Resenha Crítica A Cruel Pedagia Do Virus

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Reflexões sobre a Educação na Pandemia

SANTOS, Boaventura de Souza. A Cruel Pedagogia do Vírus. Coimbra.

SINDICATO DOS PROFESSORES MUNICIPAIS NOVA HAMBURGO. Conversa


com António Nóvoa - A Educação em tempos de pandemia (Covid-19 / Coronavírus),
06/04/2020. Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=fnf7i_dpfio&feature=emb_logo>. Acesso em: 05 ago. 2020.

Boaventura de Sousa Santos é Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia


da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da
Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É
igualmente Director Emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e
Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça.
De 2011 a 2016, dirigiu o projecto de investigação ALICE - Espelhos estranhos, lições
imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo,
um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais
prestigiados e competitivos financiamentos internacionais para a investigação científica de
excelência em espaço europeu.

António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa é um professor universitário


português, doutorado em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra
(Suíça) e História Moderna e Contemporânea pela Sorbonne (Paris). Atualmente, é
professor catedrático e reitor honorário do Instituto de Educação da Universidade de
Lisboa (Portugal). É autor de mais de 150 publicações, dentre as suas investigações
e interesses estão história e psicologia da educação, educação comparada, e
formação de professores. Algumas de suas obras são: Os Professores e as Reformas de
Ensino na Viragem do Século 1886-1906. Porto: Edições ASA, 1993; Organizações
Escolares em Análise. Amadora: Dom Quixote, 1995; A Difusão Mundial da Escola. Lisboa:
EDUCA, 2008.

O texto que vamos resenhar agora, foi escrito recentemente em meio a pandemia.
Boaventura escreve um texto longo acerca da situação do novo Coronavírus, porém dando
ênfase a todo contexto que gerou a essa pandemia e tantas outras crises a partir da
emancipação do neoliberalismo. Ele discorre o texto evidenciando os muitos males gerados
pelo capitalismo, mercado, patriarquismo e colonialismo. Enumera os que mais sofrem com
as medidas de segurança e prevenção contra o vírus e faz críticas a algumas afirmações
que são feitas a China. O autor desenvolve o texto em cinco capítulos bem divididos em
seus assuntos.
No primeiro capítulo o autor Boaventura de Souza Santos traz o conceito de Crise, achei
fantástico a explicação quando esta é passageira e quando é permanente e, como muda a
ordem dos fatores de uma para outra. E aqui ele faz uma afirmação muito forte: “por causa
da política neoliberal sempre estamos em crise”. Ainda neste capítulo a ideia de quem
mundo não pode parar é colocada em dúvida, o que parecia impossível em um mundo
dominado pelo sistema econômico capitalista acontece, pessoas em casa, fábricas paradas
ou funcionando parcialmente, não podemos deixar de evidenciar a recuperação ecológica
que está acontecendo neste momento, em que há menos pessoas circulando e consumindo
coisas desnecessárias, frequento lugares maravilhosos e ao mesmo tempo o destruindo,
contaminando e tirando a real pureza e beleza da paisagem, e claro, a atmosfera quão
melhor ela está. É tempo de parar e refletir quão males temos feito ao lugar onde
habitamos.
No segundo capítulo Santos faz críticas aos debates políticos por não intermediarem as
ideologias com as necessidades do povo, faz-se essa mediação com mercado. Porém
nesta pandemia foi necessário dar atenção às necessidades do povo, pois estas ficaram
ainda mais evidente com o vírus, não só isso, elas foram potencializadas.
No terceiro capítulo o escritor Boaventura faz uma análise de alguns grupos que tiveram
suas dificuldades agravadas com a quarentena - mulheres, trabalhadores autônomos,
trabalhadores de rua, moradores, periféricos, idosos - e levanta alguns questionamentos.
Muitos problemas sociais foram intensificados, principalmente para os grupos vulneráveis
da sociedade. Estás já enfrentavam em tempos de “normalidade” a fome, violência,
desemprego, falta de saneamento básico, falta do mínimo necessário para viver com
qualidade de vida, surge em suas vidas uma lei, uma ordem para ficarem em casa, em
isolamento. A quarentena não trouxe novos problemas, com ela pode ter aumentado a
injustiça e ter reforçado as dificuldades já existente, mas contudo ela tornou visível aquilo
que boa parte da sociedade “finge” não ver.
No capítulo quatro inicia com um questionamento interessante, o que o vírus nos ensinou?
Aqui eu abro um “parênteses” para dizer que neste momento eu entendi o título e propósito
do texto, por causa do título imagine que fosse um texto voltado a educação, um assunto
aliás, pouco explorado pelo autor. Entre os ensinamentos Santos cita que existem outras
crises (ecológicas, climáticas) que não são vistas como um problema a ser resolvido de
imediato, como se buscou medidas para o coronavírus. Outra lição é que o Covid-19 não
faz acepção de pessoas, não age com discriminação, porém as medidas de prevenção ao
vírus, essas sim discriminam.
Por fim ele traz um olhar, quem sabe uma esperança para o futuro na sua perspectiva. Ele
escreve que a pandemia e a quarentena estão a revelar novas alternativas, novos modos
de viver que a sociedade pode adaptar-se. Boa ventura ainda afirma que o modo de vida
que domina o mundo hoje, não evita novas pandemias que podem ser muito mais
desastrosas que a atual. Ele deixa entender que o capitalismo é o grande mal da sociedade,
este colocou o mundo em uma terrível quarentena, ao nos livrarmos do capitalismo nos
livraremos das quarentenas provocadas por pandemias.
O texto traz umas reflexões importantes para concordar e discordar. Enfim trará mais
resultado ao meu ver ler e refletir o texto e relacionar a reflexão a tudo que temos visto e
vivido e depois ir para as redes sociais comentar sobre ou até mesmo entre as pessoas
fisicamente, do que inverter a ordem. Estou certo que o texto nos faz ver melhor o que está
acontecendo e como está acontecendo. Com uma boa leitura reflexão o leitor terá um
melhor argumento e quem sabe passa a ter postura e posicionamento em meio a isso tudo.
Apesar de todas essas boas contribuições o autor foca no capitalismo como o mal maior de
tudo isso. Talvez seja esse o seu objetivo com o texto, que no fim o leitor entenda que
outras alternativas de sistema econômico e modos de vida sejam considerados, já que
neste atual, tantas crises são causadas. Neste assunto em específico não tenho esperança
que vai melhorar, por mais que eu queira que melhore. Por mais que não somos e nem
devemos ser imparciais naquilo de escrevermos e ensinarmos, Boaventura foi um pouco
tendencioso (para não dizer muito) com os comentários aos governos de direita e também
quanto ao mercado.
Por mais que ele criticou os intelectuais escritores contemporâneos de não escrever ao
povo, o seu texto também não foi, ao menos não no Brasil, um texto extenso em que ele
percorre um caminho longo para chegar em seus objetivos, não chamará atenção de
muitos, a não ser dos próprios intelectuais.
Já no vídeo o assunto já é específico a educação e, o professor e palestrante António
Nóvoa diz que neste momento difícil não deve (e escola) abandonar seus alunos, há
sempre alguma coisa a fazer. Já deixo aqui minha reflexão, percebo muitos pais
reclamando sobre as atividades que são passadas aos seus filhos pela escola e dizem que
seria melhor não ter nada, pois eles (os pais ou responsáveis) não tem tempo,
conhecimento e nem paciência para auxiliar seus filhos em suas atividades. Concordo que
talvez a maneira como está sendo feito pode melhorar e buscar outras alternativas, que
sejam menos discriminativas e mais acessíveis a Todos. Porém, se sacola não fizesse
nada, esses mesmos que reclamam, a condenaria.
O que o professor enfatiza no vídeo é, utilizarmos de todos os meios possíveis para manter
relacionamento da escola com os alunos, por meio de plataformas digitais, televisão,
entregar o material na casa dos alunos, criar outras alternativas se necessário. Sempre com
alvo mais forte nas crianças carentes, mais pobres e vulneráveis, porque as crianças de
melhor condição vão ter como estudar.
Outro assunto fortemente dito pelo professor é que essa situação atual e de anormalidade e
quando essa situação passar (vai passar) e voltar a "normalidade" o ensino presencial deve
voltar com toda força. E devemos tomar muito cuidado para essas medidas em tempos de
anormalidade se tornem "normais", se tornem alternativas de ensino tanto para escola
pública quanto para a universidade pública.
Vídeo curto e interessante e fortemente argumentado, dá-se um ótima base para reflexão e
discussão sobre a situação da escola durante e pós pandemia.

Alexsandro Ramos de Carvalho. Licenciado em Geografia pelo Ifes-Campus Nova


Venécia.
E-mail: alexrccarvalho@gmail.com

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