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INSTRUMENTAÇÃO E ORQUESTRAÇÃO / Aluno: Ícaro Tavares/ Atividade: Aula 05

Dentre os instrumentos da seção das cordas que foram abordados, certamente o mais
marcante, para mim é o violoncelo (ou cello). Me parece ser o instrumento que melhor expressa as
qualidades desta família, com um registro relativamente amplo – no caso do violoncelo, se estende
do Dó 2 até, aproximadamente o Lá 5, tomando as notas que podem ser digitadas na escala (e pode
se estender até aproximadamente ao Lá 7, com a utilização de harmônicos) –, homogeneidade de
timbres em todo o registro, e uma multiplicidade de sonoridades possíveis que podem ser extraídas
do instrumento, no que diz respeito aos diferentes timbres que podem ser obtidos na conjunção de
efeitos com o arco em cada corda e posição da escala (bem como utilizando técnicas estendidas).
O violoncelo é um instrumento incrivelmente versátil, como nos mostra Yo-Yo Ma em sua
interpretação de “O Cisne”, de Saint-Saëns (<https://www.youtube.com/watch?v=zNbXuFBjncw>),
acompanhada da seção de cordas da orquestra. Pode-se escrever, dependendo da passagem ou
totalidade da obra, tanto na clave de fá, na clave de dó (na quarta linha), quanto na clave de sol (nas
passagens mais agudas). É afinado, como a viola e o violino, em quintas, partindo (do mais grave
para o mais agudo) de Dó, para Sol, em seguida, Ré e Lá. Como o exemplo demonstra, é um
excelente instrumento solista: pode ter um timbre grave, e marcante nas cordas mais graves, como
pode soar brilhante e destacar-se em seu registro médio, chegando a agudos mais doces, menos
brilhantes, reminiscentes de um timbre de viola (que o executante em questão demonstra com
excepcional virtuose).
Diferentemente da viola e do violino, a digitação que compreende as posições não é similar,
por ter um comprimento de corda maior. Se utiliza, em primeira posição, o segundo dedo apenas
para intervalos cromáticos, uma vez que o espaço entre os quatro dedos se estende até uma terça
maior. E, por estar apoiado no solo e nos joelhos do executante, dá maior liberdade para a mão
esquerda, de tal modo que se pode utilizar o polegar (como se vê em alguns casos, no violão
popular) como dedo adicional para a digitação, podendo-se executar cordas duplas (double-stops)
que alcançam até uma oitava de distância entre si. Apesar de não ser capaz de realizar intervalos
simultâneos entre o Dó 2 (que compreende a quarta corda) e o Fá sustenido 2, por razões óbvias,
pode-se tocar até mesmo em cordas triplas ou quádruplas, garantindo assim maior versatilidade.
Por ser um instrumento mais grave, os efeitos de arcadas, de harmônicos naturais e
artificiais, bem como todos os outros que exploram o potencial da ressonância de seus harmônicos,
tornam-se bem mais inteligíveis que no violino e na viola, uma vez que nestas, os harmônicos se
situam em uma região da audição menos sensível para o ouvido humano. Isto, aliado à capacidade
de manter um som contínuo, torna mais perceptível a versatilidade deste instrumento – que, nas
mãos de um executante como Yo-Yo Ma, certamente se ouve ao longo desta peça.

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