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Geraldo Clemente, correio electrónico: geraldoclemente84@gmail.

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Ética Profissional

Introdução

O presente trabalho, fundamenta-se em abordar sobre a ética profissional e a sua aplicação no


âmbito do ensino e aprendizagem. Assim, ter ética profissional e adequar-se às normas de
conduta de uma determinada área são condições cada vez mais valorizadas no reconhecimento
dos trabalhadores e no processo selectivo de novos funcionários. A ética profissional é um
conjunto de valores e normas de comportamento e de relacionamento adoptados no ambiente de
trabalho, no exercício de qualquer actividade.

Para a realização do trabalho, foi empregue o método bibliográfico onde as fontes estão
devidamente citadas e presentes nas referências bibliográficas e o trabalho apresenta a seguinte
estrutura organizacional: capa, folha de feedback, recomendações de melhorias, índice,
introdução, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.

1 Ética profissional
1.1. Conceito de ética profissional

A ética profissional é um conjunto de valores e normas de comportamento e de relacionamento


adoptados no ambiente de trabalho, no exercício de qualquer actividade. Ter uma conduta ética é
saber construir relações de qualidade com colegas, chefes e subordinados, contribuir para bom
funcionamento das rotinas de trabalho e para a formação de uma imagem positiva da instituição
perante os públicos de interesse, como accionistas, clientes e a sociedade em geral.

Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e


representam imperativos de sua conduta (Menezes, 2017).

A ética profissional é o conjunto de valores, normas e condutas que conduzem e conscientizam


as atitudes e o comportamento de um profissional na organização. Desta forma, a ética
profissional é de interesse e importância da empresa e também do profissional que busca
o desenvolvimento de sua carreira.

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Além da experiência e autonomia em sua área de actuação, o profissional que apresenta
uma conduta ética conquista mais respeito, credibilidade, confiança e reconhecimento de seus
superiores e de seus colegas de trabalho.

Mutas vezes a ética profissional é utilizada como sinónimo de deontologia. O termo deontologia
também deriva de duas palavras gregas deon, que significa "dever, "obrigação" e lógos, que
significa "razão", "lógica", "ciência". Assim, a ética pode ser entendida como a orientação do
carácter, enquanto a deontologia é a ciência do dever. Ambas cumprem a função de orientar as
condutas que devem ser realizadas pela empresa (Menezes, 2017).

Ser ético é agir orientado por princípios em vista do bem, sem jamais prejudicar o próximo. Ser
ético é cumprir os bons valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.

A ética profissional possui uma grande importância por orientar ao bom cumprimento de todas as
actividades de uma profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e por grupos
de trabalho.

A conduta ética também contribui para o andamento dos processos internos, aumento de
produtividade, realização de metas e a melhora dos relacionamentos interpessoais e do clima
organizacional.

1.2. Características fundamentais de uma conduta ética

Alguns conceitos são fundamentais para constituir o comportamento ético. São eles:

 Altruísmo: a preocupação com os interesses do outro de uma forma espontânea e


positivista.

 Moralidade: conjunto de valores que conduzem o comportamento, as escolhas, decisões


e acções.

 Virtude: essa característica pode ser definida como a “excelência humana” ou aquilo que
nos faz plenos e autênticos.

 Solidariedade: princípios que se aplicados às relações sociais e que orientam a vivência e


convívio em harmonia do individuo com os demais.

 Consciência: capacidade ou percepção em distinguir o que é certo ou errado de acordo


com as virtudes ou moralidade.
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 Responsabilidade ética: consenso entre responsabilidade (assumir consequências dos
actos praticados) pessoal e colectiva.

2 Relação entre a ética e a educação (minha área de trabalho)

A ética não olha apenas para o interesse de uma pessoa, ela olha para o interesse de um grupo.
Cortella (2010, pg.106) fala que a ética, no seu sentido de conjunto de princípios e valores, é
usada para “responder as três grandes perguntas da vida humana: QUERO? DEVO? POSSO?”. A
ética na educação também está no auge, mas será que realmente se entende o que isso significa?

Quando se fala de ética na educação logo se pensa na conduta do professor em relação a seus
educandos. A ética gira em todos os princípios e valores que norteiam a acção estabelecendo
regras para o bem comum, tanto no individual como no colectivo, assim estabelece princípios
gerais. Boff aponta que “Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o
ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável psicologicamente
integrada e espiritualmente fecundada” (1997). No caso da educação gira em torno dos
educandos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, LEI Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990, Art. 53 diz que a
criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Sendo assim, o professor
precisa trabalhar e empenhar-se para que isso ocorra. Seja em suas atitudes docentes, nas relações
com os educandos, na postura do professor em sala, no chamar a atenção nas conversas, no
relacionamento com os profissionais da escola ou na forma como se comporta na sociedade, a
ética se faz presente como algo muito fundamental.

Cortella (2010, pg.106) nos apresenta a seguinte definição:

“A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na vida junta. Portanto, ética é o
que faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que
orienta a sua capacidade de decidir, julgar, avaliar.”

Ainda segundo Chauí (2002), a ética nasce da compreensão do carácter de cada pessoa, ou seja,
do senso da consciência moral próprio de cada indivíduo. Porém, faz coro com Sócrates ao
defender que nosso sentimento, nossa conduta, nossas acções e nossos comportamentos são
modulados pelas condições que vivemos (família, classe e grupo social, escola etc.), ou seja,
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afirma que somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos
e reproduzirmos valores propostos por ela como bons, logo, como obrigações e deveres.

Davis (1994) ressalta que o professor deve reconhecer que, desde muito pequenos, os alunos,
seguem algumas regras, explorando algumas e inventando e reinventando outras, construindo
com isso noções de certo e errado. O importante é que o professor perceba que, nem sempre o
sistema que rege a conduta infantil coincide com o desejável, por este motivo, deve o educador
ajudar o aluno a elaborar seus sistemas de valores, combiná-los com outros, reflectirem sobre sua
própria conduta e, a partir dessa reflexão, criar novos parâmetros para suas novas regras de
convivência. Agindo dessa forma, o professor trabalha mecanismos de autocontrole e
comportamento, além de estimular a cognição e a afectividade.

Trabalhar ética em sala de aula pressupõe, que por meio do letramento, de forma interdisciplinar
o tema seja abordado, visando garantir o respeito às diferenças e o combate ao preconceito e a
discriminação seja racial, social, religiosa, moral, intelectual, entre outras.

A criança deve ser orientada quanto à necessidade de respeitar o próximo e as diferenças.


Oportunizando que estas percebam a necessidade da ética para uma vida satisfatória em
sociedade. Levar a criança a avaliar e repensar suas acções quotidianas, propor mudanças de
atitudes preconcebidas, além de estimular o letramento. No contexto escolar o educador poderá
fazer uso de situações quotidianas para discutir o tema “Ética” com os alunos.

3 Os princípios da ética profissional em relação ao ensino e aprendizagem

A Directrizes Curriculares para a Educação Infantil (DCMsEI) fala sobre três princípios:

 Éticos;
 Estéticos e;
 Políticos.

Sobre os princípios éticos comenta-se: “Princípios éticos: valorização da autonomia, da


responsabilidade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades e singularidades”. Torna-se necessário que o professor em todo tempo aja com
responsabilidade e forme em seus educandos uma atitude ética diante da vida. Dentro da ética
estão contidas posturas bem definidas, pois os professores tornam-se modelo para seus
educandos. O professor não pode pensar no educando apenas em sala de aula visando somente às
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notas para serem aprovados em sua matéria. Sendo um ser que vive em sociedade, cabe a ele com
responsabilidade ajudar seu educando a se integrar na sociedade de forma activa e participativa.

Para a actuação do professor, seja com os educandos ou com o corpo docente, é necessário
possuir um estilo de vida equilibrado, desapegado de vícios que prejudiquem a si mesmo e aos
outros. Suas acções precisam conter: afecto, alegria, sobriedade, moderação e em seu modelo de
fala deve usar palavras cultas e não chulas ou gírias. Diante disso, não se pode deixar de pensar
na importância das vestimentas, que não devem ser inconvenientes como: rasgadas,
transparentes, curtas ou apertadas. É propício o uso de algo que lhe caia bem, seja descente e que
combine com ele/ela, ou seja, usar algo que mostre seu estilo, lembrando que até nisso será
copiado. A ética está presente em tudo. Cortella (2010, pg.107), diz que: “A ética é uma plantinha
frágil que deve ser regada diariamente.” Isso acontece no nosso quotidiano.

Com o corpo docente ou a gestão, seu relacionamento deve acontecer de forma singela e
colaborativa, pois ambos estão traçando objetivos para caminhos que os levarão a um só
objectivo, a uma educação de qualidade, a uma aprendizagem significativa e ao crescimento de
seus educandos. Ainda precisamos observar que é preciso tomar certos cuidados, principalmente,
na sala dos professores nos intervalos, nos momentos de estudos e, é claro, na sua vida
individual, dentre, os quais se podem relacionar:

 Comentário de ordem pessoal ou profissional negativa de outro docente ou de um


educando;
 Falar mal da instituição fora do espaço de trabalho depreciando a direcção, coordenação e
outros;
 Se isolar em sua sala não permitindo que alguém lhe forneça sugestões para melhorar sua
prática e não preste auxílio a um colega quando este necessita;
 Ano após ano em sala, adquirindo experiência, se auto-avalia como o “super professor”,
pensando que sabe tudo, fechando-se, assim, para o aprendizado que acontece do
educando para ele.

Como é possível um professor permanecer na educação, no trato com os educandos quando se


está nesse cargo porque não tem outra profissão ou simplesmente esperando a aposentadoria? O
professor precisa acreditar na educação e ter convicção de que ela pode mudar a sociedade. Tem
papel fundamental, ele influencia na maneira de pensar e agir dos educandos.
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4 Moral no ensino e aprendizagem

As questões relacionadas à moralidade constituem preocupação da sociedade e do contexto


educacional. A realidade educacional é complexa. Verifica-se a perda de alguns valores
essenciais ao bom relacionamento e convívio entre os sujeitos. A agressão verbal e corporal está
presente nas salas de aula, assim como as “boas maneiras” foram se perdendo com o passar dos
anos. O professor já não possui mais a autoridade necessária no encaminhamento das suas
actividades e a maioria dos alunos não possui uma conduta baseada no diálogo, na troca de ideias
e no respeito pela opinião dos colegas. Buscar por encaminhamentos que tornem possível esta
mudança, almejando resgatar a compreensão, a harmonia, o respeito e o companheirismo,
principalmente em sala de aula, é o ponto principal desta investigação. Sendo assim, faz-se
necessário um esforço conjunto de todos os segmentos da sociedade para a efetivação,
organização ou retomada de alguns valores que acabaram se perdendo ao longo do
desenvolvimento da sociedade (Vázquez, 2000).

Diante do exposto, acredita-se que a moral não nasce com os sujeitos, ela é construída e se
desenvolve ao longo da vivência dos indivíduos, resultante e dependente das interacções sociais e
culturais pelas quais eles passam. O desenvolvimento moral, portanto, é concebido como um
processo contínuo, desenvolvendo-se ao longo da vida e sendo incorporado directamente pelo
sujeito.

Vázquez (2000, p. 84), define que a moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo
o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade,
de tal maneira que estas normas, dotadas de um carácter histórico e social, sejam acatadas livre e
conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou
impessoal.

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Considerações

Com certeza, os professores comprometidos com a ética, influenciam eticamente seus educandos,
dando sua contribuição na transformação da sociedade. Sabemos que isso se constata em longo
prazo, mas com certeza no tempo presente influenciam a mudança de pensamento, de atitude, ou
seja, a vida de seus educandos. Dessa forma, constrói-se uma escola compromissada com saberes
profundos, onde as experiências são dinamizadas colectivamente entre cidadãos vindos do seu
próprio processo de construção, que assumam sua postura diante da vida, e que escolham sempre
o melhor para sua vida e para a sociedade. Uma escola capaz de olhar o educando em um todo,
acolhê-los, propondo assim um crescimento e desenvolvimento em todas suas dimensões, permite
que se tenha uma educação com tempero, preocupada com o desenvolvimento completo de
crianças e jovens, provocando, desse modo, uma grande mudança no futuro da sociedade.

Referências bibliográficas

Boff, Leonardo. (1997). A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1997.

Chauí, M. Convite à Filosofia. (2002. 12ª. ed. São Paulo: Ed. Ática.

Cortella. (2010). Pais brilhantes, professores fascinantes. RJ, Sextante.

Davis, C. (1994). Psicologia da Educação. 2ªed. Ver. São Paulo, SP: Cortez.

Mattje. Gilberto Dari. Tosco. (2009). Campo Grande: Gráfica e Editora alvora.

Menezes, Pedro. (2017). Ética Profissional. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
1ª ed, Editora Tesla

Vázques, Sánchez Adolfo. (2000). Ética. Trad. João Dell´Anna. 20. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira.

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