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15/11/2020 Atividade Objetiva 01: 01.

Filosofia do Direito I – Pensadores Clássicos (2019)

Atividade Objetiva 01
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Pergunta 1 2 / 2 pts

A Unidade introdutória da disciplina Filosofia do Direito I – Pensadores


clássicos, aponta desafios subjacentes a uma análise da Filosofia do
Direito ateniense clássica. Tais desafios consistem, fundamentalmente,
em se equacionar elementos da História da Filosofia, da Filosofia da
História e da Filosofia do Direito.

A História da Filosofia nos remete às seguintes indagações: qual o


sentido de se recorrer ao sistema de pensamento ateniense clássico na

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atualidade? O que gerou tal sistema? É possível conhecê-lo de forma


isenta e objetiva?

A Filosofia da História, por sua vez, nos remete a um uso criterioso das
fontes de análise, considerando-se o desafio de apreender o passado
situando-se no presente. É neste contexto que vem à tona uma reflexão
crítica sobre as narrativas históricas: quem conta essa história, ou seja,
quem se apropria dessa narrativa, fazendo dela um relato pretensamente
verdadeiro? Por outro lado, há que se indagar sobre quem sofre o
impacto dessa mesma história, no sentido de ter sua própria narrativa
silenciada e sobreposta por uma outra versão (hegemônica).

Finalmente, a Filosofia do Direito. Considerando que vivemos hoje, em


significativa medida, sob o impacto da reatividade generalizada às
dinâmicas sociais, políticas e jurídicas orientadas pela diversidade e
pelos direitos e garantias fundamentais, o problema fundamental que
esta disciplina busca enfrentar passa pelo diagnóstico de grande
fragilidade da Filosofia do Direito no mundo contemporâneo. É
amplamente perceptível que, para as estruturas de saber-poder
estabelecidas, convém – sendo mesmo necessário – que a reflexão
filosófica seja preterida por “estratégias eficientes”.

Esta postura – reativa às conquistas civilizatórias proporcionadas em


grande medida pela Filosofia do Direito – extremamente redutora da
complexidade do fenômeno jurídico, político e social, apenas confirma a
relevância e a necessidade da Filosofia do Direito na contemporaneidade
e, consequentemente, de uma visita crítica ao contexto ateniense
clássico, indicando rupturas e continuidades entre as grandes matrizes
clássicas da Filosofia do Direito e a Filosofia do Direito na
contemporaneidade.

Considerando os desafios mencionados indique, dentre as alternativas,


aquela que concebe a Filosofia do Direito desvinculada da História da
Filosofia e da Filosofia da História.

A Filosofia do Direito como dispositivo de reflexão crítica e interdisciplinar


em relação à dimensão aplicativa dos direitos humanos e fundamentais.

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A Filosofia do Direito como problematização de conceitos arcaicos, de


hábitos cristalizados na tradição político-jurídica, de práticas desconexas
com a realidade sociocultural;

A Filosofia do Direito como avaliação crítica do papel desempenhado pela


Ciência Jurídica e pelos agentes jurídicos;

A Filosofia do Direito como confrontação do Direito válido em determinado


contexto pelo valor do Justo, sendo este fruto de um a priori que se
materializa por meio de uma dedução lógica;

As conexões entre a Filosofia do Direito, a História da Filosofia e a


Filosofia da História acarretam uma percepção do fenômeno
jurídico como um fenômeno complexo, posto que decorre de
fenômenos históricos, sociais e culturais. Uma abordagem crítica
e interdisciplinar, adequada à Filosofia do Direito contemporânea,
atenta para a necessária interface entre a Filosofia do Direito, a
Filosofia Política, a Filosofia Social e a Filosofia da História –
dentre tantas outras possibilidades de conexão.

Tal concepção converge com a percepção de que a Filosofia do


Direito não se presta apenas a produzir ideias mas, ainda que
indiretamente, a intervir e transformar a realidade, tendo como
parâmetro a (hiper)complexidade do conceito do Justo e dos
arranjos sociais e políticos.

Pergunta 2 2 / 2 pts

A necessária preparação do cenário para a Filosofia do Direito ateniense


clássica nos remete aos períodos históricos mitológico e arcaico.
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O período mitológico pode ser sintetizado pelo imaginário homérico, do


século VIII a.C., em que Thémis representa a justiça. Neste contexto, a
função indispensável do mito é a codificação das crenças, donde se
estabelece princípios morais e regras práticas para a orientação da ação.
Thémis é a deusa das leis eternas, que estabelece como regra leis
divinas ou morais. Simboliza a autoridade do Direito, da legalidade e da
validade das normas.

O período arcaico pode ser sintetizado como o período da emergência da


Filosofia (fisicalista/cosmológica), bem como pelas reformas inclusivas de
Sólon, no século VI a.C., em que Diké representa a justiça. Diké é
amplamente tida como a deusa dos julgamentos e da justiça,
simbolizando ordem e equilíbrio entre interesses individuais e coletivos. É
o cumprimento da justiça (humana), a solução para uma controvérsia.

Considerando-se as bases mitológicas e literárias do conceito de justiça,


indique a alternativa extemporânea a tal contexto:

O papel simbólico das Erínias como guardiãs das leis da natureza e da


ordem das coisas, bem como vingadoras do crime;

A justiça arcaica como um misto de violência e de direito, simbolizada na


figura de Zeus.

A conexão entre os mitos e as instituições greco-atenienses dos períodos


mitológico e arcaico;

A ideia de justiça como proporção entre relações humanas no âmbito


público e privado, ou seja, como a virtude da igualdade (geométrica e
aritmética);

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As bases mitológicas e literárias do conceito greco-ateniense de


justiça indicam um direito em gestação, ou seja, diretrizes para um
pensamento jurídico ainda não sistematizado. Daí a presença
recorrente de elementos mágico-religiosos.

A ideia de justiça como proporção entre relações humanas –


públicas e privadas – é uma construção de Aristóteles no período
ateniense clássico, período em que o impacto do pensamento
mitológico é menos significativo.

Pergunta 3 2 / 2 pts

A virada sofística indica uma mudança de eixo da cultura greco-


ateniense, com relação à tradição anterior ao século V a.C.

No que tange à Filosofia do Direito, considera-se que tal alteração


impactou na relativização da justiça, posto que os sofistas investiram
grande parte de sua energia na problematização de definições absolutas,
de conceitos fixos e eternos, de tradições então inabaláveis.

No debate entre o prevalecimento da natureza das leis (phýsis) e o


prevalecimento da arbitrariedade das leis (nómos), os sofistas optaram
pela segunda hipótese. A lei (nómos) seria responsável pela libertação
humana, posto que, sinteticamente, para os sofistas o homem é a medida
de todas as coisas. A natureza (phýsis) faria com que as leis fossem
idênticas em todas as partes. No entanto, homens de culturas diferentes
vivem legislações e valores jurídicos diferentes, na medida em que se
encontra em seu poder definir o que é o justo e o que é o injusto.

A noção de justiça é relativizada, posto que seu conceito é igualado ao


conceito de lei. O justo é o que está na lei. Logo, a mesma inconstância
da legalidade é percebida em relação à justiça. As leis são atos humanos
e racionais que se forjam no seio de necessidades sociais, o que só é
possível por meio da comunicação participativa e do discurso.

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Aponte, dentre as alternativas abaixo, aquela que contrasta com o perfil


dos sofistas:

A concepção do Direito como uma verdade essencial.

O empenho no domínio das técnicas oratórias e retóricas;

O foco de análise no sujeito inserido em um determinado arranjo social;

A concepção do Direito como expressão do poder estabelecido;

O perfil básico caracterizador do estilo de pensamento sofista


indica um padrão de normatividade ao alcance do sujeito.
Interessava aos sofistas romper com as tradições, desestabilizar o
estabelecido. Rejeita-se, assim, a imagem apriorística do direito.

Pergunta 4 2 / 2 pts

Conceituação / Problematização / Situação Problema / Contextualização /


Descrição de uma temática / Explicitação de uma situação / Método
Aplicado

Em termos esquemáticos, a poesia épica greco-ateniense se estrutura a


partir de uma “moral cavalheiresca”, uma ética da honra que se assenta
na vingança de sangue, nas obrigações da família, no governo dos
deuses e na força do destino.

Já a tragédia emerge no contexto do desenvolvimento da pólis


democrática. A tragédia é produto da transformação das instituições
políticas atenienses que ajudaram a fixar um novo éthos, em que as
questões morais e políticas contemporâneas eram trazidas ao debate: o
novo legalismo cívico, as obrigações da cidade, o governo dos homens, a
liberdade do homem.
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Aponte, dentre as alternativas abaixo, aquela que não evoca as


estruturas de pensamento da poesia épica e da tragédia:

A mitologia, a teogonia e a cosmogonia;

A justiça como ordem e equilíbrio entre interesses individuais e coletivos;

O direito como um conjunto ordenado e auto referente de normas válidas.

A religião como base da família e da sociedade;

A mitologia (a), a religiosidade (b) e a concepção humanizada da


justiça (c) se fazem presentes, seja na estrutura de pensamento
épica, seja na tragédia. Já a concepção do direito como um
conjunto ordenado e auto referente de normas válidas decorre da
dinâmica social moderna, considerando-se as rupturas
revolucionárias em perspectiva política, jurídica, econômica e
tecnológica.

Pergunta 5 2 / 2 pts

Com a virada sofística, a subjetividade emerge como base do


pensamento filosófico. Tem-se um ponto de ruptura com a tradição
aristocrática e mitológica, que repercute na revolução democrática
ateniense.

Percebe-se, neste contexto, uma certa superação das figuras de Thémis


e de Diké como representações mitológicas e trágicas da justiça,
estabelecendo-se o Nómos como padrão da justiça. Mas o Nómos,

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conceitualmente um modelo de equilíbrio que organiza a pólis e a todos


pertence, também indica a expressão do poder estabelecido

Dentre as alternativas abaixo, indique aquela que melhor ilustra a


conexão entre a subjetividade, a desmitificação do poder e a democracia.

O homem como medida de todas as coisas;

O homem como animal político.

O homem como um joguete do destino;

O homem caracterizado por seus deveres para com a pólis;

“O homem como medida de todas as coisas” é a expressão


sintética da estrutura de pensamento sofística, que se caracteriza
pela centralidade da subjetividade e, consequentemente, pela
desmitificação do poder. Este é o panorama de emergência da
revolução democrática ateniense do século V a.C.

Pontuação do teste: 10 de 10

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