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BASES CROMOSSÔMICAS E MOLECULARES DA

HEREDITARIEDADE

131 minutos

 Aula 1 - Organização do genoma humano

 Aula 2 - Estrutura do cromossomo e principais técnicas de análise

 Aula 3 - Mecanismos mendelianos e não mendelianos de transmissão

 Aula 4 - Metodologias laboratoriais e moleculares em genética

 Referências

Aula 1

ORGANIZAÇÃO DO GENOMA HUMANO

Nesta aula, você será introduzido ao estudo do genoma humano e aprenderá conceitos que

serão a base para a aprendizagem de conteúdos de diferentes disciplinas dentro das áreas

biológicas e das ciências da saúde.

31 minutos

INTRODUÇÃO

Querido aluno!

Nesta aula, você será introduzido ao estudo do genoma humano e aprenderá conceitos que serão a base para a

aprendizagem de conteúdos de diferentes disciplinas dentro das áreas biológicas e das ciências da saúde.

Começaremos falando um pouco sobre o que é o material genético, suas funções, sua importância e como ele

íca organizado dentro de uma célula eucariótica. Em seguida, conheceremos o conceito de gene e

entenderemos qual é o papel dele na formação de componentes importantes para o organismo humano. Você

também aprenderá sobre como podemos aplicar o conhecimento de identiícação de genes ou outras partes do

DNA. Então, acompanhe-me nesse aprendizado para explorarmos o genoma humano e aprendermos como

aplicar todo esse conhecimento de forma prática. 

O GENOMA: ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E APLICAÇÃO

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Toda a informação genética que carrega as características hereditárias para a formação de diversos

componentes celulares e participa da regulação de diferentes processos biológicos está contida em moléculas

denominadas ácidos nucleicos. Eles consistem em moléculas capazes de armazenar informação em

sequências especíícas capazes de serem transmitidas ao longo das gerações. Nos organismos, você poderá

identiícar dois tipos de ácido nucleicos: o ácido desoxirribonucleico (DNA) e o ácido ribonucleico (RNA)

(Figura 1). Nas células humanas, o ácido nucleico responsável pela estocagem dos dados é o DNA, podendo essa

informação ser transmitida ao RNA através de um processo denominado transcrição.

Figura 1 | Estrutura do DNA e RNA

Fonte: Wikimedia Commons.

O conjunto de todo o DNA de uma célula é denominado genoma. Em uma célula eucariótica, que é

caracterizada pela compartimentalização (núcleo, citoplasma e membrana plasmática), o genoma humano pode

ser organizado na forma de cromossomos, classiícando-se da seguinte maneira: DNA nuclear e DNA

mitocondrial.

O DNA nuclear encontra-se no interior do núcleo celular, apresentando morfologia linear, mas tendo a

capacidade de se compactar na forma de cromossomos. Se você examinasse uma célula somática (ex.:

hepatócito) em um microscópio, você encontraria o DNA nuclear organizado em 23 pares de cromossomos (46

cromossomos no total), enquanto nos gametas (ex.: espermatozoide) você encontraria 23 cromossomos no

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total. O DNA nuclear é capaz de codiícar a maior parte das proteínas e RNAs do nosso organismo. O DNA

mitocondrial, por sua vez, está contido dentro da mitocôndria, possui morfologia circular e codiíca para,

basicamente, enzimas relacionadas ao metabolismo dessa organela.

O código genético é organizado no DNA através de sequências de pares de bases nitrogenadas. Essa região no

DNA é denominada parte variável da molécula, podendo mudar ao longo de toda sua extensão. Ela diferencia-

se da parte monótona da molécula que permanecesse sempre igual e sendo formada pela estrutura de um

grupamento fosfato e uma pentose (Figura 1). A união dessas duas partes da molécula denomina-se

nucleotídeo.

As sequências de bases nitrogenadas, por sua vez, podem representar diferentes tipos de informações de

acordo com a sua localização dentro da molécula de DNA e de sua função. Podemos dividir, então, o DNA em

sequências gênicas, que correspondem aos genes, e sequências intergênicas, que ocorrem entre os genes. O

gene é caracterizado por ser uma sequência capaz de codiícar um produto funcional especííco (ex.: proteínas e

RNAs). Porém, você deve perceber que, em sua estrutura, o gene pode apresentar regiões codiícantes e não

codiícantes. Atualmente, sabe-se que apenas 2% de todo o DNA é codiícante. Todo o resto do DNA é dividido

em diferentes regiões não codiícantes (ex.: íntrons, transposons LINEs, SINEs, entre outros), que ainda são

estudadas para melhor compreender suas diferentes funções.

O entendimento da organização e estrutura do genoma humano é de extrema importância porque, além de

auxiliar na compressão de diferentes processos biológicos e na pesquisa e elucidação de diversas doenças,

também permite aplicações práticas, como a identiícação humana. Através da descoberta de padrões de

sequências dentro do DNA, é possível o desenvolvimento de técnicas laboratoriais que permitem a

comparação do DNA de diferentes amostras, sendo usadas para a identiícação de pessoas, estabelecimento de

grau de parentesco, entre outros.

GENE E OUTRAS SEQUÊNCIAS DO DNA

Para você compreender mais profundamente o genoma humano, lembre-se de que o nosso organismo é

formado por tecidos que são compostos por células. É dentro de cada uma dessas células que encontramos o

nosso DNA. A informação genética é guardada na forma de bases nitrogenadas que se alternam ao longo da

molécula, formando diferentes sequências. As bases encontradas no DNA são denominadas Adenina (A),

Citosina (C), Guanina (G) e Timina (T). Elas encontram-se em cada uma das ítas de DNA, formando pares:

adenina com timina, guanina com citosina. O par íca ligado entre si através de pontes de hidrogênio.

Você deve perceber que a interpretação da informação genética se dará através da leitura dessas diferentes

sequências de “letras” (bases nitrogenadas) presentes no DNA. Para entender isso, aprenderemos um pouco

mais sobre o gene. A estrutura do gene é composta por três regiões principais (Figura 2):

Figura 2 | Estrutura do gene

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Fonte: Wikimedia Commons.

• Região promotora: sequência que sinaliza o início do gene.

• Exóns: sequências codiícantes que serão transcritas a RNA e, posteriormente, traduzidas a proteínas.

• Íntrons: sequências não codiícantes que regulam a expressão do gene.

Além do gene, o DNA possui diversas outras sequências não codiícantes que possuem não só importância

biológica mas também aplicabilidade prática ao serem utilizadas para pesquisa e outras atividades. Essas

sequências podem ser divididas em: elementos repetitivos em bloco e dispersos.

Os elementos repetitivos em bloco consistem em sequências de bases nitrogenadas no DNA que se repetem

em pequenos grupos ou blocos. Ex.: AATC AATC AATC... O principal exemplo é o DNA satélite:

• DNA satélite: consiste em repetições curtas, estando presente em estruturas como os centrômeros e

telômeros. Sua função ainda não é bem deínida, sendo estudado, principalmente, seu papel com relação ao

encurtamento dos telômeros. No entanto, uma classe de DNA satélites, denominada VNTRs, possui grande

aplicação prática por ser utilizada em testes de identiícação humana, como testes de paternidade, de

identiícação individual, mapeamento genético, entre outros. Os VNTRs dividem-se em: minissatélites (15 a 100

nucleotídeos) e microssatélites ou STRs (1 a 14 nucleotídeos).

Se cortarmos o DNA de diferentes cromossomos em regiões correspondentes aos minis e microssatélites,

podemos criar um padrão de sequências de diferentes tamanhos (DNA íngerprinting) que é característica

daquele indivíduo em questão. A comparação dos diferentes padrões entre indivíduos permite a realização dos

conhecidos testes de DNA.

Figura 3 | Fingerprinting de DNA

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Fonte: Wikimedia Commons.

Os elementos repetitivos dispersos são sequências móveis de DNA que possuem a capacidade de se

proliferarem e transporem cópias em diferentes regiões do DNA. Eles se dividem em duas classes:

• Movem-se por meio do DNA: transpõem diretamente o DNA por processo de excisão e reinserção ou cópia.

Em bactérias, por exemplo, esses elementos podem inserir um gene para conferir resistência a antibióticos.

Exemplos: elementos de inserção (IS) e transposons.

• Movem-se por RNA intermediário: transpõem-se por mecanismo de transcrição reversa. Exemplos:

retrotransposons (semelhantes a retrovírus, LINEs e SINEs) e pseudogenes.

A função de cada uma das sequências não codiícantes do DNA ainda não é conhecida, mas já se tem

conhecimento de que muitas delas possuem papel regulatório dentro do genoma e da célula.

USO DO ESTUDO DO DNA NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Agora que você já entende como a informação genética é guardada e como o genoma é organizado, assim

como a estrutura do DNA, você poderá entender um pouco mais da aplicação prática desses conhecimentos.

Ao saber como o DNA funciona e entendendo que ele dita a formação de diferentes componentes celulares

(como proteínas e RNA), você poderá perceber melhor como processos bioquímicos e ísiológicos acontecem.

Com isso, poderá entender o funcionamento de uma célula especííca e, por sua vez, de um órgão e um

sistema. Por exemplo, sabemos que o pâncreas é um órgão que produz vários hormônios, como a insulina, que

tem papel no controle da glicemia. A insulina é uma proteína que é sintetizada pelas células beta do pâncreas.

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Porém, para que isso aconteça, primeiramente é necessário que se tenha a informação genética sobre ela.

Como vimos, essa informação está contida no DNA em forma de gene. Então, de um modo geral, o controle da

glicemia depende da expressão de pelo menos um gene presente em uma região do DNA.

Dessa forma, você agora conhece a estrutura do gene e de outras sequências encontradas no DNA. Nós vimos

que temos regiões codiícantes (que produzem um produto funcional) e regiões não codiícantes. A partir desse

conhecimento, você poderá entender que alterações em cada uma das partes de um gene podem levar a

diferentes consequências dentro do corpo humano. Essas alterações poderiam, por exemplo, inîuenciar na

estrutura de uma proteína que, por sua vez, pode ter um papel fundamental para o desenvolvimento de uma

doença ou característica. Por outro lado, se essas alterações ocorressem naquelas sequências não codiícantes

regulatórias, outros processos celulares poderiam ser afetados indiretamente.

Sabendo disso, você poderá entender o funcionamento de uma doença ou, até mesmo, realizar uma pesquisa

em busca de alterações genéticas que estejam associadas a ela. Conhecendo o que é normal e esperado do

organismo, ícará mais fácil para você entender o mecanismo das diferentes patologias, ou até mesmo entender

como uma característica física é expressa no corpo humano.

Com isso, a compreensão da estrutura do DNA e das sequências que o compõem é necessária para o

diagnóstico de várias patologias, uma vez que algumas delas podem ser causadas por versões defeituosas de

um ou mais genes. Já quando falamos de regiões não codiícantes do DNA, vimos que podemos detectar

sequências especíícas e compará-las entre pessoas para a realização de teste de paternidade, auxiliar na

identiícação de um criminoso ou, então, realizar a identiícação de um cadáver.

O conhecimento de genética pode ser útil também no desenvolvimento de fármacos através do processo de

biotecnologia. Conhecendo um gene que codiícará para uma proteína de interesse, é possível cloná-lo em um

microrganismo, como uma bactéria, e fazê-lo sintetizar essa proteína em larga escala. Esse processo é utilizado,

por exemplo, para produzir a insulina utilizada por paciente com Diabetes Mellitus. 

VÍDEO RESUMO

Caro estudante! Neste vídeo, você verá como a informação genética é armazenada e usada pelo corpo humano

e compreenderá um pouco sobre cada parte do DNA, incluindo os genes. Com isso, você aprenderá conceitos

que serão a base para várias disciplinas dentro das áreas biológicas, assim como poderão ser aplicadas na

prática em diferentes campos. 

 Saiba mais

Aprendemos que os genes são sequências de DNA capazes de produzir um produto, como uma proteína

ou RNA. Nós, seres humanos, por sermos organismos mais complexos, deveríamos, então, ter mais genes

do que organismos menos complexos, como um verme? Neste artigo, intitulado Revisitando o Dogma

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Central: a relação entre genes e proteínas, publicado na revista Genética na Escola pelo autor Felipe de

Vasconcelos e colaboradores, propõe uma discussão sobre o processo de transmissão genética e a relação

entre genes e proteínas.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível

em: https://www.geneticanaescola.com.br/revista/article/view/380/348. Acesso em 16 nov. 2022.

Você sabia que o genoma humano já foi sequenciado? Os pesquisadores já sabem a sequência de bases

nitrogenadas de todo o genoma humano. Essa análise foi iniciada pelo chamado Projeto Genoma Humano

e foi de grande importância para o entendimento da estrutura dos genes e diferentes sequências do DNA

humano. Nesse artigo, intitulado Projeto Genoma Humano: um retrato da construção do conhecimento

cientííco sob a ótica da revista Ciência Hoje, publicado na Revista Ciência & Educação pelos autores Andréa

Carla de Souza Góes e Bruno Vinicius Ximenes de Oliveira, você poderá entender como esse projeto foi

realizado, assim como suas implicações para construção do conhecimento cientííco.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível

em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/6NMQtBZN8C98xyFcZSgsWFn/?lang=pt#. Acesso em 16 nov. 2022.

Aula 2

ESTRUTURA DO CROMOSSOMO E PRINCIPAIS TÉCNICAS DE

ANÁLISE

Nesta aula, você poderá se aprofundar mais sobre o estudo do nosso genoma e das principais

características que nosso DNA possui. Começaremos entendendo como o DNA nuclear se

organiza dentro das células, como o DNA íca compactado e deíniremos o que é um

cromossomo.

32 minutos

INTRODUÇÃO

Querido aluno!

Nesta aula, você poderá se aprofundar mais sobre o estudo do nosso genoma e das principais características

que nosso DNA possui. Começaremos entendendo como o DNA nuclear se organiza dentro das células, como o

DNA íca compactado e deíniremos o que é um cromossomo. Em seguida, você aprenderá as principais

características dos pares de cromossomos homólogos, incluindo os cromossomos sexuais. Com isso, você terá o

conhecimento necessário para aprender as diferenças entre eles e compreender como podem ocorrer

modiícações do estado normal dos cromossomos. Por ím, abordaremos as principais técnicas de análise dos

cromossomos, reconhecendo a sua importância e aplicações. Preparado? Então, vamos juntos conhecer mais

sobre esse assunto tão importante para o entendimento do organismo humano.

O CROMOSSOMO: ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E APLICAÇÃO

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A informação genética está contida dentro da nossa sequência de DNA, estando, em sua maioria, presente no

núcleo celular. O DNA nuclear é organizado de forma que a molécula de DNA está associada a proteínas, sendo

esse conjunto chamado de cromatina. Se você conseguisse observar uma célula em tempo real sob um

microscópio, você veria que ela sofre modiícações ao longo do seu ciclo celular (etapas de interfase e divisão

celular). Da mesma forma, a cromatina encontra-se em diferentes graus de compactação de acordo com a fase

do ciclo celular em que se encontra.

A compactação do DNA (Figura 1) ocorre através do enovelamento da íta com proteínas associadas,

denominadas histonas. Esse conjunto forma estruturas ao longo do DNA chamadas nucleossomos. Por sua

vez, os nucleossomos se enrolarão uns aos outros até atingirem o grau máximo de compactação. Desse modo,

conseguimos entender que o DNA nuclear não se encontra em um estado estático, mas, sim, funciona de forma

dinâmica. Durante a interfase, quando o DNA precisa ser acessado em vários pontos para a expressão de genes,

a cromatina encontra-se relaxada em alguns locais (eucromatina), mas também podendo estar condensada em

outros pontos (heterocromatina). Já durante a divisão celular, a cromatina enovela-se, atingindo o grau

máximo de compactação: o cromossomo.

Figura 1 | Compactação do DNA

Fonte: Wikimedia Commons.

Novamente, se você observasse os cromossomos compactados em uma célula somática do corpo humano

(ex.: hepatócito), encontraria ali um total de 46 cromossomos, arranjados em pares (23 pares de

cromossomos). Dessa forma, podemos compreender que temos uma célula diploide (2n), isto é, temos duas

cópias de cada cromossomo. Isso se deve ao fato de que, ao sermos formados através dos gametas, recebemos

uma cópia do pai e outra cópia da mãe. Por essa razão, se você observasse o núcleo de uma célula gamética

(ex.: espermatozoide ou ovócito II), você encontraria ali 23 cromossomos no total. Com isso, temos uma célula

haploide (n), ou seja, com uma cópia de cada cromossomo.

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Ao examinar os cromossomos, você também perceberia que eles apresentam semelhanças entre os

cromossomos que foram um par e diferenças entre os pares de cromossomos. Saber as características normais

de cada cromossomo é importante para identiícar qualquer possível alteração. Aínal de contas, rupturas ou

defeitos ao longo da estrutura do cromossomo em última instância podem signiícar defeitos na sequência de

bases nitrogenadas, que, por sua vez, podem afetar genes ou sequências regulatórias.

Para que se faça o exame da estrutura dos cromossomos, é possível realizar um exame denominado cariótipo,

onde os cromossomos são ordenados e classiícados com o intuito de pesquisar a presença de qualquer

possível alteração. Conjuntamente, outras técnicas podem ser associadas para a pesquisa de variações

especíícas no DNA. Esses métodos de análise são chamados de técnicas de hibridização, isto é, são

metodologias que utilizam sondas formadas por um pedaço especííco de DNA ou RNA que se ligará (ou

hibridizará) a uma sequência-alvo de DNA (aquela sequência que queremos detectar no DNA da amostra, por

exemplo). Essas sondas emitem algum tipo de sinal îuorescente ou colorimétrico ao hibridizarem, permitindo,

então, a detecção da presença ou ausência da sequência na amostra. Duas técnicas de hibridização muito

utilizadas no estudo da genética são o método de FISH e Southern blot.

CARACTERÍSTICAS DOS CROMOSSOMOS E CARIÓTIPO

Os cromossomos representam o grau máximo de condensação da íta de DNA e organizam-se em forma de

pares em uma célula somática eucariótica. Um cromossomo é herdado da linhagem materna e outro

cromossomo é herdado da linhagem paterna. Esse par de cromossomos possui semelhanças genéticas com

relação aos tipos de sequências de DNA, ao tamanho e à localização do centrômero, sendo chamados de

cromossomos homólogos. As células humanas possuem 23 pares de cromossomos, sendo 22 pares de

cromossomos autossômicos e um par de cromossomos sexuais.

Os cromossomos eucarióticos possuem três elementos principais:

• Origens de replicação: locais que marcam o início da replicação do DNA.

• Centrômero: local que contém sequências repetitivas de DNA e que serve sítio de ligação das cromátides-

irmãs.

• Telômeros: são as extremidades do cromossomo, contêm sequências repetitivas de DNA e sofrem

encurtamento ao longo da vida.

Se você observasse os cromossomos ao longo do ciclo celular, veria que ora eles apresentam-se de forma

simples, ora estão duplicados. Nesse último caso, os cromossomos apresentam DNA duplicado em duas ítas,

chamadas de cromátides-irmãs.

O cariótipo é uma técnica para a visualização e o estudo dos cromossomos. Nessa técnica, a amostra de DNA é

cultivada com agentes que estimulam a divisão celular até o ponto de metáíse, em que os cromossomos estão

mais fáceis de serem visualizados. A partir daí os geneticistas conseguem separar cada par cromossômico e

avaliar suas características.

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Se você ízesse o cariótipo de uma célula, observaria no microscópio que os cromossomos possuem tamanhos,

posições do centrômero e bandeamento (padrão de bandas de acordo com o corante utilizado) diferentes.

Assim, poderíamos classiícá-los em relação ao centrômero em (Figura 2):

• Metacêntrico: posição central do centrômero com os braços do mesmo tamanho (denominados braços

curtos e longos).

• Submetacêntrico: posição deslocada do centrômero, com tamanhos diferentes de braços.

• Acrocêntrico: posição do centrômero muito próxima a uma das pontas dos braços.

Figura 2 | Tipos de cromossomos

Fonte: Wikimedia Commons.

Através da análise do cariótipo, classiícando cada cromossomo e fazendo a comparação com um padrão

normal, é possível identiícar alterações cromossômicas. Além disso, é possível determinar o sexo genético

através do cariótipo pela presença de dois cromossomos sexuais X (XX, feminino) ou um cromossomo sexual X e

um Y (XY, masculino). Na Figura 3, você poderá observar a aparência de um cariótipo normal do sexo masculino.

Figura 3 | Cariótipo normal

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Fonte: Wikimedia Commons.

Além do cariótipo, outras técnicas podem ser utilizadas para a análise cromossômica, principalmente quando o

objetivo é determinar a presença ou ausência de uma sequência especííca no DNA. Esses métodos, chamados

de técnicas de hibridização, utilizam sondas que se ligam a regiões especíícas do DNA, podendo ser

detectado o sinal de ligação de várias maneiras:

• Southern blot: nessa técnica, o DNA é digerido em pequenos pedaços e separados por tamanho. Por ím,

uma sonda é adicionada para se parear a uma região de interesse no DNA. Caso o DNA estudado possua essa

região de interesse, a sonda emite um sinal visual através do uso de um átomo radioativo ou corante

îuorescente.

• FISH (hibridização îuorescente in situ): uma sonda marcada com um ativo îuorescente se liga a uma região

de interesse do DNA de uma amostra. Ao ser realizado um cariótipo nessa amostra, é possível observar os

cromossomos com regiões îuorescentes, indicativas da presença dessa sequência.

O ESTUDO DOS CROMOSSOMOS NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Agora que você já entende como são os cromossomos normalmente e como podemos detectar alterações

através de diferentes técnicas, você poderá entender um pouco mais da aplicação prática desse conhecimento.

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A análise cromossômica é a base para o entendimento de diversas doenças genéticas, assim como a própria

detecção dessas patologias. Através do uso de técnicas, como cariótipo, e técnicas de hibridização, como o FISH

e Southern blot, é possível realizar a análise dos cromossomos, detectando-se a presença de alterações. Essas

alterações que são detectadas a nível cromossômico representam, por sua vez, alterações na sequência de

bases nitrogenadas do DNA, podendo afetar vários genes. Com isso, essas alterações podem estar ligadas a

várias patologias. Podemos classiícar algumas dessas alterações como:

• Alterações cromossômicas numéricas: quando o indivíduo apresenta diminuição ou aumento do número de

cromossomos além do normal (46 cromossomos). Muitas dessas alterações são incompatíveis com a vida e,

portanto, são alvo de detecção em amostras de aborto. Outras causam diferentes síndromes. O exemplo mais

clássico é a Síndrome de Down, causada pela presença de três cromossomos de nº 21, ao invés de dois.

• Alterações cromossômicas estruturais: quando o indivíduo apresenta cromossomos com perda de algum

dos braços, inversão da estrutura do cromossomo, translocação de pedaços entre cromossomos não

homólogos, entre outras. Essas alterações podem estar presentes em tumores, malformações e outras

síndromes, por exemplo.

É através do estudo das características dos cromossomos que é possível realizar a detecção dessas alterações e

estabelecer o diagnóstico de diferentes doenças, além de promover o mapeamento genético em famílias que

são afetadas por essas patologias. Através do rastreamento dessas doenças e observando o padrão de

herdabilidade delas, é possível realizar o aconselhamento genético, orientando casais, por exemplo, com

relação à probabilidade de seus ílhos nascerem com algumas das patologias estudadas.

Você também aprendeu que a cromatina se encontra em um estado dinâmico de compactação, com pontos

relaxados (eucromatina) e tensos (heterocromatina). Isso signiíca que o DNA é capaz de controlar o acesso de

diferentes proteínas com relação às suas sequências, isto é, através disso é possível realizar o controle da

expressão gênica (processo que forma produtos funcionais a partir de genes). Tendo isso em mente, você

poderá compreender que existem processos que podem estimular a compactação ou não de regiões

especíícas do DNA, afetando, assim, a expressão de um gene especííco. Um dos exemplos desses processos é

chamado de metilação do DNA, que consiste na adição de um grupamento metil em uma região determinada

da molécula de DNA. Esse processo promove a compactação do DNA em certo ponto, diminuindo a expressão

dos genes presentes naquele local. A metilação ocorre naturalmente no organismo humano, mas já foram

detectados níveis anormais de metilação do DNA em doenças, como o câncer. Por isso, a análise da metilação

de DNA em regiões onde se encontram genes importantes para funcionamento e regulação das células é alvo

de diversas pesquisas. 

VÍDEO RESUMO

Olá, querido aluno! Nesse vídeo, você aprenderá sobre as diferentes formas que o DNA nuclear se apresenta e

seus graus de compactação, como também a deínição, a estrutura e a classiícação dos cromossomos.

Compreenderá de que forma podemos analisar o conjunto de cromossomos das nossas células com o uso de

diferentes técnicas. Por ím, verá como aplicar todo o conhecimento adquirido de forma prática.

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 Saiba mais

Aprendemos que a cromatina é uma estrutura dinâmica, apresentando diferentes pontos de compactação

e relaxamento da íta de DNA. Através desse mecanismo é possível realizar o controle da expressão gênica.

No entanto, outros mecanismos também podem afetar a expressão dos genes, sendo estudados pela

epigenética. Neste artigo, intitulado Epigenética: conceito, mecanismos e impacto em doenças humanas,

publicado na revista Genética na Escolha, em 2019, pela autora Maria Prates Rivas e colaboradores, você

poderá aprender sobre esses mecanismos e entender como eles podem inîuenciar diversas doenças e

características humanas.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível

em: https://www.geneticanaescola.com.br/revista/article/view/311/280 . Acesso em 16 nov. 2022.

O cariótipo é uma das principais ferramentas de análise dos cromossomos, podendo ser detectados vários

tipos de alterações na estrutura normal dos cromossomos. Essa técnica auxilia no diagnóstico e na

pesquisa de várias doenças genéticas. No capítulo Estudo do cariótipo humano e principais

cromossomopatias”, do livro Genética Baseada Em Evidências - Síndromes e Heranças, dos autores Zan

Mustacchi e Sergio Peres, do Centro de Estudo e Pesquisas Clínicas de São Paulo, você poderá aprender

um pouco mais sobre essa técnica. A publicação encontra-se disponível para leitura on-line no próprio site

do Centro de Estudo e Pesquisas Clínicas de São Paulo.

Disponível em: http://www.sindromededown.com.br/wp-content/uploads/2015/05/capitulo06.pdf . Acesso

em 16 nov. 2022.

Aula 3

MECANISMOS MENDELIANOS E NÃO MENDELIANOS DE

TRANSMISSÃO

Nesta aula, você poderá aplicar seus conhecimentos de organização do genoma e estrutura dos

cromossomos, uma vez que você aprenderá algumas formas como a informação genética é

passada através das gerações.

33 minutos

INTRODUÇÃO

Querido aluno!

Nesta aula, você poderá aplicar seus conhecimentos de organização do genoma e estrutura dos cromossomos,

uma vez que você aprenderá algumas formas como a informação genética é passada através das gerações.

Iniciaremos aprendendo sobre a classiícação dos diferentes padrões de herança dos genes e entenderemos os

principais achados dos estudos de Gregor Mendel com relação à herança mendeliana. Você aprenderá os

principais conceitos utilizados em genética. Em seguida, você aprenderá sobre a classiícação dos padrões de

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herança e como cada uma delas expressa uma característica ou patologia. Por ím, você poderá compreender

como aplicar todo esse conhecimento em questões práticas dentro da área da saúde. Então, vem comigo

entender mais sobre herdabilidade e como ela nos ajuda a entender mais sobre diferentes doenças genéticas!

CONCEITOS GERAIS DE GENÉTICA CLÁSSICA

As células humanas possuem 23 pares de cromossomos que contêm a informação genética para formar as

características do organismo humano. Cada par de cromossomo homólogo possui os mesmos genes, sendo

herança do pai e da mãe, e promovem a transmissão de características ao longo das gerações. A forma como

ocorre esse processo pode seguir diferentes padrões e podemos dividir da seguinte forma:

• Padrões de herança mendeliano ou monogênico: forma características ou doenças determinadas por

apenas um gene.

• Padrões de herança não mendelianos: forma características ou doenças determinadas por mais genes, além

de ter efeito de fatores como epigenética ou serem extracromossômicas.

A herança mendeliana é descrita a partir dos resultados dos estudos de Gregor Mendel, um monge austríaco

que deduziu vários princípios genéticos importantes a partir de experimentos com ervilhas de jardim. A partir

desses resultados, foi possível descrever vários conceitos e princípios sobre a maneira que alguns genes serão

transmitidos. Os conceitos descritos são:

• Existe um fator que é transmitido pelas gerações e que é responsável por formar uma característica: o gene.

• Podem existir várias versões desse fator (ou gene). Eles são os alelos, que são variações de um gene, podendo

existir diversas. Ex.: Alelo A e alelo a.

• Como temos dois pares de cromossomos homólogos (diploide), podemos apresentar até duas versões de um

gene (cada uma herdada de um pai), que é denominada genótipo.

• Quando o indivíduo possui duas versões iguais (alelos) do gene, ele é denominado homozigoto (Ex.: AA ou aa).

Já quando possui duas versões diferentes, ele é denominado heterozigoto (Ex.: Aa).

• Cada gene é capaz de determinar uma característica ou doença que é chamada de fenótipo. Ex.: cor verde, cor

amarela, aspecto liso, aspecto rugoso etc.

• Durante a formação dos gametas (Figura 1), esse par de genes se separa de forma igual entre as células

(Princípio da segregação igual).

• Dois ou mais pares de genes diferentes se separarão de forma independente (Figura 1) entre as células

gaméticas (Princípio da segregação independente).

Figura 1 | Princípios da segregação igual e independente

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Fonte: elaborada pelo autor.

• Alguns alelos possuem um padrão de dominância sobre outros. O alelo será dominante (designado pela

letra maiúscula, ex.: A) quando ele expressa o seu fenótipo tanto quando se encontra em homozigose (AA)

quanto em heterozigose (Aa). Já o alelo recessivo (designado pela letra minúscula, ex.: a) só expressará seu

fenótipo quando estiver em homozigose (aa).

A partir desses conceitos gerais sobre a herança mendeliana, você poderá entender como alguns genes são

transmitidos e compreender, assim, a herdabilidade de diferentes patologias ou características. Isso será de

grande utilidade, principalmente, para o aconselhamento genético de famílias. O método de estudo dessas

doenças envolve a avaliação de famílias, sendo utilizada uma ferramenta denominada heredograma.

O heredograma é uma representação gráíca de uma árvore genealógica usando uma série de símbolos

padronizados. Nele são indicados todos os indivíduos por geração, identiícando-se aqueles que são ou não são

afetados pela patologia. A partir da análise do heredograma, é possível determinar o padrão de herança

envolvido em uma patologia ou característica e determinar a possibilidade de ela afetar a prole. Na Figura 2,

você poderá ver um exemplo de heredograma, assim como os principais símbolos utilizados.

Figura 2 | Exemplo de heredograma

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Fonte: elaborada pelo autor.

A determinação do genótipo de cada indivíduo e seus possíveis cruzamentos é realizado com o uso do Quadro

de Punnett, que permite uma simulação do cruzamento dos gametas.

PADRÕES DE HERANÇA E SUAS VARIAÇÕES

Os padrões de herança de genes podem ser classiícados de acordo com a região ou o cromossomo em que

esse gene se localiza:

• Herança autossômica: referente a genes que estão presentes nos cromossomos autossômicos (1 a 22). Ela

pode ser do tipo dominante, quando o fenótipo é causado pela presença de um ou dois alelos dominante de

um gene (AA ou Aa). Ao analisarmos um heredograma desse tipo de herança, veremos que: ela está presente

em todas as gerações; pode afetar tanto homens quanto mulheres; pode ser transmitida de pai para ílho

homem e só é transmitida à prole através de um indivíduo afetado. Quando for do tipo recessiva, o fenótipo

será causado pela presença de dois alelos recessivos de um gene (aa). A análise do seu heredograma permite a

visualização das seguintes características: não está presente em todas as gerações (saltos de gerações); afeta

tanto homens quanto mulheres; pode ser transmitida de pai para ílho homem e indivíduos normais podem ter

ílhos afetados.

• Herança ligada ao X (ou ao sexo): referente a genes presentes no cromossomo X. Nas mulheres, como

possuem duas cópias de cromossomos X, o padrão de herança será parecido com o autossômico, enquanto nos

homens será diferente em razão de apresentarem somente um cromossomo X (hemizigotos). Essa herança

também pode se apresentar de forma dominante e recessiva. A principal característica nos heredogramas é que

a distribuição de indivíduos afetados não é igual entre os sexos, assim como a transmissão de pai para ílho

homem.

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• Herança holândrica: referente a genes presentes no cromossomo Y. Por isso, somente homens serão

afetados, sendo que pais afetados transmitem a característica para 100% dos seus ílhos homens.

• Herança pseudoautossômica: referente a genes presentes nos cromossomos sexuais (X e Y), mas que

possuem um padrão de herança parecido com o autossômico.

Além disso, os princípios das Leis de Mendel também podem apresentar variações, nas quais os genes podem

existir em mais de dois estados alélicos, e cada alelo pode ter um efeito diferente no fenótipo.

• Genes letais: nesse caso, uma combinação de alelos de um gene é capaz de provocar algum defeito ou

deformidade no indivíduo que causa sua morte. Ex.: nos genótipos AA ou AA , indivíduo é saudável; mas, caso
x

x x
ele possua o genótipo A A , o indivíduo morre.

• Alelos múltiplos: nesse caso, temos a presença de mais de dois alelos possíveis para um gene. E as diferentes

combinações de alelo controlam diferentes características. Ex.: os grupos sanguíneos (A, B, AB e O) podem ser

formados pela combinação de pares dos três alelos possíveis (I , I


A B e i).

• Herança codominante: nesse caso, o genótipo heterozigoto (Aa) codiícará para um fenótipo que apresenta

características do genótipo homozigoto dominante (AA) e homozigoto recessivo (aa) ao mesmo tempo. Ex.: AA

codiíca para o fenótipo pelagem vermelha e o aa para pelagem branca. O indivíduo Aa terá pelagem malhada

(vermelho com manchas brancas).

• Herança semidominante ou dominância incompleta: nesse caso, o genótipo heterozigoto (Aa) codiícará

para uma característica intermediária daquelas codiícadas pelos genótipos homozigotos. Ex.: AA codiíca para

coloração vermelha, aa para coloração branca, e o indivíduo Aa terá coloração rosada. 

APLICAÇÃO PRÁTICA DAS HERANÇAS GENÉTICAS

Querido aluno, agora você é capaz de compreender o que são e onde se encontram os genes além de entender

como é a estrutura e organização dos cromossomos humanos. Você aprendeu a forma como a informação

genética é transmitida de pai para ílho através dos cromossomos e entendeu que a herdabilidade de algumas

características difere entre si.

Com esse conhecimento, você poderá compreender que existem diferentes mecanismos de expressão de uma

característica ou patologia e que eles podem ser causados por um ou mais genes. Dessa forma, quando você for

estudar diferentes doenças genéticas, você poderá entender melhor os mecanismos que a envolvem. Por

exemplo, agora você entende que algumas patologias são causadas por um genótipo ou variação (alelo) de um

gene especííco, e que isso está ligado a alterações na sequência de DNA, as quais, por sua vez, podem estar

relacionadas à alteração de uma proteína especííca. Essa proteína, por sua vez, pode ter papel-chave em uma

via bioquímica, que é essencial para o funcionamento normal de um órgão ou sistema. E, com isso, você poderá

compreender melhor os sintomas ou as consequências causadas por aquela patologia.

Por exemplo, a anemia falciforme, patologia que se caracteriza pela morfologia anormal (em foice) das

hemácias dos pacientes afetados, é uma doença genética caracterizada como uma herança autossômica

recessiva. Isto é, ela é uma doença causada por alteração em um gene em um cromossomo autossômico

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(cromossomo 11), que se manifestará quando o indivíduo possuir dois alelos recessivos (SS) para a doença.

Como você pode ver na Figura 3, a mutação na sequência de DNA causará uma mudança no aminoácido

traduzido, que, por sua vez, causará uma alteração estrutural na hemoglobina e na hemácia. No entanto, para

que essa patologia seja expressa, é necessário que a mutação ocorra nos dois cromossomos homólogos. Por

isso, para que um indivíduo herde essa patologia, é necessário que ambos os pais possuam o alelo recessivo (S),

ou seja, os pais devem ser heterozigotos (AS x AS) ou um heterozigoto e outro homozigoto recessivo (AS x SS).

Os possíveis cruzamentos podem ser conferidos utilizando-se o Quadro de Punnett.

Figura 3 | Alterações genéticas da anemia falciforme

Fonte: Wikimedia Commons.

Além disso, agora você sabe que existe uma forma de análise de uma doença genética ao longo de gerações: o

heredograma. Com ele, é possível identiícar como uma doença genética é transmitida de pais para ílhos e,

assim, analisar que tipo de herança genética está sendo apresentada. Dessa forma, casais que desejam ter mais

ílhos poderão entender a probabilidade do aparecimento da mesma patologia em sua prole. Em alguns casos,

a chance pode ser pequena e, em outros casos, todos os ílhos serão afetados. O heredograma é útil, inclusive,

para a identiícação do padrão de herança de novas patologias, sendo, portanto, também utilizado no âmbito da

pesquisa.

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VÍDEO RESUMO

Olá, querido estudante! Neste vídeo, você aprenderá sobre as diferentes formas de como a informação genética

é passada através das gerações. Além disso, compreenderá os principais conceitos derivados dos achados dos

estudos de Gregor Mendel com relação à herança mendeliana. Em seguida, verá sobre a classiícação dos

padrões de herança e como aplicar todo esse conhecimento em questões práticas dentro da área da saúde.

 Saiba mais

Os conceitos descritos por Gregor Mendel explicam a herdabilidade de várias doenças e características e

revolucionaram a maneira como o ser humano entende o DNA, o gene e os cromossomos. O processo de

ensino e aprendizagem desses conceitos, no entanto, nem sempre é tão fácil. Neste artigo, intitulado

Geneticats: Jogo Digital para Ensino de Genética, publicado na revista SBC – Proceedings of SBGames, em

2018, pelo autor Arthur Robinson de Oliveira Madureira e colaboradores, você poderá encontrar a

descrição de um aplicativo desenvolvido pelos autores que lhe auxiliará, de forma mais lúdica, na

compreensão das leis de Mendel.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema e busque o aplicativo em sua

loja de apps. Disponível em:

https://www.sbgames.org/sbgames2018/íles/papers/EducacaoShort/188193.pdf. Acesso em 16 nov. 2022.

Uma série de doenças genéticas apresentam um padrão de herança já estudado, sendo alvo de estudos de

famílias que buscam entender a forma como essa patologia é passada ao longo das gerações. O

aconselhamento genético é uma ação que busca auxiliar essas pessoas a atingirem seu objetivo. Nesse

artigo, intitulado Aconselhamento genético: será que eu preciso?, publicado na revista Genética na Escola,

em 2019, por Regina Célia Mingroni Netto, você poderá aprender um pouco mais sobre o aconselhamento

genético, como é realizado e para quais famílias é indicado.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível em:

https://www.geneticanaescola.com.br/revista/article/view/308/277 . Acesso em 16 nov. 2022.

Aula 4

METODOLOGIAS LABORATORIAIS E MOLECULARES EM

GENÉTICA

Agora que você já conhece mais sobre o genoma humano e a herdabilidade, que tal aprender

sobre como analisamos o DNA? Nesta aula, você conhecerá algumas técnicas que podem ser

utilizadas para a análise de DNA.

34 minutos

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INTRODUÇÃO

Querido aluno!

Agora que você já conhece mais sobre o genoma humano e a herdabilidade, que tal aprender sobre como

analisamos o DNA? Nesta aula, você conhecerá algumas técnicas que podem ser utilizadas para a análise de

DNA. Começará entendendo como obtemos o DNA de amostras e o preparamos para análise através das

metodologias de extração de DNA e eletroforese. Depois, compreenderá como podemos ampliícar sequências

especíícas de DNA com a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase. Por ím, aprenderá sobre diferentes

metodologias para detectar sequências especíícas do DNA e como podemos sequenciar um genoma. Vem

comigo entender o funcionamento dessas técnicas e aprender como podemos utilizá-las em diferentes áreas

das ciências biológicas!

ANÁLISE DO DNA: COMO É FEITA?

Querido aluno, imagine que você é um pesquisador e deseja detectar mutações presentes no DNA de um

indivíduo. Você se pergunta: de que forma isso pode ser feito? De onde você pode retirar o DNA? Como fazer

isso e como analisá-lo?

Para isso, ao longo dos anos, foram desenvolvidas diferentes técnicas de análise do DNA, cada qual com suas

vantagens e desvantagens, mas todas com utilidade dentro das ciências biológicas. Vamos conhecer algumas

delas!

Primeiro passo para analisar o DNA é retirá-lo das células (lembre-se de que a maior parte do genoma se

encontra no núcleo celular). Para isso, você terá que escolher qual seria a melhor amostra a ser coletada do

indivíduo a ser analisado. Podemos dividir os tipos de amostras em dois:

• Fontes abundantes: permitem a obtenção de grande quantidade de DNA. Ex.: sangue.

• Fontes escassas: de difícil extração e permitem obtenção de pouca quantidade de DNA. Ex.: ío de cabelo com

bulbo, raspado da mucosa bucal.

A escolha da amostra dependerá da disponibilidade do tecido para análise, sabendo-se que a qualidade e a

abundância do DNA diferirão entre elas, assim como a técnica de extração utilizada. A escolha também

dependerá do tipo de análise que será feita no DNA (PCR, sequenciamento, hibridização).

O segundo passo é extrair o DNA. As técnicas de extração de DNA são metodologias que possuem a

capacidade de isolar o DNA de outras substâncias da célula. Aínal de contas, o DNA encontra-se dentro do

núcleo, isolado pela carioteca e, ainda, empacotado junto a proteínas, como as histonas. Esses métodos, através

de processos químicos e/ou físicos, conseguem fazer a separação de cada componente. Existem diferentes

técnicas, cada uma indicada para um tipo de amostra, mas, de modo geral, a extração consistirá em três passos:

Quadro 1 | Etapas da extração de DNA

1-Lise das membranas celulares 2-Descomplexação das proteínas 3-Separação do DNA

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Adição de agentes que causam a Adição de agentes que degradam Adição de substâncias (ex.: sal

ruptura da membrana plasmática e as proteínas. Ex.: detergentes (SDS) altamente concentrado) que

nuclear. Ex.: detergentes e agentes e enzimas proteolíticas precipitará as proteínas,

caotrópicos. (proteinases). separando-as do DNA.

Fonte: elaborado pelo autor.

A terceira etapa é ampliícar o DNA. Como a molécula de DNA é microscópica, a multiplicação desse DNA (fazer

várias cópias) facilitará a detecção da sequência de interesse. Para isso, em 1983, um pesquisador chamado

Kary Mullis desenvolveu uma técnica que “imita” a replicação do DNA in vitro. Nasceu, então, a técnica de

Reação em Cadeia da Polimerase. Nesse método são utilizadas pequenas sequências sintéticas de DNA

(primers) que se ligarão no início e no ínal da sequência de DNA que se quer ampliícar. A partir da inclusão de

uma enzima DNA polimerase e o uso de ciclos com diferentes temperaturas (etapas de desnaturação,

anelamento e extensão), essa enzima faz a replicação dessa sequência-alvo repetidamente, utilizando-se

nucleotídeos sintéticos chamados de desoxirribonucleotídeos trifosfato ou dNTPs (Figura 1). Com isso, ao

ínal do experimento, é possível obter várias cópias dessa sequência.

Figura 1 | Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

Fonte: Wikimedia Commons.

Os próximos passos dependerão do tipo de sequência a ser analisada e do objetivo do pesquisador. A PCR

descrita anteriormente é denominada PCR convencional. Ela pode servir de início para diferentes técnicas,

como de separação de fragmentos do DNA ou de hibridização.

Por sua vez, a própria PCR possui modiícações que permitem não só a ampliícação mas também a detecção

simultânea de uma sequência de interesse. Ex.: PCR em tempo real. Já outras permitem a análise RNA (RT-

PCR), a detecção de múltiplas sequências-alvo (PCR multiplex) ou ampliícação de uma sequência interna a

outro fragmento que já havia sido ampliícado (Nested-PCR).

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Além disso, em alguns casos, é necessária a análise de uma longa sequência de DNA, na qual o pesquisador

deseja saber a sequência exata de bases nitrogenadas no DNA de uma amostra. Para isso, é realizado o

sequenciamento do DNA.

METODOLOGIAS DE ANÁLISE DO DNA

Durante um processo de análise do DNA, após a extração e ampliícação dele pela técnica de PCR, uma série de

outras técnicas podem ser realizadas de acordo com o objetivo do pesquisador.

Uma das técnicas que é realizada posteriormente à PCR é a eletroforese em gel de agarose. Nessa técnica, o

DNA ampliícado é injetado em um gel que serve como um tipo de “rede”, limitando a passagem das sequências

de DNA por tamanho. À medida que uma corrente elétrica é gerada (Figura 2), o DNA (uma molécula negativa)

migrará através em direção ao polo positivo. Desse modo, as sequências maiores terão mais diículdade de

passar pelo gel e migrarão mais lentamente do que as sequências menores. Com isso, a eletroforese permite a

separação do DNA em tamanhos conhecidos (comparáveis a uma escala padrão).

Figura 2 | Eletroforese em gel de agarose

Fonte: Wikimedia Commons.

O produto de uma eletroforese, por sua vez, pode ser associado a uma técnica de hibridização chamada

Southern blot. Nessa técnica, os fragmentos de DNA separados pela eletroforese são transferidos para uma

membrana e, posteriormente, submetidos a uma sonda (sequência de DNA especííca marcada com uma

substância sinalizadora), a qual se ligará a uma sequência-alvo de interesse. Em seguida, é feita uma impressão

em ílme fotográíco do sinal (geralmente, îuorescente) emitido pela sonda ligada à região-alvo.

Além disso, como explicado anteriormente, a PCR possui alguns tipos de variações, como:

• PCR em tempo real (qPCR): essa técnica combina a ampliícação de fragmentos já descrita no PCR

convencional conjuntamente com a detecção simultânea de îuorescência. Dessa forma, a ampliícação, a

detecção e a quantiícação do DNA são realizadas em uma única etapa. Nesse método, além dos ingredientes

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básicos da PCR, também é adicionada uma molécula repórter îuorescente, que permite monitorar a reação de

PCR a cada ciclo. Isso permite uma maior sensibilidade e especiícidade de análise.

• PCR Multiplex: essa técnica utiliza mais de um par de primers em uma única reação, permitindo a detecção
de mais de uma sequência de DNA em uma única amostra.

• Nested-PCR: nessa técnica, em vez de se usar uma amostra diretamente extraída, utiliza-se o produto de uma

PCR anterior. Então, utiliza-se um par de primers que sejam internos ao par utilizado na primeira reação, ou
seja, é a PCR do produto de outra PCR. É utilizada para aumentar a sensibilidade e a especiícidade em amostras

utilizadas cuja qualidade não é muito boa.

• RT-PCR: essa técnica permite a detecção de amostras de RNA ou análise de expressão gênica. Nesse caso,

partimos de uma amostra de RNA que será submetida ao processo de transcrição reversa pelo uso de uma

enzima chamada transcriptase reversa. O produto desse processo é chamado de DNA complementar ou cDNA.

A partir daí é realizada uma PCR para a detecção de uma sequência ou quantiícação do RNA original através do

cDNA.

Caso o objetivo do pesquisador seja descobrir a sequência de bases nitrogenadas no material genético de um

organismo, como foi realizado para o vírus SARS-CoV-2 (Covid-19), é necessário realizar o sequenciamento de

DNA. Um dos métodos mais conhecidos de sequenciamento foi desenvolvido por Sanger em 1977. Nessa

técnica, o DNA é ampliícado em várias cópias, como em uma PCR. No entanto, no sequenciamento de Sanger

é utilizado um desoxirribonucleotídeo modiícado (ddNTP), que ínaliza a formação da cadeia de DNA pela

enzima quando ele é utilizado (Figura 3). Isso permite a geração de várias sequências de tamanhos diferentes,

as quais, posteriormente, serão separadas por eletroforese. A partir do resultado da eletroforese, consegue-se

determinar a sequência de DNA.

Figura 3 | Sequenciamento de Sanger

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Fonte: Wikimedia Commons.

Atualmente, novas técnicas de sequenciamento surgiram, denominadas Sequenciamento de Nova Geração

(NGS), que apresentam mais automatização e alto rendimento.

APLICAÇÃO PRÁTICA DA ANÁLISE DE DNA

Querido aluno, agora que você já compreende de que forma obtemos o DNA de diferentes tipos de amostra,

como o ampliícamos e o analisamos, vamos entender como podemos aplicar as diferentes técnicas no

contexto da saúde?

As metodologias de análise do DNA poderão ser utilizadas tanto no âmbito de diagnóstico quanto de pesquisa.

A PCR em tempo real, por exemplo, pode ser utilizada na detecção de mutações ou outras alterações genéticas

na sequência de DNA de uma amostra. Isso permite o diagnóstico de algumas doenças genéticas, por exemplo,

a anemia falciforme. Com essa técnica, é possível realizar a genotipagem, isto é, detectar o genótipo do

indivíduo e, no caso da anemia falciforme, veriícar a ausência ou presença do alelo associado à patologia. Da

mesma forma, a genotipagem pode ser utilizada na pesquisa quando se procura associar um alelo de alguma

alteração genética (ex.: polimorísmo de nucleotídeo único ou SNP) com o risco aumentado de desenvolver uma

doença ou apresentar um mau prognóstico.

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Quando a qPCR é associada à RT-PCR, podemos detectar a presença do RNA de microrganismos que estejam

infectando um indivíduo. É dessa forma, por exemplo, que é feita a detecção do vírus SARS-CoV-2 em pacientes

com suspeita de Covid-19. Por sua vez, a RT-PCR também pode ser utilizada na pesquisa quando se quer

comparar a expressão de genes em diferentes amostras. Por exemplo, quando se quer veriícar se um gene

especííco está sendo mais ou menos expresso em amostras normais versus amostras tumorais. Desse modo,

os pesquisadores podem conhecer mais sobre as alterações que as células tumorais possuem e pensar no

desenvolvimento de métodos diagnósticos ou na formulação de prováveis alvos terapêuticos.

O sequenciamento de DNA, por sua vez, é aplicado com o objetivo de conhecer parte ou todo o genoma de um

organismo. Ele pode ser utilizado para se conhecer a genética de um novo microrganismo, como foi feito com o

sequenciamento do SARS-CoV-2. Isso, por sua vez, foi essencial para o desenvolvimento de medicamentos e

vacinas contra ele.

O sequenciamento pode ser utilizado para a análise de produtos de biotecnologia e o controle de qualidade de

alimentos. Um exemplo desse caso é veriícar se a carne que está sendo vendida como bovina é composta

apenas por isso ou se compõe uma mistura de carnes de outros animais. Outra aplicação é na análise de

microbioma no ambiente, para que se entenda a população de microrganismos que nos cercam e como eles

podem inîuenciar a saúde humana.

Uma das aplicações mais importantes do sequenciamento foi o Projeto Genoma Humano. Ele foi desenvolvido

em um consórcio internacional, que tinha como objetivo sequenciar todo o DNA humano para que

conhecêssemos toda a sequência de bases nitrogenadas que possuímos. A partir daí foi possível começar a

compreender mais sobre o funcionamento do nosso corpo. Os resultados desse projeto foram publicados em

2003, nas revistas Nature e Science, e permitiram que conhecêssemos melhor a composição dos nossos genes,

possibilitando uma melhor compreensão do mecanismo de doenças, assim como o desenvolvimento de testes

genéticos, metodologias de análise e medicamentos.   

VÍDEO RESUMO

Olá, querido estudante! Neste vídeo, você aprenderá sobre diferentes metodologias de análise do DNA;

compreenderá como extraímos o DNA de amostras e como podemos ampliícá-lo; conhecerá diferentes

técnicas de detecção de sequências especíícas de DNA e como podemos sequenciar o DNA e, por ím, saberá

de que forma podemos aplicar cada uma das técnicas em diferentes contextos dentro das ciências biológicas.

 Saiba mais

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma das principais técnicas de análise na área da genética,

permitindo a ampliícação de sequências-alvo de DNA. Neste artigo, intitulado A Reação em Cadeia da

Polimerase (PCR), publicado na revista Genética na Escola, pelos autores Ernna Hérida Domingues de

Oliveira e Tiago Campos Pereira, você poderá conhecer mais detalhadamente sobre essa técnica, assim

como aprender sobre outras aplicações práticas.

https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=FRAMACENTROSM%40GMAIL.COM&usuarioNome=ELVIS+FRANCELINO+PEREIRA+DA+SILVA&disciplinaDescricao=GENÉTICA+MÉ… 25/26
22/05/2023, 20:38 wlldd_231_u1_gen_med

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível em:

https://www.geneticanaescola.com/revista/article/view/318/286 . Acesso em 16 nov. 2022.

O sequenciamento de DNA é uma ferramenta muito útil, sendo utilizada para a detecção da sequência de

bases nitrogenadas de um genoma ou parte dele. Neste artigo, intitulado Sequenciamento de DNA:

métodos e aplicações, publicado no XIII Safety, Health and Environment World Congress, pela autora

Welika Faria Santos e colaboradores, você poderá aprender um pouco mais sobre os diferentes tipos de

sequenciamento de DNA e suas aplicações.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível em:

https://copec.eu/congresses/shewc2013/proc/works/33.pdf . Acesso em 16 nov. 2022.

REFERÊNCIAS
1 minutos

Aula 1

STRACHAN, T.; READ, A. Genética Molecular Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

WATSON, J. et al. Biologia Molecular do Gene. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.

Aula 2

DOMINGOS, P. P. Genética. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.

STRACHAN, T.; READ, A. Genética Molecular Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

WATSON, J. et al. Biologia Molecular do Gene. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015. 

Aula 3

BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

DOMINGOS, P. P. Genética. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.

JORDE, L. B. Genética Médica. Rio de Janeiro, RJ: Grupo GEN, 2017. 

Aula 4

LIPAY, M. V. N.; BIANCO, B. Biologia Molecular: métodos e interpretação. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2015.

SIMI, L. D. Biologia celular e molecular. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.

STRACHAN, T.; READ, A. Genética Molecular Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013. 

Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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PRINCÍPIOS DA CITOGENÉTICA CLÍNICA

104 minutos

 Aula 1 - Mutação, reparo e recombinação gênica

 Aula 2 - Epigenética e controle da expressão gênica

 Aula 3 - Epigenética e sua correlação clínica

 Aula 4 - Elementos de transposição (transposons)

 Referências

Aula 1

MUTAÇÃO, REPARO E RECOMBINAÇÃO GÊNICA

Nesta aula, abordaremos os conceitos e os diferentes mecanismos que envolvem a mutação, a

recombinação e o reparo.

26 minutos

INTRODUÇÃO

Nesta aula, abordaremos os conceitos e os diferentes mecanismos que envolvem a mutação, a recombinação e

o reparo. Também, falaremos sobre os principais efeitos e consequências que essas situações podem causar,

incluindo as patologias que os pacientes podem apresentar, como o câncer. Ao ím dessa aula, você será capaz

de entender os mecanismos que causam determinadas patologias com as quais um proíssional da saúde

poderá ter que lidar. Dessa maneira, você terá um conhecimento mais sólido e abrangente, para que consiga

auxiliar seu paciente. Esse é um tema sempre atual, pois ainda existe uma grande parte da genética que

possuímos apenas um conhecimento superícial, e a publicação de novos estudos nos auxilia no entendimento,

no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças. 

TIPOS DE MUTAÇÕES

As mutações são deínidas como alterações que ocorrem na sequência de DNA, de maneira aleatória, e são uma

fonte importante de variabilidade genética. Podem ser classiícadas em mutações gênicas (ou pontuais),

causando alteração em apenas um gene, ou mutações cromossômicas, alterando o número ou a estrutura dos

cromossomos (o que afeta múltiplos genes) (Figura 1) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Abordaremos os dois tipos

de mutações gênicas.

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As substituições de bases consistem na substituição de um par de bases por outro, e são subdivididas em

transições e transversões. Na transição, temos a substituição de uma purina por outra purina (por exemplo,

mutação de A para G), ou de uma pirimidina por outra pirimidina (T para C, por exemplo). Já na transversão,

temos a substituição de uma purina para pirimidina, ou vice-versa: A para T ou C para G, por exemplo. Nas

mutações indel, temos a inserção e a deleção de bases, em que ocorre a inserção ou a deleção de um par de

bases na sequência de DNA, respectivamente (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

As mutações cromossômicas podem ser estruturais (foco da próxima unidade) e numéricas, em que há

modiícação do número de moléculas de DNA. São divididas em poliploidia e aneuploidia. Considerando que

euploides são organismos que possuem conjuntos completos (normais) de cromossomos, organismos que

possuem conjuntos adicionais de cromossomos são chamados de poliploides: diploides possuem dois

conjuntos de cromossomos (2n), triploides possuem três, tetraploides possuem quatro, e assim por diante. Os

organismos que possuem excesso ou ausência de determinado cromossomo (não do conjunto inteiro) são

chamados de aneuploides e possuem um desequilíbrio genético (GRIFFITHS, 2022).

Figura 1 | Tipos de mutações

Fonte: elaborada pela autora.

Com relação às consequências das mutações gênicas na codiícação de aminoácidos, as mutações de

substituição de bases podem ser divididas em três tipos (Figura 2): silenciosa (ou sinônima), de troca de sentido

(não sinônima) ou sem sentido. A mutação silenciosa muda a sequência do códon, mas não muda o aminoácido

codiícado (devido à degeneração do código genético). As mutações de troca de sentido mudam a sequência de

um códon para outra que codiíca um aminoácido diferente; podem ser mutações conservadoras, codiícando

um aminoácido quimicamente similar (não afeta a estrutura nem a função da proteína), ou mutações não

conservadoras, quando codiícam um aminoácido quimicamente diferente. A mutação sem sentido altera a

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sequência de um códon que codiíca um aminoácido para uma sequência de parada, geralmente tornando a

proteína inativa. Já as mutações indel alteram a fase de leitura de todos os códons posteriores à mutação,

inativando a proteína (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 2 | Consequências das mutações gênicas

Fonte: elaborada pela autora.

Os novos alelos que surgiram através de mutações são alvos de um segundo processo causador de variação: a

recombinação, que agrupa os alelos em novas combinações. Ocorre através de dois mecanismos durante a

meiose: distribuição independente e crossing over (quebra dos cromossomos parentais e reunião das partes

em novas combinações), de acordo com a Figura 3 (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

Figura 3 | Crossing over

Fonte: elaborada pela autora.

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Devido à importância de manter a integridade do material genético, nosso organismo possui diversos

mecanismos de reparo do DNA, para abranger todos os tipos de dano.

As mutações podem causar diversas patologias, entre elas, o câncer (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

SURGIMENTO DAS MUTAÇÕES E PROCESSO DE RECOMBINAÇÃO

Com relação ao surgimento das mutações, pode ser espontâneo ou induzido. As mutações espontâneas surgem

porque a estrutura do DNA não é estática, e os átomos de hidrogênio das bases podem mudar de posição e

alterar o pareamento. Já as mutações induzidas são causadas por agentes externos (mutágenos) (SNUSTAD;

SIMMONS, 2013).

As mutações espontâneas são causadas por erros na replicação do DNA ou provocadas pelo próprio ambiente

celular (Figura 4). Dentre os erros na replicação do DNA, encontra-se a tautomerização: mudança da forma das

bases de acordo com a posição dos seus átomos. A forma mais frequente e estável das bases é a forma ceto,

mas, raramente, pode mudar para formas imino ou enol, alterando o padrão de pareamento e causando uma

mutação. Também pode ocorrer a derrapagem na replicação, que causa a repetição de trinucleotídeos

(SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

A expansão de trinucleotídeos é a causa da Doença de Huntington. A intensidade da doença varia

conforme o número de repetições e, devido à instabilidade dos trinucleotídeos nas células somáticas e

entre gerações, ocorre o fenômeno da antecipação: a doença íca mais grave ou tem início mais cedo em

gerações sucessivas conforme aumenta a quantidade de cópias de trinucleotídeos.

O ambiente celular também pode causar mutações espontâneas: reações químicas do DNA com a água podem

levar à despurinação (perda de uma purina) e desaminação (remoção do grupo amina, convertendo citosina em

uracila, adenina em hipoxantina e guanina a xantina, o que altera o pareamento das bases). As espécies reativas

de oxigênio podem causar diversos danos ao DNA, como conversão da timina em timina glicol (que não faz par

com nenhum nucleotídeo) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

Figura 4 | Mutações espontâneas

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Fonte: elaborada pela autora.

As mutações induzidas podem ocorrer pela ação de métodos químicos ou físicos (Figura 5). Dentre os químicos,

os agentes alquilantes adicionam grupos alquil, metil ou etil às bases, alterando o pareamento. Os adutos

volumosos ligam-se à guanina e provocam sua liberação, criando um sítio apurínico, enquanto os análogos de

base incorporam-se à sequência de DNA e geram erros de pareamento. Os agentes intercalantes distorcem a

forma do DNA e prejudicam o funcionamento da DNA polimerase. Considerando os agentes físicos, a luz

ultravioleta forma dímeros de timina (as bases ligam-se na mesma cadeia, ao invés de se ligar na íta

complementar), que bloqueiam a DNA polimerase. Por ím, a radiação ionizante gera espécies reativas de

oxigênio, que alteram o pareamento das bases e quebram ligações glicosídicas gerando sítios abásicos

(apurínicos ou apirimidínicos) (GRIFFITHS, 2022).

Figura 5 | Mutações induzidas

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Fonte: elaborada pela autora.

As mutações nos genes que controlam o ciclo celular podem causar câncer, pois as células passam a se dividir

descontroladamente. De maneira geral, dois grupos de genes são afetados: os oncogenes e os genes

supressores tumorais. Mutações nos oncogenes promovem ativamente a divisão celular, enquanto mutações

nos genes supressores tumorais impedem a repressão do ciclo celular (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

Considerando o processo de recombinação, abordaremos dois modelos. O Modelo de Holliday propõe a quebra

de ílamentos únicos da molécula de DNA parental através de uma endonuclease, sendo que esses segmentos

são deslocados pela DNA helicase e proteínas de ligação uniílamentares. Esses ílamentos trocam de par (com a

participação da RecA) e emparelham-se com o ílamento complementar. Por ím, o DNA ligase solda os novos

ílamentos. Caso as quebras não ocorram exatamente no mesmo lugar dos dois cromossomos, os ajustes são

feitos por exonucleases e DNA polimerases. Durante o processo, são formados intermediários de recombinação

com o formato da letra X, chamados de formas chi (Figura 6). Já o modelo de quebra biílamentar de crossing

over propõe que as quebras não são uniílamentares; ocorrem quebras biílamentares iniciais que se alargam,

originando lacunas nos dois ílamentos. As terminações uniílamentares produzidas invadem a dupla hélice

intacta e deslocam os segmentos do ílamento homólogo (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 6 | Esquema do Modelo de Holliday

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Fonte: elaborada pela autora.

PROCESSO DE REPARO E AS CONSEQUÊNCIAS DA MUTAÇÃO

As mutações cromossômicas numéricas são a principal causa genética de aborto, defeitos de nascença e

deíciências de desenvolvimento. Dentre as aneuploidias, temos diversos tipos de manifestações, como as

trissomias, em que ocorre a triplicação de um dos cromossomos (2n + 1) (Síndrome de Down é um exemplo,

com a trissomia do cromossomo 21). Na monossomia, ocorre a ausência de um cromossomo (2n – 1), sendo

que nos humanos o único monossômico viável é o cariótipo 45, X (em que o indivíduo apresenta apenas um

cromossomo X e possui a Síndrome de Turner) (GRIFFITHS, 2022).

Considerando os mecanismos de reparo, são classiícados em vários tipos (Figura 7). O reparo direto consiste

em retornar à base original, como a reversão da alquilação de bases pelas alquiltransferases. No reparo por

excisão de bases, a base daniícada é detectada por uma DNA glicosilase, que cliva a ligação glicosídica entre a

base e o açúcar, criando um sítio abásico (AP). Então, a AP endonuclease corta a cadeia daniícada, a DNA

polimerase b preenche o espaço e a DNA ligase solda. Quando o dano no DNA é mais robusto, abrangendo

mais de uma base ou distorcendo a hélice do DNA (como os dímeros de timina), é necessário o reparo por

excisão de nucleotídeo. Nesse caso, duas vias podem ocorrer: as proteínas XPC e XPE detectam o DNA

daniícado (reparo por excisão de nucleotídeo no genoma global), ou a RNA polimerase é paralisada durante a

transcrição e recruta as proteínas CSA e CSB (reparo por excisão de nucleotídeo acoplado à transcrição). Ambas

as vias ativam helicases (que separam as cadeias do DNA ao redor do dano), endonucleases (que clivam as

ligações fosfodiéster envolvidas no dano), DNA polimerases e DNA ligase. Já o reparo por erros de pareamento

corrige os erros que ocorrem durante a replicação do DNA, através da ligação de proteínas ao local do erro: a

incisão da cadeia é ativada, assim como as DNA polimerases e a DNA ligase. Existe também a síntese translesão,

em que a DNA polimerase paralisa durante a replicação ao encontrar uma lesão e, então, recruta a DNA

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polimerase translesão (TLS). Entretanto, a TLS polimerase só consegue adicionar uma quantidade pequena de

nucleotídeos e não possui atividade de revisão, sendo mais propensa a erros (SNUSTAD; SIMMONS, 2013;

GRIFFITHS, 2022).

Os processos de reparo analisados anteriormente baseiam-se na complementaridade de bases do DNA.

Algumas situações, como a exposição ao raio X, podem quebrar as duas cadeias de DNA, de maneira que não

há como se basear na complementaridade das ítas. Nesses casos, ativa-se o reparo de quebras de cadeias

dupla. Existem dois caminhos que podem ser seguidos: o primeiro se chama junção de extremidades não

homólogas, em que proteínas se ligam às extremidades quebradas e recrutam diversas proteínas e enzimas,

como nucleases, DNA polimerases e DNA ligase; o segundo chama-se recombinação homóloga, em que o

cromossomo homólogo é usado como molde para sintetizar a cadeia de DNA após a quebra (SNUSTAD;

SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

Figura 7 | Métodos de reparo do DNA

Fonte: elaborada pela autora.

Defeitos nos mecanismos de reparo podem causar diversas doenças, como o Xeroderma pigmentosum (XP). Os

pacientes acometidos por essa patologia são muito sensíveis à luz solar e possuem aumento da frequência de

câncer de pele. Os genes afetados são necessários para o reparo por excisão de nucleotídeos, de maneira que

os pacientes não possuem um reparo de lesões causadas por UV (dímeros de timina). Diversos tipos de câncer

(como o câncer colorretal hereditário sem polipose ou Síndrome de Lynch) também possuem defeitos no

reparo do DNA entre suas causas (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

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VIDEOAULA

Olá, caro estudante! Neste vídeo, abordaremos as consequências dos diferentes tipos de mutações, assim como

veremos sobre os mecanismos de reparo e recombinação do DNA e sobre a importância desses processos no

funcionamento do corpo humano. Também, discutiremos alguns efeitos do mau funcionamento desses

mecanismos, como a presença de algumas patologias (entre elas, o câncer).

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

No livro disponível na Biblioteca Virtual, Genética, da autora Priscila Perez Domingos, a Seção 3.2, presente

na página 100, traz mais informações a respeito de mutação e recombinação gênica. 

No trabalho de conclusão de curso de Carizy Ranna Sousa Aquino Cortez, intitulado Os mecanismos de

reparo do DNA face à mutação proposta por fatores endógenos e exógenos: revisão integrativa de

literatura, podemos encontrar mais informações sobre os mecanismos de reparo do DNA no referencial

teórico, das páginas 13 a 29. 

Aula 2

EPIGENÉTICA E CONTROLE DA EXPRESSÃO GÊNICA

Na aula de hoje, aprenderemos o motivo de existir tantos mecanismos de regulação da

expressão gênica e os detalhes do funcionamento desses processos.

28 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Na aula de hoje, aprenderemos o motivo de existir tantos mecanismos de regulação da

expressão gênica e os detalhes do funcionamento desses processos. Trataremos dos níveis em que ocorre a

regulação, como as etapas da transcrição, processamento e tradução, e falaremos sobre os principais

mecanismos da epigenética, como a acetilação de histonas e a metilação de DNA. Também, compreenderemos

os pequenos RNA, sua função na regulação da expressão gênica e como podem ser utilizados na pesquisa

clínica, como a técnica de RNA de interferência (RNAi), em que é possível direcionar o silenciamento de

determinados RNAm alvo. Acompanhe-me neste aprendizado!

IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA

Por que precisamos regular a expressão dos genes?

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Os seres humanos possuem uma grande quantidade de genes, mas nem todos eles precisam estar sendo

expressos a todo momento e em todas as células. Como a produção de proteínas demanda muita energia, o

controle da expressão gênica faz-se necessário (NELSON; COX, 2011).

Quando a regulação ocorre?

Essa regulação pode ocorrer em diversos níveis: na transcrição, no processamento ou na tradução. Entretanto,

os processos que agem a nível da transcrição são os mais conhecidos, visto que a transcrição é o primeiro

processo da expressão gênica. Além disso, a regulação no início da transcrição permite o controle da expressão

de vários genes (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Relembrando: transcrição é o processo de produção de RNA a partir de uma molécula de DNA.

Entretanto, há um mecanismo de regulação tradicional muito importante: os pequenos RNAs (que podem ser

siRNA ou miRNA), que têm como objetivo o silenciamento ou a degradação de genes.

A expressão gênica pode ser classiícada em dois tipos:

Constitutiva: quando os genes são de manutenção, tendo que ser expressos a todo momento.

Regulada: os níveis dos produtos gênicos variam de acordo com os sinais moleculares. Nesse caso, ocorre

indução quando há aumento da expressão desse produto, e repressão quando há redução (NELSON; COX,

2011).

Vamos ver alguns conceitos essenciais para entender a epigenética, que é outro mecanismo de regulação da

expressão gênica?

Organização da cromatina

Os cromossomos são constituídos de DNA e proteínas, sendo que esse conjunto é chamado de cromatina

(SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

CROMATINA = DNA + PROTEÍNAS

Relembrando: os cromossomos são compostos por ílamentos de DNA envoltos em proteínas, ou seja, o DNA é

empacotado, e uma unidade básica de empacotamento do DNA se chama nucleossomo (composto por

histonas, principais proteínas envolvidas no DNA, e o próprio DNA). O ílamento de DNA é uma dupla-hélice,

composto por pares de bases (A, T, C, G). Pedaços de DNA são chamados de genes, conforme Figura 1.

Figura 1 | Estrutura dos cromossomos até pares de bases

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Fonte: Pixabay.

A maior parte das proteínas da cromatina são as histonas, que podem sofrer modiícações covalentes que

alteram a expressão dos genes (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Outro ponto que inîuencia na expressão dos genes é a estrutura da cromatina. A cromatina pode estar em

duas formas: heterocromatina, quando está muito condensada e é transcricionalmente inativa, e eucromatina,

menos condensada e acessível às proteínas e enzimas envolvidas na transcrição (NELSON; COX, 2011).

A remodelagem da cromatina gera mudanças que interferem na transcrição e envolve, por exemplo, metilação

e acetilação das histonas. A metilação facilita a acetilação, a qual, por sua vez, reduz a aínidade do nucleossomo

pelo DNA, facilitando a transcrição. Os nucleossomos também podem ser deslocados, processo que ocorre

através de um complexo de proteínas SWI/SNF. Esse deslocamento facilita a ligação dos fatores de transcrição

(NELSON; COX, 2011).

A cromatina também pode ser desativada, através de desacetilação das histonas e de outro mecanismo que

ocorre no DNA: o próprio DNA também pode sofrer modiícações covalentes, a metilação de CpG (pares de

bases C:G), que provoca a inativação do gene em questão (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Então, o que é a epigenética?

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Como essas modiícações (como metilação do DNA e acetilação das histonas) não ocorrem na estrutura básica

do DNA (sequência de nucleotídeos), são chamadas de epigenética (o preíxo grego “epi” signiíca “acima”)

(SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

MECANISMOS UTILIZADOS NA REGULAÇÃO

Como ocorre a regulação na transcrição?

O primeiro passo é a ligação da RNA polimerase ao DNA. Essa ligação ocorre em um local chamado promotor e,

dependendo da sequência nucleotídica do promotor, a aínidade da RNA polimerase a esse local varia. Por

exemplo, os genes de manutenção são sempre expressos, mas a quantidade do produto gênico pode variar.

Essa variação é deínida pela sequência do promotor, que pode fazer com que a RNA polimerase se ligue com

maior ou menor aínidade. Com relação aos genes que não são de manutenção, além da sequência do

promotor, há também a interferência de proteínas reguladoras que melhoram ou pioram a interação da RNA

polimerase com o promotor (NELSON; COX, 2011).

Nos eucariotos, é necessário um conjunto de fatores de transcrição ligados ao promotor para que a RNA

polimerase atue. Essas proteínas ligam-se ao promotor e facilitam o alinhamento da RNA polimerase na

sequência de DNA. Possuem um domínio de ligação ao DNA e outro domínio que facilita a transcrição, abrindo

caminho para a RNA polimerase. Os fatores de transcrição possuem motivos estruturais característicos que são

importantes para a associação com o DNA, como dedos de zinco, hélice-volta-hélice, zíper de leucina e hélice-

alça-hélice. Essas proteínas podem formar heterodímeros e, dependendo da concentração destes, a expressão

gênica pode ser modulada (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Além dos fatores de transcrição basais, temos fatores de transcrição especiais:

Repressores: ligam-se ao DNA e bloqueiam a RNA polimerase, processo chamado de regulação negativa.

Para que o repressor consiga se ligar ao DNA, é necessário o “efetor”, que se liga ao repressor e causa uma

mudança conformativa, permitindo sua ligação.

Ativadores: facilitam a ligação da RNA polimerase ao DNA – regulação positiva. Ligam-se a regiões do DNA

chamadas de intensiícadores (enhancers) e precisam de coativadores para conseguir se comunicar com

o complexo formado pela RNA polimerase e os fatores de transcrição. Podem ser sensíveis à ligação de

moléculas sinalizadoras, permitindo que o ambiente celular inîuencie a transcrição. Muitas vezes, é a

ligação do ativador que permite a ação da RNA polimerase. (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS,

2013).

A maioria dos nossos genes precisam de ativação para serem transcritos. Isso ocorre por diversos motivos,

entre eles, a grande quantidade de genes que possuímos, portanto é mais econômico em termos de energia

ativar os que são necessários no momento (NELSON; COX, 2011).

Um exemplo de sinal que pode inîuenciar na expressão gênica são os hormônios. Os hormônios esteroides,

como a progesterona, atravessam a membrana plasmática diretamente e se ligam a receptores intracelulares,

que são ativadores transcricionais. Esse complexo hormônio-receptor liga-se a sequências no DNA chamadas de

elementos de resposta a hormônios, alterando a expressão gênica (NELSON; COX, 2011).

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No processamento do RNA, o processo de splicing alternativo também pode ser considerado um mecanismo de

regulação da expressão gênica, ao remover determinados íntrons. Por exemplo, se forem removidos dois

íntrons sucessivos, o éxon entre eles também será removido (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

A estabilidade do RNAm no citoplasma também é um ponto de regulação. As caudas poli (A) e a sequência da

região 3’UTR interferem na estabilidade do RNAm (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Na tradução, a regulação da expressão gênica ocorre, principalmente, pelo mecanismo de RNA de

interferência (RNAi).

Qual a origem dos RNAi?

Os genes que codiícam para esses RNA são chamados de mir, que contêm trechos curtos repetidos de

nucleotídeos em sentidos opostos. Quando o RNA é transcrito, forma uma estrutura de grampo, que é clivada

por uma enzima chamada DROSHA e vai para o citoplasma, onde dá origem ao RNAi (NELSON; COX, 2011;

SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

COMO PODEMOS APLICAR AS TÉCNICAS DA REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO

GÊNICA E SEUS POSSÍVEIS EFEITOS

Regulação da tradução

Embora a regulação pela transcrição seja mais frequente, há alguns casos em que a regulação pela tradução se

faz necessária:

Genes muito longos, que demorariam horas para serem transcritos e processados.

Células sem núcleo, como os reticulócitos (eritrócitos imaturos), em que a regulação da transcrição não é

possível.

Alguns genes são regulados tanto a nível transcricional quanto traducional, sendo que o último realiza um

ajuste íno (NELSON; COX, 2011).

Dentre os mecanismos que os seres humanos possuem, encontra-se a regulação da expressão gênica mediada

por RNA: RNA de interferência (RNAi) (NELSON; COX, 2011).

Esse sistema tem como objetivo silenciar ou degradar RNAm alvos. Surge a partir de moléculas de RNA

biílamentares, que são clivadas (por uma enzima chamada DICER) em pequenos pedaços de RNA

biílamentares: RNA de interferência curto (siRNA) ou microRNA (miRNA). No citoplasma, essas moléculas

de siRNA ou miRNA são incorporadas a ribonucleoproteínas, onde perdem um de seus ílamentos. O ílamento

simples de RNA que sobrou liga-se ao RNAm alvo através da complementaridade de bases. Então, o complexo

RNA-proteína não pode ser transcrito, e esse complexo é chamado de complexo de silenciamento induzido por

RNA (RISC) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Dependendo se o pareamento com o RNAm alvo é perfeito ou não, o

RNA associado à RISC é siRNA ou miRNA, conforme Figura 2.

Figura 2 | siRNA ou miRNA?

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Fonte: elaborada pela autora.

São úteis para controlar o ritmo do desenvolvimento, proteger contra a invasão por vírus RNA e controlar os

transpósons (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

A existência dos miRNA deu origem a uma técnica chamada de RNA de interferência (RNAi). O investigador

introduz em um organismo uma sequência de RNA de íta dupla. Essa sequência é clivada pela DICER, dando

origem a pequenos RNAi que se ligam ao RNAm alvo, silenciando-o (NELSON; COX, 2011).

Epigenética: modiícação das histonas

Além de possuir a cromatina mais relaxada, regiões dos cromossomos que estão ativas para transcrição

possuem um padrão especííco de histonas, em que estas se encontram metiladas e acetiladas. As enzimas

histona acetiltransferases (HAT) são as enzimas responsáveis por acetilar as histonas. Essa acetilação aumenta a

expressão gênica, provavelmente porque os grupos acetila afrouxam a associação entre o DNA e as histonas.

Antes da acetilação, parece haver uma fosforilação das histonas (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS,

2013).

Epigenética: metilação do DNA

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Além das histonas, o próprio DNA também pode sofrer metilação nas sequências CpG (p representa a ligação

fosfodiéster). Cerca de 40% dos pares de bases do DNA são G:C, e desses, de 2 a 7% são metilados. O DNA ativo

encontra-se submetilado ou não metilado, enquanto o DNA metilado está reprimido (NELSON; COX, 2011;

SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Um possível mecanismo para essa repressão é que proteínas especíícas se ligam aos CpG metilados e

impedem a transcrição. Durante a divisão celular, o padrão de metilação é passado para as células-ílha, assim

como a acetilação das histonas (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

VIDEOAULA

Olá, caro estudante! No vídeo de hoje, falaremos sobre regulação da expressão gênica. Abordaremos alguns

conceitos iniciais e explicaremos os mecanismos envolvidos. Também, discutiremos sobre RNA de interferência

e como ele pode ser utilizado, além de citarmos o tópico de epigenética, quando veremos essas alterações que

não modiícam a sequência do DNA.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

No artigo intitulado Interferência por RNA: uma nova alternativa para terapia nas doenças reumáticas, de

França e colaboradores, podemos encontrar mais informações sobre a técnica de RNA de interferência,

assim como sua aplicação em patologias, como as doenças reumáticas. 

Além disso, temos mais informações sobre a utilização prática do RNAi no artigo A nova grande promessa

da inovação em fármacos: RNA interferência saindo do laboratório para a clínica, de Carlos Frederico

Martins Menck. 

Aula 3

EPIGENÉTICA E SUA CORRELAÇÃO CLÍNICA

Na aula de hoje, aprofundaremos o estudo da epigenética, entrando em mecanismos que são

diferentes, dependendo do sexo do genitor: o chamado imprinting genômico, em que temos

padrões de metilação diferentes, dependendo se o cromossomo veio da mãe ou do pai.

23 minutos

INTRODUÇÃO

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Olá, estudante! Na aula de hoje, aprofundaremos o estudo da epigenética, entrando em mecanismos que são

diferentes, dependendo do sexo do genitor: o chamado imprinting genômico, em que temos padrões de
metilação diferentes, dependendo se o cromossomo veio da mãe ou do pai. Também, abordaremos algumas

doenças causadas por mutações que ocorrem nesses genes imprintados e detalharemos os mecanismos que

podem causar essas patologias. Esse é um tópico muito presente no dia a dia, visto que o interesse pelos efeitos

da alimentação e das atividades físicas no genoma vem aumentando na sociedade, o que promove o aumento

da procura por proíssionais que estejam atualizados a respeito desse assunto.

IMPRINTING GENÔMICO
Epigenética e imprinting
A passagem de material genético da mãe e do pai para o ílho não é exatamente igual, e a razão dessa diferença

entre os genitores deve-se a mecanismos da epigenética.

O que é imprinting genômico?


O imprinting consiste em “marcas” epigenéticas que estão presentes em apenas um dos cromossomos
parentais. É um processo natural, que ocorre durante a gametogênese. Para ícar mais fácil de visualizar,

imaginaremos a seguinte situação: um homem e uma mulher terão um ílho (conforme representado na Figura

1). Tanto o gameta do homem (espermatozoide) quanto o da mulher (óvulo) fornecerão para o zigoto 22

cromossomos, além do cromossomo sexual. Suporemos que um desses cromossomos apresenta o gene A. No

óvulo da mãe, esse gene encontra-se metilado (representado pelo sinal de “proibido”), ou seja, não será

expresso. Já no espermatozoide do pai, esse gene não está metilado, ou seja, será expresso. A expressão desse

gene está condicionada ao sexo do genitor: nas mulheres, sempre estará silenciado, enquanto nos homens,

sempre será expresso (com relação ao processo de formação dos gametas). Esse fenômeno é conhecido como

imprinting genômico, conforme ilustra a Figura 1 (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

Figura 1 | Imprinting genômico

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Fonte: adaptada de Wikicommons.

Agora, focaremos no embrião, conforme a Figura 2. Independentemente do sexo (feminino ou masculino), esse

embrião possuirá um gene A silenciado, vindo da mãe, e um gene A expresso, vindo do pai. Esse padrão de

expressão estará presente em todas as células somáticas desse embrião. Entretanto, nas suas células

germinativas, esse padrão mudará, dependendo do sexo. Por quê? Porque, em mulheres, o gene A deve estar

sempre silenciado, e em homens, o gene A deve estar sempre expresso (durante a gametogênese). Portanto,

nas células germinativas, o padrão de expressão será alterado de acordo com o sexo (NUSSBAUM; MCINNES;

WILLARD, 2016).

Figura 2 | Padrão de imprinting genômico no embrião

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Fonte: adaptada de WikiCommons.

Ou seja, se o embrião se tornar um indivíduo do sexo feminino, seus óvulos deverão apresentar o gene A

sempre silenciado. Dessa maneira, o gene A que está no cromossomo de origem paterna deve ser metilado,

para que o óvulo apresente apenas cromossomos com gene A silenciado (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD,

2016).

Entretanto, se o embrião se tornar um indivíduo do sexo masculino, seus espermatozoides devem apresentar o

gene A sem metilação. Dessa maneira, o gene A que está no cromossomo de origem materna deve sofrer

demetilação, para que todos os cromossomos que estão no espermatozoide apresentem o gene A sem

metilação (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

O controle sobre o imprinting parece ser realizado por regiões de controle do imprinting (presentes no DNA), e
o mecanismo parece envolver RNAncs (RNAs não codiícantes) que iniciam a mudança epigenética na

cromatina. Foram identiícados cerca de 100 genes “imprintados” no genoma humano (NUSSBAUM; MCINNES;

WILLARD, 2016).

O mecanismo de imprinting está relacionado a algumas doenças, sendo que o fenótipo pode ser diferente,
dependendo se a mutação ocorre no cromossomo materno ou paterno. Essas situações são chamadas de

síndromes irmãs, porque a mutação ocorre no mesmo local do cromossomo, mas, dependendo da origem

desse cromossomo, o indivíduo apresenta características diferentes. Representam exemplos dessa condição as

síndromes de Prader-Willi e Angelman (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

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EFEITOS DA EPIGENÉTICA

Os mecanismos epigenéticos podem ter efeitos a longo prazo e serem passados de célula para célula e até

mesmo de geração para geração, mas podem também ser mais dinâmicos e transitórios, respondendo a

mudanças que ocorrem no ambiente celular e podem até ser reversíveis (COUTO et al., 2014).

Os padrões de epigenética são inîuenciados por hábitos de vida, como alimentação, atividades físicas, fatores

ambientais, entre outros. As alterações epigenéticas causadas por esses hábitos podem ser passadas de

geração para geração: por exemplo, as modiícações epigenéticas causadas nos pais podem passar para seus

ílhos (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; COUTO et al., 2014; NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

Caso haja alguma mutação na região em que os genes são imprintados, pode haver o surgimento de algumas

doenças, que podem ser chamadas de doenças irmãs ou síndromes irmãs. Esse nome é sugerido porque são

doenças causadas pela mesma mutação, na mesma região do cromossomo, mas que possuem fenótipos

diferentes. Essa diferença se deve à expressão diferenciada dos genes de acordo com a origem do cromossomo

(paterno ou materno) (COUTO et al., 2014).

Para entender melhor, imaginaremos um cromossomo com dois genes: A e B (conforme Figura 3).

Figura 3 | Esquema de cromossomo

Fonte: adaptada de Wikicommons.

Esses genes possuem diferentes padrões de expressão de acordo com o genitor (imprinting): o gene A é

silenciado na mãe, e o gene B é silenciado no pai, conforme Figura 4.

Figura 4 | Silenciamento de genes

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Fonte: adaptada de Wikicommons.

Agora, suporemos que houve uma mutação nessa região que engloba os genes A e B. Se a mutação ocorrer no

cromossomo de origem materna, o indivíduo não expressará o gene B (o gene A já estava silenciado

normalmente, devido ao imprinting). Entretanto, se em um outro indivíduo a mutação ocorrer no cromossomo

de origem paterna, esse indivíduo não expressará o gene A (COUTO et al., 2014).

Faço aqui uma observação: em ambos os casos, estamos supondo que a mutação ocorreu em apenas um

cromossomo, ou seja, o gene do outro cromossomo, que não sofreu mutação, será expresso. Por exemplo, o

primeiro indivíduo possui dois cromossomos, um de origem materna e outro de origem paterna. Considerando

que a mutação ocorreu no cromossomo de origem materna, nem o gene A nem o gene B serão expressos nesse

cromossomo (o gene A devido ao imprinting, e o gene B devido à mutação). Entretanto, esse indivíduo

apresenta o outro cromossomo desse par, o cromossomo de origem paterna. Como esse não sofreu mutação, o

gene A será expresso normalmente (o gene B não, pois sofreu imprinting). Já no segundo indivíduo, em que

houve mutação no cromossomo paterno, haverá expressão no outro cromossomo (materno) do gene B (COUTO

et al., 2014).

Dessa maneira, temos dois indivíduos com mutações iguais, na mesma região do cromossomo, mas com

fenótipos diferentes: o primeiro indivíduo possui o produto do gene A, enquanto o segundo não; e o segundo

indivíduo apresenta o produto do gene B, enquanto o primeiro não. Dependendo das funções desses produtos,

diferentes patologias ocorrerão (COUTO et al., 2014).

Tal situação ocorre nas síndromes de Prader-Willi e Angelman, em que há uma ausência da região 15q11-q13. A

diferença entre as síndromes é que, na Prader-Willi, a ausência ocorre no cromossomo 15 de origem paterna,

enquanto na síndrome de Angelman ocorre no cromossomo 15 de origem materna. Portanto, como temos a

expressão de diferentes genes, temos a expressão fenotípica diferente em cada uma dessas doenças (COUTO et

al., 2014).

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DOENÇAS RELACIONADAS À EPIGENÉTICA

Muitos estudos têm mostrado que as alterações epigenéticas podem causar doenças humanas, por exemplo,

no câncer, alguns genes são hipometilados, enquanto outros são hipermetilados (COUTO et al., 2014).

As síndromes irmãs de Prader-Willi e Angelman, tratadas anteriormente, são caracterizadas por distúrbios no

desenvolvimento (mas possuem fenótipos diferentes) e possuem uma frequência de 1/20000. O mecanismo

mais comum que causa essas doenças é uma deleção na região 15q11-q13 (COUTO et al., 2014; GRIFFITHS,

2022).

Falando especiícamente sobre a Síndrome de Angelman, além da deleção no cromossomo materno, outro

mecanismo que pode ocorrer é a dissomia uniparental paterna: quando o indivíduo recebe as duas cópias do

cromossomo do pai. Como as duas cópias estão metiladas, o indivíduo íca sem o produto funcional do gene.

Um terceiro mecanismo é uma mutação de ponto no principal gene responsável pelo fenótipo da síndrome, o

gene UBE3A, que está envolvido no desenvolvimento inicial do cérebro. Esse gene está normalmente metilado

no cromossomo paterno, sendo que indivíduos saudáveis possuem uma cópia funcional desse gene expressa

no cromossomo materno. Como os indivíduos com a Síndrome de Angelman não possuem essa cópia do

cromossomo materno (devido à deleção, mutação ou dissomia), eles não têm nenhuma expressão desse gene.

Com relação ao fenótipo, inclui atraso mental, crises convulsivas e comportamentos característicos (COUTO et

al., 2014; GRIFFITHS, 2022).

Com relação à Síndrome de Prader-Willi, a razão da ausência da região no cromossomo paterno pode ser por

deleção ou por dissomia uniparental materna, em que o paciente recebe duas cópias do cromossomo materno

(ambas com a região metilada e, portanto, silenciada). Os principais genes afetados são os genes SNRPN e NDN,

que possuem função no desenvolvimento cerebral. Considerando que eles são normalmente silenciados na

cópia materna, os indivíduos precisariam da cópia paterna para ter o produto gênico. Quando isso não ocorre,

temos a Síndrome de Prader-Willi. Com relação ao fenótipo, está associado à obesidade grave (COUTO et al.,

2014; GRIFFITHS, 2022).

Outra síndrome que ocorre em decorrência de alterações na epigenética é a Síndrome de Beckwith-

Wiedemann. Nessa doença, a região cromossômica afetada (11p15) possui dois genes de interesse: IGF2, que

codiíca para o fator de crescimento semelhante à insulina tipo 2, e o gene H19, que codiíca para um inibidor

de IGF2. Um dos mecanismos que ocorre é a hipermetilação de H19, fazendo com que haja uma hiperativação

de IGF2 e promovendo um fenótipo de gigantismo nos pacientes. Outro mecanismo é uma mutação de ponto

nos genes NSD1 e CDKN1C (envolvidos no desenvolvimento e ciclo celular) (COUTO et al., 2014; NUSSBAUM;

MCINNES; WILLARD, 2016).

A epigenética também vem sendo estudada no campo da psiquiatria. Através da interação entre o componente

genético e fatores ambientais, a epigenética seria uma possibilidade de explicação da causa de transtornos

psiquiátricos. A pesquisa nesse campo tem focado na interação gene-ambiente, entendendo que os

componentes genéticos e os fatores ambientais aumentam ou diminuem o risco de causar o transtorno, ao

invés de ser simplesmente a causa determinante (FREITAS-SILVA; ORTEGA, 2014).

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VIDEOAULA

Caro estudante, vamos revisar como funciona a epigenética e a sua importância para a área da saúde? Neste

vídeo, você verá os mecanismos que envolvem o imprinting genômico e as doenças que podem resultar de

alterações nesse processo. Dentre elas, estão patologias, como as síndromes de Prader-Willi, Angelman e

Beckwith-Wiedemann.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

No artigo Imprinting: Genes de pai e mãe não são igualmente expressos – implicações para doenças

genéticas e síndromes irmãs, você pode entender mais sobre os mecanismos do imprinting e sobre as

doenças que podem ser causadas quando ocorrem alterações nos genes imprintados. 

No artigo A epigenética como nova hipótese etiológica no campo psiquiátrico contemporâneo, você pode

compreender melhor como a epigenética pode ser uma explicação para as síndromes psiquiátricas. 

Aula 4

ELEMENTOS DE TRANSPOSIÇÃO (TRANSPOSONS)

Na aula de hoje, aprenderemos o conceito de transposons ou elementos transponíveis, assim

como sua classiícação.

25 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Na aula de hoje, aprenderemos o conceito de transposons ou elementos transponíveis, assim

como sua classiícação. Abordaremos a importância desses elementos e quais tipos de distúrbios e doenças eles

podem causar, caso haja alguma alteração. Veremos quais são os tipos presentes em seres humanos e qual seu

mecanismo de ação, assim como as diferenças entre os transposons de classe I (transposons de DNA) e

transposons de classe II (elementos semelhantes a retrovírus ou retroposon). Por ím, aprenderemos como

podem ser utilizados na prática, em pesquisa e em terapia gênica. Vamos lá!

O QUE SÃO TRANSPOSONS

O que são os transposons e em que organismos estão presentes?

Transposons ou elementos transponíveis são sequências de DNA que mudam de lugar no genoma. Estão

presentes em bactérias, fungos, protistas, vegetais e animais (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

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Em que frequência estão presentes no genoma humano e qual sua função?

Os transposons são mais de 40% do genoma humano e possuem função na estrutura dos cromossomos e

modulação dos genes (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Como podem ser classiícados?

Os transposons podem ser classiícados em três categorias:

1. Cortar e colar: ocorre a excisão de um elemento em uma posição no cromossomo para ocorrer a inserção

em outra posição (no mesmo cromossomo ou em outro). A catálise dessa transposição é feita pela enzima

transposase, que é codiícada pelo próprio elemento. Estão presentes tanto em procariotos quanto

eucariotos.

2. Replicativos: primeiramente, ocorre a replicação do DNA do elemento transponível, e esse DNA que foi

replicado se inserirá em um local do cromossomo. Dessa maneira, a cópia é inserida no novo local, e a

outra continua no local original. São encontrados apenas em procariotos, portanto não serão foco dessa

aula.

3. Retrotransposons: ocorre a inserção de cópias do elemento que foram sintetizadas a partir do RNA do

elemento. Há uma transcriptase reversa que utiliza o RNA do elemento como molde. Essa categoria é

subdividida: caso esteja relacionada aos retrovírus, é chamada de elementos semelhantes a retrovírus.

Caso contrário, é chamada de retroposons. São encontrados apenas em eucariotos (SNUSTAD; SIMMONS,

2013).

Como os transposons são elementos de DNA que se inserem ao longo do genoma, seus efeitos dependem da

região em que se inserirão. Caso essa inserção ocorra no meio de um gene, isso pode atrapalhar sua expressão,

impedindo a produção de uma proteína que pode ter uma função importante no organismo, provocando o

surgimento de alguma doença (GRIFFITHS, 2022).

Dentre essas doenças, já foi observado o envolvimento de um elemento transponível no câncer de mama, mais

especiícamente devido a uma inserção no gene BRCA2 (um gene supressor de tumor). Além disso, a inserção

de transposons em genes também pode causar a hemoília A e B (GRIFFITHS, 2022).

Nos eucariotos, ocorrem dois tipos de transposons, divididos em classe I e classe II. Os transposons da classe I

também são chamados de retrotransposons e podem ser subdivididos em elementos semelhantes a retrovírus

(ou transposons LTR, devido a longos elementos repetitivos presentes na sua extremidade) e retroposons.

Ambos utilizam o mecanismo de transcrição reversa. Já as elementos transponíveis da classe II são chamados

de transposons de DNA e operam através do mecanismo de “cortar e colar”, ou seja, ocorre o corte de uma

sequência de DNA em um local do cromossomo, e essa sequência é colada em outro local desse cromossomo

(ou, até mesmo, de outro cromossomo) (GRIFFITHS, 2022).

TIPOS DE TRANSPOSONS

Transposons em bactérias e sua importância para os seres humanos

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O principal ponto de importância para os seres humanos é que pode ocorrer troca de genes de resistência a

antibióticos, o que prejudica o tratamento de infecções nos seres humanos (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Existem três tipos principais:

1. Elementos IS: são as sequências de inserção e podem se inserir nos cromossomos e plasmídeos

bacterianos. São do tipo “corta e cola”. Sua estrutura é composta por extremidades terminais invertidas,

chamadas de repetições invertidas terminais. A transposase, codiícada pelo próprio elemento, cliva os

ílamentos de DNA do elemento, para que eles possam se inserir em outro local. Para que essa inserção

ocorra, os ílamentos de DNA de destino devem ser clivados. Entretanto, essa clivagem não é realizada no

mesmo local nas duas ítas de DNA, de maneira que deve ocorrer síntese de DNA para preencher as

lacunas após a inserção do elemento. Isso gera uma duplicação dessa sequência de DNA, o que é chamado

de duplicações de sítio-alvo.

2. Tranposons compostos: quando há inserção de dois elementos IS próximos, pode haver transposição da

região de DNA que está entre eles, conforme Figura 1.

3. Elemento Tn3: transposons replicativos; são grandes elementos que não têm sequências IS nas

extremidades (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 1 | Transposon composto bacteriano

Fonte: adaptada de Wikicommons.

Eucariotos
Classe I (Retrotransposon)

Elementos semelhantes a retrovírus

Possuem uma região codiícadora central e, nas extremidades, possuem repetições terminais longas (LTR) –

podem ser chamados de transposons LTR e estão representados na Figura 2. Essas LTR são limitadas por

repetições invertidas curtas, como as dos outros tipos de transposons. Possuem genes homólogos aos genes

encontrados em retrovírus, como gag (que codiíca uma proteína da cápsula viral) e pol (codiíca uma

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transcriptase reversa). O mecanismo funciona da seguinte maneira: o RNA é sintetizado a partir do DNA, uma

transcriptase reversa usa-o como molde e produz DNA biílamentar, que é inserido em algum lugar do genoma

(SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 2 | Transposon LTR

Fonte: adaptada de Wikicommons.

Retroposons
Os retroposons também consistem em elementos que foram transcritos de maneira reversa em RNA a partir de

DNA, mas não têm repetições invertidas nas suas extremidades, e sim uma sequência homogênea de A:T. Em

Drosophila , esses retroposons vão para as extremidades dos cromossomos, os telômeros, para repor o DNA

perdido durante a replicação (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Classe II (transposons de DNA)

São transposons de “cortar e colar”. Possuem tamanho, estrutura e comportamento diferentes entre os

diferentes eucariotos, mas todos possuem repetições invertidas e criam duplicações de sítio-alvo ao serem

inseridos no DNA. Alguns codiícam transposase, outros não. Estão representados na Figura 3, junto aos

transposons classe I (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 3 | Transposons de classe I e classe II

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Fonte: adaptada de Wikicommons.

Foram descobertos no milho, através dos elementos transponíveis Ac e Ds: Ds, de dissociação, era o fator

causador de quebras nos cromossomos, mas ele dependia da estimulação pelo Ac, de ativador. Transposons

relacionados a Ac/Ds foram descobertos em outras espécies, inclusive em animais (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Existem mecanismos que reprimem os transposons: RNAs que interagem com proteínas Piki (os RNA são então

chamados de RNA de interação com a proteína Piwi ou piRNA) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).

DISTÚRBIOS CAUSADOS POR TRANSPOSONS

Seres humanos

Os elementos transponíveis são abundantes no genoma humano, constituindo, no mínimo, 44%:

Retroposons: 33%.

Elementos semelhantes a retrovírus: 8%.

Transposons de DNA (“cortar e colar”): 3% (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

O principal elemento transponível é um retroposon chamado de L1. Pertence a uma classe chamada de

elementos nucleares intercalados longos (LINE). A segunda classe mais abundante de elementos transponíveis

são os elementos nucleares intercalados curtos (SINE), que não codiícam transcriptase reversa e, portanto, são

dependentes de LINE para se multiplicar e se inserir no genoma. Um exemplo é o elemento Alu (que possui esse

nome porque tem um sítio-alvo para a enzima de restrição Alu). Existem mais de um milhão de sequências Alu

no genoma, entre os genes e dentro dos íntrons (GRIFFITHS, 2022).

O genoma humano possui 20 vezes mais DNA derivado de elementos transponíveis do que DNA que codiíca

proteínas. Entretanto, esses transposons não afetam as funções dos genes por diversos motivos:

Esses elementos estão inativos na maior parte do tempo, pois os organismos suprimem sua atividade.

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Os transposons podem se inserir em éxons, íntrons ou regiões não codiícadoras; caso se insiram em um

éxon e causem uma mutação que altere a função da proteína, provavelmente essa mutação será removida

da população por seleção darwiniana.

Caso o transposon insira-se em um íntron ou em uma região não codiícadora, não alterará a expressão do

gene (a não ser que se insira em um elemento regulador).

Se o elemento transponível se inserir em um gene, poderá causar alterações no indivíduo (GRIFFITHS, 2022).

Alguns pesquisadores sugerem que os elementos transponíveis que possuem muitas cópias no genoma

encontraram locais seguros para se inserir: os chamados porto seguros (safe heavens) no genoma. Um exemplo

seria a heterocromatina dos centrômeros, uma região com poucos genes e muito DNA repetitivo (GRIFFITHS,

2022).

O genoma humano possui muitas sequências derivadas de elementos semelhantes a retrovírus, mas, assim

como a maioria dos SINE e LINE, não possuem atividade de transcrição.

Os transposons “cortar e colar” parecem não estar ativos no genoma humano há milhões de anos. Um exemplo

são elementos relacionados ao Ac/Ds do milho (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Qual o signiícado dos transposons?

Os elementos transponíveis podem atuar como mutágenos, pois se inserem em locais do genoma, podendo

causar uma mutação espontânea. Dependendo do gene onde se inserem, podem causar doenças nos seres

humanos. Além disso, devido a essa característica de inserção, são considerados uma técnica genética de

referência para induzir mutações (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Também, podem ser usados para “carregar” genes: os transposons compostos, por exemplo, levam genes cujos

produtos não estão relacionados com a transposição. Os elementos P incompletos de Drosophila servem como

vetores de transformação, podendo levar fragmentos de DNA. Os elementos P não são eícazes em outras

espécies, mas alguns estudos estão utilizando transposons de salmão para estudar terapia gênica em humanos

(SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Algumas regiões do genoma são mais ricas em transposons do que outras. Em Drosophila, por exemplo, há

uma concentração de elementos transponíveis na heterocromatina (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Doenças causadas por transposons

Dependendo da região em que os transposons se inserem, eles podem causar doenças, pois podem prejudicar

a expressão de algum gene importante para o funcionamento do corpo humano. Por exemplo:

Inserção de LINEs no gene que codiíca o fator de coagulação VIII causa hemoília A.

Inserções de Alu no gene do fator de coagulação IX causa hemoília B; no gene NF1, neuroíbromatose; e no

gene BRCA2, câncer de mama (GRIFFITHS, 2022).

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VIDEOAULA

Caro estudante, vamos revisar o que são os transposons e como funcionam? Nesse vídeo, abordaremos os

diferentes tipos de transposons, quais são as diferenças entre eles, quais seus mecanismos de ação e quais

estão presentes em eucariotos. Também, falaremos sobre os distúrbios que podem ser causados dependendo

de onde ocorre a inserção desse transposon, podendo causar alterações como patologias. Vamos lá?

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

Na tese Filodinâmica de elementos transponíveis e seu uso no controle genético de vetores de doenças

infecciosas, por Felipe Soares Figueiredo, podemos aprender um pouco mais sobre como os transposons

podem ser utilizados para controle de doenças. 

No trabalho de conclusão de curso Análise da expressão e do número de cópias de LINE-1 em neurônios

obtidos in vitro de indivíduos dentro do transtorno do espectro autista, por Kathleen da Silva Souza,

podemos aprender mais sobre a expressão de transposons no espectro autista.

REFERÊNCIAS
2 minutos

Aula 1

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & Thompson Genética Médica. Rio de Janeiro, RJ:

Elsevier, 2016.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Aula 2

NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. Porto Alegre, RS: Artmed, 2011.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Aula 3

COUTO, F. F. S. et al. Imprinting: Genes de pai e mãe não são igualmente expressos – implicações para doenças

genéticas e síndromes irmãs. Revista de Medicina e Saúde de Brasília, v. 3, n. 2, p. 173-84, 2014.

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FREITAS-SILVA, L. R.; ORTEGA, F. J. G. A epigenética como nova hipótese etiológica no campo psiquiátrico

contemporâneo. Revista de Saúde Coletiva, v. 24, n. 3, p. 765-786, 2014.

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Genética Médica. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2016.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Aula 4

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS

122 minutos

 Aula 1 - Alterações cromossômicas numéricas e estruturais

 Aula 2 - Alterações cromossômicas e síndromes

 Aula 3 - Principais síndromes dos cromossomos autossômicos

 Aula 4 - Principais distúrbios dos cromossomos sexuais

 Referências

Aula 1

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS E

ESTRUTURAIS

Nesta aula, iniciaremos o estudo das alterações cromossômicas humanas, para conhecermos,

além das deínições sobre os aspectos que causam as doenças genéticas, como estes

mecanismos atuam no desenvolvimento das alterações e como inîuenciarão nas síndromes e,

consequentemente, na sobrevida dos indivíduos portadores.

27 minutos

INTRODUÇÃO

Prezado estudante, nesta aula, iniciaremos o estudo das alterações cromossômicas humanas, para

conhecermos, além das deínições sobre os aspectos que causam as doenças genéticas, como estes

mecanismos atuam no desenvolvimento das alterações e como inîuenciarão nas síndromes e,

consequentemente, na sobrevida dos indivíduos portadores.

Veremos também que uma doença genética cromossômica pode se apresentar sob diversas formas de

alterações e, a partir disso, determinar como podemos utilizar as ferramentas diagnósticas disponíveis.

Este conhecimento será essencial quando estudarmos as principais síndromes genéticas, pois nos permitirá

compreender como as alterações estão totalmente relacionadas com as características fenotípicas

manifestadas, assim como o nível de gravidade das doenças.

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: FUNDAMENTOS E DEFINIÇÕES

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As alterações cromossômicas podem ser do tipo numéricas, em que são observadas alterações quanto ao

número de cromossomos, ou do tipo estruturais, em que temos modiícações quanto às estrututas

cromossômicas, podendo haver também modiícações no número deles.

O genoma humano é classiícado como diploide ( di = “dois”; polid = “grupo”) por possuir dois conjuntos
cromossômicos ( 2n): um advindo da mãe, e o outro do pai, cada um com 23 cromossomos. Lembrando que os
gametas humanos possuem apenas 1 conjunto cromossômico ( n), chamado haploide.

Quando observamos a quantidade correta de conjuntos cromossômicos de qualquer ser vivo, dizemos que ele é

euploide; quando esta quantidade de conjuntos é alterada, temos euploidias aberrantes ou poliploidias, que

são os casos dos indivíduos triploides ( 3n) e tetraploides (4n). As poliploidias humanas não são compatíveis com
a sobrevivência, e estima-se que a triploidia seja responsável por 15% dos abortamentos por alterações

cromossômicas que ocorrem nos dois primeiros trimestres de gestação. Os bebês triploides que sobrevivem

durante a gestação vão a óbito logo após o nascimento. A tetraploidia é ainda mais rara e letal.

As aneuploidias ocorrem quando temos um único cromossomo a menos ou a mais. Podem acontecer com os

cromossomos autossômicos e com os sexuais. Na ausência de um cromossomo, denomina-se monossomia, e

são quase sempre incompatíveis com a sobrevivência após o nascimento. O caso mais comum de monossomia

é a Síndrome de Turner (45, X), em que temos apenas uma cópia do cromossomo sexual X. Nas trissomias,

temos uma cópia a mais de algum dos cromossomos, e são mais frequentemente encontradas em nascidos

vivos. São exemplos: a Síndrome de Down (47, X__ +21) e a Síndrome de Edwards (47, X__ +18).

O mosaicismo ocorre quando temos dois ou mais tipos de cariótipos em um mesmo indivíduo, sendo

originados de um mesmo zigoto. Isso ocorre quando temos alterações cromossômicas nas mitoses que

ocorrem nas primeiras divisões celulares do embrião. Quanto mais cedo estas alterações ocorrerem no

desenvolvimento embrionário, maior será a gravidade das malformações, já que um maior número de células

do indivíduo será atingido pela alteração.

A dissomia uniparental ocorre quando um par de cromossomos homólogos é oriundo do mesmo genitor

(paterno ou materno).

As alterações estruturais são rearranjos que acontecem nos cromossomos, que podem ser classiícados em

balanceados ou não-balanceados. Um rearranjo ocorre por uma ruptura em determinada localização

cromossômica, com subsequente ligação com combinação anormal.

O rearranjo balanceado ocorre quando não há perda ou adição de novos fragmentos de DNA, e o rearranjo

não-balanceado, quando há deleções ou duplicações. Os rearranjos também podem ser classiícados em

estáveis ou instáveis, sendo estáveis quando a estrutura cromossômica permanece igual com a divisão celular, e

ele ocorre quando os cromossomos continuam apresentando dois telômeros e um centrômero ativo. São

instáveis quando as células ílhas sempre apresentam conjunto cromossômico diferente da célula mãe, devido

aos problemas de homologia que levam ao pareamento e à divisão incorretos dos cromossomos. 

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: ENTENDENDO COMO ACONTECEM 

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Alterações cromossômicas numéricas

As triploidias surgem, na maioria das vezes, por fecundações de dois espermatozoides em um único ovócito;

também podem acontecer pela fusão de um ovócito a um corpúsculo polar, ou então, por anomalias na meiose,

que geram ovócitos ou espermatozoides diploides. Neste último caso, em meiose I podemos ter a migração dos

cromossomos homólogos para o mesmo polo, ou em meiose II, quando não há a separação das cromátides

irmãs (Figura 1). Este processo é denominado não-disjunção e, no caso das triploidias, deve ocorrer em todo o

conjunto cromossômico. As tetraploidias podem ocorrer por não-disjunção das cromátides irmãs em todo o

conjunto cromossômico em mitose nas primeiras divisões celulares do embrião (podendo gerar indivíduos

mosaicos), ou então pela fusão de dois zigotos diploides.

Figura 1 | Não-disjunção em meiose

Fonte: adaptada de Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 109).

As aneuploidias também são geradas pelo processo de não-disjunção durante a meiose I ou II, ou durante a

mitose nas primeiras divisões celulares do embrião. Neste último caso, teremos indivíduos mosaicos,

apresentando células normais e células aneuploides.

A dissomia uniparental pode ocorrer por dois mecanismos: no primeiro deles, é formada quando temos um

dos gametas parentais com algum cromossomo em duplicidade, unindo-se ao outro gameta parental com este

mesmo cromossomo em total ausência. A não-disjunção deve ocorrer, portanto, na formação de ambos os

gametas. No segundo mecanismo, a dissomia uniparental pode ocorrer como resultado de uma trissomia,

quando o cromossomo parental, que era único, se perde durante a mitose do zigoto (Figura 2).

Figura 2 | Mecanismos de formação da dissomia uniparental

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Em A , temos um espermatozoide com o cromossomo em duplicidade, e o ovócito com ausência do cromossomo. Em B , temos a formação

de uma trissomia, e a perda do cromossomo parental único durante a divisão celular.

Fonte: Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 126).

Alterações cromossômicas estruturais

Os rearranjos cromossômicos (Figura 3) estão intimamente ligadas à ação de xenobióticos, agentes

mutagênicos, ou intercalantes sobre o DNA. Eles também podem ser desencadeados pelo crossing over

(recombinação gênica que ocorre durante o paquíteno de meiose I) desigual, gerando diferenças estruturais

entre os cromossomos homólogos e, consequentemente, problemas de homologia.

Os rearranjos cromossômicos balanceados, normalmente, resultam em fenótipo normal, porém, ele pode

não acontecer com a sua prole. Os gametas formados, frequentemente, estão desbalanceados, e a união com o

gameta do outro genitor pode apresentar alterações na homologia, que geram rearranjos desbalanceados e/ou

instáveis.

Figura 3 | Rearranjos cromossômicos

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Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 109).

As inversões ocorrem quando há dois pontos de quebra no cromossomo, com posterior ligação com as
extremidades invertidas. Podem ser do tipo pericêntricas (o centrômero está contido no segmento invertido) ou

paracêntricas (sem o centrômero).

As translocações são rearranjos que ocorrem entre dois cromossomos, normalmente, não homólogos. Nas
translocações simples (ou inserções), há a transferência de um fragmento para outro cromossomo. Nas

translocações recíprocas, temos a troca de fragmentos entre dois cromossomos. Nas translocações

robertsonianas (Figura 4), temos a fusão entre dois cromossomos acrocêntricos que perderam os braços curtos,

e se uniram formando um cromossomo com os braços longos. Os braços curtos dos cromossomos

acrocêntricos não contêm informação genética essencial e, portanto, os seus portadores são fenotipicamente

normais. Observe os braços curtos dos cromossomos acrocêntricos que se perdem após a formação do novo

cromossomo.

Figura 4 | Translocação robertsoniana entre os cromossomos 13 e 14

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Fonte: Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 119).

Os rearranjos cromossômicos não balanceados, geralmente, resultam em fenótipo anormal, devido à perda

(deleções) ou ao acréscimo de material (duplicações). Tanto as deleções quanto as duplicações podem ser

originadas a partir de um crossing over desigual, ou a partir de problemas de segregação em genomas que

apresentam translocações ou inversões.

As deleções inîuenciarão no fenótipo de acordo com a extensão do material genético perdido e com o nível de

importância dos genes que continha. Se a região deletada conter o centrômero, o cromossomo resultante se

perderá durante a mitose, já que não haverá a ligação das íbras do fuso durante a divisão celular.

As duplicações parecem ocasionar fenótipos de menor gravidade, porém o aumento do material genético em

certas regiões pode levar a manifestações de trissomia parcial. 

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA PRÁTICA DIAGNÓSTICA

O diagnóstico das alterações cromossômicas pode ser feito pelas técnicas básicas de bandeamento

cromossômico, e/ou pela utilização de sondas îuorescentes (FISH - Hibridação in situ por Fluorescência) em

cromossomos em metáfase ou interfase.

As poliploidias são facilmente diagnosticadas utilizando-se análise quantitativa do cariótipo e bandeamento

cromossômico. Os indivíduos triploides (3n) podem ser 69, XXX; 69, XXY ou 69 XYY (Figura 5), ou seja,

constituídos de 3 conjuntos de 23 cromossomos.

As aneuploidias são comumente diagnosticadas utilizando-se bandeamento cromossômico (Figura 6), mas

podem também ser diretamente identiícadas através de sondas îuorescentes, tanto de cromossomos

metafásicos quanto em células em interfase (Figura 7).  Na Figura 6, podemos observar que, neste caso, temos

dois cromossomos Y, portanto a triploidia não pode ter sido advinda de alterações no ovócito; na maioria destes

casos, temos a fertilização do ovócito por dois espermatozoides, ou, com menor frequência, a não-disjunção

meiótica de todo o genoma do espermatozoide.

O uso das sondas îuorescentes é feito quando já se tem características clínicas robustas que necessitam

apenas de conírmação da aneuplodia, ou em casos que o bandeamento cromossômico deixa dúvidas quanto à

identiícação dos cromossomos.

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Figura 5 | Cariótipo humano triploide (69, XYY) utilizando Bandeamento G

Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 120).

A Síndrome de Prader-Willi é uma das doenças que podem ser geradas pela dissomia uniparental. Comumente,

esta síndrome ocorre por microdeleções (15q11-q13) do cromossomo 15 paterno, mas também pode se

manifestar na dissomia de origem materna. Isso ocorre quando esta região especííca do cromossomo 15 se

apresenta inativa em ambos os cromossomos, através do imprinting genômico. Uma vez descartada a
possibilidade das microdeleções (por exemplo, por PCR, microssatélite ou sondas îuorescentes), a dissomia

pode ser identiícada por testes de metilação da região (para detectar o imprinting) e/ou sequenciamento e
comparação do indivíduo afetado pelos genitores.

Figura 6 | Cariótipo humano de monossomia sexual – Síndrome de Turner, 45, X

Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 123).

Figura 7 | Célula com trissomia do cromossomo 21 observada com o uso de sondas îuorescentes. Em azul, temos a cromatina em interfase,

marcada com sonda inespecííca de DNA; em verde, a marcação de região especííca do cromossomo 13; em vermelho, do cromossomo 21

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Fonte: adaptada de Borges-Osório e Robinson (2013, p. 108).

Os rearranjos cromossômicos de pequenos fragmentos, por exemplo, de duplicações ou deleções, podem ser

de difícil identiícação pelas técnicas convencionais de bandeamento, por isso, o FISH é amplamente utilizado

nestes casos (Figura 8). Na Figura 8, temos um caso em que foram utilizadas sondas îuorescentes diferentes

para identiícação de cada cromossomo. É possível observar a translocação recíproca entre os cromossomos 2 e

22.

As translocações podem gerar nos descendentes fenótipo de trissomias. Isso ocorre quando grandes

fragmentos cromossômicos se encontram adicionalmente no cariótipo. Na Figura 9, podemos ver um cariótipo

de um indivíduo com Síndrome de Patau (trissomia do 13 – 46, XY, t13:13). Neste caso, um dos genitores

possuiu gameta com cromossomo 13 normal, e o outro com translocação 13:13.

Figura 8 | Avaliação cariotípica utilizando pintura cromossômica îuorescente

Fonte: Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 106).

Figura 9 | Cariótipo de trissomia do cromossomo 13 devido à translocação 13:13

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Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 131).

VIDEOAULA

Neste vídeo, você conhecerá as alterações cromossômicas numéricas e estruturais. Identiícaremos quais as

características de cada uma das alterações, como elas surgem e impactam no desenvolvimento de doenças

genéticas. Além disso, você poderá compreender como as doenças são diagnosticadas com o auxílio das

técnicas de bandeamento e îuorescência.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

O aborto recorrente é deínido por aquele que ocorre duas ou mais vezes antes de 20 semanas de

gestação. As alterações cromossômicas estão signiícativamente associadas ao aborto recorrente. Leia

mais sobre o tema lendo este artigo.

Veja também sobre os dados de alterações genéticas de pacientes atendidos no Instituto da Criança da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de 1992 a 2002.

Aula 2

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS E SÍNDROMES

Nesta aula, avançaremos no estudo das alterações cromossômicas estruturais e das síndromes

relacionadas. A partir destes conhecimentos, entenderemos, com maior profundidade, o modo

que os rearranjos cromossômicos, sejam eles balanceados ou não, podem levar à instabilidade

cromossômica e, consequentemente, a novas alterações mais complexas.

https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=FRAMACENTROSM%40GMAIL.COM&usuarioNome=ELVIS+FRANCELINO+PEREIRA+DA+SILVA&disciplinaDescricao=GENÉTICA+MÉDI… 9/43
22/05/2023, 20:39 wlldd_231_u3_gen_med

30 minutos

INTRODUÇÃO

Prezado estudante, nesta aula, avançaremos no estudo das alterações cromossômicas estruturais e das

síndromes relacionadas. A partir destes conhecimentos, entenderemos, com maior profundidade, o modo que

os rearranjos cromossômicos, sejam eles balanceados ou não, podem levar à instabilidade cromossômica e,

consequentemente, a novas alterações mais complexas.

O estudo destas modiícações genéticas nos auxilia na compreensão do impacto que os rearranjos têm sobre o

desenvolvimento de doenças e da sobrevivência dos indivíduos afetados.

Além disso, veremos que muitas doenças relacionadas às alterações cromossômicas ainda estão por serem

identiícadas. Estes conhecimentos nos permitem compreender como as tecnologias diagnósticas podem ser

articuladas de modo a viabilizar a identiícação destas alterações. Vamos iniciar nossos estudos!

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS ESTRUTURAIS

Grandes alterações estruturais dos cromossomos podem levar ao desenvolvimento das síndromes do genes

contíguos, que ocorrem por grandes deleções ou duplicações que englobam vários genes em sequência. São

condições fenotipicamente características que facilitam o reconhecimento de alterações cromossômicas

estruturais. São exemplos as síndromes de Wolf-Hirschhorn e do Cri Du Chat. As alterações costumam se

apresentar de modo familial, com característica dominante, apesar de as manifestações terem expressão muito

variada entre os afetados.

A Síndrome de Wolf-Hirschhorn tem prevalência de 1:50000 nascidos vivos, e é caracterizada pela deleção na

extremidade do braço curto do cromossomo 4 (4p-) (Figura 1). Os afetados apresentam microcefalia, ponte

nasal proeminente, déícit cognitivo, lábio leporino, com ou sem fenda palatina.

Quando conhecemos as alterações estruturais dos tipos rearranjos balanceados e não-balanceados, vemos que

elas, na maioria das vezes, levam à instabilidade, ou seja, promovem múltiplas alterações a partir das divisões

celulares que vão ocorrendo ao longo do tempo. Além disso, mesmo quando temos rearranjos estáveis em um

indivíduo, a instabilidade pode se instaurar durante a formação dos gametas, ou então a partir do zigoto. Toda

esta instabilidade leva a alterações cromossômicas mais complexas, como os cromossomos dicêntricos, ou os

supranumerários.

Figura 1 | Menina com Síndrome de Wolf-Hirschhorn

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Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 132).

Os cromossomos dicêntricos são aqueles que possuem dois centrômeros. A presença de dois centrômeros

ativos leva à instabilidade, ou seja, durante a separação das cromátides, podemos ter quebras e novas

alterações sendo formadas. Algumas vezes, um dos centrômeros não está ativo (pseudodicêntricos), podendo

participar dos processos de divisão celular de modo estável.

Os isocromossomos são aqueles que apresentam deleção de todo um braço e duplicação do outro braço na

localização do braço deletado, formando um cromossomo com formato de metacêntrico. Portanto, apresentam

duas cópias de um mesmo braço, e nenhuma cópia do outro.

Os cromossomos marcadores ou supranumerários são cromossomos, geralmente, em adição ao conjunto

cromossômico normal e se apresentam em mosaicismo (não estão em todas as células). Estes cromossomos

não apresentam uma nomenclatura especííca porque não possuem estrutura ou sequências de bandas

características que permitam identiícar a sua origem. Geralmente, são muito pequenos, o que diículta ainda

mais a identiícação.

O cromossomo em anel ocorre pela fusão entre as extremidades dos braços curto e longo dos cromossomos,

tendo sito observado tanto em cromossomos autossomos como em sexuais. Ele pode se apresentar

substituindo um cromossomo homólogo normal, ou por um cromossomo supranumerário. Eles podem causar

diferentes características fenotípicas, dependendo do tamanho e da sua constituição cromossômica.

As deleções e duplicações, além de se apresentarem pelos rearranjos cromossômicos de grande extensão, ou

seja, possíveis de serem observados facilmente através das análises citogenéticas, também podem ocorrer com

menores fragmentos de sequências. Neste último caso, a diículdade diagnóstica se torna maior, porém, com o

desenvolvimento de técnicas mais avançadas de bandeamento e molecular, podemos conhecer estas

sequências, que são responsáveis pelas síndromes de Microdeleções e Microduplicações. As síndromes de

Prader-Willi e de Angelman são exemplos destas síndromes, e ocorrem de acordo com a origem parental da

alteração.

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As principais características da Síndrome de Prader-Willi são baixa estatura, hipotonia, pés e mãos pequenos,

obesidade, deíciência intelectual leve a moderada e hipogonadismo. E para a Síndrome de Angelman:

deíciência intelectual grave, convulsões e marcha atáxica (Figura 2).

Figura 2 | (A) Menino com Síndrome de Prader-Willi; (B) Menino com Síndrome de Angelman

Fonte: Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 93).

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: ENTENDENDO MAIS A FUNDO

Os cromossomos dicêntricos são formados pela fusão de dois fragmentos cromossômicos, que possuem um

centrômero cada um. É muito comum encontrarmos cromossomos pseudodicêntricos de translocações

robertsonianas, ou seja, a partir de dois cromossomos acrocêntricos que perderam seus braços curtos, e se

uniram.

Os cromossomos em anel originam-se a partir da união entre os braços curto e longo de um mesmo

cromossomo. Estudos mais antigos acreditavam que isso só acontecia após quebras das regiões terminais

(Figura 3), porém também acontecem sem que haja estas quebras. Quase 50% dos cromossomos em anel

autossômicos são dos acrocêntricos 20, 21 e 22. Frequentemente, resultam em uma monossomia em

mosaicismo. Isso porque, devido aos problemas de pareamento e homologia, esse cromossomo pode perder-se

durante a divisão celular, resultando apenas a cópia normal do seu homólogo.

Figura 3 | Formação do cromossomo em anel. Perceba em A e B onde houve as quebras e como estas regiões estão unidas no anel

resultante.

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Fonte: Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 126).

A formação dos isocromossomos pode ocorrer pela separação incorreta das cromátides irmãs (Figura 4). Eles

costumam gerar grande letalidade, devido à perda de todo um braço de cromossomo, o que pode promover,

fenotipicamente, uma monossomia. A monossomia que apresenta maior viabilidade entre os nascidos vivos é a

Síndrome de Turner e, por isso, os isocromossomos do cromossomo X é o mais frequentemente observado nos

nascidos vivos em relação a este aspecto de monossomia. Os isocromossomos também podem ser formados

pela translocação robertsoniana entre dois cromossomos acrocêntricos homólogos. Deste modo, os

descendentes de gametas com esse tipo de alteração podem apresentar síndromes de trissomias.

Os cromossomos supranumerários ou marcadores, graças às novas tecnologias de identiícação por

microarranjo, demonstraram ter sua origem, principalmente, da fusão entre braços curtos e regiões

pericentroméricas de cromossomos acrocêntricos. Estas regiões são marcadamente formadas por

heterocromatina (regiões de sequências repetitivas muito compactadas). Eles também parecem se originar de

translocações equilibradas de um dos pais, havendo erros de homologia e de segregação em meiose. As

manifestações fenotípicas são heterogêneas, a depender das sequências cromossômicas afetadas.

Figura 4 | Divisão incorreta das cromátides irmãs, gerando dois isocromossomos

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Fonte: adaptada de Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 128).

Apesar de muitas vezes a origem das alterações cromossômicas parecerem ser de eventos aleatórios, alguns

estudos demonstraram que certas síndromes de microdeleções são ocasionadas pela presença de sequências

múltiplas repetidas, chamadas repetições de poucas cópias. Estas repetições promovem crossing-over

desigual e, consequentemente, microdeleções e microduplicações. São os casos das síndromes de Prader-Willi e

Williams.

A Síndrome de Prader-Willi é um exemplo de síndrome de microdeleção em 15q, sendo a deleção em 15q11-

q13 responsável por cerca de 50% dos casos. Esta síndrome ocorre quando a deleção ocorre no cromossomo

paterno. Quando a deleção está presente no cromossomo materno, temos a Síndrome de Angelman. Essa

diferenciação ocorre devido ao imprinting genômico, ou seja, a metilação e o silenciamento de certos genes,

que ocorre dependendo da origem parental do cromossomo. Se o gene se apresenta “imprintado” no homólogo

materno e deletado no paterno, temos a ausência da expressão dele, ocasionando, neste caso da região 15q, a

Síndrome de Prader-Willi. Ou então, se se apresenta silenciado no homólogo paterno, e deletado no materno,

temos a Síndrome de Angelman.

A dissomia uniparental também é uma causa destas duas síndromes, uma vez que, possuindo dois

cromossomos que apresentam os mesmos genes silenciados, temos a ausência de expressão deles. Se ambos

os cromossomos 15 forem de origem paterna, temos a Síndrome de Angelman, ou se ambos forem maternos,

temos Prader-Willi.

ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: ENTENDENDO O DIAGNÓSTICO

As grandes alterações cromossômicas são facilmente observadas pelo estudo do cariótipo, algumas vezes,

apenas com a marcação com giemsa, como é o caso dos cromossomos dicêntricos (Figura 5).

Figura 5 | Cromossomos dicêntricos observados em cariótipo corado com giemsa

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Fonte: Shen, Ma e Zhou (2019, p. 2).

Os isocromossomos, pelo padrão de bandeamento G, podemos identiícá-los com facilidade, principalmente,

quando formados pela translocação robertsoniana (fusão de 2 acrocêntricos homólogos). Na Figura 6, podemos

observar um isocromossomo formado pela t21:21. Como as monossomias autossômicas são letais, a maioria

dos casos conhecidos de isocromossomos pela deleção de todo um braço e duplicação do outro ocorrem pela

deleção do braço curto do cromossomo X e duplicação do seu braço longo (iqX) (Figura 7). É muito comum

nestes casos que estes cromossomos sejam dicêntricos, porém a identiícação dos centrômeros pode ser mais

difícil pelo bandeamento, sendo melhor observados pela marcação com sondas îuorescentes (Figura 8). O

fenótipo apresentado é da Síndrome de Turner (monossomia do X), devido à deleção de Xp.

Os cromossomos marcadores ou supranumerários, por serem muito pequenos e constituídos basicamente

de heterocromatina, têm a sua origem de difícil identiícação somente pela avaliação de bandeamento G.

Normalmente, ele é identiícado como cromossomo marcador sem determinação de origem, uma vez que a

ausência de genes ativos pode não trazer importância clínica. Muitas vezes, eles se apresentam em mosaicismo

e pode haver outras alterações cromossômicas resultantes dos eventos que levaram à formação do marcador, e

estas outras alterações podem ser responsáveis por alterações fenotípicas/doenças. A avaliação FISH pode

conírmar a constituição de heterocromatina nestes cromossomos (Figura 9 e Figura 10).

Figura 6 | Cariótipo de um caso de Síndrome de Down (trissomia do 21) com presença de isocromossomo causado pela translocação 21:21

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Fonte: Kalpana et al. (2017, p. 55).

Figura 7 | Cromossomo X normal (à esquerda) e isocromossomo qX (à direita). Observe a duplicação do braço longo no isocromossomo

Fonte: Ye et al. (2020, p. 3).

Figura 8 | Cariótipo com isocromossomo dicêntricos apresentado por FISH com sondas de marcação para centrômero (em verde). Observe

a dupla marcação do isocromossomo e a presença dos dois braços longos

Fonte: Vorsanova et al. (2021, p. 5).

Figura 9 | Identiícação de heterocromatina de região pericentromérica de cromossomo supranumerário. Observe na imagem com

îuorescência que o cromossomo supranumerário (na seta) apresenta a mesma marcação de região pericentromérica de outros

cromossomos

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Fonte: Bartels et al. (2003, p. 104).

Figura 10 | Isocromossomo supranumerário em paciente que apresentava síndrome convulsiva. Na imagem à direita, podemos observar

marcação do supranumerário com sonda para região pericentromérica do cromossomo 15. As duas marcações demonstram tetrassomia

parcial do 15

Fonte: Gordillo-González et al. (2013, p. 192).

A identiícação dos cromossomos em anel é facilmente feita através da análise do cariótipo (Figura 11). Como

estes indivíduos, geralmente, apresentam mosaicismo de monossomia, a estrutura em anel costuma não ser

encontrada em todas as células analisadas. Na Figura 12, podemos observar vários casos de cromossomos em

anel. A identiícação das regiões centroméricas (Figura 13) e teloméricas (Figura 14) dos cromossomos em anel

pode ser realizada por marcação îuorescente.

Figura 11 | Cariótipo com cromossomo 18 em anel

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Fonte: Thomas et al. (2006, p. 953).

Figura 12 | Cromossomos em anel por bandeamento G

Fonte: adaptada de Guilherme (2010, p. 70).

Figura 13 | Identiícação de região centromérica de cromossomos em anel através de sondas îuorescentes. Observe a marcação em

vermelho: na esquerda, cromossomo em anel com 1 centrômero, e na direita, dicêntrico

Fonte: adaptada de Guilherme (2010, p. 76).

Figura 14 | Cromossomos em anel com marcação para região telomérica. Observe, à esquerda, o cromossomo sem marcação (seta), e à

direita, uma marcação

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Fonte: adaptada de Guilherme (2010, p. 95).

Antes mesmo do desenvolvimento das técnicas de bandeamento cromossômico, já conhecíamos diversos tipos

de alterações cromossômicas de fragmentos grandes e as suas doenças relacionadas. A partir do momento em

que tivemos diversas técnicas de bandeamento de alta resolução, marcação îuorescente e biologia molecular

de sequências especíícas, pudemos detectar as pequenas deleções e duplicações causadoras de síndromes. Na

Figura 15, podemos conhecer alguns exemplos de síndromes de microdeleções.

O desenvolvimento do bandeamento de alta resolução representou um grande marco no diagnóstico das

alterações cromossômicas, pois permitiu a avaliação de cromossomos em prófase e prometáfase, quando ainda

não apresentam máxima condensação (Figura 16). Algumas deleções são tão pequenas que nem mesmo o

bandeamento de alta resolução é capaz de identiícá-las, sendo necessário utilizar as técnicas de genética

molecular. As técnicas que utilizam FISH também nos permitem a identiícação destas sequências menores, já

que mesclam a citogenética com molecular. Na Figura 17, podemos observar um caso de Síndrome de Prader-

Willi, uma síndrome de microdeleção em 15q.

As alterações de genes contíguos podem ser grandes o suíciente para serem identiícadas pelas técnicas de

bandeamento, ou menores, sendo necessário identiícação por FISH (Fluorescence In Situ Hybridization). Com o

advento das técnicas de microarranjo, o diagnóstico destas modiícações tornou-se muito mais eícaz,

permitindo, até mesmo, a identiícação de muitas outras alterações antes não conhecidas. Na Figura 18, temos

a identiícação da deleção 4p- (Síndrome de Wolf-Hirschhorn) pelo bandeamento de alta resolução.

Figura 15 | Síndromes associadas às microdeleções

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Fonte: Picchi (1997, p. 4).

Figura 16 | Cromossomo X: ideogramas e fotomicrograías na metáfase, prometáfase e prófase (em ordem). Observe que, quanto menor o

nível de condensação do cromossomo, podemos observar e diferenciar maior número de bandas

Fonte: McInnes (2016, p. 59).

Figura 17 | Deleção em 15q (sonda vermelha) observada em célula em intérfase (esquerda) e em metáfase (direita). Observe a marcação em

apenas um local/cromossomo, demonstrando a deleção

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Fonte: Gadhia e Vaniawala (2014, p. 685).

Figura 18 | Síndrome de Wolf-Hirschhorn. Observe a deleção em 4p- e os aspectos fenotípicos característicos

Fonte: adaptada de Schaefer e Thompson (2015, p. 132).

VIDEOAULA

Neste vídeo, você conhecerá sobre as alterações cromossômicas estruturais e pequenas deleções responsáveis

pelo desenvolvimento de síndromes e malformações. Identiícaremos quais as características de cada uma das

alterações e como elas surgem e impactam no desenvolvimento das doenças genéticas. Além disso,

compreenderemos como as doenças são diagnosticadas com o auxílio das técnicas diagnósticas.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

As doenças genéticas e as malformações congênitas, apesar de individualmente serem raras, juntas têm

prevalência global de, aproximadamente, 31,5 a 73,0 por 1.000 indivíduos. Saiba mais sobre este tema

fazendo a leitura deste trabalho que avaliou a prevalência das doenças genéticas e das alterações

congênitas em um município brasileiro.

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Leia também um estudo realizado com a população atendida no APAE de Jales quanto à incidência de

síndromes genéticas.

Aula 3

PRINCIPAIS SÍNDROMES DOS CROMOSSOMOS

AUTOSSÔMICOS

Nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos

autossômicos, cujas doenças apresentam grande impacto sobre a sobrevivência e qualidade de

vida dos indivíduos afetados, devido ao grande número de malformações que trazem.

30 minutos

INTRODUÇÃO

Prezado estudante, nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos

autossômicos. Estas doenças apresentam grande impacto sobre a sobrevivência e qualidade de vida dos

indivíduos afetados, devido ao grande número de malformações que trazem.

Além disso, os conhecimentos aqui levantados nos trazem a compreensão de como cada uma destas anomalias

podem ser formadas e/ou até mesmo repassadas entre genitores e descendentes de uma família.

Veremos também que estas doenças genéticas apresentam características fenotípicas bem deínidas, que

facilitam o processo diagnóstico. Mas, algumas vezes, podem ter variações na apresentação das alterações

cromossômicas, que nos exigem avançar com técnicas de marcação com sondas îuorescentes. 

SÍNDROMES AUTOSSÔMICAS

A Síndrome de Cri Du Chat é causada por microdeleções terminais ou intersticiais no braço curto do

cromossomo 5. Apresenta incidência estimada de 1:15.000 a 1:50.000 de nascimentos. Cerca de 75% dos

afetados vão a óbito nos primeiros meses de vida, e até 90% dos casos antes de 1 ano.

 Durante o início da infância, o choro agudo assemelha-se ao miado de gato e, por isso, esta doença recebe a

denominação Cri Du Chat (“choro de gato”, em francês). As principais características faciais são microcefalia,

hipertelorismo, pregas epicânticas, baixa implantação das orelhas, às vezes com acrocórdons pré-auriculares e

micrognatia (Figura 1). Além disso, há atraso no comportamento adaptativo, diículdade de comunicação e de

exercer funções orais, hiperatividade, automutilação e movimentos repetitivos. A extensão e localização exata

da deleção promove efeitos fenotípicos com níveis variados entre os acometidos. As deleções encontram-se

entre as regiões 5p15.2-p15.3, com extensão variando de 560 Kb a 40 Mb.

Figura 1 | Três crianças diferentes com Síndrome de CRI DU CHAT, que resulta de deleção de parte do cromossomo 5p. Observe, mesmo

entre indivíduos não aparentados, fácies típica com hipertelorismo, epicanto e retrognatia

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Fonte: McInnes (2016, p. 83).

A Síndrome de Down (47, X__ +21) é a trissomia autossômica de maior frequência entre os nascidos vivos

(1:800). Ela possui maior expectativa de vida quando comparada às trissomias do 13 e do 18, assim como maior

adaptabilidade e adequação social. A expectativa de vida é de 49 anos, sendo que 44% chegam aos 60 anos, e

14%, aos 68 anos.

Ao nascimento, a principal característica observada é a hipotonia e o dismorísmo craniofacial. A deíciência

intelectual e as cardiopatias são as principais características da síndrome, sendo este último o responsável pelos

problemas de saúde que afetam a expectativa de vida dos afetados. As características faciais são muito

particulares (Figura 2), e incluem: base nasal larga, íssuras palpebrais oblíquas para cima, orelhas pequenas e

achatamento maxilar e malar. Outras características dos pacientes são: pequena estatura, braquicefalia,

pescoço curto, pele frouxa na nuca, mãos curtas e largas.

Figura 2 | Características faciais da Síndrome de Down. A ponte nasal é plana; as orelhas apresentam baixa implantação e têm um aspecto

dobrado típico; os olhos apresentam pregas epicânticas típicas e íssuras palpebrais com inclinação ascendente; a boca é aberta, mostrando

língua saliente

Fonte: McInnes (2016, p. 76).

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A cada 10 mil nascidos vivos, cerca de 15 apresentam a trissomia do 21, 3 a trissomia do 18 (Síndrome de

Edwards) e 2 a trissomia do 13 (Síndrome de Patau).

Cerca de 50% dos afetados com a Síndrome de Edwards morrem na primeira semana de vida, e 10%

sobrevivem além do primeiro ano. Os bebês, geralmente, apresentam restrição de crescimento intrauterino,

com baixo peso ao nascer, e retardo do crescimento e desenvolvimento. Os afetados apresentam occipício

proeminente, orelhas displásicas e de implantação baixa, boca pequena e de difícil abertura, esterno curto,

mãos fechadas com sobreposição do dedo indicador sobre o dedo médio (Figura 3); 85% apresentam

cardiopatias. Podem apresentar as malformações: onfalocele, aplasia radial (ausência do osso rádio), hérnia

diafragmática e espinha bíída.

Na Síndrome de Patau, a maioria morre no primeiro mês de vida, e apenas 12% sobrevivem até 1 ano. 70% dos

casos apresentam a tríade microftalmia, íssura palatina e/ou labial e polidactilia. Também ocorre com grande

frequência a aplasia cútis (Figura 4) (um defeito na pele do couro cabeludo na região occipital posterior),

malformações nervosas, cardíacas e renais.

Figura 3 | Características faciais e sobreposição dos dedos da Síndrome de Edwards

Fonte: Chong et al. (2019, p. 120).

Figura 4 | Bebês com Síndrome de Patau com aplasia cútis (à esquerda) e polidactilia (à direita)

Fonte: adaptada de Schaefer e Thompson (2015, p. 128).

SÍNDROMES AUTOSSÔMICAS: ENTENDENDO A ORIGEM

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Nos indivíduos que sobrevivem pelo menos até o nascimento, as alterações cromossômicas autossômicas

apresentam índices superiores às dos cromossomos sexuais, muito provavelmente pelo fato de estes últimos

serem em menor quantidade e pela letalidade da ausência do cromossomo X.

As aneuploidias ocorrem em maior frequência que as alterações estruturais. A letalidade e a gravidade ocorrem

de acordo com o número de genes envolvidos. É por isso que, apesar do grande número de abortos

espontâneos por causas genéticas, temos apenas três aneuploidias (trissomias dos cromossomos 13, 18 e 21)

que apresentam quantidades signiícativas entre os nascidos vivos. Estes cromossomos são pequenos e

apresentam o menor número de genes entre os autossomos. Temos também a Síndrome de Cri Du Chat, por

alterações estruturais, que apresenta signiícativo índice entre os nascimentos.

O principal fator associado a estas síndromes é a idade materna, sendo a frequência muito aumentada após os

35 anos (Figura 5). Acredita-se que isso ocorra devido ao longo período que as células germinativas

permanecem em meiose (inicia-se durante a vida intrauterina e termina somente após a fecundação).

Figura 5 | Frequência da Síndrome de Down diagnosticada por amniocentese ou após o nascimento em relação à idade materna

Fonte: McInnes (2016, p. 76).

A maioria dos casos da Síndrome de Cri Du Chat é esporádica, ou seja, por novas deleções que surgem durante

a formação dos gametas dos pais. Entre 10 a 15% dos casos ocorre em portadores de translocações, dos quais

os parentais portadores apresentam translocação balanceada. Neste último caso, o fragmento 5p translocado

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não é passado para o gameta que dará origem ao indivíduo afetado, promovendo a haploinsuíciência. Este

termo é utilizado para alterações em que a expressão do gene normal no cromossomo homólogo não é

suíciente para gerar o fenótipo normal.

A maioria dos casos de Síndrome de Down ocorre de alterações esporádicas, e cerca de 95% são pela trissomia

do cromossomo 21. O fenótipo e a gravidade, quando mais leves, estão relacionados ao mosaicismo ou às

alterações cromossômicas estruturais. Aproximadamente, 2% dos casos ocorrem em mosaicismo devido a não-

disjunção mitótica durante as divisões celulares do embrião. Cerca de 30 genes (3,8 a 6,5 Mb) do cromossomo

21 estão envolvidos nos aspectos fenotípicos da Síndrome de Down, sendo os principais: APP, BACE2, PICALM,

APOE, GATA1, JAK2, CRELD1 e DSCAM.

A translocação pode ocorrer em um dos genitores portador balanceado, envolvendo cromossomos

acrocêntricos, como é o caso do 14. O portador apresenta 45 cromossomos, sendo um dos 21 translocado junto

ao 14. Durante a formação dos gametas, pode haver a presença de duas cópias do 21, um normal e o outro

translocado. A formação de gametas balanceados contendo a translocação também é possível e permite a

passagem da translocação para os indivíduos das famílias, de modo a possibilitar o surgimento de novos

indivíduos portadores balanceados ou afetados pela síndrome. Na Figura 6, podemos observar como os

gametas deste genitor podem se apresentar.

Também é observada a translocação 21q-21q, formando uma espécie de isocromossomo. Pequenos

fragmentos contendo a região crítica da síndrome também podem ser encontrados em adição ao conjunto

cromossômico, aparentemente normal, encontrado em outros cromossomos. Estes casos são de diagnóstico

mais complexo, que requerem investigação cariotípica aprofundada.

Assim como a Síndrome de Down, na Síndrome de Edwards (trissomia do 18), cerca de 95% dos afetados

apresentam trissomia completa, sendo que 90% dos casos ocorrem pelo cromossomo extra advindo da mãe. A

principal causa é, portanto, a não-disjunção do cromossomo 18 em meiose na formação dos gametas maternos.

A Síndrome de Patau ocorre em 80% pela trissomia completa do cromossomo 13, 15% pela translocação do

braço longo do cromossomo 13 e 5% apresentam mosaicismo.

Figura 6 | Gametas possíveis de serem formados a partir de um genitor balanceado contendo uma translocação 14:21. Observe que há

duas opões de gametas balanceados, sendo um possuindo o cromossomo com a translocação. Os gametas desbalanceados, com exceção

do que apresenta uma cópia do 21 normal e a t14:21, a fertilização destes promoverá zigotos com alterações cromossômicas raríssimas nos

nascidos vivos, sendo sua quase totalidade inviável e letal

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Fonte: McInnes (2016, p. 78).

SÍNDROMES AUTOSSÔMICAS: MÉTODOS DO DIAGNÓSTICO

Normalmente, quando há suspeita de síndromes genéticas após o nascimento, as características fenotípicas já

sugerem quais alterações cromossômicas serão encontradas. Porém, ainda assim, o diagnóstico das síndromes

autossômicas e sexuais inicia-se pela avaliação do cariótipo. A identiícação dos pares de cromossomos,

quantidade e aspectos estruturais são considerados. Muitas vezes, é necessária a avaliação molecular para

investigação mais precisa, principalmente, nas alterações estruturais.

A Síndrome de Cri Du Chat (deleção em 5p15), quando apresenta deleções de grandes fragmentos

cromossômicos, permite a identiícação diretamente pela avaliação do cariótipo por bandeamento G (Figura 7),

porém algumas deleções podem ser muito pequenas, e é necessária a associação com técnicas moleculares.

Por isso, o reconhecimento das características fenotípicas é tão importante, para auxiliar no direcionamento das

técnicas diagnósticas.

Figura 7 | (A) Cariótipo em bandeamento G de Cri Du Chat, mostrando a deleção terminal em 5p; (B) Sondas de regiões teloméricas de 5p

(vermelho) e 5q (verde). Observe que, em um cromossomo, é possível observar sinal îuorescente de ambas as sondas, e no outro

cromossomo, apenas em verde (5q)

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Fonte: Nandhagopal e Udayakumar (2014, p. 570).

A maioria dos casos de Síndrome de Down ocorre pela trissomia livre do 21 e, portanto, o diagnóstico se torna

muito fácil e preciso através do cariótipo por bandeamento G (Figura 8). Na presença de translocações (Figura

9), o próprio padrão de bandas que o cromossomo 21 apresenta permite identiícá-lo. Translocações do 21 com

cromossomos acrocêntricos são comuns de serem observadas. As manifestações fenotípicas dos indivíduos

também auxiliam na conírmação da síndrome sem maiores diículdades. Ainda assim, o FISH pode ser

empregado para melhor identiícação (Figura 10).

Quando a translocação ocorre por pequenos fragmentos cromossômicos, o diagnóstico pode ser de maior

diículdade; nestes casos, as técnicas com sondas moleculares permitem o diagnóstico. Na Figura 11, podemos

ver um caso de Síndrome de Down que a avaliação cariotípica inicial havia sido relatada como normal (46, XY),

porém a presença marcante do fenótipo da síndrome direcionou ao estudo do cariótipo pelo bandeamento de

alta resolução, que permitiu a identiícação de translocação no braço longo do cromossomo 18. A análise por

FISH conírmou que o fragmento translocado tratava-se de parte do cromossomo 21.

Assim como a Síndrome de Down, as síndromes de Edwards e Patau são, em sua maioria, diagnosticadas com

avaliação cariotípica por bandeamento convencional (Figura 12). As trissomias livres completas ocorrem por

maior frequência, no entanto, em casos de translocações completas ou de fragmentos, são utilizadas técnicas

com îuorescência para determinação mais precisa.

Na Figura 13, temos o cariótipo de um homem com translocação 18q:22q, cuja esposa havia tido diversos

abortos espontâneos. No caso dele, que era fenotipicamente normal e saudável, a formação dos gametas pode

levar à Síndrome de Edwards se no mesmo espermatozoide houver o cromossomo 18 normal e o 22 com a

translocação 18q. Há também a possibilidade de gerar indivíduos saudáveis balanceados caso o

espermatozoide gerador possua os cromossomos 18 e 22 com a translocação. A translocação foi conírmada

por pintura cromossômica îuorescente (Figura 14).

Figura 8 | Cariótipo clássico de indivíduo com Síndrome de Down (trissomia livre do 21)

Fonte: Jorde, Carey e Bamshad (2017, p. 110).

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Figura 9 | Cariótipos de Síndrome de Down causados por translocação. À esquerda, vemos a translocação 21:21, e à direita, 14:21

Fonte: Kalpana et al. (2017, p. 55-56).

Figura 10 | Cariótipo e marcação îuorescente para identiícação do cromossomo 21 em um caso de Síndrome de Down. Em A, observe a

translocação 21:21; em B, vemos uma célula em interfase (no canto direito) com três marcações da sonda para o 21. Vemos também

cromossomos em metáfase, com dois cromossomos apresentando sinal, sendo um dos cromossomos marcados duplamente (seta),

indicando a translocação

Fonte: adaptada de Poaty, Carles e Taine (2017, p. 2).

Figura 11 | Avaliação de caso de Síndrome de Down pela translocação parcial 21:18. À esquerda, temos bandeamento de alta resolução com

identiícação de material extra em 18q (seta); à direita, vemos marcação îuorescente de loci do 21 em três cromossomos (setas pequenas:

21; seta grande: 18)

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Fonte: Knigh et al. (1996, p. 431-432).

Figura 12 | Cariótipo com trissomia do 13 (Síndrome de Patau)

Fonte: adaptada de Schaefer e Thompson (2015, p. 134).

Figura 13 | Cariótipo de homem portador da translocação balanceada 18q:22q

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Fonte: Dutta, Ponnala e Dalal (2014, p. 114).

Figura 14 | Cariótipo com pintura îuorescente evidenciando a t18q:22q. Observe o cromossomo 18 com pequena marcação em amarelo

advinda do fragmento 22q, e o cromossomo 22 com marcação em azul advinda de 18q

Fonte: Dutta, Ponnala e Dalal (2014, p. 115).

VIDEOAULA

Neste vídeo, você conhecerá sobre as principais síndromes genéticas autossômicas. Veremos também os

diferentes modos que elas podem se apresentar cariotipicamente, bem como o impacto que cada tipo de

alteração pode promover nos indivíduos afetados. Além disso, conheceremos como utilizamos as técnicas

diagnósticas para a identiícação das alterações.

Videoaula

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A Síndrome de Down, por apresentar grande número de indivíduos afetados, assim como a maior

socialização e expectativa de vida, tem o aconselhamento das famílias como algo primordial. Acesse o

material Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down para aprender mais sobre este tema.

As famílias afetadas pelas síndromes genéticas hereditárias podem receber aconselhamento genético

quando necessário. O artigo Aconselhamento genético explica as questões éticas e as fases do

aconselhamento que devem ser respeitadas.

Aula 4

PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DOS CROMOSSOMOS SEXUAIS

Nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos sexuais, em

que as doenças apresentam, normalmente, menor nível de gravidade e acometimento psíquico

que as síndromes autossômicas.

29 minutos

INTRODUÇÃO

Prezado estudante, nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos

sexuais. Estas doenças apresentam, normalmente, menor nível de gravidade e acometimento psíquico que as

síndromes autossômicas. Entretanto, as disfunções reprodutivas são predominantes.

Além disso, os conhecimentos aqui levantados nos trazem a compreensão de como cada uma destas anomalias

podem ser formadas e/ou até mesmo repassadas entre genitores e descendentes de uma família.

Veremos também que estas doenças genéticas apresentam características fenotípicas bem deínidas que

facilitam o processo diagnóstico, mas, algumas vezes, podem ter variações na apresentação das alterações

cromossômicas que nos exigem avançar com técnicas de marcação com sondas îuorescentes. 

DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL E SÍNDROMES GENÉTICAS

SEXUAIS

Após o nascimento, a determinação sexual pode ser diícultada pela presença de genitália ambígua, gerada pela

incompatibilidade cromossômica com o fenótipo. Estas alterações são chamadas Distúrbios do

Desenvolvimento Sexual (DDS), e estima-se que elas representam cerca de 7% dos defeitos congênitos. Podem

ser causados não somente por anomalias citogenéticas sexuais mas também por alterações cromossômicas

autossômicas ou por causas não genéticas. O desenvolvimento dos órgãos sexuais inicia-se a partir da 8ª

semana de gestação, e pode ser inîuenciado, até mesmo, pelo uso de medicamentos.

Vejamos, no Quadro 1, alguns casos de alterações gênicas associadas às DDS.

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A disgenesia gonadal completa (DGC) refere-se à aparência genitália normal com sexo cromossômico oposto.

Assim, homens XX são referidos DDS testicular de 46,XX, e mulheres XY como DGC de 46,XY. Os genes SRY e

DAX1 são os principais envolvidos nestes distúrbios. O SRY está presente no cromossomo Y, sendo responsável

pela formação testicular. DAX1 está presente no cromossomo X, atuando na regulação de tecidos produtores de

hormônios.

Quadro 1 | Exemplos de genes envolvidos em Distúrbios do Desenvolvimento Sexual

Gene Localização Anomalia Genética Sexo Fenotípico, Distúrbio

Cariótipo 46, XY

SRY Yp11.3 mutação em SRY Feminino, disgenesia gonadal de XY

DAX1 Xp21.3 Duplicação do gene Feminino, disgenesia gonadal de XY

(NR0B1) DAX1

SOX9 17q24 Mutação em SOX9 Feminino, disgenesia gonadal de XY, com displasia

camptomélica

NR5A1 9q33 Mutação em NRSA1 Genitália ambígua, disgenesia gonadal parcial de XY

WNT4 1p35 Duplicação do gene Genitália ambígua, criptorquidia

WNT4

AR Xq12 Mutação em AR Feminino, síndrome de insensibilidade androgênica

completa ou parcial

Cariótipo 46, XX

SRY Yp11.3 Gene SRY translocado Masculino, DSD (ovo) testicular de XX

para o X

SOX3 Xq27.1 Duplicação do gene Masculino, DSD testicular de XX

SOX3

SOX9 17q24 Duplicação do gene Masculino, DSD testicular de XX

SOX9

CYP21A2 6p21.3 Mutação em CYP21A2 Genitália ambígua, virilização, micropênis

Fonte: McInnes (2016, p. 98).

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A maioria dos casos de mulheres DGC XY ocorre com o SRY normal, porém uma ação aumentada de DAX1 inibe

a formação testicular, estimulando a formação ovariana. A minoria destes casos ocorre por mutações em SRY. A

síndrome da insensibilidade androgênica também é uma das causas de DGC XY, que pode ser incompleta (por

exemplo, menino que desenvolve mamas ou possui genitália ambígua) ou completa (total constituição física

feminina) (Figura 1). A síndrome ocorre por problemas no receptor androgênico (AR), ou seja, na ligação dos

hormônios androgênicos (por exemplo, a testosterona) ao receptor. Já a maioria dos casos de homens DDS

46,XX ocorre pela translocação de SRY em um cromossomo X.

As anomalias citogenéticas sexuais podem ocorrer tanto por aneuploidias quanto por alterações

cromossômicas estruturais. Cerca de 1:400 nativivos apresentam uma anomalia cromossômica sexual. Várias

combinações entre os cromossomos X e Y podem ser viáveis, com exceção da ausência de cromossomo X,

incompatível com a vida e letal.

As síndromes sexuais, normalmente, apresentam-se com infertilidade e desenvolvimento anormal. Durante a

vida adulta, elas possuem elevado grau de normalidade no convívio social. Isso acontece porque apresentam

anomalias leves (quando comparadas às síndromes autossômicas), normalmente, do sistema reprodutivo, e

incluem atraso no início da puberdade, amenorreia primária ou secundária, infertilidade e genitália ambígua. Os

cariótipos mais comuns são 45,X; 47,XXY; 47,XXX; 47,XYY e os casos de mosaicismo.

A Síndrome de Turner (45, X) é uma monossomia de X em mulheres com incidência de até 1:5000 meninas

nascidas vivas. Deve ser suspeitada em todos os casos de atraso da puberdade e baixa estatura (apresentam,

em média, menos 20 cm na idade adulta). Outras características bem frequentes: pescoço largo (“alado”), baixa

implantação dos cabelos, face triangular, tórax em formato de barril, linfedema de mãos e pés. Muitas

apresentam malformações cardíacas e renais.

Figura 1 | Fenótipo de um indivíduo 46, XY com síndrome de insensibilidade androgênica completa. Observe contornos do corpo feminino,

desenvolvimento da mama, ausência de pelos axilares e pubianos e cabelos esparsos

Fonte: McInnes (2016, p. 102).

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Figura 2 | Menina de 5 anos com Síndrome de Turner. (A) Tórax alargado e infundibuliforme; (B) pescoço alado; (C) implantação baixa dos

cabelos na nuca

Fonte: Kim, Albano e Bertola (2019, p. 254).

A Síndrome de Klinefelter (47, XXY) é observada em até 1:1000 nascidos meninos, e é a síndrome que é menos

notada fenotipicamente. As principais características são: estatura mais elevada, hipogonadismo masculino

primário e braços e pernas desproporcionalmente longos. A maioria é estéril, com baixos níveis de

testosterona. Apresentam predisposição à diículdade de aprendizagem, com QI cerca de 10-15 pontos menor

que os irmãos não afetados. A síndrome, muitas vezes, passa desapercebida e, frequentemente, é descoberta

em clínicas de fertilidade.

Figura 3 | Fenótipo de homens com Síndrome de Klinefelter 47, XXY. Observe os ombros e tórax estreitos. A ginecomastia é uma

característica de alguns

Fonte: McInnes (2016, p. 96).

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Os cariótipos 47, XYY e 47, XXX são encontrados em 1:1000 nascidos vivos. Apresentam pouquíssimos

problemas físicos e ligeira redução do QI. Os meninos 47, XYY costumam ser mais altos e apresentam fertilidade

normal. As meninas 47, XXX costumam ser mais altas, ter diículdade de linguagem e aprendizagem e fertilidade

reduzida. 

SÍNDROMES CROMOSSÔMICAS SEXUAIS: ENTENDENDO A ORIGEM

As aneuploidias envolvendo o cromossomo X (com exceção da nulissomia – 45,Y) estão entre as mais comuns

devido à relativa tolerância que pode apresentar pelo mecanismo de inativação do cromossomo X. Nas

mulheres (46, XX), um dos dois cromossomos X apresenta a maioria dos seus genes inativados pelo processo de

metilação. Esse processo é aleatório, ou seja, no início do desenvolvimento embrionário, um dos dois

cromossomos é inativado, e isso se mantém nas divisões celulares subsequentes. Deste modo, as mulheres

apresentam expressão gênica do X em mosaicismo. Os homens normais (46, XY) não apresentam inativação do

X.

O processo de inativação promove a formação de heterocromatina muito compactada e, na observação das

células, é possível identiícá-los (corpúsculo de Barr) (Figura 4). Nas aneuploidias com mais de um cromossomo

X, a inativação ocorre de modo a permanecer apenas um cromossomo ativo.

Figura 4 | Cromossomos X inativos de acordo com o número total presente nas células. Observe, na imagem dos núcleos das células, os

corpúsculos de Barr em branco

Fonte: McInnes (2016, p. 91).

O cromossomo Y humano apresenta poucos genes, porém apresenta áreas de homologia ao cromossomo X.

Deste modo, é possível o pareamento e a segregação correta de X e Y durante a meiose I masculina.

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As aneuploidias envolvendo os cromososmos sexuais ocorrem, principalmente, pela não-disjunção meiotica dos

cromossomos X e Y. Os casos envolvendo o cromossomo Y decorrem pela não-disjunção paterna, e os do

cromossomo X podem ser tanto de origem materna quanto paterna.

Na Síndrome de Turner, cerca de 50% dos afetados apresentam cariótipo 45,X em linfócitos periféricos (células

que são normalmente utilizadas para avaliação cariotípica), 30-40% são mosaicos 45,X/46,XX e uma pequena

parcela são 45,X/46,XY. Até 20% dos casos apresentam alterações estruturais devido a deleções parciais ou total

em Xp. A maioria dos casos (até 80%) ocorre pela ausência do cromossomo X paterno, devido a não-disjunção

meiotica ou em mitoses iniciais do embrião.

Na Síndrome de Klinefelter, cerca de 50% ocorrem pela não-disjunção meiótica do X paterno devido à falha na

recombinação X/Y. O restante dos casos ocorre pela não-disjunção do cromossomo de origem materna em

meiose I ou em mitose do embrião já formado. 15% dos casos se apresentam em mosaicismo (46, XY/47, XXY).

Os cariótipos 48, XXYY; 48, XXXY; 49, XXXXY também são possíveis, e quanto maior o número de cromossomos X,

maior estatura, maior grau de deíciência intelectual e de comprometimento do desenvolvimento sexual.

Cariótipos 46, XX com gene SRY em adição translocado também pode promover fenótipo da Síndrome de

Klinefelter.

A síndrome 47, XYY ocorre pela não-disjunção paterna do cromossomo Y em meiose II.

Cerca de 90% dos casos de 47,XXX ocorrem pela não-disjunção do cromossomo X materno em meiose I, e 10%

pela paterna. Indivíduos mosaicos também são encontrados, e isso ocorre devido a não-disjunção em mitoses

do embrião. Casos 48,XXXX e 49,XXXXX ocorrem por sucessivas não-disjunções em meiose materna I e II. 

SÍNDROMES SEXUAIS: COMPREENDENDO O DIAGNÓSTICO

Os distúrbios de desenvolvimento sexual, quando associados às causas genéticas (excluídos os casos de

aneuploidias) demandam certo esforço da equipe diagnóstica e médica, uma vez que alterações gênicas

pequenas ou modiícações no nível de expressão dos genes não são tão fáceis de serem obtidos,

principalmente pela grande quantidade de genes que são envolvidos nestes distúrbios. Pequenas mutações

podem ser identiícadas através do uso de PCR (reação em cadeia da polimerase), mas, para isso, é necessário

suspeitar-se dos genes envolvidos para testá-los especiícamente. A PCR quantitativa em tempo real (RT-qPCR) é

uma ferramenta que pode ser empregada para a identiícação de baixa ou ausência de expressão de genes-

chave. O uso de enzimas de restrição e o método de Southern blot também podem ser empregados para o

diagnóstico.

Em um estudo que avaliou vários casos de mulheres 46, XY, foram observadas algumas deleções envolvendo o

gene SRY (Figura 5) (MCELREAVY et al., 1992). Foi utilizada a enzima Stu I, que promove a formação de duas

bandas (uma de 6 e outra de 9Kb) referentes a uma região especííca do cromossomo Y (pY53.3), que íca no

início do gene SRY. No caso testado, a mulher apresentava ausência da banda de 9Kb e presença de uma banda

de 3Kb, demonstrando deleção de 6Kb da região em questão. O pai da mulher testado não apresentava a

deleção no material avaliado, demonstrando que, possivelmente, a mutação ocorreu de modo esporádico

durante a formação do gameta.

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Figura 5 | Avaliação por Southern blot de mulher 46, XY demonstrando deleção em pY53.3. NV: mulher em teste; Father: pai da mulher;

Control male: homem normal utilizado como controle. Perceba que NV não apresenta a banda de 9 Kb (seta vermelha)

Fonte: McElreavy et al. (1992, p. 11018).

Nos casos envolvendo homens 46, XX, é comum encontrarmos o gene SRY em adição translocado no

cromossomo X ou em outro autossomo. Porém, o SRY pode não estar presente, e outros genes promoverem a

diferenciação sexual. No estudo de Casas-Vargas et al. (2019), foi apresentado um caso (Figura 6) de um homem

46, XX negativo para SRY (Figura 7) e positivo para ZFY (gene do cromossomo Y). O homem não apresentava

ginecomastia nem genitália ambígua (genital masculina era em padrão normal). O gene ZFY foi detectado por

PCR.

Figura 6 | Homem 46, XX

Fonte: Casas-Vargas et al. (2019, p. 625).

A translocação do gene SRY em homens 46, XX pode gerar fenótipo de Síndrome de Klinefelter, como o caso

apresentado na Figura 8. Neste caso, a marcação para SRY apresentou-se em um dos cromossomos X.

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As aneuploidias envolvendo os cromossomos sexuais são de fácil diagnóstico através da avaliação cariotípica

por bandeamento G (Figura 9), como são os casos das síndromes de Turner, Klinefelter, 47, XYY e 47, XXX. Os

indivíduos que apresentam 48, XXXX e 49, XXXXX podem apresentar semelhança física com a Síndrome de Down

e, por isso, o diagnóstico pode se iniciar pela investigação desta síndrome através da avaliação do cariótipo. 

O uso do bandeamento de alta resolução (Figura 10) ou de marcações îuorescentes podem ser empregado

para a conírmação de casos, ou quando a identiícação cromossômica gerar dúvidas.

Figura 7 | Citogenética de homem 46, XX. Em A, vemos cariótipo convencional demonstrando a ausência de Y e dois X; em B, temos

marcação com sonda especííca para cromossomo X, conírmando os dois X; em C, temos a utilização de sonda para SRY e ausência de

marcação

Fonte: Casas-Vargas et al., 2019, p.626-7.

Figura 8 | Citogenética de homem 46, XX (esquerda), com translocação de SRY (em vermelho) em cromossomo X (marcações em verde) na

imagem à direita por FISH

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Fonte: Velasco et al. (2011, p. 97).

Figura 9 | Cariótipo convencional demonstrando as síndromes de Klinefelter (à esquerda) e 47, XXX (à direita)

Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 125).

Figura 10 | Cariótipo 47, XYY por bandeamento de alta resolução

Fonte: Schaefer e Thompson (2015, p. 125).

VIDEOAULA

Neste vídeo, você conhecerá sobre os principais distúrbios genéticos que afetam os cromossomos e genes

sexuais. Veremos os principais fatores que interferem no desenvolvimento das características sexuais femininas

e masculinas, os genes e os cromossomos que podem se apresentar aberrantes e causar o desenvolvimento de

doenças.

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Apesar de a Síndrome de Turner permitir desenvolvimento psicossocial quase que normal e, muitas vezes,

se apresentarem pouquíssimas alterações de saúde, ela gera diferentes expectativas e percepções entre as

afetadas. Saiba mais sobre este tema lendo o artigo A percepção da doença em portadoras da síndrome de

Turner.

A Síndrome de Klinefelter, apesar de poder gerar déícit cognitivo, na maioria dos casos permite

desenvolvimento proíssional e pessoal tanto quanto pessoas sem a síndrome. No artigo A história de vida

de um sujeito com a Síndrome de Klinefelter, temos a história de um homem com esta síndrome. Leia para

compreender mais sobre a vida destas pessoas.

REFERÊNCIAS
6 minutos

Aula 1

BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.

SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.

Aula 2

BARTELS, I. et al. Supernumerary small marker chromosome (SMC) and uniparental disomy 22 in a child with

coníned placental mosaicism of trisomy 22: Trisomy rescue due to marker chromosome formation.

Cytogenetic and Genome Research, n. 101, p. 103-105, 2003.

BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

FARIA, R. S. Caracterização de cromossomos marcadores pela análise cromossômica por microarray. 2015.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível em:

https://repositorio. unb.br/bitstream/10482/17925/1/2015_RosanaSilvaFaria.pdf. Acesso em: 22 set. 2022.

GADHIA, P. K.; VANIAWALA, S. N. Prevalence of prader-willi syndrome in western India. International Journal of

Medical Research & Health Sciences, v. 3, n. 3, p. 684-686, 2014.

GORDILLO-GONZÁLEZ, G. et al. A patient with convulsive syndrome and partial tetrasomy of chromosome 15.

Neurología, n. 3, v. 28, p. 191-3, 2013.

GUILHERME, R. S. Estudo clínico e citogenético-molecular de pacientes portadores de cromossomos

autossômicos em anel. 2010. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo,

2010.

JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.

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KALPANA, V. L. et al. Robertsonian Translocations t(21q;21q) and t(14q;21q) in Down Syndrome. International

Journal of Medical Research & Health Sciences, v. 6, n. 12, p. 53-58, 2017.

MCINNES, R. R. Genética Médica. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2016.

PICCHI, G. F. A. Síndromes relacionadas a microdeleções: revisão da literatura. 1997. Monograía (Graduação

em Biologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1997.

SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.

SHEN, X. et al. A dicentric chromosome identifcation method based on clustering and watershed algorithm.

Scientiíc Reports, v. 2285, n. 9, 2019.

THOMAS, J. V. et al. Deíciência de hormônio do crescimento, hipotireoidismo e cromossomo 18 em anel: relato

de caso. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, n. 50, v. 5, p. 951-956, 2006.

VORSANOVA, S. G. et al. Turner’s syndrome mosaicism in girls with neurodevelopmental disorders: a cohort

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Aula 3

BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

DUTTA, U. R.; PONNALA, R.; DALAL, A. A Novel de novo Balanced Reciprocal Translocation t(18;22) Associated

with Recurrent Miscarriages: A Case Report. Journal of Reproduction and Infertility, n. 5, v. 2, p. 113-6, 2015.

JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.

KALPANA, V. L. et al. Robertsonian Translocations t(21q;21q) and t(14q;21q) in Down Syndrome. International

Journal of Medical Research & Health Sciences, v. 6, n. 12, p. 53-58, 2017.

KNIGH, L. A. et al. Subtle translocation (18;21) conírmed by FISH in a patient with Down syndrome. Clinical

Genetics, n. 50, p. 430-432, 1996.

KIM, C. A.; ALBANO, L. M. J.; BERTOLA, D. R. Genética na prática pediátrica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2019.

MCINNES, R. R. Genética Médica. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2016.

NANDHAGOPAL, R.; UDAYAKUMAR, A. M. Cri-du-chat syndrome. The Indian Journal of Medical Research, v.

140, n. 4, p. 570-571, 2014.

POATY, H.; CARLES, D.; TAINE, L. Antenatal Detection of Trisomy 21 from Mosaic Translocation in Uncultured

Amniocytes by Interphasic FISH. Hereditary Genetics, n. 6, v. 2, 2017.

SANTOS, R. M. et al. Desenvolvimento na síndrome Cri-du-chat: Estudo de caso com acompanhamento

longitudinal durante 20 anos com relevância na interação com a família e tratamento continuado. Brazilian

Journal of Health Review, v. 2, n. 5, p. 4436-4444, 2019.

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SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.

Aula 4

BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.

CASAS-VARGAS, A. et al. Paciente masculino con cariotipo 46 XX negativo para el gen SRY y sin ambigüedad

genital: reporte de un caso. Biomédica, v. 39, p. 622-630, 2019.

JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.

MCELREAVY, K. et al. XY sex reversal associated with a deletion 5' to the SRY "HMG box" in the testis-determining

region. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 89, p. 11016-11020, 1992.

KIM, CHONG A. et al. Genética na prática pediátrica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2019.

MCINNES, R. R. Genética Médica. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2016.

SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.

VELASCO, G. et al. 46, XX SRY-positive male syndrome presenting with primary hypogonadism in the setting of

scleroderma. Endocrine Practice, n. 1, v. 17, p. 95-98, 2011.

Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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GENÉTICA DE POPULAÇÕES

107 minutos

 Aula 1 - Equilíbrio genético

 Aula 2 - Variação e seleção gênica

 Aula 3 - Frequência gênica

 Aula 4 - Lei de Hardy-Weinberg e aplicações biológicas

 Referências

Aula 1

EQUILÍBRIO GENÉTICO

Na aula de hoje, iniciaremos nossos estudos na ciência da genética de populações. Explicaremos

do que se trata e qual sua importância, assim como aprofundaremos alguns conteúdos.

26 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Na aula de hoje, iniciaremos nossos estudos na ciência da genética de populações. Explicaremos

do que se trata e qual sua importância, assim como aprofundaremos alguns conteúdos. Veremos o que é o

equilíbrio genético e como uma população ideal pode atingir esse estado. Dentre os parâmetros que devem ser

atingidos para que o equilíbrio genético ocorra, vamos nos aprofundar em dois: mutações e reprodução

aleatória. A respeito das mutações, conceituaremos os polimorísmos e falaremos sobre sua importância na

prática. E sobre a reprodução aleatória, daremos ênfase ao processo de segregação meiótica e como podemos

obter proporções genotípicas adequadas ao equilíbrio proposto por Hardy e Weinberg. Vamos lá!

GENÉTICA DE POPULAÇÕES

O que é genética de populações?

A genética de populações é uma ciência que estuda a transmissão de genes de uma geração para a outra em

populações naturais. Ela analisa a quantidade e a distribuição da variação genética nas populações, além de

considerar quais são as inîuências nessa variação (GRIFFITHS, 2022).

Quais são os fatores que inîuenciam a variação genética em uma população?

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São os chamados fatores evolutivos: mutações, seleção natural, deriva genética e îuxo gênico de populações

migrantes. Além disso, também pode haver inîuência de casamentos consanguíneos ou da subdivisão da

população em grupos isolados, que aumentam a homozigose (BEIGUELMAN, 2008).

O que é equilíbrio genético?

Considerando os estudos a respeito de genética de populações, os pesquisadores Hardy e Weinberg chegaram

a um conceito de equilíbrio genético: uma população estaria em equilíbrio genético caso não houvesse fatores

evolutivos atuando sobre ela. Dessa maneira, não haveria alteração da frequência gênica e as proporções

genotípicas atingiriam um equilíbrio estável. Ao longo do tempo, essas proporções genotípicas possuiriam a

mesma relação constante entre si. Esse conceito deu origem à Lei de Hardy-Weinberg, que será discutida nas

próximas aulas. Essa população é considerada “ideal”, que não ocorre na realidade, pois não há como uma

população real possuir todos os pré-requisitos estabelecidos por Hardy e Weinberg para estar em equilíbrio

genético (BEIGUELMAN, 2008).

Dentre os preceitos para que uma população esteja em equilíbrio genético, encontra-se a reprodução

aleatória. O que signiíca isso? Signiíca que os encontros ocorrem aleatoriamente, sem inîuência de fatores,

como fenótipo, genótipo, estratiícação social ou consanguinidade (BEIGUELMAN, 2008).

Para entendermos a reprodução aleatória, precisamos compreender o conceito de segregação meiótica. Nós

temos dois tipos de células: células somáticas e células germinativas. As células somáticas compõem quase

todos os tecidos, e seu processo de divisão celular chama-se mitose, em que uma célula-mãe dá origem a duas

células-ílhas idênticas à célula-mãe. Já as células germinativas, que compõem o tecido reprodutivo, possuem

como processo de divisão celular a meiose, em que uma célula germinativa (com duas cópias de cada

cromossomo) dá origem a duas células-ílhas com metade do seu material genético, ou seja, cada célula-ílha

possui uma cópia de cada cromossomo (conforme Figura 1). As células-ílhas são chamadas gametas, sendo

óvulos no caso de mulheres, e espermatozoides no caso de homens (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 1 | Segregação meiótica

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Fonte: adaptada de Wikicommons.

Para que a população siga os preceitos do equilíbrio genético de Hardy e Weinberg, outro requisito é que não

haja mutações. Dentre as mutações, devemos considerar os polimorísmos. O que são polimorísmos? São

mutações, ou seja, alterações na sequência de DNA, que possuem uma frequência populacional de mais de 1%

de alelos na população (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

O estudo dos polimorísmos é de grande importância para a genética médica, apesar de raramente estarem

dentro de éxons. Geralmente, estão presentes entre genes, em íntrons ou em regiões reguladoras (NUSSBAUM;

MCINNES; WILLARD, 2016).

FATORES EVOLUTIVOS

Caro estudante, vamos falar um pouco mais sobre o equilíbrio genético? Para isso, imaginaremos uma

população teórica, em que não há inîuência de fatores evolutivos nem de fatores que possam aumentar a

homozigose. Para que essa população esteja em equilíbrio de acordo com Hardy e Weinberg, ela segue os

seguintes requisitos:

A população é inínita.

A quantidade de homens e mulheres na população é igual.

Todos os indivíduos são potenciais parceiros e esses encontros ocorrem aleatoriamente. Esse conceito é

chamado de panmixia. Não há encontros preferenciais por fatores, como fenótipo, genótipo, estratiícação

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social ou consanguinidade, ou seja, ocorre reprodução aleatória.

Observação: isso signiíca que os casamentos consanguíneos não podem ocorrer? Não! Signiíca apenas que

eles ocorrem de maneira aleatória.

Todos os indivíduos da população são igualmente férteis e todos os cruzamentos geram o mesmo número

de ílhos.

Não há sobreposição de gerações, pois todos os parceiros têm a mesma idade na ocasião do cruzamento.

Não ocorre mutação nos genes da população.

Todos os indivíduos são igualmente viáveis, ou seja, não há determinado genótipo que aumente ou

diminua a chance de sobrevivência de algum indivíduo. Dessa maneira, a população não está sob pressão

da seleção natural.

A população não recebe nem emite um îuxo gênico que seja capaz de alterar a sua composição gênica

original, ou seja, não recebe uma população imigrante com frequências gênicas diferentes, nem há

emigração de indivíduos com frequência gênica diferencial (BEIGUELMAN, 2008).

Agora, vamos falar de equilíbrio genético em termos de alelos? Vamos supor que uma célula germinativa tenha

um par de cromossomos homólogos, e que esses cromossomos possuam dois alelos: A e a, conforme Figura 2

(que mostra um esquema simpliícado da meiose). Devido ao processo de segregação meiótica, essa célula

germinativa (após os processos de meiose I e meiose II) se dividirá em duas células-ílhas com metade do

material genético da mãe, de maneira que uma célula terá o alelo A e outra célula terá o alelo a. Em termos

numéricos, há a mesma quantidade de alelos A e alelos a (BEIGUELMAN, 2008; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Figura 2 | Formação simpliícada dos alelos A e a

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Fonte: elaborada pela autora.

Entrando no tópico dos genótipos: considerando os alelos A e a, podemos ter a formação dos seguintes

genótipos: AA, Aa e aa. Como a população está em equilíbrio, sabemos que a frequência desses genótipos está

igualmente dividida em ambos os sexos (BEIGUELMAN, 2008). Com a posse dessas informações, podemos

calcular as frequências alélicas de A e a, que serão tópicos das próximas aulas.

Com relação às mutações, dentre os tipos de variações genéticas que são abordadas na genética de

populações, a mais estudada é a mudança de apenas um nucleotídeo (por exemplo, adenina para citosina),

chamada de polimorísmo de nucleotídeo único (SNP, do inglês single nucleotide polymorphism). Também

são muito estudados os microssatélites, que são repetições curtas (por exemplo, cinco repetições AG:

AGAGAGAGAG) (GRIFFITHS, 2022).

GENÉTICA DE POPULAÇÕES NA PRÁTICA

Caro estudante, abordaremos, agora, qual a importância prática da genética de populações.

O estudo da genética de populações permitiu a evolução da genética forense, por exemplo, em que a inocência

de presos injustamente pode ser provada através da análise do DNA. Situações que envolvem aconselhamento

genético, como o risco de um casal ter um ílho com determinada doença genética, também são possíveis

graças à genética de populações. Além disso, ajuda a entender como as populações de diferentes locais do

mundo estão relacionadas (GRIFFITHS, 2022).

Equilíbrio genético e variação genética

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Para uma população ideal estar em equilíbrio genético, não deve haver mutações. Entretanto, em populações

reais, mutações ocorrem de maneira aleatória. Dentre elas, temos os SNPs e os microssatélites (BEIGUELMAN,

2008; GRIFFITHS, 2022).

Análise da variação genética

A genética de populações consegue determinar a variação genética que existe dentro de uma população. Hoje

em dia, existem métodos muito modernos que auxiliam nessa tarefa, como o sequenciamento de DNA e o PCR,

permitindo que amostras cada vez maiores sejam analisadas (GRIFFITHS, 2022).

SNPs

São o tipo de variação mais comum no genoma, sendo que a maioria tem apenas dois alelos (ou seja, o

indivíduo tem A ou C naquela posição, por exemplo). É considerado um SNP comum quando a frequência do

alelo menos comum é de mais de 5% na população; caso contrário, é considerado um SNP raro. Exempliícando,

os seres humanos possuem mais SNPs raros do que comuns (GRIFFITHS, 2022).

Os SNPs podem ocorrer em éxons, íntrons ou regiões não codiícadoras. Caso ocorram em éxons, são

exemplos:

Sinônimos, caso os dois alelos codiíquem para o mesmo aminoácido.

Não sinônimos, caso codiíquem para aminoácidos diferentes.

Sem sentido, caso um alelo codiíque um aminoácido e outro codiíque um códon de parada.

Caso o SNP não ocorra em um éxon, é chamado de silencioso (GRIFFITHS, 2022).

Exempliícando como estudar a variação de um SNP na população

Primeiramente, deve-se descobrir o SNP, o que pode ocorrer através da comparação entre genomas de

diferentes indivíduos (dados obtidos através de sequenciamento). Após descobertos, pode ser realizada a

detecção desses SNPs na população. Exempliícando, a técnica de microarranjo pode ser utilizada para esse

propósito (GRIFFITHS, 2022).

Microssatélites

Diferentemente dos SNPs (que podem ter, no máximo, quatro alelos: adenina, citosina, guanina e timina), os

microssatélites podem ter muitos alelos, geralmente mais de 20. Além disso, possuem uma alta taxa de

mutação, o que garante uma grande variabilidade, e são muito abundantes no genoma, no qual nós temos mais

de um milhão de microssatélites.

Podem estar presentes em éxons, íntrons e regiões não codiícadoras. A maioria dos microssatélites está em

regiões não codiícadoras, embora haja alguns exemplos presentes em éxons, como as repetições CAG

causadoras da doença de Huntington (GRIFFITHS, 2022).

Reprodução aleatória

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Além da não ocorrência de mutações, outro pré-requisito para uma população em equilíbrio genético é a

reprodução aleatória. Nessa situação, todos os indivíduos são igualmente prováveis de serem escolhidos para

o acasalamento. Caso um indivíduo seja mais provável de ser escolhido pelo seu fenótipo, por exemplo, esse

princípio é violado. Se isso acontecer, os genótipos da população não exibirão proporções exatas, conforme

proposto por Hardy e Weinberg (GRIFFITHS, 2022).

Os conhecimentos a respeito da reprodução aleatória serão utilizados nas próximas aulas, quando abordarmos

situações que podem prejudicar o acasalamento aleatório, como o acasalamento seletivo, o isolamento por

distância e a endogamia. Além disso, também será necessário o conhecimento a respeito da segregação

meiótica, pois os alelos produzidos por cada gameta serão utilizados para calcular as frequências alélicas e as

frequências genotípicas dentro da população.

VIDEOAULA

Caro estudante, vamos revisar alguns conceitos de genética de populações? No vídeo de hoje, falaremos sobre

o que é o equilíbrio genético e quais são os fatores que não podem estar presentes para que uma população

ideal atinja esse equilíbrio genético; além disso, daremos uma atenção especial para dois fatores: as mutações,

principalmente os polimorísmos, e a reprodução aleatória, abordando também a segregação meiótica.

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

Podemos aprofundar alguns conceitos de genética de populações no material didático produzido pela

Prof.ª Maria Lucia Carneiro Vieira.

No material didático Genética de População, produzido pelo Eng. Agr. Msc. Franco Romero Silva Muniz,

podemos aprender mais sobre conceitos da genética de populações.

Aula 2

VARIAÇÃO E SELEÇÃO GÊNICA

Na aula de hoje, veriícaremos como alguns fatores evolutivos inîuenciam na modulação da

variação gênica, falaremos sobre a interferência da mutação nessa variação e sobre o balanço da

mutação com a seleção natural, assim como explicaremos o conceito de seleção natural e

daremos alguns exemplos na prática.

25 minutos

INTRODUÇÃO

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Olá, estudante! Na aula de hoje, veriícaremos como alguns fatores evolutivos inîuenciam na modulação da

variação gênica. Falaremos sobre a interferência da mutação nessa variação e sobre o balanço da mutação com

a seleção natural, assim como explicaremos o conceito de seleção natural e daremos alguns exemplos na

prática. Também, abordaremos os conceitos de deriva genética e îuxo gênico, além de falarmos sobre o efeito

fundador e o efeito do gargalo. Abordaremos a interferência de cada um desses fatores na variação genética de

uma população, trazendo exemplos reais, sempre que possível, em especial, de casos que ocorrem em nosso

país. Vamos lá!

VARIAÇÃO GÊNICA

O que é variação gênica?

Variação gênica consiste em qualquer mudança que ocorra na sequência de nucleotídeos do DNA (GRIFFITHS,

2022).

Como a variação gênica pode ser modulada?

A variação gênica é inîuenciada por mutações (que alteram a sequência de nucleotídeos, gerando novas

combinações), por migração (que pode trazer novos alelos) e por seleção (pode remover alelos) (GRIFFITHS,

2022).

Como a mutação e a seleção afetam a variação gênica?

A mutação insere novos alelos, enquanto a seleção natural seleciona os indivíduos mais aptos a um

determinado ambiente, sendo que essa aptidão é deínida pelos genótipos que eles carregam. Dessa maneira, a

mutação e a seleção modulam a variação gênica, pois a seleção pode eliminar determinados alelos de uma

população (GRIFFITHS, 2022).

O que é deriva genética?

É um fenômeno mais bem visualizado em pequenos grupos isolados, pois, devido ao tamanho dessa população,

não se consegue manter uma frequência dos genótipos. Assim, pode ocorrer a eliminação de um determinado

alelo ou a íxação de outro, independentemente do seu coeíciente seletivo, ou seja, independentemente se ele

aumenta a chance de sobrevivência do indivíduo ou não. Quando a população é muito pequena, as alterações

das frequências gênicas ícam sujeitas a variações aleatórias. Isso poderia ser comparado a um barco

abandonado à deriva, daí o nome do fenômeno (BEIGUELMAN, 2008).

O que é îuxo gênico?

Fluxo gênico corresponde aos movimentos de migração, tanto imigração quanto emigração, que podem alterar

a frequência dos genes que serão retirados de uma população, ou trazidos a uma população (BEIGUELMAN,

2008).

Como ocorre a variação por mutação e por migração?

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Com base nos conceitos anteriores, podemos entender que tanto a mutação quanto os movimentos de

migração inîuenciam na variação gênica. A mutação gera novos alelos, enquanto a migração pode trazer novos

alelos de uma outra população ou perder alelos devido à emigração de um grupo de indivíduos (BEIGUELMAN,

2008).

O que é o Efeito Fundador?

Em populações primitivas, que costumavam ser muito pequenas (cerca de 100 indivíduos), existia a

possibilidade de um único indivíduo ter muitos ílhos e, dessa maneira, espalhar seu material genético para

muitos descendentes, que, por sua vez, passariam aos seus ílhos, e assim por diante. Dessa maneira, um gene

que não necessariamente traria uma vantagem evolutiva poderia ser passado para toda uma população. Esse

fenômeno é chamado de Efeito Fundador (BEIGUELMAN, 2008). A Figura 1 representa essa situação, em que

houve emigração de uma parte da população, e um desses indivíduos era muito fecundo e teve muitos ílhos.

Assim, seus genes se espalharam mais, devido ao tamanho da comunidade.

Figura 1 | Esquema do Efeito Fundador

Fonte: adaptada de Wikicommons.

Temos, portanto, diversos fatores evolutivos (como a migração e a mutação) que podem inîuenciar na variação

gênica.

FATORES MODULADORES

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A modulação da variação gênica é realizada por vários fatores evolutivos, sendo que alguns acrescentam

novos alelos, e outros removem (GRIFFITHS, 2022).

O processo de mutação é o principal fator que acrescenta variação. Em genética de populações, é de interesse

a taxa de mutação, deínida como a probabilidade de um alelo mudar para outro alelo em uma geração. De

acordo com os cálculos dos geneticistas, estima-se que cada indivíduo herda 100 novas mutações de cada um

dos seus pais. Como a maioria delas ocorre em regiões não críticas, não são prejudiciais (GRIFFITHS, 2022).

Além da mutação, outro processo que adiciona novos alelos é a migração ou o îuxo gênico, deínido como o

movimento de indivíduos (ou gametas) entre as populações. Essas populações costumam estar divididas por

barreiras físicas, como rios e montanhas, que impedem o îuxo de genes. Portanto, populações separadas por

barreiras não costumam acasalar, a não ser que haja migração (GRIFFITHS, 2022).

A variabilidade genética trazida por novos alelos é submetida à pressão da seleção natural, em que se

preservam as variações favoráveis e se suprimem as variações prejudiciais, de acordo com Charles Darwin em

1859. Considerando que a principal fonte de variação é a mutação, ocorre uma interligação muito forte entre a

mutação e a seleção, pois o ambiente exerce uma ação seletiva contra os portadores dos alelos (BEIGUELMAN,

2008).

Outro fator importante a ser discutido nesse contexto é a adaptação. Caso um indivíduo possua um alelo que

gera um efeito fenotípico prejudicial, os portadores desse alelo terão diículdade em se desenvolver e se

reproduzir, diminuindo a transmissão desse gene e, por consequência, sua frequência gênica. Logo, os

indivíduos que possuem esse alelo possuem uma menor adaptação biológica. Nesse cenário, o alelo mais antigo

é chamado de alelo normal. Essa adequação biológica pode ser chamada de valor adaptativo (BEIGUELMAN,

2008).

Dessa maneira, sugere-se um equilíbrio (dinâmico) entre a mutação e a seleção natural, que se traduz em um

equilíbrio entre a eliminação de genes deletérios e a frequência com que eles surgem na população

(BEIGUELMAN, 2008).

O tamanho da população inîuencia muito no fenômeno da deriva genética. Em pequenas populações reais,

temos grande inîuência do tamanho das famílias, ou seja, quantos ílhos cada casal tem. O sistema de

casamento dessa comunidade também interfere: se é monogâmico ou poligâmico, ou se há aumento da

consanguinidade (BEIGUELMAN, 2008).

O Efeito Fundador, caracterizado quando uma parte da população original migra para criar uma nova

população, possui diversos exemplos na história. Um deles é quando migrantes cruzaram a ponte de Bering, na

Ásia, para as Américas durante a era do gelo. Como resultado, os nativos americanos possuem menor

diversidade genética do que as outras regiões do mundo (GRIFFITHS, 2022).

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FATORES EVOLUTIVOS EM POPULAÇÕES NATURAIS

Considerando que um dos principais fatores que promove a modulação da variação é a mutação, falaremos

sobre as diferentes taxas de mutação. Essa taxa varia muito, dependendo se estamos analisando SNPs

(variações de apenas um nucleotídeo) ou microssatélites (repetições de 10 nucleotídeos, por exemplo). Os

microssatélites, devido às suas características de apresentarem uma taxa de mutação e variação maiores do

que as dos SNPs, são mais úteis na genética de populações e na análise forense do DNA (GRIFFITHS, 2022).

A variação genética também é modulada pela seleção natural. Tratando desse assunto, existem alguns

polimorísmos que se mantêm pela pressão seletiva e são chamados de polimorísmos adaptativos. Dentre eles,

temos como exemplo os polimorísmos equilibrados (ou balanceados), em que há uma vantagem ou uma

desvantagem seletiva do heterozigoto em relação aos homozigotos. Vamos observar um exemplo para

entender melhor?

Um exemplo é o gene que codiíca para a hemoglobina S. Esse tipo de hemoglobina deforma a hemácia, que

íca com um formato de foice. Indivíduos homozigotos para a hemoglobina S (SS) possuem anemia falciforme

grave e não atingem a idade reprodutiva. O curioso é que, em certas populações (como na África, algumas

regiões do sul da Europa e da Ásia), havia uma frequência desse gene muito maior do que o esperado. Portanto,

percebeu-se que os heterozigotos AS possuíam uma vantagem em relação a ambos os homozigotos (em relação

aos homozigotos SS isso já era esperado, pois possuem uma doença grave, mas não era esperado em relação

aos indivíduos AA, que possuem suas hemácias normais). Foi observado que essa vantagem ocorria em regiões

tropicais e subtropicais, onde a malária (causada pelo Plasmodium falciparum) era frequente e que indivíduos

homozigotos AA tinham mais probabilidade de irem à óbito devido à malária do que os indivíduos heterozigotos

AS. A explicação encontrada para essa situação é a seguinte: as hemácias infectadas pelo P. falciparum ícam

nos capilares um tempo suíciente para que haja hipóxia. Dessa maneira, ocorre a falciformização da hemácia,

causando sua destruição (pois se rompem mais fácil, devido ao esticamento da membrana) (BEIGUELMAN,

2008).   

Em se tratando da deriva genética, um aspecto que precisa ser abordado é o efeito gargalo. O que ocorre

nessas situações? Alguma catástrofe, como guerras, epidemias e fome, mata uma grande quantidade de

pessoas e independe do valor adaptativo de seus genes. Dessa maneira, ocorre um estreitamento da passagem

de genes da população original para a população que sobreviveu à catástrofe, sendo que essa pode não conter

todos os genes representativos da população original (BEIGUELMAN, 2008). A Figura 2 demonstra esse efeito.

Figura 2 | Efeito Gargalo

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Fonte: adaptada de Wikicommons.

Com relação ao îuxo gênico e à movimentação de genes que ocorre nesse fenômeno, precisamos considerar a

mistura gênica. Para isso, imagine duas populações isoladas. Quanto mais tempo passa, há maior diferença

gênica entre as duas. Entretanto, essa divergência genética é limitada pelo îuxo gênico, pois a migração de

populações promove a mistura de genes. Isso é muito comum em humanos e ocorre quando os indivíduos

possuem ascendência de mais de uma subpopulação (GRIFFITHS, 2022).

Um exemplo de efeito fundador no Brasil é a alta taxa de albinismo oculocutâneo em determinados

municípios da Bahia (MOREIRA et al., 2019).

VIDEOAULA

Caro aluno, no vídeo de hoje, revisaremos alguns fatores que inîuenciam na modulação da variação gênica,

como mutação, seleção natural, îuxo gênico e deriva gênica. Também, aprenderemos sobre o efeito fundador e

o efeito gargalo e veremos alguns exemplos de como esses fenômenos ocorrem em populações naturais.

Vamos lá?

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

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Podemos observar um exemplo do efeito fundador no artigo intitulado Efeito fundador da mutação

E180splice no gene do receptor de hormônio de crescimento identiícada em pacientes brasileiros com

insensibilidade ao GH, de Alexander A. de Lima Jorge e colaboradores.

Para aprofundarmos nossos conhecimentos a respeito do efeito fundador, podemos consultar a

dissertação de Giovana Bavia Bampi, intitulada Estudo de haplótipos em famílias com Ataxia

Espinocerebelar tipo 10 (SCA10): evidências de um efeito fundador da mutação. 

Aula 3

FREQUÊNCIA GÊNICA

Na aula de hoje, conceituaremos frequências alélicas (também chamadas frequências gênicas) e

frequências genotípicas. Além disso, aprenderemos como realizar o cálculo dessas frequências

em uma população e como a recombinação pode gerar variação e a inîuência disso no processo

adaptativo.

28 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Na aula de hoje, conceituaremos frequências alélicas (também chamadas frequências gênicas) e

frequências genotípicas. Além disso, aprenderemos como realizar o cálculo dessas frequências em uma

população e como a recombinação pode gerar variação e a inîuência disso no processo adaptativo. Por ím,

trataremos do cálculo do risco de doenças, em que utilizaremos heredogramas para calcular a chance de o ílho

de um casal possuir determinada doença. Além disso, falaremos das aplicações desse tipo de cálculo e como as

análises são diferentes, dependendo do tipo de doença genética que está sendo visualizada naquela família.

Vamos lá!

FREQUÊNCIAS DE ALELOS E TIPOS DE DOENÇAS

A genética de populações é baseada nos cálculos das frequências alélicas (ou gênicas) e frequências

genotípicas. O que é isso? Considere um gene do genoma. Dependendo da sequência de nucleotídeos

apresentada, esse gene pode estar em diferentes formas alélicas, ou alelos. Ou seja, considerando um

determinado gene, para um indivíduo diploide (como nós, seres humanos), um indivíduo pode ser homozigoto

ou heterozigoto (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Exemplo: Gene XXX

ATATAT – Alelo A

ATATGT – Alelo G

Observe que houve uma mudança em um dos nucleotídeos: no alelo A (primeiro alelo), temos A; enquanto no

segundo alelo temos G. Essa situação representa um gene (gene XXX) que possui dois alelos (A e G).

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Quais são os possíveis genótipos que um indivíduo pode ter, considerando que ele é diploide (ou seja, terá dois

alelos, um recebido do pai e outro recebido da mãe)?

Genótipo 1: AA (2 alelos A – homozigoto para A)

Genótipo 2: AG (1 alelo A e 1 alelo G – heterozigoto)

Genótipo 3: GG (2 alelos G – homozigoto para G)

Em uma população, conseguimos calcular a frequência de cada um desses genótipos e, a partir dessas

frequências genotípicas, calcular também as frequências de cada um dos alelos (frequências alélicas) (SNUSTAD;

SIMMONS, 2013).

Já que estamos falando de diferentes genótipos, podemos relembrar como surgem esses novos alelos.

Processos de mutação alteram a sequência de nucleotídeos, criando esses novos alelos. Já a variação por

recombinação ocorre através da mistura desses alelos, aumentando a variabilidade que foi criada pela

mutação (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

As frequências gênicas são importantes para diversas áreas de genética médica. Entre elas, encontra-se o

cálculo do risco de doenças. Para que sejamos capazes de realizar esses cálculos, precisamos utilizar os

heredogramas (GRIFFITHS, 2022).

Os heredogramas consistem em um registro de acasalamentos. É uma espécie de árvore genealógica, em que

se traça o histórico de determinado fenótipo através do histórico da família. É muito utilizado no caso de casais

que possuem uma determinada doença genética na família e querem saber o risco de que seu futuro ílho

nasça com essa doença (GRIFFITHS, 2022).

A análise do heredograma varia, é claro, de acordo com o tipo de doença que é estudado. Avaliaremos os

principais tipos de patologias:

1. Distúrbios autossômicos recessivos: o indivíduo precisa receber alelos afetados tanto do pai quanto da

mãe. Costuma ser a prole de pais não afetados, e a sua quantidade aumenta quando ocorrem casamentos

consanguíneos.

2. Distúrbios autossômicos dominantes: O fenótipo aparece em todas as gerações.

Observação: em caso de polimorísmos, a análise é um pouco diferente, pois não causam doença e são

muito mais comuns no heredograma.

3. Distúrbios recessivos ligados ao X: acometem muito mais homens do que mulheres, porque mulheres

d d
precisam receber um alelo da mãe e um alelo do pai (X X ), enquanto os homens precisam receber apenas

d
o alelo da mãe (X Y, já que o pai passa o cromossomo Y). Se a mãe possuir a doença, todos os seus ílhos

homens também a terão, pois ela tem os dois alelos recessivos e passará um para seus ílhos homens.

Como eles receberão do pai o cromossomo Y, um alelo recessivo recebido da mãe basta para que eles

expressem a doença.

4. Distúrbios dominantes ligados ao X: quando o pai é afetado, todas as suas ílhas são afetadas, pois ele

possui apenas um cromossomo X para passar.

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Nos distúrbios autossômicos, o número de ílhos e ílhas afetados não costuma variar, pois não há

interferência do sexo. Já no caso de distúrbios ligados ao X, o heredograma apresenta uma discrepância

signiícativa entre ílhos e ílhas (GRIFFITHS, 2022).

CÁLCULO DAS FREQUÊNCIAS GÊNICAS

Como podemos calcular a frequência alélica?

Como não podemos ter acesso aos genótipos de toda uma população, avaliamos uma parte representativa dela

(chamada de amostra) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Suporemos que queremos saber qual a frequência dos

alelos A e G (tratados anteriormente).

Primeiramente, nós precisamos saber o genótipo dos indivíduos dessa amostra com relação ao gene XXX.

Então, consideraremos que os indivíduos foram genotipados e os seguintes dados foram obtidos:

Genótipo AA: 55 indivíduos

Genótipo AG: 75 indivíduos

Genótipo GG: 20 indivíduos

Se queremos calcular as frequências alélicas, precisamos saber quantos alelos essa amostra tem no total. Se

cada indivíduo tem dois alelos, somaremos quantos indivíduos compõem essa amostra e multiplicaremos por

dois. Veja:

55 + 75 + 20 = 150 indivíduos

Como cada indivíduo possui dois alelos: 150 x 2 = 300 alelos

Agora, precisamos calcular quantos alelos A e quantos alelos G nós temos.

Cada indivíduo com o genótipo AA possui dois alelos A, certo? E cada indivíduo heterozigoto AG possui um alelo

A. Então, faremos o seguinte cálculo: multiplicaremos por dois a quantidade de indivíduos com genótipo AA

(pois cada indivíduo tem dois alelos A) e somaremos com a quantidade de indivíduos heterozigotos AG (pois

cada um deles possui um alelo A). Veja:

Alelo A: (55 x 2) + 75 = 185 alelos do tipo A

Para calcular a frequência desse alelo, dividiremos pelo total de alelos (300): 185/300 = 0,6166.

Portanto, a frequência do alelo A é 0,6166 (ou 61,66%). 

Para o alelo G, faremos o mesmo cálculo:

(20 x 2) + 75 = 115 alelos do tipo G

115/300 = 0,3833, que é a frequência do alelo G (ou 38,33%).

Em genética de populações, é costume representar as frequências alélicas por p e q. Portanto, p é a frequência

do alelo A (p = 0,6166) e q é a frequência do alelo G (q = 0,3833). Considerando que esses são os únicos dois

alelos para esse gene, p + q = 1 (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Essas frequências estão relacionadas ao princípio

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de Hardy-Weinberg, que será tratado na próxima aula.

Com relação à variação por recombinação, ela ocorre através do processo de crossing-over durante a meiose.

Há o alinhamento de cromossomos homólogos, que podem trocar os alelos entre si. Por exemplo, suponha que

um indivíduo seja heterozigoto para os genes A e B (AaBb). Caso não houvesse recombinação, esse indivíduo

formaria gametas: AB, AB, ab, ab. Após a recombinação, os gametas formados são: AB, Ab, aB, ab. Ou seja, a

recombinação traz mais variabilidade (GRIFFITHS, 2022).

A frequência gênica auxilia no cálculo do risco de doenças, que tem importância na genética médica. Pode ser

utilizado, por exemplo, no aconselhamento genético. É muito útil quando estamos construindo o heredograma

de uma família para uma doença autossômica recessiva, por exemplo, e sabemos que um indivíduo não possui

a doença estudada, mas não sabemos se ele é portador do gene para ela ou não. Nesse caso, utilizamos a

frequência alélica daquela população para realizar os cálculos (GRIFFITHS, 2022).

CÁLCULO COM HEREDOGRAMA

O cálculo das frequências gênicas é importante para entendermos o îuxo de alelos entre as populações e

entre as gerações e para a identiícação da susceptibilidade genética a determinadas doenças. É de grande

auxílio no diagnóstico clínico e no aconselhamento genético (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).

Através da variação por recombinação, podem ser criadas novas combinações de alelos. Essas combinações

podem aumentar a chance de sobrevivência do indivíduo, ou aumentar sua chance de se reproduzir. Se esse for

o caso, essas características provavelmente serão selecionadas ao longo das gerações. Portanto, eventos de

recombinação podem potencializar as mudanças evolutivas, além de permitir a reunião de mutações favoráveis

de dois genes diferentes e aumentar as chances de sucesso da espécie (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Para calcular o risco de doenças, utilizaremos o heredograma. Partimos do propósito (o indivíduo que

procurou o geneticista) e coletamos informações sobre o histórico familiar dele para construir o heredograma.

Para entendermos melhor, analisaremos um exemplo presente em Griïths (2022): suponha que um casal

descobriu que cada um deles possui um tio com a doença autossômica recessiva Tay-Sachs. Como querem

saber qual a probabilidade de terem um ílho portador dessa doença, procuraram um geneticista, que construiu

o heredograma de sua família.

Figura 1 | Heredograma

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Fonte: elaborada pela autora.

Caso o ílho do casal seja portador da doença, seu genótipo seria aa. Vamos calcular a probabilidade de isso

acontecer?

Começamos na linha I. Considerando que I.1 e I.2 são indivíduos saudáveis, mas tiveram um ílho com a

doença, os seus genótipos são Aa. A mesma coisa ocorre para I.3 e I.4.

Na linha II, presumimos que a vó paterna da criança, II.3, tenha genótipo AA porque ela veio de fora da

família, e o alelo a é um alelo raro. Qual é o genótipo do avô paterno da criança (II.2)?

Considerando que o cruzamento de seus pais (I.1 e I.2) seria Aa x Aa, os genótipos possíveis são: AA, Aa, Aa e aa.

Entretanto, sabemos que ele não é aa, porque não é portador da doença, então sobram três alternativas. Ele

não pode ser AA, pois precisa passar o alelo a para o ílho, para que a criança nasça aa. Portanto, a

probabilidade de que ele seja Aa é 2/3.

O mesmo raciocínio é feito para os indivíduos II.4 (AA) e II.5 (Aa, probabilidade = 2/3).

Portanto, calcularemos o genótipo do pai da criança (III.1). Como assumimos que seu pai é Aa e sua mãe AA, o

cruzamento entre eles pode resultar os seguintes genótipos: AA, Aa, Aa e AA. Se ele for AA, não há possibilidade

de a criança ser aa, então ele é Aa (probabilidade de 2/4 = ½). O mesmo raciocínio ocorre para a mãe da criança

(Aa = ½).

Considerando que o pai e a mãe da criança (III.1 e III.2) são Aa, qual a probabilidade de a criança ser aa? Do

cruzamento Aa x Aa, temos os genótipos AA, Aa, Aa e aa, portanto probabilidade de ¼.

Para que essa criança seja aa, todos esses eventos devem ocorrer independentemente. Ou seja, o genótipo

do avô paterno deve ser Aa (probabilidade de 2/3), da avó materna Aa (2/3), do pai Aa (1/2), da mãe Aa (1/2) e da

criança aa (1/4). De acordo com as regras da probabilidade (em que se deve multiplicar quando todos os

eventos devem ocorrer):

2/3 x 2/3 x ½ x ½ x ¼ = 1/36.

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Portanto, a chance de que a criança nasça com a Síndrome de Tay-Sachs é de 1/36 (GRIFFITHS, 2022).

VIDEOAULA

Caro estudante, no vídeo de hoje, revisaremos o conceito de frequências gênicas e frequências genotípicas.

Falaremos sobre como calcular essas frequências em uma determinada população e como essas informações

podem ser utilizadas. Abordaremos a importância do processo de recombinação na variação genética e

aprenderemos a calcular o risco de doenças genéticas. Para isso, utilizaremos heredogramas e avaliaremos os

diferentes tipos de doenças genéticas. Vamos lá?

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

No artigo Frequência alélica e pool gênico, uma modiícação de "Population evolution" de OpenStax

College, Biology, CC BY 4.0, podemos entender melhor diversos conceitos de genética de populações,

inclusive os abordados nessa aula.

O material didático Genética de populações, produzido pela Dra. Fernanda Marcondes de Rezende traz

diversos aprofundamentos da aula de hoje. 

Aula 4

LEI DE HARDY-WEINBERG E APLICAÇÕES BIOLÓGICAS

Na aula de hoje, falaremos sobre o conceito de pool gênico e como podemos deínir as

frequências alélicas e as frequências genotípicas a partir dele, e, também, sobre

endocruzamentos e seus efeitos na população e como podem ser aplicados à Genética de

Conservações, através da análise de genética populacional.

26 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, caro estudante! Na aula de hoje, falaremos sobre o conceito de pool gênico e como podemos deínir as

frequências alélicas e as frequências genotípicas a partir dele. Falaremos também sobre endocruzamentos e

seus efeitos na população e como podem ser aplicados à Genética de Conservações, através da análise de

genética populacional. Além disso, mostraremos como utilizar a Lei de Hardy-Weinberg, suas principais

aplicações, como comparar frequências observadas em amostras e frequências esperadas de acordo com a Lei

de Hardy-Weinberg (através do teste de qui-quadrado) e como veriícar se uma população está em equilíbrio de

Hardy-Weinberg. Vamos lá!

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LEI DE HARDY-WEINBERG

Estudante, você sabe deínir o que é pool gênico? Traduzindo, é um conjunto de genes. Suponha que você está

analisando uma determinada população e quer fazer uma análise de genética populacional. O pool gênico é

deínido como a soma de todos os alelos nos membros reprodutores de uma população em um dado momento

(GRIFFITHS, 2022).

Através das frequências alélicas que obtemos no pool gênico, podemos calcular a probabilidade de um

indivíduo ter um certo genótipo na próxima geração. Por quê? Porque a frequência de um alelo em um pool

gênico é igual à probabilidade de esse alelo ser escolhido aleatoriamente para formar um óvulo ou um

espermatozoide (GRIFFITHS, 2022). Vamos entender isso melhor?

Suponha que você está analisando uma amostra composta de 500 indivíduos:

Genótipo AA: 250 indivíduos.

Genótipo Aa: 150 indivíduos.

Genótipo aa: 100 indivíduos.

A partir desses números, podemos calcular as frequências alélicas, sendo que o total é de 1.000 alelos.

Alelo A = (250 x 2) + 150 = 650 alelos A; frequência do alelo A = 650/1000 = 0,65 = p.

Alelo a = (100 x 2) + 150 = 350 alelos a; frequência do alelo a = 350/1000 = 0,35 = q.

Calcularemos a probabilidade de um indivíduo da próxima geração ser um homozigoto AA? A probabilidade de

que o primeiro alelo escolhido seja A é de 0,65, assim como a do segundo alelo. Como os dois eventos devem

acontecer, multiplicamos essas duas probabilidades. Então, a probabilidade de esse indivíduo ser AA é 0,65 x

0,65 = 0,65² = 0,4225 = p². O mesmo raciocínio é feito para o homozigoto aa: 0,35² = 0,1225 = q². Já para o

heterozigoto, pode ser escolhido primeiro o A e, depois, o a, ou ao contrário. Então, a probabilidade é (p x q) +

(q x p) = 2pq = 0,455. Como esses são todos os genótipos possíveis (AA, Aa e aa), a soma deve dar 1. Assim,

chegamos à Lei de Hardy-Weinberg: p² + 2pq + q² = 1 (GRIFFITHS, 2022; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Além de utilizar essa lei para determinar a probabilidade de um genótipo na próxima geração, também

podemos utilizá-la para calcular a frequência genotípica a partir da frequência alélica dentro da mesma geração

(GRIFFITHS, 2022).

Um dos fatores que mais tem efeito na genética de populações é a endogamia, que é o acasalamento entre

parentes (também chamado de consanguinidade). A prole desse tipo de cruzamento tem mais chances de

apresentar homozigose, inclusive, para alelos recessivos deletérios. A endogamia pode causar um fenômeno

chamado de depressão por endogamia, que é uma redução no vigor e no sucesso reprodutivo dos indivíduos. A

endogamia viola a suposição de acasalamento aleatório de Hardy-Weinberg, entretanto os cálculos podem ser

ajustados através do coeíciente de endogamia (F) (GRIFFITHS, 2022). O conceito de endogamia é utilizado na

Genética de Conservações, para avaliar seu efeito em populações de animais.

EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG

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Para analisar o pool gênico, utiliza-se uma certa simbologia: o tamanho da população é simbolizado pela letra N

(por exemplo, se há 500 indivíduos na população analisada, N = 500), e em uma população diploide (como nós)

há 2N alelos (ou seja, 2 x 500 = 1.000 alelos). Assim, descrevemos o pool gênico com relação a um determinado

gene (gene A, por exemplo) (GRIFFITHS, 2022).

Ao utilizar a Lei de Hardy-Weinberg para fazer suposições sobre frequências genotípicas e alélicas, algumas

suposições devem ser feitas:

Cruzamento é aleatório.

Todos os genótipos conferem a mesma viabilidade.

A população não é dividida em subpopulações isoladas geneticamente.

A população é inínitamente grande.

De acordo com essa lei, não há alteração na frequência de genes ou genótipos de uma geração para outra

(desde que não haja nenhum fator evolutivo atuando), ou seja, o processo de transmissão de genes de uma

geração para outra não gera variação genética. As populações que seguem essa lei encontram-se em equilíbrio

de Hardy-Weinberg (GRIFFITHS, 2022).

A Lei de Hardy-Weinberg também se aplica a genes com mais de dois alelos e a genes que se encontram no

cromossomo X (ligados ao X). Uma das principais funções dessa lei é ser utilizada para testar se as frequências

genotípicas de uma certa população estão de acordo com as frequências esperadas conforme a Lei de Hardy-

Weinberg. É utilizado o teste do qui-quadrado, em que se comparam as frequências observadas versus as


frequências esperadas (GRIFFITHS, 2022).

Para entender melhor, voltaremos ao exemplo anterior, em que foram genotipados 500 indivíduos, sendo que o

número observado de cada um deles foi:

Genótipo AA: 250 indivíduos.

Genótipo Aa: 150.

Genótipo aa: 100.

A partir desses números, calculamos as frequências alélicas estimadas, que são p = 0,65 e q = 0,35. Através do

princípio de Hardy-Weinberg, podemos usar essas frequências para calcular as frequências genotípicas:

Quadro 1

Genótipo Frequências de acordo com Hardy-Weinberg

AA p² = 0,65² = 0,42

Aa 2pq = 2 x 0,65 x 0,35 = 0,46

aa q² = 0,35² = 0,12

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Para veriícar se as frequências esperadas coincidem com as frequências observadas, devemos comparar a

quantidade de indivíduos com cada genótipo. Para isso, multiplicamos as frequências genotípicas pelo total de

indivíduos, conforme a tabela a seguir:

Quadro 2

Genótipo Número esperado

AA 500 x 0,42 = 210

Aa 500 x 0,46 = 230

Aa 500 x 0,12 = 60

Agora, temos todas as informações para comparar os valores observados e os esperados. Para veriícar se há

uma discrepância signiícativa entre eles, podemos fazer o teste do qui-quadrado (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Uma das utilizações da genética de populações é a Genética de Conservação, que consiste em usar análises

genéticas populacionais em pequenas populações de animais em cativeiros ou em espécies em extinção. Uma

das questões analisadas é que a ocorrência de gargalos genéticos pode levar a um aumento da endogamia,

podendo reduzir a aptidão desses animais (GRIFFITHS, 2022).

COMPARAÇÃO DAS FREQUÊNCIAS

Apesar de o pool gênico nos fornecer a quantidade de alelos que existem em uma população, o dado mais útil

que é retirado da amostra é a frequência genotípica ou frequência alélica. Através dessas frequências, podemos

compreender a transmissão de alelos de uma geração para outra em populações naturais (GRIFFITHS, 2022).

O teste do qui-quadrado (x²) é uma metodologia estatística utilizada para comparar dados e observar se a

diferença entre esses dados se dá devido ao acaso ou não. Geralmente, é usado para veriícar se os dados de

um experimento estão de acordo com a hipótese genética original (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Para isso, fazemos alguns cálculos:

1. Para cada classe fenotípica (cada genótipo, por exemplo), calculamos a diferença entre o observado e o

esperado.

2. Elevamos esse resultado ao quadrado (porque há valores negativos e positivos).

3. Dividimos esse resultado pelo esperado (para dimensionar esse valor).

4. Somamos todos esses valores e temos o valor de qui-quadrado.

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5. Esse valor nos mostra se há uma grande diferença entre os valores observados e esperados. Entretanto,

para saber se essa diferença é devida ao acaso ou não, devemos consultar uma tabela de valores críticos

do qui-quadrado, conforme apresentado a seguir:

Quadro 3

Graus de liberdade (GL) 5%

1 3,841

2 5,991

3 7,815

4 9,488

5 11,070

6. Se o valor que obtivemos com nossos cálculos for menor do que o valor que está presente nessa tabela, é

porque a diferença entre os valores observados e esperados se deve ao acaso.

7. Essa tabela é baseada em graus de liberdade, que é calculado de acordo com a análise.

Agora, aplicaremos esses conhecimentos ao nosso exemplo.

Quadro 4

Genótipos Observado (O) Esperado (E) O-E (O-E)² (O-E)²/E

AA 250 210 40 1600 7,62

Aa 150 230 -80 6400 27,83

aa 100 60 40 1600 26,67

Total 62,12

Ou seja, para nosso exemplo, o valor de qui-quadrado é 62,12.

Agora, veremos o número de graus de liberdade, para comparar o nosso valor de qui-quadrado com o da

tabela, para ver se essa variação (62,12) é ao acaso ou não. Existem vários graus de liberdade, conforme vimos

na tabela, então, como vamos saber a quantos graus de liberdade corresponde nossa análise (SNUSTAD;

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SIMMONS, 2013)?

A nossa análise possui 3 (porque são três classes fenotípicas, ou seja, três genótipos) – 2 = 1 grau de liberdade.

Nós reduzimos o valor 2 porque retiramos duas informações dos dados da amostra:

1. A soma dos três números esperados já nos foi dada pelo tamanho da amostra.

2. A frequência alélica p foi estimada a partir dos dados da amostra (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Assim, observamos na tabela que, para 1 grau de liberdade, o valor crítico é 3,841. Como o valor que obtivemos

na nossa estatística (62,12) é maior, concluímos que a diferença entre esses valores NÃO é ao acaso e que,

portanto, a população não está em Equilíbrio de Hardy-Weinberg com relação a esse gene. Isso pode ocorrer

por alguns motivos, como sobrevida desigual, subdivisão da população, migração e endogamia (casamentos

consanguíneos) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).

Além de a endogamia ser um conceito utilizado na genética de populações humanas, também pode ser utilizada

na genética de populações animais, como na Genética de Conservações, que analisa se a endogamia é

prejudicial ou vantajosa (podendo ajudar a eliminar alelos recessivos deletérios) (GRIFFITHS, 2022).

VIDEOAULA

Caro estudante, revisaremos no vídeo de hoje o conceito de pool gênico, assim como sua utilização para o

cálculo das frequências alélicas e genotípicas. Trataremos do cálculo da Lei de Hardy-Weinberg, suas principais

aplicações, como utilizá-la para veriícar se uma população está em Equilíbrio de Hardy-Weinberg através do

teste do qui-quadrado, além de abordar os conceitos de endogamia e genética de conservações. Vamos lá?

Videoaula

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

Podemos aprender mais sobre a genética de conservação na biodiversidade brasileira no Capítulo 10 do

livro Fundamentos de Genética da Conservação, por Frankham e colaboradores. 

O material didático produzido por Franco Romero Silva Muniz traz mais informações a respeito da Lei de

Hardy-Weinberg.

REFERÊNCIAS
2 minutos

Aula 1

BEIGUELMAN, B. Genética de Populações Humanas. Ribeirão Preto, SP: SBG, 2008.

https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=FRAMACENTROSM%40GMAIL.COM&usuarioNome=ELVIS+FRANCELINO+PEREIRA+DA+SILVA&disciplinaDescricao=GENÉTICA+MÉ… 23/24
22/05/2023, 20:39 wlldd_231_u4_gen_med

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & Thompson – Genética Médica.. Rio de Janeiro,

RJ: Elsevier, 2016.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Aula 2

BEIGUELMAN, B. Genética de Populações Humanas. Ribeirão Preto, SP: SBG, 2008.

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

MOREIRA, L. M. de A. et al. Taxa elevada de albinismo oculocutâneo no estado da Bahia, região nordeste do

Brasil. Jorn. Inter. Bioc., v. 4, n. 1, 2019.

Aula 3

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & Thompson – Genética Médica. Rio de Janeiro,

RJ: Elsevier, 2016.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Aula 4

GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2022.

SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.

Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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