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Instituto Politécnico de Beja Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Nível de Saúde Mental e Depressão no Envelhecimento


Alexandra Silvestre (Instituto Politécnico de Beja)

Ana Teresa Roberto (Instituto Politécnico de Beja)

Joana Pereira Camacho (Instituto Politécnico de Beja)

Beja, Junho de 2015

RESUMO

Sabe-se que o processo de envelhecimento pressupõe alterações a nível


físico, psicológico e social. Desta forma, promover a saúde mental do idoso
torna-se num dos desafios mais importantes da sociedade e de quem cuida do
idoso. Numa sociedade cada vez mais envelhecida e marcada pela atual
conjuntura, surge um fenómeno: a depressão na terceira idade. A depressão
caracteriza-se por um transtorno afetivo, pautado pela falta de controlo sobre o
próprio estado emocional. Manifesta-se pelo humor deprimido e a diminuição
do interesse/prazer nas atividades. Pode também vir associado a este
transtorno, a perda ou aumento de apetite, insónias ou hipersónias,
sentimentos de inutilidade, de culpa e relacionados com a morte. A depressão
na terceira idade pode estar efetivamente relacionada com o avanço da idade,
com a situação de perdas continuadas, a falta de suporte familiar, a perda do
status ocupacional e profissional, bem como a insuficiência económica. Deste
modo, promover a saúde mental no idoso pode suprimir ou diminuir sintomas
depressivos no idoso.
O presente estudo exploratório consiste numa investigação que tem como
objetivo avaliar a saúde mental e o bem-estar do idoso, relacionando-os com a
escala de depressão geriátrica. Desta forma, foram entrevistados seis
participantes, escolhidos aleatoriamente, sendo que três são do sexo feminino
e três são do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 70 e os 87
anos de idade.
Como instrumentos de avaliação foram utilizados a entrevista semi-estruturada
sobre Saúde Mental e Bem-Estar em Gerontes (adaptado por Faria et. al.,
2012); o Inventário de Saúde Mental (adaptado por Ribeiro 2001); e a Escala
de Depressão Geriátrica (Yesavage, 1983). Desta forma, com este estudo
pretendeu-se avaliar o nível de saúde mental e bem-estar dos idosos
participantes com a escala de depressão geriátrica, compreendendo de que
forma os interesses, as atividades e o estado de consciência podem influenciar
a saúde mental do idoso e a escala de depressão do mesmo.

Palavras-Chave: Idoso – Envelhecimento – Saúde Mental – Bem-Estar –


Depressão

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Introdução

Saúde Mental e Envelhecimento

A questão do envelhecimento tem, ao longo dos anos, ganho visibilidade na


sociedade devido às características que envolvem a população idosa. Este
ênfase deve-se as transformações demográficas que tornaram a população
idosa mais propensa a doenças que podem conduzir a uma incapacidade
funcional, sendo esta um desafio para a saúde pública no que respeita ás
doenças crónicas resultantes deste processo (Resende et. al., 2011, p.32,
citando Papalio Netto, 2006 e Ramos, 2003)

Zimerman refere que aquando do processo de envelhecimento, o ser humano


manifesta mudanças psicológicas resultantes da sua dificuldade em adaptar-se
aos novos papéis a desempenhar, sendo estas, a falta de motivação, a baixa
auto-estima, perdas orgânicas e afetivas, suicídios, paranóias, hipocondria e
depressão. (cf. Zimerman, 2000:25-26)

São exemplos de doença causadora de incapacidade funcional, os transtornos


mentais, sendo que estes representam, segundo os dados sobre a “Saúde no
Mundo de 2011”, 8% das doenças, afetando mais de 450 milhões de pessoas e
representando 12,3% das causas de doença e incapacidade a nível mundial.
(Resende et. al., 2011, p.32, citando Maia et. al., 2004 e Zanetti et. al., 2005)

No caso da população idosa, o transtorno depressivo é aquele que se denota


mais, afetando entre 4,8% e 14,6% idosos que vivem integrados numa
comunidades, e 22% idosos que vivem institucionalizados. (Resende et. al.,
2011, p.32, citando Frank et. al., 2006)

Para corroborar esta ideia Andrade refere que a perturbação mental mais
significativa na população idosa remete para o transtorno depressivo,
constituindo-se assim como uma das causas mais pungentes na afetação do
declínio da funcionalidade, que por vezes pode até conduzir à dependência
funcional total. (Cf. Andrade et. al., 2010, p.130)

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Este transtorno está associado ao avançar da idade, sendo conhecido como


depressão evolutiva, e manifesta-se acentuadamente a partir dos 65 anos,
relacionando-se não só com fatores fisiológicos, mas também com fatores
psicológicos e culturais, devendo ter-se em consideração aspetos associados à
experiência de vida, tais como: perda de familiares e amigos; perda do estatuto
de respeito; doenças e problemas financeiros associados ao estatuto de
reformado; o facto de as sociedades ocidentais despojarem o idoso de
importância. (Resende et. al., 2011, p. 33)

Na população idosa a depressão manifesta-se pela diminuição da resposta


emocional, a que o autor dá o nome de “erosão afetiva”, e consequentemente
de outros fatores, tais como: diminuições do sono; perda de satisfação retirada
das atividades habituais; o pensamento constante sobre o passado e a perda
de energia; distúrbios vegetativos; alterações da psicomotricidade; diminuição
da autoestima; dificuldades cognitivas; sentimentos de desespero ou culpa;
pensamentos na morte; ruminação suicida; alterações de apetite; obstipação;
diminuição do apetite sexual, e retardo psicomotor. (Resende et. al., 2011,
p.33, citando Gazalle et. al., 2004)

Sendo ainda a família um importante suporte, enquanto rede de apoio informal


é importante que esta entenda a doença mental como princípio fundamental da
reabilitação do doente. Quando a família não entende a doença mental na sua
verdadeira ascensão, surgem fatores como a instabilidade afetiva, que leva a
que a família entenda a doença mental como crónica e incurável dificultando o
entendimento dos sintomas e as mudanças comportamentais que dai advém.
(Cf. Almeida et. al., 2011, p.41-42)

A questão da saúde mental, no caso português, representa uma das lacunas


no acesso aos cuidados de saúde, pois, o estigma, a falta de recursos
estruturais, a pouca importância atribuída pela política, o baixo orçamento, a
má organização dos serviços de psiquiatria, dificultam o acesso a cuidados
médicos no que respeita á depressão e a outras patologias agregadas á saúde
mental. Este facto faz com que exista uma lacuna entre o número de pessoas
que têm a necessidade de tratamento e as pessoas que o recebem. (Cf.
Direção Geral de Saúde, 2013, p. 6)

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“De acordo com a literatura, a depressão é comum na terceira idade e, no


entanto, contrariando a opinião popular, não faz parte do processo natural
do envelhecimento. Na maioria das vezes a depressão é subdiagnosticada
e subtratada.” (Leal et. al., 2014, p. 209)

O suicídio pode ser uma das consequências mais gravosas do percurso de um


idoso que sofre de depressão, sendo que, no caso português, o maior número
de suicídios levados a cabo por idosos ocorrem, sobretudo na região do
Alentejo, pois é esta a região mais envelhecida do país, não obstante da forte
taxa de perturbação mental na velhice, com destaque para a depressão. (Cf.
Almeida e Quintão, 2012, p.351)

Envelhecimento e Depressão

O processo do envelhecimento é pautado por alterações ao nível psicológico,


social, biológico, emocional e físico. Na fase de envelhecimento, existe uma
assimilação mais lenta de conhecimento, sendo que se reflete de forma
significativa na formação de memória de curto prazo, apesar de se manter
conservada na memória de longo prazo. No que diz respeito à inteligência, não
se pode afirmar que exista um declínio desta com o avanço da idade, ocorre
sim, uma junção de fatores relacionados com o stress do idoso (fadiga mental,
desinteresse, diminuição da atenção e concentração), sendo que estes fatores
estão geralmente associados ao declínio da inteligência. (Garcia, et. al.,
2006:114)

Um aspeto inteiramente relevante, que ocorre com a idade avançada é a


diminuição do número de horas de sono requeridas, diminuição de 50% do
sono do tipo REM (diretamente relacionado aos períodos de sonhos de um
indivíduo), maior dificuldade em acordar e maior dificuldade em adormecer
(Garcia, 2006, citando Braver e Brach, 2002 e Ruiperez e Llorente, 1998:114)

A depressão consiste num transtorno afetivo, sendo algo muito mais grave e
que se caracteriza pela falta de controlo sobre o seu próprio estado a nível
emocional. Este mesmo transtorno evidencia humor deprimido e diminuição do
interesse/prazer em todas as atividades. Pode ocorrer igualmente perda ou
aumento do apetite, insónia ou hipersónia, sentimento de inutilidade, culpa e
relacionado com a morte. (Garcia, et. al., 2006:115)

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De acordo com Rivero (2009), a depressão clínica é uma doença bem definida
do ponto de vista médico, em que os sintomas são intensos, prolongados no
tempo e interferem nas atividades diárias dos indivíduos. (Kandhelwal, 2001,
citado por Rivero, 2009)

A depressão, não é apenas uma tristeza passageira, referente a uma


adversidade da vida. A pessoa deprimida apresenta uma tristeza profunda e
duradoura, que é acompanhada de desânimo, apatia, desinteresse,
impossibilidade de desfrutar dos prazeres da vida. O idoso apresenta
dificuldade em adormecer, não tem apetite, variavelmente existem queixas de
fadiga, dores nas costas ou na cabeça. Persistem os pensamentos negativos,
como a culpa, inutilidade, desespero, e ideias de suicido em situações
extremas. (Neto, 2010)

Ao falar de depressão em idosos, é importante diferenciar aqueles idosos que


foram diagnosticados com a perturbação pela primeira vez enquanto jovens ou
jovens adultos, e aqueles que desenvolveram a mesma já na idade adulta ou
enquanto adultos, uma vez que não só os fatores de risco e prognóstico são
distintos entre estes dois grupos, como também a apresentação e o perfil de
sintomas pode variar consideravelmente, interferindo com a identificação do
quadro clínico e consequente diagnóstico. (Fonseca, 2014, citando, Fiske, et.
al., 2009:267)

Alguns dos fatores de risco estão presentes ao longo da vida e são comuns a
todas as faixas etárias, enquanto outros são específicos, ou pelo menos mais
comuns, em idosos. (Fonseca, 2014, 267)

Muitas vezes, a depressão na terceira idade vem acompanhada de perdas


cognitivas, sendo nestes casos denominada de pseudodemência depressiva, o
que dificulta o diagnóstico diferencial entre depressão e demência. Muitos
sintomas depressivos, como a desmotivação, apatia, dificuldades de
concentração, discurso e psicomotricidade mais lentos são também sintomas
de quadros demenciais. (Vaz, sd)

Os autores referem que o termo pseudodemência depressiva, pode de uma


forma errada supor que os défices encontrados serão reversíveis com o

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tratamento adequado relativamente à depressão, podendo não ser regra geral.


A maioria dos doentes diagnosticados como deprimidos (pseudodementes),
apresentaram, depois de algum tempo, sinais verdadeiros de demência, apesar
da melhoria inicial com o uso de antidepressivos. (Garcia, et. al., 2006:118)

A designação pseudodemência depressiva corresponde a uma condição em


que a síndrome demencial é desencadeada por um transtorno psiquiátrico
funcional, geralmente depressivo. Nesses casos, o início do quadro é menos
insidioso do que nas demências primárias, e o paciente apresenta, além da
disfunção cognitiva, outros sintomas pertinentes à síndrome depressiva.
Embora, as manifestações demenciais possam regredir com o tratamento a
antidepressivo, os quadros de demência têm sido considerados por alguns
autores como manifestações prodrómicas da síndrome demencial. (Forlenza,
et. al., 2000)

A pseudodemência é um quadro demencial, que se confunde muitas vezes


com a depressão, uma vez que em diversos casos, apresenta sintomas muito
idênticos à da depressão, o que leva muitas vezes ao diagnóstico tardio desta
patologia.

Para intervir na depressão, é necessário optar por um modelo de intervenção


que tenha como base toda a informação disponível sobre o idoso, de forma a
incluir os problemas experimentados pelo mesmo e as expetativas que tem em
relação à terapia, debilidades físicas, eventos da significativos, e recursos
pessoais e comunitários. (Karel & Hinrichsen, 2000, citados por Fonseca,
2006:278)

A depressão deve ter uma intervenção adequada, de forma a reverte-la, ou a


minimizar o progresso da mesma. Neste sentido é necessária a existência de
um tratamento psicossocial tendo em conta todas as patologias que envolvem
o idoso.

Deste modo, o apoio e amparo familiar numa situação de depressão é


essencial, pois permite ao idoso perceber que os familiares o apoiam e estão
do seu lado, mas também proporciona ao idoso uma maior tranquilidade e
bem-estar, melhorando consideravelmente a sua condição de saúde.

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Sentimentos de Solidão e Depressão no Envelhecimento

A maioria dos idosos resiste à ideia de deixar a sua casa, mesmo face a uma
realidade de declínio físico e incapacidade para viver de forma independente,
sendo sentida como uma perda de identidade. É o seu espaço que fica para
trás (Barroso & Tapadinhas, 2006, citando King & Jonhson, in Hill, Thorn,
Bowling & Morrison, 2002). Por isso, quando se procura avaliar os sentimentos
de solidão experenciados pelos idosos constata-se que os valores encontrados
permitem concluir que os sentimentos de solidão variam significativamente em
função do contexto habitacional do idoso, daí os idosos institucionalizados
apresentarem maiores níveis de solidão. Os idosos, assim como qualquer
pessoa “suportam” com mais facilidade as condições de vida próprias do
envelhecimento quando têm junto de si, pessoas afetivamente significativas.

No estudo exploratório de Barroso & Tapadinhas (2006) foi possível constatar-


se que nos idosos os distúrbios psíquicos de maior incidência são as
síndromes depressivas e demenciais (Barroso & Tapadinhas, 2006, citando
Carvalho & Fernandez, in Netto, 2002). Também na análise dos níveis de
depressão mencionados pelos idosos, são os institucionalizados quem
apresentou níveis de depressão superiores. Daqui pode concluir-se que
também a depressão varia em função do contexto habitacional do idoso. Neste
caso a depressão dos idosos institucionalizados poderá ser uma consequência
das elevadas taxas de solidão sentidas nesta amostra. (Cf Barroso &
Tapadinhas, 2006)

Como refere Murphy (1982), citado por Barroso & Tapadinhas (2006), o “estado
civil sugere que a pessoa partilha, ou não, a sua vida com um companheiro, as
pessoas que mantêm intimidade com um “confidente” serão, em regra, capazes
de suportar melhor as privações a que estão sujeitas, durante o
envelhecimento”. Daí que, segundo o estudo, os solteiros e divorciados
assumam níveis mais elevados de solidão do que os casados.

Na perspectiva das autoras (2006), citando Solomon e Davis (1995, citado por
Fernandes 2002) as perdas suscitam nas pessoas idosas depressão,
ansiedade, reações psicossomáticas, afastamento e descompromisso. O facto
de se viver sozinho aumenta a prevalência de solidão na população idosa

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(Svikko, Tilvis, Strandberg & Pitkala, 2005, citados por Barroso & Tapadinhas,
2006)

No que diz respeito aos sentimentos de solidão em concreto, Botelho (2001,


citado por Barroso & Tapadinhas, 2006) afirma que a perda de familiares ou do
seu afeto proporciona maiores níveis de isolamento e solidão. Também a
existência de amigos proporciona um elevado conforto social. A escolha dos
amigos, a integração numa rede de apoio e a socialização são medidas válidas
para controlar o ambiente e manter um ótimo estado de saúde (Berger, 1995,
citado por Barroso & Tapadinhas, 2006). Para os investigadores (Giles, Glonek,
Luszcz & Andrews, 2005, citados por Barroso & Tapadinhas, 2006), os amigos
estimulam os idosos a tomarem conta da sua saúde, atenuando sentimentos
de depressão e ansiedade nos momentos difíceis.

Posto isto, resta salientar que “Depressão Geriátrica” é um conceito ainda


pouco reconhecido.

“Ocorre frequentemente na presença de condições médicas gerais ou


doenças neurológicas, cujas manifestações são similares a sintomas
depressivos (por exemplo, falta de energia, fadiga, cansaço, diminuição da
libido). Os idosos ainda obscurecem o diagnóstico quando não evidenciam
o sintoma de humor deprimido ou tristeza e enfatizam irritabilidade,
ansiedade, dificuldades cognitivas e sintomas somáticos” (Ramos & Neto,
2005 citados por Barroso & Tapadinhas, 2006)

É, portanto, necessário, estar-se atento a antecedentes familiares ou pessoais


de depressão. No estudo dos autores refere-se a existência de sintomas
depressivos anteriores aos 65 anos, sendo que os mesmos registaram
diferenças estatisticamente significativas na sintomatologia depressiva após os
65 anos. Os resultados permitem predizer que os idosos com historial
depressivo anterior aos 65 anos podem apresentar maior propensão a contrair
sintomatologia depressiva na terceira idade, o que é reconhecido como um
factor de risco para depressões reincidentes. (Cf. Barroso & Tapadinhas, 2006)

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Método

 Participantes

O estudo foi realizado com seis idosos, sendo que três são do sexo feminino e
três do sexo masculino. Da amostra escolhida aleatoriamente, as três idosas
do sexo feminino não se encontram institucionalizadas e os três idosos do sexo
masculino encontram-se institucionalizados. A idade dos entrevistados varia
entre os 70 e os 87 anos, sendo que 33.3% são viúvos; 16,7% são solteiros; e
50% são casados. No que respeita à escolaridade é possível constatar-se que
quatro entrevistados completaram o 4º ano e dois não estudaram, tal como é
possível verificar-se através do quadro 1.

Caracterização dos Entrevistados (E)


Código Sexo Idade Estado Naturalidade Escolaridade Residência
Civil
E1 Feminino 70 Viúva Aljustrel 4º Ano Aljustrel
E2 Feminino 72 Casada Aljustrel 4º Ano Aljustrel
E3 Masculino 71 Solteiro Trindade 4º Ano Lar Nobre
Freire, Beja
E4 Feminino 82 Casada Coruche Não estudou Torrão
E5 Masculino 87 Casado Veiros Não estudou Lar do
Torrão
E6 Masculino 72 Solteiro Beja 4ª Ano Lar Nobre
Freire, Beja
Quadro 1 - Caracterização dos Entrevistados

 Instrumentos
Foram utilizados para este estudo três instrumentos de recolha de dados:

a) Inventário de Saúde Mental (Adaptação do Mental Health Inventory


MHI): Questionário de auto-resposta que inclui 38 itens, de outros
questionários já existentes. Os 38 itens distribuem-se por cinco escalas
(ansiedade, depressão, perda de controlo emocional/comportamental,
afeto positivo e laços emocionais. Estas 5 sub-escalas agrupam-se em
duas grandes subdimensões que medem respectivamente o Distress
Psicológico e o Bem-Estar Psicológico. A resposta a cada item é dada

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numa escala ordinal de 5 ou 6 posições. A nota total resulta da soma


dos valores brutos dos itens que compõem cada escala referida acima.
Parte dos itens são cotados de forma invertida, sendo que os valores
mais elevados correspondem a melhor saúde mental.
b) Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage: Foi utilizada para avaliar
o nível de depressão dos entrevistados. Este instrumento é uma escala
única e criada especificamente para a população idosa. A mesma
compreende quinze questões sobre sentimentos e comportamentos, que
decorreram na última semana dos idosos. As respostas são dicotómicas
(sim/não). É um teste que detecta a existência de sintomas depressivos
no idoso, onde o resultado de 5 ou mais pontos aponta para possível
depressão, sendo que o resultado igual ou maior que 11 indica
depressão grave.
c) Teste de avaliação Neuropsicológica – Entrevista Semiestruturada sobre
Saúde Mental e Bem-Estar em Gerontes: Este teste tem o objetivo de
recolher informação sobre a saúde mental e o bem-estar do idoso.
Permite realizar uma anamnese aprofundada para obter informação
acerca dos dados sociodemográficos e recolher informação sobre dados
relativos ao historial de saúde e dificuldades funcionais do sujeito, ao
apoio social, à atividade, ao estado de saúde mental e à percepção de
envelhecimento.

 Procedimentos
Numa primeira fase, foi escolhida a instituição onde se iria incidir o estudo, bem
como quais os idosos a estudar a nível institucional e não institucional. Foi
explicado aos participantes o propósito da investigação, tendo sido necessário
obter o devido consentimento de cada um deles, bem como da instituição
escolhida. Neste sentido, foram aplicados três testes, nomeadamente, a escala
de Depressão Geriátrica, o Inventário de Saúde Mental e a Entrevista
Semiestruturada sobre Saúde Mental e Bem-Estar, em gerontes. Foi solicitado
aos participantes que respondessem com o máximo de sinceridade, tendo lhes
sido garantido o anonimato, bem como a confidencialidade em todas as
respostas. Foi marcado de acordo com a disponibilidade dos entrevistados, um
dia para serem aplicados os testes. No que diz respeito aos idosos
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institucionalizados, ficou acordado com a Diretora Técnica da instituição qual o


dia e a hora em que poderiam ser aplicados os instrumentos aos idosos. Todos
os instrumentos foram aplicados no mesmo dia, sendo que foi efetuado um
intervalo entre ambos, para os idosos poderem descansar e descontrair.

 Tratamento de Dados

No que concerne, à Escala da Depressão Geriátrica, os dados foram tratados e


submetidos com o auxilio do SPSS (STATISTICAL PACKAGE FOR SOCIAL
SCIENCE; para o inventário de Saúde Mental, foi utilizado o programa Excel
para a obtenção dos resultados finais de cada questionário, bem como do seu
total; e em relação à análise das entrevistas, foi utilizada a análise de conteúdo
para analisar de forma sucinta e pormenorizada cada entrevista individual,
sendo depois analisadas as seis entrevistas num contexto geral.

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Apresentação e Discussão dos Resultados da Entrevista

A análise de conteúdo realizada teve como objetivo recolher informação


referente aos idosos que foram alvo desta entrevista. Tal como exposto nos
quadros 2, 3, 4 e 5 é possível verificar-se alguns dados relativos ao estado de
consciência, às principais queixas de cada entrevistado, ao apoio social e às
atividades de lazer.

Quadro 2- Análise da Dimensão "Estado de Consciência"

Dimensão – Estado de Consciência

Subdimensão Unidades de Registo


Tem noção de factos referentes ao passado.
Orientação E1,E2,E3,E4,E6
Não tem noção de datas, nem de acontecimentos
históricos. E5

Respondeu de forma adequada às questões, sem


Nível Pré – Mórbido hesitar. E1,E2,E3,E4,E5,E6

Sente-se bem. E1,E2,E3,E4,E5,E6


Encontra-se no lar. E3, E5,E6.
Revela que sabe o tempo em que se encontra
institucionalizado. E3, E5,E6
Sabe o nome do seu médico assistente.
Atitude do paciente E1,E2,E3,E4,E5,E6
face à sua situação Tem noção de quem é a pessoa que o entrevista.
E1,E2,E3,E5,E6
Tem um fácil descontrolo emocional. E1,E2,E3,E6
Não se descontrola com facilidade. E4,E5
Revela facilidade em desempenhar as suas atividades
diárias, E1,E2,E3,E4,E5,E6
Tem uma boa relação a nível familiar. E1,E2,E3,E4
Refere que tem uma relação instável ao nível familiar.
E5,E6

Na dimensão “Estado de Consciência”, da entrevista semiestruturada sobre


Saúde Mental e Bem-Estar, foram esmiuçadas 3 subdimensões, “orientação”,
“nível pré mórbido” e “atitude do paciente face à sua situação”

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No que diz respeito ao nível de orientação dos idosos, a maioria tem noção dos
factos referentes ao passado, tendo facilidade em se situar no tempo e no
espaço, bem como de decifrar datas e acontecimentos históricos (E1,E2,E3
,E5,E6), sendo que o sénior E4, não tem qualquer noção de datas nem de
acontecimento históricos.

Em relação à subdimensão “nível pré mórbido”, todos os intervenientes


responderam adequadamente às questões, sem hesitação, revelando uma boa
memória relativamente à sua vida e ao seu passado e presente
(E1,E2,E3,E4,E5,E6).

Na subdimensão referente à “atitude do paciente face à sua situação”, todos os


entrevistados revelaram que se encontravam bem, aquando da entrevista
(E1,E2,E3,E4,E5,E6). Todos os idosos revelam que sabem o nome do seu
médico de família, o que mostra a preocupação que têm relativamente à sua
saúde e o interesse que têm na pessoa que os assiste. No tópico da
ansiedade, alguns idosos referem que se descontrolam com facilidade
(E1,E2,E3,E6), sendo que apenas dois referem que não têm por hábito se
descontrolar (E4,E5). Os idosos entrevistados, referem que têm todos,
facilidade em desempenhar as suas tarefas diárias, não tendo observado ainda
nenhum obstáculo à execução das mesmas (E1,E2,E3,E4,E5,E6). No que diz
respeito às suas relações familiares, 4 dos 6 entrevistados, revelam que têm
uma boa relação familiar (E1,E2,E3,E4), sendo que os seniores (E5,E6),
realçam que têm uma relação instável a nível familiar. Estes dois idosos,
encontram-se institucionalizados, sendo que esse é um dos principais fatores
para a existência de uma instabilidade ao nível familiar.

Quadro 3 - Análise da Dimensão "Principais queixas do paciente"

Dimensão – Principais queixas do paciente

Subdimensão Unidades de Registo


Sente-se bem. E1, E3,E4,E5,E6
Sente-se ansiosa. E2
Queixas subjetivas e Queixa-se dos rins. E4
espontâneas Tem queixas referentes ao sistema cardíaco e
respiratório. E5
Refere que se sente por vezes ansioso(a).

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E1,E2,E3,E4,E5,E6
Descansa bem. E1,E3,E4,E6
Tem dificuldade em descansar.E2, E5
Tem cuidado com a sua imagem pessoal.
E1,E2,E3,E4,E5,E6
Revela que toma banho todos os dias. E1,E2
Toma banho uma vez por semana. E4,E6
Toma banho três vezes por semana. E3
Toma banho quatro vezes por semana. E5
Não tem alterações no seu comportamento sexual.
E2,E5
Não tem vida sexual ativa. E1,E3,E4,E6
Não tem dores de cabeça. E1,E2,E3,E5.
Tem algumas dores de cabeça. E4,E5
Refere que tem tido perdas de visão.
E1,E2,E3,E4,E5,E6
Há 10 anos que tem vindo a perder a visão. E1
Deu-se conta da perda de visão aos 50 anos. E2
Começou a perder a visão no ano de 1968. E3
Notou que a visão lhe começou a faltar à cerca de 3
anos. E6
Há muito tempo, que nota que vai perdendo a visão.
E4,E5
Tem dificuldades de audicação.E1,E2,E3,E6
Não nota dificuldades ao nível da audição. E4,E5
Acredita ter perdido a capacidade de iniciativa.
E1,E2,E3,E5,E6
Sente que ainda tem capacidade de iniciativa.E4
Refere que se sente mais cansado do que o
habitual.E2,E3,E4,E5,E6
Queixas generalizadas Não nota um maior cansaço. E1
Nota que lhe vai faltando a memória. E1,E2,E3,E5,E6
Revela que não tem ainda dificuldades de memória.E4
Dificuldade em memorizar nomes, datas e
acontecimentos recentes. E1,E2,E3,E5,E6
Não se esquece do que lê.E2,E6
Relata que se esquece do que lê com regularidade.
E1,E3,
Revela que não sabe ler.E4,E5
Tem dificuldades em escrever, por causa da vista. E6
Não nota dificuldades em escrever. E1,E2,E3
Não sabe escrever. E4,E5
Não se esquece das coisas que se propõe a
faze.E2,E4,E6
Tem dificuldade em se lembrar das coisas que se
propõe a fazer. E1,E3,E5

Não tem tido nenhum episódio de desmaio.


Queixas sobre os E1,E2,E3,E4,E5,E6
sintomas específicos e Nunca lhe pareceu ver coisas estranhas.

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episódicos E1,E2,E3,E4,E5
Tem visionado coisas estranhas. E6
Nunca lhe pareceu estar a ouvir coisas.
E1,E2,E3,E4,E5,E6
Revela que as musicas que ouve se transformam em
ruídos. E6
Refere que tem percecionado sabores ou odores
especiais. E3
Considera que tem percecionado sensações no seu
corpo. E2,E4,E6
Nota as mãos cada vez mais deformadas. E2
Considera que a sua coluna tem sofrido alterações.
E4
Sente que os seus sintomas a nível visual, auditivo e
Queixas sobre motor pioraram. E1,E2,E3,E4,E5,E6
sintomas constantes e
de evolução
progressiva

Não tem dificuldade em orientar-se.E1,E3,E4


Nota uma maior dificuldade ao nível da orientação.
Queixas sobre E2,E5,E6
transtornos nas Não tem dificuldade para se vestir e ou
funções complexas despir.E1,E2,E3,E4,E6
Tem dificuldade em se vestir e ou despir.E4,E5
Não revela dificuldade em ler ou escrever.
E1,E2,E3,E6
Não sabe ler, nem escrever. E4,E5

Em relação à dimensão “Principais queixas do paciente”, esta encontra-se


subdividida por 5 subdimensões, nomeadamente, “queixas subjetivas e
espontâneas”, “queixas generalizadas”, “queixas sobre os sintomas específicos
e episódicos”, “queixas sobre sintomas constantes e de evolução progressiva”
e “queixas sobre transtornos nas funções complexas”.

Na subdimensão de “queixas subjetivas e espontâneas”, os entrevistados na


sua maioria revelaram que se sentiam bem quando forma entrevistados
(E1,E3,E4,E5,E6), à exceção de um relato de ansiedade do idoso E2. As
queixas dos idosos, maioritariamente estão ligadas a problemas de rins (E4) e
o sistema cardíaco e respiratório (E4,E5). Todos os idosos referem que por
vezes se sentem ansiosos (E1,E2,E3,E4,E5,E6). Os entrevistados (E2,E5),
revelam dificuldades em descansar, enquanto os restantes não sentem
qualquer dificuldade ou distúrbios referentes ao descanso (E1,E3,E4,E6).

15
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Relativamente à imagem, todos os entrevistados revelaram que têm cuidado


com a sua imagem, mostrando que apesar da idade avançada, estes séniores
ainda mantêm a sua autoestima ativa (E1,E2,E3,E4,E5,E6).

Na subdimensão referente às “queixas generalizadas”, a maioria dos idosos


sente que não tem dores de cabeça regularmente (E1,E2,E3,E5), sendo que
apenas dois idosos referem que têm dores de cabeça regularmente (E4,E5).
Todos os idosos referem que se encontram a perder a visão e têm constatado
esse facto, sendo que alguns sabem exatamente quando essa perda começou
a ser mais acentuada (E1,E2,E3,E6). Relativamente à audição, os idosos
(E1,E2,E3,E6), notam uma menor audição, por outro lado, os séniores (E4,E5),
referem que não sentem qualquer dificuldade em ouvir. No que concerne à
capacidade de iniciativa, os idosos (E1,E2,E3,E5,E6), consideram que
perderam grande parte da sua capacidade de iniciativa, sendo que por outro
lado, o entrevistado (E4), revela que ainda mentem a sua capacidade de
iniciativa. No que concerne à memória, os séniores (E1,E2,E3,E5,E6), revelam
uma maior dificuldade em memorizar nomes, datas e acontecimentos recentes.
Não sentem dificuldade em relembrar as coisas que se propõem a fazer
(E1,E4,E6), já os idosos (E1,E3,E5), relatam que têm mais dificuldade em
lembrar coisas que têm em mente para realizar.

Na subdimensão de “queixas sobre os sintomas específicos e episódicos”,


nenhum dos idosos refere situações referentes a desmaios
(E1,E2,E3,E4,E5,E6). Em relação ao visionamento de coisas tidas como
estranhas, apenas um sénior (E6), relata que já vivenciou esse facto. Os idosos
(E2,E4,E6), têm percepcionado sensações no seu corpo. O idoso (E2), refere
que observa as suas mãos cada vez mais deformadas, o entrevistado (E4),
considera que a sua coluna tem sofrido alterações.

A subdimensão que se encontra relacionada com as “queixas sobre transtornos


nas funções complexas”, observa-se que os entrevistados (E1,E3,E4), não
notam qualquer dificuldade ao nível da orientação, em contra partida, os idosos
(E2,E5,E6), revelam o contrário. Nota-se que os idosos (E1,E2,E3,E4,E6), não
têm qualquer dificuldade em se vestir e ou despir, sendo que os restantes
entrevistados (E4,E5), relatam o oposto.

16
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Quadro 4 - Análise da Dimensão "Apoio Social"

Dimensão – Apoio Social

Subdimensão Unidades de Registo


Sente-se bem onde vive.E1,E2,E3,E4,E5,E6
Vive com o marido. E2,E4
Redes de suporte Vive sozinho(a). E1,E6
informal – vizinhos e Tem como companheiros e vizinhos de “casa”, os
familiares restantes utentes do lar.E3,E5,E6
Mantem uma boa relação com os vizinhos/colegas.
E1,E2,E3,E4,E5,E6

Isolamento social Passa muito pouco tempo sozinho(a). E1


Passa cerca de 5 horas diárias sozinho(a).E2,E5
Encontra-se sozinho(a) mais de 10 horas
diárias.E3,E4,E6
Tem pessoas de confiança a quem recorre numa
situação de emergência. E1,E2,E3,E4,E5,E6
Recebe regularmente visitas.E1,E2,E4,E5,E6
Não costuma receber visitas na instituição. E3
Relação de amizade Para si os seus melhores amigos são os colegas da
instituição. E3,E5,E6
Considera o marido, filhos (as), netos (as), os seus
melhores amigos (as).E1,E2,E4.

No que respeita à dimensão de “apoio social”, esta encontra-se subdividida em


4 subdimensões , nomeadamente, “redes de suporte informal – vizinhos e
familiares”, “isolamento social e relação de amizade”

Na subdimensão “redes de suporte informal – vizinhos e familiares”, observa-se


que todos os seniores entrevistados se sentem bem no local onde vivem
(E1,E2,E3,E4,E5,E6. Os seniores (E2,E4), vivem acompanhados, sendo que
os idoso (E1,E6), referem que vivem sozinhos. Todos os entrevistados não têm
qualquer aborrecimento com os seus vizinhos/colegas (E1,E2,E3,E4,E5,E6).

Ressalva-se que na subdimensão de “isolamento social”, apenas existe um


idoso a referir que passa pouco tempo só (E1). Os entrevistados (E2,E5),
relatam que passam cerca de 5 horas diárias sozinhos, enquanto que os idosos
(E3,E4,E5,E6), têm noção que passam mais de 10 horas diárias sozinhos.
Nota-se que apesar de institucionalizados, os idosos (E3,E6), sentem-se sós,
mesmo estando acompanhados diariamente por outros colegas, funcionários e
17
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técnicos da instituição. Todos os idosos à exceção do idoso (E3), relatam que


recebem frequentemente visitas., o que os conforta e faz sentir acarinhados.
Nas relações de amizade, para os séniores (E3,E5,E6), os seus melhores
amigos são os colegas da instituição com quem passa e convive a maior parte
do tempo. Por outro lado, os séniores (E1,E2,E4), referem que os seus
familiares são os seus melhores amigos e com quem podem sempre contar.

Quadro 5 - Análise da Dimensão Atividade, Saúde e Bem-Estar, Promoção da Saúde Mental e


Envelhecimento Bem-Sucedido

Dimensão – Atividade

Subdimensão Unidades de Registo


Revela que gosta de passear e fazer a lida
doméstica. E4
Gosta de realizar trabalhos manuais.E3
Atividades Gosta de ler. E2
preferidas/prazenteiras Gosta de andar a “mexer nas terras”. E5
Refere que gosta de fazer de tudo um pouco. E1,E6
Ocupa os tempos livre a fazer malha. E1
Gosta de ver televisão quando está livre. E2,E5
Lê e vai ao café quando tem tempo.E6

Dimensão - Saúde Mental

Auto-Avaliação de Refere que em termos de bem-estar se sente bem.


Saúde Mental e Bem- E1,E2,E3,E4,E5,E6
estar

Considera que pode promover a sua saúde mental


se ouvir menos gritos e se sair mais. E5
Promoção da Saúde Tem que deixar de se preocupar tanto. E1,E2
Mental Acha que os trabalhos manuais podem ajudar na
melhoria da sua saúde mental. E6

Dimensão – Envelhecimento

O que acha que é Não perder a força de vontade e a motivação. E2


preciso para ter um Refere que é necessário ter saúde para assim poder
Envelhecimento bem- ter um envelhecimento bem sucedido.E3,E6
sucedido Não parar de realizar as tarefas diárias. E1,E5

18
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Na dimensão “atividade”, esta apenas se subdivide no tópico das “atividades


preferidas e prazenteiras”. Aqui, pode-se constatar que o idoso (E4), gosta de
passear e fazer as atividades domésticas. O idoso (E3), revela grande aptidão
e gosto para realizar trabalhos manuais. O sénior (E5), adora os trabalhos do
campo e ligados à terra. Quando tem tempo livre, o entrevistado (E1), gosta de
ocupá-lo a fazer malha e os idosos (E2,E5), adoram ver televisão quando têm
tempo. Pode-se constatar que os idosos, apesar do avanço da idade, mantêm
ainda o gosto e a vontade em realizar atividades/tarefas que lhes proporcionam
um maior nível de prazer e bem-estar.

No que concerne à dimensão “saúde mental”, esta tem como subdimensões a


“auto-avaliação de saúde mental e bem-estar “ e a “promoção da saúde
mental”.

Na subdimensão que diz respeito à “auto-avaliação da saúde mental e bem-


estar”, todos os entrevistados referem que se setem bem (E1,E2,E3,E4,E5,E6).

Na categoria de “promoção da saúde mental”, o sénior (E5), considera que


para promover a sua saúde mental é necessário ouvir menos barulho e sair
mais vezes de casa. Os entrevistados (E1,E2), referem que um fator importante
para a melhoria da saúde mental é não ter tantas preocupações. Já o sénior
(E6), considera que os trabalhos manuais são um bom incentivo à melhoria e
promoção da saúde mental dos idosos.

Na última dimensão “envelhecimento”, a subdimensão existente diz respeito ao


tópico “o que acha que é preciso para ter um envelhecimento bem sucedido.”

O idoso (E2), constata, que é necessário não perder a força de vontade nem a
motivação. Já os séniores (E1,E5), consideram que o alcance do
envelhecimento bem sucedido está em continuar a realizar as tarefas diárias
sem parar.

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Apresentação e Discussão dos Resultados do Inventário


de Saúde Mental

Tal como explanado anteriormente, este instrumento teve como objetivo avaliar
a Saúde Mental dos participantes, tendo em consideração cinco escalas e duas
dimensões. Nos seguintes Gráficos (1,2,3,4,5 e 6) é possível verificarem-se os
resultados do Inventário de Saúde Mental a nível individual.

Entrevistado 1

No que concerne às dimensões primárias, o E1 apresenta um nível de afeto


positivo (30,91 pontos), mais elevado que o nível de laços emocionais (13,33
pontos), perda de controlo emocional (18,8 pontos), ansiedade (20 pontos) e
depressão (12,5 pontos). Nestas dimensões de âmbito primário, verifica-se um
nível de sintomatologia grave, estando os valores totais muito abaixo dos
desejados. Em relação ao bem-estar positivo (27,14 pontos) e ao distress (17,8
pontos), identificam-se igualmente sinais de sintomatologia grave em ambos,
sendo que os valores encontram-se abaixo dos valores considerados mínimos.
O nível total dos resultados é de 21,28 pontos, verificando-se um nível de
sintomatologia grave neste elemento. (Gráfico 1)

35
Afeto Positivo
30
Laços Emocionais
25
Perda de Controlo
Emocional/Comportamental
20
Ansiedade

15
Depressão

10
Bem-Estar Positivo

5
Distress

0 MHI-38 Total
Entrevistado 1

20
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Entrevistado 2

O entrevistado 2, apresenta ausência de sintomatologia nas dimensões


primárias, afeto positivo (63,64 pontos), laços emocionais (60 pontos), já nas
dimensões perda de controlo emocional (47,73 pontos), ansiedade (48 pontos)
e depressão (50 pontos), apresenta sinais de sintomatologia grave. Em relação
aos aspetos bem-estar positivo (62,86 pontos) e distress (48,31 pontos),
verifica-se apenas sintomatologia moderada no primeiro item, e uma
sintomatologia grave no segundo aspeto. Identifica-se neste quadro uma
sintomatologia moderada (53,72 pontos), a nível global. (Gráfico 2)

70
Afeto Positivo
60
Laços Emocionais
50
Perda de Controlo
Emocional/Comportamental
40
Ansiedade

30
Depressão

20 Bem-Estar Positivo

10 Distress

0 MHI-38 Total
Entrevistado 2

Entrevistado 3

No gráfico 3, pode constatar-se que o entrevistado revela sintomatologia grave


em todas as dimensões apresentadas, não revelando valores iguais ou
superiores a 52 pontos. Nota-se que o afeto positivo (27,27 pontos) e o bem
estar positivo (30 pontos), apresentam valores muito abaixo do desejado. O
entrevistado 3, apresenta a nível global sinais de sintomatologia grave (36,7
pontos)

21
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50
Afeto Positivo
45
40 Laços Emocionais

35 Perda de Controlo
30 Emocional/Comportamental
Ansiedade
25
20 Depressão
15
Bem-Estar Positivo
10
5 Distress

0
MHI-38 Total
Entrevistado 3

Entrevistado 4

No que concerne ao entrevistado 4, verifica-se uma sintomatologia grave em


quase todas as dimensões (-52 pontos), nomeadamente ao nível do afeto
positivo (34,55 pontos), perda de controlo emocional (34,09 pontos), ansiedade
(36 pontos), depressão (25 pontos), bem-estar positivo (40 pontos) e distress
(33,05 pontos). Revelando apenas ausência de sintomatologia na dimensão
dos laços emocionais (60 pontos). Na totalidade apresenta uma sintomatologia
grave (35,64 pontos). (Gráfico 4)

70
Afeto Positivo
60
Laços Emocionais
50
Perda de Controlo
Emocional/Comportalmental
40
Ansiedade

30
Depressão

20 Bem-Estar Positivo

10 Distress

0 MHI-38 Total
Entrevistado 4

22
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Entrevistado 5

No gráfico 5, observa-se nas dimensões afeto positivo (50 pontos), perda de


controlo emocional (52,27 pontos), ansiedade (36 pontos), depressão (37,5
pontos), distress (41 pontos) e ansiedade (36 pontos), a presença de
sintomatologia grave. Verifica-se sintomatologia moderada ao nível do bem-
estar positivo (58,57 pontos). Nota-se então, ausência de sintomatologia na
dimensão laços emocional (86,67 pontos). De uma forma geral, o E5 apresenta
uma sintomatologia grave, sendo o valor total (48,4 pontos).

100
Afeto Positivo
90
80 Laços Emocionais

70 Perda de Controlo
60 Emocional/Comportamental
Ansiedade
50
40 Depressão

30
Bem-Estar Positivo
20
Distress
10
0 MHI-38 Total
Entrevistado 5

Entrevistado 6

Em relação ao E6, nota-se uma sintomatologia grave em todas as dimensões


apresentadas. Afeto positivo (41,82 pontos), laços emocionais (13,33 pontos),
perda de controlo emocional (25 pontos), ansiedade (24 pontos), depressão
(8,33 pontos), bem-estar positivo (35,71 pontos) e distress (21,19 pontos). Na
globalidade, pode-se constatar que o idoso 6, apresenta uma sintomatologia
grave (26,6 pontos), apresentando-se desta forma como o participante com
sintomatologia mais grave da amostra escolhida. (Gráfico 6)

23
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45
Afeto Positivo
40

35 Laços Emocionais

30 Perda de Controlo
Emocional/Comportamental
25 Ansiedade
20
Depressão
15
Bem-Estar Positivo
10
Distress
5

0 MHI-38 Total
Entrevistado 6

De uma forma sucinta, pode-se constatar que a maioria dos entrevistados


apresentam uma sintomatologia grave ao nível da saúde mental, tendo em
conta os resultados obtidos com o Inventario de Saúde Mental. Nestes 6
elementos, destaca-se de uma forma positiva o entrevistado 2, que apresenta
uma sintomatologia moderada (53,72 pontos), é uma mulher casada, que vive
com o marido há muitos anos, o que lhe proporciona uma estabilidade a nível
emocional, como se encontra referido em algumas respostas dadas pela
participante, esta ocupa grande parte do seu dia realizando tarefas de âmbito
produtivo, nomeadamente tarefas domésticas, cuidar dos netos, e passear.
Todos estes fatores estarão certamente na origem dos resultados obtidos com
a realização deste teste. É de ressalvar que as tarefas produtivas constituem
uma mais-valia para a vida dos idosos, melhorando a sua qualidade de vida e o
seu bem-estar. Em relação aos outros entrevistados não institucionalizados
(E1, E4), pode verificar-se que a idosa 1, apresenta um valor (21,28 pontos),
muito baixo do desejado. A participante é viúva e vive sozinha, o que lhe
proporciona algum nível de solidão e que remete para os resultados
encontrados, apesar de, segundo ela, haver uma relação muito próxima com as
filhas e as netas. É necessário que nestes casos, os idosos sociabilizem mais e
que mantenham relações mais próximas de amigos e familiares, de forma a
não se isolarem demasiado, pois um dos principais problemas de saúde mental
está diretamente ligado a problemas do foro afetivo. Em relação aos idosos

24
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institucionalizados (E3,E5,E6), todos apresentaram como já foi acima referido


sinais de sintomatologia grave. Todos estes idosos são do género masculino e
residem numa instituição hà vários anos. Deste leque de participantes,
destaca-se o entrevistado 6, que apresenta um índice de saúde mental total
abaixo do esperado (26,6), este idoso refere que se sente deprimido e só,
apesar de estar rodeado de inúmeras pessoas diariamente, não tem uma boa
relação com os familiares, que segundo o próprio não o visitam. Estes aspetos
são bastante pertinentes e revelam que a institucionalização nem sempre é
encarada da melhor forma e leva a que os idosos institucionalizados se isolem
e ao tempo percam a vontade de viver, deixando assim a sua saúde mental
mais debilitada e vulnerável.

Em suma, é necessário que seja implementada uma intervenção com todos os


entrevistados, para assim prevenir que as sintomatologias se agravem. É
necessário que os idosos sejam inseridos em diversas atividades e programas
e estimulem e promovam a saúde mental dos mesmos, e que ao mesmo tempo
os integre como agentes ativos no seio da sociedade. É necessário que todos
os agentes sociais trabalhem em equipa no sentido de melhorar o bem-estar e
a qualidade de vida ao nível da saúde mental destes idosos.

Tendo em conta o número de questões (38), que o inventário tem na sua


componente e o número de respostas que cada questão remete para a escolha
do participante (6), é natural que muitos destes resultados não sejam
efetivamente os resultados reais. Os idosos apresentavam algum cansaço a
nível emocional, o que dificultou a obtenção de respostas. Estes dados refletem
em parte alguma veracidade, mas tendo em conta o avanço da idade e alguns
problemas de saúde, não os consideramos como exatos. Sugere-se que numa
próxima investigação seja efetuado um estudo ao nível da saúde mental, com
um instrumento que tenha uma menor dimensão e uma maior assertividade
para os participantes o responderem de forma adequada.

25
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Apresentação e Discussão dos Resultados da Escala de


Depressão Geriátrica

Este instrumento foi utilizado com o propósito de avaliar a escala de depressão


de cada participante. Tal como referido anteriormente, as respostas foram
dicotómicas (sim/não), sendo que resultados entre os 5 pontos apontam para
possível depressão e resultados acima de 11 pontos apontam para depressão
grave. No quadro abaixo é possível verificar-se a pontuação de cada
participante no questionário.

Quadro 6 - Resultados da Escala de Depressão Geriátrica

Entrevistado (E) Resultado do Questionário da Escala de


Depressão Geriátrica
E1 5
E2 8
E3 4
E4 3
E5 7
E6 9

De uma amostra de seis participantes, é possível verificar-se que após a


análise dos resultados, apenas dois participantes não revelam qualquer indicio
de depressão (E3 e E4). No que se refere ao entrevistado dois o resultado de 8
pontos aponta para a existência de depressão. O mesmo acontece com o
entrevistado 6 que obteve um resultado de 9 pontos, indicando assim a
existência de depressão. No que se refere aos entrevistados um e cinco, os
resultados apontam para possível depressão, sendo que os resultados obtidos
foram de 5 e 7 pontos respectivamente.

Pode então concluir-se que mais de 50% dos participantes obtiveram


resultados iguais ou superiores a cinco pontos, o que indica a existência ou o
princípio de depressão.

Para compreender a relação entre os resultados da Escala de Depressão


Geriátrica e os resultados do Inventário de Saúde Mental foi construído um
quadro onde se cruzaram os dados de ambos os instrumentos de modo a
avaliar os resultados obtidos.

26
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Quadro 7 - Resultados do Inventário de Saúde Mental e da Escala de Depressão Geriátrica

Inventário de Saúde Inventário de Saúde Escala de Depressão


Mental Mental Geriátrica

Dimensão: Dimensão: Resultado do


Depressão Ansiedade Questionário de
EDG

Entrevistado 1 12,5 37,5 5


Entrevistado 2 48 50 8
Entrevistado 3 45,83 42 4
Entrevistado 4 25 36 3
Entrevistado 5 37,5 36 7
Entrevistado 6 8,33 24 9

Tendo em consideração as dimensões “Depressão e Ansiedade” do Inventário


de Saúde Mental e os resultados obtidos do questionário de Escala de
Depressão Geriátrica, e relacionando os mesmos resultados uns com os outros
foi possível reter uma maior percepção do estado de saúde mental de cada
participante e da sua relação face à existência ou não de sintomas
depressivos.

No que respeita ao Entrevistado 1 os resultados da dimensão de Depressão


apontam para a presença de sintomas depressivos graves, sendo que valores
abaixo dos 52 representam sintomas graves. No que concerne à dimensão de
Ansiedade, o valor de 37,5 remete para sintomatologia grave. No entanto,
apesar dos valores anteriormente verificados, o participante teve um resultado
de 5 pontos no questionário de Escala de Depressão Geriátrica. Este resultado
aponta para uma possível depressão. A discrepância de valores pode resultar
da fadiga do participante, sendo que os questionários são longos e complexos,
da não percepção das perguntas ou do número elevado de respostas que
existem para cada questão.

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Os resultados obtidos através dos questionários do Entrevistado 2 mostram


sintomatologia grave em ambas as dimensões, o que acontece também no
resultado do questionário de EDG, sendo que o participante obteve 8 pontos.

O Entrevistado 3 revelou, há semelhança dos outros dois participantes,


sintomatologia grave das dimensões de Depressão e de Ansiedade. No entanto
o resultado do questionário de EDG não revelou a existência de sintomas
depressivos, sendo que o participante obteve 4 pontos.

No que respeita ao Entrevistado 4, os dados foram semelhantes ao do


participante anterior, sendo que os valores obtidos do Inventário de Saúde
Mental revelaram sintomatologia grave. No que concerne à EDG o participante
obteve um resultado de 3 pontos. Tal facto aponta para a inexistência de
sintomas depressivos. Sabe-se que apesar dos instrumentos avaliarem
situações diferentes, o Inventário de Saúde Mental avalia a doença mental da
pessoa e com este participante é possível denotar-se que o mesmo apresenta
sintomas graves. No entanto a EDG avalia a depressão no participante, neste
caso, apesar do participante revelar sintomas graves a nível de saúde mental,
não revela qualquer indicio de depressão. Torna-se então pertinente referir que
nem sempre as respostas são transmitidas de forma coerente e verdadeira,
sendo que muitas vezes os participantes sentem-se cansados e/ou não
entendem o tipo de questão. O fator fadiga pode influenciar, e muito, as
respostas dos participantes. No entanto este factor é também um indicador de
depressão. Deste modo, é possível que ao longo da aplicação dos
questionários possam haver algumas discrepâncias nos resultados.

Quanto ao Entrevistado 5 é possível verificar-se que os resultados do


Inventário de Saúde Mental apontam para sintomatologia grave, sendo que os
resultados são de 37,5 e 36 para as dimensões de Depressão e Ansiedade
respectivamente. Também o resultado do questionário de EDG aponta para a
existência de sintomas depressivos, sendo que o participante obteve 7 pontos
no seu questionário.

Por fim, o Entrevistado 6 foi aquele que apresentou resultados mais baixos no
Inventário de Saúde Mental, por consequência é o participante com menor
saúde mental, apresentando sintomatologia grave, onde o resultado foi de 8,33

28
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e 24 para as dimensões de Depressão e Ansiedade respectivamente. No que


respeita à EDG o participante revelou também o maior resultado (9 pontos),
apresentando assim, sintomas de depressão grave.

Síntese Conclusiva
Ao terminar este estudo exploratório é possível retirar algumas conclusões. No
que se refere à investigação e aos resultados dos instrumentos aplicados, é
possível salientar que de uma amostra de seis participantes, todos revelaram
ter sintomas depressivos. No que respeita ao Inventário de Saúde Mental,
cinco participantes revelaram sintomatologia grave, com resultados entre os
26,6 e os 48,4, resultados estes muito abaixo do previsto (+60). No participante
E2 verificou-se sintomatologia moderada, com o resultado de 53,72.

Foi possível constatar-se também que os participantes que estão


institucionalizados foram aqueles que apresentaram sintomas mais graves ao
nível de depressão e também os valores mais baixos no que respeita à saúde
mental, por consequência são aqueles que apresentam sintomatologia grave
nas várias dimensões. Também este grupo de idosos revelou na entrevista que
têm instabilidade familiar, que se descontrolam facilmente e que se encontram
mais de 10 horas diárias sozinhos. Um dos participantes revelou também não
receber visitas dos familiares e amigos. No entanto consideram os três que é
importante promover a saúde mental através de atividades lúdicas.

Concluímos que vários estudos e autores referem que a depressão é mais


comum nas mulheres do que nos homens, no entanto, quanto ao género, foi
possível verificar-se que são os homens que possuem maior escala de
depressão, com resultados entre os 4 e os 9 pontos. Estes resultados podem
efetivamente resultar da institucionalização, sendo que estão os três em
instituições.

O facto de o idoso ser institucionalizado, não receber visitas, não sentir o apoio
da família, estar desocupado, não estabelecer uma rotina diária de atividades,
pode efetivamente conduzir a sentimentos de perda, de inutilidade, de solidão e
de baixa auto-estima, o que por consequência pode levar à depressão e a um
nível de doença mental mais grave.

29
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No entanto importa ressalvar que as respostas podem não corresponder


totalmente à verdade, sendo que o factor fadiga influencia a resposta do
participante. Ao longo da aplicação dos instrumentos, verificou-se que os
participantes estavam cansados e efetivamente esse cansaço levou a uma
perda de percepção das perguntas e a respostas aleatórias. Por consequência,
pode salientar-se também que o sintoma de fadiga pode ser uma das
manifestações de sintomas depressivos. Como método de solução, seria
pertinente a utilização de instrumentos menos longos, com menos quantidade
de perguntas e opções de resposta, sendo que o idoso tem mais facilidade em
responder dicotomicamente.

Para concluir, sendo a depressão um transtorno afetivo, pautado pela falta de


controlo emocional, leva muitas vezes à diminuição do interesse pelas
atividades, ao aumento ou perda de apetite, insónias, sentimentos de
inutilidade e de culpa e muitas vezes ao suicídio. Deste modo, o apoio e
amparo familiar numa situação de depressão é fundamental.

A forma mais eficaz de se intervir junto de um idoso com depressão é optar por
um modelo de intervenção que tenha por base toda a informação disponível
sobre o paciente, de modo a englobar os problemas do mesmo e as
expectativas que o mesmo tem face à terapia. Esta intervenção deve ser a
mais adequada possível, de modo a minimizar o nível de depressão e o
progresso da mesma, daí ser fundamental a existência de um apoio
psicossocial.

Sendo a psicologia do envelhecimento uma área de investigação que vai


ganhando notoriedade nos dias que correm, esta pode ser uma mais - valia no
desenvolvimento de uma maior consciencialização para a problemática da
depressão no idoso e para uma maior aceitação do tratamento psicólogo, que
muitas vezes é rejeitado pelos idosos e pelos seus familiares, devido á falta de
conhecimento do transtorno depressivo.

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