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HEREDITARIEDADE
131 minutos
Referências
Aula 1
Nesta aula, você será introduzido ao estudo do genoma humano e aprenderá conceitos que
serão a base para a aprendizagem de conteúdos de diferentes disciplinas dentro das áreas
31 minutos
INTRODUÇÃO
Querido aluno!
Nesta aula, você será introduzido ao estudo do genoma humano e aprenderá conceitos que serão a base para a
aprendizagem de conteúdos de diferentes disciplinas dentro das áreas biológicas e das ciências da saúde.
Começaremos falando um pouco sobre o que é o material genético, suas funções, sua importância e como ele
íca organizado dentro de uma célula eucariótica. Em seguida, conheceremos o conceito de gene e
entenderemos qual é o papel dele na formação de componentes importantes para o organismo humano. Você
também aprenderá sobre como podemos aplicar o conhecimento de identiícação de genes ou outras partes do
DNA. Então, acompanhe-me nesse aprendizado para explorarmos o genoma humano e aprendermos como
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Toda a informação genética que carrega as características hereditárias para a formação de diversos
componentes celulares e participa da regulação de diferentes processos biológicos está contida em moléculas
sequências especíícas capazes de serem transmitidas ao longo das gerações. Nos organismos, você poderá
identiícar dois tipos de ácido nucleicos: o ácido desoxirribonucleico (DNA) e o ácido ribonucleico (RNA)
(Figura 1). Nas células humanas, o ácido nucleico responsável pela estocagem dos dados é o DNA, podendo essa
O conjunto de todo o DNA de uma célula é denominado genoma. Em uma célula eucariótica, que é
caracterizada pela compartimentalização (núcleo, citoplasma e membrana plasmática), o genoma humano pode
ser organizado na forma de cromossomos, classiícando-se da seguinte maneira: DNA nuclear e DNA
mitocondrial.
O DNA nuclear encontra-se no interior do núcleo celular, apresentando morfologia linear, mas tendo a
capacidade de se compactar na forma de cromossomos. Se você examinasse uma célula somática (ex.:
hepatócito) em um microscópio, você encontraria o DNA nuclear organizado em 23 pares de cromossomos (46
cromossomos no total), enquanto nos gametas (ex.: espermatozoide) você encontraria 23 cromossomos no
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total. O DNA nuclear é capaz de codiícar a maior parte das proteínas e RNAs do nosso organismo. O DNA
mitocondrial, por sua vez, está contido dentro da mitocôndria, possui morfologia circular e codiíca para,
O código genético é organizado no DNA através de sequências de pares de bases nitrogenadas. Essa região no
DNA é denominada parte variável da molécula, podendo mudar ao longo de toda sua extensão. Ela diferencia-
se da parte monótona da molécula que permanecesse sempre igual e sendo formada pela estrutura de um
grupamento fosfato e uma pentose (Figura 1). A união dessas duas partes da molécula denomina-se
nucleotídeo.
As sequências de bases nitrogenadas, por sua vez, podem representar diferentes tipos de informações de
acordo com a sua localização dentro da molécula de DNA e de sua função. Podemos dividir, então, o DNA em
sequências gênicas, que correspondem aos genes, e sequências intergênicas, que ocorrem entre os genes. O
gene é caracterizado por ser uma sequência capaz de codiícar um produto funcional especííco (ex.: proteínas e
RNAs). Porém, você deve perceber que, em sua estrutura, o gene pode apresentar regiões codiícantes e não
codiícantes. Atualmente, sabe-se que apenas 2% de todo o DNA é codiícante. Todo o resto do DNA é dividido
em diferentes regiões não codiícantes (ex.: íntrons, transposons LINEs, SINEs, entre outros), que ainda são
também permite aplicações práticas, como a identiícação humana. Através da descoberta de padrões de
comparação do DNA de diferentes amostras, sendo usadas para a identiícação de pessoas, estabelecimento de
Para você compreender mais profundamente o genoma humano, lembre-se de que o nosso organismo é
formado por tecidos que são compostos por células. É dentro de cada uma dessas células que encontramos o
nosso DNA. A informação genética é guardada na forma de bases nitrogenadas que se alternam ao longo da
molécula, formando diferentes sequências. As bases encontradas no DNA são denominadas Adenina (A),
Citosina (C), Guanina (G) e Timina (T). Elas encontram-se em cada uma das ítas de DNA, formando pares:
adenina com timina, guanina com citosina. O par íca ligado entre si através de pontes de hidrogênio.
Você deve perceber que a interpretação da informação genética se dará através da leitura dessas diferentes
sequências de “letras” (bases nitrogenadas) presentes no DNA. Para entender isso, aprenderemos um pouco
mais sobre o gene. A estrutura do gene é composta por três regiões principais (Figura 2):
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• Exóns: sequências codiícantes que serão transcritas a RNA e, posteriormente, traduzidas a proteínas.
Além do gene, o DNA possui diversas outras sequências não codiícantes que possuem não só importância
biológica mas também aplicabilidade prática ao serem utilizadas para pesquisa e outras atividades. Essas
Os elementos repetitivos em bloco consistem em sequências de bases nitrogenadas no DNA que se repetem
em pequenos grupos ou blocos. Ex.: AATC AATC AATC... O principal exemplo é o DNA satélite:
• DNA satélite: consiste em repetições curtas, estando presente em estruturas como os centrômeros e
telômeros. Sua função ainda não é bem deínida, sendo estudado, principalmente, seu papel com relação ao
encurtamento dos telômeros. No entanto, uma classe de DNA satélites, denominada VNTRs, possui grande
aplicação prática por ser utilizada em testes de identiícação humana, como testes de paternidade, de
identiícação individual, mapeamento genético, entre outros. Os VNTRs dividem-se em: minissatélites (15 a 100
podemos criar um padrão de sequências de diferentes tamanhos (DNA íngerprinting) que é característica
daquele indivíduo em questão. A comparação dos diferentes padrões entre indivíduos permite a realização dos
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Os elementos repetitivos dispersos são sequências móveis de DNA que possuem a capacidade de se
proliferarem e transporem cópias em diferentes regiões do DNA. Eles se dividem em duas classes:
• Movem-se por meio do DNA: transpõem diretamente o DNA por processo de excisão e reinserção ou cópia.
Em bactérias, por exemplo, esses elementos podem inserir um gene para conferir resistência a antibióticos.
• Movem-se por RNA intermediário: transpõem-se por mecanismo de transcrição reversa. Exemplos:
A função de cada uma das sequências não codiícantes do DNA ainda não é conhecida, mas já se tem
conhecimento de que muitas delas possuem papel regulatório dentro do genoma e da célula.
Agora que você já entende como a informação genética é guardada e como o genoma é organizado, assim
como a estrutura do DNA, você poderá entender um pouco mais da aplicação prática desses conhecimentos.
Ao saber como o DNA funciona e entendendo que ele dita a formação de diferentes componentes celulares
(como proteínas e RNA), você poderá perceber melhor como processos bioquímicos e ísiológicos acontecem.
Com isso, poderá entender o funcionamento de uma célula especííca e, por sua vez, de um órgão e um
sistema. Por exemplo, sabemos que o pâncreas é um órgão que produz vários hormônios, como a insulina, que
tem papel no controle da glicemia. A insulina é uma proteína que é sintetizada pelas células beta do pâncreas.
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Porém, para que isso aconteça, primeiramente é necessário que se tenha a informação genética sobre ela.
Como vimos, essa informação está contida no DNA em forma de gene. Então, de um modo geral, o controle da
glicemia depende da expressão de pelo menos um gene presente em uma região do DNA.
Dessa forma, você agora conhece a estrutura do gene e de outras sequências encontradas no DNA. Nós vimos
que temos regiões codiícantes (que produzem um produto funcional) e regiões não codiícantes. A partir desse
conhecimento, você poderá entender que alterações em cada uma das partes de um gene podem levar a
diferentes consequências dentro do corpo humano. Essas alterações poderiam, por exemplo, inîuenciar na
estrutura de uma proteína que, por sua vez, pode ter um papel fundamental para o desenvolvimento de uma
doença ou característica. Por outro lado, se essas alterações ocorressem naquelas sequências não codiícantes
Sabendo disso, você poderá entender o funcionamento de uma doença ou, até mesmo, realizar uma pesquisa
em busca de alterações genéticas que estejam associadas a ela. Conhecendo o que é normal e esperado do
organismo, ícará mais fácil para você entender o mecanismo das diferentes patologias, ou até mesmo entender
Com isso, a compreensão da estrutura do DNA e das sequências que o compõem é necessária para o
diagnóstico de várias patologias, uma vez que algumas delas podem ser causadas por versões defeituosas de
um ou mais genes. Já quando falamos de regiões não codiícantes do DNA, vimos que podemos detectar
sequências especíícas e compará-las entre pessoas para a realização de teste de paternidade, auxiliar na
O conhecimento de genética pode ser útil também no desenvolvimento de fármacos através do processo de
biotecnologia. Conhecendo um gene que codiícará para uma proteína de interesse, é possível cloná-lo em um
microrganismo, como uma bactéria, e fazê-lo sintetizar essa proteína em larga escala. Esse processo é utilizado,
por exemplo, para produzir a insulina utilizada por paciente com Diabetes Mellitus.
VÍDEO RESUMO
Caro estudante! Neste vídeo, você verá como a informação genética é armazenada e usada pelo corpo humano
e compreenderá um pouco sobre cada parte do DNA, incluindo os genes. Com isso, você aprenderá conceitos
que serão a base para várias disciplinas dentro das áreas biológicas, assim como poderão ser aplicadas na
Saiba mais
Aprendemos que os genes são sequências de DNA capazes de produzir um produto, como uma proteína
ou RNA. Nós, seres humanos, por sermos organismos mais complexos, deveríamos, então, ter mais genes
do que organismos menos complexos, como um verme? Neste artigo, intitulado Revisitando o Dogma
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Central: a relação entre genes e proteínas, publicado na revista Genética na Escola pelo autor Felipe de
Vasconcelos e colaboradores, propõe uma discussão sobre o processo de transmissão genética e a relação
Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível
Você sabia que o genoma humano já foi sequenciado? Os pesquisadores já sabem a sequência de bases
nitrogenadas de todo o genoma humano. Essa análise foi iniciada pelo chamado Projeto Genoma Humano
e foi de grande importância para o entendimento da estrutura dos genes e diferentes sequências do DNA
humano. Nesse artigo, intitulado Projeto Genoma Humano: um retrato da construção do conhecimento
cientííco sob a ótica da revista Ciência Hoje, publicado na Revista Ciência & Educação pelos autores Andréa
Carla de Souza Góes e Bruno Vinicius Ximenes de Oliveira, você poderá entender como esse projeto foi
Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível
Aula 2
ANÁLISE
Nesta aula, você poderá se aprofundar mais sobre o estudo do nosso genoma e das principais
características que nosso DNA possui. Começaremos entendendo como o DNA nuclear se
organiza dentro das células, como o DNA íca compactado e deíniremos o que é um
cromossomo.
32 minutos
INTRODUÇÃO
Querido aluno!
Nesta aula, você poderá se aprofundar mais sobre o estudo do nosso genoma e das principais características
que nosso DNA possui. Começaremos entendendo como o DNA nuclear se organiza dentro das células, como o
DNA íca compactado e deíniremos o que é um cromossomo. Em seguida, você aprenderá as principais
características dos pares de cromossomos homólogos, incluindo os cromossomos sexuais. Com isso, você terá o
conhecimento necessário para aprender as diferenças entre eles e compreender como podem ocorrer
modiícações do estado normal dos cromossomos. Por ím, abordaremos as principais técnicas de análise dos
cromossomos, reconhecendo a sua importância e aplicações. Preparado? Então, vamos juntos conhecer mais
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A informação genética está contida dentro da nossa sequência de DNA, estando, em sua maioria, presente no
núcleo celular. O DNA nuclear é organizado de forma que a molécula de DNA está associada a proteínas, sendo
esse conjunto chamado de cromatina. Se você conseguisse observar uma célula em tempo real sob um
microscópio, você veria que ela sofre modiícações ao longo do seu ciclo celular (etapas de interfase e divisão
celular). Da mesma forma, a cromatina encontra-se em diferentes graus de compactação de acordo com a fase
A compactação do DNA (Figura 1) ocorre através do enovelamento da íta com proteínas associadas,
denominadas histonas. Esse conjunto forma estruturas ao longo do DNA chamadas nucleossomos. Por sua
vez, os nucleossomos se enrolarão uns aos outros até atingirem o grau máximo de compactação. Desse modo,
conseguimos entender que o DNA nuclear não se encontra em um estado estático, mas, sim, funciona de forma
dinâmica. Durante a interfase, quando o DNA precisa ser acessado em vários pontos para a expressão de genes,
a cromatina encontra-se relaxada em alguns locais (eucromatina), mas também podendo estar condensada em
outros pontos (heterocromatina). Já durante a divisão celular, a cromatina enovela-se, atingindo o grau
Novamente, se você observasse os cromossomos compactados em uma célula somática do corpo humano
(ex.: hepatócito), encontraria ali um total de 46 cromossomos, arranjados em pares (23 pares de
cromossomos). Dessa forma, podemos compreender que temos uma célula diploide (2n), isto é, temos duas
cópias de cada cromossomo. Isso se deve ao fato de que, ao sermos formados através dos gametas, recebemos
uma cópia do pai e outra cópia da mãe. Por essa razão, se você observasse o núcleo de uma célula gamética
(ex.: espermatozoide ou ovócito II), você encontraria ali 23 cromossomos no total. Com isso, temos uma célula
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Ao examinar os cromossomos, você também perceberia que eles apresentam semelhanças entre os
cromossomos que foram um par e diferenças entre os pares de cromossomos. Saber as características normais
de cada cromossomo é importante para identiícar qualquer possível alteração. Aínal de contas, rupturas ou
defeitos ao longo da estrutura do cromossomo em última instância podem signiícar defeitos na sequência de
bases nitrogenadas, que, por sua vez, podem afetar genes ou sequências regulatórias.
Para que se faça o exame da estrutura dos cromossomos, é possível realizar um exame denominado cariótipo,
onde os cromossomos são ordenados e classiícados com o intuito de pesquisar a presença de qualquer
possível alteração. Conjuntamente, outras técnicas podem ser associadas para a pesquisa de variações
especíícas no DNA. Esses métodos de análise são chamados de técnicas de hibridização, isto é, são
metodologias que utilizam sondas formadas por um pedaço especííco de DNA ou RNA que se ligará (ou
hibridizará) a uma sequência-alvo de DNA (aquela sequência que queremos detectar no DNA da amostra, por
exemplo). Essas sondas emitem algum tipo de sinal îuorescente ou colorimétrico ao hibridizarem, permitindo,
então, a detecção da presença ou ausência da sequência na amostra. Duas técnicas de hibridização muito
pares em uma célula somática eucariótica. Um cromossomo é herdado da linhagem materna e outro
cromossomo é herdado da linhagem paterna. Esse par de cromossomos possui semelhanças genéticas com
relação aos tipos de sequências de DNA, ao tamanho e à localização do centrômero, sendo chamados de
• Centrômero: local que contém sequências repetitivas de DNA e que serve sítio de ligação das cromátides-
irmãs.
Se você observasse os cromossomos ao longo do ciclo celular, veria que ora eles apresentam-se de forma
simples, ora estão duplicados. Nesse último caso, os cromossomos apresentam DNA duplicado em duas ítas,
chamadas de cromátides-irmãs.
O cariótipo é uma técnica para a visualização e o estudo dos cromossomos. Nessa técnica, a amostra de DNA é
cultivada com agentes que estimulam a divisão celular até o ponto de metáíse, em que os cromossomos estão
mais fáceis de serem visualizados. A partir daí os geneticistas conseguem separar cada par cromossômico e
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Se você ízesse o cariótipo de uma célula, observaria no microscópio que os cromossomos possuem tamanhos,
posições do centrômero e bandeamento (padrão de bandas de acordo com o corante utilizado) diferentes.
• Metacêntrico: posição central do centrômero com os braços do mesmo tamanho (denominados braços
curtos e longos).
• Acrocêntrico: posição do centrômero muito próxima a uma das pontas dos braços.
Através da análise do cariótipo, classiícando cada cromossomo e fazendo a comparação com um padrão
normal, é possível identiícar alterações cromossômicas. Além disso, é possível determinar o sexo genético
através do cariótipo pela presença de dois cromossomos sexuais X (XX, feminino) ou um cromossomo sexual X e
um Y (XY, masculino). Na Figura 3, você poderá observar a aparência de um cariótipo normal do sexo masculino.
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Além do cariótipo, outras técnicas podem ser utilizadas para a análise cromossômica, principalmente quando o
objetivo é determinar a presença ou ausência de uma sequência especííca no DNA. Esses métodos, chamados
de técnicas de hibridização, utilizam sondas que se ligam a regiões especíícas do DNA, podendo ser
• Southern blot: nessa técnica, o DNA é digerido em pequenos pedaços e separados por tamanho. Por ím,
uma sonda é adicionada para se parear a uma região de interesse no DNA. Caso o DNA estudado possua essa
região de interesse, a sonda emite um sinal visual através do uso de um átomo radioativo ou corante
îuorescente.
• FISH (hibridização îuorescente in situ): uma sonda marcada com um ativo îuorescente se liga a uma região
de interesse do DNA de uma amostra. Ao ser realizado um cariótipo nessa amostra, é possível observar os
Agora que você já entende como são os cromossomos normalmente e como podemos detectar alterações
através de diferentes técnicas, você poderá entender um pouco mais da aplicação prática desse conhecimento.
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A análise cromossômica é a base para o entendimento de diversas doenças genéticas, assim como a própria
detecção dessas patologias. Através do uso de técnicas, como cariótipo, e técnicas de hibridização, como o FISH
e Southern blot, é possível realizar a análise dos cromossomos, detectando-se a presença de alterações. Essas
alterações que são detectadas a nível cromossômico representam, por sua vez, alterações na sequência de
bases nitrogenadas do DNA, podendo afetar vários genes. Com isso, essas alterações podem estar ligadas a
cromossomos além do normal (46 cromossomos). Muitas dessas alterações são incompatíveis com a vida e,
portanto, são alvo de detecção em amostras de aborto. Outras causam diferentes síndromes. O exemplo mais
clássico é a Síndrome de Down, causada pela presença de três cromossomos de nº 21, ao invés de dois.
• Alterações cromossômicas estruturais: quando o indivíduo apresenta cromossomos com perda de algum
dos braços, inversão da estrutura do cromossomo, translocação de pedaços entre cromossomos não
homólogos, entre outras. Essas alterações podem estar presentes em tumores, malformações e outras
É através do estudo das características dos cromossomos que é possível realizar a detecção dessas alterações e
estabelecer o diagnóstico de diferentes doenças, além de promover o mapeamento genético em famílias que
são afetadas por essas patologias. Através do rastreamento dessas doenças e observando o padrão de
herdabilidade delas, é possível realizar o aconselhamento genético, orientando casais, por exemplo, com
relação à probabilidade de seus ílhos nascerem com algumas das patologias estudadas.
Você também aprendeu que a cromatina se encontra em um estado dinâmico de compactação, com pontos
relaxados (eucromatina) e tensos (heterocromatina). Isso signiíca que o DNA é capaz de controlar o acesso de
diferentes proteínas com relação às suas sequências, isto é, através disso é possível realizar o controle da
expressão gênica (processo que forma produtos funcionais a partir de genes). Tendo isso em mente, você
poderá compreender que existem processos que podem estimular a compactação ou não de regiões
especíícas do DNA, afetando, assim, a expressão de um gene especííco. Um dos exemplos desses processos é
chamado de metilação do DNA, que consiste na adição de um grupamento metil em uma região determinada
da molécula de DNA. Esse processo promove a compactação do DNA em certo ponto, diminuindo a expressão
dos genes presentes naquele local. A metilação ocorre naturalmente no organismo humano, mas já foram
detectados níveis anormais de metilação do DNA em doenças, como o câncer. Por isso, a análise da metilação
de DNA em regiões onde se encontram genes importantes para funcionamento e regulação das células é alvo
de diversas pesquisas.
VÍDEO RESUMO
Olá, querido aluno! Nesse vídeo, você aprenderá sobre as diferentes formas que o DNA nuclear se apresenta e
seus graus de compactação, como também a deínição, a estrutura e a classiícação dos cromossomos.
Compreenderá de que forma podemos analisar o conjunto de cromossomos das nossas células com o uso de
diferentes técnicas. Por ím, verá como aplicar todo o conhecimento adquirido de forma prática.
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Saiba mais
Aprendemos que a cromatina é uma estrutura dinâmica, apresentando diferentes pontos de compactação
e relaxamento da íta de DNA. Através desse mecanismo é possível realizar o controle da expressão gênica.
No entanto, outros mecanismos também podem afetar a expressão dos genes, sendo estudados pela
epigenética. Neste artigo, intitulado Epigenética: conceito, mecanismos e impacto em doenças humanas,
publicado na revista Genética na Escolha, em 2019, pela autora Maria Prates Rivas e colaboradores, você
poderá aprender sobre esses mecanismos e entender como eles podem inîuenciar diversas doenças e
características humanas.
Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível
O cariótipo é uma das principais ferramentas de análise dos cromossomos, podendo ser detectados vários
tipos de alterações na estrutura normal dos cromossomos. Essa técnica auxilia no diagnóstico e na
cromossomopatias”, do livro Genética Baseada Em Evidências - Síndromes e Heranças, dos autores Zan
Mustacchi e Sergio Peres, do Centro de Estudo e Pesquisas Clínicas de São Paulo, você poderá aprender
um pouco mais sobre essa técnica. A publicação encontra-se disponível para leitura on-line no próprio site
em 16 nov. 2022.
Aula 3
TRANSMISSÃO
Nesta aula, você poderá aplicar seus conhecimentos de organização do genoma e estrutura dos
cromossomos, uma vez que você aprenderá algumas formas como a informação genética é
33 minutos
INTRODUÇÃO
Querido aluno!
Nesta aula, você poderá aplicar seus conhecimentos de organização do genoma e estrutura dos cromossomos,
uma vez que você aprenderá algumas formas como a informação genética é passada através das gerações.
Iniciaremos aprendendo sobre a classiícação dos diferentes padrões de herança dos genes e entenderemos os
principais achados dos estudos de Gregor Mendel com relação à herança mendeliana. Você aprenderá os
principais conceitos utilizados em genética. Em seguida, você aprenderá sobre a classiícação dos padrões de
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herança e como cada uma delas expressa uma característica ou patologia. Por ím, você poderá compreender
como aplicar todo esse conhecimento em questões práticas dentro da área da saúde. Então, vem comigo
entender mais sobre herdabilidade e como ela nos ajuda a entender mais sobre diferentes doenças genéticas!
As células humanas possuem 23 pares de cromossomos que contêm a informação genética para formar as
características do organismo humano. Cada par de cromossomo homólogo possui os mesmos genes, sendo
herança do pai e da mãe, e promovem a transmissão de características ao longo das gerações. A forma como
ocorre esse processo pode seguir diferentes padrões e podemos dividir da seguinte forma:
apenas um gene.
• Padrões de herança não mendelianos: forma características ou doenças determinadas por mais genes, além
A herança mendeliana é descrita a partir dos resultados dos estudos de Gregor Mendel, um monge austríaco
que deduziu vários princípios genéticos importantes a partir de experimentos com ervilhas de jardim. A partir
desses resultados, foi possível descrever vários conceitos e princípios sobre a maneira que alguns genes serão
• Existe um fator que é transmitido pelas gerações e que é responsável por formar uma característica: o gene.
• Podem existir várias versões desse fator (ou gene). Eles são os alelos, que são variações de um gene, podendo
• Como temos dois pares de cromossomos homólogos (diploide), podemos apresentar até duas versões de um
• Quando o indivíduo possui duas versões iguais (alelos) do gene, ele é denominado homozigoto (Ex.: AA ou aa).
Já quando possui duas versões diferentes, ele é denominado heterozigoto (Ex.: Aa).
• Cada gene é capaz de determinar uma característica ou doença que é chamada de fenótipo. Ex.: cor verde, cor
• Durante a formação dos gametas (Figura 1), esse par de genes se separa de forma igual entre as células
• Dois ou mais pares de genes diferentes se separarão de forma independente (Figura 1) entre as células
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• Alguns alelos possuem um padrão de dominância sobre outros. O alelo será dominante (designado pela
letra maiúscula, ex.: A) quando ele expressa o seu fenótipo tanto quando se encontra em homozigose (AA)
quanto em heterozigose (Aa). Já o alelo recessivo (designado pela letra minúscula, ex.: a) só expressará seu
A partir desses conceitos gerais sobre a herança mendeliana, você poderá entender como alguns genes são
grande utilidade, principalmente, para o aconselhamento genético de famílias. O método de estudo dessas
doenças envolve a avaliação de famílias, sendo utilizada uma ferramenta denominada heredograma.
O heredograma é uma representação gráíca de uma árvore genealógica usando uma série de símbolos
padronizados. Nele são indicados todos os indivíduos por geração, identiícando-se aqueles que são ou não são
afetados pela patologia. A partir da análise do heredograma, é possível determinar o padrão de herança
envolvido em uma patologia ou característica e determinar a possibilidade de ela afetar a prole. Na Figura 2,
você poderá ver um exemplo de heredograma, assim como os principais símbolos utilizados.
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A determinação do genótipo de cada indivíduo e seus possíveis cruzamentos é realizado com o uso do Quadro
Os padrões de herança de genes podem ser classiícados de acordo com a região ou o cromossomo em que
• Herança autossômica: referente a genes que estão presentes nos cromossomos autossômicos (1 a 22). Ela
pode ser do tipo dominante, quando o fenótipo é causado pela presença de um ou dois alelos dominante de
um gene (AA ou Aa). Ao analisarmos um heredograma desse tipo de herança, veremos que: ela está presente
em todas as gerações; pode afetar tanto homens quanto mulheres; pode ser transmitida de pai para ílho
homem e só é transmitida à prole através de um indivíduo afetado. Quando for do tipo recessiva, o fenótipo
será causado pela presença de dois alelos recessivos de um gene (aa). A análise do seu heredograma permite a
visualização das seguintes características: não está presente em todas as gerações (saltos de gerações); afeta
tanto homens quanto mulheres; pode ser transmitida de pai para ílho homem e indivíduos normais podem ter
ílhos afetados.
• Herança ligada ao X (ou ao sexo): referente a genes presentes no cromossomo X. Nas mulheres, como
possuem duas cópias de cromossomos X, o padrão de herança será parecido com o autossômico, enquanto nos
homens será diferente em razão de apresentarem somente um cromossomo X (hemizigotos). Essa herança
também pode se apresentar de forma dominante e recessiva. A principal característica nos heredogramas é que
a distribuição de indivíduos afetados não é igual entre os sexos, assim como a transmissão de pai para ílho
homem.
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• Herança holândrica: referente a genes presentes no cromossomo Y. Por isso, somente homens serão
afetados, sendo que pais afetados transmitem a característica para 100% dos seus ílhos homens.
• Herança pseudoautossômica: referente a genes presentes nos cromossomos sexuais (X e Y), mas que
Além disso, os princípios das Leis de Mendel também podem apresentar variações, nas quais os genes podem
existir em mais de dois estados alélicos, e cada alelo pode ter um efeito diferente no fenótipo.
• Genes letais: nesse caso, uma combinação de alelos de um gene é capaz de provocar algum defeito ou
deformidade no indivíduo que causa sua morte. Ex.: nos genótipos AA ou AA , indivíduo é saudável; mas, caso
x
x x
ele possua o genótipo A A , o indivíduo morre.
• Alelos múltiplos: nesse caso, temos a presença de mais de dois alelos possíveis para um gene. E as diferentes
combinações de alelo controlam diferentes características. Ex.: os grupos sanguíneos (A, B, AB e O) podem ser
• Herança codominante: nesse caso, o genótipo heterozigoto (Aa) codiícará para um fenótipo que apresenta
características do genótipo homozigoto dominante (AA) e homozigoto recessivo (aa) ao mesmo tempo. Ex.: AA
codiíca para o fenótipo pelagem vermelha e o aa para pelagem branca. O indivíduo Aa terá pelagem malhada
• Herança semidominante ou dominância incompleta: nesse caso, o genótipo heterozigoto (Aa) codiícará
para uma característica intermediária daquelas codiícadas pelos genótipos homozigotos. Ex.: AA codiíca para
Querido aluno, agora você é capaz de compreender o que são e onde se encontram os genes além de entender
como é a estrutura e organização dos cromossomos humanos. Você aprendeu a forma como a informação
genética é transmitida de pai para ílho através dos cromossomos e entendeu que a herdabilidade de algumas
Com esse conhecimento, você poderá compreender que existem diferentes mecanismos de expressão de uma
característica ou patologia e que eles podem ser causados por um ou mais genes. Dessa forma, quando você for
estudar diferentes doenças genéticas, você poderá entender melhor os mecanismos que a envolvem. Por
exemplo, agora você entende que algumas patologias são causadas por um genótipo ou variação (alelo) de um
gene especííco, e que isso está ligado a alterações na sequência de DNA, as quais, por sua vez, podem estar
relacionadas à alteração de uma proteína especííca. Essa proteína, por sua vez, pode ter papel-chave em uma
via bioquímica, que é essencial para o funcionamento normal de um órgão ou sistema. E, com isso, você poderá
Por exemplo, a anemia falciforme, patologia que se caracteriza pela morfologia anormal (em foice) das
hemácias dos pacientes afetados, é uma doença genética caracterizada como uma herança autossômica
recessiva. Isto é, ela é uma doença causada por alteração em um gene em um cromossomo autossômico
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(cromossomo 11), que se manifestará quando o indivíduo possuir dois alelos recessivos (SS) para a doença.
Como você pode ver na Figura 3, a mutação na sequência de DNA causará uma mudança no aminoácido
traduzido, que, por sua vez, causará uma alteração estrutural na hemoglobina e na hemácia. No entanto, para
que essa patologia seja expressa, é necessário que a mutação ocorra nos dois cromossomos homólogos. Por
isso, para que um indivíduo herde essa patologia, é necessário que ambos os pais possuam o alelo recessivo (S),
ou seja, os pais devem ser heterozigotos (AS x AS) ou um heterozigoto e outro homozigoto recessivo (AS x SS).
Além disso, agora você sabe que existe uma forma de análise de uma doença genética ao longo de gerações: o
heredograma. Com ele, é possível identiícar como uma doença genética é transmitida de pais para ílhos e,
assim, analisar que tipo de herança genética está sendo apresentada. Dessa forma, casais que desejam ter mais
ílhos poderão entender a probabilidade do aparecimento da mesma patologia em sua prole. Em alguns casos,
a chance pode ser pequena e, em outros casos, todos os ílhos serão afetados. O heredograma é útil, inclusive,
para a identiícação do padrão de herança de novas patologias, sendo, portanto, também utilizado no âmbito da
pesquisa.
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VÍDEO RESUMO
Olá, querido estudante! Neste vídeo, você aprenderá sobre as diferentes formas de como a informação genética
é passada através das gerações. Além disso, compreenderá os principais conceitos derivados dos achados dos
estudos de Gregor Mendel com relação à herança mendeliana. Em seguida, verá sobre a classiícação dos
padrões de herança e como aplicar todo esse conhecimento em questões práticas dentro da área da saúde.
Saiba mais
Os conceitos descritos por Gregor Mendel explicam a herdabilidade de várias doenças e características e
revolucionaram a maneira como o ser humano entende o DNA, o gene e os cromossomos. O processo de
ensino e aprendizagem desses conceitos, no entanto, nem sempre é tão fácil. Neste artigo, intitulado
Geneticats: Jogo Digital para Ensino de Genética, publicado na revista SBC – Proceedings of SBGames, em
2018, pelo autor Arthur Robinson de Oliveira Madureira e colaboradores, você poderá encontrar a
descrição de um aplicativo desenvolvido pelos autores que lhe auxiliará, de forma mais lúdica, na
Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema e busque o aplicativo em sua
Uma série de doenças genéticas apresentam um padrão de herança já estudado, sendo alvo de estudos de
famílias que buscam entender a forma como essa patologia é passada ao longo das gerações. O
aconselhamento genético é uma ação que busca auxiliar essas pessoas a atingirem seu objetivo. Nesse
artigo, intitulado Aconselhamento genético: será que eu preciso?, publicado na revista Genética na Escola,
em 2019, por Regina Célia Mingroni Netto, você poderá aprender um pouco mais sobre o aconselhamento
Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível em:
Aula 4
GENÉTICA
Agora que você já conhece mais sobre o genoma humano e a herdabilidade, que tal aprender
sobre como analisamos o DNA? Nesta aula, você conhecerá algumas técnicas que podem ser
34 minutos
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INTRODUÇÃO
Querido aluno!
Agora que você já conhece mais sobre o genoma humano e a herdabilidade, que tal aprender sobre como
analisamos o DNA? Nesta aula, você conhecerá algumas técnicas que podem ser utilizadas para a análise de
DNA. Começará entendendo como obtemos o DNA de amostras e o preparamos para análise através das
metodologias de extração de DNA e eletroforese. Depois, compreenderá como podemos ampliícar sequências
especíícas de DNA com a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase. Por ím, aprenderá sobre diferentes
metodologias para detectar sequências especíícas do DNA e como podemos sequenciar um genoma. Vem
comigo entender o funcionamento dessas técnicas e aprender como podemos utilizá-las em diferentes áreas
Querido aluno, imagine que você é um pesquisador e deseja detectar mutações presentes no DNA de um
indivíduo. Você se pergunta: de que forma isso pode ser feito? De onde você pode retirar o DNA? Como fazer
Para isso, ao longo dos anos, foram desenvolvidas diferentes técnicas de análise do DNA, cada qual com suas
vantagens e desvantagens, mas todas com utilidade dentro das ciências biológicas. Vamos conhecer algumas
delas!
Primeiro passo para analisar o DNA é retirá-lo das células (lembre-se de que a maior parte do genoma se
encontra no núcleo celular). Para isso, você terá que escolher qual seria a melhor amostra a ser coletada do
• Fontes escassas: de difícil extração e permitem obtenção de pouca quantidade de DNA. Ex.: ío de cabelo com
A escolha da amostra dependerá da disponibilidade do tecido para análise, sabendo-se que a qualidade e a
abundância do DNA diferirão entre elas, assim como a técnica de extração utilizada. A escolha também
dependerá do tipo de análise que será feita no DNA (PCR, sequenciamento, hibridização).
O segundo passo é extrair o DNA. As técnicas de extração de DNA são metodologias que possuem a
capacidade de isolar o DNA de outras substâncias da célula. Aínal de contas, o DNA encontra-se dentro do
núcleo, isolado pela carioteca e, ainda, empacotado junto a proteínas, como as histonas. Esses métodos, através
de processos químicos e/ou físicos, conseguem fazer a separação de cada componente. Existem diferentes
técnicas, cada uma indicada para um tipo de amostra, mas, de modo geral, a extração consistirá em três passos:
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Adição de agentes que causam a Adição de agentes que degradam Adição de substâncias (ex.: sal
ruptura da membrana plasmática e as proteínas. Ex.: detergentes (SDS) altamente concentrado) que
A terceira etapa é ampliícar o DNA. Como a molécula de DNA é microscópica, a multiplicação desse DNA (fazer
várias cópias) facilitará a detecção da sequência de interesse. Para isso, em 1983, um pesquisador chamado
Kary Mullis desenvolveu uma técnica que “imita” a replicação do DNA in vitro. Nasceu, então, a técnica de
Reação em Cadeia da Polimerase. Nesse método são utilizadas pequenas sequências sintéticas de DNA
(primers) que se ligarão no início e no ínal da sequência de DNA que se quer ampliícar. A partir da inclusão de
uma enzima DNA polimerase e o uso de ciclos com diferentes temperaturas (etapas de desnaturação,
anelamento e extensão), essa enzima faz a replicação dessa sequência-alvo repetidamente, utilizando-se
nucleotídeos sintéticos chamados de desoxirribonucleotídeos trifosfato ou dNTPs (Figura 1). Com isso, ao
Os próximos passos dependerão do tipo de sequência a ser analisada e do objetivo do pesquisador. A PCR
descrita anteriormente é denominada PCR convencional. Ela pode servir de início para diferentes técnicas,
Por sua vez, a própria PCR possui modiícações que permitem não só a ampliícação mas também a detecção
simultânea de uma sequência de interesse. Ex.: PCR em tempo real. Já outras permitem a análise RNA (RT-
PCR), a detecção de múltiplas sequências-alvo (PCR multiplex) ou ampliícação de uma sequência interna a
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Além disso, em alguns casos, é necessária a análise de uma longa sequência de DNA, na qual o pesquisador
deseja saber a sequência exata de bases nitrogenadas no DNA de uma amostra. Para isso, é realizado o
sequenciamento do DNA.
Durante um processo de análise do DNA, após a extração e ampliícação dele pela técnica de PCR, uma série de
Uma das técnicas que é realizada posteriormente à PCR é a eletroforese em gel de agarose. Nessa técnica, o
DNA ampliícado é injetado em um gel que serve como um tipo de “rede”, limitando a passagem das sequências
de DNA por tamanho. À medida que uma corrente elétrica é gerada (Figura 2), o DNA (uma molécula negativa)
migrará através em direção ao polo positivo. Desse modo, as sequências maiores terão mais diículdade de
passar pelo gel e migrarão mais lentamente do que as sequências menores. Com isso, a eletroforese permite a
O produto de uma eletroforese, por sua vez, pode ser associado a uma técnica de hibridização chamada
Southern blot. Nessa técnica, os fragmentos de DNA separados pela eletroforese são transferidos para uma
membrana e, posteriormente, submetidos a uma sonda (sequência de DNA especííca marcada com uma
substância sinalizadora), a qual se ligará a uma sequência-alvo de interesse. Em seguida, é feita uma impressão
em ílme fotográíco do sinal (geralmente, îuorescente) emitido pela sonda ligada à região-alvo.
Além disso, como explicado anteriormente, a PCR possui alguns tipos de variações, como:
• PCR em tempo real (qPCR): essa técnica combina a ampliícação de fragmentos já descrita no PCR
detecção e a quantiícação do DNA são realizadas em uma única etapa. Nesse método, além dos ingredientes
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básicos da PCR, também é adicionada uma molécula repórter îuorescente, que permite monitorar a reação de
PCR a cada ciclo. Isso permite uma maior sensibilidade e especiícidade de análise.
• PCR Multiplex: essa técnica utiliza mais de um par de primers em uma única reação, permitindo a detecção
de mais de uma sequência de DNA em uma única amostra.
• Nested-PCR: nessa técnica, em vez de se usar uma amostra diretamente extraída, utiliza-se o produto de uma
PCR anterior. Então, utiliza-se um par de primers que sejam internos ao par utilizado na primeira reação, ou
seja, é a PCR do produto de outra PCR. É utilizada para aumentar a sensibilidade e a especiícidade em amostras
• RT-PCR: essa técnica permite a detecção de amostras de RNA ou análise de expressão gênica. Nesse caso,
partimos de uma amostra de RNA que será submetida ao processo de transcrição reversa pelo uso de uma
enzima chamada transcriptase reversa. O produto desse processo é chamado de DNA complementar ou cDNA.
A partir daí é realizada uma PCR para a detecção de uma sequência ou quantiícação do RNA original através do
cDNA.
Caso o objetivo do pesquisador seja descobrir a sequência de bases nitrogenadas no material genético de um
organismo, como foi realizado para o vírus SARS-CoV-2 (Covid-19), é necessário realizar o sequenciamento de
DNA. Um dos métodos mais conhecidos de sequenciamento foi desenvolvido por Sanger em 1977. Nessa
técnica, o DNA é ampliícado em várias cópias, como em uma PCR. No entanto, no sequenciamento de Sanger
é utilizado um desoxirribonucleotídeo modiícado (ddNTP), que ínaliza a formação da cadeia de DNA pela
enzima quando ele é utilizado (Figura 3). Isso permite a geração de várias sequências de tamanhos diferentes,
as quais, posteriormente, serão separadas por eletroforese. A partir do resultado da eletroforese, consegue-se
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Querido aluno, agora que você já compreende de que forma obtemos o DNA de diferentes tipos de amostra,
como o ampliícamos e o analisamos, vamos entender como podemos aplicar as diferentes técnicas no
contexto da saúde?
As metodologias de análise do DNA poderão ser utilizadas tanto no âmbito de diagnóstico quanto de pesquisa.
A PCR em tempo real, por exemplo, pode ser utilizada na detecção de mutações ou outras alterações genéticas
na sequência de DNA de uma amostra. Isso permite o diagnóstico de algumas doenças genéticas, por exemplo,
a anemia falciforme. Com essa técnica, é possível realizar a genotipagem, isto é, detectar o genótipo do
indivíduo e, no caso da anemia falciforme, veriícar a ausência ou presença do alelo associado à patologia. Da
mesma forma, a genotipagem pode ser utilizada na pesquisa quando se procura associar um alelo de alguma
alteração genética (ex.: polimorísmo de nucleotídeo único ou SNP) com o risco aumentado de desenvolver uma
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Quando a qPCR é associada à RT-PCR, podemos detectar a presença do RNA de microrganismos que estejam
infectando um indivíduo. É dessa forma, por exemplo, que é feita a detecção do vírus SARS-CoV-2 em pacientes
com suspeita de Covid-19. Por sua vez, a RT-PCR também pode ser utilizada na pesquisa quando se quer
comparar a expressão de genes em diferentes amostras. Por exemplo, quando se quer veriícar se um gene
especííco está sendo mais ou menos expresso em amostras normais versus amostras tumorais. Desse modo,
os pesquisadores podem conhecer mais sobre as alterações que as células tumorais possuem e pensar no
O sequenciamento de DNA, por sua vez, é aplicado com o objetivo de conhecer parte ou todo o genoma de um
organismo. Ele pode ser utilizado para se conhecer a genética de um novo microrganismo, como foi feito com o
sequenciamento do SARS-CoV-2. Isso, por sua vez, foi essencial para o desenvolvimento de medicamentos e
O sequenciamento pode ser utilizado para a análise de produtos de biotecnologia e o controle de qualidade de
alimentos. Um exemplo desse caso é veriícar se a carne que está sendo vendida como bovina é composta
apenas por isso ou se compõe uma mistura de carnes de outros animais. Outra aplicação é na análise de
microbioma no ambiente, para que se entenda a população de microrganismos que nos cercam e como eles
Uma das aplicações mais importantes do sequenciamento foi o Projeto Genoma Humano. Ele foi desenvolvido
em um consórcio internacional, que tinha como objetivo sequenciar todo o DNA humano para que
conhecêssemos toda a sequência de bases nitrogenadas que possuímos. A partir daí foi possível começar a
compreender mais sobre o funcionamento do nosso corpo. Os resultados desse projeto foram publicados em
2003, nas revistas Nature e Science, e permitiram que conhecêssemos melhor a composição dos nossos genes,
possibilitando uma melhor compreensão do mecanismo de doenças, assim como o desenvolvimento de testes
VÍDEO RESUMO
Olá, querido estudante! Neste vídeo, você aprenderá sobre diferentes metodologias de análise do DNA;
compreenderá como extraímos o DNA de amostras e como podemos ampliícá-lo; conhecerá diferentes
técnicas de detecção de sequências especíícas de DNA e como podemos sequenciar o DNA e, por ím, saberá
de que forma podemos aplicar cada uma das técnicas em diferentes contextos dentro das ciências biológicas.
Saiba mais
A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma das principais técnicas de análise na área da genética,
Polimerase (PCR), publicado na revista Genética na Escola, pelos autores Ernna Hérida Domingues de
Oliveira e Tiago Campos Pereira, você poderá conhecer mais detalhadamente sobre essa técnica, assim
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Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível em:
O sequenciamento de DNA é uma ferramenta muito útil, sendo utilizada para a detecção da sequência de
bases nitrogenadas de um genoma ou parte dele. Neste artigo, intitulado Sequenciamento de DNA:
métodos e aplicações, publicado no XIII Safety, Health and Environment World Congress, pela autora
Welika Faria Santos e colaboradores, você poderá aprender um pouco mais sobre os diferentes tipos de
Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente sobre esse tema. Disponível em:
REFERÊNCIAS
1 minutos
Aula 1
STRACHAN, T.; READ, A. Genética Molecular Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
WATSON, J. et al. Biologia Molecular do Gene. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.
Aula 2
STRACHAN, T.; READ, A. Genética Molecular Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
WATSON, J. et al. Biologia Molecular do Gene. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.
Aula 3
BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
Aula 4
LIPAY, M. V. N.; BIANCO, B. Biologia Molecular: métodos e interpretação. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2015.
SIMI, L. D. Biologia celular e molecular. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
STRACHAN, T.; READ, A. Genética Molecular Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
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104 minutos
Referências
Aula 1
recombinação e o reparo.
26 minutos
INTRODUÇÃO
Nesta aula, abordaremos os conceitos e os diferentes mecanismos que envolvem a mutação, a recombinação e
o reparo. Também, falaremos sobre os principais efeitos e consequências que essas situações podem causar,
incluindo as patologias que os pacientes podem apresentar, como o câncer. Ao ím dessa aula, você será capaz
de entender os mecanismos que causam determinadas patologias com as quais um proíssional da saúde
poderá ter que lidar. Dessa maneira, você terá um conhecimento mais sólido e abrangente, para que consiga
auxiliar seu paciente. Esse é um tema sempre atual, pois ainda existe uma grande parte da genética que
possuímos apenas um conhecimento superícial, e a publicação de novos estudos nos auxilia no entendimento,
TIPOS DE MUTAÇÕES
As mutações são deínidas como alterações que ocorrem na sequência de DNA, de maneira aleatória, e são uma
fonte importante de variabilidade genética. Podem ser classiícadas em mutações gênicas (ou pontuais),
causando alteração em apenas um gene, ou mutações cromossômicas, alterando o número ou a estrutura dos
cromossomos (o que afeta múltiplos genes) (Figura 1) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Abordaremos os dois tipos
de mutações gênicas.
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As substituições de bases consistem na substituição de um par de bases por outro, e são subdivididas em
transições e transversões. Na transição, temos a substituição de uma purina por outra purina (por exemplo,
mutação de A para G), ou de uma pirimidina por outra pirimidina (T para C, por exemplo). Já na transversão,
temos a substituição de uma purina para pirimidina, ou vice-versa: A para T ou C para G, por exemplo. Nas
mutações indel, temos a inserção e a deleção de bases, em que ocorre a inserção ou a deleção de um par de
As mutações cromossômicas podem ser estruturais (foco da próxima unidade) e numéricas, em que há
modiícação do número de moléculas de DNA. São divididas em poliploidia e aneuploidia. Considerando que
euploides são organismos que possuem conjuntos completos (normais) de cromossomos, organismos que
possuem conjuntos adicionais de cromossomos são chamados de poliploides: diploides possuem dois
conjuntos de cromossomos (2n), triploides possuem três, tetraploides possuem quatro, e assim por diante. Os
organismos que possuem excesso ou ausência de determinado cromossomo (não do conjunto inteiro) são
substituição de bases podem ser divididas em três tipos (Figura 2): silenciosa (ou sinônima), de troca de sentido
(não sinônima) ou sem sentido. A mutação silenciosa muda a sequência do códon, mas não muda o aminoácido
codiícado (devido à degeneração do código genético). As mutações de troca de sentido mudam a sequência de
um códon para outra que codiíca um aminoácido diferente; podem ser mutações conservadoras, codiícando
um aminoácido quimicamente similar (não afeta a estrutura nem a função da proteína), ou mutações não
conservadoras, quando codiícam um aminoácido quimicamente diferente. A mutação sem sentido altera a
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sequência de um códon que codiíca um aminoácido para uma sequência de parada, geralmente tornando a
proteína inativa. Já as mutações indel alteram a fase de leitura de todos os códons posteriores à mutação,
Os novos alelos que surgiram através de mutações são alvos de um segundo processo causador de variação: a
recombinação, que agrupa os alelos em novas combinações. Ocorre através de dois mecanismos durante a
meiose: distribuição independente e crossing over (quebra dos cromossomos parentais e reunião das partes
em novas combinações), de acordo com a Figura 3 (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).
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Devido à importância de manter a integridade do material genético, nosso organismo possui diversos
As mutações podem causar diversas patologias, entre elas, o câncer (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).
Com relação ao surgimento das mutações, pode ser espontâneo ou induzido. As mutações espontâneas surgem
porque a estrutura do DNA não é estática, e os átomos de hidrogênio das bases podem mudar de posição e
alterar o pareamento. Já as mutações induzidas são causadas por agentes externos (mutágenos) (SNUSTAD;
SIMMONS, 2013).
As mutações espontâneas são causadas por erros na replicação do DNA ou provocadas pelo próprio ambiente
celular (Figura 4). Dentre os erros na replicação do DNA, encontra-se a tautomerização: mudança da forma das
bases de acordo com a posição dos seus átomos. A forma mais frequente e estável das bases é a forma ceto,
mas, raramente, pode mudar para formas imino ou enol, alterando o padrão de pareamento e causando uma
mutação. Também pode ocorrer a derrapagem na replicação, que causa a repetição de trinucleotídeos
conforme o número de repetições e, devido à instabilidade dos trinucleotídeos nas células somáticas e
entre gerações, ocorre o fenômeno da antecipação: a doença íca mais grave ou tem início mais cedo em
O ambiente celular também pode causar mutações espontâneas: reações químicas do DNA com a água podem
levar à despurinação (perda de uma purina) e desaminação (remoção do grupo amina, convertendo citosina em
uracila, adenina em hipoxantina e guanina a xantina, o que altera o pareamento das bases). As espécies reativas
de oxigênio podem causar diversos danos ao DNA, como conversão da timina em timina glicol (que não faz par
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As mutações induzidas podem ocorrer pela ação de métodos químicos ou físicos (Figura 5). Dentre os químicos,
os agentes alquilantes adicionam grupos alquil, metil ou etil às bases, alterando o pareamento. Os adutos
volumosos ligam-se à guanina e provocam sua liberação, criando um sítio apurínico, enquanto os análogos de
base incorporam-se à sequência de DNA e geram erros de pareamento. Os agentes intercalantes distorcem a
forma do DNA e prejudicam o funcionamento da DNA polimerase. Considerando os agentes físicos, a luz
ultravioleta forma dímeros de timina (as bases ligam-se na mesma cadeia, ao invés de se ligar na íta
complementar), que bloqueiam a DNA polimerase. Por ím, a radiação ionizante gera espécies reativas de
oxigênio, que alteram o pareamento das bases e quebram ligações glicosídicas gerando sítios abásicos
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As mutações nos genes que controlam o ciclo celular podem causar câncer, pois as células passam a se dividir
descontroladamente. De maneira geral, dois grupos de genes são afetados: os oncogenes e os genes
supressores tumorais. Mutações nos oncogenes promovem ativamente a divisão celular, enquanto mutações
nos genes supressores tumorais impedem a repressão do ciclo celular (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).
Considerando o processo de recombinação, abordaremos dois modelos. O Modelo de Holliday propõe a quebra
de ílamentos únicos da molécula de DNA parental através de uma endonuclease, sendo que esses segmentos
são deslocados pela DNA helicase e proteínas de ligação uniílamentares. Esses ílamentos trocam de par (com a
participação da RecA) e emparelham-se com o ílamento complementar. Por ím, o DNA ligase solda os novos
ílamentos. Caso as quebras não ocorram exatamente no mesmo lugar dos dois cromossomos, os ajustes são
feitos por exonucleases e DNA polimerases. Durante o processo, são formados intermediários de recombinação
com o formato da letra X, chamados de formas chi (Figura 6). Já o modelo de quebra biílamentar de crossing
over propõe que as quebras não são uniílamentares; ocorrem quebras biílamentares iniciais que se alargam,
originando lacunas nos dois ílamentos. As terminações uniílamentares produzidas invadem a dupla hélice
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As mutações cromossômicas numéricas são a principal causa genética de aborto, defeitos de nascença e
trissomias, em que ocorre a triplicação de um dos cromossomos (2n + 1) (Síndrome de Down é um exemplo,
com a trissomia do cromossomo 21). Na monossomia, ocorre a ausência de um cromossomo (2n – 1), sendo
que nos humanos o único monossômico viável é o cariótipo 45, X (em que o indivíduo apresenta apenas um
Considerando os mecanismos de reparo, são classiícados em vários tipos (Figura 7). O reparo direto consiste
em retornar à base original, como a reversão da alquilação de bases pelas alquiltransferases. No reparo por
excisão de bases, a base daniícada é detectada por uma DNA glicosilase, que cliva a ligação glicosídica entre a
base e o açúcar, criando um sítio abásico (AP). Então, a AP endonuclease corta a cadeia daniícada, a DNA
polimerase b preenche o espaço e a DNA ligase solda. Quando o dano no DNA é mais robusto, abrangendo
mais de uma base ou distorcendo a hélice do DNA (como os dímeros de timina), é necessário o reparo por
excisão de nucleotídeo. Nesse caso, duas vias podem ocorrer: as proteínas XPC e XPE detectam o DNA
daniícado (reparo por excisão de nucleotídeo no genoma global), ou a RNA polimerase é paralisada durante a
transcrição e recruta as proteínas CSA e CSB (reparo por excisão de nucleotídeo acoplado à transcrição). Ambas
as vias ativam helicases (que separam as cadeias do DNA ao redor do dano), endonucleases (que clivam as
ligações fosfodiéster envolvidas no dano), DNA polimerases e DNA ligase. Já o reparo por erros de pareamento
corrige os erros que ocorrem durante a replicação do DNA, através da ligação de proteínas ao local do erro: a
incisão da cadeia é ativada, assim como as DNA polimerases e a DNA ligase. Existe também a síntese translesão,
em que a DNA polimerase paralisa durante a replicação ao encontrar uma lesão e, então, recruta a DNA
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polimerase translesão (TLS). Entretanto, a TLS polimerase só consegue adicionar uma quantidade pequena de
nucleotídeos e não possui atividade de revisão, sendo mais propensa a erros (SNUSTAD; SIMMONS, 2013;
GRIFFITHS, 2022).
Algumas situações, como a exposição ao raio X, podem quebrar as duas cadeias de DNA, de maneira que não
há como se basear na complementaridade das ítas. Nesses casos, ativa-se o reparo de quebras de cadeias
dupla. Existem dois caminhos que podem ser seguidos: o primeiro se chama junção de extremidades não
homólogas, em que proteínas se ligam às extremidades quebradas e recrutam diversas proteínas e enzimas,
como nucleases, DNA polimerases e DNA ligase; o segundo chama-se recombinação homóloga, em que o
cromossomo homólogo é usado como molde para sintetizar a cadeia de DNA após a quebra (SNUSTAD;
Defeitos nos mecanismos de reparo podem causar diversas doenças, como o Xeroderma pigmentosum (XP). Os
pacientes acometidos por essa patologia são muito sensíveis à luz solar e possuem aumento da frequência de
câncer de pele. Os genes afetados são necessários para o reparo por excisão de nucleotídeos, de maneira que
os pacientes não possuem um reparo de lesões causadas por UV (dímeros de timina). Diversos tipos de câncer
(como o câncer colorretal hereditário sem polipose ou Síndrome de Lynch) também possuem defeitos no
reparo do DNA entre suas causas (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).
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VIDEOAULA
Olá, caro estudante! Neste vídeo, abordaremos as consequências dos diferentes tipos de mutações, assim como
veremos sobre os mecanismos de reparo e recombinação do DNA e sobre a importância desses processos no
funcionamento do corpo humano. Também, discutiremos alguns efeitos do mau funcionamento desses
Videoaula
Saiba mais
No livro disponível na Biblioteca Virtual, Genética, da autora Priscila Perez Domingos, a Seção 3.2, presente
No trabalho de conclusão de curso de Carizy Ranna Sousa Aquino Cortez, intitulado Os mecanismos de
reparo do DNA face à mutação proposta por fatores endógenos e exógenos: revisão integrativa de
literatura, podemos encontrar mais informações sobre os mecanismos de reparo do DNA no referencial
Aula 2
28 minutos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Na aula de hoje, aprenderemos o motivo de existir tantos mecanismos de regulação da
expressão gênica e os detalhes do funcionamento desses processos. Trataremos dos níveis em que ocorre a
os pequenos RNA, sua função na regulação da expressão gênica e como podem ser utilizados na pesquisa
clínica, como a técnica de RNA de interferência (RNAi), em que é possível direcionar o silenciamento de
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Os seres humanos possuem uma grande quantidade de genes, mas nem todos eles precisam estar sendo
expressos a todo momento e em todas as células. Como a produção de proteínas demanda muita energia, o
Essa regulação pode ocorrer em diversos níveis: na transcrição, no processamento ou na tradução. Entretanto,
os processos que agem a nível da transcrição são os mais conhecidos, visto que a transcrição é o primeiro
processo da expressão gênica. Além disso, a regulação no início da transcrição permite o controle da expressão
Entretanto, há um mecanismo de regulação tradicional muito importante: os pequenos RNAs (que podem ser
Constitutiva: quando os genes são de manutenção, tendo que ser expressos a todo momento.
Regulada: os níveis dos produtos gênicos variam de acordo com os sinais moleculares. Nesse caso, ocorre
indução quando há aumento da expressão desse produto, e repressão quando há redução (NELSON; COX,
2011).
Vamos ver alguns conceitos essenciais para entender a epigenética, que é outro mecanismo de regulação da
expressão gênica?
Organização da cromatina
Os cromossomos são constituídos de DNA e proteínas, sendo que esse conjunto é chamado de cromatina
Relembrando: os cromossomos são compostos por ílamentos de DNA envoltos em proteínas, ou seja, o DNA é
empacotado, e uma unidade básica de empacotamento do DNA se chama nucleossomo (composto por
histonas, principais proteínas envolvidas no DNA, e o próprio DNA). O ílamento de DNA é uma dupla-hélice,
composto por pares de bases (A, T, C, G). Pedaços de DNA são chamados de genes, conforme Figura 1.
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Fonte: Pixabay.
A maior parte das proteínas da cromatina são as histonas, que podem sofrer modiícações covalentes que
Outro ponto que inîuencia na expressão dos genes é a estrutura da cromatina. A cromatina pode estar em
duas formas: heterocromatina, quando está muito condensada e é transcricionalmente inativa, e eucromatina,
menos condensada e acessível às proteínas e enzimas envolvidas na transcrição (NELSON; COX, 2011).
A remodelagem da cromatina gera mudanças que interferem na transcrição e envolve, por exemplo, metilação
e acetilação das histonas. A metilação facilita a acetilação, a qual, por sua vez, reduz a aínidade do nucleossomo
pelo DNA, facilitando a transcrição. Os nucleossomos também podem ser deslocados, processo que ocorre
através de um complexo de proteínas SWI/SNF. Esse deslocamento facilita a ligação dos fatores de transcrição
A cromatina também pode ser desativada, através de desacetilação das histonas e de outro mecanismo que
ocorre no DNA: o próprio DNA também pode sofrer modiícações covalentes, a metilação de CpG (pares de
bases C:G), que provoca a inativação do gene em questão (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
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Como essas modiícações (como metilação do DNA e acetilação das histonas) não ocorrem na estrutura básica
do DNA (sequência de nucleotídeos), são chamadas de epigenética (o preíxo grego “epi” signiíca “acima”)
O primeiro passo é a ligação da RNA polimerase ao DNA. Essa ligação ocorre em um local chamado promotor e,
dependendo da sequência nucleotídica do promotor, a aínidade da RNA polimerase a esse local varia. Por
exemplo, os genes de manutenção são sempre expressos, mas a quantidade do produto gênico pode variar.
Essa variação é deínida pela sequência do promotor, que pode fazer com que a RNA polimerase se ligue com
maior ou menor aínidade. Com relação aos genes que não são de manutenção, além da sequência do
promotor, há também a interferência de proteínas reguladoras que melhoram ou pioram a interação da RNA
Nos eucariotos, é necessário um conjunto de fatores de transcrição ligados ao promotor para que a RNA
polimerase atue. Essas proteínas ligam-se ao promotor e facilitam o alinhamento da RNA polimerase na
sequência de DNA. Possuem um domínio de ligação ao DNA e outro domínio que facilita a transcrição, abrindo
caminho para a RNA polimerase. Os fatores de transcrição possuem motivos estruturais característicos que são
importantes para a associação com o DNA, como dedos de zinco, hélice-volta-hélice, zíper de leucina e hélice-
alça-hélice. Essas proteínas podem formar heterodímeros e, dependendo da concentração destes, a expressão
gênica pode ser modulada (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Repressores: ligam-se ao DNA e bloqueiam a RNA polimerase, processo chamado de regulação negativa.
Para que o repressor consiga se ligar ao DNA, é necessário o “efetor”, que se liga ao repressor e causa uma
Ativadores: facilitam a ligação da RNA polimerase ao DNA – regulação positiva. Ligam-se a regiões do DNA
o complexo formado pela RNA polimerase e os fatores de transcrição. Podem ser sensíveis à ligação de
moléculas sinalizadoras, permitindo que o ambiente celular inîuencie a transcrição. Muitas vezes, é a
ligação do ativador que permite a ação da RNA polimerase. (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS,
2013).
A maioria dos nossos genes precisam de ativação para serem transcritos. Isso ocorre por diversos motivos,
entre eles, a grande quantidade de genes que possuímos, portanto é mais econômico em termos de energia
Um exemplo de sinal que pode inîuenciar na expressão gênica são os hormônios. Os hormônios esteroides,
que são ativadores transcricionais. Esse complexo hormônio-receptor liga-se a sequências no DNA chamadas de
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No processamento do RNA, o processo de splicing alternativo também pode ser considerado um mecanismo de
regulação da expressão gênica, ao remover determinados íntrons. Por exemplo, se forem removidos dois
íntrons sucessivos, o éxon entre eles também será removido (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
A estabilidade do RNAm no citoplasma também é um ponto de regulação. As caudas poli (A) e a sequência da
interferência (RNAi).
Os genes que codiícam para esses RNA são chamados de mir, que contêm trechos curtos repetidos de
nucleotídeos em sentidos opostos. Quando o RNA é transcrito, forma uma estrutura de grampo, que é clivada
por uma enzima chamada DROSHA e vai para o citoplasma, onde dá origem ao RNAi (NELSON; COX, 2011;
Regulação da tradução
Embora a regulação pela transcrição seja mais frequente, há alguns casos em que a regulação pela tradução se
faz necessária:
Genes muito longos, que demorariam horas para serem transcritos e processados.
Células sem núcleo, como os reticulócitos (eritrócitos imaturos), em que a regulação da transcrição não é
possível.
Alguns genes são regulados tanto a nível transcricional quanto traducional, sendo que o último realiza um
Dentre os mecanismos que os seres humanos possuem, encontra-se a regulação da expressão gênica mediada
Esse sistema tem como objetivo silenciar ou degradar RNAm alvos. Surge a partir de moléculas de RNA
biílamentares, que são clivadas (por uma enzima chamada DICER) em pequenos pedaços de RNA
biílamentares: RNA de interferência curto (siRNA) ou microRNA (miRNA). No citoplasma, essas moléculas
de siRNA ou miRNA são incorporadas a ribonucleoproteínas, onde perdem um de seus ílamentos. O ílamento
simples de RNA que sobrou liga-se ao RNAm alvo através da complementaridade de bases. Então, o complexo
RNA-proteína não pode ser transcrito, e esse complexo é chamado de complexo de silenciamento induzido por
RNA (RISC) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Dependendo se o pareamento com o RNAm alvo é perfeito ou não, o
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São úteis para controlar o ritmo do desenvolvimento, proteger contra a invasão por vírus RNA e controlar os
A existência dos miRNA deu origem a uma técnica chamada de RNA de interferência (RNAi). O investigador
introduz em um organismo uma sequência de RNA de íta dupla. Essa sequência é clivada pela DICER, dando
origem a pequenos RNAi que se ligam ao RNAm alvo, silenciando-o (NELSON; COX, 2011).
Além de possuir a cromatina mais relaxada, regiões dos cromossomos que estão ativas para transcrição
possuem um padrão especííco de histonas, em que estas se encontram metiladas e acetiladas. As enzimas
histona acetiltransferases (HAT) são as enzimas responsáveis por acetilar as histonas. Essa acetilação aumenta a
expressão gênica, provavelmente porque os grupos acetila afrouxam a associação entre o DNA e as histonas.
Antes da acetilação, parece haver uma fosforilação das histonas (NELSON; COX, 2011; SNUSTAD; SIMMONS,
2013).
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Além das histonas, o próprio DNA também pode sofrer metilação nas sequências CpG (p representa a ligação
fosfodiéster). Cerca de 40% dos pares de bases do DNA são G:C, e desses, de 2 a 7% são metilados. O DNA ativo
encontra-se submetilado ou não metilado, enquanto o DNA metilado está reprimido (NELSON; COX, 2011;
Um possível mecanismo para essa repressão é que proteínas especíícas se ligam aos CpG metilados e
impedem a transcrição. Durante a divisão celular, o padrão de metilação é passado para as células-ílha, assim
VIDEOAULA
Olá, caro estudante! No vídeo de hoje, falaremos sobre regulação da expressão gênica. Abordaremos alguns
conceitos iniciais e explicaremos os mecanismos envolvidos. Também, discutiremos sobre RNA de interferência
e como ele pode ser utilizado, além de citarmos o tópico de epigenética, quando veremos essas alterações que
Videoaula
Saiba mais
No artigo intitulado Interferência por RNA: uma nova alternativa para terapia nas doenças reumáticas, de
França e colaboradores, podemos encontrar mais informações sobre a técnica de RNA de interferência,
Além disso, temos mais informações sobre a utilização prática do RNAi no artigo A nova grande promessa
da inovação em fármacos: RNA interferência saindo do laboratório para a clínica, de Carlos Frederico
Martins Menck.
Aula 3
23 minutos
INTRODUÇÃO
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Olá, estudante! Na aula de hoje, aprofundaremos o estudo da epigenética, entrando em mecanismos que são
diferentes, dependendo do sexo do genitor: o chamado imprinting genômico, em que temos padrões de
metilação diferentes, dependendo se o cromossomo veio da mãe ou do pai. Também, abordaremos algumas
doenças causadas por mutações que ocorrem nesses genes imprintados e detalharemos os mecanismos que
podem causar essas patologias. Esse é um tópico muito presente no dia a dia, visto que o interesse pelos efeitos
da alimentação e das atividades físicas no genoma vem aumentando na sociedade, o que promove o aumento
IMPRINTING GENÔMICO
Epigenética e imprinting
A passagem de material genético da mãe e do pai para o ílho não é exatamente igual, e a razão dessa diferença
imaginaremos a seguinte situação: um homem e uma mulher terão um ílho (conforme representado na Figura
1). Tanto o gameta do homem (espermatozoide) quanto o da mulher (óvulo) fornecerão para o zigoto 22
cromossomos, além do cromossomo sexual. Suporemos que um desses cromossomos apresenta o gene A. No
óvulo da mãe, esse gene encontra-se metilado (representado pelo sinal de “proibido”), ou seja, não será
expresso. Já no espermatozoide do pai, esse gene não está metilado, ou seja, será expresso. A expressão desse
gene está condicionada ao sexo do genitor: nas mulheres, sempre estará silenciado, enquanto nos homens,
sempre será expresso (com relação ao processo de formação dos gametas). Esse fenômeno é conhecido como
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Agora, focaremos no embrião, conforme a Figura 2. Independentemente do sexo (feminino ou masculino), esse
embrião possuirá um gene A silenciado, vindo da mãe, e um gene A expresso, vindo do pai. Esse padrão de
expressão estará presente em todas as células somáticas desse embrião. Entretanto, nas suas células
germinativas, esse padrão mudará, dependendo do sexo. Por quê? Porque, em mulheres, o gene A deve estar
sempre silenciado, e em homens, o gene A deve estar sempre expresso (durante a gametogênese). Portanto,
nas células germinativas, o padrão de expressão será alterado de acordo com o sexo (NUSSBAUM; MCINNES;
WILLARD, 2016).
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Ou seja, se o embrião se tornar um indivíduo do sexo feminino, seus óvulos deverão apresentar o gene A
sempre silenciado. Dessa maneira, o gene A que está no cromossomo de origem paterna deve ser metilado,
para que o óvulo apresente apenas cromossomos com gene A silenciado (NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD,
2016).
Entretanto, se o embrião se tornar um indivíduo do sexo masculino, seus espermatozoides devem apresentar o
gene A sem metilação. Dessa maneira, o gene A que está no cromossomo de origem materna deve sofrer
demetilação, para que todos os cromossomos que estão no espermatozoide apresentem o gene A sem
O controle sobre o imprinting parece ser realizado por regiões de controle do imprinting (presentes no DNA), e
o mecanismo parece envolver RNAncs (RNAs não codiícantes) que iniciam a mudança epigenética na
cromatina. Foram identiícados cerca de 100 genes “imprintados” no genoma humano (NUSSBAUM; MCINNES;
WILLARD, 2016).
O mecanismo de imprinting está relacionado a algumas doenças, sendo que o fenótipo pode ser diferente,
dependendo se a mutação ocorre no cromossomo materno ou paterno. Essas situações são chamadas de
síndromes irmãs, porque a mutação ocorre no mesmo local do cromossomo, mas, dependendo da origem
desse cromossomo, o indivíduo apresenta características diferentes. Representam exemplos dessa condição as
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EFEITOS DA EPIGENÉTICA
Os mecanismos epigenéticos podem ter efeitos a longo prazo e serem passados de célula para célula e até
mesmo de geração para geração, mas podem também ser mais dinâmicos e transitórios, respondendo a
mudanças que ocorrem no ambiente celular e podem até ser reversíveis (COUTO et al., 2014).
Os padrões de epigenética são inîuenciados por hábitos de vida, como alimentação, atividades físicas, fatores
ambientais, entre outros. As alterações epigenéticas causadas por esses hábitos podem ser passadas de
geração para geração: por exemplo, as modiícações epigenéticas causadas nos pais podem passar para seus
ílhos (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; COUTO et al., 2014; NUSSBAUM; MCINNES; WILLARD, 2016).
Caso haja alguma mutação na região em que os genes são imprintados, pode haver o surgimento de algumas
doenças, que podem ser chamadas de doenças irmãs ou síndromes irmãs. Esse nome é sugerido porque são
doenças causadas pela mesma mutação, na mesma região do cromossomo, mas que possuem fenótipos
diferentes. Essa diferença se deve à expressão diferenciada dos genes de acordo com a origem do cromossomo
Para entender melhor, imaginaremos um cromossomo com dois genes: A e B (conforme Figura 3).
Esses genes possuem diferentes padrões de expressão de acordo com o genitor (imprinting): o gene A é
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Agora, suporemos que houve uma mutação nessa região que engloba os genes A e B. Se a mutação ocorrer no
cromossomo de origem materna, o indivíduo não expressará o gene B (o gene A já estava silenciado
de origem paterna, esse indivíduo não expressará o gene A (COUTO et al., 2014).
Faço aqui uma observação: em ambos os casos, estamos supondo que a mutação ocorreu em apenas um
cromossomo, ou seja, o gene do outro cromossomo, que não sofreu mutação, será expresso. Por exemplo, o
primeiro indivíduo possui dois cromossomos, um de origem materna e outro de origem paterna. Considerando
que a mutação ocorreu no cromossomo de origem materna, nem o gene A nem o gene B serão expressos nesse
cromossomo (o gene A devido ao imprinting, e o gene B devido à mutação). Entretanto, esse indivíduo
apresenta o outro cromossomo desse par, o cromossomo de origem paterna. Como esse não sofreu mutação, o
gene A será expresso normalmente (o gene B não, pois sofreu imprinting). Já no segundo indivíduo, em que
houve mutação no cromossomo paterno, haverá expressão no outro cromossomo (materno) do gene B (COUTO
et al., 2014).
Dessa maneira, temos dois indivíduos com mutações iguais, na mesma região do cromossomo, mas com
fenótipos diferentes: o primeiro indivíduo possui o produto do gene A, enquanto o segundo não; e o segundo
indivíduo apresenta o produto do gene B, enquanto o primeiro não. Dependendo das funções desses produtos,
Tal situação ocorre nas síndromes de Prader-Willi e Angelman, em que há uma ausência da região 15q11-q13. A
diferença entre as síndromes é que, na Prader-Willi, a ausência ocorre no cromossomo 15 de origem paterna,
enquanto na síndrome de Angelman ocorre no cromossomo 15 de origem materna. Portanto, como temos a
expressão de diferentes genes, temos a expressão fenotípica diferente em cada uma dessas doenças (COUTO et
al., 2014).
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Muitos estudos têm mostrado que as alterações epigenéticas podem causar doenças humanas, por exemplo,
no câncer, alguns genes são hipometilados, enquanto outros são hipermetilados (COUTO et al., 2014).
As síndromes irmãs de Prader-Willi e Angelman, tratadas anteriormente, são caracterizadas por distúrbios no
desenvolvimento (mas possuem fenótipos diferentes) e possuem uma frequência de 1/20000. O mecanismo
mais comum que causa essas doenças é uma deleção na região 15q11-q13 (COUTO et al., 2014; GRIFFITHS,
2022).
Falando especiícamente sobre a Síndrome de Angelman, além da deleção no cromossomo materno, outro
mecanismo que pode ocorrer é a dissomia uniparental paterna: quando o indivíduo recebe as duas cópias do
cromossomo do pai. Como as duas cópias estão metiladas, o indivíduo íca sem o produto funcional do gene.
Um terceiro mecanismo é uma mutação de ponto no principal gene responsável pelo fenótipo da síndrome, o
gene UBE3A, que está envolvido no desenvolvimento inicial do cérebro. Esse gene está normalmente metilado
no cromossomo paterno, sendo que indivíduos saudáveis possuem uma cópia funcional desse gene expressa
no cromossomo materno. Como os indivíduos com a Síndrome de Angelman não possuem essa cópia do
cromossomo materno (devido à deleção, mutação ou dissomia), eles não têm nenhuma expressão desse gene.
Com relação ao fenótipo, inclui atraso mental, crises convulsivas e comportamentos característicos (COUTO et
Com relação à Síndrome de Prader-Willi, a razão da ausência da região no cromossomo paterno pode ser por
deleção ou por dissomia uniparental materna, em que o paciente recebe duas cópias do cromossomo materno
(ambas com a região metilada e, portanto, silenciada). Os principais genes afetados são os genes SNRPN e NDN,
que possuem função no desenvolvimento cerebral. Considerando que eles são normalmente silenciados na
cópia materna, os indivíduos precisariam da cópia paterna para ter o produto gênico. Quando isso não ocorre,
temos a Síndrome de Prader-Willi. Com relação ao fenótipo, está associado à obesidade grave (COUTO et al.,
Wiedemann. Nessa doença, a região cromossômica afetada (11p15) possui dois genes de interesse: IGF2, que
codiíca para o fator de crescimento semelhante à insulina tipo 2, e o gene H19, que codiíca para um inibidor
de IGF2. Um dos mecanismos que ocorre é a hipermetilação de H19, fazendo com que haja uma hiperativação
de IGF2 e promovendo um fenótipo de gigantismo nos pacientes. Outro mecanismo é uma mutação de ponto
nos genes NSD1 e CDKN1C (envolvidos no desenvolvimento e ciclo celular) (COUTO et al., 2014; NUSSBAUM;
A epigenética também vem sendo estudada no campo da psiquiatria. Através da interação entre o componente
genético e fatores ambientais, a epigenética seria uma possibilidade de explicação da causa de transtornos
psiquiátricos. A pesquisa nesse campo tem focado na interação gene-ambiente, entendendo que os
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VIDEOAULA
Caro estudante, vamos revisar como funciona a epigenética e a sua importância para a área da saúde? Neste
vídeo, você verá os mecanismos que envolvem o imprinting genômico e as doenças que podem resultar de
alterações nesse processo. Dentre elas, estão patologias, como as síndromes de Prader-Willi, Angelman e
Beckwith-Wiedemann.
Videoaula
Saiba mais
No artigo Imprinting: Genes de pai e mãe não são igualmente expressos – implicações para doenças
genéticas e síndromes irmãs, você pode entender mais sobre os mecanismos do imprinting e sobre as
doenças que podem ser causadas quando ocorrem alterações nos genes imprintados.
No artigo A epigenética como nova hipótese etiológica no campo psiquiátrico contemporâneo, você pode
compreender melhor como a epigenética pode ser uma explicação para as síndromes psiquiátricas.
Aula 4
25 minutos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Na aula de hoje, aprenderemos o conceito de transposons ou elementos transponíveis, assim
como sua classiícação. Abordaremos a importância desses elementos e quais tipos de distúrbios e doenças eles
podem causar, caso haja alguma alteração. Veremos quais são os tipos presentes em seres humanos e qual seu
mecanismo de ação, assim como as diferenças entre os transposons de classe I (transposons de DNA) e
transposons de classe II (elementos semelhantes a retrovírus ou retroposon). Por ím, aprenderemos como
Transposons ou elementos transponíveis são sequências de DNA que mudam de lugar no genoma. Estão
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Os transposons são mais de 40% do genoma humano e possuem função na estrutura dos cromossomos e
1. Cortar e colar: ocorre a excisão de um elemento em uma posição no cromossomo para ocorrer a inserção
em outra posição (no mesmo cromossomo ou em outro). A catálise dessa transposição é feita pela enzima
transposase, que é codiícada pelo próprio elemento. Estão presentes tanto em procariotos quanto
eucariotos.
2. Replicativos: primeiramente, ocorre a replicação do DNA do elemento transponível, e esse DNA que foi
replicado se inserirá em um local do cromossomo. Dessa maneira, a cópia é inserida no novo local, e a
outra continua no local original. São encontrados apenas em procariotos, portanto não serão foco dessa
aula.
3. Retrotransposons: ocorre a inserção de cópias do elemento que foram sintetizadas a partir do RNA do
elemento. Há uma transcriptase reversa que utiliza o RNA do elemento como molde. Essa categoria é
subdividida: caso esteja relacionada aos retrovírus, é chamada de elementos semelhantes a retrovírus.
Caso contrário, é chamada de retroposons. São encontrados apenas em eucariotos (SNUSTAD; SIMMONS,
2013).
Como os transposons são elementos de DNA que se inserem ao longo do genoma, seus efeitos dependem da
região em que se inserirão. Caso essa inserção ocorra no meio de um gene, isso pode atrapalhar sua expressão,
impedindo a produção de uma proteína que pode ter uma função importante no organismo, provocando o
Dentre essas doenças, já foi observado o envolvimento de um elemento transponível no câncer de mama, mais
especiícamente devido a uma inserção no gene BRCA2 (um gene supressor de tumor). Além disso, a inserção
Nos eucariotos, ocorrem dois tipos de transposons, divididos em classe I e classe II. Os transposons da classe I
também são chamados de retrotransposons e podem ser subdivididos em elementos semelhantes a retrovírus
(ou transposons LTR, devido a longos elementos repetitivos presentes na sua extremidade) e retroposons.
Ambos utilizam o mecanismo de transcrição reversa. Já as elementos transponíveis da classe II são chamados
de transposons de DNA e operam através do mecanismo de “cortar e colar”, ou seja, ocorre o corte de uma
sequência de DNA em um local do cromossomo, e essa sequência é colada em outro local desse cromossomo
TIPOS DE TRANSPOSONS
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O principal ponto de importância para os seres humanos é que pode ocorrer troca de genes de resistência a
antibióticos, o que prejudica o tratamento de infecções nos seres humanos (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
1. Elementos IS: são as sequências de inserção e podem se inserir nos cromossomos e plasmídeos
bacterianos. São do tipo “corta e cola”. Sua estrutura é composta por extremidades terminais invertidas,
chamadas de repetições invertidas terminais. A transposase, codiícada pelo próprio elemento, cliva os
ílamentos de DNA do elemento, para que eles possam se inserir em outro local. Para que essa inserção
ocorra, os ílamentos de DNA de destino devem ser clivados. Entretanto, essa clivagem não é realizada no
mesmo local nas duas ítas de DNA, de maneira que deve ocorrer síntese de DNA para preencher as
lacunas após a inserção do elemento. Isso gera uma duplicação dessa sequência de DNA, o que é chamado
de duplicações de sítio-alvo.
2. Tranposons compostos: quando há inserção de dois elementos IS próximos, pode haver transposição da
3. Elemento Tn3: transposons replicativos; são grandes elementos que não têm sequências IS nas
Eucariotos
Classe I (Retrotransposon)
Possuem uma região codiícadora central e, nas extremidades, possuem repetições terminais longas (LTR) –
podem ser chamados de transposons LTR e estão representados na Figura 2. Essas LTR são limitadas por
repetições invertidas curtas, como as dos outros tipos de transposons. Possuem genes homólogos aos genes
encontrados em retrovírus, como gag (que codiíca uma proteína da cápsula viral) e pol (codiíca uma
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transcriptase reversa). O mecanismo funciona da seguinte maneira: o RNA é sintetizado a partir do DNA, uma
transcriptase reversa usa-o como molde e produz DNA biílamentar, que é inserido em algum lugar do genoma
Retroposons
Os retroposons também consistem em elementos que foram transcritos de maneira reversa em RNA a partir de
DNA, mas não têm repetições invertidas nas suas extremidades, e sim uma sequência homogênea de A:T. Em
Drosophila , esses retroposons vão para as extremidades dos cromossomos, os telômeros, para repor o DNA
São transposons de “cortar e colar”. Possuem tamanho, estrutura e comportamento diferentes entre os
diferentes eucariotos, mas todos possuem repetições invertidas e criam duplicações de sítio-alvo ao serem
inseridos no DNA. Alguns codiícam transposase, outros não. Estão representados na Figura 3, junto aos
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Foram descobertos no milho, através dos elementos transponíveis Ac e Ds: Ds, de dissociação, era o fator
causador de quebras nos cromossomos, mas ele dependia da estimulação pelo Ac, de ativador. Transposons
relacionados a Ac/Ds foram descobertos em outras espécies, inclusive em animais (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Existem mecanismos que reprimem os transposons: RNAs que interagem com proteínas Piki (os RNA são então
chamados de RNA de interação com a proteína Piwi ou piRNA) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013; GRIFFITHS, 2022).
Seres humanos
Retroposons: 33%.
O principal elemento transponível é um retroposon chamado de L1. Pertence a uma classe chamada de
elementos nucleares intercalados longos (LINE). A segunda classe mais abundante de elementos transponíveis
são os elementos nucleares intercalados curtos (SINE), que não codiícam transcriptase reversa e, portanto, são
dependentes de LINE para se multiplicar e se inserir no genoma. Um exemplo é o elemento Alu (que possui esse
nome porque tem um sítio-alvo para a enzima de restrição Alu). Existem mais de um milhão de sequências Alu
O genoma humano possui 20 vezes mais DNA derivado de elementos transponíveis do que DNA que codiíca
proteínas. Entretanto, esses transposons não afetam as funções dos genes por diversos motivos:
Esses elementos estão inativos na maior parte do tempo, pois os organismos suprimem sua atividade.
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Os transposons podem se inserir em éxons, íntrons ou regiões não codiícadoras; caso se insiram em um
éxon e causem uma mutação que altere a função da proteína, provavelmente essa mutação será removida
Caso o transposon insira-se em um íntron ou em uma região não codiícadora, não alterará a expressão do
Se o elemento transponível se inserir em um gene, poderá causar alterações no indivíduo (GRIFFITHS, 2022).
Alguns pesquisadores sugerem que os elementos transponíveis que possuem muitas cópias no genoma
encontraram locais seguros para se inserir: os chamados porto seguros (safe heavens) no genoma. Um exemplo
seria a heterocromatina dos centrômeros, uma região com poucos genes e muito DNA repetitivo (GRIFFITHS,
2022).
O genoma humano possui muitas sequências derivadas de elementos semelhantes a retrovírus, mas, assim
Os transposons “cortar e colar” parecem não estar ativos no genoma humano há milhões de anos. Um exemplo
Os elementos transponíveis podem atuar como mutágenos, pois se inserem em locais do genoma, podendo
causar uma mutação espontânea. Dependendo do gene onde se inserem, podem causar doenças nos seres
humanos. Além disso, devido a essa característica de inserção, são considerados uma técnica genética de
Também, podem ser usados para “carregar” genes: os transposons compostos, por exemplo, levam genes cujos
produtos não estão relacionados com a transposição. Os elementos P incompletos de Drosophila servem como
vetores de transformação, podendo levar fragmentos de DNA. Os elementos P não são eícazes em outras
espécies, mas alguns estudos estão utilizando transposons de salmão para estudar terapia gênica em humanos
Algumas regiões do genoma são mais ricas em transposons do que outras. Em Drosophila, por exemplo, há
Dependendo da região em que os transposons se inserem, eles podem causar doenças, pois podem prejudicar
a expressão de algum gene importante para o funcionamento do corpo humano. Por exemplo:
Inserção de LINEs no gene que codiíca o fator de coagulação VIII causa hemoília A.
Inserções de Alu no gene do fator de coagulação IX causa hemoília B; no gene NF1, neuroíbromatose; e no
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VIDEOAULA
Caro estudante, vamos revisar o que são os transposons e como funcionam? Nesse vídeo, abordaremos os
diferentes tipos de transposons, quais são as diferenças entre eles, quais seus mecanismos de ação e quais
estão presentes em eucariotos. Também, falaremos sobre os distúrbios que podem ser causados dependendo
de onde ocorre a inserção desse transposon, podendo causar alterações como patologias. Vamos lá?
Videoaula
Saiba mais
Na tese Filodinâmica de elementos transponíveis e seu uso no controle genético de vetores de doenças
infecciosas, por Felipe Soares Figueiredo, podemos aprender um pouco mais sobre como os transposons
obtidos in vitro de indivíduos dentro do transtorno do espectro autista, por Kathleen da Silva Souza,
REFERÊNCIAS
2 minutos
Aula 1
NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & Thompson Genética Médica. Rio de Janeiro, RJ:
Elsevier, 2016.
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
Aula 2
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. Porto Alegre, RS: Artmed, 2011.
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
Aula 3
COUTO, F. F. S. et al. Imprinting: Genes de pai e mãe não são igualmente expressos – implicações para doenças
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FREITAS-SILVA, L. R.; ORTEGA, F. J. G. A epigenética como nova hipótese etiológica no campo psiquiátrico
NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Genética Médica. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2016.
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
Aula 4
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
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ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS
122 minutos
Referências
Aula 1
ESTRUTURAIS
Nesta aula, iniciaremos o estudo das alterações cromossômicas humanas, para conhecermos,
além das deínições sobre os aspectos que causam as doenças genéticas, como estes
27 minutos
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula, iniciaremos o estudo das alterações cromossômicas humanas, para
conhecermos, além das deínições sobre os aspectos que causam as doenças genéticas, como estes
Veremos também que uma doença genética cromossômica pode se apresentar sob diversas formas de
alterações e, a partir disso, determinar como podemos utilizar as ferramentas diagnósticas disponíveis.
Este conhecimento será essencial quando estudarmos as principais síndromes genéticas, pois nos permitirá
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As alterações cromossômicas podem ser do tipo numéricas, em que são observadas alterações quanto ao
O genoma humano é classiícado como diploide ( di = “dois”; polid = “grupo”) por possuir dois conjuntos
cromossômicos ( 2n): um advindo da mãe, e o outro do pai, cada um com 23 cromossomos. Lembrando que os
gametas humanos possuem apenas 1 conjunto cromossômico ( n), chamado haploide.
Quando observamos a quantidade correta de conjuntos cromossômicos de qualquer ser vivo, dizemos que ele é
euploide; quando esta quantidade de conjuntos é alterada, temos euploidias aberrantes ou poliploidias, que
são os casos dos indivíduos triploides ( 3n) e tetraploides (4n). As poliploidias humanas não são compatíveis com
a sobrevivência, e estima-se que a triploidia seja responsável por 15% dos abortamentos por alterações
cromossômicas que ocorrem nos dois primeiros trimestres de gestação. Os bebês triploides que sobrevivem
durante a gestação vão a óbito logo após o nascimento. A tetraploidia é ainda mais rara e letal.
As aneuploidias ocorrem quando temos um único cromossomo a menos ou a mais. Podem acontecer com os
são quase sempre incompatíveis com a sobrevivência após o nascimento. O caso mais comum de monossomia
é a Síndrome de Turner (45, X), em que temos apenas uma cópia do cromossomo sexual X. Nas trissomias,
temos uma cópia a mais de algum dos cromossomos, e são mais frequentemente encontradas em nascidos
vivos. São exemplos: a Síndrome de Down (47, X__ +21) e a Síndrome de Edwards (47, X__ +18).
O mosaicismo ocorre quando temos dois ou mais tipos de cariótipos em um mesmo indivíduo, sendo
originados de um mesmo zigoto. Isso ocorre quando temos alterações cromossômicas nas mitoses que
ocorrem nas primeiras divisões celulares do embrião. Quanto mais cedo estas alterações ocorrerem no
desenvolvimento embrionário, maior será a gravidade das malformações, já que um maior número de células
A dissomia uniparental ocorre quando um par de cromossomos homólogos é oriundo do mesmo genitor
(paterno ou materno).
As alterações estruturais são rearranjos que acontecem nos cromossomos, que podem ser classiícados em
O rearranjo balanceado ocorre quando não há perda ou adição de novos fragmentos de DNA, e o rearranjo
estáveis ou instáveis, sendo estáveis quando a estrutura cromossômica permanece igual com a divisão celular, e
ele ocorre quando os cromossomos continuam apresentando dois telômeros e um centrômero ativo. São
instáveis quando as células ílhas sempre apresentam conjunto cromossômico diferente da célula mãe, devido
aos problemas de homologia que levam ao pareamento e à divisão incorretos dos cromossomos.
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As triploidias surgem, na maioria das vezes, por fecundações de dois espermatozoides em um único ovócito;
também podem acontecer pela fusão de um ovócito a um corpúsculo polar, ou então, por anomalias na meiose,
que geram ovócitos ou espermatozoides diploides. Neste último caso, em meiose I podemos ter a migração dos
cromossomos homólogos para o mesmo polo, ou em meiose II, quando não há a separação das cromátides
irmãs (Figura 1). Este processo é denominado não-disjunção e, no caso das triploidias, deve ocorrer em todo o
conjunto cromossômico. As tetraploidias podem ocorrer por não-disjunção das cromátides irmãs em todo o
conjunto cromossômico em mitose nas primeiras divisões celulares do embrião (podendo gerar indivíduos
As aneuploidias também são geradas pelo processo de não-disjunção durante a meiose I ou II, ou durante a
mitose nas primeiras divisões celulares do embrião. Neste último caso, teremos indivíduos mosaicos,
A dissomia uniparental pode ocorrer por dois mecanismos: no primeiro deles, é formada quando temos um
dos gametas parentais com algum cromossomo em duplicidade, unindo-se ao outro gameta parental com este
mesmo cromossomo em total ausência. A não-disjunção deve ocorrer, portanto, na formação de ambos os
gametas. No segundo mecanismo, a dissomia uniparental pode ocorrer como resultado de uma trissomia,
quando o cromossomo parental, que era único, se perde durante a mitose do zigoto (Figura 2).
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Em A , temos um espermatozoide com o cromossomo em duplicidade, e o ovócito com ausência do cromossomo. Em B , temos a formação
mutagênicos, ou intercalantes sobre o DNA. Eles também podem ser desencadeados pelo crossing over
(recombinação gênica que ocorre durante o paquíteno de meiose I) desigual, gerando diferenças estruturais
Os rearranjos cromossômicos balanceados, normalmente, resultam em fenótipo normal, porém, ele pode
não acontecer com a sua prole. Os gametas formados, frequentemente, estão desbalanceados, e a união com o
gameta do outro genitor pode apresentar alterações na homologia, que geram rearranjos desbalanceados e/ou
instáveis.
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As inversões ocorrem quando há dois pontos de quebra no cromossomo, com posterior ligação com as
extremidades invertidas. Podem ser do tipo pericêntricas (o centrômero está contido no segmento invertido) ou
As translocações são rearranjos que ocorrem entre dois cromossomos, normalmente, não homólogos. Nas
translocações simples (ou inserções), há a transferência de um fragmento para outro cromossomo. Nas
translocações recíprocas, temos a troca de fragmentos entre dois cromossomos. Nas translocações
robertsonianas (Figura 4), temos a fusão entre dois cromossomos acrocêntricos que perderam os braços curtos,
e se uniram formando um cromossomo com os braços longos. Os braços curtos dos cromossomos
acrocêntricos não contêm informação genética essencial e, portanto, os seus portadores são fenotipicamente
normais. Observe os braços curtos dos cromossomos acrocêntricos que se perdem após a formação do novo
cromossomo.
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Os rearranjos cromossômicos não balanceados, geralmente, resultam em fenótipo anormal, devido à perda
(deleções) ou ao acréscimo de material (duplicações). Tanto as deleções quanto as duplicações podem ser
originadas a partir de um crossing over desigual, ou a partir de problemas de segregação em genomas que
As deleções inîuenciarão no fenótipo de acordo com a extensão do material genético perdido e com o nível de
importância dos genes que continha. Se a região deletada conter o centrômero, o cromossomo resultante se
perderá durante a mitose, já que não haverá a ligação das íbras do fuso durante a divisão celular.
As duplicações parecem ocasionar fenótipos de menor gravidade, porém o aumento do material genético em
O diagnóstico das alterações cromossômicas pode ser feito pelas técnicas básicas de bandeamento
cromossômico, e/ou pela utilização de sondas îuorescentes (FISH - Hibridação in situ por Fluorescência) em
cromossômico. Os indivíduos triploides (3n) podem ser 69, XXX; 69, XXY ou 69 XYY (Figura 5), ou seja,
As aneuploidias são comumente diagnosticadas utilizando-se bandeamento cromossômico (Figura 6), mas
podem também ser diretamente identiícadas através de sondas îuorescentes, tanto de cromossomos
metafásicos quanto em células em interfase (Figura 7). Na Figura 6, podemos observar que, neste caso, temos
dois cromossomos Y, portanto a triploidia não pode ter sido advinda de alterações no ovócito; na maioria destes
casos, temos a fertilização do ovócito por dois espermatozoides, ou, com menor frequência, a não-disjunção
O uso das sondas îuorescentes é feito quando já se tem características clínicas robustas que necessitam
apenas de conírmação da aneuplodia, ou em casos que o bandeamento cromossômico deixa dúvidas quanto à
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A Síndrome de Prader-Willi é uma das doenças que podem ser geradas pela dissomia uniparental. Comumente,
esta síndrome ocorre por microdeleções (15q11-q13) do cromossomo 15 paterno, mas também pode se
manifestar na dissomia de origem materna. Isso ocorre quando esta região especííca do cromossomo 15 se
apresenta inativa em ambos os cromossomos, através do imprinting genômico. Uma vez descartada a
possibilidade das microdeleções (por exemplo, por PCR, microssatélite ou sondas îuorescentes), a dissomia
pode ser identiícada por testes de metilação da região (para detectar o imprinting) e/ou sequenciamento e
comparação do indivíduo afetado pelos genitores.
Figura 7 | Célula com trissomia do cromossomo 21 observada com o uso de sondas îuorescentes. Em azul, temos a cromatina em interfase,
marcada com sonda inespecííca de DNA; em verde, a marcação de região especííca do cromossomo 13; em vermelho, do cromossomo 21
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Os rearranjos cromossômicos de pequenos fragmentos, por exemplo, de duplicações ou deleções, podem ser
de difícil identiícação pelas técnicas convencionais de bandeamento, por isso, o FISH é amplamente utilizado
nestes casos (Figura 8). Na Figura 8, temos um caso em que foram utilizadas sondas îuorescentes diferentes
para identiícação de cada cromossomo. É possível observar a translocação recíproca entre os cromossomos 2 e
22.
As translocações podem gerar nos descendentes fenótipo de trissomias. Isso ocorre quando grandes
de um indivíduo com Síndrome de Patau (trissomia do 13 – 46, XY, t13:13). Neste caso, um dos genitores
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VIDEOAULA
Neste vídeo, você conhecerá as alterações cromossômicas numéricas e estruturais. Identiícaremos quais as
características de cada uma das alterações, como elas surgem e impactam no desenvolvimento de doenças
genéticas. Além disso, você poderá compreender como as doenças são diagnosticadas com o auxílio das
Videoaula
Saiba mais
O aborto recorrente é deínido por aquele que ocorre duas ou mais vezes antes de 20 semanas de
Veja também sobre os dados de alterações genéticas de pacientes atendidos no Instituto da Criança da
Aula 2
Nesta aula, avançaremos no estudo das alterações cromossômicas estruturais e das síndromes
que os rearranjos cromossômicos, sejam eles balanceados ou não, podem levar à instabilidade
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30 minutos
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula, avançaremos no estudo das alterações cromossômicas estruturais e das
síndromes relacionadas. A partir destes conhecimentos, entenderemos, com maior profundidade, o modo que
os rearranjos cromossômicos, sejam eles balanceados ou não, podem levar à instabilidade cromossômica e,
O estudo destas modiícações genéticas nos auxilia na compreensão do impacto que os rearranjos têm sobre o
Além disso, veremos que muitas doenças relacionadas às alterações cromossômicas ainda estão por serem
identiícadas. Estes conhecimentos nos permitem compreender como as tecnologias diagnósticas podem ser
articuladas de modo a viabilizar a identiícação destas alterações. Vamos iniciar nossos estudos!
Grandes alterações estruturais dos cromossomos podem levar ao desenvolvimento das síndromes do genes
contíguos, que ocorrem por grandes deleções ou duplicações que englobam vários genes em sequência. São
apresentar de modo familial, com característica dominante, apesar de as manifestações terem expressão muito
A Síndrome de Wolf-Hirschhorn tem prevalência de 1:50000 nascidos vivos, e é caracterizada pela deleção na
extremidade do braço curto do cromossomo 4 (4p-) (Figura 1). Os afetados apresentam microcefalia, ponte
nasal proeminente, déícit cognitivo, lábio leporino, com ou sem fenda palatina.
Quando conhecemos as alterações estruturais dos tipos rearranjos balanceados e não-balanceados, vemos que
elas, na maioria das vezes, levam à instabilidade, ou seja, promovem múltiplas alterações a partir das divisões
celulares que vão ocorrendo ao longo do tempo. Além disso, mesmo quando temos rearranjos estáveis em um
indivíduo, a instabilidade pode se instaurar durante a formação dos gametas, ou então a partir do zigoto. Toda
esta instabilidade leva a alterações cromossômicas mais complexas, como os cromossomos dicêntricos, ou os
supranumerários.
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Os cromossomos dicêntricos são aqueles que possuem dois centrômeros. A presença de dois centrômeros
ativos leva à instabilidade, ou seja, durante a separação das cromátides, podemos ter quebras e novas
alterações sendo formadas. Algumas vezes, um dos centrômeros não está ativo (pseudodicêntricos), podendo
Os isocromossomos são aqueles que apresentam deleção de todo um braço e duplicação do outro braço na
localização do braço deletado, formando um cromossomo com formato de metacêntrico. Portanto, apresentam
cromossômico normal e se apresentam em mosaicismo (não estão em todas as células). Estes cromossomos
não apresentam uma nomenclatura especííca porque não possuem estrutura ou sequências de bandas
características que permitam identiícar a sua origem. Geralmente, são muito pequenos, o que diículta ainda
mais a identiícação.
O cromossomo em anel ocorre pela fusão entre as extremidades dos braços curto e longo dos cromossomos,
tendo sito observado tanto em cromossomos autossomos como em sexuais. Ele pode se apresentar
substituindo um cromossomo homólogo normal, ou por um cromossomo supranumerário. Eles podem causar
seja, possíveis de serem observados facilmente através das análises citogenéticas, também podem ocorrer com
menores fragmentos de sequências. Neste último caso, a diículdade diagnóstica se torna maior, porém, com o
Prader-Willi e de Angelman são exemplos destas síndromes, e ocorrem de acordo com a origem parental da
alteração.
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As principais características da Síndrome de Prader-Willi são baixa estatura, hipotonia, pés e mãos pequenos,
Figura 2 | (A) Menino com Síndrome de Prader-Willi; (B) Menino com Síndrome de Angelman
Os cromossomos dicêntricos são formados pela fusão de dois fragmentos cromossômicos, que possuem um
robertsonianas, ou seja, a partir de dois cromossomos acrocêntricos que perderam seus braços curtos, e se
uniram.
Os cromossomos em anel originam-se a partir da união entre os braços curto e longo de um mesmo
cromossomo. Estudos mais antigos acreditavam que isso só acontecia após quebras das regiões terminais
(Figura 3), porém também acontecem sem que haja estas quebras. Quase 50% dos cromossomos em anel
autossômicos são dos acrocêntricos 20, 21 e 22. Frequentemente, resultam em uma monossomia em
mosaicismo. Isso porque, devido aos problemas de pareamento e homologia, esse cromossomo pode perder-se
Figura 3 | Formação do cromossomo em anel. Perceba em A e B onde houve as quebras e como estas regiões estão unidas no anel
resultante.
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A formação dos isocromossomos pode ocorrer pela separação incorreta das cromátides irmãs (Figura 4). Eles
costumam gerar grande letalidade, devido à perda de todo um braço de cromossomo, o que pode promover,
fenotipicamente, uma monossomia. A monossomia que apresenta maior viabilidade entre os nascidos vivos é a
Síndrome de Turner e, por isso, os isocromossomos do cromossomo X é o mais frequentemente observado nos
nascidos vivos em relação a este aspecto de monossomia. Os isocromossomos também podem ser formados
pela translocação robertsoniana entre dois cromossomos acrocêntricos homólogos. Deste modo, os
descendentes de gametas com esse tipo de alteração podem apresentar síndromes de trissomias.
microarranjo, demonstraram ter sua origem, principalmente, da fusão entre braços curtos e regiões
heterocromatina (regiões de sequências repetitivas muito compactadas). Eles também parecem se originar de
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Apesar de muitas vezes a origem das alterações cromossômicas parecerem ser de eventos aleatórios, alguns
estudos demonstraram que certas síndromes de microdeleções são ocasionadas pela presença de sequências
múltiplas repetidas, chamadas repetições de poucas cópias. Estas repetições promovem crossing-over
Williams.
q13 responsável por cerca de 50% dos casos. Esta síndrome ocorre quando a deleção ocorre no cromossomo
paterno. Quando a deleção está presente no cromossomo materno, temos a Síndrome de Angelman. Essa
diferenciação ocorre devido ao imprinting genômico, ou seja, a metilação e o silenciamento de certos genes,
que ocorre dependendo da origem parental do cromossomo. Se o gene se apresenta “imprintado” no homólogo
materno e deletado no paterno, temos a ausência da expressão dele, ocasionando, neste caso da região 15q, a
A dissomia uniparental também é uma causa destas duas síndromes, uma vez que, possuindo dois
cromossomos que apresentam os mesmos genes silenciados, temos a ausência de expressão deles. Se ambos
os cromossomos 15 forem de origem paterna, temos a Síndrome de Angelman, ou se ambos forem maternos,
temos Prader-Willi.
As grandes alterações cromossômicas são facilmente observadas pelo estudo do cariótipo, algumas vezes,
apenas com a marcação com giemsa, como é o caso dos cromossomos dicêntricos (Figura 5).
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quando formados pela translocação robertsoniana (fusão de 2 acrocêntricos homólogos). Na Figura 6, podemos
observar um isocromossomo formado pela t21:21. Como as monossomias autossômicas são letais, a maioria
dos casos conhecidos de isocromossomos pela deleção de todo um braço e duplicação do outro ocorrem pela
deleção do braço curto do cromossomo X e duplicação do seu braço longo (iqX) (Figura 7). É muito comum
nestes casos que estes cromossomos sejam dicêntricos, porém a identiícação dos centrômeros pode ser mais
difícil pelo bandeamento, sendo melhor observados pela marcação com sondas îuorescentes (Figura 8). O
de heterocromatina, têm a sua origem de difícil identiícação somente pela avaliação de bandeamento G.
Normalmente, ele é identiícado como cromossomo marcador sem determinação de origem, uma vez que a
ausência de genes ativos pode não trazer importância clínica. Muitas vezes, eles se apresentam em mosaicismo
e pode haver outras alterações cromossômicas resultantes dos eventos que levaram à formação do marcador, e
estas outras alterações podem ser responsáveis por alterações fenotípicas/doenças. A avaliação FISH pode
Figura 6 | Cariótipo de um caso de Síndrome de Down (trissomia do 21) com presença de isocromossomo causado pela translocação 21:21
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Figura 7 | Cromossomo X normal (à esquerda) e isocromossomo qX (à direita). Observe a duplicação do braço longo no isocromossomo
Figura 8 | Cariótipo com isocromossomo dicêntricos apresentado por FISH com sondas de marcação para centrômero (em verde). Observe
Figura 9 | Identiícação de heterocromatina de região pericentromérica de cromossomo supranumerário. Observe na imagem com
îuorescência que o cromossomo supranumerário (na seta) apresenta a mesma marcação de região pericentromérica de outros
cromossomos
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Figura 10 | Isocromossomo supranumerário em paciente que apresentava síndrome convulsiva. Na imagem à direita, podemos observar
marcação do supranumerário com sonda para região pericentromérica do cromossomo 15. As duas marcações demonstram tetrassomia
parcial do 15
A identiícação dos cromossomos em anel é facilmente feita através da análise do cariótipo (Figura 11). Como
estes indivíduos, geralmente, apresentam mosaicismo de monossomia, a estrutura em anel costuma não ser
encontrada em todas as células analisadas. Na Figura 12, podemos observar vários casos de cromossomos em
anel. A identiícação das regiões centroméricas (Figura 13) e teloméricas (Figura 14) dos cromossomos em anel
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Figura 13 | Identiícação de região centromérica de cromossomos em anel através de sondas îuorescentes. Observe a marcação em
Figura 14 | Cromossomos em anel com marcação para região telomérica. Observe, à esquerda, o cromossomo sem marcação (seta), e à
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Antes mesmo do desenvolvimento das técnicas de bandeamento cromossômico, já conhecíamos diversos tipos
que tivemos diversas técnicas de bandeamento de alta resolução, marcação îuorescente e biologia molecular
alterações cromossômicas, pois permitiu a avaliação de cromossomos em prófase e prometáfase, quando ainda
não apresentam máxima condensação (Figura 16). Algumas deleções são tão pequenas que nem mesmo o
bandeamento de alta resolução é capaz de identiícá-las, sendo necessário utilizar as técnicas de genética
molecular. As técnicas que utilizam FISH também nos permitem a identiícação destas sequências menores, já
que mesclam a citogenética com molecular. Na Figura 17, podemos observar um caso de Síndrome de Prader-
As alterações de genes contíguos podem ser grandes o suíciente para serem identiícadas pelas técnicas de
bandeamento, ou menores, sendo necessário identiícação por FISH (Fluorescence In Situ Hybridization). Com o
advento das técnicas de microarranjo, o diagnóstico destas modiícações tornou-se muito mais eícaz,
permitindo, até mesmo, a identiícação de muitas outras alterações antes não conhecidas. Na Figura 18, temos
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Figura 16 | Cromossomo X: ideogramas e fotomicrograías na metáfase, prometáfase e prófase (em ordem). Observe que, quanto menor o
Figura 17 | Deleção em 15q (sonda vermelha) observada em célula em intérfase (esquerda) e em metáfase (direita). Observe a marcação em
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VIDEOAULA
Neste vídeo, você conhecerá sobre as alterações cromossômicas estruturais e pequenas deleções responsáveis
pelo desenvolvimento de síndromes e malformações. Identiícaremos quais as características de cada uma das
alterações e como elas surgem e impactam no desenvolvimento das doenças genéticas. Além disso,
compreenderemos como as doenças são diagnosticadas com o auxílio das técnicas diagnósticas.
Videoaula
Saiba mais
As doenças genéticas e as malformações congênitas, apesar de individualmente serem raras, juntas têm
prevalência global de, aproximadamente, 31,5 a 73,0 por 1.000 indivíduos. Saiba mais sobre este tema
fazendo a leitura deste trabalho que avaliou a prevalência das doenças genéticas e das alterações
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Leia também um estudo realizado com a população atendida no APAE de Jales quanto à incidência de
síndromes genéticas.
Aula 3
AUTOSSÔMICOS
vida dos indivíduos afetados, devido ao grande número de malformações que trazem.
30 minutos
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos
autossômicos. Estas doenças apresentam grande impacto sobre a sobrevivência e qualidade de vida dos
Além disso, os conhecimentos aqui levantados nos trazem a compreensão de como cada uma destas anomalias
podem ser formadas e/ou até mesmo repassadas entre genitores e descendentes de uma família.
Veremos também que estas doenças genéticas apresentam características fenotípicas bem deínidas, que
facilitam o processo diagnóstico. Mas, algumas vezes, podem ter variações na apresentação das alterações
cromossômicas, que nos exigem avançar com técnicas de marcação com sondas îuorescentes.
SÍNDROMES AUTOSSÔMICAS
A Síndrome de Cri Du Chat é causada por microdeleções terminais ou intersticiais no braço curto do
cromossomo 5. Apresenta incidência estimada de 1:15.000 a 1:50.000 de nascimentos. Cerca de 75% dos
afetados vão a óbito nos primeiros meses de vida, e até 90% dos casos antes de 1 ano.
Durante o início da infância, o choro agudo assemelha-se ao miado de gato e, por isso, esta doença recebe a
denominação Cri Du Chat (“choro de gato”, em francês). As principais características faciais são microcefalia,
hipertelorismo, pregas epicânticas, baixa implantação das orelhas, às vezes com acrocórdons pré-auriculares e
micrognatia (Figura 1). Além disso, há atraso no comportamento adaptativo, diículdade de comunicação e de
exercer funções orais, hiperatividade, automutilação e movimentos repetitivos. A extensão e localização exata
da deleção promove efeitos fenotípicos com níveis variados entre os acometidos. As deleções encontram-se
Figura 1 | Três crianças diferentes com Síndrome de CRI DU CHAT, que resulta de deleção de parte do cromossomo 5p. Observe, mesmo
entre indivíduos não aparentados, fácies típica com hipertelorismo, epicanto e retrognatia
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A Síndrome de Down (47, X__ +21) é a trissomia autossômica de maior frequência entre os nascidos vivos
(1:800). Ela possui maior expectativa de vida quando comparada às trissomias do 13 e do 18, assim como maior
adaptabilidade e adequação social. A expectativa de vida é de 49 anos, sendo que 44% chegam aos 60 anos, e
intelectual e as cardiopatias são as principais características da síndrome, sendo este último o responsável pelos
problemas de saúde que afetam a expectativa de vida dos afetados. As características faciais são muito
particulares (Figura 2), e incluem: base nasal larga, íssuras palpebrais oblíquas para cima, orelhas pequenas e
achatamento maxilar e malar. Outras características dos pacientes são: pequena estatura, braquicefalia,
Figura 2 | Características faciais da Síndrome de Down. A ponte nasal é plana; as orelhas apresentam baixa implantação e têm um aspecto
dobrado típico; os olhos apresentam pregas epicânticas típicas e íssuras palpebrais com inclinação ascendente; a boca é aberta, mostrando
língua saliente
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A cada 10 mil nascidos vivos, cerca de 15 apresentam a trissomia do 21, 3 a trissomia do 18 (Síndrome de
Cerca de 50% dos afetados com a Síndrome de Edwards morrem na primeira semana de vida, e 10%
sobrevivem além do primeiro ano. Os bebês, geralmente, apresentam restrição de crescimento intrauterino,
com baixo peso ao nascer, e retardo do crescimento e desenvolvimento. Os afetados apresentam occipício
proeminente, orelhas displásicas e de implantação baixa, boca pequena e de difícil abertura, esterno curto,
mãos fechadas com sobreposição do dedo indicador sobre o dedo médio (Figura 3); 85% apresentam
cardiopatias. Podem apresentar as malformações: onfalocele, aplasia radial (ausência do osso rádio), hérnia
Na Síndrome de Patau, a maioria morre no primeiro mês de vida, e apenas 12% sobrevivem até 1 ano. 70% dos
casos apresentam a tríade microftalmia, íssura palatina e/ou labial e polidactilia. Também ocorre com grande
frequência a aplasia cútis (Figura 4) (um defeito na pele do couro cabeludo na região occipital posterior),
Figura 4 | Bebês com Síndrome de Patau com aplasia cútis (à esquerda) e polidactilia (à direita)
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Nos indivíduos que sobrevivem pelo menos até o nascimento, as alterações cromossômicas autossômicas
apresentam índices superiores às dos cromossomos sexuais, muito provavelmente pelo fato de estes últimos
As aneuploidias ocorrem em maior frequência que as alterações estruturais. A letalidade e a gravidade ocorrem
de acordo com o número de genes envolvidos. É por isso que, apesar do grande número de abortos
espontâneos por causas genéticas, temos apenas três aneuploidias (trissomias dos cromossomos 13, 18 e 21)
que apresentam quantidades signiícativas entre os nascidos vivos. Estes cromossomos são pequenos e
apresentam o menor número de genes entre os autossomos. Temos também a Síndrome de Cri Du Chat, por
O principal fator associado a estas síndromes é a idade materna, sendo a frequência muito aumentada após os
35 anos (Figura 5). Acredita-se que isso ocorra devido ao longo período que as células germinativas
permanecem em meiose (inicia-se durante a vida intrauterina e termina somente após a fecundação).
Figura 5 | Frequência da Síndrome de Down diagnosticada por amniocentese ou após o nascimento em relação à idade materna
A maioria dos casos da Síndrome de Cri Du Chat é esporádica, ou seja, por novas deleções que surgem durante
a formação dos gametas dos pais. Entre 10 a 15% dos casos ocorre em portadores de translocações, dos quais
os parentais portadores apresentam translocação balanceada. Neste último caso, o fragmento 5p translocado
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não é passado para o gameta que dará origem ao indivíduo afetado, promovendo a haploinsuíciência. Este
termo é utilizado para alterações em que a expressão do gene normal no cromossomo homólogo não é
A maioria dos casos de Síndrome de Down ocorre de alterações esporádicas, e cerca de 95% são pela trissomia
do cromossomo 21. O fenótipo e a gravidade, quando mais leves, estão relacionados ao mosaicismo ou às
alterações cromossômicas estruturais. Aproximadamente, 2% dos casos ocorrem em mosaicismo devido a não-
disjunção mitótica durante as divisões celulares do embrião. Cerca de 30 genes (3,8 a 6,5 Mb) do cromossomo
21 estão envolvidos nos aspectos fenotípicos da Síndrome de Down, sendo os principais: APP, BACE2, PICALM,
acrocêntricos, como é o caso do 14. O portador apresenta 45 cromossomos, sendo um dos 21 translocado junto
ao 14. Durante a formação dos gametas, pode haver a presença de duas cópias do 21, um normal e o outro
passagem da translocação para os indivíduos das famílias, de modo a possibilitar o surgimento de novos
indivíduos portadores balanceados ou afetados pela síndrome. Na Figura 6, podemos observar como os
fragmentos contendo a região crítica da síndrome também podem ser encontrados em adição ao conjunto
cromossômico, aparentemente normal, encontrado em outros cromossomos. Estes casos são de diagnóstico
Assim como a Síndrome de Down, na Síndrome de Edwards (trissomia do 18), cerca de 95% dos afetados
apresentam trissomia completa, sendo que 90% dos casos ocorrem pelo cromossomo extra advindo da mãe. A
principal causa é, portanto, a não-disjunção do cromossomo 18 em meiose na formação dos gametas maternos.
A Síndrome de Patau ocorre em 80% pela trissomia completa do cromossomo 13, 15% pela translocação do
Figura 6 | Gametas possíveis de serem formados a partir de um genitor balanceado contendo uma translocação 14:21. Observe que há
duas opões de gametas balanceados, sendo um possuindo o cromossomo com a translocação. Os gametas desbalanceados, com exceção
do que apresenta uma cópia do 21 normal e a t14:21, a fertilização destes promoverá zigotos com alterações cromossômicas raríssimas nos
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sugerem quais alterações cromossômicas serão encontradas. Porém, ainda assim, o diagnóstico das síndromes
autossômicas e sexuais inicia-se pela avaliação do cariótipo. A identiícação dos pares de cromossomos,
quantidade e aspectos estruturais são considerados. Muitas vezes, é necessária a avaliação molecular para
A Síndrome de Cri Du Chat (deleção em 5p15), quando apresenta deleções de grandes fragmentos
cromossômicos, permite a identiícação diretamente pela avaliação do cariótipo por bandeamento G (Figura 7),
porém algumas deleções podem ser muito pequenas, e é necessária a associação com técnicas moleculares.
Por isso, o reconhecimento das características fenotípicas é tão importante, para auxiliar no direcionamento das
técnicas diagnósticas.
Figura 7 | (A) Cariótipo em bandeamento G de Cri Du Chat, mostrando a deleção terminal em 5p; (B) Sondas de regiões teloméricas de 5p
(vermelho) e 5q (verde). Observe que, em um cromossomo, é possível observar sinal îuorescente de ambas as sondas, e no outro
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A maioria dos casos de Síndrome de Down ocorre pela trissomia livre do 21 e, portanto, o diagnóstico se torna
muito fácil e preciso através do cariótipo por bandeamento G (Figura 8). Na presença de translocações (Figura
9), o próprio padrão de bandas que o cromossomo 21 apresenta permite identiícá-lo. Translocações do 21 com
cromossomos acrocêntricos são comuns de serem observadas. As manifestações fenotípicas dos indivíduos
também auxiliam na conírmação da síndrome sem maiores diículdades. Ainda assim, o FISH pode ser
Quando a translocação ocorre por pequenos fragmentos cromossômicos, o diagnóstico pode ser de maior
diículdade; nestes casos, as técnicas com sondas moleculares permitem o diagnóstico. Na Figura 11, podemos
ver um caso de Síndrome de Down que a avaliação cariotípica inicial havia sido relatada como normal (46, XY),
porém a presença marcante do fenótipo da síndrome direcionou ao estudo do cariótipo pelo bandeamento de
alta resolução, que permitiu a identiícação de translocação no braço longo do cromossomo 18. A análise por
Assim como a Síndrome de Down, as síndromes de Edwards e Patau são, em sua maioria, diagnosticadas com
avaliação cariotípica por bandeamento convencional (Figura 12). As trissomias livres completas ocorrem por
maior frequência, no entanto, em casos de translocações completas ou de fragmentos, são utilizadas técnicas
Na Figura 13, temos o cariótipo de um homem com translocação 18q:22q, cuja esposa havia tido diversos
abortos espontâneos. No caso dele, que era fenotipicamente normal e saudável, a formação dos gametas pode
Figura 8 | Cariótipo clássico de indivíduo com Síndrome de Down (trissomia livre do 21)
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Figura 9 | Cariótipos de Síndrome de Down causados por translocação. À esquerda, vemos a translocação 21:21, e à direita, 14:21
Figura 10 | Cariótipo e marcação îuorescente para identiícação do cromossomo 21 em um caso de Síndrome de Down. Em A, observe a
translocação 21:21; em B, vemos uma célula em interfase (no canto direito) com três marcações da sonda para o 21. Vemos também
cromossomos em metáfase, com dois cromossomos apresentando sinal, sendo um dos cromossomos marcados duplamente (seta),
indicando a translocação
Figura 11 | Avaliação de caso de Síndrome de Down pela translocação parcial 21:18. À esquerda, temos bandeamento de alta resolução com
identiícação de material extra em 18q (seta); à direita, vemos marcação îuorescente de loci do 21 em três cromossomos (setas pequenas:
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Figura 14 | Cariótipo com pintura îuorescente evidenciando a t18q:22q. Observe o cromossomo 18 com pequena marcação em amarelo
VIDEOAULA
Neste vídeo, você conhecerá sobre as principais síndromes genéticas autossômicas. Veremos também os
diferentes modos que elas podem se apresentar cariotipicamente, bem como o impacto que cada tipo de
alteração pode promover nos indivíduos afetados. Além disso, conheceremos como utilizamos as técnicas
Videoaula
Saiba mais
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A Síndrome de Down, por apresentar grande número de indivíduos afetados, assim como a maior
socialização e expectativa de vida, tem o aconselhamento das famílias como algo primordial. Acesse o
material Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down para aprender mais sobre este tema.
As famílias afetadas pelas síndromes genéticas hereditárias podem receber aconselhamento genético
Aula 4
Nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos sexuais, em
29 minutos
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nesta aula, estudaremos sobre as principais síndromes genéticas dos cromossomos
sexuais. Estas doenças apresentam, normalmente, menor nível de gravidade e acometimento psíquico que as
Além disso, os conhecimentos aqui levantados nos trazem a compreensão de como cada uma destas anomalias
podem ser formadas e/ou até mesmo repassadas entre genitores e descendentes de uma família.
Veremos também que estas doenças genéticas apresentam características fenotípicas bem deínidas que
facilitam o processo diagnóstico, mas, algumas vezes, podem ter variações na apresentação das alterações
cromossômicas que nos exigem avançar com técnicas de marcação com sondas îuorescentes.
SEXUAIS
Após o nascimento, a determinação sexual pode ser diícultada pela presença de genitália ambígua, gerada pela
Desenvolvimento Sexual (DDS), e estima-se que elas representam cerca de 7% dos defeitos congênitos. Podem
ser causados não somente por anomalias citogenéticas sexuais mas também por alterações cromossômicas
autossômicas ou por causas não genéticas. O desenvolvimento dos órgãos sexuais inicia-se a partir da 8ª
semana de gestação, e pode ser inîuenciado, até mesmo, pelo uso de medicamentos.
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A disgenesia gonadal completa (DGC) refere-se à aparência genitália normal com sexo cromossômico oposto.
Assim, homens XX são referidos DDS testicular de 46,XX, e mulheres XY como DGC de 46,XY. Os genes SRY e
DAX1 são os principais envolvidos nestes distúrbios. O SRY está presente no cromossomo Y, sendo responsável
pela formação testicular. DAX1 está presente no cromossomo X, atuando na regulação de tecidos produtores de
hormônios.
Cariótipo 46, XY
(NR0B1) DAX1
SOX9 17q24 Mutação em SOX9 Feminino, disgenesia gonadal de XY, com displasia
camptomélica
WNT4
completa ou parcial
Cariótipo 46, XX
para o X
SOX3
SOX9
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A maioria dos casos de mulheres DGC XY ocorre com o SRY normal, porém uma ação aumentada de DAX1 inibe
a formação testicular, estimulando a formação ovariana. A minoria destes casos ocorre por mutações em SRY. A
síndrome da insensibilidade androgênica também é uma das causas de DGC XY, que pode ser incompleta (por
exemplo, menino que desenvolve mamas ou possui genitália ambígua) ou completa (total constituição física
feminina) (Figura 1). A síndrome ocorre por problemas no receptor androgênico (AR), ou seja, na ligação dos
hormônios androgênicos (por exemplo, a testosterona) ao receptor. Já a maioria dos casos de homens DDS
As anomalias citogenéticas sexuais podem ocorrer tanto por aneuploidias quanto por alterações
cromossômicas estruturais. Cerca de 1:400 nativivos apresentam uma anomalia cromossômica sexual. Várias
combinações entre os cromossomos X e Y podem ser viáveis, com exceção da ausência de cromossomo X,
vida adulta, elas possuem elevado grau de normalidade no convívio social. Isso acontece porque apresentam
incluem atraso no início da puberdade, amenorreia primária ou secundária, infertilidade e genitália ambígua. Os
cariótipos mais comuns são 45,X; 47,XXY; 47,XXX; 47,XYY e os casos de mosaicismo.
A Síndrome de Turner (45, X) é uma monossomia de X em mulheres com incidência de até 1:5000 meninas
nascidas vivas. Deve ser suspeitada em todos os casos de atraso da puberdade e baixa estatura (apresentam,
em média, menos 20 cm na idade adulta). Outras características bem frequentes: pescoço largo (“alado”), baixa
implantação dos cabelos, face triangular, tórax em formato de barril, linfedema de mãos e pés. Muitas
Figura 1 | Fenótipo de um indivíduo 46, XY com síndrome de insensibilidade androgênica completa. Observe contornos do corpo feminino,
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Figura 2 | Menina de 5 anos com Síndrome de Turner. (A) Tórax alargado e infundibuliforme; (B) pescoço alado; (C) implantação baixa dos
cabelos na nuca
A Síndrome de Klinefelter (47, XXY) é observada em até 1:1000 nascidos meninos, e é a síndrome que é menos
notada fenotipicamente. As principais características são: estatura mais elevada, hipogonadismo masculino
primário e braços e pernas desproporcionalmente longos. A maioria é estéril, com baixos níveis de
testosterona. Apresentam predisposição à diículdade de aprendizagem, com QI cerca de 10-15 pontos menor
que os irmãos não afetados. A síndrome, muitas vezes, passa desapercebida e, frequentemente, é descoberta
em clínicas de fertilidade.
Figura 3 | Fenótipo de homens com Síndrome de Klinefelter 47, XXY. Observe os ombros e tórax estreitos. A ginecomastia é uma
característica de alguns
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Os cariótipos 47, XYY e 47, XXX são encontrados em 1:1000 nascidos vivos. Apresentam pouquíssimos
problemas físicos e ligeira redução do QI. Os meninos 47, XYY costumam ser mais altos e apresentam fertilidade
normal. As meninas 47, XXX costumam ser mais altas, ter diículdade de linguagem e aprendizagem e fertilidade
reduzida.
As aneuploidias envolvendo o cromossomo X (com exceção da nulissomia – 45,Y) estão entre as mais comuns
devido à relativa tolerância que pode apresentar pelo mecanismo de inativação do cromossomo X. Nas
mulheres (46, XX), um dos dois cromossomos X apresenta a maioria dos seus genes inativados pelo processo de
metilação. Esse processo é aleatório, ou seja, no início do desenvolvimento embrionário, um dos dois
cromossomos é inativado, e isso se mantém nas divisões celulares subsequentes. Deste modo, as mulheres
apresentam expressão gênica do X em mosaicismo. Os homens normais (46, XY) não apresentam inativação do
X.
células, é possível identiícá-los (corpúsculo de Barr) (Figura 4). Nas aneuploidias com mais de um cromossomo
Figura 4 | Cromossomos X inativos de acordo com o número total presente nas células. Observe, na imagem dos núcleos das células, os
O cromossomo Y humano apresenta poucos genes, porém apresenta áreas de homologia ao cromossomo X.
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As aneuploidias envolvendo os cromososmos sexuais ocorrem, principalmente, pela não-disjunção meiotica dos
Na Síndrome de Turner, cerca de 50% dos afetados apresentam cariótipo 45,X em linfócitos periféricos (células
que são normalmente utilizadas para avaliação cariotípica), 30-40% são mosaicos 45,X/46,XX e uma pequena
parcela são 45,X/46,XY. Até 20% dos casos apresentam alterações estruturais devido a deleções parciais ou total
em Xp. A maioria dos casos (até 80%) ocorre pela ausência do cromossomo X paterno, devido a não-disjunção
Na Síndrome de Klinefelter, cerca de 50% ocorrem pela não-disjunção meiótica do X paterno devido à falha na
recombinação X/Y. O restante dos casos ocorre pela não-disjunção do cromossomo de origem materna em
meiose I ou em mitose do embrião já formado. 15% dos casos se apresentam em mosaicismo (46, XY/47, XXY).
Os cariótipos 48, XXYY; 48, XXXY; 49, XXXXY também são possíveis, e quanto maior o número de cromossomos X,
Cariótipos 46, XX com gene SRY em adição translocado também pode promover fenótipo da Síndrome de
Klinefelter.
A síndrome 47, XYY ocorre pela não-disjunção paterna do cromossomo Y em meiose II.
Cerca de 90% dos casos de 47,XXX ocorrem pela não-disjunção do cromossomo X materno em meiose I, e 10%
pela paterna. Indivíduos mosaicos também são encontrados, e isso ocorre devido a não-disjunção em mitoses
do embrião. Casos 48,XXXX e 49,XXXXX ocorrem por sucessivas não-disjunções em meiose materna I e II.
aneuploidias) demandam certo esforço da equipe diagnóstica e médica, uma vez que alterações gênicas
pequenas ou modiícações no nível de expressão dos genes não são tão fáceis de serem obtidos,
principalmente pela grande quantidade de genes que são envolvidos nestes distúrbios. Pequenas mutações
podem ser identiícadas através do uso de PCR (reação em cadeia da polimerase), mas, para isso, é necessário
suspeitar-se dos genes envolvidos para testá-los especiícamente. A PCR quantitativa em tempo real (RT-qPCR) é
uma ferramenta que pode ser empregada para a identiícação de baixa ou ausência de expressão de genes-
chave. O uso de enzimas de restrição e o método de Southern blot também podem ser empregados para o
diagnóstico.
Em um estudo que avaliou vários casos de mulheres 46, XY, foram observadas algumas deleções envolvendo o
gene SRY (Figura 5) (MCELREAVY et al., 1992). Foi utilizada a enzima Stu I, que promove a formação de duas
bandas (uma de 6 e outra de 9Kb) referentes a uma região especííca do cromossomo Y (pY53.3), que íca no
início do gene SRY. No caso testado, a mulher apresentava ausência da banda de 9Kb e presença de uma banda
de 3Kb, demonstrando deleção de 6Kb da região em questão. O pai da mulher testado não apresentava a
deleção no material avaliado, demonstrando que, possivelmente, a mutação ocorreu de modo esporádico
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Figura 5 | Avaliação por Southern blot de mulher 46, XY demonstrando deleção em pY53.3. NV: mulher em teste; Father: pai da mulher;
Control male: homem normal utilizado como controle. Perceba que NV não apresenta a banda de 9 Kb (seta vermelha)
Nos casos envolvendo homens 46, XX, é comum encontrarmos o gene SRY em adição translocado no
cromossomo X ou em outro autossomo. Porém, o SRY pode não estar presente, e outros genes promoverem a
diferenciação sexual. No estudo de Casas-Vargas et al. (2019), foi apresentado um caso (Figura 6) de um homem
46, XX negativo para SRY (Figura 7) e positivo para ZFY (gene do cromossomo Y). O homem não apresentava
ginecomastia nem genitália ambígua (genital masculina era em padrão normal). O gene ZFY foi detectado por
PCR.
A translocação do gene SRY em homens 46, XX pode gerar fenótipo de Síndrome de Klinefelter, como o caso
apresentado na Figura 8. Neste caso, a marcação para SRY apresentou-se em um dos cromossomos X.
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As aneuploidias envolvendo os cromossomos sexuais são de fácil diagnóstico através da avaliação cariotípica
por bandeamento G (Figura 9), como são os casos das síndromes de Turner, Klinefelter, 47, XYY e 47, XXX. Os
indivíduos que apresentam 48, XXXX e 49, XXXXX podem apresentar semelhança física com a Síndrome de Down
e, por isso, o diagnóstico pode se iniciar pela investigação desta síndrome através da avaliação do cariótipo.
O uso do bandeamento de alta resolução (Figura 10) ou de marcações îuorescentes podem ser empregado
Figura 7 | Citogenética de homem 46, XX. Em A, vemos cariótipo convencional demonstrando a ausência de Y e dois X; em B, temos
marcação com sonda especííca para cromossomo X, conírmando os dois X; em C, temos a utilização de sonda para SRY e ausência de
marcação
Figura 8 | Citogenética de homem 46, XX (esquerda), com translocação de SRY (em vermelho) em cromossomo X (marcações em verde) na
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Figura 9 | Cariótipo convencional demonstrando as síndromes de Klinefelter (à esquerda) e 47, XXX (à direita)
VIDEOAULA
Neste vídeo, você conhecerá sobre os principais distúrbios genéticos que afetam os cromossomos e genes
sexuais. Veremos os principais fatores que interferem no desenvolvimento das características sexuais femininas
doenças.
Videoaula
Saiba mais
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Apesar de a Síndrome de Turner permitir desenvolvimento psicossocial quase que normal e, muitas vezes,
se apresentarem pouquíssimas alterações de saúde, ela gera diferentes expectativas e percepções entre as
afetadas. Saiba mais sobre este tema lendo o artigo A percepção da doença em portadoras da síndrome de
Turner.
A Síndrome de Klinefelter, apesar de poder gerar déícit cognitivo, na maioria dos casos permite
desenvolvimento proíssional e pessoal tanto quanto pessoas sem a síndrome. No artigo A história de vida
de um sujeito com a Síndrome de Klinefelter, temos a história de um homem com esta síndrome. Leia para
REFERÊNCIAS
6 minutos
Aula 1
BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.
SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.
Aula 2
BARTELS, I. et al. Supernumerary small marker chromosome (SMC) and uniparental disomy 22 in a child with
coníned placental mosaicism of trisomy 22: Trisomy rescue due to marker chromosome formation.
BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
FARIA, R. S. Caracterização de cromossomos marcadores pela análise cromossômica por microarray. 2015.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível em:
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GORDILLO-GONZÁLEZ, G. et al. A patient with convulsive syndrome and partial tetrasomy of chromosome 15.
autossômicos em anel. 2010. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo,
2010.
JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=FRAMACENTROSM%40GMAIL.COM&usuarioNome=ELVIS+FRANCELINO+PEREIRA+DA+SILVA&disciplinaDescricao=GENÉTICA+MÉ… 41/43
22/05/2023, 20:39 wlldd_231_u3_gen_med
KALPANA, V. L. et al. Robertsonian Translocations t(21q;21q) and t(14q;21q) in Down Syndrome. International
SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.
SHEN, X. et al. A dicentric chromosome identifcation method based on clustering and watershed algorithm.
VORSANOVA, S. G. et al. Turner’s syndrome mosaicism in girls with neurodevelopmental disorders: a cohort
YE, Y. et al. Case report: a Chinese girl with dent disease 1 and turner syndrome due to a hemizygous CLCN5
gene mutation and Isochromosome (Xq). BMC Nephrology, n. 21, v. 171, p. 1-5, 2020.
Aula 3
BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
DUTTA, U. R.; PONNALA, R.; DALAL, A. A Novel de novo Balanced Reciprocal Translocation t(18;22) Associated
with Recurrent Miscarriages: A Case Report. Journal of Reproduction and Infertility, n. 5, v. 2, p. 113-6, 2015.
JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.
KALPANA, V. L. et al. Robertsonian Translocations t(21q;21q) and t(14q;21q) in Down Syndrome. International
KNIGH, L. A. et al. Subtle translocation (18;21) conírmed by FISH in a patient with Down syndrome. Clinical
KIM, C. A.; ALBANO, L. M. J.; BERTOLA, D. R. Genética na prática pediátrica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2019.
NANDHAGOPAL, R.; UDAYAKUMAR, A. M. Cri-du-chat syndrome. The Indian Journal of Medical Research, v.
POATY, H.; CARLES, D.; TAINE, L. Antenatal Detection of Trisomy 21 from Mosaic Translocation in Uncultured
longitudinal durante 20 anos com relevância na interação com a família e tratamento continuado. Brazilian
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SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.
Aula 4
BORGES-OSÓRIO, M. R. L.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2013.
CASAS-VARGAS, A. et al. Paciente masculino con cariotipo 46 XX negativo para el gen SRY y sin ambigüedad
JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J. Genética Médica. 5. ed. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017.
MCELREAVY, K. et al. XY sex reversal associated with a deletion 5' to the SRY "HMG box" in the testis-determining
KIM, CHONG A. et al. Genética na prática pediátrica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2019.
SCHAEFER, G. B.; THOMPSON, J. Genética Médica. Porto Alegre, RS: Grupo A, 2015.
VELASCO, G. et al. 46, XX SRY-positive male syndrome presenting with primary hypogonadism in the setting of
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GENÉTICA DE POPULAÇÕES
107 minutos
Referências
Aula 1
EQUILÍBRIO GENÉTICO
do que se trata e qual sua importância, assim como aprofundaremos alguns conteúdos.
26 minutos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Na aula de hoje, iniciaremos nossos estudos na ciência da genética de populações. Explicaremos
do que se trata e qual sua importância, assim como aprofundaremos alguns conteúdos. Veremos o que é o
equilíbrio genético e como uma população ideal pode atingir esse estado. Dentre os parâmetros que devem ser
atingidos para que o equilíbrio genético ocorra, vamos nos aprofundar em dois: mutações e reprodução
aleatória. A respeito das mutações, conceituaremos os polimorísmos e falaremos sobre sua importância na
prática. E sobre a reprodução aleatória, daremos ênfase ao processo de segregação meiótica e como podemos
obter proporções genotípicas adequadas ao equilíbrio proposto por Hardy e Weinberg. Vamos lá!
GENÉTICA DE POPULAÇÕES
A genética de populações é uma ciência que estuda a transmissão de genes de uma geração para a outra em
populações naturais. Ela analisa a quantidade e a distribuição da variação genética nas populações, além de
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São os chamados fatores evolutivos: mutações, seleção natural, deriva genética e îuxo gênico de populações
migrantes. Além disso, também pode haver inîuência de casamentos consanguíneos ou da subdivisão da
a um conceito de equilíbrio genético: uma população estaria em equilíbrio genético caso não houvesse fatores
evolutivos atuando sobre ela. Dessa maneira, não haveria alteração da frequência gênica e as proporções
genotípicas atingiriam um equilíbrio estável. Ao longo do tempo, essas proporções genotípicas possuiriam a
mesma relação constante entre si. Esse conceito deu origem à Lei de Hardy-Weinberg, que será discutida nas
próximas aulas. Essa população é considerada “ideal”, que não ocorre na realidade, pois não há como uma
população real possuir todos os pré-requisitos estabelecidos por Hardy e Weinberg para estar em equilíbrio
Dentre os preceitos para que uma população esteja em equilíbrio genético, encontra-se a reprodução
aleatória. O que signiíca isso? Signiíca que os encontros ocorrem aleatoriamente, sem inîuência de fatores,
Para entendermos a reprodução aleatória, precisamos compreender o conceito de segregação meiótica. Nós
temos dois tipos de células: células somáticas e células germinativas. As células somáticas compõem quase
todos os tecidos, e seu processo de divisão celular chama-se mitose, em que uma célula-mãe dá origem a duas
células-ílhas idênticas à célula-mãe. Já as células germinativas, que compõem o tecido reprodutivo, possuem
como processo de divisão celular a meiose, em que uma célula germinativa (com duas cópias de cada
cromossomo) dá origem a duas células-ílhas com metade do seu material genético, ou seja, cada célula-ílha
possui uma cópia de cada cromossomo (conforme Figura 1). As células-ílhas são chamadas gametas, sendo
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Para que a população siga os preceitos do equilíbrio genético de Hardy e Weinberg, outro requisito é que não
haja mutações. Dentre as mutações, devemos considerar os polimorísmos. O que são polimorísmos? São
mutações, ou seja, alterações na sequência de DNA, que possuem uma frequência populacional de mais de 1%
O estudo dos polimorísmos é de grande importância para a genética médica, apesar de raramente estarem
dentro de éxons. Geralmente, estão presentes entre genes, em íntrons ou em regiões reguladoras (NUSSBAUM;
FATORES EVOLUTIVOS
Caro estudante, vamos falar um pouco mais sobre o equilíbrio genético? Para isso, imaginaremos uma
população teórica, em que não há inîuência de fatores evolutivos nem de fatores que possam aumentar a
homozigose. Para que essa população esteja em equilíbrio de acordo com Hardy e Weinberg, ela segue os
seguintes requisitos:
A população é inínita.
Todos os indivíduos são potenciais parceiros e esses encontros ocorrem aleatoriamente. Esse conceito é
chamado de panmixia. Não há encontros preferenciais por fatores, como fenótipo, genótipo, estratiícação
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Observação: isso signiíca que os casamentos consanguíneos não podem ocorrer? Não! Signiíca apenas que
Todos os indivíduos da população são igualmente férteis e todos os cruzamentos geram o mesmo número
de ílhos.
Não há sobreposição de gerações, pois todos os parceiros têm a mesma idade na ocasião do cruzamento.
Todos os indivíduos são igualmente viáveis, ou seja, não há determinado genótipo que aumente ou
diminua a chance de sobrevivência de algum indivíduo. Dessa maneira, a população não está sob pressão
da seleção natural.
A população não recebe nem emite um îuxo gênico que seja capaz de alterar a sua composição gênica
original, ou seja, não recebe uma população imigrante com frequências gênicas diferentes, nem há
Agora, vamos falar de equilíbrio genético em termos de alelos? Vamos supor que uma célula germinativa tenha
um par de cromossomos homólogos, e que esses cromossomos possuam dois alelos: A e a, conforme Figura 2
(que mostra um esquema simpliícado da meiose). Devido ao processo de segregação meiótica, essa célula
germinativa (após os processos de meiose I e meiose II) se dividirá em duas células-ílhas com metade do
material genético da mãe, de maneira que uma célula terá o alelo A e outra célula terá o alelo a. Em termos
numéricos, há a mesma quantidade de alelos A e alelos a (BEIGUELMAN, 2008; SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
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Entrando no tópico dos genótipos: considerando os alelos A e a, podemos ter a formação dos seguintes
genótipos: AA, Aa e aa. Como a população está em equilíbrio, sabemos que a frequência desses genótipos está
igualmente dividida em ambos os sexos (BEIGUELMAN, 2008). Com a posse dessas informações, podemos
Com relação às mutações, dentre os tipos de variações genéticas que são abordadas na genética de
populações, a mais estudada é a mudança de apenas um nucleotídeo (por exemplo, adenina para citosina),
chamada de polimorísmo de nucleotídeo único (SNP, do inglês single nucleotide polymorphism). Também
são muito estudados os microssatélites, que são repetições curtas (por exemplo, cinco repetições AG:
O estudo da genética de populações permitiu a evolução da genética forense, por exemplo, em que a inocência
de presos injustamente pode ser provada através da análise do DNA. Situações que envolvem aconselhamento
genético, como o risco de um casal ter um ílho com determinada doença genética, também são possíveis
graças à genética de populações. Além disso, ajuda a entender como as populações de diferentes locais do
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Para uma população ideal estar em equilíbrio genético, não deve haver mutações. Entretanto, em populações
reais, mutações ocorrem de maneira aleatória. Dentre elas, temos os SNPs e os microssatélites (BEIGUELMAN,
A genética de populações consegue determinar a variação genética que existe dentro de uma população. Hoje
em dia, existem métodos muito modernos que auxiliam nessa tarefa, como o sequenciamento de DNA e o PCR,
permitindo que amostras cada vez maiores sejam analisadas (GRIFFITHS, 2022).
SNPs
São o tipo de variação mais comum no genoma, sendo que a maioria tem apenas dois alelos (ou seja, o
indivíduo tem A ou C naquela posição, por exemplo). É considerado um SNP comum quando a frequência do
alelo menos comum é de mais de 5% na população; caso contrário, é considerado um SNP raro. Exempliícando,
os seres humanos possuem mais SNPs raros do que comuns (GRIFFITHS, 2022).
Os SNPs podem ocorrer em éxons, íntrons ou regiões não codiícadoras. Caso ocorram em éxons, são
exemplos:
Sem sentido, caso um alelo codiíque um aminoácido e outro codiíque um códon de parada.
Primeiramente, deve-se descobrir o SNP, o que pode ocorrer através da comparação entre genomas de
diferentes indivíduos (dados obtidos através de sequenciamento). Após descobertos, pode ser realizada a
detecção desses SNPs na população. Exempliícando, a técnica de microarranjo pode ser utilizada para esse
Microssatélites
Diferentemente dos SNPs (que podem ter, no máximo, quatro alelos: adenina, citosina, guanina e timina), os
microssatélites podem ter muitos alelos, geralmente mais de 20. Além disso, possuem uma alta taxa de
mutação, o que garante uma grande variabilidade, e são muito abundantes no genoma, no qual nós temos mais
de um milhão de microssatélites.
Podem estar presentes em éxons, íntrons e regiões não codiícadoras. A maioria dos microssatélites está em
regiões não codiícadoras, embora haja alguns exemplos presentes em éxons, como as repetições CAG
Reprodução aleatória
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Além da não ocorrência de mutações, outro pré-requisito para uma população em equilíbrio genético é a
reprodução aleatória. Nessa situação, todos os indivíduos são igualmente prováveis de serem escolhidos para
o acasalamento. Caso um indivíduo seja mais provável de ser escolhido pelo seu fenótipo, por exemplo, esse
princípio é violado. Se isso acontecer, os genótipos da população não exibirão proporções exatas, conforme
Os conhecimentos a respeito da reprodução aleatória serão utilizados nas próximas aulas, quando abordarmos
situações que podem prejudicar o acasalamento aleatório, como o acasalamento seletivo, o isolamento por
distância e a endogamia. Além disso, também será necessário o conhecimento a respeito da segregação
meiótica, pois os alelos produzidos por cada gameta serão utilizados para calcular as frequências alélicas e as
VIDEOAULA
Caro estudante, vamos revisar alguns conceitos de genética de populações? No vídeo de hoje, falaremos sobre
o que é o equilíbrio genético e quais são os fatores que não podem estar presentes para que uma população
ideal atinja esse equilíbrio genético; além disso, daremos uma atenção especial para dois fatores: as mutações,
Videoaula
Saiba mais
Podemos aprofundar alguns conceitos de genética de populações no material didático produzido pela
No material didático Genética de População, produzido pelo Eng. Agr. Msc. Franco Romero Silva Muniz,
Aula 2
variação gênica, falaremos sobre a interferência da mutação nessa variação e sobre o balanço da
mutação com a seleção natural, assim como explicaremos o conceito de seleção natural e
25 minutos
INTRODUÇÃO
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Olá, estudante! Na aula de hoje, veriícaremos como alguns fatores evolutivos inîuenciam na modulação da
variação gênica. Falaremos sobre a interferência da mutação nessa variação e sobre o balanço da mutação com
a seleção natural, assim como explicaremos o conceito de seleção natural e daremos alguns exemplos na
prática. Também, abordaremos os conceitos de deriva genética e îuxo gênico, além de falarmos sobre o efeito
fundador e o efeito do gargalo. Abordaremos a interferência de cada um desses fatores na variação genética de
uma população, trazendo exemplos reais, sempre que possível, em especial, de casos que ocorrem em nosso
VARIAÇÃO GÊNICA
Variação gênica consiste em qualquer mudança que ocorra na sequência de nucleotídeos do DNA (GRIFFITHS,
2022).
A variação gênica é inîuenciada por mutações (que alteram a sequência de nucleotídeos, gerando novas
combinações), por migração (que pode trazer novos alelos) e por seleção (pode remover alelos) (GRIFFITHS,
2022).
A mutação insere novos alelos, enquanto a seleção natural seleciona os indivíduos mais aptos a um
determinado ambiente, sendo que essa aptidão é deínida pelos genótipos que eles carregam. Dessa maneira, a
mutação e a seleção modulam a variação gênica, pois a seleção pode eliminar determinados alelos de uma
É um fenômeno mais bem visualizado em pequenos grupos isolados, pois, devido ao tamanho dessa população,
não se consegue manter uma frequência dos genótipos. Assim, pode ocorrer a eliminação de um determinado
alelo ou a íxação de outro, independentemente do seu coeíciente seletivo, ou seja, independentemente se ele
aumenta a chance de sobrevivência do indivíduo ou não. Quando a população é muito pequena, as alterações
das frequências gênicas ícam sujeitas a variações aleatórias. Isso poderia ser comparado a um barco
Fluxo gênico corresponde aos movimentos de migração, tanto imigração quanto emigração, que podem alterar
a frequência dos genes que serão retirados de uma população, ou trazidos a uma população (BEIGUELMAN,
2008).
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Com base nos conceitos anteriores, podemos entender que tanto a mutação quanto os movimentos de
migração inîuenciam na variação gênica. A mutação gera novos alelos, enquanto a migração pode trazer novos
alelos de uma outra população ou perder alelos devido à emigração de um grupo de indivíduos (BEIGUELMAN,
2008).
Em populações primitivas, que costumavam ser muito pequenas (cerca de 100 indivíduos), existia a
possibilidade de um único indivíduo ter muitos ílhos e, dessa maneira, espalhar seu material genético para
muitos descendentes, que, por sua vez, passariam aos seus ílhos, e assim por diante. Dessa maneira, um gene
que não necessariamente traria uma vantagem evolutiva poderia ser passado para toda uma população. Esse
fenômeno é chamado de Efeito Fundador (BEIGUELMAN, 2008). A Figura 1 representa essa situação, em que
houve emigração de uma parte da população, e um desses indivíduos era muito fecundo e teve muitos ílhos.
Temos, portanto, diversos fatores evolutivos (como a migração e a mutação) que podem inîuenciar na variação
gênica.
FATORES MODULADORES
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A modulação da variação gênica é realizada por vários fatores evolutivos, sendo que alguns acrescentam
O processo de mutação é o principal fator que acrescenta variação. Em genética de populações, é de interesse
a taxa de mutação, deínida como a probabilidade de um alelo mudar para outro alelo em uma geração. De
acordo com os cálculos dos geneticistas, estima-se que cada indivíduo herda 100 novas mutações de cada um
dos seus pais. Como a maioria delas ocorre em regiões não críticas, não são prejudiciais (GRIFFITHS, 2022).
Além da mutação, outro processo que adiciona novos alelos é a migração ou o îuxo gênico, deínido como o
movimento de indivíduos (ou gametas) entre as populações. Essas populações costumam estar divididas por
barreiras físicas, como rios e montanhas, que impedem o îuxo de genes. Portanto, populações separadas por
barreiras não costumam acasalar, a não ser que haja migração (GRIFFITHS, 2022).
A variabilidade genética trazida por novos alelos é submetida à pressão da seleção natural, em que se
preservam as variações favoráveis e se suprimem as variações prejudiciais, de acordo com Charles Darwin em
1859. Considerando que a principal fonte de variação é a mutação, ocorre uma interligação muito forte entre a
mutação e a seleção, pois o ambiente exerce uma ação seletiva contra os portadores dos alelos (BEIGUELMAN,
2008).
Outro fator importante a ser discutido nesse contexto é a adaptação. Caso um indivíduo possua um alelo que
gera um efeito fenotípico prejudicial, os portadores desse alelo terão diículdade em se desenvolver e se
reproduzir, diminuindo a transmissão desse gene e, por consequência, sua frequência gênica. Logo, os
indivíduos que possuem esse alelo possuem uma menor adaptação biológica. Nesse cenário, o alelo mais antigo
é chamado de alelo normal. Essa adequação biológica pode ser chamada de valor adaptativo (BEIGUELMAN,
2008).
Dessa maneira, sugere-se um equilíbrio (dinâmico) entre a mutação e a seleção natural, que se traduz em um
equilíbrio entre a eliminação de genes deletérios e a frequência com que eles surgem na população
(BEIGUELMAN, 2008).
O tamanho da população inîuencia muito no fenômeno da deriva genética. Em pequenas populações reais,
temos grande inîuência do tamanho das famílias, ou seja, quantos ílhos cada casal tem. O sistema de
O Efeito Fundador, caracterizado quando uma parte da população original migra para criar uma nova
população, possui diversos exemplos na história. Um deles é quando migrantes cruzaram a ponte de Bering, na
Ásia, para as Américas durante a era do gelo. Como resultado, os nativos americanos possuem menor
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Considerando que um dos principais fatores que promove a modulação da variação é a mutação, falaremos
sobre as diferentes taxas de mutação. Essa taxa varia muito, dependendo se estamos analisando SNPs
microssatélites, devido às suas características de apresentarem uma taxa de mutação e variação maiores do
que as dos SNPs, são mais úteis na genética de populações e na análise forense do DNA (GRIFFITHS, 2022).
A variação genética também é modulada pela seleção natural. Tratando desse assunto, existem alguns
polimorísmos que se mantêm pela pressão seletiva e são chamados de polimorísmos adaptativos. Dentre eles,
temos como exemplo os polimorísmos equilibrados (ou balanceados), em que há uma vantagem ou uma
desvantagem seletiva do heterozigoto em relação aos homozigotos. Vamos observar um exemplo para
entender melhor?
Um exemplo é o gene que codiíca para a hemoglobina S. Esse tipo de hemoglobina deforma a hemácia, que
íca com um formato de foice. Indivíduos homozigotos para a hemoglobina S (SS) possuem anemia falciforme
grave e não atingem a idade reprodutiva. O curioso é que, em certas populações (como na África, algumas
regiões do sul da Europa e da Ásia), havia uma frequência desse gene muito maior do que o esperado. Portanto,
percebeu-se que os heterozigotos AS possuíam uma vantagem em relação a ambos os homozigotos (em relação
aos homozigotos SS isso já era esperado, pois possuem uma doença grave, mas não era esperado em relação
aos indivíduos AA, que possuem suas hemácias normais). Foi observado que essa vantagem ocorria em regiões
tropicais e subtropicais, onde a malária (causada pelo Plasmodium falciparum) era frequente e que indivíduos
homozigotos AA tinham mais probabilidade de irem à óbito devido à malária do que os indivíduos heterozigotos
AS. A explicação encontrada para essa situação é a seguinte: as hemácias infectadas pelo P. falciparum ícam
nos capilares um tempo suíciente para que haja hipóxia. Dessa maneira, ocorre a falciformização da hemácia,
causando sua destruição (pois se rompem mais fácil, devido ao esticamento da membrana) (BEIGUELMAN,
2008).
Em se tratando da deriva genética, um aspecto que precisa ser abordado é o efeito gargalo. O que ocorre
nessas situações? Alguma catástrofe, como guerras, epidemias e fome, mata uma grande quantidade de
pessoas e independe do valor adaptativo de seus genes. Dessa maneira, ocorre um estreitamento da passagem
de genes da população original para a população que sobreviveu à catástrofe, sendo que essa pode não conter
todos os genes representativos da população original (BEIGUELMAN, 2008). A Figura 2 demonstra esse efeito.
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Com relação ao îuxo gênico e à movimentação de genes que ocorre nesse fenômeno, precisamos considerar a
mistura gênica. Para isso, imagine duas populações isoladas. Quanto mais tempo passa, há maior diferença
gênica entre as duas. Entretanto, essa divergência genética é limitada pelo îuxo gênico, pois a migração de
populações promove a mistura de genes. Isso é muito comum em humanos e ocorre quando os indivíduos
VIDEOAULA
Caro aluno, no vídeo de hoje, revisaremos alguns fatores que inîuenciam na modulação da variação gênica,
como mutação, seleção natural, îuxo gênico e deriva gênica. Também, aprenderemos sobre o efeito fundador e
o efeito gargalo e veremos alguns exemplos de como esses fenômenos ocorrem em populações naturais.
Vamos lá?
Videoaula
Saiba mais
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Podemos observar um exemplo do efeito fundador no artigo intitulado Efeito fundador da mutação
dissertação de Giovana Bavia Bampi, intitulada Estudo de haplótipos em famílias com Ataxia
Aula 3
FREQUÊNCIA GÊNICA
frequências genotípicas. Além disso, aprenderemos como realizar o cálculo dessas frequências
em uma população e como a recombinação pode gerar variação e a inîuência disso no processo
adaptativo.
28 minutos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Na aula de hoje, conceituaremos frequências alélicas (também chamadas frequências gênicas) e
frequências genotípicas. Além disso, aprenderemos como realizar o cálculo dessas frequências em uma
população e como a recombinação pode gerar variação e a inîuência disso no processo adaptativo. Por ím,
trataremos do cálculo do risco de doenças, em que utilizaremos heredogramas para calcular a chance de o ílho
de um casal possuir determinada doença. Além disso, falaremos das aplicações desse tipo de cálculo e como as
análises são diferentes, dependendo do tipo de doença genética que está sendo visualizada naquela família.
Vamos lá!
A genética de populações é baseada nos cálculos das frequências alélicas (ou gênicas) e frequências
apresentada, esse gene pode estar em diferentes formas alélicas, ou alelos. Ou seja, considerando um
determinado gene, para um indivíduo diploide (como nós, seres humanos), um indivíduo pode ser homozigoto
ATATAT – Alelo A
ATATGT – Alelo G
Observe que houve uma mudança em um dos nucleotídeos: no alelo A (primeiro alelo), temos A; enquanto no
segundo alelo temos G. Essa situação representa um gene (gene XXX) que possui dois alelos (A e G).
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Quais são os possíveis genótipos que um indivíduo pode ter, considerando que ele é diploide (ou seja, terá dois
Em uma população, conseguimos calcular a frequência de cada um desses genótipos e, a partir dessas
frequências genotípicas, calcular também as frequências de cada um dos alelos (frequências alélicas) (SNUSTAD;
SIMMONS, 2013).
Já que estamos falando de diferentes genótipos, podemos relembrar como surgem esses novos alelos.
Processos de mutação alteram a sequência de nucleotídeos, criando esses novos alelos. Já a variação por
recombinação ocorre através da mistura desses alelos, aumentando a variabilidade que foi criada pela
As frequências gênicas são importantes para diversas áreas de genética médica. Entre elas, encontra-se o
cálculo do risco de doenças. Para que sejamos capazes de realizar esses cálculos, precisamos utilizar os
se traça o histórico de determinado fenótipo através do histórico da família. É muito utilizado no caso de casais
que possuem uma determinada doença genética na família e querem saber o risco de que seu futuro ílho
A análise do heredograma varia, é claro, de acordo com o tipo de doença que é estudado. Avaliaremos os
1. Distúrbios autossômicos recessivos: o indivíduo precisa receber alelos afetados tanto do pai quanto da
mãe. Costuma ser a prole de pais não afetados, e a sua quantidade aumenta quando ocorrem casamentos
consanguíneos.
Observação: em caso de polimorísmos, a análise é um pouco diferente, pois não causam doença e são
3. Distúrbios recessivos ligados ao X: acometem muito mais homens do que mulheres, porque mulheres
d d
precisam receber um alelo da mãe e um alelo do pai (X X ), enquanto os homens precisam receber apenas
d
o alelo da mãe (X Y, já que o pai passa o cromossomo Y). Se a mãe possuir a doença, todos os seus ílhos
homens também a terão, pois ela tem os dois alelos recessivos e passará um para seus ílhos homens.
Como eles receberão do pai o cromossomo Y, um alelo recessivo recebido da mãe basta para que eles
expressem a doença.
4. Distúrbios dominantes ligados ao X: quando o pai é afetado, todas as suas ílhas são afetadas, pois ele
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Nos distúrbios autossômicos, o número de ílhos e ílhas afetados não costuma variar, pois não há
Como não podemos ter acesso aos genótipos de toda uma população, avaliamos uma parte representativa dela
(chamada de amostra) (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Suporemos que queremos saber qual a frequência dos
Primeiramente, nós precisamos saber o genótipo dos indivíduos dessa amostra com relação ao gene XXX.
Então, consideraremos que os indivíduos foram genotipados e os seguintes dados foram obtidos:
Se queremos calcular as frequências alélicas, precisamos saber quantos alelos essa amostra tem no total. Se
cada indivíduo tem dois alelos, somaremos quantos indivíduos compõem essa amostra e multiplicaremos por
dois. Veja:
55 + 75 + 20 = 150 indivíduos
Cada indivíduo com o genótipo AA possui dois alelos A, certo? E cada indivíduo heterozigoto AG possui um alelo
A. Então, faremos o seguinte cálculo: multiplicaremos por dois a quantidade de indivíduos com genótipo AA
(pois cada indivíduo tem dois alelos A) e somaremos com a quantidade de indivíduos heterozigotos AG (pois
Para calcular a frequência desse alelo, dividiremos pelo total de alelos (300): 185/300 = 0,6166.
do alelo A (p = 0,6166) e q é a frequência do alelo G (q = 0,3833). Considerando que esses são os únicos dois
alelos para esse gene, p + q = 1 (SNUSTAD; SIMMONS, 2013). Essas frequências estão relacionadas ao princípio
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Com relação à variação por recombinação, ela ocorre através do processo de crossing-over durante a meiose.
Há o alinhamento de cromossomos homólogos, que podem trocar os alelos entre si. Por exemplo, suponha que
um indivíduo seja heterozigoto para os genes A e B (AaBb). Caso não houvesse recombinação, esse indivíduo
formaria gametas: AB, AB, ab, ab. Após a recombinação, os gametas formados são: AB, Ab, aB, ab. Ou seja, a
A frequência gênica auxilia no cálculo do risco de doenças, que tem importância na genética médica. Pode ser
utilizado, por exemplo, no aconselhamento genético. É muito útil quando estamos construindo o heredograma
de uma família para uma doença autossômica recessiva, por exemplo, e sabemos que um indivíduo não possui
a doença estudada, mas não sabemos se ele é portador do gene para ela ou não. Nesse caso, utilizamos a
O cálculo das frequências gênicas é importante para entendermos o îuxo de alelos entre as populações e
Através da variação por recombinação, podem ser criadas novas combinações de alelos. Essas combinações
podem aumentar a chance de sobrevivência do indivíduo, ou aumentar sua chance de se reproduzir. Se esse for
o caso, essas características provavelmente serão selecionadas ao longo das gerações. Portanto, eventos de
recombinação podem potencializar as mudanças evolutivas, além de permitir a reunião de mutações favoráveis
de dois genes diferentes e aumentar as chances de sucesso da espécie (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Para calcular o risco de doenças, utilizaremos o heredograma. Partimos do propósito (o indivíduo que
procurou o geneticista) e coletamos informações sobre o histórico familiar dele para construir o heredograma.
Para entendermos melhor, analisaremos um exemplo presente em Griïths (2022): suponha que um casal
descobriu que cada um deles possui um tio com a doença autossômica recessiva Tay-Sachs. Como querem
saber qual a probabilidade de terem um ílho portador dessa doença, procuraram um geneticista, que construiu
Figura 1 | Heredograma
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Caso o ílho do casal seja portador da doença, seu genótipo seria aa. Vamos calcular a probabilidade de isso
acontecer?
Começamos na linha I. Considerando que I.1 e I.2 são indivíduos saudáveis, mas tiveram um ílho com a
doença, os seus genótipos são Aa. A mesma coisa ocorre para I.3 e I.4.
Na linha II, presumimos que a vó paterna da criança, II.3, tenha genótipo AA porque ela veio de fora da
família, e o alelo a é um alelo raro. Qual é o genótipo do avô paterno da criança (II.2)?
Considerando que o cruzamento de seus pais (I.1 e I.2) seria Aa x Aa, os genótipos possíveis são: AA, Aa, Aa e aa.
Entretanto, sabemos que ele não é aa, porque não é portador da doença, então sobram três alternativas. Ele
não pode ser AA, pois precisa passar o alelo a para o ílho, para que a criança nasça aa. Portanto, a
O mesmo raciocínio é feito para os indivíduos II.4 (AA) e II.5 (Aa, probabilidade = 2/3).
Portanto, calcularemos o genótipo do pai da criança (III.1). Como assumimos que seu pai é Aa e sua mãe AA, o
cruzamento entre eles pode resultar os seguintes genótipos: AA, Aa, Aa e AA. Se ele for AA, não há possibilidade
de a criança ser aa, então ele é Aa (probabilidade de 2/4 = ½). O mesmo raciocínio ocorre para a mãe da criança
(Aa = ½).
Considerando que o pai e a mãe da criança (III.1 e III.2) são Aa, qual a probabilidade de a criança ser aa? Do
Para que essa criança seja aa, todos esses eventos devem ocorrer independentemente. Ou seja, o genótipo
do avô paterno deve ser Aa (probabilidade de 2/3), da avó materna Aa (2/3), do pai Aa (1/2), da mãe Aa (1/2) e da
criança aa (1/4). De acordo com as regras da probabilidade (em que se deve multiplicar quando todos os
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Portanto, a chance de que a criança nasça com a Síndrome de Tay-Sachs é de 1/36 (GRIFFITHS, 2022).
VIDEOAULA
Caro estudante, no vídeo de hoje, revisaremos o conceito de frequências gênicas e frequências genotípicas.
Falaremos sobre como calcular essas frequências em uma determinada população e como essas informações
aprenderemos a calcular o risco de doenças genéticas. Para isso, utilizaremos heredogramas e avaliaremos os
Videoaula
Saiba mais
No artigo Frequência alélica e pool gênico, uma modiícação de "Population evolution" de OpenStax
College, Biology, CC BY 4.0, podemos entender melhor diversos conceitos de genética de populações,
O material didático Genética de populações, produzido pela Dra. Fernanda Marcondes de Rezende traz
Aula 4
Na aula de hoje, falaremos sobre o conceito de pool gênico e como podemos deínir as
26 minutos
INTRODUÇÃO
Olá, caro estudante! Na aula de hoje, falaremos sobre o conceito de pool gênico e como podemos deínir as
frequências alélicas e as frequências genotípicas a partir dele. Falaremos também sobre endocruzamentos e
seus efeitos na população e como podem ser aplicados à Genética de Conservações, através da análise de
genética populacional. Além disso, mostraremos como utilizar a Lei de Hardy-Weinberg, suas principais
aplicações, como comparar frequências observadas em amostras e frequências esperadas de acordo com a Lei
de Hardy-Weinberg (através do teste de qui-quadrado) e como veriícar se uma população está em equilíbrio de
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LEI DE HARDY-WEINBERG
Estudante, você sabe deínir o que é pool gênico? Traduzindo, é um conjunto de genes. Suponha que você está
analisando uma determinada população e quer fazer uma análise de genética populacional. O pool gênico é
deínido como a soma de todos os alelos nos membros reprodutores de uma população em um dado momento
(GRIFFITHS, 2022).
Através das frequências alélicas que obtemos no pool gênico, podemos calcular a probabilidade de um
indivíduo ter um certo genótipo na próxima geração. Por quê? Porque a frequência de um alelo em um pool
gênico é igual à probabilidade de esse alelo ser escolhido aleatoriamente para formar um óvulo ou um
Suponha que você está analisando uma amostra composta de 500 indivíduos:
A partir desses números, podemos calcular as frequências alélicas, sendo que o total é de 1.000 alelos.
que o primeiro alelo escolhido seja A é de 0,65, assim como a do segundo alelo. Como os dois eventos devem
acontecer, multiplicamos essas duas probabilidades. Então, a probabilidade de esse indivíduo ser AA é 0,65 x
0,65 = 0,65² = 0,4225 = p². O mesmo raciocínio é feito para o homozigoto aa: 0,35² = 0,1225 = q². Já para o
(q x p) = 2pq = 0,455. Como esses são todos os genótipos possíveis (AA, Aa e aa), a soma deve dar 1. Assim,
Além de utilizar essa lei para determinar a probabilidade de um genótipo na próxima geração, também
podemos utilizá-la para calcular a frequência genotípica a partir da frequência alélica dentro da mesma geração
(GRIFFITHS, 2022).
Um dos fatores que mais tem efeito na genética de populações é a endogamia, que é o acasalamento entre
parentes (também chamado de consanguinidade). A prole desse tipo de cruzamento tem mais chances de
apresentar homozigose, inclusive, para alelos recessivos deletérios. A endogamia pode causar um fenômeno
chamado de depressão por endogamia, que é uma redução no vigor e no sucesso reprodutivo dos indivíduos. A
endogamia viola a suposição de acasalamento aleatório de Hardy-Weinberg, entretanto os cálculos podem ser
ajustados através do coeíciente de endogamia (F) (GRIFFITHS, 2022). O conceito de endogamia é utilizado na
EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG
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Para analisar o pool gênico, utiliza-se uma certa simbologia: o tamanho da população é simbolizado pela letra N
(por exemplo, se há 500 indivíduos na população analisada, N = 500), e em uma população diploide (como nós)
há 2N alelos (ou seja, 2 x 500 = 1.000 alelos). Assim, descrevemos o pool gênico com relação a um determinado
Ao utilizar a Lei de Hardy-Weinberg para fazer suposições sobre frequências genotípicas e alélicas, algumas
Cruzamento é aleatório.
De acordo com essa lei, não há alteração na frequência de genes ou genótipos de uma geração para outra
(desde que não haja nenhum fator evolutivo atuando), ou seja, o processo de transmissão de genes de uma
geração para outra não gera variação genética. As populações que seguem essa lei encontram-se em equilíbrio
A Lei de Hardy-Weinberg também se aplica a genes com mais de dois alelos e a genes que se encontram no
cromossomo X (ligados ao X). Uma das principais funções dessa lei é ser utilizada para testar se as frequências
genotípicas de uma certa população estão de acordo com as frequências esperadas conforme a Lei de Hardy-
Para entender melhor, voltaremos ao exemplo anterior, em que foram genotipados 500 indivíduos, sendo que o
A partir desses números, calculamos as frequências alélicas estimadas, que são p = 0,65 e q = 0,35. Através do
princípio de Hardy-Weinberg, podemos usar essas frequências para calcular as frequências genotípicas:
Quadro 1
AA p² = 0,65² = 0,42
aa q² = 0,35² = 0,12
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Para veriícar se as frequências esperadas coincidem com as frequências observadas, devemos comparar a
quantidade de indivíduos com cada genótipo. Para isso, multiplicamos as frequências genotípicas pelo total de
Quadro 2
Aa 500 x 0,12 = 60
Agora, temos todas as informações para comparar os valores observados e os esperados. Para veriícar se há
uma discrepância signiícativa entre eles, podemos fazer o teste do qui-quadrado (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Uma das utilizações da genética de populações é a Genética de Conservação, que consiste em usar análises
das questões analisadas é que a ocorrência de gargalos genéticos pode levar a um aumento da endogamia,
Apesar de o pool gênico nos fornecer a quantidade de alelos que existem em uma população, o dado mais útil
que é retirado da amostra é a frequência genotípica ou frequência alélica. Através dessas frequências, podemos
compreender a transmissão de alelos de uma geração para outra em populações naturais (GRIFFITHS, 2022).
O teste do qui-quadrado (x²) é uma metodologia estatística utilizada para comparar dados e observar se a
diferença entre esses dados se dá devido ao acaso ou não. Geralmente, é usado para veriícar se os dados de
um experimento estão de acordo com a hipótese genética original (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
1. Para cada classe fenotípica (cada genótipo, por exemplo), calculamos a diferença entre o observado e o
esperado.
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5. Esse valor nos mostra se há uma grande diferença entre os valores observados e esperados. Entretanto,
para saber se essa diferença é devida ao acaso ou não, devemos consultar uma tabela de valores críticos
Quadro 3
1 3,841
2 5,991
3 7,815
4 9,488
5 11,070
6. Se o valor que obtivemos com nossos cálculos for menor do que o valor que está presente nessa tabela, é
7. Essa tabela é baseada em graus de liberdade, que é calculado de acordo com a análise.
Quadro 4
Total 62,12
Agora, veremos o número de graus de liberdade, para comparar o nosso valor de qui-quadrado com o da
tabela, para ver se essa variação (62,12) é ao acaso ou não. Existem vários graus de liberdade, conforme vimos
na tabela, então, como vamos saber a quantos graus de liberdade corresponde nossa análise (SNUSTAD;
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SIMMONS, 2013)?
A nossa análise possui 3 (porque são três classes fenotípicas, ou seja, três genótipos) – 2 = 1 grau de liberdade.
Nós reduzimos o valor 2 porque retiramos duas informações dos dados da amostra:
1. A soma dos três números esperados já nos foi dada pelo tamanho da amostra.
2. A frequência alélica p foi estimada a partir dos dados da amostra (SNUSTAD; SIMMONS, 2013).
Assim, observamos na tabela que, para 1 grau de liberdade, o valor crítico é 3,841. Como o valor que obtivemos
na nossa estatística (62,12) é maior, concluímos que a diferença entre esses valores NÃO é ao acaso e que,
portanto, a população não está em Equilíbrio de Hardy-Weinberg com relação a esse gene. Isso pode ocorrer
por alguns motivos, como sobrevida desigual, subdivisão da população, migração e endogamia (casamentos
Além de a endogamia ser um conceito utilizado na genética de populações humanas, também pode ser utilizada
prejudicial ou vantajosa (podendo ajudar a eliminar alelos recessivos deletérios) (GRIFFITHS, 2022).
VIDEOAULA
Caro estudante, revisaremos no vídeo de hoje o conceito de pool gênico, assim como sua utilização para o
cálculo das frequências alélicas e genotípicas. Trataremos do cálculo da Lei de Hardy-Weinberg, suas principais
aplicações, como utilizá-la para veriícar se uma população está em Equilíbrio de Hardy-Weinberg através do
teste do qui-quadrado, além de abordar os conceitos de endogamia e genética de conservações. Vamos lá?
Videoaula
Saiba mais
O material didático produzido por Franco Romero Silva Muniz traz mais informações a respeito da Lei de
Hardy-Weinberg.
REFERÊNCIAS
2 minutos
Aula 1
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22/05/2023, 20:39 wlldd_231_u4_gen_med
NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & Thompson – Genética Médica.. Rio de Janeiro,
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
Aula 2
MOREIRA, L. M. de A. et al. Taxa elevada de albinismo oculocutâneo no estado da Bahia, região nordeste do
Aula 3
NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & Thompson – Genética Médica. Rio de Janeiro,
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
Aula 4
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2013.
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