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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

THALES GABRIEL LINS CORDEIRO

ASPECTOS RELACIONADOS À AUTOMEDICAÇÃO COM O USO DE


CANNABIS EM USUÁRIOS RECORRENTES

Salvador/BA
2021
THALES GABRIEL LINS CORDEIRO

ASPECTOS RELACIONADOS À AUTOMEDICAÇÃO COM O USO DE


CANNABIS EM USUÁRIOS RECORRENTES

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção


do grau de Bacharel em Ciências Biológicas pelo
Centro Universitário Jorge Amado.

Orientadora: Profa. Dra. Camila Magalhães Pigozzo

Salvador/BA
2021
THALES GABRIEL LINS CORDEIRO

ASPECTOS RELACIONADOS À AUTOMEDICAÇÃO COM O USO DE


CANNABIS EM USUÁRIOS RECORRENTES

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Biológicas pelo Centro Universitário Jorge
Amado.

Aprovada em _____ de ___________________ de ________.

BANCA EXAMINADORA:

Nome do Professor

__________________________________

Nome do Professor

__________________________________

Nome do Professor
__________________________________
AGRADECIMENTOS

A minha mãe Elcimara, por nunca ter medido esforços para me amar e ter
sido tão forte em todos esses tempos de luta.
As minhas tias Eliana e Elci e meu primo Thiago, pelo amor dedicado a mim e
financiamento do conhecimento mais importante que pude obter na minha vida.
Meus amigos mais próximos Daniel, Paula e Leonardo, pelo apoio e por
sempre me incentivarem a ser melhor a cada dia.
Meus amigos de faculdade Ezequiel, Ginaldo e Kailane por fazerem a
graduação ser mais leve e divertida.
A minha orientadora Camila, por ser uma professora em um milhão, além de
ter orientado de maneira maestral a mim e meus amigos mesmo com as dificuldades
do ensino remoto.
A meu padrasto Celio que sustentou nosso lar em meio a pandemia.
A UniJorge pelo espaço.

Dedico esse trabalho ao meu amado avô Adelcio Ramos Lins (in memorian) e
a meu querido amigo Diego Odifreddi Rocha (in memorian) por serem os melhores
exemplos de simplicidade e humildade que já tive o prazer de me espelhar.
“Qualquer droga faz mal. Eu acho que a maconha faz mal, a cocaína faz mal, álcool
faz mal, mas eu… Não posso causar mal nenhum a não ser a mim mesmo.”
— Cazuza, cantor e compositor brasileiro (1958 – 1990)
RESUMO:

Introdução: A Cannabis é um dos gêneros de planta mais conhecidos no mundo,


sua popularidade está associada a seu consumo e seus efeitos na mente e no corpo
em virtude de seu potencial recreativo e medicinal, por isso vem sendo motivo de
discussão na comunidade cientifica. Objetivo: Entender os fatores relacionados a
automedicação com o uso de Cannabis nos usuários recorrentes. Materiais e
Métodos: Trata-se de uma pesquisa de campo feita em um questionário dividido em
quatro etapas na internet pela plataforma Google Formas, contando com métodos
de análise da escala Rensis Likert e da analise temática de conteúdo de Laurence
Bardin. Resultados: Ansiedade, dores em geral, insônia, depressão, estresse e
cólicas menstruais foram os resultados que mais se destacaram diante da proposta
da pesquisa. Conclusão: A Cannabis tem grande admiração daqueles que a
utilizam para se automedicar em virtude de seu papel determinante no tratamento de
diversos problemas de saúde, tendo como maior problema o preconceito e o
proibicionismo

Palavras-chave: cannabis; medicinal; recreativo; problemas; proibicionismo; saúde.


ABSTRACT:

Introduction: Cannabis is one of the best known plant genera in the world, its
popularity is associated with its consumption and its effects on the mind and body
due to its recreational and medicinal potential, which is why it has been a matter of
discussion in the scientific community. Objective: To understand the factors related
to self-medication with the use of cannabis in recurrent users. Materials and
Methods: This is a field research carried out in a questionnaire divided into four
stages on the internet using the Google Formas platform, using Rensis Likert scale
analysis methods and Laurence Bardin's thematic content analysis. Results:
Anxiety, pain in general, insomnia, depression, stress and menstrual cramps were
the results that most stood out before the research proposal. Conclusion: Cannabis
is greatly admired by those who use it to self-medicate due to its decisive role in the
treatment of various health problems, with prejudice and prohibitionism being the
biggest problem.

Keywords: cannabis; medicinal; recreational; problems; prohibitionism; health


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Morfologia da Cannabis...............................................................................16


Figura 2 Cordas de Cânhamo....................................................................................16
Figura 3 Cigarro de Cannabis vendido no Brasil legalmente.....................................18
Gráfico 1 - Idade.........................................................................................................26
Gráfico 2 - Gênero......................................................................................................27
Gráfico 3 - Região......................................................................................................27
Gráfico 4 - Pergunta 1................................................................................................28
Gráfico 5 - Pergunta 2................................................................................................28
Gráfico 6 - Pergunta 3................................................................................................29
Gráfico 7 - Pergunta 4................................................................................................29
Gráfico 8 - Pergunta 5................................................................................................30
Gráfico 9 - Pergunta 6................................................................................................30
Gráfico 10 - Pergunta 7..............................................................................................31
Gráfico 11 - Pergunta 8..............................................................................................31
LISTA DE TABELAS

Tabela 1......................................................................................................................32
Tabela 2......................................................................................................................32
Tabela 3..................................................................................................................... 33
Tabela 4..................................................................................................................... 33
Tabela 5..................................................................................................................... 34
Tabela 6..................................................................................................................... 34
Tabela 7..................................................................................................................... 34
Tabela 8..................................................................................................................... 35
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


∆9-THC - O Tetraidrocanabinol
CB1(2) – Receptor cannabinoide
OMS – Organização Mundial da Saúde
CNFE - Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes
LENAD - Levantamento Nacional de Álcool e Drogas
IST’s – Infecções Sexualmente Transmissíveis
WHA - World Health Assembly
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11
2 REFERECIAL TEÓRICO........................................................................................13
2.1 Automedicação.....................................................................................................13
2.2 Medicina Botânica................................................................................................14
2.3 Cannabis no Brasil...............................................................................................15
2.4 Lei das drogas......................................................................................................17
2.5 Morfologia da Cannabis........................................................................................18
2.6 Historia do proibicionismo....................................................................................19
2.7 Aspectos sociais...................................................................................................20
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... ....22
3.1 Campo de investigação........................................................................................22
3.2 Participantes.........................................................................................................22
3.3 Instrumento...........................................................................................................22
3.4 Analise de dados..................................................................................................24
4 RESULTADOS........................................................................................................26
4.1 Primeira parte.......................................................................................................26
4.2 Segunda parte......................................................................................................27
4.3 Terceira parte.......................................................................................................32
4.4 Ansiedade............................................................................................................35
4.5 Dores....................................................................................................................36
4.6 Insonia..................................................................................................................37
4.7 Depressão............................................................................................................38
4.8 Estresse...............................................................................................................38
4.9 Cólicas menstruais...............................................................................................39
4.10 Outros aspectos.................................................................................................39
5 DISCUSSÃO...........................................................................................................41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................46
7 REFERENCIAS.......................................................................................................48
8 APÊNDICE..............................................................................................................53
11

1 INTRODUÇÃO

O modo como o mundo se comporta em relação as drogas está mudando,


hoje sabemos que nem tudo é como nos ensinaram, se fazendo necessário ir atras
de informação verdadeira. A Cannabis é conhecida popularmente como maconha, e
seu consumo vem aumentando em todo o mundo (UNODC, 2015). Sua utilidade
varia a depender da área de aplicação, existindo muitas formas de se consumir a
Cannabis, estas vão desde um potencial industrial na confecção de fibras até
tratamentos de diversas enfermidades.
Antes mesmo do cristianismo, o uso da Cannabis é relatado, tendo indícios de
seu uso na China, com o objetivo de tratar enfermidades como constipação
intestinal, dores, malária, expectoração, epilepsia, tuberculose, entre outras
(ADAMS, 1940). Começou a ser considerada droga há mais de 4000 anos atrás, na
China, tendo sido documentado o comportamento do imperador e farmacêutico
chinês Shen Nieng com a Cannabis no tratamento de reumatismo, apatia e também
como sedativo. Mesmo 1000 anos antes de Cristo há descrições do uso terapêutico
da Cannabis na Índia, sendo usado no tratamento da ansiedade e histeria, além de
atuar também como tranquilizante. No século XX, com o objetivo de tratar
transtornos mentais, foram confeccionados extratos feitos de Cannabis, chegando
até serem comercializados, principalmente como sedativos e hipnóticos. (GONTIÈS
e ARAÚJO, 2003; MECHOULAM, 1970; RUSSO, 2006).
Por volta da década de 30, o uso da Cannabis foi drasticamente reduzido na
área médica e psiquiátrica em virtude de ainda não ser possível isolar do extrato
adequado. Por essa razão seus efeitos não eram consistentes e podiam levar a
resultados indesejáveis, como crises de ansiedade, crise de pânico e não percepção
da realidade. Por fim, as restrições impostas como ilegal por determinação do
estado limitaram ainda mais o uso da Cannabis como medicamento em psiquiatria
(ZUARDI, 2006). Já no fim da década de 1960, foram identificadas estruturas
químicas dos principais componentes da Cannabis. O Tetraidrocanabinol (∆9-THC)
foi identificado como o principal componente psicotrópico da planta. Esse composto
consegue se ligar ao sistema nervoso central com os receptores canabinoides, o
CB1 e o CB2. (MECHOULAM, 2010). Em 1995 a Organização Mundial da Saúde
(OMS) criou um relatório baseado em estudos do uso e eficiência da Cannabis na
12

área da saúde (OMS, 1997). No ano de 2013, mais de 180 milhões de pessoas que
variavam de jovens até idosos usaram a Cannabis sem motivo medicinal, sendo
esse um consumo hedonista (UNODC, 2015).
No Brasil, nas últimas décadas os debates sobre a legalização,
descriminalização e também sobres os prováveis efeitos da legalização da Cannabis
se tornaram mais frequentes, fazendo com que surgissem novos estudos na área da
saúde pública, segurança e economia do país (CARDOSO, 2016). Sendo assim o
objetivo desta pesquisa é entender os aspectos da automedicação com o uso de
Cannabis em usuários recorrentes, avaliando suas motivações e influências, sejam
por motivos de enfermidade física, problemas emocionais, doenças mentais, entre
outros. Este trabalho irá estudar o perfil, motivações e comportamento do usuário de
Cannabis perante automedicação, além de analisar seu pensamento diante da
situação da Cannabis na atual sociedade brasileira, evidenciando os fatores
relacionados a saúde publica, Cannabis e sociedade.
13

2 REFERECIAL TEÓRICO

2.1 Automedicação

A automedicação é um comportamento onde um indivíduo escolhe um


determinado medicamento afim de tratar doenças ou sintomas sem a prescrição
medica ou odontológica (NAVES, 2010). Um grande fator que incentiva a
automedicação é a falta de regulamento e profissional adequado em farmácias, que
na maioria das vezes fica à disposição de leigos e dos proprietários, o setor privado
é o maior fornecedor de medicamentos para a população (NAVES, 2010).
Segundo Vitor et al. (2008) em países menos desenvolvidos a primeira opção
para as pessoas enfermas é ir até a farmácia onde muitos medicamentos são
comercializados sem receita medica. No Brasil o consumo de medicamentos é alto
sendo considerado um bem social, isso se deve desde ao aumento da carga de
doenças crônicas e surgimento de novas doenças a degradação do meio ambiente,
mudanças climáticas e o investimento do governo para garantir o acesso a saúde
(ARRAIS, 2016).
O problema que mais impulsiona a automedicação são as dores de modo
geral, pessoas que passam por traumas dolorosos muito intensos são mais
propensas a ceder a automedicação. Uma pesquisa feita na Espanha mostrou que
27,6% das pessoas de diversas idades e todos os sexos que se queixam de alguma
dor se automedicam sem nem pensar em buscar atendimento médico (BASSOLS et
al., 2002). O caso é mais preocupante em idosos pois em uma pesquisa onde foram
entrevistadas 77 pessoas idosas, mais de 80% declarou fazer automedicação com
frequência, sem os preferidos os medicamentos que não necessitam de prescrição
medica e as plantas medicinais (CASCAES et al., 2008).
Mesmo com todo o progresso muitos setores carecem de qualidade,
resultando em deficiência em diversas áreas importantes da saúde pública,
incentivando assim a automedicação de forma deliberada, sem os principais fatores
que contribuem para esse fenômeno: a divulgação de medicamentos que não
necessitam de prescrição na mídia, o famoso kit farmácia doméstico com diversos
medicamentos juntos e a baixa qualidade dos serviços de saúde com seu
atendimento tardio (ARRAIS, 2016).
14

A intoxicação é um problema que a automedicação pode causar, essa


situação pode resultar em mudanças no funcionamento do organismo e pode levar
até a morte. É frequente os casos de intoxicação em unidades medicas e sua
grande maioria está relacionado a: tomar medicamento por engano sendo sua
grande maioria crianças e o abuso do estoque de medicamentos em casa
(MARQUES ,2014).
O agravamento de problemas de saúde é um fator real dentro do fenômeno
da automedicação, em doenças infecciosas é comum esse comportamento, assim o
paciente que não tem conhecimento do tratamento adequado sente uma sensação
de melhora, mas não interrompe a cadeia de transmissão, esse tipo de problema é
comum em pacientes com IST's (NAVES, 2010). Alguns autores levantam a ideia de
que a automedicação pode ser feita de maneira responsável se for escolhida como
um tipo de alternativa terapêutica se fazendo necessário a orientação de um
farmacêutico (CASCAES et al., 2008).
Um importante fator é que a orientação de farmacêuticos não é a mais
recomendada, contudo é tratado como uma realidade irreversível, sendo visto como
parte do sistema de saúde. Esse comportamento acaba trazendo mais autonomia
para a população quando se trata de saúde. Uma consequência desses fatores é a
redução da demanda de consultas medicas (CIM, 2007).

2.2 Medicina Botânica

Plantas medicinais são todos aqueles vegetais que em virtude de seu


princípio ativo ou composição química especifica acabam auxiliando no tratamento
de doenças e com isso contribuem para a saúde dos seres humanos. Geralmente
essas plantas são usadas para confecção de extratos e chás (SIMÕES. 2016).
As plantas medicinais acompanham a humanidade a mais tempo do que se é
possível documentar com precisão, segundo Mara (2011) o homem só passou a
conhecer as virtudes medicinais das plantas a partir de momentos aleatórios e
casualidades. Para suprir necessidades básicas o homem primitivo usava a natureza
a seu favor e principalmente para se curar, contudo conforme o homem se
diferenciava novas terapias surgiram. O homem não conhecia nenhum tipo de
matéria orgânica que não se originasse de animais, vegetais ou minerais, foi só na
primeira metade do século XIV que o químico alemão Friedrich Wohler conseguiu
15

sintetizar ureia de uma substancia inorgânica. Isso evidencia que antes desse feito
as terapias de cura tinham influência direta a plantas medicinais ou minerais (MARA,
2011).
No Brasil muito da medicina botânica está ligada a história recente do país
mais precisamente entre os africanos e os nativos chamados de índios. Quando o
povo africano foi tirado de sua terra em direção ao Brasil, trouxeram consigo muitas
plantas medicinais afim de dar continuidade a seu cotidiano e rituais religiosos, essa
pratica foi muito impactante culturalmente pois após mais de três séculos de
escravidão muitas plantas africanas já estavam muito bem adaptadas a sociedade
brasileira, até se fazendo esquecer a verdadeira origem dessas plantas.
Para a OMS o ideal é que se faça uma ponte de informações entre a medicina
tradicional empírica e a medicina cientifica, fazendo com que muitos dos
medicamentos à base de plantas não sejam recusados por motivações
preconceituosas. Segundo a estimativa da própria OMS, mais de 75% da população
mundial usa principalmente plantas medicinais tradicionais para suprir suas
necessidades de assistência medica primaria (OMS, 1978). Esse comportamento
está associado à o baixo nível de vida da população e o alto custo de medicamentos
(ARGENTA, 2011).
No ano de 1978 a World Health Assembly (WHA) através da resolução n.
30.43 que é muito recomendado países em desenvolvimento abordem com vigor as
medicinas tradicionais e os estudos com plantas medicinais. Segundo Haraguchi e
Carvalho (2010) critérios como identificação adequada, saúde da planta, localidade
em que a planta foi colhida e dosagem são os principais quando se trata de
medicação, sendo observado que cada fator importa, é contra indicado o uso para
gestantes ou lactantes.

2.3 Cannabis no Brasil

Os portugueses quando chegaram ao Brasil em 1500, tinham o cânhamo,


como também é conhecida a Cannabis, como uma das principais ferramentas de
navegação, onde constituía parte da estrutura das velas e as cordas das
embarcações (CARLINI, 2006).
16

Figura 2 Cordas de Cânhamo


Fonte: HempMeds.

No entanto acredita-se que a Cannabis veio para o Brasil junto com os


escravos africanos, originando assim a sua denominação popular de "fumo-de-
angola" (CARLINI, 2006). No ano de 1782 a Coroa enviou sementes de cânhamo
com para Rio Grande de São Pedro com expectativa de que um grande negócio
poderia se estabelecer (CARLINI, 2006), esse comportamento evidencia sua
popularidade na Europa.

Figura 3 Cigarro de Cannabis vendido no Brasil legalmente


Fonte: MaryJuana Jornalismo.
17

No século XVIII a Coroa portuguesa buscou incentivar a cultura da Cannabis


se preocupando com seu potencial econômico, as metrópoles que receberam foram
Santa Catarina, Rio Grande de São Pedro e Rio de Janeiro (CARLINI, 2006). Dois
médicos se dedicaram a proibir as transações com Cannabis pelo Brasil: o
presidente da CNFE, Roberval Cordeiro de Farias, e Eduardo Bizarra Mamede,
professor da faculdade de medicina na Bahia e político. Em 1945 Mamede publicou
um estudo com referências sobre medidas proibitivas:

“De poucos anos a essa parte, ativam-se providências no sentido de uma luta sem
tréguas contra os fumadores de maconha. No Rio de Janeiro, em Pernambuco,
Maranhão, Piauí, Alagoas e mais recentemente Bahia, a repressão se vem fazendo
cada vez mais energia e poderá permitir crer-se no extermínio completo do vício.
(…) No Rio, em 1933, registravam as primeiras prisões em consequência do
comércio clandestino da maconha. Em 1940, a Polícia baiana deita alguns
indivíduos.” (apud CARLINI, 2005:10).

O uso de Cannabis como medicação no Brasil ocorre desde o século XIX com
o médico brasileiro homeopata Alexandre José de Mello Moraes, que usava a planta
em tratamentos como os de gonorreia, impotência, catarata, dores nos rins, retenção
da urina e espasmos, amaurose e catarro (BRANDÃO, 2014).

2.4 Lei das Drogas

O uso da Cannabis no Brasil como medicação é um grande problema social,


visto que por lei é ilegal, nos termos da Lei nº 11.343/2006 conhecida como Lei de
Drogas. No Supremo Tribunal Federal há um julgamento de Recurso Extraordinário
nº 635.659, iniciado em 2015, pausado e pautado para voltar em 2019, o que
acabou não acontecendo. O recurso entende como inconstitucional o artigo 28 da
Lei de Drogas, que determina crime o porte de drogas para uso pessoal.
A legislação brasileira configura como droga toda e qualquer substancia ou
produto capaz de causar dependência, especificado na Lei n.º 11.343 no art. 1.º, de
23 de agosto de 2006. Contudo essa lei não especifica quais substancias são
consideradas drogas, por isso necessita de uma complementação para a sua correta
interpretação e aplicação. Se encontra o significado de “droga” na Portaria da
18

ANVISA de n.º 344/1998, que estabelecerá quais são as substâncias que estarão
abrangidas pela Lei 11.343/06.

2.5 Morfologia da Cannabis sp.

Cannabis é um gênero de planta que contêm três diferentes grandes grupos,


sendo todas originais do centro sul da Asia. A Cannabis sativa, pode chegar até
3,00m, sendo a mais comum e consumida, original do Sul e centro da Asia, essa
espécie foi a que mais se adequou a outros biomas do mundo. A Cannabis indica,
pode chegar até 1,30m, original das montanhas da Índia, essas plantas possuem
maiores concentrações de THC, tendo efeitos ansiolíticos mais intensos. E por fim a
Cannabis rudealis, que pode chegar até 0,80m, sendo a única do gênero que não
possui os compostos químicos responsáveis pelo efeito ansiolítico e popularidade do
gênero (ARS-GRIN; A. ELSOHLY, 2007; BORGHETTI, 2020).

Figura 1 Morfologia da Cannabis


Fonte: Domínio Público.

A Cannabis é um tipo de erva angiospérmica, de aspecto arbustivo, anual e


majoritariamente dioica (WAYNESWORD, 2002). Suas folhas são dispostas de
19

forma composta, com folíolos serrilhados, geralmente com um número de pontas


ímpar, possuem um tipo de venação que permite pessoas leigas possam diferenciar
as espécies de Cannabis, possuem um tronco rígido onde se localizam ramos com
folhas opostas e dispostas em pares, ou seja, filotaxia cruzada, sua raiz é pivotante,
tende a perfurar o solo na direção vertical quando não encontra barreiras. Pode
conter também raízes secundarias horizontais e finas (BORGHETTI, 2020).
As folhas possuem uma veia central que se estende até as pontas da folha.
Esse modelo de venação muda pouco entre as espécies de Cannabis. As flores tem
um aspecto aleatório, com estames masculinos e pistilos femininos (LEBEL-
HARDENACK, 1997), contudo é possível existir indivíduos hermafroditas. A
Cannabis é polinizada pelo vento e seu fruto é aquênio, também chamado de fruto
seco (CLARKE, 1991). Como muitos organismos, a Cannabis é diploide, com um
complemento cromossômico de 2n=20 (VAN BAKEL, 2011), mesmo que indivíduos
poliploides já tenham sido produzidos em laboratórios. Em muitos lugares do mundo
se usou de métodos para extrair da planta um exsudato resinoso chamado
popularmente de haxixe (EROWID, 2006).

2.6 História do proibicionismo

No ano de 1912 aconteceu a Primeira Conferência Internacional do Ópio,


sediada em Haia, foi o palco para as primeiras ideias proibicionistas, contudo as
duas grandes guerras que viriam a acontecer logo após esse período deixou as
resoluções um pouco esquecidas, apesar de terem durado bastante. Já no ano de
1961 os EUA sediaram e patrocinaram a Convenção Única sobre Entorpecentes,
que até hoje influencia na ideologia proibicionista em todo o mundo (FIORE, 2012).
Eles foram pioneiros no proibicionismo em quase todos os tipos de droga e em
quase todo o mundo, uma exceção foi a Cannabis, que no Brasil, foi considerada
definitivamente ilegal em 1932, cinco anos antes dos EUA.
Esse modelo proibicionista elegeu três substancias e/ou plantas que tinham
como preocupação maior: a maconha, a papoula e a coca (FIORE, 2012). O
conceito de droga também ficou firmado através desse paradigma proibicionista, lê-
se como droga toda e qualquer substancia que quando consumida, seja a forma que
for, modifica suas funções internas, influenciando as externas, com exceção das
substâncias necessárias para a manutenção geral do corpo, como carboidratos ou
20

proteínas (FIORE, 2012). A Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961


elaborou uma serie de listas que definem o potencial de cada droga num tipo de
régua de efeito, sendo usado como critério para o potencial de abuso e suas
aplicações medicas (FIORE, 2012).
Na primeira lista está aquelas substancias ou plantas que para os
organizadores não apresentava aplicação medicinal e com um grande potencial de
abuso, estão incluídas a papoula, maconha e a coca. No decorrer das listas pode-se
notar diferentes critérios para a classificação das mais diferentes drogas, como por
exemplo a aplicabilidade medicinal como principal critério, incluindo por exemplo a
morfina e outras anfetaminas. Para Fiore, o proibicionismo por parte do estado está
sustentado sob dois pilares:

"Independente de seus intricados feixes e nuances, sustento que o paradigma


proibicionista é composto de duas premissas fundamentais: 1) o uso dessas drogas
é prescindível e intrinsecamente danoso, portanto, não pode ser permitido; 2) a
melhor forma de o Estado fazer isso é perseguir e punir seus produtores,
vendedores e consumidores. Assim, interessa apresentá-las, seguindo sua própria
lógica, mais detalhadamente." (apud FIORE, 2012).

A legislação brasileira configura como droga toda e qualquer substancia ou


produto capaz de causar dependência, especificado na Lei n.º 11.343 no art. 1.º, de
23 de agosto de 2006, conhecida como Lei de Drogas. Contudo essa lei não
especifica quais substancias são consideradas drogas, por isso necessita de uma
complementação para a sua correta interpretação e aplicação. Se encontra o
significado de “droga” na Portaria da ANVISA de n.º 344/1998, que estabelecerá
quais são as substâncias que estarão abrangidas pela Lei 11.343/06.

2.7 Aspectos sociais

As drogas no Brasil tem sido motivo de debate a anos, sempre se colocando


em pauta o que é nocivo socialmente falando e o que não é, de fato muito se tem
dito, contudo pouco se tem observado. O álcool provoca por ano por volta de 2,5
milhões de mortes, sendo a maioria jovens (DALPIAZ, 2015). Em um levantamento
feito pelo LENAD, mostrou que a Cannabis é a substancia ilícita mais usada pelos
21

brasileiros, sendo que 5,8% declararam que já fizeram uso da planta, mais de 7,5
milhões de brasileiros (DALPIAZ, 2015).
Entre os usuários de Cannabis existem diversos tipos de motivação para se
fazer o uso, como descrito na pesquisa de Maria da Penha de L. Coutinho, onde ela
compara o uso da Cannabis e suas representações sociais, fazendo um comparativo
com estudantes de cursos distintos em uma universidade. Cada pessoa procura
uma motivação totalmente particular, que será construída dentro de si com as
vivencias e experiencias de vida, no caso dessa pesquisa em especifico os
universitários do curso de direto tem suas concepções baseadas no legal, moral e
social, enquanto que os de saúde se baseiam na concepção medico-orgânica e esse
padrão particular se repete (COUTINHO, 2004).
O Ministério da Cultura acredita que uma análise antropológica do tema
"drogas" no Brasil seja uma melhor forma de entender o comportamento dos
envolvidos, desde 2004 que o Ministério entende a função da cultura e seus
contextos tanto em âmbito social quanto individual (LABATE, 2008). O uso de
drogas, sempre foi alvo de rituais religiosos, movimentos sociais, produções
estéticas e muitas outras abordagens, contudo a sociedade atual tem posicionado as
drogas homologas a violência, se mostrando uma análise completamente filtrada da
realidade.
A ideia não é desconsiderar os riscos e as propriedades bioquímicas, mas sim
olhar o tema de modo mais reflexivo levando em consideração a perspectiva da
ciência humana para se discutir as drogas na atualidade (LABATE, 2008). As
ciências humanas e sociais questionam o pilar da medicina cientifica no que se
refere a dependência química como doença, há uma enorme dificuldade de se
resolver esse conflito entre as interpretações sociais e o poder psiquiátrico e médico.
As regras da sociedade são criadas por grupos isolados, na sociedade atual
os modelos adotados não são simples onde há uma concordância da maioria em
como deve ser aplicada em situações particulares ou gerais, e sim com alta
diferenciação para cada tipo de situação, se adequando para linhas de classe social,
vertente cultural e linha étnica (ROSA, 2009).
22

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Campo de investigação

A presente pesquisa será desenvolvida pela internet, usando a ferramenta


Google Forms, assim podendo alcançar mais pessoas em menos tempo.

3.2 Participantes

O critério mínimo para responder o questionário é ter ou ter tido algum tipo de
contato com a Cannabis ao menos uma vez na vida de maneira consciente,
podendo ser de qualquer gênero ou idade e que de livre e espontânea vontade
queiram contribuir para o levantamento de dados.
Os participantes terão acesso ao questionário através da divulgação no
Instagram de páginas de divulgação de informação relacionada a Cannabis, as que
concordaram em fazer a divulgação do questionário são: @daboabrasil,
@cannabismonitor, @420substratos e @smokebuddies_oficial.

3.3 Instrumento

O método de coleta de dados foi feito em um questionário na plataforma


Google Forms, onde o mesmo foi dividido em quatro partes. A primeira parte foi
destinada a colher dados pessoais para identificação do entrevistado, apenas para
classifica-lo enquanto ser humano. Foram cobrados:

Idade – Será baseado em faixa etária, 0-25, 26-40 e 41-...


Sexo – Método de identificação de gênero não obrigatório
Região onde reside – Para entender o alcance da pesquisa.

Em um segundo momento os entrevistados responderam uma série de


perguntas baseadas na Escala Likert, que é um tipo de questionário fechado onde
23

suas respostas são baseadas em "Concordo Plenamente, Concordo Parcialmente,


Neutro, Discordo Parcialmente, Discordo Plenamente". As perguntas serão:

Você tem contato direto ou indireto com a Cannabis.


Você já consumiu Cannabis de maneira ativa.
Você se considera um usuário recorrente.
Você considera a Cannabis como despesa em seu orçamento (como conta
de luz, internet, remédios...).
Você não tem dificuldade de acesso a Cannabis.
Você tem acesso a Cannabis de qualidade.
Você se sente bem com a Cannabis.
Você não sofre nenhum tipo de repressão por usar Cannabis.

No terceiro momento foi apurado a relação dos usuários com a


automedicação com o uso de Cannabis. Foi utilizado um questionário de modelo
semiestruturado que contará com perguntas diretas.

Você já se automedicou fazendo o uso de Cannabis? Se sim, explique o caso


de maneira detalhada.
Você aconselha pessoas a usarem a Cannabis como remédio? Explique
Em virtude da automedicação com o uso de Cannabis, você acredita ter
ficado longe do uso de outras drogas licitas ou ilícitas?
Você acredita que o consumo da Cannabis em sua vida se trata apenas de
um uso medicinal?
Você tem ouvido sobre os avanços na área da saúde envolvendo a
Cannabis?
A quanto tempo você se considera usuário ativo de Cannabis?
Existe algum problema ou situação em que só foi possível remediar com
Cannabis?
Como você descreve o efeito medicinal da Cannabis em relação ao seu corpo
e mente?
24

O quarto e ultimo momento teve uma caixa de resposta de estrutura aberta


onde foi pedido qualquer informação adicional sobre o tema que não tenha sido
cobrada nas perguntas anteriores.

3.4 Análise dos dados

O primeiro momento do questionário tem como objetivo entender quem são


os usuários de Cannabis que estão respondendo o questionário, identificando sua
faixa etária e sexo. No segundo momento a pesquisa tem como objetivo tipificar o
usuário em duas classificações, esse estágio classificou o entrevistado com sua
relação com a Cannabis, entre eles são:

Usuário Recorrente: Individuo que consome diariamente a Cannabis, que


não tem problemas com toda a questão social e faz o uso indiscriminado da erva.
Usuário Singular: Individuo que já teve algum tipo de contato com a
Cannabis, mas usa por impulsão ou não se mostra adepto da proibição nem do uso
frequente ou apenas não gosta. Pode também não faze não se mostra adepto da
proibição nem do uso frequente mais nenhum tipo de uso por não se mostra adepto
da proibição nem do uso frequente opção.

Todas as respostas marcadas como “Concordo Plenamente” contabilizarão


10 pontos, as respostas com “Concordo Parcialmente” contabilizarão 5 pontos, as
respostas “Discordo Parcialmente” contabilizarão 3 pontos e por fim as repostas que
forem marcadas com “Discordo Plenamente" contabilizarão 0 pontos. Todos os
indivíduos que somarem 40 ou mais pontos são qualificados como “Usuário
Recorrente”, se a soma for 39 ou menor esse indivíduo será qualificado como
“Usuário Singular” e não será analisado.
Esse método foi adaptado do método de Escala Likert, criado em 1932 pelo
pesquisador Rensis Likert, essa escala consegue medir o grau de conformidade do
entrevistado, no lugar de responder "Sim" ou "Não" as opções remetem a uma
escala onde se pode aplicar pontos podendo assim obter respostas em uma escala
numérica.
25

A apuração da terceira parte da pesquisa contará com a análise de conteúdo


temática de Laurence Bardin (1977), que tem como objetivo compreender a real
informação obtida nos dados coletados, se fazendo entender conteúdos explícitos
ou ocultos aplicando as três etapas que são: a Pré-analise, que consiste em
observar a matéria como um todo para entendimento da dimensão das respostas; a
Exploração, que é o momento de agrupamento das respostas semelhantes fazendo
uma relação de senso comum; o Tratamento que é basicamente o entendimento
final de um senso elaborado.
O quarto momento do questionário é entendido como um complemento das
respostas visando confirmar alguma informação que não tenha ficado clara, deste
modo não carregará a mesma importância cientifica que os outros momentos do
questionário.
26

4 RESULTADOS

O questionário ficou ativo por 2 meses, do dia 17 de agosto de 2021 até o dia
17 de outubro de 2021 e totalizou 131 entrevistas completas para a análise.

4.1 Primeira parte

Dos 131 questionários respondidos, 84 indivíduos têm entre 1-25 anos de


idade, 46 para os de 26-50 anos e apenas 1 para 51-75 anos.

Gráfico 1 - Idade

Em toda contagem foi possível observar uma variedade no gênero, sendo 63


homens cisgênero, 55 para mulheres cisgênero, 11 preferiram não revelar ou
marcaram "outro", por fim houve 1 homens e 1 mulher transgénero.
27

Gráfico 2 - Gênero

Quanto a região de cada indivíduo felizmente o estudo alcançou as 5 regiões


tendo o Nordeste com o maior número de resultados contando 78 pessoas, seguido
do Sudeste com 34, depois Sul com 12, Centro-Oeste foram 4 e o Norte foram 3
pessoas.

Gráfico 3 - Região

4.2 Segunda parte

A segunda etapa do questionário também houve resultados diversos, como


na afirmativa "Você tem contato direto ou indireto com a Cannabis.", 119 pessoas
responderam "Concordo Plenamente", 8 responderam "Concordo Parcialmente", 2
pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 2 responderam "Discordo
Plenamente".
28

Gráfico 4 - Pergunta 1

Já na afirmativa "Você já consumiu Cannabis de maneira ativa." 120 pessoas


responderam "Concordo Plenamente", 3 responderam "Concordo Parcialmente", 2
pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 6 responderam "Discordo
Plenamente".

Gráfico 5 - Pergunta 2

Na afirmativa "Você se considera um usuário recorrente. (Faz uso diário)" 83


pessoas responderam "Concordo Plenamente", 23 responderam "Concordo
Parcialmente", 7 pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 18 responderam
"Discordo Plenamente".
29

Gráfico 6 - Pergunta 3

Na próxima afirmativa "Você considera a Cannabis como despesa em seu


orçamento (como conta de luz, internet, remédios...)." 60 pessoas responderam
"Concordo Plenamente", 36 responderam "Concordo Parcialmente", 10 pessoas
responderam "Discordo Parcialmente" e 25 responderam "Discordo Plenamente".

Gráfico 7 - Pergunta 4

Na afirmativa "Você não tem dificuldade de acesso a Cannabis." 60 pessoas


responderam "Concordo Plenamente", 40 responderam "Concordo Parcialmente", 14
pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 17 responderam "Discordo
Plenamente".
30

Gráfico 8 - Pergunta 5

Já na afirmativa "Você tem acesso a Cannabis de qualidade." 32 pessoas


responderam "Concordo Plenamente", 36 responderam "Concordo Parcialmente", 24
pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 39 responderam "Discordo
Plenamente".
Gráfico 9 - Pergunta 6

Na afirmativa "Você se sente bem com a Cannabis." 100 pessoas


responderam "Concordo Plenamente", 24 responderam "Concordo Parcialmente", 3
pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 4 responderam "Discordo
Plenamente".
31

Gráfico 10 - Pergunta 7

E por fim a afirmativa "Você não sofre nenhum tipo de repressão por usar
Cannabis." 15 pessoas responderam "Concordo Plenamente", 27 responderam
"Concordo Parcialmente", 43 pessoas responderam "Discordo Parcialmente" e 46
responderam "Discordo Plenamente".

Gráfico 11 - Pergunta 8

De todos os 131 indivíduos que responderam ao questionário 116 estão


dentro das especificações e se classificam com a somatória dos pontos como
“Usuário Recorrente”, sendo assim aprovados para a análise da terceira etapa do
questionário, enquanto que 15 se classificam como “Usuário Singular” e acabam
eliminados da análise da terceira etapa do questionário.
32

4.3 Terceira parte

Os resultados da terceira etapa do questionário tiveram grandes variações.


Na pergunta "Você já se automedicou fazendo o uso de Cannabis? Se sim, explique
o caso de maneira detalhada." 85 (73,3%) pessoas responderam que se
automedicam fazendo o uso de Cannabis tendo como os motivos mais frequentes
ansiedade, dores no corpo no geral, insônia, tentativa de alcançar o bem estar,
depressão e estresse, enquanto que 31 (26,7%) pessoas responderam que não
fazem ou nunca fizeram o uso da Cannabis com o intuito de se automedicar.

Tabela 1 - Você já se automedicou fazendo o uso de Cannabis? Se sim,


explique o caso de maneira detalhada."

Já na pergunta "Você aconselha pessoas a usarem a Cannabis como


remédio?" 99 (85,3%) pessoas responderam que aconselham outras pessoas a se
automedicaram com a Cannabis, porém 17 (14,7%) pessoas responderam que não
fazem ou nunca fizeram tal aconselhamento.

Tabela 2 - Você aconselha pessoas a usarem a Cannabis como remédio?

Depois na pergunta "Em virtude da automedicação com o uso de Cannabis,


você acredita ter ficado longe do uso de outras drogas licitas ou ilícitas?" 91 (78,4%)
pessoas responderam que o uso da Cannabis foi de relevante a imprescindível no
33

processo de afastamento do indivíduo do consumo de outras drogas licitas ou ilícitas


tais como álcool, cigarro, antibióticos e antidepressivos, enquanto que 21 (18,1%)
pessoas responderam que o uso da Cannabis não fez diferença na relação com
outras drogas que o indivíduo já consumia, tão pouco incentivou a consumir alguma
droga nova. Apenas 4 (3,4%) pessoas não souberam responder.

Tabela 3 - Em virtude da automedicação com o uso de Cannabis, você


acredita ter ficado longe do uso de outras drogas licitas ou ilícitas?"

Na pergunta "Você acredita que o consumo da Cannabis em sua vida se trata


apenas de um uso medicinal?" 104 (89,7%) pessoas responderam que o uso de
Cannabis em suas vidas não se trata apenas de um consumo medicinal, sendo que
51 (49%) responderam “Não” sem apresentar conteúdo adicional, enquanto que 12
(%) pessoas relataram que usam apenas com fins medicinais.

Tabela 4 - Você acredita que o consumo da Cannabis em sua vida se


trata apenas de um uso medicinal?

Já na pergunta "A quanto tempo você se considera usuário ativo de


Cannabis?" das 116 pessoas que responderam, 57 (49,1%) são usuários a menos
que 5 anos, 37 (31,8%) pessoas usam de 6 a 10 anos e 22 (18,9%) usam a mais de
10 anos. As respostas foram muito variadas tendo resultados desde 1 mês até 25
anos de consumo.
34

Tabela 5 - A quanto tempo você se considera usuário ativo de Cannabis?

Depois na pergunta "Existe algum problema ou situação em que só foi


possível remediar com Cannabis?" 70 (60,3%) pessoas responderam que há
problemas ou situações em suas vidas que só podem ser resolvidos ou remediados
com o consumo da Cannabis tendo como principais resultados ansiedade, insônia e
estresse, outras 20 pessoas responderam “Sim” para essa pergunta sem apresentar
conteúdo adicional, enquanto que 45 (38,8%) pessoas responderam que não
possuem problemas ou situações que só podem ser resolvidos com o uso de
Cannabis. Apenas 1 (0,9%) pessoa não soube responder.

Tabela 6 - Existe algum problema ou situação em que só foi possível


remediar com Cannabis?

Na pergunta "Como você descreve o efeito medicinal da Cannabis em relação


ao seu corpo e mente?" as respostas variam entre medicinal e recreativo, sendo
mais frequente os dois motivos juntos.

Tabela 7 - Como você descreve o efeito medicinal da Cannabis em


relação ao seu corpo e mente?
35

E por fim na pergunta "Você tem ouvido sobre os avanços na área da saúde
envolvendo a Cannabis?" 114 (98,3%) pessoas responderam que estão cientes dos
avanços dos estudos envolvendo a Cannabis, enquanto que 2 (1,7%) pessoas
responderam que não possuem qualquer conhecimento sobre o assunto.

Tabela 8 - Você tem ouvido sobre os avanços na área da saúde


envolvendo a Cannabis?

4.4 Ansiedade

Os resultados da terceira etapa do questionário foram bastante diversificadas,


contudo nenhuma resposta foi tão frequente como a ansiedade. Das 85 pessoas que
responderam positivamente para a pergunta "Você já se automedicou fazendo o uso
de Cannabis? Se sim, explique o caso de maneira detalhada." 43 (50,5%) pessoas
declararam que já se automedicaram com o intuito de amenizar os sintomas da
ansiedade de maneira geral, com 24 pessoas tendo entre 1 e 25 anos e 19 com 26 e
50 anos, sendo 24 (55,8%) homens, 15 (34,8%) mulheres e 4 (9,3%) marcaram
"Outro" ou "Prefiro não revelar", evidenciando que problema da ansiedade ataca
mais os homens usuário de Cannabis com pouco mais da metade dos resultados,
além disso 10 (23,2%) pessoas das 43 relataram que apenas com o uso da
Cannabis conseguiram remediar o problema com a crise de ansiedade segundo os
dados colhidos na pergunta "Existe algum problema ou situação em que só foi
possível remediar com Cannabis?". Dos 43 entrevistados que relataram fazer
automedicação para remediar os sintomas da ansiedade, 22 pessoas relataram ter
entre 0 a 5 anos de consumo da erva, 14 pessoas relataram de 6 a 10 e apenas 7
pessoas relataram usar a Cannabis a mais de 10 anos.
Isso evidencia a busca intensiva da Cannabis pelos usuários recorrentes no
combate aos sintomas das crises de ansiedade, pois pouco mais da metade declara
que se automedica dessa forma, somando um número maior do que aqueles que
responderam ao questionário, mas não foram validados como "Usuário Recorrente",
um total de 15 pessoas.
36

Dessas 43 pessoas apenas 10 (23,2%) responderam que se automedicam


com Cannabis apenas para tratar dos sintomas da ansiedade, enquanto que 33
(76,8%) pessoas relataram mais de um problema acompanhado da ansiedade
sendo os mais frequentes a insônia com 14 (42,4%) pessoas, seguido de dores no
corpo em geral com 12 (36,3%) pessoas, depressão com 7 (21,2%) e por fim
estresse com 6 (18,1%). De todas as 43 pessoas que relataram fazer
automedicação com Cannabis para remediar os sintomas da ansiedade 39 (90,6%)
pessoas recomendam ou aconselham outras pessoas a tomarem a mesma atitude,
contudo 36 dessas pessoas assumiram não consumir a Cannabis apenas como
forma medicinal segundo os dados colhidos na pergunta "Você acredita que o
consumo da Cannabis em sua vida se trata apenas de um uso medicinal?", tendo
como mais frequente o motivo recreacional, apenas 4 pessoas alegaram não
aconselhar a automedicação com o uso de Cannabis.
Diante da análise fica nítido que há uma grande necessidade de se
automedicar para amenizar os sintomas da ansiedade e quando se trata de usuários
de Cannabis recorrentes essa pratica reforça a eficácia dos componentes
ansiolíticos presentes na erva nesse tratamento especifico, mostra-se ser um
poderoso agente diante do problema em questão.

4.5 Dores

O segundo resultado mais frequente foi dores no corpo de maneira geral. De


todas as 85 pessoas que responderam positivamente para a pergunta "Você já se
automedicou fazendo o uso de Cannabis? Se sim, explique o caso de maneira
detalhada." 25 (29,4%) pessoas responderam que já se automedicaram para
amenizar dores no corpo de maneira geral.
Os resultados de idade para problemas de dores não foram muito diferentes
com 12 pessoas tendo entre 1 e 25 anos e 13 com 26 e 50 anos mostrando que há
pouca diferença de idade nos usuarios que buscam aliviar dores, sendo 15 (60%)
homens, 8 (32%) mulheres e apenas 2 (8%) pessoas marcaram "Outro". Apenas
uma pessoa relatou que a Cannabis é o unico agente amenizador das dores no
corpo de maneira geral, evidenciando que esse problema não é combatido
prioritariamente com o uso da Cannabis pela comunidade usuaria.
37

Dos 25 entrevistados que disseram fazer a automedicação para aliviar dores


no corpo 10 pessoas relataram ter mais de 10 anos de consumo, 9 pessoas
relataram ter de 6 a 10 e apenas 6 pessoas relataram que usam Cannabis a menos
de 5 anos. Dessas 25 pessoas apenas 5 (20%) responderam que se automedicam
com Cannabis apenas para aliviar as dores em qualquer parte do corpo, enquanto
que 20 (80%) pessoas relataram mais de um problema acompanhado das dores
como a ansiedade com 12 (48%) respostas, seguido do estresse com 8 (32%)
respostas, colica menstrual e insonia marcaram 6 (24%) respostas cada.

4.6 Insonia

A insonia foi um resultado bastante frequente tambem, se colocando como


terceiro resultado mais frequente. De todas as 85 pessoas que responderam
positivamente para a pergunta "Você já se automedicou fazendo o uso de
Cannabis? Se sim, explique o caso de maneira detalhada." 20 (23,5%) pessoas
responderam que já se automedicaram para conseguir controlar os efeitos da
insonia, contudo em nenhum dos questioarios analiados a insonia apareceu sozinha
como resposta, sempre esteve acompanhada de outro problema, sendo os mais
frequentes a ansiedade, dores de maneira geral, falta de apetite e colicas
menstruais.
Os resultados de idade dos individuos se tratando de insonia não foram muito
distintos com 9 pessoas tendo entre 1 e 25 anos e 11 com 26 e 50 anos, sendo 11
(55%) homens, 8 (40%) mulheres e apenas 1 (5%) pessoas marcou "Outro".
Ao todo 5 pessoas relataram que só com o uso da Cannabis conseguem
remediar os problemas da insonia, mostrando que 25% das pessoas que sofrem
desse problema veem a Cannabis como a melhor ou unica opção para o problema.
Dos 20 entrevistados que relataram se automedicar com Cannabis para aliviar a
insonia, apenas 3 pessoas relataram ter mais de 10 anos de consumo, 9 pessoas
relataram ter de 6 a 10 e outras 9 pessoas relataram que usam Cannabis a menos
de 5 anos.
38

4.7 Depressão

A depressão é um problema visto como algo serio nos dias de hoje e acabou
se mostrando frequente nas respostas dessa pesquisa. De todas as 85 pessoas que
responderam positivamente para a pergunta "Você já se automedicou fazendo o uso
de Cannabis? Se sim, explique o caso de maneira detalhada." 15 (17,6%) pessoas
responderam que já se automedicaram para conseguir controlar a depressão,
contudo essa resposta apareceu quase sempre com outros problemas como
ansiedade, estresse e insonia, em apenas 3 respostas a depressão apareceu como
unico motivo de automedicação, contudo na pergunta "Existe algum problema ou
situação em que só foi possível remediar com Cannabis?" não houve registro para
depressão evidenciando de maneira geral que a Cannabis não tem o efeito
necessario para combater a depressão de modo autonomo sem nenhuma
interferencia externa.
As respostas de idade foram pouco diversas mostrando uma disparidade
entre os resultados, entre as respostas sobre depressão 4 pessoas tem entre 1 e 25
anos e 11 com 26 e 50 anos, mostrando que a Cannabis é procurada para tratar dos
sintomas da depressão majoritariamente por pessoas acima de 26 anos. Para as
questões de genero se contabilizaou 8 (53,3%) homens, 6 (40%) mulheres e apenas
1 (6,7%) pessoas marcou "Prefiro não revelar". Desses 15 entrevistados que
relataram se automedicar com Cannabis para aliviar a depressão, 6 pessoas
responderam que consomem a Cannabis a mais de 10 anos, 2 pessoas relataram
ter de 6 a 10 anos e outras 7 pessoas relataram que usam Cannabis a menos de 5
anos.

4.8 Estresse

O estresse é um dos problemas que somaram uma quantidade relevante de


respostas. De todas as 85 pessoas que responderam positivamente para a pergunta
"Você já se automedicou fazendo o uso de Cannabis? Se sim, explique o caso de
maneira detalhada." 13 (15,2%) pessoas responderam que já se automedicaram
para conseguir aliviar o estresse, esse problema apareceu apenas 2 vezes como
uma resposta unica para essa pergunta, tambem houve outras duas para a pergunta
"Existe algum problema ou situação em que só foi possível remediar com
39

Cannabis?". O estresse se mostra um problema cotidiano diante das respostas, ele


acaba sendo encarado como um incomodo que pode ser facilmente remediado com
o uso de Cannabis.
As respostas de idade foram pouco diversas mostrando pouca disparidade
entre os resultados, entre as respostas sobre estresse 6 pessoas tem entre 1 e 25
anos e 7 com 26 e 50 anos. Para as questões de genero se contabilizaou 6 (46,1%)
homens, 6 (46,1%) mulheres e apenas 1 (7,8%) pessoas marcou "Outro". Desses 13
entrevistados que relataram se automedicar com Cannabis para aliviar o estresse, 4
pessoas responderam que consomem a Cannabis a mais de 10 anos, 7 pessoas
relataram ter de 6 a 10 e outras 2 pessoas relataram que usam Cannabis a menos
de 5 anos evidenciando que o estresse começa a ser realmente um problema
passivel de automedicação apartir dos 26 anos. A maioria das respostas envolvendo
estresse estavam acompanhadas e problemas como ansiedade e dores que são
problemas relacionados ao estresse.

4.9 Colicas menstruais

As colicas menstruais somaram poucos resultados mas a sua analise se fez


relevante em virtude de se tratar de um problema que atinge apenas um genero. De
todas as 50 mulheres que responderam positivamente a pergunta "Você já se
automedicou fazendo o uso de Cannabis? Se sim, explique o caso de maneira
detalhada." 9 (18%) responderam que já se automedicaram com o intuito de
amenizar as colicas menstruais, porem apenas uma pessoa declarou que só a
Cannabis é capaz de remediar essa situação.
Em 8 dos 9 resultados as colicas menstruais apareceram junto com outros
problemas como ansiedade, dor e estresse, mostrando que esse é um problema
secundario em relação a prioridade de automedicação com outras situações.

4.10 Outros aspectos

Um dos boatos mais conhecidos é o de que a Cannabis é a "porta de entrada


para outras drogas", contudo essa é uma implicação bastande polemica nas
discussões onde se leva a serio o assunto.
40

De todos os 116 resultados para a pergunta "Em virtude da automedicação


com o uso de Cannabis, você acredita ter ficado longe do uso de outras drogas
licitas ou ilícitas?" 56 (48,2%) pessoas responderam "Sim" sem apresentar conteudo
adicional, 28 (24,1%) pessoas declararam que foram de reduzir até extinção do
habito de beber alcool em virtude do consumo de Cannabis, logo após aparece o
cigarro com contabilizando 8 (6,8%) respostas. Apareceram tambem alguns
farmacos, mas com baixissima frequencia como antidepressivos, ansiolíticos e
remedios de farmacia domestica, tambem houveram alguns que reduziram a
cafeina. Por fim um total de 19 (16,3%) pessoas responderam "Não" e outras 2
(1,2%) responderam "Não sei". Diante desses resultados pode-se analisar que a
Cannabis afetou a relação de algumas pessoas com certas drogas licitas, contudo
nenhuma resposta constou qualquer tipo de droga ilicita como a propia Cannabis,
mostrando pouca relação da mesma com outras drogas ilicitas.
Tambem foi possivel entender a visão daqueles que não se automedicam
com Cannabis voluntariamente. De todas as 116 respostas, 31 (26,7%) pessoas
responderam "Não" para a pergunta "Você já se automedicou fazendo o uso de
Cannabis? Se sim, explique o caso de maneira detalhada.". De todas as 31 pessoas
que negaram se automedicar com Cannabis, 23 aconselham outras pessoas a se
automedicarem mostrando que mesmo nao fazendo a pratica, essas pessoas tem a
conciencia do poder medicinal da Cannabis. Mesmo negando se automedicar com
Cannabis 14 pessoas responderam "Sim" sem acrescentar conteudo adicional para
a pergunta "Existe algum problema ou situação em que só foi possível remediar com
Cannabis?", alem disso 4 pessoas relataram ansiedade para essa pergunta
mostrando que acabam se automedicando de alguma forma, mas por algum motivo
não consideram essa ação uma automedicação.
Alguns problemas tiveram frequencia baixa demais para serem considerados
como TDAH, sintomas de autismo leve, falta de apetite, sindrome do panico e fobia
social.
41

5 DISCUSSÃO

A ansiedade é um sentimento desagradável que pode estar associado a


apreensão, medo, desconforto por antecipação, aversão ao desconhecido, podendo
assim influenciar na qualidade de vida, no desempenho das atividades em geral e
principalmente no controle emocional das pessoas (Silva et al., 2017). A alta
incidência de pessoas relatando se automedicar com Cannabis para aliviar os
sintomas da ansiedade colabora com os dados de Costa et al. (2019), que constatou
que o Brasil é o país com maior número de casos de transtorno de ansiedade
somando pouco mais de 9% da população geral.
A ansiedade se mostrou ser mais incidente em homens, dado que também foi
observado por Costa et al. (2019), que em seu estudo constatou que homens com
menos de 50 anos estão mais propensos a transtornos de ansiedade. Pouco mais
de 20% dos entrevistados declararam que apenas com o uso de Cannabis
conseguiram remediar os sintomas da ansiedade, mostrando significante procura
pela Cannabis, tal fator foi observado por Crippa (2010) que em seu estudo
constatou que indivíduos com altos níveis de ansiedade se automedicam com
Cannabis para relaxar e principalmente diminuir a ansiedade.
Já para Ribeiro (2014) a Cannabis apresentou resultados inespecíficos, não
sendo possível determinar os efeitos sobre a ansiedade, mesmo com alguns
pacientes relatando melhorias de humor, pacientes que não tiveram contato prévio
com a planta relatam efeitos negativos como sintomas de ansiedade e síndrome do
pânico. Porem ao se tratar de Cannabis os pacientes com transtorno de ansiedade
reduziram os sintomas após 28 dias de tratamento, como diz Ribeiro (2014).
Pode-se inferir que a procura pela Cannabis para remediar a ansiedade se
deve por seus efeitos ansiolíticos, resultado da alta quantidade de receptores CB1 e
CB2 no cérebro (RIBEIRO, 2014), que age no sistema nervoso gerando uma
sensação de calmaria. Mais de 80% das vezes em que a ansiedade foi relatada
acabou aparecendo com outros problemas, como insônia, dores no corpo em geral e
depressão, esse fator colabora com os resultados de D’ávila et al. (2020) que relatou
problemas como insônia, estresse e principalmente depressão como problemas
diretamente associados aos sintomas dos transtornos de ansiedade.
42

As dores no corpo em geral também se mostraram bastante frequentes na


coleta de dados, como confirma para Ascenção et al. (2016) a dor crônica é o motivo
mais frequente da busca por atendimento médico, sendo bilhões de dólares movidos
em gastos médicos. Mesmo que a Cannabis tenha eficácia comprovada no
tratamento da dor, sendo documentada a mais de 4000 anos o seu uso, infelizmente
o consumo medicinal foi discriminado na maior parte do século XX. A descoberta de
receptores canabinoides contidos no sistema nervoso central e do sistema
endocanabinoides somados a associação com as vias de transmissão da dor, fez
com que o consumo de Cannabis fosse uma alternativa aos tratamentos
convencionais (Ascenção et al., 2016). Para Ascenção et al. (2016) a descoberta
dos receptores endocanabinoides CB1 e CB2 permitiu a elucidação do modo de
atuação da Cannabis no mecanismo da dor. Foi observado por Netzahualcoyotzi
(2009) que o ∆9-THC previne a dor quando consumida de maneira direta na medula
espinal, no tronco encefálico e no tálamo. Isso mostra a capacidade moduladora da
dor pelo sistema endocanabinoide.
Pode-se inferir que isso acontece em virtude da principal via descendente da
dor conhecida como via inibitória, conduzir o inverso da via ascendente, assim logo
depois de enviar a resposta ao estímulo doloroso, no tronco-encefálico a mensagem
passa pelo Sistema Descendente de Controle da Nocicepção, aqui são encontradas
várias estruturas responsáveis pelo controle da dor, sendo esse o local onde age o
princípio ativo da Cannabis. Dentro do sistema as células-on aumentam os impulsos
dolorosos da medula espinhal até o sistema nervoso central enquanto as células-off
diminuem. Quando se sente dor acontece a liberação de anandamida na parte cinza
central (periaquedutal) responsável pela modulação da dor (VANEGAS, 2013).
Entre outros fatores evidenciados, o tempo de consumo se mostrou mais
evidente, pois mais de 70% das pessoas que alegaram se automedicar com
Cannabis tem mais de 6 anos de consumo, fator que foi observado por Ribeiro
(2014) que observou que usuários com mais tempo de consumo tendem a buscar a
Cannabis com mais frequência para amenizar problemas mais cotidianos como
estresse, ansiedade e dores. Quanto ao problema das dores, segundo Aquiar (2017)
há pesquisadores em todo o planeta que estudam a possibilidade de usar os
componentes da Cannabis para o fim terapêutico, pois há um potencial analgésico
enorme que ameniza vários sintomas de doenças relacionadas com o sistema
nervoso central.
43

A insônia foi um problema que apresentou dados específicos, sendo bastante


frequente entre as pessoas que se automedicam com Cannabis, a Associação
Brasileira do Sono evidencia que os problemas relacionados a insônia são comuns
nos brasileiros, resultando numa alta procura por profissionais com o objetivo de
tratar a situação (FERREIRA, 2021). Segundo Ferreira (2021) nos últimos anos
muitas pesquisas foram feitas buscando entender o funcionamento dos
canabinoides no tratamento de diversas disfunções neuropsiquiátricas, se
destacando as dores neuropáticas e a insônia. Essa é uma planta muito utilizada
desde a antiguidade pelos seus efeitos terapêuticos, porém devido ao histórico de
utilização recreativa em busca por seus efeitos alucinógenos, seu uso medicinal
ainda é muito discutido, com restrições e incertezas (FERREIRA, 2021).
Mesmo com a alta incidência de pessoas fazendo esse tipo de
automedicação há dados que alertam sobre o seu abuso, segundo Peixoto et al.
(2020) os efeitos das substâncias, decorrentes do seu uso crônico, por longos
períodos de tempo, podem causar uma dependência química do usuário. A
abstinência nesse caso traz graves problemas, como dores no corpo, insônia
excessiva e prejudica a vida social do indivíduo (PEIXOTO, 2020). O uso da
Cannabis para remediar a insônia foi observado em consumidores mais jovens, com
menos de 5 anos de consumo, para Fávero et al. (2017) os problemas relacionados
a insônia têm crescido entre a população com menos de 30 anos que por sua vez
acaba cedendo a tratamentos com ansiolíticos opioides grande parte das vezes
A insônia em todas as vezes que foi citada apareceu junto de outros
problemas como ansiedade, falta de apetite, dores e cólicas menstruais. Para
Ferreira (2021) a insônia é classificada como um problema secundário, sendo
acompanhado de problemas psiquiátricos, condições medicas ou ambientais,
podendo em alguns casos específicos ser vista como um problema primário. Por
causa de sua eficiência a Cannabis tem sido analisada como agente mediador na
manutenção do sono (FERREIRA, 2021).
Segundo Carlini (2006) as boas novas sobre os efeitos medicinais da
Cannabis só começaram a fazer parte do cotidiano brasileiro a partir da metade do
século XIX, tendo como maior exemplo as Cigarrilhas Grimault, cigarros com cunho
medicinal indicados para insônia, asma, dificuldade de respirar. Ainda se era
possível observar em 1905 as propagandas do produto no Brasil, demonstrando que
suas aplicações medicinais já são reconhecidas a bastante tempo.
44

A depressão para geralmente é tratada com ansiolíticos opioides e de forte


efeito (ANVISA, 2020). A incidência desse problema a maioria das vezes apareceu
acompanhada de problemas como ansiedade, estresse e insônia, sendo a doença
que mais incapacita pessoas em todo o mundo, só no Brasil no ano de 2016 mais de
70 mil pessoas foram afastadas do trabalho por causa de transtornos depressivos
somados a estresse (VRY, 2019).
A Cannabis se mostrou pouco efetiva pelos entrevistados, segundo Diehl
(2010) há pouca evidência científica para associar comportamentos depressivos
com o uso de Cannabis. Porém, algumas evidencias mostram que o uso
desenfreado da Cannabis pode ocorrer junto com a depressão de maneira mais
frequente do que ao acaso. Alguns estudos acentuam também que o consumo da
Cannabis nos pacientes com transtornos depressivos acontece como uma
“automedicação”, mesmo que isso seja teórico.
Para Diehl (2010) a legalização da Cannabis geraria maior contato da planta
com a população aumentando a incidência de psicoses, principalmente na
população jovem que é a maior consumidora. Contudo Leweke (2008) argumenta
baseados em correlações, que o uso de derivados da Cannabis, como o canabidiol,
tem leve eficácia para o alívio de sintomas de depressão, sendo necessário uma
permissão especial para o consumo.
O estresse não foi muito frequente nos resultados, contudo se mostrou ser um
problema facilmente remediado pelos usuários que alegam se automedicar para
aliviar o estresse. Segundo Zuardi et al. estudos que evidenciam que os usuários de
Cannabis justificam seu uso alegando relaxamento instantâneo, além de
conseguirem lidar melhor com a ansiedade e o estresse.
Esse fator está diretamente ligado a ação ansiolítica dos princípios ativos da
Cannabis que agem sob o sistema nervoso central, a depender da quantidade
absorvida o indivíduo pode ter diversos tipos de reação (FERREIRA, 2021), para o
estresse os entrevistados alegaram relaxamento muscular e pensamentos leves
após o uso, contudo também foi observado por Polose et al. (2011) que o abuso da
Cannabis pode acarretar efeitos indesejáveis, tendo como maior exemplo ataques
de pânico. Polose argumenta que os efeitos ansiolíticos da Cannabis não são
conclusivos, podendo surpreender o usuário negativamente ao tentar se
automedicar.
45

Os dados relacionados a cólicas menstruais precisam ser discutidos de modo


especial, tendo em visto que apenas mulheres sis podem estar relacionadas a esse
problema especifico. Segundo Carneiro (2018) a Cannabis contem poder analgésico
que consegue aliviar muitos tipos de dores, entre elas estão dolorosas cólicas
menstruais e as dores pós-operatórias. No continente americano o uso da Cannabis
se iniciou no hemisfério sul no século XVI, através dos escravos africanos trazidos
da África, em virtude disso existem evidencias do uso da Cannabis para remediar as
cólicas menstruais, dores de cabeça e de dente, além de rituais religiosos de origem
africana (ZUARDI, 2005). Esse fato histórico evidencia o conhecimento sobre o
poder ansiolítico da Cannabis pelos povos africanos antigos.
Foi possível observar também que mais de 70% das pessoas que
responderam ao questionário revelaram que o uso terapêutico da Cannabis auxiliou
na redução de vícios em outras drogas, sendo as principais o álcool e o tabaco, para
Cuevas et al. (2018) os benefícios da Cannabis no combate a dependência de
drogas estão associados à sua colaboração na diminuição do estresse, depressão e
da ansiedade, que são problemas que podem desencadear uma recaída em algum
tipo de vício. Segundo Cuevas et al. (2018) problemas como depressão e estresse
são os maiores impulsionadores do consumo de drogas, uma vez que o indivíduo
busca remediar seu problema, acaba se rendendo majoritariamente ao álcool e
tabaco, seguido de opioides.
46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho avaliou como os muitos usuários de Cannabis se


comportam diante de seus problemas, mostrou que de fato a maioria não depende
desse consumo para seguir suas vidas, contudo não abre mão do uso pois sempre
agarram o motivo recreacional, desse modo o trabalho analisou o porquê cada
indivíduo se automedica. Em um mundo onde as coisas acontecem muito rápido, a
sociedade, o cotidiano e a rotina dão lugar a novas enfermidades, novos problemas
dos quais ainda não estamos preparados, mesmo com o estudo de gerações a
ansiedade só ganhou holofotes nessa geração atual, quando as pessoas
entenderam que muitos sentimentos ruins são causados pela ansiedade finalmente
conseguimos buscar remediar em vez de dar continuidade a esses pensamentos,
procuramos ajuda terapêutica muitas vezes.
A Cannabis por séculos é vista como o gênero das plantas medicinais
ganhando uma fama ruim nos últimos 150 anos em virtude das proibições, povos
antigos já consumiam dessa forma, mas para remediar situações que condiziam
com o cotidiano desses povos, através de entrevistas esse trabalho ajudou a
entender como as pessoas de hoje estão se automedicando com Cannabis sem a
ajuda do governo e com dosagens a critério deles mesmos e os resultados foram
diversos, de fato não é possível estabelecer um padrão claro até que seja possível
se estudar com legalidade a Cannabis no âmbito medicinal e principalmente
escutando os usuários, levando o estudo cientifico para o lado social, pois mesmo
com a proibição a maioria dos usuários não tem problemas para conseguir a erva,
não tem problema em comentar sobre e muitas vezes até esquece que é ilegal.
Esse trabalho contribui com dados retirados dos usuários, onde eles
apresentaram suas queixas, suas aflições e como eles as resolvem, esse trabalhou
não precisou testar em animais doses de THC ou CBD, não que tais estudos não
sejam importantes, contudo esse estudo apenas precisou dar ouvido a população
que já fala essas coisas a muito tempo, muita gente fala que consome a Cannabis
para dormir, muita gente consome para trabalhar ou estudar, porem em alguns
casos foram relatados enfermidades e por isso deve-se levar em consideração mais
47

do que os outros, analisando dessa forma o próximos estudos podem já entender


como a Cannabis ajuda as pessoas e podem começar a desenvolver fármacos a
base de THC e CBD voltados para os problemas que atingem a população, pois hoje
no Brasil é permitido se medicar com Cannabis, desde que passe por toda
burocracia e apenas para enfermidades especificas que não passam de 10% de
todos os problemas que podem ser resolvidos com essa planta. A tendencia mundial
é a legalização da Cannabis, os países mais desenvolvidos já pensam dessa forma
e as notícias sobre os avanços na área cientifica envolvendo a planta estão cada
vez mais animadoras
48

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