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Direito Constitucional Positivo I

PODER LEGISLATIVO

Garantias dos membros do Poder Legislativo


Identidade de retribuição pecuniária - São destinatários de retribuição pecuniária, fixada em parcela
única, vedado o acréscimo de qualquer espécie remuneratória, garantindo a isonomia entre os
Deputados Federais e os Senadores da República. (Arts. 37, inc. XI, 39, §4º, e 49, inc. VII, da CRFB)

Isenção do serviço militar - A incorporação às Forças Armadas é sujeita a prévia licença, mesmo que o
congressista seja militar em atividade e tenha havido declaração de guerra externa. (Arts. 53, §7º, e 143,
da CRFB)

Limitação do dever de testemunhar - Não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em decorrência do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações. (Art. 53, §6º, da CRFB)

Prerrogativa de foro especial - Os julgamentos, desde a expedição do diploma, são realizados no foro
especial por prerrogativa de função. É competência originária do Supremo Tribunal Federal para
processar e julgar os membros do Congresso Nacional, nos crimes comuns. (Arts. 53, §1º, e 102, inc. I, b,
da CRFB)

- Durante tramitação do processo, o membro do Congresso Nacional perde seu mandato


parlamentar. É ainda o STF competente para processo e julgamento da causa? Não, o foro especial
por prerrogativa de função em relação às infrações penais praticadas durante o exercício funcional,
havida a cessação superveniente da investidura do indiciado ou acusado no cargo até o final de
instrução, não mais subsiste, tendo em vista que o princípio da contemporaneidade do crime comum
com o exercício do mandato não é aplicável à hipótese, devendo os autos ser remetidos ao juízo de
direito ou juízo federal competente. Supera-se a tese consubstanciada na Súmula 394 do STF.

- A exceção seria a de perda da investidura do mandato por renúncia do Deputado Federal antes
do encerramento da instrução; neste caso, o Supremo Tribunal Federal persiste como foro
especial.

As imunidades parlamentares são garantias dos membros do Poder Legislativo, revestidas de natureza
material ou formal, de arte a pôr os congressistas a salvo de quaisquer ingerências indevidas no
exercício das atividades legislativas.

Imunidade parlamentar material - Importa na inviolabilidade civil e penal dos congressistas em suas
opiniões, palavras e votos, na medida em que não há configuração de infração penal, de maneira
que não há instalação de inquérito nem ação penal. (Art. 53, caput, da CRFB)

- Há duas doutrinas sobre a natureza jurídica desta imunidade parlamentar. A primeira (de Luiz
Vicente Cernichiaw), majoritária e adotada pelo Supremo Tribunal Federal, sustenta que há a
causa da exclusão da tipicidade. A segunda (de Damásio de Jesus), minoritária, concorda que há
causa da exclusão da punibilidade.

- Celso de Melo distingue o discurso in offcium do discurso proptem officium. O Supremo


Tribunal Federal entende in officium quando dentro do recinto da Casa, por presumir assim o
exercício da função do cargo, enquanto o proptem officium seria aquele fora da Casa, havendo
apenas uma presunção relativa de sua função.

Imunidade parlamentar formal - Pode importar na improcessibilidade dos membros do Congresso


Nacional. Não se exclui a configuração de infração penal, embora a prisão fique restrita à hipótese de
flagrante de crime inafiançável, havendo instauração de inquérito e processo criminal. No entanto, o
andamento desta ação pode ser suspenso por iniciativa de partido político com representação no
Congresso Nacional. (Arts. 53, §§2º, 3º, 4º, 5º e 8º, da CRFB)

- Antes da EC 35/01, o fato era levado a inquérito, que gerava uma denúncia que, apenas com
autorização da Casa, produzia um procedimento; logo, existia uma causa impeditiva do processo
(condição de procedibilidade). Após a EC 35/01, a denúncia será recebida independente de
autorização da Casa, podendo algum partido político com representação no Congresso solicitar
ao Supremo Tribunal Federal a suspensão do processo; logo, existe agora uma causa suspensiva
do processo (condição de proceguibilidade).

- Só há prisão provisória (anterior à sentença) em caso de flagrante de crime inafiançável. Os


autos são remetidos, no prazo de 24 horas, à Casa Legislativa congressional, para que se vote a
respeito, por critérios puramente políticos, podendo manter ou relaxar a prisão.

- O crime de corrupção é um crime permanente. Existe uma discussão doutrinária a respeito de


se crime permanente pode estar sujeito a flagrante ou não; o Supremo Tribunal Federal entende
que sim, já o professor Guilherme Peña entende que não.

A imunidade parlamentar é delimitada espacial, funcional e temporalmente:

Extensão espacial - Não é limitada ao recinto da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
alcançando opiniões, palavras e votos expressados no interior, ainda que reproduzidos pela
imprensa, ou no exterior da Casa Legislativa.

Extensão funcional - É condicionada à existência do nexo de causalidade entre a manifestação de


vontade e a qualidade do congressista, atingindo as declarações proferidas no exercício, ou em
razão do exercício, da atividade legislativa.

Extensão temporal - É insuscetível de restrição temporal, porém o membro do Congresso


Nacional licenciado do exercício do mandato legislativo (Deputado Federal ou Senador da
República investido na função de Ministro ou Secretário de Estado) não pode invocar a
prerrogativa da imunidade parlamentar.

- Não se achando o congressista protegido pela imunidade parlamentar, no momento do fato


delituoso, a posterior reassunção das funções legislativas não o torna protegido pela
mencionada iunidade.

Deputados estaduais possuem garantias parlamentares? Art. 27, Parág. 1º, CRFB. Quando se diz
"inviolabilidade" refere-se à imunidade parlamentar material e quando se diz em "imunidades"
refere-se às imunidades parlamentares formais. Prevalece ainda que a Constituição estadual seja
omissa. Não limitação de espaço; ou seja, não se restringe apenas ao Estado em que se exerce o
cargo.

E em relação a vereadores? Art. 29, VIII, CRFB. O vereador só tem imunidade parlamentar material,
inexistindo imunidade parlamentar formal. É necessário que seja expresso na lei orgânica do
Município, caso contrário nem imunidade parlamentar material há. Existe limitação de espaço:
apenas em relação a atos praticados no Município.

Anotações:
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