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FIXISMO EVOLUCIONISMO

Qual a origem da diversidade das espécies?

FIXISMO (até séc.XVIII)


As espécies surgiram
independentemente umas das
outras (tal como se conhecem
hoje) e mantiveram-se fixas e
imutáveis ao longo do tempo,
num mundo igualmente estático.

Exemplos de Teorias Fixistas:


 Criacionismo
 Espontaneísmo
 Catastrofismo
FIXISMO - Criacionismo

As espécies foram originadas todas de uma só vez por um ato de


criação especial de um ser sobrenatural (Criador) e, como tal, são
perfeitas e estáveis, mantendo-se fixas ao longo dos tempos.
FIXISMO - Criacionismo
Os seres vivos são obra divina, perfeitos, e não precisam de sofrer alterações.

Os homens foram criados para dominar


sobre os outros animais, “sobre os peixes do
mar e sobre as aves do céu”.
Assim, e segundo esta teoria, o
aparecimento de novas espécies era
impensável, bem como a extinção de outras.

Conceito artístico da terra plana,


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conforme descrita no Criacionismo
FIXISMO - Criacionismo
Lineu (1707 – 1778)

“[...] existem tantas espécies quantas o


Deus criador produziu desde a
origem[...]”;

Admitia a variabilidade das espécies, considerando essas


variações como simples acidentes sem importância.
FIXISMO - Espontaneísmo
A vida surge quando existem condições favoráveis.
Uma dessas condições é a existência de uma força vital.

Segundo Aristóteles, os
organismos podiam surgir a partir
de matéria inerte (não viva),
mediante determinadas condições
e sob a ação de um "princípio
ativo", presente na matéria e que
por si só, era capaz de gerar vida.
Aristóteles (384 a. C .– 322 a. C.)
FIXISMO - Espontaneísmo

Jean Baptista van Helmont (1580-1644)

Como fabricar ratos?


"…Comprimir uma camisa de mulher,
de preferência um pouco suja, num
vaso com trigo. Ao fim de 21 dias o
fermento do suor feminino
transforma o grão em ratos.”
Van Helmot
FIXISMO - Espontaneísmo

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FIXISMO - Espontaneísmo

Como obter Homúnculos?

"... Deixar sémen de homem em putrefação numa abóbora


durante quarenta dias, ou pelo menos até começar a viver, isto
é, a agitar-se.
Ao fim deste tempo será em certa medida semelhante a um ser
humano, apesar de transparente e sem corpo.
Se o alimentarmos cada dia com soro de sangue humano e se o
mantivermos durante quarenta semanas num ventre de cavalo,
torna-se num verdadeiro ser vivo com tudo o que tem o filho
de uma mulher, só que mais pequeno.
É o que chamamos de homúnculo. É preciso tratá-lo com
grande cuidado até que evidencie sinais de inteligência."

Paracelso (séc. XVI)

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Fixismo em causa
 Valorização do estudo dos fósseis – representam espécies que
só aparecem em determinados estratos sedimentares e não
existem na atualidade.
Fixismo em causa

Como explicar a existência de fósseis de seres diferentes em certas


camadas de rochas que não surgem noutras camadas nem existem na
atualidade?
Fixismo em causa

Se as espécies são imutáveis (como defende o fixismo) então os fósseis


deveriam corresponder a organismos existentes hoje em dia!
FIXISMO - Catastrofismo

 Cuvier baseou as suas ideias na análise


dos fósseis.

 Atribui a biodiversidade à ocorrência de


catástrofes geológicas (glaciações,
dilúvios, etc…) que eliminaram os seres
vivos e os substituíram por outros
diferentes.

George Cuvier (1769-1832)


Fixismo em causa
 Estudo sistemático das espécies atuais – Iniciado por Lineu
(séc.XVIII) ao desenvolver um sistema de classificação dos seres
vivos baseado na morfologia dos indivíduos, estabelecendo
diferenças e semelhanças entre eles.

Systema Naturae

Será possível a existência de uma origem comum entre as


espécies?
Ideias transformistas
“Todos os animais provieram de um único
animal que, aperfeiçoando-se e
degenerando, produziu, ao longo dos
tempos, todas as raças dos outros animais.”

“As espécies menos perfeitas, mais


delicadas, menos ativas, menos armadas, já
desapareceram ou vão desaparecer.”

Buffon (1707-1788) admitia que as


espécies derivavam umas das outras por
degeneração e que esta transformação
era lenta e progressiva, existindo
espécies intermédias até às formas
atuais.
Ideias transformistas
“Vemos aparecer raças de cães, galinhas,
etc. que não existiam na natureza. São
inicialmente indivíduos fortuitos que o acaso
e as gerações transformam em espécies.”

“Na combinação fortuita das produções da


natureza, só subsistiram aquelas que
apresentavam certas relações de
conveniência.”

Maupertuis (1698-1759) estava convicto


que os seres vivos resultavam de uma
seleção provocada pelo ambiente.
Ideias transformistas

James Hutton (1726 —1797) verificou que a Terra gradualmente, dia após dia,
se foi alterando, por ação dos agentes erosivos e foi acumulando diferenças ao
longo do tempo (princípio do gradualismo).
- Estabeleceu uma idade para a Terra muito superior à admitida até então.
- Defendeu que os fenómenos geológicos existentes na atualidade são
idênticos aos que ocorreram no passado - Teoria do Uniformitarismo ou
Princípio das Causas Actuais.
Provoca um abalo nas ideias fixistas
Ideias transformistas
Charles Lyell (1797-1875), aperfeiçoa as
ideias de Hutton e confirma os seguintes
princípios patentes na Teoria do
Uniformitarismo:
As leis naturais são constantes no espaço e
no tempo;
As causas que provocaram determinadas
alterações geológicas no passado são
idênticas às que provocam os mesmos
fenómenos no presente
(princípio das causas atuais);
As mudanças geológicas são lentas e
graduais.
Fixismo em causa
Observações: Por vezes, de um estrato geológico para outro, surgiam
variações bruscas nos fósseis .

Cuvier explica esta situação através do catastrofismo.


Fixismo em causa
Observações: Por vezes, de um estrato geológico para outro, surgiam
variações bruscas nos fósseis .

Lyell defende que a existência de lacunas estratigráficas (ausência de


um fóssil numa dada sequência fossilífera) é devida à atuação de
agentes erosivos que lentamente removeram o estrato onde o fóssil
estava contido ou que o estrato nem sequer chegou a constituir-se
devido às condições de sedimentação.
Qual a origem da diversidade das espécies?

EVOLUCIONISMO (a partir do
séc.XIX) – As espécies atuais resultam
de lentas e sucessivas transformações
sofridas pelas espécies do passado, e
estão relacionados entre si, tendo
surgido umas das outras, a partir de
um ancestral comum.
Contributos para o Evolucionismo
Lamarckismo
Jean Baptiste Pierre Antoine de Monet,
Cavaleiro de Lamarck (1744-1829), admitia
que os seres vivos provinham de outros seres
vivos e que cada espécie ocupava um lugar na
"escala natural', na qual o Homem ocupava o
topo.
Em 1809, Lamarck, na sua obra Philosophie
Zoologique, apresentou aquela que é
considerada por muitos como a primeira
teoria sobre a evolução das espécies.
A teoria de evolução defendida por Lamarck
radica em dois princípios:
- a lei do uso e do desuso;
- a lei da herança/transmissão dos
caracteres adquiridos.
Lei do uso e do desuso
Lamarckismo
 O ambiente é o principal agente responsável pela evolução dos seres
vivos;
A necessidade que os seres sentem de se adaptarem a novas condições
ambientais conduz ao uso ou ao desuso contínuo de certos órgãos (lei do
uso e do desuso). Desta forma, a função que o órgão desempenha acabará
por determinar a sua estrutura como forma de adaptação ao meio;
 As espécies teriam evoluído em consequência de alterações estruturais
ocorridas nos seus órgãos devido ao uso excessivo ou, ao contrário, ao
desuso do mesmos. Isto estaria condicionado a uma busca de adaptação ao
meio ambiente.

Lei da herança dos caracteres adquiridos


 As modificações que se produzem nos indivíduos ao longo da sua vida,
como consequência do uso ou do desuso dos órgãos, são transmitidas à
descendência.
 Estas pequenas transformações, ao acumularem-se ao longo de
gerações sucessivas, provocariam o aparecimento de novas espécies.
Lamarckismo

“Os antepassados da girafa devem ter vivido em regiões desérticas,


onde a erva era rara. Assim, tiveram de tentar comer a ramagem das
árvores; do esforço repetido durante muito tempo para atingirem estas
ramagens resultou, pouco a pouco, o alongamento do seu pescoço (…) a
girafa pode elevar a cabeça a 6 m de altura.”
O ambiente cria necessidades (ação do meio) que levam ao
aparecimento de estruturas indispensáveis a uma melhor adaptação
(resposta à ação do meio). A função faz o órgão.
Lamarckismo
Mudanças ambientais

Necessidade de adaptação
Uso Desenvolvimento dos órgãos
Novos comportamentos
Desuso Atrofia dos órgãos
Modificações nos indivíduos

Transmissão de características adquiridas aos descendentes

Adaptação da espécie ao longo de gerações


Críticas ao Lamarckismo
 Segundo o modelo explicativo de Lamarck existe uma intenção e
uma finalidade na evolução, de tal forma que as alterações surgem
como resultado de as espécies procurarem o “melhor”;
Aspetos como “necessidade de adaptação” ou “procura da
perfeição” não se conseguem testar;
 As modificações provenientes do uso e desuso dos órgãos são
adaptações individuais, não são transmissíveis à descendência. Hoje
sabe-se que apenas uma modificação nos genes das células
germinativas poderá ser transmitida às gerações seguintes;
A função não faz o órgão, já que surgem caracteres sem função
específica nos seres vivos independentemente da ação do meio
(exemplo: mamas no homem);
 Nem sempre o uso de um órgão provoca alterações no mesmo.
Darwinismo
 Naturalista inglês,
desenvolveu a teoria
evolucionista mais
credível para explicar
a origem das espécies.
 Recolheu dados e
informações ao longo
de mais de 20 anos.

Charles Darwin (1809 – 1882)


Darwinismo

O objetivo principal da expedição era


cartografar pormenorizadamente a costa
sul-americana.

Rota do Beagle (1831- 1836)


Fundamentos do Darwinismo
Influência da Biogeografia

As ilhas Galápagos,
localizadas a 1000 km da
América do Sul, apresentam
uma fauna e flora peculiares.

Darwin observou que


existiam variedades dentro de
um grupo de aves (tentilhões)
e entre as tartarugas,
distribuídas cada uma em sua
ilha.
Biogeografia - parte da geografia que estuda a distribuição dos seres pelos
diferentes pontos do globo
Fundamentos do Darwinismo
Influência da Biogeografia
Fundamentos do Darwinismo
Influência da Biogeografia

Darwin conclui que, tanto os tentilhões como as tartarugas, divergiram de


uma espécie comum (de tentilhões e tartarugas, respetivamente), sendo
semelhantes entre si e aos que existiam no continente americano, e que
as condições particulares de cada ilha condicionaram a evolução de cada
espécie
Fundamentos do Darwinismo
Influência da Geologia
- Fósseis de conchas que encontrou
em montanhas bastante altas;
- Leitura da obra de Charles Lyell,
mais especificamente a Teoria do
Uniformitarismo (princípio das causas
atuais e gradualismo).
 Segundo Lyell a Terra está em mudanças constantes e graduais → Darwin
achou que a vida sobre a Terra também experimentaria ao longo dos anos
mudanças.
 O geólogo Charles Lyell avança com a ideia de que a Terra tem milhões de anos
→ Darwin considera ser tempo suficiente para que ocorra a evolução dos seres
vivos.
 Darwin pensou que assim como acontecia com os fenómenos geológicos,
também as espécies teriam evoluído lenta e gradualmente, modificando as
características presentes em algumas espécies.
Fundamentos do Darwinismo
Crescimento populacional
Segundo Malthus, a população humana tinha a tendência de crescer em
progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32, …), ao passo que os recursos
alimentares cresciam segundo uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, …).
Assim, a população humana tende a crescer para além das possibilidades do
meio, sendo limitada por fatores externos, como a disponibilidade de
alimento e a propagação de doenças.

Thomas Malthus (1766-1834)


Fundamentos do Darwinismo
Crescimento populacional

Darwin transpôs esta teoria para os animais em geral. Assim


admitia que apesar da tendência de crescimento das
populações ser geométrica, na realidade isso não se
verificava, devido a uma série de fatores :
 condições climáticas,
 escassez de alimento,
 competição,
 doenças.
Fundamentos do Darwinismo
Selecção artificial
A seleção artificial,
recorrendo a cruzamentos
controlados, permitia a
selecção de determinadas
características, ao seleccionar
progenitores com as
características pretendidas.

A Natureza faz uma seleção dos indivíduos reprodutores - seleção


natural – sendo necessário muito mais tempo para que as modificações
nos descendentes sejam visíveis.
A ideia de Darwin
Evolução por Seleção Natural
Darwinismo
Os seres vivos, mesmo os da mesma espécie, apresentam variações
entre si – variabilidade intra-específica.

As populações têm tendência para crescer em progressão geométrica,


produzindo mais descendentes do que aqueles que acabam por
sobreviver.
Darwinismo
 Entre os indivíduos de uma determinada população estabelece-se
uma luta pela sobrevivência, devido à competição pelo alimento, pelo
espaço e outros fatores ambientais.

 Em cada geração, um número significativo de indivíduos é eliminado.


 Alguns indivíduos apresentam características que são favoráveis à sua
sobrevivência; os indivíduos que não apresentarem características
vantajosas vão sendo progressivamente eliminados.
 Ao longo de gerações, a Natureza seleciona os indivíduos mais bem
adaptados às condições ambientais, ocorrendo a sobrevivência dos mais
aptos. Os menos aptos, ao longo dos tempos, serão eliminados
progressivamente. Ocorre, pois, uma seleção natural.
Darwinismo
 Os indivíduos detentores de variações favoráveis e, por isso mais
bem adaptados, vivem durante mais tempo, reproduzem-se mais e as
suas características são transmitidas à geração seguinte, enquanto que
os menos adaptados deixam menos descendência – reprodução
diferencial

 A reprodução diferencial permite uma lenta acumulação de


determinadas características que, ao fim de várias gerações, conduz ao
aparecimento de novas espécies.
Conceitos essenciais do Darwinismo:
variabilidade intra-específica,
luta pela sobrevivência,
sobrevivência diferencial,
seleção natural,
reprodução diferencial.
Darwinismo
Os seres vivos apresentam variações entre si – Variabilidade intra-específica.

As populações têm tendência a


Os recursos naturais são limitados
crescer exponencialmente
(progressão aritmética ).
(progressão geométrica).

Os indivíduos de uma população estabelecem “uma luta pela sobrevivência”.

A Natureza seleciona os indivíduos mais bem adaptados às condições ambientais,


ocorrendo a sobrevivência dos mais aptos – Seleção Natural.

Os seres vivos mais aptos reproduzem-se, transmitindo as suas características à


descendência – Reprodução diferencial.

Transformação e aparecimento de novas espécies.


Darwinismo
Darwin nunca conseguiu explicar :
– a razão das variações das características entre os
indivíduos de uma população
– como eram transmitidas as características aos
descendentes.
Lamarckismo vs Darwinismo
Lamarckismo
 O flamingo alimenta-se
geralmente na borda da água.
Quando o alimento escasseia,
tem de recorrer a águas mais
profundas.
O esticar das patas para a chegar
ao alimento criou a necessidade de
aumentar o tamanho dos músculos
e dos ossos destes órgãos (Lei do
uso e desuso).
 Foram surgindo indivíduos com
as patas cada vez mais longas.
 Esta característica foi
transmitida aos descendentes (Lei
da transmissão dos caracteres
adquiridos).
Lamarckismo

O ambiente cria necessidades (ação


do meio) que levam ao
aparecimento de estruturas
indispensáveis a uma melhor
adaptação (resposta à ação do
meio).
Darwinismo
 Existem nas populações de flamingos
variações naturais no tamanho das
patas, que passam ao longo das
gerações (variabilidade intra-
específica).
 Quando o alimento escasseia, os
flamingos têm de recorrer a águas mais
profundas.
 Os flamingos com patas mais
desenvolvidas (melhor adaptados)
tinham acesso mais fácil ao alimento
(seleção natural).
Estes indivíduos foram-se tornando
mais abundantes que os de patas mais
curtas, que acabaram por desaparecer
(sobrevivência diferencial).
Darwinismo

A seleção natural favoreceu os


flamingos de patas mais compridas,
que viviam melhor e reproduziam-se
mais (Reprodução diferencial).
Lamarckismo vs Darwinismo

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