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PUBLICITÁRIA
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer as diferenças entre a comunicação verbal e
a não verbal. Mais especificamente, você vai estudar o elemento textual. Você
vai ver o que é um texto verbal e um texto não verbal e verificar como eles
podem ser analisados pelo olhar semiótico, que trabalha com a interpretação
dos signos. O conhecimento sobre semiótica permite ao redator perceber
como um argumento pode transmitir significado e como tal significado pode
ser interpretado pelo espectador, principalmente com o uso das técnicas de
indução e dedução do pensamento por meio da gramática.
Você vai conhecer as conexões possíveis entre o verbal e o não verbal
por meio de quatro indicativos: a significação ou representação, a referên-
cia, a interpretação da mensagem e a relação de complementariedade
imagem–texto. Por fim, você vai ver como a teoria se aplica a análises
semióticas de peças publicitárias.
possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de
todo e qualquer fenômeno”. A seguir, você vai conhecer algumas categorias que
vão auxiliá-lo a decodificar os signos presentes na mensagem publicitária, ou
seja, que vão criar condições de você prever situações comunicativas na hora
de criar uma mensagem persuasiva. Nesse contexto, a semiótica é importante
porque ela ajuda a perceber como ocorre a transmissão de significado de uma
mente para outra e de um estado mental para outro — por meio da gramática,
da lógica (abdução, indução e dedução) e da retórica especulativa.
O método de Pierce é complexo. Aqui, você vai acompanhar uma síntese das categorias
criadas por ele. A ideia é que você, como redator, tenha melhores condições de aplicar
as ideias de Pierce na prática, vendo um panorama sobre como são criados os signos
e sobre os efeitos que são capazes de provocar no receptor.
O signo
O signo tem uma natureza triádica, isto é, ele se realiza a partir de três pontos
de vista (SANTAELLA, 2007):
É por isso que a maior parte da comunicação publicitária trabalha com men-
sagens fáceis de entender, de senso comum. Isso implica criar uma mensagem
clara, que seja compreendida independentemente do grau de escolaridade e
do contexto sociocultural do receptor. Criar uma mensagem que apenas um
seleto grupo de pessoas vai entender não é eficaz. Este é um sinal de alerta:
a mensagem clara geralmente é aquela mais genérica, mas nem por isso deve
deixar de ser autêntica.
Mas, afinal, o que é o signo? O signo é qualquer coisa de qualquer espécie
(uma frase, uma imagem, um som, um anúncio, uma pessoa, um vídeo) que
representa uma outra coisa, que produz um efeito interpretativo na mente do
receptor. Veja o exemplo apresentado por Santaella (2007): um grito representa
algo que não é o próprio grito, isto é, ele indica que aquele que grita está em
apuros e precisa de ajuda. O que é representado pelo signo — ou seja, aquilo
a que ele se refere — é chamado de objeto do signo, e o efeito que o signo
produz (grito) é chamado interpretante do signo.
Agora considere um exemplo na área da publicidade: um anúncio fala bem
de determinado tênis, apresentando benefícios e diferenciais do produto. O
signo (anúncio) vai provocar no receptor um efeito interpretativo: gostar do
tênis, comprar o tênis, não se interessar pelo tênis. Esses efeitos são o inter-
pretante. Os leitores só têm acesso ao objeto do signo, àquilo que o anúncio
representa, pela mediação do signo.
Agora considere mais um exemplo: suponha que um redator precisa criar
um comercial para a televisão. O comercial é um signo daquilo que se deseja
transmitir (objeto do signo). O efeito que a mensagem produz no espectador é
o interpretante do comercial (interpretante do signo), que, no final no vídeo,
é um mediador entre aquilo que o comercial deseja transmitir e o efeito que
o redator deseja produzir por meio da mensagem.
Quando a lógica triádica do signo fica clara, é mais fácil entender por que a
lógica peirciana do signo inclui três teorias: a da significação, a da objetivação
e da interpretação (Quadro 1).
A relação entre o verbal e o não verbal 5
Há também uma parte mais subjetiva do estudo de Peirce: ele classificou as inter-
pretações. As interpretações de primeira categoria são os meros sentimentos e
emoções; as de segunda categoria são as percepções, ações e reações; e as de
terceira categoria são os discursos e pensamentos abstratos. Essas interpretações
tornam muito próximos o sentir, o reagir, o experimentar e o pensar. São essas misturas
que Peirce fundamentou em diferentes classes de signos.
6 A relação entre o verbal e o não verbal
Ícone: qualidade.
Índice: existência concreta.
Símbolo: lei.
A significação ou representação
Na significação ou representação, a semiótica permite observar a mensagem
a partir de três aspectos. O primeiro deles enfatiza as qualidades e a senso-
rialidade das propriedades internas que são mais subjetivas, como linguagem
visual, cores, movimento, formas, linhas, volume e luz. O segundo aspecto se
refere à mensagem no seu aqui e agora, ou seja, deve-se observar a mensagem
no seu contexto. E o terceiro aspecto se refere àquilo que a mensagem tem de
geral, convencional, cultural.
A referência
Na referência, a semiótica permite observar aquilo que a mensagem indica,
aquilo a que se refere ou aplica. Aqui, também há três aspectos. O primeiro é
perceber a sugestão sensorial ou metafórica da mensagem. O segundo é per-
A relação entre o verbal e o não verbal 9
A interpretação da mensagem
Na interpretação, a semiótica permite observar os efeitos que a mensagem
pode causar no receptor. Esses efeitos são de três tipos. O primeiro é o efeito
emocional, quando é despertado um sentimento no receptor, como alegria,
tristeza, raiva e comoção. O segundo é o efeito reativo, quando o receptor é
levado a agir diante da mensagem. E o terceiro é o efeito mental, quando o
receptor é levado a refletir sobre a mensagem.
É importante você entender que nem sempre é possível encontrar esses três
aspectos nas mensagens; pode-se encontrar somente um ou dois. Contudo,
lembre-se sempre de que o importante é perceber o que a mensagem representa,
a que ela se refere na cultura e que efeitos provoca.
Texto verbal
O texto verbal é sonoro. Você pode tomar como exemplos o som, o ruído, a
música, a voz. A seguir, você vai ver a análise semiótica do texto verbal de duas
peças publicitárias ( jingle e spot). Nessa análise, são observados os seguintes
elementos: objeto do signo, interpretante do signo, presença de ícone, índice
ou símbolo, representação, referência e interpretação. Para começar, considere
o jingle Pipoca com Guaraná Antarctica, cuja letra é apresentada a seguir.
Para ouvir o jingle Pipoca com Guaraná Antarctica, acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/ZLDwQ
12 A relação entre o verbal e o não verbal
https://qrgo.page.link/DnyaC
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