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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA


CAMPUS I - SALVADOR, BAHIA
COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA

GUILHERME JESUS DA SILVA

BIOLOGIA CELULAR
ANÁLISE E RESENHA DE ARTIGO
“MECANISMOS DE REPARO AOS DANOS DE DNA NOS PONTOS DE
CHECAGEM DO CICLO CELULAR”

SALVADOR, BA
2023
INTRODUÇÃO

Uma célula se reproduz realizando uma sequência ordenada de eventos nos


quais ela duplica seu conteúdo e então se divide em duas. Esse ciclo de duplicação e
divisão, conhecido como ciclo celular, é o principal mecanismo pelo qual todos os
seres vivos se reproduzem. Os detalhes do ciclo celular variam de organismo para
organismo e ocorrem em diferentes momentos na vida de um determinado organismo.
(ALBERTS et al., 2017)
As lesões periódicas no DNA devem ser reparadas para evitar a perda ou a
transmissão incorreta da informação genética. Tais erros podem causar
anormalidades no desenvolvimento e tumorigênese (LOPEZ et al., 2014).
No entanto, a escolha de qual sistema de reparação deverá ser usado depende
tanto do tipo de lesão e em que fase do ciclo celular a célula se encontra (CECCALDI
et al.,2016).
O presente trabalho tem como propósito realizar uma análise e resenha do
artigo intitulado "Mecanismos de Reparo aos Danos de DNA nos Pontos de Checagem
do Ciclo Celular". O foco desta análise recai sobre os processos de reparo de DNA
durante as diferentes fases do ciclo celular, bem como, o mecanismo de controle do
ciclo celular e suas implicações para a integridade genômica e o funcionamento
celular.
Adicionalmente, serão discutidas as possíveis consequências celulares e para
o organismo como um todo de eventuais falhas nos pontos de checagem do ciclo
celular. Este estudo tem como objetivo aprofundar o entendimento sobre a importância
dos mecanismos de reparo e controle do ciclo celular para a manutenção da
estabilidade genômica e a prevenção de doenças associadas a mutações genéticas,
como o câncer.
GLOSSÁRIO

1. Ciclo Celular: Processo ordenado e coordenado de divisão celular, composto por


fases de crescimento, replicação do DNA e divisão celular.
2. Complexo de ubiquitinação (APC): Complexo proteico que promove a degradação
de reguladores específicos do ciclo celular em determinados estágios do ciclo,
garantindo que os processos ocorram na sequência correta.
3. G0: Estado de repouso celular em que as células não estão se dividindo ativamente,
permitindo que os mecanismos de reparo do DNA continuem a corrigir danos no DNA.
4. Interfase: Fase do ciclo celular em que a célula cresce e o DNA do núcleo é
replicado, compreendendo as fases G1, S e G2.
5. Junção de extremidades não homólogas (NHEJ): Mecanismo de reparo de DNA
que atua em quebras de dupla fita no DNA, religando as extremidades do DNA
danificado, muitas vezes resultando em pequenas deleções ou inserções.
6. Mitose: Fase do ciclo celular em que ocorre a divisão celular, composta pelas etapas
de prófase, metáfase, anáfase e telófase.
7. Proteínas-cinase dependentes de ciclina (Cdks): Proteínas-chave envolvidas no
sistema de controle do ciclo celular, ativadas ciclicamente pela ligação de proteínas
ciclina e pela fosforilação e desfosforilação, regulando a progressão pelo ciclo celular.
8. Recombinação homóloga: Mecanismo de reparo de DNA utilizado para corrigir
danos extensos no DNA, como quebras de dupla fita, utilizando a sequência de DNA
idêntica na cromátide irmã como modelo para reparar o DNA danificado.
9. Reparo por excisão de bases (BER): Mecanismo de reparo de DNA que atua em
danos específicos nas bases do DNA, como a oxidação, removendo a base danificada
e substituindo-a por uma nova base.
10. Reparo por excisão de nucleotídeos (NER): Mecanismo de reparo de DNA
utilizado para corrigir danos causados pela exposição à luz ultravioleta, removendo
um segmento de DNA danificado e sintetizando um novo segmento de DNA para
substituí-lo.
Etapas do ciclo celular e caracterização:
O ciclo celular é composto por duas grandes fases de divisão, sendo elas interfase e
mitose. Durante a interfase, a célula cresce e o DNA do núcleo é replicado, fazendo
com que ela aproximadamente duplique sua massa, e na fase M, o núcleo se divide,
seguido pelo citoplasma. Durante a interfase, que é o período entre uma fase M e a
próxima, a célula passa por três fases, sendo elas, G1, S e G2.
Na fase G1, a célula continua a crescer e monitora as condições internas e externas
para garantir que esteja pronta para a replicação do DNA. Na fase S, o DNA é
replicado. Por fim, na fase G2, a célula continua a crescer e se prepara para a divisão
celular. (LODISH et al., 2014)
A fase M, é constituída por por vários estágios, sendo eles, prófase, metáfase,
anáfase, e telófase, que consistem na mitose. A prófase é marcada pelo aparecimento
dos filamentos de cromatina, que vão progressivamente se tornando mais curtos e
espessos, até formar os cromossomos, que consistem em duas cromátides-irmãs, as
quais carregam material genético duplicado, resultante da interfase anterior. Durante
a metáfase, os cromossomos atingem o máximo de condensação, sendo o momento
em que as duas cromátides são visíveis ao microscópio luz. No estágio da anáfase,
ocorre a ruptura do equilíbrio metafásico, a separação dos cromátides para os pólos
opostos, sendo agora chamados de cromossomos-filhos. A mitose finaliza com a
telófase, durante a qual os núcleos-filhos retomam novamente a forma e seus
cromossomos se descondensam. (BOUZON et al., 2010)

Maquinário celular de reparo de DNA.


1. Reparo por excisão de nucleotídeos (NER): Este mecanismo é utilizado para
reparar danos no DNA, como os causados pela exposição à luz ultravioleta. O NER
remove um segmento de DNA contendo o dano e, em seguida, sintetiza um novo
segmento de DNA para substituir o que foi removido.
2. Reparo por excisão de bases (BER): O BER é um mecanismo de reparo que atua
em danos específicos nas bases do DNA, como a oxidação. Neste processo, a base
danificada é removida e substituída por uma nova base.
3. Reparo por recombinação homóloga: Este mecanismo é utilizado para reparar
danos extensos no DNA, como quebras de dupla fita. Ele utiliza a sequência de DNA
idêntica na cromátide irmã como um modelo para reparar o DNA danificado.
4. Reparo por junção de extremidades não homólogas (NHEJ): O NHEJ é um
mecanismo de reparo que atua em quebras de dupla fita no DNA. Ele religa as
extremidades do DNA danificado, muitas vezes resultando em pequenas deleções ou
inserções.

Mecanismo de controle do ciclo celular.


O mecanismo de controle do ciclo celular é essencial para garantir que as células se
dividem de maneira ordenada e coordenada, evitando erros que possam levar a
mutações genéticas ou ao desenvolvimento de doenças, como por exemplo, o câncer.
Esse sistema de controle é regulado por uma rede complexa de proteínas e
mecanismos moleculares que garantem que os eventos do ciclo celular ocorram na
sequência correta e que cada processo seja completado antes que o próximo se inicie.
O sistema de controle do ciclo celular regula a progressão pelo ciclo celular em três
pontos principais: na transição de G1 para a fase S, na transição de G2 para a fase M
e durante a mitose. Ele utiliza uma série de interruptores moleculares que operam em
uma sequência definida e orquestram os eventos principais do ciclo, incluindo a
replicação do DNA e a segregação de cromossomos duplicados.
As proteínas-chave envolvidas no sistema de controle do ciclo celular são as
proteínas-cinase dependentes de ciclina (Cdks), que são ciclicamente ativadas pela
ligação de proteínas ciclina e pela fosforilação e desfosforilação. As Cdks, por sua
vez, fosforilam proteínas-chave na célula, ativando ou inibindo processos celulares
específicos.
Além disso, o sistema de controle do ciclo celular utiliza complexos proteicos, como o
APC (complexo de ubiquitinação), para promover a degradação de reguladores
específicos do ciclo celular em determinados estágios do ciclo. Isso garante que os
processos ocorram na sequência correta e que a célula esteja preparada para a
próxima etapa do ciclo.
O sistema de controle do ciclo celular também pode pausar o ciclo em pontos de
transição específicos para assegurar que as condições intra e extracelulares sejam
favoráveis e que cada etapa seja completada antes que a próxima se inicie. Isso é
feito por meio de inibidores de Cdk que bloqueiam a atividade de um ou mais
complexos ciclina-Cdk.
O mecanismo de controle do ciclo celular regula a progressão pelo ciclo celular
Processos de reparo durante as respectivas fases do ciclo g1, s, g2, M e g0.
1. Fase G1:
Durante a fase G1, as células monitoram seu estado interno e externo para garantir
que as condições sejam adequadas para a replicação do DNA. Se o DNA estiver
danificado, as células podem pausar temporariamente o ciclo celular em G1 para
permitir o reparo do DNA antes de entrar na fase S. O reparo do DNA danificado em
G1 é crucial para evitar a replicação de mutações e garantir a integridade do genoma.
2. Fase S:
Durante a fase S, a célula replica seu DNA. Se ocorrerem erros durante a replicação,
os mecanismos de reparo por excisão de nucleotídeos (NER) e reparo por excisão de
bases (BER) podem atuar para corrigir danos específicos no DNA, como a remoção
de segmentos de DNA danificados e a substituição por novos segmentos de DNA.
3. Fase G2:
Na fase G2, a célula continua a monitorar seu estado interno e externo para garantir
que o DNA esteja completamente replicado e que não haja danos antes de entrar na
fase M. Se o DNA estiver danificado, os mecanismos de reparo por recombinação
homóloga e reparo por junção de extremidades não homólogas (NHEJ) podem atuar
para corrigir danos extensos no DNA, como quebras de dupla fita.
4. Fase M:
Durante a fase M, os cromossomos duplicados se condensam e a célula se divide.
Antes da divisão celular, os mecanismos de reparo garantem que os cromossomos
estejam intactos e que as cromátides-irmãs estejam corretamente ligadas. Defeitos na
coesão das cromátides-irmãs podem levar a erros na segregação dos cromossomos.
5. Fase G0:
As células podem entrar em um estado de repouso conhecido como G0. Durante esse
estado, os mecanismos de reparo do DNA podem continuar a corrigir danos no DNA,
garantindo que as células permaneçam saudáveis e funcionais, mesmo quando não
estão se dividindo ativamente.

Possíveis consequências celulares e para o organismo como um todo de


eventuais falhas nos pontos de checagem do ciclo celular.
As falhas nos pontos de checagem do ciclo celular podem ter consequências graves
para as células e para o organismo como um todo. O sistema de controle do ciclo
celular é crucial para garantir que a replicação do DNA, a divisão celular e outros
eventos do ciclo ocorram de maneira ordenada e correta. Quando ocorrem falhas
nesse sistema, várias consequências podem surgir.
Uma das principais consequências de falhas nos pontos de checagem do ciclo celular
é o potencial desenvolvimento de câncer. Se as células não conseguem pausar o ciclo
para reparar o DNA danificado, elas podem continuar a se dividir com mutações no
DNA, o que pode levar ao crescimento descontrolado e à formação de tumores. Além
disso, mutações em genes que codificam proteínas do sistema de controle do ciclo
celular, como o gene p53, estão frequentemente associadas ao desenvolvimento de
câncer.
Outra consequência é a possibilidade de células com DNA danificado continuarem a
se dividir, o que pode levar à propagação de mutações genéticas ao longo das
gerações de células. Isso pode resultar em uma maior instabilidade genômica e
aumentar o risco de desenvolvimento de doenças genéticas.
A nível do organismo, falhas nos pontos de checagem do ciclo celular podem levar a
distúrbios no crescimento e desenvolvimento, uma vez que a regulação do tamanho
e do número de células é coordenada pelo sistema de controle do ciclo celular. Além
disso, a capacidade de regeneração de tecidos e órgãos também pode ser
comprometida, uma vez que a divisão celular descontrolada ou inadequada pode
afetar a capacidade de reparo e regeneração do organismo.
REFERÊNCIAS

1. NEPOMUCENO, Leandro, Lopes; LUIZ, Ferreira, Jorge, et al., Mecanismos


de Reparo aos Danos nos Pontos de Checagem do Ciclo Celular, Centro
Científico Conhecer, Goiânia-GO, 2017.
2. ALBERTS, [et al]; Tradução, ARDALA, Elisa, Andrade, et al., 4ª ed., Porto
Alegre, Artmed, 2017.
3. BOUZON, Zenilda, Laurita, et al., Biologia Celular, Universidade Federal de
Santa Catarina, 2ª ed., Porto Alegre, Artmed, 2017.
4. LODISH, et al., [tradução, BIZARRO, Adriana de Freitas Schuck], 7ª ed.,
Porto Alegre, Artmed, 2014.
5. RODRÍGUEZ, Amada, Alyeda, Angulo, Biología Celular, UAS-DGET,
Universidad Autónoma de Sinaloa, 1ª ed., 2012.
6. ADAMOSKI, Douglas, Reparo do DNA, 2020, disponível em:
https://youtu.be/cpy2AlYQFio?si=d9UGZn6Ts6FAUrhV.
7. SABINO, Edivando, Pontos de Checagem do Ciclo Celular, 2021, disponível
em: https://youtu.be/hLL-rZu4e-c?si=6Kee7b0Fv3fP2aqb.

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