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TEXTO DE ORIENTAÇÃO AOS PAIS

NA INTIMIDADE DAS FAMÍLIAS


Os dilemas da modernidade nos trazem muito mais dúvidas e perguntas do que certezas e respostas,
a começar pela própria diversidade das composições familiares: Como lidar com filhos de diferentes
uniões? E com os ex-parceiros? E com os filhos adultos que não saem de casa? Como transmitir desde
cedo os princípios básicos do gerenciamento de conflitos, instrumento essencial para viver numa
sociedade de redes, em que tudo está cada vez mais interligado e interdependente? Como construir
vínculos sólidos em contextos voláteis? Ou criar alternativas inovadoras para estar presente, mesmo na
ausência?

Educar para fazer boas escolhas, desenvolver a responsabilidade e o espírito empreendedor (treinar
o olhar para perceber as oportunidades e a iniciativa para “fazer acontecer”, transformando sonhos em
projetos que resultem em ações eficazes), incentivar a cooperação e a partilha das tarefas na
“equipe familiar”, administrar as agendas sobrecarregadas (dos adultos e das crianças) para criar tempo
significativo de convívio, ampliar a área de interesses comuns para a troca de ideias entre gerações
(inclusive de irmãos), estimular a flexibilidade para adaptar-se a diferentes contextos. Esses são alguns
dos desafios que as famílias do século XXI precisam encarar para fazer face à complexidade do mundo
pós-moderno.

A globalização e o aumento do fluxo migratório estão criando uma nova dinâmica familiar nas
diversas culturas, sociedades e religiões do nosso “mundo plano”, nessa era de incerteza e
imprevisibilidade. Nesses novos grupos sociais, os valores são plurais, multiétnicos e multiculturais.
A capacidade de captar e compreender outros pontos de vista, a rapidez do ajuste a cenários mais
desfavoráveis, a disposição de ser um eterno aprendiz que se atualiza constantemente são instrumentos
essenciais do “kit de sobrevivência” do novo milênio.

É na intimidade das famílias que começamos a alfabetização para aprender a conviver com a
diversidade e a resolver impasses e conflitos que surgem a partir das diferenças. É no cotidiano da vida
em família que aprendemos a prática da afetividade; a lidar com a raiva, a tristeza e a frustração;
a praticar a difícil arte da escuta respeitosa, tão essencial para a construção dos acordos de bom convívio.
Aí se encontram oportunidades e recursos inestimáveis para desenvolver as habilidades básicas de
relacionamento. É preciso acreditar na competência das famílias e na possibilidade de expandir o que
funciona bem, mesmo nas famílias ditas multiproblemáticas.

Em parceria com a escola, as famílias podem construir com mais eficácia os alicerces da educação
de cidadãos globais que poderão conviver bem com a diversidade, reconhecendo a semelhança essencial
entre todos os seres humanos. É na intimidade das famílias que germinam as sementes do amor.

Texto de: Maria Tereza Maldonado, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio
membro da American Family Therapy Academy e exerce a profissão desde 1971.
Duílio BF
Rev .: TM
22/4/2009

OSG.: 16379/09
SOP – SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

2 OSG.: 00000/08

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