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Introdução à Engenharia de

Segurança do Trabalho
Faculdade CNI
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SUMÁRIO

UNIDADE 1 - COMO SURGIU O CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO


1.1 Introdução.................................................................................................................................. 4
1.2 Amparo legal das normas regulamentadoras.................................................................. 7
1.3 Normas Regulamentadoras Rurais – NRRs ...................................................................18

UNIDADE 2 - ASPECTOS HUMANOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS DA ENGENHARIA


2.1 Introdução................................................................................................................................26
2.2 Prevenção de doenças profissionais ................................................................................29
2.3 Prevenção de acidentes de trabalho ................................................................................30
2.4 Significado econômico social das doenças ocupacionais e acidentes no trabalho
...........................................................................................................................................................32
2.5 Histórico ...................................................................................................................................33
2.6 Acidentes de trabalho ...........................................................................................................38
2.6.1 Evolução do acidente de trabalho ..................................................................................38
2.6.2 Acidente ................................................................................................................................39

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 48
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UNIDADE 1 - COMO SURGIU O CONCEITO DE SEGURANÇA DO


TRABALHO

1.1 Introdução
O mundo encontra-se num processo de plena busca pela produção máxima e

custo mínimo. Tal objetivo deve-se ao fato da procura do desenvolvimento por parte

dos países emergentes, e pela busca do controle econômico mundial por parte dos

países desenvolvidos. Evidentemente, que esse interesse geral está relacionado com

o bem-estar do ser humano, pois o Estado tem como meta principal a sociedade. Para

alcançar tais objetivos, os países terão que dispor de um fator imprescindível, a

tecnologia.

Esse fator traz benefícios econômicos, desde que haja investimentos no

binômio Homem – Máquina. Temos que considerar também que tal fator pode

contribuir para um resultado contrário ao esperado pelo Estado, pois haverá uma

influência direta no meio de trabalho do homem. Sendo assim, torna-se necessário

algo que venha proteger o trabalho humano. Surge, então, o conceito de segurança

no ambiente laboral ou segurança no trabalho.

O trabalho existe desde os primórdios da humanidade. Antes o homem era

nômade e coletor. Depois surgiu o artesanato. Com a Revolução Industrial, surgiram

as especialidades.

Em 1700, o italiano Bernardino Ramazzini publicou uma obra na qual descreve

cinquenta profissões distintas, e relaciona as doenças que cada uma dessas

profissões causa no trabalhador. Com isso, Ramazzini introduziu um conceito de


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relação das doenças com a ocupação exercida pela pessoa. Devido à importância da

obra, Ramazzini ficou conhecido como o “Pai da Medicina do Trabalho”.

Com a revolução industrial e suas jornadas de trabalho (de quatorze horas em

média) e a busca de mão de obra barata, ou seja, de crianças, o Parlamento inglês

pressionado aprovou em 1802, a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes” que

estabeleceu o limite de 12 horas de jornada de trabalho por dia, proibiu o trabalho

noturno e introduziu medidas de higiene nas fábricas.

A lei - antes instaurada - não teve seu devido cumprimento, o que obrigou

Parlamento Britânico a criar a “Lei das Fábricas” em 1833. Esta lei previu a inspeção

nas fábricas, delimitou que a idade mínima para o trabalho seria de nove anos, proibiu

o trabalho noturno aos menores de 18 anos, e limitou para 12 horas a jornada de

trabalho sendo que esta não poderia passar de 69 horas semanais.

A partir de então, a segurança no trabalho começou a ser alvo da comunidade

científica, porém voltado à Medicina. Em 1931, Heirich começou a lançar o conceito

prevencionista, buscando não só prevenir acidentes como também assegurar os

riscos às lesões. Com essa preocupação, deu-se início a procura da identificação de

riscos, ou seja, analisando e avaliando os riscos inerentes a cada atividade,

procurando determinar as prováveis perdas, eliminando e controlando os riscos.

Apesar do citado acima, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a OMS

(Organização Mundial da Saúde), reunidos em Genebra (1957), estabeleceram os

seguintes objetivos para a Saúde Ocupacional:


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a. Promover e manter mais alto grau de bem-estar físico, mental e social

dos trabalhadores em todas as ocupações.

b. Prevenir todo o prejuízo causado à saúde dos trabalhadores pelas

condições do trabalho.

c. Proteger os trabalhadores contra os riscos de agentes nocivos à saúde.

d. Colocar e manter o trabalhador em uma função que convenha às suas

aptidões fisiológicas e psicológicas.

e. Adaptar o trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho.

No Brasil, até 1930, existiam quatro leis pertinentes ao Seguro Social dos

Trabalhadores:

• Lei nº. 3724, de 15/01/19, sobre acidentes do trabalho, tornando

compulsório o seguro contra o risco profissional;

• Decreto nº. 16027, de 30/04/23, que criou o Conselho Nacional do

Trabalho;

• Lei nº. 4682, de 24/01/23, que instituiu uma Caixa de Aposentadoria e

pensões;

• Lei nº. 5109, de 20/12/26, que estendeu o regime das Caixas de

Aposentadoria às empresas portuárias.

Porém, somente em 1941, impulsionado pelo setor privado foi criado a ABPA

(Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes). Neste momento começou-se

a observar a Segurança do Trabalho de outra maneira. Em 1972, integrando o Plano

de Valorização do Trabalhador, os itens higiene e segurança juntamente com os


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serviços médicos passaram a ser obrigatórias em todas as empresas com cem ou

mais trabalhadores.

Em junho de 1978, foram aprovadas as Normas Regulamentadoras no Brasil

relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, e por terem efeito de lei obrigam as

empresas ao seu efetivo cumprimento.

A pirâmide abaixo desenvolvida pela Insurance Company of North America e

publicada em 1969 foi embasada no estudo de Frank Bird Jr., que baseou sua teoria

de “Controle de Danos” a partir de uma análise de 90.000 acidentes ocorridos em uma

empresa metalúrgica nos Estados Unidos.

Esta pirâmide representa a proporção de acidentes com lesões graves em

relação aos incidentes ocorridos, porém reparem que não se sabe ainda a proporção

de um comportamento de risco para um incidente.

1.2 Amparo legal das normas regulamentadoras


Lei nº. 6514, de 22 de dezembro de 1977

Foi esta lei que possibilitou a instauração das Normas Regulamentadoras,

alterando o descrito no Decreto-Lei 5452, de 01 de maio de 1943, passando então a

vigorar a redação de 1977.

Este grande passo em prol dos direitos da saúde dos trabalhadores deve ser

lido na íntegra por vocês - Técnicos de Segurança. Vale ressaltar que a luta pela saúde

dos trabalhadores começou ainda na Idade Média, e vem sendo defendida até hoje.

Cabe a vocês não deixar que todos estes séculos de luta e de conquista tenham sido

em vão.
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Na sequência, por considerar importante, destaco algumas partes da Lei 6514.

Art. 154 - A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste

Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com

relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários

dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem

como daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho.

Art. 155 - Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de

segurança e medicina do trabalho:

(…)

II - Coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais

atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o território

nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho.

Então, cabe ao Poder Executivo, Legislativo e Judiciário a manutenção do

descrito na Lei dando subsídios e parâmetros para que os mesmos sejam cumpridos.

Art. 156 - Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos

limites de sua jurisdição:

(…)

III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas

constantes deste Capítulo, nos termos do art. 201.

Art. 157 - Cabe às empresas:

I - Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho.


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Percebe-se neste item que as empresas devem ter medidas administrativas

para fazer cumprir as medidas de segurança. Se estas não forem atendidas pelos

trabalhadores, as empresas têm respaldo legal para punir, afastar ou até demitir o

empregado por justa causa, desde que comprovado a devida orientação e ações

administrativas de correção de postura aplicadas ao empregado. Como dispõe o inciso

II do mesmo artigo.

II - Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções

a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.

Art. 158 - Cabe aos empregados:

I - Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as

instruções de que trata o item II do artigo anterior;

Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.

Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item

II do artigo anterior;

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

Bom, o texto é claro! O empregado não deve apenas observar as regras de

segurança do trabalho; ele é obrigado a usar os equipamentos de proteção individual

(EPIs) fornecidos pela empresa. Caso não o faça é considerado ato faltoso e

injustificado, passível de punição e de ações e medidas administrativas.


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Da Seção II, do Capítulo V, da Lei 6514, que dispõe sobre a Inspeção prévia e

do embargo ou interdição do estabelecimento onde são realizadas as atividades,

destacamos os seguintes artigos:

Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia

inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional

competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.

§ 1º - Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial

nas instalações, inclusive equipamentos, e que a empresa fica obrigada a comunicar,

prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho.

Art. 161 - O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço

competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá

interditar estabelecimento, setor de serviço,

máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na decisão tomada -

com a brevidade que a ocorrência exigir - as providências que deverão ser adotadas

para prevenção de infortúnios de trabalho.

§ 1º - As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às

medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho.

§ 2º - A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço

competente da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do

trabalho ou por entidade sindical.


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É mais barato fazer correto e evitar uma interdição do que sofrer a sanção da

Lei, parar a produção e ter que fazer as pressas para voltar à produção; pois, na

necessidade, se paga mais caro e ainda se arca com os dias parados.

Da Seção III, dos órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas empresas

destacamos:

Art. 162

Parágrafo Único - As normas a que se refere este artigo estabelecerão:

a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza

do risco de suas atividades;

b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa,

segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior;

Toda classificação que se faz das empresas refere-se aos parâmetros

descritos acima. Dica: GRAVE O TEOR DO PARÁGRAFO ÚNICO E DOS ITENS A E B,

POIS ESTÃO EMBASADOS NAS NRs.

Art . 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do

Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

Parágrafo Único - O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a

composição e o funcionamento das CIPAs.

Muitos trabalhadores fazem parte da CIPA. Ela é uma ferramenta importante

para que o Técnico de Segurança instrua sempre os trabalhadores que fazem parte

desta comissão, pois eles serão os seus olhos e a sua força dentro da empresa,
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companhia, indústria ou outra atividade onde quer que você esteja exercendo a

profissão.

Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza

ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou

explosivos em condições de risco acentuado.

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um

adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de

gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que

porventura lhe seja devido.

O artigo acima dispõe de embasamento para que sejam identificadas as

atividades insalubres e ou perigosas. Na NR específica falaremos um pouco mais

sobre este assunto.

O artigo 192 em sua descrição responde a primeira questão. Vamos ver o que

diz o artigo em questão:

“O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de

tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de

adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10%

(dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus

máximo, médio e mínimo.”


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E ainda o artigo 194 diz em sua redação que “o direito do empregado ao

adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à

sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo

Ministério do Trabalho”.

Como vocês viram foi fácil encontrar a resposta para as duas questões, não é

mesmo? E para fechar o assunto, quero complementar o assunto apresentando o

artigo 195:

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da

periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de

perícia a cargo do Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no

Ministério do Trabalho.

§ 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais

interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em

estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou

delimitar as atividades insalubres ou perigosas.

§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado,

seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado

na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do

Ministério do Trabalho.

§ 3º - O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora

do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia.


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Art. 159 - Mediante convênio autorizado pelo Ministro do Trabalho, poderão

ser delegadas a outros órgãos federais, estaduais ou municipais atribuições de

fiscalização ou orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições

constantes deste Capítulo.

Devido a importância do artigo 200 para o profissional da área, segue na

íntegra para análise:

Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições

complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as

peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre:

I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção

individual em obras de construção, demolição ou reparos;

II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e

explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas;

III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo

quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos,

eliminação de poeiras, gases, etc. e facilidades de rápida saída dos empregados;

IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas,

com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes

contra-fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação,

corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização;


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V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no

trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento

profilaxia de endemias;

VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas,

radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões

anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para

eliminação ou atenuação desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de

exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do

trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade controle permanente dos

locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessárias;

VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências,

instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e

armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições,

fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de

sua execução, tratamento de resíduos industriais;

VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de

perigo.

Parágrafo Único - Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as

normas a que se referem este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a

respeito adotadas pelo órgão técnico.

Na próxima aula, falaremos da Portaria n.º 3214 de 8 de junho de 1978, que

trata da implementação das Normas Regulamentadoras. Hoje faremos uma


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correlação entre os dizeres da Lei 6514 com a Normas Regulamentadoras pré-

estipuladas. Na aula 6, trataremos exclusivamente sobre esta correlação.

O objetivo desta correlação é para que vocês percebam que existe uma

evolução no tratamento da Segurança do Trabalho, e que este vai evoluindo conforme

o pensamento da humanidade. Por isso é importante que a sociedade esteja sempre

mobilizada para o bem comum, ou seja, para a qualidade de vida; e percebam também

o quanto é importante a ação de todos, para evitar um sofrimento no futuro.

Portaria 3214, e 8 de junho de 1978

Conforme o prometido, vamos tratar neste momento da Portaria 3214, de 8

de junho de 1978. Esta portaria trouxe em seu texto original até a NR-28 –

Fiscalização e Penalidades, entre outras modificações que com o decorrer dos anos

viram-se necessárias.

Art 1º- Aprovar as Normas Regulamentadoras-NR- do Capítulo V, Título II , da

Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do TrabaIho:

NORMAS REGULAMENTADORAS:

NR-01 - Disposições Gerais

NR-02 - Inspeção Prévia

NR-03 - Embargo e Interdição

NR-04 - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho – SSMT

NR-05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

NR-06 - Equipamento de Proteção Individual - EPI


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NR-07 - Exames Médicos

NR-08 – Edificações

NR-09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

NR-11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

NR-12 - Máquinas e Equipamentos

NR-13 - Vasos sob Pressão

NR-14 - Fornos

NR-15 - Atividades e Operações Insalubres

NR-16 - Atividades e Operações Perigosas

NR-17 - Ergonomia

NR-18 - Condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção.

NR-19 - Explosivos

NR-20 - Combustíveis Líquidos e Inflamáveis

NR-21 - Trabalhos a Céu Aberto

NR-22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

NR-23 - Proteção Contra Incêndios

NR-24 - Condições Sanitárias e e conforto nos Locais do Trabalho

NR-25 - Resíduos Industriais

NR-26 - Sinalização de Segurança

NR-27 - Registro de Profissionais.

NR-28 - Fiscalização e Penalidades


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NR-29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.

NR-30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.

NR-31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,

Exploração Florestal e Aquicultura.

NR-32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.

NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados.

Art. 2º - As alterações posteriores, decorrentes da experiência e necessidade,

serão baixadas pela Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho.

Art. 3º - Ficam revogadas as Portarias MTIC 31, de 6/4/54; 34, de 8/4/54; 30,

de 7/2/58; 73, de 2/5/59; 1 , de 5/1/60; 49, de 8/4/60; Portarias MTPS 46, de

19/2/62; 133, de 30/4/62; 1.032, de 11/11/64; 607, de 26/10/65; 491, de 10/9/65;

608, de 26/10/65; Portarias MTb 3.442, de 23/12/74; 3.460, de 31/12/75; 3.456, de

3/8/77; Portarias DNSHT 16, de 23/6/66; 6, de 26/1/67; 26, de 26/9/67; 8, de

7/5/68; 9, de 9/5/68; 20, de 6/5/70; 13, de 26/6/72; 15, de 18/8/72; 18 , de 2/7/74;

Portaria SRT 7 de 18/3/76 e demais disposições em contrário.

Art. 4º - As dúvidas suscitadas, e os casos omissos, serão decididos pela

Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho.

Art. 5º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

1.3 Normas Regulamentadoras Rurais – NRRs


Este é o texto na íntegra da Portaria, ressalvamos a questão da NR-31 que

vem substituir as NRR, Normas Regulamentadoras Rurais. Mas o que vem a ser isso?

Vamos explicar.
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O texto original da Portaria 3214 regulamentada até a NR-28 não tratava dos

trabalhos exercidos no meio rural. O Ministério do Trabalho regulou a portaria abaixo:

Art. 1º - Aprovar as seguintes Normas Regulamentadoras Rurais – NRR,

relativas à Segurança e Higiene do Trabalho Rural:

NORMAS REGULAMENTADORAS RURAIS:

NRR-1 - Disposições Gerais

NRR-2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural

- SEPATR

NRR-3 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural -

CIPATR

NRR-4 - Equipamento de Proteção Individual - EPI

NRR-5 - Produtos Químicos

Art. 2º - As alterações posteriores, decorrentes da experiência e necessidade,

serão baixadas pelo Ministério do Trabalho.

Art. 3º - Os casos omissos e as dúvidas suscitadas serão decididas pelo

Ministério do Trabalho.

Art. 4º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

A NR-31 Segurança e Saúde no Trabalho, na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,

Exploração Florestal e Aquicultura revogou as Normas Regulamentadoras (NRRs)

com a portaria abaixo:

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

GABINETE DO MINISTRO
20

PORTARIA Nº 191, DE 15 DE ABRIL DE 2008

(DOU de 16/04/08 – Seção 1 – Pág. 102)

Revoga as Normas Regulamentadoras Rurais – NRR.

O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso da competência

que lhe confere o inciso II, do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e,

considerando a vigência da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no

Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura,

aprovada pela Portaria GM n.º 86, de 03 de março de 2005, resolve:

Art. 1º - Revogar a Portaria GM n.º 3.067, de 12 de abril de 1988, publicada no

DOU do dia 13 de abril de 1988, Seção 1, pág. 6.333 a 6.336, que aprovou as Normas

Regulamentadoras Rurais – NRR.

Art. 2º - Revogar a Portaria GM n.º 3.303, de 14 de novembro de 1989,

publicada no DOU do dia 17 de novembro de 1989, Seção 1, pág. 20.883 a 20.884,

que estendeu às NRR a aplicação das penalidades constantes da Norma

Regulamentadora n.º 28 (Fiscalização e Penalidades).

Art. 3º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Devemos então desprezar as NRR? De maneira alguma. Se em alguma

descrição específica a NRR for mais completa deve-se utilizar esta. Contudo, em caso

de mesmo conteúdo descrito nas duas vale o que tiver na NR-31.

Na matéria Segurança Agrícola e Rural muito provavelmente será tratado este

assunto. Este exemplo foi usado para vocês perceberem o quão antenados devem

estar com as alterações da Lei que geralmente vem com uma Portaria.
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NR-01 - Disposições gerais

Art . 154 - A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste

Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com

relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários

dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem

como daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho.

NR-02 - Inspeção prévia

Na Seção II, temos o título: Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição.

Art . 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia

inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional

competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.

NR-03 - Embargo e interdição

Na Seção II, temos o título: Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição.

Art . 161 - O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço

competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá

interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar

obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as

providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de trabalho.

NR-04 - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho - SSMT

A Seção III - Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas

Empresas.
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Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo

Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em

segurança e em medicina do trabalho.

Parágrafo único - As normas a que se refere este artigo estabelecerão:

(Reparem nesta frase ela deixa claro que virão normas com efeito de LEI)

NR-05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA

Art . 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do

Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

Art . 164 - Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos

empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na

regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior.

Art . 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPAs não

poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em

motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de

reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos motivos

mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.

No artigo 164, a leitura de seus parágrafos é importantíssima, pois

exatamente em cima disto é que foi amparado a execução da CIPA, com

representantes dos empregados e dos empregadores.

NR-06 - Equipamento de Proteção Individual – EPI


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Da Seção IV - Do Equipamento de Proteção Individual

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de

conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam

completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Art . 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado

com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.

NR-07 - Exames médicos

Art . 168 - Será obrigatório o exame médico do empregado, por conta do

empregador.

Art . 169 - Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das

produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de

suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho.

NR-08 – Edificações

Em acordo com a seção VI - Das Edificações. Observem que até o título é o

mesmo!

NR-09 - Riscos ambientais

Seção VII - Da Iluminação e Seção VIII - Do Conforto Térmico

NR-10 - Instalações e serviços em eletricidade

Seção IX - Das Instalações Elétricas

NR-11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais

Seção X - Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais


24

NR-12 - Máquinas e equipamentos

Seção XI - Das Máquinas e Equipamentos

NR-13 - Vasos sob pressão e nr-14 – fornos

Seção XII - Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão

NR-15 - Atividades e operações insalubres e nr-16 - atividades e operações

perigosas

Seção XII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas

NR-17 - Ergonomia

Seção XIV - Da Prevenção da Fadiga

NR-18 - obras de construção, demolição e reparos; NR-19 – explosivos; NR-

20 - combustíveis líquidos e inflamáveis; NR-21 - trabalhos a céu aberto; NR-22 -

trabalhos subterrâneos; NR-23 - proteção contra incêndios; NR-24 - condições

sanitárias dos locais do trabalho; NR-25 - resíduos industriais; NR-26 - sinalização

de segurança

Todos os acima da Seção XV - Das Outras Medidas Especiais de Proteção

NR-27 - Registro de profissionais

Não tinha na época; mas agora sim .Todos vocês são os nossos Técnicos de

Segurança no Trabalho.

NR-28 - Fiscalização e penalidades

Seção XVI – Das Penalidades.


25

Anotações

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26

UNIDADE 2 - ASPECTOS HUMANOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS DA


ENGENHARIA

2.1 Introdução
Na América Latina observa-se que os governos utilizam como principal recurso

para sair da etapa de subdesenvolvimento um acelerado processo de industrialização

em curto prazo. Embora este processo de industrialização traga inegáveis benefícios

econômicos, traduzidos em progressivos aumentos da renda per capita e daí,

melhores níveis de vida para a população desses países, é necessário se considerar

conjuntamente com esses positivos benefícios econômicos, a agressão constante a

que está exposto o homem em seus meios de trabalho e sua comunidade. De outra

forma, devem entender-se que é antieconômico buscar o desenvolvimento industrial

de um país, sem resolver as consequências sanitárias e sociais que este traz consigo.

Obtém-se um resultado final negativo, quando se verifica que o custo das

enfermidades e acidentes, superam os novos bens produzidos.

A engenharia de Segurança deve ter como responsabilidade primária a

prevenção de doenças ocupacionais (ou profissionais) e acidentes no trabalho. O

pessoal médico complementa a ação preventiva e de controle, nessas áreas

específicas.

É matéria fundamental estudar o binômio homem-ambiente de trabalho,

reconhecendo, avaliando e controlando os riscos que possam afetar a saúde dos

trabalhadores. Nesse sentido, ao considerar-se a prevenção e redução de riscos para

a saúde dos trabalhadores deve praticar-se o princípio estabelecido pela OIT ao


27

declarar que: “Segurança e Higiene no trabalho são conceitos individuais e deverão

ser tratados como dois aspectos de um mesmo problema, isto é, o da proteção dos

trabalhadores.

Indubitavelmente, os programas de proteção para a saúde dos trabalhadores

devem condicionar-se a serem planejados levando em conta não só a prevenção de

acidentes e doenças profissionais, mas também a proteção, fomento e conservação

da saúde no sentido mais amplo como definido pela OMS: “A saúde é um estado de

completo bem estar físico, mental e social, e não somente a ausência de afecções ou

enfermidades”. Logo, a responsabilidade pela vida e saúde dos trabalhadores está

ligada ao trinômio Estado-Empresa-Trabalhador, já que os efeitos sobre a saúde se

manifestam nesses três componentes.

ASPECTO SOCIAL: Para ilustrar o efeito dos acidentes de trabalho sobre a

sociedade, um exemplo é dado a seguir. Supondo que um homem viva até os 60 anos,

trabalhando dos 15 aos 50 anos (35 anos de trabalho). Quando criança ou aposentado

sua produtividade é negativa, enquanto sua produção é de 10 unidades produtivas /

ano no período em que trabalha. O consumo durante toda sua vida é de 5 unidades

produtivas / ano. Verificando-se o saldo de sua produção em toda sua vida tem-se:

S = 35 x 10 - 60 x 5 = + 50 unidades produtivas / ano

Supondo que este indivíduo sofresse um acidente de trabalho aos 30 anos

diminuindo sua produção para 5 unidades produtivas / ano, o saldo final seria:

S = (30 - 15) x 10 + (50 - 30) x 5 - 60 x 5 = - 50 unidades produtivas / ano


28

Destacam-se ainda outros problemas sociais decorrentes dos acidentes de

trabalho, tais como: desemprego, a delinquência, a mendicância, etc.

ASPECTO HUMANO: Para avaliar os danos causados ao ser humano devido

aos acidentes de trabalho faz-se a seguinte pergunta: - Quanto vale a vida de um

homem? São muitos os acidentes que levam a morte ou deixam sequelas que

impossibilitam ou dificultam o retorno do homem ao trabalho, tendo como

consequência a desestruturação do ambiente familiar, onde tais infortúnios

repercutem por tempo indeterminado. Lembra-se aqui que o "homem é a maior

riqueza de uma nação".

ASPECTO ECONÔMICO: O acidente de trabalho reduz significativamente a

produção de uma empresa, além de representar uma fonte de gastos como:

remédios, transporte, médico, etc. O prejuízo econômico decorre da paralisação do

trabalho por tempo indeterminado, devido a impossibilidade de substituição do

acidentado por um elemento treinado para aquele tipo de trabalho e, ainda, a

influência psicológica negativa que atinge os demais trabalhadores e que interfere no

ritmo normal do trabalho, levando sempre a uma grande queda da produção. O

trabalhador também sofre com este prejuízo, apesar da assistência e indenizações

recebidas através da Previdência Social, pois isto não lhe garante necessariamente o

mesmo padrão de vida mantido até a então. Aqui se encontra um bom motivo para se

investir na prevenção de acidentes de trabalho.


29

2.2 Prevenção de doenças profissionais


É fundamental prestar atenção apropriada à limpeza, higiene e demais fatores

que acondicionam os lugares de trabalho, para evitar as doenças profissionais. O

estudo das doenças ocupacionais, suas causas e efeitos, levam a desenvolver

técnicas de prevenção que junto podem produzir um maior bem-estar do trabalhador,

e daí, um aumento da produção.

O controle das doenças ocupacionais compete primariamente ao pessoal de

engenharia que, ao determinar a magnitude dos riscos, conhecer a toxicologia das

substâncias químicas e os efeitos sobre a saúde dos demais fatores que

acondicionam o ambiente de trabalho, estão em posição adequada para aplicar os

diversos métodos e equipamentos de controle. O pessoal médico ajuda, para um

melhor êxito, o controle das ditas doenças por meio de exames médicos pré-

admissionais, periódicos e de diagnóstico precoce, pela seleção e colocação dos

operários de acordo com suas habilidades e adequação pessoal, pela educação e

ensino de hábitos de higiene pessoal. Além disso, é necessário contar com a

cooperação das gerências e dos trabalhadores para assegurar um contínuo interesse,

supervisão, inspeção e manutenção das práticas de controle.

Em geral, o controle dos riscos para a saúde dos trabalhadores obedece a uma

série de princípios básicos. Na maioria dos casos um eficiente controle se pode obter

ao aplicar uma combinação de medidas e em sua aplicação o denominador comum

vem a ser a educação sanitária; fica implícito considerar também a boa operação e

melhor manutenção dos componentes mecânicos selecionados.


30

Entre os princípios básicos utilizados na redução dos riscos industriais, tem-

se: ventilação geral, ventilação local exaustora, substituição de materiais, mudança de

operações e/ou processos, término de operações, divisão de operações, equipe de

pessoal, manutenção, ordem e limpeza.

2.3 Prevenção de acidentes de trabalho


A prevenção de acidentes é o propósito primário de um programa de

segurança, permitindo a continuidade das operações e a redução dos custos de

produção. Dessa forma, a prevenção de acidentes industriais, não só é um imperativo

social e humano, como também um bom negócio. Como prevenir, significa impedir um

evento, tomando medidas antecipadas, a análise causal dos acidentes é o mais

importante passo na prevenção dos mesmos.

Está amplamente demonstrado, que os acidentes na indústria têm uma causa

e podem ser prevenidos. As causas gerais dos acidentes são:

As condições inseguras: Equipamento defeituoso, falta de protetores,

iluminação e ventilação inadequada, desordem e sujeira, falta de espaço, falta de

equipamento de proteção individual e/ou coletiva adequado, etc.

Os atos inseguros: Negligência, excesso de confiança, ignorância,

preocupações alheias ao trabalho, imprudência, imperícia, falta de supervisão, ordens

mal entendidas ou mal executadas, temor, falta de cooperação, etc.

As atitudes inseguras: Indiferença à segurança, falta de interesse, etc.

As formas universais de sua prevenção, uma vez conhecidas as causas

mediante a análise e investigação dos acidentes são:


31

Engenharia: Esta supõe uma inspeção e revisão cuidadosa das condições

inseguras. Além disso, implica numa revisão dos processos e operações que

contribuem ao melhoramento da produção. Nesse aspecto é interessante notar a

importância que tem as sugestões do pessoal mais experimentado.

Treinamento e educação: Isto implica o conhecimento das regras de

segurança, análise de função, o treinamento e desempenho da função, instruções

sobre primeiros socorros e prevenção de incêndios, conferências aos supervisores, a

educação profissional, a propaganda por meio de cartazes, sinais, avisos e quadros de

segurança, concursos e campanhas organizadas, publicações, etc.

Medidas disciplinares: Constituem um último recurso e não são bem aceitos.

O problema não consiste em achar um culpado, mas modificar os atos inseguros e

atitudes inseguras do pessoal, por meio de treinamento e propaganda para evitar

acidentes. Em outras palavras, é fundamental criar a mentalidade de segurança entre

o pessoal.

Verifica-se que segurança não é somente um problema pessoal (humano),

mas que implica em engenharia, planejamento, produção, estatísticas, conhecimento

das leis de compensações e a habilidade de vender o programa à gerência e aos

trabalhadores.
32

2.4 Significado econômico social das doenças ocupacionais e acidentes no


trabalho
Os danos e custos que produzem os acidentes e doenças ocupacionais na

indústria brasileira são de tal magnitude que as próprias indústrias devem

compreender a necessidade de preveni-los. Antes dessa necessidade o governo

estabelece a obrigatoriedade para que as empresas disponham de serviços

especializados em segurança, higiene e medicina do trabalho, com o propósito de

evitar os acidentes e doenças ocupacionais e em consequência as perdas que

ocasionam.

Sem dúvida alguma, as doenças gerais oferecem um sério obstáculo ao

desenvolvimento socioeconômico de um país, porque debilitam o trabalhador e

restringem sua capacidade produtiva. Hoje, já sabe-se que um bom número de

trabalhadores, por não disporem de adequadas condições de saneamento, precárias

habitações, com alimentação deficiente de proteínas e vitaminas, com baixíssima

renda, com pouquíssima ou nenhuma instrução em matéria de higiene e expostos à

doenças contagiosas, participam indubitavelmente do clássico círculo de Winslow, ou

seja: a pobreza gera a doença e essa produz a pobreza.

Outro aspecto fundamental que incide negativamente na economia do país é

o fato de que os acidentes e doenças ocupacionais reduzem a capacidade de produção

da força mais valiosa de uma nação que é a população economicamente ativa,

reduzindo-se a geração de riqueza por incapacidade e/ou morte de um jovem

trabalhador.
33

Alguns países criam leis dando aos trabalhadores compensações monetárias

pelo trabalho com tóxicos ou tarefas insalubres, ou lhes concedem jornadas reduzidas

de trabalho, aumento de dias de férias, ou diminuição dos anos necessários para a

aposentadoria. Todas essas medidas não contribuem para a solução dos problemas,

afetam profundamente os custos e a produtividade ao subtrair uma quantidade

enorme de jornadas de trabalho de pessoal experimentado. Prevenir ainda é o melhor

remédio.

Segurança no Trabalho: é a função que tem por objetivo o estudo e a

implementação de medidas que visam eliminar ou controlar os riscos existentes na

execução do trabalho, sejam eles relativos ao ambiente ou decorrentes de atitudes

humanas, propiciando, dessa forma a eliminação dos acidentes ou, pelo menos, a

redução de sua frequência e gravidade e consequentemente a manutenção e o

aumento da “condição produtiva”.

2.5 Histórico
No Mundo

Século XVI - George Bauer - levantamento sobre doenças e acidentes em

trabalhadores de minas de ouro e prata (1556).

1700 - Médico Bernardino Ramazzini - livro “De Morbis Artificum Diatriba” -

relaciona cerca de 50 atividades profissionais com doenças - considerado o “Pai da

Medicina do Trabalho”.

1760 - Início da Revolução Industrial (Inglaterra):


34

- Mulheres e crianças trabalhando em ambiente sem condições

sanitárias (higiene em geral).

- Máquinas inseguras, ruidosas, iluminação e ventilação deficientes, etc.

- Inexistência de limites por horas de trabalho → acidentes.

Estas condições no início da revolução industrial causavam doenças até

contagiosas. Diante desse quadro dramático, cria-se no Parlamento Britânico uma

comissão de inquérito - Sir. Robert Peel.

􀀁 1802 - “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes:

- 12 horas/dia,

- Proibia trabalho noturno,

- Lavar as paredes 2 vezes / ano,

- Obrigava uso de ventilação.

- 12 horas/dia,

- Proibia trabalho noturno,

- Lavar as paredes 2 vezes / ano,

- Obrigava uso de ventilação.

1819 - Leis Complementares, poucos avanços devido à forte oposição dos

empregadores.

1830 - Médico Robert Bauer - aconselha industrial amigo à contratar 1 médico

para diariamente visitar a fábrica.

1833 - “Factory Act” - 1a lei efetiva no campo de proteção ao trabalhador.


35

- Aplicava-se a todas as empresas têxteis movidas à vapor ou energia

hidráulica.

- Proibia trabalho noturno aos menores de 18 anos.

- 12 horas / dia.

- 69 horas / semana.

- Fabricas precisam ter escolas → freqüentadas por todos os

trabalhadores menores que 13 anos.

- Idade mínima para o trabalho: 9 anos.

- Um médico devia atestar se o desenvolvimento físico da criança

correspondia a sua idade cronológica.

1834 - Robert Bauer - nomeado Inspetor Médico da fabricas.

1842 - Industrial James Smith (Escócia) - contrata 1 médico para examinar os

menores trabalhadores antes de sua admissão ao serviço, examiná-los

periodicamente, orientá-los em relação a problemas de saúde prevenindo as doenças

ocupacionais ou não. Surgia a função específica do Médico de Fábrica.

No Brasil

Século XIX - engenhos de açúcar e café.

1889 - 630 fábricas e 54000 empregados.

1907 - 3200 fábricas - 150000 empregados. (1o Rio de Janeiro, 2 o São Paulo).

1907, 1912, 1917, 1920 - Greves por melhores condições de trabalho.

1918 - 1 a lei sobre acidentes no trabalho. DL No 3724 de 15/01/1918.


36

1919 - Marca a presença dos 1as indústrias Americanas. As greves culminam

no código sanitário de São Paulo. Lei 13.493 de 05/03/1919 - alterações no DL 3724

1923 - Inspetoria de higiene industrial e profissional - Ministério do Interior e

Justiça (DL. 16300).

1934 - Inspetoria de higiene e segurança do trabalho - MTIC (Ministério do

trabalho, indústria e comércio) - 2a lei de acidentes do trabalho. Lei 24.637 de

10/07/1934 - alterações no DL 3724.

1941 - Surge a ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes

1942 - Divisão de higiene e segurança do trabalho.

1943 - CLT - DL. 5452 de 01/05/43 - capítulo V - higiene e segurança do

trabalho.

- Guerra Mundial influencia na Industrialização (CSN, Petrobrás)

1944 - DL. 7036/ M.T. de 10/11/44 - lei de acidentes - SESI. Revoga a lei 3724

1949 -Standart Oil (fábrica) - cria 1o Serviço de Previdência de Acidentes.

Década de 50:

- II Congresso Pan-americano de Medicina do Trabalho.

- I Congresso Nacional de CIPAS.

- 1953 - Portaria 155 - regulamenta CIPAS - Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes.

Década de 60:

- CONPAT - Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes.


37

- 1963 - criada a Funda centro - subordinada à secretaria de segurança

e medicina do trabalho do M.T.

- 1967 - nova lei de acidentes do trabalho. Lei 293 de 28/02/67 revoga

o DL 7036 (1944). Lei 5316 de 14/09/67 - Seguro de acidentes não permanecerá só

no campo privado.

- 1968 - Portaria 32 - CIPA’s.

Década de 70:

- 1972 - Portaria 3237 - Segurança, higiene e medicina do trabalho.

- 1975 - Portaria 3460 - Segurança e medicina do trabalho.

- 1976 - Lei de Acidentes No 6367 de 19/10/76 (DL. 79037 de

24/12/76). Revoga a lei 5316. O seguro é feito obrigatoriamente pelo INPS.

- 1977 - Lei 6514 - revisão do capítulo V, título II da CLT. (DL 5452)

- 1978 - Lei No 83080 - Substitui e cancela 79037 (24/12/76)

- 1978 - Regulamentada a Lei 6514 - Portaria 3214 / MTb /78

Década de 80:

- 1983 - Portaria No 6 de 09/03/83 SSMT - MT - Alterações da 3214.

Alterações da Nrs 1, 2, 3 e 6.

- 1988 - Portaria No 3067 de 12/04/88 - MT - Aprovação das normas

regulamentadoras rurais - Segurança e Higiene do trabalho rural (art. 13 da lei 5889

de 08/06/73).

Década de 90:
38

- 1991 - Lei 8213 - determina que o INSS cobre de empresas culpadas

por acidentes de trabalho os benefícios pagos aos acidentados.

- 1992 – Criação da FENATEST – Federação Nacional dos Técnicos de

Segurança do Trabalho.

Anos 2000:

Criação de normas relativas ao uso das empresas do Perfil Profissiográfico

Previdenciário (PPP).

Obs: A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico

previdenciário, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a

este, quando da rescisão do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado,

cópia autêntica deste documento, sob pena de multa prevista no art. 283. Para fins

de concessão de benefícios por incapacidade, a partir de 01/11/2003, a Perícia

Médica do INSS poderá solicitar à empresa o PPP, com vista à fundamentação do

reconhecimento técnico do nexo causal e para avaliação de potencial laborativo

objetivando processo de reabilitação profissional.

2.6 Acidentes de trabalho


2.6.1 Evolução do acidente de trabalho
Não há notícias sobre a ocorrência de acidentes do trabalho na época em que

o trabalho era meramente artesanal. De maneira análoga, as informações são

mínimas sobre os acidentes ocorridos atualmente nas indústrias de artesanato. Isso

se verifica pelo fato de o artesão pouco manusear máquinas, trabalhando

basicamente com ferramentas e equipamentos de pequeno porte.


39

O mesmo não acontece no sistema industrial, onde predomina a máquina e

ferramentas de maior porte, onde os acidentes avolumam-se de maneira a preocupar

trabalhadores, sindicatos e autoridades ligados ao setor trabalhista e previdenciário,

e vários segmentos da sociedade.

Com o crescimento industrial, a proliferação de estabelecimentos

empregatícios trouxe o consequente aumento dos acidentes. Nos EUA, em 1953, a

previsão de acidentes de trabalho por dia (média de 18 dias).

2.6.2 Acidente
Acidente é um acontecimento infeliz, casual ou não, fortuito, imprevisto, que

resulta em ferimento, dano, ruína.

Acidente do Trabalho: é toda lesão corporal ou perturbação funcional que, no

exercício ou por motivo de trabalho, resultar de causa externa, súbita, imprevista ou

fortuita, determinando a morte do empregado ou a sua incapacidade para o trabalho,

total ou parcial, permanente ou temporária.

TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Três são as formas de acidentes:

1) Acidente típico,

2) Acidente "in itinere" ou de trajeto,

3) Doenças profissionais.

1) Acidente Típico: é aquele que decorre diretamente do exercício do

trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou

doença que cause a morte, a perda ou redução, permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho.


40

2) Acidente "in itinere” ou de trajeto: é aquele que ocorre no trajeto do

empregado; é o que decorre não de sua prestação laborial, não enquanto trabalha,

mas no trajeto de e para o trabalho. É o acidente de trabalho indireto. Podem ser:

a) A viagem do empregado;

b) No período das refeições ou descanso;

c) A ação de terceiros, em certos casos.

a) A viagem pode ser:

- Em viagem a serviço da empresa, seja qual for ao meio de locomoção

utilizado, inclusive veículo de propriedade do empregado.

- No percurso da residência para o trabalho ou deste para aquele.

b) No intervalo para refeições podem ocorrer acidentes como intoxicação

pela alimentação fornecida pelo restaurante do local de trabalho, água contaminada

no refeitório, queda no refeitório, nas ocasiões de satisfação das necessidades

fisiológicas no local de trabalho, etc. Além de desabamento, inundação ou incêndio.

c) Nesta categoria incluem-se:

- Sabotagem e terrorismo praticado por terceiros, inclusive

companheiros de trabalho,

- Ofensa física intencional, inclusive de terceiros, por motivo de disputa

relacionada com o trabalho.

- Ato de imprudência ou negligência de terceiros, inclusive companheiro

de trabalho

- Ato de pessoa privada da razão.


41

3) Doenças Profissionais: são as decorrentes das condições ou excepcionais

em que o trabalho seja executado, desde que , diretamente relacionada com a

atividade exercida, cause redução da capacidade para o trabalho

CAUSAS DOS ACIDENTES

A) FALTA DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA

De alto custo aquisitivo, nem todos os empregadores sondados mostram

simpatia pelos equipamentos de proteção (preço e conceituação). Na filosofia destes,

somente os empregados sob maior risco eventualmente utilizar-se-iam de reduzido

número de equipamentos.

Nos trabalhadores que labutam a curta distância de uma fonte qualquer de

risco, não é observada a disponibilidade de equipamentos de segurança, apesar de

receberem fagulhas, forte calor, odores causadores de mal estar, poeiras, etc. O

argumento mais frequente para não usarem os equipamentos, é de que estes

trabalhadores não estão expostos a perigo.

B) RECUSA DO TRABALHADOR EM USAR O EQUIPAMENTO

Óculos pesados, máscaras, capacetes, roupas mais espessas que os de uso

habitual, calçados com reforços, luvas, etc, constituem o equipamento de segurança

do trabalhador. No corpo seu peso é bem superior ao da indumentária habitual.

Alegando desconforto e até mesmo perda da agilidade para a execução das tarefas,

os trabalhadores mostram-se pouco interessados no uso de EPI (conscientização).

C) IMPRUDÊNCIA, IMPERÍCIA OU NEGLIGÊNCIA DO


TRABALHADOR
42

O simples uso de equipamentos de segurança não resolve o problema, se não

forem tomados certos cuidados no ambiente de trabalho. O comportamento do

trabalhador é fator determinante de grande número de acidentes.

A imprudência, a negligência e a imperícia, expõem o prestador de serviços a

mais de um risco de acidente diário.

Imprudência é a prática de um ato perigoso, realiza-se uma conduta que a

cautela indica que não deve ser realizada. A imprudência é positiva, ou seja, o sujeito

pratica uma ação.

Negligência é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato

realizado. A negligência é negativa, ou seja: o sujeito deixa de fazer algo, opondo-se à

imprudência. A imprudência e a negligência são atitudes antônimas entre si.

Imperícia é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. É possível

que, em face da ausência de conhecimento técnico ou prático, causem-se acidentes.

D) DEFEITO NOS EQUIPAMENTOS E MÁQUINAS COM OS QUAIS


SE TRABALHA

As instalações da empregadora, e os equipamentos (máquinas manuais e

fixas, ferramentas, etc) de limitada duração, podem apresentar defeitos no momento

do uso, simplesmente deixar de funcionar, como também apresentar rupturas em seu

corpo. Problemas que podem até mesmo, causar danos letais aos que estiverem

trabalhando com eles no momento.

A pouca perícia, a falta de correta manutenção, o desgaste e a má qualidade

podem ser fatores determinantes deste problema.


43

E) FALTA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM


SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

Empregados e empregadores, em seu maior número, são constituídos de

pessoas leigas em matéria de segurança e medicina do trabalho. Sensível ao

problema estabeleceu o legislativo no artigo 200 da CLT (Consolidação das Leis do

Trabalho) - DL. 5452 de 01/03/1943:

Art. 200: Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições

complementares às normas de que trata este capítulo, tendo em vista as

peculiaridades de cada setor de trabalho.

Atendendo ao disposto na citada norma legal, foi baixada a portaria 3214, de

08 de junho de 1978, que estabelece as NRs - Normas Regulamentadoras de

segurança e medicina do trabalho. São ao todo 28 NRs e atualmente acrescidas das

NRRs (Normas Regulamentadoras Rurais). A NR-4 alterada pela portaria No 33/83,

estabelece:

ANEXO 1 - NR-4 - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT).

As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos de administração direta e

indireta e dos poderes legislativo e judiciário, que possuam empregados regidos pela

CLT, manterão obrigatoriamente, serviços especializados em Engenharia de

Segurança de em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e

proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.

O dimensionamento dos serviços especializados em engenharia de segurança

e em medicina do trabalho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao


44

número total de empregados do estabelecimento constantes dos quadros I e II

anexos, observados as exceções previstas nesta NR.

Para fins de dimensionamento, os canteiros de obras e as frentes de trabalho

com menos de 1000 empregados e situados no mesmo estado, território ou Distrito

Federal não são considerados como estabelecimentos, mas como integrantes da

empresa de engenharia principal responsável, a quem caberá organizar os serviços

especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho.

- Neste caso, os Engenheiros de Segurança do Trabalho, os Médicos do

Trabalho e os enfermeiros do trabalho poderão ficar centralizados.

- As empresas que possuam mais de 50% de seus empregados em

estabelecimento ou setor com atividade cuja gradação de risco seja de grau superior

ao da atividade principal deverão dimensionar os SESMT em função do maior grau de

risco, obedecido o disposto no quadro II desta NR.

- A empresa poderá constituir SESMT centralizado para atender a um conjunto

de estabelecimentos pertencente a ela, desde que a distância a ser percorrida entre

aquele em que se situa o serviço e cada um dos demais estabelecimentos não

ultrapasse a 5000 m, dimensionando-o em função do total de empregados e do risco.

O serviço único de engenharia e medicina deverá possuir os profissionais

especializados previstos no quadro II anexo, sendo permitido aos demais engenheiros

e médicos exercerem engenharia de segurança e medicina do trabalho, desde que

habilitados e registrados conforme estabelece a NR-27.


45

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho deverão ser integrados por engenheiro de segurança do trabalho, médico do

trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar do

trabalho, obedecido o quadro II.

Para fins desta norma regulamentadora, as empresas obrigadas a constituir

SESMT, deverão exigir dos profissionais que as integram, comprovação de que

satisfazem os seguintes requisitos:

a) Engenheiro de Segurança do Trabalho: engenheiro ou arquiteto portador de

certificado de conclusão de curso de especialização em engenharia de segurança do

trabalho, em nível de pós-graduação.

b) Médico do Trabalho: médico portador de certificado de conclusão de curso

de especialização em medicina do trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador

de certificado de residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador

ou denominação equivalente, reconhecida pela comissão nacional de residência

médica, do MEC, ambos ministrados por Universidade ou Faculdade que mantenha

curso de graduação em Medicina.

c) Enfermeiro do Trabalho: enfermeiro portador de certificado de conclusão de

curso de especialização em enfermagem do trabalho, em nível de pós-graduação,

ministrado por Universidade ou Faculdade que mantenha curso de graduação em

enfermagem.

d) Auxiliar de Enfermagem do Trabalho: auxiliar de enfermagem ou técnico de

enfermagem portador de certificado de conclusão de curso de qualificação de auxiliar


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de enfermagem do trabalho, ministrado por instituição especializada reconhecida e

autorizada pelo MEC.

e) Técnico de Segurança do Trabalho: técnico portador de comprovação de

registro profissional expedido pelo MEC.

f) Acidentes de trânsito,

g) Força maior, caso fortuito,

h) Álcool, tabagismo e tóxicos

Anotações

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Anotações

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1. A fadiga é uma das principais causas de
____________________________________ acidente de trabalho: Um trabalhador cansado
físico e mentalmente comete erros por distrações e
____________________________________ acaba gerando acidentes de trabalho. Esses
acidentes podem variar desde pequenas contusões
____________________________________ que não atrapalham a rotina de trabalho até
acidentes fatais, portanto, promover o bem-estar
____________________________________
do trabalhador é essencial.
2. O INSS pode processar a empresa pelo acidente
____________________________________
de trabalho: O Instituto Nacional do Seguro Social
____________________________________ (INSS) é obrigado a indenizar de alguma forma os
indivíduos que sofreram um acidente de trabalho,
____________________________________ mas nem sempre esse prejuízo fica limitado a essa
instituição do governo.
____________________________________ 3. O Brasil é o segundo país com maior número de
profissionais estressados: Uma pesquisa da
____________________________________
Associação Internacional de Gerenciamento do
Estresse (ISMA) mostrou que o Brasil só perdia para
____________________________________
o Japão em relação ao número de profissionais
____________________________________ estressados no mercado de trabalho.
4. Ocorrem mais de 2000 acidentes de trabalho
____________________________________ todos os dias no Brasil: Segundo, as estimativas do
Ministério do Trabalho e Previdência Social, em
____________________________________ 2014 ocorreram 704.136 acidentes de trabalho no
território nacional. Desses, apenas 559.061 tiveram
____________________________________
CAT registrada e a maioria se tratou de acidentes de
trabalho típicos, ou seja, que ocorrem durante a
____________________________________
atividade laboral.
____________________________________ Em segundo lugar vieram os acidentes de trajeto e
por último, com apenas 15.571 notificações, as
____________________________________ doenças do trabalho. Nos anos subsequentes, não
houve a liberação desses dados.
____________________________________

____________________________________
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REFERÊNCIAS

Coordenação e Supervisão da Equipe Atlas. Segurança e Medicina do Trabalho.


Manuais de Legislação Atlas. 61ª ed. 2007. ISBN 978-85-224-4815-9.

DE CICCO, Francesco M.G.A.F & ANTAZZINI, Mario Luiz. Introdução à Engenharia de


Segurança de Sistemas. 3. Edição São Paulo, FUNDACENTRO, 1988. Pág. 09.

DECRETO Nº 92.530, DE 9 ABRIL DE 1986

Portaria n.º 3275, de 21 de setembro de 1989

Portaria MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO nº 262 de 29.05.2008

http://app.crearj.org.br/portalcreav2midia/documentos/decreto92530.pdfhttp://w
ww.mte.gov.br/legislacao/Portarias/1989/p_19890921_3275.pdf

http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr4_5.htm

http://www3.dataprev.gov.br/http://www.cpafrr.embrapa.br/embrapa/attachment
s/310_nr-05_atualizada. pdf/paginas/05/mtb/4.htm

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