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Geraldo Clemente, Lic.

em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química, pela


Universidade Rovuma – Nampula, Moçambique

Disciplina: Biogeografia

1. Origem e Evolução da Vida na Terra

A grande diversidade de formas de vida é algo que não nos passam despercebidos. Em
praticamente todas as sociedades humanas encontramos explicações míticas ou religiosas para a
origem dos seres vivos e de sua diversidade influenciadas por princípios religiosos, filosóficos,
culturais e científicas. Portanto na tentativa de explicar sobre a origem surgem diversas teorias
que serão abordados neste trabalho, (Amabis & Martho, 1999).

1.1. Teorias Interpretativas da origem das espécies

Até ao século XIX prevaleceram as ideias fixistas, segundo as quais as espécies são imutáveis,
surgindo por geração espontânea ou por um acto criador (criacionismo). Ao contrário do fixismo,
as ideias transformistas contestam esta visão estática do mundo, sugerindo que as espécies sofrem
modificações ao longo do tempo. Os trabalhos desenvolvidos no âmbito da geologia, em especial
a paleontologia, com o estudo dos fósseis, foram os primeiros a porem em causa o fixismo,
abrindo caminho para o aparecimento de ideias evolucionistas (Pires, s/d).

De acordo com Lamarck (1809) citado por Pires (s/d), cujas ideias evolucionistas viriam a ser
conhecidas por lamarckismo, as mudanças ambientais determinam nos seres vivos a necessidade
de estes se adaptarem de forma a poderem sobreviver em novos contextos ambientais. O
ambiente é assim responsável pelo início do processo de evolução, cujos mecanismos se
encontram enunciados na lei do uso e do desuso e na lei da transmissão dos caracteres adquiridos.
Para Darwin, a selecção natural é o processo que permite a evolução das espécies, sendo o
ambiente o agente desse processo, determinando quais são os seres que sobrevivem e os que são
eliminados num dado momento, pelo facto de estarem mais ou menos aptos para enfrentar
situações específicas. Apesar de não explicar a variabilidade existente entre os seres vivos que
pertencem à mesma espécie, Darwin salienta a sua importância como causa dos diferentes níveis
de adaptação.
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O avanço dos conhecimentos científicos, nomeadamente nas áreas da anatomia, embriologia,
citologia e bioquímica, forneceu dados e conclusões que sustentam a argumentação a favor do
evolucionismo. O neodarwinismo, baseando-se sobretudo em argumentos genéticos, esclarece
que a origem da variabilidade existente entre os seres vivos é fruto de vários fenómenos
intrínsecos à reprodução sexuada e de alterações do material genético. Através da recombinação
genética, da fecundação e das mutações surgem novas combinações de genes que conduzem a
uma maior diversidade fenotípica, sobre a qual o ambiente actual de forma selectiva. Os
principais factores que, actuando sobre as populações, conduzem à alteração dos respectivos
fundos genéticos, obrigando-as a evoluírem. São eles: a selecção natural; as mutações; as
migrações; os cruzamentos não ao acaso; e a deriva continental (Pires, s/d).

1.2. Teoria Fixista

O fixismo, tal como a palavra indica, considera que as espécies são fixas, permanecendo
imutáveis ao longo do tempo sem se modificarem. As hipóteses fixistas de imutabilidade
consideram que as espécies permanecem iguais desde o momento em que surgiram até aos dias
de hoje (Moreira, 2015).

O criacionismo, referido na Bíblia, no Livro do Génesis, defende que os seres vivos foram
criados por uma entidade divina, num único ato de Criação e com as mesmas características dos
seres vivos actuais. A diversidade biológica é vista como uma evidência de que o Criador terá
planeado cada espécie com um determinado fim, sendo estas perfeitas e imutáveis (Moreira,
2015).

Carl Lineu (1707-1778) foi um fixista convicto e um importante pilar nos estudos
da sistemática dos seres vivos.

Outra teoria fixista é o Catastrofismo preconizado por Georges Cuvier (1769-1832). Baseando-
se em dados paleontológicos de escavações na bacia sedimentar da região de Paris, terá concluído
que as diferenças no aspecto dos fósseis encontrados nos vários estratos rochosos e dos seres
vivos actuais poderiam ser explicadas por eventos de repovoamento dos locais com novas
espécies provenientes de outras áreas e de outros eventos de criação, após extinção dos
organismos causada por catástrofes naturais (Moreira, 2015).

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As ideias de Cuvier foram contestadas por Charles Lyell (1797-1875) que apresentou uma
explicação para as diferenças encontradas entre os estratos rochosos. O geólogo britânico
defendia que os processos erosivos actuais seriam os mesmos no passado, sendo esta a razão para
a ausência de fósseis em alguns estratos – lacunas estratigráficas. Segundo Lyell os eventos
geológicos são o resultado de processos naturais lentos e graduais. Apesar desta visão do
gradualismo nos acontecimentos geológicos, Lyell não aceitava o gradualismo para as espécies.

No final do século XVIII o Fixismo englobando as ideias Criacionistas era aceite assumindo um
carácter dogmático. À medida que novas observações eram efetuadas os dados recolhidos na
natureza levaram à contestação da imutabilidade das espécies (Moreira, 2015).

1.3.Teoria da Geração Espontânea

Geração Espontânea ou abiogénese é o processo hipotético pelo qual os organismos vivos se


desenvolvem a partir de matéria inanimada; também, a teoria arcaica que utilizou esse processo
para explicar a origem da vida.

De acordo com Pires (s/d), a Biogénese sustenta que os seres vivos teriam sido originados a partir
da matéria sem vida; defendida por Aristóteles. Para ele as moscas, mosquitos teriam surgido do
lodo, os peixes a partir das algas em decomposição os ratos da terra húmida. Em suma do nada
surge a vida.

A teoria da Abiogénese ou geração espontânea baseava-se na ideia de que os seres vivos


poderiam surgir de uma “matéria bruta”, sem vida. Os defensores dessa hipótese diziam que
haveria um “princípio activo” ou uma “força vital” presentes em algumas matérias brutas, e esse
“princípio” ou “força” seria capaz de transformar uma matéria bruta (sem vida) em uma matéria
viva. Aristóteles era um grande defensor dessa teoria. (Martins, 1989).

A teoria da geração espontânea de organismos maiores foi facilmente demonstrada ser falsa,
mas a teoria não foi totalmente desacreditado até meados do século 19, com a demonstração da
existência e reprodução de microorganismos, principalmente por Louis Pasteur.

O filósofo grego Aristóteles (384-322 aC) foi um dos primeiros estudiosos registrados a articular
a teoria da geração espontânea, a noção de que a vida pode surgir de matéria não viva.

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De acordo com Martins (1989), Aristóteles propôs que a vida surgisse de um material não vivo se
o material contivesse pneuma (“calor vital”). Como evidência, ele observou vários casos de
aparecimento de animais em ambientes anteriormente desprovidos de tais animais, como o
aparecimento aparentemente repentino de peixes em uma nova poça de água.

2. Teoria da Evolução da Vida na Terra

A Teoria da Evolução descreve o desenvolvimento das espécies que habitavam ou habitam o


planeta Terra. Assim, as espécies actuais descendem de outras espécies que sofreram
modificações ao longo do tempo e transmitiram novas características aos seus descendentes
(Magalhães, 2017).

2.1. Teoria da Biogénese

Insatisfeitos com a teoria da abiogénese, cientistas realizaram experiências que foram passo a
passo, minando a teoria da abiogénese (Romano, 2016).

A Teoria da biogénese diz que um ser vivo só surge a partir de outro ser vivo pré-existente. Esta
teoria foi reforçada pelos experimentos de Redi, Needham x Spallanzani e Pasteur.

Francesco Redi (1626- 1697) Cientista italiano elaborou uma experiência a fim de derrubar a
teoria da abiogénese. Esses foram os passos da sua experiência:

 Colocou pedaços de carne em vários frascos;


 Alguns frascos foram deixados abertos e outros fechados.

Depois de vários dias, Redi observou que a carne que estava nos frascos apodreceu, e isso atraiu
as moscas, que entravam e saíam continuamente nos frascos abertos, pois nos frascos fechados a
mosca não tinha acesso.

Daí Redi observou que no frasco que as moscas tiveram acesso (abertos) os frascos estavam
cheios de vermes, enquanto nos frascos fechados os vermes não apareciam. Redi descobriu então
que aqueles vermes na verdade eram larvas das moscas que tiveram contacto com o frasco aberto
com carne, e conseguiu comprovar sua experiência que a carne apodrecia não era capaz de gerar

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vida, pois o que surgiu (vermes) eram originados das moscas (que já existiam). Isso gerou um
forte abalo na teoria da abiogénese (Romano, 2016).

Needham x Spallanzani

De acordo com Romano (2016), apesar da repercussão das experiências de Redi, a ideia de
geração espontânea ainda não havia morrido. O uso crescente do microscópio e a descoberta
dos microorganismos foram factores que reforçaram a teoria da abiogénese: tais seres
pequeninos, argumentava-se, eram tão simples, que não era concebível terem a capacidade de
reprodução; como conclusão óbvia, só podiam ser formados por geração espontânea.

John Needham cientista inglês realizou um experimento cujos resultados pareciam comprovar as
ideias da abiogénese. Vários caldos nutritivos, como sucos de frutas e extracto de galinha, foram
colocados em tubos de ensaio, aquecidos durante um certo tempo e em seguida selados. A
intenção de Needham, ao aquecer, era de provocar a morte de organismos possivelmente
existentes nos caldos; o fechamento dos frascos destinava-se a impedir a contaminação por
micróbios externos. Apesar disso, os tubos de ensaio, passados alguns dias, estavam turvos e
cheios de microorganismos, o que parecia demonstrar a verdade da geração espontânea (Romano,
2016).

Alguns anos mais tarde, o pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799) repetiu a
experiência de Needham. Só que a diferença foi que ele ferveu os líquidos durante uma hora, não
se limitando a aquecê-los; em seguida os tubos foram fechados hermeticamente. Líquidos assim
tratados mantiveram-se estéreis, isto é, sem vida, indefinidamente. Desta forma, Spallanzani
demonstrava que os resultados de Needham não comprovavam a geração espontânea: pelo
facto de aquecer por pouco tempo, Needham não havia destruído todos os micróbios
existentes, dando-lhes a oportunidade de proliferar novamente.

Needham ainda retrucou e disse:

“...Spallanzani... selou hermeticamente dezanove frascos que continham diversas


substâncias vegetais e ferveu-os, fechados, por uma hora. Mas, pelo método de
tratamento pelo qual ele torturou suas dezanove infusões vegetais, fica claro que

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enfraqueceu muito ou até destruiu a força vegetativa das substâncias em
infusão...” (Romano, 2016).

Continuava assim a polémica entre abiogénese e Biogénese.

Foi quando o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) decidido em derrubar a teoria da
abiogénese, realizou o seguinte experimento: Ele ferveu caldo de carne em um balão de vidro
aberto que possuía um gargalo curvado em forma de S, conhecido como “pescoço de cisne”. O
líquido ficou por muito tempo sem micróbios, apesar de entrar ar os micróbios que vinham
juntamente com o ar ficavam depositados junto à poeira na curvatura do gargalo (Romano, 2016).

A entrada do ar ocorre, então, mais vagarosamente e, quando o líquido se resfriou


suficientemente, a ponto de não mais ser capaz de tirar a vitalidade dos germes, a entrada do ar
será suficientemente lenta, de maneira a deixar nas curvas húmidas do pescoço toda a poeira (e
germes) capaz de agir nas infusões (Romano, 2016).

Depois de um ou vários meses no incubador, o pescoço do frasco foi removido por golpe dado de
tal modo que nada, a não ser as ferramentas, o tocasse, e depois de 24, 36 ou 48 horas, bolores se
tornavam visíveis, exactamente como no frasco aberto ou como se o frasco tivesse sido inoculado
com poeira do ar.

Com esta experiência engenhosa, Pasteur também demonstrava que o líquido não havia perdido
pela fervura suas propriedades de abrigar vida, como argumentaram alguns de seus opositores.
Além disso, não se podia alegar a ausência do ar, uma vez que este entrava e saía livremente
(apenas estava sendo filtrado).

As experiências de Pasteur e Redi fizeram com que a hipótese da biogénese, fosse aceita pelos
cientistas de todo o mundo (Romano, 2016).

2.2. Teoria de formação e constituição da atmosfera primitiva

A composição da atmosfera terrestre, assim como a vida, evoluíram de forma paralela nestes
últimos 3,5 bilhões de anos de história do nosso planeta. A composição química da Terra
primitiva foi fundamental para o surgimento da vida.

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A idade do planeta Terra é estimada em cerca de 4,5 bilhões de anos. A presença de vida só se
viabilizou com o aparecimento de água no estado líquido, o que ocorreu com a formação dos
oceanos há cerca de 3,8 bilhões de anos. Os registros fósseis, as primeiras evidências de vida
microbiana datam de 3,5 bilhões de anos. De acordo com Jardim (2001), nessa época, a atmosfera
da Terra primitiva apresentava características físico-químicas marcantes: ausência do gás
oxigénio; predomínio de gases como metano, gás carbónico, nitrogénio e amónia, além de
quantidades significativas de sulfetos e cianetos. Por seu carácter eminentemente redutor, era
formada por substâncias reduzidas. As temperaturas eram bem mais altas que as atuais, e o sol
(radiação ultravioleta) consistia na principal fonte de energia. Nessas condições, foi possível a
síntese pré-biótica (Murta e Lopes, 2005), pela qual se formaram moléculas orgânicas
fundamentais para o surgimento da vida.

2.3. As teorias de Lamarck e Darwin sobre a evolução

Com o surgimento da ciência no início do século XVII, a maneira de compreender o mundo


natural e de explicar os fenómenos que nele ocorrem teve um formidável desenvolvimento, que
ficou conhecido como Revolução científica. Desde então, as explicações fornecidas pela ciência
têm entrado em conflito com as interpretações literais das descrições bíblicas sobre a natureza. Os
trabalhos de Nicolau Copérnico (1473-1543), por exemplo, derrubaram o dogma então vigente de
que a Terra era o centro do universo e constituíram um dos exemplos pioneiros de que os escritos
religiosos não devem ser interpretados de forma literal, (Amabis & Martho, 2010).

Foi somente no final do século XVII e início do século XIX que alguns naturalistas passaram a
adoptar ideias evolucionistas para explicar a diversidade do mundo vivo. O mais importante deles
foi o francês Jean-Baptiste Antoine de Monet (1744-1821), que, por seu título de cavaleiro de
Lamarck, ficou conhecido como Jean Baptist Lamarck. Em 1809, em seu livro Philosophie
zoologique (Filosofia zoológica), ele propôs a primeira teoria baseada em argumentos coerentes
para explicar a evolução biológica. Essa teoria é conhecida como lamarckismo, (Amabis &
Martho, 2010).

2.3.1. Teoria de Lamarck (Lamarckismo)

Lamarck acreditava que os organismos actuais surgiram por transformações sucessivas de forma
mais primitiva. Ele admitia que os seres vivos mais simples haviam surgido espontaneamente a
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partir de matéria não viva, modificando-se ao longo de incontáveis gerações. Para Lamarck,
assim como um ovo se desenvolve para um organismo adulto, o mundo orgânico também
evoluíram de organismo mais simples para os mais complexos, culminando com a espécie
humana. Ele não acreditava na extinção biológica, mas pensava que o desaparecimento de uma
espécie ocorria em consequência de sua transformação em outra, ou seja, sua evolução. Portanto
para sustentar seu pensamento Lamarck elaborou duas leis que seguem, (Amabis & Martho,
2010):

 Lei do uso e desuso: um órgão desenvolvia-se com o uso e atrofiava-se com o desuso.
Assim, a língua comprida do tamanduá ou do camaleão, teriam se desenvolvido em
resposta às suas necessidades alimentares e de uso de órgão.
 Lei da herança das características adquiridas: o carácter seria transmitido aos
descendentes. Assim, um halterofilista desenvolveria seus músculos com exercícios e essa
característica passaria a seus filhos.

Assim, as alterações dos indivíduos de uma dada espécie eram explicadas por uma acção do
meio, pois os organismos, passando a viver em condições diferentes iriam sofrer alterações das
suas características. Estas ideias levaram ao enunciado da Lei da transformação das espécies, que
considera que o ambiente afecta a forma e a organização dos animais logo quando o ambiente se
altera produz, no decorrer do tempo, as correspondentes modificações na forma do animal.

2.3.1.1. Criticas ao Lamarckismo

No entanto, também existem numerosas críticas ao Lamarckismo:

 A necessidade de adaptação, a “busca de perfeição” pelos organismos, não pode ser


provada;
 Modificações devidas ao uso e desuso são adaptações individuais somáticas (fenotípicas),
não são transmissíveis, não devendo ser confundidas com adaptações evolutivas, as quais
implicam sempre uma modificação genética. Este facto foi comprovado por uma famosa
experiência realizada por Weissman em 1880, que cortou caudas a sucessivas gerações de
ratos e estes sempre nasceram com cauda;

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 Lamarck afirmava que a função determinava a estrutura mas tal não é verdade pois os
caracteres surgem independentemente da acção do meio (como os caracteres
inconvenientes ou nefastos). Actualmente considera-se a relação função/estrutura como
biunívoca.

Pode-se concluir daqui que a teoria de Lamarck foi um importante marco na história da Biologia
mas não foi capaz de explicar convenientemente o mecanismo da evolução.

2.3.2. Teoria de Darwin (Darwinismo)

Darwinismo: Todos os organismos descendem, com modificações, de ancestrais comuns. A


selecção natural atua sobre as variações individuais, favorecendo as mais aptas (Machado &
Sousa, 1996).

Darwin pensou o seguinte:

 Se havia uma População de Girafas de pescoço curto e, pela mutação das espécies,
algumas tinham pescoço longo e o ambiente mudasse; aquelas que tinham o pescoço
longo e conseguissem se alimentar melhor sobreviviam.
 As de pescoço curto morreriam de fome e não passariam a sua característica para a
próxima geração. Isso aconteceria com todos os seres vivos.

Ele chamou isso de Selecção Natural. É como se o meio tivesse uma escolha a fazer e escolhesse
os mais bem adaptados - no caso as girafas de pescoço longo que passariam para a próxima
geração aquela característica (Naftal, s/d).

2.3.2.1. Princípios básicos das ideias evolutivas por selecção natural


 Os indivíduos de uma mesma população não são idênticos. Há variações em todos os
caracteres.
 Mesmo que os organismos tenham grande capacidade de reprodução nem todos chegam à
fase adulta.
 O tamanho das populações é constante ao longo das gerações. Portanto, esta constância
tem um preço: grande disputa pela vida entre os descendentes, porque poucos alcançarão
a maturidade.

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 Aquele mais adaptado às variações do ambiente tem mais chance de sobreviver e deixar
descendentes com estas adaptações.
 Ao longo das gerações, a actuação da selecção natural sobre os indivíduos da população
propicia a adaptação destes ao meio e pode levar ao surgimento de novas espécies.

A selecção natural deve ser entendida como um processo natural. Nem Lamarck, nem Wallace
nem Darwin conseguiram explicar como surgiu tal variação, nem como ocorria a transmissão das
características hereditárias ao longo das gerações. Os conhecimentos de Genética eram
rudimentares na época, e, apesar do trabalho de Mendel, sobre as leis da herança terem sido
divulgados em 1865, só passou a ser considerada essencial na virada do século XX.

2.4. Teoria sintética da evolução

A moderna teoria da evolução, conhecida como neodarwinismo ou teoria sintética da


evolução, faz a síntese entre as ideias de Darwin e os novos conhecimentos científicos,
particularmente no campo da Genética (Pires, s/d).

Segundo esta teoria, os principais factores que actuam sobre o conjunto de genes de uma
população são: mutação, recombinação genética (permutação), migração, selecção natural e
deriva genética.

 Mutação: fonte primária de variabilidade. Não ocorre para adaptar o individuo ao


ambiente. Elas ocorrem ao acaso e, por selecção natural, são mantidas quando adaptativas
(positivas) ou eliminadas (quando negativas). Há também mutações génicas que são
neutras. As mutações podem ocorrer em células somáticas ou em células germinativas.
 Migração: Corresponde aos processos de entrada (imigração) ou saída (emigração) de
indivíduos de uma população. A imigração, chegada de novos indivíduos, pode introduzir
novos genes na população, o que aumenta a variabilidade genética. Com a emigração,
normalmente há redução da variabilidade genética da população. A migração permite que
se estabeleça fluxo génico entre populações distintas.
 Selecção Natural: A selecção natural actua permanentemente sobre todas as populações.
Mesmo em ambiente estáveis e constantes, a selecção natural, que age de forma
estabilizadora, está presente eliminando os fenótipos desviantes. A selecção atua sobre os

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fenótipos que resultam da interacção entre genótipo e ambiente. Portanto, o ambiente não
representa um sistema constante e estável, quer ao longo do tempo quer ao longo do
espaço, o que determina interacções diferentes entre os organismos e o meio (Machado &
Sousa, 1996).
 Deriva genética: Corresponde a processos aleatórios que reduzem a variabilidade
genética de uma população sem relação com a maior ou menor adaptabilidade de
indivíduos. A deriva é um processo totalmente ao acaso. Tipos de deriva genética: Efeito
gargalo (redução de população inicial em uma ou mais populações pequenas); Princípio
fundador (Estabelecimento de uma nova população a partir de poucos indivíduos que
emigram de uma população original. Trata-se de uma das maneiras mais comuns de
dispersão de inúmeras espécies animais e também de origem de espécies). (Machado &
Sousa, 1996).
2.5. Adaptação dos seres vivos aos factores ambientais

Desde o tempo dos filósofos gregos, passando pelos pensadores do século passado, a adaptação
dos seres vivos aos seus ambientes de vida é um facto incontestável. A origem da adaptação,
porém, é que sempre foi discutida. Desde a Antiguidade se acreditava que essa harmonia seria o
resultado de uma criação especial, a obra de um criador que teria planejado todas as espécies,
adequando-as aos diferentes ambientes. Com o advento do cristianismo, ficou mais fácil admitir
que as espécies, criadas por Deus, seriam fixas e imutáveis. Os defensores dessa ideia, chamados
de fixistas ou criacionistas, propunham que a extinção de muitas espécies seria devida a eventos
especiais como, por exemplo, muitas catástrofes que exterminaram grupos inteiros de seres vivos
(Pires, s/d).

2.5.1. Tipos de adaptações dos seres vivos

As adaptações são caracteres que ajustam ou adequam melhor as espécies às suas condições de
vida ou ao seu meio ambiente e que resultam de mutações ocorridas no passado em ancestrais
dessas espécies.

“Pode, pois, considerar-se que o tempo e a reprodução diferencial das formas favorecidas em
relação às menos aptas produzem mudanças nas espécies existentes, conduzindo a formação de
novas espécies” (Silva, 2005, p. 135)
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Podemos classificar as adaptações em dois tipos fundamentais: Morfológicas e fisiológicas.

 As adaptações morfológicas consistem em modificações na forma ou na estrutura da


espécie. Exemplo as barbatanas das baleias e as asas dos morcegos e aves.
Camuflagem e Mimetismo são adaptações morfológicas que oferecem às espécies
melhores condições de defesa ou de ataque. Quando a espécie revela a mesma cor ou
possui uma forma que se confunde com coisas do ambiente, está manifestando uma
adaptação chamada de camuflagem. É o caso do camaleão (Silva, 2005).
 As adaptações fisiológicas consistem numa adequação funcional do organismo ao tipo de
ambiente em que vive. Um peixe de água doce e um de água salgada são exteriormente
semelhantes, porém seus organismos funcionam de forma diferente para controlar a
diferença da concentração salina da água onde vivem.

Considerações finais

A interpretação da origem da origem das espécies durante vários séculos, e ainda vem sendo
assunto de maior destaque para a comunidade científica. Depois duma vasta leitura em torno do
tema conclui-se que as teorias evolucionistas são as correntes ou teorias mais aceites nos dias de
hoje e defende de que os seres vivos da antiguidade são os mesmos de hoje e estes sofreram
algumas modificações. O Lamarckismo defende evolução linear em que o meio gera a variação e
o Darwinismo é uma evolução ramificada com um ancestral comum e o meio seleciona uma
característica que já apresenta variação.

Actualmente, tem todo crédito da comunidade científica mundial a Teoria Sintética da Evolução,
também denominada Neodarwinismo, que incorpora os conceitos modernos da genética ás ideias
essenciais de Darwin sobre selecção natural.

Referências bibliográficas

Amabis, M.. J & Martho, R. J. (2010). Biologia das Populações.3ª ed, São Paulo.

Jardim, W.F. (2001). A evolução da atmosfera terrestre. Cadernos Temáticos de Química Nova
na Escola, Edição especial.

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Magalhães, Lana. (2017). Teoria da Evolução. Universidade do Estado do Amazona. Disponível
em: www.todamateria.com.br/teoria-da-ev. Acesso: 14 de Maio de 2021.

Machado, J & Sousa, L. (1996). Biologia 12°ano – bio 12 parte 1.

Martins, Martins RA. (1989). Geração espontânea: dois pontos de vista. Perspicilium 3 (1): 5-32.

Moreira, C., (2015). Fixismo, Rev. Ciência Elem., V3(4):215.

Murta, M.M. e Lopes, F.A. (2005). Química pré-biótica: sobre a origem das moléculas orgânicas
na Terra. Química Nova na Escola, n. 22, p. 26-30.

Pires, Carlos M. (s/d). Biogeografia. Módulo da Universidade Católica de Moçambique do Curso


de Licenciatura em Ensino de Geografia 3º ano. CED, Beira.

Romano, Leonardo Moreira. (2016). Biologia – Semi-presencial. Federação de Escolas


Simonsen, Faculdades e Colégios.

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