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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LARISSA BEQUIMAN RIBEIRO – 15/0164190


RICARDO ACCORSI CASONATTO – 20/0060121

ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO

Relatório Final

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL


Novembro/2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................2
2 OBJETIVOS...........................................................................................................................4
3 METODOLOGIA..................................................................................................................4
3.1 ERGONOMIAS CONTEMPORÂNEAS.........................................................................4
3.1.1 INTERVENÇÃO ERGONÔMICA................................................................................5
3.1.1.1 MACROERGONOMIA...............................................................................................6
3.1.1.1.1 ANTROPOTECNOLOGIA......................................................................................7
3.2 DOMÍNIOS DE ATUAÇÃO DA ERGONOMIA............................................................8
3.3 IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET) COMO
FERRAMENTA PARA SEGURANÇA DO
TRABALHO............................................................................................................................10
4 CONCLUSÃO......................................................................................................................13
REFERÊNCIAS......................................................................................................................15
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1 INTRODUÇÃO

A habilidade humana, referente ao desenvolvimento e manuseio de instrumentos,


apresenta uma cronologia consideravelmente antiga, podendo ser observada, até mesmo, no
contexto pré-histórico, ainda que de forma rudimentar. Atrelada a essa aptidão, percebe-se,
também, a possibilidade de aperfeiçoamento de tais utensílios, proporcionando um
desempenho mais assertivo dos mesmos. De certa forma, é pertinente observar uma constante
busca humana pelo estabelecimento de relações mais harmoniosas com os instrumentos e
ambientes nos quais o ser humano se encontra, provocando transformações em ambos de
acordo com as suas necessidades.
Partindo desse princípio, apesar de o reconhecimento da ergonomia como disciplina
acadêmica ser recente, percebe-se que tal campo de estudo é intrínseco ao desenvolvimento
humano, estando presente na maior parte da trajetória da sociedade. A ergonomia é, portanto,
uma consequência direta da singularidade do homem como espécie e da capacidade de
transformação do ambiente ao seu redor. Tal disciplina, consolidada em 1949, com a criação
da Ergonomics Research Society, na Inglaterra (Abrahão, 2009), pode então ser definida
como uma área científica referente ao entendimento das relações entre os seres humanos e
outros elementos ou sistemas, e à execução de teorias, preceitos, dados e métodos a projetos
com a finalidade de melhorar o bem estar humano e o desempenho global do sistema
(INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION, [20--]).
Apesar disso, é importante explicitar o fato de que esta é uma ciência que passa por
diversas e constantes modificações. Dessa forma, o pensamento que atribui à ergonomia o
perfil de uma disciplina estática torna-se equivocado, sabendo que, à medida que mudanças
tecnológicas e socioeconômicas, atribuídas ao mundo do trabalho, ocorrem, novos sentidos e
valores passam a ser incluídos à ergonomia. Pode-se dizer, portanto, que esse campo de
estudo está em contínuo estado de construção, algo que é reforçado pelo caráter
interdisciplinar desta área do saber.
Diante desse contexto, o presente trabalho busca, em sua essência, um melhor
entendimento acerca dos campos de estudo da ergonomia, bem como de suas aplicações na
vida humana. Para isso, discorre-se acerca das diferentes abordagens ergonômicas no âmbito
organizacional, discutindo-se, em particular, acerca das ergonomias contemporâneas, e as
esferas de especialização da Ergonomia e da relevância do instrumento de análise ergonômica
do trabalho (AET) como importante aliado para a segurança do trabalho.
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Ao final das explicações, embasadas em cuidadosa pesquisa científica, espera-se que


seja possível, também, a compreensão sobre o cunho prático atrelado aos estudos da
ergonomia, assim como a percepção acerca da abrangência dessa área como esfera do
conhecimento, para que, por fim, possa haver uma reflexão sobre a magnitude que essa
disciplina representa na vida das pessoas como um todo.
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2 OBJETIVOS

O objetivo geral desse trabalho é compreender a ergonomia como uma tecnologia de


interfaces, de maneira a traçar as ergonomias contemporâneas bem como, caracterizar os
campos de atuação da ergonomia e entender a análise ergonômica do trabalho (AET) como
instrumento para segurança do trabalho.
Especificamente, o relatório abrange os decorrentes objetivos:
a) Entender a ergonomia como uma tecnologia de interações;
b) Identificar as ergonomias contemporâneas;
c) Descrever os domínios de atuação da ergonomia;
d) Compreender a relevância da análise ergonômica do trabalho (AET) como
ferramenta para segurança do trabalho.

3 METODOLOGIA

O início do estudo foi realizado com a formação teórica sobre o tema, começando por
uma pesquisa bibliográfica e exame posterior sobre o tema da pesquisa. Foram apresentados
alguns conceitos teóricos importantes sobre Ergonomia e Segurança do Trabalho. Verificou-
se a adequação desses conteúdos adquiridos ao tema e por último, foi aplicado esse conteúdo
na investigação.

3.1 ERGONOMIAS CONTEMPORÂNEAS

As Ergonomias Contemporâneas, consolidadas durante a década de 1970, rompem


com o caráter essencialmente teórico visível nas abordagens da ergonomia clássica. Dessa
forma, busca-se desenvolver um perfil mais prático de atuação através de aplicações concretas
no meio industrial. Nesse contexto, surgem novas concepções acerca desse campo de estudo
que, influenciadas pelos novos paradigmas econômicos das últimas décadas, inspiram à
criação de um formato mais recente da ação ergonômica.
Entre as ergonomias contemporâneas, cabe destacar a intervenção ergonômica,
a macroergonomia e a antropotecnologia, as quais serão discorridas mais detalhadamente a
seguir.
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3.1.1 INTERVENÇÃO ERGONÔMICA

O conceito de intervenção ergonômica surge, em um primeiro momento, através da


escola francesa de Ergonomia (Wisner, 1974, Duraffourg et al. 1977; Guérin et al. 1991),
sendo considerada, atualmente, um dos principais campos de atuação aos quais os
profissionais ligados a essa área estão sujeitos. Trata-se de uma tecnologia de cunho prático
que visa uma maior adequação do ambiente de trabalho aos seus operadores. Para isso, são
feitas análises sistemáticas acerca dos modelos de trabalho com o intuito de modificá-los para
melhor.
Não obstante, cabe ressaltar que a intervenção ergonômica, como parte das
ergonomias contemporâneas, difere-se de estudos meramente descritivos ou acadêmicos que
busquem apenas a formulação de laudos e diagnósticos, ou seja, que não apresentem um
devido empenho na efetivação de mudanças. Com base nisso, segundo um consultor norte-
americano Burke (1998), o trabalho de preparar um diagnóstico é irrelevante se este não criar
mudanças positivas.
Tendo isso em mente, a intervenção ergonômica parte de uma construção que viabilize
as mudanças demandadas, de forma a instituir os resultados de seus estudos dentro do
contexto particular de cada organização. Para essa construção, divide-se o processo de
intervenção em algumas etapas.
Segundo Vidal (1999), a intervenção ergonômica inicia-se a partir da Instrução da
Demanda, caracterizada pelo processo contratual da intervenção. Dito isso, essa etapa se foca
no problema e nos seus ajustes. Identifica-se também o processo de tomada de decisão e o
levantamento de recursos dentro da empresa, visando à formação de uma consultoria interna.
Dando continuidade à primeira etapa, tem-se a Análise da Atividade e dos Riscos
Ergonômicos, marcada pelo levantamento de dados e informações necessárias para o
planejamento e a moldagem das mudanças pretendidas no meio trabalhista. Tem-se por risco
ergonômico, qualquer condição que dificulte ou atrapalhe, de alguma forma, o desdobramento
de três eixos principais: a segurança dos homens e dos equipamentos, a eficiência do
processo produtivo e o bem estar dos trabalhadores nas situações de trabalho.
Posteriormente, tem-se a etapa conhecida como Concepção de Soluções
Ergonômicas, a qual varia de acordo com o tipo de problema, de abordagem e de demanda da
organização. Essa fase, como o próprio nome já diz, fica responsável tanto pela divulgação
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dos resultados das pesquisas realizadas, quanto pela apresentação de soluções aos riscos
ergonômicos encontrados.
Por fim, a intervenção ergonômica concretiza-se com a Implementação Ergonômica,
fase final do processo na qual as pesquisas geradas implicam em mudanças práticas dentro
dos processos produtivos da empresa, de forma a gerar benefícios tanto para os colaboradores,
quanto para a organização, se bem executadas.

3.1.1.1 MACROERGONOMIA

A Macroergonomia surge em um contexto de busca por um entendimento ergonômico


mais amplo frente a importantes mudanças que afetam constantemente as situações de
trabalho, essencialmente no que diz respeito aos avanços tecnológicos. Dessa forma, os
estudiosos precursores desse campo (Brown Jr., 1980, Hendrick, 1998 e Imada, 1991),
denunciam, inicialmente, o aspecto “micro” das primeiras vertentes evolutivas da Ergonomia,
conhecidas como ergonomia física e ergonomia cognitiva. Destaca-se o fato de que tais
abordagens apresentam-se, de certa forma, incompletas, gerando um forte impedimento para
um maior conhecimento acerca do papel dos postos de trabalho dentro das organizações.
Nesse contexto, pode-se dizer que a macroergonomia é um componente mais recente
da Ergonomia, voltado, principalmente, para a aplicação de conhecimentos de caráter
sociotécnico na instauração de um equilíbrio entre as pessoas, as organizações e as
implementações tecnológicas. Visto isso, e por buscar desenvolver uma visão integral dos
fenômenos, aspectos de cunho organizacional, social, político e psicológico são levados em
consideração para a adoção de novas ideias e tecnologias. Objetiva-se, portanto, uma maior
adaptação e flexibilização dos operários e do sistema produtivo quanto à introdução de
mudanças, acarretando em benefícios para o funcionamento homem-sistema.
Conforme destaca Imada (1991), a internacionalização cada vez maior da economia,
oriunda da globalização, altera profundamente a natureza dos negócios. As empresas
deparam-se, cada vez mais, com situações de crescimento no plano mundial, alterações no
perfil da mão-de-obra e de constante incorporação de novas tecnologias. Sob esse viés, surge
a necessidade da criação de processos de decisão mais concisos, que apresentem poucos
níveis de decisão, de forma que se possa direcionar mais eficientemente a empresa em meio à
volatilidade e constantes alterações do mercado. Cabe ressaltar que tais estruturas de decisão
são essencialmente mais participativas e orientadas para um funcionamento em rede.
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Diante disso, de acordo com Brown Jr (1995) esse novo ambiente, propiciado por
constantes alterações, torna o ambiente trabalhista favorável para a aplicação de conceitos da
Ergonomia, entretanto, não de forma pontual ou localizada, como o que vinha sendo feito
pelas vertentes anteriores, mas sim, a partir de uma perspectiva mais abrangente, na qual
projetos ergonômicos fossem incorporados às crenças e valores próprios de cada organização.
Trata-se dos pilares da macroergonomia.
Sendo assim, o campo macroergonômico considera o levantamento das necessidades
tecnológicas da empresa, o design de uma estrutura organizacional, de forma que propicie
uma eficaz adaptação do colaborador, além de uma intervenção apropriada e a sua devida
implementação, como etapas fundamentais do processo. Dessa forma, ao final dessas etapas,
torna-se possível a verificação da efetividade organizacional, resultando em feedbacks tanto
para os ergonomistas envolvidos, quanto para as organizações que os solicitaram.

3. 1.1.1.1 ANTROPOTECNOLOGIA

O termo Antropotecnologia, remonta à combinação de fatores ergonômicos


e macroergonômicos relacionados à transferência de tecnologias de um país industrialmente
desenvolvido para outro em processo de desenvolvimento, ou então, de transferências de
tecnologia entre regiões de um mesmo país. Nesse contexto, as diferenças entre os aspectos
culturais e étnicos, apresentados pelos distintos territórios, já são esperados segundo o autor,
devendo ser tratados de uma forma que possibilite uma melhor compreensão sobre a realidade
e os costumes aos quais os povos ou comunidades em questão, estão sujeitos.
O desenvolvimento da noção acerca da Antropotecnologia remonta a uma intervenção
ergonômica realizada dentro de uma empresa petrolífera, a qual estava sujeita a diferentes leis
e costumes, uma vez que apresentava postos de operação em mais de um país. Dito isso, a
empresa apresentava dificuldades de adaptação a essa realidade, devido às diferentes
demandas e nível de qualificação dos profissionais. Tais dificuldades ficaram ainda mais
sobressalentes com relação ao uso de alguns equipamentos importados. Uma vez que esses
equipamentos exigiam um grau de esforço elevado, tornava-se inviável a implementação dos
mesmos de forma generalizada.
Dessa forma, e observando a ausência de vagas preenchidas dentro da empresa,
percebeu-se que grande parte dos candidatos nem sequer eram aprovados no exame
admissional da organização. A partir disso, a ação ergonômica realizada buscou implementar
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uma maior flexibilização do processo contratual, visto que a mão de obra da maioria dos
países em que atuava não estava qualificada ou suficientemente adaptada para a utilização dos
equipamentos oriundos de outros países.
Dando continuidade aos estudos da antropotecnologia, Wisner (1985) publica
pesquisas relacionadas às falhas, parciais ou completas, referentes ao processo de
transferência de tecnologias. Tais fracassos eram assim descritos levando-se em consideração
o reduzido uso dos equipamentos, a produção de produtos de baixa qualidade, além de
diversos problemas técnicos com o maquinário e a promoção de acidentes.
Entre as principais origens desses problemas, destacam-se as diferentes posições
geográficas, com diferentes climas entre si, a qualidade abaixo da média dos serviços de
transporte, a dificuldade de obtenção de peças de reposição, a política de manutenção
inadequada e a formação insuficiente dos profissionais, bem como o conjunto de regras e
práticas características do mercado local e as diferentes formas de diálogo e interpretação
dentro e fora das corporações.
Baseado ainda nos estudos de Wisner (1985), a implementação de processos advindos
das transferências tecnológicas é, na maioria das vezes, incompleta ou ineficiente, uma vez
que, apesar de a importação ser feita, as características do local de destino sempre serão
diferentes, em algum aspecto, das características do local de partida, seja esse aspecto
relacionado à geografia, ao clima, à economia ou a fatores antropológicos. Dessa forma, um
domínio adequado sobre a tecnologia importada só pode ser alcançado através de
uma reconcepção a nível global da mesma, de forma que se leve em consideração as
particularidades do local que visa a sua implementação.

3.2 DOMÍNIOS DE ATUAÇÃO DA ERGONOMIA

Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia ([21--]), a origem da palavra


ergonomia provém do grego ergon (trabalho) e nomos (normas, preceitos, ordens), sendo
categorizada em ergonomia física, cognitiva e organizacional.
A ergonomia física aborda das peculiaridades anatômicas, antropométricas,
fisiológicas e biomecânicas do homem em sua associação com a atividade física. Os temas
mais importantes compreendem a manipulação de objetos, as posturas de trabalho, as
dificuldades osteomusculares, os movimentos frequentes, o arranjo físico do posto de labor, a
saúde e a segurança (LIDA; GUIMARÃES, 2016).
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A execução de qualquer trabalho requer, por parte do trabalhador, cooperação de


corpo inteiro, o que pode sobrecarregá-lo no decorrer da jornada de labor. Dessa maneira, a
ergonomia física, conforme Lida e Guimarães (2016), tem o propósito de adaptar as
exigências do labor aos limites e habilidades do corpo do trabalhador. Isso é realizado por
intermédio de projetos de interfaces adequadas para o relacionamento físico homem-máquina,
considerando-se tanto as interfaces de conhecimento quanto as interfaces de acionamentos.
Nesse sentido, são fundamentais diversos conhecimentos sobre o corpo e o ambiente
físico onde o exercício evolui para que sejam desenvolvidos projetos de interfaces que de fato
atendam às necessidades do trabalhador e, nessa direção, um dos enfoques mais relevantes da
ergonomia é que o posto de trabalho, seus apetrechos e elementos estejam conforme as
proporções do ocupante do posto de trabalho, dado que a inadequação antropométrica gera
desequilíbrio postural e pode ocasionar lesões ou lombalgias e outros problemas fisiátricos.
(PAULA; HAIDUKE; MARQUES, 2016)
A ergonomia física colabora decisivamente para a resolução de muitos problemas que
se manifestam nos distintos sistemas de trabalho, especialmente quando o exercício laboral
requer o uso de diversos equipamentos e materiais.
No que tange a ergonomia cognitiva, de acordo com Lida e Guimarães (2016), trata
dos processos mentais, como memória, percepção, raciocínio e resposta motora, associados
com as interações entre os indivíduos e outros componentes de um sistema. Os temas mais
importantes abarcam a carga mental, tomada de decisões, estresse, treinamento e interação
homem-computador.
A averiguação desses processos acontece quando os mesmos afetam a interação entre
os trabalhadores e outros componentes de um sistema, como a vinculação entre o trabalhador
e os equipamentos e os instrumentos necessários para à execução do labor.
No que diz respeito ao processo cognitivo. Em termos cognitivos o indivíduo modifica
as informações da natureza física em informações da natureza simbólica e a começar desta em
feitos sobre as interfaces. Sua concepção nos é trazida pelo âmbito das ciências cognitivas,
que tenciona ao estudo do conhecimento virtual, ou seja, focaliza o conjunto das
circunstâncias funcionais e estruturais mínimas que permitem perceber, se representar,
resgatar e utilizar a informação.
Embora se possa falar de ergonomia cognitiva, não há uma associação de similitude
entre ergonomia e cognição. Enquanto as ciências cognitivas dirigem suas finalidades para o
estudo dos processos que convergem para a geração de conhecimento em sistemas naturais ou
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artificiais, segundo Lida e Guimarães (2016), a ergonomia enfoca a inteligência natural e a


mobilização operativa das competências mentais do indivíduo em situação de labor.
Pode-se dizer que, na esfera da ergonomia cognitiva, os distintos programas criados
procuram adaptar-se às carências humanas, para facilitar a atuação do indivíduo, posto que os
indivíduos procedam conforme esses pensamentos, raciocinando e tomando decisões em
relação ao que reputam mais apropriado às situações e ao momento em que vivem.
Com relação à ergonomia organizacional, conforme Lida e Guimarães (2016), aborda
do melhoramento dos sistemas sociotécnicos, englobando as estruturas organizacionais,
processos e políticas. Os temas mais importantes incluem projeto de trabalho, comunicações,
planejamento do trabalho em equipe, projeto participativo, trabalho colaborativo, cultura
organizacional, organizações em rede, gestão da qualidade e teletrabalho.
Existem alguns enfoques a serem considerados com relação à organização do labor,
segundo Lida e Guimarães (2016), que podem ser sintetizados em separação de atividades, no
tocante ao espaço e ao tempo, bem como se percebe a articulação entre os sistemas de
informação em sua associação com os exercícios a serem desenvolvidos pelos indivíduos.
Além disto, é preciso que seja observada a organização profissional desses indivíduos,
assim como seus retornos às exigências organizacionais e seus modelos de desempenho.
Outro enfoque a ser considerado é concernente ao gerenciamento dos recursos humanos, tanto
no que se refere às perspectivas de recrutamento e seleção de novos profissionais, como à
capacitação e formação dos indivíduos para assumirem e desempenharem suas incumbências.
O gerenciamento dos recursos humanos, também necessita ser reputado com relação
às questões de desempenho dos profissionais na organização, já que esse desempenho é um
dos determinantes do êxito da instituição, uma vez que o profissional se sente bem, que tem
sua autoestima fortificada e que se sente valorizado pela instituição, tende a laborar mais e
melhor (PAULA; HAIDUKE; MARQUES, 2016).

3.3 IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET)


COMO FERRAMENTA PARA SEGURANÇA DO TRABALHO

A segurança do trabalho é o grupo de normas empregadas por instituições que


procuram reduzir o número de incidentes, protegendo a integridade dos seus cooperadores.
Vale atentar que essas técnicas também prezam pelo bem-estar dos indivíduos, auxiliando a
manter e aumentar a performance no labor e a qualidade de vida (CONECT, 2018).
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Com base nisso, percebe-se que a segurança do trabalho não é uma incumbência
exclusiva da indústria que opera com cargos de alta periculosidade. Toda instituição
precisa implementar medidas de segurança do trabalho, segundo seu domínio de atuação e
ameaças oferecidas.
Partindo dessa explanação, a análise ergonômica do trabalho é um dos relevantes
instrumentos usados em segurança do trabalho para garantir o bem-estar dos trabalhadores.
Segundo On Safety (2020) a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) consiste em um
grupo de normas que têm como propósito reconhecer falhas na relação do homem com sua
ferramenta de trabalho e repará-los, para que essa relação seja o menos nociva possível para o
bem-estar do empregado.
Dirigida pela Norma Regulamentadora – NR 17, a ergonomia no trabalho é um
conjunto de disciplinas que investigam a organização do ambiente de labor e as relações entre
o homem e as máquinas ou instrumentos, com a intenção de trazer conforto ao empregado.
Além disso, a norma estabelece parâmetros para adaptar o ambiente de labor às circunstâncias
psicofisiológicas do empregado, proporcionando conforto, autoestima e desempenho eficaz
(CARDOSO e MAZINI FILHO, 2016, apud ON SAFETY, 2020).
Logo, a AET fundamentalmente consiste num exame minucioso do ambiente,
ferramentas de trabalho e como sucedem os efeitos ou os vínculos que existem com os
cooperadores. É uma investigação que possibilita que sejam apontadas melhorias preventivas
e ações corretivas de circunstâncias que representam ameaças ocupacionais para o
trabalhador.
Com a AET são detectados e amenizados/eliminados os riscos ergonômicos,
potenciais causadores de doenças ocupacionais e do trabalho que podem afetar a saúde e vida
dos empregados. E, uma das fundamentais particularidades que o especialista da segurança do
trabalho deve aderir para dirigir uma AET é que a análise do trabalho seja executado em
campo (ON SAFETY, 2020).
No que tange ao seu funcionamento. Uma tarefa do trabalhador pode conter aspectos
como levantamento e transporte de cargas, esforço físico acentuado, exercícios com alta
procura cognitiva, movimentações repetitivas, postura inapropriada, ritmo de labor intenso,
entre outros. Isto se extende, desde exercícios mais simples até mais complexos, já que ambos
podem ocasionar cansaço e sobrecarga física.
A AET é um documento da segurança e saúde do trabalho (SST) que relata um exame
global e complementar que procura melhorar uma circunstância de labor. É feita pelo
ergonomista ou profissional competente. Esse documento precisa abarcar todas as
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informações essenciais para a descrição das tarefas envolvidas na análise e para a sugestão de
melhorias no posto analisado (MENDES e MACHADO, 2016 apud ON SAFETY, 2020).
Ainda, é preciso uma avaliação das situações biomecânicas do posto de trabalho,
estudo das tarefas executadas no posto de trabalho e a maneira de se trabalhar, tendo em conta
a carga perceptiva e os motivos da atividade como: normas de produção, modo operatório,
exigência de tempo, ritmo de trabalho e determinação do conteúdo das atividades, a existência
de fatores de dificuldade nos variados elementos do exercício.
É uma perspectiva do ambiente de labor que é dirigida a começar de uma demanda ou
obstáculo apontado pelo funcionário, especialistas do âmbito de SST ou qualquer outro
indivíduo que tenha uma percepção de risco no ambiente de trabalho. O procedimento é
iniciado com o exame da atividade operacional realizada em campo e as atividades envolvidas
no posto de trabalho, isto é, outros fatores ou perspectivas influenciam a atividade do
trabalhador.
Da mesma forma, devem ser avaliados os perigos psicossociais e os seus impactos
como a sobrecarga mental, estresse e outros problemas que podem ser despertados pelos
exercícios laborais (ON SAFETY, 2020).
Especificamente, AET determina no diagnóstico medidas para realizar as adequações
precisas no ambiente de labor. O propósito é garantir que o labor seja adequado às
peculiaridades psicofisiológicas dos trabalhadores, sendo isso efetivado por intermédio de
parâmetros que determinam segurança, conforto e o desempenho eficaz de suas funções.
No que trata das vantagens da AET em uma organização, se tem o compromisso dos
cooperadores e elevada produtividade. Há também a diminuição ou extinção de multas,
penalidades e sanção por ações trabalhistas e outros obstáculos associados à saúde
ocupacional.
Por fim, conforme On Safety (2020), os benefícios que a Análise Ergonômica do
Trabalho, proporciona também são, permanência dos trabalhadores por período maiores em
seu encargo, aprimorando os resultados e compensando os investimentos, melhoria do
contentamento interno, dentre outros.
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4 CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma investigação sobre a ergonomia como uma
tecnologia de interfaces, buscando apresentar suas novas concepções assim como, suas esferas
de especialização e a relevância da análise ergonômica do trabalho (AET) como um
instrumento para a segurança do trabalho.
Com base nos dados coletados na presente investigação, é possível apontar algumas
considerações. A partir da análise de entender a ergonomia como uma tecnologia de
interfaces, pode-se concluir que a ergonomia tem seus diversos ramos que colaboram para o
bem-estar do trabalhador.
Com a análise, de descrever as ergonomias contemporâneas, pode-se rematar que a
intervenção ergonômica, parte de uma construção que possibilite as alterações demandadas,
de maneira a estabelecer os resultados de suas investigações dentro da conjuntura específica
de cada instituição, proporcionando as etapas do processo de intervenção benefícios tanto para
os cooperadores, quanto para a instituição.
A macroergonomia volta-se para a possibilidade no final das etapas, da constatação da
efetividade organizacional, resultando em feedbacks tanto para os ergonomistas envolvidos,
quanto para as organizações que os solicitaram. Com relação à antropotecnologia, conclui-se
que averigua a adequação dos funcionários frente à adoção de novas tecnologias pela
instituição.
Partindo dessa explanação, no que trata dos domínios de atuação da ergonomia, pode-
se concluir que a ergonomia física, colabora decisivamente para a resolução de muitos
problemas que se manifestam nos diferentes sistemas de trabalho, especialmente quando o
exercício laboral requer a utilização de vários equipamentos e materiais.
No âmbito da ergonomia cognitiva, finaliza-se que, os diferentes programas gerados
buscam adequar-se às carências humanas, para facilitar a atuação do indivíduo, posto que os
indivíduos procedam segundo esses pensamentos, raciocinando e tomando decisões em
relação ao que reputam mais apropriado às situações e ao momento em que vivem. Em
relação à ergonomia organizacional, conclui-se que o gerenciamento dos recursos humanos,
também precisa ser reputado com relação ao desempenho do especialista na organização, já
que esse desempenho é um determinante de sucesso da organização.
Por fim, no que se refere à relevância da análise ergonômica do trabalho (AET), como
ferramenta para a segurança do trabalho, desfecha-se que com a (AET) são identificados e
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anulados os riscos ergonômicos, potenciais causadores de doenças ocupacionais e do


trabalho que podem afetar a saúde e vida dos empregados.
Diante de tudo isso que foi mencionado, a ergonomia com suas distintas esferas e
áreas de especialização contribui para o bem-estar do trabalhador, assim como a análise
ergonômica do trabalho, que tem importância como instrumento eficiente para segurança do
trabalho colaborando para o desempenho e saúde do trabalhador.
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REFERÊNCIAS

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