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FUNDAMENTOS DE

CONTABILIDADE
PÚBLICA

Thiago Bernardo Borges


B732f Borges, Thiago Bernardo.
Fundamentos de contabilidade pública [recurso
eletrônico] / Thiago Bernardo Borges. – Porto Alegre :
SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.


ISBN 978-85-69726-43-2

1. Contabilidade pública – Fundamentos. 2.


Administração pública. I. Título.
CDU 657:35

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Planejamento: Lei
Orçamentária Anual (LOA)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Definir os itens que fazem parte da Lei Orçamentária Anual.
„„ Reconhecer as 3 classificações de orçamento da LOA.
„„ Identificar situações de uso de emenda.

Introdução
A Lei Orçamentária Anual (LOA) é o instrumento que rege a realização
dos gastos do governo no presente. Ela representa a efetivação do
planejamento de longo e médio prazo do governo. É sobre essa lei
que este texto tratará.

Definição da LOA
A Constituição Federal assim estabelece:

Art.165 [...]
§ 5º – A lei de orçamento anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, ór-
gãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta
ou indiretamente, detenha maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entida-
des e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem
como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público.
§ 8º A lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão da
receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autoriza-
ção para abertura de créditos suplementares e contratação de operações
de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
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Portanto, é matéria da LOA:

„„ Orçamento fiscal;
„„ Orçamento de investimento das empresas;
„„ Orçamento da seguridade social;
„„ Autorização para abertura de créditos suplementares;
„„ Autorização para contratação de operações de crédito.

Assim, a Lei Orçamentária Anual é o instrumento que rege a realização


dos gastos do governo no presente. Ela representa a efetivação do planeja-
mento de longo e médio prazo do governo. Contabilmente, a LOA permite
aos gestores identificarem como o governo percebe seu programa, como ele
será avaliado e quais resultados devem ser alcançados diante da quantidade
de recursos orçamentários aportados. A partir da LOA, aqueles que lidam
com a contabilidade pública possuem uma linha de base para fazer a gestão
financeira do governo, buscando viabilizar a execução dos programas sem
que ocorram problemas nos pagamentos. Tudo isso dá consistência ao crédito
público.
A LOA é uma lei única, mas compreende três classificações de orçamento.
Essas classificações são relacionadas à finalidade do gasto, sendo elas:

a.  Orçamento fiscal


b.  Orçamento de investimento das empresas governamentais
c.  Orçamento da seguridade social.
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A Figura 1 apresenta um diagrama dessa classificação.

Figura 1. Os orçamentos na LOA.

Fique atento

De acordo com o artigo 167, I da Constituição Federal, é vedado o início de programas e


projetos não incluídos no Plano Plurianual. Logo, todas as ações constantes na Lei Orça-
mentária Anual devem também estar presentes no PPA; ou seja, o orçamento, para sua
validade, deve ser necessariamente compatível com o Plano Plurianual. (Art. 165, §7°, C.F.)
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Forma da LOA
A Lei Orçamentária é constituída da seguinte forma:

„„ Texto: fixação do valor global de receita e despesa do orçamento fiscal e


de investimentos; autorização para abertura de créditos suplementares e
realização de operações de crédito;
„„ Anexos: programação do orçamento e demonstrativos exigidos pela legis-
lação.

Os anexos da LOA são basicamente o detalhamento da distribuição dos


recursos orçamentários em quadros. Eles são separados por programas ou
unidades orçamentárias. Esses quadros representam uma tradução da lingua-
gem contábil de forma que leigos possam compreender.

Anexos da LOA
„„ Volume I – Quadros consolidados e demonstrativos exigidos pela Consti-
tuição, Lei 4.320, LDO e LRF;
„„ Volume II-A e II-B – Valores da despesa por programa de trabalho;
„„ Volume III – Orçamento de Investimento das Empresas Estatais (depen-
dentes e controladas);
„„ Volume IV – Detalhamento de Obras;
„„ Volume V – Quadro de Detalhamento das Despesas.

Sobre prazos e vigência da LOA, a Constituição Federal, no art. 165, pa-


rágrafo 9º, estabelece:

§ 9º Cabe à lei complementar:


I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elabora-
ção e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentá-
rias e da lei de orçamento anual;
II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da adminis-
tração direta e indireta, bem como condições para a instituição e funcio-
namento dos fundos.
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Diante disso, a Constituição Estadual (Art. 68, ADCT) define:

Art. 68 – Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o


art. 159, I e II, da Constituição do Estado, serão aplicadas as seguintes normas:
I – o projeto do Plano Plurianual de Ação Governamental, para vigência
até o final do primeiro exercício financeiro do mandato subsequente, será
encaminhado até três meses antes do encerramento do primeiro exercício
financeiro e devolvido para sanção até o término da sessão legislativa;
II – o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias será encaminhado até
sete meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devol-
vido para sanção até o término do primeiro período da sessão legislativa;
III – o projeto da Lei Orçamentária do Estado será encaminhado até
três meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para
sanção até o término da sessão legislativa.
Parágrafo único – As diretrizes, objetivos e metas do Plano Plurianual
de Ação Governamental aplicáveis no primeiro exercício financeiro de sua
vigência serão compatíveis com as disposições da Lei de Diretrizes Orça-
mentárias para o mesmo exercício. (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º
da Emenda à Constituição nº 30, de 23/10/1997.)

Saiba mais

Resumo dos prazos e vigência dos instrumento de planejamento e orçamento.


Prazos de envio à ALMG:
PPAG – 30 de setembro;
LDO – 15 de maio;
LOA – 30 de setembro.
Vigência:
PPAG – do 2º ano do exercício do governador até o primeiro ano do governador sub-
sequente;
LDO – um exercício financeiro (aquele a que se referem as diretrizes que regulamen-
tam);
LOA – um exercício financeiro.

Como exemplo, veja as Figuras 2 e 3, que representam dois anexos da


LOA, o anexo Volume IIA e o Volume V. O primeiro faz uma representação
da LOA em uma linguagem com possibilidade de atingir um público maior.
Planejamento: Lei Orçamentária Anual (LOA) 19

Figura 2. Volume IIA da LOA.

Figura 3. Volume V da LOA.

Já o segundo é o resumo do primeiro em uma linguagem de classificação


contábil.
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Saiba mais

Resumo das etapas de elaboração e aprovação da LOA aplicados no ano de 2013 pelo
Governo de Minas Gerais, utilizado aqui como exemplo.
1ª etapa: Entre abril e maio, é desenvolvida pela Superintendência Central de Planeja-
mento e Programação Orçamentária (vinculada à SEPLAG) a análise da série histórica da
execução dos últimos exercícios. O objetivo dessa análise é definir os limites de gastos
por unidade orçamentária do Estado.
2ª etapa: Em seguida (junho a julho), os órgãos apresentam uma proposta de planeja-
mento detalhada para atividades e despesas obrigatórias.
3ª etapa: Em agosto, com a estimativa da Receita a ser arrecadada e o montante de
gastos projetados para o exercício seguinte, é definido um limite adicional. Esse limite
é remetido aos órgãos para complementar sua programação orçamentária.

Exercícios
1. Qual das alternativas abaixo NÃO seguridade social e orçamento de
representa matéria da LOA (Lei Orça- despesas das empresas.
mentária Anual)? e) Orçamento fiscal, orçamento
a) Previsão da receita. da seguridade das empresas
b) Alterações na legislação tributária. e orçamento de investimento
c) Fixação da despesa. social.
d) Autorização para abertura de 3. O que NÃO cabe à lei complementar?
créditos suplementares. a) Fixação do valor global da receita
e) Autorização para contratação de e da despesa do orçamento fiscal
operações de crédito. e de investimentos; autorização
2. A LOA é uma lei única, mas compre- para abertura de créditos suple-
ende três classificações de orçamen- mentares e realização de opera-
to. Quais são essas classificações? ções de crédito.
a) Orçamento social, orçamento da b) Dispor sobre o exercício financei-
seguridade fiscal e orçamento de ro, a vigência e os prazos do Plano
investimento das empresas. Plurianual de Ações e da Lei de
b) Orçamento fiscal, orçamento da Diretrizes Orçamentárias.
seguridade social e orçamento de c) Estabelecer normas de gestão
investimento das empresas. financeira e patrimonial da admi-
c) Orçamento fiscal, orçamento da nistração direta e indireta.
seguridade social e orçamento de d) Estabelecer condições para a
investimento estatal. instituição e o funcionamento
d) Orçamento social, orçamento da dos fundos.
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e) Dispor sobre a elaboração e a b) Envolvem estabelecer normas de


organização da Lei de Diretrizes gestão financeira e patrimonial
Orçamentárias e da Lei Orçamen- da administração direta e indire-
tária Anual. ta, bem como condições para a
4. As alternativas abaixo compõem instituição e funcionamento dos
o orçamento de investimento das fundos.
empresas, EXCETO: c) Podem ser feitas nas audiências
a) Dividendos retidos. públicas promovidas pela ALMG
b) Aumento de capital. em conjunto à SEPLAG.
c) Transferência de recursos do d) Desde 2004, as Audiências Pú-
orçamento. blicas também são realizadas no
d) Fundações. interior. Em 2011, as cidades foram
e) Operações do financiamento. Juiz de Fora, Poços de Caldas,
5. Quanto à elaboração e à aprovação Iturama, Itaobim e Montes Claros.
da LOA, é correto afirmar que: e) Caso o Poder Executivo enca-
a) Caso o Poder Executivo não enca- minhe a proposta orçamentária
minhe o Projeto de Lei Orçamen- dentro do prazo e a ALMG não
tária no prazo, o Poder Legislativo a aprove no período estabeleci-
o excluirá e considerará que não do, somente algumas despesas
existe uma lei de orçamento. poderão ser executadas.

Referências

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recuperado de: <http://www4.planalto.


gov.br/​legislacao/​legislacao-​estadual/​constituicoes-​estaduais#content>. Arquivo PDF:
<http://www.almg.gov.br/​opencms/​export/​sites/​default/​consulte/​legislacao/​Downloa-
ds/​pdfs/​Constituicao​Estadual.pdf>. Acesso em 24/06/2016.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/​ccivil_03/​consti-


tuicao/​constituicao.htm>. Acesso em 24/06/2016.

Leituras recomendadas
ANDRADE, N. A. Contabilidade pública na gestão municipal. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

ARAUJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETO, P. H. T. O essencial da contabilidade pública:


teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2009.

BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade pública: teoria, técnicas de elaboração de balanços e


500 questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
22 Fundamentos de contabilidade pública

KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LIMA, D. V.; CASTRO, R. G. Contabilidade pública: integrando união, estados e municípios.


3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

OLIVEIRA, A. B. S. Controladoria governamental: governança e controle econômico na


implantação das políticas públicas. São Paulo: Atlas, 2010.

PEREIRA, J. M. Curso de administração pública: foco nas instituições e ações governa-


mentais. São Paulo: Atlas, 2008.

PISCITELLI, R. B.; TIMBÓ, M. Z. F. Contabilidade pública: uma abordagem da administração


financeira pública. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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