Você está na página 1de 4

O papel da AS em situações de

violência contra mulher


Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a violência contra mulher, além
de praticada através de agressões físicas, é cometida também por meios
psicológicos, morais, patrimoniais e sexuais.

Há uma rede composta por equipamentos públicos e organizações da


sociedade civil voltada ao enfrentamento dessas violências e à defesa dos
direitos das mulheres. A Assistência Social (AS) é um dos braços dessa rede,
que contribui para o resgate e fortalecimento da autoestima das mulheres em
situação de violência.

Para entender a complexidade da questão, é preciso, antes de mais nada,


entender o cenário da violência contra mulher no Brasil:

 Uma em cada cinco brasileiras já sofreu alguma forma de violência doméstica;


 No Brasil, cerca de 80% dos casos de agressão contra mulheres foram
cometidos por parceiros ou ex-parceiros;
 56% de brasileiras e brasileiros conhecem um homem que já agrediu uma
parceira;
 54% conhecem ao menos uma mulher que sofreu algum tipo de agressão do
parceiro;
 56% dos homens admitem já ter cometido algum tipo de violência contra uma
mulher, e, na maioria dos casos, mais de uma vez;
 A violência mata mais mulheres do que o câncer em muitas cidades do País.

A cultura da violência contra a mulher é antiga e não acabará em um curto


prazo, mas, com a ascensão dos movimentos feministas e a criação de uma
política nacional voltada ao enfrentamento da questão, muitos avanços já
ocorreram.

Falaremos adiante sobre as conquistas desse processo e como a AS atua em


situações de violência contra mulher. Se ficou interessada, continue com a
gente.

Política nacional voltada ao enfrentamento


da violência contra mulher
A questão da violência contra mulher é colocada, pela primeira vez, em debate
político nacional no período da redemocratização. É apenas a partir da pressão
dos movimentos feministas que o Estado se compromete em romper as
desigualdades entre homens e mulheres.

A partir de então, feministas de todo o canto do País entregam a Carta das


Mulheres aos constituintes em Brasília e o Conselho Nacional dos Direitos das
Mulheres é instituído.
Algumas convenções ocorreram durante a década de 90, e, foram
responsáveis por trazer à tona a legalidade sobre a questão da violência contra
a mulher.

Em 1998 foram lançadas as campanhas: “Sem as mulheres os direitos não são


humanos” e “Uma vida sem violência é um direito nosso”, bem como, o Pacto
Comunitário contra violência intrafamiliar. Essas ações foram importantes para
denunciar a omissão do Estado frente à questão.

Para combater o problema da violência contra mulher, a Secretaria de Políticas


para as Mulheres (SPM) e a Política Nacional de Enfrentamento à Violência
contra as Mulheres são criadas em 2003.

A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, trata-se de uma legislação


específica sobre o assunto e foi considerada um marco para o movimento. Em
seu artigo 5º, deixa claro que:

“Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a


mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

Serviço de Acolhimento Institucional Para Mulheres em Situação de


Violência
Com a Resolução CNAS nº 109/2009, o Serviço de Acolhimento Institucional
Para Mulheres em Situação de Violência, destinado às mulheres em situação
de violência doméstica e familiar sob risco de morte, passa a ser ofertado
pela Proteção Social Especial de Alta Complexidade da AS.

O serviço passa a:

 Garantir integridade física e psicológica dessas mulheres;


 Promover o exercício dos direitos da sua cidadania;
 Contribuir para o resgate e fortalecimento da sua autoestima;
 Prevenir a continuidade da violência;
 Desenvolver sua autonomia pessoal e social;
 Promover acesso à rede de qualificação profissional;
 Encaminhar para atendimento em áreas como psicológica, social e
jurídica.

Possui um caráter sigiloso e uma longa duração, podendo levar de 90 a 180


dias até sua conclusão.

Casas Abrigo
O abrigamento das mulheres em situação de violência é importante para
garantir sua proteção e sua integridade em casos de risco de morte.

As casas abrigo são parte do Serviço de Acolhimento Institucional Para


Mulheres em Situação de Violência. Funcionam em unidades residenciais,
dentro da própria comunidade, proporcionando uma estrutura física segura,
acolhedora, com privacidade, higiene e salubridade, próximas do ambiente
familiar.

Vale destacar que fora do acolhimento das casas abrigo, a Polícia é o órgão
responsável por garantir proteção a essas mulheres.

Como deve funcionar o atendimento na


AS?
Quando uma mulher está em situação de violência, dificilmente buscará ajuda
em serviço especializado. Muitas vezes, por falta de informação ou medo.

Por isso, a articulação com a rede de serviços assistenciais, com as demais


políticas públicas e o Sistema de Justiça é importante.

O desenvolvimento de estratégias em conjunto proporcionará grandes chances


de garantir seus direitos, agilizando atendimento, acompanhamento e a
responsabilização do agressor, com maior velocidade.

A intervenção do profissional precisa ser rápida e cuidadosa. A agilidade é


importante, pois o violentador pode botar em risco a vida da mulher a qualquer
instante. Mas, ao mesmo tempo, a ação tem que ser planejada de maneira
estratégica para que não resulte no pioramento da situação.

A partir do momento que a intervenção é efetivada, um planejamento em


conjunto com a usuária para sair do ciclo de violência se torna prioridade. O
atendimento, bem como o acompanhamento, precisa ser feito sem julgamento
e em caráter de sigilo total. Procurando mostrar a ela que não está sozinha e
que tem direito a uma vida sem violência.

É importante lembrar que o acesso ao Serviço de Acolhimento Institucional


Para Mulheres em Situação de Violência pode ocorrer através dos seguintes
equipamentos ou organizações:

 Conselho Tutelar
 CRAS
 CREAS
 Centro de Referência da Mulher
 Organizações Não Governamentais;
 Serviços de Saúde;
 Escolas;
 Delegacias Especializadas;
 Casas Abrigos;
 Patrulha Maria da Penha;
 Disque 180;
 Poder Judiciário;
 Ministério Público;
 Defensoria Pública.
Os órgãos de controle social são essenciais no enfrentamento da violência
contra mulher, mesmo que atuem direta ou indiretamente na solução do
problema.

Só poderemos afirmar que os Direitos Humanos das Mulheres no Brasil


ocorrem, quando toda e qualquer tipo de violência contra as mulheres forem
eliminadas, inclusive, aquelas veladas e impregnadas nas instituições públicas
País afora.

********

E então? Conseguiu entender o papel da AS no enfrentamento da violência


contra mulher? Acha que estamos longe ou perto de eliminar esse problema no
País? Conta para nós, será um prazer ouvi-lo!

Você também pode gostar