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CAPITULO 4

FILTROS SINTONIZADOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO


E SISTEMAS INDUSTRIAIS

Prof. José Wilson Resende


Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia)
Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Uberlândia

4.1) INTRODUÇÃO
A filtragem por meio de apropriados circuitos reduz as correntes
harmônicas que fluem nos sistemas elétricos. Filtros em derivação, com uma
baixa impedância para as freqüências harmônicas, devem absorver a maior parte
das correntes geradas pelas cargas não-lineares, limitando assim as tensões
harmônicas nos barramentos.
Filtros são circuitos capazes de separar sinais elétricos (correntes e tensões),
alterando as características de amplitude e fase desses sinais. Este processo de
separação dos sinais elétricos ou, simplesmente, filtragem, ocorre graças às diversas
características das curvas de impedância dos diferentes filtros com relação ao
espectro de freqüências. Desse modo, de acordo com o tipo de filtro, a finalidade de
filtragem e a característica de freqüência do filtro empregado, rejeitam-se sinais de
freqüências indesejáveis ou, contrariamente, deixam-nos passar.
Os filtros são equipamentos robustos, constituídos de elementos resistivo (R),
indutivo (L) e capacitivo (C), em combinações variadas. São classificados de
diversas formas, conforme o aspecto que se deseja enfocar. Topologicamente, os
filtros são equipamentos de dois terminais, que são ligados em conexões trifásicas,
geralmente, em estrela. Dentre os filtros de dois terminais, faz-se uma classificação
quanto à colocação dos mesmos nos circuitos elétricos:
a) filtros em derivação, que são instalados em paralelo com as cargas elétricas
ou com as fontes de energia;
b) filtros série, que são instalados entre pontos de uma mesma fase do
circuito.

Os filtros em derivação e os filtros série apresentam vantagens e


desvantagens, de acordo com o tipo de aplicação. Entretanto, a utilização de filtros
em derivação é a mais difundida, principalmente, quando se pretende filtrar
harmônicos no lado c.a. de estações de transmissão em corrente contínua (C.C.A.T.)
ou de estações retificadoras industriais, etc.
Os filtros em derivação são também classificados conforme suas características
de impedância com a freqüência. Assim, estes filtros podem ser agrupados em duas
categorias, a saber:
I) Filtros sintonizados.
II) Filtros amortecidos.
2

A figura a seguir ilustra os tipos de filtros RLC em derivação existentes e sua


classificação quanto à característica de freqüência.

f
FIGURA 1 - Classificação dos filtros em derivação.

Os filtros sintonizados são circuitos ressonantes formados por elementos R,


L e C em série ou combinações série-paralela destes elementos de circuito. Nestes
filtros, os elementos capacitivos e indutivos são escolhidos de modo que os circuitos
apresentem uma, duas ou três freqüências de ressonância.
Os filtros amortecidos são circuitos formados por capacitores, indutores e
resistores em diversas combinações. São circuitos capacitivos à freqüência
fundamental, como os filtros sintonizados, e apresentam baixa impedância
predominantemente resistiva, para freqüências superiores a uma determinada
freqüência, denominada freqüência de sintonia.
Os filtros sintonizados são circuitos ressonantes série que, na freqüência de sintonia
ou de ressonância, apresentam baixa impedância resistiva. Para freqüências menores
que a freqüência de sintonia são capacitivos, e para as freqüências superiores àquela
freqüência são indutivos. Portanto, para a freqüência fundamental, estes filtros
podem funcionar como compensadores de reativo.
3

Seja um circuito elétrico formado por um resistor, um indutor e um capacitor,


conectados em série e alimentados por uma fonte de tensão, conforme ilustra a
figura abaixo:

FIGURA 2- Diagrama de um circuito RLC série

Aplicando-se o conceito de ressonância série ao circuito série, cuja impedância


complexa é dada por:

Onde, ω é a freqüência angular da fonte de alimentação, e R, L e C são os valores dos


componentes indicados na figura acima.

observa-se que, ajustando-se a freqüência da fonte, existirá um valor de freqüência


em que esta impedância será puramente resistiva.
O módulo e a fase da impedância série da expressão acima podem ser assim
expressas:

e
Onde:
Z(ω): módulo da impedância complexa dada por (1.1), em função da freqüência ω;
φ(ω) : ângulo da impedância Z(ω), em função de ω. Este ângulo difere de γ, apenas, pelo
sinal oposto, tomando-se na referência a tensão da fonte.

A condição de ressonância, conforme estabelecida acima, possibilitará a


determinação da freqüência que anulará a parte imaginária de Z(ω):
⎛ 1 ⎞
⎜ω ⋅ L − ⎟=0
⎝ ω ⋅C ⎠
Assim, explicitando-se a freqüência ω na equação acima, obtém-se a freqüência
angular de ressonância do circuito série, que é dada por:
1
ω0 =
L ⋅C
Onde, ωo é a freqüência angular de ressonância do circuito RLC.

Esta freqüência (ωo) é uma característica do circuito RLC série. Isto significa
que, se a fonte de alimentação (de pulsação ω variável) coincidir sua freqüência
4

com a freqüência ωo própria do circuito, essa fonte fará o circuito entrar em


ressonância série.
Esta condição está ilustrada na figura abaixo, onde estão ilustrados os
comportamentos do módulo e do ângulo de fase da impedância, para um dado
circuito RLC série de resistência R = 1Ω, capacitância C = 100 µF e indutância L =
10 mH, cuja freqüência angular ressonante (ω) é 1000 rad/s.

FIGURA 3 - Impedância de um circuito RLC série versus freqüência.


(a) Módulo. (b) Ângulo.

Pela observação da figura (a) acima se verifica que, na freqüência de


ressonância, a impedância é mínima. Por outro lado, conclui-se que o ângulo de
Z(ω) anula-se para ω = ωo . Este fato demonstra que, na ressonância série, o
circuito será puramente resistivo.
Observa-se também que, aumentando-se a freqüência além de ωo, os ângulos
da impedância serão positivos e cada vez mais próximos de + 90 . Isto implicará
que a impedância será predominantemente indutiva nas altas freqüências.
Inversamente, para freqüências baixas e inferiores à freqüência de ressonância, o
circuito será predominantemente capacitivo.

Neste capitulo será desenvolvido, como aplicação prática, o dimensionamento


de um filtro sintonizado para a 5a. harmônica, que será instalado em um barramento
de 480 V, onde um transformador de 1500 kVA (Xt= 6%) supre uma carga não
linear de 1200 kVA, de fator de potência 0,75 atrasado.
5

A tensão harmônica de 5a. ordem nesta barra, com a carga não linear acima
desligada, é de 1% do valor de 480 V.
Especial atenção será dada à análise da suportabilidade do capacitor adotado
para o filtro.

4.2) EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO DE UM FILTRO SINTONIZADO

O texto desta seção foi extraído da seguinte referência bibliográfica: ELECTRICAL POWER
SYSTEMS QUALITY, 2a, edição, McGraw-Hill, 2002; Mark F. McGranagham, Roger C.
Dugan, Surya Santoso, H. Wayne Beaty

Nesta seção será exemplificado o desenvolvimento de um filtro de 5a.


harmônica. Os cálculos serão desenvolvidos de acordo com as seguintes etapas:

1a. etapa: Escolha da freqüência de sintonia:


Para acomodar eventuais futuras dessintonias, a freqüência de sintonia do
filtro será para a ordem harmônica 4,7.

2a. etapa: Potência do banco de capacitores:


Como regra geral, a potência reativa do capacitor do filtro é baseada na
potência reativa que a carga necessita, para a correção de seu fator de potência. Em
seguida, a potência do reator é determinada, de tal forma a sintonizar o conjunto
Capacitor/Reator à freqüência de sintonia desejada.
Por outro lado, cuidado especial deverá ser tomado com o fato de que a
tensão nominal do banco de capacitores deverá ser maior do que a tensão nominal
do sistema.

No exemplo a ser apresentado, será assumido que o fator de potência final da


carga será de 0,96. Assim, a potência reativa a ser acrescentada será calculada da
seguinte maneira:

• Potência reativa atual para fp= 0,75:


1200 x sen [arcos (0,75)] = 794,73 kvar

• Potência reativa desejada para fp = 0,96:


1200 x sen [arcos (0,96)] = 333 kvar

• Potência reativa a ser fornecida pelo capacitor do filtro:


794,73 – 336,0 = 457,73 kvar. Esta potência corresponde a uma reatância capacitiva
líquida, do filtro ( na configuração estrela), Xfilt, de:
6

V2 480 2
X filt = = = 0,5034 OHM (1)
S 457,73 x103

OBS: Xfilt é a diferença entre a reatância capacitiva do banco de capacitor e a


reatância indutiva do reator, ambas na freqüência fundamental:
Xfilt(1) = Xcap(1) - XL(1) (2)

Ou seja: Xcap(1)= Xfilt(1) + XL(1) (3)


Para sintonizar o filtro da 4,7a. ordem harmônica:
X cap (1)
= X L (1) .h
h (4)
X cap (1) = X L (1) .h 2

Fazendo h= 4,7: X cap (1) = 4,7 2. X L (1) . (5)


X cap (1)
Extraindo-se a reatância indutiva: X L (1) = (6)
4,7 2
X cap (1)
Substituindo-se (6) em (3): Xcap(1)= Xfilt(1) + XL(1) = Xfilt(1) + (7)
4,7 2
Explicitando-se a reatância capacitiva do capacitor:
4,7 2. X filt (1)
X cap (1) = (8)
4,7 2 − 1
4,7 2.0,5034Ω
Substituindo-se os valores numéricos: X cap (1) = = 0,5272Ω (9)
4,7 2 − 1
Neste estágio do projeto, ainda não se pode afirmar que a tensão nominal do
capacitor será 480 V (que é a tensão nominal do sistema) ou se deverá ser 600 V,
que é o nível de tensão imediatamente superior.
480 2
Para a tensão de 480 V, tem-se: Q = = 437 k var
0,5272
600 2
Para a tensão de 600 V, tem-se: Q = = 682k var
0,5272
7

Temporariamente, a potência do capacitor do filtro será designada a partir da tensão


de 480 V. Assim, e considerando que a potência nominal comercial mais próxima
de 437 kvar será 450 kvar, este será o valor adotado. Para esta potência, a reatância
480 2
capacitiva será de: X cap (1) = = 0,5120Ω (10)
450.10 3

3a. etapa: Determinação do reator:


Para a reatância capacitiva acima, o reator adequado para sintonizá-la na
freqüência da 4,7a. ordem harmônica (282 Hz) será:
X cap (1) 0,5120
X L (1) = 2
= = 0,02318Ω
h 4,7 2
A correspondente indutância será de:
X L (1) 0,02318
L= = = 0,06148[mH ]
2π 60 377

4a. etapa: Cálculo dos valores nominais:

4.1) Grandezas fundamentais:

a) Reatância “aparente” fundamental do filtro:


X fund = X L (1) − X xap (1) = 0,02318 − 0,5120 = −0,489Ω (que é um valor negativo, porque, na
freqüência fundamental, o filtro é capacitivo).

b) Corrente fundamental no capacitor:


V 480 / 3
If = = = 567[ A]
Xf 0,489

c) Tensão Fundamental no capacitor:


No circuito equivalente em “Y”, a tensão nos terminais do capacitor será:
V f (Y ) = I f . X cap (1) = 567.0,5120 = 290,3[V ]

Na conexão DELTA, esta tensão se torna: V f ( DELTA) = 3.290,3 = 502,8[V ]


Este valor será usado posteriormente, na verificação da suportabilidade do
capacitor.

d) Potência reativa total do filtro


Pf = 3.480.567 = 471[k var]
8

4.2) Grandezas harmônicas:

a) Corrente harmônica de 5a. ordem produzida pela carga:


1.200.000
I 5 = 0,25. = 360,8[ A]
3.480

b) Corrente harmônica de 5a. ordem vinda da rede:


b1) Cálculo da reatância do transformador (6%) em OHMS:
480 2
X t (OHMS ) = 0,06 pu. = 0,0092[OHM ]
1.500.000
Na 5a. harmônica, esta reatância será: X t 5a.H (OHMS ) = 5.0,0092 = 0,0461[OHM ]

b2) Reatância do capacitor, na 5a. harmônica:


X cap (1) − j 0,51215
X cap (5 a.H ) = = = − j 0,1024[OHM ]
5 5

b3) Reatância do reator, na 5a. harmônica:


X L ( 5 a.H ) = X L (1) .5 = j 0,002318.5 = j 0,1159[OHM ]

Finalmente, a corrente de 5a. harmônica vinda da rede poderá ser obtida através da
expressão:
Vh ( sist )
I h ( sist ) = = 0,01 pu.(480 / 3 ) ( X t 5 a.H ( OHM ) + X L ( 5 a.H ) − X cap ( 5 a.H ) ) =
Z h ( equival )
2,77
= 46,5[ A]
(0,0461 + 0,1159 − 0,1024)

c) Corrente harmônica total de 5a. ordem:


I5 total= 360,8 [A] + 46,5 [A] = 407,3 [A]

d) Tensão total de 5a. harmônica no capacitor:


0,512
No capacitor em ‘Y”: V fn (5a.H ) = 407,3 = 41,7[V ]
5
Na conexão “DELTA”: V ff (5a.H ) = 3.41,7 = 72,2[V ]

4.3) Corrente eficaz, tensão eficaz e potencia total no capacitor:

a) Corrente Eficaz:
I rms = I 2f + I 52 = 567 2 + 407 2 = 698[ A]
9

450.10 3
Considerando que a corrente nominal é de 541 [A] ( = 541[ A] ), o capacitor
3.480
está com uma sobrecarga de 29%. Este valor é bem aceitável, pois os capacitores
devem suportar, por norma, até 80% de sobrecorrente.

b) Tensão Eficaz:
Vrms = V f2 + V52 = 502,8 2 + 72,2 2 = 508[V ]
Este valor é 6% acima do valor nominal de 480 V (o limite é de 10%).

c) Potência eficaz:
S = 3.698.508 = 614kVA
Este valor é 36% acima do valor nominal do capacitor, que é de 450 kVA e já está
ACIMA do limite máximo permitido por norma, que é de 35%.

d) Tensão de pico:
Assumindo que as tensões fundamental e harmônica se somam:
V ffPICO = 2 .(502,8 + 72,2) = 2 .575[V ] = 813[V ] .
Considerando que a tensão de pico nominal é de 2.480[V ] = 679[V ] , então o valor
acima está 19,7% acima do valor nominal. Este percentual já está bem próximo do
limite superior normalizado, que é de 20%.

Para contornar este problema, uma opção seria adotar um capacitor de tensão
nominal de 600 [V], que proporcionasse, em 480 [V], a potência de 450 kVAr. Para
não alterar os cálculos do filtro sintonizado, aA reatância Xc deste capacitor deve
4802
ser a mesma do capacitor já calculado para 480 [V]. Ou seja: Xc =
450.103
A potência reativa deste capacitor, em 600 [V], será:
600 2 600 2
Q= = 450[ kVAr ] = 703[kVAr ]
480 2 450.10 2 480 2
Pode ser adotado um banco de capacitores de 700 [kVAr], que é o valor
comercial mais próximo.
Assim, os valores antes proibitivos de Potência eficaz (614 [kVA]) e de
Tensão de Pico (813[V]), agora já serão suportados por este capacitor.
O reator que acompanhará este banco de capacitores será o mesmo já calculado.
10

2.4.3 – POR QUE PROJETAR UM FILTRO DE 5A HARMÔNICA PARA A 4,7A


HARMÔNICA?
Se acrescentarmos a um banco de capacitores, presente num sistema, reatores e
resistores, de forma a compor um filtro para a 5ª harmônica, será obtido o gráfico
que segue (observe que a freqüência de sintonia para esse gráfico ronda os 1885
rad/s, ou seja, 300 Hz – freqüência equivalente à 5ª harmônica):

1885
Figura 2.4.3 – Impedância do filtro (em Ω ) x Freqüência (em rad/s) para um filtro
de 5ª harmônica

Sabemos também que, para o primeiro ramo (antes de 1885 rad/s), nosso filtro
possui comportamento capacitivo, enquanto que para o segundo ramo (a partir de
1885 rad/s), o mesmo possui comportamento indutivo.
Com o passar do tempo, nosso filtro poderá perder unidades capacitivas, sendo essa
razão física a explicação para a dessintonização do mesmo. Se ele perde em C,
ganha em Xc. Observe:
1
↑ Xc =
2π ⋅ f ⋅ C ↓

Portanto, para uma mesma freqüência anterior, o valor de impedância capacitiva


sobe, sendo o gráfico deslocado para direita conforme se segue (observe que a parte
inferior do gráfico passa a se encontrar exatamente em 1960 rad/s, ou seja, 312 Hz –
freqüência equivalente à 5,2ª harmônica):
11

1960
Figura 2.4.4 – Impedância do filtro (em Ω ) x Freqüência (em rad/s) para um filtro
de 5ª harmônica que perdeu unidades capacitivas

Assim, a freqüência de sintonia do filtro agora passa a ser 312 Hz e não mais 300
Hz (correspondente à 5a harmônica) como antes, perdendo o mesmo sua capacidade
filtrante e passando a ter um comportamento altamente capacitivo para a 5ª
harmônica, correndo o sério risco de entrar em ressonância com a rede indutiva.
É por isso que o filtro não é construído para a 5a harmônica, e sim para 4,7 (1771
rad/s ou 282 Hz), conforme figura a seguir:
12

1771
Figura 2.4.5 – Impedância X Freqüência de filtro sintonizado para 4,7ª harmônica

Assim, se ele perde unidades capacitivas e acaba dessintonizando para, digamos,


297 Hz (4,95a), ainda assim permanece com uma impedância pequena (e indutiva),
filtrando devidamente as harmônicas de ordem 5 e sem risco de ressonância com o
sistema.
13

2.4.7 – EXEMPLO NUMÉRICO DE CÁLCULO DE FILTRO SINTONIZADO


Vamos agora voltar ao exemplo do capítulo anterior, onde tínhamos um sistema
industrial onde se desejava instalar um banco de capacitores para corrigir o fator de
potência:

Figura 2.4.8 – Exemplo numérico

As correntes harmônicas do retificador são:


Ordem h I5 I7 I11 I13
Ih [A] 118,7 76,5 36,4 24,8
Tabela 2.4.1 – Correntes harmônicas do retificador

O cálculo do filtro sintonizado, para a 7ª. Harmônica, se dará em torno da 6,7ª


harmônica devido à discussão feita na terceira seção deste capítulo. Tal filtro será
instalado na barra de 6 kV da figura dada. Suponhamos que a carga suprida nesta
barra (carga não-linear) seja de potência igual a 12 MVA com fator de potência 0,75
indutivo. Suponhamos também que a tensão harmônica de 7ª ordem nessa barra
com a carga não-linear desligada seja de 7,0 V.

1a Etapa: Escolha da freqüência de sintonia.


ω0 = 6,7

2a Etapa: Potência reativa do capacitor do filtro: Ela se baseia na potência reativa


que a carga necessita para correção do seu fator de potência. Em seguida, a potência
reativa do reator é determinada de tal forma a sintonizar o conjunto de reator e
capacitor à freqüência de sintonia.
FPfinal = 0,94
14

FPinicial = 0,75

Qatual = 12 ⋅ sen(arccos(0,75)) = 7,9373MVAr


Q final = 12 ⋅ sen(arccos(0,94)) = 4,094MVAr
Qcap = Qatual − Q final = 3,8433MVAr
V2 6000 2
X filtro (1) = = = 9,367Ω
S 3,8433 ⋅10 6
X filtro (1) = X cap (1) − X L (1)

X cap (1)
= X L (1) ⋅ h
h
X cap (1) = X L (1) ⋅ h 2
Para sintonizar o filtro na 6,7a harmônica: X cap (1) = X L (1) ⋅ (6,7 )
2

X cap (1)
X L (1) =
h2
X cap (1)
X L (1) =
(6,7 )2
Substituindo-se esta última expressão em:
X cap (1) = X filtro (1) + X L (1)
X cap (1)
X cap (1) = X filtro (1) +
(6,7 ) 2

6,7 2 ⋅ X filtro (1)


X cap (1) =
6,7 2 − 1

Substituindo-se os valores numéricos:


6,7 2 ⋅ 9,367
X cap (1) = = 9,58Ω
6,7 2 − 1

Nesta etapa do projeto não se pode afirmar que a tensão nominal do capacitor será 6
kV. Para a mesma, tem-se:
6000 2
Q= = 3,76 MVAr
9,58

A priori será adotada a potência do capacitor para a tensão de 6 kV. Assim,


considerando o valor 3,76 MVAr calculado, a potência comercial mais próxima é de
3,9 MVAr. Para esta potência, a reatância capacitiva será de:
6000 2
X cap (1) = = 9,23Ω
3,9 ⋅ 10 6

3a Etapa: Determinação do reator.


15

X cap (1) 9,23


X L (1) = = = 0,2056Ω
(6,7 ) 2
(6,7 )2
X L (1) 0,2134
L(1) = = = 1,447 µH
2 ⋅ π ⋅ 60 2 ⋅ π ⋅ 60

4a Etapa: Cálculo dos valores nominais.


Grandezas fundamentais:
- Reatância aparente fundamental do filtro:
X (1) = X L (1) − X cap (1)
X (1) = 0,2056 − 9,23
X (1) = −9,02Ω
- Corrente fundamental no capacitor:
V
I (1) =
X (1)
6000 / 3
I (1) =
9,02
I (1) = 384,047 A

- Tensão fundamental no capacitor:


No circuito equivalente em Y, a tensão nos terminais do capacitor será:
Vcap (Y ) = I (1) ⋅ X cap (1) = 3544,9V

No circuito equivalente em ∆, a tensão nos terminais do capacitor se torna:


Vcap ( ∆ ) = 3 ⋅ Vcap (Y ) = 6139,95V

- Potência reativa total do filtro:


P(1) = 3 ⋅ V(1) ⋅ I (1)
P(1) = 3 ⋅ 480 ⋅ 567
P(1) = 3,99MVAr ≅ 4 MVAr

Grandezas harmônicas:
- Corrente harmônica de 7a ordem produzida pela carga:
12 ⋅10 6
I ( 7 ) = 0,25 ⋅ = 288,68 A
3 ⋅ 6000

- Corrente harmônica de 7a ordem vinda da rede:


Reatância do transformador na 7a harmônica:
6000 2
X t (1) = 0,1⋅ = 0,18Ω
20 ⋅10 6
X t (7) = 7 ⋅ X t (1) = 1,26Ω
16

Reatância do capacitor na 7a harmônica:


X cap (1)
X cap ( 7 ) = = − j1,3186Ω
7
Reatância do reator na 7a harmônica:
X L ( 7 ) = X L (1) ⋅ 7 = j1,4392Ω

V( 7 ) 6000 / 3
I (7) = =
Z (7) X t ( 7 ) + X L ( 7 ) − X cap ( 7 )
4,0415
I (7) =
1,26 + 1,4392 − 1,3186
I (7) = 2,9274 A

- Corrente harmônica total de 7a ordem que passa pelo filtro:


I ( 7 )TOTAL = 288,68 + 2,9274
I ( 7 )TOTAL = 291,6074 A

- Tensão total de 7a harmônica no capacitor:


Em estrela:
Vcap (Y ) = 291,6074 ⋅ (1,4392 − 1,3186) = 35,168V
Em delta:
Vcap ( ∆ ) = 3 ⋅Vcap (Y ) = 60,913V

Corrente eficaz, tensão eficaz, potência total no capacitor:


- Corrente eficaz:
I rms = I (21) + I (27 ) = 384,047 2 + 291,6074 2 = 482,21A
3,9 ⋅10 6
I nom = = 375,28 A
3 ⋅ 6000

Considerando que a norma estipula um máximo de sobrecorrente de até 80% da


nominal, estamos com 28,5%, portanto, aceitável.
- Tensão eficaz:
Vrms = V(12) + V(27 ) = 6193,95 + 60,9132 = 6140,25V
Vnom = 6000V

Considerando que a norma estipula um máximo de sobretensão de até 10% do valor


nominal, estamos com 2,34%, portanto, aceitável.
- Potência eficaz:
S rms = 3 ⋅ 484,21 ⋅ 6140,25 = 5,15MVA
S nom = 3,9 MVA
17

Considerando que a norma estipula um máximo de até 35% do valor nominal,


estamos com 32%, portanto, aceitável.

4.3) EXEMPLO DE CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA EM INDÚSTRIAS COM


GRANDES CARGAS NÃO-LINEARES
CRITÉRIO DO IEEE

O texto desta seção 4 foi extraído da seguinte referência bibliográfica: Passive Filters:
potentialities and limitations – Das, J. C. – IEEE Transactions on Industry applications, vol.40,
No.1, janeiro/fevereiro 2004)

Em geral, quando uma indústria possui uma carga não-linear cuja potência é
maior do que 30% da carga total, é recomendável que, antes de se efetuar a simples
instalação de um banco de capacitores para efetuar a correção de fator de potência,
uma análise mais detalhada da distorção harmônica total de tensão seja efetuada.
Isso será ilustrado através do sistema elétrico mostrado na figura abaixo, onde
um conversor representa 77% da carga total. O nível de curto circuito na barra de
4,16 kV (considerada o ponto de acoplamento comum –PAC- entre a concessionária
e a indústria) é de 36,1 kA.

O espectro harmônico das correntes harmônicas injetadas por este conversor é:


18

Um estudo de fluxo de potência indicou que a demanda total da indústria,


vista da barra de 115 kV é de 5,279 MW e 3,676 Mvar.
A corrente da carga, na barra de 4,16 kV é de 800 [A]. Assim, a relação
Icc/Inom, para esta barra é de:
36100 [A] / 800 [A] = 45.
Para esta relação (45), os limites para os níveis de distorção harmônica total
de CORRENTE, segundo a norma do IEEE são aqueles indicados na tabela 1:

TABELA 1: Limites para correntes e distorções harmônicas de corrente para


sistemas de distribuição entre 120 V e 69 kV

Visando aumentar o fator de potência, foi decidido instalar um banco de


capacitores de 1,2 MVAr, na barra de 4,16 kV. Isso reduzirá a demanda de reativo,
na barra de 115 kV, para 2,44 Mvar, fazendo o fator de potência igual a 0,91.

1) Análise sem o banco de capacitores


De acordo com a tabela 2 e a figura abaixo, os limites de distorção de corrente
foram violados nas ordens 5, 7, 11 e 13. A DHTi também está bem acima dos
limites.
19

Distorções harmônicas de Corrente

25

20

15 LIMITES IEEE
DHI

10 SEM CAPACITOR

DHTi
I11h
I13h

I17h
I19h
I23h

I25h
I29h

I31h
I5h
I7h

Ordens harmônicas
20

TABELA 2
V5H V7H V11H V13H V17H V19 V23H V25H V29H V31H DHTv

LIMITES IEEE 7 7 3,5 3,5 2,5 2,5 1 1 1 1 8

SEM CAPACITOR 14,75 10,7 5,34 3,94 2,3 1,23 0,41 0,33 0,25 0,16 19,57

Qcap:600 kVAr/fase 17,13 14,6 15,1 50,5 3,99 1,26 0,21 0,14 0,08 0,04 57,23

Qcap:500 kVAr/fase 16,63 13,75 11,86 17 7,32 1,91 0,29 0,18 0,09 0,05 30,86

F5th 600 kVAr/fase 7,25 8,77 4,65 3,46 2,03 1,09 0,36 0,29 0,23 0,15 12,99

Filtros de 5a. e 7a.,300/300kVAR(Hip1) 10,85 4,16 4,21 3,18 1,9 1,01 0,34 0,28 0,21 0,14 12,93

Filtros de 5a. e 7a.,300/300kVAR(Hip2) 7,56 4,14 4,19 3,18 1,89 1,01 0,34 0,28 0,21 0,14 10,25

Filtros de 5a. e 7a.,400/300kVAR(Hip3) 6,36 4,08 4,1 3,11 1,86 1 0,34 0,28 0,21 0,14 9,39

Filtros de 5a, 7a e 11a,400/300/300kVAR(Hip1) 6,61 4,48 0,94 1,8 1,31 0,73 0,25 0,2 0,16 0,1 8,38

Filtros de 5a, 7a e 11a, 500/400/300kVAR(Hip2a) 5,81 3,66 0,93 1,74 1,26 0,73 0,24 0,2 0,16 0,1 7,3

Filtros de 5a, 7a e 11a, 500/400/300kVAR (Hip2b) 9,63 5,28 1,46 1,85 1,3 0,71 0,25 0,2 0,16 0,1 11,33

Filtros de 5a., 7a e 11a.,900/600/300kVAR (Hip3a) 3,83 0,65 0,9 1,6 1,15 0,64 0,23 0,18 0,14 0,09 5,18

Filtros de 5a, 7a e 11a, 900/600/300kVAR (Hip3b) 6,39 3,5 1,31 1,69 1,18 0,65 0,23 0,18 0,14 0,09 7,71

Filtros de 7a e 11a, 600/300kVAR 24,5 2,91 0,94 1,75 1,29 0,71 0,25 0,2 0,15 0,1 24,8

Filtros de 5a e 11a, 900/300kVAR 3,55 9,44 0,97 1,85 1,34 0,74 0,26 0,21 0,16 0,11 10,42

Filtros de 5a e 7a, 900/600kVAR 3,75 2,5 3,28 2,54 1,53 0,83 0,28 0,23 0,18 0,11 6,38
21

2) Análise com banco de capacitores


Inicialmente, insere-se um banco de capacitores de 3x200 kVAR em paralelo, por
fase (em Y desaterrado) originalmente projetado para operar na tensão de 2,77 kV (ver
figura “a”). Este arranjo, em 2,4 kV, produzirá 451 kVAR (ver figura “b”).

(a) (b)

260MVA
A ressonância paralela, neste caso, será de: hr = = 13,86
3 x0,451MVAr

Isso causa uma amplificação na ordem harmônica 13,86 (832 Hz), conforme
ilustrado abaixo:

DISTORÇÕES HARMÔNICAS DE CORRENTE

70
60
50 LIMITES IEEE
DHI [%]

40 SEM CAPACITOR
30 Qcap:600 kVAr
20 Qcap:500 kVAr
10
0
h
h
1h
3h
7h
9h
3h
5h
9h
1h

Ti
I5
I7

H
I1
I1
I1
I1
I2
I2
I2
I3
D

ORDENS HARMÔNICAS
22

KVACURTO − CIRCUITO
De acordo com a expressão: h = , se o banco de capacitores
kVARBANCOCAPACITORES
for reduzido, a ressonância irá para uma ordem superior à 13a. Assim, escolhendo
um banco de 500 kVAR, a ressonância irá para a freqüência de 900 Hz, a qual não
é gerada pela carga. Esta condição é melhor do que a anterior, conforme a figura
abaixo ilustra.
Mesmo nesta condição, algumas ordens harmônicas, bem como a DHTi excede
os limites do IEEE.

Assim, nota-se que a simples mudança da potência do capacitor pode não resolver o
problema porque:
• a freqüência de ressonância apenas mudou de posição.
• A redução na distorção de corrente em todas as freqüências de interesse
raramente ocorre.
23

3) Inserindo filtro harmônico:

3a) Filtro de 5a. harmônica:


Inicialmente será instalado um filtro sintonizado na 4,7a. harmônica, a partir de um
banco de capacitores de 600 kVAR. Para tal, de acordo com a equação

, será necessário um reator de 1.53 mH (foi escolhido


arbitrariamente que a relação X/R do reator será 40). Os resultados estão na 5a.
linha da tabela 2 e na figura abaixo. Repare que a corrente de 5a. ordem (7,25%)
quase atinge o limite do IEEE (7%). As correntes de 7a. e 11a. ordem, bem como a
DTHi, no entanto, superam os limites do IEEE. A ressonância paralela está em
torno de 266/268 Hz.

DISTORÇÕES HARMÔNICAS DE CORRENTE

70
60
50
LIMITES IEEE
DHI [%]

40 Qcap:600 kVAr
30 Qcap:500 kVAr
F5th 600 kVAr
20
10
0
Ti
1h

3h

7h

9h

3h

5h

9h

1h
h

h
I7
I5

H
I1

I1

I1

I1

I2

I2

I2

I3
D

ORDENS HARMÔNICAS

3b) Adicionando um filtro de 7a. harmônica:


HIPÓTESE 1:
Adição de filtro de 7a. harmônica: Inicialmente fez-se um filtro para a 4,7a.ordem
(como antes),porém com potência de 300 kVAR, mais um filtro para a 6,7a.ordem
(também de 300 kVAR). Pela Tabela e a figura abaixo se nota que a 7a. harmônica
é reduzida enquanto que a 5a. harmônica aumenta (isso aconteceu porque o
tamanho do filtro de 5a. harmônica diminuiu).
24

DITORÇÕES HARMÔNICAS DE CORRENTE

14
12
LIMITES IEEE
10
DHI [%]

8 F5th 600 kVAr


6
Filtros de 5a. e
4
7a.,300/300kVAR(Hip1)
2
0

DHTi
I5h
I7h
I11h
I13h
I17h
I19h
I23h
I25h
I29h
I31h
ORDENS HARMÔNICAS

HIPÓTESE 2:
Efeito da sintonia: Em seguida tentou-se uma sintonia mais fina para a 5a.harmônica:
4,85 ao invés de 4,7. A distorção para a 5a. harmônica é consideravelmente reduzida,
conforme ilustrado na figura abaixo.

DISTORÇÃO HARMÔNICA DE CORRENTE

14
12 LIMITES IEEE
10
Filtros de 5a. e
DHI [%]

8 7a.,300/300kVAR(Hip1)
6 Filtros de 5a. e
7a.,300/300kVAR(Hip2)
4
Filtros de 5a. e
2 7a.,400/300kVAR(Hip3)
0
I5h
I7h
I11h
I13h
I17h
I19h
I23h
I25h
I29h
I31h
DHTi

ORDENS HARMÔNICAS
25

HIPÓTESE 3:
Efeito do aumento da potência do filtro de 5a. ordem: Considerando que a corrente de
5a. ordem ainda é alta, adotou-se agora um filtro de 5a. ordem de 400 kVAR. Isso faz
com que a corrente de 5a. ordem caia para dentro dos limites de IEEE. Porém a 11a. e a
DHTi ainda estão acima dos limites.

4) Inserindo filtros harmônicos de ordens 5, 7 e 11:

HIPÓTESE 1:
Um filtro de 11a. ordem, de 300 kVAR é instalado (sintonia para 10,6). Isso reduz a
distorção de 11a. ordem. A figura abaixo mostra que todas as distorções harmônicas
individuais estão dentro dos limites. Porém, a DHTi (8,38%) ainda está acima do
limite de 8%!

HIPÓTESE 2a:
Aumentou-se as potências dos filtros de 5a. e 7a. ordem para 500 e 400 kVAR,
respectivamente. Nestas condições TODOS os limites (individuais e Total) são
atendidos.

HIPÓTESE 2b:
Conforme já sabido, um filtro sintonizado não é projetado para a sintonia exata que se
deseja filtrar. Os motivos são vários. Por exemplo, os capacitores e reatores alteram
seus valores:
• Com o tempo de uso e
• com a temperatura.
• Devido aos desbalanços entre as fases dos filtros.
Para instalação em indústrias, os filtros são projetados com as seguintes
tolerâncias;
Capacitores: + 5% (não deve haver tolerância negativa).
Reatores: +2%/-2%.
De uma maneira geral, é uma hipótese bem conservadora e razoável para
aferir os efeitos de dessintonias considerar que, em cada fase, a capacitância de
cada banco aumenta em 5% e o reator em +-2%. Os filtros de 5a, 7a. e 11a.
ordens já analisados na “Hipótese 2a” foram agora analisados com estas
dessintonias. Os resultados para esta análise estão na Tabela 2 e na figura abaixo
(ver Filtros de 5a, 7a e 11a, 500/400/300kVAR (Hip2b)). A distorção harmônica
de corrente individual de 5a. ordem e a Total (DHI) estão acima dos limites do
IEEE.
Isso sugere que as potências reativas dos filtros devam ser aumentadas.
26

DISTORÇÕES HARMÔNICAS DE CORRENTE

12
LIMITES IEEE
10
8
DHI [%]

Filtros de 5a, 7a e
6 11a,400/300/300kVAR(Hip
4 1)
Filtros de 5a, 7a e 11a,
2
500/400/300kVAR(Hip2a)
0
Filtros de 5a, 7a e 11a,
h
h
1h
3h
7h
9h
3h
5h
9h
1h

Ti
I5
I7

500/400/300kVAR (Hip2b)

H
I2
I2
I2
I1
I1
I1
I1

I3
D
ORDENS HARMÔNICAS

5) Aumentando as potências dos filtros harmônicos de ordens 5, 7 e 11, visando


acomodar as dessintonias:

As potências dos filtros foram aumentadas para: 900 kVAR (5a. h), 600 kVAR (7a. h)
e 300 kVAR (11a. h). Os resultados para este caso estão na Tabela 2 e na figura
abaixo, da seguinte forma:
Filtros de 5a., 7a e 11a.,900/600/300kVAR (Hip3a): sem considerar as tolerâncias
Filtros de 5a, 7a e 11a, 900/600/300kVAR (Hip3b) : Considerando as tolerâncias
(capacitância em +5% e o reator em+-2%).

Como se vê, se todas as precauções forem tomadas, as potências dos filtros


devem ser bem maiores do aquilo que se desejou inicialmente para a correção de fator
de potência (1.200 kVAR). Assim, o fator de potência final chegou a praticamente
1,00 (o desejado era 0,91!).
27

DISTORÇÕES HARMÔNICAS DE CORRENTE

9
8 LIMITES IEEE
7
6
DHI [%]

5 Filtros de 5a., 7a e
11a.,900/600/300kVAR
4 (Hip3a)
3
Filtros de 5a, 7a e 11a,
2 900/600/300kVAR
1 (Hip3b)
0

DHTi
I5h
I7h
I11h
I13h
I17h
I19h
I23h
I25h
I29h
I31h
ORDENS HARMÔNICAS

6) Considerando a saída indesejável de um dos 3 filtros:

Dependendo da quantidade de pequenos capacitores usados para compor


o banco total, uma falha nessas pequenas “células” pode causar desbalanços nas
tensões. Isso pode ser monitorado antes que se torne um grande problema. Para uma
maior quantidade de “células” com defeito, pode ser o caso de se retirar o banco.
Neste sentido, seguem-se análises em que um filtro de cada vez está fora.

6a) Sem o filtro de 5a. ordem


Esta condição está na antepenúltima linha da Tabela 2 e na figura abaixo. A
distorção harmônica de corrente de 5a. ordem sobe para 24,5% e a DHTi para 24,8%.

6b) Sem o filtro de 7a. ordem


Nesta hipótese (penúltima linha da Tabela 2 e figura abaixo), o DHTi é de
10,48% (o que é até aceitável por um pequeno período de tempo, enquanto o filtro de
7a. harmônica estiver em reparo).

6c) Sem o filtro de 11a. ordem


Finalmente, esta hipótese está mostrada na última linha da Tabela 2 e na figura
abaixo. O DHTi está dentro do limite de 8%: 6,38%.
28

Assim, apenas quando o filtro de 5a. harmônica estiver fora é que haverá problemas.
No caso desta indústria, poderia se pensar em deixar em stand-by um filtro de 5a.
ordem, para ser utilizado quando da condição “6a”.
DISTORÇÕES HARMÔNICAS DE CORRENTE

30
25
LIMITES IEEE
20
DHI [%]

15 Filtros de 7a e 11a,
10 600/300kVAR
Filtros de 5a e 11a,
5
900/300kVAR
0 Filtros de 5a e 7a,
900/600kVAR
h
h
1h
3h
7h
9h
3h
5h
9h
1h

Ti
I5
I7

H
I1
I1
I1
I1
I2
I2
I2
I3
D
ORDENS HARMÔNICAS

7) Observando a impedância equivalente final


A figura abaixo ilustra a impedância equivalente final, em módulo e ângulo,
para a combinação dos 3 filtros juntos e a rede elétrica a montante dos filtros. A
figura com o módulo da impedância mostra que haverá ressonância paralela nas
seguintes faixas de freqüências:
260-262 Hz,. 368-370 Hz e 584-586 Hz.
29

Caso haja na rede corrente dentro destas faixas de freqüências, haverá sérios
problemas. Os riscos serão menores se as freqüências das correntes harmônicas
estiverem distantes destas 3 faixas de freqüências por, pelo menos, 30 Hz.

8) Verificação da suportabilidade dos capacitores dos filtros

• Conforme já mostrado em outro exemplo anterior, a potência em MVA, dos

capacitores, não deve exceder a 35% do valor nominal: .

• O valor eficaz da corrente não deve exceder a 80% do valor nominal:

• A tensão eficaz não deve exceder a 10% do valor nominal:

• O valor de crista, Vs, não deve exceder a .

A figura a seguir ilustra um fluxograma onde as etapas anteriores estão indicadas.


30
31

CONCLUSÕES:

A aplicação de filtros sintonizados possui vantagens e desvantagens, conforme a


seguir indicado:

1) Filtros passivos, se bem projetados, podem ser usados com grandes potências
(da ordem de MVARs), praticamente sem requerem manutenções.
2) Os filtros passivos podem, além de filtrar as correntes harmônicas, gerar
reativos para melhorar fatores de potência.
3) Filtros passivos podem causar problemas se a impedância do sistema variar
muito. Nestas condições, as ressonâncias podem variar e o filtro original tornar-
se inadequado. Se a impedância do sistema varia muito, o projeto do filtro deve
ser feito considerando a impedância do sistema como pertencente a um lugar
geométrico.
4) Uma alternativa ao filtro sintonizado é o filtro amortecido. Embora este não
sejam tão efetivo como o filtro sintonizado, ele não possui uma única freqüência
de sintonia.
32

4.4) APLICAÇÃO DE FILTROS HARMÔNICOS PASSIVOS EM CIRCUITOS


SECUNDÁRIOS DE DISTRIBUIÇÃO

Esta seção foi desenvolvida por Prof. José Wilson Resende (Ph.D -UFU) e Eng. José
Rubens Macedo Jr. (Dr. - UFU)

Atualmente, algumas concessionárias brasileiras estão instalando capacitores de


baixa tensão em circuitos secundários de distribuição. Esta medida, sem dúvida
alguma, traz vários benefícios ao circuito como, por exemplo, diminuição do
carregamento dos transformadores de distribuição, diminuição das perdas técnicas no
segmento considerado, aumento do nível de tensão, melhoria do fator de potência,
entre outros. Entretanto, todos estes benefícios se relacionam somente à freqüência
fundamental do sistema elétrico. Sob o ponto de vista harmônico, esta técnica pode se
mostrar muito insatisfatória, principalmente, quando da ocorrência de ressonância
paralela entre o capacitor instalado na baixa tensão e a indutância equivalente do
sistema elétrico a montante, no caso, o transformador de distribuição.
Considerando-se um determinado circuito secundário de um sistema de
distribuição típico, no qual se encontra instalado um capacitor de baixa tensão (220 V)
com uma potência de 10 kVAr, tem-se uma freqüência de ressonância paralela em
torno da harmônica de ordem 15, conforme pode ser observado pela figura a seguir.
Isto equivale a dizer que a impedância equivalente, considerando-se o capacitor e o
transformador de distribuição, terá um máximo nesta freqüência.
5 Capacitive reactance
Indutive reactance
4
.

3
REACTANCE (OHMS)

0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
HARMONIC ORDER

Reatâncias do transformador e do capacitor em função da freqüência.

Dessa forma, se a ordem de uma corrente harmônica injetada por um


equipamento perturbador corresponder à ordem da ressonância paralela, há risco de
sobretensões harmônicas, especialmente quando a rede opera com pouca carga. Estas
sobretensões poderiam danificar os capacitores, assim como, cargas sensíveis
conectadas ao circuito. Para o caso de circuitos secundários de distribuição, os riscos
se tornam ainda maiores quando a freqüência de ressonância paralela se encontra entre
180 e 420 Hz.
33

Como se sabe, a presença de correntes harmônicas em circuitos secundários de


distribuição, vem se tornando cada vez mais acentuados. Paralelamente a este fato, os
equipamentos utilizados em residências, instalações comerciais e até mesmo em
pequenas indústrias conectadas à baixa tensão, passam a exigir uma qualidade da
energia elétrica cada vez maior para o seu correto funcionamento.
Sob o ponto de vista harmônico, os circuitos secundários típicos dos sistemas de
distribuição apresentam um espectro rico em 5ª harmônica. Apenas a título de
ilustração, a figura abaixo apresenta o espectro de tensão medido no barramento
secundário (220 V) de um transformador de distribuição de 112,5 kVA, com
predominância de unidades consumidoras residenciais.
3,5

3,0
.

2,5
HARMÔNIC VOLTAGE [%]

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25
2

THD
HARMONIC ORDER

Espectro harmônico de tensão típico dos circuitos secundários de distribuição.

A seguir serão mostrados os fundamentos teóricos básicos que permitiram o


desenvolvimento de um filtro sintonizado para uma determinada freqüência, a ser
instalado em circuitos secundários de baixa tensão. Para análise do comportamento do
filtro, escolheu-se um circuito secundário no qual se encontra conectado uma unidade
consumidora cujo barramento de conexão à rede apresenta tensões harmônicas
superiores aos limites estabelecidos pelo O N S. Neste sentido, foram realizadas
diversas medições, antes e após a instalação do equipamento, em diversos pontos do
circuito.
34

4.4.1) FUNDAMENTOS TEÓRICOS E DESENVOLVIMENTO DO


PROJETO

Conforme já mostrado antes neste curso, um filtro sintonizado é composto pela


ligação de reatores [L] em série com capacitores [C] de baixa tensão, conforme ilustra
a figura abaixo.

Diagrama trifilar simplificado do filtro passivo sintonizado de baixa tensão.

O reator [L] pode ser conectado ao capacitor de duas maneiras diferentes,


dependendo da posição da freqüência de sintonia do ramo LC . As duas formas são:
• sintonizando o ramo LC em freqüências fracionárias, fora das linhas do espectro
harmônico;
• sintonizando do ramo LC em uma freqüência múltipla inteira da fundamental para
a qual se deseja filtrar as correntes harmônicas.

Para a sintonização em freqüências fracionárias, a seleção de [L] é tal que o ramo


LC se comporta indutivamente para as freqüências harmônicas superiores à freqüência
de sintonia. Dessa forma, por exemplo, para um filtro sintonizado em uma ordem
harmônica de 4,8 (288 Hz), considerando-se freqüências iguais ou superiores à 5ª
harmônica, o sistema “perceberá” apenas um reator conectado ao circuito, não
existindo, desse modo, nenhum risco de ocorrência de ressonâncias paralelas nessa
faixa de freqüências.

A utilização desta forma de sintonização do ramo LC, oferece duas vantagens, a


saber:
• elimina o perigo de ressonâncias paralelas entre os capacitores e o equivalente do
sistema para correntes com freqüências superiores à freqüência de sintonia;
• elimina correlativamente as altas distorções da tensão da rede, sem, entretanto,
reduzir as mesmas a um valor especificado.
35

A nível de comparação, a figura abaixo ilustra a variação do ângulo da


impedância equivalente do ramo LC em função da freqüência, para sintonização em
freqüências fracionárias e inteiras.
80

60
LC BRANCH ANGLE [DEGREES

40 INDUTIVE

20

0
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 6 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.9
-20

CAPACITIVE
-40 FRACTIONAL FREQUENCY (288 Hz)

-60 EXACT FREQUENCY (300 Hz)

-80

HARMONIC ORDER

Variação do ângulo da impedância do ramo LC em função da freqüência.

Conforme observado na figura acima, para a sintonização do ramo LC na


freqüência de 288 Hz, o mesmo se comporta de forma indutiva para as freqüências do
espectro típico iguais ou superiores a 300 Hz (5ª harmônica).
A ressonância série é uma condição na qual um circuito contendo pelo menos um
capacitor e um indutor, apresentará uma impedância de entrada puramente resistiva.
Aplicando-se este conceito ao circuito ressonante série do equipamento, figura 5, cuja
impedância complexa é dada pela equação (5.1), observa-se que com a variação da
freqüência sobre o ramo LC existirá um valor de freqüência fr em que esta impedância
será puramente resistiva.

Z (ω ) = R + j.( X L − X C )

Na figura a seguir o valor de [R] representa a resistência intrínseca do reator e


dos cabos de conexão do equipamento à rede. Considerando-se que o capacitor é
trifásico e ligado em delta, a capacitância [C] considerada nos cálculos é a
capacitância da conexão equivalente em estrela das unidades capacitivas monofásicas
que compõem o capacitor.
Considerando-se a freqüência de sintonia utilizada no desenvolvimento do
equipamento como sendo 288 Hz (harmônica fracionária de ordem 4,8) e a aplicação
da mesmo junto ao circuito secundário de um transformador de 45 kVA / 220 Volts
fase-fase, tem-se como parâmetros fixos os seguintes valores:

• Potência do capacitor = 10 kVA (conforme tabela 1);


• freqüência de sintonia = 4,8 p.u.;
• Tensão nominal = 220 Volts.
36

CORRENTE

Representação monofásica do ramo LC.

O processo de sintonia do filtro é obtido simplesmente pelo cálculo da freqüência


de ressonância série entre o capacitor e o indutor do ramo LC. A variável fixa no caso,
é a capacitância do capacitor, que não deve ser superior à potência reativa mínima
requerida pelo transformador de distribuição ao longo do dia. Após análises e
medições do carregamento reativo de vários transformadores, obteve-se a tabela
abaixo na qual estão relacionadas as potências de capacitores para utilização em
transformadores de diferentes potências.

Potências de capacitores para diferentes transformadores.


POWER
POWER TRANSFORMER
VOLTAGE [V] CAPACITOR
[kVA]
[kVAr]
30 220 7,5
45 220 10
75 220 15
112,5 220 20

Considerando-se um transformador de distribuição de 45 kVA (com


aproximadamente 90% de carregamento), tem-se que a variação entre a potência
reativa do capacitor a ser utilizado no filtro e o fator de potência do circuito na
freqüência fundamental obedece à curva da figura 6.
Pela análise da figura, pode-se verificar que a máxima potência capacitiva
possível de se utilizar no filtro, sem que o circuito secundário torne-se capacitivo, é de
aproximadamente 25 kVAr. Em termos práticos, considerou-se como padrão um fator
de potência de 0,95, o que equivale a um capacitor de 10 kVAr para utilização junto a
um transformador de 45 kVA.
O dimensionamento dos reatores se relaciona com a freqüência de sintonia
desejada, com a corrente total que circulará pelo ramo e, também, com a tensão
aplicada entre seus terminais.
37

30

25

Potência reativa [kVAr]


20

15

10

0
0.85 0.9 0.95 1
Fator de Potência

Variação do fator de potência com a potência do capacitor.

Mesmo com a inserção da indutância em série [L] com o capacitor [C], para
composição do filtro de harmônicas, tem-se que o sistema “enxergará” um capacitor
puro para as freqüências inferiores à freqüência de sintonia do filtro. Assim, cuidados
especiais devem tomados de tal forma que a freqüência de ressonância paralela, ou
anti-ressonância, como é chamada por alguns autores, não coincida com freqüências
harmônicas características dos circuitos secundários. A figura a seguir ilustra o
comportamento da curva de resposta em freqüência da impedância equivalente do
sistema elétrico, visto da barra onde se instalou um filtro sintonizado (na freqüência
fsint), junto ao secundário de um transformador de distribuição.
Nesta seção será ilustrada a instalação de um filtro na freqüência harmônica de
4,8 pu, ou 288 Hz. Neste caso, deve-se tomar cuidado para que a freqüência de anti-
ressonância seja a mais distante possível da freqüência de 3a harmônica.
Sob este aspecto, a indutância do transformador representa uma variável de
grande importância, maior até mesmo que a indutância do sistema elétrico a montante,
uma vez que a reatância indutiva do transformador é cerca de 30 a 50 vezes maior que
a indutância equivalente do sistema elétrico.

Curva de resposta em freqüência do ramo LC.


38

De acordo com a figura anterior, e considerando-se que a freqüência de sintonia


[fsint] do filtro é a freqüência de 288 Hz (h=4,8), haveria o risco de que a freqüência de
anti-ressonância do conjunto fosse exatamente coincidente com a freqüência de 3a
harmônica, ou 180 Hz. Para se precaver deste risco, o dimensionamento dos filtros
deveria ser, a priori, realizado individualmente, para cada circuito secundário,
considerando-se as impedâncias de cada um dos transformadores de distribuição
envolvidos. Este fato inviabilizaria, por exemplo, uma possível fabricação em série de
filtros harmônicos passivos para utilização em sistemas secundários de distribuição,
uma vez que as impedâncias dos transformadores, mesmo para equipamentos de
mesma potência e fabricante, nunca são exatamente iguais.
Para investigar este aspecto, foi feita uma verificação da influência da
impedância do transformador do circuito secundário de baixa tensão na freqüência de
anti-ressonância do conjunto filtro x transformador.
Para este propósito, simulou-se a resposta em freqüência da impedância do
conjunto filtro x transformador considerando-se vários transformadores de
distribuição, inclusive de potências e fabricantes diferentes.
Em geral a impedância percentual dos transformadores de distribuição tem o
valor de aproximadamente 3,5% para diferentes tipos, potências e fabricantes. A
seguir, considerando-se diferentes transformadores de distribuição de 45 kVA,
inclusive de diferentes fabricantes, traçou-se, conforme indica a figura abaixo, a
impedância equivalente entre o ramo LC e o respectivo transformador. Para tanto,
considerou-se uma variação da impedância percentual do transformador entre 3,30% e
3,70%. Vale ressaltar que a impedância do sistema tem pouca influência frente à
impedância do transformador, que é cerca de 30 vezes maior.
700

3,30%
3,35%
600
3,40%
.

3,45%
3,50%
IMPEDANCE MAGNITUDE (OHMS)

500
3,55%
3,60%

400 3,65%
3,70%

300

200

100

0
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8

HARMONIC ORDER

Impedância equivalente entre o transformador de distribuição e o ramo LC.

Como pode ser observado na figura acima, a resposta em freqüência da


impedância equivalente, entre o transformador e o ramo LC, varia muito pouco em
função das impedâncias percentuais típicas dos transformadores de distribuição.
39

A freqüência de ressonância paralela ficou na região de 4,2 a 4,6, longe da freqüência


de ordem 3.Isso permite o desenvolvimento de configurações únicas de filtro para
todos os transformadores de distribuição, respeitando-se apenas a potência capacitiva
mínima para cada potência de transformador.
Considerando-se um capacitor trifásico de 10 kVAr, para composição do filtro a
ser aplicado a um transformador de 45 kVA, tem-se que a reatância capacitiva
equivalente para a conexão em estrela das unidades capacitivas que compõem o
capacitor trifásico em delta é exatamente igual a 1/3 (um terço) da reatância capacitiva
entre fases do capacitor em questão. Dessa forma, tem-se:
V 2 (220)
2
XC∆ = = = 4,84 Ω
QC 10.10 3
1 4,84
X CY = .X C ∆ = = 1,61 Ω
3 3
onde:
X C ∆ = Reatância capacitiva para ligação em delta [Ω];
X C Y = Reatância capacitiva para ligação equivalente em estrela [Ω];
V = tensão entre fases no capacitor [Volts];
QC = potência reativa do capacitor [Var].

A ressonância série do circuito LC a ser constituído se dará quando XC = XL na


equação (5.1). Assim, tem-se:
1
ω .L =
ω .C
Onde: ω = 2.π . f r
Re-escrevendo-se a equação acima, resulta a freqüência de sintonia do ramo LC.
1
fr =
2.π . LC
Considerando-se os parâmetros fixos citados anteriormente, tem-se o cálculo da
indutância do reator que irá compor o equipamento. Assim, isolando-se a variável [L]
na equação acima, resulta:
1
L=
4.π . f r2 .C
2

As variáveis fixas nesta equação são:


QC 10000
C= = = 0,000548 Farad
ω .V 2 2.π .60.220 2
40

f r = 4,8 p.u = 288 Hz

1
Substituindo-se as variáveis fixas em L = , resulta finalmente em
4.π . f r2 .C
2

L = 0,000557 Henryes.

Considerando-se, ainda, que a resistência total do ramo LC ( resistência intrínseca


do reator + condutores) é R = 0,4Ω , tem-se a topologia final do filtro passivo aplicado
ao transformador de 45 kVA, conforme mostrado na tabela abaixo:

Valores de R,L e C para o filtro desenvolvido.


FILTRO SINTONIZADO OBTIDO
R [Ω] L [µH] C [µF]
0,4 557 548

A figura abaixo ilustra o comportamento da magnitude e do ângulo da


impedância do ramo LC, constituinte do filtro desenvolvido, em função da freqüência.
Módulo da Impedância do Ramo LC x Ordem Harmônica Ângulo da Impedância do Ramo LC
6 100

80
5
60

40
4
Impedância [Ohms]

Ângulo [Graus]

20

3 0

-20
2
-40

-60
1
-80

0 -100
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
Ordem Harmônica ( x E-01) Ordem Harmônica ( x E-01)

Módulo e ângulo da impedância do ramo LC em função da freqüência.


41

RESULTADOS OBTIDOS QUANDO DA CONEXÃO DO FILTRO A UM


CIRCUITO SECUNDÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO

Para a verificação prática do comportamento do filtro, conectou-se o


equipamento junto a um determinado circuito secundário aéreo de distribuição. O
diagrama unifilar simplificado do circuito em análise é mostrado na figura a seguir.

Diagrama unifilar simplificado do circuito secundário aéreo em análise.

Medições realizadas nos pontos A, B e C, antes e após a alocação do


equipamento ao barramento secundário do transformador de distribuição,
indicaram uma significativa redução nas distorções harmônicas individuais, assim
como, na distorção harmônica total de tensão, conforme será a seguir mostrado.

RESULTADOS NO INSTANTE DA ENERGIZAÇÃO DO FILTRO:

As figuras (a) e (b), a seguir, mostram, respectivamente, a tensão de 5a.


harmônica e a distorção harmônica total de tensão, medida no secundário do
transformador, minutos ANTES e DEPOIS da energização do filtro. Percebem-se
claramente as reduções alcançadas a partir da presença do filtro. Em média, a tensão
de 5a. harmônica teve uma redução de 48%.
42

(a) (b)
(a) Tensão de 5a. harmônica e (b) distorção harmônica total de tensão, medidas no secundário do
transformador, minutos ANTES e DEPOIS da energização do filtro

Com a energização do filtro, pode-se observar, também (figura abaixo), os


efeitos da compensação reativa na freqüência fundamental, proporcionada pelo
capacitor BT. Dessa forma, verificou-se um ganho médio de tensão da ordem de 2,0
(dois) Volts (figura (a)). Este benefício pode ser utilizado na postergação de obras para
regularização dos níveis de tensão, em atendimento à Resolução ANEEL No 505.
Ainda em função dos efeitos da compensação reativa na freqüência
fundamental, observa-se uma melhora no fator de potência do circuito (figura (b)),
elevando-se o mesmo para valores superiores ao fator de potência de referência, igual
a 0,92.

(a) (b)
(a) Variação da tensão fundamental e (b) Variação do Fator de Potência, medidos no secundário do
transformador, minutos ANTES e DEPOIS da energização do filtro.

A figura 5.12 mostra a composição da corrente no ramo do filtro, a qual é composta,


em sua quase totalidade, por correntes de 5a harmônica, conforme esperado.
43

Figura 5.12 – Composição da corrente no ramo do filtro


44

RESULTADOS DE MEDIÇÕES DE TENSÃO FUNDAMENTAL COM E SEM O


FILTRO BT INSTALADO, AO LONGO DE UM PERIODO DE OBSERVAÇÃO
MAIOR

A figura abaixoilustra as variações de tensão medidas ao longo de 7 dias e de


um dia de monitoração. Tal como verificado no item anterior, fica evidente o ganho na
tensão, após a inserção do filtro.

7 DIAS DE MONITORAÇÃO 1 DIA DE MONITORAÇÃO

(a)

(b)

(a) Tensões fundamentais na fase “a”


(b) Tensões fundamentais na fase “b”
(c) Tensões fundamentais na fase “c”
Tensões fundamentais com e sem o filtro instalado.
45
RESULTADOS DE MEDIÇÕES DE TENSÕES HARMÔNICAS COM E SEM
O FILTRO BT INSTALADO
A figura abaixo mostra os resultados das medições dos índices de Distorção
Harmônica Total de Tensão antes e após a inserção do filtro. Os resultados mostram
que, após a instalação do filtro, ocorreu uma redução percentual média em torno de
22% para a fase A, 16,9% para a fase B e de 16,2% para a fase C.
Por outro lado, em termos absolutos, pode-se dizer que a Distorção harmônica
total de tensão ( DHTv) foi reduzida de 0,7%.
7 DIAS DE MONITORAÇÃO 1 DIA DE MONITORAÇÃO

(a)

(b)
46

(c)
Distorções harmônicas totais de tensão ANTES e APÓS a instalação do filtro
(a) Fase a; (b) Fase b; (c) Fase c. Medições realizadas ao longo de 7 dias e de um dia.
47
A figura 5.14 ilustra os resultados das medições da Distorção Harmônica
Individual de Tensão de 5a. ordem, antes e após a inserção do filtro.
Os resultados mostram que, após a instalação do filtro, ocorreu uma redução
percentual média em torno de 48% para a fase A, 47,8% para a fase B e de
58,2% para a fase C.

7 DIAS DE MONITORAÇÃO 1 DIA DE MONITORAÇÃO

(a)

(b)

(c)
48
Figura 5.14: Distorções harmônicas individuais de corrente de 5a. harmônica de tensão
ANTES e APÓS a instalação do filtro
(a): Fase a; (b): Fase b; (c): Fase c.
Medições realizadas ao longo de 7 dias e de um dia.

A figura 5.15 refere-se às medições das tensões harmônicas de 3a. e 7a.


ordem, COM e SEM o filtro energizado. Apesar do filtro instalado ser de 5a.
harmônica, houve reduções também nestas duas ordens harmônicas. O valor
médio percentual desta redução foi da ordem de 20%.

TENSÃO DE 3a HARMÔNICA TENSÃO DE 7a HARMÔNICA

(a)

(b)
49

(c)
Figura 5.15: Distorções harmônicas individuais de corrente de 3a. e 5a. harmônica de tensão
ANTES e APÓS a instalação do filtro
(a): Fase a; (b): Fase b; (c): Fase c;
Medições ao longo de um dia.

Finalmente, as figura 5.16, 5.17 e 5.18 ilustram os espectros harmônicos médios,


mínimos e máximos da tensão, respectivamente, com o filtro ligado e desligado,
para as fases A, B e C.
Observando-se as três figuras nota-se claramente que, após a energização
do filtro, ocorre a redução das distorções harmônicas individuais na maioria das
ordens harmônicas. Na média, a Distorção harmônica total de tensão ( DHTv),
na fase A, foi reduzida de 0,7% (de 3,3% para 2,6%). A redução de DHTv na
fase B foi de 0,6% (de 3,7% para 3,1%) enquanto que, na fase C, a redução foi
de 0,7% (de 3% para 2,3%).
50

Figura 5.16: Espectros harmônicos médios, mínimos e máximos, das tensões com filtro ligado
e desligado. Fase A.
51

Figura 5.17: Espectros harmônicos médios, mínimos e máximos, das tensões com filtro ligado
e desligado. Fase B.
52

Figura 5.18: Espectros harmônicos médios, mínimos e máximos, das tensões com filtro ligado
e desligado. Fase C.
53
A figura 5.19, mostra fotos do equipamento instalado.

Figura 5.19: Fotos do filtro instalado.

5.2.4) CONCLUSÕES
Os filtros harmônicos sintonizados passivos, quando instalados na BT dos
transformadores de distribuição de energia elétrica, proporcionam um
substancial aumento no nível da qualidade da energia elétrica fornecida para os
clientes.
A aplicação dos filtros harmônicos sintonizados apresentou grandes
benefícios nos seguintes aspectos:
• Redução da distorção harmônica total de tensão;
• Redução da distorção harmônica individual de tensão,
principalmente no que se refere à frequência de sintonia;
• Aumento do fator de potência, na frequência fundamental;
• Elevação da tensão fundamental.
54
4.5) APLICAÇÃO DE FILTROS HARMÔNICOS PASSIVOS EM
CIRCUITOS DE DISTRIBUIÇÃO EM MÉDIA TENSÃO (11,4 kV)

Esta seção foi desenvolvida por Prof. José Wilson Resende (Ph.D -UFU) e Eng. José
Rubens Macedo Jr. (M.Sc. - ESCELSA). Ela trata da descrição de um filtro harmônico
passivo de 5ª. ordem,instalado em um alimentador em 11,4 kV da ESCELSA

A figura 1 mostra o diagrama trifilar do circuito relativo a um filtro


sintonizado, de 5ª. ordem. O seccionamento do filtro se dá através de uma
chave tripolar tipo Omni-Rupter com operação sob carga. A escolha do local
para a instalação esteve diretamente associada à presença de um considerável
conteúdo de Distorção Harmônica de Tensão de quinta ordem (DIT5%). As
tensões nominais fase-fase e fase-neutra desta barra, são, respectivamente, Vn(f-
f) = 11,4 kV e Vn (f-n) = 6,58 kV.

Figura 1 – Diagrama trifilar do circuito do filtro.

Sabe-se que os bancos de capacitores, quando em operação, podem ter


suas capacitâncias alteradas ao longo dos anos. Isso pode conduzir um filtro
sintonizado à dessintonia. Ou seja, ele poderá se tornar, na freqüência de
interesse para sua filtragem, uma impedância capacitiva, a qual, em paralelo
com a impedância do sistema elétrico (que em sistemas de distribuição, via de
regra, é indutivo para a maioria das freqüências) poderá provocar ressonâncias
paralelas em freqüências presentes na rede.
Diante disso, para se minimizar os riscos com futuros problemas eventuais
relacionados com ressonâncias, o filtro objeto deste trabalho foi projetado na
sintonia da ordem harmônica 4,9 (294 Hz). Isso faz com que, na freqüência de 5a
harmônica (300 Hz), a impedância do filtro seja de característica indutiva,
minimizando efetivamente os riscos de ressonâncias. Esse fato pode ser
constatado na figura 2(a), a qual mostra as impedâncias harmônicas finais, em
55
módulo e fase, do filtro projetado. Nota-se aí que, na 5a harmônica, o ângulo da
impedância do filtro já está próximo de +90º.
Desta forma, caso o banco de capacitores venha futuramente a apresentar
alterações em sua capacitância, por motivos diversos, existirá uma margem de
segurança no sentido de se manter o filtro com características indutivas para a
freqüência de 300 Hz (5a harmônica). Ou seja, nestas condições adversas, o
filtro não se transforma, de imediato, de uma impedância indutiva ou resistiva
para uma impedância capacitiva. Isso de fato aconteceria caso o filtro fosse
originalmente projetado para a sintonia exata em 300 Hz.
Por outro lado, a figura 2(b) mostra que o filtro assim projetado
(sintonizado na ordem harmônica 4,9) apresenta uma ressonância paralela em
torno da ordem harmônica 4,6. Isso, no entanto, não é um problema grave para o
presente projeto, pois, nas medições previamente realizadas na barra de conexão
do filtro, não se verificaram distorções de tensão relevantes em ordens
harmônicas não-inteiras (denominadas inter-harmônicas) compreendidas entre
as ordens 4 e 5.
56

(a) (b)
Figura 2- (a) Impedâncias harmônicas, em módulo e fase, do filtro projetado;
(b) Impedância própria da barra, com e sem o filtro.

As diretrizes do projeto visaram, prioritariamente, a redução da distorção


harmônica individual de tensão de 5a ordem (DIT5%) na barra onde o filtro seria
instalado. Em conseqüência disso, certamente haveria a conseqüente redução da
distorção harmônica total de tensão (DTT%). Ainda em nível de projeto, deve ser
frisado que a determinação dos valores finais para a potência e tensão nominal
do banco de capacitores buscou atender aos requisitos de suportabilidade dos
capacitores, estabelecidos por normas internacionais. Estas suportabilidades se
referem à corrente eficaz, tensão eficaz, tensão de pico e potência reativa
produzida, as quais mostradas na Tabela 1.
57

Tabela 1: Limites de suportabilidade para bancos de capacitores [5]

A Tabela 2 apresenta os parâmetros finais do filtro desenvolvido, para as


condições de projeto, tais como: correntes harmônicas circulando no ramal antes
da presença do filtro, nível de curto-circuito da barra, distorções harmônicas de
tensão antes da presença do filtro e distorções harmônicas de tensão objetivadas
após a energização do filtro, etc.

Tabela 2 - Parâmetros finais do filtro projetado

Para a classe de tensão do ramal em questão (11,4 kV), o limite da tensão


eficaz fase-neutro, entre os terminais dos capacitores (que são conectados em Y
isolada) é de 12,54 kV 3 . Por outro lado, conforme a Tabela 2 indica, ao final dos
estudos relativos ao projeto, a tensão eficaz fase-neutro final, obtida nos
terminais do banco de capacitores, foi de 12,11 kV 3 , portanto, inferior ao limite
informado acima.
No entanto, com o intuito de se elevar a margem de segurança para o
projeto piloto, os bancos de capacitores foram construídos na classe de tensão
fase-neutro de 13,8 kV 3 (cujo correspondente limite de tensão eficaz fase-neutro
é de 15,18 kV 3 ). Nesta classe de tensão, a potência nominal trifásica do banco de
capacitores (em 60 Hz) seria de 600 kVAr. Já na tensão de operação de 11,4 kV,
a potência trifásica fundamental desenvolvida pelos capacitores seria de 409
kVAr. Estas potências reativas, no entanto, não serão obtidas na prática, pois
58

estes bancos são ligados em série com os reatores, conforme a seguir será
mostrado.
Por se tratar de um arranjo em que capacitores e reatores estão conectados
em série, em uma barra cuja tensão fase-neutro é de 11,4 kV 3 , tem-se que a
tensão entre os terminais do capacitor será maior do que esse valor. Isto é uma
conseqüência física da teoria de Circuitos Elétricos: as tensões em capacitores e
reatores são defasadas de 180º. Para a tensão fase-neutro, aplicada ao ramo série
“Capacitor-Reator”, de 11,4 kV 3 , o valor para a tensão no capacitor em questão
é de 11,89 kV 3 . A diferença entre estas duas tensões é a tensão entre os terminais
dos reatores, cujo valor será de 0,49 kV 3 .
Com base nessas informações, pode-se agora calcular a verdadeira
potência reativa gerada pelo banco de capacitores trifásico, quando o mesmo faz
parte do filtro sintonizado. Esta potência será calculada a partir da tensão
efetivamente aplicada ao banco de capacitores, cujo valor, conforme a Tabela 2,
é de 11,89 kV 3 , e da reatância capacitiva do capacitor. A potência trifásica assim
gerada pelo banco de capacitores será a seguinte:
QFILTRO =
(11,89 kV )
2
= 445,4 kVAr (1)
317,4

De forma semelhante, a potencia trifásica reativa líquida disponibilizada


pelo filtro para a rede, na tensão de 11,4 kV 3 , será dada a partir da reatância
líquida do ramo, conforme a seguir.
QFILTRO LIQ =
(11,4 kV )2 = 427,24 kVAr (2)
(317,4 − 13,22)

A diferença entre estas duas potências reativas será a parcela absorvida


pelos reatores (18, 16 kVAr).
Do exposto acima conclui-se que, no que concerne a potência reativa
gerada para a rede, por um determinado banco de capacitores, a contribuição será
maior quando o banco de capacitores pertence a um arranjo de filtros
sintonizados do que quando o banco está atuando isoladamente.

3. Detalhes construtivos do filtro

A figura 3 ilustra o desenho esquemático da estrutura construtiva do filtro já


posicionado em no poste.
59

Figura 3 – Desenho esquemático da estrutura construtiva do filtro.

Uma vez executada a instalação do filtro de acordo a figura 3, o resultado


final pode ser observado através das fotos ilustradas na figura 4.

Figura 4 – Fotos do filtro instalado.

A figura 5(a) destaca a chave de manobra tripolar Omni Rupter (que


conecta o filtro à rede). Já a figura 5(b) ilustra o conjunto TP-TC usado para
tornar as correntes e tensões possíveis de serem lidas pelo medidor/registrador de
parâmetros de qualidade da energia elétrica (ver detalhe deste medidor na figura
5(c)).
60

(a) (b) (c)


Figura 5 - (a) Chave de manobra tripolar, (b) Conjunto TP – TC – Medidor, (c) Leitura do
medidor.

4. Resultados das medições efetuadas antes e depois da instalação do filtro

A figura 6 apresenta os resultados das distorções harmônicas individuais


de tensão de ordem 5, com o filtro desligado e com o filtro ligado. O período de
medição compreende um dia completo antes e após a energização do
equipamento. Conforme pode ser observado, a redução obtida foi significativa:
com o filtro desligado, estas distorções variam desde 1,75% até valores acima de
4%. Já com o filtro ligado à rede elétrica, as distorções harmônicas de tensão de
5a ordem não ultrapassam um valor máximo de 1,7%.
Na parte inferior da figura 6 tem-se um gráfico que destaca as variações
percentuais das reduções obtidas na distorção harmônica individual de tensão de
ordem 5, com a presença do filtro, a cada 10 minutos. A redução média obtida
para o indicador DIT5%, foi da ordem de 51,0%.

Figura 6 – Distorção harmônica individual de tensão de 5a ordem (DIT5%).


61

A figura 7, a seguir, ilustra o comportamento da distorção harmônica total


de tensão, também com o filtro ligado e desligado. Comparando-se a figura 5
com a figura 6, nota-se uma grande semelhança entre ambas. Isso comprova que
a 5a harmônica é a ordem predominante na barra considerada. O impacto positivo
da presença do filtro, também para o indicador DTT%, fica evidente com a
redução média de 42,3%, obtida com a energização do filtro.

Figura 7 – Distorção harmônica total de tensão (DTT%)

A presença do filtro harmônico de 5a ordem também contribuiu para uma


redução, ainda que discreta, na distorção harmônica individual de tensão de 7a
ordem, conforme ilustra a figura 8. A redução média obtida para esta harmônica
foi de 15,4%.

Figura 8 – Distorção harmônica individual de tensão de 7a ordem (DIT7%)


62

Para o caso da distorção harmônica individual de tensão de 3a ordem, de


acordo com a figura 9, a presença do filtro de 5a Ordem, ainda que timidamente,
também contribuiu para a redução da mesma.

Figura 9 – Distorção harmônica individual de tensão de 3a ordem (DIT3%)

A figura 10, a seguir, mostra a forma de onda da corrente no ramo do filtro


durante um período de 63 ms, assim como o espectro em freqüência associado,
com discretização de 10 Hz. Neste espectro há que se ressaltar dois aspectos
importantes: a eficiência da filtragem, já que a maior corrente presente refere-se
à freqüência de 300 Hz (5a harmônica), e a presença de diversas correntes inter-
harmônicas, com freqüências não múltiplas inteiras de 60 Hz.

Figura 10 – (a) Forma de onda da corrente do filtro, (b) Espectro de freqüências da corrente do
filtro.
63

Uma análise da corrente do filtro, contemplando durações mais longas (24


h), pode ser observada na figura 11 (fase A apenas), a qual apresenta o
comportamento das correntes eficaz, fundamental e de 5a harmônica no ramo do
filtro.

Figura 11 – (a) Corrente True RMS no ramo do filtro, (b) Corrente fundamental no ramo do
filtro, (c) Corrente harmônica de 5a ordem no ramo do filtro.

Como se sabe, os filtros harmônicos, além de absorverem correntes


harmônicas, também são capazes de gerar potência reativa para a rede. Como
conseqüência disso, a tensão eficaz na barra do filtro tende a apresentar elevação
quando o mesmo estiver energizado. Isso pode ser constatado na figura 12 que
ilustra o comportamento do valor eficaz da tensão presente na barra do filtro, ao
longo de 24h.

Figura 12 – Tensão True RMS na barra de conexão do filtro.


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Como informação adicional à questão da variação da tensão eficaz ao


longo de 24h, tem-se, na figura 13, o comportamento da potência reativa
disponibilizada pelo filtro para a rede, ao longo deste mesmo período.
Comparando-se os comportamentos das variações da tensão eficaz (na presença
do filtro – figura 12) e da potência reativa (figura 13), observa-se comportamento
semelhante entre ambas, ou seja, quando a tensão cai, a potência gerada pelo
filtro também decresce (e vice-versa). Cabe aqui ressaltar que, por segurança, o
filtro foi projetado e executado para valores nominais de 600 kVAr, na tensão de
13,8 kV.

Figura 13 – Potência reativa capacitiva injetada pelo filtro.

Finalmente, a figura 14 apresenta uma imagem termográfica do filtro em


operação. A temperatura média registrada nos reatores está em torno de 40 oC.
Este valor é apenas +10º C acima da temperatura ambiente média do local,
a qual situa-se em torno de 30º C. Considerando que os reatores foram projetados
para operar com uma temperatura de +45º C acima da temperatura ambiente,
pode-se concluir que os mesmos operam em condição extremamente confortável
e segura.

Figura 14 – Imagem termográfica do filtro em operação

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