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CONTROLE DE INFECÇÃO
HOSPITALAR
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imenso reservatório de genes de resistência. Assim, o cuidado com meio
ambiente é passo fundamental no processo de seleção de clones multirresistentes
que podem chegar ao ambiente hospitalar. Além disso, o uso indiscriminado de
antibióticos em terapias empíricas contribui para o aumento da resistência e deve,
consequentemente, ser evitado pela população (Destoumieux et al., 2018).
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Em resumo, as infecções relacionadas à assistência à saúde são infecções
oportunistas, causadas por germes que podem estar presentes no organismo do
paciente e que se associam a múltiplos fatores, tais como procedimentos
hospitalares invasivos e tratamentos médicos aos quais o paciente é submetido
(WHO, 2011).
Realizar ativamente a vigilância epidemiológica, ou seja, realizar atividades
relacionadas ao estudo da frequência, da distribuição, dos fatores de risco e dos
agentes das infecções relacionadas à assistência, e de outros eventos adversos,
além do desenvolvimento de padrões de qualidade em instituições de saúde das
IRAS, é um dos pilares do Controle de Infecção Hospitalar. Dessa maneira é
possível traçar o perfil endêmico da instituição, identificar a ocorrência de surtos
e direcionar ações de prevenção e de controle (Brasil, 2004).
As infecções hospitalares, além de comprometerem a saúde dos
indivíduos, apresentam um grande impacto sobre a morbidade e mortalidade
hospitalar devido ao aumento do tempo de internação, ao aumento de custos e
ao aumento da resistência aos antimicrobianos. Dessa maneira, as IRAS são
extremamente relevantes para a saúde pública, pois representam o evento
adverso mais frequente durante a prestação de cuidados e ameaçam a segurança
dos pacientes em todo o mundo. Nenhuma instituição ou país pode afirmar ter
resolvido o problema das infecções hospitalares ainda (Brasil, 2000; WHO, 2011).
Com base em dados de vários países, pode-se estimar que a cada ano
centenas de milhões de pacientes em todo o mundo são afetados pelas IRAS. O
ônus da IRAS é várias vezes maior nos países de baixa e média renda do que
nos países de alta renda, podendo chegar a 20 vezes superior aos países
desenvolvidos (Brasil, 2000). Fatores associados à escassez e qualificação de
recursos humanos, aliados à estrutura física inadequada em serviços de saúde e
ao desconhecimento de medidas de controle de IRAS, contribuem para esse
cenário (WHO, 2011).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, em média 7% dos pacientes
em países desenvolvidos e 10% dos pacientes em países em desenvolvimento
adquirem pelo menos uma IRAS; desses pacientes afetados, cerca de 10%
evoluem a óbito. Dados europeus mostraram que, a cada ano, mais de 4 milhões
de pacientes são afetados por aproximadamente 4,5 milhões de episódios de
IRAS, resultando em 16 milhões de dias adicionais de hospitalização, 37.000
mortes diretamente atribuíveis e uma contribuição a outras 110.000 mortes. Nos
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Estados Unidos da Américas estima-se que cerca de 1,7 milhão de pacientes por
ano são afetados por IRAS, o que representa uma prevalência de 4,5% dos
pacientes, acarretando em 99 mil mortes (WHO, 2016).
A assistência médica moderna emprega muitos tipos de dispositivos e
procedimentos invasivos para tratar pacientes e ajudá-los a se recuperar. As
infecções podem estar associadas aos dispositivos utilizados em procedimentos
médicos, como cateteres ou ventiladores (CDC).
As infecções associadas aos cuidados de saúde (IRAS) incluem infecções
de corrente sanguínea, infecções do trato urinário, pneumonia relacionadas a
assistência em saúde e infecção de sítio cirúrgico. Essas infecções são uma
ameaça importante à segurança do paciente.
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O trabalho integrado com as equipes interdisciplinares é fundamental para
o desenvolvimento de processos com foco na qualidade, e o seu sucesso aumenta
a eficiência e solução de problemas, melhora o moral e a produtividade, usa
soluções integrativas no lugar de imposições, aumenta a aceitação das soluções
e também alinha os esforços com a visão, missão e valores da organização e
identifica os clientes e as suas expectativas (Brasil, s.d. a).
É importante ressaltar que os custos crescentes em saúde e os recursos
limitados de materiais e profissionais especializados para o controle de IRAS são
adversidades relevantes. Poucos cursos de graduação capacitam profissionais
para atuarem no combate às infecções hospitalares. Um dos principais desafios
para os sistemas de saúde e para as instituições é promover a educação
permanente dos profissionais. Apesar de algumas iniciativas, há falta de
informação qualificada sobre IRAS para os cidadãos, incluindo o papel do próprio
paciente e de seus familiares que empenham esforços fundamentais no processo
de cuidado. Ao abordar a questão das IRAS, a mídia geralmente exagera e
assusta. Dessa forma, é fundamental estimular a representação da comunidade
nos comitês de assessoramento das instituições governamentais e de saúde
(Padoveze; Fortaleza, 2014).
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hospitalar. Cabe a eles, entre outras atribuições, medir o risco de aquisição de
infecção relacionada à assistência, avaliando em conjunto com os membros
consultores as medidas de prevenção e controle das IRAS (Brasil, 1998).
A Portaria 2616 é composta por cinco anexos que tratam da organização e
competência da CCIH, do conceito e critérios de diagnósticos das infecções
hospitalares, das orientações de vigilância epidemiológica das infecções
hospitalares e recomendações sobre higiene de mãos e germicidas. A CCIH é um
órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de planejamento e
normatização das ações de controle de infecção hospitalar que serão executadas
pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) (Brasil, 2004).
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Definir normas e rotinas técnicas operacionais.
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higienização das mãos nos serviços de saúde visando à segurança e à qualidade
da atenção prestada (Brasil, s.d. d).
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Incidência = numerador X 100
denominador
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utilizados no combate das infecções hospitalares. Devido a isso, e por serem a
classe medicamentosa mais utilizada inadequadamente, acabam provocando
aumento da incidência de resistência microbiana, especialmente nos hospitais
(Oliveira; Pires, s.d.).
Pela farmácia, pode-se garantir o acesso racional e monitorar a utilização
dos antimicrobianos e a utilização de saneantes e germicidas nos diversos setores
do hospital (Dantas, 2011).
Conservar a classe terapêutica de antimicrobianos é o único meio de
impedir que a sociedade fique sem opções de tratamento para infecções
causadas por microorganismos resistentes, já que a disseminação desses
patógenos é ampla e considerada um fenômeno mundial, bem como a
disponibilidade de novos fármacos antimicrobianos é limitada. O objetivo principal
do uso racional de medicamentos antimicrobianos é avaliar a gravidade da
resistência microbiana, identificando os principais mecanismos relacionados ao
seu surgimento, analisando a importância da prescrição adequada desses
medicamentos, estabelecendo as estratégias para a implantação de um programa
de uso racional em serviços de saúde. Nesse cenário, o farmacêutico deve
orientar a população na divulgação das boas práticas para o controle de infecção
e atuar como multiplicador para outros profissionais (Dantas, 2011).
Para a vigilância adequada do uso racional de antimicrobianos em âmbito
hospitalar, é necessário que a equipe multidisciplinar de saúde e a assistência
farmacêutica hospitalar atue de forma a tornar efetiva todas as propostas da CCIH.
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REFERÊNCIAS
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Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+1+-
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_____. Segurança do paciente: higienização das mãos. [s.d. c]. Disponível em:
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Acesso em: 21 nov. 2019.
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_____. Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde (2016- 2020). [s.d d]. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3074175/PNPCIRAS+2016-
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DESTOUMIEUX, G. D. et al. The one health concept: 10 years old and a long road
ahead. Front Vet Sci. 2018. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5816263/>. Acesso em: 21
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KARESH, W. B. et al. Ecology of zoonoses: natural and unnatural histories.
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<https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2812%2961678-
X>. Acesso em: 21 nov. 2019.
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