O desenvolvimento tem um caráter multifatorial, é um produto de efeitos diretos e
indiretos, complexa combinação de influências que, em face à adversidade, podem ter diferentes desfechos e remetem à necessidade de abordar os fatores e mecanismos de risco e proteção. São considerados riscos biológicos, acontecimentos pré, peri e pós-natais como prematuridade, baixo peso ao nascimento, complicações no parto e na gravidez. Já entre os fatores de risco ambiental, a literatura refere o baixo nível socioeconômico, a escolaridade e a fragilidade nos vínculos familiares. Há também os fatores exógenos, ambientais, que igualmente exercem grande influência em cada uma das funções podendo também causar atraso na emergência das aquisições e/ou distúrbio. Os pais e a família constituem esses fatores externos, de forma mais preponderante, no início da vida. Muitas vezes, há concomitância dos dois tipos de risco, biológico e ambiental, provocando um efeito cumulativo. Um diagnóstico precoce dos riscos ao desenvolvimento pode aumentar as chances das crianças com atraso, possibilitar um acesso e atenção adequada, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Há evidências suficientes de que quanto mais precoces forem o diagnóstico de atraso e a intervenção, menor será o impacto desses problemas no desenvolvimento e na vida futura da criança Em um estudo realizado em comunidade de baixa renda na periferia de São Luís (MA), foi analisada a possível associação entre a oferta de estímulos no ambiente familiar e o desenvolvimento de crianças de 2 anos de idade. Os autores concluíram que a qualidade e a quantidade de estímulos ambientais presentes no contexto familiar mostraram-se fundamentais para o desenvolvimento global das crianças. O baixo nível socioeconômico e a pouca escolaridade dos pais podem afetar o desenvolvimento na medida em que se observou uma relação direta entre essas variáveis, a responsividade e a qualidade da estimulação materna oferecida à criança. Atividade reflexa primitiva O recém-nascido normal apresenta inúmeros reflexos primitivos, que de maneira geral estão presentes até notadamente quatro meses de vida. Supõe-se que as atividades reflexas primitivas concorram como arcabouço para o preparo dos atos motores voluntários. À medida que evolui a maturação do sistema nervoso, a atividade reflexa primitiva vai sendo inibida. É importante que haja um enfoque maior durante esse período de 0 a 3 anos, uma vez que se recomenda que qualquer programa de estimulação do desenvolvimento da criança deve ter seu início no período que engloba desde a concepção até os três anos de idade. Esta é a fase em que o cérebro se desenvolve mais rapidamente, constituindo uma janela de oportunidades para o estabelecimento das fundações que repercutirão em uma boa saúde e produtividade no futuro (UNICEF, 2015). IDADES-CHAVES E AQUISIÇÕES RELEVANTES EM NASCIDOS A TERMO PERÍODO NEONATAL Postura em flexão. Em prono: eleva a cabeça momentaneamente. Contato visual/fixação visual (de forma mais evidente no final do período). Reage a sons 3 MESES Controle de cabeça (ausência aos quatro meses: sinal de alerta) Simetria corporal Transferência do peso corporal Junção das duas mãos na linha média Sorriso social (início, em geral, com dois meses) Vocalização e gritos 6 MESES Permanece sentado, quando colocado (ausência aos sete meses: sinal de alerta) Rola Alcança e segura objetos ora com uma mão, ora com a outra (uso sempre de uma única e da mesma mão: sinal de alerta) Localiza sons dirigindo o olhar em direção à fonte sonora Balbucia 9 MESES De sentado passa para a postura de pé Engatinha Permanece de pé, com apoio Duplicidade de sílabas no balbucio 12 MESES Anda Primeiras palavras 1º a 2º ano A criança irá começar a ter independência progressiva, locomovendo-se e passa a ter agilidade com as mãos A criança possui evolução rápida da linguagem, compreensão e expressão e teimosia. A criança utiliza muitas frases de duas palavras; deixa de balbuciar e quer conversar 2º a 3º ano A criança fica sobre apenas um pé por alguns segundos e sobe utilizando pés alternados, mas ainda desce apoiando ambos os pés no degrau A criança começa a formular frases mais longas e dar nomes a objetos conhecidos A criança é capaz de copiar um círculo, faz diversas figuras circulares e linhas que correspondem a um cenário que ela descreve