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Anotações sobre integração 2.


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

1
Sumário

1 Integração 3
1.1 Integrais impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Integrais de funções ilimitadas definidas num intervalo limitado 4
1.1.2 Integrais com limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.3 Critério de comparação Zpara integrais impróprias . . . . . . . . . 9

sen(x)
1.1.4 A integral de Dirichlet dx . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
0 x
1.2 Teste da integral para convergência de séries . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Limites e integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.4 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2
Capı́tulo 1

Integração

b Propriedade 1 (Teorema do valor médio de Bonnet-1849 ). Sejam g, f :


[a, b] → R , f monótona com f 0 integrável e g contı́nua, então existe c ∈ [a, b] tal
que
Zb Zc Zb
f(x)g(x)dx = f(a) g(x)dx + f(b) g(x)dx.
a a c
Zx
ê Demonstração. Seja G(x) = g(t)dt. Aplicamos integração por partes
a
Zb Zb Zb Zb
0
f(x)g(x)dx = f(x)G (x)dx = f(b) g(x)dx − f 0 (x)G(x)dx
a a a a
Zb
em − f 0 (x)G(x)dx usamos o TVM para integrais, logo existe c ∈ [a, b] tal que
a
Zb Zb Zc
0 0
− f (x)G(x)dx = −G(c) f (x)dx = − g(x)dx(f(b) − f(a))
a a a

onde esse último termo se anula apenas se f é constante, onde a identidade vale
trivialmente, substituindo na integral temos
Zb Zb Zc Zc
f(x)g(x)dx = f(b) g(x)dx − g(x)dxf(b) + f(a) g(x)dx =
a a a a

abrindo a integral em duas


Zc Zb Zc Zc Zc Zb
= f(b) g(x)dx+f(b) g(x)dx− g(x)dxf(b)+f(a) g(x)dx = f(a) g(x)dx+f(b) g(x)dx
a c a a a c

logo
Zb Zc Zb
f(x)g(x)dx = f(a) g(x)dx + f(b) g(x)dx.
a a c

3
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 4

1.1 Integrais impróprias

1.1.1 Integrais de funções ilimitadas definidas num intervalo

limitado

b Propriedade 2. Seja f : (a, b] → R limitada, tal que as restrições f|[c,b] sejam


integráveis para cada c ∈ [a, b], então definindo f(a) = t qualquer, obtemos uma
função integrável f : [a, b] → R com
Zb Zb
f(x)dx = lim+ f(x)dx.
a c→a c

ê Demonstração. Seja K tal que x ∈ [a, b] ⇒ |f(x)| ≤ K. Dados ε > 0, podemos


ε
tomar c ∈ (a, b] com K(c − a) < , tomando c suficientemente próximo de a, f|[c,b] é
4
ε
integrável e existe uma partição P de [c, b] tal que S(f, P)−s(f, P) < , então tomando
2
Q = P ∪ {a} uma partição de [a, b], as somas são geradas em relação a partição P,
adicionando um termo

S(f, Q) = sup f(c − a) + S(f, P)


[a,c]

s(f, Q) = inf f(c − a) + s(f, P)


[a,c]

subtraindo temos

ε ε
S(f, Q)−s(f, q) = (sup f−inf f)(c−a)+S(f, P)−s(f, P) ≤ 2K(c−a)+S(f, P)−s(f, P) ≤ + = ε
[a,c] [a,c] 2 2
Zb
logo f[a, b] → R é integrável. g(x) = f(t)dt é uniformemente contı́nua
x
Zb
g(a) = lim+ f(t)dt.
c→a c

Resultado similar podemos mostrar para f : [a, b) → R.

m Definição 1. Seja a função f : (a, b] → R contı́nua, definimos a integral


CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 5

imprópria em [a, b] por


Zb Zb
f(x)dx = lim+ f(x)dx.
a ε→0 a+ε

m Definição 2. Seja a função f : [a, b) → R contı́nua, definimos a integral


imprópria em [a, b] por
Zb Z b−ε
f(x)dx = lim+ f(x)dx.
a ε→0 a

m Definição 3. Se f : [a, b] → R tal que f seja contı́nua em [a, b] exceto em


c ∈ [a, b], definimos a integral imprópria de f ∈ [a, b] pela soma das integrais
impróprias
Zb Zc Zb
f(x)dx = f(x)dx + f(x)dx.
a a c

O caso de f : (a, b) → R também se reduz aos anteriores pois tomamos c ∈


Zc Zb
(a, b) e estudamos a convergência das integrais f(x)dx e f(x)dx em (a, c] e
a c
[c, b) respectivamente.

Se os limites nas definições acima existirem, as integrais são ditas convergentes,


caso contrário são divergentes.

$ Corolário 1. A integral Zb
f(x)dx
a+ε

está bem definida. pois f|[a+ε,b] é contı́nua logo é Riemann integrável.

Zb
b Propriedade 3. Seja f : [a, b] → R com f(x) ≥ 0∀ x ∈ (a, b] então f(x)dx
a
converge ⇔ existe K > 0 tal que
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 6

Zb
f(x)dx ≤ K, ∀ ε ∈ (0, b − a).
a+ε

ê Demonstração. Zb
A função g : (0, b − a) → R com g(y) = f(x)dx é não-crescente pois , dado
a+y
t > y temos a + t > a + y e
Zb Zb Z a+t
g(y) − g(t) = f(x)dx − f(x)dx = f(x)dx ≥ 0.
a+y a+t a+y

⇐).
Zb
Se existe K > 0 tal que f(x)dx ≤ K∀ ε ∈ (0, b − a), g é limitada (também é
Zb a+ε

limitada inferiormente, pois 0 ≥ f(x)dx) e monótona, logo possui limite lateral


a+ε

Zb Zb
lim g(ε) = lim+ f(x)dx = f(x)dx.
ε→0+ ε→0 a+ε a

⇒).
Zb
Se f(x)dx converge então existe o limite
a
Zb Zb
lim g(ε) = lim+ f(x)dx = f(x)dx
ε→0+ ε→0 a+ε a

Zb
então tomamos K = f(x)dx = sup{g(x), x ∈ (0, b − a)} portanto vale
a
Zb Zb
f(x)dx ≤ K = f(x)dx, ∀ ε ∈ (0, b − a).
a+ε a

b Propriedade 4 (Critério de comparação). Se existe uma função g : (a, b] → R


tal que 0 ≤ f(x) ≤ kg(x) ∀ x ∈ (a, b) , então:
Zb Zb
1. Se g(x)dx converge então f(x)dx converge .
a a
Zb Zb
2. Se f(x)dx diverge então g(x)dx diverge.
a a

ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 7

1. Dado qualquer ε ∈ (0, b − a) tem-se


Zb Zb Zb
f(x)dx ≤ K g(x)dx ≤ K g(x)dx = K2
a+ε a+ε
| a
{z }
K2

Zb Zb
logo f(x)dx ≤ K2 , ∀ ε ∈ (0, b − a) o que implica que f(x)dx converge.
a+ε a
Zb Zb
2. Se f(x)dx diverge então g(x)dx também diverge. Quando a primeira di-
a Zb a

verge então f(x)dx não é limitada superiormente, logo para qualquer A


a+ε
Zb
existe ε1 tal que K1 ≤ f(x)dx, vale que
a+ε1

Zb Zb
A≤ f(x)dx ≤ K g(x)dx
a+ε1 a+ε1

Zb
logo g(x)dx não é integrável.
a
Zb
O limite lim+ f(x)dx = ∞, pois dado ε2 < ε1 vale
ε→0 a+ε

Zb Zb
A≤ f(x)dx ≤ f(x)dx.
a+ε1 a+ε2

Zb
m Definição 4 (Convergência absoluta). A integral f(x)dx é absolutamente
Zb a

convergente quando |f(x)|dx é convergente.


a

Zb
b Propriedade 5. Seja f : (a, b] → R contı́nua. Se |f(x)|dx converge então
Zb a

f(x)dx converge.
a

ê Demonstração. Sabemos que f = f+ − f− e |f| = f+ + f− , disso tiramos que


|f(x)| + f(x) |f(x)| − f(x)
f+ (x) = e f− (x) = , logo f+ e f− são contı́nuas, valendo que
2 2
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 8

Zb
(f+ , f− ≥ 0) e f− ≤ |f|, f+ ≤ |f|, a convergência de |f(x)|dx, implica por comparação
Zb Zb a

que f− (x)dx e f+ (x)dx convergem logo


a a
Zb Zb Zb
f(x)dx = f+ (x)dx − f− (x)dx
a a a
é convergente.

$ Corolário 2 (Critério de comparação II). Se f, g : [a, b] → R são contı́nuas ,


Zb Zb
g(x)dx converge e |f(x) ≤ Kg(x)| ∀ x ∈ (a, b] então |f(x)|dx converge e daı́
Zab a

f(x)dx converge .
a

m Definição 5 (Valor principal de Cauchy-VPC).


Zb  Z c−t Zb 
VP( f(x)dx) = lim f(x)dx + f(x)dx
a t→0 a c+t

para algum c.

Z1
1 1
Z Exemplo 1. A integral dx não existe pois f, f(x) = não é limitada
−1 x x
em [−1, 1] e também não definida a princı́pio em 0. Para que seja integrável a
Riemann é necessário que a função seja limitada.
Porém ela possui valor associado por meio do valor principal de Cauchy,
vejamos

Z1  Z −t Z1 
1 1 1
VP( dx) = lim dx + dx =
−1 x t→0 −1 x t x

0
−t 1
−t z }| {
= lim ln(x) + ln(x) = ln( ) + ln(1) − ln(t) = lim ln(t) + ln(1) − ln(t) = 0.
t→0
−1 t −1 t→0

Portanto
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 9

Z1
1
VP( dx) = 0.
−1 x

1.1.2 Integrais com limites infinitos

m Definição 6 (Integral com limite superior ∞.). Dada uma função f : [a, ∞) →
R integrável em cada intervalo do tipo [a, r] ∀ r > a, define-se a integral imprópria
de f com limite superior ∞ como
Z∞ Zy
f(x)dx := lim f(x)dx
a y→∞ a

quando o limite existe.

m Definição 7 (Integral com limite inferior −∞.). Dada uma função f :


(−∞, a] → R integrável em cada intervalo do tipo [a, r] ∀ r > a, define-se a
integral imprópria de f com limite inferior ∞ como
Za Za
f(x)dx := lim f(x)dx.
−∞ a→−∞ y

Se tais limites existirem, em cada caso, chamamos a integral de convergente, se


não existir de divergente.

m Definição 8 (Integrais com limite superior infinito e inferior −∞). Seja f


uma função de R em R contı́nua. Tomando a um número real qualquer, definimos
Z∞ Za Z∞
f(x)dx := f(x)dx + f(x)dx
−∞ −∞ a

1.1.3 Critério de comparação para integrais impróprias

b Propriedade 6. Seja f : [a, ∞) → R com f(x) ≥ 0, ∀ x ∈ [a, ∞) então


CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 10

Z∞
f(x)dx converge ⇔ existe K > 0 tal que
a
Zx
f(x)dx ≤ K, ∀ x ∈ [a, ∞).
a
Zx
ê Demonstração. Definimos g em [a, ∞) como g(x) = f(x)dx temos que,
a
para x > y tem-se
Zx Zy Zx
g(x) − g(y) = f(x)dx − f(x)dx = f(x)dx ≥ 0
a a y

logo g é não-decrescente, sendo limitada superiormente existe o limite


Z∞
lim g(x) = f(x)dx.
x→∞ a

E se existe o limite então g também é limitada superiormente.

b Propriedade 7 (Critério de comparação I). Sejam f, g : [a, +∞) → R


contı́nuas , k > 0 tal que 0 ≤ f(x) ≤ kg(x) para x ≥ a :
Z∞ Z∞
1. Se g(x)dx converge então f(x)dx converge .
a a
Z∞ Z∞
2. Se f(x)dx diverge então g(x)dx diverge.
a a

ê Demonstração.

1. Vale que Zt Zt Z∞
0≤ f(x)dx ≤ k g(x)dx ≤ K g(x)dx
a a
| a
{z }
K2
Zt
logo f(x)dx é limitada superiormente e por isso converge.
a

2. Se a primeira diverge então é ilimitada superiormente, assumindo valor maior


que qualquer constante, além disso por ser não-decrescente ela tende a infinito,
o mesmo vale para a segunda integral, logo elas divergem.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 11

Z∞
m Definição
9 (Convergência absoluta). f(x)dx é dita ser absolutamente
Z∞ a

convergente quando |f(x)|dx converge.


a

Z∞ Z∞
b Propriedade 8. Seja f contı́nua. Se |f(x)|dx converge então f(x)dx,
a a
isto é, uma integral absolutamente convergente é convergente.

ê Demonstração. Utilizamos o mesmo procedimento para do outro tipo de


integral imprópria. Z∞
Sabemos que f− ≤ |f|, f+ ≤ |f|, a convergência de |f(x)|dx, implica por comparação
Z∞ Z∞ a

que f− (x)dx e f+ (x)dx convergem logo


a a
Z∞ Z∞ Z∞
f(x)dx = f+ (x)dx − f− (x)dx
a a a

é convergente.

$ Corol ário 3 (Critério de comparação II). Sejam f, g : [a, +∞) → R contı́nuas.


Z ∞
Se g(x)dx converge e existe k > 0 tal que |f(x)| ≤ kg(x) para x ≥ a então
Z∞ a

f(x)dx converge absolutamente.


a

b Propriedade 9 (Critério de Cauchy). Seja f : [a, ∞) → R em que f|[a,r] é


Z∞
integrável ∀ r > a . Nessas condições f(x)dx converge ⇔ ∀ ε > 0 ∃ M tal que
a
para B > A > M tenhamos
ZB
| f(x)dx| < ε.
A

ê Demonstração.
⇒). Suponha que a integral converge para L, seja ε > 0, usando a definição de
convergência, podemos tomar M ≥ a suficientemente grande tal que se A ≥ M temos
ZA
ε
| f(x)dx − L| < ,
a 2
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 12

tomando B > A ≥ M temos

ZB ZB ZA ZB ZA
| f(x)dx − L| = | f(x)dx − f(x)dx| = | f(x)dx − L + L − f(x)dx| ≤
A a a a a

por desigualdade triangular


ZB ZA
ε ε
| f(x)dx − L| + | f(x)dx − L| ≤ + = ε
a a 2 2
ZB
logo vale | f(x)dx − L| < ε como queriamos mostrar.
A
⇐).
Para n natural, definimos Zn
an = f(x)dx.
a
Para ε > 0, existe m ≥ a tal que se m, n ≥ M temos
Zn
|an − am | = | f(x)dx| < ε,
m

logo (an ) é uma sequência de Cauchy, logo é convergente, seja lim an = L. Dado
ε > 0 escolhemos M ≥ a ( M natural) tal que n > m, e quaisquer A1 , B1 com
ε
B1 > A1 > M tem-se |an − L| < e
2
Z B1
ε
| f(x)dx| <
A1 2
.
A ≥ M + 1 então bAc > M, tal que1
Tomando |{z}
|{z}
B1 A1
ZA Z bAc ZA ZA
ε ε
| f(x)dx−L| = | f(x)dx−L+ f(x)dx| ≤ |abAc −L|+| f(x)dx| < + =ε .
a a bAc bAc 2 2

b Propriedade 10 (Teste de Dirichlet para integral imprópria). Sejam f, g :


[a, ∞) → R , f monótona, lim f(x) = 0, f 0 integrável em [a, x] ∀ x > a, g contı́nua,
Zx
x→∞

G : [a, ∞) → R com G(x) = g(t)dt limitada. Nessas condições


a
Z∞
f(t)g(t)dt
a

1
Lembre que bc é a função piso, que dado x ∈ [n, n + 1), n inteiro, associa x a n.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 13

converge .

ê Demonstração. Pelo TVM de Bonnet em [a, c] existe b tal que


Zc Zb Zc
f(x)g(x)dx = f(a) g(x)dx + f(c) g(x)dx
a a b

como Zc
| g(x)dx| ≤ M
a
usando a desigualdade anterior com a primeira identidade
Zc
| f(x)g(x)dx| ≤ M(f(a) + f(c))
a

ε
podemos tomar a e c tais que f(a) + f(c) < pois lim f(x) = 0 de onde segue o
M x→∞
resultado da convergência da integral .

Z∞
sen(x)
1.1.4 A integral de Dirichlet dx
0 x
Z∞
sen(x)
b Propriedade 11. A integral de Dirichlet
x
dx convergea , porém não
0
converge absolutamente .
a
Na teoria de integral de Lebesgue a integral de Dirichlet não converge

ê Demonstração.
Por meio de integração por partes temos
Zx x Z x
sen(t) cos(t) sen(t)
dt = − − dt
1 t t
1 1 t2

Z ∞cada um dos limites acima com x → ∞ converge, logo a integral converge.


onde
|sen(x)|
dx não converge, pois
0 x
Z∞ X ∞ Z 2(n+1)π
|sen(x)| |sen(x)|
dx = dx
2π x n=1 2nπ x

1
como decresce temos
x
X∞ Z 2(n+1)π X ∞ Z 2(n+1)π
|sen(x)| |sen(x)|
dx ≥ dx =
n=1 2nπ x n=1 2nπ π2(n + 1)
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 14

em cada intervalo [2nπ, 2(n + 1)π] a integral tem um valor constante por |sen(x)|
ser periódica de perı́odo π, então o valor da integral é C, a série fica como
X

C
=
n=1
π2(n + 1)
Z∞
|sen(x)|
que diverge por série harmônica. do mesmo modo podemos mostrar que dx
Z∞ 0 xr
|cos(x)|
e dx não convergem com r ≤ 1.
0 xr
[2- Convergência]
Outra maneira de demonstrar a convergência é o seguinte: Por corolário do
teorema do valor médio para integrais em [a, c] existe b tal que
Zc Z Z
sen(x) 1 b 1 c
dx = sen(x)dx + sen(x)dx
a x a a c b
como
Zc
| sen(x)dx| = | − cos(c) + cos(a)| ≤ |cos(a)| + |cos(b)| ≤ 2
a

então usando a desigualdade anterior com a primeira identidade


Zc
sen(x) 1 1
| dx| ≤ 2( + )
a x a c
1 1 ε
podemos tomar a e c tais que ( + ) < de onde segue o resultado da convergência
a c 2
da integral .
ê Demonstração.

Z Exemplo 2. Se f 0
é contı́nua em [0, ∞) e lim f(t) = 0 então
t→∞
Z∞
f 0 (x)dx = −f(0).
0

Z∞ Zt
0
f (t)dt = lim f 0 (t)dt = lim (f(t) −f(0)) = −f(0).
0 t→∞ 0 t→∞ |{z}
→0

1.2 Teste da integral para convergência de séries


CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 15

b Propriedade 12. Seja f : [1, ∞) → R+ decrescente. Nessas condições

X
∞ Z∞
f(k) < ∞ ⇔ f(t)dt < ∞.
k=1 1

Se a série converge para s, vale a estimativa

Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt
n+1 n

X
n
onde sn = f(k).
k=1

ê Demonstração. De
Zb
m(b − a) ≤ f(t)dt ≤ M(b − a)
a

onde M, m são o supremo e ı́nfimo de f em [a, b], se tomamos o intervalo [k − 1, k]


com f decrescente essa desigualdade implica que
Zk
f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1)
k−1

X
n
aplicando a soma tem-se
k=2

X
n Zn X
n X
n−1
f(k) − f(1) = sn − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) = f(k) = s(n − 1)
k=1 1 k=2 k=1

Zn
s(n) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ s(n − 1)
1
portanto segue o resultado de convergência.
Zk X
m
Da desigualdade f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) aplicando resulta
k−1 n+1
Zm Z m+1 Zm
s(m) − s(n) ≤ f(t)dt ≤ s(m − 1) − s(n − 1) ⇒ f(t)dt ≤ s(m) − s(n) ≤ f(t)dt
n n+1 n

tomando m → ∞ segue
Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt.
n+1 n
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 16

$ Corolário 4. Se f : [1, ∞) → R é decrescente então

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k).
k=1 1 k=1

b Propriedade 13. Caso f seja positiva, estritamente decrescente , continua


no intervalo não degenerado [a, b] então vale que

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) < f(t)dt < f(k).
k=1 1 k=1

ê Demonstração. Pois vale

f(b) < f(t) < f(a), t ∈ (a, b)


Zb
a integral nestas condições mantém a desigualdade estrita, logo
a
Zb
(b − a)f(b) < f(t)dt < f(a)(b − a),
a

X
n
tomamos a = k − 1, b = k e aplicamos a soma de ambos lados, de onde segue
k=2
que

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) < f(t)dt < f(k).
k=1 1 k=1

Z Exemplo 3. Calcule
X
10000
1
b √ c.
k=1
k
1
f(k) = √ é estritamente decrescente e contı́nua no intervalo não degenerado
k
[1, 10 000] logo podemos aplicar o resultado anterior.
Temos que
X
10000 Z 10000 X−1 1
10000
1 1
√ −1< √ dt < √ ,
k=1
k 1 t k=1
k
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 17

porém
Z 10000 Z 10000 10000
1 −1 1 1
√ dt = t dt = 2t
2 2 = 2[(104 ) 2 − 1] = 2[102 − 1] = 2.99 = 198
1 t 1 1

tem-se portanto
X
10000
1 X−1 1
10000
√ < 198 < √ +1
k=2
k k=2
k
X−1
10000
1
logo √ > 197 e daı́
k=2
k

X
10000
1 X−1 1
10000
198 > √ > √ > 197,
k=2
k k=2
k

com isso vale que


X
10000
1
b √ c = 197,
k=2
k
isto, é a parte inteira da soma é 197.

b Propriedade 14. Se f : [1, ∞) → R é crescente então

X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1

ê Demonstração. Como f é crescente e vale a desigualdade


Zb
m(b − a) ≤ f(x)dx ≤ M(b − a)
a
Z k+1
então aplicando tal desigualdade a integral f(x)dx, com f crescente, M = sup{f(x) | x ∈
k
[k, k + 1]} = f(k + 1), m = inf {f(x) | x ∈ [k, k + 1]} = f(k) e k + 1 − k = 1 então
Z k+1
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k + 1)
k

X
n−1
aplicando de ambos lados da desigualdade, temos
k=1

X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 18

$ Corolário 5. Vale que


X
n−1
nw+1 X n
w
k < < kw
k=1
w+1 k=1

com w um valor real positivo qualquer .


Tomando f(x) = xw , temos que f é crescente pois f 0 (x) = wxw−1 > 0, derivada
positiva implica função crescente, pois estamos tomando também x > 0.
Então podemos aplicar a desigualdade de integrais,

X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1

implicando

X
n−1 Zn X n
w w nw+1 1
k ≤ k dx = − ≤ kw − 1
k=1 1 w+1 w+1 k=1
que implica
X
n−1
1 nw+1 X 1
n
kw + ≤ ≤ kw + −1
w+1 w+1 w + 1
|k=1 {z } k=1
Pn−1
> k=1 kw

X
n−1
1 nw+1 X 1
n
w
k + ≤ ≤ kw + −1
k=1
w+1 w+1 w+1 k=1

1 1
como w > 0 então w + 1 > 1 logo 1 > o que implica − 1 < 0 por isso
w+1 w+1
X
n
1 X n
w
k + −1< kw juntando essas desigualdades temos
k=1
w+1 k=1

X
n−1
nw+1 X n
kw < < kw
k=1
w+1 k=1

para w > 0 real, e não apenas w natural .

Z∞ Z∞
Z Exemplo 4. x f(x)dx converge ⇔
k
|x|k f(x)dx converge .
−∞ −∞
Se k é par |x| = x e as duas integrais são iguais . Se k é ı́mpar (−x)k = −xk
k k
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 19

a integral com x ∈ [0, ∞) é a mesma para as duas expressões .


Temos que analisar a integral em (−∞, 0]. A integral na segunda expressão é

Z0 Z0 Z0
|x| f(x)dx =
k k
(−x) f(x)dx = − xk f(x)dx
−∞ −∞ −∞
Z0
onde usamos que k é ı́mpar tal integral converge ⇔ xk f(x)dx converge, então
−∞
vale a equivalência.

1.3 Limites e integrais

1
b Propriedade 15. Dada u : R → R, função Lipschitz e vε =

χ(ve,ε) , então
Z
lim uvε dx = u(0).
ε→0 R

ê Demonstração. A integral se resume ao intervalo (−ε, ε), u(0), pode ser


escrito como Zε
u(0)
u(0) = dx,
−ε 2ε
vamos mostrar que a diferença com a integral inicial tende a zero . Por condição de
Lipschitz, temos
Zε Zε Zε
1 1 1
| (u(x) − u(0))dx| ≤ |u(x) − u(0)|dx ≤ c|x|dx =
−ε 2ε −ε 2ε −ε 2ε

xdx
Zz 0 }| {
0
Zε Zε
c c
= [ xdx + −xdx] = xdx =
2ε 0 −ε ε 0

c ε2 cε
= ,=
ε2 2
que tende a zero, como querı́amos demonstrar.

1.4 Desigualdades
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 20

b Propriedade 16. Seja f : R → R crescente então vale que


Z1 Z1
1
xf(x)dx ≥ f(x)dx.
0 2 0

ê Demonstração. Provar tal desigualdade é equivalente a mostrar que


Z1
(2x − 1)f(x)dx ≥ 0.
0

1 1
(2x − 1) é negativa para x < e positiva para x > . Como f é crescente, no
2 2
1
compacto [0, ] então
2
1
f(x) ≤ f( ),
2
Z1
2
multiplicando por 2x − 1 e aplicando , lembrando que o termo é negativo e daı́
0
inverte a desigualdade, temos que

Z1 Z1
2 1 2
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx. (1.1)
0 2 0

1
Agora para x > , temos que
2
1
f(x) ≥ f( ),
2
multiplicando por 2x − 1 que é positivo e portanto não altera a desigualdade, e depois
Z1
aplicando segue que
1
2
Z1 Z1
1
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx. (1.2)
1
2
2 1
2

Somando (1.1) e (1.2) segue que


Z1 Z1 1
1 1
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx = f( )(x2 − x) = 0,
0 2 0 2 0

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Z1
(2x − 1)f(x)dx ≥ 0,
0

como querı́amos mostrar.

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