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A S A N T A C Ê IA

ABRIL DE 195 4
GEMAS FILOSÓFICAS -
Não transmitas nem acolhas maledicências, voluntã-
riamente. O difamar outros pode, na ocasião, dar satis­
fação à malignidade do orgulho dos nossos corações, mas
a fria reflexão tirará conclusões muito pouco vantajosas
de tal disposição ; e no caso da maledicência, como no rou­
bo, o receptador é sempre reputado tão bom como o
ladrão.
Lord Chesterfield

Não é ação de avultado merecimento viver em paz


com os bons e mansos. Isto a todos naturalmente agra­
da, e cada um de boa vontade tem paz e ama os que con­
cordam com êle. Viver, porém, em paz com os ásperos,
perversos e de má condição, ou com aqueles que nos con­
trariam e combatem, é grande graça e ação louvável e
varonil.
Im itação de Cristo

Quantos há no mundo que, preocupados com fazer


o mal a seus semelhantes, se esquecem do bem que pode­
riam fazer a si próprios?
Malba Tahan

A simplicidade é o últim o grau de sabedoria.


Aristides Ávila

Em vão condenarás o pântano. Ajuda-o a purificar-se.


André Luiz

Quem não evita as faltas pequenas, pouco a pouco cai


nas grandes.
Im itação de Cristo.

74 A LIAHONA
São Paulo ABRIL DE 1954
Rua Itapeva, 378
Tel.: 33-6761 ANO VII — N.» 4

'U m g u ia nas tr e v a s " 0 L iv ro de M o rm o n - A lm a 3 7 :2 8 - 3 0

O R G A O O F I C I A L D A M IS S Ã O B R A S I L E I R A D A I G R E J A D E J E S U S C R IS T O D O S
S A N T O S D O S Ü L T I M O S D IA S

“A L I A H O N A ” é publi­ SU31ARIO
cada mensalmente no B ra­
E D I T O R I A L .......................................................................................76
sil pela Igreja de Jesus
A R T IG O S E S P E C IA IS
Cristo dos Santos dos Ú lti­ Unidade - N o L ar - Igreja - N a ç ã o ................................................ 77
mos Dias. Preços das assi­ pelo Pres. D avid O. M cK ay
O Poder das P a la v r a s .........................................................................78
naturas : cada exemplar, por Katherine B ev is
Cr$ 5,00; por ano, Cr$ Seria Possível a U nificação das I g r e j a s ? ................................ 79
Educação e E te rn id a d e .........................................................................80
50,00; exterior, Cr$ 50,00.
por Thomas E . Cheney
Tôda correspondência deve Quando os Jovens se C a s a m .........................................................82
ser enviada à Caixa Pos­ V A R IO S
tal 862, São Paulo, S. P. Gemas F ilo s ó fic a s .................................................................................74
Guerra no C é u .................................................................................84
D ir e to r - R e d a t o r Jóias do Livro de M ó r m o n ................................................................ 86
Escola D o m in i c a l .................................................................................87
C LÁ U D IO M A RT IN S DOS
Bôas Maneiras à M e s a ........................................................................ 88
SANTOS U m a Agradável Experiência em Investigação Genealógica . 90
por Thomas E . M cK a y
Registrado sob N .9 93 do A bril na A l e m a n h a .........................................................................91
Livro “B ” n.° t, de M a ­ W h a t Shall we S a v e ? .........................................................................94
por Richard L . Evans
trícula de Oficinas Im ­ Aparição no C e n á c u lo .........................................................................95
pressoras, Jornais e Pe­ por M oacyr Chaves
Ser H u m a n o .........................................................................................96
riódicos, conforme Decre­
to N .? 4857, de 9-11-1939. A ux ílio Técnico de Geraldo Tressoldi

Endereços dos Ramos da Igreja no Brasil


SAO P A U L O N ite ró i: (inform ações) — Estácio de Sá 520
São P a u lo : R ua Seminário, 165 - 1.° and. R IO G R A N D E D O SUL
Cam pinas : R ua Cesar Bierrenbach, 133 Porto A le g r e : Rua Andradas, 945
S o roca b a : R u a Cesário Mota, 567 N ovo H am bu rgo : R. David Canabarro, 77
R ibeirão P r e t o : R ua Alvares Cabral, 93
PARANA
S a n to s : R ua Paraiba, 94
C uritiba: R ua D r. Ermelino de Leão, 451
R io C la ro : Avenida 1, 301
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3." andar
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S A N T A C A T A R IN A
P ira cica b a : (Inform ações) V ila Boyce, Rua
Alfredo. 5 Jo in v ile : R ua M ax Colin 426 (antiga rua
R IO D E J A N E I R O Frederico H ubner).
T iju ca : Rua Camaragibe, 16 Ipom éia: Estrada para Videira
EDITORIAL
"C O N V ÊM CUMPRIR T Ô D A J U S T I Ç A '1
E quando tinha trinta anos de idade, “veio Jesus da Galiléia ter com João,
junto do Jordão, para ser batisado por êle. Mas João opunha-se-lhe dizendo:
Eu careço de ser batisado por ti e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo,
disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir tôda a justiça.
Então êle o permitiu.
Jesus e Jòão eram primos em segundo grau. Se houve qualquer convi­
vência chegada entre êles quando meninos, não se sabe. E ’ certo, contudo, que
Jesus apresentou-se para ser batisado, João reconheceu nele um homem sem
pecado, que não psecisava arrepender-se; e, como João Batista havia sido
comissionado a batisar para a remissão dos pecados, não viu necessidade de
administrar essa ordenança a Jesus Cristo. Êle que havia recebido a confissão
de muitos, agora reverentemente confessava a Aquele que sabia ser mais per­
feito que êle mesmo. Sob a luz dos acontecimentos posteriores, parece que João
naquele tempo não sabia que Jesus era o Cristo, o Todo Poderoso, por quem
êle esperava e cujo predecessor êle sabia ser.
Quando João externou sua convicção de que Jesus não precisava do batis­
mo para lavar seus pecados. Nosso Senhor, consciente de sua própria ausên­
cia de pecado, não nègou a afirmação de João Batista, mas não obstante insis­
tiu em que fosse batisado, com a significativa explicação: “nos comvém cum­
prir tôda justiça”. Se João foi capaz de entender o significado mais profundo
dessa expressão, compreendeu que o batismo pela água, sozinho, não prevê a
remissão dos pecados, mas também é uma ordenança indispensável estabele­
cida em justiça e necessária a tôda a humanidade, como uma condição indis­
pensável do reino de Deus.
Jesus Cristo cumpriu assim humildemente a vontade do Pai e foi batisado
por João, por IM ERSÃO em água. Que o seu batismo foi aceito com um ato
agradável e necessário de submissão, é atestado pelo que imediatamente se
seguiu: “E sendo Jesus batisado, saiu logo da água e eis que se lhes abriram
os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sôbre Êle.
E eis que uma voz dos céus dizia: “Êste é o meu filho amado em quem me
pçcçmprazo.” João então soube que Êle era o Redentor.
Os quatro evangelistas registram a descida do Espírito Santo sôbre Jesus
batisado, como acompanhada de uma manifestação visível “como pomba” ;
e êste sinal havia sido indicado a João, como aquele pelo qual o Messias seria
revelado a êle; e, além desse sinal, foi acrescentado o supremo testemunho do
Pai, quanto à qualidade de seu filho que Jesus tinha. Mateus registra que o
reconhecimento do Pai é dado na terceira pessoa: “Êste é meu filho amado”,
enquanto Marcos e Lucas o põe na segunda pessoa: “Tu és o meu filho ama­
do”. A variação, que é ligeira e essencialmente sem importância, apesar de
tratar a passagem de um assunto tão relevante, prova contudo a autoria inde­
pendente e desacredita qualquer insinuação de que tenha havido qualquer com­
binação entre os evangelistas.
(Continua à pág. 94)

76 A LIAHONA
UNIDADE
NO LAR
IGREJA
NAÇÃO

pres. DAVID O. MCKAY

“ P a e Santo, guarda em teu nome aque­ habitam, é um pedaço do ceu na terra.


les que me déste, para que sejam um, Há uma doçura na vida dos lares nos
assim como nós.
“ E não rogo somente por êstes, mas tam­
quais predominam essas virtudes. Com
bém por aqueles que pela sua palavra hão muita gratidão e humildade, venero a
de crer em mim. lembrança de que jamais, enquanto jo­
“ P a ra que todos sejam um como tu, ó P ae vem, ouvi eu qualquer discussão entre
o és em mim, e eu em ti; que também eles
sejam um em nós para que o mundo creia
meu pai e minha mãe e aquela compre­
que tu me enviaste” . ensão mútua tem sido o elo que tem
(Jo ão 17 : 11,20-21 ) mantido juntos grupos afortunados de
irmãos e irmãs. Unidade, harmonia,
Assim em uma das orações mais su­ boa vontade, são virtudes que devem ser
blimes jamais oferecida entre os homens, cultivadas em todos os lares.
Jesus salienta a grande importância da Nos ramos e distritos da Igreja, não
unidade entre seus seguidores. há virtude que melhor conduza ao pro­
Unidade e seus sinônimos — har­ gresso e espiritualidade, do que a pre­
monia, boa-vontade, paz, concordância, sença deste princípio. Quando o ciúme,
compreensão mútua — expressam uma intriga e os comentários malévolos su­
condição pela qual o coração humano peram a confiança mútua, unidade e har­
sempre anseia. Seus opostos são discór­ monia, não há progresso na organi­
dia, contenda, confusão. zação.
Poucas são as coisas que eu posso Numa nação, a discórdia e a conten­
imaginar mais abomináveis no lar do da têm sido reconhecidas como as mais
que a ausência de unidade e harmonia. importantes armas daqueles que enfra­
Por outro lado, sei que um lar em que a quecem, minam, e até mesmo destroem
unidade, cooperação mútua e o amor completamente a liberdade.

Abril de 1954 77
Fraqueza interna é mais perigosa e vez de envia-los a Washington, seu ofi­
mais fatal do que oposição externa. A cial superior. Da mesma forma que as
Igreja é pouco ou nada afetada por per­ aves de rapina sobrevoam os morimbun-
seguições e calúnias de inimigos igno­ dos, assim na Calamidade de W ashing­
rantes, mal informados ou maliciosos; ton os homens procuraram esmagá-lo —
um maior obstáculo ao seu progresso homens que têm sido chamados a “Intri­
viria daqueles que sempre criticam o ga Conway”, um desprezível atenta­
próximo, caluniadores, desobedientes do para desmoralizar Washington e so­
aos mandamentos e apóstatas de den­ breporem-se a êle por planos arrogantes
tro da Igreja. e pretenciosos. Esta discórdia interna e
Assim acontece com a nação. O ini­ esta falta de lealdade por parte de pes­
migo interno é o mais perigoso. Talvez soas que haviam sido amigas, era mais
o período mais sombrio e desencoraja- amarga e mais destrutiva que os ataques
dor da guerra americana foi quando o das fôrças inimigas.
exercito do General Washington acam­ Existem muitos inimigos da liberda­
pou em Winter Quarters, no Vale For- de, na forma de “ismos”. Somente al­
ge. Tinha êle menos de mil homens. guns dos líderes lutam em campo aber­
Os soldados estavam esfarrapados, al­ to. A maioria deles procedem como
guns mesmo semi-despidos; outros ten­ cupins, semeando secretamente a discór­
do somente cobertores rasgados para dia e minando govêrnos estáveis e prin­
cobrir sua nudez. “Muitos estavam doen­
cípios firmes. Os Santos dos Últimos
tes como resultado das privações”, es­
Dias não devem se envolver com agre­
creve um comentarista, “sem coberto­
miações secretas e inimigas do livre ar­
res, chapéus, ou sapatos, que se não
compreende como o exército pôde per­ bítrio que Deus deu a todos os homens e
manecer unido”. Apesar da situação crí­ que “deve ser mantido pelos direitos e
tica e desesperada, Washington teve que proteção de toda carne, de acôrdo com
passar por maior provação ainda, quan­ princípios justos e santos”.
do alguns de seus amigos, tais como Possa o apêlo do nosso Senhor em
John Adams e Richard Henry Lee, vira- sua oração intercessória pela unidade,
ram-se contra êle; quando o General ser atendido em nossos lares, nossos ra­
Horatio Gates insultou-o, enviando re­ mos e distritos e em nosso apôio dos
latórios diretamente ao Congresso em princípios modernos da liberdade.

O Poder das Palavras


por KATHER1NE BEVIS

Desde o pequeno e mimoso berço tolo vem da multidão das palavras”


até o silente túmulo, as palavras influ­ (Ecc. 5:3).
enciam nosso vasto universo. Um agrupamento de palavras não
Quândo crianças aprendemos a fa­ substituirá a ausência de idéias interes­
lar e usar palavras para exprimir nos­ santes e nossos leitores descobrirão ra­
so pensamento e como adultos apren­ pidamente o vazio do que dissermos.
demos a não falar e usar de maneira Ser capaz de dizer palavras certas
mais apropriada o nosso vocabulário, no tempo certo, é uma realização artís­
através de estudo profundo e muitas ve­ tica, isto é, falar palavras de peso e sig-
zes através de amargas experiências.
Lemos em Eclesiastes “ . . . a voz do ( Continua na pg. 83)

78 A LIAHONA
Seria possível a unificação das Igrejas?
Durante o último meio século, tem crenças, organização e govêrno. Ne­
havido um marcante movimento em di­ nhuma queria render sua autonomia in­
reção de maior unidade e cooperação no dividual.
mundo. “Os homens muito têm falado “O Comitê Provisíonal declarou ca­
sôbre irmandade, paz e bem universal”. tegoricamente que não deseja unidade
Ao mesmo tempo, o mundo jamais obtida através de centralização, uma
conheceu um periodo de maior incerte­ unidade na qual as Igrejas cessariam de
za e ansiedade. Na procura da solução, ser unidades individuais e perderiam seu
a resposta quasi unânime parece ser patrimônio espiritual e sua autonomia”.
“Volta à Religião” e “Volta à Igreja”. “As Igrejas têm concepções inteira­
Com o grande número de igrejas, mente diferentes desta unidade. Não sa­
cada uma com seu próprio credo parti­ bem o que poderá fazer delas realmente
cular, organização e govêrno, surge na­ “urna”. São como Abrão que partiu sem
turalmente a pergunta: “A que reli­ nada saber do país para o qual se di­
gião?” rigia.
Certamente a uma religião revelada Antes da conferência, o secretário
pois somente uma verdade revelada po­ geral, sabendo sem dúvida que seria ne­
deria unir o mundo. cessária maior sabedoria do que a que
êles tinham, para a realização da uni­
A que Igreja?
dade, expressou a esperança de que,
Sem dúvida, a uma Igreja unida, com quando tantos estivessem juntos, o Se­
autoridade e orientação divina. Qualquer nhor lhes daria uma nova revelação.
outra Igreja é puramente uma organiza­ “Não sei se ouviremos e proclama­
ção humana. Seus ensinamentos estão remos a palavra de Deus em Amster-
sujeitos a interpretação e desenvolvi­ dam. Não a temos em nossos bolsos.
mento humanos. Falta liderança divina Mas espero que para lá nos dirijamos
e somente esta poderá unir o mundo co­ orando a nós mesmos que o Senhor pos­
mo a “irmandade do homem”. sa nos dar a sua palavra. . . quando as
E ’ somente pelo reconhecimento uni­ igrejas de Deus se reunem, não tem o
versal da “ Paternidade de Deus” e um Senhor alguma mensagem de sua pala­
núcleo de verdade divina e por liderança vra salvadora, que faça conhecida atra­
divina que a fraternidade mundial pode vés de seus intermediários? Minha es­
advir. perança é que entre todas as coisas que
Em 1948 foi realizado em Amster- desejo ver se realizam pela reunião de
dam o mais numeroso conselho ecumê­ Amsterdam, a mais importante — e con­
nico na história. Quasi tôdas as Igrejas sequentemente o objeto de nossa mais
foram convidadas a enviar representan­ fervente oração — será o dom sobrena­
tes. Em virtude da recusa da Igreja Ca­ tural de uma palavra de verdade (Dr.
tólica Romana de participar, tornou-se Visert Hooft).
um conselho de Igrejas Protestantes. Daria Deus uma revelação a um gru­
Seu propósito era a unificação do mun­ po assim reunido? No passado, êle sem­
do religioso; e seu significado foi con­ pre revelou sua vontade a indivíduos —
sulta e discussão. seu profetas, e êles testificaram.
Apesar de terem certos ideais em co­ Aceitaria o mundo um profeta? Nos
mum, as Igrejas não tinham nenhuma tempos antigos, o Pai enviava seus ser­
base real para unidade. Cada denomi­ vos à sua vinha e êles eram abatidos.
nação desejava manter suas próprias ( Continua na pág. 93)

Abril de 1954 79
Educação e Eternidade por t h o m a s e. c h e n e y

O verdadeiro Santo dos Últimos aquela personalidade completa que lhe


Dias procura insàciavelmente a luz. Vê permitia que êle montasse a cavalo e
a ilimitável oportunidade de viver fru- conversasse com os participantes dos
tíferamente e atingir a excelência. Con­ rodeios, da mesma forma como viajaria
ta o tempo pelo seu desenvolvimento de avião e conversaria com capitães da
pessoal e alcança o desconhecido onde indústria, conquistando o respeito de
o tempo não é contado, onde a miseri­ ambos os grupos. Poderia ler Mark
córdia de Deus lhe dá a eternidade para Twain com os jovens e Aristóteles com
o seu progresso. A alegria da realiza­ os sábios e obter conhecimentos em am­
ção sempre o acompanha, pois como bos os casos. Poderia sentir a emoção
Paulo êle crê que: sentimental de uma canção popular da
mesma forma que experimentaria a pro­
“As coisas que o olho não viu, e o
funda sensitividade de um prelúdio de
ouvido não ouviu, e não subiram
Bach.
ao coração do homem, são as que
O homem educado é aquele que é
Deus preparou para os que o
treinado em atitudes mentais, em com­
amam’’. ( ICor. 2:9).
portamento social e em visão espiritual.
Tendo esta visão, êle diz: Não dei­ Tem mente aberta — E’ alerta, pro­
xarei de aprender enquanto viver. Meu cura novas idéias em todos os lugares.
trabalho, meu negócio, minhas atribui­ Apesar de aceitar conhecimento de tô­
ções, servem para que eu aumente meu das as fontes, pesa-o cuidadosamente; e
conhecimento de dia a dia, de ano a ano. através de sua capacidade de pesar,
Nem deixarei eu de aprender quando avaliar, comparar, aumentar ou dimi­
chegar ao mundo espiritual, mas lá com nuir fragmentos de informações, pode
tempo ilimitado e maior poder, fortifi- organizar uma firme filosofia. Em re­
car-me-ei com todo conhecimento. sumo: Êle pensa. Não encerra nenhum
Êste conceito de progressão eterna caso sem antes ter conhecimento de tô­
é a herança dos Santos dos Últimos das as evidências. Pode, portanto, mu­
Dias. Mas a direção dêste primeiro pas­ dar de idéia não como alguém que se­
so na educação eterna, é sua preocupa­ gue qualquer capricho, mas como um
ção eminente. A palavra revelada pro­ estudante e pensador. E’ susceptível ao
mete que: ensino.
“Qualquer princípio de inteligên­ Ouve os que têm conhecimento ■ —-
cia que alcançarmos nesta vida, Q egoísta detem seu próprio progresso
surgirá conosco na ressurreição.” através da auto-suficiência. Estando
(D. & C. 130:18). convencido de sua superioridade, ouve
Quais são êstes princípios de inteli­ somente o que êle próprio pensa e diz e
gência, êstes preceitos de educação? jamais procura o conhecimento de gran­
Educação é algo mais que a mera des professores e sábios. O homem edu­
absorção de aprendizado de livros com cado, por outro lado, reconhece suas
o qual muitas vezes se a confunde. A próprias limitações e quando surge a
educação edifica um homem completo necessidade, procura o conhecimento
em vez de fazer dele um bureau de in­ dos especialistas.
formações ou um tolo instruído. Tem agudo poder de crítica — Toca
Um dos homens mais bem educados i vida tão de perto em todos os pontos
que eu já conheci, jamais chegou a ter­ que pode discernir os motivos que im­
minar sua educação secundária. Possuia pulsionam os homens. Apesar de tole-

80 A LIAHONA
rante, tem consciência da fraqueza do tas e objetivos em seu ponto de vista.
homem, através de seu dom de discer­ Além disso, o homem educado tem
nimento de espíritos. três características sociais: Primeiro,
Reconhece ràpidamente uma fraude é capaz de usar sua lingua materna de
— Não aceitará mágicas ou encanta­ maneira correta e com naturalidade. Isto
mentos, mas está alerta aos planos frau­ abrange a capacidade para Ier, inter­
dulentos de todoS os tipos, sejam quan­ pretar, falar e escrever.
to a promessas políticas, investimentos Desde que o homem educado deve
seguros, negócios da china, educação ser capaz de pensar, e desde que o pen­
superior em seis meses, ou vida eterna samento é realizado por meio de formas
através de uma simples confissão de fé. de pensamento feitas de palavras, uma
Tem o hábito de reflexão dirigida — pessoa só é capaz de pensar elaborada­
Está sempre em boa companhia quando mente na medida do seu conhecimento
está sozinho, pois seu pensamento está de palavras. O homem educado não so­
dirigido para as suas maiores experiên­ mente possui um vocabulário adequado,
cias no passado. Ouve novamente o que mas também possui a habilidade de se
Handel ouviu e gravou; sente o perfu­ expressar de forma correta e precisa.
me das flores; vê as experiências pas­ Segundo: êle ama e aprecia a beleza.
sadas refletidas em luz. No entanto, um Ama as belezas da natureza e é um en­
homem educado, apesar de possuir êste tusiasta das artes. Pode se deixar tocar
poder de reflexão, não é um inativo so­ profundamente pela harmonia de dôces
nhador. sons, de cores e de movimento.
Re-examina suas reflexões mentais ( Continua na pág. 92)
— Não perde de vista a realidade de sua
própria existência e nem a necessidade
de relatar seus pensamentos e ações. O
sonho do homem educado, alarga sua
visão, fortalece seus ideais, expande sua
capacidade, enobrece sua alma, sacia
suas ambições, aumenta seu entusiasmo
e melhora suas realizações.
Tem um conceito livre e progressista
da vida — As paredes de suas limita­
ções terrenas não o inibem. Apesar de
sua subsistência terrena pode ser obti­
da por um simples e modesto trabalho
mecânico numa linha de montagem, não
tem a mentalidade estreita, pois afasta-
se de seu modesto trabalho para ver a
vida. Obtém conhecimento dela lendo o
que de melhor os homens têm escrito.
Deixa de lado sua chave inglesa para
tocar o violino, para tomar do cinzel ou
deslizar uma pena. Quando então volta
à linha de montagem, tem uma profun­
da fonte de experiência do qual retirar
reflexão.
Estas atitudes do homem educado,
produzem comportamento social. Os que
as possuem, são tolerantes, progressis­

Abril de 1954 81
Quando

os jovens

se casam

Quando os jovens se casam encaram Em primeiro lugar ensinou que a


o futuro como eterna felicidade. Com­ união do homem e da mulher é um plano
preendem que deverão se ajustar e que natural dado por Deus. A fim de estabe­
a vida não será sempre um mar de ro­ lecer tal união, instituiu o casamento
sas. Mas mesmo assim, sentem-se dis­ dizendo que “seriam dois numa só car­
postos a fazer êsses ajustes como uma ne”. Disse então: “ Portanto deixará o
parte da grande experiência da vida de homem pai e mãe e se unirá à sua
casados. Muitos o fazem com muita fe­ mulher”.
licidade e o resultado é quasi sempre o Os pais que se sentem inclinados a
que esperavam. interferir na vida de casados de seus fi­
Uma das dificuldades do ajustamen­ lhos, deviam bem considerar essas pa­
to, contudo, é a interferência de pessoas lavras. Os jovens “devem deixar pai e
bem intencionadas que não podem com­ mãe” e juntar-se ao marido ou mulher.
preender que o casal é composto de pes­ Não era sua intenção, entretanto, dizer
soas adultas e que devem agora arcar que deviam perder o respeito ou consi­
com suas próprias responsabilidades. deração pelos seus pais, ou que entre os
Por mais estranho que pareça, os jovens recém-casados e seus pais não
pais extremosos algumas vezes são os deva continuar sempre as relações de
que ocasionam a infelicidade de seus amor e amisade que sempre existiram
próprios filhos ocasionando também o antes. Êle sempre esperava que os jo­
fracasso do seu casamento. E ’ de se la­ vens respeitassem o antigo mandamento
mentar o fato dos pais interferirem na “ Honrarás teu pai e tua mãe”. Esse res­
vida de casado de seus filhos, com pre­ peito entretanto, não deve chegar ao
conceitos, excessiva boa vontade ou com ponto de deixarem que os pais interfi­
sua cegueira, para arruinar casamentos ram em sua vida de casados a ponto de
que de outra forma poderiam coroar-se arruiná-la.
de grande sucesso. Porque os pais interferem? — Algu­
O Salvador compreendeu as causas mas vezes é porque êles simplesmente
de infelicidade e de felicidade no casa­ não podem compreender que seus filhos
mento. E deu instruções a respeito do já cresceram; não confiam na sua capa­
assunto que estamos considerando. cidade de julgamento ao deixarem seu

82 A LIAHONA
lar. Há então o sentimento de que João sos em casamento. Os parentes têm uma
ou Maria não foi muito bom para Suza- grande responsabilidade quando contri­
na ou Henrique e daí então surge a bem buem para êsses fracassos. Não é im­
intencionada interferência. possível que o Senhor os tenha tido em
Há também o ciúme. Os pais algu­ mente quando disse com referência aos
mas vezes sentem ciúmes do rapaz ou recém-casados: “serão dois numa só
da moça que afasta seu filho ou filha de carne”. Deixam, portanto, de ser dois
casa através do casamento. Este ciume para serem uma só carne. O que Deus
desenvolve-se em tôda forma de amar­ juntou, que nenhum homem separe.
gura e discórdia. O casamento é sagrado. E’ santo.
E ’ apenas bom senso para os jovens E ’ ordenado por Deus. Todos os casa­
“deixar seu pai e sua mãe” e dedicarem- mentos deveriam ter tôdas as possibili­
se um ao outro quando se casam. Con­ dades de serem bem sucedidos. E’ o ali­
vém que vivam sua própria vida. Con­ cerce daquela felicidade que procura­
vém que resolvam seus próprios proble­ mos, tanto temporal como eterna; é par­
mas de ajustamento e a sua própria fe­ te de nossa religião. O homem nada é
licidade. Convém que os pais não inter­ sem a mulher e nada é a mulher sem o
firam com suas boas intenções de sal­ homem perante o Senhor, nem neste
var o barco. inundo e nem após êle. Casamento é
A interferência dos parentes tem parte do plano de salvação. Que nada
muitas vezes ocasionado grandes fracas- exista que o relegue a segundo plano.

O Poder das Palavras te odeio?”. Tomando a mão do menino,


a mãe o conduziu à borda do precipício.
( Continuação da pág. 78) “Agora meu filho”, disse ela, “Grite: Eu
nificativas, em lugar de vaguear muito te amo! Eu te amo!”
no assunto. O menino agiu como lhe havia sido
As palavras são o meio de visuali­ dito.
zação de nosso pensamento, pelas quais Clara e docemente o éco respondeu
as almas tocam as almas e o espírito se suas palavras.
incendeia. As palavras agem como um “Meu filho”, disse a mãe, “esta é a
símbolo sôbre a mente humana, para lei da vida. O que você diz volta sôbre
instrução e inspiração. As palavras que você mesmo, seja para abençoá-lo, seja
falamos ecoam sôbre nós mesmos de para fazê-lo infeliz”.
maneira que deixam suas marcas em
nossas vidas. Devemos ser muito cui­
dadosos sôbre a maneira como falamos. Todos os progressos realizados pela hum ani­
Conta-se a história de um pequeno dade foram obtidos após várias tentativas fra ­
cassadas. Raríssimas vezes foi possível chegar-
menino e de sua mãe que moravam entre se a resultado satisfatório à primeira tentativa.
as Montanhas Rochosas. Um dia, após Os fracassos repetidos são os marcos lança­
ser punido severamente por sua mãe, o dos no caminho de tôda e qualquer realização:
rapaz correu à borda do precipício e Só não fracassamos na últim a tentativa: a de
gritou para ela “Eu te odeio! Eu te que saímos vitoriosos. — C harles F . Kettering.
* * *
odeio!”
Pela ravina ressoou o éco: “ Eu te Com dinheiro podemos comprar muitas coi­
odeio! Eu te odeio!” sas, porém não o que nelas há de essencial: dá-
Amedrontado, o pequeno correu à nos comida, e não apetite; dá-nos remédios e
não saúd e : dá-nos conhecidos, e não am igos;
sua mãe e soluçando, disse: “Quem é o dá-nos criados e não servidores leais; dá-nos
homem mau que está lá e que gritou: Eu dias alegres e não felicidade ou paz — Ibsen.

Abril de 1954 83
GUERRA NO CÉU
No número anterior, consideramos Foi o Profeta José Smith que escla­
o pensamento de que tôdas as coisas receu para nós a lei de progressão eter­
são parte de um grande plano. Desta na. De acôrdo com eçsa lei, é nosso di­
vez olharemos até antes da criação do reito e nosso dever aprender e nos de­
mundo e tentaremos descobrir como o senvolver em tôda a eternidade, seja na
Plano originou-se e como nos afeta, pois vida pré-existente, em nossa vida terre­
para vivermos còm sucesso, precisamos na ou na vida que virá ao deixarmos
moldar nossas vidas em harmonia com esta. Ainda não sabemos bem como essa
o Plano. lei funciona em todos os casos; mas isso
Há muito tempo atrás um rei e sua nos foi revelado: é necessário, em nos­
côrte estavam reunidos numa sala de sa marcha ascendente em direção da
banquete. A conversação dirigiu-se para perfeição cada vez maior, que tenhamos
um ponto que tem preocupado as men­ corpos. Portanto, Deus reuniu Seus es­
tes dos homens através de tôda a his­ píritos e lhes contou sôbre um plano que
tória do mundo : de onde viemos e para nos possibilitaria ob'ter corpos. Disse
onde nos dirigimos? Durante essa dis­ que deveria ser formada uma terra on­
cussão um pardal entrou por uma jane­ de Seus filhos pudessem habitar. A vida
la aberta, esvoaçou por algum tempo e terrena proposta, teria dois propósitos:
então desapareceu na noite através de (1) Aqueles que aqui viessem deveriam
uma outra janela. O rei disse aos seus ter corpos; e (2) deveriam ter a opor­
súditos: “A vida é como aquele pássaro. tunidade de mostrar se obedeceriam o
Vimos da escuridão, aqui ficaremos por Pai e provar assim seu direito de voltar
algum tempo e então voltaremos para a à Sua presença, ou mostrar por seus
escuridão novamente. Nossos olhos não maus atos que não eram merecedores de
vêm o que são janelas exteriores, mas o um lugar em seu Reino.
pássaro vivia antes de entrar na sala e Não nos lembramos dessas coisas
continua a viver agora que se foi”. mas Deus revelou aos Seus servos
Uma das mais importantes crenças escolhidos muito do que aconteceu lá.
dos Santos dos Últimos Dias é que nós Evidentemente, o direito de ter corpos
tivemos uma pré-existência, isto é, que é muito precioso, pois foi-nos dito que
vivemos antes de nascermos nesta terra. gritamos de alegria quando o piano foi
Na outra vida, tinhamos corpos espiri­ anunciado. Então nosso Pai Celestial
tuais e não córpos terrenos e mortais. revelou a parte mais importante de Seu
Estávamos na presença de Deus, que é o plano. Disse que alguém precisaria
Pai de nossos espíritos. Mesmo lá tinha- apresentar-se como voluntário para des­
mos livre arbítrio. Alguns procediam cer à terra e mostrar como poderiam ser
bem mas outros não tinham muito su­ restaurados à sua presença novamente.
cesso no desempenho de nossas respon­ Um dos filhos de Deus levantou-se
sabilidades ou no aproveitamento de e ofereceu-se como voluntário para re­
oportunidades. Alguns eram zelosos em dimir a humanidade de acôrdo com o
seu trabalho, mas outros satisfaziam-se plano do Pai, isto é, desceria entre os
em nada fazer. Sem dúvida éramos am­ homens e lhes mostraria o caminho para
biciosos, orgulhosos, egoistas, brilhan­ alcançar sua própria salvação, e tudo
tes, cortezes, inatenciosos, etc., como so­ isso deveria ser feito para honra e gló­
mos aqui. Explicaremos melhor êsse as­ ria do Pai.
sunto. Antes, contudo, consideremos Outro dos filhos de nosso Pai, Lu-
uma das maiores de tôdas as leis: cifer, que era tão brilhante que se cha-

84 A LIAHONA
triava Filho da Alva, ofereceu-se para síveis enganar aqueles que estão traba­
ir. Disse que redimiria tôdas as almas, lhando em retidão; tentam as boas pes­
que nenhuma se perderia; mas êle que­ soas acima de suas forças; inspiram os
ria grande honra e glória pelo seu tra­ iníquios a cometer crimes e fazer guer­
balho. Evidentemente queria tirar nosso ras; e atrazam o serviço do Senhor de
dom precioso de livre arbítrio. Forçar- muitas e muitas maneiras. Ao continuar­
nos-ia a viver como êle decidira. Mas mos o nosso estudo, veremos como Sa­
isto não estaria de acôrdo com o Plano tanás trabalha e como traz a destruição,
de Deus, pois Ele queria saber se nós pecado e dor sôbre o mundo. Ele não
fariamos a sua vontade ou não. pagou pelo seu erro; mas, da mesma
O Pai disse que aceitaria o ofereci­ forma que os criminosos terrenos são
mento de seu amado Filho, a quem co­ trazidos diante da justiça, seja nesta vi­
nhecemos como Jesus. Então Lucifer en­ da como na vida próxima, e sofrem pe­
fureceu-se. Rebelou-se contra o Pai e los seus crimes, assim ele será trazido
tentou sobrepujar os próprios céus. Ar­ diante do julgamento do Senhor e res­
regimentou um terço dos espíritos que ponderá pelo mal que fez aqui na terra.
lá haviam e seguiu-se uma grande guer­ O dia em que isso acontecerá não pare­
ra. Como Milton diz em seu poema “Pa­ ce estar muito distante.
raíso perdido”, mesmo após ter Lucifer, Após a criação do mundo e da vinda
agora conhecido como Satanás ter per­ do homem para nele viver, muitos e mui­
dido a guerra e expulso dos céus, êle e tos anos se passaram antes que Jesus
seus seguidores, poderiam ter obtido o viesse para começar sua missão entre
perdão se quizessem admitir seus peca­ os homens. Durante todo aquele tempo,
dos se humilharem e voltar à verdadeira havia algum sinal de que o plano de
maneira de vida. Eram muito orgu­ Deus estava funcionando? Havia qual­
lhosos para fazer isso, contudo. Assim quer prova de que Jesus estava ativo no
sendo, através de tôda a longa história trabalho dos homens? No próximo nú­
do mundo, êles têm continuado a lutar mero publicaremos alguma coisa sôbre
contra Deus e Seu plano. o que Êle estava fazendo antes de sua
Procuram de tôdas as maneiras pos- vida na terra começar.

Genealogia Aqui eu fui tratado muito bem pelos


parentes, que mostraram boa vontade
( Continuação da pág. 90) para auxiliar-me a obter grande parte
da genealogia da família Evans.
David e contou-me coisas interessantes Sua amizade sincera e gentilesa, tor­
a respeito das experiências do povo de naram difícil a despedida. Sou grato
minha mãe, a família Powell. pelo fato de existir em meus ancestrais
Com o auxílio do homem cego e de qualidades que eu amo e admiro e que
seu amigos, pude visitar o lado Evans espero poder transmitir à minha poste­
da família, que vivia num vale próximo. ridade.
A minha ida para o local deu-me uma
visão do que seja a maravilha das pai­
sagens de Gales. Lá eu visitei o local do O Evangelho do filho de D e u s ... abraça
nascimento de meu avô, Thomas Evans. tôda a moralidade, tôda virtude, tôda luz, tôda
Apesar da casa ter sido destruida, tra­ inteligência, tôda grandeza e tôda bondade. In ­
troduz o sistema de leis e ordenanças e um ccr
zia ainda sinais da vida agradável e
digo de retidão moral que, se obedecido pela
abundante vivida pelas pessoas que a fam ília humana, a devolverá à presença de Deus.
habitaram. — Brighain Young.

Abril de 1954 85
Sociedade de Socorro

“Jóias do Livro de Mormon”


“ M as há ressurreição; portanto, a sepul­
tura não tem vitória, e o aguilhão da
morte se consumiu em Cristo” ( M osiah
1 6 :8 ).

Viveremos novamente! Esta é a glo- Os Santos dos Últimos Dias acei­


riosa promessa da ressurreição. Através tam o nascimento e a morte como pas­
dos séculos que se passaram, muitas sos necessários ao progresso da huma­
almas nobres e grandes têm ecoado as nidade. Viemos a esta terra para provar
palavras de Job, “Porque eu sei que o a nos mesmos na carne mortal. Daqui
meu Redentor vive” (Job 19:25). A his­ iremos a um outro estágio de desenvol­
toria também afirma a veracidade da vimento para continuar eternamente. Al­
ressurreição. guém disse: “Viver é viajar. Morrer é
voltar para casa”.
Para os Santos dos Últimos Dias, a
ressurreição não é uma história fantás­ Uma fé perfeita na ressurreição, di-
tica, mas uma realidade. E ’ uma se­ minue a dor da separação dos entes que­
qüência lógica à mortalidade. Aceitamo- ridos. Traz conforto e tranqüilidade aos
corações dos aflitos, pois têm êles cer­
la como importante parte do plano de
teza de que a separação é para um pe-
salvação. Os Santos dos Últimos Dias
riodo de tempo relativamente curto sen­
têm provas da ressurreição que não são
do uma preliminar para um estado mais
conhecidas do mundo em geral. Em res­ feliz.
posta a uma sincera oração de Joseph
Poderíamos dizer que a morte em
Smith, o Pai e o Redentor ressuscitado sí mesma é uma prova da ressurreição
apareceram a êle em pessoa. Mais tarde, pois se não houvesse ressurreição, re­
Joseph Smith e Sidney Rigdon viram o sultaria numa grande perda de tempo,
Salvador e ouviram sua voz. Esta é a esforço e realizações. Tal perda, não
sua solene declaração: está de acôrdo com os trabalhos do Se­
nhor. Certamente o plano do Creador
“E agora, depois dos muitos tes­ que criou os planetas, e que criou o cor­
temunhos que se prestaram dêle, po humano, não permitiria que milhões
êste é o testemunho, último de to­ e milhões de pessoas passassem alguns
dos, que nós damos d’Êle: que anos nesta vida atormentada, se não
Êle vive! Pois vimo-lo à direita de devesse ser seguida de alguma coisa de
Deus e ouvimos a voz testificando grande conseqüência.
que Êle é o Unigênito do Pai. Que “Porque eu sei que o meu Redentor
por Êle, por meio d’Êle, e d’Ele, vive”. “Êle que pode assim testificar do
Redentor vivo”, disse o Presidente D a­
foram os mundos criados e os seus
vid O. McKay, “tem sua alma ancora­
habitantes são filhos e filhas gera­
da em verdade eterna”.
dos para Deus”. (D. & C. 76:22-
24). Por Leone O. jacobs.

86 A LIAHONA
ESCOLA D O M IN IC A L
Pensamento do mês — “ . . ,E eis que
estou contigo, e te guardarei por onde
quer que f o r e s ...” (Genesis 28:15)

Os irmãos Ballard tinham seis fi­ filho mas parecia que êle não podia res-
lhos. Tinham dois filhos gemeos que ponder-lhe. Levou-o para o sofá e orou
morreram quando tinham um ano de ida­ sôbre êle.
de. Êste fato muito os abateu. Com êsse
A Irmã Ballard disse ao Senhor que
grande desgosto, suas colheitas falha­
antes de seu filho nascer ela tinha tido
ram naquele ano e a família estava mui­ tanta certeza de que uma voz lhe havia
to pobre. Sim, aquele foi um ano bem dito que seu filho cresceria para ser um
triste para a família Ballard. bom homem e cumprir uma missão im­
Um dia houve uma parada na cida­ portante. Disse ao Senhor que se ela
de e estando a Irmã Ballard muito do­ estivesse enganada e Êle quizesse o me­
ente, o Irmão Ballard levou seus quatro nino agora, estaria bem, mas ela ainda
filhos para apreciá-la. Quando êles saí­ sentia que êle era necessário na terra
ram, a Irmã Ballard saiu da cama, ajoe­ para realizar um importante trabalho.
lhou-se e orou. Disse ao Senhor que pro­ Se fosse da vontade do Senhor que
curava fazer o que é certo e rogou a Melvin vivesse, ela lhe dedicaria a vida
Êle que a abençoasse com outro filho. dele. A Irmã Ballard prometeu que ja­
Orou com fervor durante vários minu­ mais se queixaria do serviço que êle ti­
tos e sentiu-se confortada. Uma voz pa­ vesse que realizar e nem tentaria evitar
recia dizer-lhe: “Coragem. Sua oração que o fizesse. Melvin pertenceria ao Pai
será atendida e em breve você terá um Celestial e a ninguém mais.
filho que será um apóstolo do Senhor Melvin J. Ballard sobreviveu. Tor­
Jesus Cristo”. nou-se um dos Apóstolos da Igreja. Via­
Alguns meses mais tarde, nascia seu jou através do país divulgando o Evan­
filho Melvin. Não era uma criança mui­ gelho e fazendo tudo o que achava que
to sadia e precisou de muito cuidado e o Senhor queria que êle fizesse. Onde
proteção. Seus irmãos e irmãs eram bas­ quer que fosse, as pessoas lhe pediam
tante amáveis e delicados para com êle. para cantar. Sua canção favorita era:
A família Ballard não tinha muito di­ “Aonde mandares irei”. Fazia sempre
nheiro e portanto todos tinham que tra­ damelhor maneira possível, tudo o que
balhar para sustentar sua família que lhe pediam que fizesse. Todos os que
era muito grande. As crianças apren­ o conheceram o amaram.
deram a orar ao seu Pai Celestial e nele Regressou de sua última missão no
ter fé. Todos eram muito felizes juntos. oriente muito mal de saúde. Faleceu uma
O pequeno Melvin gostava muito de semana depois. Melvin J. Ballard havia
cantar e de ouvir histórias sôbre o Evan­ feito exatamente o que sua mãe havia
gelho.
prometido ao Senhor. Passou sua vida
Um dia quando Melvin tinha 13 anos servindo seu próximo e servindo seu Pai
de idade, saiu de seu quarto com uma Celestial.
aparência muito extranha. Somente sua
mãe estava em casa.Ela falou com seu Edith M. Nash.

Abril de 1954 87
A. M. M

Boas Maneiras à mesa


Não pode haver lugar melhor para seu colo. Não é necessário desdobrar
se analisar a educação de uma pessoa, completamente um guardanapo de jan­
do que à mesa, diante dos alimentos. tar a não ser que espere que o prato todo
Se os seus modos ã mesa não são os que se derrame sôbre seu colo. Ao usar o
deveriam ser, trate de melhorá-los. guardanapo, leve-o suavemente aos lá­
Aprenda as regras de etiqueta que re­ bios, sem esfregar. Se espera que seja
gem uma mesa e as pratique em sua servido outro prato, ,póde dobrar o guar­
casa. Aplicam-se a tôdas as mesas, em danapo se os demais membros da fam í­
qualquer época. “A LIA H O N A ” vai lia o fizerem. Ou então, dobre-o parcial­
procurar ajudá-lo, fazendo-lhe umas mente e o coloque à esquerda de seu
sugestões: prato.
Um convite para um jantar deve ser Em pequenos jantares espere que a
respondido logo. dona da casa tome o seu assento, antes
Procure saber a que hora será ser­ de você o fazer. Nas grandes ocasiões
vido, a fim de poder lá chegar a tem­ em que não há dona da casa, mas sim
po. E ’ correto lá estar uns 10 minutos uma pessoa que dirige a reunião, e há
antes da hora anunciada. Nenhuma hos­ também um programa, espere que a pes­
pedeira deve esperar mais de 20 minu­ soa a seu lado se assente.
tos por um convidado atrazado. Não
O melhor lugar para suas mãos é o
espere ser bem acolhido se estragou o
colo. Não brinque com os talheres e não
jantar por chegar tarde.
sacuda os saleiros. Os hábitos nervosos
Ao entrar na sala de jantar, os hos­ sempre indicam falta de experiência.
pedeiros devem preceder os convivas. Sente-se direito, com os pés no solo e
Os homens devem deixar passar as se­ não sôbre a cadeira.
nhoras primeiro a menos que entrem em
pares. Não se apoie na mesa, pois o propó­
Se não houver cartões nos lugares, sito desta é suster os alimentos e não
você.
a dona da casa poderá indicar o lugar
em que cada hóspede deve sentar-se. O garfo e a faca jamais devem ser
Se não o faz, os hóspedes poderão to­
mar os lugares que desejarem. E ’ costu­
me que um hospede de honra se assen­
te à direita da dona da casa e que uma
hóspede de honra se assente à direita
do hospedeiro. O conviva deve postar-
se diante do seu lugar, até que a anfi­
triã se assente, levantando-se depois pe­
lo lado esquerdo.
O cavalheiro deve afastar a ca­
deira para que a senhorita à sua di­
reita se assente, empurra-a assentando-
se em seguida.
Tome o seu guardanapo assim que
a dona da casa o fizer e o estenda sôbre

88 A LIAHONA
Não é necessário dar explicações. Evite
explicações tais como: “Gosto disso mas
me faz mal”, “Faz mal para os meus
dentes”, “O médico me proibiu que eu
o comesse”, “ Engorda”. Se a dona da
casa servi-lo após seu “não” firme, mas
galante, você tem o privilégio de deixar
a comida, sem tocá-la.
Mesmo que os alimentos sejam mais
interessantes que os comensais, não o
demonstre.
Se lhe for servido um prato que nun­
ca comeu antes, dê uma olhada para a
dona da casa e veja como o come.
Se encontrar qualquer dificuldade
com um espinho de peixe ou qualquer
outro objeto desagradável, jamais se
utilize do guardanapo para servir de
cortina enquanto o remove.
Deve-se comer a comida mas jamais
“lamber” o prato. Quando terminar de
empunhados verticalmente como se fos­ comer, empurre o prato com um ar de
sem armas. “suficiência estomacal”. Se tiver que se
Jamais se deve parecer esfomeado à retirar antes que outros terminem, peça
mesa. Assuma uma atitude de quem está desculpas e retire-se.
acostumado a três refeições diárias, e Outras sugestões úteis:
tenha em alguns casos uma aparência
Não levante o dedo mínimo quando
de indiferença por comida.
beber de um copo ou xícara.
Tome a sopa silenciosamente em pe­
quenos sorvos e jamais com a ponta da
( Continua na pág. 92)
colher. Não incline a cabeça fazendo
uma reverência ao seu prato de sopa em — x —

cada sorvo. Permita que a colher lhe


chegue à boca naturalmente. Jamais a
ponha dentro da boca, e coloque-a no
prato quando não estiver se servindo.
Nunca ponha manteiga numa fatia
inteira de pão. Prefira cortá-la em pe­
dacinhos e amanteigá-los aos poucos.
Mastigue com a bôca fechada. Ja­
mais tente beber quando tiver a bôca
cheia. Se tem vontade de perguntar al­
go, não o faça a uma pessoa que tenha
acabado de levar um bocado à boca.
Antes de começar a comer, auxilie os
demais a passar os pratos e assegure-se
de que todos estão servidos.
Se quiser recusar certos alimentos,
faça-o com um “Não, muito obrigado” .

Abril de 1954
GENEALOGIA
Uma agradavel experiência em investigação geneaiógica

por THOMAS E. MCKAY

Ao fim de minha missão na Alema­ outras, suas freqüentes visitas a esse


nha em 1903, recebi permissão para vi­ bar e a seu proprietário, “O homem
sitar o País de Gales, a terra do povo cégo”.
de minha mãe. Tinha grande vontade de Quando eu terminei, o livreiro olhou-
fazer essa visita, não somente em virtu­ me e disse: “Você se referiu a um cégo,
de de minha própria vontade, mas tam­ proprietário de um bar?”
bém para satisfazer a um desejo de mi­ “Sim”, disse eu.
nha mãe. Em 1900, antes de sair de ca­ Êle respondeu “Eu sei onde êle está.
sa, meu pai presenteou-me com um li- Tem um bar em Clivyd Efagwyr, perto
vrinho preto contendo endereços de pa­ de Merthyr, Tydfil”.
rentes que êle e meu irmão David O. Mc Tomei o trem para Merthyr, fui até
Kay reuniram durante suas missões no a biblioteca públicá e me apresentei. O
exterior. Quando eu estava para partir bibliotecário ia saindo para o almoço e
da Alemanha, verifiquei que o livrinho acompanhou-me uma boa distância,
preto havia sido enviado para os Esta­ contando histórias da cidade, povo e
dos Unidos juntamente com a minha ba­ sua história e dirigindo-me para o local
gagem. Desapontamentos como êsse e que eu procurava.
várias outras experiências haviam acon­ Cheguei ao bar do homem cego, to­
tecido comigo de vez em quando duran­ quei a campainha da porta que foi aten­
te tôda a minha missão, mas o sábio dida por uma menina de uniforme. Dis-
conselho de meu pai sempre vinha a se-lhe que era filho de Jeanette Evans.
mim: “Jamais iniciei uma emprêsa qual­ O homem cego ouviu-me e da sala vi-
quer sem antes pedir o auxílio do Se­ sinha gritou: “ Entre. Qualquer dos fi­
nhor”. Assim eu procedi e a maneira lhos ou parentes de Jeannette Evans é
como eu consegui fazer o que vou des­ benvindo”.
crever, me fizeram sentir que era uma Após o almoço e uma ótima pales­
milagrosa resposta às minhas orações. tra, êle conduziu-me à casa na qual mi­
A única pista de que eu me lembrei nha mãe nasceu. Ao nos aproximarmos
ao ver a linda terra do País de Gales, da casa, duas senhoras que estavam es­
era o nome “Tia Betsy”. Chegamos a tendendo roupas pegaram às pressas as
Cardiff e caminhei para o coração da suas cestas e começaram a se afastar.
cidade. Ao passar pela Arcada, com suas Chamei sua atenção ao fato e êle
lojas coloridas, deti-me para examinar as chamou, dizendo “Êste é o filho de
uns livros; reparei num ancião que se sua amiga de infância, Jeanette Evans”.
achava no interior. Levantou-se e per- Êle então mostrou-me a casa e o
guntou-me se poderia auxiliar-me, ten­ quarto em que minha mãe nasceu. Era
do eu lhe contado a minha situação. muito pequeno, tendo lugar apenas su­
Dei-lhe o nome da Tia Betsy. Men­ ficiente para a cama; mas para mim era
cionei também um homem cego proprie­ santificado e lá eu me sentei e escrevi a
tário de um bar. Meu tio Morgan, então ela uma longa carta.
na América, costumava contar-me du­ O homem cego disse-me onde a Tia
rante nossas caçadas, as suas múltiplas Betsy morava; gostei muito dela que era
experiências no País de Gales, e, entre delicadíssima. Falou sôbre a visita de

90 A LIAHONA
ABKIL NA A L E M A N H A
0 mês de Abril na Alemanha é um Nos campos arados plantaram aveia, ce­
mês feliz para crianças como Frieda vada e trigo, que serão colhidos e arma­
Lottchen, Trudie e Kleinchen, o nênê. zenados no outono.
Kleinchen está aprendendo a falar Um cheiro de geléia vem da cosinha
as primeiras palavras e sua linguagem onde mamãe está preparando os legu­
é muito engraçada e incompreensível. mes e frutas para serem armazenados
Frieda, Lottchen e Trudie, contudo,
em vidros ou latas.
compreendem tudo o que ela fala. Quan­
do Kleinchen bate palminhas e diz “Olá Enquanto Frieda alimenta a ma­
o passalinho”, elas sabem que a ma­ mãe passarinho, o vento levanta seu
mãe passarinho saiu de seu ninho para avental que é bem branquinho e pode­
passear com sua família. mos ver a sua saia enfeitada.
Os passarinhos moram numa árvore Há vida nova em todo lugar e o mun­
alta perto da casa e os lindos botões cor do parece estar limpinho e brilhante.
de rosa que despontam, são um seguro Sim! A vida é boa e agradável no mês
sinal de que haverá abundância de ma­ de Abril para os meninos e as meninas
çãs bochechudas e rosadas no outono. da Alemanha.

Abril de 1954 91
Boas Maneiras à mesa Não tente alcançar nada do outro
lado da mesa e nem à frente de alguma
( Continuação da pág. 89)
outra pessoa. Peça que o passem, por
Jamais diga “ Estou cheio. Não po­ favor.
derei comer pelo menos por uma se­ Não assopre os alimentos para es­
mana”. friá-los.
Nunca esmigalhe pedaços de pão Não corte os alimentos todos antes
para acompanhar sua conversação. de começar a comer. Corte-os à medida
Nunca tire para sí o melhor pedaço que os comer.
de um prato e nem dctcnha-se a obser­ Não palite os dentes. Os palitos não
vá-lo. devem ser usados diante de todos.
Não observe o que comem os de­ Parte de sua obrigação como hós­
mais. pede é contribuir para uma boa conver­
Não coma depois que todos tenham sação. Evite falar de assuntos pessoais
acabado de fazê-lo. que provàvelmente não interessarão os
Não diga que não gosta de um ali­ demais. Os assuntos que se deve evitar
mento que lhe é oferecido. durante uma conversação à mesa, são:
Não fale com a boca cheia. enfermidades, operações, trabalhos den­
Não ache defeitos na comida. tários, insetos, acidentes ou qualquer
Não ponha comida demais em seu outro assunto desagradável.
garfo. Quando a refeição terminar, você se
Não molhe o pão nos líquidos que levanta quando a dona da casa o fizer.
toma e nem os pique na sopa. Se um homem acha-se sentado à direita
Não se despreocupe de sua aparên­ de uma dama, deve auxiliá-la, puxando
cia. a cadeira para que ela se levante.
Não monopolise a conversação e não Ao retirarem-se da mesa, as damas
se mantenha em silêncio absoluto. devem preceder os cavalheiros.

Educação e Eternidade Sendo consciente de suas responsa­


bilidades tanto cívicas como religiosas,
(Continuação da pág. 81) contribui para o bem estar geral de sua
Terceiro: é um homem de ação com Igreja e de sua comunidade. Um homem
o poder de realizar. Nenhum homem po­ poderá ter instrução obtida de livros e
derá se dizer educado se não for capaz agilidade mental, sem possuir essa ha­
de fazer pelo menos uma coisa bem fei­ bilidade tôda importante de aplicar seu
ta. Sendo uma pessoa com capacidade conhecimento em suas atividades diá­
de observar e interpretar seu ambiente, rias. Uma pessoa perdeu ou então ja ­
dirige seus esforços para colocar-se de mais atingiu a utilidade e, portanto, não
maneira significativa nesse ambiente é educado. E ’ um poder potencial e so­
abençoando assim a terra e o povo que mente será completo quando o treino
nela há, com a sua contribuição. Se fôr e o aprendizado forem postos em uso
médico, é um médico instruído e capaz; prático.
se fôr advogado, é um advogado efici­ Finalmente, o homem educado tem
ente ; se for um fazendeiro, é um fazen­ uma visão espiritual. E’ moral. Não po­
deiro progressista; se for um professor, de pecar contra o homem; o homem é
é um professor sábio; se fôr um mecâ­ seu sócio. Não pode pecar contra Deus;
nico, é um mecânico especializado e de Deus é seu mestre. Pode e extende sua
grandes conhecimentos de suas ativi­ visão além de seu horizonte local, para
dades. olhar dentro da eternidade. Apesar de

92 A LIAHONA
Seria Possivel . . . mente guardados e não modificados que
serviriam para unificar o mundo.
( Continuação da pág. 79) Se não tivesse sido perdida, a auto­
ridade do Sacerdócio continuaria inde-
Então Êle disse “Mandarei o meu filho
terminadamente, transmitida de geração
amado” e o crucificaram (Lucas 20:
em geração.
9-16).
Mas mesmo se a autoridade, organi­
Apesar de o terem morto, êle deu zação, govêrno e verdade, dados divi­
seu Sacerdócio com autoridade. Ensi­ namente, tivessem sido preservados cui­
nou o Evangelho. Escolheu apóstolos e dadosamente, sozinhos não teriam sido
os guiou na pregação da palavra e, após suficientes. Haveria sempre a necessida­
sua morte, continuou a guiá-los, por re­ de de sabedoria divina — sabedoria
velação, em seu ministério, na seleção maior que a do homem — na seleção e
de oficiais e no govêrno de sua Igreja. orientação dos servos do Senhor e na
Com êste núcleo de verdade revela­ solução dos problemas de cada época
da, com uma organização divina e com sucessiva.
liderança divina, com a constante dire­ Eram as revelações dadas a Adão,
ção do Espirito Santo, e com o reconhe­ Abrão, e outros antigos profetas, tudo o
cimento da Paternidade de Deus e da que Moisés precisava? Não lhe bastava
fiaternidade dos homens, deveria ser conhecer as revelações que haviam sido
possível assegurar-se cooperação fra­ dadas a outros antes de seu tempo. Êle
ternal em todo o mundo. tinha um trabalho especial a fazer —
Não obstante, o Senhor jamais for­ dirigir o povo de Israel para fora do
çou qualquer que seja à aceitação de Egito. Para êsse trabalho, êle precisava
bênçãos, inclusive de sua liderança di­ revestir-se de autoridade, sabedoria, e
vina. E somente no caso da verdade, or­ ter orientação divina. Precisava mais
ganização, govêrno e autoridade dada que o “depósito de fé”, mesmo se ti­
pelo Salvador, terem sido cuidadosa- vesse sido transmitido a êle imutável.

não poder conhecer a eternidade, pode feito progresso suficiente para tornar
sempre procurar compreender sua pró­ possível nossa associação com aqueles
pria existência; pode ser um filósofo da que têm brilho e glória entre as hostes
eternidade. Sua religião é uma religião celestiais.
de excelência moral e pureza, de inte­ O fruto da educação, portanto, é o
gridade e diligência através da qual so­ alcançar uma posição de receptividade
brepõe todos os males. pela qual poderemos nos tornar candi­
Um homem que possue tôdas essas datos às melhores bênçãos que existem
qualidades, é educado. Mas nenhum ho­ para os retos. Isto é verificado pela pa­
mem nesta vida jamais atingiu o piná­ lavra do Senhor, que diz:
culo da educação completa, e ninguém “Quanto tempo podem permane­
está mais ciente desta verdade do que cer impuras as águas que correm?
o homem que galgou o ponto culminan­ Que poder deterá os céus? Seria
te na educação terrena. tão inútil quanto querer o homem
Somos salvos no reino de nosso Pai estender seu débil braço para des­
na medida da inteligência que adquiri­ viar o seu curso, ou fazê-lo ir cor­
mos. Assim, os frutos da educação são renteza acima, o rio Missouri, co­
os frutos da vida eterna. Através da edu­ mo evitar que o Todo Poderoso
cação poderemos atingir aquela árvore derrame seus conhecimentos sôbre
cujos frutos contribuem para a felicida­ as cabeças dos Santos dos Últimos
de. No fim desta vida poderemos ter Dias” (D. & C. 121:33).

Abril de 1954 93
W HAT SHALL WE SAVE ?
It is interesting to observe what a right to speak, the right to vote which
man will try to save when his house is rights are daily slipping from more and
on fire. When he hasn’t much time to more peoples of the earth. There are
think, and must act more or less on some who are trying to save their jobs
impulse, what is it that he will snatch at whatever cost to others, and at whate-
fiom the flames? Strange tales have ver compromise of themselves. There
been told about the choices of men under are some who feel the hurt of disappea-
ring goods, who permit themselves to
such conditions, and many have been
be lulled to sleep when the safeguards
known to save absurd and inconsequen-
of society and the rights of free men are
tial things, leaving priceless possessions
being removed. Then, too, there are so­
to destruction. Certainly it is no longer
me in the world who are trying to save
anybody’s secret that we are living in a their power and influence from the fla­
world that is on fire, and some of the mes, regardless of the plight of their
greatest possessions that men have — people or of humanity in general. And
possessions they have cherished through so, when the house is on fire, and only
the ages, and purchased at great cost — some things can be saved, and others
are going up in the flames. If it were inevitably must be sacrificed, make sure
only the tangibles that were being that the things saved are the things that
destroyed there wouldn’t be so much to are worth saving the really costly, the
worry about, appalling as that is; but irreplaceable things — such things as
what is happening is worse than the were spoken of by Paul when he said:
destruction of tangibles, irreplaceable “The kingdom of God is not meat and
though some of them may be. In fact, drink; but righteousness, and peace” .
one of the most pathetic phases of the Neither the tangibles that litter our
whole situation is that some are trying íhinking and our living, nor unjust
to save tangibles at the expense of in- power, nor any other transitory thing
tangibles — trying to save comforts at can long survive, and men can find nei­
the expense of freedom; conveniences at ther righteousness, nor peace, nor hap-
the expense of liberty. There are some piness, nor satisfaction in snatching
who cry out protest against a restricted such things from the burning house,
economy, who turn their backs witfi while they permit the real things of life
indifference on questions concerning the to go up in flames.
right to worship, the right to think, the Richard L. Evans

Editorial se sinal da pomba, e a personalidade


separada de cada membro da Santa
( Continuação da pág. 76)
Trindade, neste caso, é distinta. Mas
Os acontecimentos que se verificaram outras passagens confirmam essa gran­
após a saída de Jesus da água, de­ de verdade. Vejam Lucas 3:23; Mateus
monstram a individualidade distinta das 3:13-17; e também Marcos 1:9-11, Lu­
TRÉS personagens da Tindade. Naque­ cas 3:21-22; e João 14:26, 25:26.
la ocasião solene, Jesus o Filho estava
presente na carne; a presença do Espí­ ASAEL T. SOREN SEN
rito Santo, foi manifestada através des­ Presidente da Missão

94 A LIAHONA
A p a riçã o no C e n a cu lo
Quando eram reunidos no Cenáculo,
Trocando ideais, todos os Apóstolos,
entrou Jesus naquele tabernáculo
e lhes fa lo u : «A paz seja convosco.
«Não temais que sou Eu». Mas, espantados,
julgaram ver uma alma os primeiros cristãos.
«Porque ficais assim tão perturbados
«e que pensais em Vossos corações?
«Sou Eu mesmo, apalpai as Minhas mãos
«e vede que um espírito não tem
«carne nem osso». E, logo, se detém,
mostrando as mãos e os pés. Não crendo ainda porém,
o Mestre perguntou: «Tendes o que comer?»
e Lhe puseram diante, com prazer,
uma posta de peixe assado e mel,
que, comendo, o provou aos Santos de Israel.

Dando-lhes o sobejo, o Cristo prosseguiu:


«Vós estais vendo aqui o que E u vos informava
«quando andava conosco: era preciso
«que se cumprisse tudo o que de mim estava
«nas escrituras, como se cumpriu
«do modo mais conciso.»
O entendimento então se lhes abriu
quando o Senhor dizia :
«Deste modo, importava o Cristo padecesse
«e ressurgisse no terceiro d ia ;
«e que em seu nome se pregasse e se fizesse
«remissão dos pecados, penitência,
«em todas as nações com perfeita consciência,
«que testemunhas sois, por excelência.

«Como o Pai me enviou,


«E u vos mando, portanto,
«e, após entrar em Vós Espírito Santo,
«aos que perdoardes os pecados,
«serão perdoados;
«e a quem não,
«os Céus também reprovarão».
MOACYRCHAVES

Abril de 1954 95
SER HUMANO
Quantas vezes ouvimos a frase: «Sou humano . ..» como des­
culpa para os êrros e faltas que são cometidos por nossos amigos
e, talvez, por nós mesmos. «Sou htimano . . . sou assim mesmo,
você não acha que é melhor?» — ouvimos por todos os lados, to­
dos os dias, da boca daqueles que querem se desculpar.

O fato é, porém, que a desculpa mais insensata do mundo,


é essa. Porque em vez de cometer erros e procurarmo-nos justifi­
car : «sou hum ano..... e, sou assim mesmo», deveríamos procurar
sempre progredir na vida, sobrepujando nossas muitas faltas.

Cristo, que nada falou em vão, e cujas palavras podemos sem­


pre aplicar em nossas vidas, disse: «Sêde vós pois perfeitos como
vosso Pai que está nos céus é perfeito». Êle não nos disse que co-
metessemos falhas por sermos humanos e fracos. Seria, portanto,
o natural, procurarmos sempre o aperfeiçoamento.

É compreensível que u’a massa de minério seja matéria sem


valor, mas também seria natural extraí-la, trabalhá-la e tratá-la
até que se transformasse em algo de útil e valioso para nós. Assim
também se dá com nossa vida. Nascemos com nossos valores em
estado latente e, através da educação e da aquisição de bons prin­
cípios, vamos desenvolvendo as qualidades e virtudes, que nos le­
varão a uma perfeição relativa.

Porém, ao procurarmos a perfeição, é mister que nos esqueça­


mos da frase: «Sou humano . . . é natural que eu proceda assim» —
para desculpar nossos erros. Ser humano, não é desculpa para errar
ou pecar. Porque tendo sido criados à imagem e semelhança de
Deus, devemos procurar nos aproximar o mais possível da sua
perfeição.

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