Você está na página 1de 8

1

Fátima Florêncio Augosto


Hélder Americo José Alvaro Fernando
Vasco Acacio Rachide
Julieta Francisco Cébola

Introdução à Genética Molecular e Biotecnologia

Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Gestão Laboratorial

Universidade Rovuma
Cabo Delgado
2024
2

Introdução à Genética Molecular e Biotecnologia

Podemos encontrar, nos mais variados meios de comunicação, várias definições para o
termo biotecnologia. Uma definição ampla de biotecnologia é o uso de organismos
vivos ou parte deles para a produção de bens e serviços. Podemos dizer que, nessa
definição, enquadram-se a biotecnologia clássica e moderna. A biotecnologia clássica
envolve um conjunto de atividades que o homem vem desenvolvendo há milhares de
anos, como a produção de alimentos fermentados, como o pão e o vinho. A chamada
biotecnologia moderna envolve tecnologias de engenharia genética, DNA recombinante,
cultura de células e embriões para o desenvolvimento de produtos e processos. Entre as
várias definições de biotecnologia, encontramos aquelas em sentido amplo.

“É o uso de conhecimentos sobre processos biológicos e sobre as propriedades dos seres


vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade”

Segundo Borem, A., (2008), Biotecnologia é o uso de células e


biomoléculas para a resolução de problemas ou transformação em
produtos. É um conjunto de técnicas que potencializa as melhores
características das células, como as capacidades produtivas, e
disponibiliza moléculas biológicas, como DNA e proteínas, para serem
utilizadas.

Conceitos Básicos

 DNA: ácido desoxirribonucleico, material genético básico que constitue os


genes.
 Fenótipo: características manifestadas pelo indivíduo.
 Gametas: célula haplóide especializada (sexual) contendo metade dos
cromossomos. Exemplos: espermatozóide, óvulo e pólen.
 Genetica: é uma ciência que estuda a hereditariedade.
 Genes: unidade estrutural e funcional, contituída por um segmento de DNA
contendo uma sequência a ser transcrita e uma sequência regulatória que
possibilita a transcrição.
 Genótipo: refere-se ao conjunto de genes herdados por um indivíduo.
3

Historial da Genética Molecular e Biotecnologia

Borem (2008), O termo biotecnologia foi usado, pela primeira vez no início do século
passado. Apesar de o termo ser muito novo, o principio é antigo. Considerando o seu
conceito vasto, podemos dizer que a biotecnologia iniciou-se com a agricultura ou
agropecuária, ou seja, com a capacidade do homem de domesticar plantas e animais
para o seu benefício. Estima-se que há 800 anos a.C., na Mesopotâmia, berço da
civilização, os povos selecionavam as melhores sementes das melhores plantas para
aumentar a colheita.

Outro exemplo histórico da biotecnologia é a utilização de levedura na fermentação da


uva e do trigo para produção de vinho e pão, o que já acontecia por volta de 7000 anos
a. C. Estima-se que a utilização de bactérias para a fermentação do leite para produção
de queijos já acontecia há 3000 anos a. C. Logicamente, os povos dessa época não
faziam ideia que a s leveduras e bactérias fossem utilizadas nesses processos de
fermentação. Os microrganismos somente foram descobertos em 1675 por Anton Van
Leeuwenhoek e, somente em 1862, Louis Pasteur descobriu a associação desses
microrganismos com o processo de fermentação.

Os ácidos nucléicos são as maiores moléculas encontradas no mundo vivo. São


responsáveis pelo controle dos processos vitais básicos em todos os seres. Foram
descobertos em 1865, pelo bioquímico Frederich Miescher, no núcleo dos glóbulos
brancos do pus e no núcleo de espermatozóides. Acreditando que estas substâncias
fossem encontradas apenas no núcleo das células, denominou-as de “ácidos nucléicos”.
Atualmente sabe-se que os ácidos nucléicos também são encontrados nos cloroplastos e
nas mitocôndrias ( Luciane 2014).

Estrutura e Composição química dos ácidos nucleícos (DNA e RNA)

Estrutura do DNA e RNA

Luciane (2014), Tanto o DNA quanto o RNA são polímeros, cadeias de nucleotídeos.
Sua síntese será estudada posteriormente nas aulas de replicação e transcrição e, para
um aprendizado mais efi ciente, é importante conhecer desde já sua estrutura. O RNA é
uma cadeia linear simples de nucleotídeos. O DNA, por sua vez, é uma cadeia dupla,
tendo duas sequências lineares paralelas e em sentido oposto (antiparalelas). Esse
4

sentido oposto é determinado exatamente pela direção das extremidades 5’ e 3’ da


cadeias.

No DNA as bases nitrogenadas de uma fita formam uma interação do tipo pontes de
hidrogênio com as bases da fi ta paralela, conferindo à molécula de DNA um aspecto de
escada retorcida, onde os degraus são formados pelos pares de bases e os corrimãos,
pelas cadeias de fosfato e açúcar. A estrutura de dupla hélice do DNA foi proposta em
1953 por James Watson e Francis Crick, com base em estudos de difração de raios X
realizados por Rosalind Franklin e Maurice Wilkins e em estudos químicos da molécula
( Luciane 2014).

Composição quimica de ácidos núcleicos

Os desoxirribonucleotídeos são compostos por: um açúcar, uma base nitrogenada e


grupamentos fosfato (PO4–). O açúcar é a pentose desoxirribose (2'-desoxi-D-ribose);
que está ligada pelo carbono 1' a uma base nitrogenada heterocíclica e pelo carbono 5' a
grupamentos fosfato.

Existem semelhanças entre a estrutura do RNA e a do DNA. Ambos são polímeros


lineares de subunidades de nucleotídeos ligadas entre si por ligações fosfodiéster 5'→3'.
Entretanto, na molécula de RNA, o açúcar presente é a ribose, e a base nitrogenada
timina (T) é substituída pela base nitrogenada uracila (U). Portanto, o RNA é composto
por adenina, citosina, guanina e uracila. A presença da ribose origina a denominação de
ácido ribonucleico.

Mecanismos de Replicação e Reparo do DNA

A replicação do DNA se inicia em um ponto específico da dupla hélice denominado de


origem de replicação e prossegue em direções opostas gerando a formação de duas
forquilhas de replicação. A medida que a replicação avança as forquilhas se distanciam
e ocorre a formação de uma bolha de replicação. No DNA circular dos procariontes
existe apenas uma origem de replicação e se forma uma única bolha enquanto que nos
eucariontes existem várias origens de replicação e, portanto, se formam várias bolhas. A
única origem de replicação presente em E. coli, chamada de OriC, apresenta 245
nucleotídeos e contem duas sequências diferentes repetidas conservadas, uma delas é
5

rica em A:T o que facilita a separação dos filamentos e a outra possui sítios de ligação
para uma proteína importante para a formação da bolha de replicação ( Luciane 2014).

o processo de replicação do DNA não é perfeito. Algumas vezes, a DNA-polimerase


insere nucleotídeos incorretos durante a síntese de uma fita de DNA. Embora as DNA-
polimerases possam corrigir esses erros de replicação, utilizando a sua capacidade
inerente de correção de erro no sentido 3'→5', nucleotídeos incorporados, de forma
errônea, podem persistir após a replicação. Esses erros podem causar mutações caso não
sejam detectados e corrigidos pelos mecanismos de reparação do DNA. Erros de
replicação, devido a mal pareamentos, originam mutações pontuais. O fato de que as
bases do DNA podem assumir várias formas, conhecidas como tautômeros, aumenta a
chance de ocorrência de mal pareamentos durante a replicação do DNA.

Mecanismos de reparo DNA

A sobrevivência dos organismos depende da estabilidade do seu material genético.


Estando os organismos mergulhados em seu meio ambiente, as respostas a ele
dependerá de mecanismos que os proteja de danos irreversíveis. Nesse contexto, os
mecanismos de reparo têm a função de reparar danos espontâneos ou induzidos,
sofridos pelo DNA para que a informação genética seja passada para as próximas
gerações de células e de organismos. Durante a replicação do DNA, as polimerases têm
um papel fundamental no reparo de lesões, mas alem desse mecanismo geral, inúmeros
outros estão presentes na maquinaria celular de bactérias até humanos. São altamente
conservados evolutivamente, o que demonstra sua importância na sobrevivência dos
organismos.

Entre os mecanismos conhecidos, há aqueles dependentes de luz (fotorreativos)


existentes somente em bactérias e aqueles existentes também em humanos, como reparo
por excisão, reparo pos-replicação e outros. Reparo por fotorreativação – feito pela
enzima DNA-fotoliase, que age quando a luz UV gera dímeros de Timina no DNA de
bactérias. A enzima se une ao dímero no escuro e quando a molécula se expõe a luz
( por meio de um fóton), desfaz o dímero ( Luciane 2014).

Estrutura de um gene procarionte e eucarionte

Procariotos
6

Simmons (2008), Nos Procariotos, a estrutura é mais simples e contém uma região
codificante inteira, sem interrupção. Evolutivamente, essa estrutura mostrou-se a mais
eficiente para um grupo de organismos que não tem divisão entre núcleo e citoplasma, e
seu DNA está mergulhado em seu citoplasma, em um local denominado Nucleóide

Nesse ambiente, a expressão gênica (transcrição e tradução) ocorre ao mesmo tempo, já


que esse organismo unicelular está mergulhado em seu meio e precisa dar respostas
rápidas para sua sobrevivência.

Fonte: Introdução à genética – Editora Guanabara Koogan, 9a edição, Rio de Janeiro,


RJ, 2008.

Eucariotos

Nos eucariotos, havendo 2 compartimentos separados, há divisão de trabalho entre


núcleo e citoplasma. Além disso, um mesmo DNA está presente em diversos tipos
celulares, tornando a expressão dos genes tecido-especifi co. Não se espera, em
indivíduos normais, que uma proteína essencial ao sistema nervoso seja produzida no
fígado.
7

Fonte: Introdução à genética – Editora Guanabara Koogan, 9a edição, Rio de Janeiro,


RJ, 2008.

De acordo com Simmons (2008), As diferentes categorias de genes se expressam


durante a vida de um organismo eucarioto As principais são:

 Genes de manutenção (housekeeping) Expressos em todas as células. São


responsáveis pela rotina metabólica comum a todas as células.
 Outros genes se expressam à medida que a célula entra em um período de
diferenciação.
 Alguns são expressos todo o tempo em células diferenciadas. P. ex. Uma célula
do plasma expressa continuamente os genes para anticorpos.
 Alguns são expressos somente em condições de mudança do ambiente
extracelular. P. ex., a chegada de um hormônio pode ligar ou desligar certos
genes.
8

Referências blibliográficas

Borem, A., (2008), Biotecnologia e Meio Ambiente. 2. ed. Visconde do Rio Branco:
Suprema,. v. 1. 510 p.

Luciane M. P.(2014), Biologia Molecular básica. 5ª edição Artmed Editora Ltda.

Simmons MJ.(2008), Fundamentos de Genética. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 903p.

Você também pode gostar