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Cravo e espineta
Por volta do século XV, o cravo aparece sob uma forma mais reduzida, chamada
espineta, cujo primeiro exemplar conhecido data de 1493. Por que este nome? Foi tirado
do espinho que arranhava a corda...
Em teoria, o princípio é simples, mas a execução é muito delicada. As cordas,
como no saltério, estão esticadas horizontalmente. Cada tecla levanta uma pequena
peça de madeira disposta na vertical, denominada saltarelo ou lamela, à qual está fixada
uma ponta (o espinho), feita do fragmento de uma pena de corvo, que belisca a corda
ao passar por ela. Toda a astúcia está no engenhoso mecanismo que permite à ponta
retornar à posição, sem que, na sua descida, volte a beliscar a corda... Tão delicada
quanto este mecanismo é a escolha do lugar exato onde a corda deve ser beliscada ou,
"pinçada", para melhor soar.
A espineta de pequenas dimensões é retangular e colocada sobre uma mesa. Se
for de tamanho maior, ela tem forma trapezoide e é provida de pés. Este instrumento
teve uma modesta carreira até o século XVIII, paralelamente ao cravo, assim como o
piano de armário ou vertical acompanhou a do grande piano de concerto.
O cravo surgiu no século XVI, com dimensões maiores que as da espineta: já tinha
a forma, embora não tão pesada, do nosso piano de cauda. Porém, diferentemente da
espineta, o cravo tem um segundo jogo de cordas, que toca em oitava; por analogia com
o órgão, este jogo de cordas denomina-se "quatro pés" para distinguir-se do outro jogo,
que é chamado de "oito pés". Os fabricantes Rückers, de Antuérpia, estão na origem
deste aperfeiçoamento que, como o órgão, iria permitir ao cravo "registrar".
Muito rapidamente, sempre como no órgão, um segundo teclado veio sobrepor-
se ao primeiro, ficando então completo o instrumento, no que diz respeito às suas
principais possibilidades expressivas. Uma série de sutilezas de fabricação (tipos de
material, modo do ataque à corda e certas delicadezas de feitura) fizeram com que,
durante o século XVII, o cravo viesse a alcançar sua perfeição. A família Rückers destaca-
se entre os fabricantes de cravos, tanto pelos instrumentos dotados de admirável
amplitude sonora, como pelo esplendor da fabricação e da parte decorativa, confiada a
grandes artistas da época.
O século XVIII trouxe poucas melhorias: o som do cravo tornou-se mais límpido
e mais fraco. Em todo o caso, este era o gosto da época. Como aconteceu com o órgão,
tudo já estava pronto no cravo por volta de 1700.
Não é verdade que o cravo tenha uma sonoridade afetada e seca. Ele possui
belos baixos profundos e uma admirável riqueza, ou plenitude, de sons... A falha do
cravo (que é também a do órgão) está em que não é possível agir diretamente sobre a
corda para fazer um crescendo ou um decrescendo. Mas a possibilidade de "registrar",
ou seja, de fazer oposições e contrastes de timbres, está mais de acordo com a estética
da época que promoveu sua criação.
A mudança desta estética e deste gosto, e o desejo de um fraseado provido de
nuanças, deslocaram as preferências, cada vez mais, para uma outra família: a das
cordas percutidas. Daí a pesquisa que acabou por conduzir ao "pianoforte" (o próprio
nome já indica a que ideal o novo instrumento vinha responder) e, em consequência, ao
abandono do cravo.
Após um século e meio de esquecimento, faz-se, em nossos dias, justiça ao cravo
e aos numerosos fabricantes que — depois de haverem construído, no início do século,
o primeiro cravo moderno — vêm trabalhando para tornar novamente o cravo um
instrumento vivo. Graças às numerosas obras que lhe têm sido consagradas por muitos
músicos contemporâneos, o cravo passa hoje por um renascimento inesperado, tendo-
se elaborado um estilo original de tocá-lo, que não deixa entrever qualquer sombra de
arcaísmo.
Virginal. Pequena espineta usada na Inglaterra, principalmente por moças; daí o
seu nome. Mas a palavra quase sempre designa, naquele país, qualquer instrumento de
teclado e cordas pinçadas ou beliscadas.
Do clavicórdio ao piano
ELEMENTOS DO PIANO
• Teclado: 7 oitavas e 1/4; teclas brancas para a escala diatónica (em marfim) e
teclas pretas para os semitons (em ébano).
• Mecânica: martelo revestido de feltro, mecânica delicada do "duplo escape",
abafador de feltro.
• Cordas: três cordas para cada nota, salvo nos graves; cordas de aço revestidas
de fio de cobre nos graves.
• Caixa harmônica: caixa que, por sua própria ressonância, aumenta a
sonoridade.
• Châssis: feito de madeira nos pianos antigos, cedeu lugar ao châssis de ferro,
ou de liga metálica, constituído por uma peça única (a tensão das cordas exerce sobre o
châssis uma tração da ordem de vinte toneladas!).
• Pedais: impropriamente chamados "doce" e "forte". O primeiro, o pedal da
surdina (esquerdo) desloca a mecânica para direita, de modo que os martelos façam
percutir apenas duas cordas, ao invés de três; o segundo (da direita) levanta os
abafadores para que as cordas continuem a vibrar depois de a mão ter soltado o teclado.
TIPOS DE PIANO
EM TORNO DO PIANO
A Família do Cravo
Os instrumentos de cordas com teclado que pertencem a família do cravo são: o
virginal, a espineta e obviamente, o próprio cravo.
Em todos esses instrumentos o som é produzido através do pinçamento das
cordas, diferente do clavicórdio e do piano que tem as suas cordas batidas ou
marteladas.
O Cravo
O Cravo possui um formato semelhante ao de uma asa,(tal como o piano de
cauda), com cordas de metal esticadas à frente do executante, formando um ângulo
reto com o teclado.
Os primeiros cravos tinham um só teclado ou manual e uma única corda para
cada nota. Já um cravo construído depois do século XVII, é bem provável que tenha dois
teclados (o segundo colocado em nível mais alto atrás do primeiro) e é possível que
apresente dois, três, ou até mesmo quatro jogos de cordas completos.
As cordas são presas as cravelhas que, por sua vez, se acham fixadas no cepo,
atrás dos teclados, é girando essas cravelhas que se afina o instrumento.
Cada corda se acha distendida através de dois cavaletes (um fixado no cepo e
outro sobreposto a tábua de harmonia) e segura por uma aselha que pode estar fixada
tanto na extremidade do móvel, pelo lado de dentro, como na tábua de harmonia. Os
cavaletes transmitem as vibrações das cordas para a tábua de harmonia, cuja
ressonância ao mesmo tempo amplia e enriquece a sonoridade.
O Virginal
O Virginal nada mais é do que uma modalidade simplificada do cravo, sua forma
mais comum é a oblonga, ou seja, possui o comprimento maior que a largura. Possui
apenas um teclado situado em algum ponto de um dos seus lados mais compridos, seja
mais à direita, mais à esquerda, ou mais ao centro.
As cordas de arame, uma para cada nota, correm da esquerda para a direita, mais
ou menos paralelas ao teclado, sem formar ângulos retos com este, diferente, portanto
do cravo.
As cordas devem permanecer esticadas através de dois cavaletes que lhes
transmitem as vibrações à tábua de harmonia. As cravelhas ficam a direita, e as cordas
do baixo as mais longas, estão colocadas defronte as mais curtas, situadas no fundo do
instrumento.
A Espineta
A Espineta é uma espécie de cravo “maior”, foi inventado no final do século XVII,
e é um instrumento que possui apenas um teclado, um único jogo de cordas e uma corda
para cada nota.
O Clavicórdio
A forma do clavicórdio é semelhante a de uma caixa oblonga, ou seja seu
comprimento é maior que a sua largura, e o seu teclado fica posicionado em um dos
lados mais compridos desta caixa.
As cordas de arame vão da esquerda para a direita, mais ou menos paralelas ao
teclado, elas partem das aselhas, seguem por cima das teclas, e depois de passarem pelo
cavalete e pela tábua de harmonia, chegam as aselhas do lado direito. Perto das aselhas
encontram-se tiras de panos, trançadas por entre as cordas
Enquanto as cordas do cravo, do virginal e da espineta são pinçadas, as do
clavicórdio são levemente marteladas ou batidas.
O Mecanismo do Clavicórdio
Dos instrumentos de teclado, o clavicórdio é o que tem a ação ou mecanismo de
produção de som mais simples. Na extremidade de cada tecla está fixada uma pequena
lâmina de bronze, na vertical, chamada de tangente.
Quando a tecla é abaixada, a sua extremidade oposta se levanta, tal como uma
gangorra, fazendo a tangente bater no par de cordas, posicionadas logo acima. A
tangente continua a exercer pressão sobre as cordas até que a tecla seja solta.
O Piano
O primeiro tipo de piano foi inventado em 1697 por Bartolomeu Cristofori, foi
uma solução para dar maior expressividade ao cravo, que para muitos instrumentistas
e compositores da época pecava pela sua falta de dinâmica.
Por volta de 1700, Cristofori já havia construído um instrumento do novo tipo.
Era então chamado de gravicembalo col piano e forte (cravo com piano e forte). Mas
enquanto o cravo tem suas cordas pinçadas, no instrumento de Cristofori elas são
atingidas por martelos cobertos por camurça. A força em que as cordas são marteladas
dependem da força empregada pelo executante, o que faz o instrumento ganhar muito
em expressão e dinâmica.
Não só podia o instrumentista fazer contrastes súbitos entre piano e forte (fraco
e forte) como também lhe era possível controlar as múltiplas nuances intermediárias de
volume.
Cristofori fabricou ao longo de sua vida mais de vinte pianos, e nos seus últimos
modelos já se encontram quase todos os elementos existentes do piano moderno, seja
no de cauda, com forma de asa e cordas horizontais, seja no vertical com as cordas
posicionadas na vertical.
Pelo o que se sabe o primeiro compositor a ter escrito peças especificamente
para piano, foi o italiano Ludovico Giustini (1685-1743).