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Unidade 1 – A geografia cultural europeia de

Quatrocentos e Quinhentos
1. Principais centros culturais de produção e difusão de
sínteses e inovações
1.1. As condições da expansão cultural
A Época Moderna inicia-se por volta de 1450 e coincide com um
notável dinamismo civilizacional do Ocidente. Várias técnicas e
conhecimentos foram revolucionadas como a náutica, a cartografia, a
pólvora, as armas de fogo, e a imprensa. Isto permitiu a expansão cultural,
o intercambio de ideias e a difusão de notícias.

1.2. O Renascimento – eclosão e difusão


– Itália: O berço do Renascimento, Florença foi uma grande
impulsionadora do Renascimento. Roma e a República de Veneza também
se afirmaram neste panorama renascentista.
– Resto da Europa: Existiram vários países onde o Renascimento foi
celebrado e impulsionado como os Países Baixos (Van der Weiden, Vac
Eyck) que cedo rivalizou com a Itália, França (Francisco I), Império
Germânico (Durer, Holbein), Inglaterra (John Colet, Thomas More),
Polónia, Hungria e a Península Ibérica.

2. O cosmopolitismo das cidades hispânicas –


importância de Lisboa e Sevilha
2.1. Lisboa
Por causa das novas terras descobertas, Lisboa tornou-se na
metrópole comercial do Mundo. O Porto de Lisboa espantava pelos navios
que trazia soldados, escravos, mercadores, etc… Na Rua Nova dos
Mercadores estava instalada a Casa da Índia e da Guiné onde estavam
especiarias, sedas, porcelanas, etc…
Lisboa também era uma metrópole política. D. Manuel, Rei
Vitorioso e Mercador, deixou-nos a reconstrução urbanística de Lisboa
depois do terramoto. Deixou-nos o Paço da Ribeira, o Mosteiro dos
Jerónimos, a Torre de Belém, etc…
2.2. Sevilha
Cristóvão Colombo descobriu um novo continente, a América. Foi lá
que Espanha concentrou os seus projetos coloniais, formando assim um
imenso império territorial. Sevilha era a capital deste império de onde
partia a Carreira da Índia duas vezes por ano para ir buscar as riquezas da
América.
Sevilha era uma cidade de contraste onde havia luxo (edifícios
góticos e renascentistas, trajes dos nobres, escritores, pintores, músicos,
festas e visitas reais) e miséria (fragilidade das pontes, fome, cheias,
terramotos e mendigos, delinquentes e prostitutas que enchiam o porto).

Unidade 2: O alargamento do conhecimento do


mundo
1. O contributo português
1.1. A inovação técnica
- A náutica: Os portugueses beneficiaram de uma herança de inovações
nas técnicas de navegação pois alguns dos seus conhecimentos eram
divulgados por Árabes e Judeus. Algumas das inovações foram a
navegação à bolina (para vencer os ventos contrários), as caravelas, as
naus e o galeão (estes últimos eram modelos de barcos preparados para
grandes mercadorias). Alguns instrumentos que ajudavam na navegação
astronómica eram o astrolábio, o quadrante, a bastilha, as tábuas solares
e os regimentos dos astros.
- A cartografia: Até à época moderna, os planisférios eram primitivos e
tinham várias incorreções. Com a expansão marítima, a cartografia
registou um notável aperfeiçoamento. A primeira representação do Cabo
da Boa Esperança foi feita por Henricus Martellus. Um dos mais famosos
mapas é o Planisfério de Cantino. No séc. XVI, a época dourada da
Cartografia, Sebastião Lopes, Diogo Homem, Bartolomeu Velho e muitos
outros portugueses destacaram-se pois os cartógrafos portugueses eram
mais aptos para traduzir com rigor o mundo conhecido. Por toda a Europa,
a cartografia evoluía associando a ciência à arte.
1.2. Observação e descrição da Natureza
D. João de Castro descreveu com objetividade as informações de
realidade observada e além das observações geográficas também
evidenciou descrições de fauna e flora. Foram dados conhecimentos sobre
animais, frutas, alimentos e plantas.
O experiencialismo é a forma de sabedoria que se identifica com a
vivência das coisas os novos conhecimentos daqui derivados resumem-se
a observações e descrições empíricas da Natureza. Este saber português
contribuiu para o exercício do espírito critico que se encontra nas raízes
do pensamento moderno.

2. O conhecimento científico da Natureza


2.1. A matematização do real
O verdadeiro conhecimento científico surgiu no séc. XVII quando a
descrição e as observações da Natureza suscita dúvidas que foram
resolvidas com a ajuda da matemática e levou a que houvesse um
progresso matemático, na álgebra e na geometria. No Renascimento, o
homem mostrou uma mentalidade quantitativa ao recorrer à utilização de
números com muita frequência.

2.2. A revolução das concessões cosmológicas


A combinação do cálculo matemático com o saber e a observação
experimental formou a revolução das concessões cosmológicas. Tudo
começou quando Copérnico contrariou a teoria geocêntrica de Ptolomeu.
Isto resultou nas seguintes consequências:
 Fim do geocentrismo Ptolemaico;
 Substituição do universo fechado aristotélico pelo mundo infinito;
 Descrença na superioridade do conhecimento dos Antigos;
 Esmorecimento de convicções religiosas.
Esta realidade científica demorou para ser aceite. Outros sábios
prosseguiram o seu caminho abalando o Universo geocêntrico e a
doutrina da Igreja.

Unidade 3: A produção cultural


1. Distinção social e mecenato
1.1. A ostentação das elites cortesãs e burguesas
As elites sociais/cortesãs estavam rodeadas de luxo, conforto,
beleza e sabedoria. As cortes constituíam um círculo privilegiado da
cultura e da sociabilidade renascentista. A figura de cortesão tornou-se a
imagem perfeita e ideal do homem do Renascimento. A vida quotidiana
das elites cortesãs estava cheia de regras conhecidas por civilidade.

1.2. O estatuto de prestígio dos intelectuais e artistas


Os mecenas solicitavam aos intelectuais vários trabalhos, por
exemplo, pinturas, estátuas, etc… Estes disputavam a presença de
pintores e letrados e, ao mesmo tempo, expressavam o prestígio e a
consideração que o Renascimento sentia pelos seus intelectuais e artistas.
Estes mereciam dignidade, posições cimeiras e elogios sem fim.

1.3. Portugal: o ambiente cultural da corte régia


A corte régia portuguesa sobressaia no panorama da sociabilidade e
da cultura Renascentista. D. João II, D. Manuel e D. João III ajudaram
estudantes com o custo das bolsas, acolheram humanistas, patrocinaram
grandes obras arquitetónicas e contrataram artistas estrangeiros para
corte.

2. Os caminhos abertos pelos humanistas


Os humanistas são letrados profissionais quer defendem a exigência
do ser humano e transmitem a ideia do Antropocentrismo (o Homem está
no centro do Universo).

2.1. Valorização da Antiguidade Clássica:


Os humanistas eram apaixonados pela Antiguidade e veneraram
autores como Homero e Virgílio pois consideravam que nas suas obras
estavam contidas sabedoria e beleza. Estes procuraram manuscritos
antigos, estudaram grego e hebraico para poderem ler o Novo e o Antigo
Testamento e aperfeiçoaram a língua latina.
As escolas prestigiadas deviam incluir o Latim, o Grego, o Hebraico,
a Literatura, a História e a Filosofia, no seu currículo, pois estas áreas eram
consideradas fundamentais para a formação moral de um ser humano
digno.

2.2. Afirmação das línguas nacionais e consciência da


Modernidade
Os humanistas imitaram autores greco-latinos. Pela Europa,
verificou-se um movimento de afirmação das línguas nacionais, por
exemplo, Luís de Camões e a sua obra Os Lusíadas.
A consciência da Modernidade levou os humanistas a entenderem o
estudo dos clássicos como um instrumento formativo que desenvolve as
capacidades intelectuais e morais.

2.3. Individualismo, racionalidade, espírito crítico e utopia


Os humanistas consideravam que o individuo se distinguia e se
afirmava no mundo pelo uso da racionalidade que deveria ser logo
exercitada pelos professores. Fazendo uso da Razão e do espírito crítico,
os humanistas imaginaram sociedades ideais – utopias.

3. A reinvenção das formas artísticas – imitação e


superação dos modelos da Antiguidade:
O Renascimento ficou marcado esteticamente pelo classicismo que
considerava os valores clássicos latinos e gregos como modelos a imitar.
Os humanistas demonstraram uma notável capacidade técnica e
ultrapassaram os clássicos com o seu naturalismo na representação.

3.1. A pintura
A pintura refletia a redescoberta do Homem e do individuo mas o
que mais vincava a pintura do Renascimento é a sua originalidade e
criatividade. Foi inventada a pintura a óleo que tinha durabilidade e
efeitos de luz e sombra jamais conseguidos.
A descoberta da terceira dimensão deve-se aos estudos da
perspetiva dos arquitetos em pintar. De acordo com tais estudos, o campo
de visão do observador (pirâmide visual) unificaram-se no horizonte. Os
humanistas serviram-se do espaço tridimensional marcado pela
profundidade.
Os pintores adotaram formas geométricas, com preferências pela
pirâmide. Estes também procuraram a proporção entre as dimensões. As
representações naturalistas enquadravam-se no movimento de
descoberta da Natureza e da valorização do Real. Dentro disto temos a
expressividade dos rostos, espontaneidade dos gestos, verossimilhança
das vestes e dos cenários e o rigor anatómico.

3.2. A escultura
No Renascimento a escultura recupera a grandeza na Antiguidade
Clássica. A escultura ganhou autonomia e naturalidade onde o corpo nu
readquiriu a dignidade perdida. As grandes características das estátuas do
Renascimento são o humanismo, o naturalismo, o rigor anatómico, a
expressão fisionómica, a espontaneidade, a ondulação das ondas, o
equilíbrio, a racionalidade, o aperfeiçoamento da técnica e a perspetiva.
Alguns grandes escultores foram Donatello e Miguel Ângelo.

3.3. A arquitetura
Simplificação e nacionalização da estrutura dos edifícios:
 Foi procurada a simetria absoluta;
 Verificou-se uma matematização rigorosa do espaço arquitetónico –
relações proporcionais;
 Aplicou-se a perspetiva linear onde os espaços se assemelham a
uma pirâmide visual. O espaço surge concebido em função em
função do observador que ocupa um lugar central na perceção da
obra;
 Retomaram-se as linhas e os ângulos retos;
 Preferiram-se as abóbadas de berço e de arestas em vez das de
cruzaria ogival;
 A cúpula tornou-se um elemento dominante em quase todas as
Igrejas Renascentistas;
 Utilizou-se o arco de volta perfeito.
A gramática decorativa greco-romana:
 Empregaram-se as colunas e os entablamentos das ordens clássicas;
 Retomaram-se os frontões triangulares;
 Utilizaram-se grotescos.

Arquitetura civil:
No Renascimento foram construídas Igrejas, palácios e villae. Os
palácios tinham no seu interior um grande pátio central. Os villae eram
habitações para os nobres localizadas no campo e faziam-se rodear de
grandes jardins decorados fontes e estátuas.
A racionalidade no urbanismo:
Foi criado um urbanismo regular e racionalizado inspirado nas
utopias onde o bem, a virtude, a beleza e a justiça guiavam as relações
sociais, económicas, políticas e religiosas. Foram desenhados planos
urbanísticos retilíneos submetidos a regras de higiene, funcionalidade e
beleza, ruas amplas, praças publicas, etc…. Poucos destes projetos foram
realmente realizados.

3.4. A arte em Portugal: o gótico-Manuelino e a afirmação das


novas tendências Renascentistas
O gótico-Manuelino:
Este estilo artístico está ligado à época dos Descobrimentos onde
podemos encontrar elementos naturais (troncos, conchas, algas, etc…),
simbologia cristã (instrumentos da Paixão de Cristo) e símbolos nacionais
(escudo real, esfera armilar, cruz da ordem de Cristo).
Do ponto de vista estrutural, o estilo gótico foi mantido com
pequenas alterações nos arcos quebrados e nas abobadas. A decoração
tem formas naturalistas exuberantes.
Também houve progressos na arquitetura civil. Foram construídos
paços régios, solares nobres, fortalezas defensivas e ofensivas. Grandes
arquitetos da arte manuelina foram Mateus Fernandes e Diogo Boutaca.
A arquitetura renascentista:
A estética clássica manifestou-se no reinado de D. João III. Alguns
artistas que se destacaram na aplicação do classicismo foram João de
Castilho e Diogo de Torralva. Algumas das manifestações foram:
 Simplificação das abobadas de cruzaria;
 Multiplicação de frontões e colunas;
 Aparecimento da planta central;
A escultura:
A escultura portuguesa do Renascimento era fortemente ligada ao
enquadramento arquitetónico. No século XV houve um surto escultórico
na decoração, nos túmulos, etc… Alguns escultores que se destacaram
foram Diogo Pires, João Castilho e João de Ruão.
A pintura:
Verificou-se uma renovação na pintura portuguesa nos séculos XV e XVI.
Neste panorama destacaram-se escolas e oficinas como em Coimbra,
Lisboa,

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