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AULA 2

INFORMAÇÕES IMPLICITAS

Inicialmente, precisamos entender que, na elaboração de uma mensagem, nem sempre aquilo que procuramos dizer
está explícito, ou seja, nem sempre é dito de forma direta ou objetiva. Muitas vezes, para percebermos o que está
implícito (ESCONDIDO) em um enunciado, precisamos lidar com conhecimento de mundo (CULTURA GERAL)
com deslocamento contextual ou, até mesmo, com alguns indicadores linguísticos.
Observe a piada a seguir:

“Um louco pergunta para outro:


- Você tem horas?
- Tenho.
O outro:
- Obrigado”.

Reparem que o enunciado “Você tem horas?” parte do princípio de que quem faz o questionamento deseja saber que
horas são efetivamente, apesar de essa afirmação não estar explícita na pergunta, há
uma quebra de expectativa do leitor (humor) entre as perguntas e suas respectivas respostas.
Outro exemplo:

Na charge, há uma crítica em relação à falta de


memória e de compromisso do cidadão em relação ao
voto. Além disso, no segundo quadrinho,
fica subentendido, ou seja, implícito que o político
fez algo de errado em seu governo, porém não sofre
retaliações por isso. Percebam que o
conhecimento de mundo ajuda bastante na
interpretação, além, claro, de uma observação dos
elementos linguísticos envolvidos (jogo de palavras
e desenho).
 

Conceitos importantes:

 POSTO E PRESSUPOSTO
Veja a frase a seguir:

 O tempo continua nublado.


Podemos dizer que o posto é exatamente a informação explícita, que afirma que o tempo está, no momento da
fala, nublado. O verbo “continuar”, entretanto, passa uma informação implícita de antes o tempo já estava nublado.
A essa informação que passa a ser percebida pelo leitor, a partir do posto, damos o nome de PRESSUPOSTO.

 IMPLÍCITO OU SUBENTENDIDO
Veja a charge a seguir:

O subentendido do texto está no fato de o referido


prefeito ter sido tão ausente em seu governo anterior
que parecia ser sua primeira candidatura. A crítica
está na sua péssima atuação como prefeito; é como
se ele não tivesse feito nada representativo e
importante para a cidade.

Muitas vezes, para que o subentendido seja compreendido pelo ouvinte ou pelo leitor, é preciso saber analisar as
palavras fora de seu significado literal. O contexto é fundamental para isso. Perceba a situação descrita abaixo:
Um jovem com um cigarro na mão dirige-se a outro e pergunta:
- Você tem fogo?
Notem que a pergunta feita subentende que o jovem está pedindo ao outro um isqueiro ou coisa parecida para
acender o cigarro. Na realidade, está implícito o pedido: “Por favor, você poderia acender o meu cigarro?”

 INFERÊNCIA
Inferir é o mesmo que se chegar a conclusões a partir de fatos conhecidos posteriormente. Veja a imagem a
seguir, divulgada no site http://kibeloco.com.br/ num período em que a proliferação do mosquito causador da dengue
(o Aedes aegypti) assustava os cidadãos cariocas:

Repare que, para demonstrar o pavor das pessoas


diante da dengue (representada na imagem pelo
mosquito), criou-se um diálogo com o famoso quadro
expressionista “O Grito” de Edvard Munch. Para
inferir isso, é preciso um conhecimento prévio da
obra.

CAIU NO ENEM
(ENEM 2009)

Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no
mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de expressão portuguesa de um lado e do outro do
Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou a descobrir o Brasil e a ser, por
seu lado, colonizado por expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas de
tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com a
Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular
brasileira, da problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática social emergente do fenômeno dos
meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e
no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação de um
país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de um país polifônico: em que já não é determinante o eixo
Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua unitária e particular tradição cultural. É
esse, para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro.

 STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado).

No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos poucos, construindo uma identidade
cultural e literária relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à portuguesa em particular. Sua
análise pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e linguístico, que favoreceu o surgimento daquilo
que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante dessepressuposto, e levando em consideração o texto e as diferentes
etapas de consolidação da cultura brasileira, constata-se que:
 

a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o fez assimilar novos gêneros artísticos e culturais,
assim como usos originais do idioma, conforme ilustra o caso do escritor Machado de Assis.

b) a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no mundo, a partir da projeção que poetas brasileiros
ganharam naqueles países, a partir do século XX.

c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação da cultura nacional, maior reconhecimento do Brasil
por ele mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos.

d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação culturalmente mestiça, embora a expressão dominante
seja aquela produzida no eixo Rio - São Paulo, em especial aquela ligada às telenovelas.

e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união bastante significativa entre as diversas matrizes
culturais advindas das várias regiões do país, como se pode comprovar na obra de Paulo Coelho.

 
Comentário: A diversidade cultural brasileira ratifica-se através do vocábulo “polifônico”. Além disso, a identidade
brasileira confirmou-se ao longo do tempo, de acordo com o texto, tornando o Brasil um país sólido culturalmente,
mesmo diante das diferenças. Dessa forma, a alternativa “C” é aquela que melhor se adequa como padrão de
resposta.
 

Bem, por hoje é só, galerinha. O que acharam? A explicação ficou explícita? 

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