Você está na página 1de 6

A interceptação telefônica está na Legislação Penal, Parte Especial.

É regulamentada
pela Lei nº 9296/96.

 Antes da lei não havia interceptação telefônica? Havia, mas era baseada no Código
Brasileiro de Telecomunicações, no entanto, o STF diz que não poderiam ser feitas
interceptações com base no CBT.

Com base nisso, reconheceu a ilicitude de uma prova colhida em um determinado


inquérito que originou um determinado processo e um traficante acabou sendo
absolvido por falta de provas.

Em quais hipóteses de admite a interceptação telefônica? Quando o juiz pode


determinar que a sua conversa telefônica seja captada por um terceiro?

A Lei 9293/96 não diz quando será admissível. Ela não diz quando cabe e sim quando
não cabe. Para facilitar, tais situações serão transformadas em ações positivas.

  É preciso que haja indícios razoáveis de autoria e de participação.

 Qualificativo razoável- jogo retórico, pois, não permite a qualificação, mas para fins de
prova precisa decorar.

 Lei menciona para o autor e para o partícipe.

 Quando se fala em interceptação telefônica, se fala em TUTELA DA INTIMIDADE.


Já pensou se pudesse quebrar o sigilo por qualquer motivo? A proteção do indivíduo é
garantida pela Constituição Federal em seu art. 5º, Inciso XXII – TUTELA DA
INTIMIDADE.

  A prova não pode ser feita por outro meio.

 Se puder fazer a prova por outro meio, NÃO CABE INTERCEPTAÇÃO
TELEFÔNICA.

 É tão grave uma pessoa gravar as conversas telefônicas de outra que o legislador diz
assim: “Quando o delegado e o promotor pedirem a interceptação, eles têm que dizer
qual é a finalidade daquela prova. Se o juiz puder colher a prova por outro meio, NÃO
CABERÁ INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.

Ex.: Pedem ao juiz uma interceptação porque querem descobrir o número da conta de
alguém. Ora, o juiz tem acesso ao Banco Central, basta que digite o CPF as pesoa e
descobrirá o número da conta.

  Só se admite interceptação telefônica para crimes punidos com RECLUSÃO 

Outros aspectos fundamentais

 Uma mulher está em litígio com o marido e essa mulher precisa de provas de quanto o
marido ganha para poder receber uma pensão correta.
 PERGUNTA: Pode haver a interceptação do telefone do marido para saber o valor que
ele ganha?

 NÃO.

  Só pode haver interceptação para fins de investigação ou instrução criminal.

A interceptação telefônica vai gravar conversas e às vezes essas interceptações duram


10, 12, 8 meses.

 PERGUNTA: Precisa degravar (transcrever) todas as conversas?

 De acordo com o STF NÃO há necessidade de transcrição de todas as conversas.


Precisa indicar que houve a transcrição dos principais trechos das conversas, dos trechos
que efetivamente se ligam ao crime.

 Constitui crime fazer a interceptação fora das hipóteses previstas em lei.

 Exemplo: Juiz autoriza interceptação telefônica para investigação em um inquérito civil


(por imprbidade administrativa, por exemplo) – HAVERÁ CRIME. – fora das hipóteses
previstas em lei.

 PERGUNTA: Qual o prazo de prorrogação da interceptação telefônica? Pode haver


prorrogação por 1 ano?

 A interceptação será concedida por até 15 dias, renovável por igual prazo, comprovada
a indispensabilidade da medida (Lei nº 9296/96).

 PERGUNTA: Quantas vezes pode haver essa prorrogação? Pode chegar até 1 ano?

 De acordo com o STF, na mais recente posição, é possível a prorrogação por quantas
vezes forem necessárias. Basta que se demonstre a indispensabilidade dos meios de
prova. No limite, em tese, desde que se demonstre a indispensabilidade da medida o juiz
pode ter uma interceptação que dure 1 ano, 2,3… (Em tese…!)

 PERGUNTA: Pode usar a interceptação de um processo criminal em outro processo?

 Trata-se do tema PROVA EMPRESTADA– aquela que é produzida em um processo e


é levada para outro.

 A interceptação só pode ser utilizada para fins de investigação ou instrução criminal.

 Exemplo – Um juiz corrupto, no telefone diz: – “Sou corrupto, vendo sentenças”.

PERGUNTA: Podem pegar essa interceptação e levar em um processo administrativo


contra ele?

 O STF, STJ, admitem que se possa fazer essa transposição – Uso da PROVA
EMPRESTADA.
 Se não admitir, dificilmente conseguirá punir os maus funcionários públicos.

 O resultado da interceptação telefônica é SIGILOSO.

 Quando o STF ou um juiz qualquer compartilha do resultado da interceptação


telefônica em um processo – compartilha também o SIGILO.

 PERGUNTA: Qual o valor dessa prova emprestada no 2º processo?

 O mesmo do processo originário. A prova emprestada, embora levada de um processo à


outro por meio de documentos, tem o mesmo valor da prova originária do processo.

 PERGUNTA: Se for descoberto um crime na investigação telefônica que não era


objeto da investigação?

 Quando a interceptação é requerida, seja pelo promotor, seja pelo delegado, eles tem
que dizer para quê querem a interceptação e em qual âmbito de investigação é feita
aquela interceptação. Digamos que seja um caso de corupção, para fins de investigação
de um crime de corrupção. Descoberto um homocídio na interceptação, poderá ser
usada essa prova? Pela posição majoritária, só poderá haver o uso da prova, da chamada
descoberta fortuita, do crime fortuitamente descoberto, se ele tiver conexão com o crime
originário.

 PERGUNTA: Quem pode requerer a interceptação telefônica?

 O delegado ou promotor pode requerer a interceptação telefônica.

 PERGUNTA: Pode haver pedido oral de interceptação telefônica?

 Sim. Pode haver pedido oral . No entanto, para o juiz deferir o pedido oral de
interceptação telefônica, este deve ser reduzido a termo.

 PERGUNTA: Quem pode autorizar a interceptação telefônica?

 No sistema brasileiro somente o Pode Judiciário pode autorizar a interceptação


telefônica, seja o juiz de 1º grau, seja o TJ, o TRF, STJ, STF. Somente ao juiz é dado
autorizar interceptação telefônica (juiz em sentido amplo, abrangendo tanto um juiz,
quanto um ministro do STF).

 Quando você grava a sua conversa, sem o conhecimento da outra parte, isto não é
interceptação telefônica, mas, GRAVAÇÃO/ESCUTA CLANDESTINA.

 PERGUNTA: Pode um dos interlocutores gravar a conversa?

 O SFT diz que sim. Por exemplo, uma pessoa liga para outra a extorquindo,
ameaçando. Como ela faraá prova? Ao invés de pedir interceptação do próprio telefone,
basta simplesmente gravá-la. A GRAVAÇÃO/ESCUTA CLANDESTINA é permitida
pelo STF. 

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA GRAVAÇÃO/ESCUTA CLANDESTINA


Um terceiro grava a conversa entre duas Em uma conversa entre duas pessoas, uma
pessoas. delas grava a conversa sem que o outro saiba.

 Qual a consequência de uma interceptação que não foi admitida ou que não foi deferida
nas hipóteses previstas em lei? 

ILICITUDE. A interceptação telefônica feita sem autorização judicial ou deferida fora


das hipóteses previstas no art. 2º da Lei 9296/96 é ILÍCITA.

 REVISÃO – TEMAS GERAIS DE PROCESSO PENAL

 PERGUNTA: Nunca se pode usar prova ilícita no Processo Penal?

 Em tese, pode-se utilizar prova ilícita no Processo Penal.

 - PRO REO – à favor do réu

- Princípio da proporcionalidade

Ex.: Interceptação telefônica que passou o prazo de 15 dias. No 17º dia o sujeito
confessa o crime no telefone. O juiz havia indeferido a prorrogação e a polícia
continuava fazendo a interceptação. Neste caso, a maioria da jurisprudência vai dizer
que depende. Se o crime investigado for de uma gravidade sem tamanho, então, poderá
sim ser utilizada a prova ilícita no Processo Penal, pelo PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE.

Ex.: Serial killer no Brasil que matou 100 crianças. No 17º dia confessa. Para a maioria
da doutrina a prova pode ser utilizada, pelo princípio da proporcionalidade. 

Ex.: Se a interceptação ilícita levar à descoberta de outro documento.. O que acontece


com esse documento?

 Em caso de interceptação feita sem autorização ou fora das hipóteses previstas em lei,
então trata-se de prova ilícita e tudo aquilo que dela decorre será PROVA ILÍCITA
POR DERIVAÇÃO.

 O CNJ regulamentou as interceptações telefônicas. Ele pode fazer isso na esfera


administrativa.

- Não pode haver pedido de prorrogação de interceptação telefônica no plantão, salvo


situações extraordinárias.

 X da questão

Questão 1

(CESPE 2007.3) Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta.

(A) É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as


garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
(B) A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos
suficientespara a propositura da ação penal.

(C) Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível.

(D) A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no curso
da

investigação, de forma motivada e observados os requisitos legais.

 Questão 2

(OAB/CESPE – 2007.3.PR) Relativamente ao instituto da prova criminal,

assinale a opção correta.

(A) É permitida a juntada de documentos no plenário do tribunal do júri, desde que trate
de prova relativa ao fato imputado e esclareça a verdade real.

(B) A existência de prova da materialidade e de indícios de autoria são suficientes para

o recebimento da denúncia, para a determinação de interceptação telefônica e para a


inclusão do réu no rol dos culpados.

(C) As provas periciais, ainda que produzidas durante o inquérito policial, têm valor
probatório, visto que se submetem a contraditório diferido.

(D) A confissão feita durante o interrogatório judicial pode suprir a ausência do laudo
de exame cadavérico.

 Respostas e comentários

Questão 1

(CESPE 2007.3) Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta.

(A) É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as


garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Não há contraditório no inquérito.

(B) A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos


suficientes para a propositura da ação penal.

(C) Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível.

Indisponível- O delegado não pode arquivar

(D) A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no curso
da
investigação, de forma motivada e observados os requisitos legais.

Poderá ser requerida. Só poderá ser determinada pelo juiz.

Questão 2

(OAB/CESPE – 2007.3.PR) Relativamente ao instituto da prova criminal,

assinale a opção correta.

(A) É permitida a juntada de documentos no plenário do tribunal do júri, desde que trate
de prova relativa ao fato imputado e esclareça a verdade real.

Não há este tipo de limitação de que a prova seja relativa ao fato imputado e esclareça
a verdade real. A limitação é que a juntada seja feita com três dias de antecedência.

(B) A existência de prova da materialidade e de indícios de autoria são suficientes para

o recebimento da denúncia, para a determinação de interceptação telefônica e para a


inclusão do réu no rol dos culpados.

A lei fala em indícios razoáveis e não apenas indícios.

(C) As provas periciais, ainda que produzidas durante o inquérito policial, têm valor
probatório, visto que se submetem a contraditório diferido.

A interceptação telefônica é produzida no inquérito e ela vai ter valor, pois a parte não
vai se manifestar durante a interceptação telefônica, e sim, depois, naquilo que se
chama de CONTRADITÓRIO DIFERIDO.

(D) A confissão feita durante o interrogatório judicial pode suprir a ausência do laudo
de exame cadavérico.

Você também pode gostar