Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
‡
Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com
‡
1
Sumário
1 Integração 3
1.1 Integrais impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Integrais de funções ilimitadas definidas num intervalo limitado 4
1.1.2 Integrais com limites infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.3 Critério de comparação Zpara integrais impróprias . . . . . . . . . 9
∞
sen(x)
1.1.4 A integral de Dirichlet dx . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
0 x
1.2 Teste da integral para convergência de séries . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Limites e integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.4 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2
Capı́tulo 1
Integração
onde esse último termo se anula apenas se f é constante, onde a identidade vale
trivialmente, substituindo na integral temos
Zb Zb Zc Zc
f(x)g(x)dx = f(b) g(x)dx − g(x)dxf(b) + f(a) g(x)dx =
a a a a
logo
Zb Zc Zb
f(x)g(x)dx = f(a) g(x)dx + f(b) g(x)dx.
a a c
3
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 4
limitado
subtraindo temos
ε ε
S(f, Q)−s(f, q) = (sup f−inf f)(c−a)+S(f, P)−s(f, P) ≤ 2K(c−a)+S(f, P)−s(f, P) ≤ + = ε
[a,c] [a,c] 2 2
Zb
logo f[a, b] → R é integrável. g(x) = f(t)dt é uniformemente contı́nua
x
Zb
g(a) = lim+ f(t)dt.
c→a c
$ Corolário 1. A integral Zb
f(x)dx
a+ε
Zb
b Propriedade 3. Seja f : [a, b] → R com f(x) ≥ 0∀ x ∈ (a, b] então f(x)dx
a
converge ⇔ existe K > 0 tal que
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 6
Zb
f(x)dx ≤ K, ∀ ε ∈ (0, b − a).
a+ε
ê Demonstração. Zb
A função g : (0, b − a) → R com g(y) = f(x)dx é não-crescente pois , dado
a+y
t > y temos a + t > a + y e
Zb Zb Z a+t
g(y) − g(t) = f(x)dx − f(x)dx = f(x)dx ≥ 0.
a+y a+t a+y
⇐).
Zb
Se existe K > 0 tal que f(x)dx ≤ K∀ ε ∈ (0, b − a), g é limitada (também é
Zb a+ε
Zb Zb
lim g(ε) = lim+ f(x)dx = f(x)dx.
ε→0+ ε→0 a+ε a
⇒).
Zb
Se f(x)dx converge então existe o limite
a
Zb Zb
lim g(ε) = lim+ f(x)dx = f(x)dx
ε→0+ ε→0 a+ε a
Zb
então tomamos K = f(x)dx = sup{g(x), x ∈ (0, b − a)} portanto vale
a
Zb Zb
f(x)dx ≤ K = f(x)dx, ∀ ε ∈ (0, b − a).
a+ε a
ê Demonstração.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 7
Zb Zb
logo f(x)dx ≤ K2 , ∀ ε ∈ (0, b − a) o que implica que f(x)dx converge.
a+ε a
Zb Zb
2. Se f(x)dx diverge então g(x)dx também diverge. Quando a primeira di-
a Zb a
Zb Zb
A≤ f(x)dx ≤ K g(x)dx
a+ε1 a+ε1
Zb
logo g(x)dx não é integrável.
a
Zb
O limite lim+ f(x)dx = ∞, pois dado ε2 < ε1 vale
ε→0 a+ε
Zb Zb
A≤ f(x)dx ≤ f(x)dx.
a+ε1 a+ε2
Zb
m Definição 4 (Convergência absoluta). A integral f(x)dx é absolutamente
Zb a
Zb
b Propriedade 5. Seja f : (a, b] → R contı́nua. Se |f(x)|dx converge então
Zb a
f(x)dx converge.
a
Zb
(f+ , f− ≥ 0) e f− ≤ |f|, f+ ≤ |f|, a convergência de |f(x)|dx, implica por comparação
Zb Zb a
f(x)dx converge .
a
para algum c.
Z1
1 1
Z Exemplo 1. A integral dx não existe pois f, f(x) = não é limitada
−1 x x
em [−1, 1] e também não definida a princı́pio em 0. Para que seja integrável a
Riemann é necessário que a função seja limitada.
Porém ela possui valor associado por meio do valor principal de Cauchy,
vejamos
Z1 Z −t Z1
1 1 1
VP( dx) = lim dx + dx =
−1 x t→0 −1 x t x
0
−t 1
−t z }| {
= lim ln(x) + ln(x) = ln( ) + ln(1) − ln(t) = lim ln(t) + ln(1) − ln(t) = 0.
t→0
−1 t −1 t→0
Portanto
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 9
Z1
1
VP( dx) = 0.
−1 x
m Definição 6 (Integral com limite superior ∞.). Dada uma função f : [a, ∞) →
R integrável em cada intervalo do tipo [a, r] ∀ r > a, define-se a integral imprópria
de f com limite superior ∞ como
Z∞ Zy
f(x)dx := lim f(x)dx
a y→∞ a
Z∞
f(x)dx converge ⇔ existe K > 0 tal que
a
Zx
f(x)dx ≤ K, ∀ x ∈ [a, ∞).
a
Zx
ê Demonstração. Definimos g em [a, ∞) como g(x) = f(x)dx temos que,
a
para x > y tem-se
Zx Zy Zx
g(x) − g(y) = f(x)dx − f(x)dx = f(x)dx ≥ 0
a a y
ê Demonstração.
1. Vale que Zt Zt Z∞
0≤ f(x)dx ≤ k g(x)dx ≤ K g(x)dx
a a
| a
{z }
K2
Zt
logo f(x)dx é limitada superiormente e por isso converge.
a
Z∞
m Definição
9 (Convergência absoluta). f(x)dx é dita ser absolutamente
Z∞ a
Z∞ Z∞
b Propriedade 8. Seja f contı́nua. Se |f(x)|dx converge então f(x)dx,
a a
isto é, uma integral absolutamente convergente é convergente.
é convergente.
ê Demonstração.
⇒). Suponha que a integral converge para L, seja ε > 0, usando a definição de
convergência, podemos tomar M ≥ a suficientemente grande tal que se A ≥ M temos
ZA
ε
| f(x)dx − L| < ,
a 2
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 12
ZB ZB ZA ZB ZA
| f(x)dx − L| = | f(x)dx − f(x)dx| = | f(x)dx − L + L − f(x)dx| ≤
A a a a a
logo (an ) é uma sequência de Cauchy, logo é convergente, seja lim an = L. Dado
ε > 0 escolhemos M ≥ a ( M natural) tal que n > m, e quaisquer A1 , B1 com
ε
B1 > A1 > M tem-se |an − L| < e
2
Z B1
ε
| f(x)dx| <
A1 2
.
A ≥ M + 1 então bAc > M, tal que1
Tomando |{z}
|{z}
B1 A1
ZA Z bAc ZA ZA
ε ε
| f(x)dx−L| = | f(x)dx−L+ f(x)dx| ≤ |abAc −L|+| f(x)dx| < + =ε .
a a bAc bAc 2 2
1
Lembre que bc é a função piso, que dado x ∈ [n, n + 1), n inteiro, associa x a n.
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 13
converge .
como Zc
| g(x)dx| ≤ M
a
usando a desigualdade anterior com a primeira identidade
Zc
| f(x)g(x)dx| ≤ M(f(a) + f(c))
a
ε
podemos tomar a e c tais que f(a) + f(c) < pois lim f(x) = 0 de onde segue o
M x→∞
resultado da convergência da integral .
Z∞
sen(x)
1.1.4 A integral de Dirichlet dx
0 x
Z∞
sen(x)
b Propriedade 11. A integral de Dirichlet
x
dx convergea , porém não
0
converge absolutamente .
a
Na teoria de integral de Lebesgue a integral de Dirichlet não converge
ê Demonstração.
Por meio de integração por partes temos
Zx x Z x
sen(t) cos(t) sen(t)
dt = − − dt
1 t t
1 1 t2
1
como decresce temos
x
X∞ Z 2(n+1)π X ∞ Z 2(n+1)π
|sen(x)| |sen(x)|
dx ≥ dx =
n=1 2nπ x n=1 2nπ π2(n + 1)
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 14
em cada intervalo [2nπ, 2(n + 1)π] a integral tem um valor constante por |sen(x)|
ser periódica de perı́odo π, então o valor da integral é C, a série fica como
X
∞
C
=
n=1
π2(n + 1)
Z∞
|sen(x)|
que diverge por série harmônica. do mesmo modo podemos mostrar que dx
Z∞ 0 xr
|cos(x)|
e dx não convergem com r ≤ 1.
0 xr
[2- Convergência]
Outra maneira de demonstrar a convergência é o seguinte: Por corolário do
teorema do valor médio para integrais em [a, c] existe b tal que
Zc Z Z
sen(x) 1 b 1 c
dx = sen(x)dx + sen(x)dx
a x a a c b
como
Zc
| sen(x)dx| = | − cos(c) + cos(a)| ≤ |cos(a)| + |cos(b)| ≤ 2
a
Z Exemplo 2. Se f 0
é contı́nua em [0, ∞) e lim f(t) = 0 então
t→∞
Z∞
f 0 (x)dx = −f(0).
0
Z∞ Zt
0
f (t)dt = lim f 0 (t)dt = lim (f(t) −f(0)) = −f(0).
0 t→∞ 0 t→∞ |{z}
→0
X
∞ Z∞
f(k) < ∞ ⇔ f(t)dt < ∞.
k=1 1
Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt
n+1 n
X
n
onde sn = f(k).
k=1
ê Demonstração. De
Zb
m(b − a) ≤ f(t)dt ≤ M(b − a)
a
X
n
aplicando a soma tem-se
k=2
X
n Zn X
n X
n−1
f(k) − f(1) = sn − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) = f(k) = s(n − 1)
k=1 1 k=2 k=1
Zn
s(n) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ s(n − 1)
1
portanto segue o resultado de convergência.
Zk X
m
Da desigualdade f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) aplicando resulta
k−1 n+1
Zm Z m+1 Zm
s(m) − s(n) ≤ f(t)dt ≤ s(m − 1) − s(n − 1) ⇒ f(t)dt ≤ s(m) − s(n) ≤ f(t)dt
n n+1 n
tomando m → ∞ segue
Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt.
n+1 n
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 16
X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k).
k=1 1 k=1
X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) < f(t)dt < f(k).
k=1 1 k=1
X
n
tomamos a = k − 1, b = k e aplicamos a soma de ambos lados, de onde segue
k=2
que
X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) < f(t)dt < f(k).
k=1 1 k=1
Z Exemplo 3. Calcule
X
10000
1
b √ c.
k=1
k
1
f(k) = √ é estritamente decrescente e contı́nua no intervalo não degenerado
k
[1, 10 000] logo podemos aplicar o resultado anterior.
Temos que
X
10000 Z 10000 X−1 1
10000
1 1
√ −1< √ dt < √ ,
k=1
k 1 t k=1
k
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 17
porém
Z 10000 Z 10000 10000
1 −1 1 1
√ dt = t dt = 2t
2 2 = 2[(104 ) 2 − 1] = 2[102 − 1] = 2.99 = 198
1 t 1 1
tem-se portanto
X
10000
1 X−1 1
10000
√ < 198 < √ +1
k=2
k k=2
k
X−1
10000
1
logo √ > 197 e daı́
k=2
k
X
10000
1 X−1 1
10000
198 > √ > √ > 197,
k=2
k k=2
k
X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1
X
n−1
aplicando de ambos lados da desigualdade, temos
k=1
X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 18
X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1
implicando
X
n−1 Zn X n
w w nw+1 1
k ≤ k dx = − ≤ kw − 1
k=1 1 w+1 w+1 k=1
que implica
X
n−1
1 nw+1 X 1
n
kw + ≤ ≤ kw + −1
w+1 w+1 w + 1
|k=1 {z } k=1
Pn−1
> k=1 kw
X
n−1
1 nw+1 X 1
n
w
k + ≤ ≤ kw + −1
k=1
w+1 w+1 w+1 k=1
1 1
como w > 0 então w + 1 > 1 logo 1 > o que implica − 1 < 0 por isso
w+1 w+1
X
n
1 X n
w
k + −1< kw juntando essas desigualdades temos
k=1
w+1 k=1
X
n−1
nw+1 X n
kw < < kw
k=1
w+1 k=1
Z∞ Z∞
Z Exemplo 4. x f(x)dx converge ⇔
k
|x|k f(x)dx converge .
−∞ −∞
Se k é par |x| = x e as duas integrais são iguais . Se k é ı́mpar (−x)k = −xk
k k
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 19
Z0 Z0 Z0
|x| f(x)dx =
k k
(−x) f(x)dx = − xk f(x)dx
−∞ −∞ −∞
Z0
onde usamos que k é ı́mpar tal integral converge ⇔ xk f(x)dx converge, então
−∞
vale a equivalência.
1
b Propriedade 15. Dada u : R → R, função Lipschitz e vε =
2ε
χ(ve,ε) , então
Z
lim uvε dx = u(0).
ε→0 R
c ε2 cε
= ,=
ε2 2
que tende a zero, como querı́amos demonstrar.
1.4 Desigualdades
CAPÍTULO 1. INTEGRAÇÃO 20
1 1
(2x − 1) é negativa para x < e positiva para x > . Como f é crescente, no
2 2
1
compacto [0, ] então
2
1
f(x) ≤ f( ),
2
Z1
2
multiplicando por 2x − 1 e aplicando , lembrando que o termo é negativo e daı́
0
inverte a desigualdade, temos que
Z1 Z1
2 1 2
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx. (1.1)
0 2 0
1
Agora para x > , temos que
2
1
f(x) ≥ f( ),
2
multiplicando por 2x − 1 que é positivo e portanto não altera a desigualdade, e depois
Z1
aplicando segue que
1
2
Z1 Z1
1
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx. (1.2)
1
2
2 1
2
logo
Z1
(2x − 1)f(x)dx ≥ 0,
0