Você está na página 1de 9

QUESTÕES RESOLVIDAS EPII

1) No âmbito da emergência do capitalismo monopolista, tanto a concessão


como o recurso ao crédito vieram a revelar-se, para as empresas
capitalistas, instrumentos de concentração.
O processo de concentração capitalista verificado no anos 70 do século XIX, o
qual resultou na monopolização de grande parte da economia, teve como causas
principais: a pressão da concorrência (eliminava as empresas menos eficientes),
o progresso técnico e tecnológico com a segunda revolução industrial (que
obrigou a avultados investimentos, que só podiam ser suportados por empresas
de grande dimensão), o alargamento dos mercados (maior exploração colonial e
unificação dos mercados internos), as crises cíclicas de sobreprodução
(eliminava as empresas mais frágeis) e o capital bancário (exerceu duas funções
essenciais: por um lado, as instituições bancárias atuaram como entidades de
centralização de capital, concedendo crédito as empresas e facilitando a
concentração capitalista; por outro, favorecia as grandes empresas, não
concedendo créditos as pequenas e médias empresas, o que culminou na asfixia
das mesmas).

2) A Constituição de Weimar e o corporativismo ensaiam soluções de


compromisso para a questão social e para o problema do ‘governo’ da
economia.
Após o fim da primeira guerra mundial e com a crise de 29, duas questões
ganharam grande relevância: a questão social (devido à crescente degradação
das condições de vida dos trabalhadores e do antagonismo entre trabalhadores e
patrões) e a questão do governo da economia (abandono do liberalismo político
e econômico, na medida que se demonstrava que a economia não deveria ser
totalmente entregue ao mercado, necessitando de alguma intervenção do
Estado).
A Constituição de Weimar (1919) integra o governo da economia na esfera
política, por meio de uma ideia de programação econômica pelo Estado (o
Estado intervinham não só para racionalizar a economia, mas para
verdadeiramente a transformar – governo social da economia), trazendo também
a ideia da garantia dos direitos sociais por parte do Estado e do reconhecimento
da liberdade de organização sindical (de forma a que os trabalhadores pudessem
participar na gestão das empresas, atenuando o antagonismo entre patrões e
trabalhadores).
No Corporativismo (1933) os direitos sociais são congelados, sendo proibidos a
luta de classes, os sindicatos e o direito à greve, e é privilegiado o governo
privado da economia, segundo o qual o Estado só deveria intervir na economia
se seus indivíduos não servissem o bem comum. Essa intervenção aqui é
indireta, feita através de estruturas corporativas (estatuto de direito público,
apesar de ser composta por privados), havendo corporações para cada setor da
atividade e que, no entanto, tinham preponderância dos patrões.

3) A distinção entre grandezas a preços de mercado e grandezas a custos de


factores é independente da distinção entre grandezas brutas e grandezas
líquidas;
A afirmação é verdadeira, isso porque, para passar do produto nacional a preços
de mercado para o produto nacional a custo de fatores, o que tem de se ter em
conta é a inclusão ou exclusão de valores que constituem ou não remuneração
dos fatores de produção, ou seja, tem de se deduzir do produto nacional a preços
de mercado o valor dos impostos indiretos e acrescentar o valor dos subsídios a
produção. Já na passagem de uma grandeza bruta para uma grandeza líquida, o
que tem de se ter em conta é a dedução das taxas de amortização, isto porque,
uma vez que no valor bruto do produto estão inclusos o valor dos bens de
produção duradouros, estes aparecerão repetidamente no valor do produto em
todos os anos que forem utilizados na produção, pelo que, sob pena de dupla
contagem, tem de se deduzir o valor que anualmente esse bem de produção
duradouro irá perder.

4) A “revolução dos preços” produziu efeitos de redistribuição do rendimento


que beneficiaram a burguesa emergente.
A revolução dos preços, como uma das causas de acumulação primitiva de
capital da burguesia, consistiu num aumento inflacionista dos preços, gerado por
grandes remessas de ouro e prata vindas da América, pelo que, com esse
processo, houve um enriquecimento da classe dos comerciantes (favorecidos
pela inflação) e um consequente empobrecimento da classe dos trabalhadores e
declínio da nobreza (prejudicados pela inflação).
5) A separação dos produtores dos seus meios de produção, verificada tanto
na agricultura como na indústria, integra-se no processo da acumulação
primitiva do capital.
Um dos aspetos essenciais que permitiu a acumulação primitiva de capital nas
mãos da burguesia foi haver uma massa de trabalhadores livres, isto é, livres de
meios de produção e, portanto, suscetíveis de trabalhar em troca de um salário.
Essa separação dos trabalhadores dos seus meios de produção se verificou, na
agricultura, com a revolução agrícola e as enclousures (a revolução agrícola
ocorridas nas técnicas e instrumentos de cultivo proporcionou um aumento da
produtividade da terra, que passou a ser utilizada para cultivo de rebanho,
liberando muita mão-de-obra que se deslocou para a cidade para oferecer seu
trabalho), e na indústria, com a evolução da produção industrial (a partir da
segunda fase da indústria assalariada a domicílio, em que passa a ser o
comerciante a fornecer os meios de produção aos produtores artesanais, até a
fase da manufactura, em que ocorre a especialização interna da produção e que,
pela dispensa da necessidade de mão-de-obra qualificada, se alarga imensamente
o universo de trabalhadores suscetíveis de contratação).

6) O PNL permite avaliar o que pode, no limite, ser consumido pela


comunidade sem pôr em causa a reprodução do processo económico.
O produto nacional bruto refere-se ao valor do que foi produzido pelos
residentes do país em causa, num determinado período e numa dada economia;
pelo que, se quiser obter o produto nacional líquido, deverá deduzir-se as taxas
de amortização. Isto porque, uma vez que se considera o valor dos bens de
produção duradouros (bens utilizados na produção de outros, mas que não
esgotam sua utilidade depois do ato de produção, continuando a existir enquanto
tais) produzidos naquela economia naquele ano, estes aparecerão no valor do
produto durante todos os anos que forem utilizados na produção, pelo que, sob
pena de dupla contagem, deverá deduzir-se do valor do produto, o valor que
anualmente esses bens de produção irão perder. Pelo que só assim, podemos
saber o que de fato foi produzido naquele ano naquela economia, sendo esse o
valor limite a ser consumido por aquela sociedade naquele ano.
7) Confronte o tipo de procura que se dirige a uma empresa em concorrência
perfeita com o tipo de procura que se dirige a uma empresa em oligopólio.
Justifique a natureza atípica de cada um deles.
A atomicidade do mercado de concorrência pura e perfeita nos diz que o número
e a dimensão dos ofertantes faz com que ninguém possa exercer uma influência
sobre o mercado, porque, sendo a oferta e a procura de cada vendedor e de cada
comprador tão pequenas, façam eles o que fizerem, o preço não se altera; ou
seja, compradores e vendedores consideram o preço como um dado. Assim,
nessas circunstâncias, ao preço de mercado, a procura é infinitamente elástica,
isto é, ao preço dado, o ofertante consegue vender todas as unidades que coloca
no mercado (sendo que haverá um afastamento total da procura se este resolver
aumentar o preço). No oligopólio, devido a interdependência conjetural que
existe entre as empresas, o que acontece é que, numa primeira fase, os ofertantes
não conhecem a curva da procura, não sabendo quais serão as disposições dos
compradores para cada um dos preços possíveis; isto porque, basta que uma das
empresas atue de forma imprevisível para que as expetativas que se formaram
sobre a procura se esfumem. Assim, temos no oligopólio, devido a
interdependência conjetural, uma indeterminação da procura.

8) A interdependência conjectural, a indeterminação da procura e o


paralelismo de comportamentos são elementos fundamentais para a
compreensão da dinâmica dos mercados de oligopólio.
No oligopólio, devido a interdependência conjetural que existe entre as empresas
(são poucas, mas de muito grande dimensão), o que acontece é que, numa
primeira fase, os ofertantes não conhecem a curva da procura, não sabendo quais
serão as disposições dos compradores para cada um dos preços possíveis; isto
porque, basta que uma das empresas atue de forma imprevisível para que as
expetativas que se formaram sobre a procura se esfumem, pelo que temos então
uma indeterminação da procura (mais elástica em oligopólio perfeito e mais
rígida em oligopólio imperfeito), a qual também é resultado dos paralelismos de
comportamento que existem entre as empresas em oligopólio. Isto é, estando em
oligopólio perfeito (sem diferenciação do produto), se uma empresa aumentar
seu preço, as demais irão manter o seu, absorvendo a procura que vai se deslocar
daquela empresa para estas. Se, no entanto, uma empresa decidir reduzir seu
preço, as demais irão fazer o mesmo, pelo que sua procura aumentará, mas não
tanto, uma vez que todas as outras baixaram seu preço também. Esse paralelismo
de comportamentos explica porque as empresas oligopolistas não se envolvem
em guerras de preços, preferindo preços estáveis e abstendo-se de concorrer
entre si.

9) Nos mercados de monopólio, em que condições conseguem as empresas


obter o máximo lucro?
Distinga preço óptimo de monopólio de preço-limite (praticado no mesmo
mercado).
No monopólio, sendo a empresa o mercado, ela será o único ofertante e,
portanto, terá um poder de fato na determinação do preço; no entanto, para o
monopolista, não interessa praticar o preço máximo (não garante maior lucro,
porque reduz demais a procura), mas sim o preço ótimo (o preço que lhe vai
garantir o máximo lucro). O preço ótimo será então o preço de equilíbrio entre a
procura e a oferta, cujo custo marginal deverá ser igual a receita marginal (o
empresário só pode aumentar sua oferta até esse ponto, porque, de acordo com a
lei dos rendimentos decrescentes, será a partir desse momento que o custo
marginal deixará de ser decrescente para ser crescente, deixando o rendimento
de ser crescente para ser decrescente). O preço-limite, por sua vez, consiste
numa estratégia das empresas monopolistas para afastar a concorrência
potencial; isso porque, praticando o preço-ótimo de monopólio, obtém-se lucros
muito elevados, que vão tornar aquela indústria muito atrativa a novas empresas.
Assim, a estratégia do preço-limite consiste em praticar um preço abaixo do que
se poderia praticar com o objetivo de evitar a concorrência potencial.

10) Na explicação da desagregação da sociedade feudal, a tese de Paul Sweezy é


a tese marxista;
A afirmação é falsa, uma vez que, enquanto Sweezy dava privilégio aos fatores
externos que levaram a desagregação do sistema feudal, Marx privilegiava,
como fator de desagregação do feudalismo, as alterações nas relações de
produção típicas daquele sistema (servil). Assim, para Sweezy, o feudalismo se
desagrega, à medida que se desenvolve um sistema de produção de valores de
troca (tipicamente, a produção era de valores de uso), pelo que, à medida que as
trocas aumentam, esse sistema entra em crise. E, para Marx, o feudalismo se
desagrega à medida que se substitui suas relações de produção típicas (servis)
pelas relações de produção social típicas do capitalismo, pelo que essa
substituição se dá tanto por motivos internos quanto externos (fatos históricos
objetivos que levam a essa alteração na relação de produção).

11) A partir do produto (a preços de mercado) é possível obter o rendimento


disponível;
Partindo do Produto Nacional a preços de mercado, deduzindo-se o valor dos
impostos indiretos e acrescentando-se o valor dos subsídios a produção, obtém-
se o produto nacional a custo de fatores, isto é, o rendimento nacional. Para
obter o rendimento pessoal (o rendimento que é distribuído as pessoas físicas),
tem de se subtrair do rendimento nacional a poupança das empresas, o montante
do valor dos impostos diretos, as contribuições para a segurança social e os
rendimentos das empresas e propriedades do Estado, e somar os subsídios da
segurança social e o valor das transferências correntes do resto do mundo. É a
partir desse valor que vamos então obter o rendimento disponível (o rendimento
com que as pessoas contam para programar suas despesas e consumo),
subtraindo os impostos diretos e as outras contribuições que incidam sobre os
particulares.

12) A criação das chamadas entidades reguladores independentes traduz a


convicção de que o mercado pode, em diversas circunstâncias, não garantir
espontaneamente a satisfação do interesse público.
A afirmação é verdadeira. Com os processos de privatização de empresas
públicas que ocorreram com a afirmação do neoliberalismo a partir dos anos 80,
criaram-se entidades reguladoras independentes tendo em vista a salvaguarda do
interesse público. Assim, o objetivo da regulação promovida por essas entidades
era de delimitar o poder de mercado de grandes empresas que antes eram
públicas e agora são privadas, aumentar a eficiência no mercado de capitais e
garantir a defesa dos consumidores; pelo que se pode afirmar, sim, que a
regulação veio a ser promovida no âmbito da preocupação da prossecução do
interesse público por empresas privadas.

13) A variação de existências é sempre uma grandeza líquida;


A afirmação é verdadeira. Na contabilidade nacional na ótica da despesa, há que
distinguir entre despesas de consumo e despesas de investimento. Despesas de
consumo são despesas em bens de consumo e despesas de investimento são
despesas em bens de produção (duradouros e consumíveis). Quando falamos em
despesa de investimento em bens de produção duradouros, estamos a falar em
investimento em capital fixo (pode ser analisado por uma grandeza líquida ou
bruta – formação bruta e formação líquida de capital fixo). Quanto ao
investimento feito em bens de produção consumíveis, só podemos o analisar
através de uma grandeza líquida que se chama variação de existências, isto
porque esta nos dá a diferença entre o valor dos stocks no fim de um ano e o
valor dos stocks no fim do ano anterior. |Assim, a variação de existências será
sempre uma grandeza líquida uma vez que incide somente sobre bens de
produção que são consumíveis, não sendo possível analisá-los segundo uma
grandeza bruta. | ??

14) A previous accumulation smithiana e o conceito marxista de acumulação


primitiva de capital;
Para Smith, a acumulação de capitais depende de duas variáveis: do nível de
rendimento e do nível de poupança, pelo que este, atribuía relevância
predominante a mentalidade dos burgueses para a poupança de elevados níveis
de rendimento, para além, claro, da sua possibilidade de aproveitar as
oportunidades de negócios geradas pelas circunstâncias objetivas da época.
Assim, enquanto Marx atribui importância predominante aos fatos históricos
objetivos que permitiram ao burgues acumular capital (nomeadamente, o
aumento do comércio e a criação de uma massa de trabalhadores livres
suscetíveis de trabalhar a troco de um salário), Smith, reconhece esses fatos
objetivos, mas dá maior relevo ao fato subjetivo da mentalidade do burgues
comerciante como elemento fundamental da acumulação de capital.

15) A passagem do capitalismo de concorrência para o capitalismo


monopolista.
A passagem do capitalismo de concorrência para o capitalismo monopolista,
resultando de um processo de concentração capitalista, tem como causas: a
pressão da concorrência (eliminava as empresas menos eficientes), o progresso
técnico e tecnológico com a segunda revolução industrial (obriga a avultandos
investimentos que só podem ser suportados por empresas de grande dimensão),
o alargamento dos mercados (maior exploração colonial e unificação dos
mercados internos), crises cíclicas de sobreprodução (fazendo falir as empresas
mais frágeis), o capital bancário (instituições bancárias como entidades de
centralização de capital e de concessão de créditos a empresas de grande
dimensão) e a industrialização tardia (não existem pequenos proprietários, pelo
que se inicia logo a concentração).

16) No mercado de concorrência monopolista, os produtos têm


obrigatoriamente que ser diferenciados.
A afirmação é verdadeira. Uma vez que no mercado de concorrência
monopolista existe um grande número de empresas, mas todas com dimensão
suficiente para exercer influência sobre o mercado, cada empresa esforça-se para
criar uma razão de preferência para o seu produto; pelo que, quando se cria uma
razão de preferência, faz-se com que a procura daquele bem se torne cada vez
menos elástica, isso porque será cada vez mais difícil fazer a substituição
perfeita desse bem com outro.

17) O progresso técnico obrigou à concentração monopolista e também a


favoreceu, nomeadamente a partir do último quartel do sec. XIX.
O progresso técnico verificado com a segunda revolução industrial, por um lado,
obrigou à concentração monopolista, porque obrigou os empresários a
investimentos avultadíssimos que só podiam ser suportados por empresas de
grande dimensão; por outro, favoreceu, em virtude da grande capacidade
produtiva que foram instaladas nas empresas monopolistas e que garantiam a
manutenção da sua posição de domínio, a sua concentração.

18) Em monopólio, a fixação de preços múltiplos permite absorver a renda dos


consumidores.
A afirmação é verdadeira. Sendo a empresa monopolista o mercado, ela será o
único ofertante, pelo que terá um poder de fato na determinação do preço de um
produto. Aqui, o preço que vai interessar ao monopolista praticar, não vai ser o
preço mais alto, mas sim o preço que lhe dá o maior lucro, o preço ótimo do
monopólio, o qual consiste no preço de equilíbrio entre a procura e a oferta, cujo
custo marginal deverá ser igual a receita marginal. Havendo um único preço no
mercado, irá ocorrer um fenómeno chamada fenómeno da renda dos
consumidores, isto é, a diferença economizada entre o que o consumidor estava
disposto a pagar e o que de fato paga (essa renda será, no entanto, efêmera,
porque, uma vez que o consumidor paga menos por um produto, deixa de estar
disposto a pagar mais por ele naquele mercado). Assim, se a razão de haver
renda dos consumidores é o preço único, para absorvê-la, é necessário praticar
preços múltiplos (paga mais quem estiver disposto a pagar mais e paga menos
quem estiver disposto a pagar menos). Isso será conseguido por meio do
fracionamento do mercado no tempo (edições inferiores de um livro, saldos) ou
no espaço (divisão entre classe económica e classe executiva).

19) Em pleno emprego a oferta tende a revelar-se muito elástica.


A afirmação é falsa. A elasticidade da oferta depende, nomeadamente, da
existência de stocks (que permite reduzir a oferta quando os preços estiverem
baixos) e da capacidade de expansão da produção (para reagir aumentando
rapidamente a oferta quando os preços estiverem altos). A capacidade de
expansão da produção depende, por sua vez, do período a se considerar, dos
custos de produção e do emprego de seus recursos; assim, se estiver numa
circunstancia de pleno emprego dos seus meios de produção, não conseguirá
aumentar sua oferta, pelo que esta se revelará muito rígida, mas se estivermos
numa situação de desemprego de recursos, já conseguirá reagir ao aumento do
preço com um aumento na produção, pelo que a sua oferta se revelará muito
elástica.

Você também pode gostar