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BRASIL, SÉCULO XXI
por uma nova regionalização
agentes, processos, escalas
Organizadores:
Ester Limonad - Rogério Haesbaert - Ruy Moreira
Autores
Ana Clara Torres Ribeiro
Antônio Carlos Filgueira Galvão
Bertha Becker
Cláudio Antônio Gonçalves Egler
Ester Limonad
Ivaldo Gonçalves de Lima
Jorge Luiz Barbosa
Leila Christina Dias
Roberto Luís de Melo Monte-Mór
Rogério Haesbaert
Ruy Moreira
Sandra Lencioni
Tânia Bacelar de Araújo
Comitê Editorial
Ana Cristina Fernandes, Carlos Antônio Brandão,
Ester Limonad, Geraldo Costa, Heloísa Soares de Moura Costa,
Hermes Magalhães Tavares, Ivo Marcos Theis, Lilian Fessler Vaz,
Rainer Randolph, Roberto Luís de Melo Monte-Mór,
Ruy Moreira, Sandra Lencioni
Inclui bibliografia
ISBN 9788577852871
CDD: 304.20981
1. Apresentação
Ester Limonad, Rogério Haesbaert e Ruy Moreira ............... 9
2. Uma nova regionalização para pensar o Brasil?
Bertha Becker ....................................................................... 11
3. Política Nacional de Desenvolvimento Regional: Uma
Proposta para Discussão
Tânia de Araújo Bacelar e Antônio Carlos Galvão ............ 28
4. Brasil século XXI, regionalizar para que? Para quem?
Ester Limonad .................................................................... 54
5. Novos rumos e tendências da urbanização e a
industrialização no Estado de São Paulo
Sandra Lencioni ................................................................... 67
6. Rio de Janeiro: uma nova relação capital-interior?
Ester Limonad ..................................................................... 78
7. Sudeste Brasileiro: a institucionalidade da questão
regional
Cláudio Antônio Gonçalves Egler ........................................ 93
8. Escalas Insurgentes na Amazônia Brasileira
Ivaldo Lima ........................................................................ 103
9. Urbanização e Modernidade na Amazônia
Contemporânea
Roberto Luís de Melo Monte-Mór ....................................... 112
Este livro e o seminário que lhe deu origem são frutos do projeto
de pesquisa “Economia fluminense - desigualdade espacial e
economia globalizada” por nós coordenado, financiado pelo Edital
Universal do CNPq para o período de 2001-2003, e desenvolvido no
âmbito do Departamento de Geografia da Universidade Federal
Fluminense por nossos respectivos grupos de pesquisa Gecel (grupo
de estudos e pesquisa de cidade, espaço e lugar), Nureg (núcleo de
estudos e pesquisa sobre regionalização) e Geret (grupo de estudos
e pesquisa sobre reestruturação do espaço e do trabalho). Cabe
assinalar que este seminário foi uma atividade combinada a um
seminário interno, que originou o livro: Reestruturação Industrial e
Espacial do Estado do Rio de Janeiro, organizado por Ruy Moreira.
Gostaríamos de expressar nossos agradecimentos a todos
aqueles que tornaram a elaboração desse livro possível. Nosso muito
obrigado às Secretarias da Pós-Graduação e do Departamento de
Geografia, às estagiárias de iniciação científica Andressa Lacerda,
Flávia Quintaes Louvain, Luisa Simões e Mariane Biteti, que
secretariaram este evento.
Cabe esclarecermos o objetivo deste livro. Nossa meta era
encontrar elementos que nos permitissem avançar na compreensão
das transformações na organização espacial das estruturas
industriais, à medida que na contemporaneidade, esse conhecimento
constitui uma prioridade vital para países e regiões em suas relações
internacionais. Tratava-se, além disso, de verificar em que sentido
as desigualdades sócio-espaciais estariam a ser minimizadas ou
acentuadas no processo de tornar o país competitivo e o que isto
representava em termos de uma nova regionalização do espaço
nacional - debate um tanto negligenciado nos últimos anos. A
organização contemporânea do espaço no Brasil reflete o novo
quadro das relações internacionais num mundo globalizado e a
necessidade de novos parâmetros de análise. Neste sentido, para
situar as questões assinaladas, abrem esta coletânea a conferência
Ester Limonad
Rogério Haesbaert
Ruy Moreira
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Bertha Becker
* Conferência de Abertura do Seminário Brasil Século XXI, por uma nova regionalização?
realizada no Auditório do Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense.
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Um exemplo - a Amazônia
No caso da Amazônia, a intervenção do Estado, do poder estatal
autoritário, tecnocrático foi fundamental na criação das regiões. A
Amazônia Legal foi uma criação geopolítica do governo federal para
implementar o controle do território, com o argumento de propiciar
o desenvolvimento regional. Tal intervenção, todavia, de
desenvolvimento não teve nada, mas foi a primeira intervenção
governamental que criou realmente uma região. Uma região que
não correspondia só à região norte, ao bioma florestal; foram
incorporados a esta região o estado do Mato Grosso e parte dos
estados do Maranhão e o chamado norte do estado de Goiás, que
posteriormente tornou-se o estado de Tocantins.
As rodovias implementadas no período Kubitsheck, 1958-60
foram elementos espaciais fundamentais no recontorno da região,
como se foram duas grandes pinças em torno da Hiléia: a Belém-
Brasília e a Brasília-Cuiabá-Porto Velho-Rio Branco. Estas rodovias,
como é notório, foram fundamentais no processo de ocupação da
região e formação da fronteira econômica e demográfica nacional
ao longo desse grande arco em torno da Hiléia. Mas, foi com o
Programa de Integração Nacional de 1970 que, o Estado passou a
tomar conta, controlar e ocupar a região.
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Mas como o Estado fez isso? Impôs sobre a região uma malha
programada constituída de redes de integração, redes transversais,
porque as outras já existiam: Transamazônica, Perimetral Norte,
rede energética, rede ferroviária, enfim todos os tipos de rede;
principalmente as redes de telecomunicações, estudadas por Leila
Dias, que tiveram um papel fundamental na conectividade da região
com os espaços externos à ela. Porque internamente a Amazônia
continuou bastante desarticulada, o que contribuiu para acentuar
suas relações externas. Incentivos fiscais e créditos induziram
empresas e fazendeiros a ocupar a região, e vários mecanismos se
encarregaram de induzir a imigração para ocupar o território e criar
uma força de trabalho regional.
A outra política importante desse Programa de Integração
Nacional foi a superposição de territórios federais sobre territórios
estaduais, como os pólos de desenvolvimento que marcaram a
Amazônia: o Pólo Amazônia, implantado a partir de 1974; a
incorporação em 1977 do recém-criado estado do Mato Grosso do
Sul, ampliando a escala da Amazônia Legal; o Programa Grande
Carajás e outros de exploração mineral; o Projeto Calha Norte.
Grandes projetos e programas que asseguravam a presença da
União na região, e que aí deixaram marcas profundas.
O que houve, então, com a construção geopolítica da Amazônia
Legal? A Amazônia Legal se diferenciou entre a Amazônia Oriental,
que era a área de expansão da fronteira e a Amazônia Ocidental,
mais preservada, longe das estradas, uma divisão nova ligada às
políticas implementadas na região. Na década de 90 a resistência
das populações locais, - tradicionais mais imigrantes - desencadeada
com a expropriação de suas terras e da sua identidade gerou um
movimento fantástico na Amazônia de organização da sociedade
civil como nunca antes verificado na sua História.
A resistência social, o esgotamento do nacional
desenvolvimentismo com a crise do Estado, e a pressão ambientalista
internacional e nacional, introduziram novas marcas na região e
reconfigurações da Amazônia Legal. Nessa perspectiva destacam-
se a demarcação das terras indígenas, a criação de unidades de
conservação, e os projetos comunitários formando-se uma nova
malha ambiental e sócio-ambiental na Amazônia. As massas
florestais passaram a ter novos recortes e projetos em seu interior.
É extremamente importante considerar neste contexto que os novos
atores, que são as populações ditas tradicionais e pequenos
produtores que passaram a ter voz ativa na região, os índios, os
ribeirinhos, os seringueiros com Chico Mendes, foram apoiados por
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nesse início de século XXI, por causa da soja e, também por causa
das incertezas da economia. A terra pode ter voltado a ser um ativo
importante para o investimento de dinheiro neste momento de
incertezas e crise da economia.
Distingo três grandes macro-regiões na nova geografia
amazônica.
A primeira, é a macro-região de povoamento consolidado.
Corresponde ao que se denomina vulgarmente de “arco do fogo”
ou “arco do desmatamento”, grande arco onde se expandiu a
fronteira desde a década de 70, envolvendo a Amazônia extremo
oriental, Belém, sudeste e leste do Pará até Tocantins, Mato Grosso
e Rondônia. Essa denominação é uma falácia, porque no estado de
Mato Grosso encontra-se a agricultura tecnificada da soja, a
agroindústria, com produtividade maior do que a que dos Estados
Unidos. Ademais, no próprio leste e sudeste do Pará está havendo
uma grande modernização da pecuária e o indicador mais
importante, a reforma de pastagens, mostra uma tendência à
intensificação. Além disso, o complexo mineral de Carajás deixou
de ser um enclave, e os royalties são investidos em municípios de
seu entorno para o desenvolvimento local. Essas mudanças devem
ser registradas. O “arco do fogo”, é hoje uma área de povoamento
consolidado, que já faz parte do tecido produtivo nacional não lhe
cabendo mais, portanto, esta designação. Parece-me mais
apropriado, como um reconhecimento das mudanças que ocorreram,
adotar o termo “arco do povoamento consolidado”.
A Amazônia Central é a segunda macro-região, antigamente
chamada de Amazônia Oriental, compreende o restante do estado
do Pará, até a rodovia Porto Velho-Manaus. Esta é a região mais
vulnerável, porque aí se encontram as grandes frentes de expansão.
A mais antiga é a Cuiabá–Santarém, é uma frente completamente
diferente das outras, porque é a expansão da velha colonização do
Mato Grosso. Nesta antiga frente, os pequenos produtores, que
migraram, hoje são pecuaristas médios, e estão aguardando o
asfaltamento da rodovia, a realizar-se em breve, em razão da atual
parceria dos governos dos estados do Mato Grosso e Amazonas,
entre Blairo Maggi e Eduardo Braga, porque a Cuiabá-Santarém é
um eixo central e seu asfaltamento melhorará as condições de custo
da exportação da soja e dos produtos da Zona Franca de Manaus
para o Sudeste
Há uma frente nova, que é denominada de “Terra do Meio”, um
nome lindo. “Terra do Meio” porque é um miolo de terra cercado
por terras indígenas, e pertencente à União. Nela está havendo
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1. Introdução
Este artigo objetiva apresentar e submeter à discussão a proposta
de Política Nacional de Desenvolvimento Regional – PNDR – elaborada
pelo Ministério da Integração Nacional - MI. A proposta reflete um
conjunto amplo de idéias que vêm sendo sugeridas já há algum
tempo por especialistas do desenvolvimento regional brasileiro1 e
que não lograram, até aqui, ultrapassar os limites da academia. O
desafio é, portanto, vir a constituir política pública federal com a
chancela dos poderes constituídos, dos entes federados e das forças
sociais que animam este momento ímpar da vida política brasileira.
Ela está voltada para a redução das desigualdades regionais e para
a ativação das potencialidades de desenvolvimento das regiões,
através da valorização da magnífica diversidade regional do país.
2. Contexto atual
O desenvolvimento recente reanima forças centrípetas de
articulação metropolitana que atestam a lógica espacial
predominante do sistema econômico mundial. A tendência à
concentração de meios de produção e força de trabalho em
determinados pontos do território é motivada pelas circunstâncias
que se vão impondo na dinâmica do jogo do mercado e das políticas
públicas. Na atual conjuntura, a força das decisões do setor privado
se acentua, especialmente com os movimentos de
internacionalização dos grandes conglomerados mundiais, da
liberalização financeira e de reestruturação produtiva que se
encontram na raiz da chamada “globalização”. Em conseqüência,
acirram-se as desigualdades sociais e regionais, aumentando a
necessidade de que se organizem políticas capazes de minorar seus
efeitos negativos e reafirmar a coesão social e territorial das nações.
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3. Objeto
O objeto principal da Política Nacional de Desenvolvimento
Regional – PNDR são as profundas desigualdades de níveis de vida
e de oportunidades de desenvolvimento entre unidades territoriais
ou regionais. Os diferentes potenciais de desenvolvimento das
diversas sub-regiões, que refletem a diversidade social, econômica,
ambiental e cultural presente no País, são a matéria-prima das
políticas regionais. É para atuar nessas duas direções, de forma
clara e direta, que se justifica a existência da PNDR. Atuar nos
territórios que interessam menos aos agentes do mercado,
valorizando suas diversidades, configura-se como uma estratégia
para a redução das desigualdades. Ou seja, a desigualdade de renda,
na sua expressão territorial, decorrente da ausência e/ou estagnação
da atividade econômica é o que interessa a esta política; reduzi-la
ajuda a construir um país de todas as regiões e não apenas de
algumas.
No caso de um país continental como o Brasil, além da redefinição
de sua inserção mundial, parece cada vez mais evidente o imperativo
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4. Premissas
A PNDR compreende uma política de governo e não está restrita
a um único ou a poucos ministérios, ainda que se admita alguma
ênfase no papel que o Ministério da Integração Nacional deva exercer
na sua formulação e na coordenação do processo de sua
implementação. Mas mesmo essa última função deve ser
compartilhada com as áreas de coordenação geral das ações de
Governo, como a Casa Civil da Presidência da República, a Secretaria
Geral de Governo e o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão.
Para um conjunto de políticas mais próximas, que têm como
substrato comum o território, os afinamentos parecem obrigatórios,
como nos casos da Política Urbana, a cargo do Ministério das Cidades;
da Política Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente; ou ainda, do
Desenvolvimento Agrário, a cargo do Ministério homônimo. O diálogo
entre a Política Regional e estas outras precisa ser muito próximo
pelo evidente caráter de complementação que preside suas relações.
Três outros conjuntos de ministérios precisam fazer suas políticas
e ações dialogarem com o objetivos de redução das desigualdades
regionais: a) os da infra-estrutura; b) os de promoção do
desenvolvimento; e c) os de implementação de políticas sociais e
assistenciais.
Acrescenta-se ainda, considerando a complexidade do território
brasileiro, que a Política requer uma abordagem em múltiplas
escalas. Não só os elementos das agendas de desenvolvimento
possuem espacialidades variadas, como também existe a
necessidade de articular as iniciativas dos vários entes federados e
da sociedade civil em torno de objetivos, diretrizes e metas comuns,
compartilhados por todos. As escalas de atuação determinam, em
larga medida, as agendas efetivas da PNDR e ajudam a traçar as
linhas de distinção entre ela e as demais políticas.
A PNDR deve ser antes de tudo nacional, porque essa é a escala
preferencial compatível com a perspectiva de regulação do fenômeno
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5. Diagnóstico
Para efeito de orientação dos programas de desenvolvimento
regional e também com vistas ao estabelecimento de uma referência
obrigatória para o diálogo entre a PNDR e as demais políticas de
Governo, organizou-se uma visão da configuração regional e da
dinâmica recente a partir de um conjunto selecionado de variáveis.
O objetivo é fornecer um suporte mínimo e informar o conjunto de
iniciativas voltadas para a redução das desigualdades regionais e a
ativação dos potenciais de desenvolvimento das regiões. Este
pequeno diagnóstico, como veremos, ajuda a construir um conjunto
de critérios para priorizar a seleção das sub-regiões que devem
merecer prioridade da PNDR e que ajudam na estruturação de uma
referência para outras políticas.
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5.1 Metodologia
A metodologia parte da análise de cartogramas, tendo por base
a escala microrregional. Alguns cartogramas de diagnóstico nos
ajudam a construir uma visão mais atual das desigualdades e
diversidades regionais.
A base de dados compreende categorias retiradas dos Censos
Demográficos do IBGE (1991 e 2000) e as estimativas dos Produtos
Internos Brutos dos municípios realizadas pelo IPEA para os anos
de 1990 e 1998.
As variáveis selecionadas buscam retratar a ocupação do território
e sua tendência de evolução no último período intercensitário.
Procura-se exprimir as características particulares que qualificam a
população residente quanto a atributos específicos, tais como o
rendimento domiciliar médio por habitante e o grau de alfabetização
e a sua localização urbana e rural. Para cobrir características e
atributos da produção, agrega-se ainda uma aproximação da base
econômica associada à unidade microrregional através da taxa de
crescimento médio anual do PIB no período 1990/1998, que junto
com a taxa de crescimento da população 1991/2000 representa a
dinâmica socioeconômica do período.
Embora algumas variáveis se espelhem nos domicílios ou nos
indivíduos, a exemplo de rendimento/habitante, o que se analisa e
representa é um atributo territorial, característico da Microrregião
Geográfica (MRG) e representado pelo valor médio observado, no
intuito de buscar padrões e tipologias decorrentes de cada um dos
atributos.
A análise da distribuição das variáveis é feita em sextis, definidos
automaticamente pelo software de estatística espacial utilizado. O
valor mínimo observado constitui o limite inferior e o máximo, o
superior. Os três sextis inferiores separam-se dos outros três
superiores pela mediana. Os limites intermediários dependem da
distribuição efetiva dos eventos em cada subclasse.
Por fim, cabe alertar a necessidade de interpretar com cautela
os dados da região Norte, face à baixa densidade populacional e à
maior extensão das áreas microrregionais. Nos cartogramas, isso
provoca certa ilusão de ótica, magnificando a posição das
microrregiões do Norte. De outro lado, a rarefação populacional
desta região causa maior instabilidade ou sensibilidade dos dados à
pequenas variações.
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ALTA RENDA
RENDA MÉDIA E
POUCO DINÂMICA
Políticas
Sociais
PROMESO PROMOVER
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CARTOGRAMA 9
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CARTOGRAMA 10
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7. Conclusões
A tipologia espelha o cenário drástico de desigualdades regionais
no País, representando uma referência objetiva que ajuda a informar
as demais ações de política pública do Governo. O mapa que informa
as áreas elegíveis para definição dos programas de desenvolvimento
regional colabora para a conformação de diretrizes mais gerais
voltadas para o objetivo de redução das desigualdades regionais.
Sejam ações de infra-estrutura econômica, sejam ações de política
social, há lugar para que, ao lado das considerações específicas
tradicionais que justificam e orientam a tomada de decisão nessas
políticas, estejam colocados, no mesmo plano, os critérios que
informam as estratégias estabelecidas de desenvolvimento regional
e a visão crua das diferenças de renda e condições de vida das
populações.
A PNDR constitui um claro desafio para o novo governo e a
sociedade civil, pois ao lado das ações que se delineiam para uma
atuação eficaz sobre as desigualdades pessoais de renda, coloca-
se a urgência de um enfrentamento simultâneo do problema das
desigualdades regionais. A abordagem do problema justifica-se até
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Quadro 2
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Notas
1 São várias os registros destas contribuições, cabendo destacar Guimarães
Neto (1997), CNI (1997), Galvão e Vasconcellos (1998), Araújo (2000),
Bandeira (2000), Campolina Diniz (2002), Cano (2002), dentre outras.
2 Cabe lembrar que a maioria destas corporações globais está sediada
nos países desenvolvidos, o que implica maior capacidade de extração
de benefícios dos resultados gerados por elas. Essa relação termina
transformando esses países nos grandes beneficiários do arranjo atual,
mesmo que seus governos também tenham perdido, em certa medida,
graus de controle sobre as empresas.
3 Programa de Promoção da Sustentabilidade de Espaços Sub-Regionais
(PROMESO); Programa de Promoção e Inserção Econômica de Sub-
regiões (PROMOVER).
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Referências Bibliográficas
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Notas
1 SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
2 SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
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Janeiro: Bertrand Brasil [49-76].
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Sandra Lencioni
Introdução
O objetivo desse texto é de tecer algumas considerações sobre
o processo recente de urbanização e industrialização do Estado de
São Paulo. Essa temática tem sido objeto de nossa preocupação
intelectual e esse texto tem como objetivo relacionar várias
conclusões parciais que foram anteriormente elaboradas com o
intuito de formular uma sistematização para a compreensão da atual
dinâmica territorial paulista como uma primeira aproximação para
se perceber possíveis tendências gerais.
As transformações havidas nas últimas décadas no Estado de
São Paulo são profundas e segundo a escala de análise a percepção
delas é diferente. Tomando-se o estado paulista em relação aos
demais estados da federação, percebemos a ocorrência de um
processo de desconcentração no qual o peso relativo da indústria
paulista tem diminuído em relação aos demais estados brasileiros1.
Numa outra escala, a do Estado de São Paulo, a tendência de
desconcentração territorial da indústria tendo como ponto irradiador
a cidade de São Paulo parece ter encontrado, senão limites, pelo
menos, uma desaceleração no seu espraiamento reafirmando a
concentração industrial na região metropolitana e no seu entorno.
Quanto ao processo de urbanização vem ocorrendo um crescente
desenvolvimento dos espaços metropolizados por todo o território
paulista. Além do mais, tudo parece indicar que estamos assistindo
à constituição de uma cidade-região que faz parte de uma
megalópole em formação que tem como centros as metrópoles de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
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Considerações Finais
Os processos de industrialização e de metropolização do espaço
não se deram, é bom frisar, sem tensões. Uma delas diz respeito ás
tensões estabelecidas entre a sociedade e a natureza, significando,
em muitos casos, o comprometimento dessas. Outra, a título de
exemplo, se relaciona ao contraste visível entre edifícios high-tech
e habitações precárias. Num cenário de grandiosidade dos edifícios
e da moderna infra-estrutura urbana relacionada aos serviços
altamente especializados, emergem precárias áreas de urbanização
com moradias encortiçadas ou faveladas.
As metamorfoses na indústria e no urbano tiveram como um
dos seus pilares a revolução da informação e da comunicação que
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Notas
1 Esse texto trata da indústria de transformação, que representa 77%
dos estabelecimentos industriais no Estado de São Paulo e é referida,
aqui, apenas como indústria.
2 Em 1985 o número de trabalhadores na indústria era de 1.069.641.
Fonte: RAIS – Relações Anuais de Informações Sociais do Ministério do
Trabalho e Emprego.
3 A discussão a respeito da interpretação do processo como sendo de
descentralização ou de desconcentração pode parecer descabida, já
que, atualmente, há consenso de que se trata de um processo de
desconcentração industrial. No entanto, há doze anos tecemos essas
considerações contra as vozes hegemônicas que interpretavam o
processo como sendo de descentralização industrial. Com o correr dos
anos, aqueles mesmos autores passaram a utilizar o termo
‘desconcentração’, sem, contudo, fazer referência à mudança de
terminologia, parecendo um termo ser sinônimo de outro.
4 A respeito desse assunto, analisamos 7.562 indústrias no Estado de
São Paulo e verificamos que cerca de 10% delas praticam a cisão
territorial entre suas atividades de gerenciamento e produção. Essa
porcentagem, que pode ser a primeira vista pouco significativa, é
relevante, pois se trata, em geral, de grandes e médias indústrias que
tem capacidade de induzir a mudanças territoriais, quer, por exemplo,
pelo impacto que causam nas áreas industriais, quer em relação aos
requisitos urbanos que exigem. Essa pesquisa é registrada no texto
Lencioni: 2003a.
5 A região Administrativa de Sorocaba contém subdivisões que são
denominadas regiões de governo. No caso em discussão estamos nos
referindo às regiões de governos de Sorocaba e Itapetinga.
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Referências Bibliográficas
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Ester Limonad
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Levantando véus
Iremos nos situar, rapidamente, frente ao discurso do
“esvaziamento” do estado do Rio de Janeiro para mostrar que sua
maior contribuição à compreensão da problemática estadual é
“esvaziar” a complexidade das transformações que ocorreram e
ocorrem no atual território fluminense, que não estariam limitadas
à capital e a sua região metropolitana.
Após a fusão, conforme diversos analistas (Singer, Geiger,
Davidovich, etc...), o estado do Rio de Janeiro passou a crescer a
taxas inferiores às de outros estados do território nacional, segundo
o Instituto de Planejamento Municipal do Rio de Janeiro (IPLANRIO)
[...] é inegável que, até 1980 - data dos últimos dados
censitários disponíveis - o Município (do Rio de Janeiro), assim
como o Estado sofreu uma perda incessante de importância
relativa ao nível nacional. O fenômeno ficou conhecido como
“esvaziamento econômico do Rio de Janeiro”. (1986:8).
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1970-80 1980-89
BRASIL 13,35 7,80
Ri o de Janei ro 9,34 8,30
São Paul o 12,83 1,60
Mi nas Gerai s 14,86 17,30
Font e - IBGE cens os econômi cos
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delineadas até 1980. Tal quadro indica de certa forma uma inflexão
na relação capital-interior prevalecente até a década de 1980,
Uma olhar mais atento, na escala regional, revela que a
reconcentração econômica na região Sudeste havida na década de
1990 não foi homogênea em todos os seus estados. Embora, tenha
ocorrido um deslocamento das sedes administrativas de diversas
empresas de várias partes do território nacional, em sua maioria,
para o estado de São Paulo, inclusive daquelas tradicionalmente
sediadas no Rio de Janeiro, como a CSN- a esta reconcentração
financeira e administrativa não se seguiu uma equivalente
reconcentração espacial das plantas industriais. Pelo contrário, foi
acompanhada por uma dispersão das unidades produtivas, das
empresas sediadas no estado de São Paulo, pelo interior de São
Paulo e pelo território nacional – inclusive rumo ao interior fluminense
- como ocorreu com as montadoras, não mais concentradas no ABC
paulista e que extrapolaram a região Sudeste – apesar de se
manterem aí sediadas, além de diversas tecelagens – entre as quais
o grupo Vicunha, as mini-usinas e joint-ventures da CSN com outras
empresas, que já chegaram ao Ceará.
No espectro global da economia nacional o Rio de Janeiro é um
dos estados onde o parque industrial mais se tem reestruturado,
em parte, como decorrência da privatização das empresas estatais,
muitas das quais aí instaladas – a começar pela CSN e pela
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) – que já se tornaram empresas
multinacionais com uma atuação que extrapola o continente
americano.
A transformação tem seguido um sentido amplo no território
fluminense por abarcar a reestruturação das indústrias, dos meios
de circulação e da própria distribuição geográfica dos setores e das
atividades econômicas. O que deu origem a um mapa de tendências
de arranjo espacial ou a uma regionalização centrada em espaços
especializados (“pontos” ou, assim chamados “pólos”) e áreas de
crescimento demográfico (manchas) ao longo dos grandes eixos
viários que cruzam o estado: a) a BR-116 (Rodovia Presidente
Dutra) atravessa a área mais industrializada do Médio Vale do Paraíba
(o “pólo” metal-mecânico) até a Região Metropolitana; b) a BR-040
cruza o “pólo” gás-químico industrial de Duque de Caxias e passa
pela Região Serrana (o “pólo” tecnológico) rumo a Minas Gerais; e
a BR-101 que, c) no sentido norte, liga a cidade do Rio de Janeiro à
Vitória, no Espírito Santo, e atravessa os municípios das Baixadas
Litorâneas e da Bacia de Campos “pólo” agro-industrial-petrolífero
e d) rumo sul circunda a Baía de Sepetiba e a Baía da Ilha Grande
“pólo” portuário-industrial e de turismo-veraneio.
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Notas
1 Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, Iguaba Grande e Rio das Ostras
(Região das Baixadas Litorâneas); Areal, Comendador Levy Gásparian
e Paty do Alferes (Região Centro-Sul Fluminense); Itatiaia, Pinheiral,
Porto Real e Quatis (Região do Médio Paraíba); Belford Roxo, Guapimirim,
Japeri, Mesquita, Queimados, Serópedica e Tanguá (Região
Metropolitana); Aperibé, Italva, São José de Ubá e Varre-Sai (Região
Noroeste Fluminense); Cardoso Moreira, Quissamã e São Francisco do
Itabapoana (Região Norte Fluminense) Cordeiro, Macuco e São José do
Vale do Rio Preto (Região Serrana).
2 O estado do Rio de Janeiro é dividido atualmente em 8 regiões de
governo: Metropolitana, Baía da Ilha Grande, Médio Vale do Paraíba,
Centro Sul Fluminense, Serrana, Baixadas Litorâneas, Norte Fluminense
e Noroeste Fluminense, esta última criada em 1984.
o0o
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Cláudio A. G. Egler
Apresentação
A proposta do presente trabalho enquadra-se na abordagem que
ressalta o papel das instituições na organização do território,
utilizando, como ponto de partida, as bases conceituais
desenvolvidas originalmente por North (1990), que considera as
instituições formais - como as que definem leis, normas e
regulamentos de caráter obrigatório e coercitivo, como fundamentais
na dinâmica econômica (Corei, 1995). O caminho percorrido nesse
trabalho exploratório mostra que as relações entre espaço e matriz
institucional são importantes para a compreensão da questão
regional no Brasil e para avaliar suas implicações para a gestão do
território.
Tais concepções foram aplicadas à Geografia Econômica por
diversos autores como Storper (1997), Storper e Salais (1997) e
Martin (2000), dentre outros. Alguns ensaios de aplicação dessa
concepção à realidade brasileira já foram realizados por Mattos e
Egler (2002 e 2003) e Pires do Rio e Egler (2003). O presente
trabalho discute o papel das novas institucionalidades na
diferenciação regional do Sudeste brasileiro.
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Gráfico 1
Relação entre a Renda Per Capita Regional e a
Média Nacional (1949-2000)
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Mapa 1
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Mapa 2
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Sudeste brasileiro: A
a institucionalidade
institucionalidade da
da questão regional
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Cláudio Egler
Egler
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Escalas insurgentes na Amazônia brasileira
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integração organização
Isto quer dizer o quê? Quer dizer que precisamos conceber nosso
universo a partir de uma dialógica entre estes termos, cada um
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NA AMAZÔNIA CONTEMPORÂNEA
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Notas
1 Por espaço natural refiro-me ao espaço onde o processo de organização
e ocupação humana e social se subordina predominantemente às leis
biológicas, estando a vida social condicionada à extração dos meios de
subsistência da própria natureza. No espaço construído, em oposição, a
organização sócio-espacial está condicionada principalmente às leis e
processos sociais e a dinâmica de ocupação local e regional se prende
também, e predominantemente, a demandas distantes articuladas ao
espaço abstrato do capitalismo mundial.
Ver Smith (1984), Ibarra (1984), Lefèbvre (1991), Monte-Mór (1994).
2 Canclini (1998:17) utiliza este termo para tratar as combinações culturais
híbridas de tradição e modernidade na América Latina. É neste sentido
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na Amazônia
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A NOVA DIVISÃO TERRITORIAL DO TRABALHO E AS
TENDÊNCIAS DE CONFIGURAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO
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Brasil - principais áreas de atividade mineradora e pólos-
mineiro-industriais e de bens intermediários do II PND
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A atual divisão territorial do trabalho fraciona o espaço brasileiro em quatro grandes segmentos –
fronteira bio(tecno)lógica, difusão da agroindústria de fruticultura irrigada, complexo agroindustrial e
polígono industrial –, cada qual mostrando as tendências e os problemas de sua nova configuração.
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4. A fronteira biológica
A Amazônia forma o quarto segmento. Nos anos 1970, a
estratégia dos PNDS faz da Amazônia ao mesmo tempo uma fronteira
agrícola, mineral e energética.
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160 bilhões (renda familiar média de US$ 400 mil) e uma riqueza
de US$1,1 trilhão (riqueza familiar média US$2,7 milhões). Por outro
lado, 99% da população brasileira - 39,6 milhões de famílias ou 158
milhões de pessoas – responde por uma renda familiar anual média
de US$ 16.000 e uma riqueza familiar média de US$ 24.000. Ou
seja, a riqueza média de 15% da população é 110 vezes maior do
que a riqueza do restante da população brasileira. Entretanto, as
médias não falam dos extremos. Não daqueles extremos brutais de
homens e mulheres (9,9%) que vivem abaixo da linha da pobreza,
hoje, segundo a ONU, em torno de US$ 1,00 ao dia.
O Brasil destaca-se entre os países de forte concentração de
renda no mundo, portanto das desigualdades. Em recente estudo
publicado pela ONU, o Brasil ocupa o nono lugar entre os países
onde a renda dos 10% mais ricos é maior que a dos 10% mais
pobres. Contudo, encontramos sérios concorrentes nesse
campeonato perverso, Namíbia, Serra Leoa, Honduras, Paraguai,
Botswana, Nicarágua, República Centro Africana e África do Sul.
Em termos de índice de pobreza humana ocupamos o nada
confortável 18º lugar (11,4% a proporção de pobres) e o 65º
posto no Índice de Desenvolvimento Humano.
Apesar desses números assustadores, sobretudo para os que
percebem a desigualdade social através dos noticiários de TV ou
dos jornais, corremos o risco de confundimos os indicadores com o
conceito. Voltemos à questão inicial, afinal o que é mesmo
desigualdade?
Jean-Jacques Rousseau identificou, no Discurso sobre a origem
e fundamentos da desigualdade entre os homens, duas formas
principais de desigualdade entre os seres humanos. A primeira delas
seria a desigualdade física ou natural, própria aos estágios de vida
social mais simples, onde a experiência humana estava subordinada
ao império das necessidades, defesa permanente e sobrevivência
da espécie. A segunda desigualdade estaria associada,
contraditoriamente, ao progresso material e a maior complexidade
da organização social. Essa seria definida em função do direito à
propriedade privada e a divisão do trabalho que, por sua vez,
iluminavam as desigualdades políticas e, com estas, a criação de
um sistema socioeconômico de diferenciação entre os homens.
Na obra de Rousseau, podemos notar que a desigualdade está
diretamente relacionada com o nosso papel político na Sociedade,
ou seja, com o Ser social de indivíduos, grupos e classes na ordem
vigente. Isto nos remete, é claro, às relações de exercício de poder
presentes em nossa sociedade. A desigualdade é a expressão de
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Jorge Luiz
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Barbosa
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A IMPORTÂNCIA DAS REDES PARA UMA NOVA
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para uma nova regionalização
Considerações finais
Se o período contemporâneo remete em causa o controle dos
Estados sobre os fluxos que atravessam seus territórios, até que
ponto há um desígnio fatalista que conduziria os Estados Nacionais
a liberar a circulação dos fluxos, tal qual apregoava o movimento
liberal de retirada do Estado, lançado desde o fim dos anos setenta
pelo presidente Carter nos EUA e por Margaret Thatcher na Grã-
Bretanha? Desde há alguns anos, experiências de cooperação entre
Estados buscam fugir do fatalismo, seguindo outra lógica:
reorganizar-se para reencontrar o domínio sobre os fluxos
econômicos e monetários (Rachline, 1998).
Vimos como num passado recente as redes de transporte foram
concebidas como fatores de desenvolvimento e de integração
regional no melhor estilo do culto sansimoniano à rede. É urgente
romper com esse paradigma que esvazia a dimensão política da
região e oculta os sujeitos da ação.
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Notas
1 A expressão convertidos é empregada por W. Cano. O autor mostra
como esses produtos contam após 1930 com instrumentos de política
econômica federal centralizada (CANO, 1985: 185).
2 Especialmente em relação ao controle das importações e às políticas de
desvalorização e controle do câmbio.
3 Decreto 19995 de 14/05/1931, citado por W. CANO, 1985:188.
4 Decreto 21418, de 17/05/1932, citado por W. CANO, 1985:188. O autor
explica como uma mercadoria produzida no estado “x” e vendida no
estado “y” era taxada de novo por este último. Esse mecanismo
aumentava o preço final da venda, favorecendo tanto a produção similar
no estado “y” quanto o produto importado do exterior por esse mesmo
estado.
5 Em junho de 1989, o Bradesco era responsável por 9,4% das receitas
da Embratel e representava o primeiro usuário de serviços de
telecomunicações no Brasil (DIAS, 1995).
6 O número de centros urbanos que acolhem sedes de bancos decresceu
de 77 para 28 entre 1961 e 1985 (CORRÊA, 1989: 26).
7 Não é nosso objetivo neste texto avançar na história do conceito de
rede, apenas apontar que há diferenças fundamentais entre a posição
de Saint-Simon e a de seus seguidores.
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Notas
1 Sobre diferença de natureza e diferença de grau em Bérgson ver a obra
de Gilles Deleuze, “Bergsonismo”. (Deleuze, 1999[1966])
2 “A ausência permanece contida na rede da presença de modo muito
semelhante àquele em que a pós-modernidade permanece dentro da
órbita da modernidade e é definida por ela”. (Shields, 1992:188)
3 Moreira (1993) utiliza a interessante metáfora do espaço como “o corpo
do tempo” para definir essa indissociabilidade.
4 Apesar de ser essa a opinião, na verdade um acréscimo feito por Michel
Lussault, expressa em nosso verbete “Déterritorialisation” (Haesbaert,
2003:245).
5 Sobre o polêmico tema da exclusão-inclusão social, além de Martins,
ver especialmente Castel (1998, 2000) e Silver (1994).
6 Entendemos desterritorialização a partir das desigualdades e da
diferenciação espaciais (ou seja, enquanto exclusão ou precarização
sócio-espacial, tanto no sentido econômico quanto cultural). Outros
autores, ao reconhecerem a desterritorialização tão somente do ponto
de vista da relação de presença e ausência no espaço, consideram a
elite global como estando “desterritorializada”, quando na verdade sua
mobilidade (funcional e simbólica) corresponde a uma reterritorialização
muito bem definida, em territórios-rede globalmente articulados,
conectando sempre os mesmos locais, como hotéis, restaurantes, centros
de convenções etc.
7 Sobre a imensa variedade de usos da palavra “barbárie”, ver Offe,
1996. Para o autor, apesar do sentido passe-par-tout que o termo
adquire, é relevante distinguir entre o seu uso “interno” e “externo”, no
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REGIONALIZAÇÃO: FATO E FERRAMENTA *
Ajustando lentes
Inicialmente procuramos definir ângulos de leitura do seminário
que contemplassem o fenômeno – a regionalização – e as diferentes
formas assumidas por seu questionamento durante o evento. Por
outro lado, também buscamos esclarecer diretrizes analíticas da
síntese aqui apresentada. Tais diretrizes encontraram abrigo na
diferença entre a regionalização como fato, que independe da ação
hegemônica do presente, e a regionalização como ferramenta desta
ação na atual conjuntura. Convém esclarecer, ainda, que
entendemos por ação hegemônica aquela conduzida pelas forças
econômicas e políticas que dominam o território brasileiro,
expressivas da aliança entre agentes externos e internos e condutora
de numerosas e difusas ações subalternas ou subalternizadas. Na
contra-face dos desígnios da ação hegemônica, temos tanto as
formas de resistência, por vezes em confronto apenas com agentes
secundários, como dinâmicas sociais que escapam aos mecanismos
de controle que garantem a expansão da territorialidade dominante.
* Agradecemos a Ester Limonad a atenta leitura das primeiras anotações deste texto e as
valiosas contribuições recebidas para a sua revisão.
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O fenômeno da regionalização
A noção de regionalização é nitidamente polissêmica. O termo
refere-se, mais do que à efetiva existência de regiões, à capacidade
de produzí-las, o que inclui o acionamento de ideologia, com apoio,
por exemplo, em dados da paisagem, valores culturais
compartilhados ou critérios político-científicos que legitimem
fronteiras e limites. O reconhecimento de regiões fundamenta-se,
como afirmado por Pierre Bourdieu (op cit), na naturalização de
relações sociais, baseada em processos que ocultam diferenças e
interesses. Atualmente, talvez seja justo dizer que a acirrada disputa
entre agentes da regionalização dificulta a, até recentemente, segura
preservação deste ocultamento. Emergem assim perguntas do tipo:
Para que regionalizar? Indagação realizada por Ester Limonad** na
abertura do seminário, a partir da história do planejamento. Esta
pergunta também surge na contribuição de Cláudio Egler, quando
valoriza as dimensões institucionais da questão regional.
É necessário salientar que a estratégica conjugação entre
regionalização como fato e regionalização como ferramenta, trazida
pela presentificação, envolve as seguintes mudanças, identificadas
no seminário:
1. aumento da reflexividade e da influência da ação
instrumental na formulação da questão regional, o que traz,
como assinala Egler, mudanças significativas nos arranjos
institucionais responsáveis pela regionalização;
2. intensificação dos vínculos entre território, economia e
política, conforme propõe Rogério Haesbaert ao ressaltar
as diferentes modalidades de territorialização da ação social.
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VII. Por que a análise espacial necessita grandes investimentos nas tarefas
teóricas e conceituais, que são também de método? A ideologização do
presente.
Na análise da regionalização, existem difíceis tarefas teóricas,
relacionadas às mediações entre fenômenos aparentemente
descolados uns dos outros. Estes fenômenos integram a
racionalidade e a reflexividade contemporâneas, que atualizam
relações técnicas e sociais de produção. Na análise do presente,
torna-se relevante o retorno à história, como demonstram Dias,
Monte-Mór, Lencioni, Barbosa e Egler. Este retorno também favorece,
como demonstra Limonad, a observação crítica da retórica
regionalista e, como apresenta Lencioni, a reflexão do complexo
fenômeno da desindustrialização.
Ganha destaque, atualmente, a problemática da produção social
do espaço através do entrelaçamento, em distintas escalas, de
processos de diferentes idades. Este entrelaçamento impõe a
consideração dos conceitos de rede e de representação, tratados
por Dias. A região ressurge através de novos ordenamentos dos
fluxos, como Egler exemplifica ao citar os conceitos de bacia urbana
x rede urbana. Nesta direção, Lencioni desenvolve a reflexão da
produção social do espaço através da análise de processos
complexos, tais como os que expressam a desconcentração e a
descentralização industriais. Monte-Mór, por sua vez, examina o
entrelaçamento de processos na urbanização extensiva e no espaço
social regional. Nestes investimentos analíticos, evidencia-se a
necessidade de construir reais híbridos teórico-empíricos, tais como
as noções de cidade-região e território-rede (Lencioni), que buscam
dar conta da nova dinâmica da expansão da mancha urbana (Egler).
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Indicações de método
No conjunto dos trabalhos, identificamos outros desafios de
método. Citamos, de início, a crise do pensamento dicotômico, que
restringia o recurso à dialética. Haesbaert destaca, nesta direção,
as dinâmicas abertas e inconclusas, ao mesmo tempo em que
valoriza invariantes da reflexão do espaço: superfícies, pontos, linhas
e malhas, nós e redes.
Em sua apreensão do mundo-mundializado, Barbosa, por outro
lado, contrapõe indicadores e conceitos e, também, indicadores e
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Esta obra foi impressa na Oficina de Livros para a Letra Capital Editora.
Utilizou-se o papel pólen soft 80g/m² e a fonte Verdana corpo 10.
Rio de Janeiro, julho de 2016.
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