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REVISÃO DE LITERATURA

Nefrotomia versus litotripsia extracorpórea por ondas de choque


(leoc) no tratamento de cálculos renais em cães: Revisão sistemática
Nephrotomy versus extracorporeal shock wave lithotripsy (ESWL) on renal uroliths treatment in
dogs: sistematic review
Heitor Fioravante - Acadêmico do curso de Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/FMV
campus Araçatuba heitor.fioravanti@gmail.com
Flávia de Rezende Eugênio - Profª Ajunta do Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” UNESP/FMV campus Araçatuba eugeniof@fmva.unesp.br

Fioravante H, Eugênio FR, De Santana VL, Tanikawa A, Da Silva RMN. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais
e Animais de Estimação; 2014; 12(41); 1-637.

Resumo
Na rotina médico veterinária, a nefrolitíase canina tem sido um achado cada vez mais frequente,
porém ainda é subdiagnosticada. O conhecimento anatômico arteriovenoso do rim é fundamental
para o sucesso da nefrotomia, pois, sendo um procedimento invasivo, pode comprometer a função
renal. Poucos são os profissionais com experiência em cirurgia renal. A litotripsia extracorpórea
por ondas de choque (LEOC) é um procedimento terapêutico minimamente invasivo e amplamente
difundido na urologia humana, como alternativa ao tratamento cirúrgico de nefrólitos. A LEOC
possui também vantagens por promover uma recuperação mais rápida do paciente e com menos
complicações comparado às técnicas cirúrgicas tradicionais. Assim, a medicina veterinária, grada-
tivamente, vem expandindo suas pesquisas relacionadas ao uso da LEOC. Esta revisão sistemática
objetivou analisar as principais complicações relacionadas ao tratamento de cálculos renais em
cães submetidos à nefrotomia ou LEOC. Apesar da escassez de trabalhos em medicina veterinária
sobre o tema, pode-se verificar que há maior prevalência de complicações decorrentes da LEOC em
comparação à nefrotomia, porém são necessários estudos visando a aplicação prática da LEOC na
rotina, levando em consideração o estadiamento da doença, qualidade do aparelho e padronização
da técnica, para que se possa afirmar, com precisão, quais complicações estarão envolvidas neste
procedimento em relação à nefrotomia em cães.

Palavras-chave: nefrolitíase, cirurgia renal, procedimento minimamente invasivo, canino.

Abstract
In veterinary medicine, the canine nephrolithiasis has become a frequenlty finding, but it is still sub-
diagnosed. The renal vascular anatomic knowledge is important to a successful nephrotomy, due to
the invasiveness of the surgery, it could compromise the kidney function. The minority of veterinarians
have renal surgical experience. The extracorporeal shock wave lithotripsy (ESWL) is a therapeutic less
invasive procedure and routinely performed in human urology, as an alternative of nephroliths surgical

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1 e Animais de Estimação 2014;12(40); 1-637.
Nefrotomia versus litotripsia extracorpórea por ondas de choque (leoc) no tratamento de cálculos renais
em cães: Revisão sistemática

treatment. Also, the ESWL has the advantage of a faster patient recovering, leading to less complications
compared to traditional surgical techniques. Gradually, the veterinary medicine has been expanding
the researches related to the use of ESWL. This sistematic review has the objetive of identify the main
complications related to renal uroliths treatment in dogs submeted to nephrotomy or ESWL. Although in
veterinary medicine papers related to this issue are limited, the complications related to ESWL are more
prevalent than nephrotomy, but more practical routine studies considering the stage of the disease, ma-
chine quality and technique padronization are necessary to accurately identify which complications will
be related to ESWL compared to nephrotomy.

Keywords: Nephrolithiasis, renal surgery, less invasive procedure, canine

Introdução rio ideal, baixa ingestão hídrica, hábitos alimentares e


comportamentais inadequados, como obesidade e se-
NEFROLITÍASE dentarismo, são fatores relacionados à formação dos
Na urologia humana, o desenvolvimento e aper- urólitos. Além de má-formações genéticas do trato
feiçoamento das técnicas minimamente invasivas urinário, predisposição sexual e racial; causas iatrogên-
(TMI), como ureteroscopia, colocação de stent ure- cias, como presença de material de sutura, sondas e pê-
teral, litotripsia extracorpórea por ondas de choque los, também são citadas, e que contribuem para geração
(LEOC), litotripsia a laser, laparoscopia e nefrourete- do núcleo inicial de sedimentação mineral (2,3,4).
rolitotomia percutânea, quase erradicaram a neces- Os cálculos do trato urinário superior em cães po-
sidade de cirurgia urinária aberta, sendo considera- dem estar associados com complicações potencial-
dos protocolos-padrões no tratamento de calculose, mente graves, como obstruções, pielonefrite recor-
estrangulamentos, trauma ou neoplasias. Pelo fato rente e doença renal aguda ou crônica progressiva,
das TMI promoverem uma recuperação mais rápida necessitando de intervenção imediata. Em animais
do animal e menos complicações, comparada às téc- que apresentam hematúria, dor abdominal inespecí-
nicas cirúrgicas tradicionais, a medicina veterinária, fica e falência renal, deve-se suspeitar de nefrourete-
gradativamente vem expandindo suas pesquisas re- rolitíase (5,6). O diagnóstico geral da urolitíase é ba-
lacionadas ao uso destes procedimentos (1). Na ro- seado na resenha do animal, pois idade, sexo e raça
tina do médico veterinário, a nefrolitíase canina está são fatores predisponentes para determinados uróli-
mais frequente, porém ainda é uma parcela pouco tos. Além da interpretação de sinais clínicos, hábitos
representativa. Este fato pode ser justificado por alimentares e estado físico geral do paciente associa-
fatores de subdiagnóstico sendo que, em inúmeros do à interpretação de exames complementares, den-
casos, os animais acometidos são assintomáticos, tre eles: hemograma completo, perfil bioquímico re-
diagnosticados por um achado incidental; ou apre- nal e hepático, urinálise, cultura e antibiograma da
sentam sinais clínicos inespecíficos da doença. É di- urina e aferição de pressão sanguínea, conduzem a
fícil determinar a real porcentagem de animais que um correto diagnóstico. Exames de imagem, como a
apresentam cálculo renal em uma determinada re- radiografia abdominal e ultrassonografia são confir-
gião, tanto pelos fatores já citados, como pela inexis- matórios. Devido à grande variação de tamanho, lo-
tência e dificuldade de contabilização do real núme- calização e composição mineral dos urólitos, podem
ro de animais e determinação da população de risco, ser necessários outros exames de imagem, como
o que contribuiriam para um correto levantamento radiografia de duplo contraste, tomografia compu-
epidemiológico da doença. Porém, acredita-se que 1 tadorizada e nefropielocentese guiada por fluoros-
a 4% dos urólitos em cães e gatos acometem os rins, cópio. Nos cães azotêmicos graves e que necessitam
sendo esse, um valor subestimado (2). de radiografia contrastada, indica-se a pielografia
A supersaturação mineral associado ao pH uriná- anterógrada transcutânea (7,8).

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A análise quantitativa da composição mineral NEFROTOMIA


é fundamental para direcionar a melhor conduta Poucos são os médicos veterinários cirurgiões
terapêutica e preventiva. Por exemplo, os cálcu- com experiência em cirurgia renal. As principais
los de estruvita, compostos por fostato de amônio indicações para nefrotomia, além da remoção de
e magnésio, estão relacionados a cadelas com in- cálculos, é a exploração da pelve renal em casos de
fecções do trato urinário por bactérias produtoras neoplasia ou hematúria idiopática. O procedimen-
de urease, portanto, a escolha adequada do anti- to não deve ser realizado em animais que apre-
biótico, associado a dieta hipoproteíca, acidifican- sentam dilatação da pelve renal e ureter proximal,
te e diurética são a base da terapia de dissolução sendo indicada a pielolitotomia nestes casos, para
e profilática (8,9). evitar incisão do parênquima renal e lesão subse-
Os nefrólitos de oxalato de cálcio correspondem quente. O conhecimento anatômico arteriovenoso
a 41% dos casos, fato justificado pelo aumento do do rim é fundamental para o sucesso da cirurgia,
uso de dietas acidificantes para dissolução de cál- pois, sendo um procedimento invasivo, é um fa-
culos de estruvita, o que promove maior excreção tor de risco à função renal. Duas técnicas podem
de cálcio na urina (2,10). Caninos de pequeno por- ser realizadas: a técnica tradicional de bissecção
te, machos, castrados e idosos apresentam maior da cápsula e parênquima renal ou a nefrotomia in-
predisposição. Cães da raça schnauzer miniatura e tersegmentar, onde os ramos dorsal e ventral das
animais com hiperparatireoidismo primário podem artérias renais intersegmentares são evidenciados
apresentar hipercalciúria moderada a severa, favo- com o auxílio de corantes, evitando a incisão de
recendo a supersaturação urinária. A terapia clínica vasos interparenquimatosos, o que, teoricamente,
é pouco efetiva com o intuito de dissolução deste preservaria a função renal (2,13,15).
tipo de nefrólito, sendo realizada profilaticamente,
pós-tratamento cirúrgico ou por LEOC. Os riscos e LITOTRIPSIA EXTRACORPÓREA POR ONDAS
benefícios do tratamento conservativo e cirúrgico DE CHOQUE (LEOC)
devem ser criteriosamente avaliados (2,3,11,12). A LEOC é um procedimento terapêutico mi-
Nefrólitos inativos são aqueles que não estão nimamente invasivo e amplamente difundido na
causando qualquer complicação, e os mesmos urologia humana, sendo a alternativa ao tratamento
não requerem remoção imediata, mas devem ser cirúrgico de nefrólitos, pois leva a menor dano fun-
monitorados periodicamente por urinálise, cul- cional e estrutural do tecido renal (3,16). Tem como
tura urinária, radiografia e ultrassonografia. As objetivo, a fragmentação do cálculo em partículas
principais indicações para remoção de cálculos suficientemente menores, capazes de serem elimi-
renais em cães incluem obstrução e infecção re- nadas espontaneamente pelo trato urinário, dentro
corrente do trato urinário, aumento progressivo de uma a duas semanas. O mecanismo de ação é a
do urólito, dor renal, e presença de cálculos isola- transmissão de ondas de choque externas por meio
dos em um único rim funcional. A perda da fun- de processo aquoso direcionado, sob orientação flu-
ção renal associada à obstrução do trato urinário oroscópica em dois planos, focalizadas no tecido
superior é de 30% em uma semana, sendo total alvo (1). A taxa de sucesso é de 85% em cães com ne-
em seis semanas, portanto, o diagnóstico precoce frolitíase, e em aproximadamente 30% dos casos, é
e rápida intervenção são diretamente proporcio- necessário um segundo procedimento para total eli-
nais ao grau de lesão renal (6,8). minação dos cálculos. Porém, a sua disponibilidade
A LEOC ou tratamento cirúrgico por nefrotomia ainda é limitada aos centros de referência e possui
são relacionados a inúmeras complicações, mesmo um alto custo relacionado ao procedimento (8).
sendo realizados por clínico-cirurgiões experientes.
Em pacientes urêmicos e instáveis, pode-se utilizar OBJETIVO E HIPÓTESE
um tubo de nefrostomia pré-cirúrgico. A recor- O conhecimento amplo em relação à fisiopato-
rência da nefrolitíase é atribuída à falha na terapia logia do cálculo renal é fundamental para a correta
clínica profilática. É sempre recomendada uma ra- escolha terapêutica, o que implica, de forma direta,
diografia pós-procedimento, para evitar a pseudo- no prognóstico de animais com nefrolitíase. Esta re-
-recorrência. Em casos graves, com severa hidrone- visão sistemática tem como objetivo responder uma
frose, infecção e falência renal, a nefrectomia deve grande questão em relação aos procedimentos mi-
ser considerada (3,7,8,13). nimamente invasivos, pela identificação das prin-

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cipais complicações relacionadas ao tratamento de A nefrotomia para remoção de cálculos renais na


cálculos renais em cães submetidos à nefrotomia ou medicina veterinária é um procedimento cirúrgico
à LEOC. A hipótese é de que a LEOC leve a menos amplamente difundido, em contraste da medicina
danos funcionais e estruturais ao tecido renal em re- humana, onde só é realizada em casos de anorma-
lação ao tratamento cirúrgico por nefrotomia. lidades no sistema coletor e ureter, ou em pacien-
tes arresponsivos à LEOC. Pelo fato de ambos os
METODOLOGIA procedimentos requererem anestesia geral, muitos
Trata-se de uma revisão sistemática onde se obje- proprietários são resistentes a optar pelos mesmos,
tivou responder a questão: “O tratamento da nefro- preferindo o tratamento médico, principalmente nos
litíase canina pela LEOC leva a menos complicações animais assintomáticos ou em estágio inicial da do-
comparado à nefrotomia?”. Essa pergunta gerou ença; porém, é muito importante esclarecer os riscos
a seguinte estratégia de busca nas bases de dados de infecção do trato urinário (ITU), pielonefrite e hi-
informatizadas: (uroliths OR nephrolithis OR reno- dronefrose associadas à nefrolitíase (10). Nos casos
lithis OR renal calculus) AND (surgery OR nephro- onde é necessário a nefrotomia bilateral, recomenda-
lithotomy OR nephrotomy OR lithotripsy) AND -se um intervalo de quatro a seis semanas para reali-
(dog OR canine). O levantamento bibliográfico foi zação do procedimento ipsilateral (19).
realizado em maio de 2012 e abrangeu toda a base O tratamento das ITU superior sem a remoção do
PubMed, ScienceDirect, Scielo, BIREME, Periódicos nefrólito é praticamente impossível, estando asso-
CAPES. Foram identificados 888 artigos. Pela aná- ciado a altos níveis de recorrência (5). O dano renal
lise do título e resumo, foram selecionados estudos decorrente das ITU superior é progressivo, e a per-
que discorriam sobre os aspectos gerais das com- manência do cálculo renal é muito mais prejudicial
plicações relacionadas à nefrotomia ou à LEOC no comparado aos riscos do procedimento cirúrgico-
tratamento de nefrolitíase em cães. Os 15 trabalhos -anestésico, podendo evoluir para um quadro de sep-
escolhidos sobre LEOC eram médicos, utilizando se após LEOC, caso não seja realizada cobertura an-
como modelo experimental, cães, gatos, ratos ou su- tibiótica baseada em cultura e antibiograma (20, 25).
ínos ou estudos clínicos em humanos. Apenas três Os efeitos da nefrotomia por bissecção em rela-
trabalhos sobre nefrotomia foram inclusos, devido ção a intersegmentar na taxa de filtração glomerular
à escassez sobre o tema. No total, foram incluídas pós-cirúrgico (TFG) foram avaliados um estudo uti-
18 pesquisas escritas em língua inglesa, publicadas lizando 15 cães hígidos e verificaram que nenhuma
no período de 1988 a 2011 e que apresentavam de- das técnicas alterou significativamente os valores
lineamento do tipo aleatorizado controlado, ensaio da TFG, uréia e creatinina (19). No entanto, a nefro-
clínico, revisão sistemática, estudo de casos e estudo tomia por bissecção esteve associada a maior pre-
controlado. A pesquisa também foi complementada valência de hemorragia intrarrenal, infarto e infla-
com o auxílio de livros textos e revisões de literatura mação cortical comparada à técnica intersegmentar,
que requereu maior manipulação e tempo cirúrgi-
co. Concluindo que, apesar de ser considerada mais
Discussão traumática e levar a maior hemorragia do tecido
renal, a técnica tradicional de bissecção é mais aces-
Os rins desempenham papel fundamental na sível, rápida e simples de ser realizada. Em outra
homeostase do organismo, sendo responsáveis pela pesquisa, dez gatos domésticos hígidos foram sub-
excreção de produtos de resíduos metabólicos, se- metidos à nefrotomia por bissecção, e seus efeitos
creção de hormônio, hidrólise de pequenos peptíde- em relação à função, morfologia e tamanho renal
os e regulação do volume e composição do ambiente foram avaliados por 12 semanas (21). Portanto, a
interno e extracelular (17). Devido a esta caracterís- ocorrência de efeitos deletérios significantes não foi
tica multifuncional, inúmeros sinais clínicos podem verificada, tendo sido encontrados resultados simi-
estar associados ao acometimento renal, e procedi- lares em outros estudos (19,22). Geralmente, os ani-
mentos invasivos são potencialmente prejudiciais mais com indicação para cirurgia renal apresentam
ao funcionamento deste órgão. Desta forma, a mo- algum nível de comprometimento renal, e, devido
nitoração estrutural e funcional dos rins deve ser re- ao fato destes trabalhos terem sido realizados em
alizada antes, durante e após procedimentos como pacientes hígidos, seus resultados são questioná-
nefrotomia e LEOC como exemplo (18). veis em relação à função renal.Muitos agentes far-

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macológicos vêm sendo usados com o objetivo de ções decorrentes do processo (25). Em pequenos
preservar a função renal. Os efeitos do fenoldopam animais, a LEOC é pouco difundida e limitada a
pré-operatório em 16 cães adultos hígidos submeti- grandes centros de referência veterinária devido
dos à nefrotomia por bissecção, com clampeamento ao alto custo envolvido neste procedimento, sendo
da artéria renal por 15 minutos foram avaliados por que a literatura em relação a este procedimento na
alguns pesquisadores. O fenoldopam é um fármaco medicina veterinária é escassa (26).
agonista dopaminérgico seletivo DA-1, que leva à Os principais aspectos que devem ser avaliados
vasodilatação de arteríolas renais, aumentando o em um aparelho de LEOC, chamado de litotripsor
fluxo sanguíneo e atuando como anti-hipertensivo. (figuras 1 A e B), são a sua capacidade energéti-
No entanto, não foram verificadas diferenças signi- ca por onda de choque, volume focal e o tipo sis-
ficativas na TFG e níveis séricos de uréia e creati- tema de localização de cálculo no qual o aparelho
nina entre os grupos controle, placebo e operado, é acoplado. Os litotripsores podem ter diferentes
concluindo que a nefrotomia por bissecção não al- sistemas de geração de ondas de choque. O eletro-
terou a função renal e que o uso de nefroproteto- hidraúlico, que emite ondas por expansão a partir
res pré-operatórios é desnecessário (23). Por outro da descarga elétrica de alta tensão em um eletrodo
lado, pesquisadores chineses utilizaram-se fitotera- dentro da água, apresenta boa efetividade porém
pia após a LEOC, e a mesma foi capaz de reduzir a sofre grande variação de pressão em suas ondas.
frequência dos episódios de hematúria e os danos Nos geradores eletromagnéticos, a onda de choque
tubulares renais induzidos pelo procedimento, fa- é produzida pelo movimento de uma placa de metal
vorecendo uma recuperação mais rápida da função imersa em água focada no cálculo com o auxílio de
renal nos 30 pacientes humanos submetidos a 2000 uma lente acústica convergente, permitindo maior
ondas de choque geradas pelo aparelho MZ-V (24). controle. E, nos geradores de ondas piezoelétricos,
A LEOC é considerada um procedimento se- o sistema consiste de uma semiesfera formada por
guro e eficaz no tratamento de nefrolitíase em hu- diversos cristais piezoelétricos que vibram pelo estí-
manos, sendo de extrema importância a escolha mulo da corrente elétrica, gerando as ondas de baixa
criteriosa do paciente, boa preparação e aplicação densidade da onda de superfície e alta acurácia que
da técnica adequada para minimizar as complica- são direcionados ao ponto de emissão (26).

A B
Figura 1 - Litotriptor SL-20 acoplado aos aparelhos de fluoroscopia e ultrassonografia (LANE, 2004); B – Procedimento de LEOC em um cão (LANE, 2004).

A energia entregue ao cálculo renal depende do podendo ser necessário uma nova sessão. O lito-
número de pulsos, pressão e volume focal. Se a ener- triptor eletrohidraúlico Dornier HM3 é o que mais
gia do pulso é muito reduzida, o número de pulsos entrega energia por ondas de choque, e, apesar de
necessários para fragmentação do cálculo pode ser gerar pressões focais bem menores que litotriptores
muito elevado, aumentando a duração da terapia, de segunda e terceira geração, seu volume focal é

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bem maior. O contrário ocorre com o litotriptor pie- dois casos, e hemorragia da musculatura lombar
zoelétrico Wolf Piezolith 2200 o qual, apesar de gerar associada a infiltrado sanguíneo na gordura perir-
pressões bem maiores, a energia entregue por onda renal em um caso, após uma hora do procedimento.
de choque apenas representa uma pequena fração da Pequenos hematomas subcapsulares foram obser-
energia entregue pelo litotriptor HM3 (27). vados até 24 horas pós-procedimento, sendo que
A taxa de repetição de pulsos, além do volume nenhum achado patológico macroscópico foi en-
focal da onda de choque também influenciam nos contrado nos rins, a longo prazo. Histologicamente,
resultados da LEOC. Quanto maior for o volume após uma hora, foi verificado um foco hemorrágico
focal, menores serão as exigências de focalização glomerular, periglomerular, tubular e intersticial,
exata. Porém, uma zona focal grande pode expor associado à extensa destruição tecidual, hemorra-
mais ao tecido normal à energia da onda de choque. gia perivascular e infiltrado neutrofílico, devido à
Os litotripsores eletrohidráulicos e eletromagnéti- ruptura da cápsula glomerular, veias e artérias e va-
cos clássicos possuíam aberturas focais pequenas, sos peritubulares. De 7 a 11 dias, foram encontrados
resultando em zonas focais relativamente grandes. sinais de fibrose, com migração de fibroblastos e co-
Já os litotripsores piezoelétricos caracterizam-se por lágeno. Aos três meses, as alterações eram mínimas,
possuir aberturas focais bem maiores, resultando associadas à fibrose intersticial e cicatrização teci-
em zonas focais pequenas (28). dual. Os níveis séricos de creatinina não sofreram
A hipotensão devido à hemorragia, desidrata- alterações significativas, o que sugere preservação
ção, ascite, fármacos anestésicos ou choque pode da função renal, sendo que as alterações renais de-
predispor os animais à falência renal, principal- correntes da LEOC podem ser comparadas a uma
mente quando há uma doença renal clínica ou cicatriz formada após a nefrotomia (32).
subclínica pré-existente (20). No entanto, a hiper- Em um estudo alemão, pesquisadores induziram
tensão não controlada é um fator predisponente a artificialmente a nefrolitíase em 13 cães adultos sub-
hematomas renais após a LEOC, podendo-se uti- metidos a uma única sessão de LEOC de 2000, 3000
lizar manitol, com o intuito de promover diurese ou 4000 ondas por choque geradas pelo aparelho
osmótica, aumentando o fluxo sanguíneo renal e Wolf Piezolith 2200 em 17 rins. Histologicamente,
TFG, além de diminuição da produção de radicais um dia após o procedimento, foram encontrados
livres durante a isquemia, que são extremamente hematomas intrarrenais na região córtico-medular e
prejudiciais ao organismo (29,30). Em um estudo necrose papilar, sendo o tamanho da lesão, direta-
realizado na universidade de Munich, foram os mente proporcional ao número de ondas em que o
efeitos da LEOC em 16 cães adultos, divididos órgão foi submetido. Lesões vasculares, associadas
em três grupos de acordo com o número de ondas à trombose e necrose na túnica vascular arterial e
aplicadas no rim direito, sendo, respectivamente, hemorragia foram observadas independentemen-
500, 1500 e 3000 ondas de choque a 20 kV, geradas te do número de ondas. Com o uso da tomografia
pelo aparelho Dornier HM II. Macroscopicamente, computadorizada (TC), foi observada renomegalia
houve um aumento do tamanho renal em consequ- imediata, sendo a mesma considerada um método
ência das hemorragias difusas intracapsulares, ex- eficaz na detecção de alterações morfológicas preco-
tracapsulares e intraparenquimatosas, originadas ces renais. Na 7ª e 14ª semanas, cicatrizes na junção
das veias interlobulares e arqueadas, associado à córtico-medular e infiltrado de siderófagos foram
trombose venosa e hemorragia intersticial no foco verificados na microscopia. A conclusão deste estu-
de aplicação das ondas de choque, o que também do foi que, devido ao fato dos aparelhos de LEOC
foi verificado na microscopia (31). serem calibrados para uso humano, animais podem
Pesquisadores suiços utilizaram o aparelho Dor- ser submetidos a uma sobrecarga de ondas de cho-
nier HJ3 para aplicação de 1500 ondas de choque, que pela menor distância pele-pelve renal, compara-
no polo superior do rim esquerdo e inferior direito da aos humanos (33).
em nove cães, sendo este, o valor padronizado para A dificuldade em correlacionar a progressão dos
humanos. Respectivamente, após uma hora, 24 a 36 efeitos decorrentes da LEOC com a estrutura e fun-
horas, 7 a 11 dias e 3 a 6 meses após o procedimen- ção renal lesionadas e os fatores envolvidos no seu
to, foram realizadas nefrectomia parcial destes ór- desenvolvimento é elevada (24). Acredita-se que os
gãos para avaliação dos efeitos da LEOC. No sítio efeitos do procedimento são dose-dependentes, e
de aplicação, foi verificado, equimose cutânea em resultados similares foram encontrados por outros

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pesquisadores sendo os mesmos, relacionados a as- animal submetido a 4000 ondas de choque, sendo
pectos predisponentes, podendo envolver perdas um método de diagnóstico vantajoso e capaz de
permanentes da massa renal funcional (31,33,35). detectar pequenas alterações morfológicas renais e
Na universidade da Oslo, Noruega, foram ava- perirrenais subclínicas. Em outro animal, exposto a
liadas as alterações morfológicas agudas decorren- 2000 ondas de choque, uma queda imediata na TFG
tes da LEOC em 14 cães, expondo um rim a 1500 esteve presente nas primeiras 24 horas, em contras-
ondas de choque geradas pelo aparelho Dornier te aos animais submetidos à nefrotomia, que não
HM3 e o outro usado como controle, sendo que ne- apresentaram diferenças significativas na TFG com
nhuma alteração foi observada neste. Em todos os retorno aos níveis basais em um mês. Desta forma,
animais, foi verificado macrohematúria, edema e pode-se afirmar que a mensuração da TFG é um mé-
hemorragia com destruição tecidual focal do teci- todo sensível na avaliação da função renal e correla-
do renal (36). A macrohematúria é um sinal clínico ção com o grau de lesão neste órgão. Uma aumento
frequente após a LEOC, e, acredita-se que a mesma na pressão sanguínea insignificante foi verificado
ocorreu devido à exposição do órgão-alvo as ondas em ambos os animais submetidos a LEOC, sendo
de choque neste estudo, porém, outros autores con- revertida após nefrectomia nos animais expostos a
sideram que este sinal clínico se manifeste devido à 4000 ondas de choque. Na nefrotomia, não foram
lesão urotelial secundária à passagem dos cálculos verificadas alterações significativas (22).
pelo trato urinário (32). Em um estudo prospectivo realizado com 100 hu-
Um episódio de proteinúria transitória pode manos adultos submetidos à LEOC unilateral com
ter levado à lesão glomerular nas áreas próximas 3000 ondas de choque a 18 kV geradas pelo aparelho
ao foco de aplicação, contribuindo, desta forma, Dornier MFL 5000, os pacientes foram divididos em
para a diminuição do fluxo plasmático renal (FPR) dois grupos: G1 e G2. O G1 consistia de 84 pacien-
e TFG, o que foi verificado em outros estudos tes com função renal normal antes do procedimento
(22,24,35,36,37). Na microscopia, foi verificada va- e sem obstrução renal; e o G2, de 16 pacientes com
cuolização celular, que é um processo indicativo de função renal normal, porém com quadro obstrutivo
necrose, concluindo, assim, que as lesões decorren- renal há 1 semana. Em ambos os grupos, observou-
tes da LEOC induzem à rápida resposta inflama- -se significativa diminuição no FPR e TFG após o
tória, associada a infiltrado neutrofílico e processo procedimento, em 50,5% e 45,8%, respectivamente,
regenerativo precoce (36). com retorno aos níveis basais em três meses. Sen-
Em uma série de casos humanos descritos por do assim, a LEOC não levou a efeitos deletérios na
pesquisadores canadenses, a glomerulonefrite função renal, porém o quadro obstrutivo teve gran-
membranosa foi uma complicação que ocorreu nos de impacto na função renal ipsilateral, necessitando
pacientes que desenvolveram quadro de insuficiên- de tratamento precoce (40). Segundo um grupo de
cia renal aguda após a LEOC. Outra informação im- pesquisadores americanos, a obstrução ureteral por
portante é que pacientes diabéticos com nefrolitíase fragmentos de nefrólitos após LEOC é a complica-
podem sofrer alterações morfológicas e bioquímicas ção mais comum, sendo verificada em 14 de 140 cães
que podem predispor às nefropatias (38). Em outro (14). Em um estudo realizado na universidade de In-
estudo, foi induzido artificialmente o diabetes em 50 diana, EUA, com 14 porcos jovens, 8000 ondas de
ratos Wistar que, posteriormente, foram submetidos choque a 24 kV geradas pelo aparelho Dornier HM3
a LEOC com 2000 ondas de choque geradas pelo foram aplicadas no lobo caudal de um único rim,
aparelho Direx Tripter X1. Estes autores concluíram sendo sua função monitorada nas primeiras quatro
que o diabetes é uma condição capaz de aumentar o e 24 horas após o procedimento. Observou-se que
risco de lesão renal nos animais submetidos a múlti- as lesões renais atingiram aproximadamente 13, 8%
plas sessões de LEOC (39). ± 1,4% de todo o tecido renal. O qual, nas primei-
Estudiosos da universidade da Califórnia, EUA, ras quatro horas, apresentou acentuada redução na
compararam os efeitos biológicos da cirurgia aberta, TFG, FPR bilateral e excreção de sódio renal. Após
cirurgia percutânea e LEOC na função e morfologia 24 horas, evidências de isquemia renal estavam pre-
renais em seis porcos expostos a 2000 e 4000 ondas sentes. Esses achados reforçam a hipótese de que
de choque a 17 kV geradas pelo aparelho Dornier a severidade da lesão renal funcional e estrutural
HM3. Foi verificada pequena coleção líquida sub- decorrente da LEOC é proporcional ao número de
capsular pela imagem de ressonância magnética no ondas de choque aplicada no órgão, sendo que uma

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e Animais de Estimação 2014;12(40); 1-637.
Nefrotomia versus litotripsia extracorpórea por ondas de choque (leoc) no tratamento de cálculos renais
em cães: Revisão sistemática

grande carga foi aplicada nestes animais (35). to em cães. Ou seja, não foi possível determinar,
Em outra pesquisa realizada pela universidade de com acurácia, a hipótese desta revisão sistemática.
Indiana, EUA, utilizaram-se 19 porcos jovens, dividi-
dos em 2 grupos, submetidos a 2000 ondas de choque Referências
a 24 kV na velocidade de 60 (G1) e 120 (G2) ondas por
minuto, respectivamente, geradas pelo aparelho Dor- 1. BERENT, A. C. Técnicas urológicas intervencionistas no pa-
nier HM3. A extensão da lesão renal foi significativa- ciente felino. In: AUGUST, J. R. Medicina Interna de Felinos.
mente menor em G1, sendo que a diminuição na TFG 6. ed. São Paulo:Elsevier, 2011.cap. 52. p. 518-531.
e FPR só foi verificada em G2 (37). Pode-se sugerir que 2. SYME, H. M. Stones in cats and dogs: what can be learnt from
a menor velocidade das ondas de choque levou a le- them?. Arab Journal of Urology, v. 10, p. 230-239, 2012.
sões morfológicas e alterações hemodinâmicas renais
3. BARTGES, J. W.; KIRK, C.; LANE, I. F. Update: management
de menor grau, sendo que resultados similares foram of calcium oxalate uroliths in the dogs and cats. Veterinary
observados por pesquisadores árabes, associado a Clinical Small Animal, v. 34, p. 969-987, 2004.
maior taxa de sucesso na aplicação das ondas de cho-
4. ULRICH, L. K.; OSBORNE, C. A.; COKLEY, A.; LULICH, J. P.
que em menor velocidade em humanos (41). Changing paradigms in the frequency and management of
Segundo uma revisão sistemática do Reino Unido, canine compound uroliths. Veterinary Clinical Small Animal,
foi verificado que as principais alterações vasculares v. 39, p. 41-53, 2008.
após a LEOC em humanos são o pseudoaneurisma, 5. GOURLEY, I. M. G. Nephrectomy and nephrolithotomy. Ve-
trombose venosa, estenose arterial, fistula arteriove- terinary Clinics of North America, v. 5, n. 3, p. 401-413,
nosa e ruptura de aneurisma da aorta abdominal (42). 1975. RIESER, T. M. Urinary tract emergencies. Veterinary
Clinical Small Animal, v. 35, p. 359-373, 2005.
Os autores concluíram que este procedimento é segu-
ro para ser realizado em pacientes com aneurisma da 6. ADIN, C. A.; SCANSEN, B. A. Complications of upper urina-
aorta abdominal, desde que um monitoramento in- ry tract surgery in companion animals. Veterinary Clinical
Small Animal, v. 41, p. 869-888, 2011.
tensivo seja realizado e intervenção rápida possa ser
tomada, caso necessário. As alterações no sistema ar- 7. LULICH, J. P.; OSBORNE, C. A. Changing paradigms in the
tério-venoso-capilar são de maior ocorrência, sendo diagnosis of urolithiasis. Veterinary Clinical Small Animal, v.
39, p. 79-91, 2008.
que a vasoconstrição decorrente da LEOC é respon-
sável pelo aumento da produção de radicais livres 8. ADAMS, L. G. Nephroliths and ureteroliths: a new stone age.
em quantidade suficiente para iniciar uma síndrome New Zealand Veterinary Journal, v. 61, n. 4, p. 1-14, 2013.

da isquemia-reperfusão, que pode comprometer o 9. OSBORNE, C. A.; LULICH, J. P.; WILSON,J. F. WEISS, C. H.
funcionamento do rim ipsilateral (30,31,32,33,36). Changing paradigms in ethical issues and urolithiasis. Vete-
rinary Clinical Small Animal, v. 39, p. 93-109, 2008.

10. ROSS, S. J.; OSBORNE, C. A.; LULICH, J. P.; POLZIN, D. J.;


Conclusão ULRICH, L. K.; KOEHLER, L. A.; BIRD, K. A.; SWANSON, L.
L. Canine and feline nephrolithiasis: epidemiology, detec-
tion and management. Veterinary Clinics of North America:
Diante do exposto, observou-se que há maior Small Animal Practice, v. 29, n. 1, p. 231-250, 1999.
prevalência de complicações decorrentes da LEOC
11. 11. STEVENSON, A.; RUTGERS, C. Nutritional management
em comparação à nefrotomia, porém, isto pode ser
of canine urolithiasis. In: PIBOT, P.; BIOURGE, V.; ELLIOTT,
justificado pela escassez de trabalhos relacionados D. Encyclopedia of canine clinical nutrition. 1. ed. EU: Diffo
a esta técnica cirúrgica em medicina veterinária. E Print Italia, 2006. cap. 9, p. 284-315.
também pelo fato de os resultados relacionados a
12. REY, M. L. S.; PERNAS, G. S. Tratamento da urolitíase
LEOC serem extrapolados de pesquisas realizadas canina. In: CORTADELLAS, O. Manual de Nefrologia e
em medicina humana, com resultados baseados Urologia Clínica Canina e Felina. 1. ed. São Paulo: Med-
em modelos experimentais, sem veracidade clínica. vet, 2012. p. 211-222.
Portanto, conclui-se que há a necessidade de estu- 13. CLARENCE, A. R.; BJORLING, D. E.; CHRISTIE, B. A. Rins.
dos visando a aplicação prática da LEOC na roti- In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3.
na médico veterinária levando em consideração o ed. São Paulo: Manole, 2007. v. 2, cap. 109, p. 1606-1619.
estadiamento da doença, qualidade do aparelho e 14. LULICH, J. P.; ADAMS, L. G.; GRANT, D.; ALBASAN, H. OS-
padronização da técnica, para que se possa afirmar, BORNE, C. A. Changing paradigms in the treatment of uro-
com precisão, quais complicações verdadeiramente liths by lithotripsy. Veterinary Clinical Small Animal, v. 39,
podem ocorrer com a utilização desse procedimen- p. 143-160, 2008.

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e Animais de Estimação 2014;12(40); 1-637. 8
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