Você está na página 1de 4

Legislação e conceito sobre ESTUPRO:

Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 

Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de


18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 

Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

Se da conduta resulta morte: 

Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

Conseqüências do estupro:
A fase de desorganização aguda – período em que as vítimas podem vir a ter:

1) fadiga, cefaléias, dores, distúrbios do sono;

2) auto-acusações;

3) medo de ser assassinado;

4) sentimentos de degradação e perda da auto-estima;

5) sentimentos de despersonalização ou desrealização;

6) pensamentos intrusivos recorrentes; ansiedade e depressão .

Existem quatro razões para a vítima do crime de estupro


se calar. São elas:
1) experiência prévia do contar o fato e não ser adequadamente
compreendida; rejeição; ser desacreditada ou ser acusada de agir de modo
provocador e de ter estimulado o abuso quando não diretamente acusada
como a responsável;

2) medo de, ao revelar o ocorrido, o agressor venha a tomar conhecimento e


possa vir a ameaçá-la;

3) evitar o estigma de 'estuprada';


4) sentimento de poder a vir desapontar o interlocutor; achar que fora algo que
não teria relação com o que estivesse sentindo agora; vergonha; culpa; pensar
que ao final das contas, revelar o fato não iria lhe ajudar em nada; evitar a
lembrança e a angústia associada; pensamento mágico – "Se eu não falar
sobre isso, isso não ocorreu' (Craine e cols., 1988); temor de ser colocada em
posição de 'bode expiatório' algo a que família freqüentemente tende a fazer .

ABORTO DECORRENTE DO ESTUPRO:


Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Obs.: acéfalo.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal.

ESTATUTO DO NASCITURO (PL 478/2007)


Art. 12. É vedado ao Estado ou a particulares causar dano
ao nascituro em razão de ato cometido por qualquer de seus genitores.
Art. 13. O nascituro concebido em decorrência de estupro
terá assegurado os seguintes direitos:
I – direito à assistência pré-natal, com acompanhamento
psicológico da mãe;
II – direito de ser encaminhado à adoção, caso a mãe
assim o deseje.
§ 1º Identificado o genitor do nascituro ou da criança já
nascida, será este responsável por pensão alimentícia nos termos da lei.
§ 2º Na hipótese de a mãe vítima de estupro não dispor
de meios econômicos suficientes para cuidar da vida, da saúde do
desenvolvimento e da educação da criança, o Estado arcará com os custos
respectivos até que venha a ser identificado e responsabilizado por pensão o
genitor ou venha a ser adotada a criança, se assim for da vontade da mãe.
É noite. De repente sinto a presença de pessoas atrás de mim, mas não consigo identificá-las pois, antes
de me virar para ver quem são sou empurrada e forçada a me debruçar em um balcão frio, estou
totalmente imobilizada por alguns homens que, pelas vozes, creio que sejam três, não sei... estou
atordoada, assustada, amedrontada e tolhida de minhas mais amplas defesas... mãos seguram minha
cabeça e tapam a minha boca fortemente... tão forte que me sufoca a respiração, que já se encontra
alterada pelo estado de medo... são mãos muito fortes. Outras mãos prendem meu tronco e outras mais
estão segurando fortemente minhas pernas... é um inferno que estou vivendo nesse momento.

O homem que segura minhas pernas, com garras inalcançáveis, invade toda minha intimidade de uma só
vez, estrangulando todo o meu ser em uma dor lancinante e além d'alma... que sensação de impotência,
meu Deus! Outro grita para que eu fique calada e pare de me debater, de tentar qualquer coisa... estou
totalmente inerte, tenho medo até de respirar e causar mais fúria naqueles homens que não consigo ver
os rostos... que agonia!

Se revezam. Estão me rasgando inteira: são mordidas nos ombros, nas costas e vários outros lugares de
meu corpo. Estão rasgando todo o tecido de meu corpo... minhas pernas já não são sentidas por mim,
pois estão adormecidas e doloridas pela posição incômoda na qual me encontro... minha barriga e
estômago estão sendo comprimidos contra o balcão de mármore frio... e não posso me virar... Meu Deus,
me ajuda, peço mentalmente num fiasco de pensamento lúcido que transpassa minha mente nesse
momento. Sinto vontade súbita de vomitar... a mistura dos odores desses monstros com o suor, com
certeza, será inesquecível; e saberei distingui-lo sempre, porque ficará impregnado em minha pele, em
meus sentidos, em minhas carnes, em minha alma. O som das vozes dos meus algozes também serão
guardadas em minha mente para sempre! Estão violando meu corpo e minha alma; estão marcando a
ferro e brasa o mais íntimo de meu ser.

Aperto os olhos para ter certeza que é pesadelo, mas abro-os e vejo que o pesadelo não acabou, é real...
estou desfalecendo... sinto que minha consciência está me abandonando e meu corpo já não me ajuda a
tentar me concentrar! Nesse momento, sinto que estou perdendo os sentidos com os sons, ao fundo, dos
gemidos loucos, vorazes e sórdidos de meus algozes totalmente insensíveis que insistem em impregnar
minha mente... mas luto para não perder os sentidos... preciso ver quem são, se conseguir viver....

Mas não consigo me virar!

Quero acordar desse pesadelo! Como faço isso?

Estou suada, tremendo, com medo, com raiva, com tristeza, com solidão, sem ajuda, sem ninguém
próximo para me acalmar nessa agonia vivenciada...

De repente, no ápice de todo o inferno vivido, acordo e percebo que tive o mesmo pesadelo que me
acompanha há mais de nove anos. As lembranças povoam meu subconsciente e meu consciente não
quer acreditar que tudo é parte de um passado!

Que bom que acordei!

Mas por que não me livro daquelas imagens e de todo o ocorrido? Por que sempre revivo como se fosse
agora toda aquela invasão do meu íntimo? Por que, meu Deus?

Sim, sou vítima de estupro e acabei de acordar de mais um pesadelo que me faz reviver tudo aquilo. Não
desejo esse terror a ninguém; a ninguém mesmo! Mas, por Deus, meu mundo caiu e jamais conseguiu se
reerguer. Minha auto-estima; auto-confiança; alegria; segurança; enfim... todo o meu ser... a mulher que
deveria existir em mim... tudo, mas tudo mesmo, foram esmagados naquele dia. Tornei-me um eco do
que fui um dia! Me tornei o resultado daquele momento! Conseguiram, de fato, acabar comigo e me
enterrar em vida...

Sofro aqueles mesmos sentimentos a cada pesadelo que tenho; a cada sensação vívida dos odores
fétidos dos monstros que um dia fizeram minha alma sair de meu corpo para sempre; a cada vômito
involuntário que me acomete; à insônia que me atormenta, ante o temor de dormir sem me sentir em
segurança; e o sentimento terrível de me sentir suja, muito suja, e de correr ao banheiro para tentar tomar
o banho que me liberte de toda essa sujeira, mas não consigo me limpar jamais... porque minha alma é
que está imunda pelo ataque devastador daqueles monstros!

Você também pode gostar