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TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

Proposta de Resolução
Autoria: Luiz Felipe Nobre Braga

Leitura crítica: Brena Tamegão Lopes de Noronha


Proposta de Resolução

Diante do Desafio Profissional em tela é importante atentar, principalmente às limitações


do poder constituinte reformador.

Primeiramente, vale ressaltar que o contexto jurídico se dá durante a vigência de um


Estado de exceção, o Estado de Defesa. Sendo assim, não seria sequer possível a
propositura de uma Emenda Constitucional, conforme estabelece o art. 60, § 1° da
Constituição Federal de 1988. Ainda assim, o processo de emenda constitucional seguiu
tramitando, carregando consigo um erro. A proposta é eivada de um vício ensejador de
inconstitucionalidade, que a atinge no seu nascimento.

Adiante, constata-se a deliberação e aprovação da emenda em apenas um único turno.


Outro erro. De acordo com nossa Carta Fundamental, a PEC deve ser votada em dois
turnos, conforme estabelecido no art. 60, § 2°, ipsis litteris:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
três quintos dos votos dos respectivos membros. (BRASIL, 1988, [s.p.])

Logo, resta claro mais um desacerto e, sobretudo, mais uma inconstitucionalidade.


Seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos, há a rejeição da emenda (que
convenhamos, já não teria efeito algum sendo ou não aprovada) e a proposição de
emenda de mesma matéria, na mesma Casa Legislativa, ocasionando, novamente,
inconstitucionalidade, pois a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (vide
art. 60, § 5º, da CF/88).

Como se já não fosse o suficiente, há desrespeito ao quórum de aprovação, porque, para


aprovar uma emenda, é necessário, no mínimo, três quintos dos votos das duas Casas
Legislativas (vide art. 60 § 2°, da CF/88), o que foi atingido apenas em uma delas.
Ademais, o deputado-relator deseja não tornar a emenda escrita, fugindo à forma da
Constituição brasileira (escrita), o que, por sua vez, demonstra mais um retrocesso do que
um avanço, de sorte que possuir um ordenamento jurídico positivo escrito assegura a sua
existência e aplicação, em homenagem à tradição do civil law.
Passados alguns meses desse último acontecimento, um advogado, por meio de uma
iniciativa popular, propõe outra emenda constitucional, o que, na verdade é vedada pela
Constituição, já que restringe tal prática a deputados, senadores, às Casas Legislativas e
ao Presidente da República (art. 60, incisos I, II e III, da CF/88).

Finalmente, encontra-se mais uma inconstitucionalidade quanto à matéria que a emenda


trata. A forma federativa de Estado não pode ser objeto de emenda, pois trata-se de
cláusula pétrea (vide art. 60, § 4°, inciso I, da CF/88)

Diante dos erros aqui revelados e dos argumentos construídos, pode-se concluir que todas
as emendas propostas, sejam elas aceitas, negadas ou ainda em trâmite, são
inconstitucionais, cada uma por um motivo, e, portanto, não tem o condão de existirem
juridicamente.
Bons estudos!

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