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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
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BASES NEUROBIOLÓGICAS DOS TRANSTORNOS DE
LE
APRENDIZAGEM
LA
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ORIENTADOR:
Rio de Janeiro
DO
2018
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Rio de Janeiro
2018
DEDICATÓRIA
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ou escrita. Posteriormente essa área na transição dos lobos parietal e temporal e
ao redor delas, no hemisfério esquerdo, ficou conhecida como área de Wernick.
Mais tarde Korbinian Brodmann, que analisou a organização celular do
córtex através de técnicas de coloração de tecidos, o que permitiu a diferenciação
das células em diferentes regiões cerebrais, levando a identificação de 52 regiões
cerebrais diferentes.
Outras grandes descobertas aconteceram com o trabalho de Camilo Golgi,
que desenvolveu uma coloração de prata que impregnava os neurônios,
permitindo a identificação completa de um único neurônio. Surgindo então a
visão de que o neurônio era uma entidade única, defendida por Santiago Ramon y
Cajal. Além dessa conclusão ele também identificou a transmissão da informação
elétrica em uma única direção, dos dendritos para a extremidade dos axônios.
Muitos outros brilhantes cientistas voltaram seus estudos para este
fascinante órgão, embora as limitações tecnológicas da época atrapalhassem o
pleno desenvolvimento da neurociência, ela continuou a ser estudada e mais
tarde com o advento dos exames de imagem na década de 90, foi possível
confirmar no estudo “in vivo” as conclusões elaboradas no passado.
2. A célula
A célula como estrutura básica formadora dos seres vivos foi
descoberta após a invenção, que revolucionou a ciência – o microscópio. O
cientista inglês Robert Hook, dedicou-se a observação de pedaços de cortiça.
Após tentativas de pouco sucesso, o cientista teve a ideia de cortar finos pedaços
do material e observar ao microscópio. Essa observação foi a base para toda a
discussão que tomou o meio acadêmico da época, Hook observou a presença de
cavidades preenchidas por ar, então pela primeira vez foi possível a observação
da célula. Seu nome derivou do latim “cella”, que significa pequena cavidade.
Um pouco depois, outro importante cientista, Anton van Leeuwenhoek,
observou pela primeira vez a célula animal. Este cientista fez grandes
contribuições para a ciência, além de observar a célula animal, ele também
construiu microscópios e foi o primeiro a observar e descrever as células
vermelhas do sangue, protozoários e bactérias.
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Dentro do núcleo está o material genético, o ácido desoxirribonucleico
(ADN), que “comanda” a síntese de proteínas. Como o ADN não sai do núcleo,
quem leva a informação ao citoplasma é uma outra molécula chamada de ácido
ribonucleico (ARN), por isso essa molécula é chamada de ARN mensageiro.
Dentre as organelas citoplasmáticas presentes nos neurônios podemos
citar o retículo endoplasmático rugoso, que é mais abundante nos neurônios do
que em outros tipos celulares. Ele é responsável pela síntese de proteínas,
graças aos ribossomos associados.
Outra organela muito abundante no corpo celular é a mitocôndria, que é
especializada em fornecer energia para a célula por meio do processo de
respiração celular.
Como em qualquer célula, a membrana plasmática desempenha função de
permeabilidade seletiva, separando os meios intra- celular e extra- celular, com
proteínas associadas, que auxiliam no transporte de substancias. Entretanto, na
membrana dos neurônios - a membrana neuronal – a composição proteica varia
de acordo com a sua localização, no soma, dendritos ou axônios (BEAR, F. Mark,
pag. 35). ainda como afirma:
“A função dos neurônios não pode ser compreendida sem o conhecimento da
estrutura e da função da membrana neuronal e de suas proteínas associadas .”
2.1.2. Dendritos
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CAPÍTULO II
1. Impulso nervoso
Como disciplina Robert Lent (cem bilhões de neurônios, pag. 84),
“Talvez seja um exagero dizer que a membrana é o componente mais importante do
neurônio, já que muitos outros componentes são essenciais a vida. Mas é certo pelo
menos, que a membrana do neurônio apresenta uma propriedade muito particular que o
distingue da maioria das células do organismo. Essa propriedade – excitabilidade –
permite que o neurônio produza, conduza e transmita a outros neurônios os sinais
elétricos que constituem a linguagem do sistema nervoso”
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CAPÍTULO III
20
palavras, problemas na decodificação e dificuldade de ortografia. Sendo dessa
forma, específico das habilidades da leitura.
O DSM-5 classifica como critérios diagnósticos: “leitura de palavras de
forma imprecisa ou lenta e com esforço; dificuldade para compreender o sentido
do que é lido. Na prática em sala de aula, a identificação dessa condição fica
prejudicada pela grande quantidade de alunos e pela falta de conhecimento de
profissionais de educação.
As funções cognitivas envolvidas neste tipo de transtorno estão
relacionadas ao funcionamento ineficiente da região perissilviana esquerda.
O processamento da leitura é complexo e envolve estímulos atencionais,
que passam pelo tronco encefálico; a codificação, processamento simultâneo
sequencial, construção, significado e compreensão- lobos occipital, temporal e
parietal; e finalmente a planificação que nesse caso a área cerebral envolvida é o
córtex frontal, que acessa os sistemas de organização, internalização verbal.
Nos indivíduos disléxicos há uma falha nesse circuito. Ao invés de
ativarem, como os leitores normais, as partes anterior e posterior do cérebro, há
uma sub-ativação de caminhos neurais da parte posterior e uma super-ativação
da parte anterior do cérebro. Isso representa uma assinatura ou marca neural
para as dificuldades fonológicas. A consequência na falha na parte posterior do
cérebro é a incapacidade de transformar as letras em sons ao analisarem as
palavras e o não reconhecimento rápido e automático das palavras. Uma forma
de compensar essa falha de sub- ativação da parte posterior é a criação de vias
alternativas cerebrais diferentes. Isso se dá por meio do uso de sistemas
auxiliares na parte frontal e lado direito do cérebro e da área de Broca. Porém
esses sistemas secundários são funcionais, mas não são automáticos, ou seja,
permitem que haja uma leitura precisa, mas ocorre de forma muito lenta.
3. Transtorno da matemática
É a disfunção no domínio da linguagem matemática, entretanto sem afetar
o raciocínio lógico. Para RELVAS, 2015: “a discalculia apresenta sistemas de
dificuldades em lidar com a linguagem matemática, em associar números,
fórmulas e símbolos”.
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característicos estavam relacionados à disfunções em vias nervosas e não lesões
como etiologia.
Atualmente, o DSM-5 apresenta três sintomas que caracterizam o portador
do desatenção, hiperatividade e impulsividade. Caracteriza-se por alterações nos
sistemas atencionais, motores, perceptivos, cognitivos e de comportamento,
comprometendo a aprendizagem, vida social e familiar de crianças com potencial
intelectual adequado. Presença de alterações nas funções executivas.
Estudos de neuroimagem funcional apontam para alterações sensoriais,
psicomotoras e da ativação disfuncional do cerebelo, o que causaria a
hiperatividade, apresentando nesse caso volumes cerebrais menores do que em
crianças sem o TDHA.
Estudos encefalográficos verificam alterações na ativação do ritmo
cerebral, caracterizando a imaturidade cerebral. Verificou-se também com os
procedimentos que o portador dessa condição utiliza circuitos alternativos diante
de estímulos distratores, e, portanto, respostas mais lentas a estímulos cognitivos.
O DSM-5 trouxe a possibilidade de classificar o portador do TDAH como:
TDAH com predomínio de sintomas de desatenção – com elevadas taxas
de prejuízo acadêmico, quando apenas esse critério é preenchido nos
últimos seis meses;
TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade – com
altas taxas de rejeição e de impopularidade frente aos colegas, quando
apenas esse critério é preenchido nos últimos seis meses;
TDAH combinado – elevada taxa de prejuízo acadêmico e maior presença
de sintomas de conduta, oposição e desafio, quando ambos os critérios
estão presentes.
Ainda é possível classificar o transtorno como leve, moderado e grave,
de acordo com o grau de comprometimento do indivíduo.
2.1. Neurônio
2.1.1. Soma
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Dentro do núcleo está o material genético, o ácido desoxirribonucleico
(ADN), que “comanda” a síntese de proteínas. Como o ADN não sai do núcleo,
quem leva a informação ao citoplasma é uma outra molécula chamada de ácido
ribonucleico (ARN), por isso essa molécula é chamada de ARN mensageiro.
Dentre as organelas citoplasmáticas presentes nos neurônios podemos
citar o retículo endoplasmático rugoso, que é mais abundante nos neurônios do
que em outros tipos celulares. Ele é responsável pela síntese de proteínas,
graças aos ribossomos associados.
Outra organela muito abundante no corpo celular é a mitocôndria, que é
especializada em fornecer energia para a célula por meio do processo de
respiração celular.
Como em qualquer célula, a membrana plasmática desempenha função de
permeabilidade seletiva, separando os meios intra- celular e extra- celular, com
proteínas associadas, que auxiliam no transporte de substancias. Entretanto, na
membrana dos neurônios - a membrana neuronal – a composição proteica varia
de acordo com a sua localização, no soma, dendritos ou axônios (BEAR, F. Mark,
pag. 35). ainda como afirma:
“A função dos neurônios não pode ser compreendida sem o conhecimento da
estrutura e da função da membrana neuronal e de suas proteínas associadas .”
2.1.2. Dendritos
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2.1.3. Axônio
3. Cérebro
Abrigado sob a proteção da caixa craniana e das meninges – pia mater,
dura mater e aracnoide, encontra-se o órgão principal do sistema nervoso. Ele
tem a capacidade de responder a estímulos ambientais e comandar todas as
funções vitais.
O cérebro contém sulcos e fissuras que auxiliaram os pesquisadores na
identificação das funcionalidades das áreas. Anatomicamente sua divisão foi:
telencéfalo e diencéfalo; tronco encefálico – mesencéfalo, ponte e bulbo;
cerebelo.
As células que compõem este órgão apresentam a capacidade de
conduzir as informações, sob a forma de impulsos nervosos, célula a célula até
produzir uma resposta, que é enviada em uma fração de segundos. A passagem
de impulsos nervosos de uma célula para outra é chamada de sinapse. O
impulso nervoso segue sempre o mesmo sentido: dendrito corpo celular
axônio.
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CAPÍTULO II
1. Impulso nervoso
Como disciplina Robert Lent (cem bilhões de neurônios, pag. 84),
“Talvez seja um exagero dizer que a membrana é o componente mais importante do
neurônio, já que muitos outros componentes são essenciais a vida. Mas é certo pelo
menos, que a membrana do neurônio apresenta uma propriedade muito particular que o
distingue da maioria das células do organismo. Essa propriedade – excitabilidade –
permite que o neurônio produza, conduza e transmita a outros neurônios os sinais
elétricos que constituem a linguagem do sistema nervoso”
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Através dos canais iônicos são bombeados alguns íons do líquido
extracelular para o interior da fibra nervosa, e outros do interior da fibra nervosa
de volta ao líquido extracelular. Dessa forma funciona a bomba de sódio e
potássio, que bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o potássio é
bombeado ativamente para dentro. Todavia, esse processo não é equivalente,
para cada três íons de sódio bombeados para o líquido extracelular, apenas dois
de potássio são bombeados para o espaço intracelular.
No potencial de repouso, quando um neurônio não está gerando impulso
nervoso, a membrana neuronal é praticamente impermeável ao sódio, com os
canais de sódio fechados. Nesse caso o sódio é lançado para fora da membrana
pela bomba de sódio e potássio. A saída do sódio não é acompanhada pela
entrada de potássio, estabelecendo uma diferença de potencial elétrico, há déficit
de cargas positivas dentro da célula embora as faces da membrana mantenham-
se eletricamente carregadas. O potencial de repouso é gerado justamente pelo
potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa. Nesse caso o exterior
da membrana fica com carga positiva e o interior negativo. Dessa maneira, a
membrana fica polarizada.
Com a abertura dos canais de sódio, sua entrada é acompanhada pela
saída de pequena quantidade de potássio, esta inversão vai sendo transmitida ao
longo do axônio, num processo denominado despolarização. Os impulsos
nervosos são gerados pela despolarização da membrana. Que se propagam
como “ondas” ao longo do axônio.
2. Sinapse elétrica
Chama-se sinapse, o local de transmissão do impulso nervoso de um
neurônio para outro. As sinapses elétricas ocorrem de maneira mais simples e
são evolutivamente mais antigas. Ela permite a transferência direta da corrente
iônica de uma célula para outra.
As sinapses ocorrem em sítios especializados denominados junções gap
ou junções comunicantes. Essas junções separam a membrana pré-sináptica da
pós-sináptica por minúsculo espaço. Esse espaço é ainda atravessado por
proteínas especiais – conexinas – que se agrupam e formam um canal permitindo
que íons passem diretamente do citoplasma de uma célula para outra.
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Geralmente, nesse tipo de estrutura a corrente iônica passa em ambos os
sentidos- bidirecional.
3. Sinapse química
As sinapses químicas acontecem no sistema nervoso maduro,
apresentando mediadores químicos, chamados neurotransmissores. Eles têm um
papel central na transmissão do impulso nervoso.
Neste tipo de sinapse as membranas pré e pós-sináptica encontram-se
separadas por um espaço denominado: fenda sináptica. A fenda, em
comparação com as junções comunicantes, é mais larga – cerca de 10 vezes – e
preenchida por uma matriz extracelular proteica, que mantém a adesão entre as
membranas.
A membrana pré-sináptica contém dúzias de pequenas organelas esféricas
que armazenam os neurotransmissores, que ao receberem o estímulo adequado,
liberam essas substâncias na fenda sináptica. Ao alcançarem a membrana pós-
sináptica os neurotransmissores são captados pelos receptores específicos, que
convertem os sinais químicos, levando a mudança no potencial de membrana.
Como ensina, RELVAS, 2009, pag.40:
“O sinal nervoso (impulso), que vem por meio do axônio da célula pré-sináptica, chega a
sua extremidade e provoca a liberação de neurotransmissores depositados em bolsas
chamadas vesículas sinápticas. Este elemento químico se liga quimicamente a
receptores específicos do neurônio pós-sináptico, dando continuidade à propagação do
sinal.”
4. Plasticidade cerebral
A plasticidade cerebral é a incrível capacidade de adaptação do sistema
nervoso, “é a propriedade (...) que permite o desenvolvimento de alterações
estruturais, em resposta à experiência e como adaptação a condições mutantes e
a estímulos repetidos” (RELVAS, 2009, pag. 49).
Durante o desenvolvimento do sistema nervoso, na infância e
adolescência, os indivíduos apresentam uma maior capacidade de se moldar, de
acordo com as experiências vividas. Depois que o organismo chega a
maturidade, sua capacidade plástica diminui, por isso às vezes é tão difícil
lecionar para adultos, que apresentam uma resistência maior a mudanças.
Logo, percebe-se que o meio influencia diretamente na neuroplasticidade,
fato constatado por pesquisadores que concluíram existir uma plasticidade
16
morfológica, isto é, novos neurônios gerados em uma região ou desaparecimento
de neurônios por apoptose. Essa modificação morfológica cria novos caminhos
neurais, havendo efetiva mudança de comportamento.
Em outros casos, foi possível identificar relatos funcionais, sem alterações
estruturais evidentes – plasticidade funcional – geralmente ligada a atividade
sináptica de determinado circuito ou grupo de neurônios.
Portanto, (LENT, Robert, pag. 149)
“É preciso considerar que essas mudanças estruturais e funcionais do sistema nervoso
produzem efeitos no comportamento e no desempenho psicológico do indivíduo, que o
obriga a admitir também uma plasticidade comportamental”
5.1. Telencéfalo
O telencéfalo compreende dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo.
Nos hemisférios é possível identificar os lobos cerebrais, que são sítios de
funções distintas.
Lobo frontal localiza-se na porção anterior do cérebro, sob o osso frontal.
Este local é o principal envolvido na cognição. Nele acontece o processamento
das informações que vão gerar uma resposta, ainda se identifica uma área
chamada de córtex pré-frontal.
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O córtex pré-frontal está relacionado ao planejamento de comportamentos,
pensamentos complexos, tomada de decisão, controle inibitório e modulação do
comportamento social. Pode-se citar ainda que se relaciona intimamente com as
funções executivas.
Lobo temporal é considerado por muitos autores como área associativa,
têm as seguintes funções: processamento de estímulos auditivos, processamento
da informação visual, aprendizagem e memória. Neste local, geralmente no
hemisfério esquerdo, encontra-se a área de Wernick, responsável pela
compreensão da linguagem.
Lobo parietal localiza-se na parte superior do cérebro. Nele identificou-se
uma área chamada de córtex somatossensorial. Suas funções estão
relacionadas a recepção de sensações, como tato, dor, temperatura. Na parte
posterior dos lobos parietais observam-se como funções, a interpretação das
informações recebidas anteriormente, permitindo o reconhecimento de objetos
pelo tato, por exemplo.
O lobo occipital localiza-se na porção inferior posterior do cérebro. Este
lobo é também chamado de córtex visual, porque sua função está relacionada a
processar estímulos visuais. Segundo RELVAS, 2015, pag.37:
“Esta região realiza a integração visual a partir da recepção de estímulos que
ocorrem em áreas primárias, leva as informações para serem apreciadas e decodificadas
nas áreas secundárias e de associação visual.”
5.2. Diencéfalo
Corresponde a parte mais interna do cérebro. Nele identifica-se as
seguintes estruturas: tálamo, hipotálamo e epitálamo.
Localizado acima do sulco hipotalâmico, encontra-se o tálamo. Essa
estrutura é composta de duas massas ovoides de tecido nervoso, unidas pela
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aderência intertalâmica. Sua fisiologia está relacionada ao direcionamento de
informações a áreas específicas do córtex, com exceção dos estímulos olfatórios,
tudo passa por ele. Presente também no tálamo, uma via direta com a área
motora. Além das funções já citadas o tálamo tem importante papel na
motricidade, no comportamento emocional, ativação do córtex entre outros.
Tanto o tálamo quanto o hipotálamo fazem parte do circuito de Papez. Sua
relação com o sistema límbico, está motivado na geração de memórias de longa
duração, fixadas no hipocampo, a emoções fortes.
O hipotálamo situa-se abaixo do tálamo, caracterizado pela visualização
das áreas: quiasma óptico, túber cinério e os corpos mamilares. Esta estrutura
faz conexão com o sistema límbico (relacionado ao comportamento emocional),
com a área pré-frontal, conexões aferentes e eferentes com o tecido medular e do
tronco encefálico, desempenhando importante papel como controlador das
funções viscerais.
O hipotálamo faz conexões ainda com a hipófise, sendo componente
essencial ao sistema neuroendócrino. Seu papel na estimulação e produção de
hormônios está bem claro para a ciência. Seus hormônios são estimuladores ou
inibidores da hipófise.
Outra questão importante envolvendo o hipotálamo está na sua conexão
com o córtex visual, é através dele que ocorre a regulação do ciclo circadiano.
Conclui-se que sua função está relacionada a homeostase, ou seja,
manutenção do equilíbrio interno, dentro dos limites compatíveis com o
funcionamento adequado dos diversos órgãos. Controle da temperatura corporal,
regulação do comportamento emocional, regulação da ingestão de alimentos
(centro da saciedade e da fome), regulação da ingestão de água entre outros, tem
papel preponderante na homeostase corporal.
O epitálamo localiza-se na transição do mesencéfalo, nele encontra-se a
glândula pineal, responsável pela secreção do hormônio melatonina. As outras
porções do epitálamo estão relacionadas a regulação do comportamento
emocional.
19
CAPÍTULO III
20
“O ambiente é responsável pelo aporte sensitivo- sensorial, que é adquirido por meio da
substância reticular ativadora ascendente e é modificada pelo sistema límbico, que
contribui com os aspectos afetivos-emocionais da aprendizagem.”
2. Transtorno da leitura
É um transtorno específico da habilidade da leitura. Também conhecido
como dislexia, é caracterizado por problemas no reconhecimento preciso de
21
palavras, problemas na decodificação e dificuldade de ortografia. Sendo dessa
forma, específico das habilidades da leitura.
O DSM-5 classifica como critérios diagnósticos: “leitura de palavras de
forma imprecisa ou lenta e com esforço; dificuldade para compreender o sentido
do que é lido. Na prática em sala de aula, a identificação dessa condição fica
prejudicada pela grande quantidade de alunos e pela falta de conhecimento de
profissionais de educação.
As funções cognitivas envolvidas neste tipo de transtorno estão
relacionadas ao funcionamento ineficiente da região perissilviana esquerda.
O processamento da leitura é complexo e envolve estímulos atencionais,
que passam pelo tronco encefálico; a codificação, processamento simultâneo
sequencial, construção, significado e compreensão- lobos occipital, temporal e
parietal; e finalmente a planificação que nesse caso a área cerebral envolvida é o
córtex frontal, que acessa os sistemas de organização, internalização verbal.
Nos indivíduos disléxicos há uma falha nesse circuito. Ao invés de
ativarem, como os leitores normais, as partes anterior e posterior do cérebro, há
uma sub-ativação de caminhos neurais da parte posterior e uma super-ativação
da parte anterior do cérebro. Isso representa uma assinatura ou marca neural
para as dificuldades fonológicas. A consequência na falha na parte posterior do
cérebro é a incapacidade de transformar as letras em sons ao analisarem as
palavras e o não reconhecimento rápido e automático das palavras. Uma forma
de compensar essa falha de sub- ativação da parte posterior é a criação de vias
alternativas cerebrais diferentes. Isso se dá por meio do uso de sistemas
auxiliares na parte frontal e lado direito do cérebro e da área de Broca. Porém
esses sistemas secundários são funcionais, mas não são automáticos, ou seja,
permitem que haja uma leitura precisa, mas ocorre de forma muito lenta.
3. Transtorno da matemática
É a disfunção no domínio da linguagem matemática, entretanto sem afetar
o raciocínio lógico. Para RELVAS, 2015: “a discalculia apresenta sistemas de
dificuldades em lidar com a linguagem matemática, em associar números,
fórmulas e símbolos”.
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O estudo da matemática contempla uma linguagem que se utiliza de uma
simbologia própria e dependente da compreensão da leitura para que o
aprendizado aconteça de forma natural.
A luz do DSM-5 (2014, p.67):
“Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades
caracterizado por problemas no processamento de informações numéricas,
aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. Se o
termo discalculia for usado para especificar esse padrão particular de dificuldades
matemáticas, é importante também especificar quaisquer dificuldades adicionais que
estejam presentes, tais como dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na
leitura de palavras.”
25
CONCLUSÃO
O desenvolvimento ontogenético dos seres humanos, é o período que vai
da fertilização de uma única célula até a maturidade. O que diferencia seres
humanos de qualquer outro animal é a sua capacidade cerebral, que compreende
a recepção de estímulos e o planejamento de uma resposta adequada ao
estímulo. Isso só é possível graças a maturação do tecido cerebral e de suas
complexas estruturas.
Qualquer tecido é formado por um tipo determinado de célula, o neurônio é
a célula principal do tecido nervoso, entretanto não é a única, encontra-se
também as células gliais. É nos neurônios que efetivamente processa a
aprendizagem, desde que o ser humano nasce até a vida adulta, sim, a
capacidade de aprender acompanha o ser humano até a senil idade.
Nesse contexto observa-se a neuroplasticidade neuronal, que está
presente ativamente levando a uma mudança de caminhos, que conduz o
indivíduo a compensar determinadas faltas, desenvolvendo rotas alternativas.
Essas novas rotas são entendidas também como aprendizagem. A maturação
cerebral, permite que determinados conceitos sejam melhores absorvidos em
determinadas idades, por isso a escola acontece na fase da infância e
adolescência, porque é quando o cérebro está com a maior capacidade plástica.
Portanto, a aprendizagem acontece no cérebro e por isso conhecer qual o
mecanismo biológico desencadeador da aprendizagem é peça chave para os
professores do futuro. Embora, hoje, não se observe em muitos currículos o
estudo da fisiologia cerebral. Essa deficiência, nos currículos dos cursos de
formação de professores, precisa entrar em pauta o quanto antes, é urgente que
se adapte os processos pedagógicos, levando em consideração os processos
biológicos envolvidos na aprendizagem do currículo escolar e também do
currículo oculto.
Diferentes situações interferem na aprendizagem escolar, como questões
cognitivas, dificuldades, transtornos, questões sociais e familiares; em
consequência, tais disfunções podem trazer prejuízos acadêmicos que serão
carregados até a vida adulta.
A função de educador não é de um mero aplicador de conteúdo, é de um
profissional que se ajuste as dificuldades encontradas; que tenha a capacidade de
26
identificar possíveis causas de baixo desempenho; que realiza a sua função, de
mediar a aprendizagem, sob três aspectos fundamentais: cognitivo, motor e
afetivo.
Cognitivo: incentivando a busca pela construção do conhecimento, gerando
autonomia, levando em consideração que cada ser humano é único e que
apresenta necessidades pedagógicas diferentes. Motor: encarando a educação
sob todas as vertentes, sob o aspecto motor está sendo trabalhado a atenção, o
foco, o caráter social e de interação, lembrando que seres humanos são
sensoriais e que aprendem também pela via motora. Afetivo: relaciona-se a dar
sentido e significado ao que está sendo estudado, mantendo uma relação
prazerosa, gerando neurotransmissores que levem a uma sensação de bem-
estar, de alegria, em estar naquele ambiente. Dessa forma o professor está
trabalhando também a motivação, que leva ao indivíduo ter vontade de continuar
na busca pelo conhecimento.
E para finalizar, a parceria entre família e escola deve reger as relações
educacionais, porque afinal a educação começa em casa. A escola deve
complementar a educação recebida no lar. Pela ação dos neurônios espelhos, os
indivíduos tendem a copiar modelos próximos, sobretudo dentro da família. Por
isso pais e mestres devem pautar suas relações com respeito, com afeto, com
palavras positivas. Trabalhando dessa forma o sistema inibitório e o cérebro
social.
Os professores devem perceber a sua importância para a sociedade, é
através dela que se forma uma sociedade mais justa, menos desigual. São essas
pessoas que estão hoje na escola, que vão formar a sociedade de amanhã,
portanto a educação não é lugar de profissional desmotivado, que não acredita
que é possível haver a mudança, até porque a partir dessa pesquisa, é possível
concluir que a capacidade de mudança está presente em nosso corpo biológico.
27
REFERÊNCIAS
EDIR, Ane Caroline de Brito, MATOS, Larissa Alves Leite, MEIRA, Heliana Beatriz
Barbosa, A neurobiologia da dislexia, 2013, revista ciência e cognição.
Disponível em: <http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1126> – acesso
em: 07 agosto 2018, 07:32.
Foz, F. S. B.; Rondó, A.G.; Rebello, M.P.; Rocha, A.F. 1,3; Ramazzini,
P.B. Cardoso, M.B.; Leite, C.C., Plasticidade neural e linguagem: efeitos de
lesões congênitas na alocação dos circuitos neurais no hemisfério direito.
Disponível em:
<http://www.enscer.com.br/pesquisas/artigos/plasticidade/plasticidade.html >
acesso em: 08 agosto 2018, 08:32.
JUNQUEIRA, Luiz C., CARNEIRO, Jose. Biologia celular e molecular. 7ª. ed.
Guanabara Koogan: São Paulo, 2000.
JUNQUEIRA, Luiz C., CARNEIRO, Jose. Histologia básica. 9º. ed. Guanabara
Koogan: São Paulo, 1999.
28
RELVAS, Marta, Neurociência e transtornos de aprendizagem, 6º. ed. Wak: Rio
de Janeiro, 2015.
29
ÍNDICE REMISSIVO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................8
CAPÍTULO I .........................................................................................................................9
A NEUROCIÊNCIA E A RELAÇÃO COM A BIOLOGIA CELULAR ...........................9
1. História da neurociência .............................................................................................9
2. A célula....................................................................................................................... 10
2.1. Neurônio .............................................................................................................. 11
2.1.1. Soma ................................................................................................................ 11
2.1.2. Dendritos.......................................................................................................... 12
2.1.3. Axônio............................................................................................................... 13
3. Cérebro ...................................................................................................................... 13
CAPÍTULO II ..................................................................................................................... 14
FUNDAMENTOS DA ANATO-FISIOLOGIA E APRENDIZAGEM HUMANA ......... 14
1. Impulso nervoso........................................................................................................ 14
2. Sinapse elétrica ........................................................................................................ 15
3. Sinapse química ....................................................................................................... 16
4. Plasticidade cerebral ................................................................................................ 16
5. Áreas cerebrais e suas habilidades....................................................................... 17
5.1. Telencéfalo ......................................................................................................... 17
5.2. Diencéfalo ........................................................................................................... 18
CAPÍTULO III .................................................................................................................... 20
NEUROCIÊNCIA E OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM............................ 20
1. Aprendizagem e seus transtornos ......................................................................... 20
2. Transtorno da leitura ................................................................................................ 21
3. Transtorno da matemática ...................................................................................... 22
4. Transtorno da expressão escrita............................................................................ 23
5. Deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ......................................................... 23
6. Transtorno do espectro autista (TEA) ................................................................... 24
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 26
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 28
30