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I- CLONAGEM MOLECULAR
1) Identificar DNA que nos interessa para o processo e extraí-lo do organismo dador.
2) Fragmentar o DNA que queremos clonar, e cortar os plasmídeos a usar como vetor,
utilizando as mesmas enzimas de restrição, o que vai permitir compatibilidade de
extremidades.
As enzimas de restrição são endonucleases que tornam o DNA em cadeia
simples, cujas extremidades têm cadeias específicas complementares com
outras extremidades que tenham sido formadas pela mesma enzima.
3) Devido à especificidade do corte é possível o emparelhamento por complementaridade
de bases entre o fragmento de DNA e o plasmídeo.
4) A ligação dos quatro extremos é feita por annealing e pela enzima DNA ligase, obtendo-
se assim um novo plasmídeo recombinante.
Annealing – as extremidades dos fragmentos de DNAs em cadeia simples unem-
se numa ligação fraca por pontes de hidrogénio.
A ligase – enzima que forma ligações fosfodiéster fortes entre os nucleótidos dos
vários fragmentos.
5) O plasmídeo recombinante é introduzido numa bactéria hospedeira por transformação
(ou conjugação ou transdução) que o vai encarar como DNA plasmídico normal e replica-
o de igual forma como o resto do seu material genético, sendo assim possível criar
milhões de cópias desse plasmídeo (por hereditariedade, ou seja, as células-filhas
também o vão ter).
6) Selecionar os transformantes das células-
filha que não ficaram com o plasmídeo por
erros na replicação, e preservação e posterior
utilização dos mesmos.
ENZIMAS DE RESTRIÇÃO
Não são, como se possa pensar, um produto de laboratório, embora sejam de extrema
importância em Engenharia Genética!
As enzimas de restrição são endonucleases que existem nas bactérias como mecanismo de
defesa que as protege de agressões de outros DNAs externos, impedindo que estes a
transformem, sendo que cada bactéria tem a sua própria enzima de restrição. Estas atuam
restringindo/ cortando os ácidos nucleicos infeciosos.
As enzimas de restrição cortam sempre num local específico de uma sequência específica, que
são próprios de cada enzima. Numa sequência de nucleótidos (sempre escrita na direção 5’3’)
pode-se representar o local do corte feito pela enzima de restrição de várias maneiras.
Vamos usar o exemplo da sequência utilizada acima, sendo que a enzima atua entre o nucleótido
G e os dois As – sequência e locais SEMPRE reconhecidos pela enzima Eco RI.
5′
𝐺 ↓ 𝐴𝐴𝑇𝑇𝐶 3′
𝐺: 𝐴𝐴𝑇𝑇𝐶
𝐺|𝐴𝐴𝑇𝑇𝐶
𝐺 𝑉 𝐴𝐴𝑇𝑇𝐶
NOTA: As enzimas de restrição cortam sempre as duas cadeias da molécula de DNA, fazendo
com que as extremidades fiquem em cadeias simples.
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Tipo I
Como não queremos as células modificadas não nos interessam nesta área.
Cortam o DNA de forma random a partir da sequência de reconhecimento.
Tipo II
Tipo III
Tipo IV
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Enzimas correlacionadas
Isosquizómeros: são enzimas que reconhecem a mesma sequência palindrómica mas uma
gera extremos cegos e outra gera extremos coesivos que, por isso, não são compatíveis.
Isocaudómeros: são enzimas que reconhecem sequências palindrómicas diferentes mas geram
extremos coesivos compatíveis que se ligam.
MAPAS DE RESTRIÇÃO
Os mapas de restrição são uma compilação do número, ordem e distância entre os locais de
corte de uma enzima de restrição ao longo de um segmento de DNA clonado.
As unidades do mapa são expressas em pares de bases (ou para distâncias mais longas
em pares de kilobases).
Geralmente o mapeamento é a primeira etapa para caracterizar um DNA desconhecido.
Digestões simples: DNA digerido por apenas uma enzima de restrição. Faz-se uma
determinação relativa das orientações dos fragmentos no DNA linear.
Digestões múltiplas: DNA digerido por mais de uma enzima de restrição. Determinam-se as
posições dos fragmentos de DNA produzidos pelas enzimas por eletroforese.
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DNA INSERT
A albumina humana é sintetizada no fígado e depois é secretada. Vamos ter então de recolher
células hepáticas e extrair-lhes ou o DNA; ou o mRNA (que representa menos de 1% do RNA
total da célula) por identificação de caudas poli-A. Dentre este mRNA estará o mRNA percursor
da albumina.
O mRNA extraído usando-se a técnica de cromatografia com oligo(dT). Os oligo(dT) têm uma
sequência de Ts que reconhecem as caudas poli-A, emparelhando e capturando o mRNA, o qual
é depois lavado e desnaturado para retirar da coluna (voltando depois a renaturar).
Por fim, aplica-se a transcriptase reversa e dNTPs para obter o respetivo cDNA, usando como
primer o oligo(dT) ou poli-U. Este cDNA é espontaneamente de cadeia simples, mas forma uma
2ª cadeia porque o RNA dobra-se sobre si mesmo.
Contudo, para ser clonado, o cDNA tem de ser linearizado primeiro. Em seguida junta-se
linkers, ATP e a enzima ligase para que o cDNA fique com caudas de linkers, os quais são
adaptadores sintetizados quimicamente, compostos por sequências palindrómicas reconhecidas
por enzimas de restrição à nossa escolha. Após o tratamento com a enzima de restrição
geram-se extremos coesivos e ficamos com o fragmento de DNA prontos a clonar.
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Faz-se depois um screening dos clones de cDNA para pesquisar a sequência que nos interessa,
o que se faz a partir de eletroforese, comparação das dimensões dos fragmentos, avaliação da
atividade de enzima eventualmente expressa, hibridação molecular, etc..
Para isolar um gene de interesse, não se conhecendo o mapa de restrição começa-se por fazer
uma digestão parcial do DNA com enzimas de restrição, de modo a obter as sequências de
interesse. Esta digestão gera muito mais fragmentos do que a digestão completa, e além disso
assegura que, caso haja local de corte no fragmento de interesse (como é o caso da albumina),
conseguimos obter fragmentos inteiros, o que não seria possível com uma digestão completa
(e por isso nunca se faz).
1) Fazer dois tubos: um com uma certa quantidade de DNA e com enzima de restrição
(10µg de DNA + 10 unidades de enzima de restrição); outro com a mesma quantidade
de DNA e sem enzima de restrição (10µg de DNA + 0 unidades de enzima de restrição).
a. Usa-se enzima de restrição de 6 bases que corta a cada ~4000 nucleótidos.
b. O primeiro corresponde a 100% de digestão e o outro a 0% de digestão.
2) Fazer vários tubos com diferentes volumes dos tubos de (1), ficando assim com um
gradiente de corte. Num destes tubos vamos conseguir obter o nosso fragmento de
interesse inteiro.
a. Poderia colocar-se o mesmo volume e incubar durante tempos diferentes, mas
é um método mais trabalhoso e por isso geralmente não se faz.
3 2 1 0%
A B C
100% 1 2 3
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VETORES
O tipo de hospedeiro.
O tamanho do DNA insert, uma vez que há vetores que suportam uma larga gama de
tamanhos do mesmo, mas há uns têm uma capacidade mais reduzida e apenas
suportam fragmentos mais pequenos. No quadro abaixo pode-se ver a comparação
entre vários vetores e a sua capacidade (em kb) de receber o DNA insert.
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Plasmídeos de referência
Para ser um vetor de clonagem, o plasmídeo tem então de ter algumas características gerais:
Uma região reconhecida como origem de replicação (ORI) pelo hospedeiro para que se
possa multiplicar independentemente dos cromossomas bacterianos.
Plasmídeos mais pequenos aproveitam as enzimas de replicação de DNA do
hospedeiro, enquanto plasmídeos maiores podem transportar genes
codificantes das suas próprias enzimas.
Um gene que permita a seleção do hospedeiro (ex.: gene de resistência a antibiótico).
Uma região polylinker ou local de clonagem múltipla (MCS – Multiple cloning site)
reconhecida por enzimas de restrição à escolha, tendo de ser as mesmas usada para
cortar o DNA insert, para que os extremos sejam compatíveis.
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Bacteriófago λ – Fagos
Cosmídeos
São híbridos entre plasmídeo e bacteriófago – combinação de vetor plasmídico com local
COS que permite a inserção de DNA na cabeça de fago .
Têm uma elevada eficiência de transformação devido ao seu lado virião.
Possibilita a inserção se fragmentos maiores, relativamente aos plasmídeos e aos
bacteriófagos, podendo transportar até 45kb.
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Primeiro este vetor vai comportar-se como plasmídeo: corta-se o DNA na zona do polylinker,
dando origem ao genoma do fago, com local COS.
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NOTA: Além destas características é ainda essencial que o vetor possua um local de terminação
da transcrição.
O gene de seleção por auxotrofia é essencial pois aquando da replicação o fuso acromático só
se liga a uma certa quantidade de cromossomas. Ao adicionar o YAC, o numero de cromossomas
torna-se superior à quantidade de fusos acromáticos e o nosso recombinante vai assim competir
com os cromossomas da própria levedura. Desta forma vamos ficar com leveduras recombinadas
e outras não, tendo-se de selecionar as de interesse com estratégias que permitam aumentar a
estabilidade do nosso gene, tornando-o mais vantajoso, como é o caso da seleção por auxotrofia.
Começa-se por usar a mesma enzima de restrição (ou isocaudómeros ou exonuclease para
extremidades cegas) para preparar o DNA insert (obtido a partir do mRNA da proteína ou do
gene nuclear) e o vetor de clonagem, como foi visto anteriormente, recorrendo-se a digestões
parciais (não é necessário em DNA insert obtido por cDNA).
Após isto é preciso ter cuidado na ligação das extremidades, porque tanto os vetores como os
DNAs podem voltar a fechar-se, devido à proximidade das suas extremidades, ou então unir-se
de forma incorreta – há uma série de diferentes combinações possíveis mas apenas uma é do
nosso interesse. Isto acontece porque se usa a enzima ligase para unir os extremos 3’-OH aos
extremos 5’-P, num processo dependente de ATP. Contudo, ela não sabe quais os extremos do
plasmídeo e quais os do DNA insert.
Para impedir que o vetor feche recorre-se à enzima fosfatase que desfosforila os extremos 5’ do
plasmídeo (a ligase não vai unir dois extremos OH), permitindo assim que este ligue apenas a
DNA insert, embora uma das cadeias, como não tem P, não vai ficar ligada – nicks. Este método
não impede no entanto a ligação entre inserts e sobre eles próprios, embora essa situação não
seja tão grave porque não se conseguem replicar.
As ligações corretas entre vetor e DNA insert vão depois ser colocadas no hospedeiro, e este
deteta os nicks e repara-os.
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Fervendo as células S elimina-se o seu DNA (“morrem”) e resta apenas a cápsula da bactéria.
Se esta for injetada nos ratos, eles sobrevivem e permanecem saudáveis, concluindo assim que
não é a cápsula que é patogénica. Contudo, adicionando-lhe novamente DNA, a bactéria volta a
ser patogénica.
O Princípio da Transformação Genética diz que bactérias com fenótipo alterado terão o seu
genótipo também alterado.
O DNA é então assim incorporado e, sendo estes locais de grande ocorrência de exonucleases,
degradado. Contudo, pelas exonucleases 3’ e 5’ terem diferentes velocidades de atuação e
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dependendo da disponibilidade de cada uma das extremidades, vai haver uma das cadeias que
é mais rapidamente degradada do que outra. A cadeia simples mais lentamente degradada tem
assim possibilidade de chegar perto do DNA celular e incorporar o genoma da bactéria.
Este é um procedimento extremamente raro, que em termos estatísticos é nulo, mas que
na prática ocorre.
Transformação com DNA livre: quando uma bactéria morre e liberta o seu DNA, este pode ser
incorporado por outras bactérias envolventes, caso o recombinante lhe permita adquirir
características vantajosas em termos de sobrevivência (é o que acontece com as bactérias
hospitalares).
Transdução – utilização de vírus: transferência de DNA de uma célula para outra através de
um vetor viral (vírus bacteriófago). Os vírus são compostos de proteínas (que constituem a sua
cápsula) e ácidos nucleicos, mas não têm organelos celulares que lhes permitam a sua
reprodução, pelo que para realizar esse processo, é necessário a sua entrada em bactérias e o
uso do teu seu ATP e organelos. Existem 3 métodos de entrada do DNA (ou RNA) viral nas
bactérias:
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Uma vez dentro da bactéria, o DNA viral pode prosseguir duas vias:
Ciclo lisogénico: combina-se com o DNA da célula hospedeira e vai ser replicado juntamente
com o genoma celular – fase dormente (não produz viriões). Nesta fase a sequência de DNA
viral está reprimida e é como se nem lá estivesse. Se a bactéria for exposta a um fator que
diminua a ação do repressor, o DNA viral deixa de estar “adormecido” e o DNA da células
hospedeira começa a tentar reparar-se, expulsando o DNA viral. O vírus fica então ativo e
prossegue para o ciclo lítico.
A generalizada baseia-se no ciclo lítico, durante o qual pode haver incorporação de DNA
bacteriano aleatório nos novos vírus formados, o qual vai depois infetar outra bactéria. Aqui,
o DNA da bactéria “doadora” incorpora o DNA da
bactéria “recetora” (transduzida), sendo
replicado juntamente com ele.
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Geralmente o DNA viral é injetado na bactéria (método direto), e o que se pretende é que o vírus
seja não lítico e que integre o seu DNA no genoma da célula, ou seja, que siga o ciclo lisogénico
e não destrua as células.
A doação de DNA faz-se então por troca de plasmídeos. Contudo, a incorporação do fator F pelo
genoma da bactéria não é controlada tecnologicamente, acabando por não ser muito útil.
Por vezes, uma pequena parte do DNA cromossómico une-se ao plasmídeo e é também
transferido, podendo sofrer recombinação com o cromossoma da bactéria recetora. Isto aumenta
a variabilidade genética da população bacteriana e também permite adaptação ao meio. As
bactérias que possuem os plasmídeos recombinados chamam-se Hfr (High Frequency of
Recombination).
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Do ponto de vista tecnológico são usados, mas têm a dificuldade de nunca se saber
onde vão ser incorporados, acabando por não interessar muito (não se usam).
Podem resultar em doença ou variabilidade genética.
Permite que o ambiente de expressão mude.
Gene gun: dispositivo que dispara DNA a alta velocidade e induz a entrada física deste
na célula. Já não se usa.
Microinjeção; Eletroporação; Infeção viral
Em todo o caso, o DNA que queremos transformar tem de apresentar uma vantagem seletiva
que no caso das bactérias consiste na resistência a um antibiótico, enquanto nas células
eucariotas trata-se de uma vantagem metabólica (como foi visto nos YACs).
Já vimos atrás como funciona a seleção dos hospedeiros recombinantes para o caso dos
plasmídeos pBR322 e pUC19.
Também já vimos que, juntamente com o plasmídeo recombinado (com insert) que nos interessa,
podem surgir outras moléculas como:
1) Plasmídeo com insert invertido (insert colocado ao contrário no plasmídeo que, mesmo
sendo recombinante, não vai exprimir o produto desejado), com fragmento do insert.
com múltiplos inserts ou com fragmentos contaminantes.
No caso de pUC19, nenhuma destas moléculas vai exprimir a β-galactosidade,
mas também não têm interesse.
2) Plasmídeo fechado sobre si mesmo, direto ou invertido.
No caso de pUC19, estes vão exprimir a β-galactosidade, sendo descartados.
3) Plasmídeo recircularizado que consiste num plasmídeo mutado
No caso do pUC19 não exprime a β-galactosidade.
4) Fragmentos diversos recombinados ou não sem plasmídeo – são irrelevantes.
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Em pUC19, o caso 4) é eliminado pelo antibiótico e o caso 2) é eliminado aquando do teste com
o meio IPTG+x-gal (substrato cromogénico) porque forma colónias azuis, sendo
automaticamente descartados. O problema serão todos os plasmídeos recombinados que não
exprimem a β-galactosidade, tendo de selecionar-se entre eles, o do nosso interesse (com o
insert direto). Para tal recorre-se uma seleção específica.
Como teste de confirmação, no final, podem ser usadas várias tecnologias de análise dos genes
clonados como: tradução in vitro de mRNAs, mapas de restrição, técnicas de blotting (Southern,
Northern, Western, Dot-blot) e sequenciação. A última corresponde à forma mais fidedigna de
conhecer o recombinante.
A marcação das sondas, por sua vez, pode ser feita de três maneiras:
Random printing: é a técnica mais usada e consiste em desnaturar por calor o DNA da
sonda. Em seguida são adicionados oligonucleótidos que hibridam em ambas as cadeias e
funcionam como primers. Por ultimo junta-se DNA polimerase I (Klenow, ou seja, sem
atividade de exonuclease), 3 dNTPs normais e 1 marcado. Vão então formar-se cadeias em
que um nucleótido está marcado e pode ser detetado por Southern blotting.
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Nick-translation: é semelhante ao
random printing, mas aos poucos está
a ser substituída pelo mesmo. Nesta
técnica submete-se o DNA da sonda
à ação da DNase que promove a
formação de uma abertura em cada
uma das cadeias (em extremos
opostos). O DNA é depois incubado
com DNA polimerase I (que além de
polimerase 5’3’, tem também ação
de exonuclease) e dNTPs radioativos. Assim a polimerase liga-se à extremidade 3’-OH
proporcionada pelo primer e vai remover a restante cadeia de DNA original, e sintetizar uma
nova cadeia (complementar à adjacente) com os nucleótidos radioativos disponíveis.
Marcação terminal: é uma técnica que já não se usa, mas que consiste na marcação num
dos extremos (3’ ou 5’) com 32P radioativo que permite a deteção da sonda.
BLOTTING
Southern blotting
Após uma eletroforese em gel de agarose para separar os fragmentos de DNA, para que se
consiga ligar uma sonda ao DNA-alvo, este deve estar em cadeia simples, o que é conseguido
por desnaturação. Contudo, o gel da eletroforese derrete com o aumento da temperatura, e por
isso é necessário primeiro transferir o DNA para uma membrana, para que se possa aplicar a
sonda. Isto é feito da seguinte forma:
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Para que os fragmentos de DNA fiquem bem fixos à membrana de nylon, submete-se a mesma
a uma temperatura de 120oC durante 30min ou a luz UV.
Em seguida:
A temperatura elevada vai permitir a ligação química entre a sonda e o gene-alvo. Para depois
estudar o gene em causa é necessário realizar nova eletroforese para isola-lo.
Hibridação em colónias: pode-se usar uma técnica semelhante ao Southern blotting em colónias,
mas no qual não é necessário recorrer à eletroforese, pois a técnica é aplicada in situ. Assim, as
células são transferidas para uma membrana (equivalente à folha de nylon) e depois provoca-se
a lise celular e a desnaturação do DNA, bem como a sua ligação à membrana. O DNA é depois
hibridado in situ com a sonda, que se liga apenas ao DNA de interesse, identificando-o.
Northern blotting
Processo muito semelhante ao Southern blotting, mas no qual se usa RNA em vez de DNA.
Contudo, é preciso ter muito cuidado quando o RNA é tratado.
Exemplo de aplicação: quando queremos saber onde está o mRNA e uma extração total de RNA.
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Para detetar uma proteína particular numa mistura utilizam-se anticorpos como sondas. Começa-
se por desnaturar as proteínas com SDS e depois aplica-las a um gel de eletroforese de
poliacrilamida. Para poder aplicar os anticorpos tem-se de transferir as proteínas para uma
membrana, mas como a poliacrilamida torna o gel mais compacto do que a agarose, esta
transferência tem de ser feita por transferência elétrica, aplicando uma corrente elétrica.
Após isto os anticorpos são administrados (podem ser radioativos) que se vão ligar
especificamente aos antigénios, revelando qual nossa proteína de interesse.
Seleção por expressão: pode-se usar uma técnica semelhante ao Western blotting em colónicas,
mas no qual não é necessário recorrer eletroforese, pois a técnica é aplica in situ. Assim, as
células são transferidas para uma membrana (equivalente à folha de nylon) e depois provoca-se
a lise celular e a ligação das proteínas à membrana.
A membrana é em seguida tratada com os primeiros anticorpos, depois lava-se (para remover
aqueles que não ficaram ligados) e é tratada com segundos anticorpos, lavando-se novamente
no final (para remover os 2os anticorpos que não ficaram ligados). Com a ligação dos anticorpos
é possível fazer uma seleção in situ dos recombinantes.
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II - MANIPULAÇÃO DE ORGANISMOS
MANIPULAÇÃO DE PROCARIOTAS
Nos procariotas produz-se um mRNA mais simples (relativamente aos eucariotas) e não ocorre
a sua maturação, ou seja, quando ele é transcrito pode ser logo traduzido. A transcrição e a
tradução ocorrem no mesmo compartimento, pelo que os processos acabam por ocorrer em
simultâneo, isto é, a tradução pode começar antes da transcrição estar completa (isto não
acontece nos eucariotas, pois os processos são separados fisicamente. Excecionalmente
ocorrerá se existirem no núcleo ribossomas que controlem a qualidade do RNA).
TRANSCRIÇÃO DIFERENCIAL
Contrariamente aos eucariotas, nos procariotas o promotor é reconhecido pelo fator sigma,
da RNA polimerase, que se liga a ele e desnatura a dupla hélice de DNA. A polimerase depois
liga-se à cadeia simples e inicia a síntese de RNA, após libertação do fator sigma.
NOTA: Podemos ver na imagem que a sequência codificante do gene é a parte a azul (que só
começará com o codão ATG), mas a transcrição inicia-se antes (em +1), numa região que
permite a ligação ao mRNA (região 5’-UTR), que embora depois não seja traduzida, é bastante
importante para a ligação aos ribossomas.
Os genes dos procariotas são maioritariamente policistrónicos (podem atuar vários ribossomas
simultaneamente e do mesmo gene podem surgir diferentes proteínas) e a sua regulação é feita
de forma conjugada por operões, sendo um processo mais simples e apenas a nível da
transcrição e da tradução.
Operões (cluster): controlam a expressão de vários genes (que não façam sentido ser
expressos uns sem os outros) – genes policistrónicos – de modo a que esta seja apenas
“ativada” quando o produto do gene é necessário à célula.
São constituídos por um gene promotor, um gene operador e os genes estruturais. A estes
liga-se um 4º gene, o gene regulador, que não faz parte da constituição do operão, mas funciona
em parceria com.
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Quando a concentração de lactose começa a baixar drasticamente, devido à ação catalítica das
enzimas (que a metabolizam em glucose e ATP), a lactose desliga-se do repressor, que, ao voltar
à forma ativa, liga-se novamente ao operador, bloqueando a transcrição do operão, garantindo
uma poupança de recursos que não são necessários na ausência de lactose.
Como alternativa pode-se usar IPTG que funciona, analogamente à lactose, como inibidor da
proteína reguladora. Contudo, este composto não é metabolizável e por isso não gera energia,
e a expressão dos genes nunca cessa.
É uma via catabólica em que há produção de energia, e os genes catabólicos são sempre
regulados pelos níveis energéticos, ou seja, pelos níveis de concentração de ATP e AMP
cíclico (que são inversamente proporcionais). Assim, como o aumento da glucose leva ao
aumento de ATP (e diminuição de cAMP), na presença de muita glucose a expressão dos
genes é inibida porque há demasiada energia.
NOTA: A célula precisa de um nível de energia elevado para expressar o recombinante, mas
se for muito elevado não o vai expressar porque não precisa. Por outro lado, se os níveis
forem muito baixos a célula definha. É por isto preciso encontrar um nível intermediário
adequado às condições experimentais em que trabalhamos.
A lactose funciona como um indutor, pois a sua presença ativa o operão. É também por isso
que se dá o nome de operão/promotor indutível.
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Se houver tanto lactose como glucose no meio a bactéria não precisa degradar a lactose e por
isso a expressão dos genes não é ativada – há portanto um duplo controlo do operão lac:
Quando não há nem glucose nem lactose no meio, a CAP liga-se mas também o
repressor se liga, pelo que continua sem haver expressão dos genes estruturais.
Quando há glucose e não há lactose no meio, o operão está inativo porque há ligação
do repressor ao gene operador e ainda porque a CAP não se liga.
Quando há glucose e lactose no meio, a CAP não se liga e por isso não há expressão.
Quando não há glucose mas há lactose, há ligação da CAP e da RNA polimerase porque
o repressor é inativado pela lactose.
Concluindo: este promotor é induzido por lactose e IPTG e amplificado pelo cAMP (e depleção
de glucose).
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Desta forma, quando as concentrações intracelulares deste aminoácido são baixas, o repressor
inativo, não podendo ligar-se ao gene operador, vai deixar o operão ativo, permitindo a passagem
da RNA polimerase até aos genes estruturais e a produção das enzimas, levando, assim, ao
aumento da concentração de triptofano.
Como quando está no meio, o triptofano inibe a expressão dos genes estruturais deste
operão diz-se que faz uma regulação negativa.
A via anabólica consome energia, sendo uma via que está sempre ativa em contínua
síntese, e que só para quando não é necessária devido à presença excessiva do seu próprio
produto.
A expressão destes genes é constitutiva, ou seja, contante, sendo que o triptofano atua como
co-repressor. Este operão/promotor diz-se então reprimível.
Enquanto os promotores lac e trp eram promotores naturais nativos que existem na E. coli, os
promotores tac e trc são híbridos artificiais feitos em laboratório que não existem na bactéria
selvagem. Estes vão permitir uma produção 3x superior ao operão trp e 10x superior ao lac.
Estes vão ter uma região TATAbox (-10) igual à do operão da lactose e uma região CGbox (-35)
igual à do operão triptofano. Isto vai permitir-lhes ter uma regulação fácil e produzir em grandes
quantidades como o operão lac e, por outro lado, a capacidade “babosa” do operão trp que é
constitutivo, ou seja, está constantemente a produzir (a menos que seja reprimido).
Os vírus são parasitas obrigatórios de outras células, sendo os específicos das bactérias
chamados de bacteriófagos. Os promotores destes bacteriófagos acabam por ser mais fortes
que os das próprias bactérias, e por isso é que estas são infetadas.
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Promotor pL: promotor de bacteriófago λ é regulado pela proteína codificada pelo gene CI, a
qual é termosensível: a 30oC está ativa e liga-se ao promotor impedindo a transcrição dos genes,
enquanto a 42oC desnatura e fica inativa, havendo expressão do promotor. A expressão dos
genes estruturais deste promotor leva à formação de viriões.
O que se faz é clonar em laboratório esta proteína juntamente com o promotor p L no qual está
inserida a nossa proteína de interesse, em E. coli. Assim, quando se cultiva a bactéria a 30 oC
nada acontece e a bactéria cresce e a biomassa aumenta. A determinada altura, quando
queremos que a bactéria comece a sintetizar o nosso produto, aumentamos a temperatura para
42oC.
Desta forma, usa-se o gene lacI que vai codificar uma proteína que ao ligar-se ao promotor do
gene codificante na polimerase fágica permite a sua expressão, e esta polimerase, por sua vez,
vai induzir o promotor pT7 e permitir a expressão do nosso gene de interesse. Além da proteína
lac também se pode usar IPTG para induzir a expressão da polimerase fágica.
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gastar muito dinheiro para exprimir pouco. Por este motivo é que se recorrem a promotores
fágicos para controlar a expressão dos genes: um exemplo é a regulação em cadeia (trp+pL).
Para induzir a expressão basta colocar a bactéria num meio rico em triptofano, o qual vai inibir o
promotor trp e não se expressão a proteína CI. Desta forma, o promotor pL fica livre e o nosso
gene de interesse é expresso, sem ser preciso um processo dispendioso de aumento de
temperatura. Usando esta estratégia consegue-se 20% mais conteúdo proteico de interesse, o
que é muito significativo.
Múltiplas cópias do gene: quanto maior quantidade de genes, maior quantidade de RNA e
maior quantidade de proteína sintetizada. Isto pode conseguir-se com múltiplas cópias do gene
em tandem no plasmídeo e/ou com múltiplos plasmídeo em cada célula. Contudo, a relação nem
sempre é de proporcionalidade direta e os resultados podem não ser os esperados, isto porque
uma maior quantidade de DNA a expressar pode saturar energeticamente a célula e acabar
mesmo por ser tóxico. Outra desvantagem é ainda a grande quantidade de cópias favorecer
processos de recombinação genética entre elas e o aparecimento de mutações, o que diminui a
estabilidade da proteína final, podendo mesmo obter-se um produto diferente do desejado.
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Minimizar precipitação: é muito complicado recuperar uma proteína depois desta precipitar.
Para minimizar a precipitação podem usar-se proteínas integrais da membrana (como é o caso
da tioredoxina).
Folding e secreção apropriados: o folding da proteína pode não ser adequado ao hospedeiro,
o que dificulta a sua secreção. Para melhorar o folding pode recorrer-se a proteínas DsbC
(dissulfide bond-forming protein), que estabelecem pontes dissulfídricas entre cisteínas,
garantindo que a proteína adquire uma estrutura correta.
Proteína de fusão: fundir com a nossa proteína uma proteína própria do hospedeiro (por
exemplo, a β-galactosidase), colocando entre os seus genes uma região (7 aminoácidos) – linker
de fusão – que funciona, após a expressão, como péptido-sinal reconhecido pelas protéases,
separando assim no final o produto de interesse da proteína do hospedeiro. Esta proteína “extra”
vai impedir a formação de corpos de inclusão destinados à destruição da proteína de interesse
estranha ao organismo.
Linker de purificação: além dos linkers de fusão explicados anteriormente, existem também os
linkers de purificação que permitem recolher a nossa proteína de interesse de entre os restantes
constituintes da fermentação por cromatografia de afinidade, ficando o nosso produto ligado à
coluna da fase estacionária.
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Engenharia Genética F2
Bancos de células: devido às mutações vistas atrás que ocorrem em todos os ciclos de
replicação dos hospedeiros e que potenciam a perda do nosso gene de interesse, é aconselhável
recorrer a bancos de células. Nestes bancos começa-se por obter uma célula com as
características ideais e o nosso recombinante, tendo esta de ser exaustivamente bem
caracterizada, a qual é depois clonada (faz-se uma cultura em massa) e no final congela-se o
lote de células, todas com características iguais.
Faz-se a cultura, congelam-se 1000 ampolas e usa-se uma para fazer outra cultura em massa.
Desta 2ª congelam-se mais 1000 ampolas e usa-se uma para produção industrial. Desta forma,
estes bancos vão assegurar 106 ciclos de produção controlados e idênticos, com conservação
da estabilidade genética do recombinante. Isto assegura disponibilidade contínua de células em
caso de acidentes ou situações indesejáveis durante o processo de produção industrial do nosso
recombinante.
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Engenharia Genética F2
MCS (Multi Cloning Site) nas três grelhas de leitura para que se consiga inserir o
gene de interesse, bem como 3 codões de terminação para a transcrição.
Sequência de péptido (tag) removível que tanto pode servir para aumentar a
estabilidade do gene como para melhorar a purificação do produto por cromatografia de
afinidade.
MANIPULAÇÃO DE EUCARIOTAS
Folding: tal como nos procariotas, o folding da proteína pode não ser adequado ao
hospedeiro, o que dificulta a sua secreção. Para melhorar o folding pode recorrer-se a
proteínas DsbC (dissulfide bond-forming protein), que estabelecem pontes dissulfídricas
entre cisteínas, garantindo que a proteína adquire uma estrutura correta. No entanto,
estas pontes são mais consistentes nos eucariotas, originando estruturas moleculares
diferentes.
Processamento proteolítico: remoção de fragmentos internos da proteína – splicing.
Glicosilação: nos procariotas não ocorre glicosilação, mas nos eucariotas sim, embora
nem todas as proteínas sejam glicosiladas da mesma forma (depende do organismo em
causa, o processo é diferente caso se trate de leveduras, insetos ou mamíferos). Apenas
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Engenharia Genética F2
Origem de replicação (2) para E. coli (porque toda a manipulação do DNA tem de ser
feita em E. coli) e para as células eucariotas em questão.
Gene de resistência a antibiótico (não se usa em células eucariotas, mas pode ser
relevante aquando da manipulação em E. coli) ou que permita seleção metabólica para
os eucariotas (ESM – marcador de auxotrofia). A este último tem ainda de estar
associado o seu promotor e terminador para poder ser expresso.
MCS ladeado pelo promotor eucariótico e um terminador (essencial porque se a
transcrição não terminar pode tornar-se tóxica para o organismo).
SACCHAROMYCES CEREVISIAE
Existem vários promotores para S. cerevisiae disponíveis, tanto constitutivos como indutáveis,
para utilizar, sendo regulados por diversas maneiras consoante as suas condições de expressão.
Atualmente já se fazem vários recombinantes nestas leveduras: para vacinas (hepatite B),
diagnóstico clínico (hepatite C e HIV) e terapia humana (fatores de crescimento e insulina).
Existem ainda vários tipos de plasmídeos e cromossomas que podem ser usados neste
organismo.
YEp (episomal): é um episoma que usa uma estratégia idêntica à expressão de plasmídeos em
procariotas, mas em procariotas. Podem existir na forma livres ou integrados no genoma celular.
YIp (plasmídeo de integração): estes plasmídeos não possuem origem de replicação mas sim
regiões homólogas ao cromossoma da levedura que permitem, por recombinação genética, a
integração do gene de interesse e do marcador de seleção no genoma do hospedeiro. Esta
estratégia é a escolha nº 1 quando se trata de trabalhar em leveduras (embora também seja
muito usado em células de mamífero).
PICHIA PASTORIS
Nem todas as proteínas podem ser produzidas na S. cerevisiae devido às diferenças existentes
a nível das modificações pós-traducionais. Como alternativa, ocorreu a P. pastoris.
Levedura unicelular.
Tem elevada densidade no crescimento, uma vez que não produz etanol (fator limitante
do crescimento como produto de excreção).
Não permite glicosilação das proteínas
Microrganismos metilotrófico, ou seja, consegue crescer em meios de cultura contendo
apenas metanol como única fonte de carbono e energia. O metanol é tóxico para o
Homem.
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Engenharia Genética F2
BACULOVÍRUS
Crescem em suspensão.
Vírus infecioso de células de inseto de várias espécies.
É o sistema biológico com produtividade mais elevada associada, uma vez que a sua
natureza consiste em infetar as células e produzir enormes quantidades de viriões
(extremamente resistentes por terem uma cápsula proteica), e por isso vai também
produzir grandes quantidades do nosso recombinante.
O ciclo viral infecioso dos baculovírus pode ser feito por gemulação
outra vez de corpos de inclusão intracelulares de poliedrina. Esta
proteína atua como um “cimento” que protege os viriões formados,
tendo um promotor de expressão associado extremamente forte.
Contudo, a poliedrina é inútil em laboratório porque podemos controlar
os vírus, pelo que o seu gene codificante pode ser substituído pelo
nosso gene de interesse, ficando ele associado ao promotor forte da
poliedrina.
As únicas desvantagens desta técnica é o facto de não haver meio de seleção dos
recombinantes, tendo-se de observar ao microscópio e selecionar as células que não
apresentem formação de corpos de inclusão, o que significa que o gene foi recombinado.
CÉLULAS DE MAMÍFERO
Usadas quando se quer produzir proteínas humanas, uma vez que apresentam
modificações pós-traducionais completas e adequadas ao ser humano.
São mais exigentes a nível dos meios de culturas.
Crescem em aderência, e por isso tem associados desperdícios de meio de cultura e um
crescimento mais lento.
Podem usar-se vários marcadores de seleção, não sendo isso uma limitação.
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Engenharia Genética F2
Consoante o tipo de célula em questão, diferente tem de ser a expressão da proteína aquando
da tradução, sendo preciso em eucariotas uma seleção rigorosa que não existe noutros
hospedeiros, dos elementos de controlo da tradução, tendo estas regiões de ser controladas.
Sequências UTR nas extremidades 3’ e 5’ que não são traduzidas têm de ter dimensão
adequada para que o ribossoma faça um reconhecimento correto do gene.
Sequência de Kozak análoga à de Shine-Dalgarno nos procariotas, que permite o
reconhecimento do codão de iniciação AUG pelo ribossoma.
Sequência de sinal para secreção da proteína
Tag (T) para purificação da proteína
Sequência de protéase (S) necessária para remover o tag após recuperação da
proteína.
Codão stop (SC) para parar a tradução, senão o processo torna-se tóxico para a célula.
Além destas tem ainda de existir local de ligação das poli-A polimerase para que ocorra
pooliadenilação.
PROTEÍNAS MULTIMÉRICAS
Este conceito é aplicado tanto a células procariotas como eucariotas. É possível produzir duas
proteínas diferentes na mesma célula usando:
Dois vetores na mesma célula: usar dois plasmídeos, um com cada gene codificante
para uma proteína, tendo estes de ter marcadores de seleção diferentes. O problema é
não haver produção equivalente das duas proteínas devido aos processos de
recombinação que podem levar à perda de um dos vetores por recombinação ou a
mutações que alterem a sequência. Isto origina diferentes números de cópias de cada
plasmídeo e leva à sobreprodução de uma das proteínas em detrimento da outra, e por
isso não se usa.
Dois genes num vetor: o DNA considera-se bi-cistrónico e os genes são
independentes, ou seja, têm dois promotores diferentes. O facto de haver dois
promotores pode levar a sobreposições entre eles, não havendo garantias de expressão
a nível de ambos os genes. Embora seja um método viável, também não é muito fiável.
Dois genes num vetor separados por IRES (Internal ribosomal entry site): consiste
basicamente em colocar uma sequência reconhecida pelo ribossoma (de origem viral)
entre os genes, permitindo que dois ribossomas atuem e que haja uma expressão
equilibrada de ambas as proteínas. É o método mais usado industrialmente.
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INTEGRAÇÃO ESPECÍFICA/SELEÇÃO
KNOCK-OUT
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Engenharia Genética F2
OS 5 FFS – APLICAÇÕES
O milho transgénico é o alimento mais relevante neste meio. Ele possui uma toxina de
bactéria que permite o controlo de infestação por larvas. Todo o milho doce
comercializado atualmente é transgénico, pois só assim pode haver tão grande resposta
ao consumo.
Outro exemplo é a soja (possui gene de resistência a herbicidas), a batata (relevante
devido ao elevado consumo; o OGM é resistente a infestantes virais), mandioca
(alimento rico em cianeto que pode ser tóxico para o ser humano que, por ser muito
usado em África, é importante a obtenção de um GM com menor teor em cianeto).
A modificação de animais consiste em organismos maiores, com características de
interesse mais acentuadas, etc.. Estes animais ainda não se encontram no mercado por
não serem rentáveis, uma vez que o seu crescimento não é normal e alguns acabam
mesmo por morrer a meio do processo por causa da inadaptação do seu corpo às
circunstâncias a que são submetidos.
“Fiber”: vestuário; engloba fibras não sintéticas (biológicas) como a seda, existindo uma
intervenção sobre os animais/plantas para que estes produzam fibras mais vantajosas, a nível
da qualidade e do custo monetário.
“Fuel”: os combustíveis fósseis são limitados e um dia esgotarão. O uso destes combustíveis
resulta na libertação de CO2, processo que também ocorre em vários seres vivos. Neste
seguimento já há estudos que levam a pensar que as células, que conseguem fazer esse mesmo
processo biológico, poderão ser uma alternativa aos combustíveis fósseis. Contudo, para a
evolução deste mercado tem de haver uma maior carência de combustíveis devido a questões
económicas e sociais, o que ainda não se verifica, levando, por enquanto, a uma estagnação
nesta área.
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Engenharia Genética F2
Glucose < Celulose: a celulose é degradada em glucose por celulases, a qual é depois
transformada em etanol.
Hidrogénio: as hidrogenases bacterianas retiram o hidrogénio da água, ou seja, a
energia, a qual pode ser canalizada como “combustível”.
EnviropigTM: processo de eliminação do fósforo das fezes dos porcos por criação de
animais transgénicos, permitindo fazer cultura de porcos em meio urbano sem incômodo
para a população devido aos maus odores. Não está ainda a ser implementado por
questões económicas.
Bio-lixiviação e bio-oxigenação, bem como tratamento de efluentes são processos que
atualmente são químicos mas que, com recurso à engenharia genética, podem ser
tornados biológicos. No primeiro caso consistirá na extração não química de minérios,
enquanto o segundo trata a degradação aeróbia e anaeróbia de águas residuais, gases
e óleos.
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Engenharia Genética F2
TÉCNICAS IMUNOLÓGICAS
Anticorpos Monoclonais
Ou seja, são anticorpos produzidos por um único clone de um único linfócito B parental, o qual é
clonado e imortalizado, produzindo sempre os mesmos anticorpos em resposta a um agente
patogénico. Estes anticorpos são iguais entre si na estrutura, nas propriedades físico-químicas
e biológicas, na especificidade e na afinidade, ligando por isso sempre o mesmo paratopo ao
mesmo antigénio.
A forma geral de fazer anticorpos monoclonais é feita apenas em ratinhos BalbC porque apenas
há células do mieloma histocompatíveis com células destes animais:
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Engenharia Genética F2
por mutação das células do mieloma que leva a uma inibição das enzimas.
Incapazes de fazer síntese de DNA, estas células acabam por morrer.
» As células B acabam por morrer porque têm um tempo de vida limitado.
» Os hibridomas, embora não tenham enzimas TK e sofram de bloqueio da DHFR,
dividem-se normalmente por terem atividade da HPRT do linfócito B parental,
podendo assim sintetizar DNA. Assim, ficamos apenas com as células dos
hibridomas em cultura.
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Engenharia Genética F2
Hibridações moleculares
A hibridação de DNA permite identificar fragmentos de DNA que têm esse gene-alvo. Para isso
usa-se uma sonda correspondente a uma cadeia simples com nucleótidos complementares ao
gene-alvo, a qual se tem de marcar (radioactivamente ou recorrendo a outros métodos, como
fluorescência) para se poder ver e seguir até esta identificar o gene-alvo por ligação a este por
complementaridade de bases numa região.
Para esta identificação ser possível é necessário o gene-alvo ter só uma cadeia de DNA (e não
estar em cadeia dupla), o que é conseguido por desnaturação das moléculas de DNA com o
aumento da temperatura. Como o aumento de T derreteria o gel usado na eletroforese, é
necessário primeiro transferir o DNA para um membrana – a sonda não pode ser aplicada no
gel. Faz-se então Southern ou Northern blotting.
1) Ligar DNA (ou RNA) alvo num suporte sólido (membrana de nitrocelulose ou plástico)
2) Adicionar DNA marcado (sonda radioativa, bioluminescente, etc..) – a marcação antes
era feita com isótopos radioativos, mas atualmente é feita por bioluminescência.
3) Incubar em condições para hibridação para assegurar que a sonda se liga ao ácido
nucleico por pontes de hidrogénio – manipula-se a temperatura e força iónica para alterar
a ligação das moléculas, e desta forma a sonda pode ser usada várias vezes.
4) Lavar material não hibridado
5) Revelar sonda retida no suporte por autoradiografia, avaliação de cor, etc. – o tipo de
revelação feito depende do tipo de marcação da sonda.
NOTA: Se for feita pelo método normal demora algum tempo, mas atualmente já se consegue
saber a resposta em 10-15 minutos.
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Engenharia Genética F2
DIAGNÓSTICO DE INFEÇÕES
Por exemplo, um dos maiores problemas a nível nacional é a hepatite C que geralmente é
transmitida em transfusões de sangue. Isto continua a ser um problema porque fica caro analisar
o sangue a doar por PCR, e é uma doença que não é detetada pelos anticorpos.
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PCR: usa-se um primer para o PCR que coincida com a região de potencial mutação. Se houver
mutação e o primer não hibridar, não haverá amplificação. Em outros casos poderá haver
hibridação quando existe mutação.
Aptâmeros: Os aptâmeros são pequenas moléculas (15 a 60 bases) oligonucleotídicas (de ribo-
ou desoxiribonucleótidos) de cadeia simples (ssDNA ou ssRNA) e com uma estrutura particular
(secundária e terciária) que permite interagir com um alvo devido à elevada afinidade com a
estrutura do mesmo.
Por serem tão pequenos comparativamente com outras moléculas biológicas, têm uma
melhor penetração nos tecidos.
Têm um comportamento semelhante aos anticorpos.
Ocorrem numa sequência de 15 a 17 bases por genoma humano.
São produzidos artificialmente e modificados para serem mais estáveis, mas podem
ocorrer naturalmente in vivo.
Não são biotecnológicos, são produtos químicos.
Os aptâmeros têm uma estrutura complementar ao seu alvo e funcionam como DNA ou RNA
antisenso, hibridando com mRNA ou gene e manipulando especificamente a sua expressão.
Enquanto os anticorpos específicos de antigénios são obtidos expondo animais a esse mesmo
antigénio e extraindo e imortalizando o linfócito produtor de anticorpos, a aquisição de aptâmeros
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Engenharia Genética F2
não recorre a animais (eticamente positivo) nem tem de esperar que se desenvolva uma resposta
imunitária, sendo por isso também vantajoso.
Os aptâmeros obtêm-se então por exposição de uma molécula-alvo (antigénios) a RNAs que se
ligam a eles, sendo assim possível seleciona-los e depois extrai-los e purifica-los.
Aplicações
Método químico que recorre a bibliotecas de ácidos nucleicos (neste caso de RNA) para
selecionar aptâmeros e baseia-se em ciclos consecutivos de seleção e amplificação. A biblioteca
consistirá num conjunto de sequências nucleotídicas aleatórias que vão corresponder aos vários
aptâmeros possíveis de serem usados.
Começa-se então por incubar a biblioteca de aptâmeros com os vários alvos que, neste caso, se
tratam de antigénios e selecionar os aptâmeros que melhor reagem/ligam ao antigénio, os quais
são amplificados e incubados novamente com os mesmos antigénios, voltando a ser
selecionados. Faz-se então vários ciclos deste procedimento de modo a evoluir o RNA
(aptâmeros) ligante, tornando-o assim cada vez mais específico para esse mesmo antigénio.
Os aptâmeros podem sofrer modificações pós-selex para melhor interagir com o alvo e para
ganhar resistência a nucleases e assim serem mais estáveis. No final os aptâmeros selecionados
são clonados e sequenciados, podendo depois ser usados em alternativa aos anticorpos
monoclonais.
Esta síntese química permite modificar o aptâmeros durante o ciclo de modo a refinar a
resposta a antigénios, o que não é possível no processo de obtenção tradicional de
anticorpos monoclonais.
Após cada modificação é necessário testar novamente a especificidade para o antigénio,
para garantir que não se perde a complementaridade que é o objetivo principal.
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Engenharia Genética F2
IV - PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Temos ainda de ter consciência que a célula está a produzir uma proteína estranha que lhe
traz gastos energético e, por vezes, nenhuma vantagem, o que leva a uma baixa estabilidade da
proteína. Desta forma, a célula responde com a degradação ou precipitação intracelular da
mesma, tendo-se de arranjar soluções para contornar o problema. Estratégias usadas são:
Quanto às escalas de produção, existem 3: laboratorial (desde o eppendorf aos 5L), piloto (dos
20 aos 200L) e industrial (+200L). Não há, contudo, forma das experimentações laboratoriais
serem completamente análogas às industriais, e por isso durante uma produção industrial é
sempre necessário ir avaliando os ciclos de produção e adaptando as condições de produção
em função dessa análise.
Para uma expressão rentável da proteína em questão há que ter uma expressão elevada da
mesma, de forma regulada e recorrendo a promotores moduláveis.
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Engenharia Genética F2
Não começa na origem porque não há geração espontânea, ou seja, no início temos
sempre um nº mínimo de células na cultura.
Primeira fase antes de se iniciar a divisão celular, não havendo variação do número de
células, uma vez que é o período de adaptação das mesmas ao meio. Há, contudo, uma
intensa atividade metabólica.
Esta fase tem duração variável, pois depende principalmente de dois fatores, os quais
podem ser manipulados a nosso gosto, de modo a alterarmos a duração desta fase. Esta
fase pode mesmo não existir. Vai depender:
Da natureza do meio de cultura (da adaptabilidade das células ao inóculo): se
for diferente do meio onde as células se encontravam inicialmente, o tempo de
adaptação vai ser maior (pois, nomeadamente, as células vão ter de sintetizar
novas enzimas), o que também acontece se o inóculo for muito pequeno.
Das condições do micróbio: da sua idade (a duração é menor se tanto as células
como os meios forem mais jovens, pois estas têm metabolismo mais ativo, o que
diminui o tempo de atuação) e da temperatura (se a T do meio inicial for muito
baixa, o tempo de adaptação é maior).
Esta fase ocorre até as condições do meio se comecem a deteriorar (acumulação de produtos
do metabolismo, alterações no pH, etc.) e passem a ser inibitórias do crescimento.
Fase estacionária
Nesta fase o crescimento populacional estabiliza, e a curva fica horizontal (não há crescimento
líquido celular). Isto porque o número total de células viáveis mantem-se constante enquanto a
taxa de crescimento iguala a taxa de morte celular (é errado dizer que não há crescimento ou
que as células estão todas mortas), ou então a taxa de divisão celular ocorrer muito lentamente.
Isto acontece devido a:
Limitação de nutrientes
Limitação de oxigénio (no caso de serem aeróbios)
Acumulação de produtos do metabolismo (efeito tóxico) Como o sistema é fechado
não são removidos os produtos de excreção, que são nefastos à população.
Se ter atingido um nível populacional crítico Causa menos comum. Acontece quando
o crescimento metabólico é tal que as células ficam sem espaço para se reproduzir.
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Engenharia Genética F2
Tanto nesta fase intermédia como na fase estacionária, o metabolismo primário reduz e o
metabolismo secundário fica ativo, como mecanismo de defesa celular, por produção de
substâncias que permitam a sua sobrevivência (ex.: produção de antibióticos e enzimas).
NOTA: Se a escassez de nutrientes for muito grande entra-se em fase de senescência, e por
isso a margem de concentração de nutrientes é muito apertada e por isso é mais complicado
manter os microrganismos nesta fase, relativamente à fase log.
Fase de morte
Esta fase inicia-se quando não há mais nutrientes fornecidos ao sistema ou os metabolitos
começam a matar as células. O número de células metabolicamente ativas (viáveis) decresce
pois a maioria das células está em processo de morte.
Fase logarítmica: Uma proporção constante de células morre em cada intervalo de tempo.
Usualmente um declínio logaritmo não dura o resto do processo.
Fase não logarítmica: Varia com as condições ambientais como o tipo de meio ou o
microrganismo em causa.
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Engenharia Genética F2
Batch: sistema fechado em que não se acrescenta nem retira nada da cultura ao longo
do processo (há, contudo, troca de gases) – há crescimento das células até esgotamento
dos nutrientes.
Fed-batch: começa-se com um meio de cultura descontínuo e, em determinado ponto do
crescimento (à nossa escolha) é introduzido meio de cultura (mas não é removido
nenhum caldo de fermentação), o que vai aumentar o volume (e por isso este é variável).
Isto permite que as células continuem a crescer mesmo quando a densidade é muito
grande, mantendo o crescimento exponencial durante um período extra de tempo, o que
aumenta a produção de produto final – produz-se mais e durante mais tempo.
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Engenharia Genética F2
Fermentadores com agitação mecânica (pás de rotação): não se usam para células
eucariotas animais porque, como não têm parede celular, são muito frágeis, mas são
ótimos para células procariotas. Contudo, por estas serem muito pequenas obrigam a
uma velocidade de agitação muito elevada, o que leva à formação de espuma, prejudicial
ao processo, não podendo acrescentar-se anti-espumantes porque prejudicam o
crescimento celular (uma vez que levam à produção de álcool que é tóxico para a cultura
em certos níveis de concentração).
Fermentadores com coluna de bolhas: a agitação é feita por uma coluna de bolhas
formada por um difusor de ar colocado no fundo do reator, o que diminui a tensão de
corte e assim pode ser usado em microrganismos mais frágeis.
Fermentadores com circulação por arejamento: consiste numa coluna de bolhas mas
dividida por um anteparo, cuja colocação influencia se ocorre circulação do ar externa
ou interna.
Tal como a coluna de bolhas tem baixas tensões de corte, mas acaba por ser
mais eficiente que esta.
Entre as duas circulações possíveis, o loop externo é a mais eficiente.
Por detergentes: pode-se remover células com ajuda de detergentes que rompem as
membranas e também desnaturam as proteínas.
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PURIFICAÇÃO DO PRODUTO
A purificação do produto começa por submeter a mistura, após filtração para separação das
células, a uma cascata de filtros com diferentes dimensões de poro. Após isto recorre-se a
processos cromatográficos.
A separação é feita em função do ligando: quando a mistura (meio onde se encontra a proteína
de interesse, proteínas contaminantes e outros componentes) atravessa a coluna, apenas a
proteína de interesse se liga à matriz.
Cromatografia de troca iónica: a separação é feita pela carga elétrica, sendo feita em coluna
com recurso a uma matriz (resina) que é um polímero contendo grupos ligados carregados. Neste
seguimento, a resina pode ser de permuta/troca catiónica ou de permuta/troca aniónica,
sendo que haverá troca de catiões (carga positiva) ou aniões (carga negativa), respetivamente,
com os grupos ionizáveis das proteínas, retendo-as.
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PLANTAS TRANSGÉNICAS
MILHO BT11
Até hoje, a planta OGM mais relevante é o milho doce (Zea mays) ao qual foi adicionado dois
genes das bactérias do campo Bacillus thuringiensis (BT) e Streptomyces viridochromogenes. O
primeiro confere-lhe resistência a pragas por insetos pois codifica uma proteína que se liga ao
tubo digestivo dos insetos quando eles atacam a planta, o que lhes é letal. Como o tubo digestivo
dos mamíferos não tem recetor para esta proteína, não são afetados. O segundo gene codifica
uma proteína capaz de degradar glifosatos de amónia usados como herbicidas, tornando assim
a planta resistente.
Isto permitiu uma redução significativa das perdas anuais das culturas de milho, e um aumento
da disponibilidade como recurso alimentar. Contudo, a aprovação deste milho foi um longo
processo, desde 1998 a 2004:
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ANIMAIS TRANSGÉNICOS
Ao contrário das plantas, não existem muitos animais transgénicos. Isto acontece por vários
motivos, nomeadamente o facto das células vegetais serem totipotentes e as animais não (ou
pelo menos achava-se que não, porque atualmente já há tecnologia nessa área). Desta forma,
embora se possam ter animais transgénicos, a descendência resultante dum cruzamento poderá
não ser transgénica, a menos que se modifiquem os genes de ambos os progenitores.
O principal objetivo dos animais transgénicos é gerar novas características, com preservação
das precedentes (das que o animal já possuía antes de ser modificado), nomeadamente para:
NOTA: Para obter descendência recombinante tem-se de fazer cruzamento entre animais
iguais, mas nunca podem ser da mesma família porque isso homogeneizaria os genes,
ou seja, perde-se a zigotia e a diversidade, podendo mesmo perder-se a espécie.
Existem ainda algumas questões técnicas associadas à transgénese animal, vamos ter:
Local de inserção do transgene, pois este pode interferir com os outros já existentes,
induzindo a sua rutura, a formação de tumores ou a indução de provírus (no caso do uso
de vetores virais).
Número de cópias inseridas ainda não se domina, e isso pode ser um problema.
Envolvente genética para a expressão
Expressão nos tecidos adequados, e se for expresso em tecidos inadequados
pode ser um problema.
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VI - REGULAMENTAÇÃO
Existem diversas campanhas de opinião sobre os produtos biotecnológicos que têm em conta
questões éticas, legais, económicas (mais relevante na sociedade atual) e sociais, sendo os
alvos o público que não é contra nem a favor deles (considerando os que são contra uma “causa
perdida”).
Para que um produto biotecnológico seja libertado no mercado existe uma série de guidelines
que têm de cumprir, sendo feito estudos intensivos sobre o seu impacto a nível ambiental e da
saúde pública, e ainda considerações específicas individuais para cada produto (nomeadamente
económicas).
As patentes são concessões públicas conferidas pelo Estado que garantem ao seu titular
exclusividade ao explorar comercialmente a criação de um produto, e em contrapartida este tem
de ser disponibilizado ao público. Para ser patenteado:
Não pode existir antes nem ter sido publicado nada sobre si há pelo menos 1 ano.
Não pode ser apenas uma descoberta, mas sim algo “não óbvio” para conhecedores da
área.
Deve ser útil e aplicável (ou seja, facilmente reproduzido).
Têm de ter descrição completa e serem implementadas por um conhecedor da área.
Tem de ser feito pelo Homem
Teorias científicas
Métodos matemáticos
Criações estéticas
Tratamentos ou terapêuticos de humanos ou animais
Produtos da natureza
Segmentos de DNA que supostamente não deveriam ser patenteados já o são, ou seja, se
quisermos usar um gene inteiro, cDNA ou sequências parciais, mesmo que sejam nossas, tem-
se sempre de pedir autorização. Outras coisas que já estão patenteadas são:
Nos séculos XX e XXI evoluiu-se bastante na área da clonagem, sendo que em 2000 até de
tentou trazer um animal em extinção noutra espécie, embora isso seja um processo complicado
pois se houve extinção era porque não tinha adaptações suficientes às condições ambientais.
Os genes são sequências de material hereditário (DNA) responsáveis pela expressão das
características fenotípicas, sendo “imortais”. Por sua vez, os indivíduos são um produto
biológico resultante de um processo evolucionista, hospedeiro temporário dos genes que os
expressa fisicamente. Ou seja, a função do individuo é propagar os genes!
Pode-se assim dizer que a clonagem (qualquer uma), sendo um processo no qual se favorece a
preservação dos genes e se facilita a propagação do material genético, é pro-natura, pois
constitui o objetivo da existência de vida!
CLONAGEM HUMANA
Contudo, a clonagem humana ainda não é aprovada e é condenada ética, mora e legalmente.
As suas hipotéticas aplicações seriam:
BRAINER MOUSE
Dumb mouse: fez-se o knockout do gene NMDA e obteve-se um ratinho com maior
dificuldade em fazer ligação entre células neurais e pouca memória. Este apresentava
uma memória espacial prejudicada, não recordando os caminhos anteriormente feitos
até à comida.
Doogie mouse: adicionaram-se cópias extras do gene NMDA e observou-se um maior
número de conexões entre as células neurais e uma capacidade de memória 4 a 5x
superior aos ratinhos normais.