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Carlos Samuel Chucua

Carmélia José
Fernando Machirica
Januário Ernesto
Lucílio Simão Jemusse
Pierino Raul
Sedux Francisco Wairesse

Contratos Administrativos
(Licenciatura em Direito)

Universidade Rovuma
Extensão do Niassa
2021
Carlos Samuel Chucua
Carmélia José
Fernando Machirica
Januário Ernesto
Lucílio Simão Jemusse
Pierino Raul
Sedux Francisco Wairesse

Contratos Administrativos

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Direito de Direito Administrativo II a ser
entregue ao Departamento de Direito, sob
orientação do Dra. Guilherme F. Gabriel

Universidade Rovuma
Extensão do Niassa
2021
Índice
Introdução..............................................................................................................................................3
Objectivos..........................................................................................................................................3
Geral...................................................................................................................................................3
Específicos.........................................................................................................................................4
Palavras-chave...................................................................................................................................4
Metodologia.......................................................................................................................................4
1. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS..........................................................................................5
1.1. Noções básicas relacionados com o tema...................................................................................5
1.2. Espécies dos contratos administrativos...................................................................................5
1.2.1. Principais Espécies de Contratos Administrativos..............................................................5
1.3. Regime jurídico...........................................................................................................................6
1.3.1. Regime geral............................................................................................................................7
1.3.2. Regime especial.......................................................................................................................7
1.3.3. Regime excepcional............................................................................................................7
1.4. Requisitos básicos dos contratos administrativos...................................................................8
1.5. Modalidades do contracto administrativo...............................................................................8
1.5.1. Classificação das Propostas...................................................................................................10
1.5.2. Anúncio do posicionamento dos concorrentes.......................................................................10
1.6. A Formação do Contrato Administrativo..............................................................................11
1.7. A Execução do Contrato Administrativo..............................................................................11
1.8. A Extinção do Contrato Administrativo...............................................................................12
1.8.1. Causas de extinção.................................................................................................................13
1.8.1.2. A Contratada pode rescindir unilateralmente o Contrato com fundamento:......................14
Conclusão.........................................................................................................................................15
Referências bibliográficas...................................................................................................................16
4

Introdução
A Administração publica para lograr os seus objectivos, necessita que haja colaboração com
particulares, nesta senda, para tal precisa que haja um contrato, contratos estes designados por
contratos administrativos.
Desta feita em colaboração com os particulares, usando a via do contrato, que é uma via
bilateral, para prosseguir os fins de interesse público que a lei põe a seu cargo. Isso significa que,
estes casos, a Administração Pública, em vez de impor a sua vontade aos particulares, necessidade
chegar a acordo com eles para obter a sua colaboração na realização dos fins administrativos.
Mas a utilização da via contratual pela Administração Pública pode- se traduzir no uso de
dois tipos completamente diferentes de contratos: se a Administração está no exercício de
actividades de gestão privada, lançará mão do contrato civil ou comercial; se, pelo contrário, se
encontra no exercício de actividade de gestão pública, lançará mão do contrato administrativo.
Significa isto que o contrato administrativo não é sinónimo de qualquer contrato celebrado pela
Administração Pública com outrem: só é contrato administrativo o contrato sujeito ao Direito
Administrativo, isto é, o contrato com um regime jurídico traçado por este ramo do Direito.
Contrato da administração é um termo genérico que se refere a todos os contratos celebrados pela
Administração. Já o contrato administrativo diz respeito aos contratos celebrados pela administração
com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para consecução de fins públicos, segundo
regime jurídico de direito público.
O presente trabalho da cadeira de Direito Administrativo II tem como tema o estudo dos
Contratos Administrativos, nisto importa referenciar que o mesmo versa sobre a actualidade no
mundo dos contratos administrativos, na qual apresentará noções básicas relacionados com tema, de
seguida abordará sobre principais espécies dos contratos administrativos, de seguida apresentará o
regime jurídico dos contratos administrativos, requisitos básicos dos contratos administrativos,
modalidades do contracto administrativo, a formação do contrato administrativo, a execução do
contrato administrativo, a extinção do contrato administrativo, causas de extinção, por fim aspectos
conclusivos, concretamente onde apresentará a conclusão com as suas referências bibliográficas.
Objectivos
Geral
 Avaliar os impactos dos contractos administrativos sobre a administração Pública.
5

Específicos
 Definir os conceitos de contrato administrativo;
 Estabelecer os requisitos dos contractos administrativos;
 Indicar as espécies dos contractos administrativos;
 Identificar as modalidades dos contractos administrativos

Palavras-chave
Contrato, administração pública, interesse, objectivo comum, extinção, formação.
Metodologia
Para a concretização dos objetivos específicos deste trabalho utilizamos como metodologia a
pesquisa bibliográfica, esta pesquisa bibliográfica assentou-se também em manuais, artigos técnicos.
O tipo de pesquisa utilizado neste presente trabalho foi o descritivo, pois o que se pretende é
descrever os contractos Administrativos. A técnica de pesquisa adoptada neste trabalho foi a
seguinte: efetuou- se uma pesquisabibliográfica, através da consulta de manuais, que abordam
assuntos ligados ao direito, direito administrativo, administração pública, administração pública em
Moçambique contractos Administrativos.
6

1. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
1.1. Noções básicas relacionados com o tema
Contrato é o acordo recíproco de vontades que tem por fim gerar obrigações recíprocas entre os
contratantes. Assim como o particular, o Poder Público celebra contratos no intuito de alcançar
objectivos de interesse público.

Contrato é o documento assinado entre a Entidade Contratante e a Contratada, que regula o acordo
de vontade, direitos e obrigações para execução de empreitada de obras públicas, fornecimento de
bens ou prestação de serviços, composto por Documento de Concurso, Anúncio de Concurso e/ou
convite para manifestação de interesse, comunicação de Adjudicação e a proposta do concorrente
vencedor.1
O contrato administrativo há- de definir- se em função da sua subordinação a um regime
jurídico de Direito Administrativo: serão administrativos os contratos cujo regime jurídico seja
traçado pelo Direito Administrativo; serão civis ou comerciais os contratos cujo regime jurídico seja
traçado pelo Direito Civil ou Comercial.
Contrato administrativo é “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração
Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a
estipulação de obrigações recíprocas” (Mota, 2017).
O contrato administrativo é o acordo de vontades pelo qual é constituída, modificada ou extinta uma
relação jurídico- administrativa. Assim, “relação jurídica de Direito Administrativo” é aquela que
confere poderes de autoridade ou impõe restrições de interesse público à Administração perante os
particulares, ou que atribui direitos ou impõe deveres públicos aos particulares perante a
Administração.2
Constitui um processo próprio de agir da Administração Pública que cria, modifica ou extingue
relações jurídicas, disciplinadas em termos específicos do sujeito administrativo, entre pessoas
colectivas da Administração ou entre a Administração e os particulares.
1.2. Espécies dos contratos administrativos
1.2.1. Principais Espécies de Contratos Administrativos
As principais espécies de contratos administrativos são sete:
a) Empreitada de obras públicas;

1
Decreto 5/2016 de 8 de Março
2
Código do Procedimento Administrativo art. 178º/1
7

b) Concessão de obras públicas;


c) Concessão de serviços públicos;
d) Concessão de uso privativo do domínio público;
e) Concessão de exploração de jogos de fortuna e azar;
f) Fornecimento contínuo;
g) Prestação de serviços;
1.2.1.1. Empreitada de obras públicas: é o contrato administrativo pelo qual um particular se
encarrega de executar uma obra pública, mediante retribuição a pagar pela Administração;
1.2.1.2. Concessão de obras públicas: é o contrato administrativo pelo qual um particular se
encarrega de executar e explorar uma obra pública, mediante retribuição a obter diretamente dos
utentes, através do pagamento por estes de taxas de utilização;
1.2.1.3. Concessão de serviços públicos: é o contrato administrativo pelo qual um particular se
encarrega de montar e explorar um serviço público, sendo retribuído pelo pagamento de taxas de
utilização a cobrar diretamente dos utentes.
1.2.1.4. Concessão de uso privativo do domínio público: é o contrato administrativo pelo qual a
Administração Pública faculta a um sujeito de Direito Privado a utilização económica exclusiva de
uma parcela do domínio público para fins de utilidade pública;
1.2.1.5. Concessão de exploração de jogos de fortuna e azar: é o contrato administrativo qual um
particular se encarrega de montar e explorar um casino de jogo, sendo retribuído pelo lucro auferido
das receitas dos jogos;
1.2.1.6. Fornecimento contínuo: é o contrato administrativo pelo qual um particular se encarrega,
durante um certo período, de entregar regulamente à Administração certos bens necessários ao
funcionamento regular de um serviço público;
1.2.1.7. Prestação de serviços: abrange dois tipos completamente diferentes um do outro: contrato de
transporte é o contrato administrativo pelo qual um particular se encarrega de assegurar a deslocação
entre lugares determinados de pessoas ou coisas a cargo da Administração; e o contrato de
provimento, é o contrato administrativo pelo qual um particular ingressa nos quadros permanentes da
Administração Pública e se obriga a prestar- lhe a sua actividade profissional de acordo com o
estatuto da função pública.3

3
Coelho, Fabio Ulhoa. Curso de direito Comercia.6 ed. Ver. E actual de acordo com o novo código civil. Saraiva.
8

1.3. Regime jurídico


O regime jurídico dos contratos administrativos é constituído quer por normas que conferem
prerrogativas especiais de autoridade à Administração Pública, quer por normas que impõe à
Administração Pública especiais deveres ou sujeições que não têm paralelo no regime dos contratos
de Direito Privado.
À contratação pública em Moçambique aplicam- se os seguintes regimes jurídicos:4
a) Geral;
b) Especial; e
c) Excepcional.

1.3.1. Regime geral


O Regime Geral para a contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens,
prestação de serviços ao Estado e concessões é o Concurso Público5.

1.3.2. Regime especial


A Entidade Contratante pode adoptar normas distintas das definidas no regulamento para: 6
a) Contratação decorrente de tratado ou de outra forma de acordo internacional entre
Moçambique e outro Estado ou organização internacional, que exija a adopção de regime
específico; e
b) Contratação realizada no âmbito de projectos financiados, total ou substancialmente, com
recursos provenientes de financiamento ou doação oriundos de agência oficial de cooperação
estrangeira ou organismo financeiro multilateral, quando a adopção de normas distintas
conste, expressamente, como condição do respectivo acordo ou contrato.
c) A adopção de normas distintas regulamento, deve ser previamente autorizada pelo Ministro
que superintende a área das Finanças7.

4
Decreto 5/2016 de 8 de Março, artigo 5
5
Decreto 5/2016 de 8 de Março, artigo 6
5 Decreto 5/2016 de 8 de Março, nº 1 do artigo 7
6 Decreto 5/2016 de 8 de Março, nº 2 do artigo 7
7 Decreto 5/2016 de 8 de Março, nº 3 do artigo 7
6

7
9

d) A Entidade Contratante deve fazer constar no Anúncio e Documentos de Concurso as regras


adoptadas que sejam distintas das definidas no presente Regulamento.8
1.3.3. Regime excepcional
Sempre que se mostre conveniente ao interesse público e estejam presentes os requisitos
fixados no regulamento, a Unidade Gestora Executora das Aquisições deve, fundamentando, propor
à Autoridade Competente a aplicação de Regime Excepcional para contratação de empreitada de
obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado.
A decisão que declara verificado os requisitos de contratação em Regime Excepcional e que
determina a aplicação deste regime para contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento
de bens e prestação de serviços deve ser registada por escrito pela Autoridade Competente.
1.4. Requisitos básicos dos contratos administrativos
São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
a) O objecto e seus elementos característicos;
b) O regime de execução ou a forma de fornecimento;
c) O preço e as condições de pagamento, os critérios, database e periodicidade do reajustamento
de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações
e a do efectivo pagamento;
d) Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de
recebimento definitivo, conforme o caso;
e) O crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria económica;
f) As garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
g) Os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das
multas;
h) Os casos de rescisão;
i) O reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa;
j) As condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
k) A vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à
proposta do licitante vencedor;
l) A legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;9

8
10

m) A obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em


compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação.
1.5. Modalidades do contracto administrativo
As modalidades de contratação em Regime Excepcional são as seguintes:
a) Concurso com Prévia Qualificação;
b) Concurso Limitado;
c) Concurso em Duas Etapas;
d) Concurso por Lances;
e) Concurso de Pequena Dimensão;
f) Concurso por Cotações; e
g) Ajuste Directo.
As contratações em Regime Excepcional regem-se, subsidiariamente, pelas normas do Concurso
Público previstas no presente Regulamento
Concurso Público: Modalidade de contratação na qual pode participar todo equalquer interessado,
desde que reúna os requisitos estabelecidos nos Documentos de Concurso. O Concurso Público
observa, pela ordem indicada, as seguintes fases:
a) Preparação e lançamento;
b) Início do procedimento – a decisão de contratar (e de autorização da despesa) e a decisão de
escolha do procedimento; Aviso de abertura do concurso;
c) Recepção das propostas e dos documentos de qualificação;
d) A proposta é “a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidadeadjudicante a sua
vontade de contratar e o modo pelo qual se dispõe a fazê-lo, respeitando os termos definidos
pelos documentos contratuais.
e) Abertura das propostas e dos documentos de qualificação
f) A abertura das propostas é feita pelo Júri em acto público e nele podem participar as pessoas
que o desejarem, previamente registadas.

9
MARTINEZ, Pedro Romano (2013), Direito do Trabalho, 6ª Edição, Almedina. Medeiros, António Henriques João
Bosco (2003), Monografia no Curso de Direito, Trabalho de Conclusão de Curso, Editora Atlas, 3.ª Edição.
11

O acto público de abertura das propostas inicia- se com a identificação doconcurso e leitura da lista
de concorrentes, elaborada de acordo com a ordem de recepção dos invólucros.
 Caso o Júri constate uma ou mais propostas fora do prazo definido nosDocumentos de
Concurso, não deve abrir.
 Cumpridas as formalidades previstas nos números anteriores, são abertos os invólucros
contendo os documentos de qualificação e as propostas, os quaisdevem ser rubricados pelos
membros do Júri.
 Caso o critério de avaliação seja o de conjugação de técnica e de preço, os Documentos de
Concurso poderão, excepcionalmente, estabelecer que os invólucros com as propostas de
preços apenas sejam abertos após a avaliação das propostas técnicas. Nestas circunstâncias os
invólucros das propostas de preço devem ser rubricados por todos os presentes no acto da
abertura das propostas técnicas.
No acto da abertura das propostas, o Júri deve anunciar o nome dos concorrentes, os preços cotados,
e, quando exigido nos Documentos de Concurso:
a) Existência ou não de Garantia Provisória;
b) Presença de proposta com variante;
c) Declaração de descontos oferecidos; e
d) A presentação de amostras.
A sessão de abertura das propostas termina com a leitura da respectiva acta que deve ser assinada e
distribuída pelos membros do Júri e representantes dos concorrentes, devidamente credenciados,
presentes no acto.
 O Júri procede de seguida, em sessão reservada, a análise das propostas e dosdocumentos de
qualificação apresentadas pelos concorrentes, de acordo comos critérios fixados nos
Documentos de Concurso.
 Após a conclusão da análise das propostas e documentos de qualificaçãoapresentadas pelos
concorrentes, é feito o anúncio do posicionamento dosconcorrentes em sessão pública pelo
Júri, podendo os concorrentes e demais interessados participarem.

1.5.1. Classificação das Propostas


A classificação deve ser devidamente fundamentada de acordo com as disposições do presente
Regulamento e dos respectivos Documentos de Concurso. Na classificação das propostas não deve
12

ser considerada qualquer vantagem não prevista nos Documentos de Concurso, sendo obrigatória a
observância de todos os requisitos neles fixados.

1.5.2. Anúncio do posicionamento dos concorrentes


Encerrada a fase de avaliação das propostas, que inclui, de entre outras, a classificação e
desclassificação, o Júri elabora o relatório, no qual recomenda a Entidade Contratante a melhor
proposta apurada no Concurso, para efeitos de decisão.
No Relatório de Avaliação, o Júri deve fundamentar a avaliação, classificação,
desclassificação e recomendação de Adjudicação, de acordo com a ordem de pontuação obtida pelos
concorrentes.
1.6. A Formação do Contrato Administrativo
Trata-se de regras que versam sobre os elementos essenciais do contrato administrativo a
competência para contratar, a obtenção do mútuo consenso em que o contrato administrativo se
traduz, a autorização das despesas públicas a realizar através do contrato, e a forma e formalidades
de celebração do contrato administrativo. A escolha dos particulares está sujeita a normas muito
restritivas. Pode ser feita através de ajuste directo, concurso limitado ou concurso público.
A regra geral é que todo o contrato administrativo tem de ser celebrado precedendo concurso
público, salvo se a lei autorizar outro processo. A liberdade contratual da Administração Púbica não
é limitada somente pelas regras legais relativas à escolha do contraente privado: também a liberdade
de conformação do conteúdo da relação contratual está condicionada pela proibição da exigência de
prestações desproporcionadas ou que não tenham uma relação directa com o objecto do contrato.
Os contratos administrativos estão sujeitos à forma escrita.
Acontece muitas vezes que as leis administrativas prevêem em a figura da adjudicação.
Esta é um acto administrativo: trata-se do acto pelo qual o órgão competente escolhe a proposta
preferida e, portanto, selecciona o particular com quem pretende contratar.
A adjudicação é assim, um acto administrativo, ou seja, um acto jurídico unilateral, ao passo que o
conteúdo é um acto jurídico bilateral, um acordo de vontades.
1.7. A Execução do Contrato Administrativo
A administração surge sobretudo investida de poderes de autoridade, de que os particulares não
beneficiam no âmbito dos contratos de Direito Privado que entre si celebraram. Os principais
poderes de autoridade de que a Administração beneficia na execuçãodo contrato administrativo são
três:
13

a) O poder de fiscalização: consiste no direito que a Administração Pública tem, como parte
pública do contrato administrativo, de controlar a execução do contrato para evitar surpresas
prejudiciais ao interesse público, de que a Administração só viesse, porventura, a aperceber-
se demasiada tarde;
b) O poder de modificação unilateral: decorre da variabilidade dos interesses públicos
prosseguidos com o contrato e tem correspondência no dever de manutenção do equilibro
financeiro do contrato, dever que dita, em condições normais, o aumento das contrapartidas
financeiras do co-contratante privado;
c) O poder de aplicar sanções: ao contraente particular, seja pela inexecução do contrato, seja
pelo atraso na execução, seja por qualquer outra forma de execução imperfeita, seja ainda
porque o contraente particular tenha trespassado o contrato para outrem sem a devida
autorização da Administração. As duas modalidades mais típicas são a aplicação de multas, e
o sequestro, quando o contraente abandone o exercício da actividade que foi encarregado
pelo contrato administrativo, a
Administração tem o direito de assumir o exercício dessa actividade e as obrigações do particular
relativamente ao contrato, ficando a cargo do contraente particular todas as despesas que a
Administração fizer enquanto essa situação durar.
1.8. A Extinção do Contrato Administrativo
Além das causas normais de extinção do contrato administrativo, designadamente por caducidade ou
termo, há duas causas específicas:
a) A rescisão do contrato a título de sanção: que se verifica quando o contraente particular não
cumpre, ou não cumpre rigorosamente, as cláusulas do contrato: aí a Administração tem o
direito de rescindir o contrato, a título de aplicação duma sanção ao contraente faltoso.
b) O resgate: que se verifica sobretudo nas concessões. Consiste no direito que a Administração
tem, antes de findo o prazo do contrato, de retomar o desempenho das atribuições
administrativas de que estava encarregado o contraente particular, não como sanção, mas por
conveniência do interesse público, e mediante justa indemnização.
O regime de invalidade do contrato administrativo, previsto no art. 185º CPA, situa se numa área em
que é muito intensa a confluência do Direito Público e do Direito Privado, circunstância que lhe
confere uma especial complexidade, são as suas linhas gerais:
14

a) Os contratos administrativos, quando precedidos de actos administrativos inválidos, são


“contagiados” pela invalidade destes; o objecto evidente é tentar obviar a que os órgãos
administrativos, em face da generalização da via contratual permitida pela lei, cedam à
tentação de procurar obter por esta via efeitos jurídicos que a prática de um acto
administrativo válido não possibilitaria;
b) As disposições do Código Civil relativas à falta e aos vícios da vontade aplicam-se a
qualquer contrato administrativo;
c) Se a alternativa é a outorga de um contrato administrativo for a prática de um acto
administrativo, a invalidade do contrato decorre daquele acto;
Se a alternativa à outorga de um contrato administrativo for a celebração de um contrato de Direito
Privado, a invalidade daquele contrato decorre.

1.8.1. Causas de extinção


São causas de extinção dos contratos administrativos, (Andrade, 2017):
 O cumprimento (incluindo o decurso do prazo) ou a impossibilidade definitiva do
cumprimento e demais causas extintivas gerais reconhecidas no direito civil;
 A revogação por acordo;
 A resolução promovida por uma das partes (nos termos que veremos a seguir); 4. Outras
vicissitudes reconhecidas por via de decisão judicial, arbitral ou administrativa (por exemplo,
caducidade de contratos que incidam sobre o exercício de poderes públicos, caducidade de
contratos determinada por acto legislativo).
1.8.1.1. A Entidade Contratante pode rescindir unilateralmente o Contrato com fundamento
em (Decreto 5/2016 de 8 de Março):
a) Incumprimento pela Contratada de cláusulas contratuais, especificações, projectos ou prazos;
b) Mora por prazo superior a sessenta (60) dias, no cumprimento pela Contratada de obrigações
constantes de cláusulas contratuais, especificações, projectos e prazos de execução ou
fornecimento, ou prazo menor que tenha sido estabelecido nos Documentos de Concurso;
c) Cumprimento defeituoso reiterado de obrigações contratuais pela Contratada;
d) Sistemática inobservância pela Contratada das determinações da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a execução da obra ou serviços;
e) Alteração do pacto social, incluindo o objecto social e a estrutura societária da Contratada,
por fusão, cisão ou incorporação, sem prévio conhecimento e consentimento da Entidade
15

Contratante nos casos em que tal modificação prejudique ou possa ser susceptível de
prejudicar a execução do Contrato;
f) Transmissão, seja qual for a forma que revista e seja total ou parcial, da posição contratual da
Contratada e bem assim a associação da Contratada a outrem, sem autorização prévia da
Entidade Contratante; e
g) Acumulação pela Contratada, de multas até vinte por cento (20%) do valor do se outro limite
menor não estiver estabelecido no Contrato.

1.8.1.2. A Contratada pode rescindir unilateralmente o Contrato com fundamento:


a) Na impossibilidade de acesso à área, local ou objecto para execução das obras ou para
fornecimento de bens ou prestação de serviços, nos prazos contratuais, ou de acesso às fontes
de materiais originais especificados no Contrato ou na proposta, por acto imputável à
Entidade Contratante;
b) No atraso por prazo superior a sessenta (60) dias, nos pagamentos, totais ou parciais, devidos
pela Entidade Contratante em razão da execução das obras, fornecimento de bens ou
prestação de serviços; e
c) No decurso de sessenta dias (60) a contar da recepção da ordem escrita da Entidade
Contratante ordenando a suspensão da execução da obra ou prestação de serviços, por
motivos não imputáveis à Contratada, salvo em caso de força maior ou caso Fortuito a parte
que pretenda rescindir unilateralmente o Contrato deve notificar a outra da sua intenção de
rescisão indicando, as causas e os respectivos fundamentos.
No prazo não superior a trinta (30) dias a parte notificada deverá afastar as causas imputadas, findo o
qual poderá a parte notificante rescindir unilateralmente o contrato com base nos fundamentos
constantes da notificação.10

10
Https://escola.mmo.co.mz/o- contrato- administrativo/# ixzz6kgwzHptJ
16

Conclusão
Chegado a este a este capitulo como nota de conclusão, conclui-se que o contrato
administrativo é o documento assinado entre a Entidade Contratante e a Contratada, que regula o
acordo de vontade, direitos e obrigações para execução de empreitada de obras públicas,
fornecimento de bens ou prestação de serviços, composto por Documento de Concurso, Anúncio de
Concurso e/ou convite para manifestação de interesse, comunicação de Adjudicação e a proposta do
concorrente vencedor
Contudo, uma conclusão segura a qual se pode chegar é a de que o amplo atendimento à
finalidade dos contratos administrativos só será efetivo na justa proporção do grau de liberdade de
decisão ao qual o gestor estiver sujeito. Isso porque não há que se falar em responsabilidades sem
liberdade para se estabelecer os mecanismos de controlo, julgados oportunos e convenientes pelo
próprio gestor, como necessários ao alcance dos legítimos resultados esperados pela coletividade
(atendimento ao interesse público primário).
17

Referências bibliográficas
Doutrina
1. Andrade, J. C. V. (2017). Lições de Direito Administrativo, 5ª edição. Imprensa da
Universidade de Coimbra.
2. Código Civil Português. Decreto- lei Nº 47 344, de 25 de Novembro de 1966 Actualizado até
Dec. Lei n.º 38/2003, de 08.03.
3. Caetano. Marcelo (2001). Manual de Direito Administrativo. 10 ed. E actual. Coimbra.
Almeida.2001.
4. Coelho, Fabio Ulhoa. Curso de direito Comercia.6 ed. Ver. E actual de acordo com o novo
código civil. Saraiva.
5. Ferraz Junior.(2003). Tercio Sampaio. Introduçao ao estudo de Direito. 4. Ed. São Paulo.
6. Figueiredo. Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo. 5. Ed. Ver. Actual. São Paulo.
7. Https://escola.mmo.co.mz/o- contrato- administrativo/# ixzz6kgwzHptJ
8. Mota, A. F. (2017). Estudo dos fatores relacionados ao desempenho da fiscalização de
contratos administrativos no ifnmg –campusmontes claros. Dissertação apresentada ao
Núcleo de Pós- Graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia.
9. Vieira, A. L. (2014). Gestão de contratos administrativos. Universidade de Coimbra.
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/275407529.
Legislação

1. Constituição da Republica de Moçambique de 2018. Boletim da República nº15/2018 de 12


Junho, 1ª Serie, 2º Suplemento. Maputo
2.   Decreto nº 5/2016, de 8 de Março , que estabelece o novo Regulamento de Contratação de
Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado e

revoga o  Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio , cuja entrada em vigor é o dia 8 de Junho de


2016. Boletim da República nº15/2016 de 24 Maio, 1ª Serie, 2º Suplemento. Maputo
3. Decreto-Lei 442/91, 15 Novembro, que aprova o código de procedimento administrativo.

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