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OPERAÇÕES UNITÁRIAS

Aula 02
Prof.a Janaina Fernandes Gomes
DEQ/UFSCar
Bombas e sistemas de
bombeamento – Parte II

Adaptado do material elaborado pela Prof.a Vádila G. G. Béttega do DEQ/UFSCar


Tubulações e Acessórios
Tubulações
Representam um conjunto de tubos retos e seus
acessórios.
Tubos
• Diversos usos
• Diversas padronizações (ASTM*, ABNT**, etc)
• Construídos com muitos materiais (plástico, aço, etc)
• A escolha dos tubos depende:
- do fluido transportado (gás, líquido)
- das propriedades do tubo (rugosidade, densidade)
- das condições de escoamento (T, P)
*American Society for Testing and Materials (órgão estadunidense de normalização)
**Associação Brasileira de Normas Técnicas
Características dos tubos
• Diâmetro nominal
• Schedule (Sch): espessura
• Área da seção livre para escoamento
Propriedades de
Tubulações de Aço

Mais usado!
Acessórios
São considerados acessórios de tubulações, os
dispositivos destinados a:
• Unir duas seções de tubos (luva rosqueada, flange)
• Alterar o diâmetro de uma linha (contração e
alargamento)
• Modificar a direção do escoamento (curvas, cotovelos)
• Fazer derivações (tês, cruzetas, peças em Y)
• Interromper uma linha ou controlar uma vazão (válvulas)
Acessórios: ligações entre tubos
• Luvas rosqueadas

• Flanges
Acessórios: válvulas
– Válvulas de bloqueio: funcionam completamente
abertas ou completamente fechadas
• Válvula gaveta
• Válvula de macho
• Válvula esfera
– Válvulas de regulagem: controle de vazão
• Válvulas globo
• Válvulas agulha
• Válvulas borboleta
• Diafragma
Acessórios: válvulas

Válvula esfera
Válvula de macho
Válvula gaveta

Válvula globo
Válvula borboleta Válvula agulha Válvula diafragma
Cálculo da perda de carga em
tubulações retas
Perda de carga em tubos retos
• Fórmula Universal ?
L: comprimento do tubo
f  L V 2
V: velocidade média de escoamento
lwtu = D: diâmetro do tubo
D2 g g: aceleração da gravidade

O coeficiente de atrito (f) é função da rugosidade relativa do tubo (ε/D) e


do número de Reynolds .
V: velocidade média de escoamento
V D : densidade do fluido
Re = D: diâmetro do tubo
 : viscosidade do fluido

MATERIAL Rugosidade Absoluta (m)


Ferro Fundido 2,50E-04
Ferro Galvanizado 1,50E-04
Aço Comercial 4,50E-05
Ferro Forjado 1,50E-06
Latão 1,50E-06
Chumbo 1,50E-06
Vidro 1,50E-06
PVC 2,00E-07
HDPE 7,00E-06
Perda de carga em tubos retos - (ε/D)
Perda de carga em tubos retos - f
• Diagrama de Moody

Rugosidade relativa
0,013
Perda de carga em tubos retos - f
• Darcy-Weisbach e Hagen-Poiseuille – Re<2100
64
f =
Re
• Prandtl – tubo liso – 3000 < Re < 3,4.104
1
= 2,0  log(Re f ) − 0,8
f
• Von Karman – turbulento
1 D
= 2,0  log  + 1,74
f  
• Colebrook – para transição e turbulento
1   2,5226 
= −2,0  log +
 3,7065 D  
f  Re f 
Fator de atrito
Na disciplina de OP utilizaremos equações para determinar o valor do fator de atrito:

Fator de atrito (Fórmula de Swamee – Jain):

0,25
f = 2
   5,74  
log10  + 0,9  
  3,7  D Re  
Perda de carga em tubos retos
• Fórmula de Hazen-Williams
10,643 L  Q 
1,85

lwtu =   lw em metros
Q em m3/s
C 
4,87
D D em metros

MATERIAL C L = comprimento da tubulação


Ferro Fundido 130 D = diâmetro da tubulação
Ferro Galvanizado 125 Q = vazão volumétrica
Aço Comercial 130
C = coeficiente de rugosidade
Ferro Forjado 120
Latão 130 -140
Chumbo 130 - 140
Vidro 140
PVC 140
HDPE 140

Empregada no transporte de água e esgotos em canalizações com


diâmetro maior que 50 mm
Cálculo da perda de carga em
acessórios/acidentes
Perda de carga em acidentes
• Expressão geral:
K V 2
lwac =
K = coeficiente de perda 2 g
Valor Valor
Peça Peça
de K de K
Registro de gaveta Entrada normal de
0,20 0,50
aberto tubulação
Registro de globo
10,00 Saída de canalização 1,00
aberto
Cotovelo de 900 0,90 Tê - passagem direta 0,60
Cotovelo de 450 0,40 Tê - saída de lado 1,30
Curva de 900 0,40 Tê – saída bilateral 1,80
Curva de 450 0,20

Neste caso, a perda de carga total é obtida somando-se a perda de carga na tubulação reta e
a perda de carga em cada acessório.
lw = lwtu + lwac
Perda de carga em acidentes
• Método dos comprimentos equivalentes
Adiciona-se ao comprimento das tubulações retas (L),
comprimentos de tubos equivalentes (Leq) referentes aos
acessórios. Neste caso, a perda de carga total pode ser calculada
da seguinte forma:

f  ( L +  Leq )  V 2
lw = Darcy
D2 g
ou
1,85

lw = 4,87  (L +  Leq )  
10,643 Q Hazen-Williams
D C 
Perda de carga em acidentes
• Comp. Equivalentes - Ábaco de Crane Corporation
Perda de carga em acidentes
• Tabelas de Comprimentos Equivalentes
Perda de carga em acidentes
• Tabelas de Comprimentos Equivalentes
Perda de carga em acidentes
• Tabela de Leq/D

Acessório Leq/D Acessório Leq/D


Retorno 180° 28 Válvula gaveta (aberta) 13
Cotovelo raio longo 16 Válvula gaveta (3/4 aberta) 35
Cotovelo raio curto 20 Válvula gaveta (meio aberta) 160
Cotovelo 45° 16 Válvula gaveta (1/4 aberta) 900
Tê (passagem direta) 20 Válvula de retenção (pé) 150
Tê (saída lateral) 65 Válvula de retenção (portinhola) 135
Saída de tanque 32 Válvula agulha 1000
Válvula de diafragma 200 Válvula globo (aberta) 300
Válvula esfera 18 Válvula borboleta 20
Válvula-filtro em Y 250
Curva característica do Sistema
de bombeamento
Curva característica do Sistema
A curva característica do sistema é levantada plotando-se a Altura Manométrica
Total em função da vazão do sistema, conforme indicado a seguir:
• Tomar uma das fórmulas para obtenção da Altura Manométrica Total, por exemplo:

4Q f  ( L + Leq) V 2 V 2 P
V= lw = H= + Z + + lw
  D2 D2 g 2g 

V 2 P 8  f  (L + Leq)  Q 2
H= + Z + +
2g  g   2  D5

• Fixar algumas vazões dentro da faixa de operação do sistema. Sugere-se fixar cerca de cinco
pontos, entre eles o ponto de vazão nula (Q = 0) e o ponto de vazão de projeto (Q = Qproj);
• Determinar a Altura Manométrica Total correspondente a cada vazão fixada;
• Plotar os pontos obtidos num gráfico Q x H, (vazão no eixo das abscissas e altura
manométrica no eixo das ordenadas),
Curva característica do Sistema

Curva do Sistema ou tubulações - H (m) x Q (m3/h)


Curva característica do Sistema
A curva característica de um sistema de bombeamento apresenta duas partes distintas: a
parte estática e a parte dinâmica.
• A corresponde à parte estática é independe da vazão do sistema e dependente da carga de
pressão nos reservatórios de descarga e sucção e a altura geométrica.
• A corresponde à parte dinâmica refere-se ao fluido em movimento, ou seja, a carga de
velocidade nos reservatórios de descarga e sucção e as perdas de carga, que aumentam com
o quadrado da vazão do sistema.
Curvas características da Bomba
Centrífuga
Curvas características da bomba
As curvas características apresentadas pelos fabricantes, são obtidas nas
bancadas de testes dos fabricantes, bombeando água limpa à temperatura
ambiente.
• A curva (H x Q) representa a energia fornecida, expressa em altura de
coluna de líquido.
• A curva de (NPSHr x Q) representa a energia requerida no flange de
sucção da bomba.
• A curva de (h x Q) e a curva de (P x Q) representam os rendimentos e
potências consumidas pela bomba operando com água.
Para bombeamento de fluidos com viscosidades diferentes da água, é
necessário a correção destas curvas para esta nova condição de trabalho.
Curvas características da bomba
• HxQ
O levantamento das curvas características das bombas é
realizado pelo fabricante do equipamento, em bancadas de
prova adequadas a tal serviço. De uma maneira
simplificada, a curva de H x Q pode ser traçada da seguinte
forma:
Curvas características da bomba
• Coloca-se a bomba em funcionamento, com a válvula de descarga
totalmente fechada (Q = 0); mede-se Ps e Pd. Obtem-se H através da
fórmula:
P − Ps
H = d Altura manométrica no “shut-off” (H0)

• Abre-se parcialmente a válvula, obtendo-se assim uma nova vazão,
determinada pelo medidor de vazão, e procede-se de maneira análoga a
anterior, calculando-se H1.
• Continua-se o processo algumas vezes, obtemos outros pontos de vazão e
altura, com os quais plota-se um gráfico de H x Q.
Curvas características da bomba
Normalmente, os fabricantes alteram os diâmetros de
rotores para um mesmo equipamento, obtendo-se assim a
curva característica da bomba com uma família de
diâmetros de rotores.
Curvas características da bomba
• Tipos de curvas H x Q
Curvas características da bomba
• PxQ

Bomba de fluxo radial Bomba de fluxo axial

Bomba de fluxo misto


Curvas características da bomba
• hxQ
WHP P. cedida pelo rotor ao líquido   H Q
h= = =
BHP P. fornecida pelo motor ao eixo da bomba Wp
Curvas características da bomba
• Curvas de Iso-rendimento
Curvas de rendimento para um único diâmetro de rotor ou para uma
família de rotores (mais comum) podem ser encontradas em catálogos.
Curvas características da bomba
• NPSHr x Q
NPSHr (Net Positive Suction Head): energia mínima que o líquido deve ter no
flange de sucção da bomba para garantir seu perfeito funcionamento (sem
cavitação).
Determinação do ponto de
operação
bombas centrífugas
Ponto de operação
Ponto de operação
• É comum a seleção de bombas somente pela
vazão sem levar em conta o rendimento.
Exemplos: Curvas do sistema e bomba
Alterações do ponto de operação

• Mudanças no sistema
Outras possíveis variações:
• variação nas pressões dos
reservatórios;
• mudança no diâmetro das linhas;
• inclusão ou exclusão de
acessórios na linha;
• modificação do layout das linhas;
• mudança das cotas dos líquidos;
• etc.
Alterações do ponto de operação
• Mudanças na bomba
– variação da rotação da bomba – variação da diâmetro do rotor
Associações de Bombas
Associação de bombas
• Associação em série: O objetivo da associação em série é
aumentar a altura manométrica total. A curva resultante da associação é
obtida através da soma das alturas manométricas das bombas individuais
para cada vazão.

b
d
c
e
Associação de bombas
• Associação em Paralelo: O objetivo da associação em paralelo é
aumentar a vazão ou facilitar a manutenção. A curva resultante da
associação é obtida através da soma das vazões das bombas individuais
para cada altura manométrica.
Cavitação
Cavitação
• O fenômeno da cavitação ocorre quando a energia
mecânica, em qualquer ponto da tubulação, atingir
valores próximos aos da pressão de vapor. Parte do
líquido se vaporizará e as pequenas bolhas ao
entrarem em contato com partes metálicas,
principalmente em movimento, colapsarão e
causarão danos às bombas e/ou tubulações.
Efeitos da cavitação
• erosão por cavitação
• ruído
• trepidação e desbalanceamento da máquina
• queda de rendimento
• queda na vazão fornecida pela bomba
• pode destruir pedaços dos rotores e dos tubos de
aspiração.
NPSH (Net Positive Suction Head)
Em bombeamento o ponto de menor energia
mecânica de pressão é o bocal de sucção da bomba.
NPSH representa a disponibilidade de energia com
que o líquido penetra na boca de entrada da bomba.
– NPSH requerido: é uma característica da bomba,
determinado em seu projeto de fábrica, através de cálculos e
ensaios de laboratório (fornecido pelo fabricante).
– NPSH disponível: é uma característica da instalação em
que a bomba opera e da pressão disponível do líquido no
lado de sucção da bomba (calculado).
NPSH requerido
• Fornecido pelo fabricante da bomba
NPSH disponível
• O limite de formação de bolhas é a pressão de vapor expressa em
unidades de carga. O excedente de energia mecânica no bocal de
entrada é conhecido como NPSHdisp .

S D Pvap
NPSH disp = ES −

Bomba

Se possuímos informações da pressão e velocidade na entrada da bomba (ponto S)


2
PS VS Pvap
NPSH disp = + −
 2 g 

Para que a cavitação não ocorra:


NPSH disp  NPSH req + 0,5
NPSH disponível
• Outra forma de calcular o valor do NPSHdisp é aplicando o balanço de
energia entre o reservatório e a sucção da bomba.

Balanço de energia entre o nível 1 e S (entrada da bomba)

E1 − ES = lw1− S
ES = E1 − lw1− S
P1
ES = − Z1 − lw1− S

Substituindo a equação de NPSHdisp:

Pvap
NPSH disp = ES −

P  Pvap
NPSH disp =  1 − Z1 − lw1− S  −
  
NPSH disponível
P  Pvap
NPSH disp =  1 + Z1 − lw1− S  −
  
Z1
Bomba afogada

Válvula globo

P  Pvap
NPSH disp =  1 + Z1 − lw1− S  −
  

 (P + Patm )  Pvap
Z1 NPSH disp =  man + Z1 − lw1− S  −
    A presença de acessórios com altas
perdas de carga (como válvulas
reguladoras) devem ser evitados na
entrada da bomba
NPSH disponível
Cálculo da pressão de vapor (Equação de Antoine):
NPSH disponível
Qual o efeito do aumento da temperatura de bombeamento na cavitação?

P  Pvap
NPSH disp =  1 + Z1 − lw1− S  −
  

Z1

O aumento na temperatura favorece a cavitação


> T → > Pvap
NPSH disponível

Pressão de saturação (ou de vapor) da água a várias temperaturas


Temperatura, C Pressão de saturação,
kPa
0 0,611
10 1,23
20 2,34
100 101,3 (1 atm)

Por exemplo, a água a 10 oC transforma-se em vapor e forma bolhas de


cavitação em superfícies de hélices e bombas de sucção quando a pressão cai
abaixo de 1,23 kPa
Modificação do NPSHdisp
2
PS VS Pvap  P1  Pvap
NPSH disp = + − NPSH disp =  + Z1 − lw1− S  −
 2 g    
O NPSHdisp é modificado quando há:
• Diminuição da altura geométrica de sucção negativa (Z) ou
aumento da altura geométrica positiva
• Redução das perdas de carga na sucção
• Mudança na temperatura de bombeamento (influência na
viscosidade, pressão de vapor, peso específico, etc)
• Alteração na vazão de operação
• Variação na pressão do reservatório de sucção
Modificação do NPSHreq

O NPSHreq é modificado quando há:


• Redução da perda de carga na entrada da bomba
• Redução das velocidades absolutas e relativas no
olho do rotor, aumentando-se área de entrada do
rotor
• Variação da rotação
Exercício
A bomba da figura opera com água a 20 oC e bombeia 50 m3/h. Sabendo que a
tubulação é a 5” Std40, a bomba cavitará? (considere Patm=105 Pa)

Acessório – cotovelo raio curto Pvap


NPSH disp = ES −
3m 
P  Pvap
NPSH disp =  1 − Z1 − lw1− S  −
5m   
8m

Resposta: NPSHdisp = 4,9 m NPSHreq = 2 m.


Não cavita.

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