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ABRIL DE 195 4
GEMAS FILOSÓFICAS -
Não transmitas nem acolhas maledicências, voluntã-
riamente. O difamar outros pode, na ocasião, dar satis
fação à malignidade do orgulho dos nossos corações, mas
a fria reflexão tirará conclusões muito pouco vantajosas
de tal disposição ; e no caso da maledicência, como no rou
bo, o receptador é sempre reputado tão bom como o
ladrão.
Lord Chesterfield
74 A LIAHONA
São Paulo ABRIL DE 1954
Rua Itapeva, 378
Tel.: 33-6761 ANO VII — N.» 4
O R G A O O F I C I A L D A M IS S Ã O B R A S I L E I R A D A I G R E J A D E J E S U S C R IS T O D O S
S A N T O S D O S Ü L T I M O S D IA S
“A L I A H O N A ” é publi SU31ARIO
cada mensalmente no B ra
E D I T O R I A L .......................................................................................76
sil pela Igreja de Jesus
A R T IG O S E S P E C IA IS
Cristo dos Santos dos Ú lti Unidade - N o L ar - Igreja - N a ç ã o ................................................ 77
mos Dias. Preços das assi pelo Pres. D avid O. M cK ay
O Poder das P a la v r a s .........................................................................78
naturas : cada exemplar, por Katherine B ev is
Cr$ 5,00; por ano, Cr$ Seria Possível a U nificação das I g r e j a s ? ................................ 79
Educação e E te rn id a d e .........................................................................80
50,00; exterior, Cr$ 50,00.
por Thomas E . Cheney
Tôda correspondência deve Quando os Jovens se C a s a m .........................................................82
ser enviada à Caixa Pos V A R IO S
tal 862, São Paulo, S. P. Gemas F ilo s ó fic a s .................................................................................74
Guerra no C é u .................................................................................84
D ir e to r - R e d a t o r Jóias do Livro de M ó r m o n ................................................................ 86
Escola D o m in i c a l .................................................................................87
C LÁ U D IO M A RT IN S DOS
Bôas Maneiras à M e s a ........................................................................ 88
SANTOS U m a Agradável Experiência em Investigação Genealógica . 90
por Thomas E . M cK a y
Registrado sob N .9 93 do A bril na A l e m a n h a .........................................................................91
Livro “B ” n.° t, de M a W h a t Shall we S a v e ? .........................................................................94
por Richard L . Evans
trícula de Oficinas Im Aparição no C e n á c u lo .........................................................................95
pressoras, Jornais e Pe por M oacyr Chaves
Ser H u m a n o .........................................................................................96
riódicos, conforme Decre
to N .? 4857, de 9-11-1939. A ux ílio Técnico de Geraldo Tressoldi
76 A LIAHONA
UNIDADE
NO LAR
IGREJA
NAÇÃO
Abril de 1954 77
Fraqueza interna é mais perigosa e vez de envia-los a Washington, seu ofi
mais fatal do que oposição externa. A cial superior. Da mesma forma que as
Igreja é pouco ou nada afetada por per aves de rapina sobrevoam os morimbun-
seguições e calúnias de inimigos igno dos, assim na Calamidade de W ashing
rantes, mal informados ou maliciosos; ton os homens procuraram esmagá-lo —
um maior obstáculo ao seu progresso homens que têm sido chamados a “Intri
viria daqueles que sempre criticam o ga Conway”, um desprezível atenta
próximo, caluniadores, desobedientes do para desmoralizar Washington e so
aos mandamentos e apóstatas de den breporem-se a êle por planos arrogantes
tro da Igreja. e pretenciosos. Esta discórdia interna e
Assim acontece com a nação. O ini esta falta de lealdade por parte de pes
migo interno é o mais perigoso. Talvez soas que haviam sido amigas, era mais
o período mais sombrio e desencoraja- amarga e mais destrutiva que os ataques
dor da guerra americana foi quando o das fôrças inimigas.
exercito do General Washington acam Existem muitos inimigos da liberda
pou em Winter Quarters, no Vale For- de, na forma de “ismos”. Somente al
ge. Tinha êle menos de mil homens. guns dos líderes lutam em campo aber
Os soldados estavam esfarrapados, al to. A maioria deles procedem como
guns mesmo semi-despidos; outros ten cupins, semeando secretamente a discór
do somente cobertores rasgados para dia e minando govêrnos estáveis e prin
cobrir sua nudez. “Muitos estavam doen
cípios firmes. Os Santos dos Últimos
tes como resultado das privações”, es
Dias não devem se envolver com agre
creve um comentarista, “sem coberto
miações secretas e inimigas do livre ar
res, chapéus, ou sapatos, que se não
compreende como o exército pôde per bítrio que Deus deu a todos os homens e
manecer unido”. Apesar da situação crí que “deve ser mantido pelos direitos e
tica e desesperada, Washington teve que proteção de toda carne, de acôrdo com
passar por maior provação ainda, quan princípios justos e santos”.
do alguns de seus amigos, tais como Possa o apêlo do nosso Senhor em
John Adams e Richard Henry Lee, vira- sua oração intercessória pela unidade,
ram-se contra êle; quando o General ser atendido em nossos lares, nossos ra
Horatio Gates insultou-o, enviando re mos e distritos e em nosso apôio dos
latórios diretamente ao Congresso em princípios modernos da liberdade.
78 A LIAHONA
Seria possível a unificação das Igrejas?
Durante o último meio século, tem crenças, organização e govêrno. Ne
havido um marcante movimento em di nhuma queria render sua autonomia in
reção de maior unidade e cooperação no dividual.
mundo. “Os homens muito têm falado “O Comitê Provisíonal declarou ca
sôbre irmandade, paz e bem universal”. tegoricamente que não deseja unidade
Ao mesmo tempo, o mundo jamais obtida através de centralização, uma
conheceu um periodo de maior incerte unidade na qual as Igrejas cessariam de
za e ansiedade. Na procura da solução, ser unidades individuais e perderiam seu
a resposta quasi unânime parece ser patrimônio espiritual e sua autonomia”.
“Volta à Religião” e “Volta à Igreja”. “As Igrejas têm concepções inteira
Com o grande número de igrejas, mente diferentes desta unidade. Não sa
cada uma com seu próprio credo parti bem o que poderá fazer delas realmente
cular, organização e govêrno, surge na “urna”. São como Abrão que partiu sem
turalmente a pergunta: “A que reli nada saber do país para o qual se di
gião?” rigia.
Certamente a uma religião revelada Antes da conferência, o secretário
pois somente uma verdade revelada po geral, sabendo sem dúvida que seria ne
deria unir o mundo. cessária maior sabedoria do que a que
êles tinham, para a realização da uni
A que Igreja?
dade, expressou a esperança de que,
Sem dúvida, a uma Igreja unida, com quando tantos estivessem juntos, o Se
autoridade e orientação divina. Qualquer nhor lhes daria uma nova revelação.
outra Igreja é puramente uma organiza “Não sei se ouviremos e proclama
ção humana. Seus ensinamentos estão remos a palavra de Deus em Amster-
sujeitos a interpretação e desenvolvi dam. Não a temos em nossos bolsos.
mento humanos. Falta liderança divina Mas espero que para lá nos dirijamos
e somente esta poderá unir o mundo co orando a nós mesmos que o Senhor pos
mo a “irmandade do homem”. sa nos dar a sua palavra. . . quando as
E ’ somente pelo reconhecimento uni igrejas de Deus se reunem, não tem o
versal da “ Paternidade de Deus” e um Senhor alguma mensagem de sua pala
núcleo de verdade divina e por liderança vra salvadora, que faça conhecida atra
divina que a fraternidade mundial pode vés de seus intermediários? Minha es
advir. perança é que entre todas as coisas que
Em 1948 foi realizado em Amster- desejo ver se realizam pela reunião de
dam o mais numeroso conselho ecumê Amsterdam, a mais importante — e con
nico na história. Quasi tôdas as Igrejas sequentemente o objeto de nossa mais
foram convidadas a enviar representan fervente oração — será o dom sobrena
tes. Em virtude da recusa da Igreja Ca tural de uma palavra de verdade (Dr.
tólica Romana de participar, tornou-se Visert Hooft).
um conselho de Igrejas Protestantes. Daria Deus uma revelação a um gru
Seu propósito era a unificação do mun po assim reunido? No passado, êle sem
do religioso; e seu significado foi con pre revelou sua vontade a indivíduos —
sulta e discussão. seu profetas, e êles testificaram.
Apesar de terem certos ideais em co Aceitaria o mundo um profeta? Nos
mum, as Igrejas não tinham nenhuma tempos antigos, o Pai enviava seus ser
base real para unidade. Cada denomi vos à sua vinha e êles eram abatidos.
nação desejava manter suas próprias ( Continua na pág. 93)
Abril de 1954 79
Educação e Eternidade por t h o m a s e. c h e n e y
80 A LIAHONA
rante, tem consciência da fraqueza do tas e objetivos em seu ponto de vista.
homem, através de seu dom de discer Além disso, o homem educado tem
nimento de espíritos. três características sociais: Primeiro,
Reconhece ràpidamente uma fraude é capaz de usar sua lingua materna de
— Não aceitará mágicas ou encanta maneira correta e com naturalidade. Isto
mentos, mas está alerta aos planos frau abrange a capacidade para Ier, inter
dulentos de todoS os tipos, sejam quan pretar, falar e escrever.
to a promessas políticas, investimentos Desde que o homem educado deve
seguros, negócios da china, educação ser capaz de pensar, e desde que o pen
superior em seis meses, ou vida eterna samento é realizado por meio de formas
através de uma simples confissão de fé. de pensamento feitas de palavras, uma
Tem o hábito de reflexão dirigida — pessoa só é capaz de pensar elaborada
Está sempre em boa companhia quando mente na medida do seu conhecimento
está sozinho, pois seu pensamento está de palavras. O homem educado não so
dirigido para as suas maiores experiên mente possui um vocabulário adequado,
cias no passado. Ouve novamente o que mas também possui a habilidade de se
Handel ouviu e gravou; sente o perfu expressar de forma correta e precisa.
me das flores; vê as experiências pas Segundo: êle ama e aprecia a beleza.
sadas refletidas em luz. No entanto, um Ama as belezas da natureza e é um en
homem educado, apesar de possuir êste tusiasta das artes. Pode se deixar tocar
poder de reflexão, não é um inativo so profundamente pela harmonia de dôces
nhador. sons, de cores e de movimento.
Re-examina suas reflexões mentais ( Continua na pág. 92)
— Não perde de vista a realidade de sua
própria existência e nem a necessidade
de relatar seus pensamentos e ações. O
sonho do homem educado, alarga sua
visão, fortalece seus ideais, expande sua
capacidade, enobrece sua alma, sacia
suas ambições, aumenta seu entusiasmo
e melhora suas realizações.
Tem um conceito livre e progressista
da vida — As paredes de suas limita
ções terrenas não o inibem. Apesar de
sua subsistência terrena pode ser obti
da por um simples e modesto trabalho
mecânico numa linha de montagem, não
tem a mentalidade estreita, pois afasta-
se de seu modesto trabalho para ver a
vida. Obtém conhecimento dela lendo o
que de melhor os homens têm escrito.
Deixa de lado sua chave inglesa para
tocar o violino, para tomar do cinzel ou
deslizar uma pena. Quando então volta
à linha de montagem, tem uma profun
da fonte de experiência do qual retirar
reflexão.
Estas atitudes do homem educado,
produzem comportamento social. Os que
as possuem, são tolerantes, progressis
Abril de 1954 81
Quando
os jovens
se casam
82 A LIAHONA
lar. Há então o sentimento de que João sos em casamento. Os parentes têm uma
ou Maria não foi muito bom para Suza- grande responsabilidade quando contri
na ou Henrique e daí então surge a bem buem para êsses fracassos. Não é im
intencionada interferência. possível que o Senhor os tenha tido em
Há também o ciúme. Os pais algu mente quando disse com referência aos
mas vezes sentem ciúmes do rapaz ou recém-casados: “serão dois numa só
da moça que afasta seu filho ou filha de carne”. Deixam, portanto, de ser dois
casa através do casamento. Este ciume para serem uma só carne. O que Deus
desenvolve-se em tôda forma de amar juntou, que nenhum homem separe.
gura e discórdia. O casamento é sagrado. E’ santo.
E ’ apenas bom senso para os jovens E ’ ordenado por Deus. Todos os casa
“deixar seu pai e sua mãe” e dedicarem- mentos deveriam ter tôdas as possibili
se um ao outro quando se casam. Con dades de serem bem sucedidos. E’ o ali
vém que vivam sua própria vida. Con cerce daquela felicidade que procura
vém que resolvam seus próprios proble mos, tanto temporal como eterna; é par
mas de ajustamento e a sua própria fe te de nossa religião. O homem nada é
licidade. Convém que os pais não inter sem a mulher e nada é a mulher sem o
firam com suas boas intenções de sal homem perante o Senhor, nem neste
var o barco. inundo e nem após êle. Casamento é
A interferência dos parentes tem parte do plano de salvação. Que nada
muitas vezes ocasionado grandes fracas- exista que o relegue a segundo plano.
Abril de 1954 83
GUERRA NO CÉU
No número anterior, consideramos Foi o Profeta José Smith que escla
o pensamento de que tôdas as coisas receu para nós a lei de progressão eter
são parte de um grande plano. Desta na. De acôrdo com eçsa lei, é nosso di
vez olharemos até antes da criação do reito e nosso dever aprender e nos de
mundo e tentaremos descobrir como o senvolver em tôda a eternidade, seja na
Plano originou-se e como nos afeta, pois vida pré-existente, em nossa vida terre
para vivermos còm sucesso, precisamos na ou na vida que virá ao deixarmos
moldar nossas vidas em harmonia com esta. Ainda não sabemos bem como essa
o Plano. lei funciona em todos os casos; mas isso
Há muito tempo atrás um rei e sua nos foi revelado: é necessário, em nos
côrte estavam reunidos numa sala de sa marcha ascendente em direção da
banquete. A conversação dirigiu-se para perfeição cada vez maior, que tenhamos
um ponto que tem preocupado as men corpos. Portanto, Deus reuniu Seus es
tes dos homens através de tôda a his píritos e lhes contou sôbre um plano que
tória do mundo : de onde viemos e para nos possibilitaria ob'ter corpos. Disse
onde nos dirigimos? Durante essa dis que deveria ser formada uma terra on
cussão um pardal entrou por uma jane de Seus filhos pudessem habitar. A vida
la aberta, esvoaçou por algum tempo e terrena proposta, teria dois propósitos:
então desapareceu na noite através de (1) Aqueles que aqui viessem deveriam
uma outra janela. O rei disse aos seus ter corpos; e (2) deveriam ter a opor
súditos: “A vida é como aquele pássaro. tunidade de mostrar se obedeceriam o
Vimos da escuridão, aqui ficaremos por Pai e provar assim seu direito de voltar
algum tempo e então voltaremos para a à Sua presença, ou mostrar por seus
escuridão novamente. Nossos olhos não maus atos que não eram merecedores de
vêm o que são janelas exteriores, mas o um lugar em seu Reino.
pássaro vivia antes de entrar na sala e Não nos lembramos dessas coisas
continua a viver agora que se foi”. mas Deus revelou aos Seus servos
Uma das mais importantes crenças escolhidos muito do que aconteceu lá.
dos Santos dos Últimos Dias é que nós Evidentemente, o direito de ter corpos
tivemos uma pré-existência, isto é, que é muito precioso, pois foi-nos dito que
vivemos antes de nascermos nesta terra. gritamos de alegria quando o piano foi
Na outra vida, tinhamos corpos espiri anunciado. Então nosso Pai Celestial
tuais e não córpos terrenos e mortais. revelou a parte mais importante de Seu
Estávamos na presença de Deus, que é o plano. Disse que alguém precisaria
Pai de nossos espíritos. Mesmo lá tinha- apresentar-se como voluntário para des
mos livre arbítrio. Alguns procediam cer à terra e mostrar como poderiam ser
bem mas outros não tinham muito su restaurados à sua presença novamente.
cesso no desempenho de nossas respon Um dos filhos de Deus levantou-se
sabilidades ou no aproveitamento de e ofereceu-se como voluntário para re
oportunidades. Alguns eram zelosos em dimir a humanidade de acôrdo com o
seu trabalho, mas outros satisfaziam-se plano do Pai, isto é, desceria entre os
em nada fazer. Sem dúvida éramos am homens e lhes mostraria o caminho para
biciosos, orgulhosos, egoistas, brilhan alcançar sua própria salvação, e tudo
tes, cortezes, inatenciosos, etc., como so isso deveria ser feito para honra e gló
mos aqui. Explicaremos melhor êsse as ria do Pai.
sunto. Antes, contudo, consideremos Outro dos filhos de nosso Pai, Lu-
uma das maiores de tôdas as leis: cifer, que era tão brilhante que se cha-
84 A LIAHONA
triava Filho da Alva, ofereceu-se para síveis enganar aqueles que estão traba
ir. Disse que redimiria tôdas as almas, lhando em retidão; tentam as boas pes
que nenhuma se perderia; mas êle que soas acima de suas forças; inspiram os
ria grande honra e glória pelo seu tra iníquios a cometer crimes e fazer guer
balho. Evidentemente queria tirar nosso ras; e atrazam o serviço do Senhor de
dom precioso de livre arbítrio. Forçar- muitas e muitas maneiras. Ao continuar
nos-ia a viver como êle decidira. Mas mos o nosso estudo, veremos como Sa
isto não estaria de acôrdo com o Plano tanás trabalha e como traz a destruição,
de Deus, pois Ele queria saber se nós pecado e dor sôbre o mundo. Ele não
fariamos a sua vontade ou não. pagou pelo seu erro; mas, da mesma
O Pai disse que aceitaria o ofereci forma que os criminosos terrenos são
mento de seu amado Filho, a quem co trazidos diante da justiça, seja nesta vi
nhecemos como Jesus. Então Lucifer en da como na vida próxima, e sofrem pe
fureceu-se. Rebelou-se contra o Pai e los seus crimes, assim ele será trazido
tentou sobrepujar os próprios céus. Ar diante do julgamento do Senhor e res
regimentou um terço dos espíritos que ponderá pelo mal que fez aqui na terra.
lá haviam e seguiu-se uma grande guer O dia em que isso acontecerá não pare
ra. Como Milton diz em seu poema “Pa ce estar muito distante.
raíso perdido”, mesmo após ter Lucifer, Após a criação do mundo e da vinda
agora conhecido como Satanás ter per do homem para nele viver, muitos e mui
dido a guerra e expulso dos céus, êle e tos anos se passaram antes que Jesus
seus seguidores, poderiam ter obtido o viesse para começar sua missão entre
perdão se quizessem admitir seus peca os homens. Durante todo aquele tempo,
dos se humilharem e voltar à verdadeira havia algum sinal de que o plano de
maneira de vida. Eram muito orgu Deus estava funcionando? Havia qual
lhosos para fazer isso, contudo. Assim quer prova de que Jesus estava ativo no
sendo, através de tôda a longa história trabalho dos homens? No próximo nú
do mundo, êles têm continuado a lutar mero publicaremos alguma coisa sôbre
contra Deus e Seu plano. o que Êle estava fazendo antes de sua
Procuram de tôdas as maneiras pos- vida na terra começar.
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Sociedade de Socorro
86 A LIAHONA
ESCOLA D O M IN IC A L
Pensamento do mês — “ . . ,E eis que
estou contigo, e te guardarei por onde
quer que f o r e s ...” (Genesis 28:15)
Os irmãos Ballard tinham seis fi filho mas parecia que êle não podia res-
lhos. Tinham dois filhos gemeos que ponder-lhe. Levou-o para o sofá e orou
morreram quando tinham um ano de ida sôbre êle.
de. Êste fato muito os abateu. Com êsse
A Irmã Ballard disse ao Senhor que
grande desgosto, suas colheitas falha
antes de seu filho nascer ela tinha tido
ram naquele ano e a família estava mui tanta certeza de que uma voz lhe havia
to pobre. Sim, aquele foi um ano bem dito que seu filho cresceria para ser um
triste para a família Ballard. bom homem e cumprir uma missão im
Um dia houve uma parada na cida portante. Disse ao Senhor que se ela
de e estando a Irmã Ballard muito do estivesse enganada e Êle quizesse o me
ente, o Irmão Ballard levou seus quatro nino agora, estaria bem, mas ela ainda
filhos para apreciá-la. Quando êles saí sentia que êle era necessário na terra
ram, a Irmã Ballard saiu da cama, ajoe para realizar um importante trabalho.
lhou-se e orou. Disse ao Senhor que pro Se fosse da vontade do Senhor que
curava fazer o que é certo e rogou a Melvin vivesse, ela lhe dedicaria a vida
Êle que a abençoasse com outro filho. dele. A Irmã Ballard prometeu que ja
Orou com fervor durante vários minu mais se queixaria do serviço que êle ti
tos e sentiu-se confortada. Uma voz pa vesse que realizar e nem tentaria evitar
recia dizer-lhe: “Coragem. Sua oração que o fizesse. Melvin pertenceria ao Pai
será atendida e em breve você terá um Celestial e a ninguém mais.
filho que será um apóstolo do Senhor Melvin J. Ballard sobreviveu. Tor
Jesus Cristo”. nou-se um dos Apóstolos da Igreja. Via
Alguns meses mais tarde, nascia seu jou através do país divulgando o Evan
filho Melvin. Não era uma criança mui gelho e fazendo tudo o que achava que
to sadia e precisou de muito cuidado e o Senhor queria que êle fizesse. Onde
proteção. Seus irmãos e irmãs eram bas quer que fosse, as pessoas lhe pediam
tante amáveis e delicados para com êle. para cantar. Sua canção favorita era:
A família Ballard não tinha muito di “Aonde mandares irei”. Fazia sempre
nheiro e portanto todos tinham que tra damelhor maneira possível, tudo o que
balhar para sustentar sua família que lhe pediam que fizesse. Todos os que
era muito grande. As crianças apren o conheceram o amaram.
deram a orar ao seu Pai Celestial e nele Regressou de sua última missão no
ter fé. Todos eram muito felizes juntos. oriente muito mal de saúde. Faleceu uma
O pequeno Melvin gostava muito de semana depois. Melvin J. Ballard havia
cantar e de ouvir histórias sôbre o Evan feito exatamente o que sua mãe havia
gelho.
prometido ao Senhor. Passou sua vida
Um dia quando Melvin tinha 13 anos servindo seu próximo e servindo seu Pai
de idade, saiu de seu quarto com uma Celestial.
aparência muito extranha. Somente sua
mãe estava em casa.Ela falou com seu Edith M. Nash.
Abril de 1954 87
A. M. M
88 A LIAHONA
Não é necessário dar explicações. Evite
explicações tais como: “Gosto disso mas
me faz mal”, “Faz mal para os meus
dentes”, “O médico me proibiu que eu
o comesse”, “ Engorda”. Se a dona da
casa servi-lo após seu “não” firme, mas
galante, você tem o privilégio de deixar
a comida, sem tocá-la.
Mesmo que os alimentos sejam mais
interessantes que os comensais, não o
demonstre.
Se lhe for servido um prato que nun
ca comeu antes, dê uma olhada para a
dona da casa e veja como o come.
Se encontrar qualquer dificuldade
com um espinho de peixe ou qualquer
outro objeto desagradável, jamais se
utilize do guardanapo para servir de
cortina enquanto o remove.
Deve-se comer a comida mas jamais
“lamber” o prato. Quando terminar de
empunhados verticalmente como se fos comer, empurre o prato com um ar de
sem armas. “suficiência estomacal”. Se tiver que se
Jamais se deve parecer esfomeado à retirar antes que outros terminem, peça
mesa. Assuma uma atitude de quem está desculpas e retire-se.
acostumado a três refeições diárias, e Outras sugestões úteis:
tenha em alguns casos uma aparência
Não levante o dedo mínimo quando
de indiferença por comida.
beber de um copo ou xícara.
Tome a sopa silenciosamente em pe
quenos sorvos e jamais com a ponta da
( Continua na pág. 92)
colher. Não incline a cabeça fazendo
uma reverência ao seu prato de sopa em — x —
Abril de 1954
GENEALOGIA
Uma agradavel experiência em investigação geneaiógica
90 A LIAHONA
ABKIL NA A L E M A N H A
0 mês de Abril na Alemanha é um Nos campos arados plantaram aveia, ce
mês feliz para crianças como Frieda vada e trigo, que serão colhidos e arma
Lottchen, Trudie e Kleinchen, o nênê. zenados no outono.
Kleinchen está aprendendo a falar Um cheiro de geléia vem da cosinha
as primeiras palavras e sua linguagem onde mamãe está preparando os legu
é muito engraçada e incompreensível. mes e frutas para serem armazenados
Frieda, Lottchen e Trudie, contudo,
em vidros ou latas.
compreendem tudo o que ela fala. Quan
do Kleinchen bate palminhas e diz “Olá Enquanto Frieda alimenta a ma
o passalinho”, elas sabem que a ma mãe passarinho, o vento levanta seu
mãe passarinho saiu de seu ninho para avental que é bem branquinho e pode
passear com sua família. mos ver a sua saia enfeitada.
Os passarinhos moram numa árvore Há vida nova em todo lugar e o mun
alta perto da casa e os lindos botões cor do parece estar limpinho e brilhante.
de rosa que despontam, são um seguro Sim! A vida é boa e agradável no mês
sinal de que haverá abundância de ma de Abril para os meninos e as meninas
çãs bochechudas e rosadas no outono. da Alemanha.
Abril de 1954 91
Boas Maneiras à mesa Não tente alcançar nada do outro
lado da mesa e nem à frente de alguma
( Continuação da pág. 89)
outra pessoa. Peça que o passem, por
Jamais diga “ Estou cheio. Não po favor.
derei comer pelo menos por uma se Não assopre os alimentos para es
mana”. friá-los.
Nunca esmigalhe pedaços de pão Não corte os alimentos todos antes
para acompanhar sua conversação. de começar a comer. Corte-os à medida
Nunca tire para sí o melhor pedaço que os comer.
de um prato e nem dctcnha-se a obser Não palite os dentes. Os palitos não
vá-lo. devem ser usados diante de todos.
Não observe o que comem os de Parte de sua obrigação como hós
mais. pede é contribuir para uma boa conver
Não coma depois que todos tenham sação. Evite falar de assuntos pessoais
acabado de fazê-lo. que provàvelmente não interessarão os
Não diga que não gosta de um ali demais. Os assuntos que se deve evitar
mento que lhe é oferecido. durante uma conversação à mesa, são:
Não fale com a boca cheia. enfermidades, operações, trabalhos den
Não ache defeitos na comida. tários, insetos, acidentes ou qualquer
Não ponha comida demais em seu outro assunto desagradável.
garfo. Quando a refeição terminar, você se
Não molhe o pão nos líquidos que levanta quando a dona da casa o fizer.
toma e nem os pique na sopa. Se um homem acha-se sentado à direita
Não se despreocupe de sua aparên de uma dama, deve auxiliá-la, puxando
cia. a cadeira para que ela se levante.
Não monopolise a conversação e não Ao retirarem-se da mesa, as damas
se mantenha em silêncio absoluto. devem preceder os cavalheiros.
92 A LIAHONA
Seria Possivel . . . mente guardados e não modificados que
serviriam para unificar o mundo.
( Continuação da pág. 79) Se não tivesse sido perdida, a auto
ridade do Sacerdócio continuaria inde-
Então Êle disse “Mandarei o meu filho
terminadamente, transmitida de geração
amado” e o crucificaram (Lucas 20:
em geração.
9-16).
Mas mesmo se a autoridade, organi
Apesar de o terem morto, êle deu zação, govêrno e verdade, dados divi
seu Sacerdócio com autoridade. Ensi namente, tivessem sido preservados cui
nou o Evangelho. Escolheu apóstolos e dadosamente, sozinhos não teriam sido
os guiou na pregação da palavra e, após suficientes. Haveria sempre a necessida
sua morte, continuou a guiá-los, por re de de sabedoria divina — sabedoria
velação, em seu ministério, na seleção maior que a do homem — na seleção e
de oficiais e no govêrno de sua Igreja. orientação dos servos do Senhor e na
Com êste núcleo de verdade revela solução dos problemas de cada época
da, com uma organização divina e com sucessiva.
liderança divina, com a constante dire Eram as revelações dadas a Adão,
ção do Espirito Santo, e com o reconhe Abrão, e outros antigos profetas, tudo o
cimento da Paternidade de Deus e da que Moisés precisava? Não lhe bastava
fiaternidade dos homens, deveria ser conhecer as revelações que haviam sido
possível assegurar-se cooperação fra dadas a outros antes de seu tempo. Êle
ternal em todo o mundo. tinha um trabalho especial a fazer —
Não obstante, o Senhor jamais for dirigir o povo de Israel para fora do
çou qualquer que seja à aceitação de Egito. Para êsse trabalho, êle precisava
bênçãos, inclusive de sua liderança di revestir-se de autoridade, sabedoria, e
vina. E somente no caso da verdade, or ter orientação divina. Precisava mais
ganização, govêrno e autoridade dada que o “depósito de fé”, mesmo se ti
pelo Salvador, terem sido cuidadosa- vesse sido transmitido a êle imutável.
não poder conhecer a eternidade, pode feito progresso suficiente para tornar
sempre procurar compreender sua pró possível nossa associação com aqueles
pria existência; pode ser um filósofo da que têm brilho e glória entre as hostes
eternidade. Sua religião é uma religião celestiais.
de excelência moral e pureza, de inte O fruto da educação, portanto, é o
gridade e diligência através da qual so alcançar uma posição de receptividade
brepõe todos os males. pela qual poderemos nos tornar candi
Um homem que possue tôdas essas datos às melhores bênçãos que existem
qualidades, é educado. Mas nenhum ho para os retos. Isto é verificado pela pa
mem nesta vida jamais atingiu o piná lavra do Senhor, que diz:
culo da educação completa, e ninguém “Quanto tempo podem permane
está mais ciente desta verdade do que cer impuras as águas que correm?
o homem que galgou o ponto culminan Que poder deterá os céus? Seria
te na educação terrena. tão inútil quanto querer o homem
Somos salvos no reino de nosso Pai estender seu débil braço para des
na medida da inteligência que adquiri viar o seu curso, ou fazê-lo ir cor
mos. Assim, os frutos da educação são renteza acima, o rio Missouri, co
os frutos da vida eterna. Através da edu mo evitar que o Todo Poderoso
cação poderemos atingir aquela árvore derrame seus conhecimentos sôbre
cujos frutos contribuem para a felicida as cabeças dos Santos dos Últimos
de. No fim desta vida poderemos ter Dias” (D. & C. 121:33).
Abril de 1954 93
W HAT SHALL WE SAVE ?
It is interesting to observe what a right to speak, the right to vote which
man will try to save when his house is rights are daily slipping from more and
on fire. When he hasn’t much time to more peoples of the earth. There are
think, and must act more or less on some who are trying to save their jobs
impulse, what is it that he will snatch at whatever cost to others, and at whate-
fiom the flames? Strange tales have ver compromise of themselves. There
been told about the choices of men under are some who feel the hurt of disappea-
ring goods, who permit themselves to
such conditions, and many have been
be lulled to sleep when the safeguards
known to save absurd and inconsequen-
of society and the rights of free men are
tial things, leaving priceless possessions
being removed. Then, too, there are so
to destruction. Certainly it is no longer
me in the world who are trying to save
anybody’s secret that we are living in a their power and influence from the fla
world that is on fire, and some of the mes, regardless of the plight of their
greatest possessions that men have — people or of humanity in general. And
possessions they have cherished through so, when the house is on fire, and only
the ages, and purchased at great cost — some things can be saved, and others
are going up in the flames. If it were inevitably must be sacrificed, make sure
only the tangibles that were being that the things saved are the things that
destroyed there wouldn’t be so much to are worth saving the really costly, the
worry about, appalling as that is; but irreplaceable things — such things as
what is happening is worse than the were spoken of by Paul when he said:
destruction of tangibles, irreplaceable “The kingdom of God is not meat and
though some of them may be. In fact, drink; but righteousness, and peace” .
one of the most pathetic phases of the Neither the tangibles that litter our
whole situation is that some are trying íhinking and our living, nor unjust
to save tangibles at the expense of in- power, nor any other transitory thing
tangibles — trying to save comforts at can long survive, and men can find nei
the expense of freedom; conveniences at ther righteousness, nor peace, nor hap-
the expense of liberty. There are some piness, nor satisfaction in snatching
who cry out protest against a restricted such things from the burning house,
economy, who turn their backs witfi while they permit the real things of life
indifference on questions concerning the to go up in flames.
right to worship, the right to think, the Richard L. Evans
94 A LIAHONA
A p a riçã o no C e n a cu lo
Quando eram reunidos no Cenáculo,
Trocando ideais, todos os Apóstolos,
entrou Jesus naquele tabernáculo
e lhes fa lo u : «A paz seja convosco.
«Não temais que sou Eu». Mas, espantados,
julgaram ver uma alma os primeiros cristãos.
«Porque ficais assim tão perturbados
«e que pensais em Vossos corações?
«Sou Eu mesmo, apalpai as Minhas mãos
«e vede que um espírito não tem
«carne nem osso». E, logo, se detém,
mostrando as mãos e os pés. Não crendo ainda porém,
o Mestre perguntou: «Tendes o que comer?»
e Lhe puseram diante, com prazer,
uma posta de peixe assado e mel,
que, comendo, o provou aos Santos de Israel.
Abril de 1954 95
SER HUMANO
Quantas vezes ouvimos a frase: «Sou humano . ..» como des
culpa para os êrros e faltas que são cometidos por nossos amigos
e, talvez, por nós mesmos. «Sou htimano . . . sou assim mesmo,
você não acha que é melhor?» — ouvimos por todos os lados, to
dos os dias, da boca daqueles que querem se desculpar.