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Fiscalidade Internacional
Santarém
12.06.2021
I
II
Índice
¨ Definições ........................................................................................................................ 1
IV. Conclusões.......................................................................................................... 5
V. Referências Bibliográficas.................................................................................... 6
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I. Enquadramento Teórico
¨ Definições
Sujeito Ativo – entidade de direito público titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações
tributárias, quer diretamente quer através de representante. (LGT, Artigo 18º, ponto1)
Domicílio Fiscal
Pessoas Singulares – local de residência habitual
Pessoas Coletivas – Local de sede ou direção efetiva ou na falta destas, o seu estabelecimento
estável em Portugal (LGT, Artigo 19º, ponto 1)
Estabelecimento Estável - qualquer instalação fixa através da qual seja exercida uma actividade
de natureza comercial, industrial ou agrícola. Incluem-se na noção de estabelecimento estável,
desde que satisfeitas as condições estipuladas no número anterior: um local de direção, uma
sucursal, um escritório, uma fábrica, uma oficina, minas, estaleiros, plataformas ou navios de
prospeção por mais de 90 dias, locais de fiscalização, com duração superior a seis meses,
atividades de prestações de serviços, desde que tais atividades sejam exercidas por períodos
superiores a 183 dias num período total de 12 meses, com início ou termo no período de tributação
em causa, entre outras, contantes no Artigo 5º do CIRC.
Dupla Tributação – ocorre quando o mesmo facto gerador é tributado duas vezes, baseado em
argumentos distintos, o domicílio fiscal ou a nacionalidade do sujeito passivo por um lado e a sede
da fonte pagadora, por outro, pode ocorrer no mesmo país ou entre países distintos. É
internacional quando ocorre entre países distintos, sendo jurídica quando a mesma pessoa,
singular ou coletiva é tributada pelos mesmos rendimentos, ou económica quando um sócio é
tributado sobre lucros que a respetiva pessoa coletiva já pagou.
Convenções Sobre Dupla Tributação – São acordos bilaterais entre estados para evitar a dupla
tributação. São um importante instrumento de direito tributário internacional.
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II. Enquadramento Histórico
As últimas décadas do séc. XX e as primeiras do séc. XXI foram marcadas por uma profunda
transformação das relações financeiras internacionais. Vários elementos traduzem este fenómeno,
destacando-se uma intensificação de fluxos financeiros, a abertura dos mercados e a criação de
novos e cada vez mais sofisticados instrumentos financeiros.
A mobilidade de capitais à escala internacional deu origem à expressão “globalização financeira”,
traduzindo a ideia de um mercado financeiro mundial e globalizado.
É usual opor a economia real aos fluxos financeiros especulativos, associados a uma ideia de
economia fictícia ou imaterial. Contudo, importa reconhecer que a criação de diversos meios
financeiros, incluindo a moeda sob todas as suas formas, perde-se na noite dos tempos, e esteve
durante séculos ao serviço da economia real, funcionando como meio facilitador de trocas
comerciais e do investimento. O sistema financeiro desenvolve-se em vários períodos da nossa
história, primeiro, em Itália, nos séculos XIV a XVI, depois, nos Países Baixos, no século XVIII e,
mais tarde, com a revolução industrial.
Mas o que caracteriza a atual globalização financeira não é tanto a sofisticação dos instrumentos
financeiros e a sua circulação à escala global.
O que caracteriza a globalização financeira e marca uma fase qualitativamente nova e
relativamente ao capitalismo do século XIX e princípios do século XX é o progressivo desligamento
dos fluxos financeiros da esfera produtiva. O crescimento do crédito, a possibilidade de transformar
a dívida em títulos comercializáveis no mercado de obrigações e o desenvolvimento das
sociedades por ações marcam o início de uma era nova, a era da abstração do setor financeiro
relativamente ao setor produtivo, ...”
(Viegas, Miguel – 2018, A Fraude e a Evasão Fiscal Na União Europeia: Do “LuxLeaks” aos
“Panamá Papers”, 1ª edição, Vida Económica, p.17)
¨ Modelo OCDE
A Convenção Modelo OCDE de 1963 é uma das mais utilizadas e padronizadas, comumente
utilizada entre os membros da sua comunidade e eventualmente com terceiros, podendo algumas
das suas normas ser modificadas, desde que de comum acordo entre as partes.
De uma forma geral, esta Convenção estabelece como princípio o da universalidade, tendo como
elementos de conexão a residência e a nacionalidade, sendo por isso muito mais vantajosa para os
países exportadores de capital, ou seja, os grandes grupos económicos com sede estabelecida nos
países desenvolvidos usam o tecido produtivo dos países em vias de desenvolvimento, com custos
gerais de produção e de mão de obra muito mais baixos, aproveitando, por um lado as vantagens
de deslocalização da produção para estados com custos muito mais baixos de produção, mas sem
alocar a esses estados os benefícios que deveriam advir desse investimento, capital esse que
retorna aos países de origem, mantendo e agravando o fosso nos índices de desenvolvimento
humano (IDH) entre estados contratantes, fundamental para a manutenção das suas margens de
lucro.
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¨ Modelo ONU
A criação da ONU, em 1946, no pós - II Guerra Mundial, como sucessora da Sociedade das
Nações, com 51 membros, e com a firme intenção de impedir novos conflitos à escala mundial
como o anterior, tem hoje 193 membros, sede em Nova Iorque, EUA, e prossegue os objetivos de
manter a paz e a segurança mundiais, promover os direitos humanos e auxiliar no desenvolvimento
e progressos económicos, proteger o meio ambiente e prover ajuda humanitária em casos de fome,
desastres naturais e conflitos armados.
Só em 1979 surge um modelo de acordo, saído de um grupo de trabalho criado por decisão do
Comité Económico e Social da ONU, composto por peritos em dupla tributação internacional, que
viria a servir de base para a Convenção Modelo da ONU.
Apesar das semelhanças entre os modelos das convenções da ONU e da OCDE, quer na
estrutura, quer no conteúdo, elas divergem fundamentalmente no critério assumido como
preponderante, o princípio que define a tributação, que no caso da Convenção Modelo da ONU é
do princípio da territorialidade, ou seja, o da fonte pagadora.
Esta diferença basilar procura regular a relação entre os países em situações económicas mais
desfavorecidas, importadores de capital e fornecedores de matéria prima e/ou de mão de obra a
custos muitas vezes significativamente mais baixos, e os países mais desenvolvidos, ricos em
recursos financeiros e capacidade de investimento.
Esta diferença é conseguida através de uma ampliação do conceito de estabelecimento estável,
que obriga a que a tributação seja feita no estado fonte pagadora, evidente na elaboração do seu
Artigo 5º - Estabelecimento Estável.
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IV. Conclusões
Apesar das semelhanças, e de aparentemente o Modelo convenção da ONU ser mais benéfico no
sentido de ser um bom instrumento para equilibrar as relações entre países economicamente
desiguais, o modelo que prevalece é o da OCDE.
Não é benéfico ao grande capital este equilíbrio mundial, que obviamente reduziria margens de
lucro, aumentando custos de produção e outros gastos, e em relações de desigualdade são os que
detém maior poder, económico e financeiro, que ditam as regras do jogo.
A dupla tributação não interessa aos grupos económicos, aos estados e à economia em geral, mas
aliar o seu combate a uma maior e mais justa distribuição da riqueza mundial e ao equilíbrio entre
países desenvolvidos e países em desenvolvimento também não é um interesse comum dos
estados à escala global, uma vez que as economias em desenvolvimento sustentam uma grande
parte dos lucros das economias desenvolvidas, não havendo, por isso, vontade política,
económica, nem financeira, para mudar o estado da arte.
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V. Referências Bibliográficas
Silva, Getúlio Borges – Dupla Tributação internacional – Instituto Brasiliense de Direito Público,
https://repositorio.idp.edu.br/bitstream/123456789/354/1/Monografia_Getulio%20Borges%20da%20
Silva.pdf, consultado a 10.6.21;
Viegas, Miguel – 2018, A Fraude e a Evasão Fiscal Na União Europeia: Do “LuxLeaks” aos
“Panamá Papers”, 1ª edição, Vida Económica, p.17;
https://www.oecd.org/ctp/exchange-of-tax-information/POR-Amended-Convention.pdf
Consultado em junho 2021;
https://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/convencoes_evitar_dupla_tributacao/conv
encoes_tabelas_doclib/Documents/CDT_Modelo_OCDE.pdf, consultado em junho 2021;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_para_a_Coopera%C3%A7%C3%A3o_e_
Desenvolvimento_Econ%C3%B4mico, consultado em junho 2021;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas,
consultado em junho 2021.