa final de adequação de uso agrícola foi classificado em quatro classes (restrita, baixa,
média e alta), por meio do módulo Reclass do SIG - Idrisi Selva, para melhor análise das áreas da
microbacia que estão sendo utilizadas de maneira adequada ou não, considerando os critérios
utilizados neste estudo.
Uma vez estabelecidos os mapas intermediários (capacidade de uso da terra, uso das terras e
declividade) e de critérios de avaliação (restrições e fatores), foram determinadas as áreas referentes
a cada um por meio do módulo de cálculo de área do SIG. Dessa forma, foi possível estabelecer um
índice percentual de cada critério de proporção em relação à área total da microbacia.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 169
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 10. Mapa de restrição ao uso agrícola das terras da bacia do rio Capivara – Botucatu/SP.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 171
Tabela 6. Áreas de restrições de uso agrícola das terras da bacia do rio Capivara – Botucatu/SP.
Restrições Área (ha)
Áreas de preservação permanente 136,98
Rede de drenagem 68,76
Açudes 3,60
Estradas 42,84
Total 252,18
Os mapas de fatores (aptidão agrícola, declividade e uso da terra) foram utilizados para
alimentar o processo de análise de multicritérios para a determinação do grau de adequação de uso
das terras.
A Figura 13 e a Tabela 12 permitiram mostrar que o mapa de fator declividade normalizado
para escala de zero (0) a 255 bytes e representado em classes de adequação de uso, que variam da
mais baixa para a mais alta, em relação à suscetibilidade à erosão e ao impedimento à mecanização.
172 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Figura 11. Fator declividade em classes de adequação de uso agrícola da bacia do rio Capivara –
Botucatu/SP.
Tabela 7. Classes de adequação de uso em relação ao fator declividade da microbacia do rio
Capivara – Botucatu/SP.
Área
Classes de adequação de uso
ha %
Alta
Média 138,30 8,23
Baixa 43,80 2,61
Restrita 0,20 0,01
Total 1.681,00 100
ao cultivo de pastagens. Por fim, 10,77% apresenta uma alta adequação de uso definida por uma
cobertura mais densa e permanente (vegetação nativa) que, segundo Galeti (1973), Bertoni e
Lombardi Neto (1990) e Lepsch (2002) confere uma maior proteção ao solo contra os processos de
erosão.
Figura 12. Fator uso da terra em classes de adequação de uso agrícola da bacia do rio Capivara –
Botucatu/SP.
Tabela 8. Classes de adequação de uso em relação ao fator uso da terra da bacia do rio Capivara –
Botucatu/SP.
Área
Classes de adequação de uso
ha %
Alta 181,00 10,77
Média 164,50 9,78
Baixa 1284,80 76,43
Restrita 50,70 3,02
Total 1.681,00 100,00
As áreas de restrição correspondem a 3,02% e estão associadas aos corpos de água (açudes) e
estradas existentes na microbacia.
174 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
A Figura 14 apresenta o mapa de fator aptidão agrícola normalizado para escala de zero (0) a
255 bytes. O mapa está representado em classes que variam da mais baixa para a mais alta
adequação de uso em relação à aptidão agrícola das terras.
Figura 13. Fator capacidade uso das terras em classes de adequação de uso agrícola das terras da
bacia do rio Capivara - Botucatu/SP.
Tabela 9. Classes de adequação de uso em relação ao fator capacidade de uso das terras da bacia do
rio Capivara – Botucatu/SP
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 175
Área
Classes de adequação de uso
ha %
Alta 970,00 57,70
Média 239,31 14,24
Baixa 266,40 15,85
Restrita 205,20 12,21
Total 1.681,00 100,00
Analisando a Figura 15 e a Tabela 14, pode-se evidenciar que 57,70% da área possui uma alta
adequação de uso agrícola, porque nesse local ocorrem as melhores terras para o plantio de culturas
anuais (espécies mais exigentes com relação à aptidão do solo). Neste caso, subentende-se que, com
essa aptidão, as terras também podem ser destinadas para outros usos menos intensivos, tais como:
pastagem, silvicultura e preservação da flora e da fauna.
A classe de média adequação de uso corresponde a 14,24% da microbacia e está relacionada
às terras que apresentam uma aptidão regular para o cultivo de culturas anuais e limitações
moderadas para a produção sustentada, considerando as condições de manejo. Já as terras definidas
como de baixa adequação de uso agrícola compreendem 15,85% da microbacia e estão associadas à
classe de aptidão boa para o cultivo de pastagem plantada, apresentando certa restrição para um uso
mais intensivo. Salienta-se que nessa restrição está sendo analisada apenas a aptidão das terras, sem
considerar o manejo.
Por fim, 12,21% da microbacia foi considerada restritiva, porque nesse local as terras não
apresentam aptidão para o uso agrícola.
Os pesos de cada fator, calculados a partir da matriz de julgamento estão relacionados na
Tabela 15. A razão de consistência (RC) dos pesos encontrada para este estudo foi de 0,01,
indicando que o julgamento apresentou consistência aceitável, ou seja, menor que 0,1 (10%)
conforme SAATY e VARGAS (1991).
Tabela 10. Pesos calculados para cada fator a partir da matriz de comparação pareada.
Fatores Pesos
Uso e ocupação da terra 0.07
Declividade 0.26
Capacidade de uso da terra 0.65
Total 1,00
Analisando a Tabela 15, observa-se que os fatores capacidade de uso da terra e declividade
apresentaram pesos maiores (0,65 e 0,26) em relação ao uso da terra (0,07). Estes valores refletem
176 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
os pesos apresentados na Tabela 9, que expressam a importância relativa de cada critério (fatores),
analisado neste estudo, para a determinação do grau de adequação de uso das terras da microbacia.
Com o resultado da ponderação relativa entre os fatores, foi possível realizar a avaliação dos
multicritérios, utilizando o método de Combinação Linear Ponderada, por meio do módulo MCE
(Multicriteria Evaluation), resultando uma imagem de decisão padronizada na escala de valores de
0 a 255, que representam o grau de adequação de uso das terras.
Este item apresenta a análise do mapa de adequação de uso das terras para a exploração
agrícola, resultante da avaliação conjunta entre os múltiplos critérios ambientais adotados para o
propósito deste estudo.
Como resultado da combinação entre os critérios (fatores e restrições), obteve-se um mapa
que representa uma superfície de adequação, com valores variando de zero (0) a 255, sendo zero (0)
o valor de restrição total à exploração agrícola das terras, aumentando gradativamente até 255, valor
de alta adequação para o mesmo fim.
A Figura 16 mostra o mapa final classificado em seis classes de adequação de uso das terras
(restrita, muito baixa, baixa, média, alta e muito alta).
Figura 14. Classes de adequação de uso agrícola das terras da bacia do rio Capivara – Botucatu/SP.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 177
Tabela 11. Classes de adequação de uso das terras da bacia do rio Capivara – Botucatu/SP.
Área
Valores de adequação Classes de adequação de uso
ha %
0 - 51 Restrita 57,57 0,26
52 - 103 Muito baixa 2372,98 10,83
104 - 154 Baixa 1775,87 8,11
155 - 205 Média 7941,78 36,24
206 - 254 Alta 6620,92 30,22
255 Muito alta 3143,01 14,34
Total Total 21912,13 100
CONCLUSÃO
No fator capacidade de uso das terras, grande parte da área da bacia (66,46%) apresenta um
alto grau de adequação de uso. As terras apresentam potencialidades para o plantio de culturas
anuais (uso mais intensivo).
A área de estudo (89,15%) apresenta um relevo que varia de plano a moderadamente
ondulado, considerado de alta adequação para o uso agrícola, por não apresentar impedimento à
mecanização e baixa suscetibiladde à erosão.
O baixo grau de adequação de uso conferido a maior parte das (66,46%) das terras da bacia,
em termos de cobertura vegetal (uso atual), pode ser atribuído ao plantio intensivo com cultura
anuais, uma vez que confere ao solo uma menor proteção.
O sistema de informação geográfica Idrisi Selva aliado à técnica de análise de multicritérios e
ao método de combinação linear ponderada mostrou ser uma ferramenta eficiente na combinação
dos diferentes critérios, permitindo a determinação da adequação do uso agrícola das terras de
forma menos subjetiva.
A integração dos critérios num único mapa permitiu a análise global dos fatores facilitando a
tomada de decisão sobre o melhor uso da terra possibilitando uma escolha mais racional do ponto
de vista ambiental.
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Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 181
Resumo
A determinação da capacidade de uso das terras é importante para o planejamento para a condução de sistemas
produtivos, pois o uso inadequado das terras provoca a baixa produtividade das culturas. Este trabalho objetivou
determinar as classes de capacidade de uso da terra da sub-bacia do rio Capivara – Botucatu/SP, com 21.912,13ha,
situa-se entre as coordenadas geográficas 22o 43’ 38” a 22o 57’ 39” de latitude S e 48o 17’ 34” a 48o 26' 28” de
longitude W Gr., visando à implantação de práticas conservacionistas na área. O mapa de capacidade de uso da terra da
sub-bacia foi obtido a partir do cruzamento dos mapas de declividade e de solos, com a tabela de julgamento das classes
de capacidade e das recomendações no levantamento utilitário do meio físico e classificação das terras no sistema de
capacidade de uso. O Sistema de Informações Geográficas Idrisi Andes 15.0 permitiu verificar que a sub-bacia é
essencialmente constituída pela subclasse IIIe,s (1/3) e por solos arenosos de baixa a média fertilidade. A área é
constituída por mais de 1/3 de solo neossolo litólico eutrófico.
The determination of land use capability is important for planning the management, because the land misuse causes
low crop yields. This study aimed to determine the classes of land use capacity of the sub-basin of the rio Capivara –
Botucatu/SP, with 21912,13ha, is between the geographical coordinates 22 43 '38 "to 22 57' 39" latitude S and 48 17
'34 "to 48 26' 28" W longitude Gr., aiming the implementation of conservation practices in the area. The map of land
use capacity of the sub-basin was obtained from the intersection of slope and soil maps, with the judging table of
capacity classes and recommendations on raising utility of the physical environment and classification of land in the
system of usability. The Geographic Information System Idrisi Andes 15.0 has shown that the sub-basin is essentially
constituted by IIIe subclass, s (1/3) and sandy soils of low to medium fertility. The area consists of more than 1/3 of soil
Udorthent eutrophic.
INTRODUÇÃO
A população mundial vem sofrendo as consequências das constantes agressões efetuadas pelo
homem ao meio ambiente, principalmente quanto à ocupação e uso inadequado das terras, o que
ocasiona empobrecimento e depauperamento do solo, influencia a qualidade e disponibilidade de
água, leva à destruição das reservas florestais. Assim, é necessário a implantação de uma efetiva
política conservacionista, que contemple o desenvolvimento econômico, urbano, rural e social de
uma região, para que se possa preservar os recursos naturais para futuras gerações (POLITANO et
al., 1980).
A utilização indiscriminada do solo, com manejo inadequado, sem levar em conta suas
características físico-químicas e condições de relevo torna-o improdutivo em curto espaço de
tempo, com prejuízos irrecuperáveis e sérios danos ao meio-ambiente e às populações regionais que
dependem diretamente do cultivo destas terras (SOARES et al., 2010).
A capacidade de uso visa o aproveitamento das condições do solo com um mínimo de perda,
baseando-se e um detalhamento expressivo dos fatores que possam influenciar a estruturação e
composição deste, tais como relevo, erosão, solo, clima, entre outros; tornando-se mais confiáveis
as bases para planejamento de uso racional.
A classificação das terras pelo sistema de capacidade de uso fundamenta-se na classificação
quantitativa das terras, sendo voltada para suas limitações e sua utilização, segundo princípios de
conservação de solo (LEPSCH et al., 1991).
O presente estudo teve por objetivo elaborar o mapa de capacidade de uso das terras da sub-
bacia do Rio Capivara – Botucatu/SP, no Sistema de Informações Geográficas Idrisi Andes 15.0,
visando o planejamento adequado do uso e ocupação do solo para proteção dos mananciais d’águas,
bem como, servindo de subsídio para futuros planejamentos rurais e urbanos e análise de recursos
naturais e da agricultura.
MATERIAL E MÉTODOS
O clima predominante da área de estudo, classificado segundo o sistema Köppen é do tipo Cfa
- clima temperado chuvoso e a direção do vento predominante é a sudeste (SE).
Segundo PIROLI (2002), os solos ocorrentes na área foram classificados como: latossolo
vermelho distrófico; latossolo vermelho-amarelo distrófico; latossolos vermelho-amarelos
distróficos; argissolo vermelho-amarelo distróficos; neossolo quarrzênico órtico; nitossolo vermelho
distroférrico; gleissolo háplico e neossolo litólico distroférrico.
O estudo da capacidade de uso da terra da sub-bacia (Figura 1) foi feito a partir da
metodologia proposta por LEPSCH et al. (1991), no cruzamento dos mapas de declividade e de
solos (PIROLI, 2002), utilizando-se da tabela de julgamento de classes de capacidade de uso,
elaborada conforme FRANÇA (1963), BELLINAZI et al. (1983) e ZIMBACK e RODRIGUES
(1993).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As classes de declive (Figura 2 e Tabela 1) indicam que houve um maior predomínio de áreas
planas com 6 a 12% de declividade, constituindo-se em 43,96% da sub-bacia (9.633,50 ha).
Segundo CHIARINI e DONZELLI (1973), essas áreas devem ser destinadas ao plantio de culturas
anuais com o uso de práticas simples de conservação do solo.
As classes de declive de 0 a 6% ocuparam mais de 22% da área. Essas áreas foram
classificadas como relevo plano a ondulado por CHIARINI e DONZELI (1973) e por LEPSCH et
al. (1991), que definem estas como áreas destinadas para o plantio de culturas anuais com o uso das
práticas simples de conservação do solo, uma vez que o próprio plantio em nível da cultura já
controla o processo erosivo do solo. Essa classe compreende 799,97 ha (3,65%) com classe de
declive variando de 0 a 3% e 4031,66 ha (18,4%) com classe de declive de 3 a 6%. Assim, pode-se
dizer que as classes de declive de 0 a 12% predominam em mais de 66% da área total da bacia.
184 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
O relevo forte ondulado (12 a 20% de declive) é indicado para culturas permanentes, as quais
exigem uma menor mobilização do solo, propiciando menores riscos de erosão como as culturas de
café, cana-de-açúcar, pastagens etc., conforme LEPSCH et al. (1991), predominou em 20,86%
(4.569,67 ha).
Apenas 2.735,61 ha (12,48%) apresentaram relevo acidentado, de acordo com CHIARINI e
DONZELI (1973), ou seja, tem declividade de a 20 a 40%, podendo ser utilizado para o
desenvolvimento da pecuária e silvicultura, ou, ainda, destina-se à preservação ambiental, evitando-
se dessa maneira a erosão do solo (LEPSCH et al., 1991). As áreas com declive acima de 40%
foram mínimas, pois representaram apenas 0,65% (141,72ha).
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 185
são de baixa fertilidade e bastante susceptíveis à erosão, muito profundo, suavemente ondulado,
derivados de arenito.
As subclasses de capacidade de uso das terras (Tabela 3) da sub-bacia do rio Capivara –
Botucatu/SP foram obtidas a partir do cruzamento das informações dos mapas de declive e de solos
da área, tomando-se como base as características de cada uma e utilizando-se da tabela de
julgamento das classes de capacidade de uso do solo, elaborada por FRANÇA (1963), LEPSCH et
al. (1991) E ZIMBACK e RODRIGUES (1993).
Figura 4. Mapa de capacidade de uso das terras da sub-bacia do rio Capivara – Botucatu/SP.
Tabela 3. Classes de capacidade de uso das terras da sub-bacia do rio Capivara de Botucatu/SP.
Classes de capacidade de uso Área da bacia
ha %
IIIs 3589,29 16,38
IIIs,e 7679,09 35,04
IVs 2077,94 9,48
IVs,e 1042,19 4,76
IVe 3227,06 14,73
Va 1440,98 6,58
VIe 2735,54 12,48
VIIe 120,04 0,55
Total 4551,19 100,00
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 187
Na análise da capacidade e das classes de uso das terras da sub-bacia do rio Capivara –
Botucatu/SP. A subclasse IIIe,s com 7.679,09 ha (35,04%), foi a mais significante, pois ocupa 1/3
da área (Figura 4 e Tabela 3).
Estas terras são impróprias para a implantação de culturas anuais, sendo mais apropriadas
para culturas perenes (pastagens e/os reflorestamentos), pois apresentam problema de erosão com
sulcos profundos freqüentes (voçorocas). Esta subclasse compreende terras próprias para lavouras
em geral mas que, quando cultivadas sem cuidados especiais, ficam sujeitas a severos riscos de
depauperamento, principalmente no caso de culturas anuais. Requerem medidas intensas e
complexas de conservação do solo, a fim de poderem ser cultivadas segura e permanente, com
produção média a elevada, de culturas anuais adaptadas. Apresentam declividades moderadas,
relevo suavemente ondulado a ondulado, com deflúvio rápido, com riscos severos à erosão quando
o solo está descoberto de vegetação, podendo apresentar erosão laminar moderada e/ou sulcos
superficiais e rasos freqüentes.
A classe de capacidade de uso IIIs, a segunda mais importante, predomina em 25,8%
(1.174,03 ha) da área. Estas são terras cultiváveis com problemas complexos de conservação do
solo, sendo terras próprias para lavouras em geral mas que, quando cultivadas sem cuidados
especiais, ficam sujeitas a severos riscos de depauperamento, principalmente no caso de culturas
anuais. Requerem medidas intensas e complexas de conservação do solo, para serem cultivadas
segura e permanente, com produção média a elevada, de culturas anuais adaptada.
A subclasse VIe com 2.735,54 ha (12,48%) compreende terras impróprias para culturas
anuais, mas que podem ser usadas para produção de certos cultivos permanentes úteis e
economicamente, como pastagens, florestas artificiais e, em alguns casos, mesmo para algumas
culturas permanentes protetoras do solo, como seringueira e cacau, desde que adequadamente
manejadas. O uso com pastagens ou culturas permanentes protetoras deve ser feito com restrições
moderadas, com práticas especiais de conservação do solo, uma vez que, mesmo sob esse tipo de
vegetação, são medianamente suscetíveis de danificação pelos fatores de depauperamento do solo.
Apresentam relevo forte ondulado e declividades acentuadas, propiciando deflúvio moderado a
severo com dificuldades severas de mecanização, pelas condições topográficas, com risco de erosão
que pode chegar a muito severo; presença de erosão em sulcos rasos muito freqüentes ou sulcos
profundos freqüentes.
Na subclasse IVe estão as terras que apresentam riscos ou limitações permanentes muito
severas quando usadas para culturas anuais. Os solos podem ter fertilidade natural boa ou razoável,
mas não são adequados para cultivos intensivos e contínuos. Usualmente, devem ser mantidos com
188 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
pastagens, mas podem ser suficientemente bons para certos cultivos ocasionais (na proporção de um
ano de cultivo para cada quatro a seis de pastagem) ou para algumas culturas anuais, porém com
cuidados muito especiais. São terras severamente limitadas por risco de erosão para cultivos
intensivos, geralmente com declividades acentuadas, com deflúvio muito rápido, podendo
apresentar erosão em sulcos superficiais muito freqüentes, em sulcos rasos freqüentes, ou em sulcos
profundos ocasionais. Essa subclasse representa 14,73% das terras da área total, ou seja,
representam 3.227,06 ha.
As subclasses IVs, IVe,s, Va e VIIe representam pouco mais de 21% da área.
CONCLUSÃOS
A sub-bacia do rio Capivara – Botucatu/SP é constituída por solos arenosos de baixa a média
fertilidade; a subclasse de capacidade de uso da terra IIIe,s (33,79%) e IIIs (25,8%) predomina em
mais 50% da sub-bacia, são terras cultiváveis com problemas complexos de conservação do solo. A
área é constituída por mais de 1/3 de solo de alta fertilidade, ou seja, da unidade NEOSSOLO
LITÓLICO Eutrófico (36,45%).
REFERÊNCIAS
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capacidade de uso. Campinas: Soc.Bras.Cien.Solo, 1983. 175p.
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Estado de São Paulo. Bol.Inst.Agron. Campinas, n. 3, p. 1-20, 1973.
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São Paulo: Secretaria da Agricultura/DEMA, 1963. p. 399-408
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POLITANO, W.; CORSINI, P.C., VASQUES, J.G. Ocupação do solo no município de Jaboticabal - SP. Científica, São
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Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 189
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acelerada de uma área com solos arenosos provenientes da formação Bauru. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 17, 1988, Iperó. Resumos... Iperó: CENEA/SBEA, 1988. p. 48.
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CONGRESSO ITEANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2, 2010, Botucatu. Anais... Botucatu: Instituição Toledo de
Ensino, 2010. CD-ROM.
Resumo
Esse trabalho objetivou a determinação do uso de terra de uma microbacia pelo método de análise de multicritérios com
Sistema de Informação Geográfica (SIG), tendo como base cartográfica digital em escala 1:50.000; o mapa de terra da
microbacia em uma balança semi-detalhada e imagens do Landsat 7 satélite de ETM+. Os critérios usaram (restrições
para a exploração agrícola): áreas de preservação permanentes, rede de estrada, uso da terra, declividade e cobertura
vegetal. Para a análise de multicritérios, os métodos usados foram AHP (Processo de Hierarquia Analítico) e pesou
combinação linear (ACL), com GIS. Os resultados permitiram concluir que o ambiente apresenta características
agrícolas e ambientais devido, principalmente, a ampla extensão de terra que está disponível para uso agrícola.
The work aimed the analysis of the land use of a watershed in a multicriteria methods analysis with Geographical
Information System (GIS), using digital cartographic base in scale 1:50000; the soil map of the watershed in a semi-
detailed scale and images of Landsat 7 satellite of ETM+ was eleborated. The criteria used (restrictions for the
agricultural exploration): permanent preservation areas, highway, land use, solope and vegetable covering. For the
multicriteria methods analysis, the used methods were AHP (Analytical Process of Hierarchy) and it weighed linear
combination (ACL), with GIS. The results shows the agricultural and environmental characteristics, mainly,
agricultural use.
INTRODUÇÃO
animais e vegetais; aptidão das terras para agricultura; avaliação e planejamento da paisagem;
avaliação de impactos ambientais e planejamento regional.
Para tanto, podem ser utilizadas três abordagens em ambiente de SIG, como: sobreposição de
informações espaciais, inteligência artificial e método de avaliação por multicritérios. A análise de
multicritérios é uma ferramenta matemática que permite comparar diferentes alternativas (ou
cenários), fundamentada em vários critérios, com o objetivo de direcionar os tomadores de decisão
para uma escolha mais ponderada (Roy, 1996).
A integração entre os métodos de análise de multicritérios e os SIGs tem sido um avanço na
metodologia de sobreposição de mapas para a determinação da adequação de uso da terra, sendo
entendida como um processo que combina e transforma dados espaciais em uma resposta para a
tomada de decisão.
Este estudo objetivou analisar a adequação de uso das terras quanto à aptidão agrícola, às
características de relevo e de uso e ocupação de uma microbacia, por meio de análise de
multicritérios em ambiente de SIG.
MATERIAIS E MÉTODOS
A aptidão agrícola das terras (Figura 2) foi determinada com base no mapa de solos da
microbacia (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995).
Figura 2. Aptidão agrícola das terras da microbacia do arroio do Ajuricaba – Marechal Cândido
Rondon/PR.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 193
O mapa de declividade (Figura 4) foi elaborado com base nas classes de declive preconizadas
por RAMALHO FILHO e BEEK (1995).
194 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
Para este estudo foram identificados dois grupos de critérios: os que conferem uma restrição
total à exploração agrícola das terras, independente do uso ou manejo do solo, e aqueles que
apresentam graus de aptidão para o mesmo fim (denominados de fatores). Assim, foram
consideradas como restrições: os corpos d’água, as áreas de preservação permanentes (APPs) e as
estradas. Para a elaboração desses mapas foi utilizada uma escala Booleana, atribuindo-se o valor 0
para as restrições e 1 para os demais.
Os critérios referentes às APPs foram estabelecidos com base na Resolução nº. 303 do
CONAMA (2002) e na Lei Federal nº. 4.771 (BRASIL, 1965).
Ao contrário das restrições, que apresentam os limites bem definidos (adequado ou
inadequado), os mapas de fatores determinam superfícies contínuas, que representam uma variação
gradual da adequação de uso das terras, com base numa escala crescente de valores que vai de 0
(menos adequado) a 255 (mais adequado), sendo considerados como fatores a aptidão agrícola, o
uso da terra e a declividade e estabelecidos quatro classes de adequação de uso: alta, média, baixa e
restrita.
Geotecnologia Aplicada no Planejamento Ambiental de Bacias Hidrográficas - 195
As classes com diferentes graus de aptidão para lavoura, 1ABC, 1(a)bC e 1abc foram
agrupadas numa única classe e receberam o valor de 255 (alta adequação de uso). Para a classe
2(b)c (aptidão regular para lavoura) foi estabelecido um valor de 170 (média). A classe com aptidão
para pastagem (4P) recebeu o valor de 85 (baixa e a classe 6 (sem aptidão agrícola) o valor 0
(restrita).
Para o fator uso da terra utilizou-se como critério de avaliação o maior ou menor grau de
proteção contra a erosão que cada tipo de cobertura vegetal (uso atual) proporciona ao solo
(BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990). As áreas cobertas por vegetação nativa, pastagem foram
atribuídos os valores: 255 (alta) e 170 (média), respectivamente. As áreas com cultivo anual e solo
exposto (recém plantado), agrupadas em uma única classe, receberam o valor 85 (baixa adequação),
por serem destinadas para o cultivo anual.
Para o fator declividade utilizou-se como critério o intervalo de classes estabelecido no
sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras, proposto por RAMALHO FILHO e BEEK
(1995). Essas classes permitiram inferir que as declividades abaixo de 20% são as mais adequadas
para a utilização agrícola, de 20 a 45% conferem uma baixa adequação por apresentarem
dificuldades para o preparo do solo e para a mecanização, enquanto 45% são consideradas
inadequadas para essa atividade, devendo ser destinadas para outros usos. Esses critérios permitiram
estabelecer as classes de adequação de uso (Tabela 1).
Valores Classes
0 a 13 255 Alta
13 a 20 170 Média
20 a 45 85 Baixa
> 45 0 Restrita
A ponderação foi realizada utilizando-se uma matriz de comparação pareada, onde cada célula
é preenchida com um valor de julgamento que expressa a importância relativa entre pares de
critérios. A definição dos valores de importância entre os critérios determina os dados de entrada na
matriz e, a partir deles, são calculados os pesos ponderados dos fatores (autovetor da matriz) e a
consistência do julgamento da matriz (máximo autovalor da matriz). Desta forma, foi construída
uma matriz de comparação pareada no SIG utilizando-se como base uma escala contínua de 9
pontos que traduz a importância relativa entre eles: 1/9 (Extremamente), 1/7 (fortemente), 1/5
(forte); 1/3 (pouco); 1 (igual importância); 3 (pouco); 5(forte); 7 (fortemente); 9 (extremamente).
Com base nesta escala, foi elaborada a matriz de pesos (Tabela 2).
Depois de comparar os fatores, dois a dois, foram calculados os pesos para cada um, por meio
do método AHP (Analytical Hierarchy Process - Processo de Análise Hierárquica). Esse
procedimento foi realizado por meio do SIG, o qual apresenta uma estrutura similar ao método de
Saaty (1980). Além dos pesos, o programa permite calcular a razão de consistência da matriz que,
segundo Saaty e Vargas (1991) deve ser menor que 0,1. A razão de consistência (RC) indica a
probabilidade que as avaliações da matriz foram geradas aleatoriamente. A última etapa consistiu na
avaliação dos multicritérios, por meio do método de combinação linear ponderada e, na
multiplicação desse resultado pelas restrições, excluindo, dessa forma, as áreas de restrição de uso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultado desta metodologia obteve-se uma imagem (Figura 5) que representa uma
superfície contínua de adequação uso agrícola das terras, com valores variando de 0 a 255. Onde 0
representa a restrição total à exploração agrícola das terras, aumentando gradativamente até 255,
valor de alta adequação para o mesmo fim. Essa imagem foi reclassificada em quatro classes
(restrita, baixa, média, e alta), para uma melhor análise das áreas da microbacia que estão sendo
utilizadas de maneira adequada ou não, segundo os critérios determinados para este estudo,
resultando no mapa final de adequação de uso das terras (Figura 6). A maior parte da área apresenta
valores de médio a alto grau de adequação de uso. As áreas determinadas como de alta adequação
de uso agrícola apresentam-se distribuídas ao longo de toda microbacia, mais concentradas na parte
sudoeste, enquanto as de média adequação ocorrem nas porções leste, oeste e sul e as áreas com
baixa adequação aparecem distribuídas ao leste, oeste e sudeste, sendo que a maior concentração
ocorre na porção norte, onde o relevo varia de ondulado, forte ondulado a montanhoso.
O mapa de adequação de uso das terras (Figura 6) mostra que 58,54% apresenta alta
adequação de uso agrícola; 15,48% média, 10,98% baixa e 15% restrita. Os dados demonstram
ainda que 10,98% da área apresentaram baixa adequação. As áreas de total restrição ao uso agrícola
198 - Sérgio Campos, Teresa Cristina Tarlé Pissarra e Marcelo Campos (Orgs.)
das terras (corpos d’água, APPs e estradas), independente do uso ou manejo do solo, representam
15%.
CONCLUSÃO
A área apresenta potencialidade para uso agrícola, favorecida, principalmente, pelas boas
condições dos solos e de relevo, apresentando 71,94% para aptidão com uso de culturas anuais,
levando-se em consideração os diferentes tipos de manejo. O restante da área (15,85%) apresentou
como recomendação de uso atividades menos intensivas (pastagem e silvicultura e/ou pastagem
natural). As áreas inaptas para o uso agrícola (12,21%) apresentam restrições de solo (pouca
profundidade) e de relevo (forte ondulado a montanhoso), devendo ser destinadas para outros fins
(culturas permanentes ou preservação da flora e fauna), uma vez que, sob uso mais intensivo, pode
ocasionar problemas de fertilidade e erosão.
A avaliação do uso da terra que se refere a reserva legal da microbacia, apresentou uma área
menor que a estabelecida pelo Código Florestal Brasileiro, mostrando a necessidade do plantio de
espécies nativas. Os critérios mostraram-se adequados, entretanto, sugere-se que outros critérios
também sejam empregados na análise para o aprimoramento da metodologia.
REFERÊNCIAS
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