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Seu olhar estava nublado, seu corpo rígido e seus punhos fechados.
Tracei a renda do meu vestido e ouvi sua respiração acelerada. A festa foi um
borrão. Nunca fui a um casamento tão rápido na minha vida.
— Kiara.
Era a primeira vez que ele falava meu nome. Sua voz era rouca e seus
lábios cheios quando pronunciavam o nome que eu escutava me chamarem há
quase duas décadas. Porém, nunca me acertou da maneira que ele o fez.
— Você pode me ajudar a tirar o vestido? — questionei, quando ficou
claro que ele não falaria mais nada.
Giulio acenou e eu me aproximei, virando de costas. Ele desfez os botões
um a um sem tocar em mim um único segundo. Eu desejei sentir suas mãos em
mim, porém Giulio se afastou assim que finalizou seu trabalho.
— Eu vou dormir no quarto ao lado.
Suas palavras não fizeram sentido até que eu me virei e vi seu olhar
longe do meu enquanto ele caminhava em direção à porta.
— Por que faria isso? — questionei, tentando compreender.
Giulio respirou fundo e segurou a maçaneta. Vi seu punho ficar branco
tamanha força que ele usava para segurar o trinco.
— Não posso tocar em você, Kiara.
— Como? — Arregalei os olhos quando levei a mão à boca.
— Você não deveria ser minha.
— Mas sou — afirmei rapidamente, ainda segurando a parte superior do
meu vestido no lugar. — Eu sou sua esposa.
— Você vai desejar não ser.
Duas semanas foi o tempo que levei para me acostumar com a minha
nova realidade. Eu morava em um apartamento bonito, espaçoso e com vista
para Chicago. Passava o dia preenchendo minha rotina com nada além de assistir
a filmes e a séries enquanto meu marido sumia durante a noite, e em raras vezes
aparecia durante o dia.
Giulio era um fantasma na casa.
— Eu fui designado para fazer sua segurança a partir de hoje. — O
homem loiro e de rosto fechado estava ao lado do meu carro.
— Onde está Peyton? — perguntei, lembrando que meu segurança havia
me deixado aqui há dois dias.
— Ele faz a segurança dos Bonnucci, não dos Conti.
Foi como um tapa com luva de seda. Eu não era mais uma Bonnucci. Eu
era uma Conti.
— O.k. Eu vou para a casa dos meus pais — avisei ao entrar no carro.
O homem que eu nem mesmo havia perguntado quem era acenou e foi
para o seu próprio carro. Vinte minutos depois estacionei o carro e respirei
fundo. Vi o carro de Madeleine e suspirei, saindo do meu veículo com pressa
para alcançar minha prima.
— Okay, cheguei de férias. Que tal me contar como está seu casamento?
— Seus braços envolveram meus ombros assim que entrei na mansão.
Não sabia como ou o motivo, mas meus olhos começaram a lacrimejar.
Minha prima franziu as sobrancelhas e agarrou minha mão, enquanto pegava a
sua bolsa.
— Ei, ei... o que foi, Kira? — Maddie me enfiou na sala reservada e
fechou a porta.
Ela era a única pessoa no mundo que me chamava de Kira. Quando
pequena ela não conseguia falar, então criou um nome para mim.
Me aproximei da janela, enquanto piscava repetidamente para afastar as
lágrimas. Maddie se aproximou e eu me virei.
— Ei...
— Giulio não me quer — falei, já com os olhos secos. Ela franziu as
sobrancelhas e eu engoli em seco. — Eu não sei o que tenho, Maddie.
— Você não fez nada. — Minha prima me fez sentar no sofá e segurou
minhas mãos. — Esse homem não é digno de você, ele deveria lamber o chão
que você pisa.
— Não diga isso. Eu não quero isso — afirmei, respirando fundo. — Eu
só queria que ele me quisesse. Só. Nada mais.
— Nós deveríamos sair. Você está triste demais para uma recém-casada.
— Ela afastou meus cabelos e sorriu. — Nunca imaginei que estaria assim, Kira.
Eu pensei que casamentos eram... o ápice da felicidade.
Segurei a mão de Madeleine e suspirei.
— Eu também.
Desde pequena, fui instruída a esperar pelo casamento como se ele fosse
o final, a grande conquista da minha vida. Porém, agora, tudo que eu tinha era
uma casa grande cheia de solidão e um marido que eu não via nunca.
Nós saímos de casa escondidas. Meus pais não haviam me visto e isso
era bom. Não demorou para chegarmos à boate onde Maddie sempre ia e me
contava. Eu nunca saí sem a permissão dos meus pais, então a diversão sempre
ficou para a minha prima.
— O.k., primeiro, nada de sobrenomes. Segundo, eu guardei isso desde
sempre, porque eu sabia que a nossa hora chegaria. — Ela ergueu a identidade
falsa e a balançou, enquanto eu olhava ao redor da boate.
— O.k. — Eu ri um pouco, nervosa.
Ela me guiou até o bar, e depois de conferir nossos documentos falsos, o
homem deslizou duas bebidas diante de nós. Maddie engoliu a sua rapidamente,
enquanto levei meu tempo bebericando o drinque.
— Eu vejo duas de você — falei para Maddie, depois que tomei a
terceira bebida.
— O quê? — ela gritou, franzindo as sobrancelhas. — Você está bem? —
Sua preocupação era engraçada, por isso ri e a puxei em direção à pista. — O.k.,
Kira, você está bem mesmo?
— Sim! Só estou bêbada — falei, dando de ombros.
Madeleine relaxou e nós dançamos ao som ritmado de alguma música
que estava fazendo sucesso. Balancei meus quadris e ela bateu os dela nos meus
enquanto ríamos.
Ergui o rosto para o teto e dancei como se não houvesse amanhã. A
música me embalou, fez com que eu me perdesse dentro de mim mesma. Não
me lembrei de Giulio, Travis ou da solidão. Eu foquei em mim.
— Jesus, você é perfeita. — A voz gritou sobre a música, então olhei ao
redor, encontrando um homem ao meu lado. — Alguém já falou isso?
Não. Nunca.
— Não — respondi com sinceridade.
Nervosa, procurei a minha prima e a encontrei rapidamente. Madeleine
dançava ao meu lado enquanto um homem falava algo em seu ouvido. Voltei a
encarar o que havia me chamado de perfeita. Seu cabelo escuro era bonito.
— Isso é uma pena. — Seus olhos brilharam na direção da minha aliança
e meus ombros cederam, recordando-me de Giulio.
— É.
— Seu marido é um idiota. — Suas palavras eram tão sérias que me
fizeram rir. — Posso pagar uma bebida a você?
Ele poderia?
— Acho que sim.
O homem me levou para o bar e Maddie veio em seguida, com o cara que
parecia ser amigo dele. Eles sorriram um para o outro e logo começaram a
conversar.
— Sandro. — Ele estendeu a mão para mim e eu a peguei.
— Kira.
Algo me impediu de falar meu nome. Eu não sabia o que era, mas resolvi
deixar a Kiara escondida. A Kira poderia sair e conversar com estranhos. A
Kiara? Nunca.
— Então, Kira, o que faz em Chicago? — Seu sorriso era calmo e gentil.
Eu me peguei contando coisas aleatórias da minha vida a um estranho,
porque ele fez com que eu me sentisse importante. Senti que tudo que eu falava
era algo a ser considerado.
Sandro era um cara legal. Eu gostei dele.
Sabia que precisava me manter vigilante, porém, à medida que
conversávamos e eu bebia, a preocupação deu lugar a sensação de amistosidade.
Maddie felizmente soube a hora que deveríamos parar. Nos despedimos
dos meninos e ela me levou para a casa.
— Não esqueça, Kiara. — Maddie suspirou sonolenta, no Uber, assim
que saí do carro.
— De quê?
— Você é incrível e seu marido é um idiota.
Sim, ele era.
Confirmei isso ao entrar em casa e perceber que estava sozinha. Mais
uma vez.
— Atire.
O corpo dela se retesou ao meu lado e seus olhos se arregalaram.
— Atire. Agora.
A mão dele tremia enquanto empurrava a arma na minha direção.
— Não posso. — Balancei a cabeça repetidamente, sentindo meu peito
ser esmagado. — Não me peça isso.
— Ele vai me matar, Giulio. Ele. — O orgulho em seu olhar o traiu tantas
vezes. Agora era o final da linha e nós dois sabíamos disso.
— Eu faço. — Lake decidiu ao meu lado, então eu a encarei. — Tudo
bem, apenas me ensine...
— Não. — Salvatore cuspiu com nojo. — Não vou morrer pelas mãos de
um de vocês. O que diabos ela está fazendo com você, aliás?
Eu não sabia. Lake estava aqui, no entanto.
— Deixe-o fazer isso. Você sabe que isso vai ser o motivo de Sienna
odiá-lo. Esse será o castigo dele — anunciei, irritado, sem dar a mínima se Lake
podia ouvir. Eu era leal ao homem diante de mim que implorava para que eu o
matasse.
— Você não entendeu... — Salvatore segurou minha cabeça e juntou
nossas testas. — Isso vai matá-la. Não posso...
— Giulio! Giulio!
A sacudida em meu braço me fez abrir os olhos rapidamente.
Puxei Kiara pela cintura e me ergui, colocando-a às minhas costas tão
rápido que fiquei tonto. Peguei a arma com a mesma velocidade e mirei na porta
do quarto, porém não havia ninguém.
— Calma. — Kiara tocou minha coluna, e devagar consegui respirar. —
Você estava tendo um pesadelo.
Me diga uma novidade. Todas as noites eu sonhava com a mesma coisa.
A morte do meu melhor amigo.
— Eu estou bem — murmurei ao me virar.
Ela estava diante de mim, tão pequena e indefesa quanto a primeira vez
que a vi.
— Eu estava indo tomar água e ouvi... eu... — Ela desviou os olhos do
meu peito e engoliu em seco. — Vou voltar para o meu quarto.
Ela tentou sair, mas a cama estava bem colada às suas coxas e eu estava à
sua frente.
— Ele vai me matar se eu for pego — murmurei a resposta para o que ela
falou mais cedo. — Não apenas me matar, ele vai me mutilar, me torturar. Seus
irmãos farão fila para isso. — Minha voz era fria enquanto meus dedos tocavam
o cabelo loiro e ondulado dela.
Seus olhos que eram o verdadeiro paraíso se fixaram nos meus. Havia
lágrimas ali. Jamais desejei tanto algo que nunca poderia ser meu. Kiara era
minha. Porém, não por muito tempo. Logo que eu partisse ou morresse, não
importava, ela seria reinserida na Outfit como solteira ou viúva. Um homem
esperto a faria dele.
E eu queria matá-lo.
— O que está pensando? — Sua voz doce enviou sangue em direção ao
meu pau.
— Em como eu poderia matar seu futuro marido. Há tantas maneiras.
Kiara arregalou os olhos e eu toquei seu rosto.
Eu desejava levá-la comigo. Eu não era estúpido o suficiente, mas... e se
eu tivesse a chance?
— Não irei me casar novamente. — Sua resposta foi sucinta.
— Como?
— Ninguém me obrigará a me casar novamente. Meus pais ou Rocco.
Talvez.
— Eu quero que me toque, Giulio.
Kiara era como a própria maçã proibida, pedindo, implorando para ser
mordida. Eu fui tentado e sabia que pecaria.
— Onde? — questionei, baixinho, enquanto a via tocar as alças da
camisola.
Kiara Conti era perfeita dos pés à cabeça. Seu corpo foi feito para o
pecado mais perverso de todos. Me fazer cair.
— Em toda parte.
Kiara ficou nua e eu ergui a mão, tocando em seu seio cheio. O mamilo
era da cor de pêssego e estava endurecido. Apertei meus dedos na carne e
rodopiei. Kiara engoliu em seco. Eu estava tocando apenas em seu mamilo.
Nada além disso.
— Giulio.
Deus, seu gemido era como música. Kiara se contorceu e eu me inclinei,
beijando seu pescoço. Suas mãos seguraram meus ombros e eu mordi sua pele,
querendo marcá-la. A necessidade de deixar marcas em seu corpo me deixou
preocupado por um segundo, mas quando Kiara me puxou para a cama, eu
esqueci.
Toquei suas coxas, apertei sua cintura e a beijei com o mesmo desespero
de antes. Eu estava faminto, queria possuir Kiara. Dizer a todos que ela me
pertencia.
— Fique quieta, Donne — murmurei, descendo sobre seu corpo.
Mordisquei seus seios, beijei sua barriga e lambi o osso do seu quadril. Kiara
gemeu e era como se um coral de anjos estivesse cantando.
Separei suas coxas com meus ombros e suspirei ao ver sua boceta nua.
Jesus Cristo, isso sim era a tentação dos infernos. Eu abri seus lábios e lambi a
inocência, tentando pensar em como eu poderia me erguer e sair do quarto. Em
como poderia negar a tentação. Porém, quando seu gosto atingiu a minha língua,
eu estava perdido.
Eu queimaria no fogo do inferno.
— Oh meu Deus. — Kiara fincou as unhas em meus ombros e gritou
quando assoprei e mordi seu clitóris.
Seus espasmos começaram assim que lambi suas dobras mais uma vez.
Kiara era tão sensível e receptiva. Deus, ela seria perfeita para foder de maneiras
que eu amaria.
Me afastei e suas pernas se enrolaram em meu quadril. Suas mãos
pequenas puxaram minha cueca para baixo e meu pau saltou, duro e necessitado.
Diabos, ele não via boceta há meses.
— Não pare. — Era para sair como um pedido, mas soou como uma
ordem.
Kiara Conti tinha a altivez de uma rainha e ela sabia disso.
Ela segurou meus ombros enquanto eu ainda estava de joelhos na cama, e
se ergueu o suficiente para estar em cima de mim. Eu me sentei sobre meus
calcanhares e observei a pequena loira me montar. Kiara segurou meu pau e
deslizou sobre ele como se soubesse exatamente o que fazer. Quando a senti
muito apertada, meu coração bateu mais rápido. Tentei pensar nos motivos que
eu não deveria fazer isso. Em Kiara sozinha e arruinada em Chicago quando eu
fosse embora, mas tudo sumiu assim que ela colocou força em seus quadris e
gritou quando meu pau rompeu seu hímen.
— Oh Jesus. — Donne me encarou, respirando com dificuldade.
Comecei a deslizar dentro dela. — Me beije.
Porra.
Eu me inclinei e beijei sua boca, deitando-a sobre os lençóis brancos.
Com o braço ainda enrolado em sua cintura, eu fodi Kiara lentamente, testando a
dor que ela estava sentindo. Meus músculos doíam do esforço de não a foder
com força.
— Não se contenha — ela pediu, beijando meu pescoço.
Eu empurrei meus quadris em sua direção rapidamente, me libertando.
— Oh — Kiara gemeu. Eu sabia distinguir quais gemidos eram de dor e
de prazer. Suas pernas ainda estavam firmes ao redor dos meus quadris, quase
como se ela estivesse com medo de eu sair.
Mas eu não sairia. Deus, nem o diabo conseguiria me tirar daqui.
Meu corpo estremeceu quando ela gritou e apertou meu pau com sua
boceta, que parecia uma luva de tão apertada. Kiara chupou meu esperma com
sua vagina e eu me deixei levar.
— Eu quero de novo.
Suas palavras me fizeram rir em meio a minha respiração rápida e
cortada. Kiara sorriu e seus olhos azuis brilharam.
— Você vai ficar dolorida.
— Só mais uma vez. — Ela segurou meu rosto e beijou minha boca. —
Eu posso ficar por cima.
E pronto. Eu estava acabado. Kiara Conti era uma amazona.
Perfeita, sensível e gulosa.
Eu estava acabado.
Quando acordei, meu corpo estava além de dolorido. Procurei Giulio
com a mão e percebi que estava sozinha. Me virei e o vislumbre de um copo e
medicamentos me fez me erguer. Peguei os comprimidos e tomei devagar com a
água.
Meu coração estava silencioso e isso me deixou um pouco preocupada.
Ele sempre estava alto o bastante para me dar ideias sobre tudo. Ontem, quando
Giulio tocou em mim pela primeira vez, ele estava em êxtase.
— Por favor, que ele não tenha se arrependido — implorei, debaixo do
chuveiro, enquanto a água quente deslizava sobre mim.
Giulio foi intenso em cada toque das suas mãos em meu corpo. Ele me
tocou com tanto cuidado durante todo o tempo, que foi impossível não imaginar
uma vida inteira com ele. Imaginei nós juntos e felizes. Deus, eu era tão tola.
Giulio planejava ir embora.
A vozinha, baixa o bastante para não me deixar apreensiva, sussurrou
coisas que eu nunca poderia sequer imaginar.
Por isso, eu a ignorei e finalizei meu banho.
Quando desci, encontrei Giulio à mesa tomando café. Eu me sentei e
fiquei em silêncio.
— Preciso falar com seus pais. — Giulio limpou a boca e me encarou.
— Meus pais? Por quê? — Meus batimentos aceleraram e minha cabeça
começou a imaginar coisas horríveis.
— Lucian, um colega, disse que eles foram ameaçados. Esse pode ser o
motivo de ter um desgraçado tentando matá-la.
Suas palavras me deixaram fria. Não sabia muito sobre os negócios do
meu pai. Para todos os efeitos, ele era dono de uma empresa de construções,
porém, por trás, todos sabiam que era um dos homens de confiança do Don.
— Você acha que... — Não consegui nem terminar de falar.
— Que alguém tentaria te matar para atingi-lo? — Da voz de Giulio
pingou sarcasmo.
— Você deve estar certo. — Engoli em seco e me servi com frutas e
suco.
Nós comemos em silêncio e depois Giulio me guiou para fora. Não levou
muito tempo para chegarmos à minha antiga casa. O carro de Maddie estava
estacionado e meu marido me guiou até a entrada.
— Não precisamos apertar a campainha... — comecei a falar, franzindo
as sobrancelhas.
— Você talvez não, mas eu sim.
Meu coração apertou com sua observação. Nós dois sabíamos que a
minha família não aceitava Giulio.
— Me desculpe por isso...
— Você não tem culpa de acabar com um rato.
— Você não é nada disso — afirmei, rapidamente tocando seu peito.
Giulio respirou fundo.
— Eu sou, Donne. Eu vou traí-los.
Puxei minha mão, percebendo que ele estava certo.
A porta se abriu e Maddie arregalou os olhos ao nos ver. Eu não podia
culpá-la. Giulio assustou não apenas a mim aquele dia, mas a ela também.
— Preciso falar com Santino. Agora.
Assim que Maddie abriu mais a porta, sorri e peguei em suas mãos.
— Está tudo bem — sussurrei, me afastando para ficar perto de Giulio.
Minha prima acenou ao mesmo tempo que meu pai entrou na sala. Seu
olhar ficou furioso e eu engoli em seco, temendo por sua reação a Giulio aqui, na
casa dele.
— O que está fazendo aqui? — A voz do meu pai ecoou, me fazendo dar
um pulo no meu lugar.
Giulio tocou minha coluna suavemente e eu relaxei.
— Kiara e eu precisamos falar com você.
O olhar do meu pai foi dele para mim e seu rosto se retorceu ao ver
Giulio me tocando.
— Te darei cinco minutos e Kiara não participará.
— Isso a envolve. Ela vai estar presente e não é algo que discutirei com
você.
Meu pai apertou o punho, mas apenas se virou e andou em direção ao
escritório. Giulio e eu o seguimos.
Assim que entramos, os dois homens permaneceram de pé, porém, eu
queria que ambos se sentassem. Queria que o clima ficasse menos denso, então
me sentei.
— Você levou minha filha à ruína. Não o quero dentro da minha casa,
então fale de uma vez.
Meu pai estava vermelho como nunca o vi. Ele era loiro como eu, ficava
vermelho com facilidade, mas nunca o vi tão irritado como agora.
— Seu Don levou Kiara à ruína. Não eu.
Me encolhi ao perceber como falavam de mim como se eu não estivesse
presente.
— Nosso Don — meu pai rosnou, lembrando-o.
Giulio sempre parecia precisar que alguém o lembrasse que ele era a
Outfit.
— Foda-se. Eu vim aqui porque alguém tentou matar Kiara. Não quero
que suas coisas respinguem sobre ela, você está entendendo? — Quando Giulio
deu um passo em direção ao meu pai, eu me ergui e toquei suas costas. — Kiara
é uma Conti agora, mesmo que você odeie isso. Se não der um jeito nisso eu
darei, só que meus métodos não são como os seus.
Meu pai me encarou e se aproximou.
— O que houve, filha?
— Estávamos vindo de Oak Park. Um carro nos seguiu e outro nos
fechou. Um homem saiu do veículo e mirou a arma em mim. Giulio conseguiu
sair com o carro antes que ele pudesse atirar — expliquei ao meu pai enquanto
tremia levemente ao me lembrar.
— São negócios malfeitos. Darei um jeito, por enquanto, acho mais
seguro Kiara ficar conosco.
Eu semicerrei os olhos e me afastei do meu pai, indo em direção a Giulio.
Ele estava encarando meu pai e nem mesmo me encarou.
— Eu vou protegê-la.
— Você não poderia nem se quisesse. — Papai encarou Giulio como se
ele fosse insignificante.
Isso me fez apertar meus punhos.
— Giulio é meu marido agora — murmurei com firmeza, encarando meu
pai. — Não vou sair da minha casa e vir para cá.
— Maddie está conosco agora. — A voz do meu pai me fez semicerrar os
olhos.
— O quê? Por quê? — me apressei a questionar.
— Seus tios sofreram um acidente de carro.
Meu coração parou e meus olhos se arregalaram. Papai desviou os olhos
dos meus e pigarreou.
— Tudo aconteceu hoje de madrugada. Ainda não sabemos o que houve,
mas foi um acidente.
— Um acidente? — Giulio se aproximou do meu pai, completamente
rígido. — Kiara não vai ficar aqui. Essa merda está maior do que eu achava, e eu
não vou permitir que seus erros respinguem nela.
— Como você ousa, seu desgraçado? — papai gritou, segurando Giulio
pelo paletó.
Eu me aproximei e toquei ambos.
— Por favor — implorei, com as lágrimas já enchendo meus olhos.
Queria Maddie. Queria abraçá-la e dizer que nunca vou abandoná-la.
— Cuide da sua bagunça, Santino.
Giulio se soltou do meu pai e segurou meu braço.
— Vamos.
Ele me guiou para fora e eu o parei antes de chegar à sala.
— Eu preciso falar com a Maddie. Você pode me esperar no carro? —
pedi, enquanto os rostos dos meus tios entravam em meus pensamentos. Não
acreditava que ambos tinham morrido.
— Tudo bem. Leve seu tempo.
Assim que chegamos à sala, Giulio saiu e eu me aproximei de Maddie,
que estava sentada no sofá olhando para as mãos.
— Ei, querida. Papai me contou o que houve. — Me acomodei ao seu
lado e minha prima se jogou em meus braços.
— Como isso aconteceu? Mamãe se afastou da máfia pela violência e
acabou morrendo assim...
— Mas papai disse que foi um acidente — murmurei, sem fôlego.
— Não. Foi um homem que atirou no carro. Papai perdeu a direção e
bateu.
— Como sabe? — questionei, já soluçando. Não podia acreditar que isso
estava acontecendo.
— Eu estava em ligação com a mamãe. Eles estavam indo para meus
avós. Queria fazer surpresa chegando de manhã para o café...
Maddie me abraçou e eu passei a mão por seu cabelo, ficando tão abalada
como qualquer pessoa ficaria ao saber disso.
— Eu sinto muito, Maddie.
— Não acredito que perdi os dois, Kira. Não consigo me imaginar
sepultando ambos...
Nem eu.
— Você quer ficar conosco? Sei que papai quer que fique aqui, mas,
Maddie...
— Eu vou com você. — Ela acenou repetidamente, então eu a abracei
mais uma vez.
Agora eu precisava falar com Giulio.
— Arrume suas coisas, converse com meus pais. Eu te busco mais tarde
— falei, me afastando e limpando suas lágrimas.
— Obrigada, Kira.
Ela não precisava agradecer.
Assim que entrei em seu carro, Giulio dirigiu para fora da residência da
minha família.
— Maddie disse que mataram os pais dela — comecei a contar tudo que
ela me disse.
Giulio me encarou, completamente tenso.
— Seu pai fodeu alguém seriamente, Kiara. Ninguém busca vingança
matando seus familiares por pouca coisa.
— Sim, eu sei. — Respirei fundo e mordi meu lábio, tentando não
chorar. — Pedi a Maddie que ficasse conosco. Tem algum problema?
Giulio me encarou pelo que pareciam ser minutos, mas eu sabia que
foram apenas alguns segundos.
— Madeleine pode ficar conosco, mas lembre-se, Donne, eu estou indo
embora. Se sua prima me entregar para Rocco, o próximo a morrer serei eu.
Eu sabia disso. Maddie nunca saberia.
Assim que chegamos à nossa casa, pedi para a mulher que trabalhava
para Giulio para preparar um quarto. Fiquei sozinha durante o dia inteiro, e
quando chegou à noite, recebi uma mensagem dele.
“Lucian foi pegar sua prima.”
“Eu queria ir, e quem é Lucian?”
“Alguém que confio. E você não vai sair de casa enquanto seu pai
não matar esse desgraçado.”
“Você está louco.”
“Eu sempre fui.”
Joguei o celular sobre a cama e respirei fundo, tremendo. Ele não podia
me manter dentro de casa para sempre. Não era possível. Era?
A campainha tocou depois de vinte minutos. Corri escada abaixo e abri a
porta, encontrando um homem loiro e de olhos escuros. Seu cabelo era baixo,
mas havia um topete. Ele estava com um casaco grosso com neve por cima dos
seus ombros, enquanto Maddie estava ao seu lado, parecendo pequena.
— A encomenda está aqui — Lucian, supus, falou, parecendo
desinteressado antes de dar um passo para trás.
— Eu não sou uma encomenda — Maddie falou entredentes. Lucian se
inclinou em sua direção. — Saía de perto de mim, demônio.
— Ah, querida, uma noite e você vai amar dançar no meu inferno.
— Porco!
— Patricinha.
Lucian se virou e foi embora, enquanto Maddie entrou no apartamento e
olhou ao redor. Eu ainda estava nervosa com o embate, mas ela parecia ter
esquecido.
— Eu posso tomar banho e me deitar? — A fragilidade que senti quando
a encontrei mais cedo voltou para a sua voz, então empurrei os pensamentos
sobre Lucian para longe.
— Claro. Vamos, eu te mostro o seu quarto.
Maddie me agradeceu por tudo e logo a deixei sozinha para tomar banho
e dormir.
Levei uma garrafa de vinho comigo para a sala quando resolvi esperar
por Giulio. Com um cobertor grosso, observei pela parede de vidro a neve cair,
deixando Chicago parcialmente branca. Engoli o líquido doce e meu corpo
esquentou ao me lembrar da noite de ontem.
Giulio finalmente havia me tocado. Eu vi diversas vezes a dúvida pairar
em seus olhos verdes. Por isso, eu mesma o desnudei, eu o segurei e o coloquei
dentro de mim. Fiz tudo, e eu faria novamente. Giulio era perfeito em cada
grama do seu corpo. Seus ombros eram largos, sua barriga rígida, sua boca era
carnuda e vermelha. Deus, eu queria beijá-lo mais uma vez. Queria voltar no
tempo para estar na cama com ele sobre mim, investindo dentro de mim sem
piedade.
Meus seios doíam e eu queria sentir suas mãos neles como ontem. Meu
ventre se apertou e eu me servi de mais vinho, tentando respirar fundo.
Não sei quanto tempo se passou, mas a garrafa estava vazia e meu
coração estava pequeno. Onde ele estava?
Peguei meu celular novo que ele havia me dado, enviei uma mensagem e
esperei por sua resposta.
Nada.
Me enrolei na coberta quente e tentei permanecer acordada, mas não
consegui, logo adormeci.
— Donne.
Mulher. Era um apelido tão bobo, mas eu amava quando sua voz rouca
ecoava a palavra italiana.
Abri meus olhos e o vi diante de mim. Seu rosto estava bem acordado e
ele havia acabado de chegar. Me virei e vi que estava quase amanhecendo.
— Onde estava? — Me vi perguntando enquanto me afastava do seu
toque.
— Não é hora para isso, Kiara. Vem, vou te levar para a cama.
— Qual cama? — Meu pulso acelerou com a minha pergunta.
— A nossa, Donne.
Oh Jesus.
Deixei-o me pegar nos braços e descansei minha bochecha em seu peito.
Giulio era alto e forte, percebi que amava ser carregada por ele.
Ele me colocou na cama e eu tirei meu vestido. Giulio gemeu ao me
olhar, então beijei seu peito.
— Você está dolorida, Kiara.
— Sim, mas eu quero.
— Senhor, você é uma tentação dos infernos. — Sua boca mordeu meu
pescoço e eu suspirei, sentindo suas mãos geladas tocarem meus seios.
Ele estava certo. Eu era uma tentação.
E eu testaria todos os seus limites.
Todas as suas crenças.
Tudo que ele venerava.
E eu sabia que isso era arriscado. Isso poderia me destruir, mas eu não
me preocupei.
Eu deveria ter me preocupado, no entanto.
Kiara estava dormindo ao meu lado depois de me enlouquecer na cama.
Ela havia deixado de ser virgem há dois dias, mas conseguia me colocar de
joelhos em malditos segundos. Com seu cabelo espalhado em meu peito, deslizei
meus dedos por sua coluna, sentindo sua pele macia.
Estava cada vez mais perto de sair de Chicago. Cada dia mais perto de
rever minha família. Eu teria que passar por Nova Iorque, mas o tempo valeria a
pena. Eu sabia que sim.
O nó dentro da minha garganta estava se tornando recorrente cada vez
que pensava em ir para a casa. E eu sabia que era por causa dessa diaba ao meu
lado.
Eu vi Salvatore cair por uma mulher, assisti à sua derrocada. Eu o
aconselhei cada vez que o vi cobiçar a esposa de Romeo. Mas eu nunca estive na
pele dele. Nunca.
Eu não sabia o que era desejar algo que não podia ser meu.
Até agora.
Para todos os efeitos Kiara era minha, mas eu e ela sabíamos que era uma
questão de tempo.
E isso estava me deixando inquieto.
— Eu posso ouvir seus pensamentos. — A voz dela ecoou antes de
colocar o queixo sobre meu peito.
Já passava das nove da manhã e ela tinha dormido cinco ou seis horas
depois que cheguei. Eu dormi duas.
— E o que eles estão dizendo? — questionei, colocando meu braço atrás
da minha cabeça enquanto a mantinha perto do meu peito.
— Que nós precisamos nos levantar para o velório dos meus tios.
Ah isso! Santino era culpado por isso, e mesmo que eu quisesse muito
socar sua cara depois de ontem, eu faria melhor. Eu protegeria sua filha e
sobrinha, não ele.
— Sim. Eu sinto muito, Donne.
Kiara engoliu em seco e beijou meu peito devagar. Toquei sua bochecha
quando ela descansou a cabeça em meu peito.
— Ninguém vai machucar você.
— Eu sei. Eu confio em você, Giulio.
Ela não deveria, mas as palavras me deram a sensação de poder.
Uma hora depois, Kiara e Madeleine estavam no meu carro. Lucian
estava conosco, já que ele e Bill fariam a segurança das duas meninas a meu
pedido.
— Chegamos, Maddie — Kiara falou para a prima, que estava encarando
a igreja como se fosse o último lugar que desejaria estar.
Eu entendia.
Quando minha mãe faleceu, eu queria sumir.
— Tudo bem. Vão lá, eu a levo quando ela estiver pronta — Lucian falou
para mim.
Acenei e segurei a mão da Kiara.
— Vou te esperar lá, Maddie.
A prima dela acenou quase imperceptivelmente. Guiei Kiara para a
multidão de pessoas entrando na igreja. Ao nos sentarmos algumas fileiras atrás
da família Trevisan, Lake acenou para mim. Assim que devolvi o gesto, senti
Kiara ficar rígida.
— Você precisa parar com isso — sussurrei, me inclinando em sua
direção. — Eu não a quero. Nunca quis.
— Tudo bem. — Ela suspirou e me olhou.
A cerimônia começou segundos depois de Madeleine entrar com Lucian.
Ele a deixou com sua família e foi para a parte de trás da igreja. Kiara fungou ao
meu lado e eu tentei afastar a vontade de consolá-la. Eu não precisava de
demonstrações de afeto dentro de uma igreja lotada de inimigos.
— Eu vou para o lago. Vejo vocês mais tarde, pode ser? — Madeleine
perguntou, depois de Kiara abraçá-la.
— Claro. Mas sozinha... eu acho...
— Lucian vai com ela — interrompi Kiara e a puxei em direção aos
carros.
Nós entramos no carro e eu dirigi para a casa enquanto Donne ficava
batendo os dedos na coxa.
— Eu não acho que foi uma boa ideia. O homem que tentou me matar e
matou meus tios está solto...
— Lucian vai ficar de olho nela.
— Ela nem o conhece. — Kiara me encarou, franzindo as sobrancelhas.
— Ontem eles tiveram um embate, eu achei estranho...
— Lucian não vai machucar sua prima, Kiara. Não se preocupe.
Ela parou de discutir e eu foquei em dirigir.
Nós dormimos por um longo tempo, quando acordei Giulio estava de pé,
próximo à janela onde a escuridão da noite era invadida por luzes da cidade.
— Eu direi a ela.
Me sentei, segurando o edredom contra meu peito. Giulio se virou e se
aproximou devagar. Seu olhar cauteloso me deixou nervosa.
— O que houve? — perguntei, engolindo em seco.
— Seu pai vai ser executado. Você quer falar com ele?
Suas palavras me fizeram desviar o olhar.
Poderia parecer contraditório e hipócrita ficar tão mexida ao saber que
ele traficava garotas, porém, também vendia drogas e organizava torturas. Nem
eu sabia direito o que estava sentindo, mas eu me coloquei no lugar de Emory.
Sendo arrancada da sua vida e levada à força para longe para ser vendida como
um saco de feijão.
— Não — murmurei, devagar.
— Kiara — Giulio tocou o meu cabelo —, eu sei que tudo que ele fez é
horrível, mas ele ainda é seu pai. Se uma parte de você quer vê-lo e falar com
ele, faça isso. Você nunca mais terá a chance.
Quando ele colocava as coisas assim, parecia que eu era horrível.
— Só uma ligação — pedi, incapaz de encarar meu pai sabendo que logo
Rocco Trevisan o mataria na frente de seus homens para servir de exemplo.
Giulio ligou para alguém e depois de alguns minutos me deu o celular.
— Kiara? — A voz do meu pai soou e ele não parecia com medo.
— Oi, pai. — Respirei fundo e fechei meus olhos. — Eu ainda não
consigo acreditar que fez isso.
— Não se preocupe, querida. — Ele tossiu e gemeu. Imaginando-o
ferido, eu me encolhi. — Cuide da sua mãe e de Maddie.
— Farei isso.
— Amo você, bambina.
Eu sabia que amava.
— Eu também, pai.
Assim que a ligação foi encerrada, solucei e levei as mãos ao rosto.
Braços me rodearam e Giulio me manteve contra seu peito por todo o tempo do
meu choro.
— Ele fez isso e é tão horrível, mas eu o amo... — falei, entre soluços do
choro.
— Eu sei, Donne. — Ele me apertou mais. — Você pode chorar o quanto
quiser. Ninguém irá te culpar por isso — Giulio murmurou contra meu cabelo.
Acenei, ainda derramando lágrimas.
Não sei como, mas voltei a dormir enquanto meu marido me embalava
em seus braços.
— Não quis vir logo após seu acidente porque... bem, não queria
interromper seu luto. — Blue sorriu, sentada no meu sofá, enquanto Nina estava
em seu colo me olhando com seus grandes olhos azuis.
— Ela é tão linda. Desculpe, eu me perdi na nossa conversa. — Sorri
para a esposa de Matteo.
Ela olhou para a filha, sorrindo largamente.
— Ela é, não é? — Blue passou a mão no cabelo ruivo da menina.
— Sim. — Suspirei, apaixonada.
— Logo você terá os seus. — Ela apertou meu joelho.
— Sim, logo. — Sorri para ela com alegria
Esse era um dos meus maiores sonhos. Ter um bebê com o rosto de
Giulio.
Eu estava ficando louca. Ele iria embora em breve.
Sorri para Blue e nós mudamos de assunto, conversando sobre a festa
que a Outfit daria em breve.
— Espero você. Matteo está bastante focado no trabalho, então ando me
sentindo solta. — Blue sorriu enquanto Nina mamava e segurava o cabelo da
mãe.
— Giulio também. Eu segui o conselho de vocês e comecei a estudar.
Estou gostando, mas é cansativo — falei e sorri.
— Junte isso a ter que cuidar de uma criança. — Blue respirou fundo. —
Estou fazendo minhas aulas on-line agora por causa da Nina, não quero perder
nada dela, sabe?
— Compreendo. — Peguei mais suco e enchi nossos copos.
— Lake queria vir, mas ela tinha algo da faculdade para fazer — Blue
resmungou. Acabei dando a ela um sorriso desconfortável. — O que foi?
— Nada, nada — me apressei a dizer, balançando a cabeça.
— Você também era do time que imaginava os dois juntos? Isso passou
por minha cabeça antes de tudo. — A ruiva franziu as sobrancelhas.
— Eu... não sei... — Dei de ombros e bebi um gole do meu suco. — Não
me sinto confortável falando dela com você, entende? Mas eu sempre senti que
Giulio gosta dela, mesmo ele negando todas as vezes.
Blue segurou minha mão e a apertou.
— Giulio é honesto, Kiara. Se ele disse que não há nada, é porque não
há. E falando por Lake — ela suspirou e encarou a parede atrás de mim — ela
está muito focada no irmão para se apaixonar agora.
— Prince ainda? Ela não se conformou? — Semicerrei os olhos, confusa.
— Ninguém está conformado. Não havia corpo, por que nos
conformaríamos? — Blue engoliu em seco e seus olhos brilharam com lágrimas.
— Ele perdeu muito. Perdeu meu casamento, o nascimento de Nina, sua
primeira palavra, ela andando. Ele... apenas perdeu.
Meu coração doeu por Blue. Eu não conhecia tanto Prince, claro que já o
tinha visto em várias ocasiões, mas nunca conversamos.
— Eu sinto muito. Espero que ele apareça.
— Eu também.
Kiara estava sorrindo enquanto eu bebericava meu uísque ao lado de
Lucian. Era uma festa dos Trevisan aberta a todos. Minha esposa estava
dançando com Blue e Lunna na pista de dança, enquanto eu permanecia de pé só
a observando. Tentando memorizar suas curvas, seu cabelo e seus olhos. Cada
parte dela.
— Cara, dá pra você deixar menos claro o quanto está apaixonado por
ela? — Lucian resmungou ao meu lado, rindo atrás do seu copo.
— Igual você com a prima dela? — murmurei, tenso.
Não gostava que as pessoas me observassem e muito menos chegassem a
conclusões sobre mim.
— Foda-se.
— Foi isso que pensei.
Kiara voltou rindo e respirando com força. Seu vestido longo era azul e
seu cabelo loiro estava preso. Seu decote era generoso e eu me imaginei
colocando o rosto entre seus seios e capturando seu mamilo escondido sob o
tecido.
— Está tudo bem? — ela questionou e lambeu os lábios.
Toquei sua coluna e a puxei para o meu lado.
— Sim — respondi, secamente.
Em algumas horas eu iria partir para a Itália. Meu plano inicial estava se
encaminhando com eficiência. Mas o que estava me preocupando era Kiara. Eu
queria que ela ficasse segura. Precisava de alguma garantia, mas como eu
poderia ter? Lucian não poderia saber dos meus planos. Pelo menos, não até eu
sair dos .
EUA
— Você está calado demais — ela observou, enquanto um garçom
oferecia champanhe a ela. — Não, obrigada.
— Estou entre meus inimigos, Kiara. Ficar calado e vigilante é tudo que
posso fazer.
— Por favor, pare com isso. — Donne se virou para mim e tocou meu
braço. — Estamos em harmonia, você não percebe? — Seus olhos amoleceram.
Eu segurei seu braço e a puxei para a saída. — O que está fazendo?
Não respondi. Eu apenas a levei para fora.
— Giulio! — Kiara parou ao lado do meu carro.
Olhei ao redor, sabendo que estávamos sozinhos.
— Preciso ir a outro lugar. Mas eu comprei uma coisa para você e quero
entregar agora.
— Por que agora? — Ela semicerrou os olhos.
Eu peguei a caixa quadrada dentro do carro.
— É meia-noite, Donne — murmurei, mostrando meu relógio a ela.
— Você sabe o dia do meu aniversário? — Ela sorriu, parecendo
espantada.
— Eu sei tudo sobre você, Kiara. — Toquei seu cabelo e seus olhos se
ergueram para os meus. — Tome. — Coloquei a caixa entre seus dedos.
Ela a abriu e arregalou os olhos.
— Oh meu Deus. — Kiara engoliu em seco enquanto tocava as pérolas.
Eu havia encomendado um colar das pedrinhas brancas para ela há
algumas semanas. Não queria ir embora sem deixar nada que a fizesse se
lembrar de mim.
— É lindo. — Kiara fungou e pegou o objeto entre os dedos. — Coloque
em mim.
Ela se virou e eu prendi o colar em seu pescoço. Kiara riu quando
terminei e pulou em meu peito. Envolvi seu corpo com meus braços e beijei seu
pescoço. Queria tocá-la, queria senti-la pela última vez. Mas como eu poderia?
Kiara merecia mais.
— Giulio, eu preciso contar algo. — Ela se virou, tocando o colar e
aproximando seu peito do meu.
— Kiara! Maddie está chamando — Lucian gritou da entrada.
— Fique aqui. — Ela suspirou. — Eu já volto — murmurou, mas sequer
se mexeu. Seus olhos estavam úmidos e ela parecia incerta.
— Vá, Donne. — Acenei para o salão de festas.
Ela se aproximou, segurando meu terno. Me inclinei e escovei minha
boca na dela. Kiara suspirou e abriu os lábios, me deixando beijá-la. Segurei
seus quadris e mordi sua língua. Suas mãos apertaram meu pescoço enquanto eu
a beijava como se nunca mais fosse sentir seu gosto e... Porra. Era exatamente
isso.
Kiara se afastou e apoiou sua testa na minha enquanto ofegava.
— Eu já volto.
— Você está linda, Kiara — falei enquanto a via se afastar.
Ela riu e caminhou para Lucian enquanto eu criava raízes.
Madeleine não queria nada além de batom. Pelo visto, Lucian havia
arrancado o dela. Eu andei para a saída e desci a escada enquanto tocava o colar
bonito que havia ganhado de Giulio. Cada gesto dele tornava mais difícil ainda
empurrar meus sentimentos. Eu desconfiava que estava apaixonada, as palavras
quase escapuliram dos meus lábios quando ele estava ali, diante de mim, me
encarando como se eu fosse tão preciosa quanto às pérolas em meu colar.
Procurei-o na vaga onde seu carro estava, mas agora o lugar estava vazio.
A caixa do meu colar estava no chão, então me abaixei e a peguei enquanto
tentava respirar calmamente.
Abri a caixa de veludo devagar e um pequeno pedaço de papel dentro
quase me fez cair de joelhos no chão.
Em outro mundo, onde não fôssemos inimigos, eu amaria sua alma.
Não estava assinado e não precisava. Eu sabia que era a letra dele, sabia
que esse papel, o colar, tudo isso era a despedida dele.
Apertei meu nariz enquanto meus olhos ardiam, implorando por
lágrimas.
— Ei. — Lucian se aproximou com Maddie ao seu lado, agora de batom
retocado. — Cadê o idiota?
— Ele teve que sair — disse, recomposta. — Não entendi também. Você
pode me deixar em casa antes de levar Maddie? — Minha voz saiu forte,
completamente diferente de como eu me sentia.
Fraca, despedaçada e com o coração partido.
— Claro. Vamos lá.
A viagem não foi silenciosa como eu queria. Maddie e Lucian pareciam
tão apaixonados que era quase impossível não perceber os risos e beijos.
— Você vai ficar bem sozinha? — Madeleine questionou assim que saí
do carro.
— Giulio deve voltar logo — Lucian respondeu por mim.
Eu acenei, concordando.
Logo? Eu nunca mais o veria e sabia disso.
Me virei e entrei no elevador. Segurando meus pedaços, tentando me
manter inteira, enquanto as portas se fechavam. Mas quando fiquei sozinha
minhas pernas mal puderam me sustentar. Sentei-me no chão frio e toquei o
colar enquanto as lágrimas desciam pelas minhas bochechas.
— Eu iria com você — murmurei sozinha, enquanto soluçava.
E eu iria. Quase me ofereci diversas vezes. Porque eu sabia que ia sentir
essa dor insuportável, esse sofrimento que estava nas minhas entranhas. Eu sabia
que o amava e perdê-lo seria como a morte.
Eu estava certa.
Giulio estava indo embora e eu não podia fazer nada.
“Eu iria com você. Eu amaria você. Amaria tudo em você.”
Enviei a mensagem e apertei o celular contra meu peito.
Lucian estava aqui. Eu o mandei subir depois que prendi meu cabelo e
vesti uma roupa confortável. Quando acordei, meus olhos ainda estavam cheios
de maquiagem e tão inchados, que o namorado da minha prima descobriria em
um segundo que algo estava errado. Um banho foi o bastante para levar tudo,
menos a sensação de que perdi algo que eu necessitava mais que o ar.
— Você falou com ele hoje? — Lucian me encarou, parecendo nervoso.
Balancei a cabeça. — Kiara, eu preciso saber, então, por favor, seja sincera.
Onde ele está?
Lucian puxou o cabelo enquanto esperava.
— Eu não sei.
— Kiara.
— Eu não sei.
— Kiara, o Rocco estava esperando o Giulio para fazerem uma reunião.
Ele está esperando há uma hora, e já ligou dezenas de vezes para o seu marido.
— Lucian começou a ficar nervoso.
— Eu não sei. — Respirei fundo.
— Ele fugiu. — Lucian levou as mãos à cabeça quando seu rosto se
transformou em preocupação. — Você sabe o que vão fazer se o acharem?
— Eu não sei onde ele está.
— Eu não posso mentir para o nosso Don e você também não. — Lucian
se aproximou e tocou meus ombros, desesperado. — Sua lealdade está com a
Outfit, Kiara.
Não. Minha lealdade estava com meu marido. Por mais distorcido que
isso pudesse parecer naquele momento.
— Eu não sei onde ele está. Ele saiu ontem e eu não o vi desde então.
Lucian deixou as mãos caírem e respirou fundo.
Quando ele saiu, eu toquei meu colar e fechei os olhos, rezando,
implorando a Deus para que ele estivesse a salvo. Que estivesse com seu pai e
sua família.
Porque todos nós sabíamos que se Rocco o pegasse, ele pagaria por sua
traição com a vida.
não mudou nada. Toquei uma das minhas fotos e a imagem da minha mãe me
deu a sensação de estar em casa.
O que ela diria sobre isso tudo? Será que me apoiaria a voltar para a casa
ou diria que eu deveria continuar em Chicago? Continuar com Kiara?
Tomei um longo banho e me deitei. Pensei em ligar para Kiara, mas para
quê? Eu a havia deixado para trás. Com um bilhete idiota.
Eu não a merecia. Nunca mereci. Aquela menina era uma princesa,
preciosa demais para estar comigo.
Será que Rocco a casaria com outra pessoa? A questão me deixou rígido.
E se o fizesse, como eu saberia?
Me forcei a dormir, mas foi minha pior decisão. Kiara estava em minha
cabeça, grudada em minha pele e povoando meus pensamentos. Até mesmo
dormindo.
— Você a deixou vir para este lugar sabendo que ela tinha um filho meu?
— questionei a Rocco assim que ele entrou no Village. O lugar estava vazio,
apenas eu, ele e sua esposa ao lado.
— O quê? — Rocco semicerrou os olhos.
— Kiara teve um filho meu. — Apertei meus punhos. — Você vai me
dizer que não sabia?
— Eu não sabia mesmo.
Kiara estava certa, pelo que parece, mas eu ainda duvidava disso. Rocco
não saber da existência de Dante era uma estupidez.
— O que Kiara... — Sienna arregalou os olhos ao perceber o que eu tinha
acabado de falar. — Ela está trabalhando aqui?
— Forçada por seu marido, sim, Sienna.
Ela negou rapidamente ao me ouvir.
— Rocco não força nenhuma das meninas. Blue não ficou aqui
exatamente por isso...
— Sienna — Rocco a interrompeu e a irmã de Salvatore o encarou. —
Kiara me traiu, e quando eu a procurei para puni-la, ela havia fugido. Depois
disso, ela merecia a morte. Eu fui piedoso e você sabe disso — ele falou,
olhando para mim enquanto eu o via rígido.
— Ela é da Outfit. Uma mulher...
— Pior ainda. Ela encobriu você, fugiu de Chicago. Kiara foi castigada
porque mereceu — Rocco me respondeu, rápido.
— Com uma criança? — A voz de Sienna soou enojada. — Você sabia da
criança? — Ela se virou para o marido.
— Já falei que não. Eu não sabia — ele gritou, me encarando. Eu
semicerrei os olhos. — Tenho os meus filhos, Giulio. Eu não a mandaria para cá
se soubesse que ela mantinha um filho.
— Eu sinto muito, Giulio. — As palavras de Sienna me fizeram lembrar
o motivo de Salvatore amar tanto a irmã. Ela era bondosa, sempre foi.
— Obrigado.
Eu me afastei e fui para o estacionamento. Dirigi por algum tempo e
estacionei diante da casa grande. Eu a havia comprado há dois anos para Kiara.
Pensei em ajustá-la aqui antes de partir, mas não tive tempo.
Entrei no local e suspirei ao ver a casa limpa. Pedi ontem que uma
empresa viesse limpar tudo. Eu planejava colocar Kiara e Dante aqui. Logo.
Instalei o balanço perto do jardim e suspirei enquanto encarava a casa.
Meu celular tocou e eu o atendi, ouvindo a voz de Kiara.
— Onde está?
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, suspirando ao ver uma nova
ligação. Ignorei.
— Onde está?
— Estou a alguns minutos do apartamento. Em um lugar que você vai
amar, eu espero.
— Como assim? — Ela suspirou, curiosa.
— Venha ver.
Enviei a localização pelo aplicativo de mensagens e fiquei esperando por
ela. Em vinte minutos, ouvi seu carro estacionar. Kiara me viu no jardim assim
que desceu do veículo. Ela tirou Dante da cadeirinha e se aproximou.
— O.k., o que é isso? — ela questionou.
Peguei Dante dos seus braços e o coloquei no balanço, me ajoelhando e
empurrando-o levemente, segurando-o o tempo todo.
— Sua casa. Sua e do Dante — falei, deixando a parte que ela também
era minha de fora. Isso levaria mais tempo.
— Minha? Já tenho uma casa. — Kiara cruzou os braços.
Eu me levantei, segurando Dante.
— Dante precisa de espaço, lugar para brincar, correr se assim ele
desejar. Quero dar isso a ele — falei com firmeza e me aproximei dela. — E aos
próximos, é claro.
— Próximos? — Ela ergueu a sobrancelha com um lampejo de felicidade
em seu olhar. Eu vi ou imaginei, mas jamais deixaria que fosse imaginação. —
Próximos o quê?
— Filhos. Nossos filhos. Eu quero mais três.
— Uau. — Ela prendeu o lábio entre os dentes e desviou seus olhos de
mim, quase rindo.
— Você não quer mais, Donne? — questionei, parando atrás dela e
envolvendo sua cintura pequena. Sua cabeça alcançava meu peito.
— Só uma menina.
— Só?
— O.k., mais um menino e uma menina. — Ouvi o sorriso em sua voz e
meu peito inchou de prazer. Deus, como eu a amava. — Quando vamos nos
mudar?
Eu quase gritei. Eu havia vencido a batalha.
Nos próximos dias eu me mantive longe de Kiara. Ela organizou a
mudança e uma semana depois já estava dentro da casa. Dante amava o jardim e
se balançar lá enquanto Kiara o assistia.
No sábado, eu cheguei à noite depois de passar o dia fazendo cobranças.
— Oi! — Aysha ou Ashya, não lembrava, me saudou assim que passei
pela porta.
— Olá. Onde está Kiara e Dante?
— Ela está no quarto se arrumando. E Dante acabou de adormecer.
Se arrumando? Franzi as sobrancelhas, mas andei para a escada. Quando
cheguei ao quarto, a mãe do meu filho estava de pé em frente ao espelho, usando
sutiã e uma calcinha minúscula, enquanto passava creme pelo corpo.
— Para onde você vai? — questionei, me encostando na entrada.
— Trabalhar. — Sua resposta saiu rápida.
Entrei no quarto e fechei a porta.
— Você nunca mais vai colocar os pés lá — pronunciei devagar,
atravessando o cômodo até ela.
— Giulio, Rocco...
— Já acertei com ele. Você nunca mais vai dançar para outro homem
além de mim — rosnei, parando diante dela.
Kiara engoliu em seco e eu deslizei a mão pelo seu decote. Eu daria tudo
para enterrar meu rosto ali, cada grama de mim, mas eu não podia. Enfiei meu
dedo entre o seu sutiã e o mamilo e o capturei, rodando-o devagar.
— Giulio.
— Não posso tocar em você de novo sem antes saber que está bem
comigo. É uma tortura do caralho... — grunhi, com o sangue descendo para o
meu pau, deixando-o irritado. — Mas eu prefiro essa dor a que experimentei no
dia em que você soluçou em meus braços depois de transarmos.
— Eu... — Ela abriu a boca, mas eu soltei seu mamilo e o escondi sob o
sutiã.
— Vou mandar Ashya para casa. — Andei para longe dela.
— Giulio — ela chamou. Eu me virei, segurando a maçaneta da porta. —
É Aysha. — Kiara sorriu ao dizer.
Dei de ombros, saindo do seu quarto.
.
Quando desci, Aysha já havia ido embora e Giulio estava na nossa
cozinha. A casa tinha algumas paredes de vidro que a deixavam clara e espaçosa.
Os móveis eram bonitos, mas eu havia decidido que mudaria algumas coisas.
Apenas uma coisa nunca seria mudada. O jardim. Dante havia amado tudo,
principalmente aquele balanço.
— O que está fazendo? — perguntei assim que me sentei à ilha da
cozinha, diante dele. Encarei seu peito nu e suspirei. Ele precisava cozinhar sem
camisa?
— Massa.
É claro. Eu fiquei em silêncio apenas absorvendo seus movimentos.
Meus olhos ainda estavam presos ao seu peito. Seus ferimentos estavam
melhores, graças a Deus. Deslizei minha atenção para seus braços e suspirei.
Eles estavam maiores e mais fortes. Giulio parecia um deus que foi expulso dos
templos.
— É melhor você parar com isso — ele resmungou com firmeza.
Eu ergui as sobrancelhas para encará-lo.
— Com o quê? — questionei, inocentemente.
Ele apenas balançou a cabeça. Ouvi meu celular tocar e o peguei,
atendendo Patrícia.
— Oi.
— Onde diabos você está? — sua voz irritada me fez engolir em seco.
— Eu não vou mais...
— O que você quer dizer com isso? — ela gritou.
Giulio ergueu a cabeça ao ouvir o grito dela. Ele se aproximou e pegou o
celular.
— Por que você não pergunta ao seu chefe? — ele rosnou e, em seguida,
desligou a chamada.
Nós ficamos em silêncio e logo Giulio voltou para a sua comida. Segurei
o celular entre os dedos e comecei a rolar as fotos do Dante. Coloquei em uma
minha grávida e senti Giulio atrás de mim. Nem o vi se afastar da panela com
molho.
— Se possível, você ficou mais linda. — Suas palavras me fizeram sorrir,
porém, logo me lembrei do medo, das noites mal dormidas e dos pedidos para
que Giulio estivesse ao meu lado no parto. Todas as noites eu pedia isso. —
Onde esteve nesse ano, Kiara? Você nunca me disse.
Respirei fundo e o encarei.
— Eu estava na América do Sul.
— O quê? Com quem? — Ele franziu as sobrancelhas escuras.
Voltei a olhar as imagens.
— Minha babá morava lá. Assim que descobri a gravidez, eu fugi de
carro e depois peguei um avião.
— Por quê?
— Eu não me sentia bem. Na verdade, eu estava me sentindo
completamente sozinha. Maddie tinha Lucian, mamãe... bem, mamãe nunca foi o
ápice de sentimentalismo. — Olhei para ele e funguei. — No dia, eu recebi uma
ligação e me disseram que ela estava morrendo de câncer e queria se despedir de
mim. Então eu resolvi ir cuidar dela.
— Onde está a sua mãe, Donne? — Ele franziu as sobrancelhas escuras
como se somente agora se desse conta da ausência dela.
Eu respirei fundo e o encarei.
— Ela morreu. — Minha voz quebrou e Giulio respirou fundo.
— Como?
— Quando Maddie sumiu, ela estava com a minha mãe. Os homens que
pegaram minha prima a mataram. — Funguei e limpei minhas lágrimas. —
Rocco teve um pouco de prazer ao anunciar sua morte.
Giulio tocou meu rosto e limpou minhas lágrimas.
— Eu sinto muito, Donne.
— Eu sei.
Limpei meu rosto mais uma vez e continuei passando as fotos até chegar
a uma de Dante bebê.
— Então nosso Dante é sul-americano? — Giulio mudou de assunto
depois de alguns minutos e eu agradeci silenciosamente.
— Brasileiro — falei enquanto o encarava e sorria. — Você amaria o
Brasil.
— Eu tenho certeza que sim.
Olhei-o por um longo tempo e depois me recuperei.
— Olhe — murmurei, engolindo o choro e mostrando a primeira foto do
nosso filho.
Dante estava na maternidade e olhava para a câmera. Tão calmo, sempre
foi assim.
— Ele era pequeno — Giulio murmurou ainda próximo, mas sem me
tocar.
— Ele foi o maior daquele dia. Não há nada de pequeno ali, pode apostar.
— Eu fiz uma careta ao me lembrar da dor de colocar aquele garotão no mundo.
— Puxou ao pai. — O orgulho em sua voz me transformou em uma poça.
Droga.
— Só os olhos são meus — falei com firmeza, querendo algo.
— E são perfeitos.
Deus, eu o amava tanto que chegava a sufocar. Quis me virar e o beijar.
Quis reviver aquela noite, mas tanto Giulio quanto eu sabíamos que eu não
estava pronta. Meu choro deixou isso claro.
— Sua massa vai estragar. — Pigarreei.
Ele amaldiçoou e foi até as panelas.
Nós jantamos conversando sobre a casa, e agora era a vez de Giulio se
sentar e me observar. Depois de lavar os pratos, eu me virei enquanto enxugava
as mãos. Sua camisa estava cobrindo seu peito e ele segurava as chaves.
— Estou indo. Me ligue se precisar de mim. — Sua voz estava rouca e
perigosa.
Estremeci, desejando que eu pudesse pedir para ele ficar.
— Tudo bem. — Mordi meu lábio.
Ele se aproximou devagar. Seu peito colidiu com o meu e ele me fez
olhar para seu rosto.
— Vamos deixar algo acordado?
— Hum? — Cantarolei sem ar.
— Quando você morder seu lábio, você está me pedindo para beijá-la. —
Suas palavras saíram enquanto ele puxava a carne macia dos meus dentes.
Eu fiz de novo.
E ele cumpriu sua parte do acordo.
Sua boca era impiedosa, mas as mãos ficaram paradas em meu pescoço.
Eu queria que elas tocassem cada parte do meu corpo, mas eu sabia que era
melhor que ele não o fizesse. Nós dois sabíamos.
— Boa noite, Donne.
Então ele se afastou e eu me recriminei por não pedir que ele ficasse
comigo.
Dois dias depois deslizei no banco do bar do Village e pedi uísque duplo.
Senti um toque em meu ombro e olhei para o lado para ver Cass. Eu não sabia
que ela continuava ali.
— Soube que voltou. — Ela sorriu ao se sentar no banco alto. Ergui meu
copo, sem responder nada a ela. — Já retirou sua linda esposa daqui, pelo visto.
— Aqui não é lugar para ela — respondi, rapidamente.
— Como é, me diz? Como é saber que ela dormiu com tantos homens
além de você?
— Cassandra.
— A pura e casta Kiara fodeu metade desse bar como eu, mas você ainda
a coloca no pedestal. — A irritação em sua voz era palpável. Eu não queria falar
com Cass, na verdade, eu não queria falar com ninguém.
— Dois anos e você ainda não achou outro pau, Cass? Isso é deprimente.
— A voz de uma mulher ecoou, então vi uma loira deslizar do meu outro lado.
— Cala a boca, Sidney. — Cassandra a fuzilou com os olhos. — Só
porque vocês viraram colegas de pau não quer dizer nada.
— É aí que você se engana. Kiara apenas dançava aqui. Ela nunca
dormiu com ninguém, sua doente nojenta. — Sidney sorriu e pediu um drinque.
— Ela ainda é pura e casta.
Cassandra grunhiu, arregalando os olhos, mas antes que pudesse falar
algo alguém a chamou.
— Como você sabe disso? — perguntei a Sidney, enquanto o barman
colocava mais uísque.
— Eu escuto e vejo coisas. — Ela deu de ombros e me encarou. — Diga
a Kiara que sinto falta dela. — A mulher se levantou e sumiu rapidamente.
Bebi mais dois duplos, e quando finalizei pensei estar imaginando coisas,
já que Kiara estava diante de mim com o rosto furioso. Ela se virou e saiu, me
fazendo praguejar. Joguei notas no balcão e corri atrás dela.
— Kiara! — gritei, confuso, antes de a alcançar no estacionamento.
— Você estava com a Cassandra? — Sua pergunta me fez parar bem ao
lado dos carros.
— Não! É óbvio que não — afirmei, encarando-a completamente
confuso. — Por que está aqui?
Kiara apertou o casaco e desviou os olhos dos meus. Seu silêncio me
deixou preocupado.
— Onde está o Dante? — perguntei, engolindo em seco.
— Eu não sei! — ela gritou, desesperada.
Senti um soco em meu estômago.
— Como assim, Kiara? — Me aproximei e segurei seus ombros. —
Como você não sabe?
— Eu estava na cozinha com ele... — Ela encarou as mãos e seus olhos
brilharam. Jesus, era como se suas lágrimas fossem fogo crepitando em minha
pele.
— Donne, respire — pedi, puxando-a até um carro e a prendendo contra
ele.
— Alguém me bateu, eu caí e desmaiei. — Ela tocou a nuca e eu deslizei
meus dedos, sentindo a parte inchada. — Quando acordei ele tinha sumido.
Quem pegou meu filho? — Kiara puxou meu casaco entre os dedos,
desesperada.
— Eu não sei, mas vou descobrir. — Puxei sua cabeça para mim e tirei
meu celular do bolso.
Chamou algumas vezes até ele atender. Eu respirei fundo, ainda
segurando Kiara.
— Roubaram meu filho. Se tiver sido você, eu juro por Deus que
ordenarei a morte de Prince hoje.
— Não peguei seu filho, caralho — Rocco gritou na linha e suspirou. —
O que aconteceu?
Expliquei a ele enquanto levava Kiara para o carro.
— Vou mandar Liam ver as movimentações na rua. Isso vai custar a
você.
— Diga o que quer e será seu — afirmei, tenso.
— Você vai para a Dinamarca resgatar Prince.
— Eu entro no avião assim que você colocar meu filho nos braços da
Kiara.
— Bom. Eu já sei quem pegou. Venha para o complexo.
Rocco desligou a chamada e eu pisei no acelerador.
— O que Rocco quer? — Tensa, Kiara segurou meu braço. — Por que
você vai entrar em um avião?
— Ele quer que eu busque Prince e Lake.
— Como assim? — Kiara franziu as sobrancelhas e eu respirei fundo. —
Você não vai para a morte. Por que Rocco não vai? — ela gritou, insana.
Segurei seu rosto e a encarei.
— Eu atiraria em minha própria cabeça se ele quisesse em troca de
Dante. Ir até a Dinamarca e pegar os dois Trevisan será pouco.
Kiara soluçou e eu continuei dirigindo. Envolvi sua mão na minha, seu
choro foi a única coisa que ouvi pelo caminho inteiro até a mansão Trevisan.
Eu puxei Kiara para perto e entrei no complexo, me dirigindo à sala do
Rocco. Assim que entrei, ele estava de pé olhando algumas fotos enquanto
fumava.
— Comprei suas passagens. Ela pegou seu filho. — Ele jogou as fotos na
mesa e eu me aproximei.
Mãe.
Fechei meus olhos e respirei fundo. Kiara tocou na foto que Adriana
estava segurando Dante e entrando em um carro. Havia um homem com ela,
mais novo. Talvez, seu filho.
— Ela é sua mãe? — Kiara questionou, encarando o rosto que era tão
parecido com o do nosso filho.
— Sim — respondi, odiando a palavra. — E eu vou matá-la.
Kiara arregalou os olhos e começou a balançar a cabeça.
— Não.
— Sim. Eu irei. — Peguei as fotos e encarei Rocco. — Onde ela está?
O endereço de um hotel vagabundo foi o que ele passou.
— Fique de olho nela — pedi, andando para a saída, mas Kiara me
alcançou rapidamente.
— Eu não vou ficar aqui. Eu vou pegar meu filho!
— Kiara.
— Não ouse. — Ela ergueu o dedo em riste, furiosa. — Dante é tudo que
eu tenho. Todo o resto me virou as costas ou foi embora, então você não vai me
dizer o que fazer. Passei dois anos implorando por sua volta, mas não foi, nem de
longe, para me comandar.
— Donne, eu quero proteger você.
— Eu sei, mas eu sei me proteger.
Ela se virou e andou para fora, me deixando rígido e contrariado.
— Acho que ela pegou você pelas bolas. — Rocco riu atrás de mim.
Deixei o local, sem responder. Assim que saí do complexo, vi Lucian
abraçando Kiara.
— Se você quiser, pode ir com ele. Mando o local por mensagem —
grunhi, entrando em meu carro e batendo a porta. Kiara se afastou e entrou no
carro, me encarando completamente furiosa.
— Você é tão idiota.
— Sério? Por que diabos você parece sempre correr para os braços desse
fodido?
— Porque ele estava aqui! — Seu grito me fez parar o carro e encará-la.
— Nesses dois anos, ele estava aqui. Você não.
— Sua prima sabe que você fode com ele? — perguntei, porém me
arrependi em seguida. Inferno.
Kiara abriu a boca e a fechou enquanto seus olhos se enchiam de
lágrimas.
Eu voltei a dirigir e só parei quando cheguei ao hotel. Havia mais dois
soldados comigo e, claro, Lucian chegou em seguida. Um dos homens já estava
com a chave nas mãos e me disse o quarto.
Enfiei a chave e abri, mirando a arma dentro do quarto. Suspirei ao ouvir
a risada de Dante. Minha mãe estava com ele em seus braços, o balançando e
cantando exatamente como fazia comigo.
— Entregue ele a Kiara — ordenei, mirando em seu rosto enquanto o
cara da foto erguia as mãos acima da cabeça. Agora eu via claramente que ele
era filho dela.
— Eu pensei que você pudesse me ajudar. — Adriana fungou e abraçou
Dante. — Mas você é como seu pai. Um monstro impiedoso. Eu sinto pena de
Dante e dela. — Ela encarou Kiara e deu um suspiro de pesar.
— Devolva meu filho. — Kiara andou até ela e pegou Dante. — Não
sinta pena de nós. Você perdeu seu filho e eu ganhei um marido maravilhoso.
Dante ganhou um pai incrível.
Minha mãe ergueu o queixo friamente, vi quando ela pegou a arma do
chão. Puxei Kiara e ouvi minha mãe suspirar. Ela ergueu a arma e a pousou
contra a própria cabeça.
— Eu prefiro morrer a ter as mãos do seu pai em mim.
Seu filho gritou ao mesmo tempo em que o tiro soou.
Kiara envolveu Dante e saiu do quarto, enquanto eu ficava parado
absorvendo a cena. Chorando, meu irmão agarrou o corpo sem vida ao mesmo
tempo em que eu dava um passo para trás, respirando fundo.
Que merda havia acontecido?
Saí do quarto tentando respirar. Ouvi o choro da Kiara enquanto envolvia
Dante nos braços. Me aproximei e abri a porta do carro. Donne se sentou e eu
me ajoelhei, olhando para Dante.
— Ei, bambino. — Passei os dedos por seu cabelo escuro e ele sorriu.
Ouvi passos atrás de mim, então Dante gritou e estendeu as mãos. Não
precisei me virar para saber quem era. Me ergui e coloquei as chaves do carro na
mão de Kiara.
— Vejo vocês depois. — Me afastei e peguei meu celular segundos antes
de ele começar a tocar.
— Quem é?
— Sua mãe está em Chicago.
Pai.
Apertei meu punho e engoli em seco.
— Ela está morta. Acabou de se matar — falei de uma vez e recebi de
volta o mais puro silêncio. — Ela traiu a Famiglia. Anos atrás, ao fugir.
— Eu descobri recentemente.
— Eu sei. Ela disse que você queria matar a nova família dela e ela.
— É óbvio. Ela merecia a morte por sua traição.
— Eu também?
— Eu nunca o abandonei, Giulio. Sou leal a Enrico, mas nunca deixaria
você morrer.
Fechei meus olhos e me lembrei de Nova Iorque.
— Você me levou para o hospital.
— E eu estava lá quando você saiu. — Meu pai respirou fundo. — Eu
nunca te abandonei. Nunca.
— Ela tinha raptado o meu filho. Eu tenho um filho — falei, me
inclinando sobre o carro.
Meu pai ofegou do outro lado da linha.
— Eu sou avô? — A alegria em sua voz me tocou fortemente.
— Sim, pai. E Dante é perfeito.
— Um dia.
— Um dia.
Ele desligou e eu encarei a tela do celular, enquanto me acalmava.
Respirei fundo e liguei para Rocco.
— Estou pronto.
Desliguei a chamada e ouvi passos mais uma vez. Me virei e vi Kiara
parada com nosso filho nos braços. Lucian estava caminhando para o seu carro.
— Lucian cuidou de mim. Quando fugi depois que você sumiu, ele foi
atrás de mim e deixou Maddie aqui. — Kiara piscou enquanto encarava a rua,
antes de virar seu rosto para mim. — Não a vemos desde então.
— Eu...
— Ele se culpa pelo sumiço dela. Ele culpa você por me deixar aos
cuidados dele. Ele culpa vocês dois, porque ele estava me procurando quando
deveria estar com ela.
— Kiara, eu não sabia.
— Nem eu. Descobri um ano depois, quando retornei sozinha e ele
estava afundando, bebendo como um porco. Lucian é o único amigo que já tive,
nunca o toquei porque eu e ele alimentávamos a esperança de que as pessoas que
amávamos voltariam. — Kiara limpou as bochechas e ficou diante de mim. —
Eu e Dante o amamos, mas ele nunca será você. Ele nunca será o homem que
mais amei em toda minha vida. Ele nunca será o pai do Dante. Nós sabemos
disso, mas você parece que não.
— Eu sinto muito.
— Se você morrer nessa viagem, eu nunca vou te perdoar.
— Eu não vou morrer, Donne.
— Eu espero que não, porque não vou criar nosso filho sozinha.
Giulio levou Dante e eu para casa. Assim que cheguei, deitei nosso filho
na cama e suspirei ao passar a mão por seu cabelo. Quando acordei da pancada e
não o vi, foi como se o chão se abrisse sob meus pés. Tudo sumiu e uma dor
insuportável se alojou em meu peito. Dante era tudo que eu tinha. Ele era minha
vida.
Se eu o perdesse, eu me perderia.
Quando voltei para a sala e encontrei Giulio sentado no sofá, apoiando
seus cotovelos nos joelhos, senti meu coração latejar. Desde que ele disse que
iria pegar Prince e Lake eu estava nervosa. Algo dentro de mim me dizia que
isso era errado.
— Eu acreditei fielmente que minha mãe estava morta por longos anos,
mas agora ela realmente está e eu não sei como me sinto. — Sua voz ecoou.
Eu respirei fundo, aproximando minha mão do meu peito.
— Eu sinto muito. — Era mentira, claro. Ela pegou nosso filho, Deus
sabe onde ele estaria se não tivéssemos chegado a tempo. Eu não me importava
com ela, mas com esse homem diante de mim, sim.
— Ela pegou Dante para me chantagear. — Ele respirou fundo.
Franzi as sobrancelhas ao me aproximar.
— Como assim?
— Meu pai a encontrou depois de anos da sua fuga. Ele descobriu que
ela havia formado outra família. Ele ia matá-la e todos que a rodeavam.
Provavelmente, ele ainda fará. — Giulio respirou fundo e me olhou. O calor dos
olhos verdes havia sumido e ele estava triste.
— Ela estava com medo — murmurei, tentando organizar minha cabeça.
— Ela não machucaria Dante, certo?
— Eu não sei e eu odeio isso. — Giulio passou a mão pelo cabelo
castanho e olhou para as paredes de vidro.
— Dante está bem e isso é o que importa. No final, o bem-estar dele
sempre vai ser o que nos fará relaxar — falei, me sentando ao seu lado e
pegando sua mão.
— Sim. — Ele tocou meu joelho e envolveu os dedos em minha perna.
Seu celular vibrou e eu vi o nome do Rocco. O mau pressentimento voltou e eu
engoli em seco.
— Diga a Rocco que não pode ir. — Tentei, mesmo sabendo que isso
nunca aconteceria. Além de ser nosso Don, Rocco havia nos ajudado a resgatar
Dante.
— Você sabe que não posso fazer isso, Donne. — Giulio me encarou e
trouxe sua mão para o meu rosto. — Prince está em um lugar perigoso, vou levar
tempo para trazê-lo para casa, mas eu voltarei bem. Prometo.
Desviei os olhos dos dele ao sentir meu peito dolorido.
— Nos leve com você. — Minhas palavras me surpreenderam e a Giulio
também. — Podemos ficar longe, em uma casa protegida.
— Kiara. — Sua voz era ruidosa, insultada. — Eu não posso fazer isso.
Não posso colocar você e Dante em um país novo enquanto estou indo fazer algo
perigoso. O que você vai fazer se alguma coisa acontecer comigo?
— Você disse que não vai acontecer nada! — gritei e me afastei do seu
toque.
Giulio não me deixou ir longe. Ele me puxou de volta e ficou sobre mim.
Nossas respirações entrecortadas e peito arfando. Ele segurou minha nuca e me
encarou.
— Não vai acontecer nada.
— Então eu vou.
— Não.
Giulio grunhiu rígido e eu toquei seu peito. Arrastei minhas unhas sobre
seu peito e senti meus mamilos doerem. Molhei meus lábios com a ponta da
língua e decidi fazer isso do meu jeito.
Me movi até ele estar sentado no sofá e me ajoelhei entre suas pernas.
Giulio me encarou rigidamente quando raspei minhas unhas em suas coxas e
subi até seu zíper. Minha boca salivou quando abri sua calça. Puxei sua cueca
enquanto meu marido respirava com dificuldade.
— Eu nunca fiz isso — murmurei, de repente tímida. E se ele não gostar?
— Cass já fez isso em você? — perguntei, mesmo odiando trazer aquela cobra
para a nossa intimidade.
— Baby, você pode apenas pegar e vai ser como se eu estivesse gozando
nas nuvens. Apenas não morda.
Ele ignorou a pergunta sobre Cass, e mesmo querendo matar aquela
vadia, eu a afastei do meu pensamento.
Segurei seu pau entre meus dedos e suspirei ao me aproximar. Giulio
segurou minha bochecha e enfiou seu dedo em meus lábios. Ele me fez chupar
devagar e logo substituiu pelo seu pênis grosso.
Eu o levei para a minha boca e assisti a Giulio perder a cabeça a cada
segundo. Sua mão puxou meu cabelo e seus quadris subiram, tentando entrar
mais em meus lábios. Eu me afastei e lambi devagar antes de seus olhos se
abrirem ferozes.
— Você vai me levar? — perguntei, lambendo meus lábios e deslizando a
língua em sua fenda onde havia uma gota perolada.
— Jesus Cristo, Kiara.
Ele grunhiu, puxando meu cabelo. Gemi quando meus seios roçaram suas
coxas.
— Você vai terminar o que começou e nada de jogos.
Sua ordem foi tão clara e eu a senti percorrer meu corpo. Me assustei ao
perceber que gostei.
— Agora abra seus lábios e tome meu pau.
Eu fiz isso e o deixei foder minha boca até cada gota do seu esperma
encher minha garganta. Giulio me ergueu e me colocou de joelhos no sofá. Me
apoiei no estofado macio e empurrei minha bunda na direção do meu marido.
Giulio ergueu meu vestido e desceu minha calcinha até minhas coxas. A renda
ficou esticada enquanto ele abria mais ainda minhas pernas.
— Você precisa ficar em silêncio. — Ele segurou minha cintura e eu
gemi quando o senti deslizar para dentro de mim.
Meus seios cheios doíam ao balançar a cada estocada firme. Eu queria
gritar, mas não o fiz com medo de Dante acordar. Giulio apertou meu mamilo,
me puxando até minha coluna ficar grudada em seu peito. Ele me fodeu
lentamente enquanto uma das suas mãos desciam para brincar com minha
boceta.
— Vire-se, preciso colocar a boca em você.
Eu gemi enquanto me movia. Ele se sentou e me colocou sobre seu colo.
Enquanto eu deslizei em seu pau, Giulio lambeu meus mamilos molhados com
leite e sugou cada um.
Quando o prazer me rasgou ao meio, mordi seu ombro para não gritar. E
assim que Giulio gozou, caí em seu peito completamente cansada.
— Você vai manter sua bunda doce aqui até eu voltar.
Eu fiquei em silêncio e o deixei ditar suas regras.
Eu amava quebrá-las uma a uma.
Na tarde do dia seguinte, Giulio levou dois segundos para perceber Dante
no meu colo e mais dois para encarar Romeo Trevisan com ódio.
— O que ela está fazendo aqui? — Ele realmente parecia furioso.
O jatinho da Outfit era grande o bastante para ir algumas pessoas dentro.
Isso se resumia a mim, Dante, o pai contrariado dele, Romeo e mais dois
soldados.
— Ela é sua esposa e pediu a Rocco.
— Nós estamos indo para um lugar desconhecido e perigoso, Romeo! —
Giulio gritou, insano.
Ninei Dante em meu colo, encarando a pista onde ainda estávamos
parados.
— Como ele odeia você, receio que não se importe com a sua segurança
ou a dela.
— Isso não fazia parte do acordo...
— Dante será protegido com minha vida, isso eu posso prometer. —
Romeo se sentou em sua cadeira.
Giulio se virou e marchou diretamente para mim. Seus braços tremiam
levemente e seus punhos estavam fechados.
— Eu juro que você vai ser punida por sua ousadia, Kiara. — Ele se
inclinou para me encarar, mas eu ergui meu queixo.
— Eu vou amar cada maldito segundo.
Giulio fechou os olhos e apertou a parte superior do banco macio. Depois
disso, ele se sentou ao meu lado. Dante ergueu os braços e Giulio suspirou,
vencido. Ele pegou nosso filho e mostrou algumas coisas do avião.
Ir até Rocco foi fácil. Eu precisei da ajuda da Sienna, obviamente, porque
se precisa de tempo para convencer alguém a lhe dar aval para uma viagem
internacional. Sienna estava preocupada, mas depois que falei que não podia
ficar longe de Giulio ela compreendeu.
Agora, os contatos do Rocco no país estavam organizando um lugar
seguro para que eu e Giulio ficássemos.
Eu tinha tempo para domar minha fera.
A Dinamarca não era nada do que eu imaginei. Não estava tão frio essa
época do ano e onde estávamos era quase deserto. Giulio me guiou até o galpão
enorme e nós entramos com Romeo.
— Por que Rocco não veio? — perguntei, abruptamente. Quase pedi
desculpas pelo atrevimento, mas Romeo logo respondeu.
— Ele tem pendências em Chicago. Não saímos juntos da cidade.
Merdas acontecem quando fazemos isso.
O sequestro de Lunna.
Eu não me lembrava de muita coisa, porque isso nunca era compartilhado
com as mulheres, mas recordo-me do meu pai resmungando que deveriam deixá-
la lá mesmo. Que era uma perda de tempo e recursos irem a Rússia buscar uma
mulher.
Achei que Romeo não gostaria de ouvir isso.
Um dos soldados subiu uma escada longa e nós o seguimos, deixando
para trás o espaço aberto. Um corredor iluminado apareceu e logo Romeo sumiu
em uma porta, enquanto os soldados fizeram o mesmo. Havia homens ali e a
sensação estranha de estar em perigo me fez pensar se não foi um erro vir.
— Vem aqui, querido. — Peguei Dante dos braços de Giulio assim que
entramos em uma porta.
O lugar era espaçoso, não tanto quanto imaginei, mas ainda assim
satisfatório.
— Amanhã vamos encontrar uma casa. Na verdade, ainda estou
pensando se esse lugar não é o mais seguro com todos os homens disponíveis
aqui. — Giulio abriu a geladeira depois de ultrapassar a ilha que dividia a sala e
cozinha.
— Você está cansado? — questionei, enquanto descia a blusa e dava de
mamar para Dante.
Giulio encarou meus seios e semicerrou os olhos.
— Não, mas vou ficar.
Ele preparou comida com algumas coisas que tinham disponíveis. Dei
comida a Dante, em seguida, o banhei e coloquei para dormir. Encontrei Giulio
no sofá, de olhos fechados e braços atrás da cabeça.
Suas tatuagens estavam ainda mais visíveis. Seus braços eram
contornados por rabiscos bonitos, contrastando com sua pele clara. Seu cabelo
castanho estava bagunçado e seus olhos, tão escuros quanto o céu da noite,
estavam fechados.
Subi em seu colo e descansei minhas pernas ao lado das suas coxas.
Ele ficou imóvel. Não abriu os olhos. Nada.
— Giulio... — chamei, nervosa, mas ele me ignorou.
Eu sabia que ele estava acordado, eu via suas pálpebras se movendo.
Toquei seu peito devagar e vi uma reação. Não a que eu esperava.
Seus dedos enrolaram em meu punho e ele apertou. Machucou, eu gemi
de dor, mas Giulio não recuou em segundo nenhum. Ele abriu os olhos e eu me
encolhi com a frieza em suas íris.
— Eu vivo para manter você e nosso filho protegidos. — Suas palavras
me acertaram. — Então você planeja nas minhas costas, fala com um homem
que eu odeio e tira minha autoridade dentro da minha casa.
— Amor...
— Você não acha que estou cansado de receber ordens, Kiara? — Giulio
soltou meu pulso, me tirou do seu colo e se ergueu. — Você não confia em mim
quando digo que o mais seguro é você ficar em casa?
— Eu só quero ficar com você.
— Eu também! — ele gritou, mas recuou quando olhou para o corredor,
sabendo que nosso filho estava ali. — Mas eu fiz um acordo com o diabo e vou
pagar por isso. — Giulio passou a mão no cabelo. Pisquei para afugentar as
lágrimas. — Tudo isso é uma merda, mas você falar com Rocco é pior. É uma
traição.
— Não! Não seja exagerado — grunhi, me erguendo.
— Não? — Ele se aproximou e eu fui para trás. — Você sabe o que sinto
por ele. Está na minha pele. — Giulio apontou para o peito onde eu sabia que
havia dezenas de marcas de tortura. — Então você trabalha com ele para me
diminuir. De novo.
— Eu posso ter errado e peço desculpas por ter feito você se sentir assim.
Mas eu passei pelo inferno nos últimos anos. — As lágrimas encheram meus
olhos e eu senti meu coração doer. — Noites sozinha, com medo. Eu não quero
ficar longe de você. Nunca mais. Nem um dia. Então me desculpe por ir até
Rocco. Eu amo você e não vou perder você novamente. Nem hoje e nem nunca.
“E você pode me odiar, Giulio, eu não me importo, mas não quero sentir
que nunca mais colocarei meus olhos em você. Nunca mais quero dormir dopada
de medicamentos para a dor ir embora. Nunca mais quero ficar um segundo sem
você, porque você e nosso filho são a minha vida.”
Respirei fundo e funguei, limpando minhas lágrimas.
— E se eu não confiasse em você, eu não teria trazido o nosso filho. Eu
sei, com a minha alma, que você nos protegerá de qualquer coisa. Não importa o
quê.
Eu era uma maldita marionete e as lágrimas dela controlavam minhas
cordas. Jesus Cristo, como eu a amava. Nada, nunca, teve meu amor como essa
garota. Essa princesa da máfia de temperamento dos infernos e cabelo tão loiro
quanto um anjo. Lábios vermelhos que eram o próprio pecado e os olhos tão
azuis que poderiam me matar.
Eu amava Kiara Conti mais que o ar que enchia meus pulmões.
— E eu vou.
Seu queixo tremeu e ela correu para os meus braços, tremendo. Minha
Donne envolveu suas coxas ao meu redor e eu a apertei junto a mim.
— Eu amo você, Kiara. Mesmo você sendo um problema do caralho
sempre.
Ela riu em meio ao choro e eu peguei seu pulso e beijei demoradamente
cada pedaço de pele que machuquei.
— Eu te amo. Sempre. Com tudo de mim.
Eu sabia que sim.
Segurei seu queixo e a puxei para mim. Beijei a ponta do seu lábio e
lambi a carne úmida desejando ter mais tempo, muito mais. Porém, eu não tinha,
então eu a beijei com cuidado e depois me afastei, vendo seu rosto retorcido e
irritado.
— Donne, eu tenho que sair agora — falei, lentamente, enquanto ela
envolvia meu pescoço com as mãos e começava a se esfregar contra meu pau. —
Kiara.
Ela não ligou. Na verdade, ela nunca ligava.
Ela abriu meu zíper, desceu sua roupa e deslizou até sua boceta ser a
única coisa que eu pensava.
— Eu preciso de você.
Quatro palavras malditas e eu esqueci meu dever e apenas a fodi do jeito
que ela queria.
— Como ela veio parar aqui? — Solucei assim que entramos no carro.
Giulio me puxou para o seu colo. — Como?
— Calma, Donne. Vamos tirar sua prima daqui, eu juro.
Giulio me fazia promessas demais.
— Romeo quer o irmão dele, não ela.
— Lembre-se que ele está nos ouvindo neste momento.
Droga. Eu funguei e me lembrei do rosto apavorado de Maddie. Jesus, o
que estava acontecendo?
— E Prince? Você viu aquilo? Ele não reconheceu a gente, ele parecia
querer agradar ao Victor.
Giulio balançou a cabeça e eu entendi que era para eu parar.
O resto do caminho foi longo e o dobro do que fizemos ao vir. Romeo
ordenou que o motorista fizesse três caminhos antes do verdadeiro para despistar
uma possível perseguição.
— Quem é a mulher? — Romeo vociferou assim que entramos na sala.
— Estou avisando que o meu único foco são meus dois irmãos. Ninguém
mais. — Rocco ecoou e eu o vi na tela de um notebook. — Vi todas as entradas e
Ash me mandou a quantidade de homens nos portões do sul.
— Maddie é prima da Kiara. Irei tirá-la de lá.
— Depois que tirar Prince e Lake você pode ficar no meio daquele
círculo que eu não dou a mínima. Mas só depois.
Eu odiei Rocco Trevisan naquele momento como em nenhum outro. Nem
mesmo quando ele me fez trabalhar no Village.
— Perfeito! A reunião de Chicago aí na Dinamarca. Será um desastre —
Matteo resmungou atrás de Rocco e se aproximou. — Chegaremos pela manhã.
Iremos entrar no máximo no dia seguinte.
— Traga Lucian — pedi e todos me encararam. — Vou falar com ele
primeiro. Mas deixe um lugar para ele.
Me arrepiei imaginando-o ao saber de Maddie.
— Isso é um pedido ou uma ordem, sra. Conti? — Rocco perguntou,
suavemente.
Engoli em seco, morrendo de medo.
— É um pedido de uma pessoa que passou o diabo por sua culpa.
Rocco riu e Matteo fez uma cara de espanto misturada com diversão.
— Você me lembra Sienna, Kiara. — Rocco inclinou a cabeça. — Espero
que Giulio tenha paciência para lidar com você.
— O.k., voltando para o que importa — Romeo falou, rapidamente.
— Vamos lá, fale — Matteo grunhiu, entediado.
— Vamos trazer mais vinte soldados de Chicago. Duas viagens. Vamos
nos dividir.
Eles começaram a planejar o grande momento e eu me afastei deles,
querendo ir para o meu filho, ver como ele estava. Sentir que ele estava perto,
porque eu estava me deteriorando por dentro. O medo era quase palpável.
— Kiara, você pode ir. — Romeo apontou para a porta.
Engoli em seco, procurando meu marido.
Giulio acenou e eu andei para o pequeno apartamento onde estávamos.
Sarah e Ash estavam na sala. Ela olhava algo no celular, enquanto ele estava
sentado no chão, com os olhos presos no notebook na mesinha.
— Dante dormiu. Ele é um príncipe. — Sarah se ergueu e me encarou
sorrindo.
— Muito obrigada.
Agradeci a eles pela ajuda e nos despedimos. Procurei meu filho e
quando o vi adormecido e bem, peguei meu celular tremendo levemente. Minha
cabeça doía e as lágrimas encheram meus olhos. Disquei o número de Lucian e
respirei profundamente.
— Eu a encontrei — falei assim que ele atendeu, enquanto meu corpo se
arrepiava.
— Estou indo.
Estou indo. Nem mesmo quis entender o que estava acontecendo. Ele só
vinha. Porque Lucian amava Maddie e não havia nada mais forte do que o amor
de um mafioso.
Romeo olhou para Rocco assim que Kiara saiu da sala e se sentou. Eu fiz
o mesmo, cansado. Aquele dia foi exaustivo. Nunca mais iria colocar Kiara em
perigo desse modo. Donne era impulsiva, emotiva ao extremo. Pedir que ela
permanecesse calma enquanto via Madeleine ali foi horrível.
Era sua prima, sua melhor amiga, porra.
— Eu nunca vi Prince daquele jeito. — As palavras saíram sussurradas
na sala. — Ele... mudou.
— Ele ainda é o meu irmão. Meu melhor amigo. Não importa se ele está
com músculos — Matteo grunhiu atrás do Rocco, enquanto eu permanecia em
silêncio.
— Eu não me importo se ele mudou. — Rocco relaxou na cadeira e
respirou fundo. — Eu vou trazê-lo de volta.
Romeo e Matteo concordaram rapidamente.
— Ele parecia bem ali — murmurei, lentamente, vendo a reação deles.
Todos me olharam e ficaram rígidos. — Eu pensei que ele me reconheceria, mas
cada vez que ele me olhou foi como se eu nunca tivesse existido.
— Cara...
— Ele buscou aceitação de Victor. Ele queria agradá-lo.
— O que isso quer dizer? — Romeo perguntou.
— Eu não sei, mas se vamos entrar ali, precisamos pensar nessa
possibilidade.
— Que meu irmão quer ser um escravo? — Matteo rosnou.
— Sim, Matteo, é isso. — Eu o encarei. — Se passaram quase quatro
anos. Muita coisa pode ter acontecido.
O silêncio de todos se manteve por alguns segundos.
— Vamos viajar em algumas horas. Vejo vocês amanhã.
Rocco desligou e ficamos apenas eu e Romeo.
— Vá descansar e ficar com sua família.
Eu acenei e me ergui. Quando cheguei à porta, a voz dele me alcançou.
— Amanhã vai ser perigoso. Se você vai se arriscar pegando Maddie,
pense bem. Isso não está no plano. E o que não está no plano é letal.
— Letal seria eu deixar a mulher que meu amigo ama e prima da minha
esposa presa. Eu vou pegar Prince e Lake. Voltarei e pegarei Maddie. Não
importa se vou morrer lá, eu pelo menos tentei.
Eu devia isso a Lucian.
Assim que entrei no espaço onde eu e minha família estávamos, eu vi
Kiara no sofá abraçando as pernas. Eu me sentei ao seu lado e a puxei para mim.
— Ela está presa lá. Há meses, Giulio. — Ela fungou e me olhou, suas
lágrimas brilharam. — E por culpa minha. Porque fui impulsiva e tentei fugir...
— A culpa não é sua — falei com firmeza e segurei sua bochecha. —
Maddie nunca culparia você. Jamais. Ninguém o faz.
— Mas Lucian estava me caçando... e ela foi pega por pessoas más.
Me soltei dela e juntei nossas testas. Donne fungou e eu segurei seu
rosto.
— Eu vou tirá-la de lá. Eu farei isso, prometo.
— Eu sei. — Ela segurou meu terno. — E isso me apavora.
— Donne...
— Porque eu vou morrer se algo acontecer a você. — Suas palavras me
cortaram. — Eu preciso escolher e eu sei que é egoísta, mas quero os dois.
Lucian vai ajudar, ele está vindo.
— Você o avisou?
— Sim. — Kiara engoliu em seco. — Ele vai resgatá-la. Eu sei disso.
— Estarei ao lado dele em todos os momentos. Eu devo isso a ele, Kiara.
— Não... — Kiara subiu em meu colo, negando. — Ele...
— Sim. Ele cuidou de você por mim. — Puxei seus ombros e seu queixo
tremeu. — Eu amo você, Donne, com tudo de mim. E ele sabia disso.
— Sabia? — Ela piscou e mais lágrimas caíram por suas bochechas.
— Sim. Só eu que não.
Ela descansou a cabeça em meu peito e choramingou até dormir. Eu a
levei para o quarto e a coloquei ao lado do nosso filho, então me sentei e fiquei
observando os dois. Fechei os olhos e pensei em como resgatar Maddie e ao
mesmo tempo permanecer vivo.
Rocco estalou o pescoço e carregou sua arma. O fuzil era longo e tão
letal quanto o homem que o segurava. Matteo brincou com suas armas antes se
erguer na van. Romeo estava sério, apenas olhando para fora da janela.
Estávamos parados perto do mar na parte de baixo do grande paredão de
pedras. Era alto e enorme. Ali ficava a parte de trás do Clube. E era ali que nós
subiríamos em dois minutos. Já havia homens disfarçados dentro do local.
Romeo deu um jeito de falsificar vários convites do lugar, eu não consegui
distinguir o falso do verdadeiro quando me mostraram.
O salão estava tomado por soldados da Outfit. Lucian era um deles. Ele
queria estar lá, perto de Maddie.
— O corredor que leva Prince até o círculo é ali. — Romeo apontou para
cima. Eu vi uma luz amarela brilhando pelas frestas das grades na parte superior.
— Vamos cortar o ferro, entrar segundos antes de ele passar e sair.
— Como assim? — Tenso, Matteo o encarou. — E Lake?
— Lake não está ali — Rocco falou, lentamente.
— E onde ela está? — Semicerrei os olhos.
— Estou dizendo no corredor. Ela fica nas celas. Romeo vai descer com
Prince e Matteo, enquanto Giulio e eu vamos pegá-la. — Rocco olhou para o
relógio e respirou fundo. — Vamos lá.
Assim que saímos do veículo, eu me aproximei do paredão. Peguei a
corda que já estava amarrada à parede no topo — obra dos soldados — e
comecei a escalar. Em alguns minutos alcançamos o ferro.
— Serrem.
As serras fizeram o trabalho rapidamente, quando a grade se soltou
Rocco a jogou lá embaixo. A queda foi longa. Me encolhi ao imaginar um de
nós.
— Entrem.
Matteo entrou primeiro e se posicionou com arma em punho. Fiz o
mesmo e logo estávamos os quatro de pé no corredor. Rocco olhou para o
relógio e praguejou.
— Ele já deveria estar aqui.
— Onde ele está? — Matteo perguntou, nervoso.
Respirei fundo e no mesmo instante ouvi passos soarem.
Os homens estavam rindo e não nos perceberam até que fosse tarde
demais. Romeo atirou com sua pistola com silenciador nas pernas dos dois,
então se aproximou e ficou agachado.
— Onde está o lutador? — Sua pergunta ecoou.
Os homens arregalaram os olhos e não disseram nada.
— Hvor er fighteren? — perguntou novamente no idioma deles.
[i]
Dias depois eu estava jantando com meus tios e prima quando Lucian
chegou me chamando. Eu não dei tempo para meus tios questionarem, apenas
me ergui e o segui para fora.
— O que houve? — perguntei assim que entrei no seu carro. Nós nos
vimos poucas vezes nesses dias e falamos menos ainda.
— Vou levar você a um lugar.
— Lucian, eu estou jantando com minha família. — respondi, confusa,
mas ele acelerou rapidamente. — Lucian!
— Será rápido.
Eu respirei fundo e acenei.
Assim que Lucian estacionou em frente a uma casa, olhei para ela por
algum tempo.
— Quem mora aqui? — questionei.
— Minha mãe.
Porra.
— Você não vai fazer isso — gritei dentro do carro enquanto ele abria a
minha porta. — Eu não vou conhecer a sua mãe.
— Você vai.
— Mas eu...
— Eu falei para ela que vou me casar com você.
Jesus Cristo. Arregalei meus olhos e ele piscou lentamente.
— Você o quê? Nós nem nos beijamos ainda — falei, totalmente confusa
e surpresa.
Meu celular tocou dentro da bolsa, mas Lucian fechou a porta depois de
me puxar para fora.
— Eu mudo isso agora, princesa. — Suas palavras me fizeram esquecer o
celular.
Lucian segurou minhas bochechas e se inclinou. Quando seus lábios
tocaram os meus, eu estremeci. Quando sua língua tocou a minha, minhas mãos
criaram vida própria e tocaram seu peito. Quando suas mãos agarraram meus
quadris, eu gemi.
Lucian me enfeitiçou dias atrás, mas agora parecia que eu realmente
estava completamente enfeitiçada.
Rendida por ele.
— Agora, Madeleine, você quer conhecer sua futura sogra?
Sim, por favor.
A mãe de Lucian, Bethany, era uma senhora baixinha e fofa que me
abraçou durante vários segundos até ele dizer que já estava bom. Eu estava
apaixonada não apenas pelo filho dela, mas por ela também.
— Eles vão superar. Kiara está bem. — Lucian segurou meus braços
enquanto eu continuava tremendo. Seu rosto estava inchado onde Giulio o havia
socado.
— Você deveria ter se protegido.
— Ele está certo, Madeleine. Eu faria o mesmo se eu designasse alguém
para proteger você e ele protegesse a sua prima. Entende?
— Você errou...
— Eu não errei, eu faria de novo.
Droga. Eu nunca conseguia falar com ele.
— Eu preciso voltar para a casa.
— Você contou para ela?
Meu coração parou e eu o encarei.
— Tia Isa não quer, ela enlouqueceu quando falei.
Lucian se afastou com as costas rígidas, então eu me aproximei para
tocá-lo.
— Eu já atingi a maioridade. Ninguém vai me dizer quem amar.
Droga. Falei demais.
Lucian se virou e segurou meu rosto. Assim que nossas testas ficaram
rentes, toquei sua barba por fazer.
— Paciência.
— Paciência.
Isso era o que tínhamos.
Mas dias depois Lucian começou a se afastar e eu estava muito
apaixonada para deixar que ele fizesse isso. Não depois de tudo.
— Você tem noção da merda que fez? — Sua voz era furiosa. Eu nunca o
havia visto tão raivoso.
— O quê? Você se importa? — gritei, chateada.
— Você está brincando comigo, Madeleine? Eu me importo? Que porra
fodida é essa? — Quando ele pisou no acelerador, eu agarrei o meu cinto de
segurança. — Ir a um bar da Bratva. Eu poderia estapear sua bunda, você nem
conseguiria se sentar amanhã.
— Então faça. Sua raiva vai diminuir, então faça.
Jesus, eu não sabia o que eu tinha de errado.
Assim que Lucian estacionou em frente à sua casa, eu saí do carro sem a
sua ajuda. Ele me puxou para dentro e eu joguei minha bolsa na poltrona. Lucian
já havia me levado ali, mas ele se manteve longe de mim.
— Sente-se — ele ordenou, friamente, enquanto apontava para o colo.
Eu me aproximei, mas em vez de me sentar normalmente, ele me fez
colocar a barriga em suas coxas antes de subir o meu vestido e retirar a minha
calcinha. Meu Deus, ele era meu Christian. Suspirei quando me lembrei do
filme.
— Você nunca mais vai fazer isso, Madeleine. Ouviu?
Eu não respondi, mas quando sua palma colidiu com a minha bunda, eu
gritei.
— Sim!
Mas ele não parou. Lucian deu mais três tapas. Um em cada lado da
minha bunda, marcando-a. Quando ele parou, eu estava com lágrimas nos olhos
e a pele ardendo.
— Fique aqui — ele murmurou depois de me colocar no sofá com uma
almofada embaixo da minha barriga.
Quando Lucian voltou, ele passou algo pastoso no local ferido. Olhei
sobre meu ombro e vi que ele espalhava uma pomada delicadamente.
— Quando você vai tirar a minha virgindade? — perguntei, enquanto
meu ventre se apertava com desejo.
— Quando eu me casar com você.
— Isso vai levar tempo.
— Você está com pressa?
— É claro! — grunhi, me remexendo.
— Se apoie em seus joelhos e abra suas coxas.
Meu coração bateu com força quando fiz o que ele disse. Meu peito
continuava colado no sofá enquanto eu estava aberta para ele.
— Jesus, sua boceta é realmente de uma princesa.
— Como você sabe como é a boceta de uma princesa?
— Eu não sei.
Gritei quando senti seus lábios se fecharem em torno do meu clitóris.
Lucian chupou meus lábios e enfiou a língua em meu canal virgem.
Jesus, eu o queria. Seu corpo, tudo que seria meu em breve.
— Seu sabor... meu Deus. — Ele gemeu quando rebolei em seu rosto,
querendo a minha libertação.
— Eu quero você dentro de mim.
— Princesa, não fale assim.
— Lucian, por favor.
Notei que ele estava por um fio, então resolvi quebrar sua pequena linha
de autocontrole.
— Me foda, faça amor comigo.
Lucian grunhiu antes de eu ouvir o seu zíper sendo aberto e suas mãos
segurarem os meus quadris. Gemi em antecipação e logo o senti deslizar para
dentro de mim. Lenta e dolorosamente. Toquei meu clitóris e empurrei meus
quadris em sua direção.
— Sua boceta... porra.
Ele perdeu o raciocínio enquanto eu apertava seu pau. Era bom. Tão
bom.
Quando Lucian apertou minha bunda machucada, senti novas lágrimas.
De dor, de desejo, de desespero. Tudo.
— Você precisa engravidar hoje, princesa. Preciso ver você cheia com
meu filho.
Suas palavras me fizeram gozar na mesma hora.
— Eu te amo. Eu nunca vou deixar você ir.
Eu não queria ir. Nunca quis.
— Eu te amo, Lucian.
O sangue corria insanamente pelas minhas veias. Ela estava aqui. Os
soldados que estavam comigo olhavam ao redor, desinteressados, mas eu tinha
um alvo. Minha princesa.
— Vocês precisam... — Sua voz era como música para os meus malditos
ouvidos. Eu ergui o olhar e Maddie deixou o bloco cair. — Não faça nada.
— Você sabe para quem está dizendo isso — murmurei, entredentes.
— Me encontre no banheiro em dez minutos. — Ela engoliu em seco
Respirei fundo e ela se virou e partiu. Os dez minutos passaram como
uma lesma, nunca antes, seiscentos segundos se passaram tão lentamente.
— Eu vou ao banheiro — avisei a um dos homens que veio com Lake.
— O.k.
Eu saí andando casualmente e entrei no banheiro feminino. Maddie
estava de pé, tremendo. Se ela poderia estar mais bonita, ela estava. Jesus, ela
era perfeita. Seu cabelo castanho, seus olhos... tudo.
— Você vai me tirar daqui? — Sua voz soou frágil.
— É claro que vou. Você vai dormir em casa hoje.
Ela se curvou e soluçou. Eu me aproximei e toquei em seu rosto. Maddie
envolveu seus braços em meus ombros e eu a tirei do chão.
— Eu te amo tanto. — Ela choramingou, beijando meu rosto, pescoço e
boca. — Estou feliz que tenha me encontrado.
— Me perdoe. Eu nunca deveria ter deixado você em casa. Sozinha.
— Você estava procurando Kiara.
— Não importa. Ninguém importa para mim além de você, Maddie.
— Eu sei. — Ela me abraçou com força e beijou meu peito.
— Eu vou tirar você daqui, Princesa.
— Eu sei que vai. Eu sempre soube.
Coloquei Madeleine no chão e a ajudei a limpar o rosto. Quando ela
estava apresentável, palavras dela, nós saímos do banheiro. Rocco estava no
salão e olhou para mim. Puxei Maddie e ela arfou.
— Vocês todos têm dois minutos para evacuarem o local. Por mim, eu
matava todos, mas hoje acordei bonzinho.
Merda nenhuma.
As pessoas correram enquanto Rocco descia da mesa e andava
diretamente para Victor, o dono do local. Os seguranças dele o rodearam, mas
Rocco sacou a arma e logo derrubou os três.
— Você, seu desgraçado. — Rocco tirou uma faca da jaqueta e enfiou na
garganta do homem. — Eu vou rever você no inferno e lá terei prazer em te
torturar.
— Seu desgraçado — Victor grunhiu, segurando a faca, mas uma mão
surgiu e empurrou o metal mais fundo.
Prince.
— Você nunca deveria ter tocado nela.
Prince socou a garganta do homem e ele caiu de joelhos. O irmão
Trevisan continuou chutando e socando o corpo enquanto todas as pessoas
corriam para fora.
— Você mexeu com a família errada — Rocco disse.
Rocco pisou no rosto do homem, quebrando seu nariz. Maddie arquejou
ao meu lado e eu a puxei.
— Eu faria isso e mais. No momento, os Trevisan estão me vingando.
Madeleine me encarou e suas feições relaxaram.
— Eu estou bem.
— Não, você não está.
Ela piscou e engoliu em seco.
Eu a puxei para fora, mas ela balançou a cabeça.
— Várias meninas estão presas nas celas.
— Já soltaram todas.
— Você tem certeza?
— Sim, ele tem. — Uma voz suave ecoou antes de Lake aparecer. — Eu
soltei todas.
Elas se abraçaram e logo pude levar Maddie para o complexo. Todos já
estavam prontos para voar, logo eu e Maddie também estaríamos.
Levei-a para o meu quarto e a ajudei a entrar no chuveiro. Seu corpo
estava mais magro do que a última vez que a vi.
— Eles não nos alimentavam muito — ela explicou quando notou o meu
olhar.
— Acabou.
Ela acenou e eu a limpei devagar. Lavei seu cabelo, sua pele e cada
centímetro do seu rosto. Maddie se enrolou em um roupão e eu a levei para a
cama.
— O que aconteceu, princesa? — perguntei depois de entregar uma
bandeja com comida para ela.
— Eu estava na tia Isa. Dois homens chegaram e atiraram nela. Depois
senti um pano em meu rosto. Tudo foi tão rápido. — Madeleine respirou fundo e
soltou a colher. — Quando acordei estava em um avião com outras três garotas.
Assim que apertei a colcha da cama, Maddie afastou a comida e veio
para o meu colo.
— Eu estou aqui desde então. Eles prostituem as mais bonitas, as mais ou
menos ficam atendendo.
— Mais ou menos? — Semicerrei os olhos. — Você é perfeita. Mas
ainda bem que não a obrigaram a isso.
— Sim, agradeci muito também. — Maddie sorriu e tocou meu rosto. —
Eu só queria chegar a este momento. Todos os dias acordei e dormi almejando
este momento, porque eu sabia que você me salvaria.
— Eu senti tanto a sua falta — falei, afastando seu cabelo molhado.
— Eu também.
Ela me recebeu quando me inclinei e juntei nossos lábios. Maddie
suspirou e eu gemi quando sua língua deslizou pela minha. Mordi seu lábio e
beijei seu pescoço e colo. Maddie afastou o roupão e eu capturei seu mamilo em
meus lábios.
Deitei-a e afastei suas pernas com meu quadril. Ela segurou meu pau e
guiou para dentro dela. Eu queria dar tempo a ela, dar tudo que ela quisesse, mas
meu pau era egoísta. Ele queria a sua boceta.
— Ah — ela gritou quando investi contra seu corpo, receptiva.
Momentos depois, quando ela gozou, eu fiz o mesmo e a puxei para mim.
Mantendo-a.
— Eu quero a calmaria agora. Eu quero nossos filhos e felicidade,
Lucian. — Sua voz soou cansada e arfante.
— Eu vou sangrar todos os dias para dar isso a você. Sempre.
Era uma promessa.
#NÃOTERÁLIVRODELES
PRÍNCIPE DISTORCIDO
Anos antes...
Uma explosão queimou em meu cérebro, o barulho era ensurdecedor, tão
atormentador quanto uma britadeira perfurando a pedra mais espessa do
universo. Levei minha mão aos olhos e me virei quando os abri.
O chão estava sujo e era escuro. Foi o que percebi primeiro. Muita
sujeira. Muita escuridão.
Inspecionei o lugar enquanto me virava e apertava meus punhos contra
minha cabeça, que doía absurdamente. Meu peito martelava com o
desconhecido. Barras de ferro iam do chão ao teto rodeando a frente e laterais do
espaço em que eu estava. Me ergui rapidamente, mas minha vista escureceu e
minhas costelas reclamaram.
— Ora, ora, ele acordou. — A voz tinha sotaque. Com certeza, o homem
diante de mim não era americano.
Ele tinha uma barba longa, era alto e magro. Seus olhos eram escuros
enquanto seu cabelo tinha alguns fios brancos.
— Onde estou?
— Você se lembra de algo? — Ele semicerrou os olhos.
Procurei em minha mente como eu poderia ter vindo parar ali.
Nada.
O mais longo e vazio escuro.
— Seu nome?
Eu pensei, tentei me lembrar, mas, novamente, nada.
Quem eu era?
— Sua idade?
Nada.
Com minhas respostas as suas perguntas, o homem ia ficando cada vez
mais alegre. Na última, seu sorriso tomava seu rosto inteiro.
— Qual é o meu nome? O que estou fazendo aqui? — perguntei,
enrolando meus punhos.
— Você tem muitas perguntas. — O homem andou ao redor da cela.
Eu me aproximei, querendo puxar sua blusa e rasgar sua garganta.
— Eu não sei quem sou e onde estou. É claro que tenho perguntas,
imbecil.
Seus olhos se semicerraram alguns meros centímetros e eu o observei
apertar a mandíbula.
— Quem é você? — questionei, enquanto meus punhos se fechavam.
A fúria era latente e fumegante. Se eu estivesse solto, o homem diante de
mim estaria no chão, morto.
— Não importa quem eu sou, mas sim no que você será.
O homem se recuperou e sorriu.
— Onde eu estou? — gritei, ao vê-lo dar um passo para trás e se virar.
— Seja bem-vindo, Villain. — Ele continuou se afastando.
— Onde?
— Ao inferno.
Eu sempre faço dos agradecimentos um despejo de coisas que passei
durante a escrita e acabo não agradecendo a ninguém além de vocês e a minha
família. Então, neste livro, vou agradecer e na próxima página deixo um recado,
pode ser? rsrs
Eu quero muito agradecer a minha assessora Vanessa por aguentar
minhas loucuras, lançamentos próximos e me auxiliar em tudo.
Também quero agradecer as minhas amigas. Jéssica D. Santos e
Veridiana Silva. A Jéssica é meu poço das lamúrias, ela me aguenta e surta com
tudo relacionado a mim e eu faço o mesmo por ela. A Veri é minha melhor
amiga literária de todos os tempos. Ela é minha beta também, e foi por ela que
eu reuni muita segurança para lançar este livro.
Minha família e a mim mesma por acreditar em meu trabalho e dar
sempre o meu melhor para vocês.
E principalmente, sempre, a vocês. Obrigada por sempre estarem comigo
em cada lançamento. Sempre serei grata por isso. Vocês são incríveis!
Beijos!
Evilane Oliveira
Todo mundo deve se perguntar por que o Giulio teve um livro. O que a
Evilane estava pensando? E eu te digo; eu também não faço a mínima ideia.
Esse italiano apareceu no prólogo de Honra Distorcida, e desde então eu
vinha pensando no livro dele, como eu faria e etc. Tão certo como o nascer do
sol, sempre foi afirmado dentro de mim que teria um livro dele e eu não me
arrependo de nada.
Eu sou apaixonada por esse homem e pela maneira desesperada com que
ele amou a Kiara. Esse tipo de amor... é o que me encanta.
Giulio e Kiara foram um casal que eu amei dar vida, porque aqui você
ver que são duas pessoas que se amam, mas que amam outras coisas, que
precisam de outras coisas.
Mas às vezes essas outras coisas não são o que sempre achamos que
eram.
E voltar para o seu lar, seu amor é a sua única opção. Mesmo que seja
difícil de admitir.
Eu espero que tenham gostado deste livro. Não esqueçam de avaliar, por
favor! Estão prontas para Prince Trevisan?
Amo vocês!
Obrigada por tudo!
Evilane Oliveira
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[i]
Onde está o lutador?
[ii]
Fale ou o próximo será você.
Table of Contents
Sinopse
Prólogo
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
Próximo livro
Agradecimentos
Recado e surtos
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