PLANO MUNICIPAL DE
MOBILIDADE URBANA
DE CAMBÉ-PR
Prefeitura Municipal de O Plano Municipal de Mobilidade Urbana de
Cambé-PR, é um instrumento de planejamento,
Cambé-PR elaborado de acordo com a Lei 12.587/2012,
com o objetivo de melhorar a mobilidade de
pessoas e cargas no município, contribuindo
assim para a melhoria da qualidade de vida na
cidade.
2017
PLANO MUNICIPAL DE
MOBILIDADE URBANA
DE CAMBÉ-PR
PARTE I
DADOS BÁSICOS E METODOLOGIA
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
CONSULTORIA
❖ Estagiários
o Dalila Peres de Oliveira – Estagiária da área de Geografia
o Marcella B. B. B. de Lemos – Estagiária da área de Geografia
o Jéssica Pizaia – Estagiária da área de Geografia
o Luana Faria Conceição – Estagiária da área de Jornalismo e Comunicação
o Ana Letícia Gonçalves – Estagiária de Arquitetura e Urbanismo
I
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
o Conrado Scheller
II
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
CÂMARA DE VEREADORES
III
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
IV
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
APRESENTAÇÃO
O Plano de Mobilidade Urbana de Cambé – PlanMob de Cambé-PR, foi elaborado nos anos
de 2016 e 2017 mediante o contrato firmado com o Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento
Econômico e Social – ITEDES, com a finalidade atender as diretrizes nacionais da Lei Federal nº.
12.587/2012 que dispõe sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU aplicada no âmbito
municipal.
O Plano de Mobilidade Urbana de Cambé foi elaborado com base em amplo levantamento
empregando técnicas de engenharia de tráfego (questionários aplicados em 1.302 domicilios para
elaboração da matriz O/D, contagens, estudos de Polos Geradores de Tráfego...etc), além da
participação direta de várias secretarias da prefeitura do município, principalmente toda a equipe da
Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) a equipe que esta encarregada de implantar a
Municipalização do Transito, do Comitê de Acompanhamento e Audiência Pública, resultando em
propostas adequadas ás necessidades do Município.
Para facilitar a consulta e aplicação, este Plano foi elaborado em 03 partes: Parte.1 – Dados
básicos e metodologia, Parte. 2- Diagnósticos e Parte.3- Propostas.
V
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
VI
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
LISTA DE FIGURAS
Figura V – Audiência Pública (12/07/2017) realizada na Câmara Municipal de Cambé .................... VIII
Figura 3 – Distribuição da população de Cambé nas bacias hidrográficas do perímetro urbano ....... 19
Figura 4 – Fluxo da população nas áreas urbanas dos municípios de Cambé, Londrina e Ibiporã .... 26
IX
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
LISTA DE TABELAS
Tabela 3 – População censitária urbana e rural de Cambé, municípios vizinhos e a capital Curitiba . 17
Tabela 4 – População censitária de Cambé por sexo e grupos etários – censos 1991, 2000 e 2010 18
Tabela 7 – Número de matriculados na rede de ensino de Cambé, municípios vizinhos e Curitiba ... 21
Tabela 8 – Pessoas de 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever por grupos de idade
em Cambé, municípios vizinhos e a capital Curitiba............................................................................. 22
Tabela 10 – PIB – Produto Interno Bruto segundo os setores da economia de Cambé, municípios
vizinhos e a capital Curitiba, ano 2014 ................................................................................................. 23
Tabela 11 – Empregos em Cambé, municípios vizinhos e a capital Curitiba, ano 2015. .................... 24
X
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
LISTA DE QUADROS
Quadro 11 – Pólos geradores de tráfego em Cambé selecionados para aplicação dos questionários
............................................................................................................................................................... 35
XI
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 2 – Pirâmides etárias de Cambé – censos demográficos de 1991, 2000 e 2010 ................... 18
Gráfico 3 – Valor Adicionado Fiscal de Cambé, segundo os setores da economia municipal, no ano
de 2014 .................................................................................................................................................. 23
XII
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 39
XIII
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Garantindo aos brasileiros o direito à função social das Cidades, a Constituição Federal
(BRASIL, 1988) estabelece que compete à União instituir diretrizes para os transportes urbanos, afim
de se alcançar o desenvolvimento urbano. Num âmbito geral, a segurança pública é relacionada à
segurança viária, e cabe à União estabelecer atividades de educação, engenharia e fiscalização de
trânsito, em conjunto com Estados e Municípios. De acordo com o Capítulo III da Constituição federal
(BRASIL, 1988) que trata da Segurança Pública, o inciso I do parágrafo 10 do art. 144 estabelece que
“todo cidadão tem direito à mobilidade urbana eficiente”.
Dessa forma, o transporte é incluído como um direito básico do cidadão, assim como
educação; saúde; alimentação; trabalho; moradia e lazer, por exemplo. Por outro lado, o direito ao
transporte não garante plenamente o direito à mobilidade como consta na Constituição Federal de
1988, ao passo que o texto da Ementa Constitucional nº. 90/2015 também não cria parâmetros que
estabeleçam a garantia desse direito.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
O capítulo I, art. 1 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), no parágrafo 2, deixa claro que: “O
trânsito, em condições seguras, é um direito de todos” (BRASIL, 1997). Portanto, é impossível
debater a mobilidade urbana sem pensar na segurança das pessoas. No Código de Trânsito
Brasileiro, o capítulo III que trata das normas gerais da circulação e conduta, fica explícito no art. 29,
parágrafo 2, a hierarquia de circulação, onde os veículos de maior porte são responsáveis pela
segurança dos menores, os motorizados pelos não-motorizados, e o pedestre é priorizado por todos.
Embora nem sempre respeitada, esta é a essência do planejamento de transporte urbano.
Ainda no capítulo III, o art. 58 dispõe sobre a conduta dos usuários de bicicletas. O CTB foi
um marco no que se diz respeito ao transporte cicloviário. Pela primeira vez, foi oficializado o uso da
bicicleta como veículo, definindo direitos e deveres. Assim, a bicicleta deixou de ser vista apenas
como forma de lazer, mas como um componente importante do sistema de transporte das cidades.
A Lei do Estatuto da Cidade tem como objetivo garantir o direito à cidade como um dos
direitos fundamentais de todos os cidadãos brasileiros. Assim, todos devem ter acesso às
oportunidades que a vida urbana oferece. Conforme o art. 2º do Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001),
a política urbana deve garantir o direito à cidades sustentáveis, entendido, inclusive, como direito ao
transporte, além de outros. Embora o Estatuto da Cidade seja um marco na legislação urbanística
2
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
federal, este não dispõe capítulo específico sobre mobilidade urbana e diretrizes de transporte, sendo
constante que, cidades com mais de 500 mil habitantes devem elaborar um plano de transporte
urbano integrado, como descrito no art. 41 (BRASIL, 2001). Também, para fins de demanda da
realidade das cidades brasileiras, o Estatuto da Cidade estabelece diretrizes para o planejamento
urbano e indicações para os planos setoriais, como saneamento, habitação, mobilidade urbana e
outros que devem estar de acordo com os Planos Diretores.
A Lei Federal nº. 13.089/2015 que trata do Estatuto da Metrópole acrescenta alguns
instrumentos aos já previstos no Estatuto da Cidade, com o intuito de fortalecer a gestão
compartilhada, como os consórcios públicos, convênios de cooperação, contratos de gestão,
parcerias público-privadas interfederativas e a possibilidade de compensação por serviços
ambientais. Voltada às regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, a lei do Estatuto da
Metrópole visa o desenvolvimento econômico integrado com governança interfederativa.
Após 17 anos de tramitação e muitas alterações, a Lei Federal nº. 12.587/2012 institui as
diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana e tem como objetivo garantir aos municípios a
segurança jurídica de priorização aos modos não motorizados e de transporte coletivo, em detrimento
ao individual motorizado. A lei visa orientar os municípios no planejamento do sistema de transporte e
infraestrutura viária. Contemplando tanto o transporte de pessoas quanto de cargas, a lei da Política
Nacional de Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012) determina que todos os municípios acima de 20 mil
habitantes devem elaborar o Plano de Mobilidade Urbana, sob pena de ficar impedido de receber
recursos federais destinado à assuntos de mobilidade urbana.
3
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
O Projeto de Lei 6.474/2009 que institui o Programa Bicicleta Brasil para incentivar o uso da
bicicleta visando a melhoria das condições de mobilidade urbana, também define que 15% do valor
arrecadado em multas de trânsito seja destinado a apoiar Estados e Municípios na instalação de
bicicletários públicos e construção de ciclovias e ciclofaixas, além de promover a integração das
bicicletas ao sistema de transporte público coletivo e promover campanhas de divulgação dos
benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte econômico, saudável e ambientalmente
adequado (BRASIL, 2009). De acordo com Brasil (2009), o art. 2º do Projeto de Lei 6.474/2009 traz o
incentivo do “uso da bicicleta como meio de transporte, a ser implementado em todas as cidades com
mais de 20.000 (vinte mil) habitantes, visando contribuir para a melhoria das condições de mobilidade
urbana”. O principal desafio nesse momento é tornar a mobilidade em bicicletas prioridade na agenda
política e inverter recursos significativos para sua implementação.
O quadro abaixo mostra uma síntese da aplicação de recursos propostos no Projeto de Lei
6.474/2004 que trata do Programa Bicicleta Brasil (Quadro 2)
Brasil Acessível
5
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
O Programa Mobilidade Urbana e Trânsito, de acordo com Brasil (2013), apoia tanto a
elaboração de projetos de transporte público coletivo urbano e de Planos de Mobilidade Urbana, de
acordo com os princípios, objetivos e diretrizes estabelecidos na Política Nacional de Mobilidade
Urbana. Tais intervenções devem priorizar e promover sistemas de transportes públicos coletivo de
passageiros, e circulação não motorizada (como passeios, passarelas, ciclofaixas, ciclovias,
travessias, sinalização, etc.), prevendo a integração entre as diversas modalidades de transportes e
de circulação e a implantação do conceito de acessibilidade universal.
A Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana analisa os pleitos com base nas
diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana e de critérios do Ministério das Cidades. A
transferência dos recursos se dá mediante contrato de repasse entre o proponente selecionado e a
Caixa Econômica Federal – CEF. O proponente se encarrega de licitar e executar o projeto. A CEF
faz o acompanhamento físico e financeiro da execução e liberação de recursos com a autorização do
Ministério das Cidades (Quadro 4).
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
O PAC – Programa de Aceleração do Crescimento foi criado em 2007 através da Lei Federal
11.578/2007 que dispõe sobre a transferência obrigatória de recursos financeiros para a execução
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios de ações do Programa de Aceleração do Crescimento –
PAC. O PAC (BRASIL, 2007) consiste em um conjunto de medidas destinadas a incentivar o
investimento privado, aumentar o investimento público em infraestrutura e remover obstáculos
(burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e legislativos) ao crescimento. Nesse sentido, a
mobilidade urbana vem se tornando prioridade de investimento em várias esferas de governo. Em
2011, o PAC entrou na sua segunda fase, com apoio diretamente a mobilidade urbana, entre ações
de melhoria, requalificação e implantação de sistemas de transporte público coletivo, integração entre
modais, controle e modernização de sistemas, além dos transportes não motorizados. Também há
um eixo do programa destinado a pavimentação e qualificação das vias urbanas.
Este decreto institui que o transporte coletivo rodoviário intermunicipal seja executado pelo
Estado, ou outorgado seguindo as diretrizes do regulamento. De acordo com Paraná (2000), no art.
3º do Decreto Estadual nº. 1.821/2000 compete ao Departamento de Estradas e Rodagem do Estado
do Paraná, denominado DER/PR, a execução, o planejamento, a outorga e fiscalização dos serviços
de que trata este Regulamento, no âmbito de sua respectiva competência. A organização,
gerenciamento e planejamento devem ser providos pela Administração Pública Estadual. Ainda, o art.
44 do referido decreto traz que a lotação admitida é a capacidade normal do veículo mais 5
passageiros por metro quadrado do espaço da área livre do veículo. Na sequência, Paraná (2000)
apresenta as condições de isenção do pagamento da tarifa nos serviços de características
metropolitana, para: crianças até 5 anos de idade; deficientes físicos com dificuldades de locomoção
de acesso ao veículo bem como de ultrapassar a catraca; e idosos com mais de 65 anos de idade.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
A lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Cambé tem por finalidade determinar
as políticas, diretrizes e instrumentos de desenvolvimento do município orientando e determinando as
atuações do Poder Público Municipal e da iniciativa privada. Dessa forma, projetos setoriais e demais
peças do planejamento urbano, como a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana, deverão
contemplar as políticas e diretrizes estabelecida na Lei do Plano Diretor de Cambé, principalmente na
questão do transporte urbano.
A lei do Plano Diretor de Cambé traz uma visão estratégica nos artigos 17 a 23 (CAMBÉ,
2008) para o transporte, dispondo sobre políticas de estruturação viária, mobilidade urbana,
acessibilidade de calçadas, incentivo ao transporte não motorizado, transporte público coletivo,
priorização do pedestre e a política de implantação de ciclovias. No artigo 18 a política de
estruturação viária busca garantir um sistema de circulação eficiente em consonância com o
parcelamento do solo, diretrizes viárias previstas no Plano Diretor, uso do solo compatível,
hierarquização viária, necessidade de implantação de vias marginais e passarelas de pedestres nas
rodovias PR-445 e BR-369 que cruzam o perímetro urbano de Cambé, além de pavimentação de vias
importantes como a Avenida Esperança, adequações viárias e de drenagem, alargamentos
necessários e implantação de sinalização vertical e horizontal. O Plano Diretor também inclui a
adequação de vias rurais quanto ao sistema de circulação e transporte, como trata no artigo 19.
A mobilidade não motorizada é contemplada nos artigos 20 e 22 que tratam respectivamente
da acessibilidade universal de espaços públicos como as calçadas e da implantação de ciclovias com
a identificação de rotas possíveis. Já o art. 21 (CAMBÉ, 2008) refere-se a política de estruturação do
transporte coletivo que remete a diretriz nacional de priorizar o transporte coletivo sobre o individual e
também coloca algumas ações importantes, como: considerar o máximo de 400 metros como a
distância adequada para os itinerários de transporte coletivo; implantar e disponibilizar um sistema de
informações sobre linhas, frequências e integração; pontos de ônibus com cobertura e linhas de
corujões com destino a estabelecimentos de saúde 24 horas.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
2. CARACTERIZAÇÃO GERAL
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Até a terceira década do século XX, a localidade onde está atualmente o município de Cambé
teve o mesmo histórico de desenvolvimento do norte do Estado do Paraná, sendo esta uma região
marcada pela presença de indígenas, aventureiros que tomavam posse da terra, como também pelas
concessões do governo estadual para ocupação e estabelecimento de núcleos populacionais.
Embora não houvesse uma densidade demográfica significativa e nem um grande desempenho
econômico, a movimentação fundiária na região era fato, em razão das grandes fazendas
impulsionadas pela expansão cafeeira do território paulista.
O Patrimônio de Nova Dantzig, hoje município de Cambé, foi fundado como um dos primeiros
núcleos projetados pela CTNP – Companhia de Terras Norte do Paraná1 em 1932, ano em que
algumas famílias de Danzig2 (norte da Europa) vieram para dar início à colônia de Neu Danzing, após
terem adquirido terrenos com a Paraná Plantation Ltda., matriz da CTNP em Londres, através da
intermediação do funcionário do governo britânico Franz Bloch. A prática de incentivo à emigração
era recorrente no início do século XX, pois após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York (1929)
havia um grande número de trabalhadores sem emprego na Europa e uma situação econômica
agravada pelas questões políticas e sociais no período entre as duas grandes guerras.
No Plano Diretor de Desenvolvimento de Cambé (CAMBÉ, 2008), consta que era prática da
Companhia de Terras produzir folhetos, cartazes, e propagandas em revistas para atrair compradores
de todas as localidades. Aos poucos, começaram a chegar pessoas de outros países e diversas
regiões do Brasil, atraídas pela divulgação da fertilidade e qualidade da terra. Assim, imigrantes e
migrantes de várias etnias (italianos, espanhóis, alemães, portugueses, libaneses, japoneses, além
de paulistas e nordestinos) vieram desbravar as terras de toda a região, inclusive Nova Dantzig,
derrubando a mata existente e fazendo florescer a produção agrícola. Tal diversidade étnica é uma
das características no processo de colonização da CTNP nas terras no Norte do Paraná, sendo que
em Cambé, algumas comunidades rurais constituídas por pequenos proprietários de terras passaram
a ser denominadas como “colônias” pela concentração de determinados povos de imigração,
organizados a partir de uma economia rural, localizados na porção sul da cidade de Nova Dantzig,
sendo estas: Neu Danzig3 composta pelas primeiras famílias de alemães de Danzig (atual Parque
1 A CTNP – Companhia de Terras Norte do Paraná foi fundada em 24 de setembro de 1925 com sede no Brasil
para dividir as terras em lotes agrícolas e comercializá-las para cafeicultura aos colonos de todo o Brasil e
imigrantes. No final do mesmo ano, foi fundada em Londres a matriz da Companhia de Terras, com o nome de
Paraná Plantation Ltda, sob direção de Lord Lovat.
2 Danzig, atual Gdansk é uma cidade portuária do Mar Báltico. Antes da Primeira Guerra Mundial pertencia a
Alemanha. Depois do Tratado Versalhes (1919) tornou-se uma cidade sem país definido, sendo considerada
uma “cidade livre”, e só posteriormente foi anexada ao território da Polônia. No momento da vinda dos
imigrantes, coincide com o período entre guerras (Primeira e Segunda Guerra Mundial), justamente quando a
cidade é considerada “livre”.
3 De acordo com informações do Museu Histórico de Cambé, as famílias imigrantes de Danzig se instalaram
provisoriamente nas proximidades do Córrego Motlau, ao sul do núcleo urbano de Nova Dantzig, fixando ali as
primeiras ocupações, fora do traçado urbano projetado, onde hoje se encontra o Parque Danzinger Hof, na via
de acesso à comunidade do Bratislava.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Municipal Danziger Hof); Bratislava formada por eslovacos; Lorena por japoneses; Caramuru e
Saltinho na maioria por italianos. Ao norte formou-se a colônia do km 9. Estas comunidades eram
providas de um centro religioso, no caso a igreja, um barracão de festas, a escola rural e
eventualmente um estabelecimento comercial.
▪ Lei Estadual n°. 191, de 9 de outubro de 1937: criação do Distrito Judiciário de Nova
Dantzig como representação política no Município de Londrina.
▪ Decreto-Lei Estadual n°. 199, de 30 de Outubro de 1943 (publicado no Diário Oficial do dia
13 de janeiro de 1944): mudança dos nomes das cidades que tinham relação com os países
inimigos, em razão da Segunda Guerra Mundial. Assim, o Distrito de Nova Dantzig foi
denominado Cambé. A palavra é um topônimo de origem da língua Tupi, sendo que Caá
significa mata ou árvore + mbê como raízes aéreas, ou seja, árvore ou planta de raízes
aéreas. Há hipóteses de que o nome Cambé tenha sido escolhido pela referência ao Ribeirão
Cambé que nasce próximo à divisa entre os municípios de Cambé e Londrina.
▪ Lei Estadual n°. 3005, de 22 de dezembro de 1956: descreve as divisas entre os municípios
de Cambé e Bela Vista do Paraíso, após a incorporação do Distrito Prata, até então
pertencente a Bela Vista do Paraíso, em decorrência de um plebiscito feito entre os
moradores rurais do distrito. A comunidade da Prata surgiu como um pequeno núcleo rural na
década de 1930, localizada em um dos pontos extremos de Bela Vista do Paraíso. Recebeu
esta denominação devido à proximidade com o Rio da Prata. Após a lei sancionada, o distrito
passou a pertencer a Cambé, duplicando praticamente a área municipal: de 213 km² para um
total de 496,9 km². Cambé passou a ter dois distritos desde então: sede e Distrito Prata.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento (CAMBÉ, 2008), Nova Dantzig foi
fundada em 1932 como um dos primeiros núcleos instalados pela CTNP – Companhia de Terras
Norte do Paraná, e locada a 10 quilômetros de Londrina, sobre um “platô” à margem esquerda do
eixo rodoferroviário. Neste núcleo inicial, que correspondente atualmente a área central de Cambé, a
declividade do relevo é de 10 a 15%, um traçado que foi implantado sem envolver os cursos d’água:
córrego da Glória à oeste e córrego da Verdade à leste. Aos poucos a área urbana que previa a
ocupação de 177,5 ha. Foi sendo preenchida nas décadas seguintes pela vinda de migrantes e
imigrantes, atraídos pelo empreendimento da CTNP e pela prosperidade da cultura cafeeira. O
Distrito Prata embora tenha tido uma população considerável na década de 1950, atualmente sua
concentração urbana é inexpressiva, sendo este apresentado como uma comunidade da área rural.
A área urbana do distrito sede de Cambé teve um crescimento considerável dos anos de
1930 até meados da década de 2000, passando respectivamente de 151,8 ha, segundo informações
do Plano Diretor de Desenvolvimento (CAMBÉ, 2008). A Tabela 2 mostra a expansão da área urbana
de Cambé desde a década de 1930 até os anos 2000.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
De um modo geral, o crescimento urbano do distrito sede apresenta três situações a serem
consideradas:
▪ Expansão contínua em relação ao núcleo inicial nas primeiras décadas: 1930, 1940 e 1950.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Vetores de crescimento
O distrito sede de Cambé por ser o núcleo concentrador das atividades urbanas do município
teve o seu crescimento associado às políticas locais e ao desenvolvimento econômico da região. A
tabela abaixo mostra três características econômicas que tiveram influenciaram os vetores de
expansão da cidade (Quadro 5).
e PR-445.
→ Processo de multiplicação de renda através da especulação
imobiliária dos loteamentos.
(Desde a década de 1960)
15
Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
3. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
As relações estabelecidas com outros municípios ocorrem pela referência de pólo, convênios,
facilidades de acesso e proximidade, o que de certa forma, a maioria dos serviços relacionados ao
lazer, educação de segundo grau particular, e terceiro grau, serviços especializados de saúde, são
procurados pela população de Cambé em Londrina.
4Mesorregião é um conceito definido pelo IBGE desde 1976 que estabelece recortes territoriais, considerando
como critério fundamental para definição a estrutura produtiva, sendo que estas visam traduzir ainda que de
maneira sintética, as diferenças na organização do território nacional quanto às questões sociais e políticas.
5A divisão geo-econômica em associações de municípios no Paraná existe desde 1964. Atualmente, a AMP –
Associação de Municípios do Paraná é composta por 19 associações microrregionais de municípios. Trata-se de
uma entidade para a defesa dos interesses comuns dos municípios, proporcionando serviços de consultoria e
assessoria nas áreas jurídica e tributária.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
3.2. POPULAÇÃO
Tabela 3 – População censitária urbana e rural de Cambé, municípios vizinhos e a capital Curitiba
A Tabela 4, mostra que, enquanto no ano de 2000 a faixa etária predominante era de jovens
entre 05 e 24 anos, no ano de 2010, como uma sequência natural, a faixa de idade de maior
concentração populacional ficou entre 10 e 34 anos, como apresentado na pirâmide etária de 2010.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Tabela 4 – População censitária de Cambé por sexo e grupos etários – censos 1991, 2000 e 2010
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Na distribuição da população de Cambé pelos setores censitários (IBGE, 2010) nas bacias
hidrográficas presentes na área do perímetro urbano, verificou-se que a maior concentração
demográfica está na Bacia do Ribeirão Cafezal, com 52.123 habitantes, ou seja, 54% da população
total e com possibilidades de adensamento populacional em longo prazo. Nas demais frações das
bacias hidrográficas, os percentuais de concentração de população são menores, sendo que a
viabilidade de expansão da malha urbana e os maiores índices de adensamento populacional estão
nas bacias dos ribeirões Vermelho e Jacutinga, uma vez que a área da bacia do Ribeirão Cambé está
no núcleo conurbado com Londrina e praticamente toda ocupada pelas atividades urbanas. A Figura
3 mostra a distribuição da população no perímetro urbano de Cambé.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Nos aspectos sociais relacionados à Educação em Cambé, alguns dados são imprescindíveis
ao planejamento das ações no âmbito municipal, como IDH-Educação (Índice de Desenvolvimento
Humano), IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, número de matrículas na rede de
ensino, nível de escolaridade da população e a taxa de analfabetismo.
POSIÇÃO
MUNICÍPIOS IDH-Educação, 2010 IDH-TOTAL
IDH Educação
1º Londrina 0,778 0,778
2º Curitiba 0,768 0,823
3º Rolândia 0,661 0,739
4º Sertanópolis 0,655 0,723
5º Cambé 0,651 0,734
6º Ibiporã 0,647 0,726
7º Bela Vista do Paraíso 0,604 0,716
8º Jataizinho 0,574 0,687
Fonte: IBGE (2010). Nota: O IDH varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano
total).
O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado em 2007 para medir a
qualidade de cada escola e cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho
do estudante em avaliações do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e em
taxas de aprovação. Assim, para que o IDEB de uma escola ou rede aumente é preciso que o aluno
aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula. A escala do índice varia de 0 a 10, sendo
medido a cada dois anos. A meta até 2022 é que o Brasil alcance a nota 6, mínimo considerado em
países com bons níveis de desenvolvimento.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
ENSINO FUNDAMENTAL
NÚMERO DE MATRÍCULAS
MUNICÍPIOS Ensino Ensino Educação
Creche Pré-Escola Ensino Médio
Regular Fundamental Profissional
B. V. do Paraíso 3.109 152 388 1.899 670 -
Cambé 19.154 879 2.327 11.657 4.242 49
Ibiporã 11.391 1.185 1.243 6.617 2.199 147
Jataizinho 2.853 182 275 1.781 615 -
Londrina 109.619 5.960 13.074 62.839 22.048 5.698
Rolândia 12.582 601 1.607 7.392 2.613 369
Sertanópolis 3.271 243 386 1.769 823 50
Curitiba 390.150 39.250 28.631 221.952 78.815 21.502
Estado Paraná 2.405.059 181.308 231.783 1.445.820 474.200 71.948
Fonte: Dataescola (2015)
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Tabela 8 – Pessoas de 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever por grupos de idade
em Cambé, municípios vizinhos e a capital Curitiba
Pessoas de 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever, total e respectivas taxas de
analfabetismo, por grupos de idade (%)
MUNICÍPIOS 15 anos ou mais 15 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais
TOTAL % TOTAL % TOTAL % TOTAL % TOTAL %
B. V. do Paraíso 1.426 11,9 34 1,4 144 4,5 507 13,0 741 30,8
Cambé 4.823 6,4 107 0,7 350 1,5 1.407 5,8 2.959 26,1
Ibiporã 2.796 7,4 91 1,1 211 1,8 894 7,3 1.600 27,1
Jataizinho 912 10,2 28 1,4 92 3,5 330 11,9 462 33,0
Londrina 18.103 4,5 584 0,7 1.509 1,2 5.481 4,3 10.529 16,3
Rolândia 2.814 6,2 75 0,8 238 1,7 959 6,6 1.542 21,6
Sertanópolis 847 6,8 17 0,7 42 1,2 304 7,3 484 22,5
Curitiba 29.812 2,1 1.517 0,5 3.349 0,7 9.724 2,2 15.222 7,7
Fonte: IBGE (2010)
Os dados referentes aos aspectos sociais de renda no município de Cambé estão associados
ao rendimento médio mensal (RAIS), que de acordo com o IPARDES (2015) foi de R$ 1.887,38. O
PIB per capita anual é de R$ 32.059,00 (IPARDES, 2014). As Tabelas 9 e 10, mostram a população
residente em domicílios particulares permanentes e a proporção de pessoas pela classe de renda
mensal. É fato que na área urbana do distrito sede de Cambé, 18,1% da população residente em
domicílios permanentes tem renda mensal até ½ salário mínimo.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Tabela 10 – PIB – Produto Interno Bruto segundo os setores da economia de Cambé, municípios
vizinhos e a capital Curitiba, ano 2014
Gráfico 3 – Valor Adicionado Fiscal de Cambé, segundo os setores da economia municipal, no ano de
2014
Além da produção nos setores da economia, faz-se necessária a análise quanto aos
empregos e PEA – População Economicamente Ativa. No ano de 2015, de acordo com os dados do
IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, apresentados na tabela
11, o setor que mais emprega em Cambé é o das indústrias seguido do comércio e serviços.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
EMPREGOS (RAIS)
MUNICÍPIOS Administração Agricultura e
Indústria em Construção
TOTAL Comércio Serviços Pública Direta outros
geral Civil
e Indireta semelhantes
B. V. do
2.347 433 29 647 607 388 243
Paraíso
Cambé 22.679 7.596 1.243 6.035 4.326 2.912 567
Ibiporã 11.662 3.846 438 2.343 2.578 1.496 961
Jataizinho 1.768 394 28 323 437 473 113
Londrina 173.359 25.022 8.673 43.294 83.804 10.337 2.229
Rolândia 20.448 10.926 367 3.778 3.139 1.588 650
Sertanópolis 4.099 973 113 917 1.281 463 352
Curitiba 914.006 105.830 43.604 156.627 406.445 199.993 1.507
Fonte: IPARDES (2015). Nota: RAIS – Relação Anual de Informações Sociais
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
EMPREGO FORMAL
MUNICÍPIOS
Admitidos Desligados Saldo
Bela Vista do Paraíso 2.201 2.051 150
Cambé 9.232 10.470 - 1.238
Ibiporã 5.424 5.725 - 126
Jataizinho 585 637 - 42
Londrina 85.250 88.373 - 3.123
Rolândia 9.488 11.116 - 1.628
Sertanópolis 1.195 1.195 0
Curitiba 339.182 371.021 -31.839
Fonte: IPARDES (2015)
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Figura 4 – Fluxo da população nas áreas urbanas dos municípios de Cambé, Londrina e Ibiporã
De modo geral, constata-se que há grande demanda por deslocamentos entre os municípios
da Região Metropolitana de Londrina, principalmente entre os que fazem parte do aglomerado
urbano: Arapongas, Rolândia, Cambé, Londrina e Ibiporã. Na esfera regional existem dois projetos do
Governo do Estado que no futuro podem trazer uma nova paisagem para a região, sendo estes o
projeto Trem Pé Vermelho para retomar o transporte de passageiros entre os municípios de Ibiporã e
Paiçandu e a construção do Contorno Norte envolvendo a porção ao norte da áreas urbanizadas
dos municípios de Ibiporã a Apucarana, passando por Londrina e Cambé.
O trem Pé vermelho está em fase de estudo, sendo que seu objetivo é promover a opção de
modal de deslocamento de passageiros em longa distância em trem de alta velocidade, utilizando em
grande parte do trajeto a área de domínio do ramal ferroviário implantado nas décadas de 1930 e
1940. De acordo com o estudo, algumas cidades ao longo do itinerário têm previsão para implantação
de estações de apoio, o que, no entanto, ainda não há especificações da localização destas.
A previsão do contorno norte tem passado por vários debates. O objetivo é criar uma
infraestrutura rodoviária complementar a Rodovia BR-369 que já se apresenta saturada,
principalmente no acesso de Londrina e municípios adjacentes. O contorno tem o propósito de
oferecer mais uma opção de modal motorizado para transporte de cargas e deslocamento de
pessoas, ampliando as possibilidade de fluxo de mercadorias, trabalho e tecnologia.
LEGISLAÇÃO (Lei Complementar Estadual) MUNICÍPIOS QUE PASSARAM A FAZER PARTE DA RML
n.º 81/1998, alterada pelas leis n.º 86/2000 e Bela Vista do Paraíso, Cambé, Ibiporã, Jataizinho, Londrina, Rolândia,
nº.91/2002 Sertanópolis e Tamarana
n.º 129/2010 Alvorada do Sul, Assaí e Primeiro de Maio
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
4. PESQUISAS APLICADAS
Para a elaboração deste plano foram aplicadas as seguintes pesquisas específicas para
mobilidade urbana:
V. Pesquisa de Opinião.
Para tanto, deve-se atentar aos principais conceitos de domicílio particular permanente e
viagem aplicados a mobilidade urbana, como mostra o quadro 7.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
É importante frisar que para a pesquisa domiciliar obter êxito se fez importante preparar a
população para receber os pesquisadores. Para tanto, foi realizado um trabalho de divulgação e
conscientização antes da aplicação da pesquisa, como também o treinamento da equipe e aplicação
de uma pesquisa piloto para perfeiçoar o método, a fim de detectar possíveis problemas no formulário
e na sua tabulação de dados.
▪ Caracterização do domicílio;
▪ Caracterização da população;
O quadro 9, mostra os itens referentes a pesquisa aplicada em cada uma das três partes do
questionário da OD.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
De acordo com Caiafa (2009), os PGTs (Pólos Geradores de Tráfego) são atividades que
atraem ou produzem grande número de viagens.
Para Portugal e Goldner (2003) os PGTs são “locais ou instalações de distintas naturezas que
desenvolvem atividades de porte e escala capazes de produzir um contingente significativo de
viagens”. Sola (1983, p. 22) estabelece duas graduações de impacto para PGT, sendo micropolos
como baixo impacto e grandes polos os que provocam grandes impactos à malha viária. Caiafa
(2009) estabelece onze “categorias de empreendimentos impactantes” (Quadro 10).
CATEGORIAS DE
EMPREENDIMENTOS DESCRIÇÃO
IMPACTANTES
O estudo dos pólos geradores de tráfego em Cambé teve como objetivo averiguar as
impressões identificadas nas demais pesquisas, levando em consideração os impactos destes no
trânsito. Como critério, procurou-se selecionar atividades que geram concentração de pessoas, como
grande número de trabalhadores em empreendimentos e instituições, além de serviços com alta
rotatividade de acesso.
Em uma cidade existem vários pólos geradores de tráfego, o que, para atender a finalidade
da pesquisa, foram selecionados oito estabelecimentos representativos em Cambé de diferentes
atividades, como mostra o Quadro 11.
Quadro 11 – Pólos geradores de tráfego em Cambé selecionados para aplicação dos questionários
1. Pado
INDUSTRIAL
2. Brado Logistica (Porto seco)
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Para a contagem de volume de tráfego o DNIT (BRASIL, 2006b, p. 101) estabelece alguns
critérios quanto a seleção dos locais para realização das contagens: “nos trechos entre interseções e
nas interseções. As contagens entre interseções têm como objetivo identificar os fluxos de uma
determinada via e as contagens em interseções levantar fluxos das vias que se interceptam e dos
seus ramos de ligação”.
PONTO DE REFERÊNCIA DE
LOCALIZAÇÃO (CRUZAMENTO)
CONTAGEM
P1E / P1S Avenida Antônio Raminelli entre as ruas Felipe Cortez e Avelino José da Silva
P2E / P2S Rua Mal. Deodoro da Fonseca entre as ruas Paulo e Rodovia Celcio Garcia
P4E / P4S Rua da Esperança entre a Rodovia 369 e Rua João Fortunato
P5E / P5S Estrada da Esperança entre a Rodovia 369 e Avenida Lourenço Fadel
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Para cada uma das dezesseis localidades previamente selecionadas em Cambé foram
realizadas as contagens de volume de tráfego no período de pico da manhã (entre 07:00 e 09:00) e
pico da tarde (das 17:00 as 19:00) com marcação em formulário específico. O formulário de
contagem de volume de tráfego traz informações quanto aos modos de deslocamento: a pé, bicicleta,
moto, carro, ônibus, caminhão e van escolar.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
A pesquisa de opinião em Cambé foi disponibilizada através de link para formulário online, no
site da Prefeitura do Município, no período dos meses de outubro de 2015 a maio de 2016, o que
computou o total de 107 participantes.
Embora esta pesquisa tenha suas limitações, já que apenas as pessoas que entraram no site
deixaram suas percepções, ela ainda assim tem um valor indicativo da percepção da população com
relação aos problemas de mobilidade urbana em Cambé.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, jun. 2004.
______. Lei nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2000. Seção 1, p.
2-3.
______. Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001. Dispõe sobre o Estatuto da Cidade, regulamenta os
arts. 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jul. 2001. Seção 1, p. 1-5.
______. Decreto nº. 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 dez. 2004. Seção 1, p. 5-
10.
______. Lei nº. 11.578, de 26 de novembro de 2007. Dispõe sobre a transferência obrigatória de
recursos financeiros para a execução pelos Estados, Distrito Federal e Municípios de ações do
Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, e sobre a forma de operacionalização do Programa
de Subsídio à Habitação de Interesse Social – PSH nos exercícios de 2007 e 2008. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 27 nov. 2007. Seção 1, p. 1.
______. Projeto de Lei nº. 6.474 de 2009. Institui o Programa Bicicleta Brasil, para incentivar o
uso da bicicleta visando a melhoria das condições de mobilidade urbana. Brasília, DF.
Disponivel em: <
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=717079&filename=PL+6474
/2009 > Acesso em 22 fev. 2017.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
______. Lei nº. 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de
Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nos 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405,
de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no
5.452, de 1o de maio de 1943, e das Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de
novembro de 1975; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 jan. 2012.
Seção 1, p. 1-3.
______. Lei nº. 13.089, de 12 de janeiro de 2015. Institui o Estatuto da Metrópole, altera a Lei no
10.257, de 10 de julho de 2001, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13
jan. 2015a. Seção 1, p. 2-3.
______. Ementa Constitucional nº. 90, de 15 de setembro de 2015. Dá nova redação ao art. 6º da
Constituição Federal, para introduzir o transporte como direito social. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 16 set. 2015b. Seção 1, p. 1.
______. Ministério das Cidades/ Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana – SeMob.
Caderno de Referência para elaboração de Plano de Mobilidade Urbana. Brasília: Ministério das
Cidades, 2015c.
______. Decreto nº. 8.874, de 13 de outubro de 2016. Regulamenta as condições para aprovação
dos projetos de investimento considerados como prioritários na área de infraestrutura. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 13 out. 2016. Seção 1, p. 1.
CAMPOS, Vânia Barcellos Gouvêa. Planejamento de transportes: conceitos e modelos. 1.ed. Rio
de Janeiro: Interciência, 2013.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Disponível em:
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 22 jan. 2015.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
______. Base de informações do Censo Demográfico 2010: Resultados do Universo por setor
censitário. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011.
PORTUGAL, Licinio da Silva; GOLDNER, Lenise Grando. Estudos de Pólos Geradores de Tráfego
e de seus Impactos nos Sistemas Viários e de Transportes. Rio de Janeiro:Edgard Blucher, 2003.
SOLA, Sérgio Michel. Pólos geradores de tráfego. São Paulo: Companhia de Engenharia de
Tráfego, 1983.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Processo de mobilização:
A Prefeitura Municipal de Cambé por meio da coordenação municipal enviou convocação aos membros da
Comissão de Acompanhamento do Plano de Mobilidade Urbana para participarem da reunião técnica dos
resultados preliminares das pesquisas, com data, horário e local.
Objetivo:
- Apresentação dos dados preliminares das pesquisas: Origem-Destino Domiciliar, Polos Geradores de Tráfego,
Contagens de Tráfego, Pesquisa de Opinião Espontânea pela Internet, e Contraste de Ônibus;
- Validação das pesquisas realizadas.
Metodologia:
Num primeiro momento foi feita a apresentação expositiva das pesquisas com o auxílio de material de apoio
desenvolvido pela consultoria para o Comitê de Acompanhamento, por tipo de pesquisa. Foi, então, aberto para
debate os resultados apresentados.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Material de apoio:
▪ Recursos de audiovisual em PowerPoint
Descrição:
A reunião teve início com a apresentação do engenheiro Fernando Fernandes sobre a importância do PlanMob. A
seguir a arquiteta Danaê Fernandes apresentou a metodologia e alguns resultados das pesquisas realizadas. O
engenheiro Ricardo Júnior apresentou a planilha de viagens da pesquisa OD, passando a palavra ao arquiteto
Fernando Fayet, que apresentou as sínteses em mapa. Em seguida, a arquiteta Eliza Zanon fez apontamentos
sobre modos de transporte mais utilizados e zonas de tráfego mais expressivas, com tabelas de resultados.
Tomou palavra o engenheiro Enzo Bortolotti com explicações sobre processos da engenharia de tráfego, seguido
pelo arquiteto João Bortolotti que demonstrou trechos viários passíveis de interferências. O engenheiro Fernando
Fernandes fez o fechamento da apresentação, conduzindo as discussões. Durante a explanação os membros do
Comitê de Acompanhamento fizeram perguntas e observações quanto a elaboração das pesquisas e seus
respectivos resultados. Ao encerrar a reunião a equipe técnica agradeceu a participação ativa da SEPLAN na
obtenção de dados.
EXPERIÊNCIA E IMPRESSÕES
Impressão dos participantes:
Chamou a atenção dos participantes o número expressivo de viagens a pé, com aproximadamente 25% do total
de viagens tabuladas na Pesquisa OD Domiciliar. A má qualidade de calçadas foi um consenso dos
participantes, e houve discussão para possíveis providências a serem tomadas.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Foi colocado em discussão a grande produção de quebra-molas na cidade, destacado o trajeto de ônibus da
linha Shopping Via São Paulo, com 60 quebra-molas contados pelos representantes da Til Transportes.
A ideia de utilização de containers inservíveis para integração modal foi bem recebida, assim como o
apontamento de necessidade de profundas mudanças no sistema de transporte público do município.
Avaliação da Consultoria:
▪ A discussão foi interessante para a continuação do Plano de Mobilidade Urbana;
▪ Há necessidade de conciliação entre a prática imobiliária e a necessidade da população.
Danaê Fernandes
Elisa Roberta Zanon
Enzo Bettoni Bortolotti
Fernando Fayet de Oliveira
Fernando Fernandes
João Baptista Bortolotti
Ricardo Pereira de Oliveira Júnior
11 de Agosto de 2016,
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Processo de mobilização:
A Prefeitura Municipal de Cambé por meio da coordenação da Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento)
convocou membros ligados aos setores técnicos para discussão das propostas preliminares do Plano de
Mobilidade Urbana, com data, horário e local.
Objetivo:
- Apresentação de propostas preliminares para cada modal: veículos motorizados (hierarquia viária), transporte
público/ ônibus, bicicleta e andar a pé.
- Discutir as propostas com os técnicos da Prefeitura Municipal.
Metodologia:
Num primeiro momento foi feita a apresentação expositiva das pesquisas com o auxílio de material de apoio
desenvolvido pela consultoria. Após a apresentação houve um momento para discussão.
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Plano de Mobilidade Urbana de Cambé / PR
Material de apoio:
▪ Recursos de audiovisual em PowerPoint.
Descrição:
A reunião teve início coma a nova proposta de hierarquia viária com o Arquiteto e Urbanista João Bortolotti.
Alguns trechos críticos foram colocados em discussão, relacionados ao índice de atropelamentos e acidentes.
Foram feitas propostas para readequação viária com semáforos, implantação de sistema de binários na zona
central, e novas conexões. A seguir, novas propostas para o sistema de transporte público foram feitas pela
arquiteta Elisa Zanon. A implantação de um tronco-alimentador entre zonas de tráfego mais carregadas, de
rápidas viagens com, no máximo, 12 minutos, foi colocado em discussão. O arquiteto Fernando Fayet
apresentou os mapas dos roteiros de ônibus atuais e os propostos. Tomou a palavra a arquiteta Danaê
Fernandes, com propostas para transporte não motorizado, entre sistema de ciclovias e áreas de preferência ao
pedestre. Durante toda a explanação os participantes fizeram perguntas e observações. O arquiteto João
Bortolotti encerrou a reunião com conclusões coletivas elaboradas durante a apresentação.
EXPERIÊNCIA E IMPRESSÕES
Impressão dos participantes:
A proposta de nova hierarquia viária foi revisada, a alguns segmentos serão modificados. Existe preocupação e
pressa em registrar as faixas de domínio futuras para que se viabilizem obras sem desapropriações. Também foi
apontada a necessidade de construção de um viaduto completo entre os municípios de Rolândia e Cambé, com
quatro alças.
Houve consenso na proposta de transporte público tronco-alimentador, com viagens mais rápidas, interligando
bairros estratégicos. A escolha do local do novo terminal urbano foi questionada.
Em relação aos pedestres, foi notada a aceitação da proposta de caminho alternativo no caso de interrupção de
calçada. Quando o morador do lote secciona a calçada com rampas de grande inclinação para carros, e a
calçada se torna descontínua e intrafegável, a vaga de estacionamento de fronte ao lote será interditada, com
tachões, para que os pedestres possam continuar o trajeto sem riscos.
A valorização da área central como zona pedonal e implantação de faixas elevadas foi de ampla aceitação.
-A implantação de uma rodoferroviária com integração de bicicletas nas proximidades da Av. Carlos Sawade,
como um projeto de vanguarda prevendo a futura utilização da linha férrea para transporte de passageiros.
Avaliação da Consultoria:
▪ Houve reciprocidade dos técnicos da Prefeitura quanto às propostas, na expectativa de delinear
cenários futuros para Cambé em longo prazo.
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Danaê Fernandes
Elisa Roberta Zanon
Fernando Fayet de Oliveira
Fernando Fernandes
João Baptista Bortolotti
4 de outubro de 2016,
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