Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autoras
aula
05
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.
ISBN: 978-85-87108-98-2
Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
O
método dialético é uma possibilidade de caminho na construção do saber científico
no campo das ciências humanas. Ele torna-se a trajetória percorrida pelo sujeito
(pesquisador) na busca de conhecer e perceber-se na construção desse conhecimento
do objeto (fenômeno/fato investigado) que se constrói e (des) constrói nas interações entre
o sujeito e o objeto.
O exercício dialético nos permite compreender que o homem enquanto ser histórico
na produção de uma vida material estabelece relações de negação com o mundo e com ele
próprio, criando contradições e gerando conflitos nas relações que se tornam a base da
organização de sua vida social.
Desse modo:
n elabore as atividades, exercitando o raciocínio dialético na produção das atividades
desta aula;
n busque ampliar seu conhecimento sobre o método dialético, tirando as dúvidas quando
ocorrerem, em leituras que virão indicadas;
n realize sua auto-avaliação na aula, utilizando-se do espaço disponibilizado.
Objetivos
Pretende-se, ao final desta aula, que você tenha compreendido
e interpretado:
Pense nisto!!!
Atividade 1
Reflita sobre os problemas sociais, analisando e comentando a letra da música Cidadão
de Zé Geraldo. Procure explicitar nos seus comentários as contradições e os conflitos que
aparecem na letra.
Tá vendo aquele edificio moco, ajudei a levantar. Foi um tempo de aflição, era quatro
condução, duas pra ir , duas pra voltar.
Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto, mas me chega um cidadão, e me diz
Verificar o exemplo
disconfiado: tu tá aí admirado ou tá querendo roubar? Meu domingo está perdido, vou
de procedimento para
pra casa entristecido, dá vontade de beber, e prá aumentar o meu tédio eu nem posso
a inserção de nota de
rodapé, de acordo com as olhar pro prédio que eu ajudei a fazer.
normas da ABNT. Tá vendo aquele colégio moço, eu também trabalhei lá, Lá eu quase me arrebento, pus
a massa fiz cimento, ajudei a rebocar. Minha filha inocente, vem pra mim toda contente:
pai vou me matricular,
Disponível em < http: www.webletras.com.br/letra.asp/musica >. Acesso em: 21 set. 2007.
sua resposta
Pense nisto!!!
A dialética enquanto método não interessa às Ciências Exatas que procuram ler as
composições biofísicas e fisicoquímicas dos seres materiais e mais ligadas aos fatos. No
caso das Ciências Humanas que estão atentas a Como os fatos se apresentam, o Por Quê e
o Para Quê tornam-se questões interessantes para compreensão e explicação de fenômenos
que se relacionam com os destinos dos seres humanos na vida em coletividade.
Karl Marx, conforme visto na aula anterior, tornou-se o expoente do método dialético na
ciência moderna. O método dialético marxista consiste em analisar o todo feito de pedaços,
cuja autonomia e individualidade condicionam uma contradição e um conflito, que, por sua
vez, estão na base da dinâmica da vida material e da evolução da ciência e da História. A
ciência para Karl Marx não é uma coisa feita, ela tem uma história que se perpetua, mas
também é um devir. Nesse caso, para se compreender a ciência necessita-se de buscar o
estudo do passado científico como suporte e base do novo, a ser descoberto.
O pensador Karl Marx acreditava que o papel político do cientista era comprometer-
se com a produção de um conhecimento que retornasse à realidade como instrumento de
reflexão à luta dos trabalhadores (proletários). Esse saber estaria voltado à reflexão dialógica
das condições de vida dos trabalhados na sociedade capitalista e contribuiria na leitura
de mundo dos explorados (proletários) e na organização da luta e da proposição de uma
revolução social com a tomada de poder por parte desses trabalhadores (proletários) e com
a instituição de um novo modelo de sociedade pela extinção da propriedade privada dos
meios e dos instrumentos de produção.
A lógica dialética permite ao cientista social uma cosmovisão de totalidade, por isso que o
método tornou-se lógica, teoria da ciência e base da prática revolucionária no século XX.
Atividade 2
A partir das discussões em torno do método dialético procure estabelecer uma
correlação entre as informações que irá obter com os gêneros textuais: notícia e música,
usando a lógica do raciocínio dialético para se posicionar diante do debate, em curso, sobre
a transposição do rio São Francisco, registrando-o no espaço indicado. Leia e interprete:
a) as notícias publicadas, nos dias 02 e 10.07.07, no site do Paraíba Online. A primeira
notícia é sobre a criação de um comitê formado pelos governadores do Ceará, Paraíba,
Pernambuco e Rio Grande do Norte em defesa da transposição do rio São Francisco,
já a segunda notícia diz respeito à elaboração de um documento, na III Conferência
Verificar o exemplo
Nacional de Segurança Alimentar, contrário a transposição do rio São Francisco.
de procedimento para
a inserção de nota de
b) o fragmento da letra da música Riacho Novo de Luiz Gonzaga. rodapé, de acordo com as
normas da ABNT.
Ver nota 1.
Em Brasília
Um segundo passo na estratégia dos quatro governadores nordestinos será o de
consolidar uma grande mobilização, em Brasília, na segunda quinzena de agosto.
Articulando suas bancadas no Congresso Nacional, pretendem realizar uma reunião
com o ministro Geddel Quadros Vieira Lima, da Integração Nacional, e com o próprio
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um documento, subscrito pelos governadores dos quatro estados, além dos integrantes
das bancadas e de representantes dos mais diversos segmentos representativos da
sociedade, será entregue ao ministro e ao Presidente, reafirmando o apoio ao projeto
nacional de recursos hídricos para a região do semi-árido.
n Em três anos e meio, deve-se levar água às cidades do semi-árido, onde vivem
n A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do semi-árido
será possível por meio de ações relevantes e pontuais, como a retirada contínua
de 26,4 m3/s de água, o que equivale a 1,4% da vazão garantida pela barragem de
Sobradinho (1850m3/s) no trecho do rio onde ocorrerá a captação.
n A população urbana de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos quatro Estados
do Nordeste Setentrional será beneficiada com o montante hídrico obtido por esta
grande ação.
n O projeto do rio São Francisco prevê a construção de dois canais: o Eixo Norte,
que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande
do Norte; e o Eixo Leste que beneficiará parte do sertão e as regiões agreste de
Pernambuco e da Paraíba.
b) Riacho Novo
Riacho do navio corre pro Pajeú
e o rio Pajeú vai despejar no São Francisco
e o rio São Francisco vai bater no meio do mar (bis)
Ah! Se eu fosse um peixe ao contrário do rio
nadava contra as águas e nesse desafio
saia lá do mar pro Riacho do Navio
Eu ia diretinho pro Riacho do Navio
pra ver o meu brejinho fazer umas caçadas
ver as pegas do boi, andar na vaquejada
dormir ao som do chucalho e acordar na passarada
sem rádio e sem notícias da terra civilizada
sua resposta
Pense nisto!!!
Ver nota 1.
Desenvolver ciência usando o método dialético é assumir que o saber está contaminado
por ideologias e que cabe ao cientista social desvendar o que está escondido na aparência
dos fenômenos sociais, particularmente na experiência cotidiana da vida em sociedade.
[...] Pensei nisso ao ver as crianças, alegres, indo para as escolas, para aprender os
mundos que lhes foram destinados, e para não aprender os mundos que lhes foram
interditados. Tudo escondido na inocência de palavras que se repetem, como mandam os
currículos ... Ao lado de cada mundo que se aprende há mundos sem conta que se perdem,
no esquecimento, por não terem sido criados, nas trevas do silêncio. Cada currículo é
uma decisão sobre coisas que se deverá fazer silêncio, mundos não ditos, mal-ditos,
inter/ditados, condenados a não ser. Decisão, conspiração de uns, projetos de corpos
futuros, o que farão, como viverão, como amarão, como chorarão, como morrerão...
Lá vão elas, alegres, crianças ao caminho dos mundos e não mundos, decididos por
outros e escolhidos no feitiço das palavras. E as salas de aula ficam muito próximas das
lições de psicolingüística ensinadas em lugares distantes [...]. (grifo nosso)
a)
sua resposta
b)
c)
Acauã, acauã
Vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tarde agoirando
Chamando a seca pro sertão
Chamando a seca pro sertão
Acauã, acauã
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã
Que é pra chuva voltar cedo
Que é pra chuva voltar cedo
Só se ouve acauã
Acauã, acauã...
sua resposta
Ver nota 1.
Verificar o exemplo
de procedimento para
a inserção de nota de
rodapé, de acordo com as
normas da ABNT.
sua resposta
Jornal da Ciência. Disponível em < http://www.jornaldaciencia.org.br/charges.jsp>. Acesso em: 02 set. 2007.
Pense nisto!!!
Atividade 7
Assista ao filme Bicho de Sete Cabeças de Laís Bodanzki, comente a dialética
humana, presente no roteiro e explique por que os conflitos da juventude são
tratados como problemas psiquiátricos?
sua resposta
Pense nisto!!!
Atividade 8
Relate o modo como sua escola está organizada, os problemas que ela enfrenta
com a desigualdade entre os papéis desempenhados pelos administradores
(direção, supervisão e coordenação), professores e alunos.
Cf. discussão com FREIRE, Paulo. Educação como Prática de Liberdade. 1971 e ______. Pedagogia do
Oprimido. 1975.
n problematizador;
n crítico;
[...] É a ciência pouco ortodoxa da psicanálise que nos informa que o discurso sobre
as ausências, discursos dos sonhos, das esperanças, têm o seu lugar na interioridade
de nós mesmos, explodindo, emergindo, inrrompendo sem permissão, para invadir e
embaraçar o mundo tranqüilo, racional e estabelecido de nossas rotinas institucionais.
Seria possível, então, compreender que a polaridade entre educadores e professores
não instaura uma dicotomia entre duas classes de pessoas, umas inexistentes e
heróicas, outras existentes e vulgares, mas antes uma dialética que nos racha a todos,
pelo meio, porque todos somos educadores e professores, águias e carneiros, profetas
e sacerdotes, reprimidos e repressores. Não é por acidente, então que os professores
sejam aqueles que sonham com os educadores e os funcionários tenham visões de
liberdade, e os animais domésticos façam poemas e tenham loucuras sobre o selvagem
que habita cada um deles. Não se trata de formar o educador, como se ele não existisse.
Como se houvesse escolas capazes de gerá-lo, ou programas que pudessem trazê-lo
à luz. Eucaliptos não se transformam em jequitibás, a menos que em cada eucalipto
haja um jequitibá adormecido. O que está em jogo não é uma técnica, um currículo,
uma graduação ou pós-graduação. Nenhuma instituição gera aqueles que tocarão as
trombetas para que seus muros caiam. O que está em jogo não é uma administração
da vocação como se os poetas, profetas, educadores, pudessem ser administrados.
Necessitamos de um ato mágico de exorcismo. Nas estórias de fadas é um ato de
amor, um beijo, que acorda a Bela Adormecida de seu sono letárgico, ou o príncipe
transformado em sapo. [...] São atos de amor e paixão que se encontram nos momentos
fundadores de mundos, momentos em que se encontram os revolucionários, os poetas,
os profetas, os videntes. È depois, quando se esvai o ímpeto criador, quando as
águas correntes se transformam primeiro em lagoas, depois em charcos, que se
estabelece a gerência, a administração, a burocracia, a rotina, a racionalização, a
racionalidade. A questão não é gerenciar o educador. E necessário acorda-lo. E, para
acordá-lo, uma experiência de amor é necessária. Já sei a pergunta que me aguarda:
‘_ E qual é a receita para a experiência de amor, de paixão? Como se administram tais
coisas? Que programas se constroem? E aí eu tenho de ficar em silêncio, porque não
tenho resposta alguma [...]. (grifo nosso)
Reflita!!!
Concluindo a aula!!!!!
A
aplicação do método dialético nas pesquisas sobre educação permite a desconstrução
de verdades postas, contribuindo com a quebra de explicações que tem como foco
apenas as aparências dos fenômenos. A educação brasileira por muito tempo insistiu
em tratar a formação letrada na escola como um ato e uma prática de aprendizagem distante
da realidade do aluno. Diante disso, muitos estudos influenciados pelo método dialético
começaram a desenvolver reflexões críticas sobre a relação entre a vida na escola e a
escola da vida, em uma obra com este título, os autores Ceccon; Oliveira; Oliveira (1993)
buscam, por meio do método dialético analisar as contradições presentes nos mecanismos
internos da escola e como, por quê e para quê ela não serve à maioria numa sociedade
capitalista. Logo, se espera que você ao final dessa tenha identificado e aprendido como usar
o Método Dialético em suas reflexões e na produção do seu conhecimento.
KONDER, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1997. Coleção Primeiros
Passos, nº 23.
Resumo
Nesta aula, estudou-se as aplicações do método dialético. Viu-se que por meio
dele pode-se ter uma leitura dos fenômenos para além de suas aparências
e que ele permite a compreensão e explicação das contradições e conflitos
presentes nas relações humanas em sociedade. Estudou-se também, como se
procede metodologicamente nas ciências humanas o uso do método dialético,
questionando-se Como os fatos se apresentam?, Por Quê? e Para Quê? O
método dialético enquanto caminho para o conhecimento questiona a aparência
dos fenômenos e busca conhecer o que está por trás, por meio de correlações
entre situações de conflito geradas nas contradições de relações desiguais e
de exploração, buscando apreender a realidade como uma totalidade histórico-
social. Essas contradições funcionam como articuladores de mudanças que
promovem novas situações de conflito num movimento de negação de um
estágio para outro da experiência do homem no exercício de produção de uma
vida material. Esse exercício produz mudanças de quantidade e qualidade que
possibilitam a transformação da vida social desses indivíduos, contribuindo no
modo como eles pensam, sentem e agem na organização e articulação de lutas
que promovem mudanças sociais.
Auto-avaliação
Na sua compreensão você pode usar o método dialético para estudar os
problemas cotidianos da sua escola? Como? Por Quê e Para Quê? Responda
as questões no espaço a seguir:
Referências
ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. 27. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
______. Estórias de quem gosta de ensinar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
CECCON, C.; OLIVEIRA, M. D. de; OLIVEIRA, R. D. de. A vida na escola e a escola da vida.
27. ed. Petrópolis: Vozes/IDAC,1993.
FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971.
KONDER, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1997. Coleção Primeiros
Passos, nº 23.
SOUSA FILHO, S. G. de. Prática e Teoria do Conhecimento. Campina Grande: GRAFSET, 1993.
EMENTA
Conhecimento e Saber; O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento; Principais Abordagens Metodológicas;
Contextualização da Ciência Contemporânea; Documentação Científica; Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos; Tipos
de Pesquisa; Aplicações Práticas.
AUTORAS
AULAS