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Estaca de Lauraceae

sítio Jabuticabeira II
Você sabia?
Através da Antracologia, o estudo dos carvões, podemos
ter informações sobre as práticas rituais do passado.

Quer saber mais? Então venha


conhecer mais sobre isso no
sambaqui Jabuticabeira-II!
Jabuticabeira-II

O sítio arqueológico Jabuticabeira-II fica no município de


Jaguaruna, no litoral sul de Santa Catarina.

Apesar de ter sido muito destruído no passado por conta


da exploração de cal, ele possui grandes dimensões, com
uma superfície que chega a 400 m e cerca de 8 m de
altura.

Ele é formado por uma série de camadas alternadas de


conchas e sedimentos que contêm artefatos, restos de
fauna e fragmentos de carvões e cinzas de antigas
fogueiras.
Você sabia?
Foram as pesquisas no sambaqui Jabuticabeira-II
que primeiro levantaram a hipótese de construções
inteiramente rituais para esses sítios! Bacana, né?

Como vocês já devem ter visto por aqui (se não, é só conferir
nossas postagens!) os sambaquis são monumentos funerários
construídos por populações que ocuparam a costa do Brasil
durante milhares de anos antes dos nativos que aqui viviam à
época da chegada dos colonizadores.
Jabuticabeira II
servia como um espaço de sepultamento
dos membros da comunidade.

Os rituais que envolviam esses sepultamentos eram


organizados previamente, com a reunião de materiais e
confecção de artefatos e estruturas específicas, como as
estacas. Durante esses rituais, banquetes funerários
eram realizados em homenagem aos ancestrais.

Dessa maneira, a área do sepultamento era preparada


para receber os corpos com adornos e oferendas que eram
colocadas junto aos mortos. Em seguida a área era cercada
pelas estacas e posteriormente coberta por camadas de
conchas e outros materiais.

Ao longo de todo o ritual, Por isso, devido à proximidade


banquetes eram realizados entre as estacas e as
em áreas próximas. fogueiras, algumas dessas
estacas podiam ser
Fogueiras eram acesas na queimadas, intencional ou
área do sepultamento. acidentalmente.
Escavações
Durante as escavações arqueológicas,
muitos carvões de uma dessas estacas
queimadas foram coletados e analisados
no microscópio. Todos os fragmentos de
carvão identificados pertencem ao
gênero Ocotea, da família Lauraceae,
plantas conhecidas como canelas!

A família das Lauraceae inclui cerca de


Fig. 1. Aspecto da escavação no Sambaqui 2.500 espécies agrupadas em cerca de 50
Jabuticabeira-II, ilustrando uma área funerária
com sepultamentos e buracos de estaca. gêneros, dos quais 25 ocorrem no Brasil.

Destaca-se na composição florística de diversas vegetações nativas, sendo


geralmente árvores e arbustos aromáticos, fortemente presente na Região Sul.

A madeira das canelas é muito resistente e duradoura, aspectos que


provavelmente foram levados em consideração na escolha desta árvore para a
confecção da estaca. Como os rituais funerários eram centrais na cultura
sambaquiana, é provável que todo o material que integrava as cerimônias
tenha sido escolhido criteriosamente.
Além disso, todo mundo conhece o
cheiro que as canelas exalam, não é?
Talvez os sambaquianos quisessem esses
aromas em suas cerimônias funerárias!
As estacas eram posicionadas bem próximas
às fogueiras, ficando sujeitas à ação do
calor, o que provocaria a liberação de um
bom cheiro por conta da volatilização de
óleos essenciais presentes na madeira das
canelas.

A importância desta estrutura pode estar relacionada


tanto à necessidade de permanência, atuando como um
marco espacial do sepultamento, quanto a um elemento
de sustentação que poderia estar ligado à prática de
oferendas.
As plantas
As plantas desempenham importante papel para diversas culturas humanas
desde tempos muito antigos, servindo como fonte variada e abundante de
suprimentos que pode ser empregada em um universo infinito de aplicações
como:

alimentação e fabricação de
construção artefatos

transformação de
matérias-primas ritual
Para não esquecer
Há uma impressão errada de que o universo vegetal seria secundário em
relação a atividades de caça e pesca, porém os vegetais fizeram parte do
universo humano no passado de modo muito intenso. A escolha de
determinadas plantas para um uso específico não estão ligadas somente à
sua funcionalidade, mas também a fatores simbólicos.

Assim, é possível entender melhor a importância das plantas não


somente como fonte de subsistência e produção de artefatos, mas
também em questões simbólicas que regem as escolhas de grupos
culturais, como apresentamos no sítio
Jabuticabeira-II
Quem produziu
esse conteúdo?
Matheus Alexssander
Integrante do LAP e graduando
em História da Universidade
Federal do Rio de Janeiro

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