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26/03/2024, 20:44 Processos Biológicos

PROCESSOS BIOLÓGICOS
CAPÍTULO 4 – INFORMAÇÕ ES GENÉ TICAS:
QUAL SEU INÍCIO, MEIO E FIM?

Nícolas Murcia / Vinicius Canato Santana

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Introdução
As células são dotadas de uma extraordinária capacidade de replicação e geração de gametas por meio dos
processos de divisão celular. Esses fenô menos são os responsáveis pelo crescimento, desenvolvimento e
reprodução dos organismos vivos. O ácido desoxirribonucleico (DNA) que contém em sua estrutura as
informaçõ es genéticas necessárias para especificar todos os aspectos dos seres vivos é sempre duplicado
antes da divisão celular. O DNA constitui os cromossomos e contém os genes. No nú cleo das células
eucarió ticas os cromossomos são organizados em pares autossomos e sexuais. Dessa forma, o carió tipo é o
conjunto de todos os cromossomos de um indivíduo. O padrão das heranças genéticas pode ser explicado por
meio da relação dos genes ou de alteraçõ es dos pró prios cromossomos. Além disso, geneticamente as células
podem programar sua morte na apoptose, que difere da necrose quando a morte celular ocorre por lesõ es
celulares. Você já parou para pensar que no futuro muitas questõ es de saú de serão compreendidas e resolvidas
com base em conhecimentos e práticas de genética? Muitos grupos multidisciplinares têm unido esforços no
sentido de aumentar os conhecimentos e as evidências clínico-laboratoriais no campo da genética humana e
veterinária.
Com os estudos deste capítulo, você terá a oportunidade de aprender mais sobre as informaçõ es genéticas.
Bons estudos!

4.1 Ciclo celular e replicação do DNA


Uma célula pode se dividir em duas até originar uma população (clones). Por essa ló gica, a divisão celular
promove o crescimento dos organismos multicelulares e o reparo recidual em situaçõ es de regeneração, além
de estar relacionada à reprodução e à transferência de material genético nos organismos unicelulares. Com
exceção dos erros, todas as células de um clone são geneticamente idênticas. Quando as células procariontes
se dividem, o conteú do da célula-mãe é dividido entre as células-filhas num processo chamado fissão. Na
divisão das células eucariontes os cromossomos duplicados, assim como as organelas, precisam ser
distribuídos entre as células-filhas.
Antes de dar início ao seus estudos sobre o tema, assista à videoaula especialmente preparada para você.

Fique atento, pois iniciaremos nossos estudos conhecendo mais sobre a regulação do ciclo celular. Vamos lá?!

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4.1.1 Regulação do ciclo celular


Células eucariontes, ao se dividirem, passam por uma série de fases que, juntas, constituem o ciclo celular. A
sequência das fases é G1 → S → G2 → M. Nessa sequência, S (Síntese) é a fase em que o DNA dos
cromossomos é duplicado. A fase M (Mitose) do ciclo celular é o período em que há, de fato, divisão da célula-
mãe. Essa fase geralmente tem dois componentes: mitose, que é o processo de distribuição igual e exata dos
cromossomos duplicados entre as células-filhas, e citocinese, processo de separação física das células-filhas.
As fases G1 e G2 são intervalos (gaps) entre as fases, como você pode observar na figura abaixo.

Figura 1 - O ciclo de uma célula animal. Esse ciclo tem 24 h. A duração do ciclo varia em diferentes tipos
celulares.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

O ciclo celular é regulado por ciclinas e cinases dependentes de ciclina (CDK). As células em divisão param
em pontos de checagem que dependem de condiçõ es favoráveis à continuação do ciclo (nutrição celular e
dimensõ es adequadas), sendo estas etapas importantes para obtenção de células-filhas saudáveis.

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Entre as fases G1 e S ocorre a associação entre a ciclina D e CDK. CDK fosforila, a proteína pRB, proteína
reguladora da divisão celular. Esse processo leva a liberação de E2F, um fator de transcrição de genes da
replicação do DNA na fase S. A atividade da CDK também é regulada pela p16, proteína que impossibilita a
ativação do complexo ciclina – CDK. Dessa forma, a fosforilação da pRB é impedida e o ciclo para entre os
períodos G1 e S.
A proteína p53 age no ciclo de replicação das células em pontos de checagem G1 – S e G2 – M. Ela promove
“paradas” que permitem que o DNA seja reparado em caso de danos. O material genético mutado (alterado)
não é replicado, pois a ativação da p53 leva à transcrição de genes codificantes da proteína p21 que inibem a
CDK e a pRB.

VOCÊ QUER LER?


Leia o texto Câncer e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo-celular não
específicos que interagem com o DNA: uma introdução e faça uma correlaçã o importante
sobre o ciclo celular e os processos de carcinogê nese e tratamentos antineoplá sicos.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v28n1/23048.pdf/
(http://www.scielo.br/pdf/qn/v28n1/23048.pdf/)>.

Na sequência, você poderá ampliar seus conhecimentos sobre a mitose. Acompanhe!

4.1.2 Replicação do DNA in vivo


A replicação de DNA é semiconservativa e extraordinariamente fidedigna. Inicia-se em origens fixas e
geralmente é bidirecional a partir de cada origem de replicação. A média de erro é de apenas um por bilhõ es de
nucleotídeos incorporados.
Replicação Semiconservativa de Moléculas de DNA
A estrutura em dupla-hélice e a complementaridade das bases nitrogenadas é o fundamento do processo de
duplicação do DNA. Na replicação, a dupla-hélice se desenrola e os filamentos se separam, orientando a
produção de uma nova fita complementar. A sequência de bases de cada fita parental serve como molde.
Observe na imagem a seguir a replicação semiconservativa do DNA.

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Figura 2 - Replicação semiconservativa do DNA. Cada filamento parental é conservado e serve de molde para
a síntese de um novo filamento complementar.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 214.

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Cada nucleotídeo contêm uma ú nica base nitrogenada: adenina e guanina (purinas); timina e citosina
(pirimidinas). A base está ligada ao carbono 1’, o grupo fosfato ao carbono 5’ e há uma hidroxila (-OH) no
carbono 3’ da desoxirribose.
DNA-polimerases são enzimas que associam os nucleotídeos na formação de uma fita simples. Essas enzimas
só conseguem adicionar um novo nucleotídeo na hidroxila no carbono 3’ do açú car anterior, catalisando
ligaçõ es covalentes entre o carbono 3’ de um nucleotídeo e o grupo fosfato do carbono 5’ do nucleotídeo
incorporado. Essa ação possibilita a formação de uma estrutura açú car-fosfato. Nessa fita, o carbono “inicial” é
5’ do primeiro nucleotídeo. A posição nova é do carbono 3’ do ú ltimo nucleotídeo (DNA é polimerizado no
sentido 5’→ 3’), conforme você pode observar abaixo.

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Figura 3 - Mecanismo de ação das DNA-polimerases com a extensão covalente de um filamento iniciador de
DNA no sentido 5' → 3'.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 214.

Para aprender mais sobre a replicação semiconservativa de moléculas de DNA, clique nas setas.

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Na molécula de DNA dupla fita, a parte externa de pentose-fosfato das fitas complementares é
antiparalela. Uma é orientada de 5’ → 3’ e a fita oposta é orientada de 3’ → 5’. Essas orientaçõ es
são importantes para o processo de replicação e para o mecanismo de identificação e transcrição
de genes.

A hélice de DNA possui duas fendas, sendo uma maior e a outra menor. A fenda maior tem as
bases do DNA em contato com meio aquoso (com água) e com proteínas regulató rias. Essas
proteínas se ligam ao DNA em fita simples (SSB, de single-stranded DNA-binding proteins),
impossibilitando o reestabelecimento da ligação das duas fitas de DNA afastadas na origem da
replicação. Dessa forma, servem de molde de fita simples necessário para as polimerases e
proteção contra a ação das nucleases.

Na separação em fitas simples para a nova síntese de DNA, a ocorrência de superenrolamento (supertorsão) e
a relevância de que as fitas são polimerizadas somente nas extremidades 3’ dos moldes das fitas, fazem com
que a replicação seja um processo complexo e necessite de enzimas especiais; observe na imagem abaixo.

Figura 4 - Alongamento das fitas contínuas e descontínuas de DNA e a ação das enzimas de replicação.
Fonte: Harvey; Ferrier, 2015, p. 400.

Quando rompidas as ligaçõ es de hidrogênio pela DNA-helicase, as fitas simples são separadas em dois moldes
complementares. Uma curta sequência de RNA, denominada de iniciador ou primer, é sintetizada pela RNA-
primase. A DNA-polimerase III pode usar a posição 3’-OH de um nucleotídeo do primer como ponto de
inserção do primeiro nucleotídeo no DNA. A replicação ocorre em direçõ es contrárias nas duas fitas-molde,
formando as forquilhas de replicação. Na fita líder (leading ou contínua), na qual o molde é orientado com a
extremidade 5’ pró xima à forquilha de replicação, a síntese de fita nova e complementar é contínua, uma vez
que são adicionados nucleotídeos na sua extremidade 3’-OH. Na outra fita, retardatária (lagging, lenta ou
descontínua), porém, a síntese ocorre à medida que um novo molde é aberto pela DNA-helicase com a criação

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de sequências de iniciadores de RNA perió dicos, conhecidos como fragmentos de Okazaki (aproximadamente
1.000 a 2.000 nucleotídeos em bactérias e 100 a 200 nucleotídeos em eucariotos). Para completar a síntese, na
fita descontínua, os primers devem ser removidos e seus nucleotídeos devem ser substituídos por
nucleotídeos de DNA, para ligação final entre as sequências adjacentes. Nas células procarió ticas, a DNA-
polimerase I remove os iniciadores e insere os nucleotídeos de DNA. A DNA-ligase, como o pró prio nome diz,
catalisa a formação das ligaçõ es covalentes que finalizam o processo de associação de fragmentos de Okazaki.

VOCÊ QUER VER?


Reforce seu entendimento sobre a replicaçã o semiconservativa do DNA assistindo à
animaçã o Replication fork coupling. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=QMX7IpME7X8 (https://www.youtube.com/watch?v=QMX7IpME7X8)/
(https://www.youtube.com/watch?v=QMX7IpME7X8)>.

A DNA-helicase e a RNA-primase podem se associar e formar primossomos, que separam as fitas parentais e
originam primers espaçados ao longo da cadeia descontínua. O primossomo se associa a duas moléculas de
DNA-polimerase III, uma para a fita contínua e outra para a fita descontínua (replissomo). Uma vez que a DNA-
polimerase da fita descontínua finaliza um fragmento de Okazaki, a mesma é libertada do molde e migra para
o pró ximo iniciador de RNA. Mesmo parecendo preciso, o processo é passível de erros. Dessa forma, quando
as enzimas envolvidas no processo falham, aumentam as chances de mutaçõ es associadas a doenças
genéticas. Esses erros, porém, na grande maioria das vezes são detectados e corrigidos durante e logo apó s a
replicação.
Em bactérias há uma ú nica origem de replicação. A replicação segue bidirecionalmente pelas forquilhas de
replicação (duas) no cromossomo bacteriano circular. Nos seres eucarió ticos, os cromossomos são
constituídos por fitas de DNA maiores e lineares e mú ltiplas origens de replicação são necessárias para
aumentar a rapidez do processo (ver a seguir).

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Figura 5 - Replicação do DNA: origens e forquilhas de replicação. A: Pequeno DNA circular procarió tico. B:
DNA eucarió tico muito longo.
Fonte: Harvey; Ferrier, 2015, p. 400.

Assim como nas origens de replicação procarió ticas, nos eucariontes há grande proporção de bases A e T.
Dessa forma, as enzimas separam com relativa facilidade essas regiõ es em moldes. Os eucariotos têm várias
DNA-polimerases, sendo algumas aparentemente responsáveis por correção e reparo de danos de DNA. Além
disso, os cromossomos dos eucariontes são lineares, por isso, há a necessidade de gerenciar a replicação nas
suas extremidades. A DNA-polimerase precisa de nucleotídeo 3’-OH preexistente para adicionar o
primeiro nucleotídeo de DNA no molde. Assim, não é possível replicar a extremidade 3’ inicial do
cromossomo, uma vez que não existe local para a síntese de um primer (independentemente de o primer ser
colocado na extremidade, a DNA-polimerase não consegue substituir os nucleotídeos de RNA mais afastados
sem o 3’-OH). Dessa forma, para impedir a diminuição do DNA a cada replicação, os cromossomos
eucarió ticos possuem sequências repetitivas em tandem (TTAGGG) em uma região chamada de telô mero em
cada extremidade. Essa sequência extra do DNA é o local um para a inserção de iniciadores e, assim, é evitado
o encurtamento do DNA que codifica informaçõ es genéticas.
Antes de dar continuidade aos seus estudos, o ciclo celular e a replicação do DNA, leia com atenção o texto
abaixo e aprenda mais sobre o tema.

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VOCÊ SABIA?
Amostras puras de regiões específicas do DNA podem ser obtidas pela
manipulaçã o do processo de replicaçã o do DNA in vitro, como na reaçã o em cadeia
da polimerase ou PCR (do inglê s, Polymerase Chain Reaction). Na reaçã o,
iniciadores (oligonucleotídeos) sã o preparações de aproximadamente 18 a 22
bases que flanqueiam a regiã o a ser amplificada (sintetizados a partir de
qualquer regiã o genômica).
Durante a PCR, esses componentes sã o manipulados em uma soluçã o tamponada
em ciclos repetitivos de aquecimento e resfriamento que resultam na amplificaçã o
da regiã o de interesse do DNA. Para isso, uma quantidade de DNA genômico
previamente extraído é aquecida a 94 ou 95°C para desfazer as ligações de
hidrogê nio e separar a dupla-hé lice em fitas simples. Na sequê ncia, a temperatura
é abaixada para 52°C ou 58°C (ou mais), para que ocorra a hibridizaçã o dos
iniciadores nas fitas moldes.
Logo a temperatura é aumentada para 72°C, quando uma DNA-polimerase, Taq
polimerase termorresistente (obtida do microrganismo Thermus aquaticus),
realiza a extensã o da nova fita (cerca de 1.000 bases) e pode tolerar altas
temperaturas sem sofrer desnaturaçã o.

Novamente a temperatura é reduzida, sendo esse ciclo de aquecimento e


resfriamento repetido por muitas vezes (25 a 35), garantindo uma grande
quantidade de cópias da amostra de DNA (veja a seguir).

Ainda neste tó pico, temos uma ú ltima dica de estudo para você, confira abaixo!

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VOCÊ QUER VER?


Acesse o link disponível em: <https://learn.genetics.utah.edu/content/labs/pcr/
(https://learn.genetics.utah.edu/content/labs/pcr/)> e se divirta aprendendo a PCR
no laboratório virtual.

O pró ximo tó pico de estudo é sobre a morte celular. Fique atento!

4.1.3 Mitose
No início da mitose, os cromossomos duplicados se apresentam como filamentos duplos, conhecidos como
cromátides-irmãs, intimamente associadas pelo centrô mero.
Os cromossomos duplicados são encaminhados às células-filhas. Essa distribuição é organizada e executada
por microtú bulos do citoesqueleto. A formação do fuso pelos microtú bulos está associada aos centros
organizadores de microtú bulos (MTOC), presentes no citoplasma de células eucariontes, geralmente perto do
nú cleo. Em células animais, os MTOC são diferenciados em centrossomos duplicados durante a interfase.
Cada centrossomo contém dois centríolos (perpendiculares). Em torno dos centrossomos surgem
microtú bulos radiais denominados áster. Os centrossomos se movem até as regiõ es opostas das células em
divisão, definindo os polos celulares.

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Figura 6 - A: Fuso mitó tico de uma célula em cultura. B: Micrografia eletrô nica de centríolos.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

O fuso é formado da mesma forma que ocorre a fragmentação de organelas membranosas como o retículo
endoplasmático e o complexo golgiense. O nucléolo, corpo denso que participa da síntese de RNA no nú cleo,
desaparece. Porém, as mitocô ndrias continuam íntegras.
O envelope nuclear se fragmenta em vesículas diminutas. Alguns microtú bulos se fixam nos cinetó coros,
estruturas proteicas associadas aos centrô meros dos cromossomos duplicados. A fixação dos microtú bulos
do fuso nos cinetó coros indica o início da metáfase da mitose.
Durante a metáfase, os cromossomos duplicados se deslocam até o ponto médio entre os polos. O fuso
mitó tico também possui microtú bulos fixados aos cinetó coros.
O deslocamento cromossô mico para um plano ú nico no meio da célula (plano equatorial) é denominado placa
metafásica. Nesse estágio, cada cromátide-irmã está conectada a um polo diferente. O alinhamento polar das
cromátides-irmãs é importante para a distribuição equitativa do material genético entre as células-filhas
(escolha para análise citogenética).

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VOCÊ QUER VER?


Assista a divisã o celular mitótica de cé lulas renais. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=N97cgUqV0Cg
(https://www.youtube.com/watch?v=N97cgUqV0Cg)/>.
Assista també m as divisões celulares de um embriã o após uma fertilizaçã o in vitro.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KkeDMhMYHlc
(https://www.youtube.com/watch?v=KkeDMhMYHlc)/>.

Por fim, nã o deixe de revisar as fases da mitose no ciclo de cé lulas na animaçã o.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ofjyw7ARP1c
(https://www.youtube.com/watch?v=ofjyw7ARP1c)/>.

As cromátides-irmãs se separam na anáfase por diminuição dos microtú bulos e as cromátides-irmãs são
puxadas em direção aos polos celulares. Ao mesmo tempo que os cromossomos se deslocam para os polos,
os pró prios polos começam a se afastar. Esse movimento divide os grupos de cromossomos em espaços
distintos na célula em divisão. Uma vez separados, os cromossomos se descondensam e formam a cromatina
e as organelas são reconstituídas, características da teló fase. Quando a mitose é finalizada, é formada uma
membrana entre as células-filhas e elas finalmente são separadas, o que caracteriza a citocinese. Para aprender
mais sobre o tema, confira o objeto a seguir.
Fique atento e, na sequência, aprenda sobre a meiose.

4.1.4 Meiose
A reprodução está associada a um processo que reduz à metade o nú mero de cromossomos. Assim, o nú mero
de cromossomos de um gameta é designado pela letra n como estado haploide e os 2n cromossomos do
zigoto, que se formam apó s a fecundação, como o estado diploide. Sendo assim, a meiose é o mecanismo que
reduz a célula diploide para haploide, com metade do nú mero de cromossomos.

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Figura 7 - Comparação entre mitose e meiose.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

Sem a meiose, o nú mero de cromossomos dos organismos eucarió ticos seria duplicado a cada geração,
situação que logo se tornaria insustentável em face das limitaçõ es de tamanho e capacidade metabó lica das
células. As células somáticas humanas têm 46 pares de cromossomos (23 pares). Membros de um par são
cromossomos homó logos que têm conjuntos iguais de genes, embora possam ter diferentes alelos desses
genes (alelos são genes que ocupam o mesmo ló cus de cromossomos homó logos). Já os cromossomos de
diferentes pares são reconhecidos como heteró logos (veja a seguir).

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Figura 8 - Os 23 pares de cromossomos homó logos presentes nas células humanas. Os pares numerados de
1 a 22 são classificados como cromossomos autossomos, já o X é um par sexual (carió tipo feminino).
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

A meiose ocorre de maneira que cada uma das células haploides formadas recebe exatamente um membro de
cada par de cromossomos. Na meiose há duas divisõ es celulares cuja sequência de eventos é: duplicação
cromossô mica; divisão meió tica I; e divisão meió tica II, que objetivam a redução do nú mero diploide de
cromossomos (2n) para haploide (n).
Meiose I
A primeira divisão da meiose inicia quando os cromossomos já foram duplicados; consequentemente, cada
um deles tem duas cromátides-irmãs. A pró fase da meiose I é dividida em cinco estágios (observe a
ilustração).

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Figura 9 - Meiose I em progresso.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

Leptó teno (filamentos delgados – leptonema) é o primeiro estágio da pró fase I. Durante o leptó teno há
condensação dos cromossomos duplicados. À medida que os cromossomos são condensados, a célula passa
ao zigó teno (filamentos emparelhados – zigonema). Durante o zigó teno, os homó logos se aproximam e ocorre
o pareamento num processo denominado sinapse. A sinapse forma uma estrutura de três cilindros paralelos, o
complexo sinaptonêmico, que liga os cromossomos lateralmente (veja a seguir).

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Figura 10 - Complexo sinaptonêmico.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

Agora, clique nas interaçõ es abaixo e aprenda mais sobre o tema.

À medida que a sinapse avança, os cromossomos adquirem volumes menores por estarem ainda
mais condensados no paquíteno (filamentos espessos – paquinema).

Nessa fase, é fácil ver os cromossomos pareados ao microscó pio ó ptico. Cada par é constituído
de dois homó logos duplicados, cada um deles formado por duas cromátides-irmãs.

Durante o paquíteno, os cromossomos pareados podem trocar material. Cada cromátide-irmã


pode ser fragmentada durante o paquíteno e os pedaços podem ser permutados entre as
cromátides.

Logo, a quebra e a reunião podem levar à recombinação de material genético entre os


cromossomos pareados (crossing over).

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A ocorrência do crossing over é evidenciada no dipló teno (dois filamentos – diplonema), em que os
cromossomos pareados se separam, mantendo estreito contato nas regiõ es de crossing over. Observe na figura
os quiasmas entre duas das quatro cromátides da tétrade.

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Figura 11 - Quiasmas em bivalente cromossô mico em estágio dipló teno da pró fase I da meiose.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

Durante a metáfase I, cada cromossomo pareado segue em direção aos polos da célula. No fim da pró fase I e
durante a metáfase I, os quiasmas nos bivalentes deslizam para as extremidades dos cromossomos. Nesse
fenô meno, chamado de terminalização, observa-se uma repulsão entre cada par de cromossomos. Durante a
anáfase I, os cromossomos se afastam definitivamente. Essa separação, denominada disjunção cromossô mica,
é mediada pela ação do fuso. Quando os cromossomos separados se agrupam nos polos opostos, está
concluída a primeira divisão meió tica. No pró ximo estágio, a teló fase I, o fuso se desfaz, as células-filhas são
separadas por membranas, os cromossomos são descondensados e um nú cleo se forma ao redor dos
cromossomos de cada célula-filha. As células produzidas por meiose I são haploides, mas ainda contêm duas
cromátides-irmãs (geneticamente diferentes, uma vez que podem ter permutado segmentos cromossô micos
na pró fase I).
Meiose II
Na meiose II, os cromossomos novamente são condensados e se associam a novos fusos (pró fase II),
migrando até o plano equatorial celular (metáfase II). Seus centrô meros se dissociam e as cromátides-irmãs
seguem até os polos opostos (anáfase II) numa disjunção de cromátides. Durante a teló fase II, as cromátides
separadas (cromossomos) se agrupam nos polos e surgem nú cleos-filhos com nú mero haploide de
cromossomos. A meiose II é muito semelhante à mitose. No entanto, as células resultantes são haploides e
diferentes geneticamente (na mitose as células são diploides e geneticamente iguais), conforme você pode
acompanhar na figura a seguir.

Figura 12 - Meiose I em progresso.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

Agora, vamos estudar sobre outro tema interessante: a formação dos gametas. Siga em frente!

4.1.5 Formação dos gametas


A formação de gametas acontece nas gô nadas. A ovogênese, produção de ovó citos, ocorre nos ovários
(gô nadas femininas) e a espermatogênese, produção de espermatozoides, ocorre nos testículos (gô nadas
masculinas). Esses processos começam quando as células diploides indiferenciadas, denominadas ovogô nias
ou espermatogô nias, sofrem meiose e originam células haploides que se diferenciam em gametas.

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No geral, somente uma de quatro células haploides originadas na meiose feminina se torna um ovó cito ou
ó vulo. As outras três células, denominadas corpos polares, degeneram-se. Em contraposição, as quatro células
haploides resultantes da meiose masculina se transformam em espermatozoides.

VOCÊ QUER LER?


No artigo Gametogênese: Estágio Fundamental do Desenvolvimento para Reprodução
Humana, disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/351/352/
(http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/351/352/)>, você irá conhecer
brevemente os processos regulatórios da formaçã o dos gametas no organismo
humano.

Na figura a seguir, você pode perceber a gametogênese em mamíferos. Leia com atenção e conheça os detalhes
de cada uma das etapas.

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Figura 13 - Gametogênese em mamíferos. A: a oogênese produz um ovó cito e três corpos polares. B: a
espermatogênese produz quatro espermatozoides que se mantêm unidos por pontes citoplasmáticas até
amadurecerem.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 16.

Estudaremos sobre morte celular, na sequência. Vamos lá?

4.2 Morte celular


A morte celular é comum durante o desenvolvimento embrionário, sendo necessária para descartar tecidos
provisó rios (membranas interdigitais) e células em demasia (neurô nios no processo de neurogênese). Além
disso, acontecem mortes de células na vida apó s o nascimento, em que os organismos necessitam remodelar
tecidos e eliminar células lesionadas, senescentes ou que representem alguma ameaça à saú de (células
infectadas, tumorais ou autorreativas).
A morte dessas células faz parte dos processos fisioló gicos dos organismos pluricelulares vivos, sendo
programadas. O termo que define esse processo programado recebeu o nome de apoptose. Ao contrário do
esperado, ou seja, quando nos tecidos corporais as células morrem acidentalmente (traumas, toxinas, estenose

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vascular), o termo empregado é necrose. Além disso, a eliminação das células mortas durante a apoptose é
diferente da necrose, principalmente porque é preservada a estrutura tecidual original e não são acionados
mecanismos inflamató rios e tecido cicatricial.
Assista ao vídeo abaixo e aprenda mais sobre esse tema.

4.2.1. O que se observa nas células durante a apoptose?


Ocorrem modificaçõ es ocasionadas pela ativação de caspases, enzimas proteases encontradas no citosol
celular. Para conhecer as atividades promovidas pelas caspases, clique nos itens abaixo.
• Degradação e quebra dos filamentos que constituem o citoesqueleto, assim a célula e
apoptose se torna arredondada e se desprende, perdendo o contato com as demais célul
adjacentes no tecido e da matriz extracelular.


A célula perde volume, uma vez que no citosol os organoides são organizados de forma q
suas estruturas não tenham prejuízos e se mantenham conservadas.


Filamentos laminares se desfazem, o que permite que a carioteca seja desintegrada.


O material genético (cromatina) é agrupado em pequenas porçõ es de nú cleo no citosol, pois
DNA é clivado pelas endonucleases.


Na membrana plasmática aparecem inú meras protrusõ es, sendo que na maioria delas h
fraçõ es de nú cleo internamente.


Ao se soltarem, as protrusõ es passam a ser chamadas de corpos apoptó ticos, com
organelas internamente conservadas.

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As moléculas de fosfatidilserinas são transladadas da monocamada interna para externa d


membranas que delimitam os corpos apoptó ticos.

• Por fim, devido a difusão das fosfatidilserinas, macró fagos são atraídos por essas molécul
da monocamada externa, reconhecendo os corpos apoptó ticos e, em seguida, realizam
fagocitose.

Figura 14 - Alteraçõ es celulares que ocorrem durante a apoptose. Observe a fagocitose dos corpos
apoptó ticos por um macró fago.
Fonte: De Robertis; Hib, 2014, p. 349.

Antes de dar continuidade aos seus estudos, fique atento à pró xima dica!

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VOCÊ QUER VER?


Assista cé lulas em processo de apoptose no vídeo Apoptosis vídeo. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=NwkHcwIoBRg/
(https://www.youtube.com/watch?v=NwkHcwIoBRg/)>.

Você també m deve assistir ao vídeo Programmed Cell Death 1. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=cOJsXVPs7KI/
(https://www.youtube.com/watch?v=cOJsXVPs7KI/)>.

A seguir, você estudará como a apoptose é desencadeada. Fique atento!

4.2.2. Como a apoptose é desencadeada?


Em geral, a apoptose inicia com sinais comuns a todas as células. Dessa forma:

• há supressão de fatores tróficos que garantem a vida celular;


• mediadores que levam as células à morte são associados a seus
receptores;
• DNA genômico é alterado, gerando mutações desfavoráveis ao
corpo humano;
• na sequência, esses eventos promovem a ativação de vias
sinalizadoras no interior das células, porém com alguns pontos de
diferença, que levam morte do tipo celular em questão.
Vamos aprender mais sobre o tema? Confira no objeto abaixo!
No organismo, a vida das células é mantida por indutores específicos, os fatores tró ficos (fatores de
sobrevivência), sendo, como visto, que a grande maioria das células que morrem na apoptose, ocorrem pela
supressão desses indutores. Como exemplos de fatores tró ficos têm-se as glicoproteínas CSF (Colony
Stimulating Factors), que promovem a sobrevivência dos gló bulos do sangue. Além disso, fazem com que
cresçam e se diferenciem. Já as neurotrofinas mantêm os neurô nios e estimulam o desenvolvimento axonal
desses neurô nios.
Para aprender mais sobre o tema, clique nas setas abaixo.

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Os receptores celulares, quando associados a seus ligantes específicos, ativam as


fosfatidilinositol 3cinases (PI 3-K) e fosforilam, ou seja, transferem um fosfato do ATP para a
molécula de inositol do fosfatidilinositol 4,5-difosfato (PIP2) membranar, convertendo-a em
fosfatidilinositol 3,4,5-trifosfato (PIP3).

Na sequência, ainda na membrana plasmática, os PIP3s podem ser associados à cinase PDK1 (do
inglês, Phosphatidylinositol Dependent-protein Kinase) e à serina-treonina cinase B.
A PDK1 fosforilando, a cinase B, aciona a separação do PIP3 e, uma vez ativada, a cinase B
fosforila a Bad (do inglês, Bcl-2 antagonist of cell death). A Bad inativada se associa com a
proteína 14-3-3 do citosol.

A Bad afastada da Bcl-2, originada de um protooncogene Bcl-2 (do inglês, B Cell Leukemia, da
membrana externa das mitocô ndrias, a Bcl-2 é ativada e protege a célula da apoptose, por manter
ocluída a proteína canal membranosa das mitocô ndrias denominada PTPC (do inglês,
Permeahility Transition por e Complex).

No objeto a seguir, observe que, sem os fatores tró ficos, a Bad é ativada, separando-se da 14-3-3 ao se ligar
com a Bcl-2 na face citosó lica da membrana externa da mitocô ndria.
Com a inativação da Bcl-2 pela Bad, PTPC permite um fluxo molecular entre a matriz e o espaço
intermembranoso nas mitocô ndrias, levando a alteraçõ es conformacionais da membrana externa que
permitem a liberação da proteína AIF (do inglês, Apoptosis Inducing Factor) e o citocromo c ao citoplasma.
No citoplasma, AIF migra até a membrana e, como visto, promove a difusão de moléculas de fosfatidilserinas
para a superfície externa da membrana com o propó sito de atraírem macró fagos. As AIFs também são
encaminhadas para a região nuclear da célula. Isso promove dois eventos importantes:

• a cromatina é condensada;
• as endonucleases que clivam o DNA constituinte dessa cromatina
nuclear.
Já o citocromo c é combinado com uma proteína de adaptação denominada Apaf-1 (do inglês, Apoptosis
Protease Activating Factor), que o interliga com uma pró -caspase-9. Essa pró -capase-9 ao se desmembrar é
convertida em caspase-9 que, por sua vez, é transformada em pró -caspase-3. Na sequência, a pró -caspase-3 se
transforma em caspase-3, enzima que promove a ativação sequencial da apoptose, como visto no início desse
capítulo.
Um fato importante a ser considerado é que as concentraçõ es citosó licas de Ca++ aumentam muito nas células
em processo de apoptose. Uma observação interessante é o que ocorre nos epitélios, em que o Ca++ oclui as
junçõ es intercelulares, evitando o transporte de substâncias que venham a prejudicar células justapostas.

4.2.3 Resposta rápida para apoptose


Nos mecanismos imunoló gicos, as membranas de algumas células cancerígenas ou infectadas expõ em
receptores de membrana que levam à apoptose. Nesses exemplos, ocorre de maneira bem mais rápida, quando
comparado aos eventos descritos anteriormente. Esses receptores são chamados TNF-R, cuja substância

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indutora é o TNF (do inglês, Tumor Necrosis Fator), e Fas, que interage com e FasL, cada um com cadeias de
aminoácidos reconhecidas como “domínio de morte”. Essas sequências são as responsáveis por ativarem as
enzimas caspases.
TNF dispara as vias de sinalização pela junção com o receptor TNF-R (ver figura a seguir), permitindo que os
domínios dos receptores voltados ao citosol se liguem à proteína de adaptação TRADD (do inglês, TNF
Receptor-Associated Death Domain). Essa proteína se liga a outras três proteínas adaptadoras como a FADD
(do inglês, Fas Receptor-Associated Death Domain), a RIP (do inglês, Receptor-Interacting Protein) e a TRAF
(do inglês, TNF Receptor-Associated Factor).
A RIP e a TRAF estão parcialmente relacionadas com a apoptose, ao passo que a FADD, que se associa com a
pró -caspase-8, a transforma na caspase-8. Em consequência, a caspase-8 ativa a pró caspase-9 e a converte em
caspase-9, sendo as etapas que culminam em uma apoptose bastante semelhante às anteriormente detalhadas.

VOCÊ QUER VER?


Assista na animaçã o a cascata de reaçã o das caspases que culminam na morte celular
programada. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-vmtK-
bAC5E&t=30s/ (https://www.youtube.com/watch?v=-vmtK-bAC5E&t=30s/)>.

Frente a infecçõ es e células cancerosas, os linfó citos T citotó xicos e linfó citos NK assassinos naturais (natural
killer) produzem o FasL (do inglês, Fascicle Ligated), substância que permanece integrada à membrana e que
interage com o Fas, receptor de superfície que promove a morte celular programada ou a apoptose.
Dessa forma, a via de sinalização iniciada pelo FasL é mais curta quando comparada às vias que são iniciadas
pelo TNF. Isso porque os domínios do receptor Fas citosó lico estão associados com a FADD diretamente sem
o intermédio da TRADD.
Agora, vamos estudar sobre a apoptose que evita doenças como o câncer.

4.2.4 A apoptose que evita o câncer


As células nos tecidos corporais estão sujeitas a diversas condiçõ es bioló gicas como desordens e
perturbaçõ es em decorrência do processo de envelhecimento das células e da replicação que pode ser
concluída com erros de pareamentos e ambientais, como as radiaçõ es gama, os raios X, as radiação UV
(ultravioleta), os agentes químicos e infecciosos e o acú mulo celular de peró xido de hidrogênio (H2O2) ou
ânions superó xido (02-).

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VOCÊ SABIA?
Quando o DNA sofre mutaçã o, a p53 se acumula na cé lula e ativa o gene CDKN1A,
que codifica os inibidores do ciclo celular como a p21, que inibem a açã o de CDK
(cinases dependentes de ciclinas) sobre a pRB, proteína reguladora da divisã o
celular, mantendo-a inativa; como os fatores de transcriçã o ficam retirados pela
pRB, ocorre parada na divisã o celular. Durante esse tempo, entram em açã o genes
de reparo do DNA. Caso o reparo seja efetivo, a cé lula prossegue em sua atividade
normal. Caso o defeito nã o seja corrigido, sã o ativados genes pró-apoptóticos, como
o BAX, e a cé lula é estimulada a entrar em apoptose.

A proteína p53 é responsável por estabilizar o ciclo celular em G1, verificando a presença de modificaçõ es do
DNA na intenção de rastreá-las e iniciar o processo de reparo. Quer saber mais sobre a p53? Clique nas abas
abaixo e confira!

Quando uma célula é exposta aos agentes químicos, físicos e bioló gicos (vírus), eles
podem levar à intervenção da proteína p53. Na impossibilidade de realizar reparo, a
Intervenç célula passa a ser uma ameaça ao organismo. Sendo assim, a proteína p53 promove a
ão da morte celular como uma forma de evitar que o DNA danificado seja transferido às
proteína pró ximas geraçõ es celulares originadas na divisão celular. O mecanismo de ação da
p53 leva à inativação da Bcl-2 e assim todos os passos já explicados que culminam
na apoptose.

Em alguns casos, o pró prio gene que codifica a proteína p53 (gene p53) pode estar
alterado, originando uma p53 impossibilitada de orquestrar o controle do DNA e de
Gene p53 promover a apoptose. Caso essa célula com p53 não funcional sofra divisão, as
células-filhas receberão essas alteraçõ es e sucessivamente irão repassá-las ao longo
das pró ximas divisõ es.

Perceba que essa constatação é bastante perigosa, pois uma vez que os genes de regulação da divisão celular
estão afetados, podem ser gerados cânceres.

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4.2.5 Necrose
Como a apoptose depende de ATP, as agressõ es que a provocam não podem bloquear completamente a
produção de energia. Se o ATP reduz muito, surge necrose. Nesta, há aumento da permeabilidade de
lisossomos, elemento fundamental na autó lise. Admite-se que uma agressão pode, inicialmente, induzir
apoptose. Se esta é interrompida ou não se completa, pode evoluir para necrose. Necrose significa morte
celular em organismo vivo e seguida de autó lise. Quando a agressão interrompe a produção de energia, os
lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases e estas saem para o citosol e iniciam a autó lise; as
hidrolases lisossô micas digerem todos os substratos celulares. Com a necrose, são liberadas alarminas
(HMGB1, uratos e fosfatos) que são reconhecidas em receptores celulares e induzem uma reação inflamató ria.

4.2.6 Aspectos morfológicos


A digestão dos componentes celulares pelas enzimas liberadas resulta nos achados morfoló gicos.
Macroscopicamente, a necrose tem aspectos variados. A região de necrose isquêmica em ó rgãos com
circulação terminal adquire coloração esbranquiçada e se torna tumefeita. Na necrose anó xica de ó rgãos com
circulação dupla há extravasamento de sangue, adquirindo à área comprometida aspecto hemorrágico
(avermelhado). Na necrose que ocorre na tuberculose, a região necrosada assume aspecto de massa de queijo,
esbranquiçada e quebradiça (necrose caseosa). Na sífilis, as lesõ es têm aspecto de goma (necrose gomosa).
Quando o tecido é digerido até a liquefação, com aspecto semifluido, fala-se em necrose por liquefação,
comum no encéfalo.
Os principais achados microscó picos são alterações nucleares. Para saber mais sobre elas, clique nos cards
abaixo.

Picnose nuclear

Contração e condensação da cromatina, tornando o nú cleo mais basó filo, homogêneo e menor
do que o normal: é a picnose nuclear.

Cariólise

Digestão da cromatina e desaparecimento dos nú cleos: é a carió lise.

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Cariorrexe

Fragmentação do nú cleo, constituindo a cariorrexe.

Picnose, carió lise e cariorrexe resultam do abaixamento do pH na célula morta (que condensa a cromatina) e
da ação de desoxirribonucleases e outras proteases que digerem a cromatina e fragmentam a membrana
nuclear.

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Figura 15 - Á rea de necrose na qual os hepató citos apresentam citoplasma acidó filo e homogêneo, sem
nú cleos (carió lise). As setas amarelas mostram nú cleos picnó ticos. As setas azuis indicam hepató citos
contraídos e intensamente acidó filos, com nú cleo picnó tico.
Fonte: Reisner, 2018, p. 101.

Alterações citoplasmáticas
No início, há aumento da acidofilia; mais tarde, o citoplasma se torna granuloso e forma massas amorfas.
Ao ME se encontram várias alteraçõ es. No início, aparecem vacuolização de mitocô ndrias, retículo
endoplasmático e complexo golgiense. Na sequência, as organelas perdem a individualidade e não são mais
reconhecidas. Depó sitos cristalinos de sais de Ca++ são frequentemente encontrados. À s vezes, observam-se
restos de complexos juncionais.

4.2.7 Causas
Muitos agentes lesivos podem produzir necrose pelos mecanismos descritos a seguir.

• Redução de energia, por obstrução vascular (isquemia, anóxia) ou


por inibição dos processos respiratórios da célula.
• Geração de radicais livres.
• Ação de enzimas líticas.
• Ação direta sobre enzimas, inibindo processos vitais da célula (por
exemplo, agentes químicos e toxinas).
• Agressão direta à membrana citoplasmática, como ocorre na
ativação do complemento ou de linfócitos citotóxicos.

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VOCÊ QUER LER?


Procure realizar leituras sobre patologias humanas e/ou veteriná rias com ê nfase nos
principais processos relacionados a doenças no corpo humano e/ou animal em:
KUMAR, V. et al. Patologia básica. 8ª ediçã o. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
ALESSI, A. C., SANTOS, R. L. Patologia Veterinária. 2ª ediçã o. Rio de Janeiro: Roca, 2017.

A seguir, fique atento e aprenda mais sobre os mecanismos de herança genética e os heredogramas. Vamos lá?

4.3 Mecanismos de herança genética e heredogramas


A genética também estuda padrõ es de heranças de doenças hereditárias em famílias humanas. O mapeamento
dos genes causadores de doenças em locais específicos dos cromossomos, a análise dos mecanismos pelos
quais os genes causam doenças, o diagnó stico e a possibilidade de tratamento de distú rbios genéticos. O
estudo dos princípios básicos da genética humana possibilita a compreensão de mecanismos envolvidos na
etiologia de inú meras doenças e, consequentemente, a busca de alternativas para o tratamento e a prevenção
dessas condiçõ es.
Para aprender mais sobre este assunto, assista ao vídeo abaixo.

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4.3.1 Conceitos gerais da genética


A herança monogênica é determinada por um gene apenas, apresentando genó tipos e fenó tipos distribuídos
conforme padrõ es característicos. Quando o gene considerado se localiza em cromossomos autossô micos, a
herança é denominada autossô mica e o gene é autossô mico; quando o gene se situa nos cromossomos sexuais,
a herança é ligada ao sexo e o gene é ligado ao sexo.
Clique nas abas e aprenda mais sobre genética!

Genótipo e fenótipo

A constituição genética de um indivíduo se chama genó tipo. Fenó tipo é a manifestação do genó tipo
como o conjunto de características físicas, bioquímicas e fisioló gicas determinadas por genes,
influenciado ou não pelo ambiente.

Locus

A posição que o gene ocupa no cromossomo é denominada ló cus. Os genes que ocupam o mesmo
ló cus, no par de cromossomos homó logos, são chamados alelos. Em geral, alelos são as formas
alternativas de um gene ou de uma sequência de DNA em um dado ló cus.

Haploides

Cada indivíduo possui dois conjuntos haploides de genes, um originado de sua mãe e o outro de seu
pai. Quando os dois membros de um par de alelos são iguais, o indivíduo é homozigoto quanto a
esses alelos; quando ambos os alelos diferem, o indivíduo é heterozigoto.

Característica dominante e recessiva

Característica dominante é aquela que se manifesta mesmo quando o gene que a determina se
encontra em dose simples (e o indivíduo é heterozigoto para esse gene); característica recessiva é a
que se manifesta apenas quando o gene respectivo está em dose dupla (e o indivíduo é homozigoto
para esse gene).

A seguir, você poderá aprender mais sobre as Leis de Mendel. Também vai estudar acerca da genética humana.
Mantenha-se atento!

4.3.2 Leis de Mendel e Genética Humana

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Atualmente, são conhecidas mais de 20 mil características normais e patoló gicas que podem ser estudadas de
acordo com as leis de Mendel. Relembrando, a primeira de Mendel, lei da segregação, diz que os organismos
de reprodução sexual contêm seus genes em pares e apenas um dos constituintes desses pares é repassado
(transmitido) à prole por meio dos gametas. Assim, um alelo é transmitido fielmente à pró xima geração,
mesmo que esteja presente em heterozigose. O princípio bioló gico desse evento é o pareamento e a
subsequente separação de cromossomos homó logos durante a meiose. Já a segunda de Mendel, lei da
distribuição independente, pela qual os genes de diferentes ló cus são transmitidos de forma independente e
proporcional. Esse princípio bioló gico tem base no comportamento de diferentes pares de cromossomos
durante a meiose.

Figura 16 - Meiose e segregação de genes nos cromossomos.


Fonte: Schaefer; Thompson Jr, 2015, p. 141.

As leis de Mendel podem ser empregadas para o estudo de herança de características em seres humanos. No
entanto, na impossibilidade de se realizar cruzamentos controlados entre humanos, os avanços na área foram
muito lentos. A investigação e o estudo da hereditariedade dos seres humanos sempre dependeu dos registros
familiais (incompletos muitas vezes). Dessa forma, as proles humanas
(https://brito964.wordpress.com/2012/10/09/filosofia-cap-6-aspectos-da-filosofia-contemporanea/) não

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sendo grandes o suficiente, dificultam o discernimento das razõ es mendelianas. Mesmo assim, a motivação
em desvendar a hereditariedade humana sempre foi muito grande e, atualmente, são conhecidas muitas
características e doenças genéticas, estudadas inclusive em nível de expressão gênica.

VOCÊ QUER VER?


Assista estes dois vídeos que explicam a gené tica das características físicas humanas:
Descubre si tus rasgos son dominantes o recessivos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=_ZE0Gd3XAGw
(https://www.youtube.com/watch?v=_ZE0Gd3XAGw)/>
¿Cómo serán tus hijos? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=VNvqWThAIFM/ (https://www.youtube.com/watch?v=VNvqWThAIFM/)>.

Você sabe o que são heredogramas? Fique atento ao pró ximo assunto a ser estudado e aprenda!

4.3.3 Heredogramas
Os heredogramas são diagramas que relacionam membros de uma família. A figura abaixo apresenta os sinais
gráficos mais utilizados em heredogramas.

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Figura 17 - Principais símbolos utilizados nos heredogramas.

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Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 147.

A prole é mostrada abaixo dos pais, começando com o primeiro a nascer à esquerda e seguindo para a direita
conforme a ordem de nascimento. Os indivíduos que têm distú rbio genético são indicados por cor. As
geraçõ es geralmente são indicadas por algarismos romanos e os indivíduos específicos de uma geração são
designados por algarismos arábicos apó s o algarismo romano.

VOCÊ QUER LER?


Você percebeu que há símbolos indicando gê meos univitelinos? Sabe como diferenciá -
los? Visite o site da Fiocruz e compreenda melhor essa intrigante questã o de gené tica
humana.
Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/geral/53895-saiba-a-
diferenca-entre-gemeos-univitelinos-e-bivitelinos
(http://www.blog.saude.gov.br/index.php/geral/53895-saiba-a-diferenca-entre-
gemeos-univitelinos-e-bivitelinos).

Veja a seguir um clássico heredograma de casos de hemofilia nas famílias reais europeias.

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Figura 18 - Heredograma de hemofilia nas famílias reais europeias.


Fonte: Schaefer; Thompson Jr, 2015, p. 202.

Na herança monogênica (mendeliana), as características aparecem nas famílias em proporçõ es mais ou menos
fixas. Os tipos de genealogias apresentadas para essas características dependem se o gene está localizado em
autossomos ou cromossomos sexuais e se a característica é dominante ou recessiva. Dessa forma, há quatro
tipos de herança bem caracterizadas: autossô mica dominante, autossô mica recessiva, dominante ligada ao
sexo e recessiva ligada ao sexo.

4.3.4 Distúrbios Monogênicos


Consistem em doenças causadas por mutaçõ es em um ú nico gene. Os padrõ es dessa herança dependem se o
fenó tipo é dominante ou recessivo e da localização cromossô mica da alteração genética, que pode ser em
cromossomos autossô micos ou sexuais.

4.3.5 Padrão de herança autossômica


Os distú rbios de herança autossô mica normalmente afetam indivíduos do sexo masculino e feminino
igualmente, embora haja exceçõ es, como os distú rbios limitados ao sexo.
A seguir, vamos conhecer mais sobre as doenças autossô micas recessivas. Fique atento!
Doenças Autossômicas Recessivas

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Ocorrem somente em indivíduos com dois alelos mutantes e nenhum alelo normal. Nos indivíduos em que
um alelo ú nico é mutante, o normal compensa o alelo anormal, impedindo que a doença se manifeste. Como
cada indivíduo herda somente um dos dois alelos de cada genitor, para que a doença autossô mica recessiva se
manifeste, o indivíduo deve herdar um alelo mutante de cada genitor. Os indivíduos afetados por distú rbio
autossô mico recessivo, em sua maioria, são filhos de genitores heterozigotos não afetados. Nesse caso, os
pais são também chamados de portadores e apresentam o risco de 25% de terem um filho afetado
(homozigoto). A figura a seguir exemplifica o padrão de herança autossô mica recessiva. São observados na
terceira geração casais portadores com descendentes afetados.

Figura 19 - Genealogia hipotética representativa da herança autossô mica recessiva rara.


Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 156.

Para aprender mais sobre esse padrão de transmissão, clique nas abas abaixo.

Albinismo

Ausência de pigmento.

Alcaptonúria

Distú rbio do metabolismo de aminoácidos.

Ataxia telangiectasia

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Distú rbio neuroló gico.

Fibrose cística

Doença genética que afeta glândulas produtoras de muco e suor e o pâncreas exó crino.

Distrofia muscular de Duchenne

Doença genética que acomete homens, com enfraquecimento e perda progressiva de massa
muscular.

Galactosemia

Afeta o metabolismo de carboidratos.

Glicogenose tipo I (Doença de Von Gierke)

Doença genética por depó sito de glicogênio hepático, caracterizada por hipoglicemia.

Fenilcetonúria

Afeta o metabolismo de aminoácidos.

Doença falciforme

Distú rbio da hemoglobina.

Doença de Tay-Sachs

Afeta o depó sito de lipídios.

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Como a maioria dos alelos mutantes responsáveis por esses distú rbios se encontra nos portadores, esses
alelos podem permanecer ocultos por diversas geraçõ es. Esses genes recessivos se manifestam somente
quando o portador se une a outro portador para o mesmo ló cus e ambos transmitem o alelo mutado ao
descendente. A possibilidade de ambos os genitores serem portadores de um alelo mutante no mesmo ló cus
aumenta se eles forem consanguíneos, ou seja, possuírem um ancestral em comum que possa ter transmitido
essa condição para ambos. Embora a união consanguínea aumente o risco genético, esse risco não é muito
superior ao risco que indivíduos de famílias diferentes apresentam.
Doenças Autossômicas Dominantes
O risco e a gravidade dos distú rbios dominantes dependem das características dos genitores, ou seja, se um ou
ambos são afetados e se a característica é estritamente dominante ou incompletamente dominante. Na prática,
os homozigotos para fenó tipos dominantes não são vistos com frequência, pois as uniõ es que poderiam ter
prole homozigota são bastante raras. A figura a seguir mostra o padrão de herança autossô mica dominante de
um casal (afetado e não afetado).

Figura 20 - Genealogia hipotética representativa da herança autossô mica dominante rara.


Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 153.

Embora o padrão de doenças autossô micas dominantes seja raro, há exemplos clássicos como a
acondroplasia, distú rbio genético que se manifesta por meio de nanismo. A união de acondroplásicos é
comum, podendo resultar em filhos homozigotos. Os indivíduos homozigotos para a acondroplasia são
gravemente afetados, não sobrevivendo ao período pó s-natal.

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VOCÊ QUER LER?


Caso você tenha ficado curioso e queira obter mais informações sobre as doenças
autossômicas, leia os exemplos em destaque no capítulo 5 em:
BORGES-OSÓ RIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 3ª ediçã o. Porto Alegre:
Artmed, 2013.

Na hipó tese de uma união de indivíduos heterozigotos, há o risco de 75% de gerarem prole afetada e 25%
normal. Outros exemplos de doenças genéticas dominantes são a braquidactilia (dedos curtos), a cegueira
noturna congênita; a síndrome de Ehler-Danlos (distú rbio do tecido conjuntivo), a doença de Huntington
(distú rbio neuroló gico), a síndrome de (https://www.scribd.com/document/378374129/Current-
Diagnostico-e-Tratamento-Em-PEDIATRIA-22%EF%BF%BD%EF%BF%BD-Ed) Marfan (indivíduo alto e
magro, com problemas cardíacos e de visão), a neurofibromatose (tumoraçõ es no corpo), e a sensibilidade
gustativa à feniltiocarbamida (PTC).

4.3.6 Padrão de herança ligada aos cromossomos sexuais X


Distribui-se de maneira diferente entre homens e mulheres. Como os homens apresentam apenas um
cromossomo X, são homozigotos em relação aos genes ligados ao X, sendo que as mulheres podem ser
heterozigotas ou homozigotas para os alelos. Os alelos para a maioria dos genes dos cromossomos X são
expressados a partir de um ú nico X. Assim, o padrão de herança recessivo ou dominante ligado ao X se
distinguem com base no fenó tipo de mulheres heterozigotas. Quando os fenó tipos ligados ao X são expressos
em portadoras, são chamados de dominantes. Quando os fenó tipos não são expressos em portadoras, são
chamados de recessivos. Alguns geneticistas consideram os termos dominante e recessivo ligados ao X
dispensáveis às doenças ligadas ao X, pois a dominância e a recessividade não são absolutas para um
distú rbio ligado ao X. Esses termos, porém, ainda são amplamente empregados e descrevem extremos de um
espectro de penetrância e expressividade em portadores do sexo feminino de distú rbios associados ao X.
A seguir, realize a atividade proposta e teste seus conhecimentos sobre o tema.
Agora, vamos conhecer mais sobre as doenças recessivas relacionadas ao cromossomo X. Vamos lá?
Doenças recessivas ligadas ao cromossomo X
As doenças recessivas ligadas ao cromossomo X, normalmente, são estritas ao sexo masculino, sendo
condição rara nas mulheres. O clássico exemplo da hemofilia A descreve que se um indivíduo hemofílico e
uma mulher saudável tiverem filhos, todos os meninos receberão um cromossomo Y paterno e um
cromossomo X materno. Dessa forma, não serão afetados. Porém, todas as meninas terão um cromossomo X
do pai com alelo para hemofilia, sendo obrigatoriamente portadoras. Agora, se uma filha de pai hemofílico se

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unir com homem saudável, há a probabilidade de que 50% das filhas do casal sejam portadoras, 50% das
filhas sejam normais, 50% dos filhos sejam afetados e 50% dos filhos sejam normais. A figura exemplifica
esse padrão de herança.

Figura 21 - Genealogia hipotética representativa da herança recessiva rara ligada ao sexo.


Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 163.

No heredograma são observadas três geraçõ es, sendo que na I e na III há homens afetados pelo distú rbio
genético recessivo ligado ao sexo (figuras quadradas pintadas de preto). Na geração 2, há somente mulheres
portadoras do alelo para condição (figuras circulares com ponto negro ao centro). Note que a seta apontada
para o indivíduo 2 da terceira geração é o probando.

VOCÊ QUER VER?


Assista à animaçã o sobre a transmissã o gené tica da hemofilia. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Szr4K0J4i3s/
(https://www.youtube.com/watch?v=Szr4K0J4i3s/)>.

https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/SAU_PRBIBA_19/unidade_4/ebook/index.html# 49/80
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Agora, vamos estudar a respeito das doenças dominantes relacionadas ao mesmo cromossomo X. Fique
atento!
Doenças dominantes ligadas ao cromossomo X
Doenças genéticas dominantes ligadas ao cromossomo X são regularmente expressas em heterozigotos e não
há transmissão entre pai e filho. Porém, todas as filhas e nenhum filho de homem afetado serão afetados. São
raros os distú rbios classificados como dominantes ligados ao X. Um exemplo é o raquitismo hipofosfatêmico,
doença na qual a capacidade dos tú bulos renais de reabsorverem o fosfato é comprometida. A figura
exemplifica esse padrão de herança.

Figura 22 - Genealogia hipotética representativa da rara herança dominante ligada ao sexo.


Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 167.

No heredograma há três geraçõ es de afetados pela condição genética em ambos os sexos (figuras quadradas e
circulares pintadas de preto). Note que a seta apontada para o indivíduo 4 da terceira geração é o probando.

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VOCÊ QUER LER?


Caso você tenha ficado curioso e queira obter mais informações sobre as doenças
ligadas ao cromossomo X, leia os exemplos em destaque no capítulo 5 em:

BORGES-OSÓ RIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 3ª ediçã o. Porto Alegre:


Artmed, 2013.

Na sequência, vamos estudar sobre os alelos mú ltiplos. Mantenha-se concentrado!

4.3.7 Alelos múltiplos


Os conceitos básicos mendelianos de que só existem dois estados alélicos dos genes foi modificado quando
se descobriu genes com três, quatro ou mais alelos (alelos mú ltiplos) como nos tipos sanguíneos humanos.
Os tipos sanguíneos A, B, AB e O são detectados por testes de amostragem de sangue com diferentes soros.
Quando as hemácias têm apenas o antígeno A, o sangue é tipo A; quando há o antígeno B, o sangue é tipo B.
Quando os dois antígenos (A e B) estão presentes, o sangue é tipo AB e quando não há antígeno, é tipo O. Veja
na imagem abaixo uma tipificação de um indivíduo do grupo A.

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Figura 23 - Hemácias suspensas em salina aglutinam na presença de soro anti-A.


Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 336.

Veja também no quadro abaixo a distribuição de fenó tipos, genó tipos, antígenos e anticorpos nos eritró citos e
soro do sistema ABO.

Quadro 1 - Distribuição de fenó tipos, genó tipos, antígenos e anticorpos nas hemácias e no soro,
respectivamente, do sistema de grupos sanguíneos ABO.
Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 335.

O gene responsável pela produção dos antígenos A e B é indicado pela letra I e tem três alelos: IA, IB e IO. O
alelo (https://www.passeidireto.com/arquivo/5711166/extensoes-do-mendelismo) IA especifica a produção
do antígeno A e o alelo IB, a produção do antígeno B. No entanto, o alelo i não produz antígenos. Dessa forma,

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são determinados pelos genó tipos os quatro fenó tipos reconhecidos pelos tipos sanguíneos A, B, AB e O.
Nesse sistema, os alelos IA e IB são codominantes e são expressados igualmente em heterozigose. Já o alelo IO
é recessivo em relação aos dois alelos. A figura exemplifica esse padrão de herança.

Quadro 2 - Relação de codominância dos alelos IA e IB e dominância sobre o alelo IO (genó tipos) no
controle dos grupos sanguíneos ABO (fenó tipos).
Fonte: Klug, 2013, p. 74.

O quadro mostra as possibilidades de combinaçõ es de alelos (genó tipos) e que as relaçõ es de codominância
entre IA e IB e de dominância desses para com IO resultam na expressão ou não de antígenos nas hemácias e a
classificação dos grupos sanguíneos (fenó tipos).

4.3.8 Transfusões sanguíneas


Os sistemas ABO e Rh são os mais importantes em casos de transfusão sanguínea. É aconselhado que os
receptores de sangue recebam de grupos idênticos. Porém, em casos de extrema emergência, doadores de
outros tipos também podem ser recrutados, desde que haja compatibilidade com o receptor. Os anticorpos no
plasma do doador, normalmente, não são levados em conta, pois em geral não levam a reaçõ es transfusionais
quando diluídos no sangue do receptor. A figura mostra a compatibilidade e a incompatibilidade entre os
diversos grupos sanguíneos do sistema ABO em transfusõ es.

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Figura 24 - Esquema de transfusão sanguínea entre os tipos sanguíneos do grupo ABO.


Fonte: Shutterstock.com

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VOCÊ QUER VER?


Aproveite e conheça o Jogo da transfusão - The bloodtyping game. Disponível em:
<https://educationalgames.nobelprize.org/educational/medicine/bloodtypinggame/g
amev2/index.html
(https://educationalgames.nobelprize.org/educational/medicine/bloodtypinggame/g
amev2/index.html)/>.

Observe que quando o doador for do grupo sanguíneo O não existe reação de aglutinação, pelo fato de não
possuir antígenos A e B, sendo denominado doador universal. Porém, quando o receptor for do grupo
sanguíneo AB e não possuir anticorpos anti-A e anti-B em seu soro, poderá receber sangue de todos os tipos
sanguíneos, sendo denominado receptor universal.

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VOCÊ SABIA?
A bioquímica do sistema ABO é compreendida pelos antígenos A e B que
apresentam grupos de açú cares que se ligam a á cidos graxos na membrana das
hemá cias. A especificidade do A e do B está baseada no carboidrato terminal do
grupamento acrescentado à substâ ncia H. Essa substâ ncia conté m trê s molé culas
de açú car como a galactose (Gal), a N-acetilglicosamina (AcGalNH) e a fucose. O
alelo IA é responsável por uma enzima que pode adicionar o açú car terminal N-
acetilgalactosamina à substâ ncia H. O alelo IB é responsável por uma enzima
modificada que nã o acrescenta a N-acetilgalactosamina, mas, sim, a uma galactose
(ver imagem).

Os heterozigotos (IAIB) adicionam um ou o outro açú car em muitos substratos


disponíveis na superfície dos eritrócitos, exemplificando a base bioquímica da
codominâ ncia em indivíduos do grupo sanguíneo AB. Finalmente, as pessoas do
grupo O nã o conseguem acrescentar qualquer açú car terminal (possuem somente
a substâ ncia H).

A seguir, você conhecerá mais sobre a Doença Hemolítica Perinatal. Acompanhe!

4.3.9 Doença Hemolítica Perinatal


A maioria dos casos de Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) surge devido ao sistema de grupos sanguíneos
Rh, que tem importância nas transfusõ es pela incompatibilidade materno-fetal. A genética do sistema Rh pode
ser descrita com um ú nico par de alelos, D e d. Assim, indivíduos Rh positivos possuem genó tipos DD ou Dd,
e Rh negativos dd.
A condição principal para o desenvolvimento da DHPN é a mãe ser Rh negativa e o bebê Rh positivo, sendo o
diagnó stico confirmado pelo teste de Coombs (detecta a presença de anticorpos que reagem com hemácias e
provocam sua destruição, podendo ocasionar anemia hemolítica).

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Figura 25 - Mecanismo determinante da DHPN. Se um homem Rh+ e uma mulher Rh– forem pais de um bebê
Rh+, essa mulher poderá se tornar sensibilizada e formará anticorpos contra os antígenos presentes na
superfície das hemácias de uma futura criança Rh+.
Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 346.

Quer aprender mais sobre a doença hemolítica perinatal? Clique nas setas e confira.

Na mãe Rh negativa, as células do bebê Rh positivo que atingirem sua circulação podem levar à
formação de anticorpos anti-D na mãe. Esses anticorpos podem ser transferidos ao feto e suas
hemácias podem ser destruídas. Assim, o bebê desenvolve anemia e grandes quantidades de

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eritroblastos são liberadas na corrente sanguínea fetal.

As crianças que sobrevivem à doença podem apresentar sinais como hepatoesplenomegalia,


ascite, petéquias hemorrágicas e edema, além de poderem desenvolver surdez, debilidade mental
e paralisia cerebral.

Na tentativa de evitar a sensibilização de mulheres Rh negativa, é indicado o uso de sangue com


Rh compatível em casos de necessidade de transfusão. A sensibilização pó s-parto pode ser
evitada pela administração de anticorpos anti-D para mãe nas primeiras 72 horas, período em que
células fetais Rh positivas serão eficazmente destruídas, evitando a sensibilização.

O tratamento da hiperbilirrubinemia na DHPN pode ocorrer por transfusão in utero ou apó s o


nascimento, mas os resultados ainda não são plenamente satisfató rios. Dessa forma, a fototerapia
é bastante comum, pois degrada o pigmento bilirrubina do bebê, além de diminuir o risco de
desenvolvimento de kernicterus (lesão do tecido cerebral ocasionada pela deposição de
bilirrubina).

No pró ximo tó pico de estudo, você poderá aprender sobre o carió tipo e as alteraçõ es cromossô micas. Fique
atento!

4.4 Cariótipo e alterações cromossômicas


O que determina o desenvolvimento do sexo masculino ou feminino nos organismos? Por que existem apenas
dois fenó tipos sexuais? O sexo de um organismo é determinado por seus genes? Essas questõ es e outras
relacionadas intrigaram geneticistas desde a redescoberta do trabalho de Mendel no início do século 20.
Para aprender mais sobre o tema, assista ao vídeo abaixo.

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4.4.1 Cromossomos
Como visto, o conjunto de cromossomos que define a espécie humana é classificado como autossomos (22
pares), semelhantes quanto a forma e as funçõ es, e cromossomos sexuais, que completam os 23 pares. Podem
ser da mesma forma iguais (XX) ou diferentes (XY) na espécie humana.
Alguns genes estão presentes tanto no cromossomo X quanto no Y, sendo a maioria perto das extremidades
dos braços curtos, cujos alelos não obedecem ao padrão de herança ligados aos X ou Y, simulando a herança de
um gene autossô mico. Na espécie humana, os cromossomos sexuais determinam os fenó tipos masculino e
feminino (dimó rficos). Em seres humanos, o sexo masculino é determinado por um efeito dominante do
cromossomo Y, levando à transformação das gô nadas primordiais em testículos.
Uma vez formados, os testículos secretam testosterona, que estimula o desenvolvimento de características
masculinas. O Fator Determinante Testicular (TDF) é um produto do gene SRY localizado pró ximo à região
pseudoautossô mica do braço curto do cromossomo Y.

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Figura 26 - Processo de determinação do sexo em seres humanos.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 98.

Observe que o desenvolvimento sexual masculino depende da produção de um Fator Determinante Testicular
chamado TDF por gene do cromossomo Y. Na ausência desse fator, o embrião desenvolve características
femininas.

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VOCÊ SABIA?
Você sabe o que é Síndrome de Insensibilidade a Testosterona? Após a formaçã o
dos testículos, a secreçã o de testosterona inicia o desenvolvimento de
características sexuais dos meninos. A testosterona é um hormônio que se associa
a receptores andrógenos em diversas cé lulas do organismo. A formaçã o do
complexo hormônio-receptor permite a transmissã o de sinais ao nú cleo celular,
resultando no desenvolvimento de características masculinas. Caso o sistema de
sinalizaçã o de testosterona falhe, essas características nã o aparecerã o e o
indivíduo poderá se desenvolver como do gê nero feminino. Uma razã o dessa falha
é a incapacidade de produzir o receptor de testosterona.
Indivíduos XY com essa deficiê ncia característica, desenvolvem-se inicialmente
como homens com a formaçã o dos testículos e produçã o de testosterona. No
entanto, a testosterona nã o faz efeito, pois nã o consegue transmitir o sinal de
desenvolvimento nas cé lulas-alvo (desenvolvem características femininas), sem a
formaçã o das gônadas femininas (ová rios). Essa característica é denominada
síndrome de insensibilidade a andrógenos, sendo ocasionada por uma mutaçã o
no gene AR ligado ao X, responsável por codificar o receptor de testosterona. A
mutaçã o AR é transmitida aos filhos XY em um padrã o típico ligado ao X.

Antes de continuar seus estudos, gostaríamos de convidá-lo a conhecer Phoebe Hart!

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VOCÊ QUER VER?


Conheça a história de Phoebe Hart, uma cineasta e professora nascida com a Síndrome
de Insensibilidade a Testosterona.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=d-E8aCF1krE/


(https://www.youtube.com/watch?v=d-E8aCF1krE/)>.

Corpúsculo de Barr
Análises químicas mostram que o DNA se condensa em uma estrutura de coloração escura denominada
Corpú sculo de Barr. Essa estrutura está fixada à superfície interna da membrana nuclear, na qual se replica fora
de sincronia com os outros cromossomos na célula. O cromossomo X inativado continua em seu estado
alterado em todos os tecidos somáticos.

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Figura 27 - Corpú sculo de Barr em célula feminina.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 101.

Observe que o Corpú sculo de Barr é uma estrutura fixada à superfície interna da membrana nuclear, na qual se
replica fora de sincronia com os outros cromossomos na célula. O cromossomo X inativado continua em seu
estado alterado em todos os tecidos somáticos. No entanto, é reativado nos tecidos germinativos.

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VOCÊ O CONHECE?
Você sabe quem foi Murray Llewellyn Barr?
Murray Llewellyn Barr foi um mé dico e pesquisador que descobriu na dé cada de
1940 que as cé lulas somá ticas interfá sicas femininas apresentavam, aderida à face
interna da membrana nuclear, uma heterocromatina, hoje conhecida como cromatina
sexual ou Corpú sculo de Barr.
O Corpú sculo de Barr é importante para diferenciar as cé lulas masculinas e femininas
e para serem identificadas anormalidades nos cromossomos sexuais.

No pró ximo tó pico, vamos conhecer sobre o carió tipo humano.

4.4.2 Cariótipo humano


Atualmente, técnicas de bandeamento e pintura cromossô mica permitem distinguir os cromossomos
humanos de forma detalhada. Dessa forma, os cromossomos podem ser organizados em grupos de acordo
com o tamanho, a forma e o padrão de bandeamento (veja a seguir).

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Figura 28 - Carió tipo corado de um indivíduo da espécie humana (homem) mostrando bandas em cada
cromossomo. Autossomos numerados de 1 a 22 e X e Y são os cromossomos sexuais.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 110.

O padrão de bandas de um cromossomo é chamado ideograma. Com a coloração Giemsa de alta resolução, os
citogeneticistas podem identificar cerca de 850 bandas no carió tipo humano. As técnicas de bandeamento e
pintura distinguem os braços cromossô micos e permitem analisar regiõ es específicas de interesse. Além
disso, os centrô meros dividem os cromossomos em braços longos e curtos, sendo o braço curto designado
pela letra p e o braço longo pela letra q.

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Figura 29 - O ideograma do cromossomo 5 humano.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 110.

Observe que no ideograma as regiõ es do braço são numeradas consecutivamente a partir do centrô mero. As
sub-regiõ es e as bandas de cada região são designadas por nú meros adicionais.

4.4.3 Variação citogenética


Os fenó tipos de muitos organismos são afetados por variaçõ es no nú mero de cromossomos em suas células.
Organismos com conjuntos completos, ou normais, de cromossomos são euploides. Os organismos nos quais
há deficiência ou excesso de determinado cromossomo são aneuploides, sofrendo, muitas vezes,
desequilíbrios genéticos específicos. Quanto à distinção entre aneuploidia e poliploidia, a aneuploidia é uma
alteração no nú mero de parte do genoma, geralmente um cromossomo, enquanto a poliploidia é uma alteração
numérica em conjunto inteiro (completo) de cromossomos.
Aneuploidia
São as alteraçõ es numéricas de parte do genoma, geralmente a alteração na dose de um ú nico cromossomo.
Quando há um cromossomo a mais, um cromossomo a menos ou combinaçõ es dessas anomalias, os
indivíduos são considerados aneuploides. Da mesma forma, um indivíduo com deleção do braço
cromossô mico também é aneuploide.
A idade materna avançada é uma das principais causas da ocorrência de aneuploidias, como observado nas
trissomias dos cromossomos 21, 18 e 13, assim como em proles com trissomia dos pares sexuais (47, XXX ou
47, XXY). Essa regra, no entanto, não se aplica à Síndrome de Turner (45, X). Abortos espontâneos com
aneuploidias também ocorrem com maior frequência em mulheres com idade avançada. É estimado que, se as
mulheres com mais de 35 anos deixassem de se reproduzir, a incidência de crianças com alteraçõ es
cromossô micas numéricas poderia diminuir para cerca de 30 a 50%.
Trissomia em seres humanos
Entre as anormalidades cromossô micas humanas mais conhecidas, a Síndrome de Down, distú rbio causado
por um cromossomo 21 extra, é a mais incidente. Indivíduos portadores da Síndrome de Down geralmente
apresentam estatura baixa, hipermobilidade articular, crânio largo, narinas amplas, língua grande com sulcos
característicos, mãos curtas e largas com prega palmar e comprometimento mental. A expectativa de vida é
menor quando comparada aos indivíduos não sindrô micos.

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Figura 30 - Menina com Síndrome de Down (47, XX, +21). Menina com Síndrome de Down (47, XX, +21).
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 116.

A trissomia do 21 pode ser causada pela não disjunção cromossô mica em uma das divisõ es meió ticas que
pode ocorrer com qualquer um dos genitores, porém com maior probabilidade para o sexo feminino. Nas
mulheres com menos de 25 anos, o risco de gestar um filho com Síndrome de Down é de aproximadamente 1
em 1.500, enquanto que em mulheres com 40 anos, é de 1 em 100. Esse aumento do risco é causado por
fatores que afetam adversamente o comportamento meió tico dos cromossomos enquanto a mulher envelhece.
Nas mulheres, a meiose começa na vida fetal, mas só é concluída depois da fertilização do ovó cito. Durante o
longo período antes da fertilização, as células permanecem na pró fase da primeira divisão meió tica. Quanto
maior é a duração da pró fase, maior é a chance de que não haja pareamento nem disjunção subsequente do
cromossomo (veja a seguir). Portanto, as mulheres mais velhas são mais propensas a produzir ovó citos
aneuploides.

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Figura 31 - A não disjunção meió tica do cromossomo 21 e a origem da Síndrome de Down.


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 118.

Como visto, também há casos de trissomias dos cromossomos 13 e 18. Porém, são mais raras e os indivíduos
afetados possuem anormalidades graves e geralmente morrem nas primeiras semanas de vida.

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VOCÊ QUER LER?


Caso você tenha ficado curioso e queira obter mais informações sobre as aneuploidias
dos autossomos, leia os exemplos em destaque no capítulo 4 em:

BORGES-OSÓ RIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 3ª ediçã o. Porto Alegre:


Artmed, 2013.

Antes de prosseguir com seus estudos, vamos testar os conhecimentos adquiridos sobre o tema?
Além dessas trissomias dos autossomos, há outras trissomias observadas nos cromossomos sexuais. Seres
humanos com carió tipo triplo-X (47, XXX) são do gênero feminino com fenó tipo normal. Por vezes, há leve
comprometimento mental e diminuição de fertilidade.
Uma outra possibilidade é o carió tipo 47, XXY, cujo fenó tipo é masculino, mas que também pode apresentar
características sexuais femininas e esterilidade. As anormalidades associadas a esse distú rbio constituem a
Síndrome de Klinefelter. Os indivíduos portadores dessa síndrome possuem aspecto eunucoide com ausência
de barba, além de ginecomastia em até 25% dos casos e testículos pouco desenvolvidos, membros alongados,
genuvalgo (joelhos pró ximos, juntos), distribuição de gordura e pelos corporais semelhantes às mulheres. O
carió tipo XXY pode se originar pela união de ovó cito XX e do espermatozoide Y ou da união de ovó cito X com
espermatozoide XY. Além disso, outros casos têm carió tipos mais complexos, como XXYY, XXXY, XXXYY, XXXXY,
XXXXYY e XXXXXY. Todos os portadores da Síndrome de Klinefelter têm um ou mais Corpú sculos de Barr nas
células e aqueles que têm mais de dois cromossomos X geralmente têm algum grau de comprometimento
mental. O carió tipo 47, XYY é outra trissomia viável em seres humanos. Os portadores são do sexo masculino
e geralmente são mais altos que os homens 46, XY, além de não apresentarem uma síndrome constante de
características, mas podem manifestar deficiência mental moderada, comportamento agressivo,
incoordenação motora fina e problemas de conduta.
Monossomia
Em seres humanos, só existe um monossô mico viável, o carió tipo 45, X, do distú rbio denominado Síndrome
de Turner. Esses indivíduos possuem um cromossomo X ú nico e um complemento diploide de autossomos. O
fenó tipo é feminino, porém com ovários rudimentares. Para aprender mais sobre a monossomia, clique nas
abas abaixo.

Cariótipo 45, X
As mulheres 45, X, normalmente são baixas; têm pescoço alado,
problemas auditivos e cardiovasculares significativos. O carió tipo
45, X, pode se originar de ovó citos ou espermatozoides sem um
cromossomo sexual ou devido à perda de um cromossomo sexual

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nas divisõ es celulares apó s a fertilização, pois muitos indivíduos


com Síndrome de Turner são mosaicos somáticos com dois tipos de
células, ou seja, 45, X e 46, XX. Dessa forma, quanto mais tarde
ocorrer a perda do cromossomo sexual, a população celular
aneuploide será também menor, da mesma forma que a intensidade
da síndrome.

Barr negativas
As pacientes com Síndrome de Turner são Barr negativas e as
anormalidades fenotípicas provavelmente ocorrem porque um
pequeno nú mero de genes são ativos em dose dupla para o
crescimento e o desenvolvimento das mulheres normais com XX. A
constatação de que pelo menos alguns genes ligados ao
cromossomo X também estão presentes no cromossomo Y
explicaria por que os homens XY crescem e se desenvolvem
normalmente. Além disso, o cromossomo X que foi inativado nas
mulheres normais, torna-se ativo durante a ovogênese.

Observe na figura a seguir, a origem do carió tipo da Síndrome de Turner na fertilização.

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Figura 32 - Origem do carió tipo da Síndrome de Turner na fertilização (A) ou apó s a fertilização (B).
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 119.

Note que em A ou em B há a possibilidade de nascerem indivíduos com carió tipo 45, X, sexo feminino. Além
disso, não possuem Corpú sculos de Barr, indicando que o ú nico cromossomo X presente não foi inativado.

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Caso você tenha ficado curioso e queira obter mais informações sobre as aneuploidias
dos cromossomos sexuais, leia os exemplos em destaque no capítulo 4 em:

BORGES-OSÓ RIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 3ª ediçã o. Porto Alegre:


Artmed, 2013.

Antes de prosseguir com seus estudos, vamos testar os conhecimentos adquiridos sobre o tema?
Você sabe o que é a Síndrome Cri-du-chat? Então, fique atento, pois vamos compreender aspectos relacionados
às deleçõ es que podem causar aneuploidias como essa síndrome.

4.4.4 Deleções podem causar aneuploidias como Síndrome Cri-du-chat


A ausência de um segmento cromossô mico é denominada deleção. Em um organismo diploide, a deleção de
um segmento cromossô mico compõ e um genoma hipoploide, podendo estar relacionada a um efeito
fenotípico. Um exemplo clássico é a síndrome do miado do gato, também conhecida como Síndrome Cri-du-
chat em seres humanos. Esse distú rbio é causado por deleção no braço curto do cromossomo 5. Pacientes
heterozigotos para a deleção e um cromossomo normal possuem o carió tipo 46 del(5)(p14), em que os
termos entre parênteses indicam a ausência de bandas na região 14 do braço curto (p) de um dos
cromossomos 5. Como características, esses portadores podem apresentar grave comprometimento mental e
físico, além de um choro queixoso, semelhante ao miado de um gato (ver figura a seguir).

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Figura 33 - Carió tipo de mulher com Síndrome Cri-du-chat, 46 XX del(5)(p14).


Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 119.

Observe que há uma deleção do braço curto de um dos cromossomos 5. O detalhe mostra os dois
cromossomos 5 marcados com uma sonda fluorescente gene-específica.

4.4.5 Translocações robertsonianas


As translocaçõ es robertsonianas ou fusõ es cêntricas compõ em um tipo de translocação em que dois
cromossomos acrocêntricos sofrem quebras nas regiõ es dos centrô meros, ocorrendo a troca de braços
cromossô micos. Esse tipo de translocação mais frequente ocorre entre os cromossomos 14 e 21, embora
possa ocorrer também entre o 21 e qualquer um dos cromossomos (ver figura).

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Figura 34 - A fusão de dois cromossomos acrocêntricos produziu um cromossomo metacêntrico; os


diminutos braços curtos dos cromossomos participantes são perdidos nesse processo.
Fonte: Snustad; Simmons, 2017, p. 125.

A formação de um novo cromossomo submetacêntrico é observada, pois houve a constituição dos braços
longos do 14 e do 21, cujo centrô mero pertence ao cromossomo 14. Os segmentos dos braços curtos podem
ser perdidos ou formar cromossomos menores, quase sempre perdidos nas divisõ es subsequentes.
Se por acaso ocorrer a translocação robertsoniana em um zigoto normal, poderá ser originado um indivíduo
de 45 cromossomos, porém sem alteraçõ es (translocação equilibrada ou balanceada). Essa condição pode
gerar gametas anormais.

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Figura 35 - Carió tipo de um indivíduo do sexo masculino portador balanceado da translocação 14/21.
Fonte: Borges-Osó rio; Robinson, 2013, p. 114.

Dessa forma, a fecundação de um gameta normal com gameta anô malo pode gerar:

• zigoto normal com 46 cromossomos;


• zigoto com 45 cromossomos e portador balanceado de
translocação robertsoniana;
• zigoto com 46 cromossomos, porém fenotipicamente com
Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21 por
translocação, pois possui mais um segmento 21 no cromossomo
translocado;
• zigotos com 45 cromossomos por monossomia do 14 e do 21,
respectivamente, sendo inviáveis;
• zigotos com trissomia do 14, que também é inviável, mas
responsável por abortos espontâneos.

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VOCÊ QUER VER?


Revise os seus conhecimentos sobre a translocaçã o robertsoniana na animaçã o
Understanding Chromosomal Translocation - Robertsonian Translocation v. 1.2.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vbGw4VanNjk/
(https://www.youtube.com/watch?v=vbGw4VanNjk/)>.

Por meio do estudo dos cromossomos humanos é possível compreendermos diversos assuntos importantes
como a determinação do sexo na espécie humana, assim como a razão para muitos distú rbios genéticos já
conhecidos ou raros na população humana.

Síntese
Concluímos o quarto capítulo sobre informaçõ es genéticas das células. Agora, você já conhece os principais
detalhes das questõ es hereditárias dos seres vivos.

Neste capítulo, você teve a oportunidade de:

• compreender o ciclo celular e sua regulação;


• conhecer as fases da mitose, importantes na manutenção das
células somáticas dos organismos vivos;
• verificar a importância e as consequências da meiose para
perpetuação de uma espécie, assim como para variabilidade
genética dos indivíduos;
• identificar as principais diferenças entre apoptose e necrose;
• descrever os processos de replicação semiconservativa do DNA;
• relacionar padrões de herança mendelianas e alterações
cromossômicas na expressão fenotípica de indivíduos da espécie
humana.

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Bibliografia
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BORGES-OSÓ RIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
BRASILEIRO FILHO, G. Patologia Geral - Bogliolo. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
DE ROBERTIS, E. M.;‎HIB, J. Biologia Celular e Molecular. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
HARVEY, A. R.; FERRIER, R. D. Bioquímica Ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
JUNQUEIRA, J. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
KLUG, W. S.; CUMMINGS, M. R.; SPENCER, C. A. Conceitos de Genética. 9. ed. Porto Alegre: Artmed 2013.
MALUF, W. S.; RIEGEL, M. E. Citogenética Humana. Porto Alegre: Artmed, 2011.
REISNER, H. M. Patologia: uma abordagem por estudos de casos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
SCHAEFER, G. B.; THOMPSON JR, J. N. Genética Médica: uma abordagem integrada. 1. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2015.
SNUSTAD, D. P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

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