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REGRAS DE FÉ

TA LMAGE
UM ESTUDO DAS
REGRAS DE FÉ

Consideração das Principais Doutrinas de


A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias

Por
JAMES E . TALMAGE
Um dos Doze Apóstolos da Igreja

Publicado Por
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
São Paulo
Do original inglês

A Study of the
Articles of Faith

Being a consideration of the Principal


Doctrines of the Church of Jesus Christ
of Latter-day Saints

Traduzido em língua portuguesa


pela primeira vez em 1954

Todos os direitos reservados

por

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias


COPYRIGHT 1950

pela Corporação do Presidente de


A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
PREFÁCIO
À DÉCIMA SEGUNDA EDIÇÃO

A 19 edição deste livro, Regras de Fé, apareceu em 1899 . Des-


de aquele tempo, 11 edições foram publicadas em inglês e foram fei-
tas traduções para as línguas alemã, holandesa e japonesa . As edi-
ções em inglês compreendem publicações separadas nos Estados
Unidos e Inglaterra.
O assunto em questão como foi apresentado e primeiramente
impresso, era virtualmente a substância de ensinamentos apresenta-
dos nas aulas de teologia na Universidade da Igreja e em outras es-
colas, e cada uma das divisões principais do livro era designada
"LEITURA" . Na presente edição a correspondente palavra é cha-
mada "CAPITULO ".
Esta décima-segunda edição apresenta o assunto de uma forma
aperfeiçoada, aumentada e revisada, e em parte reescrita . As "refe-
rências" que seguem os vários capítulos apresentam importantes
passagens das Escrituras, relativas aos respectivos tópicos, mas sem
atingir umá exaustiva compilação . Algumas referências, relevantes
ao assunto em questão, poderão ser de maior valia do que urna con-
cordância. O "APÊNDICE" compõe-se das notas, com várias adi-
ções e outras mudanças, que seguiram cada capítulo nas edições
precedentes.
O autor expressa o seu apreço pela eficiente colaboração de vá-
rios colegas, na verificação das referências, citações e outros deta-
lhes correlatos. Agradece a valiosa colaboração dada através da re-
visão do livro, pelo Élder J. M. Sjodahl, do Escritório do Historia-
dor da Igrejá. A esperançosa oração do escritor é que o livro possa
ser um incentivo e um guia útil à investigação do Evangelho do Se-
nhor Jesus Cristo.

James E. Talmage

Salt Lake City, 19 de Fevereiro de 1924


INDICE
CAPITULO PÁGINA
1 INTRODUÇÃO 11-34
Um Estudo das Regras de Fé — Teologia — A impor-
tância do Estudo Teológico — A Extensão da Teologia
— A Teologia e a Religião — Regras de Fé — As Obras-
-Padrão da Igreja — Joseph Smith, o Profeta — Sua
Filiação e Juventude — Sua Procura da Verdade e o
Resultado — Visitas Celestiais — Acontecimentos Poste-
riores : o Martírio — A Autenticidade da Missão de
Joseph Smith.
2 DEUS E A SANTISSIMA TRINDADE . (REGRA 1) 35-54
A Existência de Deus — A Trindade — Unidade da
Trindade — A Personalidade de cada um dos Membros
da Trindade — Alguns Atributos Divinos — Idolatria e
Ateísmo — Conceitos Sectários da Trindade.
3 A TRANSGRESSÃO E A QUEDA . . . . (REGRA 2) 55-74
O Livre-Arbítrio do Homem — A Responsabilidade do
do Homem — O Pecado — O Castigo pelo Pecado —
A Duração do Castigo — Satanás — Nossos Primeiros
Pais no Éden — A Tentação — A Arvore da Vida
— O Resultado Imediato da Queda — Provê-se uma
Expiação — A Queda Não se Verificou por Casualidade
4 EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO (REGRA 3) 75-93
A Expiação de Cristo — A Natureza da Expiação —
A Expiação Foi um Sacrifício Vicário — O Sacrifício
de Cristo Foi Voluntário e Inspirado pelo Amor — A
Expiação Foi Preordenada e Predita — A Extensão da
Expiação — O Efeito Geral da Expiação — O Efeito
Individual da Redenção — Salvação e Exaltação —
Graus de Glória.
5 FÉ E ARREPENDIMENTO (REGRA 4) 94-115
A Natureza da Fé — Crença, Fé e Conhecimento — O
Fundamento da Fé — A Fé, um Princípio de Poder —
Uma Condição de Fé Efetiva — A Fé É Essencial à
Salvação — A Fé É um Dom de Deus — Fé e Obras —
Natureza do Arrependimento — O Arrependimento É
Essencial para a Salvação — O Arrependimento É um
Dom de Deus — Nem sempre É Possível o Arrependi-
mento — O Arrependimento Nesta Vida e na Próxima .

6 REGRAS DE FÉ

6 O BATISMO (REGRA 4) 116-130


A Natureza do Batismo — A Instituição do Batismo —
O Objetivo Especial do Batismo — A Evidência Bíblica
— Candidatos Aptos para o Batismo — O Batismo de
Criancinhas —O Batismo É Essencial para a Salvação.
7 O BATISMO — Continuação (REGRA 4) 116-130
A Importância do Método Apropriado na Administra-
ção da Ordenança — Origem da Palavra "Batizar" —
O Simbolismo do Rito Batismal — A Autoridade das
Escrituras — A Tradição Histórica — O Batismo entre
os Nefitas — O Batismo nos Últimos Dias — A Repe-
tição da Ordenança Batismal — Os Rebatismos Regis-
trados nas Escrituras — O Batizar Repetidamente a mes-
ma Pessoa — O Batismo É Exigido de Todos — Muitos
ainda Não Conhecem o Evangelho — O Evangelho Pre-
gado aos Mortos — A Obra dos Vivos pelos Mortos —
Os Pais e os Filhos São Mutuamente Dependentes —
Templos ou Outros Lugares Sagrados — Os Templos
nos Últimos Dias.
8 O ESPIRITO SANTO (REGRA 4) 149-161
A Promessa do Espírito Santo — A Pessoa e os Poderes
do Espírito Santo — O Ofício do Espírito Santo — A
Quem É Concedido o Espírito Santo — Dons do Espírito.
9 O SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR) 162-168
(REGRA )4
O Sacramento — A Instituição do Sacramento entre os
Nefitas — Participantes Dignos — O Propósito do Sa-
cramento — Os Símbolos Sacramentais — A Maneira
de Administração.
10 AUTORIDADE DO MINISTÉRIO . . (REGRA 5) 169-186
Exemplos das Escrituras — A Ordenação dos Homens
para o Ministério — Oficiar Desautorizadamente —
Mestres Legítimos e Falsos — A Autoridade Divina na
Dispensação Atual — Preordenação — A Preordenação
Não Implica em Compulsão — A Preexistência dos
Espíritos.
11 A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO 187-202
(REGRA 6)

INDICE 7

A Igreja Primitiva — A Apostasia da Igreja Primitiva


— A Restauração da Igreja — Ordens e Ofícios do Sa-
cerdócio — Deveres Especiais do Sacerdócio : Diáconos,
Mestres, Sacerdotes — Élderes, Setentas, Sumos Sacer-
dotes — Os Patriarcas ou Evangelistas — Os Apóstolos
— A Primeira Presidência — O Quorum dos Doze Após-
tolos — A Presidência do Primeiro Quorum dos Setenta
— O Bispado Presidente — As Organizações Locais
do Sacerdócio — O Bispado — As Organizações Auxi-
liares da Igreja.
12 DONS ESPIRITUAIS (REGRA 7) 203-219
Os Dons Espirituais Caracterizam a Igreja — Natureza
Desses Dons — Milagres — Enumeração Parcial dos
Dons — O Dom de Falar e Interpretar Línguas - O
Dom da Cura — As Visões e Sonhos — O Dom da
Profecia — Revelação — O Testemunho de Milagres -
- Imitações de Dons Espirituais — Os Dons Espirituais
na Igreja Hoje em Dia.
13 A BIBLIA (REGRA 8) 220-235
Nossa Aceitação da Bíblia — O Nome "Bíblia" — Sua
Origem e Desenvolvimento — A Linguagem do Antigo
Testamento — A Septuaginta e o Peshito — A Recom-
pilação Atual — Os Livros da Lei — Os Livros His-
tóricos, Poéticos, dos Profetas e Apócrifos — O Novo
Testamento : Sua Origem e Autenticidade — As Primei-
ras Versões da Bíblia — A Legitimidade da Bíblia —
Testemunho do Livro de Mórmon Relativo à Bíblia.
14 O LIVRO DE MÓRMON (REGRA 8) 236-251
O Que É o Livro de Mórmon? — A Página-Título do
Livro de Mórmon — As Principais Divisões do Livro —
A Nação Nefita e Jaredita — As Placas do Livro de
Mórmon — As Placas de Néfi — O Resumo de Mór-
mon — O Propósito do Senhor — A Ordem do Livro
de Mórmon — A Autenticidade do Livro de Mórmon
— O Depoimento de Três Testemunhas — O Depoi-
mento das Oito Testemunhas.
15 O LIVRO DE MORMON — Continuação 252-271
(REGRA 8)
Sua Autenticidade — O Livro de Mórmon e a Bíblia

8 REGRAS DE FÉ

— Profecias Concernentes ao Livro de Mórmon — Con-


formidade Interna — O Livro de Mórmon É Confir-
mado pelo Cumprimento de todas as Profecias que Con-
tém — Evidências Corroborativas que as Descobertas
Modernas Apresentam.
16 REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 272-286
(REGRA 9)
Revelação e Inspiração — Comunicação de Deus ao
Homem — A Revelação em Tempos Antigos — O Pró-
prio Cristo Foi um Revelador — A Revelação Contí-
nua É Necessária — Objeções Alegadas às Escrituras
— Revelação nos Últimos Dias - Revelação ainda
Futura.
17 A DISPERSÃO DE ISRAEL (REGRA 10) 287-298
Israel — A Dispersão de Israel Foi Predita — Profecias
Bíblicas — Predições do Livro de Mórmon — O Cum-
primento Dessas Profecias — As Tribos Perdidas.
18 A COLIGAÇÃO DE ISRAEL (REGRA 10) 299-312
A Coligação Foi Predita — Profecias Bíblicas Refe-
rentes à Coligação — Profecias do Livro de Mórmon
— Revelação dos Últimos Dias sobre a Coligação —
Extensão e Propósito da Coligação — Israel, o Povo
do Convênio — A Restauração das Tribos Perdidas.
19 SIÃO (REGRA 10) 313-322
Dois Lugares de Reunião — O Título "Sião" — Je-
rusalém.
20 O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA . . . 323-338
(REGRA 10)
O Primeiro e Segundo Adventos — A Segunda Vinda
de Cristo e Seus Sinais ; Profecias Bíblicas; Profecias
do Livro de Mórmon — A Revelação Moderna — O
Tempo Exato da Vinda de Cristo ; O Reinado de Cris-
to ; Reino e Igreja — O Milênio.
21 REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO (REGRA 10) 339-356
A Terra sob Anátema — A Regeneração da Terra —
A Ressurreição dos Mortos — Profecias sobre a Res-
surreição — Duas Ressurreições Gerais : A Primeira,
Ressurreição de Cristo ; a Segunda, no Tempo da Se-
gunda Vinda de Cristo .

ÍNDICE

22 LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA . . . . 357-372


(REGRA 11)
q Direito do Homem de Adorar sem Restrição — Que
É Adoração? Intolerância Religiosa — As Escritu-
ras Não Autorizam a Intolerância — Tolerância Não
Significa Aceitação — O Homem É Responsável por
Seus Atos — Glórias Graduadas : Celeste, Terrestre e
Teleste — Interdependência entre os Reinos — Os Fi-
lhos de Perdição.
23 OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE SECULAR 373-387
(REGRA 12)
As Escrituras Requerem Obediência à Autoridade — O
Exemplo que Cristo e os Apóstolos Deram — Ensina-
mentos dos Apóstolos — Os Ensinamentos do Livro
de Mórmon — As Revelações dos Últimos Dias — Os
Ensinamentos da Igreja.
24 RELIGIÃO PRATICA (REGRA 13) 388-410
Religião da Vida Diária — A Amplitude de Nossa Fé
— Benevolência — Obras de Assistência da Igreja —
Ofertas Voluntárias — As Ofertas de Jejum — Dízimos
— Consagração e Mordomia — A Mordomia da Igre-
ja — Ordem Social dos Santos — Matrimônio — As
Relações Ilícitas dos Sexos — A Santidade do Corpo
— O Dia do Sábado.
APÊNDICE — NOTAS REFERENTES AOS CAPÍTU-
LOS ANTERIORES 411-498
TÍTULOS DE LIVROS E ABREVIAÇÕES
USADOS EM NOTAS E REFERENCIAS

LIVROS DA BÍBLIA SAGRADA SÃO DESIGNADOS PELAS


ABREVIATURAS USUAIS

LIVROS DO LIVRO DE MÓRMON SÃO GERALMENTE


NOMEADOS SEM ABREVIAÇÕES

D . & C. INDICA O LIVRO DE DOUTRINA E CONVÉNIOS E SUAS


DIVISÕES SÃO CHAMADAS SEÇÕES
E VERSÍCULOS

P . DE G . V. INDICA O LIVRO PÉROLA DE GRANDE VALOR.


OS LIVROS COMPONENTES DO MESMO SÃO NOMEADOS
SEM ABREVIAÇÃO

HIST. OF THE CH. REFERE-SE À HISTÓRIA DA IGREJA DE JE-


SUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOIS DIAS, PUBLICADA
EM SEIS VOLUMES PELA IGREJA, EM SALT LAKE CITY, UTAH
UM ESTUDO DAS REGRAS DE

Capítulo 1
INTRODUÇÃO

Regras de Fé
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

1
Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em seu Filho Jesus Cristo,
e no Espírito Santo .
2
Cremos que os homens serão punidos pelos seus próprios
pecados e não pela transgressão de Adão.
3
Cremos que por meio do sacrifício expiatório de Cristo
toda a humanidade pode ser salva pela obediência às leis e orde-
nanças do evangelho .
4
Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do evan-
gelho são : primeiro, fé no Senhor Jesus Cristo ; segundo, arre-
pendimento, terceiro, batismo por imersão, para remissão dos
pecados ; quarto, imposição das mãos para o dom do Espírito
Santo .
5
Cremos que um homem deve ser chamado por Deus, pela
profecia e pela imposição das mãos, por quem possua autorida-
de, para pregar o evangelho e administrar as suas ordenanças .

12 REGRAS DE FÉ

6
Cremos na mesma organização existente na Igreja Primiti-
va, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres, evangelistas
etc .

7
Cremos no dom de línguas, profecia, revelação, visões,
cura, interpretação de línguas, etc.

8
Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja corre-
ta sua tradução ; cremos também ser o Livro de Mórmon a pala-
vra de Deus .

9
Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o que
ele revela agora e cremos que ele ainda revelará muitas grandes e
importantes coisas pertencentes ao Reino de Deus.
10
Cremos na coligação literal de Israel e na restauração das
Dez Tribos ; que Sião será construída neste continente (o ameri-
cano) ; que Cristo reinará pessoalmente sobre a terra, a qual se-
rá renovada e receberá a sua glória paradisíaca.

11
Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso
de acordo com os ditames de nossa consciência e concedemos a
todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como,
onde, ou o que quiserem .

12
Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores e
magistrados, na obediência, honra e- manuténção da lei .

TEOLOGIA 13

13
Cremos em ser honestos, verdadeiros, castos, benevolentes,
virtuosos, e em fazer o bem a todos os homens ; na realidade,
podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo - Cre-
mos em todas as coisas e confiamos em todas as coisas, temos
suportado muitas coisas e confiamos na capacidade de tudo su-
portar . Se houver qualquer coisa virtuosa, amável ou louvável,
nós a procuraremos . — JOSEPH SMITH.

TEOLOGIA

• A palavra "Teologia" é de origem grega ; vem de Theos,


que significa Deus, e "logos", tratado, discurso, significando
por derivação conhecimento comparado de Deus, ou a ciência
que nos ensina sobre Deus ; compreende também a relação que
há entre Ele e suas criaturas . Este termo é de uso antigo e pode-
se-lhe atribuir origem pagã . A Teologia, segundo Platão e Aris-
tóteles, é a doutrina da deidade e das coisas divinas.
Há quem opine que o conhecimento teológico não é um
tema que se preste a uma consideração analítica ou científica
por parte do homem ; e como um conceito verdadeiro de Deus,
que é o tema principal da teologia, deve necessariamente ba- .
sear-se em revelação divina, não podemos receber este conhe-
cimento senão conforme o que graciosamente nos é concedido.
O querer levar a cabo uma investigação minuciosa sobre Ele,
mediante os poderes falíveis da razão humana, seria o mesmo
que aplicar aos atos de Deus, como padrão de medida, a total-
mente inadequada sabedoria do homem . Há muitas verdades
que estão além do alcance da simples razão humana e tem-se
afirmado que os atos teológicos entram nessa categoria . Isto é
certo, porém, só até onde se possa aplicar a mesma classifica-
ção a outras verdades, à parte as teológicas, na acepção limita-
da da expressão, porque toda verdade, sendo eterna, é superior
à razão, no sentido de que se manifesta à razão mas não é um
produto dela . Não obstante, as verdades devem ser analisadas e
comparadas pelo exercício do raciocínio .

14 REGRAS DE FÉ

A IMPORTÃNCIA DO ESTUDO TEOLÓGICO


É impossível que o homem investigue minuciosamente, du-
rante o curto lapso da existência mortal, parte considerável
do extenso campo do conhecimento . Cabe, portanto, à sabe-
doria orientar nossos esforços para a investigação do campo
que ofereça os resultados de maior valor . Toda verdade tem va-
lor, inestimável valor . Não obstante, quanto a sua possível apli-
cação, algumas verdades são de valor incomparavelmente
maior que outras . O conhecimento dos princípios comerciais é
essencial para o êxito do negociante ; do marinheiro se exige
que conheça as leis da navegação ; ao agricultor é indispensável
estar familiarizado com a relação que existe entre a terra e as
colheitas ; a compreensão dos princípios da matemática é ne-
cessária ao engenheiro e ao astrônomo . Da mesma forma, o co .
nhecimento pessoal de Deus é essencial à salvação de toda
alma humana que tenha atingido os poderes de julgamento e
arbítrio . O valor do conhecimento teológico não deve, portan-
to, ser desprezado . Duvida-se que sua importância possa ser
exagerada .

A EXTENSÃO DA TEOLOGIA
Os limites máximos da ciência, se é que ela tem limites, su-
peram a capacidade de observação do homem . A Teologia trata
de Deus, o manancial de conhecimento, a fonte de sabedoria;
das provas da existência de um Ser Supremo e de outras perso-
nalidades sobrenaturais ; das condições sob as quais ou por
meio das quais a revelação divina é concedida ; dos eternos
princípios que regem a criação dos mundos ; das leis da nature-
za em suas múltiplas manifestações . A teologia é, principalmen-
te, a ciência que trata de Deus e da religião ; apresenta os fatos
da verdade observada e revelada em ordem metódica e indica
os meios de aplicá-los aos deveres da vida . A teologia, pois,
prende-se a outros fatos além dos que são especificamente cha-
mados espirituais ; sua esfera é a da verdade.
As atividades industriais que beneficiam o gênero humano,
as artes que agradam e refinam, as ciências que desenvolvem e
enobrecem a mente — são apenas fragmentos do grande, mas

TEOLOGIA 15

ainda incompleto, volume de verdades que veio à terra, provin-


do de uma fonte eterna e inexaurível . Um estudo completo da
teologia, por conseguinte, abraçaria todas as verdades conheci-
das . Deus constitui-se a si mesmo como o grande mestre ; por
manifestações pessoais, ou pelo ministério de seus servos esco-
lhidos, Ele instrui seus filhos mortais . A Adão Ele mostrou a
arte da agricultura' e demonstrou a arte de fazer roupas ;2 ins-
truiu a Noé e a Néfi quanto à construção de barcos ;' Léhi e Néfi
aprenderam d'Ele a arte da navegação ;' e para que se guiassem
sobre as águas e em suas viagens por terra, preparou-lhes a
Liahona,' uma bússola que funcionava por meio de uma in-
fluência mais eficaz para seus fins do que o magnetismo terres-
tre ; além disso, Moisés recebeu instruções sobre arquitetura.6

A TEOLOGIA E A RELIGIÃO

Teologia e Religião, apesar de se relacionarem, não são


idênticas . Pode-se estar bem versado em conhecimentos teoló-
gicos e, não obstante, carecer-se de um caráter religioso e quiçá
moral . Se a teologia é uma teoria, a religião é uma prática ; se a
teologia é o preceito, a religião é o exemplo . Uma deve ser o
complemento da outra. O conhecimento teológico deve fortale-
cer a fé e a prática religiosa. Como aceita pelos Santos dos Últi-
mos Dias, a teologia compreende o plano do Evangelho de Je-
sus Cristo em sua totalidade . Como ciência, compreende o co-
nhecimento classificado e comparado que se refere à relação
entre Deus e o homem, principalmente no que apela ao intelec-
to, enquanto a religião inclui a aplicação daquele conhecimen-
to, ou crença genuína, ao curso individual da vida.

REGRAS DE FÉ

Costuma-se expressar em credos formulados as crenças e


práticas determinadas pela maioria das seitas religiosas . Os San-
tos dos Últimos Dias não apresentam tal credo como um código

1, Gên . 2 :8 ; P. de G . V., Moisés 3:15 . 2, Gên . 3 :21 ; P. de G . V ., Moisés 4 :27 . 3, Gén.


6 :14 ; 1 Néfi 17 :8, 18 :1-4 . 4, 1 Néfi 18 :12, 21 . 5, 1 Néfi 16:10, 16, 26-30 ; 18 :12, 24 ; Alma
37 :38 . 6, Ex. caps . 25, 26 c 27 .

16 REGRAS DE FÉ

completo de sua fé, porque aceitam o princípio da revelação


contínua como característica essencial de sua crença . Joseph
Smith, o primeiro profeta divinamente comissionado è o pri-
meiro presidente de A Igreja de Jesus Cristo nos últimos dias,
ou seja, na dispensação atual, apresentou como um epítome
(resumo) dos dogmas da Igreja as treze declarações conhecidas
como "As Regras de Fé de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Ultimos Dias" . Tais regras encerram doutrinas fundamen-
tais e características do evangelho, tal como esta Igreja o ensi-
na, mas não devem ser consideradas como uma exposição com-
pleta da crença porque, como declara a regra 9 : "Cremos em
tudo o que Deus tem revelado, em tudo o que Ele revela agora
e cremos que Ele ainda revelará muitas grandes e importantes
coisas pertencentes ao Reino de Deus" . Desde o dia em que
pela primeira vez foram promulgadas, o povo aceitou as Regras
de Fé como declaração autorizada e a 6 de outubro de 1890 os
Santos dos Ultimos Dias, reunidos em Conferência Geral, ado-
taram as Regras como guia de fé e conduta .' Em vista de estas
Regras de Fé apresentarem doutrinas importantes da Igreja em
ordem sistemática, prestam-se como um esboço conveniente
para se fazer um estudo da teologia da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Ultimos Dias.
AS OBRAS-PADRÃO DA IGREJA
Os Livros canónicos constituem a autoridade escrita da
Igreja quanto à doutrina . Não obstante, a Igreja está pronta a
receber, por intermédio de revelação divina, mais luz e conhe-
cimento "pertencentes ao Reino de Deus" . Cremos que atual-
mente Deus tem a mesma disposição para revelar Seu parecer e
vontade ao homem, e que o faz por intermédio de Seus servos
designados — profetas, videntes e reveladores — investidos, me-
diante ordenação, com a autoridade do Santo Sacerdócio . Por
conseguinte, confiamos nos ensinamentos dos oráculos viventes
de Deus, dando-lhes a mesma validade que às doutrinas da pa-
lavra escrita . Os livros que por voto da Igreja foram adotados

7, Veja o apêndice 1 :1 .

JOSEPH SMITH, O PROFETA 17

como guias autorizados de fé e doutrina são quatro : a Bíblia, o


Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Va-
lor." Os oficiais e membros da Igreja têm publicado muitos li-
vros que podem ser aprovados pelo povo e pelas autoridades
eclesiásticas, porém as quatro publicações mencionadas são os
"Livros Canônicos da Igreja", regularmente adotados . As Re-
gras de Fé podem ser consideradas como um resumo bom, mas
incompleto, das doutrinas tratadas nos livros autorizados.

JOSEPH SMITH, O PROFETA


Joseph Smith, cujo nome aparece ao pé das Regras de Fé, é
o profeta e revelador por meio de quem foi restaurado à terra o
evangelho de Jesus Cristo nestes últimos dias, a dispensação da
plenitude dos tempos, como declarado e predito pelos profetas
de dispensações anteriores . A questão quanto à divindade da
comissão desse homem desafia o mundo da atualidade . Se são
falsas suas afirmações de que foi nomeado divinamente — já que
constituem o fundamento da Igreja nesta última dispensação —
a estrutura não pode ser estável ; porém, se a sua declarada or-
denação sob as mãos de personagens divinos for um fato, não é
necessário procurar mais a causa da vitalidade extraordinária e
do desenvolvimento contínuo da Igreja restaurada.
As circunstâncias das comunicações divinas de Joseph
Smith, o maravilhoso engrandecimento do trabalho instituído
por este profeta dos últimos dias, o cumprimento, mediante sua
instrumentalidade, de muitas das momentosas predições da an-
tigüidade e de suas próprias declarações proféticas, com suas
realizações literais, ainda serão reconhecidas como provas con-
clusivas da validade de seu ministério . 9 As importantes afirma-
ções que são feitas sobre sua obra, a fama que fez com que seu
nome fosse conhecido por bom ou por mau entre a maior parte
das nações civilizadas da terra, a estabilidade dos sistemas reli-
giosos e sociais que devem sua origem como instituições do sé-
culo XIX, ao ministério desse homem, dão-lhe uma importân-
cia individual que exige consideração séria e imparcial.

N, Veja o apêndice 1 :2 . 9, Veja o apêndice I :3 .


18 REGRAS DE FÉ

SUA FILIAÇÃO E JUVENTUDE

Joseph Smith, o quarto filho e o terceiro homem de uma


família de dez, nasceu a 23 de dezembro de 1805, em Sharon,
condado de Windsor, Estado de Vermont,1 0 filho de Joseph
Smith e de Lucy Mack Smith, um casal honrado que, apesar de
sua pobreza, vivia feliz em seu ambiente doméstico e modesto
de trabalho . Quando o menino Joseph tinha dez anos, a família
mudou-se de Vermont e se estabeleceu no Estado de New York,
primeiramente em Palmyra e mais tarde em Manchester . Neste
último local o futuro .profeta passou a maior parte dos dias de
sua infância . Da mesma forma que seus irmãos e irmãs, recebeu
pouca instrução ; e devia os simples rudimentos de educação,
que com esforço e aplicação pôde obter, a seus pais, que segui-
ram o critério de dedicar parte de seu tempo livre à instrução
das crianças menores da família.
Quanto a suas inclinações religiosas, a família era a favor
da Igreja Presbiteriana ; a mãe e algumas das crianças se afilia-
ram àquela seita . Joseph, porém, apesar de ter-se impressiona-
do favoravelmente durante algum tempo com os metodistas,
não quis tornar-se membro de nenhuma das seitas, encontrando-
se muito confuso em virtude das contendas e dissensões que ha-
via entre as igrejas daquela época . Tinha razão em esperar ver
na Igreja de Cristo unidade e harmonia ; no entanto, naquelas
seitas contenciosas só via confusão . Quando Joseph alcançou
os quinze anos, a região onde vivia viu-se envolta numa tempes-
tade de violenta agitação religiosa que, começando com os me-
todistas, logo se tornou geral entre todas as seitas ; havia reu-
niões prolongadas e reavivamentos, e as vergonhosas manifes-
tações de rivalidade sectária foram muitas e das mais variadas.
Estas condições aumentaram as preocupações do jovem, que
sinceramente buscava a verdade.
Sua Procura da Verdade e o Resultado — Aqui está o re-
lato do próprio Joseph Smith quanto a seus atos:

10, Veja o apêndice 1 :4 .


JOSEPH SMITH, O PROFETA 19


"Em meio a essa guerra de palavras e tumulto de opiniões,
muitas vezes disse a mim mesmo : Que se pode fazer? Qual de
todos estes partidos está com a razão ; ou estão todos errados?
Se qualquer um deles está certo, qual é, e como poderei saber?
Enquanto meditava sobre as extremas dificuldades causa-
das pelas lutas desses partidos religiosos, li um dia na Epístola
de Tiago, capítulo primeiro, versículo quinto, o seguinte : "Se
algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada".
Nunca uma passagem de escritura veio com mais poder ao
coração do homem do que esta, nesse momento, ao meu . Pare-
cia ter penetrado com grande força em todas as fibras do meu
coração . Refleti repetidas vezes sobre ela, sabendo que se qual-
quer pessoa necessitava de sabedoria de Deus, essa pessoa era
eu ; porque não sabia que fazer, e a menos que obtivesse mais
sabedoria do que a que então eu tinha, jamais chegaria a saber,
pois os mestres de religião das diferentes seitas interpretavam
as mesmas passagens da Escritura tão diferentemente, a ponto
de destruir toda a confiança na solução do problema pela con-
sulta à Bíblia.
Por fim, cheguei à conclusão de que devia permanecer nas
trevas e confusão ou fazer como Tiago-ensina, isto é, pedir a
Deus . Finalmente resolvi "pedir a Deus", concluindo que se
Ele dava sabedoria aos que necessitavam dela, e a daria libe-
ralmente e não o lançaria em rosto, eu podia aventurar-me
Assim, de acordo com esta resolução de pedir a Deus, re-
tirei-me para o bosque, para realizar o meu intento . Foi na
manhã de um lindo e claro dia, nos princípios da primavera de
mil oitocentos e vinte . Era a primeira vez em minha vida que
tivera tal intento, porque em meio a todas as minhas ansieda-
des não havia procurado orar em voz alta senão agora.
Depois de haver-me retirado para o lugar que havia esco-
lhido previamente, tendo olhado em meu derredor, e encon-
trando-me só, ajoelhei-me e comecei a oferecer os desejos de
meu coração a Deus . Apenas fizera isso, fui subitamente sub-
jugado por uma força que me dominou inteiramente, e seu
poder sobre mim era tão assombroso que me travou a língua
de modo que não pude falar . Intensa escuridão envolveu-me e
pareceu-me por algum tempo que estivesse- destinado a uma
destruição repentina .

20 REGRAS DE FÉ

Mas, empregando todas as minhas forças para pedir a


Deus que me livrasse do poder desse inimigo que me tinha sub-
jugado, e no momento exato em que estava prestes a cair em
desespero, abandonando-me à destruição — não a uma ruína
imaginária, mas ao poder de algum ser real do mundo invisível,
que tinha tão maravilhoso poder como jamais havia sentido em
nenhum ser — justamente nesse momento de grande alarma, vi
uma coluna de luz acima de minha cabeça, de um brilho supe-
rior ao do sol, que gradualmente descia até cair sobre mim.
Logo após esse aparecimento, senti-me livre do inimigo
que me havia sujeitado . Quando a luz repousou sobre mim, vi
dois Personagens, cujo resplendor e glória desfiam qualquer
descrição, em pé acima de mim, no ar . Um deles falou-me, cha-
mando-me pelo nome, e disse apontando o outro : "Este é o Meu
Filho Amado . Ouve-O ."
Meu objetivo em ir pedir ao Senhor foi saber qual de todas
as seitas era a verdadeira, a fim de saber qual unir-me . Portan-
to, tão-logo voltei a mim o suficiente para poder falar, pergun-
tei aos Personagens que estavam na luz, acima de mim, qual de
todas as seitas era a verdadeira, e a qual deveria unir-me.
Foi-me respondido que não me unisse a nenhuma delas,
porque todas estavam erradas ; e o Personagem que se dirigiu a
mim disse que todos os seus credos eram abominação à sua vis-
ta : que todos aqueles mestres eram corruptos ; que "Eles se che-
gam a mim com seus lábios, porém seus corações estão longe de
mim : ensinam como doutrina mandamentos dos homens, tendo
aparência de piedade, mas negam o meu poder ."' t
O conhecimento obtido nesta revelação sem precedente
não poderia permanecer oculto dentro do peito do jovem . Não
vacilou em divulgar a gloriosa verdade, primeiro aos membros
de sua família, que receberam seu testemunho com reverência
e depois aos ministros sectários que haviam trabalhado tão dili-
gentemente para convertê-lo a seus respectivos credos . Quão
grande foi a sua surpresa quando esses professos mestres de
Cristo receberam suas declarações com o maior desprezo, di-

I1, P . de G . V' . , 57 . "Hist . of the Ch ." . vol . 1, p . 4 .


JOSEPH SMITH, O PROFETA 21

zendo que há muito tempo haviam cessado os dias de revelações


de Deus e que a manifestação, se é que havia recebido tal coisa,
era de Satanás . Não obstante, os ministros, com uma unidade
de propósito extremamente diferente da hostilidade que ante-
riormente demonstravam, empenharam-se em ridicularizar o
jovem por suas afirmações simples mas solenes . A vizinhança se
agitou . Contra ele e sua família recaiu uma perseguição ranco-
rosa e cruel, havendo mesmo quem tentasse assassiná-lo . Pas-
sou por tudo sem sofrer danos físicos e, apesar da oposição
cada vez maior, manteve-se firme em seu testemunho da visita-
ção celestial . 12 Nessa provação passou ele três anos, sem poste-
riores manifestações diretas de seres celestiais, esperando, sem
contudo receber, maior luz e novas instruções pelas quais ane-
lava . Percebia claramente sua própria debilidade e sentia sua
fraqueza humana . Implorou ao Senhor, confessando suas im-
perfeições e suplicando ajuda.

Visitas Celestiais — Na noite de 21 de setembro de 1823,


quando pedia o perdão de seus pecados e orientação quanto
a seu destino, foi abençoado com outra manifestação celestial.
Surgiu uma luz brilhante em seu quarto, em meio da qual se
achava um personagem vestido de branco, com um semblante
de pureza radiante . O visitante celestial anunciou que era Mo-
rôni, um mensageiro enviado da presença de Deus e começou
a instruir o jovem quanto a alguns propósitos divinos nos
quais sua instrumentalidade seria de grande importância . O
anjo disse que Deus tinha um trabalho para Joseph fazer e que
seu nome seria conhecido por bom ou por mau entre todas as
nações, tribos e línguas e que seria citado por bom ou mau en-
tre todos os povos" . Disse que havia um livro escondido, escrito
sobre placas de ouro, descrevendo os antigos habitantes deste
continente, assim como sua origem e procedência . Disse tam-
bém que nele se encerrava a plenitude do Evangelho eterno,

22 REGRAS DE FÉ

como foi entregue pelo Salvador aos antigos habitantes . Disse


também que havia duas pedras em aros de prata — e estas pe-
dras presas a um peitoral constituíam o que é chamado Urim e
Tumim — depositadas com as placas ; que a posse e uso dessas
pedras era o que constituía os "videntes" nos tempos antigos ou
primitivos ; que Deus as tinha preparado com o fim de traduzir
o livro.
Morôni, o anjo visitante, repetiu então várias profecias que
se encontram nas antigas escrituras, sendo que algumas das re-
ferências foram feitas com variações do que é lido na Bíblia.
Foram citadas as seguintes palavras de Malaquias, mostrando
estas pequenas, mas importantes variações da versão bíblica:
"Pois eis que vem o dia que arderá como fornalha ; e todos os
soberbos e todos os que obram impiedade serão queimados
como o restolho ; os que vierem os abrasarão, diz o Senhor dos
Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo ." E
mais : "Eis que eu vos revelarei o Sacerdócio pela mão do Profe-
ta Elias, antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor ."
Mencionou o versículo seguinte, também de maneira diferente:
"E ele plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos
pais e os corações dos filhos se voltarão aos pais ; se assim não
for, toda a terra será totalmente destruída na sua vinda"" Entre
outras, Morôni citou as profecias de Isaías relativas à restaura-
ção da dispersa Israel, e o prometido reinado de justiça sobre a
terra, 14 dizendo que as profecias estavam para se cumprir ; e tam-
bém as palavras de Pedro aos judeus, concernentes ao profeta
que, Moisés disse, se, levantaria, explicando que o profeta refe-
rido era Jesus Cristo e que estava próximo o dia em que seriam
desarraigados dentre o povo todos os que recusassem as pala-
vras do Salvador ."
Tendo transmitido sua mensagem, o anjo partiu . A luz den-
tro do quarto parecia condensar-se ao redor de sua pessoa e de-
sapareceu com ele . Porém, durante a noite voltou duas vezes e
em cada visita repetiu o que havia dito no princípio, juntamente
com outras admoestações relativas às tentações que o assalta-

13 . Veja Mal . cap . 4 14, Veja !saias, cap . I l . 15, Veja Atos 3 .22, 23 .

JOSEPH SMITH, O PROFETA .23

riam no cumprimento de sua missão . No dia seguinte, Morôni


voltou a aparecer a Joseph e, repetindo novamente as instru-
ções e advertências da noite anterior, mandou que dissesse a
seu pai tudo o que havia visto e ouvido . O jovem o fez e seu pai
não tardou em testificar que as comunicações eram de Deus.
Joseph então se dirigiu à colina que tinha visto em visão.
Reconheceu o lugar indicado pelo anjo e com um pouco de es-
forço desenterrou uma caixa de pedra que continha as placas e
outros objetos de que Morôni havia falado . O mensageiro de
novo se colocou a seu lado e lhe proibiu que retirasse os objetos
naquela ocasião, dizendo que transcorreriam quatro anos antes
que as placas pudessem ficar em suas mãos e que ele deveria vi-
sitar aquele local em intervalos anuais . Em cada uma dessas vi-
sitas o anjo instruía mais cabalmente o jovem quanto à grande
obra que o esperava.
Não é nosso propósito recordar aqui, em detalhes, a vida e
o ministério de Joseph Smith ; o que aqui foi dito quanto às pri-
meiras cenas de sua missão'divinamente outorgada justifica-se
pela grande importância associada com a introdução da nova
dispensação da Providência divina, ou seja a dos últimos dias,
mediante sua instrumentalidade . A maneira como retirou as
placas de seu esconderijo de séculos, a tradução mediante po-
der divino e a publicação do relato como o Livro de Mórmon
receberão atenção mais adiante . Basta dizer aqui que foram
traduzidos os antigos anais ; que o livro foi dado ao mundo e que
os Santos dos Últimos Dias o aceitam como escritura.

ACONTECIMENTOS POSTERIORES : O MARTIRIO

Havendo sido restaurado o Santo Sacerdócio mediante a


ordenação de Joseph Smith por aqueles que haviam possuído as
chaves desta autoridade em dispensações anteriores, foi estabe-
lecida a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no
seu devido tempo . A organização da Igreja como um grupo in-
corporado efetuou-se no dia 6 de abril de 1830, em Fayette, Es-
tado de New York, e somente os nomes de seis pessoas estão

24 REGRAS DE FÉ

anotados como participantes ativos . É certo que naquela oca-


sião mais de seis haviam aderido ao movimento novo e sem pre-
cedentes ; porém, em vista de as leis do Estado rezarem que não
menos de seis deviam participar da incorporação de uma socie-
dade religiosa, somente o número especificado formalmente
participou do ato legal ; e estes, com exceção de um, eram rela-
tivamente desconhecidos e, bem se pode dizer, ignorados . O
nome de Joseph Smith o profeta já era conhecido bem além da
vizinhança onde morava . Gozava de uma notoriedade cada vez
maior, senão de fama invejável . Já havia traduzido e publicado
o Livro de Mórmon, que afirmava ser a história dos povos
aborígines do continente ocidental e uma relação dos atos de
Deus para com esses povos . Em suma, as escrituras do que mais
tarde veio a chamar-se Novo Mundo já tinham sido traduzidas
por ele e publicadas . Foi em virtude do título desse livro que o
apelido "Mórmon", primeiramente usado com escárnio, tor-
nou-se uma designação popular da Igreja e de seus membros in-
dividuais . Começando com o pequeno grupo mencionado, a
Igreja cresceu até contar milhares durante a vida de Joseph
Smith ; e o crescimento tem continuado com extraordinária ra-
pidez e constância até os tempos atuais . Um por um os poderes
e a autoridade possuídos pela Igreja da antigüidade foram res-
taurados através do homem que foi ordenado primeiro élder da
dispensação dos últimos dias . Com o desenvolvimento da Igre-
ja, aumentou a perseguição injustificável, e seu efeito alcançou
o ponto culminante no cruel martírio do Profeta e de seu irmão
Hyrum, então Patriarca da Igreja, a 27 de junho de 1844 . São
conhecidos os acontecimentos que causaram e consumaram o
vil assassínio desses homens em Carthage, no Estado de Illinois.
O Profeta e o Patriarca selaram com seu sangue o testemunho
da verdade que valentemente haviam conservado, arrostando
intolerante perseguição durante quase 25 anos . 1ó

A Autenticidade da Missão de Joseph Smith — As evidências


em favor da autoridade divina no trabalho estabelecido por Jo-

I6 . Veja o apêndice 1'.6 .


Roberto Goncalves Gameiro

JOSEPH SMITH, O PROFETA 25

seph Smith, a justificação das afirmações feitas pelo homem e


para o homem, podem ser resumidas da seguinte maneira:
1. Cumpriram-se as profecias antigas sobre a restauração
do evangelho e sobre o restabelecimento da Igreja na terra, por
intermédio de sua instrumentalidade.
2. Ele recebeu por ordenação e designação direta das mãos
dos que tinham o poder em dispensações anteriores, a autorida-
de para oficiar as várias ordenanças do Santo Sacerdócio.
3. Os resultados de seu ministério mostram que ele possuía
o poder da verdadeira profecia e outros dons espirituais.
4. As doutrinas que proclamou são verdadeiras e estão de
acordo com as escrituras.
Cada uma dessas classes de evidência receberá atenção e
será amplamente demonstrada no presente estudo, e neste pon-
to de nossa investigação não se fará uma consideração detalha-
da . Não obstante, citaremos algumas ilustrações que serão bre-
vemente expostas .'

1 . O Cumprimento das Profecias, realizado através da vida e


do trabalho de Joseph Smith, acha-se abundantemente prova-
do . João, o Revelador, segundo sua visão profética nos dias pas-
sados, compreendeu e predisse que de novo seria enviado o
evangelho dos céus e que seria restaurado à terra por meio do
ministério direto de um anjo, nos últimos dias : "E vi outro anjo
voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o pro-
clamar aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e
língua, e povo, dizendo com grande voz : Temei a Deus e dai-lhe
glória ; porque vinda é a hora do seu juízo . E adorai aquele que
fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas ." 18 0 cumpri-
mento parcial desta profecia aparece na visita do anjo Morôni a
Joseph Smith, como já foi descrito, pela qual foi anunciada a
restauração do evangelho prometido e a rápida realização de
outras profecias antigas, e entregue em suas mãos para tradu-
ção e publicação entre todas as nações, tribos e línguas uma his-
tória, contendo em parte "a plenitude do evangelho eterno"

17 . Veja o apêndice 1 : . 18 . Veia o apêndice 1 :8 .



26 REGRAS DE FÉ

como o Salvador o entregou aos antigos habitantes do conti-


nente ocidental . Cumpriu-se ainda nas visitas de seres ressusci-
tados que haviam agido como portadores do Santo Sacerdócio
durante sua existência mortal, sacerdócio que compreendia a
autoridade e designação divina para pregar o evangelho e admi-
nistrar as suas ordenanças . O restante das palavras proféticas de
João, relativas ao chamamento autorizado ao arrependimento e
à execução dos juízos de Deus, como preparatórios para as ce-
nas dos últimos dias, estão hoje tendo um cumprimento rápido
e literal.
Malaquias predisse a vinda de Elias, o profeta 19 , especial-
mente comissionado com poder para iniciar o trabalho de coo-
peração entre os pais e os filhos, anunciando que esta . missão
era uma preliminar essencial do "dia grande e terrível do Se-
nhor ." 20 O anjo Morôni confirmou a verdade e o significado
desta profecia com uma reiteração enfática, como já foi expli-
cado . Joseph Smith e seu companheiro de ministério, Oliver
Cowdery, testificam solenemente terem sido visitados pelo pro-
feta Elias no templo de Kirtland, Estado de Ohio, no dia 3 de
abril de 1836 . Nessa ocasião o antigo vidente declarou ao profe-
ta dos últimos dias que havia chegado o dia anunciado por Ma-
laquias : "Portanto," continuou ele, "as chaves desta dispensa-
ção são postas em vossas mãos ; e por isto podereis saber que o
grande e terrível dia do Senhor está perto, sim, às portas " . 21
Tem sido explicado que a natureza particular da união dos pais
aos filhos, união que Morôni, Malaquias e Elias, o Profeta, tan-
to frisaram, compreende ordenanças vicárias, tais como o batis-
mo pelos mortos que passaram por esta terra sem o conheci-
mento do evangelho ou sem oportunidade para cumprir as suas
leis e ordenanças . A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi-
mos Dias é a única entre todas as Igrejas que professam o cris-
tianismo que ensina e pratica essa doutrina.
As escrituras antigas contêm grande quantidade de profe-
cias que se referem à restauração de Israel nos últimos dias e à

19, Apoc . 14:6 .7 : Veja o apéndice 1 :9 . 20, Mal . 4 :5, 6 . 21, D. & C . 110:13-16.

JOSEPH SMITH, O PROFETA 27

reunião do povo dentre todas as nações e terras, às quais foram


conduzidos ou forçados como punição por suas rebeliões ."
Tanta importância e destaque tem recebido esta obra de reu-
nião, nas profecias da antigüidade, que desde a época do êxodo
de Israel os últimos dias têm sido caracterizados nas antigas es-
crituras como uma dispensação de reunião . Esta volta das tri-
bos, de sua grande e extensa dispersão, é um passo preliminar
para o estabelecimento do anunciado reino de justiça sobre a
terra, com Cristo como Senhor e Rei ; e sua realização constitui
um dos precursores do Milênio . Jerusalém deve ser restabeleci-
da como a cidade do Grande Rei no hemisfério oriental ; as tri-
bos perdidas voltarão de seu desterro no norte e a maldição se-
rá tirada de Israel.
Desde os primeiros dias de seu ministério, Joseph Smith
ensinou que a doutrina da coligação era um dos deveres atuais
da Igreja, e esta fase do trabalho dos Santos dos Últimos Dias é
uma de suas características . Joseph Smith e Oliver Cowdery
afirmam que a incumbência para efetuar esta obra foi conferida
à Igreja, através deles, por Moisés, que recebeu a autoridade de
líder de Israel na dispensação conhecida expressamente como
mosaica . Quanto às manifestações que presenciaram no templo
de Kirtland, a 3 de abril de 1836, testificaram do seguinte modo:
"Moisés apareceu diante de nós e nos conferiu as chaves para
juntar Israel dos quatro cantos da terra e para guiar as dez tri-
bos, das terras do norte ." 23 Quanto à sinceridade com que foi
empreendido esse trabalho e o progresso regular que tem logra-
do, consideremos as centenas de milhares dos da família de Is-
rael que se reuniram nos vales das Montanhas Rochosas, ao re-
dor dos templos do Senhor agora estabelecidos ; e ouçamos o
salmo das hostes de Israel entre as nações, cantado ao compas-
so de obras efetivas : "Vinde, subamos ao monte da casa do Se-
nhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus ca-
minhos e nós andemos pelas suas veredas ; porque de Sião sairá
a lei e a palavra do Senhor de Jerusalém ." 24
Os Santos dos Últimos Dias afirmam que a publicação do

22 . Veja caps. 17 e 18 desta obra . 23, D . & C . 110 ;11 24, Miq . 4 :2 .

28 REGRAS DE FÉ

Livro de Mórmon é um cumprimento patente das profecias ."


Anunciando a humilhação de Israel, a quem havia sido conferi-
do o poder do Sacerdócio em dias anteriores, Isaías proferiu a
palavra do Senhor desta maneira : "Então serás abatida, falarás
de debaixo da terra e a tua fala desde o pó sairá fraca e será a
tua voz debaixo da terra como a de um feiticeiro, e a tua fala as-
sobiará desde o pó" 26 O Livro de Mórmon é na realidade a voz
de um povo humilhado que fala desde o pó, e eis que literal-
mente o livro saiu da terra . As placas constituem a história de
um pequeno grupo da casa de Israel, uma parte da família de
José, que foi conduzido por um poder milagroso ao continente
ocidental, seis séculos antes da era cristã.
Do relato de José e seu aparecimento como testemunho
paralelo ao de Judá, ou da Bíblia em parte, o Senhor falou estas
palavras pela boca do profeta Ezequiel : "Tu, pois, ó filho do ho-
mem, toma um pedaço de madeira e escreve nele : Por Judá e
pelos filhos de Israel, seus companheiros ; e toma outro pedaço
de madeira, e escreve nele : Por José, vara de Efraim, e por toda
a casa de Israel, seus companheiros . E junta um ao outro, para
que se unam e se tornem um só na tua mão . E quando te fala-
rem os filhos do teu povo, dizendo : Não nos declararás o que
significam estas coisas? Tu lhes dirás : Assim diz o Senhor Jeová:
Eis que Eu tomarei a vara de José, que esteve na mão de
Efraim, e as das tribos de Israel suas companheiras, e as ajunta-
rei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma
só na Minha mão .' Os versículos seguintes declaram que ao tes-
temunho unido dos anais de Judá e José se seguiria a coligação
e restauração de Israel . As duas histórias estão diante do mun-
do, unidas em seu testemunho do evangelho sempiterno, e a
obra de congregação se processa eficazmente.
Segundo as Escrituras, é também evidente que a dispensa-
ção do evangelho nos últimos dias será uma dispensação de res-
tauração e restituição, uma verdadeira "dispensação da pleni-
tude dos tempos" . Paulo declara que é a vontade do Senhor

25, Veja os capítulos 14 e 15 desta obra . 26, Isaías 29 :4 ; ver também 2 Néfi
Ezeq . 37 :16-19 .

JOSEPH SMITH, O PROFETA 2 9

"congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da pleni-


tude dos tempos, tanto as que estão nos céus como na terra ." 2
Esta profecia é semelhante a uma das declarações do profeta
Nefi : "Portanto, todas as coisas que foram reveladas aos filhos
dos homens serão reveladas nesse dia" .' E concorda com isto o
que Pedro ensina : "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para
que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tem-
pos do refrigério pela presença do Senhor . E envie ele a Jesus
Cristo que já dantes vos foi pregado . O qual convém que o céu
contenha, até os tempos da restauração de tudo, dos quais Deus
falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princí-
pio . "4
Agora surge Joseph Smith, declarando que a ele foi dada
autoridade para - iniciar esta dispensação da plenitude, restitui-
ção e restauração ; e que através dele a Igreja foi investida de
todas as chaves e poderes do Sacerdócio, possuídos e exercidos
em tempos anteriores . A esta Igreja "e dado o poder deste sa-
cerdócio, para os últimos dias e pela última vez, dias nos quais
se encerra a dispensação da plenitude dos tempos . Poder este
que vós tendes juntamente com todos aqueles que receberam
uma dispensação em qualquer tempo, desde o princípio da cria-
ção ."` A posse efetiva destes poderes combinados e unidos fica
suficientemente demonstrada na obra extensiva da Igreja em
seu ministério atual.

2 . A Autoridade de Joseph Smith foi-lhe conferida pelo mi-


nistério direto de seres celestiais, que em determinada ocasião
exerceram o mesmo poder sobre a terra . Já dissemos que o anjo
Morõni, que era antigamente um profeta mortal entre os nefi-
tas . transmitiu a Joseph a tarefa de trazer à luz o registro que
ele . Morõni, enterrara havia mais de 1 .400 anos . Vemos ainda
que a 15 de maio de 1829 foi conferido a Joseph Smith e a Oli-
ver Con'.derv o sacerdócio menor, ou aarõnico, por João Batis-
ta,' que veio em seu estado imortal com essa ordem particular
do Sacerdócio, a qual compreende as chaves das ministrações
3, 2 Néfi 30 :18 . 4 . Atos 3'.19-21 . 5, D . & C . 112 :30. 32 . 6, D . & C.
2 . Flésios 19 . 10
sec . 13 .

30 REGRAS DE FÉ

dos anjos, a doutrina do arrependimento e do batismo para a re-


. missão de pecados . Foi o mesmo João que, como a voz do que
clama no deserto, havia pregado a mesma doutrina e adminis-
trado a mesma ordenança na Judéia, como precursor imediato
do Messias . Quando comunicou sua mensagem, João Batista
disse que agia sob a direção de Pedro, Tiago e João, apóstolos
do Senhor, em cujas mãos estavam as chaves do Sacerdócio
maior, ou de Melquisedeque, que com o tempo também seria
conferido . Cumpriu-se esta promessa aproximadamente um
mês depois, quando os mencionados apóstolos visitaram em
pessoa Joseph Smith e Oliver Cowdery e lhes conferiram o
apostolado,' que compreende todos os cargos de uma ordem
maior do Sacerdócio e tem a autoridade para ministrar todas as
ordenanças estabelecidas pelo evangelho.
Algum tempo depois de haver sido devidamente organiza-
da a Igreja, outorgou-se-lhe a comissão para certas funções es-
peciais, sendo o mensageiro outorgante, em cada caso, aquele a
quem correspondia o direito de nele oficiar, em virtude da au-
toridade que havia tido enquanto na carne . De modo que,
como já foi dito, Moisés conferiu a autoridade para prosseguir a
obra de coligação ; e Elias, o Profeta que não passou pela morte,
conservando assim uma relação peculiar tanto com os vivos
como com os mortos, conferiu o comissionamento do ministé-
rio vicário pelos mortos . A estes comissionamentos divinos foi
acrescentado o .comissionamento outorgado por Elias, que apa-
receu a Joseph Smith e a Oliver Cowdery e "entregou a dispen-
sação do evangelho de Abraão," dizendo que neles e em sua se-
mente seriam abençoadas todas as gerações subseqüentes,
como fora dito do patriarca mencionado e de seus descenden-
tes em dias antigos .'
Claro é, então, que as afirmações da Igreja quanto a sua
autoridade são completas e consistentes, no que se refere à fon-
te dos poderes alegados e aos canais por cujo intermédio foram
trazidos novamente à terra . As escrituras e as revelações, tanto
antigas como modernas, apóiam como lei inalterável o princí-

7, D. & C. 27 ;12 . 8, D . & C . 110 :12 .



JOSEPH SMITH, O PROFETA 31

pio de que ninguém pode delegar a outrem uma autoridade que


não possui.

3 . Um Verdadeiro Profeta — Nos dias da Israel antiga


foi prescrito um método eficaz para pôr à prova as declara-
ções dos que diziam ser profetas . " Quando o tal profeta falar
em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir e nem suce-
der assim, esta é palavra que o . Senhor não falou ; com sober-
ba falou o tal proteta ; não tenhas temor dele ." 9 Mas, ao contrá-
rio, se se verificam as palavras do profeta, cumprindo-se, há
pelo menos uma prova presuntiva de seu chamamento divino.
Das muitas profecias de Joseph Smith que já foram cumpridas
ou que aguardam um tempo determinado para sua realização
bastarão uns poucos exemplos.
Uma das primeiras profecias feitas por seu intermédio,
que, não obstante não ser uma declaração sua, mas do anjo Mo-
rôni, foi anunciada ao mundo por Joseph Smith, referia-se dire-
tamente ao Livro de Mórmon, acerca do qual o anjo disse : "O
conhecimento que esta história contém irá a toda nação, e tri-
bo, e língua, e povo, sob todos os céus" . 10
Esta declaração foi feita quatro anos antes de ser iniciado o
trabalho de tradução e quatorze anos antes de os élderes da
Igreja iniciarem seu trabalho em países estrangeiros . Desde
aquela ocasião, o Livro de Mórmon foi publicado em muitos
idiomas e o trabalho de distribuí-lo por todo o mundo ainda se
está processando.
Em agosto de 1842, quando os santos estavam sofrendo
perseguições em Illinois e quando a parte ocidental do que hoje
são os Estados Unidos da América era pouco conhecida, e so-
mente como território estrangeiro, Joseph Smith profetizou
"que os santos continuariam sofrendo muita aflição e que se-
riam expulsos para as Montanhas Rochosas" e que enquanto
muitos apostatariam entre os que então professavam lealdade à
Igreja, outros, fiéis a seu testemunho, padeceriam o martírio;
alguns viveriam para "ajudar a estabelecer colônias e edificar

9, Deut . 18 :21, 22 . 10, "Times and Seasons", vol . 2, mim . 13 .



32 REGRAS DE FÉ

cidades e ver os santos chegarem a ser um povo poderoso entre


as Montanhas Rochosas .' O cumprimento literal desta profe-
cia feita em 1842 que, pode-se acrescentar, havia sido precedi-
da por uma profecia anterior em 1831, 12 uma cinco e a outra de-
zesseis anos antes da migração da Igreja para o oeste, consta da
tão comum história da colonização e desenvolvimento daquela
região, inacessível em outros tempos . Até os incrédulos e os ini-
migos declarados da Igreja proclamam este milagre do estabe-
lecimento de uma grande comunidade nos vales das Montanhas
Rochosas.
A 25 de dezembro de 1832, Joseph Smith pronunciou uma
notável predição relativa aos assuntos da nação . Pouco depois
foi promulgada entre os membros da Igreja e pregada pelos él-
deres, mas não foi impressa até 1851 ." A revelação diz em par-
te : "Na verdade, assim diz o Senhor concernente às guerras que
logo virão, a começar pela rebelião de Carolina do Sul, que fi-
nalmente terminará com a morte e sofrimento de muitas almas:
E tempo virá em que guerras se esparramarão sobre todas as
nações, a começar desse lugar . Pois eis que os Estados do Sul se
dividirão contra os Estados do Norte e aqueles pedirão auxilio a
outras nações, mesmo à Grã-Bretanha, e acontecerá, depois de
muitos dias, que os escravos se levantarão contra seus senhores,
os quais estarão organizados e disciplinados para a guerra ."
Todos os que estudaram a história dos Estados Unidos fa-
miliarizaram-se com os fatos que comprovam o cumprimento
total desta assombrosa profecia . Em 1861, mais de 28 anos após
ter sido registrada a profecia anterior, e dez anos após sua publi-
cação na Inglaterra, irrompeu a guerra civil, originando-se na
Carolina do Sul . As espantosas estatísticas dessa luta fratricida
apóiam tristemente a predição concernente "à morte e sofri-
mento de muitas almas," apesar de isto constituir apenas um
cumprimento parcial . É fato conhecido que os escravos do Sul
desertaram e foram mobilizados pelos exércitos do Norte e que
os Confederados solicitaram o auxílio da Grã-Bretanha . Apesar
de nenhuma aliança manifesta ter sido feita entre os estados do
1 2,
I, "Historv of the Church", vol . 5, p . 85 ; "Millenial
D Star", vol . 19, p . 530 . . & C.
49.24. 25 . 13, Veja P . de G . V ., Edição Britânica de 1851 c "Millenial Star'', vol . 49 . p.
396 . A profecia é agora parte de D . & C . sec . 87 .

JOSEPH SMITH, O PROFETA 33

Sul e o governo inglês, a influência britânica ajudou indireta-


mente o Sul e infundiu importante estímulo, a tal ponto que deu
lugar a sérias complicações internacionais, Para auxiliar a con-
federação construíram-se e equiparam-se navios nos portos bri-
tânicos . Esta violação das leis de neutralidade custou à Grã-
Bretanha quinze milhões e meio de dólares, soma que foi cedi-
da aos Estados Unidos na arbitragem de Genebra, ao decidirem
sobre as exigências de Alabama . A Confederação dos Estados
do Sul nomeou ministros para a Grã-Bretanha e França, os
quais foram presos pelos oficiais dos Estados Unidos num barco
inglês em que haviam embarcado . Este ato, que o governo dos
Estados Unidos teve que reconhecer como hostil, ameaçou por
algum tempo precipitar guerra entre essa nação e a Grã-
Bretanha.
Um estudo cuidadoso da revelação e profecia feita sobre a
guerra, como já foi dito, por intermédio do Profeta Joseph
Smith, a 25 de dezembro de 1832, esclarece que o conflito entre
o Norte e o Sul na América deveria ser, como agora sabemos
que foi, apenas o princípio de uma nova era de contendas e der-
ramamento de sangue . As palavras do Senhor foram precisas
quando profetizaram guerras "A começar pela rebelião do Es-
tado de Carolina do Sul", e acrescentou : "e tempo virá em que
guerras se esparramarão sobre todas as nações, a começar des-
se lugar ." A grande guerra de 1914-1918 envolveu, direta ou in-
diretamente, toda nação da terra ; e a recuperação dos efeitos
daquele tremendo conflito está além do horizonte da visão hu-
mana . Muitas nações foram desmembradas e destruídas ; tronos
caíram, coroas reais perderam todo o seu valor, além do preço
que podem alcançar no mercado como ouro e pedras ; e ao mes-
mo tempo têm-se levantado novos governos e nações, nascendo
de um dia para o outro . Os próprios elementos estão enfureci-
dos e o que nós chamamos de fenômenos naturais estão sobre-
pujando toda a destruição que o homem tem feito, e ainda não
chegou o seu fim . A palavra do Senhor, dada mediante Seu pro-
feta Joseph Smith, jamais foi revogada : "E assim, com a espada
e o derramamento de sangue, os habitantes da terra lamenta-
rão : e com fome, praga e terremoto e também com o trovão do
céu, e violento e vívido relâmpago, os habitantes da terra senti-

34 REGRAS DE FÉ

rão a ira, a indignação e a mão castigadora de um Deus Todo-


Poderoso, até que a consumação decretada ponha fim comple-
to a todas as nações ." 10
A revelação mencionada, feita por intermédio de Joseph
Smith, contém outras profecias, algumas das quais ainda estão
por se realizar . A evidência apresentada basta para demonstrar
que Joseph Smith se destaca entre os homens pelo fato de que
por seu intermédio foram cumpridas as profecias dos represen-
tantes do Senhor nos dias antigos e que seu lugar como profeta
está amplamente justificado . Porém, a investidura da profecia,
tão ricamente conferida a este Elaias dos últimos tempos, tão li-
beral e acertadamente por ele exercida, não é mais que um dos
muitos dons espirituais que distinguem a ele e a um grande nú-
mero de outros que receberam o Sacerdócio por seu intermé-
dio . As escrituras declaram que certos sinais acompanharão a
Igreja de Jesus Cristo, entre eles o dom de línguas e curas, pro-
teção quando a morte ameaça e o poder para dominar os espíri-
tos imundos ." O exercício destes poderes, do qual resulta o que
ordinariamente chamamos milagres, de modo nenhum é prova
infalível de autoridade divina, pois alguns profetas verdadeiros,
até onde faz constar a história, não realizaram tais maravilhas, e
tem-se ouvido falar de homens que efetuaram milagres, instiga-
dos por espíritos imundos . 1ó Não obstante, é característica es-
sencial da Igreja o ter o poder que se mostra na execução de mi-
lagres e quando se levam a cabo estas coisas para cumprir fins
santos, servem como evidência confirmatória de uma autorida-
de divina . Por conseguinte, podemos esperar encontrar no mi-
nistério de Joseph Smith, e na Igreja em geral, a verificação de
milagres comprovados que compreendam manifestações de to-
dos os dons prometidos pelo Espírito ."

4. As Doutrinas que Joseph Smith Ensinou e que a Igreja


atualmente ensina são verdadeiras e conformes com as escritu-
ras . Para apoiar esta afirmação devemos examinar os ensina-
mentos principais da Igreja em ordem separada.

14, D . & C . 87 :6 . 15. Marcos 16 :16-18 ; Lucas 10:19 etc . ; D . & C . 84 :65-72 . 16, Ex . 7:11-
22 ; 8 :7,18 . Apoc . 13 :13-15 ; 16 :13, 14 . 17, Veja o capítulo 12 desta obra .
Capítulo 2

DEUS E A SANTISSIMA TRINDADE

Regra 1— Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em seu Filho Jesus


Cristo, e no Espírito Santo.

A Existência de Deus — Tendo em vista que a fé em Deus


constitui a base da crença e da prática religiosa, e como um co-
nhecimento dos atributos e caráter de Deus é essencial para o
exercício inteligente da fé, este assunto exige o primeiro lugar
em nosso estudo das doutrinas da Igreja.
A existência de Deus dificilmente poderá ser discutida ra-
cionalmente e nem requer provas por parte da débil demonstra-
ção da lógica do homem, porque a família humana admite o
fato quase sem discutir, e a consciência de estar sujeito a um
poder supremo é um atributo inato do gênero humano . As anti-
gas escrituras não se dedicam a uma demonstração elementar
da existência de Deus e nem a ataques contra os sofismas do
ateísmo : e por esse fato podemos supor que os males da dúvida
se desenvolveram em período posterior . Esse assentimento uni-
versal do gênero humano a respeito da existência de Deus é,
pelo menos, fortemente corroborativo . Existe dentro da nature-
za humana uma paixão filial que se eleva aos céus . Toda nação,
toda tribo, todo indivíduo, anseia por um objeto de adoração . É
natural que o homem adore ; sua alma não se sente satisfeita até
que encontre uma divindade . Quando, devido à transgressão, os
homens caíram em trevas a respeito do Deus verdadeiro e vi-
vente, buscaram outras divindades e assim nasceram as abomi-
nações da idolatria . E, não obstante, até as mais repugnantes
destas práticas testificam da existência de um Deus, demons-
trando a paixão hereditária do homem pela adoração .

36 REGRAS DE FÉ

A evidência sobre a qual o gênero humano busca sua con-


vicção no tocante à existência de um Ser Supremo' pode ser
classificada, a fim de facilitar sua consideração, dentro das três
divisões seguintes:
1. A evidência da história e a tradição.
2. A evidência que oferece o exercício da razão humana.
3. A evidência conclusiva da revelação direta de Deus.

1 . História e Tradição — A história escrita pelo homem, as-


sim como a tradição autêntica, transmitida de geração em gera-
ção, antes de qualquer crônica escrita que hoje existe, eviden-
ciam a realidade da existência de Deus e as relações íntimas e
pessoais entre Deus e o homem durante as primeiras épocas da
existência humana . Um dos documentos mais antigos que se co-
nhece, a Bíblia, diz que Deus é Criador de todas as coisas' e de-
clara além disso que Ele se revelou aos nossos primeiros pais
terrestres assim como a muitas outras pessoas santas nos pri-
meiros dias do mundo . Adão e Eva ouviram Sua voz 3 no Jardim
e mesmo depois de sua transgressão continuaram invocando a
Deus e oferecendo-Lhe sacrifícios . É patente, pois, que do Jar-
dim trouxeram consigo um conhecimento pessoal de Deus . De-
pois de sua expulsão, "ouviram a voz do Senhor na direção do
Jardim do Éden", apesar de O não terem visto ; e Ele lhes deu
mandamentos a que obedeceram . Um anjo visitou então Adão
e o Espírito Santo inspirou-o e deu-lhe testemunho do Pai e do
Filho .°
Caim e Abel souberam da existência de Deus tanto pelos
ensinamentos de seus pais como por manifestações pessoais.
Depois de ter sido aceita a oferenda de Abel e recusada a de
Caim, seguiu-se o crime de fratricídio ; o Senhor falou com
Cairo e ele Lhe respondeu .' Por conseguinte, Caim deve ter le-

1, Veja o péndice 2 :1 . 1 . .2, Veja (ién ., cap . 1 : P . de G . V . Moisés . cap . 2 : Abrahào, cap. 4.
3, Veja Gén . 3 :8 : P . de G . V ., Moisés 4 :14 . 4, Moisés 5 :6-9, 5, Gén . 4 :9-16, veja também
P . de G . V . . Moisés 5 .22_26, 4-40 .

DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE 37

vado um conhecimento pessoal de Deus, do Éden, para a terra


onde foi habitar .' Adão viveu novecentos e trinta anos e teve
muitos filhos . Ensinou-os a temer a Deus e muitos deles recebe-
ram manifestações diretas . Sete, Enos, Cainã, Maalalel, Jarede,
Enoque, Matusalém e Lameque, o pai de Noé, cada um repre-
sentando uma geração diferente, viveram no tempo de Adão.
Noé nasceu apenas 126 anos depois da morte de Adão e, além
disso, viveu quase seiscentos anos com seu pai Lameque, que sem
dúvida, lhe ensinou as tradições relativas às manifestações pes-
soais de Deus que ele havia ouvido dos lábios de Adão . Por in-
termédio de Noé e de sua família, transmitiu-se o conhecimento
de Deus por tradição direta, depois do dilúvio ; e, além disso,
Noé comunicou-se diretamente com Deus' e viveu para instruir
dez gerações de seus descendentes . Seguiu-se então Abraão,
que também gozou de comunicação pessoal com Deus', e de-
pois dele Isaque e Jacó ou Israel, entre cujos descendentes o
Senhor, por intermédio de Moisés, efetuou grandes maravilhas.
De maneira que, mesmo que não tivessem existido registros es-
critos, a tradição teria preservado e transmitido o conhecimen-
to de Deus.
Mas mesmo que com o tempo tivesse perdido seu brilho o
relato das primeiras comunicações pessoais entre o homem e
Deus, diminuindo, por conseguinte, o seu efeito, elas só dariam
lugar a outras tradições baseadas em posteriores manifestações
da personalidade divina . O Senhor deu-se a conhecer a Moisés,
não somente por trás da cortina de fogo e da coberta de nu-
vens,9 mas também numa manifestação face a face na qual o
homem viu "a semelhança" de seu Deus . 10 Esta comunicação
direta entre Deus e Moisés, em parte da qual se concedeu que
o povo participasse" até onde sua fé e pureza permitiam, tem
sido preservada por Israel em todas as gerações . As tradições
da existência de Deus estenderam-se de Israel por todo o mun-
do, tanto assim que encontramos evidências deste antigo co-
nhecimento até nas mitologias pervertidas das nações pagãs.

6, Veja Gén . 4:16 ; P . de G . V ., Moisés 5:41 . 7, Gén . 6 :13 ; 7 :1-4 ; 8 :15-17 ; 9 :1-17 . 8, Gén.
cap. 12 ; P . de G . V ., Abraháo 1 :16-19 ; 2 :6-12, 19, 22-24 ; 3 :3-10, 12-21, 23 . 9, Êxodo 3 :4;
19 :18 ; Núm . 12 :5 . 10, Núm . 12 :8 ; P . de G . V ., Moisés 1 :1, 2, 11, 31 . 11, Êxodo 19:9, 11,
17-20 .

38 REGRAS DE FÉ

2. A Razão Humana, cujo funcionamento se baseia na ob-


servação da natureza, declara energicamente a existência de
Deus . A mente, já imbuída das verdades históricas da existência
divina e sua íntima relação com o homem, encontrará evidência
confirmatória na natureza, por todos os lados ; e mesmo aquele
que recusa o testemunho do passado, e pretende demonstrar
que seus próprios ditames são superiores à crença comum das
idades, é atraído pela enorme variedade de evidências em favor
do sistema que existe na natureza . Impressionam o observador
a ordem e o sistema manifestados na criação, com a sucessão
regular do dia e da noite, que provê períodos alternados de tra-
balho e repouso para os homens, animais e plantas ; a ordem re-
gular das estações, cada qual com seus períodos maiores de ati-
vidade e recuperação ; a dependência mútua dos animais e das
plantas : a circulação da água — do mar às nuvens e das nuvens
outra'vez à terra — com seu efeito benéfico . Ao proceder o- ho-
mem um exame mais detalhado das coisas descobre que pelo
estudo e pela investigação científica estas provas se multiplicam
muitas vezes, e descobre as leis por meio das quais a terra e os
mundos que a rodeiam são governados em suas órbitas ; me-
diante as quais os satélites ficam sujeitos aos planetas e os pla-
netas aos sóis ; pode contemplar as maravilhas da anatomia ve-
getal e animal, o notável mecanismo de seu próprio corpo ; e,
com tais apelos à sua razão aumentando a cada passo, sua admi-
ração pelo que ordenou tudo isto dá lugar à adoração do Cria-
dor, cuja presença e poder são tão energicamente proclamados,
e o observador se torna adorador.

Acha-se presente em toda a natureza a lei de causa e efei-


to ; por todos os lados vê-se a demonstração de meios adaptados
para um fim . Porém, tais adaptações, diz Um cuidadoso escri-
tor, "indicam um plano que tende a um certo fim, e um plano é
indicação de inteligência ; inteligência é atributo de uma mente
e a mente inteligente que criou o grandioso universo é Deus".
Admitir a existência de um criador, diante da evidência da or-
dem, dizer que deve haver um realizador num mundo de realiza-
ções inteligentes, crer num adaptador quando a vida do homem

DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE 39

depende diretamente das mais perfeitas adaptações concebí-


veis, nada mais é do que aceitar verdades patentes . Dificulda-
des encontra aquele que põe em dúvida a solene verdade ide
que Deus vive, quando se atira à tarefa de prová-lo, "Porque
toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as
coisas é Deus" . 12 Não obstante a clareza das verdades assim ex-
pressas, há entre os homens alguns que duvidam da existência
da razão e negam o autor de seu próprio ser . Parece estranho
que aqui e ali haja alguém que no engenho demonstrado pela
formiga na construção de sua casa, na arquitetura do favo de
mel, e nos inumeráveis exemplos do instinto ordenado entre os
menores seres viventes, veja uma demonstração de inteligência
que pode servir de lição de sabedoria e conhecimento ao ho-
mem e com tudo isso duvide que haja uma inteligência funcio-
nando na criação dos mundos e na constituição do universo ."
A parte consciente do homem lhe fala de sua própria exis-
tência ; sua observação comprova a existência de outros de sua
espécie e de ordens inumeráveis de seres organizados . Disso de-
duzimos, em conseqüência, que sempre deve ter existido algu-
ma coisa, porque se tivesse havido um tempo em que nada exis-
tisse, um período em que nada houvesse, a existência jamais po-
deria ter principiado, porque do nada, nada se deriva . A exis-
tência eterna de alguma coisa é um fato indiscutível ; e a per-
gunta que exige resposta é : o que é esse algo eterno? Essa exis-
tência que não tem princípio e nem fim? Matéria e energia são
realidades eternas ; porém a matéria por si só não é vital nem
ativa, nem é a força em si mesma inteligente ; não obstante, vita-
lidade e atividade são característicos de coisas viventes e os
efeitos da inteligência estão universalmente presentes . A natu-
reza não é Deus, e confundir um com o outro seria o mesmo
que dizer que o edifício é o arquiteto, que o tecido é o tecelão,
o mármore o escultor e o objeto o poder que o fez . O sistema da
natureza é a manifestação de uma ordem que evidencia uma in-
teligência diretora e essa inteligência é de caráter eterno, sendo
co-eterna com a própria existência . A própria natureza é uma

12, Heb . 3 :4. 13, Veja o apêndice 2 :4 .


40 REGRAS DE FÉ

declaração de um Ser Superior, cuja vontade e propósito ela


manifesta em seus aspectos variados . Mas além dos limites da
natureza, e superior a ela, encontra-se o Deus da natureza.

Enquanto a existência é eterna — e por conseguinte o ser


nunca teve princípio e jamais terá fim — todo grau de organiza-
ção, num sentido relativo, deve ter tido um princípio e para
toda fase de existência manifestada em cada uma das inumerá-
veis ordens de coisas criadas houve um primeiro e haverá um
último, apesar de cada fim ou consumação na natureza nada
mais ser que outro princípio . Assim, a engenhosidade do ho-
mem inventou teorias para ilustrar, senão para explicar, uma
sucessão possível de acontecimentos por meio dos quais a terra
progrediu de uma condição de caos até o seu atual estado habi-
tável ; mas, segundo essas hipóteses, este globo foi em certo
tempo uma esfera estéril sobre a qual nenhuma das inumeráveis
formas de vida que hoje a ocupam podia ter existido . Por conse-
guinte, o que teoriza tem que admitir o princípio da vida sobre a
terra e este princípio só se explica supondo-se algum ato cria-
dor, geração espontânea ou contribuição de fora da terra . Se se
admite a introdução da vida sobre a terra de alguma outra esfe-
ra mais antiga, nada mais se faz que estender os limites de inves-
tigação sobre o princípio da vida, porque explicar a origem de
uma roseira em nosso jardim, dizendo que foi transplantada
como um galho de uma roseira que crescia em outro lugar, não
responde a pergunta concernente à origem das rosas . A ciência
supõe necessariamente que neste planeta tiveram seu princípio
os fenômenos vitais e admite uma duração finita da terra em
seu curso atual de mudanças progressivas e, como acontece
com a terra, acontece também com os corpos celestiais em ge-
ral . De modo que a eternidade da existência não constitui indi-
cação mais positiva, no que diz respeito a um Governador eter-
no, que a interminável sucessão de mudanças, cujas etapas indi-
viduais têm tanto um princípio como um fim . A origem das coi-
sas criadas, o princípio de um universo organizado, se baseado
na suposição de uma mudança espontânea na matéria e de uma
operação fortuita e acidental de suas propriedades, é completa-
mente inexplicável .

DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE 41

A razão, tão passível de se equivocar em assuntos de me-


nos importância, talvez não conduza por si só o seu possuidor a
um conhecimento convincente de Deus ; não obstante, o exercí-
cio dela o ajudará em sua investigação, fortalecendo e confir-
mando seu instinto herdado em direção ao Criador ." "Disse o
néscio em seu coração : Não há Deus" ." Nesta passagem, assim
como se usa em outras partes da escritura, o néscio 1ó é um ho-
mem iníquo, que perdeu o direito a sua sabedoria por cometer
o mal, trazendo com ele, à sua mente, trevas, em lugar de luz, e
ignorância em lugar de conhecimento . Seguindo este curso, a
mente se torna depravada e incapaz de perceber e apreciar os
mais finos argumentos da natureza . Aquele que peca volunta-
riamente cerra seus ouvidos à voz da intuição e à da razão em
coisas sagradas ; e perde o privilégio de comungar com seu Cria-
dor, tornando-se indigno, portanto, do meio mais potente de al-
cançar um conhecimento pessoal de Deus.

3 . A Revelação dá ao homem seu conhecimento mais segu-


ro de Deus . São inúmeras nas escrituras as ocasiões em que o
Senhor, ou expressamente Jeová, Se manifestou a Seus profe-
tas, tanto nos dias mais antigos como nos posteriores . Já vimos
que Se revelou a Adão e a outros patriarcas antediluvianos —
base das muitas tradições relativas à personalidade e existência
de Deus — depois a Noé, Abraão, Isaque, Jacó e Moisés . Um
dos exemplos mencionados brevemente em Gênesis é o de Eno-
que, o pai de Matusalém . Lemos que ele caminhou com Deus"
e, além disso, que o Senhor se manifestou com particular clare-
za a esse profeta justo 1 ', revelando o que havia de acontecer até
o tempo assinalado do ministério de'Cristo na carne, o plano de
salvação mediante o sacrifício do Filho Unigênito e o que have-
ria de acontecer até o juízo final.
Sobre Moisés lemos que ouviu a voz de Deus que lhe fala-
va do meio da sarça ardente, no Monte Horeb, dizendo : "Eu
sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o

14, Ve a o apêndice 2:5 15, Salmos 14:1, 16. Salmos 107:17 ; Prov . 1 :7 : 10 :21, 14 :9.
17, Ge. 5:18-24 . Heb. 11 :5 ; Ind. 14 . 18, P. de G . V ., Moisés caps . 6, 7 .

42 REGRAS DE FÉ

Deus de Jacó . E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu


olhar para Deus" . 19 Deus apareceu a Moisés e à congregação
de Israel, sobre o Sinai, falando com o aterrador acompanha-
mento de trovões e relâmpagos : "Assim dirás aos filhos de Is-
rael : Vós tendes visto que Eu, falei convosco desde os céus " . 20
A respeito de uma manifestação posterior nos é dito : "E subi-
ram Moisés e Aarão, Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de
Israel, e viram o Deus de Israel, e debaixo de Seus pés havia
como uma obra de pedra e safira, e como o parecer do céu
em sua claridade" . 21
Mais tarde, nos dias de Josué e dos Juízes è durante a épo-
ca do governo dos reis, o Senhor manifestou Sua presença e Seu
poder a Israel . Isaías viu o Senhor sobre um trono, no meio de
um glorioso séquito, e exclamou : " Ai de mim, que vou perecen-
do, porque eu sou um homem de lábios impuros, e habito no
meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o
rei, o Senhor dos Exércitos " 2z
Num período subseqüente, quando Cristo saía das águas
do batismo, ouviu-se a voz do Pai que dizia: "Este é Meu Filho
amado, em quem Me comprazo "23 E na ocasião em. que se ve-
rificou a transfiguração do Senhor, a mesma voz repetiu esta
solene e gloriosa confissão . 2» Quando Estêvão padecia o mar-
tírio nas mãos de seus cruéis e fanáticos compatriotas, os
céus se abriram e ele "viu a glória de Deus e Jesus Cristo que
estava à mão direita de Deus " . 2S
No Livro de Mórmon são inúmeros os exemplos de comu-
nicação entre Deus e Seu povo, principalmente por meio de vi-
sões e visitações de anjos, mas também por manifestação direta
da presença divina . Lemos, pois, que um grupo de pessoas saiu
da Torre de Babel e viajou para o hemisfério ocidental sob a di-
reção de uma pessoa a quem a história se refere como o irmão
de Jared . Preparando-se para a viagem sobre o oceano, esse ho-
mem rogou ao Senhor que tocasse com Seu dedo certas pedras
para fazê-las luminosas a fim de que os viajantes pudessem ter
luz em suas naves . Respondendo a esta petição, o Senhor esten-

19, Êxodo 3:6 . 20, Êxodo 20 :18-22 . 21, Êxodo 24 :9, 10. 22, Isaías 6 :1-5. 23, Mateus
3 :16, .17 ; Mar . 1 :11 . 24, Mat . 17:1-5 ; Luc . 9 :35 . 25, Atos 7 :54-60 .

DEUS E A SANTISSIMA TRINDADE 43

deu Sua mão e tocou as pedras, revelando Seu dedo, que esse
indivíduo verificou com assombro ser semelhante ao de um ser
humano . Então o Senhor, satisfeito com a fé desse homem, se
fez visível e mostrou ao irmão de Jared que o homem foi literal-
mente feito à imagem do Criador . 26 Cristo, depois de Sua res-
surreição, revelou-se aos nefitas que habitavam no continente
ocidental . A estas ovelhas do rebanho ocidental Ele testificou
da comissão que havia recebido do Pai . Mostrou-lhes as feridas
em Suas mãos, pés e no lado, e de várias maneiras exerceu Seu
ministério em favor da multidão de crentes .'
Na dispensação atual Deus revelou-Se a Seu povo . Me-
diante sua fé e sinceridade de propósito, Joseph Smith, embora
estivesse em sua juventude, recebeu uma manifestação da pre-
sença de Deus, concedendo-se-lhe o privilégio de ver tanto o
Pai Eterno como Jesus Cristo, o Filho . Seu testemunho da exis-
tência de Deus não depende nem da tradição nem da dedução
estudada ; ele declara ao mundo que ambos, o Pai e Cristo, o Fi-
lho, vivem, porque viu Suas pessoas e ouviu Suas vozes . Além
da manifestação mencionada, Joseph Smith e seu conservo,
Sidney Rigdon, afirmam que a 16 de fevereiro de 1832 viram o
Filho de Deus e conversaram com Ele em visão celestial . Des-
crevendo esta manifestação, dizem assim : "E enquanto meditá-
vamos sobre essas coisas o Senhor tocou os olhos de nosso en-
tendimento, os quais se abriram, e a glória do Senhor brilhou
em nosso redor . E contemplamos a glória do Filho à direita do
Pai, e recebemos da Sua plenitude ; e os santos anjos e aqueles
que foram santificados vimos diante do Seu trono, adorando a
Deus e ao Cordeiro, a Quem adorarão para todo o sempre . E
agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram d'Ele:
Este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele:
que Ele vive! Pois vimo-Lo à direita de Deus e ouvimos a voz
testificando que Ele é o Unigênito do Pai . Que por Ele, por
meio d'Ele e d'Ele foram os mundos criados, e seus habitantes
são filhos e filhas gerados para Deus" . 2
A 3 de abril de 1836, no templo de Kirtland, estado de
Ohio, o Senhor novamente Se manifestou a Joseph Smith e a

26, Eter, cap . 3 . 1, 3 Néfi, caps . 11-28 . 2, D . & C . 76 :19-24 .



44 REGRAS DE FÉ

Oliver Cowdery, os quais, referindo-se à ocasião, dizem : "Vi-


mos diante de nós o Senhor, de pé no parapeito do púlpito ; e
sob Seus pés um calçamento de ouro puro da cor de âmbar.
Seus olhos eram como a labareda de fogo ; os cabelos de Sua ca-
beça eram brancos como a pura neve ; Seu semblante resplan-
decia mais do que o sol ; e a Sua voz erd como o som de muitas
águas, sim, a voz de Jeová, que dizia : Sou o primeiro e o último:
sou o que vive, sou o que foi morto ; sou o vosso intercessor jun-
to ao Pai" .'

A Trindade — Três personagens que constituem o grande


conselho que preside o universo se manifestaram ao homem : (1)
Deus o Pai Eterno ; (2) Seu Filho Jesus Cristo ; e (3) o Espírito
Santo . Os anais aceitos das relações entre a divindade e o ho-
mem demonstram que estes três são indivíduos distintos, fisica-
mente separados um do outro . Por ocasião do batismo do Sal-
vador, João reconheceu o sinal do Espírito Santo ; diante dele
viu, num corpo de carne, Cristo, a quem, havia ministrado a
santa ordenança ; e ouviu a voz do Pai .° Os três personagens da
Trindade estavam ali presentes, manifestando-se cada um de
um modo diferente, e cada qual distinto do outro . Mais tarde o
Salvador prometeu a seus discípulos que o Consolador, 5 que é o
Espírito Santo, lhes seria enviado de Seu Pai ; aqui novamente
se especificam separadamente os três membros da Trindade.
Por ocasião de seu martírio, Estêvão foi abençoado com visões
celestiais e viu Jesus à direita de Deus . 6 Joseph Smith, invocan-
do o Senhor com fervorosa oração, viu o Pai e o Filho em meio
a uma luz que ofuscava o brilho do sol ; e um destes disse, indi-
cando o outro : "Este é o Meu Filho Amado . Ouve-O" . Cada
um dos membros da Trindade se chama Deus .' Juntos consti-
tuem a Trindade.

Unidade da Trindade — A Trindade é um tipo de união nos


atributos, poderes e propósitos de seus membros . Enquanto es-

3, D . & C . 110:2-4 . 4, Mateus 3 :16, 17 ; Marcos 1 :9-11 ; Lucas 3 :21-22 . 5, João 14 :26;
15 :26 . 6, Atos 7 :55-56 . 7, 1 Cor. 8 :6 ; João 1 :1-14 ; Mat . 4 :10 ; 1 Tim . 3 :16 ; 1 João 5 :7;
Mosíah 15 :1, 2 .

Roberto Gonça .lvee Gameiro

DEUS E A SANTISSIMA TRINDADE 45

teve na terra, 9 e ao manifestar-se a Seus servos nefitas, 9 Jesus


muitas vezes testificou da unidade que existe entre Ele e o Pai
e entre Eles e o Espírito Santo . Isto não pode racionalmente
significar que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam um em
substância e pessoa, nem que os nomes representem o mesmo
indivíduo em diferentes aspectos . Bastará uma só referência
para demonstrar o erro de tal conceito : Pouco antes de ser
traído, Cristo rogou que seus discípulos, os Doze, e outros con-
versos, se mantivessem em unidade 10 , "para que fossem um"
como o Pai e o Filho são um . Não podemos supor -que Cristo
pedisse que Seus discípulos perdessem sua individualidade e se
convertessem em uma só pessoa, mesmo que uma mudança
assim tão contrária à natureza fosse possível . Cristo desejava
que todos fossem um em coração, espírito e propósito, porque
tal é a unidade que existe entre Seu Pai e Ele e entre Eles
e o Espírito Santo.
Esta unidade é protótipo de perfeição ; a vontade de qual-
quer dos membros da Trindade é a vontade dos outros ; vendo
cada um deles com o olho da perfeição, vêem e compreendem
da mesma forma . Em qualquer condição determinada, todos
agirão da mesma forma, guiados pelos mesmos princípios de
inequívoca justiça e eqüidade . A unidade da Trindade, da qual
as escrituras tão abundantemente testificam, não dá a entender
nenhuma união mística de substância, nem anormal e conse-
qüentemente impossível fusão de personalidade . O Pai, o Filho
e o Espírito Santo são tão distintos em Suas pessoas e individua-
lidades como o são quaisquer três pessoas mortais . Não obstan-
te, Sua unidade de propósito e ação é tal que torna Seus éditos
um e Sua vontade a vontade de Deus . Mesmo em aparência
corporal o Pai e o Filho parecem-se ; assim, pois, quando Felipe
pediu a Cristo que lhes mostrasse o Pai, Ele lhe disse : "Há tanto
tempo estou convosco e não me tendes conhecido, Felipe?
Quem vê a mim vê o Pai ; e como dizes tu : Mostra-nos o Pai?
Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As
palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai,

8, João10:30, 38 ; 17:11, 22 . 9, 3 Néfi 11 :27, 36 ; 28 :10 ; Alma 11 :44 ; Mórmon 7:7, 10,
João 17 :11-21 .

46 REGRAS DE FÉ

que está em mim, é quem faz as obras . Crede-Me que estou no


Pai e o Pai está em mim" ."

A Personalidade de Cada um dos Membros da Trindade — A


evidência apresentada esclarece que o Pai é um Ser pessoal, de
forma determinada, com partes corporais e paixões espirituais.
Jesus Cristo, que esteve com o Pai 12 em espírito antes de vir mo-
rar na carne, e por Quem foram feitos os mundos, 13 viveu entre os
homens como homem, com todas as características físicas de
um ser humano ; depois de Sua ressurreição apareceu da mesma
forma 14 e assim ascendeu aos céus," e também Se manifestou
aos nefitas e aos profetas modernos . Afirma-se-nos que Cristo
foi a imagem expressa de Seu Pai, 16 em cuja imagem o homem
também foi criado ." Sabemos portanto que o Pai, bem como o
Filho, .são, em forma e estatura, homens perfeitos : cada um de-
les possui um corpo tangível infinitamente puro e perfeito, re-
vestido de glória transcendente ; não obstante é um corpo de
carne e ossos .' 8
O Espírito Santo, chamado também Espírito, e Espírito do
Senhor, 19 Espírito de Deus, 20 Consolador21 e Espírito de Verda-
de, 22 não tem um corpo de carne e ossos, mas é um personagem
de espírito ; 23 não obstante, sabemos que o Espírito Se manifes-
tou na forma de um homem . 20 Por meio das funções do Espírito,
o Pai e o Filho podem comunicar-Se com o gênero humano ; 2s
por meio d'Ele se transmite o conhecimento 26 e por Ele se le-
vam a cabo os propósitos da trindade .' O Espírito Santo é o que
testifica do Pai e do Filho 2 , declarando ao homem os atributos
d'Eles, dando testemunho dos outros personagens da Trinda-
de .'

11, João 14 :9-11 ; veja também Heb . 1 :3 . 12, Veja João 17:5 . 13, João 1 :3 ; Heb . 1 :2 ; Ef.
3 :9 ; Col . 1 :16 . 14, João 20 :14, 15, 19, 20, 26 e 27 ; 21 :1-4 ; Mat . 28 :9 ; Luc . 24 :15-31,36-44.
15, Atos 1 :9-11 . 16, Heb . 1 :3 ; Col . 1 :15 ; 2 Cor . 4:4 . 17, Gên . 1 :26, 27 ; Tiago 3 :8, 9.
18, D . & C . 130:22 . 19, 1 Néfi 4 :6 ; 11 :1-12 ; Mosíah 13:5 ; Mar. 1 :10 ; João 1 :32 ; Atos 2:4;
8 :29 ; 10 :19 ; Rom . 8 :10, 26 ; 1 Tes . 5 :19 . 20, Mateus 3 :16 ; 12 :28 ; 1 Néfi 13 :12, 13 . 21,
João 14 :16, 26 ; 16 :7 . 22, João 15 :26 ; 16 :13 . 23, D . & C . 130:22 . 24, 1 Néfi 11 :11 . 25,
Necm . 9 :30 ; Isaías 42 :1 Atos 10:19 ; Alma 12 :3: D . & C . 105 :36 ; 97 :1 . 26, João 16 :13 ; 1 Né-
fi 10:19 ; D . & C . 35 :13 ; 50:10. 1, Gên . 1 :2; Jó 26 :13 ; Sal . 104 :30 ; D . & C . 29 :31 .2, João
15 :26 ; Atos 5 :32 ; 20 :23 ; 1 Cor . 2 :11 ; 12 :3 ; 3 Néfi 11 :32 . 3, Veja o capítulo 8 desta obra .

DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE 47

Alguns Atributos Divinos — Deus é Onipresente — Não há


parte da criação, por mui remota que seja, em que Deus não
possa penetrar ; por meio do Espírito a Trindade tem comunica-
ção direta com todas as coisas, a todo tempo . Diz-se, pois, que
Deus está presente em todas as partes, porém isto não quer di-
zer que qualquer dos membros da Trindade possa em pessoa es-
tar fisicamente em mais de um 'lugar por vez . Os sentidos de
cada um dos membros da Trindade são de poder infinito ; Sua
mente é de capacidade ilimitada ; Suas faculdades para transla-
dar-se de um lugar a outro são infinitas ; não obstante, é eviden-
te que Sua pessoa não pode estar em mais do que um lugar ao
mesmo tempo . Ao admitir a personalidade de Deus, vemo-nos
obrigados a aceitar o fato de sua materialidade ; na verdade, não
pode existir um "ser imaterial", nome sem sentido que alguns
têm usado para designar a condição de Deus, porque a expres-
são mesma .é uma contradição de palavras . Se Deus tem forma,
esta forma forçosamente deve ser de proporções determinadas
e, portanto, de extensão limitada quanto ao espaço . É impossí-
vel que Ele possa ocupar mais de um espaço em tais limitações,
ao mesmo tempo ; e, portanto, não causa surpresa ler nas Escri-
turas que se translada de um lugar a outro . Assim, pois, referin-
do-se ao relato da torre de Babel, lemos : "Então, desceu o Se-
nhor para ver a cidade e a torre" . 4 Esse mesmo Deus apareceu a
Abraão e tendo declarado ser "o Deus Todo-Poderoso" con-
versou com o patriarca e fez com ele um convênio ; lemos en-
tão : "E acabou de falar com ele e subiu o Deus de Abraão" . s
Deus é Onisciente — Ele organizou a matéria e dirigiu a
energia . É, por conseguinte o Criador de todas as coisas cria-
das ; e a Ele "estas coisas . . . são conhecidas desde toda a eter-
nidade" . 6 Seu poder e Sua sabedoria são igualmente incom-
preensíveis ao homem, porque são infinitos . Sendo Ele eterno e
perfeito, Seu conhecimento só pode ser infinito . Para com-
preender-se, um ser infinito, deve possuir uma mente infinita.
Por intermédio de anjos e servos ministradores, mantém comu-

4, Gên . 11 :5 . 5, Gên . 17 :1, 22. 6, Atos 15 :18 ; P . de G . V ., Moisés 1 :6, 35, 37 ; 1 Néfi 9 :6 .

48 REGRAS DE FÉ

nicação contínua com todas as partes da criação, que pode visi-


tar pessoalmente conforme o que determina.
Deus é Onipotente — Chama-se apropriadamente o Todo-
Poderoso . O homem pode perceber provas da onipotência divi-
na ao seu redor: Nas forças que regem os elementos da terra e
dirigem as órbitas do céu em seus cursos determinados . O que a
Sua sabedoria indica que é necessário fazer, Deus pode fazer e
faz . Os meios de que Se utiliza para agir, apesar de não serem
em si mesmos de capacidade infinita, são regidos por um poder
infinito . Poder para realizar tudo quanto determina : isto expri-
me um conceito racional de Sua onipotência.
Deus é Bondoso, Benevolente e Amantíssimo, terno, atencio-
so e longânimo, tolerando pacientemente as fraquezas de Seus
filhos . É justo e misericordioso em julgamento .' Não obstante,
com estes atributos combina a firmeza, quando se trata de er-
ros .' É zeloso9 de seu próprio poder e da reverência que a Ele é
atribuída, isto é, é zeloso dos princípios de verdade e pureza
que em nenhum outro lugar se exemplificam mais nobremente
que em seus atributos pessoais . Esse Ser é o autor de nossa exis-
tência, aquele que nos permite chegar a Ele como Pai . 10 Nossa
fé nele aumentará à medida que melhor o conhecermos.

Idolatria e Ateísmo — A julgar pela abundante evidência da


existência de Deus, de quem a família humana comumente pos-
sui um conceito, parece haver pouco fundamento para que o
homem possa racionalmente afirmar e manter a descrença em
Deus ; e à vista das muitas provas da natureza benigna dos atri-
butos divinos, pouca deveria ser a inclinação de desviar-se para
objetos de adoração falsos e indignos . Não obstante, a história
da raça humana mostra que o teísmo, que é a doutrina da cren-
ça em Deus, e a sua aceitação, tem como inimigos muitas varie-
dades de ateísmo ;" e que o homem é inclinado a desmentir sua

7, Veja Deu( 4 :31 : 2 Cron . 30 :9 . Ëx . 20 :6 ; 34 :6 : Neem . 9 :17, 31 ; Sal . 116 :5 : 103 :8 ; 86 :15 : ler.
32 :18, 8, Êxodo 20 :5 ; Deut . 7 :21 ; 10:17 : Sal . 7 :11 . 9, Êxodo 20:5 : 34 :14 . Deut . 4 :24;
6 :14, 15 . Jos . 24:19, 20 . 10, Veja o apêndice 2 :11 . 11, Veja o apêndice 2 :6 .

.DEUS . E A SANTÍSSIMA TRINDADE 49

pretensão de ser uma criatura racional e a oferecer sua adora-


ção a santuários idólatras . O ateísmo é provavelmente produto
de épocas posteriores, enquanto a idolatria se estabeleceu
como um dos primeiros pecados da raça humana . Mesmo du-
rante o êxodo de Israel do Egito, Deus julgou oportuno dar
como mandamento : "Não terás outros Deuses diante de
mim " . 12 Não obstante, enquanto escrevia estas palavras sobre a
tábua de pedra, Seu povo estava-se contaminando ante o bezer-
ro de ouro que se havia fabricado conforme o modelo de um
ídolo egípcio.
O homem está dotado de um instinto de adoração ; anseia e
encontra sempre algo que adorar . Quando caiu em escuridão,
por transgredir persistentemente, e se esqueceu do autor de seu
ser e do Deus de seus pais, buscou para si mesmo outras divin-
dades . Alguns chegaram a ver no sol o protótipo do supremo e
prostraram-se suplicantes ante esse luminar . Outros escolheram
as manifestações terrestres para adorar ; maravilharam-se ante
o milagre do fogo e adoraram a chama . Outros viram, ou pensa-
ram ver, o emblema do puro e do bom na água e renderam suas
devoções aos riachos correntes . Outros, assombrados pela ma-
jestade das montanhas até a reverência, chegaram-se a esses
templos naturais para adorar o altar, em lugar daquele por cujo
poder se havia levantado . Outros ainda, mais firmemente im-
buídos de uma reverência pelo emblemático, procuraram criar
para si mesmos objetos artificias de adoração . Fizeram imagens
para si, lavrando toscas figuras nos troncos das árvores, escul-
pindo formas estranhas em pedras e ante elas se prostrando ."
Em algumas de suas fases as práticas idólatras chegaram a
se associar com ritos de terrível crueldade, como se vê no cos-
tume de sacrificar crianças a Moloc, e ao rio Ganges entre os
hindus, assim como na matança de seres humanos, sob a tirania
druida . Os deuses que o gênero humano criou são desumanos,
desapiedados e cruéis . 14
Ateísmo é a negação da existência de Deus ; em forma mais
moderada, pode consistir em menosprezá-lo . Porém, o ateu de-
clarado, da mesma forma que os seus companheiros mortais
12, Êxodo 20 :3 . 13, Veja apêndice 2 :7 . 14, Veja apêndice 2 :8,19 .

50 REGRAS DE FÉ

crentes, está sujeito à paixão universal do homem pela adora-


ção . Apesar de se negar a reconhecer o Deus verdadeiro e vivo.
endeusa, consciente ou inconscientemente, certa lei,' certo
princípio, certo atributo da alma humana, ou talvez mesmo al-
guma criação material ; e a este recorre em busca de uma seme-
lhança do consolo que o crente encontra em rica abundância
através da oração dirigida a Seu Pai e Deus . Duvido da existên-
cia de um ateu verdadeiro, que com a sinceridade de uma con-
vicção arraigada negue em seu coração a existência de um po-
der inteligente e supremo.
A idéia de Deus é um característico inerente da alma hu-
mana . O filósofo reconhece a sua necessidade em suas teorias
sobre o ser . Poderá negar a aceitação de um Deus pessoal . Não
obstante, supõe a existência de um poder governante, de uma
grande incógnita, do desconhecido, do ilimitável, do incons-
ciente . Oh, homem instruído mas não sábio, por que recusas os
privilégios que te estende o Ser onipotente e onisciente a quem
deves tua vida, cujo nome, não obstante, não queres confessar?
Não há ser mortal que, contemplando Sua perfeição e poder,
não se aproxime d'Ele com admiração e reverência . Conside-
rando-O somente como criador e Deus, sentimo-nos abatidos
ao pensar n'Ele ; mas Ele nos deu o direito de nos aproximarmos
d'Ele como seus filhos e de chamá-lo Pai . Nos momentos mais
solenes da vida, até mesmo o ateu sente uma ânsia que lhe vem
da alma por um Pai Celestial, tão naturalmente como seus afe-
tos humanos se voltam ao pai que lhe deu vida mortal . O ateís-
mo de hoje nada mais é que uma espécie de paganismo, apesar
de tudo.

Conceitos Sectários da Trindade — A doutrina consistente,


simples e autêntica a respeito do caráter e atributos de Deus,
como Cristo e os apóstolos a ensinaram, retrocedeu ao cessar a
revelação e desceu sobre o mundo a escuridão que acompa-
nhou a falta de autoridade divina, depois de serem afastados da
terra os apóstolos e o Sacerdócio . Em seu lugar surgiram nume-
rosas teorias e dogmas dos homens, dos quais muitos são com-
pletamente incompreensíveis por sua inconsistência e misticis-
mo .

DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE 51

No ano 325, o imperador Constantlno convocou o Concílio


de Nicéia, procurando, por meio desse corpo, obter uma decla-
ração de fé cristã que pudesse ser recebida como autorizada e
capaz de iluminar a dissensão cada vez maior que provinha do
desacordo quanto à natureza de Deus e outros assuntos teológi-
cos . O conselho condenou algumas das teorias desse tempo, en-
tre elas a de Ario, que afirmava ter o Filho sido criado pelo Pai
não podendo, portanto, ser co-eterno com o Pai . O conselho
promulgou o que é conhecido como o credo de Nicéia, e com o
tempo seguiu-se-lhe o Credo Atanasiano, a respeito de cuja autoria
têm surgido controvérsias ." Esse credo reza assim : "Adoramos um
Deus em Trindade, e Trindade em Unidade, não confundindo as
pessoas nem dividindo a substância ; porque há uma pessoa do Pai,
outra do Filho e outra do Espírito Santo ; porém a divindade do
Pai, do Filho e do Espírito Santo toda é uma, igual é a glória,
co-eterna 'a majestade . Tal como o Pai, são o Filho e o Espírito;
o Pai incompreensível, o Filho incompreensível e o espírito in-
compreensível ; o Pai eterno, o Filho eterno e o Espírito Santo
eterno . E, não obstante, não há três eternos, mas sim um eter-
no ; como também não há três não criados e nem três incom-
preensíveis, mas um que não foi criado e um incompreensível.
Da mesma forma, o Pai é todo-poderoso, o Filho é todo-
poderoso e o Espírito Santo é todo-poderoso ; e, não obstante,
não há três todo-poderosos, mas sim um todo-poderoso . Assim
o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus . Não
obstante, não há três Deuses, mas sim um Deus ."
Seria difícil conceber maior número de contradições e fal-
ta de concordância expressas em tão poucas palavras.
A Igreja da Inglaterra ensina, atualmente, o seguinte con-
ceito ortodoxo de Deus : "Há somente um Deus vivo e verda-
deiro, sempiterno, sem corpo, partes ou paixões, de poder infi-
nito, sabedoria e bondade" . A imaterialidade de Deus, como
afirmado nestas declarações sectárias é inteiramente contrária
às Escrituras e absolutamente contradita pelas revelações da
pessoa e atributos de Deus, como demonstrado nas passagens
já citadas.

I5, Veja "A Grande Apostasia", cap . 7, pelo autor


52 REGRAS DE FÉ

Nós afirmamos que negar a materialidade da pessoa de


Deus é negar a Deus ; porque uma coisa sem partes não tem o
todo e um corpo imaterial não pode existir . 16 A Igreja de Jesus
Cristo proclama que o Deus incompreensível, "sem corpo, par-
tes ou paixões", não pode existir, e afirma sua crença e fidelida-
de ao Deus vivo e verdadeiro das Escrituras e das revelações.

REFERENCIAS *

Deus é uns Personagem

Note que nem sempre se indica aqui a distinção entre o Pai Eterno . ou Eloim . e o Filho,
que é Jeová ou Jesus Cristo . No Velho Testamento, muitas vezes Jeovii se tradux por
Senhor, coei letra maiúscula . enquanto Senhor Deus indica as personalidades de
I',loint e Jeová . ou ambos, o Pai e o Filho . Veja "Jesus the Christ" cap . 4.
O homem na imagem de Deus — Gén . 1 :26, 27 : 5 :1.
Deus fel o homem conforme a Sua imagem — portanto . o assassinio é uma atrocidade —
(icn . 9 :6.
Homens n semelhança de Deus — .Tiago 3 :9.
Cristo e á imagem de Deus — 2 Cor . 4 :4 : Col . I :I5 : Fil . 2 :6.
O Filho á expressa imagem do Pai — Heh . 1 :3.
Jesus disse Quem vê a Mim . vé Aquele que Me env iou — João 12 :45
Jesus disse a Felipe : Quem Me vé a Mim . vé ao Pai . — João 14 :9.
Cristo, que devia vir na carne, seria a imagens segundo a qual o homem foi criado no come-
ço, á imagem de Deus — Alma 18 :34.
Jesus Cristo . antes da encarnação, mostrou-se ao irmão de Jared . dizendo:
Vés que foste criado segundo Minha própria imagem? — Ller 3 :15.
A humanidade criada segundo a imagem e semelhança de Deus — D . & C . 22(1:18.
O pai e o filho . cada um tem um corpo de carne e ossos tão tangível conto o do homem —
D . & C . 13(122.
O homem na imagens do Pai e do Unigénito — Moines 2 :27.
\lo .iuh 7 2 7 . O homem foi criado segundo a imagens de Deus.

16, Veja apêndice 2 :9.

(')-Nas "Referencias" após os diversos capítulos, só poucas passagens das escrituras


que estão relacionadas ao assunto são mencionadas . As passagens freqüentemente estão
resumidas e . portanto, não apresentam citações completas ou rigorosas, o propósito sendo
só o de indicar o assunto de cada citação.
A seqüência é a de conveniéncia do estudo, as passagens relacionadas sendo coloca-
das juntas em alguns casos . Quando há pouca necessidade de relacionar uma à outra, as
citações estão na ordem seguinte : 1 . Bíblia, 2, Livro de Mórmon : 3, Doutrina e Convénios:
4, Pérola de Grande Valor

REFERENCIAS 53

Moisés na semelhança do Unigénito'– Moisés 1 :6.


Deus criou o homem à imagem de Seu próprio corpo – Moisés 6 :9.
Macho e fêmea formados à imagem dos Deuses – Abraão 4 :27.
O Senhor falava a Moisés cara a cara, como qualquer fala com o seu amigo – EX . 33 :11;
Núm . 12:8 ; Deut . 34 :10.
Moisés Aarão e outros viram o Deus de Israel – Ex . 24 :10.
Moisés viu Deus cara a cara e falou com Ele – Moisés 1 :2, 11.
Joseph Smith viu o Pai e o Filho – P . de G . V . p . 56.
Joseph Smith e Sidney Rigdon viram o Senhor à direita de Deus – D . & C . 76 :23.
Joseph Smith e Oliver Cowdery viram o Senhor no templo de Kirtland – D . & C . 110 :2.

Deus é um Ser com partes e paixões


O Senhor falou a Moisés cara a cara e boca a boca – Vide acima.
Também Núm . 12:8 ; Moisés cap . 1 :5.
Ouvida a voz do Senhor, por Adão e Eva – Gén . 3 :8 ; por Caim – Gén . 4 :9 ; por Moisés, Aa-
rão e Miriam – Núm . 12 :4, pelos israelitas – Deut . 5:22.
Sou um Deus zeloso – Ex . 20:5.
O nome do Senhor é Zeloso ; Deus zeloso é Ele – Ex . 34 :14 ; Deut . 4 :24 ; Jos . 24 :19.
O Senhor é um Deus zeloso, sua ira pode acender se – Deut . 6 :15.
A ira do Senhor se acendeu contra Israel – Juizes 2 :14 ; 3 :8.
Do Senhor é provocada a ira – Jer. 7 :19, 20 ; 1 Reis 22 :53.
Manifesta-se a ira de Deus sobre toda a impiedade – Rom . 1 :18 ; Apoc . 15 :1, 7 ; d . & C . 1 :9.
Vi que a ira de Deus havia caído – 1 Néfi 14 :15.
Estas coisas Eu aborreço, diz o Senhor – Zac . 8 :17.
A terna misericórdia do Senhor se estende – 1 Néfi 1 :20.
A misericórdia do Pai para com os gentios – 3 Néfi 16 :9.
O Senhor faz misericórdia – Ex 20 :6.
Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade, que
perdoa, mas não tem o culpado por inocente – Ex . 34 :6, 7.
Deus é misericordioso – Deut . 4 :31 ; 7 :9.
O Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-se e grande em beneficência.
Neem . 9 :17 ; Sal . 116 :5 ; Tiago 5 :11.
Ele é cheio de misericórdia, justiça, graça, verdade e paz – D . & C . 84:102 .'
O Senhor amava a Israel – Deut . 7 :8 ; 1(1:15, 18 ; Sal . 69 :16 ; Os. 11 :1.
Pois o mesmo Pai vos ama – João 16 :27 ; 1 João 3 :1.
Deus é Amor 1 João 4 :8-11, 16, 19.
Os braços de amor do Senhor – 2 Néfi 1 :15.
A sabedoria de Deus, Sua misericórdia e graça – 2 Néfi 9 :8
A bondade de Deus, Sua sabedoria, paciência etc . – Mosiah 4:6
Haveria alguma coisa difícil ao Senhor? – Gên . 18 :14.
Seus juizos são insondáveis, Seus caminhos inexcrutáveis – Rom 11 :33.
O Deus dos deuses, o Senhor, Ele o sabe – Josué 22 :22.
O Senhor com sabedoria fundou a terra – Prov . 3 :19.
Suas obras são notórias a Deus – Atos 15 :18 ; Sal . 139 ; Prov . .5 :21.
A glória de Deus é a inteligência – 1) . & C' . 93 :36.
Todas as coisas foram feitas por Aquele que conhece tudo – 2 Néfi 2 :24.
A Deus tudo é possível -- Mt . 19 :26 ; Jó 42 :2 ; Jer . 32:17.
Deus governa e compreende todas as coisas – D . & C . 88 :40-41 .

54 REGRAS DE FÉ

A Trindade — "[rês Personagens


O Pai, o Filho e o Espírito Santo especificados individualmente — Luc . 3 :22 : Mat . 3 :16, 17:
João 1 :32, 33 ; 15 :26 ; Atos 2 :33 ; 1 Ped . 1 :2.
O batismo deve ser feito em nome dos três — Mat . 28 :19 : 3 Néfi 11 :25_ D . & C . 20 :73.
O Pai, o Filho e o Espírito Santo — 3 Néfi 11 :27 . 36.
O Espírito Santo dá testemunho do Pai e do Filho — 3 Néfi 28i11 : D . & C . 20:27.
Pai . Filho e Espírito Santo — D . & C . 20 :28.
Comissionamento de batizar em nome do Pai, . do Filho e do Espírito Santo —
D . & C . 68 :8,

Idolatria
Não terás outros deuses diante de mim — Ex 20 :3-5 : Deut . 5 :7-9.
Idolatria de Efraim e seu castigo — Os . 13 :1-4.
Os Israelitas adoram o bezerro de ouro — Ex . cap . 32 . Atos 7 :40 . 41
Ai dos que adorarem os ídolos — 2 Néfi 9 :37.
Os nefitas culpados de idolatria — Helamà 6 :31.
Sacrifícios humanos aos ídolos pelos lamanitas — Mórmon 4 :14.
Os pais de Abraão eram idólatras — Abraão 1 :5-7.
Idólatras do Egito : Abraão 1 :8-18.
Idolatria no mundo atual — D . & C . 1 :16.
Que não haja idolatria nem iniqüidade — D . & C . 52 :39 .
Capítulo 3

A TRANSGRESS .Ã() E A QUEDA

Regra 2 — Cremos que os homens serão punidos pelos seus próprios


pecados e não pela transgressão de Adão.

A TRANSGRESSÃO E SEUS RESULTADOS

O Livre Arbítrio do Homem — A Igreja ensina como doutri-


na estritamente baseada nas escrituras que, entre os direitos
inalienáveis que seu Pai divino lhe conferiu, o homem herdou
a liberdade de escolher o bem ou o mal, de obedecer ou deso-
bedecer aos mandamentos do Senhor, segundo sua escolha.
Este direito não pode ter maior proteção que o zeloso cuidado
que Deus mesmo lhe dá, porque em todas as suas relações com
o homem Ele deixou a criatura mortal em liberdade para esco-
lher e agir, sem compulsão ou restrição maiores do que conselhos
e orientações paternais .' E certo que tenha dado mandamentos
e fixado estatutos, prometendo bênçãos pela obediência e casti-
go pelas infrações ; mas na escolha destas coisas os homens go-
zam de inteira liberdade . Neste sentido o homem é tão livre
como os anjos, exceto quando se prende aos liames do pecado e
renuncia a seu poder de vontade e à força da alma . Tanto está
amplamente capacitado a violar as leis de saúde, os requisitos
da natureza e os mandamentos de Deus, em assuntos temporais
e espirituais, como a obedecer a eles todos . Assim como em um
dos casos atrai sôbre si as sanções correspondentes à lei viola-
da, em outro herda as bênçãos particulares e a liberdade adicio-
nal que seguem e acompanham uma vida que se submete à lei.
A obediência à lei é um hábito do homem livre ; o transgressor

1, Veja o apêndice 3'.1 .



56 REGRAS Dl FÉ

teme a lei, porque traz sobre si a privação e a restrição, não por


causa da lei, que o teria protegido em sua liberdade, mas pelo
seu antagonismo à lei.
O atributo predominante da justiça, reconhecido como
parte da natureza divina, recusaria o pensamento de que se pro-
metesse ao homem um galardão por atos bons e se o ameaçasse
com um castigo pelos atos maus, se não possuísse poder de ação
independente . É tão alheio ao plano de Deus forçar os homens
a agirem conforme a retidão, como permitir que os poderes do
mal obriguem seus filhos a pecar . Nos dias do Eden foram colo-
cados ante o primeiro homem o mandamento e a lei,' juntamen-
te com o esclarecimento do castigo que acompanharia a viola-
ção dessa lei . Não teria sido justo dar-lhe uma lei se não tivesse
tido liberdade para agir por si mesmo . "Não obstante, poderás
escolher segundo tua vontade porque te é dado ; mas, recorda-
te de que Eu o proíbo ;"' assim falou o Senhor Deus a Adão.
Quanto a suas relações com o primeiro patriarca da raça huma-
na, Deus declarou nestes dias : "Eis que Eu concedi que ele fos-
se o seu próprio árbitro ." 4
Quando os dois irmãos Caim e Abel, ofereceram seus sa-
crifícios, o mais velho se enfureceu porque o seu não foi aceito.
O Senhor então falou a Caim e procurou ensinar-lhe que o re-
sultado de seus atos corresponde a eles, sejam bons ou maus:
"Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E se não fizeres
bem, o pecado jaz à porta ." s
O conhecimento do bem e do mal é essencial para o pro-
gresso que Deus colocou ao alcance de Seus filhos ; pode-se me-
lhor adquirir esse conhecimento por meio da experiência, con -
trastando o bem com o mal . Para isso se colocou o homem
sobre a terra sob a influência das forças benignas e malignas,
com um conhecimento das condições que o rodeiam e o direito
celestial de escolher por si mesmo . As palavras do profeta Lehi
são explícitas : "O Senhor Deus deixou, portanto, que o homem
obrasse por si mesmo e o homem não poderia obrar por si mes-

2, Gên . 1 :27-29 ; 2:15-17 ; P. de G . V ., Moisés 2:27-29 ; 3 :15-17 3, P . de G . V ., Moisés 3 :17.


4, D . & C . 29 :35 . 5, Gên . 4 :7.

A TRANSGRESSÃO 57

mo a menos que fosse atraído por uma ou outra coisa .*** E,


portanto,- os homens estão livres, de acordo com a matéria ; e
todas as coisas que lhes são necessárias lhes são dadas . E estão
livres para escolher a liberdade e a vida eterna, por meio da me-
diação de todos os homens, ou para escolher o cativeiro e a
morte, de acordo como cativeiro e o poder do demônio ; pois
que ele procura tornar todos os homens tão miseráveis como
ele próprio ." 6
Um outro profeta nefita, falando daqueles que haviam
morrido, disse que tinham ido "receber sua recompensa de
acordo com suas obras, fossem boas ou más, para ter ale-
gria eterna ou eterna miséria, de acordo com o espírito ao qual
atendiam, fosse ele um bom espírito ou um mau espírito . Pois
que cada homem recebe a recompensa daquele a quem escolhe
para obedecer, e isto de acordo com as palavras do espírito de
profecia ."'
Samuel, um lamanita convertido, sobre quem o espírito
dos profetas havia descido, admoestou seus semelhantes da se-
guinte maneira: "E agora recordai, recordai meus irmãos, que
todos os que perecem, perecem por culpa própria, e todos os
que praticam iniqüidades o fazem por si mesmos ; pois eis que
sois livres e tendes o privilégio de proceder segundo vossa livre
vontade, porque Deus vos deu o conhecimento e vos fez li-
vres . Ele vos concedeu o conhecimento para que possais distin-
guir o bem do mal e escolher a vida ou a morte ."'
Quando se discutia nos céus os planos para criar e povoar a
terra, Lúcifer quis destruir o livre arbítrio do homem, obtendo
o poder para obrigar a família humana a obedecer a sua vonta-
de, e prometeu -ao Pai- que por esse meio ele resgataria todo o
gênero humano, sem que nenhum se perdesse .' Esta proposta
foi recusada e o projeto original do Pai — de empregar influên-
cias persuasivas de preceitos salutares e exemplos dignificantes
para com os habitantes da terra, deixando-os, pois, em liberda-
de de escolher por si mesmos — foi aceito ; e o que viria a ser co-

6, 2 Néfi 2 :16, 27 ; veja também 2 Néfi 10:23 ; Alma 12:31 ; 29 :4, 5 ; 30 :9 . 7, Alma 3:26 e 27.
8, Helamã 14:30, 31 . 9, Veja P . de G . V ., Moisés 4 :1 e Abraão 3 :27, 28 .

58 REGRAS DE FÉ

nhecido como Filho Unigênito foi escolhido para ser o instru-


mento principal na realização desse propósito.

A Responsabilidade do Homem por seus atos individuais é


tão completa como o é sua faculdade de escolher por si mes-
mo . 10 O resultado final das boas obras é a felicidade ; a conse-
qüência da maldade é a miséria ; assim acontece na vida de todo
homem por motivo de leis invioláveis . Há um plano de julga-
mento", divinamente preordenado, mediante o qual cada ho-
mem responderá por seus atos ; e não só por seus atos mas tam-
bém por suas palavras e até pelos pensamentos de seu coração.
"Mas, eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens
disserem hão de dar conta no dia do juízo" . 1z Estas são palavras
do próprio Salvador . E nenhum de vós pense mal no seu cora-
ção contra o seu companheiro, nem ame o juramento falso por-
que a todas estas coisas Eu aborreço, diz o Senhor ."" A João, o
Revelador, foi permitido conhecer em visão algumas das cenas
relacionadas com o juízo final . Assim escreveu ele : "E vi os
mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e
abriram-se os livros ;e abriu-se outro livro que é o da vida ; e os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos li-
vros, segundo suas obras . E deu o mar os mortos que nele havia;
e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia e foram
julgados cada um segundo as suas obras ." 14
Os atos dos homens nem sempre vêm acompanhados de
imediato julgamento . Talvez os atos bons não sejam premiados
imediatamente, nem seja o mal castigado peremptoriamente,
de acordo com a sabedoria divina, pois do contrário o exame de
caráter individual e a prova da fé humana, propósitos para os
quais se ordenou principalmente esta provação mortal, dimi-
nuiriam notavelmente, já que a certeza de um gosto ou dor ime-
diatos determinaria em grande parte as ações humanas ao bus-
car um e evitar o outro . Dessa forma, é suspenso o juízo, para
que cada um se prove a si mesmo, aumentando o homem bom
em justiça e tendo o mau a oportunidade de se arrepender e fa-
10, Veja o apêndice 3 :4 . 11, Veja Mat . 10:15 ; 11 :22 : 2 ' Pedro 2 :9 : 3 :7 ; 1 João 4 :17. 12,
Mat . 12 :36 . 13, Zac . 8 :17 . 14, Apo. 20 :12, 13 .

A TRANSGRESSÃO 59

zer reparações . Em raras ocasiões se ;tem processado um julga-


mento imediato de natureza temporal — o proveito físico de
uma bênção terrena pelo bem" e a calamidade pelos atos
maus,'6 imediatamente após o ato . Pouco importa que seme-
lhante retribuição satisfaça completamente as demandas da jus-
tiça ou que se aplique uma medida adicional de juízo na próxi-
ma vida . Tais ocasiões são excepcionais na administração divi-
na .
De Cristo é a prerrogativa 1ó de julgar o gênero huma-
no, e o fará da maneira que melhor convenha a seus próprios
propósitos, que são também os propósitos do Pai . João escre-
veu assim as palavras de Cristo : "E também o Pai a ninguém jul-
ga ; mas deu ao Filho todo o juízo ; para que todos honrem o Fi-
lho como honram o Pai" ." Pedro, enquanto explicava o evan-
gelho ao gentio devoto, Cornelio, declarou, referindo-se a Jesus
Cristo, que "Ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos
e dos mortos ." 19 Muitos profetas testificaram 20 do destino dos
iníquos, reservado para o dia do juízo ; e o Juiz principal desse
terrível tribunal fez uma descrição 21 tão lúcida e expressiva que
não há a menor dúvida que toda alma vivente terá que reconhe-
cer os registros e aceitar as conseqüências de suas obras . As pa-
lavras do Senhor e as de Seus profetas são inequívocas : que Ele
não faz acepção de pessoas 22 e que desconhece qualquer favori-
tismo alheio à justiça . Ninguém, com exceção dos iníquos que
não se arrependerem, deve temer esse julgamento ; para os jus-
tos será uma ocasião de triunfo . 23

O Pecado — Qual é a natureza do pecado? O Apóstolo João


responde : "Pecado é iniqüidade . "24 No idioma original dos es-
critores bíblicos aparecem vários vocábulos expressos, em lugar
de nossa única palavra pecado, que comumente dão a entender
oposição à vontade divina . 25 Tendo em vista que Deus é a perso-
nificação da perfeição, a dita oposição significa rebelião contra

15, Leia Já 42:10-17 . 16, Veja Núm . 12 :1,2,10-15 ; 15 :32-36 ; cap . 16 ; 21 :4-6 ; 1 Sam . 6 :19 : 2
Sam . 6 :6, 7 ; Atos 5 :1-11 . 17, Veja João 5:22-27 ; veja também Atos 10 :42 : 17 :31 ; Rom.
2 :16 ; 2 Cor . 5 :10 ; 2 Tim . 4 :1,8 ; D . & C . 133:2 . 18, João 5 :22,23 . 19, Atos 10 :42 . 20,
Veja Daniel 7 :9-12 ; 2 Tes . 1 :7, 8 ; 2 Néfi 23 :3-5 ; D . & C . 76 :31-49, 103-106 . 21, Mateus
25 :31-46 ; D . & C . 1 :9-12. 22, Atos 10 :34, 35 ; Rom . 2 :11 ; Ef. 6 :9 : Col . 3:25 . 23, 2 Tim . 4 :8.
24, 1 João 3 :4 . 25, Veja o apêndice 3 :2 .

60 REGRAS DE FÉ

os princípios de progressão e aderência às práticas que condu-


zem à degradação . Pecado é qualquer condição, seja de omis-
são de coisas necessárias ou realização de atos proibidos, que
tenda a obstruir ou impedir o desenvolvimento da alma huma-
na . Assim como uma conduta justa conduz à vida eterna, assim
também o pecado tende em direção à escuridão da segunda
morte . Satanás trouxe o pecado ao mundo . 26 Não obstante, é
com permissão divina que a humanidade entra em contato com
o pecado, assim aprendendo por meio da experiência o contras-
te entre o bem e o mal.
O pecado, segundo sua definição técnica, consiste na viola-
ção da lei ; e neste sentido limitado pode-se cometer o pecado
inadvertidamente ou em ignorância . Não obstante, em vista da
doutrina das escrituras relativa à responsabilidade humana e à
justiça infalível de Deus, claro é que em suas transgressões, as-
sim como em seus atos justos, o homem será julgado de acordo
com a habilidade que tem para compreender e obedecer à lei.
Os requisitos de uma lei mais alta não se aplicam em sua totali-
dade àqueles que desconhecem tal lei . Para os pecados que se
cometem por falta de conhecimento, isto é, para as leis que se
infringem na ignorância, foi feita uma propiciação mediante o
sacrifício do Salvador e tais pecadores não estão condenados, mas
ainda terão a oportunidade de aprender e aceitar ou recusar os
princípios do evangelho.
Jacó ensinou esta doutrina : "Onde não há lei não pode ha-
ver castigo ; e onde não há castigo não há condenação ; e onde
não há condenação, a clemência do Santíssimo de Israel tem di-
reito sobre eles, por causa da expiação ; porque eles são libertos
pelo Seu poder, porque a expiação satisfaz as exigências de Sua
justiça sobre todos a quem não foi dada a lei, sendo assim liber-
tos daqueles horríveis monstros, a morte e o inferno, e do de-
mônio, e do lago de fogo e enxofre, que são o tormento sem
fim ; eles serão restaurados naquele Deus que lhes deu alento, e
que é o Santíssimo de Israel ." E, então, em contraste, o profeta

26, Veja P . de G . V . Moisés 4 :4 e também Gên . cap . 3 .


A TRANSGRESSÃO 61

acrescenta : "Mas ai daquele a quem foi dada a lei, que tem to-
dos os mandamentos de Deus, como nós os temos, e que os
transgride, e desperdiça os dias de sua provação : pois que seu
fim será terrível .' Isto concorda em todo sentido com os ensina-
mentos de Paulo aos Romanos : "porque todos os que sem lei
pecaram, sem lei também perecerão ; e todos os que sob a lei
pecaram, pela lei serão julgados" . 2 E a palavra da escritura mo-
derna exprime o mesmo, porque nos é dito, por meio de revela-
ção dada à Igreja, que entre aqueles que receberão as bênçãos
da redenção se acharão "os que morreram sem lei"' Entre estes
estarão compreendidas as nações pagãs, cuja redenção se pro-
mete com a declaração adicional de que "aqueles que não co-
nheceram nenhuma lei tomarão parte na primeira ressurrei-
ção . '

O Castigo pelo Pecado — Assim como as recompensas pelos


atos justos são proporcionais aos atos meritórios, de igual forma
se adapta à ofensa o castigo prescrito para o pecado .' Mas, deve
ser lembrado, tanto a recompensa como o castigo são conse-
qüências naturais . Impõe-se o castigo ao pecador para fins dis-
ciplinares e reformadores, de acordo com a justiça . Não se ma-
nifesta na natureza divina nenhum caráter vingativo ou desejo
de causar sofrimento ; ao contrário, nosso Pai está consciente
de toda dor e permite que esta somente aflija para fins benéfi-
cos . A misericórdia de Deus mostra-se na dor purificadora que
Ele permite, assim como nas bênçãos de paz que d'Ele ema-
nam . E de proveito duvidoso conjeturar sobre a natureza preci-
sa do sofrimento espiritual que se imporá como castigo pelo pe-
cado . A comparação com a dor física,' por exemplo, dos tor-
mentos no fogo, num lago de enxofre, serve para demonstrar
que a mente humana não é capaz de entender a extensão desses
castigos . Mas os sofrimentos acarretados pela sentença de con-
denação devem ser mais temidos do que qualquer imposição
provável de tortura física : a mente, o espírito, a alma inteira es-

1 . 2Néfi 9 :25-27 . 2, Rom . 2 :12 : veja também Atos 17 :30, 31 . 3, D . & C . 76 :72 . 4, D.
& C . 45 :54 . 5, Veja D . & C . 76 :82-85 : 82 :21 ; 104 :9 : 63 :17 : 2 Néfi 1 :13 ; 9 :27 : 28 :23 . 6,
Veja D . & C . 76 :36 . 44 : veja também Jacó 6 :10 : Alma 12 :16, 17 : 3 Néfi 27 :11, 12 .

62 REGRAS DE FÉ

tá condenada a sofrer e nenhum dos que estão na .:arné cunhe-


ce esse tormento.
Considere-se a palavra do Senhor concernente àqueles que
são culpados do pecado imperdoável, cuja transgressão os le-
vou além do horizonte atual de possível redenção ; àqueles que
mergulharam tanto em sua iniqüidade que perderam o poder e
até o desejo de tentar reformar-se .' Chamam-se Filhos de Per-
dição . São aqueles que, tendo conhecido o poder de Deus, mais
tarde renunciaram a Ele ; aqueles que, à luz do conhecimento,
pecam conscientes ; aqueles que, abrem seus corações ao Espí-
rito Santo e então põem o Senhor em ridículo e vergonha, ne-
gando-O ; aqueles que cometem homicídio, vertendo sangue
inocente .' Estes são aqueles a quem o Senhor se referiu dizendo
que melhor seria se não tivessem nascido .' Participarão do cas-
tigo do diabo e seus anjos, um castigo tão terrível que a todos é
vedado conhecer, exceto àqueles que são relegados a essa con-
denação, embora a alguns seja permitida uma visão passageira
do quadro . 10 Esses pecadores são os únicos sobre quem a segun-
da, morte terá poder : "Sim, na verdade, os únicos que, depois de
terem sofrido da Sua ira, não serão redimidos no devido tempo
do Senhor .""
A Duração do Castigo — Quanto à duração do castigo pode-
mos ter certeza de que será graduada segundo o pecado e que é
falso o conceito de que é interminável toda a sentença ditada
por se praticar o mal . 12 Tão grande como é o efeito desta vida
sobre a próxima e tão certa como é a responsabilidade que te-
mos sobre as oportunidades de arrependimento que perdemos,
Deus tem o poder de perdoar além túmulo . Não obstante, as
escrituras falam de um castigo eterno e interminável . Qualquer
castigo que Deus ordena é eterno, porque Ele é eterno ." Seu
sistema é um castigo sem fim, porque sempre existirá como um
lugar ou uma situação preparada para os espíritos desobedien-
tes . Entretanto, a aplicação do castigo terminará sempre que
houver arrependimento e reparação aceitáveis . O arrependi-

7, Veja D. & C . 76 :26, 32, 43 ; 17 :12 ; 2 Tess . 2 :3 . 8, Veja D . & C . 132:27, 9, Veja D . & C.
76:32 ; veja também Mat . 26:24 ; Marcos 14 :21 . 10, Veja D . & C. 76 :45-48 . 11, D . & C.
76 :38,39 . 12, Veja D . & C . 19 :6-12 ; 76 :36, 44 . 13, Veja D. & C . 19 :10-12.

A TRANSGRESSÃO 63

mento não é impossível no mundo espiritual . 14 Entretanto,


como já foi visto, há certos pecados tão graves que seus castigos
correspondentes não são revelados ao homem ; 13 esses castigos
severos estão reservados para os filhos de perdição.
Deve-se considerar como um dos resultados mais pernicio-
sos da errônea compreensão das escrituras a falsa doutrina de
que o castigo que se imporá às almas pecadoras é sem fim, e
que cada condenação pelo pecado é de duração interminável.
Nada mais é do que um dogma de sectários enganados e desau-
torizados, contrários às escrituras, sem razão, repugnantes ao
que ama a misericórdia e honra a justiça . É certo que as escri-
turas falam de fogo sem fim, condenação eterna e vingança do
fogo eterno 1ó como característicos do juízo preparado para os
iníquos ; entretanto, em nenhum destes casos pode-se justificar
a conclusão de que o pecador individual terá que padecer a ira
da justiça ofendida para sempre . O castigo é suficientemente
severo em qualquer caso, sem o terror adicional e supremo de
uma continuação interminável . A justiça precisa ser satisfeita,
mas quando for pago o "último ceitil" abrir-se-ão as portas da
prisão e o cativo se verá livre . Porém a prisão permanece, e a lei
que dita o castigo pelas ofensas não será revogada.
Tão gerais eram as más influências da comumente aceita
doutrina relativa ao tormento interminável que esperava todo o
pecador – não obstante se opor às escrituras e à verdade – que
mesmo antes de formalmente organizada a Igreja, na presente
dispensação, o Senhor fez uma revelação por intermédio do
Profeta Joseph Smith, concernente ao assunto, na qual lemos:
"E eis que todo o homem deverá arrepender-se ou sofrer, pois
Eu, Deus, sou infinito . Portanto, não revogarei os julgamentos
que pronunciar, mas aqueles que se acharem à Minha esquerda
verão desgraça, choros, lamentações e ranger de dentes . Contu-
do não está escrito que não haverá fim para esse tormento, mas
está escrito tormento infinito . Também está escrito condenação
eterna .*** Pois eis que sou infinito, e o castigo que é dado pela

14, Veja 1 Ped . 3 :18-20 ; 4 :6 ; D . & C . 76 :73, 15, Veja D . & C . 76:45 . 16, Veja Mateus
18 :8 ; 25 :41, 46 ; 2 Tess. 1 :9 ; Mar . 3 :29 ; Jud . 7 .

64 REGRAS DE FÉ

Minha mão é castigo infinito, pois infinito é o Meu nome . Por-


tanto, castigo eterno é o castigo de Deus . Castigo infinito é o
castigo de Deus .""

Satanás — Temos tido ocasião de nos referirmos freqüente-


mente ao autor da maldade entre os homens 1e — o adversário e
antagonista do Senhor, o chefe dos espíritos maus, também
chamado Diabo, 19 Belzebu 20 ou o Príncipe dos Demônios, Per-
dição21 e Bélial . 22 Aplicam-se a Satanás os apelativos figurados
de dragão e serpente, quando se faz alusão a sua queda . 23 A pa-
lavra revelada 24 nos faz saber que em certo tempo Satanás foi
um anjo de luz, conhecido então como Lúcifer, um Filho da Al-
va : porém, sua ambição egoísta o fez aspirar à glória e ao poder
do Pai e para consegui-lo fez a perniciosa proposta de redimir a
família humana por meio da compulsão . Frustrando-se-lhe este
projeto, encabeçou uma rebelião contra o Pai e o Filho, levan-
do uma terça parte das hostes do céu em sua confederação iní-
qua . 2S Esses espíritos rebeldes foram expulsos do céu, e desde
então têm seguido os impulsos da sua natureza ímpia,tratando
de conduzir as almas humanas à condição de trevas em que eles
mesmos se encontram . São o diabo e seus anjos . O direito do li-
vre arbítrio, apoiado e defendido na luta que se verificou no
céu, afasta a possibilidade de se usar a compulsão neste traba-
lho diabólico de degradação . São empregados, até seu limite, os
poderes desses espíritos malignos para tentar e persuadir . . Sata-
nás tentou Eva para que transgredisse a lei de Deus ; 26 foi ele
quem ensinou a Caim, o fratricida, o segredo de assassinar por
lucro .'
Satanás exerce certo domínio sobre os espíritos que conta-
minou com suas práticas ; é o principal dos anjos que foram des-
terrados e o instigador da ruína daqueles que caem nesta vida.

17, Revelação feita em março de 1830; D ., & C . 19 :4-12. 18, Veja Já 1 :6-22 ; 2:1-7 ; Zac.
3 :1,2 . 19, Veja Mateus 4:5, 8, 11 ; veja também 1 Ped . 5 :8 . 20, Veja Mateus 12 :24 . 21,
Veja D . & C. 76 :26 . 22, Veja 2 Cor . 6:15 . 23. Veja Apoc . 12 :9 ; 20 :2 . 24, Veja D . & C.
76:25-27: Is. 14:12 . 25, Veja D . & C . 29:36, 37 ; veja também P. de G . V ., Moisés 4:3-7;
Abraão 3 :27, 28 ; Jesus the Christ, págs. 8,9 ; Dan . 8:10: Apoc . 12 :4, 26, Gén . 3 :4-5 ; veja
também P . de G. V ., Moisés 4 :6-11 . 1, Veja P. de G . V., Moisés 5:29-33 .

A QUEDA 65

Procura formas de molestar e atrapalhar o gênero humano em


suas boas obras, induzindo-o a pecar, ou talvez provocando en-
fermidades' e possivelmente a morte . Entretanto, em nenhum
destes atos malignos pode ultrapassar o que as transgressões de
sua vítima permitem, ou o que a sabedoria de Deus consente ; e
o poder superior pode impedi-lo a qualquer momento . Com efei-
to, mesmo as operações de sua pior malícia podem ser mudadas
para a realização de propósitgs divinos . As escrituras nos de-
monstram que os dias do poder de Satanás estão contados ;' sua
sentença foi ditada e no devido tempo do Senhor será comple-
tamente vencido . Deverá ser preso durante o milênio° e depois
desses mil anos de paz permanecerá solto por um curto tempo;
então será derrotado completamente e seu poder sobre os filhos
de Deus será destruído .

A QUEDA

Nossos Primeiros Pais no Éden' — O ponto máximo da cria-


ção foi a formação do homem à imagem de Deus, seu Pai espiri-
tual .' Para receber o primeiro homem, o Criador havia prepara-
do especialmente uma região escolhida da terra e a havia ador-
nado com belezas naturais para alegrar o coração do possuidor.
"E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do
oriente; 7 e pôs ali o homem que tinha formado" . 8 Pouco depois do
advento do homem à terra o Senhor criou para ele uma companhei-
ra, ou auxiliar, declarando que não era bom que o homem fosse
só . 9 Assim, macho e fêmea, Adão e Eva, sua esposa, foram co-
locados no jardim . Fora-lhes dado domínio sobre "os peixes
do mar, sobre as aves do céu e sobre todo o animal que se move
na terra . "10 Acompanhavam este grande poder certos manda-
mentos, o primeiro dos quais, em questão de importância, foi:
"frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a ;" de-
pois, que eles não comessem e nem sequer tocassem o fruto

2, Veja Luc . 13 :16 ; Já cap . 1 . 3, Veja João 12 :31 ; 16 :11 . 4, Veja Apoc . 20 :1-10 . 5, Leia
Gên . caps . 2 e 3 ; veja também P. de G . V ., Moisés 3 :4 ; Abraão 5 :7-21 . 6, Veja Génesis
1 :26, 27 ; veja também P . de G . V ., Moisés 2 :26, 27 . 7, Veja apénd . 3 :3 . 8, Gên . 2 :8, 9.
9, Veja Gên . 2 :18 ; veja também P. de G . V ., Moisés 3 :18, 21-24. 10, Gên . 1 :28 ; veja tam-
bém P . de G . V ., Moisés 2 :28 ; Abraão 4 :28 .

66 REGRAS DE FÉ

de certa árvore, a árvore do conhecimento do bem e do mal, que


crescia no meio do jardim, podendo, entretanto, partilhar li-
vremente de todos os demais frutos.
As palavras de Deus concernentes a este mandamento e ao
castigo por sua violação foram : "E Eu, o Senhor Deus, ordenei
ao homem, dizendo : De todas as árvores do jardim poderás co-
mer livremente ; mas da árvore da ciência do bem e do mal não
comerás . Não obstante, poderás escolher segundo tua vontade
porque te é dado ; mas, recorda-te de que Eu o proíbo, porque,
no dia em que dela comeres, por certo morrerás .""

A Tentação de desobedecer a esta injunção não tardou . Sa-


tanás se apresentou diante de Eva, no jardim, e, falando pela
boca da serpente, perguntou-lhe sobre os mandamentos que
Deus havia dado a respeito da árvore da ciência do bem e do
mal . Eva lhe respondeu que lhes era proibido até mesmo tocar
o fruto da árvore, sob pena de morte . Satanás então procurou
uma maneira de enganar a mulher, contradizendo as palavras
do Senhor e declarando que não viria morte pela violação do
mandamento divino, mas, ao contrário, fazendo o que o Senhor
lhes havia proibido, ela e seu marido seriam como deuses, co-
nhecendo por si mesmos o bem e o mal . Estas representações
agradaram à mulher, e ansiosa de possuir as vantagens de que
lhe falara Satanás, desobedeceu ao mandamento do Senhor e
comeu do fruto proibido . Não temia nenhum mal, porque não o
conhecia . Então, contando a Adão o que havia feito, instigou-o
também a comer do fruto.
Adão viu-se numa posição tal que era impossível obedecer
a ambos os mandamentos específicos do Senhor . Ele e sua es-
posa haviam sido ordenados a multiplicarem-se e povoar a ter-
ra . Adão ainda não havia caído no estado de mortalidade, mas
Eva já o tinha ; e nessas condições desiguais os dois não pode-
riam permanecer juntos e, conseqüentemente, não poderiam
cumprir o mandamento divino quanto à procriação . Por outró
lado, Adão desobedeceria ao outro mandamento se cedesse ao

11, P . de G. V ., Moisés 3 :16, 17 ; veja também Gên . 2 :16,17


A Qt f EDA 67

pedido de Eva . Deliberada e prudentemente, resolveu seguir o


primeiro e maior mandamento ; e compreendendo, portanto, a
natureza de sua ação, ele também partilhou do fruto que cres-
cia na árvore da ciência do bem e do mal . As escrituras afir-
mam o fato de que "Adão não foi enganado, mas a mulher, sen-
do enganada, caiu em transgressão " . 12 O profeta Léhi, mostran-
do as escrituras a seus filhos, disse : " Adão caiu para que o ho-
mem existisse ; e os homens existem para que tenham alegria ." 13
A Árvore da Vida — Havia no Éden outra árvore de virtudes
especiais ; seu fruto assegurava a vida de quem o comesse . En-
quanto Adão e Eva viveram em inocência, imunes à morte, não
lhes havia sido proibida tal árvore . Não obstante, agora que-ha-
viam pecado, agora que havia sido pronunciado o decreto divi-
no que determinava a morte como seu destino, era preciso que
o fruto da árvore da vida já não mais estivesse a seu alcance . De
modo que foram expulsos do jardim e querubins, com uma es-
pada flamejante guardavam o caminho para que o homem não
regressasse num estado decaído . Por sua transgressão nossos
primeiros pais adquiriram um conhecimento que não haviam
possuído em sua condição de inocência anterior, isto é, o co-
nhecimento do bem e do mal baseado na experiência . Sua que-
da nada mais poderia ter produzido além de um mau resultado,
se tivessem chegado imediatamente a uma condição de imorta-
lidade, sem arrependimento e sem expiação . Na desesperação
que sobreveio quando compreenderam a grande mudança que
se havia operado neles, e à luz do conhecimento das virtudes da
árvore da vida, que tanto lhes havia custado obter, teria sido na-
tural "que .procurassem a aparente vantagem de uma fuga ime-
diata, participando do alimento que lhes daria a imortalidade.
A misericórdia impediu que assim procedessem.
As palavras do Criador são inequívocas quanto à necessi-
dade de expulsar Adão e Eva do Éden : "Então disse o Senhor
Deus : Eis que o homem como um de Nós, sabendo o bem e o
mal ; ora, pois, para que não estenda a sua mão e tome também
da árvore da vida, e coma e viva eternamente, o Senhor Deus,

12, 1 Tim . 3 :14 . 13, 2 Néfi 2 :25 .


68 REGRAS DE FÉ

pois, lançou-o fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de


que fora tomado . E havendo lançado fora o homem, pôs queru-
bins a leste do jardim do Éden e uma espada inflamada que an-
dava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida ." 1d
Alma, o profeta nefita, compreendeu o que teria aconteci-
do se Adão e sua esposa tivessem partilhado do fruto da vida.
Assim explicou ele : "Sabemos que o homem se tornou como
Deus, sabedor do bem e do mal ; e a fim de que ele não deitas-
se mão da árvore da vida, para comer e viver eternamente, o
Senhor Deus colocou os querubins e a espada flamejante, impe-
dindo assim que ele obtivesse o fruto.
"E assim vemos que houve um tempo concedido ao ho-
mem para arrepender-se, sim, um tempo de provação, um tem-
po para arrependimento e serviço a Deus.
"E eis que, se Adão tivesse imediatamente deitado mão da
árvore da vida e partilhado de seu fruto, ele teria vivido eterna-
mente, de acordo com a palavra de Deus, não havendo oportu-
nidade para arrependimento ; sim, e também a palavra de Deus
teria sido nula, e o grande plano de salvação teria sido frustra-
do ."

0 Resultado Imediato da Queda constituiu em se substituir


com a mortalidade e todas as suas conseqüentes fraquezas o vi-
gor do primeiro estado imortal . Adão sentiu de uma forma dire-
ta os efeitos da transgressão, encontrando um terreno infrutífe-
ro e desolado, e a terra relativamente estéril, em lugar da beleza
e da fertilidade do Éden . Em lugar de plantas agradáveis e úteis,
brotavam espinhos e cardos ; e o homem teve que trabalhar ar-
duamente, agüentando cansaço e sofrimento físico, para culti-
var a terra a fim de obter o alimento necessário . Sobre Eva caiu
o castigo da debilidade corporal . Dores e angústias, que desde
então são consideradas como a sorte natural da mulher, vieram
sobre ela, que ficou sujeita a autoridade do marido . Tendo per-
dido seu estado anterior de inocência, envergonharam-se de
sua nudez e o Senhor lhes fez túnicas de pele . O castigo da mor-
te espiritual caiu sobre o homem e sobre a mulher, porque nes-

14, Gén . 3 :22-24 ; veja também P . de G . V ., Moisés 4 :31 . 15, Alma 42 :3-5 .

A QUEDA 69

se mesmo dia foram expulsos do Éden e afastados da presença


do Senhor . A serpente, tendo servido ao propósito de Satanás,
sofreu o desagrado do Senhor e foi sentenciada a se arrastar
para sempre no pó e a sofrer por causa da inimizade que fol de-
cretado que existisse contra ela nos corações dos filhos de Eva.
Provê-se uma Expiação — Deus não abandonou seus filhos,
agora mortais, sem nenhuma esperança . Deu outros manda-
mentos a Adão, requerendo que oferecesse sacrifícios em nome
do Filho Unigênito e prometendo-lhe redenção e a todos os
seus descendentes que cumprissem as condições prescritas . Foi
explicada a nossos pais a oportunidade de ganhar o prêmio do
vencedor, se dominassem o mal, e eles se regozijaram . Adão
disse : "Bendito seja o nome de Deus, que por causa de minha
transgressão meus olhos foram abertos e terei alegria nesta vi-
da, e em carne verei outra vez a Deus . E Eva, sua esposa, ouviu
todas essas coisas e se alegrou, dizendo : Se não fosse pela nossa
transgressão, jamais teríamos tido semente, jamais teríamos co-
nhecido o bem e o mal, nem a alegria de nossa redenção, nem a
vida eterna que Deus concede a todos os obedientes ." 16
A Queda não se Verificou por Casualidade — Seria contrário
à razão supor que a transgressão de Adão e Eva tenha sido mo-
tivo de surpresa para o Criador . Por meio de Sua previsão infi-
nita, Deus sabia o que resultaria da tentação de Eva por parte
de Satanás, e como agiria Adão nas circunstâncias resultantes.
Além disso, é evidente que estava prevista a queda, como meio
de dar ao homem a oportunidade de ter contato direto com o
bem e o mal, para que, de acordo com seu próprio arbítrio, pu-
desse escolher entre um e outro e assim se preparar, por meio
das experiências de uma provação mortal, para a exaltação no
plano benéfico de sua criação : "Porque eis que esta é minha obra
e minha glória : proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao ho-
mem,'" disse o Senhor a Moisés . Deus teve por objetivo colo-
car ao alcance dos espíritos que havia concebido nos céus o
meio de fazer um esforço individual e a oportunidade de ganhar

16, P. de G . V ., Moisés 5 :10-11 ; veja também o apêndice 3 :6, 7, 8 . 17, P . de G . V ., Moisés


1 :39 .

70 REGRAS DE FÉ

não somente a redenção da morte, mas também a salvação, e


até mesmo a exaltação, com os poderes de progresso e desen-
volvimento eternos . . Daí a necessidade de os filhos espirituais
de Deus deixarem para trás o ambiente de sua pequenez pri-
mordial e ingressarem na escola da experiência mortal para co-
nhecerem o mal, lutarem e vencerem-no, segundo seus distintos
graus de força . Adão e Eva jamais poderiam ter sido os pais de
uma posteridade mortal, a menos que eles também tivessem
sido mortais ; a mortalidade é um elemento essencial do plano
divino relacionado com a terra e seus habitantes e, a fim de in-
troduzir a mortalidade, o Senhor colocou uma lei perante os
progenitores da raça humana, sabendo o que aconteceria.
Com o papel que representou no grande drama da queda,
Eva estava cumprindo os propósitos previstos por Deus ; não
obstante, não partilhou do fruto proibido com tal intenção, mas
com o propósito de agir contra o mandamento divino, pois foi
enganada pelas manhas de Satanás que, por isso mesmo, adian-
tou os propósitos do Criador, tentando Eva . Seu propósito, en-
tretanto, era o de frustrar o plano do Senhor . É-nos dito termi-
nantemente que Satanás "não conhecia o propósito de Deus;
por conseguinte, intentou destruir o mundo . "18 Entretanto, seu
esforço diabólico, longe de ser um passo inicial para a destrui-
ção, contribuiu para o plano do progresso eterno do homem . O
papel que Adão representou no transcendental acontecimento
foi essencialmente distinto do de sua esposa ; ele não foi enga-
nado ; ao contrário, resolveu deliberadamente fazer o que Eva
queria, a fim de levar a cabo os desígnios de seu Criador, com
respeito à raça humana, cujo primeiro patriarca ele viria a ser.
Até as transgressões dos homens podem tornar-se em reali-
zação dos propósitos celestiais . A morte expiatória de Cristo
havia sido ordenada desde antes da fundação do mundo ; não
obstante, Judas, o que entregou o Filho de Deus, e os judeus,
que o crucificaram, não são menos culpados desse terrível cri-
me .
Tornou-se costume muito comum entre o gênero humano
amontoar culpas sobre os progenitores da família humana e

18, P. de G . V ., Moisés 4 :6 .

REFERÊNCIAS 71

imaginar-se o suposto estado abençoado em que estaríamos vi-


vendo, não fosse a queda, enquanto nossos primeiros pais mere-
cem nossa gratidão mais profunda pela herança que legaram à
sua posteridade : o meio de obter um título para a glória, exalta-
ção e vida eterna . Não fosse esta oportunidade assim propor-
cionada, os espíritos dos filhos dos homens haveriam permane-
cido para sempre num estado de infância inocente, sem pecado
mas não por seus próprios esforços ; salvos negativamente, não
do pecado, mas da oportunidade de enfrentá-lo ; incapacitados
de ganhar as honras da vitória . porque se lhes teria vedado par-
ticipar da luta . Porém agora são herdeiros da progenitura dos
descendentes de Adão, isto é, da mortalidade, com suas possibi-
lidades incontáveis, e da liberdade de agir, dada por Deus . Nos-
so pai Adão legou-nos todas as fraquezas que a carne herda ; po-
rém estas são necessariamente incidentais no conhecimento do
bem e do mal ; mediante esse conhecimento, usado devidamen-
te, o homem pode chegar a ser como os Deuses .' 9

REFERENCIAS

Livre-Arbítrio
O Senhor Deus deu-a Adão mandamentos e prescreveu pena pela desobediência - Gén.
2 :16, 17.
Não comerás : não obstante, poderás escolher segundo tua vontade - Moisés 3 :17.
E os provaremos com isso, para ver se eles farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes
mandar - Abraão 3 :25.
Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? - Gén . 4 :7.
Eis que hoje ponho diante de vós a bênção e a maldição - Deut . 11 :26 : 30 :15.
Se ouvires diligentemente a voz do Senhor teus Deus -- Deut . 281 : 1 Reis 3 :14.
Escolhei hoje a quem sirvais - Jos . 24 :15.
Até quando coxeareis entre dois pensamentos? - 1 Reis 18 :21.
Pode-se escolher a morte ou a vida - Jer . 8 :3.
O Senhor Deus deixou o homem obrar por si mesmo - 2 Néfi 2 :16.
O homem pode escolher a morte eterna ou a vida eterna - 2 Néfi 10 :23.
Desgraça prometida àquele que se incline a obedecer ao espirito mau - Mosíah 2 :33.
Para receber alegria eterna ou eterna miséria, de acordo com o espírito ao qual atendiam -
Alma 3 :26, 27.

19, Veja o apêndice 3 :5 .


72 REGRAS DE FÉ

Os homens estão em condições de agir segundo sua vontade, para fazer o bem ou o mal —
Alma 12 :31.
Até os que foram escolhidos desde a fundação do mundo eram livres para escolher — Alma
13 :3.
Deus concede aos homens segundo seus desejos — Alma 29 :4.
O direito do homem de servir a Deus — Alma 30 :9.
Sois livres e tendes o privilégio de proceder segundo vossa livre vontade — Helamã 14 :30.
Adão era seu próprio árbitro — D . & C . 29:35 . Uma terça parte das hostes do céu voltou-se
contra Deus — D . & C . 29 :36.
A tentação é necessária para provar o livre-arbítrio — D : & .C . 29 :39.
Neles está o poder para ser seus próprios árbitros — D . & C . 58 :28 ; 104 :17.
Satanás procurou destruir o livre-arbítrio do homem — Moi_sés 4 ;3.
E dado aos homens conhecer o bem e o mal, de modo que são seus próprios árbitros —
Moisés 6 :56.
E necessário que haja uma oposição em todas as coisas — 2 Néfi 2 :11, 15.

Responsabilidade do homem — O Julgamento

Pecado é transgressão da lei — 1 João 3 :4 ; 5 :17.


Por todas estas coisas te trará Deus a juizo — Ecl . 11 :9 ; 12 :14.
O Senhor castigará por causa da iniqüidade — Is . 26 :21.
Conforme as obras dará a recompensa — Is . 59:18.
Cada um morrerá por sua iniqüidade — ler . 31 :30.
Com a medida que medirdes hão de medir a vós — Mat . 7 :2.
Ele dará a cada um segundo suas obras — Mt . 16:27.
Um dia é determinado para julgar o mundo — Atos 17 :31.
Tudo que o homem semear, isso também ceifará — Gál . 6 :7 ; D . & C . 6 :33.
Cedo venho, e Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo sua obra
— Apoc . 22 :12.
E imprescindível à justiça de Deus que os homens sejam julgados de acordo com suas obras
— Alma 41 :3, 4.
De sisa! próprias mãos receberão sua recompensa — 2 Néfi 13 :11 . Para serem julgados pela
suas obras, tenham sido elas boas ou más — 3 Néfi 26 :4, 5.
Com palavras serão julgados no último dia — 2 Néfi 25 :18.
Todos se levantarão da morte e serão julgados — Alma 11 :41.
Todos comparecerão diante de Deus para serem julgados — 1 Néfi 15 :33 : Alma 5 :15 11 :41.
Deus julgará os homens de acordo com as suas obras — D . & C . 19 :3.
Todo o homem é responsável por seus próprios pecados — D . & C . 101 :78 .

Roberto Gonçalves Gnmeirer.

REFERENCIAS 73

O Senhor há de vir e Sua recompensa está com Ele e recompensará a todo homem — D . &
C . 56 :19.
Os justos e iníquos serão separados — D . & C . 29 :27.
A recompensa de cada homem será de acordo com suas obras — D . & C . 101 :65.
Aqueles que guardarem seu primeiro estado lhes será acrescido — Abraão 3 :26.

Satanás

O grande dragão foi lançado na terra, também chamado antiga serpente, diabo e Satanás,
que engana todo o mundo — Apoc . 12 :9 ; Luc . 10 :18.
Lúcifer, filho da Alva, sua ambição iníqua e seu destino — Is . 14 :12-16 ; . & C . 76 :25-28.
Também chamado perdição : e os que pecam demais são chamados filhos de perdição — D.
& C . 76 :26, 32, 43.
Tentou Eva e trouxe a queda — Gén . cap . 3 ; Moisés cap . 4 ; D . & C . 29 :40.
Pecador desde o Inicio — 1 João 3 :8 ; Moisés 4 :14.
O pai das mentiras ; um mentiroso desde o começo — João 8 :44 ; d . & C . 93 :25, 37 ; 2 néfi
2 :18.
Tentou Caim e ensinou-o a matar — Moines 5 :16-24.
Veio com outros que se apresentaram perante o Senhor — Jó 1 :6-12.
Tentou Cristo — Mat . 4:1-11.
Tentou Judas Iscariotes a trair Cristo — João 13 :2.
Será amarrado durante o Milénio — Apoc . 20:1-3.
Seu fim é decretado — Apoc . 20 :7-10 ; Mat . 25 :41.
Caído do céu e miserável procura a miséria da humanidade — 2 Néfi 2 :18, 27.
Quem comete o pecado é do diabo — 1 João 3 :8.
Resisti ao diabo e ele fugirá de vós — Tiago 4 :7.
O diabo, vosso adversário, é como um dragão buscando a quem tragar — 1 Ped . 5 :8.
Desencaminhados pelo demônio, de acordo com sua vontade e escravidão — 2 Néfi 1 :18.
O que é mau vem do .demõnio — Morõni 7 :12.
Satanás vos deseja — 3 Néfi 18 :18.
O diabo terá poder sobre o seu domínio — D . & C . 1 :35.
Existem contendas a respeito da doutrina — D . & C . 10:63 : 3 Néfi 11 :28, 29.
O diabo assolará os corações dos homens, e os excitará a se encolerizarem ; e a outros ele
pacificará e os conduzirá astutamente ao inferno — 2 Néfi 28 :19-23.

A Queda

Tentação de Adão e Eva — Gén . cap . 3 ; Moisés cap . 4 ; D . & C . 29 :40 ; 2 Cor . 11 :3.
Por um homem entrou o pecado no mundo — Rom . 5 :12, 18 .

74 REGRAS DE FÉ

A queda trouxe a morte espiritual tanto como a temporal — Alma 42 :9.


Discurso de Léhi sobre a queda e suas conseqüências — 2 Néfi 2 :14-27.
Pela queda de Adão a humanidade tornou-se decaída — Alma 12 :20-24 : Helamã 14:16.
Adão caiu para que os homens existissem ; e os homens existem para que tenham alegria —
2 Néfi 2 :25.
A ressurreição deve vir em razão da queda — 2 Néfi 9 :6.
O sangue de Cristo expia pelos que caíram pela transgressão de Adão — Mosíah 3 :11.
Todos os espíritos no princípio eram inocentes — D . & C . 93 :38.
Adão regozijou-se e bendisse a Deus por suas bênçãos depois da transgressão — Moisés
5 :10, II.
Por causa da queda de Adão, existimos, e por sua queda veio a morte — Moisés 6 :48.
Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo — 1
Cor . 15 :21, 22 ; Rom . 5 :11-19 .
Capítulo 4

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO

Regra 3 —Cremos que por meio do sacrifício expiatório de Cristo


toda a humanidade pode ser salva pela obediência às leis e
ordenanças do evangelho.

A EXPIAÇÃO

A Expiação de Cristo é ensinada como doutrina principal


em todas as seitas que professam o cristianismo . Tão comum é a
expressão, e o ponto essencial de seu significado tão geralmente
admitido, que talvez pareça supérflua sua definição ; não obs-
tante, o uso da palavra "expiação" no sentido teológico encerra
importância particular . A doutrina da expiação encerra provas
da divindade do ministério terreno de Cristo e da natureza vicá-
ria de sua morte como sacrifício preordenado e voluntário, que
teve por objeto servir de propiciação eficaz pelos pecados do
gênero humano, convertendo-se assim no instrumento median-
te o qual se pode obter a salvação.
O Novo Testamento, adequadamente considerado como a
escritura da missão de Cristo entre os homens, está repleto, do
princípio ao fim, da doutrina de salvação mediante a obra expia-
tória executada pelo Salvador, e, não obstante, a palavra expia-
ção não aparece nesta parte da narração bíblica . Paulo usa o
termo reconciliação em sua epístola ao santos de Roma : "E não
somente isto, mas também nos gloriamos em Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconcilia-
ção"' E este é o significado do sacrifício salvador do Redentor,
com que ele expiou a transgressão da queda — pela qual entrou
a morte no mundo — e deu ao homem o meio disponível e eficaz

1 . Rom . 5:11 .

76 REGRAS DE FÉ

de atingir a imortalidade pela reconciliação com Deus . No An-


tigo Testamento, o termo expiação ocorre repetidas vezes e
com notável freqüência em Êxodo, Levítico e Números, três li-
vros do Pentateuco ; e o sentido em que se usa é o de um sacrifí-
cio propiciatório, associado geralmente com a morte de uma
vítima aceitável por meio da qual se haveria de efetuar a recon-
ciliação entre Deus e os homens.

A Natureza da Expiação — A expiação efetuada por Cristo


foi uma conseqüência necessária da transgressão de Adão ; e
como a previsão infinita de Deus Lhe revelou o que aconteceria
mesmo antes que Adão fosse colocado sobre a terra, assim tam-
bém a misericórdia do Pai preparou um Salvador para o gênero
humano antes de ser levantada a estrutura do mundo . Através
da queda, Adão e Eva transmitiram a seus descendentes as con-
dições do estado mortal . Por conseguinte, todos os seres que
nascem de pais terrenos ficam sujeitos à morte corporal . A sen-
tença de ser afastado da presença de Deus foi como uma morte
espiritual ; e de igual maneira esse castigo que se impôs sobre
nossos primeiros pais no dia de sua transgressão seguiu a huma-
nidade como herança comum . Por ter vindo sobre o mundo por
causa de um ato individual, seria uma injustiça manifesta fazer
todos sofrerem eternamente tal castigo sem uma forma de res-
gate . Daí, pois, o ter-se decretado o sacrifício de Jesus Cristo
como propiciação pela lei violada, mediante o qual se poderia
satisfazer em todo sentido a Justiça . Assim, a Misericórdia fica-
ria em liberdade para exercer sua influência benéfica sobre as
almas dos homens .' Talvez não estejam ao alcance do entendi-
mento do homem todos os pormenores do glorioso plano por
meio do qual se assegura a salvação da raça humana ; porém,
desde os seus frágeis esforços para penetrar as causas primárias
dos fenômenos da natureza, o homem tem aprendido que suas
faculdades de compreensão estão limitadas e admitirá que o re-
cusar um efeito, por não poder determinar sua causa, seria re-
nunciar a suas pretensões de ser um indivíduo observador e ra-
cional.

2, Veja o apêndice 4:1 .


EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 77

Simples como é o plano de redenção em seus pontos ge-


rais, é não obstante um mistério em seus detalhes para a mente
finita . O Presidente John Taylor escreveu o seguinte : "De certo
modo misterioso e incompreensível, Jesus assumiu a responsabi-
lidade que havia recaído naturalmente sobre Adão, o que só po-
deria efetuar-se pela sua própria mediação, tomando sobre si as
aflições, assumindo as responsabilidades e lavando as transgres-
sões ou pecados de todos . De uma forma que para nós é incom-
preensível e inexplicável, Ele suportou o peso dos pecados de
todo o mundo, não só de Adão, mas de sua posteridade e, ao fa-
zê-lo, abriu o reino dos céus não unicamente a todos os crentes
e a todos os que obedeceram à lei de Deus, mas também a mais
da metade da família humana que morreu antes de chegar à ida-
de da compreensão, como também aos pagãos que, tendo mor-
rido sem lei, ressuscitarão sem lei devido à mediação de Cristo
e serão julgados sem lei ; e deste modo participarão segundo
suas habilidades, obras e valor das bênçãos de Sua expiação . " '
Por incompleto que seja nosso entendimento do plano de
redenção mediante o sacrifício vicário de Cristo em todas as
suas partes, não podemos recusá-lo sem sermos tachados de pa-
gãos ; porque é a doutrina fundamental de todas as Escrituras, a
própria essência do espírito de profecia e revelação, a mais
preeminente de todas as declarações que Deus fez ao homem.

A Expiação Foi um Sacrifício Vicário — E motivo de grande


assombro para muitos o fato de o sacrifício voluntário de um só
ser agir como meio de resgate para o resto do gênero humano.
Neste ponto, como em outros, as Escrituras são explicáveis pelo
espírito de interpretação bíblica . Os escritos sagrados dos tem-
pos antigos, as expressões inspiradas dos profetas dos últimos
dias, as tradições do gênero humano, os ritos do sacrifício e até
mesmo os sacrilégios da idolatria pagã encerram todos o concei-
to de uma expiação vicária . Deus jamais se tem negado a acei-
tar uma oferta, feita por quem tem autoridade, em favor daque-
les que de algum modo estão incapacitados de efetuar eles mes-

3, John Taylor — "Mediation and Atonement", págs . 148, 149 ; veja tambétn o apêndice 4 :5 .

78 REGRAS DE FÉ

mos o trabalho necessário . O bode expiatório4 e a vítima de al-


tar' entre os antigos israelitas era aceito pelo Senhor para miti-
gar os pecados do povo, se oferecidos com arrependimento e
contrição . É interessante notar que mesmo que as cerimônias
de sacrifício constituíssem parte tão grande e essencial dos re-
quisitos mosaicos, esses ritos antecederam de muito o estabeleci-
mento de Israel como povo separado, porque, como já se viu,
Adão ofereceu sacrifícios sobre o altar . Assim, pois, ficou instituí-
do desde o principio da história humana o simbolismo de imolar
animais como protótipo do grande sacrificio que haveria de se
verificar sobre o Calvário.
Os vários gêneros de sacrifício prescritos pela lei de Moisés
classificam-se em sangrentos e não sangrentos . Somente os primei-
ros, aqueles que incluíam a imposição da morte, se aceitavam
como propiciação ou expiação pelo, pecado ; e a vítima tinha
que ser limpa e sã, sem mancha ou defeito . De igual maneira,
para o grande sacrifício, cujos efeitos iam ser infinitos, só se po-
dia aceitar uma vítima inocente . A Cristo correspondeu o direi-
to de ser o Salvador, como o único ser sem pecado do mundo,
como o Unigênito do Pai e, sobretudo, como o único ordenado
nos céus para ser o Redentor do gênero humano ; e, apesar de o
exercício do direito encerrar um sacrifício, cuja extensão o ho-
mem não pode compreender, Cristo Se ofereceu de boa vonta-
de e voluntariamente . Teve até o último momento o meio de
pôr fim aos tormentos de Seus verdugos pelo exercício dos po-
deres que Lhe eram inerentes . 6 De certa maneira, apesar de nos
parecer inexplicável, Cristo tomou sobre Si a pesada carga dos
pecados do gênero humano . Os meios poderão ser um mistério
para nossas mentes finitas . Entretanto, o resultado é a nossa sal-
vação.
Nestes dias o Salvador nos disse algo acerca de sua Agonia,
enquanto gemia sob esta carga de pecados, a qual em si deve ter
sido para Ele o protótipo da pureza, amarga em extremo : "Pois
eis que Eu, Deus sofri estas coisas por todos, para que arrepen-
dendo-se não precisassem sofrer . Mas, se não se arrependes-
sem, deveriam sofrer assim como Eu sofri ; sofrimento que Me

4, Veja Lev . 16 :20-22 . 5, Veja Lev . cap . 4 . 6, Mateus 26 :53, 54 ; João 10 :17, 18 .

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 79

fez, mesmo sendo Deus, o mais grandioso de todos, tremer de


dor e sangrar por todos os poros, sofrer tanto corporal como es-
piritualmente — desejar recuar e não ter de beber a amarga ta-
ça . Todavia, glória seja ao Pai . Portanto, Eu tomei da taça e ter-
minei as preparações que fizera para os filhos dos homens ."'
Nos ritos do batismo pelos mortos, o qual foi ensinado nos dias
apostólicos e também nos modernos, assim como na instituição
de outras ordenanças dos templos 8 na presente dispensação, en-
contram-se exemplos adicionais da validade ' do trabalho vicá-
rio .

O Sacrifício de Cristo foi Voluntário e Inspirado pelo Amor —


Notamos de passagem que Cristo deu Sua vida de boa vontade
e voluntariamente pela redenção do gênero humano . Oferece-
ra-Se a Si mesmo no concílio celeste como o sacrifício expiató-
rio que a prevista transgressão do primeiro homem exigia ; e o
livre-arbítrio que manifestou e exercitou neste passo, o primeiro
de Sua missão salvadora, Ele reteve até o último momento do
cumprimento agonizante do plano aceito . Apesar de, em todo
detalhe que se relaciona com nossa análise d'Ele, ser exemplo
de divindade entre o gênero humano, Jesus viveu sobre a terra
como um homem . Não obstante, deve-se ter presente que, ape-
sar de haver nascido de mãe mortal, foi concebido na carne por
um Pai imortal ; e combinou-se assim, dentro de Seu ser, a fa-
culdade de morrer e o poder de dominar a morte indefinida-
mente . Ele entregou Sua vida ; não Lhe foi tirada contra Sua
vontade . Note-se o significado de Sua própria declaração : "Por
isso o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a to-
má-la . Ninguém a tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou;
tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la" . 9 Em ou-
tra ocasião Jesus testificou de Si mesmo da seguinte maneira:
"Porque, como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim deu tam-
bém ao Filho ter a vida em Si mesmo . E deu-Lhe o poder de
exercer o juízo, porque é Filho do Homem ." 10 Na cena trágica

7, D . & C . 19 :16-19 : "Jesus the Christ", págs . 610-614 8, Veja 1 Cor . 15 :29 ; veja também
o cap . 7 desta obra : D . & C . 127:4-9 ; sec . 128 . 9, João 10:17, 18 ; veja "Jesus the Christ",
págs . 22, 23, 81 . 418 . 10 . João 5 :26, 27 .

'80 REGRAS DE FÉ

da traição, quando um que professava ser Seu discípulo e amigo


O entregou com um beijo traiçoeiro nas mãos de Seus inimigos,
e quando Pedro, com temeridade impulsionada pelo zelo, de-
sembainhou e usou a espada em defesa do Mestre, Este lhe dis-
se : "Ora pensas tu que Eu não poderia agora orar a meu Pai e
que Ele não Me daria mais de doze legiões de anjos? Como,
pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém
que aconteça?" E assim, ate amargo fim, assinalado pela ago-
nizante mas triunfante exclamação : "Está consumado", aquele
Deus feito carne sujeitou dentro de Si o poder de frustrar seus
verdugos.
Foi duplo o propósito que O inspirou e O manteve em to-
das as cenas de Sua missão, desde o tempo de Sua ordenação
primordial até o momento da vitoriosa consumação sobre a
cruz . Primeiro, o desejo de fazer a vontade do Pai, efetuando a
redenção do gênero humano ; segundo, Seu amor pela humani-
dade, de cujo bem-estar e destino Ele Se havia encarregado.
Longe de sentir o menor rancor contra aqueles que O mataram,
compadeceu-Se deles até o último momento . Ouça-O, nesta
hora de extrema agonia, exclamar : "Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem ." 12 Nem é menor o amor do Pai, como
se observa em Sua aceitação do sacrifício do Filho e em permi-
tir que Aquele a Quem Se deleitava em chamar Seu Amado so-
fresse como só um Deus poderia sofrer . "Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito para que
todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou Seu Filho ao mundo, não para que conde-
nasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele ." 13
Além disso, ouvimos falar, no ensinamento do apóstolo a quem
o Salvador tanto amava : "Nisto se manifestou a caridade de
Deus para conosco : que Deus enviou Seu Filho Unigênito ao
mundo . para que por Ele vivamos .'

A Expiação foi Preordenada e Predita — Como foi demons-


trado, o concílio celestial, ao recusar o plano de compulsão de

11, Mat . 26 :53, 54 . 12, Lucas 23 :34 . 13, João 3 :16,17 . 14, 1 João 4 :9 : veja também
"Jesus the Christ", cap . 2, 3 .

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 81

Lúcifer, havia aceito o plano do Pai, de instituir um meio para a


redenção do gênero humano e então deixar todos os homens
em liberdade de exercer seu arbítrio . Já então, naquele período
remoto, Cristo foi ordenado mediador de todo o gênero hufna-
no ; de fato, "fizeram um convênio, Ele e Seu Pai, pelo qual Ele
concordou em expiar os pecados do mundo e assim, como já foi
dito, veio a ser o `Cordeiro', imolado desde o princípio do mun-
do ." 15 Os profetas que viveram séculos antes do tempo do nas-
cimento de Cristo testificaram dele e da grande obra para a
qual havia sido ordenado . A estes Deus havia permitido con-
templar em visões proféticas muitas das cenas que sobreviriam
durante a missão terrena do Salvador, e eles testemunharam so-
lenemente dessas manifestações . O testemunho de Cristo é o
espírito de profecia, e sem ele ninguém pode com justiça afir-
mar que goza da distinção de ser um profeta de Deus . A deses-
peração que Adão sentiu em conseqüência da queda conver-
teu-se em alegria quando, por meio de revelação, soube do pla-
no de redenção que seria realizado pelo Filho de Deus na car-
ne . 16 As mesmas verdades ensinou Enoque, o justo, verdades
que lhe haviam sido declaradas dos céus ." Moisés, 18 Jó, 19 Da
vi, 20 Zacarias, 21 [saías" e Miquéias 23 deram este mesmo teste-
munho . Igual declaração proferiu João Batista 24 a quem o Se-
nhor classificou como sendo mais cjue profeta.
Se houver dúvidas concernentes à aplicação destas profe-
cias, dispomos do testemunho final de Cristo de que se referem a
Ele . Naquele dia memorável, pouco depois de sua ressurreição,
enquanto viajava incógnito com dois discípulos, pelo caminho
que conduzia a Emaús, Ele lhes explicou as Escrituras que ha-
viam sido escritas concernente ao Filho de Deus : "E começan-
do por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele
se achava em todas as Escrituras ." 25 Algumas horas após este
acontecimento, o Senhor Se apresentou aos onze em Jerusa-
lém . Despertou seu entendimento "para compreenderem as Es-

IS, John Taylor "Mediation and Atonement", pág . 97 : veja também o apêndice 4 :4 . 16,
Veja P . de G . V ., Moisés 5 :9-11 ; veja também o apêndice 4 :6 . 17 . Veja P . de G . V ., Moisés
6 :51-68 . 1K . Veja Deut . 18 :15, 17-19 . 19, Veja Jó 19 :25-27 . 20, Veja Sal . 2 . 21, Veja
Zacarias 9 :9 : 12:10 : 13 :6 :6 . 22, Veja (saías 7 :14 : 9:6, 7 . 23, Veja Mio . 5 :2 . 24, Veja
Mio . 5 :2 . 24, Veja Mal . 3 :11 . 25, Veja (-ucas 24 :27 .

82 REGRAS DE FÉ

crituras," e disse-lhes : "Assim está escrito, e assim convinha


que o Cristo padecesse, "26 testificando estar cumprindo um pla-
no previamente ordenado . Pedro, um dos companheiros terre-
nos mais íntimos do Salvador, refere-se a Ele chamando-O "um
cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em
outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mun-
do . " ' Em sua epístola aos Romanos, Paulo menciona Cristo, di-
zendo que era Aquele "ao qual Deus propôs para propiciação
pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua justiça pela remis-
são dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus" ."
Estas são apenas umas poucas evidências bíblicas da preorde-
nação de Cristo ; tanto o Velho como o Novo Testamento' são
fartos em provas da obra do Messias.

Distinguem-se os profetas do Livro de Mórmon pelos seus


testemunhos diretos relativos ao Messias . Por causa de sua fé,
foi permitido ao irmão de Jared ver o Salvador vinte e dois sé-
culos antes do meridiano dos tempos . Mostrou-se-lhe que o ho-
mem foi criado à imagem do Senhor e naquela ocasião ele foi
instruído sobre o propósito do Pai quanto ao fato de que o Filho
tomaria carne sobre Si e habitaria a terra .' Observe a declara-
ção pessoal do Salvador preordenado a esse profeta : "Eis que
Sou aquele que foi preparado desde a fundação do mundo para
remir Meu povo . Eis que Sou Jesus Cristo . Sou o Pai e o Filho.
Em Mim terão luz eternamente todos aqueles que crerem em
Meu nome ; e esses se tornarão Meus filhos e Minhas filhas ."'
Néfi anotou a . profecia de seu pai Léhi relativa à futura
aparição do Filho na carne, Seu batismo, morte e ressurreição;
e essa declaração profética indica a época precisa do nascimen-
to do Salvador, isto é, seiscentos anos depois da saída de Léhi de
Jerusalém . É descrita a missão de João Batista e até mesmo se
designa o local do batismo .' Pouco tempo após a visão de Léhi
o Espírito mostrou a Néfi as mesmas coisas e muitas outras, al-
gumas das quais foram escritas . A maior parte porém lhe foi

26, Lucas 24:45, 46 ; veja "Jesus the Christ", 685-690 . 1, 1 Pedro 1 :19, 20 . 2, Rom.
3 :25 . 3, Rom . 16 :25, 26 ; Ef. 3 :9-11 ; Col . 1 :24, 26 ; 2 Tim . 1 :8-10 ; Tito 1 :2, 3 ; Apo. 13 :8.
4, Veja Éter 3 :13, 14 ; veja também 13 :10, I I . 5, Éter 3 :14, veja também 8 :16 ; veja o apên
dice 2:11 . 6, Veja 1 Néfi 10:3-11 .

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 83

proibido escrever, já que outro, o apóstolo João, havia sido


ordenado para escrevê-las num livro que formaria parte da
Bíblia.
Entretanto, pelo relato parcial de sua visão, sabemos que
viu a Virgem Maria em Nazaré, primeiramente só e depois com
um menino em seus braços, e que o manifestador da visão o in-
formou de que a criatura era o Cordeiro de Deus, o Filho do
Pai Eterno . Então Néfi viu o Filho exercer Seu ministério entre
os filhos dos homens, proclamar a palavra, curar os enfermos e
fazer muitos outros grandes milagres ; viu João, o profeta do de-
serto, que ia adiante dele ; viu o Salvador, que era batizado por
João, e o Espírito Santo que descia sobre Ele com o sinal visível
de uma pomba . Então viu e profetizou que doze apóstolos se-
guiriam o Senhor em Seu ministério ; que o Filho cairia nas
mãos de homens que o julgariam e finalmente o matariam . Pe-
netrando no futuro até mesmo após a crucificação, Néfi viu a
contenda do mundo contra os apóstolos do Cordeiro e o triunfo
final da causa de Deus .'
Jacó, o irmão de Néfi, profetizou a seus irmãos que Cristo
apareceria na carne entre os judeus e que estes O "açoitariam e
O crucificariam ." 8 O rei Benjamim levantou . sua voz em apoio
ao mesmo testemunho e pregou a seu povo acerca da justa con-
descendência de Deus . 9 O mesmo declararam Abinadi, 10 Al-
ma," Amuleque 12 e Samuel, o profeta lamanita ." O cumpri-
mento literal destas profecias proporciona a prova de sua vera-
cidade . Os sinais e prodígios que assinalaram o nascimento" e a
morte de Cristo se cumpriram todos" e, após Sua morte e as-
censão, o Salvador Se Manifestou em pessoa aos nefitas, en-
quanto o Pai O proclamava à multidão . 16
As escrituras antigas, portanto, afirmam claramente que
Cristo veio à terra para realizar uma obra previamente determi-
nada . De acordo com um plano que havia sido formulado em
justiça antes que o mundo existisse, viveu, sofreu e morreu para
a redenção dos filhos de Adão . Igual importância e clareza tem

7, Veja 1 Néfi 11 :14-35 ; veja também 2 Néfi 2:3-21 ; 25 :20-27 ; 26 :24 . 8, Veja 2 Néfi 6:8-10;
9 :5, 6 . 9, Veja Mosíah 3:5-27 ; 4:1-8. 10, Veja Mosiah 15 :6-9, cap . 16 . 11, Veja Alma
7 :9-14 . 12, Veja Alma 11 : 36-44 13, Veja Helamã 14 :2-8. 14, Veja Helamã 14 :2-5, 20-
27 . 15, Veja 3 Néfi 1 :5-21 ; 8:3-25 . 16, Veja 3 Néfi 11 :1-17 ; veja também "Jesus the
Chri,t", cap . 39 .

84 REGRAS DE FÉ

a palavra da revelação moderna, por meio da qual o Filho de-


clarou ser Alfa e Omega, o Princípio e o Fim, o advogado do
homem perante o Pai, o Redentor universal ." Consideremos
uma só passagem das muitas revelações concernentes a Cristo,
dadas na dispensação atual : "Ouvi a voz do Senhor vosso Deus,
o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim, cujo caminho é um
círculo eterno, o mesmo hoje, ontem e para sempre . Eu sou Je-
sus Cristo, o Filho de Deus, que foi crucificado pelos pecados
do mundo, para que todos os que cressem em Meu nome pu-
dessem tornar-se filhos de Deus, ser um em Mim como Eu Sou
um no Pai, e como O Pai é um em Mim, para que sejamos
um . "18
A Extensão da Expiação é universal e se aplica igualmente a
todos os descendentes de Adão . Até o incrédulo, o pagão e a
criança que morre antes de chegar à idade da responsabilidade,
todos são remidos das conseqüências individuais da queda pelo
sacrifício pessoal do Salvador. 19 As Escrituras mostram que a
ressurreição do corpo é uma das vitórias que Cristo logrou por
meio de Seu sacrifício expiatório . Ele mesmo proclamou a ver-
dade eterna : "Eu sou a ressurreição e a vida " , 20 e foi o primeiro
de todos os homens que se levantou do sepulcro à imortalidade,
"as primícias dos que dormem " . 21 Não há dúvida, segundo as
Escrituras, que a ressurreição será universal . O Salvador anun-
ciou a Seus apóstolos a iniciação desta obra de libertação do tú-
mulo . Eis aqui Suas palavras : "Não vos maravilheis disto porque
vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a
Sua voz . E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da
vida ; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condena-
ção "22 ou, como interpretada por inspiração, nestes dias, a últi-
ma parte da declaração: "Os que fizeram o bem, na ressurreição
dos justos, e os que fizeram o mal, na ressurreição dos injus-
tos" . 23
Paulo pregou a doutrina de uma ressurreição universal:
" . . . que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos

17, Veja D . & C . 6:21 ; 14 :9; 18 :10-12 ; 19 :1, 2, 24 ; 21 :9 ; 29 :1 ; 34:1-3 ; 35 :1, 2 ; 38 :1-5 ;. 39 :1-3;
45:3-5 ; 46 :13, 14 ; 76:1-4, 12-14, 19-24, 68, 69 ; 93 :1-17, 38 . 18, D . & C . 35 :1, 2. 19, Veja o
apêndice 4:2 . 20, João 11 :25. 21, 1 Cor. 15 :20 ; veja Atos 26 :23 . 22, João 5 :28, 29.
23, D. & C. 76:17 .

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 85

como dos injustos" . 24 Em outra ocasião escreveu : "Porque as-


sim como todos morrem em Adão, assim também todos serão
vivificados em Cristo . "25 João, o Revelador, testifica assim de
sua visão relativa ao futuro : "E vi os mortos, grandes e peque-
nos, que estavam diante do trono . . . E deu o mar os mortos que
nele havia : e a morte e o inferno deram os mortos que neles ha -
via" . 26 Assim, está claro que o efeito da expiação, até onde ela
se aplica à vitória sobre a morte temporal ou física, inclui toda a
raça . É igualmente claro que a todos se oferece a libertação da
morte espiritual, ou seja do afastamento da presença de Deus;
de modo que se algum homem perder a salvação, tal perda será
por sua própria culpa e de maneira nenhuma pelo efeito inevi-
tável da transgressão de Adão . Os apóstolos da antigüidade en-
sinaram de forma precisa que o dom da redenção efetuada por
Cristo é gratuito para todos os homens . Por isso o apóstolo Pau-
lo disse : "Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre
todos os homens, para condenação, assim também por um só
ato de justiça veio a graça sobre todos os homens, para justifica-
ção de vida" .' E diz ainda mais : "Porque há um só Deus e um só
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem . O
Qual deu a Si mesmo em preço de redenção por todos" . 2 João
falou do sacrifício do Redentor, dizendo : "E ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos mas também
pelos de todo o mundo" .'
Foram ensinadas as mesmas verdades aos nefitas . Benja-
min, o rei justo, falou da "expiação que foi preparada desde a
criação do mundo, para toda a humanidade, que existiu desde a
queda de Adão, ou que existe, ou que existirá até o fim do mun-
do" . 4 Nas revelações destes dias, lemos do advento de Cristo ao
mundo para sofrer e morrer: "Para que por intermédio dele to-
dos pudessem ser salvos ; aqueles que o Pai havia posto em Seu
poder e criado através dele ." 5
Porém, além desta aplicação universal da expiação, por
meio da qual se redimem todos os homens dos efeitos da trans-
gressão de Adão, no que diz respeito tanto à morte do corpo
como ao pecado herdado, tem outra aplicação o mesmo grande
24, Atos 24 :15 . 25, 1 Cor . 15 :22. 26, Apoc . 20:12,13 . 1, Rom . 5:18 . 2, 1 Tim . 2 :5,6.
3, 1 João 2 :2 . 4, Mosiah 4:7 . 5, D. & C. 76 :42 .

86 REGRAS DE FE

sacrifício, no sentido de ser uma propiciação pelos pecados in-


dividuais, mediante a fé e boas obras do pecador . Este duplo
efeito da expiação se indica na regra de nossa fé que estamos
considerando . O primeiro efeito é eximir todo o gênero huma-
no do castigo da queda e assim prover um plano de Salvação
Geral . O segundo efeito consiste em facilitar uma Salvação Indi-
vidual, mediante a qual a humanidade pode conseguir a remis-
são de pecados pessoais . Tendo em vista que estes pecados são
conseqüência de atos individuais, justo é que o seu perdão este-
ja condicionado ao cumprimento do requisito prescrito, a "obe-
diência às leis e ordenanças do evangelho".
O Efeito Geral da Expiação, aplicado a todos aqueles que
chegaram a uma idade de responsabilidade e juízo, já foi de-
monstrado nas passagens das Escrituras já citadas . Sua aplica-
ção às crianças pode com propriedade receber nossa considera-
ção . A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensi-
na como doutrina fundada na razão, na justiça, e na escritura,
que todas as criancinhas são inocentes à vista de Deus e que, até
chegarem a uma idade de responsabilidade pessoal, seu batismo
não é necessário e nem adequado ; que, em uma palavra, são
salvas pela expiação de Cristo . Até certo ponto as criancinhas
herdam a natureza boa ou má de seus pais ; admitem-se os efei-
tos biológicos da herança . De geração em geração se transmi-
tem boas ou más tendências, bênçãos ou maldições . Por meio
desta ordem divinamente determinada, cuja justiça fica paten-
temente demonstrada à luz do conhecimento revelado sobre o
estado primordial dos espíritos do gênero humano, os filhos de
Adão são herdeiros naturais das adversidades do estado mortal;
porém, mediante a expiação de Cristo, todos são redimidos da
maldição deste estado decadente . A dívida que lhes é legada é
paga e eles ficam livres . As criancinhas que morrem antes de
chegarem à idade em que podem responder por seus atos são
inocentes aos olhos de Deus, mesmo que sejam filhos de peca-
dores . No Livro de Mórmon, lemos : "As criancinhas não po-
dem arrepender-se ; portanto, é grande iniqüidade negar a elas
as puras misericórdias de Deus, pois elas estão todas vivas nele,
em virtude de Sua misericórdia Porque eis que todas essas
criancinhas estão vivas em Cristo, como todos também que não

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 87

têm lei . Porque o poder da redenção alcança a todos que não


têm lei" .6
O profeta Mórmon, escrevendo a seu filho Morôni, expres-
sou da seguinte maneira sua convicção sobre a inocência das
criancinhas : "Ouve as palavras de Cristo, Teu Redentor, Teu
Senhor e Teu Deus . Eis que vim ao mundo, não para chamar os
justos, mas para chamar os pecadores ao arrependimento ; os
sãos não precisam de médico, os que dele necessitam são os
doentes ; portanto, as criancinhas estão sãs, visto que são inca-
pazes de cometer pecados ; por isso a maldição de Adão foi re-
movida delas para Mim, a fim de que sobre elas não tenha po-
der . Eis que vos digo que devereis ensinar arrependimento e ba-.
tismo aos que são responsáveis e capazes de cometer pecados;
sim, ensinai aos pais que eles devem arrepender-se e ser batiza-
dos, humilhándo-se como suas criancinhas, e então serão todos
salvos com suas criancinhas . E elas não têm necessidade de se
arrepender nem de ser batizadas . Eis que o batismo é feito para
consagrar o arrependimento, para que se cumpram os manda-
mentos da remissão dos pecados . Mas as criancinhas vivem em
Cristo desde a fundação do mundo" .'
Numa revelação feita nesta dispensação por intermédio do
profeta Joseph Smith, o Senhor disse : "Mas eis que vos digo,
que desde a fundação do mundo as criancinhas são redimidas
pelo Meu Unigênito . Portanto, não podem pecar, pois a Sata-
nás não é dado o poder para tentar criancinhas, até que elas se
tornem responsáveis perante Mim" . 8 O presidente John Taylor,
após citar exemplos do carinho de Cristo para com as crianci-
nhas e oferecer provas da inocência com que nos céus são con-
sideradas, disse : "Sem a transgressão de Adão, essas crianci-
nhas não poderiam ter existido ; devido à expiação são coloca-
das num estado de salvação sem obra alguma de sua parte.
Compreenderiam, .segundo a opinião dos peritos em estatística,
mais da metade da família humana cuja salvação se pode atri-
buir tão unicamente à mediação e expiação do Salvador " .'
6, Morôni 8 :19-22 . 7, Morôni 8:8-12. 8, D . & C . 29 :46, 47 . 9, "Mediation and Atone
ment" . pág . 148 ; veja também o apêndice 4 :3 .

88 REGRAS DE FÉ

O Efeito Individual da Redenção permite a toda alma, sem


exceção, alcançar a absolvição do efeito dos pecados pessoais,
pela mediação de Cristo, porém tal intercessão salvadora deve-
rá ser invocada por seu esforço individual, manifestado na fé,
arrependimento e atos contínuos de justiça . Cristo indicou as
leis de acordo com as quais se pode alcançar a salvação, pois a
Ele corresponde o direito de dizer como devem ser administra-
das as bênçãos que Seu próprio sacrifício facultou . Todos os
homens necessitam da mediação do Salvador, porque todos são
transgressores . Assim ensinaram os apóstolos da antigüidade.
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus " . 10 E ensinaram ainda : "Se dissermos que não temos pe-
-cados, enganamo-nos a nós mesmos e não há verdade em
nós" ." Que a bênção da redenção dos pecados individuais, ape-
sar de estar ao alcance de todos, depende, não obstante, do es-
forço individual, é tão claramente declarado como oé a verda-
de da redenção incondicional da morte, como efeito da queda.
Há um julgamento ordenado para todos e conforme suas obras
todos serão julgados . O livre arbítrio do homem lhe permite es-
colher ou recusar, seguir o caminho da vida ou o que leva à des-
truição ; por conseguinte é justo que tenha que responder pelo
exercício de sua faculdade de escolha e que receba o resultado
de seus atos.
Daí, pois, a justiça da doutrina das Escrituras, que diz que
o indivíduo somente alcança a salvação por meio da obediên-
cia . Diz-se de Cristo : "E sendo Ele consumado veio a ser a cau-
sa de eterna salvação, para todos os que Lhe obedecem" i2 e
ainda: Deus "recompensará cada um segundo suas obras ; a sa-
ber : a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem,
procuram a glória, a honra e a incorrupção ; mas a indignação e
a ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obe-
dientes à iniqüidade ; tribulação e angústia sobre toda a alma do
homem que obra o mal ; primeiramente do judeu e também do
grego ; glória, porém, e honra e paz a qualquer que obra o bem:
primeiramente ao judeu e também ao grego ; porque, Deus não
faz acepção de pessoas" ." A estas se podem acrescentar as pa-

10, Rom . 3 :23 . 11, 1 João 1 :8 . 12, Heb . 5 :9. 13, Romanos 2:6-11 .

EXPIAÇÃO E SALVAÇÃO 89

lavras do Senhor ressuscitado : "Quem crer e for batizado será


salvo ; mas quem não crer será condenado" . A0
Consideremos também a profecia que o rei Benjamim pro-
clamou à multidão nefita : O sangue de Cristo "expiará os peca-
dos dos que caíram por causa da transgressão de Adão, e que
morreram sem conhecer a vontade de Deus acerca de si mes-
mos, ou pecaram por ignorância . Mas ai! Ai do que, sabendo,
se rebelou contra Deus! Porque ninguém será salvo se não se
arrepender e não tiver fé no Senhor Jesus Cristo' ."
Porém, para que multiplicar passagens das Escrituras, quan-
do o teor completo da documentação sagrada apóia a doutrina?
Sem Cristo nenhum homem pode ser salvo e a salvação provida
à custa dos sofrimentos de Cristo e da Sua morte corporal so-
mente é oferecida mediante certas condições claramente defi-
nidas ; e estas são resumidas na frase : "obediência às leis e orde-
nanças do Evangelho".
Salvação e Exaltação — Para todos aqueles que não perde-
ram seu direito a ela, haverá algum grau de salvação ; a exalta-
ção se dá somente àqueles que por justo esforço conseguiram o
direito de pedir a liberalidade misericordiosa de Deus, por meio
da qual é concedida. Nem todos os que se salvarem receberão a
exaltação das glórias mais altas : não se darão os galardões em
oposição à justiça ; nem se imporão castigos sem consideração à
misericórdia . Ninguem poderá ser admitido a nenhum grau de
glória, isto é, nenhuma alma poderá ser salva até que a justiça
tenha sido satisfeita pela lei violada . Nossa crença na aplicação
universal da expiação não encerra nenhuma suposição de que
todo o gênero humano se salvará com igual galardão de glória e
poder . No reino de Deus há numerosos graus ou gradações des-
tinados aos que os merecem ; na casa -de nosso Pai há muitas
moradas, às quais somente se admitirão os que estiverem prepa-
rados . A falsa suposição, baseada em dogmas sectários, de que
na outra vida não haverá mais que dois lugares, estados ou con-
dições, para as almas do gênero humano — o céu e o inferno : no
primeiro a mesma glória em toda sua extensão, e os mesmos

14, Marcos 16 :16 . 15, Mosiah 3 :11, 12 .


REGRAS DE FÉ

horrores em todas as partes do segundo — não pode suster-se à


luz da revelação divina . Por palavra direta do Senhor sabemos
que há reinos ou glórias graduados.
Graus de Glória — As revelações de Deus especificaram os
seguintes reinos ou graus de glória, preparados por Cristo, para
os filhos dos homens:
1. A Glória Celeste 1ó — Há alguns que se esforçaram por
obedecer a todos os mandamentos divinos, que aceitaram o tes-
temunho de Cristo, obedeceram "às leis e ordenanças do evan-
gelho" e receberam o Espírito Santo ; estes são os que venceram
o mal com obras de justiça e que portanto, merecem a glória
mais alta ; estes pertencem à Igreja do Primogênito, a quém o
Pai deu todas as coisas ; são feitos reis e sacerdotes do Altíssi-
mo, segundo a ordem de Melquisedeque ; estes possuem corpos
celestiais "cuja glória é a do sol, a glória de Deus, o Altíssimo,
cuja glória ao sol do firmamento é comparada" ; são admitidos à
companhia glorificada e coroados com a exaltação do reino ce-
lestial .
2. A Glória Terrestre" — Lemos de outros que recebem uma
glória de uma ordem secundária, que difere da mais alta, "tal
como a glória da lua difere da do sol no firmamento" . Estes são
aqueles que, apesar de honrados, não cumpriram os requisitos
da exaltação ; foram cegados pelas artimanhas dos homens e
não puderam receber as leis mais altas de Deus e obedecer a
elas . Demonstram que não eram "valentes no testemunho de
Jesus" e, portanto, não merecem a plenitude da glória.
3. A Glória Teleste1e — Difere este outro grau das ordens
mais altas como diferem as estrelas dos astros mais luminosos
do firmamento ; esta glória é para aqueles que não receberam o
testemunho de Cristo, mas que, não obstante, não negaram o
Espírito Santo ; são os que viveram vidas que os eximem do cas-
tigo mais severo, mas cuja redenção, entretanto, será demora-
da até a última ressurreição . No mundo teleste há inúmeros
graus que se podem comparar à variação de luminosidade das
estrelas . 19 Não obstante, todos os que receberem estes graus de
16, Veja D . & C . 76 :50-70, 92-96 . 17, Veja D. & C . 76:71-80, 87, 91, 97 . 18, Veja D. & C.
76 :81-86 ; 88-89, 98-106, 109-112 . 19, Veja D . & C . 76 :81-86, 98 .

REFERENCIAS 91

glória se salvarão finalmente e Satanás nenhum poder exercerá


sobre eles . Até mesmo a glória teleste "ultrapassa todo entendi-
mento e nenhum homem a compreende exceto aquele a quem
Deus o tem revelado" . 20 Por último há aqueles que perderam
todo o direito à misericórdia de Deus, cujos atos fizeram com
que fossem contados com Perdição e seus anjos . 21

REFERENCIAS

Expiação feita por Jesus Cristo


A morte sacrificial de Cristo simbolizada por sacrifícios no altar sob a lei de Moisés : Por-
quanto é o sangue que fará expiação pela alma — Lev . 17:11.
Para os pecados do povo, sacrifício pelo derramamento de sangue de animais diante do Se-
nhor — Levi . cap. 4 ; 5 :5-10.
De Adão foi requerido oferecer as primícias dos rebanhos, em similitude do sacrifício do
Unigênito — Moisés 5 :5-8, 20.
Uma virgem daria à luz um filho e chamaria seu nome Emanuel — Is . 7 :14 ; Mat . 1 :21-23.
Predição da vida e trabalho do Salvador — Is. 53 :3-12.
Meu Unigênito é e será o Salvador — Moisés 1 :6.
O plano de Salvação a todos os homens através do sangue de Meu Unigênito — Moisés
6 :62.
O filho Unigênito preparado desde a fundação do mundo — Moisés 5 :57.
O Filho de Deus tinha expiado pelo pecado original — Moisés 6 :54.
Tereis de ser limpos pelo sangue, e mesmo pelo sangue de Meu Unigênito. — Moisés 6:59.
Jesus Cristo deu Sua vida em resgate por todos — Mat . 20 :28 ; 1 Tim . 2 :5, 6.
O Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo — João 1 :29.
Dou Minha vida pelas ovelhas — João 10 :15.
Meu sangue derramado em favor de muitos para a remissão dos pecados — Mat . 26 :28;
Luc . 22:19 ; João 6:51.
Dou Minha vida para a reassumir — João 10 :17, 11, 15.
O Filho do Homem levantado para que os homens tenham, a vida eterna — João 3 :14, 15;
8 :28 ; 12 :32.
Cristo exaltado a Príncipe e Salvador a fim de conceder o arrependimento e remissão dos
pecados — Atos 5 :31.
Era necessário que Cristo padecesse — Atos 17 :3 : Luc . 24 :26, 46.
Cristo morreu por nós ; seremos por Ele salvos da ira — Rom . 5 :8-9.
Cristo morreu e ressurgiu, Senhor dos mortos e dos vivos — Rom . 14 :9.

20, D . 3li C . 76 :89, 90 . 21, Veja o capítulo 3 desta obra, "O Castigo pelo Pecado", e
o capitulo 22, "Filhos de Perdição" .

92 REFERENCIAS

Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores – 1 Tim. 1 :15 ; um resgate por todos – 2 :6 ; o
Salvador de todos – 4:10 ; destruiu a morte – 2 Tim . 1 :10.
Para fazer propiciação pelos pecados do povo – Heb . 2 :17 ; O autor da Salvação eterna –
5:9 ; O mediador do Novo Testamento – 9 :15 : o qual levou nossos pecados em Seu corpo –
1 Ped . 2:24 ; padeceu por nós na carne – 4 :1.
Digno é o Cordeiro que foi morto – Apoc . 5 :12.
Léhi profetiza do Messias – 1 Néfi 10 :4-17 ; sua visão do Messias – cap . I I.
O Messias viria para redimir os homens da queda – 2 Néfi 2 :26
Jacó ensina que a expiação é infinita – 2 Néfi cap . 9.
Da morte pela ressurreição e da morte eterna pela expiação – 2 Néfi 10 :25.
Nenhum outro nome pelo qual o homem poderá ser salvo – 2 Néfi 31 :21 ; Helamã 5 :9-12;
D . & C . 18 :23-25.
Reconciliai-vos com Ele pela expiação de Cristo – Jacó 4 . 11.
A lei de Moisés não tem valor senão pela expiação – Mosíah 3 :15.
Que viésseis a Cristo e participásseis de Sua salvação – Omni 26.
A lei de Moisés cumprida por Cristo, que deu a lei – 3 Néfi 12 :17-19 ; 15 :2-6.
Tendo vida eterna por meio de Cristo que quebrou as cadeias da morte – Mosíah 15 :23-28.
Não poderia haver redenção a não ser pela morte, ressurreição e sofrimento de Cristo e á
expiação – Alma 21 :9 ; Helamã 5:9-11 ; 14 :16, 17.
É necessário que haja uma expiação – Alma 34:9-16:
Misericórdia vem em virtude da expiação – Alma 42 :23.
Ele não viria para redimir os homens em seus pecados, mas para os remir de seus pecados –
Helamã 5 :10.
Vim ao mundo para trazer-lhe a redenção – 3 Néfi 9 :21 ; D . & C . 49:5
Glorifiquei o Pai tomando sobre Mim os pecados do mundo – 3 Néfi 11 :11
Em virtude de Cristo veio a redenção do homem – Mórmon 9 :12, 13.
Ele trouxe a redenção do mundo – 7 :7.
Aquele que dissser que as criancinhas necessitam do batismo nega as misericórdias de Cris-
to e considera como nada a expiação – Morôni 8 :20.
O Senhor padeceu a morte e sofreu a dor de todos os homens, para que pudessem vir a Ele
– D . & C . 18 :11 ; Jesus Cristo é o único nome dado pelo qual o homem pode salvar-se – ver.
23-25 . Eu, Deus, sofri estas coisas por todos, para que, arrependendo-se, não precisassem
sofrer – 19 :16 ; Moisés 6 :52.
Salvação para os homens de todas as épocas – D . & C . 20:23-29.
Vosso redentor cujo braço de misericórdia expiou os vossos pecados – D . & C . 29 :1 ; as
criancinhas são redimidas – vers . 46, 47.
O Filho Unigênito enviado ao mundo para a redenção do mundo – D . & C . 49 :5.
Eu, o Senhor, que fui crucificado pelos pecados do mundo – D. & C . 53 :2 ; 54:1 ; 76:41.
O Senhor é Deus e fora d'Ele não há nenhum Salvador - D . & C . 76:1, 39-42.
Através da redenção se realiza a ressurreição – D . & C . 88 :14-17.
Sendo redimido da queda, o homem tornou-se outra vez inocente – D . & C . 93 :38.
Meu Unigênito é e será o Salvador – Moisés 1 :6, 39.
À semelhança do sacrifício do Unigênito – Moisés 5 :7.
Pode$ ser redimido, e também toda a humanidade, e todos os que quiserem – Moisés 5 :9.

Salvação
Chamada profética à salvação – Is. 55 :1-7 ; Luc . 3 :3-6.
Alcança-se através de Cristo – Is . 61 :10 ; Luc . 19 :10 ; 24 :46, 47 ; João 3:14, 17 ; Atos 4:12;

REFERENCIAS 93

13 :38 ; Rom . 5 :15-21 ; D . & C . 18 :23 ; Moisés 5 :15 ; veja também as referências de Expiação.
Uma reconciliação com Deus por Jesus Cristo — 2 Cor . 5 :18,19 ; Col . 1 :19-23.
Aquele que perseverar até o fim será salvo — Mat. 24:13 ; 10:22 ; Hab . 3 :14 ; D . & C . 53:7.
Depende da obediência — Mat . 28 :19, 20 ; Mar. 1 :4 ; 16 :16.
E operado com temor e tremor — Filip . 2 :12.
A palavra enxertada, a qual pode salvar vossas almas — Tiago 1 :21.
Salvação virá por derribar Satanás — Apoc . 12 :10
A salvação é gratuita — 2 Néfi 2:4 ; 26:24 ; a ser anunciada a todas as nações — Mosíah 15 :28 ; _
Mat . 24 :14 . Veja também referências de Livre-arbítrio, que seguem o capítulo 3.
É possível retardar o dia da salvação até que seja demasiado tarde — Helamã 13 :38.
Os bons receberão a salvação de sua alma — Alma 9 :28.
Não há dom maior que a salvação — D . & C . 6 :13 ; 11 :7.
Condições para ser salvo — D . & C . 49:5.
É impossível ser salvo em ignorância — D . & C . 131 :6.
Salvação sem exaltação — . & C . 132 :17.
Salvação graduada ; exaltação mais alta — João 14 :2 ; 1 Cor. 15 :40-42 ; D . & C . sac . 76;
132 :19-21 . ,
Revelação a Adão das condições para a salvação — Moisés 5 :9-15 .
Capítulo 5

FÉ E ARREPENDIMENTO

Regra 4 — Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do


evangelho são : primeiro, fé no Senhor Jesus Cristo; se-
gundo, arrependimento; ***

A Natureza da Fé — Emprega-se nas escrituras a palavra fé


com o significado predominante de plena confiança e esperan-
ça na natureza, nos propósitos e nas palavras de Deus . Esta
confiança, sendo implícita, dissipará toda dúvida quanto às coi-
sas que Deus realizou ou prometeu, mesmo que para as facul-
dades comuns do ser mortal não sejam evidentes e nem explicá-
veis . Daí, pois, a definição de fé, segundo Paulo : "Ora, a fé é o.
firme fundamento (confiança, certeza) das coisas que se espe-
ram, e a prova (evidência, demonstração) das coisas que se não
vêem " .' É claro que este sentimento de confiança pode existir
em diversos graus, em diferentes pessoas ; em verdade, a fé se
manifesta desde o estado incipiente que nada mais é que uma
débil crença, livre da vacilação e do temor, até a força de uma
confiança firme que desafia a dúvida e o sofisma.
Crença, Fé e Conhecimento — Os termos fé e crença são al-
gumas vezes considerados sinônimos ; não obstante, cada qual
tem um significado particular, embora as duas palavras sejam
usadas sem distinção em muitas passagens das escrituras . A
crença, em um de seus significados aceitos, pode meramente
ser um assentimento e conformidade intelectual, ao passo que a
fé implica nessa confiança e convicção que impele à ação . A
crença é, de certo modo, passiva : um consentimento ou aceita-

1, Heb . 11 :1 .

FÉ E ARREPENDIMENTO 95

ção somente, a fé é ativa e positiva : compreende essa certeza e


confiança que conduz às obras . Fé em Cristo abrange a crença
nele combinada com a confiança . Não se pode ter fé sem crer.
Não obstante, pode-se crer e, mesmo assim, não ter fé . Fé é
crença, vivificada, ativa e viva.
Há, certamente, grande diferença em graus, mesmo se não
for admitida nenhuma distinção essencial em espécie entre as
duas . Como será demonstrado agora, fé na Trindade é um re-
quisito da salvação ; é um poder salvador que conduz quem a
possui aos caminhos da santidade, enquanto mera crença na
existência e atributos da Divindade não constitui tal poder.
Consideremos as palavras de Tiago em sua epístola universal
aos santos,' na qual repreendeu seus irmãos por certas profis-
sões vãs.
Em essência ele disse : Com orgulho e satisfação declarais
vossa fé em Deus e vos jactais de não serdes como os idólatras e
pagãos, porque aceitais a um Deus : fazeis bem em professar e,
conseqüentemente, crer . Mas lembrai-vos de que outros fazem
o mesmo ; até os demônios crêem ; e crêem tão firmemente que
tremem quando pensam no destino que esta crença lhes revela.
Satanás e seus seguidores crêem em Cristo ; e sua crença consti-
tui um conhecimento de quem é o Senhor, e a parte que desem-
penhou no passado, no presente e que desempenhará no futuro,
dentro do plano divino da existência e salvação humana . Vem à
mente o caso do homem possuído de espíritos imundos no país
dos gadarenos, um homem atormentado tão gravemente que se
tornava um terror para todos os que dele se aproximavam . Não
podia ser dominado e nem atado ; e o povo temia dele se acer-
car ; espírito mau dentro dele implorou misericórdia ao Justo,
chamando-O de "Jesus, Filho do Deus Altíssimo" .' Em outra
ocasião, na sinagoga de Capèrnaum, um espírito mau rogou a
Cristo que não usasse Seu poder e, clamando com temor e ago-
nia, disse : "Bem sei que És o Santo de Deus " .' Certa ocasião ia
atrás de Jesus uma multidão de pessoas de Iduméia e Jerusa-
lém, de Tiro e de Sidon . Entre elas havia muitos que tinham

2, Veja Tiago 2 :19 ; Apêndice 5 :1 . 3, Mar . 5:1-18 ; também Mateus 8 :28-34. 4, Marc.
1 :24.

96 REGRAS DE FÉ

espíritos maus, e, ao vê-lo, "prostravam-se diante dele e clama-


vam, dizendo : Tu És o Filho de Deus" .' Houve crente mortal
que tivesse confessado um conhecimento de Deus e Seu Filho
Jesus Cristo mais francamente que estes servos de Satanás? Sa-
tanás conhece a Deus e a Cristo . Lembra-se, talvez, da posição
que certa vez ele mesmo ocupou como o Filho da Alva' e, não
obstante, apesar de todo esse conhecimento, continua sendo
Satanás . Nem a crença, nem um conhecimento real e verdadei-
ro, que é superior à crença, bastam para salvar, porque nenhum
dos dois é fé . Se a crença é produto da mente, a fé o é do cora-
ção : a crença se funda na razão ; a fé principalmente na intui-
ção .
Ouvimos dizer freqüentemente que a fé é conhecimento
imperfeito ; que aquela desaparece à medida que este a substitui:
que hoje andamos por fé, porém que algum dia andaremos na
luz segura do conhecimento . Em certo ponto, é correto ; não
obstante, deve-se ter em mente que o conhecimento pode ser
tão morto e tão infrutífero, em boas obras, como a crença sem
fé . As confissões dos demônios, de que Cristo era o Filho de
Deus, estavam baseadas no conhecimento e, não obstante, a
grande verdade que eles conheciam não alterou sua natureza
iníqua . Que grande diferença havia entre a confissão que eles
faziam do Salvador e a de Pedro que respondendo à pergunta
do Mestre : "E vós quem dizeis que Eu sou?" respondeu quase
nos mesmos termos que os espíritos imundos já mencionados:
"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" .' A fé de Pedro já havia
manifestado seu poder vivificante ; já o havia feito abandonar
muito do que estimava ; seguir a seu Senhor em meio a persegui-
ção e sofrimento ; deixar as coisas do mundo com suas atrações
pela piedade sacrificadora que sua fé tornara tão desejável . O
conhecimento que tinha de Deus como o Pai e do Filho como o
Redentor talvez não fosse maior que o dos espíritos imundos;
porém, enquanto para estes aquele conhecimento nada mais
era que causa adicional de condenação, para ele foi um meio de
salvação.
A mera posse do conhecimento não assegura o recebimen-
5, Marc . 3 :8-11 ; veja também "Jesus the Christ", págs . 181, 310-312 . 6, Veja D . & C . 76:
25-27 . 7, Mateus 16 :15,16 ; veja também Marcos 8 :29 ; Lucas 9 :20.

FÉ E ARREPENDIMENTO 97

to de seus benefícios . Conta-se que durante uma epidemia de


cólera numa cidade grande, um cientista provou por meio de
experiências químicas e por testes microscópicos, para sua pró-
pria satisfação, que-o abastecimento de água estava infectado e
que por esse meio se estava propagando a peste . Proclamou o
fato por toda a cidade e advertiu a todos que não se utilizassem
da água sem fervê-la . Muitos dos habitantes, apesar de não po-
derem compreender seus métodos de investigação, e muito me-
nos repeti-los eles próprios, tiveram fé em suas palavras de ad-
moestação, obedeceram a suas instruções e se livraram da mor-
te à qual sucumbiram seus vizinhos descuidados e incrédulos.
Sua fé teve o poder de salvá-los. Quanto ao cientista, a verdade
pela qual se haviam salvo tantas vidas era para ele uma questão
de conhecimento . Ele havia efetivamente percebido, por meio
do microscópio, provas da existência de micróbios mortíferos
na água ; havia demonstrado sua virulência ; sabia do que falava.
Não obstante, num momento de descuido bebeu água que não
havia sido fervida e pouco depois morreu, vítima da peste . Seu
conhecimento não o salvou, apesar de ser convincente ; não
obstante, outros que só dependiam da confiança ou fé que ti-
nham na verdade que ele havia proclamado, escaparam da des-
truição iminente . O cientista tinha conhecimento, porém foi
prudente? Conhecimento é para a sabedoria o que a crença é
para a fé : um é princípio abstrato ; o outro, uma aplicação viva.
A mera posse de conhecimento não constitui sabedoria, mas
sim o seu uso adequado.

O Fundamento da Fé — Primeiramente, e numa acepção


teológica, estamos considerando a fé no sentido de uma con-
fiança viva e inspiradora em Deus, na aceitação de Sua vontade
como nossa lei e de Suas palavras como nosso guia na vida . A fé
em Deus somente é possível quando chegamos ao conhecimen-
to de que Ele existe e, além disso, que é um Ser de caráter e
atributos nobres.
Sobre este conhecimento da existência de Deus, da nobre-
za de Seu caráter e da perfeição de Seus atributos se estabelece
a fé do homem nele . De forma que não se pode exercer a fé em
Deus se falta todo o conhecimento dele ; não obstante, até os
98 REGRAS DE FÉ

pagãos que vivem em escuridão manifestam alguns frutos da fé,


porque têm ao menos a convicção inata que nasce da intuição
natural do homem quanto à existência de um poder supremo.
Em toda alma humana, mesmo na do selvagem, existe alguma
base para a fé, por limitada e imperfeita que a tenham deixado
as trevas da herança ou do pecado voluntário . A fé do pagão
poderá ser débil e imperfeita, pois talvez sua habilidade para
conhecer a evidência da qual depende a crença em Deus não
seja grande . Enquanto as primeiras insinuações da fé em Deus
podem ser produto da intuição natural, o desenvolvimento pos-
terior resulta principalmente de se investigar e procurar a ver-
dade imparcialmente e com oração.
A fé verdadeira nascerá da evidência fidedigna, interpreta-
da corretamente ; da evidência falsa somente nascerá uma fé
pervertida e deslocada . O número e fidelidade das testemunhas
ou peso da evidência, ao investigarmos por nós mesmos, é o que
principalmente determinará nossas conclusões a respeito do as-
sunto que estamos investigando . Se a veracidade de uma decla-
ração for afirmada por testemunhas em quem confiamos, por
improvável que tal declaração pareça, sentir-nos-emos compe-
lidos a admiti-la como certa pelo menos provisoriamente . Se
testificassem muitas testemunhas fidedignas e, sobretudo, se
surgisse evidência confirmatória, poderíamos tomar por com-
provada a declaração . Não obstante, nós ainda assim seríamos
incompetentes para afirmar a sua verdade, segundo nosso co-
nhecimento pessoal, até que tivéssemos visto ou ouvido por nós
mesmos ; de fato, até que cada um de nós se convertesse em tes-
temunha competente por meio da observação pessoal . Ilustre-
mos este ponto : relativamente, são poucos os que visitaram a
sede do governo norte-americano em Washington ; as massas
nada sabem, por observação real e efetiva, do Capitólio, da
Casa Branca e de outros edifícios de interesse e de importância
nacional ; poucas pessoas conhecem pessoalmente o Presidente
dos Estados Unidos que ali vive . Como pode alguém dentre a
imensa multidão, que não viu por si mesmo, saber da existência
da cidade de Washington, do Capitólio e do Presidente? Pelo tes-
temunho de outros . Talvez entre seus conhecidos, haja um que
tenha estado em Washington, cujas declarações ele aceite

FÉ E ARREPENDIMENTO 99

como verdadeiras ; certamente terá ouvido ou lido sobre os que


sabem por si mesmos . Fica então sabendo que ali se fazem leis e
que se expedem editais do quartel-general da nação ; seus estu-
dos na escola, o uso de seus mapas, livros e muitos outros acon-
tecimentos aumentam a evidência que não tarda a se tornar de-
cisiva . Multiplicam-se as deduções e se desenvolvem numa con-
vicção positiva . Chega a ter fé na existência de um centro de
governo nacional e respeito pelas leis que dali emanam.
Consideremos outra ilustração : Os astrônomos nos dizem
que a terra é da mesma categoria que certas estrelas ; que perten-
ce a uma família de planetas que giram ao redor do sol, em órbi-
tas concêntricas, e que o tamanho de alguns desses planetas é vá-
rias vezes maior que o do nosso globo . Talvez não sejamos peri-
tos quanto a métodos astronômicos de observação e cálculo e,
portanto, não possamos nós mesmos pôr à prova a veracidade
dessas declarações ; mas achamos tamanho acervo de evidên-
cias resultante do testemunho unido daqueles em cuja habilida-
de como cientistas temos confiança, que as conclusões são acei-
tas por nós como comprovadas.
Da mesma forma, no que diz respeito à existência, autori-
dade e atributos de Deus, os testemunhos de muitos homens
santos dos tempos antigos e modernos — profetas cuja credibili-
dade se baseia no cumprimento de suas profecias — chegaram a
nós numa afirmação unida das verdades solenes, e a natureza
nos oferece um testemunho corroborativo por todos os lados.
Recusar tal evidência, sem provar a sua falsidade, seria menos-
prezar os métodos mais aceitos de investigação e estudo que o
homem conhece . Ficou ilustrado, em certa celebração pen-
tecostal, como cresceu a evidência até se tornar fé . Naquela
de que Jesus era um impostor, ouviram o testemunho dos após-
tolos e presenciaram os sinais que o acompanharam ; três mil
deles se convenceram da verdade e se fizeram discípulos do Fi-
lho de Deus, tornando-se em crença o seu preconceito e de-
senvolvendo-se sua crença em fé, com as obras corresponden-
tes .' De modo que o fundamento da fé em Deus é uma crença

8, Veja Atos cap. 2 .


100 REGRAS DE FÉ

sincera nele e o conhecimento dele, comprovados por evidên-


cia e testemunho.
A Fé, Um Princípio de Poder — Em seu significado geral,
a fé — a certeza das coisas que esperamos e a evidência das coisas
que nossos sentidos não percebem — é o princípio, a força mo-
triz que impele os homens a tomarem resoluções e a agirem.
Sem o exercício dela, não realizaríamos nenhum esforço cujos
resultados fossem futuros . Sem fé na colheita do outono, o ho-
mem não semearia na primavera, nem tampouco se esforçaria
para construir, se não tivesse confiança em terminar o edifício e
desfrutá-lo ; se ao estudante faltasse fé na possibilidade de ter-
minar satisfatoriamente seus estudos, não iniciaria seu curso.
De modo que para nós a fé é o fundamento da esperança que
faz brotar nossas aspirações, ambições e confiança para o fu-
turo . Privemos o homem de sua fé na possibilidade de alcançar
o triunfo que almeja e estaremos despojando-o do incentivo
para se esforçar . Não estenderia sua mão para alcançar se não
acreditasse na possibilidade de obter aquilo que deseja alcançar.
De modo que esse esforço se converte na força impulsora por
meio da qual os homens lutam pela excelência, suportando fre-
qüentemente vicissitudes e sofrimentos a fim de alcançar seus
objetivos . A fé é o segredo da ambição, a alma do heroísmo, a
força motriz do esforço.
Agradável a Deus é o exercício da fé e com ele se pode
granjear Sua interposição . Foi pela fé que os israelitas, em seu
êxodo do Egito, seguiram seu líder até o fundo do mar e me-
diante a proteção de Deus, que essa fé produz, salvaram-se, 9 en-
quanto .os_egípcios .foram destruídos quando quiseram segui-los.
Com inteira confiança nas instruções e promessas de Deus, Jo-
sué e seus intrépidos seguidores sitiaram a cidade de Jericó, e os
muros dessa cidade iníqua ruíram ante a fé dos sitiantes, sem
necessidade de arietes ou de outra maquinaria de guerra . 10 Pelo
mesmo poder Josué conseguiu a ajuda dos astros do céu em
seu triunfo sobre os amorreus ." Paulo também cita" os exem-
plos de Gideão," Baraque,- 4 Sansão, 13 Jefté, 16 Davi," Samuel 18
9, Veja Êxodo 14:22-29 ; Hebreus 11 :29 . 10, Veja Jos . 6:20 ; Heb . 11 :30 . 11, Veja Jos.
10:12 . 12, Veja Heb . 11 :32-34 . 13, Veja Juíses 6 :11 . 14, Veja limes 4 :6 . 15, Veja Juí-
ses 13 :24 . 16, Veja Juíses 11 :1 ; 12 :7 17, Veja 1 Sam . 16 :1 . 13 ; 17 :45 . 18, Veja 1 Sam.
1 :20 ; 12 :20.
Roberto Goalcalves Gametro

FÉ E ARREPENDIMENTO 101

e dos profetas "os quais pela fé venceram reinos, exercitaram


justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,
apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada e da fra-
queza tiraram forças" . Pela fé Alma e Amuleque livraram-se do
cativeiro enquanto ruíam os muros da prisão . 19 Pela fé Néfi e
Léhi, filhos de Helamã, 20 foram protegidos contra seus inimigos
lamanitas pelo fogo, no meio do qual não se queimaram ; e nos
corações de seus perseguidores se efetuou uma obra ainda
maior, porque se esclareceram suas mentes e se arrependeram.
Através do exercício da fé até mesmo se pode domar as ondas
do mar ; 21 as árvores se sujeitam ao mundo da fé ; 22 as montanhas
podem desaparecer para cumprir justos propósitos ; 23 são cura-
dos os enfermos, 24 expulsos os demônios 23 e ressuscitados os
mortos . 24 Todas as coisas se efetuam pela fé .'
Porém, talvez se diga que a fé não é, por si mesma, uma
fonte de poder ; que seu efeito se deve a uma interposição exter-
na de ajuda divina, que a fé nada mais faz além de invocar ; e o
cético poderá acrescentar que um Deus onisciente, se fosse ca-
rinhoso e amável, obraria independentemente e tudo daria, sem
esperar que fosse invocado pela fé ou pela oração . Resposta su-
ficiente encerra a prova abundante que a Escritura provê de
que o Todo-Poderoso age de acordo com a lei e que toda ação
arbitrária e caprichosa é contrária à Sua natureza . Como quer
que tenham sido feitas as leis do céu, a aplicação de suas medi-
das benéficas à humanidade depende da fé e obediência dos sú-
ditos mortais.
Considere-se a derrota de Israel pelos homens de Hai ; ha-
via sido violada uma lei de justiça e foram introduzidas no cam-
po do povo do convênio coisas que haviam sido amaldiçoadas;
essa transgressão resistiu à corrente de ajuda divina, e foi so-
mente quando o povo se purificou que lhes foi restituído o po-

19, Veja Alma 14 :26-29 ; veja também Éter 12 :13 . 20, Veja Helamã 5 :20-52 ; veja também
Éter 12:14 . 21, Veja Mateus 8 :23-27 ; veja também Mar. 4 :36-41 ; Lucas 8 :22-25 ; Mat.
14:24-32 ; Marcos 6 :47-51 ; João 6:16-21 . 22, Veja Mateus 21 :17-22 ; veja também Marcos
11 :12-14 ; Lucas 17 :6 ; Jacó 4 :6. 23, Veja Mateus 17 :20; 21 :21 ; veja também Marcos 11 :23,
24 ; Éter 12 :30 ; Jacó 4 :6 . 24, Veja Lucas 13:11-13 ; 14 :2-4 ; 17 :11-19 ; 22 :50, 51 ; veja tam-
bém Mateus 8 :2, 3 . 5-13, 14, 15, 16 etc . 25, Veja Lucas 7 :11-16 ; veja também João 11 :43-
45 ; 26, 1 Reis 17 :17-24 ; 3 Néfi 7 :19 ; 19 :4 ; 26 :15 . 1, Mat . 17:20 ; Marc . 9 :23 ; Ef. 6 :16 ; 1 João
5 :4 ; D . & C . 35 :8-11 etc .

102 REGRAS D .E FÉ

der .' Além disso, Cristo sentiu a influência da fé e da falta de fé


no povo, o que até certo ponto determinou Seus milagres . A
bendição costumeira "tua fé te curou", com que Ele anunciava
a bênção curadora, evidencia este fato . Sabemos também que
em certa ocasião, entre os de sua terra, "não fez ali muitas ma-
ravilhas, por causa da incredulidade deles" .'
Uma Condição de Fé Efetiva — Condição essencial para o
exercício de uma fé viva, crescente e alentadora em Deus é o
conhecimento do homem de estar procurando, pelo menos, vi-
ver de acordo com as leis de Deus, como as aprendeu . Sabendo
que está pecando intencional e desenfreadamente contra a ver-
dade, perderá sua sinceridade na oração e na fé e se distanciará
de seu Pai . Deve sentir que o curso de sua vida é aceitável ; que,
tendo em conta as fragilidades mortais e as fraquezas humanas,
o Senhor o aprova até certo ponto ; caso contrário, ele fica impe-
dido de suplicar ante o trono da graça com inteira confiança . O
sentimento de que se está esforçando sinceramente para ter
uma conduta piedosa é, em si, um poder que o fortalece em
seus sacrifícios e nas perseguições, e o sustém em toda boa
obra . Foi esse conhecimento de um contato seguro com Deus
que permitiu aos santos da antigüidade suportar o que suporta-
ram, apesar de os sofrimentos terem sido dos mais severos . Le-
mos que uns "foram torturados, não aceitando o seu livramen-
to, para alcançarem uma melhor ressurreição ; e outros experi-
mentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões . Foram
apedrejados, surrados, tentados, mortos a fio de espada ; anda-
ram vestidos de pele de ovelhas e de cabras, desamparados, afli-
tos e maltratados ; (Dos quais o mundo não era digno :) errantes
pelos desertos e montes, pelas covas e cavernas da terra" . 4
Como nos dias mais antigos, os santos no presente têm-se senti-
do alentados em todas as suas tribulações pelo conhecimento
seguro da aprovação divina ; e a fé dos homens justos tem sem-
pre crescido mediante o conhecimento de seus esforços since-
ros e devotados.

2, Veja Jos. caps . 7 c 8 3, Veja Mateus 13 :58 ; Mar . 6 :5, 6 . 4, Heb . 11 :35-38 .

FÉ E ARREPENDIMENTO 103

A Fé é Essencial à Salvação — Urna vez que a salvação se


obtém somente pela mediação e expiação de Jesus Cristo, e
desde que isto se aplica ao pecado individual na medida da obe-
diência às leis da justiça, a fé em Jesus Cristo é indispensável à
salvação . Porém ninguém pode crer em Cristo de uma forma
efetiva e ao mesmo tempo negar a existência do Pai e do Espíri-
to Santo ; portanto, a fé em toda a Trindade é essencial à salva-
ção . Paulo declara que "sem fé é impossível agradar a Deus,
porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia
que Ele existe e que é galardoador dos que o buscam ."' Abun-
dam nas Escrituras as promessas de salvação aos que exercem a
fé em Deus e obedecem aos requisitos que essa fé claramente
indica . As palavras de Cristo a este respeito são definitivas:
"Quem crer e for batizado será salvo ; mas quem não crer será
condenado . "6 E ainda : "Aquele que crê no Filho tem a vida eter-
na, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida ; mas a ira
de Deus sobre ele permanecerá ."' Após Sua morte, Seus após-
tolos ensinaram doutrinas semelhantes todo o tempo em que es-
tiveram no ministério .' Uma das conseqüências naturais da fé
implícita na Trindade será uma crescente confiança nas Escri-
turas, como o repositório da palavra de Deus, e nas palavras e
obras de Seus servos autorizados que falam como Seus oráculos
viventes.
A Fé é um Dom de Deus — Apesar de estar ao alcance de to-
dos os que diligentemente se esforçam por obtê-la, a fé, não
obstante, é um dom divino .' Como é próprio com tão preciosa
pérola, só é dada àqueles que por sua sinceridade demonstram
merecê-la, e que prometem viver os seus ditames . Apesar de a
fé ser conhecida como o primeiro princípio do Evangelho de
Cristo, apesar de ser de fato o fundamento da vida religiosa,
não obstante, a mesma é precedida de uma sinceridade de dis-
posição e humanidade de alma por meio das quais a palavra de
Deus pode causar uma impressão sobre o coração . 10 Nenhuma

5, Hcb 11 :6 . 6, Marcos 16 :16 . 7, João 3 :36 ; veja também João 3 :15 ; 4 :42 ; 5 :24 ; 11 :25;
Gá s 2 :20 ; 1 Néfi 10:6, 17 ; Néfi 25-25 ; 26 :8 ; Enos 1 :8 ; Mosíah 3 :17 ; Helamã 5 :9 ; 3 Néfi
27 :19 ; D . & C . 45 :8 . 8, Veja Atos 2 :38 ; 10:42 ; 16 :31 ; Rom . 10 :9 ; Heb . 3 :19 ; 11 :6 ; 1 Pr d.
1 :9 ; 1 João 3 :23 ; 5 :14 . 9, Veja Mateus 16 :17 ; João 6 :44,65 ; Ef. 2 :8 ; 1 Cor . 12 :9 ; Ro n.
12 :3 ; Moróni 10:11 . 10, Veja Rom . 10:17 .

104 REGRAS DE FÉ

compulsão se emprega para conduzir os homens ao conheci-


mento de Deus ; entretanto, ao abrirmos nossos corações às in-
fluências da justiça, ser-nos-á dada pelo Pai a fé que conduz à
vida eterna.
Fé e Obras — A fé num sentido passivo, isto é, como sim-
ples crença, na acepção mais superficial da palavra, é insufi-
ciente como meio de salvação . Cristo e Seus apóstolos expres-
saram claramente esta verdade e o vigor com que foi expressa
pode ser uma indicação do antigo desenvolvimento de uma
doutrina sumamente perniciosa : a de justificação unicamente
pela crença . O Salvador ensinou que as obras eram essenciais
para a validade da profissão e eficácia da fé . Notemos suas pala-
vras : "Nem todo o que Me diz : Senhor, Senhor, entrará no rei-
no dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai que está
nos céus ."" "Aquele que tem os Meus mandamentos e os guar-
da esse é o que Me ama ; e aquele que Me ama será amado de
Meu Pai, Eu o amarei e Me manifestarei a ele ." 12 A explicação
de Tiago se destaca por sua clareza : "Meus irmãos, que apro-
veita alguém dizer que tem fé se não tiver as obras? Porventura
a fé pode salvá-lo? E se o irmão ou irmã estiverem nus, e tive-
rem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhe disser:
Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos, e não lhe der as coisas ne-
cessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a
fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma . Mas dirá alguém:
Tu tens a fé e eu tenho as obras ; mostra-me a tua fé sem as tuas
obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras ." As
anteriores pode-se juntar a palavras de João : "E nisto sabemos
que O conhecemos : se guardamos os Seus mandamentos.
Aquele que diz 'Eu conheço' e não guarda os Seus mandamen-
tos é mentiroso e nele não está a verdade . Mas qualquer que
guarda a Sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramen-
te aperfeiçoado : nisto conhecemos que estamos n'Ele ." 14
Pode-se acrescentar a estes ensinamentos muitas declara-
ções inspiradas dos escritores nefitas' s e das revelações moder-
nas 16 , as quais sem exceção afirmam a necessidade das obras e

11, Mat. 7 :21 . 12, João 14:21 . 13, Tiago 2 :14-18 . 14, 1 João 2 :3-5 . 15, Veja 1 Néfi
15 :33 ; 2 Néfi 29 :11 ; Mosiah 5 :15 ; Alma 7 :27 ; 9 :28 27:32-34 ; 41 :3-5 . 16, Todo o livro de D.
& C.

FÉ E ARREPENDIMENTO 105

negam a eficiência salvadora da crença passiva . Entretanto,


apesar da clara palavra de Deus, foram promulgados dogmas
dos homens, nos quais se afirma que a salvação pode ser obtida
somente pela fé e que mediante uma profissão verbal de crença
se abrirão as portas dos céus ao pecador ."
As escrituras citadas e o senso de justiça inerente do ho-
mem fornecem suficiente desmentido a estas falsas asserções . 1e

ARREPENDIMENTO

Natureza do Arrependimento — O termo arrependimento é


empregado nas Escrituras com vários significados distintos, po-
rém, quando representa o dever que é exigido de todo aquele
que deseja o perdão do pecado, indica um pesar piedoso pelo
pecado : um pesar que acarretará uma reforma no modo de vi-
ver" e compreende : (1) uma convicção de culpabilidade ; (2) um
desejo de se ver livre dos efeitos prejudiciais do pecado ; (3)
uma determinação sincera de abandonar o pecado e fazer o
bem . O arrependimento é um resultado da contrição da alma,
que nasce de um profundo sentimento de humildade que, por
sua vez, depende do exercício de uma fé duradoura em Deus . O
arrependimento, portanto, figura propriamente como o segun-
do princípio do evangelho ; associa-se intimamente com a fé e a
acompanha de perto . Assim que uma pessoa chega a reconhecer
a existência e a autoridade de Deus, sente respeito para com as
leis divinas e convicção de sua própria indignidade . Seu desejo
de agradar ao Pai, a quem por tanto tempo ignorou, o levará a
abandonar o pecado ; e este impulso receberá maiores forças
pelo desejo natural e recomendável do pecador de reparar, se
possível, e evitar os trágicos resultados de sua própria maldade.
Com o zelo inspirado pela nova convicção, ansiará pela oportu-
nidade de manifestar com boas obras a sinceridade de sua fé re-
cém-desenvolvida ;e considerará a remissão de seus pecados a
mais desejável das bênçãos . Chegará então a saber que este

17, Veja o apêndice 5 :2, 3 ; também Vitality of Mormonism, artigo "Sabendo e Fazendo",
pág . 282. 18, Veja Vitality of Mormonlsm, artigo "Obediência é a primeira lei dos Céus " ,
pág . 75 . 19, Veja Alma 36 :6-21 .

106 REGRAS DE FÉ

dom misericordioso se outorga conforme certas condições de-


terminadas . 2 ° O primeiro passo em direção ao bendito estado de
perdão consiste em que o pecador confesse seus pecados ; o se-
gundo, que perdoe aos que pecaram contra ele ; e o terceiro,
que demonstre que aceita o sacrifício expiatório de Cristo,
cumprindo os requisitos divinos.
1. A Confissão dos Pecados é essencial porque sem ela fica-
ria incompleto o arrependimento . João nos diz : "Se dissermos
que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há
verdade em nós . Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a in-
justiça ." 21 Lemos também : "O que encobre as suas transgres-
sões nunca prosperará ; mas o que as confessa e deixa alcançará
misericórdia" . 22 Aos santos desta dispensação o Senhor disse:
"na verdade Eu vos digo que Eu, o Senhor, perdôo os pecados
daqueles que os confessam perante Mim e pedem perdão, se
não pecaram mortalmente ." 23 E as palavras do Senhor mostram
que o arrependimento compreende este ato de confissão : "Por
este meio podereis saber se um homem se arrepende de seus pe-
cados — eis que ele os confessará e os abandonará ." 24
2. O Pecador Deve Estar Disposto a Perdoar aos outros, se é
que ele próprio espera obter perdão . Se não se abranda o cora-
ção do homem, a ponto de manifestar tolerância para com as
fraquezas de seus semelhantes, seu arrependimento só é super-
ficial . Ao ensinar aos Seus ouvintes como deviam orar, o Salva-
dor disse que implorassem ao Pai : "E perdoa-nos as nossas dívi-
das, assim como nós perdoamos aos nossos devedores . "25 Não
lhes assegurava perdão se não perdoassem em seus corações
uns aos outros . "Porque, disse Ele, se perdoardes aos homens as
suas ofensas, também vosso Pai Celestial vos perdoará a vós.
Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas ." 26 O perdão entre
um homem e outro, para ser aceitável perante o Senhor, não

20, Veja o apêndice 5 :4 . 21, 1 João 1 :8,9 ; veja também Salmos 32:5 ; 58 :43 . 38 :18 : Mosiah
26 :29,30 . 22 . Prov . 28 :13 . 23, D . & C . 647 . 24, D . & C . 58 :43 . 25, Mateus 6:12:
veja também Luc . 11 :4 . 26, Mateus 6 :14, 15 ; 3 Néfi 13:14, 15 .

FÉ E ARREPENDIMENTO 107

deve ter limites . Respondendo à pergunta de Pedro : "Senhor,


até quantas vezes pecará meu irmão contra mim e eu lhe per-
doarei? Até sete?", o Senhor assim Se expressou : "Não te digo
até sete, mas até setenta vezes sete," dando a entender clara-
mente que o homem sempre deve estar pronto para perdoar.
Em outra ocasião ensinou os discípulos, dizendo : "E, se teu ir-
mão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se arrepender, per-
doa-lhe . E, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no
dia vier ter contigo, dizendo : Arrependo-me, perdoa-lhe ."'
Ilustrando mais amplamente o propóstio divino de medir
os homens com a medida que tiverem usado para medir seus se-
melhantes', o Senhor propôs a parábola de um rei a quem um
dos súditos devia a elevada soma de dez mil talentos ; mas quan-
do o devedor se humilhou e implorou misericórdia, o generoso
coração do rei foi movido pela bondade e o rei perdoou a dívida
do servo . Porém, ao sair de diante do rei, aquele mesmo servo
encontrou um conservo que lhe devia certa quantia muito pe-
quena . Esquecendo-se da misericórdia que tão recentemente se
havia manifestado para com ele, prendeu o seu conservo e o en-
cerrou num cárcere até que pagasse a dívida . Então o rei, ou-
vindo isto, mandou chamar o servo malvado e, censurando-o
por sua falta de gratidão e consideração, o entregou a seus ver-
dugos .' O Senhor não prometeu ouvir as súplicas ou aceitar as
ofertas daquele que guarda rancor em seu coração para com os
outros : "vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e depois vem
e apresenta a tua oferta ." 4 Em Sua palavra revelada aos santos
nestes dias, o Senhor expressou com ênfase particular esta con-
dição necessária : "Portanto, digo-vos que deveis perdoar-vos
uns aos outros, pois aquele que não perdoa a seu irmão as suas
ofensas está em condenação diante do Senhor ; pois nele perma-
nece o pecado maior" ;' então, para dissipar toda dúvida quanto
a quem se deve perdoar, acrescenta: "Eu, o Senhor, perdôo a
quem quero perdoar, mas de vós se requer que perdoeis a todos
os homens ."

1, Veja Mat . 18 :22,23 ; Lucas 17 :3, 4 . 2, Veja Mat . 7 :2 ; Marc . 4:24 ; Lucas 6 :38 . 3, Veja
Mateus 18 :23-35 ; veja "Jesus the Christ", págs . 392-395, 4, Mat . 5 :23-24 ; 3 Néfi 12:23-24.
5; D . & C . 64 :9,10.

108 REGRAS DE. FÉ

3 . A Confiança no Sacrifício Expiatório de Cristo constitui a


terceira condição essencial para se obter a remissão dos peca-
dos . O nome de Jesus Cristo é o único nome debaixo do céu
pelo qual os homens se podem salvar 6 e nos foi ensinado que
oferecessemos nossas petições ao Pai em nome do Filho . Adão
recebeu esta instrução dos lábios de um anjo' e o Salvador pes-
soalmente indicou aos nefitas a mesma coisa . 8 Mas ninguém
pode verdadeiramente professar ter fé em Cristo e negar-se a
obedecer a seus mandamentos ; portanto, a obediência é essen-
cial para a remissão dos pecados ; e o pecador realmente arre-
pendido procurará ansiosamente saber o que é requerido dele.
O arrependimento, para merecer esse nome, deve com-
preender algo mais que uma simples admissão pessoal de estar
em erro ; não consiste de lamentações e confissões verbais, mas
sim de se reconhecer de todo coração a culpabilidade, o que
leva consigo um horror pelo pecado e uma determinação de
corrigir o pecado e agir melhor no futuro . Se tal convicção for
genuína, se distinguirá por aquela contrição piedosa que, se-
gundo Paulo, "opera arrependimento para a salvação da qual
ninguém se arrepende ; mas a tristeza do mundo opera a mor-
te ." 9 O apóstolo Orson Pratt sabiamente disse : "De nada serve
a um pecador confessar seus pecados a Deus, se não estiver re-
solvido a abandoná-los ; de nada adianta sentir pesar por ter
praticado o mal, a menos que tenha a intenção de não voltar a
praticá-lo ; será tolice para ele confessar ante Deus que prejudi-
cou seus semelhantes, se não estiver determinado a fazer tudo o
que estiver ao seu alcance para efetuar uma restituição . O arre-
pendimento, pois, não só é confessar os pecados com um cora-
ção penitente e contrito, mas também uma determinação fixa e
resoluta de afastar-se de todo mau caminho ."

O Arrependimento é Essencial para a Salvação — De todo o


que aspira à salvação se exige esta evidência de sinceridade,
este início de uma vida melhor . Para obter a misericórdia divi-
na, é tão indispensável o arrependimento como a fé ; deve ser

6, Veja 1' . de G . V ., Moisés 6 :52 . 7, Veja 1' . de G . V ., Moisés 5 :6-8 . 8, Veja 3 Néfi 27 :5-7.
9 . 2 ( v.or . 710 .

FÉ E ARREPENDIMENTO 109

tão geral como o foi o pecado . Onde poderemos achar um ser


mortal sem pecados? Com muito acerto declarou o pregador da
antigüidade : "Na verdade que não há homem justo na terra que
faça o bem e nunca peque" . 10 Quem, pois, não tem necessidade
de perdão, ou a quem se isenta dos requisitos do arrependimen-
to? Deus prometeu a salvação àqueles que verdadeiramente se
arrependem ; é a estes que se oferecem as vantagens da salvação
individual, por meio da expiação de Cristo . Isaías, assegurando
o perdão, exorta todos ao arrependimento nos seguintes ter-
mos : "Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o en-
quanto está perto . Deixe o ímpio o seu caminho e o homem ma-
ligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que Se
compadecerá dele : Torne para o nosso Deus, porque grandioso
é em perdoar .'
0 terna principal dos mestres inspirados de todas as idades
tem sido o chamar ao arrependimento . Para isto se ouviu a voz
de João clamando do deserto : "Arrependei-vos, porque é che-
gado o reino dos céus ." 1z E o Salvador seguiu-o com estas pala-
vras : "Arrependei-vos e crede no Evangelho ." Se vos não ar-
rependerdes, todos de igual modo perecereis ." 10 Assim tam-
bém, os apóstolos antigos proclamaram que Deus "anuncia
agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrepen-
dam ." 15 E na dispensação atual declarou : "E nós sabemos que
todos os homens devem arrepender-se e crer no nome de Jesus
Cristo, adorar ao Pai em Seu nome e perseverar com fé no Seu
nome até o fim ou não poderão ser salvos no reino de Deus ." 16
O Arrependimento é um Dom de Deus — O arrependimento é
um meio de obter perdão e, portanto, é um dos maiores dons de
Deus para o homem . Não se pode obtê-lo pedindo indiferente-
mente ; não se pode encontrá-lo ao lado do caminho ; não obs-
tante . é dado com ilimitada liberalidade àqueles cujas obras o
justificam ." Quer dizer, todos os que se prepararam para o ar-
rependimento serão guiados pela influência humilhadora e sua
vizante do Santo Espírito, até possuírem de fato este grande

10, Ecl . 7 :20 ; veja também Rom . 3 . 1 0 : 1 João 1 : 8 . I I, (saias 55 :6, 7 ; veja também 2 Néfi
9 :24 ; Alma 5 :31-36 .49-56 ; 9:12 : D . & C . 1 :32, 33 ; 19 :4 ; 20 :29 ; 29 :44 ; 133:16 . 12, Mat . 3 :2.
13, Mar . 1 :15 . 14 . Lucas 13 :3 . 15, Atos 17 :30 . 16, D . & C . 20 :29 . 17, Veja Mateus
3 :7 . 8 ; Atos 26 :20 .

110 REGRAS DE FÉ

dom . Quando os companheiros de Pedro o acusaram de haver


transgredido a lei, por ter-se associado aos gentios, repetiu aos
seus ouvintes as manifestações divinas que tão recentemente
havia recebido . Estes o creram e declararam : "Na verdade até
aos gentios deu Deus o arrependimento. para a vida ." 1e Em sua
carta aos Romanos, Paulo também ensina que o arrependimen-
to vem pela graça de Deus . 19
Nem Sempre é Possível o Arrependimento — Estende-se aos
homens o dom do arrependimento conforme se humilham dian-
te do Senhor ; é o testemunho do Espírito dentro de seus cora-
ções . Se lhe não obedecem, o mesmo se afastará deles, porque
o Espírito do Senhor não lutará para sempre com o homem . 20
Quanto mais intencional for o pecado, mais se dificulta o arre-
pendimento . Mediante a humildade e um coração contrito, os
pecadores podem aumentar sua fé em Deus e obter dele, deste
modo, o dom do arrependimento . A medida que demora, a ca-
pacidade de arrependimento vai-se enfraquecendo ; o passar
por alto as oportunidades para com as coisas santas produz a in-
capacidade de arrependimento . Ao dar seus mandamentos a
Joseph Smith, nos primeiros dias desta Igreja, o Senhor disse:
"Pois Eu, o Senhor, não posso encarar o pecado com o mínimo
grau de tolerância . Entretanto, aquele que se arrepender e fizer
a vontade do Senhor será perdoado ; e aquele que não se arre-
pender dele será tirada até a luz que recebera ; pois o Meu Espí-
rito não lutará para sempre com os homens, diz o Senhor dos
Exércitos . "21
O Arrependimento Nesta Vida e na Próxima — Alma, um
profeta Nefita, referindo-se ao período da existência terrena, o
descreve como um estado probatório que é concedido ao ho-
mem para que se arrependa . 22 No entanto, aprendemos pelas
Escrituras que, de acordo com certas condições, pode-se conse-
guir o arrependimento além do estado mortal . Durante o tempo
entrei sua morte e ressurreição, Cristo "foi e pregou aos espíri-
tos em prisão, os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a
longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé . 23 O Filho os
18, Atos 11 :18 . 19, Veja Rom . 2 :4 ; veja também 2 Tim . 2 :25 . 20, Veja Gên . 6 :3 : D . & C.
1 :33 . 21 . D . & C . 1 :31-33 : veja também Alma 45 :16 : e o apêndice 5 :5 . 22, Veja Alma
12 :24 ; 34 :32 ; 42:4 . 23, 1 Red . 3 :19, 20 .

REFERENCIAS 111

visitou e pregou-lhes o Evangelho "para que pudessem ser jul-


gados de acordo com os homens na carne, os quais não recebe-
ram o testemunho de Jesus na carne, mas o receberam de-
pois ." 24
A alma que retarda seus esforços para se arrepender ne-
nhuma justificação achará nesta promessa de misericórdia e lon-
ganimidade . Não conhecemos inteiramente as condições se-
gundo as quais se poderá obter o perdão na próxima vida ; po-
rém é contrário à razão supor que aquele que deliberadamente
recusou a oportunidade de se arrepender nesta vida se arrepen-
derá com mais facilidade na outra . Demorar o dia de nosso ar-
rependimento é nos entregarmos voluntariamente nas mãos do
adversário . Amuleque ensinou e admoestou assim a multidão,
na antigüidade : "Pois que esta vida é o tempo que o homem
tem para se preparar para o encontro com Deus ; . . . peço-vos,
portanto, que não deixeis o dia do arrependimento para o
fim . . . não podereis dizer, quando fordes levados a essa terrível
crise : Eu me arrependo, o que me fará voltar a Deus . Não, não
podereis dizer isso ; porque o mesmo espírito que possuir vossos
corpos, quando deixardes esta vida, terá forças para possuir
vossos corpos naquele mundo eterno . Porque, se protelardes o
dia do vosso arrependimento para o dia da vossa morte, eis que
vos tereis submetido ao espírito do diabo, que vos tomará como
coisa sua ." 2

REFERENCIAS

Ao considerar as passagens aqui citadas deve-se lembrar que os termos "fé " , "crença" e
"conhecimento", com os verbos e adjetivos a .eles relacionados são usados freqüentemente

24, O . Sr C . 76 :73, 74 : 1 Pcd . 4 :6 ; veja "Jesus the Christ", cap . 36 . 25, Alma 34 :32-35 .

112 REGRAS DE FÉ

no mesmo ou quase no mesmo sentido . -


Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros – 2 Crõn : 20 :20.
Para que o saibais e me creiais – Is . 43 :10.
O justo pela sua fé viverá – Hab . 2 :4 ; Rom . 1 :17 ; Gál . 3 :11 ; Heb . 10 :38.
Abraão creu no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça – Gên . 15:6 ; Rom . 4 :3 ; Gál . 3 :6 . Por
causa da sua fé Abraão foi chamado o amigo de Deus – Tiago 2 :23 ; Is . 41 :8 . Quando cha-
mado para ir, ele foi sem saber aonde . – Gên . 12 :1-4 ; Heb . 11 :8.
Homens de pouca fé – Mat . 6 :30 ; 8:26 . Por que nãb tendes fé? – Mar . 4 :40 . Onde está tua
fé? – Luc . 8:25.
E não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles – Mat . 13 :58 ; Mar . 6 :5, 6;
3 Néfi 19 :35 ; Éter 12 :12.
Eu creio Senhor! Ajuda a minha incredulidade – Mar . 9:24.
Curas feitas por Jesus Cristo através da fé : a tua fé te salvou – Mat . 9 :22 ; Mar. 5:34 ; Luc.
8 :48 ; Mar. 10 :52 ; Luc . 7 :50 . Seja-vos feito segundo a vossa fé – Mat . 9:29 . E vendo Ele a fé
deles, disse-lhe:
Homem, os teus pecados te são perdoados – Luc . 5 :20 ; 7 :47.
A filha de Jairo ressuscitada ; Jesus disse : Não temas ; crê somente, e será salva – Luc . 8:50. .
Aos que creram em Cristo era dado poder de serem feitos filhos de Deus – João 1 :12 ; Mo-
sôni 7:26 ; Moisés 7 :1.
Se não crerdes que Eu sou, morrereis em vossos pecados – João 8 :24. Aquele que crê em
Mim também fará as obras que Eu faço – João 14 :12 . Crede que Jesus é o Cristo, o filho de
Deus – João 20 :31 . Quem crer não será condenado – Mar . 16 :16.
Quando vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra? — Luc . 18 :8.
Que todo aquele que nele crê não pereça – João 3 :16 ; 5 :24.
É vida eterna conhecer Deus e Jesus – João 17 :3.
Pedi e _dar-se-vos-á – Luc . 11 :9 ; Enos 15 ; D . & C . 66 :9.
Purificando os corações' dos gentios pela fé – Atos 15 :9.
A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus – Rom . 10:17.
Andamos por fé, e não por vista – 2 Cor. 5:7.
Vivo na fé no Filho de Deus – Gál . 2 :20.
Salvação pela fé, que há em Jesus Cristo – 2 Tim . 3 :15.
Guardei a fé – 2 Tim . 4 :7.
Fé é mais que a vista ; a prova de coisas que não se vêem ; grandes obras feitas pela fé . Heb.
cap. 11 ; Éter caps. 3 e 12; 4 Néfi 5.
Peça com fé, não duvidando – Tiago 1 :6 . A fé foi aperfeiçoada pelas obras – Tiago 2 :22 . A
oração da fé salvará o doente – Tiago 5 :15.
Sem fé é impossível agradar a Deus – Heb . 11 :6 ; D . & C . 63 :11.
Fé é um dom de Deus : Carne e sangue não to revelou, mas Meu Pai – Mat . 16 :17 . Ninguém
pode vir a Mim se o Pai não o trouxer – João 6 :44, 65.
Se alguém quiser fazer a vontade dele conhecerá por si mesmo se é de Deus – João 7 :17.
Conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um – Rom . 12 :3.
A um pelo espírito é dada a palavra de sabedoria – 1 Cor . 12 :8.
Pela graça sois salvos, por meio da fé – Ef. 2:8.
Fé é essencial à salvação : Quem crer e for batizado será salvo ; mas quem não crer será con-
denado – Mar. 16 :16 ; Éter 4:18 ; 3 Néfi 11 :33-35 ; D . & C . 68 :9 ; Moisés 5:15.
Quem não crer já está condenado ; porquanto não crê no nome do Unigênito Filho deDeus
– João 3 :18 . Alcançando, ao fim de vossa fé, a salvação das almas – 1 Ped . 1 :9 . Sede obra-
dores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos – Tiago 1 :22 . Ninguém poderá
ser salvo sem fé em Jesus Cristo – Moi-tini 7 :38 ; D. & C . 20:29.
Poder do Espírito Santo é recebido pela fé no Filho de Deus – 1 Néfi 10 :17.
Tendo fé perfeita no Santo de Israel – 2 Néfi 9 :23.
Pela palavra de Cristo, com Fé inabalável nele – 2 , Néfi 31 :19 .

REFERENCIAS 113

Remissão dos pecados é realizada pela fé – Moslah 4 :3.


A fé não é ter um perfeito conhecimento das coisas — Alma 32 :21, 26, 40.
Exortação a fé e arrependimento – Alma cap . 13.
Olhar para o Filho de Deus com fé e alcançar a vida eterna – Helamã 8 :15.
Remissão dos pecados pela perseverança da fé até o fim – Morôni 3 :3 ; 8:3.
Fé em sua relação com esperança e caridade – Morôni, cap . 7.
Pela fé receberam todas as coisas boas – Morôni 7 :25.
Deus é misericordioso para com todos que acreditam em Seu nome – Alma 32 :22 ; 34 :15;
Mórmon 7 :5.
Para que os filhos dos homens possam receber a salvação pela fé em Seu nome – Moislah
3 :9.
Virá libertar o mundo dos seus pecados – Alma 5 :48 ; 11 :40 ; 12 :15 ; 19 :36 ; 22 :13 ; Helamã
14 :2.
O Espírito Santo se manifesta aos filhos dos homens de acordo com sua fé – Jarom 4.
Recebereis todas as coisas pela fé – D . & C . 26:2 . Sem fé nada podeis fazer – D . & C. 8:10;
18 :19 . Te será feito de acordo com a tua fé – D . & C . 8 :11 ; 10:47 ; 11 :17 : 52 :20.
A fé não vem por sinais, mas sinais seguem os que crêem – D . & C. 63 :9 ; 68 :10 ; 84:65;
63 :12.
Aquele que tiver fé para ser curado será curado – D . & C . 42:48-52.
Vossas mentes se escureceram por causa da descrença – D . & C . 84:54.
Os fiéis vencerão e serão preservados – D . & C . 61 :9,10 ; 63 :47 ; 75:16 ; 79 :3.

Arrependimento
Toda a humanidade precisa do arrependimento . Se confessarmos nossos pecados Deus é
justo para perdoar – l .João 1 :8, 9 ; Rom . 3 :10 ; Ecl . 7 :20.
Convertei-vos ao Senhor porque é grandioso em perdoar – Is . 55:7.
Quem se desviou de sua iniqüidade conservará sua alma em vida – Ez . 18:27.
Proclamado por João Batista: Arrependei-vos – Mat . 3:2, 8 ; Mar . 1 :4 ; Luc. 3 :3 .

114 REGRAS DE FÉ

Pregado por Jesus Cristo : Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus — Mat . 4 :17;
Mar . 1 :15 ; 2 :17.
Cristo veio para chamar os pecadores ao arrependimento — Luc . 5 :32.
Alegria no céu por um pecador que se arrepende — Luc . 15 :7, 10.
Em seu nome se prega arrependimento e remissão dos pecados — Luc . 24 :47.
Castigo por falta de arrependimento — Apoc . 2 :5, 16 ; 3 :19 . Ai dos habitantes da terra se não
se arrependerem — 3 Néfi 9 :2.
Quantas vezes vos teria Eu reunido, se vos arrependêsseis — 3 Néfi 10:6.
Todo aquele que se arrepender e for batizado, será salvo — 3 Néfi 23 :5.
Pregado pelos apóstolos : pregavam que se arrependessem — Mar . 6:12.
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado — Atos 2 :38 ; 3 :19 ; 8 :22 . Deus anuncia a to-
dos os homens que se arrependam — Atos 17 :30 . Folgo porque fostes contristados para o
arrependimento — 2 Cor . 7:9, 10. Até aos gentios deu Deus o arrependimento — Atos 11 :18.
Aquele que fizer converter do erro — Tiago 5 :20; D . & C . 18 :15, 16.
O Senhor deseja que todos cheguem ao arrependimento — 2 Ped . 3 :9.
O Caminho foi preparado para todos que se arrependerem — 1 Néfi 10 :18.
Se os gentios se arrependerem serão felizes, e aquele que não se arrepender perecerá — 1
Néfi 14 :5.
Os gentios que se arrependerem farão parte do povo escolhido e todos os judeus que não se
arrependerem serão afastados — 2 Néfi 30 :2 ; 3 Néfi 16 :13.
Todas as nações viverão em segurança no Santo de Israel, se eles se arrependerem — 1 Néfi
22 :28.
Os dias dos filhos dos homens foram prolongados para que se arrependessem — 2 Néfi
2 :21.
Concedido ao homem um espaço de tempo no qual poderia arrepender-se ; um estado de
provação o qual preparasse para o encontro com Deus — Alma 12 :24 ; 34 :32.
Deus ordenou ao Seu povo que persuadisse a todos a se arrependerem — 2 Néfi 26 :27.
Uma maldição na terra, e destruição do povo se não se arrepender — Jacó, 3 :3.
Acreditai que-vós deveis arrepender-vos — Mosíah 4 :10.
Arrependimento pregado por Alma — Mosiah 18 :7, 20.
Se não te arrependeres, não poderás de modo algum herdar o reino dos céus — Alma 5 :51;
7 :14.
Não proteleis o dia do vosso arrependimento — Alma 34 :32-35.
Aquele que se arrepende e pratica a fé é dado conhecer os mistérios de Deus — Alma 26 :22.
Eu quisera ser um anjo para proclamar o arrependimento a todos — Alma 29 :1, 2.
Ele tem poder para remir os pecados por meio do arrependimento — Helamã 5 :11 . Arre-
pendei-vos! Porque desejais morrer? — Helamã 7 :17.
Bem desejei poder persuadir a todos vós, ó extremos da terra, que vos deveis arrepender —
Mórmon i :22.
O arrependimento é concedido aos que estão condenados, ou sob a maldição de uma lei
violada — Morõni 8:24.
Repreendidos para que se arrependam — D . & C . 1 :27.
A luz se apartará daquele que não se arrepender ; O espírito Santo do Senhor não conten-
derá sempre com o homem — D . & C . 1 :33 ; Moisés 8 :17.
Todo o homem deverá arrepender-se ou sofrer — D . & C . 19 :4, 15.
Todos os homens devem arrepender-se, crer, adorar ao Pai e perseverar, ou não poderão
ser salvos — D . & C. 20 :29.
Chamai as nações ao arrependimento — D . & C . 43 :20.
Podereis saber se um homem se arrepende de seus pecados ; eis que ele os confessará e os
abandonará — D . & C . 58 :43.
Sua angústia será imensa, a não ser que se arrependam depressa — D . & C . 136 :35 .

REFERENCIAS 115

Ninguém pode ser recebido na Igreja a não ser que seja capaz de se arrepender — D . & C.
20:71.
A coisa de mais valor será declarar arrependimento — D . & C . 16 :6 ; 18 :15 . 16.
A Adão e seus descendentes foi mandado que se arrependessem — Moisés 5 :8 . 14, 15.
Adão exortou seus filhos a se arrependerem — Moisés 6 :1 ; Exortaram a todos os homens a
se arrependerem — Moisés 6 :23, 50, 57.
Enoqúe chamou todo o povo ao arrependimento — Moisés 7 :12.
Se os homens não se arrependerem . mandarei as águas — Moisés 8 :17, 20 . 24 . 25 .
Capítulo 6

O BATISMO

Regra 4 — Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do


evangelho são : *** terceiro, batismo por imersão, para
remissão dos pecados; ***

A Natureza do Batismo — Na teologia da Igreja de Jesus


Cristo dos Santos dos Últimos Dias o batismo de água é o ter-
ceiro princípio e a primeira ordenança essencial do Evangelho.
O batismo é a porta que conduz ao redil de Cristo, o portal
da Igreja, o rito estabelecido para naturalização no reino de
Deus . Assim se requer que aquele que aspira ser admitido na
Igreja, uma vez que obteve e professou a fé no Senhor Jesus
Cristo e se arrependeu sinceramente de seus pecados, apresen-
te evidência dessa santificação espiritual por meio de uma or-
denança exterior, autorizadamente prescrita corno sinal ou sím-
bolo de sua nova profissão . Esta ordenança iniciadora é o ba-
tismo na água, ao qual deve seguir o batismo mais elevado,
do Espírito Santo ; e, como resultado deste ato de obediência,
se outorga a remissão dos pecados.
Verdadeiramente simples são os meios ordenados para en-
trar no redil ; estão ao alcance dos mais pobres e dos mais dé-
beis, como também dos ricos e poderosos . Que símbolo mais
expressivo do lavamento do pecado se poderia dar, do que o ba-
tismo pela água? O batismo vem a ser o sinal do convênio feito
entre o pecador arrependido e seu Deus, de que desse momen-
to em diante tratará de observar os mandamentos divinos . Re-
ferindo-se a este fato, Alma, o profeta, instruiu e admoestou o
povo de Gideon da seguinte maneira : "E eu vos digo : Vinde
sem temor e deixai de lado vossos pecados, que facilmente vos
transtornam, vos amarguram e conduzem à destruição, e vinde,
e adiantai-vos e mostrai a vosso Deus que desejais arrepender-

BATISMO 117

vos de vossos pecados, e fazer com Ele um convênio de que


guardareis Seus mandamentos ; e testemunhai-Lhe isso hoje,
indo às águas do batismo ."'
O pecador humilhado, convencido de sua transgressão
pela fé e pelo arrependimento, aceitará de bom grado qualquer
proceder que o limpe da contaminação que agora é tão repug-
nante a sua vista . Todos estes clamarão como os daquela multi-
dão compungida do dia de Pentecostes : "Que faremos? " E a
voz do Espírito, por meio das Escrituras e pela boca dos servos
ordenados do Senhor, lhes responde : "Arrependei-vos e cada
um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão
dos pecados" . 2 O batismo, nascendo da contrição da alma, tem
muito propriamente sido chamado o primeiro fruto do arrepen-
dimento .'
A Instituição do Batismo data do tempo mais remoto da his-
tória da raça humana . Quando o Senhor se manifestou a Adão,
após a expulsão do Jardim do Éden, prometeu ao patriarca da
raça humana : "Se tornares a Mim e escutares a Minha voz, e
creres e te arrependeres de todas as tuas transgressões, e te ba-
tizares mesmo na água, em nome de Meu Filho Unigênito, que
é cheio de graça e verdade, que é Jesus Cristo, o único nome
que se dará debaixo do céu, mediante o qual virá a salvação aos
filhos dos homens, receberás o dom do Espírito Santo, pedindo
todas as coisas em Seu nome, e te será dado quanto pedires . . .
e quando o Senhor falou com Adão, nosso pai, aconteceu que
Adão clamou ao Senhor e foi arrebatado pelo Espírito do Se-
nhor, e foi submergido na água e foi tirado da água . E assim foi
ele batizado e o Espírito de Deus desceu sobre ele, e assim nas=
ceu do Espírito e foi vivificado o homem interior .""
Enoque pregou a doutrina do arrependimento e batismo e
batizou os crentes penitentes ; e todos os que aceitaram estes
ensinamentos, e se submeteram aos requisitos do Evangelho,
tornaram-se santificados à vista de Deus.
O Objetivo Especial do Batismo é proporcionar a entrada
na Igreja de Cristo, com a remissão dos pecados . Que necessi-

I, Alma 7 :15 . 2 . Veja Atos 2 :37,38 . 3, Veja Morõni 8 :25 . 4, f' . de G . V ., Moisés 6 :5 2_-
65 .

118 REGRAS DE FÉ

dade há de multiplicar palavras para comprovar o valor desta


ordenança divinamente determinada? Que melhor dom se po-
deria oferecer à raça humana que um meio seguro de obter per-
dão da transgressão? A justiça proíbe que se perdoe universal e
incondicionalmente os pecados cometidos, salvo mediante a
obediência à lei decretada ; porém, são providos meios simples
e eficazes pelos quais o pecador arrependido pode fazer um
convênio com Deus — ratificando o dito convênio com o sinal
que é reconhecido nos céus — de que se sujeitará às leis de
Deus ; desta maneira se coloca a si mesmo dentro dos limites da
misericórdia, sob cuja influência protetora pode obter a vida
eterna.
A Evidência Bíblica — de que o batismo tem o objetivo de asse-
gurar ao homem a- remissão de seus pecados é abundante . João
Batista foi o pregador especial desta doutrina e o administrador
autorizado desta ordenança nos dias do ministério do Salvador
na carne ; e a voz deste sacerdote do deserto comoveu Jerusa-
lém e repercutiu por toda a Judéia, proclamando que a remis-
são dos pecados era o fruto de um batismo aceitável .'
Saulo de Tarso, o zeloso perseguidor dos discípulos de
Cristo, enquanto se dirigia a Damasco decidido a praticar ainda
mais o seu zelo mal aplicado, recebeu uma manifestação espe-
cial do poder de Deus e foi convertido por sinais e prodígios.
Ouviu e respondeu à voz de Cristo e assim se tornou uma teste-
munha especial de seu Senhor . Entretanto, foi insuficiente esta
demonstração extraordinária da graça divina . Cego pela glória
que lhe havia sido manifestada, humilhado e sincero, compreen-
dendo o fato acusador de que tinha estado perseguindo seu Re -
dentor, exclamou com alma angustiada : "Senhor, que queres
que faça?" Ordenou-se-lhe que fosse a Damasco, para que ali
aprendesse algo mais sobre a vontade do Senhor quanto a sua
pessoa . De bom grado recebeu o mensageiro do Senhor, o de-
voto Ananias, que exerceu seu ministério em favor dele de
modo que recuperasse a vista, e então lhe ensinou que o batis-
mo era o meio de obter o perdão . 6

5, Veja Mar . 1 .4 ; Lucas 3 .8 . 6, Veja Atos 22 .1-16 .



BATISMO 119

Saulo, desde então conhecido como Paulo, pregador de


justiça e apóstolo do Senhor Jesus Cristo, ensinou a outros o
mesmo grande princípio salvador : que pelo batismo na água
vem a regeneração do pecado .' Com palavras enérgicas, que
vieram acompanhadas de evidencias especiais de poder divino,
Pedro declarou a mesma doutrina à multidão arrependida . Do-
minados pelo pesar, ao ouvirem o que haviam feito com o Filho
de Deus, exclamaram : "Que faremos, varões irmãos?" A res-
posta dada com autoridade apostólica foi imediata : "Arrepen-
dei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para perdão dos pecados ." 8
Os Profetas do Livro de Mórmon de igual maneira testifica-
ram ao redil ocidental de Cristo . Para esse fim, Néfi, o filho de
Léhi, dirigiu suas palavras à multidão : "Porque o portão pelo
qual deveis entrar é o arrependimento e o batismo pela água ; e
virá então a remissão de vossos pecados pelo fogo e pelo Espíri-
to Santo .' O mesmo ensinou Alma ao povo de Gideon, como já
foi mencionado .'" Néfi, o neto de Helamã, andava entre seu po-
vo, pouco antes do advento de Cristo à terra, batizando para ar-
rependimento ; em seu ministério efetuou uma "grande remis-
são de pecados ."" Néfi ordenou ajudantes para o ministério, a
fim de que "todos que viessem a eles fossem batizados na água,
assim se procedendo para que isso servisse de prova e testemu-
nho perante Deus do arrependimento de cada um e de que to-
dos haviam recebido a remissão de seus pecados" . 12 Mórmon
acrescenta o seu próprio testemunho, como comissionado de
Cristo, exortando o povo a esquecer-se de seus pecados e a ba-
tizar-se para a remissão dos mesmos ."
A Revelação dos Últimos Dias relativa ao batismo e a seu
propósito demonstra que a mesma importância atribui o Senhor
à ordenança nestes dias que nos tempos antigos . Para não dei-
xar lugar a dúvida, quanto à aplicação desta doutrina à Igreja,
na dispensação atual, foi reafirmado o princípio e se revalidou a
lei para nossa orientação . Os élderes da Igreja estão comissio-

7, Veja Tito 3 :5 . 8, Atos 2 :36-38 ; veia também 1 Ped . 3 :21 . 9, 2 Néfi 31 :17 até o fim do
capitulo . III, Veja Alma 7 :14, 15 . 11, 3 Néfi 1 :23 . 12, 3 Néfi 7 :24-26 . 13, Veja
3 Néfi 30 :2 .

120 REGRAS DE FÉ

nados a pregar que por meio do batismo autorizado se obtém a


remissão de pecados . 14
Candidatos Aptos para o Batismo — Tendo em vista que o ob-
jeto principal do batismo é proporcionar a entrada na Igreja
com remissão de pecados e como isto não se obtém a não ser
pela fé em Deus e pelo arrependimento verdadeiro perante Ele,
naturalmente se deduz que somente dos que são capazes de
exercer a fé e de efetuar o arrependimento se pode com justiça
exigir o batismo .' 5 Numa revelação sobre o governo da Igreja,
feita por intermédio de Joseph, o Profeta, em Abril de 1830, o
Senhor expõe terminantemente as condições de acordo com as
quais uma pessoa pode ser recebida na Igreja por meio do batis-
mo : "Todos aqueles que se humilharem diante de Deus e dese-
jarem batizar-se e vierem com coração quebrantado e espírito
contrito, testificando diante da Igreja, que se arrependeram
verdadeiramente de todos os seus pecados e estão dispostos a
tomar sobre si o nome de Jesus Cristo, com firme propósito de
servilo-Lo até o fim e manifestarem verdadeiramente, por suas
obras, que receberam o Espírito de Cristo para a remissão de
seus pecados, serão recebidos por batismo em Sua Igreja . 1ó
Estas condições excluem todos aqueles que não alcança-
ram a idade de discernimento e responsabilidade ; e por manda-
mento direto o Senhor proibiu à Igreja receber qualquer que
não tenha chegado a essa idade ." O Senhor designou por reve-
lação que oito anos é a idade em que as crianças podem ser ba-
tizadas devidamente na Igreja ; e se requer dos pais que prepa-
rem seus filhos para receber as ordenanças da Igreja, ensinan-
do-lhes as doutrinas de fé, arrependimento, batismo e a imposi-
ção das mãos para comunicar o dom do Espírito Santo . A falta
de cumprimento deste mandato, segunde o Senhor, é um peca-
do que cairá sobre a cabeça dos pais . 1e
O Batismo de Criancinhas — Os Santos dos Últimos Dias se
opõe : à prática do batismo das criancinhas, considerando-o
um sacrilégio . Não há quem, tendo fé na palavra de Deus, possa
tachar uma criancinha de iníqua ; esse ser inocente não tem ne-

14, Veja D . & C . 19 :31 : 55 :2 ; 68 :27 : 76 :51, 52 : 84 :27 . 74 . 15, Veja o apêndice 6 :1 . 16,
D. & C. 20 :37 . 17, Veja D . & C . 20 :17 . 18, Veja D . & C . 6825-27 .

BATISMO 121

cessidade de ser iniciado no redil, porque jamais se extraviou


dele ; não necessita remissão de pecados, porque não cometeu
pecados ; e se morrer antes de se contaminar com os pecados do
mundo, será recebido no paraíso de Deus, sem necessidade de
batismo . Não obstante, há muitos que, professando ser mestres
cristãos, afirmam que como todas as criancinhas nascem num
mundo de iniqüidades, são também iníquas, e devem ser limpas
nas águas do batismo para se tornarem aceitáveis perante Deus.
Tal doutrina é abominável . A criança, a quem o Salvador indi-
cou como um exemplo de emulação até mesmo para aqueles
que tinham recebido o santo apostolado, 19 a quem o Senhor es-
colheu como exemplo do reino celestial, espíritos favorecidos,
cujos anjos estão continuamente diante do Pai, informando-O
fielmente de tudo o que pode ser feito aos que estão sob seu
cargo ; 20 deverão tais almas ser recusadas e atiradas em tormen-
to porque seus guardiões terrenos não lhe deram o batismo?
Ensinar tal doutrina falsa constitui um pecado.

A História do Batismo de Criancinhas é instrutiva porque


derrama um pouco de luz sobre a origem desta prática errônea.
Certo é que nem o Salvador nem os seus apóstolos ensinaram o
batismo de criancinhas ou pedobatismo (derivado do grego pai-
dos, criança, e batismos, batismo) . Alguns se referem à ocasião
em que Cristo abençoou as criancinhas, e repreendeu os que
queriam impedir que os pequeninos se achegassem a Ele, 21
como evidência a favor do batismo das criancinhas ; porém,
como sábia e concisamente foi dito : "Deduzir que se deve bati-
zar as criancinhas pelo fato de que Cristo as bendisse nada pro-
va além da falta de um argumento melhor ; porque a conclusão
mais provável seria esta : Cristo bendisse as criancinhas e então
as despediu, mas não as batizou ; por conseguite, as criancinhas
não precisam ser batizadas ."22 -
Nenhum dado autêntico existe de que se haja praticado o
batismo de criancinhas durante os primeiros séculos depois de

19 . Veja Mateus 18 :1-6 . 20, Veja Mateus 18 :10 . 21, Veja Mateus 19 :13 : Mar . 10 :13 : Lu-
cas 18 :15 . 22 . Atribui-se estas palavras a Jeremy Taylor, um bispo inglês que morreu r .m
1667 : mas se é exato ou não . o autor não pode determinar . Quem quer que seja o autor, o
argumento citado é lógico .

122 REGRAS DE FÉ

Cristo e o costume provavelmente não se generalizou antes do


século quinto ; não obstante, desde esse tempo até a ocasião da
Reforma, a organização eclesiástica dominante, a Igreja Católi-
ca a aceitou . Porém, mesmo nessas idades obscuras, houve mui-
tas controvérsias teológicas que levantaram voz contra esse rito
ímpio . 23 Em princípios do século dezesseis, fez-se preeminente
na Alemanha uma seita que levava o nome de Anabatistas (do
grego ana, de novo e baptizo, batizar) a qual se distinguiu por
sua oposição à prática do batismo das criancinhas, e cujo nome
surgiu do fato que exigiam que se batizassem de novo todos os
seus membros que haviam sido batizados na infância . Os batis-
tas, em geral, se opõem ao batismo das criancinhas que não
chegaram à idade da responsabilidade, porém nem por isso se
deve considerar que eles e a denominação anabatista sejam a
mesma coisa.
Alguns dos que apóiam o batismo das criancinhas quise-
ram alegar a analogia que o batismo tem com a circuncisão, po-
rém sem apoio nas escrituras . A circuncisão se converteu em si-
nal de convênio entre Deus e Abraão 24 , um símbolo que a pos-
teridade de Abraão tomou como indicação de se acharem livres
da idolatria dos tempos, e da aprovação de Deus para com eles;
e em nenhuma parte se faz da circuncisão um meio de obter a
remissão de pecados . Este rito era unicamente para os varões ; o
batismo se administra a ambos os sexos . A circuncisão devia ser
efetuada aos oito dias depois de nascida a criança, mesmo que
esse dia fosse sábado . 29 No terceiro século, convocou-se um
concílio de bispos, dirigido por Cipriano, bispo de Cartago, no
qual solenemente se concordou que adiar o batismo até os oito
dias de vida era perigoso e, conseqüentemente, não deveria ser
permitido.

O Batismo das Criancinhas é Proibido no Livro de Mórmon e


disto podemos inferir que entre os nefitas haviam surgido disputas
sobre este mesmo ponto . Tendo recebido uma revelação especial
do Senhor relativa ao assunto, Mórmon escreveu uma epístola a
seu filho Morôni, na qual condena a prática de batizar as crian-

23. Veja :Jpéndiee b ._2 . 24 . Veja (icn . 17 .1-14_ 25, Veja .loâo 72 2 . 23 .

BATISMO 123

cinhas e declara que qualquer que supõe que as criancinhas


precisam de batismo se acha no fel da amarg"ura e nos liames da
iniqüidade, e "nega as misericórdias de Cristo, e considera do-
mo nada Sua expiação e poder da Sua redenção ." 26

O Batismo é Essencial Para a Salvação -- As observações


feitas sobre o assunto do batismo se aplicam com a mesma for-
ça à proposição de que o batismo é necessário à salvação ; pois
como a remissão de pecados constitui o objeto especial do ba-
tismo, e tendo em vista que não se poderá salvar no reino de
Deus a alma que tenha pecados não remidos, claro é que o ba-
tismo é essencial para a salvação . Promete-se ao homem a sal-
vação baseada em sua obediência às leis e ordenanças do Evan-
gelho ; e o batismo, como as escrituras terminantemente o indi-
cam, é um dos mais importantes desses requisitos . O batismo,
tendo sido Ordenado por Deus, deve ser essencial ao propósito
para o qual foi instituído, porque Deus não se ocupa com formas
desnecessárias . De todos os que chegaram à idade da responsa-
bilidade é requerido o batismo ; ninguém se exime desta obriga-
ção .
Mesmo Cristo, uni homem sem pecado em meio a um mun-
do pecaminoso, se batizou "para cumprir toda a justiça ."' Este
foi o propósito que o Salvador manifestou ao sacerdote indeci-
so, que não obstante o zelo que sentia por sua missão, vacilou
quando se lhe pediu que batizasse um que considerava sem pe-
cado . Séculos antes do grande acontecimento, Néfi ; profetizan-
do ao povo do continente ocidental, anunciou o batismo do Sal-
vador e explicou como isto iria cumprir toda a justiça : 2 "Se o
Cordeiro de Deus, sendo santo, tem necessidade de ser batiza-
do com água, para cumprir toda a justiça, quanto mais necessi-
dade não teremos nós, sendo pecadores, de sermos batizados?"
As palavras do Salvador durante seu ministério na carne
declaram que o batismo é essencial à salvação . Nicodemos, um
príncipe dos judeus, veio a Jesus à noite e professou crer no mi-
nistério de Jesus, a quem chamou um mestre "vindo de Deus".
Vendo sua fé, Jesus lhe ensinou uma das leis principais do céu,

26 . Veja Morõni, cap. 8 ; leia toda a epístola . 1, Veja Mateus 3 :15 2, Veja 2 Néfi 31 :5-8 .

124 REGRAS DE FÉ

dizendo-lhe : "aquele que não nascer de novo não pode ver o


reino de Deus ." A interrogação de Nicodemos deu lugar a mais
esta declaração adicional : "Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no
reino de Deus ." 3 É o batismo . A respeito do parecer de Cristo no
tocante ao batismo, é-nos dito também que Ele requeria que cum-
prissem a ordenança aqueles que desejavam ser Seus discípulos .'
Quando em Seu estado ressuscitado apareceu aos onze apóstolos e
lhes conferiu Sua última bênção e comissão final, deu-lhes este
mandamento : "Portanto, ide e ensinai todas as nações, batizan-
do-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo "' refe-
rindo-se aos efeitos do batismo disse que "quem crer e for bati-
zado será salvo, mas quem não crer será condenado" . 6

Não obstante a clareza com que é expressado o espírito des-


tas instruções e promessas, há muitos que, apesar de dizerem
estar ensinando a doutrina do Redentor, fogem ao significado
de seus preceitos e presumem que porque disse :_ "quem não
crer será condenado," em lugar de o que não for batizado será
condenado, o batismo não é, apesar de tudo, essencial, mas sim
uma mera conveniência ou simples concordância do plano de
salvação . Professar crença em Cristo e ao mesmo tempo negar-
se a obedecer a Seus mandamentos é burlar a fé . Crer na pala-
vra de Deus e não a cumprir é aumentar nossa culpabilidade.
Esta maneira de proceder não faz mais do que acrescentar a hi-
pocrisia aos outros pecados . Sobre o que professa crer e se nega
a obedecer aos próprios princípios em que se jacta de ter fé, in-
dubitavelmente, cairá o castigo completo prescrito para a in-
credulidade voluntária . Além disso, o que se pode dizer da sin-
ceridade do que não quer aceitar os mandamentos divinos a
mçnos que se lhe especifiquem certos castigos se desobedecer?
Pode ser sincero o arrependimento quando se é submisso so-
mente por temer o castigo? Não obstante, quando expressou
este princípio para o governo dos santos na atual dispensação,

3, João 3 :1-5 . 4, Veja João 4 :1 ;2 . 5, Mateus 28 :19 . 6, Mar . 16 :16 .



BATISMO 125

as palavras do Senhor são mais precisas : "E aquele que crer e


for batizado, será salvo, e aquele que não crer e não for batiza-
do, será condenado .'
Os discípulos de Cristo, particularmente aqueles que se as-
sociaram intimamente com Ele no ministério, pregaram a mes-
ma doutrina concernente à necessidade do batismo . João Batis-
ta testificou que havia sido chamado para batizar com água ;' e,
referindo-se àqueles que haviam aceitado os ensinamentos de
João, o Salvador afirmou que, apesar de serem publicanos, jus-
tificavam a Deus, enquanto os fariseus e os sábios da lei, por recu-
sar o batismo, "rejeitaram o conselho de Deus contra si mes-
mos," 9 com o que, havemos de concluir, perderam seu direito à
salvação . Como já foi observado, Pedro, o apóstolo principal,
teve somente uma resposta para a multidão ansiosa que queria
saber os pontos essenciais da salvação : "Arrependei-vos e cada
um de vós seja batizado ." 10
A humilde submissão de Cristo à vontade do Pai, bati-
zando-Se apesar de Se achar sem pecado, declara ao mundo,
em linguagem mais enérgica que a de palavras, que ninguém
pode prescindir deste requisito, e que o batismo é, em verdade,
essencial para a salvação . De maneira que nenhuma evidência
de graça divina, nenhuma dádiva de dons celestiais, exime o ho-
mem da obediência a esta e a outras leis e ordenanças do Evan-
gelho . Saulo de Tarso, não obstante ter podido ouvir a voz do
Redentor, não pôde entrar na Igreja de Cristo, a não ser pela
porta do batismo de água e do Espírito Santo ." Mais tarde pre-
gou o batismo, declarando que por meio dessa ordenança "re-
vestimo-nos de Cristo", fazendo-nos filhos de Deus . Cornélio, o
centurião, foi reconhecido por Deus através de orações e esmo-
las e um anjo desceu para instruí-lo a chamar Pedro, que lhe di-
ria o que deveria fazer . O apóstolo, após haver sido preparado
especialmente pelo Senhor, para esta missão, entrou na casa do
gentio arrependido, apesar de isso constituir violação do costu-
me dos judeus, e ensinou-o e sua família a respeito de Jesus
Cristo . Enquanto Pedro falava, o Espírito Santo desceu sobre

7, D . & C . 112 :29 . 8, Veja João 1 :33 . 9, Lucas 7 ;311 . 10, Atos 2 :38 ; 1 Ped . 3 :21 . 11,
Veja Atos 9 :1-18 ; 22 :1-16.

126 REGRAS DE FÉ

seus ouvintes, de modo que testificaram pelo dom de línguas e


muito glorificaram a Deus . 12 Contudo, o recebimento de tão
grandes dons de maneira nenhuma os eximiu de dar cumpri-
mento à lei do batismo e Pedro mandou que se batizassem em
nome do Senhor.
Não foram menos enfáticas as promulgações dos ministros
de Cristo no hemisfério ocidental, quanto à doutrina do batis-
mo . Tanto Lehi 13 como seu filho Néfi 14 testificaram do futuro
batismo do Salvador e da necessidade absoluta de serem batiza-
dos com água e com o Espírito Santo todos os que buscam a sal-
vação . Néfi faz uma admirável comparação entre o arrependi-
mento e o batismo de água e do Espírito e a porta que conduz
ao redil de Çristo . " Alma pregou que o batismo é indispensável
à salvação e exortou o povo a testificar ante o Senhor que me-
diante a observância deste princípio faziam um convênio de
guardar Seus mandamentos . O segundo Alma, filho do anterior,
proclamou que o batismo é o meio da salvação e consagrou mi-
nistros para que batizassem . 1ó
Durante o século que precedeu o nascimento de Cristo,
iniciou-se a obra de Deus entre os lamanitas, pregando-se a fé,
o arrependimento e o batismo . Achamos Amon proclamando
esta doutrina ao rei Lamoni e a seu povo ." Helamã pregou o
batismo 18 e nos dias do seu ministério, faltando menos de cin-
qüenta anos para o nascimento de Cristo, lemos que dezenas de
milhares se uniram à Igreja por meio do batismo . Assim prega-
ram os filhos de Helamã 19 e o mesmo fez seu neto, Néfi . 20 Estes
batismos se faziam em nome do Messias que viria : porém, de-
pois que veio ao seu redil ocidental, indicou-lhes que deviam
batizar-se em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e
conferiu a doze homens a autoridade para administrar a orde-
nança, 21 prometendo a salvação a todos que cumprissem Sua
lei, e somente a esses.
Existem abundantes evidências de que, para o Salvador, o
batismo é um requisito essencial para ser membro de Sua Igre-
12, Veja Atos 10.30-48 . 13, Veja 1 Néfi 10 :7-10 . 14, Veja 2 Néfi 31 :4-14 . 15, Veja 2
Néfi 31 :17 . 16, Veja Mosiah 18 :8-17 : Alma 5 :61, 62 ; 9 :27 . . 17, Veja Alma 1935 . 18,
Veja Alma 62 :45 . 19, Veja Helamã 5 :14-19 . 20, Veja 3 Néfi 1 :23 . 21, Veja 3 Néfi
11 :22-25 : 12 :1, 2 .

BATISMO 127'

ja ; de maneira que, ao instituir o sacramento do pão e vinho en-


tre os nefitas, instruiu seus discípulos que o administrassem uni-
camente àqueles que se haviam batizado devidamente . 22 Além
disso, sabemos que aqueles que eram batizados como Jesus ha-
via instruído eram chamados a Igreja de Cristo . 23 Conforme a
promessa do Salvador, o Espírito Santo desceu sobre aqueles
que foram batizados por sua autoridade prescrita, desta manei-
ra acrescentando o batismo mais alto do Espírito Santo ao ba-
tismo de água . 24 Muitos deles receberam manifestações particu-
lares de aprovação divina, vendo e ouvindo coisas inexplicáveis
que não lhes foi lícito escrever. A fé do povo se manifestou em
boas obras, 25 pela oração e pelo jejum, 24 em reconhecimento do
que Cristo reapareceu, manifestando-se desta vez aos discípu-
los que havia chamado para o ministério . Reiterou-lhes as
promessas anteriores com respeito a todos os que chegaram a
se batizar e acrescentou que, se perseverassem até o fim, se
achariam sem culpa no dia do juízo .' Nessa ocasião repetiu-lhes
o mandamento que, se obedecido, promete a salvação : "Arre-
pendei-vos todos, ó povos dos extremos da terra! E vinde a
Mim e deixai-vos batizar em Meu nome, a fim de que possais
ser santificados pelo recebimento do Espírito Santo e possais
aparecer sem mancha perante Mim, no último dia ." 2
Quase quatro séculos mais tarde ouviu-se a mesma procla-
mação dos lábios de Mórmon . 3 Então Morôni, seu filho, o úni-
co sobrevivente do que uma vez havia sido uma grande nação,
lamentando a destruição de seus irmãos, deixou o que supunha
ser o último testemunho da verdade desta doutrina ;4 porém,
tendo escapado à morte, em contrário ao que havia esperado,
fala novamente do sagrado assunto ; e entendendo que a doutri-
na seria de valor incalculável para o que lesse suas páginas, tes-
tifica, no que se pode considerar como sendo suas últimas pala-
vras, que o batismo da água e do Espírito Santo é o meio de al-
cançar a salvação .'

22 . Veja 3 Néfi 1 8 : 5 . I I . 28-30 . 23, Veja 3 Néfi 26 :21 . 24, Veja 3 Néfi 26 :17, 18 : 28 :18 : 4
Néfi 1 . 25 . Veja 3 Néfi 26 :19 . 20 . 26, Veja 3 Néfi 27 :1, 2 . 1, Veja 3 Néfi 27 :16 . 2,
Veja 3 Néfi 27 :20 . 3 . Veja Mórmon 78-10 . 4, Veja Mõrmon 9 :22 .23 . 5, Veja Morôni
6 :1 .-3 .

128 REGRAS DE FÉ

Este princípio fundamental, proclamado na antigüidade,


conserva-se hoje sem qualquer alteração ; é verdade e não mu-
da . Os élderes da Igreja dos últimos dias têm sido comissiona-
dos que quase as mesmas palavras que foram usadas para autori-
zar os apóstolos da antigüidade : "Ide por todo o mundo, pregai
o Evangelho a toda criatura, agindo sob a autoridade que Eu vos
dei, batizando em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
Quem crer e for batizado será salvo, e quem não crer será con-
denado" . 6 E além disso, a voz do Senhor é dirigida aos élderes
da Igreja por intermédio de Joseph, o profeta : "Portanto, como
disse aos Meus apóstolos, digo outra vez a vós, que toda a alma
que crer em vossas palavras e para a remissão dos pecados for
batizada na água receberá o Espírito Santo" . Mas, "na verdade,
na verdade vos digo que aqueles que não crerem em vossas pa-
lavras, e em Meu nome não forem batizados na água para re-
missão dos pecados, a fim de receberem o Espírito Santo, serão
condenados e não virão ao reino de Meu Pai, onde Meu Pai e
Eu estamos ."' Obedecendo a estes mandamentos, os élderes
desta Igreja têm proclamado o Evangelho entre as nações, pre-
gando que a fé, o arrependimento e o batismo da água e do
Espírito Santo são essenciais à salvação.
Examinamos as doutrinas relativas ao batismo, que foram
usadas entre os judeus, entre os nefitas e na Igreja de Jesus Cris-
to nestes dias, e vimos que os princípios que foram ensinados
são sempre os mesmos . Mais ainda, remontamos até a história
mais'remota da raça humana e vimos que se proclamou perdão
e salvação . . Ninguém pode esperar alcançar a salvação, senão
por cumprir a lei de Deus, da qual o batismo é parte essencial.

REFERÊNCIAS
Batismo para remissão dos pecados

João Batista batizou e pregou o batismo do arrependimento para remissão dos pecados —
Mar. 1 :4 ; Luc . 3 :3 ; 1 :76, 77.

6, D . & C . 68 :8, 9 . 7, D . & C . 84 :64, 74 : 112 :28, 29 .


Roberto Goncalves Gamelro

REFERÊNCIAS 129

Arrependei-vos e sede batizados em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados — Atos
2 :38 ; 22 :16 ; D . & C . 33 :11.
O portão pelo qual deveis entrar é o arrependimento e o batismo ; e virá então a remissão
de vossos pecados — 2 Néfi 31 :17.
Sede batizados em arrependimento, para que possais assim ser lavados de vossos pecados —
Alma 7 :14.
Administrando o batismo do arrependimento, pelo qual houve grande remissão de pecados
— 3 Néfi 1 :23.
Cristo ensinou aos nefitas que pelo batismo receberiam a remissão — 3 Néfi 12 :2 ; 30:2.
O Sacerdócio de Aarão tem autoridade para batizar por imersão para remissão de pecados
—D.&C . 13 :1.
Declararás remissão de pecados por batismo — D . & C . 19 :31 ; 55:2.
Sede batizados para remissão de vossos pecados — D . & C . 33 :11.
O Evangelho do arrependimento, do batismo e da remissão dos pecados — D . & C . 84:27.

Batismo essencial à salvação


Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus — João 3 :5.
Quem crer e for batizado será salvo — Mar . 16 :16 ; 3 Néfi 11 :33 ; D . & C . 112 :29.
Os fariseus e doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus, não tendo sido batizados —
Luc . 7 :30.
Fomos batizados em um Espírito para um corpo — 1 Cor . 12 :13.
Todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo — Gál. 3 :27.
Como uma verdadeira figura, agora nos salva o batismo — 1 Ped . 3 :21.
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo . — Ef . 4 :5.
Todos devem ser batizados ou não poderão ser salvos no Reino de Deus — 2 Nefi 9 :23.
Recebei o batismo em Meu nome, pois aquele que cre e for batizado será salvo — Éter
4 :18 ; Moroni 7 :34 ; 3 Néfi 21 :6.
Tende cuidado para que não sejais batizados indignamente - Mórmon 9 :29.
Todos os que se arrependerem, forem batizados em Meu nome e perseverarem, serão sal-
vos — D . & C . 18 :22.
Adão ensinou que o batismo é essencial — Moisés 6 :52 . Batismo de Adão -- Moisés 6 :64-68.

Jesus Cristo foi batizado


Para cumprir toda a justiça — Mat . 3:15 . Assim se mostra que o batismo é requerido de to-
dos — Mar . 1 :9 ; Luc . 3 :21 .

130 REGRAS DE FÉ

Se o Cordeiro de Deus, sendo santo, tem necessidade de ser batizado, quanto mais necessi-
dade não teremos nós — 2 Néfi 31 :5.

Preparação para o batismo


Das citações anteriores vê-se que a fé no Senhor Jesus Cristo e o arrependimento eficaz são
requeridos antes do batismo . Conhecimento, portanto, é necessário e instrução é requeri-
da.
Cristo mandou os apóstolos ensinar todas as nações, então batizar e depois continuar a ins-
trução — Mat . 28 :19 ; 20.
Aqueles que receberam as instruções de Pedro foram batizados — Atos 2 :41.
Aqueles que acreditaram nos ensinamentos de Felipe a respeito do Reino de Deus foram
batizados — Atos 8 :12.
Pedro instruiu o guarda da prisão e sua família antes de seu batismo — Atos 16 :29-33.
João Batista exigiu evidência de arrependimento antes do batismo — Luc . 3 :7-14.
Um resumo'das condições requeridas — Morõni 6 :1-4.
Criancinhas, incapazes de compreender ou de se arrepender, não devem ser batizadas —
Morõni cap . 8.
Os pais devem ensinar as crianças e assim prepará-las para o batismo aos oito anos — D . &
C . 68 :25.
Ninguém pode ser recebido na Igreja se não for responsável e capaz de se arrepender — D.
& C . 20:71 ; veja também o verso 37 .
Capítulo 7

O BATISMO — CONTINUAÇÃO

Regra 4 — Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do


evangelho são : *** terceiro, batismo por imersão, para
remissão dos pecados; ***

A MANEIRA DE BATIZAR

É Importante a Maneira de Administrar o Batismo — Já vi-


mos, ao considerar o propósito e a necessidade do batismo, a
importância com que o Senhor considera este rito iniciador.
Não é de admirar que esteja categoricamente prescrito o modo
de administrar a ordenança . Muitas seitas cristãs têm algum rito
iniciador estabelecido, em que a água entra como elemento ne-
cessário embora para algumas a cerimônia consista somente em
colocar o dedo úmido do sacerdote sobre a fronte da pessoa ou
em verter ou aspergir água sobre o rosto, para outras se torna
necessária a imersão de todo o corpo . Os Santos dos Últimos
Dias afirmam que as Escrituras não encerram ambigüidade al-
guma quanto ao modo aceitável de efetuar o batismo, e sem te-
mor declaram sua crença de que a única forma verdadeira con-
siste na imersão do corpo, por um servo ou representante do
Salvador devidamente comissionado . Suas razões em apoio de
sua crença podem resumir-se da seguinte maneira : A derivação
e uso antigo da palavra batismo e de suas cognatas indicam
imersão . De nenhuma outra forma se conserva o simbolismo do
rito . A autoridade das Escrituras, a palavra relevada de Deus
proferida pela boca de seus profetas dos dias antigos e moder-
nos, indicam a imersão como a verdadeira forma de batismo.
O Verbo "Batizar", que vem do grego bapto, baptizo, signi-
fica literalmente mergulhar ou submergir . Como acontece com
toda língua viva, as palavras podem sofrer grandes alterações

132 REGRAS DE FÉ

em seus significados e alguns escritores declaram que a palavra


de que estamos tratando pode aplicar-se ao ato de aspergir ou
molhar com água, assim como imersão real . Torna-se assunto
interessante, pois, descobrir o significado que o termo teria nos
dias de Cristo ou mais ou menos nessa época porque, tendo em
vista que o Salvador evidentemente considerou desnecessário
ampliar o significado da palavra durante suas instruções sobre o
batismo, claro é que esta transmitia um significado bem preciso
aos que recebiam Seus ensinamentos . Pelo uso da palavra origi-
nal que fizeram os autores gregos e latinos', fica esclarecido que
eles entenderam que o significado verdadeiro era efetivamente
imersão na água . Os gregos modernos entendem que batismo
quer dizer submergir sob a água e, portanto, ao adotar o cristia-
nismo, praticam a imersão como forma devida do batismo . 2
Neste gênero de argumento, deve-se ter em mente que a evi-
dência filosófica não e a mais decisiva . Passemos, pois, a consi-
derar outras razões mais fortes.
O Simbolismo do Rito Batismal de nenhuma outra forma se
conserva a não ser na de imersão . O Salvador comparou o batis-
mo a um nascimento e declarou que era essencial para a vida
que conduz ao reino de Deus .' Ninguém pode dizer que se sim-
boliza um nascimento aspergindo o rosto com água . Uma das
causas principais que contribuíram para a preeminência de
Cristo como o mestre dos mestres foi Sua linguagem precisa e
vigorosa ; Suas parábolas convincentes ; e tão inadequada seme-
lhança como a que se pretende em tal interpretação do nasci-
mento seria completamente alheia aos métodos do Senhor.
O batismo também foi comparado de maneira impressio-
nante a um enterro, seguido de uma ressurreição ; e neste
símbolo da morte corporal e ressurreição de seu Filho, Deus
prometeu outorgar a remissão de pecados . Paulo diz aos Roma-
nos : "Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Je-
sus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos
sepultados com Ele pelo batismo na morte ; para que, como

I, Veja o apêndice 7 :1 . 2 . Veja o apêndice 7 :2. 3, Veja João 3 :3-5 .



BATISMO 133

Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim ande-


mos nós também em novidade de vida. Porque se fomos planta-
dos juntamente com Ele na semelhança da Sua morte, também
o seremos na de Sua ressurreição ." 4 E também escreveu o
apóstolo : "Sepultados com Ele no batismo, nele também res-
suscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dos mor-
tos ."' De todas as formas distintas do batismo que o homem
pratica, unicamente a imersão simboliza um nascimento que as-
sinala o princípio de uma nova carreira, ou o sono do túmulo
com sua conseqüente vitória sobre a morte.
A Autoridade das Escrituras não admite nenhuma outra for-
ma além da imersão . Lemos que depois da ordenança Ele "saiu
logo da água ." 6 Que o batismo do Salvador foi aceitável à vista
do Pai abundantemente o comprovam as manifestações subse-
qüentes, como a descida do Espírito Santo e a declaração do
Pai : "Este é Meu Filho Amado, no qual Me comprazo ." João,
chamado o Batista, por virtude de sua comissão divina, batizava
no Rio Jordão ;' e pouco depois se diz que "João batizava tam-
bém em Enon, junto a Salim, porque havia ali muitas águas ;"8
entretanto, se estivesse batizando por aspersão, teria sido sufi-
ciente uma pequena quantidade de água para uma multidão.
Lemos do batismo que seguiu a conversão um tanto rápida
do eunuco etíope, tesoureiro da rainha Candace . Filipe lhe pre-
gou a doutrina de Cristo enquanto iam juntos no carro do eunu-
co . Este, crendo nas palavras de seu instrutor inspirado, quis
batizar-se e, aceitando Filipe, "mandou parar o carro, e desce-
ram ambos à água, tanto Felipe como o eunuco, e o batizou . E,
quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Fili-
pe, e não o viu mais o eunuco ; e, jubiloso, continuou seu cami-
nho ." 9
A Tradição Histórica prova que durante mais de dois séculos
depois de Cristo a imersão foi a forma de batismo que geral-
mente praticavam os que professavam o cristianismo, e não foi
senão em fins do século treze que se generalizaram outras for-

4, Rom . 6 :3-5 . 5, Col . 2 :12 . 6, Mat . 3 :16,17 ; Marcos 1 :10, I1 . . 7, Veja Marcos 1 :4, 5.
8, João 3 :23 . 9, Atos 8 :26-39.

134 REGRAS DE FÉ

mas . 10 A alteração das ordenanças instituídas por autoridade é


algo que se deve esperar, se for praticada a forma exterior de
tais ordenanças quando falta a autoridade para administrá-la.
Entretanto, esta corrupção é de desenvolvimento gradativo : as
imperfeições que resultam de enfermidades orgânicas não se
desenvolvem num dia . Como acontece com todas as ordenan-
ças que Cristo instituiu, temos que buscar o que mais se asseme-
lha com a forma verdadeira do batismo na época imediatamen-
te após seu ministério pessoal e o de seus apóstolos . Posterior-
mente, ao aumentarem as trevas da incredulidade, tendo desa-
parecido da terra com Seus servos martirizados a autoridade
que Cristo deixou, surgiram muitas inovações que os dignitários
das várias igrejas converteram em lei para si e para seus adep-
tos . Em princípios do terceiro século o bispo de Cartago determi-
nou que as pessoas de saúde delicada podiam ser batizadas
aceitavelmente por aspersão e, dada esta licença, a forma ver-
dadeira de batismo gradualmente se foi tornando impopular, e
as práticas desautorizadas, inventadas pelo homem, a substituí-
ram .
O Batismo entre os Nefitas somente era administrado por
imersão . Já foi demonstrado até que ponto se praticou o batis-
mo entre o povo, desde Léhi até Morôni . Quando o Salvador
apareceu a seu povo do continente ocidental, deu-lhe instru-
ções muito explícitas quanto à maneira pela qual deveria ser ad-
ministrada esta ordenança . Estas são Suas palavras : "Em verda-
de vos digo que todos os que se arrependerem de seus pecados
pelas vossas palavras e desejarem ser batizados em Meu nome,
desta forma os batizareis : eis que descereis à água e em Meu
nome os batizareis . E, então, eis que estas são as palavras que
devereis pronunciar, chamando-os pelo nome : Tendo autoridade
que me foi concedida por Jesus Cristo, eu te batizo em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo . Amém . E, então, vós, os mergu-
lhareis na água e depois saireis dela .""
O Batismo nos Últimos Dias, de acordo com o prescrito por
revelação, obedece à mesma forma . Os primeiros batismos na

10, Veja o apêndice 7 3 . 11, 3 Néfi 11.23-27 .



BATISMO 135

atual dispensação foram os de Joseph Smith e Oliver Cowdery,


que se batizaram um ao outro de acordo com as instruções do
anjo que lhes havia conferido a autoridade para administrar
esta santa ordenança, o qual não era outro senão João Batista,
de uma dispensação anterior, o precursor do Messias . Joseph
Smith relata o acontecimento da seguinte maneira: "Por conse-
guinte fomos e nos batizamos . Eu o batizei primeiro (a Oliver
Cowdery) e em seguida ele me batizou — * * * Imediatamente
depois de sairmos da água, após termos sido batizados, experi-
mentamos grandes e gloriosas bênçãos ." 12
Numa revelação sobre o governo da Igreja, datada de abril
de 1830, o Senhor determinou o modo exato de efetuar o batis-
mo como quer que seja feito na atual dispensação . Disse assim:
"O batismo deverá ser administrado da seguinte maneira, a to-
dos aqueles que se arrependerem — A pessoa chamada por
Deus, que tem autoridade de Jesus Cristo para batizar, deverá
entrar na água com o candidato ao batismo e deverá dizer, cha-
mando-o pelo . nome : Tendo sido comissionado por Jesus Cristo,
eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo.
Amém . Então deverá imergir a pessoa na água e deverão sair da
água .""
O Senhor não teria prescrito as palavras desta ordenança
se não quisesse que somente esta forma fosse usada ; portanto,
os élderes e sacerdotes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias não têm autoridade pessoal para alterar a forma
dada por Deus, com aditamentos, omissões ou alterações de
quaisquer espécies.
BATISMO E "REBATISMO"
A Repetição da Ordenança Batismal para o mesmo indiví-
duo é permissível sob certas condições determinadas . De ma-
neira que se alguém, depois de haver entrado na Igreja por
meio do batismo, se retira, ou é excomungado dela, e depois se
arrepende e deseja voltar à Igreja, só pode fazê-lo por meio do
batismo . Isto, entretanto, é uma repetição da ordenança inicia-

12, P . de G . V . pag. . 65 . 13, D . 8¿, C . 20:72-74 .



136 REGRAS DE FÉ

dora ministrada previamente . Não há na Igreja ordenança ne-


nhuma para rebatizar, distinta em natureza, forma e propósito
do outro batismo e, portanto, ao administrar o batismo a al-
guém que tenha sido batizado anteriormente, a forma da orde-
nança é exatamente a mesma que no primeiro batismo . As ex-
pressões "Eu te rebati/o" eu lugar de "eu te batizo" ou os adi-
tamentos "para renovação dos teus convênios" ou "para a re-
missão de teus pecados" não são autorizados . Os ditames da ra-
zão concordam com a voz das autoridades gerais da Igreja no
desaprovar qualquer alteração na ordem que o Senhor insti-
tuiu ; somente mediante autoridade se pode efetuar alterações
nas ordenanças dadas por autoridade.
Os Rebatismos Registrados nas Escrituras são poucos e em
cada um desses casos é evidente a existência de circunstâncias
especiais que justificam o ato . Assim, pois, lemos que Paulo ba-
tizou certos discípulos em Éfeso, apesar de já terem sido batiza-
dos pelo batismo de João .'^ Porém neste caso o apóstolo tinha
razão para duvidar que o batismo de que falavam lhes tivesse
sido administrado por pessoas autorizadas ou depois da devida
preparação preliminar, porque quando pôs à prova a eficácia
do seu batismo, perguntando-lhes: "Recebestes vós o Espírito
Santo quando crestes?" eles lhe disseram : "Nós nem ainda ou-
vimos que haja Espírito Santo ." Então, Paulo, surpreendido,
perguntou : "Em que sois batizados então?" E eles disseram:
"No batismo de João ." Porém ele sabia, como nós sabemos,
que mesmo quando João pregou o batismo do arrependimento
pela água, declarou que aquele não era mais que um passo pre-
liminar do batismo maior do Espírito Santo, que Cristo haveria
de trazer . Por conseguinte, tendo em vista esta evidência ina-
ceitável da validez de seu batismo, o apóstolo fez com que se
administrasse o batismo em nome do Senhor Jesus a estes doze
efesios devotos, após o que impôs as mãos sobre eles e recebe-
ram o Espírito Santo.
O batismo que Cristo instituiu entre os nefitas' s constituiu
principalmente em rebatizar porque, como já vimos, se havia

14 . Veja Atos 19 :1-6 . 15, Veja 3 Neli 11 :21-28 .



BATISMO 137

ensinado e praticado. a doutrina do batismo entre o povo desde


os dias de Léhi e, indubitavelmente, Néfi, o primeiro a quem o
Senhor deu autoridade para batizar após sua partida, deve ter
sido batizado previamente, porque ele e seus colaboradores no
ministério haviam sido sumamente zelosos em pregar a necessi-
dade do batismo . 1ó Entretanto, neste caso provavelmente tam-
bém teriam surgido certas incongruências quanto à maneira de
administrar a ordenança e talvez no espírito com que se o fazia,
porque o Salvador, ao dar-lhes instruções minuciosas concer-
nentes à maneira de batizar, repreendeu-os por causa do espíri-
to de contenda e disputa que anteriormente tinha existido entre
eles quanto à ordenança ." Validou-se, pois, o batismo destas
pessoas por meio de uma administração autorizada, de confor-
midade com a maneira prescrita pelo Senhor.
O Batizar Repetidamente a Mesma Pessoa não é permitido
na Igreja . É um erro supor que o batismo será o meio de obter o
perdão, quantas vezes seja repetido . Tal crença tende mais a
desculpar o pecado do que a impedi-lo, já que os efeitos preju-
diciais parecem poder ser evitados facilmente . Nem a lei escrita
nem as intruções do Sacerdócio vivente indicam que o batismo
é um meio pelo qual podem obter o perdão aqueles que já se
encontram dentro do redil de Cristo . Prometeu-se o perdão do
pecado a estes sob a condição de que confessem e se arrepen-
dam com propósito íntegro de coração, não sendo necessário
repetir o rito batismal, e mesmo se estas pessoas se batizas-
sem várias vezes não receberiam a remissão dos pecados se não
se arrependessem sinceramente . As fraquezas do estado mor-
tal e nossa inclinação para o pecado nos conduzem continua-
mente ao erro, porém, se fazemos um convênio com o Senhor
nas águas do batismo, e desde então procuramos observar sua
lei, Ele é misericordioso para perdoar nossas pequenas trans-
gressões por meio de um arrependimento sincero e verdadei-
ro ; e sem tal arrependimento o batismo de nada nos serviria.

16, Veja 3 Néfi 7 :23-26 etc . 17, Veja 3 Néfi 11 :27-30 .



138 REGRAS DE FÉ

O BATISMO PELOS MORTOS


O Batismo é Exigido de Todos — Já se tratou de universalida-
de da lei do batismo . Demonstrou-se que o cumprir a ordenan-
ça é essencial para a salvação e a todo o gênero humano se apli-
ca esta condição . Em lugar nenhum das Escrituras se faz distin-
ção alguma, neste particular, entre os vivos e os mortos . Os
mortos são aqueles que viveram no estado mortal sobre a terra;
os vivos são os mortais que ainda têm que sofrer a mudança de-
cretada que chamamos morte . Todos são filhos do mesmo Pai,
todos serão julgados e galardoados ou castigados pela mesma
justiça infalível, com a mesma intervenção de misericórdia be-
nigna . Não só pelos que viviam sobre a terra enquanto Ele este-
ve na carne se ofereceu o sacrifício expiatório de Cristo, nem
por todos aqueles que haveriam de nascer no estado mortal de-
pois de sua morte, mas sim por todos os habitantes da terra,
passados, presentes e futuros . O Pai O ordenou para ser juiz,
tanto de vivos como de mortos ;' 8 e Senhor tanto dos vivos como
dos mortos 19 , segundo a distinção que fazem os homens entre os
vivos e os mortos, e todos serão uma só classe, pois todos vivem
para Ele . 20
Muitos Ainda não Conhecem o Evangelho — Da multidão de
seres humanos que já viveram e morreram, poucos são os que
ouviram as leis do Evangelho e menor ainda é o número dos
que o ouviram e obedeceram . No curso da história do mundo,
tem havido grandes períodos de escuridão espiritual em que se
não pregou o Evangelho entre os homens, em que,não houve
um representante autorizado do Senhor que oficiasse as orde-
nanças salvadoras do reino . Esta condição jamais existiu a não
ser como conseqüência da incredulidade e da iniqüidade . Nos
períodos em que o gênero humano com persistência atira as
pérolas da verdade à lama, mata e destrói os portadores das
jóias, estes tesouros do céu são levados e guardados, tanto em
justiça como em misericórdia, até que se levante uma geração
que melhor as possa apreciar. Com muita razão se poderá per-
guntar : Que disposição foi feita na providência de Deus para
18 . Veja Atos 10 :42 : 2 Tini . 4 :1 I Ped . 4:5 . 19 . Veja Roto . 14 :9 . 20. Veia Lucas 20 :0 .

BATISMO 139

que por fim se possam salvar os que desta maneira negligencia-


ram os requisitos do Evangelho, e os que jamais o ouviram?
Segundo certos dogmas que durante a escuridão da noite
espiritual têm prevalecido entre muitas seitas, dogmas que ain-
da são promulgados zelosamente, o destino de toda alma será
um castigo interminável, ou uma felicidade sem fim, invariável
quanto à espécie ou quanto ao grau ; e se pronunciará o juízo de
acordo com a condição do espírito ao tempo da morte corporal.
Uma vida de pecados, segundo tais dogmas, ficará completa-
mente anulada mediante o arrependimento na hora da morte ; e
uma carreira honrosa, se não for acompanhada das cerimônias
das seitas estabelecidas, será condenada aos tormentos do in-
ferno sem esperanças de resgate . Semelhante conceito deve ser
classificado como uma terrível heresia que proclama a conde-
nação das crianças inocentes que não tenham sido aspergidas
pela autoridade assumida do homem.
É uma blasfêmia assim atribuir à natureza divina o capri-
cho e o rancor . De acordo com a justiça de Deus, nenhuma
alma será condenada por lei alguma que não tenha sido dada a
conhecer . É certo que se decretou o castigo eterno como desti-
no dos ímpios ; porém o Senhor mesmo interpretou esta expres-
são ; 21 Catigo eterno é castigo de Deus ; castigo sem fim é castigo
de Deus, porque "Sem fim" e "Eterno" são dois de Seus nomes
e são expressões típicas de Seus atributos . Não haverá alma que
permaneça na prisão ou continue em tormento mais tempo do
que o suficiente para realizar uma reforma necessária e satisfa-
zer a justiça, que são os únicos objetivos pelos quais se impõe o
castigo . 22 E a ninguém se permitirá entrar em um reino de gló-
ria, se não merecer por intermédio de obediência à lei.
O Evangelho Pregado aos Mortos — É claro, pois, que se
deve proclamar o Evangelho no mundo espiritual ; e as escritu-
ras provam abundantemente que foi determinada esta obra.
Referindo-se à missão do Redentor, Pedro expressa esta verda-
de da seguinte maneira : "Porque por isto foi pregado o Evange-

21, D . & C . 19 :10-12 . 22 . Veja "Vitality of Mormonism , artigo How Long Shall Hell
LasL.'" . pág . 263 .

140 REGRAS DE FÉ

lho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados


segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em
espírito" . 23 Cristo iniciou essa obra entre os mortos, no interva-
lo entre Sua morte e Sua ressurreição . Enquanto Seu corpo ja-
zia na sepultura, Seu espírito ministrou aos espíritos dos mortos:
"No qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais
noutros tempos foram rebeldes, quando a longanimidade de
Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca;
na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água . "20
Outras Escrituras apóiam a proposição de .que enquanto
estava num estado imaterial Cristo foi a outro lugar distinto do
que geralmente se conhece como céu — a morada de Seu Pai —
e que trabalhou entre os mortos que necessitavam urgentemen-
te de Seu ministério . Um dos malfeitores que foram crucifica-
dos com Ele recebeu, por causa de sua humildade, a promessa
dos lábios do Salvador moribundo : "Hoje estarás comigo no pa-
raíso ." E três dias mais tarde o Senhor já um ser ressuscitado,
declarou à Madalena entristecida : "Ainda não subi para Meu
Pai ." 26
Se foi considerado justo e próprio que se levasse o Evange-
lho aos espíritos que foram rebeldes nos dias de Noé, razoável é
concluir que iguais oportunidades serão colocadas ao alcance
de outros que recusaram a palavra em diversas ocasiões . Por-
que o mesmo espírito de negligência, desobediência e oposição
para com a lei divina, que assinalou os dias de Noé, tem existido
desde então .' Além disso, se o plano de Deus foi promovido
para a redenção dos que voluntariamente são desobedientes,
aqueles que de fato desprezam a verdade, podemos crer que a
multidão ainda maior de espíritos que jamais ouviram o Evange-
lho vá permanecer eternamente em castigo? Não, Deus decre-
tou que até mesmo as nações pagãs e aqueles que não conhece-
ram nenhuma lei serão redimidos .' Os dons de Deus não se limi-
tam a esta esfera de atividade, mas serão conferidos em justiça
por toda a eternidade . Os castigos estipulados cairão sobre to-

23, 1 Ped . 4 :6 . 24. 1 Pedro 3 :18-20 . 25, Lucas 23 :39-43 . 26, João 20:17 : veja também
"Jesus the Christ" cap. 36 . 1, Veja Lucas 17 :26 : 2, Veja D . & C . 45:54 .

BATISMO 141

dos os que recusarem a palavra de Deus nesta vida, porém,


após paga a dívida, abrir-se-ão as portas da prisão e os espíritos
que em certa ocasião estiveram encerrados em sofrimentp, en-
tão castigados e limpos, partilharão da glória provida para os de
sua classe.
Prevista a Obra de Cristo entre os Mortos — Séculos antes
de Cristo vir na carne, os profetas alegraram-se com o conheci-
mento de que através dele a salvação seria levada tanto para os
mortos como para os vivos . Referindo-se ao castigo que viria
sobre os orgulhosos e soberbos da terra, Isaias declara : "E se-
rão amontoados como presos numa masmorra e serão encerra-
dos num cárcere : serão visitados depois "de muitos dias ." 3 O
mesmo profeta testifica da obra do futuro Redentor deste mo-
do : "Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos
e do cárcere os que jazem em trevas ." 4 Davi, cantando com a
música da inspiração, exclama a respeito da redenção da sepul-
tura : "Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha
glória : também a minha carne repousará segura . Pois não dei-
xarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o Teu Santo
veja corrupção . Far-me-ás a vereda da vida ; na Tua presença
há abundância de alegrias : à Tua mão direita há delícias perpe-
tuamente . " '
A Obra dos Vivos pelos Mortos — A redenção dos mortos
será efetuada de acordo com a lei de Deus, que é escrita em jus-
tiça e idealizada em misericórdia . É igualmente impossível para
qualquer espírito, na carne ou sem corpo, obter promessa de
glória eterna, exceto sob a condição de obediência às leis e or-
denanças do Evangelho . E, como o batismo é essencial à salva-
ção dos vivos, é, da mesma forma, indispensável aos mortos.
Isto era do conhecimento dos santos antigos, daí ser a doutrina
do batismo pelos mortos ensinada entre eles . Numa epístola en-
dereçada à Igreja em Corinto,Paulo explicou o princípio da res-
surreição, mediante a qual os corpos dos mortos hão de se le-
vantar de seus sepulcros — Cristo foi as primícias e logo após os
que são de Cristo — e como prova de que o Evangelho que ha-

3, Isaias 24 ;22 . 4, Isaías42 :6, 7 . 5, Salm . 16 :9-11 .



142 REGRAS DE FÉ

viam recebido compreendia esta doutrina da ressurreição, o


apóstolo pergunta : "D ' outra maneira, que farão os que se bati-
zam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam?
Por que se batizam eles então pelos mortos?" 6 Estas palavras
não são ambíguas e o fato de que se apresentam sem explicação
ou comentários indica que aqueles a quem se dirigia esta carta
compreendiam o principio do batismo pelos mortos.
Aqui é mostrada a necessidade da obra vicária — os vi-
vos administrando em favor dos mortos ; os filhos fazendo por
seus progenitores o que está além do poder destes últimos fazer
por si mesmos . Muitas e variadas são as interpretações que a
falível sabedoria humana oferece sobre esta simples pergunta
de Paulo ; entretanto, o estudante sincero compreende o signifi-
cado sem muita dificuldade . Nas últimas palavras do Antigo
Testamento o profeta Malaquias predisse a grande obra que se
levaria a cabo a favor dos mortos nos últimos dias : " Eis que vos
envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do
Senhor . E converterá o coração dos pais aos filhos e o coração
dos filhos ao pais, para que eu não venha e fira a terra com mal-
dição ."' Entre muitos estudantes bíblicos, comumente se crê
que esta profecia se refere ao nascimento e ministério de João
Batista' sobre quem, efetivamente, descansou e permaneceu o
espírito e poder de Elias, como o anjo havia anunciado, 9 porém
nenhuma prova temos que Elias o Profeta tenha ministrado a
João ; e, além disso, os resultados da missão deste não permitem
a conclusão de que nele se cumpriu cabalmente a profecia.
Temos que procurar, portanto, mais tarde, na história do
mundo, o cumprimento da profecia de Malaquias . A 21 de se-
tembro de 1823, Joseph Smith 10 recebeu a visita de um ser res-
suscitado que disse ser Morôni, um ser enviado da presença de
Deus . Durante suas instruções ao jovem, Morôni mencionou a
profecia de Malaquias, à qual já nos referimos, porém em pala-
vras algo diferentes e certamente mais expressivas do que as
que aparecem na Bíblia . A versão do anjo é a seguinte : "Porque
eis que vem o dia que arderá como fornalha ; todos os soberbos
6, I .Cor . 15 :29, veja " -Lhe House or the Lord", cap . 4 . 7, Mal . 4 :5,6 : P . de G . V . p . 64.
8, Veja Mat . 11 :14 ; 17 :11 : Mar . 9 :11 ; Luc i 1 :17 . 9, Veja Lucas 1 :17 : também "Jesus thc
('hrist " , pág . 375 . 10, Veja as páginas 21 e 22 desta obra .

BATISMO 143

e todos os que obram impiedade serão queimados como o res-


tolho, os que vierem os abrasarão, disse o Senhor dos Exércitos,
de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo *** Eis que eu
vos revelarei o Sacerdócio pela mão do Profeta Elias antes da
vinda do grande e terrível dia do Senhor *** E Ele plantará no
coração dos filhos as promessas feitas aos pais e os corações dos
filhos voltarão aos pais ; se assim não for, toda a terra será total-
mente destruída na sua vinda .""
Numa manifestação gloriosa concedida a Joseph Smith e a
Oliver Cowdery no templo de Kirtland, no dia 3 de abril de
1836, apareceu-lhes Elias o Profeta, o mesmo que havia sido
transladado da terra sem experimentar a morte, que lhes décla-
rou: "Eis que, chegado é o tempo exato do qual falou Mala-
quias — testificando que ele (Elias, o profeta) seria enviado an-
tes que o grande e terrível dia do Senhor viesse — para conver-
ter os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, para que
a terra toda não fosse ferida com uma maldição . Portanto, as
chaves desta dispensação são postas em vossas mãos ; e por isto
podereis saber que o grande e terrível dia do Senhor está perto,
sim às portas ." 12
Os Pais e os Filhos são mutuamente Dependentes — Um dos
grandes princípios fundamentais da doutrina de salvação para
os mortos é o da dependência mútua dos pais e dos filhos, de
antepassados e posteridade . Como o profeta Joseph Smith ensi-
nou aos santos," se não fosse pelo estabelecimento de um elo
de comunicação entre pais mortos e filhos que vivem, a terra se-
ria ferida com uma maldição . O plano divino dispõe que nem os
filhos nem os pais podem aperfeiçoar-se sozinhos ; e a união ne-
cessária é feita por meio do batismo e de outras ordenanças co-
nexas que os vivos administram em favor dos mortos . Fica es-
clarecida nestas Escrituras a maneira como os corações dos fi-
lhos e dos pais se voltam uns aos outros . A medida que os filhos
forem aprendendo que sem seus progenitores não podem alcan-
çar a perfeição, abrir-se-ão seus corações, fortalecendo sua fé,
e procurarão as boas obras para a redenção de seus mortos e es-

11, Compare os versículos 1, 5 e 6 de Malaquias, cap . 4, com P . de G . V . pags . 64 e 65 . 12.


D . & C . 110 :13-16 . 13 . Veja D. & C . 128 ;18 : veja também toda esta seção e a seção 127 .

144 REGRAS DE FÉ

tes por sua vez, tendo aprendido dos ministros do Evangelho


operam entre eles, sabendo que dependem de seus filhos como
salvadores vicários, procuram suster a seus representantes mor-
tais com fé e orações para aperfeiçoamento dessas obras de
amor .
Desta maneira o amor, que é em si mesmo um poder, se in-
tensifica . A parte as emoções que na alma suscita a presença do
divino, poucas são as aspirações mais fortes e mais puras que o
amor para com os parentes . O céu não poderia ser tudo o que
desejamos se não se conhecesse lá o amor da família . 14
No céu a afeição se distinguirá da terrena, porque será
mais profunda, mais forte e mais pura . De modo que na miseri-
coí•dia de Deus seus filhos mortais errantes que tomaram sobre
si o nome de Cristo na terra podem, cada qual, chegar a ser,
dentro de uma esfera limitada, um salvador na casa de seus pais
mediante a obra e sacrifício vicários, efetuados em humil-
dade e como estão representados na ordenança batismal, típica
da morte, sepultamento e ressurreição do Redentor.
A Obra pelos Mortos tem Duplo Propósito — O que se faz na
terra ficaria incompleto se não fosse por um suplemento e tra-
balho análogos além túmulo . Lá se realiza um trabalho missio-
nário por meio do qual se levam as novas do Evangelho aos
espíritos dos mortos, que por esse meio tomam conhecimento
da obra que por eles foi efetuada na terra . No tocante à lei , divi-
na revelada, requer-se que as ordenanças exteriores, como o
batismo na água, a imposição das mãos para conferir o Espírito
Santo-e os convênios mais elevados que se seguem, sejam efe-
tuados na terra, operando vicariamente pelos mortos um re-
presentante apropriado na carne . Os resultados destas obras se
devem deixar ao Senhor . Não se deve supor que, em virtude
destas ordenanças, os espíritos dos defuntos sejam obrigados a
aceitar a obrigação, nem que se vá interferir o mínimo que seja
no exercício de seu livre-arbítrio . Aceitarão ou recusarão, se-
gundo seu estado de humildade ou hostilidade no que se refere
ao Evangelho ; porém a obra já feita por eles na terra estará à

14, Veja o apêndice 7 :4 .



BATISMO 145

sua disposição quando o ensinamento são e a penitência real


lhes tiverem mostrado sua verdadeira posição ."
TEMPLOS
Templos ou Outros Lugares Sagrados são necessários para a
administração das ordenanças que se referem à salvação dos
mortos e a certas ordenanças para os vivos . Ë natural e com-
preensível . Em todas as idades do mundo o povo do convênio
tem construído templos . Pouco depois de Israel emancipar-se
da escravidão egípcia, o Senhor mandou que o povo construísse
. um santuário em Seu nome, cujo plano Ele especificou minu -
ciosamente . Apesar de não ter sido mais que uma tenda,foi ela-
boradamente terminado e mobiliado, empregando-se as melho-
res posses do povo em sua construção . 16 O Senhor aceitou esta
oferta manifestando nela Sua glória e ali se revelando ." Depois
que o povo se havia estabelecido na terra prometida, deu-S'e à
Tenda da congregação um local mais permanente, 18 mas ainda
assim continuaram a honrá-la pelo seu propósito sagrado, até
que o Templo de Salomão a substituiu como santuário do Se-
nhor. 19
Este templo, um dos edifícios mais imponentes que o ho-
mem jamais construiu para serviços sagrados, foi dedicado com
cerimônias solenes . Entretanto, seu esplendor foi de curta dura-
ção, porque em menos de quarenta anos depois da época de seu
término sua glória decaiu e foi finalmente destruído pelo fogo.
Depois que retornaram de seu cativeiro, foi efetuada uma res-
tauração parcial do templo e mediante a influência amistosa de
Ciro e Dario foi dedicado o templo de Zorobabel . No espírito
que obrou em seus oficiais, entre eles Zacarias, Ageu e Mala-
quias, claramente se vê que o Senhor aceitou este esforço por
parte de seu povo, de consagrar um santuário ao Seu nome.
Esse templo durou quase cinco séculos ; e alguns anos antes do
nascimento do Salvador a reconstrução do edifício foi iniciada
pôr Herodes, o Grande, e o templo de Herodes começou a figu-

15, Veja "The Hoiuse of the Lord " , cap . 3 . 16, Veja Êxodo. cap . 25 ; 35 :22 ; veja "The
House of the Lord " cap . 2 . Apêndice 7 :5 . 17, Veja Êxodo 40 :34-38 . 18, Josué 18 :1 . 19,
Veja 1 Reis caps . 6-8.

146 REGRAS DE FÉ

cal- na História . 20 Ao tempo da crucificação partiu-se o véu des-


se templo 21 e no ano 70 da era cristã, como se havia predito,
Tito consumou a destruição do edifício.
Os Templos nos Últimos Dias — Desde esse tempo até a pre-
sente dispensação não se edificou outro templo sobre o conti-
nente oriental . É verdade que se têm construído suntuosos
edifícios para adoração, porém, uma estrutura colossal não é
necessariamente um templo . Um templo é mais que uma casa
de oração, um lugar de reunião, um tabernáculo ou sinagoga . É
um lugar especialmente preparado, mediante sua dedicação ao
Senhor, e assinalado por Sua aceitação para solenizar as orde-
nanças pertencentes ao Santo Sacerdócio . Os Santos dos Últi-
mos Dias, seguindo as características do povo do convênio, 22
têm sido desde o princípio uma organização que se dedicou à
construção de templos . Alguns meses depois do estabelecimen-
to da Igreja na dispensação atual o Senhor Se referiu a um tem-
plo que haveria de ser construído . 23 Em julho de 1831, o Senhor
designou um local em Independente, Estado de Missouri,
como o lugar de um futuro templo, 24 porém ainda não foi con-
sumada a sua construção, nem a do templo em Far West, do
qual foram deitadas as pedras angulares em 4 de julho de 1838 e
repostas em 26 de abril de 1839.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias cons-
truiu templos, cada um deles um edifício majestoso e dispendio-
so em Kirtland, Estado de Ohio ; Nauvoo, Estado de Illinois;
Saint George, Logan, Manti e Salt Lake City no Estado de Utah;
de Arizona, Idaho Falls no Estado de Idaho, Los Angeles no Es-
tado da Califórnia, Berna na Suíça e Londres na Inglaterra . Os
templos de Kirtland e Nauvoo ficaram abandonados quando os
membros da Igreja, que os haviam construído à custa de sacrifí-
cios incalculáveis, foram levados para o oeste por força de per-
seguição . Atualmente o edifício de Kirtland é usado como casa
de oração comum, por uma pequena seita que não manifesta
atividade alguma nas )rdenanças sagradas para as quais sao ne-

20, Veja Esdras Caps . 1, 3 e 6 . 21, Veja Mat . 27 :50, 51 . 22, Veja D . & C . 124 :39 ; veja
"The House of the Lord " , cap . 1 . 23, Veja D . & C . 36 :8 . 24, Veja D . & C . 57 :3 .

REFERÊNCIAS 147

cessários os templos . O templo de Nauvoo foi destruído por um


incêndio propositalmente provocado . A grandeza e a majestade
das ordenanças sagradas efetuadas nos templos da dispe .nsação
atual para a salvação tanto dos vivos como dos mortos assegu-
raram a misericordiosa aceitação do Senhor ." S

REFERÊNCIAS

Batismo por imersão

Jesus, quando foi batizado, saiu logo da água — Mat . 3 :16.


Pessoas de toda parte da Judéia e de Jerusalém iam ter com João ; e eram batizadas por ele
no rio Jordão . . . E logo saiu da água — Mar . 1 :5, 9, 10.

João batizava em . Enon, junto a Salim, porquanto havia ali muitas águas — João 3 :23.

Filipe e o eunuco desceram ambos à água, e o batizou, e saíram da .água — Atos 8 :38-39.
Levanta-te, batiza-te e lava os teus pecados — Atos 22:16 ; D . & C . 39 :10.
Mas haveis sido lavados — 1 Cor. 6 :11.

Adão foi submergido na água e foi tirado da água — Moisés 6 :64, 65.
Relato dos batismos nas águas de Mórmon ; Alma, Helamã e outros mergulharam na água
— Mosiah 18 :8-16.

Muitos foram batizados nas águas de Sidon — Alma 4:4.


As instruções do Senhor ressuscitado aos nefitas : Descereis à água, então os mergulhareis
na água e depois saireis dela — 3 Néfi 11 :22-26 . Instruções semelhantes foram dadas na dis-
pensação atual — D . & C . 20 :72-74.

Néfi desceu e entrou na água, foi batizado e saiu da água — 3 Néfi 19 :11-13.

O simbolismo de nascimento e sepultamento, aos quais o batismo é comparado . é melhor re-


presentado pela imersão . Jesus ensinou : Aquele que não nascer de novo não pode ver o rei-
no de Deus —Joào 3 :3, 5 . Sepultados com Ele pelo batismo na morte — Rom . 6 :4 ; Col . 2: 12.
Os que receberem a glória celeste deverão ter sido sepultados na água em nome de Cristo —
D . & C . 76 :51 . E serão nascidos de Mim, pela água e pelo espírito — D . & C . 5 :16.

25, Veja "The House of the Lord " para um estudo mais extehso . _ .' :A Study of Holy
Sanctuaries, Ancicnt and modero", 336, págs . com ilustrações .

148 REGRAS DE FÉ

Batismo pelos mortos

Que farão os que batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Pois
por que se batizam pelos morots? — 1 Cor . 15 :29.

O profeta Elias deveria vir nos últimos dias para converter o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais — Mal . 4 :5 ; 3 Néfi 25 :5, 6 ; P . de G . V . pp . 64-65 ; D . & C . sec.
2 . A missão do profeta Elias envolveu serviço vicário dos vivos para os mortos — D . & C.
- 27 :9.

Elias veio e entregou sua comissão — D . & C . 110 :13-16

Batismo pelos mortos é uma ordenança da casa do Senhor ; portanto, precisa-se de templos
— D . & C . 124 :28-31, 36, 39 . Esta ordenança foi instituída antes da fundação do mundo — D.
& C . 124 :33.

Batismos pelos mortos devem ser registrados — D . & C . 127:6 ; 128 :1-7.

Escrituras a respeito do batismo pelos mortos — D . & C . 128 :15-18.

Cristo pregou aos mortos entre Sua morte e ressurreição : Foi e pregou aos espíritos em pri-
são — 1 Ped . 3 :18-20 ; 4 :6 . Foi preordenado — Is . 24 :22.

Sendo o batismo essencial à salvação dos homens, e sendo uma ordenança pertencente à
vida em mortalidade, deve ser administrado vicariamente para os mortos .

Capítulo 8

O ESPÍRITO SANTO

Regra 4 —Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do


evangelho são: *** quarto, imposição das mãos para o
dom do Espírito Santo.

A Promessa do Espírito Santo — João Batista, ao proclamar


no deserto o arrependimento e o batismo da água, profetizou
um batismo maior, que qualificou como batismo de fogo e do -
Espírito Santo . Deveria vir depois do batismo que ele adminis-
trava' e haveria de dá-lo aquele Mais Poderoso, cujas alparcas
João Batista não se considerava digno de desatar . O solene tes-
temunho de João demonstra que o possuidor desta autoridade
superior era Cristo : "Eis o Cordeiro de Deus . . . Ele é aquele
do qual eu disse : Após mim vem um varão que foi antes de
mim . . . E eu não o conhecia ; mas O que me mandou a batizar
com água, Esse me disse : Aquele sobre quem vires descer o
Espírito e sobre Ele repousar, Esse é o que batiza com o Espíri-
to Santo ." 2
Quando o Senhor declarou a Nicodemos' a necessidade do
batismo, não Se referiu ao nascimento de água somente, já que
este seria incompleto sem a influência vivificante do Espírito .
"Nascer da água e do Espírito" é o requisito necessário que
deve cumprir aquele que quer conseguir entrar no reino de
Deus . Muitas passagens das Escrituras, citadas para comprovar
o propósito e a necessidade do batismo, mostram que o batismo
do Espírito Santo e a ordenança prescrita de imersão na água
estão estreitamente ligados.

I , Veja Mat . 3 :2, 3, I I ; Marcos 1 :8 ; Luc . 3:16 . 2, João 1 :29-33 3, Vejti João 3 :3-5 .

150 REGRAS DE FÉ

Nas instruções de Cristo aos apóstolos se encerram repeti-


das promessas concernentes à vinda do Consolador e do Espíri-
to de Verdade,° nomes expressivos com que se designa o Espíri-
to Santo . Em sua última conversação com os apóstolos, à con-
clusão da qual ascendeu aos céus, o Senhor repetiu estas pro-
messas de um batismo espiritual que haveria de se verificar em
breve .' Cumpriu-se esta grande profecia no dia de Pentecostes,
quando os apóstolos, achando-se reunidos, foram investidos
com grande poder do alto,6 enchendo-os de tal modo com o
Espírito Santo que falaram outras línguas, segundo o Espírito
concedia que falassem . Entre outras manifestações desta inves-
tidura espiritual pode-se mencionar o aparecimento de chamas
de fogo como línguas, que pousaram sobre cada um deles . Os
apóstolos reiteraram essa promessa, tão milagrosamente cum-
prida neles, aos que buscavam suas instruções . Dirigindo-se
nesse mesmo dia aos judeus, Pedro lhes declarou, com a condi-
ção de que manifestassem um arrependimento aceitável e se
batizassem : "Recebereis o dom do Espírito Santo ."'
Não é menos conclusiva a evidência do Livro de Mórmon
no que se refere à visita do Espírito Santo àqueles que obede-
cem aos requisitos do batismo de água . Néfi, o filho de Léhi,
deu testemunho solene desta verdade s que lhe revelou a voz de
Deus . E as palavras do Salvador ressuscitado aos nefitas, ex-
pressadas com clareza indisputável e com autoridade indiscutí-
vel, proclamam o batismo de fogo e do Espírito Santo para to-
dos aqueles que obedecem aos requisitos preliminares . 9
Há uma mesma grande promessa para os santos da dispen-
sação da plenitude dos tempos . "Digo outra vez a vós — decla-
rou o Senhor a certos élderes da Igreja — que toda a alma que
crer em vossas palavras, e para a remissão dos pecados for bati-
zada pela água, receberá o Espírito Santo" . 10
A Pessoa e os Poderes do Espírito Santo — O Espírito Santo
está associado com o Pai e com o Filho, na Trindade . Sabemos,

4, Veja .1o56 14 :16 . 17, 26 : 15 :26 : 16 :7,13, 5, Veja Atos 1 :5 . 6, Veja Alos 2 :1-4 . 7, Veja
Atos 2 :18 . 8 . Veja 2 Néfi 11 :8, 12-14, 17, 9, Veja 3 Néfi 11 :15 : 12 :2 . 111, 1) . & C . 84 :64 .

O ESPIRITO SANTO 151

por revelação que o Espírito Santo é uma pessoa distinta . É um


Ser dotado de atributos e poderes de Deus e não uma simples
força ou essência . O termo Espírito Santo e seus sinônimos co-
muns, Espírito de Deus," Espírito do Senhor, ou simplesmente
Espírito, 12 Consolador" e Espírito de Verdade,'^ aparecem nas
Escrituras com significados claramente distintos, referindo-se
em alguns casos à pessoa de Deus, o Espírito Santo e em outros
ao poder ou autoridade desse grande Personagem, ou aos meios
pelos quais Ele age . O contexto de tais passagens indica a qual
destes significados corresponde.
O Espírito Santo, sem dúvida, possui poderes e afeições
pessoais e esses atributos existem nele num grau perfeito . De
maneira que Ele instrui e guia," testifica do Pai e do Filho, 16 re-
prova o pecado," fala, manda e comissiona, 18 intercede pelos
pecadores, 19 aflige-se, 20 procura e investiga, 2 ' persuade 22 e sabe
todas as coisas . 23 Estas não são expressões figurativas mas sim
declarações claras dos atributos e características do Espírito
Santo . Que o Espírito do Senhor é capaz de se manifestar na
forma e na figura do homem é indicado pela maravilhosa entre-
vista entre o Espírito e Néfi, na qual Ele se revelou ao profeta,
interrogou-o quanto a seus desejos e crenças e instruiu-o com
relação às coisas de Deus, conversando frente a frente com ele.
"Pois que lhe falei — disse Néfi — como se falasse a outro ho-
mem, pois que O via sob a forma de um homem ; sabia, não obs-
tante, que era o Espírito do Senhor e Ele me falou como um ho-
mem que fala a outro homem" . 24 Não obstante, o Espírito Santo
não possui um corpo de carne e ossos como o Pai e o Filho, mas
é um personagem de Espírito . 25
Muita confusão que existe nos conceitos humanos concer-
nente à natureza do Espírito Santo se deve ao erro comum de
se não distinguir sua pessoa de seus poderes . As expressões

11 . Veja Mat . 3 :16 : I2 :2It : 1 Néli 13 :12 . 12, Veja 1 \éli 4'.6 : 11 :8 ; Mosiah 13 :5 : Atos 2 :4:
8 :29 : 19 :19 : Rum . 1+ :11)22 6 : 1 Tes . 3 :19 . 13, Veja João 14 :16, 26 : 15 :26 . 14, Veja João
15,26 : 16 :13 . 15, Vela João 1426 : 16 :13 : veja o apéndice 8 .1 . 16, Veja João 15 :26 . 17,
Veja iodo 16 :lt . 18 . Veja Atos 10:19 : 13 :2 : Apite . 2 :7 : 1 Né('i 4 :6 : 11 :2-12 . 19, Veja Rom.
`(26 . 211, Veja EI. 4 :3)) . 21,Veja 1 Cor . 2 :4-II) . 22, Veja Mosiah 3 :19 . 23, Veja Alma
- :13 . 24, 1 Néli 11 .11 . 25, D . & C . 130 :22 .

152 REGRAS DE FÉ

"estar cheio do Espírito Santo" 26 e descer o Espírito Santo",


sobre esta pessoa ou aquela, evidentemente se referem aos po-
deres e influências que emanam de Deus, as quais O distin-
guem ; porque assim o Espírito Santo pode agir simultaneamen-
te em várias pessoas, mesmo que estas se encontrem em lugares
muito distintos ; enquanto que a pessoa real e efetiva do Espírito
Santo não pode estar em mais de um lugar cada vez . Entretan-
to, lemos que em Seu trabalho criador, e em Suas relações em
geral com a família humana, o Pai e o Filho agem por meio do
poder do Espírito Santo .' Poder-se-ia dizer que o Espírito Santo
é o ministro da Trindade e que dá cumprimento às decisões do
Supremo Conselho.
Na execução desses grandes propósitos, o Espírito Santo
dirige e governa as forças variadas da natureza, das quais real-
mente poucas — e estas talvez de ordem menor, por maravilho-
sa que ao homem pareça a menor delas - os seres mortais até
hoje investigaram . A gravitação, o som, o calor, a luz e a força
ainda mais misteriosa e aparentemente sobrenatural da eletrici-
dade não são mais do que servos comuns do Espírito Santo em
suas funções . Nenhum pensador _sério e nenhum investigador
sincero supõe que já tenha conhecido todas as forças que exis-
tem na matéria e que atuam sobre ela ; em verdade, os fenôme-
nos observados na natureza, que para ele todavia são completa-
mente inexplicáveis, excedem grandemente aos poucos que se
pôde explicar mesmo parcialmente . Existem poderes e forças
sob o comando de Deus que ao serem comparados com a eletri-
cidade classificam-na como um animal de carga ao lado de uma
locomotiva, um mensageiro pedestre ao lado do telégrafo ou
uma jangada de troncos ao lado do vapor moderno . Com todo o
seu conhecimento científico, o homem muito pouco sabe da en-
genharia da criação ; e, não obstante, as poucas forças que lhe
são conhecidas têm efetuado milagres e maravilhas que, se não
fosse pelo fato de que efetivamente se realizam, seriam inacre-
ditáveis . Estas poderosas forças e aquelas mais poderosas que o

26, Veja Lucas 1 :15 . 67 :4 :1 ; Aios 6:3 : 13 :9 ; . Alma 36 :24 : D . & C . 1(17 :56 . 1 . Veja
Gin . 1 :2 : Nce . 9 :20 ; Jó 26 :13 ; Sal . 104:30 : (saias 42 :1 : Atos 10:19 : Alma 12 :3 : D . & C . 97 :1:
105 :16 :veja Apêndice 6 :3 .

Roberto E oncalves Gameiro

O ESPIRITO SANTO 153

homem ainda não conhece, e muitas, talvez, que a mente em


seu estado atual não pode conceber, não constituem o Espírito
Santo, mas são os agentes que foram ordenados para servir Seus
propósitos.
Mais sutis que toda e qualquer força física da natureza,
mais poderosas e mais misteriosas são aquelas que atuam sobre
os organismos conscientes, e das quais se valem as forças espiri-
tuais para vigorar a mente, o coração e a alma do homem . Igno-
rando a verdadeira natureza da eletricidade, podemos dizer que
é um fluido ; e assim, por analogia, têm-se chamado fluidos espi-
rituais as forças mediante as quais se governa a mente . A natu-
reza verdadeira destas manifestações de energia nos é desco-
nhecida porque faltam os elementos de analogia e comparação,
tão necessários ao nosso raciocínio humano ; entretanto, todos
sentem seus efeitos . Assim como o meio condutor de um circui-
to elétrico não pode levar mais que uma corrente limitada, se-
gundo a capacidade máxima de resistência que ofereça o con-
dutor, e assim como diferentes circuitos de diversos graus de
condutibilidade podem conduzir corrrentes de intensidade mui-
to variada, de igual maneira varia a capacidade das almas a res-
peito dos poderes mais elevados . Mas, à medida que se purifica
o meio e que se . afastam os obstáculos, a resistência à ener-
gia diminui e as forças se manifestam com maior intensidade.
Por procedimentos análogos de purificação,nossos espíritos se
podem fazer mais suscetíveis, no que diz respeito às forças da vi-
da, as quais são emanações do Espírito Santo . Por conseguinte
se nos recomenda suplicar, com palavras e atos, que se nos con-
ceda uma porção cada dia maior do Espírito isto é, do poder do
Espírito, que é uma medida deste dom de Deus para conosco.
O Ofício do Espírito Santo — No que se refere ao Seu ministé-
rio entre os homens fica explicado nas Escrituras . É um Mestre
enviado pelo Pai, 2 e revelará, àqueles que são dignos de ensina-
mentos, todas as coisas necessárias para o progresso da alma.
Por meio das influências do Espírito Santo, pode-se vivificar e

2 . Joào 14 :26 .

154 ,REGRAS DE FÉ

aumentar os poderes do entendimento humano, para que ve-


nham à memória coisas passadas . A todos aqueles que Lhe obede-
cerem, servirá de guia em todas as coisas divinas,' dando luz a
cada homem,' na medida de sua humildade e obediência ;' des-
cobrindo os mistérios de Deus, 6 a fim de que o conhecimento
assim revelado possa efetuar um maior crescimento espiritual;
transmitindo conhecimento de Deus ao homem ;' santificando
aqueles que foram limpos por obedecerem aos requisitos do
Evangelho ; 8 manifestando todas as coisas ; 9 e dando testemunho
aos homens da existência e infalibilidade do Pai e do Filho .'°
O Espírito Santo não só faz recordar o passado e explica as
coisas presentes, mas também é manifesto em profecias com re-
lação ao futuro . "Ele vos fará saber todas as coisas que hão de
vir ;" declarou o Salvador a seus apóstolos quando prometeu o
advento do Consolador . Adão, o primeiro profeta do mundo,
sob a influência do Espírito Santo, "predisse tudo o que haveria
de acontecer a sua posteridade até a última geração ."" De ma-
neira que o poder do Espírito Santo é o espírito de profecia e
revelação ; Sua tarefa é iluminar a mente, vivificar o entendi-
mento e santificar a alma.
A Quem é Concedido o Espírito Santo? — Não a todos indis-
tintamente . Jesus Cristo declarou aos apóstolos da antigüidade:
"E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que
fique convosco para sempre ; o Espírito de Verdade que o mun-
do não pode receber, porque não O vê nem O conhece ." 12 É
claro, pois, que se requer certa condição do candidato antes
que se lhe possa conferir o Espírito Santo, isto é, antes que a
pessoa tenha o direito de receber a companhia e o ministério do
Espírito Santo . Deus concede o dom do Espírito Santo aos obe-
dientes ; e só confere este dom depois da fé, do arrependimento
e do batismo na água.
Os apóstolos da antigüidade prometiam o ministério do
Espírito Santo somente àqueles que tinham recebido o batismo
da água para remissão dos pecados . 13 João Batista afirmou que o
3, D . & C . 45 :57 . 4, [). & C . 84:45-47 . 5, Veja D . & C .136 33 . 6, Veja 1 Néfi 1019.
7, Veja D . & C .121 : 43 . 8, Veja Alma 13 :12 . 9, Veja D . & C . 1818 . 111, Veja João 1526:
Atos 532 : 2023 : 1 Cor . 2 :11 ; 12 :9 : 3 Néfi 11 :32 . 11, Veja D . & C . 10756 . 12, João
14 :16, 17 . 13, Veja Aios 2 :38 .

O ESPIRITO SANTO 155

Espírito Santo visitaria aqueles que se batizassem para arrepen-


dimento .'° Já se falou da ocasião em que Paulo rebatizou os
doze conversos em Éfeso por motivo da provável falta de con-
formidade ou autoridade em seu primeiro batismo," antes de
lhes conferir o Espírito Santo . Lemos de uma notável manifesta-
ção de poder entre os de Samaria, 1ó a quem Filipe foi e pregou o
Senhor Jesus . Aceitaram unânimes seu testemunho e pediram o
batismo . Então vieram a eles Pedro e João, por meio de quem
desceu o Espírito Santo sobre os recém-convertidos, já que ne-
nhum deles havia recebido anteriormente o Espírito, apesar de
todos terem sido batizados.
O Espírito Santo não habita em tabernáculos inadequados
ou indignos . Paulo faz a sublime declaração de que o homem
pode chegar a ser o templo de Deus, morando o Espírito de
Deus dentro dele ; e o apóstolo estipula o castigo prescrito para
aquele que desonra uma estrutura que esta presença divina san-
tificou ." A fé em Deus conduz ao arrependimento do pecado,
a que segue o batismo de água para a remissão de pecados, de-
pois do qual se confere o Espírito Santo e o direito de gozar da
associação pessoal e ministério inspirador do Espírito Santo,
por meio de cujo poder vêm a satisfação e os dons específicos
de Deus.

Uma Exceção a esta Seqüência pode ser notada no caso de


Cornélio, o devoto gentio, sobre quem, em companhia de sua
família, desceu o Espírito Santo com tanto poder que todos fa-
laram em novas línguas, glorificando a Deus, o que sucedeu an-
tes de serem batizados . i8 Vê-se porém motivo suficiente para
este desvio da ordem usual no preconceito que manifestam os
judeus para com os de outras nações, o que, não fosse pelas ins-
truções do Senhor a Pedro, haveria impedido que o apóstolo
exercesse seu ministério a favor dos gentios . Mesmo assim, seu
próprio povo censurou o que havia feito ; mas ele respondeu
suas críticas contando-lhes a lição que de Deus havia aprendi-
do, e a prova irrefutável da divina vontade manifestada quando
14, Veja Mat . 3 :11 ; Marcos 1 :8 . 15, Veja Atos 19 :1-7 : veja página 136 . 16, Veja Atos
8 :5-8, 12, 14-17 . 17, Veja 1 Cor. 3 :16 : veja também 6 :19 ; 2 Cor. 6:16 ; D . & C . 93 :35 . 18,
Veja Atos cap . 10 .

156 REGRAS DE FÉ

Cornélio e sua família receberam o Espírito Santo antes de se


batizarem.
Em outro sentido, o Espírito Santo com freqüência tem
agido beneficamente por intermédio de pessoas não batizadas.
Em verdade, todo o gênero humano desfruta em certa medida
de Seu poder, porque, como já se viu, é por meio do Espírito
Santo que há inteligência, direção prudente, desenvolvimento e
vida . As manifestações do poder de Deus, reveladas em obras
do Espírito, se vêem nos triunfos da arte que enobrece, nas des-
cobertas da ciência e nos acontecimentos históricos, coisas em
que, segundo os conceitos humanos, Deus não se interessa dire-
tamente . Nenhuma verdade chegou a ser propriedade do gêne-
ro humano a não ser por esse grande Espírito que existe para
obedecer à vontade do Pai e do Filho . Não obstante, somente à-
quele que aspira à salvação, é fiel, arrepende-se e batiza-se é
dada, por possessão permanente e pessoal, a companhia efetiva
do Espírito Santo, o direito divinamente concedido de receber
Seu ministério, o batismo santificador de fogo ; e com todos es-
tes permanecerá este dom, a não ser que o deixem por causa de
transgressão.
A Comunicação do Espírito Santo, que deve ser considerada
como direito que se confere para receber Suas ministrações, se
efetua pronunciando sobre a cabeça do candidato uma bênção
verbal mediante autoridade expressa do Santo Sacerdócio e
acompanhada da imposição das mãos daquele ou daqueles que
estão oficiando . As escrituras judaicas fazem constar que este
era o método que seguiam os apóstolos antigos ; a história de-
monstra que assim o praticaram os primeiros cristãos ; o Livro
de Mórmon testifica claramente que era o método admitido en-
tre os nefitas, e na dispensação atual a autoridade para conti-
nuar a mesma prática veio diretamente do céu.
Dos exemplos que se acham anotados no Novo Testamento,
podemos mencionar os seguintes : Pedro e João conferiram o
Espírito Santo aos que Filipe havia convertido em Samaria, efe-
tuando-o pela oração e pela imposição das mãos : 19 de igual ma-

19, Veja Atos 8 :14-17 ; leia o relato de Simão, o mago, no mesmo capítulo .

O ESPÍRITO SANTO 157

neira Paulo exerceu seu ministério a favor dos efésios que havia
feito batizar . "E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o
Espírito Santo ; e falavam línguas e profetizavam" . 20 O mesmo
apóstolo se refere novamente a esta ordenança quando ad-
moesta Timóteo a que não se descuide do dom de Deus que ha-
via recebido dessa forma . 21 Além disso, lemos na epístola aos
Hebreus que os princípios e ordenanças cardiais da Igreja de
Cristo incluem a imposição das mãos após efetuado o batismo . 22
Foi assim que Alma invocou o poder do Espírito Santo
sobre seus colaboradores . 23 "Pôs suas mãos sobre todos os que
estavam consigo . E eis que todos se encheram do Santo Espíri-
to" . O Salvador deu autoridade aos doze discípulos nefitas, 2 ' to-
cando-os um por um, e assim ficaram comissionados para con-
ferir o Espírito Santo.
Na dispensação atual um dos deveres do Sacerdócio é o de
"confirmar aqueles que são batizados na Igreja, pela imposição
das mãos para o batismo de fogo e do Espírito Santo" ." O Se-
nhor prometeu que o Espírito Santo acompanhará estes atos
autorizados de Seus servos . 26 A ordenança da imposição das
mãos para comunicar o Espírito Santo está associada com a de
confirmar na Igreja . O élder que oficia, agindo em nome e pela
autoridade de Jesus Cristo, diz : "Recebe o Espírito Santo" e
"confirmo-te membro de . A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias " . Mesmo estas palavras não são prescritas, mas
seu significado deve ser expresso e a elas podem ser acrescen-
tadas outras palavras de bênção e invocação, conforme o que o
Espírito do Senhor indique ao élder que está oficiando.
A autoridade para assim conferir o Espírito Santo pertence
ao Sacerdócio Maior ou de Melquisedeque,' enquanto um sa-
cerdote que está oficiando nas ordenanças do Sacerdócio Me-
nor, ou Aarônico, pode administrar o batismo de água . 2 Esta or-
dem de autoridade, que foi dada a conhecer por meio de revela-
ção, explica porque, apesar de Filipe ter tido autoridade para
ministrar a ordenança do batismo aos samaritanos convertidos,

211, Atos 19 :2-6 . 21 . Veja 2 Tim . 1 :6 . 22, Veja Heb . 6 :1 .2 : veja o apêndice 8 :2 . 23, Veja
25 . D . & C . 20 :41,43 : veja o apéndice 8 :4 . 26, Veja
Alma 31 :36 . 24 . 3 Néfi 18 :36 . 37 .
D . & C . 35 :6 .23 ; 49:11-14 . 1, Veja D . & C . 20 :38-43 . 2, Veja D . & C . 20:46 : 50 .

158 REGRAS DE FÉ

foi necessário trazer outros que tivessem o Sacerdócio Maior


para conferir o Espírito Santo .'.
Dons do Espírito — Como já foi mencionado o ofício espe-
cial do Espírito Santo é iluminar e enobrecer a mente, purificar
e santificar a alma, persuadir a boas obras e revelar as coisas de
Deus . Porém, além destas bênçãos gerais, foram prometidas
certas graças específicas que se relacionam com os dons do
Espírito Santo . O Salvador disse : "E estes sinais seguirão aos
que crerem : Em Meu nome expulsarão os demônios ; falarão
novas línguas ; pegarão nas serpentes ; e, se beberem alguma
coisa mortífera, não lhes fará dano algum ; e porão as mãos
sobre os enfermos e os curarão.
Os dons do Espírito são distribuídos, de acordo com a sa-
bedoria de Deus, para a salvação de Seus filhos . Paulo os expli-
ca desta forma : "Acerca dos dons espirituais, não quero, ir-
mãos, que sejais ignorantes . . . Ora, há diversidade de dons,
mas o Espírito é o mesmo . . . Mas a manifestação do Espírito é
dada a cada um, para o que for útil . Porque a um pelo Espírito é
dada a palavra de sabedoria ; e a outro, pelo mesmo Espírito, a
palavra da ciência . E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé ; e a ou-
tro pelo mesmo Espírito, os dons de curar ; e a outro, a opera-
ção de maravilhas e a outro a profecia ; e a outro o dom de discer-
nir os espíritos ; e a outro a variedade de línguas ; e a outro a inter-
pretação das línguas . Mas um só e o mesmo Espírito opera todas
estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer ." 5

REFERÊNCIAS

O Espírito Santo, um dos Personagens da Trindade


Batismo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo — Mat . 28 :19, 3 Néli 11 :25 ; 1) . & C.
20 :73 ; 68 :8.
Há três que dão testemunho nos céus : o Pai, o Verbo e o Espirito Santo — 1 João 5 :7.

3, Veja Atos 8 :5-17 . 4, Marcos 16 :17, 18 : 1) . & C . 84 : 65-73 . 5, 1 Cor . I2:1-11;


veja também Morimi 1(1 :8-19 .

REFERENCIAS 159

Não há perdão para blasfémia contra o Espirito Santo — Mat . 12 :31, 32 ; D . & C . 132 :27.
A voz do Filho declarando que o Pai dará o Espírito Santo — 2 Néfi 31 :12 . 13.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo, um Deus — D . & C . 20 :28.


O Espírito Santo é um personagem de espírito — D . & C . 130 :22.

O Espirito Santo foi prometido e dado aos Apóstolos


Não sois vós que falais, mas o Espírito Santo — Mar . 13:11 ; Mat . 10 :19, 20 ; Luc . 21 :14, 15.
Ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar — Luc . 12 :11, 12.
O Senhor ressuscitado disse aos onze apóstolos : Recebei o Espírito Santo — João 20 :22.
A promessa do Senhor de um Confortador — João 14 :16, 17, 26 ; 15 :26 ; 16:7-14 ; Atos 1 :5, 8.
Pedro e outros, cheios do Espírito Santo, falavam com ousadia — Atos 4 :31.
Os apóstolos receberam o Espírito Santo no dia de Pentecostes — Atos 2 :1-4.
Estando cheios do Espírito Santo falavam com ousadia — Atos 4 :31 ; 5 :22, 32 ; 7 :51.

Ministério do Espirito Santo depois do Batismo da água.


Desceu em forma corpórea no batismo de Jesus — Luc . 3 :22 ; Mat . 3 :16 ; Mar. 1 :9-11 ; João
1 :32, 33 ; 1 Néfi 11 :27.
Eu vos batizei com água, mas Ele batizará com o Espírito Santo — Mar . 1 :8 ; Atos 1 :5 ; 11 :16;
19 :5, 6.
Depois do arrependimento e batismo, recebereis o dom do Espírito Santo — Atos 2 :38 ..
Quase doze foram batizados em Èfeso e, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o
Espírito Santo — Atos 19 :1-7.
O Pai daria o Espírito Santo aos que fossem batizados — 2 Néfi 31 :12, 13 ; 3 Néfi 11 :33-36.
Quem se arrepender e for batizado de acordo com o mandamento receberá o dom do Espi-
rito Santo — D . & C . 49 :12-14 ; 33 :15.
Remissão dos pecados pelo batismo e por fogo, sim pelo Espírito Santo — D . & C . 19:31.
A Noé foi prometido o Espírito Santo depois da fé, arrependimento e batismo — Moisés
8 :24 .

160 REFERENCIAS

O Espirito Santo é invocado pela imposição das mãos


Pedro e Tiago impuseram as mãos nos conversos samaritanos, e estes receberam o Espírito
Santo — Atos 8:14-17 . Nota-se que apesar de Filipe ter autoridade de pregar e batizar, al-
guém com autoridade mais alta foi procurado para conferir o Espírito Santo . Aqui apare-
ce a distinção entre o Sacerdócio menor ou Aarónico e o maior ou de Melquisedeque.

Da doutrina do batismo e imposição das mãos — Heb . 6 :2.


Cristo, ressuscitado, tocou os discípulos nefitas e os autorizou a conferir o Espírito Santo —
3 Néfi 18 :36, 37 . Àqueles sobre quem impuserdes vossas mãos dareis o Espírito Santo —
Morõni cap . 2.
Ele imporá suas mãos sobre ti, e receberás o Espírito Santo — D . & C . 25:8.
O dom do Espírito Santo é dado aos batizados pela imposição das mãos dos élderes — D.
& C . 49 :14.
Promessa do dom do Espírito Santo subseqüente à confirmação, pela imposição das mãos
— D . & C . 33:15 .

Alguns atributos e operações do Espírito Santo


O Espírito Santo vos ensinará — Luc . 12 :12.

O Confortador, que é o Espírito Santo, vos ensinará — João 14 :26 ; 16 :7-15.


Cristo, pelo Espírito Santo, deu mandamentos aos apóstolos — Atos 1 :2.
Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós — Atos 1 :8.
O Espírito Santo é uma testemunha de Cristo — Atos 5 :32 ; Heb . 10 :15 ; 1 Néfi 12 :18 3 Néfi
28 :11.
Dirige o trabalho do ministério — Atos 13 :2-4 ; 16 :6.
Os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo — Atos 13 :52.
Assim diz o Espírito Santo — Atos 21 :11.
O Espírito Santo falou pelo profeta lsaías — Atos 28 :25.
Sendo Santificado pelo Espírito Santo — Rom . 15 :16.
Palavras que o Espírito Santo ensina — 1 Cor . 2 :13.
Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão pelo Espírito Santo — 1 Cor . 12 :3.
Na ciència, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo — 2 Cor . 6 :6.
Testificando Deus com distribuição do'Espírito Santo — Heb . 2 :4.
Os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo — 2 Ped . 1 :21 . Os élderes
falam agora como inspirados pelo Espírito Santo — D . & C . 68 :3 .

REFERENCIAS 161

Para ministrar aos gentios — 3 Néfi 20:27.

É o Espírito da revelação — D . & C . 8 :2,3.

Ensina as coisas pacificas do Reino — D . & C . 39 :6.

Profetas falaram como foram inspirados pelo Espírito Santo — D . & C . 20 :26.

Testifica do Pai e do Filho — D . & C . 20:27 : Moisés 1 :24 : 5 :9.

Oficiais devem ser ordenados pelo poder do Espírito Santo — D . & C . 20 :60 .,

-Inspira homens 'autorizados a ditarem Escrituras =D . .& C . 68:4.

Conhecimento é dado pelo inexprimível .dom do Espírito_Santo — D.-& C . 121 :26 ;- 124:5.

Testificou a Adão — Moisés 5 :9.

O Senhor invocou os homens pelo poder do Espírito Santo no tempo de Adão — Moisés
5 :14.

O Espírito Santo manifestou Seu poder após o batismo de Joseph Smith e Oliver Cowdery
— P . de G . V pp . 72-74.

162

Capitulo 9

O SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR

(Relaciona-se com a 4a Regra de Fé)

O Sacramento — Durante nosso estudo dos princípios e or-


denanças do Evangelho, conforme se acham especificados na
quarta Regra de Fé, o tema do Sacramento da Ceia do Senhor'
merece muito apropriadamente a nossa atenção, pois se requer
que observem esta ordenança todos os que se fizeram membros
da Igreja de Cristo, cumprindo os requisitos de fé, arrependi-
mento e batismo da água e do Espírito Santo.

A Instituição do Sacramento entre os Judeus — O Sacramen-


to da Ceia do Senhor data da noite em que se celebrou a Pás-
coa,' pouco antes da crucificação do Salvador . Nessa ocasião
solene, Cristo e os apóstolos se achavam reunidos em Jerusa-
lém, celebrando num cenáculo que havia sido preparado por
Sua ordem expressa .' Como judeu, Cristo parece ter sido fiel
aos costumes estabelecidos por Seu povo ; e deve ter sido com
grande emoção que participou daquela comemoração, a última
de Sua espécie, que encerrava o significado do tipo de um futu-
ro sacrifício, bem como uma recordação das bênçãos do Se-
nhor dadas a Israel em tempos passados . Sabendo bem das
terríveis experiências que em seguida O esperavam, Jesus, com
a alma angustiada, conversou com os doze ao redor da mesa
pascal, profetizando a respeito de Sua traição, que logo deveria
efetuar-se por intermédio de um dos que com Ele comiam ali.
Então tomou o pão, o bendisse e o deu aos outros dizendo : "To-
mai e comei : este é o meu corpo" ; 4 "fazei isto em memória de
mim" .' Então tomando a taça, abençoou seu conteúdo e o ad-

1 . Veja o apêndice 9 :1,2 . 2, Veja o apêndice 9 :3 . 3 ; Veja Lucas 22 :8-13 . 4, Mat . 26 :26.
5 . Luc . 22 :19 : veja também Mar . 14:22-25 .

O SACRAMENTO DA CEIA . DO SENHOR 163

ministrou a eles com estas palavras : "Bebei dele todos . Porque


isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é der-
ramado por muitos, para remissão dos pecados, "6 É esclarece-
dor notar que as indicações de Paulo' concernentes ao sacra-
mento e seu propósito são tão parecidas com as narrações dos
evangelistas que são quase idênticas . Nenhum dos outros escri-
tores bíblicos, exceto Paulo, dá o nome de Ceia do Senhor ao
sacramento.
A Instituição do Sacramento entre os nefitas — Por ocasião
de Sua visita aos nefitas, que se verificou depois da ascensão do
Monte das Oliveiras, Cristo instituiu o sacramento entre esse
grupo de Seu redil . Ordenou aos discípulos que havia escolhido
que lhe levassem pão e vinho . Tomando então o pão, partiu-o,
abençoou-o e lhes deu, ordenando que o comessem e depois o
distribuíssem à multidão . Prometeu conceder-lhes a autoridade
para administrar esta ordenança: "E isso observareis sempre,
para fazer como fiz, . . . e isso fareis em memória do Meu cor-
po, o qual vos mostrei . E será um testemunho ao Pai de que vos
lembrais sempre de Mim . E se lembrardes sempre de Mim,
Meu Espírito estará sempre convosco ." 8 Da mesma forma lhes
administrou o vinho, primeiramente aos discípulos, depois ao
povo por seu intermédio . Isto também deveria ser parte da or-
denança permanente entre eles : "E isso fareis em memória do
Meu sangue, que derramei por vós, a fim de que testifiqueis ao
Pai que sempre vos lembrareis de mim ." Então se reitera a pro-
messa tão significativa : "E se lembrardes sempre de Mim, Meu
Espírito estará sempre convosco ." 9
Participantes Dignos As instruções divinas concernen-
tes ao caráter sagrado desta ordenança são explícitas ; e é óbvia
a conseqüente necessidade de exercer um cuidado escrupuloso
para não participar dele indignamente . Escrevendo aos santos
de Corinto, Paulo fez admoestação solene de não participarem
inadvertida ou indignamente do sacramento, e declarou que
aqueles que violam estes sagrados requisitos sofrem o castigo

6 . Mal . 26 :27 .28 : veja "A Grande Apostasia", páginas 105_106 . 7, Veja 1 Cor. 11 :20-2 5 .
8 . 3 Néa' 18 :6-7 . 9, 3 Na 18 :11 : veja "Jesus the Christ", cap . 39 .

164 REGRAS DE FÉ

de enfermidades e até mesmo de morte : "Porque todas as ve-


zes que comerdes este pão e beberdes deste cálice - anunciais a
morte do Senhor até que venha . Portanto qualquer que comer
este pão ou beber do cálice do 'Senhor indignamente, será cul-
pado do corpo e do sangue do Senhor . Examine-se pois o ho-
mem a si mesmo e. assim . coma deste pão e beba deste .cálice.
Porque ogüe come e .bebe indignamente come e bebe para
sua própria condenação ; não discernindo o corpo do Senhor.
Por causa disso há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos
que dormem ." 10
Quando instruiu aos nefitas, Jesus declarou enfaticamente
que aqueles que participassem do sacramento deveriam ser dig-
nos de fazê-lo ; aos oficiais da Igreja, cujo dever era administrá-
lo, impôs a responsabilidade de não permitir que ninguém parti-
cipasse da ordenança, se o soubessem indigno . "E então eis que
este é o mandamento que vos dou : Não permitireis, sabendo-o,
que alguém indignamente participe da Minha carne e do Meu
sangue, quando os ministrardes . Porque todo aquele que comer
da Minha carne e beber do Meu sangue indignamente, come e
bebe a condenação para sua alma ; portanto, se souberdes que
um homem é indigno de comer da Minha carne e beber dó Meu
sangue, vós lho proibireis .""
A palavra direta do Senhor aos santos desta dispensação
lhes dá instruções de não permitirem que alguém participe do
sacramento se estiver em pecado, até que se reconcilie ; não
obstante, manda aos santos que exercitem grande caridade para
com os irmãos em erro, não os afastando de suas reuniões, mas
proibindo-lhes o sacramento .' Z Em nosso sistema de organização
eclesiástica os oficiais locais da Igreja têm a responsabilidade
de administrar o sacramento, e é requerido das pessoas que se
conservem dignas de participar dos sagrados emblemas.
Não há nas Escrituras autorização para dar o sacramento
aos que não são membros da Igreja de Jesus Cristo, com todos
os seus direitos . Ele administrou a ordenança aos apóstolos

10, 1 Cor . 11 :26-30 . 11, 3 Néfi 18:28,29 . 12, Veja D . & C . 46 :4 ; veja também 3 Néfi
18 :30 .

O SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR 165

sobre o continente oriental e consta que eles o davam unica-


mente aos que tinham tomado sobre si o nome de Cristo . Entre
os de Seu redil ocidental, Cristo instituiu a lei de que só os que
efetivamente fossem membros de Sua Igreja deveriam pariici -
par. Quando prometeu delegar a um deles o poder para oficiar
no sacramento, o-Senhor especificou que aquele que fosse es-
colhido o daria aos de Sua Igreja, a todos aqueles que cressem e
se batizassem em Seu nome ." Somente os que desta maneira se
haviam batizado eram conhecidos como a Igreja de Cristo ."
Continuando Suas instruções aos seus discípulos, sobre o sacra-
mento, o Salvador disse : "E isso fareis sempre a todos que se ar-
rependerem e forem batizados em Meu nome .""
A mesma lei vigora hoje em dia . Exorta-se os membros da
Igrejà 16 a se reunirem freqüentemente para participar do sacra-
mento ; e não são membros da Igreja os de idade suficiente que
não se tenham batizado pela autoridade do Santo Sacerdócio ."

O Propósito do Sacramento — Pelas citações das Escrituras


já feitas, fica claro que se administra o sacramento para come-
morar a expiação do Senhor Jesus, que se consumou em Sua
agonia e morte . E um testemunho perante Deus de que temos
em mente o sacrifício de Seu Filho feito em nosso benefício;
que ainda professamos o nome de Cristo e estamos dispostos a
guardar Seus mandamentos, confiando em que sempre podere-
mos ter Seu Espírito conosco . De maneira que o participar dig-
namente do sacramento pode ser visto como um meio de reno-
var nossos votos perante o Senhor, de reconhecer nossa confra-
ternidade mútua com os membros e de testificar solenemente
que afirmamos e professamos ser membros da Igreja de Jesus
Cristo . Não se estabeleceu o sacramento com o propósito ex-
presso de obter a remissão de pecados e nem com o fim de rece-
ber nenhuma outra bênção especial, à parte uma emanação
contínua do Espírito Santo, na qual, entretanto, estão com-
preendidas todas as bênçãos de que se necessita . Se o sacra-

13, Veja 3 Néfi 18 :5 . 14, Veja 3 Néfi 26 :21 . 15, Veja 3 Néfi 18 :11 16, Veja D . & C.
20:75 . 17 . Veja D . & C . 20 :37 .

166 REGRAS DE FÉ

mento tivesse sido instituído expressamente para a remissão de


pecados, não seria negado aos que maior necessidade têm de
perdão ; não obstante, o participar da ordenança se limita àque-
les cujas consciências estão livres de ofensas sérias, aqueles,
por conseguinte que são aceitáveis perante o Senhor, aqueles
que têm, em verdade, a menor necessidade possível de um per-
dão especial.
Os Símbolos Sacramentais — Ao instituir a Santa Ceia tan-
to entre os judeus como entre os nefitas, Cristo usou pão e vi-
nho como símbolos de Seu corpo e de Seu sangue, 18 e nesta dis-
pensação, a da plenitude dos tempos, Ele revelou que é Sua
vontade que os santos se congreguem com freqüência para par-
ticipar do pão e do vinho nesta ordenança comemorativa . 19 Mas
também mostrou que se pode usar outras formas de alimentos e
de bebida, além de pão e vinho . Pouco depois de haver sido or-
ganizada a Igreja, na dispensação atual, o profeta Joseph Smith
estava prestes a comprar vinho para fins sacramentais, quando
um mensageiro de Deus o encontrou e lhe deu as seguintes ins-
truções : "Pois eis que te digo : Não importa o que se come ou o
que se bebe quando se participa do sacramento, se é-que se faz
com olhos fitos só na Minha glória — relembrando ao Pai o Meu
corpo que foi sacrificado por vós e o Meu sangue que foi derra-
mado para a remissão dos vossos pecados . Portanto, um man-
damento vos dou : não devereis comprar vinho nem bebida forte
de vossos inimigos . Portanto, não devereis tomar nenhum vi-
nho, exceto haja sido feito de fresco por vós mesmos, sim neste
reino de Meu Pai que será edificado na terra . "20 De acordo com
esta autorização, os Santos dos Últimos Dias usam água em seu
serviço sacramental, em lugar de vinho.
A Maneira de Administração — Costuma-se, entre os San-
tos dos Últimos- Dias, em todas as alas ou ramos da Igreja
devidamente organizados, celebrar serviços sacramentais todos
os domingos . É necessária a autoridade de sacerdote da ordem
aarônica para a consagração dos símbolos, e, naturalmente,

18, Veja Mat . 26 :27-29 ; 3 Néfi 18 :1, 8 . 19, Veja D . & C . 20 :75 . 20, D . & C . 27:2-4 .

O SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR 167

qualquer que tenha recebido a ordem maior do Sacerdócio


tem autoridade para oficiá-lo . Primeiramente, parte-se o pão
em pedaços pequenos e são colocados em recipientes adequa-
dos sobre a mesa sacramental ; então, conforme as instruções
do Senhor, o élder ou sacerdote o consagrará desta maneira:
"Ele deverá ajoelhar-se com a igreja e rogará ao Pai, em sole-
ne oração, dizendo:
" Ó Deus, Pai Eterno, nós Te rogamos em nome de Teu Filho,
Jesus Cristo, que abençoes e santifiques este pão para as almas de
todos que partilham dele, para que o comam em lembrança do cor-
po de Teu Filho, e testifiquem a Ti, ó Deus, Pai Eterno, que dese-
jam tomar sobre si o nome de Teu Filho, e recordá-Lo sempre e
guardar os mandamentos que Ele lhes deu, para que possam ter
sempre consigo o Seu Espírito . Amém .'
Depois de repartir o pão entre a congregação — e nestes
serviços os mestres e os diáconos podem ajudar, sob a direção
do sacerdote que está oficiando — consagra-se o vinho ou a á-
gua da seguinte maneira:
" Ó Deus, Pai Eterno, nós Te rogamos em nome de Teu Filho,
Jesus Cristo, que abençoes e santifiques este vinho (ou água) para as
almas de todos que beberem dele, que possam jazê-10 em lembrança
do sangue de Teu Filho, que por eles foi derramado, e testifiquem a
Ti, ó Deus, Pai Eterno, que sempre se lembram dele, para que pos-
sam ter sempre consigo o Seu Espírito . Amém .'
A clareza das instruções do Senhor aos Santos, a respeito
desta ordenança, não deixa margem a disputas quanto à forma
correta, porque certamente nenhum dos que oficiam nestes
santos ritos pode crer-se justificado a mudar as formas, alteran -
do uma palavra sequer . Os anais dos nefitas nos mostram que o
modo de administrar o sacramento em seus dias 24 é o mesmo
que foi revelado para orientação dos santos na dispensação da
plenitude dos tempos.

21, D . & C . 20 :76,77 ; compare com Morôni capitulo 4 . 22, D . & C . 20:78,79 ; compare
com Morôni capítulo 5 . 23, Veja Morôni caps . 4, 5 ; veja o apêndice 9:4 ; para uma discus-
são mais ampla veja "A Grande Apostasia", pág . 105 .

168 REGRAS DE FÉ

REFERENCIAS

O Sacramento da ('eia do Senhor


O Senhor o instituiu entre os judeus na noite da traição — Mat . 26 :26-28 ; Mar . 14 :22-25;
Luc . 22 :19,20.
Foi instituído entre--os nefitas-pelo Senhor ressuscitado .= 3 . Néfi - 18 :T-11 .
Administraç2o .aos .nefita .i Munia segund isez peió.'Senhví '-- 3 Néfi .20 .3'5 ; e'oúira.a g eies
26 :13.
Simbolismo do sacramento — João 6 :52-56.

Paulo o designa "a ceia do Senhor" — 1 Cor . 11 :20.

Os conversos judeus perseveraram na doutrina dos apóstolos, e no partir do pão —Atos


2 :42, 46.

No primeiro dia da semana ajuntando-se os discípulos para partir o pão Paulo discursava
com eles — Atos 20 :7.
Paulo fala da instituição do sacramento — 1 Cor . 11 :23-25.
O pecado de partilhar indignamente — 1 Cor . 11 :26-34.
Tende cuidado para não participardes indignamente do sacramento de Cristo — Mórmon
9 :29.
A comunhão do sangue e do corpo de Cristo — 1 Cor . 10 :16.
O cálice do Senhor e a mesa do Senhor — 1 Cor . 10 :21.

Aquele que comer e beber, come Meu corpo e bebe Meu sangue para sua alma — 3 Néfi
20 :8.
Um deve ser ordenado para administrar o sacramento — 3 Néfi 18 :5.
Somente os membros da Igreja o devem tomar — 3 Néfi 18 :11.
Não permitireis, sabendo-o, que ninguém indignamente participe da Minha carne e do
Meu sangue — 3 Néfi 18 :28, 29.
Reuniam-se amiúde para partilhar — Morôni 6 :6.
A maneira de administrar os emblemas entre os nefitas — Morôni caps . 4, 5.
Entre os Santos do tempo atual — D . & C . 20:75-79.
Emblemas do corpo e sangue de Cristo — D . & C . 20 :40.
Sacerdotes podem administrar o sacramento — D . & C . 20 :46.
Mestres e diáconos não são autorizados a fazé-lo — D . & C . 20 :58.
Os recém-batizados, propriamente instruídos, devem participar — D . & C . 20 :68.
Pode-se usar vinho — D . & C . 89:5, 6 ; mas não é preciso — D . & C . 27 :1-5 .
Capítulo 10

AUTORIDADE DO MINISTÉRIO

Regra 5 — Cremos que um homem deve ser chamado por Deus,


pela profecia e pela imposição das mãos, por quem pos-
sua autoridade, para pregar o evangelho e administrar
as suas ordenanças.

HOMENS CHAMADOS POR DEUS

Exemplos das Escrituras — Concorda com os ditames da ra-


zão humana, não menos que com o plano de organização per-
feita que caracteriza a Igreja de Jesus Cristo, que todos aqueles
que administram as ordenanças do Evangelho devam ser cha-
mados e comissionados para seus deveres sagrados por autori-
dade divina . As Escrituras apóiam este conceito de forma ter-
minante . Dão-nos a conhecer uma infinidade de homens cujos
chamados divinos são atestados, cujas portentosas obras mani-
festam um poder maior que o de mera faculdade humana . Por
outro lado, não aparece na Bíblia Sagrada um só caso em que,
atribuindo-se alguém a si próprio a autoridade para oficiar nas
ordenanças sagradas, o Senhor tenha reconhecido suas admi-
nistrações.
Considere-se o caso de Noé, que "achou graça aos olhos
do Senhor"' no meio de um mundo ímpio . O Senhor lhe falou
anunciando Seu desgosto para com os iníquos habitantes da ter-
ra e a intenção divina a respeito do dilúvio, e instruiu-o sobre a
maneira de construir e suprir a arca . Fica comprovado que Noé
proclamou a palavra de Deus a seus perversos contemporâ-
neos, pelo que Pedro declara, no tocante à missão de Cristo no
mundo dos espíritos : que o Salvador pregou àqueles que foram
desobedientes durante o período da paciência de Deus nos dias

1, Gên . 6 :8 .

170 REGRAS DE FÉ

de Noé, em conseqüência do que tinham padecido, no interva-


lo, as privações da prisão .' Ninguém pode pôr em dúvida a ori-
gem divina da autoridade de Noé, ou a justiça do castigo que
sobreveio em virtude daquele desprezo intencional de seus en-
sinamentos, porque suas palavras foram as palavras de Deus.
Assim foi com Abraão, a quem o Senhor chamou 3 e com
quem fez um convênio por todas as suas gerações . De igual ma-
neira distinguiram-se Isaque 4 e Jacó,' a quem o Senhor se mani-
festou enquanto dormia sobre sua cabeceira de pedras no de-
serto . A Moisés' falou a voz de Deus em meio ao calor do fogo,
chamando-o e comissionando-o para ir ao Egito e tirar dali o
povo cujos clamores haviam subido com grande efeito ao Se-
nhor . Aarão' foi chamado para ajudar seu irmão nessa obra ; e
mais tarde, por instrução divina, escolheu Aarão e seus filhos 8
dentre todos os descendentes de Israel para agirem no ofício sa-
cerdotal . Quando Moisés 9 viu que seus dias estavam contados,
pediu ao Senhor que nomeasse um sucessor para a santa posi-
ção que ocupava e Josué, filho de Nun, foi chamado por man-
damento para aquele cargo.
Samuel, que chegou a ser um grande profeta em Israel, co-
missionado para consagrar, mandar e repreender reis, para che-
fiar exércitos e para servir como oráculo de Deus ao povo, foi
escolhido desde sua infância e para servir como oráculo de
Deus ao povo, foi escolhido desde sua infância e chamado pela
vol. do Senhor . 1 ' Foi tão grande o poder que acompanhou este
chamado, que toda Israel, desde Dã até Barsabá, soube que Sa-
muel era profeta do Senhor ." As escrituras falam de muitos ou-
tros homens de valor que receberam o seu poder de Deus, e cu-
jas histórias demonstram com quanta honra o Senhor estima
Seus ministros autorizados . Considere a visão celestial por meio
da qual [saías foi chamado c instruído para os deveres de seu
ofício profético" ; Jeremias, a quem a palavra do Senhor che-
gou nos dias de .Iosias ;" o sacerdote Fzequiel, que primeira-
mente recebeu a mensagem divina no país dos caldeus 14 e, pos-

2 . Veja 1 1'edi :19,211 . t, Veja (icn, cahti . 12-2S : 1' de ( ; V ., Ahrq ìi„ 26-11 . 4, Vcja
(ün 262-5 , 5 , Veja (ien 21511)-IS 6, Veja endi,1 :2-10 7, Veia Irx,u1,i 4 .14-16,27 .
8, Veja (x,,d,i 2x1 9 , Veja Núm 22 7IS_2 .( 111, Veja 1 Sam .14-14 11, Vclu 1 Sara
1 1 :211 .
2, Veja Izaia .. 1 :1 : 2 :1 ; 6:14 , 9 . 13, Veja Icr . 1 .2-10 .

AUTORIDADE NO MINISTÉRIO 171

teriormente, em outras ocasiões : Oséias 15 e todos os demais


profetas até Zacarias 1ó e Malaquias".

Por Sua própria voz o Senhor chamou os apóstolos durante


Seu ministério ; e a autoridade do Salvador é indispensável, jus-
tificada como é pelas poderosas obras da expiação, efetuada
com dor e angústia de morte, como também pelas declarações
do Pai . Enquanto deitavam suas redes ao mar, Pedro e André,
seu irmão, foram chamados com a admoestação : "Vinde após
mim e eu vos farei pescadores de homens" 1e e pouco depois
Tiago e João, filhos de Zebede, foram designados de igual ma-
neira . Assim foi com todos os Doze que serviram com o Mes-
tre ; e depois de Sua ressurreição apareceu aos onze apóstolos
que haviam sido fiéis e lhes conferiu comissões especiais para a
obra do reino . 19 Cristo afirmou expressamente que Ele havia es-
colhido e ordenado seus apóstolos para suas altas posições . 20
Após a missão terrena de Cristo, nos dias que imediata-
mente a seguiram, chamava-se e comissionava-se os ministros
do Evangelho por autoridade indisputável . Matias foi escolhido
por cair a sorte sobre ele, depois de se haver invocado a direção
do Senhor, para ocupar o lugar vago que existia no Conselho
dos Doze, o resultante da morte de Judas Iscariotes . Saulo de
Tarso, mais tarde Paulo, o apóstolo, tendo sido convertido com
sinais maravilhosos e assombrosas manifestações, 21 teve que ser
comissionado formalmente para a obra que o Senhor desejava
que realizasse, e nos é dito que o Espírito Santo falou com os
profetas e doutores da Igreja em Antióquia, enquanto jejuavam
perante o Senhor, dizendo : "Apartai-me a Barnabé e a Saulo
para a Obra a que os tenho chamado ." 22
A Ordenação dos Homens para o Ministério, sancionada por
antecedente bíblico, e instituída por revelação direta da vonta-
de de Deus, deve ser efetuada mediante o dom da profecia, pela
imposição das mãos, por aqueles que têm autoridade . ' Por pro-
fecia se entende o direito de receber as manifestações da vonta-
14. Veja Eae . 1 :3 . 15, Veja Os . 1 :1 . 16, Veja Zac . 1 :1 . 17, Veja Mal . 1 :1 . 18, Mat.
4 :18-20. 19, Veja Mat . 18 :19 . 20 : Mar . 16 :15 . 20, Veja João 6 :70 : 15 :16 . 21, Atos, cap.
9. 22, Atos 13 :12 .

172 REGRAS DE FÉ

de divina e o poder para interpretá-las . Em vários casos citados


observa-se que se costuma fazer a imposição das mãos como
parte da ordenança ; entretanto, as Escrituras mencionam nu-
merosas ocasiões em que se conferiram ofícios do Sacerdócio
sem especificar a imposição de mãos ou outros detalhes . Estes
casos não oferecem justificativa para concluir que se omitiu a
imposição das mãos e, à luz da revelação moderna, se escla-
rece que a imposição das mãos usualmente acompanhava esta
ordenança, assim como a confirmação de bênçãos 23 e o dom do
Espírito Santo.

Desta maneira foi transmitido o Santo Sacerdócio, desde


Adão até Noé, por intermédio dos patriarcas . 24 Enos foi ordena-
do por Adão, assim como foram Maalalel, Jared, Enoque e
Matusalém . Lameque foi ordenado por Sete ; Noé recebeu sua
autoridade das mãos de Matusalém . E assim se pode acompa-
nhar a linha do Sacerdócio, conferido de um a outro conforme
as indicações do espírito de profecia, até o tempo de Moisés.
Melquisedeque, que conferiu esta autoridade a Abraão, rece-
beu-a por descendência direta de seus pais desde Noé . Elaías,
contemporâneo de Abraão, recebeu sua ordenação de Deus.
Por intermédio de Elaías a autoridade passou a Gad e dele a Je-
remias, Aliú, Caleb e logo a Jetro, o sacerdote de Midiã, por
cuja mão Moisés foi ordenado . 29 Josué, o fiho de Nun, foi sepa-
rado como Deus o indicou, pela imposição das mãos de Moisés.
Nos dias dos apóstolos, as circunstâncias tornaram conve-
niente nomear oficiais especiais na Igreja para zelarem pelos
pobres e se encarregarem da distribuição de víveres ; escolhe-
ram a estes com muito cuidado, e os ordenaram com oração e
imposição das mãos .' Timóteo foi ordenado de igual maneira,
como testemunham as admoestações que lhe foram feitas por
Paulo . "Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado
por profecia, com a imposição das mãos do presbitério" 2 ; e
também "Desperta o dom de Deus que está em ti pela imposi-
ção das minhas mãos . "3 O Senhor Se obrigou por convênio a re-
23. Veja Gen . 48 :14-19 : compare com 2 Reis 5:11 : Mat . 8 :15 : Mar . 6 .5 : 16 :15-I8 . 24, Veja
D . & C' . 107 :40-52 . 25 . Veja D . & C . 84 :6-14 . 26, Veja Núm . 27 :18 . Deu' . 34 :9 . 1, Veja
Atos 6 :1-6 . 2 . 1 Tini . 4 :14 3, 2 Tini . 1 :6 .

AUTORIDADE NO MINISTÉRIO 173

conhecer os atos de Seus servos autorizados . O Espírito Santo


virá sobre aqueles a quem o prometam os élderes da Igreja, de-
pois de um batismo aceitável .' O que o Sacerdócio ligar ou des-
ligar na terra, de acordo com os mandamentos do Senhor, será
ligado ou desligado nos céus .' ; os enfermos sobre quem os élde-
res puserem as mãos sararão° e muitos outros sinais hão de se-
guir aos que crerem . Tão zeloso é o Senhor do poder de oficiar
em Seu nome que, durante o juízo, todos os que tenham ajuda-
do ou perseguido a Seus servos serão premiados ou castigados
como se tivessem feito essas coisas a Ele próprio .'
Oficiar Desautorizadamente nas funções sacerdotais é um
ato não somente sem valor, mas também gravemente perverso.
Em Suas relações com a raça humana, Deus reconhece e honra
o Sacerdócio estabelecido sob Sua direção, porém, não aprova
nenhuma apropriação da autoridade . Oferece uma lição o caso
de Corá e seus companheiros, quando se rebelaram contra a au-
toridade do Sacerdócio, professando falsamente ter o direito de
agir no cargo de sacerdote . O Senhor prontamente os castigou
por causa de seus pecados, fazendo com que a terra se abrisse e
os tragasse com todas as suas posses . 8
Considere-se também a aflição que caiu sobre Miriam, a ir-
mã de Moisés, uma profetisa entre o povo .9 Juntamente com
Aarão murmurou contra Moisés, dizendo : "Porventura falou
o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o
Senhor o ouviu ." 10 Jeová desceu numa nuvem e se pôs à porta
do tabernáculo . Chamando os dois repreendeu sua presunção e
justificou a autoridade de Moisés, Seu porta-voz . Quando a nu-
vem passou do tabernáculo, Miriam estava leprosa, sua carne
branca como a neve e, conforme a lei, foi desterrada do campo
de Israel . Entretanto, em virtude das sinceras petições de Moi-
sés o Senhor curou a mulher e mais tarde foi autorizada a vol-
tar ao grupo.
Considere-se o caso de Uzá, o israelita que morreu repen-
tinamente, quando se acendeu contra ele a ira de Deus por es-

4, Veja Atos 2 :38 ; 3 Néfi 11 :35 ; 12 :2 ; D . & C . 84 :64. 5, Veja Mat . 16 :19 ; D . & C . 1 :8;
128:8-11 . 6, Veja Marcos 16 :15-18 . 7, Veja Mat . 18 :4-6 ; 25 :31-46 ; D&C 75 :19-22;
84 :88,90 . 8, Veja Núm . cap . 16 . 9, Veja Êxodo 15 :20 . 10, Veja Núm . cap . 12 .

174 REGRAS DE FÉ

tender a mão para suster a arca do convênio ." Isto ele fez ape-
sar de a lei determinar que ninguém além dos sacerdotes deve-
ria tocar os sagrados pertences da arca, e lemos que nem os
portadores ordenados do santuário poderiam tocar suas partes
mais sagradas, sob pena de morte . 12
Considere-se também o caso de Saul, a quem se havia cha-
mado do campo para rei da nação . Achando-se os filisteus dis-
postos a batalhar contra Israel, em Micmas, Saul esperava Sa-
muel," de cujas mãos havia recebido sua unção real 14 e a quem
ele se havia dirigido nos dias de sua humildade para pedir orien-
tação . Saul havia solicitado ao profeta que viesse oferecer sa-
crifícios ao Senhor para o povo, porém, impacientando-se por-
que Samuel não chegava, Saul mesmo preparou o holocausto,
esquecendo-se de que, apesar de ocupar o trono, usar a coroa e
levar o cetro, estas insígnias de poder real nenhum direito lhe
davam para oficiar, nem como diácono, no Sacerdócio de
Deus ; e, por este e outros exemplos de sua injustiça e presun-
ção, Deus o recusou e outro foi eleito rei em seu lugar.
Um notável exemplo do zelo divino, zelo justo, quanto às
funções sacerdotais, é visto no caso de Uzias, rei de Judá .Havia
sido colocado sobre o trono quando não tinha mais que dezes-
seis anos de idade ; e, enquanto seguiu o Senhor, prosperou de
tal maneira que seu nome causava espanto a seus inimigos . Po-
rém permitiu que se ensoberbecesse o seu coração e se deixou
levar pela ilusão de que, como rei, era supremo . Entrou no tem-
plo e quis queimar incenso no altar . Assombrados por este sa-
crilégio, Azarias, o sumo sacerdote do templo, e oitenta sacer-
dotes que o acompanhavam, lho proibiram, dizendo : "A ti,
Uzias, não compete queimar incenso ; sai do santuário, porque
transgrediste ." Ante esta repreensão e censura de seus súditos,
apesar de serem sacerdotes do Senhor, o rei se encheu de ira;
mas imediatamente o castigo da lepra caiu sobre ele e os sinais
da terrível moléstia apareceram em sua testa ; e, achando-se
agora fisicamente impuro, sua presença com maior razão profa-

I, Veja 1 (br . 11 :111: 12, Veja Núm .4 :15 . 13, Veja 1 Sam . 11 :5-14 . 14, Veja 1 Sam . cap.
II1 .

AUTORIDADE NO MINISTÉRIO 175

na o santo lugar . Portanto, Azarias e seus companheiros no Sa-


cerdócio o jogaram fora do templo e ele, ferido, fugiu da casa
do Senhor para nunca mais voltar a seus sagrados recintos.
Quanto ao resto de seu castigo, lemos : "Assim ficou leproso o
rei Uzias até o dia de sua morte ; e morou, por ser leproso, numa
casa separada, porque foi excluído da casa do Senhor .""
Uma ilustração muito poderosa da futilidade das falsas ce-
rimônias, ou da mera forma das ordenanças sagradas, quando
falta autoridade, vê-se na narração do Novo Testamento dos
sete filhos de Sceva . Estes e outros se haviam maravilhado do
prodigioso poder que possuía Paulo, a quem o Senhor havia
bendito de tal maneira em seu apostolado que pelo contato que
tinham com os lenços e aventais que lhes enviava, os enfermos
saravam e os espíritos maus saíam deles . Os filhos de Sceva, a
quem o sagrado cronista descreve como judeus exorcistas e va-
gabundos ; também quiseram expulsar um espírito maligno.
"Esconjuramo-vos", disseram, "por Jesus a quem Paulo pre-
ga ." Mas o espírito maligno mofou deles por sua falta de autori-
dade e lhes respondeu : "Conheço a Jesus e bem sei quem é
Paulo ; mas vós quem sois? E saltando neles o homem que tinha
o espírito maligno, assenhoreando-se de dois, pôde mais do que
eles ; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa ." 16
Mestres Legítimos e Falsos — Ninguém, além daqueles que
estão devidamente autorizados para ensinar, pode ser conside-
rado um verdadeiro expositor da palavra de Deus . Os ensina-
mentos de Paulo referentes aos sumos sacerdotes se podem
aplicar a cada um dos cargos do Sacerdócio : "Ninguém toma
para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como
Aarão"" e, como já vimos, Aarão foi chamado por Moisés, a
quem o Senhor havia revelado o que devia fazer . Unicamente
àqueles que são escolhidos por Deus se dá esta autoridade para
agir em nome do Senhor ; não se pode recebê-la somente medi-
ante pedido, não se pode comprá-la por dinheiro . Lemos que
Simão, o mago, cobiçando o poder que os apóstolos possuíam,

15, 2 Cron . cap . 26 . 16, Veja Atos 19 :13-17 . 17, Heb . 5 :4 .


176 REGRAS DE FÉ

ofereceu-lhes dinheiro dizendo : "Dai-me também a mim esse


poder, para que aquele sobre quem eu puser as nãos receba o
Espírito Santo" . Mas Pedro respondeu-lhe com justa indigna-
ção : "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste
que o dom de Deus se alcança por dinheiro . Tu não tens parte
nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante
de Deus ." 18
Os apóstolos da antigüidade sabiam que os homens procu-
rariam arrogar a si o direito de oficiar em coisas divinas, con-
vertendo-se assim em servos de Satanás . Dirigindo-se a uma
conferência de élderes em Éfeso, Paulo profetizou esses malé-
volos acontecimentos e exortou os pastores do redil a terem
muito cuidado com seus rebanhos ;" numa epístola a Timóteo o
apóstolo reiterou esta profecia . Exortando a diligência na pre-
gação da palavra, disse : "Porque virá tempo em que não so-
frerão a sã doutrina ; mas, tendo comichão nos ouvidos, amon-
toarão para si doutores conforme suas próprias concupiscên-
cias ; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas . "20
Não menos claras são as declarações de Pedro sobre o mesmo
assunto . Falando aos santos de seus dias, faz referência aos fal-
sos profetas da antigüidade e acrescenta : "E também houve en-
tre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos
doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdi-
ção e negarão o Senhor que os resgatou **** e muitos seguirão
as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da
verdade . "21

A Autoridade Divina na Dispensação Atual — Nós afirmamos


que a autoridade para oficiar em nome de Deus está em vigor
na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, atual-
mente, e que este poder ou comissão foi conferido por ordena-
ção os primeiros oficiais da Igreja por aqueles que haviam tido
o mesmo poder em dispensações anteriores . As Escrituras indi-
cam que a autoridade do Santo Sacerdócio devia ser retirada da
terra ao morrerem os antigos apóstolos e que, necessariamente,
teria que ser restaurada dos céus antes que pudesse ser restabe-

18, Atos 8 :18-24 . 19, Veja Atos 20:28-30 . 20, 2 Tim . 4:2-4 . 21, 11 Ped . 2 :1-3 .

AUTORIDADE NO MINISTÉRIO 177

tecida a Igreja . No dia 15 de maio de 1829, enquanto Joseph


Smith e Oliver Cowdery oravam sinceramente, pedindo instru-
ção sobre o batismo para a remissão de pecados — sobre o qual
Joseph Smith tinha lido nas placas, das quais estava naquele
tempo traduzindo o Livro de Mórmon — desceu um mensageiro
do céu numa nuvem de luz . Disse ser João, chamado Batista na
antigüidade, e que tinha vindo sob a direção de Pedro, Tiago e
João, que tinham as chaves do Sacerdócio maior . O anjo pôs
suas mãos sobre os dois jovens e lhes conferiu a autoridade, di-
zendo : "A vós meus conservos, em nome do Messias, eu confi-
ro o Sacerdócio de Aarão, que possui as chaves da administra-
ção dos anjos, do Evangelho do arrependimento e do batismo .
por imersão para remissão dos pecados ; e isto nunca mais será
tirado da terra até que os filhos de Levi ofereçam outra vez, em
retidão, um sacrifício ao Senhor " . 22
Pouco tempo depois deste acontecimento, Pedro, Tiago e
João aparéceram a Joseph Smith e a Oliver Cowdery, aos quais
conferiram o Sacerdócio maior, ou seja o de Melquisedeque,
entregando-lhes as chaves do apostolado que estes mensageiros
celestiais tinham possuído e exercido na dispensação anterior
do Evangelho . Esta ordem do Saçerdócio tem autoridade em
todos os cargos da Igreja e compreende o poder para adminis-
trar em assuntos espirituais . 23 Por conseguinte, todas as autori-
dades e poderes necessários para o estabelecimento e desenvol-
vimento da Igreja foram restaurados à terra mediante esta visi-
ta .
Ninguém pode oficiar em nenhuma das ordenanças da
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, se não foi
ordenado a determinada ordem ou cargo do Sacerdócio, por
aqueles que possuem a autoridade necessária . De maneira que
nenhum homem recebe o Sacerdócio senão daquele que já pos-
sui tal Sacerdócio : e este deve tê-lo recebido de outros que pre-
viamente foram comissionados . Assim, cada um dos portadores
do Sacerdócio nestes dias pode seguir a linha de sua autoridade
até chegar ao Profeta Joseph Smith, 24 que recebeu sua ordena-

222 . 1' . de (13


. p(e- (,6 : 1) . R ( . Scr . 13 . . 4c1 ;¡ 1) . A ( . Sce 1(17 . 24, Veja o api'ndicc
IDA .

178 REGRAS DE FÉ

ção dos apóstolos Pedro, Tiago e João, aos quais o Senhor Jesus
Cristo havia ordenado . Segundo as Escrituras, é evidente que os
homens que Deus chama à autoridade do ministério sobre a ter-
ra podiam ter sido escolhidos para tal nomeação mesmo antes
de tomar sobre si corpos mortais . Muito propriamente se pode
considerar este assunto em relação com o presente tema, e seu
estudo conduz aos assuntos que se seguem . -

PREORDENAÇÃO E PREEXISTÊNCIA
Preordenação — Numa entrevista que teve com Abraão o
Senhor revelou muitas coisas que ordinariamente são vedadas
aos mortais . Referindo-se a isto, o patriarca escreveu : "Ora, o
Senhor havia mostrado a mim, Abraão, as inteligências que fo-
ram organizadas antes de existir o mundo ; e entre todas estas
havia muitas nobres e grandes . E Deus viu essas almas que eram
boas, e Ele ficou no meio delas e disse : A estes farei meus go-
vernantes ; porque Ele estava entre aqueles que eram espíritos e
viu que eles eram bons ; e Ele disse-me : Abraão, tu és um deles;
foste escolhido antes de nasceres . "23 Esta é uma das inúmeras
provas das Escrituras sobre a existência dos espíritos do gênero
humano antes de sua provação terrena : um estado em que estas
inteligências viveram e exerceram seu livre-arbítrio, antes de to-
marem sobre si habitações corpóreas . De maneira que as natu-
rezas, disposições e inclinações dos homens são conhecidas ao
Pai de seus espíritos mesmo antes de nascerem eles no estado
mortal . A palavra do Senhor chegou a Jeremias, dizendo-lhe
que antes de ser concebido na carne já havia sido dado por pro-
feta às nações . 2ó
São abundantes as evidências de que Jesus Cristo foi esco-
lhido e ordenado para ser o Redentor do mundo mesmo antes
do princípio . Lemos de Sua posição superior entre os filhos de
Deus, quando Se ofereceu como sacrifício para executar a von-
tade do Pai . Ele foi verdadeiramente "Ordenado antes da fun-
dação do mundo ."'
Paulo ensinou desta maneira a doutrina de seleção e preor-

25, P . de G . V ., Abraão 3 :22, 23 ; veja também Jer . 1 :4 . 5 . 26, Veja Jer . 1'.4 . 1, 1 Ped.
1 :20, veja "Jesus the Christ", cap . 2 .

AUTORIDADE NO MINISTÉRIO 179

denação divina : "Porque os que dantes conheceu também os


predestinou para serem conforme a imagem de Seu Filho *** E
aos que predestinou, a estes também chamou ." 2 E disse ainda:
"Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu ."'
Alma, o profeta nefita, falando dos sacerdotes que haviam
sido ordenados segundo a ordem do Filho, declarou : "E este é o
modo pelo qual foram ordenados : sendo chamados e prepara-
dos desde a fundação do mundo, segundo a presciência de
Deus, por causa de sua grande fé e suas boas obras, sendo pri-
meiramente livres para escolher o bem ou o mal, e tendo esco-
lhido o bem e tendo grande fé, eram chamados com a santa vo-
cação que estava preparada em conformidade com uma reden-
ção preparatória para tais seres ." 4
A Preordenação não Implica em Compulsão — A doutrina da
predestinação absoluta que resulta na anulação do livre-arbítrio
do homem recebeu o apoio, com várias modificações, de seitas
distintas . Entretanto, para estes ensinamentos nenhuma justifi-
cação se acha na letra ou no espírito dos anais sagrados . O co-
nhecimento prévio de Deus, a respeito das naturezas e habilida-
des de Seus filhos, Lhe permite ver o fim de suas carreiras terre-
nas desde seu princípio : "conhecidas são desde toda a eternida-
de ."'Muitas pessoas têm sido levadas a crer que este conheci-
mento prévio de Deus é uma predestinação, por meio da qual
ficam destinadas as almas para a glória ou condenação antes
mesmo de seu nascimento na carne, e sem consideração ao mé-
rito ou indignidade do indivíduo . Esta doutrina herética visa
despojar Deus de Sua misericórdia, justiça e amor ; faria Deus
parecer um ser caprichoso e egoísta, dirigindo e criando todas
as coisas unicamente para sua própria glória, sem lhe importar
os sofrimentos de suas vítimas . Quão terrível e quão inconsis-
tente é tal conceito . Conduz à absurda conclusão de que o sim-
ples conhecimento de acontecimentos futuros deve agir como
influência determinante na realização de tais coisas . O conheci-
mento que Deus tem da natureza espiritual e humana Lhe per-

2, Rom . 8 .29, 30 . 3, Rum . 11 . 22 . 4, Alma 13 :3 ; também 10 e 11 5, Atos 15 . IR .



180 REGRAS DE FÉ

mite saber com exatidão o que Seus filhos farão em determina-


das condições ; entretanto, este conhecimento nenhuma força
compulsora exerce sobre aqueles filhos .'
Ele indubitavelmente conhece alguns espíritos que só espe-
ram a oportunidade de poder escolher entre o bem e o mal para
escolherem este e levarem a cabo sua própria destruição . Estes
são aqueles de quem Judas diz : "Já dantes estavam escritos
para este mesmo juízo ."' Para evitar-lhes este destino teria sido
necessário privá-los de seu livre-arbítrio ; só pela força se podem
salvar ; e as leis do céu proíbem a compulsão, seja para a salva-
ção, seja para a condenação . Há outros cuja integridade e fide-
lidade se manifestaram em seu estado preexistente ; o Pai sabe
até que ponto se pode confiar neles e muitos são chamados,
mesmo em sua juventude mortal, para obras especiais e exalta-
das como servos comissionados do Altíssimo.
A Preexistência dos Espíritos — Os fatos anteriormente
apresentados sobre a preordenação indicam que os espíritos do
género humano passaram por uma existência antes de sua pro-
vação terrena . Esse período anterior ao mortal às vezes é cha-
mado infância primordial ou primeiro estado . Pelo que o Se-
nhor disse a Abraão fica esclarecido que esses espíritos existi-
ram como inteligências organizadas e que exercitaram seu livre-
arbítrio durante esse estado primordial : "E àqueles que guarda-
rem seu primeiro estado lhes será acrescido ; e aqueles que não
guardarem seu primeiro estado não terão glória no mesmo rei-
no com aqueles que guardarem seu primeiro estado ; e aqueles
que guardarem seu segundo estado terão aumento de glória
sobre suas cabeças para todo o sempre ." 8
Não há quem, ao aceitar Jesus Cristo como o Filho de
Deus, possa com lógica negar Sua preexistência e pôr em dúvi-
da Sua posição na Trindade antes de vir à terra como o filho de
Maria . A interpretação comum que se dá às primeiras palavras
do Evangelho de João sustém o conceito da divindade primor-
dial de Cristo : "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus e o Verbo era Deus ." Mais adiante lemos : "E o Verbo se

h. Veja "Ieuu lhe (hriel ' . pp . 18 .28 ; e "A (irando \p elasia , pp . 322 .33 . lambem o apèn-
dice I112_ 7, .Iodas J_ R, 1'_ de G . V_ , :Ahra3o i__2h ,

AUTORIDADE NO MINISTÉRIO 181

fez carne e habitou entre nós ." 9 As afirmações do Salvador


apóiam esta verdade . Quando Seus discípulos discordaram a
respeito de Sua doutrina quanto a Si mesmo, Ele lhes disse:
"Que seria pois, se visseis subir o Filho do Homem para onde
primeiro estava?" 10 Em outra ocasião lhes declarou : "Saí do Pai
e vim ao mundo ; outra vez deixo o mundo e vou para o Pai ." E
Seus discípulos, satisfeitos com esta clara expressão que confir-
mava a crença que talvez seus corações já abrigassem, respon-
deram : "Eis que agora falas abertamente e não dizes parábola
alguma . . . Por isso cremos que saíste de Deus ." A certos ju-
deus iníquos que se gabavam de ser da linhagem de Abraão, e
tentavam ocultar seus pecados sob o manto protetor do nome
do grande patriarca, o Salvador afirmou : "Em verdade, em ver-
dade vos digo que antes que Abraão existisse Eu Sou ." Em
oração solene o Filho implorou : "E agora glorifica-Me Tu, ó
Pai, junto de Ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo an-
tes que o mundo existisse ." Entretanto, Cristo nasceu como
uma criança entre os mortais e é lógico supor que se o Seu nas-
cimento terreno foi a união de um espírito preexistente a um
corpo mortal, assim também é o nascimento de todo membro
da família humana.
Porém, não temos que depender de uma simples suposição
baseada na analogia. As escrituras claramente ensinam que
Deus conhece e tem os espíritos do gênero humano contados,
desde antes de Seu advento terreno . Em Sua última administra-
ção entre Israel, Moisés cantou : "Lembra-te dos dias da anti-
güidade*** Quando o Altíssimo distribuía as heranças às na-
ções, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, pôs os
termos–dos povos, conforme o número dos filhos de Israel ."
Por isto aprendemos que a terra foi repartida às nações, segun-
do o número dos filhos de Israel ; e, portanto, é evidente que se
saiba o dito número antes da existência da nação israelita na
carne ; isto facilmente se explica sob o ponto de vista de uma

9, João 1 :1,14 . 10, João 6 :62, 11, João 16 :28 . 12, João 16 :29,30 . 13, João 8 :58 ; veja
"Jesus the Christ " , pp . 37, 411 . 14, João 17 :5 ; veja também 2 Néfi 9:5 ; 25 :12 : Moaiah 3:5;
13 :33, 34 ; 15 :1 . 15, Deut . 32:7,8 .

182 REGRAS DE FÉ

existência anterior, na qual eram conhecidos os espíritos da na-


ção futura.
Por conseguinte, é impossível que se haja deixado à incer-
teza o número ou a extensão das criações temporais de Deus . 16
Foi fixada a população da terra de acordo com o número de
espíritos assinalados para receber corpos de carne sobre este
planeta . Quando todos estes tiverem vindo em sua ordem e
tempo determinados, então, e só então, virá o fim.

REFERENCIAS

Autoridade no Ministério

Antes da dispensação mosaica : Adão foi comissionado para ensinar – Moisés 6 :57, 58 ; era-
segundo a ordem de Deus – Moisés 6:67 . O Senhor mandou Noé – Gên . 6 :13 ; 14, 22 ; 7:1.
Ordenou Noé segundo sua própria ordem – Moisés 8 :19 .0 Senhor mandou Abraão 1 :2 ;3.
O Senhor fez um convênio com Abraão – Abraão 2 :9-I1 . Melquisedeque, sacerdote do
Deus Altíssimo – Gên . 14:18-20 ; Alma 13 :18 . És um sacerdote para sempre, segundo a or-
dem de Melquisedeque – Soim . 110:4 ; Heb . 5 :6-10 ; 6:20 ; 7 :1-3 . O Senhor fez um convénio .
com (saque – Gén . 26 :2-5 : e com Jacó – Gên . 28:10-15.
Autoridade de Moisés e outros : Moisés foi comissionado para livrar os filhos de Israel – Ex
3 :4-17 . Tenho-te posto por Deus sobre Faraó – Éx 7 :1 . Jetro, sacerdote de Midiã – Ex . cap.
18 ; conferiu .o Sacerdócio a Moisés – D & C . 84:6 . Josué foi ordenado por Moisés – Num.
27 :18-23 ; Deut . 34 :9.
Repreensão de alguns que presumiram oficiar sem ter autoridade – Núm . cap . 16 ; 1 Crôn.
13 :10 ; 1 Som . 13:5-14 ; 2 Crôn . cap. 26.
Sacerdotes foram ungidos e consagrados para administrar – Núm . 3 :3 Levitas eram desig-
nados – Núm . 3:9.
Setenta homens dos anciãos de Israel – Núm . 11 :16, 25.
O Senhor os escolheu para O servirem – Deut . 21 :5.
Sereis chamados sacerdotes do Senhor – Is . 61 :6.

16, Veja o apêndice 10:3 .


REFERENCIAS 183

Jeremias foi ordenado profeta ; as palavras do Senhor estavam na boca dele – Jer . 1 :4-9.
A palavra do Senhor veio a Ezequiel, o sacerdote – Ez . 1 :3.
Ageu, o embaixador do Senhor, falou – Ag . 1 :13.
A palavra do Senhor a Zacarias – Zac . 1 :1.
O sacerdote é o anjo do Senhor dos Exércitos – Mal . 2 :7.

A autoridade conferida por Jesus Cristo na mortalidade

Deu poder aos doze discípulos – Mat . 10 :1.


Ordenou doze – Mar . 3 :14 . Esses doze Ele chamou apóstolos – Luc . 6 :13.
Vos escolhi e vos nomeei – João 15 :16 ; 17 :18.
Designou outros setenta – Luc . 10:1, 17.
Eu te darei as chaves do reino dos céus – Mat . 16 :19.
Comissão aos apóstolos de batizar e ensinar — Mat . 28 :19, 20.
Pecados são perdoados ou retidos pela autoridade dos apóstolos – João 20 :21-23.

Ordenação nos dias dos apóstolos

Matias foi contado com os apóstolos – Atos 1 :21-26.


Sete homens escolhidos e ordenados pela imposição das mãos – Atos 6 :2-6.
Filipe administrou com autoridade ; sinais . o seguiram – Atos 8 :5-12 : 6:5.
Os apóstolos Pedro e João Administraram as ordenanças mais elevadas aos samaritanos
convertidos por Filipe — Atos 8 :14-17.
Barnabé e Saulo receberam a imposição das mãos – Atos 13 :1-3.
Eleitos anciãos em cada igreja – Atos 14:23 ; Tito 1 :5.
Paulo chamado .para apóstolo – Rom . I :1 . 5 ; 1 Cor . 1 :1.
Como pregarão se não forem enviados – Rom . 10:14. 15.
Para o ,. que estou constituído pregador e apóstolo – 1 Tim . 2 :7 . 2 Tini, 1 :11.
O dom que foi dado pela imposição das mãos do presbítero – 1 Tim . 4 :14 : 2 Tim . 1 :6 .

1 84 REGRAS DE FÉ

Uma geração escolhida, um sacerdócio real — 1 Ped . 2 :9.

Fie deu uns para apóstolos, outros para profetas — Ef. 4:11.

Jesus .Cristo, um sumo sacerdote segundo a ordem de Melquiredeque — Heh . 5 :1-8.

Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus — 1 Ped . 4 :11.

Neli chamado para ser dirigente e mestre — 1 Néfi 2 :22 : 3 :29 : 2 Néfi 5 :19.

Néfi consagrou Jacó e José como sacerdotes — 2 Néfi 5 :26.

Jacó foi chamado por Deus e ordenado Segundo Sua ordem — 2 Néfi 6 :2.
Alma foi consagrado sumo sacerdote sobre a Igreja — Alma 4:4 ; 8 :23 ; 16 :5.

Sumos sacerdotes segundo a ordem do Filho de Deus — Alma 13 :1-19.


Alma ordenou sacerdotes e élderes pela imposição das mãos — Alma 6 :1.
Todos que tinham sido ordenados pela sagrada ordem de Deus — Alma 49 :30.

Os antigos foram chamados à santa ordem de Deus — Éter 12 :10.


O Senhor tocou com Sua mão os discípulos e lhes deu poder para transmitirem o Espírito
Santo — 3 Néfi 18 :36, 37 ; Morôni cap . 2
Outros discípulos ordenados — 4 Néfi 14.
Os discípulos ordenaram sacerdotes e mestres — Morôni cap . 3.
O sacerdócio de Aarão foi conferido a Joseph Smith e Oliver Cowdery por João Batista —
D . & C . sec . 13.

Eis, esta é Minha autoridade e a autoridade de Meus servos — D . & C . 1 :6.

Revelarei o sacerdócio pela mão de Elias, o profeta — D . & C . 2 :1.

Joseph Smith e Oliver .Cowdery ordenaram um ao outro como foram mandados — P . de G.


V . p . 67 ; ver. 71.

. A ordenação é necessária ; cada ordenação precisa ser feita por alguém com autoridade —
D . & C . 42 :11.

Bispos devem ser sumos sacerdotes, a não ser que sejam descendentes literais de Aarão . Li-
terais: descendentes diretos de Aarão — D . & C . 68 :14-21.

Por meio deste sacerdócio um Salvador ao Meu povo — D . & C . 86 :11.

Revelação sobre o sacerdócio : linhagem dos patriarcas antigos ; deveres dos ofícios do sa-
cerdócio — D . & C. sec . 84.

Aquele que for ordenado por Mim e enviado para pregar a palavra da verdade — D . & C.
50:17.

Pregai o Evangelho, agindo sob a autoridade que Eu vos dei — D . & C . 68 :8.

O Senhor tirou de seu meio a Moisés, e também o santo sacerdócio ; e o sacerdócio menor
continuou — D . & C . 84 :25, 26.

Aqueles que são fiéis até a obtenção destes dois sacerdócios, tornam-se filhos de
Moisés e de Aarão, e semente de Abrão — D . & C . 84 :33, 34 .

REFERÊNCIAS 185

Ai de todos que não se achegam a este sacerdócio – D . & C . 84 :42.


Os doze são chamados para ir pregar o Evangelho – D . & C . 18 :27-29.
Instruções aos doze apóstolos – D . & C . 18 :31-36.
Os doze constituem d sumo conselho viajante para a edificação da Igreja – D . & C . 107 :33.
Os setentas agem sob sua direção – D . & C . 107 :34.
Os doze apóstolos são testemunhas especiais do nome de Cristo no mundo todo – D . &
C . 107 :23.

Revelação a respeito dos quoruns do sacerdócio e seus deveres – D . & C . sec . 107.
Nunca há senão um na terra que tem as chaves do sacerdócio – D . & C . 132 :7.
O mesmo sacerdócio que existia no começo existirá no fim do mundo – Moisés 6 :7.
O Senhor disse a Abraão : Eu te levarei para pôr sobre ti Meu nome, até mesmo o sacerdó-
cio de teu pai . – Abraão 1 :18.
Os relatos dos pais, mesmo dos patriarcas, concernentes ao direito do Sacerdócio –
Abraão 1 :31.

Preexistência e Preordenação
Deus é o Pai dos espíritos de toda a carne – Heb . 12 :9, Num . 16 :22 ; 27 :16 ; Jó 12 :10.
Após a morte o espírito volta a Deus que o deu – Ecl . 12:7.
Jeremias, antes de nascer, era conhecido por Deus e foi ordenado – ler . 1 :5.
E se vísseis subir o Filho do Homem, para onde primeiro estava? – João 6 :62.
Saí do Pai e vim ao mundo ; outra vez deixo o mundo e volto para o Pai – João 16 :28.
Cristo orou para ser glorificado com a mesma glória que tinha com o Pai antes que o mun-
do existisse – João 17 :5.
Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? – João 9 :2.
Jeová ou Cristo manifestou-Se muitas vezes aos profetas antigos em ambos os hemisférios,
antes de Seu nascimento na carne.
Predição que o Senhor Onipotente, que então reinava, desceria e viveria num tabernáculo
de barro, e seria nascido de Maria – Mosíah 3 :5-8.
O Senhor mostrou a Abraão as inteligências que eram organizadas antes que o mundo exis-
tisse – Abraão 3 :22-26.
O Senhor ressuscitado declarou aos nefitas que Ele criou os céus e a terra e estava com o
Pai desde o princípio – 3 Néfi 9 :15.
O Senhor declarou a Néfi, filho de Néfi, na noite antes de Seu nascimento : Amanhã virei ao
mundo – 3 Néfi 1 :13.
Sendo chamados e preparados desde a fundação do mundo, segundo a presciência de Deus
– Alma 23 :3 . Sendo preparado de eternidade para toda a eternidade – Alma 13 :7 .

186 REGRAS DE FÉ

Cristo foi preparado desde a fundação do mundo — Moslah 18 :13 . Sou Aquele que foi pre-
parado desde a fundação do mundo — Ëter 3 :14.

Eleitos segundo a presciência de Deus — 1 Fed . 1 :2.

Elegeu-nos Ele antes da fundação do mundo — Ef. 1 :4.

Havendo sido predestinados, conforme Sua vontade — Ef. 1 :11.

Deus preordenou que os homens andassem em boas obras — Ef. 2 :10.

Sois herdeiros legais, e fostes escondidos do mundo com Cristo, em Deus — D . & C . 86 :9,
10.

As coisas de Deus que existiram desde o princípio, antes do mundo — D . & C . 76:13.

Foi ordenado no conselho do Eterno Deus, antes da fundação deste mundo — D. & C.
121 :32.

O Senhor escolheu dos espíritos os que seriam Seus governantes — Abraão 3 :23 .

Capítulo 11

A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO

Regra 6 — Cremos na mesma organização existente na Igreja Pri-


mitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres,
evangelistas etc.

A IGREJA NOS DIAS ANTIGOS E MODERNOS

A Igreja Primitiva — Na dispensação do meridiano dos tem-


pos' Jesus Cristo estabeleceu Sua Igreja sobre a terra, determi-
nando os oficiais necessários para levar a efeito os propósitos
do Pai . Toda pessoa assim nomeada ficava divinamente comis- .
sionada com a autoridade para oficiar nas ordenanças de seu
chamado . Após a ascensão de Cristo, permaneceu a mesma
organização e aqueles que haviam recebido a autoridade cha-
mavam a outros para os vários ofícios do Sacerdócio . Desta ma-
neira se instituíram na Igreja apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores,' sumos sacerdotes,' setentas,' élderes ou anciãos,' bis-
pos,' sacerdotes,' mestres' e diáconos .'
Além destes ofícios específicos do Sacerdócio, havia ou-
tros chamados de caráter mais temporal, aos quais os homens
também eram chamados por autoridade, como por exemplo o
caso dos sete varões de . bom testemunho, que nos dias dos
apóstolos foram nomeados para o ministério entre os pobres,
deixando assim os Doze com mais liberdade para atender aos
deveres particulares de seu ofício . 10 Esta nomeação especial re-
vela a natureza do modo de cooperação e governo u postos na
Igreja para auxiliar na obra sob a direção dos oficiais regulares
do Sacerdócio.

1, Veja P . de G . V ., Moisés 5 :57 ; D . & C . 20:26 ; 39 :3 2, Ef . 4 :11 . 3, Veja Heb . 5 :1-5 . 4,


Veja Loc . 10:1-11 . 5, Veja Atos 14:23 ; 15 :6 : 1 Ped . 5 :1 . 6, Veja 1 Tim . 3 :1 : Tito 1 :7.
7, Veja apo . 1 :6 . 8, Veja Atos 13 :1 . 9, Veja 1 Tim . 3 :8-12 . 10, Veja Atos 6 :1-6 . 11,
Veja 1 Cor . 12 :28 .

188 REGRAS DE FÉ

Os ministros assim nomeados, e os membros entre os quais


trabalham, constituem a Igreja de Cristo, a qual tão formosa-
mente foi comparada a um corpo perfeito, no qual os indiví-
duos representam os vários membros, cada qual com suas pró-
prias funções e cooperando para o bem-estar de todo o corpo . 12
Todo ofício assim estabelecido, todo oficial que desta maneira
tenha sido comissionado, é necessário para o desenvolvimento
da Igreja e para o cumprimento de sua obra . Uma organização
estabelecida por Deus não compreende superfluidades : o olho,
o ouvido, a mão, o pé, cada um dos membros do corpo é essen-
cial para a simetria e perfeição da estrutura física . Na Igreja ne-
nhum oficial pode justificadamente dizer a outro : "Não preciso
de ti ."
A existência destes oficiais — e particularmente suas obras,
acompanhadas de ajuda e poder divino — pode ser considerada
como singularidade característica da Igreja em qualquer época
do mundo, uma prova decisiva por meio da qual se pode deter-
minar a validade ou a falsidade de toda pretensão a autoridade
divina . O Evangelho de Jesus Cristo é o Evangelho eterno ; seus
princípios, leis e ordenanças, e a organização eclesiástica que
nele se funda, devem para sempre ser os mesmos . Por conse-
guinte, ao procurar a Igreja verdadeira deve-se buscar uma or-
ganização que compreenda os ofícios estabelecidos na antigüi-
dade, os chamamentos de apóstolos, profetas, evangelistas, su-
mos sacerdotes, setentas, pastores, bispos, élderes, sacerdotes,
mestres, diáconos — não oficiais meramente de nome, mas, sim,
ministros que possam justificar sua posição como oficiais no
serviço do Senhor pelas manifestações de poder e autoridade
que acompanham seu ministério.
A Apostasia da Igreja Primitiva — O pesquisador sincero
poderá perguntar em sua mente se estas autoridades, juntamen-
te com os dons que testemunham do Espírito Santo, permane-
cem entre os homens desde a época apostólica até a atual . Em

12, Veja 1 Cor. 12 :12-27 ; Rom . 12:4,5 ; Ef. 4 :16` 13, 1 Cor . 12 :21 .
A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO 189

outras palavras, se a Igreja de Jesus Cristo tem existido sobre a


terra durante este grande intervalo . Em resposta, consideremos
os seguintes fatos . Desde o período que imediatamente se' se-
guiu ao ministério dos antigos apóstolos até o século XIX ne-
nhuma organização havia afirmado ter revelação direta . de
Deus ; por certo, :. os que professam,ser . :ministros , do evangelho.
têm .ensinado e :declarado por séculos que estes dons de Deus
cessaram, que os dias dos milagres-já passaram e que a época
atual depende inteiramente do passado para seu código de
orientação . Dando à história uma interpretação natural, é evi-
dente que tenha havido um desvio muito grande do caminho da
salvação que o Salvador determinou, uma apostasia geral da
Igreja de Cristo ." Nem bem tinha organizado o Salvador a Igre-
ja que leva Seu nome, quando os poderes da escuridão se dispu-
seram a batalhar contra o corpo organizado . Mesmo nos dias do
ministério pessoal de nosso Senhor na carne se manifestava a
perseguição contra Ele e Seüs discípulos . Iniciada pelos ju-
deus e dirigida primeiramente contra o Mestre e o grupo de seus
íntimos associados, esta maré de oposição em pouco tempo en-
volveu todo adepto conhecido do Salvador, a tal ponto que o
próprio nome de cristão era usado como epíteto degradante.
Entretanto, na primeira parte do século IV manifestou-se
uma mudança na atitude do paganismo para com o cristianis-
mo, devido à assim chamada conversão de Constantino o Gran-
de, sob cujo patrocínio aumentou a influência da profissão da fé
cristã, que se converteu, por certo, na religião do estado . Mas,
que profissão, que religião era por esse tempo! Sua simplicida-
de havia desaparecido ; a devoção franca e a sinceridade abne-
gada já não distinguiam os ministros da Igreja . Aqueles que pro-
fessavam ser crentes do humilde profeta de Nazaré, aqueles que
a si mesmos se nomeavam representantes do Senhor, cujo reino
não era terreno, aqueles ruidosamente aclamados amantes do
Varão de Dores, viviam em condições muito estranhamente dis-
tintas das da vida de seu Divino Exemplo . Aspirava-se às posi-
ções eclesiásticas pela distinção de honra e riqueza que as
: e a pequena obra ins-
14, Veja o apéndice 11 :1,2 ; também "A Grande Apostasia " , cap . 9
trutiva "The Reign of Antichrist " ou "The Great Falling Away", por J . M . Sjodahl, Salt
Lake City, 1913 . .

190 REGRAS DE FÉ

acompanhava ; os ministros do Evangelho assumiam a posição


de dignitários seculares ; os bispos ostentavam a pompa de
príncipes, os arcebispos viviam como reis e os papas como im-
peradores . Com estas inovações se introduziram várias modifi-
cações nas cerimônias da assim chamada Igreja ; foram perver-
tidos os ritos do batismo ; alterou-se o sacramento da Santa
Ceia ; a adoração pública se transformou numa exibição de ar-
te ; canonizaram homens ; converteram os mártires em objeto de
adoração e a blasfêmia aumentou rapidamente, pois homens
sem autoridade tentaram exercer as prerrogativas de Deus . Sé-
culos de trevas envolveram a terra ; o poder de Satanás parecia
ser quase supremo.
Para uma consideração especial da evidência de uma apos-
tasia geral da Igreja de Cristo, o estudioso deverá consultar au-
toridades em matéria de história eclesiástica . Apesar de poucos
desses escritores admitirem o fato da apostasia, os aconteci-
mentos históricos que eles anotam nos revelam a terrível verda-
de . Desde os dias dos apóstolos até fins do século dez pode-se
perceber uma alteração na forma de organização da Igreja, a
qual nos últimos tempos nada de parecido tinha com a Igreja
que o Salvador estabeleceu . Alguns historiadores admitem esta
decadência que, como veremos em breve, foi definitivamente
anunciada por profecias autorizadas.
John Wesley, fundador de uma influente seita, declarou
que os dons distintivos do Espírito Santo já não estavam com a
Igreja, pois haviam sido tirados por não serem dignos deles os
que professavam ser cristãos, a quem caracterizou como pagãos
que nada mais tinham além duma forma morta de adoração .'s
Na Homília Contra o Perigo da Idolatria da Igreja da Inglaterra,
lemos o seguinte : "De maneira que leigos e clero, doutos e in-
doutos, todas as idades, seitas e classes de homens, mulheres e
crianças de toda a cristandade — o que é terrível e horroroso de
se pensar — se fundiram ao mesmo tempo numa idolatria abo-
minável, de todos os vícios, o mais detestado por Deus e o mais
condenável para o homem ; e isso pelo espaço de oitocentos

15, Veja Obras de John Wesley, torno 7, pp . 26, 27 .


A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO 191

anos e mais" . O Livro das Homilias data de meados do século


XVI : e nele oficialmente se afirma que a assim chamada Igreja e
todo o mundo religioso haviam estado numa condição de apos-
tasia completa durante oito séculos ou mais, antes do estabele-
cimento da Igreja da Inglaterra . 16

Esta Grande Apostasia foi Predita — O conhecimento prévio


de Deus revelou, desde o princípio, este desvio da verdade ; e os
profetas da antigüidade, com inspiração, pronunciaram sole-
nes admoestações quanto aos perigos que se aproximavam.
Isaías viu esta época de escuridão espiritual, quando declarou:
"Na verdade a terra está contaminada por causa de seus mora-
dores ; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e
quebram a aliança eterna ." 17 Causam profunda impressão as
palavras do Senhor, ditas pela boca de Jeremias : "Porque meu
povo fez duas maldades : a mim me deixaram, o manancial de á-
guas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm
as águas ." 18
As profecias dos apóstolos, relativas aos falsos profetas que
em pouco tempo afligiriam o rebanho nos mostram que naquela
época remota a apostasia se aproximava com rapidez . Paulo
aconselhou os santos de Tessalônica a que não se deixassem en-
ganar por aqueles que então anunciavam que a segunda vinda
de Cristo estava próxima. "Porque", declarou o apóstolo, "não
será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o ho -
mem do pecado, o fiho da perdição . O qual se opõe e se levanta
contra tudo o que se chama Deus ou se adora ; de sorte que se
assentará como Deus, no templo de Deus, querendo parecer
Deus" . 19 Este afastamento havia-se iniciado mesmo nos dias
dos apóstolos : "também agora muitos se têm feito anticris-
tos . "20 Paulo, dirigindo-se aos gálatas, disse : "Há alguns que vos
inquietam e querem transformar o Evangelho de Cristo . "21
Não menos conclusivas são as profecias que o Livro de
Mórmon contém, referentes a essa grande apostasia. Néfi, o f1-
16, Veja "Philosophical Basis of Mormonism", sec . 7, e "A Grande Apostasia", cap . 10,
pelo autor . 17, Isa . 24:5 . 18, Jer . 2 :13 . 19, 2 Tess . 2 :3,4 . 20, 1, João 2 :18 ; veja tam-
bém 2. Ped . 2 :1-3 : Jud . 17, 18 . 21, Gál . 1 :7 ; também Atos 20:29,30 ; 1 Tim . 4:1-3 ; e Tim.
4 :1-4 ; veja "A Grande Apostasia", cap . 2 .

192 REGRAS DE FÉ

lho de_ Léhi, predisse a opressão dos índios das Américas sob os
gentios, e declarou que nesse tempo o povo se encheria de or-
gulho, afastando-se das ordenanças da casa de Deus ; que edifi-
cariam muitas igrejas, porém nelas pregariam sua própria sabe-
doria entre inveja, contendas e malícia, negando o poder e os
milagres de Deus . 22
A Restauração da Igreja — Pelos fatos já expostos é evidente
que a Igreja foi literalmente expulsada terra : Nos primeiros dez
séculos posteriores ao ministério de Cristo-perdeu-se dentre os
homens a autoridade do Santo Sacerdócio, e nenhum poder hu-
mano pôde restaurá-la . Mas o Senhor, em Sua misericórdia,
cuidou do restabelecimento de Sua Igreja nos últimos dias, pela
última vez ; e os profetas dos tempos antigos previram esta épo-
ca de novo esclarecimento e, com vozes alegres, cantaram a sua
vinda . 23 O Senhor realizou esta restauração por intermédio do
Profeta . Joseph Sm'ith que, juntamente com Oliver Cowdery, re-
cebeu o Sacerdócio de Aarão em 1829, das mãos de João Batis-
ta, e mais tarde o Sacerdócio de Melquisedeque, das mãos dos
apóstolos dos dias antigos, Pedro, Tiago e João . Por esta auto-
ridade, que desse modo se conferiu, a Igreja de novo foi organi-
zada em toda a sua perfeição anterior, e o gênero humano uma
vez mais desfruta os inestimáveis privilégios dos conselhos de
Deus . Os Santos dos Últimos Dias afirmam ter a verdadeira or-
ganização da Igreja, igual em todos os seus pontos essenciais
à organização que Cristo efetuou entre os judeus . Este povo dos
últimos dias professa ter o Sacerdócio do Todo-Poderoso e po-
der de agir em nome de Deus, o poder que se respeita tanto nos
céus como na terra.

PLANO DE GOVERNO NA IGREJA RESTAURADA


Ordens e Ofícios do Sacerdócio 24 — A Igreja de Jesus
Cristo . dos Santos dos Últimos Dias reconhece duas ordens de

22, Veja 2 Néfi 26 :19-22 ; veja também 27:1 ; 28 :3,6 ; 29 :3 ; 1 Néfi 13 :5 ; 22 :22,23 . 23, Veja
Dan . 2 :44,45 ; 7 :27 ; Mat . 24 :14 ; Apo . 14 :6-8 . 24, Veja D. & C . sec . 107 .

A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO 193

Sacerdócio : O menor, que é chamado Aarônico, e o maior, co-


nhecido como a ordem de Melquisedeque.
O Sacerdócio Aarônico leva o nome de Aarão, que foi dado
a Moisés para ser como seu porta-voz e para agir sob sua dire-
ção, a fim de levar a efeito os propósitos do Senhor para
com Israel . 23 Por esta razão algumas vezes é chamado o Sacer-
dócio Menor ; mas, apesar de menor, não é pequeno nem insig-
nificante . Enquanto Israel viajava pelo deserto, Aarão e seus fi-
lhos foram chamados por profecia e nomeados para os deveres
do ofício de sacerdote 26
Mais tarde o Senhor escolheu a tribo de Levi para ajudar
Aarão nas funções sacerdotais e o dever especial dos levitas foi
o de guardar os instrumentos e se encarregar do serviço do ta-
bernáculo . Os levitas deviam substituir os primogênitos de to-
das as tribos, aos quais o Senhor havia separado para Seu servi-
ço desde a ocasião da última e terrível praga no Egito, quando
foi morto o primogênito de todas as casas dos egípcios, enquan-
to que o filho maior de cada família israelita foi santificado e
preservado .' Essa comissão dada aos levitas é às vezes chamada
Sacerdócio .Lei'ítico . 2 Deve-se considerá-lo como dependente do
Sacerdócio de Aarão e não compreende os poderes mais altos
do Sacerdócio . O Sacerdócio Aarônico, como foi restaurado à
terra nesta dispensação, inclui a ordem levítica .' Possui as cha-
ves do ministério dos anjos e a autoridade para oficiar nas orde-
nanças exteriores, a letra do Evangelho .4 'Compreende os car-
gos de diácono, mestre e sacerdote e o bispado tem as chaves
de sua presidência.
O Sacerdócio de Melquisedeque leva o nome do rei de Sa-
- .lém, um grande sumo sacerdote .' Antes do tempo doreferido
rei chamava-se "Santo Sacerdócio segundo a Ordem do Filho
de Deus . Mas, por respeito a reverência ao nome do Ser Supre-
e para evitar-se a freqüente repetição de Seu nome, eles, a igre-
ja, em dias antigos, deram àquele Sacerdócio o nome de Mel-
quisedeque" .6 Este sacerdócio tem o direito de presidir todos os

25, Veja Êxodo 4:14-16 . 26, Veja Êxodo 28 :1 . 1, Veja Núm . 3, 12, 13, 39, 44, 45, 50, 51.
2, Veja Hebreus 7 :11 : 3, Veja D . & C . 107 :1 . 4, D . & C . 107 :20 ; 5, Veja Gén.
14 :18 ; Heb . 7 :1-17 . 6, D . & C . 107 :2-4 .

194 REGRAS DE FÉ

cargos da Igreja . Suas funções especiais consistem na adminis-


tração de coisas espirituais e compreendem as chaves de todas
as bênçãos espirituais da Igreja, o direito de "ver abertos os
céus (falando dos que têm esse Sacerdócio), de comunicar-se
com a assembléia geral e Igreja do Primogênito, e gozar da
comunhão e presença de Deus o Pai, e Jesus, o mediador do
novo convênio" .' Os cargos especiais do Sacerdócio de Melqui-
sedeque são : apóstolo, patriarca ou evangelista, sumo sacerdo-
te, setenta e élder ou ancião . As revelações de Deus assinala-
ram os deveres de cada um destes chamamentos ; e esta mes-
ma alta autoridade dirigiu a nomeação de oficiais administra-
tivos, escolhidos entre aqueles que são nomeados aos vários
cargos destes dois sacerdócios . 8
Deveres Especiais do Sacerdócio — O ofício de Diácono é o
primeiro ou menor no Sacerdócio de Aarão . Os deveres deste
chamamento são principalmente de caráter temporal, e relacio-
nam-se ao cuidado com as casas de oração, comodidade dos pre-
sentes e prestação de serviços aos membros da Igreja conforme
as instruções do bispo . Entretanto, o diácono pode ser chamado
em todas as coisas para ajudar o mestre em seus deveres .' Doze
diáconos formam um quorum10 no qual presidem um presidente
e dois conselheiros, escolhidos entre os do grupo.
Os Mestres — São oficiais locais, cuja função é associar-se
com os santos para exortá-los quanto a seus deveres e fortale-
cer a Igreja por meio de seu ministério constante . Devem cuidar
que não haja iniqüidade na Igreja e que os membros não abri-
guem sentimentos maus uns contra os outros, mas que obser-
vem a lei de Deus no tocante a seus deveres na Igreja . Na falta
de um sacerdote, ou de outro oficial maior, podem dirigir os
serviços . Tanto os mestres como os diáconos podem pregar a
palavra de Deus quando propriamente se lhes indique, porém
não possuem o poder para oficiar independentemente em ne-
nhuma ordenança espiritual, como batizar, administrar o Sacra-
7, D . & C . 107 :8, 18, 19 . 8, Veja D . & C . 107 :21 . 9, Veja D . & C . 20:57 : 107 :85 . 10,
Quorum — Esta palavra tem um significado especial entre os Santos dos Últimos Dias . Não
somente dá a entender uma maioria ou o número de pessoas necessárias para
fazer certos acordos, mas também- se estende ao corpo organizado . Para a
Igreja, um quorum é "um conselho ou um corpo organizado do Sacerdócio",
ex . um quorum de élderes, o Ouorum dos Doze Apóstolos etc .

A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO 195

mento ou impor as mãos ." Vinte quatro mestres, incluindo um


presidente e conselheiros, constituem um quorum.
Os Sacerdotes — São comissionados para pregar, ensi-
nar, expor as escrituras, batizar, administrar o Sacramento e visitar
as casas dos membros para exortá-los à diligência . Devidamente
nomeado, o sacerdote pode ordenar diáconos, mestres e outros
sacerdotes ; e pode ser chamado para ajudar o élder em seu tra-
balho . Um quorum de sacerdotes consta de quarenta e oito
membros e se acha sob a presidência pessoal de um bispo.
Os ['Aderes — ou anciãos estão facultados a oficiar em qual-
quer dos deveres dos ofícios menores do Sacerdócio, ou em, to-
dos eles ; além disso, podem ordenar outros élderes, confirmar
membros da Igreja aos que tenham sido batizados devidamente
e lhes conferir o Espírito Santo . Os élderes têm autoridade para
abençoar as crianças da Igreja e se encarregar das reuniões, di-
rigindo-as conforme os ditames do Espírito Santo . 12 O élder
pode oficiar no lugar do sumo sacerdote, se este não estiver
presente .. Noventa e seis élderes integram um quorum e três de-
les constituem a presidência do corpo ."
Os Setentas são principalmente élderes viajantes, ordena-
dos especialmente para divulgar o Evangelho entre as nações
da erra, "primeiramente aos gentios e também aos judeus".
Devem agir sob a direção dos apóstolos nesta atividade especí-
fica . 14 Um quorum completo compõe-se de setenta membros,
entre eles sete presidentes.
Os Sumos Sacerdotes são ordenados e autorizados a oficiar
em todas as ordenanças e bênçãos da Igreja quando são nomea-
dos ou de alguma outra maneira designados para isso . Podem
viajar como o fazem os setentas, levando o Evangelho às nações,
mas não têm essa responsabilidade especial . Seu chamamento
particular consiste em presidir e servir num lugar fixo . Os su-
mos sacerdotes de qualquer das estacas 15 da Igreja podem orga-

II . veia 1) . & ( . 20 :53-59 : 107 :86 . 12 . veia 1) . & c . 220 :38 .45, 70 ; 107 :11, 12 .. 13,
Vela 1)_ & C . 1117 :89 . 14 . Veja 1) . & C . 107 :34 . J5, 97 , 48 . IS . estaca . Palavra usada para
indicar uma unidade composta de a 7 alas, presidida por unt presidente .

196 REGRAS DE FÉ

ninar-se num quorum, e este não tem limites quanto a seu nú-
mero . Três membros, una presidente e dois conselheiros presi-
dem esse quorum .'
Os Patriarcas ou Evangelistas têm a seu cargo a responsabi-
lidade de abençoar os membros da Igreja e, naturalmente, auto-
ridade para oficiar também em outras ordenanças . Há um "Pa-
triarca para a Igreja", conhecido oficialmente como o Patriarca
Presidente, cuja jurisdição é geral em toda a organização . Este
possui as chaves do cargo patriarcal e o exerce para que aquele
"a quem abençoar seja abençoado e a quem amaldiçoar seja
amaldiçoado ; que tudo que ligar na terra seja ligado nos céus, e
tudo que ele desligar na terra seja desligado nos céus" ."
A respeito da autoridade patriarcal o Senhor disse : "A or-
dem desse Sacerdócio foi confirmada a fim de ser passada de
pai a filho e por direito pertence aos descendentes literais da se-
mente escolhida, a quem foram feitas as promessas . Esta ordem
foi instituída nos dias de Adão e desceu por linhagem" . 18 Po-
rém, além desse cargo do poder patriarcal geral, há um número
de patriarcas locais que são nomeados nas alas da Igreja, os
quais estão sujeitos ao conselho e instrução do Patriarca Geral,
assim como este recebe direção da Primeira Presidência ou do
Conselho dos Doze . Esses patriarcas locais possuem os mesmos
privilégios e autoridade, dentro de seus respectivos distritos,
que o Patriarca Presidente em toda a Igreja . "É dever dos Doze
ordenar ministros evangélicos em todas as alas grandes da igre-
ja, como por revelação lhes for designado" .'
Os Apóstolos são chamados para ser testemunhas especiais
do nome de Cristo em todo o mundo . 20 Estão facultados a edifi-
car e organizar os ramos da Igreja e podem oficiar em qualquer
das sagradas ordenanças ou em todas . Devem viajar entre os
membros para pôr em ordem os assuntos da Igreja onde quer
que forem, mas particularmente onde não houver uma organi-

16, Veja D . & C . 107 :10 ; 124 :134 . 1 35 . 17, D . & C . 124 :92, 93 . 18, Veja D . & C.
107 :40-57 . 19, Veja D .& C .107 :39 . 10, Veja D . & C . 107 :23 .

A Igreja e Seu Plano de Organização 197

zação local completa . Estão autorizados a ordenar patriarcas e


outros oficiais do Sacerdócio, sob inspiração do Espírito de
Deus . 21 Em todo seu ministério devem obrar sob a direção da
Primeira Presidência da Igreja . Doze Apóstolos, devidamente
ordenados, constituem o Quorum ou Conselho dos Doze.
A Presidência e Organização dos Quoruns -- A palavra reve-
lada de Deus determinou o estabelecimento de oficiais adminis-
trativos que devem proceder ou ser nomeados "dentre os que
são ordenados aos diversos ofícios destes dois Sacerdócios " . 22
De acordo com os princípios prevalecentes de ordem que ca-
racterizam toda Sua obra, o Senhor mandou que se organizem
em quoruns todos os portadores do Sacerdócio, para que possam
aprender os deveres de seus respectivos chamamentos e cum-
pri-los . Alguns desses quoruns são gerais em sua extensão e au-
toridade, outros são de jurisdição local . As Autoridades Gerais
da Igreja e todos os oficiais de jurisdição geral ou local devem
ser apoiados em suas várias posições mediante o voto daqueles
a quem vão presidir . De modo que nas organizações locais se
vota a favor dos oficiais da estaca e da ala, e a Igreja, reunida
em conferência, vota pelas autoridades e oficiais gerais . As con-
ferências gerais da Igreja realizam-se duas vezes por ano, en-
quanto as conferências das estacas e alas são convocadas a cada
três meses ; e nessas conferências o voto do membro a favor ou
contra os que são nomeados para os vários ofícios é um elemen-
to importante . Assim é que se observa o princípio do comum
acordo nas organizações da Igreja . 23
A Primeira Presidência constitui o . corpo administrativo da
Igreja .-Por direção divina um dos membros do Sumo Sacerdó-
cio é nomeado presidente, para que governe toda a Igreja . É co-
nhecido como o Presidente do Sumo Sacerdócio da Igreja, ou o
Sumo Sacerdote que preside o Sumo Sacerdócio da Igreja» É
nomeado "vidente, revelador, tradutor e profeta, possuindo to-
dos os dons de Deus, que Ele confere sobre a cabeça da Igre-

21, Veja D . & C . 107 :39, 58 ; 20-28-44 . 22, D . & C . 107 :21 . 23, Veja o apêndice 11 :3.
24, Veja D . & C . 107 :64-68 .

198 REGRAS DE FÉ

ja " . 2S Segundo o Senhor, este cargo é semelhante ao do Moisés


da antigüidade, que foi o porta-voz de Deus para Israel . Em seu
elevado trabalho na Igreja este Sumo Sacerdote Presidente
conta com o auxílio de outros dois que possuem o mesmo Sa-
cerdócio, e estes três Sumos Sacerdotes, quando são devida-
mente nomeados e ordenados, e apoiados pela confiança, fé e
orações da Igreja, "formam o Quorum da Presidência da Igre-
ja . ''26
O Quorum dos Doze Apóstolos — Doze homens nomeados
para o apostolado, devidamente organizados, constituem o
Quorum dos Doze Apóstolos, também chamado Conselho dos
Doze . O Senhor os chamou os "doze conselheiros viajantes" .'
Estes formam o Sumo Conselho Administrativo Viajante e ofi-
ciam sob a direção da Primeira Presidência em todas as partes
do mundo . Formam um quorum cujas decisões unânimes são
de igual valor e poder aos da Primeira Presidência da Igreja . 2
Quando fica desorganizada a Primeira Presidência, devido a
morte do presidente, ou quando este fica incapacitado de exer-
cer suas funções, a autoridade administrativa imediatamente
recai sobre o Quorum dos Doze Apóstolos, por meio de quem
se faz a nomeação do presidente seguinte.
A Presidência do Primeiro Quorum dos Setenta — O Pri-
meiro- Quorum dos Setenta integra um grupo cujas decisões
unânimes seriam tão válidas como as dos Doze Apóstolos nos
assuntos que fossem devidamente apresentados aos Setenta para
sua decisão oficial . Na obra da Igreja pode haver necessidade
de muitos quoruns de setentas . Cada quorum tem sete presiden-
tes . Entretanto, os sete presidentes do Primeiro Quorum dos Se-
tenta presidem todos os demais quoruns e seus presidentes .'
O Bispado Presidente, em sua organização atual, se com-
põe do Bispo Presidente da Igreja e dois conselheiros . A juris-
dição deste corpo se estende aos deveres de todos os demais
bispos da Igreja e a todas as atividades e organizações que cor-
respondam ao Sacerdócio de Aarão . O representante vivo de
25, 1) . & ( 107 .91 . 92 . 26 . 1) . & ( W7 :22 . 1, Veja 1) . & ( . 1()721, 33 . 2 . Veia 1).
& (' . 17 :24 . 3, Veja 1) . & (_ 11)725 . 26 , 1'4 .'11-97 .

A IGREJA E SEU PLANO DE ORGANIZAÇÃO 199

maior idade entre os filhos de Aarão tem direito a esta presi-


dência, se preencher os requisitos em todos os sentidos e se for
digno . Entretanto, primeiramente deve ser nomeado e ordenado
pela Primeira Presidência da Igreja .' Se for encontrado e orde-
nado tal descendente direto de Aarão, poderá agir sem conse-
lheiros, salvo quando tiver que julgar um dos Presidentes do
Sumo Sacerdócio ; e neste caso deverá ser auxiliado por doze
sumos sacerdotes . 5 Porém, não. havendo um descendente direto
de Aarão, devidamente qualificado, a Primeira Presidência po-
de chamar e ordenar um Sumo Sacerdote do Sacerdócio de
Melquisedeque para o cargo -de Bispo Geral ; e o ajudarão,
como conselheiros, outros sumos sacerdotes devidamente orde-
nados e nomeados . 6
As Organizações Locais do Sacerdócio — Em locais onde os
membros se tenham radicado permanentemente, organizam-se
Estacas de Sião . Cada estaca compreende certo número de alas
ou ramos . Para cada estaca se nomeia uma presidência, a
qual consta de um presidente e dois conselheiros que são sumos
sacerdotes designados para esse cargo . Em suas funções judi-
ciais, a presidência da estaca conta com o auxílio de um Sumo
Conselho Residente, constituído por doze sumos sacerdotes es-
colhidos e ordenados para esse cargo . A Presidência da Estaca
preside esse conselho e juntos formam o tribunal judiciário
mais alto da estaca.
Os presidentes das estacas e os bispos das alas são os pasto-
res do rebanho . Seus deveres são idênticos aos dos pastores em
dispensações passadas . Os sumos sacerdotes e os élderes de
cada estaca organizam-se em quoruns, como já foi explicado,
sendo aqueles ilimitados quanto ao número e estes limitando-se
em um ou mais quoruns de noventa e seis membros cada um.
Também se nomeiam Patriarcas para agir em seu cargo entre os
membros da estaca.
O Bispado existe em cada ala completamente organizada
da lgreja . Este corpo está constituído por três sumos sacerdo-

4, Veja D . & C 68.18-20 . 5, veia D . & C . 107.82 . 83 . Ó . Veja D . & C . 68 :19 .


200 REGRAS DE FÉ

tes, a um dos quais se ordena bispo e se nomeia para presidir a


ala, enquanto os outros dois são designados conselheiros do bis-
po . Ficam sob a jurisdição do bispo os quoruns do Sacerdócio
menor que houver em sua ala, da mesma forma que os portado-
res do Sacerdócio Maior, membros da sua ala ; porém não exer-
ce autoridade direta sobre os quoruns da ordem de Melquisede-
que, em seu caráter de quoruns, que existirem dentro de seus li-
mites . Como sumo sacerdote presidente, dirige propriamente
toda sua ala . Esta possui quoruns de sacerdotes, mestres e diá-
conos, um ou mais, segundo o número dos membros da ala, e
também compreende organizações auxiliares como mais adian-
te veremos.
As Organizações Auxiliares da Igreja — Além destas autori-
dades e cargos constituídos do Sacerdócio, existem organiza-
ções secundárias, estabelecidas para fins morais, educacionais e
caritativos . Estas compreendem as seguintes:
A Associação da Primária, que cuida da instrução e preparo
moral das crianças.
A Associação de Melhoramentos Mútuos, que compreende
organizações separadas para os dois sexos e tem por objeto a
educação e preparo da juventude, mediante temas de interesse
prático . A literatura e a história, o drama e a música, as ciências
e as artes, as leis de saúde e outras inúmeras ramificações de co-
nhecimentos úteis fornecem a instrução . Há também facilida-
des para participar em atividades recreativas de muitas e varia-
das espécies.
A Escola Dominical tem departamentos graduados para es-
tudar as Escrituras e'instruir em teologia, em deveres morais e
religiosos e na disciplina da Igreja . As Escolas Dominicais, ape-
sar de serem principalmente para os jovens, estão abertas tam-
bém para os pais, incluindo todas as idades intermediárias.
As Escolas da Igreja ministram instrução tanto secular
como religiosa aos estudantes de qualquer idade, desde o jar-
dim da infância até as classes universitárias.
Aulas de Religião — Nestas se oferecem cursos graduados

REEI RE;N( IAS 201

de instrução teológica e religiosa para auxiliar e- completar os


ensinamentos seculares das escolas não religiosas . Há também
seminários para os estudantes das escolas preparatórias e uni-
versidades.
Sociedade de Socorro — Compõe-se de mulheres cujos deve-
res se relacionam com o cuidado dos pobres e o alívio dos que
sofrem.
A maior parte destas organizações auxiliares funciona em
cada uma das alas da Igreja, assim como entre suas missões em
todo o mundo . Os oficiais que são nomeados para presidir as
várias organizações auxiliares da .ala, apesar de estarem sob a
direção geral do próprio bispado, recebem das juntas da estaca
e em geral de suas respectivas organizações instruções detalha-
das quanto aos projetos e métodos de sua obra particular . De
conformidade com o princípio de comum acordo que caracteri-
za a administração da Igreja em geral, até mesmo os oficiais das
instituições auxiliares, que são nomeados com ou mediante
aprovação dos oficiais administrativos do Sacerdócio, devem
ser apoiados pelo voto dos membros das unidades locais ou ge-
rais dentro das quais foram nomeados para servir.

REFERENCIAS
A Igreja antes do nascimento de Cristo

Ê. significativo que a palavra "Igreja" não se encontre no velho Testamento . Desde o


tempo de Moisés até a vinda de Cristo, o povo viveu sob a jurisdição da Lei, e entre ela e o
Evangelho incorporado na Igreja estabelecida por Jesus Cristo há uma distinção importan-
te.
Entre os nefitas . porém, separados no continente ocidental, a igreja existia como uma orga-
nização antes da vinda de Senhor Jesus Cristo.
Quantos foram batizados pertenciam à Igreja de Deus — Mosiah 25 :18 ; 26 :28.
Perseguição contra aqueles que pertenciam à Igreja de Deus — Alma 1 :19.
Ordeno-vos que pertençais à Igreja — Alma 5 :62.
Alma havia ordenado mestres sacerdotes e élderes na Igreja — Alma 4 :7:

Alma tinha o ofício de sumo sacerdote — Alma 4 :18 ; 8 :23.


O povo da Igreja encheu-se de alegria — Helamã 6 :3 ; A Igreja espalhou-se por toda a face
da terra — Helamã 11 :21.

A Igreja Primitiva no continente oriental

Sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja — Mat . 16 :18.


Se os não escutar, dize-o à Igreja — Mat . 18 :17 .

202 REGRAS DE FÉ

Todos os dias acrescenta o Senhor à Igreja — Atos 2 :47.

Houve uma grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém — Atos 8 :1.

Herodes estendeu suas mãos sobre alguns da Igreja, para os maltratar — Atos 12 :1.

Havendo-lhes eleito anciãos em cada Igreja — Atos 14 :23.

Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a Igreja — Atos 15 :22.

Paulo mandou a Éfeso . chamar os anciãos da Igreja — Atos 20 :17 . Instruiu-lhes apascentar
a Igreja — Atos 20 :28.

Assim ordeno em todas as Igrejas — 1 Cor . 7 :17.

E a uns pós Deus na Igreja, primeiramente apóstolos etc . — 1 Cor . 12 :28.

Cristo é a cabeça da Igreja — Ef . 5 :23 ; a Igreja é sujeita a Cristo — Ef . 5 :24 ; também Cristo
amou a Igreja — Ef . 5 :25.

Está alguém entre vós doente? Chame os anciãos da Igreja — Tiago 5 :14.

João às sete igrejas que estão na Ásia — Apoc . 1 :4.

Eu, Jesus, enviei ó meu anjo, para vos testificar estas coisas nas Igrejas — Apoc . 22 :16.

A Igreja foi dirigida por Cristo no continente ocidental

O Sacramento foi ordenado para o povo da Igreja — 3 Néfi 18 :5.


Assim orareis em Minha Igreja — 3 Néfi 18 :16.

A Igreja de Cristo será estabelecida entre os gentios se eles se arrependerem — 3 Néfi 21' :22.

A Igreja deve ser conhecida e chamada pelo nome de Jesus Cristo — 3 Néfi 27 :1-8.

Os membros da Igreja reuniam-se freqüentemente para participar do pão e do vinho — Mo-


róni 6 :5, 6 ; também versículos 2, 4, 7, 9.

A Igreja de Jesus Cristo na dispensação atual

Ouvi, ó povo da Minha Igreja — D . & C . 1 :1.


Autoridade dada para fundar a Igreja e trazé-la da obscuridade — D . & C . 130 esta é a úni-
ca Igreja verdadeira e viva na face da terra.
Este é o começo da reedificação da Igreja — D . & C . 5 :14.
Se esta geração não endurecer seus corações, estabelecerei Minha Igreja — D . & C . 10:53.
Aquele que pertence a minha Igreja não deve temer — vers . 55 . Todo o que se arrepende e
vem a Mim é Minha Igreja — vers . 67 ; veja também versículos 68-70.
'Concernente à fundação da Minha Igreja, Meu Evangelho e Minha rocha — D . & C . 18 :4,5.
A Igreja foi organizada e estabelecida no dia 6 de abril de 1830 — D . & C . 20 :1.
O primeiro e o segundo élder da Igreja — D . & C . 20: 2, 3.
Os deveres dos oficiais da Igreja - D . & C . secs . 20 e 84.
Revelação dada na organização da Igreja — D . & C . sec . 21.
Ninguém que pertencer à igreja do Deus vivo estará isento da lei — D . & C . 70 :10.
O dever da Igreja é pregar o Evangelho — D . & C . 84 :76 ; como os apóstolos antigos edifica-
ram a Igreja — D . & C . 84 :108.
Foi revelado o nome da Igreja : A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — D.
& C . 115 :4.
A Primeira Presidéncia recebe os oráculos para toda a Igreja — D . & C . 124 :126 .
Capítulo 12

DONS ESPIRITUAIS

Regra 7 — Cremos no dom de línguas, profecia, revelação, visões,


cura, na interpretação de línguas, etc.

Os Dons Espirituais Caracterizam a Igreja — Já foi afirmado


que todos os homens, para oficiarem devidamente nas ordenan-
ças do Evangelho têm que ser comissionados com autoridade
do céu para os seus altos deveres . Quando assim investidos, es-
ses servos do Senhor não precisam de provas quanto a seu co-
missionamento divino, porque é característico do Senhor que
Ele manifeste o Seu poder, concedendo uma variedade de gra-
ças enobrecedoras que apropriadamente se chamam dons do
Espírito . Com freqüência estes se manifestam de uma forma tão
distinta da ordem comum das coisas que são classificados de
milagrosos ou sobrenaturais . Desse modo se deu a conhecer o
Senhor nos tempos primitivos da história bíblica ; e desde os
dias de Adão até a atualidade os profetas de Deus foram geral-
mente investidos com tal poder . Sempre que a autoridade do
Sacerdócio age mediante a Igreja organizada sobre a terra, os
membros são fortalecidos em sua fé e abençoados de muitas ou-
tras formas análogas, pela posse desses dons . Podemos sem pe-
rigo algum considerar a existência desses poderes espirituais
como uma das características essenciais da Igreja . Onde eles
não se encontram, não age o Sacerdócio de Deus.
O profeta Mórmon' declarou solenemente que os dias dos
milagres não passarão da Igreja enquanto houver sobre a terra
ainda que seja um só homem a salvar . "Pois" diz ele . "é pela fé
que os milagres se manifestam ; e é pela fé que os anjos apare-

I, Moróni . 7 :35-37 .

204 REGRAS DE FÉ

cem e pregam aos homens ; portanto, ai dos filhos dos homens


se estas coisas tivessem cessado pois que isso teria acontecido
em virtude de sua descrença e tudo seria baldado" . E Morôni,
com o pressentimento de que não duraria muito sobre a terra,
testificou independentemente que os dons e graças do Espírito
jamais desapareceriam enquanto durasse a terra, a não ser pela
incredulidade do gênero humano .'
Ouça as palavras desse profeta, dirigidas aos "que negarem
as revelações de Deus, dizendo que elas já se têm passado e que
não há revelações, nem profecias, nem dons, nem curas, nem
línguas e nem interpretações de línguas ; Eis que eu vos digo que
aquele que nega essas coisas não conhece o Evangelho de Cris-
to ; sim, não leu as escrituras ; e se leu não as compreendeu . Pois
não lemos que Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre e nele
não há nem mudança nem sequer sombra de transformação?
E agora, se tiverdes imaginado convosco mesmos um Deus
que varia e no Qual há qualquer sombra de transformação,
então imaginastes um Deus que não é um Deus de milagres.
Mas eis que eu vos mostrarei um Deus de milagres, tal como
o Deus de Abraão, que criou os céus, e a terra, e todas as coi-
sas que neles há" .'
Natureza desses Dons — Os dons de que aqui se fala
são essencialmente investiduras de poder e autoridade por meio
das quais se realizam os propósitos de Deus e algumas vezes se
vêem acompanhados de situações que podem parecer sobrena-
turais . Por este meio são curados os enfermos, as influências
malignas são vencidas, os espíritos de trevas dominados ; os san-
tos, humildes e débeis, proclamam seus testemunhos e de ou-
tras maneiras dirigem louvores a Deus em línguas novas e estra-
nhas, enquanto outros interpretam suas palavras ; o entendi-
mnto humano recebe o vigor do contato celestial, de visões e
sonhos espirituais, para ver e compreender coisas que ordina-
riamente são vedadas aos sentidos mortais ; estabelece-se comu-
nicação direta com a fonte de toda sabedoria e se obtêm as re-
velações da divindade.

2, Morõni 10 :19, 23-27 . 3, Mórmon 9 :7-11 .



DONS ESPIRITUAIS 205

O Senhor prometeu estes dons àqueles que crerem em Seu


nome° e demonstrarem obediência aos requisitos do Evangelho.
Devem servir de encorajamento e incentivo entre os crentes,
para buscar uma comunicação mais elevada com o Espírito .'
Não são dados como sinais para gratificar a curiosidade carnal
nem para satisfazer uma sede mórbida pelo espetacular . Houve
homens que por meio de manifestações milagrosas foram guia-
dos à luz ; porém os acontecimentos na vida desses homens indi-
cas que são ou dos que chegariam ao conhecimento da verda-
de de algum outro modo, ou dos que só estão interessados su-
perficialmente, e quando acaba a novidade da sensação dife-
rente extraviam-se uma vez mais pelas trevas das quais momen-
taneamente haviam saído . Os milagres não existem principal-
mente — é certo que não são necessários — para dar provas do
poder de Deus ; os acontecimentos mais simples, as obras mais
comuns da criação o fazem . Mas ao coração já enternecido e
purificado pelo testemunho da verdade, ao entendimento ilumi-
nado pelo poder do Espírito e disposto a servir obedientemente
nos requisitos do Evangelho, chega a voz dos milagres com ale-
gres novas, com evidências adicionais e mais abundantes da
magnanimidade de um Deus cheio de misericórdia . 6
Entretanto, o testemunho dos milagres deveria chamar a
atenção até mesmo do incrédulo, pelo menos a ponto de insti-
gá-lo a investigar o poder mediante o qual se efetuam ; e nestes
casos os milagres são como "uma voz forte dirigida aos que são
duros de ouvidos" . Numa revelação do Senhor, dada por inter-
médio de Joseph Smith, o objetivo dos dons espirituais é clara-
mente exposto : "Portanto, acautelai-vos para que não sejais
enganados e para que não vos enganem ; procurai com zelo os
dons melhores, lembrando sempre com que fim são dados . Pois
na verdade vos digo que eles são dados em benefício daqueles
que Me amam e guardam todos os Meus mandamentos, e em be-
nefício daquele que procura assim fazer ; para que todos os que
Me procurarem ou pedirem de Mim — não por sinais, para sa-

4, Mar . 1 6 : 1 7 , 1 8 : D . & C . 84 :64-73 .


5, Mat . 1 2 : 3 8 , 3 9 : 1 6 : 1 - 4 : Mar. 8 : 1 1 , 1 2 : Luc . 11.16-
30 . h, Veja o apéndice 1 2 : 6 : também "Jesus the Christ" . cap . I I .

206 REGRAS DE FÉ

tisfazerem suas concupiscências — possam ser beneficiados" .'


Milagres — Comumente se considera milagre um aconteci-
mento que se opõe às leis da natureza . Semelhante conceito é
obviamente errôneo, porque as leis da natureza são invioláveis.
Mas, considerando que o conhecimento humano dessas leis es-
tá muito longe de ser perfeito, certos acontecimentos parecem
opor-se à lei natural quando, ao contrário, concordam estrita-
mente com ela . Toda a constituição da natureza se funda em
sistema e ordem ; entretanto, as leis da natureza estão gradua-
das como o estão as leis do homem . A atuação de urna lei supe-
rior em qualquer caso particular não destrói a realidade de uma
lei inferior . Por exemplo, a sociedade promulgou uma lei que
proíbe a qualquer homem apropriar-se da propriedade de ou-
tro ; entretanto, os representantes da lei freqüentemente se apo-
deram pela força das posses de seus semelhantes, contra os
quais tenha sido feito algum julgamento : e faz-se isso para sa-
tisfazer a justiça e não para violá-la . Jeová ordenou : "Não ma-
tarás ;" e o gênero humano reiterou a lei, prescrevendo castigos
pela sua violação . Contudo, a história sagrada testifica que em
determinados casos o próprio Autor da Lei ordenou diretamen-
te que se fizesse justiça, tomando a vida humana . Nem o juiz
que dita a sentença capital contra um assassino culpado de ho-
micídio, nem o verdugo que executa a disposição, agem contra
a lei — "não matarás" mas, ao contrário apóiam esse decreto.
Até certo ponto estamos familiarizados com alguns dos
princípios conforme os quais agem algumas das forças da natu-
reza ; nenhuma surpresa nos causa vê-los, apesar de uma refle-
xão mais detida mostrar que até mesmo os fenômenos mais co-
muns são pouco entendidos . Entretanto, qualquer aconteci-
mento fora do comum é considerado pelos menos entendidos
como milagroso, sobrenatural e até contra o natural . 8 Quando
o profeta Eliseu fez com que o machado flutuasse sobre o rio,'
valeu-se de uma força superior à da gravidade . Sem dúvida, o
ferro pesava mais que a água ; porém, mediante a operação des-
ta força superior, foi apoiado, suspenso, ou de outra maneira

7, D . & C . 44 :8, 9 . 8, Veja o apindice 12 :1 9, 2 Reis h :5-7



DONS ESPIRITUAIS 207

qualquer se manteve à flor da água, como se estivesse ali susti-


cio por mão humana, boiando com bóias invisíveis.
O vinho ordinariamente se compõe de quatro quintas par-
tes de água e o resto de uma variedade de compostos químicos,
cujos elementos existem abundantemente no ar e na terra . O
método comum — o que chamamos de método natural — de com-
binar adequadamente esses elementos consiste em plantar a
uva e cultivar a videira até que o fruto esteja pronto para entre-
gar seu suco à prensa . Mas, por um poder que ultrapassa toda
capacidade puramente humana, Jesus Cristo uniu esses elemen-
tos na festa de bodas de Caná 10 e efetuou uma transmutação
química dentro das bilhas de água, que resultou na produção do
vinho . De igual maneira, quando deu de comer às multidões,
por Seu contato sacerdotal e bênção autorizada, a substância
dos pães e peixes aumentou, efetuando-se um crescimento que
teria demorado meses, seguindo o que consideramos a ordem
-natural . Na cura dos leprosos, dos paralíticos e dos inválidos, as
partes enfermas do corpo foram restauradas de novo ao seu es-
tado normal e são ; as impurezas que envenenavam os órgãos fo-
ram removidas mais rápida e eficazmente que através do efeito
de remédios.
Nenhum observador sincero, nenhuma alma que pensa,
pode duvidar da existência de inteligências e organismos que os
sentidos do homem não podem perceber sem auxílio .. Este mun-
do é a incorporação material de coisas espirituais . O Criador
nos disse que formou todas as coisas em espírito antes de se tor-
narem temporais ." As flores que florescem e morrem na terra
são representadas além por flores imperecíveis, belas e perfuma-
das . O homem foi feito à imagem de Seu Deus ; sua mente, apesar
de ofuscada por costumes e debilitada por hábitos prejudiciais,
ainda é um tipo decaído de pensamento imortal ; e apesar de o es-
paço que separa o humano do divino, quanto a pensamentos, de-
sejos e atos, ser tão imenso como o que há entre o mar e o céu,
pois, como as estrelas se elevam sobre a terra, assim os caminhos
de Deus superam os do homem, ainda podemos afirmar que o es-

111, João 2 :1-11, veja "Jesus o Cristo" , em "Milagres", cap . 11 11, Veja o apêndice
10 :3 .

208 REGRAS DE FÉ

piritual tem analogia com o temporal . Quando se abriram os seus


olhos, o servo de Eliseu viu as hostes de guerreiros celestiais que
cobriam as montanhas ao redor de Dotan ; homens a pé, carros
e homens a cavalo, armados para lutar contra os sírios . 12 Acaso
não poderemos crer que o capitão da hoste do Senhor e sua
companhia celestial" estavam presentes quando Israel circun-
dou Jericó'° e que ante sua atuação sobre-humana, apoiada
pela fé e pela obediência do exército mortal, se derrubaram os
muros?
Algumas das realizações mais recentes e mais notáveis do
homem, quanto à utilização de forças naturais, vão chegando à
categoria de manifestações espirituais . O poder ouvir o tic-tac
de um relógio a milhares de quilômetros de distância ; o falar
em tom moderado e ser ouvido em todo o continente ; enviar si-
nais desde um hemisfério e ser entendido em outros, apesar de
entre eles haver oceanos que se agitam e rugem ; trazer os re-
lâmpagos a nossas casas para usá-los como fogo e iluminação;
navegar pelo ar e viajar sob a superfície do oceano ; fazer com
que as energias químicas e atômicas obedeçam a nossa vontade,
acaso não são milagres? Sua possibilidade não teria sido aceita
com crédito antes que se realizassem . Entretanto, por meio da
atuação das leis da natureza, que são as leis de Deus, se efetuam
estes e outros milagres.
Uma Enumeração dos Dons do Espírito, completa, o homem
não está apto a apresentar ; entretanto os escritores inspirados
e a palavra de revelação assinalaram as mais comuns destas ma-
nifestações espirituais . Paulo, quando escreve aos santos de Co-
rinto," Morôni, ao redigir sua última súplica aos lamanitas 16 , e a
voz do Senhor, dirigida ao povo de Sua Igreja nesta dispensa-
ção", mencionam muitos dos dons particulares do Espírito . Por
estas escrituras aprendemos que todo homem recebeu algum
dom de Deus ; e, na grande diversidade de dons, nem todos re-
cebem o mesmo . "O Espírito Santo dá a saber a alguns a diver-
sidade de administrações . E novamente a alguns é dado conhe-
cer, pelo Espírito Santo, a diversidade de operações, se são de

12, 2 Reis 6:13-18 . 13, Jos., cap . 6 . 14, Jos . 5 :13-14 . 15, 1 Cor . 12 :4-11 . 16, Morõni
10:7-19 . 17, D . & C . 46:8-29 .

DONS ESPIRITUAIS 209

Deus, para que as manifestações do Espírito possam ser dadas a


todos os homens para seu proveito . E, outra vez, na verdade vos
digo que a alguns é dada, pelo Espírito de Deus, a palavra de sa-
bedoria . A outros é dada a palavra de conhecimento, para que
todos possam ser ensinados a ser sábios e ter conhecimento . E
novamente a alguns é dado ter fé para serem curados ; e a ou-
tros é dado terem fé para curar . E, novamente, a alguns é dada
a operação de milagres . E a outros é dado profetizarem . E a ou-
tros o discernimento de espíritos . E novamente a alguns é dado
falar em línguas . E a outros é dado interpretá-las . E todos estes
dons vêm de Deus, para o proveito dos filhos de Deus ." 18

O Dom de Falar e Interpretar Línguas — O dom de Línguas


foi uma das primeiras manifestações milagrosas do Espírito
Santo aos antigos apóstolos . O Salvador o indicou entre os si-
nais especiais que haviam de seguir ao crente : "Em meu no-
me", disse Ele — "falarão novas línguas ." 19 O rápido cumpri-
mento desta promessa, no caso dos apóstolos, se realizou no dia
de Pentecostes quando, cheios do Espírito Santo, começaram a
falar em línguas desconhecidas . 20 Na ocasião em que pela pri-
meira vez se abriu a porta do Evangelho aos gentios, os conver-
sos se regozijaram no Espírito Santo que havia descido sobre
eles e lhes havia concedido que falassem em línguas . 21 Junta-
mente com outros, este dom se manifestou entre certos discípu-
los de Éfeso 22 quando receberam o Espírito Santo . Na atual dis-
pensação, este dom, novamente prometido aos santos, não é
uma manifestação rara . Emprega-se-o principalmente para lou-
var e não para instruir e pregar ; e isto concorda com os ensina-
mentos de Paulo : "Porque o que fala língua estranha não fala
aos homens, senão a Deus ." 23 Foi presenciada uma manifesta-
ção extraordinária deste dom por ocasião do tempo da conver-
são dos judeus, no dia de Pentecostes, ao qual já se fez referên-
cia, quando toda a multidão entendeu os apóstolos, e cada qual

18, D . & C . 46 :11-26 ; veja também 1 Cor . 12 :4-11 . 19, Mar . 16 :17 20, Atos 2 :4 . 21,
Atos 10 :46 . 22, Atos 19 :6 . 23, 1 Cor . 14 :2 .

210 REGRAS DE FÉ

ouviu em sua própria língua . 24 Neste caso, o dom foi acompa-


nhado de outras investiduras mais elevadas de poder e a ocasião
foi de instrução, admoestação e profecia . O que fala em língua
poderá ter o dom de interpretação, apesar de mais comumente
se manifestarem separados os poderes em diferentes pessoas.

O Dom de Cura foi extensamente exercido nos dias do Sal-


vador e de Seus apóstolos ; de fato, as curas constituem a maior
parte dos milagres que nessa época se efetuaram . Pelo exercício
autorizado do ministério eram abertos os olhos dos cegos ; fazia-
se falar os mudos, ouvir os surdos, saltar de gozo os coxos . Os
mortais aflitos, abatidos pela enfermidade, eram levantados e
gozavam o vigor da juventude ; andava o paralítico e sarava o le-
proso ; a impotência desaparecia e as febres eram aliviadas . Na
época atual, na dispensação da plenitude dos tempos, a Igreja
possui este poder, e sua manifestação é de ocorrência freqüente
entre os Santos dos Ultimos Dias . Milhares de pessoas podem
testemunhar do cumprimento da promessa do Senhor de que se
seus servos pusessem as mãos sobre os enfermos estes seriam
curados . 25
O método usual de abençoar os aflitos é pela imposição das
nãos daqueles que possuem a autoridade indispensável do Sa-
cerdócio, o que concorda com as instruções do Salvador nos
dias antigos 2ó e com a revelação divina em tempos atuais .' Esta
parte da ordenança geralmente é precedida de uma unção com
óleo previamente consagrado . Os Santos dos Ultimos Dias afir-
mam obedecer ao conselho dado por Tiago na antigüidade:
"Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja
e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor . E
a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará ; e se
houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados ." 2
Apesar de a autoridade para abençoar os enfermos perten-
cer aos élderes da Igreja em geral, alguns gozam dessa faculda-
de em grau extraordinário, tendo-a recebido como dom espe-

24 . Ates 2 :6-12_ 25 . Mar . 16 .18 ; veja tamhém U . & C . 84 :68 . 26, Id . ; veja também Tia-
a 5 :14, 1S . 1 . 1) . A C . 4 2_ :43, 44 . 2, Tiago 5 :14 .15 .

DONS ESPIRITUAIS 211

cial do Espírito . Com este se relaciona o dom de ter fé para ser


curado,' o qual se manifesta em vários graus . A bênção dos él-
deres nem sempre se vê acompanhada de um alívio imediato;
talvez seja permitido que os aflitos sofram no corpo, para a rea-
lização de bons propósitos 4 e, no tempo determinado, todos te-
rão que sofrer a morte corporal . Porém deve-se considerar a
vontade de Deus ao se ungir e abençoar os enfermos ; se cura-
dos, vivem para o Senhor, e foi acrescentada a promessa con-
soladora de que aqueles que morrem nessas condições, mor-
rem para o Senhor .'

As Visões e Sonhos constituíram um meio de comunicação


entre Deus e os homens em toda dispensação do Sacerdócio.
Em geral as visões se manifestam aos sentidos despertos, en-
quanto os sonhos vêm quando o indivíduo está dormindo . Na
visão, entretanto, podem impressionar-se os sentidos até o pon-
to de deixar o indivíduo quase inconsciente, ou pelo menos in-
consciente quanto aos acontecimentos ordinários, apesar de
poder discernir a manifestação celestial . Em dispensações ante-
riores o Senhor se comunicava freqüentemente por meio de so-
nhos e visões, revelando acontecimentos futuros aos profetas,
até as últimas gerações . Considere o caso de Enoque6 , a quem o
Senhor falou face a face, mostrando-lhe o curso que havia de
seguir a família humana, não só até a segunda vinda do Salva-
dor, mas até mais além . O irmão de Jared' foi tão abençoado
por Deus, em virtude de sua retidão, que lhe foram mostrados
todos os habitantes da terra, tanto os que já haviam existido an-
teriormente como os que haveriam de se seguir . A Moisés foi
dado conhecer a vontade de Deus com a manifestação visível do
fogos . Léhi recebeu em sonhos suas instruções para sair de Je-
rusalém 9 e em muitas ocasiões subseqüentes o Senhor Se comu-
nicou com esse patriarca do mundo ocidental por meio de so-
nhos e visões . Assim geralmente eram favorecidos os profetas
do Antigo Testamento ; ex . : Jacó, o pai de toda Israel, 10 Jó, o pa-

3 . D . & C . 46 :19 : 42 :48-51 ; veja também Atos 14 :9 : Mat . 8 :10 : 9 :28 ; 29 . 4, Veja o caso de
Jó, 5 . D . & C . 42 :44-46 . 6, 1' . de G . V ., Moisés 6 :27-39 . 7, Éter cap . 3 . 8. Êxodo 3 :2.
9, 1 Néfi 2 :2-4 . 10 . Gén . 46 :2 .

212 RI'.GRAS 11'. 1'11

ciente sofredor," Jeremias, 12 Ezequiel," Daniel, 14 Habacuque"


e Zacarias . 1ó
A dispensação de Cristo e dos apóstolos viu-se assinalada
por manifestações similares . O nascimento de João Batista foi
anunciado a seu pai enquanto desempenhava seu ofício sacer-
dotal ." José, casado com a virgem, recebeu por intermédio da
visita de um anjo 1e as notícias do Cristo que ainda estava por
nascer ; e em ocasiões subseqüentes recebeu em sonhos ad-
moestações e instruções relativas ao bem-estar da Santa Crian-
ça . 19 Quando voltavam de sua peregrinação, os magos do Orien-
te foram advertidos em sonhos sobre os planos malévolos de
Herodes . 20 Saulo de Tarso viu em visão o mensageiro que Deus
estava para enviar a fim de lhe administrar as ordenanças do Sa-
cerdócio 21 , após a qual se seguiram outras visões . 22 Pedro foi
preparado para o ministério entre os gentios por meio de uma
visão 23 , e tão favorecido por Deus foi João nesse sentido que o
seu testemunho constitui o Livro de Apocalipse.
A maior parte das visões e sonhos que se acham anotados
nas Escrituras foram dados por intermédio do Sacerdócio mi-
nistrante ; porém há casos excepcionais em que foram feitas tais
manifestações a alguns que, no tempo em que as receberam,
ainda não pertenciam ao redil . Temos como exemplo as visões
de Saulo e Cornélio, apesar de nestes casos as manifestações di-
vinas terem sido as preliminares que imediatamente antecede-
ram sua conversão . Receberam sonhos de particular importân-
cia, Faraó,24 Nabucodonosor 25 e outros ; porém, foi necessário
um poder superior ao deles para interpretá-los, e José e Daniel
foram chamados para esse fim . O sonho do soldado midianita e
a interpretação que lhe deu seu companheiro 2ó como símbolo
da vitória de Gideão foram manifestações verdadeiras, assim
como o sonho da esposa de Pilatos', no qual se comunicou a
inocência do Cristo acusado . .
O Dom de Profecia qualifica seu possuidor de profeta ; lite-
11, Jó 4 :12-21 . 8, Jer . 1 :11-16 . 13, Eze . 1 :1 ; 2 :9, 10 : 3 :22, 23 ; 37 :I-10 etc . 14, Dan . caps.
7, 8 . 15, Hab . 2 :2 . 3 . 16, Zac . 1 :8-11 . 18 :21 : 2 :12 ; caps . 4, 5 ; 6:1-8 . 17, Lucas 1 :5-22.
18, Mat . 1 :20 . 19, Mat . 2 :13, 19, 22 . 20, Mat . 2 :12. 21, Atos 9 :12 . 22, Atos 16 :9;
18 :9, 10 : 22 :17-21 . 23, Atos 10:10-16 : 11 :5-10 . 24, Gén . cap . 41 ; veia outros casos em
Gên . cap . 40 . 25, Dan . cap . 2 . 26, Juíses 7 :13,14. 1, Mat . 27 :19 .

DONS ESPIRITUAIS 213

ralmente, uma pessoa que fala por outra ; expressamente, uma


pessoa que fala por Deus .' Paulo o considera como um dos mais
desejáveis dons espirituais, e discute extensamente sua preemi-
nência sobre o dom de línguas .' Profetizar é receber e manifes-
tar a palavra de Deus e declarar sua vontade ao povo . A obra de
predizer, que tão freqüentemente se considera como o único
característico essencial da profecia, nada mais é que uma das
muitas características desse poder divinamente dado . O profeta
tem tanto que ver com o passado como com o que se refere ao
presente e ao futuro ; pode utilizar seu dom para ensinar, valen-
do-se da experiência de acontecimentos passados assim como
para predizer o que acontecerá . Deus confia Seus segredos a
Seus profetas, que têm o privilégio de inteirar-se de Seus propó-
sitos e vontade . Foi declarado que o Senhor nada fará sem que
revele Seus segredos a Seus servos os profetas .4 Estes porta-
vozes agem como mediadores entre Deus e os seres mortais,
instando a favor ou contra o povo .'
Não é necessária nomeação especial no Sacerdócio para
que o homem receba o dom de profecia . Adão, Noé, Moisés e
grande número de outros que tiveram o Sacerdócio de Melqui-
sedeque foram profetas, porém da mesma forma o foram outros
chamados particularmente à ordem Aarônica, como por exem-
plo o caso de João Batista . 6 Os ministérios de Miriam' e Débo-
ra8 indicam que as mulheres também podem possuir esse dom.
Nos dias de Samuel os profetas foram organizados numa ordem
especial para facilitar seus projetos de estudo e desenvolvimen-
to . 9
Tão plenamente se desfruta deste dom na dispensação
atual como em qualquer das épocas anteriores . A vontade do Se-
nhor relativa aos deveres presentes se dá a conhecer pela boca
de profetas, e foram preditos acontecimentos de importância
transcendental . 10 A atual existência e vitalidade da Igreja é um
testemunho irrefutável da realidade da profecia nos últimos
dias . Hoje a Igreja conta milhares que testificam em favor deste
dom, um dos maiores de Deus.
2, Veja o apêndice 12 :2 . 3, 1 Cor . 14 :1-9 . 4, Amós 3 :7 . 5, 1 Reis 18 :36, 37: Rom.
11 :2,3 ; Tiago 5 :16-18 ; Apo . 11 :6 . 6, Mat . 11 :8-10 . 7, Êxodo 15 :20 . 8, Juíses 4 :4 . 9,
Veja o apêndice 12 :3, 10, Veja D . & C . 1 :4 ; sec . 87 .

214 REGRAS DE FÈ

Revelação é a comunicação ou manifestação da vontade de


Deus diretamente ao homem . Nas circunstâncias que melhor
convenham aos divinos propósitos, seja por sonhos quando a
pessoa dorme, seja por visões quando as faculdades estão des-
pertas, seja por meio de vozes sem aparição visível, seja por ma-
nifestações patentes da Pessoa Santa, Deus dá a conhecer Seus
propósitos e instrui Seus reveladores . Sob a influência da inspi-
ração ou de sua manifestação mais potente, a revelação, o en-
tendimento do homem é iluminado e suas energias vivificadas
até realizar maravilhas no trabalho do progresso humano . To-
cado por uma chispa de fogo do altar celestial, o revelador con-
serva a chama sagrada dentro de sua alma e concede-a a outros,
de conformidade com o que se lhe ordena : é o conduto median-
te o qual se transmite a vontade de Deus . As palavras daquele
que fala por revelação em seu grau máximo não são suas ; são a
voz do próprio Deus ; o intérprete mortal nada mais é que o por-
tador de confiança dessas mensagens celestiais . Com a expres-
são autorizada : "Assim diz o Senhor," o revelador comunica o
que lhe foi confiado.
O Senhor observa os princípios de ordem e aptidão quando
faz revelações a Seus servos . Apesar de qualquer pessoa poder
viver uma vida que o fará digno de receber esse dom no que se
refere aos assuntos de seu chamamento particular, somente
aqueles que são ordenados e nomeados para presidir podem ser
reveladores para todo o povo . Referindo-se ao Presidente da
Igreja, que na época da revelação que aqui citamos era o Profe-
ta Joseph Smith, o Senhor disse aos élderes da Igreja : "Isto sa-
bereis com absoluta certeza — se ele permanecer em Mim, nin-
guém mais vos será designado para receber mandamentos e re-
velações até que ele seja levado.
"E isto vos será feito por lei ; não aceitareis como revelação
nem como mandamento os ensinamentos de pessoa alguma que
vier diante de vós . E isto vos digo para que não sejais enganados
e para que saibais que não vêm de Mim .""

11, D . & C . 43 :3, 5, 6 .



DONS ESPIRITUAIS 215

O Testemunho de Milagres — A promessa do Senhor nos


dias anteriores, 12 bem como na dispensação atual", é precisa no
afirmar que certos dons determinados do Espírito seguirão o
crente como sinais de aprovação divina . Por conseguinte, a posse
de tais dons se pode considerar como um característico essen-
cial da Igreja de Jesus Cristo .'• Entretanto, não há justificação
para se ver na evidência dos milagres prova de autoridade ce-
lestial . Por outro lado, as Escrituras afirmam que algumas for-
ças espirituais do gênero mais vil têm operado milagres e conti-
nuarão operando-os, enganando a muitos que carecem de dis-
cernimento . Se os milagres forem aceitos como evidência infalí-
vel de poder divino, os magos do Egito, em vista das maravilhas
que efetuaram ao opor-se ao plano ordenado para o resgate de
Israel, merecem nosso respeito tanto quanto Moisés ." João, o
Revelador, viu em visão um poder iníquo que operava milagres,
enganando a muitos, efetuando grandes maravilhas e até mes-
mo fazendo descer fogo do céu . 16 Além disso, viu espíritos
imundos que ele sabia serem "espíritos de demônios, obrando
prodígios ."
Juntamente com esta, consideremos a profecia do Senhor:
"Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas, e farão tão
grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até
os escolhidos ." 18 Referindo-se ao que aconteceria durante o
grande julgamento, estas palavras de Jesus Cristo indicam que
os milagres, como prova de um ministério divinamente assinala-
do, não têm validade : "Muitos me dirão naquele dia : Senhor,
Senhor, não profetizamos em Teu nome? E em Teu nome não
expulsamos demônios ; e em Teu nome não fizemos muitas ma-
ravilhas? E então lhes direi abertamente : Nunca vos conheci:
apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade".
Os judeus, a quem foram dados estes ensinamentos, sabiam
que se podia efetuar maravilhas por poderes malignos, porque
acusaram a Cristo de fazer milagres mediante a autoridade de
Belzebu, príncipe dos demônios . 20
12, Mar . 16 :17, 18 13, D . & C . 84 :65-73 . 14, Veja o apêndice 12 :4, 5 . 15, Êxodo,
caps . 7-11 . 16, Apoc . 13 :11-18 . 17, Apue . 16 :13, 14 . IS, Mat . 24 :24 . 19, Mat . 7 :22,
23 . 20, Mat . 12 :22-30 : Mar . 3 :22 . Luc . 1115 : veja "Jesus the Christ", pág . 265 .

216 REGRAS DE FÉ

Se o realizar milagres fosse exclusivamente uma caracterís-


tica do Santo Sacerdócio, buscaríamos o testemunho de mani-
festações maravilhosas na obra de todo profeta e ministro autori-
zado do Senhor . Entretanto, não encontramos milagre nenhum
anotado durante os ministérios de Zacarias, Malaquias e alguns
outros profetas . João Batista, que Cristo disse ser mais do que
um profeta, 21 não é mencionado como tendo feito milagre al-
gum ; 22 entretanto, quando recusaram a doutrina de João, os in-
crédulos rejeitaram o conselho de Deus contra suas próprias al-
mas . 23 Para que sejam válidos, como testemunho da verdade,
devem os milagres ser feitos em nome de Jesus Cristo e para Sua
honra, a fim de estender mais o plano de salvação . Como já foi
dito, não são dados para satisfazer aos curiosos e concupiscen-
tes, nem como meio de se fazer popular aquele que os realiza.
Estes dons do Espírito verdadeiro se manifestam para apoiar a
mensagem do céu, para corroborar as palavras declaradas com
autoridade e para abençoar o indivíduo.
Imitações de Dons Espirituais — Os casos já citados, de mi-
lagres que efetuaram os poderes que não eram de Deus, e as pro-
fecias das Escrituras relativas a estas manifestações falazes nos
últimos dias, deveriam ser uma advertência efetiva contra as
manifestações espúrias dos dons do Espírito Santo . Satanás de-
monstrou ser um estrategista consumado e hábil imitador ; as
mais deploráveis de suas vitórias se devem à imitação do bem e
por este meio os de pouco discernimento têm sido levados cati-
vos . Ninguém se engane crendo que um ato qualquer, cujo re-
sultado imediato pareça ser benéfico, por força produzirá o
bem permanente . Talvez seja útil aos tenebrosos planos de Sa-
tanás valer-se do conceito que a humanidade tem do bem, até-
mesmo a ponto de curar o corpo e aparentemente frustrar a
morte.
A restauração do Sacerdócio à terra, nesta época do mun-
do, se viu acompanhada de um desenvolvimento extraordinário
dos desvarios do espiritismo, o que fez com que muitos puses-

21 . Mat . 11 :9 . 22 . Jogo 10 :41 . 23, I_uc . 7 :30 .


REFERENCIAS 217

sem sua confiança na falsificação do poder eterno de Deus que


conseguiu Satanás . Até certo ponto, comparável com o que al-
cançaram os magos quando imitaram os milagres de Moisés, as
várias curas de fé e suas numerosas modalidades estão imitando
o desenvolvimento do dom de cura na Igreja, hoje em dia . Para
aquele a quem os sinais e milagres constituem todo o necessá-
rio, a imitação lhes será tão útil como o genuíno : porém o que
considera o milagre em sua verdadeira natureza, apenas como
um dos elementos do sistema de Cristo, cujo valor como crité-
rio positivo depende de sua associação com as demais carac-
terísticas numerosas da Igreja, essa alma não será enganada.
Os Dons Espirituais na Igreja Hoje em Dia — Os Santos dos
Últimos Dias afirmam ter dentro da Igreja todos os dons que
como sinais foum prometidos para herança dos crentes . Apon-
tam os inegáveis testemunhos de milhares que foram abençoa-
dos com manifestações diretas e pessoais do poder celestial : os
que há tempos foram cegos, surdos, mudos, coxos e fracos e
que foram libertos de suas enfermidades pela sua fé e pelo mi-
nistério do Santo Sacerdócio ; os que prestaram seu testemunho
em línguas com as quais não estavam naturalmente familiariza-
dos, ou que demonstraram sua posse do dom por um fenomenal
domínio de línguas estrangeiras, quando necessário para o de-
sempenho de seus deveres como pregadores da palavra de Deus
e os muitos que gozaram de comunhão pessoal com seres celes-
tiais ; outros que profetizaram em palavras que encontraram rá-
pida justificação num cumprimento literal : e a própria Igreja,
cujo crescimento tem sido dirigido pela palavra de Deus, mani-
festada através do dom de revelação . 24

REFERENCIAS

Dons Espirituais caracterizam a Igreja de Cristo

Estes sinais seguirão aos que crerem : Em Meu nome expulsarão os demónios etc . — Mar.
16:16-18.

24 . Veja o apêndice 127 .


218 REGRAS DE FÉ

A promessa do Senhor: Aquele que cré em Mim também fará as obras que Eu faço, e as fa-
rá maiores que estas — João 14 :12.
Acerca dos dons espirituais — 1 Cor. 12 .1-11, 27-31 : 14 :1, 12.

Os apóstolos falaram em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falas-
sem — Atos 2 :4-8, 9-18.
Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus — Atos 10 :46.
E . impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espirito Santo, e falavam diversas línguas
e profetizavam — Atos 19 :6.
E a outro a operação de maravilhas ; e a outro profecia : e a outro o dom de discernir os
espíritos ; e a outro a variedade de línguas — 1 Cor . 12 :10, 28, 30 ; 13 :1 : 14 :2-28.
Excelência do dom da profecia — 1 Cor . 14 :1-5, 24-39 . Citação da profecia de Joel e respei-
to dos dons de profecia, visões e sonhos — Atos 2 :16, 17 ; Joel 2 :28, 29.
O dom de visão e de revelação dado a Saulo, depois conhecido como Paulo, o apóstolo —
Atos cap . 9.
O Senhor falou a Paulo em visão — Atos 18 :9 . E na noite seguinte, apresentando-se-lhe o
Senhor, disse : Paulo. tem animo
' — Atos 23 :11 ; veja também Atos 27 :23, 24.
Mostrou-se a Pedro em visão a vontade do Senhor — Atos 10 :10, 17 : 11 :5.
Revelação de Jesus Cristo a João, Seu servo — Apoc . 1 :1.
Porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão — Mar . 16 :18 .
0
Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda— Atos 3 :6.
Saulo recebeu de novo a vista, pela administração de Ananias — Atos 9 :17, 18.
Curas através de Paulo — Atos 14 :9-11 ; 28 :8.
Está alguém doente entre vós? Chame os anciões da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o
com azeite em nome do Senhor — Tiago 5 :14, 15.
Cristo deu aos apóstolos poder contra os espíritos imundos, para os expulsar e para curar
toda espécie de doença e enfermidade — Mat . 10 :1.
Zeezrom, arrependido, é curado por Alma — Alma 15 :6-12.
Os enfermos eram curados e espíritos malignos expulsos entre os nefitas arrependidos — 3
Néfi 7 :22.
Os doentes e aflitos dos nefitas foram curados por Cristo — 3 Néfi 17 :9, 10.
Cristo subiu depois de fazer muitas maravilhas e curas, e de ressuscitar um morto — 3 Néfi
26 :15.
Timóteo levantado da morte através de seu irmão Néfi — 3 Néfi 19 :4.
A ordenança de curar, pelo pedido do aflito — D . & C . 24 :13, 14.
Maneira de administrar a ordenança de cura — D . & C . 42 :44.
A fé é necessária para o poder de curar — D . & C . 42 :48.
O dom de ter fé para ser curado, e ode ter fé para curar — D . & C . 46 :19, 20 : uma exposi-

REFERÊNCIAS 219

ção de outros dons espirituais se acha nos versículos 8-18, 21-31.


Para que não sejais enganados, procurai com zelo os melhores dons — D . & C . 46 :8.
O Senhor prometeu a Seus servos, na dispensação presente, que em Seu nome fariam mui-
tas obras maravilhosas — D . & C . 84 :64-73.
Há muitos dons, e a cada homem é dado um dom pelo Espírito de Deus — d . D . & C . 46:11.
Para que a alguém seja dado possuir todos aqueles dons, para que haja uma cabeça — D . &
C . 46:29.
A qual lhes é multiplicada através das manifestações do Espírito — D . & C . 70 :13.
O Espírito Santo dá luz a todo o homem que vem ao mundo — D . & C . 84 :46.
Pelo espírito, o corpo se encherá de luz — D . & C . 88 :66, 67.
Se não estamos iguais nas coisas temporais, a abundância das manifestações do Espirito
será retida — D . & C . 70:14.
Toda administração espiritual deve ser realizada em nome de Cristo — D . & C . 46 :31.
O homem não pode ver Deus se não for vivificado pelo Espírito de Deus — D . & C . 67 :11
A todos os que me receberam dei poder para fazer muitos milagres D . & C . 45 :8.

A operação de milagres é um dom de Deus — D . & C . 46 :21.


Deus não deixou de ser um Deus de milagres — Mórmon 9 :15.
Uma predição do dia em que se diria que não haveria mais milagres — Mórmon 8 :26.
O Senhor afirma que mostrará milagres, sinais e maravilhas — D . & C . 35 :8 .
Capítulo 13

A BÍBLIA

Regra 8 — Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja


correta sua tradução.

Nossa Aceitação da Bíblia — A Igreja de Jesus Cristo dos


Santos dos Últimos Dias aceita a Santa Bíblia como o principal
de seus livros canônicos, o primeiro entre os livros que foram
proclamados, como sua norma escrita quanto a fé e doutrina:
Quanto à santidade com que consideram a Bíblia, os Santos dos
Últimos Dias professam o mesmo que as denominações cristãs
em geral, porém se distinguem delas por também admitirem
como autênticas e santas outras escrituras que concordam com
a Bíblia e servem para apoiar e fazer ressaltar seus fatos e dou-
trinas.
Os Santos dos Últimos Dias aceitam os antecedentes histó-
ricos e demais dados sobre os quais a fé cristã de hoje se baseia,
no que diz respeito à autenticidade dos anais bíblicos, tão in-
condicionalmente como os membros de qualquer seita ;e quan-
to à literalidade de interpretação esta Igreja provavelmente se
sobressai.
Não obstante, tratando-se de uma tradução errônea, coisa
que pode acontecer como resultado da incapacidade humana, a
Igreja anuncia urna exceção : e não são os únicos nesta medida
de precaução . porque os versados em matérias bíblicas geral-
mente admitem a existência de erros, tanto na tradução como
na interpretação do texto . Os Santos dos Últimos Dias crêem
que os escritos originais são a palavra de Deus ao homem e con-
sideram igualmente autênticas as traduções de tais escritos até
onde seja correta a sua tradução . A Bíblia é uma tradução efe-
tuada mediante a sabedoria do homem ; tem-se procurado os
mais doutos para seu preparo e, entretanto, não se publicou

Roberto GoneaIves Gameiro

A SANTA BIBLIA 221

uma só versão na qual se admita não haver erros . Contudo, o in-


vestigador imparcial tem mais motivos para maravilhar-se da
escassez de erros do que de sua existência.
Não há e não pode haver uma tradução absolutamente fi-
dedigna desta e de outras Escrituras, a menos que se tenha feito
por intermédio do dom de tradução, como urus das dádivas do
Espírito Santo . O tradutor deve ter o espírito de profeta se dese-
ja expressar em outro idioma as palavras do profeta ; e a sabedo-
ria humana, por si só, não conduz a esta possessão . Leia-se,
pois, a Bíblia reverentemente e com cuidado e oração, buscan-
do o leitor a luz do Espírito para poder sempre distinguir entre a
verdade e os erros dos homens.
O Nome "Bíblia" — No uso corrente o termo Santa Bíblia
significa a coleção de escritos sagrados, também chamados Es-
crituras hebraicas, os quais encerram a história das relações en-
tre Deus e a família humana, história que se limita completa-
mente, salvo no que diz respeito a fatos antediluvianos, ao he-
misfério oriental . A palavra Bíblia é grega, acha-se no plural e
significa, literalmente, libros, O uso da palavra data provavel-
mente do século IV, quando Crisóstomo' empregou o termo
para indicar as Escrituras que os cristãos gregos aceitavam
como canônicas naquele tempo . Deve-se notar que em cada um
dos primeiros empregos da palavra Bíblia predomina o conceito
de uma coleção de livros . As Escrituras se compunham . como
ainda se compõem, . dos escritos especiais de muitos autores, em
épocas muito afastadas ; e a harmonia e unidade que prevalecem
nessas- diversas eras constituem forte evidência a favor de sua
autenticidade.
Assim, pois, a palavra Bíblia recebeu um significado espe-
cial em grego, o de livros, santos, para distinguir as Escrituras
sagradas de outros escritos ; e não tardou em generalizar-se a
palavra em latim, no qual desde o princípio se empregou com
seu significado especial . Devido ao uso que se lhe deu nessa
língua, a expressão chegou a ser considerada, provavelmente
durante o século XIII, como substantivo singular, que significa

1 . \eia„ap ndi .e I31


222 REGRAS DE FÉ

o livro . Este desvio do significado plural, invariavelmente asso-


ciado com o termo no grego original, tende a obscurecer os fa-
tos . Parecerá que a derivação de uma palavra é de pouca im-
portância, porém neste caso a forma original e o primeiro uso
que teve o título que hoje leva o volume sagrado devem ser de
interesse instrutivo, já que derrama um pouco de luz sobre a
compilação do livro em sua forma presente.
É evidente que a palavra Bíblia, com o significado que tem
atualmente, não pode ser um termo bíblico . Seu uso como
nome ou designação das Escrituras hebraicas, nada tem que ver
com as próprias Escrituras . Em sua aplicação mais antiga, que
data dos dias posteriores aos dos apóstolos, fazia-se incluir to-
dos ou quase todos os livros do Antigo e do Novo Testamento.
Antes do tempo de Cristo os livros do Antigo Testamento não ti-
nham um só nome coletivo, mas eram designados por grupos
como : (1) o Pentateuco ou os cinco livros da lei ; (2) os Profetas;
e (3) os Hagiógrafos, nos quais estavam compreendidos todos
os demais escritos sagrados não incluídos nas outras divisões.
Porém podemos estudar melhor as partes da Bíblia se conside-
rarmos as divisões principais separadamente . Ocorre uma divi-
são muito natural na narração bíblica devido ao ministério ter-
reno de Jesus Cristo . O que foi escrito nos dias anteriores à era
cristã veio a ser conhecido como o Antigo Pacto ou Convênio,
e como Novo Pacto 2 o escrito no tempo do Salvador e nos dias
que imediatamente se seguiram . Gradativamente se foi favore-
cendo a palavra Testamento até que as designações Antigo Testa-
mento e Novo Testamento se tornaram de uso corrente.

O ANTIGO TESTAMENTO

Sua Origem e Desenvolvimento — No tempo do ministério


de nosso Senhor na carne os judeus possuíam certas Escrituras
que tinham por canônicas ou autorizadas . Não pode haver mui-
ta dúvida quanto à autenticidade dessas obras, porque Cristo,

2 . Veja 1 Cor . 1 1.25, comp . com Jer . 31.31-33 .



A Santa Bíblica 223

assim como Seus apóstolos, freqüentemente as citavam, cha-


mando-as "as-.Escrituras . ' O Salvador referia-se expressamen-
"

te a elas, conforme a classificação aceita, designando-as a lei de


Moisés, os profetas e os salmos .' Os livros que o povo aceita-
va nos dias de Cristo às vezes são chamados o cânon judeu de
Escrituras . A palavra cânon, que hoje é de uso corrente, não in-
dica livros que são simplesmente críveis, autênticos ou mesmo
inspirados, mas aqueles que são aceitos como guias autorizados
de profissão e prática . A derivação do termo é instrutiva . A pa-
lavra original grega, kanon, significava uma vara para medir, e
assim chegou a representar uma norma de comparação, uma
regra, uma prova, que se pode aplicar tanto a assuntos morais
como a objetos materiais.
Quanto à composição do cânon judeu ou o Antigo Testa-
mento, lemos que Moisés escreveu a primeira parte, isto é, a
lei ; que a deixou em mãos dos sacerdotes ou levitas, mandando
que a guardassem dentro da arca do convênio,' como testemu-
nho contra Israel em suas transgressões . Prevendo que algum
dia um rei governaria Israel, Moisés mandou que o monarca fi-
zesse uma cópia da lei para sua instrução .' Josué, sucessor de
Moisés em algumas das funções relacionadas com o governo de
Israel, escreveu algo mais sobre o que Deus havia feito com o
povo e sobre os preceitos divinos, e evidentemente acrescentou
esse documento aos livros da lei que Moisés' havia escrito . Três
séculos e meio depois dos dias de Moisés, tendo a monarquia
suplantado a teocracia, Samuel, o profeta reconhecido do Se-
nhor, escreveu acerca da alteração "num livro e pô-lo perante o
Senhor ." 8 De maneira que posteriormente se aumentou a lei de
Moisés com esses anais autorizados . Pelos escritos de Isaías fi-
camos sabendo que o Livro do Senhor estava ao alcance do po-
vo, porque o profeta lhes admoestou que o buscassem e o les-
sem .' É evidente, pois, que nos dias de Isaías o povo tinha uma
autoridade escrita quanto à doutrina prática.

3, Joio 5 :19 : Atos 1T1 I . 4 . Lm: . 224 :44 . S . Veia Dcut . 31 .9, 24-26 .- 6, Veja Deut . 17 .18.
7, Veja Josué 2426 . 8, 1 Saiu . 9, Veja Isaijs 34'16 .

224 REGRAS DE FÉ

Quase quatro séculos depois, entre 640 e 630 anos antes de


Cristo, quando o justo rei Josías ocupava o trono de Judá, como
parte do Israel dividido, Hilkias, o .sumo sacerdote e pai do pro-
feta Jeremias, encontrou no templo "o livro da lei do Senhor" 10
que se lia diante dos reis ." Durante o quinto século antes de
Cristo, nos dias de Esdras, o édito de Ciro permitiu que retor-
nasse a Jerusalém12 o povo cativo de Judá — um remanescente
do que em outros tempos havia sido a nação israelita unida —
para reedificar ali o templo do Senhor, conforme a lei" de Deus
que então estava em mãos de Esdras . Disto podemos deduzir
que nesses dias se conhecia a lei escrita ; e geralmente se atribui
a Esdras a compilação dos livros do Antigo Testamento que en-
tão existiam, aos quais acrescentou o que ele mesmo havia es-
crito ." Provavelmente o auxiliaram nesta tarefa Neemias e os
membros da Grande Sinagoga, um colégio judeu de cento e vin-
te sábios ." Supõe-se que Neemias tenha escrito durante a vida
de Esdras pelo menos uma parte do livro que leva seu nome, o
qual é uma continuação dos anais de Esdras . Um século depois,
Malaquias, 1ó o último dos profetas importantes que existiram
antes da dispensação de Cristo, acrescentou sua mensagem,
completando e, na realidade, encerrando o cânon anterior a
Cristo com a promessa profética do Messias e do mensageiro
cuja missão consistiria em preparar o caminho do Senhor, par-
ticularmente-no que se refere aos últimos dias em que agora nos
encontramos.
Claro está, então que o Antigo Testamento cresceu com os
anais sucessivos de escritóres autorizados e inspirados, desde
Moisés até Malaquias, e que sua recompilação foi um procedimen-
to natural e gradativo, pois se depositou cada aditamento ou,
como expressa o santo livro, "pôs-se diante do Senhor" para re-
lacioná-lo aos escritos anteriores . Não há dúvida que os judeus
tinham conhecimento de muitos outros livros que não se acham
no Antigo Testamento que' hoje temos . Nas próprias Escrituras

10, 2 Crõn . 34 :14 . 15 : veia também Deut . 31 :26 11, Veia 2 Reis 22 .5-lo . 12 . Veia Es-
dras 1 :1-3 . 13, Veja Esd . 7 :12-14 . 14, Veja o Livro de Esdras . 15 . Esta informae .i his-
tórica se encontra em alguns dos livros apócrifos : seja 2 Esdras . 16, s1al caps . 3 . 4

A SANTA BÍBLIA 225

abundam as referências aos ditos livros, e estas indicam que se


atribuía bastante autoridade a esses documentos que não estão
compreendidos no cânon . Sobre isto falaremos mais ao consi-
derarmos os livros apócrifos . Testemunham a autenticidade do
Antigo Testamento as numerosas referências que seus livros
posteriores fazem aos primeiros, assim como as muitas citações
do Antigo Testamento que aparecem no Novo . Foram contadas
umas duzentas e trinta citações ou referências diretas, e, à parte
estas, se encontram centenas de alusões menos diretas.
A Linguagem do Antigo Testamento — Quase todos os livros
do Antigo Testamento foram escritos originalmente no idioma
hebraico . Pessoas versadas em matérias bíblicas afirmam ter
descoberto evidências de que pequenas partes dos livros de Es-
dras e Daniel foram escritas no idioma caldeu ; porém, por pre-
valecer o hebraico como linguagem das escrituras originais, foi
dado ao Antigo Testamento o nome comum de cânon judeu ou
hebraico . Foram reconhecidas duas versões do . Pentateuco, a
hebraica e a samaritana'', tendo esta última sido preservada pe-
los samaritanos, inimigos dos judeus, nos caracteres mais anti-
gos dos hebreus.
A Septuaginta e o Peshito — Reconhecemos em primeiro lu-
gar a importante tradução do cânon hebraico conhecida como
a versão da Septuaginta'' que foi uma versão grega do Antigo
Testamento, traduzida do hebraico por solicitação de um mo-
narca egípcio, provavelmente Ptolomeu Filadelfo, aproximada-
mente no ano 286 antes de Cristo . Diz-se que a versão leva esse
nome porque um corpo de setenta e dois anciãos, setenta em
números redondos, fez a tradução ; ou, segundo outras tradi-
ções, porque se efetuou a obra em setenta ou setenta e dois
dias ; ou, como diz outra explicação, porque a versão recebeu a
aprovação do conselho eclesiástico judeu, o Sinédrio, que era
integrado por setenta e dois membros . Certo é que a Septuagin-
ta, indicada às vezes pelos números romanos LXX, foi a versão
de uso corrente entre os judeus nos dias do ministério terreno

17 . Veja o apêndice 13 :2 . I . Veja o apêndice 13 :3


226 REGRAS DE FÉ

de Cristo e que o Salvador e Seus apóstolos a citavam ao se re-


ferirem ao antigo cânon . É considerada como a mais autêntica
das versões antigas, e na atualidade a aceitam os católicos gre-
gos e outras igrejas do leste . De maneira que é evidente que,
desde uns trezentos anos antes de Cristo, o Antigo Testamento
tem existido tanto no idioma hebraico como no grego ; e esta
duplicação tem sido uma proteção efetiva contra as alterações.
Conforme a tradição, foi feita outra compilação, o Peshito,
numa época antiga mas indeterminada e que é algumas vezes
referida como "a mais antiga versão siríaca da Bíblia" . Contém
os livros canônicos do Antigo Testamento e muitos dos livros
do Novo, porém omite a segunda epístola de Pedro, a segunda e
terceira de João, a de Judas e o Apocalipse . Os estudiosos esti-
mam muito o grande valor crítico desta versão.

A Recompilação Atual — Reconhece trinta e nove livros


no Antigo Testamento . Originalmente se achavam combinados em
vinte e dois, para corresponder às vinte e duas letras do alfabeto
hebraico . Os trinta e nove livros, como os temos hoje, podem
propriamente agrupar-se da seguinte maneira:
O Pentateuco, ou Livros da Lei 5
Os Livros Históricos 12
Os Livros Poéticos : 5
Os Livros dos Profetas 17
Os Livros da Lei Os primeiros cinco livros da Bíblia le-
vam o nome coletivo de Pentateuco (Penta que significa cinco e
teuchos, volume) e entre os primeiros judeus eram conhecidos
como Torah, ou a Lei . Tradicionalmente, atribui-se sua origem
a Moisés, 19 e a isto se deve sua outra designação comum, os
"Cinco Livros de Moisés ." Relatam a história, embora breve,
da raça humana, desde a criação até o dilúvio e desde Noé até
Israel ; segue-se uma relação mais detalhada da história dos is-
raelitas durante a época de seu cativeiro no Egito ; e então sua

19, Veja Esd . 6 :18 ; 7 :6 ; Nee_ 8 :1 ; João 7 :10 .


A SANTA BÍBLIA 227

viagem de quarenta anos pelo deserto, até se estabelecerem na


outra parte do Jordão.
Os Livros Históricos, doze em número, compreendem : Jo-
sué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos
Reis os dois das Crônicas, Esdras, Neemias e Ester . Referem-se
à chegada dos israelitas à terra prometida e sua história durante
três períodos distintos de sua existência como nação : (1) como
povo teocrático, organizado em tribos, unidos todos por víncu-
los de religião e parentesco : (2) como monarquia, a princípio
um reino unido, mais tarde uma nação dividida contra si , mes-
ma ; (3) como nação vencida em parte, sua independência res-
tringida por seus conquistadores.
Os Livros Poéticos são cinco : Jó, Salmos, Provérbios, Ecle-
siastes e os Cantares de Salomão . Freqüentemente se chamam
livros doutrinais ou didáticos e até mesmo se lhes aplica a desig-
nação grega Hagiógrafos (hagios, que significa santo e graphe,
um escrito) . 20 Estes livros foram escritos em épocas muito sepa-
radas e incluídos na Bíblia provavelmente porque eram comu-
mente usados como guias de devoção nas igrejas judaicas.
Os Livros dos Profetas contêm as obras maiores : (saias, Je-
remias, incluindo Lamentações, Ezequiel e Daniel, que comu-
mente são conhecidos como as obras dos quatro Profetas Maio-
res ; e os doze livros menores : Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jo-
nas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias, chamados os livros dos Profetas Menores . Estes co-
municam o peso da palavra do Senhor a seu povo, coragem, ad-
moestação e reprimenda, conforme sua condição, antes, duran-
te e após seu cativeiro . 21
Os Apócrifos compreendem certo número de livros de au-
tenticidade duvidosa, apesar de em certas ocasiões terem sido

20 . Como já foi dito, por Hagiógrafos, ou "livros sagrados" : geralmente se entende as cinco
obras poéticas do Antigo Testamento . Algumas autoridades fazem compreender nesta lista
todos, os livros que o Talmud qualifica de hagiógrafos, a saber Rute . Crônicas, Esdras.
Neemias, Ester, Já . Salmos . Provérbios, Eclesiastes, os Cantares de Salomão, as Lamenta-
ções e Daniel . 21 . Veja o apêndice 13 :4 . Para os escritos referidos na Biblia, mas não in-
cluídos nela, veja o apêndice 13 :8 .

228 REGRAS DEFË

altamente considerados . De modo que foram acrescentados à


Septuaginta e por algum tempo os judeus alexandrinos os admi-
tiram . Entretanto nunca foram admitidos geralmente, por se-
rem de origem incerta . Em o Novo Testamento não aparece re-
ferência nenhuma a eles . Jerônimo foi o primeiro a dar a estes
livros o nome apócrifos, que significa oculto ou secreto . A Igreja
Romana professa reconhecê-los como Escritura, pois assim foi
decidido no Concílio de Trento em 1546, apesar de parecer ain-
da haver dúvida entre as autoridades católicas romanas quanto
à autenticidade das obras . O sexto artigo da Liturgia da Igreja
da Inglaterra expressa a posição ortodoxa da referida Igreja
quanto à significação e propósito das Santas Escrituras ; e após
especificar os livros do Antigo Testamento que são aceitos
como canônicos continua dizendo : "E os outros livros (como o
disse Jerônimo), a Igreja os lê como exemplos de vida e instrução
quanto a costumes, porém não os aplica para estabelecimento
de nenhuma doutrina ; estes são os seguintes : O Livro Terceiro
de Esdras : o Livro Quarto de Esdras : o Livro de Tobias, o Li-
vro de Judith : o resto do Livro de Ester : o Livro da Sabedoria;
Jesus, o filho de Sirac : Baruque o Profeta ; o Cantar dos Três
Filhos : a História de Susana ; Bel e o Dragão : A Oração de
Manassés ; o Livro Primeiro dos Macabeus ; o Livro Segundo
dos Macabeus" .
O NOVO TESTAMENTO

Sua Origem e Autenticidade — Desde os fins do século IV de


nossa era não surgiu quase nenhum problema importante quan-
to à autenticidade dos livros do Novo Testamento, como é
constituído hoje . Durante estes séculos os cristãos têm aceito o
Novo Testamento como Escritura canônica . 22 No quartô século
já circulavam várias listas dos livros do Novo Testamento como
os temos na atualidade . Destas podemos mencionar os catálo-
gos de Atanásio, Epifânio, Jerônimo, Rufino, Augustinho de
Hipona e a lista proclamada pelo terceiro Concílio de Cartago.
As anteriores pode-se acrescentar outras quatro que se distin-

22, Veja o apéndice 13 :5 .6 .



A SANTA BÍBLIA 229

guem daquelas por omitirem o Apocalipse de João em três de-


las e a epístola aos Hebreus na outra.
Esta abundante evidência a favor da composição do Novo
Testamento no século IV surgiu em conseqüência da persegui-
ção anticristã dessa época . Ao princípio do citado século as
medidas opressivas de Deocleciano, imperador de Roma, eram
dirigidas não só contra os Cristãos como indivíduos e como gru-
po, mas também contra seus escritos sagrados, que o fanático
monarca procurou destruir . 23 Manifestava-se certa clemência
para com aqueles que entregavam os livros santos que se lhes
havia confiado e não poucos se valeram desta oportunidade
para salvar sua vida . Quando diminuíram os rigores da perse-
guição, as Igrejas começaram a julgar aqueles membros que por
haverem entregue as Escrituras haviam mostrado sua falta de
lealdade para com a fé e todos estes foram anatematizados
como traidores . Considerando que muitos livros que sob pena
de morte foram entregues não eram considerados santos na
ocasião, tornou-se uma questão de suma importância determi-
nar precisamente quais livros gozavam de santidade tal que sua
entrega qualificasse uma pessoa de traidora. 24 Portanto, Eusé-
bio dividiu os livros dos dias do Messias e dos apóstolos em
dois grupos : (1) Os de reconhecida autenticidade : Os Evange-
lhos, as Epístolas de Paulo, os Atos, a primeira epístola de S.
João, a primeira de S . Pedro e provavelmente Apocalipse ; (2)
os de autenticidade discutida : A Epístola de Tiago, a segunda
de Pedro, a segunda e terceira de João e a de Judas . A estes dois
se acrescentou um terceiro grupo de livros que eram admitida-
mente falsos . 2S
A lista publicada por Atanásio, que data de meados do sé-
culo IV, expõe o conteúdo do Novo Testamento como o temos
atualmente e parece que já nesse tempo havia desaparecido
toda dúvida quanto à exatidão da lista . Além disso, vemos que o
Novo Testamento gozava de aceitação comum entre os cristãos
de Roma, Egito, África, Síria, Ásia Menor e Gália . Os testemu-

23, Veja "A Grande Apostasia", pg . 63 . 24, Veja "Historie Evidente of the Origin . . . of
the Books of the New Testament", por Tragelles, pág . 12 . 25, Veja "Ecclesiastical Histo-
rv", por Euzébio . 3 :25 .

230 REGRAS DE FÉ

nhos de Orígenes e Tertuliano, que viveram nos séculos III e II,


respectivamente, foram examinados por escritores posteriores,
que os declaram conclusivamente a favor da autenticidade dos
evangelhos e das epístolas apostólicas . Julgaram cada um dos li-
vros segundo seu próprio mérito e, por comum acordo, os de-
clararam autorizados e obrigatórios para as Igrejas.
Se há necessidade de ir mais adiante, podemos apresentar
o testemunho de Irineu, a quem a história eclesiástica assinala
como o Bispo de Lion . Viveu em fins do segundo século e é co-
nhecido como discípulo de Policarpo, o mesmo que se havia as-
sociado pessoalmente com João o Revelador . Seus volumosos
documentos afirmam a autenticidade da maior parte dos livros
do Novo Testamento e nomeiam como seus autores aqueles
que reconhecemos na atualidade . A estes se podem agregar os
testemunhos dos santos da Gália, que escreveram aos que tam-
bém sofriam na Asia Menor, citando abundantemente os Evan-
gelhos, as Epístolas e o Apocalipse ; 26 as observações de Meli-
tão, Bispo de Sardis, que em p reendeu uma viagem pelo Oriente
para determinar quais eram os livros canônicos, particularmen-
te os do Antigo Testamento', e o solene testemunho de Justino
Mártir, que abraçou o cristianismo após sinceras e sábias inves-
tigações e padeceu a morte por causa de suas convicções . Além
dos testemunhos individuais temos os de concílios eclesiásticos
e corpos oficiais que julgaram e resolveram o assunto de auten-
ticidade . Quanto a isto, pode-se mencionar o Concílio de Ni-
céia no ano 325, o Concílio de Laodicéia em 363, o Concílio de
Hipona em 393 e o terceiro e sexto Concílios de Cartago em 397
e 419, respectivamente.
Desde a última data mencionada, nenhum argumento
quanto à autenticidade do Novo Testamento tem necessitado
muita atenção . Na atualidade é já muito tarde, a distância que
nos separa demasiado extensa para que se volte a revolver o as-
sunto . Deve-se aceitar o Novo Testamento pelo que afirma ser;
e mesmo que talvez se tenham suprimido ou perdido muitas
partes preciosas, mesmo apesar de provavelmente-terem sido

26 . Veja Eusébio, tomo 4 . 1 . Eusébio 4 :26 .


A SANTA BÍBLIA 231

insinuadas algumas alterações no texto e inadvertidamente se


terem introduzido erros devido à incapacidade dos tradutores,
o livro em geral deve ser aceito como autêntico e fidedigno, e
como parte essencial das sagradas Escrituras .'
Classificação do Novo Testamento — O Novo Testamento
compreende vinte e sete livros, dispostos, por conveniência, da
seguinte maneira:
Históricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Didáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Proféticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I
Os Livros Históricos compreendem os quatro Evangelhos e
os Atos dos Apóstolos . Os autores destes livros são conhecidos
como os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João . Lucas é
reconhecido como o autor de Atos.
Os Livros Didáticos compreendem as epístolas, e podemos
dividi-las deste modo : (1) As Epístolas de Paulo : suas cartas dou-
trinais dirigidas aos Romanos, Coríntios, Gálatas, Efésios, Fili-
penses, Colossenses, Tessalonicenses e Hebreus ; e suas comu-
nicações pastorais a Timóteo, Tito e Filemon ; (2) As Epístolas
Gerais de Tiago, Pedro, João e Judas.
As Obras Proféticas se compõem da Revelação de João,
conhecida como Apocalipse.

A BfBLIA COMO UM TODO


As Primeiras Versões da Bíblia — Em tempos diversos têm
aparecido muitas versões do Antigo Testamento e dos Testa-
mentos combinados . Já se referiu ao texto hebraico, à cópia sa-
maritana do Pentateuco e à tradução grega ou versão da Sep-
tuaginta assim como ao Peshito . Houve várias versões e tradu-
ções modificadas que competiram com a Versão da Septuaginta
durante os primeiros anos da era cristã ; Teodosiano, Aquilla e
Simmaco publicaram, cada qual, versões novas . Uma das pri-

2, Compare com João 5 :39 .

232 REGRAS DE FÉ

meiras traduções para o latim foi a Versão Itálica preparada


provavelmente no século II ; posteriormente modificada e me-
lhorada, chegou a ser conhecida como a Vulgata . Esta é a que a
Igreja Católica Romana ainda aceita como a versão autêntica.
Compreende tanto o Antigo como o Novo Testamento.
A Legitimidade da Bíblia — Por muito interessantes e
instrutivos que sejam estes dados históricos e literários sobre
escrituras hebraicas, sua consideração é de menór importância
que a autenticidade dos livros, pois já que nós, assim como o
resto do mundo cristão, os temos aceitado como a palavra de
Deus, convém propriamente que investiguemos a autenticidade
dos anais sobre os quais nossa fé principalmente se baseia.
Todas as evidências que a própria Bíblia proporciona, com
sua linguagem, detalhes históricos e correspondência de seu
conteúdo apóiam em conjunto sua afirmação de ser precisa-
mente obra dos autores a quem se atribui suas diversas partes.
Em muitíssimos casos facilmente se pode comparar a relação
entre a Bíblia e a história profana, particularmente em assun-
tos de biografia e genealogia e, quando se o faz, descobre-se
uma conformidade geral .' Encontramos evidência adicional na
individualidade que conserva cada escritor, do qual resulta uma
diversidade assinalada de estilo, enquanto que a unidade que se
manifesta em toda a obra revela a ação de uma influência orien-
tadora durante as idades em que foi crescendo o volume ; e isto
nada mais pode ser senão o poder de inspiração que agiu sobre
todos aqueles que foram aceitos como instrumentos nas mãos
divinas para preparar esse livro dos livros . A tradição, história,
análise literária e, acima de tudo, a prova de uma busca devota
e investigação da verdade se unem para comprovar a autentici-
dade desse conjunto de Escrituras e para indicar o caminho,
bem definido entre suas capas, que conduz o homem de volta à
Presença Eterna.
Testemunho do Livro de Mórmon Relativo à Bíblia — Os San-
tos dos Últimos Dias aceitam o Livro de Mórmon como Escri-

3, Vej :i o apêndice I 3 :T

A SANTA BÍBLIA 233

tura sagrada, na qual, assim como na Bíblia, se encerra a pala-


vra de Deus . No capítulo seguinte o Livro de Mórmon receberá
particular atenção . Entretanto, poderá ser de proveito nos re-
ferirmos aqui à evidência corroborativa que esta obra apresenta,
concernente à autenticidade das Escrituras judaicas e à integri-
dade geral desta sua forma atual . Segundo a história do Livro
de Mórmon, seiscentos anos antes de Cristo o profeta Léhi,
com sua família e alguns outros, saiu de Jerusalém por ordem
de Deus, durante o primeiro ano do reinado de Zedequias, rei
de Judá . Antes de sair de seu país natal os viajantes conseguiram
certos anais que se achavam gravados sobre placas de latão . En-
tre estes se encontrava a história dos judeus e algumas das Es-
crituras que naqueles dias eram aceitas comei autênticas . .
Léhi examinou os anais e "verificou que continham os
cinco Livros de Moisés, os quais davam a história da criação do
mundo e de Adão e Eva, que foram nossos primeiros pais . E
também a história dos judeus, desde o princípio até o começo
do reinado de Zedequias, rei de Judá . E também as profecias
dos santos profetas, desde o princípio até o começo do reinado
de Zedequias ; e muitas profecias que foram feitas pela boca de
Jeremias" .' Esta referência direta ao Pentateuco e a certos pro-
fetas judeus é importante evidência externa a favor da autenti-
cidade dessas partes da Bíblia.
Néfi, filho de Léhi, tendo sido informado em uma visão do
plano futuro de Deus quanto à família humana, viu que um li-
vro de grande valor, no qual se achava a palavra de Deus e os
convênios do Senhor com Israel, iria dos judeus aos gentios .`
Disse mais que Léhi e seu grupo, que, como depois veremos, fo-
ram conduzidos através das águas ao continente ocidental,
onde se estabeleceram e mais tarde chegaram a ser um povo
poderoso e numeroso, costumavam estudar as Escrituras que
estavam gravadas sobre as placas de latão ; e, por outro lado, os
historiadores desse povo incorporaram muitas de suas palavras
em seus próprios anais .' Isto é o suficiente quanto ao que o Li-
vro de Mórmon diz do Antigo Testamento, ou pelo menos da-
4, 1 Néfi 5 :10-13 . 5, Veja 1 Néfi 13 :21-23 . 6, Veja 1 Néfi caps . 220.21 : 2 NeO. caps . 7 ,
caps . 12-24 .

234 REGRAS DE FÉ

quelas partes do cânon judaico que se achavam completas


quando a colônia de Léhi saiu de Jerusalém durante o ministé-
rio do profeta Jeremias.
Por outro lado, esta voz do ocidente não permanece silente
a respeito das Escrituras do Novo Testamento . Em visão profé-
tica muitos dos profetas nefitas viram e então predisseram o mi-
nistério de Cristo no meridiano dos tempos e escreveram as
profecias relativas aos acontecimentos principais da vida e mi-
nistério do Salvador, com notável exatidão e detalhes . Existem
testemunhos escritos de Néfi,' de Benjamin' que foi profeta as-
sim como rei, de Abinadi,9 de Samuel, o lamanita 10 convertido,
e outros . Além destas e de muitas outras profecias concernen-
tes à missão de Jesus Cristo, as quais concordam sem exceção
com o que o Novo Testamento diz de seu cumprimento, encon-
tramos no Livro de Mórmon um relato do ministério do Senhor
ressuscitado entre o povo nefita, durante o qual estabeleceu en-
tre eles a Sua Igreja conforme o modelo descrito em o Novo
Testamento ; e, além disso, deu-lhes instruções em palavras
quase idênticas às de Seus ensinamentos entre os judeus no
Oriente»

REFERENCIAS

As Sagradas Escrituras
Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus — Mat . 22 :29.
Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna — João 5 :39.
Disse-lhe Abraão . Tem Moisés e os profetas — Luc . 16 :29.
Cristo citou as Escrituras — Mat . 4:4 ; Mar . 12:10 ; Luc . 24:27.
Escritura vem pelo Espírito Santo — Atos 1 :16.
Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar — 2 Tim . 3 :16.
A profecia não foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados pelo Espírito Santo - 2 Ped . 1 :21.
As Escrituras testificam de Cristo — João 5 :39 ; Atos 10 :43 ; 18 :28 ; 1 Cor . 15 :3.
Para ¡que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperanças — Rom . .15 :4.
Agora se manifestou e se notificou pelas Escrituras dos profetas — Rom . 16 :26.

7, Veja 1 Néfi 10 :4, 5 ; veja também os caps . 11-14 : 2 Néfi 25 :26 ; 26 :24 . 8, Veja Mosiah.
cap . 3 ; 4 :3 . 9, Veja Mosiah, caps . 13-16 . 10, Veja Helamã 14 :12 . 11, Veja 3 Néfi caps . 9-
26 ; compare estas com as referências do Novo Testamento em Mateus, caps . 5-7 etc . ; e
com as do Antigo Testamento em (saías, cap . 54, e Malaquias, caps . 3 e 4 .

REFERÊNCIAS 235

Porque ainda não sabiam a Escritura: que era necessário que ressuscitasse dos mortos —
João 20:9.
Porém estas foram escritas para que creiais que Jesus é o Cristo — João 20 :31.
Os apóstolos citaram as Escrituras — Atos caps . 2 e 3 . 8 :32 : 17 :2 : 18 :24 : 28 :23.
Nenhuma profecia das Escrituras é de particular interpretação — 2 Pcd . 1 :20.
As sagradas letras podem fazer-te sábio para a salvação da fé — 2 Tim . 3 :15.
Que significado tem a Escritura, quando diz que Deus colocou um querubim? — Alma
12 :21.
Porque assim dizem as Escrituras: Escolhei hoje a quem desejais servir — Alma 30 :8.
Néfi leu do livro de Moisés e de lsaías — 1 Néfi 19 :23.
Porque minha alma se deleita nas Escrituras, e meu coração medita sobre elas — 2 Neli -1 I
O povo não entende as Escrituras, pois que procura desculpar-se — Jacó 2 :23.
E eu lhe disse: Acreditas nas Escrituras? — Jacó 7 :10.
Alma confundiu Zeezrom explicando-lhes as Escrituras — Alma cap . 12.
As Escrituras estão diante de vós, e se quereis contrariadas será a vossa própria destruição
— Alma 13 :20.
Errais muito e devereis estudar as Escrituras — Alma 33 :2.
Erraram não tendo interpretado bem as Escrituras — 3 Néfi 1 :24.
Jesus explicou todas as Escrituras — 3 Néfi 23 :6, 14.
Não leu ele as Escrituras, as quais dizem que deveis tomar o nome de Cristo? — 3 Néfi 27-5.
Escrituras que foram gravadas nas placas de latão — 2 Néfi 4 :15.
A Bíblia foi mencionada em uma revelação para Néfi : Tereis uma Biblia : e virá dos judeus
— 2 Néfi 29-3-6 . Outras Escrituras virão - 2 Néfi 29 :7-14.
Porque tendes uma Biblia, não deveis supor que ela contém todas as Minhas palavras — 2
Néfi 29-10.
Parte da Biblia estava gravada nas placas de latão — 1 Néfi 5 :10-13.
Registros antigos são mencionados — D . & C . 8 :1.
E tudo que falarem, quando sob a inspiração do Espirito Santo, será Escritura — D . & C.
68 :4.
Alguns torcem as Escrituras e não as compreendem — D . & C . 10:63.
Admoestação de estudar as Escrituras — D . & C . 11 :22.
Provando ao mundo que as santas Escrituras são verdadeiras — D . & C . 20 :11.
Os princípios do Evangelho que estão na Bíblia e no Livro de Mórmon — D . & C . 42 :12.
As Escrituras foram dadas para vossa instrução — D . & C . 33 :16.
O Anjo Moróni citou as Escrituras para Joseph Smith — P . de G . V . pp . 60, 61.
Havia um livro de lembranças no idioma de Adão — Moisés 6 :5 ; foi escrito pelo modelo
dado pelo dedo de Deus — Moisés 6 :46 .
Capítulo 14

O LIVRO DE MORMON

Regra 8 — *** Cremos também ser o Livro de Mórmon a palavra


de Deus .

DESCRIÇÃO E ORIGEM

O que é o Livro de Mórmon? — O Livro de Mórmon é um


documento histórico, devidamente inspirado, escrito pelos pro-
fetas dos antigos povos que pelo espaço de alguns séculos, antes
e depois da vinda de Cristo, habitaram o continente americano.
Essa Escritura foi traduzida nesta geração mediante o dom de
Deus e por Sua indicação especial . O tradutor autorizado e ins-
pirado dessas Escrituras sagradas, por intermédio de quem che-
garam ao mundo em linguagem moderna, é Joseph Smith, cujo
primeiro contato com as placas foi mencionado no primeiro
capítulo deste volume . Como já foi dito, na noite de 21 de se-
tembro de 1823 e na madrugada do dia seguinte um persona-
gem ressuscitado,' que disse chamar-se Moroni, visitou Joseph
Smith em resposta a sua fervorosa oração . Em revelações sub-
seqüentes esclareceu-se que esse personagem era o último de
uma grande sucessão de profetas, cujos escritos traduzidos
constituem o Livro de Mórmon . Ele havia concluído os antigos
anais, depositado na terra as placas gravadas e, por intermédio
dele, chegaram às mãos do profeta e vidente dos últimos dias,
cuja obra traduzida temos entre nós.
Em sua primeira visita, Morôni revelou a Joseph Smith a
existência da história que, segundo disse, estava gravada sobre
umas placas de ouro que então jaziam enterradas no declive de

1, Veja a declaração de Joseph Smith, "Historv of lhe Church" torno 3 , pg . 'tf .


O LIVRO DE MORMON 237

uma colina nas proximidades de sua casa . Essa colina, que um


dos povos antigos conhecia pelo nome de Cumora e outro pelo
de Ramá, está situada perto de Palmyra, Estado de Nova Ior-
que . O lugar preciso onde estavam as placas foi mostrado a Jo-
seph em visão e nenhuma dificuldade teve o jovem em encon-
trar o local no dia seguinte ao da mencionada visita . Joseph
Smith menciona o seguinte sobre Morôni e as placas : "Disse
que havia um livro depositado, escrito sobre placas de ouro,
dando conta . dos antigos habitantes deste continente, assim
como de sua origem . Disse que nele se encerrava a plenitude do
Evangelho Eterno, como foi entregue pelo Salvador aos antigos
habitantes . Disse também que havia duas pedras em arcos de
prata — e estas pedras presas a um peitoral constituíam o que é
chamado Urim e Tumim — depositadas com as placas ; e que a
posse e uso dessas pedras era o que constituía os `videntes' nos
tempos antigos ou primitivos, e que Deus as tinha preparado
com o fim de traduzir o livro" . 2

Joseph encontrou uma grande pedra no local indicado, na


colina Cumora, sob a qual se encontrava uma caixa, também de
pedra . Levantou a tampa da caixa com a ajuda de uma alavanca
e dentro dela viu as placas e o peitoral com o Urim e Tumim, tal
como o havia indicado o anjo . Estava prestes a retirar o conteú-
do da caixa quando Morôni novamente surgiu e o proibiu de re-
tirar os objetos sagrados naquela ocasião, dizendo-lhes que
quatro anos deveriam decorrer antes que elas fossem confiadas
ao seu cuidado pessoal e que, enquanto isso, Joseph teria que
visitar o local anualmente . O jovem revelador o fez e em cada
visita recebia instruções adicionais relativas à história e ao que
Deus tinha resolvido fazer com ela . Joseph recebeu do anjo
Morôni as placas e o Urim e Tumim com o peitoral em 22 de-se-
tembro de 1827 . Mandou-lhe que as guardasse com bastante
cuidado e foi-lhe prometido que, se procurasse protegê-las o
melhor que pudesse, ficariam seguras em suas mãos e que ao

2, P . de G . V . . pg . 64 : veja também History of lhe Church", tomo 1, cap . 2 . Veja também


"Essentials in Church History " , caps . 8-11, por Joseph Fielding Smith .

238 REGRAS DE FÉ

terminar a tradução Morôni novamente o visitaria para receber


as placas.
O motivo pelo qual Joseph foi advertido a bem cuidar das
placas e demais objetos não tardou a se revelar, porque percor-
rendo o curto trajeto da colina até sua casa foi assaltado en-
quanto levava os objetos sagrados ; porém, com auxílio divino
pôde resistir aos assaltantes e finalmente chegou a sua casa sem
que as placas e os demais objetos tivessem sofrido o menor da-
no . Esse assalto nada mais foi que o início de uma série de per-
seguições que incessantemente o acossaram enquanto tinha as
placas sob sua custódia . A notícia de que tinha as placas em sua
posse foi logo difundida e muitas tentativas, algumas da quais
violentas, foram feitas para arrebatá-las de suas mãos . Foram,
entretanto, preservadas ; e, lentamente, e com muitas interrup-
ções motivadas pelas perseguições dos iníquos e as circunstân-
cias de sua pobreza, que o obrigavam a buscar trabalho, deixan-
do-lhe muito pouco tempo livre para a tarefa que lhe tinha sido
atribuída, Joseph continuou a tradução e, em 1830, foi publica-
do o Livro de Mórmon para o mundo, pela primeira vez.
A Página-Título do Livro de Mórmon — Nossa melhor res-
posta à pergunta : "Que é o Livro de Mórmon?" encontra-se na
página-título do livro, na qual se lê:

O LIVRO DE MÕRMON
UM RELATO ESCRITO PELA
MÃO DE MÓRMON
SOBRE PLACAS,
TIRADO DAS PLACAS DE NÉFI

O livro é um resumo dos anais do povo de Néfi e dos lama-


nitas . Escrito aos lamanitas, que são remanescentes da Casa de
Israel e também aos judeus e gentios — por via de mandamento,
sob a influência do espírito de profecia e de revelação ; escrito,
selado e escondido no Senhor para que não fosse destruído.
Para ser apresentado pelo dom e poder de Deus, para que possa
ser interpretado — selado pela mão de Morôni e escondido no

O LIVRO DE MÓRMON 239

Senhor, para ser apresentado em seu devido tempo por inter-


médio dos gentios, para ser interpretado pelo dom de Deus.

Contém ainda um resumo tirado do Livro de Éter, qúe é


um registro do povo de Jared, que foi espalhado na ocasião em
que o Senhor confundiu o idioma dos povos, quando estes cons-
truíam uma torre para chegar ao céu . Destina-se a mostrar aos
remanescentes da Casa de Israel as grandes coisas que o Senhor
fez a seus antepassados ; e também para que possam conhecer
as alianças do Senhor, onde lhes é prometido que não serão re-
jeitados para sempre . E também para convencer aos judeus e
gentios de que Jesus é o Cristo, o Deus Eterno, manifestando-se
a todas as nações . E agora, se há faltas, são erros dos homens.
Não condeneis, portanto, as coisas de Deus, para que apareçais
sem mancha ante o tribunal de Cristo.

Esta combinação de página-título e prefácio é a tradução


da última folha das placas e presume-se que seja de autoria de
Morôni que, como já disse, selou e escondeu os anais nos dias
antigos .'
As Principais Divisões do Livro — Segundo consta da pági-
na-título, achamos no Livro de Mórmon as histórias de duas na-
ções que floresceram na América . Esses povos nasceram de co-
lônias pequenas que, sob direção divina, chegaram aqui vindas
do continente oriental . Podemos convenientemente nos referir
a eles como nefitas e jareditas.
A Nação Nefita foi a última e, quanto à quantidade de seus
anais, a mais importante . Os progenitores desse povo saíram de
Jerusalém no ano 600 Antes de Cristo sob a direção de Léhi, um
profeta judeu da tribo de Manassés . Ao partir de Jerusalém sua
família era composta de Saríah, sua esposa, e de seus filhos La-
ma, Lemuel, Sam e Néfi . Mais adiante fala-se de filhas, mas, se
nasceram antes ou depois do êxodo da família, não se sabe.
Além de sua própria família, a colônia de Léhi compreendia

3, Veja o apéndice 14 :1 .

240 REGRAS DE FÉ

Zoram e Ismael, sendo este último um israelita da tribo de


Efraim . 4 Ismael e sua família se uniram ao grupo de Léhi no de-
serto e seus descendentes foram contados entre os da nação
que estamos estudando . Parece que o grupo viajou para sudoes-
te, seguindo a costa do Mar Vermelho ; então, alterando seu
curso para o leste, atravessou a península árabe e ali, às mar-
gens do mar de Oman, construíram e abasteceram um barco no
qual se lançaram ao mar, entregando-se à divina providência,
sobre as águas . Acredita-se que tenham viajado para o leste,
atrávessando o oceano Indico, depois o Pacífico, chegando por
fim à costa ocidental da América, onde desembarcaram mais
ou menos no ano 590 antes de Cristo . O livro não menciona de-
talhes suficientes do lugar onde desembarcaram para justificar
conclusões definitivas.
O povo se estabeleceu no que para ele era a terra prometi-
da ; nasceram muitos filhos e em poucas gerações numerosa
posteridade habitava a terra . Após a morte de Léhi verificou-se
uma divisão . Uns aceitaram Néfi como líder, o qual havia sido
devidamente nomeado ao ofício profético, enquanto os demais
proclamaram chefe a Lamã, o mais velho dos filhos de Léhi.
Desde então esses povos divididos se chamaram nefitas e la-
manitas, respectivamente . Havia ocasiões em que se observava
uma certa amizade entre uns e outros, mas geralmente estavam
em disputa e os lamanitas manifestavam um ódio e hostilidade
implacáveis para com seus irmãos nefitas . Os nefitas deram im-
pulso às artes da civilização, construindo grandes cidades e es-
tabelecendo comunidades muito prósperas . Entretanto, caíam
freqüentemente em transgressão e o Senhor, para castigá-los,
permitia que seus inimigos hereditários triunfassem sobre eles.
Crê-se tradicionalmente que se estenderam até o norte, ocu-
pando uma região considerável da América Central, após o que
se dispersaram para leste e norte, até alcançarem o que é hoje
pare dos Estados Unidos . Os lamanitas, quando aumentaram
em número, sofreram o anátema do desagrado do Senhor ; sua
pele se tornou escura, seu espírito sombrio ; esqueceram-se do

4 . Veja o apèndice 15 :i .

O .LIVRO DE MÓRMON 241

Deus de seus pais e se entregaram ao estado decaído em que


aqueles que tornaram a descobrir o continente ocidental, numa
época posterior, encontraram os índios da América, seus des-
ceiidentes diretos.
As últimas batalhas entre nefitas e lamanitas foram trava-
das perto da colina de Cumora, no que hoje é o Estado de Nova
York, e resultaram na destruição dos nefitas como nação, uns
400 anos depois de Cristo . O último representante nefita foi
Morôni que, vagando de um lugar para outro para preservar
sua vida, esperando diariamente morrer nas mãos dos lamanitas
vitoriosos, escreveu a última parte do Livro de Mórmon e es-
condeu a história na colina de Cumora . Esse mesmo Morôni,
como ser ressuscitado, foi quem entregou os anais a Joseph
Smith na atual dispensação.
A Nação Jaredita — Das duas nações cuja história constitui
o Livro de Mórmon, a primeira, quanto ao tempo, foi a do povo
de Jared que, sob a direção de seu chefe, saiu da torre de Babel
por ocasião da confusão de línguas . Éter, o último de seus pro-
fetas, escreveu sua história sobre vinte e quatro placas de ouro
e, prevendo a destruição de seu povo por causa da iniqüidade,
escondeu as placas históricas . Mais tarde foram encontradas
por uma expedição enviada pelo rei Limhi, um monarca nefita,
aproximadamente no ano 122 antes de Cristo . Morôni poste-
riormente resumiu a história que se achava gravada sobre essas
placas e acrescentou o relato condensado aos anais do Livro de
Mórmon . Na tradução moderna leva o nome de Livro de Éter.
Na história, como a temos, não se dá o nome do primeiro e
principal profeta dos jareditas, mas somente é conhecido como
o irmão de Jared . Quanto a seu povo, sabemos que em meio da-
quela confusão em Babel, Jared e seu irmão rogaram ao Senhor
que ele e seus companheiros fossem libertos da dispersão imi-
nente . Sua oração foi ouvida e, juntamente com úm grupo consi-
derável que, como eles, não se havia contaminado com a adora-
ção de ídolos, o Senhor os afastou de suas casas, prometendo
conduzi-los a um país escolhido entre todos os outros . Não sa-
bemos com exatidão a rota que seguiram ; só sabemos que che-
garam ao oceano e que ali construíram oito navios ou barcos,

242 REGRAS DE FÉ

nos quais se fizeram ao mar . Esses barcos eram pequenos e pre-


cisavam de iluminação interior, e o Senhor tornou certas pedras
luminosas as quais forneceram luz aos viajantes . Depois de uma
viagem de trezentos e quarenta e quatro dias, a colônia desem-
barcou nas costas da América.
Aqui a colônia chegou a ser uma nação florescente : mas,
cedendo com o tempo a dissensões internas, dividiram-se em
bandos que se combateram entre si até que o povo ficou total-
mente destruído . Essa destruição perto da Colina Rama, a que
os nefitas mais tarde deram o nome de Cumora, se verificou
mais ou menos no tempo da chegada de Léhi, aproximada-
mente 590 anos antes de Cristo . O último representante dessa
infeliz nação foi o rei Coriantumr, acerca do qual Éter havia
profetizado que haveria de sobreviver a todos os seus súditos
e viveria para ver outro povo tomar posse do país . Esta profe-
cia se cumpriu quando o rei, cujo povo havia sido exterminado,
chegou durante suas peregrinações solitárias a uma região que
havia sido ocupada pelo povo de Muleque, a terceira colônia
antiga de emigrantes do continente oriental.
Muleque era filho de Zedequias, rei de Judá, e achava-se
em sua infância quando se verificou a morte violenta de seus ir-
mãos e o cruel tormento de seu pai nas mãos do rei da Babilô-
nia .' Onze anos depois de Léhi partir de Jerusalém, saiu da mes-
ma cidade outro grupo no qual ia Muleque . A colônia tomou o
nome do príncipe, provavelmente porque era reconhecido
como o líder por seu sangue real . O Livro de Mórmon muito
pouco se refere a Muleque e seu povo ; sabemos, entretanto,
que a colônia foi trazida através das muitas águas e talvez tenha
desembarcado ao norte do continente americano . Os nefitas,
sob a direção de Mosíah, descobriram os descendentes dessa
colônia . Haviam chegado a ser muito numerosos, porém como
não tinham Escrituras para guiá-los caíram numa condição de
obscuridade espiritual . Uniram-se aos nefitas e sua história está
compreendida na da nação maior . 6 Os nefitas deram o nome de
Muleque a uma parte da América do Norte.

5, Veja 2 Reis 25 :7 . 6, Veja Omni I2-19 .


O LIVRO DE MÓRMON 243

AS PLACAS ANTIGAS E A TRADUÇÃO

As Placas do Livro de Mórmon, que o anjo Morôni entre-


gou a Joseph Smith, segundo a descrição que o profeta fez,
eram de ouro, de tamanho uniforme, de umas sete polegadas de
comprimento por oito de largura (17 x 20 cm) e sua espessura
de pouco menos que a folha de lata comum . Eram presas por
três anéis que as atravessavam perto de uma das margens e em
conjunto formavam um livro de quase seis polegadas (quinze
centímetros) de grossura . Não foi todo traduzido porque uma
parte estava selada . Sobre ambos os lados da placa se haviam
gravado caracteres pequenos que, segundo os que os examina-
ram, eram de trabalho curioso e pareciam ser de origem antiga.
Três classes de placas são mencionadas na página-título do
Livro de Mórmon:
1. As Placas de Néfi que como veremos, eram de duas clas-
ses : (a) as placas maiores ; (b) as placas menores.
2. As Placas de Mórmon, que continham um resumo das pla-
cas de Néfi e aditamentos de Mórmon e seu filho Morôni.
3. As Placas de Éter, que continham a história dos jareditas.
A estas pode-se acrescentar outra coleção de placas que
menciona o Livro de Mórmon e que, quanto ao tempo, são as
mais antigas:
4. As Placas de Latão de Labão, que o povo de Léhi trouxe
de Jerusalém, as quais continham as Escrituras e genealogia dos
judeus . Destas aparecem muitos extratos nos anais nefitas . Fal-
ta-nos agora considerar com mais particularidade as placas de
Néfi e o resumo que delas fez Mórmon.
As Placas de Néfi são assim chamadas porque Néfi, o filho
de Léhi, as preparou e sobre elas iniciou sua história . Estas pla-
cas eram de duas classes' e podemos distingui-las chamando-as
placas maiores e placas menores . Néfi inciou seu trabalho de
historiador gravando sobre suas placas uma narração histórica

7 . Veja 1 Néfi . cap . 9 : 19 .1-5 : 2 Néfi 5 .30 : Jacó 1 :I-4 . Palavras de Mórmon . 3-7 .

244 REGRAS DE FÉ

de seu povo desde o tempo em que seu pai saiu de Jerusalém.


Esta narração menciona suas viagens, prosperidade e aflições,
os reinados de seus reis e as guerras e contendas do povo, com
caráter de história secular . As placas passaram de um historia-
dor a outro por todas as gerações do povo nefita, de maneira
que, quando foram resumidos por Mórmon, estes anais abran-
giam um período de aproximadamente mil anos, iniciando no
ano 600 Antes de Cristo, quando saiu Léhi de Jerusalém . Ape-
sar de estas placas terem recebido o nome do primeiro que es-
creveu sobre elas, a obra individual de cada um dos historiado-
res geralmente leva seu próprio nome, de maneira que o volu-
me se compõe de vários livros distintos.
Mandado pelo Senhor, Néfi fez outras placas sobre as
quais escreveu particularmente o que se poderia chamar, em
termos gerais, de história eclesiástica de seu povo, referindo-se
unicamente aos acontecimento históricos, quando se fazia ne-
cessário dar a devida continuidade à narração . "Recebi ordem
do Senhor para fazer estas placas, com o fim especial de deixar
gravada a missão de meu povo" . 8 Néfi ignorava o propósito
destas duas histórias ; para ele foi suficiente que o Senhor lhe
pedisse esta obra . Mais adiante se verá que foi para um propó-
sito sábio.
O Resumo de Mórmon — Com o transcorrer do tempo, as
placas que se vinham acumulando chegaram às mãos de Mór-
mon, 9 que iniciou a tarefa de resumir essas obras extensas sobre
placas que ele havia feito com suas próprias mãos . 10 Desta ma-
neira preparou-se uma relação mais concisa e mais uniforme
em seu estilo, linguagem e tratamento do que se teria com os di-
versos escritos dos muitos autores que contribuíram para a
grande história durante os séculos de seu crescimento . Mórmon
reconhece a inspiração de Deus que agiu sobre ele para iniciar
a grande obra" e dela dá testemunho . Na preparação desta his-
tória menor, Mórmon conservou a divisão do volume em livros,
de acordo com a ordem dos originais e assim, apesar de a lingua-
gem ser a de Mórmon, exceto quando cita diretamente das pla-
8 . 1 Néfi 9 :3 . 9 . VEja Palavras de Mórmon I I ; Mórmon 1 :I-4 ; 4:23 . 10, Veja 3 Néfi 5 :8-
'1 . II . Veja 3 Néfi 5 :14-19 .

O LIVRO DE MÓRMON 245

cas de Néfi, como acontece em numerosas ocasiões, achamos


que nos Livros de Néfi, no Livro de Alma, no Livro de Helamã
etc ., geralmente se conserva a forma de expressão que se cha-
ma de primeira pessoa.
Durante o resumo dos volumosos anais, tendo chegado ao
reinado do Rei Benjamin, Mórmon ficou profundamente im-
pressionado com o relato que as placas menores de Néfi davam
dos atos de Deus com o povo durante um período de uns quatro
séculos, desde :a saída de Léhi de Jerusalém até os dias do rei
Benjamim . Mórmon manifestou grande reverência para com
esta narração que continha tantas profecias sobre a missão do
Salvador . Não procurou transcrever essas placas, mas colocou
os originais juntamente com seu próprio resumo das placas
maiores, fazendo das duas um só livro . De maneira que os
anais ; tais como foram recopiados por Mórmon, continham um
relato duplo , dos descendentes de Léhi durante os primeiros
quatrocentos anos de sua história, isto é, a breve narração secu-
lar condensada das placas maiores e o texto completo das pla-
cas menores . Em palavras solenes e com uma ênfase cuja im-
portância os fatos subseqüentes destacaram, Mórmon expressa
a prudência oculta do Senhor nesta duplicação : "faço isto para
um fim sábio ; pois que assim me foi murmurado, segundo a ins-
piração do Espírito do Senhor, que está em mim . E eis que
não conheço todas as coisas ; mas o Senhor conhece todas as
coisas que se darão ; portanto, Ele me inspira para que faça se-
gundo a Sua vontade" . 1z
O Propósito do Senhor na preparação e preservação das
placas menores, do qual testificam Mórmon assim como Néfi,"
foi manifestado nesta dispensação dos últimos dias, em certas
circunstâncias que sobrevieram no curso da tradução das pla-
cas por Joseph Smith . Após haver traduzido a primeira parte
dos escritos de Mórmon, saiu o manuscrito da custódia do pro-
feta, através da insistência de Martin Harris, a quem acredita-
va dever alguns favores por motivo da ajuda material que es-
te prestava enquanto dedicava seu tempo à obra . Esse manus-

12, Palavras de Mórmon 7 . 13, Veja 1 Néfi 9 :5 .


246 REGRAS DE FÉ

crito, de cento e dezesseis páginas ao todo, jamais foi devol-


vido a Joseph, mas devido às tenebrosas maquinações de po-
deres malignos caiu em mãos de seus inimigos que imediata-
mente arquitetaram um perverso plano para ridicularizar o tra-
dutor e frustrar os desígnios de Deus . O projeto consistia em
que os conspiradores esperassem até que Joseph traduzisse de
novo a parte perdida, e então apresentariam o manuscrito rou-
bado, que enquanto isso iriam alterar a fim de que expressas-
se o contrário do relato verdadeiro e assim demonstrasse que o
profeta não podia traduzir igualmente, pela segunda vez, as
mesmas passagens . Porém interveio a sabedoria do Senhor para
fazer fracassar esses malévolos desígnios.
Tendo castigado o profeta, privando-o por certo tempo de
seu dom de traduzir, assim como da custódia que tinha dos sa-
grados anais, por sua negligência em ter permitido que os es-
critos chegassem às mãos de quem não deveriam, o Senhor mi-
sericordiosamente concedeu Sua graça novamente a Seu servo
arrependido e lhe revelou todas as intrigas de seus inimigos, 14
demonstrando-lhe ao mesmo tempo como seriam frustradas es-
sas malévolas maquinações . Instruiu a Joseph que não tentasse
traduzir novamente aquela parte do compêndio de Mórmon,
cuja tradução havia sido roubada, mas que em seu lugar tradu-
zisse a história da mesma época, tomando-a das placas de Néfi,
as placas pequenas que Mórmon havia incorporado a seus
próprios escritos . De modo que esta tradução se publicou como
o relato de Néfi e não como parte dos escritos de Mórmon;
portanto, não se lê em uma segunda tradução das partes que
se achavam no manuscrito roubado.

A tradução do Livro de Mórmon foi efetuada mediante o


podér de Deus, que se manifestou na recepção do dom de reve-
lação . O livro não pretende depender da sabedoria ou do enten-
dimento do homem ; seu tradutor não era versado em idiomas;
sua capacidade era de uma ordem diferente e mais eficiente.

14, Veja' D . & C ., sec . 10 ; também " History of the Church " , tomo 1, cap . 3 .

O LIVRO DE MÓRMON 247

Além das placas, Joseph recebeu do anjo outros tesouros sagra-


dos, que incluíam um peitoral ao qual se achavam presos o
Urim e o Tumim" chamados Intérpretes pelos nefitas . Com o
auxílio destes pôde traduzir os antigos anais em nossa lingua-
gem moderna . Os detalhes do trabalho de tradução não foram
registrados, à parte o fato de que o tradutor examinava os ca-
racteres gravados por meio dos sagrados instrumentos e então
ditava ao escrivão as frases em inglês.
Joseph iniciou sua tarefa com as placas copiando paciente-
mente vários caracteres e acrescentando sua tradução a algu -
mas páginas assim preparadas . O primeiro ajudante do profeta,
Martin Harris, recebeu permissão de levar algumas dessas có-
pias a fim de apresentá-las a homens instruídos em idiomas anti-
gos, para que os examinassem . Levou umas folhas ao professor
Charles Anthon, do Colégio Colúmbia, que depois de estudá-
las certificou que os caracteres eram em geral da antiga ordem
egípcia, e que as traduções que os acompanhavam pareciam es-
tar corretas . Ao saber como haviam chegado os anais antigos às
mãos de Joseph, o professor Anthon disse ao Sr . Harris que le-
vasse o livro original para ser examinado, declarando,que ele se
comprometeria a traduzi-lo ; mas, sabendo que parte do livro
estava selada, disse : "Não posso ler um livro selado" . Assim foi
que sem o saber, esse homem cumpriu a profecia de Isaías con-
cernente à vinda desse volume : "Pelo que toda a visão vos é
como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler, di-
zendo : "Ora lê isto ; e ele diz: Não posso, porque está selado" . 16
Outro lingüista, o professor Mitchel, de Nova York, após ter
examinado os caracteres fez uma declaração que correspondia,
em todos os detalhes importantes, à do professor Anthon.
A Ordem do Livro de Mórmon — O Livro de Mórmon com-
preende quinze partes separadas, que com uma só exceção se
chamam livros e se distinguem pelos nomes de seus autores
principais . Os primeiros seis livros, a saber, Primeiro e Segundo
Néfi, Jacó, Enos, Jarom e Omni são traduções literais de partes

15, Veja D . & C . 10:1 ; 17 :1 ; 130 :8, 9 ; Mosiah 8 :13-19 ; ter 3:23-28 . 16, Isa . 29 :11 .

248 REGRAS DE FÉ

correspondentes das placas menores de Néfi . O resto do volu-


me, desde o Livro de Mosíah até o sétimo capítulo de Mórmon,
inclusive, é a tradução do resumo que Mórmon fez das placas
maiores de Néfi . Entre os livros de Omni e Mosíah, encontram-
se as "Palavras de Mórmon" que ligam a narração de Néfi, gra-
vada sobre as placas menores, e o resumo feito por Mórmon
das placas maiores . Pode-se dizer que as palavras de Mórmon
constituem uma breve explicação da primeira parte da obra e
um prefácio das partes subseqüentes . A última divisão do livro,
desde o princípio do capítulo oito de Mórmon até o fim do li-
vro, é obra de Morôni, filho de Mórmon, que primeiramente
concluiu a narração de seu pai e logo acrescentou o resumo de
um conjunto de placas que continha uma narração dos Jaredi-
tas ; este aparece como o livro de Éter.
Na ocasião em que escreveu estas coisas Morôni se encon-
trava sozinho, o único representante vivo que restava de seu po-
vo, com exceção do grande número que se havia aliado aos la-
manitas . A última das guerras fratricidas entre nefitas e lamani-
tas havia resultado na exterminação daqueles como povo e Mo-
rôni havia crido que seu resumo do Livro de Éter seria sua últi-
ma obra literária ; porém, vendo que havia sido preservado mi-
lagrosamente, à conclusão daquele empreendimento, acrescen-
tou a parte que conhecemos como o Livro de Morôni, a qual
contém a maneira de proceder nas ordenações, batismo e admi-
nistração do sacramento e algumas palavras e escritos de Mór-
mon, seu pai.
A Autenticidade do Livro de Mórmon se fará mais patente
após uma investigação imparcial das circunstâncias que acom-
panharam o seu aparecimento . As teorias fantásticas propostas
por inimigos predispostos sobre a origem do livro são, em geral,
demasiado incongruentes e, na maior parte dos casos, suma-
mente pueris para merecer uma consideração séria . As suposi-
ções de que o Livro de Mórmon é obra de um só autor, ou de
um grupo de homens que trabalharam em combinação, ou que
é uma novela ou uma composição moderna, refutam-se a si
mesmas ." O caráter sagrado das placas impediu que fossem exi-
17 . Veja Apén . I42 .

O LIVRO DE MÓRMON 249

bidas para satisfazer a curiosidade pessoal ; entretanto, várias


testemunhas dignas de fé as examinaram e esses homens solene-
mente testemunharam delas ao mundo . As profecias relativas
às testemunhas cujas declarações haveriam de ser o meio de es-
tabelecer 1e a palavra de Deus, como se acha no Livro de Mór-
mon, se cumpriram em junho de 1829, numa manifestação de
poder divino que demonstrou a autenticidade das placas a três
homens, cujas afirmações acompanham todas as edições do li-
vro .
O DEPOIMENTO DE TRÊS TESTEMUNHAS
"Saibam todas as nações, famílias, línguas e povos a quem
esta obra chegar que nós, pela graça de Deus, o Pai, e nosso Se-
nhor Jesus Cristo, vimos as placas que contêm estes anais, que
são a história do povo de Néfi e dos lamanitas, seus irmãos, e
também do povo de Jared, que veio da torre, do qual muito se
fala . Sabemos também que foram traduzidas pelo dom e poder
de Deus, porque assim nos foi dito pela Sua voz ; sabemos, por-
tanto, que esta obra é verdadeira . Testemunhamos, mais, que
vimos as gravações sobre as placas e que nos foram mostradas
pelo poder de Deus e não dos homens . Declaramos sincera-
mente que um anjo de Deus baixou dos céus, trouxe e nos mos-
trou as placas, de maneira que vimos as gravações sobre as mes-
mas, e sabemos que é pela graça de Deus, o Pai, e de nosso Se-
nhor Jesus Cristo, que vimos e testemunhamos que estas coisas
são verdadeiras . Isto para nós é maravilhoso . Contudo, a voz do
Senhor nos mandou que testificássemos isso ; portanto, para
obedecermos aos mandamentos de Deus, testemunhamos éstas
coisas . Sabemos mais que, se formos leais a Cristo, nossas vesti-
mentas se livrarão do sangue dos homens e nos apresentare-
mos sem mancha diante do tribunal de Cristo, e moraremos
eternamente com Ele no céu e honra seja ao Pai, ao Filho e ao
Espírito Santo, que são um Deus . Amém ."
Oliver Cowdery
David Whitmer
Martin Harris

18, Veja 2 Néfi 11 :3 : 27 :12, 13 : Éter 5 :3, 4 : veja também D . & C . 5 :11-15, sec . 17 .

250 REGRAS DE FÉ

Este testemunho jamais foi revogado, nem sequer modifi-


cado por nenhuma das testemunhas cujos nomes aparecem jun-
to com a declaração, 19 apesar de todos se terem afastado da
Igreja, e seus sentimentos para com o profeta Joseph Smith te-
rem quase se convertido em ódio . Até o fim de suas vidas man-
tiveram a mesma declaração solene da visita angélica e do tes -
temunho que havia ficado gravado em seus corações . Pouco de-
pois de haverem estes três visto as placas, permitiu-se a mais oito
pessoas ver e tocar os antigos anais ; e nisto também se cumpri-
ram as profecias, pois na antigüidade se declarou que além dos
três "Deus enviou mais testemunhas "20 cujo depoimento seria
acrescentado ao dos três . Joseph Smith mostrou as placas aos
oito cujos nomes acompanham o certificado abaixo, provavel-
mente em Julho de 1829.

O DEPOIMENTO DAS OITO TESTEMUNHAS

"Saibam todas as nações, famílias, línguas e povos a quem


esta obra chegar que :— Joseph Smith Jr ., o tradutor deste traba-
lho, nos mostrou as placas já mencionadas, que têm a aparência
de ouro ; que tantas páginas quantas o dito Smith traduziu pas-
saram por nossas mãos, e que também vimos as gravações que
contêm, parecendo uma obra antiga e trabalho curioso . Isto
testemunhamos solenemente, que o mesmo Smith nos mostrou,
vimos e apalpamos e sabemos seguramente que o dito Smith
possui as placas de que falamos . Damos nosso testemunho ao
mundo, para que se saiba o que vimos . E assim afirmando não
mentimos, Deus sendo testemunha disso ."

Christian Whitmer Joseph Smith, Pai


Jacob Whitmer Hiram Page
Peter Whitmer, Júnior Hyrum Smith
John Whitmer Samuel H . Smith

19 . Veja o apêndice 14 :3 . 211, 2 Néfi 11 :3 : também o apêndice 14 :4 .


O LIVRO DE MORMON 251

Três das oito testemunhas morreram fora da Igreja ; entre-


tanto, jamais se soube que alguma tenha negado seu testemu-
nho a respeito do Livro de Mórmon . 21
Aqui, pois, há provas de várias espécies a respeito da vera-
cidade desse volume . O tradutor relata simples e circunstancial-
mente como apareceram as antigas placas e afirma que a tradu-
ção se efetuou mediante o poder de Deus ; notáveis lingüistas
declararam a autenticidade dos caracteres ; onze homens de
boa reputação, fora o tradutor, fazem uma solene afirmativa
com respeito à aparência das placas, e a própria natureza do li-
vro 22 apóia a afirmação de que nada mais é que a tradução de
anais antigos . 23

21, Veja o apêndice 14 :4 . 22, Veja o apêndice 14 :5 . 23, Veja "Vitality of Mormonism,
artigos "A Messenger from the Presence of God " , e "Scriptures of the American Conti-
nent", págs . 128-137 .
Capítulo 15

O LIVRO DE MÓRMON — Continuação

Regra 8 — *** Cremos também ser o Livro de Mórmon a palavra


de Deus.

SUA AUTENTICIDADE

A Autenticidade do Livro de Mórmon constitui nossa con-


sideração mais importante da obra . Este tema é de interesse
vital para todo investigador formal da palavra de Deus, para to-
do aquele que sinceramente busca a verdade . Já que afirma
ser, no que se refere à dispensação atual, uma nova Escritura;
em vista de que apresenta profecias e revelações que até esta
época não se haviam reconhecido na teologia moderna, e anun-
cia ao mundo a mensagem de um povo desaparecido, escrito
por via de mandamento e pelo espírito de profecia e revelação,
este livro merece o mais atento e imparcial exame . Não so-
mente merece o Livro de Mórmon esta consideração, mas tam-
bém a solicita e até a exige ; porque uma pessoa que professa
crer no poder e na autoridade de Deus não pode receber com
indiferença a promulgação de uma nova revelação que afirma
levar o selo da autoridade divina . De modo que o assunto da
autenticidade do Livro de Mórmon diz respeito ao mundo.
Os Santos dos Últimos Dias baseiam sua crença na auten-
ticidâde do livro nas seguintes provas:
1 . A concordância geral do Livro de Mórmon e da Bíblia em
toda matéria análoga.

2 . O cumprimento de profecias antigas realizado na publi-


cação do Livro de Mórmon .

O LIVRO DE MÓRMON 253

3. A estrita concordância e coerência do Livro de Mór-


mon em si mesmo.
4. A verdade patente das profecias que contém.
A estas se podem acrescentar evidências externas, à parte
as da Escritura, entre as quais:
5. O testemunho corroborativo que oferecem a arqueolo-
gia e a etnologia:

1 . O LIVRO DE MÓRMON E A BÍBLIA


As Escrituras Nefitas e Judaicas, pelo visto, concordam,em
todo assunto de tradição, história, doutrina e profecia que as
duas obras abordam . Esses dois volumes foram preparados em
hemisférios opostos, em circunstâncias extremamente diferen-
tes ; entretanto, entre eles existe uma harmonia surpreendente,
senão confirmatória da inspiração divina que há em ambos . No
Livro de Mórmon' citam-se numerosas passagens das antigas
Escrituras judaicas, das quais se trouxe uma cópia ao continen-
te ocidental como parte da história que se achava gravada sobre
as placas de Labão e até onde se haviam compilado quando
Léhi saiu de Jerusalém . Não há nessas passagens diferenças no-
táveis entre as versões da Bíblia e o Livro de Mórmon, salvo
onde ocorre um erro provável de tradução, que geralmente se
destaca por falta de continuidade ou clareza na narração bíbli-
ca . Não obstante, há numerosas variações menores nas partes
correspondentes dos dois escritos ; e quando examinada, fica
usualmente manifesta a clareza superior do relato nefita.
Fazendo-se uma comparação pormenorizada das profecias
da Bíblia e das predições correspondentes que o Livro de Mór-
mon contém, isto é, as que se referem ao nascimento, ministé-
rio terreno, morte expiatória e segunda vinda de Cristo Jesus,
assim como outras que tratam da dispersão e posterior restaura-
ção de Israel e as que se relacionam com o estabelecimento de
Sião e a reedificação de Jerusalém nos últimos dias, ver-se-á
que as duas histórias se corroboram mutuamente . É certo que
há muitas profecias num livro que não são encontradas no ou-
tro, porém, em nenhum caso se notou contradição ou falta de

254 REGRAS DE FÉ

correspondência . Entre as partes doutrinárias das duas Escritu-


ras prevalece a mesma harmonia perfeita .'

2 . PROFECIAS CONCERNENTES AO LIVRO


DE MÓRMON
As Profecias Antigas se cumpriram literalmente quando
veio à luz o Livro de Mórmon . Uma das mais antigas declara-
ções que se referem diretamente a este assunto é a de Enoque,
um profeta antediluviano, a quem o Senhor revelou seus pro-
pósitos para todos os séculos . Presenciando em visão a corrup-
ção do gênero humano, após a ascensão do Filho do Homem,
Enoque clamou a seu Deus : "Não virás outra vez à terra? . . . E o
Senhor disse a Enoque : Como vivo, assim mesmo voltarei nos
últimos dias . . . E chegará o dia em que a terra descansará, mas
antes desse dia os céus tremerão assim como a terra e haverá
grandes tribulações entre os filhos dos homens, mas o Meu
povo preservarei . E dos céus enviarei justiça ; e da terra farei
brotar a verdade para dar testemunho do Meu Unigênito ; . . . E
farei que a justiça e a verdade varram a terra como um dilúvio,
a fim de ajuntar Meus eleitos das quatro partes da terra, em
um lugar que prepararei ."' Os Santos dos Últimos Dias vêem
na publicação do Livro de Mórmon e na restauração do Sacer-
dócio por meio do ministério direto de mensageiros celestiais o
cumprimento desta e de outras profecias similares que se
encontram na Bíblia.
Davi, que entoou seus salmos mais de mil anos antes do
"meridiano dos tempos," anunciou : "A verdade brotará da ter-
ra e a justiça olhará desde os céus ." 3 O mesmo declarou Isaías . 4
Ezequiel viu em visão' a união da vara de Judá e da vara de Jo-
sé, significando a Bíblia e o Livro de Mórmon . A passagem a
que acabamos de nos referir diz, conforme as palavras de Eze-
quiel : "E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo : Tu, pois, ó
filho do homem, toma um pedaço de madeira e escreve nele:
Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros . E toma

1, Veja oapéndice 14 :5 . 2, P . de G . V ., Moisés 7 :59-62 . 3, Sal . 85 :11 . 4, Veja Isa .45 :8.
5, Veja Eze . cap . 37, particularmente os versículos 15-20 .

O LIVRO DE MÓRMON 255

outro pedaço de madeira e escreve nele : Por José, vara de


Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros . E ajunta
um ao outro, para que se unam e se tornem um só na tua mão.

Quando nos lembramos do antigo costume de fazer livros


— escrevia-se em tiras largas de pergaminho que eram enrola-
dos em varas (pedaços de madeira) vemos o equivalente a livro
na passagem anterior . 6 Na ocasião em que foi feita esta declara-
ção os israelitas se haviam dividido em duas nações, conhecidas
como o reino de Judá e reino de Israel ou Efraim . É claro que
aqui se está referindo aos anais distintos de Judá e José .' Como
já vimos, na nação nefita estavam compreendidos os descen-
dentes de Léhi, que pertenciam à tribo de Manasses, os filhos
de Ismael, que eram da tribo de Efraim' e os de Zoram, de
cuja linhagem nada se diz definitivamente . De maneira que os
nefitas eram da tribo de José ;e, tão verdadeiramente representa
o Livro de Mórmon sua história ou "pedaço de madeira", como
a Bíblia o "pedaço de madeira" de Judá.
Pelo que o Senhor manifestou na visão de Ezequiel é evi-
dente que sairá à luz a história de José ou Efraim por meio do
poder direto de Deus . Lemos que Ele diz : "Eis que Eu toma-
rei a vara de José . . . e a ajuntarei à vara de Judá ." 9 Em vista
de se profetizar um acontecimento que haveria de se realizar
imediatamente após, isto é, a coligação das tribos dentre as na-
ções em que foram dispersas . 10 esclarece-se que esta união das
duas histórias seria um dos sinais distintivos dos últimos dias.
Comparando-se com outras profecias que se referem .à coliga-
ção, ficará conclusivamente demonstrado que se predisse esse
importante acontecimento para os últimos dias, como prepara-
ção para a segunda vinda de Cristo ."
Voltando aos escritos de Isaías, verificamos que esse profe-
ta dá voz às manifestações do Senhor contra Ariel ou Jerusa-
lém, "cidade onde habitou Davi" . Ariel havia de ser perturba-

6 . Veja o uso correspondente à palavra "rolo" em Jeremias 36 :1 e 2 ; e seu sinónimo "livro"


nos versículos 8, 10, 11 e 13 . 7 . Compare com a profecia de Léhi e seu filho José, 2 Néfi
3 :12 . 8 . Veja o apêndice 15:1 . 9, Eze . 37 :19 . 10, Eze . 37 :21 . 11, Veja o capitulo 18
desta obra .

256 REGRAS DE FÉ

da, desconsolada e triste . Então o profeta fala de um povo, da


parte de Judá, que habitava em Jerusalém, porque o compara a
este último dizendo : "E será a mim como Ariel ."E do que esta-
va decretado contra essa outra nação, lemos : "Então serás aba-
tida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá
fraca e será a tua voz debaixo da terra como a dum feiticeiro e a
tua fala assobiará desde o pó ." 2
Referindo-se ao cumprimento destas e de outras predições
análogas, um apóstolo dos últimos dias escreveu : — Estas profe-
cias de Isaías não podiam referir-se a Ariel ou Jerusalém, por-
que sua voz não "saiu da terra" e nem sua fala saiu desde o pó.
Mas referem-se ao remanescente de José que foi destruído na
América há mais de mil e quatrocentos anos . O Livro de Mór-
mon relata sua queda, que em verdade foi grande e terrível . No
tempo da crucificação de Cristo "a multidão dos tiranos",
como predisse Isaías, " tornou-se como a pragana que passa " e'
aconteceu, como disse mais adiante, "num momento repenti-
no" . . . Este remanescente de José, em seu sofrimento e des-
truição, chegou a ser como Ariel . Assim como o exército roma-
no sitiou Ariel, causando-lhe grandes tribulações e amargura,
de igual maneira as nações contenciosas da América antiga
trouxeram sobre si as mais lamentáveis cenas de sangue e carni-
ficina . Portanto, o Senhor, com toda propriedade, ao referir-se
a este acontecimento, declarou que "será a Mim como Ariel .""
A notável predição de Isaías, de que a nação assim humi-
lhada falaria "desde a terra" e sua fala assobiaria "desde o pó"
cumpriu-se literalmente quando surgiu o Livro de Mórmon,
cujo original saiu da terra e a voz desta história é como a de al-
guém que fala desde o pó . Lemos mais adiante, na mesma pro-
fecia : "Pelo que toda a visão nos é como as palavras dum livro
selado que se dá ao que sabe ler, dizendo : Ora, lê isto : e ele dirá:
Não posso, porque está selado . Ou dá-se um livro ao que não
sabe ler, dizendo : Ora, lê isto ; e ele dirá : não sei ler ."' Afirma-se
mediante a apresentação de uma transcrição tirada das placas —

12, (saías 29:4 ; leia os versículos 1-6 . 13, "Divine Authenticity of the Book of Mormon",
pgs . 293, 294, por Orson Pratt . Os detalhes do cumprimento de parte desta profecia se en-
contram em 3 Néfi caps . 8 e 9 . 14, 29 :11,12 .

O LIVRO DE MORMON 257

as "palavras do livro selado" e não o próprio livro — ao sábio


professor Charles Anthon, cuja resposta quase nas mesmas pa-
lavras da passagem já consideramos no capítulo antérior, 1 e na
entrega do livro a Joseph Smith, o homem sem instrução, reali-
zou-se o cumprimento desta profecia.
3 . CONFORMIDADE DO LIVRO DE MÕRMON
A Conformidade Interna do Livro de Mórmon apóia a crença
de sua origem divina . Suas várias partes apresentam evidência
de haverem sido escritas em diferentes épocas e em condições
completamente distintas . O estilo dos livros que o compõem
concorda com os tempos e circunstâncias em que foram escri-
tos . As partes que se tomaram das placas sobre as quais se acha-
va o resumo de Mórmon contêm numerosas interpelações em
forma de comentários e explicações do transcritor ; porém nos
primeiros seis livros que são, como já se explicou, a história tra-
duzida, palavra por palavra, das placas menores de Néfi, não se
verificam tais interpolações . O livro conserva sua conformidade
desde o princípio até o fim ; não se encontraram nele nem con-
tradições nem discrepâncias.
A Diversidade de Estilo caracteriza os livros distintos ." Pelo
que já se disse a respeito das várias coleções de placas que cons-
tituem a acumulação original dos anais de que se traduziu o Li-
vro de Mórmon, é evidente que a obra contérn os escritos com-
pilados de uma grande sucessão de autores inspirados . Estes es-
critos compreendem um período de mil anos, sem contar os
anos da história jaredita . Nessas circunstâncias não se deve es-
perar unidade de estilo.
4 . O LIVRO DE MÕRMON É CONFIRMADO PELO
CUMPRIMENTO DE TODAS AS PROFECIAS
QUE CONTÉM
As Predições do Livro de Mórmon são numerosas e impor-
tantes . Uma das provas mais conclusivas da autenticidade do li-
vro é a que nos proporciona a verdade demonstrada pelas pro-
15, Veja o apêndice 15 :2 ; veja especialmente os quatro artigos de EIder J M . Siodahl, inti-
tulados "Authenticity of the Book of Mormon", no "Millenial Star" . Liverpool, vol . 77
(1915), começando com as páginas 465, 481, 497 e 513 .

258 REGRAS DE FÉ

fecias que contém . A melhor maneira de pôr à prova a profecia


é à luz de seu próprio cumprimento . As predições que o Livro
de Mórmon contém podem ser divididas em duas classes : (1) as
profecias que se referem ao tempo que o próprio livro abrange e
cujo cumprimento nele já se verificou ; e (2) as que se relacio-
nam a épocas que excedem os limites da história narrada no li-
vro .
As Profecias da Primeira Classe mencionadas, de cujo cum-
primento a relação do Livro de Mórmon atesta, são de pouco
valor como prova da autenticidade da obra, porque se com in-
tento humano se tivesse escrito o livro como ficção, tanto a pro-
fecia como o cumprimento teriam sido previstos com igual cui-
dado e engenhosidade . Não obstante, para o leitor estudioso e
consciencioso, a autenticidade do livro será patente ; e o cum-
primento literal das numerosas e variadas profecias referentes
ao então futuro destino do povo cuja história se acha na obra,
assim como a realização das que anunciam os detalhes do nasci-
mento e morte do Salvador e sua visita a este povo numa condi-
ção ressuscitada, devem, por motivo de sua exatidão e confor-
midade, considerar-se como prova da inspiração e autoridade
que há na obra.

As Profecias da Segunda Classe, que se referem a um tempo


que para muitos dos escritores representava um futuro muito
distante são numerosas e explicitas . Muitas delas falam especial-
mente dos últimos dias — a dispensação da plenitude dos tem-
pos — e algumas destas se têm cumprido literalmente, outras es-
tão-se cumprindo, enquanto outras aguardam seu cumprimento
de acordo com determinadas condições que hoje parecem es-
tar-se aproximando com rapidez . Entre as profecias mais notá-
veis do Livro de Mórmon, que se relacionam com a última dis-
ppação, encontram-se aquelas que se referem à sua própria
divulgação e ao efeito que sua publicação causaria sobre o gê-
nero humano . Já se examinou a profecia de Ezequiel relativa à
união dos "pedaços de madeira" ou Escrituras de Judá e
Efraim . Consideremos a promessa feita a José, que foi vendido
no Egito, promessa que Léhi repetiu a seu filho José — uma pre-
dição que envolve a profecia que se refere ao livro e a que fala

O LIVRO DE MÓRMON 259

do vidente por meio de quem haveria de se efetuar o milagre:


"Mas criarei um vidente do fruto dos teus lombos e a ele darei
poder para fazer chegar Minhas palavras a teus descendentes —
e não somente para isso mas também para os convencer da Mi-
nha palavra que a eles já houver sido levada . Portanto, o fruto
de teus lombos escreverá ; e o fruto dos lombos de Judá escreve-
rá ; e aquilo que for escrito pelos teus descendentes, e também o
que for escrito pelos de Judá, crescerão juntos até confundir as
falsas doutrinas, apaziguando as contendas e estabelecendo a
paz entre os teus descendentes ; dando-lhes a conhecer os seus
pais nos últimos dias e dando-lhes o conhecimento dos meus
convênios, diz o Senhor . E da fraqueza será fortalecido, no dia
em que Meu trabalho começar entre todo o Meu povo, para res-
tabelecer-te, ó Casa de Israel, diz o Senhor ." 16 Vê-se claramen-
te o cumprimento literal destas palavras na publicação do Livro
de Mórmon por intermédio de Joseph Smith.
O Senhor indicou a Néfi um dos efeitos da nova publica-
ção, declarando que no dia da restauração de Israel — indubita-
velmente, pois, no dia da plenitude dos tempos, como o testifi-
cam as Escrituras judaicas — seriam dadas ao mundo as palavras
dos nefitas e ressoariam "até os extremos da terra, por estan-
darte" aos da casa de Israel, e que então os gentios, esquecen-
do-se até de sua dívida para com os judeus, de quem haviam re-
cebido a Bíblia na qual professavam ter tanta fé, abusariam e
maldiriam esse ramo do povo do convênio e recusariam a nova
Escritura, dizendo : "Uma Bíblia! Uma Bíblia! Temos uma
Bíblia e não pode haver nenhuma outra Bíblia" ." Não é este o
tema principal das frenéticas objeções que o mundo dos gentios
faz ao Livro de Mórmon, de que, por não se esperar nova reve-
lação forçosamente carece ele de validade?
Nos dias antigos se requeria que houvesse dois testemu-
nhos para estabelecer a verdade de uma afirmação, e a respeito
do testemunho que ambos os escritos davam dele o Senhor dis-
se : "Por que murmurais por ter que receber mais palavras Mi-
nhas? Não sabeis que o depoimento de duas nações é o teste-
munho de que Eu sou Deus, que Me recordo tanto de uma
como de outra nação? E, portanto, Eu digo as mesmas palavras
16, 2 Néfi 3 :11-13 . 17, 2 Néfi 29 :3 ; leia todo o capítulo .

260 REGRAS DE FÉ

tanto a uma como a outra nação . E, quando as duas nações se


juntarem, o testemunho delas se juntará também ." 18
Com estas predições do testemunho unido das Escrituras
judaicas e nefitas se relaciona outra profecia cujo cumprimento
os fiéis aguardam pacientemente na atualidade . Foram prome-
tidas Escrituras adicionais, precisamente os anais das Tribos
Perdidas . Notemos esta promessa : "E, portanto, porque tendes
uma Bíblia, não deveis supor que ela contém todas as Minhas
palavras ; nem deveis supor que Eu não permiti que se escreves-
se mais . . . Pois eis que o que Eu falar aos judeus eles o escreve-.
rão ; e falarei também a outras tribos da Casa de Israel, que es-
palhei, e elas o escreverão ; e também falarei a todas as nações
da terra, e elas o escreverão . E acontecerá que os judeus rece-
berão as palavras dos nefitas e os nefitas receberão as palavras
dos judeus ; e os nefitas e os judeus receberão as palavras das
tribos perdidas de Israel ; e as tribos perdidas de Israel recebe-
rão as palavras dos nefitas e dos judeus ." 19
5 . A EVIDENCIA CORROBORATIVA QUE AS
DESCOBERTAS MODERNAS APRESENTAM.
A Arqueologia e a Etnologia do continente ocidental ofere-
cem certa evidência corroborativa em apoio ao Livro de Mór-
mon . Estas ciências admitem que não podem explicar de uma
forma conclusiva a origem das raças nativas americanas . Entre-
tanto, as investigações realizadas neste campo produziram re-
sultados que são mais ou menos definitivos, e a narração do Li-
vro de Mórmon concorda com as mais importantes . Não se ten-
tará apresentar aqui um tratado extenso, já que isto requereria
um espaço muito mais amplo que o de nossos limites presentes.
O estudante que busca uma consideração detalhada do tema
deverá consultar as obras que se dedicam especialmente a
ele . 20 Das descobertas mais significativas que se relacionam
com os habitantes originais, nos referiremos às seguintes:
1 . A América foi povoada em tempos muito remotos, pro-
vavelmente pouco depois da construção da Torre de Babel.
18, 2 Néfi 20:8 . 19, 2 Néfi 29 :10,12 . 20, Recomenda-se especialmente ao estudante a
obra compreensiva do Irmão B . H . Roberts . "New Witnesses for God'', tomo 2, caps . 24 a
29, e tomo 3, caps . 30 a 34 .

Roberto- GOnealves Game-1ns

O LIVRO DE MÓRMON 261

2. Sucessivamente têm ocupado o continente diferentes


povos ; pelo menos duas classes ou, assim chamadas, raças, em
épocas muito separadas.
3. Os habitantes originais vieram do Oriente, provavelmen-
te da Asia, e os ocupantes posteriores, ou seja, os da segunda é-
poca, eram muito parecidos com os israelitas, se bem . que não
fossem idênticos.
4. As raças nativas existentes na América formam um mes-
mo tronco.
Pelo resumo já feito da parte histórica do Livro de Mór-
mon vê-se que a obra apóia completamente cada um desses
descobrimentos . Assim, diz-se nele:
1. Que a América foi povoada pelos jareditas, que vieram
diretamente da Torre de Babel.
2. Que os jareditas ocuparam o país por cerca de mil oito-
centos e cinqüenta anos, e que mais ou menos ao tempo de sua
extinção, aproximadamente 590 anos antes de Cristo, Léhi e
sua colônia chegaram a este continente, donde se desenvolve-
ram as nações separadas dos nefitas e lamanitas, desaparecendo
aqueles mais ou menos no ano 385 de nossa era — uns mil anos
depois da chegada de Léhi a -este país — enquanto que estes
continuaram numa condição degenerada até o tempo presente
e são representados pelas tribos indígenas.
3. Que Léhi, Ismael e Zoram, os progenitores tanto dos ne-
fitas como dos lamanitas, foram indubitavelmente israelitas —
Léhi era da tribo de Manassés, enquanto Ismael era da tribo
de Efraim — e que a colônia veio diretamente de Jerusalém, no
continente asiático.
4. Que as tribos indígenas existentes descendem dos imi-
grantes cuja história se encerra no Livro de Mórmon e, por
conseguinte, nasceram de progenitores que foram da casa de I
rael .
Examinemos agora algumas das evidências que se relacio-
nam com estes pontos apresentados por investigadores, sendo
que a maior parte dos mesmos nada sabia do Livro de Mórmon

262 REGRAS DE FÉ

e que nenhum deles aceita o livro como autêntico . 21


1 . Quanto à Colonização Antiga das Américas . — Um conhe-
cido perito em matéria de antigüidades americanas oferece a
seguinte evidência e dedução : "Uma das artes que os edificado-
res de Babel conheciam era a fabricação de tijolo . Também era
conhecida por aqueles que construíram sobre o continente oci-
dental . Os povos das planícies de Sinear tinham conhecimento
do cobre, porque Noé deve ter-lhes comunicado, já que ele vi-
veu entre eles trezentos e cinqüenta anos depois do dilúvio . Os
antediluvianos também conheciam o cobre . Os construtores
dos monumentos do Oeste chegaram a conhecê-lo também . Os
antediluvianos conheciam o ferro . Também os antigos do Oeste
o conheciam . Não obstante, é evidente que houve muito pouco
ferro entre eles, pois são contados os casos em que foi ele des-
coberto entre suas obras ; e por esta razão mesma chegamos à
conclusão de que chegaram a este país pouco depois da disper-
são ." 22
Em sua "Resposta a Perguntas Oficiais a Respeito dos
Aborígines da América", Lowry, referindo-se à população do
continente ocidental, conclui "que a primeira colonização se
efetuou pouco depois da confusão de línguas, na época da cons-
trução da Torre de Babel ." 23
O professor Waterman da Universidade de Boston disse a
respeito dos progenitores do índio americano : "Quando e de
onde vieram? Aberto Galatin, um dos filólogos mais eminentes
da época concluiu que até onde o idioma indicava, o tempo de
sua chegada não deve ter sido muito depois da dispersão da
família humana ." 2 '
Referindo-se aos antigos habitantes da América, Pritchard
escreveu que "o tempo de sua existência como raça distinta e
separada deve datar daquela ocasião em que se separaram em
21 . Muitas das citações que se seguem, empregadas em conexão com a evidên-
cia extra das Escrituras, que apóiam o Livro de Mórmon, foram coligidas por
escritores de nosso povo, especialmente por Élder George Reynolds :-veja também
a série de artigos intitulados "American Antiquities" em " Millennial Star", Li-
verpool, vol . 21 : a série de artigos sobre " The Divine Authenticity of the Book
of Mormon" em "Contributor", Salt Lake City, vol . 2, por Moses Thatcher ; e
um panfleto "A Prophet of Latter Days", Liverpool 1898, por Edwin F . Parry,
22, Priest, "American Antiquites", 1834, pág . 219 . 23, Schoolcarf's "Ethnological
Researches", tomo3(1853) . 24, Waterman, discurso em Bristol, Inglaterra, em
1849 : citado num folheto por Edwin F . Parry, "A Prophet of Latter Days" (1898) .

O LIVRO DE MORMON 263

nações os habitantes do mundo antigo e se deu a cada ramo da


família humana sua linguagem e individualidade primitiva . "23
Ixtilxochitl, um escritor nativo do México, "fixa a data da
primeira povoação da América como pelo ano 2000 antes
de Cristo . Essa data concorda com o Livro de Mórmon, que de-
clara positivamente que se verificou no tempo da dispersão,
quando Deus em Sua ira "disseminou o povo sobre a face de
toda a terra." 26 " Referindo-se às palavras de Ixtilxochitl, mil se-
tecentos e dezesseis anos transcorreram desde a criação até o
dilúvio . Segundo Moisés, foram mil seiscentos e cinqüenta e
seis, uma diferença de somente sessenta anos„' Concordam per-
feitamente quanto ao número de cúbitos, quinze, a que se ele-
varam as águas sobre as montanhas mais altas . Semelhante
coincidência não pode conduzir senão a uma conclusão : a iden-
tidade da origem dos relatos ." 2
John T.. Short, citando as palavras de Clavigero, diz : "Di-
zem que Votan, o neto do venerável ancião que construiu a
grande arca para se salvar e a sua família do dilúvio, e um dos
que empreenderam a construção daquele alto edifício que ia
chegar até o céu, saiu para povoar esta terra por mandamento
expresso do Senhor . Dizem também que os primeiros habitan-
tes vieram do Norte e que ao chegar a Soconusco se separaram:
uns foram viver no país de Nicarágua e outros permaneceram
em Chiapas ." 3
2 . Quanto às Ocupações Sucessivas da América por Diferen-
tes Povos em Tempos Antigos — Eminentes estudantes de ar-
queologia americana declararam que dois grupos distintos, cha-
mados por alguns raças separadas de gênero humano, habita-
ram este continente em tempos antigos . O professor F . W . Put-
nan4 é ainda mais preciso em sua afirmação de que uma dessas
raças antigas se estendeu ao Norte e a outra ao Sul . Num artigo
intitulado "Copan, a Cidade dos Mortos", 5 Walsh apresenta

25, Pritchard, "National History of Man" (Londres 1845) . 26, Moses Thatcher, "Contri-
butor", vol 2, p . 227, Salt Lake City, 1881 . 1, Veja o apêndice 15 :3 . 2, Moses Thathcer
Contributor Vol 2, p . 228 . 3, John T . Short, North Americans of Antiquity, p . 204 . Harper
Bros ., New York ; 2. ed ., 1888 ; veja também contributor, Salt Lake City . vol . 2, p . 259 . 4,
veja Putnam, "Prchistoric Remains in the Ohio Valley", Century Magazien, March, 1890.
5, veja Harper's Weekly (New York), Setembro, 1897, p . 879 : artigo por Henry C . Walsh .

264 REGRAS DE FÉ

muitos detalhes interessantes de escavações e outras obras que


Gordon empreendeu por conta da expedição Peabody e acres-
centa: "Tudo isto indica épocas sucessivas de ocupação, a res-
peito do que, existem outras evidências . "6
3. Quanto à Procedência Oriental de Pelo Menos uma Divi-
são dos Americanos Antigos, Provavelmente da Asia, e sua Ori-
gem Israelita — Na semelhança dos anais e tradições dos dois
continentes sobre a criação, o dilúvio e outros grandes aconteci-
mentos históricos, se acha a evidência confirmatória da crença
de que os aborígines americanos saíram dentre os povos do he-
misfério oriental . Boturini, 7 que é mencionado por escritores de
arqueologia americana, diz : "Não há nação gentia que trate dos
acontecimentos primitivos com a certeza com que o fazem os
índios . Eles nos relatam a criação do mundo, o dilúvio,' a con-
fusão de línguas na torre de Babel e todos os outros períodos e
idades do mundo, as grandes peregrinações que seus antepassa-
dos conheceram na Ásia, e representam os anos exatos por
meio de seus caracteres ; e nos sete Conejos (coelhos) dizem-
nos da grande eclipse que se verificou por ocasião da morte de
Cristo, nosso Senhor ."
Evidência semelhante da fonte comum de tradições oci-
dentais e orientais de grandes acontecimentos nos tempos pri-
mitivos é fornecida nos escritos de Short, já mencionados, e por
Baldwin, 9 Clavigero, 10 Kingsborough," Sahagun,' 2 Prescott,"
Schoolcraft," Squiers" e outros . 16

6, Veja o apêndice 15 :14 . 7, Chevalier Boturini, que passou vários anos investigando as
antiguidades do México e América Central e colecionou muitos documentos de grande va-
lor, a maior parte dos quais foi confiscada pelos espanhóis . Em 1746 publicou uma grande
obra, na qual tratou do tema dos seus estudos . Sua alusão à "grande eclipse" ao tempo da
crucificação refere-se às "trevas que foram mandadas sobre a terra'' (Mateus 27 :45)as quais
não podem ter sido a conseqüência de uma eclipse solar, já que este : fenômeno ocorre so-
mente quando há lua nova e a páscoa judaica, durante a qual se efetuou a crucificação,
ocorre no tempo de lua cheia . 8, Veja o apêndice 15 :5 . 9, Baldwin, Ancient America.
10, Clavigero, citado pelo professor Short em North Americans of Antiquity, pág . 140.
Lord Kingshorough, Mexican Antiquities, tomo 6 . Bernardo de Sahagun, História
l :niversal de Ia Nueva Espada . 13, W . H . Prescótt, Conquest of Mexico . 14, Schoolcraft,
Fahnnlogical Researehes, tomo 1 . 15, Squiers, Antiquities 'of the State of New York, 16,
Veja os livros de Bancroft, Nalive traces etc ., tomos 3 e 5 ; Doneely's Atlantis, pág . 391:
1882 ; veja também o apêndice 15 :7 .

O LIVRO DE MÕRMON 265

John T . Short acrescenta seu testemunho à evidência de


que os habitantes aborígines da América são "originariamente
do Velho Mundo," porém admite que não pode precisar quan-
do ou por onde vieram a este continente ." Waterman, a quem
já nos referimos, diz : "Este povo não pode ter-se originado da
Africa porque seus habitantes eram muito diferentes dos da
América : nem da Europa, onde não havia um povo nativo que
se parecesse um pouco com as raças americanas ; de maneira
que somente na Asia poderiam procurar a origem dos america-
nos ." 1e
Em sua compreensiva e acreditada obra, Lord Kingsbo-
rough se refere a um manuscrito de Las Casas, bispo espanhol
de Chiapas, documento que se acha preservado no convento de
São Domingos no México, e no qual o bispo declara que se des-
cobriu que entre os índios de Yucatan se tinha conhecimento
da Trindade . Um dos emissários do bispo escreveu "que havia
achado um senhor principal, que, inquirido sobre sua crença e
religião antiga, que por aquele reino prevalecia, disse-lhe que
eles conheciam e acreditavam em Deus, que estava no céu e
que este Deus era Pai e Filho e Espírito Santo ; e que o Pai se
chamava Ycona, que havia criado os homens e todas as coisas;
e o Filho tinha por nome Bacab, o qual nasceu duma donzela
virgem chamada Chibirias, que está no céu com Deus e que a
mãe de Chibirias se chamava Ischel ; e ao Espírito Santo chama-
vam Echuah . De Bacab (que é o Filho) dizem que foi morto por
Eopuco, e foi açoitado, e recebeu uma coroa de espinhos ; que
seus braços foram estendidos sobre um pau, ao qual eles acredi-
tavam que não tivesse sido pregado, mas sim atado ; e que ali
morreu e permaneceu morto durante três dias ; e que no tercei-
ro dia ele veio à vida e subiu aos céus, onde está com o Pai ; ime-
diatamente depois Echuah veio, que é o Espírito Santo, e en-
cheu a terra de tudo o que precisava . "19
Rosales fala de uma tradição entre os chilenos de que um
personagem maravilhoso, cheio de graça e poder, visitou seus

17 . John T . Short, North Americans of Antiquity, pág . 517 . 18, Waterman . discurso em
Bristol . Inglaterra, em 1849 . citado no flolheto de Edwin F . Parry . A Prophet of Latter
Days, Liverpool, 1898 . 19, Kingsborough's Antiquities of Mexico, vol . 6, pp . 160, 161 .

266 REGRAS DE FÉ

antepassados, operou muitos milagres entre eles e lhes ensinou


sobre o Criador que vivia nos céus entre hostes glorificadas .'
Prescott faz menção ao símbolo da cruz que os companheiros
de Cortez encontravam tão freqüentemente entre os nativos do
México e da América Central . Além desta evidência de uma
crença em Cristo, os invasores presenciaram assombrados uma
cerimônia que tinha certa analogia com o sacramento da santa
ceia . Viram que os sacerdotes aztecas preparavam um bolo de
farinha, misturado com sangue, que consagravam e davam de
comer aos presentes, que "o recebiam com grande reverência,
humilhação e lágrimas, dizendo que comiam a carne de seu
Deus . "21
Os mexicanos antigos reconheciam Quetzalcoatl cómo um
Deus . O relato tradicional de sua vida e morte é tão parecido
com nossa história de Cristo que o presidente John Taylor dis-
so : "Não podemos chegar a outra conclusão além de que
Quetzalcoatl e Cristo são a mesma pessoa" . L2 Lord Kingsbo-
rough menciona uma pintura de Quetzalcoatl "na atitude de
uma pessoa crucificada, com a impressão de cravos em suas
mãos e pés, mas não atualmente na cruz . A mesma autoridade
diz ainda : "A septuagésima terceira placa do manuscrito Bor-
giano é a mais notável de todas, pois Quetzalcoatl não só é re-
presentado ali como crucificado sobre uma cruz de forma gre-
ga, mas também seu enterramento e descida aos infernos são
representados de uma forma bem curiosa ." Diz ainda : "Os me-
xicanos acreditam que Quetzalcoatl tomou sobre si a natureza
humana, participando de todas as debilidades do homem, e co-
nheceu as aflições, dor e morte que sofreu voluntariamente
para expiar os pecados do homem ." 2 '
O estudante do Livro de Mórmon desde logo percebe a
fonte de conhecimento de Deus e da Trindade . As referidas Es-
crituras nos informam que durante vários séculos antes do nas-
cimento de Cristo os progenitores das raças nativas americanas

20. Rosales . Histor of Chile : veja \lediation and Atonement de Pres . Taylor . pp 2(.10-202.
21. Prescott . Conquest of ' Iexico, vol . 2 . .Ap . par 1 . 22, 1lediation and Atonement, pag.
201 23 . Lord Kingsborough, Antiquities of \lexico : Veja o que citou o Presidente John
Taylor em llediation and Atonement, pág 202 .

O LIVRO DE MÓRMON 267

viveram sob a luz da revelação direta que, chegando-lhes por


intermédio de seus profetas autorizados, lhes indicava os pro-
pósitos de Deus a respeito da redenção do gênero humano ; e,
além disso, que o Redentor ressuscitado os visitou em pessoa e
estabeleceu entre eles Sua Igreja com todas as suas ordenanças
essenciais . Esse povo caiu num estado de degeneração espiri-
tual ; muitas de suas tradições se acham lamentavelmente per-
vertidas e alteradas por haverem-se misturado com superstições
e inv enções humanas : entretanto, a origem de seu conheci-
mento é manifestamente autêntica.
4 . Quanto a uma Origem Comum das Raças Americanas —
Admite-se geralmente que as muitas tribos e nações indígenas
provêm de uma mesma família . A conclusão se baseia na rela-
ção íntima e evidente que há em seus idiomas, tradições e cos-
tumes . Baldwin diz que o Sr . Lewis H . Morgan encontra evi-
dências de que os aborígines americanos, tiveram uma origem
comum, no que ele chama o "sistema de consagüinidade e afi-
nidade" que eles tinham . Diz assim : "As nações indígenas des-
de o Atlântico até as Montanhas Rochosas, e desde o oceano
Artico até o Golfo do México, com exceção dos esquimós, têm
o mesmo sistema . É extenso e complicado tanto em sua forma
geral como em seus detalhes ; e apesar de ocorrerem desvios
desta uniformidade nos sistemas de diferentes famílias, as ca-
racterísticas fundamentais são em geral constantes . Esta identi-
dade nas particularidades essenciais de um sistema tão notável
serve para demonstrar que deve haver-se transmitido de uma
mesma fonte original a cada família, junto com o sangue . Apre-
senta a evidência mais conclusiva, até agora descoberta, da uni-
dade de origem das nações indígenas dentro das regiões men-
cionadas .""
O resumo feito por Bradford das conclusões que se refe-
rem à origem e características dos americanos antigos afirma
que "todos eram da mesma origem, ramificações de uma mes-
ma raça, e tinham costumes semelhantes " . 23

24 . Balduin . Ancient America, pág . 66 . 25, Bradford . American Antiquities, sob o titulo
"Conclusions" . pág . 431 .

268 REGRAS DE FÉ.

A Linguagem Escrita dos Antigos Americanos — A estas evi-


dências seculares da autenticidade do Livro de Mórmon, pode-
se agregar a conformidade que existe entre o livro e as desco-
bertas relativas aos idiomas escritos desses povos antigos . O
profeta Néfi declara que gravou seu relato sobre as placas "no
idioma dos egípcios" 26 e também nos diz que as placas de latão
de Labão estavam escritas no mesmo idioma .' Mórmon, que re-
sumiu os volumosos escritos de seus predecessores e preparou
, as placas das quais se fez a tradução moderna, também se valeu
de caracteres egípcios . Seu filho, Morôni, que terminou a obra,
assim o afirma ; porém, reconhecendo a diferença que havia en-
tre o idioma escrito em seus dias e o que se achava sobre as pri-
meiras placas, atribuiu a mudança à alteração natural causada
pelo transcorrer do tempo e disse que sua própria narrativa e a
de seu pai haviam sido escritas em "egípcio reformado ." 2
Porém o egípcio não é a única linguagem oriental que está
representada entre as relíquias da antigüidade americana ; o
hebraico ocorre ao menos com igual significação no que diz
respeito a isto . E de todo natural que os descendentes de Léhi
tenham usado a língua hebraica, já que eram da casa de Israel e
tinham sido transladados para o continente ocidental direta-
mente de Jerusalém . Pelo que Morôni diz sobre o idioma que se
usou nas placas de Mórmon, é evidente que os nefitas não per-
deram a habilidade para ler e escrever tal idioma : "E, então, eis
que escrevemos estes anais, de acordo com o nosso conheci-
mento e com caracteres chamados entre nós segundo nossa ma-
neira de falar . E, se nossas placas tivessem sido suficientemente
grandes, nós as teríamos escrito em hebraico, mas o hebraico
havia sido alterado por nós também ."'
Foram tomados os seguintes exemplos de uma recompila-
ção muito instrutiva que fez o Élder George Reynolds . 4 Muitos
dos primeiros escritores espanhóis declaram que os nativos de

26, 1 Néfi 1 :2 . 1, Veja Mosiah 1 :4 . 2, Mórmon 9 :32 . 3, Mórmon 9 :32-33 : veja tam-
bém os artigos "Egyptology and the Book of Mórmon", Por Robert C . Webb, no Improve-
ment Era, tomo 26, de fevereiro, março e abril de 1923 : também "The Plates of the Book of
Mórmon", por J . M . Sjodhal, no mesmo tomo, mês de abril : e o apêndice 15 :6 . 4, Rey-
nolds, "The Languague of the Book of Mórmon" em "The Contributor, tomo 17, p . 236 .

O LIVRO DE MÓRMON 269

certas partes do país falavam um hebraico corrompido . "Las


Casas assim o assegura, referindo-se aos habitantes da ilha de
Haiti . Latifu escreveu uma história na qual afirma que o idioma
caribe era essencialmente hebraico . Isaac Nasci, um erudito ju-
deu de Surinam, referindo-se ao idioma dos habitantes " das
Guianas, diz que todos os substantivos são hebraicos ." Os histo-
riadores espanhóis anotaram o descobrimento de caracteres
hebraicos no continente ocidental . "Malvenda diz que os nati-
vos de São Miguel tinham umas lápides, desenterradas pelos es-
panhóis, que continham várias inscrições em hebraico ."
Em todos estes escritos os caracteres e linguagem são se-
melhantes à forma mais antiga do hebraico e não têm nenhum
dos símbolos vocais e letras finais que se introduziram no
hebraico do continente oriental depois que os judeus regressa-
ram do cativeiro babilônico . Isto está de acordo com o fato de
que Léhi e sua colônia saíram de Jerusalém pouco antes do ca-
tiveiro e, por conseguinte, antes que se tivesse efetuado qual-
quer alteração do idioma escrito .'
Outra Prova — Nenhum leitor do Livro de Mórmon deve
contentar-se com as evidências que foram citadas, no que diz
respeito à autenticidade desta obra que se tem por Escritura sa-
grada . Foi prometido um meio mais seguro e eficaz para deter-
minar a veracidade ou falsidade deste volume . Da mesma for-
ma que as outras Escrituras, o Livro de Mórmon só pelo espíri-
to da Escritura pode ser entendido ; e este espírito não se obtém
senão como um dom de Deus . Entretanto, esse dom foi prome-
tido a todos os que o buscam . Recomendamos, pois, a todos, o
conselho do último escritor da obra, Moroni, o cronista solitá-
rio que selou o livro e que mais tarde foi o anjo que o revelou:
"E, quando receberdes estas coisas, peço-vos que pergunteis a
Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas são ver-
dadeiras, e, se perguntardes com um coração sincero e com boa
intenção, tendo fé em Cristo, Ele vos manifestará a verdade de-

5, Veja urna série de artigos muito instrutivos da Improvement Era, tomo 17, por Thomas
W . i3rookbank, intitulados "Hebreu idioms and Analogies in the Book of Mormon . 6,
Moroni IB :d . 5 .

270 REGRAS DE FÉ

Ias pelo poder do Espírito Santo . E pelo poder do-Espírito Santo


podeis saber a verdade de todas as coisas ."6

Referências bíblicas do Livro de Mórmon

Porque de Jerusalém sairá o restante, e do monte de Sião o que escapou : o zelo do Senhor
fará isso — 2 Reis 19 :31.
Toda a visão vos é como palavras dum livro selado, que se dá ao que sabe ler e ao que não
sabe — Is. 29 :11, 12.
No tempo predito para esse livro aparecer, os homens seriam afastados das doutrinas de
Deus pelos preceitos dos homens — Is . 29 :13 . Compare com as palavras dó Senhor a Joseph
Smith — P. de G . V . p . 60.
O povo do qual o livro fala seria abatido, e a voz sairia fraca desde o pó — Is . 29:4 . Com-
pare: A verdade brotará da terra e a justiça olhará desde os céus — Salm . 85 :11.
A vara, ou registro, de Judá, e a de José (Efraim) devem ser juntadas na mão do Senhor —
Ezeq . 37 :16-19.
Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco : Estas ouvirão a Minha voz — João 10 :16.
Compare com as palavras do Senhor ressucitado aos nefitas — 3 Nefi 15:17-24.

O testemunho do Livro de Mórmon referente a si mesmo

As palavras do Senhor a Néfi, filho de Léhi, relativas a Escrituras além da Bíblia ; Trarei
muito de Meu Evangelho que será claro e preciso.
Manifestar-me-ei à tua geração de modo que ela escreverá ; e depois de tua semente haver
desaparecido, estas coisas serão escondidas para aparecerem aos gentios pela mão do Cor-
deiro — 1 Néfi 13 :34-37.
A Nefi, que escreveu a história de seu povo, foi mandado que fizesse outras placas — 2 Néfi
5 :29-33.
Os que serão destruídos lhe falarão da terra, e suas palavras serão como um murmúrio do
pó — 2 Néfi 26:16-22 . Compare : Salm . 85:10-13.
A oração de Ënios de que seria preservado um registro de seu povo — Ênos 13 :18.
Mórmon, que fez o resumo e compilação dos anais, prediz seu aparecimento — Mórmon
5 :12-15.
Moroni, filho de Mórmon, termina o registro de seu pai e testifica de seu aparecimento —
Mórmon 8 :13-17 ; 25-32.
Nefi, filho de Lehi, prediz o aparecimento do livro que contém as palavras dos que dormi-
ram ; 8 palavras do livro, mas não o livro, seriam entregues a outro, pela pessoa designada
a realizar o trabalho — 2 Néfi 27 :6-11.
O livro seria escondido do mundo, mas mostrado a três testemunhas, e depois a mais algu-
mas . Uma parte seria traduzida e a outra parte ficaria selada por algum tempo — 2 Néfi
27 :12-25.
O livro que sairia entre os gentios confirmaria a veracidade da Bíblia ; ambos seriam unidos
— 1 Nefi 13 :39-42.
A respeito daquele que traria à luz o livro nos últimos dias — 2 Néfi 3 :6-16 ; 27 :9-12, 15, 19;
Mórmon 8 :14-16.
Muitos dos gentios rejeitam o livro, dizendo : Uma Bíblia! Uma Bíblia! Nós temos uma Bí-
blia, e não pode haver outra Bíblia — 2 Nefi, cap. 29 . Note que os gentios chamam irrisoria-
mente o Livro de Mórmon a "Bíblia Mórmon".
O Senhor ressuscitado mandou que os nefitas escrevessem as palavras que Ele lhes deu — 3
Néfi 16:4 ; leia o capítulo inteiro .

REFERENCIAS 271

Revelação dos últimos dias a respeito do Livro de Mórmom

A Joseph Smith foi dado o poder de traduzir os registros antigos do Livro de Mórmon – D.
& C . 1 :29 ; 20:8-12 ; 135:3.
À respeito da perda de certos manuscritos com partes dos escritos de Mórmon – D . & C.
sec . 3 . Compare: 2 Nefi 5 :30 ; 1 Nefi cap . 9 ; Mórmon – D . & C . sec.

A respeito da perda de certos manuscritos com partes dos escritos de Mórmon – D . & C.
sec . 3 . Compare : 2 Nefi 5 :30 ; 1 Nefi cap . 9;
Concernente ao depoimento das três testemunhas do Livro de Mórmon – D . & C . 5:1-18.
Joseph Smith foi indicado e chamado para trazer à luz o Livro de Mórmon – D . & C . 24 :1.
Moroni foi enviado para revelar o Livro de Mórmon – D . & C . 27 :5.
Os élderes da igreja devem ensinar os princípios do Evangelho que se acham no Livro de
Mórmon e na Bíblia – D . & C . 42:12.
Descriçãp da revelação a Joseph Smith, sobre a existência do registro antigo, e os aconteci-
mentos ligados com sua tradução – P . de G . V . pp . 63-70.
E ele traduziu aquela parte do livro, que Eu lhe ordenei, e assim como vive o vosso Senhor
e vosso Deus, a tradução é verdadeira – D . & C . 17:6 . Leia a seção inteira, que se dirige às
três testemunhas antes destas verem as placas.
A sabedoria do Senhor é testificada pelo Livro de Mórmon e pela Bíblia — D . & C . 3 :16-20.
Capítulo 16

REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA

Regra 9 — Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o


que ele revela agora e cremos que ele ainda revelará
muitas grandes e importantes coisas pertencentes ao
Reino de Deus.

Revelação e Inspiração — Teologicamente falando, a pala-


vra revelação significa dar a conhecer a verdade divina por meio
de comunicação dos céus . A palavra grega apocalypsis, cujo sig-
nificado tem muita analogia com o de nossa palavra revelação,
indica um descobrimento ou divulgação daquilo que havia esta-
do oculto, totalmente ou em parte : o descerrar de um véu . A
forma aportuguesada apocalipse é usada para designar as revela-
ções recebidas por João na Ilha de Patmos, cujo relato constitui
o último livro do Novo Testamento . Revelação divina, segundo
se vê pelos numerosos exemplos das Escrituras, pode consistir
de manifestações ou declarações dos atributos de Deus ou
duma expressão da vontade de Deus a respeito dos assuntos do
homem.
A interpretação que às vezes se dá à palavra inspiração e a
que tem a palavra revelação são quase idênticas, apesar daquela
por sua origem e uso primitivo ter um significado particular.
Inspirar significa literalmente animar com o espírito . Um ho-
mem está inspirado quando se acha sob a influência de uma for-
ça à parte da sua . Pode-se dizer que a inspiração divina é uma
operação menor da influência espiritual no homem, uma mani-
festação não tão diretamente intensa como a que se mostra na
revelação . De modo que a diferença é mais de grau do que de
espécie . Por nenhum destes métodos dirigentes o Senhor priva
o indivíduo humano de seu arbítrio ou individualidade,' como o
comprovam as peculiaridades tão assinaladas de estilo e méto-
do que caracterizam os vários livros das Escrituras . Não obstan-

1, Veja o apêndice 16 :1, 2 .


REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 273

te, age sobre o receptor humano uma influência mais direta


quando se dá uma revelação do que sob o efeito menor, apesar
de igualmente divino, da inspiração .?
A objetividade e simplicidade com a qual Deus pode se co-
municar com o homem depende das condições de receptivida-
de da pessoa . Uma pessoa poderá ter a suscetibilidade para per-
ceber a inspiração em suas fases menores e mais simples somen-
te, enquanto que outra poderá responder tão completamente a
esse poder que fica capacitada a receber revelação direta ; e
esta influência superior poderá por sua vez manifestar-se em
vários graus, descobrindo, ora mais, ora menos, a personalidade
divina . Notemos as palavras do Senhor a Aarão e Miriam, cul-
pados de falta de respeito para com Moisés, o revelador : "En-
tão o Senhor desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da
tenda : depois chamou a Aarão e a Miriam e eles saíram ambos.
E disse : Ouvi agora as Minhas palavras : Se entre vós houver
profeta, Eu, o Senhor, em visão a ele Me farei conhecer, ou em
sonhos falarei com ele . Não é assim com o Meu servo Moisés
que é fiel em toda a Minha casa . Boca a boca falo com ele, e de
vista e não por figuras ; pois ele vê a semelhança do Senhor ." 3
Já vimos que uma das provas mais conclusivas da existên-
cia de um Ser Supremo é a que nos provê a revelação direta que
vem dele e que certo conhecimento dos atributos e personalida-
de divinos é essencial para se exercer racionalmente a fé em
Deus . Não podemos respeitar devidamente uma autoridade
cuja existência mesma é para nós coisa incerta . Por conseguin-
te, para confiar implicitamente em nosso Criador e reverenciá-
lo verdadeiramente, devemos saber algo acerca dele : Apesar de
o véu da mortalidade com sua densa névoa poder evitar .que a
luz da presença divina cnegue ao coração do pecador, essa cor-
tina separadora poderá ser descerrada e a luz celestial brilhar
na alma justa . O ouvido atento, sintonizado com a música celes-
tial, escutou a voz de Deus declarar Sua personalidade e vonta-
de ; o olho, livre de argueiros de pecado, sem outro objetivo se-
não o de buscar a verdade, viu a mão de Deus ; dentro da alma
devidamente purificada pela devoção e pela humildade tem
sido revelada a vontade de Deus.
2 . .Apéndice 16 :3 . 3 . 1úm . 12 :5-8

274 REGRAS DE FÉ

Comunicação de Deus ao Homem — Não se sabe de época


alguma em que, vivendo um ministro autorizado de Cristo
sobre a terra, o Senhor tenha deixado de revelar a esse servo
Sua vontade divina relativa ao ministério determinado de tal
pessoa . Nenhum homem pode arrogar-se a honra e a dignidade
do ministério . Para pòder ser um ministro autorizado do Evan-
gelho "o homem deve ser chamado por Deus, por profecia, e im-
posição das mãos, por aqueles que têm autoridade", e os "que
têm autoridade" devem ter sido chamados da mesma maneira.
Quando dessa forma o homem é comissionado, fala em virtude
de uma potestade maior que a sua, ao pregar o Evangelho e ad-
ministrar suas ordenanças ; pode em toda verdade chegar a ser
um profeta para o povo . O Senhor constantemente reconhece e
honra a seus servos que conforme esse modelo têm sido cha-
mados . Tem magnificado, em proporção a seu mérito, o ofício
que ocupam, fazendo-os oráculos vivos da vontade divina . As-
sim tem acontecido em cada uma das dispensações da obra de
Deus.
O Santo Sacerdócio tem o privilégio de se comunicar com
os céus e conhecer a vontade direta do Senhor . Esta comunicação
se efetua por meio de sonhos e visões, do Urim e Tumim, visita-
ções de anjos ou a investidura mais elevada de uma comunica-
ção pessoal com o Senhor! As palavras inspiradas dos homens
que falam pelo poder do Espírito Santo são Escrituras para o
povo .' Antigamente se prometeu em termos precisos que o Se-
nhor Se valeria da profecia para revelar Sua vontade e propósi-
tos ao homem : "Certamente o Senhor Jeová não fará coisa al-
guma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profe-
tas." 6 Nem todos os homens alcançam esta posição de revelado-
res especiais: "O segredo do Senhor é para os que O temem, e
Ele lhes fará saber o Seu concerto ."' Tais homens são oráculos
da verdade, conselheiros privilegiados, amigos de Deus .'
A Revelação em Tempos Antigos — A Adão, o Patriarca da
raça humana, aquele a quem foram entregues as chaves da pri-

4, Veja o capitulo 12 desta obra . 5, Veja D . & C . 68 :4 . 6, .Amós 3 :7 : 1 Néfi 22 :2 . 7,


Salmos 25 :14 . 8, Veja João 15 :14,15 .

REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 275

meira dispensação, Deus manifestou Sua vontade e deu manda-


mentos .' Enquanto se conservou num estado de inocência, an-
tes da queda, Adão gozou de comunicação direta com o Se-
nhor ; logo, por causa de sua transgressão, o homem foi expulso
do Éden, porém levou consigo algumas recordações de seu feliz
estado anterior, entre elas um conhecimento pessoal da existên-
cia e atributos de Seu Criador . Enquanto com o suor de seu ros-
to lavrava a terra para ganhar seu pão, segundo o castigo sobre
ele imposto e nele cumprido . Adão continuou invocando o
nome do Senhor . Enquanto Adão e sua esposa, Eva, labutavam
e oravam, "ouviram a voz do Senhor na direção do Jardim do
Éden, falando a eles, mas eles não O viam, porque eles estavam
excluídos de Sua presença . E deu-lhes mandamentos ." 10
Os patriarcas que sucederam a Adão foram abençoados
com o dom de revelação em graus diferentes . Enoque, o sétimo
desde Adão, recebeu uma investidura particular . Segundo Gê-
nesis, "andou Enoque com Deus" e ao chegar à idade de tre-
zentos e sessenta e cinco anos "não se o viu mais, porquanto Deus
paraSi o tomou" ." O Novo Testamento nos revela algo mais no
tocante a seu ministério," e os escritos de Moisés nos propor-
cionam um relato mais abundante ainda dos atos do Senhor
para com este vidente" tão altamente favorecido . Foi-lhe reve-
lado o plano de redenção e a história futura da raça humana até
o meridiano dos tempos e daí até o milênio e o juízo final . O Se-
nhor comunicou a Noé Suas intenções a respeito do dilúvio que
se aproximava ; por meio desta voz profética foi admoestado o
povo, instando-se para que se arrependesse ; não tendo dado
atenção e tendo recusado a mensagem, foram destruídos em
sua iniqüidade . Estabeleceu então Deus um convênio' com
Abraão, a quem foram revelados os acontecimentos relacio-
nados com a criação ; 14 e o mesmo convênio foi confirmado
com Isaque e Jacó.
Por meio de revelações Deus comissionou Moisés para
que tirasse Israel da escravidão . Da sarça que ardia sobre o
Monte Horebe o Senhor declarou àquele que havia sido esco-
9, Veja Gén . 2 :15-20 ; P . de G . V . Moisés 3 :16 . 10, P . de G . V ., Moisés 5 :4,5 . 11, Gén.
5 :18-24 . 12, Veja S . Judas 14 . 13, Veja P . de G . V ., Moisés caps . 6, 8 . 14, Veja Gén.
caps . 17, 18 . P . de G . V . , Abraão, especialmente os capítulos 3, 4, 5 .

276 REGRAS DE FÉ

lhido : "Eu sou o Deus de teu pai, Deus de Abraão, Deus de Isa-
que, Deus de Jacó ." Em todas as turbulentas entrevistas de
Moisés e Faraó o Senhor continuou comunicando-Se com Seu
servo, que em meio à glória da investidura divina se apresentou
como um verdadeiro deus ante o rei pagão . 15 E, durante a
sombria marcha de quarenta anos pelo deserto, o Senhor ja-
mais cessou de honrar Seu profeta . Assim também podemos se-
guir a linha dos reveladores, homens que foram, cada qual a seu
tempo, intermediários entre Deus e opovo, homens que recebe-
ram instruções dos céus e as transmitiram às massas, desde
Moisés até Josué, e daí os Juízes, Davi e Salomão, e a João, o
precursor do Messias.
O próprio Cristo foi um Revelador — Apesar de Sua autori-
dade pessoal, apesar de ter sido Deus e ainda O ser, enquanto
viveu como homem entre os homens, Jesus Cristo manifestou
que Sua obra era a de um maior que Ele, um que O havia envia-
do e de quem recebia instruções . Notemos Suas palavras : "Por-
que Eu não tenho falado de Mim mesmo ; mas o Pai que Me en-
viou, Ele Me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre
o que hei de falar . E sei que Seu mandamento é a vida eterna.
Portanto, o que Eu falo, falo-o como o Pai Me tem dito ." Dis-
se ainda : "Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma:
como ouço, assim julgo ; e o Meu juízo é justo, porque não bus-
co a Minha vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou ." 1e E
mais adiante : "As palavras que Eu vos digo não as digo de Mim
mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é que faz as obras . . . faço
como o Pai Me mandou ." 19
Também os Apóstolos, com quem ficou a responsabilidade
da Igreja depois de partir o Mestre, buscaram orientação do
céu, aguardaram a palavra de revelação que os guiaria em seu
ministério exaltado e a receberam . Dirigindo-se aõs Coríntios,
Paulo escreveu : "Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito;
porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas
de Deus . Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem,
senão o espírito do homem, que nele está? Assim também nin-
guém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus . Mas
15, Êxodo 3 :2-6 . 16, Veja Êxo . 7 :1 veja também 4 :16 . 17, João 12 :49,50 . 18, João
5 :30 . 19, João 14 :10,31 .

REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 277

nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que


provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é
dado gratuitamente por Deus ." 2°
João afirma que o livro conhecido como Apocalipse não foi
escrito por sua própria sabedoria, mas que antes foi "revelação
de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar a Seus servos
as coisas que brevemente devem acontecer ; e pelo Seu anjo as
enviou, e as notificou a João, Seu servo ." 21
A Revelação Contínua é Necessária — As Escrituras afirmam
terminantemente o fato de que desde Adão até João, o Revela-
dor, Deus dirigiu os assuntos de Seu povo por meio de comuni-
cações pessoais que dava a Seus servos comissionados . A medi-
da que o tempo ia passando, a palavra escrita, a recompilação
de revelações dadas anteriormente, ia-se convertendo em lei
para o povo ; porém, em nenhum caso se considerou suficiente.
Apesar de as revelações de épocas passadas serem indispensá-
veis como guia para o povo, e esclarecerem o plano e objetivo
dos atos de Deus em condições determinadas, nem por isso po-
dem aplicar-se universal e diretamente às circunstâncias de é-
pocas subseqüentes . Muitas das leis reveladas são de aplicação
geral para todos os homens em todas as idades, quais sejam os
mandamentos : Não furtarás, não matarás, não levantarás falso
testemunho, assim como outras injunções relativas ao dever do
homem para com seus semelhantes . A maior parte destas são
tão manifestamente justas que a consciência humana as aprova
mesmo sem a palavra direta de mandamento divino . Outras leis
poderão ter semelhante aplicação geral ; não obstante, sua vali-
dade como ordenança decretada por Deus procede do fato de
que autorizadamente foram instituídas para tal objetivo . Consi-
deremos como exemplos destas últimas os mandamentos que se
relacionam com a santificação do dia de repouso e a necessida-
de do batismo, por meio do qual se recebe o perdão dos peca-
dos, ordenanças como a confirmação, o sacramento e outras.
Encontram-se nos anais, revelações de uma terceira classe, tais
como as que foram dadas para resolver as condições de uni

20, 1 Cor . 2 :10-12 . 21, Apoc . 1 :1 .



278 REGRAS DE FÉ

período determinado . Estas podem ser classificadas como reve-


lações especiais ou circunstanciais como, por exemplo, as ins-
truções dadas a Noé a respeito da construção da arca e sua ad-
moestação ao povo ; a intimação feita a Abraão de que abando-
nasse seu país natal e partisse para uma terra desconhecida ; o
mandamento dado a Moisés e, por intermédio dele, a Israel,
quanto ao êxodo do Egito ; as revelações dadas a Léhi que
orientaram sua saida de Jerusalém juntamente com seu grupo,
sua jornada no deserto, a construção de um barco e a viagem
sobre as grandes águas para outro hemisfério.
Logo, é desarrazoado e diretamente contrário a nosso con-
ceito da justiça imutável de Deus crer que Ele abençoará a
Igreja com uma revelação atual e viva de Sua vontade numa
dispensação, e que na outra deixará que a Igreja, à qual dá Seu
nome, caminhe o melhor que possa de acordo com as leis de
uma idade passada . É certo que devido a apostasia se afastou do
mundo a autoridade do Sacerdócio por algum tempo, deixando
o povo num estado de obscuridade, com as janelas dos céus cer -
radas para ele ; porém, nessas ocasiões Deus não reconheceu
nenhuma Igreja terrena como Sua, nem profeta nenhum que
declare com autoridade : "Assim diz o Senhor ."
Em apoio à doutrina de que é próprio das obras de Deus
dar revelações que especialmente se adaptem às condições
existentes, temos o fato de que foram decretadas leis e subse-
qüentemente repelidas, quando se alcançou um estado mais
avançado do plano divino . Assim, pois, a lei de Moisés 22 estava
estritamente , vigorando sobre Israel desde a época do Exodo
ate a do ministerio do Salvador ; mas sua revogação foi declara-
da pelo próprio Salvador23 e em seu lugar se instituiu algo maior
que a lei de mandamentos carnais, a qual, em conseqüência das
transgressões, se havia imposto.
Pelas passagens mencionadas, assim como por outras nu-
merosas afirmações das sagradas Escrituras, é evidente que a
revelação de Deus ao homem tem sido um 'atributo fundamen-
tal da Igreja vivente . É igualmente claro,que a revelação é'es-
sencial para que a Igreja exista numa condição organizada
22, Veja Exodo cap . 21, Levítico cap . 1, Deut, cap . 12 . 23, Veja Mateus 17-48

REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 279

sobre a terra . Se o homem, a fim de poder ter a autoridade para


pregar o Evangelho e administrar suas ordenanças, deve ser
chamado por Deus "por profecia", 24 é claro que, faltando a re-
velação direta a Igreja ficaria sem oficiais autorizados e, como
conseqüência, desapareceria . Os profetas e patriarcas da anti-
güidade, os juízes, os sacerdotes e todo servo autorizado, desde
Adão até Malaquias, foram chamados por revelação direta ma-
nifestada mediante a palavra especial da profecia . O mesmo se
pode dizer de João Batista,25 dos apóstolos26 e de oficiais meno-
res' da Igreja, enquanto existiu sobre a terra uma organização
reconhecida por Deus . Sem o dom da revelação contínua não
pode haver ministério organizado no mundo ; sem oficiais devi-
damente comissionados não pode haver Igreja de Cristo.
É essencial a revelação na Igreja, não só para chamar e or-
denar devidamente seus ministros, mas para que os oficiais as-
sim escolhidos possam ser orientados em sua obra de ensinar
com autoridade as doutrinas de salvação, admoestar, animar e,
se necessário, repreender o povo ; e por meio da profecia de-
clarar a vontade de Deus no que diz respeito à Igreja no presen-
te e no futuro . A promessa de salvação não conhece limites de
tempo, lugar ou pessoas . Assim o ensinou Pedro no dia de Pen-
tecostes, assegurando à multidão que tinham direito a essa bên-
ção : "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e
a todos os que estão longe : a tantos quantos Deus nosso Senhor
chamar .' - ' A salvação, com todos os dons de Deus, era na anti-
güidade tanto para o judeu como para o grego' ; o mesmo Se-
nhor de todos, generoso para com aqueles que o buscam, indis-
tintamente . 4
Objeções Alegadas às Escrituras — Os oponentes da doutri-
na da revelação contínua, pervertendo exageradamente seu sig-
nificado, citam certas passagens das Escrituras para apoiar sua
heresia, algumas das quais são as seguintes:
As palavras com que João conclui seu livro são estas : "Por-
que eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia
24 . Veia cap . 10 desta obra . 25 . Veia Lucas 1 :13-20 . 26, Veja João cap . 15 : Atos 1 :12-
'_6 . 1, Veia Atos 20 :28 : 1 Tim . 4 :14 Tito 1 :5 . 2, Atos 2 :39 . 3, veja Rom . 10:12 : Gál.
3 :28 : Col . 3 :11 . 4,iVeja Rom . 3 :22 .

280 REGRAS DE FÉ

deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus


fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro . E, se
alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus ti-
rará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão
escritas neste livro ."' A aplicação destas palavras a toda a
Bíblia, como ficou recompilada mais tarde, de maneira nenhu-
ma se justifica, porque João não escreveu seu livro para finalizar
o conjunto de Escrituras que compõe a Bíblia . João se referia às
suas próprias profecias que, sendo recebidas por revelação,
eram sagradas ; e a alteração destas, por omissão ou adição, seria
modificar as palavras de Deus . Igualmente grave seria o pecado
de alterar qualquer outra parte da palavra revelada . Além disso,
nesta passagem tão freqüentemente citada não há nenhuma in-
dicação de que o Senhor não aumentaria ou diminuiria a pala-
vra que a revelação contém ; declara-se que nenhum homem
poderá mudar essas palavras sem incorrer no castigo . Mais de
quinze séculos antes da Escritura de João, e com uma aplicação
igualmente limitada, Moisés admoestou de maneira parecida
contra a alteração da mensagem dos mandamentos divinos .'
Outra destas supostas objeções à revelação moderna se faz
basear nas palavras de Paulo a Timóteo, a respeito das Escritu-
ras que "podem fazer-te sábio para a salvação"' e servem "para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente ins-
truído para toda a boa obra ." 8 Com a mesma intenção se faz re-
ferência ao que o apóstolo declara aos élderes de Éfeso : "Vós
bem sabeis . . . como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar
e ensinar publicamente e pelas casas . Porque nunca deixei de
vos anunciar todo o conselho de Deus ." 9 Pretende-se que, se as
Escrituras que Timóteo conheceu foram tudo o que necessitava
para fazê-lo "sábio para a salvação", e o homem de Deus "per-
feito, 'e perfeitamente instruído para toda a boa obra", as mes-
mas Escrituras bastam para todos os homens em qualquer épo-
ca ; e que se as doutrinas pregadas aos élderes de Éfeso repre-
sentavam "todo o conselho de Deus" não se deve esperar mais

S, Apoc . 22 :18,19 : veja também D . & C . 20 :35 . 6, Veja Deut . 4 :2 12 :32 . 7, 2 Tim . 3 :15.
8, 2 Tim . 3 :16,17 . 9, Atos 20:18-27 .
REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 281

conselhos . Como resposta, talvez seja suficiente dizer que aque-


les que se opõem à revelação contínua, e que por meio de tãu
forçada interpretação das passagens anteriores defendem sua
posição contrária às Escrituras, terão que negar, para que nãp
haja entre eles incongruência, todas as revelações que por in-
termédio dos apóstolos foram recebidas após a época das pala-
vras do apóstolo, entre elas a revelação de João.
Igualmente carece de conformidade a afirmação de que a
exclamação de Cristo ao morrer : "Está consumado", significa-
va que havia terminado a revelação ; porque achamos que o
mesmo Jesus se revelou como o Senhor ressuscitado, prometeu
revelação adicional 10 aos apóstolos e lhes assegurou que estaria
com eles até o fim ." Além disso, se nas palavras do Crucificado
tivesse sido percebida tal intenção, teria que se tachar os após-
tolos de impostores, pois, enquanto viveram, ensinaram de
acordo com o que direta e expressamente lhes ditava a revela-
cão .
Para justificar o anátema com o qual os antagonistas da re-
velação moderna tentam perseguir aqueles que crêem na ema-
nação contínua das palavras de Deus à sua Igreja, invoca-se a
seguinte profecia de Zacarias : "Acontecerá naquele dia, diz o
Senhor dos Exércitos, que tirarei da terra os nomes dos ídolos, e
deles não haverá mais memória e também farei sair da terra os
profetas e o espírito da impureza . E será que, quando alguém
ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão:
não viverás, porque mentirosamente falaste em nome do Se-
nhor ; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o transpassarão quan-
do profetizar . E acontecerá naquele dia que os profetas se en-
vergonharão, cada um da sua visão, quando profetizarem ." 12 O
dia que aqui se menciona parece ser ainda futuro, porque ainda
se sente a influência dos ídolos e dos espíritos imundos ; e não só
isso, mas também que por havê-los relacionado Zacarias com
ídolos e espíritos imundos fica comprovado que se trata de fal-
sos profetas.
Estas tentativas que têm sido feitas para negar a doutrina
da revelação contínua, baseadas na autoridade das passagens
10, Veja Lucas 24 :29 . 11, Veja Mateus 28 :20 ; veja também Marcos 16 :20 . 12, Zac . 13 :2-
4.

282 REGRAS DE FÉ

mencionadas, são sumamente fúteis ; só se refutam e deixam in-


tacta a verdade de que a crença na revelação contínua é inteira-
mente razoável e conforme com as Escrituras em todo senti-
do ."
Revelação nos CJltimos Dias — Sob a luz do conhecimento
que temos sobre a revelação contínua, como característica essen-
cial da Igreja, é tão razoável esperar nova revelação na atuali-
dade como crer na realidade deste dom durante os dias antigos.
"Não havendo profecia o povo se corrompe"" afirmou-se na
antigüidade ; e seria próprio incluir a revelação, já que este dom
pode manifestar-se por meio de sonhos, visões e profecias . Ape-
sar do abundante e extremamente explícito testemunho das Es-
crituras, as assim chamadas seitas cristãs de hoje em dia, quase
sem exceção, declaram que a revelação direta cessou com os
apóstolos e até mesmo antes deles ; que são desnecessárias
mais comunicações dos céus e que o esperar essas coisas não
concorda com as Escrituras . Por assumirem semelhante atitu-
de, as seitas discordantes de hoje em dia nada mais fazem além
de seguir . o caminho a que os incrédulos recorreram nos dias
antigos . Os judeus apóstatas recusaram o Salvador porque veio
a eles com uma revelação nova . Por acaso não tinham a Moisés
e aos profetas para guiá-los? De que mais necessitavam? Publica-
mente se jactavam de serem " discípulos de Moisés," e acres-
centavam : "Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas
este não sabemos donde é .""
As Escrituras, longe de declarar que a revelação cessaria
nos últimos tempos, afirmam expressamente a restauração e
funcionamento desse dom nos últimos dias . O Revelador previu
a restauração do Evangelho nos últimos dias, por anjos minis-
trantes e, tendo visto em visão o que então era futuro, expres-
sou-se em tempos como se já tivesse sido realizado : "E vi outro
anjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno para
proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tri-
bo, e língua, e povo ." 16 Também sabia que nos últimos dias se
ouviria a voz de Deus chamando seu povo para que saísse de
Babilônia para um lugar seguro : "E ouvi outra voz do céu que

13, Veja o apêndice 16 :2 . 14, Prov . 29 :18 . 15, João 9 :28,29 . 16 . Apoc . 14:6 .

REVELAÇÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURA 283

dizia : Saí dela, povo meu, para que não sejais participantes, de
seus pecados, e para que não incorrais em suas pragas " ."
O Livro de Mórmon assegura com igual clareza que a reve-
lação direta há de permanecer como bênção sobre a Igreja nos
últimos dias . Considere-se a profecia de Éter, o jaredita ; o con-
texto indica que se refere à última dispensação : "E no dia em
que eles tiverem fé em Mim, diz o Senhor, como tinha o irmão
de Jared, serão santificados em Mim e então manifestarei a eles
as coisas que o irmão- de Jared viu, até lhes descobrir todas as
Minhas revelações, disse Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Pai
dos céus e da terra e de tudo quanto neles há . . . Mas os que
crerem nestas coisas que Eu falei serão visitados com as mani-
festações do Meu Espírito e as conhecerão e delas darão' teste-
munho ." 18
Léhi, instruindo seus filhos, citou uma profecia de José, o
filho de Jacó, que não se encontra na Bíblia . Refere-se particu-
larmente à obra de José, o profeta moderno : "'Sim, José verda-
deiramente disse : Assim me diz o Senhor — Um vidente escolhi-
do criarei do fruto de teus lombos . E, gozará de grande estima
entre os frutos de teus lombos . E a ele ordenarei que faça um
trabalho para o fruto de teus lombos e para seus irmãos, o que
lhes será de grande benefício, dando-lhes a conhecer os convê-
nios que fiz com teus pais ." 19
Néfi, o filho de Léhi, falou profeticamente dos últimos
dias, quando os gentios haveriam de receber um testemunho de
Cristo com muitos sinais e manifestações prodigiosas : "E que
Ele se manifesta a todos os que crêem, pelo poder do Espírito
Santo, sim, a todas as nações, famílias, línguas e povos, fazendo
grandes milagres, sinais e maravilhas entre os filhos dos ho-
mens, de acordo com a sua fé . Eu vos profetizo, porém, sobre
os últimos dias ; sobre os dias em que o Senhor Deus trará estas
coisas aos filhos dos homens . "20
O mesmo profeta, admoestando em tom ameaçador os in-
crédulos dos últimos dias, predisse que apareceriam Escrituras
adicionais : "E acontecerá que o Senhor Deus tornará conheci-
das as palavras de um livro e estas serão as palavras dos que

17, Apoc . 18 :4 . 18, Éter 4 :7, I l . 19, 2 Néfi 3 :7 . 20, 2 Néfi 26 :13, 14 .

284 REGRAS DE FÉ
adormeceram . E eis que o livro estará selado ; e neste livro ha-
verá uma revelação de Deus, desde o princípio do mundo até
o fim . "2'
Dirigindo-se aos nefitas o Salvador repetiu as palavras de
Malaquias concernentes à revelação que seria dada por inter-
médio de Elias, antes da segunda vinda do Senhor : "Eis que vos
enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível
do Senhor ; e ele converterá o coração dos pais aos filhos e o co-
ração dos filhos a seus pais ; para que Eu não venha e fira a terra
com maldição ." 22
Por revelações dadas na época atual o Senhor confirmou . e
cumpriu Suas promessas anteriores e repreendeu expressamen-
te aqueles que querem fechar Sua boca e afastar dele o seu po-
vo
. Nestes dias ouve-se Sua voz, "provando ao mundo que as
slantas Escrituras são verdadeiras e que Deus inspira os homens
e os chama a Seu santo serviço nesta época e geração, tanto
quanto em gerações de tempos antigos ; mostrando assim que
Ele é o mesmo Deus, ontem, hoje e para sempre ."
Revelação Ainda Futura — Em vista do fato comprovado de
que a revelação entre Deus e o homem sempre tem sido e é
uma das características da Igreja de Jesus Cristo, é razoável es-
perar confiantemente que se receberão outras mensagens do
céu, mesmo até o fim da provação do homem sobre a terra . A
Igreja tão verdadeiramente se baseia e continuará baseando-se
sobre a rocha da revelação hoje como no dia em que Cristo pro-
nunciou Sua bênção profética sobre Pedro, que por meio deste
dom de Deus pôde testificar da divindade de Seu Senhor .2' A
revelação moderna, da mesma forma que a antiga, prediz com
bastante clareza as manifestações ainda futuras de Deus por
meio desta forma ." O cânon das Escrituras ainda se acha aber-
to ; ficaram por ser agregadas muitas linhas, muitos preceitos;
ainda estão por vir à Igreja e ser declaradas ao mundo revela-
ções que excederão em importância e plenitude gloriosa a todas
as que já se tem conhecido.
21, 2 Néfi 27 :6, 7 . 22, 3 Néfi 25 :5, 6 ; veja também Mal . 4:5,6 e seu cumprimento D . & C.
110 :13-16 . 23, D . & C . 20 :11, 12 ; veja também 1 :11, 11 :25 ; 20 :26-28 ; 35 :8 ; 42 :61 ; 50 :35;
59 :4 ; 70:36 e a obra inteira, como evidencia da revelacao continua na lgreia hoje em dia.
24, Veja Mateus 1616-19 : Marcos 8 :27-29 : Lucas 919-20 : João 6 :69 .25 . Veja D&C.
20 :35,;. 35 :8, e as referências de Doutrina e Convênios citados em 23 .

REFERENCIAS 285

Com que justifica ou finge justificar o homem sua incon-


gruência em negar o poder e os desígnios de Deus de Se revelar
a Si mesmo e divulgar Sua vontade nestes dias, como certamen-
te o fez nos passados? Em todos os campos do conhecimento e
atividade humanos, em tudo que assume a glória para si, o ho-
mem se gaba das possibilidades de crescer e desenvolver ; entre-
tanto, na ciência divina da teologia ele afirma que é impossível
o progresso e que está proibido . Contra esta heresia e negação
blasfema das prerrogativas divinas de poder, Deus proclamou
com palavras de significado penetrante : "Ai do que diz: Rece-
bemos a palavra de Deus e não necessitamos mais da palavra
de Deus, porque já a conhecemos bastante "26 . "Não negues o
espírito de revelação nem o espírito de profecia, pois ai daquele
que nega estas coisas ."'

REFERENCIAS

Comunicação direta de Deus ao homem


Muitas passagens das Escrituras já foram citadas acerca deste assunto;
veja as referencias após o capitulo 12.
O Senhor Se revelou a Adão antes e depois da queda — Gén . caps . 2, 3
e outros ; Moisés caps . 4, 5 etc.
Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o
Seu segredo aos Seus servos, os profetas — Amós 3 :7.
Cristo disse a Pedro que a Igreja se fundamenta na revelação . — Mat.
16:15-19.
O Deus dos céus levantará outro reino que jamais será destruído —
Dan . 2 :44.
O Senhor predisse revelação futura para o Seu povo — Jer. 31 :33, 34.
Entrarei em juízo convosco cara a cara . Ez . 20:35, 36.
Revelação através do profeta Elias é prometida — Mal . 4 :5, 6 . Compa-
reP . de G . V . pp 60-61 ; D . & C . 2 :1 ; 27 :9 ; 110 :14, 15 ; 128 :17 ;110 :13.
Quando vier oEspírito de verdade, Ele vos guiará — João 16 :13.
Que Deus vos dê o Espirito da sabedoria e revelação — Ef . 1 :17.
Paulo testifica de revelação por ele recebida . — Ef. 3 :3-5.
O Senhor deu graças ao Pai, que deu revelação — Mat . 11 :25.

26, 2 Néfi 28 :29 ; veja também 28:30 e 29 :6-12 . 1, D . & C . 11 :23 ; veja também o apêndice
16:4 .

286 REGRAS DE FÉ

Porém Deus no-Ias revelou pelo Seu Espírito — 1 Cor . 2 :10.


Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revela-
de Jesus Cristo — Gál . 1 :12.
Revelação pode ser dada para corrigir um erro — Fil . 3 :15.
Os Santos guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes a se
revelar no último tempo — 1 Ped . 1 :5 ; 4 :13.
A revelação de Jesus Cristo a Seu servo João — O livro de Apocalipse.
Abraão recebeu todas as coisas por revelação e mandamento — D & C.
132-29.
A promessa de Deus de revelação, como antigamente — 1 Nefi 10 :19.
Veja as referências após o capitulo 15 — "O testemunho dos livros de
Mormon referente a si próprio".
Dons do Espírito, incluindo sabedoria, conhecimento e profecia, não
cessam por causa da transgressão do povo — Moroni 10 :24 . Considere
o capítulo inteiro.
Deus dará a sua palavra, linha sobre linha, preceito sobre preceito 2
Néfi 28 :29, 30.
Manifestações do Pai Eterno e Seu Filho Jesus Cristo a Joseph Smith
no ano de 1820 - P . de G . V . p . 56.
Como com homens em dias passados, convosco raciocinarei e con-
vosco falarei e profetizarei — D & C . 76 :7-10.
Deve ser . ordenado para ensinar as revelações recebidas e as que virão.
— D & C . 43 :7.

As revelações de Deus que virão daqui em diante — D . & C . 20 :35.


Digno-me a revelar coisas que têm sido conservadas ocultas desde an-
tes da fundação do mundo — D . & C . 124 :40-42.
Tempo futuro, quando nada será retido — D . & C . 121 :28-32.

uma revelação através de visão dada a Joseph Smith e Sidney Rigdon —


D . & C . sec . 76.
revelação e manifestações pessoais a Joseph Smith e Oliver Cowdery
no Templo de Kirtland Ohio — D . & C . sec . 110.
Homens ordenados ao Sacerdócio devem falar movidos pelo Espírito
Santo — D . & C . 68 :3-6.
Uma revelação a respeito dos negócios dos Santos em sitio, Jackson
County, Missouri — D . & C . 68 :3-6.
Não negues o Espírito de revelação, nem o espírito de profecia, pois ai
daquele que nega estas coisas — D . & C . 11 :25 .

Capítulo 17

A DISPERSÃO DE ISRAEL

Regra 10 — Cremos na coligação literal de Israel e na restauração


das Dez Tribos ; ***

Israel — O nome e título combinados, Israel, indicava, ou


dava a entender, no sentido original da palavra, alguém que ha-
via sido bem sucedido em sua súplica ao Senhor ; seus equiva-
lentes mais comuns são "soldados de Deus", "o que contende
com Deus", "príncipe de Deus" . O nome apareceu nas Escritu-
ras sagradas pela primeira vez quando o título foi conferido a
Jacó ao triunfar em sua determinação de receber uma bênção
de seu visitante celestial no deserto e lhe foi prometido : "Não
se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel : pois como prínci-
pe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste" .' Lemos
mais adiante : "E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo de Pa-
dã-Arã, e abençoou-o . E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó;
não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu no-
me . E chamou o seu nome Israel" . 2
Porém este nome e título, outorgado sob condições de so-
lene dignidade, alcançou uma aplicação mais extensa e chegou
a representar a posteridade de Abraão, pela linhagem de Isaque
e Jacó" , 3 com quem o Senhor havia feito um convênio de que
todas as nações da terra seriam abençoadas através de sua pos-
teridade . 4 O nome do patriarca individual chegou assim a desig-
nar um povo que compreendia as doze tribos, e o qual se delei-
tava no título de Israelitas ou filhos de Israel . Foram conheci-
dos por este nome em todos os tenebrosos dias da escravidão
egípcia,' durante os quarenta anos do êxodo e da viagem para a
terra prometida,' no período de sua existência como povo po-
deroso, sob o governo dos Juízes e como nação unida, durante

1, Gén . 32 :28 . 2, Gén . 35 :9, 10 . 3, Veja 1 Sam . 25 :1 ; Isa . 48 :1 ; Rom . 9 :4 ; 11 :1 . 4,


Veja Gén . 12 :1-3 ; 17 :1-8 ; 26 :3,4 ; 28 :13-15 . 5, Veja Ex . 1 :1, 7 ; 9 :6, 7 ; 12 :3 etc . 6, Veja
Ex . 12•:35, 40 ; 13 :19 : 15 :1 ; 35 :20, 30 ; Lev. 1 :2 ; Núm . 20:1, 19, 24 etc .

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288 REGRAS DE FÉ

os cento e vinte anos, que compreenderam os reinados sucessi-


vos de Saul, Davi e Salomão .'
Por ocasião da morte de Salomão, provavelmente cerca do
ano 975 antes de Cristo, dividiu-se o reino . A tribo de Judá e
parte da tribo de Benjamin aceitaram por rei a Roboão, filho e
sucessor de Salomão, enquanto os demais, de quem comumen-
te se fala como as Dez Tribos, se rebelaram contra Roboão e,
desfazendo sua aliança com a casa de Davi, elegeram rei a Jero-
boão . Sob este, as Dez Tribos conservaram o nome de Reino de
Israel, apesar de o reino ter sido conhecido também como
Efraim, 8 por causa dessa tribo ser mais preeminente, enquanto
Roboão e seus súditos se distinguiram pelo título de Reino de Ju-
dá . Os dois reinos conservaram uma existência separada por
mais ou menos duzentos e cinqüenta anos, depois dos quais,
aproximadamente no ano 721 antes de Cristo, foi destruído o
estado independente do reino de Israel, e os assírios, sob Salma-
nasar, os reduziram ao cativeiro . O reino de Judá durou mais
um século antes de chegar a seu fim sob o reinado de Nabuco-
donozor, que inaugurou o cativeiro babilônico . Setenta anos so-
freu o povo a servidão, conforme a profecia de Jeremias, 9 então
o Senhor abrandou o coração dos soberanos reinantes e Ciro, o
Persa, iniciou a obra de emancipação . Foi permitido ao povo
hebreu voltar à Judéia e reconstruir o templo em Jerusalém.
O povo, então comumente conhecido como hebreu ou ju-
deu, reteve 1 ' como nome de sua nação o apelativo "Israel",
apesar de mal compreender duas tribos completas, das doze.
O nome Israel, conservado com justificado orgulho pelo resto
de uma nação outrora poderosa foi usado num sentido figura-
do, para indicar o povo do convênio que constituía a Igreja de
Cristo," e ainda é usado desta maneira . Quando a história nos
apresenta os israelitas pela primeira vez, encontramo-los como
um povo unido . A fim de compreender o verdadeiro valor da
restauração de Israel, à qual faz referência a décima das Regras
de Fé, é necessário que primeiramente consideremos a disper-

7, Veja muitas passagens nos livros de Juíses, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis . 8, Veja Isa . 11 :13;
17 :3 ; Eze . 37 :16-22 ; Ose . 4 :17 . 9, Veja Jer . 25 :11,12 ; 29:10 . 10, Veja o apêndice 17 :1 .2.
11, Veja Rom . 9 :6 ; Gál . 6 :16 .

Ropetto GoncaIves % aleiro

A DISPERSÃO DE ISRAEL 289

são que o povo sofreu . Abundam nas Escrituras as profecias


sobre estas dispersões e, em geral, a história profana e as Escri-
turas oferecem testemunho unido do cumprimento destas pro-
fecias.
A Dispersão de Israel Foi Predita— Tem-se dito que "se fos-
se escrita uma história completa da Casa de Israel, seria uma
história de histórias, a chave da história mundial dos últimos
vinte séculos" . 12 Esta afirmação tão compreensiva encontra jus-
tificação no fato de que os israelitas foram dispersos tão com-
pletamente entre as nações que este povo disperso é considera-
do como um dos fatores principais que contribuíram para a
origem e desenvolvimento de quase toda divisão principal da
família humana . Esta obra de dispersão foi-se efetuando atra-
vés de muitas etapas e durante milhares de anos . Os antigos
profetas a previram ; e durante todas as gerações, até a época
do Messias, e até mesmo nas que a seguiram imediatamente,
outros profetas vaticinaram a dispersão do povo como resulta-
do decretado de sua crescente iniqüidade, ou se referiram ao
cumprimento de profecias anteriores, relativas à disseminação
já efetuada, e anunciaram uma nova e mais completa difusão
de nação.
Profecias Bíblicas — Durante o êxodo do Egito, onde os is-
raelitas tinham vivido como escravos, e sua jornada a Canaã, a
terra de sua herança prometida, o Senhor lhes deu muitas leis e
estabeleceu preceitos para seu governo em assuntos temporais
e espirituais . Ofereceu, para sua contemplação, bênçãos que a
mente humana por si só é incapaz de conceber, baseando-as em
sua obediência às leis da retidão e sua homenagem a Ele como
Deus e Rei . Em contraste com esta figura de prosperidade
bendita, o Senhor descreveu com terrível clareza e espantosos
detalhes o estado de servil desgraça e agonizante sofrimento em
que, com toda certeza, incorreriam se se afastassem do cami-
nho da retidão e adotassem as práticas iníquas dos povos idóla-
tras com que se associariam . As partes mais sombrias desta
temível cena eram aquelas que pintavam a futura dispersão da
nação e a dispersão do povo entre aqueles que não conheciam
12, "Compendium " , pág . 84 (edição de 1914).

290 REGRAS DE FÉ

Deus . Entretanto, estas extremas calamidades somente viriam


sobre Israel caso outros castigos menos severos fossem inefica-
zes ."
Quando a viagem que seguiu o êxodo estava para terminar,
quando os israelitas se preparavam para atravessar o Jordão e
tomar posse da terra prometida, quando Moisés estava para as-
cender ao monte Nebo, donde iria ver aquela boa terra para de-
pois abandonar este mundo, o patriarca, legislador e profeta
lhes repetiu a história das bênçãos e maldições contrapostas, as
quais era impossível separar do convênio de Deus com o povo.
"O Senhor te fará cair diante dos teus inimigos", foi-lhes dito ; e
mais, "O Senhor te levará a ti e a teu rei que tiveres posto sobre
ti a uma gente que não conheceste,nem tu nem teus pais ; e ali
servirás a outros deuses, ao pau e à pedra . E serás por pasmo,
por ditado e por fábula entre todos os povos a que o Senhor te
levará" . Também : "O Senhor levantará contra ti uma nação de
longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação
cuja língua não entenderás ; nação feroz de rosto, que não aten-
tará para o rosto do velho nem se apiedará do moço" . "E o Se-
nhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremida-
de da terra até a outra extremidade da terra : E ali servirás a ou-
tros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais : ao pau
e à pedra" ."
À medida que se vai desenvolvendo a história da sagrada
Escritura, fica patente o fato de que Israel havia escolhido o ca-
minho da maldade, abandonando as bênçãos e colhendo as
maldições . Quando o filho do iníquo Jeroboão adoeceu e esta-
va quase à morte, o perturbado rei enviou sua esposa disfarçada
para falar com Anias, o profeta cego de Israel, a respeito da sor-
te da criança . O profeta, vendo além da cegueira física de sua
velhice, predisse a morte da criança e a destruição da casa de
Jeroboão ; e acrescentou : "E também o Senhor ferirá Israel,
como se move a cana nas águas ; e arrancará Israel desta boa
terra que tinha dado a seus pais e a espalhará para além do rio;
porquanto fizeram os seus bosques, provocando a ira do Se-
nhor" ."

13, Veja as fatídicas predições em Lev . 26 :14-33 . 14, Deut . 28 :25-64 . 15, 1 Reis 14 :15 .

A DISPERSÃO DE ISRAEL 291

Pela boca de Isaías o Senhor justifica seus juízos sobre o


povo, o qual compara a uma videira infrutífera que, apesar da
sebe protetora e do maior cuidado, nada havia produzido além
de uvas bravas e só servia para ser queimada . "Portanto", con-
tinua dizendo, "o Meu povo será levado cativo " . 16 Todavia, se-
guir-se-iam outras tribulações : e, a fim de que o povo não se
afastasse por completo do Deus de seus pais, foi-lhes admoesta-
do : "Mas que fareis vós outros no dia da visitação e da assola-
ção, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter so-
corro?" O profeta faz ver a seu povo desviado que suas afli-
ções viriam do Senhor : "Quem entregou Jacó por despojos e Is-
rael aos roubadores? Porventura não foi o Senhor, Aquele con-
tra quem pecaram e nos caminhos do qual não queriam andar,
não dando ouvidos a sua lei? Pelo que derramou sobre eles a in-
dignação de Sua ira e a força da guerra " . 18
Após o cativeiro de Efraim, ou seja, do Reino de Israel, o
povo de Judá teve necessidade de ainda mais admoestações.
Por meio de Jeremias foi trazida a sua memória a sorte de seus
irmãos ; e então, em conseqüência de sua continuada e crescen-
te iniqüidade, disse-lhes o Senhor : "E vos arrojarei da Minha
presença, como arrojei a todos os vossos irmãos, a toda a gera-
ção de Efraim" . 19 Sua terra seria despojada ; todas as cidades de
Judá ficariam desoladas20 e o povo seria disperso entre os reinos
da terra . 21 Outros profetas" revelaram as palavras de ira e sole-
ne advertência do Senhor ; e o divino decreto ficou anotado:
"Sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se
sacode grão no crivo 23 Também : "E eu os semearei entre os po-
vos, e lembrar-se-ão de mim em lugares remotos" 24
Predições do Livro de Mórmon — Na história gravada pelo
ramo da Casa de Israel que saiu de Jerusalém e chegou ao con-
tinente ocidental aproximadamente no ano 600 antes de Cristo,
repetidas vezes se faz referências às dispersões que para os es-
critores do Livro de Mórmon eram ainda futuras . Durante a
viagem para a costa, e enquanto se achava acampado com seu

16, Isa . 5 :1-7 . 13 . 17, Isa . 10 :3 . 18, Isa . 42 :24 . 25 . 19, Jer . 7 :12, 15 . 20, Veja Jer.
9 :11 : 10 :22 . 21, Veja Jer . 34:17 . 22, Veja Ex . 20 :33 : 22 :15 ; 34 :6 ; 36 :19 ; Amós 7 :17 ; 9 :9;
Miq . 3 :12 . 23, Amós 9 :9 . 24, Zac . 10:9 .

292 REGRAS DE FÉ

grupo no vale de Lemuel, nas imediações do Mar Vermelho, o


profeta Léhi declarou que por revelação havia chegado a saber
a respeito da "futura queda dos judeus na incredulidade", da
crucificação do Messias e da dispersão desse povo "sobre a su-
perfície da terra . "2S Comparou a Casa de Israel a uma oliveira 2e
cujos ramos seriam desgalhados e esparramados e viu no êxodo
de sua colônia e na sua viagem para longe um incidente no cur-
so geral da dispersão .' Néfi, filho de Léhi, também viu em visão
a dispersão do povo do convênio e sobre este ponto acrescen-
tou seu testemunho ao de seu pai profeta .' Viu também que a
descendência de seus irmãos, conhecida posteriormente como
lamanitas, seria castigada por sua incredulidade ; e que estava
destinada a ser vencida pelos gentios e ser dispersada entre
eles .' Nessa visão profética das idades também viu que saíam
livros sagrados, além dos que até então se conheciam, "para
convencer aos gentios e ao remanescente da semente de meus
irmãos° e também aos judeus que estavam espalhados sobre
toda a face da terra" .'
Depois de chegar à terra prometida, a colônia, sob co-
mando de Léhi, recebeu mais informações a respeito da disper-
são de Israel . Segundo Néfi, o profeta Zenos' havia predito a in-
credulidade da casa de Israel e, como conseqüência, vagariam
na carne "e perecerão, tornando-se objeto de escárnio e serão
desprezados entre todas as nações" .' Os irmãos de Néfi com ce-
ticismo lhe perguntaram se as coisas de que ele falava se reali-
zariam num sentido espiritual ou mais literalmente, e lhes foi
dito que "a casa de Israel mais cedo ou mais tarde, será espa-
lhada sobre a face da terra por entre todas as nações" ; e a res-
peito das dispersões já efetuadas, acrescentou-se que "a
maior parte de todas as tribos já saiu de lá ; e dispersou-se sobre
as ilhas do mar" . 8 Então, por predição concernente à maior di-
visão e separação . Néfi acrescenta que os gentios teriam domí-
nio sobre o povo de Israel e que "nossos descendentes serão por

25, 1 Néfi 10:11,12 . 26, Veja 1 Néfi 15 :12,13 : veja também Jacó caps . 5, 6 . 1, Veja I Néfi
10:13 . 2, Veja 1 Néfi 14:14. 3, Veja 1 Néfi 13 :11-14 . 4, Parte da descendência de
Léhi que mais tarde foi conhecida como os lamanitas . 5, 1 Néfi 13 :39 . 6, Veja o apêndi-
ce 17 :3 . 7, 1 .Néfi 19:12-14 . 8, 1 Néfi 22 :1-4 .

A DISPERSÃO DE ISRAEL 293

eles espalhados" .9 Apesar de haver um oceano entre sua terra


natal e o país ao qual milagrosamente haviam sido conduzidos,
os filhos de Léhi, mediante uma revelação declarada por Jacó,
irmão de Néfi, souberam do cativeiro dos judeus que haviam
permanecido em Jerusalém . 10 Néfi lhes disse algo mais das cala-
midades que assolavam a cidade em que haviam nascido, e de
uma nova dispersão de seus irmãos, os judeus ."
Os lamanitas, uma divisão da posteridade de Léhi, também
iam ser desfeitos e esparramados, segundo o que indicam as pa-
lavras de Samuel, um profeta desse povo errante ." Néfi, terceiro
profeta desse nome e neto de Helamã, faz destacar a dispersão
de seu povo, declarando que suas "moradias ficarão desola-
das" ." O próprio Jesus, depois de Sua ressurreição, e enquanto
exercia Seu ministério entre aquela parte de Seu redil que se
achava sobre o hemisfério ocidental, refere-se solenemente aos
restantes "que se hão de espalhar pela face da terra em virtude
de sua incredulidade" ."
Por estas passagens, claramente se vê que os que acompa-
nhavam a Léhi — entre eles sua própria família, Zoram" e Is-
mael e sua família, 1ó de quem nasceram os poderosos povos dos
nefitas, exterminados como nação por causa de sua iniqüidade,
e os lamanitas, que, conhecidos na atualidade como índios ame-
ricanos, continuaram sua existência agitada até o dia de hoje —
souberam por revelação que seus antigos compatriotas na ter-
ra da Palestina haviam sido dispersos e que eles eram ameaça-
dos por uma segunda destruição se continuassem desobedecen-
do às leis de Deus . Dissemos que o traslado de Léhi e sua colô-
nia do hemisfério oriental para o ocidental foi parte da disper-
são geral . Não se deve esquecer a outra colônia de judeus que,
partindo de Jerusalém uns onze anos depois da saída de Léhi,
veio também para o oeste . Dirigia esse segundo grupo Mule-
que, filho de Zedequias, o último rei de Judá . Saíram de Jerusa-
lém imediatamente depois da tomada da cidade por Nabucodo-
nosor, aproximadamente no ano 558 Antes de Cristo .17
O cumprimento dessas profecias — As sagradas Escrituras, jun-
9, 1 Néfi 22 :7 . 10, Veja 2 Néfi 6 :8 . 11, Veja 2 Néfi 25 :14,15 . 12, Veja Helamã 15 :12.
13, 3 Néfi 107 . 14, 3 Néfi 16 :4 . 15, Veja 1 Néfi 4 :20-26, 30--37 . 16, VG1a 1 Néfi 7 :2-6, 19,
22 ; 16 :7 . 17, Veja Omni 14, 19 ; Mosiah 25 :2-4 ; Alma 22 :30-32; Helamã 6 :10; 8-21,
pgs . 292, 293 .

294 REGRAS DE FÉ

tamente com outros documentos que não pretendem inspiração


direta, testificam do cumprimento literal das profecias relativas
à desolação da casa de Israel . A divisão da nação em reinos se-
parados de Judá e Israel ocasionou a queda de ambos . Enquanto
o povo desprezava as leis de seus pais, permitia-se que seus ini-
migos os vencessem . Após várias derrotas pequenas no campo
de batalha, os assírios derrotaram por completo o reino de Is-
rael no ano 721 Antes de Cristo . Lemos que Salmanasar IV,rei
da Assíria, sitiou Samaria, a terceira e última capital do reino 18
e que depois de três anos Sargão, o sucessor de Salmanasar, to-
mou a cidade . O povo de Israel foi levado cativo para a Assíria
e dividido entre as cidades dos medos . 19 Assim foi como se cum-
priu a trágica profecia que Anias proferiu à esposa de Tero-
boão . Israel foi dispersa da outra parte do rio, 20 provavelmente
o Eufrates, e desde essa época até o dia de hoje as Dez Tribos
têm estado perdidas para a história.
O destino tão lamentável do Reino de Israel serviu para in-
fundir no povo de Judá um pressentimento de sua própria e imi-
nente destruição . Ezequias, que reinou vinte e nove anos, mos-
trou ser uma destacada exceção na sucessão de reis ímpios que
o haviam precedido . É-nos dito que "fez o que era reto aos
olhos do Senhor" . 31 Durante seu reinado, os assírios, sob co-
mando de Senaqueribe, invadiram o país, mas a graça de Jeová
para com o povo havia em parte se restaurado e Ezequias enco-
rajou seus súditos a confiarem em Deus, exortando-os a que ti-
vessem valor e não temessem o assírio nem suas hostes, "por-
que", disse esse justo rei, "há Um maior conosco do que com
ele . Com ele está o braço da carne, mas conosco o Senhor, nos-
so Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras " . 22 O
exército assírio foi milagrosamente destruído . 23 Ezequias mor-
reu e Manassés reinou em seu lugar . Este rei agiu mal perante
o olhos do Senhor24 e a iniqüidade do povo continuou por meio
século ou mais, interrompida somente pelas boas obras do justo
rei Josias . 2S
18, Sichem foi a primeira capital do reino de Israel (1 Reis 12 :25), depois foi Tirza (1 Reis
16 :24) . 19, Veja 2 Reis 17 :5,6 : 18:9-11 . 20, 1 Reis 14 :15 . 21, 2 Reis 18:1-3 : 2 Cron.
29 :1-11 . 22, 2 Crôn . 32:7,8 . 23, Veja 2 Crôn. 32:21, 22 . 24, Veja 2 Crôn . 33 :1-10 ; 2
Reis 21 :1-9 . 25, Veja 2 Reis 22:1 ; 2 Crôn . 34:1 .

A DISPERSÃO DE ISRAEL 295

Estando Zedequias sobre o trono, Nabucodonosor, rei da


Babilônia, sitiou Jerusalém 26 e tomou a cidade no ano 588 antes
de Cristo e pouco depois levou cativo o povo e o transportou
para a Babilônia, com o que deu fim ao reino de Judá . Os cati-
vos foram dispersos por todas as cidades da Ásia e gemeram sob
a carga do cativeiro babilônico quase setenta anos . Então Ciro,
o Persa, que havia conquistado a Babilônia, deu permissão aos
judeus para voltarem a Jerusalém . Multidões de judeus dester-
rados aproveitaram essa oportunidade, apesar de muitos terem
permanecido nos países de seu cativeiro ; e, apesar de os que
voltaram terem esforçadamente tentado restabelecer-se na
mesma escala de seu poderio anterior, jamais tornaram a ser
um povo realmente independente . Síria e Egito os acometeram,
e mais tarde foram tributários de Roma . Nesta condição se
achavam durante o ministério pessoal de Jesus Cristo entre
eles .
A profecia de Jeremias ainda estava por se cumprir total-
mente ; porém, com o tempo, viu-se que não se perderia nenhu-
ma palavra . "Todo o Judá foi levado cativo, sim, inteiramente
foi levado cativo" .' Tal foi a profecia . Um desentendimento se-
dicioso entre os judeus deu um pequeno pretexto a seus amos
romanos para impor-lhes um castigo que resultõu na destruição
de Jerusalém no ano 71 da era cristã . A cidade caiu, após um
sítio de seis meses, ante os exércitos romanos chefiados por Ti-
to, filho do imperador Vespasiano . Josefo, o famoso historia-
dor, por quem viemos a saber da maior parte dos detalhes da
contenda, vivia na Galiléia nessa época e foi levado a Roma en-
tre os cativos . Sua história nos diz que mais de um milhão de ju-
deus morreram por causa da fome que o sítio ocasionou . Mui-
tos outros foram vendidos como escravos e incontáveis multi-
dões sofreram um desterro forçado . A cidade ficou inteiramen-
te destruída, e os romanos, em busca de tesouros, araram o local
onde se levantara o templo . Assim foi como se cumpriram ao pé
da letra as palavras de Cristo: "não ficará aqui pedra sobre pe-
dra que não seja derrubada ."

26, Veja 2 Reis 25 :1-3 ; 2 Crôn . 36:17. a Jer. 13 :19 .



296 REGRAS DE FÉ

Desde a destruição de Jerusalém e a desorganização final


da autonomia judaica, os judeus têm sido errantes sobre a face
da terra, um povo sem pátria, uma nação sem lugar . A profecia
do antigo profeta Amós se cumpriu literalmente . A casa de Is-
rael verdadeiramente foi sacudida entre as nações "assim como
se sacode o grão no crivo" .' Entretanto, deve-se ter em mente
que parte desta terrível predição diz "sem que caia na terra um
só grão".
As Tribos Perdidas — Como já se disse, quando se dividiram
os israelitas por ocasião da morte de Salomão, dez das tribos se
estabeleceram como reino separado . Este, o Reino de Israel,
desapareceu da história com o cativeiro assírio, no ano 721 an-
tes de Cristo . Foram transportados para a Assíria e mais tarde
desapareceram tão completamente que são conhecidas como
as Tribos Perdidas . Parece que partiram da Assíria e, apesar de
nos faltar informações precisas a respeito de seu destino final e
atual paradeiro, existem abundantes evidências de que sua via-
gem foi para o norte .' A palavra que o Senhor falou pela boca
de Jeremias promete que o povo retornará da "terra do norte"'
e por revelação divina algo semelhante foi declarado na atual
dispensação . 6
Nos escritos de Esdras, os que não são aceitos como livros
canônicos da Bíblia, mas que entram na categoria de apócrifos,
achamos que se faz referência à migração que as Dez Tribos
empreenderam para o norte, de conformidade com seu plano
de escapar dentre os idólatras e ir a "uma terra mais distante,
onde jamais morou homem algum, a fim de guardar ali os seus
estatutos, que nunca observaram em seu próprio país" .' O mes-
mo escritor nos informa que viajaram um ano e meio em dire-
ção à região do norte, porém oferece evidências de que muitos
permaneceram nos países de seu cativeiro.

O Cristo ressuscitado, durante Seu ministério entre os nefi-


tas neste hemisfério, falou particularmente de `outras tribos da

2, Mateus 24:1,2 ; Luc . 19 :44 ; "Jesus the Christ", págs . 563, 567, 586 . 3, Amós 9 :9. 4,
Veia ler . 3 :12 . 5, ler . 16 :15 ; 23 :8 ; 31-8 . 6, Veja D . & C . 133 :26, 27 . 7, 2 Esdras 13 : veja o
apendice 17 :4 .

REFERENCIAS 297

casa de Israel, que o Pai conduziu para fora do país"' e disse


ainda que eram "outras ovelhas que não são desta terra, nem de
Jerusalém, nem de qualquer outra parte desses países circunvi-
zinhos onde Eu já estive oficiando" . 9 Cristo revelou o manda-
mento que o Pai Lhe havia dado de manifestar-se a elas . O lugar
onde atualmente se acham as Tribos Perdidas não foi revelado.

REFERENCIAS

Predita a dispersão de Israel — Predição bíblica

A descendência de José seria como ramos que correm sobre o muro — Gên . 49 :22.
Eu vos espalharei entre as nações — Isto é por causa da iniqüidade do povo — Lev . 26 :33;
Deut : 4 :27.
Israel iria fugir diante de seus inimigos e seria espalhada por todos os reinos da terra —
Deut . 28 :25 . Seria por pasmo, por ditado e por fábula entre todos os povos — Deut . 28 :37 . E
o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até à outra
extremidade da terra — Deut . 28 :64.
Por causa de sua iniqüidade, o Senhor iria arrancar a Israel da boa terra_e a espalhar para
além do rio — 1 Reis 14 :15.
O Senhor tirou Israel de diante de Sua presença como falara pelos profetas : assim foi Israel
transportada da sua terra à Assíria — 2 Reis 17 :23.
Ao reino de Judá o Senhor falou : E vos arrojarei da Minha presença como arrojei a todos
os vossos irmãos, a toda a geração de Efraim — Jer . 7:15.
Todo o Judá foi levado cativo ; sim, inteiramente foi levado cativo — Jer. 13 :19 ; 15 :1-4 . Seria
uma maldição, um espanto, uma vaia e um apróbrio entre todas as nações — Jer . 29 :16-19.
E espalhar-te-ei entre as nações, e e espalhar-te-ei pelas terras — Ez . 22 :15.
Sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode grão no crivo, sem
que caia na terra um só grão — Amós 9 :9.
E Eu os semearei entre os povos, e lembrar-se-ão de Mim em lugares remotos — Zac . 10:9.
Eis que trarei sobre vós uma nação de longe — Jer . 5 :15.
Israel certamente será levado cativo — Amós 7 :17.
Os que ficaram até o tempo de Cristo seriam dispersos ; levados cativos para todas as na-
ções ; e . até que o tempo dos gentios fosse completo, Jerusalém seria pisada por eles — Luc.
21 :24.

O Livro de Mórmon profetiza a dispersão

Léhi predisse o cativeiro em Babilônia, que o povo seria espalhado por toda a face da terra,
e reconheceu sua vinda a outro continente, como uma parte da dispersão — 1 Néfi 10 :3, 12-
14.
Néfi viu em visão a dispersão dos descendentes de Léhi — 1 Néfi 13 :14,15.
A dispersão dos judeus depois da crucificação de Cristo foi predita — 2 Néfi 10 :5, 6, 22.

8, 3 Néfi 15 :15 . 9, 3 Néfi, 16:R


298 REGRAS DE FÉ

A voz dos céus ancnciou mais dispersão se o povo não se arrependesse — 3 Nefi 10 :7.
Os gentios deveriam contribuir para a dispersão de Israel — 3 Néfi 20 :27 ; iA4 .órmon 5 :9, 20.

A dispersão realizada sucessivamente

O Reino de Israel foi tirado, deixando o reino de Judá ; os descendentes de Israel foram en-
tregues aos dcspojadores — 2 Reis 17 :20.
O rei da Assiro levou Israel — 2 Reis 18 :9-11.
' O Senhor entregou Jacó por despojo e Israel aos roubadores . por causa da iniqüidade — Is.
42 :24.
Sião está feita um deserto, Jerusalém está assolada — Is . 64 .10 . I I . .
Eu levantei a Minha mão para eles no deserto, que os e .spalharia .entre as nações e os derra-
maria pelas terras — Ez . 20:23 . 24 ; 36 :19 ; 34 :5 . 6.
Os que escaparam foram levados cativos para .a Babilônia — 2 Chin . 36 :17-20.
Eu os espalhei com tempestade entre todas as nações que eles não conheciam — Zac . 7 :13,
14 ; Joel 3 :2 ; Tiago 1 :1.
Néfi proclamou que parte da dispersão já fora realizada e predisse mais — 1 Nefi 22 :3-5, 7 , 8.
O Senhor revelou a Jacó que os Judeus haviam sido levados cativos — 2 Nefi 6 :8.
Considere a alegoria da oliveira — Jacó, caps . 5 e 6 .
Capítulo 18
A COLIGAÇÃO DE ISRAEL

Regra 10 — Cremos na coligação literal de Israel e na restaura-


ção das Dez Tribos ;***

A Coligação foi Predita — Espantoso como foi o castigo


decretado sobre Israel pela sua desobediência, que resultou
em seu desmembramento como nação ; e apesar da severidade
com que os denunciou aquele Ser que se deleitava em chamá-
-lo Seu povo em todos os seus sofrimentos e privações,
enquanto vagaram, como párias, entre as naçõés estrangeiras
que não cessavam de tratá-los com injúrias e insultos, quando
sobre a terra o seu próprio nome se converteu num escárnio e
opróbrio, foram sustentados pela palavra certa da promessa de
que um dia de gloriosa libertação e bendita restauração os
esperava . Juntamente com os anátemas, sob os quais sofreram
e gemeram, havia promessas de bênçãos . Do coração do povo,
assim como da alma de seu rei nos dias de sua aflição, surgiu
um cântico de gozo envolto em lágrimas : "não deixará a minha
alma no infernó" . 4 Os sofrimentos de Israel nada mais foram
que o castigo necessário de um Pai aflito mas amantíssimo, que
por esses meios eficazes resolveu purificar seus filhos das man-
chas do pecado . Declarou-lhes sem reserva o Seu propósito ao
permitir que fossem afligidos e eles, em seu castigo, viram o
Seu amor : "Porque o Senhor corrige o que ama" e "bem-a-
venturado é o homem a quem Tu repreendes, ó Senhor".
Apesar de feridos pelos homens e de grande parte deles
ter desaparecido do conhecimento do mundo, os israelitas não
estão perdidos para seu Deus . Ele sabe onde os levou e Seu
coração ainda se inclina para eles com amor paternal ; e certa-

I . Sal . I6±10 ; Atos 2 :27 . 2, Heb . 13 :6 . 3, Sal. 94 :12 ; veja também Prov . 3 :12 ; Tiago 1 :12.
Apoc . 3 :19 .

300 REGRAS DE FÉ

mente Ele os há ' de -trazer no devido tempo, e pelos meios


determinados, a uma posição de prosperidade e influência,
como convém a Seu povo do convênio . Apesar de seus peca-
dos e das tribulações que eles mesmos amontoavam sobre suas
cabeças, o Senhor disse : "E, demais disto também, estando
eles na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem Me enfa-
darei deles, para consumi-los e invalidar o Meu concerto com
eles, porque Eu sou o Senhor seu Deus" . Tão completa
como foi a dispersão será a coligação de Israel.
Profecias Bíblicas Referentes à Coligação — Examinamos
algumas das profecias bíblicas referentes à dispersão de Israel;
e em todos os casos a bênção de uma restauração acompanha
maldição . Numa das antigas profecias o Senhor declara
que acontecerá que "quando tu, Israel, te converteres ao
Senhor teu Deus e deres ouvidos a Sua voz, conforme a tudo o
que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração
e com toda a tua alma ; então o Senhor teu Deus te fará voltar
do teu cativeiro e Se apiedará de ti e tornará a ajuntar-te den-
tre todas as nações entre as quais te espalhoú o Senhor teu
Deus . Ainda que os teus desterrados estejam para a extremida-
de do céu, desde ali te ajuntará o Senhor teu Deus e te tomará
dali . E o Senhor teu Deus te trará à terra que teus pais possuí-
ram e a possuirás ; e te fará bem e te multiplicará mais do que a
teus pais " .
Neemias suplicou com oração e jejum ao Senhor que se
lembrasse de Sua promessa de restaurá-los se o povo tornasse
à retidão . Isaías falou em termos positivos do seguro regresso
e reunião da Israel dispersa, dizendo : "Porque há de acontecer
naquele dia que o Senhor tornará a estender a Sua mão para
adquirir outra vez os resíduos do Seu povo . . . E levantará um
pendão entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel e os
dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da
terra".
A restauração será completa, haverá um povo unido ; não

4, Lev . 26 :44 ; veja também Deut . 4 :27-31 . 5, Deut . 30 :2-5 . 6, Veja Neem . 1 :9. 7, Is.
11 :11, 12 .

A COLIGAÇÃO DE ; ISRAEL 301

mais serão dois reinos inimigos, porque "desterrar-se-á a inve-


ja da Efraim e os adversários de Judá serão desarraigados:
Efraim não invejará a Judá e Judá não opinará a Efraim".
Falando como pai carinhoso, o Senhor Se refere à maneira
como tratou Israel e dissipa as sombras de sua desolação com
esta promessa : "Por um pequeno momento te deixei, mas com
grandes misericórdias te recolherei . Em grande ira escondi a
Minha face de ti por um momento ; mas com benignidade eter-
na Me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor" .
Depois de efetuar um espantoso relato dos pecados do
povo e dos castigos que se seguiriam, Jeremias expressou desta
maneira a vontade e propósito de Deus a respeito da subse-
quente libertação : "Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor,
em que nunca mais se dirá : Vive o Senhor, que fez subir os
filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde
os tinha lançado : porque Eu os farei voltar a sua terra, que dei
a seus pais . Eis que mandarei muitos pescadores, diz o Senhor
os quais os pescarão ; e depóis enviarei muitos caçadores, os
quais os caçarão sobre todo o monte, e sobre todo o outeiro, e
até nas fendas das rochas" . E acrescenta : "Eis que os trarei
da terra do norte, e os congregarei das extremidades da terra . ..
Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas ilhas de
longe e dizei : Aquele que espalhou Israel a congregará e a
guardará como o pastor a seu rebanho . Porque o Senhor resga-
tou a Jacó, e o livro da mão do que era mais forte do que ele.
Assim que virão, e exultarão na altura de Sião, e correrão aos
bens do Senhor".
"Rebelde Israel", "aleivosa Judá", foi a dura repreensão
que o Senhor dirigiu a seu pérfido povo . Então ordenou ao
profeta, dizendo : "Vai, pois, e apregoa estas palavras para a
banda do norte, e dize : Volta ó rebelde Israel, diz o Senhor, e
não farei cair a Minha ira sobre vós ; porque benigno Sou, diz o
Senhor, e não conservarei para sempre a Minha ira . Somente
reconhece a tua iniqüidade : que contra o Senhor teu Deus
transgrediste e estendeste os teus caminhos aos estranhos,

8, Is . 11 :13 ; veja também Ez. 37:21,22 . 9 ; Is . 54 :7,8 . 10, Jer . 16 :12-16 . 11, Jcr.
31 ;7,8,10-12 .

302 REGRAS DE FÉ

debaixo de toda a árvore verde ; e não deste ouvidos à Minha


voz, diz o Senhor . Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o
Senhor : porque eu vos desposarei e vos tomarei a um de uma
cidade e a dois de uma geração ; e vos levarei a Sião . E vos
darei pastores segundo o Meu coração, que vos apascentem
com ciência e com inteligência . E sucederá que, quando vos
multiplicardes e frutificardes na terra, naqueles dias, diz o
Senhor nunca mais se dirá : A arca do concerto do Senhor nem
lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão
isto não se fará mais . Naquele tempo chamarão a Jerusalém o
trono do Senhor e todas as nações se ajuntarão a ela, ao nome
do Senhor, a Jerusalém ; e nunca mais andarão segundo o pro-
pósito de seu coração maligno . Naqueles dias andará a casa
de Judá com a casa de Israel ; e virão juntas da terra do norte
para a terra que dei em herança a nossos pais".
Também a Ezequiel o Senhor revelou o plano da restaura-
ção de Israel : "Assim diz o Senhor Jeová : Eis que Eu tomarei
os filhos de Israel de entre as nações, para onde eles foram, e
os congregarei de todas as partes e os levarei a sua terra . E
deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei
será rei de todos eles ; e nunca mais serão duas nações ; nunca
mais para o futuro se dividirão em dois reinos".
Na revelação feita por intermédio de Amós, torna-se evi-
dente que o restabelecimento há de ser estável, pois lemos que
o Senhor disse : "E removerei o cativeiro do Meu povo Israel e
reedificarão as cidades assolada, e nelas habitarão e plantarão
vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão
o fruto . E os plantarei na sua terra, e não serão mais arranca-
das da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus".
Para concluir dignamente nossa seleção de profecias
bíblicas, pensemos nas palavras que Jesus de Nazaré pronun-
ciou quando viveu entre os homens : "E Ele enviará os Seus
anjos com rigor e clamor de trombeta, os quais ajuntarão os
seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma a outra extre-
midade dos céus" .°

12, ler . 3 :12-18 : veja também 23 :8 : 25 :34 ; 30 :3 : 32 :37 . 13, Ez . 37 :21, 22 : veja também
11 :17 ; 20:34-42 : 28 :25 : 34 :11-13 . 14, Amós 9 :14 15 . 15, Mateus 24 :31 .

A COLIGAÇÃO DE ISRAEL 303

Profecias do Livro de Mórmon — O assunto da congregação


de Israel captou a atenção de muitos profetas cujos ensinamen-
tos se encontram no Livro de Mórmon ; e não são poucas as re-
velações diretas sobre este assunto que se acham escritas nas
páginas do mencionado livro . Já nos referimos às palavras de
Léhi no vale de Lemuel, quando esse profeta e patriarca com-
parou a casa de Israel a uma oliveira cujos ramos seriam desga-
lhados e dispersos . Vamos agora acrescentar sua profecia sobre
a subseqüente restituição dos ramos . Ensinou que "depois que
a casa de Israel fosse dispersada, ela seria novamente reunida,
ou, em outras palavras, depois que os gentios tivessem conheci-
mento completo do Evangelho, os ramos naturais da oliveira,
ou os remanescentes da casa de Israel, seriam enxertados ou vi-
riam a conhecer o verdadeiro Messias, seu Senhor e Reden-
tor" 16
Néfi, mencionando as profecias de Zenos,' 7 salienta a de-
claração de que Israel, quando purificada através do sofrimen-
to, voltará novamente à graça do Senhor e será reunida dos
quatro cantos da terra, e as ilhas do mar não serão esquecidas ."
Jacó, o irmão de Néfi, testificou da verdade das profecias de Ze-
nos e indicou que o tempo da coligação seria um dos sinais ca-
racterísticos dos últimos dias . Notemos suas palavras: "E no dia
em que o Senhor estender novamente Sua mão, pela segunda
vez, para restabelecer Seu povo, será o dia, será mesmo a últi-
ma vez, em que os criados do Senhor irão com o poder do Se-
nhor, para tratar e podar Seu jardim ; e depois disto o fim virá
rapidamente" . 19
Uma das predições mais compreensivas, a respeito da res-
tauração dos judeus, é esta expressão de Néfi : "Portanto os ju-
deus serão espalhados por outras nações . E depois de haverem
sido espalhados e de o Senhor Deus os ter castigado pela mão
de outros povos pelo espaço de muitas gerações, sim, de gera-
ção em geração, até que estejam persuadidos a acreditar no
Cristo, o Filho de Deus, e na expiação que é infinita pára todo
ser humano ; e quando o dia chegar, em que eles acreditem no
Cristo e adorem ao Pai em Seu nome, com corações puros e
16, 1 Néfi 10 :14 ; veja também Jacó cap . 5 . 17, Veja o apéndice 17 :3 . 18, Veja 1 Néfi
19 :16 ; veja também 1 Néfi 22 :11, 12,25 ; 2 Néfi 6 :8-11 . 19, Jacó 6 :2 .

304 REGRAS DE FÉ

mãos limpas, e não esperem por outro Messias ; naquele tempo,


então, dia virá em que será necessário que acreditem nestas coi-
sas . E o Senhor estenderá a Sua mão pela segunda vez, para res-
taurar Seu povo de sua queda e estado de perdição . E Ele, por-
tanto, fará uma obra maravilhosa e um assombro entre os filhos
dos homens" . 20
Comentando as palavras de Isaías sobre os sofrimentos e
triunfo subseqüente do povo de Israel, Néfi expõe as condições
segundo as quais se efetuará sua coligação, e diz que Deus as
"falou aos judeus pela boca dos Seus profetas, desde o começo,
de geração em geração, até que chegue o tempo de ser esse
povo reintegrado na verdadeira igreja e rebanho do Senhor;
quando será restabelecido na terra de sua herança e será esta-
belecido em todas as suas terras de promissão" .2 1
É evidente, por estas Escrituras e outras, que a época do
resgate e redenção completa dos judeus dependerá de sua acei-
tação de Cristo como seu Senhor . Quando chegar esse dia, se-
rão reunidos no país de seus pais ; e os gentios, segundo fazem
constar as seguintes palavras de Néfi, estão destinados a desem-
penhar um papel grande e nobre nesta obra de congregação:
"Eis porém que o Senhor Deus disse : No dia em que acredita-
rem em Mim, que Eu sou o Cristo, então cumprirei a promessa
que fiz a vossos pais, de que eles seriam restabelecidos na car-
ne sobre a terra e nos países de sua herança . E acontecerá que
serão reunidos, depois de sua longa disseminação, desde as
ilhas do mar e dos quatro cantos da terra ; e as nações dos gen-
tios serão grandes a Meus olhos, disse Deus, levando-os às ter-
ras de sua herança . Sim, os reis dos gentios serão seus aios e
suas rainhas, suas amas ; e, portanto, grandes são as promessas
do Senhor aos gentios, pois que Ele assim o disse, e quem pode-
rá contestá-lo?" 22
Vários profetas do Livro de Mórmon declaram que os gen-
tiós ajudarão a preparar os judeus e o resto da casa de Israel
que estará sobre o continente ocidental ; e também são detalha-
das as bênçãos que por esse meio os gentios poderão obter 23 .
20, 2 Néfi15 :15-17 . 21, 2 Néfi 9:2 : veja também 1 Néfi 15 :19,20 ; 19:13-16: 2 Néfi 25:16,17-
20 ; 3 Nefi 5:21-26 ; 21 :26-29 : cap . 29 : Mórmon 5 :14 . 22, 2 Néfi 10 :7-9 : veja também Is.
49:23, 2 Néfi 30 :7 ; 3 Néfi 5 :26 ; 20:29-33 . 23, Veja 3 Néfi 21 :21-27 ; Ëter 18 :8-10.
A COLIGAÇÃO DE ISRAEL 305

Para o nosso assunto, basta uma só referência : a seguinte decla-


ração do Senhor ressuscitado, durante Seu breve ministério en-
tre os nefitas : "Mas se ele (o povo gentio) se arrepender e ouvir
Minhas palavras e não endurecer seus corações, Eu estabelece-
rei entre ele Minha igreja e permitirei que tome parte na alian-
ça e que seja contado entre este, o remanescente de Jacó, a
quem dei esta terra por herança. Ele assistirá a Meu povo, o re-
manescente de Jacó, como também a quantos vierem da casa
de Israel, a fim de que construam uma cidade, a qual será deno-
minada Nova Jerusalém . E então ele assistirá a Meu povo que
está dispersado por toda a superfície da terra, a fim de que se
juntem todos na Nova Jerusalém . E, então, o poder dos céus
descerá sobre eles, e estarei Eu também . E então o Pai começa-
rá Sua obra nesse dia, justamente quando esse Evangelho for
pregado entre o remanescente desse povo . Em verdade vos digo
que nesse dia a obra do Pai começará entre todos os dispersa-
dos de Meu povo, sim, incluindo-se as tribos perdidas que o Pai
tirou de Jerusalém . Sim, a obra será iniciada entre todos os dis-
persados do Meu povo, para preparar o caminho que todos de-
verão trilhar para chegar a Mim a fim de que possam invocar o
Pai em Meu nome . Sim, e então a obra será iniciada pelo Pai
entre todas as nações, no preparo do caminho por onde Seu
povo possa ser recolhido em seus lugares, na terra de sua heran-
ç a„24

Revelação dos Últimos Dias Sobre a Coligação — Encontra-


mos provas abundantes do cumprimento literal das profecias
que se referem à dispersão de Israel . As que falam da coligação
só em parte se cumpriram porque, apesar de se ter iniciado fa-
voravelmente a obra da coligação e de atualmente gozar de um
progresso ativo, a consumação é ainda futura . É razoável, pois,
encontrar revelação e profecia a respeito deste assunto tanto
nas Escrituras modernas como nos escritos inspirados da anti-
güidade . Dirigindo-se aos élderes da Igreja nesta dispensação, o
Senhor dá a conhecer Seu propósito de ajuntar Seu povo "co-

24, 3 Néfi 21 :22-28 .



306 REGRAS DE FÉ

mo a galinha reúne sob_ as asas seus pintinhos "2' e acrescenta:


"E vós sois chamados para efetuar a reunião dos Meus eleitos,
pois os Meus eleitos ouvem a Minha voz e não endurecem os
seus corações ; portanto, o Pai decretou que serão reunidos
num mesmo lugar sobre a face da terra, para preparar seus co-
rações e para que estejam preparados em tudo para o dia em
que tribulações e desolações virão sobre os maus" . 26
Ouçamos também a palavra do Senhor à Igreja na época
presente, que não só profetiza a coligação dos santos em Sião,
mas também anuncia que chegou a hora dessa congregação:
"Portanto preparai-vos, preparai-vos, ó Meu povo ; santificai -
vos, ajuntai-vos na terra de Sião, ó povo de Minha Igreja . ..
Sim, na verdade, outra vez vos digo que chegada é a hora em
que a voz do Senhor se dirige a vós : Saí de Babilônia ; saí den-
tre as nações, dos quatro ventos, de um lado do céu até o
outro" .'
Extensão e Propósito da Coligação — Algumas das profecias
já mencionadas se relacionam particularmente com a restaura-
ção das Tribos Perdidas ; outras falam da volta do povo de Judá
à terra de sua herança ; outras se referem ainda à reabilitação de
Israel em geral, sem mencionar tribos ou outras divisões, en-
quanto muitas passagens das revelações da dispensação atual se
relacionam com a coligação daqueles que se uniram à Igreja de
Cristo como foi restabelecida . É, pois evidente, que o plano de
coligação compreende:
1. A coligação do povo de Israel na terra de Sião, dentre
todas as nações da terra.
2. O regresso dos judeus a Jerusalém.
3. A restauração das Tribos Perdidas.
A maneira como foram enumerados estes acontecimentos
é mais por conveniência e nada tem a ver com a ordem em que
se efetuarão as várias coligações . A primeira divisão constitui
uma parte muito importante da obra atual da Igreja, apesar de
também incluir ou abraçar a obra de ajudar na restauração das

25, Revelação dada cm 1630 , 1) . & C .29 :2 ; vcja também I(C65 : 43 :24 26, D . & C . 24 :7,X:
veja também 31 :8 : 33 :6 ; 36 .31 : 36 : .11 : 45 :25 : 77 :14 : 64 .2 : 133 :7_ 1, 1) . & ( . 133 :4 .7 .

A COLIGAÇÃO DE ISRAEL 307

dez Tribos Perdidas . Uma revelação dada no templo de Kir-


tland nos informa que com toda solenidade se entregou à Igreja
a nomeação e autoridade parà realizar a obra . E por intermédio
de ninguém se poderia ter conferido mais dignamente esta au-
toridade do que mediante aquele que por comissão divina a re-
cebeu numa dispensação anterior de Israel unida . Moisés, que
foi o representante do Deus de Israel quando o Senhor estendeu
Sua mão a primeira vez para orientar Seu povo na terra de sua
herança determinada, veio em pessoa e entregou à Igreja dos úl-
timos dias a autoridade para oficiar na obra agora, quando o Se-
nhor "estendeu sua mão pela segunda vez" para resgatar Seu
povo.

Joseph Smith e Oliver Cowdery, a quem se havia conferido


devidamente o apostolado, testificam nestes termos das mani-
festações que receberam : "os céus de novo se abriram e Moi-
sés apareceu diante de nós e nos conferiu as chaves para ajuntar
Israel dos quatro cantos da terra para guiar as dez tribos, das
terras do norte" .' Numa revelação posterior fez ressaltar a im-
portância desta obra que se requeria da Igreja . Nela o Senhor
deu este mandamento : "Enviai os élderes de Minha Igreja às
nações longínquas ; às ilhas dos mares ; enviai-os às nações es-
trangeiras ; adverti a todas as nações, primeiro aos gentios, de-
pois aos judeus . E eis que, vede, este será o seu brado e a voz do
Senhor a todos os povos : Ide à terra de Sião . . . Que aqueles,
portanto, que estiverem entre os gentios fujam para Sião . E os
que forem de Judá fujam para Jerusalém, para as montanhas da
casa do Senhor . Saí de entre as nações, sim, de Babilônia, do
meio da iniqüidade, que é a Babilônia espiritual" .'

A última frase da passagem indica o propósito para o qual


se decretou esta obra de reunir os santos dentre as nações da
terra . O Senhor deseja que os de Seu povo se afastem dos peca-
dos do mundo e saiam da Babilônia espiritual para que che-
guem a conhecer os caminhos de Deus e possam servi-lo mais
completamente . João, o Revelador, viu em visão, durante seu
2 . D . & C . 110 :11 . 3, D . & C . 133 :8 . 9, 12-14 .

308 REGRAS DE FÉ

desterro em Patmos, o destino do mundo pecador . Desceu um


anjo do céu "e clamou fortemente com grande voz, dizendo:
Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios
e coito de todo o espírito imundo e coito de toda ave imunda e
aborrecível . E ouvi outra voz do céu que dizia : Saí dela, povo
meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para
que não incorras nas suas pragas . Porque já os seus pecados se
acumularam até o céu e Deus se lembrou das iniqüidades de-
la" .'
A fé dos Santos dos Últimos Dias ensina que no dia da justa
fúria do Senhor somente em Sião haverá segurança . Na grande-
za do trabalho missionário que esse povo está efetuando na
atualidade fica amplamente demonstrado quão importante con-
sideram eles a obra da coligação e com quanta fidelidade se em-
penham em cumprir o dever que lhes foi imposto por autorida-
de divina, dever que consiste em admoestar o mundo dos peri-
gos iminentes que se descrevem na visão do Revelador . Têm
demonstrado fidelidade suficientemente grande na extensão
do trabalho missionário tal como no presente está sendo levado
avante por esse povo .'
Israel, o Povo do Convênio — O Senhor chamou o povo de
Israel particularmente Seu .' Fez um convênio com Abraão, di-
zendo : "E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e en-
grandecerei o teu nome : e tu serás uma benção E abençoarei os
que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem ; e
em ti serão benditas todas as famílias da terra" .' Este pacto se-
ria eterno .' Confirmou-se sobre Isaque9 e por sua vez sobre Ja-
có, que foi chamado Israel . 10 Cumpriram-se literalmente as pro-
messas de uma posteridade numerosa, entre a qual haveria mui-
tas pessoas de alta categoria ; e não menos abençoadas todas as
famílias da terra . Porque, devido à sua dispersão universal, os
filhos de Israel se mesclaram com as nações ; e o sangue do
povo do convênio se derramou entre as nações ." E hoje, neste
dia da coligação, quando o Senhor de novo está , reunindo Seu
povo para honrá-lo e abençoá-lo com muito mais do que o

4 . .Apoc . 18 :2,4 . 5 .
5, Veja o apêndice 18 :1 . 6 . Veja o apêndice 18 :2 . 7, Gén . 12 :2 .3:
Gál . 3 :14,16 . Veja Gén . 17 :6-8 .
M. 9, Veja Gên . 26 :3,4 . 10, Veja Gén . 35 :11,12:
11, Veja o apêndice 18 :3 .

A COLIGAÇÃO DE ISRAEL 309

mundo pode dar, toda nação que tenha o sangue de Israel nas
veias de seus cidadãos participará das bênçãos.
Porém, há outra prova, mais notável ainda, das bênçãos
que emanam para todas as nações por meio da casa de Israel . O
Redentor nasceu na carne da linhagem de Abraão ; e as bênçãos
desse nascimento não só se estendem às nações e famílias da
terra coletivamente, mas a todo indivíduo no estado mortal.
A Restauração das Tribos Perdidas — Das passagens das Es-
crituras que foram consideradas, claramente se deduz que ape-
sar de muitos daqueles que pertencem às Dez Tribos estarem
dispersos entre as nações, foi levado um número suficientemen-
te grande, como grupo, para justificar a retenção do nome ori-
ginal ; e atualmente está vivendo em algum lugar onde o Senhor
o escondeu . Como se disse antes, depois de visitar os nefitas.
Cristo ressuscitado foi ministrar a eles . Seu regresso representa
uma parte muito importante da coligação, uma das característi-
cas da dispensação da plenitude dos tempos.
Às Escrituras já mencionadas, que falam de sua volta, de-
vemos acrescentar o seguinte . É-nos dito que no dia da restau-
ração distinguirá a obra de Deus o fato de que : "O Senhor se
lembrará dos que estiverem nos países do norte ; e seus profetas
ouvirão a voz do Senhor e não mais se conterão ; e tocarão as
pedras e os gelos se derreterão à sua presença ; e uma estrada se
erguerá no meio do grande mar . Seus inimigos se tornarão uma
presa para eles . E nos desertos estéreis surgirão poços de água
viva ; e os lugares secos não mais serão terra sedenta . E trarão
os seus ricos tesouros aos filhos de Efraim, Meus servos . E os
confins dos montes eternos estremecerão à sua presença . E aí,
em Sião, cairão e serão coroados de glória, pelas mãos dos ser-
vos do Senhor, os filhos de Efraim . E serão cheios de cânticos
de regozijo eterno . Eis que, esta é a bênção, sobre a cabeça de
Efraim e seus companheiros" .' 2
Segundo a expressa e repetida afirmativa de que de seu êxodo
do norte as Dez Tribos serão conduzidas a Sião, de onde rece-
berão honras daqueles que são de Efraim, que necessariamente

12 . D . & C . 133 :26-34 .



310 REGRAS DE FÉ

devem haver-se congregado ali previamente, claro está que


Sião há de ser fundada primeiro . No capítulo seguinte falare-
mos do estabelecimento de Sião.

REFERENCIAS

Profecias biblicas da coligação de Israel

O Senhor prometeu não Se esquecer de Israel — Lev . 26 :44.

Então, o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e Se apiedará de ti : e tornará a

ajuntar-te. dentre todas as nações entre as quais te espalhou — Deut . 30:1-5.

Suplica que o Senhor Se lembre de Suas palavras : "Eu o .ajuntarei e o trarei ao lugar que te-

nho escolhido para ali fazer habilitar Meu nome — Neem . 1 :8, 9.

Quando o Senhor fizer voltar os cativos do Seu povo, se regozirajá Jacó se alegrará Israel

— Salm . 14 :7 : 107 :3.

E Ele arvorará o . estandarte . ante as nações de longe, e lhes assobiará desde a


extremidade da terra : E eis que virão apressadamente — Is : 5 :25, 26.

Naquele dia o Senhor tornará a estender a Sua mão para adquirir outra vez os residuos do

seu povo — Is . 11 :11, 12.

E os resgatados do Senhor voltarão, e virão a Sião com júbilo — Is . 35 :10.

O Senhor prometeu compadecer-se de Jacó e eleger a Israel e os pôr em sua

própria terra Is . 14 :1 ; 35 :4 ; 43 :5 ; 54 :7; 61 :4.

O Senhor prometeu restaurar a casa de Judá e a casa de Israel Jer . 3 :12-I8.

Depois de os haver arrancado, tornarei a Me compadecer deles, e os farei tornar cada uni a

sua herança, c cada um a sua terra — Jer . 12 :14, 15.

Vive o Senhor que fez subir os filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras para

onde os tinha lançado — Jer . 16 :15 . 16.

Recolherei o resto das Minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e

as farei voltar a seus apriscos — Jer . 23 :3.

Farei findar o cativeiro do Meu povo, Israel e Judá, diz o Senhor, e tornarei a traze-los s

REGRAS DE FÉ 311

terra que dei a seus pais — Jer . 30:3 ; 31 :7-12 ; 32 :37, 38 ; 33 :7-II ; 50:4.
Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados

— Ez . 11 :17 ; 20:34.

Grandes bênçãos sito prometidas quando o Senhor ajuntar a casa de Israel das nações para

onde foram espalhadas — Ez . 28 :25, 26 ; 34 :13 ; 37 :21-27 ; Amós 9 :14, 15.

Naquele tempo vos trarei, naquele tempo vos recolherei — Soí' . 3 :20.

E serão como se os não tivera rejeitado — Zac . 10 :6.

Anjos deveriam reunir os escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos

céus — Mat . 24:31.

Retrai-vos dela, povo meu,para não serdes cúmplices em seus pecados, e para não partici-

pardes dos seus flagelos — Apoc . 18 :4.

Profecias do Livro de Mórmon concernentes à coligação de Israel

E depois que a casa de Israel fosse dispersada, ela seria novamente reunida — 1 Néfi 10 :14.

Eu reunirei todos os povos da casa de Israel — 1 Néfi 19 :15, 16.

Ele os trará novamente do cativeiro, e serão reunidos na terra de sua herança — 1 Nefi

22 :11, 12, 25.

Quando os judeus chegarem a conhecer o seu Redentor, serão novamente ajuntados na

terra de sua herança — 2 Néfi 6 :11 ; 9:2 ; 10 :7.

Quando Ele estender a Sua mão a segunda vez para restabelecer Seu povo, será a última

vez — Jacó 6 :2.

Serão reunidos, depois de sua longa disseminação, desde as ilhas do mar até os

quatro cantos da terra — 2 Néfi 10:8.

Um resto dos descendentes de José séria reunido dos quatro cantos da terra — 3 Néfi 5 :23-

26.

A casa de Israel seria estabelecida no continente ocidental ; o Senhor repete as promessas

relativas à coligação — 3 Néfi 20 :21, 29-33.

A coligação de Israel nos últimos dias seria um sinal de outros grandes acontecimentos — 3

Néfi 21 :1-7.

O propósito do Pai é restaurar os judeus, ou toda a éasa de Israel, à terra de sua herança —

312 REFERENCIAS

Mórmon 5 :14 .

Revelação moderna a respeito da coligação de Israel

A Igreja é comissionada a efetuar a coligação dos eleitos — D . & C . 29 :7, 8.

O povo do convénio será reunido — D . & C . 42 :36.

A restauração será mostrada — D . & C . 45 :17, 25, 43, 69.

A terra de Missouri é designada e consagrada para a coligação dos santos — D . & C . 57 1,2.

Aqueles que forem espalhados serão coligados — D . & C . 101 :13.

Moisés apareceu no templo de Kirtland e transferiu a Joseph Smith e Oliver Cowdery as

chaves da coligação de Israel — D . & C . 110 :11.

O profeta Elias veio para ajuntar as tribos de Israel e restaurar todas as coisas — D . & C.

77 :9, 14.

Que aqueles que estiverem entre os gentios fujam para Sião e os que forem de Judá fujam

para Jerusalém — D . & C . 133 :12, 13.

As Tribos Perdidas serão restabelecidas

Virão juntas da terra do norte — Jer . 3 :18 ; 31 :8.

Outras ovelhas além dos judeus e nefitas — 3 Néfi 16 :1-3.

O Cristo ressuscitado anunciou queiria mostrar-Se às tribos perdidas de Israel — 3 Nefi

17 :4.

O trabalho do Pai seria efetuado entre as tribos perdidas — 2 Néfi 21 :26.

Os registros das tribos perdidas serão conhecidos entre os judeus e os nefitas — 2 Néfi 29 :13.

Condições depois da restituição das tribos da terra do norte — Éter 13 :11.

Moisés conferiu a Joseph Smith e Oliver Cowdery as chaves para trazer as dez tribos da

terra do norte — D . & C . 110:11.

Aqueles que estão no norte virão à lembrança do Senhor — D . & C . 133 :26-34 : compare

com Is . 35 :3-10 .

Capítulo 19

SIÃO

Regra 10 — Cremos *** que Sido será construída neste continente


(o americano) ; ***

Dois lugares de reunião — Das passagens que foram citadas,


a respeito da dispersão e subseqüente concentração de Israel,
algumas se referem a Jerusalém que vai ser restabelecida, ou-
tras a Sião, que vai ser edificada . É certo que em muitos casos
este segundo nome se usa como sinônimo do primeiro, devido
ao fato de que certa colina dentro dos limites da Jerusalém anti-
ga era conhecida como Sião, ou monte de Sião, e freqüente-
mente se emprega em sentido figurado o nome de uma parte
para indicar o todo, porém em outras passagens claramente se
vê o significado distinto e separado dos termos . O profeta Mi-
quéias, "cheio da força do Espírito do Senhor e cheio de juízo e
de ânimo" ,' predisse a destruição de Jerusalém e de Sião, junta-
mente com ela. Esta,diz o profeta, será "lavrada como um cam-
po ' ,' enquanto aquela "se tornará em montões de pedra" . En-
tão anunciou uma nova condição que há de existir nos últimos
dias, quando outro "monte da casa do Senhor será estabeleci-
do" e se chamará Sião .' Na profecia se fala separadamente dos
dois lugares . "Porque de Sião sairá a lei e a palavra do Senhor
de Jerusalém" .'
Joel acrescenta o seguinte testemunho a respeito dos dois
locais de onde o Senhor governará Seu povo: "E o Senhor bra-
mará de Sião e dará Sua voz de Jerusalém" .' Sofonias prorrom-
pe em cânticos, tendo o triunfo de Israel como seu tema e diri-
gindo-se às filhas de ambas as cidades: "Canta alegremente ó fi-
lha de Sião, rejubila ó Israel : regozija-te e exulta de todo o cora-

1, Miq . 3:8 . 2, Miq . 3 :12 ; veja também pág . 296 desta obra. 3, Veja Miq . 4 :1, 4, Miq.
4 :2 ; Is. 2 :2-3 . 5, Joel 3:16 .

314 REGRAS DE FÉ

ção, ó filha de Jerusalém" . Então o profeta continua profetizan-


do das cidades : "Naquele dia se dirá a Jerusalém : Não temas, ó
Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos" . 6 Também Zacarias ex-
pressa a vontade revelada nestas palavras : "O Senhor ainda
consolará a Sião e ainda escolherá a Jerusalém" .'
Quando o povo da casa de Jacó estiver preparado para re-
ceber o Redentor como seu rei legítimo, quando as ovelhas dis-
persas de Israel se tiverem humilhado suficientemente por in-
termédio do sofrimento e da aflição para conhecer e seguir a
seu Pastor, então virá Ele, em verdade, para reinar entre eles.
Estabelecer-se-á então um reino literal que compreenderá todo
o mundo, e o Rei dos reis ocupará o trono ; e as duas capitais
desse poderoso império serão Jerusalém no oriente e Sião no
ocidente . Isaías fala da glória do reino de Cristo nos últimos dias
e atribui separadamente a Sião e a Jerusalém as bênçãos do
triunfo' "Tu, anunciador de boas novas a Sião, sobe tu a um
monte alto . Tu, anunciador de boas novas a Jerusalém, levanta
a tua voz fortemente ; levanta-a, não temas, e dize às cidades de
Judá : Eis aqui está o vosso Deus ." 9
O Título "Sião" é usado em vários sentidos diferentes . Por
derivação, a palavra Sido provavelmente significa brilhante ou
refulgente, porém esta acepção comum se perde no-mais pro-
fundo e comovedor significado que esta palavra, como nome e
título, veio a adquirir . Como já foi dito, um certo monte que se
achava dentro da cidade de Jerusalém se chamava Sião . Com
sua vitória sobre os jebuseus, Davi capturou e ocupou a "forta-
leza de Sião " e lhe deu o nome de Cidade de Davi . 10 De manei-
ra que "Sião" era o nome de um lugar e a designação tem sido
aplicada:
1. Ao próprio monte, ou monte de Sião, e por extensão a
toda Jerusalém.
2. Ao local do "monte da casa do Senhor," o qual, confor-
me a profecia de Miquéias, será estabelecido nos últi-

6, Sofonias 3:14-16 . 7, Zac . 1 :17 ; veja também 2 :7-12 . 8, Veja Is . 4 :3, 4 . 9, Is . 40 :9.
10, Veja 2 Sam . 5 :6 . 7 ; veja também 1 Reis 20-10 ; 8 :1 .

SIÃO 315

mos dias, separadamente de Jerusalém . A estas aplica-


ções do nome podemos acrescentar outra que nos foi di-
vulgada por revelação moderna, isto é:
3. A Cidade Santa fundada por Enoque, o sétimo patriarca
desde Adão, e que ele chamou Sião,"
4. Deve-se considerar ainda mais um emprego da palavra,
em uso metafórico, pelo qual se dá o nome de Sião à
Igreja de Deus, que compreende, segundo a própria de-
finição do Senhor, os puros de coração . 12
Jerusalém — Como uma introdução adequada ao nosso
estudo da nova Sião, que ainda está para ser construída no
continente ocidental, como veremos mais adiante, conside-
raremos brevemente a história e destino de Jerusalém," a Sião
do continente oriental . Geralmente se aceita que, por deriva-
ção, "Jerusalém " significa o fundamento ou cidade de paz . Nós
o conhecemos pela primeira vez como Salém, onde morava
Melquisedeque, sumo sacerdote e rei a quem Abraão pagou
dízimos ." Em Antiguidades Judaicas encontramos uma afirma-
ção direta de Josefo's referente à identidade de Salém e de Je-
rusalém . Como foi dito, Davi 1ó tomou a cidade aos Jebuseus no
ano de 1084 antes de Cristo . Durante os reinados de Davi e Sa-
lomão, a cidade, como capital do reino unido de Israel, gozou
de grande fama em virtude de suas riquezas, beleza e força, e
sua atração principal era o imponente Templo de Salomão que
coroava o monte Mória ." Após a divisão do reino, Jerusalém
continuou sendo a capital do reino menor de Judá.
Entre as múltiplas e variadas vicissitudes que a cidade so-
freu, conseqüentes dos reveses da guerra, 1e , pode-se mencionar:
Sua destruição e o aprisionamento de seus habitantes sob Na-
bucodonosor, entre os anos 588 e 585 antes de Cristo, 19 seu res-
tabelecimento ao final do cativeiro babilônico," aproximada-
mente 515 anos antes de Cristo e sua ruína final com a destrui-

11, Veja P. de G . V ., Moisés 7 :18-21 . 12, Veja D . & C . 97-21 . 13, Veja o apêndice 19 :1.
14, Veja Gên . 14:18-20. 15, Veja "Antigüidades Judaicas " 1, cap . 10 . 16, Veja 2
Sam . 5 :6, 7 . 17, Veja 1 Reis, caps . 5-8 ; 2 Crõn . caps . 2-7 . 18, Veja 1 Reis 14 :25 ; 2 Reis
14:13, 14 ; cap . 25 ; 2 Crõn . 12 :2-5 ; 36 :14-21 ; ler . 39 :5-8 . 19, Veja Jer . 52 :12-15 . 20, Veja
Esdras caps . 1-3 ; Neem . cap . 2,

316 REGRAS DE FÉ

ção da nação judaica pelos romanos em 70 e 71 de nossa era.


Em importância, e no amor que os judeus lhe dedicavam, a ci-
dade era o próprio coração do judaísmo, e no conceito dos cris-
tãos está revestida de santidade . Desempenhou um importante
papel nas obras terrenas do Redentor e presenciou Sua morte,
ressurreição e ascensão . É indiscutível a grande estima do Sal-
vador pela cidade principal de Seu povo . Proibiu que se jurasse
por Jerusalém, "porque é a cidade do grande rei " ; 21 e por causa
de seus pecados chorou por ela como um pai que lamenta um
filho desviado . 22 Porém, por maior que tenha sido Jerusalém no
passado, um futuro maior ainda a espera . A cidade chegará a
ser uma vez mais o centro real, seu trono o do Rei dos reis e sua
glória permanente será segura.
A Sião dos Últimos Dias : a \ova Jerusalém — As . afirmações
bíblicas relativas à Sião• dos últimos dias, distinta da Jerusalém
antiga assim como da restabelecida, nada dizem do local geo-
gráfico desta segunda e posterior capital do reino de Cristo . En-
tretanto, a Bíblia nos esclarece algo sobre a natureza física da
região em que Sião há de ser edificada . E assim, Miquéias,
após predizer a desolação do monte de Sião, e de Jerusalém em
geral, faz como contraste uma descrição da Nova Sião, na qual
se edificará a casa do Senhor nos últimos dias : "Mas nos últi-
mos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será esta-
belecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e
concorrerão a ele os povos . E irão muitas nações e dirão : Vinde,
e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para
que nos ensine os Seus caminhos e nós andemos pelas Suas
veredas ; porque de Sião sairá a lei e a palavra do Senhor de
Jerusalém ."23
Não é menos explícita a profecia de Isaías quanto ao cará-
ter montanhoso do país da Sião moderna . 20 Este escritor nos as-
segura, além disso, que só o justo poderá morar entre o ardente
resplendor dessa nova habitação e, referindo-se a ele, o profeta
diz: "Este habitará nas alturas : as fortalezas das rochas serão o
seu alto refúgio" ; e acrescenta que "verão a terra que está lon-
21, Mateus 5 :35 ; veja também Sal . 48 :2 : 87 :3 . 22, Veja Mateus 23 :37 ; Lucas 13 :34 . 23,
Miq . 4 :1,2 . 24, Veja Isaías 2 :2, 3 .

SIÃO 317

ge" 25 . Refere-se em outra passagem a um local de reunião que


"esta além dos rios da Etiópia " e "nos montes" , onde o Senhor
levantará um pendão ao mundo . 2ó
Os ensinamentos do Livro de Mórmon, referentes à si- o
dos últimos dias, assim como às verdades manifestadas por re-
velação na atual dispensação, além de concordarem com o rela-
to bíblico no que se refere à descrição geral da posição e glória
da cidade, são também mais precisos quanto ao local . Nestas
Escrituras se usam sem distinção os nomes Sião e Nova Jerusa-
lém, este último em honra da Jerusalém oriental . João o Reve-
lador viu em visão uma Nova Jerusalém como sinal dos últimos
dias .' Escrevendo como profeta dos jareditas„ um povo que ha-
via habitado partes da América séculos antes que Léhi e seu
grupo chegassem a este hemisfério,' Éter predisse o estabeleci-
mento da Nova Jerusalém sobre este continente e salientou a
diferença entre esta cidade e a Jerusalém antiga.
Morôni, o profeta, em seu resumo dos escritos de Éter, dis-
se, referindo-se a esse país : "E era aquele o lugar da Nova Jeru-
salém, que desceria dos céus, e o do Sagrado Santuário do Se-
nhor" . E acrescenta: "Eis que Éter viu os dias de Cristo, e falou
a respeito de uma Nova Jerusalém sobre a terra . E falou também
a respeito da casa de Israel, e de Jerusalém donde Léhi viria — a
qual, depois que fosse destruída, seria reconstruída como uma
cidade sagrada do Senhor ; portanto, não podia ser uma nova
Jerusalém, porquanto já havia existido nos tempos antigos ; ela
seria construída de novo e se tornaria uma cidade sagrada do
Senhor ; e seria construída para a casa de Israel . E que uma
Nova Jerusalém seria construída sobre esta terra, para o resto
da posteridade de José, para o que havia um símbolo . Porque,
como José levou seu pai às terras do Egito, de forma que lá ele
morreu, do mesmo modo o Senhor trouxe, da terra de Jerusa-
lém, um remanescente da semente de José, para usar Sua mise-
ricórdia para com a descendência de José, a fim de que ela não
perecesse ; assim como também foi Ele misericordioso para
com o pai de José, pelo que este não pereceu . Portanto, o resto
25, Veja Isaias 33 :15-17 26, Veja [saias 18 :1-3 . 1, Veja Apoc . 21 :2 . 2, Veja "A Nação
Jaredita", Cap . 14 desta obra .

318 REGRAS DE FÉ

da casa de José se estabelecerá neste país ; e esta será uma terra


de sua herança ; e ela edificará uma cidade sagrada para o
Senhor, como a antiga Jerusalém ; e não mais serão confundi-
dos, até que venha o fim e que fim tenha também a terra" .'
Jesus Cristo visitou os nefitas na América pouco depois de
Sua ressurreição e em Seus ensinamentos disse : "E acontecerá
que Eu estabelecerei este povo, neste mesmo país, em cumpri-
mento à aliança que Eu fiz com vosso pai Jacó ; e será uma
Nova Jerusalém . E os poderes dos céus estarão no meio deste
povo, sim, Eu mesmo estarei entre vós" .'
Predisse também, como já foi indicado num capítulo ante-
rior,' que se os gentios se arrependessem de seus pecados e não
endurecessem seus corações poderiam entrar no convênio e se
lhes permitiria auxiliar na construção de uma cidade que se
chamaria Nova Jerusalém . 6
Apesar de se terem transcorrido mais de seis séculos entre
um e outro, e de terem profetizado em hemisférios opostos, E-
ter o jaredita e João o Revelador viram, cada qual, a Nova Jeru-
salém descer do céu, "adereçada como uma esposa ataviada
para o seu marido ."' Já nos referimos à Sião de Enoque, cujos
habitantes foram tão justos que também eles foram chamados
"Sião" porque eram uno de coração e vontade" .8 Juntamente
com seu diretor patriarcal foram levados da terra, ou, como le-
mos : "Aconteceu que Sião não existia mais, porque Deus a re-
cebeu em Seu próprio seio ; e desde então apareceu o ditado:
Sião fugiu" .9 Porém, antes deste acontecimento, o Senhor havia
revelado a Enoque Seus propósitos a respeito do gênero huma-
no, até os últimos dias . Grandes acontecimentos assinalarão os
últimos dias ; os escolhidos serão reunidos dos quatro cantos da
terra num lugar preparado para eles ; ali será estabelecido o ta-
bernáculo do Senhor, e o lugar "se chamará Sião, uma Nova Je-
rusalém" . Então Enoque e seu povo retornarão à• terra para se
juntarem aos escolhidos no santo local.
Vimos que os nomes Sião e Nova Jerusalém são usados in-
distintamente ; e, além disso, que se aplica o nome Sião tanto a
3, Étcr 13 :3-8 . 4, 3 Nefi 20 :22 . 5, Veja o cap. 18 desta obra . 6, Veja 3 Nefi 21 :22-24 . 7,
Apoc . 21 :2 . 8, P . de G . V ., Moisés 7 :18 . 9, P . de G .V ., Moisés 7 :69 ; D . & C . 38 :4;
45:11,12 ; 84 :99,100 .

SIÃO 319

um povo justo como a lugares santificados ; porque, segundo a


palavra especial do Senhor, Sião para Ele, quer dizer "os puros
de coração" . 10 A Igreja ensina atualmente que a Nova Jerusa-
lém que João e o profeta Éter viram descer do céu em glória é o
regresso de Enoque ; e que o povo de Enoque e a Sião moderna
ou os santos reunidos sobre o continente ocidental serão um
povo .
O Livro de Mórmon prediz o estabelecimento de Sião
sobre o continente ocidental, porém o local preciso não foi re-
velado senão após a restauração do Sacerdócio na presente dis-
pensação . Em 1831 o Senhor deu mandamentos aos élderes de
Sua Igreja nos seguintes termos : "Ajuntai-vos das terras do es-
te, reuni-vos, vós élderes da Minha Igreja ; ide para as regiões
do oeste, chamai os habitantes ao arrependimento e à medida
que se arrependerem edifiquem igrejas a Mim . E com um só co-
ração e com um só entendimento ajuntai as vossas riquezas,
para que possais comprar uma herança que mais tarde vos será
designada . E ela será chamada Nova Jerusalém, uma terra de
paz, uma cidade de refúgio, um lugar de segurança para os san-
tos do Altíssimo Deus ; e a glória de Deus lá estará, e o terror do
Senhor também lá estará, tanto que os maus não virão a ela e
será chamada Sião" ."
Em outras revelações posteriores instruiu-se os élderes da
Igreja que se juntassem na parte ocidental de Missouri, 12 e ficou
designado esse lugar como a terra indicada e consagrada para a
coligação dos santos : "Portanto, esta é a terra da promissão e o
local para a cidade de Sião" . A localidade de Independence foi
chamada "o lugar central", indicou-se o local para o templo e
aconselhou-se que os santos comprassem terras ali, "que eles a
obtenham por herança eterna ."" Em 3 de agosto de 1831 o pro-
feta Joseph Smith juntamente com seus companheiros no Sa-
cerdócio consagrou o local para o templo ; previamente deter-
minado . 14 Também se consagrou a região circunvizinha para .
que ali se reunisse o povo de Deus.

10, D . & C . 97 :21 ; P . de G . V ., Moisés 7 :18 ; também D . & C . 84 :100 . 11, D . & C . 45 :64-
67 ; leia também versículos 68-71 . 12, D . & C . 52 :2,3 ; Apêndice 19 :2 . 13, D . & C . 57 :1-
5. 14, veja o apêndice 19 :3 .

320 REGRAS DE FÉ
Esta é, pois, a crença dos Santos dos Últimos Dias ; estes
são os ensinamentos da Igreja . Porém, ainda não se consumou o
plano de edificação de Sião . Não se permitiu aos santos que to-
massem posse imediata da terra que lhes foi prometida por he-
rança perpétua . Assim como transcorreram muitos anos entre a
ocasião em que o Senhor prometeu à Israel antiga que Canaã
seria a terra de sua herança e o dia em que entraram nela para
possuí-la — anos dedicados à trabalhosa e dolorosa preparação
do povo para realizar o cumprimento — também nestes últimos
dias está em suspenso a vontade divina, enquanto é santificado
o povo para o grande dom e as conseqüentes responsabilidades.
Enquanto isso, estão-se reunindo os de corações íntegros nos
vales das Montanhas Rochosas ; e ali, no alto das montanhas,
elevando-se sobre os montes, erigiram templos ; e todas as na-
ções concorrem para essa região . Porém Sião ainda será estabe-
lecida em seu local escolhido ; "não será movida de seu lugar" e
os puros de coração voltarão "com cânticos de eterna alegria,
para reconstruir os lugares desolados de Sião" ."
Porém Israel, quando se tiver reunido, não estará limitada
a um "lugar central" nem à região imediata ; foram nomeados
outros locais e continuarão sendo nomeados . Estes se chamam
estacas de Sião . 16 Foram estabelecidas muitas estacas nas re-
giões que os Santos dos Últimos Dias povoaram como posses-
sões permanentes, e ali irão os que forem considerados dignos
de tomar posse de suas heranças . Sião será castigada, porém se-
rá somente por pouco tempo" e então chegará a hora de sua re-
denção.
Deus indicará o tempo ; entretanto, a fidelidade do povo o
determinará. A iniqüidade é a razão pela qual o Senhor Se de-
mora, pois disse : "Portanto, em conseqüência das transgressões
do Meu povo, Mé é conveniente que os Meus élderes, por um
curto tempo, esperem pela redenção de Sião ." 18 E ainda: "Sião
será redimida no meu próprio e devido tempo" . 19 Porém, o tem-
po que o Senhor tomar para conferir Suas bênçãos depende dos
que esperam recebê-las . Já em 1834 se havia dado à Igreja esta
15, D . & C . 101. 17,18 ; veja também 101 :43,74,75 ; 103 :1,11,13,15 ; 105 :1,2,9,13,16,34;
109:47 ; 136:18 . 16, D . & C. 101 :21 ; veja a página 198 desta obra . 17, D . & C . 100 :13.
18, D. & C. 105:9 ; também 136 :31 . 19, D. & C . 136 :18 . 20, D . & C . 105 :1-2 .

REFERENCIAS 321

palavra do Senhor: "Eis que vos digo que se não fora pelas
transgressões do Meu povo, falando da Igreja em geral e não de
indivíduos, já poderia ele ter sido redimido " . 20

R E FERE'.NCIAS

Dois lugares de reunião


Note que as duas capitais do reino de Cristo no mundo são designadas Sião e
Jerusalém, observe também que nas Escrituras às vezes há uma distinção entre as
duas e às vezes os nomes são usados reciprocamente num sentido figurativo.
Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos mon-
tes : E concorrerão a eles todas as nações — Is . 2 :2, 3.
Aquele que ficar em Sião e o que permanecer em Jerusalém será chamado santo — Is . 4 :3.
Tu, anunciador de boas novas a Sião a Jerusalém — Is . 40 :9.
Veste-te da tua fortaleza, ó Sião: Veste-te dos teus vestidos formosds, ó Jerusalém — Is.
52 :1.
No monte de Siào e em Jerusalém haverá livramento — Joel 2 :32 . O Senhor bramará de
Siào, e dará a Sua voz de Jerusalém — Joel 3 :16, li.
O Senhor ainda consolará a Siào e ainda escolherá Jerusalém -- Zac. 1 :17 ; 2 :7-12.
Ë mencionada a Nova Jerusalém : Tendes chegado ao Monte Sião e à cidade do Deus vivo,
a Jerusalém celestial — Heb . 12:22.
O nome da cidade de meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu — Apoc . 3 :12.
O novo céu e a nova terra, e a cidade santa ou Nova Jerusalém — Apoc . cap . 21.
Éter viu os dias de Cristo, e falou a respeito de uma Nova Jerusalém a ser estabelecida no
continente ocidental — Éter 13 .4 .8.
Profecias da Nova Jerusalém confirmadas por Cristo — 3 Néfi 20 :22.
Os gentios, se se arrependerem, poderão ajudar a casa de Israel a edificar a Nova Jerusa-
lém — 3 Néfi 21 :14-24.
Será revelado o tempo para estabelecer a Nova Jerusalém — D . & C . 42 :9, 62, 67.
Foi mandado comprar terras para a edificação da cidade — D . & C . 42:35 .

322 REGRAS DE FÉ

Características da Nova Jerusalém, que é também chamada Sião — D . & C . 45 :66-71.


O Senhor apressará a edificação da cidade em seu tempo — D . & C . 52:43.
Os Santos permanecerão sobre o Monte Sião, o qual será a Nova Jerusalém — D . & C . 84:2-
5.
A edificação da cidade foi impedida — D . & C . 124 :51, 52.
Somente em Sião haverá segurança — D . & C . 45 :68, 69.
Bem-aventurados aqueles cujos pés estão sobre a terra de Sião — D . & C . 59 :3.
Os rebeldes serão banidos da terra de Sião — D . & C . 64 :35.
Aqueles que forem puros de coração retornarão com cânticos de eterna alegria — D . & C.
101 :18.
Estacas de Sião organizadas — D . & C . 68 :26 ; iniciado o alicerce de uma estaca de Sião —
D . & C . 94 :1.

Estacas serão organizadas em outros lugares — D . & C . 101 :21 109-59.


Sião e suas estacas — D . & .C . 115 :6, 18.
O povo deve ajuntar-se para que as estacas se fortaleçam — D . & C . 133 :9.
A Sião de Enoque : Porque o Senhor chamou o povo Sião — Moisés 7 :18 ; foi levada ao céu
— Moisés 7 :23 ; levada ao seio do Senhor — Moisés 7 :31, 69 .
Capítulo 20

O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA

Regra 10 — Cremos *** que Cristo reinará pessoalmente sobre a


terra;

O Primeiro e Segundo Adventos — Aceita-se como história


comprovada o nascimento de Nosso Senhor na carne, Seus trin-
ta e três anos de vida entre os mortais, Seu ministério, padeci-
mentos e morte . Os documentos que o mundo cristão considera
sagrados e inspirados não são os únicos que dão testemunho
destas coisas, mas também a história escrita pelo homem, e, por
contraste, chamada profana, concorda geralmente com a narra-
ção bíblica : Mesmo os que recusam a doutrina da divindade de
Cristo e se negam a aceitá-Lo como seu Redentor admitem os
atos de Sua vida maravilhosa e reconhecem o efeito incalculá-
vel de Seus preceitos e exemplo na vida humana.
No "meridiano dos tempos" Cristo veio ao mundo em cir-
cunstâncias humildes — sendo que ninguém o soube com exce-
ção dos poucos fiéis que aguardavam o acontecimento prometi-
do . Sua vinda havia sido proclamada durante os séculos ante-
riores, desde a alvorada da existência humana . Os profetas de
Deus haviam testificado dos grandes acontecimentos que have-
riam de assinalar Sua vinda . Todo incidente importante que se
relacionava com Seu nascimento, vida e morte, ressurreição
triunfal e glória final como Rei, Senhor e Deus, estava predito;
e até os detalhes circunstanciais haviam sido anunciados com
exatidão . Tanto a Judá como a Israel foi dito que se preparas-
sem para a vinda do Ungido ;' e, entretanto, quando veio aos
Seus, não O receberam . Perseguido e desprezado caminhou
pela espinhosa senda do dever e, finalmente, condenado por
Seu povo, que a gritos pedia a uma potência estrangeira a auto-

1, Veja o apêndice 20 :1 .

324 REGRAS DE FÉ

ridade para executar sua própria sentença injusta sobre seu Se-
nhor, padeceu a dolorosa morte de crucifixão destinada aos
malfeitores.
Ao critério humano pode ter parecido que a missão de
Cristo foi invalidada, que Sua obra havia sido frustrada e que o
príncipe das trevas havia triunfado . Cegos, surdos e de coração
obstinado foram aqueles que não quiseram ver, ouvir ou enten-
der o significado da missão do Salvador . Em semelhante estado
de desorientação se acham aqueles que menosprezam a evidên-
cia profética de Sua segunda vinda e passam por alto os sinais
dos tempos que declaram que o acontecimento glorioso, e por
outro lado terrível, está às portas . Antes e depois de Sua morte
Cristo predisse Sua volta à terra e Seus filhos crentes vigiam e
esperam na atualidade os sinais do grande cumprimento . Os
céus resplandecem com esses sinais e de novo se ouve a mensa-
gem de ensinamentos inspirados : "Arrependei-vos, arrependei-
vos, porque chegado é o reino dos céus ."
A Segunda Vinda de Cristo e Seus Sinais ; Profecias Bíblicas
— Os profetas do Antigo Testamento e os do Livro de Mórmon,
que viveram e escreverarn antes do tempo de Cristo falaram
muito pouco de Sua segunda vinda muito menos ainda se o compa-
rarmos a suas numerosas e explícitas predições relativas ao Seu
primeiro advento . Ao contemplarem eles o céu do futuro, des-
lumbrou-se-lhes a visão com o resplendor do sol meridiano e
muito pouco viram da gloriosa luz mais adiante, cuja magnitu-
de e brilho a distância diminuía . Uns poucos puderam perce-
ber e testificar dela, segundo nos indicam as passagens que se
seguem . O Salmista cantou : "Virá o nosso Deus e não Se calará;
adiante dele um fogo irá consumindo, e haverá grande tormen-
ta ao redor dele" . 2 Estes acontecimentos não se verificaram por
ocasião da vinda do Menino de Belém, mas ainda são futuros.
Isaías exclamou : "Dizei aos turbados de coração : Esforçai-
vos, não temais : eis que o vosso Deus virá com vingança, com
recompensa de Deus ; Ele virá e vos salvará" .' A parte o fato
evidente de que estas situações não assinalaram a primeira vin-

2, Salmos 50 :1,3 . 3, Is . 35 :4 .
O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA 325

da de Cristo, o contexto das palavras do profeta denota que ele


as estava aplicando aos últimos dias, o tempo da restituição, o
dia dos "resgatados do Senhor" e do triunfo de Sião . 4 Também
disse Isaías : "Eis que o Senhor Jeová virá com o forte e o Seu
braço dominará : eis que o Seu galardão vem com Ele e o Seu
salário diante da Sua face" .'
O profeta Enoque, que vivéii vinte séculos antes do primei-
ro dos dois, cujas palavras acabamos de citar, falou vigorosa-
mente sobre o assunto . Seus ensinamentos não se encontram na
Bíblia com o seu próprio nome, mas Judas, um dos que escre-
veram o Novo Testamento, os cita . 6 Nos escritos de Moisés en-
contramos a revelação dada a Enoque : "E o . Senhor disse a
Enoque : Como vivo, assim mesmo voltarei nos últimos dias, nos
dias de maldade e vingança, para cumprir o juramento que te
fiz concernente aos filhos de Noé" .'
Jesus ensinou aos discípulos que Sua missão na carne seria
de curta duração e que de novo viria à terra . Lemos que eles lhe
fizeram a seguinte pergunta: "Dize-nos quando serão essas coi-
sas, e que sinal haverá da Tua vinda e do fim do mundo?" 8 .
Nosso Senhor explicou em Sua resposta muitos dos sinais dos
últimos tempos e expressou o último e maior de todos da se-
guinte maneira : "E o Evangelho do reino será pregado em todo
o mundo em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim" . 9
Com grande clareza Jesus falou da iniqüidade em que os filhos
dos homens haviám mergulhado até a véspera-do dilúvio e o dia
da ardente destruição que caiu sobre as cidades das planícies, e
acrescentou : "assim será também nos dias do Filho do Ho-
mem ." 10
Outra das profecias de nosso Senhor a respeito de Sua vin-
da é a seguinte : "E (os discípulos) perguntaram-lhe, dizendo:
Mestre, quando serão pois estas coisas? E que sinal haverá
quando isto estiver para acontecer? Disse Ele então : Vede, não
vos enganem, porque virão muitos em Meu nome, dizendo : Sou
eu e o tempo está próximo ; não vades portanto após eles . E,
quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis . Por-
4, Id . ers . 5-10 . 5, Is . 40 :10 . 6, Veja Judas 14,15 . 7, P . de G . V ., Moisés 7 :60 . 8, Mat.
24 :3 ; Veja Jesus o Cristo ; cap. 32 . 9 . Mat . 24 :14 . 10, Lucas 17 :26-30 . Veja "O Filho do
Homem", no cap . II de Jesus o Cristo, veja também o cap . :12 .

326 REGRAS DE FE

que é necessário que isto aconteça primeiro, mas o fim não será
logo . Então lhes disse : Levantar-se-á nação contra nação e rei-
no contra reino ; e haverá em vários lugares grandes terremotos
c fomes e pestilências ; haverá também coisas espantosas e gran-
des sinais no céu . Mas antes de todas estas coisas lançarão mão
de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às pri-
sões e conduzindo-vos à presença de reis e presidentes por
amor do Meu nome . E vos acontecerá isto para testemunho.
Proponde pois em vossos corações não premeditar como haveis
de responder . Porque Eu vos darei boca e sabedoria a que não
poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuse-
rem . E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis en-
tregues e matarão alguns de vós . E todos sereis odiados por cau-
sa do Meu nome . . . E haverá sinais no sol e na lua e nas estre-
las ; e na terra angústia das nações em perplexidade pelo brami-
do do mar e das ondas ; homens desmaiando de terror, na ex-
pectativa das coisas que sobrevirão ao mundo . Porquanto as
virtudes do céu serão abaladas . E então verão vir o Filho do
Homem numa nuvem, com poder e grande glória . Ora, quando
estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai
as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima" ."
Muitas destas terríveis profecias se cumpriram por ocasião
da destruição de Jerusalém ; e o tantas vezes repetido capítulo
24 de Mateus indubitavelmente tem dupla aplicação : ao juízo
que caiu sobre Israel na ruína completa da autonomia judaica e
aos acontecimentos, hoje correntes, que precederão a vinda do
Senhor, quando ocupará Seu lugar correspondente como Rei.
Além disso, como advertência, o Senhor disse : "Porquan-
to, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se en-
vergonhar de Mim e das Minhas palavras, também o Filho do
Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de Seu
Pai, com os santos anjos" . 12
Por ocasião da ascensão, enquanto os apóstolos se acha-
vam com a vista fixa no firmamento, onde uma nuvem havia

11, Luc . 21 :7-28 ; veja também Mar . 13 :14-26 ; Apoc . 6 :12-17 ; P. de G . V . pgs . 53-56 . Para
uma explicação mais detalhada, veja Jesus o Cristo, cap . 32 . 12, Mar . 8 :38 .

O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA 327

ocultado de seus olhos o Senhor ressuscitado, notaram a presen-


ça de personagens vestidos de branco, que disseram : "Varões
galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus que dentre
vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o
céu O vistes ir" ." Paulo instruiu as Igrejas no tocante ao segun-
do advento de Cristo e descreveu a glória de Sua vinda . 14 O mes-
mo fizeram alguns dos outros apóstolos ."

Entre as Profecias do Livro de Mórmon relacionadas com o


assunto em questão basta examinar aqui as afirmações pessoais
de Cristo durante Seu ministério entre os nefitas em Seu estado
ressuscitado . Explicou muitas coisas à multidão, "desde o
princípio até o tempo em que viria em Sua glória" . 16 Quando
concedeu aos três discípulos o desejo de seus corações, que se
lhes permitisse viver na carne para continuar a obra do ministé-
rio, o Senhor lhes disse : "Vivereis para ver todos os feitos do Pai
relativos aos filhos dos homens, até que todas as coisas sejam
cumpridas, de acordo com a vontade do Pai, ocasião em que vi-
rei em Minha glória com os poderes dos céus' ."
A Revelação Moderna não é menos positiva quanto ao ad-
vento assinalado do Redentor . Aos servos especialmente co-
missionados foram dadas as seguintes instruções : "Portanto,
sede fiéis, orando sempre, tendo preparadas e acesas as vossas
lâmpadas 18 e tendo convosco óleo, para que estejais prontos
para a vinda do Esposo . Pois eis que na verdade, na verdade Eu
vos digo que depressa venho" . 19 E mais adiante manda que se
proclame "o arrependimento a uma geração perversa e malva-
da, pregando o caminho do Senhor para a Sua segunda vinda.
Pois que, na verdade, na verdade Eu te digo, o tempo se aproxi-
ma em que virei numa nuvem com poder e grande glória" . 20
Numa revelação dirigida ao povo da Igreja no dia 7 de mar-
ço de 1831, o Senhor fala dos sinais de Sua vinda e aconselha a
diligência : "Vós' olhais e vedes as figueiras, e com os vossos

13, Atos 1 :11 ; veja Jesus the Christ, cap . 37 . 14, Veja 1 Tes . 4 :16 ; 2 Tes . 1 :7,8 ; Heb . 9 :28.
15, Veja 1 Ped . 4:13 ; 1 João 2:28 ; 3 :2 . 16, 3 Ncfii 26 :3 ; veja também 25 :5 . 17, 3 Nefi
28 :7 ; veja também o versículo 8 ; vela Jesus the Christ, cap . 39 . 18, Uma alusão à parábola
das Dez Virgens ; veja Mat . 25 :1-13 . 19, D . & C . 33 :17 . 20, D . & C . 34 :6,7 .

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328 REGRAS DE FÉ

olhos as vedes, e quando começam a brotar e suas folhas estão


tenras, dizeis que o verão esta perto ; Assim também será naque-
le dia, quando eles virem todas estas coisas ; então saberão que
a hora está próxima. E acontecerá que aquele que Me teme
estará esperando pela chegada do grande dia do Senhor, sim,
pelos sinais da vinda do Filho do Homem . E eles verão sinais e
maravilhas, pois os mesmos se mostrarão em cima nos céus e
embaixo na terra . E verão sangue, fogo e vapores de fumaça . E
antes que venha o dia do Senhor o sol se escurecerá, a lua se
tornará em sangue e as estrelas cairão do céu . E o remanescente
será reunido neste lugar . E então eles Me esperarão e eis que Eu
virei : eles Me verão nas nuvens dos céus vestido em poder e
grande glória e com todos os santos anjos, e aquele que não Me
espera será exterminado " . 21
Uma das características particulares das revelações con-
cernentes à segunda vinda de nosso Senhor, dadas na dispensa-
ção atual, é a enfática e tão repetida declaração de que o acon-
tecimento está próximo . 22 "Preparai-vos para o que está por vir,
pois o Senhor está perto" . Em lugar de ser uma voz que clama
no deserto, ouvem-se as vozes de milhares que autorizadamente
admoestam as nações e as convidam e se arrepender e fugir
para Sião onde estarão seguras . A figueira está-se cobrindo de
folhas rapidamente ; os sinais nos céus e na terra vão-se multi-
plicando ; o dia grande e terrível do Senhor está próximo.

O Tempo Exato da Vinda de Cristo não foi divulgado ao ho-


mem . Aprendendo a interpretar os sinais dos tempos, observan-
do o desenvolvimento da obra de Deus entre as nações e notan-
do o rápido cumprimento de significativas profecias, podemos
perceber a evidência progressiva do acontecimento que se
aproxima : "Mas a hora e o dia ninguém sabe, nem os anjos nos
céus o hão de saber até que Ele venha" . 23 Sua vinda surpreen-
derá aqueles que têm menosprezado Suas admoestações, não se
preocupando em velar . "Como o ladrão na noite"," será a vin-

21, D . & C . 45 :37-44 ; veja também 74,75 . 22, Veja as numerosas referências em D . &C.
1 :12 ; veja Jesus the Christ, cap . 42 . 23, D . & C . 49 :7 . 24, 2 Ped . 3 :10 ; 1 Tes . 5 :2 .

Roberto Gonçalves %mej s

O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA 329


da do dia do Senhor para os iníquos . "Vigiai, pois, porque não sa-
beis o dia nem a hora em que o filho do Homem há de vir"?'
O Reinado de Cristo ; O Reino — Vimos que conforme as pa-
lavras dos santos profetas, antigos e modernos, Cristo virá lite-
ralmente e Se manifestará em pessoa nos últimos dias . Viverá
entre os Seus santos . Ao povo deste continente, o qual prome-
teu estabelecer no país de Nova Jerusalém, ele declarou : "Eu
mesmo estarei entre vós" 2 6 e pela boca dos profetas do oriente
foram feitas afirmações semelhantes .' Nesse futuro ministério
entre Seus santos congregados Jesus Cristo será ao mesmo tem-
po Seu Deus e seu Rei . Seu governo será uma teocracia perfei-
ta ; as leis da justiça constituirão o código e a administração es-
tará sob uma só autoridade, irrefutável porque será indiscutível.
Há inúmeras afirmações nas Escrituras de que o Senhor
ainda há de. reinar sobre Seu povo . Assim o deu a entender
Moisés em seu cântico perante as hostes de Israel, depois de
sua maravilhosa passagem através do Mar Vermelho : "O Se-
nhor reinará eterna e perpetuamente" .' E o Salmista faz ressoar:
"O Senhor é Rei eterno" .' Jeremias o chama um "Rei Eterno"
ante cuja ira a terra tremerá e as nações se renderão ;° e Nabu-
codonosor, humilhado pela tribulação, com regozijo honrou o
Rei do céu, "cujo domínio é um domínio sempiterno e cujo
reino é de geração em geração" .5
Nem Israel, o povo do convênio, esteve sempre disposto a
aceitar o Senhor como seu rei . Recordemos como se queixaram
de que Samuel, o profeta e juiz ungido, havia envelhecido — um
pretexto fraco e de pouco mérito, já que em sua velhice minis-
trou entre eles com vigor outros trinta e cinco anos — e como
clamaram que se lhes desse um rei que os governasse para que
pudessem ser como as outras nações . 6 Observemos com quanto -
sentimento o Senhor responde a oração de Samuel quanto à
exigência do povo : "Ouve a voz do povo em tudo quanto te dis-
seram, pois não te têm rejeitado a ti, antes a Mim Me têm rejei-

25, Mat . 25 :13 ; veja também 24:42,44 ; Mar . 13:33,35 ; Luc . 12 :40 ; veja Jesus o Cristo, cap.
42 . 26, 3 Nefi 20 :22 ; também 21 :25 . 1 , Veja Ezequiel 37 :26,27 ; Zac . 2:10, 1 I ; 8 :3 ; 2 Cor.
6 :16 . 2,' Êxodo 15 :18 . 3, Sal . 10 :16 ; veja também 29 :10 ; 145 :13 ; 146 :10. 4, Veja ler.
10:10 . 5,,Dan . 4 :34-37 . 6, Veja 1 som . 8:5 .

330 REGRAS DE FÉ

tado, para Eu não reinar sobre eles" .' Porém o Senhor não será
menosprezado para sempre por Seu povo . No tempo determi-
nado Ele virá com poder e grande glória e ocupará Sua legítima
posição de autoridade como Rei da terra.
Daniel interpretou o sonho de Nabucodonosor e falou dos
muitos reinos e divisões de reinos que seriam estabelecidos ; en-
tão acrescentou : "Mas, nos dias desses reis o Deus do céu le-
vantará um reino que não será jamais destruído ; e esse reino
não passará a outro povo ; e esmiuçará e consumirá todos estes
reinos, e será estabelecido para sempre" .' A respeito da duração
do grande reino a ser estabelecido, o mesmo profeta declarou:
"E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de
todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo : o Seu
reino será um reino eterno, e todos os domínios O servirão e
Lhe obedecerão" . 9
Falando da restauração de Judá e Israel nos últimos dias,
Miquéias profetizou : "e o Senhor reinará sobre eles no monte
de Sião, desde agora e para sempre" . 10 Na anunciação à Virgem
referindo-se ao Cristo que ainda não havia nascido, o anjo dis-
se : "E reinará eternamente na casa de Jacó, e o Seu reino não
terá fim ."" Nas visões de Patmos o apóstolo João viu a consu-
mação gloriosa e um reconhecimento universal do Rei eterno:
"E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes
vozes, que diziam : Os reinos do mundo vieram a ser de nosso
Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre" . 12 As
revelações modernas são ricas em evidências de que está próxi-
mo um reinado de justiça, com Cristo como Rei ; como a se-
guinte : "E o Senhor também terá poder sobre os Seus santos, e
reinará no seu meio" ." "Pois em Meu julgamento virei à terra
no Meu próprio e devido tempo, e o Meu povo será redimido e
reinará Comigo na terra" ."
Reino e Igreja — No Evangelho segundo Mateus, a frase
"reino dos céus" ocorre freqüentemente, enquanto nos livros

7, Id . Versículo 7 ; veja também 10 :19; Oséias, 13


:10,11 . 8, Dan . 2 :44 . 9, Dan . 7 :27.
10, Miquéias, 4 :7 ; veja também Isaías 24 :23 . 11, Lucas 1 :33 . 12, Apoc . 11 :15 . 13,
D . & C. 1 :36 . 14, D . & C . 43:29 veja também 84 :119 .
O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA 331

de outros evangelistas, e em todas as epístolas, é usada a expres-


são equivalente a "reino de Deus", "reino de Cristo", ou, sim-
plesmente, "reino" . É evidente que estes termos podem ser usa-
dos indistintamente sem alterar o significado verdadeiro . Não
obstante, a palavra reino é usada em sentidos diferentes e talvez
seja necessário estudar cuidadosamente o contexto em cada
caso para entender devidamente a idéia do autor . Os usos mais
comuns são dois : um, cujo significado é sinônimo de "Igreja" e
refere-se aos que aderiram a Cristo sem distinção quanto às
suas organizações temporais ; e outro que designa o reino lite-
ral que Jesus Cristo administrará sobre a terra nos últimos dias.
Quando se aplica este último significado, que é mais geral,
a reino, a Igreja deve ser considerada como parte dele ; de fato,
algo indispensável, porque é o germe do qual se desenvolverá o
reino, e constitui o coração ou centro mesmo da organização . A
Igreja existiu e na atualidade continua em forma organizada,
sem o reino como poder estabelecido com autoridade temporal
no mundo ; porém não se pode manter o reino sem a Igreja.
Na revelação moderna as expressões "reino de Deus" e
"reino dos céus" se empregam às vezes com :significadosdistin-
tos : a primeira com referência à Igreja e a segunda ao reino lite-
ral que substituirá e consumirá toda divisão :nacional ou racial.
Neste sentido o reino de Deus já se fundou nestes últimos dias.
Na atual dispensação, e para ela, iniciou-se tal reino com o esta-
belecimento da Igreja sobre seu alicerce permanente dos últi-
mos dias . Isto concorda com nosso conceito de que a Igreja é o
órgão fundamental do reino em geral ; e os poderes e autorida-
des conferidos à Igreja são, portanto, as chaves do reino . Esta
interpretação é esclarecida na seguinte revelação dada à Igreja:
"As chaves do reino de Deus são entregues aos homens na ter-
ra, e como a pedra que, sendo cortada da montanha, sem
mãos," rolará adiante até que encha toda a terra . . . invocai ao
Senhor, para que Seu reino possa ir avante sobre a terra, e os
seus habitantes possam recebê-lo e estar preparados para os
dias que virão, nos quais o Filho do Homem descerá dos céus
vestido no resplendor de Sua glória, para encontrar o reino de
15, Refere-se à interpretação que fez Daniel do sonho de Nabucodonosor ; veja
Daniel 2 :34,44 .

332 REGRAS DE FÉ

Deus estabelecido sobre a terra . Portanto, que o reino de Deus


vá avante para que venha o reino dos Céus, para que tu, ó Deus,
sejas glorificado nos céus e na terra, e os Teus inimigos sejam
subjugados ; pois Tu és a honra, o poder e a glória para todo o
sempre" . 16
Por ocasião de Seu advento glorioso, Cristo virá acompa-
nhado das hostes dos justos que já saíram deste mundo ; e os
santos que ainda estiverem vivos sobre a terra serão vivificados
e arrebatados para recebê-Lo, e logo descerão com Ele partici-
pando de Sua glória ." Com ele virão também Enoque e o seu
povo de coração puro, e se. efetuará uma união com o reino de
Deus ou com aquela parte do reino anteriormente estabelecida
na terra como a Igreja de Jesus Cristo ; e o reino da terra será
um com o do céu . Então se realizará o cumprimento da própria
oração do Senhor, dada como modelo para todo aquele que
orar : "Venha o Teu reino, Seja feita a Tua vontade, assim na
terra como no céu" ."
À tão discutida pergunta : Já está estabelecido o reino
sobre a terra, ou teremos que esperar sua fundação até o tempo
do futuro advento de Cristo, o Rei? Pode-se dar adequadamen-
te uma resposta afirmativa ou negativa, conforme a interpreta-
ção que se dê à palavra "reino" . O reino de Deus, com idêntico
significado que a Igreja de Cristo, foi estabelecido ; sua história
é a da Igreja nestes últimos dias ; seus oficiais foram divinamen-
te comissionados com o poder do Santo Sacerdócio . Afirmam
ter uma autoridade que é espiritual, apesar de ser também tem-
poral em sua aplicação aos membros da organização — Igreja
ou reino, como quiserem chamá-la — mas não tratam, nem assu-
mem o direito, de censurar ou modificar os governos existentes
nem intervêm com eles de maneira alguma ; muito menos subju-
gam nações ou estabelecem sistemas rivais de governo . O reino
dos céus, que compreende a Igreja e abraça todas as nações, se-
rá estabelecido com poder e grande glória quando o Rei triun-
fante vier com suas hostes celestiais governar e reinar pessoal-
mente sobre a terra que redimiu com o sacrifício de Sua própria
vida.
16, D . & C . 65 :2,5,6 . 17, Veja D . & C . 88 :91,98 . 18, Mat . 6 :10: Luc . 11 :2 .

O REINADO DE CRISTO SOBRE A TERRA 333

Como já se viu, o reino dos céus compreenderá mais que a


Igreja . Os homens honoráveis e honrados gozarão de proteção
e dos privilégios de cidadania sob o sistema perfeito de governo
que Cristo administrará, sejam membros da Igreja ou não . Os
que infringirem as leis e os de coração impuro serão julgados de
acordo com seus pecados ; porém os que viverem conforme a
verdade, até onde tiverem podido receber e compreender, des-
frutarão da liberdade mais completa sob a influência benigna
de uma administração perfeita . Os privilégios e bênçãos espe-
ciais relacionados com a Igreja, o direito de possuir e exercer o
Sacerdócio com suas ilimitadas possibilidades e poderes eter-
nos serão, como hoje o são, unicamente para aqueles que entra-
rem em convênio e chegarem a formar parte da Igreja de Jesus
Cristo.
O Milênio — Freqüentemente se especifica um período de
mil anos nas passagens das Escrituras que mencionam o reino
de Cristo sobre a terra . Apesar de não podermos considerar essa
referência como indicação de que a existência do reino está limi-
tada, ou de que há um prazo determinado em que o Salvador
administrará Seu poder, encontramos justificação para crer que
os mil anos que virão imediatamente após o estabelecimento
do reino serão particularmente assinalados e se distinguirão da
época anterior assim como posterior a esse período . Há de se
efetuar a restauração de Israel e o estabelecimento de Sião
como preparação pára a Sua vinda . A destruição dos iníquos e a
inauguração de uma época de paz assinalarão seu advento . O
Revelador viu que as almas dos mártires e de outros homens
justos viverão e reinarão, com poder, mil anos com Cristo . 19 Al-
guns dos mortos não voltarão a viver até que se passem os mil
anos, 21 enquanto que os justos "serão sacerdotes de Deus e de
Cristo e reinarão com Ele mil anos" . 22 Uma das revelações mais
antigas concernentes ao milênio é a que foi dada a Enoque : "E
aconteceu que Enoque viu o dia da vinda do Filho do Homem,
nos últimos dias para morar em retidão sobre a terra pelo es-
paço de mil anos" 23
19, Veja Apoc . 20:4 ; também o versículo 6 . 20, Apoc . 20 :2,3 . 21, Id . versículo 5 . 22,
Id . ver . 6 . 23, P . de G . V ., Moisés 7 :65 .

334 REGRAS DE FÉ

É claro, pois, que ao falar do Milênio se tem que conside-


rar um período preciso, cujo princípio e fim assinalarão aconte-
cimentos transcendentais, e durante o qual existirão bênçãos
extraordinárias . Será uma época sabática : 24 mil anos de paz . Ces-
sará a inimizade entre o homem e a fera, acabará a ferocidade e
veneno da criação animal 25 e reinará o amor 25 Mais tarde vigo-
rará uma nova condição, conforme o que o Senhor declarou a
Isaías : "Porque eis que Eu crio céus novos e novas terras ; e não
haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recorda-
rão" .'
Quanto ao estado de paz, prosperidade e duração da vida
humana, típicos deste período, lemos que "não haverá mais
nela criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus
dias, porque o mancebo morrerá de cem anos ; mas o pecador
de cem anos será amaldiçoado . E edificarão casas e as habita-
rão, e plantarão vinhas e comerão o seu fruto . Não edificarão
para que outros habitem ; não plantarão para que outros co-
mam ; porque os dias do Meu povo serão como os dias da árvo-
re, e os Meus eleitos gozarão das obras das suas mãos até a ve-
lhice . Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a pertur-
bação ; porque são a semente dos benditos do Senhor e os seus
descendentes com eles . E será que antes que clamem Eu res-
ponderei ; estando eles ainda falando Eu os ouvirei . O lobo e o
cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o
boi : e pó será a comida da serpente . Não farão mal nem dano
algum em todo o Meu santo monte, diz o Senhor" . 2
A voz do Senhor se ouve na atualidade declarando as mes-
mas verdades proféticas, segundo fazem constar as revelações a
respeito do Milênio, dadas na dispensação atual da Igreja .' Em
1831 o Senhor Se dirigiu nos seguintes termos aos élderes de
Sua Igreja : "Pois o grande Milênio do qual falei pela boca dos
Meus servos virá . Pois Satanás será amarrado e quando for li-
bertado outra vez ele reinará só por pouco tempo, e então virá
o fim da terra" .' Em outra ocasião, as seguintes palavras foram
proferidas : "Pois dos céus Eu Me revelarei com poder e grande

REFERENCIAS 335

glória, com todas as suas hostes, e em justiça habitarei com os


homens na terra por mil anos, e os iníquos não permanece-
rão . . . e outra vez, em verdade, em verdade vos digo que quan-
do terminaremos mil anos, e os homens novamente começarem
a negar a seu Deus, então pouparei a terra, mas só por pouco
tempo, e virá o fim" .'
Durante a era milenária as condições serão propícias à re-
tidão ; o poder de Satanás será restringido e os homens, livres
até certo ponto da tentação, servirão zelosamente a seu Rei e
Senhor . Entretanto, o pecado não ficará abolido por completo
nem será abolida a morte ; até as crianças viverão até cumprir
seus anos na carne e então poderão ser transformadas "num
abrir e fechar de olhos" a uma condição de imortalidade . 6 Seres
mortais, assim como imortais, ocuparão a terra e haverá fre-
qüente comunicação com os poderes celestiais . Os santos dos
Ultimos Dias crêem que terão o privilégio de continuar, duran-
te o período milenário, a obra vicária pelos mortos, a qual cons-
titui tão importante e destacada característica de suas obriga-
ções,' e que as facilidades para se comunicar diretamente com
os céus lhes permitirão efetuar essa obra de amor sem interrup-
ção . Quando se tiverem passado os mil anos, se permitirá a Sa-
tanás exercer seu poder novamente, e os que nessa ocasião não
forem contados entre os puros de coração cederão a sua in-
fluência . Porém essa liberdade que o "príncipe das potestades
do ar" 8 recuperará será de curta duração ; seu destino final virá
rapidamente, e todos os que são seus irão com ele ao castigo
que é eterno . Então a terra chegará a sua condição celestial e se
converterá em habitação adequada para os filhos e filhas glori-
ficados de nosso Deus .'

REFERENCIAS
Profecias que acompanhariam o advento do Senhor
O Senhor disse a Enoque : Como vivo, assim mesmo voltarei nos últimos dias — Moisés
7 :60 Enoque viu o dia da vinda do Filho do Homem, nos últimos dias, para morar
sobre a terra pelo espaço de mil anos — Moisés 7 :65.

5, D . & C . 29 :11, 22, 23 . 6, D . & C . 63 :50,51 . 7, veja "Batismo pelos Mortos", cap . 7
desta obra. 8, Ef. 2:2 . 9, Veja Jesus o Cristo, parte final do cap . 42 .

336 REGRAS DE FÉ

Profetizou Enoque dizendo : Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades — Jud . 14, 15.
Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim Se levantará sobre a terra — Jó 19 :25.
Virá o nosso Deus, e não Se calará — Sal . 50:3 ; note que os versículos seguintes descrevem
as condições na época da Sua vinda.
Dominará de mar a mar, e desde o rio até as extremidades da terra — Sal . 72 :8 ; veja tam-
bém 72:17 ; 82 :8.
Quando o Senhor edificar a Sião, e na Sua glória se manifestar — Sal . 102 :16.

O Senhor dos Exércitos reinará no monte de Sião em Jerusalém — Is . 24 :23:


O Senhor Jeová virá como o forte — Is . 40:10.

O Senhor reinará no monte de Sião para sempre — Miq. 4:7 ; Zac . 14 :9, 20, 21.
De repente virá o Senhor ; e quem suportará o dia da Sua vinda? — Mal . 3 :1-4.
Elisa, o profeta, vem antes do dia grande e terrível do Senhor — Mal . 4 :5, 6.
O Fiho do Homem há de vir na glória de Seu Pai — Mat. 16 :27.
Quando vier o Filho do Homem, Ele julgará as nações — Mat . 25:31-46.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem — Mat . 24 :30.
A respeito do dia e hora de sua vinda ninguém sabe — Mat . 24 :36.

Verão Filho do Homem vindo nas nuvens cottt poder e glória — Mar . 13 :26, 32, 33, 37 . Tam-
bém o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de Seu Pai com os san-
tos anjos — Mar . 8 :38.

Depois de tribulações e angústias, se verá o Filho do Homem vindo numa nuvem com po-
der e grande glória — Luc . 21 :27 ; leia o versículo 10 e os seguintes . Também veja Luc.
17 :26-30.
Ficai apercebidos, porque à hora em que não cuidais o Fiho do Homem virá — Luc . 12 :40.
Virá como ladrão, o dia do Senhor — 2 Ped . 3:10 ; 1 Tess . 5 :2.
Esse mesmo Jesus virá como ao céu o vistes ir — Atos 1 :11.
Ele enviará a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado — Atos 3 :20.
Nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha — 1 Cor . 4:5 ; 11 :26.

O mesmo Senhor descerá do céu com alarido, c com voz de arcanjo, c com a trombeta
de Deus — 1 Tess . 4 :16.
Quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do Seu poder — 2 Tess . 1 :7;
2 :1 ; 1 Tim . 6:14; Tito 2 :13 ; Heb . 9 :28.
Fortalecerei os vossos corações ; porque já a vinda do Senhor está próxima — Tiago 5 :8.
Que tenhamos confiança c não sejamos confundidos por Ele na Sua vinda — 1 João 2 :28;
3 :2 .

REFERÊNCIAS 337

Eis que vem com as nuvens e todo o olho o verá, até os mesmos que o transpassaram —
Apoc . 1 :7 ; 6 :12-17.
O Santo de Israel deve reinar em domínio, com força, poder e grande glória – 1 Néfi 22 :24,
26.
As cadeias da morte serão rompidas c o Filho reinará — Moslah 15:20.
Elias, o profeta deveria vir antes do grande e terrível dia do Senhor — 3 Néfi 25 :5.
Cristo explicou todas as coisas desde o principio até o tempo em que viria em sua glória —
3 Néfi 26 :3.
O poder dos céus descerá e Cristo estará presente também — 3 Néfi 21 :25, 20:22 ; 24 :1-3.
Os três nefitas ficarão na carne até que o Senhor venha em glória com os poderes dos céus
—3 Néfi 28:7.
Não poderei dizer que o Senhor retarda a Sua vinda — 3 Néfi 29 :2.
Cristo Se revelará dos céus com poder c grande glória, com todas as Suas hostes — D . & C.
29 :11 ; 45 :44 ; 65 :5.
O tempo se aproxima em que virei numa nuvem com poder e grande glória – D . & C . 34:7,
8, 12.
Quando Ele vier nas nuvens dos céus para reinar sobre o Seu povo na terra – D . & C. 76 :63.
O Senhor estará em seu meio e Sua glória estará sobre eles, e Ele será o seu rei e legislador
– D . & C . 45 :59, 1 :36.
O Filho do Homem reina nos céus e reinará na terra – D . & C . 49:6.

O Senhor descerá da presença do Pai e consumirá os iníquos — D . & C. 63 :34.


Preparando o caminho do Senhor para a Sua segunda vinda — 1) . & C . 34 :6 ; 39:20 ; 77:12.
Numa hora que não sabeis Ele virá — D . & C . 61 :38.
O tempo da vinda do Senhor está perto – D . & C . 35 :15 ; 43 :17 ; 133 :17.
A hora e o dia ninguém sabe, nem os anjos nos céus – D . & C. 49 :7 ; 39 :21 ; 133 :11.
Os pobres e humildes estarão esperando pela hora da vinda do Senhor – D . & C . 35 :15.
Aquele que teme ao Senhor estará esperando – D . & C. 45 :39 ; veja também os versículos
40
.56, 74, 75.
A alguns será dado conhecer os sinais da vinda do Filho do Homem – D . & C . 68 :11.
Depressa venho – D . & C . 34 :12 ; 35 :27 ; 39 :24 ; 41 :4 ; 49 :28 ; 51 :20; 54:10 ; 68 :35 ; 87 :8 ; 99:5;
112 :34.

O Milénio
Condições durante o Milênio – Is . 11 :6-9 ; 65 :25.
Satanás será amarrado – Apoc . 20 :1-7.
Reinaram com Cristo durante mil anos – Apoc . 20:4 . Os outros mortos não reviveram até
que os mil anos se acabaram – Apoc . 20:5 .

338 REGRAS DE FÉ

E nos fizeste reis e sacerdotes ; e reinaremos sobre a terra — Apoc . 5 :10.


Pelo espaço de mil anos a terra descansará — Moisés 7 :64 . Enoque viu o dia da vinda do
Filho do Homem para morar sobre a terra pelo espaço de mil anos — Moisés 7 :65.
O Senhor habitará com os homens na terra por mil anos — D . & C . 29 :11.
Pois o grande milênio, do qual falei pela boca dos Meus servos, virá — D . & C . 43 :30 ; leia
também versículos 31-35.
Condições quando terminarem os mil anos — D . & C . 29 :22, 23.
Satanás não será solto pelo espaço de mil anos, e então reunirá seus exércitos — D . & C.
88 :110-116 .
Capítulo 21

REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO

Regra 10 – Cremos *** que a terra será renovada e receberá a sua


glória paradisíaca.

A RENOVAÇÃO DA TERRA

'A Terra sob Anátema – As condições benditas nas quais a


terra existirá e em que o homem viverá durante a época milená-
ria quase sobrepujam toda faculdade humana de compreensão,
por serem tão diferentes de tudo aquilo que a história assistiu e
que a experiência confirma . A raça decaída do homem jamais
conheceu um reinado de justiça em toda a terra . Tão assinalada
tem sido a maldição universal, tão grande o poder do tentador;
tão amarga a contenda egoísta entre os homens e entre as na -
ções ; tão geral a inimizade da criação animal entre os de sua
própria esfera e para com o ser humano que, não obstante sua
queda, ainda tem a comissão divina da autoridade de domínio;
tão abundantemente tem a terra produzido espinhos, cardos e
ervas daninhas, que a descrição do Éden é para nós como histó-
ria de outro mundo, um astro de ordem superior, de existência
inteiramente diferente deste triste planeta . Entretanto, sabemos
que o Éden era em realidade parte do nosso planeta, e que a
terra está destinada a se converter num corpo glorificado, para
a morada das inteligências mais exaltadas . O Milênio, com
todo seu esplendor, nada mais é que um passo mais avançado
de preparação mediante o qual a terra e seus habitantes se
aproximarão da perfeição preordenada.
A Regeneração da Terra – A palavra regeneração, traduzi-
da do vocábulo grego palingenesia – que significa novo nasci-

340 REGRAS DE FÉ

mento, ou, mais literalmente, quem nasce de novo, aparece


duas vezes em o Novo Testamento,' apesar de se encontrar
outras expressões de significado equivalente . Os termos, entre-
tanto, se aplicam geralmente à renovação da alma do homem
mediante o nascimento espiritual, por meio do qual se pode
obter a salvação ; apesar do uso que nosso Senhor fez do ter-
mo, ao declarar a promessa de futura glória que sobre os após-
tolos Ele confirmava, provavelmente se refere à restauração
da terra, seus habitantes e instituições, no que diz respeito à
época milenária . "Digo-vos que vós, que Me seguistes, quando
na regeneração o Filho do Homem Se assentar no trono da
Sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos para jul-
gar as doze tribos de Israel" . 2
Foi predita uma época de restituição . Consideremos as pa-
lavras de Pedro dirigidas àqueles que, maravilhados ante a mila-
grosa cura do coxo na Porta Formosa, se haviam reunido no
Pórtico de Salomão: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos,
para que sejam apagados os vossos pecados e venham assim os
tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie Ele a Je-
sus Cristo, que já dantes vos foi pregado . O qual convém que o
céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais
Deus falou pela boca de todos os Seus santos profetas desde o
princípio" . 3
Segundo os ensinamentos de Paulo, em sua epístola aos
Romanos, é evidente que a transformação para um estado mais
próximo da perfeição há de afetar a natureza, assim como o ho-
mem . "Também, a mesma criatura será libertada da servidão
da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus . Por-
que sabemos que toda criatura geme e está juntamente com do-
res de parto até agora . E não só ela, mas nós mesmos, que te-
mos as primícias do Espírito, também gememos em nós mes-
mos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso cor-
po,. 4
A regeneração continuará durante o milênio. A sociedade
será purificada ; as nações existirão em paz ; cessarão as guer-
ras ; a ferocidade das feras será vencida ; a terra, aliviada no
1, Veja Mat . 19 :28 ; Tito 3 :5 . 2, Mat . 19 :28 . 3, Atos 3 :19-21 . 4, Rom . 8 :21-23 ; veja o
apêndice 21 :1 .

REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO 341

mais alto grau do anátema da queda, produzirá abundantemen-


te ao lavrador e o planeta será redimido.
As últimas fases desta regeneração da natureza não se con-
sumarão senão depois que o Milênio tenha acabado sua carrei-
ra bendita . Falando dos acontecimentos que se efetuarão após
concluídos os mil anos, João o Revelador escreveu : "E vi um
novo céu e uma nova terra . Porque já o primeiro céu e a primei-
ra terra passsaram e o mar já não existe . . . E ouvi uma grande
voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os
homens, pois com eles habitará e eles serão o Seu povo, e o
mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará
de seus olhos toda a lágrima ; e não haverá mais morte, nem
pranto, nem clamor, nem dor ; porque já as primeiras coisas são
passadas" .' Outra profecia parecida foi a de Éter, o jaredita ; "E
haverá um novo céu e uma nova terra e eles serão como os anti-
gos, que, aliás, já estarão desaparecidos e todas as coisas se tor-
narão novas" .6 Este acontecimento se verificará após os even-
tos milenários, como nos faz ver o contexto.
Em nossa época atual, no ano de 1830, o Senhor disse:
"Quando terminarem os mil anos, e os homens novamente co-
meçarem a negar a seu Deus, então pouparei a terra, mas só
por pouco tempo . E virá o fim e serão consumidos e passarão os
céus e a terra e haverá um novo céu e uma nova terra . Pois to-
das as velhas coisas passarão e todas as coisas se tornarão no-
vas, o próprio céu e a terra e a sua plenitude, tanto homens
como feras, as aves do céu e os peixes do mar . E nem um fio de
cabelo, nem um argueiro se perderá, pois são a obra das Minhas
mãos" .'
Segundo as Escrituras a terra tem que passar por uma
transformação equivalente à morte e regenerar-se de um modo
semelhante à ressurreição . Muitas das passagens já citadas das
Escrituras, ao referirem-se a que os elementos se fundirão por
causa do calor e que a terra será consumida e deixará de existir,
sugerem uma morte; e a terra nova, o planeta renovado ou rege-
nerado, se pode comparar a um organismo ressuscitado . Foi
dito que essa transformação é uma transfiguração .' Todo objeto

5, Apoc . 11 :1, 3-4 . 6, Éter 13 :9 . 7, D . & C . 29 :22-25 . 8, Veja D . &C. 63 :20, 21 .



342 REGRAS DE FÉ

criado que alcança ou realiza o objetivo de sua criação avança-


rá pela escada do progresso, seja um átomo ou um mundo, seja
um animalículo ou um homem, filho direto e literal de Deus.
Falando dos graus de glória que preparou para suas criações,
assim como das leis de regeneração e santificação, o Senhor,
numa revelação dada em 1832, fala em palavras claras sobre a
morte próxima e subseqüente vivificação da terra : "E, nova-
mente, na verdade vos digo que a terra obedece à lei de um rei-
no celestial, pois realiza o propósito de sua criação e não
transgride a lei . Portanto ela será santificada ; sim, não obstante
o fato de que morrerá, ela será vivificada outra vez, e se subme-
terá ao poder pelo qual será vivificada, e os justos a herdarão ." 9
Durante o Milênio, tanto seres mortais como imortais ocu-
parão a terra ; porém, depois de consumada a regeneração, não
se reconhecerá mais a morte entre seus habitantes . Então o Re-
dentor da terra entregará o reino, e o apresentará "sem mancha
ao Pai, dizendo : Eu venci" . 10 Antes de conseguir esta vitória e
obter o triunfo, devem ser subjugados os inimigos da justiça ; o
último inimigo que há de ser vencido será a morte . "Depois virá
o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, o Pai, e quando
houver aniquilado todo o império e toda a potestade e força.
Porque convém que reine até que haja posto todos os inimigos
debaixo de Seus pés . Ora, o último inimigo que há de ser aniqui-
lado é a morte . Porque todas as coisas sujeitou debaixo de Seus
pés . Mas, quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas, cla-
ro está que se excetua Aquele que Lhe sujeitou todas as coisas.
E, quando todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então também
o mesmo Filho Se sujeitará Aquele que todas as coisas Lhe su-
jeitou, para que Deus seja tudo em todos" ."
Nesta dispensação, o profeta Joseph Smith fez a seguinte
descrição parcial da terra em seu estado regenerado : "Esta ter-
ra em seu estado santificado e imortal será transformada como
que em cristal e será um Urim e Tumim para os seus habitantes,
pelo qual todas as coisas relativas a um reino inferior ou a todos

9, D . & C . 38 :25, 26 . 111, D . & C . 76 :107 . 11, 1 Cor . 15:24-28 .


REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO 343

os reinos de ordens inferiores serão manifestadas àqueles que


habitam nela ; e esta terra será de Cristo" . 12
Tem-se procurado demonstrar que os ensinamentos da
ciência, concernentes ao destino da terra, concordam com as
profecias das Escrituras relativas à regeneração decretada de
nosso planeta, por meio da qual será convertido numa morada
própria para as almas imortais . Sem entrar num estudo detalha-
do da evidência que se pretende a favor de um apoio mútuo en-
tre a ciência e a palavra revelada sobre este assunto, basta
dizer que a assim chamada evidência não é satisfatória e que a
ciência quase nada diz sobre o assunto . O geólogo considera a
terra como um corpo que continuamente se está alterando e
sua superfície como uma massa heterogênea de matéria frag-
mentária ; lê em suas páginas de pedra a história de um desen-
volvimento anterior, e que através de muitos graus sucessivos
de progresso foi deixando o mundo melhor preparado para ser
a habitação do homem ; observa a obra de agentes construtivos
e destrutivos em movimento : massas de terra que cedem à
ação desintegrante do ar e da água provêm, com sua destrui-
ção, a matéria para outras formações que atualmente estão em
construção, e essa força, arrasando os montes e levantando os
vales, produz o efeito geral de nivelar a superfície . Por outro
lado, vê obrar forças vulcânicas e outros agentes que aumen-
tam a irregularidade do terreno plano por meio de erupções
violentas e elevação ou depressão da crosta terrestre . Baseado
em suas observações do presente e em suas conclusões relati-
vas ao passado da terra, admite sua incapacidade de predizer
um futuro provável sequer . É oportuna e transcedental a
declaração de alguém cuja autoridade é reconhecida no mun-
do da ciência : A geologia não provê "nenhum indício de um
princípio, nenhuma indicação de um fim " ."
O astrônomo que estuda as condições variadas de outros
mundos poderá tentar descobrir, por analogia, o destino prová-
vel do nosso . Estuda o espaço com visão grandemente aumen-
tada e vê, dentro do sistema a que a terra pertence, planetas
que manifestam uma escala de progresso muito variada : uns em
seu estado primordial, habitações inadequadas para seres seme-

344 REGRAS DE FÉ

lhantes a nós ; outros num estado que mais se aproxima ao da


terra, e outros, entretanto, que parecem ser muito antigos e es-
tar desprovidos de vida . Além do fato de sua existência, muito
pouco se sabe dos vastos sistemas que há além do grupo compa-
rativamente pequeno que nosso sol rege . Porém, em nenhuma
parte foi descoberto um mundo glorificado ; e o olho mortal não
poderia distinguir tal orbe mesmo se existisse, no que se refere à
distância, ao alcance de sua visão, seja com a ajuda de um teles-
cópio, seja sem ele . Facilmente podemos crer na existência de
outros mundos, fora daqueles que são de composição tão densa
que nossos fracos olhos percebem . Quanto à palavra revelada
sobre a regeneração da terra e a glória celestial que nosso pla-
neta alcançará, a ciência nada tem para oferecer, nem a favor
nem contra . Mas não é por isso que iremos desprezar a ciência,
nem censurar o trabalho de seus discípulos, Ninguém melhor
que um cérebro acostumado a métodos científicos compreende
o muito que não sabemos.
A RESSURREIÇÃO DO CORPO

A Ressurreição dos Mortos associa-se estreitamente e se


compara ao rejuvenescimento ordenado da terra, mediante o
qual nosso planeta avançará de sua presente condição triste e
cansada a um estado de glorificada perfeição, com a ressurrei-
ção dos corpos de todos os seres que sobre ela tenham existido.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina a
doutrina de uma ressurreição literal : uma reunião efetiva dos
espíritos dos mortos aos corpos que os cobriam durante sua
provação mortal ; e também uma transição do mortal ao imor-
tal, daqueles que ainda vivam na carne no tempo do advento do
Senhor e que, em virtude de sua justiça individual, não dormi-
rão no túmulo . Há na Bíblia numerosos testemunhos concer-
nentes à vivificação dos mortos . O conhecimento que o ser hu-
mano tem da ressurreição se baseia inteiramente na revelação.
Os povos pagãos têm um conceito sumamente limitado de uma
ressurreição efetiva da morte à vida ou carecem dele por com-
pleto ."
14, Veja o apêndice 21 :2 .

REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO 345

Ao aceitar a doutrina de uma ressurreição, a fé deverá nos


guiar, recebendo o apoio de abundantes revelações dadas de
uma forma inequívoca e segura . A ciência, que não é mais que
o resultado da investigação humana, nenhuma indicação nos
oferece de um acontecimento semelhante na história das coisas
vivas, e os homens em vão têm buscado na natureza externa
uma analogia exata . Certo é que têm sido feitas comparações,
metáforas têm sido usadas e procuram-se semelhanças para
mostrar que a natureza tem algo que corresponde ou se asseme-
lha à transformação do mortal ao imortal que a alma cristã es-
péra com firme confiança ; porém todas estas imagens são im-
perfeitas em sua aplicação e suas supostas analogias não são
exatas.
O retorno da primavera após o sono invernal semelhante à
morte ; a transformação da lagarta em crisálida e a subseqüente
metamorfose em mariposa ; o pássaro vivo que emerge do inte-
rior sepulcral do ovo ; estes e outros passos naturais de desen-
volvimento têm sido usados como ilustrações da ressurreição.
Todos são imperfeitos, porque em nenhum destes despertares
se verificou uma morte verdadeira . Se a árvore morre, não volta
a se cobrir de folhagem ao voltar o sol ; tirando-se a vida de uma
crisálida dentro do casulo, ou o germe de vida dentro do ovo,
não nasce a mariposa e não emerge o pássaro . Quando nos vale-
mos indistintamente destas ilustrações, estamos propensos a
formar conceito de que o corpo predestinado a ressuscitar não
está verdadeiramente morto e, por conseguinte, a vivificação
que se segue não é o que declara a palavra revelada . Tem sido
provado, por observação, que quando o espírito se separa do
corpo, este permanece completamente inanimado e não pode
resistir por mais tempo à ação de uma decomposição física e
química . O corpo, abandonado por seu inquilino imortal, está
literalmente morto ; desintegra-se em seus componentes natu-
rais, e sua substância volta novamente ao ciclo da circulação
universal da matéria . Entretanto, a ressurreição dos mortos é
segura . Justificar-se-á a fé daqueles que confiam na palavra da
verdade revelada e se cumprirá cabalmente o decreto divino.
Profecias sobre a Ressurreição — Os profetas de épocas pas-
sadas da história do mundo previram e predisseram a vitória fi-

346 REGRAS DE FÉ

nal sobre a morte . Alguns testificaram particularmente da vitó-


ria de Cristo sobre o túmulo ; outros falaram da ressurreição em
termos gerais . Jó, varão da paciência na tribulação, cantou com
grande gozo em sua agonia : "Porque eu sei que o meu Redentor
vive, e que por fim se levantará sobre a terra . E depois de con-
sumida a minha . pele, ainda em minha carne verei a Deus " ."
Enoque, a quem o Senhor revelou Seu plano para redimir o gê-
nero humano, previu a ressurreição de Cristo e a dos mortos
justos que com Ele se levantariam e a ressurreição final de to-
dos os homens . 1ó
Néfi testificou a seus irmãos que a morte do Redentor era
um requisito preordenado e que foi prevista para proporcionar
ao homem a ressurreição dos mortos . Eis as suas palavras : "As-
sim como a morte passou sobre os homens para que seja cum-
prido o plano misericordioso do grande Criador, deve também
haver uma força de ressurreição, e a . ressurreição deve vir ao
homem em razão de sua queda ; e a queda vem em razão de seus
pecados ; e porque os homens caíram, foram afastados da pre-
sença do Senhor . . . E esta morte da qual falei, e que é a morte
espiritual, entregará seus mortos ; e esta morte espiritual é o in-
ferno ; portanto, morte e inferno deverão entregar seus mortos,
e o inferno deverá entregar seus espíritos presos, e a sepultura
deverá soltar seus corpos presos, e os corpos e espíritos dos ho-
mens serão restaurados em um só ; e isso se dará pelo poder da
ressurreição do Santíssimo de Israel . Quão grande é o plano de
nosso Deus! E, por outro lado, o paraíso de Deus deverá entre-
gar os espíritos dos justos e a sepultura deverá entregar os cor-
pos dos justos ; e o espírito e o corpo serão restaurados um no
outro novamente, e todos os homens se tornarão incorruptíveis
e imortais, e serão almas vivas, tendo um perfeito conhecimen-
to, como nós temos em nosso estado corporal, com a diferença
de que então o nosso conhecimento será perfeito' ."
Samuel, o profeta lamanita, predisse o nascimento, minis-
tério, morte e ressurreição do Salvador, e explicou a ressurrei-

15, Jó 19 :25, 26 ; veja também Isaías 26 :19 ; Eze . 27-11-14. Os 13 :14 . 16, Veja P . de G . V .,
Moisés 7 :56, 57 . 17, 2 Nefi 9 :6, 12, 13 .

REGENERAÇÃO . E RESSURREIÇÃO 347

ção conseqüente do gênero humano : "Pois eis que Ele certa-


mente deverá morrer para que a salvação possa vir ; sim, a Ele
compete e torna-se necessário que morra, para levar a cabo a
ressurreição dos mortos, por intermédio da qual os homens pds-
sam ser levados à presença do Senhor . Sim, eis que essa morte
terá por efeito a ressurreição e redimirá a todo o gênero huma-
no da primeira morte : aquela morte espiritual ; pois toda a hu-
manidade, em virtude da queda de Adão, que foi banido da pre-
sença do Senhor, é considerada como morta, tanto nas coisas
temporais quanto nas espirituais . Mas eis que a ressurreição de
Cristo redime a humanidade, sim, toda a humanidade, trazen-
do-a de volta à presença do Senhor" . 18
O Novo Testamento mostra que durante o tempo da mis-
são terrena de Cristo, e na época apostólica que se seguiu, com-
preendia-se a doutrina de ressurreição . 19 O próprio Mestre pro-
clamou estes ensinamentos . Respondendo aos críticos Sadu-
ceus, Ele disse : "E, acerca da ressurreição dos mortos, não ten-
des lido o que Deus vos declarou : Eu sou o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos
mortos, mas dos vivos " . 21 Aos judeus que queriam matá-Lo por
Seus atos e doutrina, falou da seguinte maneira : "Na verdade,
na verdade vos digo que quem ouve Minha palavra e crê naque-
le que Me enviou tem a vida eterna, e não entrará em condena-
ção, mas passou da morte para a vida . Em verdade, em verdade
vos digo que vem a hora, e agora, é, em que os mortos ouvirão a
voz do Filho de Deus e os que' a ouvirem viverão" . 22
As próprias palavras que Cristo pronunciou enquanto ain-
da se achava na carne indicam que compreendia plenamente o
objetivo de Seu martírio e subseqüente ressurreição . A Nicode-
mos declarou o seguinte : "E, como Moisés levantou a serpente
no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levanta-
do : para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna" . 23 A Marta, que chorava pela morte de seu irmão
Lázaro, disse : "Eu sou a ressurreição e a vida ; quem crê em

18, Helamã 14:15-17 ; veja também Mosiah15 :20-24 e Alma 40 :2-6, 16-24 . 19, Veja Mat.
14 :12 ; João 11 :24 . 20, Veja o apêndice 21 :3 . 21, Mat . 22 :31,32 ; veja também Lucas
14 :14 . 22, João 5'.24, 25 ; veja também o versículo 21 e 11 :23-25 . 23, João 3 :14, 15 .

348 REGRAS DE FÉ

Mim ainda que esteja morto viverá" . 24 Profetizou também


abundantemente de Sua própria ressurreição e determinou o
tempo que Seu corpo estaria sepultado . 23

Duas Ressurreições Gerais são mencionadas nas Escrituras


e podemos designá-las como primeira e última, ou a ressurrei-
ção dos justos e a ressurreição dos injustos . A primeira iniciou-
se com a de Jesus Cristo e imediatamente após Sua ressurreição
muitos dos santos se levantaram de seus sepulcros . A ressurrei-
ção dos justos, continuação da anterior, está-se efetuando des-
de então 2ó e aumentará grandemente ou se efetuará de forma
geral por ocasião da vinda de Cristo em Sua glória . A ressurrei-
ção final será adiada até o fim dos mil anos de paz e se deixará
para o juízo final.
A Primeira Ressurreição — A Ressurreição de Cristo e a que
se seguiu — Os fatos da ressurrreição de Cristo dentre os mortos
são testificados por provas tão numerosas das Escrituras que
não há dúvida de sua realidade nas mentes dos que crêem nos
anais sagrados . As mulheres que foram de manhã bem cedo
ao túmulo, o anjo que havia afastado a pedra da entrada da se-
pultura falou, dizendo : "Ele não está aqui, porque já ressusci-
tou, como havia dito" .' Posteriormente o Senhor ressuscitado se
manifestou a muitos,' no intervalo de quarenta dias entre Sua
ressurreição e ascensão .' Após a ascensão manifestou-Se aos ne-
fitas no hemisfério ocidental, como já foi mencionado alhures . 4
Os apóstolos, segundo veremos mais adiante, não cessaram de
testificar sobre a realidade da ressurreição do Senhor, nem dei-
xaram de proclamar ressurreições futuras.
Cristo, "primícias dos que dormem",' "o primogênito den-
tre os mortos", foi o primeiro de todos os homens a sair da se-
pultura com um corpo imortal ; porém, pouco depois de Sua
ressurreição muitos santos se levantaram de seus túmulos . "E
24 . João 11 :25 . 25, Veja Mat . 12:40 ; 16 :21 ; 17 :23 ; 20 :19 . 26, Note o fato de que Moroni,
o último dos profetas nefitas, que morreu na primeira parte do século V de nossa era, apa-
receu a Joseph Smith em 1820 como um ser ressucitado . 1, Mat . 28 :6 ; veja Jesus the
('hrist, cap . 37 . 2, Veja Mateus 28 :9,16 ; Marcos 16 :14 ; Lucas 24 :13-31 . 64 ; João 20 :14-17,
19, 26 : 21 :1-4 : 1 Cor . 15 :5-8 . 3, Veja Lucas 24 :49-51 ; Atos 1 :1-11 . 4, Veja 3 Nefi, caps.
11 . 26 ; Éter, cap . 3 . 5, 1 Copr . 15 :20-23 ; veja também Atos 26 :23 ; Col . 1 :18 ; Apoc . 1 :5;
veja "Vitality of Mormonism", págs . 288-294 .

REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO 349

abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos que dormiam


foram ressuscitados . E, saindo dos sepulcros, depois da ressur-
reição dele, entraram na cidade santa e apareceram a muitos" .'

Alma, o profeta nefita que escreveu alguns anos antes do


nascimento de Cristo, entendeu claramente que não haveria
ressurreição anterior à do Redentor, pois declara : "E eis que te -
digo que não há ressurreição — ou direi, em outras palavras,
que este corpo mortal não se revestirá de imortalidade, que esta
corrupção não se revestirá de incorrupção -- senão depois da
vinda de Cristo " . Alma também previu uma ressurreição geral
relacionada com a ressurreição de Cristo dentre os mortos,
como o indica o contexto da passagem citada? Houve, entre os
nefitas, homens inspirados que falaram da morte e ressurreição
de Cristo,8 mesmo enquanto Ele exercia Seu ministério na car-
ne ; e confirmou estes ensinamentos a aparição do Senhor ressur-
gido entre eles,9 como o haviam predito os profetas anteriores . 10
Nos últimos dias o Senhor se manifestou novamente e de-
clarou o fato"de Sua morte e ressurreição : "Pois, eis que o Se-
nhor vosso Redentor padeceu a morte na carne ; portanto, so-
freu a dor de todos os homens, para que todos pudessem arre-
pender-se e vir a Ele . E ressuscitou outra vez dentre os mortos,
para que pudesse trazer a Si todos os homens, sob condição de
arrependimento" ."
A Ressurreição no Tempo da Segunda Vinda de Cristo — Pou-
co depois de ter partido Cristo da terra, os apóstolos, com quem
então ficou a responsabilidade direta de dirigir a Igreja, come-
çaram a pregar a doutrina de uma ressurreição futura e univer-
sal . Este ensinamento parece ter sido parte muito importante de
suas instruções, porque dele se queixaram os Saduceus, que se
apoderaram dos apóstolos mesmo dentro dos limites sagrados
do templo, "doendo-se muito de que ensinassem o povo e anun-
ciassem em Jesus a ressurreição dos mortos ." 12 Paulo chegou a
ofender pelo zelo com que pregava a ressurreição, como o faz

6 . Mat . 27 :52,53 . 7, Alma 40:2,16 . 8, Veja 3 Nefi 6 :20 . 9, Veja 3 Nefi cap . I I . 10,
Veja 1 Nefi 12 :6 ; 2 Nefi 26 :1,9 ; Alma 16,20 : 3 Nefi 11 :12. 11, D . & C . 18 :11,12 . 12,
Atos 4 :2 ; veja também Mat . 22 ;23,31,32 e Atos 23 :8 .

350 REGRAS DE FÉ

constar sua contenda com certos filósofos dos epicúreos e dos


estóicos : "E alguns . . . contendiam com ele ; e uns diziam : Que
quer dizer este paroleiro? E outros : Parece que é pregador de
deuses estranhos . Porque lhes anunciava a Jesus e à ressurrei-
ção " .13 Continuou a discussão na colina de Marte, ou Areópa-
go, de onde o apóstolo pregou o Evangelho do Deus verdadeiro
e vivo e a doutrina da ressurreição . "E, como ouviram falar da
ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam:
Acerca disso te ouviremos outra vez" ." A mesma verdade de-
clarou a Felix, o governador da Judéia," e, quando o levaram
preso ao rei Agripa, perguntou, como se fosse uma das princi-
pais acusações contra ele : "Pois que? Julga-se coisa incrível en-
tre vós que Deus ressuscite os mortos?" 16
A ressurreição foi um dos temas favoritos de Paulo e em
suas epístolas aos santos referia-se a ela freqüente e enfatica-
mente ." Ele também nos dá a saber que certa precedência será
observada na ressurreição : "Mas agora Cristo ressuscitou dos
mortos, e foi feito as primícias dos que dormem . Porque, assim
como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos
mortos veio por um homem . Porque, assim como todos morrem
em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo . Mas
cada um por sua ordem ; Cristo as primícias, depois os que são
de Cristo, na Sua vinda" . 1e
Afirma-se expressamente que muitos sepulcros entregarão
seus mortos no tempo do advento glorioso de Cristo e que os
justos que dormiram, junto com muitos que não morreram, se-
rão arrebatados para receber o Senhor . Foi escrito o seguinte
aos santos de Tessalônica : "Aos que em Jesus dormem Deus os
tornará a trazer com ele . . . Porque o mesmo Senhor descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de
Deus ; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro . De-
pois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamen-
te com eles nas nuvens a encontrar o Senhor nos ares" . 19

13, Atos 17 :18 . 14, Atos 17 :32 . 15, Veja Atos 24 :15 . 16, Atos 26 :8 . 17, Veja Rom.
6 :5 ; 8 :11 ; 1 Cor . cap . 15 ; 11 Cor . 4 :14 ; Filip . 3 :21 ; Col . 3 :4 ; 1 Tes . 4 :14 ; Heb . 6 :2 . 18, 1 Cor.
15 :20-23 ; deve-se estudar todo o capitulo 19, 1 Tes . 4 :14-17 .

REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO 351

Aos três discípulos nefitas que haviam pedido a mesma


bênção de João, o apóstolo amado, Cristo prometeu : "E vós
nunca padecereis as penas da morte ; mas, quando Eu vier em
Minha glória, sereis transformados, num abrir e fechar de
olhos, da mortalidade para a imortalidade " . 20
Por meio da revelação dos últimos dias, o Senhor disse : "E
eis que virei ; eles Me verão nas nuvens dos céus, vestido em po-
der e grande glória, e com todos os santos anjos ; e aquele que
não Me espera será exterminado . Mas, antes que caia o braço
do Senhor, um anjo soará a sua trombeta, e os,santos que tive-
rem dormido surgirão para Me encontrar nas nuvens"» A res-
peito dos muitos sinais e prodígios que acompanharão a gloriosa
vinda do Senhor, encontramos esta descrição parcial : "E o ros-
to do Senhor se desvendará ; e os santos que estiverem sobre a
terra, e estiverem vivos, serão vivificados e serão arrebatados
para encontrá-Lo . E os que tiverem dormido em suas sepulturas
surgirão, pois suas covas se abrirão ; e eles também serão arre-
batados para encontrá-Lo no meio do pilar : do céu . Eles são de
Cristo, os primeiros frutos, os que descerão com Ele primeiro ; e
os que estarão na terra e em suas sepulturas, os quais primeiro
serão arrebatados para encontrá-lo" ."
Estas são algumas das glórias que acompanharão a ressur-
reição dos justos . Nesta santa companhia ficarão incluídos to-
dos aqueles que fielmente viveram de acordo com as leis de
Deus, até onde as tenham conhecido, as crianças que morreram
em sua inocência e os justos que entre as nações pagãs viveram
em obscuridade relativa enquanto buscavam a luz às apalpade-
las e morreram em ignorância . A revelação moderna esclarece
esta doutrina : "Então as nações pagãs redimidas, e aqueles que
não conheceram nenhuma lei tomarão parte na primeira ressur-
reição" . 23 O Milênio, pois, será inaugurado com o resgate glo-
rioso dos justos do poder da morte ; e o seguinte foi escrito
sobre esse grupo de redimidos : "Bem-aventurado e santo aque-
le que tem parte na primeira ressurreição ; sobre estes não tem

20, 3 Néfi 28 :8 . 21 . D . & C . 45:44 .45 . 22, D . & C . 88 :95-98 . 23, D . & C . 45 :54 ; veja .
também Eze . 36 :23,24 ; 37 :28 : 39 :7,21,22 : veja o apêndice 21 :4 .

352 REGRAS DE FÉ

poder a segunda morte ; mas serão sacerdotes de Deus e de


Cristo e reinarão com Ele mil anos" . 24
A Ressurreição Final — "Mas outros mortos não reviveram,
até que os mil anos se acabaram " . 25 Assim testifica o Revelador
após ter descrito as gloriosas bênçãos que os justos terão na pri-
meira ressurreição . Os injustos serão chamados ao juízo de con-
denação, quando o mundo regenerado estiver pronto para ser
apresentado ao Pai . 26
É notável o contraste entre aquele cuja participação na pri-
meira ressurreição é certa e aqueles cujo destino é esperar até o
tempo do juízo final ; e não há passagem das Escrituras que o
atenue . É-nos dito que fazemos bem em chorar pelos que mor-
rem, "E mais especialmente, por aqueles que não têm esperan-
ça duma ressurreição gloriosa" .' Na época atual tem-se ouvido
a voz de Jesus Cristo advertir solenemente : "Atendei, pois eis
que o grande dia do Senhor está perto . Pois o dia se aproxima
em que dos céus o Senhor fará soar a Sua voz ; os céus se abala-
rão, e a terra estremecerá, e a trombeta de Deus soará longa e
estrondosamente e dirá às nações adormecidas : vós santos, le-
vantai-vos e vivei ; vós pecadores, permanecei e dormi até que
Eu volte a chamar-vos outra vez!" 2
João ilustra da seguinte maneira o quadro final : "E vi os
mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e
abriram-se os livros ; e abriu-se outro livro, que é o da vida ; e os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos li-
vros, segundo as suas obras . E deu o mar os mortos que nele ha-
via ; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia ; e fo-
ram julgados cada um segundo as suas obras" .' Como as Escri-
turas conclusivamente o demonstram, a ressurreição há de ser
universal . Mesmo sendo certo que os mortos se levantarão por
ordem, cada qual conforme o seu preparo para uma época pri-
meira ou posterior, não obstante, todo aquele que viveu na car-
ne tomará de novo seu corpo ; e tendo seu espírito e seu corpo
reunidos será então julgado.
O Livro de Mórmon oferece uma descrição precisa da

24, Apoc . 20:6 . 25, Apoc . 20:5 . 26, Veja o apêndice 21 :5 . 1, D . & C . 42 :45 . 2,
D . & C. 43 :17,18. 3, Apoc . 20 :12,13 .

REGENERAÇÃO E RESSURREIÇÃO 353

resssurreição literal e universal : "Existe uma morte que é cha-


mada morte temporal ; . e a morte de Cristo afrouxará os laços
dessa morte temporal para que todos se levantem dela . O espírq-
to e o corpo serão novamente reunidos em sua perfeita forma;
os membros e juntas serão restabelecidos em seus próprios lu-
gares, assim como nós estamos neste momento ; e seremos leva-
dos a nos apresentar perante Deus, sentindo o que sentimos
agora, e tendo uma viva lembrança de todas as nossas faltas.
Agora, sabei mais : esta restauração acontecerá a todos, tanto
velhos como moços, tanto escravos como libertos, tanto ho-
mem como mulher e tanto os injustos como os justos e não se
perderá um só fio de seus cabelos, mas tudo será restaurado em
sua perfeita forma, ou no corpo como está agora, e todos serão
levados perante o tribunal de Cristo, o Filho, e Deus, o Pai, e o
Espírito . Santo, que são o Eterno Deus, para serem julgados se-
gundo suas obras, sejam elas boas ou más . Agora, eis que vos fa-
lei sobre a morte do corpo mortal e também sobre a ressurrei-
ção do corpo mortal e digo-vos que este corpo mortal será res-
suscitado num corpo imortal, isto é, passará da morte, mesmo
da primeira morte, à vida, para não mais morrer" . 4
Considere também o seguinte : "Da morte de Cristo veio a
ressurreição e desta a redenção de um interminável sono, do
qual todos os homens serão acordados pelo poder de Deus,
quando soarem as trombetas e eles virão simultaneamente, pe-
quenos e grandes, e todos permanecerão de pé perante o tribu-
nal de Deus, sendo remidos e desatados das eternas cadeias da
morte que é uma morte temporal . Então virá o julgamento do
Santo sobre eles ; e então chegará a hora em que os impuros
continuarão na impureza ; e os que são justos continuarão em
sua justiça ; os que são felizes permanecerão felizes e os desgra-
çados permanecerão em sua miséria" . 5
A palavra da verdade revelada tem até agora estendido o
nosso conhecimento quanto ao destino da raça humana . Além
da regeneração da terra e do juízo final de justos e iníquos, mui-
to pouco sabemos, exceto que existe um plano de progressão
eterna.
4, Alma 11 :42-45 ; 5, Mormon 9 :13,14 .

354 REGRAS DE FÉ

REFERENCIAS

A Terra regenerada
Eis que Eu crio céus novos e nova terra — Is . 65 :17 ; veja também Is . 51 :16 ; 66 :22 ; 2 Ped.
3 :13 ; leia versículos 4-13.
E vi um novo céu e uma nova terra . Porque já o primeiro céu e a primeira terra passearam
— Apoc . 21 :1 ; Éter 13 :9.
A terra obedece à lei celestial e será vivificada — D . & C . 88 :25-26.
A terra será dada aos justos como uma herança — D . & C. 45 :58 ; 56:20.
Todas as velhas coisas passarão e todas as coisas se tornarão novas — D . & C . 29 :24 ; 101 :24.
A terra no seu estado santificado, imortal e eterno — D . & C . 77 :1 . Esta terra em seu estado
santificado c imortal será transformada como que em cristal e seráum Urim e Tumim — D.
& C . 130:9.
Condição bendita dos habitantes da terra santificada — D . & C . 101 :26-31 ; Is . 65 :20-25.
Reinará Aquele cujo direito é reinar — D . & C . 58:22.
O Senhor mostrou a Enoque todas as coisas, até mesmo o fim do mundo ; e ele viu o dia dos
justos e a hora de sua redenção — Moisés 7:67.

A ressurreição da morte
Ainda em minha carne verei a Deus — Jó 19 :26 ; veja também Jó 19:25, 27 ; 14 :13, 14.
Deus remirá a minha alma do poder da sepultura — Sal . 49:15.
Teus mortos viverão, como também o meu corpo morto — Is . 26 :19 ; 25:8.
Ezequiel viu em visão um vale de ossos secos, e a ressurreição deles — Ez . 37 :1-4.
Alguns ressuscitarão para vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno — Dan.
12 :2.
Eu os remirei da violência do inferno e os resgatarei da morte — Os . 13:14.
Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos — Mat . 22 :32 ; leia os versículos 23-32.
Recompensado te será na ressurreição dos justos — Luc . 14 :14.
Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles
a quem quer — Assim como o Pai tem vida em Si mesmo, também concedeu ao Filho ter
vida em Si mesmo — Todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão, alguns
para a ressurrreição da vida e outros para a ressurreição da condenação — João 5 :21-29.
A promessa do Senhor a respeito da ressurreição dos justos — João 6 :35-54.
Sou a ressurreição e a vida ; quem cré em Mim, ainda que esteja morto viverá — João 11 :23 .

REFERENCIAS 355

Predição de Cristo acerca de Sua própria morte e ressurreição : Mostrou ao. discípulos que
seria morto e que ressuscitaria ao terceiro dia — Mat . 16 :21 ; 17 :22, 23 ; 20:17-19 ; Mar . 8 :31;
9 :9 ; Luc . 18 :31-34 ; João 2 :19-22 ; 12 :23-33.
Outras predições da ressurreição de Cristo : Ele sofre tudo isso para que os homens ressus-
citem — 2 Néfi 9 :22 . Ele deverá morrer para que a salvação possa vir — Helamã 14 :15 . Cris-
to levará a efeito a ressurreição dos mortos — Mosiah 15 :20 ; 2 Néfi 2:8, 9 . A morte e ressur-
reição do Senhor foram reveladas a Enoque — Moisés 7 :47.

Realidade da ressurreição de Cristo


O anjo disse : Não está aqui, porque já ressucitou, como havia dito — Mat . 28 :6 ; leia os
versículos 5-18.
Buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado ; já ressuscitou, não está aqui — Mar . 16 :6;
leia versículos 1-14.

Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão — Luc . 24:34 ; leia os versícu-


los 30-46.
O Senhor ressuscitado apareceu aos apóstolos em Jerusalém e mostrou-lhes as Suas mãos e
o lado — João 20 :19, 20 ; leia os versículos 15-29.
Eu sou o que vivo e fui morto — Apoc . 1 :18.
O Senhor ressuscitado apareceu aos nefitas e foi proclamado pelo Pai — 3 Néfi 11 :7 . Ele
mostrou as chagas recebidas dos que o crucificaram — 3 Néfi 11 :1, 14-16.
Um deles se faça conosco testemunha da Sua ressurreição — Atos 1 :22.
Ao qual Deus ressuscitou, soltas as dores da morte — Atos 2 :24 ; leia versículos 22-32 . Há de
haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos — Atos 24 :15.
Pois que? Julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os monos — Atos 26 :8, 23.
Foi Cristo Quem morreu, ou antes Quem ressuscitou dentre os mortos — Rom . 8:34 ; 14:9 ; 1
Cor. 6 :14.
O testemunho de Paulo que Cristo morreu, foi sepultado e ressuscitou — 1 Cor . 15 :3-8 ; leia
os versículos 3 :55 ; veja também 2 Cor . 4 :14.
Cristo, o primogênito dentre os mortos — Col . 1 :18 ; Atos 26 :23 ; as primícias dos que dor-
mem — Cor . 15 :20 ; o primogênito dos mortos — Apoc . 1 :5.
E ressuscitou outra vez dentre os monos — D . & C . 18:12 ; 20:23 .

356 REGRAS DE FÉ

Ressurreições passadas e futuras na ordem estabelecida


E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados —
Mat . 27 :52, 53 ; compare Helamã 14:25 ; 3 Néfi 23 :9.
Ressurreições entre os nefitas logo após a de Cristo — 3 Néfi 23 :10 ; leia versículos 9-13
Ressurreição dos justos e dos injustos — Dan . 12 :2 ; João 5 :29 ; Atos 24:15 ; Alma 33:22 ; He
lamã 14 :18 ; Mórmon 7 :6 ; D . & C . 76:15-17, 39, 50, 65, 85 ; 43 :18.
Os que tiverem dormido em suas sepulturas surgirão — D . & C . 88 :97 ; 133 :56 ; o resto do
mortos não viverá até que se passem os mil anos — D . & C . 88 :101.

Qúalquer principio de inteligência que alcançarmos nesta vida surgirá conosco na ressur-
reição — D . & C . 130 :18.
Somente contratos e conexões feitos e selados para toda a eternidade terão eficácia ou vi-
gor depois da ressurreição — D . & C . 132:7.
Todos serão ressuscitados, mas cada um por sua ordem — 1 Cor. 15 :22, 23 ; leia os versículo
22-44.
Estado da alma entre a morte e a ressurreição — Alma cap . 40.
Capítulo 22

LIBERDADE E TOLERANCIA RELIGIOSA

Regra 11 — Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-


poderoso de acordo com os ditames da nossa consciên-
cia e concedemos a todos os homens o mesmo privilé-
gio, deixando-os adorar como, onde, ou o que quiserem.

O Direito do Homem de Adorar Sem Restrição — Os Santos


dos Últimos Dias declaram adorar incondicionalmente aos
princípios de liberdade e tolerância religiosa . Afirmam que a li-
berdade de adorar a Deus conforme os ditames da consciência
é um dos direitos inerentes e inalienáveis da humanidade . Os
inspirados autores da constituição norte-americana proclama-
ram ao mundo, como verdade patente, que o patrimônio co-
mum do gênero humano concede a todo indivíduo o direito da
vida, da liberdade e da felicidade . Para aquele a quem é negada
a liberdade de adorar como deseja, a felicidade é desconhecida,
a liberdade só um nome e a vida um desapontamento . Nenhu-
ma pessoa que tem respeito a Deus pode estar contente se a res-
tringem no cumprimento do dever mais nobre de sua existên-
cia . Poderia alguém ser feliz, mesmo vivendo num palácio, la-
deado de toda comodidade material e de toda facilidade para
seu prazer intelectual, se o impedissem de se comunicar com o
ser que mais amasse?

Que é Adoração? — A origem da palavra oferece uma res-


posta. Compõe-se de dois vocábulos latinos, ad, que significa a
ou para, e orare, cujo significado é o mesmo que orar, em portu-
guês . A indicação é, então, orar para, orar a certo objeto . A ca-
pacidade de adoração do indivíduo para orar a depende de
como compreende o mérito de que está revestido o objeto de
sua reverência . A' habilidade do homem para adorar constitui a
medida de seu conhecimento de Deus . Quanto mais completa
esta interpretação e mais íntima a comunicação entre Deus e o
adorador, mais completa e sincera será sua homenagem . Quan-

358 REGRAS DE FÉ

do dizemos que alguém adora o bom, o belo, o verdadeiro, que-


remos dizer que esse alguém tem um conceito mais profundo
do mérito que assinala o objeto de sua adoração do que outro
cuja percepção não tende a fazê-lo reverenciar essas enobrece-
doras virtudes.
De maneira que o homem adorará conforme o conceito
que tenha dos poderes e atributos ; e tal conceito se aproxima
do verdadeiro em proporção à luz espiritual que recebeu . Não
pode haver adoração verdadeira onde não houver reverência
ou amor para com o objeto . Esta reverência poderá estar mal
fundamentada ; a adoração poderá ser uma espécie de idolatria;
o objeto poderá certamente carecer de mérito ; entretanto,
deve-se dizer que o devoto está adorando, se sua consciência
revestiu o ídolo, desse atributo de mérito . Falamos de "adora-
ção verdadeira", sendo esta expressão um - pleonasmo . Adoração,
como já se afirmou, é a reverência, nascida do coração, que se
tributa ao objeto como conseqüência de um conceito sincero
que se tem de seu mérito ; se a manifestação de reverência é
ocasionada por uma convicção inferior, nada mais é que imita-
ção . Pode ser tachada de falsa tal adoração, se assim se desejar,
porém deve-se ter em mente que a adoração é forçosamente
verdadeira ; não se faz mister acrescentar um adjetivo à palavra
para ampliar seu significado ou atestar sua legitimidade . Adora-
ção, assim como a oração, não é uma questão de forma . Não
consiste em postura, nem em gestos, rituais e credos . Pode-se
render a mais profunda adoração sem nenhum dos acessórios
artificiais do ritualismo : pode servir de altar a pedra do deserto;
os picos das serras eternas como torres de templos ; a abóbada
celeste é de todas as cúpulas de catedrais a mais admirável.
Em seu coração o homem é a expressão parcial do que
adora . O selvagem que não conhece maior triunfo que o da san-
grenta vitória sobre seu inimigo, que considera as façanhas e a
força física como as qualidades mais desejáveis de sua raça e
que vê na vingança e na represália as gratificações da vida, atri-
bui essas qualidades a seu deus, e lhe tributa a mais profunda
reverência em sangüinários sacrifícios . As práticas repugnantes
da idolatria emanam dos conceitos pervertidos que se tem do

LIBERDADE E TOLERANCIA RELIGIOSA 359

mérito humano, e se refletem nas horrendas criações, inspira-


das pelo diabo e fabricadas pelo homem, que se fazem chamar
deidades . Por outro lado, o homem cuja alma iluminada rece-
beu a impressão do amor puro e imaculado atribuirá a seu Deus
as qualidades de ternura e carinho e dirá em seu coração:
"Deus é amor ." Por conseguinte o conhecimento é essencial à
adoração ; o homem não pode em ignorância servir a Deus
como convém, e quanto maior seu conhecimento da personali-
dade divina tanto mais completa e verdadeira será sua adora-
ção . Pode aprender a conhecer o Pai, e o Filho que foi enviado;
e este conhecimento é a garantia que o homem tem de vida
eterna.
Adoração é uma homenagem voluntária da alma. Compul-
soriamente ou para ostentação pode alguém com hipocrisia
cumprir todas as cerimônias exteriores de um sistema estabele-
cido de oração ; poderá recitar as palavras de orações prescritas
e professar um credo com os lábios . Entretanto, este intento
nada mais é que o burlar da adoração e sua prática é um pecado.
Deus não pede homenagem relutante nem louvor forçado . O
formalismo na adoração só é aceito até o ponto em que o acom-
panha uma devoção inteligente e só é genuíno quando serve de
auxílio à devoção espiritual que conduz à comunicação com
Deus . A oração nada mais é que um eco vazio se em todo o sen-
tido não for uma indicação do volume do justo anelo da alma.
As comunicações que são dirigidas ao Trono da Graça devem
levar o selo da sinceridade, para chegarem a seu exaltado desti-
no . A forma de adoração mais aceita é aquela que se baseia
num cumprimento ilimitado das leis de Deus, à medida que o
adorador se inteira de seu significado.

Intolerância Religiosa — A Igreja afirma que o direito de


adorar conforme os ditames da consciência é algo que o ho-
mem recebeu de uma autoridade superior a qualquer que haja
no mundo e, portanto, nenhum poder terreno pode impedir,
com justiça, seu exercício . Os Santos dos Últimos Dias têm por
inspirado o decreto constitucional que defende a liberdade reli-

360 REGRAS DE FÉ

giosa nos .Estados Unidos da América, pois jamais se expedirá


qualquer lei "concernente ao estabelecimento de uma religião,
ou que proiba o livre exercício da mesma",' e com toda con-
fiança crêem que ao se estender a luz por todo o mundo, toda
nação oferecerá uma semelhante garantia . A intolerância tem
sido o maior obstáculo do progresso em todas as épocas ; entre-
tanto, sob a manto do zelo religioso pervertido, as nações, en-
quanto se gabam de sua civilização, e os que professam ser mi-
nistros do Evangelho de Cristo, mancham as páginas da história
do mundo com o relato de atos tão atrozes de perseguição que
provocam lágrimas dos céus . Neste sentido, o assim chamado
cristianismo deveria esconder o rosto de vergonha ante as crô-
nicas da tolerância pagã . Enquanto Roma foi, com eficácia mas
arrogantemente, a dona do mundo, concedeu a seus súditos
vencidos o direito da liberdade de culto, exigindo-lhes somente
que se abstivessem de molestar a outros ou a si mesmos no
exercício da dita liberdade.
Os filhos de Israel prosperaram enquanto efetivamente fo-
ram adoradores de Jeová, porém não tardaram a se tornar into-
lerantes, considerando-se seguros de uma posição exaltada e
desprezando como inferiores a todos aqueles que não eram do
povo do convênio . Durante Seu ministério entre eles, Cristo
viu com tristeza compassiva a escravidão espiritual e intelec-
tual daqueles tempos e lhes declarou a palavra salvadora : "A
verdade vos libertará" . Ouvindo isto, certos provocadores, jus-
tificadores de si mesmos, enraiveceram-se e responderam jac-
tando-se : "Somos descendentes de Abraão e nunca servimos a
ninguém ; como dizes tu : Sereis livres?" Então o Mestre censu-
rou seu fanatismo, dizendo : "Bem sei que sois descendência de
Abraão ; contudo, procurais matar-Me, porque a Minha pala-
vra entra em vós" . 2
Não é de causar muito assombro o fato de que os primeiros
cristãos, zelosos da nova fé em que se haviam batizado, e re-
cém-convertidos da idolatria e superstição pagãs, se tenham
considerado superiores ao resto do gênero humano que ainda

1, Constituição dos Estados Unidos da América, Reforma I' . 2, João 8 :32-45 ; veja tam-
bém Mat . 3 :9 ; Veja Jesus o Cristo, capítulo 25 .
LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA 361

jazia nas trevas e ha ignorância . O próprio João, conhecido tra-


dicionalmente como o Apóstolo do Amor, mas que, entretanto,
como o seu irmão Tiago recebeu do Senhor o sobrenome Boa-
nerges, ou Filho do Trovão,' manifestou intolerância assim
como rancor para com aqueles que não seguiam seu caminho ; e
em mais de uma ocasião foi repreendido por seu Mestre . Note-
mos este acontecimento : "E João lhe respondeu, dizendo : Mes-
tre vimos um que em Teu nome expulsa demônios, o qual não
nos segue ; e nós lho proibimos, porque não nos segue . Jesus,
porém, disse : Não lho proibais ; porque ninguém há que faça
milagres em Meu nome e possa logo falar mal de Mim . Porque
quem não é contra nós é por nós . Porquanto, qualquer que vos
der a beber um copo d'água em Meu nome, porque sois discí-
pulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu ga-
lardão" .' Em outra ocasião, enquanto viajavam com seu Senhor
por Samaria, os Apóstolos Tiago e João se indignaram com a
falta de respeito dos samaritanos para com o Mestre e lhe im-
ploraram que permitisse chamar fogo dos céus para consumir
os incrédulos ; porém o Senhor imediatamente censurou seu de-
sejo vingativo, dizendo-lhes : "Vós não sabeis de que espírito
sois, porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas
dos homens, mas para salvá-las" .'
As Escrituras não Autorizam a Intolerância — Os ensinamen-
tos de Nosso Senhor exalam um espírito de indulgência e amor,
mesmo para com os inimigos . Tolerou, porém sem aprovar, os
pagãos em suas práticas idólatras ; os samaritanos e seus costu-
mes degenerados de adorar ; os saduceus, amantes do luxo, e os
fariseus aferrados à lei . Nem contra os inimigos permitiu o ódio.
Suas instruções foram : "Amai a vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei o bem aos que vos odeiam, e orai pelos que
vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do vos-
so Pai que está nos céus ; porque faz que o Seu sol se levante
sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos" .'
Mandou que os doze saudassem com sua benção a casa onde

3, Veja Marcos 3 :17 . 4, Marcos 9:38-41 ; veja também Lucas 9 :49, 50 e compare com Nú-
meros 11 :27-29 . 5, Lucas 9 :51-56 ; veja também João 3:17 ; 12 :47 ; veja o apéndice 22 :1.
6, Mat . 5 :44,45 .

362 REGRAS DE FÉ

solicitaram hospedagem . É certo que, se o povo os rechaçava e


à sua mensagem, teria que sobrevir uma tribulação ; entretanto,
a imposição desse anátema haveria de ser prerrogativa divina.
Na parábola do trigo e do joio Cristo ensinou a mesma lição de
indulgência . Os servos ansiosos queriam arrancar a erva, porém
foi-lhes proibido, para que não arrancassem com ela o trigo, e
se lhes assegurou que seria feita uma separação no tempo da
colheita .'
Apesar do declarado espírito de tolerância e amor que tão
palpavelmente se manifesta nos ensinamentos do Salvador e
Seus apóstolos, tem-se tentado justificar a intolerância e a per-
seguição por meio das escrituras . 8 As duras palavras de Paulo
aos Gálatas tem sido dada uma interpretação inteiramente dis-
tinta do espírito que as motivou . Admoestando os santos contra
falsos mestres, disse : "Assim como já vo-lo dissemos, agora de
novo também vo-lo digo . Se alguém vos anunciar um outro
evangelho além do que já recebestes, seja anátema" . Baseando-
se nesta enérgica advertência e denúncia, alguns têm tentado
justificar a perseguição por motivo de diferenças religiosas, po-
rém esta interpretação errônea deve-se imputar à leitura super-
ficial e ao preconceito iníquo . Acaso não foi, ou não é lógico di-
zer que qualquer homem ou grupo de homens, qualquer seita,
denominação ou igreja que prega seus próprios conceitos como
o Evangelho autêntico de Jesus Cristo incorre numa blasfêmia e
merece maldição de Deus? Paulo expressa inequivocamente a
natureza do evangelho que com tanto brio defendeu, como o
faz constar de suas seguintes palavras : "Mas faço-vos saber, ir-
mãos que o evangelho que por mim foi anunciado não é segun-
do os homens . Porque não o recebi nem aprendi de homem al-
gum, mas pela revelação de Jesus Cristo" . 9 Deve-se ter em
mente que ao Senhor cabe a vingança e a recompensa) 0
A intenção das palavras de conselho que João dirigiu à se-
nhora eleita também foi pervertida, e os perseguidores e fanáti-
cos converteram em refúgio os ensinamentos do autor da epís-
tola . Prevenindo-a contra os ministros do anticristo que labo-

7, Veja Mat . 13 :24-30 . 8, Veja o apéndice 22 :1 . 9, Gál . 1 :8-12 ; veja Vitalityu of Mormo-
nism, pág . 182 . 10, Veja Deut . 32 :35 ; veja também Sal . 94:1 ; Rom . 12 :19 ; Heb . 10 :30 .
LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA 363

riosamente disseminavam heresias, o apóstolo escreveu : "Se al-


guém vier ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais
em casa, nem tampouco o saudeis . Porque quem o saúda tem
parte nas suas más obras" ." Nenhuma interpretação justa pode
encontrar nestas palavras justificação para a intolerância, a per-
seguição e o ódio.
Um renomado escritor cristão de nossos dias expressou
com clareza e vigor a verdadeira intenção do apóstolo . Depois
de lamentar a "estreita intolerância de um dogmatismo igno-
rante", diz o seguinte : "O Apóstolo do Amor teria contradito
todas as coisas sublimes de seus próprios ensinamentos se cons-
cientemente tivesse desculpado ou sequer incentivado a intole-
rância . . . Por outro lado, esta expressão da breve epístola de
João não se presta a tão grande perversão . O que João em ver-
dade diz, e realmente dá a entender, é algo completamente di-
ferente . Eram inumeros os falsos mestres que, professando ser
cristãos, despojavam a natureza de Cristo de tudo aquilo que
dava sua eficácia à expiação e seu significado à encarnação . Es-
ses mestres, assim como outros missionários cristãos, viajavam
de povoado em povoado e, não havendo hospedaria pública,
hospedavam-se nas casas dos conversos cristãos . João admoesta
esta senhora cristã a quem se dirige que com o oferecer sua hos-
pedagem àqueles perigosos emissários que corrompiam as ver-
dades fundamentais do cristianismo estava manifestando-lhes
publicamente sua aprovação ; e fazendo isto e desejando-lhes
felicidades ela tomaria parte direta no prejuízo que causavam.
Isto é razoável e não há no caso nenhuma falta de benevolên-
cia . Ninguém é obrigado a apoiar a propagação de ensinamen-
tos que considera errôneos, no que diz respeito às doutrinas
mais essenciais de sua própria fé . Fazer isso nos dias em que os
centros cristãos eram pequenos e débeis teria sido menos opor-
tuno . Porém, interpretar estas palavras como quase em todas as
idades têm sido interpretadas — transformando-as numa espécie
de mandamento de exagerar as pequenas diferenças em opi-
niões religiosas, e perseguir aqueles cujas opiniões não concor-
dam com as nossas — converter nossas idéias em provas conclu-

11, 2 João 10,11 .


364 REGRAS DE FÉ

sivas de heresia, e dizer, como Cornélio e Lápide, que estas pa-


lavras condenam `toda conversação, toda relação, todo trato
com hereges', é interpretar as escrituras à luz da parcialidade e
da auto-satisfação e não lê-las à luz do amor santo " . 12

Tolerância Não Significa Aceitação — A fraqueza humana


de passar de um extremo a outro no que diz respeito a pensa-
mentos e atos acha exemplos bem mais gritantes em assuntos
religiosos do que nas relações do homem com seus semelhan-
tes . Por um lado, está inclinado a julgar que a fé de outros não
somente é inferior à sua, mas que não merece consideração
qualquer ; e por outro lado julga que todas as seitas têm igual
justificação quanto aos seus ensinamentos e práticas e, portan-
to, não existe uma primazia entre as diferentes religiões . Não é
de forma nenhuma inexplicável que os Santos dos Ultimos Dias
proclamem convictamente que a sua Igreja é a aceita, a única
que merece a designação "Igreja de Jesus Cristo", o único re-
positório terreno do Sacerdócio eterno na época atual e, não
obstante, que estão dispostos a ser benevolentes e reconhecer a
sinceridade de propósito de toda alma ou seita que honrada-
mente professa a Cristo, ou que simplesmente mostra respeito
para com a verdade e manifesta um desejo sincero de viver de
acordo com a luz que recebeu . A minha fidelidade para com a
Igreja que escolhi se baseia numa convicção da veracidade e
validade de sua alta afirmação de ser a única Igreja que possui a
autoridade dada por Deus . Entretanto, considero outras seitas
como sinceras até que manifestem o contrário e estou disposto
a defendê-las em seus direitos.
Joseph Smith, o primeiro profeta da dispensação atual, re-
preendendo alguns dos irmãos por se mostrarem intolerantes
para com as crenças que outros estimavam, ensinou que até o
idólatra deveria ser protegido em sua adoração ; que, apesar de
ser rigoroso dever de qualquer cristão empenhar seus esforços na
instrução de almas tão extraviadas, não haveria justificação que
pela força se privasse até mesmo os pagãos de sua liberdade de
adoração . A vista de Deus a idolatria é sumamente detestável;
12, The Early Days of Chrlstianity por Cannon Farrar, págs . 587, 588 .

LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA 365

entretanto, Ele é tolerante para com aqueles que, não conhe-


cendo, cedem a seu instinto herdado de adorar e rendem home-
nagem até aos paus e às pedras . Por grave que pareça aos que
chegaram à luz, o pecado da adoração de ídolos poderá repre-
sentar para o selvagem a adoração mais sincera de que é capaz.
A voz do Senhor declarou que os pagãos . que não conheceram
lei nenhuma terão parte na primeira ressurreição ."
O Homem é Responsável por Seus Atos — A liberalidade ili-
mitada e a tolerância que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias estende a outras denominações religiosas, e os
ensinamentos da Igreja relativos à certeza da redenção final de
todos os homens, exceto dos que cometerem pecado imperdoá-
vel, pelo qual tenham-se tornado filhos de Perdição, podem su-
gerir a conclusão errônea que nós cremos que todos os redimi-
dos receberão igual poder, privilégio e glória no reino dos céus.
Ao contrário, a Igreja proclama a doutrina de muitos e diversos
graus de glória que os redimidos herdarão conforme seus méri-
tos . Não cremos em nenhum plano geral de perdão ou recom-
pensa universais, mediante o qual todos aqueles que comete-
rem pecados, sejam graves ou não, ficarão isentos de seus atos,
enquanto que, por outro lado, os justos são recebidos no céu,
todos glorificados em medida igual . Como já foi dito, os pagãos,
cujos pecados são os da ignorância, levantar-se-ão com os jus-
tos na primeira ressurreição ; mas isto não indica que esses fi-
lhos de raças menos civilizadas herdarão a glória preparada
para os capazes, os valentes e fiéis na causa de Deus sobre a ter-
ra .
Nossa condição no mundo vindouro será estritamente uma
conseqüência da vida que vivermos durante esta provação, as-
sim como sabemos, pela luz da verdade revelada sobre o estado
preexistente, que nossa situação atual fica determinada pela fi-
delidade que manifestamos em nosso primeiro estado ." As es-
crituras declaram que o homem colherá o fruto natural de seus
atos durante sua vida, sejam bons ou maus, ou, como o expres-
sou o Pai na eficaz linguagem com que anima e aconselha Seus
13, Veja o capítulo 3 desta obra, "Pecado" , 14, P . de G . V ., Abraão 3 :22-26 ; veja também
"A Responsabilidade do Homem" no capitulo 3, e "Salvação e Exaltação" no capítulo 4
desta obra .

366 REGRAS DE FÉ

débeis filhos : Cada um será recompensado ou castigado segun-


do suas obras ." Na eternidade o homem desfrutará ou abomi-
nará "o fruto das suas ações".

Glórias Graduadas — Os ensinamentos de Cristo indicam


que os privilégios e glórias do céu serão graduados para corres-
ponder às várias capacidades dos bem-aventurados . Aos após-
tolos, expressou : "Na casa de meu pai há muitas moradas ; se
não fosse assim, eu vo-lo teria dito ; vou preparar-vos lugar . E,
se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para
mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também" . 16
A declaração é reforçada pelas palavras de Paulo, que, nos
seguintes termos, refere-se a condições graduadas na ressurrei-
ção : "E há corpos celestes e corpos terrestres e uma é a glória
do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas ; por-
que uma estrela difere em glória doutra estrela . Assim também
a ressurreição dos mortos .""
Na dispensação atual foi dado um conhecimento mais
completo sobre este assunto . Uma revelação feita em 1832 18 nos
esclarece que foram estabelecidos três grandes reinos ou graus
de glória, conhecidos como Celeste, Terrestre e Teleste . Bem
abaixo do último, e menor do que estes, fica o estado de castigo
eterno preparado para os filhos de Perdição.
A Glória Celestial é para os que merecem as mais altas hon-
ras do céu . Na revelação já mencionada lemos : "Esses são os
que receberam o testemunho de Jesus, e creram em Seu nome,
e foram batizados segundo o modo de Seu sepultamento, sendo
sepultados na água em Seu nome, e isto de acordo com o man-
damento que Ele deu — Para que, guardando os mandamentos,
pudessem ser lavados e purificados de todos os seus pecados, e
recebessem o Espírito Santo pela imposição das mãos daquele
que foi ordenado e selado para esse poder . E os que vencem
pela fé são selados pelo Espírito Santo da promessa, o qual o
Pai derrama sobre todos os justos e verdadeiros. Estes são a
Igreja do Primogênito . São aqueles em cujas mãos o Pai pôs to-
1S, Veja Já 34 :11 ; Sal . 62 :12 ; Jer . 17:10 ; 3219 ; Rom . 2 :5-12 ; 14:12 ; 1 Cor. 3 :8 ; 2 Cor . 5 :10;
Apoc . 2 .23 ; 20 :12 ; 2212 . 16, João 14 :1-3 . 17, 1 Cor . 15 :40-42 . 18, Veja D & C . sec.
76 .

LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA 367

das as coisas — São os sacerdotes e reis que receberam de Sua


plenitude e de Sua glória ; e são sacerdotes do Altíssimo, segundo
a ordem de Melquisedeque, que era segundo a ordem de Eno-
que, que era segundo a ordem do Filho Unigênito . Portanto, to-
das as coisas são suas, quer seja a vida, quer a morte, as coisas
presentes ou as coisas por vir, todas são deles, e eles são de
Cristo e Cristo é de Deus . . . Esses habitarão na presença de
Deus e Seu Cristo para todo o sempre . São os que Ele trará
Consigo quando vier nas nuvens dos céus para reinar sobre o
Seu povo na terra . Esses são os que terão parte na primeira res-
surreição . Os que surgirão na ressurreição dos justos . . . São
homens justos, aperfeiçoados por Jesus, o Mediador do novo
convênio, o Qual, pelo derramamento de Seu próprio sangue,
obrou esta expiação perfeita . Esses são aqueles cujos corpos
são celestiais, cuja glória é a do sol, a glória de Deus, o Altíssi-
mo, Cuja glória ao sol do firmamento é comparada".

Glória Terrestre — Haverá muitos cujas obras não merece-


ram o melhor prêmio, que alcançarão este grau menor . Lemos
que estes "são os que pertencem ao terrestre, cuja glória difere
daquela da igreja do Primogênito — a qual recebeu a plenitude
do Pai — tal como a glória da lua difere da do sol no firmamen-
to . Eis que estes são os que morreram sem lei ; e também aque-
les que são os espíritos dos homens conservados na prisão, a
quem o Filho visitou e a quem pregou o Evangelho para que pu-
dessem ser julgados de acordo com os homens na carne . Os
quais não receberam o testemunho de Jesus na carne, mas o re-
çeberam depois . Estes são os homens honrados da terra que fo-
ram cegados pelas artimanhas dos homens . São os que recebem
de Sua glória, mas não de Sua plenitude . Estes são os que rece-
bem da presença do Filho, mas não da plenitude do Pai . Portan-
to, são corpos terrestres e não corpos celestes, e diferem em
glória tal como a lua difere do sol . Estes não são valentes no tes-
temunho de Jesus ; portanto, não obtêm a coroa do reino de
nosso Deus ."

A Glória Teleste — A revelação continua, dizendo : "E, ain-


da, nós vimos a glória do teleste, e cuja glória é a do menor, as-

368 REGRAS DE FÉ

sim como a glória das estrelas difere da glória da lua no firma-


mento . Estes são os que não receberam nem o Evangelho de
Cristo nem o testemunho de Jesus . São os que não negaram o
Espírito Santo . E os quais são arremessados para o inferno . Es-
tes são os que não serão redimidos do diabo até a última ressur-
reição, até que o Senhor, Cristo o Cordeiro, tenha consumado o
Seu trabalho ." Também nos é dito que os habitantes desse rei-
no serão divididos em graus, pois se compõe de todos os indoutos
das diversas seitas e divisões em contenda entre os homens, e
dos pecadores de muitas classes, cujas ofensas não são de com-
pleta perdição : "pois como uma estrela, difere da outra em gló-
ria, assim também diferem uns dos outros em glória, no mundo
teleste ; Pois estes são os que são de Paulo, e de Apoios, e de Ce-
fas . Estes são os que dizem que são alguns de um e alguns de ou-
tro — estes de Cristo, e aqueles de João, uns de Moisés, e outros
de Elias, alguns de Esaías, aqueles de Isaías e estes de Enoque;
mas não receberam o evangelho, nem o testemunho de Jesus,
nem os profetas, nem o convênio eterno ." 20 Evidentemente,
uma parte considerável da família humana não alcançará mais
glória que a do reino teleste, porque nos é dito : Mas eis que vimos
a glória dos habitantes do mundo teleste, e vimos que eram inu-
meráveis como as estrelas no firmamento do céu, ou como a
areia da praia ." Portanto, não são totalmente rejeitados ; será
respeitado o seu mérito . "Pois eles serão julgados de acordo
com as suas obras, e todo o homem receberá de acordo com as
suas próprias obras o seu próprio domínio, nas moradas que estão
preparadas ; e serão servos do Altíssimo ; mas onde Deus e Cristo
habitam não poderão vir, mundos sem fim ."
O fato de que toda alma encontrará seu lugar na outra vida e
que será julgada e colocada de acordo com o que for, concorda
não só com as Escrituras mas com a razão . Cada um herdará de
acordo com a sua capacidade de receber, desfrutar e utilizar.
Uma revelação dada em 1832 esclarece de maneira sublime este
ponto : "Pois aquele que não obedecer à lei do reino celestial
não pode suportar a glória celestial . E aquele que não pode

19, Veja o apêndice 22 :2 . 20, D . & C . sec . 76 .


LIBERDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA 369

obedecer à .lei do reino terrestre, não pode suportar a glória ter-


restre . E aquele que não pode obedecer à lei do reino teleste
não pode suportar a glória do teleste . Por isso deverá permane-
cer num reino que não seja um reino de glória . "21
Interdependência Entre os Reinos — Os três reinos de glórias
tão diversas estão organizados individualmente, conforme um
plano de graduação . No reino teleste há subdivisões ; o mesmo
sucede, segundo nos é dito, no celeste, 22 e, por analogia, con-
cluímos que uma condição semelhante prevalece no terrestre.
De maneira que foram dispostas uma infinidade de glórias gra-
duadas para os inumeráveis graus de mérito entre o gênero hu-
mano . O reino celestial será infinitamente honrado com o mi-
nistério pessoal do Pai e do Filho ; por intermédio do mais alto
será administrado o reino terrestre, sem uma plenitude de gló-
ria, enquanto que o teleste será governado por ministração do
terrestre, por intermédio de "anjos que são nomeados para mi-
nistrar por eles ." 23
Na falta de revelação direta, sem a qual não se pode ter co-
nhecimento absoluto do assunto, é razoável crer que, de acordo
com o plano de Deus de progresso eterno, haverá desenvolvi-
mento dentro de cada um dos três reinos designados . Entretan-
to, quanto à possibilidade de progredir de um reino a outro, as
Escrituras não fazem nenhuma afirmação positiva . É concebí-
vel o progresso eterno por diversas linhas . Podemos concluir
que os graus e divisões serão para sempre urna das característi-
cas dos reinos de nosso Deus . A eternidade é progressiva ; a per-
feição, relativa . O atributo essencial do propósito vivente de
Deus é o poder de aumento eterno que o acompanha.
Os Filhos de Perdição — Temos conhecimento de outra
classe de almas cujos pecados as deixam fora da possibilidade
atual de arrependimento e salvação . Estes se chamam filhos de
Perdição, filhos do anjo caído que em certa ocasião fora Lúci-
fer, o Filho da Alva, atualmente Satanás ou Perdição . 24 Estes
são os que violaram a verdade à luz do conhecimento, os que,

21 . D . & C . 88 :22-24 . 22, Veja D . & C . 131 :1 ; veja também 2 Cor . 12 :1-4 . 23, Veja D . &
C . sec . 76 :86-88 . 24, Veja D . & C . 76 :25-27 .

370 REGRAS DE FÉ

depois de terem recebido o testemunho de Cristo e, tendo sido


confirmados pelo Espírito Santo o negaram e desafiam o poder
de Deus, crucificando de novo a Cristo e expondo-O a vitupério.
Este, o pecado imperdoável, somente pode ser cometido por
aqueles que receberam o conhecimento e a convicção da verda-
de, contra a qual então se rebelaram : seu pecado é comparável
à traição de Lúcifer quando quis usurpar o poder e a glória de
seu Deus . A respeito deles e de seu terrível destino, diz o Se-
nhor : "Estes são os filhos de perdição, de quem digo, melhor
lhes fora nunca terem nascido ; pois são vasos de cólera, conde-
nados a padecer a ira de Deus na eternidade, com o diabo e
seus anjos ; concernente aos quais Eu disse que não há perdão,
nem neste, nem no outro mundo . . . e os únicos sobre quem a
segunda morte terá qualquer poder . Irão para o castigo sempi-
terno, que é castigo sem fim, que é castigo eterno, para reinar
com o diabo e seus anjos na eternidade, onde o seu bicho não
morrerá e o fogo inextingüível é o seu tormento . E o seu fim, e o
seu lugar, e o seu tormento, nenhum homem conhece ; nem foi
revelado, nem é, nem se revelará ao homem, exceto àqueles
que participarem dele ; contudo, Eu, o Senhor, em visão o mos-
tro a muitos, mas imediatamente o encerro outra vez . Portanto,
o fim, a largura, a altura, a profundidade e a sua miséria, eles
não compreendem, nem homem algum compreenderá exceto
aqueles que são ordenados para essa condenação .''"
As doutrinas da Igreja definem explicitamente a relação
entre a provação mortal e estado futuro, e de igual maneira en-
sinam a responsabilidade individual e o livre-arbítrio do ho-
mem . A Igreja afirma que em vista da responsabilidade que
todo homem tem, como diretor de seu próprio curso, o indiví-
duo deve estar e está livre para escolher em todas as coisas : des-
de a vida que conduz à mansão celestial até a carreira que nada
mais é que a estrada que conduz às misérias da perdição . A li-
beidade de adorar e de negar adoração é um direito dado por
Deus, e toda alma terá que se submeter às conseqüências de sua
escolha . 26

25, D . & C . 76 :31-48 ; veja também Heb . 6 :4-6 ; Alma 39 :6 . 26, Veja o apêndice 22 :3 .

REFERÊNCIAS 371

A adoração do verdadeiro e vivo Deus é necessária


" Livre-Arbítrio" , após o capítulo três, trata da liberdade do homem para adorar, sua capa-
cidade de obedecer ou desobedecer aos mandamentos divinos, e a necessidade de aceitar
as conseqüências de suas escolhas.
Não terás outros deuses diante de Mim — Ex . 20 :3 ; leia os versículos 1-6 ; tam-
bém 34 :14.
O Senhor mandou Moisés e outros subirem e adorarem — Ex . 24 :1.
Sc os israelitas servissem outros deuses, certamente pereceriam — Deut . 8 :19.
Então as porás perante o Senhor teu Deus e te inclinarás perante o Senhor teu
Deus — Deut . 26 :10.

Ao Senhor temereis, e a Ele vos inclinareis, e a Ele sacrificareis — 2 Reis 17 :36.


Dai ao Senhor a :glória de Seu nome ; adorai ao Senhor na beleza da Sua Santidade — 1
Crón . 16 :29 ; Sal . 45 :11 . —
Virá toda a carne a adorar perante Mim Is . 66 :23.
Jesus disse a Satanás : Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto — Mat . 4 :10.
Assim sirvo ao Deus de nossos pais — Atos 24 :14.
Importa que os Seus adoradores O adorem em espírito e em verdade — João 4 :24.
João o Revelador viu em visão os anciãos perante o trono e adoraram o que vive para todo
o sempre — Apoc . 4:10 ; compare 5:14 ; 7 :11 ; 11 :16 ; 19 :4.
Adora a Deus ; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia — Apoc . 19 :10.
Alma disse aos pobres que não puderam entrar nas sinagogas que a adoração é aceitável
em qualquer lugar, se for sincera — Alma cap . 32 ; 33 :2 ; 34:38.

Os nefitas sacrificaram-se para que pudessem adorar a Deus como queriam — Alma 43 :9-
11.
Os nefitas e os lamanitas convertidos lutaram para assegurar seus direitos e os privilégios
da Igreja e da adoração, como também sua independência e liberdade — 3 Néfi 2 :12 ..
. A multidão dos nefitas adorou ao Senhor ressuscitado 3 Néfi 17 :10; 11 :17.
Os santos profetas adoraram ao Pai em nome de Cristo, como também o fizeram os nefitas
— Jacó 4:4, 5.
E vos prostrareis e adorareis o Pai, em Meu nome — D . & C . 18:40.
Todos os homens devem adorar o Pai em nome de Cristo — D . & C . 20 :29.
Para que possais compreender e saber como adorar, e saber o que adorais, para que ve-
nhais ao Pai em Meu nome — D . & C . 93 :19.
Adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas — D . & C . 133 :39;
Apoc . 14 :7 .

372 REGRAS DE FÉ

Moisés recusou-se a adorar Satanás e clamou que Deus lhe havia dito:
Adora 'a Deus, porque só a Ele servirás — Moisés 1 :15 ; leia os versículos 12-20.

Abraão adorou ao Deus vivo, embora seus parentes adorassem ídolos — Abraão 1 :5.
As Escrituras relacionadas com a adoração de ídolos se acham sob "Idolatria " , após o
capítulo dois.
A respeito da graduação nas condições futuras, veja "Salvação", após o capitulo quatro.

Não haverá entre ti deus alheio, nem te prostrarás ante um deus estranho - Salmo 81 :9.

Exaltai as Senhor nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de Seus pés - Salmo
99 :5 .9
Capítulo 23

OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE SECULAR

Regra 12 — Cremos na submissão aos reis, presidentes, governado-


res e magistrados, na obediência, honra e manutenção
da lei.

Introdução — Razoavelmente se deve esperar que um povo que


professa o Evangelho de Jesus Cristo, e afirma pertencer à úni-
ca Igreja aceita e autorizada divinamente, manifeste, na práti-
ca, as virtudes que seus preceitos ensinam . É certo que em vão
poderemos buscar a perfeição, mesmo entre os que declaram
conduzir a mais completa vida religiosa ; porém deve-se esperar
que em suas crenças haja abundantes requisitos concernentes
ao modo mais acertado de agir, e que em suas vidas se manifes-
te um esforço sincero .e diligente em prol da realização prática
de suas crenças . Para ser útil e digna de ser aceita, a religião
deve exercer uma influência sã nas vidas individuais e nos as-
suntos temporais de seus aderentes . Entre outras virtudes, a
Igreja necessita fazer ressaltar em suas instruções o dever de se-
guir um curso de obediência à lei ; e o povo deveria mostrar os
efeitos destes preceitos em sua probidade como cidadãos da na-
ção e comunidade a que pertencem.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias decla-
ra enfaticamente sua crença e preceitos relativos ao dever de
seus membros para com as leis do país em que vivem e mantém
sua posição pela autoridade de revelações precisas, tanto em é-
pocas antigas como modernas . Por outro lado, o povo tem con-
fiança de que ao ser conhecida por completo a história verda -
deira de sua origem e progresso, como corpo estabelecido de
adoradores religiosos, o mundo em geral vindicará a lealdade
da igreja e a devoção patriótica de seus membros, como hoje o
fazem os poucos investigadores imparciais que têm estudado
com sinceridade a história desta notável organização .

374 REGRAS DE FÉ

As Escrituras Requerem Obediência à Autoridade — Durante


o período patriarcal, quando o pai de família tinha a faculdade
virtual de juiz e rei sobre os de sua casa, respeitava-se a autori-
dade do que governava, assim como os direitos da família . Con-
sideremos o caso de Agar, "segunda " esposa de Abraão e cria-
da de Sarai . Entre Agar e sua ama, a primeira esposa de
Abraão, haviam surgido ciúmes e ressentimentos . Este escutou
a queixa de Sarai e, reconhecendo a autoridade desta sobre
Agar, que, não obstante ser sua esposa era serva de Sarai, disse:
"Eis que tua serva está na tua mão ; faze-lhe o que bom é aos
teus olhos" . Então, ao ser maltratada por sua ama, Agar fugiu
para o deserto . Ali a visitou um anjo do Senhor, que lhe falou
da seguinte maneira : "Agar, serva de Sarai, donde vens e para
onde vais? E ela disse : Venho fugida da face de Sarai, minha se-
nhora . Então lhe disse o anjo do Senhor : Torna-te para tua se-
nhora e humilha-te debaixo de suas mãos ."' Deve-se observar
que o mensageiro celestial reconheceu a autoridade da ama
sobre a escrava, apesar de esta ter sido recebida como esposa
dentro da família.
A submissão filial de Isaque à vontade de seu pai, a ponto
de estar disposto a deixar-se sacrificar' sobre o altar, é prova da
santidade com que se considerava a autoridade do chefe da
família . Parece, como já foi afirmado, que o pedido do Senhor a
Abraão, para provar sua fé, exigindo-lhe a vida de seu filho
como sacrifício, foi uma violação da lei e, por isso mesmo, con-
trário a um governo justo . Esta afirmação não é de muita im-
portância, considerando-se que o chefe patriarcal exercia plena
autoridade sobre os membros de sua família e tinha poder até
mesmo para conceder a vida ou tirá-la .'
Nos dias do êxodo, quando o povo de Israel estava vivendo
sob uma teocracia, o Senhor deu diversas leis e mandamentos
para que se governasse a nação, entre os quais se encontrava
este "Os juízes não amaldiçoarás, e o príncipe dentre teu povo
não maldirás" .4 Os juízes eram nomeados por direção divina e

1, Gên . 16 :1-9; veja Jesus o Cristo, p . 397, Nota 6 . 2, Veja Gên . 29:1-10 . 3, Veja Gén.
38 :24 . 4, Ex. 22 :28 .

OBEDIÉNCIA Á AUTORIDADE SECULAR 375

provavelmente a isto se deve o fato de que no original hebraico


aparece em lugar de juízes a palavra Elohim, que significa lite-
ralmente deuses . Moisés, reiterando os mandamentos do Se-
nhor, impôs sobre o povo esta responsabilidade : "Juízes e ofi-
ciais porás em todas as tuas portas que o Senhor teu Deus te der
entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justi-
ça .
É significativo o fato de que tão altamente eram estimados
os juízes que eram chamados deuses ; e a isto se referia Jesus
quando ameaçaram apedrejá-lo porque lhes havia dito que era
o Filho de Deus.
Quando o povo se cansou da administração direta de Deus
e pediu um rei, o Senhor acedeu a seu desejo e conferiu a auto-
ridade sobre o novo rei por meio de uma santa unção . 6 Davi,
mesmo quando havia sido ungido para suceder Saul como rei,
reconheceu a santidade da pessoa do rei e severamente censu-
rou-se a si mesmo porque em certa ocasião havia mutilado o
manto do monarca . Nesses dias Saul queria matar Davi e este
só buscava meio de mostrar que nenhuma intenção tinha de fe-
rir seu inimigo real . Entretanto, lemos que "o coração doeu a
Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul . E disse a seus ho-
mens : O Senhor me guarde de que 'eu faça tal coisa ao meu se-
nhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão contra
ele ; pois é o ungido do Senhor .""
Devemos notar também as seguintes admoestações bíbli-
cas que se encontram no Antigo Testamento : "Teme ao Se-
nhor, filho meu, e ao rei ."' "Eu digo, observa o mandamento do
rei e isso em consideração para com o juramento de Deus" .9
"Nem ainda no teu pensamento amaldições ao rei" . 10
O Exemplo que Cristo e os Apóstolos Deram — Caracterizou
toda a obra de nosso Salvador sobre a terra Seu reconhecimen-
to das autoridades constituídas do país, tanto judaicas como ro-
manas, apesar de que estas haviam sido impostas por cruel con-

5, Deut . 16:18 ; veja também 1 :16 ; I Crôn . 23 :4 ; 26 :29 ; veja também Salm . 82 :1, 6 ; João
10 :34-36 ; Jesus o Cristo, pp. 489, 501 . 6, Veja 1 Sam . 8 :6, 7, 22 ; 9 :15, 16 ; 10 :1 . 7, 1
Sam . 24 :5 . 6, 10 ; veja também 26 :9-12, 16 . 8, Prov . 24 :21 . 9, Ecl . 8 :2 . 10, Ecl . 10 :20:
veja o apêndice 23 :5 .

376 REGRAS DE FÉ

quinta e eram exercidas injustamente . Quando o cobrador de


tributo veio receber as contribuições que a hierarquia deman-
dava, Cristo, sem admitir a legalidade da cobrança, ordenou
que fosse pago o imposto e ainda provocou um milagre para
conseguir o dinheiro . Dirigindo-se a Pedro, perguntou-lhe:
"Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tri-
butos ou o censo? De seus filhos, ou dos alheios? Disse-lhe Pe-
dro : Dos alheios . Disse-lhe Jesus . Logo, estão livres os filhos;
mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol,
tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontra-
rás um estater ; toma-o e dá-o por Mim e por ti" ."
Certos fariseus perversos arquitetaram um plano traiçoeiro
para fazer Cristo parecer ofensor contra os poderes reinantes.
Quiseram confundi-Lo com a pergunta casuística : "Que Te pa-
rece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, co-
nhecendo a sua malícia, disse : Por que Me experimentais, hipó-
critas? Mostrai-me a moeda do tributo . E eles Lhe apresenta-
ram um dinheiro . E Ele disse-lhes : De quem é esta efígie e esta
inscrição? Dizem-Lhe eles : De César . Então Ele lhes diz : Dai,
pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" ."
Em todas as trágicas situações de Seu julgamento, Cristo
manteve uma atitude submissa até mesmo para com os princi-
pais dos sacerdotes e membros do conselho que estavam tra-
mando Sua morte . Estes oficiais, apesar de não serem merece-
dores de seu poder sacerdotal, tinham, não obstante, autorida-
de e certa jurisdição sobre assuntos seculares e eclesiásticos.
Quando Se encontrava diante de Caifás, coberto de toda espé-
cie de insultos e falsas acusações, o Senhor manteve um silêncio
dignificado . A pergunta do sumo sacerdote : "Não respondes
coisa alguma ao que estes depõem contra Ti?" Não Se dignou
dar resposta . Então o sumo sacerdote acrescentou : "Conjuro-
Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o Filho de
Deu ."" A esta solene conjuração, pronunciada com autorida-
de oficial, o Salvador respondeu em seguida e desta maneira re-

11, Mat . 17 :24-27 . Talvez a importância paga nessa ocasião tenha sido o imposto do templo,
o "dinheiro de expiação" . Veja Jesus o Cristo, cap . 24 . 12, Mat . 22 :15-21 ; veja também
Mar . 12 :13-17 ; Luc . 20:20-25 . 13, Mat . 26 :57-64 ; Mar . 14 :55-62 ; veja Jesus o Cristo,
cap . 34.

OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE SECULAR 377

conheceu o ofício do sumo sacerdote, apesar de não ser ele dig-


no da posição.
Enquanto se encontrava preso perante o tribunal eclesiás-
tico, Paulo manifestou respeito semelhante para com a posição
do sumo sacerdote . Suas palavras desagradaram o sumo sacer-
dote que mandou aos que se encontravam junto ao apóstolo
que o ferissem na boca . 14 Isto enfureceu o apóstolo, que gritou:
"Deus te ferirá, parede branqueada : tu estás aqui assentado
para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir? E
os que ali estavam disseram : Injurias o sumo sacerdote de
Deus? E Paulo disse : Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdo-
te ; porque está escrito : Não dirás mal do príncipe do teu po-
vo ."
Ensinamentos dos Apóstolos — Paulo, escrevendo a Tito,
preveniu-o das fraquezas de seu rebanho e aconselhou-o que os
ensinasse a serem ordenados e obedientes à lei : "Admoesta-os a
que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obede-
çam e estejam preparados para toda boa obra" . 16 Em outro lu-
gar expõe com ênfase o dever dos santos para com as potesta-
des civis, porque esta autoridade é ordenada por Deus . Indica a
necessidade de um governo secular e de oficiais autorizados,
cujo poder somente os malfeitores devem temer . Chama "mi-
nistros de Deus" às autoridades civis e justifica a arrecadação
de impostos por parte do estado, com uma admoestação aos
santos . que não deixem de cumprir seus deveres.
Suas palavras, dirigidas à Igreja em Roma, dizem : "Toda
alma esteja sujeita às potestades superiores ; porque não há po-
testade que não venha de Deus ; e as potestades que há foram or-
denadas por Deus . Por isso, quem resiste à potestade resiste à or-
denação de Deus, e os que resistem trarão sobre si mesmos a con-
denação . Porque os magistrados não são terror para as boas
obras, mas para as más . Queres tu, pois não temer a potestade?
Faze o bem e terás louvor dela . Porque ela é ministro de Deus pa-
ra teu bem . Mas se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a

14 . Apêndice 23 :1 . 15, Atos 23 : 1-5 . 16, Tito 3 :1 .



378 REGRAS DE FÉ

espada : porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que


faz o mal . Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente pelo castigo mas também pela consciência . Por esta ra-
zão também pagais tributos : porque são ministros de Deus, aten-
dendo sempre a isto mesmo . Portanto, dai a cada um o que de-
veis : a quem tributo, tributo ; a quem imposto, imposto ; a quem
temor, temor ; a quem honra, honra ." 17
Em uma de suas cartas a Timóteo o mesmo apóstolo ensina
que os santos devem recordar em suas orações os reis e todos os
que ocupam posições de autoridade e acrescenta que esta soli-
citude é agradável a Deus : "Admoesto-te, pois, antes de tudo,
que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de gra-
ças por todos os homens ; pelos reis e por todos os que estão em
eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em
toda a piedade e honestidade . Porque isto é bom e agradável
diante de Deus nosso Salvador . " "
Nas epístolas aos Efésios e aos Coríntios é mais bem espe-
cificado o dever de se submeter voluntariamente às autoridades
e alguns exemplos se aplicam às relações da vida social e do-
méstica . São instruídas as esposas a que se sujeitem a seus mari-
dos, "porque o marido é a cabeça da mulher, como também
Cristo é a cabeça da Igreja" . Porém, este dever dentro da
família deve ser recíproco, portanto, ensina-se aos esposos a
maneira como devem exercer sua autoridade . Os filhos devem
obedecer aos pais ; entretanto, aconselha-se aos pais que não
provoquem ou de alguma outra maneira ofendam injustamente
a seus filhos . Aconselha-se aos servos que prestem serviço fiel e
sincero a seu amo e que reconheçam a autoridade superior em
todas as coisas, enquanto que aos amos são dadas instruções re-
lativas a suas obrigações para com seus servos, com a admoes-
tação de não incorrer em ameaças ou outro tratamento áspero,
pois devem lembrar-se que também terão que responder ao seu
Senhor que está sobre eles . 19
Com igual veemência Pedro, falando da santidade que de-
veria ser atribuída ao poder civil, 20 admoestou os santos com es-
tas palavras : "Sujeitai-vos pois a toda a ordenação humana por
17, Romanos 13 :1-7 . 18, 1 Tim . 2 .1-3 . 19, Veja E( . 5 :22,23 ; 6 :1-9 ; Co! . 518-22 ; 41
20, Veja o apéndice 23 :2 .

OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE SECULAR 379

amor do Senhor : quer o rei, como superior, quer aos governa-


dores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e
para louvor dos que fazem o bem . Porque assim é a vontadé de
Deus que fazendo o bem tapeis a boca e ignorância dos homens
loucos . Como livres e não tendo a liberdade por cobertura da
malícia, mas como servos de Deus . Honrai a todos, amai a fra-
ternidade . Temei a Deus . Honrai o rei . "21
Como Paulo, ele aplicou estas regras, referentes à obediên-
cia às autoridades, às condições da vida doméstica . Os servos
devem ser obedientes mesmo que seus amos sejam estritos e se-
veros : "Porque é coisa agradável que alguém, por causa da
consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injusta-
mente . Porque, que glória será essa se, pecando, sois esbofetea-
dos e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis,
isto é agradável a Deus ." 22 As esposas, apesar de seus maridos
não serem de sua fé, não deveriam se ensoberbecer nem desa-
fiar a autoridade, mas serem submissas e procurar outros meios
mais moderados e efetivos de influir naqueles com quem se ha-
viam casado?' Assegura que os iníquos serão julgados e indica
que se reservará para a condenação "principalmente aqueles
que segundo a carne andam em concupiscências de imundície e
desprezam as dominações ; atrevidos, obstinados, não receando
blasfemar das dignidades " . 2'
Sem dúvida houve motivos bons para estes explícitos e re-
petidos conselhos da antigüidade procurarem dirigir e fortale-
cer a Igreja . Os santos se regozijavam com o testemunho da ver-
dade que se havia aninhado em seus corações — a verdade que
deveria libertá-los — e para eles havia sido fácil considerar aos
demais como seus inferiores e se rebelar contra toda autorida-
de humana para render sua homenagem a uma potestade supe-
rior . Existia o perigo constante .de que seu zelo os levasse a co-
meter atos indiscretos e com eles dar pretexto, se não motivo,
para serem atacados por seus perseguidores, que os haviam
acusado de transgressão e sedição . Nem tampouco era conve-
niente uma submissão parcial às autoridades civis, em virtude
da inimizade que os pagãos contemporâneos manifestavam

21, 1 Ped . 2 :13-17. 22, Id . 19,20 . 23, Veja 1 Ped . 3:1-7 . 24, 2 Ped . 2 :10 .

380 REGRAS DE FÉ

para com a Igreja . Portanto, ouvia-se a voz de seus diretores


inspirados, aconselhando oportunamente a humildade e a sub-
missão . Porém houve nessa época, como sempre tem havido,
razões mais poderosas que as de seguir um sistema de obediên-
cia às autoridades constituídas . Tal é a lei não só do homem
mas de Deus . Os governos são essenciais à existência humana.
O Senhor os reconhece ; em verdade, os dispõe ; e Seu povo tem
a obrigação de apoiá-los.
Os Ensinamentos do Livro de Mórmon, relativos ao dever do
povo como súditos que são da lei do país, ocorrem freqüente-
mente em todo o volume . Entretanto, já que a investidura das
autoridades civis e eclesiásticas usualmente permanecia nas
mãos de um só, pois o Rei ou Juiz Superior era geralmente o
Sumo Sacerdote, também se acham comparativamente poucas
admoestações contra a deslealdade para com a autoridade civil
que não estejam relacionadas com o Sacerdócio . Desde os dias
de Néfi, filho de Léhi, até a morte de Mosiah — um período que
compreende quase quinhentos anos — os nefitas foram governa-
dos por uma sucessão de reis, e durante o resto de sua história,
mais de quinhentos anos submeteram-se a juízes que eles pró-
prios elegeram . Em cada uma destas formas de governo, estrita-
mente se fizeram observar as leis seculares ; e a autoridade da
Igreja completava e reforçava a do estado . Na sentença que
Alma pronunciou sobre Nehor, um assassino e promovedor de
sedição e bruxaria, fica demonstrada a santidade com que se
considerava a lei . "Está, portanto, condenado à morte, de acor-
do com a lei que nos foi dada por Mosiah, nosso último rei ; e
essa lei foi reconhecida por este povo ; portanto, este povo deve
reger-se pela lei . "23
As Revelações dos Clltimos Dias requerem que os santos da
dispensação atual obedeçam estritamente às leis civis . Numa
comunicação feita a 19 de agosto de 1831, o Senhor disse à Igre-
ja: "Que nenhum homem desobedeça às leis da terra, pois
aquele que guarda as leis de Deus não tem necessidade de deso-
bedecer às leis da terra . Portanto, sede sujeitos aos poderes es-

25, Alma 1 :14 .



OBEDIÊNCIA Á AUTORIDADE SECULAR 381

tabelecidos, até que reine Aquele cujo direito é reinar, e subju-


gue debaixo de Seus pés todos os inimigos" .26
Em ocasião posterior, a 6 de agosto de 1833, novamente foi
ouvida a voz do Senhor com respeito às leis da terra ; "é da Mi-
nha vontade que o Meu povo esteja atento na observação de to-
das as coisas que Eu lhe mandar . E a lei do país que for consti-
tucional, apoiando o princípio da liberdade na manutenção de
direitos e privilégios, pertence à humanidade toda e é justificá-
vel perante Mim . Portanto, Eu, o Senhor, vos justifico e aos
vossos irmãos da Minha Igreja no apoio da lei que é a lei consti-
tucional do país" .'
Muitas vezes se tem perguntado mais ou menos o seguinte
à Igreja e a seus membros individualmente : Em caso de haver
conflito entre o exigido pela palavra revelada de Deus e o que é
imposto pela lei secular, a qual destas autoridades os membros
da Igreja obedeceriam? Como resposta podem ser mencionadas
as palavras de Cristo : É dever do povo "dar a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus" . Atualmente não está estabe-
lecido sobre a terra o reino dos céus, como poder terreno, com
um rei soberano que exerça autoridade direta e pessoal em as-
suntos temporais . Os ramos da Igreja, como tais, e os membros
que os integram, são súditos dos vários governos dentro de cu-
jos limites distintos existem as organizações da Igreja . Nesta é-
poca de relativa cultura e liberdade não há motivo para crer
que de uma forma direta se obstruirá o direito de adoração pri-
vada e a devoção individual . Em todas as nações civilizadas se
concede às pessoas o direito de orar, e este direito está protegi-
do pelo que propriamente se pode chamar de uma lei comum
do gênero humano . Nenhuma alma sincera fica privada da co-
municação com seu Deus ; e, estando aberta esta via de comuni-
cação, pode-se pedir um alívio das leis pesadas, assim como pu-
nição por ultrajes sofridos, ao Poder que domina as nações.
Até que a Providência intervenha em favor da liberdade
. religiosa, todos os santos têm o dever de se submeter às leis de
seu país . Não obstante, devem procurar por todos os meios,
como cidadãos ou súditos de seus respectivos países, obter para
26, D . & C . 58:21,22. 1, D . & C. 98 :4-6 .

382 REGRAS DE FÉ

eles, assim como para todos os homens, a liberdade de culto.


Não é requerido deles que sem protestar sofram abusos causa-
dos por perseguidores perversos e por leis injustas ; porém, seus
protestos devem ser apresentados legal e ordenadamente . Os
santos têm demonstrado de maneira prática que aceitam a dou-
trina de que é melhor sofrer o mal que transgredir por meio de
uma oposição meramente humana a uma autoridade injusta . E
se o povo, ao se submeter desta maneira às leis do país — no
caso de tais leis serem injustas e restringirem as liberdades hu-
manas — sofrer intervenção no cumprimento da obra que Deus
lhes tiver determinado, não terá que responder por não ter agi-
do de acordo com a lei maior . A palavra do Senhor explicou a
posição e dever do povo em semelhante contingência : "Na ver-
dade, na verdade vos digo que quando a qualquer dos filhos dos
homens Eu mando que façam um trabalho em Meu nome, e os
mesmos empregam toda a sua força e tudo o que têm para reali-
zar o trabalho, e não cessam na sua diligência, mas vindo os
seus inimigos sobre eles os impedem de realizá-lo, eis que im-
porta a Mim não mais requerer das mãos dos filhos dos homens
o trabalho, mas aceitar as suas ofertas . E a iniqüidade e a trans-
gressão das Minhas santas leis e mandamentos Eu visitarei
sobre as cabeças daqueles que impediram o Meu trabalho, até a
terceira e quarta geração, enquanto Me odiarem e não se arre-
penderem, diz o Senhor Deus" . 2
Um exemplo desta suspensão da lei divina se vê na decisão
da Igreja quanto ao assunto do matrimônio plural . Estabeleceu-
se esta prática como conseqüência de uma revelação direta ;' e
o sentimento de muitos daqueles que obedeceram a ela foi que
lhes havia sido ordenado divinamente que assim o fizessem.
Durante dez anos, depois de se haver introduzido o matrimônio
plural em Utah como prática da Igreja, não houve nenhuma lei
que se opusèsse à prática . Entretanto, principiando em 1862, es-
tabeleceram-se as sanções correspondentes . A Igreja disse que
estas leis eram anticonstitucionais e conseqüentemente nulas,
pois violavam a disposição da Constituição Nacional que proi-

OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE SECULAR 383

bia que o governo decretasse lei a respeito do estabelecimento


de qualquer religião ou o seu livre exercício .` Apelou-se repeti-
das vezes à Corte Suprema e finalmente foi tomada uma deci-
são declarando estas leis constitucionais e, portanto, em efeito.
De modo que por intermédio de seu presidente a Igreja cessou
a prática do matrimônio plural e anunciou sua intenção ao
mundo, fixando solenemente a responsabilidade da alteração
sobre a nação cujas leis haviam feito forçosa a renúncia . A Igre-
ja, reunida em conferência, aprovou e confirmou este fato por
voto oficial .'
Os Ensinamentos da Igreja — Talvez não se pudesse apre-
sentar nesta obra um resumo melhor dos ensinamentos da Igre-
ja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias concernente à
sua relação com estas autoridades civis e o respeito que se deve
às leis do país, que a declaração oficial que foi publicada e in-
corporada ao livro de Doutrina e Convênios, um dos livros ca-
nônicos da Igreja, adotado pelo voto da Igreja como um dos
guias aceitos quanto à fé, doutrina e prática . 6 O manifesto em
referência diz o seguinte:
DECLARAÇÃO DE CRENÇA NO QUE DIZ RESPEITO
A GOVERNOS E LEIS EM GERAL
1 Cremos que os governos foram instituídos por Deus, em
benefício dos homens ; que em relação aos mesmos Deus
considera os homens responsáveis por seus atos, tanto
em fazer leis como em administrá-las para o bem e segu-
rança da sociedade.
2 Cremos que nenhum governo pode existir em paz, a não
ser que tais leis sejam feitas e conservadas invioláveis de
modo a garantir a todo indivíduo o livre exercício de
consciência, o direito e controle de propriedade e a pro-
teção de vida.
3 Cremos que todos os governos requerem, necessaria-
mente, oficiais e magistrados civis para executar as leis
do governo ; e os que administrariam a lei em eqüidade e
justiça devem ser procurados e sustentados pela voz do
4, Emendas à Constituição dos Estados Unidos, Art . 1 . 5, D . & C . sec . 132 . 6, D . & C.
sec . 134 .

384 REGRAS DE FÉ

povo, se numa república, ou pela vontade do soberano.


4 Cremos que a religião é instituída por Deus ; e que no
exercício dela os homens são sujeitos a Ele, e a Ele so-
mente, a não ser que suas opiniões religiosas os induzam
a infringir os direitos e as liberdades de outrem ; mas nós
não cremos que leis humanas tenham o direito de inferir
e prescrever regras de culto para cercear a consciência
humana, nem que tenham o direito de ditar formas de de-
voção, em particular ou em público ; pois o magistrado
civil deve restringir crimes, mas jamais controlar cons-
ciências ; deve castigar delitos, mas nunca reprimir a li-
berdade da alma.
5 Cremos que' todos os homens têm a responsabilidade de
sustentar e apoiar os governos respectivos do lugar em
que habitam, enquanto pelas leis de tais governos forem
protegidos em seus direitos inerentes e inalienáveis ; e
que sedição e rebelião são indecorosas a todo o cidadão
assim protegido, e devem ser castigadas em conformida-
de ; e que todos os governos têm o direito de estabelecer
tais leis que, a seu ver, forem melhores para assegurar os
interesses do público ; ao mesmo tempo, porém, tendo
sagrada a liberdade de consciência.
6 Cremos que todo o homem deve ser honrado em sua po-
sição, governadores e magistrados, como tais, tendo sido
nomeados para proteger os inocentes e punir os culpa-
dos ; e que todos devem respeito e deferência às leis, vis-
to como sem elas paz e harmonia seriam suplantadas
pela anarquia e terror ; leis humanas, sendo instituídas
com o propósito expresso de regular os nossos interesses
como indivíduos e como nações, de homem para ho-
mem ; e leis divinas sendo dadas dos céus, prescrevendo
regras em assuntos espirituais, para fé e adoração, de-
vendo o homem de ambas dar contas ao seu Criador.
7 Cremos que governadores, estados e governos, têm o di-
reito, e estão sob a obrigação, de promulgar leis para a
proteção de todos os cidadãos no livre exercício de suas

OBEDIÊNCIA À AUTORIDADE SECULAR 385

crenças religiosas ; mas não cremos terem eles, por justi-


ça, o direito de privar deste privilégio os cidadães, nem o
de proscrevê-los em suas opiniões, enquanto mostrarem
consideração e reverência para com as leis, e tais opi-
niões religiosas não justificarem sedição nem conspira-
ção.
8 Cremos que a perpetração de crime deve ser castigada de
acordo com a natureza da ofensa ; que homicídio, trai-
ção, roubo, furto e a infração da paz geral, em todos os
casos, devem ser, pelas leis do governo sob o qual a ofen-
a tiver sido cometida, castigados de acordo com a sua
criminalidade e a tendência que tiver de causar mal en-
tre os homens ; e todos os homens devem esforçar-se por
empregar sua habilidade em trazer ao castigo os ofenso-
res das boas leis, para a paz e tranqüilidade públicas.
9 Não achamos justo misturar influências religiosas com
governo civil pelo que uma sociedade religiosa seja favo-
recida e a outra proscrita em seus privilégios espirituais,
e os direitos individuais de seus membros, como cida-
dãos, sejam negados.
10 Cremos que todas as sociedades religiosas têm o direito
de, em caso de condutas desordeiras, agir com os seus
membros de acordo com as regras e os regulamentos de
tal sociedade ; contanto que tais negociações julguem sua
inclusão na confraternidade e sua boa estima ; mas não
cremos ter qualquer sociedade religiosa autoridade para
julgar os homens quanto ao direito de propriedade ou vi-
da ; de confiscar seus bens ou pô-los em risco da perda de
vida ou de membros, ou lhes infligir qualquer castigo
físico . Só podem excomungá-los de sua sociedade e ne-
gar-lhes confraternidade.
11 Cremos que, onde existirem leis para protegê-los, todos
os homens devem apelar às leis civis para reparações por
todas as injúrias e agravos, quando abusos pessoais lhes
tiverem sido infligidos, ou infringidos os seus direitos de
propriedade ou caráter ; mas cremos que em emergência

386 REGRAS DE FÉ

todos os homens são justificados em defender-se, a si, a


seus amigos, propriedade e governo, de assaltos ilegais e
abusos cometidos por qualquer pessoa, quando apelo
imediato às leis não puder ser feito nem obtido alívio.
12 Cremos ser justo pregar o Evangelho às nações da terra,
e avisar os justos para que se salvem da corrupção do
mundo ; mas não cremos ser direito interferir com escra -
vos, nem pregar-lhes o Evangelho ou batizá-los contra a
vontade e desejo de seus senhores, nem interferir ou in-
fluenciá-los no mínimo, de modo a fazer com que se tor-
nem descontentes com a sua situação nesta vida, pondo
assim em risco as vidas humanas ; tal interferência cre-
mos ser ilegal, injusta e perigosa para a paz de todo go-
verno onde se permita a escravidão.

REFERENCIAS

O governo secular é necessário e divinamente reconhecido


Deus mostrou a Faraó o que iria fazer – Gên . 41 :25 . 57.
Escolas foram estabelecidas sob a direção do rei Nabucodonosor — Dan . 1 :3-5.
instrução pública foi ordenada pelos reis – 2 Crón . 17 :7-9.
Moisés viu que reis seriam confirmados para reinar sobre os israelitas e deu instruções que
uma cópia do registro da Lei de Moisés fosse provida para os guiar – Deut . 17 :14-20. Quan-
do Davi foi constituído rei de . Israel, fez uma aliança de forma semelhante a uma
garantia constitucional — 2 Som. 5 :3 . Zedequias, rei de Judá, fez um convênio
com o povo apregoando liberdade — Jer . 34 :8; leia versículos 8-11 . Menciona-se -a
lei dos medos e dos persas " que se não pode revogar" — Dan. 6 :8, 12; Ester 1 :19.

Cristo reconheceu e observou o pagamento de impostos – Mat . 22 :17-22.


Paulo ensinou obediência à autoridade secular e requereu dos membros da Igreja que pa-
gassem seus tributos e impostos – Rom . 13 :1-7.
O Senhor requer de Seu povo nesta dispensação que, se violara lei secular, seja castigado
de acordo com a lei da terra – D. & C. 42 :79, 85, 86.
A organização da Igreja deve ser de acordo com as leis dos homens – D . & C . 44 :4.
E, assim, todas as coisas serão asseguradas de acordo com as leis da terra – D . & C . 51 :6.
Que nenhum homem desobedeça às leis da terra – D . & C . 58 :21 . Note que no versículo 23

REFERENCIAS 387

o Senhor diz : Eis que as leis que de Minha mão recebestes são as leis da Igreja, e como tal
as exporeis.
E aquela lei do país, que for constitucional, apoiando o principio da liberdade na manuten-
ção de direitos e privilégios, é justificável perante o Senhor — D . & C . 98 :5.
De acordo com as leis e a constituição do povo, as quais permiti que fossem estabelecidas
— D . & C . 101 :77.
Uma declaração de crença com respeito a governos e leis em geral — D . & C . sec . 134.
Capítulo 24

RELIGIÃO PRATICA

Regra 13 — Cremos em ser honestos, verdadeiros, castos, be-


nevolentes, virtuosos, e em fazer o bem a todos os
homens; na realidade, podemos dizer que segui-
mos a admoestação de Paulo — Cremos em todas
as coisas e confiamos em todas as coisas, temos su-
portado muitas coisas e confiamos na capacidade
de tudo suportar . Se houver qualquer coisa virtuo-
sa, amável ou louvável, nós a procuraremos.

Religião da Vida Diária — Nesta regra de fé os Santos


dos Últimos Dias declaram aceitar uma religião prática, uma
religião que consiste não só em professar coisas espirituais e
crer nas condições da vida próxima, na doutrina do pecado ori-
ginal e na realidade de um céu ou inferno futuros, mas também,
e mais particularmente, nas obrigações de hoje e de todos os
dias, nas quais o devido respeito para consigo mesmo, o amor
para com o próximo e a devoção a Deus são princípios orienta-
dores . Ser religioso sem moral, professar santidade sem carida-
de, ser membro de uma Igreja sem ter responsabilidade no que
diz respeito à conduta individual na vida diária, é ser como o
metal que soa ou como o sino que tine : ruído sem música, pala-
vras sem espírito de oração . "A religião pura-e imaculada para
com Deus é esta : Visitar os órfãos e as viúvas nas .suas tribula-
ções e guardar-se . da corrupção do mundo ."' A sinceridade-de
propósito, a integridade da alma, a pureza individual, a liberda-
de de consciência, o desejo de fazer o bem a todos os homens,
até mesmo aos inimigos, a benevolência pura, estes são alguns
frutos que distinguem a religião de Cristo ; e sobrepujam em im-
portância e valor a promulgação de dogmas e a declaração de
teorias . Entretanto, nem por isto deixa de ser uma característi-
ca da Igreja verdadeira conhecer, além das coisas temporais,

1, Tiago 1 :27 .

RELIGIÃO PRÁTICA 389

doutrinas de assuntos espirituais, fundamentadas na revelação e


não sobre a areia das débeis hipóteses dos homens.
A Amplitude de Nossa Fé deve chamar a atenção de todos
que sinceramente investigam os princípios que a Igreja ensina,
e ainda mais daquele que imparcialmente observa os resultados
que se manifestam no modo de viver típico dos Santos dos UI-
timos Dias . Dentro dos limites da Igreja há lugar para toda a
verdade, para tudo que é louvável ; virtuoso, agradável ou de
boa reputação . A liberalidade com que a Igreja considera ou-
tras denominações religiosas ; a sinceridade de seus ensinamen-
tos relativos ao fato de que Deus não faz acepção de pessoas,
mas que julgará todos os homens conforme suas obras ; a exten-
são e profundidade de seus preceitos concernentes ao estado de
imortalidade e os distintos graus de glória eterna que esperam
os de coração íntegro dentre todas as nações, tribos e igrejas,
sejam civilizados ou pagãos, doutos ou indoutos, são assuntos
dos quais já se tratou . Vimos, além disso, que as crenças dos
membros desta Igreja os impulsionam para diante, além dos li-
mites do conhecimento que até hoje foi revelado, e lhes ensi-
nam a esperar com firme confiança outras revelações, verdades
por acrescentar, maiores glórias que as que foram divulgadas
até hoje, eternidades de potências, domínios e progresso que a
imaginação do homem não pode conceber, nem a alma conter.
Cremos num Deus que é progressivo, cuja majestade é a inteli-
gência, cuja perfeição consiste em progresso eterno ; 2 um Ser
que chegou a essa condição exaltada por um caminho que a
Seus filhos é permitido seguir, e de cuja glória estes participa-
rão como herdeiros. Não obstante a oposição das seitas, apesar
de ser acusada diretamente de blasfémia, a Igreja proclama
esta verdade eterna : "Como o homem é, Deus foi ; como Deus é, o
homem poderá vir a ser ." Tendo tal futuro, o homem poderá
abrir seu coração à corrente de revelações passadas, presentes
e futuras ; e, com verdade, deveríamos poder dizer de cada filho
instruído de Deus : "Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo su-
porta ."' Relacionam-se com a declaração que esta regra encer-

2, "A Glória de Deus é a Inteligência" : veja D . & C . 93 :36 3, 1 Cor . 13 :7 .


390 REGRAS DE FÉ

ra muitos temas concernentes à organização, preceitos e práti-


cas da Igreja . Entre estes, poderemos considerar os seguintes:
Benevolência — A benevolência se baseia no amor ao próxi-
mo ; compreende a caridade, apesar de sobrepujá-la, no sentido
comum em que se usa a palavra . Cristo a colocou em segundo
lugar, depois do amor a Deus . Em certa ocasião alguns fariseus
vieram a Cristo para tentá-Lo com perguntas doutrinárias, espe-
rando poder confundi-Lo a fim de acusá-Lo de ter transgredido
a lei . E Jesus disse-lhes : "Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda tua alma, e de todo o teu pensamento . Este
é o primeiro e grande mandamento . E o segundo, semelhante a es-
te, é : Amarás o teu próximo como a ti mesmo . Destes dois manda-
mentos depende toda a lei e os profetas ."' Os dois mandamentos,
aqui designados como o primeiro e o segundo, acham-se en-
trelaçados tão estreitamente que quase são um, e este é : `A-
marás" . Aquele que cumprir um, cumprirá ambos ; porque se
não sentimos amor para com nossos semelhantes, é impossível
agradar a Deus . Por isso João, o Apóstolo do Amor, escreveu o
seguinte : "Amados, amemo-nos uns aos outros ; porque a cari-
dade é de Deus ; e qualquer que ama é nascido de Deus e co-
nhece a Deus . Aquele que não ama não conhece a Deus ; por-
que Deus é caridade . . . Se alguém diz : Eu amo a Deus, e abor-
recer a seu irmão, é mentiroso . Pois quem não ama a seu irmão,
ao qual viu, como pode amar a Deus a Quem não viu? E dele te-
mos este mandamento : que quem ama a Deus ame também a
seu irmão ."'
Porém, talvez a maior e mais sublime das declarações
apostólicas sobre o amor é a que se encontra na epístola de
Paulo aos membros de Corinto .' Nas versões atuais de nossa
Bíblia a virtude que o apóstolo declara ser superior a todos os
dons milagrosos, e que continuará depois de todas as demais
coisas terem perecido, leva o nome de caridade, porém a pala-
vra original significa amor, e o apóstolo se referia a algo maior
que a simples esmola, conforme se observa em suas palavras:

4, Mat . 22 :36-40 ; veja também Lucas 10:25-27 . 5, 1 João 4 :7,8, 20, 21 . 6, Veja 1 Cor.
capítulo 13 c também Alma 34 :28, 29 ; Mosiah 4 :16-24 ; também o apêndice 24:1, 2 .

RELIGIÃO PRÁTICA 391

"E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos
pobres . . . e não tivesse caridade, nada disso, me aproveitaria ."
Mesmo que um homem falasse a língua dos anjos ; mesmo que
tivesse o dom da profecia, o maior dos dons comuns ; mesmo
que conhecesse todos os mistérios ; ainda que sua fé lhe permi-
tisse mover montanhas ; ainda que desse tudo, inclusive sua vi-
da, se não tivesse amor, entretanto, de nada lhe serviria . Ainda
que seja acompanhado de todos os mais sinceros motivos, mes-
mo quando se acha livre de todo o desejo de ser elogiado e es-
perança de recompensa, a caridade ou esmola nada mais é que
uma débil manifestação do amor que fará com que o próximo
seja tão estimado como a própria pessoa ; esse amor que é lon-
gânimo ; que não é invejoso ; que não se, vanglória ; que não co-
nhece orgulho ; que domina o egoísmo ; que se regozija na ver-
dade . Quando vier "o que é perfeito " serão retirados os dons
que até então só em parte foram recebidos . "Então a perfeição
fará desvanecer a imperfeição ; o poder de curar será então reti-
rado, porque lá não haverá enfermidades ; cessarão as línguas e
a interpretação, porque se falará uma só língua pura ; não have-
rá necessidade de lançar fora os demônios nem de imunidade
contra venenos mortíferos, porque as condições celestiais farão
com que sejam desnecessários . . . Porém, a caridade, que é o
amor puro de Deus, nunca deixará de existir ; será entronizada
entre a hoste glorificada, vestida de toda a glória e esplendor de
seu céu original ."' Se um homem deseja ganhar a vida eterna
não pode negligenciar a obrigação de amar a seu próximo, por-
que "o cumprimento da lei é o amor ."8

Obras de Assistência da Igreja — A Igreja da época atual


pode chamar a atenção por uma estupenda obra de assistência
que já se realizou e que ainda prossegue . Uma das mais notáveis
manifestações deste fato se vê no trabalho missionário . Cada
ano milhares de missionários saem para toda parte da terra para
proclamar ao mundo o Evangelho da vida eterna, e isto sem que
recebam qualquer compensação monetária . Milhares desses

7, Divide Authenticity of the Book of Mormon, por Orson Pratt 1 :15,16 . 8, Rom . 13 :10.
veja também Gál . 5 :14 ; 1 Pedro 4 :8 .

392 REGRAS DE FÉ

servos devotos têm sofrido ultrajes e insultos daqueles a quem


tentaram fazer o bem ; e não poucos têm dado a vida, selando
com seu martírio seu testemunho e obra.
A Igreja não despreza a caridade manifestada em contri-
buições materiais : aliás, esta forma de assistência é pregada
como um dever sagrado a todos os Santos dos LJltimos Dias.
Enquanto cada um é encorajado a repartir seus bens com os ne-
cessitados, de acordo com sua capacidade individual, também
se desenvolveu dentro da Igreja um sistema ordenado de pres-
tar auxílio, e alguns de seus detalhes merecem consideração es-
pecial.
Ofertas Voluntárias— Sempre tem caracterizado a Igreja e
o povo de Deus o assumir a responsabilidade de zelar pelos
pobres, se houver entre eles . Para cumprir este propósito, assim
corno para fomentar um espírito de liberalidade, bondade e bene-
volência, têm sido solicitadas dádivas e ofertas voluntárias da-
queles que declaram estar vivendo de acordo com as leis de
Deus . Funciona atualmente na Igreja um plano sistemático
para auxiliar os pobres e quase em todos os ramos existe uma
organização de senhoras, conhecida como a Sociedade de So-
corro . Seu propósito é, em parte, arrecadar da sociedade e dos
membros da Igreja em geral, contribuições em dinheiro ou em
espécie, essencialmente artigos de primeira necessidade e dis-
tribuí-los, sob a direção dos oficiais locais do Sacerdócio, entre
os que não os possuem e os merecem . Porém, também a Socie-
dade de Socorro funciona de acordo com um plano de visitas
regulares às casas dos aflitos para ajudar a zelar pelos enfermos,
para administrar consolo aos que choram e procurar de todas as
formas possíveis aliviar a aflição . Os bons serviços dessa organi-
zação conquistaram a admiração de muitos que não admitem
relação alguma com a Igreja . . Várias associações beneficentes
têm seguido os seus métodos e a Sociedade foi oficialmente re-
corhecida nos Estados Unidos.
As Ofertas de Jejum representam um sistema de donativos
ainda mais geral . A Igreja ensina que a oração contínua e os je-
juns periódicos são um meio .eficaz de adquirir aquela humilda-
de que pode alcançar aprovação divina ; e foi determinado um

to G

RELIGIÃO PRÁTICA 393

dia de jejum mensal" que se observa em toda a Igreja . .O primei-


ro domingo de cada mês foi o dia determinado . Pede-se aos
membros que manifestem a sinceridade de seu jejum fazendo
uma oferta nesse dia para benefício dos pobres e, por comum
acordo, esta contribuição é, pelo menos, do valor dos alimentos
de que se privou a família ao jejuar . Estas ofertas podem consis-
tir de alimentos ou outros artigos úteis ; o bispo as recebe e,
por intermédio da mesma autoridade, são repartidas entre os
membros pobres fiéis da ala ou ramo . As autoridades que presi-
dem designam jejuns especiais, segundo as circunstâncias,
como em tempos de muita enfermidade, guerra ou outras emer-
gências, para fazer ressaltar essas épocas de súplica . Destas e de
várias outras maneiras os Santos dos Últimos Dias contribuem
de seus bens para os necessitados, compreendendo que os pobres
que há entre eles podem ser "os pobres do Senhor" e que é preciso
aliviar a necessidade e o sofrimento sem levar em conta a falta
de mérito dos que serão protegidos . O povo crê que a harmonia
de suas orações se tornará em dissonância se o clamor dos
pobres ascender com suas súplicas ao trono da graça.
Dízimos — A Igreja segue atualmente a doutrina do paga-
mento de dízimos, semelhante em todas as suas disposições ge-
rais à que se ensinava e praticava na antigüidade . Antes de pas-
sar ao sistema autorizado de proceder que hoje rege o assunto,
talvez seja conveniente estudar a antiga prática de pagar dízi-
mos . Falando em termos precisos, o dízimo é uma décima par-
te ; e parece que antigamente esta proporção da propriedade in-
dividual era o que se considerava como a parte que correspon-
dia ao Senhor .' A instituição do dízimo antecede até mesmo a
dispensação mosaica, pois vemos que tanto Abraão como Jacó
pagaram dízimos . Abraão regressava triunfante de uma batalha
quando lhe saiu ao encontro Melquisedeque, rei de Salém e
"sacerdote do Deus Altíssimo" e, reconhecendo sua autoridade
prometeu ao Senhor Lhe dar um décimo de tudo o que chegas-
se às suas mãos ."

25, Veja Atos 4:32,34,35 ; também 2 :44-46 . 26, P . de G . V ., Moisés em 31 de janeiro de


1914 ; também uma versão posterior intitulada The Lord' s Tenth. 10, Veja Génesis 14 :18-
20 ; também Heb. 7:1-3, 5 ; Alma 13 :13-16 . 11, Veja Gén . 28 :22 .

394 REGRAS DE FÉ

Os estatutos mosaicos indicavam claramente o pagamento


dos dízimos : "Também todas as dízimas do campo, da semente
do campo, do fruto das árvores são do Senhor : santas são ao Se-
nhor . *** Sobre os dízimos de vacas e ovelhas, de tudo o que
passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor " . 12 Paga-
va-se o dízimo ao receber, sem buscar o bom ou o mau ; entre-
tanto, segundo certas condições, uma pessoa podia redimir o
dízimo pagando seu valor de uma outra forma, mas em tal caso
teria que acrescentar um quinto do dízimo . A décima parte de
toda a propriedade de Israel deveria ser entregue como herança
aos levitas, em reconhecimento de seus serviços ; estes, por sua
vez, pagavam dízimo do que recebiam, e este dízimo do dízimo
era para os sacerdotes ." Israel entregava um segundo dízimo
que se destinava às festas fixas, e um terceiro dízimo, pagável
de três em três anos, que era usado para a alimentação e abrigo
dos pobres, das viúvas, dos órfãos e para os levitas ."
É evidente que, apesar de não ter sido prescrito em castigo
preciso para os que desobedecessem à lei dos dízimos, a obser-
vância devida do mandamento se considerava como dever sa-
grado . Durante a reforma de Ezequias o povo manifestou seu
arrependimento cumprindo imediatamente o pagamento dos
dízimos," e com tanta liberalidade que se acumulou um grande
excedente . Ao observar isto, Ezequias perguntou o motivo de
tanta abundância . "Azarias, o sumo sacerdote da casa de Za-
dok, lhe falou, dizendo : Desde que esta oferta se começou a
trazer à casa do Senhor, houve que comer e de que se fartar, e
ainda sobejo em abundância ; porque o Senhor abençoou Seu
povo e sobejou esta abastança ." Neemias não se esqueceu do
sistema regular do pagamento dos dízimos, 16 e tanto Amós"
como Malaquias 18 admoestaram o povo por não cumprir este
dever . Pela boca deste último profeta o Senhor acusa o povo de
tê-Lo roubado ; porém, logo lhe promete tantas bênçãos que
não as poderiam contar, se voltassem a ser-lhe fiéis : " Rouba-
rá o homem a Deus? Em que te roubam? Nos dízimos e nas
ofertas alçadas . Com maldição sois amaldiçoados, porque Me

12 . Lev 27.30 .34 . 13, Veja Núm . 18.21-28 . 14, Veja Deut . 12 :5-17 ; 14.22,21 15, Veja
2 Crõn . 31 :5,6 . 1ó, Veja Neem . 10:37 : 1244 . 17, Veja Arnós4 .4 . 18, Veja Mal . 3 :7-10 .

RELIGIÃO PRÁTICA 395

roubais a Mim, vós, toda a nação . Trazei todos os dízimos à


casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e
depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu
não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós Uma
bênção tal que dela vos advenha a maior abastança ." 19 Durante
Sua estada entre os nefitas, após Sua ressurreição, o Salvador
lhes fez saber estas palavras de Malaquias, repetindo as coisas
que havia dito esse profeta hebreu . 20 Durante o ministério de
Cristo os fariseus, com escrúpulo particular, se esforçavam tanto
para o pagamento dos dízimos que deixavam de lado "o mais
importante da lei" e por esta inconsistência foram repreendidos
pelo Mestre . 2 '
Na atual dispensação a lei dos dízimos ocupa um lugar de
muita importância e bênçãos especiais foram prometidas se ob-
servada fielmente . O Senhor declarou que esta época "é um dia
de sacrifício, e um dia para o dízimo do Meu povo ; pois aquele
que paga o seu dízimo não será queimado ." 22 Numa revelação
dada por meio do profeta Joseph Smith, em 8 de julho de 1838,
o Senhor declarou explicitamente o que se exige do povo neste
sentido . 23
Consagração e Mordomia — A lei dos dízimos que a Igreja
observa atualmente, é, apesar de tudo, somente uma lei menor,
dada pelo Senhor como conseqüência das debilidades, inveja,
cobiça e avareza humanas, que impediram os santos de aceitar
os princípios mais elevados, conforme os quais o Senhor queria
que vivessem . Em 1838 foram estabelecidas, por revelação, cer-
tas instruções precisas concernentes ao pagamento dos dízimos.
Entretanto, sete anos antes desse acontecimento já se havia ou-
vido a voz do Senhor sobre o assunto da consagração24 ou dedi-
cação de toda a propriedade que uma pessoa possui, juntamen-
te com seu tempo e talentos, ao serviço de Deus, para serem
empregados segundo as exigências das circunstâncias . Isto tam-
bém não é inovação, pois mesmo apesar de na dispensação
atual se ter revalidado a lei da consagração, nos tempos antigos
19, Mal . 3 :7-10 ; também 3 Nefi 24 :7-12 . 20, Veja 3 Nefi 24 :710 . 21, Veja Mat . 23 :23;
Lucas 11 :42 ; veja Jesus o Cristo, cap . 31 . 22, D . & C . 64 :23,24 ; veja também 85 :3 . 23,
Veja D . & C . scc . 119 ; também o apêndice 24:3 . 24, Veja D. & C . 42 :71 .

396 REG-RAS DE FÉ

fora aceita e observada com êxito . 25 Mesmo durante o período


apostólico já era velha a doutrina de consagrar e ter bens em
comum, porque trinta e quatro séculos antes o patriarca Eno-
que e seu povo haviam praticado o mesmo princípio com tanto
êxito que "o Senhor veio e habitou com o Seu povo e o Senhor
chamou a Seu povo Sião, porque eram um de coração e vonta-
de e viviam em justiça ; e não havia pobres entre eles ." 26 Em
cada um dos exemplos citados — do povo de Enoque e dos san-
tos dos primeiros dias da era cristã — vê-se a unidade de propó-
sito e força conseqüente que alcança o povo que vive nesse es-
tado social : " eram um de coração e vontade ." Mediante esse
poder espiritual assim alcançado, os apóstolos puderam realizar
muitas grandes obras' e, quanto a Enoque e seu povo, lemos
que o Senhor os tomou para Si.
Também o povo de que fala o Livro de Mórmon alcançou o
estado bendito de igualdade, e com resultados corresponden-
tes . Os discípulos que Cristo havia pessoalmente comissionado
ensinaram com poder e tinham "todas as coisas em comum en-
tre eles, procedendo com justiça uns para com os outros ." 2 Le-
mos adiante que houve uma conversão geral e que em virtude
da mesma o povo alcançou uma condição ideal de paz : "não
houve contendas nem disputas entre eles, e tinham todas as coi-
sas em comum ; portanto, não havia rico nem pobre, escravos
nem livres, mas eram todos livres e participantes do dom celes-
tial ." 3 Foram tão abençoados que o profeta disse a seu respeito:
"sem dúvida não poderia haver povo mais ditoso, entre todos os
povos criados pela mão de Deus ."' Porém, após quase dois sé-
culos desta condição bendita, o povo se deixou levar pelo orgu-
lho ; uns cederam à tentação de ostentar roupas luxuosas ; já não
mais queriam ter seus bens em comum e imediatamente surgi-
ram diferentes classes sociais ; estabeleceram-se seitas em con-
tenda e iniciou-se então uma rápida desorganização cujo resul-
tado foi a extinção da nação nefita .'

25, Veja Atos 4 :32,34,35 ; também 2:44-46 . 26, P. de G . V . Moisés, 7 :16-18, 1, Veja Atos
2 :43 . 2, 3 Néfi 26 :19 . 3, 4 Néfi vers . 2,3 . 4, 4 Néfi 16 . 5, 4 Néfi vers . 24 em diante;
veja Jesus o Cristo , cap . 39 .

RELIGIÃO PRÁTICA 397

A Mordomia da Igreja — Foi nesta época revelado à Igreja


um sistema de unidade em assuntos temporais, conhecido
como a Ordem de Enoque, 6 ou a Ordem Unida,' a qual se ba-
seia na lei de consagração . Como já disse, o povo demonstrou,
nos primeiros dias desta Igreja, que não era capaz de obedecer
a esta lei em sua plenitude e se impôs a lei menor dos dízimos;
porém, os santos confiantemente esperam o dia em que não
consagrarão unicamente a décima parte de seus bens, mas, sim,
tudo o que tiverem e tudo o que forem ao serviço de Deus ; um
dia em que nenhum homem falará do meu e do teu, em que to-
das as coisas serão do Senhor e suas . Com esta esperança não se
forjam vagos sonhos de comunismo, encorajando a irresponsabi-
lidade individual e dando ao inativo a esperança de viver às
custas dos econômicos ; é antes uma tranqüila confiança de que
na ordem social prometida, que Deus pode aprovar, todo ho-
mem receberá uma mordomia com o privilégio de fazer o que
bem lhe pareça com os talentos que lhe forem entregues, enten-
dendo claramente que terá que prestar contas de sua mordo-
mia . Segundo o que foi revelado sobre este futuro plano de or-
ganização, uma pessoa, ao entrar na sociedade, deve consagrar
ao Senhor tudo quanto possui, seja muito ou ipouco, entregando
à Igreja um título ou escritura de sua propriedade com o selo de
um convênio inviolável . 8 A pessoa que desta maneira tiver en-
tregue tudo quanto tem será designada mordomo de uma parte
da propriedade da Igreja, de acordo com sua habilidade para
utilizá-la.
Os vários graus de ocupação continuarão existindo . Have-
rá trabalhadores cujas qualidades os capacitarão melhor a de-
sempenhar trabalhos que não exigem experiência ; gerentes que
tiverem dado provas de capacidade para guiar e dirigir ; uns que
melhor poderão servir a causa de Deus com a pena ; outros com
o arado ; haverá engenheiros e mecânicos ; artesãos e artistas,
fazendeiros e catedráticos ; mestres, professores e autores, e até
onde seja praticável cada qual trabalhará no que tiver escolhi-

6, Veja D . & C . sec . 78 . 7, veja D . & C . 104:48 . 8, Veja D . & C . 42 :30 .



398 REGRAS DE FÉ

do : porém todos terão que trabalhar, onde e da maneira que


seja mais útil . Um título ou escritura assegurará sua mordomia e
enquanto for fiel ao seu cargo ninguém o poderá tirar . 9 Cada
um tomará do fruto de seu trabalho, de acordo com suas neces-
sidades, para seu mantimento e de sua família, enquanto o res-
tante será entregue ,à Igreja para trabalhos públicos e gerais, e
para auxiliar aqueles que por razões justas não têm o suficien-
te . 10 Outra ilustração do emprego das sobras encontra-se nestas
palavras : "Todas as crianças têm o direito de receber de seus
pais o seu sustento, até alcançarem a maioridade . E depois dis-
so elas têm direito ao auxílio da Igreja, ou, em outras palavras,
ao celeiro do Senhor, se seus pais não tiverem com que lhes dar
herança . E o celeiro deverá ser conservado pelas consagrações
da igreja ; e as viúvas e os órfãos, assim como os pobres, serão
amparados .' Qualquer mordomo fiel que necessitar capital
adicional para melhorar sua obra terá direito a recebê-lo, para
tal fim, dos encarregados do fundo geral, que por sua vez res-
pondem por sua gestão ; e isto constitui' sua mordomia ."
Todos gozarão de direitos iguais . O Senhor disse : "E vós
deveis ser iguais ou, em outras palavras, em benefício da admi-
nistração dos negócios das vossas mordomias deveis ter os mes-
mos direitos nas propriedades, cada homem de acordo com
seus desejos e necessidades, contanto que seus desejos sejam
justos — e tudo isto em benefício da igreja do Deus vivo, para
que todo homem desenvolva o seu talento e adquira outros,
sim, centuplicados, para que sejam postos no celeiro do Senhor,
a fim de se tornarem propriedade comum de toda a Igreja ."
Todo indivíduo gozará de seu livre-arbítrio . Se não for fiel
será julgado conforme as regras prescritas da disciplina da Igre-
ja . As várias estacas ou outras divisões da Igreja exercerão um
poder correspondente de autonomia, e cada qual terá jurisdi-
ção sobre seus próprios celeiros e assuntos administrativos," e
todos estarão sujeitos às Autoridades Gerais da Igreja . Somente.
o inativo sofreria num sistema como o que foi delineado . A es-
tes se dirige o édito do Onipotente : "Não sejas ocioso, porque o
9, Veja D . & C. 51 :4,5 ; 10, Veja D . & C . 42 :32-35 . 11, D . & C . 83 :4-6 ; 12, v eja D . &
C . 104 :70-77 ; 13, D . & C . 82:17,18 ; 14, Veja D . & C . 51 :10-13,18 .

RELIGIÃO PRÁTICA 399

ocioso não comerá do pão nem usará as vestes do trabalha-


dor ."" "E o ocioso não terá lugar na Igreja, a não ser que se ar-
rependa e emende seus modos ."' 6 "E, sendo designados a tra-
balhar, os habitantes de Sião com fidelidade também se lembra-
rão de seus trabalhos, pois o ocioso será lembrado diante do Se-
nhor .""
Ordem Social dos Santos — Em vista das condições de in-
quietação social que prevalecem e dos enérgicos protestos con-
tra os sistemas existentes que estão causando uma distribuição
cada vez mais desigual das riquezas — o rico fazendo-se mais
rico às custas da pobreza cada vez maior do pobre, a mão da
opressão cada vez mais pesada sobre as massas, .o descontenta-
mento conseqüente com os governos e o fogo latente da anar-
quia que se percebe em quase todas as nações — não devemos
consolar-nos com a promessa de um plano melhor, um plano
que sem força ou violência procura a maneira de fundar uma
igualdade estável, de ajudar o humilde e o pobre, 18 e dar a todo
homem a oportunidade de viver e trabalhar na esfera à qual se
adaptou? A verdade libertará o homem da tirania da riqueza
mal empregada e de qualquer outra forma de opressão . Para
poder participar dessa liberdade, o gênero humano deve domi-
nar o egoísmo, que é um dos inimigos mais poderosos da santi-
dade .
A Igreja ensina a necessidade de uma organização social
adequada, que não seja contrária às leis do país ; a santidade da
instituição e convênio do matrimônio como essencial à estabili -
dade da sociedade ; o cumprimento da lei divina a respeito da
perpetuação da família humana, e a importância de uma rígida
pureza pessoal.
Matrimônio — Os ensinamentos das Escrituras concernen-
tes à necessidade do matrimônio são numerosos e explícitos . "E
disse o Senhor Deus : Não é bom que o homem esteja só ." 19 Esta
ampla declaração a respeito de Adão foi pronunciada imediata-
mente após ter sido colocado no Éden . Deu-se-lhe Eva ; e o ho-
mem reconheceu a necessidade de uma associação contínua
dos sexos mediante o matrimônio e disse : "Portanto, deixará o
15, D . & C . 42-42 ; veja também 60 :13 ;75 :3 . 16, D . & C . 75 :29 ; 17, D . & C . 68 :30 ; veja
também 88 :124 . 18, Veja D . & C . 42 ;39 . 19, Gén . 2:18 .

400 REGRAS DE FÉ

varão o seu pai e sua mãe e apegar-se-á a sua mulher, e serão


ambos uma carne ." 20 Nenhum dos sexos constitui em si mesmo
a imagem completa ou perfeita de Deus . É-nos dito expressa-
mente que Deus é o Pai dos espíritos 21 e para compreender o
caráter literal desta verdade solene è preciso que entendamos
que deve existir uma mãe desses espíritos . 22 Quanto •à criação
do gênero humano, lemos : "E criou Deus o homem à Sua ima-
gem ; à imagem de Deus o criou ; macho e fêmea os criou ." 23 O
duplo propósito desta criação fica explicado no seguinte versí-
culo da sagrada narrativa : "E Deus os abençoou, e Deus lhes
disse : Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra ." 2 ' Este man-
damento reclamaria tanto significado como eficácia, se tivesse
sido dado a um dos sexos somente, e, sem a faculdade de perpe-
tuar sua espécie, a glória e majestade do homem seriam insigni-
ficantes, porque poucas são, em verdade, as coisas que um in-
divíduo realiza no estado mortal.
Por importante que pareça ser o que efetua um homem
verdadeiramente grande, a culminação de sua gloriosa carreira
consiste em deixar uma posteridade que continue e aumente os
triunfos de seu pai . E se assim é com os seres mortais, a respeito
das coisas da terra, o poder de progênie eterna, visto à luz da
verdade revelada sobre o progresso interminável do estado fu-
turo, é de muito maior transcendência . Com acertado discerni-
mento o apóstolo disse : "Todavia, nem o varão é sem a mulher
nem a mulher sem o varão, no Senhor . "23
Os Santos dos Últimos Dias aceitam a doutrina de que o
matrimônio é honroso 2ó e é exigido de todos aqueles cujos de-
feitos físicos ou outras incapacidades não impedem de assumir as
sagradas responsabilidades do estado conjugal . Consideram
que constitui parte da herança de todo homem digno ter o privi-
légio e obrigação de estar à cabeça de uma família e ser pai de
uma posteridade que mediante as bênçãos de Deus talvez ja-
mais deixe de existir ; e igualmente importante é o direito de
toda mulher digna, de ser esposa e mãe na família do gênero

20, Gén . 2 :24 ; 21, Veja Núm . 16 :22 ; Heb . 12 :9 ; 22, Veja o apêndice 2 :11 ; "O Pai e o Fi-
lho", Apêndice 24 :4 . 23, Gén . 1 :27 ; 5 :2 . 24, Gén . 1 :28 ; 9 :1,7 ; Lev . 26 :9 . 2S, 1 Cor.
11 :11 ; 26, Veja Heh . 13 :4 .

RELIGIÃO PRÁTICA 401

humano . Não obstante serem estes ensinamentos simples, ra-


zoáveis e naturais, tem-se levantado entre os homens falsos mes-
tres que pregam a perniciosa doutrina de que o matrimônio
nada mais é que uma necessidade carnal, herdada pelo homem
como conseqüência de sua natureza degradada ; e que o celiba-
to é sinal de um estado superior, mais aceitável ante os olhos de
Deus . Referente a estes, o Senhor declarou nestes dias: "todo
aquele que proibir o casamento não é ordenado de Deus, pois o
casamento é instituído por Deus e para os homens, para que a
terra cumpra o fim de sua criação ; e para que se encha com a
medida do homem, de acordo com sua criação já antes da for-
mação do mundo ."'
Matrimônio Celestial — O matrimônio, na estimação dos
Santos dos Últimos Dias, foi decretado por Deus, e tem por ob-
jeto ser uma relação eterna dos sexos . Para este povo não repre-
senta simplesmente um contrato temporal cuja eficácia só está
na existência mortal dos contraentes, mas sim um convênio so-
lene que continuará além-túmulo . A ordenança completa do
matrimônio requer que o homem e a mulher façam um convê-
nio de fidelidade mútua, não somente "até que a morte os sepa-
re" mas "pelo tempo e pela eternidade" . Um contrato tão
transcendental, eficaz não somente nesta vida mas também nos
domínios da próxima, exige uma autoridade superior à terrena
para ser válido ; esta autoridade se encontra no Santo Sacerdó-
cio que, dado por Deus, é eterno . Qualquer poder menor que
este, apesar de ser eficaz nesta vida, nenhum valor terá quanto
ao estado da alma humana além do túmulo.
O Senhor disse : "Todos os convênios, contratos, laços,
obrigações, votos, promessas, realizações, conexões, associa-
ções ou expectativas que pelo Santo Espírito da promessa e por
meio daquele que é ungido não forem feitos, encetados e sela-
dos, tanto para esta vida como para toda a eternidade, e isso
também de maneira a mais sagrada, por revelação e manda-
mento, por intermédio do Meu ungido, o qual escolhi para reter
este poder na terra, não terão eficácia, virtude ou vigor algum
na ressurreição dos mortos, nem depois dela, pois todos os con-
1, D . & C . 49 :15-17

402 REGRAS DE FÉ

tratos que não forem realizados com esse propósitcr têm fim
quando os homens morrem ." 2
Referindo-se à aplicação do princípio de autoridade terre-
na para as coisas da terra e autoridade eterna para as coisas
além-túmulo, ao sagrado convênio do matrimônio, a revelação
continua dizendo : "Portanto, se um homem tomar para si uma
esposa no mundo e não for casado por Mim nem por Minha
palavra, e se comprometerem por esta vida, ele com ela e ela
com ele, o seu convênio e casamento nãb será válido quando
morrerem, e quando estiverem fora do mundo ; portanto, não
estarão ligados por lei alguma quando 'não estiverem neste
mundo . Portanto, quando estiverem fora deste mundo não se
casam nem são dados em casamento, mas são designados anjos
nos céus, servos ministradores, que ministram por aqueles que
são dignos de uma maior, suprema e eterna medida de glória.
Pois esses anjos não guardaram a Minha Lei, portanto não po-
dem aumentar, mas permanecem separados e solteiros, sem
exaltação no seu estado de salvação, por toda a eternidade ; e
daí por diante não são deuses, mas anjos de Deus para todo o
sempre" . 3
Este sistema de santo matrimônio, que compreende convê-
nios pelo tempo e pela eternidade, distingue-se com o nome de
Matrimônio Celestial, o regime que existe nos mundos celes-
tiais . A ordenança do matrimônio celestial se reserva para os
membros da Igreja que forem considerados dignos de participar
das bênçãos da Casa do Senhor ; porque essa ordenança, junta-
mente com outras de eterna eficácia, deve-se efetuar em tem-
plos que tenham sido erigidos e consagrados para esta cerimô-
nia sagrada . 4 Os filhos que nascem de pais que contraíram este
matrimônio celestial são herdeiros naturais do sacerdócio ; são
chamados "filhos do convênio" ; nenhum rito de adoção ou li-
gamento é necessário para assegurar-lhes lugar entre os da pos-
teridade da promessa . Para aqueles que não podem entrar nos
templos, ou voluntariamente preferem uma ordem inferior e
provisória, a Igreja aprova os matrimônios que se efetuam uni-
camente para o tempo desta vida, e lhes confere a bênção do
2 . D . & C . 132 :7 . 3, D . & C . 132 :15-17 : Veja : A Casa do Senhor . p . 101 . 4, Veja D.
& C . 124 :30-40 .

RELIGIÃO PRÁTICA 403

Sacerdócio . Nenhum ser vivo pode contrair matrimônio con-


forme as ordenanças da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias se não tiver cumprido fielmente todos os requisi-
tos da lei civil sobre o matrimônio.
As Relações Ilícitas dos Sexos, segundo o Senhor, são dos
pecados mais graves e a Igreja considera realmente a pureza
individual, quanto às relações sexuais, como uma das condições
indispensáveis, e os que quiserem ser membros devem cumpri-
la . Os Santos dos Últimos Dias aceitam sem modificação os en-
sinamentos de Alma, o profeta nefita, concernentes à enormi-
dade das ofensas contra a virtude e a castidade . Suas palavras
declaram "que estas coisas são abomináveis à vista do Senhor.
Sim, os mais detestáveis de todos os pecados, com exceção de
sangue inocente derramado ou negação do Espírito Santo ."' O
mandamento : "Não adulterarás", que em certo tempo foi escri-
to pelo dedo de Deus entre os trovões e os relâmpagos do Sinai,
foi reiterado como preceito particular nestes últimos dias, e o
castigo da excomunhão foi prescrito para o ofensor . 6 Por outro
lado, é incongruente para o Senhor que aqueles que professam
ter recebido o Espírito Santo incorram em qualquer pecado se-
xual, pois foi declarado que "aquele que olhar para uma mulher
para a cobiçar, ou se alguém em seu coração cometer adultério,
não terá o Espirito, mas negará a fé ."'
A Santidade do Corpo — A Igreja ensina que cada qual deve
estimar seu corpo como o "templo de Deus" 8 e conservá-lo
puro e santo . Ensina que o Espírito do Senhor não ocupa habi-
taçes imundas, pelo que se torna necessário que se viva de
acordo com as leis de saúde que são parte da lei de Deus . Como
orientação especial para Seus santos, o Senhor revelou o se-
guinte : 9
1 Uma Palavra de Sabedoria, para benefício do conselho
dos sumos sacerdotes reunidos em Kirtland, para o
bem da Igreja e também dos santos em Sião.
2 . Para ser enviado como saudação ; .não por mandamen-
to ou constrangimento, mas por revelação e pela pala-
5, Alma 39:5 ; 6, Veja D . & C . 42 :24 ; 80 :83 ; 63:16 ; 17 . 7, D . &C . 63 :16 ; veja também
42 :23 ; Matçus 5 :28 ; 8, 1 Cor. 3 :16 ; veja também 6:19 ; 2 Cor. 6 :16 ; D . &C . 93 :35 ; 9, D.
& C . sec . 89 .
404 REGRAS DE FÉ

vra de sabedoria, tornando manifesta a ordem e a von-


tade de Deus quanto à salvação temporal de todos os
santos nos últimos dias.
3. Dada por preceito, com promessa, adaptada à capaci-
dade dos fracos e à do mais fraco de todos os santos,
que são, ou que se podem chamar santos.
4. Eis que na verdade assim vos diz o Senhor : Devido a
maldades e desígnios que existem e existirão nos cora-
ções dos homens conspiradores nos últimos dias, Eu
vos avisei, e de antemão vos aviso por meio desta pala-
vra de sabedoria, dada por revelação.
5. Eis que não é bom nem aceitável diante de vosso Pai
que alguém entre vós tome vinho ou bebida forte, ex-
ceto quando vos reunis para Lhe oferecer os vossos sa-
cramentos.
6. E eis que este deve ser vinho, sim, puro de uva de vi-
deira, e de vossa própria fabricação.
7. E, novamente, bebidas fortes não são para o ventre
mas para lavar os vossos corpos.
8. E, novamente, tabaco não é para o corpo nem para o
ventre, e não é bom para o homem, mas é uma erva para
machucaduras e todo gado doente, para ser usado com
discernimento e perícia.
9. E, novamente, bebidas quentes não são para o corpo
nem para o ventre.
10. E, novamente, na verdade vos digo que todas as ervas
salutares ordenou Deus para a constituição, natureza e
uso do homem.
11. Toda erva na sua estação e toda fruta na sua estação;
todas elas para se usar com prudência e ações de gra-
ça.
12. Sim, também a carne dos animais e das aves do ar Eu,
o Senhor, ordenei para ser usada pelo homem, com
ações de graça ; contudo, deverão ser usadas parca-
mente.
13. E Me é agradável que sejam usadas somente no inver-
no, em tempo de frio ou de fome .

RELIGIÃO PRATICA 405

14. Todos os cereais são ordenados para o uso do homem


e dos animais como esteio da vida, não só para os ho-
mens mas também para os animais do campo e as aves
-dos céus, e todos os animais selvagens que correm ou
se arrastam na terra.
15. E estes fez Deus para o uso do homem só em tempos
de escassez ou de fome excessiva.
16. Todos os cereais são bons para a comida do homem;
assim como o fruto da videira ; tudo aquilo que produz
fruto, quer na terra, quer em cima da terra.
17. Contudo, seja o trigo para o homem, o milho para o
boi, a aveia para o cavalo, o centeio para as aves e os
suínos e todos os animais do campo, a cevada como
também outros grãos para todos os animais úteis e para
as bebidas fracas.
18. E todos os santos que se lembrarem, guardarem e fize-
rem estas coisas, obedecendo aos mandamentos, rece-
berão saúde para seu umbigo e medula para seus ossos.
19. E acharão sabedoria e grandes tesouros de conheci-
mento, até mesmo tesouros ocultos.
20. E correrão e não se cansarão ; caminharão e não des -
falecerão.
21. E Eu, o Senhor, lhes faço a promessa de que o anjo
destruidor os passará, como aos filhos de Israel, e não
os matará . Amém . 10

O Dia do Sábado — A Igreja aceita o domingo como o dia de


repouso cristão e proclama a santidade desse dia . Adimitimos
sem argumentar que sob a lei mosaica se havia designado e se
observava o sétimo dia como o dia santo, e que a mudança de
sábado para domingo foi uma particularidade da administração
apostólica que se seguiu ao ministério pessoal de Jesus Crito.
De maior importância que a designação deste ou daquele dia da
semana é a realidade do dia de repouso semanal que se deve ob-

10, Veja Exo . 12:23 ;


406 REGRAS DE FÉ

servar como dia de especial e particular devoção no serviço do


Senhor . -
Se não foi especificado definitivamente, prefigurou-se o sá-
bado como dia de repouso no relato da criação onde lemos que
após seis dias de obra criadora "abençoou Deus o dia sétimo e
o santificou ; porque nele descansou de toda a Sua obra, que
Deus criará e fizera .""
Nos primeiros dias do êxodo foi ordenado aos israelitas
que recolhessem uma porção dupla de maná no sexto dia, por-
que o sétimo estava consagrado como dia de repouso ; e assim
ficou assinalado porque o Senhor não lhes dava maná nesse
dia ." Não existe prova de que nessa época tão longínqua a ob-
servação do sábado por parte de Israel fosse uma inovação ; e
razoavelmente se pode interpretar como o reconhecimento de
um sistema já estabelecido, porém revalidado na nova dispensa-
ção . Mais tarde, quando se codificou e se promulgou o decálo-
go desde o Sinai, fez-se a lei do sábado particularmente. explíci-
ta e se mencionou como seu fundamento o repouso do Senhor:
"Lembra-te do dia do sábado para o santificar . Seis dias traba-
lharás e farás toda a tua obra . Mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus : não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu fi-
lho, nem tua filha, nem teu servo, nem a tua serva, nem o teu
animai, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo
que neles há e ao sétimo dia descansou : portanto, abençoou . o
Senhor o dia do sábado e o santificou ." 14
A observância do sábado como dia em que se deixava de
trabalhar e se rendia devoção particular chegou a ser peculiarida-
de nacional dos israelitas, que os distinguia das nações pagãs ; e
com toda razão, porque a observância do dia do santo permane-
ceu como sinal do convênio entre o Senhor e Seu povo . 15
No decorrer da história israelita os profetas, um após ou-
tro, admoestaram e repreenderam o povo, por menosprezar ou
profanar osábado .Neemias imputou os sofrimentos da nação ao
fato de que haviam perdido a proteção divina por terem violado
11, Vitality of Mormonism, págs . 330-333 ; Jesus the Christ, cap . 15 ; também The Lord's
Day, pelo irmão Brigham H . Roberts . 12, Gén . 2:3 . 13, Veja Êxodo 16:23-30 . 14,
Êxodo 20 :8-11 . 15, Veja Êxodo 21 :13 .

RELIGIÃO PRÁTICA 407

o sábado . 1ó Pela boca de Ezequiel o Senhor reafirmou que o sá-


bado era sinal de Seu convénio com Israel e censurou severa-
mente aos que não observavam o dia ." Para o ramo desgarrado
de Israel, que segundo afirma o Livro de Mórmon foi transplan-
tado para a terra americana, a observância do dia do sábado foi
um requisito igualmente imperativo . 18
Muito antes do nascimento de Cristo os judeus quase ha-
viam perdido de vista tanto o propósito original do sábado
como o espírito de seu serviço, e os regulamentos rabínicos
com seus numerosos detalhes transformavam o dia num dia de
desconforto e severidade . Esta situação foi vigorosamente con-
denada por nosso Senhor, em resposta aos que O acusavam de
curar e efetuar outras obras boas durante o dia do sábado : "O
sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa
do sábado" e então acrescentou enfaticamente : "Assim, o Fi-
lho do Homem até do sábado é Senhor "19
Cristo não veio para destruir a lei de Moisés, mas para
cumpri-la ; e por intermédio dele, o Evangelho substituiu a lei.
O Salvador levantou-Se da tumba no primeiro dia da semana, e
esse domingo particular, assim como o seguinte, para sempre se
converteu num dia memorável, por motivo da visita corporal
que fez o Senhor ressuscitado aos apóstolos e a outros que se
encontravam reunidos . Para os crentes no Salvador crucificado
e ressuscitado, o domingo tornou-se o dia do Senhor 20 e com o
tempo substituiu o sétimo dia como o sábado semanal nas igre-
jas cristãs.
A Igreja de Jesus Cristo, baseada na autoridade da revela-
ção direta que determina o domingo como o dia do Senhor ensi-
na que tal dia é o que se aceita para observar repouso . Nesta
nova e última dispensação, a Dispensação da Plenitude dos
Tempos, foi reiterada a lei do dia de repouso para a Igreja.
Deve-se notar que a revelação, parte da qual é transcrita a se-
guir, foi dada à Igreja no domingo, 7 de agosto de 1831.
"E para que te conserves mais limpo das manchas do mun-
do, irás à casa de oração e oeferecerás os teus sacramentos no
16, Veja Neem . 13 :15-22 . 17, Veja Eze . 20 :12-24 . 18, Veja Jarom 6 ; também
Mosiah 13 :16-19 ; 18 :23 . 19, Marcos 2 :27,28 . 20, Veja Apocalipse 1 :10.

408 REGRAS DE FÉ

Meu dia santificado ; pois na verdade, este é um dia designado a


ti para descansares de teus trabalhos e prestares a tua devoção
ao Altíssimo ; contudo, teus votos serão oferecidos em retidão
todos os dias e em todos os tempos ; mas lembra-te de que neste,
o dia do Senhor, oferecerás as tuas oblações e teus sacramentos
ao Altíssimo, confessando os teus pecados a teus irmãos e pe-
rante o Senhor . E nesse dia não farás nenhuma outra coisa, so-
mente seja teu alimento preparado com singeleza de coração,
para que o teu jejum seja perfeito ou, em outras palavras, para
que o teu gozo seja completo . "21
Cremos que um dia semanal de descanso é tão necessário
para o bem-estar físico do homem como para seu desenvolvimen-
to espiritual . Porém, essencial e principalmente, julgamos que o
dia de repouso foi instituído divinamente e que sua observância
é um decreto daquele que foi, que é e sempre será o Senhor do
sábado .

REFERÊNCIAS

Religião é um assunto pessoal


Se alguém entre vós cuida de ser religioso, e não refreia a sua língua, a religião de tal é vã —
Tiago 1 :26, 27.
A epístola universal de Tiago dá um resumo dos deveres religiosos . e da natureza da religião
prática e verdadeira.
Paulo ao rei Agripa: Conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu — Atos
26 :5.
Os nefitas procuraram defender a si, a seu pais, seus direitos e sua religião — Alma 43 :47.
As bênçãos do Senhor são atribuidas à manutenção da religião - - Alma 44 :3-5.
Estandarte da liberdade : Em memória de nosso Deus, nossa religião, nossa liberdade, nossa
paz e nossas esposas e filhos — Alma 46 :12, 13.
Os hoens livres juraram manter os direitos e privilégios de sua religião por um governo li-
vre- Alma 51 :6.
Considere os característicos da religião verdadeira como o Senhor os expressou no sermão
da montanha — Mat . caps . 5, 6, 7.
Cremos que a religião é instituída por Deus — D . & C . 134 :4 ; veja também os versículos 9 e
to.
21, D. & C . 59 :9-13 .

REFERÊNCIAS 409

Fé, esperança, caridade e amor, com os olhos fitos na glória de Deus, qualificam um ho-
mem para o ministério — D . & C . 4 :5.
Ninguém pode ajudar neste trabalho, a não ser que seja humilde e cheio de amor, tendo fé,
esperança e caridade D . & C . 12 :8 . 1
E se não tendes fé, esperança e caridade, nada podeis fazer — D . & C . 18 :19.
E acima de tudo, como um manto, vesti o vínculo da caridade — D . & C . 88 :125.
Que sejam cheias de caridade para com todos os homens, e para com a família da fé : que a
virtude adorne os teus pensamentos incesssantemente — D . 8: C . 121 :45.
O que fazeis ao menor destes, fazeis ao Senhor — D. & C . 42:38 ; 'veja também 42:29 ; 44:6;
52:40.
Ai de vós, homens ricos, que não dais dos vossos bens aos pobres -- D . & C . 56 :16 . Ai de vós
homens pobres que não sois quebrantados de coração — D . & C . 56 :17.
Foi ordenada uma busca para os pobres, para prover pelas carências deles — D . & C.
84:112.

A ordem da Igreja para o beneficio dos pobres – D . & C . sec . 104.


Qualquer que não repartir a sua porção com os pobres erguerá os seus olhos no inferno —
D . & C .-104 :18.
Desprezo do Senhor por aqueles que não repartem seus bens com os pobres — D . & C.
105 :3
Dizimos e ofertas
Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque — Gén . 14 :20.
Jacó prometeu pagar o dízimo a Deus — Gén . 28 :22.
Todas as dízimas do campo eram santas ao Senhor — Lev . 27 :30-32.
Disposição dos dízimos dos filhos de Israel — Núm . 18-24.
Ali trareis vossos sacrifícios e vossos dízimos — Deut . 12:6.
Certamente darás os dízimos de toda a novidade da tua semente — Deut . 14 :22 . 23.
Freqüentemente se mencionam ofertas como distintas do dízimo nos livros de Êxodo, Levi-
tico, Números e Deuteronômio.
É mencionado o dízimo no Livro de Mórmon — Alma 13 :15 ; 3 Néfi 24:8-10 . São menciona-
das ofertas em 1 Néfi 5 :9 ; 7 :22 ; 1 2 :7.
A lei do dízimo na dispensação atual — D . & C . Sec . 119.
Na verdade este é um dia de sacrifício, e um dia para o dízimo do Meu povo — D . & C.
64 :23.
A casa do Senhor a ser construída pelo dízimo do Meu Povo — D . & C . 97 :11, 12.
Note que os nefitas observaram estritamente a lei de Moisés até que foi substituída por or-
dem do Senhor ressuscitado, Jesus Cristo, que lhes ministrou pessoalmente e declarou que
a lei fora dada por Ele . Como se vê pelas referências bíblicas já citadas, dízimos e ofertas
constituíram-uma parte essencial da lei de Moisés . Como prova de que os nefitas observa-

410 REGRAS DE FÉ

ram realmente a lei de Moisés, considere os seguintes trechos : Mosíah 3 :14,


15 : 12 :28-37 ; 13 :27-33 ; Helamã 15 :5 ; 3 Néfi 15 :2-10.
O Sábado
Amanhã é repouso do santo sábado do Senhor — Ex . 16 :23.
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar — Ex . 20 :8-11 . Note pelo versículo 11 que a
instituição do sábado foi prefigurada na criação.
E abençoou o Senhor o sétimo dia e o santificou —'Gén . 2 :2, 3 ; Moisés 3 :2 ; Abraão 5 :1-3.
Seis dias para trabalhar e o sétimo em que os homens e os animais devem
descansar — Êx . 23 :12.

O guardar o sábado era um sinal entre Jeová e o povo de Israel — Ex . 34 :21 35 :2 ; Lav . 23 :3.
Ofertas especiais eram exigidas no sábado — Núm . 28:9, 10.
No deserto os israelitas foram instruídos a colher uma porção dupla de maná no dia sexto e
nada no sétimo — Ex . 16 :16-31 ; veja também versículos 4 e S.
Bênçãos para o homem que guardou o sábado — Is . 56 :2 : 58 :13 : 14.
Soba lei de Moisés, o castigo por violar o sábado era a morte — Ex . 35 :2 ; Núm . 15 :32-36;
compare Jer . 17 :27.
Os ensinamentos de Cristo a respeito do sábado, Suas ações e as acusações contra Ele —
Mat . 12 :1-8, 10-14 : Luc . 6 :1-11 : Mar . 2 :23-28,
Uma mulher curada no sábado — Luc . 13 :11-17 . Outros acontecimentos — Luc . 14 :1-6 ; João
5 :5-18 : 7 :21-24.
O filho do Homem também do sábado é Senhor — Mar . 22 :28 : Mat . 12 :8.
O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado — Mar . 2 :27.
Paulo disputava na sinagoga a cada sábado — Atos 18 :4 ; 17 :2 . Observe que os discípulos se
reuniram para partir o pão no primeiro dia da semana e não no sétimo — Atos 20:7.
Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana — Mat . 28 :1 ; Mar. 16 :9.
O primeiro dia da semana tornou-se o sábado em vez do sétimo — 1 Cor . 16 :2.
Fui arrebatado em espirito no dia do Senhor — Apoc . 1 :10.
Ninguém vos julgue por causa dos sábados — Col . 2:16.
Os nefitas guardaram o sábado e o santificaram para o Senhor — Jarom 5 ; Mosiah 13 :16-19.
Alma ordenou ao povo que guardasse o sábado para santificá-lo — Mosiah 18 :23.
Note que guardar o sábado era urna parte importante da lei de Moisés, e que os nefitas ob-
servaram rigorosamente esta lei até que o Cristo . que fez a lei, a substituiu — 2 Néfi 5 :10;
25 :24-30 : Jarom 5 ; Mosiah 2 :3 ; Alma 30 :3 3 Néfi 1 :24.
Irás à casa de oração c oferecerás os teus sacramentos no Meu dia santificado — D . & C.
59 :9, 10 . Lembra-te de que neste, o dia do Senhor, oferecerás as tuas oblações e teus sacra-
mentos ao Altissimo — D . & C . 59 :12-14.
E os habitantes de Sião observarão também o dia do Senhor, para o santificar — D . & C.
68 :29 .
APÊNDICE

COMPÕE-SE DE NOTAS REFERENTES AOS


CAPÍTULOS ANTERIORES

APÊNDICE I

Notas relacionadas com o capítulo 1

1. AS REGRAS DE FÉ datam de 19 de março de 1841 . Foram


publicadas na História de Joseph Smith no "Millennial", tomo 19, ,
pág . 120 e em "Times and Seasons", tomo 3, pág . 709 . Como já foi dito,
a Igreja adotou formalmente as Regras de Fé como um resumo autori-
zado de suas principais doutrinas.
2. OS LIVROS CANÓNICOS DA IGREJA — A Bíblia e o Livro
de Mórmon, os primeiros dois livros canônicos da Igreja, são tratados
nos capítulos 13, 14 e 15 desta obra . O livro Doutrina e Convênios é
uma compilação de revelações modernas, dadas à Igreja na presente
dispensação . A Pérola de Grande Valor compreende as visões e os es-
critos de Moisés, como foram revelados a Joseph Smith, O livro de
Abraão, traduzido por Joseph Smith de certos papiros antigos, e alguns
escritos do próprio Joseph Smith . Estes livros foram adotados pelos
membros da Igreja, em conferência como seus livros canônicos.
3. TRIBUTO A JOSEPH SMITH — Apesar de poucas pessoas
fora da Igreja dizerem algo favorável a respeito de Joseph Smith, con-
vém notar que tem havido algumas exceções notáveis . Josiah Quincy,
um eminente americano, conheceu Joseph Smith pouco antes de este
ser martirizado e, após o trágico acontecimento, escreveu : "Não é
pouco provável que em algum livro do futuro, escrito para as gerações
que ainda estão por nascer, se faça uma pergunta mais ou menos assim:
Que americano histórico do século XIX exerceu maior influência
sobre os destinos de seus compatriotas? E não é de todo impossível que
a resposta a esta pergunta seja a seguinte : Joseph Smith, o profeta mór-
mon . E a resposta, por absurda que sem dúvida pareça para a maior
parte dos que hoje vivem, poderá ser verdade óbvia para seus descen-
dentes . A História contém surpresas e paradoxos tão extraordinários
como este . Com o lançar epítetos injuriosos contra a memória do ho-
mem que estabeleceu uma religião nesta época de livres debates, que
foi e é hoje aceito por centenas de milhares como emissário direto do
Altíssimo, não se desembaraçará de tão extraordinário ser humano . . .
As perguntas mais importantes que os cidadãos do país estão discutindo

412 REGRAS DE FÉ

na atualidade estão relacionadas com este homem e com o que nos le-
gou . . . São perguntas transcendentais, que darão um lugar destacado
na história do país a este vigoroso afirmador a quem visitei em Nauvoo.
Afirmando ser um mestre inspirado, Joseph Smith lutou contra uma
adversidade como poucos tiveram que lutar, desfrutou de um curto
período de prosperidade como poucos homens conheceram e, finalmen-
te, quarenta e três dias após eu tê-lo visto, dirigiu-se com ânimo forte
para uma morte de mártir . Quando se entregou ao governador Ford, a
fim de evitar um derramamento de sangue, o profeta pressentia que a
morte o esperava . `Vou como um cordeiro ao matadouro — declarou —
porém, sinto-me tranqüilo como uma manhã de verão . Minha cons-
ciência acha-se livre de culpas e morrerei inocente" . ("Figures of the
Past", por Josiah Quincy, pág . 376 .)
4. A LINHAGEM DE JOSEPH SMITH — "Joseph Smith foi de
_família humilde . Seus pais e seus avós eram lavradores ; entretanto,
eram de caráter piedoso e mantiveram sem mancha os seus nomes . Em
meados do século XVII, Robert Smith, um .robusto oficial inglês, emi-
grou para o Novo Mundo, a terra da promissão . Ele e sua esposa, Ma-
ry, estabeleceram-se em Essex, Estado de<Massachusetts . Os numero-
sos descendentes deste bom casal casaram-se com muitas das famílias
mais estáveis e industriosas da Nova Inglaterra . Samuel, filho de Ro-
bert e Mary_, nasceu em 26 de janeiro de 1666, e se casou com Rebecca
Curtis, em 25 de janeiro de 1707 . Seu filho, o segundo Samuel, nasceu em
janeiro de 1714 . Casou-se com Priscillá Gould e foi pai de Asael, que nas-
ceu a primeiro de março de 1744 . Asael Smith tomou por esposa a Mary
Duty e seu filho Joseph nasceu a 12 de julho de 1771 . A 24 de janeiro de
1796, Joseph e Lucy Mack contraíram matrimônio em Tunbridge, Estado
de Vermont . Ela era filha de Salomon Mack e Lidia Gates, e nasceu a 8 de
julho de 1776, sendo neta de Ebenezer Mack ." ("The Life of Joseph, The
Smith, The Prophet", por George Q . Cannon, cap . 1 .) Joseph, o Profeta,
foi o terceiro menino e quarto filho de Joseph Smith e Lucy Mack . Nasceu
em Sharon, Estado de Vermont, em 23 de dezembro de 1805.
5. AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇOES CONTRA JOSEPH
SMITH — O Profeta escreveu o seguinte acerca das perseguições que
se desencadearam quando pela primeira vez mencionou sua visão do
Pai e do Filho : "Isto causou-me sérias reflexões, e tem freqüentemente
causado desde então : quão estranho era que um obscuro rapaz de pou-
co mais de quatorze anos de idade, qüéera forçado pela necessidade a
obter sustento escasso com o trabalho diário, fosse considerado um in-
divíduo de suficiente importância para atrair a atenção dos grandes
personagens das mais populares seitas do dia, de modo a criar neles um

APÊNDICE I 413

espírito da mais tenaz perseguição e injúria . Mas, estranho ou não, as-


sim era, e foi muitas vezes a causa de grande tristeza para mim . Con-
tudo, era um fato ter tido eu uma visão . Pensei desde então que me
sentia como Paulo, quando fez a sua defesa perante o Rei Agripa e re-
latou o resultado da visão que ele tivera quando viu uma luz e ouviu
uma voz : no entanto, poucos acreditaram nele : alguns diziam que ele era
desonesto, outros diziam que estaca louco e foi ridicularizado e injuriado.
Mas tudo isso não destruiu a realidade de sua visão . Ele tivera uma vi-
são, sabia que a tivera, e toda a perseguição debaixo do céu não pode-
ria mudar o fato : e . ainda que o perseguissem até a morte, com tudo
isso sabia, e saberia até o último alento, que tinha visto uma luz e ouvi-
do uma voz que lhe falara, e o mundo inteiro não podia fazê-lo pensar
ou crer o contrário . Assim era comigo . Eu tinha realmente visto uma
luz, e no meio da luz vi dois Personagens, e Eles em realidade falaram
comigo : e ainda que perseguido e odiado por dizer que tivera uma vi-
são, entretanto era verdade ; e enquanto eles me perseguiam, injurian-
do-me e dizendo toda espécie de falsidade contra mim devido às mi-
nhas afirmações, fui induzido a dizer em meu coração : Por que me per-
se g uem por dizer a verdade? Tive realmente uma visão : e quem sou eu
para opor-me a Deus?" ("Pérola de Grande Valor", p . 58 : "Histo-
rv of the Church", tomo 1, pág . 7 .)
6. O MARTÍRIO — "A evidência mais elevada de sinceridade que
um homem pode manifestar a seus semelhantes, a prova maior de que
falou a verdade, é que persevere nela até a morte e sele seu testemu-
nho com sangue . . . De tanta importância era para Paulo este testemu-
nho que disse : 'Porque, onde há testamento, necessário é que interve-
nha a morte do testador . Porque um testamento tem força onde houve
morte : ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?' (Hebreus
9 :16, 17 .) A luz deste principio, e quando se considera a importância do
grande testemunho que deu ao mundo, não deve causar admiração que
se' tenha requerido de Joseph Smith que selasse sua obra com o martí-
rio . Muito provavelmente sua obra teria sido qualificada de incomple-
ta se isto não se tivesse verificado . Mas não foi assim ; seu caráter de
profeta ficou completo quando sucumbiu como mártir, crivado pelas
balas do populacho 'em Carthage, Estado de Illinois" . ("A New Wit-
ness for God", por B . H . Roberts, pp . 477 e 478 .)
7. JOSEPH SMITH, UM PROFETA VERDADEIRO — Joseph
Smith . de quem falamos, o profeta do Evangelho de Cristo nos últimos
dias, o homem por meio de cujo ministério se iniciou a dispensação
mais recente da obra do Senhor — uma dispensação chamada nova,
apesar de assinalada pela restauração, com a autoridade e poderes de

414 REGRAS DE FÉ

todas as épocas anteriores, — é um indivíduo que os homens não po-


dem olvidar ou desprezar, por mais que queiram . Seu lugar na história
está assegurado ; sua obra é reconhecida como uma missão que unica-
mente a ele foi delegada . . . Um profeta ou revelador verdadeiramente
enviado de Deus deverá ter o poder e autoridade para administrar as
ordenanças do Evangelho de Cristo . Nenhum enviado das cortes celes-
tiais nenhum embaixador do trono do Grande Rei, será delegado sem
as credenciais que autenticarão sua nomeação ; nem se apresentará tal
mensageiro entre os homens, para declarar seus direitos, desprovido
das insígnias de seus cargos . No eficaz cumprimento de seus deveres, o
profeta verdadeiro testificará de sua nomeação e ordenação autoriza-
das não só com palavras, mas também manifestará que possui efetiva-
mente os dons espirituais e poderes particulares inerentes à posição de
profeta, exercendo-os devidamente, segundo o exigirem as condi-
ções . . . Pelo anterior, e por todas as demais provas que se relacionam
com as características que são essenciais ao exaltado chamamento e
posição de profeta, afirmamos que Joseph Smith foi um profeta do
Deus vivo . (De um artigo escrito pelo autor, "Improvement Era",
tomo 9, pág . 155 .) . .

8. A RESTAURAÇÃO DO EVANGELHO — É claro que a visão


e profecia de João (Apoc . 14 :6, 7) concernentes à restauração do
Evngelho à terra não poderia referir-se aos anais evangélicos que se
conservam na Santa Bíblia, porque essa história permaneceu com o gê-
nero humano . Como se disse no texto, vê-se um cumprimento parcial
na visita de Morôni e a restauração do Livro de Mórmon que é para
nós, nestes dias modernos, uma Escritura nova que contém uma histó-
ria mais completa do "Evangelho eterno" . Entretanto, a história do
Evangelho não é o Evangelho . .A autoridade para administrar as orde-
nanças salvadoras do Evangelho é essencial para a eficaz pregação e
administração do mesmo Evangelho . Essa autoridade foi restaurada
por meio de João Batista, que trouxe o Sacerdócio Aarônico, e me-
diante os apóstolos Pedro, Tiago e João, por intermédio de quem veio
à terra o Sacerdócio de Melquisedeque . Um comentário sobre Apoca-
lipse 14 :6, 7 aparece em "A Grande Apostasia", pelo autor da presente
obra .
9. ELIAS — Como claramente se vê em algumas das revelações re-
cebidas por Joseph Smith (D . & C . 27 :6, 9 ; 110:12, 13), são dois os per-
sonagens e dois os cargos que esse nome representa . O Profeta fez uma
distinção muito clara entre o espírito e cargo - de ambos, e manteve
para um o nome de Elijah, que é a forma hebraica da palavra, enquan-

APÊNDICE II 415

to que ao outro designou com o equivalente grego, Elias . Em portu-


guês entretanto, só há uma forma para ambos . Tem=se tentado fazer a
distinção, chamando Elias o Profeta ao que Joseph Smith designa
como Elijah, e simplesmente Elias, ao outro . A respeito do último,
tudo o que sabemos é que apareceu no templo de Kirtland a Joseph
Smith e Oliver Cowdery e, segundo eles, "conferiu a dispensação do
Evangelho de Abraão, dizendo que em nós e em nossa semente
todas as gerações depois de nós seriam abençoadas" . (D . & C . 110 :12 .)
A respeito de Elias o Profeta, o que se sabe de sua vida encontra-se na
Bíblia . (Veja 1 Reis caps . 17, 18, 19, 21 ; 2 Reis caps. 1 e 2 .)
Referindo-se à diferença que existe entre o espírito e cargo dos
dois, o profeta Joseph Smith explicou : "O espírito de Elias é preparar o
caminho para uma revelação maior de Deus, é o Sacerdócio de Elias,
ou o Sacerdócio que foi conferido a Aarão . E quando Deus envia um
homem ao mundo com as chaves do poder de Elias, a fim de preparar
para uma obra maior, tem-se chamado a esse mensageiro Elias, desde
as primeiras idades do mundo . . .
"O espírito, poder e chamamento de Elias o Profeta (Elijah) é o
poder para possuir as chaves da revelação, ordenanças, oráculos, auto-
ridades e investiduras da plenitude do Sacerdócio de Melquisedeque e
do reino de Deus sobre a terra ; e de receber, obter e efetuar todas as
ordenanças que pertencem ao Reino de Deus, tornando o coração dos
pais aos filhos e dos filhos a seus pais, mesmo os que estão nos céus . . .
"Esta é a diferença entre o espírito e o poder de um e outro ; pois
enquanto o espírito de Elias é um precursor, o poder de Elias, o Profe-
ta, basta para assegurar nossa vocação . Elias é primeiro, Elias o Profe-
ta, segundo, e Messias o último . Elias é um precursor para preparar o
caminho, e o espírito e poder de Elias o Profeta hão de vir depois . . .
logo virá a seu templo o Messias, no final de tudo ." ("History of the
Church", tomo 6, pp. 250, 251 .)

APÊNDICE II
Notas relacionadas com o capítulo 2
1 . A CRENÇA EM DEUS É NATURAL — "A grande e principal
verdade de que há um Deus tem existido quase universalmente entre

416 REGRAS DE FÉ

os homens em todas as idades ; portanto, as Santas Escrituras, que fa-


lam de Deus em cada uma de suas páginas e se referem aos sentimen-
tos do gênero humano durante um período de uns quatro mil anos,
sempre presumem a admissão desta verdade . De fato, nas primeiras
idades do mundo não aparece evidência positiva de que o ateísmo es-
peculativo tivesse adeptos ; e, se numa época subseqüente, 'disse o nés-
cio no seu coração: Não há Deus', tal conceito se manifesta mais em
suas afeições que em seu critério ; e, apesar de tudo, tão debilmente in-
fluía nos pensamentos dos homens que os escritores sagrados jamais
consideraram que fosse necessário combater esse mal, seja por discus-
sões formais, seja por invocação de obras milagrosas . O pecado do po-
liteísmo, e não do ateísmo, era o que prevalecia ; por conseguinte, o ob-
jetivo de homens inspirados, em lugar de comprovar a existência de
um Deus, era o de mostrar a inexistência de outros, preservar sua auto-
ridade e pôr em vigor suas leis, a fim de excluir a todo que pretendesse
o contrário" . ("Cassell's Bible Dictionary ;" artigo "Deus" .)

2. A IMPORTÂNCIA DA CRENÇA EM DEUS — "A existência


de um Ser Supremo é sem dúvida o conceito mais sublime que pode
penetrar a mente humana, e nem mesmo como problema científico
pode ter igual, porque pretende proporcionar a causa das causas, o
grande e último fato em filosofia, a antiga e mais sublime generalização
de verdade científica . Entretanto, este é o requisito mínimo que se
apresenta para nossa consideração, porque sobre ele descansa o pró-
prio fundamento da moralidade, da virtude e da religião ; apóia a estru-
tura social e unifica todas as suas partes ; envolve o problema trans-
cendental da imortalidade para com a autoridade suprema e está inse-
paravelmente unido às maiores esperanças e às alegrias mais sublimes
do indivíduo . E, de fato, não somente uma verdade fundamental, mas a
grande verdade central de todas as outras verdades . Toda outra verda-
de cientifica, ética e religiosa emana desta . É o mandamento do qual
todos saem, o centro ao qual convergem, é a única proposição sublime
da qual todas testificam . Não tem, portanto, paralelo em sua solene
grandiosidade e transcendentais conseqüências" . ("Cassell's Bible
Dictionary ;" artigo "Deus" .)
3. A CRENÇA EM DEUS É NATURAL E NECESSÁRIA — O
doutor Joseph Le Conte, que foi certa ocasião professor de geologia e
história natural na Universidade de Califórnia, escreveu : "Teísmo, ou
a crença em Deus . óu deuses, ou em algum agente sobrenatural a que
estão sujeitos os fenômenos que nos rodeiam-, constitui a base e condi-
ção fundamental de toda religião e é, Por conseguinte, universal, ne-

APÊNDICE II 417

cesssária e intuitiva . De maneira que não tentarei provar aquilo que


serve de fundamento a toda prova e que por nenhum método de ra-
ciocínio se pode fazer já mais real . A causa desta crença se encontra na
própria natureza do homem ; é o fundamento e a própria base da razão.
Isto, e somente isto, é o que dá expressão à natureza ; sem isto, nem a
religião, nem a ciência, e nem mesmo a vida humana, existiriam . Ob-
servemos que é o que caracteriza o homem em sua relação com a natu-
reza externa . Para o ser irracional, os fenômenos da natureza nada
mais são que fenômenos sensoriais ; porém o homem, à medida que usa
suas faculdades humanas, ascende instintivamente do fenômeno a sua
causa . Isto é inevitável devido a uma lei de nossa natureza, porém a
maneira de ascender não é a mesma entre as raças cultas e incultas.
O homem inculto, ao se verificar um fenômeno cuja causa não
percebe imediatamente, passa diretamente do fenômeno sensorial
à causa primeira, enquanto o homem culto, e especialmente o homem
científico, avança por uma série de causas secundárias dos fenômenos
sensoriais à causa primeira . A região das causas secundárias, e somen-
te esta, constitui o reino da ciência . Pode-se dizer, certamente, que a
ciência é o estudo do modo de agir da causa primeira . Claro está, por-
tanto, que por reconhecer ascausas secundárias não se deve excluir a
idéia da existência de Deus . . . De maneira que o Teísmo é necessário,
intuitivo e conseqüentemente universal . Não poderíamos desfazer-nos
dele nem mesmo se quiséssemos . Se fosse empurrado para fora,
como muitos fazem, pela porta da frente, tornaria a entrar, talvez sem
ser reconhecido, pela porta dos fundos . Expulsamo-lo em suas formas
mais nobres, como o manifestam as Escrituras, e volta novamente em
suas formas ignóbeis, ora como magnetismo, ora como eletricidade,
gravidade ou algum outro suposto agente eficaz que rege a natureza.
De uma forma qualquer, nobre ou ignóbil, hospedar-se-á no coração.
Repito, portanto, que o Teísmo não requer e nem admite provas . Mas,
nestes últimos dias, o teísmo tende a se transformar em Panteísmo, com
o que a crença religiosa fica despojada de toda sua influência sobre o
coração humano . Logo ; torna-se necessário que .eu procure demons-
trar, não a existência real, mas sim a personalidade de Deus . . . Entre al-
guns eruditos, especialmente entre os cientistas, existe um conceito
cada dia mais forte, expresso abertamente em algumas ocasiões en-
quanto em outras só vagamente é percebido — que o que chamamos
Deus nada mais é que um princípio universal que tudo penetra, que
ánima a natureza ; um princípio geral de evolução — uma força vital in-
consciente e impessoal, sob a qual todo o cosmos se desenvolve . Esta

418 REGRAS DE FÉ

forma de Teísmo satisfará possivelmente todas as exigências de uma fi-


losofia puramente especulativa, porém não pode satisfazer os anelos
do coração humano . . . O argumento em favor da personalidade de
Deus deriva das evidências de inteligentes realizações e propósito da
natureza, ou está na maneira como se acomodam as partes para um
propósito definitivo e inteligente . A força deste argumento se faz sentir
imediatamente de um modo intuitivo em todas as mentes, e seu efeito é
irresistível e dominante para toda alma sincera, honrada, livre de suti-
lezas metafísicas " . ("Religion and Science", de autoria do professor
Joseph Le Conte, pp . 12-14 .)

4. DEUS NA NATUREZA — Isaac Newton, ao escrever ao seu


amigo, o doutor Bentley, em 1692, disse, referindo-se ao universo natu-
ral : "Para criar semelhante sistema, com todos os seus movimentos, se-
ria necessário uma Causa que entendesse e comparasse em conjunto as
quantidades de matéria nos diversos corpos do sol e dos planetas, as-
sim como as forças gravitantes que deles emanam, as distâncias respec-
tivas entre os planetas principais e o sol e entre os secundários e Satur-
no, Júpiter e a Terra, e as velocidades com que estes planetas pode-
riam girar ao redor dessas quantidades de matéria dos corpos centrais;
e o comparar e ajustar todas estas coisas em tão grande variedade de
corpos faz crer que esta Causa não é cega nem . fortuita, mas sumamen-
te hábil em mecânica e geometria".
5. INDICAÇÕES NATURAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS —
"Não pode ser, e não é provável, que Deus possa ser encontrado com
microscópio e escalpelos, com proveta ou com redoma, com o goniô-
metro ou com o telescópio ; entretanto, com o auxílio desses instru-
mentos, o estudante que trabalha com empenho só pode reconhecer
uma força que não alcança ver e, contudo, uma força cujas pulsações e
movimentos são inconfundíveis . O homem em outra época considerou
mais limitada a extensão de nosso sistema solar do que na atualidade ; e
o descobrimento do mais distante membro da família planetária deve-
se à admissão de uma força de atração que não se podia explicar senão
pela suposição da existência de outro planeta . O astrônomo, seguindo
o curso dos corpos conhecidos sobre suas órbitas . podia sentir a atra-
ção, via o fio que os arrastava de um curso mais estreito . Não podia ver
Netuno nas pilhas de papéis em que fazia seus cálculos ; porém, clara-
mente se manifestava a existência do astro e, considerando estas indi-
cações, procurou-o e o descobriu . A teoria somente jamais o poderia.
ter revelado, apesar de a teoria ser incompleta, pouco satisfatória, sem
ele, porém a investigação prática, instigada pela teoria, resultou na

APÊNDICE 11 419

grande demonstração . E o que é toda a ciência senão teoria, quando a


comparamos com a influência prática de uma confiança piedosa na
ajuda de um poder onipotente e onisciente? Não se deve menosprezar
as indicações da obra científica : o movimento tremulo da agulha que re-
vela a influência magnética ; o instinto interior que fala de uma vida e
do Autor da vida que a faculdade humana nem pode explicar nem
compreender . Ao se sentar sob a abóbada estrelada, meditando no si-
lêncio da noite sobre as perturbações, os anelos que a alma não pode
passar por alto, volte-se para a direção indicada por esses impulsos e,
com a lente penetrante da oração e da fé, que não reconhece nem o es-
paço nem o tempo, procure o manancial dessa força penetrante ." ("U-
niversity of Utah Quarterly", setembro de 1895, artigo do autor .)
6 . TEÍSMO, ATEÍSMO ETC . — Conforme o uso comum, Teís-
mo significa crer em Deus, a aceitação de um Ser vivo e eterno que Se
revelou ao homem . O Deísmo professa crer em Deus, mas nega à
Divindade o poder de Se revelar e afirma não crer no Cristianismo.
Este termo é usado em diferentes sentidos, e são os principais : (1)
Crer em Deus como Ser inteligente e eterno, negando todo cuidado
providencial ; (2) crer em Deus, porém não no estado futuro da alma;
(3) o proposto por Kant, negar a existência de um Deus pessoal,
porém ao mesmo tempo afirmar crer numa força infinita que está
inseparavelmente relacionada com a matéria e funcionando como a
grande causa primeira . O Panteísmo considera a matéria e o espírito
unos, compreendendo o seu interior todo o finito e o infinito, e chama
esta existência universal Deus . Em sua fase filosófica, o panteísmo
conta com três formas genéticas e suas variações : (1) o panteísmo da
substância única, que atribui ao ser universal os atributos do espírito
como também da matéria, do pensamento e de extensão, como no sis-
tema de Espinosa ; (2) O panteísmo materialista, que atribui a Ele
somente os atributos da matéria, como no sistema de Strauss ; (3) o
panteísmo imaterialista, que Lhe atribui somente a existência da men-
te, como no sistema de Hegel . Em seu aspecto doutrinário, o panteís-
mo compreende "a adoração da natureza e da humanidade, baseada
na doutrina de que todo o universo com suas manifestações, entre
elas o homem e natureza, é a demonstração sempre variável de
Deus" . Politeísmo é a doutrina da pluralidade de deuses, os quais
geralmente são considerados como personificações de forças ou
manifestações da natureza . Monoteísmo é a doutrina de que há somen-
te um Deus : Ateísmo significa a descrença em Deus, ou negar a exis-
tência de Deus : o ateísmo dogmático nega, enquanto que o ateísmo
negativo simplesmente ignora a existência de um Deus . Infidelidade e
ateísmo são às vezes usados como sinônimos, apesar de especifica-
mente o termo significar uma forma menor de incredulidade que se

420 REGRAS DE FÉ

manifesta em ceticismo quanto a assuntos rigorosos, falta de fé para


com a religião da Bíblia e uma atitude negativa para com as doutrinas
do cristianismo . O Agnosticismo afirma que não se conhece nem se
pode conhecer a Deus ; que não se pode provar e nem refutar a Sua
existência ; não afirma e nem nega a existência de um Deus pessoal ; é
a doutrina do "Não sabemos " . (Veja o "Standart Dictionary .")
7. PRÁTICAS IDÓLATRAS EM GERAL — A alma do homem,
uma vez que se entregue à depravação, torna-se muito inclinada a se
afastar de Deus e de suas instituições . Daí, diz Burder, o se terem le-
vantado os altares e demônios da antigüidade pagã, suas extravagantes
ficções e abomináveis orgias . Assim, pois, encontramos entre os babi-
lônios e árabes a adoração de astros celestiais, a mais antiga forma de
idolatria ; entre os cananeus e sírios a adoração de Baal, Tammuz, Ma-
gog e Astarte ; entre os fenícios a imolação de crianças a Moloc ; entre
os egípcios, eram conferidas honras divinas aos animais, aves, insetos,
alho porro e cebolas ; entre os persas rendia-se reverência religiosa ao
fogo, e, no culto grego, seu sistema de fé admitia trinta mil deuses.
Além disso, no tempo atual, entre a maioria das tribos pagãs, encontra-
mos as superstições mais destrutivas, os ritos mais sangrentos e cruéis e
a mais espantosa libertinagem e vício praticados sob o nome de reli-
gião . ("History of All Religions," p . 12 .)
8. EXEMPLOS DE ATROZ IDOLATRIA — A adoração de
Moloc é geralmente mencionada como exemplo da idolatria mais
cruel e mais repugnanate conhecida pelo homem . Moloc, conhecido
também por Molec, Melcam, Melcom, Baal-Melec, etc ., era um ídolo
amonita . As Escrituras o mencionam em relação aos seus cruéis ritos.
(Lev . 18 :21 ; 20 :2-5 ; veja também I Reis 11 :5, 7, 33 ; II Reis 23 :10, 13;
Amós 5 :26 ; Sof. 1 :5 ; Jer . 32 :35 .) Keil e Delitzsch descrevem o ídolo
como uma "estátua oca de bronze, que se podia aquecer ; tinha cabeça
de touro e os braços estendidos para receber as crianças que eram sa-
crificadas" . Apesar de a adoração deste ídolo não exigir invariavel-
mente sacrifício humano, certo é que estes rituais horrendos caracteri-
zavam tão abominável altar . Os autores já citados dizem : "Desde os
dias de Acaz se matava crianças de Jerusalém, no vale do filho de En-
non ou Hinnom, para logo sacrificá-las, colocando-as nos braços in-
candescentes a fim de serem queimadas ." (2 Reis 23 :10 ; 16 :3 ; 17 :17;
21 :6 ; Jeremias 32 :35 ; Ezequiel 16 :20 ; 21 ; 20 :31 ; compare com Salmos
106 :37,38 .) Muitas autoridades declaram que o sacrifício das crianças a
este espantoso monstro se iniciou muito antes dos dias de Acaz . "A
imolação de vítimas vivas era provavelmente o ponto culminante das
atrocidades que se relacionavam com este sistema e se diz que Tofet,

APÊNDICE II 421

onde se efetuavam recebeu esse nome do redobrar dos tambores com


os quais se procurava ensurdecer os gritos e queixas dos que eram quei-
mados vivos . O mesmo lugar se chamava Vale de Ennom e as horríveis
práticas que com ele se relacionavam fez com que tanto Tofet copio
Gehenna (Vale de Ennom) fossem adotados como nomes e símbolos
do tormento futuro" . (Veja "The Pentateuch", por Keil e Delitzsch e
"Cassell's Bible Dictionary" .)
Não eram menos horríveis as práticas de suicídio voluntário sob as
rodas do carro do ídolo Yuggernat e as de lançar crianças ao rio sagra-
do Ganges, entre os indus. Nas práticas do druidismo entre os antigos
britânicos, encontramos outros exemplos da degradação que sofre a
religião por não ter a orientação autorizada e a luz da revelação . Os
druidas professavam veneração pelo carvalho, e celebravam a maior
parte de seus cerimoniais característicos em bosques sagrados . Como
característica de seu sistema, eram oferecidos sacrifícios humanos . Al-
guns de seus templos ainda existem, como por exemplo em Stonehen-
ge, Wiltshire, e outros em Kent . Esses recintos circulares não tinham
teto e se chamavam "doom-rings" . Mais ou menos no centro de cada
um havia um altar, (dolmen) sobre o qual as vítimas eram sacrificadas.
Em ocasiões especiais incluia-se nas horríveis cerimônias o ato de
queimar vivos vários seres humanos, encerrando-os em imensas jaulas
de vime.

9 . IMATERIALISTAS E ATEUS — "Há duas classes de ateus no


mundo : Uma nega a existência de Deus da maneira mais positiva ; a
outra nega que existe em duração ou espaço . Um diz : não há Deus . O
outro diz: Deus não está aqui e nem ali', nem tampouco existe agora ou
então . O incrédulo diz : Deus não existe em parte alguma . O imaterialis-
ta diz : Ele existe nenhures . Diz o infiel : Não há substância de Deus . O
imaterialista diz : Sim, existe a substância Deus, mas não tem partes . O
ateu diz: Não existe espírito . O materialista diz : Um espírito apesar de
viver e se mover, não ocupa lugar nem espaço, da mesma maneira e
modo que matéria, nem mesmo como um pequeno grão de areia . O
ateu não procura esconder sua incredulidade ; mas o imaterialista, cuja
crença declarada equivale ao mesmo que a do ateu, procura uma for-
ma de ocultar sua incredulidade sob o manto superficial de algumas
palavras . . .0 imaterialista é um ateu religioso ; distingue-se da outra
classe de ateus somente porque reveste um nada indivisível e sem ex-
tensão com os poderes de um Deus . Um não crê em Deus nenhum ; o
outro crê que Nada é Deus e o adora como tal" . (Orson Pratt, em seu
folheto "Absurdities of lmmaterialism", pág . 11 .)

422 REGRAS DE FÉ

10 .0 ATEÍSMO, UMA CRENÇA FATAL — "Durante o reinado


de Terror, a Assembléia Nacional declarou que os franceses seriam
uma nação de ateus : porém, após uma breve experiência, convence-
ram-se de que uma nação de ateus não poderia existir por muito tem-
po . Robespierre então 'proclamou na Convenção que a crença na exis-
tência de Deus era necessária aos princípios de virtude e moralidade
sobre os quais estava fundada a república' : e a 7 de maio de 1794 os re-
presentantes nacionalistas, que tão recentemente se haviam prostrado
ante a deusa da razão, votaram por aclamação que o povo francês re-
conhecia a existência do Ser Supremo e a imortalidade da alma".
("Student's France", 27,6 .)
11 . O PAI E O FILHO — Na discussão sobre a "Personalidade de
Cada Um dos Membros da Trindade" e "Atributos Divinos" não se
tem procurado separar as referências ao Pai e ao Filho . Deve-se ter
presente que o Personagem que no Antigo Testamento é mais geral-
mente conhecido como Deus, ou o Senhor, é Aquele que no estado
mortal foi conhecido como Jesus Cristo e como Jeová no estado ante-
mortal . Veja a obra do autor, Jesus o Cristo, capitulo 4 . O fato de que
em certas Escrituras Jesus Cristo, ou Jeová, é chamado Pai de modo
nenhum justifica a suposição de que Ele e Seu Pai Eloim são a mesma
pessoa . As autoridades gerais da Igreja explicam este assunto numa
publicação especial que diz o seguinte:
O PAI E O FILHO : UMA EXPOSIÇÃO DOUTRINAL DA PRI-
MEIRA PRESIDENCIA E DOS DOZE : As Escrituras afirmam clara
e freqüentemente que Deus é o Criador da terra, dos céus e de todas as
coisas que neles há . Neste sentido, o Criador é um organizador . Deus
criou a terra como esfera organizada : porém, certamente não criou, no
sentido de lhes dar existência, os elementos da matéria de que se com-
põe a terra, porque "os elementos são eternos" . (D . & C . 93 :33).
Da mesma forma, a vida é eterna e não criada . Porém na matéria
organizada se pode infundir vida ou a força vital, apesar de não terem
sido revelados ao homem os detalhes do processo . Como exemplos
ilustrativos . veja Gênesis 2 :7 : Moisés 3 :7 e Abraão 5 :7 . Cada uma des-
tas passagens declara que Deus soprou no corpo do homem o alento da
vida . Veja também Moisés 3 :19, onde é declarado que Deus soprou o
alento de vida nos corpos dos animais e das aves . Deus mostrou a
Abraão "as inteligências que foram organizadas antes de existir o
mundo" : e por "inteligências" devemos entender "espíritos pes-
soais" . (Abraão 3 :22, 23 .) Não obstante, é-nos dito expressamente que
"inteligência", ou "a luz da verdade", não foi criada nem feita, nem
pode deveras ser feita . (D . & C . 93 :29 .)

APÊNDICE II 423

A expressão 'Pai", aplicada a Deus, é encontrada nas Sagradas Es-


crituras com significados claramente distintos . Deve-se separar cui-
dadosamente cada um dos quatro significados que se especificam no
tratado que se segue:

1. "PAI" NO SENTIDO LITERAL — As passagens das Escrituras


que têm o significado comum — literalmente o de Pai — são demasiada-
mente numerosas e precisas para serem citadas . Estas passagens tém
por objeto indicar que Deus o Eterno Pai, a que damos o exaltado títu-
lo de "Eloim", é o pai literal de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
assim como dos espíritos da raça humana . Eloim é o Pai em todo senti-
do em que Jesus Cristo é assim chamado, e por distinção é o Pai dos
espíritos . De modo que lemos na Epístola aos Hebreus :"Além do que
tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os re-
verenciamos : não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos,
para vivermos?" (Hebreus 12 :9 .) Em vista disto, Jesus Cristo nos ensina
que oremos : "Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Teu no-
me" .
Jesus Cristo aplica a Si mesmo ambos os títulos, "Filho" e "Pai".
Em verdade, claramente disse ao irmão de Jared : "Eis que Eu sou Je-
sus Cristo . Eu sou o Pai e o Filho" . (Éter 3 :14 .) Jesus Cristo é o Filho
de Eloim tanto espiritual como corporalmente, isto é, Eloim é literal-
mente o Pai do espírito de Jesus Cristo e também do corpo com que Je-
sus cumpriu Sua missão na carne, esse corpo que morreu sobre a cruz e
mais tarde se levantou pela ressurreição, e agora é a imortal morada do
espírito eterno de nosso Senhor e Salvador . Não parece ser necessária
uma explicação mais extensa do título "Filho de Deus" que se aplica a
Jesus Cristo.
2. "PAI" COMO CRIADOR — Um segundo significado de "Pai"
nas Escrituras é o de Criador, como nas passagens que se referem a
qualquer das Pessoas da Trindade, chamando-o "o Pai dos céus e da
terra, e de tudo quanto neles há" . (Éter 4 :7, veja também Alma 11 :38;
39 e Mosiah 15 :4 .) `
Deus não é o Pai da Terra, que é um dos mundos no espaço, nem
dos corpos celestiais, total ou parcialmente, nem dos objetos inanima-
dos, plantas e animais sobre a terra, no mesmo sentido literal em que é
Pai dos espíritos do gênero humano . Por tanto, as Escrituras que de
qualquer maneira se referem a Deus como o Pai dos céus e da terra de-
vem ser entendidas no sentido de que Deus é o que fez, o Organizador
e o Criador dos céus e da terra .

424 REGRAS DE FÉ

Com este significado, como em cada um dos casos o contexto in-


dica, Jeová, que é Jesus Cristo o Filho de Eloim, é chamado "o Pai" e.
também "o Pai Eterno dos céus e da terra" . (Veja as passagens citadas
anteriormente e Mosiah 16 :15) . Com análogo significado Jesus Cristo
é chamado "Pai Eterno" . (Isaías 9 :6 ; compare com 2 Néfi 19 :6 .)

No capítulo 4 de "Jesus o Cristo" explica-se que Jesus Cristo, a


quem também conhecemos como Jeová, foi o poder executivo de
Eloim,o Paina obra da criação . Jesus Cristo, sendo o Criador, é cha-
mado devidamente o Pai dos Céus e da terra, no sentido que se expli-
cou anteriormente ; e tendo em vista que Suas criações são de caráter
eterno, com toda propriedade é chamado o Pai Eterno dos céus e da
terra.
3 . JESUS CRISTO "PAI" DE TODOS OS QUE PERMANECEM
EM SEU EVANGELHO — Num terceiro sentido, considera-se Jesus
Cristo como o "Pai", levando-se em conta a relação que existe entre
Ele e os que por aceitar Seu Evangelho vêm a ser herdeiros da vida
eterna . Em seguida citamos algumas das passagens que ilustram este
significado.

Na oração fervorosa que ofereceu pouco antes de entrar no Get-


sêmani, Jesus Cristo rogou a Seu Pai por aqueles que o Pai Lhe havia
dado : particularmente os apóstolos e com maior generalidade todos os
que mediante o ministério dos apóstolos aceitaram o Evangelho e per-
maneceram nele . Nas próprias palavras do Senhor lemos a solene
afirmação de que aqueles pdr quem particularmente orava eram Seus,
e que o Pai lhos havia dado : "Manifestei o Teu nome aos homens que
do mundo Me deste ; eram Teus, e Tu M'os deste, e guardaram a Tua
palavra . Agora já têm conhecido que tudo quanto Me deste provém de
Ti ; porque lhes dei a palavra que Tu Me deste ; e eles as receberam e .
têm verdadeiramente conhecido que saí de Ti ; e creram que Me
enviaste . Eu rogo por eles : não rogo pelo mundo, mas por aqueles que
Me deste, porque são Teus . E todas as Minhas coisas são Tuas, e as
Tua§ coisas são Minhas ; e nisso sou glorificado . E Eu já não estou
mais no mundo ; mas eles estão no mundo e Eu vou para Ti . Pai Santo,
guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim
como Nós . Estando Eu com eles no mundo, guardava-os em Teu
nome . Tenho guardado aqueles que Tu Me deste, e nenhum deles se
perdeu, senão o filho de perdição, para . que a Escritura se cumprisse"
(João 17 :6-12 .)

APÊNDICE 11 425

E mais adiante : "E não rogo somente por estes, mas também por
aqueles que peia sua palavra hão de crer em mim : para que todos se-
jam um como Tu . ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti : que também sejam
um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste . E eu dei-lhes
a glória que a Mim Me deste, para que sejam um como Nós somos um.
Eu neles e Tu em Mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e
para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e que os tens
amado a eles como Me tens amado a Mim . Pai, aqueles que Me deste
quero que . onde Eu estiver, também eles estejam comigo . para que ve-
jam a Minha glória que Me deste : porque Tu Me hás amado antes da
fundação dó mundo" . (João 17 :20-24 .)

Aos Seus fiéis servos da dispensação atual, o Senhor disse : "Não


temais . pequeninos, pois sois Meus ; Eu venci o mundo e vós sois parte
daqueles a Mim dados pelo Pai" . (D . & C . 50 :41 .)

A salvação se alcança unicamente pelo cumprimento das leis e or-


denanças do Evangelho ; e todos os que desta maneira se salvam serão
filhos e filhas de Deus, num sentido particular . Numa revelação dada a
Emma Smith por meio de Joseph, o Profeta, o Senhor Jesus chamou a
esta mulher "minha filha" e acrescentou : "pois na verdade Eu te digo
que todos aqueles que recebem o Meu Evangelho são filhos e filhas
do Meu Reino" . (D . & C . 25 :1 .) O Senhor em muitas passagens cha-
mou os homens seus filhos . (D . & C . 91 :1 ;34 :3 ; 121 :7 .)

Foram recebidas muitas revelações na dispensação atual, as quais


esclarecem que mediante obediência ao Evangelho os homens po-
dem chegar a ser filhos de Deus, tanto filhos de Jesus Cristo como fi-
lhos de seu Pai, por meio de Jesus Cristo . E assim lemos nas palavras
que o Salvador Jesus Cristo dirigiu a Hvrum Smith em 1829 : "Eis que
Eu sou Jesus Cristo . o Filho de Deus . Sou a vida e a luz do mundo . Sou
o mesmo que vim aos Meus e os Meus não Me receberam . Mas, na
verdade, na verdade te digo que a todos quantos Me receberem darei o
poder para se tornarem filhos de Deus, mesmo aos que crêem em Meu
nome . Amém" . (D . & C . 11 :28-30 .) A Orson Pratt o Senhor falou as-
sim, por intermédio de Joseph . o Vidente, em 1830 : "Meu filho Orson,
atende . vê e ouve o que Eu, o Senhor Deus,-te direi, sim, Jesus Cristo
teu Redentor : a luz e a vida do mundo, uma luz que resplandece nas
trevas e as trevas não a compreendem : Aquele que de tal modo amou o
mundo que deu a Sua própria vida, para que todos os que cressem pu-
dessem tornar-se filhos de Deus . Portanto, tu és Meu filho" . (D . & C .

426 REGRAS DE FÉ

34 :1-3 .) Em 1830 o Senhor se dirigiu a Joseph Smith e a Sidney Rigdon,


dizendo : "Ouvi a voz do Senhor vosso Deus, o Alfa e o Omega, o
Princípio e o Fim, cujo caminho é um círculo eterno, o mesmo hoje,
ontem e para sempre . Eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus, que fui
crucificado pelos pecados do mundo, para que todos os que cres-
sem em Meu nome pudessem tornar-se filhos de Deus, e ser um em
Mim como Eu sob um no Pai, e como o Pai é um em Mim, para que
sejamos um ." (D .& C .35 :I-2 .) Consideremos também a seguinte
declaração feita em 1831 : "Atendei a voz daquele que é de eternidade
em eternidade, o Grande Eu Sou, Jesus Cristo, a luz e a vida do mun-
do ; a luz que resplandece nas trevas e as trevas não a compreendem;
o mesmo que no meridiano dos tempos vim aos Meus e os Meus não
Me receberam ; mas aos que Me receberam dei Eu poder para se tor-
narem Meus filhos ; e assim também , aos que Me receberem, darei
poder para se tornarem Meus Filhos" . (D & C .39 :1-4 .) Numa revela-
ção dada por intermédio de Joseph Smith em Março de 1831,lemos:
"Pois na verdade vos digo que Eu sou o Alfa e o Omega, o Princípio e
o Fim, a luz e a vida do mundo — a luz que resplandece nas trevas e as
trevas não a compreendem . Eu vim aos Meus e os Meus não Me rece-
beram ; mas a todos os que Me receberam dei poder para fazer muitos
milagres e para se tornarem os filhos de Deus ; e mesmo aos que
creram em Meu nome dei poder para obter a vida eterna" . (D . & C.
45 :7-8 .)

Esta relação entre Jesus Cristo, como o Pai, e aqueles que cum-
prem os requisitos do Evangelho, como Seus filhos, se expõe de manei-
ra convincente nas palavras de Abinadi, proferidas séculos antes do
nascimento de nosso Senhor na carne : "E agora vos digo : quem decla-
rará Sua geração? Eis que vos digo : quando Sua alma servir de oferen-
da para o pecado Ele verá Sua semente . E que dizeis agora? Quem se-
rá Sua semente? E eis que ainda vos digo : quem ouvir as palavras do
profeta, sim, de todos os profetas que profetizaram sobre a vinda do Se
nhor — digo-vos mais, todos os que ouvirem estas palavras e acredita-
rem que o Senhor redimirá Seu povo, e hajam esperado pelo dia da re-
missão de seus pecados, eu vos digo, todos esses serão a Sua semente, e
serão os herdeiros do Reino de Deus . Porque esses são os pecadores
que Ele remiu ; estes são aqueles por quem Ele morreu, para redimi-los
de suas transgressões . E não serão Eles Sua semente? E não o são tam-
bém os profetas, cada um que abriu a boca para profetizar, e que não
transgrediu, quero dizer todos os santos profetas desde o começo do
mundo? Digo-vos que eles serão a Sua semente" . (Mosiah 15 :10-13 .)

APÊNDICE II 427

Contrastam tragicamente o estado bendito dos que chegam a ser


filhos de Deus, mediante a obediência ao Evan g elho de Jesus Cristo . e
o dos que não se regeneraram, aqueles que são expressamente chama-
dos os filhos do demônio . Notemos as palavras de Cristo . enquanto Se
encontrava na carne, a certos judeus iniquos que se jactavam de ser da
linhagem de Abraão : "Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de
Abraão . . . vós fazeis a obra do vosso pai . . . vós tendes por pai ao dia-
bo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai" . (João 8 :39, 41, 42, 44 .)
De maneira que Satanás é chamado o pai dos iniquos, apesar de não
podermos dizer que exista entre eles nenhuma das relações pessoais de
um pai e seus filhos . Que os justos são os filhos de Deus e os impios os
filhos do diabo vê-se no exemplo combinado da parábola do joio : "a
boa semente são os filhos do reino : e o joio são os filhos do maligno".
(Mateus 13 :38 .)

Os homens podem chegar a ser filhos de Jesus Cristo nascendo de


nos o, nascendo de Deus, como o indica a palavra inspirada : "Quem
comete o pecado é do diabo : porque o diabo peca desde o principio.
Para isto o Filho de Deus se manifestou : para desfazer as obras do dia-
bo . Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado : porque a sua
semente perman.ece nele, e n-ão pode pecar, porque é nascido de Deus.
Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo . Qualquer
que não pratica a justiça e não ama a seu irmão não é de Deus" . (1
João 3 :9-10 .)

Os que nasceram para Deus mediante a obediência ao Evangelho


podem, por intermédio de desprendida devoção .à justiça . obter a exal-
tação e até mesmo chegar à condição de deuses . Destes foi dito : "Por-
tanto, como está escrito, eles são deuses, os filhos de Deus" . (D . & C.
76 :58 ; compare com 132 :20 ; também o versículo 17 da mesma seção e
de igual maneira o versículo 37 .) Entretanto, apesar de serem deuses,
estão sujeitos a Jesus Cristo, como seu Pai nesta sublime relação : de
maneira quê lemos na passagem que segue a que citamos : "e eles são
de Cristo e Cristo é de Deus" . (D . & C . 76 :59 .)

Por meio do novo nascimento, da água e do Espirito . os seres hu-


manos podem converter-se em filhos de Jesus Cristo, já que pelos
meios que Ele proveu "são filhos e filhas gerados para Deus " . (D . & C.
76 :24 .) Esta solene verdade é reiterada pelas palavras do Senhor Jesus
Cristo, proferidas por meio de Joseph Smith em 1833 . "E, agora, na

428 REGRAS DE FÉ•

verdade vos digo que no princípio Eu estava com o Pai, e Eu sou o Pri-
mogênito : e todos os que são gerados através de Mim são participantes
da glória do Mesmo, e são a Igreja do Primogénito" . (D . & C . 93 :21.
22 .) Quanto ao uso figurado da palavra "gerados" que se aplica aos
que nascem para Deus, mencionamos a explicação de Paulo : "eu pelo
Evangelho vos gerei em Jesus Cristo" . (1 Cor . 4 :15 .) Temos um exem-
plo análogo deste parentesco que se alcança pelo servir com retidão na
revelação que se refere à ordem e funções do Sacerdócio, recebida em
1832 : "Pois aqueles que forem fiéis até a obtenção destes dois Sacerdó-
cios dos quais falei, e magnificarem os seus chamados, serão santifica-
dos pelo Espírito para a renovação de seus corpos . Eles se tornam
como filhos de Moisés e de Aarão, e a semente de Abraão, e a igreja, e
o reino, e os eleitos de Deus" . (D . & C . 84 :33-34 .)

Se é próprio referir-se aos que aceitam o Evangelho e nele perma-


necem como filhos e filhas de Cristo — e sobre este ponto as Escrituras
são claras e não se podem contradizer ou negar — também é próprio re-
ferir-se a Jesus Cristo como Pai dos justos, já que se fizeram Seus filhos
e Ele seu Pai por intermédio do segundo nascimento ou seja a regene-
ração batismal .

REFERÊNCIAS

4 . JESUS CRISTO COMO "PAI" POR INVESTIDURA DIVINA


DE AUTORIDADE — Uma quarta razão para aplicação do título "Pai a
Jesus Cristo é encontrada no fato de que em todas as Suas relações
com a família humana Jesus, o Filho, representou e ainda representa
Eloim Seu Pai em poder e autoridade . Assim foi com Cristo durante
Seu estado pré-existente ou incorpóreo, em que foi conhecido como
Jeová ; durante Seu estado corporal, na carne ; em Suas obras como
espírito desencarnado no mundo dos mortos ; e desde essa época para
dá, em Seu estado ressuscitado . Aos judeus Ele disse : "Eu e o Pai so-
mos um" (João 10 :30 ; veja também 17 :11, 22) ; não obstante, declarou:
"O Pai é maior do que Eu" (João 14 :28), e mais : "Eu vim em nome de
Meu Pai" (João 5 :43 ; veja também 10 :25) . O próprio Cristo declarou
verdade idêntica aos nefitas (veja 3 Néfi 20 :35 e 28 :10), que foi reafir-
mada por revelação na dispensação atual . (D : & C . 50 :43 .) De maneira
que o Pai pôs Seu nome no Filho ; e Jesus Cristo falou e exerceu Seu
ministério em nome de Seu Pai e por intermédio dele, e no que se refe-

APENDICE II 429

re o puder, autoridade e divindade, Suas palavras e atos foram e são os


do Pai.
Lemos, por analogia, que Deus pós Seu nome no ou sobre o anjo
que foi nomeado para uma obra especial entre o povo de Israel duran-
te o êxodo . Referindo-se ao anjo o Senhor disse : "Guarda-te diante de-
le, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira : porque não perdoará a
vossa rebelião ; porque o Meu nome está nele" : (Êxodo 23 :21 .)
João, o antigo apóstolo, foi visitado por um anjo que exerceu seu
ministério e falou em nome de Jesus Cristo . Segundo as Escrituras:
"Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu, para mostrar aos
.Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer ; e pelo Seu
anjo as enviou e as notificou a João Seu servo ." (Apoc . 1 :1 .) João esta-
va prestes a adorar o personagem angélico que falava em nome do Se-
nhor Jesus Cristo, mas foi-lhe proibido . "E eu, João, sou aquele que vi
e ouvi estas coisas . E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés
do anjo que mas mostrava, para o adorar . E disse-me : Olha, não faças
tal ; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos
que guardam as palavras deste livro . Adora a Deus" . (Apoc . 22 :8,9 .) E
o anjo continuou falando como se fosse o próprio Senhor : "E eis que
cedo venho e o Meu galardão está comigo para dar a cada um segun-
do a sua obra . Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, o primei-
ro e o derradeiro" . (versículos 12, 13, ) Jesus Cristo, o Senhor ressus-
citado, que havia sido exaltado à destra de Deus Seu Pai, havia colo-
cado seu nome sobre o anjo que foi enviado a João, e este falou na
primeira pessoa, dizendo : "E eis que cedo venho", "Eu sou o Alfa e o
Omega", apesar de querer dizer que Jesus Cristo viria e que Jesus
Cristo era o alfa e o Omega.
Entretanto, nenhuma destas considerações pode alterar o mínimo
que seja o fato solene da relação literal de Pai e Filho que existe entre
Eloim e Jesus Cristo . Dos filhos espirituais de Eloim, o primogênito foi
e é Jeová ou Jesus Cristo, e todos os demais são menores . Citamos em
seguida algumas passagens que afirmam esta grande verdade . Escre-
vendo aos Colossenses, Paulo se refere a Jesus Cristo da seguinte ma-
neira : "O qual é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação ; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra, visíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, se-
jam potestades : tudo foi criado por Ele e para Ele . E Ele é antes de to-
das as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele . E Ele é a cabeça do
corpo da Igreja : é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para
que em tudo tenha a preeminência . Porque foi do agrado do Pai que

430 REGRAS DE FÉ

toda a plenitude nele habitasse" . (Aos Colossenses 1 :15-19 .) Estes


versículos nos fazem saber que Jesus Cristo foi "o primogênito de toda
a criatura" e evidente é que a primogenitura que aqui é expressa deve
referir-se a uma existência anterior à mortal, porque Cristo não foi o
primeiro de todos os mortais na carne . Também é chamado "o primo-
gênito dos mortos", referindo-se a Ele como o primeiro que ressusci-
tou dos mortos, ou, como em outra parte é dito, "primícias dos que
dormem" (1 Cor . 15 :20 ; veja também o versículo 23) e "o primogénito
dos mortos" (Apoc . 1 :5 ; compare com Atos 26 :23) . O autor da Epístola
aos Hebreus afirma a posição de Jesus como primogênito dos filhos es-
pirituais de Seu Pai e anuncia a preeminência de Cristo revestido de
carne : "E quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz : E
todos os anjos de Deus O adoram" (Hebreus 1 :6 ; veja os versículos an-
teriores) . Paulo testifica que os espíritos que eram menores que Cris-
to estavam predestinados a nascer conforme a imagem de seu Irmão
maior: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu
decreto . Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para
serem conformes à imagem de Seu Filho ; a fim de que Ele seja o pri-
mogênito entre múitos irmãos" (Romanos 8 :28, 29) . A João o Revela-
dor foi mandado que escrevesse à Igreja de Laodicéa, como palavra do
Senhor Jesus Cristo, o seguinte : "Isto diz o amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o princípio de criação de Deus" (Apoc . 3 :14) . Em revela-
ção feita por intermédio de Joseph Smith em maio de 1833, o Senhor
Jesus Cristo disse, como já foi citado : "E agora, na verdade vos digo
que no princípio Eu estava com o Pai e Eu sou o Primogênito" (D . &
C .93 :21) . Um dos versículos seguintes esclarece o fato de que os seres
humanos existiram igualmente num estado espiritual antes de serem
encarnados na terra . "Vós também no princípio estáveis com o Pai;
aquilo que é Espírito, sim, o Espírito da verdade" . (Versículo 23 .)
Não é, pois, impróprio dizer que Jesus Cristo é o Irmão Maior do
resto do género humano . E indicado na Epístola aos Hebreus que Ele
é, por nascimento espiritual, irmão de todos nós : "Pelo que convinha
que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e
fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do
povo ." (Heb . 2 :17) . Entretanto, não se deve esquecer que Ele é essen-
cialmente maior que todos os demais, em virtude (1) de ser maior ou o
primogênito ; (2) de Sua posição única na carne como Filho de mãe
mortal e de um Pai imortal ou ressuscitado e glorificado ; (3) de Sua se-
leção e preordenação como o único Redentor e Salvador da raça hu-
mana, e (4) de Sua incomparável impecabilidade .
APÊNDICE III 431

Jesus Cristo não é o Pai dos espíritos que tomaram ou que, no fu-
turo, tomarão corpos sobre esta terra, porque Ele é um deles . É o Fi-
lho, assim como eles são filhos ou filhas de Eloim . Do que foi dado a
conhecer, sobre os passos do progresso eterno e desenvolvimento, de-
vemos compreender que somente os seres ressuscitados e glorificados
podem ser pais de progênie espiritual . Somente estas almas exaltadas
alcançaram a idade madura no curso assinalado da vida eterna ; e os
espíritos que deles nascerem passarão nos mundos eternos, na devida
ordem . 'pelos vários estágios através dos quais seus pais glorificados
alcançaram a exaltação .

PRIMEIRA PRESIDÊNCIA E CON-


SELHO DOS DOZE APÓSTOLOS DA
IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SAN-
TOS DOS ÚLTIMOS DIAS
Salt Lake City, Utah, 30 de junho de 1916.

APÊNDICE III
\oras rclacronuc/as creu o capítulo 3
1 . O ARBITRIO DO HOMEM É UM DOM DE DEUS — O se-
guinte foi extraído de um dos discursos do presidente Brigham Young,
pronunciado em 5 de julho de 1855 : "Em que se fundamentam os direi-
tos do homem? O Senhor Onipotente organizou o homem para o pro-
pósito expresso de que se converta num ser independente, semelhante.
a Ele, e lhe deu seu arbítrio individual . O homem foi feito à imagem de
seu Criador, o grande protótipo da espécie humana, que lhe conferiu
os princípios de eternidade, plantando nele a imortalidade e dando-lhe
o livre-arbítrio para agir como lhe pareça melhor ; para ser ou deixar de
ser um santo dos últimos dias ou um metodista ; pertencer à Igreja da
Inglaterra, filha maior da madre igreja, ou à própria igreja, ou ainda à
sua irmã, a igreja grega, ou ser um pagão e não pertencer a nenhuma
delas . Quando ficar completamente organizado e estabelecido o reino
de Deus sobre a face da terra, e sobre todos os demais reinos e nações
e tornar-se preeminente, protegerá então o povo em todos os seus
direitos, não importa qual seja sua crença, o que professarem ou ado-
tarem" . (Veja "Journal of Discourses" daquela data, e "Millennial
Star," tomo 20, pág . 43 .)

432 REGRAS DE FÉ

2. A NATUREZA DO PECADO — A palavra pecado representa


vários vocábulos que ocorrem nos idiomas originais, cuja tradução lite-
ral indica grande semelhança entre uns e outros . De maneira que no
Antigo Testamento se encontram entre outros, os seguintes termos
hebraicos : Setim (mencionado em Salmos 101 :3) que significa "des-
viar-se do caminho", shegagah (Lev . 4 :2 : Núm . 15 :27), "pecar por er-
ro" ; avon "iniqüidade" . Em o Novo Testamento encontramos entre as
palavras originais gregas : hamartia, "o não acertar um alvo" : parabasis,
"ofensa, transgressão" ; parokoe, "desobediência, falta de atenção":
paraptoma, "afastar-se da justiça" ; agnoema, "ignorância injustifica-
da" ; hetema, "não dar medida cabal" ; anomia, "falta de cumprimento
da lei" . As ilustrações anteriores foram tiradas principalmente de
Müller e French . Em todas estas expressões predomina a idéia de um
desvio do caminho de Deus, de afastamento de Seu companheirismo
pela oposição às solicitações divinas . O pecado chegou ao mundo vin-
do de outra parte ; não foi produto natural da terra . Satanás plantou em
Eva a semente da desobediência . A semente germinou e produziu, e
muitos frutos dessa natureza, os quais nós chamamos calamidade, fo-
ram os resultados . Para que fôssemos libertos dos espinhos e cardos do
estado mortal foi preparado um Salvador.
3. ÉDEN — Na língua hebraica, da qual se origina a nossa palavra,
Éden significa algo especialmente agradável, um local de deleite . Tam-
bém é dado ao lugar o nome de "Jardim do Senhor", Jeová preparou
um jardim em certo lugar da terra do Éden ; esse horto se encontrava
"na banda do oriente" do Éden . Os pais da raça humana foram expul-
sos do jardim após a queda, sendo razoável supor que continuaram vi-
vendo na terra ou na região do Éden . (Gên . 4 :16 .) Apesar de os erudi-
tos cristãos não estarem de acordo quanto à localização geográfica do
Éden, a maioria afirma que se encontrava na Pérsia . Os Santos dos Ul-
timos Dias têm conhecimento mais exato do assunto . Em revelação
dada por intermédio do profeta Joseph Smith, em Spring Hill, Estado
de Missouri, em 19 de maio de 1838, o Senhor deu a esse local o nome
de Adam-ondi-Ahman, "porque é o lugar onde Adão virá para visitar o
seu povo ou onde o Ancião de Dias se assentará, como falou Daniel, o
profeta" . (D . & C . sec . 116 .) Uma outra revelação (D . & C . 107 :52, 53)
nos dá a saber que três anos antes de sua morte Adão chamou ao vale
de Adam-ondi-Ahman os seusfilhosque eram sumos sacerdotes, junta-
mente com o restante de sua posteridade justa, e ali lhes conferiu suas
bênçãos do Senhor . (Veja também D . & C . 117 :8 .) Não existe história
autêntica de que a raça humana tenha habitado o continente oriental
senão após o dilúvio . 0 continente ocidental, hoje chamado Novo
APENDICE III 433

Mundo, compreende as regiões habitadas mais antigas da terra. O Oci-


dente e não o Oriente é o "berço das nações".
4. "O PECADO ORIGIINAL" — Nossos primeiros pais desobede-
ceram ao mandamento de Deus, partilhando de alimento impróprio
para sua condição e, como conseqüência natural sofreram uma dege-
neração física devido à qual vieram ao mundo a debilidade corporal, a
enfermidade e a morte . Sua posteridade herdou os funestos resultados
que hoje dizemos terem sido legados a toda a carne ; e é certo que estas
imperfeições humanas vieram pela desobediência e são, portanto, o
fruto do pecado . Porém, pela transgressão de Adão, segundo toda jus-
tiça, somente o próprio Adão terá que responder. O atual estado de
queda do gênero humano, manifestado em nossa condição mortal, foi
inaugurado por Adão e Eva ; mas a justiça divina proíbe que nós seja-
mos considerados pecadores somente por terem os nossos pais trans-
gredido . Apesar de as privações, vicissitudes e interminável faina im-
postas pelo estado da existência mortal serem parte de nossa herança
de Adão, estas coisas nos enriquecem ; porque é precisamente nestas
condições que encontramos a oportunidade para desenvolver os pode-
res da alma que nos prepararão para vencer o mal, escolher o bem de
ganhar salvação e exaltação nas mansões de nosso Pai . Veja — "Vitality
of Mormonism", pelo autor da presente obra, p . 45, capítulo "Original
Sin"
5. A MORTALIDADE É UMA BENÇÃO — O homem em seu es-
tado mortal é a união de um espírito preexistente e um corpo compos-
to de elementos terrenos . Esta união de espírito e corpo determina o
progresso de uma condição incorpórea à corpórea, sendo um adianta-
mento inestimável no progresso da alma . O castigo que sofreram o ar-
rogante Lúcifer e suas hostes rebeldes, quando quiseram frustrar o
propósito divino a respeito do assunto do arbítrio do homem, foi o de
não receber corpos de carne . O nascimento no estado mortal é uma
bênção da qual só são merecedores os espíritos que mantiveram sua
dignidade no primeiro estado . (Veja Judas 6 .) Para expressar o terrível
estado daqueles que se negam peremptoriamente a se regenerar, aque-
les que se aprofundaram de tal modo no pecado que são contados
como "filhos de perdição", o Senhor aplicou a extrema maldição, di-
zendo que melhor seria se jamais tivessem nascido . (Veja Mateus
26 :24 ; D . & C . 76 :32 .) As possibilidades de realização que o estado
mortal oferece constituem a bênção de ter avançado até tal estado . A
mortalidade é .a escola preparatória para a eternidade . Seu curso é vasto
e estrito . Em seus laboratórios nós, os discípulos, conhecemos as expe-

434 REFERENCIAS

riências que põem à prova, até uma demonstração conclusiva, o efeito


individual de preceito e profissão . Para estabelecer e conservar esta
escola criou-se a terra — Veja "Vitality of Mormonism," pelo autor da
presente obra, págs . 236-239, artigos "Vivemos antes de Nascer" e "O
Homem é Eterno".

6. RESULTADOS BENÉFICOS DA QUEDA — "Honra a teu pai


e a tua mãe" . Este foi um dos dez mandamentos especiais dados a Is-
rael durante a grandiosa manifestação do poder e glória de Deus sobre
o monte Sinai que nos séculos passados de obscuridade parece ter
perdido seu significado para os do mundo cristão . Não parecem com-
preender que devem honrar os primeiros pais da raça humana . Desde
há muito se tem ensinado que Adão e Eva foram graves transgressores
e lamentado o fato de que estes participassem do fruto proibido e trou-
xessem a morte ao mundo .Tão impossível é que a queda do homem te-
nha sido por acidente ou casualidade como o é sua criação . Se foi aci-
dental,então por que foi preparado Cristo desde antes da fundação do
mundo como propiciação pelo pecado, e para abrir ao homem o cami-
nho da imortalidade? A mediação de Cristo foi uma conseqüência da
queda . (Veja Atos 5 :31 .) `Se Adão não houvesse transgredido não teria
caído e teria permanecido no jardim do Éden . E todas as coisas que fo-
ram criadas deveriam ter permanecido no mesmo estado em que esta-
vam depois de terem sido criadas ; e assim deviam permanecer para
sempre sem ter fim . E não teriam filhos ; pois teriam permanecido num
estado de inocência, não tendo alegria, pois que não conheceriam a
miséria ; não fazendo o bem, pois não conheceriam o mal' (2 Nefi 2 :22-
23) . Nós, os filhos de Adão, nenhum direito temos de acusar o patriar-
ca da raça humana mas, antes, devemos regozijar-nos com ele de que
por meio de sua queda e da expiação de Jesus Cristo ficasse aberto
para nós o caminho da vida eterna" . ("A Compendium of the Doctri-
nes of the Gospel", por F . D . Richards e J . A . Little .)
7. SABIA-SE DA QUEDA — "O Mormonismo aceita a doutrina
da queda e o relato da transgressão no Éden, como se encontra em Gê-
nesis, porém, afirma que ninguém além do próprio Adão terá que res-
ponder por sua desobediência ; que os da raça humana em geral ficam
totalmente absolvidos da responsabilidade desse `pecado original' e
que cada qual terá que responder unicamente por suas próprias trans-
gressões ; que Deus havia previsto a queda como o meio acertado para
iniciar a condição necessária do estado mortal, e que um Redentor foi
proposto antes que o mundo existisse ; que a salvação geral no sentido
de serem redimidos dos efeitos da queda vem a todos sem que a procu-

APÊNDICE IV 435

rem, porém, que a salvação individual e o resgate do efeito dos peca-


dos pessoais é algo que cada qual deverá obter por si mesmo, por-fé e
boas obras, mediante a redenção efetuada por Jesus Cristo" — ("The
Philosophy of Mormonism, " pelo autor da presente obra).
8 . A QUEDA FOI UMA DEGENERAÇÃO FISICA — Para uma
discussão completa deste assunto veja Jesus, o Cristo, do autor, capítu-
lo 3 .
APÊNDICE IV
Notas relacionadas com o capítulo 4
1 . A EXPIAÇÃO Ê SEGUNDO A LEI DIVINA — Aprendemos
muito pouco acerca das leis eternas que obram nos céus, porém é in-
discutível o fato de que os propósitos de Deus se cumprem mediante a
lei . Não pode haver irregularidade, incongruência, arbitrariedade ou
capricho em Sua maneira de obrar, pois caso contrário haveria injusti-
ça . Portanto, a expiação deve ter-se efetuado de acordo com a lei . O
auto-sacrifício de Sua vida, a irreprimível agonia e morte de Um que
não só tinha vida em Si mesmo mas também o poder para deter Seus
verdugos em qualquer momento e a Quem ninguém poderia matar a
não ser com o Seu próprio consentimento, devem ter constituído o
cumprimento da lei eterna de justiça, propiciação e expiação mediante
a qual se poderia conseguir e foi conseguida a vitória sobre o pecado e
a morte . A vida mortal de nosso Senhor Jesus Cristo e o sacrifício de
Sua morte satisfizeram completamente as exigências da justiça, e ficou
aberto o caminho para que a misericórdia funcione legalmente no que
se refere aos efeitos da queda . O pecado, seguido da morte, entrou no
mundo por causa da transgressão de um homem, . É natural, dizemos,
que se legasse a mortalidade com todos os seus elementos de um esta-
do decaído à posteridade desse homem, porque cremos saber algo
sobre as leis da herança . Não será, por acaso, tão natural, se a trans-
gressão de um homem surtiu efeito tão universal, que a obra redento-
ra e salvadora de Um, devidamente-autorizado e qualificado para a
obra da expiação, seja uma bênção universal? Os antigos apóstolos
foram explícitos em sua resposta . Paulo declarou : "Pois assim como
por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens, para condena-
ção, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos
os homens para justificação de vida" (Rom . 5 :18) . E mais : "Porque há
um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo
homem . O qual Se deu a Si mesmo em preço de redenção para
todos" . (1 Tim . 2 :5, 6 .) — "Vitality of Mormonism " , do mesmo autor,
pág . 58, artigo "A Filosofia da Expiação" .

436 REGRAS DE FÉ

2. A REDENÇÃO DA QUEDA É UNIVERSAL E INCONDI-


CIONAL — "Cremos que por meio dos sofrimentos, morte e expiação
de Jesus Cristo todo o gênero humano, sem uma só exceção, será com-
pleta e cabalmente redimido, tanto em corpo como em espírito, da in-
terminável expulsão e maldição que caiu sobre ele pela transgressão de
Adão ; e que esta salvação e redenção universal de toda a família hu-
mana, do castigo sem fim do pecado original, se efetua sem condição
alguma de sua parte, isto é, não é necessário que creiam, se arrepen-
dam e se batizem ou nenhuma outra exigência para ficarem redimidos
desse castigo ; porque, creiam ou não, arrependam-se ou não, batizem-
se ou não, guardem os mandamentos ou os transgridam, sejam justos
ou injustos, nada interferirá com a sua redenção, tanto da alma como
do corpo, do castigo da transgressão de Adão . O homem mais justo
que jamais viveu sobre a terra e o mais vil malfeitor de toda a família
humana receberam ambos a mesma maldição, sem transgressão ou
arbítrio de sua parte, e de igual maneira ambos serão redimidos desse
anátema sem arbítrio ou condições de sua parte" . (Apóstolos Orson
Pratt em "Remarkable Visions" .)
3. CRISTO É AUTOR DE NOSSA SALVAÇÃO — O presidente
John Taylor explica a morte de Cristo como um sacrifício expiatório e
acrescenta: "De maneira que o Salvador chega a ser o dono da situa-
ção : é paga a dívida, a redenção se efetua, cumpre-se o convênio, a jus-
tiça é satisfeita, faz-se a vontade de Deus e todo poder agora é coloca-
do nas mãos do Filho de Deus : o poder da ressurreição, o poder da re-
denção, o poder da salvação, o poder de expedir leis para o cumpri-
mento deste propósito . . . O plano, o arranjo o acordo, o convênio foi
feito, aprovou-se e se aceitou, efetuou-se e se consumou sobre a cruz.
De modo que, sendo o Mediador entre Deus e o homem, a ele por di-
reito corresponde ser o magistrado e diretor 'da terra e dos céus, dos vi-
vos e dos mortos, do passado, do presente e do futuro, no que se refere
ao homem e sua associação com esta terra ou os céus, seja pelo tempo
ou pela eternidade ; Ele é o capitão de nossa salvação, o apóstolo e
sumo sacerdote de nossa profissão, o Senhor e Autor da vida ." —
("Mediation and Atonement", por John Taylor, pág . 171 .)

4. CRISTO INICIOU A EXPIAÇÃO — "O apóstolo Paulo faz um


resumo completo dos resultados da morte e ressurreição de Jesus Cris-
to : 'Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias
dos que dormem . Porque assim como a morte veio por um homem,
também a ressurreição dos mortos veio por um homem . Porque, assim
como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados
APËNDICE IV 437

em Cristo' . Paulo também afirmou que 'o último inimigo que há de ser
aniquilado é a morte' . (Versículo 26 .) João o Revelador declara que viu
que o inferno e a morte foram lançados no lago de fogo (Apoc . 20 :14).
A expiação, efetuada por Jesus Cristo, significa ainda que Ele previu
um meio para que o homem possa ser redimido de seus próprios peca-
dos mediante a fé nos sofrimentos, morte e ressurreição de Jesus Cris-
to . O Apóstolo Paulo o expressa muito bem : 'Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus ; sendo justificados gratuitamente
por Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus ; ao qual Deus
propôs para propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua
justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos' (Rom . 3 :23-26).
Estas passagens mostram que a redenção da morte, mediante os sofri-
mentos de Cristo, é para todos os homens justos, assim como injustos;
para esta terra e para todas as coisas que sobre ela foram criadas . Todo
o - sentido das Escrituras nos assegura que, não obstante o homem po-
der confiar em que, apesar de seus atos individuais, ressuscitará dos
mortos, será, entretanto recompensado por suas obras, tenham elas
sido boas ou más ; e que somente pela obediência aos requisitos do
Evangelho e por uma vida de boas obras se pode obter a redenção dos
pecados pessoais . Sendo infinitas as consequências da transgressão de
Adão, não há forma de escapar de tais consequências senão por inter-
médio de uma expiação infinita" . ("Compendium " , por F . D . Richards
e J . A . Little, págs . 8 e 9.
5. A EXPIAÇÃO FOI NECESSÁRIA — "No desígnio de Deus e
no plano proposto pelo Todo-Poderoso, foi disposto que o homem esti-
vesse sujeito a uma lei, aparentemente simples em si mesma, cujo
exercício, entretanto, estava rodeado de graves conseqüências . A ob-
servância dessa lei asseguraria a vida eterna e o castigo da violação se-
ria a morte . . . Se não tivesse violado a lei, o homem teria vivido ; po-
rém, assim vivendo, teria o homem podido perpetuar sua espécie e rea-
lizar com ela os propósitos de Deus, de preparar corpos para os espíri-
tos que haviam sido criados no mundo espiritual? Além disso, teriam
tido necessidade de um mediador que agisse como propiciação pela
transgressão desta lei que segundo as circunstâncias, parecia estar des-
tinada a ser violada? Ou poderia haver continuado a eterna progênie e
perpetuidade do homem, e alcançado sua alta exaltação ao estado de
um Deus, sem a expiação propiciatória e sacrifício do Filho de Deus?"
("Mediation and Atonement", por John Taylor, págs . 128, 129 .)

6. A NECESSIDADE DE UM REDENTOR — . O autor trata deta-


lhadamente deste tema em sua obra "Jesus, o Cristo," capítulo 3 .
438 REGRAS DE FÉ

APÊNDICE V

Notas relacionadas com o capítulo 5

1. O USO DA PALAVRA FÉ — "No Novo Testamento a palavra


grega pistis foi traduzida por "ter fé" . Há outra palavra, peithomai, que
foi traduzida por "crer", segundo se vê em Atos 17 :4 ; 27 :11 e 28 :24.
Significa ser persuadido sem que necessariamente se tenha aceitado a
fé (pistis) . Conseqüentemente o termo fé (pistis) tem outro significado
no Novo Testamento, além de confiança ou segurança! Refere-se a
credo, ou melhor, ao Evangelho de Cristo,contraposto à lei de Moisés,
a nova dispensação que suplantou a antiga . (Veja Atos 6 :7 ; 13 :8 ; 14 :22
e 27 ; Romanos 1 :5 ; 3 :27 ; 10 :8 ; Gálatas 1 :23 ; 2: .16 ; 20 ; 3 :2, 5 ; Efésios
2 :8 ; I Tim . 1 :2 ; 4 :1 e muitas outras passagens .) Em todos estes, fé e
Evangelho são quase sinônimos . Tem havido muita e desnecessária
confusão e discussão devido ao fato de que este significado tão óbvio,
apesar de secundário, da fé, não tenha recebido muita consideração ro
estudo das Escrituras" — Nota de J . M . Sjodahl ao autor.
2. O DOGMA SECTÁRIO DE JUSTIFICAÇÃO UNICAMEN-
TE PELA FÊ tem exercido influência nociva . A idéia sobre a qual está
fundamentada esta doutrina perniciosa se associava a princípio com a
de uma predestinação absoluta, mediante a qual o homem estava de
antemão destinado à destruição ou a uma salvação imerecida . De
-modo que Lutero ensinou : "A excelente, infalível e única preparação
para a graça é a eterna eleição e predestinação de Deus" . "Desde a
queda do homem o livre-arbítrio não tem sido mais do que uma palavra
vã" . "O homem que imagina poder alcançar a graça, fazendo tudo o
que pode fazer, acrescenta pecado ao seu pecado e é duplamente cul-
pado" . "O homem que efetua muitas obras não fica justificado, mas
sim aquele que sem obras tem muita fé em Cristo" . (Estas e outras dou-
trinas da assim chamada "Reforma" se encontram em "History of the
Reformation", por D'Aubigné, tomo 1, pp . 82, 83, 119, 122 .) Na obra
de Miller, "Church History'' (tomo 4, p . 514), lemos : "O ponto que
mais profundamente interessa o reformador (Lutero) em todas as suas
obras, polêmicas e lutas é a justificação pela fé somente ."
Melanchthon expressa a doutrina de Lutero com as seguintes pala-
vras : "A justificação do homem perante Deus procede da fé unica-
mente . Essa fé entra no coração do homem somente pela graça de
Deus . " E mais adiante : "Em vista de que tudo quanto acontece neces-
sariamente se verifica de acordo com a predestinação divina, não há
liberdade em nossa vontade ." (D'Aubigné, tomo 3, p . 340) É certo
que Lutero denunciou vigorosamente e negou veementemente que

APÊNDICE V 439

tivesse culpa dos excessos que esta doutrina provocou . Entretanto,


não cessou de proclamar energicamente a doutrina . Notemos suas
palavras : "Eu, o doutor Martinho Lutero, indigno arauto do Evange-
lho de Nosso Senhor Jesus Cristo, confesso-este artigo : que a fé sozi-
nha, sem obras, justifica diante de Deus e declaro que perdurará e
permanecerá para sempre, apesar do imperador dos romanos, do
imperador dos turcos, do imperador dos persas, apesar do papa e de
todos os cardeais, bispos, sacerdotes, monges e . monjas ; apesar de
reis, príncipes e nobres e apesar de todo o mundo e dos próprios dia-
bos ; e que se tentarem combater esta verdade farão com que o fogo
do inferno desça sobre suas cabeças . Este é o verdadeiro e santo
Evangelho, e a declaração que eu, Martinho Lutero, faço, de acordo
com os ensinamentos do Espírito Santo ." (D'Aubigné, tomo 1, pág.
70 .) Contudo, deve-se ter em mente que Lutero e ainda os mais reso-
lutos defensores da doutrina da justificação pela fé afirmaram que era
necessária a santificação assim como a justificaçãq . Fletcher, na pági-
na 90 de sua obra, "End of Religious Controversy", cita um exemplo
do extremo maligno a que chegava esta doutrina, acusando um de
seus seguidores de ter dito : "Nem o adultério ou o assassínio prejudi-
cam aos filhos benditos, mas obram para o seu bem . Deus não vê
pecados nos crentes, seja qual for o pecado que tenham cometido . . . É
um erro sumamente pernicioso dos letrados determinar pecados
segundo o ato e não segundo a pessoa . Apesar de culpar aqueles que
dizem que devemos pecar para que se derrame a graça, entretanto, o
adultério, o incesto e o assassínio, em geral, me fariam mais santo na
terra e alegre no céu ."
Em , "Outlines of Ecclesiastical History", por Roberts, pág . 3, sec.
2, e o qual recomendamos ao leitor, aparece um resumo da controvér-
sia medieval a respeito da maneira de se obter a graça, incluindo as
doutrinas de Lutero e alguns outros . O que foi mencionado anterior-
mente se encontra na obra em questão.
3 . A FÉ INCLUI OBRAS — Isolando certas passagens das Escri-
turas, e considerando-as como se fossem completas em si mesmas,
alguns leitores concluem que existe incongruência e contradição.
Equivocamente se tem representado Paulo como um dos que pro-
põem que a fé sem obras é suficiente e se tem citado as palavras de
Tiago para contradizê-lo . Compare Romanos 4 :25 ; 9 :11 ; Gálatas 2 :16;
2 Tim . 1 :9, Tito 3 :5, com Tiago 1 :22 ; 23 ; 2 :14-26 . O apóstolo Paulo
chama obras desnecessárias as formas e cerimônias exteriores da lei
mosaica que haviam sido substituídas pelos requisitos mais elevados
do Evangelho . Tiago fala de esforço real e atos efetivos como obras
que resultam da verdadeira fé em Deus e seus requisitos . Porém, no

440 REGRAS DE FÉ

final, a diferença aparente consiste nas palavras e não no espírito ouno


fato . Estas palavras do Élder J . M . Sjodahl, do Escritório do Historia-
dor da Igreja, se referem ao assunto e-são instrutivas : "se entendermos
completamente o significado que os autores das Escrituras dão à pala-
vra 'fé' veremos que não há diferença no significado da verdadeira fé
e as obras da fé . Na Bíblia significam a mesma coisa ambos os termos.
Tiago não contradiz Paulo . Porque Crer é viver de acordo com as leis do
Evangelho . Neste sentido, os verbos crer e viver são sinônimos, pois a fé
sem obras é morta . Isto é o que ensina Tiago e certamente Paulo não
prega que a salvação vem por meio da fé morta . "
4. O PERDÃO NEM SEMPRE É IMEDIATO — "Em virtude da
gravidade dos pecados cometidos, nem sempre se vê o arrependimento
acompanhado de um perdão e restauração imediatos . Por exemplo,
quando Pedro pregava aos judeus que haviam matado Jesus dizendo
que Seu sangue seria sobre eles e sobre seus filhos, ele não lhes disse:
"Arrependei-vos e cada um seja batizado para a remissão dos peca-
dos" mas, sim, "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam
apagados os vossos pecados e venham assim os tempos de refrigério
pela presença do Senhor . E envie Ele a Jesus Cristo, que já dantes vos
foi pregado . O Qual convém que o céu contenha até aos tempos da res-
tauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os Seus san-
tos profetas, desde o princípio ." (Atos 3 :19-21 .) Isto é, arrependei-vos
agora e crede em Jesus Cristo, para que sejais perdoados quando
Aquele a Quem matastes venha novamente no dia da restauração de
todas as coisas, e vos exponha as condições segundo as quais vos pode-
reis salvar" (Compendium, pág . 28).
5. O PECADO -E O PECADOR — "Pois Eu, o Senhor, não posso
encarar o pecado com o mínimo grau de tolerância. Entretanto, aquele
que se arrepender e fizer a vontade do Senhor será perdoado" (D . & C.
! :31, 32 : veja também Alma 45 :16) . Nesta declaração foi feita uma dis-
tinçãomuito clara entre o pecado e o pecador. Para muitos é difícil se-
parar inteiramente um do outro e entender 'o pecado como conceito
abstrato à parte da culpabilidade pessoal . Pode haver furto sem
ladrão, mentira sem mentiroso ou assassínio sem assassino?

Existe no homem a possibilidade de se tornar um mentiroso,


ladrão ou assassino, mas faltando-lhe a oportunidade de chegar a ser
criminoso de fato, ou dominando seus maus impulsos por considera-
ção da vantagens pessoais, ele poderá dar uma demonstração externa
de probidade . A pele da ovelha sobre o lobo voraz não é disfarce
moderno . Porém, em todos estes fingimentos existe o fato de um pro-

APÊNDICE V 441

prósito iníquo ; e o mau propósito, pensamento ou desejo é em si


essencialmente pecado ; e um caso como este não representa, portan-
to, uma culpabilidade abstrata, mas uma ofensa real e individual ; por-
que o que pensa mal é pecador.

Qual dentre nós pode ter outro sentimento para com a tuberculo-
se, a varíola ou a insidiosa e fatal influenza além de repugnância e te-
mor? Não obstante, atendemos a pessoa atacada, procurando conse-
guir seu alívio ; e se o amamos quando era são, não o odiamos por se
achar enfermo, mas, ao contrário, somos mais solícitos para com ele.
Os funcionários do departamento de saúde pública não consideram e
nem olham as enfermidades com complacência e tolerância . São inimi-
gos da enfermidade física, seja qual for o seu disfarce : e sua melhor
maneira de empreender a guerra contra a enfermidade é atender a
todos os que estão enfermos, fazendo, ao mesmo tempo, todo o possí-
vel para proteger de uma infecção os que se acham sãos.
Os micróbios da enfermidade existem, encontrem morada nos
corpos humanos ou não ; e por analogia podemos dizer que o espírito
ou a tentação de furtar, cometer adultério ou assassinar está vivo da
mesma maneira que o contágio de uma enfermidade, seja o homem
vencido por ela ou não . Tratando-se de uma aflição física recorre-se
ao tratamento médico, e, até onde o enfermo o permite, é obrigado a
cumprir as condições prescritas.
Com ironia sutil e intencional, o Divino Médico fez frente à ca-
suistica de certos escribas e fariseus, declarando : "Os sãos não necessi-
tam de médico, mas, sim, os que estão doentes ; Eu não vim chamar os
justos, mas sim os pecadores" . (Marcos 2 :17 .)
Porém, como as Escrituras afirmam abundantemente e a expe-
riência o demonstra, não há um de nós que se encontre completamente
livre do pecado ; ao contrário, todos necessitamos das administrações
curadoras do Grande Médico . "O pecado é iniqüidade" (1 João 3 :4) e
também : "Não há um justo ; nem um sequer" (Rom . 3 :10) . "Se dissser-
mos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há
verdade em nós" . (1 João 1 :8 .)
O tratamento que os seres mortais infetados pelo pecado devem
seguir e o prescrito pelo Evangelho de Jesus Cristo, mediante o qual, se
obedecido, podem ser combatidos os ataques da infecção que destrói a
alma : e por se haver desenvolvido a força para resistir, poder-se-á al-
cançar imunidade relativa contra ataques posteriores . A receita é sim-
ples : os meios estão ao alcance de todos ; são os mesmos hoje que na

442 REGRAS DE FÉ

antigüidade, e assim permanecerão enquanto o pecado existir no mun-


do . São a obediência às leis e ordenanças do Evangelho.
Fazendo estas coisas, levando uma vida justa, ainda que o ar irres-
pirável do pecado nos envolva, seremos preservados para conseguir a
vida eterna, o maior de todos os dons de Deus ao homem . — De um ar-
tigo pelo autor, "Sin and the Sinner", Série C-10.

APÊNDICE VI

Notas relacionadas com o capitulo 6

1 . PREPARO PARA O BATISMO — Tanto no tempo de Cristo


como no assim chamado período apostólico, e nos dias que imediata-
mente se seguiram, geralmente se ensinava e se entendia a doutrina de
que o batismo para ser aceitável deveria ser precedido de um preparo
eficaz . Porém, esta crença gradualmente caiu em desuso, e o batismo
chegou a ser considerado como uma forma exterior, cuja aplicação
muito pouco ou talvez nada tinha que ver com a compreensão ou con-
ceito que o .candidato tivesse do seu propósito . Como foi dito no texto,
o Senhor reiterou a doutrina de um preparo adequado na dispensação
atual . A respeito da crença nos dias antigos, damos a seguir algumas
referências.
"Nas primeiras idades do cristianismo, eram batizados homens e
mulheres se professassem ter fé no Senhor Jesus Cristo ." (Federico
Guillermo Farrar, Deão da Igreja Anglicana .)
"Porém, tendo em vista que Cristo os encarrega (Marcos 16 :15,
16) de ensinar antes de batizar e indica que ninguém além dos crentes
deve receber o batismo, parece que não se administra devidamente o
batismo quando não é precedido da fé . Não houve um só que durante
a idade apostólica tenha recebido o batismo sem antes professar a fé e
o arrependimento ." — Calvino.
"Não se batiza alguém primeiro e logo começa a receber a fé e a
sentir esse desejo ; mas somente quando está preparado para receber o
batismo, comunica seu desejo ao mestre e faz uma plena confissão de
fé com sua própria boca ." — Arnóbio (retórico que viveu em fins do sé-
culo ' 111).
"Na Igreja primitiva, de acordo com o ordenado por Cristo ("Ide
e ensinai a todos os gentios, batizando-os etc .") o ensinamento prece-
dia o batismo ." (Saurin, francês protestante, 1677-1730 .)
"Durante os primeiros dois séculos ninguém era batizado se não

APÊNDICE VI 443

professasse ser crente, depois de haver sido instruído na fé e ter-se fa-


miliarizado com a doutrina de Cristo ; e isto por causa das palavras:
Aquele que crer e for batizado ." (Salmasius, autor francês ; 1588-1653 .)
2 . NOTAS HISTÓRICAS SOBRE O BATISMO DE CRIANÇAS
— "O batismo de crianças pequenas era algo completamente desconhe-
cido nos primeiros dois séculos depois de Cristo . *** O costume de ba-
tizar crianças pequenas não foi iniciado antes do terceiro século do
nascimento de Cristo . Não existem vestígios desse ato em épocas ante-
riores ; foi introduzido sem o mandamento de Cristo ." — Curcellaéus.
"É certo que Cristo não ordenou o batismo de crianças pequenas.
*** Não podemos comprovar que os apóstolos instituíram o batismo
de crianças pequenas . Não podemos chegar a tal conclusão pelas pas-
sagens que mencionam o batismo de toda a família (como em Atos
16 :33 ; 1 Cor . 1 :16) porque falta ainda investigar se havia crianças nes-
sas famílias, de tal idade que não pudessem receber inteligentemente o
cristianismo ; porque este é o único ponto sobre o qual se baseia o as-
sunto . *** Em vista de que o batismo se relacionava intimamente com
a entrada na confraternização cristã, a fé e o batismo sempre estavam
unidos um ao outro ; de maneira que existe a maior probabilidade de
que o batismo se efetuasse somente quando existiam ambas as coisas, e
que a prática de batizar as crianças pequenas não fosse conhecida nes-
se período (o apostólico .) *** O fato de que só em época posterior (é
certo que não foi antes de Irineu) aparecem sinais do batismo das
crianças pequenas e de que pela primeira vez foi reconhecido como
tradição apostólica no decorrer do terceiro século constitui evidência
mais desfavorável do que a favor de sua origem apostólica" . Johann
Neander (um teólogo alemão que viveu na primeira metade do século
atual).
"Que venham, portanto, quando tenham crescido ; quando pude-
rem entender ; quando se lhes tenha ensinado onde virão . Que se façam
cristãos quando puderem conhecer Cristo" — Tertuliano (um dos pa-
dres cristãos latinos ; viveu de 150 a 220 anos depois de Jesus Cristo).
Neander cita a quase violenta oposição de Tertuliano à prática do ba-
tismo de crianças pequenas como "evidência de que naqueles dias não
era considerada geralmente como uma ordenança apostólica ; pois, o
contrário, dificilmente se teria ousado falar tão veementemente con-
tra ela ."
Martinho Lutero declarou por escrito, em princípios do século
XVI : "Não se pode provar por meio das Escrituras que Cristo instituiu

444 REGRAS DE FÉ

o batismo de crianças, nem que este foi iniciado pelos primeiros cris-
tãos depois dos apóstolos ."
"O apóstolo entende, por tekna, não crianças pequenas, mas sim
posteridade ; com este significado a palavra se encontra em vários luga-
res do Novo Testamento (entre outros João 8 :39) ; pelo que parece que
o argumento que comumente se deduz desta passagem a favor do ba-
tismo de crianças pequenas carece de força e de nada serve ." — Lim-
borch (natural da Holanda e distinto teólogo, viveu de 1633 a 1712).

APÊNDICE VII

Notas relacionadas com o capítulo 7

1 . O USO DA PALAVRA "BATIZAR" NOS DIAS ANTIGOS —


Os exemplos seguintes mostram o significado comum que tem o vocá-
bulo grego do qual deriva nosso termo "batizar" . Em todos claramente
se tem por objetivo indicar imersão . (Procure estes e outros exemplos
em "Millennial Star", tomo 21, págs . 687, 688 .)
Polibius, historiador grego que viveu durante o segundo século an-
tes de Cristo, vale-se das seguintes expressões : Descrevendo um com-
bate naval que se verificou à altura da costa da Sicília, entre as frotas
cartaginenses e romanas, diz : "Se algumas das naves eram acossadas
pelo inimigo, retrocediam ao mar a salvo, em virtude de sua velocida-
de, logo voltando-se e caindo sobre as embarcações de seus persegui-
dores que iam mais adiante, desferindo-lhes golpes freqüentes, e bati-
zavam muitos de seus' barcos ." — Livro 1, cap . 51.
O mesmo escritor, referindo-se à passagem das tropas romanas
pelo rio Trebia, expressou-se do seguinte modo : "Quando chegou o
momento de cruzar o Trebia, que se achava mais cheio que de costume
em virtude da chuva que havia caído, a infantaria com muita dificulda-
de passou para o outro lado, pois foram batizados até o peito ." — Livro
3, cap . 72.
Falando da catástrofe que sobreveio às naves romanas em Siracu-
sa, Polibius declara: "Algumas se transtornaram, mas a maior parte,
baixando suas proas desde bem alto, foram batizadas e se encheram de
água."
Estrabo, que viveu durante os dias de Cristo, usou o vocábulo ba-
tizar com o mesmo significado . Descreve da seguinte maneira um ins-
A
APENDICE VII 445

trumento que se usava para pescar: "E, se cai no mar, não é perdido:
porque é uma composição de madeira de carvalho e pinho ; e assim,
apesar de o carvalho ficar batizado por causa de seu peso, a outra parte
flutua e pode ser recuperada facilmente . "-
O mesmo escritor explica as características de certas águas sali-
nas, nos seguintes termos : "Estas têm o sabor de águas salgadas, porém
são de natureza distinta, porque mesmo as pessoais que não sabem na-
dar não são batizadas nelas, mas flutuam sobre a superfície como to-
ros .
Referindo-se a uma fonte salina em Tatta, o mesmo escritor diz:
"Com tanta facilidade produz a água uma crosta sobre tudo que nela
se batiza, que se uma pessoa mergulha uma grinalda de juncos retira
uma coroa de sal ."
Sobre certa espécie de betume do lago Sirbonis ; Estrabo escreve:
"Flutuará sobre a superfície devido à natureza das águas, as quais,
como já dissemos, fazem desnecessária a natação e a tal ponto que o
que caminha sobre elas não é batizado ."
Dio Cassio, falando dos efeitos de uma tormenta severa perto de
Roma, diz : "Os barcos que se encontravam no Tibre, ancorados perto
da cidade e da boca do rio, foram batizados . "
Este autor relata da seguinte maneira a sorte de alguns dos solda-
dos de Curio que fugiam das forças de Juba : "Não poucos fugitivos
morreram . Uns foram derrubados enquanto se esforçavam por subir às
naves e outros, apesar de já se encontrarem sobre as embarcações, fo-
ram batizados em virtude da grande força do vento ."

2. O BATISMO ENTRE OS GREGOS — "Os gregos originais de-


vem entender seu próprio idioma melhor que os estrangeiros . Sempre
entenderam que a palavra batizar quer dizer submergir . Por conseguin-
te, desde que abraçaram o cristianismo até o dia de hoje, sempre bati-
zaram e continuam batizando por imersão" . — Robinson.
3. A FORMA PRIMITIVA DO BATISMO CRISTÃO — A histó-
ria oferece abundante evidência de que no primeiro século depois da
morte de Cristo se administrava o batismo unicamente por imersão.
Tertuliano se refere da seguinte maneira à cerimônia por imersão, tão
comum em seu tempo : "Não importa que seja lavado no mar ou num
tanque, num rio ou numa fonte, num lago ou num canal . *** Somos
submersos na água ."

446 REGRAS DE FÉ

Os casos seguintes são apenas alguns dos muitos que a história


contém . (Veja " Millennial Star", tomo 21, págs . 769 . 770 .)
Justino Martir explica detalhadamente a cerimônia, como ele mes-
mo administrava . Após descrever o exame preparatório do candidato,
prossegue dizendo : "Depois disto, os levamos a um local onde há água
e nascem novamente nesse novo nascimento, mediante o qual nós mes-
mos renascemos . Porque em nome de Deus, o Pai e Senhor de todos . e
de Jesus Cristo, nosso Salvador, e do Espírito Santo, se efetua a imer-
são na água, porque também Cristo disse : `Aquele que não nascer de
novo não pode entrar no reino dos céus ."'
A respeito das práticas dos primeiros cristãos, o bispo Bennett diz:
"Levavam-nos à água e os sepultavam na água como o que é sepultado
na tumba ; e então repetiam estas palavras : Batizo-te (ou lavo-te) em
nome do Pai, Filho e Espírito Santo, após o que eram levantados e
vestiam-lhe roupas limpas . Daí as frases : Ser batizado na morte de
Cristo ; ser sepultado juntamente com Ele na morte, pelo batismo;
havermos levantado com Cristo ; revestir-se no Senhor Jesus Cristo;
despojar-nos do homem velho e revestir-nos do novo ."
"Não há dúvida de que os apóstolos batizavam por imersão . *** E
os inumeráveis testemunhos dos padres apresentam clara evidência de
que a Igreja antiga seguiu seu exemplo ." — Vosio.
"Indiscutivelmente, o modo que prevalecia na antigüidade era se-
pultar, por assim dizer, na água a pessoa que era batizada e logo tornar
a levantá-la" — Arcebispo Secker.
"A maneira usual de administrar o batismo na Igreja primitiva era
por imersão . *** Indubitavelmente era a imersão um modo comum de
administrar o batismo e não foi descontinuado quando se iniciou o ba-
tismo de crianças . *** Gradualmente o batismo por aspersão foi substi-
tuindo o batismo por imersão, sem que este fosse recusado formalmen-
te ." — Farrar.

4 . OS PAIS E OS FILHOS — "Pode-se dizer que a revelação em


nossa época a respeito da doutrina do batismo pelos mortos iniciou um
novo período na história da raça humana . Quando o profeta Joseph re-
cebeu tal revelação, a crença geral no mundo cristão era de que no
momento da morte se fixava o destino da alma por toda a eternidade.
Se não fosse contemplada com uma felicidade interminável, estava
destinada a um tormento perpétuo, sem a mais remota possibilidade de
redenção ou transformação . Era geralmente aceita a horrível e mons-

APÊNDICE VII 447

truosa doutrina, tão oposta a todo elemento de justiça divina, de que as


nações pagãs que haviam morrido sem o conhecimento do Deus verda-
deiro e a redenção efetuada por Seu Filho Jesus Cristo seriam eterna-
mente consignadas ao inferno . Fica ilustrada a crença sobre este ponto
na resposta de certo bispo à interrogação do rei dos francos, quando o
monarca estava a ponto de se deixar batizar pelo bispo . O rei era pa-
gão, porém havia resolvido aceitar o sistema de religião que então se
chamava cristianismo . Ocorreu-lhe naquele momento que se o batismo
era necessário para sua salvação, que seria de seus queridos antepassa-
dos que haviam morrido pagãos? Expressou este pensamento numa
pergunta feita ao bispo . O prelado, não tão diplomata como muitos de
sua seita, bruscamente lhe respondeu que estavam no inferno . Ao que
o rei contestou : "Então, pela minha vida, quero estar com eles," e ne-
gou-se a aceitar o batismo ou converter-se ao cristianismo . ("Life of
Joseph Smith," por George Q . Cannon, pág . 510 .)
5 . TEMPLOS E LOCAIS SAGRADOS — "Resolvido a converter
Israel em Seu povo, o Senhor o retirou do Egito e enquanto se encon-
travam longe das nações circunvizinhas mandou-os construir um ta-
bernáculo, algumas vezes chamado templo, onde Ele pudesse instituir
certas ordenanças e regulamentos para sua orientação e adoração . Tal
tabernáculo foi, no princípio de sua peregrinação no deserto, portátil,
feito do melhor e mais caro material que tinham à mão ; e uma das tri-
bos foi encarregada dele e de seus pertences . Este tem sido sempre o
propósito do Senhor . Esta construção lhes serviu durante sua viagem
na terra prometida de Canaã até que Salomão, tendo adquirido as ri-
quezas necessárias, erigiu um magnífico templo sobre o monte Mória,
depois chamado o monte de Sião, ao qual todo Israel ia anualmente pa-
ra adorar ou reunir-se . O Senhor nos disse (D . & C . 124 :39) que sem-
pre tem mandado Seu povo edificar templos ou casas santas a Seu San-
to Nome . A isto se deve o fato de no Livro de Mórmon lermos que
muitos templos foram levantados sobre este continente . Também ex-
plica por que o profeta Joseph deu instruções, desde muito tempo,
para que se iniciassem templos em todo centro importante dos santos ."
("Compendium," por F . D . Richards e J . A . Little, pp . 283 a 288 . Con-
sulte Êxodo caps . 25 a 28 ; 1 Reis 6 a 8 ; Esd . cap . 6 ; 2 Néfi 5 :16 ; e com-
pare Jacó 1 :17 ; 2 :2-11 ; Mosiah 1 :18 ; 2:6 ; 7 ; Alma 16 :13 ; 23 :2 ; 26 :29;
Helamã 3 :9 ; 10 :8 ; D . & C . 84 :3, 5, 31 ; 97 :10 ; 124 :29 a 51, 55 .)

448 REGRAS DE FÉ

APÊNDICE Vlll

Notas relacionadas com o capitulo 8

1. O EFEITO DO ESPIRITO SANTO SOBRE O INDIVÍDUO —


"Um ser inteligente, feito à imagem de Deus, possui todo órgão, atri-
buto, sentido, compaixão e afeto, de vontade, sabedoria, amor, poder e
dom que o próprio Deus possui . Porém, o homem os tem em seu esta-
do rudimentar no sentido subordinado da palavra . Ou, em outros ter-
mos, esses atributos se encontram num estado embrionário e devem
desenvolver-se gradativamente . São semelhantes a um botão, um gér-
men, que gradativamente se desenvolve em flor e então, progredindo,
produz fruto maduro segundo sua espécie . O dom do Espírito Santo se
adapta a todos esses órgãos e atributos . Vivifica todas as faculdades in-
telectuais : aumenta, alarga, amplifica e purifica todas as paixões e
afectos e os adapta mediante o dom de sabedoria ao seu uso legítimo.
Inspira, desenvolve, cultiva e amadurece todas as simpatias, delicade-
zas, dons, afetos e sentimentos de nossa natureza . Inspira a virtude, be-
nevolência, bondade, ternura, mansidão e caridade . Desenvolve a be-
leza da pessoa, forma e feições . Impulsiona a saúde, o vigor, o ânimo e
os sentimentos sociais . Desenvolve, revigora e tonifica os nervos . Em
resumo, é como se fosse medula ao osso, gozo ou coração, luz aos
olhos, música para os ouvidos e vida para todo o ser" ("Key to Theolo-
gy," por Parley P . Pratt, págs, 96, 97 — 4' ed .).
2. A IMPOSIÇÃO DAS MÃOS — Pelas Escrituras mencionadas,
vemos claramente que a maneira usual de conferir o dom do Espírito
Santo em parte consistia na imposição de mãos daqueles que tinham a
autoridade (Atos 8 :17 : 9 :17 ; 19 :2 a 6 ; Alma 31 :36 ; 3 Néfi 18 :36, 37 ; D.
& C . 20:41) . A mesma forma exterior determinou outros atos autoriza-
dos . como o de conferir o Sacerdócio e ungir os enfermos . E muito
provável que Paulo estivesse referindo-se à ordenação de Timóteo
quando o exortou com estas palavras : "Não desprezes o dom que há
em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério" (1 Tim . 4:14) . Também : "Por cujo motivo te lembro que
despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas
mãds" (2 Tim . 1 :6) . Nestes últimos dias, o Sacerdócio foi conferido
pela primeira vez pela imposição das mãos de João Batista (D . & C.
sec . 13) . Sabemos que Cristo, ao curar os enfermos, algumas vezes pu-
nha Suas mãos sobre eles (Marcos 6 :5) e deixou com os apóstolos a
promessa de que poderiam curar aqueles sobre quem impusessem as
mãos autorizadamente (Marcos 16 :15, 18) . A mesma promessa foi re-

APÊNDICE IX 449

petida em nossos dias (D . & C . 42 :43, 44) . Entretanto, apesar da impor-


tância que tem este sinal de autoridade, a imposição de mãos raras ve-
zes é praticada entre as muitas seitas que professam o cristianismo na
atualidade.
3. A AÇÃO DO ESPIRITO SANTO — Tão grande erro é dizer
que os meios de que se vale o Espírito Santo para agir são a pessoa do
Espírito Santo, como dizer que a luz, o çalor e energia actínica do sol
são o próprio sol . A influência, espírito oú poder do Espírito Santo é de
esclarecimento e progresso e é dado aos homens de acordo com seu
merecimento e capacidade de receber ; porém o direito ao ministério
especial do terceiro membro da Trindade só se adquire mediante o
cumprimento dos requisitos preliminares do Evangelho : fé, arrependi-
mento e hatisn :o . A palavra "Espírito" é usada sem distinção nas Es-
crituras . O Espírito Santo é um personagem individual, o terceiro
membro da Trindade ; o Santo Espírito de Deus, em sentido distinto, é
a "essência divina" por meio da qual a Trindade age sobre a natureza e
sobre o homem . — Veja "Jesus the Christ," cap . 38, nota 7.
4. A MANEIRA DE CONFERIR O ESPIRITO SANTO — Pode
haver dúvida quanto à maneira de confirmar e conferir o Espírito San-
to, particularmente sobre se é mais próprio dizer : "Recebe o Espírito
Santo, ou Recebe o Dom do Espírito Santo ." Já que o companheiris-
mo do Espírito Santo compreende todas as graças e dons espirituais até
onde o indivíduo os merece e são próprios para ele, a Igreja ensina que
os élderes que confirmarem as pessoas devem usar a forma : Recebe o
Espírito Santo.
A Primeira Presidência da Igreja, explicando a recepção do Espí-
rito Santo pelos apóstolos da antigüidade, expediu uma declaração da-
tada de 5 de fevereiro de 1916 . — Veja o "Déseret News" dessa data e
"Improvement Era" de março de 1916 ; um extrato da referida exposi-
ção encontra-se em "Jesus o Cristo" cap . 38, nota 7.

APÊNDICE IX

Notas relacionadas com o capítulo 9

1 . A PALAVRA "SACRAMENTO" tem uso geral assim como


determinado . Por derivação significa uma coisa sagrada ou um rito
santo e, com este sentido, a aplicam várias seitas a diversas cerimônias
de suas Igrejas . Assim é que os protestantes falam de dois sacramentos:
o batismo e a ceia do Senhor . Os católicos romanos e gregos reconhe-

450 REGRAS DE FÉ

cem sete, os dois que já mencionamos e também confirmação, matri-


mônio, ordem sacerdotal, penitência e extrema unção . Diz-se que al-
gumas seções da igreja grega excluíram dois dos sete sacramentos : a
confirmação e a extrema-unção . Entretanto, a palavra indica expressa-
mente a ceia do Senhor . Eucaristia e santa comunhão são termos sinô-
nimos que se usam em certas igrejas ao referir-se à ceia do Senhor . Do
costume de considerar a cerimônia, isto é, de participar do sacramento
como evidência de que se é membro de uma igreja, e da lei que afasta
este privilégio daqueles que são julgados indignos de pertencer à con-
gregação vem a palavra excomungar, que se aplica aos que são priva-
dos de confraternidade na Igreja e significa literalmente suprimir da
comunhão.

2. A CEIA DO SENHOR — Como já se disse, este nome do sacra-


mento se encontra uma só vez na Bíblia . Paulo se refere à "Ceia do Se-
nhor" em sua primeira epístola aos Coríntios . Muito provavelmente
este nome foi usado porque o rito se efetuou pela primeira vez durante
a ceia . Entretanto, entre os judeus, deipnon, ou a refeição da noite, era
a principal do dia, e corresponderia realmente ao nosso jantar.
3. A PÁSCOA E O SACRAMENTO — A Festa da Páscoa era a
principal das cerimônias anuais dos judeus, e este nome surgiu das cir-
cunstâncias de sua origem . Ao estender Sua mão para livrar Israel da
escravidão do Egito, o Senhor realizou muitos milagres e maravilhas na
presença do Faraó e sua casa idólatra ; e na última das dez pragas do
Egito o primogênito de cada família foi ferido de morte numa só
noite . Segundo mandamento prévio, os israelitas haviam marcado as
vergas e as ombreiras das portas com o sangue de um cordeiro morto
para a ocasião, cujo sangue foi aspergido com um molho de hissopo . A
morte passou por todas as casas que estavam assinaladas desta maneira
(Êxodo 12 :12, 13), enquanto em todas as casas dos egípcios desferiu o
golpe fatal. Daí o nome de Páscoa que vem de pascha, que significa
passar . Comeram a carne do cordeiro pascal depressa e preparados
para sair . Para comemorar seu resgate da escravidão, o Senhor man-
dou que os israelitas celebrassem anualmente este acontecimento e a
ocasião foi conhecida como a festa da Páscoa ou a festa dos asmos, as-
sim chamada porque o Senhor havia mandado que enquanto durasse a
festa não deveria haver levedura nas casas dos israelitas (Êxo . 12 :15) ; e
se aproveitava cada ocasião para explicar aos filhos as misericórdias de
Deus para com seus antepassados (Êxodo, 12 :26, 27) . Porém, indepen-
dentemente do seu propósito comemorativo, a páscoa chegou a
ser para o povo um modelo de sacrifício no Calvário . 0 Apóstolo

APÊNDICE X 451

Paulo disse : "Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1 Cor . 5 :7).
Como era modelo da futura morte expiatória de Cristo, a páscoa per-
deu parte de seu significado com a crucificação e foi substituída pelo
sacramento . Não há, talvez, relação mais íntima entre as duas coisas
além desta . Certamente não se propôs que o sacramento substituísse
por completo a Páscoa, porque esta ficaria estabelecida por memória
perpétua : "E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa
ao Senhor : nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo"
(No . 12 :14 .)
4 . ERROS A RESPEITO DO SACRAMENTO — Durante os pri-
meiros séculos da era cristã se multiplicaram rapidamente os conceitos
erróneos referentes ao sacramento, seu significado e maneira de admi-
nistração . Enquanto se perdia o poder do Sacerdócio, surgiram muitas
disputas sobre as ordenanças e se perverteu a observância do sacra-
mento . Os mestres de teologia procuraram propagar a idéia de que
aquele rito, naturalmente-simples e extremamente tocante, devia ser
acompanhado de muito mistério ; que todos aqueles que não gozavam
da completa confraternidade da Igreja deveriam ser excluídos, não só
de participar da ordenança, que era justificável, mas também do privi-
lé g io de presenciar o serviço para que não profanassem o rito místico
com sua presença ímpia . Nasceu então a heresia da transubstanciação,
a qual ensina que os símbolos sacramentais perdem seu caráter natural
de simples pão e vinho pela cerimônia da consagração e se convertem
em carne e sangue reais, verdadeiras partes do corpo crucificado de
Cristo . Não se faz necessário apresentar argumentos contra estes dog-
mas . Logo se seguiu a adoração dòs 'emblemas por parte do povo : o
pão e o vinho, considerados como parte do corpo de Cristo, são eleva-
dos durante a missa para que recebam a adoração do povo ; mais tarde
introduziu-se o costume de suprimir a metade do sacramento . De con-
formidade com esta inovação, somente se administrava o pão, com a
afirmativa dogmática de que tanto o corpo como o sangue -se acham
representados de certo modo místico num dos "elementos" . Certo é
que Cristo mandou que Seus discípulos comessem e bebessem em
memória dele . (Veja "A Grande Apostasià", págs . 100, 106 .)

APÊNDICE X

Notas relacionadas com o capítulo 10

1 . A AUTORIDADE DADA POR DEUS — "A evidência mais


452' REGRAS DE FÉ

completa de que Joseph Smith recebeu a autoridade e poder do Santo


Sacerdócio encontra-se no fato de que de novo se estão efetuando
sobre a terra, mediante sua administração, as obras de João Batista e
de Jesus e Seus apóstolos . A fim de poder receber os poderes deste Sa-
cerdócio, é necessário que os homens obedeçam às leis e ordenanças
do Evangelho . O Senhor apareceu pessoalmente a alguns homens e fez
um convênio com eles como o fez com Abraão . (Veja Gên . 12 :1-3 :13:
14-17 .) O Senhor também chamou e autorizou pessoalmente Seus do-
ze apóstolos judeus . Tão completa foi Sua autorização para agir por
Ele e atuar em Seu nome que lhes disse : 'Quem vos recebe, a Mim Me
recebe, e quem Me recebe a Mim, recebe Aquele que Me en v iou .'
(Mat . 10 :40 .) Os homens receberam o Sacerdócio geralmente dos
profetas e apóstolos de Cristo . Muitos o receberam dos apóstolos da
primeira dispensação do Evangelho . Aqueles a quem foi dado nesta
dispensação dos últimos dias o receberam de Deus o Pai e de Seu Filho
Jesus Cristo por meios legítimos . Os que têm recebido este Sacerdócio
fazem um conv ênio com Deus o Pai e Ele com eles . Isto evidentemente
é o que expressa o versículo que já citamos de Mateus . A doutrina fica
mais amplamente ilustrada nesta passagem : 'E também todos os que
recebem este Sacerdócio, a Mim Me recebem, diz o Senhor : pois
aquele que recebe os Meus servos, a Mim Me recebe . E aquele que
Me recebe a Mim, recebe o Meu Pai . E aquele que recebe o Meu Pai,
recebe o reino de Meu Pai : portanto, tudo que Meu Pai possui ser-lhe-
a dado . E isto é de acordo com o juramento e con v ênio que pertence
ao sacerdócio' (D . & C . 84 :35-39L" "Compendium" . F . D . Richards
e J . A . Little, pp . 66, 67.

2 . PREORDENAÇÃO E PRECOGNIÇÃO — O irmão J . M . Sjo-


dahl do Escritório do Historiador da Igreja expressou a seguinte opi-
nião ao autor : ."Parec .e-me que a doutrina da preordenação ou eleição,
como também é chamada . se encontra nas Escrituras a fim de nos de-
monstrar que Deus age independentemente dos conselhos humanos
para levar a cabo Seus propósitos e realizar Seus planos para o benefí-
cio de todos . Dá-nos a entender que o êxito do reino de Cristo está
completamente assegurado, não obstante a incredulidade e inimizade
efetiva de todos os adversários . Na preordenação se toma em conside-
ração o arrependimento, fé e obediência dos homens e apesar da incre-
dul'idade e desobediência poderem retardar o plano divino, não podem
frustrá-lo . Deus é supremo em Seu reino : essa é a grande verdade que
se ensina como a doutrina de preordenação.
"É difícil explicar a verdadeira relação que existe entre precogni-

APENDICE XI 453

ção e preordenação . Deus predisse pela boca de Seus profetas, por


exemplo, a divisão do reino de Salomão, o cativeiro de Israel e até
mesmo o local do desterro . A raça humana chegará naturalmente à
conclusão de que se Deus vê que aquelas coisas vão acontecer, isso
terá que acontecer apesar do que o homem faça . Mas a história mostra
que foi a conseqüência dos pecados dos reis e do povo, e que o Senhor
os admoestou incessantemente contra tais pecados como se estivesse
muito desejoso de evitar o cumprimento de Suas predições . A própria
desobediência às admoestações foi justificação imediata do castigo
predito . Poderia o povo ter-se arrependido e evitado as calamidades
preditas e previstas? Se é assim, como poderia ter sido previsto, se não
condicionalmente? Talvez a narração de Jonas e Nínive ofereça a úni-
ca resposta satisfatória a esta pergunta, mostrando que o arrependi-
mento impede o desastre até mesmo quando este tenha sido anuncia-
do ."
. 3 . CRIAÇÕES ESPIRITUAIS — O estado preexistente não é ca-
racterística particular das almas humanas soment ; todas as coisas da
terra têm um ser espiritual, de que a estrutura temporal nada mais é
que a imagem . Lemos acerca da criação de "toda planta do campo que
ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brota-
va" (Gên . 2 :5) . Em outra revelação dada a Moisés isto é explicado
com maior clareza : "E agora, eis que te digo que estas são as gerações
do céu e da terra, quando foram criadas, no dia em que Eu, o Senhor
Deus, fiz o céu e a terra . E toda planta do campõ antes de estar na
terra, e toda erva do campo antes de seu crescimento ; porque Eu, o
Senhor Deus criei espiritualmente todas as coisas de que falei, antes
que elas fossem naturais sobre a face da terra . . . E Eu, o Senhor Deus,
havia criado todos os filhos dos homens ; e não havia homem para
lavrar a terra, porque Eu os havia criado no céu ; e ainda não havia
carne sobre a terra, nem na água, nem no ar ; mas Eu, o Senhor Deus,
falei e levantou-se um vapor da terra e regou toda . a superfície do
chão . E Eu, o Senhor Deus, formei o homem do pó da terra e soprei
em suas narinas o sopro da vida ; e o homem se tornou alma vivente ; a
primeira carne sobre a terra, também o primeiro homem ; não obstan-
te, todas as coisas foram previamente criadas ; mas foram criadas espi-
ritualmente e feitas de acordo com a minha palavra . (P . de G .V . Moi-
sés 3 :4-7) .
APENDICE XI

Notas relacionadas com o capítulo ll


1 . DEGENEROU-SE A ADORAÇÃO COMO RESULTADO

454 REGRAS DE FÉ

DA APOSTASIA — Pode-se razoavelmente deduzir dos anais da histó-


ria que enquanto o Sacerdócio desaparecia da terra, após o período
apostólico, as formas de adoração se pervertiam, enquanto muitas in-
fluências e práticas pagãs se insinuavam . Mosheim, renomado como
autoridade em matéria de história eclesiástica, disse o seguinte a res-
peito das inovações pagãs durante o século quatro : "Crendo que os po-
vos estariam- mais dispostos a abraçar o Cristianismo se vissem que os
ritos recebidos de seus pais ainda existiam sem alteração entre os cris-
tãos, e se percebessem que Cristo e os mártires eram adorados da mes-
ma maneira que em outro tempo seus deuses o foram, os bispos cris-
tãos introduziram no culto cristão, com pequenas modificações, aque-
les ritos e instituições mediante as quais os gregos e romanos e outras
nações haviam manifestado anteriormente sua piedade e reverência
para com suas divindades imaginárias . Havia, naturalmente, naqueles
dias, pouca diferença entre a adoração pública dos cristãos e ados gre-
gos e romanos . Ambos usavam esplêndidas vestimentas, mitras, tiaras,
círios, báculos, procissões, ilustrações, imagens, vasos de ouro e prata
e inúmeras outras coisas ."
Referindo-se à forma do culto cristão no século cinco, o mesmo
autor diz: "Por todas as partes a adoração pública adotou uma forma
que melhor ostentasse e gratificasse a vista. Agregaram-se vários ador-
nos à vestimenta sacerdotal, a fim de aumentar a veneração do povo
para com a ordem dos sacerdotes . . . Em alguns lugares determinou-se
que se cantassem louvores a Deus dia e noite ininterruptamente, reve-
zando-se os cantores, como se o Ser Supremo se alegrasse com o cla-
mor, o ruído e as adulações dos homens . A suntuosidade dos templos
não teve limites . Neles se colocaram esplêndidas imagens . . . A ima-
gem da Virgem Maria com seu filho nos braços ocupava o lugar princi-
pal ."
2 . O INICIO DA APOSTASIA — Orson Pratt, um dos apóstolos
do Senhor em nossos dias, descreveu o seguinte sobre o início do des-
vio das práticas autorizadas da Igreja: "A grande apostasia da Igreja
Cristã teve início no século um, enquanto havia entre eles apóstolos e
profetas inspirados, pelo que, pouco antes de seu martírio, Paulo fala
de alguns que `fizeram naufrágio na fé', `entregando-se a vãs conten-
das', `dizendo que a ressurreição era já feita', dando-se `a fábulas e a
genealogias intermináveis' ; `deliram acerca de questões e contendas
de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspei-
tas, contendas de homens corruptos de entendimento e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho' . Tanto se havia
generalizado esta apostasia que o apóstolo declara a Timóteo que `os
que estão na Ásia todos se apartaram' ; e disse mais : `ninguém me assis-

APÊNDICE XI 455

tiu em minha primeira defesa, antes todos me depararam' . Em outra


passagem, diz : 'há muitos desordenados, faladores vãos e enganadores,
ensinando o que não convém por torpe ganância' . Esses apóstatas, sem
dúvida, fingiam ser muito retos pois, diz o apóstolo, 'confessam que co-
nhecem a Deus, mas negam-No com as obras, sendo abomináveis e de-
sobedientes' e reprovados para toda a boa obra".

3 . O GOVERNO DO SACERDÓCIO — Pelas muitas passagens


das Escrituras, das quais citamos uma abaixo, é claro que o poder do
Sacerdócio se há de exercer com um espírito de paciência e amor, não
se opondo ao livre-arbítrio individual : "Eis que muitos são chamados,
mas poucos são escolhidos . E, por que não são eles escolhidos? Porque
seus corações estão fixos nas coisas deste mundo e aspiram tanto às
honras dos homens que não aprendem esta única lição : que os direitos
do Sacerdócio são inseparavelmente ligados aos poderes dos céus e
que os poderes dos céus não podem ser controlados nem manipulados
a não ser pelos princípios da retidão . É certo que esse poder pode ser
conferido sobre nós ; mas quando tentamos encobrir os nossos peca-
dos, ou satisfazer o nosso orgulho, nossa vã ambição, ou exercer con-
trole e domínio ou compulsão sobre as almas dos filhos dos homens,
em qualquer grau de injustiça, eis que os céus se afastam ; e o Espírito
do Senhor Se magoa ; e quando se afasta, é o fim para o Sacerdócio ou
a autoridade daquele homem . Eis que, antes de o perceber, ele é entre-
gue a si mesmo para recalcitrar contra os aguilhões, perseguir os santos
e lutar contra Deus . Nós aprendemos por experiências dolorosas que é
da natureza e disposição de quase todos os homens que, tão depressa
adquirem um pouco de autoridade, como supõem, logo começam a
exercer injusto domínio . Por isso, muitos são chamados mas poucos os
escolhidos . Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido por
virtude do Sacerdócio a não ser que seja com persuasão, com longani-
midade, com mansuetude e ternura e com amor não fingido ; com be-
nignidade conhecimento puro, que grandemente ampliará a alma sem
hipocrisia e sem dolo . Reprovando às vezes com firmeza, quando mo••
vido pelo Espírito Santo ; e depois, mostrando um amora maior para
aquele que repreendeste, para que não te julgue seu inimigo . Para que
ele saiba que a tua fidelidade é mais forte do que os laços da morte.
Que as tuas entranhas também sejam cheias de caridade para com to-
dos os homens, e para com a família da fé : que a virtude adorne os teus
pensamentos incessantemente ; então tua confiançase tornará forte na
presença de Deus ; e como o orvalho dos céus, a doutrina do Sacerdó-
cio se destilará sobre a tua alma . 0 Espírito Santo será teu companhei-

456 REGRAS DE FÉ

ro constante e o teu cetro, um cetro imutável de retidão e verdade ; e


o teu domínio um domínio eterno e sem medidas compulsórias que
fluirá a ti para todo o sempre . " (D . & C . 121 :34-46 .)

APÊNDICE XII

Notas relacionadas com o capítulo l2

1. UM MILAGRE APARENTE — Diz-se que o sr . Werner Sie-


mens, um renomado cientista alemão, visitou a grande pirâmide de Gi-
zeh e, acompanhado de dois guias árabes, subiu ao alto da mesma . Ob-
servou que as condições da atmosfera favoreciam as manifestações
elétricas . Colocou um grande botão de bronze numa cabaça vazia nas
mãos de um dos guias . Colocando então suas juntas a uma pequena
distância do botão, fez com que saisse uma série de chispas brilhantes
acompanhadas naturalmente, do ruído característico das descargas
elétricas . Os guias observaram esta exibição de poderes sobrenaturais
com assombro e um terror que chegou ao seu ponto culminante quan-
do seu amo elevou um bastão acima da cabeça e o mesmo foi coroado
por um belo fogo de S . Elmo . O espetáculo foi mais do que os supers-
ticiosos beduínos puderam suportar : tremeram ante aquele mago que
podia brincar com os relàmpagos e com o fogo, e levava dentro do
bolso pequenos trovões . Desceram pelos degraus abaixo em perigosa
precipitação e não tardaram a perder-se de vista no deserto.
2. A PALAVRA "PROFETA" é a tradução de uma série de ter-
mos antigos, sendo o mais comum nabri, palavra hebraica que significa
"brotar como fonte" . Outra das palavras originais é heo, de origem
grega, que significa "emanar" e, por derivação, "falar", "profe-
rir", "declarar" . Um profeta, pois, é uma pessoa de quem emanam as
palavras de uma autoridade maior . Aarão é chamado profeta ou boca
de Moisés (Êxodo 7 :1) ; porém, no sentido geral, um profeta se relacio-
na intimamente o de vidente ; em verdade, nos dias anteriores aos de
Samuel, o porta-voz de Deus era comumente denominado vidente:
"Porque ao profeta de hoje antigamente se chamava vidente" . (1 Sam.
9 :9'.) Era permitido ao vidente as visões de Deus e ao profeta declarar
as verdades assim reveladas ; os dois chamamentos geralmente caiam
sobre a mesma pessoa . Com o profeta e vidente o Senhor usualmente
Se comunicava em visões ou sonhos ; porém existiam exceções a esta
regra, como no caso de Moisés, que foi tão fiel em todas as coisas que
o Senhor Se comunicava com ele face a face . (Números 12 :6-8 .)

APÊNDICE XII 457

3. ORGANIZAM-SE OS PROFETAS — O cargo de profeta exis- .


tiu entre os homens nas épocas mais remotas da história . Adão foi pro-
feta (D . & C . 107 :53 a 56) ; como também o foram Enoque (Judas 14 ; P.
de G . V ., Moisés 6 :26), Noé (Gên . caps . 6 e 7 ; P . de G . V ., Moisés 8 :19;
2 Pedro 2 :5), Abraão (Gên . 20 :7), Moisés (Deut . 34 :10) e uma multidão
de outros que exerceram seu ministério em épocas intermediárias e
subseqüentes . Samuel, a quem todo Israel tinha como profeta de Jeová
(1 Sam . 3 :19 ; 20), organizou entre os profetas uma sociedade comum
de instrução e edificação . Estabeleceu escolas para os profetas, onde
os homens recebiam instruções sobre assuntos relativos aos santos ofí-
cios . Os estudantes eram geralmente conhecidos como "os filhos dos
profetas" . (1 Reis 20 :35 ; 11 Reis 2 :3, 5, 7 ; 4 :1, 38 ; 9 :1 .) Estabeleceram-se
escolas como estas em Rama ou Ramata (1 Sam . 19 :19 20), Betel (II
Reis 2 :3), Jericó (11 Reis 2 :5) e Gilgal ou Gálgala (11 Reis 4 :38) . Parece
que os membros destas escolas viviam juntos (11 Reis 6 :1 a 4) . Na dis-
pensação atual se efetuou uma organização similar sob a direção do
profeta Joseph Smith, à qual também se deu o nome de Escola dos Pro-
fetas .
4. A DECADÊNCIA DOS DONS ESPIRITUAIS DOS DIAS
ANTIGOS é algo admitido por muitas autoridades em assuntos de his-
tória eclesiástica e doutrina Cristã . Como exemplos destes testemu-
nhos a respeito dos dons espirituais na Igreja apóstata citamos as se-
guintes palavras de John Wesley : "Não parece que estes dons extraor-
dinários do Espírito Santo tenham existido comumente na Igreja por
mais de dois ou três séculos . Raras vezes ouvimos referências a eles
após aquela época fatal, quando o Imperador Constantino se fez cha-
mar cristão e com a vã suposição de que poderia com isso adiantar a
causa dos cristãos, cumulou de poder e riqueza o cristão em geral, po-
rém particularmente o clero cristão . Desde esses dias cessaram quase
totalmente e em poucos casos ocorreram . A causa não foi, como se su-
põe, que por haver todo o . mundo se convertido ao cristianismo não
mais fossem necessários . Este é um erro lamentável ; nem a vigésima
parte de seus habitantes eram cristãos ; nem sequer de nome . O motivo
verdadeiro foi que o amor de muitos, de quase todos os assim chama-
dos cristãos, se esfriou . Os cristãos não tinham o espírito de Cristo mais
do que os pagãos . Quando o Filho do Homem veio para examinar sua
Igreja, mal encontrou a fé sobre a terra . Esta foi a causa verdadeira
pela qual os dons extraordinários do Espírito Santo deixaram de existir
na Igreja cristã : porque os cristãos se haviam tornado novamente pa-
gãos e nada mais lhe restava do que uma forma morta ." ("Wesley's
Works", tomo 7, 89 :26, 27 .)

458 REGRAS DE FÉ

5. OPINIÕES SECTÁRIAS CONCERNENTES À CONTINUA-


ÇÃO OU DECADÊNCIA DOS DONS ESPIRITUAIS — "Os escrito-
res protestantes insistem em que a idade dos milagres terminou no sé-
culo quatro ou cinco e que não se devem esperar encontrar os dons ex-
traordinários do Espírito Santo depois daquela época . Por outro lado,
os escritores católicos insistem em que o poder para realizar milagres
sempre continuou na igreja ; entretanto, as manifestações espirituais
que nos descrevem depois dos séculos quatro e cinco cheiram a inven-
cionice, por parte do clero e do povo ; ou melhor, o que se afirma como
milagroso está muito longe do poder e dignidade daquelas manifesta-
ções espirituais que a Igreja primitiva presenciava . As virtudes e
prodígios atribuidos aos ossos e outras relíquias dos mártires e santos
são pueris ao se 'compararem com as curas efetuadas pela unção com
óleo e pela imposição das mãos ; . como o dom de línguas, interpretações
profecias, revelações e expulsões de demônios em nome de Jesus Cris-
to, sem mencionar os dons de fé, sabedoria, conhecimento, discerni-
mento de espíritos etc ., tão comuns na Igreja nos dias dos apóstolos . (I
Cor . 12 :8 a 10 .) Tampouco qualquer passagem das Escrituras ou razão
levam a crer que deveriam cessar . Contudo, os cristãos modernos se
valem do argumento de que os dons extraordinários do Espírito Santo
tinham por objetivo acompanhar a proclamação do Evangelho durante
os primeiros séculos, até que a Igreja pudesse continuar sem eles, para
então serem afastados, para explicar a ausência destes poderes espiri-
tuais entre eles . Sobre isto basta dizer que nada mais é que mera supo-
sição e que carece de apoio das Escrituras e da razão ; e mostra que os
homens haviam mudado tanto a religião de Jesus Cristo que já não era
mais que aparência de piedade, sem eficácia ." ("Outlines of Ecclesias-
tical History" por B . H . Roberts, parte 11, sec . 5 :6 a 8 .)
6. OS MILAGRES AJUDAM O DESENVOLVIMENTO ESPI-
RITUAL — O apóstolo Orson Pratt, referindo-se às palavras de Paulo
concernentes à extinção de certos dons espirituais (1 Cor . cap . 13) es-
creve : "A Igreja, em seu estado militante e imperfeito, comparada com
seu estado triunfante, imortal e perfeito, se representa (no versículo
11) pelos estados completamente distintos da infância e virilidade.
'Quando eu era menino, — diz Paulo — falava como menino, sentia
como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser ho-
mem, acabei com as coisas de menino' . Nos vários passos da educação
da infância e da virilidade, empregam-se certas regras indispensáveis,
diagramas e instrumentos científicos para o uso e benefício do discípu-
lo, a fim de que obtenha um conhecimento correto das ciências e sua
perfeição em seus estudos . Uma vez que o estudante tenha adquirido

APÊNDICE XIII 459

os princípios e se tenha aperfeiçoado em todas as fases de sua educa-


ção, pode então prescindir de muitos de seus mapas, desenhos, globos,
livros, diagramas etc ., por serem coisas de meninos, já desnecessárias;
foram úteis antes de se aperfeiçoar sua educação, dando-lhe o conhe-
cimento desejado ; porém, tendo conseguido seu objetivo, já deles não-
necessita . . . . Assim acontece na Igreja, com relação aos dons espiri-
tuais . Enquanto se acha neste estado de existência é representada
como um menino e a profecia, revelações, línguas e outros dons espiri-
tuais sãos os instrumentos educativos . Tão impossível é que o menino
ou a Igreja seja aperfeiçoada em sua educação, sem a ajuda destes
dons como instrumento, como seria ao químico em suas investigações,
se ficasse privado dos aparelhos necessários para suas experiências.
Assim como o químico necessita de seu laboratório para experimentar,
enquanto haja verdades ocultas concernentes aos elementos e com-
posições de nosso globo, de igual maneira necessita a Igreja do grande
laboratório de conhecimento espiritual, isto é, revelação e profecia,
enquanto conhe,. :e somente uma parte . . . Assim como o ser humano,
quando menino, fala como menino, entende como menino e pensa
como menino, igualmente a Igreja neste estado só conhece em parte;
porém, como o menino, quando já homem, deixava as coisas de meni-
no, assim deixará a Igreja as coisas infantis como "profetizar em par-
te", "conhecer em parte" e "ver em parte" quando chegar a ser, com o
auxílio destas coisas, o varão perfeito em Cristo Jesus . Aquilo que for
em parte será afastado ou fundido com a maior plenitude de conheci-
mento que lá impera ." — ("Divine Authenticity of the Book of Mor-
mon 1 :15).
Porém nenhum destes dons será afastado enquanto houver oca-
sião para serem exercidos . O apóstolo Orson Pratt, cujas palavras já ci-
tamos, assim o afirmou, segundo se pode julgar por suas declarações
seguintes : "A aflição de demônios, a confusão de línguas, venenos
mortíferos e enfermidades são maldições que vieram ao mundo por
causa do homem . Para contrabalançar estas maldiições, foram dadas as
bênçãos do Evangelho . Por conseguinte, enquanto existirem estas mal-
dições, farão falta os sinais prometidos, (Marcos 16 :16-18 ; D . & C.
84 :65-72) para contrabalançar suas ímpias conseqüências . Se Jesus não
houvesse disposto que as bênçãos fossem tão extensas e ilimitadas em
questão de tempo como as maldições, teria dito algo sobre isso em
Suas palavras . Porém quando promete universalmente certos poderes
a fim de habilitar todo crente a vencer certas maldições que são
impostas sobre o homem por causa da iniqüidade, seria sinal da mais
completa falta de fé não crer que as bênçãos são necessárias enquanto
abundarem as maldições entre os homens" .
460 -REGRAS .DE FÉ

APÊNDICE XIII

Notas relacionadas com o capítulo 13

1. JOÃO CRISÓSTOMO, um dos "padres cristãos" gregos, viveu


em fins do século quatro . Era patriarca de Constantinopla, porém foi
deposto e desterrado alguns anos antes de sua morte que se verificou
em 407 . Sua aplicação da palavra "bíblia" ao cânon das Escrituras é
uma das primeiras que até esta época foram encontradas . Rogou a seu
povo com as palavras seguintes, que aproveitasse a riqueza das obras
inspiradas : "Ouvi, todos que ainda pertencem à vida secular, eu vos
exorto a comprar a bíblia, a medicina da alma ." Referindo-se aos ju-
deus cristãos, disse : "Eles tem a bíblia mas nós temos o tesouro da
bíblia ; eles têm as letras, nós as letras e o entendimento.
Quanto a erros de tradução ou equívocos por outras causas . Ben-
gel, um teólogo alemão luterano que morreu em 1752, escreveu : "Co-
mei do pão das Escrituras com simplicidade tal como o tendes ; e não
vos perturbeis se aqui e ali encontrais um grão de areia que o moinho
tenha deixado escapar . Se as Santas Escrituras, tantas vezes copiadas,
se encontrassem absolutamente sem variações seria um milagre tão
grande que a fé nelas deixaria de ser fé ."
2. A CÓPIA SAMARITANA DO PENTATEUCO — Em sua va-
liosa série de conferências sobre assuntos bíblicos, o irmão David
McKenzie apresentou o seguinte, com alusão aos escritos de Horne:
"Novecentos e setenta anos antes de Cristo, a nação de Israel se divi-
diu em dois reinos . Ambas as divisões retiveram o mesmo livro da lei.
A rivalidade entre uns e outros evitou que alterassem a lei ou se lhe
acrescentassem . Depois que Israel foi levada à Assíria, outras nações
ocuparam Samaria . .Estas, receberam o Pentateuco . (II Reis 17 :26-28 .)
O fato de falarem hebraico ou fenício, enquanto a cópia judia do Pen-
tateuco havia sido mudada ao caldaico, facilitou as alterações e cor-
rupções, e, não obstante, os textos permanecem quase idênticos ."
3. VERSÕES DA BIBLIA E PARTES DELA — A Versão dos Se-
tenta : "Foram expressas várias opiniões para explicar o nome da Ver-
são dos Setenta . Uns dizem que Ptolomeu Filadelfo solicitou de Elea-
zer, o sumo sacerdote, uma cópia das escrituras hebraicas e seis erudi-
tos judeus de cada tribo (setenta e dois ao todo) que fossem competen-
79 GOn«lveg ( gim

APÊNDICE XIII 461

tes para traduzir para o grego . Encerraram estes homens na Ilha de Fa-
ros e em setenta e dois dias completaram sua tarefa . A medida que di-
tavam, Demétrio Falério, bibliotecário do rei, copiava . Entretanto,
isto é atualmente considerado como fábula . Outros dizem que estes
mesmos intérpretes, após terem sido encerrados em quartos separados,
escreveram cada qual uma tradução ; e tão extraordinariamente coinci-
diram todos em sua expressão, como também em sentido, que se tomou
isto como evidência de inspiração do Espírito Santo . Também esta opi-
nião foi descartada como demasiadamente extravagante . É muito
possível que tenham sido utilizados setenta e dois escritores na tradu-
ção ; porém o mais provável é que tenha recebido o nome de "Versão
dos Setenta" por ter sido aprovado pelo Sinédrio judeu, que se compu-
nha de setenta e duas pessoas . Alguns afirmam que se executou a obra
em épocas diferentes ; e Horne diz que a versão provavelmente foi fei-
ta durante os reinados de Ptolomeu Lago e seu filho Filadelfo, uns 285
ou 286 anos antes de Cristo".
A Vulgata — "Existiu uma versão muito antiga da Bíblia traduzida
da Versão dos Setenta para o latim, porém não se sabe nem por quem e
nem quando foi feita . Usava-se geralmente nos dias de Jerônimo e era
conhecida como a Versão Itálica . Nos fins do século quatro, Jerônimo
iniciou uma nova tradução latina do texto hebraico, que foi completa-
da gradativamente . Conseguiu finalmente aprovação do papa Gregó-
rio 1 e tem sido usada desde o século sete . A Vulgata atual, declarada
autêntica pelo Concílio de Trento, no século XVI, é a antiga Versão
Itálica revista e melhorada pelas correções de Jerônimo e outros : é a
única reconhecida pela Igreja de Roma" — ("Analysis of Scripture His-
tory," por Pinnock, pp . 3, 5 — 6$ edição).
4. OS LIVROS PROFÉTICOS do Antigo Testamento não estão
em ordem cronológica pois foram colocados no princípio os livros de
maior volume . Dispostos cronologicamente, encontrar-se-iam, prova-
velmente, na seguinte ordem : Jonas Joel, Amós, Oséias, Isaías,
Miquéias, Naum, Sofonias — todos estes profetizaram antes da expul-
são babilônica ; logo se seguiriam Jeremias, Habacuque, Ezequiel e
Daniel, que escreveram durante o cativeiro ; então : Ageu, Zacarias e
Malaquias, após regressarem os judeus do cativeiro.
5. CÓPIAS MANUSCRITAS DO NOVO TESTAMENTO — Con-
sidera-se como autênticos três manuscritos do Novo Testamento que
atualmente existem . São conhecidos estes como o Vaticano (atualmen-
te em Roma) o Alexandrino, (que se encontra em Londres) e o Sinaico
(recentemente comprado pelo governo britânico) . Julga-se que este úl-

462 REGRAS DE FÉ

timo seja a cópia mais antiga do Novo Testamento, em existência . Foi


descoberta em 1859 nos arquivos de um mosteiro sobre o Monte Sinai
e dali vem o nome . Descobriu-o Tischendorf, e se encontra na Biblio-
teca Imperial de San Petersburgo, hoje Leningrado, na Rússia.
6 . SOBRE A AUTENTICIDADE DE CERTAS PARTES DO
NOVO TESTAMENTO — Em resposta a certas objeções apresentadas
por alguns críticos no tocante ao caráter genuíno ou autenticidade de
certos livros do Novo Testamento, podem-se considerar os seguintes
testemunhos : (Os pontos que aqui se apresentam são os que o Irmão
David McKenzie comparou em suas palestras sobre a Bíblia).
(1) OS QUATRO EVANGELHOS — 1 . MATEUS — Papias, bispo
de Hierápolis, ouviu a voz de João o Apóstolo . Com relação ao Evan-
gelho de Mateus, Eusébio lhe atribui estas palavras : "Mateus compôs
os oráculos na língua hebraica e cada um os interpretava o melhor que
podia" . — ("Ecclesiastical History", por Eusebio, 3 :39 .)
2. MARCOS — Sobre ele, Papias diz também : "Marcos, tendo
chegado a ser o intérprete de Pedro, escreveu com exatidão tudo o
que recordava, sem pôr em ordem, entretanto o que Cristo havia dito
ou feito, porque não ouviu o Senhor nem o Seguiu . Porém mais tarde
acompanhou a Pedro, que adaptou suas instruções às necessidades de
seus ouvintes ; mas nenhuma intenção.-tinha de fazer uma relação con-
secutiva dos oráculos (ou discursos) do Senhor ." — (Traduções do bis-
po de Lightfoot, em "Contemporary Review" de agosto de 1875 .)
3. LUCAS — A evidência interna mostra que o Evangelho segundo
Lucas e os Atos dos Apóstolos foram obra do mesmo autor . Paulo
menciona que Lucas era médico ; e o Dr . Hobart publicou em Londres
em 1882 um tratado sobre "The Medical Language of St . Luke" (Ter-
minologia Médica de São Lucas) onde assinala o uso freqüente de ter-
mos médicos nos escritos de Lucas, que abundam em todo o terceiro
evangelho e nos Atos dos Apóstolos . Até M . Renan admite o mesmo.
Este diz : "Um ponto indiscutível é que os Atos são obra do mesmo au-
tor do terceiro Evangelho e são a continuação do mesmo Evangelho.
Não há necessidade de comprovar esta proposição que nunca se
impugnou seriamente . Os prefácios que se encontram no princípio de
cada obra, a dedicatória de uma e outra Teófilo, a semelhança perfei-
ta de estilo e idéias são comprovações abundantes deste ponto" . "U-
ma segunda proposição é que o autor dos Atos foi discípulo de Paulo
e o acompanhou durante grande parte de suas viagens" . — ("The
Apostles", por M . Renan ; veja o prefácio .)

APENDICE XIV 463

4 . JOÃO — Irineu, bispo de Lion mais ou menos no ano 177 de nos-


sa era e discípulo de Policarpo, que foi martirizado em 155 ou 156, evo-
ca numa carta escrita a um discípulo o que havia ouvido de Policarpo
sobre sua conversação com João e outros que haviam visto o Se-
nhor ; e também acerca do Senhor, Seus milagres e ensinamentos. Rela-
tava todas aquelas coisas totalmente de acordo com as Escrituras.
("Ecclesiastical History", por Eusébio, 5 :20 .) A julgar pelo texto, é evi-
dente que Irineu ao falar de "as Escrituras" se estava referindo aos
quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João . Além disso não só
afirma que "unicamente são quatro os Evangelhos que vieram desde o
princípio, mas que segundo a natureza das coisas não pode haver nem
mais e nem menos de quatro . Há quatro regiões no mundo e quatro são
os ventos principais ; e a Igreja, portanto, já que está destinado a ela e
ao mundo conter o Evangelho, deve estar apoiada por quatro Evange-
lhos como quatro pilares" . — ("Contemporary Review " de Agosto de
1876, pág . 413 .) (Esta analogia forçada de Irineu acerca dos quatro
Evangelhos e quatro ventos etc ., carece de fundamento e seu uso pare-
ce absurdo ; entretanto, o fato de que ele o nota é evidência de que em
seus dias eram acietos os quatro Evangelhos — J . E . T .)
(2) AS EPÍSTOLAS DE PAULO — Os seguintes extratos do teste-
munho dos críticos de Tübingen sobre quatro das epístolas de Paulo
são instrutivos.
De Wette diz na introdução de sua obra "Books of the New Testa-
ment" (Livros do Novo Testamento) : "As cartas de Paulo mostram si-
nais de seu gênio poderoso . As mais importantes resistem toda contra-
dição quanto a sua autenticidade ; formam o núcleo sólido do Livro do
Novo Testamento".
Baur diz em seu "Apóstolo Paulo" (1 :8) — "Não só não surgiu ja-
mais suspeita sobre a autenticidade destas epístolas, mas levam de ma-
neira tão indiscutível o selo da originalidade de Paulo que não se pode
compreender por que motivo os críticos poderiam impugná-las ."
Weizaeker escreve : "As cartas aos Gálatas e aos Coríntios são in-
dubitavelmente obra do apóstolo ; e por sua mão inquestionavelmente
se escreveu também a epístola aos Romanos" . ("Apostoliches Zeital-
ter", 1886, pág . 190.)
Na obra "Einleitein's New Testament", pág . 224; Holtzmann diz:
"Estas quatro epístolas são os livros de Paulo universalmente aceitos.
Podemos compreender, sobre elas, a prova de autenticidade que Paley

464 REGRAS DE FÉ

empreendeu contra os-livres pensadores. de sua época.


"As epístolas de Paulo gozam de uma vantagem sem igual nesta
história, qual seja, a sua absoluta autenticidade" . ("The Gospels", por
M . Renan, pp . 40 e 41 .) Com referência às cartas aos Coríntios, Gála-
tas e Romanos, Renan as qualifica de indisputáveis e indiscutíveis" e
acrescenta : "Os críticos mais severos, como Cristian Baur, as aceitam
sem objeção ."
7. EVIDÊNCIA ARQUEOLÓGICA A FAVOR DA BÍBLIA — O
Professor A . H . Sayce conclui seu precioso tratado sobre o testemunho
dos monumentos antigos com estas palavras : "As objeções dos críticos
à verdade do Antigo Testamento, as quais em outro tempo procediam
do arsenal dos escritores gregos e latinos, não serão novamente usadas:
foram derrotadas de uma vez por todas . As refutações vieram em papi-
ro, barro e pedra das tumbas do Egito antigo, das acumulações da Ba-
bilônia e dos palácios destruídos dos reis assírios.
8. ESCRITURAS FALTANTES — Os que se opõem à doutrina da
revelação contínua entre Deus e Sua Igreja, baseando-se em que a
Bíblia como coleção de Escrituras Sagradas está completa e que as re-
velações não contidas nela devem ser falsas, podem proveitosamente
tomar nota dos muitos livros que a Bíblia não contém e que nela são
mencionados ; e geralmente de forma tal que não há dúvida de que em
certo tempo foram considerados autênticos . Destas Escrituras que não
existem na Bíblia pode-se enumerar as seguintes, algumas das quais na
atualidade são tidas como apócrifas, porém a maior parte não é conhe-
cida : lemos sobre o Livro da Aliança (Êxodo 24 :7) ; o Livro das Bata-
lhas de Jeová (Núm . 21 :14) ; o Livro de Jasher (Josué 10 :13) ; o Livro do
Direito do Reino (I Sam . 10:25) ; o Livro de Enoque (Judas 14) ; o Livro
dos Atos de Salomão (1 Reis 11 :41) ; as Crônicas do Profeta Natã e Crô-
nicas de Gad o Vidente (I Crôn . 29 :29) ; a Profecia de Ahias Silonita e
as profecias do Vidente Iddo (II Crôn . 9 :29) ; o Livro de Semaías (II
Crôn . 12 :15.) : a História de Iddo o Profe-rá (Crôn . 13 :22) : as Palavras
de Jehú (II Crôn . 20:34) ; os Atos de Uzias, escritos por Isaías, filho de
Amós (II Crôn . 26 :22) ; as Palavras dos Videntes (II Crôn . 33 :19), uma
Epístola perdida de Paulo aos Coríntios (I Cor . 5 :9) ; Uma Epístola
perdida escrita aos Efésios (Ef . 3 :3) ; uma Epístola perdida aos Colos-
senses, escrita de Laodicéia (Col . 4 :16) ; uma Epístola anterior de
Judas (Judas 3) ; a declaração de Lucas (1 :1).

APÊNDICE XIV

APÊNDICE XIV 465

Notas relacionadas com o capítulo 14

1. PÁGINA-TITULO DO LIVRO DE MÓRMON — "Desejo ma-


nifestar aqui que a página-título do Livro de-Mórmon é uma tradução
literal da última folha do lado esquerdo da coleção ou livro de placas,
nas quais se encerrava a história que foi traduzida ; que a linguagem de
toda a obra está disposta como todo o escrito hebraico em geral ; e que
a dita página não é de maneira nenhuma composição moderna, nem
minha nem de qualquer outro homem que viveu ou que vive nesta ge-
ração ." (Joseph Smith, "History of the Church " , tomo 1 pág . 71 .)
2. TEORIAS CONCERNENTES À ORIGEM DO LIVRO DE
MÓRMON : A HISTÓRIA DE SPAULDING — O público em geral
recusou o relato verdadeiro da origem do Livro de Mórmon e assim as-
sumiu a responsabilidade de explicar de alguma forma plausível de onde
saiu a obra . Ofereceram-se muitas teorias vagas, baseadas na incrível
suposição de que o livro foi obra de um só autor ; destas, a mais famosa
e, de fato, a única que granjeou o favor público o suficiente para ser
considerada é chamada "o relato de Spaulding" . Solomon Spaulding,
um clérigo de Amity, Estado de Pennsylvania, escreveu um romance
ao qual não foi dado outro nome além de "Manuscript Story" . Vinte
anos depois da morte do autor, um indivíduo chamado Hurlburt, após-
tata de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, anunciou
uma semelhança entre o conto e o Livro de Mórmon e expressou,
como opinião sua, que a obra que Joseph Smith havia apresentado ao
mundo nada mais era que o romance de Spaulding, revisado e amplia-
do . O manuscrito esteve perdido durante algum tempo, e, faltando
prova em contrário, multiplicaram-se as declarações a respeito da se-
melhança das duas obras . Porém em 1884 James H . Fairchild, presi-
dente do Colégio Oberlin, de Ohiu, e um literato seu amigo, o sr . Ri-
ce, enquanto examinavam uma coleção heterogênea de papéis velhos
que este havia comprado, encontraram o manuscrito original de Spaul-
ding . Os senhores em referência compararam minuciosamente o ma-
nuscrito e o Livro de Mórmon, e, sem outro desejo além do de expor a
verdade publicaram os resultados de sua investigação . O Sr . Fairchild
publicou um artigo no "New York Observer" com data de 5 de feverei-
ro de 1885, no qual disse : "A teoria de que a origem do Livro de Mór-
mon se encontra no tradicional manuscrito de Solomon Spaulding pro-
vavelmente terá que ser descartada . . . O sr . Rice, eu e outros o com-
paramos (o manuscrito de Spaulding) com o Livro de Mórmon e ne-
nhuma semelhança pudemos perceber entre os dois . . . Ter-se-á que
buscar alguma outra explicação para o Livro de Mórmon, se é que é

466 REGRAS DE FÉ

necessária . "
O manuscrito foi depositado na biblioteca do Colégio de Oberlin
no Estado de Ohio, onde se encontra atualmente . Contudo, a teoria do
"Manuscript Found", nome que foi dado ao conto de Spaulding, oca-
sionalmente sai a reluzir nas mãos de algum zeloso antimórmon que,
cremos benevolentemente, ignora os fatos expostos pelo sr . Feirchild.
Mais recentemente este cavalheiro escreveu uma carta em resposta à
pergunta de um correspondente, a qual foi publicada no Millennial
Star, em Liverpool, Inglaterra, a 3 de novembro de 1898, e que diz o
seguinte :
Colégio Oberlin, Ohio,
17 de outubro de 1895
Sr. Dr . J . R . Hindley:
Prezado Senhor : — Temos na biblioteca de nosso Colégio um es-
crito original de Solomon Spaulding, indubitavelmente genuíno.
Encontrei-o em 1884 nas mãos do sr . L . L . Rice, de Honolulu, nas
Ilhas Havaianas . Esse cavalheiro foi certa vez Impressor do Estado em
Columbus, Ohio . Antes disto publicava um periódico em Painesville,
cujo editor anterior havia visitado a senhora de Spaulding, de quem
conseguiu o manuscrito . Havia permanecido entre seus documentos
velhos uns quarenta anos ou mais, e veio à luz quando lhe pedi que
buscasse entre seus papéis alguns documentos contra a escravidão.
O manuscrito leva as firmas de vários homens de Conneaut, Ohio
que haviam ouvido Spaulding lê-lo e sabiam que era seu . Ninguém,
após vê-lo, pode duvidar de sua autenticidade . Pelo menos duas vezes
foi publicado o manuscrito : uma vez pelos moí•mons de Salt Lake City
e outra pelos mórmons josefitas de Iowa . Os mórmons de Utah conse-
guiram a cópia do sr . Rice em Honolulu e os josefitas me solicitaram
uma cópia depois que chegou às minhas mãos.
Esse manuscrito não é o original do Livro de Mórmon.
Atenciosamente,
James H . Feirchild.
Pode-se obter cópias do "Manuscript Found", 'e qualquer investi-
gador pode examiná-lo por si mesmo . Para mais informações, veja
"The Myth of the Manuscript Found", por George Reynolds, Salt
Lake City, e também três artigos escritos pelo presidente Joseph F.
Smith no "Improvement Era", tomo 3, págs . 241, 377, 451 .

APÊNDICE XV 467

3. AS TRÊS TESTEMUNHAS — Oliver Cowdery : Nasceu em


Wells, Estado de Vermont, em outubro de 1805 ; foi batizado em 15 de
maio de 1829 ; faleceu em Richmond, Estado de Missouri, em 3 de
março de 1850 . -
David Whitmer : Nasceu nas proximidades de Harrisburg, Estado
de Pennsylvania, a 7 de janeiro de 1805, batizou-se em junho de 1829;
foi' excomungado da Igreja a 13 de abril de 1838, faleceu em Rich-
mond . Estado de Missouri a 25 de janeiro de 1888.
Martin Harris: Nasceu em Easttown, Estado de Nova York, a 18
maio de 1783 ; foi batizado em 1830 ; mudou-se para Utah em agosto
de 1870 ; faleceu em Clarkston, Utah, a 10 de julho de 1875.
4. AS OITO TESTEMUNHAS — Christian Whitmer : Nasceu a 18
de janeiro de 1798 ; batizou-se a 11 de abril de 1830, faleceu no seio da
Igreja no distrito de Clay, Estado de Missouri, a 27 de novembro de
1835 . Foi o filho maior de Peter Whitmer.
Jacob Whitmer : segundo filho de Peter Whitmer . Nasceu em
Pennsylvania a 27 de janeiro de 1800 ; batizou-se a 11 de abril de 1830;
faleceu a 21 de abril de 1856, tendo-se retirado previamente da Igreja.
Peter Whitmer, filho : Nasceu a 27 de setembro de 1809 ; foi o
quinto filho de Peter Whitmer ; Batizou-se em junho de 1829 ; faleceu
fiel à Igreja em Liberty, Estado de Missouri, ou pelas proximidades, a
22 de setembro de 1836.
John Whitmer : Terceiro filho de Peter Whitmer. Nasceu a 27 de
agosto de 1802 ; batizou-se em junho de 1829 ; foi excomungado da
Igreja a 10 de março de 1838 ; faleceu em Far West, Estado de Mis-
souri, a 11 de julho de 1878.
Hiram Page : Nasceu em Vermont no ano de 1800 ; batizou-se a 11
de abril de 1830 ; separou-se da Igreja em 1838 ; faleceu a 12 de agosto
de 1852, no distrito de Ray, Estado de Missouri.
Joseph Smith, pai — Pai do Profeta Joseph ; nasceu a 12 de julho de
1771, em Topsfield, Estado de Massachusetts ; batizou-se a 6 de abril
de 1830 ; foi ordenado patriarca da Igreja a 18 de dezembro de 1833 ; fa-
leceu no seio da Igreja em Nauvoo, Estado de Illinois, a 14 de setembro
de 1840.
Hyrum Smith : Segundo filho de Joseph Srnith, pai ; nasceu em
Tunbridge, Estado de Vermont, a 9 de fevereiro de 1800 ; batizou-se em
junho de 1829 ; chamado à Primeira Presidência da Igreja a 7 de no-
vembro de 1837 ; ordenado Patriarca da Igreja a 19 de janeiro de 1841;
martirizado com seu irmão, o profeta, a 27 de de junho de 1844, em

468 REGRAS DE FÉ

Carthage, Estado de Illinois.


Samuel Harrison Smith : Nasceu em Tunbridge, Estado de Ver-
mont, a 13 de março de 1808 ; foi o quarto filho de Joseph Smith, pai;
batizou-se a 15 de maio de 1829 ; faleceu a 30 de julho de 1844.
5 . CONSISTÊNCIA DO LIVRO DE MÓRMON — "Se a parte
histórica do Livro de Mórmon fosse comparada com o pouco que se
sabe de outras fontes, relativo à história da América antiga, se des-
cobriria muitas evidências que apóiam sua veracidade ; porém não se
pode encontrar uma só verdade, entre todos os descobrimentos da an-
tigüidade, que contradiga as verdades históricas do Livro de Mórmon.
Se a parte profética desta obra maravilhosa fosse comparada com as
declarações proféticas da Bíblia, encontrar-se-ia nesta muita evidência
que estabelece a verdade daquela . Porém, apesar de haverem muitas
predições no Livro de Mórmon que se referem aos grandes aconteci-
mentos dos últimos dias, acerca dos quais a Bíblia que contradiga no
mínimo as profecias do Livro de Mórmon . Se a parte doutrinária do
Livro de Mórmon fosse comparada com a doutrina da Bíblia, ver-se-ia
a mesma harmonia perfeita que encontramos quando comparamos as
partes proféticas dos dois livros . Apesar de haverem muitos pontos da
doutrina de Cristo que se acham muito mais claros e precisos no Livro
de Mórmon do que na Bíblia, e muitas coisas relativas às doutrinas que
jamais se conheceriam completamente pela Bíblia, entretanto, não há
um ponto doutrinário sequer nos dois livros sagrados que contradiga
um ao outro ou que se diferencie no mínimo . Se os vários livros que
constituem parte da coleção chamada o Livro de Mórmon fossem cui-
dadosamente comparados um com o outro, não apareceria nenhuma
contradição histórica profética ou doutrinária . . . Se compararmos as
parte históricas, proféticas e doutrinárias do Livro de Mórmon com as
grandes verdades da ciência e da natureza, não encontraremos contra-
dições ; nada parece absurdo ; nada é desarrazoado . Existe, por conse-
guinte, a mais perfeita harmonia entre as grandes verdades reveladas
no Livro de Mórmon e todas as outras verdades conhecidas, sejam reli-
giosas, históricas ou científicas" — (Orson Pratt em "Divide Authenti-
city of the Book of Mormon", pág . 56).

APÊNDICE XV

Notas relacionadas com o capítulo 15

1 . ISMAEL ERA DE EFRAIM — "O Profeta Joseph nos infor-


APÊNDICE XV 469

mou que as 116 páginas que foram traduzidas a princípio, e posterior-


mente roubadas, continham a história de Léhi, da qual encontramos
um compêndio no Primeiro Livro de Néfi, que é o relato individual de
Néfi, já que ele era da linhagem de Manassés ; e que Ismael era da li-
nhagem de Efraim e que seus filhos se casaram com as filhas de Léhi e
os filhos deste com as filhas de Ismael, cumprindo nisto as palavras de
Jacó, proferidas sobre Efraim e Manassés no capítulo 48 de Gênesis,
(versículo 16) que dizem : 'è seja chamado neles o meu nome, e o nome
de meus pais Abraão e lsaque, e multipliquem-se como peixes em mul-
tidão, no meio da terra' . De maneira que neste continente americano
cresceram juntos estes descendentes de Manassés e Efraim, com um
punhado dos da casa de Judá, descendentes de Muleque, que saíram
de Jerusalém onze anos após Léhi e fundaram a colônia conhecida
posteriormente como Zarahemla, mais tarde descoberta por Mosiah;
e , assim resultou uma fusão, uma mescla de Efraim e Manassés, um res-
to de Judá e quem sabe se também restos de outras tribos que tenham
acompanhado Muleque . E estes se desenvolveram sobre o continente
americano ." De um discurso de Erastus Snow, do Conselho dos Doze,
pronunciado em Logan, Utah, a 6 de maio de 1822 ; veja "Journal of
Discourses," tomo 23, págs . 184, 185.
2. DIVERSIDADE DE ESTILO LITERÁRIO NO LIVRO DE
MORMON — "Existe uma diferença notável entre o estilo literário de
Néfi, e outros dos primeiros profetas, e o de Mórmon e Moroni . Mór-
mon e seu filho são mais diretos e expressam suas idéias com maior
brevidade que os primeiros escritores ; quando menos, seu estilo é mais
ameno para a maioria dos leitores . Enos, o Filho de Jacó, também tem
um estilo que lhe é peculiar . Existe outro fato notável de que enquanto
no compêndio de Mórmon aparecem relatos ou discursos originais,
como os anais de Limhi, os sermões de Alma, Amuleque, etc ., nas epís-
tolas de Helamã e outros se empregam palavras e expressões que não
se encontram em nenhuma outra parte do Livro de Mórmon . Esta di-
versidade de estilo, expressão e vocabulário constitui um testemunho
incidental muito agradável a favor do que se afirma do Livro de Mór-
mon : que é uma recompilação da obra de muitos escritores" . ("Lectu-
res on the Book of Mormon", por George Reynolds .)
3. DATA MEXICANA DO DILÚVIO — Referindo-se à-datado
dilúvio, segundo o autor mexicano Ixtilxochitl, o Élder George Rey-
nolds disse : "Acha-se uma concordância notável entre o que diz este
escritor e o Livro de Gênesis . Do período da queda até o dilúvio há
uma diferença de somente sessenta anos ou, possivelmente, de apenas
cinco, se as seguintes palavras de Doutrina e Convênios (107 :49) rela-

470 REGRAS DE FÉ

tivas a Enoque alargam a cronologia : "Enoque viu o Senhor, andou


com Ele, e estava diante de Sua face continuamente ; e andou com
Deus por trezentos e sessenta e cinco anos, tendo quatrocentos e trin-
ta anos quando foi transladado ." A mesma afirmação se encontra na
Pérola de Grande Valor, Moisés 7 :68 — "Evidências Externas do
Livro de Mórmon", artigo por George Reynolds no "Contributor",
tomo 17, pág . 274.
4 . CIVILIZAÇÕES ANTIGAS DA AMÉRICA — "Não há dúvi-
das de que em certo tempo floresceu nestas regiões (América Central e
México) uma civilização mais avançada que qualquer outra que os espa-
nhóis encontraram a sua chegada . A obra mais importante que até a
data se realizou entre as ruínas da antiga civilização maia é a realizada
pelo Museu Peabody da Universidade de Harvard, que enviou algumas
expedições à cidade sepultada que hoje se conhece como Copan, em
Honduras . Num formoso vale, não longe da fronteira da Guatemala,
rodeada de escarpadas montanhas e banhada por um rio sinuoso, jaz a
antiga cidade, envolta no sono dos séculos . As ruínas de Copan, apesar
de se encontrarem em estado de decadência mais avançado do que as
cidades maias de Yucatan têm uma semelhança geral com estas no de-
senho dos edifícios e nas esculturas, enquanto os caracteres de suas
inscrições são essencialmente iguais . Parece, pois, que Copan foi uma
cidade maia, porém deve ter sido um de seus centros mais antigos,
abandonado e arruinado muito antes que as cidades de Yucatan che-
gassem ao seu apogeu . A civilização maia era completamente distinta
da azteca ou mexicana ; era uma civilização mais antiga e também mais
avançada" . (Henry C . Walsh, no artigo "Copan — a City of the Dead"
— Copan, Cidade dos Mortos — publicado em "Harper's Weekly", se-
tembro de 1897 .)
O seguinte foi extraído das "Conclusões" de Bradford, pág . 431 de
sua obra "American Antiquities", publicada em 1841, onde se refere
aos antigos habitantes da América:
"Que todos tinham uma origem comum, que eram divisões da
mesma raça e de costumes e instituições semelhantes.
Que foram muito numerosos e ocuparam uma superfície muito ex-
tensa.
Que haviam alcançado em alto grau de civilização, associavam-se
em grandes comunidades e viviam em cidades espaçosas.
Que conheciam muitos dos metais, como o chumbo, cobre, ouro e
prata, nos quais trabalhavam .

APÊNDICE XV 471

Que esculpiam pedra e a usavam na construção de seus edifícios.


Que conheciam uma espécie de arco ; que sua cerâmica com-
preendia urnas, utensílios e muitos outros objetos de bom gosto e fabri-
cados conforme princípios de composição química e que sabiam fazer
ladrilho.
Que trabalhavam os mananciais de água salgada e produziam o
sal .
Que .eram um povo agrícola, e viviam sob a influência e proteção
de formas regulares de governo.
Que possuíam um sistema precioso de religião e uma mitologia
que se relacionava com a astronomia, a qual, juntamente com a ciência
irmã, a geometria, estava nas mãos dos sacerdotes.

Que' em suas fortificações manifestaram grande maestria.


Que se remonta à longínqua antigüidade a época de seu estabele-
cimento original nos Estados Unidos ; e que as únicas indicações de sua
origem que se pode perceber no local de seus monumentos destruídos
apontam em direção ao México ."

5 . TRADIÇÕES MEXICANAS CONCERNENTES AO DILÚ-


VIO — "Assegura o Sr . D . Francisco Muncz de Ia Vega, bispo daquela
diocese (de Chiapas) no prólogo de suas constituições diocesanas, que
guarda em seu arquivo um antigo manuscrito dos primeiros naturais
dali, que souberam escrever em velhos caracteres, no qual consta que
mantiveram sempre a memória de que o pai e progenitor primeiro de
sua nação se chamou Teponahuale, que quer dizer o senhor do pau
oco : e que Ele se encontrava presente na construção da Grande Pare-
de, como chamavam a Torre de Babel, e viu com seus olhos a confusão
das línguas, depois do que o Deus Criador o mandou vir a estas espaço-
sas terras e reparti-las entre os homens" — Lord Kingsbourough, "Me-
xican Antiquities," vol . 8 p . 25.
"Encontra-se nas histórias dos Toltecas que esta idade ou mundo
primeiro, como eles o chamam, durou 1 .716 anos ; que os homens fo-
ram destruidos por tremendas chuvas e relâmpagos dos céus e até mes-
mo toda a terra, sem a exceção de nada, e as mais altas montanhas, fo-
ram cobertas e submersas na água quinze cúbitos (caxtolmolatli) ; e aqui
eles acrescentaram outras fábulas e de como tornaram a se multiplicar
os homens de uns poucos que escaparam desta destruição dentro de
um 'toptlipetlocali', e este vocábulo significa arca fechada ; e como de-

472 REGRAS DE FÉ

pois, multiplicando-se, os homens fizeram um 'zacuali' muito alto, que


é hoje em dia uma torre de grande altura, a fim de se refugiarem nela
se o segundo mundo (idade) fosse destruido . Suas línguas foram então
confundidas, e, não podendo entender-se, partiram para diferentes
partes da terra ." — (O mesmo, vol . 9 . p . 321).
"As mais importantes entre as tradições americanas são as mexi-
canas, pois parecem ter sido fixadas definitivamente por pinturas sim-
bólicas e nemõnicas, antes de qualquer contato com europeus . De
acordo com estes documentos, o Noé do cataclisma Mexicano foi Cox-
cox, chamado por alguns Teocipactli ou Tezpi . Ele se salvou juntamen-
te com sua esposa Xochiquetzal, num barco, ou, de acordo com outras
tradições, numa jangada feita de cipreste (cipressus disticha) . Entre os
aztecas, mixtecas, zapotecas, tlaxcaltecas e os de Michoagan descobri-
ram-se pinturas que narram o dilúvio de Coxcox . A tradição destes úl-
timos concorda ainda mais notavelmente com o relato de Gênesis e o
de fontes caldaicas . Diz que Tezpi embarcou numa nave espaçosa com
sua esposa, seus filhos, vários animais e grãos, cuja preservação era es-
sencial para a subsistência do género humano . Quando o deus Tezca-
tlipoca decretou que se retirassem as águas, Tezpi enviou um corvo.
Este permaneceu alimentando-se com os corpos que cobriam a terra e
não voltou . Tezpi enviou três outros pássaros dos quais somente o co-
libri voltou com um ramo verde no bico . Vendo que a terra estava pro-
duzindo vegetação, Tezpi então deixou seu barco sobre o monte de
Colhuacan" . (Atlantis," por Donelly — p . 99 .)
A tradição de um dilúvio "era uma noção aceita, de uma forma ou
de outra — diz Prescott — entre a maior parte dos povos civilizados do
Velho Mundo e os bárbaros do Novo . Os aztecas combinavam com ela
algumas circunstâncias particulares de caráter mais arbitrário, seme-
lhante às narrações orientais . Acreditavam que dois personagens
sobreviveram ao dilúvio, um homem chamado Coxcox e sua esposa.
Numa pintura antiga acham-se representadas suas cabeças juntamente
com um barco que flutua sobre as águas, ao pé de uma montanha.
Também está pintada uma pomba, com o símbolo hieroglífico do idio-
ma no bico, o qual está repartindo entre os filhos de Coxcox que
nasceram mudos . Os povos vizinhos de Michoagan, que também ha-
bitavam a mesma planície, tinham todavia outra tradição de que o
barco em que se salvou Tezpi, seu Noé, estava cheio de várias classes
de animais e aves . Depois de algum tempo foi enviado um corvo que fi-
cou para comer os corpos mortos dos gigantes que haviam permanecido
sobre a terra ao se retirarem as águas . Logo foi enviado huitzitzilin, o
pequeno colibri que regressou com um ramo no bico . A coincidência

APÊNDICE XVI 473

entre estes dois relatos e as narrações hebraicas e caldaicas é óbvia".


("Conquista do México", por William Prescott, apêndice, pág . 386 .)
6. PERSISTÊNCIA DO IDIOMA HEBRAICO ENTRE AS TRI-
BOS AMERICANAS — "Afirma-se que nos cantos e cerimônias reli-
giosas e muitas das tribos persistiram numerosos vocábulos . Vários es-
critores que visitaram as tribos do continente do norte, ou que viveram
entre elas, afirmam que puderam ouvir distintamente as palavras
'Yehova' . 'Yah', `Ale' e 'Aleluya' em seus exercícios religiosos . Laet e
Escarbotus nos asseguram que com freqüência ouviram os índios sul-
americanos repetirem a sagrada palavra 'Aleluya' . — George Reynólds
em seu artigo "The Language of The Book of Mórmon" — A Lingua-
gem do Livro de Mórmon — "Contributor", tomo 17, pág . 326.
7. A ORIGEM DA CIVILIZAÇÃO PRE-COLOMBIANA NA
AMÉRICA — Sob este título, foi publicado um artigo informativo de
G . Elliot Smith em Science " tomo 44 pp . 190-195 (número de 11 de
agôsto de 1916) . Quanto ao interesse despertado pelo tema, diz o
autor: "Nas diversas ramificações de discussões etnológicas talvez
não exista assunto que tenha provocado controvérsias mais animadas
e despertado tanto interesse como os problemas encerrados nos mis-
térios da maravilhosa civilização que se manifestou perante os admi-
rados espanhóis logo ao chegarem à América.

"Durante o século passado — que se pode dizer cobre todo o


período de investigação científica em assuntos de antropologia — as
opiniões dos que dedicaram sua atenção a estudos sofreram as mais es-
tranhas flutuações. Ao se estudar as publicações antropológicas de
quarenta anos atrás, ver-se-á que nelas abundam, estudos cuidadosos
de muitos dos principais etnólogos da época que demonstram, aparen-
temente, de um modo convincente e indiscutívell,a disseminação de
curiosos costumes e crenças do mundo antigo em o novo ." O escritor
condena a falsidade de se supor que as semelhanças em costumes e
cultura de povos separados por distâncias tão grandes possam explicar-
se de outro ponto de vista além do de uma origem comum, e prossegue
dizendo : "Talvez se pergunte por que pois, em vista da grande massa
de evidências definitivas e autênticas que determinam proceder do Ve-
lho Mundo as origens da raça e da civilização americana, tantos etnó-
logos se negam a aceitar o claro e óbvio significado dos fatos e recor-
rem a subterfúgios tão infantis como os que mencionei? Deixando de
lado a influência da obra de Darwin, que por ter sido mal inter-
pretada levou, como diz Huxley, 'pessoas de pouco entendimento a fa-
larem tolices em nome da ciência', o fato principal que cobre os olhos

474 REGRAS DE FÉ

a tantos investigadores para que não apreciem o significado dos dados


que eles mesmos tão laboriosamente recolhem, resulta de um defeito
que nasce da natureza de suas investigações . . . O não reconhecer o fa-
to, recentemente demonstrado tão convincentemente pelo Dr . Rivers,
de que as artes úteis freqüentemente se perdem, constituem outras,
sendo talvez a história da difusão da civilização" . O Dr . Smith oferece
uma notável coleção de evidencias que apontam para o Velho Mundo,
e particularmente para o Egito, como a origem de muitos dos costu-
mes que distinguem os aborígines americanos . O artigo vem acompa-
nhado de um mapa que mostra as rotas prováveis do mundo antigo ao
novo, e dois lugares da costa ocidental onde desembarcaram, um no
México e outro perto da linha fronteiriça do Peru e Chile, dos quais os
imigrantes se dispersaram .
APÊNDICE XVI

Notas relacionadas com o capítulo 16

1 . LIBERDADE SOB INSPIRAÇÃO — Faussett diz o seguinte


sobre o arbítrio do Homem, sob a influência da inspiração : "A inspira-
ção não despoja os escritores de suas respectivas particularidades de
estilo, assim como os mestres inspirados da Igreja primitiva não foram
autômatos passivos quando profetizaram (1 Cor . 14 :32) . `Onde está o
Espírito do Senhor,'aí há liberdade' . (2 Cor . 3 :17 .) A vontade deles se
fazia uma com a vontade de Deus ; seu espírito influía o deles de ma-
neira tal que sua individualidade atuava livremente na esfera da inspi-
ração que dele recebiam . Quanto a verdades religiosas, as Escrituras
manifestam coletivamente unidade de autoria . Quanto a outros assun-
tos, sua composição é palpavelmente tão diversa como seus escrito-
res . A variedade é humana, a unidade divina . Se os quatro evangelistas
tivessem sido meramente máquinas, e tivessem narrado os mesmos
acontecimentos, seguindo a mesma ordem e com expressões iguais,
deixariam de ser testemunhas independentes . Suas próprias discrepân-
cias (só aparentes) refutam ter havido conluio . . . As pequenas dife-
renças nas versões do Decálogo, uma em Êxodo 20, a outra em Deute-
ronômio 5 ; no Salmo 18 comparado com 2 Samuel, capítulo 22 ; no Sal-
mo 14 comparado com o 53, e nas passagens do Antigo Testamento que
se citam no Novo e algumas vezes da Septuaginta que não é igual à ver-
são hebraica, algumas vezes sem seguir palavra por palavra e nenhum
dos dois, servem para comprovar a independência nascida do espírito,
dos escritores sagrados, que sob divina orientação e aprovação apre-
sentaram em diversas ocasiões as mesmas verdades essenciais, em dife-

APÊNDICE XVI 475

rentes aspectos ; e uma completava a outra" . ("Bible Encyclopedia,"


por A . R . Faussett, pág . 308 .)
2. A DOUTRINA DE QUE NÃO HAVERÁ REVELAÇÃO É
NOVA E FALSA — "A história do povo de Deus, desde as idades mais
remotas, mostra que só por meio de revelação contínua lhes era possí-
vel entender todos os seus deveres ou a vontade de Deus relativa a
eles. Nunca se lhes ocorreu pensar que as revelações dadas a gerações
anteriores eram suficientes para orientá-los em todos os seus deveres.
A doutrina que recusa revelações novas é doutrina nova, inventada
pelo diabo e seus agentes durante o segundo século depois de Cristo . É
uma doutrina que se opõe diretamente à que os santos sempre creram
em todas as épocas . Não se pode subverter ou abolir uma doutrina de
quatro mil anos de idade e introduzir uma nova em seu lugar, senão
por autoridade divina . . . Tendo pois em vista que os santos sempre
creram na doutrina de revelação contínua, não se deve exigir de ne-
nhum homem que apresente provas da necessidade de sua continua-
ção . Se fosse uma doutrina nova que jamais tivesse sido apresentada ao
mundo, seria necessário estabelecer sua origem divina: porém, como
se trata unicamente da continuação de uma doutrina antiga, estabele-
cida há milhares de anos, e na qual os santos jamais deixaram de crer,,
seria a maior presunção impugná-la nesta hora tão avançada, e, por
conseguinte, parece supérfluo comprovar a necessidade de sua conti-
nuação . Em vez de se lhes pedir isto, todos têm o direito de exigir que
aqueles que durante os últimos dezessete séculos têm negado a revela -
ção contínua apresentem seus raciocínios e testemunhos mais fortes
para justificar o fato de interromperem a ordem do céu, instituída pri-
mordialmente, e introduzirem uma doutrina nova tão completamente
diferente da antiga . Se quiserem que seja aceita sua doutrina nova, de-
monstrem que é de origem divina, pois do contrário ter-se-á razão de
recusá-la, permanecendo com a antiga ." ("Divine Authenticity of the
Book of Mormon," por Orson Pratt, I (2) 15, 16 .)
3. INSPIRAÇÃO — "A inspiração tem sido definida como energia
incitante do Espírito Santo — seja qual for o grau ou maneira como te-
nha sido exercida — sob cuja direção os agentes humanos escolhidos
por Deus proclamaram oficialmente Sua vontade, seja pela palavra,
seja escrevendo as várias partes da Bíblia' . Dizemos inspiração plenária
quando damos a entender que se exerceu esta energia tão plena e per-
feitamente que fez com que os ensinamentos dos escritores sagrados,
fossem, no sentido mais literal das palavras, ensinamentos de Deus,
como se procedessem dele, expressando verdadeiramente Sua vontade
e levando consigo a aprovação de Sua autoridade . Nós chamamos ins-

476 REGRAS DE FÉ

piração verbal quando queremos dizer que esta energia não se esgotou,
sugerindo aos autores a matéria das Escrituras, deixando-os então sós,
para transmitir segundo sua própria maneira, e conforme um modo ex-
clusivamente humano, o que lhes havia sido indicado ; mas que rece-
biam auxílio e orientação para comunicar a verdade recebida . . . De
modo que quando a doutrina de inspiração plenária e verbal fica de-
sembaraçada dos conceitos errôneos que sobre ela têm sido formula-
dos, não há causa justa, sob nenhum ponto de vista, para objeções.
Concorda com todas as conclusões, a respeito da Palavra, que a erudi-
ção moderna logrou estabelecer ; porque os sonhos da 'crítica supe-
rior' são pouco mais que extravagâncias de caprichos arbitrários ; e é
de se lamentar que tenham sido honrados com um respeito completa-
mente imerecido, e reflexivamente colocados no mesmo nível que os
valiosos e preciosos resultados da crítica genuína . Em muitos sentidos
estes resultados inequivocamente apontam para a inspiração plenária
— quando a própria doutrina é entendida corretamente — como o único
fundamento congruente e lógico sobre o qual se pode construir sem
pôr em perigo a autoridade dos escritos canônicos ." ("Bible Dictiona-
ry," de Cassel, págs . 559 e 561 .) Note-se que a distinção que aqui se faz
entre inspiração plenária e verbal expressa o elemento essencial da di-
ferença entre inspiração e revelação.
4 . É RAZOÁVEL CRER EM REVELAÇÃO CONTINUA — "Se-
rá por acaso desarrazoado, ou antifilosófico, buscar luz e conhecimen-
to adicionais? Será a religião o único departamento do pensamento e
esforço humanos onde é impossível o progresso? Que diríamos do quí-
mico, do astrônomo físico e geólogo que proclamasse que já não são
possíveis novos descobrimentos ou revelações de verdades científicas,
ou que declarasse que a uúica ocupação aberta para o estudante de
ciência é buscar nos livros de outros tempos e aplicar princípios desco-
bertos de há muito, e que jamais se voltará a descobrir outros? O moti-
vo principal que impele a buscar e investigar é a convicção de que o
conhecimento e a sabedoria não têm fim . Afirmamos que toda sabedo-
ria é de Deus, que a auréola de Sua glória é a inteligência e que o
homem ainda não aprendeu tudo o que há para aprender dele e de
Seus meios . Afirmamos que a doutrina de revelação contínua de Deus
não é menos filosófica ou científica do que escriturai ." ("The Philo-
sophi of Mormonism " , pelo autor, em "The Story and Philosophy of
M'ormonism," pág . 116 .)

APÊNDICE XVII

APÊNDICE XVII 477

Notas relacionadas com o capítulo 17

1. HEBREUS — Diz-se que Sem foi "pai de todos os filhos de He-


ber", assim como Cam é conhecido como pai dos cananeus ou Canaã.
Os hebreus e os cananeus estavam sempre em contato e manifestavam
as características respectivas dos semitas e dos camitas . O termo
"hebreus" deriva, pois, de "Heber" (Gên . 10:21 ; compare com Núme-
ros 24 :24) — "Bible Cyclopedia", por Fausset.
O autor do artigo "Hebreu" no "Bible Dictionary" de Cassei põe
em dúvida a evidência sobre a qual se afirma que "hebreu" é derivação
de "Eber" ou "Heber", e diz : "O único fato que se pode assegurar com
certeza é que se emprega a palavra para designar a Abraão e aos des-
cendentes de Jacó em geral . O interesse que encerra a palavra, junta-
mente com sua origem desconhecida, basta para explicar a grande es-
peculação que há em torno do vocábulo . Pode-se acrescentar que al-
guns cientistas têm encontrado a designação 'hebreus' um pouco alte-
rada, nos monumentos do Egito . Se for verificada esta interpretação,
será de valor, pois mostrará que quando os egípcios chamaram
'hebreu' a José, empregaram a designação que era aceita entre eles ."
2. JUDEUS — A palavra significa propriamente "um homem de
Judá ou descendente de Judá, porém com o tempo se aplicou a palavra
a todos os que eram chamados 'hebreus' . Não parece ter sido usada se-
não até muito após a rebelião de Jeroboão e as dez tribos, e, enquanto
o reino de Judá permanecia, o nome se aplicava, naturalmente, a todos
os cidadãos desse reino (2 Reis 16 :6 ; 25 :25) ; porém raras vezes ocorre
neste sentido . Depois do cativeiro adquiriu o significado extenso que
tem até o tempo atual . O resto das outras tribos o adotaram, e por esse
nome se distinguiam os descendentes de Jacó em todo o mundo antigo,
designação que por certo era muito mais comum que 'hebreu' . Ocorre
nos livros de Esdras, Neemias, Ester, Daniel etc ., nos livros apócrifos e
é de uso comum nos escritos de Josefo e no Novo Testamento" —
"Bible Dictionary" de Cassel.
"Sob a teocracia eram conhecidos como hebreus, sob a monar-
quia como israelitas e sob o domínio estrangeiro como judeus . Os re-
presentantes modernos deste sangue se fazem chamar hebreus em raça
e idioma, e israelitas em religião, porém judeus em ambos os sentidos ."
— Standard Dictionary.
3. ZENOS — "Profeta hebreu, a quem se referiam freqüentemente
os servos de Deus entre os nefitas . Tudo o que sabemos de sua história
pessoal é que foi morto porque testificou intrepidamente do que Deus

478 REGRAS DE FÉ

lhe havia revelado . A formosa e quase inigualável parábola da vinha,


citada por Jacó (Jacó, cap . 5) mostra que foi grandemente abençoado
pelo Senhor com o espírito de profecia . Também se referem a suas
profecias Néfi (1 Néfi 19 :10, 12, 16, Alma (Alma 33 :3, 13, 15), Amu-
leque (Alma 34 :7), Samuel o Lamanita (Helamã 15 :11) e Mórmon
(3 Néfi 10 :16)" — "Dictionary of the Book of Mormon", por George
Reynolds.
4 . AS PEREGRINAÇÕES DAS TRIBOS PERDIDAS — Esdras,
cujos livros, como já se disse no texto, são considerados apócrifos, des-
creve uma visão na qual se refere às dez tribos nestes termos : "São as
dez tribos que foram levadas cativas de seu p óprio país, nos dias de
Oséias o rei, as quais Salmanasar, rei dos Assírios, transportou ao ou-
tro lado do rio ; de modo que foram levados a outra terra . Combinaram
entre si que se afastariam da multidão dos pagãos e iriam a uma terra
mais longínqua, onde jamais havia habitado homem algum, a fim de
guardar ali seus estatutos que nunca observaram em seu próprio país.
E entraram no passo estreito do Eufrates . Porque o Altíssimo então
lhes manifestou sinais ; deteve as fontes das águas até que passaram.
Empreenderam pois uma longa jornada pelo país, de um ano e meio, e
essa região se chama Arsaret (ou Arará) . E ali habitaram até mais tar-
de e quando vierem de novo o Altíssimo voltará a deter as fontes do rio
para que passem" . (2 Esdras 13).

A respeito das peregrinações das dez tribos para o norte,o irmão


George Reynolds, em sua pequena obra "Are We of Israel?", diz:
"Determinaram ir a uma região 'jamais habitada por homem algum', a
fim de estarem livres de toda influência contaminadora . Tal lugar po-
deria encontrar-se somente ao norte . O sul da Ásia era já o centro de
uma civilização comparativamente antiga ; o Egito florescia ao norte
da África, e os povos que seriam os futuros mestres do mundo estavam
povoando rapidamente o sul da Europa . De maneira que não tinham
outra alternativa além de volver faces ao norte . A primeira parte de
sua viagem não foi, entretanto, para o norte, pois, segundo o relato de
Esdras, parece que primeiramente viajaram em direção ao seu antigo
local : e é possível que originalmente tenham empreendido a marcha
com a intenção de retornar ali ou provavelmente, a fim de desorientar
os -assírios, teriam iniciado a viagem como se fossem retornar a Canaã
e quando passaram o Eufrates, e se viram a salvo das hostes dos medos
e persas, dirigiram então seus passos em direção à estrela polar . Esdras
diz que entraram no passo estreito do Eufrates, e que o Senhor deteve
as fontes das águas até que tivessem atravessado . 0 local onde atraves-

APÊNDICE XVIII 479

saram o Eufrates teria por força que ser no alto do rio, pois ao contrá-
rio teria sido muito ao sul para o seu objetivo . O alto Eufrates corre por
entre elevadas montanhas e perto da aldeia de Pastash se lança por um
desfiladeiro que se encontra entre precipícios de mais de trezentos me-
tros de altura, e tão estreito que se construiu uma ponte no alto, logo
depois entrando no vale da Mesopotâmia . Com quanta exatidão
corresponde esta parte do rio à referência de Esdras, ao `passo estrei-
to' onde cruzaram os Israelitas!"
"As tribos virão, não estão perdidas para o Senhor ; serão trazidas
como foi predito ; e eu vos digo que há alguns que estão vivos — sim, al-
guns que aqui estão presentes — que viverão para ler os anais das Tri-
bos Perdidas de Israel, os quais serão um com os anais dos judeus, ou a
Santa Bíblia, e os anais dos nefitas ou o Livro de Mórmon, como o
Senhor profetizou ; e esses anais que as tribos trarão, que apesar de
perdidos para os homens ainda serão descobertos, relatarão a visita de
Cristo ressuscitado entre eles depois que se manifestou aos nefitas
sobre este continente ." — De um discurso do autor, a 8 de outubro de
1916, durante a 87 conferência semestral da Igreja.

APÊNDICE XVIII

Notas relacionadas com o capítulo 18

1 . A COLIGAÇÃO NA ATUALIDADE — Os Santos dos Últimos


Dias "estão construindo estacas de Sião, nos vales das Montanhas Ro-
chosas, e desta maneira estão cumprindo as profecias dos antigos pro-
fetas . Isaías escreveu : `E acontecerá nos últimos dias que se firmará o
monte da casa do Senhor no cume dos montes e se exalçará por cima
dos outeiros: e concorrerão a ele todas as nações . E virão muitos po-
vos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de
Jacó, para que nos ensine o que concerne aos Seus caminhos e ande-
mos nas Suas veredas ; porque de Sião sairá a lei e dé Jerusalém a pala-
vra do Senhor .' (Isaías 2:2, 3 .) É notável a maneira pela qual os Santos
dos Últimos Dias estão cumprindo detalhadamente as condições desta
predição : 1 . Estão edificando os templos de Deus sobre os outeiros, de
modo que a casa de Jeová ou do Senhor está precisamente' onde Isaías
previu que estaria . 2 . Os Santos que se dedicam a esta obra são pessoas
que se reuniram de quase todas as nações debaixo dos céus ; de manei-
ra que todos os povos estão correndo à casa de Jeová sobre os outeiros.
3 . Os que recebem o Evangelho em outras terras, de_bom gosto dizem
aos seus parentes e amigos : `Vinde, subamos ao monte do Senhor, para

480 REGRAS DE FÉ

que nos ensine o que concerne aos Seus caminhos e andemos nas Suas
veredas ." ("Outlines of Ecclesiastical History", por Robert pág . 409 .)

2. ISRAEL É UM POVO ESCOLHIDO — "A promessa outorgada


a Abraão, de que seria uma grande nação, cumpriu-se no fato de que
sua semente escolhida ocupou a terra da Palestina mil e quinhentos
anos . Tornará a se cumprir quando chegarem a ser uma nação sobre
essa terra para sempre . A história do hemisfério oriental, durante os
dois mil anos que transcorreram entre o chamamento de Abraão e a
destruição de Jerusalém pelos romanos, testifica que toda nação que
lutou contra Israel, ou de alguma outra maneira a oprimiu deixou de
existir . Com o tempo . se manifestará o mesmo resultado geral, desde a
destruição de Jerusalém até o milênio . Falando do tempo em que Is-
rael seria favorecida pelo Senhor, o profeta Isaías disse : "Eis que en-
vergonhados e confundidos serão todos os que se irritaram contra ti;
tornar-se-ão nada, e os que contenderem contigo perecerão' . (41 :11 .)
`E sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu
próprio sangue se embriagarão' . (49 :26) `Eis que Eu tomo da tua mão
calice da vacilação, as fezes do cálice do Meu furor ; nunca mais dele
beberás . Mas pô-lo-ei nas mãos dos que te entristeceram, que dizem à
tua alma : Abaixa-te parai que passemos sobre ti ."' (51 :22 23 .) — ("A
Compendium of the Doctrines of the Gospel", por Franklin D . Ri-
chards e James A . Little, págs . 228, 229 .)

3. ISRAEL ENTRE AS NAÇÕES — "Quando começamos a pen-


sar que faz trinta e dois séculos que o inimigo de Israel começou a opri-
mir este povo na terra de Canaã ; que durante uma terça parte do tem-
po que ocuparam aquela terra como nação foram mais ou menos
escravos de seus inimigos ; que setecentos anos antes da vinda de Cris-
to as dez tribos foram dispersas pela Ásia ocidental ; que nenhuma
indicação temos de que até hoje tenham retornado ao país de sua
herança ; que quase setecentos anos antes de Cristo se verificou o cati-
veiro babilônico e que, segundo o livro de Ester, somente parte dos
judeus que foram dispersos pelas cento e vinte e sete províncias do
império persa retornaram ; que a Ásia foi a colméia da qual procedeu
o enxame de tribos nômades que invadiram a Europa ; que ao tempo
da destruição de Jerusalém pelos romanos os judeus foram dispersos
por todo o mundo então conhecido, podemos bem perguntar : "Não
constitui Israel na atualidade uma porção muito grande da familia
humana?"' — "Compendium", por F .D . Richards e James A . Litle,
pág . 89 .
481

APÊNDICE XIX

Notas relacionadas com o capítulo 19

1 . JERUSALÉM — "A cidade tem tido uma variedade de nomes


em diferentes épocas, e até mesmo na Bíblia lhe são dados diversos no-
mes . Salém, a que se refere Gênesis 14 :18, provavelmente era o nome
que levava nos dias de Melquisedeque e assim é designada em Salmos
76:2 . O profeta Isaías (29 :1 e 7) a chama Ariel . Nos tempos de Josué e
na época dos Juízes era conhecida como Jebus, a cidade dos jebuseus
(Jos . 15 :8 ; 18 :16, 28 ; Juízes 19 :10, 11) e foi o nome que a distinguiu até a
época de Davi (1 Crôn . 11 :4,5) . Alguns têm acreditado que a própria
designação é corruptela de Jebus-Salém, porém não é mais que uma
teoria sem fundamento . Jerusalém é também chamada a cidade de Da-
vi', `a cidade de Judá', `a santa cidade " cidade de Deus' (2 Reis 14:20 ; 2
Crôn . 25 :28 ; Neem . 11 :18 ; Sal . 87 :3) . Até o dia de hoje, na maioria dos
países do leste, é conhecida como el-Kuds ou 'o lugar santo' . Não há
no mundo cidade que tenha recebido nomes mais honrosos ; nosso Sal-
vador mesmo a chamou 'a cidade do grande Rei"' — "Bible Dictiona-
ry", de Cassell, pág . 600.
A seguinte observação de J . M . Sjodahl, do Escritório do Historia-
dor da Igreja, é instrutiva : "Em 1 Reis, capítulo 14, menciona-se breve-
mente que uma expedição militar por comando de Sisaque, rei do Egi-
to, entrou na Palestina durante o quinto ano do reinado de Roboão . Os
egípcios levaram os tesouros do palácio e do templo,provavelmente os
300 escudos de ouro batido feitos por Salomão, que teriam um valor
aproximado de mais de um milhão de dólares. Tal expedição ficou regis-
trada no Egito no muro sul do pátio do templo de Amon, em Karnak.
Ali aparecem cento e cinqüenta e seis lugares que foram saqueados pe-
los egípcios . Um desses lugares leva o nome de Yuteh Mark . A trans-
crição hebraica deste nome é Judah Malech, que segundo Cham-
pollion quer dizer `reino de Judá', porém o Dr . Birch interpretou-o
mais corretamente como o nome ou um dos nomes de Jerusalém . Lite-
ralmente, 'a cidade do Rei de Judá', pois Malech significa realeza . No
Livro de Mórmon lemos que os fugitivos que escaparam à sorte de Ze-
dequias, vieram ao mundo ocidental, deram à sua primeira colônia o
nome de Muleque . Este nome e o de Mark, (Malech em hebraico) que
aparece na muralha do templo de Karnak no Egito, são idênticos . O
significado completo de Muleque, portanto, segundo o testemunho de
sábios, é 'a cidade do Rei de Judá', já conhecida nos anais do Egito . O
fato de que Mark Malech e Muleque são pequenas variações do mes-

482 REGRAS DE FF

mo nome deve ser tomado em conta, porque a palavra se encontra de


uma forma ou de outra nos idiomas aborígines americanos, particular-
mente nos dialetos centro e sul-americanos e, segundo minha opinião,
todos procedem de Muleque, do Livro de Mórmon ."
2. O ESTABELECIMENTO DE SIÃO EM MISSOURI — " ..
Um grupo de santos, conhecido como o Ramo de Colesville, pelo fato
de ter vivido em Colesville, Estado de Nova York, havia chegado a
Missouri . Tendo recebido instruções de comprar terrenos nas regiões
dos arredores de Sião, adquiriram algumas terras num campo fértil,
uns dezesseis ou dezoito quilômetros a oeste de Independence, no mu-
nicípio de Kaw, não longe da atual Kansas City . No dia 2 agosto de
1831, um dia antes da consagração do terreno para o templo, colocou-
se o primeiro tronco para uma casa na colônia dos Santos de Coles-
ville, indicando o estabelecimento de Sião . Doze homens, em honra às
Doze Tribas de Israel, carregaram o tronco ; e o irmão Sidney Rigdon
consagrou e separou a terra de Sião para a coligação dos santos ." —
"Outlines of Ecclesiastical History" por B . H . Roberts, pág . 352.
3. O LOCAL DO TEMPLO EM INDEPENDENCE, CONDADO
DE JACKSON, MISSOURI — "Pelo caminho que corre a oeste do tri-
bunal, mais ou menos a um quilômetro de distância, chega-se ao cume
de um outeiro que domina a cidade . Ao sul e a oeste, há um declive um
tanto abrupto porém mais ameno a leste e norte . . . Este é o local para
o templo . Foi neste local que no dia 3 de agosto de 1831, Joseph Smith,
Sidney Rigdon, Edward Partridge, W . W . Phelps, Oliver Cowdery,
Martin Harris, Joseph Coe e outra pessoa cujo nome não pude saber,
por que eram, ao todo, oito homens com quem o Senhor estava satis-
feito, — reuniram-se para consagrar este terreno como o local do tem-
plo em Sião . Leu-se o Salmo 87 . Joseph (o Profeta) então consagrou o
local, onde ainda se edificará um templo sobre o qual descansará a gló-
ria de Deus . Sim, o grande Deus assim o decretou dizendo : `Pois na
verdade, esta geração toda não passará sem que seja construída uma
casa ao Senhor . e uma nuvem descansará sobre ela, a qual será a glória
do Senhor, que encherá a casa . . . Pois os filhos de Moisés e também
os filhos de Aarão oferecerão uma oferta e um sacrifício aceitáveis na
casa do Senhor, a qual será construída a Ele nesta geração no lugar
consagrado, como designei' (D . & C . 84 :5, 31 .)" — "Missouri Persecu-
tions", por B . H . Roberts . Veja "The House of the Lord", por James E.
Talmage, cap . 5

APÊNDICE XX

APÊNDICE XX 483

Notas relacionadas com o capítulo 20

1. "O UNGIDO " — "Cristo, designação oficial do Redentor do


gênero humano, assim como Jesus, ou em hebraico Josué 'Salvador',
era Seu nome original . Cristo quer dizer 'ungido,' da palavra grega
chrio, 'ungir' . Durante a dispensação do Antigo Testamento se derra-
mava óleo sagrado sobre a cabeça dos sumos sacerdotes, reis e profe-
tas, para nomeá-los a seus cargos respectivos . O representante reco-
nhecido por Jeová efetuava o rito, e este constituía um testemunho ex-
terno de que seu chamamento procedia diretamente do próprio Deus,
como fonte de toda autoridade, e por ser, sob o antigo convênio, de um
modo peculiar, o diretor de seu povo . O óleo que se usava na consagra-
ção dos sacerdotes e na unção do tabernáculo e vasos sagrados era um
preparado especial de mirra, canela, cálamo e cássia (Êxodo 30:23-25),
que era proibido aos judeus aplicar ao corpo ou copiar, sob pena de
morte . Induvitavelmente tinha por objetivo simbolizar os dons e graças
do Espírito Santo" — "Bible Dictionary", de Cassel, pág . 257.
2. A PAZ MILENÁRIA — "E morará o lobo com o cordeiro, e o
leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro e o filho do leão e a né-
dia ovelha viverão juntos, e um menino pequeno os guiará . A vaca e a
ursa pastarão juntas e seus filhos junto se deitarão ; e o leão comerá pa-
lha com o boi . E brincará a criança de peito sobre a toca do áspide, e o
já desmamado meterá a sua mão na cova do basilisco . Não se fará mal
nem dano algum em todo o monte de Minha santidade, porque a terra
se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o
mar ." — Isaías 11 :6-9 ; veja também 65 :25.
"Através do lúgubre fumo e fogo que tem envolvido as nações, em
meio à terrível fetidez de sangue que tem enojado o mundo, o gênero
humano tem motivos para se regozijar na segurança consoladora de
que se estabelecerá uma era de paz ; uiva paz que não será interrompi-
da porque reinará a justiça e o direito do homem e a liberdade será in-
violável . Necessariamente, esta condição bendita se alcançará somen-
te depois do devido preparo ; porque na sabedoria de Deus seria tão in-
congruente impor sobre a humanidade um bem que não aprecia e não
quer como afligi-la, arbitrariamente, com uma maldição imerecida" —
"Vitality of Mormonism", pág . 176.
3. A TERRA ANTES, DURANTE E APÓS O MILÊNIO — "Nos
escritos inspirados se fala de três condições da terra: A presente, na
qual todas as coisas relacionadas com ela terão que sofrer uma altera-
ção que chamamos morte ; a condição milenária, na qual será santifica-

484 REGRAS DE FÉ

da a fim de que nela possam habitar inteligências mais puras, algumas


mortais outras imortais, e a condição celestial, de que se fala nos capí-
tulos vinte e um e vinte e dois de Apocalipse, a qual será de imortalida-
de e vida eterna" — "Compendium", por F . D . Richards e James A.
Little, pág . 186 .
APÊNDICE XXI

Notas relacionadas com o capítulo 21

1 . OS FENOMENOS NATURAIS DO ARBÍTRIO HUMANO —


Como escreveu em outro local o autor da presente obra : As Escrituras
nos fazem saber que da transgressão de Adão resultou uma condição
decaída não só do homem mas também da terra . Neste e noutros nu-
merosos acontecimentos transcendentais, em que fica patenteada a in-
tervenção direta da mão divina, vê-se que a natureza está intimamente
relacionada com o homem.
De modo que os pecados do gênero humano podem produzir cala-
midades em forma de fenômenos destrutivos, os quais nós podemos
propriamente chamar naturais porque são merecidos . Por outro lado, a
justiça humana pode invocar a cooperação pacífica, e benéfica dos ele-
mentos.
"Maldita será a terra por amor de ti" foi o anátema divino pro-
nunciado contra o primeiro homem . Como contraste, notemos o que
foi prometido a Israel : que por sua fidelidade as estações se tornariam
propícias, as chuvas cairiam ao seu tempo e tão grande seria a colheita
que o povo não teria espaço para armazenar toda a produção . (Mala-
quias 3 :8-12 .)
A vil apostasia das leis de Deus, nos dias de Noé, trouxe como re-
sultado o dilúvio, durante o qual "se romperam todas as fontes do
grande abismo e as janelas dos céus se abriram " .
Enoque, que viveu antes de Noé, foi enviado a proclamar o arre-
pendimento à raça degenerada, e tão grande foi o poder e autoridade
com que esteve investido que "ele falou a palavra do Senhor e a terra
tremeu, e as montanhas fugiram, mesmo de acordo com o seu manda-
mento ; e os rios se desviaram de seus cursos" . Também previu o dilú-
vio nos dias de Noé e todos os acontecimentos históricos, entre eles o
ministério do Salvador e até os dias do segundo advento do Senhor,
quando "os céus ficarão encobertos, e um véu de trevas cobrirá a ter-
ra ; e os céus tremerão, assim como a terra" . (P . de G .V ., Moisés 7 :13,

APÊNDICE XXI 485

61 .)
O manto de trevas que cobriu a terra serviu de fundo à tragédia
que se desenrolou sobre o Calvário ; e quando expirou o Senhor cruci-
ficado, "tremeu a terra e fenderam-se as pedras" (Mateus 27 :51).
No continente ocidental uma devastação geral assinalou a morte
do Salvador ; e a destruição sobreveio aos iníquos que haviam menos-
prezado as admoestações proféticas e as advertências inspiradas para
que se arrependessem . Muitos dos nefitas haviam-se esquecido dos si-
nais e prodígios que haviam proclamado o nascimento do Senhor é s
haviam entregue a maldades abomináveis . Então, na época da crucifi-
cação, desataram-se grandes e terríveis tempestades pelo país, com
trovões e relâmpagos ; a superfície da terra sofreu grandes depressões e
elevações, de tal maneira que as montanhas foram divididas, e muitas
cidades foram destruídas por terremotos, incêndios e pela invasão do
mar . Este holocausto sem precedente continuou por três horas, após as
quais desceram trevas tão espessas que foi impossível acender o fogo.
A espantosa escuridão foi semelhante às trevas do Egito, em que seus
vapores podiam ser tocados . Esta situação durou até o terceiro dia;
de maneira que uma noite, um dia e outra noite foram como uma noite
contínua ; os gemidos do povo aumentavam o pavor da escuridão impe-
netrável, pois seus angustiosos lamentos eram ouvidos por todos os la-
dos : "Oh! Se nós nos tivéssemos arrependido antes deste grande e
terrível dia" . Então, em meio às trevas ouviu-se uma voz anunciando a
destruição que havia sobrevindo ao povo por motivo de sua iniqüida-
de ; e aos que haviam sobrevivido, por serem os mais justos, ofereceu-
se uma esperança com a condição de que houvesse neles um arrepen-
dimento e reforma mais completos . (3 Néfi caps . 8 e 10 .)
De maneira definitiva foi predito que o segundo advento de nosso
Senhor será acompanhado de fenômenos calamitosos ante os quais se-
rão derrubados os iníquos . A seguinte profecia foi proclamada por in-
termédio do profeta Joseph Smith e seu cumprimento está próximo:
"Pois não há muitos dias ainda e a terra estremecerá e cambaleará de
cá para lá como um embriagado ; e o sol esconderá o seu rosto e recu-
sará a sua luz ; e a lua se banhará em sangue, e as estrelas se tornarão
extremamente zangadas e se lançarão para baixo como o figo que cai
da figueira . E depois do vosso testemunho virá ira e indignação sobre o
povo . Pois depois de vosso testemunho virá o testemunho dos terremo-
tos que farão gemer a terra no seu âmago, e homens cairão e não pode-
rão ficar em pé . E virá também o testemunho da voz dos trovões e da
voz dos relâmpagos, e da voz das tempestades, e da voz das ondas do

486 REGRAS DE FÉ

mar arremessando-se além de seus limites . E todas as coisas estarão


em confusão ; e certamente os corações dos homens falharão ; pois te-
mor virá sobre todos os povos" . (D . & C . 88 :87-91 .)
Poder-se-ia argumentar que as tempestades, terremotos e outros
acontecimentos destrutivos já citados não são fenômenos naturais mas
sim sobrenaturais, especialmente infligidos por vontade divina . Diga-
mos melhor, que são dirigidos divinamente estes acontecimentos que
natural e inevitavelmente acompanham os pecados do gênero humano
e o estado decaído da raça humana.
"Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus morado-
res, porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram a
aliança eterna . Por isso a maldição consome a terra e os que habitam
nela serão desolados : por isso serão queimados os moradores da terra,
e poucos homens restarão" . (Isaías 24 :5, 6 .)
2. IGNORÂNCIA PAGÃ CONCERNENTE À RESSURREI-
ÇÃO — Sobre a declaração de que o conhecimento humano da ressur-
reição está baseado na revelação, o-seguinte é de interesse : "Com o
que os filósofos pagãos puderam adivinhar concernente à imortalidade
da alma, apesar de admitirem que realmente resultou de suas próprias
especulações e não das relíquias da tradição, certo é que jamais chega-
ram até a doutrina de uma ressurreição corporal . Plínio, enumerando
as coisas que nem mesmo o poder de Deus poderia realizar, especificou
estas duas : investir o ser mortal com uma existência eterna e fazer vol-
ver da tumba os defuntos (2, 100, 7) . Esquilo expressa uma opinião pa-
recida em Las Euménides (647, 648) . O que mais lograram em suas es-
peculações éticas foi um conceito de uma possível continuação da vi-
da, em algumas formas e condições, além do sepulcro : porém isto foi
tudo . Nunca imaginaram uma ressurreição no sentido bíblico da pala-
vra" . ("Bible Dictionary", de Cassel, pág . 936 .)
3. OS SADUCEUS — Em geral, o Novo Testamento, ao se referir a
eles, os apresenta em oposição aos fariseus . Estas duas classes consti-
tuíam as seitas mais influentes que existiam entre os judeus nos tem-
pos de Cristo . Os dois partidos diferiam em muitos pontos fundamen-
tais de crença e prática, entre eles, a pré-existência dos espíritos, a rea-
lidade do castigo espiritual e futura retribuição pelo pecado, a necessi-
dade da abnegação na vida individual, a imortalidade da alma e a res-
surrciçãodos mortes, que os fariseus defendam e os caduceus nega-
vam . Josefo diz em seu "Antigüidades" (18 :1,4): "A doutrina dos sadu-
ceus é que a alma e o corpo perecem juntos ; a lei é tudo quanto se es-
forçam por cumprir ." A seita se compunha principalmente de

APÊNDICE XXI 487

membros da aritocracia . Faz-se esta referência especial aos caduceus


por motivo de sua resoluta oposição à doutrina da ressurreição que tra-
taram de arremeter com presunções arrogantes ou ridicularizar com
caçoadas.
4. OS PAGÃOS NA PRIMEIRA RESSURREIÇÃO — A afirma-
ção de que haverá lugar na primeira ressurreição para os pagãos que
morreram encontra apoio na palavra das Escrituras e numa considera-
ção dos princípios de justiça verdadeira, conforme os quais se julgará a
humanidade . O homem será declarado inocente ou culpado de acordo
com suas obras, interpretadas à luz da lei segundo a qual tem que viver.
Não concorda com nosso conceito de um Deus justo crer que Ele im-
porá um castigo a alguém que não tenha observado um requisito que
jamais conheceu . Entretanto, nem mesmo tratando-se daqueles que te-
nham pecado em trevas e ignorância se suspendem as leis da Igreja;
porém é razoável crer que o plano de redenção concederá a estes que
estão em trevas a oportunidade de aprender as leis de Deus, e indubita-
velmente ao passo que as aprenderam lhes será requerida a obediência
sob pena de punição . Consideremos as seguintes passagens à parte das
que se encontram no texto:
"E se não houvesse lei, que poderia a justiça ou mesmo a misericór-
dia, fazer, se os homens pecassem? Pois nãv teriam direito sobre o ho-
mem ." (Alma 42:21 .)
"Ele deu, portanto, uma lei ; e onde nenhuma lei foi dada, não há
castigo ; e onde não há castigo, não há condenação ; e onde não há con-
denação, as misericórdias do Santo de Israel têm poder sobre eles, por
causa da expiação ; porque eles são libertos pelo seu poder ." (2 Néfi
9 :25 .)
"E, além disso, digo-vos que tempo virá em que o conhecimento
de um Salvador se espalhará por todas as nações, famílias, línguas e po-
vos . E eis que, quando chegar esse tempo, ninguém será ,encontrado
sem culpa diante de Deus, exceto as criancinhas, a não ser que se arre-
pendam e tenham fé no nome do Senhor Deus Onipotente ." (Mosiah
3 :20, 21 ; veja também Helamã 15 :14, 15 .)
5. O ESTADO INTERMEDIÁRIO DA ALMA : O PARAISO —
A condição dos espíritos dos homens entre a morte e a ressurreição é
assunto de muito interesse e um tema que deu lugar a muita discussão.
As Escrituras mostram que quando chegar a hora do juízo final o ho-
mem comparecerá ante o tribunal de Deus com seu corpo ressuscitado,
seja qual for sua condição de pureza ou culpabilidade . Enquanto

488 REGRAS DE FÉ

aguardam o tempo de sua ressurreição, os espíritos que perderam


seus corpos existem num estado intermediário de felicidade e repouso,
ou de sofrimento e incerteza, segundo suas obras no estado mortal . O
profeta Alma disse : "Relativamente ao estado das almas no período
compreendido entre a morte e a ressurreição, foi-me dado saber, por
um anjo, que os espíritos de todos os homens, logo que deixam este
corpo mortal, sim, os espíritos de todos os homens, sejam eles bons ou
maus, são levados para aquele Deus que lhes deu vida . E deverá suce-
der que os espíritos daqueles que são justos serão recebidos num esta-
do de felicidade que é chamado paraíso, um estado de descanso e de
paz, onde eles terão descaudo para todas as suas aflições, cuidados e
dores . E sucederá que os espíritos perversos ; sim, aqueles que são
maus não terão parte no Espírito do Senhor ; pois eles preferiram prati-
car o mal e não o bem, e, por conseguinte, o espírito do demônio en-
trou neles e tomou-os para si . E estes serão atirados na escuridão exte-
rior : haverá pranto, lamentos e ranger de dentes, e isto em virtude da
sua própria iniqüidade, tornando-se cativos da vontade do demônio . E
este será o lugar designado para as almas perversas, sim, na escuridão,
num estado de expectativa espantosa e terrível, da ardente indignação
da ira de Deus sobre eles . E assim permanecerão, como os justos per-
manecerão no paraíso, até a hora da sua ressurreição" . (Alma 40 :11 a
14 .)
Também fazem referências ao paraíso, como lugar preparado para
os espíritos justos enquanto aguardam a ressurreição, os seguintes es-
critores nefitas : Jacó (2 Néfi 9 :13), Néfi (4 Néfi 14) e Moroni (Moroni
10 :34) . As referências do Novo Testamento emprestam seu apoio.
(Lucas 23 :43 ; 2 Cor . 12 :4 ; Apoc . 2 :7 .) De maneira que o paraíso não
é o local da glória final, porque o ladrão que morreu com Cristo cer-
tamente não estava preparado ; entretanto, não podemos duvidar de que
se cumpriu a promessa de nosso Senhor de que o malfeitor arrepen-
dido estaria com Ele naquele mesmo dia no paraíso . Além, disso, as
palavras que o Salvador ressuscitado declarou a Maria Madalena três
dias depois, que ainda não havia subido ao Pai, são provas de que
passou o intervalo no paraíso.
A palavra "paraíso" por sua derivação do grego, e este por sua vez
do peisa, significa lugar de delícias.

APÊNDICE XXII

Notas relacionadas com o capítulo 22


APÊNDICE XXII 489

1. INTOLERÂNCIA ENTRE AS SEITAS CRISTÃS — "Deve-se


dizer, apesar de eu fazê-lo com a mais profunda tristeza — que o frio
exclusivismo do fariseu, a cruel ignorância do que se faz chamar teó -
logo, a usurpada infabilidade do religioso meio educado, têm sido
sempre o anátema do cristianismo . Foram aplicados `os sentidos do
homem às palavras de Deus, as faculdades especiais do homem às
palavras gerais de Deus' e tentaram forçá-las sobre as consciências de
todos os homens com toda espécie de chamas e anátemas, sob iguais
ameaças de morte e condenação . E assim incorreram na terrível res-
ponsabilidade de apresentar a religião à humanidade sob um manto
falso e repugnante . Continuará sendo ódio teológico um provérbio
para o justo desprezo do mundo? Acaso se deve considerar o ódio — o
ódio em sua forma mais rancorosa e desapiedade — como o legítimo e
normal resultado da religião de amor? Nunca influirá o espírito de paz
nas opiniões religiosas? Sempre suscitarão estes assuntos as mais
intensas inimizades e as mais terríveis divisões? . . . Acaso se confir-
mará para sempre a opinião do mundo, de que . os partidários teo-
lógicos são menos verídicos, menos gentis, menos magnânimos, menos
honrados que até mesmo os partidários das causas políticas e sociais
que nada professam com respeito ao dever do amor? Continuarão
sendo os 'defensores religiosos', como são agora, os mais impiamente
rancorosos, os mais notoriamente injustos? Eles poderiam ser menos
perigosos para a causa da religião, se se privassem do luxo de citar
passagens das Escrituras para seus próprios propósitos . " — "The Early
Days of Christianity " , por Farrar, pp . 584 e 585.
2. "TELESTE " — O adjetivo "teleste" não é de uso corrente ; na
atualidade somente se emprega na teologia de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias . Aplica-se ao mais baixo dos três reinos de
glória preparados para os redimidos.
Cabe aqui considerar a seguinte nota do irmão J . M . Sjodahl ao
autor: "Falando das várias épocas da ressurreição, Paulo (1 Cor . 15 :22-
25) diz na última : 'Depois virá o fim, quando tiver entregue o reino de
Deus ao Pai .' A palavra fim foi traduzida de zelos ; e a glória daqueles
que ressuscitam por último pode com toda propriedade ser chamada
teleste, relacionada com telos . A ressurreição destes é o fim, o térmi-
no, o cumprimento das épocas da ressurreição ."
3. TOLERÂNCIA — "O Mormonismo não propõe nenhuma afir-
mação modificada ou condicional a respeito da necessidade que tem
todo habitante individual da terra, que aspira à salvação, de cumprir a
lei . Não distingue entre as nações civilizadas e as pagãs, nem entre os
vivos e mortos . Nenhum ser humano que tenha chegado à idade de res-

490 REGRAS DÉ FÉ

ponsabilidade na carne pode abrigar a esperança de alcançar a salva-


ção no reino de Deus senão até que haja rendido obediência aos requi-
sitos de Cristo, o Redentor do mundo . Porém, apesar de ser decisivo
neste sentido, o `mormonismo' não é exclusivo . Não pretende que to-
dos aqueles que não tenham aceitado e obedecido ao Evangelho de
vida eterna sejam eternamente e para sempre condenados . Apesar de,
sem temor, afirmar que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias é o único repositório do Santo Sacerdócio, que foi restaurado
atualmente na terra, ensina e exige a mais completa tolerância para to-
dos os indivíduos e organizações de indivíduos que professam a justiça;
e mantém que cada qual será recompensado pelo bem que tiver feito, e
será julgado de acordo com o conhecimento espiritual que tiver adqui-
rido . E por estas elevadas pretensões, combinadas com esta profissão
de tolerância, a Igreja tem sido acusada de inconsistência . Deve-se ter
em mente, entretanto, que tolerância não é aceitação . . . Os limites da
liberdade de um indivíduo são os mesmos que assinalam a liberdade de
outro, ou os direitos da comunidade . O próprio Deus considera como
sagrada, e conseqüentemente inviolável, a liberdade da alma huma-
na . . . O `mormonismo' afirma que nenhum homem ou nação possui o
direito de privar por força a ninguém, nem mesmo ao pagão, de seu di-
reito de adorar a seu deus . Apesar de desde as idades mais remotas a
idolatria ter legado a marca do desagrado divino, para o que anda em
trevas aquilo poderá representar a reverência mais sincera de que é ca-
paz . Deve-se ensinar-lhe um caminho melhor, porém jamais obrigá-lo.
Nada se diz de um perdão universal ; nenhuma glorificação imerecida
da misericórdia que seja para a degradação ou menosprezo da justiça;
nenhuma crença de que se pode cometer, seja quando for, um só peca-
do de omissão ou comissão sem que este deixe sua ferida ou cicatriz.
No futuro, haverá um lugar para cada alma, seja qual for seu grau de
inteligência espiritual" — O autor, em "The History and Philosophy of
Mormonism" — Salt Lake City, 1914.
APÊNDICE XXIII

Notas relacionadas com o capítulo 23

1 . INSULTOS A PAULO E A CRISTO — Veja Atos 23 :1-5 . "Nem


bem havia proferido o apóstolo as primeiras palavras em sua defesa,
quando Ananias, com vergonhosa ilegalidade, mandou que o ferissem
na boca . Enfurecido por este insulto tão óbvio, aquele ultraje tão ime-
recido, o temperamento naturalmente colérico de Paulo se incendiou
nessa ira repentina, que deve ser dominada, mas dificilmente poderia

APÈNDICF: XXIII 491

faltar num caráter verdadeiramente nobre . Nenhum caráter pode ser


perfeito se não encerrar dentro de si uma profunda — mesmo quando
perfeitamente generoso e indulgente — indignação contra uma injusti-
ça intolerável : 'Deus te ferirá, parede branqueada — exclamou Paulo
com a dor do golpe — tu estás aqui assentado para julgar-me conforme
a lei e contra a lei me mandas ferir' . Esta expressão tem sido censurada
por sua violência e comparada com a mansidão de Cristo perante o tri-
bunal de Seus inimigos . (Veja João 18 :19-23 .) 'Onde', pergunta S . Jerô-
nimo, 'está essa paciência do Salvador que, com o cordeiro que é leva-
do ao matadouro, não abriu Sua boca, mas com mansidão perguntou a
quem o havia ferido: "Se falei mal, dá testemunho do mal ; e, se bem,
por que Me feres?" Não estamos desacreditando o apóstolo, mas sim
declarando a glória de Deus que, apesar de ter sofrido na carne, domi-
nou a maldade e debilidade da carne' . Entretanto, não cremos que seja
necessário recordar ao leitor que não foram uma nem duas as vezes
que Cristo desenfreou Sua justa ira e censurou a hipocrisia e a insolên-
cia com um relampejar de Sua santa indignação . Os que estavam pre-
sentes parece haverem-se surpreendido com a severidade da re-
preeensão de Paulo, porque lhe perguntaram : 'Injurias o sumo sacer-
dote de Deus?' A ira do apóstolo se havia esgotado naquela explosão e
imediatamente se desculpou com estranha urbanidade e calma : 'Não
sabia . irmãos — disse — que era o sumo sacerdote' e acrescentou que se
tivesse sabido não teria usado o humilhante epíteto 'parede branquea-
da', porque reverenciava e obedecia à Escritura que dizia : 'Não dirás
mal do príncipe do teu povo ."' — "The Life and Work of St . Paul," por
Farrar, pp . 539-540.
2 . OS ENSINAMENTOS DE PEDRO SOBRE A OBEDIÊNCIA
À LEI —"Um dos deveres particulares dos cristãos daqueles dias era o
devido respeito, em todo assunto lícito, ao governo civil . . . Há oca-
siões e ninguém o sabia melhor que o apóstolo que havia dado um
exemplo de esplêndida desobediência a uma ordem injustificável — em
que 'é mister obedecer a Deus antes que aos homens' . (Atos 4 :18,31;
5 :28-32, 40-42 .) Porém esses casos são exceções e não há regra comum.
Normalmente, e em geral, a lei humana se põe ao lado da ordem divi-
na, e, seja quem for seu administrador, justificadamente exige obediên-
cia e respeito . Tão necessário era o princípio para os cristãos daquela
época, que João, Pedro e até mesmo Paulo com igual ênfase o ensina-
ram . Sua necessidade era maior naqueles dias em que estavam a ponto
de estalar perigosas sublevações na Judéia ; quando dentro dos cora-
ções dos judeus de todo o mundo ardia o fogo do ódio veemente contra
as abominações de uma idolatria tirânica ; quando se acusava os cris-
wiR

492 REGRAS DE FÉ

tãos de "alvoroçar o mundo" (Atos 17 :6) ; quando algum pobre escravo


cristão, sendo levado ao martírio ou ao suplício, facilmente poderia ter
desafogado sua alma prorrompendo em apocalíticas denúncias de
destruição repentina contra a babilônia mística ; quando os pagãos, em
seu impaciente desprezo, podiam intencionalmente interpretar uma
das profecias da conflagração final, interpretando-a como ameaça se-
diciosa ; e quando os cristãos em Roma já estavam sofrendo, por essa
mesma razão, as agonias de uma perseguição neroniana . Por conse-
guinte, a submissão era naquele tempo um dos primeiros deveres de
todos os que desejavam granjear a simpatia dos pagãos e salvar a Igreja
de uma onda destrutora de indignação que até os próprios pagãos ra-
zoáveis e tolerantes justificariam como necessidade política . . . 'Su-
jeitai-vos', pois, diz o apóstolo a toda a ordenação humana por amor ao
Senhor ; quer ao rei, como superior (o título "rei" se aplicava extensa-
mente ao imperador nas províncias), quer aos governadores como por
ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fizeram
bem . Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, tapeis a
boca à ignorância dos homens loucos . Como livres e não tendo a liber-
dade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus . (Então, como
princípio,) Honrai a todos . (E como prática habitual) Amai a fraterni-
dade . Temei a Deus, honrai o rei ."' (Veja 1 Pedro 2 :13-17) — "Early
Days of Christianity," por Farrar, pp . 89, 90 .)
3 . A OBEDIÊNCIA À LEI SECULAR — "A religião é essencial-
mente assunto da vida diária . Relaciona-se tanto ao ajuste do indivíduo
ao seu ambiente material como à crença abstrata em assuntos espiri-
tuais . A religião de um homem deve ser uma demonstração concreta
de seus conceitos referentes a Deus e aos propósitos divinos que com
ele e seu próximo se relacionam . O que for menos não tem a forma de
piedade e nem o seu poder.
"O mestre associou o amor a Deus e o amor ao próximo ; e certa-
mente no amor se encerra o dever, e o dever significa esforço e atos.
(Veja Mateus 22:35-40 .) Por meio da associação com nossos semelhan-
tes e do reto cumprimento de nossos deveres na vida da comunidade
se aprende grande parte do que temos que cursar na escola do estado
mortal . Não estamos aqui- para nos convertermos em ermitões nem
para alijar-nos do serviço público, mas sim para viver num estado de
auxílio mútuo e cooperação efetiva.
"É uma necessidade fundamental que se estabeleçam leis entre os
homens para que haja um governo geral ; e a obediência à lei é dever
patente de todo membro da sociedade organizada . Por conseguinte, a

Rabe!rto
QancaJv
APÊNDICE XXIII 493GafiA ~►f

violação-da lei não só é uma ofensa secular, mas também uma trans-
gressão do princípio da verdade . Este mundo seria mais feliz se os ho-
mens aplicassem um pouco mais de religião nos seus deveres diários:
seus negócios, sua política e assuntos de estado . Note-se bem que se
disse religião e não igreja . . .
"A fiel cidadania é não somente uma das características mas tam-
bém uma prova da religião de um homem ; e, quanto aos deveres obri-
gatórios do cidadão, a voz do povo, expressa por meio do sistema esta-
belecido de governo, será quem os determinará" — (o Autor, em "Vita-
lity of Mormonism", pág . 186 .)
4. DESCONTINUAÇÃO DO MATRIMONIO PLURAL — O at
oficial que deu fim à prática do matrimônio plural entre os Santos d os
Últimos Dias foi a adoção, por parte da Igreja reunida em conferê n-
cia, de um manifesto que o Presidente da Igreja leu . A linguagem do
documento ilustra a disposição do povo e da Igreja de obedecer lei,
como se vê na seguinte cláusula : "Sendo que o Congresso passo u leis
em proibição ao casamento plural, as quais foram pronunciadas c onsti-
tucionais pelo tribunal da Corte Suprema, eu (o presidente W ilford
Woodruff) pela presente Escritura declaro minha intenção de subme -
ter-me àquelas leis, e de usar minha influência com os mem bros da
Igreja sobre a qual presido, para fazer com que eles ajam d a mesma
maneira ." Durante o sermão que pronunciou imediatamen te após a
proclamação do manifesto, o presidente Woodruff disse, re ferindo-se
ao passo dado : `Cumpri meu dever, e a nação da qual somo s parte terá
que responder pelo que foi feito a respeito deste princípio isto é, o rna-
trimônio plural) ."' Veja D . & C . págs . 304, 305 .
5. UM EXEMPLO NOTÁVEL DE OBEDIENCIA À LEI SECU-
LAR — "Os governos são instituídos por Deus, algumas vezes por in-
tervenção direta dele, outras vezes com Sua permissão . Quando os ju-
deus foram vencidos por Nabucodonosor, rei da Babilônia, o Senhor
mandou, por intermédio do profeta, Jeremias, (27 :48) que o pvo ren-
desse obediência ao seu conquistador, a quem designa como Seu ser-
vo ; porque em verdade o Senhor Se havia valido do rei pagão para cas-
tigar os apóstatas e infiéis filhos do convênio . Esta obediência que lhes
foi mandado render incluía também o pagamento de tributos e com-
preendia uma submissão completa" . (Veja "Jesus, o Cristo" nota 2 do
capitulo 31 .)

APÊNDICE XXIV

494 REGRAS DE FÉ

Notas relacionadas com o capítulo 24

1. AMOR, O CUMPRIMENTO DA LEI — "Pedro disse : 'Mas,


sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros' (1 Ped . 4 :8).
Sobretudo . E João diz mais ainda : 'Deus é amor' (1 João 4:8) . E talvez
nos lembremos das palavras profundas de Paulo : 'O cumprimento da
lei é o amor' (Rom . 13 :10 ; Gal . 5 :14) . Temos pensado no que quis dizer
com isto? Naqueles dias os homens se ocupavam em chegar ao céu
pelo cumprimento dos dez mandamentos e dos outros cento e dez
mandamentos que dos primeiros haviam fabricado . Cristo disse em
substância : Mostrarei um modo mais simples . Se fazeis uma coisa, fa-
reis estas outras cento e dez coisas sem nem sequer pensar nelas . Se
amais, inconscientemente estareis cumprindo toda a lei . . . Considere-
mos qualquer dos mandamentos, por exemplo : "Não terás outros deu-
ses diante de Mim ." Se um homem ama a Deus não se fará necessário
dizer-lhe isso . O amor é o cumprimento da lei . "Não tomarás o nome
de Deus em vão" Pensaria o homem em tomar o nome de Deus em vão
se o amasse? Lembra-te do dia do sábado para santificá-lo .' Não teria
prazer em ter um dia em cada sete para dedicá-lo ao objeto de seu
amor? O amor cumpriria todas estas leis concernentes a Deus . De
igual maneira, se amasse ao próximo seria desnecessário dizer-lhe que
honrasse o seu pai e sua mãe . Não poderia fazer menos que respeitá-
los . Seria absurdo que lhe disséssemos que não matasse . Ofender-se-ia
se lhe ensinássemos a não roubar, pois 'como poderia roubar aqueles a
quem ama?' Seria demais pedir-lhe que não levantasse testemunho
contra seu próximo . Se o amasse, isto jamais lhe ocorreria . E nunca
pensaríamos em instá-lo a não cobiçar as coisas de seu próximo . Antes
preferiria que seu próximo as tivesse e não ele . Neste sentido, "o amor
é o cumprimento da lei" -- "The Greatest Thing in the World", por
Drummond.

2. CARIDADE E AMOR — Conforme a etimologia e o uso, bene-


ficência é a virtude de fazer o bem e benevolência a boa vontade para
com os outros ; porém a benevolência tem chegado a compreender a
beneficência e a substituí-la . . . a Caridade tem como acepção primei-
ra o "amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mes-
mos" (como em 1 Cor . 13) . Atualmente se aplica quase universalmente
à "esmola que se dá ou ao auxílio que se presta aos necessitados" e seu
significado é muito menos extenso que o de benevolência.
Caridade propriamente significa "amor e, conseqüentemente,
atos benévolos . Nem uma só vez aparece no Antigo Testamento ; no

APÉNI)ICE XXIV 495

Novo, com uma só exceção, caridade e amor são sinônimos ; e em to-


dos esses casos indica o amor do homem ao próximo, e ao que é bom.
(Veja especialmente 1 Cor . cap . 13 .) — `"Bible Dictionary de Cassel ."

3 . O DIZIMO DO SENHOR — Como na antigüidade, hoje o dízi-


mo pertence ao Senhor, motivo pelo qual é santo . O dinheiro ou bens,
quaisquer que sejam, que forem entregues como dízimos, não serão
administrados por pessoas desautorizadas .Os sacerdotes da Israel anti-
ga tinham ao seu cargo este sagrado dever, e na dispensação atual pre-
valece a mesma ordem . Na atualidade, os bispos são responsáveis pelo
manejo dos dízimos e, oficiando desta maneira, agem em sua capacida-
de de diretores do Sacerdócio Aarônico . De novo hoje, como na anti-
güidade, pagam-se os dízimos em determinados lugares, àqueles, que
foram devidamente autorizados e comissionados para recebê-los . Nes-
tes dias o bispo da Igreja, conhecido como Bispo Geral, é auxiliado por
muitos bispos locais, e a esses representantes autorizados são pagos os
dízimos, depois do que são remetidos por eles ao escritório do Bispo
Geral . A ordem da Igreja, como está atualmente constituída, dispõe
que os vários bispos convertam em dinheiro os dízimos que receberem
em espécie e remetam os fundos ao Bispo Geral . É interessante o fato
de que durante os últimos anos, particularmente os das últimas déca-
das, muitas seitas e denominações têm procurado reviver a antiga práti-
ca do dízimo . As igrejas estão organizando, entre seus membros, socie-
dades ou clubes de "pagadores de dízimo", que voluntariamente se
comprometem a pagar a suas respectivas igrejas a décima parte de suas
rendas individuais . Em algumas destas sociedades é permitido que os
contribuintes indiquem o propósito ao qual deverá ser aplicado o dízi-
mo . A grande dificuldade com que mais tropeçam nossos amigos sectá-
rios'em restabelecer a prática do dízimo em suas numerosas seitas — e
eles em parte o compreendem — é que não há entre eles sacerdotes
nem levitas autorizados para receber os dízimos e administrá-los estri-
tamente de acordo com o mandato divino . A autoridade do Santo Sa-
cerdócio é essencial para o regulamento do sistema de dízimos do Se-
nhor . O dízimo é o sistema de fundos do Senhor, que o exige do povo,
não porque a Ele lhe faça falta o ouro ou a prata, mas porque eles pre-
cisam pagá-lo.
O pagamento dos dízimos deve ser um sacrifício voluntário e livre,
não para ser imposto por poder civil algum nem apara fazer-se cumprir
por meio de multas ou alguma outra correção material . Enquanto por
um lado a obrigação é tomada por conta própria, deve, não obstante,
ser observada com íntegro propósito de coração por aquele que clama

496 REGRAS DE FÉ

ser membro e que professa deixar-se guiar pela palavra revelada que
foi dada para o desenvolvimento espiritual de seus membros.
É essencial que os homens aprendam a dar . Se não houvesse esta
instrução, ficaria incompleto o curso escolar do estado mortal . A sabe-
doria humana não pôde imaginar meio mais equitativo de contribui-
ções individuais para as necessidades da comunidade que o simples
plano dos dízimos . Cada um deve dar em proporção ao que ganha e
deve fazê-lo regular e sistematicamente . O espírito de dar santifica as
atividades materiais da Igreja . Bênçãos, precisas e seletas, se encon-
tram ao alcance de todos. Na obra do Senhor, tão aceitável é o centavo
da viúva como a peça de ouro do milionário.
Os Santos dos Últimos Dias crêem que foi instituído divinamente
o sistema de dízimos, para que eles o observem ; e consideram-se bem-
aventurados por se lhes permitir participar na realização dos propósi-
tos de Deus . Sob esté sistema, o povo tem prosperado individualmente
e como corpo organizado . É a simples e eficiente fonte de rendas da
Igreja, e sua operação tem sido um êxito desde o dia de seu estabeleci-
mento . Evita entre nós a necessidade de fazer coletas nas reuniões reli-
giosas e facilita a promulgação da mensagem da Igreja por meio da pa-
lavra impressa e falada, assim como a construção e manutenção de
templos para o benefício tanto dos vivos como dos mortos e outros ser-
viços ao gênero humano, demasiado numerosos para serem menciona-
dos .
Há uma distinção importante entre os dízimos e outras ofertas.
Enquanto a observância da lei do dízimo deve ser livre e voluntária,
não obstante, o Senhor pede, mais ainda, exige que paguem dízimos
aqueles que de sua livre vontade tenham feito convênio com Ele nas á-
guas do batismo . Cometemos um erro muito grande e muito comum
quando consideramos que o pagamento dos dízimos é um donativo que
fazemos ao Senhor . Isto não expressa a verdade . Foi disposto que o ho-
mem faça quantas ofertas desejar ; e se faz a oferta com propósito puro
de coração, será aceita e lhe será imputado por justiça ; porém o dízimo
não é assim, o dízimo é antes uma dívida que um donativo.
Em meu conceito é como se eu e o Senhor tivéssemos celebrado
um contrato e que Ele em substância me tivesse dito : Tu necessitas
muitas coisas neste mundo : alimento, roupas e abrigo para tua família
e para ti, as comocidades mais comuns da vida e as coisas que te darão
cultura, desenvolvimento e gozo . Desejas obter bens materiais a fim de
usá-los para ajudar a outrem, e desta maneira ganhar bênçãos maiores
para ti e para os teus . Terás os meios para adquirir estas coisas, porém,

A
APENDICE XXIV 497

lembra-te que são Minhas e vou exigir que pagues arrendamento pelo
que entrego em tuas mãos . Entretanto, teus bens e posses não aumen-
tarão uniformemente durante tua vida . Terás teus prejuízos, bem como
teus ganhos ; conhecerás épocas de dificuldades assim como de paz.
Alguns anos serão para ti anos de abundância, outros de escassez . Por-
tanto, em lugar de fazer o que fazem os proprietários mortais, que exi-
gem que pagues adiantadamente o que estipula teu contrato, estejas tu
bem ou mal, a Mim não Me pagarás de antemão, mas sim, depois que
tiveres recebido ; e Me pagarás de acordo com o que receberes . Se
acontecer que num ano teus ganhos sejam mais abundantes, poderás
pagar-Me um pouco mais ; e se acontecer que o ano seguinte seja um
ano de aflição e teus ganhos não forem o que foi, então menos ; e se
chegares ao extremo de não ganhares nada, nada Me pagarás.
Que proprietário há na terra que esteja disposto a celebrar esta es-
pécie de contrato com alguém? Quando considero a liberalidade do
plano e a consideração que Meu Senhor tem tido para comigo, sinto
em meu coração que dificilmente poderia levantar meu semblante ao
céu se tentasse enganá-Lo neste justo arrendamento.
Consideremos, além disso, como o Senhor providenciou meios
para que até mesmo os mais humildes possam receber abundantemen-
te as bênçãos de sua casa . Não se reservaram os tesouros do céu para
os homens ricos da terra ; até o mais pobre pode ser acionista da grande
corporação de nosso Deus, organizada para realizar Seus propósitos na
pregação do Evangelho, na construção de templos e outros santuários
em Seu nome e no fazer o bem a todos os homens . . .
Enfim, o propósito principal do grande estabelecimento da lei dos
dízimos é o desenvolvimento da alma do que os paga, e não só promo-
ver rendas. Este é um propósito importantíssimo, pois sendo necessá-
rio dinheiro para levar adiante a obra da Igreja, o Senhor necessita do
dinheiro que foi santificado pela fé do pagador ; porém asseguram-se
bênçãos inestimáveis, avaliadas conforme a moeda do reino, àquele
que cumpre estritamente a lei dos dízimos, porque o Senhor assim o
ordenou — Do folheto "The Lord's Tenth" pelo autor, publicado pelo
Bispado Geral, Salt Lake City, 1923.

4. A RELAÇÃO ENTRE DEUS E O HOMEM — "O mormonis-


mo afirma existir um parentesco real e literal de pai e filho entre o
Criador e o homem . Não no sentido figurado em que chamamos pai de
uma máquina o seu inventor ; não a relação que há entre uma coisa fei-
ta mecanicamente e o que a criou, mas sim o vínculo entre um paie sua

498 REGRAS DE FÉ

progênie . Em resumo, declara sem temor que sendo o espírito do ho-


mem prole de Deus e sendo seu corpo, apesar de ser de matéria terre-
na, a imagem e semelhança mesma de Deus, o homem ainda em sua
presente condição, não só degradada, mas também decaída, ainda pos-
sui, apesar de em estado latente, rasgos, tendências, e poderes herda-
dos que revelam sua descendência mais que real ; e que estes podem
desenvolver-se a ponto de fazê-lo, até certo ponto, apesar de mortal.
semelhante a Deus.
"O mormonismo, porém, proclama ainda mais . Assevera que, de
acordo com a lei inviolável da natureza orgânica — que os semelhantes
hão de reproduzir semelhantes e que a multiplicação do número e
perpetuação das espécies devem sujeitar-se à condução de "cada qual
segundo seu gênero" — o filho pode alcançar o estado anterior do pai e
que em sua condição mortal o homem é um Deus em embrião" . Não
importa quão remoto esteja no futuro, quantas idades tenha que pas-
sar, quantas eternidades transcorram antes que qualquer indivíduo que
hoje é um ser mortal possa alcançar a santidade e categoria da divinda-
de, o homem leva em sua alma as possibilidades de tal realização, as-
sim como a lagarta que se arrasta ou a cadavérica crisálida encerram a
possibilidade latente, mas ainda certa e segura — salvo sua destruição
durante a metamorfose — de vir a ser inseto alado, em toda a glória de
seu estado adulto.
"O mormonismo afirma que toda a natureza, tanto no céu como
na terra, obra conforme um plano de progresso ; que o próprio Pai
Eterno é um Ser progressivo ; que Sua perfeição, apesar de tão comple-
ta que é incompreensível para o homem, possui esta qualidade essen-
cial da perfeição verdadeira, isto é, a capacidade de aumento eterno e
que, portanto em alguma remotíssima época futura, mais além no ho-
rizonte das eternidades, o homem talvez possa chegar ao estado de um
Deus . Entretanto, isto não quer dizer que então será igual ao Deus que
adoramos, nem que alcançará jamais as inteligências cujo desenvolvi-
mento já está adiante do seu ; porque declara tal coisa seria afirmar que
não há progresso além de certo estado e que o desenvolvimento é ca-
racterística das organizações e fins inferiores unicamente . Nós cremos
que encerra algo mais que o metal que soa e a retinir de címbalos ver-
bais a fervente admoestação do Cristo a Seus discípulos : `Sede vós,
pois, perfeitos como é perfeito vosso Pai que está nos céus"' — ("The
Philosophyof Mormonism," págs . 108-110 ; o autor em "The Story and
Philosophy of M ormonism", SAIt Lake City 1920) .
ÍNDICE REMISSIVO

Aarão, descendentes lite- Amor, e caridade, 390, 494;


rais, 198 ; homens devem cumprimento da lei, 494.
ser chamados como ele, Amplidão, cia fé dos Santos
175 ; sacerdócio de, 177. dos Últimos Dias, 389.
Adão, seu arbítrio, 56 ; seu Apócrifos, 227.
batismo 117 ; sua parte na Apostasia, da Igreja primi-
queda, 66. tiva, 188 ; degeneração
Administrações desautorizadas, coincidente, 453 ; começou
173. logo, 454 ; foi predita, 191.
Adoração, 357 ; do vivo e Apóstolos, ofício, 196 ; quo-
verdadeiro Deus, 371 ; a li- rum dos doze, 197 ; os anti-
berdade do homem para, gos eram reveladores, 276.
358 ; degeneração da apos-
tasia, 453. Arbítrio do homem, 55, 79 ; é
dom de Deus, 431.
Ala, organização e oficiais,
199. Arqueologia, evidência a fa-
vor da Bíblia, 464 ; evidên-
Alma, estado entre a morte
cia a favor do Livro de
e a ressurreição, 487.
Mórmon, 260.
América, civilização antiga,
Arrependimento,105, 113 ; es-
469; antiga habitação, 262;
sencial à salvação, 108;
civilização pré-colombiana,
consta de três passos, 105,
470; habitação sucessiva,
108 ; um dom de Deus, 109;
263.
aqui e além desta vida, 110;
Americano nativo, de origem natureza do, 105 ; não é
asiática, 264 ; origem co- sempre possível, 110.
mum, 267 ; de origem israe-
lita, 264 ; vestígios da língua Árvore da ciência, do bem e
hebraica, 473 ; tradições, do mal, 65.
471; a língua escrita, 267 . Árvore da vida, no Éden, 67 .

500 REGRAS DE FÉ

Associação, de melhoramen- nificado e emprego da pala-


tos mútuos, 200 ; da pri- vra, 131, 444 ; modo por
mária, 200. imersão, 131, 132, 133, 147;
Associação ilegal dos sexos, natureza de, 116 ; pre-
401. paração para, 130, 442;
Ateísmo, e idolatria, 48 ; de- propósito, 117 ; rebatismo,
finição, 419 ; uma crença fa- 135 ; rebatismos registrados
tal, 422 ; ateísmo e imateria- nas Escrituras, 136 ; batis-
lismo, 422. mos repetidos, 137 ; reque-
rido de todos, 138 ; simbo-
Atributos de Deus, 46.
lismo, 132.
Aulas de religião, entre os
Batizar, emprego da palavra,
Santos dos Últimos Dias,
444.
200.
Benevolência, fundada em
Autenticidade, da Bíblia, 231;
amor, 390 ; obras da Igreja,
Novo Testamento, 228 ; do
391.
Livro de Mórmon, 248.
Bíblia Sagrada, aceitação
Autoridade divina, na dispen-
pela Igreja, 220 ; evidência
sação atual, 179 ; é dada por
arqueológica, 464 ; conside-
Deus, 451-2 ; no ministério,
ração geral, 231 ; apoiada
169, 182.
pelo Livro de Mórmon,
Autoridade secular, submissão 232 ; o nome, 221 ; Antigo
a, 373, 386. Testamento, 222 : Novo
Auxiliares da Igreja, 200. Testamento, 228, 462 ; ver-
Batismo, 116, 128, 131 ; entre sões, 231, 460.
os gregos, 445 ; entre os ne- Bispado, geral, 198 ; da ala,
fitas, 134 ; cristão antigo, 199.
445 ; essencial à salvação, Bispo, geral, 198 ; da ala,
123, 129 ; estabelecimento 199.
na terra, 117 ; primeiro nos
Caridade, e amor, 390, 494.
últimos dias, 134 ; candida-
tos dignos, 120 ; pelos mor- Casamento, 399 ; celestial,
tos, 138 ; de Cristo, 129 ; de 401 ; plural descontinuado,
crianças, 121-123, 438 ; sig- 493.

ÍNDICE REMISSIVO 501

Castigo pelo pecado, 61 ; dura- Cristãos, intolerância, 489.


ção, 62 ; "eterno" ou "sem Cristo, o Ungido, 483 ; , co-
fim", 62. nhecido como Pai e Filho,
Ceia do Senhor, veja 422 ; Jeová, 429 ; expiação
Sacramento. de, veja expiação ; um reve-
Civilização, antiga nas lador, 276 ; autor da nossa
Américas, 470 ; origem an- salvação, 436 ; Igreja de
tes de Colombo, 473. 330 ; ministério entre os
mortos, 139 ; ministério en-
Coligação de Israel, veja Israel. tre os mortos foi predito,
Confissão, é necessário para 141 ; reinado na terra, 323,
o perdão, 106. 329 ; ressurreição, 348 ; se-
Conhecimento, comparado gunda vinda, 324, 325;
com fé e crença, 94 . tempo da segunda vinda
não é conhecido ao ho-
Consagração e mordomia, 395,
mem ; 328„ Profecias no Li-
396.
vro de Mórmon a respeito
Conselho, sumo conselho re- da segunda vinda, 327 ; re-
sidente, 199 ; administrativo velação moderna do ad-
viajante, 198. vento futuro, 327.
Convênios, para eternidade, Cura, dom de, 210.
401.
Decadência de dons espirituais,
Corpo, ressurreição do, 344; devido a apostasia, 457;
santidade do, 403. Décimo -do Senhor, 496;
Credo, de Nicéia e de Ata-
Declaração de crença,
násio, 50.
concernentes a governos e
Crença, fé e conhecimento, leis, 383.
94 ; em Deus é necessária e Deus e a Trindade, 35 ; perso-
natural, 415-416.
nalidade de cada membro
Criações, espirituais, 453. da Trindade, 45.
Crianças, batismo é proi- Deus, atributos de, 46;
bido, 122 ; inocentes pe- crença é natural, 415, 416;
rante Deus, 86-87. crença é necessária, 416;
Crisóstomo, João 221, 460 . importância de uma

502 REGRAS DE FÉ

crença, 415 ; existência de, apostasia, 457 ; existem na


35 ; evidência da história e Igreja agora, 217 ; enumera-
tradição, 36 ; evidência do ção parcial, 208 ; imitações
raciocínio, 37 ; evidência da de, 216 ; manifestações mo-
revelação, 41 ; na natureza, dernas, 453 ; natureza dos,
418 ; personalidade, 45 ; é 204 ; vista sectárias dos,
um personagem, 52 ; um Ser 458.
de partes e paixões, 53 ; re- Éden, o jardim, 65, 433.
lação com o homem, 497. Egípcia, linguagem entre os
Dez ou Tribos Perdidas, 296; antigos habitantes das
peregrinação das, 478 ; res- Américas, 267.
tauração das, 309. Élder, ofício e organização
Dia de jejum, observância, do quorum, 195.
392 ; ofertas, 392. Elias, vinda predita por Ma-
Diáconos, ofícios e organiza-
laquias, 22, 26 ; vinda reafir-
ção do quorum, 194.
mada por Moroni, 22 ; con-
Dilúvio, data pela tradição feriu autoridade para o tra-
mexicana, 469 ; tradições balho vicário pelos mortos,
mexicanas a seu respeito, 26, 30, 143.
471.
Enoque, ordem de, 396 ; Sião
Dispersão de Israel, veja Israel. de, 315.
Dízimo, lei de, 393. Escola dos profetas, 457.
Dízimos, e ofertas, 409. Escolas, da Igreja, 200 ; do-
Dom de Deus, fé, 103 ; arre- minicais, 200.
pendimento, 109. Escritura, extraviada men-
Dons, de curar, 210 ; de pro- cionadas na Bíblia, 464.
fecia, 212 ; de revelação, Escrituras, sagradas, 234.
213 ; de línguas e interpreta-
Espírito Santo, atributos e
ção, 209 ; de visões e so-
operação, 160, 449 ; comu-
nhos, 211.
nicação do, 449 ; efeito no
Dons espirituais, 203 ; carac- indivíduo, 448 ; visitações
terísticas da Igreja, 203; excepcionais, 155 ; dom do,
217 ; decadência devido a veja dons espirituais ; invo-

ÍNDICE REMISSIVO 503

cado pela imposição das queda, 68, 76 ; confiança


mãos, 160, 448 ; um mem- nela é essencial à salvação,
bro da Trindade, 158 ; mi- 103 ; extensão da, 84 ; preor-
nistério depois do batismo, denada e predita, 80 ; efeito
159 ; maneira de conferir, geral, 86 ; de acordo com a
449 ; ofício, 153 ; personali- lei divina, 435 ; inaugurada
dade e poderes, 150; foi por Cristo„ 436 ; efeito indi-
prometido, 149 ; títulos usa- vidual, 87 ; natureza da, 76;
dos nas Escrituras, 46 ; a necessária„437 ; providência,
quem é concedido, 154. 68 ; um sacrifício vicário,
Estacas de Sião, 199 ; presi- 77 ; o sacrifício era volun-
dência de, 199. tário e ocasionado por
Estado intermediário, da alma, amor, 79.
paraíso, 487. Fairchild, Jantes H ., 465.
Éter, o livro de, 248 ; as pla- Falsos mestres, preditos, 175.
cas de, 243. Fé, regras de, 11, 15, 411.
Etnologia, e arqueologia em Fé, comparada com crença
apoio do Livro de Mór- e conhecimento, 94 ; uma
mon, 260. condição de, 102 ; essen-
Eva, tentação de, 66 ; sua cial à salvação, 103 ; funda-
alegria na promessa de re- mento de, 97 ; um dom de
denção, 69. Deus, 103 ; sem obras é in-
Evangelho, pregado aos mor- completa, 104 ; dogma de
tos, 139 ; ainda desconhe- justificação pela fé, 434;
cido para muitos, 139 ; a re- natureza cla, 94 ; um princí-
stauração, 414. pio de poder, 100 ; apoiada
Evangelistas, ou patriarcas, por evidência, 97 ; uso da
palavra, 438.
195.
Fenômeno natural, e sua rela-
Evidência externa, do Livro
de Mórmon, 260. ção ao livre-arbítrio do ho-
mem, 484.
Exaltação, e salvação, 89.
Filhos de perdição, 62, 369.
Expiação de Cristo, 75, 91;
Filhos e pais, mutuamente
uma conseqüência da

504 REGRAS DE FÉ

dependentes, 143, 446 ; ser- Deus, 497.


viço vicário da posteridade
em favor dos antepassados, Homens chamados de Deus,
169, exemplos nas
141.
Escrituras.
Forma de batismo, 131 ; veja
Idolatria, e ateísmo ; 48;
Batismo.
exemplos de atrocidades,
Glória, veja Graus de Glória. 420 ; prática em geral, 318.
Governo, da Igreja ; auxilia- Ignorância, pagã a respeito
res, 200 ; plano da Igreja da ressurreição, 486.
restaurada, Sacerdócio,192.
Igreja de Cristo, 330 ; nos últi-
mos dias, 23.
Governos, seculares, submis-
são aos, 373. Igreja da Inglaterra,
ensinamentos a respeito de
Graus, de glória, 89 ; celes-
Deus, 51.
tial, 366 ; teleste, 90, 367,
489 ; relações entre, 369. Igreja e reino, 330.
Gregos, batismo entre, 440. Igreja, apostasia da primi-
tiva, 188 ; a apostasia pre-
Guerra civil dos EUA, 90, 367;
dita, 191 ; antes do nasci-
predita por Josph Smith,
mento de Cristo, 201 ; nos
32.
primeiros e nos últimos dias,
187 ; seu plano de governo,
Hagiógrafos, 227. 192 ; regulada e continuada
Hebraica, linguagem entre por Cristo no continente
os aborígines americanos, ocidental, 202 ; restaura-
267, 473. ção, 192 ; a primitiva, 187,
Hebreus, 477 . 201 ; livros canônicos da,
História e tradição, em apoio 16, 411.
da existência de Deus, 36. Imaterialistas, e ateus, 420.
Homem, sua responsabili- Imersão, o modo de batizar,
dade, 58, 72, 365, livre-arbí- 131.
trio do, 55, 71 ; liberdade na Imitação, de dons espiri-
adoração, 357 ; relação com tuais, 216 .

ÍNDICE REMISSIVO 505

Imposição, das mãos, 156, coligação, 305, 311 ; foi pre-


171, 448. dita a coligação, 299 ; dois
Índios, americanos, os lama- lugares de ajuntamento,
nitas, 267. 313, 321 ; reino de, 288 ; sig-
Inocência, das crianças, 86. nificado da palavra, 287.
Jardim do Éden, 65, 432.
Inspiração, e revelação, 271,
474, 475. Jareditas, 241.
Insultos, a Paulo e Cristo, Jerusalém, história de, 317,
479. 481 ; a Nova, 316.
Interpretação das línguas, um João Batista, restaurou o sa-
dom, 209. cerdócio Aarônico, 29, 177.
Intolerância, religiosa, 359, Joseph Smith, visitas angéli-
364, 489, é contra as Escri- cas, 21 ; restauração da
turas, 361. Igreja, 414 ; autenticidade
de sua missão, 24 ; autori-
Ismael, um efraimita, 468.
dade recebida, 29 ;descen-
Israel, o povo do - convênio, dência familiar, 412 ; dou-
308, 480 ; dispersão de, 287, trinas ensinadas, 34 ; visão
478 ; predita a dispersão, do Pai e do Filho, 20 ; sua
289 ; profecias bíblicas da busca da verdade e o resul-
dispersão, 289 ; profecias do tado, 18 ; sua vida e traba-
Livro de Mórmon relacio- lho, um cumprimento de
nadas com a dispersão, 291, profecia, 25 ; um profeta
298 ; cumprimentos de pro- verdadeiro, 31, 413 ; perse-
fecias da dispersão, 294, guição de, 412 ; homena-
298 ; coligação, 299 ; a coli- gem a, 4111 ; martírio de, 23,
gação agora está se reali- 413.
zando, 306, 307, 479 ; profe -
Judá, o reino de, 288.
cias bíblicas da coligação,
300, 310 ; profecias do Livro Judeus, 468 ; o sacramento
de Mórmon sobre coliga- instituído entre os, 162.
ção, 303, 311 ; extensão e Julgamento„ 72.
propósito da coligação, Justificação, pela fé somente,
306 ; revelação moderna°da dogma, 438 .

506 REGRAS DE FÉ

Labão, e as placas de latão, parado com a Bíblia, 232,


243. 253 ; testemunhas do, 467;
Lamanitas, os índios ameri- correspondência 257 ; 468;
canos, 240, 262. natureza de suas profecias;
257 ; evidência nos desco-
Lei, livros do Velho Testa-
brimentos modernos, 260;
mento, 226.
descrição e origem, 236;
Leis da terra, submissão às, variedade de estilo nos li -
373, 387, 491, 492. vros, 257, 469 ; divisões,
Levítico, Sacerdócio, 193. 239 ; evidências exteriores,
Liahona, 15. 260 ; prova da veracidade,
Liberdade religiosa, e tolerân- 269; cumprimento de suas
cia, 357 ; intolerância, 359, profecias, 257 ; revelação
361, 364, 489 ; intolerância é moderna a seu respeito,
contra as Escrituras, 361. 271; as placas, 243 ; profe-
cias, a seu respeito, 254,;
Liberdadè, sob inspiração, "história Spaul-ding", 465,
474. testemunho das testemu-
Linguagem, dos antigos ame- nhas, 249, 250 ; testifica da
ricanos, 267, das placas do Bíblia, 232 ; testifica de si,
Livro de Mórmon, 268 ; ori- 270; teoria a seu respeito,
ginal do Velho Testamento, 465 ; a página-título, 238,
225. 465 ; tradução, 246.
Línguas, dom de, 209 ; inter-
pretação, 209. Livros canônicos, da Igreja,
16, 411.
Livre-Arbítrio, do homem,
55, 71 ; é um dom de Deus, Lúcifer, 57 ; veja Satanás.
431. Lutero, Martinho, sobre justi-
Livro de Mórmon, o livro, 236, ficação pela fé, 439.
252 ; concordância com a Maldição, da terra, 339.
Bíblia 253 ; autenticidade, Manifestações, milagrosas
248, 252 ; cumpre nos últimos dias, 460
profecias bíblicas, 254, 270, Manuscritos, do Novo Testa-
ordem e arranjo, 247 ; com- mento, 461 .

ÍNDICE REMISSIVO 507

Mãos, imposição nas orde- Moloc, adoração de, 420.


nanças,171, 448. Mordomia e consagração, 395,
Martinho Lutero, sobre justi- Mortos, batismo para, 138,
ficação pela fé, 439. 148 ; ministério de Cristo
Martírio, de Joseph Smith, entre, 139 ; o Evangelho
413. lhes será pregado, 141 ; obra
Melquisedeque, Sacerdócio, vicária para, 141, 144.
193 ; restauração do Sacer-
dócio 30, 177 ; veja Mórmon, Livro de, veja Li-
Sacerdócio. vro de Mórmon ; placas de
Mestre, ofício no Sacerdó- 243, seu resumo dos regis-
cio, 194. tros 244 ; epístola sobre ba-
tismo das crianças, 122.
Mestres, legítimos e falsos,
175. Moroni, o profeta nefita, ter-
minou o Livro de Mórmon,
Mil anos de paz, veja Milênio.
248 : suas visitas a Joseph
Milagre, aparente, 456. Smith, 21, 236 ; entregou a
Milagres, 260 ; um auxílio ao Joseph Smith as placas do
desenvolvimento espiritual, Livro de Mórmon, 237.
457 ; seu testemunho não é
infalível, 214 ; efetuado pelo Mortalidade, uma dádiva,
poder maligno, 215. 430.
Milênio, 333, 338, 483. Muleque, o povo de, 242.
Ministério, autoridade no Naturalidade, duma crença
169, 183 ; ordenança para em Deus, 415 - 416.
174. Natureza, Deus na 418 ; pro-
Missouri fundação de Sião vas de teísmo, 36.
em, 482 ; lugar para o tem- Néfi, placas de, 242.
plo, 482. Nefitas, 239 ; batismo entre,
Modo do batismo, 131 ; veja 134 ; sacramento instituído,
Batismo. .163 ; visitados por Jesus
Moisés, conferiu autoridade Cristo, 134.
a Joseph Smith, 30, 307 . Nicéia, credo de, 50 .

508 REGRAS DE -FÉ

Nova Jerusalém, 316. cio, 194.


Novo Testamento, 228 ; auten- Organização da Igreja, 187.
ticidade e origem, 228, 460;
Origem, e autenticidade do
classificação de, 231 ; có-
Novo Testamento, 228 ; e
pias manuscritas de, 461.
desenvolvimento do Velho
Obediência à lei, 373-387 ; en- Testamento, 222 ; do Livro
sinada pelas Escrituras, de Mórmon, algumas teo-
374 ; exemplos de Cristo e rias, 465.
os apóstolos, 375 ; ensina-
Pagão, sua ignorância da
mentos do Livro de Mór-
ressurreição, 486 ; terá
mon, 380 ; revelação mo-
parte na primeira ressurrei-
derna a seu respeito, 380;
ção, 487;
exemplo de 382 ; ensina-
mentos da Igreja, 383. Pagina-título, do Livro de
Mórmon, 238, 465.
Obras, e fé são inseparáveis,
104, 435. Pai e Filho, exposição de
doutrina, 422.
Obras-padrão, da Igreja, 16,
411. Pais e Filhos, mutuamente
dependentes, 143, 446.
Ofertas, de jejum, 392 ; vo-
luntárias, 392 ; e dízimos, Pais, os primeiros no Éden,
393, 408. 65 . Paraíso, 487 ; diferente
Onipresença, onisciência e dos céus, 140.
onipotência de Deus, 46, Páscoa, e o sacramento, 450.
47. Patriarca, sucessão no ofí-
Ordem social, dos Santos dos cio, 195.
Últimos Dias, 398. Patriarcas ou evangelistas, 195.
Ordem Unida, 395. Paz no milênio, 483, veja
Ordenação, nos dias dos Milênio
apóstolos, 183 ; para o mi- Pecado, 59 ; em ignorância,
nistério, 171 ; de Joseph 60 ; original, 433 ; perdão do
Smith e Oliver Cowdery, 105 ; natureza do, 432 ; cas-
176 ; na Igreja agora, 180. tigo para, 61 ; e o pecador,
Ordens e cargos, do Sacerdó- 436 ; imperdoável, 61 .

ÍNDICE REMISSIVO 509

Pedobatismo, veja Batismo exposição incompleta das


Pedro, Tiago e João, crenças, 15.
conferiram o Sacerdócio de Reinado de Cristo, na terra,
Melquisedeque a Joseph 223, 338.
Smith e Oliver Cowdery, Reino e Igreja, 330.
177. Reino, de Deus, 329 ; e
Pentateuco, 226 ; a cópia sa- Igreja de Cristo, 330 ; dos
maritana, 460. céus, 332 ; de Israel, 288 ; de
Perdão dos pecados, Judá, 288.
requisitos para, 106 ; não é Reino de Glória, veja Graus de
sempre imediato, 440. Glória.
Perdição, filhos da, 62, 369. Relação, entre deus e o ho-
Peregrinações, das dez tribos mem, 497.
perdidas, 478. Religião e Teologia, 15.
Perseguição, de Joseph Religião, prática, 388 ; na
Smith, 412. vida diária, 388 ; um as-
Personalidade, dos membros sunto pessoal, 408.
da Trindade, 45 ; do Remissão dos pecados, para
Espírito Santo, 150. obter 105.
Peshito, 225. Renovação, da terra, 339.
Razão, em apoio do teísmo, Ressurreição do corpo, 334,
37. 354 ; inaugurada, 348 ; duas
Rebatismo, 135 ; registrado ressurreições, 349 ; a pri-
nas Escrituras, 136. meira, 349 ; os pagãos na
Redenção, da queda é uni- primeira, 487 ; a final, 351;
versal e incondicional, 436; de Cristo 355 ; predita, 345;
veja Expiação de Cristo. na segunda vinda, 349 ; ig-
norância pagã a respeito,
Redentor, era necessário,
437. 486 ; no passado e no fu-
turo, 356 ; final, 351 .
Regeneração, da terra, 339,
354. Restauração, do Evangelho e
Regras de fé, origem, 15, 411 ; da Igreja, 192, 414 ; das tri-

510 REGRAS DE FÉ

bos perdidas, 309. Sacramento da Ceia do Senhor,


Revelação, 272 ; antiga, 274; 162, 168 ; alguns erros, 449;
contínua, 277 ; alegadas ob- simbolos usados, 166 ; parti-
jeções nas Escrituras de re- cipantes dignos, 163 ; insti-
velação contínua, 279; tuição entre os judeus, 162;
contínua é racional, 476 ; é entre os nefitas, 163 ; ma-
nova a falsa doutrina con- neira de administrar, 166;
tra revelação contínua, propósito, 165 ; sacramento
466 ; o meio de Deus para e páscoa, 450 ; emprego da
comunicação, 274, 285 ; re- palavra sacramento, 449.
velação e inspiração, 272, Sacrifícios druídicos, exemplo
475 ; em apoio do teísmo, de práticas idólatras, 419.
41 ; dom ; 213 ; nos últimos Saduceus, em oposição aos
dias, 282 ; é esperada no fu- fariseus, 486.
turo, 284. Salvação, em geral, 86, 93;
Revelador, Cristo era, 276; individual, 86, 87 ; e exalta-
apóstolos e profetas antigos ção, 89 ; fé é essencial, 103;
eram, 274, 276. arrependimento, 108;
Sábado, 405, 409. Cristo é o autor, 436.
Sacerdócio, Aarônico, 192; Santidade do corpo, 403.
restauração do, Aarônico, Santos dos últimos Dias,
29, 177 ; oficiais do Aarô- ordem social, 398
nico, 194 ; organização lo- Satanás, ou Lúcifer, 57, 63,
cal, 199 ; Levítico, 193 ; de 72, 334, 335.
Melquisedeque, 193 ; orga-
nização do quorum, 196; Septuaginta, 225
ordens e cargos, 192 ; res- Setenta, ofício e organização
tauração à terra, 192 ; de- do quorum, 195 ; quorum
veres especiais, 194 ; go- administrativo, 198.
verno do, 455. Sexos, associação ilegal,
Sacerdotes, ofício e quoruns, 402.
194 ; veja também Sumos Sião, 313 ;,o nome, 314 ; fun-
Sacerdotes . dação em Missouri, 482 ;

ÍNDICE REMISSIVO 511

Sião de Enoque, 315 ; Nova de Mórmon, 465.


Jerusalém, 316. Terra, antes durante e após
Smith, Joseph, veja Joseph o milênio, 483 ; regenera-
Smith. ção, 339, 354 ; sob um aná-
Sociedade de socorro, 200. tema, 339.
Sonhos e visões, 211. Terrestre, veja Graus de
Submissão, à autoridade se- Glória.
cular, 373-386, 491, 492, Testemunhas, do Livro de
493. Mórmon, as três, 249 ; as
Sucessão, no ofício patriar- oito, 250 ; dados sobre, 467.
cal . 196. Testemunho de milagres, não é
Sumo conselho, residente infalível, 214.
199 ; viajante ou quorum, Tolerância, religiosa, 357,
dos Doze Apóstolos, 197. 489 ; não significa aceita-
ção, 364.
Sumos Sacerdotes, ofício e or- Tribos perdidas, as dez, 296;
ganização do quorum, 195; suas peregrinações, 478;
presidindo, 197. restauração de, 309, 311.
Teísmo, modificações defi- Tradição e história, em apoio
nidas, 418. do teísmo, 36.
Teleste, veja Graus de Glória. Tradições, entre os aborígi-
Templo, lugar, indicado em nes americanos, confir-
Missouri, 482. mando o Livro de Mór-
Templos, antigos e moder- mon, 246.
nos 145, 146 ; e lugares sa- Transgressão, e a queda, 55.
grados, 447. Trindade, unidade de cada
Tempo da vinda de Cristo, é membro, 45 ; três Seres dis-
desconhecido, 328. tintos, 44, 54 ; unidade, 44;
Teologia, 13 ; extensão de, vista sectária, 50.
14 ; importância do estudo
14 ; e religião, 15. Ungido, (Cristo), 483.
Teoria, da Origem do Livro Urim e Tumiim, 247 .

512 REGRAS DE FÉ

Velho Testamento, 222 ; sua Versões, do Velho Testa-


origem e desenvolvimento, mento, 222 ; da Bíblia, 225, f
232 ; linguagem original, 231, 464.
225 ; compilação atual, 226; Vicário, natureza da Expia-
livros históricos, 227 ; Pen- ção, 77 ; serviço dos vivos
tateuco, 226 ; 464 ; livros pelos mortos, 141.
poéticos, 227 ; livros profé- Vida, árvore da, no jardim
ticos, 227 ; Septuaginta, e do Éden, 67.
Peshito, 225 ; apócrifos,
Visões e sonhos, 211.
227.
Zenos, um profeta antigo
Versão, dos Setenta, 454 .
477 .

Impressão e acabamento Gráfica Editora Hamburg Ltda .


Roberto Gonèalvêè Olmeiro

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