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O SISTEMA FISCAL ANGOLANO

2.1. BREVE CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA FISCAL ANGOLANO


O Sistema Fiscal Angolano apresenta uma estrutura cedular, com vários impostos sobre
os rendimentos auferidos por empresas e/ou indivíduos. Atualmente, o sistema fiscal
angolano engloba o regime geral e o regime especial de tributação. Assim sendo, o
regime geral de tributação é composto por um conjunto de impostos sobre o rendimento
(imposto sobre o rendimento do trabalho, imposto industrial e imposto sobre a aplicação
dos capitais), sobre o consumo (imposto do consumo e imposto de selo), sobre o
património (imposto predial urbano, o sisa, e imposto sobre sucessões e doações) e
outros impostos. E o regime especial de tributação é constituído pela tributação da
atividade petrolífera e pela tributação da atividade mineira.

2.1.1. CONCEITO DE SISTEMA FISCAL

O conceito de sistema fiscal1, segundo Sousa Franco (2004), “é apenas o conjunto de


impostos e a forma como entre si eles se relacionam globalmente, na sua articulação
lógica e na coerência social.”2 Para Pereira (2010), o conceito “é tradicionalmente
usado para designar o conjunto de impostos existentes num certo espaço, reportando-se,
sobretudo, ao domínio normativo, ou seja à legislação fiscal existente”3. Ainda, no
entendimento de Elisa Rangel Nunes (2015), sistema fiscal é definido como “o todo
lógico das espécies tributárias na sua preordenação, com vista à obtenção de receitas
necessárias à efetivação dos propósitos e objetivos da função ou atividade pública
estadual.”4 Neste sentido, chama-se sistema fiscal ao conjunto dos impostos que se
encontram vigentes num determinado país, regulados e estatuídos pela lei existente e
que tem como determinado fim a satisfação das necessidades fundamentais dos
cidadãos. De acordo com Pereira (2010), a noção de sistema fiscal põe em relevo as
relações dinâmicas que se estabelecem entre as suas várias componentes e entre o
sistema fiscal e outros sistemas, designadamente o económico e o sociopolítico.
Segundo esta perspetiva mais abrangente e dinâmica, Pereira distingue quatro
características que se complementam na análise de um sistema fiscal: no plano
normativo, é constituído pela legislação que regula as matérias relacionadas com o
imposto, constituindo um subsistema do sistema legislativo mais geral – o direito fiscal5
– compreende o direito dos impostos, e é o ramo de direito público que melhor

1 “A palavra sistema (do grego sistemiun) traduz a ideia de conjunto de elementos


interconectados, de modo a formar uma realidade composta, um todo organizado segundo
uma dada lógica e um fim específico. A expressão “sistema” significa, assim, “combinar”,
“ajustar” ou “formar um conjunto”. Em teoria de sistemas a sinergia pode definir-se como a
convergência das partes de um todo que concorrem para um mesmo resultado. Todo e
qualquer sistema possui um objetivo geral a ser atingido. Ele tende a ser uma realidade
funcional que visa alcançar determinado fim a partir da articulação de realidades que dele
fazem parte”. Vide CATARINO, João Ricardo, GUIMARÃES, Vasco Branco et al. (2014), Lições de
Fiscalidade, 3ª Edição, Coimbra Almedina, pág. 34. 2 FRANCO, António L. de Sousa (2004),
“Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro Volume II”, 4ª Edição, Coimbra: Almedina,
pág. 167,168. 3 PEREIRA, Manuel Henrique de Freitas (2010), Fiscalidade. 3ª Edição. Coimbra:
Almedina, pág. 61. 4 NUNES, Elisa Rangel (2015), Lições de Finanças Públicas e de Direito
Financeiro,6ª Edição, Luanda, pág. 287. 5 Direito Fiscal em sentido próprio, o mais expressivo,
compreendendo o direito dos impostos enquanto prestações patrimoniais unilaterais para
satisfação de necessidades coletivas, compreendendo as normas substantivas que regulam os
factos tributários e também o acervo de normas de carater processual ou adjetivo. Veja-se em,
CATARINO, João Ricardo, GUIMARÃES, Vasco Branco et al. (2014), Lições de Fiscalidade, 3ª
Edição, Coimbra Almedina, pág. 56.

legisla estas matérias; no plano económico, estuda as relações entre o sistema fiscal (e
cada um dos impostos que o integram) e o sistema económico – hoje, o imposto é
assumido como um dos instrumentos de política económica, utilizado para prosseguir
designadamente objetivos de redistribuição do rendimento e riqueza, de regulação
conjuntural e de desenvolvimento; no plano organizacional, é composto pelos serviços
centrais, regionais ou locais inseridos na Administração Pública, encarregados de
administrar os impostos - no aspeto organizacional comporta ainda a análise da estrutura
e funcionamento dos tribunais fiscais, que apesar de pertencerem ao sistema judicial,
são fundamentais para garantir a eficácia de qualquer sistema fiscal; por fim, o plano
sociológico, que assume cada vez mais importância, o estudo dos impostos deve tomar
em consideração os fatores sociais que determinam o comportamento dos indivíduos e
dos grupos de pressão, sendo que, deste modo, pode depender o sucesso, eficácia e
aceitação do sistema fiscal pelos sujeitos passivos sobre que incide.6 Para além das
características mencionadas anteriormente, subjacentes a uma perspetiva dinâmica, um
sistema fiscal deve estar subjacente a uma perspetiva normativa, deve estar subordinado
a determinados princípios que visam orientar a sua aplicação, conferindo-lhe
homogeneidade e coerência. Dentre os vários princípios que se associam ao sistema
fiscal, podemos ressaltar os seguintes: a equidade, a eficiência económica, a
simplicidade administrativa, a flexibilidade e a transparência.7 A equidade aconselha a
que cada pessoa contribua de forma justa para o financiamento dos bens e serviços
públicos que se inscrevem nas obrigações do Estado. Deve velar-se para que haja uma
distribuição equitativa da carga fiscal. A eficiência económica de um sistema fiscal
consiste em este contar com impostos que não interfiram com decisões económicas
eficientes. A simplicidade administrativa consiste em os custos da administração e a
própria administração fiscal deverem ser baixos de modo a serem compatíveis com os
demais objetivos de política fiscal. A importância da transparência de um sistema fiscal
leva a que se evitem decisões arbitrárias por parte da administração fiscal e ainda a que
os contribuintes compreendam a necessidade de pagar impostos, diminuindo a sua
natural resistência ao cumprimento desse dever.8

2.1.2. CLASSIFICAÇÃO/TIPOLOGIAS DOS SISTEMAS FISCAIS


Para que serve um sistema fiscal?
Artigo 101.º CRA (Sistema fiscal)
“O sistema fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras
entidades públicas, assegurar a realização da política económica e social do Estado e
proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional.”
Artigo 10.º Código Geral Tributário (Fins da tributação)
2. A tributação deve igualmente promover a estabilidade financeira do Estado, através
da diversificação das suas fontes de receitas.

Classificação dos sistemas fiscais


• Critérios sociopolíticos
• Critérios socioeconómicos
Atendendo principalmente ao nível de fiscalidade e à estrutura fiscal

Nível de fiscalidade
É dado pela relação entre receitas fiscais e um indicador do rendimento
nacional, em geral o PIB, a preços de mercado
Fornece uma indicação da preferência que numa dada economia é dada aos
bens coletivos (maior nível de fiscalidade) em comparação aos bens privados
(menor nível de fiscalidade)
Fases da vida de um imposto:
As fases da vida de um imposto são:
-Incidência
-Lançamento
-Liquidação
-Cobrança (Pagamento)
A Incidência define a matéria colectável do imposto e identificam os sujeitos passivos
da relação jurídica fiscal a que o mesmo dará lugar.
O lançamento: corresponde ao momento do inicio da aplicação da lei, e a
determinaçao concreta da matéria colectável.
A Liquidação: é a operação aritmética de aplicação de uma taxa a matéria colectável
apurada no lançamento, para a determinação do montante exacto do imposto a pagar.
Cobrança: é a fase final da vida de um imposto para que tende toda a relação juridica
fiscal

Princípios de tributação
As regras de ADAM SMITH para um “bom sistema fiscal”:
Segundo ADAM SMITH, para que haja um bom sistema fiscal é indispensável a
existência de:
- justiça;
- certeza;
- comodidade;
- economia.

Princípios de tributação
As regras de ADAM SMITH para um “bom sistema fiscal”:
Segundo ADAM SMITH, para que haja um bom sistema fiscal é indispensável a
existência de:
- justiça;
- certeza;
- comodidade;
- economia.

Princípios de tributação
Visão atual dos princípios de tributação em sociedades modernas:
Artigo 4.º Código Geral Tributário (Princípios de tributação)
1. A tributação respeita os princípios da igualdade, da legalidade fiscal, da
equivalência e o da justiça material
2. (…)
3. A obrigação de imposto depende da capacidade económica dos
contribuintes, revelada pelo rendimento ou o património e a sua utilização

O princípio da equidade:
• Critério do benefício
Os impostos devem incidir sobre as pessoas em proporção dos benefícios ou
vantagens que estas retiram das despesas Públicas
• Critério da capacidade contributiva (“ability to pay”)
Cada pessoa deve pagar impostos de acordo com a sua capacidade contributiva, medida
através do rendimento, riqueza ou consumo e tendo em conta a sua situação pessoal

O princípio da equidade:
• Equidade horizontal
Tributar de forma idêntica as pessoas que têm igual capacidade contributiva
• Equidade vertical
As pessoas que têm diferentes capacidades contributivas devem ser tributadas de forma
desigual
Qual o grau e ritmo de progressividade que garante equidade vertical? Justificações
económicas para a progressividade:
- Igualdade de sacrifícios;
- Importância decrescente das necessidades satisfeitas

O princípio da eficiência económica:


• Efeito rendimento
Variação na procura de uma determinada quantidade de um produto que é
resultado da variação no poder de compra.
• Efeito substituição
Substituição da quantidade procurada por bens de valor mais baixo, como consequência
do aumento dos impostos

O princípio da simplicidade:
• Custos de administração
Variação na procura de uma determinada quantidade de um produto que é resultado da
variação no poder de compra.
• Custos de cumprimento
- Custos monetários
- Custo de tempo
- Custos psicológicos
IMPOSTO:
Prestação coativa, pecuniária, unilateral, estabelecida
pela lei, a favor do Estado ou de outro ente público,
sem carácter de sanção, com vista à cobertura das
despesas públicas e ainda tendo em atenção
objectivos de ordem económica e social.

Conceito de sistema fiscal


“Conjunto de impostos existentes num certo espaço,

referindo-se sobretudo à legislação existente, com vista

à prossecução de certos fins. “ noção clássica

“Conjunto de unidades reciprocamente relacionadas


que, tratando-se de um sistema aberto, está em
itearcção com o meio envolvente – influencia-o e é
influenciado por ele.”
FISCALIDADE EMPRESARIAL
Características de um sistema fiscal
• Coerência
• Interacção
• Complexidade
• Subordinação a objectivos
• Quatro dominios, normativo, económico, organizacional,
psicosociológico
Princípios de tributação
• Equidade
• Eficiência económica
• Simplicidade
• Subordinação a objectivos

Finalidades da tributação (LGT art. 5 e 7)


• Satisfação das necessidades financeiras do EOEP;
• Promove a justiça social, a igualdade de oportunidades e a
correção das desigualdades na redistribuição da riqueza e
do rendimento;
• Favorece o emprego a formação do aforro;
• Promover a competitividade e a internacionalização da
economia portuguesa.

Classificação dos sistemas fiscais:


• Critérios sócio-politicos
• Critérios sócio-economicos
• Nível de fiscalidade
• Estrutura fiscal
• Complexidade técnica do sistema
• Taxa de tributação Implicita
• Eficácia Fiscal
A concessão de Benefícios Fiscais (ver artº 2, Estatuto dos Benefícios Fiscais -
conceito de benefício fiscal e de despesa fiscal) tem como objectivo a dinamização da
economia, podendo tomar a forma de redução da matéria colectável, reduções de taxas,
incentivos em zonas menos desenvolvidas, criação de emprego, criação de zonas
francas ou crédito ao investimento.
Qualquer decisão empresarial tem sempre implicações fiscais. A fiscalidade afecta
a poupança das empresas (autofinanciamento), na medida em que influência os
fluxos financeiros, reduz os cash-flows disponíveis para aplicação e condiciona as
decisões de investimento e de financiamento, influenciando a tomada de decisões
de investimento e de financiamento, pois não incide de forma igual sobre as
diversas fontes de financiamento (leasing, crédito bancário, autofinanciamento).
A tributação é efectuada segundo o principio do rendimento real (ver artº 17, CIRC
- lucro tributável).
A escolha de uma estrutura fiscal é uma opção política com vista a uma maior justiça,
maior equilíbrio e maior bem-estar social.

Características das estruturas fiscais:

A. Países desenvolvidos - estruturas fiscais altamente produtivas (grandes receitas),


equilibradas (entre as várias fontes de receitas) e sofisticadas (bem concebidas com textos
fiscais adaptados à realidade sócio-económica, não burocratizante)

B. Países em vias de desenvolvimento - estruturas fiscais desequilibradas (predominância de


impostos sobre a despesa e aduaneiros), pouco produtivas (muitos impostos e baixa receita,
devido a larga difusão de fraude e evasão, possibilitada por ineficiência da administração
fiscal: inexistência de quadros técnicos qualificados e adequadamente bem pagos e textos
fiscais desadaptados da realidade sócio-económica)

C. Países de sistemas fiscais ditos socialistas - estruturas simples (mais receitas), concebidas
para satisfazer a economia planificada

A estrutura fiscal de um país é determinada pelo seu nível de desenvolvimento e factores de


índole histórica, cultural, social e política. Não existe uma estrutura fiscal óptima. Contudo os
países mais desenvolvidos têm um estrutura fiscal baseada em impostos sobre o rendimento,
contribuições para segurança social e impostos gerais sobre o consumo.

A actual estrutura fiscal portuguesa depende essencialmente dos impostos sobre o


rendimento, em particular sobre o trabalho dependente, do imposto sobre o valor
acrescentado e dos impostos especiais do consumo.

Vantagens da tributação sobre a despesa:


􀂃 efeito de anestesia, porque quem paga não sente e quem recebe não se depara com resistência
􀂃 menos propensão às fraudes e evasões fiscais
􀂃 a Administração Fiscal utiliza menos recursos na fiscalização
􀂃 maior facilidade na determinação da matéria colectável
Desvantagens da tributação sobre a despesa:
􀂃 são impostos cegos, que não atendem à real capacidade contributiva dos contribuintes,
contrariando o
objectivo de progressividade na tributação, que por vezes se reputa de fundamental
(contitucionalmente
consagrada)
􀂃 maior susceptibilidade de abusos a que estarão sujeitos por parte dos governos, para atingir
mais receitas
Nível de fiscalidade (coeficiente fiscal) é expressa pela relação entre receitas fiscais e um
indicador de
rendimento nacional.

Permite medir a parte do rendimento nacional que, através dos impostos, é transferida do sector
privado para o
sector público.
Os factores que condicionam o nível de fiscalidade são a magnitude da base de incidência, a
permeabilidade do
sistema à evasão e à fraude fiscal, o grau de incentivos fiscais concedidos, o grau de
monetarização da
economia, a dimensão das empresas e a maior ou menor intervenção dos poderes públicos na
economia.
Alguns factores que influenciam o nível de fiscalidade em cada país são a distribuição do
rendimento, a escolha
da unidade de tributação, o montante de deduções concedidas, a preferência que num
determinado país se
concede aos bens públicos relativamente aos bens privados, o tratamento fiscal que se concede
ao consumo ou à
poupança/investimento, as limitações legais da progressividade das taxas e dos escalões de
rendimento, a
capacidade administrativa e a eficácia no controlo dos contribuintes, a estrutura da tributação ou
a elasticidade
do imposto sobre os rendimentos.
Os objectivos da cobrança de impostos são a obtenção de receita em si mesma, a protecção da
industria nacional
(impostos alfandegários), a redistribuição do rendimento (impostos progressivos «IRS» e
penalizadores
«imposto s/ tabaco») ou o incentivar o desenvolvimento económico (benefícios fiscais).
O sistema fiscal deve ter princípios para atingir as condições anteriores, isto é, máxima
neutralidade, equidade e
custos mínimos de cobrança. O funcionamento dos impostos na economia deve ser de tal ordem
que não
favoreça nem prejudique determinados agentes (e circuitos) económicos em detrimento de
outros.
A distribuição da carga fiscal na economia deve estar de acordo com os padrões de equidade
aceites pelo
consenso das opiniões da sociedade. O conjunto dos impostos existentes deve ser bem
arquitectado, de modo a
que a cobrança desses impostos proporcione ao Estado um mínimo de custos e o contribuinte
tenha o máximo
de facilidades e comodidades (entrega de declarações ou pagamentos pela Internet ou
Multibanco).

1.6. A fiscalidade e a gestão empresarial


Qualquer decisão empresarial tem sempre implicações fiscais
Exemplos:
􀂃 Compra de Imobilizado - amortizações
􀂃 Venda a crédito - incobranças - provisões
􀂃 Realização de donativos sujeitos a limites
􀂃 Despesas confidenciais (não aceites como custos fiscais)
􀂃 Reinvestimento de mais-valias resultantes de alienação de imobilizado
􀂃 Crédito Fiscal resultante de investimento em imobilizado
A tributação é efectuada segundo o princípio do rendimento real (Lucro Tributável - Artigo 17.º
do CIRC).
A Fiscalidade afecta a poupança das empresas (autofinanciamento), na medida em que:
􀂃 influencia os fluxos financeiros;
􀂃 amputa os cash-flows disponíveis para aplicação;
􀂃 condiciona as decisões de investimento e de financiamento.
A Fiscalidade influencia a tomada de decisões:
􀂃 de investimento;
􀂃 de financiamento, pois aquela não incide de forma igual sobre as diversas fontes de
financiamento (Leasing,
Crédito bancário, autofinanciamento)

A importância que assume nessa estrutura o imposto sobre o rendimento das pessoas
singulares explica-se pelo facto de o nível de industrialização e o fenómeno do urbanismo
permitirem a existência de um elevado volume de população ativa trabalhando por conta de
outrem e criarem importantes fluxos de aplicação de capitais.

Finalmente, do ponto de vista técnico e de organização, trata-se de sistemas fiscais que


apresentam um certo grau de sofisticação, de modo a corresponder adequadamente às
exigências económicas e sociais dos países respetivos em termos de tributação.

Nos sistemas fiscais dos países em desenvolvimento, o nível de fiscalidade é baixo e a


estrutura fiscal assenta em grande medida nos impostos indiretos e sobretudo nos impostos
relacionados com o comércio externo, em especial a exportação. Este desequilíbrio pode de
algum modo ser explicado pelo diminuto rendimento per capita, que impede qualquer
significativa tributação do rendimento, que encontra igualmente dificuldades derivadas da
escassa ou insuficiente monetarização da economia.

A economia angolana encontra-se extremamente dependente das receitas provenientes das


atividades de produção e exploração de recursos naturais não renováveis, nomeadamente, do
petróleo e dos diamantes, cuja exploração e consequente produção (muitas vezes incerta)
acarreta um elevado investimento, além de que o preço destas “commodities” se carateriza
por ser dos mais voláteis do mercado internacional, o que em situações de queda de preço,
implicará graves problemas financeiros para o país. O mesmo acontece com as receitas
aduaneiras (alfandegas), que revelam um peso relativo elevado para o Estado angolano. Por
outro lado, estas receitas não apresentam o nível de arrecadação desejada pela fraca
organização dos serviços alfandegários e pela existência de altos índices de evasão e fraude
fiscais.

Dando vida as afirmações de pereira e de afirma que tem sentido comparar níveis de
fiscalidade de diferentes países, Depende da capacidade tributária, isto é, a aptidão de um país
para consagrar, através do imposto, uma parte dos seus rendimentos ao financiamento das
despesas públicas.

Alguns factores que influenciam a capacidade tributária são: ƒ os comportamentos sociais


(consciência fiscal, a atitude da população face às suas obrigações fiscais) ƒ a estrutura
demográfica (forte população activa/envelhecimento) ƒ a organização política e institucional
(centralização das estruturas) ƒ o nível de desenvolvimento económico ƒ o grau de abertura ao
exterior (o volume de comércio externo) ƒ a composição do produto interno bruto

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