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Boas Práticas em Farmácia Hospitalar e

Divisão de Diluição de Medicamentos

Farm. Deborah Oliveira


Conceito

“O Manual de Boas Práticas Farmacêuticas (MBPF) é um


documento que reflete a política da empresa, sua missão, visão
e valores; estabelece os critérios e as normas que devem ser
observados a fim de nortear os seus procedimentos, processos,
serviços e atividades, do ponto de vista técnico e sanitário. O
MBPF descreve as rotinas, atividades e procedimentos que os
estabelecimentos devem adotar para garantir que seus serviços
e produtos tenham a segurança e qualidade necessária e que
atendam a legislação em vigor. “

Fonte: CRF SP
Objetivo

“Fornecer uma descrição dos processos pelos quais os


Farmacêuticos Hospitalares podem melhorar o acesso aos
cuidados de saúde, a promoção da saúde e o uso de
medicamentos e produtos de saúde em benefício dos
utentes. O elemento fundamental é o compromisso da
profissão farmacêutica nacional para promover a
excelência na prática profissional para o benefício das
pessoas que serve.”

Fonte: Ordem dos Farmacêuticos, 2018


“As Boas Práticas em
Farmácia Hospitalar
(BPFH) vertidas no
MBP-FH são aquelas
que respondem às
necessidades de quem
utiliza a FH para
fornecer o cuidado
ótimo e baseado em
evidências.”

Fonte: Ordem dos Farmacêuticos, 2018


Abordagem

Preparo, distribuição,
Desenvolvimento de dispensação e controle
Gestão
infraestrutura de medicamentos e
tecnologias para saúde

Informação sobre
Ensino, educação
Otimização da terapia medicamentos e
permanente e
medicamentosa outras tecnologias em
pesquisa
saúde
Abordagem

Gestão Pessoas

Processos

Estrutura

Aquisição

Gerenciamento de Estoque

Dispensação
Abordagem

Infra Estrutura
Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF)
Farmácia Central
Seção Administrativa
Farmácia Satélite
Farmacotécnica não-estéril
Unidade de Misturas Endovenosas
Manipulação de Nutrição Parenteral/Citotóxicos
Central de Saneantes
Centro de Informações de Medicamentos (CIM)
Divisão de Diluição de
Medicamentos

Fonte: Storpirtis et al., 2008


Divisão de Diluição de
Medicamentos
Formas Farmacêuticas Não estéreis
Divisão de Diluição de
Medicamentos
Formas Farmacêuticas Estéreis
Divisão de Diluição de
Medicamentos

Hormônios e antibióticos: salas exclusivas para cada classe contendo


uma antecâmara, com sistemas de ar independentes e possuir pressão
negativa em relação às áreas adjacentes (RDC Anvisa nº 67/2007).

Nutrição parenteral: necessidade de esterilidade, apirogenicidade e


ausência de partículas (Portaria MS/SNVS nº 272/98).

Quimioterápicos: área de paramentação, cabine de segurança biológica


da Classe II B2 e área de armazenamento exclusiva (RDC Anvisa nº
220/2004).
Segundo estudo publicado pela Revista Latino-Americana
de Enfermagem, que analisou os principais
questionamentos de técnicos e auxiliares de enfermagem
aos enfermeiros durante o preparo e a administração de
medicamentos, a maioria das dúvidas estavam
relacionadas à diluição.
Conduzido em uma instituição hospitalar universitária do interior do
estado de São Paulo, o estudo analisou 255 questionamentos de
auxiliares e técnicos: 40% (103) diziam respeito à diluição. Entre as
dúvidas, perguntas relacionadas a necessidade de diluição e ao
diluente a ser utilizado; quantidade e validade do medicamento
diluído; e possibilidade de precipitação. As dúvidas abrangiam desde
questões como “fenitoína precisa ser diluída?” até “posso diluir
antibiótico que já veio diluído da farmácia?”.

O alarme soa quando o estudo diz que 35,5% das perguntas


receberam respostas incorretas ou parcialmente corretas, o que
pode ter acarretado consequências diversas ao paciente.
Em 1999, o Institute of Medicine
dos Estados Unidos publicou o
estudo To Err Is Human,
demonstrando que mais de 98 mil
pessoas no país morriam
anualmente como resultado de
erros dos profissionais da
assistência que deveriam ser
controlados mediante ações
sistêmicas em vez de individuais.

SEELEY, CE; NICEWANDER, D; PAGE, R; DYSERT, II PA. A baseline study of medication error rates at Baylor University Medical Center in
preparation for implementation of a computerized physician order entry system. Proc (Bayl Univ Med Cent). v.17, n.3, p 357 -361, 2007
O número de pacientes
atingidos anualmente,
representa um montante de
60.000 a 140.000 pacientes.
Destes, 31% vivenciam um
evento adverso de medicação
durante a hospitalização, e
0,31% destes apresentam e
ventos adversos fatais .

Muitas vezes, os erros de


medicação só são detectados
quando as consequências são
clinicamente manifestadas
pelo paciente.
39% na
prescrição

12% na
transcrição do
pedido
médico

11% na
dispensação

38% na
administração
I
N
F
O
R
M
A
Ç
A
O
Abordagem

Preparo

Ensino, Otimização da
educação terapia
permanente e medicamentosa
pesquisa

Informação sobre
medicamentos e outras
tecnologias em saúde
Terapia Intravenosa

A instalação de um cateter venoso periférico (CVP) para


administração de terapia parenteral é um dos
procedimentos invasivos mais frequentes e rotineiros
realizados na área hospitalar, indispensável na prática diária
da enfermagem e requer conhecimentos sobre os cuidados
necessários desde a inserção até a manutenção e retirada de
cateteres intravasculares.

Para a assistência clínica moderna, tornou-se indispensável


para administração de soluções intravenosas, medicações,
hemotransfusão, hemodiálise, nutrição parenteral e
monitorização hemodinâmica.
Terapia Intravenosa

Indicações:

• Em situações em que há a necessidade de


um acesso direto ao sistema circulatório
para a administração de fluidos e drogas.
• Onde a ação imediata se faz necessária.
• Indisponibilidade de administração por
outras vias de administração.
Terapia Intravenosa

• Terapia de manutenção: tem a finalidade de repor


perdas insensíveis, fornecendo nutrientes que suprem
as necessidade diárias do paciente (água, eletrólitos,
glicose).
Tipos de • Terapia de Reposição: Tem a finalidade de suprir os
fluidos compostos por eletrólitos e também
terapia hemocomponentes, em pacientes que apresentam
déficit devido a estresse agudo.
intravenosa: • Terapia de Correção ou restauração: Tem a finalidade
de corrigir perdas contínuas (avaliação diária). Há uma
avaliação onde a restauração do equilíbrio
hidroeletrolítico é imperiosa para manutenção da
homeostasia.
Terapia Intravenosa

Vantagens

Via de
Via para medicações
Utilização de administração de
Ação instantânea Cessação imediata irritantes à mucosa
grandes volumes medicações em
gástrica
altas concentrações
Terapia Intravenosa

Desvantagens

Extravasamento
Reações adversas Interações de
Erros de diluição de drogas Flebite química
rápidas e intensas incompatibilidade
vesicantes
Flebite é uma inflamação da veia que ocorre quando as células
endoteliais da parede venosa que está inserido o cateter tornam-
se inflamadas e irregulares, permitindo aderência de plaquetas.
Terapia Intravenosa

Flebite Mecânica: Está associada com


Flebite Bacteriana: É uma inflamação
a localização do cateter. Cateteres
na intima da veia associada a uma
inseridos em áreas de flexão
infecção bacteriana. Também
frequentemente resultam em flebite
referida como flebite séptica e
mecânica, que na movimentação o
podendo causar sérias
cateter irrita a intima da veia,
consequências sistêmicas.
causando dano que leva à flebite.

Flebite Química: A flebite química


está associada a uma resposta da
intima da veia aos medicamentos,
produzindo inflamação.
Flebite Química
Terapia Intravenosa

Características das Drogas Intravenosas

Reconstituição Tempo de
x Diluição infusão pH Compatibilidade

Estabilidade Fotosensibilidade Osmolaridade


Reconstituição x Diluição
Reconstituição x Diluição
Reconstituição x Diluição

O balanço hídrico corporal consiste no equilíbrio de líquidos


administrados - que entram no corpo - e eliminados. Em situações de
homeostase, os ganhos líquidos e as perdas são equivalentes, havendo
manutenção de uma condição harmônica. O aumento de fluidos
(balanço hídrico positivo) se dá por consumo direto de líquidos e em
situações hospitalares, mediante administração de medicamentos
diluídos, soro e reposição volêmica, principalmente. Já a diminuição de
líquidos (balanço hídrico negativo) se dá por perdas vesicointestinais,
vômitos, sudorese, e hemorragias, por exemplo.
Reconstituição x Diluição

PRINCÍPIO ATIVO NOME COMERCIAL DILUENTE Diluição Padrão INFUSÃO Restrição Hidrica INFUSÃO
AVP= 50ml
30 min. 10min
Meropenem Meronem 1g SF 100ml 30 min. AVC= 20ml

Micafungina Mycamine 50mg SF, SG5% 100ml 60 min. 50ml 30 min.


AVP=10mg/ml
Oxacilina Oxacilina 500mg SF, SG5% 250ml 60 min. AVC=20mg/ml 60 min.

Piperacilina + Tazobactam Tazocin 4,5g SF, SG5% 50ml 30 min. 20ml 10 min.

Polimixina Sulfato Polimixina 500.000UI SG5% 300-500ml 90 min. 200ml 90 min.


Estabilidade
Estabilidade
Tempo de Infusão
Tempo de Infusão

PRINCÍPIO ATIVO NOME COMERCIAL DILUENTE Diluição Padrão INFUSÃO Restrição Hidrica INFUSÃO
AVP= 50ml
30 min. 10min
Meropenem Meronem 1g SF 100ml 30 min. AVC= 20ml

Micafungina Mycamine 50mg SF, SG5% 100ml 60 min. 50ml 30 min.


AVP=10mg/ml
Oxacilina Oxacilina 500mg SF, SG5% 250ml 60 min. AVC=20mg/ml 60 min.

Piperacilina + Tazobactam Tazocin 4,5g SF, SG5% 50ml 30 min. 20ml 10 min.

Polimixina Sulfato Polimixina 500.000UI SG5% 300-500ml 90 min. 200ml 90 min.


Tempo de Infusão
Fotosensibilidade

São definidos como medicamentos fotossensíveis aqueles que sofrem


reações de degradação (fotólise), tais como oxidação ou hidrólise, em
decorrência da exposição à luz. A degradação fotolítica pode ser um
importante fator limitante para estabilidade e eficácia dos medicamentos.
pH
O pH (Potencial Hidrogeniônico) é um índice que indica o grau de acidez,
neutralidade ou alcalinidade de uma substância líquida.

De acordo com o pH a solução pode ser classificada em:

pH sangue= 7.36 – 7.42

Drogas com pH <6 ou >8 apresentam risco de causar flebite.


pH
Osmolaridade

Concentração de moléculas de soluto contidas em 1 litro de solução.


É expressa em mOsmo/L. Para uma solução com vários componentes, é feita a
somatória da osmolaridade de cada um.

A osmolaridade sérica normal é em torno de 280-300 mOsmol/L.

De acordo com a Infusion Nurse Society (INS) recomenda que soluções com
osmolaridade maior do que 500mOsmo/L sejam infundidas na veia central
para minimizar ou prevenir danos vasculares.
Osmolaridade
Osmolaridade

Solução hipotônica: Água destilada (0,0 mOsm/L), NaCl 0,45% (155 mOsml/L)

Solução isotônica: Cloreto de sódio 0,9% (308mOsm/L), Glicose 5% (252mOsm/L)

Solução hipertônica: Glicose 10% (505mOsm/L), Glicose 50% (2520mOsm/L), Aminoácidos 10%
(~939mOsm/L), Manitol 20% (1098mOsml/L), Bicarbonato de sódio 8,4% (2000mOsm/L)

www.globalrph.com/osmocalc_valid.htm
Nutrição Parenteral

A Osmolaridade recomendada
para acesso periférico deve ser < Nutrição parenteral de acesso
900mOsm/L. Acima deste valor é central tem osmolaridade em
recomendado a administração torno 1500-2000mOsm/L
apenas por via central.
Compatibilidade

Drogas intravenosas quando misturadas podem ter suas características


modificadas. Quando há incompatibilidade algumas alterações podem ser
observadas como alteração de cor, formação de precipitado, produção de
gás e inativação da droga não visível.

Consequências:
❖ falta de eficácia do medicamento
❖ obstrução do cateter
❖ risco de flebite devido às partículas na solução
❖ riscos ao paciente.
Compatibilidade
Compatibilidade

Compatibilidade Droga x Diluente

Klaricid ® , Vancocid ® , Tromaxil ®: a reconstituição deve ser feita somente


com água destilada, ocorre precipitação com SF

Ambisome ® ,Fungison ® , Nipride ® , Atlansil ® : devem ser diluídos somente


com SG5% , precipitam se diluídos com cloreto de sódio 0,9%

Noripurum® : recomendado diluir somente com SF0,9%


Compatibilidade

Compatibilidade Droga x Diluente

Caso não tenha Quando possível


informações sobre a considere a utilização
compatibilidade entre de cateter de mais de
os medicamentos um lúmen, outro
Para informações
evite misturar acesso periférico,
sobre compatibilidade
medicamentos entre interromper o
consulte o fabricante
si ou na mesma medicamento de
do produto ou dados
solução, administrar infusão contínua e
de literatura.
medicamento “lavar” a via de acesso
simultaneamente (Y) ou alterar a via de
e/ou aprazar no admistração para VO
mesmo horário ou IM.
Compatibilidade
Compatibilidade

Compatibilidade Droga x Nutrição Parenteral

Portaria nº 272, de 08 de abril de 1998:

A via de acesso utilizada para a administração da NP é exclusiva. É vedada a


sua utilização para outros procedimentos. Casos excepcionais devem ser
submetidos à avaliação da EMTN.
Cuidar da saúde é um
remédio para a alma
e um compromisso
de vida.

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